Revista Mangalarga - Edição de Maio de 2020

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Mangalarga

a montaria ideal para o moderno patrulhamento urbano

MAIO

2020

R$15,00

REVISTA OFICIAL

Covid-19: os desafios da pandemia ao setor equestre



Índice

Abertura 4 6

Palavra do Presidente Apresentação da Capa

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALOS DA RAÇA MANGALARGA Rua Monte Alegre, 61 - cjto 111 - Perdizes São Paulo - SP - CEP 05014-000 Telefone: (11) 3677-9866 DIRETORIA EXECUTIVA - TRIÊNIO 2018/2020

Panorama Mangalarga 7 12 17 18 20 22 24 26 28 32 33 34 34 35

Programação de sucesso Tropa de Elite Inovação Contínua Copa Virtual Talento Precoce.................. Jornada dos Príncipes Jacira Meneses Copa Cobasi Momento Desafiador Agenda de eventos Colônia de Férias Nova Sede Núcleos Regionais Perfil Mangalarga

Mercado & Finanças 36 38 39

5º Leilão Haras Tarlim Leilão Obras Primas 2º Leilão Platinum

Território Cavalgada 40 42 44

Expedição Velho Chico............................... Cavalgada da Faz. Serra Dourada Circuito Mangalargada

Lazer & Cultura 47

Cavalgada no Vale Sagrado

Espaço Técnico 50 53 54 56 60

Encontro de Jurados Escola da Leveza Parceria ABCCRM e UFRPE Sela, o que ela tem de mais? Pelagens

Painel de Negócios 65 66

Espaço Empresarial Fidelidade Mangalarga

Diretor Presidente Luis Augusto de Camargo Opice Vice-Presidente Administrativo Financeiro Nelson Antonio Braido Vice-Presidente Técnico Hamilton de França Leite Vice-Presidente de Fomento Alexandre de Oliveira Ribeiro DIRETORIA ADJUNTA - TRIÊNIO 2018/2020 Diretor Adjunto Danton Guttemberg de Andrade Filho Diretora Adjunta de Esportes Camila Glycerio de Freitas Diretores Adjuntos de Exposição Carlos Cesar Perez Iembo Guilherme Pompeu Piza Saad Diretor Adjunto Financeiro Eduardo Rabinovich Diretores Adjuntos de Fomento Felipe Angelin Luís Fernando Sianga Pedro Luiz Suarez Castedo Youssef Haddad Diretores Adjuntos Jurídicos Cristiano Rêgo Benzota de Carvalho Renato Tardioli Lucio de Lima Diretores Adjuntos de Marketing João Luis Ribeiro Frugis Jorge Eduardo Beira Luiz Gustavo Alves Esteves Renata Sari Rodrigo Pedrosa Sampaio Novais Diretor Adjunto de Núcleos Cauê Costa Hueso Diretores Adjuntos de Pelagem Alberto Veiga Junior Leandro Pasqualini de Carvalho Diretores Adjuntos Técnicos Alessandro Moreira Procópio João Paulo Fogaça de Almeida Fagundes CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO - TRIÊNIO 2018/2020 Membros Eleitos Eduardo Figueiredo Augusto Emiliano Abraão Sampaio Novais Fernando Tardioli Lúcio de Lima Pedro Salla Ramos Filho Silvio Torquato Junqueira Membros Efetivos Célio Ashcar Celso Galetti Montalvão Clodoaldo Antonângelo Élio Sacco Felippe de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda Filho Flávio Diniz Junqueira Francisco Marcolino Diniz Junqueira Ivan Antônio Aidar Luiz Eduardo Batalha Mário A. Barbosa Neto Renato Diniz Junqueira Sergio Luiz Dobarrio de Paiva CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICO - TRIÊNIO 2018/2020 Técnicos Alcides Moraes Sampaio Filho Geraldo Santos Castro Neto João Batista da Silva de Quadros João Pacheco Galvão de França Filho João Tolesano Junior Marcos Sampaio de Almeida Prado Paulo Lenzi Souza Leite Criadores Dirk Helge Kalitzki Roberto Antonio Trevisan Rodnei Pereira Leme Rogério Camara Nigro Roque Carlos Noqueira Representante MAPA Karen Regina Perez SERVIÇO DE REGISTRO GENEALÓGICO - STUD BOOK Superintendente do Serviço de Registro Genealógico Henrique Fonseca Moraes Junior

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Palavra do Presidente

2020, Foto: Modesto Wielewicki

FÉ E ESPERANÇA É O QUE NOS RESTA

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que dizer de um ano que se revelava promissor em termos de crescimento econômico e avanços nas reformas que tanto necessitamos, para que a economia e o desenvolvimento social possam caminhar juntos de forma sustentada, propiciando melhores condições e oportunidades de melhoria de vida para os brasileiros, principalmente para os que têm menos condições. Nosso calendário hípico estava repleto de Exposições Regionais; a Copa de Marcha e de Função, aprovada pela ABCCRM perante

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a Lei de Incentivo aos Esportes, do Governo do Estado de São Paulo, com o apoio e destinação de recursos por parte da Cobasi, estava programada com quatro etapas e uma grande final. O Seminário sobre a Raça Mangalarga, com palestras e debates sobre o momento do nosso cavalo, seja do ponto de vista de sua marcha como de sua morfologia, estava organizado e seria realizado em março passado. Os criadores que se inscrevessem teriam dois dias de muitas informações, troca de ideias e

oportunidade de montar e avaliar ótimos exemplares dos melhores animais do momento. O Planejamento Estratégico, já iniciado com a fase de coleta de dados e informações pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, estava com suas próximas etapas programadas. Os primeiros leilões deste ano, promovidos, cada qual com o seu perfil e objetivos, pela Prime Selection, Haras Espinhaço e Piratininga e, posteriormente, pelo Haras Tarlim, mostraram uma forte evolução nas médias


Palavra do Presidente chamada Copa Virtual de Marcha, organizada pela Central da Marcha, capitaneada pelos criadores e Diretores da Associação, Youssef Haddad e Dr.Pedro Castedo, com apoio da ABCCRM, na plataforma de mídia social Instagram, e que foi um estrondoso sucesso de participação e interação entre as famílias dos criadores e expositores participantes. Essa inovadora e auspiciosa competição teve a participação de mais de 15 mil pessoas que votaram nas várias etapas da disputa e que totalizaram mais de 65 mil votos, gerando uma incrível exposição dos animais que estavam competindo e da marca Mangalarga. Recentemente, o Fernando Tardioli, demonstrando seu espírito criativo e dinâmico, organizou um Dia de Campo Virtual, no formato de uma live, que foi transmitida via Internet das 14h às 22h30, de um sábado. Durante a live o Fernando conseguiu arrecadar mais de 40 toneladas de cestas básicas para a entidade Amigos do Bem, graças às doações dos mangalarguistas que participaram da live e do leilão espontâneo e improvisado que o Emiliano Novais, Cassiano Simão, Eduardo Rabinovich, Jorge Beira, Vinicius Curi e tantos outros se incumbiram de movimentar. Foi uma jornada memorável da Raça Mangalarga, demonstrando, mais uma vez, a união, o espírito de amizade e solidariedade que graçam entre os criadores. Teremos, no próximo dia 16 de maio, no Haras EFI, do Eduardo Augusto Figueiredo e de seus filhos, um evento também inédito. Será um leilão presencial, no formato de live, com inúmeras atrações e novidades. Não percam! Essas iniciativas todas, inéditas no meio de Raças e Associações Equinas, mostram a capacidade e ânimo do mangalarguista ativo com seu criatório e realmente

interessado no crescimento da Raça. Um exemplo a ser admirado e aplaudido por todos nós! Neste momento, resta uma palavra de fé e de esperança na força Divina e na Ciência rogando para que esses momentos sombrios, pelos quais estamos passando, possam terminar o mais breve possível e que as sequelas econômicas possam ser, vigorosamente, combatidas pela Sociedade Brasileira, por intermédio de ações governamentais, aprovações de leis pelo Congresso Nacional que reformem verdadeiramente o Brasil, tornando o Estado eficiente, moderno, com equilíbrio fiscal e capacidade de investimentos para melhorar os serviços públicos, proporcionando ao capital privado ambiente, segurança jurídica e estabilidade para cumprir sua parte no tão almejado crescimento econômico sustentado, única forma possível de assegurar um desenvolvimento social justo para todos os cidadãos brasileiros.

Foto: Norberto Cândido

obtidas demonstrando a evolução que estamos conseguindo junto ao mercado, contrariamente ao que pensa o nosso CDT, pelo teor de sua nota publicada na www. revistahorse.com.br, a respeito de um artigo escrito pelo editor da própria Revista Horse. Eis que quando os últimos acordes do carnaval ainda ecoavam pelas ruas do Brasil, o Covid-19 pediu passagem e colocou seu bloco da epidemia nas ruas, nos escritórios, nos bares, nos restaurantes, nas lojas, nos shopping centers, nas fábricas e nos lares de todos os brasileiros. Nossos eventos, como todos os eventos do setor agropecuário, estão suspensos, até segunda ordem, por força da determinação legal dos Governos Estaduais onde seriam realizadas as primeiras Exposições Regionais e a Exposição Brasileira. Assim, se e quando houver a liberação por parte das Autoridades Públicas, o Calendário Hípico, do período que restar do ano, terá que ser reprogramado entre a Associação e os Núcleos Regionais. A Exposição Nacional já foi transferida para o período de 12 a 22 de novembro. Mas a crise de saúde pública que estamos atravessando está nos proporcionando algumas inovações que se mostraram excelentes e que conseguiram entreter e mobilizar centenas de milhares de pessoas em torno da Raça Mangalarga. O Prosa Mangalarga continuou a ser exibido, de maneira virtual, com entrevistados e entrevistadores, cada qual em sua casa, conectados via aplicativos de comunicação pela Internet, propiciando, inclusive, a participação de entrevistados residentes nos Estados do Pará, Renato Giordano, e da Bahia, Thiago Lins de Faria. Tivemos uma competição

Luis Opice Presidente da ABCCRMangalarga

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Apresentação da Edição

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REVISTA OFICIAL

Mangalarga

MAIO

2020

a montaria ideal para o moderno patrulhamento urbano

Covid-19: os desaÀos da pandemia ao setor equestre

REVISTA MANGALARGA Edição e Redação Pedro Camargo Rebouças (MTB 31427) pereboucas@hotmail.com Representante Comercial Beto Falcão betofotografia@gmail.com Desenho Gráfico Daniel Bertti daniel.bertti@bertti.com.br Departamento de Marketing Sara Feliciano sara.feliciano@abccrm.com.br Departamento de Exposição Francisco Bezerra francisco.bezerra@abccrm.com.br Lucas Diniz lucas.diniz@abccrm.com.br

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Ampla Reformulação

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Revista Mangalarga está passando por uma ampla reformulação com o objetivo de levar a seus leitores um conteúdo cada vez melhor. Esse processo inclui a chegada de novos colaboradores, que vieram reforçar a equipe da publicação, assim como a implementação de um novo projeto gráfico, mais moderno e sofisticado, e a adoção de uma linha editorial mais instigante e em consonância com a expectativa da comunidade mangalarguista. A coordenação da revista está sob a liderança do jovem criador Cauê Costa Hueso, que traz sua ampla vivência na raça para enriquecer e aprimorar a publicação oficial do cavalo Mangalarga. Na parte comercial, a revista passa a contar com a colaboração do profissional Beto Falcão, especialista em marketing equestre e um dos principais fotógrafos do segmento hípico brasileiro. Ambos vêm unir-se a dois experientes colaboradores que já atuavam na publicação, o jornalista Pedro Rebouças, com duas décadas de atuação na mídia equestre

nacional, e o designer Daniel Bertti, experiente profissional do segmento gráfico paulistano. Entre os diferenciais do novo projeto, destaca-se o sistema de cores que identifica cada seção, auxiliando o leitor a encontrar seus temas preferidos e trazendo mais vivacidade às páginas da publicação. A distribuição das matérias também está mais elegante e equilibrada, com o uso de fontes mais modernas e de fácil leitura, o que torna a publicação mais charmosa, ao mesmo tempo em que proporciona uma experiência mais rica e agradável ao leitor. Esperamos que tenha uma boa leitura e o convidamos a participar da Revista Mangalarga, enviando suas sugestões para o departamento editorial ou divulgando seu haras ou empresa nas páginas da publicação oficial da ABCCRMangalarga, onde você poderá falar a um público seleto e com alto poder de investimento. Tudo isso com o respaldo de uma entidade que é referência para a equinocultura e o agronegócio nacional há mais de 85 anos.

Amigos da Cavalaria

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capa desta edição apresenta um dos animais participantes do Projeto Amigos da Cavalaria, montado pelo Tenente Coronel Alyson Sobrinho, Comandante do Regimento de Cavalaria Ary Ribeiro Valadão Filho, da Polícia Militar do Estado de Goiás. O autor desse belo registro é o talentoso fotógrafo goiano Juliano Araujo.

Iniciado no ano passado, fruto da parceria estabelecida entre a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), o Núcleo Mangalarga de Goiás e o Regimento de Policiamento Montado de Goiás, o Projeto Amigos da Cavalaria tem como objetivo aprimorar o patrulhamento montado nas áreas urbanas das cidades brasileiras.


Panorama Mangalarga

PROGRAMAÇÃO

DE SUCESSO

A 2ª Mangalargada Espinhaço e o 1º Leilão Espinhaço e Piratininga abriram o calendário da raça com chave de ouro Por Pedro C. Rebouças

Fotos: Márcio Mitsuishi

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nova temporada mangalarguista foi aberta, no sábado 15 de fevereiro, na Fazenda Espinhaço, em Botucatu (SP), por duas aguardadas atrações: a 1ª Etapa do Circuito Mangalargada 2020 e o 1º Leilão Espinhaço Agropecuária e Haras Piratininga. Os primeiros visitantes foram recebidos no início da manhã com um saboroso café da manhã. Em seguida, os competidores da Mangalargada participaram de um “briefing”, no qual foram apresentados os detalhes da prova de abertura desta terceira edição da competição. E, às 09h, foi dada a largada para a disputa, que percorreu um trajeto de cerca de 20 quilômetros pelas belas trilhas da propriedade da família Novais. A prova, que teve a participação de 68 competidores, registrou um empate na primeira colocação entre os cavaleiros Silvio Torquato Junqueira Filho e Rafael Tiepolo Pagano, ambos com 96 pontos. O pódio da disputa contou ainda com a presença de Luiz Alberto de Souza (2º colocado com 95 pontos), Pablo Andrade e Manuela Bueno Junqueira Franco Pagano (empatados na terceira posição

A Fazenda Espinhaço recebeu a primeira Mangalargada de 2020.

A família Novais recepcionou os mangalarguistas com muito carinho.

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com 94 pontos), Brunna Lapenna Miranda Sampaio Novais (quarta colocada com 93 pontos) e Murilo Bussab (quinto colocado com 92 pontos). No início da tarde, após a cerimônia de premiação e um gostoso almoço, teve início o 1º Leilão Espinhaço e Piratininga. Responsável por abrir o calendário de negócios da raça em 2020, o remate foi prestigiado por um grande público e ofertou 28 lotes, incluindo potrancas, matrizes, ventres, coberturas e embriões da mais alta qualidade genética da raça Mangalarga. Segundo a Programa Leilões, empresa responsável pela organização do evento, o leilão obteve uma média de R$ 92.000,00 por animal e movimentou uma receita total de R$ 1.517.000,00. Os principais destaques da tarde foram a potranca alazã Évora do Espinhaço (T.E.), que teve 50% de seus direitos adquiridos por R$ 247.000,00 pelo Haras Tarlim, e o garanhão Lyon da Piratininga, que teve um pacote de três coberturas comprado por R$ 192.000,00 pelo Haras Otnacer.

FOTOS MÁRCIO MITSUISHI

Panorama Mangalarga

Competidores acompanham o “briefing” da competição.

Uma festa marcante O Leilão Espinhaço e Piratininga contou com uma ótima estrutura.

Titular da Espinhaço Agropecuária, o criador Emiliano Abraão Sampaio Novais mostrouse bastante contente com a dupla programação sediada pela Fazenda Espinhaço. “Nós estamos muito satisfeitos, pois o leilão foi uma festa muito bonita. Além disso, a Mangalargada também foi incrível, registrando um crescimento expressivo na comparação com a etapa que realizamos aqui no ano passado. Afinal, desta vez conseguimos reunir 68 conjuntos, enquanto na temporada passada tivemos a presença de 53 participantes”, destacou em entrevista concedida

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O animado pódio da 2ª Mangalargada Espinhaço.


Panorama Mangalarga à Remate Web TV. Para Rodrigo Novais, filho de Emiliano, diversos aspectos contribuíram para o êxito do leilão. “Esta parceria com o Haras Piratininga foi a melhor possível, com consistência genética, ótimos criadores presentes e muitos companheiros reunidos. Foi um leilão com poucos lotes e de excepcional qualidade, no qual foi disponibilizado o que há de melhor nos plantéis dos dois criatórios que promoveram o evento.” Por sua vez, José Luis de Andrade, do Haras Piratininga, destacou em entrevista ao programa Pecuária em Foco que o evento deve ficar marcado na memória da comunidade mangalarguista. “Nós estamos muito felizes, primeiro com o convite do Emiliano e da família Novais, que são nossos amigos há mais de trinta anos, e depois por este dia maravilhoso. Acredito que esse leilão vai ficar marcado não só pela qualidade dos animais mas por esta grande festa. O Emiliano e sua família capricharam para deixar tudo muito bonito para receber a todos”, ressaltou o mangalarguista, lembrando ainda que o Haras Piratininga completará no próximo mês de novembro 40 anos de seleção da raça Mangalarga. A dupla programação também mereceu elogios do Presidente

A Mangalargada Espinhaço teve a participação de 68 conjuntos

da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) Luis Augusto de Camargo Opice. “Nós não poderíamos começar o ano de uma maneira melhor, nos reunindo em um lugar maravilhoso, como é a Fazenda Espinhaço. Eles tiverem a feliz ideia de conjugar esses dois eventos e nos receberam maravilhosamente bem, armando esta festa muito bacana.” Opice fez também uma avaliação positiva da abertura do Circuito Mangalargada. “Esta segunda prova promovida pela Espinhaço Agropecuária

Luis Opice elogiou a dupla programação da Fazenda Espinhaço.

foi sensacional. Recorde de inscrições, trilha excelente e técnica, organização do Luís Fernando Sianga e da Camila Glycerio perfeita, além da recepção carinhosa da família Novais que deixa a todos os participantes sentindo-se como se estivessem em suas próprias casas. Obrigado Gláucia, Brunna, Rodrigo e Emiliano! Parabéns pelo leilão e a festa que foi o evento. O ano hípico do Mangalarga começou com chave de ouro!”, ressaltou o dirigente nas redes sociais da raça.

Emiliano Novais e José Luis de Andrade na abertura do leilão.

