Força dos documentários, cinema tirado da gaveta e acreditar no amanhã [PT]

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Força dos documentários, cinema tirado da gaveta e acreditar no amanhã dn.pt/cultura/forca-dos-documentarios-cinema-tirado-da-gaveta-e-acreditar-no-amanha-14451477.html 31 de dezembro de 2021

"West Side Story", de Steven Spielberg.

A força real dos documentários - por João Lopes Eis um sugestivo paradoxo: por um lado, 2021 foi um ano em que o valor primitivo do grande ecrã voltou a ser um fundamental elemento do imaginário (e do consumo) cinematográfico - assistir ao West Side Story, de Steven Spielberg, foi uma experiência que nos fez reencontrar o sabor e o prazer de um cinema realmente "maior que a vida", sem a monotonia ruidosa dos super-heróis fabricados pelos departamentos digitais dos grandes estúdios; por outro lado, este foi também um tempo marcado pela contundência estética e simbólica de alguns notáveis documentários. Está longe de ser um assunto meramente "temático". Nos seus melhores exemplos, o género documental tem sido mesmo um território de resistência aos efeitos mais simplistas, dominantes no espaço público, de alguns dispositivos televisivos. A começar pela velocidade da informação: por vezes, a conjugação de "rapidez" e "brevidade" de algumas imagens (e sons) do espaço televisivo favorece a indiferenciação dos lugares e das gentes, banalizando o olhar e, no limite, descartando a simples possibilidade de ver e pensar. Realizado pela americana Garrett Bradley, Time constitui, por certo, um dos exemplos mais extraordinários dessa força intrínseca do olhar documental que recusa tratar o real como uma coleção de clichés "descritivos". Para dar conta da odisseia de uma mulher que 1/7


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