Revista mangalarga internet abril 2016

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Revista Oficial

Abril / 2016 . R$15,00

Haras Belo Monte Apresenta a Grande Campeã Nacional de Marcha Pelagem Preta ou Zaina Sota R.A.A.

Mangalarga

Eventos desta temporada levarão a beleza, a funcionalidade e a incomparável marcha da raça ao público das cinco regiões do Brasil



EDITORIAL

APRIMORAMENTO CONSTANTE

O primeiro trimestre do ano colocou em evidência o bom momento vivido pelo cavalo Mangalarga. A raça, afinal, registrou uma significativa evolução nesse período, com aumento no número de registros e chegada de novos associados. Além disso, os primeiros leilões da temporada alcançaram resultados expressivos, comprovando a liquidez e a valorização de nossos animais. Como já mencionei em outras ocasiões, este notável desempenho deve-se às excepcionais qualidades do nosso cavalo e à constante divulgação de seus atributos. As pessoas encontram no Mangalarga um equino de andamento cômodo, temperamento calmo e disposição de andar, características que o tornam o animal ideal para quem quer passear, fazer cavalgadas ou utilizar os cavalos em disputas hípicas e na lida no campo. A Diretoria Executiva, entretanto, continua trabalhando com afinco para aprimorar cada vez mais o cavalo Mangalarga, possibilitando assim que ele galgue patamares cada vez mais elevados. Uma das ações nesse sentido é o estudo científico que vem sendo realizado pelo Dr. Alessandro Moreira Procópio, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com o intuito de desvendar todos os detalhes e características da marcha da raça, fornecendo assim subsídios de grande relevância para o trabalho de seleção realizado por nossos criadores e técnicos. A Associação tem procurado também valorizar cada vez mais a função do nosso cavalo. No ano passado, tivemos a introdução do Concurso do Cavalo Completo em importantes eventos da raça, como a 37ª Expo Nacional. Este ano, a Diretoria Executiva está dando um passo além com a instituição das Exposições Funcionais, mostras específicas com o intuito de avaliar e valorizar as funções do Mangalarga. Dessa maneira, acreditamos estar dando uma valiosa colaboração para o constante aprimoramento do nosso cavalo, ao mesmo tempo em que fazemos jus ao trabalho de pioneiros da seleção da raça, como o Dr. Geraldo Diniz Junqueira. Este notável criador, entusiasta da valorização do andamento e da função do cavalo Mangalarga, ganhou no fim de março uma bonita homenagem com a inauguração de seu busto na sede da ABCCRM, no Parque da Água Branca, em São Paulo. Assim, unindo pioneirismo, inovação científica, tradição e funcionalidade, o Cavalo de Sela Brasileiro marcha rumo a um futuro promissor. No entanto, para que a raça alcance efetivamente patamares cada vez mais elevados, ressalto uma vez mais que precisamos da participação de todos. Reúna seus familiares e amigos e prestigie as cavalgadas, exposições, copas de marcha e provas funcionais que serão realizadas ao longo do ano por todo País. Vamos todos juntos trabalhar pelo êxito daquele que é a nossa grande paixão, o cavalo Mangalarga.

Forte abraço e pé no estribo, Mário Barbosa


ÍNDICE Território Cavalgada Pé no estribo...................................... 10 Cavalgada da Esperança............. 14 Projeto do Sertão ao Mar........... 16 Exposições & Copas Copa de Marcha............................... 18 Circuito de Exposições................. 22 Expo Verão........................................... 26 Panorama Mangalarga Notícias do Rio Grande............... 30 Simpósio do Núcleo Sul de Minas................................................ 32 Programação Movimentada..... 36 Global Equus...................................... 38

Haras em destaque Haras Belo Monte........................... 40 Profissional de Sucesso Dalva Marques................................... 44 Lazer & Cultura Santiago de Compostela............ 48 Mercado & Finanças Leilão Haras Tarlim Mangalarga e Convidados......................................... 52 3º Leilão Grandes Marcas ......... 54

Espaço Técnico A regra, a denúncia e a fiscalização.......................................... 56 Dicas práticas e objetivas para se formar um cavalo de prova....... 58 Desmame, uma prática nem sempre necessária......................... 60 Alimentação de éguas reprodutoras...................................... 62 Momento Social Social Leilão Tarlim.......................... 65 Social Leilão Grandes Marcas.. 66

EXPEDIENTE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALOS DA RAÇA MANGALARGA - ABCCR MANGALARGA AV. FRANCISCO MATARAZZO, 455 - PAVILHÃO 4 "DR. FAUSTO SIMÕES" PARQUE DA ÁGUA BRANCA - SÃO PAULO - SP - CEP: 05001-300 - TEL:(11) 3673-9400

Diretoria Executiva - Triênio 2015/2017 Diretor Presidente Mário A. Barbosa Neto Vice-Presidente Administrativo Financeiro Renato Diniz Junqueira Vice-Presidente de Marketing Eduardo Henrique Souza de França Vice-Presidente Técnico Gabriel Francisco Junqueira de Andrade Vice-Presidente de Fomento Flávio Diniz Junqueira Vice-Presidente de Exposições e Esporte João Pacheco Galvão de França Vice-Presidente de Relações Institucionais Armando Raucci Diretoria Adjunta - Triênio 2015/2017 Diretores Jurídicos Antonio Carlos Pestili Fonseca Pedro Amaral Salles Renato Tardioli Lucio de Lima Diretor de Fomento Danton Guttemberg de Andrade Filho

Diretor de Exposição Cassiano Terra Simão José Lamartine Moreira Cintra Filho Diretor de Pelagem Jeferson Ferreira Jardim Diretores de Marketing João Luis Ribeiro Frugis Flávia Raucci Facchini Diretor de Núcleo Luiz Alberto Patriota de Araujo Costa Diretora Social Natalia Maria Cury Lois Diretor Técnico Lourenço de Almeida Botelho Diretor Financeiro Leonardo Novaes Figueiredo Augusto Conselho Superior de Administração - Triênio 2015/2017 Membros Eleitos Arnaldo de Almeida Prado Filho Cristina Junqueira Fleury Azevedo Costa Luís Cintra Sutherland Osvaldo Juliano Roberto Diniz Junqueira Filho Presidente

Membros Efetivos Célio Ashcar Celso Galetti Montalvão Clodoaldo Antonângelo Eduardo Diniz Junqueira Élio Sacco Felippe de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda Filho Flávio Diniz Junqueira Francisco Marcolino Diniz Junqueira Ivan Antônio Aidar Luiz Eduardo Batalha Mário A. Barbosa Neto Reginaldo Bertholino Renato Diniz Junqueira Sergio Luiz Dobarrio de Paiva Conselho Deliberativo Técnico - Triênio 2015/2017 Técnicos Luiz Alberto Patriota de Araújo Costa Marcelo Leite Vasco de Toledo Marcos Sampaio de Almeida Prado Maria Aracy Tavares de Oliva Paulo Lenzi Souza Leite Sérgio Diniz Junqueira Criadores José Luiz Prandini Rodnei Pereira Leme Roque Carlos Nogueira

Serviço de Registro Genealógico - Stud Book Superintendente do Serviço de Registro Genealógico Jayme Ignácio Rehder Neto Revista Mangalarga Edição e Redação Pedro Camargo Rebouças pereboucas@hotmail.com Publicidade Norberto Cândido norberto.candido@abccrm.com.br Arte Cléber Pereira cleber.pereira@abccrm.com.br Marina Vicentin marina.vicentin@abccrm.com.br Projeto Gráfico Mestiça Comunicação



Revista Oficial

SOTA R.A.A. Abril / 2016 . R$15,00

Haras Belo Monte Apresenta a Grande Campeã Nacional de Marcha Pelagem Preta ou Zaina Sota R.A.A.

Mangalarga

Eventos desta temporada levarão a beleza, a funcionalidade e a incomparável marcha da raça ao público das cinco regiões do Brasil

A capa desta edição traz a atual Grande Campeã Nacional Égua de Marcha Pelagem Preta ou Zaina, Sota R.A.A. (T.E.), em registro fotográfico do conceituado profissional Márcio Mitsuishi. Produto do cruzamento entre Topázio J.O. e Luna da Maga, a bela fêmea é originária da seleção de Ricardo Augusto Alonso e destaque do plantel do Haras Belo Monte. Comandado pelo criador Marcelo Angelo da Silva, no município paulista de Mogi das Cruzes, o Haras Belo Monte está entre os mais promissores criatórios da raça, ostentando os títulos de Melhor Expositor da Pelagem Preta ou Zaina da 37ª Exposição Nacional e de Melhor Expositor da Pelagem Preta ou Zaina do Ranking Mangalarga 2015. O trabalho do criatório pode, aliás, ser conhecido em detalhes na seção “Haras em Destaque” desta edição da Revista Mangalarga. Por sua vez, Márcio Mitsuishi é um dos mais atuantes fotógrafos do meio equestre. Formado em fotografia pela Escola Panamericana de Arte, construiu uma sólida carreira no mercado do cavalo Mangalarga. Além disso, é criador da raça desde 1990 e zootecnista formado pela Universidade São Marcos, com pós graduação em julgamento das raças zebuínas pela FAZU – MG.

PROGRAMAÇÃO MOVIMENTADA

Nesta edição, a Revista Mangalarga traz um amplo panorama dos eventos que agitaram a comunidade mangalarguista no primeiro trimestre deste ano, como a Expo Verão, a Cavalgada da Esperança e o Simpósio do Núcleo Sul de Minas e Média Mogiana. A publicação oficial da ABCCRM apresenta ainda todos os detalhes do calendário da raça, cujos eventos serão responsáveis por levar toda a beleza e funcionalidade do Cavalo de Sela Brasileiro às cinco regiões do País ao longo da temporada. A Revista Mangalarga, entretanto, não se limita apenas ao factual, oferecendo também informação de muita qualidade a seus leitores. Na seção “Espaço Técnico”, por exemplo, você poderá conferir artigos de renomados profissionais da equinocultura brasileira, com destaque, nesta edição, para o texto do equitador Paulo Canabrava, intitulado “Dicas práticas e objetivas para se formar um cavalo de prova”. A Equipe Mangalarga espera, dessa maneira, estar contribuindo com um rico e importante conteúdo para os apaixonados por essa incrível raça.





NO ESTRIBO Matéria por: Pedro Rebouças.

Cavalgadas prometem movimentar a temporada da comunidade mangalarguista. Prepare-se e venha para a estrada! É hora de preparar a tropa, organizar a tralha e se preparar para pôr o pé no estribo para curtir as belas paisagens do nosso país. Tudo isso podendo desfrutar da melhor das companhias, o cavalo Mangalarga, nas trilhas das cavalgadas que os apaixonados pela raça promovem país afora ao longo do ano. O calendário da raça conta, afinal, com 15 cavalgadas previstas para acontecer nos próximos meses. Algumas delas são estreantes na agenda mangalarguista, como as que acontecerão nos municípios de Iperó (SP), Araçoiaba da Serra (SP), São Roque (SP), Pirapora do Bom Jesus (SP), Sorocaba (SP), Salto do Pirapora (SP), Capela do Alto (SP), Boituva (SP) e Sarapuí (SP). Outras são muito tradicionais e cada vez atraem mais apaixonados pela raça. A Cuecada, por exemplo, realizará sua 26ª edição entre os dias 8 e 10 de abril, com percurso entre as cidades de São João da Boa Vista (SP) e Poços de Caldas (MG).

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Já a 19ª Cavalgada Ecológica, realizada pelo Núcleo Mangalarga de Goiás, acontecerá nos dias 12 e 13 de novembro, percorrendo novamente os caminhos encantadores e repletos de história da Cidade de Goiás (GO). Por sua vez, a 18ª Cavalgada das Areias, promovida pelo Núcleo Riograndense, ocorrerá nos dias 2 e 4 de dezembro, em nova sede, o Haras Tapiri, na divisa das cidades gaúchas de Porto Alegre e Viamão. O calendário conta ainda com duas datas reservadas para as tradicionais Cavalgadas da Alta Mogiana, promovidas pelo animado núcleo dessa importante região do interior paulista. Vale ressaltar também que a temporada de cavalgadas começou cedo este ano. Ainda no mês janeiro, um animado grupo de cavaleiros partiu do Haras D’Angieri, em Jundiaí (SP), para percorrer um trajeto de cerca de 270 quilômetros até o Santuário de Aparecida do Norte

A 19ª Cavalgada Ecológica da Cidade de Goiás ocorrerá em novembro. Foto: Silvio Calazans.