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Panorama Mangalarga

TROPA DE ELITE Exemplares da raça ganham destaque no patrulhamento das ruas goianas e conquistam a confiança dos cavalarianos do Regimento de Cavalaria de Goiás Por Pedro C. Rebouças

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Foto: Juliano Araujo

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Projeto Amigos da Cavalaria, iniciado no ano passado com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) e do Núcleo Mangalarga de Goiás, vem proporcionando significativas melhorias à tropa e ao serviço prestado pelo Regimento de Policiamento Montado de Goiás. A iniciativa, além disso, tem sido uma importante vitrine para as qualidades do Cavalo de Sela Brasileiro na região Centro-Oeste do País. Titular do Haras Apoena ao lado do marido Deolindo José de Freitas Junior, a criadora Renata Sari é uma das idealizadoras do projeto. Segundo a mangalarguista, dez animais da raça já foram doados para o regimento, que também já registrou o nascimento da primeira potra fruto da iniciativa, cuja lista de parceiros inclui criatórios como: Haras A.E.J, Haras EFI, Haras Garden, Haras Fleury Mangalarga, Haras Catedral, Fazenda Serra Dourada, Fazenda Ouro Velho, Haras Tapiratuba, Rancho da Bela Vista e Haras Apoena. Renata Sari conta que quando saiu do Rio de Janeiro e se mudou para Goiânia, se deparou com uma política de segurança pública extremamente atuante nas ruas, um policiamento mais ativo, mais aguerrido e muito presente no cotidiano dos goianos, motivo de orgulho, admiração e respeito

A raça tem se destacado no patrulhamento em Goiás.

da população. “Se os militares possuem esse respeito no Estado, é porque atendem as expectativas dos cidadãos e isso chamou minha atenção, a parceria espontânea da sociedade com os militares pelo respeito por eles conquistados.” Ainda de acordo com a criadora,

o patrulhamento montado é uma operação militar que faz parte do dia a dia dos goianos. “Além do efetivo pronto e treinado para lidar com aglomerações de pessoas nos mais diversos eventos, como manifestações, passeatas e jogos, o patrulhamento montado é diário


Panorama Mangalarga Inquestionável ganho para a sociedade Na avaliação do Tenente Coronel Alyson Sobrinho, Comandante do Regimento de Cavalaria Ary Ribeiro Valadão Filho, da Polícia Militar do Estado de Goiás, a experiência de trabalhar com a raça no patrulhamento das cidades goianas vem sendo muito positiva. “A presença do Mangalarga na tropa traz um conforto imenso aos cavalarianos, poupando os policiais de tensão e problemas de coluna, pernas, joelhos, ou seja, produz uma economia de esforço, como chamamos no militarismo, o que

é primordial para uma tropa de choque que o utiliza diariamente no patrulhamento montado. São oito horas de patrulhamento diário e seguido, assim um animal de andamento confortável como é o Mangalarga e com o temperamento que a raça possui traz um inquestionável ganho para a tropa e para a sociedade.” O Coronel ressalta ainda que o temperamento da raça permitiu inclusive a utilização de garanhões e éguas no serviço conjunto pelas ruas de Goiânia. “Isso não é normal, temos animais da Cavalaria com os quais essa integração é impossível, entretanto no caso do Mangalarga, dada a obediência do cavalo e sua docilidade, não tivemos nenhum

Foto: Renata Sari

e possui uma presença marcante e ativa, com policiais extremamente treinados e de grande qualidade, entretanto observávamos animais de trote e sabíamos que essa era uma cultura do hipismo clássico, antiquada para o patrulhamento urbano.” A mangalarguista revela que quando ela e o marido começaram a criar, no início de 2019, ficaram impressionados com a raça, desde o seu andamento ímpar até a sua docilidade, coragem e porte. “Assim resolvemos aliar a nossa paixão pelo Mangalarga à nossa admiração com a segurança pública e fomos conversar com o Comandante da Cavalaria. Lá, tivemos uma grata surpresa ao nos deparar com o conhecimento da raça Mangalarga demonstrado pelo oficial e pela necessidade e dificuldade que eles possuem na aquisição de animais.” Foi aí que surgiu a ideia de estabelecer um projeto de cooperação com a Polícia Militar. “O Tenente Coronel Alyson Sobrinho pontuou a importância da alteração das viaturas equinas visando as qualidades que o Mangalarga poderia prover a toda a sua equipe no moderno patrulhamento das cidades. Tivemos então a ideia de ceder os garanhões para que utilizassem as coberturas e, como na época não tínhamos nenhuma matriz vazia, entramos em contato com alguns amigos e o Rodrigo Fleury prontamente doou a primeira égua ao Regimento para dar início a este novo plantel militar. Este foi o embrião do projeto Amigos da Cavalaria, e não foi apenas recebido pelos militares, mas sim realizado em conjunto, dada a necessidade de um patrulhamento ostensivo e moderno com o apoio dos criadores que se dispuseram a ajudar.”

O Coronel Alyson Sobrinho orienta os cavalarianos.

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desfilamos, seguimos em frente, sem recuo, sem mexer orelhas, sem demonstrar qualquer desconforto apesar dos drones que zarpavam próximo a ele. Seguimos em frente com a tropa atrás, uma das provas cabais da coragem do Mangalarga, o que foi provado e atestado por todos que assistiram.”

Patrulhamento diário A cavalariana Jéssica Alves Corrêa conta que vem realizando diariamente policiamento montado com um exemplar da raça Mangalarga, animal que ela classifica de belíssimo, além de imponente, dócil, forte e dotado de um andamento extremamente confortável. “Os solípedes desta raça, durante o serviço, mostram que são animais corajosos, não recuam frente aos obstáculos enfrentados na nossa atividade fim de policiamento montado urbano e choque montado. Todos se adaptaram muito bem à realidade da atividade operacional urbana do nosso dia a dia, na qual andamos em meio ao trânsito da capital e passamos por adversidades como buzinas, fumaças e transposição de obstáculos em ruas.” A policial militar também descreve um pouco de sua rotina junto aos cavalos da raça

Foto: Juliano Araujo

problema. Nós realizamos uma experiência inicial com o garanhão do Haras Apoena (Xingu do PEC) que ficou na Cavalaria para que pudéssemos conhecê-lo e utilizálo para doação de sêmen. Fizemos todos os testes iniciais com esse Mangalarga. O montamos no quartel e o colocamos em diversas situações de rua nas quais os cavalarianos enfrentam dificuldades como barulhos de construções, sirenes, carros passando em todos os sentidos, buzinas, saco plástico voando perto, ou seja, representamos situações do dia a dia dos policiais e este exemplar, quando montado, sequer mexia as orelhas e não alterava o andamento. Nós temos, aliás, a experiência de cavalos daqui do Regimento que, apesar de acostumados com o patrulhamento, olham tudo e demonstram desconforto, já com o Mangalarga nada acontecia. No momento em que se colocava a sela, ele se posicionava pronto para os comandos, confiante, sem recuo, independentemente da situação de estresse a que estava sendo submetido.” O bom desempenho desse primeiro exemplar da raça nos testes iniciais realizados no Quartel da Cavalaria fez com que o Coronel Alyson considerasse um novo desafio. “Eu sugeri desfilar com o Mangalarga em um evento da Academia de Polícia Militar do Estado de Goiás, porque, quando eu mencionava a respeito, muitos não acreditavam até por não ser um cavalo nascido e criado na Cavalaria. Então aquela seria a sua prova de fogo. Assim, eu desfilei com este exemplar, ou seja, ele estava à frente da tropa, sem qualquer amadrinhamento de outros animais, simplesmente no ‘front’, na ‘testa’ do desfile e logo no início. A fumaça de gelo seco inundou o local em que iríamos passar e, apenas, passamos,

Foto: Renata Sari

Panorama Mangalarga

O andamento da raça é o principal diferencial para o patrulhamento

A raça tem a aprovação das cavalarianas do Regimento

Mangalarga. “Todos os policiais da Cavalaria têm um cavalo específico para o patrulhamento. Esse animal é escolhido conforme as características físicas tanto do cavalariano quanto do cavalo. Além disso, nós cuidamos do cavalo desde o manejo de limpeza, ducha antes e após o serviço, como também do encilhamento e dos mimos para sua fidelização com o dono.” Ainda na avaliação de Jéssica, o cavalo Mangalarga se sobressai às outras raças principalmente devido ao seu andamento característico, que proporciona um conforto maior ao policial durante as oito horas de patrulhamento montado diário. Ela também ressalta que os exemplares da raça apresentam um temperamento dócil que facilita o trato e manejo no dia a dia e nas atividades que exigem mais do cavalo, além de demonstrarem ser muito francos.” Ferrador do Regimento de Cavalaria e cavalariano desde 2010, o Sargento Danilo Martins celebra a oportunidade de contar com animais da raça na tropa da cavalaria e relembra seu primeiro e apaixonante contato com os


cavalos Mangalarga. “Trabalhar com o Mangalarga está sendo reviver, com maior intensidade, uma época de ouro da nossa Cavalaria! É preciso fazer um breve histórico para que as pessoas entendam a dimensão grandiosa e significativa de nossa relação com a raça Mangalarga. Sirvo no Regimento de Cavalaria desde 2010. São dez anos de muito amor a essa Unidade Equestre! Aqui aprendi a lidar com esses animais e também a conhecê-los nas particularidades de cada equino. Como em toda instituição, é praxe que os mais experientes expliquem a dinâmica e apresentem a rotina de serviço aos mais novos, recém-chegados, e comigo não foi diferente. Assim que coloquei meus pés no Regimento, passei a conhecer cada um dos animais. Felizmente para mim, ainda em meu período de adaptação, me apaixonei pelo trabalho da Ferradoria Regimental e passei a integrar o quadro de Ferradores da Cavalaria, isso me deu ainda mais proximidade com os animais e sua história!” Martins prossegue revelando que ao longo de alguns anos, além de trabalhar aprendendo o ofício de ferrador, trabalhava 40 horas semanais no patrulhamento montado e auxiliava o serviço de doma no adestramento de rédeas dos potros. “Montava muito, muito mesmo! Bom, todos nós que montamos este maravilhoso animal sabemos bem o quão desgastante pode ser essa atividade! Imagine por oito horas, cinco a seis dias por semana! Bem exaustivo! E é aí que o Mangalarga começou a ter um lugar especial no meu coração! Aproximadamente dez anos antes de eu chegar por aqui, um garanhão Mangalarga, chamado Galã, foi emprestado ao Regimento para cobertura de algumas éguas! Deste feliz

Foto: Renata Sari

Panorama Mangalarga

Grupo de cavalarianas pronto para o patrulhamento das ruas.

episódio, nasceram os solípedes mais disputados na época em que eu cheguei! Somente os cavalarianos mais antigos ou mais proeminentes montavam os cavalos Mangalarga da Cavalaria! Eram, e são até hoje, os melhores solípedes que temos! Este garanhão (Galã) era neto de, nada mais nada menos, que Turbante J.O.! Assim, quando fiquei sabendo do projeto Amigos da Cavalaria para trazer o sangue Mangalarga para nossa tropa, foi extremamente animador! E quando recebemos o garanhão Xingu, foi uma das visões mais marcantes dos últimos anos! Tive o prazer de cuidar dos cascos dele, desde o primeiro dia, e também de montá-lo! Uma máquina! Um animal de postura singular e franqueza sem igual! Andamento extremamente confortável e com coragem ‘à culha’, como dizemos no militarismo!” O Sargento também faz questão de ressaltar a participação de Xingu do PEC no evento da Academia da PM de Goiás. “Montado pelo nosso Comandante e melhor cavaleiro, o Coronel Alyson, ele desfilou toda sua

exuberância e franqueza (em meio a canhões de luzes neon, fumaça e fogos de artifício) diante do Presidente Jair Bolsonaro, em desfile solene, na Academia de Polícia do nosso Estado. Neste dia, ficou ainda mais claro que é desta genética, desta raça, que precisamos para o melhor desempenho de nossa atividade fim, o Policiamento de Choque Montado! Também passamos a receber outros exemplares, de outros criadores, todos belíssimos animais, francos e com o andamento maravilhoso do Mangalarga! O testemunho que tenho de todos os meus colegas cavalarianos é de que não há nada melhor que montar um Mangalarga! E, diferente dos nossos Mangalargas de outrora, a genética que estamos recebendo traz animais de porte ainda mais aumentado, imponentes, exuberantes! Meus mais sinceros votos são de que esta parceria seja extremamente duradoura, pois estamos vivendo momentos especiais junto à raça! Espero ter ainda muito mais depoimentos felizes como este a dar”, destaca o militar. Maio, 2020 Revista Mangalarga

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Panorama Mangalarga

Soldado e Médico Veterinário da Cavalaria, José Augusto S. Nascimento faz questão de ressaltar os benefícios trazidos pelo convívio com os equinos, além de destacar as qualidades da raça Mangalarga. “O cavalo é um daqueles seres que, não sendo humano, nos surpreende por sua humanidade. Generoso na interação dos afetos, sensível às emoções do toque, perscruta, inabalável, o íntimo de nossas intenções. Modula nossos sentimentos, faz emergir sensações reprimidas, e, como um hábil terapeuta, devolve-nos a paz outrora riscada pela tristeza. Sempre imponente, majestoso e de índole doce, o Mangalarga cativa na primeira interação. Sua morfologia arrojada de membros fortes e aprumados, combinados com uma musculatura pélvica bem desenvolvida, garantem bons andamentos e uma agradável experiência ao cavalariano.” Nascimento explica ainda que por ser um cavalo desenvolvido para o trabalho e para o esporte, o Mangalarga adaptou-se extremamente fácil à estratégia do policiamento militar. “Além da necessidade de cavalos francos e corajosos, o policiamento exige, dado o tempo do patrulhamento diário, cavalos confortáveis no andamento, gerando pouco desgaste ao cavalariano. O Mangalarga não só preencheu todos esses requisitos básicos como contribuiu com o policiamento, principalmente pela interação amistosa e fraterna com os demais cavalos durante o patrulhamento, condição imprescindível, devido à natureza imprevisível do policiamento montado frente às vicissitudes das ocorrências do dia a dia.” Por sua vez, o Coronel Alyson destaca, ao ser questionado se a 16

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raça é a ideal para o policiamento montado, as particularidades e necessidades dos diferentes regimentos. “Cada Cavalaria tem sua realidade. O foco do Patrulhamento de Choque no RPMON de Goiás não é a prática desportiva, para essa temos animais voltados somente para isso. O objetivo da Cavalaria de Goiás é a segurança pública. O homem brasileiro tem em média altura de 1,70 e a mulher 1,60, já o Mangalarga possui uma média de 1,60 de cernelha, o que o torna dono de uma altura ideal, sem causar danos ao Policial Militar que a todo momento tem que descer e subir em razão das abordagens constantes nas oito horas seguidas de patrulhamento.” O Coronel ressalta ainda que a Mangalarga é uma raça que possui muita imponência, um visual expressivo que impõe respeito, além do conforto do andamento, da obediência e da docilidade. “O meu objetivo como Comandante é estritamente operacional e a Mangalarga engloba tudo isso, tornando-se a montaria de disputa entre os cavalarianos. Esta raça tem sido recebida com um entusiasmo da tropa nunca antes visto. Todos querem ter o Mangalarga como parceiro de trabalho por tudo o que eu já mencionei. Além do mais, tenho pra mim que o brasileiro de uma forma geral acredita que o que há de melhor vem de fora, raça europeia, asiática e etc. Temos que valorizar o que é nosso, o que é brasileiro. O Mangalarga é o Cavalo de Sela Brasileiro, cujo título por si só já seria ideal ao patrulhamento. É uma raça pronta para enfrentar qualquer desafio sem, repito, sequer mexer as orelhas. É uma raça corajosa e completa e, como Comandante da Cavalaria e conhecendo o Mangalarga como atualmente eu conheço, vou me permitir ser bairrista. É a raça ideal para o

patrulhamento de choque, para as operações militares e é nacional. É a raça eleita pela Cavalaria de Goiás e tenho muito orgulho por tudo o que ela representa.” A criadora Renata Sari, que também integra a Diretoria de Marketing da ABCCRM, observa ainda os ganhos sociais, comerciais e institucionais trazidos pela iniciativa. “O Projeto Amigos da Cavalaria serviu de vitrine, temos a melhor raça brasileira para o mais eficaz patrulhamento moderno. Os benefícios ultrapassam o conforto, já que quando se tem uma segurança pública com viaturas capacitadas, temos menos fatores de risco e quem ganha é sempre a sociedade. Uma segurança pública forte e preparada terá sempre uma sociedade grata. Já para os criadores, este é um nicho de mercado, com animais voltados para as ruas, além das porteiras das fazendas e das cavalgadas. Os Estados devem capacitar o policiamento montado com o que o país tem de melhor e esta é a nossa oportunidade de prover as viaturas equinas com animais da raça, que é comprovadamente a mais adequada ao perfil de patrulhamento urbano, além de genuinamente nacional.” Foto: Juliano Araujo

Agradável experiência

Renata Sari com exemplar da raça da Cavalaria de Goiás


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INOVAÇÃO

CONTÍNUA

Modernização do portal oficial e novas funções do Stud Book On Line são algumas das novidades apresentadas pela ABCCRM Por Equipe Mangalarga

Imagem: ABCCRM

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Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) vem passando por um processo contínuo de modernização dos seus serviços. Nesse mês de abril, por exemplo, a entidade disponibilizou três novas funções do Stud Book On Line em seu portal oficial: transferência de propriedade (animal), consulta de protocolo e PAED (pedido para autorização de égua doadora). O portal oficial, por sua vez, ganhou recentemente uma versão totalmente reformulada. Com projeto gráfico mais bonito e moderno, a página mangalarguista, que passou por um processo de aprimoramento de mais de um ano, tornou-se ainda mais funcional, oferecendo inúmeras possibilidades para seus visitantes. A primeira inovação é que agora o site é compatível com celulares e tablets, sendo mais responsivo e possibilitando que a navegação ocorra de forma mais completa em qualquer lugar. Além disso, ele também conta com painel funcional disponível para qualquer dispositivo, tornando a experiência ainda mais dinâmica. Por meio dele, os associados

O portal ganhou um projeto gráfico mais moderno e bonito.

podem fazer pesquisas com mais facilidade e exportar informações de forma rápida e segura. O mangalarguista também encontra no portal as principais informações sobre a raça. A área de notícias, além de mais completa, conta agora com espaço para links, imagens e botão de compartilhamento. Outra novidade é o espaço dedicado à TV Mangalarga, onde o internauta pode assistir às principais produções audiovisuais da raça, como os programas Prosa Mangalarga e Perfil Mangalarga. As inovações trazem ainda outras melhorias para os

associados. Agora, as atualizações de planteis passam a ser mais simples e a gerarem protocolos online, pelo próprio site. As pesquisas de genealogias irão até a sexta geração, possibilitando que os proprietários possam adicionar fotos de seus animais à página de cada um deles, podendo, também, ver informações sobre o número de cliques que a página teve desde que entrou no ar. A Diretoria Executiva convida todos a conhecerem essas importantes novidades. Para isso, basta visitar a página oficial da raça: www.cavalomangalarga. com.br. Abril, 2020 Revista Mangalarga Maio,

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1ª COPA VIRTUAL Além de proporcionar um agradável momento de descontração em meio à quarentena, a disputa proporcionou visibilidade e divulgação à raça Por Pedro C. Rebouças

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A competição contou com um total de 62.000 votos.

Já na decisão entre os machos, Noturno RBV, de Luis Augusto Opice e Josué Eduardo Grespan, superou Barcelos do Torquato, do Haras Origem. Segundo os organizadores, a competição recebeu ao longo de suas diversas fases 62.000 votos, registrando assim uma média de 1.169 votos por batalha, provenientes de diferentes regiões

do país e até do exterior, afinal houve registro de sufrágios da Irlanda, Itália, Espanha, Argentina, Holanda e Canadá. A disputa teve ainda intensa participação dos proprietários dos animais, que contataram seus amigos e familiares, fizeram muitas divulgações nas redes sociais e até ações de marketing e premiações, tudo para atrair mais

Fotos: Divulgação

ma inovadora competição movimentou a comunidade mangalarguista em plena quarentena, comprovando que a paixão pelo Cavalo de Sela Brasileiro não arrefece nunca, nem sob as condições mais exigentes. Desenvolvida pelos criadores Pedro Luiz Castedo e Youssef Haddad, por meio do portal Canal da Marcha, a 1ª Copa Virtual de Marcha do Cavalo Mangalarga foi um sucesso absoluto, conseguindo um grande engajamento de internautas nas redes sociais e ampliando de forma expressiva a divulgação da raça. A competição contou com duas categorias, uma voltada para as fêmeas, que recebeu 30 inscrições, e outra para os machos, da qual participaram 25 animais. Os concorrentes se enfrentavam em batalhas eliminatórias, feitas por meio de vídeos que mostravam os animais marchando, com a definição do vencedor sendo feita por voto popular no Instagram. Foram promovidas 53 batalhas, que começaram em uma fase préclassificatória e seguiram para oitavas, quartas e semi-final, até chegar à grande final, cuja votação foi concluída ao meio-dia da sexta-feira 17 de abril, quando as medidas de isolamento social já completavam um mês em território brasileiro. Na final entre as fêmeas, Olívia da Marazul, de Rilton Romano, superou Estrela do Gadu, dos Haras Precioso e Gadu.

Youssef Haddad foi um dos idealizadores da copa.

Pedro Castedo comemorou o êxito da iniciativa.


Panorama Mangalarga votos para os representantes de seus criatórios. As polêmicas, aliás, também surgiram, questionando justamente o sistema de votação baseado no voto popular.

