Revista Mangalarga - Edição de novembro de 2020

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NOVEMBRO

2020

R$ 9,90

REVISTA OFICIAL

Loja Mangalarga se reinventa para toda a família!

Expo Nacional 2020 comprova a força da raça!



Índice

Abertura 6 10

Palavra do Presidente Apresentação da Capa

42ª Expo Nacional 12 17

42ª Expo Nacional Cidade Ternura

Exposições, copas e provas 20 24 27 30

Expo e Copa de Amparo Copa Cobasi de Tatuí Expo e Copa de São João Expo Vale

Território Cavalgada 34 38

Expedição Velho Chico Travessia da América do Sul (P.2)

Panorama Mangalarga 43 44 48 51 52

Amigos da Cavalaria Loja Mangalarga Polo Golfe Instituto Brasileiro de Equideocultura Bem-estar

Estrelas do Mangalarga 54

Careca

Mercado & Finanças 56 57 58

Leilão Raizes Leilão Haras F1 Leilão Forte Mangalarga

Lazer e Cultura 59 60

Turismo Equestre Pantanal

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALOS DA RAÇA MANGALARGA Rua Monte Alegre, 61 - cjto 111 - Perdizes São Paulo - SP - CEP 05014-000 Telefone: (11) 3677-9866 DIRETORIA EXECUTIVA - TRIÊNIO 2018/2020 Diretor Presidente Luis Augusto de Camargo Opice Vice-Presidente Administrativo Financeiro Nelson Antonio Braido Vice-Presidente Técnico Hamilton de França Leite Vice-Presidente de Fomento Alexandre de Oliveira Ribeiro DIRETORIA ADJUNTA - TRIÊNIO 2018/2020 Diretor Adjunto Danton Guttemberg de Andrade Filho Diretora Adjunta de Esportes Camila Glycerio de Freitas Diretores Adjuntos de Exposição Carlos Cesar Perez Iembo Guilherme Pompeu Piza Saad Diretor Adjunto Financeiro Eduardo Rabinovich Diretores Adjuntos de Fomento Felipe Angelin Luís Fernando Sianga Pedro Luiz Suarez Castedo Youssef Haddad Diretores Adjuntos Jurídicos Cristiano Rêgo Benzota de Carvalho Renato Tardioli Lucio de Lima Diretores Adjuntos de Marketing João Luis Ribeiro Frugis Jorge Eduardo Beira Luiz Gustavo Alves Esteves Renata Sari Rodrigo Pedrosa Sampaio Novais Diretor Adjunto de Núcleos Cauê Costa Hueso Diretores Adjuntos de Pelagem Alberto Veiga Junior Leandro Pasqualini de Carvalho Diretores Adjuntos Técnicos Alessandro Moreira Procópio João Paulo Fogaça de Almeida Fagundes CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO - TRIÊNIO 2018/2020 Membros Eleitos Eduardo Figueiredo Augusto Emiliano Abraão Sampaio Novais Fernando Tardioli Lúcio de Lima Pedro Salla Ramos Filho Silvio Torquato Junqueira Membros Efetivos Célio Ashcar Celso Galetti Montalvão Clodoaldo Antonângelo Élio Sacco Felippe de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda Filho Flávio Diniz Junqueira Francisco Marcolino Diniz Junqueira Ivan Antônio Aidar Luiz Eduardo Batalha Mário A. Barbosa Neto Renato Diniz Junqueira Sergio Luiz Dobarrio de Paiva CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO - TRIÊNIO 2018/2020

Espaço Técnico 62 64

Cross Country Cavalgada Segura

Momento Social 66 68

Social Amparo Social Tatuí

Painel de Negócios 69

Fidelidade Mangalarga

70

Espaço Empresarial

Técnicos Alcides Moraes Sampaio Filho Geraldo Santos Castro Neto João Batista da Silva de Quadros João Pacheco Galvão de França Filho João Tolesano Junior Marcos Sampaio de Almeida Prado Paulo Lenzi Souza Leite Criadores Dirk Helge Kalitzki Roberto Antonio Trevisan Rodnei Pereira Leme Rogério Camara Nigro Roque Carlos Noqueira Representante MAPA Karen Regina Perez SERVIÇO DE REGISTRO GENEALÓGICO - STUD BOOK Superintendente do Serviço de Registro Genealógico Henrique Fonseca Moraes Junior

Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Palavra do Presidente

É HORA DE

PRESTAR CONTAS

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Revista Mangalarga

Novembro, 2020

Foto: Modesto Wielewicki

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stamos no final da gestão “Somos Todos Mangalarga” por mim liderada. Dezembro teremos o pleito para eleger uma nova Diretoria, 05 membros para o Conselho Superior de Administração e renovação dos 11 membros do Conselho Deliberativo Técnico. O Plano Trienal de Metas e Gestão que apresentei aos Associados e que se encontra até hoje publicado no site da Associação, foi cumprido em quase todas as metas estabelecidas. Algumas foram superadas, outras atingidas parcialmente, muito em função da crise de saúde pública que estamos vivendo desde o mês de março deste ano. Essa situação nos impossibilitou de lançar à reflexão dos Associados uma Proposta de Planejamento Estratégico para os próximos 15 anos e a realização do simpósio Mangalarga, oportunidade em que os Associados teriam para debater sobre o perfil atual do nosso cavalo e os desafios para tentar aprimorálo. Espero que esses dois projetos possam ser concluídos pela próxima gestão, vez que as informações básicas sobre o mercado de equinos no Brasil foram realizadas por força de contrato firmado com a ESALQ e o simpósio já tem seu planejamento totalmente pronto, fruto do trabalho apresentado pelo nosso Diretor Técnico, Alessandro Procópio.

A letargia e imobilismo que a Raça Mangalarga vivia ficou no passado. Hoje, temos uma Raça que além de criar o melhor cavalo de sela do Brasil, pulsa em torno de ideias, projetos e desafios. Não nos faltam debates, ainda que alguns sejam travados com excesso de veemência e carência de fundamentações técnicas. Porém, o processo para sair da letargia é assim mesmo, pois aqueles que se entrincheiraram nas suas zonas de conforto reagem, calorosamente, quando confrontados com uma nova realidade, a qual teimam em não reconhecer. A criação é um processo dinâmico que pressupõe a busca constante pela evolução e, no caso de animais, a sua evolução zootécnica. Quem está criando, participa e deve ter sua voz ouvida e respeitada. Quem não cria mais, ainda que outrora tenha criado, deve compreender que aqueles

que estão colocando seu capital e tempo a risco no processo de criação devem ter mais protagonismo na condução dos rumos da Raça. Passo a citar algumas de nossas realizações que prezo muito ter conseguido e que com a eleição da chapa “Mangalarga Para Todos” certamente terão continuidade e aperfeiçoamento. A primeira, e a mais fundamental de todas, pois é a base necessária para o desenvolvimento e crescimento de qualquer entidade, é a saúde financeira conquistada pela nossa gestão à frente da ABCCRM. Todos sabem que ao assumir em 2018, a Associação tinha contas atrasadas desde 2016 e um fluxo de caixa negativo. Graças à determinação e coragem de toda a nossa Diretoria resolvemos esses dois problemas. Realizamos o Leilão Manga-


Palavra do Presidente larga Amor de Verdade que, além de ter alcançado expressivo resultado, possibilitou-nos a uma ação de benemerência junto ao Hospital Amor de Verdade de Barretos que muito orgulhará, para sempre, a família Mangalarga. A contribuição extraordinária voluntária, apesar da baixa adesão, também ajudou no processo de saneamento das finanças da Associação. Mais uma vez, tenho que agradecer aos associados que doaram os lotes leiloados e aqueles que os adquiriram, bem como aos Associados que aderiram à contribuição voluntária. Mas, arrecadar recursos extraordinários para colocar as contas em dia é apenas um paliativo se não forem tomadas rígidas regras de governança financeira para o equilíbrio e sustentabilidade de um fluxo de caixa positivo. Assim, dentro desse preceito elementar de gestão responsável, foram adotadas medidas de contenção e defesa do orçamento ordinário, ou seja, aquele decorrente do fluxo das contribuições associativas e as receitas geradas pelos criadores ativos nas suas transações junto ao Serviço de Registro Genealógico, destinando esse orçamento para pagamento de salários, encargos sociais, impostos em geral e insumos para o regular funcionamento da Entidade. Todo e qualquer evento organizado pela Associação passou a ser auto sustentado pelas suas próprias receitas. Assim foi com as Exposições Brasileira e Nacional, Copa Cobasi de Marcha e Função, seminário “Venha ser Mangalarga”, Prosa Mangalarga, Perfil Mangalarga, Loja Mangalarga, Revista Mangalarga. Decorrente dessa forma de gerir, conseguimos ter superávit

nos dois primeiros exercícios e teremos certamente neste que ora se finda. Todo gestor da Mangalarga é capaz de conseguir esses resultados. Basta ter seriedade e compromisso com a boa gestão e dedicação diária ao fluxo de caixa, como o fizeram os Diretores Nelson Antônio Braido e Eduardo Rabinovich. Investimos no desenvolvimento do Studbook On Line, o qual é uma realidade disponível a todos os Associados, graças à dedicação e ao empenho do Diretor Alexandre Ribeiro. Todas as transações de um criador Associado com o SRG passaram a estar disponibilizadas por um aplicativo via celular. Aqueles que não criam, talvez desconheçam essa nova realidade e facilidade. Menos burocracia, papel e perda de tempo para enviar e receber documentos ficou no passado. No presente, tudo pode ser feito, com segurança e rapidez, pelo celular do Associado. Criamos o programa Prosa Mangalarga, veiculado, quinzenalmente, pelo canal ABCCRM no YouTube. Graças à dedicação dos seus produtores e apresentadores, os Diretores Luís Fernando Sianga e Cauê Costa Hueso, e à colaboração voluntária permanente do Diretor Pedro Castedo, e dos associados Josué Eduardo Grespan e Marcelo Cerqueira. O programa Perfil Mangalarga, produzido e apresentado pelo nosso Diretor Técnico Alessandro Procópio, além de ser uma grande inovação, representa um acervo técnico perene que sempre poderá ser acessado pelos novos criadores e entrantes na Raça para bem se informar sobre todas as características raciais do Mangalarga, seus eventos e provas.

As Exposições e Copas foram conduzidas pela dupla de Diretores Carlos Cesar Iembo e Guilherme Saad, com harmonia e denodo ímpar, o que gerou uma grande evolução na qualidade e organização dos eventos e a participação de expositores, associados e o público aficcionado pela Raça Mangalarga, além de resultados financeiros positivos. Para coroar a gestão dos dois, eles estão preparando uma linda Exposição Nacional daqui a alguns dias, no Centro Hípico Tatuí, na cidade de Tatuí, Estado de São Paulo. O nosso marketing se desenvolveu nesses anos de gestão em função do profissionalismo com que foi conduzido pelo Diretor Youssef Haddad, pela Diretora Renata Sari, contando com a colaboração dos Diretores Gustavo Esteves e João Frugis. Hoje, estamos diariamente presentes nas mídias sociais com posts e campanhas interativas com os nossos associados, de alta qualidade desenvolvidas pela agência de marketing W Art, a quem agradecemos a contribuição pela qualidade e profissionalismo do trabalho por ela desenvolvido. O trabalho dos Diretores de Pelagem, Alberto Veiga e Leandro Pasqualini, merece destaque, pois além de bem defenderem os interesses dos criadores de linhagens de pelagem, conseguiram expressivo resultado decorrente do crescimento da participação dos animais de pelagens nas nossas Exposições, principalmente nas Exposições Nacionais. O trabalho contínuo e de corpo a corpo desenvolvido pelo Diretor Cauê junto aos Núcleos, resultou no crescimento das atividades dos Núcleos Regionais e o surgimento de 05 novos Núcleos Regionais, o que vêm a fortalecer a nossa base de apoio e fomento da Raça Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Palavra do Presidente

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Revista Mangalarga

Novembro, 2020

no YouTube, do programa Prosa Mangalarga e das Exposições e Copas de Marcha, fato este totalmente inovador que vem possibilitando a participação de todos os interessados na Raça Mangalarga, sejam nossos Associados, e aficcionados, dando visibilidade ao nosso excepcional cavalo. Aliás, as transmissões das Exposições e Copas de Marcha contam com locução e comentários por parte de voluntários como o Grespan, Cerqueira, Cauê, Sianga e Panelinha, a quem agradeço pelo apoio e colaboração. Dediquei-me, pessoalmente, ao projeto Resgate Genético Mangalarga para trazer de volta ao seio da Raça e da Associação criadores e animais de excepcional qualidade e valor genético, que se encontravam desamparados e marginalizados, simplesmente, por não terem aderido, no passado, ao processo que modificou o biotipo do nosso cavalo, seu temperamento, rusticidade e marcha. Graças ao apoio e participação do Carlos Purchio e André Fleury, pude percorrer mais de 5 mil quilômetros em viagens e visitas a mais de 30 criadores, trabalho esse que resultou, até o momento 159 registros de animais que estavam quase que desaparecendo do banco genético à disposição dos criadores para o melhoramento de seus plantéis. Visitei todos os Núcleos Mangalargas situados fora do Estado de São Paulo, levando uma palavra de estímulo e apoio ao trabalho desenvolvido pelos seus Dirigentes e Associados e estendendo a eles os serviços do Superintendente do Serviço de Registro Genealógico para registrar animais e qualificar novos Técnicos de Registro. Quero destacar o trabalho desenvolvido pelo Colégio de

Jurados, coordenado pelo Marcos de Almeida Prado, pela Aracy Oliva, o atual superintendente do SRG, Henrique Fonseca, e o exsuperintendente Jayme Redher, com o apoio pelo Diretor Técnico Alessandro Procópio, pelos excelentes resultados do processo de recrutamento em todo o Brasil, seleção, aprovação e treinamento de novos Jurados. Entre 2018 e 2019 foram selecionados mais de 50 candidatos, dos quais, em 2018, somente 05 foram aprovados para fazer os 10 estágios probatórios e em 2019 outros 05 também foram aprovados e já iniciaram seus estágios, interrompidos pela pandemia. Outro projeto iniciado nessa sensata gestão foi o “Certificado de Muares”, filhos de Éguas Mangalargas, gerando mais de 25 animais certificados. Enfim, muito trabalho, muitos acertos, alguns erros, mas acima de tudo uma Associação organizada, modernizada, ativa e com muita energia para continuar seu caminho de soerguimento. Para esse caminho do crescimento continuar a ser trilhado, basta o Associado discernir sobre as propostas, experiência e dedicação permanente à Raça Mangalarga entre os candidatos à minha sucessão. Abraços, Foto: NOrberto Cândido

Mangalarga. Devo ressaltar o importante trabalho desenvolvido pelos Diretores Hamilton França Leite e Joao Paulo Fagundes à frente da área técnica, com a dedicação permanente no aprimoramento das questões de regulamentos e outros assuntos técnicos. O João Paulo, pelo seu ecletismo e inteligência, ajudou, na verdade, a todas os Diretores, sendo um conselheiro e articulador de grande talento e equilíbrio. Inegável o trabalho dos Diretores Danton Guttemberg Andrade, Cristiano Benzota e Renato Tardioli de Lima, pelo trabalho desenvolvido na área jurídica e no Comitê de Ética, cujo afinco e seriedade dedicados trouxe-nos a segurança jurídica necessária ao bom funcionamento da Associação. Agradeço, também, a dedicação e apoio dos Diretores Pedro Castedo e Felipe Angelin. Todas as realizações desta gestão foram conseguidas fruto do trabalho e dedicação de todos os funcionários e colaboradores da Associação. A todos, faço meus sinceros agradecimentos pelo comprometimento e seriedade com que desempenham suas funções em prol de bem atender às demandas dos Associados. Realizamos o maior número de Exposições de toda a história da Associação, 39 Provas Funcionais, 11 Mangalargadas, 05 etapas da Copa Cobasi de Marcha e Função, esta graças ao comprometimento do Associado Ricardo Urbano, um dos proprietários da Cobasi, sendo que os recursos para o exercício de 2021, já estão captados, graças, novamente, à participação da Cobasi e do apoio da empresa que produz o Sabão Ipê, de propriedade do nosso associado Jorge Beira. Equipamos a Associação com câmaras e recursos técnicos para a transmissão, via canal ABCCRM

Luis Opice Presidente da ABCCRM


COBERTURAS OPÇÕES ÚNICAS E PACOTES

EGITO AOR ALECRIM MAB X DANÇA DA BICA

ELDORADO AOR VERMUTE ACF X ESTRELA DALVA 42, POR XILENA MANGALARGA

GRANDE CAMPEÃO POTRO DE PELAGEM DE MARCHA E GERAL 2018

CAMPEÃO CAVALO JÚNIOR DE MARCHA/GERAL NA I EXPO JACAREÍ 2020

1º RESERVADO GRANDE CAMPEÃO BRASILEIRO POTRO DE MARCHA 2019 1º RESERVADO GRANDE CAMPEÃO NACIONAL POTRO DE MARCHA 2019 2º RESERVADO CAMPEÃO NACIONAL POTRO MAIOR GERAL 2019

ALEXANDRE RIBEIRO: (11) 99321-2300 harasgermana.com.br

JORGE PIRES: (14) 99719-0112 /harasgermana

MARQUINHOS: (12) 99662-7184 /haragermana


42ª Exposição Nacional

NOVEMBRO

2020

R$ 9,90

REVISTA OFICIAL

A Loja Mangalarga se reinventa para toda a família!

Expo Nacional 2020 comprova a força da raça!

capa desta edição homenageia a mais importante mostra da raça, a Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga, cuja quadragésima segunda edição está marcada para acontecer neste mês de novembro, no Centro Hípico de Tatuí, no interior paulista. A imagem que a ilustra é um expressivo registro do julgamento de marcha da edição anterior do evento, realizada em setembro do

ano passado, no Parque José Ruy de Lima Azevedo, na cidade de São João da Boa Vista (SP). O autor desta bela foto é, por sua vez, um dos mais atuantes profissionais do universo do cavalo Mangalarga. Formado pela Escola Panamericana de Arte e criador da raça desde 1990, Márcio Mitsuishi é colaborador frequente das capas da Revista Mangalarga.

