Lutar contra os seus demónios expresso.sapo.pt/cultura/2018-02-18-Lutar-contra-os-seus-demonios
Filip Zivanovic e Petar Fradelic em “A Árvore”, de André Gil Mata
Três longas-metragens exigentes — “A Árvore”, de André Gil Mata, “Our Madness”, de João Viana, e “Mariphasa”, de Sandro Aguilar — a que se juntam três curtas, a concurso pelo Urso de Ouro — a representação portuguesa deste ano na Berlinale é de alto nível Não há nos filmes que este ano representam Portugal no Festival de Berlim uma afinidade clara, há apenas, admita-se, um estado de pesar que paira sobre os seres e as coisas e que se manifesta de formas bem diferentes, em três filmes que, também eles, não poderiam ser mais diferentes uns dos outros. Um deles passa-se na fronteira bósniocroata, amaldiçoado pelo tempo. Outro percorre Moçambique, de Maputo até Inhambane, assombrado pela história. Outro ainda surge cercado pela claustrofobia de desterros industriais da Grande Lisboa e tem nome de uma planta mítica no Tibete de que se diz possuir feitiços lunares. Passam os três na secção Fórum, foram feitos por realizadores próximos a nível geracional (Viana é de 1966, Aguilar de 1974, Gil Mata de 1978). E talvez não seja coincidência o manto de solidão que os atravessa, relacionado com a história e com a política, com famílias destroçadas, lutos insondáveis. São narrativas magoadas, dirigidas aos grandes problemas do Homem, aos temas universais da filosofia. Um feliz acaso junta-os agora em Berlim.
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