Revista Mangalarga - Edição de dezembro de 2019

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Êxito total no maior encontro da Família Mangalarga!

DEZEMBRO

2019

R$15,00

REVISTA OFICIAL

Diamante do Gadu Grande Campeão Nacional Cavalo 2019



Índice ndice 4

Palavra do Presidente

6

Apresentação da capa

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALOS DA RAÇA MANGALARGA Av. Francisco Matarazzo, 455, Pavilhão 4, “Dr. Simões” Parque da Água Branca - SP - CEP:05001-300 Telefone: (11) 3673-9400

41ª Exposição Nacional 8

Êxito total

20

Destaque na mídia

22

Funcionalidade em destaque

26

Pelagens em alta

32

Evolução Constante

DIRETORIA EXECUTIVA - TRIÊNIO 2018/2020 Diretor Presidente Luis Augusto de Camargo Opice Vice-Presidente Administrativo Financeiro Nelson Antonio Braido Vice-Presidente Técnico Hamilton de França Leite

Espaço Técnico 106 110

Exposições, Copas e Provas

Julgamento dos equinos de marcha Pelagens: desvendando o código genético

38

Copa de Marcha Mangalarga

46

Copa AC Mente

53

Expo Rio Preto

Panorama Mangalarga

56

Expo Conquista

114

64

Expointer

72

Exposição de Brasília

80

Feira Paraná

84

Equitação de Trabalho

Haras em Destaque 86

Momento de Despedida

Lazer e Cultura 116

Roteiro de charme na Camargue

119

Ziringrin

120

Rico Aprendizado

Circuito Mangalargada

94

Marcha Mangalarga SP

96

2ª Cavalgada de Piracicaba

98

Cavalgada Cidade de Goiás

121

Etapa Final da Copa de Marcha

124

Galeria Copa de Marcha e Sela de Ouro

125

Galeria dos Grandes Campeões da 41ª Nacional

Memória Mangalarga 100

Odisseia Mangalarguista

A Voz do Criador 104

Mangalarga, um cavalo projetado

Diretora Adjunta de Esportes Camila Glycerio de Freitas

Diretor Adjunto Financeiro Eduardo Rabinovich Diretores Adjuntos de Fomento Felipe Angelin Luís Fernando Sianga Pedro Luiz Suarez Castedo Youssef Haddad Diretores Adjuntos Jurídicos Cristiano Rêgo Benzota de Carvalho Renato Tardioli Lucio de Lima Diretores Adjuntos de Marketing João Luis Ribeiro Frugis Jorge Eduardo Beira Luiz Gustavo Alves Esteves Renata Sari Rodrigo Pedrosa Sampaio Novais Diretor Adjunto de Núcleos Cauê Costa Hueso Diretores Adjuntos de Pelagem Alberto Veiga Junior Leandro Pasqualini de Carvalho Diretores Adjuntos Técnicos Alessandro Moreira Procópio João Paulo Fogaça de Almeida Fagundes

Momento Social 90

DIRETORIA ADJUNTA - TRIÊNIO 2018/2020 Diretor Adjunto Danton Guttemberg de Andrade Filho

Diretores Adjuntos de Exposição Carlos Cesar Perez Iembo Guilherme Pompeu Piza Saad

Haras LFT

Território Cavalgada

Vice-Presidente de Fomento Alexandre de Oliveira Ribeiro

Painel de Negócios 132

Espaço Empresarial

133

Fidelidade Mangalarga

134

Índice de Anunciantes

CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO - TRIÊNIO 2018/2020 Membros Eleitos Eduardo Figueiredo Augusto Emiliano Abraão Sampaio Novais Fernando Tardioli Lúcio de Lima Pedro Salla Ramos Filho Silvio Torquato Junqueira Membros Efetivos Célio Ashcar Celso Galetti Montalvão Clodoaldo Antonângelo Eduardo Diniz Junqueira Élio Sacco Felippe de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda Filho Flávio Diniz Junqueira Francisco Marcolino Diniz Junqueira Ivan Antônio Aidar Luiz Eduardo Batalha Mário A. Barbosa Neto Reginaldo Bertholino Renato Diniz Junqueira Sergio Luiz Dobarrio de Paiva CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO - TRIÊNIO 2018/2020 Técnicos Geraldo Santos Castro Neto João Batista da Silva de Quadros João Pacheco Galvão de França Filho João Tolesano Junior Marcos Sampaio de Almeida Prado Paulo Lenzi Souza Leite Criadores Dirk Helge Kalitzki Roberto Antonio Trevisan Rodnei Pereira Leme Rogério Camara Nigro Roque Carlos Noqueira SERVIÇO DE REGISTRO GENEALÓGICO - STUD BOOK Superintendente do Serviço de Registro Genealógico Henrique Fonseca Moraes Junior

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Revista Mangalarga

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Palavra do Presidente Palav

BALANÇO DE 2019 E PROJETOS PARA 2020

O

ano que está por terminar pode ser considerado um dos mais profícuos em termos de realizações da ABCCRM e de crescimento da nossa Raça. Várias são as métricas que servem para atestar esse desempenho que tivemos em 2019. Começando pelo número de Exposições, em 2019 foram 28 contra 25 em 2018. O número de animais inscritos em todas as Exposições saltou de 2786, em 2018, para 3220, em 2019. Os animais de pelagem inscritos nas Exposições foram 721, em 2018,e em 2019 subiram para 812. Já os que foram inscritos na categoria geral saíram de 2065, em 2018, para 2408 na atual temporada. O número de Expositores saiu de 259 em 2018 para 264 em 2019. A Exposição Nacional de 2019 nos trouxe um recorde absoluto do número de Expositores. Foram 116 expositores, sendo que deste total foram 31 SÓCIOS USUÁRIOS, representando 26% dos expositores. Este número atesta a vitalidade em que se encontra a Raça, graças ao árduo trabalho que a Diretoria “Somos Todos Mangalarga” está desenvolvendo junto aos pequenos criadores, dando-lhes espaço, voz, respeito, consideração e, acima de tudo, confiança para levarem seus animais nas pistas, pois os mesmos estão sendo julgados pela análise, apenas, de suas qualidades zootécnicas. Esse dado é uma conquista que precisa ser mantida, pois, assim, a base da pirâmide estará sendo ampliada, proporcionando um 4

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ciclo virtuoso de crescimento para a Raça Mangalarga. Os números do Stud Book também mostram pequenas variações. Algumas positivas e outras negativas. Este ano, tivemos, até o dia 08.12.2019, 2.389 registros provisórios, 725 registros definitivos de fêmeas e 206 registros definitivos de machos (sendo que muitos registros estão parados por força da nova regra imposta pelo CDT e que ainda não foi viabilizada), enquanto que em 2018, computados integralmente os doze meses, tivemos 2.336 registros provisórios, 604 registros definitivos de fêmeas e 200 de machos, sendo que em 2019 as transferências de propriedade chegaram a um total de 1.351 (até 08.12.2019), enquanto que em 2018 foram de 1.364. A Exposição Nacional de 2019 foi um sucesso absoluto devido ao altíssimo nível técnico dos animais inscritos, organização impecável a cargo da dupla de Diretores de Exposições, Cesar Iembo e Guilherme Saad, clima de amizade e confraternização. Neste quesito, o ponto alto foram as recepções que o casal Dani e João Paulo Fagundes promoveram no “lounge” do seu conjunto de baias. Numa das noites, o Cassiano deu um show de alegria contagiando a todos que lá estavam! O programa Prosa Mangalarga, no canal Youtube, é um sucesso absoluto de visitantes. As 18 edições do programa realizadas até o momento já superaram a marca de 19 mil espectadores. Marca essa que sobe para 23 mil visualizações ao

considerarmos também as edições especiais realizadas durante a 41ª Exposição Nacional. Dessa maneira, estamos cativando um expressivo número de internautas, pessoas com grande afinidade com o meio equestre e que seguem atentamente as animadas entrevistas organizadas sob o comando do Luís Fernando Sianga e do Cauê Hueso, coadjuvados pelo Dú Grespan, Pedro Castêdo e Marcelo Cerqueira, todos voluntários que dividem seu tempo para que esse programa proporcione informação, discussões objetivas sobre aspectos técnicos, ensinamentos com muita alegria e descontração entre entrevistadores e entrevistados. A comunicação é peça fundamental para a nossa estratégia de crescimento e difusão da qualidade do Cavalo Mangalarga, como o cavalo que reúne as melhores características e equilíbrio entre a Marcha e a Morfologia. O “Prosa Mangalarga”, como já disse acima, é parte dessa estratégia. Agora, lançamos o projeto que visa a transmissão, via Internet, pelo Youtube, das Exposições Regionais, Copas de Marcha e de Função. Fizemos, em caráter experimental, a transmissão pioneira da Copa de Marcha AC Mente, realizada em Jundiaí, em 26 de outubro próximo passado. Sem qualquer divulgação prévia, pois havia riscos de não haver sinal de Internet no local, já obtivemos 976 visualizações, com uma boa qualidade de imagem e que, sem dúvida, iremos melhorar muito em


Palavra do Presidente ente 2020. O Final da Copa de Marcha, realizada no Haras Dino graças à gentileza e à parceria do casal Simone e Felipinho e ao apoio da COBASI, via o Projeto de Incentivo aos Esportes da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo, também foi um sucesso técnico, de público e de confraternização. Durante o evento, fizemos uma segunda experiência de transmissão via Internet, com uma importante inovação na transmissão. Escalamos a dupla de locutores, Dú Grespan e Marcelo Cerqueira, que fizeram toda a diferença narrando o evento, gerando uma grande qualidade na informação e entretenimento dos internautas, pois prepararam todo o retrospecto de cada animal, tanto quanto ao seu pedigree, quanto à sua premiação, identificando seus apresentadores e outras informações interessantes para quem acompanhou aquela transmissão. A transmissão de toda e qualquer Exposição Regional em 2020 poderá ser feita, bastando, para tanto, que o responsável pela organização do evento solicite à Associação os equipamentos e a presença das duplas de cinegrafistas e de apresentadores responsáveis pelos equipamentos e transmissão, arcando, apenas, com os custos de estadia e viagens. Já nas etapas da Copa COBASI de Marcha e Função em 2020, as transmissões estarão asseguradas, pois as quatro etapas e a Final serão organizadas diretamente pela Associação, graças ao Projeto aprovado na Lei de Incentivo aos Esportes, da Secretaria Estadual de Esportes, do Governo do Estado de São Paulo e pela parceria e crença que a COBASI, da qual o nosso Associado Ricardo Urbano Nassar é um dos acionistas proprietários, teve no projeto de desenvolvimento da Raça Mangalarga. À COBASI e ao Ricardo

Urbano, mais uma vez, o muito obrigado da ABCCRM e de todos os Mangalarguistas do Brasil! Em 2020 eu e a minha Diretoria cumpriremos o nosso último ano de gestão à frente da ABCCRM. Estamos trabalhando com muito afinco, para organizar um SIMPÓSIO sobre a Raça Mangalarga aberto para os associados e aficionados para avaliar e discutir a evolução zootécnica que estamos tendo na nossa Raça. Esse evento, de suma importância, deverá ser realizado no mês de fevereiro de 2020, provavelmente na Hípica Hipocampo, na cidade de Amparo. Também temos como meta para 2020 apresentar uma proposta de Planejamento Estratégico para o período de 2021 a 2036 a fim de que possamos ter um norte a ser seguido sem interrupções pelas Gestões futuras. Esse projeto está sendo coordenado pelo Vice-Presidente Técnico Hamilton de França Leite, assistido pelo Eduardo Rabinovich, que não estão medindo esforços para apresentar estudos e propostas baseadas em pesquisas e dados a respeito do Mercado de Equinos no Brasil e das Raças comparáveis e as que nos poderão levar a uma maior participação sustentada do mercado em geral. Não poderia deixar de registrar a grande emoção e alegria que tive, ao lado da Josiane Matta Vidotti, do Alaor Vidotti e do VicePresidente Nelson Antonio Braido, ao entregarmos para o Hospital de Amor de Barretos, nas pessoas do seu grande líder Henrique Prata e do seu Diretor e nosso amigo, Rubiquinho Carvalho, o repasse do valor de R$ 330.000,00, valor esse originado pela generosa contribuição dos Associados que doaram barrigas e coberturas de seus melhores animais e dos Associados que compraram os lotes oferecidos no Leilão Mangalarga Amor de Verdade, idealizado pela Josiane Matta Vidotti e pela Perla

Fleury. A todos vocês que foram os grandes responsáveis por essa ação de desprendimento e de solidariedade da família Mangalarga, o meu muito obrigado! Por último, lamentavelmente teremos que mudar nossa sede social do Parque da Água Branca para os conjuntos de propriedade da ABCCRM, localizados na rua Monte Alegre. Estive pessoalmente com o Governador do Estado, no dia 30.11 póximo passado, tratando desse assunto e ele me confirmou a impossibilidade legal de reduzir o aluguel e reafirmou que o Parque da Água Branca será objeto de concessão à iniciativa privada em 2020. Com essa triste mas inevitável decisão iremos deixar de pagar R$ 34.000,00 de aluguel ao mês enquanto na nova sede iremos ter um custo de oportunidade mensal no valor de R$ 8.300,00, gerando uma economia anual de R$ 308.400,00. Vamos continuar trabalhando, com todo denodo e afinco, para expandir o crescimento que a Raça Mangalarga vem conhecendo! Um Feliz Natal de paz e harmonia a todos e um Ano Novo de muitas alegrias e realizações!

Luis Augusto de Camargo Opice Presidente da ABCCRMangalarga

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Revista Mangalarga

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Apresentação da Capa Apres

Diamante do Gadu (T.E.)

R$15,00

REVISTA OFICIAL

DEZEMBRO

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Êxito total no maior encontro da Família Mangalarga!

A Diamante do Gadu Grande Campeão Nacional Cavalo 2019

Revista Mangalarga apresenta na capa desta edição o premiado alazão Diamante do Gadu (T.E.), um dos destaques do plantel do Haras Gadu, em foto do talentoso fotógrafo Beto Falcão. Produto do cruzamento entre Quartzo JES (T.E.) e Elegância RB, Diamante do Gadu comprovou toda a sua qualidade durante os julgamentos da 41ª Exposição Nacional, na qual conquistou os títulos de Grande Campeão Nacional Cavalo 2019, Campeão

REVISTA MANGALARGA Edição e Redação Pedro Camargo Rebouças (MTB 31427) pereboucas@hotmail.com Representante Comercial Norberto Cândido norberto.candido@abccrm.com.br Desenho Gráfico Daniel Bertti daniel.bertti@bertti.com.br Departamento de Marketing Sara Feliciano sara.feliciano@abccrm.com.br Thamiris Freitas thamiris.freitas@abccrm.com.br Departamento de Exposição Francisco Bezerra francisco.bezerra@abccrm.com.br Lucas Diniz lucas.diniz@abccrm.com.br 6

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

A

Nacional Cavalo Jovem 2019 e Campeão Nacional de Marcha Cavalo Jovem 2019. Localizado no município paulista de Itapetininga, o Haras Gadu vem se firmando como um dos expoentes da seleção do cavalo Mangalarga. Com uma criação focada na busca por um excepcional andamento e pelo melhoramento morfológico constante, o criatório comandado por Guilherme Pompeu Piza Saad desenvolve um trabalho de ponta na raça.

41ª Expo Nacional em destaque

Revista Mangalarga traz nesta edição uma ampla cobertura da 41ª Exposição Nacional. Realizada no mês de setembro, em São João da Boa Vista (SP), a principal mostra mangalarguista deu uma clara demonstração do elevado nível de qualidade que vem se espraiando por todo o plantel do Cavalo de Sela Brasileiro. A publicação oficial da raça apresenta, além disso, um diversificado panorama dos demais acontecimentos que movimentaram o universo mangalarguista nesta reta final de 2019. Entre eles,

destaque especial para a prova decisiva do Circuito Mangalargada e para a etapa final da Copa de Marcha Mangalarga. A presente edição, no entanto, não se restringe ao factual, trazendo também um rico conteúdo técnico, no qual se sobressaem o artigo da doutora Laura Patterson Rosa sobre o código genético das pelagens e o texto do doutor Alessandro Moreira Procópio a respeito das metodologias de julgamento dos equinos de marcha. Boa leitura e um próspero Ano Novo!



Por Pedro C. Rebouças

O julgamento do Grande Campeonato Cavalo encerrou o evento.

ÊXITO TOTAL Alto nível da tropa, julgamentos equilibrados e ambiente festivo foram alguns dos ingredientes da receita de sucesso da 41ª Exposição Nacional

O

Cavalo de Sela Brasileiro viveu, entre os dias 12 e 21 de setembro, seu principal momento na atual temporada. Realizada no Parque José Ruy de Lima Azevedo, no município paulista de São João da Boa Vista, a 41ª Exposição Nacional proporcionou uma memorável festa para a Família Mangalarga e para a população sanjoanense. Ao longo dos dez dias de programação, a principal mostra do calendário mangalarguista contou com uma série de atrações, incluindo momentos de confraternização, disputas funcionais e provas sociais, além dos concorridos julgamentos responsáveis por eleger os Grandes 8

Revista Mangalarga

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O desfile das bandeiras marcou a abertura oficial da 41ª Nacional.


Fotos: Márcio Mitsuishi

Campeões Nacionais de 2019. Promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), em parceria com a Sociedade Sanjoanense de Esportes Hípicos (SSEH), a 41ª Expo Nacional atingiu todos os seus objetivos, registrando balanço positivo dentro e fora da pista de julgamento.

Qualidade e equilíbrio “A exposição deste ano mostrou que a qualidade da nossa tropa está em uma evolução muito grande tanto na parte de morfologia como em termos de marcha. Todas as categorias possuíam um número expressivo de animais com condições para sagraremse campeões, estava difícil encontrar animais que destoassem negativamente da elevada média dos concorrentes”, destaca Luis Augusto de Camargo Opice, presidente da ABCCRM. O dirigente mangalarguista ressalta ainda que o elevado nível apresentado pela tropa proporcionou um equilíbrio maior aos julgamentos. “Observando as premiações desta Nacional, é possível observar que não houve a predominância de um determinado haras sobre os demais, o que mostra que hoje a qualidade está espraiada por diversos criatórios. Aliás, algo que me deixa muito satisfeito é que pequenos criadores, não só de São Paulo como de outras regiões, conseguiram obter prêmios expressivos, conquistando Campeonatos e até Grandes Campeonatos, algo que era muito difícil de acontecer nos anos anteriores. Isso comprova uma evolução geral no nosso plantel.” A elevada qualidade e a homogeneidade apresentadas pela tropa também foram apontadas como o ponto alto dessa Nacional pelo Diretor Técnico da ABCCRM

A nova geração da raça mostrou muita qualidade em pista.

O segmento de pelagens teve forte participação na exposição.

Os cobiçados troféus da 41ª Exposição Nacional. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Alessandro Moreira Procópio. “Este ano, como já era esperado, nós tivemos a participação de animais de altíssimo nível, com uma média muito alta. Assim, ao longo desses dez dias de julgamentos, nós pudemos observar que os animais estão muito próximos uns dos outros em um alto padrão. Isso proporcionou disputas muito boas tanto no andamento como na morfologia, possibilitando que o público pudesse conferir toda a qualidade do plantel da raça Mangalarga.”

Ambiente festivo

Trinta criadores participaram da prova do patrão.

Criadores acompanham o julgamento no Camarote Mangalarga.

Luis Opice discursa na abertura oficial da exposição. 10

Revista Mangalarga

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Luis Opice também mostrou-se muito feliz com o ambiente festivo e amigável no qual a exposição transcorreu. “Nós tivemos este ano uma presença muito boa de público, inclusive superando o recorde de visitantes registrado no ano passado. Além disso, tudo transcorreu em um clima muito positivo entre os criadores, com todos alegres e contentes, compreendendo bem os resultados dos julgamentos. Este é o verdadeiro espírito da Nacional, que é um evento que vai além da parte zootécnica, proporcionando aos mangalarguistas uma ocasião especial para trocar impressões e estreitar os laços de amizade.” Por sua vez, o criador Carlos Cesar Perez Iembo, um

A mostra recebeu público recorde em sua 41ª edição.


Os julgamentos de marcha foram muito concorridos.

dos Diretores de Exposição da ABCCRM, considera que a avaliação da mostra deste ano é bem positiva. “Essa foi a quarta vez consecutiva que a Nacional foi realizada em São João e a cada ano as coisas vão melhorando, porque a gente procura sempre corrigir os erros do ano anterior. Nesta edição, nós tivemos uma quantidade bem expressiva de animais, que superou o ano passado, e também um número bem significativo de expositores, muito maior que o registrado na edição anterior do evento. Isso nos deixa satisfeitos em relação a todo o trabalho que foi feito no decorrer do ano para chegar até o principal momento da temporada que é justamente a Nacional.” A mostra é elogiada ainda por Guilherme Pompeu Piza Saad, que também integra a Diretoria de Exposição da ABCCRM. “Do meu ponto de vista, a Nacional esteve maravilhosa. É claro que

ocorreram erros e acertos, mas isso é importante para a gente aprender a fazer sempre o melhor tanto para o associado como para o público que prestigia o nosso evento. Vale ressaltar também que tivemos muita gente de fora, inclusive de outras raças, elogiando muito a padronização e a equitação do nosso cavalo, o que nos traz muita alegria, pois mostra que estamos no caminho certo.”

Integração nacional Para o criador paraense Edmar Rocha Junior, a 41ª Exposição Nacional foi sensacional. “Eu comecei a criar há pouco tempo, mas desde 2016 venho participando anualmente da Nacional. Como este é o principal evento do calendário mangalarguista, a gente vem sempre para conferir o que a raça tem de melhor. Este ano, a festa estava muito bonita e transcorreu

em um ambiente super organizado e muito limpo, com boas opções de comida e com a presença de uma turma muito boa. Por isso, eu só tenho coisas boas a falar e estou muito satisfeito.” Terceiro colocado na tradicional prova do patrão, Edmar também ressalta a evolução do evento dentro da pista de julgamento. “Eu venho observando que a qualidade dos animais tem melhorado a cada ano. Isso, aliás, se acentuou nessas duas edições mais recentes da Nacional. Mas o que me deixou realmente feliz este ano foi a prova do patrão, que cresceu bastante nesta edição, com a participação de cerca de 30 cavaleiros. Eu venho de muito longe, mas sempre faço questão de participar dessa prova, porque acredito que assim a gente consegue motivar outras pessoas a também participarem. Desta vez, fiquei em terceiro lugar, o que pra mim é uma alegria enorme, mas Dezembro, 2019

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A evolução da tropa foi perceptível nesta Nacional.

o mais importante é participar e incentivar quem está aqui batendo palma pra gente a no ano que vem também estar montando e dando mais brilho para o nosso cavalo Mangalarga.” O evento também mereceu avaliação positiva por parte do criador paranaense Nilson Mayer Carneiro. “Eu achei tudo muito bom nesta Nacional. Afinal, este é o evento em que se reúnem os melhores cavalos e também os melhores amigos. Trata-se de um encontro sempre muito especial, pois Deus nos proporciona seu amor através do cavalo, da união das famílias e da criação de novos amigos.” Nilson, que participou da prova do patrão trajado com a vestimenta típica do sul do país, ressalta também a importância da integração proporcionada pela mais tradicional mostra mangalarguista 12

Revista Mangalarga

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aos apaixonados pela raça provenientes das mais diferentes culturas e dos mais distintos pontos do país. “Eu acho que essa união de pessoas de origens diversas, vindas das mais diferentes regiões brasileiras, representa um momento muito gratificante para a raça Mangalarga. Nós entendemos que o Sul faz parte disso, como o Sudeste e as demais regiões brasileiras. Dessa forma, o cavalo Mangalarga funciona como um importante meio para promover a união do Brasil.” Já o presidente da Sociedade Sanjoanense de Esportes Hípicos (SSEH), Jairo Hamilton Domingues, destaca o orgulho da população sanjoanense por receber o mais importante evento da raça Mangalarga. “Ter a Nacional em nossa cidade é um acontecimento que muito nos honra e nos dá a certeza de estar fomentando a

equinocultura e a pecuária em nossa região. Além disso, este é um evento que gera um impacto positivo no nosso município, trazendo um número significativo de visitantes e proporcionando uma movimentação econômica bastante grande no comércio local, especialmente em restaurantes, padarias e hotéis. Dessa forma, estamos muito agradecidos por receber este evento.” A 41ª Exposição Nacional contou com os patrocínios de Guabi Nutrição Animal, Café Barão de Guaxupé, Nutrivet, Sindicato Rural de São João da Boa Vista e Sistema Faesp/Senar. O evento, além disso, recebeu o apoio de Unifaj, Equiboard, Botica da Roça, Doce Carlotta, Conquestre, Cris & Co., Savoir Faire, Flor de Cedro, Hotel Giordano, Luizinho Ferragens, Zona Rural, Decanter e Prefeitura Municipal de São João da Boa Vista.