Força e vitalidade

A REVISTA MANGALARGA Edição e Redação Pedro Camargo Rebouças (MTB 31427) pereboucas@hotmail.com Representante Comercial Beto Falcão betofotografia@gmail.com Desenho Gráfico Daniel Bertti daniel.bertti@bertti.com.br Departamento de Marketing Sara Feliciano sara.feliciano@abccrm.com.br Departamento de Exposição Francisco Bezerra francisco.bezerra@abccrm.com.br Lucas Diniz lucas.diniz@abccrm.com.br

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pós um período de quase seis meses de paralisação, o circuito de eventos da raça voltou à ativa no último trimestre, com exposições e copas realizadas nos municípios de Jacareí (SP), Amparo (SP), Tatuí (SP) e São João da Boa Vista (SP). Agora, a raça vive seu principal momento na temporada com a realização da 42ª Exposição Nacional, que, apesar do ano conturbado por conta da pandemia de covid-19, deve registrar um crescimento no número de participantes superior a 20% na comparação com o ano passado. Todos esses eventos, responsáveis por mostrar a força e vitalidade da raça Mangalarga, estão em destaque nesta edição, assim como outros acontecimentos marcantes. Entre eles, a Expedição Velho Chico, que já percorreu mais de um quarto de sua jornada de

quatro mil quilômetros rumo à foz do rio São Francisco, e a reinvenção da Loja Mangalarga, a marca oficial da raça que ganha um novo nome e uma coleção de produtos ainda mais especiais para conquistar o coração de toda a família. Além disso, graças à colaboração das mangalarguistas Dalva Marques e Cacá Almeida Prado, o leitor encontrará nas próximas páginas boas dicas de cuidados para participar de cavalgadas, grande paixão da Família Mangalarga, e para preparar seus cavalos para as provas de cross country, exigente prova hípica que é garantia de muita emoção. A Equipe Mangalarga deseja a todos uma ótima leitura e uma Exposição Nacional ainda melhor, neste ano que vem sendo de muita superação tanto para a raça Mangalarga como para todo o segmento equestre brasileiro.



42ª EXPO NACIONAL Com expressivo crescimento no número de inscrições, a Expo Nacional mostra toda a força da raça em um ano repleto de desafios Por Pedro C. Rebouças

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Foto: Márcio Mitsuishi

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A expectativa é de muita qualidade na pista da 42ª Expo Nacional.

Foto: Márcio Mitsuishi

Centro Hípico de Tatuí, no interior paulista, será palco da quadragésima segunda edição da Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga. A aguardada mostra mangalarguista, que está entre os principais eventos da equinocultra brasileira, acontecerá no período de 19 a 28 de novembro, contando com uma diversificada programação, voltada a toda a família mangalarguista. A 42ª Expo Nacional será, além disso, uma demonstração da força, resiliência e união da raça em um ano marcado por grandes desafios não só a todo o segmento equestre como a toda a sociedade brasileira. Afinal, a pandemia de covid-19, além de causar tristes perdas humanas, trouxe dificuldades à economia nacional e impôs a paralisação do setor por mais de cinco meses, provocando o cancelamento da maior parte dos eventos que compunham o calendário da raça na atual temporada. A própria Nacional, habitualmente realizada em setembro, precisou ser adiada para novembro e teve que ter sua realização ajustada aos protocolos sanitários estipulados pelas autoridades municipais, estaduais e federais. Esta, aliás, será a primeira vez que o evento não será aberto ao

A qualidade da tropa vem evoluindo ano a ano.

público, estando restrito apenas aos criadores e seus familiares. Mesmo com todos esses desafios, tudo está sendo preparado para proporcionar aos apaixonados

pela raça um momento especial de celebração do cavalo Mangalarga. Luis Augusto de Camargo Opice, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos


Foto: CHT

Vista aérea do complexo equestre do Centro Hípico de Tatuí.

as orientações de distanciamento social e o uso de máscara será obrigatório dentro do recinto. Já o público em geral poderá acompanhar os julgamentos pela internet, uma vez que estamos preparando uma transmissão altamente profissional, com o uso

de quatro câmeras e uma grua e com a locução do renomado narrador esportivo Eduardo Vaz, conhecido por ser a voz da Fórmula Indy no Brasil.” O Diretor de Exposição da ABCCRM, Carlos Cesar Perez Iembo, também acredita que

Foto: Márcio Mitsuishi

da Raça Mangalarga (ABCCRM), mostra-se bastante confiante no êxito do evento. “Apesar do ano atípico, a expectativa é muito grande. Deveremos ter uma exposição com qualidade zootécnica muito elevada e com uma infraestrutura muito boa tanto para os mangalarguistas que vierem acompanhar o evento como para os expositores, apresentadores e animais. Os julgamentos, por exemplo, serão realizados em uma pista coberta de 45 metros de largura por 90 metros de comprimento, com iluminação de led e com um piso maravilhoso que vem sendo preparado sob orientação da diretoria.” Opice destaca ainda que estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para que os criadores e usuários da raça, assim como seus familiares, possam comparecer ao evento em segurança. “Para isso, os participantes terão que seguir

O desfile das bandeiras ocorrerá no primeiro sábado da programação.

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esta será uma grande Nacional. “Este ano, apesar das dificuldades acarretadas pela pandemia, a diretoria vem trabalhando com o objetivo de aumentar o número de participantes da exposição. E, felizmente, já conseguimos alcançar esta meta, pois as inscrições ainda não estão encerradas e já registramos um crescimento de 20% na comparação com o ano passado. Por isso, estamos com uma expectativa alta para esta Nacional. Tudo indica que teremos uma exposição com um significativo número de animais e com muita qualidade em pista, uma vez que a evolução da tropa da raça tem sido muito perceptível nos últimos anos.” Cesar Iembo também revela que a mudança no calendário da raça influenciou na escolha do recinto da exposição. “A princípio, a ideia da diretoria era que a Nacional permanecesse

em São João da Boa Vista (SP), onde ela aconteceu nos últimos quatro anos. Entretanto, com a mudança de data, percebemos a necessidade de procurar um recinto com pista coberta, pois novembro é um mês bem mais chuvoso e queríamos garantir um ambiente confortável a todos os envolvidos com o evento. Além disso, encontramos em Tatuí uma ótima estrutura para receber a comunidade mangalarguista.” Localizado à margem da rodovia SP 141, o Centro Hípico de Tatuí possui uma completa infraestrutura, que tem tudo para ser um dos diferenciais da Nacional 2020. Afinal, o recinto, que recentemente recebeu a Exposição do Núcleo Oeste Paulista e a Copa Cobasi de Marcha, conta com duas pistas cobertas, três pistas descobertas, 105 baias de alvenaria, dois restaurantes, salões de festas, recinto de leilões, vestiários, amplo estacionamento,

trilha para provas externas e uma confortável estrutura para os espectadores. Tudo isso em uma bonita área arborizada a apenas um quilômetro do centro de Tatuí.

Programação movimentada A 42ª Expo Nacional também contará com uma programação bastante movimentada. Além dos julgamentos que elegerão os novos Grandes Campeões Nacionais, a mostra terá atrações como o Leilão Supreme Nacional de Elite, o Desfile das Bandeiras, a etapa final da Mangalargada 2020 e a prova decisiva do Campeonato de Função 2020. Promovido pela Julio Paixão Leilões, em parceria com a Prime Selection, o Leilão Supreme acontecerá na noite da sextafeira 20 de novembro, no próprio recinto de exposição. Segundo os organizadores, o remate ofertará lotes que representam a melhor

Foto: Márcio Mitsuishi

Altitudes acima de 4.400 metros estiveram entre os desafios do percurso.

A Mangalargada ocorrerá pela primeira vez dentro da Expo Nacional.

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Foto: Norberto Cândido

A final da copa de função ocorrerá em horário nobre da programação.

Foto: Márcio Mitsuishi

genética da raça e o espetacular nível zootécnico alcançado pelo cavalo Mangalarga, retirados da reserva dos principais projetos de seleção do país. Já a etapa da Mangalargada, que pela primeira vez será realizada dentro de uma Expo Nacional, irá acontecer na manhã do sábado 21 de novembro, com largada prevista para as 09h30. “A trilha será totalmente dentro da fazenda em que se localiza o Centro Hípico de Tatuí, com um percurso de aproximadamente 22 quilômetros, dos quais cinco quilômetros serão percorridos em um caminho dentro da mata existente na fazenda. Dessa forma, traremos para a exposição um pouco do espírito de competição, amizade e união familiar que caracteriza essa modalidade”, explica Luis Opice. O tradicional desfile das bandeiras dos criatórios participantes acontecerá, por sua vez, a partir das 16h do sábado (21). “Este ano, por conta do protocolo sanitário, teremos uma cerimônia de abertura mais singela, sem a participação de tantos convidados e sem a participação de músicos, como vinha acontecendo em São João com a banda do Exército. Aliás, como Tatuí é conhecida como a ‘Capital da Música’, nós havíamos considerado a possibilidade de termos uma apresentação da orquestra do Conservatório de Tatuí, mas isso não foi possível, tanto pelas restrições sociais como pelo fato de muitos dos estudantes da instituição estarem fora da cidade por conta da paralisação das aulas” ,esclarece Iembo. Ainda no primeiro fim de semana da programação, está prevista a realização da quinta e decisiva etapa da Copa de Função da Raça Mangalarga, que deve garantir uma dose extra de competitividade e emoção à Nacional. A competição acontecerá em horário nobre, na manhã do domingo 22 de

A marcha da raça estará em destaque na pista da 42ª Nacional.

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rão por toda a programação da exposição, começando no dia 19 de novembro e vivendo seu ápice no último dia de atividades, o sábado 28 de novembro, quando a comunidade mangalarguista conhecerá os Grandes Campeões Nacionais de 2020. Este ano, os julgamentos contarão com um formato diferente do adotado nas edições anteriores do evento, com a avaliação tanto do item Morfologia como do quesito Marcha sendo realizada, em consenso, pelo trio de jurados composto por José Rodolfo Brandi, João Galvão de França Filho e Agnaldo Machado de Andrade. O julgamento do Galope Funcional será, por sua vez, conduzido pelo jurado André Fleury.

De acordo com o presidente Opice, o julgamento da Nacional 2020 deve superar as quatrocentas inscrições. “Esse é um número bastante significativo, especialmente em um ano de crise como esse em que tantos desafios foram impostos ao segmento equestre. Além disso, é importante destacar que vamos contar novamente com a parceria de importantes marcas e empresas, como o Café Barão de Guaxupé, a Guabi Nutrição Animal e a Nutivet Farmácia Veterinária. Assim, a expectativa para essa Nacional é a melhor possível. Creio que faremos o encerramento da atual gestão com um grande evento e com uma grande celebração do nosso cavalo.”

Foto: Márcio Mitsuishi

novembro, contando com disputas de maneabilidade, nas quais os participantes precisam superar obstáculos que simulam a lida na fazenda, nas categorias tempo ideal e contra o cronômetro. Por sua vez, as atividades sociais que normalmente compõem a programação da Exposição Nacional, como happy hours, palestras e espetáculos musicais, não poderão ser realizadas este ano. “Em decorrência do protocolo sanitário e das orientação das autoridades municipais, nós também não teremos desta vez as tradicionais provas sociais, que costumam reunir crianças, jovens, mulheres e patrões”, explica o diretor Cesar Iembo. Já os julgamentos se estende-

As pelagens terão participação de destaque no evento.

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CIDADE TERNURA Além de ser famosa por acolher bem seus visitantes, Tatuí é considerada a Capital da Música Por Pedro C. Rebouças

Foto: Prefeitura de Tatuí

conhecido como Conservatório de Tatuí. Considerada uma das mais respeitadas escolas de música da América Latina, a instituição recebe alunos de São Paulo, assim como de todo o Brasil e da América Latina, e oferece 51 cursos gratuitos de formação musical com duração média de seis anos. Distante 130 quilômetros da capital paulista, Tatuí possui também uma localização privilegiada, estando próxima de municípios como Sorocaba (SP) e Itapetininga (SP), com acesso fácil por duas das principais rodovias do estado de São Paulo, a Castelo Branco e a Raposo Tavares. Com uma população estimada em 122 mil habitantes, Tatuí, além

O portal turístico é um símbolo da cidade de Tatuí.

de se destacar nas atividades agrícolas e de serviços, vem passando por um fortalecimento no campo industrial. A cidade é ainda a sede do Campo de Provas da Ford, centro dotado de pistas, equipamentos e laboratórios para o desenvolvimento de carros, utilitários e caminhões da marca. A “Cidade Ternura” oferece ainda boas opções de hotéis e restaurantes, assim como uma série de atrações turísticas, entre as quais se destacam o Centro Histórico, a Igreja da Matriz, o Museu Histórico Paulo Setúbal, o Teatro Procópio Ferreira, o Parque Ecológico Maria Tuca e o Aeroclube de Tatuí.

Foto: Paulo Rogério/CC

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ede da 42ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga, que acontece neste mês de novembro, a cidade paulista de Tatuí possui uma série de carinhosos epítetos. Ela é conhecida, por exemplo, como “Cidade Ternura”, por sempre acolher bem seus visitantes, e também como “Terra dos Doces Caseiros”, por conta do talento de seus moradores para a produção de saborosos doces artesanais, em especial aqueles de abóbora, batata doce ou cidra. No entanto, a alcunha mais relacionada ao município é a de “Capital da Música”. Afinal, a cidade é a base do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, mais

O teatro Procópio Ferreira é palco de muitas apresentações musicais. Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Exposições, Copas & Provas

EXPO REGIONAL E COPA

COBASI DE AMPARO

Programação tripla atraiu mais de 200 animais, comprovando o entusiasmo dos criadores com o momento de retomada das atividades da raça Por Pedro C. Rebouças

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Fotos: Norberto Cândido

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Centro Hípico Hipocampo foi palco, entre os dias 10 e 12 de setembro, de um movimentado evento, cuja programação reuniu três aguardadas atrações: a Exposição Regional do Núcleo Mangalarga de Amparo (SP), a Etapa de Amparo da Copa Cobasi Mangalarga de Marcha e a Etapa de Amparo da Copa Cobasi Mangalarga de Função. Comprovando o entusiasmo da comunidade mangalarguista com a retomada das atividades da raça, após a paralisação do calendário de exposições por conta da pandemia de covid-19, a mostra amparense recebeu o expressivo número de 152 inscrições e reuniu 34 expositores provenientes dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e até do distante Pará. Já a etapa que abriu a Copa de Marcha 2020, competição que busca valorizar a principal característica da raça e que conta na atual temporada com o patrocínio da Cobasi, por meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte, contou com a participação de 68 animais, expostos por 25 conceituados criatórios mangalarguistas. Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), Luis Augusto de

Etapa de Amparo abriu a Copa Cobasi de Marcha 2020.

A mostra amparense reuniu uma tropa de alto nível.


Exposições, Copas & Provas Camargo Opice, a exposição amparense foi um marco para a comunidade mangalarguista neste atípico ano de 2020. “Essa foi a segunda exposição que realizamos nesta temporada e já foi possível observar um expressivo aumento no número de inscrições na comparação com a Exposição de Jacareí (SP), que foi responsável pela retomada das atividades da raça no mês de agosto. Nós tivemos mais de duzentos animais inscritos para as atividades no Centro Hípico Hipocampo, o que mostra a vontade do expositor, do criador, em exibir seus animais e tirá-lo da cocheira para que eles possam ser julgados.”

A Copa de Função também movimentou a programação.

Nova geração em pista Já o mangalarguista Marcelo Leite Vasco de Toledo, diretor do Núcleo Mangalarga de Amparo, destacou durante a transmissão do evento que a Exposição de Amparo exibiu uma tropa de elevado nível e proporcionou aos criadores a oportunidade de exibir seus animais ainda inéditos em pista. “Essa exposição nos surpreendeu pela qualidade dos animais, porque, por conta da pandemia, estava todo mundo com tropa fechada. Assim, estavam todos ansiosos para mostrarem os exemplares de suas novas gerações. E a tropa vem realmente numa evolução muito boa, então deu pra gente ver aqui exemplares que estão nos agradando muito, principalmente com essa valorização da marcha.” Toledo, que também integra o quadro de jurados da ABCCRM, prosseguiu fazendo uma análise positiva do atual momento da raça. “Eu acho que a Mangalarga está bem encaminhada. É certo que é um processo longo de seleção, nós

O evento cumpriu as exigências sanitárias estabelecidas pelas autoridades.

Os cobiçados troféus da Copa Cobasi de Marcha.

Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Exposições, Copas & Provas vemos que ainda são necessários alguns ajustes. Eu acho que a tropa precisa, por exemplo, ficar mais mediolínea, mas na parte de toada ela está realmente muito boa. Nós estamos com uma raça fantástica nas mãos e precisamos saber utilizá-la em todos os níveis de função, seja na lida ou nas cavalgadas, seja nas provas ou nas exposições.” Para o presidente Luis Opice, a alta qualidade da tropa tem se refletido nos julgamentos da raça. “O que salta aos olhos é o equilíbrio em cada páreo, em cada categoria, entre os concorrentes. Ou seja, a qualidade da nossa tropa vem melhorando a cada ano, e isso é muito bom, porque você vai aumentando a homogeneidade dos animais, com mais exemplares se destacando dentro dos diversos páreos, como nós pudemos observar na mostra de Amparo.” “Hoje, aliás, não existe mais aquela distância, aquele degrau que separava os criatórios, os animais são todos muito próximos na sua beleza, na sua qualidade de marcha, então dá um trabalho muito grande para os jurados definirem os campeões. Isso permite que a raça possa disponibilizar ao mercado animais que estão muito próximos dos grandes campeões e dos reservados. Esse é um importante objetivo que tanto a associação como os próprios criadores têm que perseguir.” O dirigente mangalarguista fez ainda uma avaliação positiva da programação adotada pela raça em Amparo. “Este evento inaugurou esse novo formato ‘3 em 1’, com exposição, copa de marcha e prova de função, que sem dúvida é um modelo que veio para ficar, tanto é que vamos ter outras três exposições acontecendo nesses mesmos moldes no mês de outubro, primeiro em Tatuí (SP), depois em Jacareí (SP) e por fim 22

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A Copa de Marcha recebeu 68 inscrições.