Objetivo atingido Na avaliação de Youssef Haddad, todos os participantes, assim como o cavalo Mangalarga, saíram vencedores dessa experiência. “A gente conseguiu alcançar o nosso principal objetivo que era proporcionar a todos uma forma de entretenimento e de diversão neste momento tão difícil que o país vem passando e no qual a raça Mangalarga também está sendo impactada, com as provas impossibilitadas de serem realizadas e muitos criadores com dificuldades para estarem com seus animais. Nós queríamos que as pessoas falassem de cavalo ao invés de vírus, que contassem votos ao invés de mortes, felizmente conseguimos fazer isso”, explicou o idealizador do projeto, titular do Haras Fabuloso. Pedro Castedo esclareceu, por sua vez, que a competição não teve em nenhum momento a pretensão de ser um julgamento com critérios técnicos. “A gente enxergou isso como uma baita oportunidade de visibilidade, divulgação e descontração. Entretanto, no meu entendimento, cada participante enxergou a coisa de uma maneira, alguns viram como uma chance de ser visto, de aparecer na vitrine e usufruíram o máximo que podiam dessa oportunidade, já outros não enxergaram da mesma maneira”, destacou o criador e diretor do Canal da Marcha. Em entrevista ao programa Prosa Mangalarga, Youssef comentou também a polêmica envolvendo a votação. “Havia muitos comentários nas redes sociais falando que os votos estão sendo só de amigos, mas, pelo

contrário, nenhum dos quatro animais que estão disputando a final tem qualquer demérito na questão de marcha, são quatro representantes da raça de primeiro nível, o que mostra que há o voto do amigo mas tem muito o voto de quem viu os vídeos, pois realmente as pessoas visualizaram os vídeos e deram suas opiniões. O vídeo de um animal, por exemplo, passou de 11.600 visualizações. Já o animal que teve menos visualizações foi vista 1.680 vezes. Ou seja, não dá para dizer que alguém perdeu, todo mundo saiu ganhando.” O Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga

fez também que ela fosse tema de uma edição inteira do programa Prosa Mangalarga, exibida na noite da quinta-feira 16 de abril, véspera da conclusão das batalhas decisivas. Durante a atração, apresentada pelos mangalarguistas Cauê Costa Hueso e Luís Fernando Sianga, Youssef contou que a disputa também teve reflexos comerciais, gerando a venda de coberturas, parcerias e propostas entre os animais participantes. Já Castedo destacou que já havia gente preparando vídeos para as próximas competições. A Central da Marcha, aliás, já estuda a realização de novas

Divulgação da final entre os machos.

Cartaz eletrônico da final entre as fêmeas.

(ABCCRM) Luis Augusto Opice tem opinião semelhante. “O mais importante dessa copa virtual foi a movimentação em torno da raça Mangalarga. Mais de 15 mil pessoas se mobilizaram, se movimentaram para apoiar seus cavalos de preferência, incluindo amigos, crianças e famílias. O verdadeiro sabor dessa competição não é a taça que o vencedor vai ganhar mas sim a vitória da raça Mangalarga. Parabéns ao Youssef e ao Pedrão, que organizaram brilhantemente essa copa, que nos movimentou nesses dias tão tristes que estamos vivendo, nos dando um pouco de alegria e de esperança para enfrentar essa crise.” A repercussão da competição

edições da disputa, inclusive ouvindo as sugestões de novos formatos feitas por internautas e criadores. Uma possibilidade considerada pelos organizadores é a realização de uma copa em que os próprios criadores e usuários teriam que aparecer montando seus animais no vídeo. A convite do Presidente da ABCCRM, a entrega dos troféus para os vencedores dessa primeira competição virtual da raça acontecerá na próxima Exposição Nacional. Para obter mais informações sobre a competição, acompanhe a página oficial da Central da Marcha no Instagram: www.instagram.com/ centraldamarcha/. Maio, 2020 Revista Mangalarga

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TALENTO PRECOCE

Com apenas oito anos de idade, Guilherme Costa teve participação de destaque na pista da Expo Nacional 2019 Por Pedro C. Rebouças

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presentar um animal em um julgamento de Grande Campeonato na Exposição Nacional é uma grande honra para qualquer profissional da raça. Afinal, este é o principal momento daquela que é a mais importante mostra do calendário do Cavalo de Sela Brasileiro. Imagine então ter a oportunidade de vivenciar algo tão grandioso com apenas oito anos de idade. Foi o que aconteceu com o precoce cavaleiro Guilherme Costa, que vestiu o tradicional uniforme dos apresentadores na reta final da exposição, camisa azul com calça e chapéu cáquis, para apresentar a alazã amarilha Dilícia CASS (T.E.), exposta por Eduardo Silvestri Ribeiro, no Grande Campeonato de Marcha Égua de Pelagem da 41ª Expo Nacional. O jovem mangalarguista, filho do experiente apresentador e treinador Ivan Costa, revela que precisou controlar a emoção para conseguir realizar a apresentação sob o olhar atento das centenas de pessoas que assistiam ao julgamento e em meio a tantos profissionais consagrados e

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Foto: Márcio Mitsuishi.

O jovem mangalarguista também participou da prova mirim.

animais de renome na raça. “Confesso que fiquei muito nervoso e ansioso. Pois, no meio da prova, aconteceu uma coisa que será inesquecível para mim. A égua empacou comigo e daí para frente fiquei mais nervoso ainda. Fiquei tremendo até a prova acabar! E o pior que não foi só uma vez que aconteceu, e sim duas vezes”, relembra Guilherme, rindo do momento tenso que passou

no evento mas que irá levar como aprendizado para o resto da vida. O precoce cavaleiro, que marca presença anualmente na prova mirim da Expo Nacional, também destaca os fatores que considera importantes para uma boa apresentação em pista. “Para apresentar um cavalo, antes de mais nada, é preciso que ele esteja bem condicionado e bem equitado. Para que a gente confie e possa


fazer uma boa apresentação. Meu pai sempre diz: ‘hoje não tem mais amador nas exposições’. Por isso, temos que estar bem preparados pra fazer uma boa apresentação. Mas tenho muito tempo pela frente e acredito que com minha dedicação e com meu pai, que é chato pra caramba, junto comigo dando bronca, as coisas vão acontecer”, afirma o garoto, se divertindo ao se recordar do pai exigente.

Motivo de orgulho

A paixão pelos cavalos começou muito cedo.

que o interesse de Guilherme pelo mundo do cavalo começou muito cedo. “Aos dois anos, ele montava no meu colo. Aos três, já montava sozinho, e aos cinco, fez sua primeira prova mirim na Exposição Nacional de 2016, também em São João da Boa Vista (SP). Daí pra frente, não parou mais. E foi na Nacional do ano passado que ele fez sua primeira apresentação oficial montando.” O pai do jovem destaque das pistas mangalarguistas diz que a princípio achou que esse interesse por cavalos seria apenas fogo de palha e não duraria muito. “Eu nunca forcei e sinceramente não incentivei. Mas, quando ele estava com oito anos, percebi que

realmente gostava de cavalos. Então o chamei para conversar e fiz a seguinte pergunta: ‘Guilherme, você gosta de verdade de cavalos?’ Ele respondeu convicto que sim. Então disse a ele: ‘a partir de agora vou começar a te ensinar’. Comecei falando sobre morfologia e a importância da mesma para o cavalo ser bom de marcha e função em geral. Entretanto, bem antes dessa conversa, ele o tempo todo já me perguntava, e pergunta ainda hoje, sobre qualidades e defeitos dos animais. Até porque, para conhecer cavalos vai um certo tempo. Aliás, muito tempo. Mas ele continua muito interessado em aprender.”

Foto: Beto Falcão

Foto: Beto Falcão

Responsável pela apresentação e treinamento de diversos campeões da raça e também dono de uma história precoce nas pistas da raça, Ivan Costa conta que ficou muito feliz com a participação do filho na Nacional. “Pra mim, como pai, ver meu filho ainda pequeno apresentando em uma Nacional disputadíssima como a do ano passado, junto com grandes profissionais, foi sem sombra de dúvida motivo de muito orgulho.” Ivan revela ainda que o feito na pista sanjoanense foi também motivo de brincadeira entre ele e o filho. “Eu comecei a apresentar em Nacional com onze anos, enquanto o Guilherme começou com oito. Isso foi motivo de alegria pra ele, que comemorou tal fato tirando sarro da minha cara.” O mangalarguista lembra ainda

Foto: Márcio Mitsuishi

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Guilherme com o pai Ivan Costa durante premiação da 41ª Nacional.

Guilherme durante o julgamento do Grande Campeonato de Marcha Égua de Pelagens da 41ª Nacional. Maio, 2020 Revista Mangalarga

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A JORNADA

DOS PRÍNCIPES Primeira etapa do projeto contou com desfile de exemplares da raça pelas ruas de Guaratinguetá (SP) Por Pedro C. Rebouças

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A comitiva desfilou pelas ruas do centro histórico de Guaratinguetá.

FOTOS: SUELI LINS

O Cavalo de Sela Brasileiro está em destaque na “Jornada dos Príncipes”, projeto desenvolvido para celebrar os 200 anos da Proclamação da Independência do Brasil, cuja etapa de abertura aconteceu na manhã de 15 de dezembro, no município de Guaratinguetá (SP), na região do Vale do Paraíba, interior paulista. Por sua origem nacional e sua forte relação com a história do País, a raça foi a escolhida para comandar as cavalgadas que serão promovidas com o objetivo de refazer a viagem histórica entre o Rio de Janeiro e São Paulo que culminou com a declaração de independência por parte de Dom Pedro I no ano de 1822. Em Guaratinguetá, a comitiva foi composta por cavaleiros e amazonas do Haras Lagoinha e do Núcleo Mangalarga do Vale do Paraíba, ganhando ainda a adesão da Cavalaria São Benedito. Após percorrerem as ruas e avenidas da cidade, sob o comando da criadora Marisa Iorio, madrinha do evento, os mangalarguistas se dirigiram à praça da antiga Estação Ferroviária, prédio do período imperial localizado no centro histórico do município. No local, a comitiva se encontrou com o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança,

A criadora Marisa Iorio recebe homenagem do Príncipe Dom Bertrand.

integrante da Casa Imperial do Brasil e idealizador da jornada, que foi homenageado pelo Prefeito de Guaratinguetá Marcus Soliva com a Chave de São Frei Galvão, santo nascido no município cujo bicentenário de falecimento também será comemorado em 2022. A programação prosseguiu com visitas à Catedral de Santo Antônio, ao Museu São Frei Galvão e à Câmara Municipal. Além disso, na parte da tarde, Dom Bertrand realizou uma palestra no Teatro Conselheiro Rodrigues Alves, seguida pela exibição do filme “Frei Galvão, o Arquiteto da Luz”.


IMAGEM DO ARQUIVO

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Mapa com o Roteiro da Independência.

Calorosa acolhida Titular do Haras Lagoinha e madrinha do evento, a criadora Marisa Iorio celebrou o sucesso da etapa guaratinguetaense da Jornada dos Príncipes. “O evento foi maravilhoso, acima do esperado, com uma recepção maravilhosa das autoridades e da população de Guaratinguetá. Além disso, o desfile foi muito bom, com a nossa comitiva recebendo uma ótima acolhida ao longo das ruas e avenidas da cidade. Estamos adorando ter a oportunidade de participar e de mostrar o cavalo Mangalarga em um momento tão especial de celebração da nossa história.” Segundo Malcom Forest, organizador da jornada, 19 cidades serão visitadas pelo

projeto até setembro de 2022, quando será celebrado o bicentenário da Independência do Brasil. “As cidades escolhidas para receber o projeto foram aquelas pelas quais Dom Pedro I passou, visitou ou pousou ao longa de sua jornada. Todas elas reúnem muito folclore e muitas memórias a cerca dessa viagem. Assim, além de celebrarmos esta data tão importante, teremos a oportunidade de resgatar todas essas recordações.” Marisa Iorio acrescenta que

acha lindíssimo o projeto. “Minha intenção é ressaltar o cavalo Margalarga na história do Brasil, junto com todo esse contexto que envolve o percurso que D. Pedro I fez até a Independência do Brasil. Ressaltar, de fato, o Cavalo de Sela Brasileiro na nossa história, nas nossas raízes, isso é o que me motiva nesse grande projeto”, ressalta a madrinha do evento. Para obter mais informações, visite o portal do projeto: www. ajornadadosprincipes.com.br.

Mangalarguistas com a Bandeira Nacional e a Bandeira Imperial.

O Prefeito Marcus Soliva entrega a Chave de Frei Galvão a Dom Bertrand.

A Catedral de Santo Antônio foi um dos locais visitados pela comitiva.

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JACIRA MENESES: Trinta e cinco anos de paixão e dedicação à raça Por Pedro C. Rebouças

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FOTOS PEDRO REBOUÇAS

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Diretoria Executiva da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) promoveu, na tarde de 27 de janeiro, durante a primeira reunião de diretoria do ano, uma bonita homenagem à colaboradora Jacira Meneses. A profissional, que está completando 35 anos de dedicação ao Stud Book da entidade, recebeu uma placa e um pingente alusivos a esta importante data das mãos do Presidente Luis Augusto de Camargo Opice e do Superintendente do Serviço de Registro Genealógico Henrique Fonseca Moraes Junior. “Hoje, é muito difícil encontrar um funcionário que trabalhe com tanto amor, dedicação e atenção como a Jacira, uma colaboradora multi-funcional cuja paixão por aquilo que faz fica evidente a todos que convivem com ela no dia a dia da Associação. Além disso, por tudo aquilo que já realizou e continua realizando pela raça, ela é um importante exemplo para todos aqueles que vêm integrar o quadro de funcionários da ABCCRM”, exaltou em seu pronunciamento o Presidente Opice. O Superintendente Henrique Fonseca destacou, por sua vez, que a homenagem é mais que justa. “Atualmente, é difícil ver uma pessoa que fique trinta e cinco anos no mesmo trabalho, ainda mais em uma associação, onde convivem várias linhas de pensamento das mais diversas tendências, algo que é sempre

Jacira Meneses com o filho Vinicius e o marido Arnaldo.

Diretores, funcionários e familiares brindaram em homenagem à profissional.

muito difícil de administrar. E a Jacira sempre lidou muito bem com isso, sempre tratou os sócios muito bem, sem fazer qualquer tipo de distinção entre eles. Além disso, é uma pessoa com o trabalho sempre em ordem e organizado, o que faz com que seja muito fácil e produtivo trabalhar na companhia dela.” A experiente profissional mereceu também o carinho da equipe

da Associação assim como dos demais diretores e associados presentes à homenagem. Para o criador Danton Guttemberg de Andrade Filho, Diretor Adjunto da ABCCRM, o trabalho desempenhado pela homenageada é e será sempre muito importante para o Serviço de Registro Genealógico da Raça. “A Jacira é praticamente um esteio desse departamento. Ela não sabe


Panorama Mangalarga dizer não, é competente, é ativa e responde sempre às necessidades do criador, por isso acredito que foi muito justa esta homenagem e espero podermos contar com ela ainda por muito tempo nos quadros da associação.” Na opinião de Pedro Luiz Suarez Castedo, Diretor de Fomento da ABCCRM, as palavras que melhor definem a dedicada profissional são simpatia e eficiência. “Desde que eu comecei a frequentar a associação a simpatia e a eficiência dela foram sempre surpreendentes, isso mostra o amor e o carinho que ela tem pela profissão e, sem dúvida alguma, essa homenagem é reflexo exatamente de toda essa competência e profissionalismo que ela tem no trabalho, coisa rara hoje em dia.”

Longa convivência Já o criador Rodrigo Pedrosa Sampaio Novais, Diretor de Marketing da Associação, ressaltou o longo período de convivência com a homenageada. “Está fazendo 34 anos que minha família cria a raça. Então, quando a gente começou a criar, a Jacira já fazia parte da associação. É excepcional ter pessoas como ela. Afinal, todas as empresas almejam ter ótimos funcionários, que honrem e vistam a camisa da empresa. Assim, podemos dizer que ela é o modelo de funcionário que a gente quer que as outras pessoas que estão entrando tenham como referência, porque trata-se realmente de um modelo a ser seguido.” Quem também rememorou o longo tempo de convivência com a integrante do Stud Book foi o mangalarguista Cauê Costa Hueso. “A Jacira é o coração da Mangalarga. Ela atende a minha família há pelo menos três

gerações e também me conhece desde bebê. Afinal, eu nasci um ano depois de ela ter entrado na Mangalarga e desde muito novinho eu já vinha aqui com o meu avô. Então ela acompanhou meu crescimento, minha formação, minha paixão pelo Mangalarga.” O jovem criador e Diretor de Núcleos da ABCCRM também fez questão de ressaltar as qualidades da homenageada. “Neste tempo todo, a Jacira sempre foi uma pessoa carinhosa, atenciosa, proativa, incentivadora, disposta a ajudar as pessoas em tudo que elas precisam. Ela, aliás, faz tudo muito bem, desde a parte de receber o pessoal até a parte de fazer registros, resolver pendências perante o Ministério, perante os associados, perante o CDT e o Stud Book. Também tem sempre as informações necessárias e, quando falta algo, ela vai atrás e consegue

o que ainda não tem, regularizando tudo que está ao alcance dela. Por isso, é uma pessoa especial que merece não só esta singela homenagem mas o respeito de toda a raça Mangalarga.” Para Jacira, a emoção com a homenagem, que a pegou de surpresa, foi bastante forte. “Eu estou muito grata à diretoria, aos meus colegas de Associação e em especial ao Presidente Opice e à Vanessa Fabiano. Eu amei a surpresa, a placa e o pingente. Eu acredito que o segredo para tantos anos de trabalho e convivência está na dedicação, no comprometimento, no respeito e principalmente na paixão por aquilo que se faz. Eu amo a Associação, amo os cavalos, amo o contato com os criadores, é isso tudo que torna possível fazer a diferença no trabalho.”

Henrique Fonseca e Luis Opice comandaram a homenagem a Jacira Meneses.

Os diretores mostraram todo o seu carinho pela homenageada.

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COPA COBASI DE MARCHA E FUNÇÃO Evento ganhará importante reforço em sua estrutura graças à parceria com a Cobasi por meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte Por Pedro C. Rebouças

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Fotos: Norberto Cândido

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s amantes da marcha e da função do cavalo Mangalarga têm bons motivos para comemorar. Afinal, as competições voltadas a essas duas modalidades estão ganhando importantes parceiros e um significativo reforço estrutural para a sua realização na temporada 2020. Essas conquistas são fruto da aprovação do Projeto Novo Hipismo. Proposto pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), o projeto foi selecionado no ano passado pela Lei Paulista de Incentivo ao Esporte (LPIE), após criteriosa avaliação da Comissão Técnica de Aprovação e Análise de Projetos (CAAP) da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo. Criada em 2010, a Lei Paulista de Incentivo ao Esporte é voltada à democratização e fomento da prática esportiva, permitindo que as empresas paulistas destinem parte do ICMS devido ao Estado para apoiar e investir em projetos esportivos. Assim, os selecionados estão aptos a captar recursos com patrocinadores e parte do ICMS a ser pago pela empresa é destinado ao projeto. O contribuinte interessado em patrocinar uma

O Projeto Novo Hipismo também destacará a funcionalidade da raça.

A Final da Copa de Marcha 2019 foi a primeira etapa do Novo Hipismo.


Panorama Mangalarga ação pode utilizar de 0,01% a 3% do ICMS anual devido ao Estado. Segundo Wagner Palmieri, da WR Assessoria Esportiva, que assessora o trabalho mangalarguista, o Projeto Novo Hipismo, que conta com o apoio e a parceria da Cobasi, compreende a “Copa Estadual de Marcha da Raça Mangalarga” e também o “Campeonato Estadual Aberto de Função nas modalidades maneabilidade contra o cronômetro e tempo sugerido”, conforme aprovação publicada no dia 13 de abril de 2019, no Diário Oficial do Estado de São Paulo. “O objetivo do projeto é realizar a temporada de provas de hipismo, com várias etapas estaduais a serem realizadas pelo Estado de São Paulo com ênfase no fomento das modalidades de Marcha e Funcional, voltadas para o rendimento desportivo. Os eventos contarão com toda estrutura necessária para realização de cada etapa de competição do projeto, incluindo estrutura física (baias e ambulância), estrutura técnica (jurados, coordenação e controle) e estrutura operacional (premiação e desenvolvimento), conforme está detalhado e descrito nas ações do projeto”, explica Palmieri. Na opinião do Presidente da ABCCRM Luis Augusto de Camargo Opice, a Copa de Marcha Mangalarga Cobasi e o Campeonato Funcional Mangalarga Cobasi estarão entre os destaques do calendário mangalarguista no ano de 2020. “Eu acredito que a parceria com a Lei Paulista de Incentivo ao Esporte e com a Cobasi vai ser muito boa para a raça e em especial para essas duas competições, que vão poder contar com toda a infraestrutura necessária para um bom evento. Eu acredito que a Copa, que já é um evento bem consolidado, será uma das grandes atrações da raça na temporada. Além disso, tenho

Copa Cobasi promoverá quatro etapas classificatórias, além da etapa final.

uma expectativa muito grande em relação à prova funcional, afinal ela tem tudo para se tornar um evento com maior adesão dos aficionados por esta modalidade”, destacou o dirigente em recente entrevista ao programa Prosa Mangalarga. O Projeto Novo Hipismo abrange um total de seis etapas. A primeira delas foi a Etapa Final da Copa de Marcha 2019, realizada em novembro do ano passado. Nesta temporada, está prevista a realização de mais quatro etapas classificatórias, além da grande final. Entretanto, por conta da quarentena decorrente da pandemia de covid-19, essas provas precisaram ser adiadas, devendo ser remarcadas assim que este tipo de evento vier a ser liberado pelo Governo do Estado de São Paulo. Parceira da ABCCRM no Projeto Novo Hipismo, a Cobasi é uma das maiores redes varejistas voltadas aos cuidados do animal de estimação e a pioneira em trazer o conceito de shopping para animais ao Brasil, oferecendo a seus clientes cerca de vinte mil itens para cachorros, gatos, aves, roedores e peixes, além de artigos para casa e jardim. Para obter mais informações sobre a Copa de Marcha e o

Campeonato Funcional Mangalarga Cobasi, assim como para saber as novidades relativas ao calendário da Associação, visite o portal oficial da raça: www. cavalomangalarga.com.br.