(SP). Além de cruzar as belas paisagens do Vale do Paraíba e da Serra da Mantiqueira, a viagem de sete dias incluiu em seu roteiro pausas no Haras Canto do Picharro, no Haras Leni e na Fazenda Morro Agudo. Em fevereiro, outros dois eventos movimentaram a comunidade mangalarguista. Na região de Atibaia (SP), ocorreu uma nova edição da Carnavalgada, desta vez organizada pelo casal Vera e Nissin Kalili. De acordo com Camila Glycerio, uma das participantes da cavalgada, foram três dias de muita confraternização com um grupo excelente, trilhas muito boas, cavalos Mangalarga de ótima qualidade e saída e chegada sempre no Haras Kalili. Já em Capela do Alto (SP), também no interior paulista, estava previta a realização da Cavalgada Mangalarga do Dia do

A Carnavalgada ocorreu em fevereiro em Atibaia (SP). Foto: Camila Glycerio.


As cavalgadas oferecem a oportunidade de se conhecer belas paisagens. Foto: Silvio Calazans

Padroeiro, no fim de se- mana dos dias 27 e 28 de fevereiro. Dotada de um espírito ímpar, responsável por colocar em primeiro lugar o convívio com a natureza, com os equinos e especialmente com os amigos e com a família, as cavalgadas são hoje uma das atividades de lazer preferidas da comunidade mangalarguista. Para participar destes diferenciados eventos, confira o calendário completo de cavalgadas no “box” que acompanha esta matéria e programe-se para colocar o pé estribo. Caso deseje obter mais informações sobre a raça acesse o portal www.cavalomangalarga.com.br.

O ambiente de amizade e descontração caracteriza as cavalgadas. Foto: Pedro Rebouças.

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AGENDA DE CAVALGADAS 2016

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A Cavalgada de Aparecida abriu a temporada. Foto: Thiago D’Angieri.



CAVALGADA DA E SPERANÇA Matéria por: Pedro Rebouças.

Exemplares da raça foram as estrelas desta diferenciada cavalgada beneficente que percorreu 1,6 mil quilômetros entre os municípios de Viamão (RS) e de Sorocaba (SP)

Bing conduz Mc Giver do Montfort e Durango VJC em trecho da viagem no mês de dezembro. Foto: Divulgação.

No domingo 14 de fevereiro, após três meses e oito dias de viagem, a Cavalgada da Esperança chegou à cidade de Sorocaba (SP), concluindo sua jornada de 1,6 mil quilômetros pela antiga Rota dos Tropeiros. Protagonizada pelo cavaleiro Kleber Ferreira Costa, o Bing Horse, e por dois exemplares da raça Mangalarga, Durango VJC e Mc Giver do Montfort, a empreitada percorreu cerca de 50 municípios, passando por quatro estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Em Sorocaba, a comitiva foi recepcionada por aproximadamente 25 cavaleiros e amazonas que participaram do último trecho da jornada, percorrendo o trajeto entre o Rancho do Cordeiro, nas proximidades da Rodovia Raposo Tavares, e o largo do Divino, no Jardim São Paulo. De acordo com Bing, o evento teve diversos objetivos, entre eles valorizar a história do tropeirismo e das tradições regionais dos cerca de 50 municípios que compõem a Rota dos Tropeiros.

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Pausa para descanso da comitiva no Monumento ao Tropeiro de Jaguariaíva (PR). Foto: Divulgação.

“Essa é uma parte do País que mantêm suas tradições muito vivas e é muito importante que as pessoas saibam disso e possam desfrutar de toda essa riqueza cultural. Além disso, este é um trajeto lindo, com paisagens incríveis que nos ajudam a promover a reflexão sobre a questão ecológica”, destaca Bing, que mereceu amplo espaço na mídia ao longo de sua jornada. O idealizador do projeto afirma também que a solidariedade das pessoas do meio do cavalo foi fundamental para a conclusão da viagem, que possuía

um roteiro previamente planejado mas que não contava com uma estrutura de apoio. “Quando as pessoas descobriam que eu estava na estrada, elas me cercavam com carne, com comida e com ração para os animais. Muitas vezes também tiravam os filhos do quarto para eu ter um lugar para dormir e soltavam seus melhores cavalos no pasto para ceder espaço para os meus animais”, contou o cavaleiro em entrevista à TV TEM, afiliada da rede Globo na região de Sorocaba.

Kleber Ferreira, o Bing, recebe homenagem na Câmara de Sorocaba (SP). Foto: Divulgação.


Notavel Desenpenho A Cavalgada da Esperança teve ainda o mérito de colocar em evidência o bom desempenho do cavalo de sela brasileiro em trajetos de longa distância. Bing, aliás, fez importantes observações sobre a desenvoltura da raça na estrada. Segundo o cavaleiro, tanto Durango VJC, que foi doado ao projeto pelo Haras VJC, de Vinicius João Curi, de Tijucas do Sul (PR), como Mc Giver do Montfort, doado pelo Haras Montfort, de Enio Bachle, de Rio do Sul (SC), demonstraram ótimo comportamento durante o ‘raid’. “Olha, não é fácil me impressionar, afinal eu monto desde os nove anos de idade e atuo profissionalmente com equinos já há muitos anos. No entanto, confesso que fiquei impressionado com o desempenho desses dois representantes da raça Mangalarga. Afinal, eles mantêm sempre um ótimo ritmo, se doam ao cavaleiro e não se entregam em nenhum momento ao cansaço ou às dificuldades. Além disso, nas ocasiões em que fomos acompanhados por comitivas das regiões pelas quais passamos, eles sempre ditaram a toada do grupo”, comenta Bing. O cavaleiro enfatiza, no entanto, que ainda vai precisar da ajuda da população para atingir a principal meta da cavalgada: arrecadar R$ 95 mil para a adequação do sistema de hidrantes de incêndio da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de sua cidade natal, a paranaense Palmeira. Para alcançar o montante necessário, existe a ideia de que os dois cavalos participantes do projeto sejam leiloados e o valor arrecadado, revertido à Apae. Além disso, Bing convida todos a fazerem doações à entidade. Quem quiser ajudar pode obter os dados bancários da Apae na página oficial do cavaleiro no Facebook, identificada com o título Bing Horse Show.

Pausa para foto no Monumento ao Tropeiro de Ponta Grossa (PR). Foto: Divulgação.

Evento também ajudou a promover uma importante reflexão sobre a questão ecológica. Foto: Divulgação.

Momento de se refrescar em lago de fazenda do município de Sengés (PR). Foto: Divulgação.

O grupo teve oportunidade de conhecer lugares incríveis. Foto: Divulgação.

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PROJETO DO S ERTÃO AO M AR

Matéria por: Pedro Rebouças.

Divulgar o tema do bem-estar equino será a meta principal desta cavalgada que percorrerá a Estrada Real, a mais antiga e maior rota turística do país

Sergio Beck também compõem o trio de cavaleiros do projeto. Crédito: Acervo Sergio Beck.

Um trio de cavaleiros apaixonados pela raça Mangalarga realizará, a partir do próximo dia 9 de maio, uma diferenciada viagem com o intuito de divulgar o tema do bem-estar equino. A Cavalgada do Sertão ao Mar Pelos Caminhos da Estrada Real, pretende perfazer o trajeto completo da Estrada Real, percorrendo 1780 quilômetros e passando por três estados brasileiros: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A empreitada, que contará apenas com cavalos da raça Mangalarga e terá como ponto de partida a cidade mineira de Diamantina, será realizada por três renomados personagens da equinocultura nacional: Paulo Junqueira Arantes, Sergio Lima Beck e Jose Henrique Meirelles Castejon. Colaborador da Revista Mangalarga, onde escreve uma coluna sobre viagens a cavalo, Paulo Junqueira é criador da empresa Caval-

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gadas Brasil e fundador do Instituto Equus Brasil e da Expo Cavalos. Por sua vez, Jose Henrique Castejon é produtor rural, proprietário de cavalos Mangalargas e ex-jogador de pólo, além de um grande apaixonado por cavalgadas. Já o terceiro integrante do grupo, Sergio Beck, é reconhecido nacionalmente como hipólogo, adestrador e cavaleiro profissional, sendo também articulista da Revista Mangalarga e um dos autores do livro Manual de Gerenciamento Equestre. Instituída no século XVII, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro, a Estrada Real é considerada hoje a mais antiga e maior rota turística do país, sendo responsável por resgatar as tradições do percurso e por valorizar as belezas e a identidade da região. A primeira etapa da cavalgada

percorrerá o trecho da Estrada Real conhecido como Caminho dos Diamantes. Com 395 quilômetros de extensão, este trajeto tinha o objetivo de conectar o principal centro de exploração de diamantes do período colonial, Diamantina (MG), à sede da Capitania de Minas Gerais, Vila Rica, a atual Ouro Preto (MG). O itinerário da viagem incluirá ainda o Caminho Velho, responsável por ligar a mineira Ouro Preto ao porto de Paraty, no atual estado do Rio de Janeiro. Este trecho da viagem, também conhecido como Caminho do Ouro, tem 710 quilômetros de percurso e foi o primeiro a ser estabelecido pela Coroa Portuguesa. Além disso, os cavaleiros percorrerão os 515 quilômetros do Caminho Novo, que liga Porto Estrela, na Baía de Guanabara (RJ), a Ouro Preto (MG) e foi criado para servir como um trajeto mais seguro ao porto do Rio de Janeiro, principal-


mente porque as cargas estavam sujeitas a ataques piratas na rota marítima entre Paraty e a capital fluminense. Para concluir vão percorrer os 160 quilômetros do Caminho de Sabarabuçu - responsável pela ligação entre as cidades mineiras de Glaura, Sabará, Caetés e Cocais. “A cavalgada vai passar por estados muito relevantes para a equinocultura nacional. Minas Gerais, por exemplo, concentra a maior população de equinos do Brasil. Assim, a questão do bem-estar equino será apresentada a um grande número de pessoas nesta região. Além disso, acreditamos que esta importante mensagem também será levada para todo país por conta da divulgação e da repercussão que o assunto irá despertar na mídia”, explica Paulo Junqueira. Para obter mais informações sobre a Cavalgada do Sertão ao Mar pelos Caminhos da Estrada Real, entre em contato com os organizadores pelos e-mails jcastejon@uol.com.br e paulo@cavalgadasbrasil.com.br ou pelos telefones (14) 98122-0099 e (41) 9218-6969.

Monumento homenageia a Estrada Real, a maior e mais antiga rota turística do país. Crédito: Arquivo Paulo Junqueira.

Paulo Junqueira, organizador do projeto, durante viagem à Espanha. Crédito: Arquivo Paulo Junqueira.

Mapa dos quatro caminhos que compõem a Estrada Real. Crédito: Fundação Estrada Real.

O mangalarguista Jose Henrique Castejon durante cavalgada na Europa. Crédito: Arquivo Paulo Junqueira.

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COPA DE M ARCHA 2016 Matéria por: Pedro Rebouças.

Competição passará nesta temporada pelo Distrito Federal e pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia Responsável pela valorização e divulgação de uma das mais importantes características do cavalo de sela brasileiro, a Copa Mangalarga de Marcha promete ter uma temporada movimentada em 2016. Afinal, o calendário desta tradicional competição, que desperta a paixão da comunidade mangalarguista, já conta com dez etapas agendadas. A abertura oficial do evento, que este ano passará pelo Distrito Federal e pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, está prevista para acontecer no município baiano de Vitória da Conquista, no período de 18 a 20 de Março, logo após o fechamento do conteúdo editorial desta edição da revista Mangalarga. Além das tradicionais etapas realizadas nos municípios de Jaú (SP), Jundiaí (SP), Guaxupé (MG) e Orlândia (SP), a agenda da competição contará este ano com o retorno das provas realizadas nas cidades de São Sebastião da Grama (SP) e Brasília (DF), além da estreia da etapa de Mogi Mirim (SP).

Novidades do Regulamento Os criadores interessados em participar podem conferir a agenda completa da competição na arte que acompanha esta matéria e também no endereço eletrônico www.cavalomangalarga.com.br. Além disso, é importante que os participantes confiram no portal oficial da ABCCRM a nova versão do regulamento oficial do evento, que entrou em vigor no dia 13 de janeiro, para se atualizar sobre as novidades preparadas para esta temporada. Uma das inovações para este ano está no Parágrafo 3º do Artigo

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Duas etapas regionais e uma etapa aberta estão previstas para acontecer em Jaú (SP). Foto: Norberto Cândido.

