O Doclisboa volta às salas a 21 de Outubro (com Bourdain, Gorbachov e Jane Birkin) [PT]

O Doclisboa volta às salas a 21 de Outubro (com Bourdain, Gorbachov e Jane Birkin) publico.pt/2021/10/07/culturaipsilon/noticia/doclisboa-volta-salas-21-outubro-bourdain-gorbachev-jane-birkin1980196 Jorge Mourinha

Cultura-Ípsilon Exclusivo Cinema

A 19.ª edição é o grande regresso ao festival presencial por inteiro, com 51 estreias mundiais em 249 filmes até 31 de Outubro. Uma festa cheia de cinema para ver só em sala.

Foto Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain, tem estreia nacional no Doc DR

“Que bom que é estarmos todos de novo juntos.” A expressão pode ter sido usada por Joana Cardoso, da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural — EGEAC, mas traduz na perfeição o sentimento com que a direcção do Doclisboa, composta por Joana Gusmão, Joana Sousa e Miguel Ribeiro, apresentou na manhã desta quinta-feira a edição 2021 do festival de cinema documental.

A conferência de imprensa presencial antecipou o regresso do Doclisboa à sua “forma clássica”, em sala – dez dias de sessões, debates, festas e actividades a decorrer entre 21 e 31 de Outubro próximos – e apresentou uma programação forte, com nada menos de 249 filmes. Para serem vistos apenas nas salas de cinema; só as actividades de indústria decorrerão em formato híbrido (presencial/online), com muitas presenças de cineastas e programadores em Lisboa já confirmadas.

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Foto "The Safest Place on Earth"

Entre as novidades anunciadas na conferência de imprensa estiveram as selecções competitivas (internacional e nacional), a programação da secção de vanguarda Riscos e alguns títulos cuja presença estava ainda em negociações. É o caso de Roadrunner, o documentário de Morgan Neville sobre Anthony Bourdain (duas sessões, a 28 e 31 de Outubro), da estreia da versão restaurada da curta-metragem de Leitão de Barros Nazaré, Praia de Pescadores acompanhada ao vivo pelo pianista Filipe Raposo (dia 25), ou de uma sessão em homenagem ao colombiano Luís Ospina com a exibição do recémcompletado filme póstumo El Ojo del Turista: XIII Piezas Fáciles (dia 31).

O programa procurou, segundo a direcção, equilibrar “os filmes que estão a marcar o circuito de festivais” – caso de Jane by Charlotte, onde Charlotte Gainsbourg filma a mãe, Jane Birkin; The First 54 Years – An Abbreviated Manual for Military Occupation de Avi Mograbi, The Village Detective: a song cycle de Bill Morrison ou Gorbachev, Heaven, de Vitaly Mansky — com aqueles que começam o seu percurso no Doclisboa. Joana Gusmão, Joana Sousa e Miguel Ribeiro sublinharam a presença de nada menos de 51 títulos em estreia mundial neste 19.º Doclisboa – quase um quinto do total de obras apresentadas.

Foto "Constelações do Equador"

Na Competição Portuguesa – tal como a internacional, misturando longas e curtas sem distinção - exibir-se-ão 11 filmes, com destaque para Hotel Royal, a curta de Salomé Lamas que esteve a concurso em Locarno, e Constelações do Equador, a nova longa do são-tomense Silas Tiny (O Canto do Ossobó). Concorrem ainda as longas Nous sommes venus, do luso-francês José Vieira, Distopia, de Tiago Afonso, e Yoon, de Pedro

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Figueiredo Neto e Ricardo Falcão; e as curtas Don’t Hesitate to Come for a Visit, Mom de Anna Artemyeva, O Tempo das Coisas de Catarina Botelho, Lugares de Ausência de Mélanie Pereira, Paz de Marta Ramos e José Oliveira, O Traveling de Capô de João Lameira e Meio Ano-Luz de Leonardo Mouramateus.

Outros títulos portugueses, já nas secções paralelas, incluem o novo documentário de André Valentim Almeida Famille FC, sobre os clubes de futebol da diáspora portuguesa em França (dias 26 e 31); Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz de Tiago Durão, sobre Eunice Muñoz (dia 31); ou Nada Pode Ficar, de Maria João Guardão, sobre a companhia de João Fiadeiro (dias 27 e 29). Edgar Pêra será um dos convidados da secção Riscos, onde apresentará o seu mais recente filme-ensaio sobre o cinema em 3D Kinorama – Beyond the Walls of the Real (dias 24 e 27).

A Competição Internacional recebe 13 filmes, dos quais oito estreias mundiais, com destaque para Nous disons révolution, a mais recente obra da dupla francesa Élisabeth Perceval/Nicolas Klotz, e Danse Macabre, dos tailandeses Thunsa Pansittivorakul (já vencedor em 2019 com Santikhiri Sonata) e Phasarawin Kulsomboon. A concurso estarão ainda dois títulos brasileiros – Curtas Jornadas Noite Adentro, de Thiago Mendonça, e O Lugar Mais Seguro do Mundo, de Aline Lata e Helena Wolfenson, anunciando-se em paralelo uma sessão de homenagem à Cinemateca Brasileira com curadoria de Sérgio Silva, ex-programador daquela instituição em risco e realizador de A Terra Segue Azul Quando Saio do Trabalho, e a exibição do documentário de Eugenio Puppo O Bom Cinema, sobre o cinema marginal dos anos 1960/70.

O evento será o primeiro grande festival nacional a desfrutar da recém-permitida lotação integral das salas, com um dos ecrãs do Cinema City Campo Pequeno a vir juntar-se aos auditórios da Culturgest, aos cinemas Ideal e São Jorge e à Cinemateca Portuguesa. O Museu do Oriente e o Museu do Aljube farão também parte do circuito 2021, com o primeiro a receber a exposição Livros de Imagens da cineasta alemã Ulrike Ottinger (n.

1942), alvo de retrospectiva em paralelo com a italiana Cecilia Mangini (1927-2021). José Manuel Costa, director da Cinemateca, fez questão de descrever as homenageadas como “figuras profundamente originais, com um olhar próprio e profundamente livre, personalidades idiossincráticas” e ainda insuficientemente conhecidas e celebradas.

Ottinger, oriunda da fotografia e cujo percurso muito pessoal pelo cinema alemão contemporâneo continua extremamente activo (o seu documentário autobiográfico Paris Calligrammes encerrou a edição de 2020), estará em Portugal a acompanhar esta retrospectiva integral. Mangini, falecida em Janeiro último aos 93 anos de idade, foi a primeira mulher a marcar a história do documentário em Itália no pós-Segunda Guerra Mundial, e ao longo da sua carreira, alvo recente de reavaliação e redescoberta, criou uma “rede” de colaborações onde avultam Pier Paolo Pasolini ou Lino del Fra. A abertura oficial far-se-á a 21 de Outubro com uma sessão que reúne A Terra Segue Azul Quando Saio do Trabalho de Sérgio Silva e a longa da sérvia Marta Popivoda Landscapes of Resistance; o encerramento, a 31, será com Re Granchio, da dupla Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis, vencedora do festival em 2015 com Il Solengo.

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