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DESAFIADOR Crise da covid-19 traz grandes desafios e importantes aprendizados à equinocultura brasileira Por Pedro C. Rebouças

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sobre o momento atual e sobre os desafios que virão adiante.

Segurança sanitária Segundo o professor Gobesso, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia do Campus de Pirassununga da Universidade de São Paulo (USP), as informações de pesquisa e investigação do mundo todo, até agora, não encontraram nenhuma possibilidade de que o vírus que está atacando o ser humano Foto: Arquivo ABCCRM

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crise provocada pela pandemia do novo coronavírus vem mexendo com o mundo todo nesses primeiros meses de 2020. No Brasil, não é diferente, com as medidas de isolamento social alterando a vida das pessoas e impondo desafios inéditos aos diversos setores da economia nacional. O segmento equestre não passa incólume a este cenário e também vem sendo fortemente impactado com o cancelamento de eventos, como exposições, copas e leilões, e com as dificuldades impostas para o bom funcionamento de haras, centros de treinamento e escolas de equitação. Além disso, há muitas dúvidas relacionadas às questões sanitárias ligadas à criação de cavalos. Diante desse panorama, a Revista Mangalarga conversou com três destacados profissionais da equinocultura nacional para conhecer suas impressões relativas ao momento de crise vivido por este importante segmento do agronegócio brasileiro. O Professor Doutor Alexandre Augusto de Oliveira Gobesso, o Professor Especialista André G. Cintra e o médico veterinário Aluisio Marins falaram à publicação oficial da raça

A área de eventos está entre as mais afetadas pela crise da covid-19.

possa infectar os cavalos, asininos ou muares, apesar de existirem outros tipos de coronavírus que contaminam diferentes espécies de animais e que já são conhecidos e controlados há algum tempo. Em relação aos cuidados sanitários necessários para o funcionamento dos haras e centros de treinamento, Gobesso acredita que a maior preocupação deve ser com os funcionários. “A disseminação dessa doença pode comprometer a manutenção de rotina dos animais já que além do risco de morte, existe a necessidade de quarentena das pessoas infectadas, mesmo que não apresentem sintomas. A implementação de medidas sanitárias no que se refere à higiene pessoal e circulação de pessoas nas propriedades deve ser adotada. Atenção especial àqueles funcionários que não residem na propriedade e aos momentos de necessidade em que os moradores se dirigirem aos centros urbanos. Também é fundamental o controle sanitário dos prestadores de serviços que não podem ser interrompidos, como entregadores de ração, feno e insumos, casqueadores e ferradores, veterinários,


Panorama Mangalarga necessárias.” O professor André Cintra, autor de livros sobre nutrição equina e gerenciamento equestre, concorda que o efeito mais significativo da crise deve advir nesse momento do setor de eventos. “A falta de exposições, leilões e competições afeta diretamente todo o setor envolvido na organização, desde equipe de apoio até montadoras de espaço, transporte, entre outros, como equipamentos e vestuário. Isso sem falar nos laboratórios de exames e controle de enfermidades que certamente estão sendo afetados.” Cintra lembra também que no setor veterinário a parte preventiva está drasticamente afetada. “Muitos proprietários, criadores, haras e centros equestres diminuíram as visitas e, até mesmo, cortaram profissionais que atuam de forma

a prevenir problemas. Além disso, treinamento e qualificação das equipes afetam diretamente profissionais desta área; então cursos e palestras estão cortados. O setor que menos sentiu é o de atendimento emergencial, por motivos óbvios. Em razão da suspensão de provas, também os profissionais que possuem como principal atividade os eventos estão seriamente comprometidos, pois além da atividade equestre em eventos, muitos ainda atuam coletando sangue, emitindo GTA, etc.” Para Aluisio Marins, reitor da Universidade do Cavalo, há setores do segmento que sentiram mais, enquanto outros sentiram menos. “Há uma tendência das escolas de equitação sentirem um pouco, porque existe uma tendência de evasão. Os leilões, mesmo virtuais, podem ter uma

Foto: Pedro C. Rebouças

agrônomos e outros, por exemplo, encarregados pela manutenção de equipamentos. É preciso zelar pela segurança sanitária da propriedade.” O professor da USP também acredita que o grande impacto desta pandemia para o setor equestre vem da paralisação das competições e exposições. “Alguns cavalos com grande potencial de vitória irão perder o momento ideal ou adequado de apresentação, resultando em algum prejuízo na sua valorização. Já os prestadores de serviço na área de treinamento e apresentação estão sem atividades, resultando em uma ‘cascata’ de redução de gastos, que vai desde a demissão de funcionários até a compra de ração, feno, sal mineral, suplementos, cama de baia, material de trabalho em geral e medicamentos. Além disso, um grande número de proprietários e competidores amadores deixa de ter o estímulo do lazer, sem a possibilidade de circulação, devido ao risco de contaminação, e, da participação nas diferentes modalidades de esporte equestre. Certamente esse pode ser o segmento mais afetado pela pandemia, principalmente por que, como todas atividades de lazer, o recurso financeiro vem de outras atividades econômicas, que também estão prejudicadas.” Ainda na opinião de Gobesso, outra preocupação é com os prestadores de serviços. “Esses são profissionais que dependem das atividades esportivas ou exposições, que exigem exames, para o trânsito dos animais, e, certamente aumentam a necessidade da presença de Médicos Veterinários. Estamos próximos do início da estação de monta, onde a intensidade de circulação de reprodutores, sêmen e técnicas especializadas de biotecnologia da reprodução são

Os prestadores de serviço também estão sendo muito afetados.

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Panorama Mangalarga

Momento de reflexão

Foto: Divulgação

Marins acrescenta que a crise trouxe consigo uma importante oportunidade de reflexão. “Eu acho que esse é um bom momento para o criador refletir sobre a sua

Alexandre Gobesso indica a adoção de medidas sanitárias nos haras.

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criação friamente, descartar o que não precisa, eliminar riscos e tornar isso um padrão. Há muitos anos a gente tem falado sobre isso, no sentido de que a criação é extremamente inflada pela paixão do criador, o que por si só não tem problema, mas é preciso considerar que há um preço a se pagar por isso. Quanto mais cavalos, maior a tendência da qualidade cair, então esse é um bom momento para enxugar custo, para rever o que precisa ser feito, para descartar cavalos que não interessam ao haras.” André Cintra, por sua vez, lembra que muitas pessoas estão encontrando alternativas para o cenário atual através de cursos, palestras “online” e “lives” via Instagram, além de aproveitarem para escrever e ler um pouco mais, utilizando o tempo livre para buscar mais aperfeiçoamento. O professor faz ainda uma observação ao trabalho nos haras e centros de treinamento na atual conjuntura. “Com relação aos criadores e proprietários de animais de esporte, deve-se adequar a dieta à redução da atividade, de forma a prevenir excessos que podem se tornar comuns em razão da ausência de atividade física. Para animais de criação e potros em crescimento, nada deve mudar.” Cintra também acredita que esse talvez seja o momento ideal de investir em treinamento de equipe. “Já que as atividades externas estão suspensas, fica a rotina da propriedade, quer seja CT ou haras, e pequenas palestras e cursos de qualificação devem melhorar as respostas diárias com consequente melhor resultado anual, especialmente no aspecto financeiro. O bom destes cursos e palestras para a equipe de trabalho é que eles podem ser feitos ao ar livre, sem aglomeração, respeitando-se a distância segura

para a saúde de todos.” Além disso, Cintra também faz coro à ideia de reequacionar as diretrizes e objetivos do empreendimento equestre. “Mais do que nunca, uma mão de obra melhor qualificada produz mais com menos prejuízo. Nunca devese desperdiçar, em momentos de crise econômica como o que deve afetar todos os setores, a oportunidade de otimizar o uso de todos os equipamentos e funcionários de forma a ter melhor aproveitamento de tudo o que é utilizado na propriedade, essa é a melhor saída. Mesmo que os

Foto: Divulgação

queda, porque as pessoas estão inseguras em relação ao futuro do dinheiro, das finanças. Além disso, tenho visto algumas coisas com as quais eu não concordo, como cancelar ferrageamento ou cancelar veterinário, eu acho isso um erro, porque a crise passa e depois paga-se um preço caro, pois nós sabemos que cavalo não aceita esse tipo de descuido. Já os setores de medicação, suplemento e ração também deram uma sentida, mas este é um mercado que volta. Ele deve voltar diferente em vários aspectos, mas as necessidades continuam, vai ser preciso ferrar, o veterinário vai ter que atender, a competição vai voltar, ninguém vai parar, mas vai mudar. Entretanto, o mercado de cavalo leva uma vantagem em comparação a outros mercados, porque é muito ao ar livre, a gente já vive um certo isolamento social, não ficamos trombando em gente em centro equestre, salvo algumas exceções.”

André Cintra sugere o reequacionamento do empreendimento equestre.

cavalos sejam o lazer da imensa maioria dos proprietários, as propriedades equestres devem ser tratadas acima de tudo como empresas, onde profissionais mais especializados e preparados conseguem melhores resultados.” O professor especialista lembra ainda que muitos dizem que cavalos dão prejuízo, o que nem sempre é verdade. “Em meu primeiro livro há um capítulo intitulado ‘O Haras é uma Empresa’. Muitos proprietários são empresários de sucesso na área urbana e acabam por perder


Panorama Mangalarga

Aluisio Marins considera que a crise trará muitos desafios a serem administrados.

Aprendizado e desafios Já Aluisio Marins aponta o surgimento de novos desafios dentro do setor. “Os instrutores de equitação vão ter que ter qualidade e criatividade para atender cada vez com mais dedicação aos alunos, pois a volta às atividades não vai ser em um cenário igual ao anterior. Nas escolas de equitação, foram criados inúmeros grupos de whatsapp com o objetivo de tentar manter receita ativando essas comunidades com conteúdo. Isso é algo que nunca mais vai parar. Assim como o centro de treinamento que fica hoje enviando vídeos dos cavalos treinando não vai poder parar de fazer isso nunca mais. O mesmo acontece com a hípica que passou

a dar atendimento individual durante essa fase. A pessoa não vai mais querer voltar para o pacotão com cinco, seis alunos na pista.” O reitor da Universidade do Cavalo acredita, contudo, que apesar de haver essa tendência ao exacerbamento do ‘on line’, há uma tendência mais forte ainda pelo desejo e pela necessidade do contato com o cavalo. “Nessa quarentena, nós estamos vendo isso, as pessoas querendo sair de casa e não podendo. Então nós vamos ter muitos conflitos de agenda no próximo semestre, nós vamos ter alguns conflitos grandes para serem administrados. O pessoal do setor de eventos que neste momento perdeu muito com os eventos não realizados, a partir da volta das atividades, provavelmente no segundo semestre, vai ter conflito de agenda. As premiações talvez tenham que mudar, os valores de inscrições talvez tenham que mudar, porque vai haver uma disputa enorme por datas. Então vai ser preciso estudar se o mais inteligente agora é cancelar um evento e deixar para o ano que vem ou entrar nessa disputa.”

O professor Alexandre Gobesso explica ainda que a crise do coronavírus apresentou uma série de atitudes que devem ser assimiladas pelos criadores e profissionais do setor. “O principal aprendizado nesse momento está na valorização pessoal dos indivíduos envolvidos na atividade, a necessidade de adoção de medidas sanitárias nas propriedades, inclusive restringindo a circulação de pessoas e, como podemos manter o condicionamento físico e bem estar dos cavalos, em momento de tantas dificuldades. É hora de entender que os cavalos não funcionam como outras atividades de lazer onde basta deixar desligado ou guardado, sem custos, para utilizar quando as condições estiverem melhores, ou simplesmente, soltar no pasto, ou, até mesmo, anunciar em site de vendas, sem pressa para encontrar outro interessado. Exigem um mínimo de condições de manejo básico e devem ter acesso a um programa de manutenção de condicionamento para facilitar o retorno às atividades, quando essa vier.”

Foto: Tropel Mangalarga

Foto: Divulgação

dinheiro quando se envolvem com cavalos. Por que isso acontece? Para resumir o capítulo e a questão proposta: na empresa urbana, quando tem problemas em setores específicos, por exemplo informática, chama-se o técnico de TI para resolver; no meio equestre isso raramente acontece. O veterinário preventivo é o último recurso, e deveria ser o primeiro.”

Os cuidados preventivos não devem ser abandonados por conta da crise.

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Panorama Mangalarga

AGENDA

DE EVENTOS Principais exposições da raça tiveram suas datas alteradas por conta da pandemia de Covid-19 Por Pedro C. Rebouças

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Diretoria da ABCCRM. Além disso, a obrigatoriedade de participação em três exposições regionais e/ou copas de marcha será revista assim que estiver claro o número de eventos que poderão ser realizados entre a volta da normalidade à vida do país e a nova data fixada para a mais importante mostra do calendário mangalarguista. Ainda de acordo com o comunicado, os eventos cancelados, assim como aqueles que porventura tiverem que ser cancelados pela continuidade da crise da saúde pública nacional, poderão ser remarcados por seus respectivos organizadores em comum acordo com a Diretoria de Exposições. Por fim, as quatro etapas

classificatórias e a prova final da Copa de Marcha e Função, que conta com os recursos destinados pela Cobasi, dentro da Lei de Incentivo ao Esporte do Governo do Estado de São Paulo, serão remarcadas pela Diretoria de Exposições, em comum acordo com os responsáveis dos Núcleos Regionais que seriam anfitriões dos eventos cancelados, assim que esse gênero de evento vier a ser liberado pelo governo estadual. Para obter informações atualizadas sobre o calendário de eventos da raça, entre em contato com o Departamento de Exposições pelo e-mail francisco. bezerra@abccrm.com.br ou visite o portal www.cavalomangalarga. com.br.

Foto: Beto Falcão

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crise do novo coronavírus surpreendeu toda a sociedade brasileira, impactando fortemente a equinocultura nacional. Por conta das regras de isolamento social, decretadas em caráter preventivo nos diferentes estados brasileiros, muitos eventos foram adiados ou cancelados. Na raça Mangalarga, não foi diferente, com as atividades dos meses de abril e maio sendo canceladas pela ABCCRM em consonância com as orientações das autoridades de saúde. No início de abril, a Diretoria Executiva também divulgou um comunicado com as medidas adotadas para reorganizar o calendário de eventos da raça. Segundo o documento, a Exposição Brasileira, que estava prevista para ser realizada em Itapetinga (BA), no mês de maio, ficou remarcada, a princípio, para o período de 11 a 19 de setembro (data anteriormente reservada para a realização da Exposição Nacional), em local a ser definido, mas com a prioridade permanecendo para a sede originalmente prevista. A Exposição Nacional, por sua vez, foi transferida para o período de 11 a 22 de novembro, em local que será anunciado em breve pela

A Expo Brasileira foi remarcada para o mês de setembro.


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1ª COLÔNIA

DE FÉRIAS

Evento baiano proporcionou a muitas crianças o seu primeiro contato com o mundo dos cavalos

Por Pedro C. Rebouças

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As crianças tiveram a oportunidade de montar os animais.

Fotos: Cachala

Haras Cachala Mangalarga, localizado no município baiano de Pojuca e comandado pelo criador João Teixeira Junior, abriu as porteiras no início do ano para receber um grupo de visitantes muito especial, composto pelos participantes da 1ª Colônia de Férias da 32ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM). No total, 250 crianças estiveram no criatório mangalarguista, onde tiveram a chance de ter seu primeiro contato com os equinos, divididos em grupos de 50 a cada visita. A programação, além de incluir uma breve palestra sobre cavalos e sobre a raça Mangalarga, ofereceu a eles a oportunidade de conhecerem o dia a dia de um haras, assim como de interagirem e montarem os animais. Para Junior, mais conhecido entre os mangalarguistas como Cachala, os encontros foram maravilhosos. “Para nós é muito especial poder divulgar essa raça que amamos tanto e ao mesmo tempo poder oferecer uma oportunidade tão especial a esses meninos e meninas que nos visitaram. Não há dinheiro que pague o sorriso de uma criança quando monta num cavalo. Tenho certeza que eles levarão esta lembrança para o resto da vida.” O Criador conta ainda que a experiência deve se repetir em futuros períodos de férias escolares, uma vez que foi muito grande a aceitação tanto entre as crianças como entre os oficiais da Polícia Militar responsáveis pela organização da colônia.

Detalhe das canecas da Colônia de Férias da 32ª CIPM.

Participantes reunidos para foto no sede do Haras Cachala.

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Panorama Mangalarga

NOVA SEDE Mudança de endereço trará, em dez anos, economia de R$ 2.789.860,00 Por Pedro C. Rebouças

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Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) encerrou, no fim de janeiro, seu ciclo no Parque da Água Branca, onde estava baseada desde 1985. Dessa maneira, no dia 03 de fevereiro, passou a atender em sua nova sede, localizada na rua Monte Alegre, número 61, 11º andar, no bairro de Perdizes, em São Paulo, a apenas três quadras do endereço anterior. Segundo o Presidente Luis Augusto Opice, a majoração do aluguel nos últimos anos tornou inviável a permanência no Parque

da Água Branca. “O peso do aluguel sobre o orçamento da Associação não é suportável. Uma gestão responsável e cuidadosa com as finanças da entidade impõe uma solução austera compatível com o orçamento, sem que o remédio da majoração das contribuições associativas fosse a solução paliativa para manter, apenas e tão somente, a tradição da sede ser dentro do aprazível Parque da Água Branca”, explicou o dirigente mangalarguista em comunicado divulgado no fim de janeiro. A mudança para a nova sede, cuja estrutura conta com cinco

conjuntos de propriedade da ABCCRM, distribuídos em uma área de 140 metros quadrados, irá representar uma economia de R$ 264.142,00 em 2020. “Fazendo uma projeção sem correção do valor atual do aluguel, nos próximos cinco anos economizaremos R$ 1.394.930,00. Em dez anos, serão R$ 2.789.860,00 economizados. A economia gerada com esta mudança propiciará, para a atual gestão e às futuras, recursos para serem investidos na melhoria dos serviços aos associados e no fomento da raça”, acrescenta Opice.

NÚCLEOS REGIONAIS Repasse de verbas aos núcleos fortalece a raça pelo Brasil

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Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) realizou, no mês de março, o repasse de R$ 37.022,52 às representações regionais da entidade. O valor corresponde a 10% da receita de R$ 370.225,20 gerada por seus associados ao longo de 2019. O Núcleo da Alta Mogiana recebeu o maior repasse, no valor de R$ 12.952,25. Também receberam repasses o Núcleo Sul de Minas e Média Mogiana (R$

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6.437,78), o Núcleo da Bahia (R$ 6.234,95), o Núcleo do Vale do Paraíba (R$ 5.972,78), o Núcleo Grande São Paulo (R$ 3.781,22), a Associação Agropecuária da Região de Jaú (R$ 1.172,57) e o Núcleo de Goiás (R$ 470,97). Segundo a Diretoria Executiva da ABCCRM, o repasse é uma obrigação que a atual gestão está cumprindo pontualmente e cujo objetivo é promover o contínuo crescimento da raça nas diferentes partes do Brasil, uma vez que os recursos repassados colaboram

para a atuação dos núcleos em suas regiões. Segundo o Presidente da ABCCRM Luis Augusto Opice, o fortalecimento dos núcleos é fundamental. “A ABCCRM é uma entidade cuja sede está em São Paulo, mas que não possui a capilaridade necessária para que a árvore chamada Mangalarga floresça. Isso quem tem que fazer são os núcleos. Eles podem se transformar na ponta de lança das ações de fomento e organização de eventos da raça pelo País afora.”