4º do Capítulo II (das Etapas Classificatórias e seus Participantes), no qual fica estabelecido o seguinte: “Os animais poderão ser inscritos nos Campeonatos Gerais, Pelagens ou em ambos, porém os animais inscritos nos 2 (dois) campeonatos (Geral e Pelagem) deverão obrigatoriamente participar dos 2 (dois) campeonatos inscritos, independentemente da ordem de julgamento, sendo que a ausência de participação em um campeonato, não impede a participação no outro campeonato.” Outra novidade importante está no Artigo 10º do Capítulo VI (do Julgamento), em que ficam estabelecidos novos pesos para os itens em julgamento. Assim, as notas da avaliação “vista do chão” deverão ser multiplicadas a partir de agora por 0,35, enquanto as notas do quesito “impressão ao montar” deverão ser multiplicadas por 0,65. “Os Jurados terão que classificar os animais vistos do chão e também

classificá-los pelas impressões ao montar. A classificação final da categoria será pela somatória de pontos obtidos nas duas classificações depois de aplicados os respectivos pesos”, determina o Regulamento 2016. Por sua vez, o Parágrafo 1º do Artigo 15º do Capítulo VIII (da Etapa Final) define que: “Animais das categorias Junior, machos e fêmeas, poderão participar da Etapa Final sem ter participado de nenhuma etapa anteriormente.” Para obter mais informações sobre a Copa Mangalarga de Marcha 2016, entre em contato com o Departamento de Exposição da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) por meio do e-mail francisco.bezerra@abccrm.com.br ou do telefone (11) 3866-9866.


AGENDA COPA DE MARCHA 2016*

A Copa de Jundiaí está marcada para acontecer no fim de abril. Foto: Norberto Cândido.

06 a 09 de maio

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CIRCUITO DE E XPOSIÇÕES 2016 Matéria por: Pedro Rebouças.

A beleza e a funcionalidade da raça estarão em destaque nas mostras que acontecerão de Norte a Sul do Brasil

A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) deu início no mês de março a uma nova edição de seu tradicional Circuito de Exposições. A abertura do calendário cujas etapas somam pontos para a eleição dos melhores animais, expositores e criadores do Ranking Mangalarga 2016 – aconteceu entre os dias 03 e 06 de março no município paulista de Amparo. Realizado em conjunto com os núcleos regionais de criadores, muitas vezes dentro da programação de importantes feiras agropecuárias, o circuito passará nesta temporada pe-

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las cinco regiões do país, comprovando a forte presença nacional do Cavalo de Sela Brasileiro. Até o momento, 33 mostras estão confirmadas. Este número, entretanto, ainda pode aumentar com a inclusão de novos eventos na programação. Principal centro de seleção da raça, o Estado de São Paulo receberá 15 exposições ao longo de 2016. Além de Amparo, palco do evento de abertura da temporada, acontecerão mostras nos municípios de Itapetininga, Bragança Paulista, Atibaia, Lençóis Paulista, Franca, Ourinhos, Taubaté, Guaratinguetá, Avaré, São João da Boa Vista,

Eventos têm o objetivo de fomentar e divulgar a Mangalarga. Foto: Modesto Wielevicki.

Araçatuba, Itu, Jaú e Lins. A região Sudeste contará ainda com mais uma etapa do calendário, a tradicional Exposição de Guaxupé, em Minas Gerais. Por sua vez, a região Sul do País tem quatro mostras agendadas: a Expo Londrina (PR), a Expo Verão (SC), a Sulbrasileira (RS) e a Expointer (RS). Já o Nordeste tem duas mostras programadas até o momento, a Exposição de Vitória da Conquista (BA) e a aguardada Exposição Brasileira 2016, principal evento da raça neste primeiro semestre, cuja sede este ano será a cidade de Itapetinga (BA).


Enquanto isso, a região Centro-Oeste promoverá sete mostras nesta temporada. Além de Goiânia (GO) e Anápolis (GO), que receberão duas mostras cada, as cidades de Brasília (DF), Luziânia (GO) e Palmeiras de Goiás (GO) também integram o calendário mangalarguista. A agenda da raça conta ainda com quatro exposições na região Norte: Tomé Açu (PA), Paragominas (PA), Belém (PA) e Castanhal (PA). A Exposição Nacional 2016, entretanto, ainda não teve sua data e cidade-sede anunciadas pela Diretoria Executiva da ABCCRM.

Aprimoramento constante

O Circuito de Exposições tem como objetivos principais o fomento do cavalo Mangalarga nos mais diferentes pontos do País e a busca pelo constante aprimoramento zootécnico do plantel da raça. Nas mostras regulares, a tropa passa por um rigoroso julgamento com a avaliação de itens como passo, marcha, aprumos dinâmicos, galope (prova de maneabilidade com tempo limite previamente estabelecido), morfologia, caracterização racial e harmonia. O evento mangalarguista tem ainda outra importante missão: pro-

mover o congraçamento e a amizade entre apaixonados pelo cavalo Mangalarga das mais diferentes regiões brasileiras. Para obter mais informações e ver a versão mais atualizada do calendário basta visitar o portal oficial da ABCCRM. Além disso, é importante ressaltar que o Regulamento Geral das Exposições Oficiais traz uma série de novidades em sua versão 2016. Assim, os expositores interessados em participar das mostras da raça ao longo da temporada devem conferir a íntegra do documento, disponível também no portal oficial da ABCCRM.

O circuito de exposições passará por Guaxupé (MG) em julho. Foto: Norberto Cândido.

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AGENDA DE EXPOSIÇÕES

Confira as mostras que irão movimentar a raça nos próximos meses A baiana Itapetinga será palco da Expo Brasileira 2016. Foto: Norberto Cândido.

15 a 17 de abril

21 a 26 de junho

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Andamento, Morfologia e Temperamento Clara OJC (T.E.)

(DL Uruguai da Alvorada x Pamonha da Matta)

Dona Beija ACF (T.E.) (Vermute ACF x Patria ACF)

Venda permanente de animais, barrigas e coberturas Alexandre - (11) 99321-2300 Jorge Pires - (14) 99719-0112 Haras - (12) 99762-0024

site : www.harasgermana.com.br


2ª EXPO VERÃO

Matéria por: Núcleo Catarinense de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (NCCCRM)

Evento exibiu as qualidades da raça Mangalarga ao público do mais badalado balneário de Santa Catarina Assim como a primeira edição, a 2ª Expo Verão promovida pelo Núcleo Catarinense de Criadores do Cavalo da Raça Mangalarga (NCCCRM), realizada nos dias 11 e 12 de março de 2016, na cidade de Camboriú (SC), foi um verdadeiro sucesso. Nossa maior satisfação e alegria é a certeza do plantio da boa semente, quando da realização da 1ª Expo Verão e agora a colheita de bons frutos na realização da segunda exposição, como o fomento da raça em solo Catarinense, a criação de novos laços de amizade, a integração entre criadores, expositores, familiares e amigos e acima de tudo o aprendizado que recebemos por parte de grandes e importantes criadores e expositores de nossa Federação, informa o secretário do NCCCRM, Maurício Uriarte.

A mostra contou com a presença de criadores de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Foto: NCCCRM.

O destaque da 2ª Expo Verão foi sem dúvida o valor da pontuação de 3,5, ou seja, se igualando à “Exposição Brasileira”; além da comercialização dos animais, com expressivos valores, feita entre os expositores e também em venda direta, e sem dúvida, o

Vista panorâmica da bela praia catarinense de Camboriú. Foto: Astrodyum/Domínio Público.

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agradável clima durante toda a exposição onde criadores, expositores, apresentadores, familiares, amigos e visitantes confraternizavam. O NCCCRM homenageou em sua 2ª Expo Verão, o Sr. Osmar Rebello (Sr. Baga), “in memorium”, um dos pioneiros a

A Expo Verão foi prestigiada por tradicionais criadores da raça. Foto: NCCCRM.



Roque Carlos (Mamão), com o troféu, ministrou interessante aula durante o evento. Foto: NCCCRM.

Evento vem promovendo o fomento da raça em Santa Catarina. Foto: NCCCRM.

Belos exemplares participaram da mostra catarinense. Foto: NCCCRM.

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usar o Cavalo Mangalarga na cidade de Itajaí e região, com sua égua pampa de castanho de nome Peteca, quando na década de 70 já marchava com seu belo animal por toda cidade e zona rural do município, sendo estampado seu nome nos troféus de Melhor Criador e Melhor Expositor, entregues por seu filho, Omar Rebello, na tarde de sábado. O ponto alto da II EXPOVERÃO foi sem dúvida a presença e participação de belíssimos animais do Estado de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, através dos haras que vieram e abrilhantaram a exposição, além de uma aula ímpar ministrada pelo grande mestre, Sr. Roque Carlos Nogueira (Mamão), do Haras ZCM, no final de tarde do dia 11 de março, sobre a andadura bipedal diagonal do Cavalo Mangalarga, num clima familiar e descontraído. Aproveitamos o espaço para agradecer a Diretoria da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), equipe e juízes, em especial ao incansável, Sr. Francisco Bezerra, por todo seu esforço, trabalho, colaboração e organização do evento. Tal conquista seria impossível sem a valiosa ajuda de todos os membros do Núcleo Catarinense, em especial do Presidente, Sr. Luiz Henrique S. Kobarg e do Diretor Técnico, Sr. Marcus Vinícius de Oliveira, bem como a toda mão estendida do quadro da ABCCRM. Finaliza, Maurício Uriarte, que o NCCCRM estará sempre irmanado pelo sucesso do Cavalo Mangalarga, bem como pela integração e amizade entre Criadores e Expositores, indispensáveis na realização de uma excelente exposição. Até a próxima edição, 3ª Expo Verão, se Deus quiser, forte abraço a todos.



PANORAMA

MANGALARGA

Matéria por: Núcleo Riograndense

Salve amigos Mangalarguistas desse nosso imenso país! Seguem aqui algumas notícias e movimentos do Núcleo Riograndense de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (NRCCRM), onde “acolheramos” a paixão natural do gaúcho pelo cavalo com a raça Mangalarga. Como despedida de 2015, em dezembro, tivemos a tradicional Cavalgada das Areias, na sua 17ª edição, organizada pelo incansável parceiro Laercio Leisman, do Haras da Lagoa Branca, lugar privilegiado às margens da lagoa do mesmo nome, em Viamão. Nem bem encerrou esta, a 18ª edição já está programada para dezembro de 2016, dessa vez saindo do Haras Tapiri, no Lami, divisa Porto Alegre e Viamão, propriedade do criador

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Telmo Bernardes, que ainda é um grande e entusiasta cavaleiro, mesmo já passado dos oitenta anos. Com o ano começando em março, as atividades do Núcleo também se agitam. Em provas abertas a todas as raças, como Team Penning e Work Penning, realizadas em Lomba Grande, município de Novo Hamburgo, o Mangalarga se fez representar com equipes masculina e feminina, arrebatando várias premiações. O NRCCRM já definiu algumas datas da programação da Raça Mangalarga no estado. Em março teremos evento com provas de apartação de bois e cavalgada na Fazenda Utopia de propriedade da vice-presidente do Núcleo Gaúcho, Elisandra de Aguiar da Cruz.


Em abril, um curso de equitação, visando a apresentação dos animais em julgamento, será ministrado no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, onde está a sede do Núcleo. Em maio, será a vez da FENASUL, feira agropecuária organizada pelos criadores de gado leiteiro, onde o Mangalarga é o parceiro mais antigo e um dos maiores atrativos da mostra. No final de agosto, será a vez da Expointer, um dos maiores palcos do setor agropecuário da América Latina, onde nós, do Núcleo gaúcho, estaremos aguardando nossos amigos Mangalarguistas de todo o país, com seus animais, para essa grande festa. Em outubro, o Mangalarga sobe a serra. Heitor Weber, titular do Sítio São Francisco, em Dois Irmãos, será o organizador da Cavalgada da Rota Romântica. Nessa região serrana a primavera, com sua exuberância, proporciona

paisagens de cartão postal, num clima insuperável. Uma das qualidades do cavalo é aproximar as pessoas e consolidar amizades. Criadores, usuários ou amantes do Cavalo Mangalarga de

todo país, nossas portas estarão sempre abertas para vocês. Aqui não se precisa de convite, se “aproxegue” para uma “charlamacanuda”, o fogo para o “assado” está pronto e o mate bem cevado!