A funcionalidade da tropa esteve em alta em Amparo.

em São João da Boa Vista (SP). Além disso, a transmissão ao vivo que tivemos em Amparo também representa um avanço, fruto de um esforço conjunto da associação com o núcleo. No ano passado, na final da copa, nós fizemos com os nossos próprios equipamentos. Dessa vez, no entanto, já foi possível fazer de uma forma mais aprimorada e profissional.” Para conferir os resultados completos da Exposição de Amparo, cuja organização esteve a cargo do Núcleo Mangalarga de Amparo, visite o portal oficial da ABCCRM: www. cavalomangalarga.com.br.



Exposições, Copas & Provas

COPA COBASI

DE TATUÍ

Programação também incluiu a concorrida Exposição Regional do Núcleo do Oeste Paulista Por Pedro C. Rebouças Fotos: Norberto Cândido

O

Núcleo do Oeste Paulista promoveu, no período de 30 de setembro a 03 de outubro, no Centro Hípico de Tatuí (SP), um encontro muito especial da comunidade mangalarguista. O evento foi o terceiro a acontecer após a retomada das atividades do calendário da raça, paralisado no primeiro semestre por conta das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de covid-19. A programação na pista tatuiana incluiu três aguardadas atrações: a Exposição Regional do Núcleo do Oeste Paulista, a Etapa de Tatuí da Copa Cobasi Mangalarga de Marcha e a Etapa de Tatuí da Copa Cobasi Mangalarga de Função. Entretanto, por conta do protocolo sanitário estabelecido junto às autoridades, as atividades não foram abertas ao público, ficando liberadas apenas aos expositores e profissionais

As pelagens também estiveram bem representadas no evento

envolvidos com os julgamentos. Responsável por abrir a programação, a exposição regional recebeu um total de 146 inscrições e registrou a participação de 40 expositores. Para conduzir os julgamentos, foram convidadas duas duplas

Os julgamentos na pista tatuiana foram bastante concorridos

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de jurados. A primeira, composta por André Fleury Azevedo Costa e José Rodolfo Brandi, ficou a cargo da análise dos itens marcha e dinâmica. A segunda, integrada por Agnaldo Machado de Andrade e Emerson Luiz Bartoli, esteve responsável pela avaliação do

Evento teve a participação de uma tropa de muita qualidade


Exposições, Copas & Provas quesito morfologia. Na opinião do criador Rodrigo Novais, presidente do Núcleo do Oeste Paulista, a mostra tatuiana superou as expectativas. “Foi uma exposição excelente. Todo mundo que acompanhou o julgamento pôde ver a qualidade e o elevado nível zootécnico dos animais que participaram da exposição. Além disso, a pista e o recinto, assim como o suporte do centro hípico, foram muito bons, atendendo todas as nossas demandas. Por isso, eu só tenho a agradecer aos diretores do núcleo e a toda a equipe envolvida com a organização do evento.” Durante a transmissão da exposição, Novais também destacou a grande motiva-ção demonstrada pelos mangalarguistas neste momento de retomada das atividades. “No começo do ano, a raça conseguiu realizar duas Mangalargadas, mas aí veio a pandemia e a gente não conseguiu fazer mais nada. Por isso está todo mundo com sede de pista, com sede de copa, com sede de fazer função, querendo levar seus animais para exposição.” O dirigente mangalarguista ressaltou ainda que tem a expectativa que este cenário de animação permaneça na próxima temporada. “Esperamos que, no próximo ano, possa haver uma reabertura mais ampla e continuemos tendo essa boa adesão às pistas regionais, pois são os eventos regionais que ajudam a fomentar a nossa raça, permitindo que levemos nossos animais para diferentes regiões e mostremos o alto nível zootécnico em que o nosso cavalo se encontra hoje em dia.”

A prova de tempo ideal exigiu concentração dos competidores

As mangalarguistas fizeram bonito na prova funcional

Show de marcha Ao longo do sábado (03), a programação esteve toda voltada

Os conjuntos mostraram muita habilidade na prova contra o relógio

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Exposições, Copas & Provas para a Copa Cobasi Mangalarga 2020, evento que conta com o patrocínio da rede de ‘pet shops’ Cobasi, por meio do apoio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte. As atividades foram abertas na parte da manhã com o julgamento da Copa de Marcha, cuja condução esteve a cargo dos jurados André Fleury Azevedo Costa, Agnaldo Machado de Andrade e José Rodolfo Brandi. Responsável pelos comentários na transmissão realizada em tempo real pelo núcleo, o jurado e técnico João Pacheco Galvão de França Filho, o Panelinha, elogiou o bom nível da competição. “Essa foi uma copa bastante forte. Afinal, por ser realizada logo depois de uma exposição que foi muito boa, ela conseguiu seguir nessa mesma trilha, reunindo animais de um nível incomum. Nós tivemos em pista exemplares de qualidade extrema e com ótimo andamento, o que nos permitiu constatar todo o bom temperamento e toda a qualidade de movimentação da nossa tropa. Enfim, tivemos oportunidade de ver um show à parte na marcha.” Contando com uma concorrida disputa de maneabilidade, a prova funcional aconteceu na parte da tarde, registrando a participação tanto de cavaleiros profissionais como de criadores e usuários da raça Mangalarga, que precisaram demonstrar muita agilidade e habilidade para superar os obstáculos que simulam a lida no campo. Na avaliação de Panelinha, a competição garantiu uma dose extra de emoção e diversão ao evento promovido pelo Núcleo do Oeste Paulista. “Ao longo da tarde, nós tivemos a disputa de função, na qual vimos amadores fazendo a prova de tempo ideal com muita qualidade, além de ver os profissionais fazendo uma prova contra o cronômetro que 26

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João Pacheco Filho conversa com o equitador internacional César Marques

trouxe muita emoção a todos, com o Rogérinho Viriato conseguindo executar todas as figuras sem nenhuma falta e fazendo uma prova espetacular com tempo na casa dos 52 segundos.” A Copa Cobasi Mangalarga foi marcada ainda pela visita do equitador português César Marques. Consagrado apresentador da raça Lusitana, além de premiado competidor de modalidades como adestramento e equitação de trabalho, o cavaleiro internacional teve oportunidade de montar uma fêmea da raça Mangalarga e ficou muito satisfeito com esse primeiro contato com o Cavalo de Sela Brasileiro. “Ao ver os animais em pista, eu já havia tido uma impressão muito boa, pois eles haviam me passado muito boas sensações. Quando montei, foi curioso que a égua facilmente se adaptou à minha montaria, ao modelo de equitação que eu normalmente utilizo. No galope também, a princípio eu e a égua não estávamos nos acertando, mas passados poucos segundos ela novamente se adaptou muito bem, de forma muito rápida”, comentou Marques. O equitador mostrou-se

também bastante contente com a forma com que foi recebido no evento. “Eu gostei imensamente dessa experiência, pois nunca tinha tido a oportunidade de montar em um Mangalarga, raça que eu só conhecia pela televisão, pois sou um apaixonado por cavalos e por isso gosto de acompanhar tudo o que acontece no meio equestre. Assim, gostaria de agradecer a todos pela simpatia e pela atenção com que me receberam e me integraram ao evento.” Para conferir os resultados completos da Exposição Regional e da Copa Cobasi de Tatuí, visite o portal oficial da raça: www. cavalomangalarga.com.br.


Exposições, Copas & Provas

EXPO E COPA

DE SÃO JOÃO

Evento sanjoanense foi o último teste antes da 42ª Expo Nacional Por Pedro C. Rebouças

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Jurado avalia a marcha de um dos participantes do evento.

Foto: Núcleo Serra da Mantiqueira

o mês de março, a cidade de São João da Boa Vista (SP) estava prestes a receber a 3ª Copa de Marcha da Serra da Mantiqueira, que abriria o calendário da raça na atual temporada, quando o evento precisou ser cancelado por conta das medidas de isolamento social estabelecidas pelas autoridades para enfrentar a pandemia de covid-19. A frustração da comunidade mangalarguista local foi grande, mas não arrefeceu o ânimo dos sanjoanenses, que, após sete meses de espera, finalmente voltaram a sediar um grande evento do cavalo Mangalarga e logo com uma programação tripla, que incluiu a Exposição Regional de São João da Boa Vista, a Etapa de São João da Copa Cobasi de Marcha e a Etapa de São João da Copa Cobasi de Função. Promovida pela Sociedade Sanjoanense de Esportes Hípicos (SSEH), com o apoio do Núcleo Mangalarga Serra da Mantiqueira e da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), a Exposição Regional aconteceu na sexta-feira 23 de outubro, na pista do Recinto José Ruy de Lima Azevedo. O evento, que

Du Grespan (à direita) entrega premiação durante a exposição.

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Exposições, Copas & Provas

Foto: Fellipe Araujo

que tinha a expectativa de receber um número maior de participantes. “A exposição regional recebeu um total de 69 inscrições e teve a participação de 29 expositores, entre os quais estavam criadores de pequeno, médio e grande porte. Esses são bons números, mas confesso que esperávamos um evento maior, afinal São João é considerada um dos berços da raça ao lado de Orlândia (SP) e, além disso, tem sido palco de grandes eventos nos últimos anos. Acredito que as restrições por conta da pandemia e a proximidade com a Exposição Nacional, que acontecerá em menos de um mês, podem ter atrapalhado um pouco nesse aspecto.”

Marcha e Função

A copa sanjoanense recebeu uma tropa de alto nível.

Foto: Núcleo Serra da Mantiqueira

João, a exposição foi boa, com uma tropa de excepcional qualidade e com o apoio de muitos criadores. Tivemos ainda a oportunidade de, através do canal da ABCCRM no YouTube, fazer a transmissão ao vivo do evento, na qual eu e o Marcelo Cerqueira fomos os comentaristas, procurando passar as informações do que estava acontecendo em loco ali para o público internauta, o que foi muito bom e gratificante.” Grespan ressalta, entretanto,

Foto: Núcleo Serra da Mantiqueira

contou com a participação dos jurados João Miguel da Silva Giurni (marcha e dinâmica) e Benedito Carlos da Silva (morfologia), foi ainda o último teste antes da 42ª Expo Nacional. Segundo o criador Josué Eduardo Grespan, presidente do Núcleo Serra da Mantiqueira, a mostra sanjoanense teve saldo positivo. “Apesar de não ter sido aberta ao público, por determinação do Departamento de Saúde da Prefeitura de São

Já a Copa Cobasi Mangalarga aconteceu no sábado 24 de outubro, também contando com a participação dos jurados João Miguel da Silva Giurni e Benedito Carlos da Silva. “A etapa sanjoanense foi muito boa, reunindo nos julgamentos de marcha 41 animais de muita qualidade, expostos por 20 expositores provenientes de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Esse, aliás, é um importante circuito promovido anualmente pela ABCCRM, que nesta temporada ganhou ainda mais projeção por conta do patrocínio da rede de ‘pet shops’ Cobasi, viabilizado por

A exposição contou com a presença de 29 expositores.

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Du Grespan e Marcelo Cerqueira comandaram a transmissão.


meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte (LPIE). Isso possibilitou um grande estímulo à função e à marcha característica do nosso cavalo”, explica Du Grespan. O dirigente regional da raça destaca ainda o forte apoio que a disputa funcional da copa recebeu dos integrantes do Núcleo Mangalarga de Piracicaba (SP). “A presença deles foi muito bacana. Afinal, eles vieram participar das provas de forma maciça e ajudaram muito para o sucesso da competição. Por isso, gostaria de agradecer aos nossos amigos do núcleo piracicabano, na pessoa de seu diretor Murilo Bussab, pela expressiva adesão ao nosso evento.” Já a criadora Maria Juliana T. de Jesus, vice-presidente do Núcleo Serra da Mantiqueira e mais conhecida como Ju Cobrinha, ressalta o alto nível dos animais presentes à exposição. “Como pudemos conferir pelos comentários dos juízes ao longo dos julgamentos da exposição, a qualidade da tropa estava muito elevada, o que proporcionou páreos muito equilibrados. Além disso, as provas também foram emocionantes e bem disputadas.” Ju Cobrinha lamenta apenas o fato de o evento não ter podido contar com a presença de público. “Em nossos eventos, nós estamos acostumados a colocar restaurante, a trazer parquinho para a criançada e a fazer muita propaganda na cidade e na região, justamente para que as pessoas compareçam e a gente possa fomentar mais a raça. No entanto, com as restrições sanitárias, a gente infelizmente não pôde fazer nada disso, pois foi um evento aberto apenas para criadores e familiares. A gente fica triste por não ter público para mostrar o nosso cavalo, mas acredito que isso não tirou o brilho do evento, afinal estava tudo muito bom.”

Foto: Núcleo Serra da Mantiqueira

Exposições, Copas & Provas

Momento de comemoração no pódio sanjoanense.

Du Grespan, por sua vez, aproveita para elogiar o empenho da vice-presidente do núcleo. “A Ju Cobrinha e o marido dela Felipe Lopes me deram uma força danada para tocar essa exposição, ajudando demais em toda a organização. Assim gostaria de agradecer aos dois pelo empenho, assim como a todos os expositores que acreditaram em São João da Boa Vista e vieram novamente prestigiar nosso evento.” Agora, o foco dos mangalarguistas sanjoanenses já está voltado para 2021. “Esse foi um ano difícil para todo mundo, mas na próxima temporada estaremos aqui novamente com muita vontade para dar continuidade aos eventos que compõem nosso calendário, como a Copa de Marcha de Inéditos e Fomento, que é feita logo no início do ano, e depois a tradicionalíssima mostra da Eapic (Exposição Agopecuária, Industrial e Comercial de São João), que acontece no mês de julho. Infelizmente, por conta da pandemia, em 2020 não teve nada disso, mas em 2021, se Deus quiser, a gente vai estar aqui firme

e forte para voltar a realizá-los.” Para obter mais informações sobre as atividades do Núcleo Serra da Mantiqueira, entre em contato pelo whatsapp (19) 99762 – 2251. Já para conferir os resultados completos da exposição regional e da etapa sanjoanense da copa, visite o portal oficial da ABCCRM: www.cavalomangalarga.com.br.

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Exposições, Copas & Provas

2ª EXPO VALE Copa Cobasi esteve entre as atrações do evento vale-paraibano Por Pedro C. Rebouças

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o evento todo foi muito bom. “Nós ficamos muito satisfeitos com o resultado. Afinal, mesmo em tempos de pandemia e com a Exposição Nacional já bastante próxima, nós conseguimos reunir 154 animais entre exposição, copa e função.” “Além disso, o nível dos animais esteve como sempre elevado tanto na morfologia como na marcha. Tivemos páreos de potras com quantidade e qualidade de animais em pista e isso se repetiu entre os potros, éguas e cavalos. Tal nível pôde ser notado por conta da interação entre os jurados na pista. Eles julgaram em consenso

e em vários páreos houve bastante argumentação entre eles em decorrência do alto nível dos animais. Aliás, esse modelo de julgamento, resgatado por iniciativa dos técnicos do núcleo Jorge Pires e Thomas D’Angieri, é o mesmo que será adotado na 42ª Nacional, em novembro.” Poli prossegue destacando que os comentários dos jurados ao fim dos páreos também comprovaram o alto padrão de qualidade da tropa. “Em suas análises, eles elogiaram o nível dos animais. Houve até um páreo de marcha em que um dos jurados ressaltou o bom desempenho de

Foto: Arquivo/Beto Falcão

Agrocentro de Jacareí (SP) voltou, entre os dias 14 e 17 de outubro, a ser palco de um grande evento do Cavalo de Sela Brasileiro. O recinto, que em agosto já havia recebido a mostra que marcou a retomada das atividades da raça após a paralisação decorrente da pandemia de covid-19, recebeu dessa vez uma programação tripla com a 2ª Expo Vale 2020, a Etapa de Jacareí da Copa Cobasi de Marcha e a Etapa de Jacareí da Copa Cobasi de Função. Na avaliação do criador Wellington Poli, diretor do Núcleo Mangalarga do Vale do Paraíba,

A raça vive ótimo momento no Vale do Paraíba.


Foto: Arquivo/Beto Falcão

A 2ª Expo Vale reuniu uma tropa de qualidade.

A região tem sido palco frequente de eventos da raça.

Foto: Arquivo/Beto Falcão

uma égua pampa, classificada em segundo lugar na categoria geral. Ele apontou esse animal como a melhor égua pampa que já havia montado e parabenizou seus criadores e apresentadores.” O organizador do evento vale-paraibano também ressalta que a realização de um evento com programação tripla foi muito satisfatória para o núcleo. “Para nós, foi uma experiência gratificante, pois, além da já tradicional exposição, nós pudemos apreciar boas disputas na copa de marcha e acompanhar a vibração de todos que estavam no recinto com a prova funcional contra o relógio. Por conta do protocolo sanitário, havia pouco público presente, mas as pessoas que acompanharam a disputa torceram, aplaudiram e vibraram com as passagens dos animais em pista.” “O Núcleo fez inclusive um aporte financeiro na copa para melhorar a premiação aos vencedores. Esse prêmio foi pago no próprio ato da premiação, com o objetivo de estimular ainda mais a participação dos mangalarguistas nas competições de marcha e função. Além disso, é preciso parabenizar também a Cobasi pela iniciativa de patrocinar esses eventos, que são de fundamental importância para a raça.” O dirigente do núcleo revela ainda que foi preciso superar alguns desafios decorrentes dos protocolos sanitários estipulados pelas autoridades. “Infelizmente, estamos em tempos difíceis e privados de algumas atitudes que seriam naturais ao nosso dia a dia. Por isso, procuramos oferecer todos os dispositivos e alertas necessários aos participantes. O pessoal, entretanto, já está bem adaptado com a situação e assim não tivemos nenhum problema com isso, tendo a colaboração

Foto: Fellipe Araujo

Exposições, Copas & Provas

Em 2019, Jacareí foi sede da Expo Brasileira.