Panorama Mangalarga

PERFIL

MANGALARGA Além do lançamento de seu novo programa técnico, o Canal da ABCCRM contou com a estreia da segunda temporada do Prosa Mangalarga duplas de convidados formadas por Rilton Romano e Ivan Costa, Nelson Braido e Herman Frank, Pedro Castedo e Youssef Haddad e Thiago L. de Faria e Renato Giordano.

Além da exibição ao vivo, os programas podem ser conferidos a qualquer momento no canal da ABCCRM no Youtube ou na página inicial do portal oficial da raça: www.cavalomangalarga.com.br. Fotos: ABCCRM

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epois do grande sucesso alcançado pelo Prosa Mangalarga, a ABCCRM lançou no início de abril um novo programa, o Perfil Mangalarga. A atração, exibida todas as segundas às 18h no canal da Associação no Youtube, aborda temas técnicos de grande interesse, sob o comando do professor Alessandro Procópio. O programa de estreia falou sobre harmonia geral segundo o padrão racial do Mangalarga. Já o segundo programa abordou a descrição do padrão racial dos exemplares da raça com relação aos membros, enquanto o terceiro trouxe explicações sobre as características e a importância das paletas e garupa no desempenho dos animais. Já o Prosa Mangalarga iniciou sua segunda temporada, na noite de 12 de março, com uma entrevista com o Presidente Luis Augusto Opice. O programa, apresentado pelos criadores Luís Fernando Sianga e Cauê Costa Hueso, vem conquistando o público propondo animadas conversas com personagens de destaque na raça. A atração também já contou este ano com as participações das

Os programas podem ser assistidos no YouTube e no portal da raça.

Luis Opice foi o entrevistado do primeiro Prosa Mangalarga de 2020.

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Mercado & Finanças

5º LEILÃO

HARAS TARLIM Sela de Ouro da Raça Mangalarga, Tél Shakira da S.L.G foi o principal destaque da noite, atraindo um investimento de R$ 650.000,00 por 50% de seus direitos

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Faturamento desta edição registrou um crescimento de 45%.

Foto: Programa Leilões

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Leilão Haras Tarlim Mangalarga mostrou em sua quinta edição toda a força e vitalidade do mercado do Cavalo de Sela Brasileiro. Realizado na noite de 7 de março, na sede do criatório, no município de Jaguariúna (SP), o evento movimentou a expressiva receita de R$ 4.355.800,00. Os machos negociados no remate alcançaram a cotação média de R$ 309.400,00, enquanto as fêmeas atraíram um investimento médio de R$ 246.208,00. Por sua vez, os embriões arrematados no evento, que contou com organização da Programa Leilões e foi conduzido pelo leiloeiro rural João Gabriel, obtiveram uma valorização média de R$ 88.000,00. O principal momento da noite foi protagonizado pela premiada alazã Tél Shakira da S.L.G. A Sela de Ouro da Raça Mangalarga teve 50% de seus direitos adquiridos por R$ 650.000,00 pelo Haras VJC, de Tijucas do Sul (PR). Já o Haras Espinhaço, de Botucatu (SP), investiu R$ 478.400,00 para adquirir 50% dos direitos da comprovada matriz Jacira SP do Papu, que alcançou a segunda

Foto: Programa Leilões

Por Pedro C. Rebouças

José Semenzato, Zezé Di Camargo, Mirella Tardioli, Luciano Camargo e Fernando Tardioli no encerramento da noite.


Mercado & Finanças

Festa do Mangalarga Ao fim do leilão, o titular do Haras Tarlim, Fernando Tardioli Lúcio de Lima, mostrou seu agradecimento e fez questão de ressaltar que aquela era uma festa da raça Mangalarga. “Eu gostaria de deixar meu agradecimento a todos que estiveram presentes esta noite, pois, graças ao apoio e à confiança de cada uma dessas pessoas, nós pudemos ter uma verdadeira mostra do vigor e da força do nosso cavalo, assim como um momento muito especial de celebração da raça Mangalarga.” Tardioli ressaltou ainda que o evento vem sendo a porta

de entrada para a raça de um expressivo número de pessoas. “Ao longo dos anos, além de reunir os mais conceituados criadores, o Leilão Tarlim tem atraído uma série de novos investidores e potenciais criadores que aos poucos vão se apaixonando cada vez mais pelo nosso cavalo. Hoje, para nossa alegria, isso se repetiu mais vez. É muito bom saber que estamos plantando esta semente para a Mangalarga.” Após a conclusão do remate, a programação do evento prosseguiu noite adentro com um espetáculo da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, responsável por proporcionar um animado momento de confraternização para a comunidade do cavalo Mangalarga.

O público chegou cedo para acompanhar a apresentação dos lotes.

Para obter mais informações sobre o 5º Leilão Haras Tarlim, cuja bilheteria foi revertida para o projeto Amigos do Bem, entidade cuja atuação busca transformar a realidade de milhares de famílias no sertão nordestino, visite o portal www.programaleiloes.com. br ou telefone para (43) 3373-7077.

Foto: Pedro Rebouças

maior cotação do leilão. Os destaques da noite, entretanto, não pararam por aí, com os representantes da nova geração da seleção Tarlim atraindo lances expressivos. Em seu primeiro investimento na raça, a empresária Patrícia Gusmão aportou R$ 431.600,00 na aquisição de 50% do potro Egito da Tarlim. Por sua vez, o empresário José Semenzato investiu R$ 265.200,00 na aquisição de 50% dos direitos da potranca Expressão da Tarlim.

Foto: Pedro Rebouças

Quinta edição do leilão movimentou R$ 4.355.800,00.

Momento de comemoração da equipe envolvida com a realização do remate.

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Mercado & Finanças

LEILÃO

OBRAS PRIMAS Oitava edição do remate contou com a participação de compradores de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal

Foto: Rodrigo Paradeda

Por Pedro C. Rebouças

A égua Inglaterra LPC foi o destaque do remate.

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Business Leilões promoveu, em parceria com o C.T.E. RPN, a oitava edição do Leilão Mangalarga Obras Primas. Realizado na noite de 14 de abril, o remate ofertou 21 lotes provenientes de conceituados criatórios da raça, entre os quais estavam potros, potrancas, cavalos de sela, matrizes e garanhões das mais cobiçadas pelagens. Segundo Rodrigo Paradeda Nunes, diretor do C.T.E. RPN e responsável pela seleção dos lotes, o remate alcançou um índice de liquidez de 72%, obtendo uma valorização média de R$ 11.200,00. O evento, além disso, atraiu compradores do Distrito Federal e dos estados de São

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Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, comprovando o grande interesse pela raça no mercado equestre nacional, mesmo em plena quarentena decorrente da crise do novo coronavírus. Ainda de acordo com Paradeda, o lote mais valorizado do leilão foi composto pela fêmea Inglaterra LPC (T.E.), uma filha de Xilindró da Nata em Dona Flor LPC (T.E.). A jovem égua alazã, ofertada pelo criador Leandro Pasqualini de Carvalho, de Guaranésia (MG), atraiu um investimento de R$ 37.200,00, realizado pelo casal Mateus Salomão Leal e Vívian Athanazio Leal, de Brasília (DF). O 8º Leilão Obras Primas contou ainda com transmissão

pelo Canal Business e condução do leiloeiro rural Roberto Leão. Segundo a Business Leilões, os lotes não comercializados estão disponíveis para a venda direta no portal oficial da empresa: www. canalbusiness.com.br. Neste mês de maio, a agenda da Business Leilões incluiria a realização do 12º Leilão Celebridades. Entretanto, a edição deste ano do tradicional remate promovido pelo Haras Lagoinha precisou ser adiada por conta da quarentena decorrente da crise da covid-19. Para obter mais informações, entre em contato com a empresa leiloeira pelo telefone (21) 2491-3808.


Mercado & Finanças

2º LEILÃO

PLATINUM

Evento registrou expressiva audiência, atraindo investidores de diversos estados brasileiros e fortalecendo a presença da raça no mercado equestre Por Pedro C. Rebouças

Foto: Prime Selection

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Prime Selection e a Júlio Paixão Leilões promoveram, na noite de 19 de março, o 2º Leilão Platinum Mangalarga. O evento, chancelado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), mostrou o vigor do mercado do Cavalo de Sela Brasileiro, mesmo acontecendo em uma semana agitada, em que teve início a quarentena decorrente da crise do novo coronavírus. Segundo Júlio Paixão, o remate virtual alcançou a cotação média de R$ 27.130,00 para as fêmeas, enquanto os machos atraíram um investimento médio de R$ 25.480,00. Já o maior investidor da noite foi o mangalarguista paulistano Anderson Cleiton Pereira. Ainda de acordo com o diretor da empresa leiloeira, o evento conseguiu atrair um público bastante diversificado. “Nós tivemos, mais uma vez em nossos leilões, a grata satisfação de registrar a participação de mangalarguistas de diversos estados do país, entre os quais estavam desde criadores novos, recém-ingressos na comunidade

Carlos Eduardo Purchio e Júlio Paixão trabalharam no leilão.

do Mangalarga, que estão formando e qualificando suas tropas, até criadores tradicionais que buscavam agregar valor a seus plantéis.” Paixão explica também que o trabalho de prospecção de novos públicos fora da raça resultou em milhares de interações e uma audiência espetacular. “Como consequência, compradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Goiás, Minas Gerais e Alagoas, entre outros estados, confirmaram a força de nossa moeda e o poder de sedução de nossos animais, atestando que mesmo em circunstâncias inéditas e absolutamente adversas, a raça Mangalarga é mais forte! Vamos

em frente, sempre juntos, com o propósito comum de incrementar gradativamente a participação percentual de nossa raça no mercado do cavalo!” A segunda edição do Leilão Platinum foi transmitido das instalações do Jockey Club de São Paulo (SP), com a condução do leiloeiro rural José Luís Lobo e a assessoria de Carlos Eduardo Purchio. Por conta da quarentena, o diretor da Prime Selection Rogério Cruz participou de forma remota do evento. Para obter mais informações ou conhecer a agenda de leilões da parceria Prime Selection e Júlio Paixão Leilões, visite o portal www.primeselection.com.br. Maio, 2020 Revista Mangalarga

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Território Cavalgada

EXPEDIÇÃO

VELHO CHICO Audacioso projeto visa demonstrar a rusticidade e resistência campeira da raça, além de popularizar as cavalgadas ao público brasileiro Por Pedro C. Rebouças

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Foto: Haroldo Palo Junior

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Sebastião Malheiro Neto, de 59 anos, integrará a Expedição.

Foto: Haroldo Palo Junior

Cavalo de Sela Brasileiro será o protagonista da Expedição Velho Chico, raid equestre de longa duração que irá percorrer toda a extensão da bacia do rio São Francisco, perfazendo um trajeto de quatro mil quilômetros por seis estados brasileiros. Prevista para acontecer no segundo semestre, com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), a aventura será protagonizada por dois experientes cavaleiros: Pedroca Aguiar, 87 anos de idade, que ganhou notoriedade ao participar do Projeto Brasil 14 mil e do Tropel Mangalarga 1400, e Sebastião Malheiro Neto, 59 anos, criador da raça Mangalarga, pioneiro do enduro equestre nacional e dono de uma longa experiência em raids, entre os quais se destaca o Tropel Mangalarga 1400. Segundo Malheiro, além do prazer de cavalgar por uma das mais belas regiões do país, a expedição terá uma série de importantes objetivos. “A expedição pretende colocar as atividades hípicas em evidência para o público brasileiro, mostrando assim a relevância do segmento equestre para o agronegócio nacional, afinal esse

Aos 87 anos, Pedroca Aguiar enfrentará este novo desafio.


Seleção de éguas Os organizadores irão selecionar oito éguas Mangalarga para o projeto, metade delas irá para a viagem, enquanto as demais serão mantidas na reserva para eventuais substituições. “Eu gostaria de aproveitar para convidar os criadores a participarem, colocando duas de suas éguas para comporem a expedição, pois acredito que esta será uma oportunidade ímpar para que eles mostrem a qualidade de suas respectivas seleções”, acrescenta Malheiro, lembrando que os únicos pré-requisitos para a inscrição das éguas são a

A Expedição pretende percorrer toda a extensão do São Francisco.

idade mínima de cinco anos e a ausência de claudicações ou lesões limitantes da movimentação. O idealizador da expedição também destaca que será dada especial importância aos critérios adequados para seleção, preparação física e acompanhamento dos animais participantes. Dessa maneira, a organização do projeto já está em contato com a Faculdade de Medicina Veterinária da UNESP de Jaboticabal (SP), para elaborar os parâmetros que nortearão as diversas etapas do projeto. A cavalgada partirá do Parque do Lago, em Dourado (SP), seguindo pelo norte do estado de

São Paulo rumo a seu primeiro destino, o Parque Nacional da Serra da Canastra, no estado de Minas Gerais, onde está localizada a nascente do Rio São Francisco. A partir daí a comitiva percorrerá a bacia do rio São Francisco, atravessando o estado da Bahia, com destino a sua foz, localizada na confluência com o oceano Atlântico, na divisa entre os estados de Alagoas e Sergipe. Para obter mais informações sobre a Expedição Velho Chico, cujo trabalho terá ampla veiculação na mídia e será todo registrado em vídeo, entre em contato com Sebastião Malheiro Neto pelo telefone (16) 98206-5175.

Divulgação

é um setor que movimenta uma cifra anual superior a R$ 16 bilhões e que gera mais de seiscentos mil empregos diretos, segundo dados da Câmara Setorial da Equideocultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).” Malheiro ressalta ainda que o projeto pretende divulgar e popularizar as cavalgadas e raids equestres entre a população brasileira, mostrando como essas são atividades acessíveis a pessoas de diferentes faixas etárias e distintos graus de habilidade. A iniciativa, além disso, tem a intenção de colocar em evidência as qualidades da raça Mangalarga e a sua grande aptidão para as cavalgadas e raids de longa duração. Os objetivos do projeto, entretanto, não param por aí, se estendendo também ao campo científico. Afinal, a expedição contará com a participação de veterinários, zootecnistas e outros profissionais, que serão responsáveis por coletar dados de pesquisa para análise e posterior publicação de trabalho científico, abordando a fisiologia do exercício dos animais ao longo do evento.

Foto: Cleferson Camarela (CC)

Território Cavalgada

O São Francisco segue de Minas até a divisa de Sergipe e Alagoas.

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CAVALGADA

DA FAZENDA SERRA DOURADA Terceira edição do evento reuniu os mangalarguistas goianos em um agradável dia de confraternização e convívio com o Cavalo de Sela Brasileiro Por Pedro C. Rebouças

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preocupou os organizadores mas não impediu a realização da cavalgada nem a alegria do passeio. “Na noite que antecedeu o evento e também no início da manhã, caiu uma forte chuva aqui no município, parecia que São Pedro estava lavando o céu”, brinca o criador. “Nós ficamos um tanto apreensivos com essa situação, inclusive alguns amigos que vinham de mais longe acabaram desistindo de participar com medo de chegar na fazenda e não

ser possível realizar a cavalgada. Entretanto, São Pedro ajudou e por volta das 10h deu uma estiadinha. A essa altura, a turma já havia tomado café da manhã aqui na Serra Dourada, então nós fizemos a tradicional oração de partida e colocamos a tropa na estrada por volta das 11h da manhã”, conta Jubé. A comitiva contou com a participação de vários integrantes do núcleo, assim como de amigos apaixonados por cavalos da região. “Nosso grupo atravessou a rodovia

Fotos: Núcleo GO

nova temporada mangalarguista foi aberta em território goiano com a terceira edição da Cavalgada da Fazenda Serra Dourada. Realizada pelo Núcleo Mangalarga de Goiás, em parceria com a Fazenda Serra Dourada, do criador Antônio Celso Ramos Jubé, a cavalgada aconteceu no sábado 25 de janeiro, no município de Goiás (GO). Segundo Jubé, que também integra a diretoria do núcleo goiano, a forte chuva que caiu na noite do dia 24 para o dia 25

Os mangalarguistas goianos prestigiaram a cavalgada.

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Celso Jubé recebeu os amigos na Fazenda Serra Dourada.


Território Cavalgada foram recepcionados com cupim assado, picanha assada e cerveja gelada e puderam conhecer os animais da nossa criação em uma confraternização muito boa”, concluiu o mangalarguista goiano, lembrando ainda que esta terceira edição da cavalgada contou com o importante apoio de Goiás Madeira, Agroshop Nutrição Animal, Uniagro Produtos Agropecuários e Panificadora e Lanchonete Três Corações.

GO 164 e seguiu passeando por estradas boiadeiras, atravessando alguns trechos de mata e pegando uma pastaria boa, com aquele gado bonito, onde o nelore manda, mas também com a presença de um gadinho curraleiro, além de algumas outras propriedades com gado de leite, que a gente de vez em quando encontra aqui nas cercanias da cidade de Goiás.”

Belas paisagens Ainda de acordo com o organizador do evento, a cavalgada percorreu um percurso de 18 quilômetros, ao longo do qual atravessou várias fazendas, passando por uma região muito bonita, cheia de serras e rica em água, aliás, em quantidade mais abundante que o normal por conta dos dias chuvosos do fim de janeiro no estado de Goiás. Para garantir o conforto dos cavaleiros, a comitiva contou em todo o percurso com a companhia do “barzinho”, que abasteceu a todos com muita cerveja gelada e refrigerante. “Após sairmos da fazenda Serra Dourada, nós fizemos uma volta grande e seguimos com destino à fazenda Conceição, do casal Cássia e Donizetti Alves de Paula Costa, onde foi servido um suculento almoço, composto de arroz branco, feijão tropeiro, salada,

Próximos eventos Os mangalarguistas percorreram um trajeto de 18 quilômetros.

macarrão de “Folia de Reis”, carne moída com verduras, franguinho ao molho acompanhado de guariroba e ainda uma deliciosa carne de javaporco, além de uma farta mesa de sobremesas com uma grande variedade de doces, tudo produzido lá mesmo”, destaca Jubé. Depois de boa parte do dia com tempo seco, os cavaleiros encararam o trecho final do passeio com clima chuvoso. “Na volta, quando estávamos já chegando na rodovia, não teve jeito e a chuva caiu, dando uma refrescada boa nos cavaleiros até chegar à fazenda Serra Dourada, onde nossos amigos

O passeio abriu o calendário da raça em Goiás.

Com a paralisação do calendário da raça por conta da crise causada pelo coronavírus, os próximos eventos do núcleo goiano estão marcados para acontecer apenas no segundo semestre. São eles, a 9ª Exposição Mangalarga de Palmeiras de Goiás (GO), que irá ocorrer no período de 07 a 09 de agosto, e a 23ª Cavalgada do Mangalarga da Cidade de Goiás, marcada para acontecer entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro, na charmosa cidade de Goiás, antiga capital do estado. Para obter mais informações sobre as atividades da raça na região, entre em contato com o núcleo regional pelo telefone (62) 98114-5057 ou pelo endereço eletrônico n.mangalargago@ gmail.com.

O passeio transcorreu em um ambiente de descontração.

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CIRCUITO

MANGALARGADA

Etapa do Haras Malagueta comprovou a evolução da modalidade e contou com a participação de personagens de destaque do enduro internacional

Por Pedro C. Rebouças

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Fotos: Márcio Mitsuishi.

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Haras Malagueta, localizado no município de Mairinque (SP), no interior paulista, foi palco da segunda etapa do Circuito Mangalargada 2020. Realizada na manhã do sábado 14 de março, a prova contou com a participação de 49 cavaleiros e amazonas das mais diversas idades, que puderam desfrutar de um dia muito especial de amizade, adrenalina, integração familiar e convívio com o cavalo Mangalarga. Nas belas trilhas da propriedade, o destaque ficou para o conjunto Gabriel Fernandes Gândara e Ilustre da Bica, que conquistou a primeira colocação com 94 pontos. Já a segunda posição ficou com Juliana Speciali Munhoz e Tanzânia da Malagueta (93 pontos), enquanto a terceira colocação coube a Thiago Torquato Junqueira Franco e Florida CJ (93 pontos). A classificação da prova prosseguiu com Claudio Bagarolli e Lael RBV, na quarta posição com 92 pontos, e com os conjuntos Henrique Torquato Junqueira Franco e Fidalgo CJ e Moacir Bagarolli e Lutero RBV, que terminaram empatados na quinta colocação com 91 pontos. Na disputa da categoria juvenil, Rogério Viriato e Fallujah Mangalarga JF ficaram na primeira colocação (88 pontos),

A francesa Josephine Tomás e Guilherme Santos (FEI) participaram da prova.

sendo seguidos na segunda posição por Marina Ribeiro e Turim da Malagueta (69 pontos) e na terceira colocação por Júlia Sampaio Novais e Bruxelas do Espinhaço (35 pontos). A programação do evento não se restringiu, entretanto, apenas à parte competitiva, incluindo também uma clínica sobre a aplicação da equitação acadêmica nos equinos de marcha, ministrada pelo experiente equitador Fernando Mello Viana, ao longo da sexta-feira (13).