Por Pedro C. Rebouças

DESTAQUE NA MÍDIA A

O Prosa Mangalarga foi transmitido ao vivo da Nacional.

produziu duas matérias sobre o evento para o seu principal telejornal, o Jornal da EPTV. Essas mesmas reportagens foram veiculadas no G1, o portal oficial da Rede Globo. O evento foi destaque também em diversos veículos de comunicação sanjoanenses, como a TV União, o jornal O Município e os portais Guia de São João e Gazeta no Ar. Além disso, recebeu grande destaque da mídia especializada no segmento equestre e agropecuário,

com reportagens veiculadas no Jornal Cavaleiro News, na Revista da Marcha e na Revista Horse, além de portais como Globo Rural, Página Rural, Portal do Agronegócio, Cavalus, Clube do Hipismo, Trote & Galope e Por Fora das Pistas. Vale ressaltar ainda que a 41ª Expo Nacional teve uma grande repercussão nas mídias sociais, graças a um eficiente trabalho de divulgação realizado nas páginas oficiais da ABCCRM no Instagram e no Facebook.

TV União

EPTV

41ª Exposição Nacional, realizada no mês de setembro, em São João da Boa Vista (SP), obteve uma intensa repercussão no universo da internet e das redes sociais, merecendo também uma ampla cobertura da imprensa ao longo de toda a sua programação. O evento alcançou apaixonados pela raça nos mais diferentes pontos do país e do mundo por meio da elogiada transmissão em tempo real realizada pelo portal Zona Rural TV. A Nacional, além disso, apresentou uma bem-sucedida novidade, a exibição de edições especiais do Prosa Mangalarga, programa apresentado por criadores da raça e realizado pela própria ABCCRM. A atração, que utiliza a plataforma do YouTube, exibiu interessantes entrevistas transmitidas a partir do Parque José Ruy de Lima Azevedo. A maior mostra da raça despertou ainda o interesse da EPTV, afiliada da Rede Globo e principal emissora do interior paulista, que

ABCCRM.

41ª Expo Nacional obteve ampla repercussão na imprensa e nas redes sociais

Luis Opice concede entrevista à EPTV/Globo. 20

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Dezembro, 2019

TV União entrevista o criador Josué Eduardo Grespan.



Por Pedro C. Rebouças

Rogério Viriato e Orizona Mangalarga venceram o campeonato funcional.

FUNCIONALIDADE EM DESTAQUE O público sanjoanense pôde conferir as qualidades da raça em emocionantes disputas funcionais e também nas sempre aguardadas provas sociais

A

41ª Exposição Nacional, realizada no mês de setembro, no Parque José Ruy de Lima Azevedo, em São João da Boa Vista (SP), reservou momentos especiais para estimular e fortalecer a funcionalidade e o uso do cavalo Mangalarga. Responsável por reunir os melhores conjuntos da raça em uma disputa repleta de adrenalina, o Campeonato de Função foi um dos destaques da programação do evento, assim como as provas sociais, que contaram com a participação de mangalarguistas das mais diferentes gerações. O Campeonato de Função movimentou a exposição, na manhã do sábado 14 de setembro, 22

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Os participantes mostraram habilidade na prova de maneabilidade.



Fotos: Márcio Mitsuishi

A prova do patrão contou com grande adesão nesta Nacional.

A criançada curtiu a oportunidade de entrar em pista.

As novas gerações mostraram talento em pista.

A prova feminina contou com alto nível técnico.

com uma concorrida competição de maneabilidade, modalidade em que cavaleiros e cavalos necessitam mostrar muita habilidade para vencer um circuito com obstáculos que simulam a lida no campo. Realizada na categoria contra o relógio, na qual o conjunto que marcar o menor tempo é o vencedor, a disputa garantiu uma dose extra de emoção ao mais importante evento do Cavalo de Sela Brasileiro.

Campeões funcionais Montando a égua Orizona Mangalarga, exposta por Francisco Orlando Diniz Junqueira, o jovem cavaleiro Rogério Viriato sagrouse campeão da competição após registrar o melhor tempo do dia: 56s013. Já a segunda colocação foi obtida pelo conjunto Antonio Carlos e Tatuagem C.P.A. (animal exposto por Caio Affonso Junior) com o tempo de 58s707, enquanto a terceira posição foi alcançada 24

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por Fabio Alexandre e Ouro VJC (animal exposto por Fernando Tardioli) com a marca de 59s091. O pódio da prova foi completado pelos conjuntos Marcos Viriato e Asteca Mangalarga JF (exposto por João Francisco Diniz Junqueira) com o tempo de 60s976, Emerson Donizete e Esmeralda do Lobo C.C.P. (exposto por Renato Teixeira Giordano) com o tempo de 61s366 e ainda por Fernando Antunes e Isis do H.I.C. (exposto por Roberto Diniz Junqueira Filho) com o tempo de 65s499.

Docilidade em pista Sempre muito aguardadas pela comunidade mangalarguista, as provas sociais aconteceram por sua vez na manhã do sábado 21 de setembro, último dia de programação, antecedendo os julgamentos que definiram os Grandes Campeões Nacionais de 2019. As disputas, cujo principal

objetivo é estimular a participação dos criadores e seus familiares, deram uma ótima demonstração da docilidade da tropa presente à Nacional, mostrando que pessoas das mais diversas idades podem fazer bonito montando os exemplares da raça. No total, as provas sociais contaram com a participação de 75 cavaleiros e amazonas, divididos em seis diferentes categorias. Com oito participantes, a categoria incentivo, voltada aos mais novinhos, com idade até cinco anos, foi a primeira a entrar em pista. Em seguida, vieram as classes minimirim (dez participantes), mirim (nove participantes), feminina (sete participantes), juvenil (onze participantes) e do patrão, a mais movimentada do dia, que encerrou essa animada manhã de confraternização e celebração do cavalo Mangalarga com a adesão de trinta criadores dos mais diferentes pontos do País.



Por Pedro C. Rebouças

PELAGENS EM ALTA Segmento mostra sua força com a participação de uma tropa de qualidade e com crescimento de 15% no número de animais inscritos

O

Mangalarga colorido voltou a mostrar sua força durante a 41ª Exposição Nacional, realizada no mês de setembro, em São João da Boa Vista (SP). De acordo com o catálogo do evento, 138 animais de pelagens diferenciadas, expostos por 68 criatórios de diversas partes do país, marcaram presença na mais recente edição da principal mostra do Cavalo de Sela Brasileiro. Entre os exemplares que coloriram a pista de julgamento, estavam pampas, alazões amarilhos, castanhos, pretos ou zainos, baios e rosilhos. Segundo Alberto Veiga Junior, Diretor de Pelagens da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) ao lado do criador Leandro Pasqualini de Carvalho, a participação do segmento foi espetacular nesta Nacional. “A pelagem está indo de vento em popa. Na edição deste ano, tivemos um crescimento no número de animais participantes da ordem de 15% na comparação com a exposição de 2018, quando, aliás, já havia se observado uma evolução de 36% na comparação com 2017. Na verdade, este ano foi registrado o recorde de animais de pelagem inscritos na história da exposição nacional. O que mostra que o segmento está dando certo, a pelagem está sendo valorizada, e a gente está dando o máximo 26

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Evento teve a participação de compradores de diversos estados. A pelagem preta teve boa representatividade na Nacional.

A pelagem pampa contou com 63 animais no evento.

dentro da diretoria para apoiar esse importante setor”, comentou o dirigente durante recente participação no programa Prosa Mangalarga. Veiga destaca também que esses números são ainda mais expressivos se for levado em consideração que

desde o ano passado a Associação vem exigindo que os animais participem de ao menos duas exposições ao longo do ano para se credenciarem para a Nacional. “Esse é um fato interessante, pois a princípio imaginou-se que essa medida iria prejudicar a pelagem,


Fotos: Márcio Mitsuishi.

houve inclusive movimentos dizendo que isso iria acabar com esse segmento. Entretanto, a nossa luta foi incessante, a gente conseguiu se aproximar dos criadores e o resultado acabou sendo muito positivo.”

Qualidade crescente O crescimento do setor não se restringe, entretanto, ao número de animais em pista. Afinal, de acordo com os técnicos da raça, esse cenário de evolução também está presente quando o assunto é a qualidade dos exemplares que compõem o plantel desse segmento. “Na criação de cavalos, a pelagem é, sem dúvida, um dos atributos valorizados por parte dos criadores. No cenário específico desse segmento dentro da raça Mangalarga, a pelagem pampa já vem há algum tempo com uma seleção um pouco maior, mais desenvolvida, o que se reflete na pista de julgamento. Este ano, contudo, há uma evolução muito grande, um nível de qualidade bastante elevado em relação aos anos anteriores, não só para os pampas mas também para as outras pelagens, como a gente pôde ver na disputa dos grandes campeonatos tanto de potros e potrancas como dos animais adultos”, explica Alessandro Moreira Procópio, Diretor Técnico da ABCCRM. Para Jorge Eduardo Cavalcante Lucena, um dos quatro integrantes da comissão de jurados da 41ª Expo Nacional, a qualidade da tropa colorida vem evoluindo na raça. “As pelagens estão em uma crescente, entretanto este é um trabalho de seleção que demora um pouco. Afinal, a partir do momento que você tem uma quantidade muito maior de animais alazões, que são predominantes na raça atualmente, você também tem uma variabilidade genética maior entre esses animais e consequentemente

Os animais alazões amarilhos também estiveram presentes.

Os animais coloridos mostraram funcionalidade em pista.

também há um melhoramento maior entre eles. Como o universo de pelagens é menor dentro da raça, o melhoramento também demora mais para acontecer, mas a gente já vê exemplares de bastante qualidade principalmente entre os animais que se destacam nesses páreos.”

Fórmula exitosa Por fim, ao ser questionado sobre a possibilidade de o julgamento de pelagem vir a ser realizado de forma conjunta com a classe geral, apenas com a premiação acontecendo separadamente, Alberto Veiga explica que na sua avaliação essa não seria uma decisão acertada neste momento. “Eu acho que a pelagem ajuda a fomentar o cavalo Mangalarga, ela é uma porta de

entrada para a raça, por isso você tem de tratá-la de uma forma especial. Afinal, ela oferece uma oportunidade de participação para quem tem um ou dois animais, assim acho mais proveitoso fazer o julgamento separadamente. Além disso, acredito que a fórmula que a diretoria passou a adotar a partir de 2018, com a inclusão do Grande Campeonato de Pelagens, trouxe a possibilidade de um comparativo muito bom entre os animais desse segmento. Isso é um incentivo para o pequeno criador ou para quem está entrando na raça.” Para conferir os resultados completos do segmento de pelagens na 41ª Exposição Nacional, visite o portal oficial da ABCCRM: www. cavalomangalarga.com.br. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Por Pedro C. Rebouças

A qualidade da tropa vem crescendo ano a ano.

EVOLUÇÃO CONSTANTE Com a participação de um plantel homogêneo, equilibrado e de alta qualidade, mostra comprovou a constante evolução da raça

A

41ª Exposição Nacional, realizada em São João da Boa Vista (SP), no mês de setembro, foi palco de páreos muito concorridos, que contaram com a presença de uma tropa de excelente qualidade. Além disso, como já havia ocorrido na edição anterior do evento, os julgamentos da principal mostra mangalarguista foram palco de um produtivo intercâmbio entre os jurados da raça e profissionais provenientes de outras entidades do meio equestre. A tarefa de analisar o quesito marcha esteve a cargo da dupla de jurados composta por José Rodolfo Brandi, jovem e experimentado integrante do quadro de juízes da raça, e Diego Rodrigues Vitral, dono de sólida experiência no julgamento de raças de equinos de sela e andamento. O item morfologia, por sua vez, foi avaliado pelos especialistas Emerson Luiz Bartoli, jovem e profundo conhecedor da raça Mangalarga, e 32

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Jorge Eduardo Cavalcante Lucena, Professor Doutor na Cadeira de Equinocultura da Universidade Federal de Pernambuco e renomado jurado das raças Campolina e Pampa.

Crescimento contínuo Na opinião desses profissionais, os julgamentos realizados na pista do

Parque José Ruy de Lima Azevedo ao longo dos dez dias de programação da 41ª Exposição Nacional vieram respaldar a evolução da tropa tanto no quesito marcha como no quesito morfologia, ao mesmo tempo em que comprovaram uma uniformização em alto nível do plantel da raça. “Eu estou há cinco anos seguidos julgando a Nacional. Nesse

Os jurados de morfologia analisam a tropa da 41ª Nacional.


Fotos: Márcio Mitsuishi.

período, eu venho observando que a cada ano há uma evolução muito grande, com animais com beleza já muito bem consolidada e com uma qualidade de andamento extraordinária. Isso me deixa muito contente, afinal sou um apaixonado pelo Mangalarga e desde pequeno acompanho o trabalho do meu pai na seleção da raça. Agora, espero que essa evolução prossiga para que a gente possa apreciar cada vez mais um bom cavalo Mangalarga”, destaca José Rodolfo Brandi. Já Emerson Bartoli ressalta que a tropa da raça vive um momento muito especial. “Eu acredito que o andamento está caminhando junto com a morfologia, geralmente o que dá no andamento confirma na morfologia, então creio que a raça está chegando em um equilíbrio entre esses dois quesitos. Além disso, acredito que a raça esteja em uma crescente, com um bom direcionamento. Há uma evolução em termos de qualidade tanto na dinâmica como nos animais parados, na morfologia.” Para o jurado Jorge Lucena, que atuou pela segunda vez consecutiva na Nacional, a evolução da tropa foi bem perceptível nessa quadragésima primeira edição. “A morfologia este ano estava em um nível crescente, melhor do que no ano passado em todas as faixas etárias, mas principalmente entre os potros puxados. Esses animais

A apresentação de potros e potrancas mereceu elogios.

normalmente estão em um degrau abaixo. Este ano, entretanto, havia potros de muita qualidade. Além disso, também percebi uma pequena redução na questão da obesidade, o escore corporal da tropa está um pouco melhor, mas acho que a raça ainda precisa trabalhar um pouco mais para enxugar esses animais. De forma geral, entretanto, a exposição foi muito boa, realmente extraordinária.” Já o jurado Diego Vitral, que participou pela primeira vez do evento, destaca que a qualidade da exposição o surpreendeu. “O nível dos animais estava muito alto, com páreos muito homogêneos e com as classificações sendo feitas no detalhe. Além disso, a

Diego Vitral monta em um dos concorrentes do evento.

gente não pode deixar de elogiar os apresentadores e os técnicos, porque nós ficamos muito surpresos com o temperamento dos animais e sobretudo com a qualidade do adestramento apresentado por eles. Assim, podemos destacar que tivemos em pista a participação de animais realmente completos, com movimento bom e adestramento impecável. Estou realmente muito satisfeito com o nível da marcha nesta exposição. Estão todos de parabéns.”

Alto padrão Diretor Técnico da ABCCRM, Alessandro Moreira Procópio também ressalta a homogeneização

José Rodolfo Brandi avalia a marcha de um dos participantes.

Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Diamante do Gadu sagrou-se Grande Campeão Cavalo.

do plantel em altíssimo nível. “Ao longo desses dez dias de julgamentos, nós pudemos observar que os animais estão muito próximos uns dos outros em um alto padrão. Isso proporcionou disputas muito boas tanto no andamento como na morfologia, possibilitando que o público pudesse conferir toda a qualidade do plantel da raça Mangalarga.” O dirigente mangalarguista também lista alguns pontos que chamaram sua atenção nesta 41ª Nacional. “Em primeiro lugar, houve uma evolução muito grande na qualidade de marcha dos garanhões. Nós costumávamos ter sempre bons cavalos e muito boas éguas. Este ano, entretanto, os cavalos estão andando tão bem quanto as éguas, talvez em uma média até maior. Acredito que o que contribuiu para a evolução desse item na Nacional foi uma valorização maior da marcha dos machos por parte dos criadores. Creio que eles treinaram mais e desenvolveram o potencial desses machos, afinal esses animais já estavam por aí.” Alessandro prossegue ressaltando os aspectos positivos observados nos julgamentos das fêmeas e dos potros e potrancas da raça. “Entre as éguas, um ponto interessante foi o acréscimo no número de participantes nas categorias destinadas às fêmeas mais velhas. Afinal, isso mostra a 34

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Gabriela ACF foi eleita Grande Campeã Égua.

longevidade desses animais, que têm participado em uma maior quantidade e com exemplares de muito bom andamento, da mesma forma que já acontecia com as éguas mais novas. Já os potros e potrancas apresentaram nesta Nacional uma qualidade morfológica e de andamento muito boa. Aliás, chama a nossa atenção como evoluiu a apresentação desses animais ao cabresto. É um espetáculo quando a gente vê cada animal passando, dando show, com a disputa sendo decidida em pequenos detalhes da locomoção deles, o nível está realmente altíssimo. A raça já vem muito bem há algum tempo, mas a cada ano a gente nota uma melhora na rédea desses animais, com um aumento no número de exemplares de altíssima qualidade.” O Diretor Técnico faz ainda uma breve ponderação sobre a importância da avaliação do andamento da tropa na Nacional. “A marcha é um dos principais atributos buscados pelos jurados. A raça deseja animais que tenham uma caracterização muito bem definida na forma de andar e principalmente animais de fácil condução, de grande qualidade e comodidade. Busca-se, enfim, aquilo que o cavaleiro quer, ou seja, um cavalo agradável de montar, o que aliás tem a ver com a facilidade de tocar, com a comodidade e com a suavidade dos movimentos. Além disso, outro ponto que eu

acho importante mencionar é que nesse último ano a gente fez uma pequena mudança no regulamento do galope e essa mudança nos pareceu muito positiva. A prova do galope tinha figuras muito boas e a gente as manteve, fazendo apenas pequeníssimas alterações, mas assim ela ficou com a apuração do resultado mais visível e deu uma emoção a mais na competição, porque esse é um quesito que pesa no resultado final, então acredito que o pessoal treinou bastante e por isso tivemos excelentes competições aqui.”

Grandes Campeonatos Os julgamentos da 41ª Expo Nacional viveram seu ápice no sábado 21 de setembro, ocasião em que a raça Mangalarga conheceu seus 26 novos Grandes Campeões Nacionais, tanto nas classes da categoria geral como nas classes destinadas ao segmento de animais de pelagens diferenciadas na raça. Para o criador Guilherme Pompeu Piza Saad, foi a realização de um sonho ver um animal originário de sua seleção, o alazão Diamante do Gadu, exposto no evento por Jorge Eduardo Beira, sagrarse Grande Campeão Nacional Cavalo 2019. “Eu sempre tive esse desejo de tentar criar cavalos com a minha marca, projetando os acasalamentos e vendo esses


animais nascerem, então acredito que esta é a maior emoção que um criador pode ter. O Diamante é um animal que nasceu com uma luz especial, desde potrinho é a nossa paixão, e justamente por isso recebeu um nome tão especial. Entretanto, é importante destacar que esse prêmio é resultado do trabalho intenso de toda a nossa equipe, que conseguiu tornar esse sonho realidade.” Já o criador Fernando Tardioli Lúcio de Lima, proprietário em sociedade com Jorge Eduardo Beira da premiada fêmea Gabriela ACF, eleita Grande Campeã Nacional Égua e Grande Campeã Nacional Égua de Marcha, celebrou muito a conquista obtida em São João da Boa Vista. “Cada Grande Campeonato tem uma história completamente diferente mas é sempre uma história de superação e de desafio. Voltar a receber uma premiação como essa, especialmente nessa circunstância, com a Gabriela obtendo os dois principais títulos da raça, mostra que a gente realmente tem uma égua completa. Temos, aliás, que dar os parabéns ao Antonio Carlos Ferreira, o criador da Gabriela, que tem um mérito enorme nessa conquista.” Após os dez dias de julgamento na pista sanjoanense, o título de melhor expositor da classe geral da 41ª Expo Nacional foi obtido pelo Haras Precioso, de Amparo (SP), enquanto o título de melhor criador da classe geral foi conquistado por Cassiano Terra Simão, de São José dos Campos (SP). Na pelagem Pampa, Paulo Eduardo Corrêa da Costa, de Jacareí (SP), conquistou os títulos tanto de melhor expositor como de melhor criador. Para conferir a relação completa de Grandes Campeões da 41ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga, visite o portal oficial da ABCCRM: www.cavalomangalarga. com.br.

Paulo Eduardo Corrêa da Costa sagrou-se Melhor Expositor e Melhor Criador da Pelagem Pampa.

O Haras Precioso foi o Melhor Expositor da Nacional.

Cassiano Terra Simão foi o Melhor Criador do evento. Dezembro, 2019

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Exposições, E xpo Copas & Provas

Por Pedro C. Rebouças

COPA DE MARCHA MANGALARGA Etapa Final da competição definiu os Grandes Campeões de 2019 e também os vencedores da primeira edição da Sela de Ouro

A

Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) promoveu, no sábado 23 de novembro, a Etapa Final da 16ª Copa de Marcha Mangalarga. Além de eleger os Grandes Campeões de 2019, a aguardada prova, realizada no Haras Dino, no município de Quadra (SP), também definiu os vencedores da primeira edição da Sela de Ouro. A disputada etapa decisiva da competição contou com a participação de 62 animais, expostos por 28 conceituados criatórios mangalarguistas. Para julgar esses exemplares, foi convidado o trio 38

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

de jurados composto por Agnaldo Machado Andrade, André Fleury Azevedo Costa e Jorge Roberto Pires de Campos.

Grandes Campeões Proveniente da seleção de Cassiano Terra Simão, o alazão Batistuta CASS (T.E.) sagrouse Grande Campeão da Copa de Marcha 2019, arrebatando assim o Troféu Transitório Eduardo Diniz Junqueira. A disputa entre os machos consagrou ainda o 1º Reservado Grande Campeão Diamante Negro França (T.E.), exposto e selecionado por Eduardo

Henrique Souza de França, e o 2º Reservado Grande Campeão Guaraná ACF, exposto pelo Haras Precioso e originário da seleção de Antonio Carlos Ferreira. Em seu comentário após o páreo que definiu o Grande Campeão, o jurado André Fleury ressaltou o elevado padrão da disputa. “Eu gostaria de parabenizar a todos os participantes deste campeonato, pois a gente sabe a dificuldade, pelo altíssimo nível em que a raça se encontra, de conseguir realmente ganhar as categorias. Então, não há a menor sombra de dúvida de que participar da disputa deste grande campeonato já é motivo de felicidade


Exposições, Copas & Provas ovas

Fotos: Norberto Cândido

por parte dos proprietários.” Fleury ressaltou também a evolução dos machos observada no julgamento dessa etapa decisiva. “Com relação aos três cavalos que ficaram na cabeceira, a gente tem que ressaltar e salientar a qualidade desses animais. É uma satisfação muito grande ter machos com essa qualidade dinâmica. Afinal, como as fêmeas acabam sempre se destacando, a gente tem uma visão um pouquinho mais crítica em relação aos machos, e, aqui, com relação a esses três cavalos, a gente realmente sente muita segurança em encher a bola desses animais. Eles não ficam devendo absolutamente nada para as fêmeas que ficaram com as três primeiras colocações, por isso a gente tem que ressaltar essa evolução na qualidade dinâmica dos machos.” Entre as fêmeas, Tél Shakira da S.L.G. (T.E.) foi o principal nome do evento. A talentosa alazã, exposta por Fernando Tardioli Lúcio de Lima e proveniente da seleção de Celso Cerávolo Paoliello, sagrou-se Grande Campeã da Copa de Marcha 2019, inscrevendo seu nome no Troféu Transitório João Carlos Saad. O pódio da categoria incluiu ainda a 1ª Reservada Grande Campeã Tél Taça da S.L.G., exposta por Sérgio Napoleão Poeta II e selecionada por Celso Cerávolo Paoliello, e a 2ª Reservada Grande Campeã Joia Rara França, exposta por Fernando Tardioli Lúcio de Lima e originária

O anfitrião Felipe Loureiro recebe homenagem de Cesar Iembo e Luis Opice.

da criação de Eduardo Henrique Souza de França. Na avaliação de Jorge Roberto Pires de Campos, a disputa envolvendo as fêmeas proporcionou um belo espetáculo a todos que acompanharam a etapa final. “O Grande Campeonato Égua foi um campeonato de extrema qualidade, não só entre as três fêmeas que foram classificadas como campeãs, mas também entre as outras éguas que aqui estiveram. Afinal, essas fêmeas representam muito bem a nossa raça. São éguas de muita qualidade de movimento, de muita qualidade de maciez, de cômodo e de condução, então os meus parabéns aos expositores de todas as fêmeas que participaram desse páreo”, destacou o jurado em seu

O evento reuniu 62 animais no município de Quadra (SP).

comentário ao final do julgamento.