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de expositores, apresentadores, colaboradores e jurados. Aliás, por conta da pandemia, tivemos uma presença reduzida de criadores, mas mesmo assim tivemos bons bate-papos entre aqueles que puderam comparecer. Estavam todos muito animados com a tropa e torcendo para o retorno da nossa normalidade.”

Foto: Fellipe Araujo

Exposições, Copas & Provas

Retomada e posição de destaque O Núcleo do Vale do Paraíba vem, nos últimos anos, tornandose cada vez mais ativo no universo do cavalo Mangalarga. Tanto é que a região foi sede de duas recentes edições da Exposição Brasileira, realizadas nos anos de 2017 e 2019. Além disso, encarou o desafio de liderar a retomada das atividades da raça na atual temporada, organizando no mês de agosto a 1ª Expo Vale 2020. Na opinião do presidente da representação regional valeparaibana, o criador Felipe Angelin, o principal motivo para o êxito das iniciativas do grupo está na confiança demonstrada pelos integrantes do núcleo. “O mais importante é que todos acreditam que os desafios podem ser superados. A primeira exposição que realizamos este ano, por exemplo, seria impossível de ser realizada se só um quisesse. Felizmente todos abraçaram a ideia e toparam cumprir todos os protocolos necessários para voltarmos com os eventos na raça. Nós constatamos que aquela era a hora e que nós tínhamos um time bom e com a capacidade necessária para levar adiante aquele projeto.” Angelin revela ainda que naquele momento os protocolos ainda estavam indefinidos, assim foi preciso um intenso trabalho junto às autoridades. “Nós falamos

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A marcha da raça esteve em destaque em Jacareí.

com o Escritório de Defesa Agropecuária e praticamente com todas as secretarias da prefeitura de Jacareí até que um protocolo sanitário fosse estabelecido. Assim, optamos por fazer uma exposição fechada ao público, transmitida pela internet e com inscrições limitadas a 70 animais, o que permitiu que houvesse um bom distanciamento social e possibilitou o sucesso do evento, que, aliás, foi o primeiro a acontecer este ano não só na raça mas em todo o Vale do Paraíba.” O presidente do núcleo explica que na ocasião os criadores estavam ansiosos para voltar às pistas, no entanto também se mostravam apreensivos com a segurança de suas equipes. “Felizmente todos os criadores compreenderam a nossa proposta de fazer um evento com todas as medidas necessárias e aderiram a elas. Assim, tudo transcorreu muito bem e conseguimos iniciar com sucesso a retomada das atividades da raça.” Já o criador Wellington Poli destaca a força da raça na região. “O Mangalarga está muito forte no Vale do Paraíba, com uma tropa de alto nível e com criadores extremamente profissionais tanto nos animais sólidos quanto nas pelagens, algo que se repete em

relação aos quesitos morfológicos e de andamento. Isso, aliás, tem se refletido nas pistas com a conquista de resultados expressivos, como Grandes Campeonatos Brasileiros e Nacionais. Os eventos no Vale têm, além disso, obtido ótimos resultados. Como é notório, no ano passado o núcleo promoveu a maior mostra regional da raça, além de ter feito a Brasileira com o maior número de inscrições.” Para obter mais informações sobre as atividades do Núcleo do Vale do Paraíba, entre em contato pelo telefone (12) 997046014 ou pelo endereço eletrônico contato@mlvale.com.br . Já para conferir os resultados completos da 2ª Expo Vale e da Etapa de Jacareí da Copa Cobasi, visite o portal oficial da raça: www. cavalomangalarga.com.br.


Exposições, Copas & Provas

COPA DE

MARCHA 2021 Próxima temporada da competição terá o apoio renovado da Cobasi e a nova parceria com a marca Ypê Por Pedro C. Rebouças

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epois de registrar ao longo deste ano um expressivo reforço em sua estrutura, em decorrência da parceria com a Cobasi, viabilizada por meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte (LPIE), a Copa Mangalarga de Marcha e Função segue se fortalecendo e promete ter uma temporada ainda melhor na próxima temporada. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), Luis Augusto de Camargo Opice, os recursos para o exercício 2021 já estão captados. Novamente por meio da LPIE, a competição conseguiu renovar o apoio da Cobasi, uma das maiores redes de pet shops do país, além de ganhar uma nova e importante apoiadora, a Ypê, marca líder em diversas categorias no segmento de higiene e limpeza no Brasil. Essas conquistas são fruto do Projeto Novo Hipismo. O trabalho em questão, proposto pela ABCCRM, foi selecionado em abril do ano passado pela LPIE, após criteriosa avaliação da Comissão Técnica de Aprovação e Análise de Projetos (CAAP) da Secretaria de Esportes do Governo do Estado de São Paulo. Criada em 2010, a Lei Paulista de Incentivo ao Esporte é voltada à democratização e fomento da

Final da Copa Cobasi 2020 fechará o primeiro exercício do Projeto Novo Hipismo.

prática esportiva, permitindo que as empresas paulistas destinem parte do ICMS devido ao Estado para apoiar e investir em projetos esportivos. Assim, os selecionados estão aptos a captar recursos com patrocinadores e parte do ICMS a ser pago pela empresa é destinado ao projeto. O contribuinte interessado em patrocinar uma ação pode utilizar de 0,01% a 3% do ICMS anual devido ao Estado. Em seu primeiro exercício, o Projeto Novo Hipismo incluiu um total de seis etapas. A primeira delas foi a Etapa Final da Copa de Marcha 2019, realizada em Quadra (SP), em novembro do ano passado. Além disso, nesta

temporada, já aconteceram outras quatro provas, nas cidades de Amparo (SP), Tatuí (SP), Jacareí (SP) e São João da Boa Vista (SP). Já a sexta e última etapa prevista no projeto será a prova final da Copa Cobasi Mangalarga 2020, que deve ocorrer em dezembro, novamente em São João da Boa Vista (SP). Para obter mais informações sobre a Copa de Marcha e o Campeonato Funcional, assim como para saber as novidades relativas ao calendário da Associação, visite o portal oficial da raça: www.cavalomangalarga. com.br. Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Território Cavalgada

EXPEDIÇÃO

VELHO CHICO Bom desempenho das éguas que compõem a comitiva mangalarguista tem garantido que a expedição alcance seus ousados objetivos Por Pedro C. Rebouças Fotos: Gironda Promoções

A

Expedição Velho Chico chegou, no fim de semana dos dias 17 e 18 de outubro, ao Lago Três Marias, onde está localizada a usina hidrelétrica de mesmo nome, na região do Alto São Francisco, em Minas Gerais. Com 900 quilômetros já percorridos, a comitiva mangalarguista aproximou-se dessa maneira da marca de um quarto do total de quatro mil quilômetros da viagem, cujo trajeto atravessa seis estados brasileiros e tem uma previsão de duração de cinco meses. O início da cavalgada aconteceu na manhã de 04 de setembro, quando o grupo partiu do Parque do Lago, em Dourado (SP), local em que os animais selecionados para o projeto passaram por uma temporada de preparação e avaliação clínica. Na primeira etapa da viagem, que totalizou 541 quilômetros, o grupo atravessou a região norte do estado de São Paulo, seguindo até a Serra da Canastra, no estado de Minas Gerais, onde nasce o rio São Francisco. Nessa fase inicial do percurso, a comitiva passou pelos municípios paulistas de Araraquara, Ribeirão Preto, Pontal, Jardinópolis, Brodowski, Batatais e Itirapuã, antes de entrar em território mineiro, no qual passou por cidades como

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Revista Mangalarga

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Chegada à cachoeira Casca D’Anta no dia 23 de setembro.

O primeiro contato com o São Francisco marcou os cavaleiros.


Território Cavalgada Capetinga, Cássia e Delfinópolis, até chegar a Vargem Bonita e São Roque de Minas. No dia 23 de setembro, a expedição finalmente pôde visualizar a cachoeira Casca D’Anta, a maior queda-d’água do São Francisco, com 186 metros de altura, que forma-se quando o Rio da Integração Nacional deixa o seu “berço” na Serra da Canastra. Nesse recanto de extrema beleza, o grupo fez uma pausa de dez dias, durante a qual aproveitou para descansar e para realizar o planejamento da segunda e principal parte da viagem, que percorrerá toda a bacia hidrográfica do São Francisco. Também aproveitaram para conhecer melhor a cultura, a população e a natureza da região, realizando diversas atividades equestres, além de uma visita à nascente Curral de Pedra, localizada na parte alta do Parque Nacional da Serra da Canastra, na qual tivera a companhia de diretores do ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), autarquia responsável por proteger o patrimônio natural e promover o desenvolvimento socioambiental através da administração das Unidades de Conservação (UCs) federais. No dia 05 de outubro, a expedição deixou a Casca D’Anta, em São Roque de Minas, iniciando a etapa principal da viagem com destino à foz do rio São Francisco. A jornada prosseguiu passando pelo território de municípios como Bambuí, Moema, Bom Despacho, Martinho de Campos e Abaeté. Em 12 de outubro, feriado do Dia da Padroeira do Brasil, os mangalarguistas tiveram oportunidade de conhecer a Lagoa Verde, o principal berçário de peixes do rio São Francisco. E, após um momento de pausa no dia 14 de outubro, durante o

qual aproveitaram para repor as energias e tirar a poeira da tralha na acolhedora Fazenda Cooperbom, os participantes seguiram viagem, chegando ao belo Lago Três Marias, com 360 quilômetros já percorridos pela bacia hidrográfica do Velho Chico.

Desempenho positivo Organizada pela Gironda Promoções, a Expedição Velho Chico conta com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) e da Associação Internacional de Cavaleiros de Longa Distância (The Long Riders’ Guild), sendo liderada pelos experientes

cavaleiros Sebastião Malheiro Neto, de 59 anos, e Pedro Luiz Aguiar, o Pedroca, que completará 88 anos no próximo dia 18 de fevereiro, data prevista para a conclusão da jornada, com a chegada da expedição à foz do rio São Francisco. A comitiva conta com cinco éguas, cedidas por tradicionais criadores da raça Mangalarga. São elas: Olinda do Vassoural (Beatriz Biagi Becker), Jaguatirica da Bica (João Pacheco Galvão de França), Ifigênia RBV (Luis Augusto Opice), Bonita MAB (Sebastião Malheiro Neto) e Quimera de Dourado SM (Sebastião Malheiro Neto). Dessa maneira, os cavaleiros têm duas montarias cada para revezar-se

A expedição tem o apoio da Associação Internacional de Cavaleiros de Longa Distância.

A expedição deixa a Fazenda Cooperbom em Bom Despacho (MG).

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Território Cavalgada

Sebastião Malheiro registra a visita à nascente do Velho Chico

durante o percurso e ainda sobra um animal para a participação eventual de amigos e convidados por alguns trechos da cavalgada. Os mangalarguistas têm ainda o suporte de uma equipe de apoio. No caminhão F4000 da expedição, segue o casal Edno Romero e Nice Romero, responsável por auxiliar o grupo com a parte de cozinha e acomodação. Já na picape Hylux, equipada com trailer para o transporte ocasional de algum dos animais, vai Otavio Teixeira Stahl, que auxilia a comitiva com o manejo diário dos animais. Malheiro, que possui um longo envolvimento com os raids de longa distância, mostra-se muito satisfeito com o andamento da expedição. “Como cavaleiro, eu não poderia estar mais feliz, afinal temos conhecido lugares maravilhosos, mantendo sempre uma sinergia muito grande com nossos animais, que vem apresentando um desempenho muito bom ao longo da viagem. Além disso, está tudo a contento, com a cavalgada acontecendo dentro do cronograma que havíamos previsto e com os nossos objetivos principais e secundários sendo alcançados.” A expedição, entretanto, não está livre de desafios. “Nesses primeiros quarenta e cinco dias 36

Revista Mangalarga

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No Lago Três Marias, a cavalgada chegou a 900 quilômetros percorridos.

de viagem, o calor e o tempo seco foram constantes, exigindo bastante de todos nós. E, por mais que a gente procure sempre evitar, alguns trechos da viagem precisaram ser feitos por rodovias, o que exige sempre muita atenção e muito cuidado de todos nós. Além disso, algumas vezes nos deparamos com pontes sem condição de travessia e precisamos fazer longos contornos, enquanto em outras ocasiões o caminho permite a passagem apenas a cavalo, fazendo com que tenhamos que combinar um ponto de encontro à frente com a equipe de apoio.” Ainda de acordo com o cavaleiro, a expedição teve um problema com a égua Quimera, que se machucou e precisou se afastar da cavalgada para passar por tratamento com os veterinários que dão suporte à viagem. A fêmea, entretanto, está se recuperando bem e em breve deve se juntar novamente à comitiva. O bem-estar dos animais é, aliás, uma das premissas da cavalgada, sendo levada em alta consideração no dia a dia dos viajantes. “Nossa rotina, começa cedo, às 05h30 da manhã. Nós fazemos todos os preparativos para o dia e começamos a cavalgar às 07h30. Por volta das 11h30, nós

fazemos uma pausa, para fazer a nutrição das éguas ao meio-dia, e depois seguimos viagem até as 16h30, andando diariamente entre 30 e 40 quilômetros, de acordo com as condições que encontramos no caminho. A cada dez ou doze quilômetros nós fornecemos água aos animais, para que eles se mantenham bem hidratados, pois preservar a saúde deles é nossa prioridade.” O alojamento dos expedicionários também varia a cada noite. “Se no caminho tiver uma pousada, nós acabamos dormindo nela, caso contrário, tudo bem, nós procuramos um bom lugar e montamos acampamento. Entretanto, muitas vezes os moradores da região acabam nos acolhendo e oferecendo um bom pouso para dormirmos, seja em uma casa simples ou em uma acolhedora fazenda.” A comitiva tem, aliás, despertado carinho por onde passa. A acolhida da população local vem sendo sempre calorosa, com os cavaleiros da região aproveitando para acompanhar o grupo e se dispondo a mostrar os melhores caminhos aos forasteiros. Além disso, em muitas cidades, rádios, jornais e televisões regionais querem entrevistar os mangalarguistas.


Território Cavalgada Importantes objetivos Além do prazer de cavalgar por uma das mais belas regiões do país, o projeto Velho Chico possui uma série de importantes objetivos. A expedição pretende colocar as atividades hípicas em evidência para o público brasileiro, mostrando a relevância do segmento equestre para o agronegócio nacional, afinal o setor é responsável por movimentar uma cifra anual superior a R$ 16 bilhões, gerando mais de seiscentos mil empregos diretos, segundo dados da Câmara Setorial da Equideocultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Malheiro ressalta ainda que o projeto pretende divulgar e popularizar as cavalgadas e raids equestres entre a população brasileira, mostrando como essas são atividades acessíveis a pessoas de diferentes faixas etárias e distintos graus de habilidade. A iniciativa, além disso, tem a intenção de colocar em evidência as qualidades do cavalo Mangalarga, equino de origem brasileira que apresenta grande aptidão para as cavalgadas de longa duração, graças à sua rusticidade, resistência campeira e, em especial, à sua marcha progressiva, cômoda e equilibrada. Os objetivos do projeto, entretanto, não param por aí, se estendendo também ao campo científico. Afinal, a expedição contará com o apoio e a participação de veterinários, zootecnistas e outros profissionais, que serão responsáveis por coletar dados de pesquisa para análise e posterior publicação de trabalho científico, abordando a fisiologia do exercício dos animais ao longo do evento.

Essa, aliás, não é a primeira aventura protagonizada por Malheiro e Pedroca. Os dois cavaleiros estiveram envolvidos com outras duas cavalgadas que marcaram a equinocultura nacional. Realizada entre 1991 e 1993, a Brasil 14 mil entrou para o Guinnes Book após alcançar a notável marca de 14 mil quilômetros percorridos em território brasileiro. Por sua vez, a Tropel Mangalarga 1400 ocorreu

no ano de 2011, percorrendo a distância de 1,4 mil quilômetros que separa as cidades de São Paulo (SP) e Brasília (DF). Para acompanhar o dia a dia da ExpediçãoVelho Chico, basta seguir as páginas oficiais da ABCCRM no Facebook e no Instagram ou então acompanhar o perfil oficial da expedição no Instagram. Já para saber mais detalhes sobre a raça Mangalarga, visite o portal www. cavalomangalarga.com.br.

Os mangalarguistas conheceram os belos cenários da Serra da Canastra.

Na Lagoa Verde, principal berçário de peixes do São Francisco.