Nível crescente Na opinião do mangalarguista Sebastião Malheiro Neto, experimentado cavaleiro de

provas de resistência e raids equestres e nono colocado nessa segunda etapa, a prova do Haras Malagueta foi muito boa. “A trilha estava extraordinária, muito bem sinalizada, com alguns trechos passando por áreas de pasto e outros atravessando belas trilhas, onde só é possível chegar a cavalo. Tudo muito bonito mesmo, caprichadíssimo.” Malheiro recordou ainda que a propriedade é uma referência na história do enduro equestre nacional. “Em 1990, eu tive oportunidade de fazer parte da organização da primeira prova da modalidade, exclusiva para animais da raça, que aconteceu justamente no Haras Malagueta. Naquela ocasião, o Wladimir


Território Cavalgada Alvares de Mello, titular do criatório, não poupou esforços para fazer uma prova muito bonita e muito marcante, e essa história agora está se repetindo, o Pedro Alvares de Mello também não mediu esforços pra que tudo saísse a contento. Por isso, só tenho que parabenizar a todos que organizaram esta Mangalargada.” Ainda na opinião de Malheiro, a Mangalargada é uma iniciativa de extrema importância para a raça. “Essa é uma competição que oferece aos criadores a oportunidade de usarem seus cavalos e que une toda a família em torno do Mangalarga. Aliás, vale destacar também que o nível da competição vem subindo bastante. Como este é o terceiro ano em que ela é disputada, os competidores e animais evoluíram muito, o que tem causado um grande equilíbrio, inclusive com muitos empates entre os participantes. Isso vai exigir que a organização também

acompanhe esta evolução para que a modalidade continue sendo um sucesso.” Nas redes sociais, o médico veterinário Geraldo Fanti, integrante da equipe veterinária da competição, também elogiou os progressos alcançados pela Mangalargada, além de destacar o êxito da segunda prova do ano. “Foi outra etapa cumprida com sucesso. Tropa em constante evolução. Cavaleiros cada vez mais conscientes e preocupados com seu conjunto. Parabéns Pedro, Thiago e toda equipe Malagueta. Obrigado pela recepção. Parabéns a todos participantes que estão mostrando um nível de evolução espetacular. Parabéns ao presidente da associação, que além de comentar, incentivar, participa das etapas, sempre com muita disposição e bom humor. Obrigado a todos, que sempre escutam os comentários dos ‘vets’ e assimilam, aprendem e

evoluem.”

Presenças ilustres A segunda etapa do circuito contou também com a presença de dois participantes de destaque no cenário do enduro internacional, o médico veterinário Guilherme Ferreira Santos, integrante dos quadros da Federação Equestre Internacional (FEI) e um dos nomes mais renomados do esporte, com participação em mais de duzentas provas internacionais, e a endurista francesa Josephine Tomás, uma das principais competidoras da modalidade. Em conversa com a Revista Mangalarga, Guilherme fez uma avaliação muito positiva da Mangalargada. “Esta é uma iniciativa muito feliz que trará muitos benefícios no futuro tanto à raça Mangalarga como a seu criador, pois trata-se de uma atividade que produzirá

Os participantes percorreram as belas trilhas da propriedade.

A prova foi marcada por um clima de amizade e integração.

Uma confortável estrutura foi preparada para os mangalarguistas.

A competição teve uma marcante presença feminina.

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Território Cavalgada

A nova geração fez bonito nas trilhas do Haras Malagueta.

dados e informações sobre os cavalos que serão avaliados e utilizados por muitos no processo de seleção e preservação da raça, como temperamento, rusticidade, resistência e conforto. Além do prazer de montar a cavalo e encontrar os amigos, a Mangalargada destacará outros aspectos e valores que um cavalo de sela deve ter e que somente a pista de julgamento como único recurso de avaliação não será capaz de fazê-lo. O cavalo Mangalarga é um animal de sela de exterior e trabalho em sua origem, essa aptidão não será perdida graças a essa iniciativa da Associação.” O conceituado profissional do enduro internacional ressaltou também as particularidades e diferenciais da competição mangalarguista. “Vejo a Mangalargada como uma iniciação ao enduro equestre, mas não poderia ser melhor nem mais atraente. Tive a oportunidade de participar desta prova junto com a melhor cavaleira da França da atualidade e atual quinta cavaleira da Europa dessa modalidade. Um percurso seletivo, de alto grau de dificuldade mas com ótimo piso para os cavalos e extrema beleza para os cavaleiros. Uma recepção simpática e elegante que não se encontra no enduro esportivo, um ambiente convivial e bastante agradável e com adrenalina, o que não encontramos nas cavalgadas.”

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Os organizadores Thiago D’Angieri e Pedro A. de Mello.

Guilherme falou também sobre sua impressão em relação à tropa atual da raça. “Minha ligação com o cavalo Mangalarga começou na infância e o nível desse envolvimento influenciou minha escolha de vida profissional. Quando terminei meus estudos de veterinária na Universidade São Paulo, dedicava todo o meu tempo de trabalho à raça Mangalarga até me decidir por deixar o Brasil e estudar Hipologia na França. Depois de longo tempo afastado, reencontrei um cavalo Mangalarga diferente, evidentemente fruto de novas tendências, influência de novos reprodutores e diretrizes adotadas pela Associação e seu Stud Book. Evolução se julga através de objetivos determinados, pessoalmente depois de tudo que vivi no exterior e em outras raças, vejo o Mangalarga de outra forma, mais racional e objetiva, reconhecendo na raça qualidades próprias que as diferenciam das outras, e isso é a meu ver o mais importante a ser preservado pelo criador.” O representante da FEI refletiu ainda sobre as possibilidades existentes para o Mangalarga no universo do enduro equestre. “Quando este esporte chegou ao Brasil no princípio dos anos 90, decidi que testaria a minha tropa Mangalarga nas provas de enduro e que seria a partir de então o fator de seleção dos meus animais. A

participação nessas provas mudou completamente a minha avaliação sobre o que eu tinha e dentre as surpresas uma égua de excelente pedigree se destacou vencendo provas de até sessenta quilômetros e ganhando dos melhores cavalos árabes da época. A participação nas competições é que revelará os animais superiores e a continuidade através dos anos será a melhor publicidade das qualidades do cavalo Mangalarga, mas é preciso começar, seguir adiante, avaliar e premiar os melhores animais, é o único caminho. O homem deve usar seus conhecimentos pra estabelecer as regras do jogo, e o jogo se encarregará de escolher os melhores cavalos e assim a evolução da raça estará assegurada.” Já a francesa Joséphine gostou muito de participar da prova. A endurista revelou que achou o evento muito gratificante, em especial por poder conhecer a natureza da região. Além disso, destacou que a trilha percorreu um percurso magnífico e com bom terreno, além de estar muito bem marcada e contando com bom apoio. Em relação aos cavalos Mangalarga, Josephine contou que eles são muito bonitos e agradáveis de conduzir e ressaltou ainda que já havia enviado a seus amigos franceses fotos dos animais para que eles conhecessem melhor a raça.


Lazer & Cultura

CAVALGADA

NO VALE SAGRADO

Boa parte do percurso passa por trilhas que faziam parte do sistema de estradas do grande Império Inca, o ‘CapacNan’ Por Paulo Junqueira de Arantes

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esta cavalgada no Vale Sagrado do Perú, fomos a lugares remotos e muito bonitos nos Andes e, experimentamos a magia de Cusco e Machu Picchu. A cavalgada foi em cavalos Paso Peruano, confortáveis e muito bem treinados. Durante vários dias de cavalgada passamos por ruínas incas, por aldeias rurais e conversamos com camponeses trabalhando em seus campos. Não foi uma cavalgada rápida, devido à grande altitude e terreno difícil, com algumas encostas íngremes para cruzar. Em alguns trechos cavalgamos em altitudes acima de 4.400 metros.

O cavalo Paso Peruano que montamos descende do Andaluz clássico que veio para o Peru com os conquistadores. A raça Andaluz foi formada por Galegos (Célticos), Sorraia e cavalos do norte da África, os Berberes. No Peru, o cavalo andaluz ‘original’ trazido pelos espanhóis manteve a maioria das características que tornaram o andaluz tão valioso durante a conquista da América do Sul. Nenhum sangue externo foi introduzido na raça peruana, pois não havia necessidade de cruzar com outras raças para produzir cavalos mais altos, mais pesados ou mais rápidos, como foi o caso

em outros países das Américas. O cavalo peruano era usado principalmente para satisfazer a necessidade de um passeio suave e confortável ao supervisionar as plantações e viajar. A marca registrada desta raça é uma marcha lateral herdada e completamente natural de quatro batidas, chamada Paso Llano (uma contração de Paso Castellano). A sela tradicional peruana que usamos é confortável e muito bonita, e os estribos tradicionais de madeira. Essa sela tem origem na Europa do século XV, retratos equestres de pintores clássicos europeus, mostram selas que se Maio, 2020 Revista Mangalarga

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Lazer & Cultura

O “tapa ojos” é uma das curiosidades da tralha peruana.

FOTOS CAVALGADAS BRASIL

assemelham muito à sela moderna do Peru. Uma curiosidade na “tralha” peruana é o “tapa ojos”, um equipamento muito típico usado nas primeiras etapas do treinamento, ele é facilmente movido para baixo para cobrir os olhos do cavalo, permitindo selar ou montar um cavalo nervoso com grande facilidade. Também pode ser usado para manter um cavalo no lugar sem precisar amarrá-lo. Nossos anfitriões foram o Eduard e sua esposa Maria, ele cresceu na Holanda, mas voltou ao Peru em meados dos anos 90, e comprou algumas terras no Vale Sagrado onde mantém sua excelente tropa de cavalos Paso Peruano. O Rancho Perol no Vale Sagrado, fica nos Andes, entre Cusco (65 kms) e Machu Picchu. Eduard é descendente de holandeses e peruanos. Um dos dias mais bonitos da cavalgada, foi explorando antigas trilhas Incas. O cenário absolutamente de tirar o fôlego, com vistas impressionantes das muitas montanhas cobertas de neve e do altiplano. Manadas de lhamas e alpacas podiam ser vistas pastando ao longo do caminho. Percorremos algumas trilhas

Participantes apreciam os picos gelados da região.

A sela peruana acompanhada dos tradicionais estribos de madeira. 48

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A cavalgada incluiu exigentes trilhas nas montanhas.


Lazer & Cultura mais difíceis nas montanhas, raramente utilizadas, mas que são a melhor maneira de ir de um lado da montanha para o outro. A maneira como os cavalos lidaram com as subidas e o terreno difícil nos impressionou. Em um trecho da rota, chegamos a 4.350 metros de altitude junto ao pequeno lago Quellacocha, o ponto mais alto do percurso. No meio da semana, tivemos um dia sem cavalgada, pegamos o trem em Ollantaytambo e fomos visitar as famosas ruínas de Machu Picchu, Patrimônio Mundial pela UNESCO. Uma experiência inesquecível! No dia seguinte nossa cavalgada passou por Pichingote, antiga vila andina onde as casas são parcialmente construídas nas cavernas. Depois, em Salinas, fomos ver salinas dos tempos Incas, que ainda são usadas pelos habitantes locais para extrair sal da água da nascente da montanha. As salinas consistem em uma série de plataformas onde a água salgada é canalizada através de um impressionante sistema de irrigação e deixada para evaporar ao sol. Em nosso último dia de cavalgada, subimos a 3.550 metros, e chegamos num vale cercado por paisagens deslumbrantes e pelas montanhas cobertas de neve de Chicon, Veronica e Pitusuray. Chegamos a Maras, típica vila andina com uma bela igreja colonial de 400 anos, onde um piquenique esperava por nós. A igreja de Maras foi construída logo após a conquista e é uma das dez igrejas mais antigas da América do Sul. Em Maras, também visitamos as ruínas de Cheqoq, onde os Incas construíram fascinantes áreas de armazenamento a frio (geladeiras pré-hispânicas) para conservar os produtos agrícolas da região. O resfriamento dos produtos era obtido usando um sistema de

Cavalos arreados para mais um dia de cavalgada.

Altitudes acima de 4.400 metros estiveram entre os desafios do percurso.

túneis de vento para circular o ar e uma rede de canais de água para circular a água fria de uma nascente próxima na montanha. Cavalgamos durante sete dias, grande parte por trilhas que faziam parte do sistema de estradas do grande Império Inca, o ‘CapacNan’. A rede rodoviária Inca foi um dos maiores feitos de engenharia realizados no Novo Mundo e rivalizou com as estradas romanas do Velho Mundo. A rede rodoviária de 30.000 quilômetros ligou Cusco, a capital Inca, aos domínios mais distantes do império. O sistema rodoviário compreendia

quase todo o território dos Andes, incluindo Peru, Bolívia, Equador, Argentina e Chile e era formado por quatro estradas principais e muitas estradas secundárias. A hospedagem em excelentes hotéis em Cusco e no Vale Sagrado e a famosa culinária peruana completaram o sucesso da Programação.

Paulo Junqueira de Arantes Diretor da agência de viagens a cavalo Cavalgadas Brasil www.cavalgadasbrasil.com.br Maio, 2020 Revista Mangalarga

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Espaço Técnico

ENCONTRO ANUAL DE JURADOS,

OPORTUNIDADE PARA REFLEXÃO!

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Foto: ABCCRM

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os dias 28 e 29 de fevereiro, na Hípica Hipocampo, em Amparo (SP), foi realizado o Encontro dos Jurados da Raça Mangalarga de 2020. Promovido pelo Colégio de Jurados da Raça Mangalarga, com apoio da diretoria técnica e presença dos membros do Conselho Deliberativo Técnico (CDT). Como realizado nos anos anteriores desta gestão, ou seja, 2018, 2019 e 2020, foram convidados todos os jurados do quadro oficial e realizadas atividades mesclando debates teóricos e práticas de julgamento para validação das discussões. Com foco sempre em temas relevantes para aplicação prática no julgamento de acordo com o levantamento de polêmicas em anos anteriores, neste ano foi enfatizada a discussão sobre o ‘O que é ser um Jurado de Raça?’. Além disso, foram novamente debatidos os pesos dados às avaliações dos quesitos Morfologia, Marcha, Passo e Galope. Também foi pauta do encontro as propostas de mudanças de regulamentos apresentadas pelos jurados Jorge Pires e Sila Freire. Focando no tema ‘O que é ser um jurado da raça’, conduzido pela Dra. Maria Aracy Oliva, alguns trechos de um artigo escrito pelo Dr. Luis Antônio Josakhian para a ABCZ há alguns anos nos pareceram muito pertinentes para o momento e então os reproduzimos a seguir para reflexão.

O Encontro de Jurados de 2020 teve forte adesão dos profissionais da raça.

“O jurado é um elemento capaz de perceber mudanças sutis em um dado processo e encaminhá-las sob a forma de orientação para o melhor aproveitamento e aplicação dos fatores ali reunidos.” “O jurado deve assumir uma condição de aprendizado constante, revisando sempre seus critérios, atualizando-os de acordo com novas aquisições da ciência e de suas adequações ao ambiente produtivo e econômico em voga e, mais ainda, com os prováveis ambientes que vão se delineando ao longo do tempo.” “Mais do que o veredicto absoluto no momento em que se está julgando, o jurado deve ter em mente que essa não é uma ação que termina em si mesma e, por isso mesmo, poderá (e na maioria das vezes isso ocorre) ter reflexos posteriores numa centena de outras atividades.”

“A responsabilidade do jurado é imensa e o que se espera de um bom jurado, em um mundo cada vez mais competitivo, no qual os recursos naturais vão se escasseando dia após dia, é que ele tenha uma visão holística, transcendendo uma mera posição de ‘classificador’ de animais, e tornando-se, muito antes, um verdadeiro agente de mudanças.”


Espaço Técnico Com essa tônica continuamos tratando do tema elencando alguns dos atributos necessários a um bom jurado, pontuados a seguir. •Habilidade para o ofício, seja pelo dom natural, pela dedicação e treinamento constantes.

•Conhecimento do padrão racial, dos regulamentos e busca por constante atualização, pois, espera-se do jurado, a capacidade para comparar os animais e realizar avaliações com justiça, ser didático, de forma a contribuir no processo de criação, aferir a evolução da raça e apontar avanços e alertar sobre carências. •Disciplina para cumprir horários e a sistemática. Especificamente, foi solicitado que sempre os jurados devem aguardar a oficialização da escala pelo colégio de jurados. •Concentração para estar focado no julgamento e esquecer naquele momento tudo que é externo à pista. •Comportamento compatível com a função, sendo sugerido, evitar visitas a haras previamente a eventos, evitar conversas com envolvidos na disputa, respeitar os colegas (comentários) e trabalhar em equipe, respeitando os pares, auxiliares e todos os envolvidos. •Dedicação na busca por valorizar a sua função e a raça, por se aprimorar continuamente e propor melhorias de forma construtiva No que se refere à Morfologia, foi dada atenção especial à avaliação dos membros e à forma

Foto: ABCCRM

•Experiência por sua formação técnica, vivência profissional e atividades em diferentes grupos de trabalho.

Recordação do Encontro de Jurados de 1999.

de apresentação. A parte teórica foi conduzida pelo jurado Benedito Carlos com participação do grande especialista em podologia o Dr. Edson Pagoto. Nas práticas realizadas, chegou-se ao consenso que a melhor apresentação acontece com o apresentador ficando ao lado do animal, com o cabresto tendo pequeno contato e o conjunto de frente bem posicionado. Decidiu-se também que é preciso ser mais rígido com a localização de apresentação dos animais, demarcando os limites, para evitar que os apresentadores venham caminhando para frente. Ponderou-se entre os animais as melhores caracterizações raciais, os melhores aprumos e foi salientado que é necessária a rigidez por buscar valorizar os exemplares equilibrados e proporcionais. Na dinâmica, com apresentação teórica do jurado José Rodolfo, foram debatidos os tópicos de avaliação e visualizados vídeos de animais premiados em provas de marcha em eventos do ano de 2019. Foi consensado que eram grandes representantes

da raça e a esmagadora maioria dos presentes concordou que era notória a evolução dos animais e elevada a qualidade de disputa nos últimos anos. Nas práticas, foram realizadas simulações das diferentes fases da marcha, incluindo aí a marcha livre e o julgamento concomitante ao galope quando se aproveitou para debater as notas dadas ao item ‘Qualidade ao Galope’. Na avaliação da marcha livre, foi considerada muito positiva a contribuição que ela poderá trazer para a avaliação da naturalidade e do temperamento, sendo importante para isso, exigir a descontração do animal. Na avaliação da marcha especificamente, o grupo teve consenso nas duas primeiras éguas consideradas representantes da boa ‘Marcha Mangalarga’, ficando a dúvida entre as duas últimas. Uma era ‘muito marchada’ e outra apresentava suspensão visível. Após longo debate chegou-se à conclusão que nesses casos é fundamental avaliar os demais itens, como qualidades de movimentos, comodidade, além de todos os outros quesitos Maio, 2020 Revista Mangalarga

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Rubinho Meirelles foi homenageado pelos participantes.