Sela de Ouro O evento realizado no Haras Dino também definiu os vencedores da Sela de Ouro. Criada nesta temporada, com o intuito de valorizar e dar visibilidade aos principais expoentes da marcha da raça, a disputa premia os animais que obtiveram mais pontos na somatória de suas participações nos três maiores eventos da temporada mangalarguista: a Exposição Brasileira, a Exposição Nacional e a Etapa Final da Copa de Marcha. Na competição entre os machos, o animal Batistuta CASS, de Cassiano Terra Simão, foi o

Jovem amazona apresenta animal na Etapa Final. Dezembro, 2019

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Exposições, Copas & Provas Expo principal destaque, arrebatando a Sela de Ouro após acumular expressivas premiações ao longo do ano, como o Grande Campeonato da Copa de Marcha, o Grande Campeonato Nacional Cavalo de Marcha e o 2º Reservado Grande Campeonato Brasileiro Cavalo de Marcha. Já o alazão Guaraná ACF, exposto pelo Haras Precioso e originário da seleção de Antonio Carlos Ferreira, conquistou a Sela de Prata, depois de obter resultados como o 2º Reservado Grande Campeonato da Copa de Marcha, o 2º Reservado Campeonato Nacional de Marcha Cavalo Maior e o Grande Campeonato Brasileiro Cavalo de Marcha. Por sua vez, fechando o pódio da disputa, Ximarrock do Mont Serrat, exposto pelo Haras Precioso e selecionado por Sergio Luiz Dobarrio de Paiva, ficou com

a Sela de Bronze, acumulando resultados como o Campeonato Cavalo Graduado da Etapa Final da Copa de Marcha, o Campeonato Nacional Cavalo Graduado de Marcha e o Campeonato Brasileiro Cavalo Graduado de Marcha. Já a disputa entre as fêmeas consagrou a égua Tél Shakira da S.L.G. como Sela de Ouro da Raça Mangalarga. Propriedade de Fernando Tardioli e originária da seleção de Celso Cerávolo Paoliello, Shakira obteve no decorrer da temporada expressivas premiações, como o Grande Campeonato da Copa de Marcha, o 1º Reservado Grande Campeonato Nacional Égua de Marcha e o 1º Reservado Grande Campeonato Brasileiro Égua de Marcha. Por sua vez, Tél Taça da S.L.G., pertencente a Sérgio Napoleão Poeta II e selecionada por Celso Cerávolo

Paoliello, conquistou a Sela de Prata após acumular importantes resultados, como o 1º Reservado Grande Campeonato Égua da Copa de Marcha, o 2º Reservado Grande Campeonato Nacional Égua de Marcha e o Campeonato Brasileiro Égua Junior de Marcha. Por fim, Juba do Projeto Raízes, exposta por Eduardo França e selecionada por NP Empreendimentos, ficou com a Sela de Bronze, depois de receber premiações como o Campeonato Égua Master da Final da Copa de Marcha, o Campeonato Nacional Égua Master de Marcha e o Campeonato Brasileiro Égua Master de Marcha. Para obter mais informações sobre a raça ou conferir os resultados completos da Etapa Final da Copa de Marcha, visite o portal www.cavalomangalarga.com.br.

Um saboroso porco no rolete foi servido aos mangalarguistas.

O Haras Dino proporcionou uma ótima estrutura aos visitantes.

Evento teve patrocínio de Cobasi e da Lei Paulista de Incentivo

Criadores acompanham o julgamento no Haras Dino.

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Revista Mangalarga

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Portas Portas para para Baia Baia PortĂľes PortĂľes para para GalpĂŁo GalpĂŁo Porteiras Porteiras

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Exposições, Copas & Provas Expo

Por Pedro C. Rebouças

Vista aérea da pista de julgamento da copa jundiaiense.

COPA AC MENTE 13ª Copa de Marcha de Jundiaí, que ganhou este ano nova denominação, contou com concorridos julgamentos e boa presença de público

O

Núcleo Mangalarga de Jundiaí e Região promoveu, nos dias 25 e 26 de outubro, na Fazenda Rio das Pedras, a décima terceira edição de sua tradicional copa de marcha. Válida como etapa oficial da Copa de Marcha Mangalarga 2019, a competição ganhou este ano a nova denominação de Copa AC Mente, em homenagem à mangalarguista Ana Cândida Lois Mente, falecida no fim do ano passado. Diretor do núcleo e um dos responsáveis pela organização do evento, Thiago Nogueira Negrão D’Angieri explica que a copa teve este ano duas particularidades. “A 46

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Cláudio Mente e Natalia Lois em frente ao painel em homenagem à Ana Cândida.


Exposições, Copas & Provas ovas

Fotos: Márcio Mitsuishi

Volta da vitória do Grande Campeonato Cavalo.

primeira foi a mudança de data, que foi algo que mexeu bastante com o estilo do evento, e a segunda e principal delas foi a homenagem que o núcleo fez para a Ana Cândida, pois esse foi o grande mote e o que fez a copa realmente acontecer.” Thiago conta que a prova, que tradicionalmente acontece no finalzinho de abril ou no início de maio, não ia ser realizada este ano por falta de recursos. No entanto, a pedido da criadora Natalia Lois, mãe da homenageada, a competição foi mantida. “O grande esforço que ela fez tanto para angariar recursos como para organizar o evento foi o que viabilizou a realização da copa. Nós, entretanto, acabamos precisando adiá-la para outubro, uma data que sabíamos que iria impactar o evento em alguns aspectos, em especial no número de participantes e até na presença de público.”

A Grande Campeã realiza a volta da vitória.

Qualidade em pista A mudança de data, contudo, não tirou o brilho do evento jundiaiense, sempre um momento muito aguardado do calendário mangalarguista. “Na parte técnica, apesar de termos tido uma queda no número de participações, algo que já era esperado por causa da época do ano e por ser logo após a Nacional, tivemos a presença de uma tropa de excelente nível e um número expressivo de 74 inscrições. Além disso, os principais exemplares da raça compareceram ao evento, incluindo animais que se sagraram em setembro Grandes Campeões Nacionais e Reservados Grandes Campeões Nacionais. Então, apesar da quantidade mais enxuta de participantes, em termos de qualidade foi tão bom ou melhor do que em anos anteriores”, destaca o dirigente jundiaiense.

Emiliano Novais, Pedro A. de Mello, Attílio D’Angieri, Gerson Franceschini e Thiago D’Angieri.

O alto nível registrado na pista de julgamento não foi, entretanto, o único aspecto do evento que mereceu elogios dos mangalarguistas e do público que passou pela Fazenda Rio das Pedras. Segundo Thiago, este ano a estrutura da prova estava muito mais sofisticada. “Foi algo bem diferenciado em relação aos outros anos. Nós conseguimos atender bem melhor o público, com mais conforto e mais atrações além da copa. Tivemos ‘food trucks’, uma ótima ambientação e uma parte musical e de entretenimento mais diversificada. Por isso tudo, a gente acredita que esse foi um evento maravilhoso.” O organizador ressalta ainda o bom número de visitantes que passou pela Fazenda Rio das Pedras e a significativa adesão da comunidade mangalarguista ao evento. “A participação dos criadores foi muito bacana. Além

A confortável estrutura preparada para receber o público. Dezembro, 2019

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Exposições, Copas & Provas Expo dos expositores, nós tivemos a presença de muitos mangalarguistas que não conseguiram expor animais este ano mas que fizeram questão de vir prestigiar o evento ao lado de amigos e familiares. Então, nós tivemos um bom público nos dois dias de atividades. Por conta disso tudo, creio que a homenagem à Ana Cândida, com a copa passando a se chamar AC Mente, trouxe um brilho extra ao evento. Além disso, a coordenação da Natalia Lois na parte social engrandeceu bastante a copa, trazendo um toque feminino de sotisficação ao evento.”

Para conferir os resultados completos da 13ª Copa de Marcha de Jundiaí, visite o portal oficial da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga:

www.cavalomangalarga.com.br. Já para obter mais informações sobre as atividades do Núcleo de Jundiaí, escreva para o endereço eletrônico mangalargajundiai@gmail.com.

Grandes Campeões Em pista, os concorrentes foram analisados pelo qualificado trio de jurados composto por Benedito Carlos da Silva, João Pacheco Galvão de França Filho e Pedro Henrique Bueno de Camargo. Assim, após dois dias de equilibrados julgamentos, a égua Tél Taça da SLG (T.E.), exposta por Sérgio Napoleão Poeta II e proveniente da seleção de Celso Cerávolo Paoliello, sagrou-se Grande Campeã da Copa AC Mente, enquanto Batistuta CASS, exposto e criado por Cassiano Terra Simão, foi eleito Grande Campeão da Copa AC Mente. Entre as fêmeas, a competição consagrou ainda a 1ª Reservada Grande Campeã Estrela do Gadu (T.E.), exposta pelo Haras Precioso e selecionada por Guilherme Pompeu Piza Saad, e a 2ª Reservada Grande Campeã Yasmin do EFI (T.E.), proveniente do plantel de Eduardo Figueiredo Augusto. Já entre os machos, também destacaram-se o 1º Reservado Grande Campeão Beirute CASS, exposto e criado por Cassiano Terra Simão, e o 2º Reservado Grande Campeão Urú do Mont Serrat, exposto pelo Haras Precioso e selecionado por Sergio Luiz Dobarrio de Paiva.

Estande montado para receber criadores e visitantes.

Éguas perfiladas para o anúncio da Grande Campeã.

A programação também incluiu a prova do patrão. 48

Revista Mangalarga

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Exposições, Copas & Provas ovas

Por Pedro C. Rebouças

EXPO RIO PRETO Mangalarga marcou presença no evento com o objetivo de apresentar os exemplares da raça ao público da região

Foto: Expo Rio Preto

A

O público pôde conhecer as qualidades da raça.

relação à raça Mangalarga: a retomada da criação e cultura do cavalo na região Noroeste Paulista; e a aproximação e apresentação da raça ao público pouco acostumado com esses animais. Neste segundo ponto, em especial, já foi possível notar um bom resultado durante a 57ª Expo Rio Preto.” Caruzo ressalta também o sucesso do primeiro Shopping Mangalarga, criado para aproximar a raça de potenciais usuários de toda a região. “Na ocasião, nós percebemos que o público visitante - formado por crianças, adultos, homens e mulheres -

demonstrou muito interesse pelos animais, desde o comportamento até curiosidades da raça. Além disso, em contato direto e diário com os frequentadores da feira, fiz questão de mostrar ao público que as qualidades do cavalo Mangalarga vão além do andamento, robustez e beleza. Mostrei que, desde que ocorra um manejo racional, com práticas atualizadas, os animais de pista (inclusive garanhões) podem ser montados até por crianças.” Para o dirigente mangalarguista, um dos principais méritos do evento foi justamente o de apresentar a raça às pessoas que passaram pelo recinto

Foto: Arnaldo Mussi

Foto: Expo Rio Preto

pós uma longa ausência, o Cavalo de Sela Brasileiro voltou a marcar presença em uma das principais feiras agropecuárias do interior paulista, a Expo Rio Preto. A raça participou desse tradicional evento, entre os dias 02 e 06 de outubro, com uma dupla programação, que incluiu o Shopping Mangalarga e a Exposição Mangalarga de São José do Rio Preto (SP). Fundado em abril deste ano, com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), o Núcleo Mangalarga de São José do Rio Preto foi o principal responsável pelo êxito da participação mangalarguista na 57ª Expo Rio Preto, que movimentou uma receita de R$ 7,6 milhões e recebeu um público de 56 mil pessoas ao longo de cinco dias de atividades no Recinto de Exposições Alberto Bertelli Lucatto. Presidente do núcleo riopretense, o criador Jânio Caruzo destaca o plano de ação que vem sendo adotado para revitalizar a raça nessa pujante região do interior paulista. “Eu tenho me empenhado a trabalhar em duas frentes com

Os criadores desfrutaram de uma confortável estrutura.

A raça esteve em destaque na Expo Rio Preto. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Exposições, Copas & Provas Expo

Importantes parcerias

Exposições Alberto Bertelli Lucatto é estratégica para expositores, criadores e frequentadores da feira. Além das alças de acesso à rodovia, o Recinto de Exposições está localizado próximo ao aeroporto e a cidade conta com serviços de transportes rodoviários.” Por fim, o presidente do núcleo ressalta sua satisfação com a empreitada iniciada com a fundação da representação regional da raça em São José do Rio Preto. “Depois de um trabalho árduo com o apoio de veículos de imprensa (televisão, jornais impressos) e outras plataformas de mídia (redes sociais), apoio das autoridades, criadores e instituições parceiras, meu especial agradecimento a todos, tenho grande satisfação em divulgar e assinar este trabalho que está só no começo.”

Os visitantes puderam ter contato com os animais.

Foto: Expo Rio Preto

Foto: Expo Rio Preto

“A realização do primeiro Shopping do Mangalarga durante a 57ª Expo Rio Preto só foi possível graças aos parceiros que tive desde a idealização do projeto. Foi um trabalho árduo e com alguns obstáculos, porém extremante satisfatório no seu resultado. Quero, assim, agradecer à administração municipal de São José do Rio Preto, em especial ao Secretário de Agricultura, Antonio Pedro Pezzuto Júnior, que confiou no projeto Shopping do Mangalarga e permitiu sua realização”, explica Caruzo. O presidente do núcleo riopretense destaca também que no espaço que encampou o primeiro Shopping do Mangalarga, dentro do Recinto de Exposições Alberto Lucatelli Lucatto, havia todas as condições para montar a infraestrutura com tendas, tablados e climatização do local para receber

os convidados. Além disso, exalta a parceria com o curso de nutrição da Unirp (Centro Universitário de Rio Preto). “Graças a ela, pudemos oferecer o Dia dos Peões, com churrasco, chope e refrigerante, à equipe de apoio de tratadores e seus familiares. Inclusive com os alunos do curso de nutrição ficando responsáveis pelo jantar de confraternização entre criadores e convidados.” Agora, depois do êxito dessa primeira empreitada, o núcleo se prepara para novos desafios, com uma ousada meta pela frente. “O objetivo do meu trabalho é realizar o melhor para os criadores para a retomada da cultura da raça no Noroeste Paulista e para a comunidade local. Estou empenhado em trazer à cidade de São José do Rio Preto, que é um polo importantíssimo da pecuária brasileira, a décima oitava edição da Exposição Brasileira do Cavalo Mangalarga. O objetivo é mostrar nosso cavalo aos criadores de bovinos, destacando sua utilidade na lida do campo”, explica o dirigente rio-pretense. Em defesa desse objetivo, Caruzo destaca que a cidade oferece infraestrutura para a realização de eventos de grande porte. “Rio Preto é contemplada por uma ótima rede hoteleira, shopping centers, bons restaurantes e outras atrações para satisfação de toda a família. Às margens da Rodovia Whasington Luiz, a localização do Recinto de

Foto: Expo Rio Preto

de exposição. “O trabalho realizado por mim na Expo Rio Preto também foi o de oferecer uma experiência ao público, que pôde se aproximar e tocar nos animais Mangalarga, provando sua docilidade. A interação entre os visitantes e os cavalos também foi importante para desconstruir, no público geral, a ideia de que o nosso cavalo seja algo inacessível, extremamente distante de suas possibilidades de adquirilo ou simplesmente de tocá-lo e, principalmente, montá-lo.”

Estande do núcleo no Recinto de Exposição. 54

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Momento de confraternização durante o Dia dos Peões.



Exposições, Copas & Provas Expo

Por Pedro C. Rebouças

EXPO CONQUISTA Público do sudoeste baiano pôde conferir toda a qualidade do plantel da raça selecionado no estado da Bahia

A

Os melhores exemplares da Bahia participaram do evento.

que já acontece há dez anos, a presença dos melhores exemplares do criatório baiano. Além disso, Vitória da Conquista e sua população novamente acolheram muito bem a raça Mangalarga, que, aliás, é sempre muito bem aceita por toda a comunidade do agronegócio e da pecuária do sudoeste da Bahia.

Assim, creio que todos esses fatores contribuíram para o êxito do evento deste ano.”

Forte adesão Ladeia destaca também a forte adesão da comunidade mangalarguista baiana à mostra Fotos: Divulgação

Exposição de Vitória da Conquista (BA) deu mais uma mostra da força do criatório baiano da raça Mangalarga. Realizada nos dias 04 e 05 de outubro, nas dependências do MP Ranch & Park, a mostra mangalarguista foi um dos destaques da programação da Expo Conquista 2019, uma das mais importantes feiras do segmento agropecuário na Bahia. O evento contou com a participação de 58 animais, expostos por 13 tradicionais criadores baianos. Para julgar esses exemplares, foi convidado o jurado José Rodolfo Brandi, a quem coube a tarefa de avaliar tanto os quesitos marcha e dinâmica como o item morfologia. Segundo Rafael Augusto Almeida Ladeia, responsável pela organização da mostra mangalarguista, a participação da raça na Expo Conquista 2019 foi um sucesso. “Nós tivemos mais uma vez aqui na nossa exposição,

Um ambiente de amizade e descontração marcou a exposição. 56

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

A Expo Conquista recebeu mangalarguistas de toda a Bahia.


Exposições, Copas & Provas ovas conquistense. “Este ano, nós tivemos uma participação maciça dos criadores do estado, com a presença de mangalarguistas provenientes de municípios como Feira de Santana, Itapetinga, Jequié, Salvador, Serra Preta e São Gonçalo. Assim, pode-se dizer que tivemos aqui na Expo Conquista o que há de melhor no criatório baiano, com a participação de quase todos os haras da Bahia.” O organizador da exposição também destaca que a mostra transcorreu de forma muito boa na pista do MP Ranch. “Todos que acompanharam o evento puderam ver que tivemos um julgamento bastante justo, conduzido pelo jurado José Rodolfo Brandi, um juiz bastante qualificado, que julga há vários anos a Exposição Nacional, a principal mostra da raça. Além disso, tivemos uma prova de andamento que foi um sucesso, assim como a disputa funcional.” Promovida pela MP Ranch, em parceria com Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, a Expo Conquista contou com uma variada programação, que incluiu exposição de equinos e bovinos, rodeios e espetáculos musicais, além de cursos e palestras para reciclagem profissional e técnica. Depois do êxito da mostra conquistense, a comunidade mangalarguista baiana realizou um novo encontro no fim de novembro, na cidade de Salvador, durante a Fenagro 2019. A cobertura completa desse evento, realizado logo após o fechamento do conteúdo editorial desta edição, será publicado na próxima Revista Mangalarga. Para conferir os resultados completos da Exposição Mangalarga de Vitória da Conquista, visite o portal oficial da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM): www.cavalomangalarga.com.br.

O jurado José Rodolfo Brandi conduziu os julgamentos.

Apresentadores se congratulam após o julgamento.

A função da raça esteve em destaque na Expo Conquista. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

57








Exposições, Copas & Provas Expo

Por Núcleo Riograndense

EXPOINTER 2019 Prova cavalo versus moto foi um dos destaques da programação da raça no tradicional evento gaúcho NRCCRM

A

Os cavalos contaram com o apoio do público na disputa contra as motos.

Hugo Anélio Lipp Farias e sua esposa Maria Elena Schmidt Farias.

64

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

“marca registrada” do Núcleo Riograndense, a prova cavalo versus moto, que conta com a parceria da equipe de competições de motocross da Schneider Motos. Nessa edição, o Mangalarga novamente mostrou sua superioridade nas balizas,

NRCCRM

Mangalarga e a recepção aos criadores visitantes. Em várias etapas, foram apresentadas as provas de agilidade do nosso Mangalarga, porém, a que mais fascina o público assistente é, sem dúvida, aquela que já se tornou

NRCCRM

Expointer 2019, uma das mais importantes vitrines da atividade agropecuária brasileira, na sua quadragésima segunda edição realizada no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), entre os dias 24 de agosto e 01 de setembro, foi como sempre um sucesso de público, recebendo um público de quase 420 mil visitantes. O Núcleo Riograndense de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (NRCCRM) não poderia ficar de fora dessa feira da qual participa desde sua fundação há 32 anos. Foram três dias de julgamento dos animais provenientes dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Presidente do Núcleo, Laércio Leismann, na ocasião em mandato provisório, garantiu com sua equipe de colaboradores a presença do

Dinago Rocha, Gabriel Marques, Emiliano Novais, Fernando Antunes, Vinicius João Curi, João Paulo Fagundes e Fernando Tardioli na Expointer 2019.



NRCCRM

Exposições, Copas & Provas Expo

Motociclista aguarda o início da disputa contra os Mangalargas.

vencendo com um placar de 11 a 6. Outro destaque nessa Expointer 2019 foi a volta de um leilão da raça Mangalarga. No dia 24 de agosto, transmitido pelo canal Terraviva, aconteceu o Leilão do Haras VJC, do Paraná. Vinicius João Curi, proprietário do VJC, além de ser um grande criador, é um incentivador aos usuários de animais da raça, proporcionando aos compradores a participação em uma prova de agilidade com belas premiações no ano seguinte. Após o término da Expointer 2019, em Assembleia Geral, o NRCCRM elegeu por unanimidade a chapa da nova diretoria para

o biênio 2019/21, tendo como Presidente Laércio Leismann. O rebanho equino registrado no Brasil é atualmente de 5.496.817 cabeças. Temos a confiança de que a Raça Mangalarga poderá ter um destaque ainda maior, pois esse excepcional cavalo merece, com a união dos núcleos regionais de criadores amparados pela associação mãe, a ABCCRM. Para obter mais informações sobre as atividades do Núcleo Riograndense, visite o portal www. mangalargars.com.br. (Colaboração de João Fernando Pozzi – Diretor de Fomento 2019/21)

NRCCRM

Itamar Aguiar/Palácio Piratini

Eduardo Finco, Norton Finco, João Fernando Pozzi e Natasha Konarzewsk participaram do Leilão VJC

A Expointer registrou recorde de público em 2019.

Governo do Rio Grande do Sul

Vista aérea do Parque Assis Brasil durante a 42ª Expointer. 66

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019


NO MANGALARGA

(TODOS)





NO GERAL


Exposições, Copas & Provas Expo

Por Pedro C. Rebouças

EXPOSIÇÃO DE BRASÍLIA Forte adesão de novos criadores foi o ponto alto do evento brasiliense

A

Exposição Mangalarga de Brasília (DF) foi a principal atração do Projeto Sela Capital, evento que reuniu uma série de atrações equestres, no fim de semana dos dias 19 e 20 de outubro, no Parque de Exposições da Granja do Torto. Promovida pelo Núcleo Mangalarga de Brasília e Região Geoeconômica, com a chancela da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), a mostra mangalarguista foi conduzida pelo jurado João Pacheco Galvão de França Filho e contou com a participação de expositores provenientes dos estados de São Paulo e Goiás, além dos anfitriões do Distrito Federal. De acordo com Jorge Eustáquio de Miranda Araujo, presidente do núcleo e um dos organizadores do evento, a exposição brasiliense foi pequena mas muito boa. “A mostra deste ano contou com a participação de uma tropa de alto nível, que deu ao público da capital uma boa mostra da qualidade do nosso cavalo. Entretanto, acredito que o ponto alto foi mesmo a ótima participação social que registramos no evento, com os criadores, os usuários, seus amigos e familiares em um momento muito agradável de confraternização.” Jorge Araujo destaca ainda outro importante ponto positivo da mostra brasiliense desta temporada. 72

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Potro é observado por Frederico Braz e pelo jurado João Pacheco Filho.

