Viva Technoboss! [PT]

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Viva Technoboss! publico.pt/2020/07/23/culturaipsilon/opiniao/viva-technoboss-1925472 Miguel Esteves Cardoso

Technoboss é uma comédia divertidíssima que também é um filme português. Não está habituado a ver estes adjectivos na mesma frase? Eu também não. Deixem-me explicar. Technoboss é um filme que só poderia ser português - mas no bom sentido. Também é novidade. Goza com os portugueses mas goza-os por dentro, por saber o que a casa gasta mas também por ser da casa. Apanha-nos o jeito de mentir, de nos desenrascarmos, de enfrentar o tédio e a vida e o inferno dos outros. É um filme cheio de humanidade e de ternura que se coloca no mesmo plano para se poder rir connosco de nós, rindo mais por isso. O realizador, João Nicolau, alcança a curiosidade plana e despegada mas cúmplice que é tão difícil no cinema: Buñuel é o mestre disso, Kaurismaki é outro. Os ambientes de Technoboss são originais e inimitáveis mas conseguem fazer-nos sentir que os conhecemos, que apenas nos foram revelados. É um filme gloriosamente escrito e pensado, concebido e filmado. Não há acaso. Não há preguiça. Há genuína autoria. É uma comédia musical diferente de todas as comédias musicais que conheço. Não vou dizer porquê para não estragar as surpresas que se sucedem maravilhosamente, apanhando-nos sempre a jeito. Tem três compositores. Tem um intérprete incrivelmente talentoso e expressivo em Miguel Lobo Antunes, um grande actor que é um portento desconcertante de humor, fastio e estoicismo. Mas não é o único, nem de longe. Technoboss está cheio de actores, canções, ideias, cenários, diálogos e piadas. É um filme rico e bom e generoso.

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