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PANORAMA

MANGALARGA

3º SIMPÓSIO DO NÚCLEO SUL DE MINAS E M ÉDIA M OGIANA

)Matéria por: Luciene Gazeta

Dois dias ensolarados presentearam o sucesso do 3º Simpósio dos Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, organizado pelo Núcleo Mangalarga Sul de Minas e Média Mogiana, que ocorreu nos dias 12 e 13 de fevereiro, na centenária Fazenda da Onça, situada em Guaranésia, região de Guaxupé no Sul de Minas. Criadores, amigos e familiares participaram do evento em um clima muito agradável, acompanhando as palestras e fazendo fila para montar os grandes campeões presentes na ocasião. A anfitriã Heloisa Freitas e o presidente do núcleo Luiz Henrique Souza Ribeiro, o Ninho, recepcionaram os convidados na sexta-feira de manhã, quando ocorreu a primeira palestra com foco em “Avaliação e Seleção do Cavalo Mangalarga”,

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proferida por Eduardo Leite Cintra - o Pipa - e João Tolesano Junior. Essa palestra enfocou o padrão racial e o padrão morfológico da raça Mangalarga e explicou as funções de cada parte do animal na obtenção do andamento único da raça, visando com isso auxiliar os criadores que estão ingressando na raça a selecionar os animais mais adequados de acordo com os padrões raciais. A segunda palestra abordou o tema “Criatórios de Mangalarga: Passado, Presente e Futuro”, conduzida por Renato Diniz Junqueira. O tradicional criador relatou sua infância, suas lembranças e experiências, no seio de uma família que é a maior responsável pela formação da raça desde seu início e também por ter trazido o Mangalarga para o Estado de São Paulo, e como ele vê o momento

Evento contou com a participação de diversos Grandes Campeões Nacionais. Foto: Núcleo Sul de Minas.

O simpósio contou com a presença de120 pessoas. Foto: Núcleo Sul de Minas.


que estamos vivendo e o futuro da raça. Após as duas palestras, foi aberto um espaço para um rico debate entre os criadores presentes, que tiveram a oportunidade de expor suas dúvidas e pontos de vista sobre os temas abordados. A seguir, os criadores reuniram-se para um típico almoço mineiro servido à beira da piscina. O período da tarde foi dedicado a apresentações e avaliações das éguas jovens, selecionadas pelos diversos criatórios presentes. Os participantes puderam testar os

animais, montando-os para em seguida defender ao microfone suas escolhas sobre os animais. Foi um momento de degustação do andamento do Mangalarga de criatórios diversos. A noite de sexta foi dedicada a um agradável jantar árabe, um tempinho de confraternização e descanso. No segundo dia, sábado, mais duas palestras reforçaram o contexto teórico do evento: a primeira, “Boas Práticas para um Bom Ferrageamento”, conduzida por Edison Pagoto, foi bastante concorrida, mantendo inclusive os profissionais e técnicos

presentes muito atentos. Em seguida, houve a palestra “Melhoramento Genético e Linhagens”, por João Batista da Silva Quadros e Geraldo Santos Castro Filho, o Gereba. Este foi um momento muito participativo e interessante, pois dezenas de criadores se manifestaram com dúvidas e perguntas, proporcionando uma troca de experiências que enriqueceu muito o evento. “Este Simpósio tem esta pretensão: reunir criadores para proporcionar um momento exclusivo de discussões positivas para a raça,

O palestrante Renato Diniz Junqueira com Luiz Henrique e Flávio Diniz Junqueira. Foto: Núcleo Sul de Minas.

A primeira palestra abordou a avaliação e seleção do cavalo Mangalarga. Foto: Núcleo Sul de Minas.

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PANORAMA

MANGALARGA mostrando a importância de se criar o Mangalarga pensando em ter no seu criatório uma avó responsável por uma geração de grande campeões! Resgatar esta questão é muito produtivo para a raça, além de proporcionar esta deliciosa confraternização que tivemos!”, declarou Ninho. “Observamos ainda que as palestras reuniram tópicos como os primeiros passos, importantes para

criadores novos no Mangalarga, passando por tema técnico como o ferrageamento e encerrando com um assunto polêmico e complexo que é a genética. E, de forma geral, temos a certeza que toda discussão proporcionada pelo evento foi positiva e enriquecedora para o Mangalarga brasileiro”, finalizou o dirigente mineiro.

Mais informações sobre o Núcleo Mangalarga Sul de Minas e Média Mogiana podem ser obtidas pelo telefone (35) 3551-3254 ou pelo e-mail nucleomangalarga@veloxmail.com.br. (Com a colaboração de Matriz da Comunicação)

Os mangalarguistas também puderam desfrutar de uma ótima comida mineira. Foto: Núcleo Sul de Minas.

Os participantes também puderam experimentar a marcha dos animais. Criadores acompanham as apresentações e avaliações das éguas jovens. Foto: Núcleo Sul de Minas. Foto: Núcleo Sul de Minas.

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PANORAMA

MANGALARGA

PROGRAMAÇÃO MOVIMENTADA Matéria por: Pedro Rebouças.

Inauguração do busto do criador Geraldo Diniz Junqueira foi o ponto alto das atividades que movimentaram a comunidade mangalarguista no fim de março

Criadores preparam-se para descerrar a escultura com o busto de Geraldo Diniz Junqueira. Crédito: Norberto Cândido.

Homenagem celebrou a memória do pioneiro criador Geraldo Diniz Junqueira. Crédito: Norberto Cândido.

Solenidade foi acompanhada por criadores e familiares de Geraldo Diniz Junqueira. Crédito: Norberto Cândido.

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A sede da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), localizada no Parque da Água Branca, na cidade de São Paulo (SP), foi palco de uma série de atividades nos dias 28 e 29 de março. A programação incluiu, além da aguardada inauguração do busto em bronze do criador Geraldo Diniz Junqueira, uma palestra sobre o estudo científico que vem sendo realizado sobre a marcha do cavalo Mangalarga, a premiação dos Melhores do Ranking 2015 e a Assembleia Geral Ordinária (AGO) referente ao exercício fiscal 2015. Proferida pelo doutor Alessandro Moreira Procópio, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a palestra sobre o estudo científico da marcha do cavalo Mangalarga abriu a programação no início da tarde do dia 28. Durante a apresentação, que também contou com a participação do Vice-Presidente de Marketing da ABCCRM Eduardo Henrique Souza de França e do Diretor Técnico da ABCCRM Lourenço de Almeida Botelho, foram relatados os avanços obtidos com essa importante pesquisa, cujo objetivo é desvendar todos os detalhes e características da marcha da raça, fornecendo assim subsídios de grande relevância para o trabalho de seleção realizado por criadores e técnicos. Por sua vez, a inauguração da bela escultura em bronze que reproduz o busto do criador Geraldo Diniz Junqueira aconteceu no fim da tarde do dia 28. Falecido em janeiro do ano passado, aos 92 anos, o titular da Fazenda Boa Esperança, localizada em Orlândia (SP), é considerado um dos principais ícones da seleção do Cavalo de Sela Brasileiro. A solenidade, conduzida pelo Presidente da ABCCRM Mário A. Barbosa Neto, foi prestigiada por criadores, familiares e amigos deste importante selecionador. Associado de número 234 da Mangalarga, o pioneiro mangalarguista iniciou sua criação no mês de setembro de 1945, mantendo-se como um ativo e apaixonado criador por cerca de 70 anos. Nesse período, registrou a notável quantia de 1116 equinos no Stud Book da Associação. Além disso, foi sempre um grande entusiasta da valorização do andamento e da função do cavalo Mangalarga. Vale ressaltar ainda que a vida do homenageado


Palestra sobre o estudo científico da marcha do cavalo Mangalarga foi uma das atrações. Crédito: Norberto Cândido.

a programação abriu espaço para outro momento muito esperado, a entrega dos prêmios dos Melhores Expositores e Melhores Criadores do Ranking Mangalarga 2015. A aguardada premiação, que fechou as atividades do dia, colocou em evidência o trabalho dos selecionadores que mais se destacaram no computo dos resultados das exposições e copas promovidas pela ABCCRM ao longo da temporada passada. As atividades na sede da Asso-

Criadores acompanham a Assembleia Geral Ordinária. Crédito: Norberto Cândido.

ciação prosseguiram na manhã do dia seguinte (29), com a realização da Assembleia Geral Ordinária (AGO) para prestação de contas e apresentação de relatórios da Diretoria e do Conselho Fiscal, referentes ao exercício fiscal encerrado no dia 31 de dezembro de 2015. Para obter mais informações sobre as atividades promovidas pela ABCCRM visite o portal oficial da entidade: www.cavalomangalarga.com.br.

O palestrante Alessandro Procópio com o Presidente Mário Barbosa e o Vice-Presidente de Marketing Eduardo França. Crédito: Norberto Cândido.

foi uma jornada voltada a desenvolver a agropecuária brasileira. Afinal, Geraldo Diniz Junqueira foi fundador da Cooperativa Agropecuária da Região de Orlândia (Carol), fundador e presidente da Usina Mandú, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo. Já no início da noite do dia 28,

Programação Movimentada 7: O Vice-Presidente Administrativo Renato Diniz Junqueira (à direita) conduziu a Assembleia. Crédito: Norberto Cândido.

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PANORAMA

MANGALARGA

GLOBAL EQUUS INTERNATIONAL 2016

Representantes da raça realizaram marcantes demonstrações de equoterapia, cavalgada e carrossel O Haras Raphaela, localizado no município paulista de Porto Feliz, foi palco da primeira edição do Global Equus International. O evento, realizado no período de 14 a 17 de janeiro, teve a participação de oito raças equinas, além de contar com apresentações de diversas modalidades equestres e de 20 conceituados treinadores, provenientes de países como Argentina, Espanha, Estados Unidos, México, Suíça e Brasil. A raça Mangalarga esteve representada no Global Equus pelo Haras Mangabaia, de Camila Glycerio e Paulo Pacheco Silveira, e pela Beabisa Pecuária (Fazenda Vassoural), comandada pela selecionadora Beatriz Biagi Becker. O evento, além disso, contou com a visita do Vice-Presidente de Marketing da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), Eduardo Henrique Souza de França, que fez questão de levar seu apoio à iniciativa dos criatórios mangalarguistas participantes. No primeiro dia, o destaque da participação da raça foi uma bela apresentação de carrossel. Já no segundo dia, a funcionalidade do cavalo de sela brasileiro esteve em destaque com uma exibição que simulou uma cavalgada. Ainda nesse mesmo dia, o treinador americano David Lichman submeteu algumas raças a uma prova que consistia em andar ao passo e ao trote sobre um tablado de madeira com o cavaleiro carregando um copo de água na mão, avaliando os animais que menos derrubaram. Ao final, os destaques da prova foram dois exemplares da raça Mangalarga: Catira Mangabaia e Liberdade do Vassoural.

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A docilidade da raça ficou em evidência na apresentação de equoterapia. Foto: Divulgação.

Outro momento especial foi a apresentação da Associação de Equoterapia Vassoural (AEV), que colocou em evidência a docilidade e o temperamento característicos da Mangalarga. Para Elaine Soares Leite, fisioterapeuta e coordenadora técnica do projeto de Equoterapia, a emoção em participar de um grande evento como o Global Equus foi sem dúvida marcante. “Foi uma experiência enriquecedora onde tivemos a oportunidade de demonstrar um pouco do trabalho desenvolvido pela AEV com os cavalos Mangalargas, que mais uma vez nos brindaram, demons- trando docilidade, versatilidade e funcionalidade, o que emocionou a todo público presente. Esse foi, com certeza, um grande evento para aqueles que, como nós, são apaixonados por cavalos". A criadora Camila Glycerio destaca, por sua vez, a boa participação mangalarguista no evento. “A ‘ descoberta’ dos Mangalargas pelos americanos e por equitadores de outras modalidades foi notória. As apresentações montadas chamaram muita atenção pelo sincronismo do conjunto na qualidade e cômodo do andamento,

Exemplares da raça se apresentam na pista do Haras Raphaela. Foto: Divulgação.

e a apresentação da Equoterapia Vassoural tirou lágrimas de emoção da plateia.” A titular do haras Mangabaia ressalta ainda o importante aprendizado proporcionado pelas palestras de doma, manejo, marcha e equitação. “Tenho certeza que elas vão mudar comportamentos na lida, na doma e montada dos nossos cavalos.”Já Beatriz Biagi destaca o êxito do evento. "O Global Equus foi um sucesso! De um nível muito bom de palestrantes, apresentações de várias raças e com suas associações presentes. A nossa raça se apresentou brilhantemente e chamou atenção do público. Foram quatro apresentações de muito resultado", comemorou a titular da Fazenda Vassoural. (Com informações adicionais do Portal Beabisa Pecuária).