(Superintendente do Serviço de Registro Genealógico) e o Diretor Técnico Alessandro Procópio. Os membros do Conselho Deliberativo Técnico João Pacheco G. de França Filho, João Batista da S. Quadros, João Tolesano Junior, Lourenço A. Botelho, Paulo Lenzi S. Leite, Alcides Moraes S. Filho, Roque Carlos Nogueira, Rodnei Pereira Leme e Dirk Helge Kalitzki. Finalmente os jurados que compareceram em número recorde dos últimos anos: Agnaldo Machado de Andrade, André Fleury Azevedo Costa, Benedito Carlos da Silva, Emerson Luiz Bartoli, Geraldo Santos Castro Filho, João Batista da Silva Quadros, João Miguel da Silva Giurni, João Pacheco Galvão de França Filho, João Tolesano Júnior, José Roberto Pires de Campos Filho, José Rodolfo Brandi, Lourenço de Almeida Botelho, Luiz Paulo Arantes Ramos Neto, Luiz Roberto Domingues Ramos Filho, Marcelo Leite Vasco De Toledo, Marcelo Murad Birolli, Jorge Roberto Pires de Campos, Paulo Francisco Gomes Della Torre, Paulo Lenzi Souza Leite, Pedro Henrique Bueno de Camargo, Silas Eduardo Freire, Thiago Nogueira Negrão D’angieri e Thomas Nogueira

Negrão D´Angieri. Participaram também os convidados Dr. Edson Pagoto e Coronel Camargo além dos funcionários da ABCCRM Francisco Bezerra (Exposições) e Wellington Pereira (TI). Logo no início da reunião foi comunicado o falecimento do criador e jurado Carlos Rubens R. Meirelles, fato que causou grande comoção em todos. A ele e sua família prestamos nossa homenagem. Grande conhecedor de cavalos e jurado da raça, dono de uma personalidade ímpar, muito contribuiu e, com certeza, continuará deixando bons frutos na raça. Foto: Márcio Mitsuishi

previstos no regulamento. Outro momento importante foi a participação do Coronel Camargo, Jurado FEI Internacional de Adestramento, convidado pela ABCCRM, que fez considerações às equitações dos jurados que montaram os animais, sempre de forma construtiva. O Coronel também fez importantes observações sobre a forma de condução e apresentação dos animais, e principalmente tocou em pontos importantes para a avaliação do galope. Nos mostrou também algumas planilhas de julgamento de adestramento que poderemos utilizar como subsídio para desenvolvermos algo semelhante para o julgamento do galope. O encontro dos jurados é o momento de se fazer o balanço geral dos julgamentos nos eventos passados e buscar homogeneizar conceitos e parâmetros de avaliação visando o aprimoramento dos futuros. De estreitar as relações não só profissionais, mas também de amizade de um grupo de pessoas que se dedica à raça. Como de costume, há embates, discussões de pontos de vistas que resultam na demonstração de que a grande maioria do corpo de jurados tem uma visão semelhante em relação aos parâmetros de avaliação, mas que necessita do diálogo contínuo para os ajustes pontuais. Importantíssimo agradecermos a colaboração dos haras que cederam seus animais e seus profissionais para as atividades práticas, sendo eles os Haras AEJ, Haras Braido, Haras JB e Haras Precioso, além da Hípica Hipocampo pela cessão de sua infraestrutura e pessoal. Estavam presentes os componentes do Colégio de Jurados Marcos S. A. Prado Kiko (coordenador), Maria Aracy T. Oliva e Henrique Fonseca

Foto: Beto Falcão

Espaço Técnico

Alessandro Moreira Procópio Diretor Técnico da ABCCRM


Espaço Técnico

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ONDE HOUVER EQUITAÇÃO A LEVEZA DEVE ESTAR PRESENTE

esse mês de janeiro, tive o prazer de levar um curso de Iniciação à Escola da Leveza ao Haras Mangabaia, de Camila Glycerio de Freitas. Nessa propriedade, localizada em Atibaia (SP), me deparei com uma tropa incrível de cavalos da raça Mangalarga muito bem criados e cuidados. Ali, mais uma vez, o ensino da Leveza, se mostrou apropriado por incrementar a equitação dos participantes independentemente dos diferentes níveis de montaria que apresentaram. Mas o que é a Escola da Leveza? Leveza é tudo que queremos! Queremos um cavalo que responda com leveza aos comandos de pernas, assento e rédeas. Queremos um cavalo equilibrado, que não caia nas espáduas durante as curvas, que coloque seu peso nos posteriores tornando a frente leve para correr um gado, para mudar agilmente de direção, para fazer mudanças de galope no ar. Queremos um cavalo leve e parceiro emocionalmente, um cavalo que tenha confiança em si mesmo e na relação com aquele que o monta. O cavalo trabalhado na Escola da Leveza é aquele capaz de dar o seu máximo junto a seu cavaleiro, onde quer que eles estejam, seja numa cavalgada ou em uma prova de Equitação de Trabalho; seja na prática do salto, do adestramento, do enduro ou em uma prova de marcha ou funcional. Há muitos anos me dedico à doma de cavalos e à preparação de cavalos e cavaleiros para diversas modalidades equestres. Acredito imensamente em uma equitação funcional e leve, onde pessoas

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e cavalos se comuniquem de forma clara, precisa e prazerosa, o conjunto seja mais importante que o resultado. Essa percepção me levou à Escola da Leveza, que busca desenvolver a equitação de forma clara e simples, sempre respeitando os limites do cavalo. Assim, comecei meu aprendizado da Escola da Leveza na Suíça, com o mestre Philippe Karl. Há quatro anos me dedico a difundir essa escola no Brasil. Acredito que o amor pelos cavalos faz parte da natureza humana. Algumas pessoas o descobrem bem cedo, outras vão percebê-lo à medida que se relacionam com esse animal, parceiro belo e intrigante. Esse amor nos motiva a ter cada vez mais contato com os cavalos, seja registrando imagens, seja cuidando, escovando ou alimentando os animais, seja montando-os. Praticar a equitação pode ser a forma mais intensa de contato e relacionamento entre uma pessoa e um cavalo. Mas, do mesmo modo que montar pode ser uma experiência maravilhosa, também pode ser uma experiência perigosa ou até traumatizante para o cavaleiro, para o cavalo ou para os dois, se não estiverem aptos a formar um conjunto. Montar um cavalo adequadamente está longe de ser fácil. Ao completar 18 anos, estamos aptos a requisitar uma licença que nos permite dirigir uma máquina sem vontade própria. Para isso, precisamos de aulas, treinos e passar por provas até ganhar o documento. E, mesmo depois de habilitados, ainda vão alguns anos para adquirirmos a

prática e a confiança necessárias para conduzir um automóvel com tranquilidade. Então, por que as pessoas acham que para conduzir um cavalo basta montar e sair andando? Isso não faz o menor sentido! Simplificar o ato de montar não é inteligente. Para montar com qualidade, seriedade e segurança é preciso entender os instintos dos cavalos, conhecer seu comportamento natural, sua biomecânica bem como ter aulas de equitação. Desde que o general grego Xenofonte, que viveu por volta de 400 antes de Cristo, escreveu Da Equitação - o primeiro tratado sobre a equitação de que se tem notícia - , em que fez um apanhado do conhecimento acumulado até aquele momento, passamos a ter o que estudar para montarmos melhor nossos cavalos. Ao longo do tempo, outros mestres contribuíram para a equitação, mas o principal avanço foram os estudos científicos da biomecânica do animal e de seu comportamento. Também tivemos um grande desenvolvimento na didática de ensino da equitação e do treinamento do cavalo. Hoje só não sabe montar bem um cavalo quem não quer, pois as informações e os professores são muitos. Há muito conhecimento à disposição. Kether Van Prehn Arruda Psicólogo, domador de cavalos e diretor técnico da Conexão Equestre www.conexaoequestre.com.br Maio, 2020 Revista Mangalarga

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Espaço Técnico

PRIMEIROS RESULTADOS DA PARCERIA ABCCRM E UFRPE

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intitulada Análise Temporal de Parâmetros Demográficos e Biométricos da Raça Mangalarga, para banca avaliadora do PPGCAP/ UFRPE. Utilizando dados dos registros definitivos emitidos pela ABCCRM, este primeiro trabalho abordou o quantitativo e a distribuição geográfica do rebanho Mangalarga, década a década desde a fundação da associação. Da mesma forma, analisou-se a frequência das principais pelagens encontradas na raça e os parâmetros biométricos. Nesta primeira matéria à Revista Mangalarga, serão apresentados alguns dados relativos à distribuição demográfica e frequência das principais pelagens. O estudo utilizou dados do registro genealógico de 206.428 animais registrados em definitivo na ABCCRM entre os anos de 1930

e 2018. A análise do número de registros definitivos emitidos por década mostrou aumento linear progressivo entre as décadas de 1930 e 1990. No entanto, ao longo da década de noventa foi observada uma desaceleração no número de registros emitidos, seguida de forte redução no início do século XXI. Estes resultados podem ajudar a ABCCRM a avaliar o acontecido e traçar estratégias de recuperação. Outro dado importante, especialmente para o setor de planejamento e expansão da ABCCRM, diz respeito à distribuição quantitativa do rebanho nos estados brasileiros. Embora, ao longo das décadas, a raça tenha se expandido para 23 estados da federação e Distrito Federal, o estado de São Paulo ainda possui mais de

FOTOS DIVULGAÇÃO

omeçam a aparecer os primeiros resultados do acordo de cooperação técnico-científica entre a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), através do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal e Pastagem (PPGCAP), sob a coordenação dos Professores Doutores Jorge Eduardo Cavalcante Lucena e Juliano Martins Santiago. Em julho de 2019, foi defendida a primeira dissertação de mestrado, tendo como base os dados do Serviço do Registro Genealógico da ABCCRM. A defesa ocorreu no dia 17 de julho de 2019, quando a mestranda Juliete Amanda Theodora de Almeida apresentou sua dissertação

Banca avaliadora: Professor Jorge Lucena (UFRPE); Professor Gustavo Ferrer (UFRPE); Professora Fernanda Taran (UNIVASF); Juliete Almeida e Professor Juliano Santiago (UFRPE).

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Apresentação da Mestranda Juliete Amanda Theodora de Almeida.


Espaço Técnico 70% do rebanho Mangalarga. Isso evidencia a necessidade de um planejamento estratégico específico, visando crescimento da raça nas outras regiões, com aumento do número de animais registrados e geração de divisas para a ABCCRM. Em relação à frequência das principais pelagens encontradas na raça Mangalarga, curiosamente foi observado que os animais formadores apresentavam em sua maioria pelagens baia e castanha. A maior frequência destas pelagens ocorreu desde o início do controle do registro genealógico da ABCCRM até a década de 1950. Isso mostra que a forma dominante do gene Black (BB ou Bb) estava mais presente nos animais formadores do rebanho, que na atualidade. A partir da década 1960, o aumento no número de acasalamentos entre indivíduos portadores da forma

recessiva do mesmo gene Black (bb), proporcionou que a pelagem alazã se tornasse a mais popular dentro da raça. A frequência da pelagem alazã atingiu seu ápice no início do século XXI, quando passou a ser encontrada em quase 90% dos animais. Na criação de cavalos a coloração da pelagem é importante para atratividade visual, impactando na comercialização e expansão da raça. Neste sentido, o estudo mostrou que a decisão tomada pela ABCCRM, atribuindo aos animais de pelagem exótica a possibilidade de serem julgados separadamente nas exposições da raça, surtiu efeito ao aumentar a frequência da maioria das pelagens exóticas. Em adição, a forma de expressão dos genes das pelagens tordilha e pampa possibilitaram que estas tivessem maior crescimento desde a mudança na metodologia dos

julgamentos, tendo a pelagem pampa apresentado aumento da frequência de aproximadamente 11 vezes na última década. Para informações mais detalhadas sobre o estudo, uma cópia impressa foi entregue à Associação Brasileira dos Criadores da Raça Mangalarga. Em breve, os dados também serão publicados em revista de cunho científico, permitindo acesso online para todos os interessados. Atualmente, encontram-se em andamento estudos sobre a taxa de endogamia da raça Mangalarga, pontuações de registro e os resultados das exposições. ProfDSc Jorge Eduardo Cavalcante Lucena ProfDSc Juliano Martins Santiago MSc Juliete Amanda Theodora de Almeida

Abril, 2020 Revista Mangalarga

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Espaço Técnico

SELA,

O QUE ESSE EQUIPAMENTO TEM DE MAIS? Existe muito mais do que podemos ver num rápido olhar!

S

addlefitting! Em português, ergonomia de sela. O simples ato de adaptar a sela ao conjunto cavalo/cavaleiro!! Simples ato? Não! Mentira! Um dos temas mais encantadores dos últimos anos no mundo do cavalo, porém, um dos menos absorvidos pela maior parte da população de cavaleiros, proprietários, treinadores e veterinários. No Brasil, o tema chegou através de Jochen Schleese, mestre seleiro, hoje em dia com mais de 40 anos de experiência, livros publicados, escola fundada, infinitas aulas e palestras. Proprietário da Schlesse Saddlery, ele traz conceitos e expõe muitas das falhas que envolvem uso dos equipamentos, acessórios, formas de selar um cavalo e mesmo a produção de selas. Há 7 anos, a Saddlefitting Brazil é encarregada de difundir o conhecimento da ergonomia de sela pelo país inteiro. E aos poucos, como na história do Brasil, à base de desbravamento o conceito vem sendo difundido.

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Mas, enfim, o que é o saddlefitting, ou a ergonomia das selas??? É a melhor escolha, a alfaiataria, a adequação ou mesmo um novo desenho de uma sela, para que ela sirva ao mesmo tempo, cavalo e cavaleiro! É adequar a sela a um cavaleiro para que sua postura durante a equitação seja a mais correta e efetiva possível. E desde quando a sela precisa servir ao cavalo???? Desde sempre. Quando a população dependia dos animais para o trabalho da terra, das viagens, das guerras, cada animal tinha uma sela, ou um arreio e mesmo o resto do material feito exatamente para suas medidas. Já que pouquíssimas pessoas podiam ter mais cavalos, ou podiam darse ao luxo de perder o seu único cavalo. O cavalo muitas vezes era o único meio de locomoção e sustento da família, assim a cultura do seleiro passou de pai para filho em muitas gerações. Entretanto, hoje em dia, o cavalo é primariamente usado para esportes e recreação. E na

maior parte dos casos, aquela proximidade que o homem tinha com o cavalo se perdeu. E assim a tradição de escolher selas para um animal específico também se perdeu. Junto com isso, veio a revolução industrial, e assim, mais uma vez, tudo mudou. A praticidade de se preparar vários cortes de couro para muitas selas iguais é indiscutível. Assim como o valor de cada peça e contratação de pessoal para manufatura. Assim como produzir muitas peças iguais, ou mesmo importar uma gigante quantidade dessas peças torna toda a economia da empresa diferenciada e o investimento é grande. E assim, perdemos a melhor qualidade e principal característica em torno desse assunto… a individualidade de cada animal e cavaleiro. A exclusividade da produção de cada conjunto. Ficamos expostos a compras iguais para todos, diferenciando apenas em marcas e modelos, valores e cores… e algumas vezes


Espaço Técnico o cavaleiro escolhia um conforto maior para ele, assim como o tamanho que lhe foi imposto por alguém que dificilmente sabe tirar as medidas do acento ou pernas do cavaleiro. Tudo pré-definido para uma compra rápida e fácil. Sendo assim, acontece a necessidade de uma vez por todas explicar que, o resultado final, ao término da competição, prova, campeonato ou mesmo, um simples dia de trabalho, depende da biomecânica e do conjunto que o cavaleiro e o cavalo formam. Não existe como chegar ao topo, à linha final, à rampa, à conclusão, se somente um dos dois (cavalo ou cavaleiro) estiver bem disposto, preparado, ou mesmo, sem dor! Uma das mais repetidas queixas ouvidas nos últimos anos, compreende a diminuição gradativa do desempenho esportivo do cavalo. Condição chamada de “Síndrome da má performance”. Além de intermináveis exames veterinários para as repetitivas observações dos cavaleiros sobre possíveis manqueiras ou lesões dos cavalos. Uma das razões para essa diminuição da performance é a sela. Diversos cavaleiros percebem seus animais irregulares ou mancos durante o trabalho debaixo da sela, mas quando puxados ao cabresto ou em liberdade se apresentam sãos. Essa também é uma cena usual para o profissional que trabalha com biomecânica ou locomotor. Do mesmo jeito que um piloto de Fórmula 1 tem seu carro adaptado para cada corrida, considerando o tipo de piso, condições climáticas e condição física geral do piloto, as selas deveriam ser ajustadas a ambos. Não se pode querer alto nível de performance e pódios, se o animal está exposto a um material ou equipamento que não lhe dá a comodidade e condição de exercer

sua habilidade máxima. Espera-se que uma sela comprada sem previamente ser provada pelo cavaleiro e mesmo ao cavalo vá servir e fazer com que a função da sela seja extraída em sua totalidade. Mas não é o que acontece. E qual a função da sela? É aumentar a área de contato entre as duas espécies e equilibrar o cavaleiro com sua criatura para maior aproveitamento do esporte e função. Distribuindo corretamente o peso do cavaleiro sobre o dorso do cavalo é possível que o centro de gravidade de ambos se alinhem. Precisamos de uma sela adequada, para que o cavaleiro tenha postura ideal para aquele momento, seja ele qual for, do passeio à competição. Somente com a postura ideal do cavaleiro, o animal poderá locomover-se com primor para a atividade escolhida. Principalmente se estivermos pensando nos esportes de alto rendimento onde a saúde do cavalo é muito exigida. Aqui entra

a imagem do Centauro que muitos escritores descrevem. O menor sinal de dor, por um incômodo no dorso, pode custar milésimos em pista ou mesmo menor amplitude de passada na avaliação de juízes. Em provas onde o andamento ou movimentação do animal é pré-requisito, o correto posicionamento do equipamento é essencial. Bjarke Rink, hipólogo e fundador da Escola Desempenho de Equitação, já dizia: “A construção de um equipamento capaz de unir a conformação de duas criaturas tão diferentes entre si, para realizarem trabalhos conjuntos, talvez guarde mais segredos do que sua aparência externa revele.” Já foi provado que a interface da sela pode alterar a movimentação do animal. Isso acontece pelo posicionamento incorreto do equipamento, levando ao mal posicionamento e postura do cavaleiro sobre o cavalo. A pequena diferença de Fotos: Divulgação

Nesta imagem observa-se como distribuindo corretamente o peso do cavaleiro sobre o dorso do cavalo é possível que o centro de gravidade de ambos se alinhem.

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Espaço Técnico centímetros no dorso do cavalo muda a angulação na qual a sela se apresenta e isso reflete na postura do ser humano. O desequilíbrio do cavaleiro interfere, por sua vez, na atitude de trabalho do cavalo. Havendo a possibilidade de que essa alteração também apareça junto a possíveis lesões clínicas. Para assegurar-se de que o trabalho ou passeio sejam agradáveis para ambas as criaturas, é imprescindível que a sela sirva ao cavalo e que ela esteja perfeitamente posicionada no dorso deste animal. A sela deve permitir então um bom diagrama na movimentação do cavalo e que o mesmo possa apresentar uma linha de dorso bem equilibrada, balanceada e acima de tudo podendo ser flexionada durante o exercício. Um design de alta qualidade deve compreender equilíbrio, boa distribuição de peso, flexibilidade e boa absorção de choque. Permitindo assim que o dorso do animal trabalhe de maneira suave e em sinergia com o cavaleiro. Bom equilíbrio na sela é a chave para o sucesso. Por que a sela deve ficar equilibrada horizontalmente sobre o dorso do animal? Porque muitas das alterações durante a colocação da sela poderiam levar a diferenças de andamento. Se a sela estiver desequilibrada com o ponto deslocado para a parte da patilha, o animal pode apresentar dores musculares da transição tóraco-lombar. Fazendo com que o cavalo necessite deixar sua coluna em extensão, ou seja, invertendo a coluna e também por consequência o pescoço. Nessa posição até mesmo a pelve sofre alterações, já que o posterior do cavalo nesse momento não consegue mais engajar para fazer o deslocamento da massa de forma correta. Caso a sela fique desequilibrada no cepilho (a cabeça da sela), o animal tem a tendência de tropeçar, 58

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encurtar o diagrama da passada, apresentando o movimento dos anteriores preso. E nesse caso as lesões de pele são visíveis a olho nu. Essas lesões são comumente chamadas de pisaduras. E quem aqui não viu um cavalo com pisaduras? Algumas dicas para a observação de uma sela bem posicionada seguem aqui:

A sela desequilibrada no cepilho pode causar pisaduras nos equinos.