Cavalgada mangalarguista chegou ao recinto durante a exposição.

“A expressiva participação de novos criadores foi sem dúvida a grande vitória da nossa exposição. Afinal, eles se mostraram muito interessados e participativos,

mostrando que estão empolgados e dispostos a investir na raça. Esse é um fato muito animador para o futuro do cavalo Mangalarga no Distrito Federal.”


Exposições, Copas & Provas ovas Troféu Leandro Canedo A Exposição de Brasília foi palco também de uma importante novidade, a premiação da primeira edição do Troféu Transitório Doutor Leandro Canedo. Segundo Jorge Araujo, essa é uma iniciativa conjunta do Núcleo de Goiás e do Núcleo de Brasília, que, além de homenagear um técnico cujo legado é muito importante para a região, valoriza o trabalho dos mangalarguistas goianos e do Distrito Federal, premiando o Melhor Expositor e Criador de cada temporada. “Para isso, são somados os pontos obtidos por cada criatório da região tanto como expositor quanto como criador, seguindo como referência o Ranking da ABCCRM, que é encerrado sempre

na Exposição Nacional. Assim, quem atingir a maior somatória leva o troféu daquela temporada. Neste primeiro ano de disputa, quem ganhou foi o criador Fernando Pessoa Cantarino, do Haras Águas Lindas, de Águas Lindas de Goiás (GO). Foi uma honra para nós entregar esse troféu na Exposição de Brasília, afinal esse foi um momento muito bacana, motivo de muita festa para o criatório vencedor”, destaca o presidente do núcleo brasiliense. Araujo conta também que foi o idealizador e um dos organizadores do Sela Capital, evento que englobou a exposição brasiliense nesta temporada. “Nós criamos esse evento com o objetivo de promover a integração de diversos esportes e atividades equestres. Nessa primeira edição, nós tivemos uma atração no sábado 19 de outubro, a Exposição

Mangalarga de Brasília, e outras duas no domingo 20 de outubro, o 3º Curso de Equitação de Trabalho do Distrito Federal e o 1º Campeonato Brasiliense de Equitação de Trabalho. Havia a possibilidade de realizarmos também uma prova de enduro e outra de adestramento, mas não foi possível incluí-las na programação deste ano. Em todo caso, a expectativa é que novas modalidades venham se juntar ao evento para que possamos fazer anualmente um grande momento de celebração do cavalo aqui na capital federal.” Para obter mais informações sobre as atividades da raça no Distrito Federal, entre em contato com o Núcleo Mangalarga de Brasília pelo telefone (61) 998274661 ou pelo endereço eletrônico nmangalarga.bsb@gmail.com.

Entrega do Troféu Leandro Canedo ao Haras Águas Lindas.

Aline Duarte, José Júnior Mourão, Ilair Tumelero, Bia Sato, Jorge Araujo, Abrãao Casali, Daiana Casali, Isabelle Migotto, Vivian Athanazio, Mateus Leal, Gláucia Mansur e Marcelo Dias.

Isabelle Migotto apresenta a égua Jarina Catetinho.

Folclore TB da Bocaina apresentado por Jorge Araujo. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Exposições, Copas & Provas Expo

Por Pedro C. Rebouças

FEIRA PARANÁ

O jurado Geraldo Castro Filho conduziu o julgamento.

Rodolfo Furlaz

Rodolfo Furlaz

Evento proporcionou ao público ponta-grossense a oportunidade de conhecer a marcha, a beleza e a funcionalidade do cavalo Mangalarga

A marcha da raça esteve em destaque no evento.

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Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Rodolfo Furlaz

O

Núcleo União Paraná e Santa Catarina realizou, entre os dias 18 e 20 de outubro, a Exposição Mangalarga de Ponta Grossa (PR). Válida para o Ranking Mangalarga, a mostra marcou o retorno da raça a uma das principais vitrines do agronegócio paranaense, a Feira Paraná, que este ano incorporou a 41ª Efapi (Exposição e Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Ponta Grossa). Na opinião de Fernando Antunes dos Santos, um dos organizadores da mostra mangalarguista, o evento teve um balanço muito positivo. “Este retorno à feira de Ponta Grossa foi muito bom. Afinal, ela nos proporcionou uma ótima oportunidade para mostrarmos o Mangalarga a um público enorme e apaixonado por cavalos, uma vez que esta é a segunda maior festa do gênero no Estado do Paraná.”

O público paranaense pôde interagir com os animais.

Antunes também comenta que o cavalo Mangalarga ficou ausente do evento paranaense por alguns anos em decorrência de um conflito de datas. “Nos últimos anos, a feira ponta-grossense vinha acontecendo ao mesmo tempo que a Exposição Nacional, o que acabava

inviabilizando a participação da raça. Este ano, entretanto, a data do evento mudou, o que permitiu a nossa presença. Agora, já estamos pensando na edição do próximo ano, quando pretendemos estar novamente entre os participantes, já que é muito importante que a


Exposições, Copas & Provas ovas

Núcleo União

raça marque o seu espaço dentro do cenário equestre da região.” O organizador ressalta ainda que a exposição teve a presença de uma tropa de ótimo nível, exposta por criadores provenientes dos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. “Além disso, a Mangalarga também teve um bom desempenho na parte funcional. Um bom exemplo foi a prova de team penning, na qual os mangalarguistas conquistaram a quarta e a sexta colocação em uma disputa que contou com a participação de 80 trios de diversas raças.”

Temporada movimentada

André Luiz Ioris, sagrou-se Grande Campeã Nacional Égua Pampa de Marcha, enquanto Aurora NCM, selecionada e exposta por Nilson Mayer Carneiro, foi eleita 1ª Reservada Grande Campeã Nacional Potranca Pampa. Diante desse animador cenário, os integrantes do núcleo já se preparam para os seus próximos encontros. Neste mês de dezembro, está programada uma nova edição da Cavalgada de Tijucas do Sul (PR), cujo trajeto partirá do Centro de Treinamento FRE, comandado por Fernando Antunes, com destino à sede do Haras VJC, do criador e grande incentivador da raça na região Vinicius João Curi. Já no próximo ano o núcleo deve realizar uma nova edição da

Expo Verão, além de assumir a organização da tradicional mostra da raça na Expo Londrina, a maior feira do agronegócio paranaense e uma das maiores da América Latina, cuja edição de 2020 acontecerá no período de 09 a 19 de abril. “Estão todos muito animados com essa oportunidade. Afinal, é muito importante que juntemos nossas forças para fazer um grande evento e para conseguir fomentar o Mangalarga aqui no Paraná e em Santa Catarina”, comenta Fernando Antunes. Para obter mais informações sobre as atividades do Núcleo União Paraná e Santa Catarina, presidido por Vinicius João Curi, siga a página oficial da entidade no Facebook.

A Feira Paraná recebeu um grande público.

Daymon Grocheviski

Feira Paraná

A temporada que está chegando ao fim foi bastante produtiva para o núcleo paranaense-catarinense. Afinal, além de uma agenda movimentada, que incluiu eventos como a Expo Verão, realizada no fim de março em Camboriú (SC), e o 1º Leilão Mangalarga Criatórios do Paraná, que aconteceu dentro da Feira Paraná, os criadores locais também obtiveram importantes conquistas ao longo de 2019. Em fevereiro, os representantes da raça conquistaram o primeiro lugar na concorrida prova de team penning do Rodeio Caminho das Tropas. E, no mês de setembro, dois exemplares do plantel paranaense brilharam na 41ª Expo Nacional. Marquesa VJC, originária da seleção de Vinicius João Curi e exposta por

O núcleo realiza em dezembro a Cavalgada de Tijucas do Sul.

Os mangalarguistas da região têm se destacado no team penning. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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CARE

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Exposições, Copas & Provas Expo

Por Pedro C. Rebouças

EQUITAÇÃO DE TRABALHO Mangalarga faz bonito no primeiro torneio brasiliense da modalidade

O

Cavalo de Sela Brasileiro teve uma participação de destaque no 1º Campeonato Brasiliense de Equitação de Trabalho. Realizado no domingo 20 de outubro, no Parque de Exposição da Granja do Torto, em Brasília (DF), o evento foi uma das atrações do Sela Capital, projeto desenvolvido com o intuito de integrar várias modalidades equestres e cuja programação também incluiu a tradicional Exposição Mangalarga de Brasília. Segundo Ney Messi, Presidente da Associação Brasileira de Equitação de Trabalho (ABET), as atividades dessa primeira edição do evento tiveram início às 09h da manhã e se estenderam ao longo do dia, com as provas de maneabilidade e velocidade ocorrendo de forma simultânea e contando com a participação de um total de 21 conjuntos das raças Mangalarga, Mangalarga Marchador, Lusitano, Árabe e Anglo-Árabe. A raça Mangalarga esteve representada na competição, promovida pela ABET em parceria com o Núcleo de Equitação de Trabalho do Distrito Federal, por cinco representantes da equipe do Centro Equestre Catetinho, instituição que vem promovendo um importante trabalho de estímulo e divulgação da funcionalidade do cavalo Mangalarga em Brasília e suas cidades satélites. Após um dia de movimentadas 84

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

disputas, os principais resultados da raça foram obtidos pelo cavaleiro Jorge Eustáquio de Miranda Araujo, que sagrou-se campeão da categoria Cavalos Novos A, montando a égua Xenia Villa-Verde, e pela amazona Adna de Oliveira Queiroz, terceira colocada na categoria Aberta Jovem Cavaleiros, cuja montaria também foi a alazã Xenia Villa-Verde.

Momento de expansão Criada na Europa, onde é praticada em diversos países, a Equitação de Trabalho tem como finalidade testar a habilidade dos competidores em um circuito que simula obstáculos inspirados na lida no campo. A competição, além disso, é composta por quatro etapas, três delas individuais (Ensino,

Jorge Araujo e Xenia Villa-Verde garantiram vaga para o Campeonato Brasileiro.

Maneabilidade e Velocidade) e uma disputada em equipes (a Prova da Vaca, que se assemelha ao Team Penning), que ocorre em provas de maior porte.

Ney Messi, Adna Queiroz, Thamara Messi, Lia Sato, Aline Duarte, Paula Lacerda, Jorge Araujo e Bia Sato.


Exposições, Copas & Provas ovas

Fotos: Henrique Possebon

Lia Sato montou Xenia Villa-Verde.

Paulo Afonso salta obstáculo com o Mangalarga Elegante.

Beatriz Sato teve como montaria Jarina Catetinho.

Adna Queiroz e Xenia na prova Aberta Jovens Cavaleiros.

No Brasil, a Equitação de Trabalho chegou por volta de 2001, ganhando muitos praticantes em São Paulo, estado que é o principal centro da modalidade e onde foi fundada a ABET. Agora, o esporte começa sua expansão para outras regiões, encontrando em Brasília forte apoio da comunidade mangalarguista. “Nós temos um animado grupo de entusiastas da Equitação de Trabalho no Distrito Federal. Além de estarmos participando ativamente da formação do núcleo da região, temos promovido ações para divulgar a modalidade. Este ano, realizamos três cursos com a presença do Ney Messi, presidente da ABET, e da experiente amazona Thamara Messi, bi-campeã brasileira da modalidade. Todos eles foram muito bem aceitos e estiveram lotados. Agora, fechamos

a temporada com a realização do primeiro campeonato brasiliense, que foi a primeira prova a acontecer fora de São Paulo, inaugurando esse movimento de expansão da modalidade e conseguindo fazer história aqui no Distrito Federal”, celebra Jorge Araujo, diretor do Centro Equestre Catetinho e presidente do Núcleo Mangalarga de Brasília, cujo bom desempenho na competição brasiliense lhe garantiu uma vaga para participar do Campeonato Brasileiro 2019, marcado para acontecer em dezembro, no município paulista de Itapira. Araujo conta também que foi o idealizador e um dos organizadores do Sela Capital. “Nós criamos esse evento com o objetivo de promover a integração de diversos esportes e atividades equestres. Nessa primeira edição, nós realizamos

a Exposição Mangalarga de Brasília, no sábado 19 de outubro, e o 1º Campeonato Brasiliense de Equitação de Trabalho, no domingo 20 de outubro. Havia a possibilidade de realizarmos também uma prova de enduro e outra de adestramento, mas não foi possível incluí-las na programação deste ano. Em todo caso, a expectativa é que novas modalidades venham se juntar ao evento para que possamos fazer anualmente um grande momento de celebração do cavalo aqui na capital federal.” Para obter mais informações sobre as atividades da raça em Brasília, telefone para (61) 99827-4661 ou escreva para nmangalarga.bsb@gmail.com. Já para saber mais sobre equitação de trabalho, visite o portal www. ciadeequitacaodetrabalho.com.br. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Haras H aras em destaque

Por Pedro C. Rebouças Fotos: Norberto Cândido

A propriedade possui painéis de energia solar instalados no teto de sua pista.

HARAS LFT Criatório celebra dez anos alcançando posição de destaque no cenário sul-mineiro da raça

L

ocalizado em Botelhos, no Sul de Minas Gerais, o Haras LFT está completando dez anos de uma exitosa trajetória na raça Mangalarga. Nesse período, consolidou seu sufixo no cenário mangalarguista, estabelecendo um qualificado plantel, com animais que equilibram morfologia e andamento dentro do padrão racial do Cavalo de Sela Brasileiro. O criatório, além disso, firmouse como um importante polo de divulgação e fomento da raça no Sul de Minas Gerais. Para isso, estabeleceu um trabalho atento ao público usuário, cujo ponto alto é o Leilão Haras LFT, evento que chegou este ano à sua terceira edição com forte adesão da população da região e grande atenção da mídia local. “Ao longo destes anos, temos 86

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

O Haras LFT conta com um qualificado time de matrizes.

trabalhado na difusão da raça para usuários e novos criadores, através da promoção desses leilões anuais, nos quais a participação é totalmente aberta ao público, com anúncio na TV e em rádios locais. Nos últimos eventos, aliás, temos contado com um público presente

de aproximadamente 800 pessoas”, comenta Luis Fernando Toledo, titular do criatório, explicando ainda que nesses remates são vendidos cerca de 80% dos quarenta produtos que nascem a cada ano no haras, cujo plantel conta atualmente com um total de 160 animais.


Haras em destaque aque Longa convivência Toledo conta que o início da criação ocorreu no ano de 2009, porém ressalta que o convívio com o cavalo Mangalarga começou muito mais cedo e foi determinante anos mais tarde no momento de definição da raça a ser criada. “Nossa vivência com a Mangalarga começou na década de 1970, quando adquirimos um pequeno sítio sediado no município de Botelhos, onde sempre houve a presença de alguns exemplares da raça para passeio e cavalgadas. Alguns dos animais dessa época cujos nomes me recordo são o Alarife da Nata, o Vicking Muzambinho e o Tirano da Nata. O contato com esses animais foi determinante para que optássemos pelo Mangalarga quando decidimos ingressar na criação.” O titular do Haras destaca que o acontecimento decisivo para o começo da criação foi a aquisição de um diferenciado lote de animais. “Em 2009, nós adquirimos alguns exemplares do Haras OJC. Esse fato acabou nos motivando a dar início à nossa criação. Assim, com o apoio técnico do senhor João Tolesano Junior, começamos a adquirir éguas dos mais diversos criatórios, tais como: Tailandinha DL, Cafelândia OJC, Ondina da Janga, Milena do Otnacer, Lady do São Roberto, Luneta Mangalarga, Eva da Matta,

Os garanhões chefes do haras: G Defensor de JACI, Tigre da JANGA (T.E.) e Bohdan OJC (T.E.).

Era da Jauaperi e Alquimia da Janga, entre outras.” Desde então, um amplo trabalho de estruturação passou a ser feito, visando prover as condições ideais para o contínuo aprimoramento da tropa. Hoje, o haras conta com uma área de aproximadamente 50 alqueires, 40 baias de alvenaria e uma pista coberta para treinamento e realização de eventos com dois mil metros quadrados. O criatório, além disso, está atento à questão da sustentabilidade, mantendo um sistema de placas de captação de energia solar fotovoltaica que garante a autonomia energética da propriedade.

O haras conta com uma estrutura com 40 baias de alvenaria.

Principal objetivo Luis Fernando Toledo explica que seu principal objetivo como criador é ter animais equilibrados, com morfologia e andamento dentro do padrão racial do cavalo Mangalarga. Para alcançar esta meta, o Haras LFT conta hoje com animais de muita qualidade, tendo como garanhões chefes G Defensor de Jaci, Tigre da Janga e Bohdan OJC. O criador explica que a aquisição de G Defensor da Jaci, feita em condomínio com José Luiz da Penha Moreira, teve o intuito de refrescar o sangue do plantel

A produção de G Defensor de Jaci inclui potras de muita qualidade. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Haras em destaque

As instalações do haras contam com uma ampla pista de treinamento.

do haras. “Nós sentimos ao longo desses anos que o sangue de nossos animais estava muito fechado em Turbante JO, então fomos atrás de um garanhão que pudesse propiciar uma abertura de sangue, sem que perdêssemos a morfologia já adquirida e que ao mesmo tempo contribuísse positivamente para o andamento da tropa. Encontramos essas qualidades em G Defensor da Jaci, um garanhão com sangue totalmente aberto, que tem nos ajudado a avançar rumo aos nossos objetivos, assim como outras seis éguas que foram arrendadas do criatório Jaci.” Ainda de acordo com o titular do haras, o convívio com a raça foi muito benéfico para ele e toda a sua família, que encontrou nos eventos da raça e nas atividades do dia a dia com o cavalo Mangalarga uma maneira de tornar-se ainda mais forte e unida. “A criação de cavalos, através de suas muitas atividades, como exposições, cavalgadas e 88

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

leilões, têm nos possibilitado angariar e cultivar amizades junto a criadores e usuários do Mangalarga, propiciando também que atingíssemos outros objetivos como a união da família e a possibilidade de materialização do sonho de produzir um cavalo

perfeito. Estes objetivos estão, aliás, sempre norteando nossas ações ao longo do tempo.” Para obter mais informações sobre o Haras LFT, escreva para o endereço eletrônico haraslft@ gmail.com ou visite a página oficial do criatório no Facebook.

Renato e Janaina Toledo, Elisete Toledo, Gabriela Toledo, Luis Fernando Toledo, Melissa Martins, Marcelo Toledo e Júlia Toledo.



Território Cavalgada Territ

Por Pedro C. Rebouças

CIRCUITO MANGALARGADA Etapa de Paraibuna (SP) fechou o calendário da competição na temporada 2019

90

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Claudia M. Junqueira

A

Murilo Bussab e Pedro Bussab marcaram presença na quarta etapa.

Felipe Angelin

Fazenda São João da Boa Vista, propriedade da família Angelin, localizada no município de Paraibuna (SP), na região do Vale do Paraíba, foi palco da quarta etapa do Circuito Mangalargada 2019. Realizada na manhã do sábado 31 de agosto, a prova contou com grande adesão da comunidade mangalarguista, registrando a presença de competidores provenientes de diversas regiões do estado de São Paulo. A etapa mereceu elogios de muitos dos participantes. Nas redes sociais, a criadora Beatriz Biagi Becker, que se deslocou da região da Alta Mogiana ao Vale do Paraíba para participar da prova, ressaltou os pontos altos do evento. “O dia foi sensacional! Lugar lindo, com trilhas desafiadoras e com uma acolhedora família nos recebendo.” O criador Rodrigo Novais também elogiou o empenho dos anfitriões para o sucesso do evento. “Este é um lugar especial com cara de Mangalargada! Parabéns a toda a família Angelin, vocês fizeram a diferença e mostraram o quanto é bom criar cavalos com a companhia dos familiares. Foi muito bom ver toda a família reunida, empenhada em receber todos os participantes, isso é a Mangalargada!” Já o anfitrião Felipe Angelin destacou que foi uma honra ter

Belas paisagens acompanharam os participantes.


A família Junqueira também esteve na trilha paraibunense

Claudia M. Junqueira

recepcionado a comunidade mangalarguista. “Foi um prazer imenso recebê-los em casa, eu e minha família agradecemos cada um que pôde estar conosco nesse sábado maravilhoso, colocando a prosa em dia com os amigos e fazendo novas amizades junto com nosso Mangalarga. Ficamos muito contentes em saber que todos gostaram, é impressionante ver o que nosso cavalo é capaz de fazer! Além disso, gostaria de deixar um agradecimento especial ao Thiago D’Angieri, um apaixonado pela raça que não mediu esforços para que a Mangalargada fosse um sucesso aqui no Vale.” Além de agradecer pela menção, Thiago D’Angieri enalteceu o êxito da etapa vale-paraibana. “A raça Mangalarga merece todo nosso esforço em prol do seu fomento, por isso contem sempre comigo. Esse foi realmente um dia maravilhoso, responsável por encerrar de forma brilhante o Circuito 2019 da Mangalargada. Que venha o Circuito 2020!” Comprovando o empenho com que vem se dedicando à competição, a família Novais obteve quatro das cinco colocações no pódio dessa quarta etapa da Mangalargada 2019. Rodrigo Novais foi o vencedor da prova. Já Brunna Novais obteve a segunda colocação enquanto Gláucia Novais ficou com a quarta posição e Julia Novais, com a quinta posição. Por sua vez, Pedro Bussab completou o pódio, ficando com a terceira colocação.

Claudia M. Junqueira

Território Cavalgada gada

Os mangalarguistas foram muito bem recebidos em Paraibuna.

Ranking final No sábado 21 de setembro, entre as atrações do último dia da 41ª Expo Nacional, aconteceu a premiação dos melhores do Circuito Mangalargada 2019. A cerimônia foi conduzida pelo Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga

Luís Fernando Sianga

Participantes da etapa na Fazenda São João da Boa Vista. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Felipe Angelin

Claudia M. Junqueira

Território Cavalgada Territ

Luis Augusto de Camargo Opice e pelo Diretor de Fomento Luís Fernando Sianga. Para compor o ranking final da competição, foram considerados os pontos obtidos pelos participantes nas quatro etapas que aconteceram ao longo da temporada, realizadas respectivamente nos municípios de Altinópolis (SP), Botucatu (SP), Mairinque (SP) e Paraibuna (SP). Assim, a primeira colocação ficou com o jovem Pedro Bussab, seguido por seu pai Murilo Bussab (2º), pela amazona Brunna Novais (3ª) e pelos criadores Silvio Torquato Junqueira (4º) e Rodrigo Novais (5º). Na opinião do Presidente Luis Opice, esta segunda temporada da competição conseguiu cumprir com todos os seus objetivos. “A Mangalargada já é um grande êxito, o que me deixa muito contente porque essa foi uma iniciativa que a nossa gestão trouxe para a raça. E tudo aquilo que a gente idealizou está acontecendo, em especial a presença de famílias 92

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Os conjuntos precisaram de técnica para encarar o percurso.

Claudia M. Junqueira

Beatriz Biagi Becker ressaltou a beleza da trilha.

Pódio da quarta etapa da Mangalargada 2019.

participando. Hoje, na premiação, nós vimos três grupos familiares sendo premiados, a família do Emiliano Novais, a família do Silvio Junqueira e a família do Murilo Bussab, inclusive com pai e filho ocupando os primeiros lugares.