HARAS BELO MONTE

HARAS

EM DESTAQUE

Matéria por: Pedro Rebouças

Genética de ponta, mão de obra qualificada e uma completa infraestrutura estão entre os segredos do sucesso deste promissor criatório focado na seleção da pelagem preta

Localizado no município de Mogi das Cruzes (SP), a 60 quilômetros da capital paulista, o Haras Belo Monte é hoje um dos principais expoentes da raça na seleção de animais de pelagem preta ou zaina. Prova disso foi o excelente desempenho deste jovem criatório tanto na 37ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga, na qual sagrou-se Melhor Expositor da Pelagem Preta ou Zaina, como no Ranking Mangalarga 2015, em que repetiu o feito, também sendo eleito o Melhor Expositor da Pelagem Preta ou Zaina. Além disso, o criatório comandado por Marcelo Angelo da Silva obteve uma série de cobiçadas premiações durante a mais importante mostra da raça, entre elas destacam-se o Grande Campeonato Nacional Égua de Marcha Pelagem Preta ou Zaina

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(com Sota R.A.A.), o 2º Reservado Grande Campeonato Nacional Égua Pelagem Preta ou Zaina (novamente com Sota R.A.A.), o 1º Reservado Grande Campeonato Nacional Potranca Pelagem Preta ou Zaina (com Pantera do Orgin) e o 2º Reservado Grande Campeonato Nacional Égua do Concurso Cavalo Completo (Jade do H.I.C.). Para alcançar essas importantes conquistas, entretanto, o haras precisou se estruturar e passar por um relevante processo de profissionalização. “No início do ano passado, nós decidimos que era hora de aprimorar nosso trabalho. Assim, convidamos o Gereba (Geraldo Santos Castro Filho) para nos assessorar, contratamos uma mão de obra mais qualificada e investimos em melhor ração e melhor suplemento para a tropa. Enfim, trabalhamos bastante nesse

suporte para criar as condições necessárias para termos melhores resultados”, explica o jovem Renan Scarano da Silva, filho de Marcelo e grande entusiasta da criação. O criatório, além disso, realizou uma preparação especial para que os animais vivessem o ápice de sua forma justamente na mais tradicional mostra da raça. “Em 2015, nós focamos bastante em fazer pista. Para isso, começamos a preparar os animais ainda no mês de janeiro e participamos de diversas exposições ao longo da temporada. Essa participação foi muito importante para podermos avaliar melhor nossos animais e ter uma base da real condição do nosso plantel. Acreditávamos que assim conseguiríamos alcançar bons resultados e, felizmente, foi o que de fato aconteceu”, acrescenta Renan.


Sonho de infânfia

O início da criação ocorreu, contudo, de forma despretensiosa, inspirada por momentos marcantes vividos na infância de Marcelo Angelo. “Em minha essência, na cidade de Barretos, interior de São Paulo, tive um intenso contato com cavalos por intermédio de meu avô, que era um mestre na arte da equinocultura. Assim, partindo do desejo de realizar um sonho de infância e com o apoio de toda a família, adquiri há alguns anos três animais, o que possibilitou que eu retomasse o contato que sempre tive com equinos”, destaca o criador. O titular do Haras Belo Monte acrescenta ainda que essas aquisições vieram a princípio com o objetivo único de promover o lazer de toda a família. “Porém, com o incentivo de meus filhos e de minha esposa, que se apaixonaram por esses animais e tiveram o desejo de intensificar esse contato com os cavalos, além de terem a vontade de desenvolver um trabalho sério, responsável e profissional com a criação e fomento da raça, decidimos nos tornar, ainda que em fase inicial, criadores de cavalo da raça Mangalarga.” Atualmente, toda família está envolvida no projeto. “Cada um faz um pouquinho, ajudando na sua área

preferida. Meu pai gosta de idealizar os cruzamentos, minha mãe (Kátia) fica mais na área financeira, meu irmão (Jhonatan) gosta de ficar mais na área operacional, eu vejo um pouco de tudo, minha irmã (Heloísa) mexe nas redes sociais e até a mais nova (Yasmin) gosta de participar. É todo mundo muito ligado ao cavalo. Então a família inteira está sempre junta nas exposições, nos leilões, nas realizações do haras e nas compras dos animais”, destaca Renan. Marcelo Angelo conta ainda que a opção pelo Cavalo de Sela Brasileiro não foi uma decisão difícil. “Alguns anos atrás, tive um garanhão Mangalarga. Eu o mantinha em um haras em Ibiúna e o visitava para cavalgadas aos finais de semana. Neste primeiro contato, percebi a docilidade, funcionalidade, comodidade, além da beleza e qualidade zootécnica que os animais desta raça apresentam. Então, quando tive a oportunidade de novamente adquirir e posteriormente criar cavalos, logo quis voltar a manter contato e estar próximo do cavalo Mangalarga. Após essa satisfatória tomada de decisão, para que pudesse se tornar um trabalho sério, unindo qualidade genética, morfologia, andamento e beleza, começamos a adquirir os

animais, formando assim o nosso plantel.” De acordo com Renan, o foco inicial do criatório estava voltado para as pelagens alazã amarilha e preta ou zaina. Com o passar do tempo, no entanto, ocorreu a decisão de focar exclusivamente nos animais pretos. Além do gosto da família por esta pelagem, outro fator influenciou esta escolha. “Nós percebemos que a pelagem preta tinha um número reduzido de criadores e precisava melhorar seu plantel, que se encontrava muito defasado, resolvemos então nos focar apenas nela para conseguir ter um trabalho melhor.” Vieram então as primeiras aquisições. “Os primeiros animais que compramos nesta nova fase foram a Índia Forsteck e a Calais LFT, ambas em sociedade. Em seguida, começamos a adquirir outros animais, incluindo alguns com o sufixo Norma, como a Tempestade da Norma.

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HARAS

EM DESTAQUE

Depois, começamos a focar em animais da linhagem do Café, que produz muitos animais pretos. Tudo isso buscando sempre um andamento de qualidade aliado a uma boa morfologia, sem esquecer da funcionalidade, pois consideramos que essa é uma característica fundamental e fazemos questão de treinar nossos animais também nesse quesito. Tanto é que na Nacional conquistamos com a Jade do H.I.C. os títulos de Campeã Égua Jovem do Concurso do Cavalo Completo e de 2ª Reservada Grande Campeã Égua do Concurso Cavalo Completo”, ressalta Renan.

Apesar de jovem, o Haras Belo Monte acumula muitas premiações. Foto: Renan Scarano.

Foco no cruzamento Agora, neste início de 2016, o foco do criatório está voltado para os cruzamentos que serão responsáveis pelo futuro do plantel Belo Monte. “Nossa ideia é continuar trabalhando para que venham bons resultados nas exposições. Mas este ano estamos dando um peso grande também para a questão dos cruzamentos, pois desejamos que em breve o haras esteja representado em pista por animais com o nosso sufixo”, explica Renan. Para o êxito desta tarefa, o haras recentemente se reforçou com um dos mais notáveis garanhões da pelagem preta, o premiado animal Rei de Ouros 42 (Oriente de N.H. em Irônica de N.H.), cujo currículo ostenta 33 campeonatos e reservados campeona-

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tos conquistados tanto na pelagem preta como no geral, destacando-se não somente por sua beleza e ótimo andamento mas principalmente pela sua excelente produção, sendo pai de diversos animais premiados, entre eles o atual Grande Campeão Nacional Cavalo Pelagem Preta. O plantel do criatório conta ainda com um time de doadoras de muita qualidade e genética de ponta, composto por nomes como: Sota R.A.A. (Topázio J.O. em Luna da Maga), Jade do H.I.C. (Café J.O. em Famosa do H.I.C.), Donna do PEC (Monte- blanco do PEC x Quixadá do PEC), Pantera do Orgin (Café J.O. em Inglaterra do Orgin), Tempestade da Norma (Limoeiro OBC em Neblina

da Norma), Chica da Silva 42 (Rei de Ouros 42 em Cretta da Jauaperi), Divina do A.E.J. (Café J.O. em Uberlândia do A.E.J.), Moleka Forsteck sAtlântico Maçaim em Irlanda Forsteck) e Floresta Negra 42 (Rei de Ouros 42 em Celebração 42). O Haras Belo Monte também oferece aos demais mangalarguistas a oportunidade de adquirir barrigas, embriões e coberturas. Para obter mais informações, visite o portal www.harasbelomonte.com.br ou entre em contato com a equipe do criatório pelo e-mail contato@harasbelomonte.com.br ou pelos telefones (11) 97027-0388 e (11) 99556-7497.



PROFISSIONAL

DE SUCESSO

DALVA

MARQUES Matéria por: Pedro Rebouças.

Símbolo da participação feminina na raça, a apresentadora tem como principal objetivo estar cada vez mais preparada para trabalhar com o melhor cavalo de sela do Brasil

Presença constante nas pistas de julgamento das principais exposições e copas da raça, a amazona, apresentadora e treinadora Dalva Marques começou a conviver com cavalos ainda na infância, em decorrência, sobretudo, do exemplo paterno. “Minha convivência com os cavalos começou muito cedo, na realidade desde que nasci. Meu pai, Pedro Marques, foi domador, ferrador e peão de rodeio. Ferrava e casqueava em vários criatórios da região, entre eles o Haras Rio Verdinho e a Fazenda Seis Marias, de Helio Moreira Salles. Além disso, fornecia ferraduras para a Fazenda Santa Amélia, de José Osvaldo Junqueira, onde me apaixonei ainda mais pela raça Mangalarga”, revela Dalva. Aos poucos, esta grande paixão pelos equinos foi se transformando também em uma carreira de sucesso.

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Foto: Acervo Dalva Marques.

“Por sempre trabalhar com cavalos, ferrando e treinando, acabei optando por esta profissão. Após conhecer o Silvio Parizi, surgiu a idéia de criarmos o Centro de Treinamento Rancho Bigorna, em São Sebastião da Grama (SP). Minha paixão ia aumentando cada vez mais conforme surgiam novos animais para treinar.” Dalva conta ainda que seu começo na profissão ocorreu de forma despretensiosa. “No início, seria somente uma participação nas provas sociais, mas logo estava participando de todas as provas, competindo com apresentadores, que por sinal me receberam muito bem, sempre com muito respeito e carinho. Aliás, hoje em dia minha convivência com os colegas de profissão é muito boa, trocamos experiências e isso é muito gratificante.”Na opinião da treinadora, as mulheres possuem características próprias que as diferenciam na hora de lidar com os equinos. “O diferencial de uma mulher ao lidar com cavalos está na paciência, sutileza e delicadeza. Insisto em dizer que os cavalos aprendem por repetição, uma vez convictos do que queremos e com paciência, eles aprendem rapidamente, só não fazem se não entenderem. Os cavalos têm que sentir prazer em trabalhar e não se sentirem obrigados.”Ao longo de sua carreira, Dalva Marques teve oportunidade de trabalhar com diversos expoentes da seleção do Cavalo de Sela Brasileiro. “Durante esses anos, tive o prazer de trabalhar com diversos criatórios, entre eles: Haras HPDO, HCD, Fazenda São Pedro, Infinito, Valente, De Marchi, YK, DA, Rancho BV, JO e Beabisa Agropecuária.” A apaixonada mangalarguista também lembra com carinho dos cavalos e éguas com os quais teve oportunidade de trabalhar. “Todos os animais que domei, treinei e apresentei foram importantes em minha vida. O que abriu as portas para tudo foi o Real J-Vila Helena, já a primeira égua que apresentei foi a Cigana HPDO. Durante todos esses anos, tive ainda muitas conquistas

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PROFISSIONAL

DE SUCESSO

com Libra do Vassoural, Lagoa, Magnífico, Madona do Vassoural, M Daniela DA, Uru do Mont Serrat, Coral Sant Clair JO e Jornada FAJ, entre tantos outros.” Dalva considera também que a fé e o apoio da família foram ingredientes fundamentais para o seu sucesso na profissão. “Agradeço muito a Deus pela oportunidade e a meu esposo Silvio, que me incentivou em todas as situações, estando sempre presente e me fazendo acreditar que conseguiria sim. Agradeço ainda ao meu filho Octávio por estar sempre vibrando com minhas conquistas.” A renomada apresentadora revela ainda que diversos colegas a

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inspiraram e a influenciaram a seguir na profissão. “Meu maior incentivo está no sangue, vem do meu pai. Tenho também grande admiração por todos os apresentadores, como o Dio (Valdir Marques), o Gabriel Marques, o Mamão (Roque Carlos), o Bira Ramos, o Ivan e o Biro Coutinho, que sempre apresentam com maestria. Aliás, eu sempre dizia a eles: ”Quando crescer, vou montar como vocês”, rememora alegremente a amazona. Diante de tudo isso, Dalva faz questão de ressaltar a posição de destaque que a raça ocupa em seu dia a dia. “Mangalarga é minha vida, é satisfação, é realização, é umprazer

absoluto que só quem sabe é quem tem a oportunidade de montar e conviver com essa raça.” A treinadora e apresentadora destaca ainda que no decorrer desses anos conseguiu realizar um grande sonho ao tornar-se também jurada da raça Mangalarga e posteriormente jurada de muares. "Sou muito grata a Deus pois todas essas consquistas me foram dadas por Ele. Meus objetivos agora são, sem dúvida, continuar aprimorando meus conhecimentos, aperfeiçoando técnicas e estar cada vez mais preparada para trabalhar com o melhor cavalo de sela do Brasil.”