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Território Cavalgada

TRAVESSIA DA

AMÉRICA DO SUL (PARTE 2)

Cavalgada realizou o incrível feito de percorrer nove desafiadores biomas, comprovando a rusticidade e capacidade de adaptação da raça Mangalarga Por Pedro C. Rebouças

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Fotos: Arquivo S. Bigo

U

ma série de fatores contribuiu para que a viagem pelo continente sulamericano dos cavalos Urutau de N.H. e Iamani SP 1 entrasse para a história da raça e se tornasse referência para a equinocultura mundial. A travessia da Cordilheira dos Andes, realizada por duas vezes ao longo da jornada, é com certeza o feito mais conhecido dessa lista. Entretanto, existem outros aspectos igualmente marcantes. O percurso de 8.500 quilômetros da viagem, por exemplo, impressiona a todos pelo grau de resistência exigido dos animais participantes dessa cavalgada épica, que se estendeu de novembro de 1984 a dezembro de 1985, sob o comando do experiente cavaleiro francês Stéphane Bigo e de sua então companheira Michèle Corson. O número de países atravessados ao longo da jornada é outro relevante aspecto. Afinal, a expedição, responsável por realizar um amplo levantamento sócio-econômico da região para a Unesco, a divisão da Organização

Stéphane Bigo e Urutau cavalgam no Deserto do Atacama.

das Nações Unidas (ONU) voltada para a educação, ciência e cultura, passou por seis diferentes nações: Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Peru e Bolívia. Entretanto, é a incrível diversidade de biomas percorridos pelos viajantes o que mais chama atenção, uma vez que coloca em evidência a rusticidade e a capacidade de adaptação de-

monstrada pelos animais em ambientes muito diversos entre si e, em alguns casos, extremamente hostis. Ao longo dos treze meses de viagem, Urutau e Iamani passaram por pelo menos nove biomas, incluindo a Mata Atlântica, o Chaco Paraguaio-Argentino, a Puna Argentina, o Deserto do Atacama, o Deserto Costeiro Peruano, o


Território Cavalgada Altiplano Andino, a Chiquitânia Boliviana, o Pantanal Sul-MatoGrossense e o Cerrado Brasileiro. Na opinião de Raul Sampaio de Almeida Prado, técnico, jurado e um dos mais renomados estudiosos da raça, essa grande variedade de ambientes foi fundamental para fazer com que a viagem comandada por Stéphane Bigo se destacasse no cenário das cavalgadas de longa jornada realizadas mundo afora. “Essa viagem é uma jornada épica, um marco na equinocultura mundial, responsável por colocar o Mangalarga em um patamar que pouquíssimas raças conseguiram atingir. Afinal, essa foi uma cavalgada que alcançou alturas incríveis e que passou por lugares onde nunca antes haviam passado cavalos, algo que deve ser declamado em prosa e verso por todos que amam a nossa raça.” Ainda na opinião de Almeida Prado, autor do livro Raízes Mangalarga, o então jovem Urutau, cedido à expedição por Adaldio José de Castilho, e o já experiente Iamani, cedido por Arnaldo de Almeida Prado Filho, foram de uma bravura impressionante. “É incrível imaginar a força, a inteligência e o equilíbrio físico e psicológico desses cavalos para

passar por toda essa variedade de lugares pelos quais eles passaram, incluindo regiões muito inóspitas, realmente horrorosas. Trata-se de um grande feito que ainda precisa ser mais valorizado e melhor divulgado.” Para Stéphane Bigo, hoje com 82 anos, a variedade de ambientes enfrentados fez com que a viagem pela América do Sul fosse o maior desafio de sua carreira de cavaleiro de longa distância, que, aliás, incluiu grandes cavalgadas por outras cinco fascinantes regiões: Oriente Médio, América do Norte, África, Montes Pirineus e Extremo Oriente. “Em termos geográficos, essa foi a cavalgada mais difícil que fiz, pois atravessar os Andes, o Altiplano, o deserto do Atacama e o Pantanal não é um feito comum de ser feito com cavalos. Mas com os Mangalargas foi possível fazer isso. Foram esses dois grandes animais, o Iamani e o Urutau, que me permitiram fazer essa viagem excepcional e atravessar seis países.”

Da Mata Atlântica ao Atacama No primeiro trecho da viagem, entre as cidades de Novo Horizonte

Stéphane Bigo e Urutau se refrescam na região do chaco.

(SP) e Foz do Iguaçu (PR), assim como no leste do Paraguai, a comitiva teve contato com o primeiro dos variados biomas que marcariam a jornada, a Mata Atlântica. A principal amostra desse ambiente, constantemente ameaçado pela ocupação humana, pôde ser vivenciada justamente na região de fronteira entre os dois países, onde o verde desse ambiente caracterizado pelas florestas tropicais mostra-se ainda bem conservado e exuberante. Já no trecho entre a capital paraguaia Assunção e a cidade argentina de Salta, a pequena comitiva atravessou a área do Gran Chaco, um grande bioma de floresta seca, com uma vegetação espinhosa e agreste, que ocupa uma vasta área de planície que se estende pelo território tanto do Paraguai como da Argentina. Na região, foram oitocentos quilômetros de terreno plano, calor e chuva, em que enfrentaram dias com um sufocante calor de 45º, cobras, pernilongos e outros insetos. A partir de Salta, os viajantes deixaram as baixas altitudes, penetrando na Puna, um planalto transfronteiriço pertencente em grande parte à Argentina e em menor grau ao Chile, que esten-

A aridez do deserto desafiou os viajantes.

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Território Cavalgada de-se por 75.000 quilômetros qua-drados e está localizado a uma altura que varia entre os três mil e os cinco mil metros de atitude, na região da Cordilheira dos Andes. Foi essa região, apontada como a continuação para o sul do altiplano boliviano, que ofereceu o primeiro grande desafio ao grupo, fazendo com que Stéphane Bigo estabelecesse uma estratégia especial para conseguir aquele que é considerado o maior feito da viagem, adaptar os cavalos às grandes altitudes da região e assim conseguir transpor a Cordilheira dos Andes. Para isso, Bigo procurou fazer uma aclimatação progressiva à altitude. “Nós deixamos os cavalos a 3.000 metros de altitude para ver qual seria a reação deles e, com o passar dos dias, observamos que eles tinham a tendência a comer duas vezes mais que de costume. Para mim, isso era uma boa indicação, mostrava que estavam pouco a pouco se adaptando. Assim, fui preparando os próximos trechos de forma crescente, alcançando mais altitude aos poucos, primeiro com uma etapa de 15 quilômetros, depois de 20 quilômetros, a ponto de que quando cruzamos a fronteira entre a Argentina e o Chile percorremos 70 quilômetros a uma altura de 4.000 a 5.000 metros, pois naquele momento os cavalos já estavam bem adaptados.” Após a Puna, o grupo teve pela frente um desafiador trecho de oitocentos quilômetros pelo Deserto do Atacama, que se estende do norte do Chile ao sul do Peru e é considerado uma das regiões mais áridas do mundo. Com uma incrível variedade de paisagens e uma altitude ainda bastante considerável, a região conta com muitas dunas, vulcões, rochas e depósitos naturais de sal, os salares. Ali, os viajantes se depararam com outros dois 40

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grandes desafios, a dificuldade de encontrar água e a incrível oscilação de temperatura, com os termômetros bastante elevados durante o dia e podendo cair abaixo de 0º à noite. Em relato à Revista do Mangalarga, publicado em agosto de 1985, Bigo definiu a região como eminentemente hostil para a vida humana e animal. “É mesmo muito assustador, à primeira vista, a desolação. Mas, uma vez que se habitua a esse vazio, a essa imensidão mineral, uma vez que nós conciliamos nossa dimensão interior àquela da paisagem, atravessamos exaltados por sentimentos de infinito, de pureza, de liberdade. O deserto tem alguma coisa de absoluto que marca no homem que ter vida é uma imagem que não se pode apagar.” Depois de percorrer o Atacama, a pequena comitiva ingressou em território peruano, alcançando a região litorânea banhada pelo oceano Pacífico, onde tiveram contato com um novo bioma, o Deserto Costeiro Peruano. Composto por uma faixa desértica, na maioria das vezes plana, que corre paralelamente ao litoral e se estende por até 180

quilômetros interior adentro, esse deserto ocupa praticamente toda a área costeira do país andino. Aliás, foi ao longo dessa descida gradual, passando pelo Atacama e indo até o nível do mar, que Stéphane Bigo percebeu o quão adaptados os animais estavam. “Depois dessa travessia até certo ponto desagradável e até mesmo angustiante, a conclusão que se impõe é que nossos dois cavalos têm uma notável faculdade de adaptação. Essa faculdade fisiológica é para mim a consequência de uma qualidade psicológica. Nossos cavalos se adaptaram a seus novos ritmos (marcha, alimentação e bebida), em primeiro lugar porque eles estão aclimatados ‘intelectualmente’, se assim posso dizer, no deserto. A secura do ar, temperaturas moderadas, solo sempre agradável aos pés, assim como a imensidão, lhes agradaram. Eles se sentiram na sua satisfação, o organismo se adaptou então sem problema.”

Do Altiplano ao Pantanal Depois de banharem-se na água gelada do Oceano Pacífico e desfrutarem de alguns poucos dias de oxigênio abundante, os

As elevadas altitudes do Altiplano foram um grande desafio.


Território Cavalgada viajantes iniciaram o percurso rumo ao Altiplano Andino. Nesse novo bioma de ar rarefeito, na fronteira entre Peru e Bolívia, puderam conhecer lugares incríveis, como o Lago Titicaca, e alcançaram uma altitude de 5.000 metros, a maior de toda a viagem, quando ultrapassaram o Paso de Viloco. Aproveitando o conhecimento adquirido com o processo de aclimatação na travessia da Puna Argentina, a comitiva logo penetrou em território boliviano e alcançou a cidade de La Paz, a capital mais alta do mundo, situada a 3.600 metros de altitude, onde permaneceu por alguns dias. No local, eles tiveram um agradável encontro com os irmãos João Eduardo e André Haudenschild, filhos do criador Hans Haudenschild, então Diretor de Marketing da Mangalarga, que aproveitaram o período de férias para encontrar os aventureiros na Bolívia. “O encontro foi no 4º Regimento de Cavalaria ‘Ingavi’, onde os franceses se hospedavam com os cavalos. Foi um momento inesquecível naquela tarde: Stéphane não podia acreditar que André e eu chegáramos até lá. Nós não podíamos conter a felicidade de tê-los encontrado, sãos e salvos. Vimos os cavalos e depois encontramos a Michèle. Alegre e efusiva, parecia que ela estava sentindo falta do calor dos brasileiros, em pleno inverno no altiplano, onde tudo é muito árido”, descreveu na ocasião João Eduardo, que também ficou bastante feliz ao ver os animais. “Apesar da travessia dos Andes, os animais perderam pouco peso e estão muito bem musculados. De acordo com o casal, eles têm condições de fazer 70 quilômetros por dia, sem forçar. Stéphane e Michèle se dedicam muito aos animais e a somatória do carinho,

Michèle Corson e Iamani à frente do grupo no oriente boliviano.

atenção, boa alimentação e tratamento personalizado favorece a completa afinidade entre o grupo.” Após os dias de pausa em La Paz, a comitiva mangalarguista rumou para Cochabamba, local em que teve um novo encontro, dessa vez com Adaldio José de Castilho Filho, o Adaldinho, filho do criador Adaldio José de Castilho e o responsável pela doma do jovem Urutau, que partira de Novo Horizonte com apenas três anos e dez meses de idade. “Em viagens como essa, há momentos duros, difíceis, mas também há momentos agradáveis. O encontro com o Adaldinho foi uma dessas ocasiões felizes, pois quando o encontramos, pudemos experimentar uma espécie de pausa naquela rotina dura da viagem”, conta Stéphane Bigo. Adaldinho, por sua vez, ressalta que aquele reencontro foi um momento marcante em sua vida. “Foi muito bom conseguir encontrá-los. Afinal, naquela ocasião eles já estavam viajando havia nove meses e já tinham realizado feitos incríveis. Eles já tinham atravessado a cordilheira, o deserto do Atacama e ido até o oceano Pacífico. E os animais permaneciam perfeitos! O Urutau estava magro, mas era uma

condição normal, como a de um cavalo de serviço de fazenda. Além disso, estava super inteiro e sem ovas, mostrando toda a sua rusticidade e resistência. Tanto é que eu e o Bigo ainda nos divertimos saltando com ele na hípica da cidade e eu até acabei autorizando o pessoal da cidade a cruzá-lo com uma de suas éguas.” Após deixar Cochabamba, o casal francês e os animais iniciaram a descida do Altiplano com destino a Santa Cruz de La Sierra. No caminho, atravessaram um estranho local chamado Sibéria. “Como o nome indica, faz um frio glacial. Durante quarenta quilômetros, as massas de ar quente e úmido que chegam do norte (Baixa Amazônia) se encontram com o ar frio e seco da cordilheira, provocando nas cristas pelas quais seguíamos, a 2.500 metros de altitude, uma neblina gelada, percorrida por ventos violentos. Estranho ambiente em que atravessamos, transidos e trespassados de frio, uma paisagem fantasmagórica submersa num lençol de neblina”, relatou Bigo em artigo publicado na Revista do Mangalarga de Abril de 1986. No caminho para Santa Cruz, ainda segundo o mesmo relato, a chegada a um novo ambiente Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Território Cavalgada foi comemorada por Bigo. “Após um último vale, uma última muralha rochosa, cortada por um riacho, nos deparamos com Angostura, a porta de entrada do oriente boliviano. À nossa frente, a paisagem é plana, verde e luxuriante. Os Andes ficaram para trás, desta vez definitivamente. Acabaram-se as subidas e descidas, as estradas sinuosas, os caminhos com pedregulhos, o pasto escasso e o frio. Adeus à montanha e suas dificuldades e bom dia às planícies e suas facilidades.” Após oito dias de descanso em Santa Cruz, o grupo reiniciou a jornada, partindo para percorrer o oriente do país, região caracterizada pela Chiquitânia Boliviana, um grande bioma de floresta seca, com uma estação seca e outra chuvosa bem definidas, que ocupa uma vasta planície em uma área de quase um milhão de quilômetros quadrados no centro da América do Sul. O destino seguinte do grupo estava do outro lado da fronteira, na brasileira Corumbá, considerada a porta de entrada para o Pantanal Sul-Mato-Grossense, bioma que ocupa uma planície aluvial e é definido como uma das maiores extensões de terras úmidas contínuas do planeta, com uma fauna e flora extremamente ricas. De Corumbá, o grupo seguiu pelo território pantaneiro rumo à capital sul-mato-grossense, Campo Grande. Aliás, apesar de pouco lembrada quando se pensa nessa grande aventura, a região foi a que mais encantou Stèphanie Bigo, mesmo com o incômodo constante com os mosquitos. Afinal, esse foi o trecho mais agradável da viagem, no qual tudo ficou mais tranquilo, com o grupo cavalgando por regiões mais ricas em vegetação, no oriente boliviano, e se deslumbrando com os rios, aves e animais do Pantanal. “Temos a impressão de que o 42

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Brasil, para festejar nossa volta, nos reservou esse presente. Cada dia é uma nova descoberta; após os crocodilos são as capivaras, depois os quatis, os tatus, os tamanduás. É uma natureza selvagem, atraente, bela, fantástica. Um paraíso terrestre, que tem de ser preservado”, salientou na época o aventureiro francês. Já a estada na capital sulmato-grossense foi marcada pelo reencontro com os amigos. “Chegamos a Campo Grande, onde Fernando Junqueira nos acolheu. Reencontramos também todos os nossos amigos: os Castilho e os Almeida Prado, proprietários de Urutau e Iamani.” Campo Grande, entretanto, ainda não era o ponto final da viagem. Faltava retornar ao ponto de partida da jornada, a Fazenda Novo Horizonte, localizada na cidade de mesmo nome no interior paulista e pertencente ao criador Adaldio José de Castilho. Para realizar esse trecho final da viagem, o grupo percorreu um novo bioma, o cerrado, caracterizado por ser uma área de savanas com árvores baixas,

arbustos espaçados e gramíneas. Responsável por cobrir 197 milhões de hectares do território nacional, esse rico bioma brasileiro estendese por boa parte do Mato Grosso do Sul e por outros cinco estados brasileiros, possuindo variações próprias como o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo de cerrado e o campo limpo. No dia 12 de dezembro de 1985, a expedição estava de volta a seu ponto de origem, onde foi recebida com banda de música e fogos de artifício, após realizar uma incrível cavalgada de 8.500 quilômetros por seis países e nove desafiadores biomas, mostrando assim a superior resitência e a incrível capacidade de adaptação do cavalo Mangalarga e escrevendo para sempre o nome da raça na história das grandes cavalgadas. O heróico feito gerou até o convite para a participação da raça Mangalarga na Equitana, a famosa feira equestre realizada na Alemanha. Esse, entretanto, é assunto para o terceiro e último artigo desta série.

Na fronteira entre Chile e Peru, o grupo alcançou o Pacífico.


Panorama Mangalarga

AMIGOS

DA CAVALARIA Comunidade Mangalarguista realizou sua segunda doação de animais para reforçar e aprimorar a tropa da Cavalaria de Goiás Por Pedro C. Rebouças

Foto: Juliano Araujo

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Projeto Amigos da Cavalaria, idealizado pelo Núcleo Mangalarga de Goiás em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), realizou no fim de setembro a doação de uma segunda leva de animais para o Regimento de Cavalaria da Polícia Militar de Goiás. Nessa nova ação, dez exemplares da raça foram selecionados para reforçar a tropa da instituição, responsável pelo policiamento montado das ruas goianas, juntando-se assim a outros dez animais doados em ação anterior realizada em 2019. Os animais foram entregues pessoalmente pelo presidente da ABCCRM, Luis Augusto de Camargo Opice, ao comandante do regimento, o tenente coronel Alyson Sobrinho, em encontro realizado na noite de 22 de setembro, no Parque de Exposições José Ruy de Lima Azevedo, em São João da Boa Vista (SP). Em depoimento nas redes sociais, o coronel Alyson fez um agradecimento especial aos criadores responsáveis pela doação desse segundo lote de animais à cavalaria goiana: Cassiano Terra Simão, Claudio mente, Eduardo Rabinovich, Paulo Puttini, Roberto Pilnik, Nelson Braido, Fernando Tardioli, Eduardo Silvestri, Beatriz Biagi Becker e Pedro Alvares de

O projeto presta um importante serviço à sociedade goiana e brasileira.

Mello. O coronel também agradeceu ao presidente Luis Opice pelo apoio irrestrito à Cavalaria de Goiás, assim como à criadora Renata Sari, que, além de idealizadora do projeto, foi uma das responsáveis por sua concretização. O oficial lembrou ainda que essa é uma iniciativa de muita importância para todas as partes envolvidas. “Esse é um projeto que é extremamente importante para a cavalaria de Goiás, mas que precisa ser relevante também para a raça Mangalarga. Afinal, ao mesmo tempo em que propicia melhores montarias a nossos cavalarianos, nos ajudando a prestar um serviço

de qualidade à sociedade, ele também é importante para a raça Mangalarga, uma vez que ajuda a divulgar suas muitas qualidades a toda a população. Graças a Deus, este sonho está se tornando realidade.” O presidente da ABCCRM destacou, por sua vez, que uma nova ação será realizada até o final do ano. “Nós teremos ainda a doação de um último lote com dez fêmeas. Assim, além de ter os cavalos para o serviço diário de policiamento das ruas, o regimento poderá contar com matrizes de qualidade que irão produzir novos animais para repor e renovar o plantel da cavalaria goiana.” Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Fotos: Marco Máximo

Panorama Mangalarga

O Haras Mangabaia recebeu o ensaio fotográfico da Loja Mangalarga.

MANGALARGUISTA

QUE SE PREZE GOSTA É DE CONHECER A HISTÓRIA! LOJA MANGALARGA – UMA TARDE QUE A PAIXÃO UNIU.