Então isso deixa a gente muito entusiasmado, afinal essa prova só tende a crescer, pois ela já caiu no gosto do mangalarguista. Tenho certeza que, independentemente da nossa gestão, ela vai sobreviver e vai ser apoiada nas futuras gestões, pois


A família Angelin recepcionou os amigos em Paraibuna. Claudia M. Junqueira

A competição contou com quatro etapas ao longo do ano. Márcio Mitsuishi

ela veio pra ficar.” A competição também mereceu elogios do mangalarguista Murilo Bussab. “Nós estamos participando desde a primeira prova da Mangalargada. De lá para cá, nós fomos a todas as etapas, tanto em 2018 como em 2019. Para mim, este é essencialmente o esporte para o Mangalarga, pois traz tudo que o convívio com a raça proporciona, como o prazer de montar e o privilégio de ver lindas paisagens. Além disso, permite que nós possamos competir em um ambiente sem o grande estresse de uma competição muito complexa, ao mesmo tempo em que possibilita uma disputa com uma pitada de adrenalina, na qual nós temos a oportunidade de participar junto com a família e com os amigos. Isso tudo é muito bom e a gente adora, afinal essas atividades estimulam o uso do cavalo e são fundamentais para a raça.” Já o campeão da temporada, o jovem Pedro Bussab, conta que começou a participar da modalidade mangalarguista de forma despretensiosa. “No ano passado, meu pai me chamou para participar. Até então, eu costumava andar pouco a cavalo, fazia apenas alguns passeios. Então a gente começou a participar e eu comecei a gostar e a ir melhorando conforme o tempo passava, como, aliás, aconteceu de modo geral com todos os outros participantes. Assim, a gente pôde ver que conforme o tempo ia passando, as provas iam ficando mais difíceis, pois no começo era mais uma brincadeira, a gente só ia lá para se divertir, agora as coisas estão ficando mais sérias.” Agora, a ABCCRM já começa a trabalhar no calendário de eventos da próxima temporada, estudando quais serão as etapas que irão compor o Circuito Mangalargada 2020. Para acompanhar as novidades ou obter mais informações sobre a competição, ligue para (11) 3677-9866 ou visite o portal www.cavalomangalarga.com. br.

Felipe Angelin

Território Cavalgada gada

A premiação dos melhores do ano foi feita na 41ª Nacional. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Território Cavalgada Territ

Por Pedro C. Rebouças

MARCHA MANGALARGA SP

Além de testar as qualidades dos cavalos da linhagem SP, essa diferenciada cavalgada promoveu a observação das transformações da agricultura e das cidades do interior paulista

A comitiva na chegada ao município paulista de Itirapina.

O

s cavaleiros Francisco de Godoy Bueno, Gastão Mesquita Filho e Lucas Paiva Garcia concluíram, no sábado 07 de setembro, a cavalgada de 500 quilômetros da Marcha Mangalarga SP. A viagem, que teve início no dia 26 de agosto, no Centro Equestre Apalu, em Alumínio (SP), atravessou o estado de São Paulo com destino à Fazenda Pindorama, localizada no município de Barretos (SP). De acordo com os cavaleiros participantes, a jornada teve o caráter de um ‘raid’ de resistência, planejado para testar e comprovar as qualidades dos cavalos da raça Mangalarga, especialmente da linhagem SP, iniciada por Sebastião de Almeida Prado, bisavô de 94

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Francisco Bueno, Gastão Mesquita e Lucas Garcia protagonizaram a viagem.

Francisco e importante fazendeiro e criador de cavalos Mangalarga. O percurso, além disso, foi definido com a intenção de representar simbolicamente a devolução e evolução da criação de cavalos dessa tradicional tropa. Segundo Francisco Bueno, atual responsável pelo criatório SP da Nani e idealizador da marcha, “o percurso escolhido simboliza a evolução do nosso critério de criação, hoje mais direcionado ao esporte e lazer, sem perder as origens dos nossos antepassados. Assim, seguimos do Centro de Treinamento, onde os animais estavam em preparação, à fazenda que foi do meu trisavô e onde se iniciou a seleção de nossa tropa, atualmente de propriedade de

Antônio Carlos Tinoco Cabral Neto (Cacá)”. A comitiva contou com a participação de seis animais - o garanhão Esteio SP da Nani e as fêmeas Estrela SP da Nani, Esmeralda SP da Nani, Gambeta SP da Nani, Picareta SP e Cachaça Porã -, cujo treinamento esteve a cargo de Lucas Paiva Garcia, ginete profissional que comanda o Centro Equestre Apalu. Segundo Lucas, que também cuidou do planejamento e do trajeto da cavalgada, “o principal desafio foi estabelecer um treinamento dos cavalos de modo a garantir que fosse possível cumprir a meta estabelecida, de cavalgar a distância mínima de 45 quilômetros por dia, o dobro de uma comitiva tradicional”.


Território Cavalgada gada

Fotos: R. Gama/Imprensa PMI

Observação histórica e social Em entrevista ao programa Mercado Futuro, Francisco Bueno destacou ainda que a iniciativa acabou ganhando contornos além dos inicialmente previstos. “Nós somos apaixonados pela agricultura, pela pecuária, pela história do nosso Estado, então esse projeto acabou sendo mais do que um teste para os cavalos, ele se tornou também uma experiência sócio-agricultável. Afinal, a gente atravessou São Paulo, partindo da região de Sorocaba (SP), um polo que foi muito importante na história, se sobressaindo na época do tropeirismo, e seguindo com destino à região de Barretos, um polo que sempre teve grande destaque na pecuária, recebendo o gado que vinha de Goiás e Minas Gerais.” Para Gastão Mesquita, essa análise histórica e social foi uma motivação adicional para a marcha, permitindo a observação de como as cidades se modificaram com o tempo, desde a época dos trilhos de ferro, café, pecuária e cana, até a chegada aos dias atuais para entender esse novo Estado de São Paulo sob uma perspectiva que não é possível nas viagens motorizadas. “Antes de iniciar a viagem, nós lemos muito os diários dos viajantes do início do século, que contam a história do nosso Estado e do nosso País. Passar novamente

pelos caminhos hoje modificados, a cavalo, nos permitiu uma compreensão ampliada do nosso território e da agricultura que nele fazemos”. Francisco Bueno, por sua vez, ressaltou que a jornada foi uma rica fonte de observação das transformações do território paulista. “Nós passamos por diferentes regiões em que a agricultura é muito diversa, o solo é muito diverso, então reparamos muito nessas características e na forma como as cidades foram se movimentando, com as ocupações sociais se transformando de acordo com a agricultura de cada uma dessas regiões. Nós tiramos muitas fotos e anotamos muitas informações em um diário e agora esperamos um dia ter condições para transformar esse material em um livro.” Vale ressaltar ainda que o projeto teve curadoria do atual titular da Tropa SP Antonio Carlos Tinoco Cabral Neto (Cacá), do professor de equinocultura e técnico da raça Raul de Almeida Prado e do titular do Centro Equestre Apalu Lucas Paiva Garcia. Além disso, contou com o apoio de uma competente equipe, composta por César Pequeno (veterinário responsável pelo manejo nutricional dos animais), Paulo José Sanchez (veterinário responsável pela sanidade e pelo programa de treinamento dos animais),

A comitiva percorreu um percurso de 500 quilômetros.

Os animais receberam todos os cuidados necessários.

Arthur Cabral (responsável pelo ferrageamento da tropa e pelo apoio operacional e logístico), Paulo Gontijo (responsável pelo manejo da tropa durante a viagem e apoio aos participantes) e Antonio Carlos Tinoco Cabral (filho de Cacá e continuador da Tropa SP, Tonhão foi o responsável pelo apoio à marcha desde Barretos, estando também sob sua responsabilidade a mostra e a chegada na Fazenda Pindorama). Para obter mais informações, visite o portal www. marchamangalargasp.com.

Foto: Marcha SP

Chegada da comitiva à Fazenda Pindorama.

O trio mangalarguista é recepcionado em Itirapina (SP). Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Território Cavalgada Territ

Por Murilo Bussab

2ª CAVALGADA DE PIRACICABA Passeio contou com grande adesão da comunidade mangalarguista, comprovando o êxito da política de incentivo ao uso da raça na região

A cavalgada percorreu um trajeto de 18 quilômetros.

D

epois do sucesso da primeira edição, realizada em maio, e das provas e treinamentos realizados ao longo do ano, em 14 de setembro o Núcleo de Piracicaba e Região organizou uma nova edição da sua cavalgada. Desta vez o ponto de partida foi o Haras Morro Grande, em Rio Claro (SP), propriedade do tradicional criador José Roberto Petrucci. Nos últimos anos, Petrucci junto com seu filho Bruno implementaram um intenso plano de desenvolvimento da sua criação e os resultados já começam a despontar. Prova disso foram as conquistas obtidas na última Exposição Nacional, com o Haras Morro Grande fazendo dois campeões nacionais: Vaticano HMG e Ópera da Elo Verde. Partindo da belíssima sede do haras, os cavaleiros percorreram aproximadamente 18 km em um 96

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Os participantes se encantaram com a beleza do trajeto.

trajeto por sinuosas estradinhas de terra, passando por fazendas de gado de corte, gado de leite, pequenos sítios e plantações de eucalipto, sendo uma boa parte do percurso margeando o rio Corumbataí.

Destaque para a passagem pelo distrito de Ferraz, um simpático vilarejo, onde cavaleiros e amazonas se juntaram às equipes de apoio e fizeram uma animada parada de descanso na praça da igreja.

José Roberto Petrucci conduziu a comitiva.


Fotos: Núcleo de Piracicaba

Depois de três horas e meia pelas trilhas, os participantes retornaram ao Haras Morro Grande onde foi servido um tradicional almoço de fazenda. Carlão Thomaz (Haras ACT) e Nei Remédio (Novo Tempo), ambos de Araras (SP), foram os principais organizadores do evento. Carlão conta que esta segunda edição da cavalgada teve um propósito mais específico em termos de promoção da raça: “No primeiro evento, em maio, realizamos uma cavalgada do Núcleo, mas aberta a participantes com qualquer animal. A ideia era justamente mostrar a superioridade dos cavalos Mangalarga em relação aos demais. E o propósito, à época, foi plenamente atingido. Dessa vez, a cavalgada foi exclusiva para animais Mangalarga (com registro), e agora mostramos que além de ser um animal superior, quem possui um exemplar da raça tem acesso a eventos únicos!” Com o sucesso das cavalgadas, treinamentos e provas, os participantes do Núcleo acreditam que estejam no caminho certo, uma vez que o propósito desta turma sempre foi o de colocar o cavalo para trabalhar. Essa empolgação já está levando o Núcleo a criar uma programação de atividades intensas para o ano de 2020.

Carlão Thomaz e Lucas Pellegrini

Território Cavalgada gada

A animada parada para descanso no distrito de Ferraz.

A comitiva percorreu as belas paisagens rio-clarenses.

Após o passeio, os cavaleiros foram recebidos para um gostoso almoço.

Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Território Cavalgada Territ

Por Pedro C. Rebouças

22ª CAVALGADA CIDADE DE GOIÁS

Passeio percorreu 36 quilômetros de belas paisagens ao longo de dois dias de viagem pela Serra Dourada

O

Núcleo Mangalarga de Goiás promoveu, no feriado prolongado da Proclamação da República, a vigésima segunda edição da Cavalgada Mangalarga da Cidade de Goiás (GO). O evento, organizado anualmente pelos criadores Celso Jubé (Fazenda Serra Dourada) e Fábio Veiga (Fazenda Ouro Quente), foi também válido para o calendário oficial da raça, somando pontos para o Ranking de Núcleos 2019. O ponto de partida do passeio foi a Fazenda Serra Dourada, onde os participantes foram recepcionados com toda a atenção pela família Jubé, na manhã da sexta-feira 15 de novembro. Após uma breve confraternização, os cavaleiros partiram para percorrer o primeiro 98

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

A cavalgada encerrou as atividades do núcleo em 2019.

trecho da cavalgada, um percurso de dezoito quilômetros com destino ao Sítio Nova Era. “Nós começamos a cavalgada por volta das 10h da manhã com tempo fechado mas sem chuva, o que tornou o passeio muito agradável para todos. Depois de partirmos da Fazenda Serra Dourada, nós percorremos as belas paisagens da região da Serra Dourada, atravessando no caminho dois riachos, o Bugre e o Muquém. No fim do trajeto desse primeiro dia, fomos recepcionados com um gostoso almoço no sítio Nova Era”, conta Celso Jubé. O organizador revela ainda que a comitiva estendeu sua permanência na propriedade. “À noite, o casal anfitrião, formado

Fotos: Divulgação

A cavalgada contou com a participação de 30 cavaleiros.

O evento contou com a adesão dos mangalarguistas da região.


Território Cavalgada gada pelo Salomão Neto e por sua esposa Anali, nos ofereceram um saboroso churrasco com um carneiro assado bem temperadinho, acompanhado por uma cervejinha gelada. Depois dessa boa refeição, fomos dormir para estarmos descansados para enfrentar na manhã seguinte mais uma boa cavalgada pela região.” No sábado, 16 de novembro, o grupo partiu por volta das 09h30 da manhã para refazer o trajeto rumo à Fazenda Serra Dourada. Após 18 quilômetros de uma animada cavalgada, marcada por momentos de confraternização e interação com a natureza, a comitiva composta por 30 cavaleiros, em sua maioria montando cavalos Mangalargas, chegou ao seu destino, onde a família Jubé ofereceu a todos um farto almoço com arroz com linguiça, feijão e pequi, fruto típico do cerrado que deu um toque especial à refeição. Para matar a sede, além da cerveja gelada, os anfitriões ofereceram aos visitantes sucos de frutas cultivadas na região, como tamarindo e cagaita. Jubé revela ainda que a vigésima segunda edição da cavalgada contou com participantes de diversas cidades goianas, como Itapuranga, Senador Canedo, Itaberaí e também da própria

Participantes oram antes de iniciar mais um dia de cavalgada.

Cidade de Goiás. O evento, além disso, teve os patrocínios de Guabi Equinos, Rações Comigo, Loja Uniagro, Nutrofarma, Marconutra e Kadoche Fenos e Pré-Secados. O Núcleo Mangalarga de Goiás contou com uma movimentada agenda de eventos ao longo de 2019. O Estado foi palco de cavalgadas, como a da Fazenda Serra Dourada, que aconteceu em janeiro abrindo a temporada, e as exposições de

O trajeto incluiu a travessia de dois córregos.

Anápolis e Palmeiras de Goiás, que aconteceram respectivamente em abril e em agosto. Isso sem falar nas tradicionais cavalhadas goianas que têm o Cavalo de Sela Brasileiro como uma de suas principais estrelas. Para obter mais informações sobre as atividades da representação regional goiana, telefone para (62) 3268-3028 ou escreva para n.mangalargago@gmail.com.

Celso Jubé guiou a comitiva pela Cidade de Goiás.

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Revista Mangalarga

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Memória Mangalarga Memó

Por Pedro C. Rebouças

ODISSEIA MANGALARGUISTA Iamani SP1 e Urutau de N.H. foram protagonistas da principal epopeia protagonizada pela raça Mangalarga Michèle Corson

O

Atravessar os Andes foi um dos desafios da viagem.

Urutau e Stèphane no Salar de Lari, no Atacama.

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não é exceção neste contexto. Afinal, a raça também possui a sua jornada épica, uma incrível viagem pela América do Sul, protagonizada pelos machos Iamani SP 1, produto do cruzamento entre o reprodutor Duelo SP e a égua Xepa, e Urutau de N.H., filho de Libuno de N.H. em Jurity de N.H.. Sob o comando de um ousado casal de pesquisadores franceses, Stèphane Bigo e Michèle Corson, os dois animais percorreram 8.500 quilômetros em pouco mais de doze meses de viagem, atravessando seis países: Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Peru, e Bolívia. Essa grande jornada permitiu à raça uma nova compreensão de suas qualidades e elevou o cavalo Mangalarga a um novo patamar dentro da equinocultura nacional e internacional.

Michèle Corson

na estrada”, como ficou conhecido no Brasil. Todas essas narrativas possuem pontos de convergência que explicam esse milenar fascínio. Afinal, seus personagens encontram nessas jornadas um caminho para o autoconhecimento e para a superação de seus próprios limites. O meio mangalarguista, aliás,

Michèle Corson

s relatos sobre viagens encantam a humanidade há milênios. Uma prova desse fascínio está no fato de aquela que é considerada a mais antiga obra literária da história ser justamente a narração de uma aventura do gênero, a “Epopeia de Gilgamesh”, escrita na Mesopotâmia por volta de 2.600 a.C.. Após essa primeira obra, muitas outras surgiram para atiçar o imaginário popular. Na antiguidade clássica, o grego Homero concebeu a “Odisseia”, narrando as desventuras do herói Odisseu (Ulisses). Mais tarde, a peregrinação de Marco Polo pelo extremo oriente fascinou a Europa. E no século passado, as aventuras da geração “beatnik” pelas estradas norte-americanas foram eternizadas por Jack Kerouac em seu livro “On the Road”, ou “Pé

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

O grupo superou os 5.000 metros de altitude.


Memória Mangalarga arga

Mapa com o trajeto percorrido ao longo da viagem.

Grandes desafios A viagem foi repleta de desafios, atravessando algumas das mais incríveis e inóspitas regiões do planeta. Entre os obstáculos enfrentados pelo grupo estavam desertos, terrenos pedregosos e íngremes, áreas alagadiças, elevadas altitudes e montanhas nevadas, além de uma grande variedade climática e topográfica. A travessia de um trecho de 800 quilômetros do deserto do Atacama, localizado em território chileno e considerado o local mais árido do mundo, exigiu que os animais enfrentassem uma incrível oscilação de temperatura, pois na região os termômetros podem variar de 45 graus durante o dia a -20 graus no decorrer da noite. Segundo os franceses, um dos momentos mais marcantes da

jornada aconteceu nessa região, quando foram surpreendidos pelo rápido anoitecer em um dia em que se afastaram do acampamento para procurar água. Com o cair da noite, os pesquisadores começaram a passar muito frio, já que haviam saído sem agasalhos. Desesperados, soltaram as rédeas de suas montarias, que começaram a andar pela noite escura e fria até subitamente pararem, surpreendendo os ginetes, que constataram com alegria estar de volta à base. O maior desafio, entretanto, ocorreu na chegada à Argentina. Os franceses pretendiam subir a Cordilheira dos Andes quando um coronel da cavalaria local abordouos dizendo que era impossível um cavalo ir além dos três mil metros de altitude. De acordo com o oficial argentino, haviam sido feitas duas

Michèle Corson

O projeto da jornada teve início em 1984. Naquela ocasião, o casal francês requisitou animais da raça para fazer um levantamento sócioeconômico sobre o continente sulamericano para a Unesco, a divisão das Nações Unidas voltada para a educação, a ciência e a cultura. Os pesquisadores acreditavam que utilizando os cavalos como meio de transporte, teriam a possibilidade de interagir com pessoas de todos os níveis sociais do continente. Confiantes na qualidade do cavalo Mangalarga, dois criadores se ofereceram para ceder animais aos pesquisadores. Arnaldo de Almeida Prado cedeu para a empreitada o tordilho Iamani, na época com oito anos, enquanto Adaldio José de Castilho forneceu o jovem alazão Urutau, então com três anos e dez meses de idade, e o burro Lampari, responsável pelo transporte das provisões e equipamentos do grupo. Em 25 de novembro de 1984, a pequena comitiva deu início ao primeiro trecho da longa cavalgada, partindo do município paulista de Novo Horizonte, com destino à paranaense Foz do Iguaçu, na divisa com o Paraguai. Em pouco tempo de viagem, os pesquisadores constataram que não poderiam ter escolhido raça melhor. Afinal, os dois Mangalargas reuniam diversas qualidades essenciais para a realização da jornada. Além da rusticidade, que permitia aos animais suportarem as severas condições da viagem, o bom temperamento característico da raça evitou inúmeros problemas durante os mais de doze meses de travessia pelo continente. Além disso, outro grande diferencial estava no andamento típico da raça, com sua marcha cômoda e progressiva, responsável por proporcionar um ótimo ritmo para a cavalgada e por preservar o bemestar dos cavaleiros.

Arquivo ABCCRM

O início

A chegada ao Pacífico foi um dos momentos mais emocionantes. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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O grupo percorreu 8.500 quilômetros pela América do Sul.

e, quando a atravessaram, notaram que os animais os tinham seguido, pisando tábua por tábua.

Rusticidade Durante os mais de doze meses de viagem, cinco deles passados em altitudes extremas, os pesquisadores tinham que enviar para a Unesco relatórios semanais sobre as regiões pelas quais passavam. Paralelamente, encaminhavam relatos sobre o desempenho dos dois exemplares da raça para uma revista francesa especializada em equinos. Os dados coletados durante a epopeia, que incluíam medições de altura e peso, confirmaram as boas impressões iniciais do casal de franceses. Mas um fato, sobretudo,

impressionou a todos. A surpresa foi ver que Urutau havia crescido três centímetros no decorrer da longa cavalgada, provando que não estava totalmente adulto e demonstrando a força da seleção do cavalo Mangalarga no item rusticidade. Como heróis épicos, Urutau e Iamani enfrentaram grandes provações, superando seus limites e imortalizando seus nomes na história mangalarguista. O feito causou grande repercussão e disseminou o nome da raça Mangalarga por vários países europeus. A curiosidade despertada no meio equestre proporcionou até mesmo um convite para a Equitana, a maior feira do segmente equestre em todo o mundo. Além disso, dando continuidade à tradição literária de relatos de grandes viagens, a jornada de Iamani e Urutau também mereceu parar nas páginas de um livro. Escrita por Stèphane Bigo, a obra se chama “Crinières sans frontières” no original em francês e é leitura obrigatória para os amantes do tema. (A versão original deste texto foi publicada originalmente no suplemento Horse Mangalarga de julho de 2009)

Arquivo ABCCRM

tentativas anteriores com grupos de trinta animais. Mas, quando chegavam a elevadas altitudes, os equinos acabavam padecendo de puna. Esse mal-estar, causado pela falta de oxigênio no ar, acabava por aumentar a pressão arterial dos animais, gerando sangramentos nas narinas e ouvidos e em alguns casos levando até à morte. Determinados a cumprirem seu compromisso com a Unesco, os pesquisadores decidiram enfrentar o risco da altitude e foram subindo poucos metros ao dia, permitindo que os cavalos se aclimatassem. Quando chegaram aos três mil metros, constataram que os animais nada haviam sofrido e decidiram então ir além. Seguiram até o topo da cordilheira, a mais de cinco mil metros de altitude, sem que os animais nada sofressem. As aventuras na alta montanha, entretanto, não pararam por aí. Afinal, durante um dia de deslocamento a mais de quatro mil metros de altitude, o grupo se deparou com um enorme precipício, cuja única passagem era uma ponte ferroviária mais parecida com um mata-burro. Assustados com o novo obstáculo, aparentemente intransponível, os aventureiros foram verificar a ponte

Stèphane Bigo

Memória Mangalarga Memó

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Revista Mangalarga

Dezembro, 2019



A voz do criador

Fotos: Arquivo do Autor

MANGALARGA, UM CAVALO PROJETADO

O

Mangalarga não foi um cavalo que surgiu naturalmente, assim como a raça Crioula que foi selecionada naturalmente pela sua rusticidade nos pampas gaúchos. O Mangalarga foi um projeto de um cavalo ao atendimento de uma necessidade. Necessidade esta de uma determinada época, na região onde se encontrava. Cavalo esportivo, amplo no seu deslocamento, ideal para caçadas e lida com gado nos campos planos do estado de São Paulo. Partiu como base de animais que vieram do sul mineiro em que a marcha era o item que prevalecia como referência. Com o passar dos anos, infusões de sangue foram feitas objetivando correções zootécnicas e dinâmicas no projeto do cavalo de sela brasileiro. Aqui quero pausar o texto onde a expressão “Cavalo de Sela” faz a referência a determinado tipo de animal conceituado nesta categoria de “Cavalos de Sela”. Mas o que significa cavalo de sela? Muitos usuários e também alguns criadores não fazem ideia do significado pois não existe precedente cultural no Brasil para este tipo de animal projetado. Quando estive no interior da Inglaterra, Holanda, Alemanha e Bélgica, pude concretizar a real identidade do significado “cavalo de sela”. Ao cruzar toda a região de Chelteham até Bath, no sul da Inglaterra, e o interior dos outros países da Europa, visitando

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Revista Mangalarga

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Panô com a representação de caçada na Europa.