VIAGEM

A CAVALO

CAMINHO SANTIAGO COMPOSTELA A CAVALO Matéria por: Paulo Junqueira Arantes. Diretor da Cavalgadas Brasil. www.cavalgadasbrasil.com.br

Rota com mais de mil anos proporciona uma experiência ímpar que une devoção, história, arquitetura e belas paisagen

São vários os Caminhos de Santiago. A partir da descoberta do túmulo do Santo Apóstolo, no século IX, a curiosidade encarregou-se de demarcar os diferentes caminhos que, partindo de diversos pontos da Europa, iam se formando pela sedimentação das trilhas deixadas pelos primeiros peregrinos que se dirigiam àquele Santo Lugar. Os caminhos espalharam-se por toda a Europa e se entroncavam nos caminhos espanhóis. O Caminho Francês que entra na Espanha na zona de Pamplona, é a rota das estrelas, é o Caminho de Santiago por excelência. Seu trajeto através do norte da Península Ibérica foi fixado com precisão em 1.135. Vários daqueles que deixaram o nome na história, como Carlos Magno, El Cid, São Fran-

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cisco de Assis, Fernão de Aragão e Isabel de Castela, também percorreram o “Camino”. Não dispondo de outro meio de locomoção, a grande maioria se deslocava a pé, enquanto os membros da nobreza e do clero iam a cavalo. Peregrinos não menos famosos da nossa história contemporânea, como artistas, escritores, historiadores, e outros, continuam nos dias de hoje fazendo a história do “Camino”. A Rota do Caminho de Santiago é um dos mais extraordinários trajetos monumentais do Ocidente. São centenas de construções civis, militares e religiosas, muitas delas exemplos maiores de seus estilos arquitetônicos (românico, gótico, barroco, plateresco e neoclássico). Tendo cavalgado em várias partes do mundo, há muito tempo eu queria cavalgar por esse


caminho que tem mais de mil anos de história. Em 2010, quando Santi- ago de Compostela celebrava seu Ano Santo decidi viajar a Espanha e pesquisar como fazer o Caminho a cavalo. Passei 15 dias percorrendo o caminho Francês de carro e pesquisando. Visitei várias “cocheiras” e fui à

base daqueles que organizam cavalgadas na região. Com tudo organizado, marquei minha primeira viagem para o ano seguinte, quando percorri com minha mulher e alguns amigos, o Caminho desde Astorga, em oito dias. É o trecho que mais recomendo.

Astorga é famosa pelo Castelo de Gaudi e outras obras interessantes, vale a pena. Nessa rota de dez dias, nove noites e oito dias a cavalo, merecem destaque o Castelo Templário de Ponferrada, muito bem restaurado, e a pequena vila celta O’Cebreiro, um lugar especial (só conhecendo para entender). Passado mais um ano, decidi fazer todo o Caminho Francês desde Pamplona, num total de 780 quilômetros. Convidei o amigo Jose Henrique Castejon, (um entusiasta das cavalgadas com seus Mangalargas) e em 17 dias fomos protagonistas da história viva de um caminho milenar.

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VIAGEM

A CAVALO

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LEILÃO HARAS TARLIM MANGALARGA Com faturamento superior a R$ 1,1 milhão, evento comprovou a pujança e solidez do mercado do Cavalo de Sela Brasileiro A temporada de negócios do cavalo de sela brasileiro começou quente em 2016. Realizado na tarde de 27 de fevereiro, nas dependências do Haras Tarlim, em Jaguariúna (SP), o Leilão Haras Tarlim & Convidados movimentou a expressiva cifra de R$ 1.165.320,00, negociando 29 lotes pela cotação média de R$ 40.183,00. O evento, que marcou a inauguração da nova sede do criatório comandado pelo selecionador Fernando Tardioli Lúcio de Lima, contou ainda com a participação de mais de 600 pessoas entre tradicionais e novos criadores, provenientes de todo o Brasil. Segundo a Business Leilões, empresa leiloeira responsável pela organização do remate, as disputas foram intensas tanto entre os compradores presentes ao recinto, bem como entre aqueles que acompanharam a transmissão via internet pelo Canal Business. Com um investimento de R$ 182.000,00, o Haras A.E.J. e o Haras do Lobo garantiram a aquisição do lote mais valorizado do remate, composto pela promissora potranca alazã Índole RB (Prêmio do Otnacer x Nayara do Otnacer), ofertada pelo Haras Tarlim. Por sua vez, o Haras Precioso investiu R$ 104.000,00 para

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adquirir a potra Façanha ACF (Vermute ACF em Xique-Xique ACF), originária do plantel do Haras ACF. Outro importante momento do evento foi a comercialização de Badalada da Tarlim (Delírio RB x Poesia RB). A fêmea de apenas três meses de idade, ofertada pelo Haras Tarlim, alcançou o recorde de preço da raça Mangalarga para uma potra ao pé, merecendo um investimento de R$ 65.000,00 por parte do Haras VJC, de Tijucas do Sul (PR). O remate registrou ainda o recorde de preço da raça para a venda de uma barriga. O feito foi alcançado pela atual Grande Campeã Nacional

de Marcha Barbacena ACF (Vermute ACF x Uberlândia ACF), destaque do plantel Tarlim, cujo ventre foi adquirido por R$ 59.800,00 pelo Haras VJC, principal investidor do remate com um total de cinco aquisições. O leilão, entretanto, não se limitou aos negócios. Ele também celebrou o Tri Campeonato Nacional de Marcha conquistado pelo Haras Tarlim - com Catarina da Marazul (2010), Tramela do Mont Serrat (2011) e Barbacena ACF (2015) - e a recente incorporação da premiadíssima genética da tropa RB, de Reginaldo Bertholino, ao plantel Tarlim.


O evento, aliás, reservou um momento especial para uma emocionante homenagem aos quarenta anos de dedicação do criador Reginaldo Bertholino ao cavalo Mangalarga. Realizada no início do leilão, a solenidade foi comandada pelo anfitrião Fernando Tardioli, contando com a participação de renomados criadores e dirigentes da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), que na mesma ocasião reconheceu o trabalho do apresentador José Aparecido Freire. Para obter mais informações sobre o Leilão Tarlim Mangalarga, entre em contato com a Business Leilões pelo e-mail atendimento@canalbusiness.com.br ou pelo telefone (21) 2491-3808.

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Um público estimado em 550 pessoas prestigiou a terceira edição do Leilão Grandes Marcas. O evento, realizado na tarde de 5 de março, na sede do Haras Braido, em Santo Antônio de Posse (SP), ofertou 36 lotes especialmente selecionados, que alcançaram a expressiva cotação média de R$ 31.000,00. A realização do remate foi uma iniciativa conjunta de quatro conceituados criatórios da raça Mangalarga: Haras Braido (Nelson Braido), Haras Três Rios (Armando e Fernando Raucci), Haras Precioso (Eduardo Rabinovich) e Haras F1 (Eduardo França). O leilão contou ainda com organização da Fênix Leilões, assessoria técnica de João Quadros e transmissão ao vivo do portal Zona Rural. Além disso, o evento teve novamente a parceria da Fundação Edmilson, entidade filantrópica mantida pelo craque Edmilson José Gomes de Moraes, pentacampeão mundial com a seleção brasileira de futebol, que desenvolve um importante trabalho com crianças e adolescentes em situação de risco social no município paulista de Taquaritinga.

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Programação Movimentada A programação do evento foi aberta com um agradável coquetel, durante o qual o público pôde conferir a apresentação dos lotes do leilão ao som da dupla Henrique e Conrado. Em seguida, os convidados foram

redirecionados à arena Grandes Marcas, onde o remate teve início sob a condução do martelo do leiloeiro rural Marcelo Junqueira, registrando vendas para criadores de diversos estados, como Bahia, Goiás, Amapá, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, além do Distrito Federal.


Na sequência das atividades, os mangalarguistas prestigiaram e colaboraram com o leilão em prol da Fundação Edmilson, cuja condução esteve a cargo do radialista Emerson França, da rádio Band FM. Durante o remate beneficente, que contou com a participação e o prestígio do ex-jogador Edmilson, os presentes puderam adquirir camisas de times de futebol autografadas por vários ídolos do Brasil e do exterior. “Gostaríamos de agradecer a todos os parceiros que participaram, prestigiaram e colaboraram, assim como aos compradores,criadores e seus familiares, pois todos contribuíram para o Grande Sucesso do 3º Leilão Grandes Marcas”, destacam os organizadores do evento.

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O tema é polemico e poderia gerar páginas e páginas de artigo. Mas vou tentar resumir o que penso… Vivemos uma época diferente no mundo dos cavalos. Somos questionados constantemente sobre o uso dos animais, principalmente em competições. As correntes do chamado “bem estar animal”, fortes, denunciam semanalmente os eventos equestres, principalmente os que utilizam os bois. Pegam pelos bois nas provas de laço, vaquejadas, etc. Conseguem embargar provas. Com os rodeios, o mesmo. São várias as cidades onde são proibidas as provas com gado. Fazem isto sem qualquer embasamento ou mesmo conhecimento profundo do tema. Dou um exemplo: filmes e fotos de momentos isolados são usados como denúncia de maus tratos e tratados como generalizados. Já existem senadores e deputados trabalhando para o “nosso lado” lá em Brasília. Já existe todo um documento, do qual fiz parte da elaboração, criando uma ordem melhor para os eventos equestres. Algo vai sair, mas realmente não sabemos quando. O fato que me preocupa é de ver nas redes sociais pessoas do mundo do cavalo sendo a favor dos chamados “ativistas do bem estar”, principal-

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mente no tocante a rodeios. Concordo que os rodeios e eventos de péssima qualidade e zero de preocupação com os animais devam ser extintos, mas sem conhecimento sobre a vida de um animal de esporte ou mesmo um boi de rodeio de qualidade, não se pode simplesmente parar esta atividade. Minha segunda preocupação - talvez a mais preocupante das preocupações…: supondo que os rodeios acabem no Brasil, ou que esta onda realmente fique forte a ponto de desestabilizar este mercado economicamente. Supondo que os “ativistas do bem estar” consigam seus objetivos com o rodeio. Você realmente acha que eles vão parar? Não vão. Vão diretamente para o cavalo montado, para as provas. Veja: a maioria deles quer acabar com a utilização dos animais em provas e não regulamentar a atividade para que haja uma fiscalização. E, se ganham o tema “rodeio”, fatalmente vão querer acabar com as provas… e depois com as cavalgadas, e depois com a utilização dos cavalos nas fazendas. Você pode estar pensando que eles não vão conseguir isto. Mas, quem de nós quer viver com isto todos os dias? Quem de nós quer ter que carregar esta preocupação em realizar um evento e poder ser embargado? Estamos vivendo da denúncia e não da fiscalização. E quem vive de denúncia tem que ser defender. Ao se defender perante um juiz, este vai na lei. Se não temos uma lei, ficamos a mercê da decisão de quem não é do nosso mercado… e tente explicar para um juiz ou promotor que cavalos usam freios mesmo, e que as vezes abrem a boca… Penso que decisões devem ser tomadas agora. As associações de raça devem criar seus códigos de ética e

bem estar animal. Um código rígido e que se faça ser cumprido. Criadores grandes ou pequenos, treinadores famosos ou não, deverão ser punidos severamente se descumprirem o código. Coragem e idoneidade das diretorias faz-se necessário. Rever regulamentos de provas, mudar características das mesmas vai ter de acontecer em todas as modalidades. Lembrem-se que por nossa sorte (ainda…) os defensores estão focados somente nos rodeios, e se conseguirem seus objetivos, ganham força para virem para as provas equestres. Devemos todos colaborar com a confecção e aprovação de uma lei para os eventos equestres. Grande parte do material já está em mãos de senadores em Brasília. Se a sua associação não participa, pensando que o tema envolve só provas com bois, saiba que uma hora vai chegar em todos nós. Devemos exigir fiscalização nos eventos por parte dos órgãos competentes. A partir de um código de bem estar animal, devemos exigir sermos fiscalizados. Fugir disto será perda de tempo. Não devemos apoiar causas de extinção do uso dos animais, mas sim pela regulamentação e fiscalização. Por fim, o tema é complexo demais. Mas vai chegar até nós. E é hora de nos mexermos. Nós aqui estamos colaborando com o CRMV, com a confecção das leis, com a regulamentação de algumas atividades. E você? E sua associação de raça ou modalidade? Vai assistir e deixar pra ver o que acontece?