1- Posicione seu animal sempre em um terreno plano. Ele deve estar esquadrejado para a melhor observação. Mantenha a cabeça e pescoço olhando para frente. Para a melhor observação, é ideal que a sela seja colocada sobre o cavalo sem a manta, para que a manta não interfira na avaliação. Afinal o que conta aqui é a sela! 2- Apoie a sela sobre o dorso. A sela deve ser acomodada de 2 a 3 dedos após a escápula ou espádua. Isso permite que o movimento do anterior do cavalo tenha uma boa alçada e não fique preso por baixo da sela. 3- A sela não deve em hipótese alguma ter contato com os processos espinhosos da coluna vertebral e, consequentemente, não deve encostar no ligamento supraespinhoso. Por isso temos a exigência de distância entre os suadouros de aproximadamente 10 cm. Assim sendo devemos

escolher o túnel dessa sela com a altura de 3 dedos. A avaliação deve ser feita com o cavaleiro sentado sobre a sela. Chamamos isso de avaliação dinâmica, onde há interação do cavaleiro sobre sua montaria. Diz-se que uma pessoa deveria ver “a luz no fim do túnel” ao se posicionar por detrás do cavalo e ver a luz que entra pelo cepilho. 4- O comprimento da sela não deve ultrapassar a 18ª vértebra torácica, sendo facilmente localizada pela última costela. A área, passando a escápula até a última costela, é chamada de área de suporte de sela, é a posição que suporta o peso do cavaleiro. Passado o limite, delimitado pela última torácica o equino não tem mais a facilidade de suportar o peso do condutor, pois após a última costela não há mais ajuda da arcada torácica. 5- O peso concentrado do cavaleiro não deve ultrapassar esse ponto jamais. 6- Os painéis dos suadouros não devem ser maior que a largura do músculo longo do dorso Longuissimus dorsi. O músculo que acompanha bilateralmente a coluna vertebral do cavalo na região torácica e lombar. 7- As ponteiras ou cilha devem cair verticalmente na direção do esterno do cavalo. Na distância de 4 dedos após o “cotovelo” do cavalo. Nesse ponto ela pode ser apertada, pois o osso esterno do cavalo pode dar essa sustentação. Nao se deve apertar demais a cilha ou barrigueira, pois podem haver consequências clínicas aqui. Caso o equipamento não consiga uma boa aderência, sabemos que já há um pouco que não é ideal nessa sela. 8- O assento da sela deve encontrar-se paralelo ao chão. Não podendo estar inclinado para frente nem para trás. Isso desequilibraria o cavaleiro.


Espaço Técnico Os cavalos nos mostram claramente todos os sinais de desconforto, basta ficarmos atentos. Murchar as orelhas, repuxar as narinas, morder, patear, coices e atitudes como baixar o dorso. Consideramos essas atitudes um reflexo da memória de dor que todos os seres vivos conhecem. O corpo nunca esquece neurologicamente uma dor física que já presenciou, e os cavalos que se expressam através do corpo, sabem deixar isso claro. Muitos animais apresentam dor cutânea. Que é a dor de pele. Algumas dessas dores são provocadas por protetores mal escolhidos para as selas. Podendo levar o animal a alguma lesão de fáscia. Outras lesões, como musculares, ligamentares, articulares, também podem ser provocadas por selas erradas, tamanhos errados e mal posicionamento do equipamento. Muitas das lesões são irreversíveis e aos poucos a aposentadoria se aproxima para esse animal. Os pêlos brancos são como fumaça saindo da chaminé… onde ha fumaça, há fogo… portanto aqui deve-se prestar atenção. Os pêlos brancos já são o primeiro sinal de que algo está errado com a sela que deixou as marcas.

Selas erradas, tamanhos errados e mal posicionamento do equipamento podem gerar lesões nos animais.

Outras dicas importantes sobre as selas são, por exemplo, a limpeza e armazenamento. Aqui existem mil opções, todas nos

foram apresentadas durante a caminhada da vida. Qual produto faria milagres… mas o real é que as selas são em sua maioria de couro. Proteja seu investimento. Diferentemente do continente europeu, nós temos clima quente e úmido. E assim, não devemos cuidar do nosso material com excessos. Lembrando que umidade demais traz fungos e bactérias para o equipamento, assim como o sol excessivo pode ressecar toda parte de couro. Como fazer então? Indicamos limpar todo material com água e sabão de coco. Limpando com uma bucha delicada, depois de ter tirado barro e sujeiras mais grossas. Deixar o equipamento secar na sombra… Jamais no sol. Quando seco, devemos hidratar levemente com algum produto de origem animal ou vegetal, tais como lanolina ou óleo de amêndoas. Lembrando que a hidratação deve ser muito leve, para que o material não fique mofado. Não guardar em locais fechados. O ideal é deixar arejando. Além da limpeza existe o cuidado com armazenamento. Nunca deixe sua sela de ponta cabeça, nunca use a sela como apoio ou travesseiro… a força da gravidade entorta todo equipamento e nesse caso, teremos um gasto, visto que esse material pode então machucar o cavalo e também o cavaleiro, por estar torto ou “machucado”. Guarde sua sela sobre um apoio específico, que pode ser feito de madeira, mdf, ferro recoberto por algum material mais macio. Recomendamos a vistoria de um profissional da sela, pelo menos uma vez ao ano para verificar o equipamento. Como um carro, a segurança e investimento precisam ser assegurados. Troque loros rasgados, ou ponteiras com furos alargados. O cuidado com a sua sela pode garantir sua vida, caso haja um acidente. Escolha

materiais o mais natural possível. Existem muitas contraindicações para materiais sintéticos. Apesar de peso e custos, os contras são em maior quantidade. Existe uma recomendação importantíssima sobre como montar o seu cavalo. E essa recomendação é que se use uma superfície mais alta que o chão. Por exemplo, um banquinho, um muro, cerca, tambor, tronco ou mesmo um “mounting block”. E por que tudo isso? Porque repetidamente usamos nosso corpo para subir, entortando a pelve, correndo riscos de lesões no nosso corpo. O fato de subir do chão também lesiona o cavalo, pois este precisa toda vez equilibrar a coluna e o corpo sempre, ou quase sempre para o mesmo lado. E por fim, a sela, que toda vez que é segurada, para que o cavaleiro monte, sofre uma distorção em sua base ou armação. Cuide do investimento que fez ao comprar sua sela, proteja seu cavalo, escolhendo uma sela adequada para ele. Garanta uma melhor equitação para o cavaleiro.

Luli Kratschmer Médica Veterinária, quiropraxista e ergonomista de sela @saddlefitiingbrazil @quiro_equus Maio, 2020 Revista Mangalarga

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Espaço Técnico

PELAGENS: DESVENDANDO O CÓDIGO GENÉTICO (PARTE 2-3, DILUIDORES)

A

s cores dos cavalos são, possivelmente, o primeiro aspecto que encanta os admiradores destes incríveis animais. Dando continuidade à nossa série de artigos sobre pelagens, neste artigo discutirei a genética dos genes diluidores. Estes genes são responsáveis por diluir o pigmento, levando a colorações desejadas e de diversa variedade em tonalidades, como por exemplo os amarilhos – que variam do dourado escuro ao dourado claro (conhecidos popularmente como “sopade-leite”). Porém, apesar da sua característica simples de transmissão, estes genes agem em conjunto com as pelagens base e com o modificador Agouti para formar a coloração final do animal.

larmente denominado gene de Extensão - E. Para que o cavalo seja alazão ele obrigatoriamente será homozigoto para a mutação no MC1R. A pelagem preta originase pela função normal do MC1R, e é dominante sobre a mutação que causa o alazão. Com estas duas pelagens base, formamos a base de todas as cores conhecidas dos cavalos. A pelagem castanha é causada pelo gene Agouti, que

em heterozigoze (A/a) ou em homozigose dominante (A/A). Para ser expressado visualmente, o Agouti necessita da presença do pigmento preto, logo animais alazões podem ser portadores do Agouti mas não apresentar nenhuma alteração visual na pelagem. Lembre-se destas informações, pois serão essenciais para compreender a ação dos genes diluidores da pelagem.

Testes Genéticos de Pelagens disponíveis comercialmente para o criador Pelagem

Símbolo

Raça

Ano Descoberto

Alazão/Preto

E

Diversas

1996

Castanho

A

Diversas

2001

Creme

CR

Diversas

2003

Pérola

Prl

Diversas

2017

Silver/Prata (Anomalias Oculares Congênitas)

Z

Diversas

2006

Champagne

CH

Diversas

2008

Baio

D, non-dun1, non-dun2

Diversas

2016

Sunshine

Sun

Ibéricos

2019

Relembrando: genética das pelagens base e castanho As pelagens dos equinos são baseadas em dois pigmentos: eumelanina (preto) e feomelanina (vermelho/marrom). A capacidade de produzir estes pigmentos é função do gene Receptor de Melanocortina 1 (MC1R), ou popu60

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em sua função normal restringe o pigmento preto às extremidades: cauda, crina, canas e pontas das orelhas, deixando apenas o pigmento vermelho atuante no corpo, pescoço e cabeça. Logo, animais castanhos têm base preta (E/E ou E/e), com o gene Agouti

O complexo Baio Até o ano de 2016, especulavase que a pelagem baia era controlada por um alelo único que determinava o padrão baio, com diluição do pigmento no corpo mantendo as canas em um tom


Espaço Técnico O polêmico Creme

Exemplos das três variedades do gene baio em exemplares lobunos de pônei Islandês. Retirado do artigo científico:Regulatory mutations in TBX3 disrupt asymmetric hair pigmentation that underlies Dun camouflage color in horses. Imsland, F., McGowan, K., Rubin, C.J., Henegar, C., Sundström, E., Berglund, J., Schwochow, D., Gustafson, U., Imsland, P., Lindblad-Toh, K. and Lindgren, G. (2016). Nature genetics, 48(2), pp.152158.

mais escuro, além de adicionar características como zebruras nos membros, linha dorsal, faixa crucial e presença de pêlos claros na base da crina/cauda. Quando sobre pelagem base preta, leva a coloração lobuna (ou lobuno, pêlode-rato); sobre a base castanha, o produto final é o baio em suas diversas variedades (dourado, baio-escuro, etc.); e sobre a base alazã dará origem ao alazão-sobrebaio. Porém, o baio (do inglês Dun) se mostrou mais complexo do que esperava-se. Não somente uma, mas três mutações diferentes foram descobertas no gene TBX3, causando fenótipos semelhantes que eram reconhecidos como baio. Os cientistas denominaram estas três mutações de Dun, nondun1 e non-dun2. Traduzidos para português, seria “Baio, não-baio1 e não-baio2”, referindo-se ao fato que as duas outras variantes causam uma pelagem semelhante, mas que não são exatamente o “baio” clássico. O Dun é a variante que causa o padrão de pelagem considerado baio clássico, com zebruras, listra dorsal, e diluição. O non-dun1 causa diluição e listra dorsal, com ou sem zebruras. Já o non-dun2

leva a diluição sem listra dorsal e sem zebruras. Porém a incrível complexidade do baio não acaba aqui. Algumas raças tem reportado animais que apresentam a coloração (fenótipo) baio, porém não possuem nenhuma das três mutações conhecidas no gene TBX3. Isto significa que ainda existem variantes desconhecidas causando esta diluição de pelagem tão incrível. Atualmente testes genéticos para os três tipos conhecidos de baio estão disponíveis, porém no futuro espera-se que mais variedades sejam descobertas.

Base Alazã + homozigoto creme Cremelo e/e, Cr/Cr

Uma das pelagens atualmente mais favorecidas no Brasil devese a este gene, bem como as pelagens mais erroneamente desfavorecidas. Uma mutação no gene SLC45A2, quando em heterozigose, age apenas sobre o pigmento feomelanina e leva à coloração conhecida como amarilho e à “baia-palha” (que em sua base não necessariamente terá o alelo baio!). Suas variações se devem às diferentes tonalidades do pigmento feomelanina, já que esta modificação atua como um diluidor de pigmento. Porém, quando em homozigose (ou seja,

Base Castanha + homozigoto Creme Perlino A_, E/_, Cr/Cr

Base Preta + homozigoto Creme Smoky Cream a/a, E/_, Cr/Cr

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Espaço Técnico duas cópias do gene mutado) tem função aditiva, multiplicando o efeito diluidor e capacitando-o a diluir também o pigmento

PSI Cremelo competindo em prova de Cross Country.

preto (eumelanina). Animais de base alazã homozigotos para o alelo Creme são popularmente conhecidos como cremelos. Animais castanhos e homozigotos Creme darão origem ao perlino. Já de base preta juntamente a homozigoto creme é conhecido como smoky cream (ou creme esfumaçado). No Brasil estas pelagens são extremamente estigmatizadas e geralmente englobadas em uma única nomenclatura, possuindo diversos nomes populares. “Pseudo-albino”, “albinóide”, “pombo” são algumas delas, referindo-se ao fato que tais animais possuem olhos azuis e pele clara (rosada) e por isso teriam problemas de visão, pele ou até seriam “letais” aos animais ou prole. Obviamente, estes conceitos ultrapassados são fruto do desconhecimento da biologia e fisiologia decorrente deste alelo. Animais homozigotos para o creme, também conhecidos como “duplo creme” ou “duplo diluído”, são saudáveis e completamente normais, aptos ao trabalho e à reprodução. Não 62

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possuem nenhuma semelhança ao albinismo – que é o efeito da presença de melanócitos (células que produzem pigmento) nãofuncionais. Os animais duplodiluídos possuem melanócitos funcionais, porém o pigmento é diluído. Em humanos, este mesmo gene é o responsável por pessoas de pele branca (caucasianos) e olhos claros (azuis ou verdes). Possivelmente de origem ibérica, animais Lusitanos homozigotos Creme são conhecidos como “Isabéis” – diz-se que pela preferência da Princesa Isabel por animais desta pelagem, ou que pela barra do vestido da Princesa estar constantemente “cor de creme”, os cavalos dessa pelagem assim foram apelidados. Comum em diversas raças, animais com diluição creme e duplo-diluídos podem ser encontrados realizando as mais diversas funções: desde atletas em Concurso Completo de Equitação (CCE), a Adestramento, Salto, Rédeas, Apartação e até Toureio. Economicamente são pelagens extremamente interessantes pela capacidade de produzir amarilhos e baios-palha, bem como pelo valor de mercado elevado por serem “exóticas”. Porém para o leigo pode ser difícil discernir entre as suas variedades, sendo recomendado o teste genético para tanto. Pérola O Pérola (pearl, de símbolo “prl”) é mais uma mutação no gene SLC45A2, o mesmo do Creme, porém em uma região diferente. Por isto, o Pérola age de forma diferente do Creme. Tem ação recessiva, necessitando de dois alelos, ou duas cópias, para ser demonstrado no fenótipo. Porém o Pérola pode agir em conjunto com o Creme, formando o “Cremepérola”. Quando sozinho, o alelo

Garanhão homozigoto Pérola, de propriedade da Yeguada Paco MARTI

Pérola em homozigose (duas cópias) assemelha-se à ação do Champagne, causando diluição do pigmento dos pêlos, pele e olhos claros, com olhos geralmente esverdeados ou cor de mel. O pêlo possui um brilho perolado, de onde origina-se o nome deste alelo. Em conjunto com Creme leva a dupla diluição, sendo aparente pois causa o “perolado” na pelagem do animal. O pérola é comum em diversas raças, principalmente de origem ibérica e nos Akhal Teke. Apesar da diluição, não causa problemas de saúde ou reprodutivos, sendo os animais de pelagem Pérola aptos a todas as funções normais.

Sunshine – “raio de sol”, uma nova mutação Descoberta em 2019, esta mutação também se encontra no gene SLC45A2 e leva ao fenótipo diluído quando em conjunto com o alelo Creme. Foi descoberto em um garanhão mestiço Tennessee Walking Horse e Standardbred chamado Captain Sunshine (“Capitão Raio de Sol”). Não se sabe o efeito do Sunshine quando em homozigose, mas a hipótese é que tenha efeito semelhante ao duplo-diluído. Este alelo não demonstra efeito visível em heterozigose. Porém é essencial


Espaço Técnico Silver – um exemplo de pleiotropia

notar que novas mutações têm sido constantemente descobertas, sendo o Sunshine (de símbolo sun) a descoberta mais recente. Champagne e suas variedades Causado por uma mutação no gene SLC36A1, o Champagne (CCh) age de forma dominante, com um ou dois alelos mostrando visualmente o mesmo efeito (fenótipo). A pelagem Champagne irá variar de acordo com a pelagem base, porém apresentará diluição da pelagem, pele “sardenta”, e os animais nascerão com olhos azuis que escurecem com a idade, tornando-se verdes, mel ou cor de âmbar. Por causa da característica

Base Preta + Champagne Champagne Clássico a/a, E/_, Cch/_

Base Alazã + Champagne Champagne Ouro e/e, Cch/_

dominante, para ser Champagne obrigatoriamente um dos pais será desta pelagem. As variedades de Champagne de acordo com a pelagem base são: Champagne Clássico (base preta), Champagne Âmbar (castanho) e Champagne Ouro (base alazã). O Champagne Ouro pode ou não ter a cauda e crina mais claras que o corpo (quase brancos). É uma pelagem visualmente atraente e exótica. A pelagem Champagne não causa nenhum problema de saúde relacionado, e os animais são aptos as funções normais e reprodução.

Base Castanha + Champagne Champagne Âmbar A_, E/_, Cch/_

Rocky Mountain Horse de pelagem Silver (base preta). Esta imagem ficou famosa na internet pela beleza da pelagem

O último gene de diluição que iremos falar é possivelmente conhecido por muitos, pois a foto de um cavalo desta pelagem ficou famosa na internet há alguns anos. Visualmente, o alelo Silver (ou “prata”, em português) é espetacular: com efeito dominante sobre o pigmento preto, tem o poder de diluir a pelagem do corpo para um tom de chocolate, e a crina/ cauda para quase prata. Não tem ação aparente sobre o pigmento vermelho (feomelanina), logo animais alazões podem carregar o gene sem efeito aparente. Porém, o Silver é um exemplo na genética de pleiotropia, quando um alelo controla duas características que parecem não serem conectadas. No caso do Silver, um efeito é benéfico e atraente: a pelagem. Porém o segundo efeito do Silver age de forma aditiva, e leva a Anomalias Oculares Múltiplas Congênitas (AOMC, ou MCOA). Em heterozigose (um alelo presente), causa cistos oculares diversos. Já em homozigose (dois alelos), se apresenta de forma mais severa, com diversidade de sintomas oculares incluindo cistos, córnea globosa, hipoplasia estromal da íris, catarata, hipoplasia da íris, etc. Devido à base genética, tratamentos para estas condições não têm o efeito esperado. Apesar disso, algumas raças equinas continuam a ser selecionadas para esta pelagem, como os Rocky Mountain Horse. Diversas raças possuem o alelo Silver, porém não existem estudos realizados da presença deste gene nas raças equinas Brasileiras. Portanto, é recomendado realizar o teste genético para diferenciar um possível animal portador do Silver de um cavalo palomino chocolate.

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Espaço Técnico Finalizando os diluidores com um exemplo prático

Apenas como forma de exemplificação e finalizando a discussão sobre os genes diluidores das cores de pelagem, vamos descrever um cavalo de pelagem diluída, e parentesco desconhecido. Digamos que foi feito o teste genético do animal, coletamos pêlos da cauda e enviamos ao laboratório. Os resultados são:

Extensão (MC1R) E/e Agouti (ASIP) A/A Baio (TBX3) D/non-dun1 Creme (SLC45A2) C/Cr O que significa que este animal é heterozigoto preto (possuindo um alelo alazão, logo ele pode produzir prole alazã), homozigoto Agouti, então não irá produzir progênie preta já que sempre transmitirá um alelo agouti, heterozigoto Baio para o alelo D, heterozigoto baio para o alelo non-dun1, sendo assim transmitirá ao menos uma versão

do baio para 100% da progênie, e por fim, heterozigoto Creme. De base castanha, o creme e o baio se juntam no efeito diluidor, e o baio adiciona zebruras, listra dorsal e pêlos mais claros na crina e cauda. Podemos chamar este cavalo de “Baio Palha”, no senso estrito de que ele possui além do creme, o alelo baio, pois esta é uma nomenclatura geneticamente correta. No próximo e último artigo, falarei sobre a genética dos genes causadores de padrões de branco.

Nosso cavalo hipotético. Como você denominaria esta pelagem?

Dra. Laura Patterson Rosa Médica veterinária, candidata Ph.D. em genética equina Glossário: Alelo: cada uma das formas que um gene pode apresentar e que determina características diferentes. Dominante: gene com efeito visível mesmo em heterozigose. Eumelanina: pigmento de cor preta. Fenótipo: características observáveis ou caracteres de um organismo, resulta do genótipo e da interação deste com o ambiente. Feomelanina: pigmento de cor avermelhada. Gene: unidade funcional da hereditariedade, portadores de informações genéticas que proporcionam a diversidade entre os indivíduos. Heterozigoto: pares de alelos diferentes. Homozigoto: pares de alelos idênticos. Mutação: mudanças ocasionais que ocorrem nos genes, ou seja, é o procedimento pelo qual um gene sofre uma mudança estrutural. As mutações envolvem a adição, eliminação ou substituição de nucleotídeos no DNA. Pleiotropia: quando um gene controla ou influencia mais de uma característica fenotípica. Recessivo: gene com efeito visível apenas em homozigose.

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