propriedades, vi em loco o espírito esportivo e o uso dos cavalos de sela. Animais que cruzavam as estradas, pulando obstáculos e rasgando os campos. Eram cavalos grandes e de trote. Lembrei de um panô que minha mãe tinha pendurado na parede de casa no qual estava bordada a cena de uma caçada ao veado na Europa. Cena para a qual todos os dias eu olhava sem me deter no tipo de cavalo que ali estava, pois tratava-se do mesmo tipo de cavalo com o qual me deparei no interior da Europa. Apesar de ter tido uma infância privilegiada e rústica por morar na fazenda, onde meu pai trabalhava, eu sempre tive contato com cavalos. Nunca me detive naquele tipo de cavalo esportivo do panô e seu objetivo. Morei até os sete anos de idade na fazenda. Posteriormente retornando todos os finais de semana acompanhando meu pai naquela jornada de trabalho na agricultura de arroz e pecuária. Meu brinquedo sempre

foi o cavalo, a minha motivação para trabalhar na lida com o gado era imensa. Pude ter contato com quase todas as raças. Ganhamos cavalos PSI vindos do Jóquei de São Paulo que haviam sido aposentados das corridas (Royce, Jayanito e Ninho de Prata). Eram garanhões que usávamos para emprenhar as éguas locais da fazenda e produzir animais para lida. Na sequência (1978) tive cavalos de marcha para passeio (centro e picada), Mangalarga mineiro, de marcha de centro, na cor castanha pinhão e também o cavalo da raça Campolina de marcha picada na tradicional cor baia. Na sequência dos anos, para a lida com o gado, surgiu na região o uso dos cavalos Crioulos brasileiros, de pescoços pesadíssimos (1980), anterior à infusão da linhagem Chilena (Horneiro 1985). Região esta da nossa fazenda com influência gaúcha por conta da Revolução de 1930, onde foi um campo de batalha. Houve a introdução de hábitos, música e costumes gaúchos que estão presentes até os dias de hoje, inclusive os cavalos crioulos. Na mesma década de 80, tivemos os Mangalargas de cor alazão da descendência J.O.. Raça que se encontrava na plenitude, na moda. Possuir um exemplar era símbolo de status na sociedade paulistana, com o adesivo da Mangalarga, contendo seu logo tradicional, estampando cada veículo. Posteriormente, na década de 1990, veio a febre dos Quarto


A voz do criador ador de Milha, os quais passamos a usar uma vez que estes estavam relacionados ao uso na apartação, e ditos aptos à lida. E assim transcorreu até 2009. Em 2010, por voltar a atenção novamente para a área de pecuária, resolvi retornar com cavalos de “marcha”, os quais, entre tantas raças testadas, eram os que mais me agradavam. Optei pelo Mangalarga, pois este tinha um único andamento quando reproduzido, com deslocamento diagonal e macio. Assim foquei o futuro da tropa da fazenda na raça Mangalarga, a “Paulista”, como é popularmente conhecida. Após esse breve relato da minha história com cavalos, vamos voltar ao projeto do Mangalarga como cavalo de sela e seu entendimento por parte dos usuários no dia de hoje. Quero focar neste ponto pois tenho como entendimento uma mudança no uso do solo e do destino das propriedades rurais principalmente no interior do estado de São Paulo, na região da Mogiana onde o cavalo Mangalarga surgiu. Desde a crise do petróleo, ocorrida na década de 70 e responsável pelo surgimento do programa pró-álcool como fonte energética, as fazendas de pecuária foram tomadas pela cultura da cana de açúcar. As terras no interior do estado passaram a se valorizar muito e ficaram caras para a pecuária permanecer. A agricultura de cereais também se fez presente como alternativa ao alto custo do solo. Neste contexto, a valorização da ecologia trouxe impedimentos às caçadas, sendo esta uma das principais diretrizes do projeto do cavalo de sela esportivo brasileiro. Os usuários de cavalos nos dias atuais estão muito restritos a pequenas propriedades de lazer ou cocheiras de aluguel, ambas com um único objetivo; as cavalgadas e passeios. Esportivamente, as copas de marcha vêm ocupando o destino dos cavalos desta categoria. Ficou

muito difícil de competir e ganhar terreno na função, disputando com raças bem focadas neste quesito. Parece clara e evidente a vocação natural do Mangalarga a ocupar um lugar de destaque entre as raças de marcha, para passeios e cavalgadas, ficando na categoria diagonal ampla, como é chamado esse andamento nos Poeirões que acontecem país afora. Mas qual é a mensagem da raça Mangalarga para conquistar este espaço? Seria ainda a do cavalo completo? Mas o usuário potencial comprador de hoje para este tipo de cavalo tem foco único e exclusivo em passeios e cavalgadas! Como posicionar este produto projetado há mais de cem anos nos dias atuais? O Mangalarga foi forjado logo após a Revolução Industrial, e, atualmente, estamos na nova era da Revolução Digital. Como pensar em um produto alinhado ao seu potencial consumidor? Já fui criticado por um tradicional criador pela minha visão mercadológica sobre o Mangalarga, disse ele: “Quem visa o mercado, não cria raça, não cria nada”. Concordo até certo ponto, mas indaguei: “Quem sustentará esta criação sem mercado comprador ?” Talvez sob a minha ótica relacionada ao comércio seja vetorizada ao ciclo completo de um produto; projeto, produção e conclusão com a venda e satisfação do cliente. Nunca parei para pensar de uma maneira romântica em criar cavalos sem o ciclo se fechar e desta forma haver prosperidade. Sou do varejo, passo quase todos os minutos focado na criação de um ecossistema virtuoso onde o foco principal é o cliente. Como entender o que ele deseja e como atender a sua necessidade. Todos os dias gastamos muito tempo e dinheiro no custo de aquisição de novos clientes, tornando-o fiel e satisfeito com aquilo que oferecemos. Não vejo outra saída para a raça Mangalarga que não seja uma reflexão sobre um novo

posicionamento do produto do cavalo proposto para atender o potencial consumidor de hoje e assim o ciclo se fechar. Parece óbvia tal colocação mas várias empresas tradicionais fecham suas portas por não se atentarem às mudanças dos tempos e acabarem assim perdendo o foco no seu cliente. Qual é o objetivo da raça Mangalarga? Este objetivo como raça está claro e sendo comunicado de maneira correta ao futuro potencial usuário do cavalo projetado? Na lei de mercado, “toda demanda cria sua oferta (produto)”, mas aqui no projeto do Mangalarga, segue-se a lei de Say onde “toda oferta (produto) criará a sua demanda”. Será que isto se aplica a um produto projetado há mais de um século sem considerar as mudanças ocorridas ao longo dos anos? Aqui, não me refiro à mudança de um padrão mas sim a um ajuste de posicionamento do produto oferecido, talvez seja necessário um enfoque diferente no marketing do produto, passando por um ajuste na sua embalagem, mensagem, chegando até o detalhe de design. Tudo isto sem perder a característica principal que neste caso se chama Raça Mangalarga.

Ricardo Urbano Nassar Sócio 08170 - Tropa Urbano Faz. Mandaçaia - Buri – SP Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Espaço Técnico Espa

JULGAMENTO DOS EQUINOS DE MARCHA: METODOLOGIAS

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Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

alguma idade, ganho de peso, produção de leite e percentual de proteína do leite são exemplos de avaliações simples e precisas diretamente ligadas ao objetivo da criação e que permitem a eleição dos animais superiores de forma inquestionável. Na Equideocultura os desafios são maiores, dada a complexidade que envolve as avaliações. As competições entre animais das raças Puro Sangue Inglês ou Quarto de Milha, por exemplo, podem ser avaliadas com a utilização de cronômetros em provas baseadas no tempo de execução, embora também nesses casos, o que se avalia não é apenas o cavalo, mas sim o conjunto cavalo/ cavaleiro e todo seu histórico de manejo e treinamento. Mas o que dizer de provas de conformação e marcha? Bem, essas dependem da avaliação subjetiva de árbitros, o que muitas vezes gera desconforto no anúncio dos resultados, por ser algo que nem sempre é consenso entre aqueles que delas participam. De forma ainda lenta e grada-

tiva, começam a ser incorporadas novas tecnologias para avaliação e treinamento dos animais, que espero, tornem-se rotina na maioria dos haras e centros de treinamentos em breve. As novas tecnologias e suas possibilidades serão tratadas em artigo futuro, pois nesse serão levantados pontos para reflexão a respeito das modalidades de julgamentos e suas particularidades. Objetivos dos julgamentos Os julgamentos têm como objetivo principal fazer um comparativo dos animais, com premiação dos melhores, chamando a atenção para as características importantes que valorizem aquela raça e os animais individualmente. Servem como forma de incentivo e coroação da realização do trabalho daqueles que se dedicam e conseguem se sobressair. Podem ainda ser utilizados como balizadores, como exemplo ou mesmo como objetivo a ser perseguido pelos demais. Auxiliam na identificação e seleção de animais superiores

Márcio Mitsuishi

A

raça Mangalarga vive momento em que a qualidade dos animais apresentados nas competições tem encantado os criadores, técnicos, amantes da raça e todos aqueles que convivem no meio equestre. Essa qualidade de animais é fruto de anos de trabalho de criadores visionários e dedicados. Cada um deles, à sua época, traçou na linha do tempo as diretrizes de seu criatório e da raça. Os caminhos são longos, muitas vezes tortuosos, nos quais há momentos de grande evolução, outros de retrocessos, mas são eles que moldam a raça na atualidade e projetam o futuro. O processo de melhoramento das raças é algo que envolve talento, técnica, arte e sensibilidade, elementos que precisam ser trabalhados juntos de forma planejada e organizada. Na criação de equinos os parâmetros de avaliação têm como grande norteador as diversas provas zootécnicas. Como provas zootécnicas, entende-se aqui as competições equestres nas quais seja possível a aferição do desempenho individual e comparativo entre os animais que compõem uma raça ou grupo de animais. Essas devem primeiramente estar alinhadas ao objetivo de criação da raça, ou seja, devem ser capazes de avaliar de forma precisa e clara as características que tornam um indivíduo superior, mediano ou inferior. Diferentes espécies possuem maior ou menor facilidade nesta avaliação. Nos bovinos, dados como peso em

Cena de julgamento de marcha na Nacional 2019.


Espaço Técnico cnico geneticamente e na orientação para acasalamentos, embora aqui caiba uma importante consideração. Nunca devemos nos esquecer que, no julgamento, o que se avalia é o fenótipo, ou seja, um conjunto de atributos oriundos da ação dos genes associados também do manejo ao longo da vida daquele animal. Muito importante também ressaltar que em meio à competição, os julgamentos devem ser motivos de congraçamento e de troca de experiências entre criadores e consequentemente, fomentar a criação e as relações comerciais. Finalmente, os julgamentos também possuem importante função didática para a orientação aos criadores, apresentadores, treinadores e amantes do cavalo. Qualidade dos Julgamentos - Para que os julgamentos cumpram seus objetivos descritos, eles devem fundamentalmente buscar a equidade e premiar os animais superiores de forma clara e compreensível. Alguns pontos precisam ser continuamente trabalhados e serão elencados a seguir como itens necessários ao ‘Julgamento de Excelência’.

Os eventos da raça Mangalarga têm sido acompanhados de perto para subsidiar as tomadas de decisões, no sentido de buscar ações que visem aprimorá-los a partir de trabalhos contínuos e graduais. Dentre as ações práticas realizadas, a partir da identificação de pontos conflitantes ou daqueles considerados importantes para a evolução na qualidade de avaliação, os regulamentos e sistemática de avaliação, passam anualmente por atualizações. Também a cada ano, são promovidos encontros técnicos para atualização, treinamento e avaliação dos jurados que compõe o quadro oficial. Novos jurados vêm passando por processos criteriosos de seleção para serem incorporados ao time e jurados

consagrados em outras raças têm participado de intercâmbios com os nossos, promovendo grande troca de experiências. Pesquisas têm sido incentivadas e os resultados começam a contribuir para tomada de decisões. Um simpósio focado nos principais pontos relevantes está sendo preparado. Dentre alguns pontos mais palpáveis para serem tratados a seguir serão apresentadas ponderações sobre as metodologias dos julgamentos e suas possíveis variações para que se possa levantar discussões entre os prós e contras de cada uma delas. A definição da metodologia de julgamento possui os seguintes objetivos: • Homogeneizar a atuação de todos os jurados em todos os eventos; • Dar condições iguais a todos os competidores na busca da justiça; • Ter uma sequência lógica e única de ações, que auxiliem o raciocínio do jurado, favoreçam o treinamento dos animais, o trabalho dos apresentadores e o acompanhamento dos criadores; • Dar agilidade aos trabalhos; • Ser instrutiva, didática e agradável de ser acompanhada; • Ressaltar as virtudes da raça para o público; • Contribuir para que o resultado seja justo; • Estimular os criadores na busca pela excelência;

Márcio Mitsuishi

Norberto Cândido

• O Padrão Racial deve ser bem descrito; • O Regulamento de Competições precisa ser claro e alinhado ao objetivo da raça; • Seguir uma Sistemática de Julgamentos que permita a avaliação

das características detalhadas no Padrão racial; • Possuir jurados tecnicamente preparados atuando com estrito respeito ao Padrão Racial, atualizados e comprometidos com a evolução da raça e de comportamento ético e moral indiscutíveis. • Propiciar suporte técnico e respaldo dos órgãos de assessoria para a sua valorização nos acertos e rearranjo dos rumos nos equívocos. • Que o grupo de criadores participantes esteja em busca da vitória, mas que também esteja comprometido não só com seu criatório, mas também com a raça como um todo.

Diferentes metodologias podem ser adotadas para os julgamentos.

O galope é um dos itens de julgamento da raça. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Espaço Técnico Espa Principais metodologias Nos julgamentos de equídeos de sela marchadores, consagraramse as competições separando-se os quesitos da dinâmica daqueles da morfologia que em conjunto resultam na premiação dos animais. Para a execução do julgamento de cada um dos quesitos são possíveis as seguintes metodologias. • Juiz único - Um árbitro por quesito. O Julgamento com árbitro único, tem a vantagem de ter a responsabilidade definida em um único jurado, sem interferências. Além de permitir o cumprimento de toda a metodologia em todo os seus passos conforme consta no documento. O julgamento é mais rápido e de menor custo. Em eventos menores, um único jurado poderá julgar todos os quesitos em diferentes fases. Como lado negativo, essa sistemática sobrecarrega o jurado pela grande quantidade de decisões e exige dele a excelência em diversos quesitos. • Comissão em consenso Realizada por mais de um jurado em conjunto, ou seja, em comissão de dois ou mais componentes. Os componentes escalados avaliam os quesitos, debatem com seus pares e chegam a um resultado único. O Julgamento por comissão em consenso tem características semelhantes ao do julgamento com árbitro único. Apresenta a vantagem de ter mais pessoas para trocar as impressões para definir o resultado, evitando possíveis equívocos que o jurado único pudesse cometer. Pode ser formada por profissionais com diferentes habilidades e experiências que se complementam e que estejam abertos a ouvir o grupo. Por buscar o resultado único, ela é mais demorada devido ao processo de convencimento entre os pares. De preferência, deve possuir número ímpar de integrantes e ser formada por componentes 108

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

de semelhante posicionamento hierárquico, evitando-se nesse caso o predomínio da opinião de algum componente. • Comissão com resultados independentes - Semelhante à anterior, com a vantagem de não haver a necessidade de chegar ao consenso. Os árbitros conversam entre si, mas preenchem planilhas em separado, permitindo que em caso de discordância estabeleçam classificações ou notas diferentes. O resultado sai pela média das notas de todos. Nesse caso, poderá ocorrer o empate, e o desempate deve estar previsto, podendo ser pela participação de um outro jurado, ou pela definição prévia do jurado desempate. A vantagem em relação à comissão em consenso é deixar clara a posição de cada jurado e evitar, como na forma anterior, que um componente com maior poder de persuasão possa dominar o julgamento. • Comissão em dissenso Também em comissão, no entanto neste caso os componentes são proibidos de se comunicarem ao longo das avaliações até a entrega das planilhas. Cada um dos jurados fica posicionado em pontos diferentes da pista e incomunicável com os demais jurados. Realiza as diferentes fases dos julgamentos como se fosse jurado único e entrega à comissão organizadora seu resultado. Ao final é computado o resultado pela média do resultado da comissão. Tem a vantagem de ter a opinião de diversos árbitros de forma totalmente independente. Nesses casos, o ideal é que se tenha um maior número de jurados para permitir eliminar as notas divergentes, ou seja, numa comissão de cinco jurados, elimina-se a maior e menor nota de cada animal concorrente ficando o resultado obtido pela melhor média de três jurados. Como

desvantagem, temos que a avaliação se torna mais difícil, pelo fato do jurado não poder ir gradativamente mudando os animais de posição para realizar o comparativo. Também existe a possibilidade de empate e nesses casos normalmente o jurado desempatador é definido previamente por meio de um rodízio. Ou seja, em cada categoria um dos membros da comissão é o desempatador. O que se observa na prática é que há uma maior aceitação aos resultados, passando maior senso de justiça. Há outras variações e ou mesclas entre as metodologias, mas o mais importante para que as metodologias sejam as mais apropriadas, é que sejam definidas ações embasadas em práticas e experiências de sucesso, realizadas por profissionais capacitados. Importante também para maior evolução da raça, além de aprimorar os julgamentos nas exposições, é que sejam incentivadas e aprimoradas as realizações de outras Provas Zootécnicas. Algumas com avaliações mais objetivas, outras que avaliem diferentes habilidades dos animais, ou mesmo que as avaliações dessas características sejam em diferentes condições. Dentre algumas que já existem, estão as provas funcionais, as provas de marcha em circuitos com obstáculos ou situações de campo. Além dessas, um bom exemplo de que é possível inovar e agregar tem sido o sucesso cada vez maior nesses anos das Mangalargadas, que têm conseguido mobilizar de forma crescente os criadores, com a participação desde aqueles bastante jovens até os mais experientes.

Prof. Alessandro Moreira Procópio Diretor Adjunto Técnico da ABCCRM



Espaço Técnico Espa

PELAGENS:

DESVENDANDO O CÓDIGO GENÉTICO Pelagens base e modificadores. Esse é o tema do primeiro de uma série de três artigos sobre a genética das pelagens escritos para a Revista Mangalarga pela Dra. Laura Patterson Rosa

P

ossivelmente uma das primeiras características a serem selecionadas, as cores das pelagens nos cavalos sempre fascinaram o ser humano. Hoje em dia, a cor da pelagem pode ser inclusive um ponto crítico no registro e valor de mercado de um cavalo. Algumas associações raciais possuem padrões que exigem determinadas pelagens – a exemplo do Friesian, ou Frisão, onde todos os animais devem ser pretos – ou excluem determinadas pelagens, tornando a cor mais que uma preferência estética, mas parte de um padrão racial. Em média, algumas pelagens podem duplicar o valor de um potro ou potra, como a presença de padrões de manchas brancas em Paint Horses; em 2006, o valor médio de um potro Paint sem manchas brancas era de USD$1.540, enquanto um animal Tobiano valia em média USD$2.803 dólares.

Para entender cores de pelagem, primeiro precisamos falar de genética Por hábito, muitos se referem ao pedigree de um cavalo como 110

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

“a genética deste animal”. Apesar de úteis, pedigrees são apenas estimativas da genética de um cavalo. Para características genéticas recessivas de um gene único, como muitas das cores de pelagem, não é incomum produzir um potro que não se assemelha aos pais ou aos avós. Outro problema é o efeito epistático de alguns padrões de pelagem, que podem esconder uma cor indesejada (ou desejada). E por fim, a classificação do fenótipo: algumas raças tem nomenclaturas específicas para cada pelagem, o que pode causar confusão e erros quando apenas o fenótipo é avaliado. Nestes casos, o teste genético é essencial para revelar as possibilidades de alelos recessivos no genoma dos pais. Cada genoma contém as instruções necessárias para as funções relacionadas à vida. Estas instruções são codificadas em sequências de letras (nucleotídeos, A-G-C-T), denominadas de genes, e mantidas em pares de cromossomos, como se fossem diferentes volumes de uma enciclopédia. O genoma do cavalo doméstico tem aproximadamente 2,7 bilhões de nucleotídeos, sendo que apenas 3% são genes. Este genoma é organizado

em 31 pares de autossomos e dois cromosomos sexuais, X e Y para machos e X, X para fêmeas. Como a maioria das células possui duas cópias do genoma, há um total de 64 cromossomos – esta organização dupla permite que se por acaso uma cópia (alelo) possua uma mutação potencialmente letal, a outra cópia continuará codificando a forma funcional do gene. Este sistema também causa diversos efeitos; se um indivíduo possui duas cópias diferentes de um gene (genótipo heterozigoto, “hetero”=diferente) apenas o alelo dominante terá o efeito visível. Seguindo a mesma lógica, o efeito de um alelo recessivo só será visível quando duas cópias recessivas estiverem presentes. Se um indivíduo possui dois alelos iguais de um gene, sejam eles dominantes ou recessivos, é denominado “homozigoto” para aquele locus ou característica. Na genética, alguns conceitos são aplicados de forma geral. Ao se referir a mutacões, usamos uma letra maiúscula para a forma dominante e minúscula para a forma recessiva destes alelos, com uma barra separando os dois alelos de cada gene. A interação entre estes alelos e destes com


Espaço Técnico cnico outros alelos no genoma do cavalo que irá determinar, juntamente com interferências ambientais, o fenótipo final do cavalo. Tendo o conhecimento de como funciona a transmissão de características genéticas, você poderá prever a chance de obter um produto com determinada característica, dado o acasalamento de dois animais de genótipo conhecido. Geneticistas usam uma ferramenta chamada de “Quadro de Punnet” para prever os resultados de um acasalamento em relação às características de um gene. Cada pai tem a mesma chance de transmitir um dos dois alelos para um determinado gene. Por exemplo, se ambos pais são heterozigotos, a distribuição de genótipos possíveis no produto resultante será como exemplificada no Quadro de Punnet.

E como posso determinar o genótipo da pelagem de um cavalo? Para algumas características, existem regras (e mitos!) de como adivinhar, com conhecimento, qual o genótipo do animal. Porém, desde de que o genoma equino foi completado em 2009 e cada vez mais pesquisas tem sido publicadas sobre genética de pelagens, temos acesso a cada dia mais testes genéticos para pelagens em laboratórios comerciais no mundo todo. Estes testes podem ser utilizados de forma eficaz por criadores em busca do melhoramento de sua tropa e para aumentar a lucratividade da sua criação. Apesar disso, o uso de testes

genéticos ainda não é disseminado na indústria equestre no Brasil. Por quê? Bem, primeiramente, muitos destes testes são recentes, e apenas alguns laboratórios possuem um sistema eficiente para disseminar este conhecimento para a indústria. Segundo, o custo de cada teste pode ser uma barreira ao uso destas tecnologias. Para cada característica, em cada cavalo, os custos podem chegar a ser entre 20 e 50 dólares, dependendo do laboratório utilizado. Entretanto, testar estrategicamente (como por exemplo, testar os potenciais reprodutores e doadoras) pode minimizar o número de animais que precisam ser testados. Existem dezenas de testes diferentes para cores e padrões de pelagem no cavalo, com mais sendo descobertos a cada ano. Cavalos com genética comprovada por testes são em média mais valiosos e de melhor marketing que animais em que a genética é apenas estimada pelo pedigree. Obviamente, ainda existem variáveis genéticas desconhecidas nas pelagens de cavalos. Cientistas também ainda precisam entender os mecanismos pelos quais algumas pelagens, a exemplo do Tobiano (pampa), ocasionalmente produzem exceções em sua expressão, ou indivíduos que praticamente não

apresentam aquela pelagem, apesar de possuírem o gene referente. A melhor forma de se entender a genética das pelagens é partindo do princípio que a pelagem final é determinada por um conjunto de genes, cada qual alterando ou transformando um pouco do produto final que visualizamos. Para compreender esse processo, precisamos imaginar o cavalo como um quadro “sem cor”. A ação de cada gene irá adicionar ou alterar as cores com que “pintamos” esse cavalo. Como na pintura de um quadro, iniciamos pelas cores base e alteramos estas a medida que adicionamos modificadores ou diluidores.