EQUITAÇÃO SIBRAE – Sistema Brasileiro de Equitação

Dicas práticas e objetivas para se formar um cavalo de prova

Este sistema de trabalho foi desenvolvido para cavalos de Marcha Trotada. É a soma de três equitações: Adestramento Europeu, Equitação Americana e Equitação Campeira, tendo como principal preocupação não alterar na qualidade da Marcha Trotada e formar um cavalo extremamente funcional. Este trabalho é indicado para depois da doma. O temperamento da maioria dos Mangalargas permite preparar com o trabalho correto ótimos cavalos de prova funcional sem comprometer as qualidades da marcha trotada, seguindo as dicas que seguem abaixo. 1- Sempre começar e terminar o trabalho a passo, no começo para aquecer, e no final relaxar, dividindo em três: passos reunido, médio e alongado (passos curto, natural e longo), com duração mínima de 10 minutos. 2-Passar para a marcha trotada, também com os três andamentos (curto, médio e longo) e no mínimo 10 minutos, tanto no passo como na m. trotada, trabalhar entre os obstáculos e fazendo a prova. A forma de fazer é que muda e é muito importante. A explicação segue no texto abaixo. 3- Galope: depois do passo e da M. trotada começar o galope, nesta sequência: reunido, MÉDIO e alongado. Nunca galope entre os obstáculos e nem fazer a prova nesta fase do trabalho. O galope deve ser feito perto da cerca da pista. Nas partes longas do picadeiro, aproveitar para tirar o galope longo. Nas partes curtas

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da pista, aproveitar para galopar curto, SEMPRE PASSANDO PELO GALOPE MÉDIO. Se você acelerar e desacelerar lentamente, não erra e na desaceleração trazer o corpo para trás. 4- Uma vez por semana aquecer na Guia, com rédea auxiliar: Rédea Neco, Rédea Neck Stretch, Rédea Canabrava, Rédea fixa , etc.... 5- Trabalho a passo e da marcha trotada fazendo a pista: começar nos tambores com rédea contrária, durante o círculo, o cavaleiro deve trazer seu tronco exageradamente para trás, voltando à posição vertical no final do giro. Sempre atrasar a perna de fora do tambor , conforme o desenho abaixo. Este exercício deve ser repetido várias vezes, tanto a passo como na m. trotada. Durante os vinte minutos dos dois andamentos parece ser repetitivo, mas é fundamental até os dois lados estarem iguais.


6-Trabalho a galope fazendo a pista: começar sempre no galope curto, sem se preocupar com tempo e nem se o cavalo está girando longe dos obstáculos, fazendo sempre com a rédea contrária deitando o tronco e perna de fora atrasada, exatamente igual ao passo e à m. trotada. Só fazer a pista no galope longo quando o cavalo deixar de ficar ansioso ao galopar. Ex.: Se o seu cavalo a qualquer movimento do cavaleiro quiser voltar para o galope, sinal que não está pronto para fazer a prova no galope longo. 7- Recuo, salto e porteira: o recuo, o mais importante é ensinar no final do trabalho, esperar que o cavalo pare por completo e não obrigá-lo a recuar. Se a sua ajuda deixar de ser sutil, volte ao trabalho e tente no outro dia. Já o salto,

como é isolado e relativamente baixo, começar a M. trotada com varas no chão e aumentado gradativamente a altura em M. trotada alongada, até passar ao galope, sempre no meio do trabalho (DEPOIS DE AQUECIDO SEM ESTAR CANSADO). Quanto à porteira o ideal também é ser no final do trabalho e esperar que o cavalo pare por completo e lentamente abrir e fechar a porteira. A velocidade vem com o tempo. Erros mais comuns: tentar corrigir os erros na pista no galope, repetir a pista várias vezes (no galope), não perceber que seu cavalo está ficando ansioso ao ver os obstáculos, querer obrigá-lo a recuar, tentar esbarrar antes que o cavalo aprenda a passar do galope longo para o médio, curto, passo até parar; entre outros ...

Considerações finais: só usar rédea contrária no treinamento, quanto for fazer a prova rédea direta (curva para direita, cara do cavalo para direita), atrasar a perna de fora e o tronco do cavaleiro para trás nas voltas dos obstáculos sempre, tanto no treino como nas provas. Este treinamento foi desenvolvido ao longo de anos de pesquisa. Não segue fielmente nenhuma das três principais formas de equitação, mas seus resultados são comprovados, tanto na evolução dos cavalos quanto dos cavaleiros, fazendo do galope que é a preferência de 10 entre 10 jovens muito mais seguro e prazeroso.

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Desmame, uma prática nem sempre necessária Voltando a escrever sobre boas práticas de manejo com foco no bem-estar equino, desta feita vamos abordar uma prática pouco questionada na equideocultura. Trata-se do desmame ao redor dos 6 meses. Muito comum, indicado por profissionais e praticado por tradição. Todavia, se trata de uma prática que se configura como violência psicológica e que, muitas vezes, pode ser evitada ou amenizada.

Questão de Ética O desmame cedo e imposto pelo homem é uma violência psicológica porque, normalmente significa separar, de modo geralmente brusco e duradouro, a mãe da sua cria. Em humanos sabemos que o desmame, se fosse feito de maneira semelhante, teria consequências desastrosas para ambos os seres, mãe e filho(a). Mas com equinos não é muito diferente e quanto mais cedo praticado o desmame piores são as consequências. Costuma-se dizer que um ano de idade nos equinos corresponde a três anos de idade nos humanos. Pois bem, desmamar um equino aos seis meses de idade geralmente se faz com sua separação

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definitiva da mãe. Daí para a frente ele é, normalmente, levado a conviver só com outros equinos de idade aproximada à dele. Agora vejamos o que corresponderia isso nos humanos. Separar um(a) filho(a) de um ano e meio do convívio com sua mãe e obrigar que a convivência, doravante, seja só entre crianças da mesma idade seria uma privação absurda, violenta e extremamente danosa para a personalidade, para o caráter, para a socialização e para o aprendizado desta criatura. Voltando aos equinos, muitas pessoas, equivocadamente, acham que um potro não precisa da mãe e dos mais velhos para aprender a ser normal e equilibrado. Fazem assim com os bovinos e porque teria que ser diferente com os equinos? Ora, o pobre do bovino é um animal de consumo e, normalmente, não esperamos dele um companheiro de trabalho nem de lazer ou esporte. Portanto o bovino pode ser um desajustado que pouca diferença faz. Mas com os equídeos é diferente. Felizmente. Alguns leitores dirão: – Caramba! Não havíamos pensado nisso. Não havíamos pensado desta forma. Não é? Provavelmente porque aprendemos desde cedo a tratar os

animais com pouca consideração, com poucos direitos. Se somos donos deles achamos que podemos fazer o que bem entendermos, desde que não signifique agressão física violenta. Preocupar-se com eventual agressão psicológica costuma ser considerada uma frescura, afinal, dizem, os animais não humanos não têm alma. Mas pensar desta maneira arbitrária e prepotente é uma postura meramente econômica, egoísta, antropocêntrica, errada e ultrapassada. Não condiz com os atuais tempos de reconhecimento dos direitos animais e com os princípios do bem-estar animal. Não condiz com o conceito moderno de animal sensciente, isto é, capaz de sentir dor, frustração, tristeza, angústia, prazer e alegria.

Desgaste fisiológico A Zootecnia indica o desmame por questões fisiológicas da égua. Sim porque amamentar é a função que mais desgasta a égua e quando ela está novamente prenhe então deve ter sua lactação interrompida para não haver sobrecarga fisiológica. Amamentar e gestar ao mesmo tempo seria demais para a égua. Mas em primeiro lugar quero dizer que nem sempre é esta a justificativa que move os criadores de equinos, até porque muito desmame é praticado quando a égua não está prenhe. Em segundo lugar quero dizer que, pela Zootecnia mesmo, sabemos que o crescimento fetal significativo só ocorre no terço final da gestação, portanto só ao redor da segunda metade do sétimo mês e não a partir dos seis meses ou menos de gestação. Em terceiro lugar quero dizer que não é assim que ocorre na natureza. Vejam os cavalos asselvajados, se a égua não


está em muito bom estado nutricional ela não será fecundada no cio do potro. A fecundação ocorre mais adiante e o desmame acontece naturalmente por iniciativa de um dos dois ou de ambos, mas não significa separação. A cria continua convivendo com a mãe, inclusive depois que nasce o(a) outro(a) filho(a). Assim não ocorre violência psicológica, não ocorrem traumas nem desequilíbrio emocional.

Desvios de aprumos?

Outra razão que alegam, sem embasamento científico, para o desmame aos seis meses ou até mesmo antes, é que se ele persistir além desse prazo a cria pode acabar tendo desvios de aprumos nos membros anteriores devido à postura ao mamar. Ledo engano e os eventuais casos que assim forem não passam de coincidência. Não há nenhum estudo científico, com amostra grande e estatística confiável, que comprove essa correlação. Se a postura de mamar provocasse desvios de aprumos muito mais prejudicial então seria o ato de pastar quando o animal é novo, com dois ou mais meses de idade. Sim porque a cria nova sempre nasce com as pernas proporcionalmente muito maiores do que o pescoço e então para pastar tem que adotar uma postura forçada de abrir as mãos para chegar o focinho ao chão. Essa postura de abrir as mãos para alcançar o chão a cria nova adota muitíssimas mais vezes e por muito mais tempo seguido do que a abertura de mãos que assume para poder mamar aos seis meses de idade. O pastar não entorta aprumos de potros(as), até pelo contrário. Idem para o ato de mamar. Basta atentarmos novamente para os cavalos asselvajados. A grande maioria deles não é torta de aprumos das mãos e todos mamaram bem mais do que seis meses seguidos. Em minha vida profissional de domador já domei

muitos potros(as), maiores do que as próprias mães, os(as) quais estavam mamando antes da doma e continuaram mamando durante e depois de domados, sem nenhum problema de aprumos. Mas onde observar esse assunto em cavalos selvagens ou asselvajados? Não só os EUA, mas também muitos outros países conservam rebanhos de cavalos selvagens para, entre outras coisas, estes estudos. Em nosso país muito lutei para preservar os últimos selvagens de Roraima, mas a incompetência, a burocracia e a corrupção de nossas autoridades, junto com o sensacionalismo irresponsável da TV Globo fizeram com que aqueles esplêndidos animais, infelizmente, desaparecessem. Atualmente estamos pleiteando um ínfimo recurso do governo (Mapa) para estudar e preservar o que seriam os últimos equinos selvagens do Brasil, mas mesmo assim a insensibilidade sobre este assunto e a visão curta das nossas autoridades continuam. Parece que o fim vai ser o mesmo, lamentavelmente.

de leite não é a ausência da cria e sim a ausência de frequente sucção no úbere. Mas para os proprietários que quiserem seguir com a separação física da mãe em relação à sua cria, há alguns procedimentos que bem podem e devem ser seguidos, como: • retirar a mãe e não a cria do grupo e do ambiente onde eles estavam habituados; • separação gradativa e progressiva da mãe em relação à cria. Esses procedimentos podem exigir um pouco mais de trabalho, mas compensam amplamente em termos de acidentes, de não queda significativa do estado nutricional de ambos e principalmente de equilíbrio mental. Um animal que não foi brusca e arbitrariamente desmamado cedo certamente será um animal muito mais equilibrado, em todos os sentidos. Temos que melhorar sempre a criação e a Equitação. Pensem isso e pé no estribo. Cordialmente, até a próxima.