U

NIR FOI SEMPRE O SEU DESTINO, CONQUISTAR A SUA VOCAÇÃO... Quando o nosso cavalo de sela brasileiro foi retratado na composição de Sérgio Benito de Sousa Junior, Gilberto Diniz Junqueira e Fernando Torro, consagrando o Hino do Cavalo

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Revista Mangalarga

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Mangalarga, eles sabiam o que estava por vir. Em 1934 surgiu a ABCCRM, uma união de pessoas trabalhando para os Mangalarguistas em prol de um bem maior, o nosso cavalo brasileiro, que todos, criadores ou não, amam e se deslumbram

ao vê-lo passar. Ser Mangalarga é saber que o melhor produto é verde e amarelo, porque o Mangalarga carrega no sangue a nossa bandeira. E que trabalho lindo fizemos, quantas histórias nos proporciona o Mangalarga do Brasil! Essas histórias que


Panorama Mangalarga conhecemos tão bem não terão um ponto final, porque temos muito a fazer por tudo, por todos e para o nosso cavalo! Sem dúvida alguma o destino do Mangalarga é unir e sua vocação é conquistar cada vez mais apaixonados. Há uma frase que diz “os amigos que o Mangalarga trouxe”. Certamente uma forma gentil do nosso cavalo retribuir esse amor, porque ele nos traz amigos, nos apresenta pessoas e nos leva para novos horizontes! Uma vez Mangalarguista, sempre Mangalarguista, porque a paixão só aumenta. O nosso mundo gira em marcha e bom mesmo é viver assim, marchando juntos, em família e com amigos que dividem essa mesma paixão, amigos que o Mangalarga nos apresenta sem cessar e como ele levamos a vida do passo ao galope, sempre em movimento. É nessa paixão que nos move que vamos progredindo e com o espaço sagrado dos Mangalarguistas não poderia ser diferente! A LOJA MANGALARGA mudou! Afinal, Mangalarga rima com progresso, rima com sucesso e aprimorar sempre fez parte da nossa história. Este espaço sagrado destinado aos apaixonados pela raça agora tem nome de LOJA MANGALARGA e basta entrar no site, porque a casa é sua mesmo, feito com um imenso carinho de muitos para todos. Os produtos foram aprimorados, testados e selecionados para atender ao alto nível de exigência dos Mangalarguistas e aos mais variados pedidos. Agora, todos os produtos oficiais carregam como selo a logomarca da Associação e a marca do ferro, porque esse ferro é o que nos orgulha mostrar no nosso cavalo. Então estaremos juntos, cavalo e cavaleiro carregando a nossa marca e mostrando para o mundo

A cantora Lucyana Villar participou da apresentação da linha feminina.

O modelo Gustavo Dias apresentou a linha masculina da marca da raça.

A nova linha de bonés da Loja Mangalarga.

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Panorama Mangalarga inteiro o nosso orgulho brasileiro. Para mostrar um pouco do muito que a LOJA MANGALARGA está oferecendo, a Camila, do Haras Mangabaia abriu as porteiras para uma tarde incrível, com direito a café e pão de queijo no maior aconchego. A LOJA MANGALARGA, com muitos corações envolvidos, agora também tem rosto! A cantora Lucyana Villar, que já presenteou a todos com sua interpretação do Hino do Cavalo Mangalarga e o modelo Gustavo Dias, ambos criadores e apaixonados pela raça, doaram, cada qual, seu tempo, seu talento e seu rosto para apresentar os produtos da LOJA MANGALARGA e se encantaram com a qualidade e variedade das camisas, fivelas,

bonés, mantas e tudo o mais. O fotógrafo Marco Máximo e sua assistente, Gabriela Máximo, doaram tempo e talento para as fotos e para completar, tivemos o Diretor Luís Fernando Sianga, responsável e idealizador dessa campanha, atento a todos os detalhes e a preciosa ajuda do Roberto Mendes, que carregou quase todo o estoque disponível da loja, para que tudo pudesse ser visto. Sianga e Roberto enviavam fotos do making of para que eu, de Goiânia, pudesse acompanhar tudo de perto, ainda que distante. Meu coração estava lá, já que sonhei e idealizei junto e sonho que se sonha junto é mais fácil de realizar. Todos se entregaram de corpo e alma a esse momento para que o resultado final fosse

perfeito. E eles conseguiram! O resultado poderá ser conferido nas mídias sociais e no site e temos certeza que será aplaudido por todos os amantes do Mangalarga. Nós merecíamos uma LOJA com o nosso jeito, com o nosso estilo e com a imensa qualidade que já exigimos do nosso cavalo. Agora temos tudo e um orgulho enorme de tudo isso! É a nossa LOJA, é a NOSSA MARCA. A LOJA MANGALARGA ganhou uma tarde linda, doce como o temperamento do Mangalarga, com música, cavalos e uma junção de pessoas que até então não se conheciam, mas unidos na paixão pela raça e no carinho e respeito para com todos os Mangalarguistas. A tônica para que tudo desse certo!

Altitudes acima de 4.400 metros estiveram entre os desafios do percurso.

A coleção masculina conta com boné, camisa, colete, fivela e calça.

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As mulheres podem aproveitar a incrível coleção feminina.


Panorama Mangalarga Na entrega de alma e coração, com a paixão pelo cavalo que nos une, ninguém cobrou cachê, aluguel ou coisa parecida e o que é rico em história, perfeito em sintonia e feito com carinho e entusiasmo precisa ser mostrado, vale a pena ser contado, merece ser lembrado. Porque é isso que move o mundo, acreditar que podemos mais em prol de muitos e nos unindo, podemos sempre fazer mais. Mangalarga rima com progresso, rima com sucesso! Poderíamos aproveitar este espaço da Revista Mangalarga para mostrar os produtos, certamente eles, por si só se bastam, mas Mangalarguista que se preze não perde uma história, porque respiramos história no instante em que nos tornamos criadores. E essa história não poderia ser perdida. A LOJA MANGALARGA se reinventa, com muitas mãos e muitos corações e essa história começa aqui. A LOJA MANGALARGA agora é MARCA. Está com nome novo, produtos novos, novo formato de etiqueta, mas acima de tudo, está repleta de pessoas em prol de todos os que zelam pela marca Mangalarga. A coleção infantil está linda, porque esse amor passa dos pais aos filhos e Mangalarga é união da família; a coleção masculina já virou sucesso e a coleção feminina está incrível! Mulher mangalarguista é mesmo de tirar o chapéu! É com esse amor contagiante e que nos une que abrimos as portas para esse espaço tão Mangalarguista e de cara nova, envolvendo toda a família Mangalarga, no aconchego de um abraço, no cheiro bom de café, amando cada detalhe dos produtos confeccionados e inspecionados para que chegasse a cada Mangalarguista com exímia qualidade, nos inebriando com o talento de cada foto e nos

orgulhando dos rostos que ali nos representam. Mangalarguista que se preze gosta de saber da história, então abrimos a LOJA MANGALARGA contando que mudamos, que o Mangalarga trouxe mais amigos e que há muitas novidades na LOJA MANGALARGA que tem o nosso jeito e o orgulho da nossa marca. Mangalarguista, foi tudo feito pra você e com muito amor. Então, entre, porque a casa é sua: www. lojamangalarga.com.br. OBS: Todas as pessoas envolvidas não cobraram cachê. Lucyana Villar – cantora – @lucyanavillar

Gustavo Dias – modelo – @gudias87 Marco Máximo – Fotógrafo @marcomaximofotografo Camila – Haras Mangabaia – www.cavalomangabaia.com.br A LOJA MANGALARGA agradece imensamente a todos que iniciaram essa história! Com carinho,

Renata Sari Diretoria de Marketing/ ABCCRM

Lucyana Villar presenteou a todos com sua interpretação do hino do Mangalarga.

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Panorama Mangalarga

POLO GOLFE Partida inaugural da modalidade contou com a participação exclusiva de animais da raça Mangalarga

Fotos: Pedro C. Rebouças

Por Pedro C. Rebouças

A primeira partida da modalidade envolveu as equipes Parque do Lago e Gironda.

O

cavalo Mangalarga foi o principal destaque da partida de apresentação do Polo Golfe, esporte hípico que consiste em uma disputa de golfe realizada a cavalo, desenvolvido para oferecer uma nova opção de lazer e competição, ao mesmo tempo em que propõe uma nova alternativa de uso para os equinos das mais diferentes raças.

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Realizada na manhã do sábado 22 de agosto, nas dependências do Parque do Lago, no município paulista de Dourado, a disputa contou com a participação de duas equipes, compostas por trios de cavaleiros dos dois sexos e de diferentes idades, demonstrando a abrangência que a modalidade pretende ter. Ambos os times tiveram co-

mo montarias exemplares da raça Mangalarga. Os animais selecionados para a competição foram os mesmos, aliás, que integram a Expedição Velho Chico, cavalgada que percorrerá quatro mil quilômetros pela bacia hidrográfica do rio São Francisco e cuja solenidade de apresentação antecedeu a partida da nova modalidade. São eles: Olinda do


Panorama Mangalarga Vassoural (Beatriz Biagi Becker), Jaguatirica da Bica (João Pacheco Galvão de França), Embalo Cava Colina (Francisco Diniz Junqueira Franco), Ifigênia RBV (Luis Augusto Opice), Bonita MAB (Sebastião Malheiro Neto) e Quimera de Dourado SM (Sebastião Malheiro Neto).

Esporte democrático No Polo Golfe, os participantes utilizam tacos de polo e bolas de polo para realizar jogadas semelhantes às do golfe, nas quais, ao invés de acertarem buracos, precisam colocar a bola dentro de uma área circular de 45 centímetros de diâmetro, sinalizada por uma bandeira. As partidas, por sua vez, podem ser realizadas em áreas gramadas de distintos tamanhos e formatos, podendo assim ser realizadas em propriedades rurais país afora. Idealizador da modalidade e anfitrião do evento, o criador Sebastião Malheiro Neto acredita que o novo esporte tem tudo para cair no gosto tanto dos mangalarguistas como de apaixonados por cavalos de um modo geral. “Essa é uma modalidade muito democrática, que permite a participação de cavaleiros de todas as idades e de ambos os sexos, além disso, pode ser praticado em gramados como os que muitos fazendeiros e criadores possuem em suas propriedades, aliás, tão bonitos e tão bons quanto o que temos aqui ou até maiores e melhores.” Malheiro também destaca que o esporte também não exige um gasto elevado com a manutenção do gramado. “Ele não precisa ser impecável, com aquele custo altíssimo do campo de golfe, pois utiliza a estrutura do polo, com uma bola maior, o taco típico do polo e um outro nível de exigência

Jogadora conclui jogada durante a partida no Parque do Lago.

do gramado. Assim, dá para muita gente começar montando campos com seis bandeiras, nove bandeiras, até chegar a 18 bandeiras por partida. Então eu acho que esse é um esporte que tem tudo pra pegar.” O anfitrião do evento, que disputou a partida pela equipe Parque do Lago, vencendo o trio do time Gironda, conta que a ideia de desenvolver a nova modalidade surgiu por acaso. “Eu estava aqui trabalhando as éguas para a expedição, quando me veio à cabeça o pensamento de que seria bom ter alguma outra atividade para apresentar mais habilidades e qualidades do nosso cavalo. E, como eu joguei polo durante doze anos em Colina (SP) e sou um apaixonado por esse esporte, me veio a ideia de desenvolver alguma modalidade que tivesse um pouco desse espírito do polo. Assim, me

A cantora Lucyana Villar apresentou o hino da Mangalarga

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Panorama Mangalarga ocorreu de fazer essa experiência de unir o polo ao golfe, um esporte de estratégia, que permitiria uma participação bastante abrangente. Decidi então fazer uma experiência com as éguas que vão participar da expedição e está sendo um sucesso.” Por conta das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de Covid-19, a partida inaugural da modalidade não foi aberta ao público, sendo acompanhada apenas por alguns criadores da região e por jornalistas da mídia regional e da imprensa especializada no agronegócio e na equinocultura. Comandada pelo leiloeiro rural Paulo Pimentel, a solenidade de apresentação do polo golfe foi prestigiada também pelo Prefeito de Dourado Juninho Rogante e pelo Presidente da Federação Paulista de Polo Ademir Mazon, além de ter contado com uma breve apresentação da cantora Lucyana Villar, cujo ponto alto foi a apresentação de uma nova versão do hino oficial do cavalo Mangalarga. O evento, além disso, foi prestigiado pelo ex-jogador Careca, titular da seleção brasileira em duas Copas do Mundo e com passagens marcantes pelo Guarani, São Paulo e Napoli. Praticante de golfe e apaixonado por cavalos, o craque tornou-se o padrinho da nova modalidade e foi presenteado com um animal da raça Mangalarga. Conforme informou a criadora Beatriz Biagi Becker, que representou no evento o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), Luis Augusto de Camargo Opice, a entrega do animal acontecerá durante a 42ª Expo Nacional, prevista para acontecer entre 18 e 28 de novembro.

Sebastião Malheiro é o idealizador da nova modalidade hípica

A disputa aconteceu nas dependências do Parque do Lago

Mangalarguistas acompanham a partida inaugural de Polo Golfe

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INSTITUTO BRASILEIRO

DE EQUIDEOCULTURA Entidade terá a missão de promover o crescimento do setor Por Equipe de Redação

econômica, pública, social, sustentável e cultural, a partir da fundamentação em estudos técnicos. Sua atuação ainda terá como premissa a promoção dos valores de preservação do meio ambiente, bem-estar animal, sanidade e responsabilidade social. O novo órgão também já promoveu seus primeiros eventos, todos na modalidade ‘online’ por conta das medidas de segurança diante do quadro de pandemia de covid-19. No dia 15 de setembro, aconteceu o workshop “A visão técnica sobre o mormo no Brasil”, aberto ao público em geral. Já no dia 21 de setembro foi a vez do debate sobre a reforma tributária, direcionado a representantes das entidades que integram a instituição.

Além da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (ABCCRM), cujo presidente Luis Opice foi um dos idealizadores da nova entidade, vêm participando das atividades instituições representantes das raças Árabe, Brasileiro de Hipismo, Appaloosa, Mangalarga Marchador, Paint Horse, Lusitano e Quarto de Milha, além de entidades como a Associação Brasileira de Criadores de Zebu, a Associação Brasileira dos Médicos Veterinários de Equídeos, a Confederação Nacional de Rodeio, a Associação Brasileira de Turismo Equestre, o Jockey Club de São Paulo e o Sindicato Nacional dos Leiloeiros Rurais. (Com informações adicionais de Agrovenki). Foto: Márcio Mitsuishi

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isando o fortalecimento da cadeia produtiva da equideocultura, entidades representativas de raças equinas, modalidades hípicas e atividades relacionadas ao setor se uniram para criação do Ibequi (Instituto Brasileiro de Equideocultura). A primeira medida tomada pelo grupo foi o desenvolvimento de um Protocolo Sanitário Unificado de Equinos e Bovinos, para realização de provas equestres, exposições, julgamentos e leilões. A apresentação formal do órgão aconteceu na segunda-feira 20 de julho, em reunião virtual com diretores das entidades participantes e a imprensa especializada. De acordo com os dirigentes participantes, constatou-se a necessidade de melhorar as relações entre as instituições, na busca de interesses comuns e da solução de diversos assuntos do setor. A primeira reunião do instituto aconteceu, por sua vez, no dia 23 de julho, com o objetivo de criar uma comissão para elaboração do estatuto e deliberação sobre a pauta prioritária, na qual estavam em destaque temas como: mormo, reforma tributária e segurança jurídica, além do desenvolvimento de um protocolo sanitário conjunto. O Ibequi terá como missão promover o crescimento do setor, através de atividades de relevância

União entre as associações fortalecerá as reivindicações do setor

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Panorama Mangalarga

BEM-ESTAR ANIMAL NOS ESPORTES EQUESTRES Ibequi promoveu encontro virtual para debater esse tema de extrema relevância para o segmento equestre

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Foto:Daymon Grocheviski

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presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), Luis Augusto de Camargo Opice, foi o mediador da reunião técnica sobre segurança jurídica e bem-estar animal nos esportes equestres promovida no final de setembro pelo Ibequi (Instituto Brasileiro de Equideocultura). O evento contou ainda com a participação de Manuel Rossitto, presidente da Junta Administrativa criada pelo Ibequi para tratar da legalização e regularização das atividades equestres no país. Realizado de forma virtual, o encontro reuniu especialistas e representantes das entidades que integram o órgão, criado no último mês de agosto com o objetivo de aumentar a representatividade do segmento equestre no cenário do agronegócio nacional. Os trabalhos foram abertos pelo assessor de plenário, analista legislativo e analista de articulação política Daniel Lemos, responsável por realizar uma explanação com o tema “Atual Cenário Político em Relação aos Esportes Equestres”. Ele lembrou que o Projeto de Lei 6902/2017, que estabelece diretrizes para a equideocultura no país, está em tramitação na Câmara dos Deputados,

Regulação é importante para a sustentação dos esportes equestres.

aguardando parecer do relator na Comissão de Esportes. O especialista reforçou, também, a importância do PL 7969/2017, que aponta diretrizes para promoção e fiscalização dos eventos equestres. Para ele, o Ibequi deve reunir todos os pleitos comuns a seus membros e entrar em contato com a Frente Parlamentar, fazendo que seja necessária a revisão dos objetivos da mesma. “É fundamental que os deputados e senadores vão ao STF e solicitem uma audiência em defesa das pautas da equideocultura”, sinalizou. Leonardo Dias, advogado e

diretor jurídico da Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ), na comunicação “Os Esportes Equestres em Consonância com a Lei”, afirmou que a votação da ADI 4983 - Ação Direta de Inconstitucionalidade que declarou inconstitucional a lei do Estado do Ceará que regulamentava a Vaquejada, em 2016 -, deve ser um caso analisado. Houve um pré-conceito com relação à atividade em geral, na opinião de Dias. “Existem regulamentações para rodeio, para atleta vaqueiro, organizador dos eventos e treinamentos e para apresentadores que já estão


Panorama Mangalarga regulamentados por lei e não foram declarados inconstitucionais.” O palestrante ressaltou a importância da autorregulamentação, neste contexto. “A ABVAQ criou o Regulamento Nacional de Vaquejada, apresentado e aprovado no MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), e a ABQM criou um Manual de Bem-estar Animal. A autorregulamentação é a resposta da sociedade ao STF, exigida no julgamento da ADI 4983, mostrando que estamos praticando os esportes com os animais, mas garantindo o bemestar deles”, acrescentou.