A genética das pelagens base do cavalo As pelagens base dos equinos são baseadas em dois pigmentos: eumelanina (preto) e feomelanina (vermelho/marrom). A capacidade de produzir estes pigmentos é função de um gene chamado Receptor de Melanocortina 1 (MC1R), ou popularmente denomidado como gene de Extensão - E. Antes da domesticação, todos os cavalos tinham a habilidade de produzir ambos pigmentos. Porém uma mutação no MC1R levou à perda

Testes Genéticos de Pelagens disponíveis comercialmente para o criador Pelagem

Símbolo

Raça

Ano Descoberto

Alazão/Preto

E

Diversas

1996

Frame Overo (Síndrome do Potro Branco)

OLWS

Paint, Pampa, etc.

1998

Castanho

A

Diversas

2001

Creme

CR

Diversas

2003

Sabino (1)

SB1

Diversas

2005

Silver/Prata (Anomalias Oculares Congênitas)

Z

Diversas

2006

Tobiano/Pampa

TO

Diversas

2007

Tordilho

G

Diversas

2008

Champagne

CH

Diversas

2008 2008+

Branco Dominante

W (W1-W23)

Diversas

Splashed White 1-4

SW1, SW2, SW3, SW4

Diversas

2012

Leopardo (Appaloosa)

LP

Appaloosa, etc

2013 2016

Baião

D, non-dun1, non-dun2

Diversas

Sunshine

Sun

Ibéricos

2017

Splashed White 5

SW5

Paint House

2019

Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

111


Espaço Técnico Espa parcial de função deste gene e à produção exclusiva de feomelanina. O alazão é resultado desta alteração no genoma, já que as células não conseguem mais produzir o pigmento preto. Para que o cavalo seja alazão ele obrigatoriamente será homozigoto para a mutação no MC1R. A pelagem preta origina-se pela função normal do MC1R, e é dominante sobre a mutação que causa o alazão. Sendo assim, um cavalo de base preta pode ter “escondido” um alelo alazão (E/e), porém um alazão jamais terá um alelo preto. Logo, cavalos alazões são homozigotos recessivos (e/e), enquanto cavalos de base preta são homozigotos dominantes ou heterozigotos (E/E ou E/e). Com estas duas pelagens base, formamos todas as cores conhecidas dos cavalos, pela ação dos modificadores e diluidores, além dos genes que causam padrões de manchas brancas.

O animal alazão será obrigatoriamente homozigoto para a mutação no MC1R.

Os modificadores das pelagens base Nesta classe encontram-se o Agouti, ou gene de restrição, e o Tordilho (Grey). Da mesma forma que o MC1R era sempre funcional nos equinos pré-domesticação, o gene de sinalização da proteína agouti (ASIP) também era funcional. A ação do Agouti restringe o pigmento preto (eumelanina) às extremidades: cauda, crina, canas e pontas das orelhas, deixando apenas o pigmento vermelho atuante no corpo, pescoço e cabeça. Denominamos essa pelagem de Castanho, em todas as suas variedades. Castanhos tem base preta (E/E ou E/e), com o gene Agouti em heterozigoze (A/a) ou em homozigose dominante (A/A). Uma mutação no Agouti levou à perda de função deste gene, não conseguindo mais restringir onde 112

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

A pelagem preta origina-se pela função normal do MC1R

A ação do Agouti restringe o pigmento preto às extremidades, como ocorre na pelagem castanha.


Espaço Técnico cnico no corpo haverá pigmento preto, levando aos cavalos de pelagem negra/preta. Alazões podem carregar o alelo Agouti funcional sem nenhuma demonstração visual, já que este funciona unicamente na presença do pigmento preto. O acasalamento do alazão com preto pode originar um produto castanho, apesar de nenhum dos pais visualmente ser castanho. A única forma de confirmar a presença do gene Agouti é por testes de progênie ou por teste genético. O gene que causa o Tordilho é caracterizado pela letra G, do inglês “grey/gray”. Uma mutação no gene STX17 leva ao aumento da expressão deste gene e à pelagem tordilha nos cavalos. Ainda não compreendemos completamente a funcão do STX17, porém o aumento de expressão causa aceleração no ciclo celular das células que produzem pigmentos na pele, originando o desgaste celular precoce e aparecimento de pelos brancos (despigmentados), bem como do crescimento excessivo destas células, causando melanomas. Apesar da agressividade e letalidade do melanoma nos cavalos não ser equiparável ao humano, aos 15 anos de idade 70% dos cavalos tordilhos possuirão melanomas, sendo estes visíveis ou não. Aos 20 anos de idade, 100% dos tordilhos terão melanomas. Estes melanomas podem originar problemas de performance e saúde, principalmente devido à localização no corpo do animal. O tordilho é dominante e epistático sobre as cores base de pelagem, modificadores e diluidores, logo um animal que tenha o alelo tordilho em heterozigose (G/g) ou em homozigose (G/G) nascerá de uma cor base, e com o tempo ficará tordilho, independente da sua pelagem original.

Descrevendo geneticamente as pelagens Apenas como forma de exemplificação e finalizando a introdução à genética de pelagens, vamos descrever um cavalo castanho tendendo a tordilho. Digamos que foi feito o teste genético do animal, coletamos pêlos da cauda e enviamos ao laboratório. Os resultados são:

logo o cavalo irá progressivamente perder a cor, se tornando tordilho. No próximo artigo, falarei sobre a genética dos genes diluidores de pelagem. (Envie suas dúvidas sobre o tema para: laura.dnpr@gmail. com).

Extensão (MC1R) E/e Agouti (ASIP) A/A Tordilho (STX17) G/g O que significa que este animal é heterozigoto preto (possuindo um alelo alazão, logo ele pode produzir prole alazã), homozigoto Agouti, então não irá produzir progênie preta já que sempre transmitirá um alelo agouti, e heterozigoto Tordilho,

Dra. Laura Patterson Rosa Médica veterinária, candidata Ph.D. em genética equina

Glossário: Alelo: cada uma das formas que um gene pode apresentar e que determina características diferentes. Autossomo: cromossomas que não estão ligados ao sexo e fazem parte do patrimônio genético da espécie. Cromossomo: estrutura composta de DNA, que contém genes arranjados em sequência linear. Dominante: gene com efeito visível mesmo em heterozigose. Epistático: quando um gene modifica a ação de um ou diversos genes. Eumelanina: pigmento de cor preta. Fenótipo: características observáveis ou caracteres de um organismo, resulta do genótipo e da interação deste com o ambiente. Feomelanina: pigmento de cor avermelhada. Gene: unidade funcional da hereditariedade, portadores de informações genéticas que proporcionam a diversidade entre os indivíduos. Genoma: é o conjunto de genes de um indivíduo. Genótipo: composição genética de um indivíduo. Heterozigoto: pares de alelos diferentes. Homozigoto: pares de alelos idênticos. Locus: lugar específico em que um gene se localiza no cromossomo. Mutação: mudanças ocasionais que ocorrem nos genes, ou seja, é o procedimento pelo qual um gene sofre uma mudança estrutural. As mutações envolvem a adição, eliminação ou substituição de nucleotídeos no DNA. Nucleotídeos: blocos construtores dos ácidos nucleicos, caracterizados pelas letras A, G, C, T/U. Recessivo: gene com efeito visível apenas em homozigose. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Panorama Mangalarga Pano

Por Pedro C. Rebouças

MOMENTO DE DESPEDIDA Fotos: Norberto Cândido

Família Mangalarga se despede de dois expoentes da raça

Pipa promoveu 43 edições do Raid Mangalarga

A

Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) perdeu neste trimestre dois integrantes de destaque do seu quadro associativo. Sócio desde 26 de julho de 1977, o criador Arnaldo de Almeida Prado Filho, o Papu, faleceu no dia 16 de outubro aos 68 anos. Por sua vez, o criador e jurado Eduardo Leite Cintra, mais conhecido como Pipa, faleceu no dia 30 de outubro, também aos 68 anos. Ele era associado desde 25 de novembro de 1985.

Papu Natural de Morro Agudo, no interior paulista, Papu era conhecido por ser um dos continuadores da linhagem SP, iniciada por seu avô Sebastião de Almeida Prado, o seu 114

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Papu foi um dos continuadores da linhagem SP.

Nhonhô. Para identificar os animais de seu plantel, adotou o sufixo SP do Papu, com o qual ficaram conhecidos muitos garanhões e matrizes de renome na raça. Papu integrou também o Conselho Superior de Administração da ABCCRM, atuando como membro eleito por duas gestões, primeiro no triênio de 2012 a 2014 e depois no triênio de 2015 a 2017. Seu sepultamento ocorreu no fim da tarde de 17 de outubro, no Cemitério Municipal de Morro Agudo.

Pipa Já Eduardo Cintra foi, além de criador, um ativo jurado da raça, com participação em diversas edições da Exposição Nacional. Pipa, além disso, foi responsável pelo desenvolvimento e realização dos

Raids Mangalargas, cavalgadas de longa duração que transformaram a cultura equestre da comunidade mangalarguista, promovendo a amizade, a união familiar, o resgate da história brasileira e o uso do cavalo Mangalarga. Iniciados em julho de 1999, com uma jornada de 478 quilômetros que refez a histórica viagem dos pioneiros da raça de Cruzília (MG) a Orlândia (SP), os raids equestres promovidos por Pipa contabilizaram 43 edições, nas quais percorreram uma distância total de 5.500 quilômetros e atravessaram diversas regiões do Sudeste do Brasil, sempre fortalecendo laços de amizade e fomentando a raça Mangalarga. Pipa foi sepultado, na tarde de 30 de outubro, no Cemitério Municipal de Amparo (SP), sua cidade natal.



Lazer L azer & Cultura

Paulo Junqueira acompanhou um dia de lida dos “gardianes”.

ROTEIRO DE CHARME NA CAMARGUE Com uma área de mais de 930 quilômetros quadrados, a Camargue é o maior delta de rio da Europa Ocidental e também o berço do cavalo Camargue

116

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Fotos: Divulgação

S

ou fascinado por culturas equestres e sempre que tive oportunidade, fui buscar novos conhecimentos. Tive o privilégio de cavalgar com gaúchos no Brasil e na Argentina; com Baqueanos no Chile, com peões Pantaneiros e com vaqueiros na Ilha do Marajó; com Cowboys nos Estados Unidos; com nômades na Mongólia e com os Butteri, vaqueiros de Marena, na Toscana. Este ano, fui conhecer os ‘Guardiões da Camargue’ na França. O cavalo Camargue ou Camarguês é uma raça antiga de cavalos da região de Camargue, sul da França. É considerada uma das raças mais antigas do mundo

Grupo de “gardianes” conduz touro da Camargue.


Lazer & Cultura ltura e suas origens são relativamente desconhecidas. Durante séculos, esses cavalos viveram selvagens no ambiente hostil dos terrenos banhados de Camargue, e nas zonas úmidas do delta do Ródano, um dos principais rios da Europa. Na Camargue, como em todo o mundo, a agricultura mecanizada ameaçou a existência dos cavalos, mas uma alternativa feliz foi encontrada, e o cavalo de Camargue se tornou uma parte indispensável da tradição na lida de touros. Aqueles que os domesticam e trabalham na lida com o gado são conhecidos como “Le Gardians”. Esses vaqueiros são realmente seus

O líder do grupo carrega a vara que limita a aproximação do touro.

“guardiões”. Entre os vaqueiros há uma certa hierarquia. O líder é aquele que segura um cabo de madeira com um metal no final – na forma de quarto crescente da lua virado para cima. É para ser utilizado se o touro se aproximar demais do cavalo com o vaqueiro.

Irmandade histórica

O cavalo de Camargue é indispensável na lida de touros.

Os terrenos banhados de Camargue formam o habitat original da raça.

Como em outros ofícios, esses gardianos fundaram uma irmandade em 1512. Esse grupo tinha funções ao mesmo tempo religiosas, sociais e festivas. Enquanto a maioria das irmandades desse tipo não sobreviveu no final do século XIX, a Irmandade de Gardians, sob o patrocínio de seu protetor Saint George, ainda está ativa. Ela permanece fiel à sua vocação principal, ajudando seus membros e organizando todos os anos uma festa na cidade de Arles. A Irmandade admite desde 2000 um grupo de amazonas, todas de famílias antigas “Gardianes”. Meu anfitrião francês Frédéric e sua família criam cavalos por gerações, para o pastoreio dos touros negros de Camargue. Atualmente tem uma manada de 35 cavalos. Minha estadia na Camargue foi na

fazenda do Frédéric. Lucille, sua mãe, é arquiteta e investiu todo seu bom gosto (e alma) na conversão de uma fazenda do século XVII em um requintado hotel de campo. Com uma área de mais de 930 quilômetros quadrados, a Camargue é o maior delta de rio da Europa Ocidental. Durante minha cavalgada na região, conheci um pouco de sua vasta planície composta de grandes lagoas, isoladas do mar por bancos de areia e cercadas por banhados cobertos de junco. Cavalgamos ao longo da praia, aonde pude ver um pouco da fauna e da flora do delta. Camargue abriga mais de 400 espécies de aves e fornece um dos poucos habitats europeus para o grande flamingo. Também fomos a ‘Beauduc’, uma das últimas aldeias construídas na praia e onde algumas pessoas ainda vivem o ano todo. Também fomos à histórica Saintes-Maries-de-la-Mer, considerada capital da Camargue. Pequena (2500 habitantes), charmosa e histórica cidade, ela apareceu nos escritos pela primeira vez no século IV e parece que ficou parada no tempo. Festas e corridas de touros acontecem com frequência, nas ruas da cidade e na praça de touros, junto ao mar. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Lazer & Cultura S ai nt e s - Mar i e s - d e - l a - Me r merece mais uma importante menção, é a terra natal e residência do famoso showman Lorenzo, extraordinário Horseman. Seu primeiro cavalo foi um pequeno camargues, no qual desenvolveu equilíbrio e agilidade e realizou todos os tipos de manobras acrobáticas. Durante minha permanência na região, tive oportunidade de conhecer a tradição das touradas, ‘Jeutaurin’/’Course Camarguaise’, aonde ao contrário da Espanha, os touros não são feridos. Assisti os Razeteurs (toureiros de Camargue) enfrentarem os touros mostrando a bravura tanto do Razeteur quanto do cavalo. Habilidade e agilidade, juntamente com um respeito mútuo, são fundamentais para as touradas na Camargue. Ao contrário das touradas espanholas, que mostram o nome do toureiro em grandes letras, os pôsteres divulgando o ‘Course Camarguaise’ colocam o nome do touro antes do razeteur. A verdadeira estrela do show é o touro! De luta em luta, suas qualidades lhe trazem glória e fazem dele um animal valorizado. Nessas touradas, os razeteurs competem entre si para remover, o mais rápido possível, os objetos colocados entre os chifres do touro, e cada um ganha um prêmio após a remoção. Mas, antes de cortar e remover cada um dos objetos com seu gancho de

O ofício existe há séculos na região de Camargue.

quatro lâminas, ele deve primeiro cansar o touro, que, geralmente persegue os razeteurs. Isso resulta num espetáculo emocionante, com os razeteurs mostrando toda sua perícia para escapar dos chifres afiados. Terminamos nossa viagem a Camargue visitando Arlen (27 quilômetros de distância da fazenda) e depois Nimes (56 quilômetros). Arles foi um dos locais de maior importância para a obra de

Sede da fazenda visitada por Paulo Junqueira. 118

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Vincent Van Gogh. Ali ele criou a maior parte das 500 pinturas a óleo e desenhos que produziu no curto período de um ano e meio que viveu no sul da França. Em Nimes vimos a magnitude das construções do império romano na França. O anfiteatro romano da cidade é o mais bem conservado exemplar do período romano deste tipo de construção. Paulo Junqueira Arantes www.cavalgadasbrasil.com.br

A propriedade é hoje um confortável hotel de campo.


Lazer & Cultura ltura

ZIRINGRIM

Crônica de um mangalarguista macho e arretado

E

u sou um cabra macho. Macho e arretado. E nem poderia ser diferente, considerando-se minhas origens. Minhas raízes perdem-se nas lonjuras sertanejas e derivo duma raça valente, destemida, corajosa, temerária. Como eu sei disso? Ora, ouvindo, desde pequeno, as histórias deles. Nenhuma onça morta por minha gente foi menor que uma novilha. E novilha grande, não dessas esquálidas que tem que se apoiar num palanque pra poder mugir. As cascavéis eram medidas em braças. E assombração nenhuma conseguiu sequer arrepiar um ancestral meu. Meu sangue é o deles. Assim... e por isso, digo que sou cabra macho. Macho e arretado. O medo me foi ensinado ser um só: o de ter medo. E cabra macho, macho e arretado, só tem medo de ter medo, não leva desaforo pra casa, não chora e se o inimigo é grande, não é dois! E assim fui criado. De menino me lembro de ter sido valente. De bebê não. Mas, como o sangue não muda, acho que fui um bebê macho e arretado. Na meninice, se desviei de uma briga (fugir nunca!), foi, creio, por um sentimento piedoso em relação a meu oponente. Ainda jovem, tive um cavalo chamado Peregrino. Quando ele chegou lá em casa, já tinha seu nome em mente: Tonka, o único sobrevivente do 7º de Cavalaria de Custer contra Touro Sentado. E foi batalha pra valente nenhum botar defeito! Até o último cartucho, golpes de lança e espada, gritos guerreiros, e a vitória índia insofismável. Tudo

terminado e apenas Tonka, do 7º de Cavalaria, pertencia ainda ao mundo dos vivos. Queria que meu cavalo fosse chamado por Tonka. Mas minha mãe estragou tudo. Olhando o alazão bonito e nervoso à sua frente resolveu que seu nome seria Peregrino, porque “vindo de outras terras”. Eu sabia que não ia dar certo. Mas ela insistiu e o pobre foi batizado de Peregrino, nome esse que, imediatamente começou a sofrer mudanças dinâmicas na boca do povo da região e, coitado, já no final de sua vida (quanta saudade meu alazão deixou) o povo lhe chamava mais ou menos como Ziringrim... Eu sempre soube que não ia dar certo... Mas tudo bem, pra mim ele foi sempre Tonka mesmo. Bem, juntando o jovem macho e arretado com um alazão desse nível, a resultante só poderia ser uma: aventuras inesquecíveis onde a coragem imperava... Tenho muitas histórias dessa época... algumas já nem mais sei se são verdade mesmo, mas não importa, todas são maravilhosas. Tinha uns 12 anos. Um belo dia, ou melhor, numa noite horrível, chego de uma dessas cavalgadas destemidas. A noite estava feia mesmo. Nuvens escuras, relâmpagos de quando em vez, sem lua. Escuridão e chuva. Trovões ribombando pelas serras e eu tinha de levar Peregrino para o pasto dele que ficava bem a uns 900 m de minha casa... Não que eu estivesse com medo de enfrentar a estradinha escura e enlameada que serpenteava por através de grotas e barrancos até a

porteira do pasto. Nem pelo fato que a estrada passava por uma casa abandonada que detinha certa fama. Não era isso, apenas estava exausto de tanta aventura. - Pedrinho, leve meu cavalo no pasto. - Seu Felipe, levo não... Acabei de tomar banho e o caminho está uma lama só. Peça a Zé... - Zé, me faz um favor e leve Peregrino pro pasto dele. - Ah, seu Felipe, deixe Ziringrin dormir aqui hoje que eu levo ele de manhã... Tá muito escuro... - Bando de gente covarde! Vocês estão é com medo! Cabroeira amulherada! Eu vou levar o cavalo pro pasto e mostrar a vocês que vocês são um bando de merdas! E tornei a montar em Ziringrin, quer dizer, em Peregrino (eu sabia que esse nome desgraçado não ia dar certo). Meu pai que assistia ao bate boca interveio: - Felipe, vá no cavalo que vou de carro atrás e você volta comigo... - Precisa não, pai, o pasto é perto e jájá estou de volta. Além do mais quero dar uma lição pra esses merdas. E saí a galope. Peregrino, sabendo que ia para o pasto galopava com vigor redobrado e eu, montado nele, nem sentia medo. Afinal era um cabra macho. Macho e arretado. Os 900 metros foram vencidos num instante e, quando dei por mim, Peregrino já relava os cascos em frente à porteira do pasto. Desmontei, retirei-lhe o freio, dei uns tapinhas de agradecimento no pescoço forte e acompanhei-o por um pouco com o olhar enquanto ele se afastava. Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Lazer & Cultura Por um pouco mesmo, porque estava muito escuro e de repente Peregrino já havia sido engolido pelo negrume e eu estava só. Só. Senti um arrepio percorrer meu corpo por conta do frio noturno e iniciei meu caminho de volta. O caminho era lama pura e escorregava e caía a toda hora. A pressa era tanta que nem parava pra levantar. Caído mesmo continuava e me levantava mais adiante. E o frio a me causar arrepios... Nas vizinhanças da casa mal assombrada, tirei o canivete do bolso e prossegui com a lâmina apontada pra frente por que não queria ser pego de surpresa nem por alma desse nem de outro mundo e apertei o passo porque a pressa de chegar era grande. A luz que dispunha era a ocasional claridade dos relâmpagos eventuais e o azulado que impunham à mata era bem, digamos, assustador. Fiquei imaginando o medo que sentiria um

sujeito que não tivesse raízes como as minhas, machas e arretadas. Na proximidade da Casa de Pedra, apertei o passo, isto é, aumentei a velocidade já que meu deslocamento não era em passos e sim em arrancos, escorregões e quedas. De repente, após uma curva apertada, um vulto branco se me aparece de supetão. Acho que um raio caiu perto porque senti a descarga elétrica passar pela minha espinha. Dei um grito para mostrar à coisa que era eu que vinha por ali e meti o canivete mais pra frente. A coisa também berrou e disparou para um lado. E eu, acometido de súbita necessidade de chegar logo, também disparei para o outro. Ladeira abaixo, só consegui parar quando já dentro de casa e percebi o povo me olhando espantado. De lama da cabeça aos pés, ainda com o canivete na mão e um tambor disparado dentro do peito. Perguntado sobre o que acontecera, dei a resposta regimental: Nada de

mais... e subi as escadas correndo por um banho. No dia seguinte, dia claro, bem claro, fui buscar Ziringrim, isto é - deixa pra lá - no pasto dele. No local do embate de véspera, encontrei uns matutos conversando e me acerquei um pouco. Estavam todos encafifados com uma notícia: alguém, na noite anterior, esfaqueara um bezerro da Dona Flora. Fingindo que não era comigo, me afastei assobiando e fui buscar - tá bom Ziringrim. Mas, hoje, pensando na história daquela noite, fico me perguntando se foi medo o que senti naquela noite... Acho que não. Afinal, eu sou um cabra macho. Macho e arretado. Felipe Manuel Barbosa Ferreira da Silva é engenheiro agrônomo e apaixonado pela raça genuinamente nacional, além de um grande contador de “causos”. Por Monique Lima Gelbcke (Pedagoga)

RICO APRENDIZADO

Andar a cavalo é uma experiência essencial para as crianças terem as rédeas da vida nas próprias mãos

T

oda criança deve aprender três coisas: nadar (por uma questão de sobrevivência); praticar um esporte de equipe (para socializar, aprender a ceder, organizar-se em grupo, entre tantos outros…), e andar a cavalo: para aprender todo o resto! Conseguir dominar um animal de grande porte, com vontade própria, é uma experiência única. Envolve aprendizados tão específicos, que só uma relação dessa natureza pode proporcionar. A criança tem que pensar mais rápido que o cavalo, precisa antecipar seus movimentos, raciocinar sobre como irá fazer tal percurso, como movimentar seu

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Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

corpo, mãos e pernas, para que o animal compreenda o que ela quer e obedeça a seus comandos. Descobre que sua postura sobre o animal é tão importante quanto o controle das rédeas, e começa a corrigi-la automaticamente, enquanto desenvolve o equilíbrio, força muscular, noção espaço temporal, coordenação motora fina e ampla, além das percepções tátil, olfativa, visual e auditiva. O cavalo dá sinais para a criança, se ela está ou não agindo corretamente. O cavalo a corrige assim que percebe o erro, ensinando e impondo limites, reagindo positivamente quando o erro é corrigido. A criança vai percebendo

estes sinais e a sintonia, sendo estabelecida. Imagine toda essa ação sobre o desenvolvimento emocional! A criança desenvolve autocontrole, autonomia e uma visão positiva de si mesma. Aprende que tão importante como ser respeitada, é respeitar! Conseguir impor suas vontades a um animal tão grande faz com que outros problemas se tornem menores, mais fáceis de serem resolvidos. A criança que consegue levar um cavalo perfeitamente pelas rédeas, consegue ter as rédeas da própria vida nas mãos.