Como e quando fazer o desmame? Voltando ao assunto que motivou este artigo, então o desmame deve ser abolido? Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Há que se analisar cada caso. Às vezes pode ser necessário. Resumindo o assunto, o desmame feito pelo homem é mais ou menos como a ferradura, um mal, às vezes, necessário, mas nem sempre. O que não se deve é adotar como regra desmame aos seis meses. Antes dessa idade seria pior ainda. Dentro do possível, quanto mais tarde melhor. Ademais, interromper a lactação da égua não necessariamente implica em separar da mãe a sua cria. Eles podem, por exemplo, permanecer próximos, separados por algum tipo de cerca que os impeça apenas da amamentação. O estímulo para a égua interromper a desgastante produção

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Alimentação da Égua em Gestação

Considerações Gerais:

Éguas em reprodução são aquelas que já estão em estágio de crescimento adequado para receber e desenvolver adequadamente um potro em seu ventre. Isso se dá por volta dos 3 anos de idade. A partir dessa idade, estando o animal apto e em condições físicas, pode ser colocado em reprodução. A má nutrição é um dos maiores responsáveis pela infertilidade da égua. Sua importância é subestimada. Quando a alimentação é deficitária, podem ocorrer problemas na ovulação (cio não fértil), na nidação (fixação do embrião no útero), na gestação, e mesmo na viabilidade do feto. No momento que a má nutrição é grave e prolongada, podem ocorrer abortos (que predispõe a complicações infecciosas que comprometem a fertilidade) ou simplesmente o nascimento de prematuros, ou mesmo, de potros fracos, pouco resistentes, que ficam sujeitos a nati-mortalidade. Um ajuste na alimentação da égua em reprodução se faz necessário para evitar o aparecimento de problemas como:

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• Redução das chances de fecundação. • Retardo do ciclo normal nos anos subsequentes. • Baixo número de potros nascidos no decorrer da vida reprodutiva da égua. Para prevenir a infertilidade de origem nutricional, a dificuldade prática reside na detecção do erro no arraçoamento, onde devemos adequar os aportes proteicos, energéticos, minerais e vitamínicos conforme as necessidades do animal. Aproximadamente metade da energia consumida pelas éguas em reprodução por meio da alimentação é destinada ao metabolismo basal, sendo o restante reservado para o crescimento e desenvolvimento do potro, seja no período intrauterino, seja pelo leite, no período lactente. No período de gestação a égua deverá ganhar cerca de 13 a 18% de peso, claro que desde que esteja, já no início da gestação, em seu estado corporal ótimo. Este ganho é dividido em 3-5% na primeira fase (até o 8o. mês de gestação) e 10-13% na fase final (terço final da gestação).

Primeira Fase de Gestação (1o. ao 8o. mês) Após a fecundação, a égua deve manter seu peso, ou mesmo engordar se estiver muito magra. As necessidades da mãe são ligeiramente superiores às de manutenção, sendo necessário cerca de 1,4 a 1,7% de matéria seca em relação ao peso do animal. Nesta fase, ocorre um crescimento de cerca de 30% do tamanho do feto. Isto é, um potro que deverá nascer com 50 kg de peso, neste período irá crescer somente 15 kg. Um volumoso de ótima qualidade, água fresca e limpa à vontade, mineralização adequada e um mínimo de concentrado de qualidade são suficientes para suprir suas necessidades nessa fase. Segunda fase de Gestação (9o. ao 11o. mês) Nesta fase ocorre um aumento muito grande das necessidades nutricionais da égua. Há um crescimento de 70% do tamanho do feto neste período. Aquele potro que no período anterior cresceu somente 15 kg em 8 meses, neste período de 3 meses crescerá cerca de 35 kg, exigindo muito de sua mãe. A alimentação fetal é prioritária em relação à mãe, inversamente do que ocorre no início da gestação. Está sendo definido todo o “futuro potencial” do potro, isto é, todo o potencial genético de crescimento do potro. Nesta fase também, a égua deve adquirir uma reserva corpórea, para que, no início da lactação não ocorra uma perda excessiva de peso, devido às elevadas necessidades energéticas desta fase.


Devemos ter cuidados com uma superalimentação que pode acarretar problemas graves e importantes, devido ao excesso de gordura da mãe e do feto: • Dificuldades no parto e diversas complicações associadas (retenção de placenta, metrite) • Nascimento de um potro frágil que sofreu durante o parto (por anóxia – falta de oxigenação) • Limitação do aumento necessário do consumo voluntário de alimento no início da lactação, que limita a produção leiteira e agrava a queda do balanço energético.

Um bom estado corporal da égua no momento do parto é uma garantia do nascimento de um potro saudável e com ótimo desenvolvimento pós-natal. Uma complementação concentrada adequada no final da gestação possui vantagens como: • Compensar a queda de apetite momentos antes do parto, permitindo a manutenção do bom estado corporal. • Estimular o desenvolvimento fetal, assegurando o nascimento de um potro saudável com maturidade.

• Ativar a produção de imunoglobulinas (anticorpos) para a produção de um colostro de excelente qualidade, que promova ótima proteção anti-infecciosa para o potro. • Promover alta produção leiteira favorável ao crescimento inicial do potro A quantidade de proteína do concentrado é de 15-16%, e a energia, mediana, sendo o extrato etéreo variável de 3 a 5%. Lembre-se que quanto maior o valor do extrato etéreo, melhor será a qualidade da energia, e menor poderá ser a quantidade de ração oferecida.

modestas e as carências muito frequentes. Nesta fase são utilizadas as reservas corpóreas da gestação. As éguas de raças de sela (Mangalarga, Quarto de Milha, Campolina, etc.) produzem em média 15 a 17 litros de leite por dia, podendo chegar a picos de 20 a 22 litros, enquanto que as raças de tração pesada (Bretão, Percheron) chegam a 25 litros diários, podendo ter picos de 30 a 32 litros. Desta alta produção leiteira, vêm as elevadas necessidades energéticas desta fase. A suplementação com concentrados se faz necessária pois, além de tudo, a égua pode estar prenhe nesta fase. Portanto a égua tem tripla função: manutenção, lactação e nova gestação. A quantidade de proteína do concentrado deve ser de 15-16% de proteína bruta, e a energia deve ser mediana a alta, com extrato etéreo de 3 a 5%. Nesta fase o potro é nutrido basicamente pelo leite, apesar de ingerir volumoso e até ração, daí a importância de uma boa produção leiteira pela égua.

Final da Lactação (4o. ao 6o. mês) As necessidades da égua caem drasticamente, pouco acima das necessidades de manutenção. Neste período a produção leiteira reduz-se quase que à metade do início da lactação e o potro já está se alimentando de capim ou feno que suprem parte de suas necessidades. A alimentação da égua em concentrado pode ser reduzida, se seu estado físico assim o permitir, isto é, se ela não perdeu peso em demasia no início da lactação, e desde que tenha volumoso de qualidade disponível em grande quantidade. Do ponto de vista fisiológico, por meio de uma suplementação de concentrado e volumoso adequada, esse potro já pode ser desmamado sem prejuízo para seu crescimento e desenvolvimento, deixando a égua livre para manter-se e finalizar uma nova gestação (que já deve estar ao redor de 4 a 5 meses). O desmame precoce traz algumas vantagens para a égua, tais como menor exigência de nutrientes (pode-se reduzir e até cortar a ração), possibilitando que ela se prepare por

Alimentação de Éguas em Lactação Início da Lactação (1o. ao 3o. mês) As necessidades energéticas no início da lactação são muito superiores às do período de gestação. Elas vão praticamente dobrar em um ou dois meses. Em relação a seu peso, esta categoria tem uma necessidade de 2,3 a 3% de matéria seca, 11,5 a 15 kg por dia para uma égua de 500kg de peso vivo, equivalente a 38 a 50kg de pastagem por dia, ou 13 a 19 kg de feno ou ainda 25-35 kg de pastagem mais 4 kg de ração de boa qualidade, considerando todos alimentos de ótima qualidade com proteína e energia suficiente para a demanda nutricional. Um bom arraçoamento quantitativo, continuamente bem adaptado ao estado fisiológico e ao nível de produção leiteira permite manter um peso corporal próximo do ótimo, beneficiando ao mesmo tempo a secreção láctea da égua e a sua fertilidade. Paralelamente às necessidades quantitativas, é fundamental considerar as necessidades qualitativas em proteínas, energia, minerais e vitaminas, pois as reservas são muito

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mais tempo para o próximo potro. Para o potro, o desmame precoce não traz nenhuma vantagem, nem física e, especialmente, nem do ponto de vista psicológico, podendo inclusive comprometer seu aprendizado e segurança no meio em que vive. Dependendo do que se deseja para a vida do animal, o desmame pode ser feito de duas formas: 1) comercialmente, a partir do 4º mês de vida do potro até o 6º mês, e 2) biologicamente, entre o 5º e 9º mês de vida do potro. A decisão da época certa se dará pelo desenvolvimento e crescimento do potro ao pé da mãe. Caso o potro esteja muito bem desenvolvido, segundo alguns criadores e proprietário, onde tenha que abrir demais as mãos ou dobrar os joelhos para mamar, pode-se, a partir do 4º mês de vida, proceder-se à separação deste da mãe, desde que ele já esteja habituado a uma alimentação adequada e equilibrada com concentrados e esta seja mantida com níveis adequados. Dentre os muitos paradigmas que constam na criação de equinos está em relação a comprometer os aprumos pelo potro abrir demais as mãos no momento do desmame. Até o presente momento, não há nenhuma evidencia científica ou de observação significativa que corrobore essa tese. Ou seja, não se observa potros com problemas de aprumos por desmame mais tardio, sendo então desnecessário esse desmame precoce. Biologicamente, em uma conduta adotada por muitos anos pelos criadores até a década de 70 e abandonada desde então, o desmame pode ser feito após a erupção dos dentes incisivos dos cantos. A erupção dos cantos ocorre entre o 5º mês e o 9º mês de vida do animal, dependendo de determinadas condições individuais. Coincidente à erupção destes

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dentes, ocorre maturação do aparelho digestivo do potro, que fica perfeitamente adaptado à absorção dos alimentos mais grosseiros, rico em fibras. Nessa mesma fase, ocorre a consolidação das articulações dos membros dos potros. Essa consolidação é que poderá determinar se haverá problemas de aprumos nos potros quando mais velhos. Desta forma, segundo a visão biológica da evolução dos cavalos, mesmo que o potro seja desmamado aos 8 ou 9 meses, como suas articulações ainda não estão consolidadas, os problemas de aprumos não deverão ocorrer. Porém deve-se ficar atento, pois em alguns animais isso ocorre aos 5 meses de idade, e em outros até os 9 meses de idade. Esse desmame mais tardio tende a produzir potros com melhor desenvolvimento psicológico, mais seguros e melhor capacidade de aprendizado.

Conclusão A égua reprodutora tem 03 grandes variações das necessidades alimentares no decorrer de seu ciclo reprodutivo. Necessidades pouco superiores à manutenção no início da gestação e no final da lactação, necessidades especialmente protéicas no final da gestação e necessidades muito acentuadas, especialmente energéticas, no início da lactação. O fornecimento de minerais e vitaminas por todo o período de gestação/lactação é fundamental para o bom crescimento do esqueleto do potro. Deficiências proteicas na lactação levarão a uma queda na produção leiteira com consequente diminuição no crescimento e desenvolvimento do potro. As deficiências, assim como os excessos energéticos, também trazem as mesmas consequências para o potro. De qualquer modo, é importante ressaltar que tais necessidades, sempre acompanhadas de um aporte mineral e vitamínico adequado, somente podem ser conseguidas com uma complementação de concentrados, pois a capacidade de ingestão de volumoso que a égua possui, não supre de maneira adequada as necessidades nestas fases de vida reprodutiva. Se no período final da gestação o animal estiver em um estado ótimo, proporcionará uma melhor maturidade do feto, maior qualidade do colostro, aumento na produção leiteira e da atividade ovariana, favorecendo uma nova gestação. Por outro lado, se no terço final da gestação houver ganho de peso em excesso, proporcionará, no momento do parto, uma perda excessiva de peso, dificuldade no parto, ocasionado o nascimento de um potro frágil e queda na produção leiteira, com consequente prejuízo reprodutivo subsequente.


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SOCIAL

LEILテグ HARAS TARLIM MANGALARGA & CONVIDADOS Haras Tarlim - Jaguariテコna (SP) - 27 de fevereiro

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MOMENTO

SOCIAL

3ツコ LEILテグ GRANDES MARCAS

Haras Braido - Santo Antテエnio de Posse (SP) - 05 de marテァo de 2016

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ÍNDICE DE

ANUNCIANTES

Haras Belo Monte Página 01 (Capa)

Cavalgada do Sertão ao Mar(Beabisa) Página 02

CASS Mangalarga

Haras Equus Página 35

Fazenda Caldeirão da Serra Página 39

Página 05

Vansil

Estância Ezaninotto Página 07

Brascrédito

Páginas 08 e 09

Haras da Chave Página 13

Fazenda São José Páginas 20 e 21

Haras Germana Página 25

Sítio Macadame

Página 43

Haras Zarif e Filhos Página 47

JLC Projetos Página 51

Mader Silva Página 57

Haras Otnacer

Página 71 (3ª Capa)

Haras Josilmar

Página 72 (4ª Capa)

Página 27

Haras Belo Monte Página 29

11

PARA ANUNCIAR LIGUE:

3866-9866 / 9 9449-4341 TRATAR COM NORBERTO

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