Esportes equestres Hélio Manso, professor, médico-veterinário e membro da Comissão de Bem-Estar Animal da Associação Brasileira de Médicos Veterinários de Equídeos (ABRAVEQ), na apresentação

“Esportes equestres e o bemestar animal: caminhando juntos”, ressaltou que a ideia da associação é manter um treinamento continuado com os veterinários. Apresentou o programa de educação continuada da conferência anual da ABRAVEQ e lembrou da inclusão da associação na Federação Ibero-Americana de Associações de Veterinários Equinos (FIAVE). A integração com associações de criadores para estimular as práticas de bem-estar é essencial, em sua opinião. “O bem-estar e os esportes equestres devem estar em evolução contínua e com base científico-veterinária: educação continuada, pesquisas e artigos científicos, além de programas de extensão nas criações e centros de treinamento/competição, são fundamentais”, enfatizou. Orlando Filho, médicoveterinário, gerente de Bem-estar

Animal e Sustentabilidade da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), apresentou o “Manual de Boas Práticas Para Bovinos Participantes de Atividades Esportivas Equestres”. Em sua opinião, a regulação é importante para garantir a sustentação dos esportes equestres, em resposta à sociedade no tocante às ações quanto ao bem-estar animal. “Mais de dez modalidades utilizam participação de bovinos, por isso, desenvolvemos este manual de boas práticas, um trabalho inédito e pioneiro, de caráter técnico, com orientações, recomendações, ilustrações e uma abordagem atual, embasada em conceitos e normativas técnicas de bemestar animal internacionalmente reconhecidos”, pontuou. (Com informações de Flávia Zago/Portal ABCCMM).

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Estrelas do Mangalarga

CARECA Ídolo do futebol brasileiro na década 1980, o ex-jogador nutre uma antiga admiração pela raça Mangalarga Por Pedro C. Rebouças

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Foto: Pedro Rebouças

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itular da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1986 e 1990, o craque Careca foi um por muitos anos um dos principais nomes do futebol mundial, tendo acumulado títulos por equipes como o Guarani, o São Paulo e o Napoli, no qual, aliás, construiu uma parceria inesquecível com outro grande craque, o argentino Diego Armando Maradona. Poucos sabem, entretanto, que Antônio de Oliveira Filho, o Careca, nutre uma paixão antiga pelos equinos e em especial pelo cavalo Mangalarga. “Meu primeiro contato com a raça aconteceu na época em que eu ainda jogava aqui no Brasil, antes de ir para a Europa. Eu conheci o Mangalarga mais de perto por intermédio de alguns amigos criadores e de um dos conselheiros do São Paulo que era um grande criador de Mangalarga e me incentivou a adquirir alguns animais”, contou o ex-jogador em entrevista concedida à Revista Mangalarga durante a partida inaugural de polo golfe, nova modalidade hípica apresentada ao público no dia 22 de agosto, no Parque do Lago, em Dourado (SP). “Nesse período, eu cheguei a ter alguns exemplares da raça Mangalarga e até um haras na região de Campinas (SP), no qual meus filhos tiveram seu primeiro contato com os cavalos, muitas vezes montando a pelo e tendo uma convivência super saudável

Careca esteve no evento que apresentou o Polo Golfe e a Expedição Velho Chico.

e divertida com os animais. Infelizmente, quando eu saí do Brasil e fui jogar fora, primeiro na Itália e depois no Japão, não foi mais possível dar sequência a esse trabalho. No entanto, a paixão pelos cavalos e pela raça Mangalarga prosseguiu viva em mim e em toda a família. Afinal, o cavalo é o animal mais bonito que tem na face da terra e o

Mangalarga é um dos melhores cavalos que existem”, explicou o craque. O reencontro de Careca com a raça aconteceu justamente durante o almoço de apresentação do polo golfe e da comitiva que integrará a Expedição Velho Chico, cavalgada mangalarguista que irá percorrer quatro mil quilômetros pela bacia hidrográfica do rio


São Francisco. No decorrer do evento, o ex-jogador teve ainda uma surpresa muito especial, recebendo o convite para ser embaixador do cavalo Mangalarga e sendo presenteado com um exemplar da raça. Segundo a criadora Beatriz Biagi Becker, que representou na solenidade o presidente da Associação, Luis Augusto de Camargo Opice, o animal será entregue ao craque na próxima edição da Exposição Nacional, cujas atividades estão marcadas para acontecer no período de 18 a 28 de novembro. “O dia está sendo muito especial. É uma experiência muito bacana poder conhecer essa nova modalidade hípica tão interessante que une o polo ao golfe, um esporte de que sou praticante e do qual gosto muito. Por isso, eu fico muito agradecido ao Sebastião Malheiro e ao Paulo Pimentel pelo convite para estar aqui hoje. Além disso, agradeço a todos e em especial à Associação pelo presente e por me proporcionarem um final de semana maravilhoso como esse. Eu fico muito orgulhoso por ser convidado para ser embaixador da raça Mangalarga”, comentou o craque.

Carreira de sucesso

Careca foi o Chuteira de Prata da Copa de 1986.

atacantes brasileiros em todos os tempos, Careca, que é natural de Araraquara (SP), onde nasceu no dia 5 de outubro de 1960, começou a se destacar em 1978, quando ajudou o Guarani a ser campeão brasileiro daquela temporada. O sucesso na equipe de Campinas fez com que o jogador tivesse sua primeira oportunidade na seleção brasileira em 1981, com o técnico Telê Santana. Infelizmente uma contusão o afastou da Copa do Mundo de 1982. No entanto, em 1983, sua carreira teve um novo impulso, quando deixou o Guarani para ir jogar no São Paulo. Pelo Tricolor do Morumbi, Careca colecionou mais títulos. Na jovem equipe do São Paulo, que tinha ainda Muller, Silas, Pita, Sidney e companhia, Careca não demorou muito para virar ídolo da torcida e seus gols contribuíram para o São Paulo ser campeão paulista em 85 e campeão brasileiro

em 86, terminando também na artilharia das duas competições. Em 1987, pouco após ter brilhado na Copa do Mundo do México de 1986, na qual foi premiado com a Chuteira de Prata, Careca foi negociado pelo São Paulo com o Napoli, da Itália. Lá, formou grande dupla com Diego Armando Maradona e conquistou mais títulos importantes, como a Copa da Uefa 1988/1989, a Super Copa da Itália de 1990 e o Campeonato Italiano de 1989/1990. Ainda em 1990, voltou a ser titular da seleção brasileira em uma Copa do Mundo, desta vez na Itália. Depois do Napoli, onde jogou até 1993, Careca defendeu por quatro temporadas o Kashiwa Reysol, do Japão. Em 1997, voltou ao Brasil, tendo ainda a oportunidade de jogar pelas equipes do Santos, Campinas e São José. Segundo a revista Veja, em 2017, durante entrevista concedida à Fifa (Federação Internacional de Futebol), o craque argentino Diego Maradona não titubeou ao ser perguntado sobre o melhor companheiro que teve nos gramados: “Careca”, disse, citando o atacante brasileiro com quem atuou no Napoli. (Com informações adicionais do Portal 3º Tempo e do Portal Brasileiros no Calcio)

Foto: Acervo SPFC

Foto: Acervo Napoli

Considerado um dos melhores

Foto: Divulgação CBF

Estrelas do Mangalarga

Careca comemora um de seus 115 gols pelo São Paulo.

Maradona elegeu Careca como seu melhor companheiro.

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Mercado & Finanças

RAÍZES

MANGALARGA Remate comprovou o crescente interesse pelas linhagens tradicionais e pela genética castiça da raça Por Pedro C. Rebouças

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Foto: MW

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comunidade mangalarguista pôde acompanhar, na noite de 17 de setembro, um remate com a diferenciada proposta de oferecer ao mercado animais de linhagens tradicionais da raça. Organizado pela Júlio Paixão Leilões, em parceria com a Prime Selection, o Leilão Raízes Mangalarga teve como base o trabalho de resgate genético iniciado na década passada pelo criador, técnico e estudioso da raça Raul Sampaio de Almeida Prado. “Eu estou muito emocionado na noite de hoje, pois creio que foi alcançado o objetivo de fortalecer o interesse dos mangalarguistas pelos animais dessas linhagens. Além disso, é com muito orgulho que vejo a constelação de fêmeas e garanhões, cujos produtos são raros de serem ofertados na raça, que nós conseguimos reunir nesse evento, podendo assim compartilhar essa genética castiça e dando oportunidade aos criadores mais novos de terem animais dessas famílias, dessas origens”, comentou Raul Almeida Prado, na abertura do leilão. Comprovando o crescente interesse do mercado por essas linhagens tradicionais, o remate alcançou um faturamento total de R$ 542.418,00. As 29 barrigas

A barriga de RA Diferença Porã foi a mais valorizada da noite.

ofertadas no evento foram responsáveis por uma receita de R$ 467.538,00, alcançando uma cotação média de R$ 16.122,00. Já as 24 coberturas negociadas no leilão movimentaram um montante de R$ 74.880,00, obtendo uma valorização média de R$ 3.120,00. Vendida por Raul Almeida Prado e Lucas Paiva Garcia, ambos do município paulista de Alumínio (SP), a barriga da alazã RA Diferença Porã (RA Sendeiro Porã em RA Tocaia Porã) atraiu o maior investimento do remate, sendo adquirida por R$ 28.600,00 pelo criador Milton José Lima, da cidade de Botucatu, também no interior de São Paulo. Na avaliação de Rogério Cruz,

um dos idealizadores do evento e diretor da Prime Selection, “o leilão superou as melhores expectativas tanto pelos valores alcançados quanto pela liquidez e pelos índices de audiência, fazendo prova da importância para o mangalarguista da contribuição destas linhagens tradicionais e da genética castiça no trabalho de aprimoramento zootécnico”. Conduzido pelo leiloeiro rural Guillermo Sanchez, o Leilão Raízes Mangalarga contou com a assessoria de Carlos Eduardo Purchio e foi transmitido a partir da Fazenda Capoava, do criador Paulo Sampaio de Almeida Prado. No início dos anos 2000, a propriedade foi sede da primeira versão do Projeto Raízes Mangalarga.


Mercado & Finanças

LEILÃO HARAS F1 Evento ofertou lotes de elite do Haras F1 e de seus convidados Por Pedro C. Rebouças

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e Beleza. “É um prazer enorme realizar este leilão dentro do nosso haras. Eu tenho paixão pelos cavalos desde que me entendo por gente e comecei a criar Mangalarga em 2004. Nós preparamos um evento super legal, os animais foram selecionados a dedo, tanto no plantel do Haras F1, quanto nas tropas de nossos convidados”, destacou o anfitrião do evento Eduardo França. Segundo a Programa Leilões, os animais atingiram a valorização média de R$ 53.981,05. Já as barrigas alcançaram a cotação média de R$ 74.750,00 enquanto os direitos reprodutivos obtiveram o valor médio de R$ 236.600,00 e os embriões foram comercializados na média por R$ 36.400,00. Ainda de acordo com a empresa leiloeira, os três lotes mais valorizados durante o leilão foram compostos por expoentes

da raça. O Lote 2, responsável por comercializar os direitos reprodutivos da matriz F-Xáia da Turquia, foi adquirida pelo Haras Tarlim. Por sua vez, o Lote 14 comercializou para o Haras VJC dois ventres a serem escolhidos entre três das principais doadoras do Haras HIC, todas filhas do garanhão Café JO. Já o Lote 18, composto pela potra Eloise do Espinhaço, também foi comprado pelo Haras VJC. O Leilão F1 realizou ainda uma campanha para doações ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), entidade que dedica-se há 60 anos ao atendimento dos pacientes menos favorecidos da sociedade pernambucana. Todas as doações foram direcionadas ao centro de oncologia pediátrica do hospital.

Foto: Programa Leilões

Leilão Live Stream Haras F1 movimentou o mercado da raça na noite do sábado 25 de julho. Promovido pelo criador Eduardo França, com organização da Programa Leilões e transmissão da Remate Web, o evento teve como convidados especiais a HIC Agropecuária, a Espinhaço Agropecuária, o Haras NR e o Haras Dino. O remate, que contou também com a chancela da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), ofertou um total de 24 lotes. Entre eles, estavam animais já consagrados em pista e exemplares prontos para iniciar novas carreiras no circuito de exposições da raça, além de coberturas, embriões, barrigas e direitos reprodutivos. Tudo isso seguindo o rigoroso critério de seleção do Haras F1, cujo trabalho se baseia no sistema TAB - Temperamento, Andamento

Eduardo França comemorou o sucesso do evento.

Evento movimentou o mercado da raça no fim de julho.

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Mercado & Finanças

7º LEILÃO

FORTE MANGALARGA Remate se firma como porta de entrada para novos criadores na Bahia Por Pedro C. Rebouças Foto: Bahia Leilões

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Grupo Forte Mangalarga promoveu, na tarde do sábado 12 de setembro, a sétima edição do Leilão Forte Mangalarga. O evento, que contou com o apoio da Associação Baiana dos Criadores de Mangalarga (ABCM), aconteceu este ano em formato virtual, atendendo assim as orientações sanitárias estabelecidas pelas autoridades baianas para o enfrentamento da pandemia de covid-19. O evento foi dividido em duas partes. A primeira contou com a oferta de 24 lotes, entre os quais estavam potrancas e potros com futuro promissor para as pistas de julgamento, assim como éguas e cavalos de destaque do criatório baiano. A segunda parte compreendeu, por sua vez, um leilão de barrigas em prol da ABCM. De acordo com o balanço divulgado ao final da programação pela Bahia Leilões, empresa leiloeira responsável pela organização do evento, o remate principal arrecadou R$ 360.000,00, alcançando uma cotação média de R$ 16.290,00. Já o leilão de barrigas alcançou um valor médio de R$ 8.010,00, movimentando uma receita total de R$ 64.080,00, com 50% desse montante sendo

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Leilão de barrigas teve parte da arrecadação revertida para a ABCM

revertido para a associação baiana da raça. Segundo o criador baiano Joaquim Artur P. Franco Neto, apesar de ainda novo, o grupo mangalarguista responsável pelo leilão vem realizando um relevante trabalho de divulgação da raça. “O fomento que o Grupo Forte Mangalarga tem feito na Bahia, no Nordeste e hoje podemos dizer também que até mesmo em todo o Brasil é muito grande. O grupo é um parceiro importante da Associação Baiana, que tem essa necessidade de estar pulverizada por todo o estado. Ela tem que estar forte em Itapetinga, em

Vitória da Conquista, em Feira de Santana, enfim por toda a Bahia.” Joaquim Artur também destacou, em seu pronunciamento ao final do evento, que o Leilão Forte Mangalarga tem se firmado como uma importante porta de entrada para a raça, prova disso é que essa sétima edição do evento contou com a participação de vários novos criadores que já se mostram interessados em ingressar tanto no Grupo Forte como na representação regional baiana, fortalecendo assim seus laços com o Cavalo de Sela Brasileiro.


Lazer & Cultura

TURISMO EQUESTRE Nova associação pretende fortalecer a atividade em território nacional Por Pedro C. Rebouças

Foto: Beto Falcão

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turismo equestre acaba de ganhar uma entidade representativa oficial, a Associação Brasileira de Turismo Equestre (ABTE). O órgão tem como objetivos principais: promover o desenvolvimento da atividade de turismo equestre no Brasil; realizar projetos em parceria com áreas governamentais e empresariais a fim de possibilitar a profissionalização e o desenvolvimento do setor; estimular e apoiar as melhores práticas do bem-estar animal, a preservação ambiental e a sustentabilidade entre seus associados. Com 23 sócios fundadores espalhados por 13 estados - Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo -, a entidade tem como primeiro presidente Paulo Junqueira Arantes, Sergio de Lima Beck como vicepresidente e como Conselheiros Carlos Roberto Solera e Ricardo Bacellar Wuerkert. Cumprindo com seus objetivos, a ABTE também já se cadastrou no Ministério do Turismo e participou da fundação do Ibequi, o Instituto Brasileiro de Equideocultura, entidade que congrega as principais associações do segmento equestre, criada no mês de julho com o objetivo de trabalhar para o fortalecimento da

O Brasil mostra potencial para desenvolver o turismo equestre

cadeia produtiva da equinocultura. O turismo equestre é o empreendimento turístico que utiliza o cavalo como principal fator de atração. Os produtos oferecidos vão desde pequenos passeios a cavalo a cavalgadas de vários dias. Dessa forma, o turista pode ter uma experiência rica e autêntica, em contato com a natureza, assim como com a cultura, a ruralidade, as tradições e a gastronomia das mais diferentes regiões, provocando especial impacto no desenvolvimento do turismo em

espaço rural. Segundo Paulo Junqueira, a atividade é reconhecida em diferentes países como importante segmento dentro das modalidades de turismo e lazer, contando com grande e crescente número de adeptos. “O Brasil, por sua diversidade geográfica, climática e por suas belezas naturais, tem real potencial para o desenvolvimento dessa relevante atividade econômica”, destaca o dirigente da nova entidade. Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Fotos: Cavalgadas Brasil

Lazer & Cultura

O Pantanal de Cáceres tem o quarto maior plantel de gado do país.