Momento Social - Etapa Final da Copa de Marcha rcha

Fotos: Norberto Cândido

Josué Eduardo Grespan e Marcelo Cerqueira

Gabriel Fleury e Gustavo Dias

Gilberto Miranda e Carlos Barquet

Victor Pagliarani e Raphael F. Poeta

Carlos E. Purchio, Luís F. Sianga, Ulisses Rousat e Cassiano T. Simão

Luíz Zambon, Nelson de Marqui, Felipe H. Loureiro, Dirceu Thomaseto e Natal Donato

João Chacra, Felipe Hamilton Loureiro e Fabio Fossen

Rubiany Palmieri e Wagner Palmieri

Simone Loureiro e Maria Inês França

Frederico Torres e Júlia Lorenzon

Dirson Balbino e Luiz Pereira

Camila Iembo, Cesar Iembo, Felipe Iembo e João Pedro Iembo

Rodrigo Novais, Almiro Esteves Neto, Eduardo França, Felipe H. Loureiro e Emiliano A. S. Novais

Marina Marques, Lucimara Yamamura, Natália Marques, Angela Dadazio e Ana Marques

Diego S. Melchior, Breno A.S. Pereira, Antoniele F. Ferreira e Marcelo da Silva

Wagner Palmieri e Luís Opice

Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Momento Social - Etapa Final da Copa de Marcha Mome

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Simone Loureiro e Felipe Hamilton Loureiro

Alessandro Procópio, Jorge Roberto, Francisco Bezerra e Lucas Diniz

Attilio D’ Angieri Neto, Rodrigo Novais e João Caldas

Attilio D’ Angieri, João Paulo Fagundes e Thom D’ Angieri

Cesar Iembo, Julio Paixão e Silvio Parisi

Ciro Neto, Ciro Arantes, Juscelmo B. de Paiva , Roberto Montenegro, Eduardo França, Carlos E. Purchio, Fernando Montenegro e Kiko de A. Prado

Luís F. Sianga, Ulisses Rousati e Carlos E. Purchio

João Chacra, Felipe H. Loureiro e Fábio Fossen

Dirceu Thomaseto, Pedro A. de Melo, Cassiano T. Simão, Emiliano A. S. Novais e Israel Iraides

Diogo Malheiro e Sebastião Malheiro

Dalva Marques, Betina de Almeida Prado e Eloy de Almeida Prado

Dalva Marques, Silvio Parisi e Luíz Roberto

Israel Iraides e Marcelo Cerqueira

Natalia Nogueira e Juninho Nogueira

Wlademir Coraine e Mário Esposito

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019


Momento Social - Etapa Final da Copa de Marcha rcha

Waldirene Pereira e Luiz Pereira

Sarita Pedro Hueso e Cauê Costa Hueso

Attilio D’ Angieri Neto, Kiko de A. Prado e Henrique F. M. Junior

Andreza Jakelline, Jucelmo Paiva, Marcia e Juninho Nogueira

Israel Iraides, Dirceu Thomaseto e Sérgio Dias

Cleber Yamamura e Fábio Siqueira

Luís Opice, Paulo Tic, Ciro Arantes e Ciro Neto

Luís F. Sianga e Cristiano Benzota

Maria Amalia, Gilberto Martineli e Amanda Campos

Pedro A. de Melo, Cristiano Benzota e Thiago D’ Angieri

Paulo Dadazio, Angela Dadazio e Sonia Marques

Kiko Almeida Prado e Lara Almeida Prado

Victor Pagliarani, Cleber Yamamura, André Fleire e Gabriel Marques

Júlia Lorenzon, Thiago D’ Angieri, Cassiano T. Simão, Luís Opice e Attilio D’ Angieri Neto

Wagner Palmieri, Agnaldo Machado e André Fleury

Ricardo Barbosa, Valdir Marques e Ricardo Perez

Simone Loureiro, Dirceu Thomaseto e Natal Donato

Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

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Grandes Campeões da Copa de Marcha 2019 Gran Fotos: Norberto Cândido

Grande Campeão

1º Res. Grande Campeão

BATISTUTA CASS (T.E.)

DIAMANTE NEGRO FRANÇA (T.E.)

GUARANÁ ACF

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: CASSIANO TERRA SIMÃO

CRIADOR: EDUARDO HENRIQUE S. DE FRANÇA EXPOSITOR: EDUARDO HENRIQUE S. DE FRANÇA

CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

Grande Campeã

1º Res. Grande Campeã

2º Res. Grande Campeã

TÉL SHAKIRA DA S.L.G. (T.E.)

TÉL TAÇA DA S.L.G. (T.E.)

JOIA RARA FRANÇA (T.E.)

CRIADOR: CELSO CERÁVOLO PAOLIELLO EXPOSITOR: FERNANDO TARDIOLI LÚCIO DE LIMA

CRIADOR: CELSO CERÁVOLO PAOLIELLO EXPOSITOR: SÉRGIO NAPOLEÃO POETA II

CRIADOR: EDUARDO HENRIQUE S. DE FRANÇA EXPOSITOR: FERNANDO TARDIOLI LÚCIO DE LIMA

2º Res. Grande Campeão

Grandes Campeões da Sela de Ouro 2019

Sela de Ouro - Macho

Sela de Prata - Macho

Sela de Bronze - Macho

BATISTUTA CASS (T.E.)

GUARANÁ ACF

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: CASSIANO TERRA SIMÃO

CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

XIMARROCK DO MONT SERRAT (T.E.)

Sela de Ouro - Fêmea

Sela de Prata - Fêmea

Sela de Bronze - Fêmea

TÉL SHAKIRA DA S.L.G. (T.E.)

TÉL TAÇA DA S.L.G. (T.E.)

CRIADOR: CELSO CERÁVOLO PAOLIELLO EXPOSITOR: FERNANDO TARDIOLI LÚCIO DE LIMA

CRIADOR: CELSO CERÁVOLO PAOLIELLO EXPOSITOR: SÉRGIO NAPOLEÃO POETA II

JUBA DO PROJETO RAÍZES (T.E.)

124

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

CRIADOR: SERGIO LUIZ DOBARRIO DE PAIVA EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

CRIADOR: NP EMPREENDIMENTOS LTDA EXPOSITOR: EDUARDO HENRIQUE S. DE FRANÇA


Fotos: Márcio Mitsuishi

GALERIA DOS GRANDES

CAMPEÕES Grande Campeã Égua de Marcha

1ª Res. Gde. Campeã Égua de Marcha

2ª Res. Gde. Campeã Égua de Marcha

GABRIELA ACF (T.E.)

TÉL SHAKIRA DA S.L.G. (T.E.)

TÉL TAÇA DA S.L.G. (T.E.)

CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: JORGE EDUARDO BEIRA

CRIADOR: CELSO CERÁVOLO PAOLIELLO EXPOSITOR: FERNANDO TARDIOLI DE LIMA

CRIADOR: CELSO CERÁVOLO PAOLIELLO EXPOSITOR: SÉRGIO NAPOLEÃO POETA II

Grande Campeã Égua de Marcha Pelagens

1ª Res. Gde. Campeã Égua de Marcha Pelagens

2ª Res. Gde. Campeã Égua de Marcha Pelagens

KAROL JSAP

HELLEN LPC (T.E.)

ESTRELA DO GADU (T.E.)

CRIADOR: JOAO SERGIO DE A. PRADO FILHO EXPOSITOR: SÉRGIO NAPOLEÃO POETA II

CRIADOR: LEANDRO PASQUALINI DE CARVALHO EXPOSITOR: NELSON ANTONIO BRAIDO

CRIADOR: GUILHERME POMPEU PIZA SAAD EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

Grande Campeã Égua de Marcha Pampa

1ª Res. Gde. Campeã Égua de Marcha Pampa

2ª Res. Gde. Campeã Égua de Marcha Pampa

MARQUESA VJC (T.E.)

HÍPICA DO PEC (T.E.)

FORMOSA DO PEC (T.E.)

CRIADOR: VINICIUS JOÃO CURI EXPOSITOR: ANDRE LUIZ IORIS

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

Revista Mangalarga

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Grandes Campeões da 41ª Nacional

Grande Campeão Cavalo de Marcha Pampa

1º Res. Gde. Campeão Cavalo de Marcha Pampa

2º Res. Gde. Campeão Cavalo de Marcha Pampa

FAVEIRO DONAT (T.E.)

NOTURNO RBV (T.E.)

HISDANO DO PEC (T.E.)

CRIADOR: NATAL FRANCISCO RIBEIRO EXPOSITOR: HARAS FABULOSO LTDA

CRIADOR: LUIS AUGUSTO DE CAMARGO OPICE EXP.: JOSUÉ E. C. DE VASCONCELLOS GRESPAN

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

Grande Campeão Cavalo de Marcha Pelagens

1º Res. Gde. Campeão Cavalo de Marcha Pelagens

2º Res. Gde. Campeão Cavalo de Marcha Pelagens

XIMARROCK DO MONT SERRAT (T.E.)

CORCEL DO GADU (T.E.)

PORSCHE J.F.

CRIADOR: SERGIO LUIZ DOBARRIO DE PAIVA EXPOSITOR: SÉRGIO NAPOLEÃO POETA II

CRIADOR: GUILHERME POMPEU PIZA SAAD EXPOSITOR: JOÃO PEDRO FERREIRA DE AQUINO

CRIADOR: GABRIEL F.JUNQUEIRA DE ANDRADE EXPOSITOR: GABRIEL F. JUNQUEIRA DE ANDRADE

Grande Campeão Cavalo de Marcha

1º Res. Gde. Campeão Cavalo de Marcha

2º Res. Gde. Campeão Cavalo de Marcha

BATISTUTA CASS (T.E.)

FAISÃO ACF

INHAMBÚ ACF (T.E.)

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: CASSIANO TERRA SIMÃO

CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

, 2019 CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

Grande Campeã Égua de Pelagens

1ª Res. Gde. Campeã Égua de Pelagens

2ª Res. Gde. Campeã Égua de Pelagens

NEGOCIATA DO H.I.C. (T.E.)

FÁBULA DO A.E.J. (T.E.)

KAROL JSAP

CRIADOR: PAULOHIC EDUARDO CORRÊA LTDA DA COSTA CRIADOR: AGROPECUÁRIA EXPOSITOR: PAULOHIC EDUARDO CORRÊA LTDA DA COSTA EXPOSITOR: AGROPECUÁRIA

CRIADOR: BRAIDO CRIADOR:NELSON ALMIROANTONIO ESTEVES JUNIOR EXPOSITOR: NELSON ANTONIO BRAIDO EXPOSITOR: LUIS GUSTAVO FERRAZ GALLINA

CRIADOR: PAULO DAFILHO COSTA CRIADOR: JOAOEDUARDO SERGIO DECORRÊA A. PRADO EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: SÉRGIO NAPOLEÃO POETA II

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Revista Mangalarga

Dezembro, 2019


Grandes Campeões da 41ª Nacional

Grande Campeã Égua Pampa

1ª Res. Grande Campeã Égua Pampa

2ª Res. Grande Campeã Égua Pampa

HÍPICA DO PEC (T.E.)

ÍMOLA DO PEC (T.E.)

FORMOSA DO PEC (T.E.)

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

Grande Campeã Égua

1ª Res. Gde. Campeã Égua

2ª Res. Gde. Campeã Égua

GABRIELA ACF (T.E.)

IPANEMA DO MORRO AGUDO (T.E.)

CYNDERELLA MAB

CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: JORGE EDUARDO BEIRA

CRIADOR: FAZENDA MORRO AGUDO LTDA EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

CRIADOR: MÁRIO A. BARBOSA NETO EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

Grande Campeão Cavalo de Pelagens

1º Res. Gde. Campeão Cavalo de Pelagens

2º Res. Gde. Campeão Cavalo de Pelagens

CORCEL DO GADU (T.E.)

NAVEGANTE DO H.I.C. (T.E.)

XIMARROCK DO MONT (T.E.) ,SERRAT 2019

CRIADOR: GUILHERME POMPEU PIZA SAAD EXPOSITOR: JOÃO PEDRO FERREIRA DE AQUINO

CRIADOR: HIC AGROPECUÁRIA LTDA EXPOSITOR: ERALDO AFONSO ZAMPA

CRIADOR: SERGIO LUIZ DOBARRIO DE PAIVA EXPOSITOR: SÉRGIO NAPOLEÃO POETA II

Grande Campeão Cavalo Pampa

1º Res. Grande Campeão Cavalo Pampa

2º Res. Grande Campeão Cavalo Pampa

HISDANO DO PEC (T.E.)

BELLAGIO DA BRAIDO (T.E.)

EUFRATES DO PEC (T.E.)

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

CRIADOR: NELSON ANTONIO BRAIDO EXPOSITOR: NELSON ANTONIO BRAIDO

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

Revista Mangalarga

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Grandes Campeões da 41ª Nacional

Grande Campeão Cavalo

1º Res. Gde. Campeão Cavalo

2º Res. Gde. Campeão Cavalo

DIAMANTE DO GADU (T.E.)

INDIANO G.Z. (T.E.)

BEIRUTE CASS (T.E.)

CRIADOR: GUILHERME POMPEU PIZA SAAD EXPOSITOR: JORGE EDUARDO BEIRA

CRIADOR: GERALDO ZINATO EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: CASSIANO TERRA SIMÃO

Grande Campeã Potranca de Pelagens

1ª Res. Gde. Campeã Potranca de Pelagens

2ª Res. Gde. Campeã Potranca de Pelagens

AMÊNDOA DO EFI (T.E.)

PAMPLONA DO H.I.C. (T.E.)

CUTELARIA DA TARLIM (T.E.)

CRIADOR: EDUARDO FIGUEIREDO AUGUSTO EXPOSITOR: EDUARDO FIGUEIREDO AUGUSTO

CRIADOR: HIC AGROPECUÁRIA LTDA EXPOSITOR: HIC AGROPECUÁRIA LTDA

CRIADOR: FERNANDO TARDIOLI LÚCIO DE LIMA EXPOSITOR: LUCCA PAULETTI ALVES COSI

Grande Campeã Potranca Pampa

1ª Res. Grande Campeã Potranca Pampa

2ª Res. Grande Campeã Potranca Pampa

EMBOSCADA CASS

AURORA NCM (T.E.)

JUSSIARA DO PEC (T.E.)

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: JOEL FERNANDES GONÇALVES

CRIADOR: NILSON MAYER CARNEIRO EXPOSITOR: NILSON MAYER CARNEIRO

, 2019 CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

Grande Campeã Potranca

1ª Res. Gde. Campeã Potranca

2ª Res. Gde. Campeã Potranca

ENCOMENDA CASS (T.E.)

GUARÂNIA DO A.E.J. (T.E.)

BANDEIRA DA SINHÁ MARIA (T.E.)

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: JORGE EDUARDO BEIRA

CRIADOR: ALMIRO ESTEVES JUNIOR EXPOSITOR: ALMIRO ESTEVES JUNIOR

CRIADOR: AGROPECUÁRIA SINHÁ MARIA LTDA EXPOSITOR: ALMIRO ESTEVES JUNIOR

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Revista Mangalarga

Dezembro, 2019


Grandes Campeões da 41ª Nacional

Grande Campeão Potro de Pelagens

1º Res. Gde. Campeão Potro de Pelagens

2º Res. Gde. Campeão Potro de Pelagens

AMARANTE ESR (T.E.)

CRISTAL DO BSB (T.E.)

IMPÉRIO DO PEC (T.E.)

CRIADOR: EDUARDO SILVESTRI RIBEIRO EXPOSITOR: EDUARDO SILVESTRI RIBEIRO

CRIADOR: HARAS SÃO BENTO LTDA EXPOSITOR: HARAS SÃO BENTO LTDA

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: JOEL FERNANDES GONÇALVES

Grande Campeão Potro Pampa

1º Res. Grande Campeão Potro Pampa

2º Res. Grande Campeão Potro Pampa

ITARARÉ DO PEC (T.E.)

BÉRGAMO DO FES (T.E.)

JAVARI DO PEC

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

CRIADOR: FELIPE HAMILTON LOUREIRO EXPOSITOR: FELIPE HAMILTON LOUREIRO

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

Grande Campeão Potro

1º Res. Gde. Campeão Potro

2º Res. Gde. Campeão Potro

JUSTICEIRO ACF (T.E.)

BIARRITZ DA JAUAPERI (T.E.)

VATICANO HMG (T.E.)

CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA

CRIADOR: COMPANHIA JAUAPERI DE IMÓVEIS EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

, 2019 CRIADOR: JOSÉ ROBERTO PETRUCCI EXPOSITOR: LEONCIO ANTONIO MORANDINI

Grande Campeã Potranca de Marcha Pelagens

1ª Res. Gde. Campeã Potranca de Marcha Pelagens

2ª Res. Gde. Campeã Potranca de Marcha Pelagens

AMÊNDOA DO EFI (T.E.)

QUATIARA VJC (T.E.)

PAMPLONA DO H.I.C. (T.E.)

CRIADOR: EDUARDO FIGUEIREDO AUGUSTO EXPOSITOR: EDUARDO FIGUEIREDO AUGUSTO

CRIADOR: VINICIUS JOÃO CURI EXPOSITOR: VINICIUS JOÃO CURI

CRIADOR: HIC AGROPECUÁRIA LTDA EXPOSITOR: HIC AGROPECUÁRIA LTDA

Revista Mangalarga

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Grandes Campeões da 41ª Nacional

Grande Campeã Potranca de Marcha Pampa

1ª Res. Gde. Campeã Potranca de Marcha Pampa

2ª Res. Gde. Campeã Potranca de Marcha Pampa

AURORA NCM (T.E.)

JUSSIARA DO PEC (T.E.)

EMBOSCADA CASS

CRIADOR: NILSON MAYER CARNEIRO EXPOSITOR: NILSON MAYER CARNEIRO

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: JOEL FERNANDES GONÇALVES

Grande Campeã Potranca de Marcha

1ª Res. Gde. Campeã Potranca de Marcha

2ª Res. Gde. Campeã Potranca de Marcha

GUARÂNIA DO A.E.J. (T.E.)

DISCOTECA DA TARLIM (T.E.)

ESPUMA CASS (T.E.)

CRIADOR: ALMIRO ESTEVES JUNIOR EXPOSITOR: ALMIRO ESTEVES JUNIOR

CRIADOR: FERNANDO TARDIOLI LÚCIO DE LIMA EXPOSITOR: FERNANDO TARDIOLI LÚCIO DE LIMA

CRIADOR: CASSIANO TERRA SIMÃO EXPOSITOR: CASSIANO TERRA SIMÃO

Grande Campeão Potro de Marcha Pelagens

1º Res. Gde. Campeão Potro de Marcha Pelagens

2º Res. Gde. Campeão Potro de Marcha Pelagens

AMARANTE ESR (T.E.)

PABLO DO H.I.C. (T.E.)

RAIO VJC

CRIADOR: EDUARDO SILVESTRI RIBEIRO EXPOSITOR: EDUARDO SILVESTRI RIBEIRO

CRIADOR: HIC AGROPECUÁRIA LTDA EXPOSITOR: MARCOS ANTONIO M. VITAL

, 2019 CRIADOR: VINICIUS JOÃO CURI EXPOSITOR: VINICIUS JOÃO CURI

Grande Campeão Potro de Marcha Pampa

1º Res. Gde. Campeão Potro de Marcha Pampa

2º Res. Gde. Campeão Potro de Marcha Pampa

JAVARI DO PEC

IMPERIAL DONAT (T.E.)

BÉRGAMO DO FES (T.E.)

CRIADOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA EXPOSITOR: PAULO EDUARDO CORRÊA DA COSTA

CRIADOR: NATAL FRANCISCO RIBEIRO EXPOSITOR: NATAL FRANCISCO RIBEIRO

CRIADOR: FELIPE HAMILTON LOUREIRO EXPOSITOR: FELIPE HAMILTON LOUREIRO

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Revista Mangalarga

Dezembro, 2019


Grandes Campeões da 41ª Nacional

Grande Campeão Potro de Marcha

1º Res. Gde. Campeão Potro de Marcha

2º Res. Gde. Campeão Potro de Marcha

JUSTICEIRO ACF (T.E.)

ELDORADO AOR (T.E.)

BIARRITZ DA JAUAPERI (T.E.)

CRIADOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA EXPOSITOR: ANTONIO CARLOS FERREIRA

CRIADOR: ALEXANDRE DE OLIVEIRA RIBEIRO EXPOSITOR: ALEXANDRE DE OLIVEIRA RIBEIRO

CRIADOR: COMPANHIA JAUAPERI DE IMÓVEIS EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

Grande Campeã Égua do Concurso Cavalo Completo CYNDERELLA MAB

1ª Res. Grande Campeã Égua do Concurso Cavalo Completo ESCOPETA CJ

2ª Res. Grande Campeã Égua do Concurso Cavalo Completo VALIOSA E.E.G

CRIADOR: MÁRIO A. BARBOSA NETO EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

CRIADOR: CÍCERO JUNQUEIRA FRANCO EXPOSITOR: ALMIRO ESTEVES JUNIOR

CRIADOR: ELCIO EDUARDO M.GOBATTI EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

Grande Campeão Concurso Cavalo Completo

1º Res. Grande Campeão Concurso Cavalo Completo EMBLEMA DO GADU (T.E.)

2º Res. Grande Campeão Concurso Cavalo Completo ARTESÃO DT (T.E.)

CRIADOR: GUILHERME POMPEU PIZA SAAD

CRIADOR: PAULO CORNÉLIO DELLA TORRE EXPOSITOR: ALMIRO ESTEVES JUNIOR

URÚ DO MONT SERRAT CRIADOR: SERGIO LUIZ DOBARRIO DE PAIVA EXPOSITOR: HARAS PRECIOSO LTDA

EXPOSITOR: FERNANDO TARDIOLI L. DE LIMA


Espaรงo Esp p Empresarial


Fidelidade Mangalarga ga

www.harasitape.com.br Tel.: 19 99232-7733

Dezembro, 2019

Revista Mangalarga

133


Índice de Anunciantes Haras Gadu

Haras A.E.J

Pág. 1 (Capa)

Págs. 60, 61, 62 e 63

Sítio Malagueta

Fazenda Nova Esperança Pág. 65

Pág. 2 (2ª Capa) Leilão Espinhaço Agropecuária e Haras Piratininga Pág. 7

Haras Lagoinha Págs. 67, 68, 69, 70 e 71

Haras Tarlim Haras Gadu

Págs. 13, 14, 15, 16, 17, 18 e 19

Págs. 74, 75, 76 e 77

2º Leilão Haras EFI Pág. 21

Condomínio Haras Gadu e Haras A.E.J Págs. 78 e 79

29º Leilão Mangalargão Pág. 23

Guabi Equinos

Haras do Samuca

JLC Projetos e Instalações Rurais

Pág. 82 e 83

Pág. 25

Pág. 89 Prosa Mangalarga

CASS Mangalarga

Pág. 103

Págs. 28, 29, 30 e 31

MY Haras

Revista Mangalarga

Págs. 36 e 37

Págs. 109

Haras Precioso

Boutique Mangalarga Pág. 115

Págs. 41, 42, 43 e 44

Mader Silva Pág. 45

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Associe-se ABCCRM Pág. 131

cavalomangalarga.com.br

Haras J.E.B Págs. 49, 50, 51 e 52 Centro Equestre Catetinho Pág. 55

134

Revista Mangalarga

Dezembro, 2019

Classificados ABCCRM Pág. 132

Haras Germana Pág. 135 (3ª Capa)

General Motors

Haras Gadu

Págs. 58 e 59

Pág. 136 (4ª Capa)




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