LIDA COM GADO NO PANTANAL

Visita à Fazenda Santa Inês proporciona a experiência de trabalhar com o gado em uma das regiões mais fascinantes do país

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epois de quatro meses em quarentena, em agosto fui para a Fazenda Santa Inês acompanhar os peões na lida com o gado. A fazenda está localizada no Pantanal de Cáceres, entre o rio Paraguai e a Chapada dos Parecis, próximo da fronteira com a Bolívia. Essa região tem o quarto maior plantel de gado do país, com mais de um milhão de cabeças. Infelizmente, na viagem entre

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Cuiabá e Cáceres, ao cruzar a entrada para a Transpantaneira, vi fumaça e sinais de áreas queimadas. A região está sofrendo com vários incêndios, causados por uma grande seca que favorece a rápida propagação do fogo, que na maioria das vezes é causado pelo descuido humano. Passei alguns dias acompanhando a lida da fazenda, cavalgando pelos campos. Agosto é

o início da parição e o trabalho principal foi juntar os rebanhos, localizar as vacas paridas e ‘curar’ o umbigo dos bezerros recémnascidos. Algumas vacas ficam bravas quando os peões pegam seus bezerros e, aí, eles precisam ser ágeis. A fazenda tem três tropas de cavalos em diferentes invernadas. Uma delas com o Selvagem, nome do belo garanhão Pantaneiro,


Lazer & Cultura cavalo que nunca domaram, que está só na reprodução. Nas outra tropas, éguas da região são cruzadas com garanhões de raças com grande habilidade para o trabalho, produzindo assim tropas de lida.

Flora e fauna abundantes A vegetação do Pantanal não é homogênea, nas partes mais altas tem o que chamam de cordilheiras, onde encontrei árvores grandes muito bonitas. Junto às baías, há a vegetação aquática, que é fundamental para a vida pantaneira. Dentre os animais que vi, destaco uma bela jaguatirica que cruzou rápido nossa frente, dois lobinhos, muitas emas, algumas antas, muito porco monteiro, bugios, centenas de jacarés, capivaras, cervos do pantanal, veado catingueiro e veado cam-peiro. Na região onde está a fazenda, há grandes áreas de mata e muitas onças, mas delas só vi rastros. A sinfonia dos pássaros no início e final do dia merece destaque, afinal, são muitos, de várias espécies; uma trilha sonora para acompanhar a beleza do pôr do sol no Pantanal. O cardápio foi uma mistura do sabor dos peixes de água

Paulo Junqueira passou alguns dias acompanhando a lida da fazenda.

doce à tradição dos boiadeiros. O sabor pantaneiro é tão intenso e maravilhoso como o próprio bioma. No dia que fomos à baía das éguas, levamos o almoço no alforje. O principal tempero dos pratos típicos do Pantanal é a tradição. O arroz carreteiro, por exemplo, sempre foi a principal refeição das comitivas pantaneiras que transportavam o rebanho de uma planície para outra. Na fazenda, há um açougue especial para corte e preparo das carnes. No jantar, em alguns dias, não podia faltar o caldo de piranha, muito saboroso. Com mais de 250 espécies de peixes nos rios

‘Curar’ o umbigo dos bezerros foi uma das tarefas do grupo.

do Pantanal, outros destaques de nossas refeições foram o pacu e o pintado na brasa. “Lá vai uma chalana, bem longe se vai…navegando no remanso do rio Paraguai” – a música Chalana, eternizada na voz de Almir Sater, teve um ‘sabor’ especial ao embalar o início de nosso retorno pelo rio Paraguai a bordo da chalana do Nei, um grande final dessa experiência no Pantanal.

Por Paulo Junqueira Arantes Diretor da Agência Cavalgadas Brasil www.cavalgadasbrasil.com.br

A fauna e a flora da região são muito diversificadas.

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Espaço Técnico

CROSS COUNTRY A conexão com o cavalo é a principal exigência para o treinamento da modalidade

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onhecido como o cavalo do peão e do patrão, o Mangalarga possui excepcionais qualidades, além do andamento característico da raça, equilíbrio e beleza - resultado de anos de seleção. Reflexo de um trabalho ético e constante, desenvolvido em prol da raça, o cavalo de sela brasileiro é inteligente, de fácil condução, rápido na aprendizagem dos treinamentos e transmite confiança, proporcionando ao cavaleiro o prazer de montar e vivenciar o cavalo de forma segura. O cavalo Mangalarga, oriundo da fazenda e esculpido pelo trabalho técnico provado nas pistas, reunindo famílias, proporcionando o lazer nas cavalgadas, vem se apresentando um verdadeiro facilitador nos esportes equestres. Há uma década trabalhando como instrutora de equitação, hipismo clássico e rural, sinto enorme alegria em atuar na união das famílias aos cavalos com a ajuda dos Mangalargas e, assim, introduzir novos adeptos à prática esportiva. O Cross Country e o Mangalarga, ambos originados nas fazendas, são o ápice da aventura e adrenalina. Mais do que coragem, o Cross Country é uma prova técnica e coerente com as características de cada categoria, realizada em campo aberto, com obstáculos naturais como troncos de árvores, riachos e instrumentos do campo, o percurso é deter-

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Júlia Maróstica e Serena durante prova de Cross Country.

minado por uma metragem e faixa de tempo pré-estabelecidos pela velocidade que o conjunto deve executar a prova. A pista pode ser facilmente adaptada nos piquetes e pastos de fazendas e ou haras, simples obstáculos podem ser improvisados e aproveitados com as particularidades que o ambiente oferece. Utilizando as noções básicas da equitação, ao iniciar os treinamentos o conjunto deve caminhar ao passo entre os obstáculos sempre de maneira calma, com as ajudas de acento e pernas levemente relaxadas e

ao mesmo tempo conectadas ao cavalo, se familiarizando ao local. Nos pequenos troncos, riachos e negativas (abordagem em descidas), o conjunto pode passar ao passo primeiramente, para depois fazer ao trote posicionando as ajudas de rédeas, acento e pernas mais juntas ao cavalo e ao mesmo tempo flexíveis ao movimento, importantíssimo a disciplina e consistência durante o processo com o olhar do cavaleiro sempre além ao que deve ser transposto. Praticados os treinamentos ao passo e trote, o mesmo processo


Espaço Técnico pode ser realizado ao galope, o cavaleiro deve posicionar seu tronco levemente atrás do acento, usando o acento mais profundo, a partir disso o trabalho pode passar a ser executado com alívio do acento nas retas de intervalos dos obstáculos, voltando e organizando o acento profundo ao se aproximar de obstáculos e na realização das curvas, assim, o cavalo passa a trabalhar com impulsão nas retas, reunido nas curvas e fica organizado para a execução dos obstáculos naturais. O melhor dos treinos de Cross Country é a realização em grupo, com mais conjuntos, o cavalo e cavaleiro mais experientes ou que apresentam maior conexão tomam a frente do percurso e os outros prosseguem em sequência, por instinto os cavalos “copiam a ação” um do outro e permanecem em grupo. Também é importante o cavaleiro fazer o uso da técnica PIC-NIC (Positive Immediate Consequence – Negative Immediate Consequence), essa técnica descrita por Monty Roberts significa consequência imediata positiva e consequência imediata negativa, o animal deve ser agradado e aliviado a pressão a cada passo de realização da ação. O Mangalarga aprende rapidamente, identifica, conhece, confia e transmite segurança ao seu cavaleiro. A conexão com o cavalo é a principal característica para a realização do percurso, nesse contexto a excelência na equitação e o equilíbrio emocional são fundamentais. Lembrando que, as atitudes do cavalo são um reflexo daquilo que o seu cavaleiro transmite, com isso, a consistência no trabalho realizado pelo cavaleiro, faz dessa conexão um só conjunto: o Mangalarga e seu cavaleiro. Com a evolução, o conjunto naturalmente busca a realização

de novos desafios de maneira técnica e consciente, utilizando os equipamentos de segurança para o cavalo: cloches para proteção dos cascos dos membros anteriores (membros posteriores podem alcançar os membros anteriores), tendoneiras que revestem os membros anteriores e posteriores (caso toque em algum obstáculo protegem os membros do animal), posicionamento e ajuste de sela peitoral e cabeçada adequados, ferrageamento equilibrado com uso de rampões (ambos proporcionam estabilidade). Os equipamentos de segurança do cavaleiro são capacete, colete de proteção e botas de cano alto. Nas competições, o cavaleiro pode usar um cronômetro específico para o Cross Country, são minutos galopando de acordo com cada categoria e o mesmo pode ser programado de forma progressiva ou regressiva avisando a cada minuto. A Prova de Cross Country é parte do Concurso Completo de Equitação (CCE), o mesmo conjunto cavalo e cavaleiro também faz a prova de adestramento e salto somando a pontuação das

três provas para o resultado final. Segundo o Regulamento de Concurso Completo de Equitação Confederação Brasileira de Hipismo Julho 2020 Versão 1.0 – “Os cavalos devem ser treinados progressivamente de maneira que não sejam expostos a um risco maior do que aquele estritamente inerente à natureza e ao nível de competição”. Uma vez que o conjunto aprende com o treinamento progressivo, é importante o treinamento regular mensal, quinzenal ou semanal; o importante são as características dos cavalos praticantes de CCE - a docilidade, a particularidade de conhecerem seu cavaleiro, aprendizado progressivo, força, saúde, resistência. Características intrínsecas dos cavalos Mangalargas, que divertem seus cavaleiros, fazendo com que os corretos princípios de treinamento e equitação sejam recompensados.

Cacá Almeida Prado Instrutora de Equitação Hípica Monte Alegre @hipicamontealegre

Ana Marina e Era da Bica superam obstáculo da modalidade

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Espaço Técnico

DICAS PARA UMA

CAVALGADA SEGURA Algumas regras simples ajudarão o cavaleiro a ter uma cavalgada relaxante, divertida e sem aborrecimentos

P

ara muitos, o passeio a cavalo já é hábito. Mas, a cada cavalgada vejo surgirem novos adeptos. Pessoas que descobrem as maravilhas de se estar em companhia dos cavalos e dos amigos. Sobretudo, conferindo as belezas das paisagens por onde passam. É notória a paixão de variados equitadores por essa atividade. Desde as crianças até os avós. A fim de que a diversão seja totalmente proveitosa, elaborei algumas regras simples sobre o treinamento e a preparação da tropa. A ideia é que sua cavalgada seja relaxante e divertida. Além disso, não queremos pontos negativos.

barulho de suas próprias passadas o assusta. Tomando essas medidas, evitamos o desconhecido em uma cavalgada. Não saber o que irá enfrentar provoca atitudes oriundas do medo. Nesse sentido, expondo ao risco o cavalo e o cavaleiro. Todavia, não é necessário treinar o cavalo de forma diferenciada para curtos ou longos percursos. Para condicioná-lo, co-

meçamos com um trajeto menor e vamos aumentando de maneira gradativa. Não é recomendado submeter o cavalo à cavalgada sem antes tê-lo preparado corretamente para tal atividade.

Escolha do animal A ideia de que algumas raças são mais resistentes do que outras em relação à cavalgada é relativa. Temos raças aptas para várias

Antes do passeio Você pode usar para a cavalgada os mesmo animais que participam de outras atividades. A saber: copas de marcha e exposições. Contudo, o que difere são o trato e o trabalho. Antes de mais nada, em relação ao rigor do esforço, uma vez que o equino é visto como um atleta. Desse modo, o animal submetido à cavalgada deve ser treinado para enfrentar situações variadas. A saber: como atravessar riachos, abrir e fechar porteiras. Ou ainda: passar sobre pontes de madeira, onde muitas vezes o

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É importante treinar e condicionar os cavalos para as cavalgadas

Fotos: Divulgação

É essencial tomar os cuidados necessários para uma boa cavalgada.


Espaço Técnico funções. Assim também, para cada modalidade o condicionamento é fundamental. Do mesmo modo que todo atleta necessita de treinamento adequado a fim de desempenhar bem sua atividade. O Mangalarga, então, atende perfeitamente os requisitos necessários para um bom passeio. Não se esqueça: antes de montar confira o ferrageamento e os equipamentos (mantas, selas, embocaduras). Atente-se ao estado de saúde geral do animal. Nas paradas do percurso, verifique se não há nada incomodando ou machucando o equino. Algo que prejudique o seu desempenho.

Alimentação A alimentação para os animais que participam de cavalgada precisa ser balanceada. Acima de tudo, rica em proteínas, minerais e com volumoso à vontade (feno e alfafa frescos).

Durante o passeio Nas cavalgadas programadas para vários dias, atente-se ao local adequado para o alojamento de seu cavalo. Hoje em dia, os simpatizantes das cavalgadas montam os próprios piquetes móveis ao lado dos trailers e caminhões. E mantêm os animais por perto para evitar transtornos no decorrer da noite. Os animais bem treinados se acostumam a qualquer variável de temperatura. Visto que nos treinos enfrentam sol, chuva, frio e calor. Por isso, não são necessários cuidados excessivos. No entanto, quando está muito quente é importante usar o bom senso e sair cedo para andar em período mais fresco. Haverá menor desgaste físico, tanto do cavalo como do cavaleiro. Não há média de tempo

Dalva Marques e Silvio Parisi são adeptos das cavalgadas.

estipulada para a cavalgada. Isso depende do condicionamento de cada animal. Em passeios de um dia, por exemplo, o caminho percorre em torno de trinta quilômetros. O bom senso é fator preponderante para uma atividade prazerosa. Verifique se seu cavalo está cansado através de sua respiração. Quando muito ofegante, volte-o ao passo. Caso ele demore para retomar os batimentos cardíacos normais, peça auxílio a um veterinário. Geralmente, o trajeto é feito durante o dia para se apreciar a Natureza. Já que cada trilha traz algo diferente e especial. O ideal é que já haja um lugar programado para passar a noite, onde o animal deve receber, se possível, uma ducha para relaxar. E ainda um pouco de ração, além de água e verde à vontade. A escolha pelo passeio diurno ou noturno depende da necessidade e da preferência de cada cavaleiro. Não há restrições, desde que o animal esteja bem condicionado. À noite, embora os cavalos tenham visão extraordinária, o ideal é que se conheça o trajeto. Evite possíveis situações que possam assustá-lo e, consequentemente, trazer surpresas desagradáveis ao cavaleiro.

Acidentes Deve-se contar com veículo de apoio, que tenha água, alimentação e medicamentos para os primeiros socorros a cavalos e cavaleiros. Antes de tudo, a presença de médico veterinário é fundamental, pois imprevistos acontecem. Sob qualquer anormalidade deve-se manter a calma, o que também refletirá no comportamento do cavalo. Ainda que todo cuidado seja adotado pelos organizadores para evitar acidentes, recomenda-se que nunca se exija dos animais mais do que eles podem oferecer. Uma toada exagerada, sem que ele esteja bem condicionado, coloca em risco a saúde e até mesmo a vida do cavalo. Respeite os limites, os seus e os do seu parceiro equino. Junte os amigos para uma cavalgada agradável. Nem todos chegarão ao final. Alguns desistirão logo no início e outros no meio do caminho. Somente um nunca o abandonará: o sempre fiel e companheiro cavalo.

Dalva Marques Jurada, Treinadora e Apresentadora do CT Rancho Bigorna Novembro, 2020 Revista Mangalarga

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Momento Social - Etapa de Amparo da Copa Cobasi

Thiago D’ Angieri, Lourenço Botelho, Thom D’Angieri e André Freire

Wagner Palmieri e Geraldo Fanti

Leandro Pasqualini e João Lucas

Rodolfo Fulaz e Fellipe A. Campos

João Antônio R. Caldas, Nei Remédio e Murilo Bussab

Thiago D’ Angieri e Pedro Alvares de Mello

Marcos Viriato e Lourenço Botelho

Cleber Yamamura e Victor Pagliarani

Wagner Palmieri, Luis A. Opice e Sérgio Opice

Marcelo L. V. de Toledo, João Paulo Fagundes e Luis A. Opice

Wagner Palmieri e Cesar Iembo

Eduardo Vaz, Caico Cintra e João P. G. de França Filho

Almiro Esteves Netto, Jorge Eduardo Beira e Cesar Iembo

Jorge Eduardo Beira, Marcelo L. V. de Toledo e Cesar Iembo

Eduardo Vaz, Marcelo L. V. de Toledo e João P. G. de França Filho

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Fotos de Norberto Cândido

Pedro Alvares de Mello, Antonieli Ferreira, Rodrigo Novais e Thiago D’ Angieri

Cesar Iembo, José Rodolfo Brandi e Rodrigo Berti

José R. Pires de Campo e Jorge Roberto Pires de Campo

Luiz Cintra Sutherland e Jorge Eduardo Beira

Sofia Simonette Siqueira e Fábio Siqueira

Dalva Marques e Silvio Parisi

Rodrigo Novais, João Paulo Fagundes e Ricardo Urbano Nassar

Gabriel Marques e Valdir Marques

Silvana Amaral, Antoniele Ferreira e Laiane Borges

Cleber Yamamura, Luciana Yamamura e Ana Marques

Victor Pagliarani e Larissa Pagliarani

Raphael Poeta e Priscila Poeta

João M. Giurni, Benedito Carlos, Agnaldo Andrade, Aracy Oliva, Jorge Pires de Campos e Alessandro Procópio

Eduardo Vaz e Fábio Siqueira

Fellipe C. Araujo e Julia Lorenzon

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Momento Social - Etapa de Tatuí da Copa Cobasi

Fotos de Norberto Cândido

Geraldo Zinato e Lourenço Botelho

Lourenço Botelho, Rodrigo Novais, Geraldo Zinato e Juninho Nogueira

Cleber Yamamura, Gabriel Marques e Raphael Poeta

Rogério Miranda e Silvio Parisi

Valdir Marques e Dalva Marques

Lucas Botelho e Neno

João Antônio R. Caldas e Roberto D. Junqueira Filho

Celso Nunes, Arnaldo Micai e Vinícius Nunes

André Freire e Emiliano A. Sampaio Novais

Nathália Marques, Valdir Marques e Luis A. de Camargo Opice

Guilherme P. Piza Saad e Eder Cobello

Marcelo Barbará e Silvia Barbará

Alberto Muylaert, Donato Passaro, Luiz A. Secco e Sérgio Opice

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Novembro, 2020

João Paulo Fagundes, João P. G. França Filho, Luis A. de Camargo Opice e Marcelo Cerqueiro


Fidelidade Mangalarga

www.harasitape.com.br Tel.: 19 99232-7733

WWW.CASSMANGALARGA.COM.BR

12 99646-1976

@CASSMANGALARGA

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Espaรงo Empresarial

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