Automóveis
R$ 2,00 (outros Estados R$ 3,00) - www.otempo.com.br - Belo Horizonte - Ano 24 - Número 8545 - Quinta-feira, 7/5/2020
QUARENTENA É ÓCIO CRIATIVO
m.
Músicos mineiros deixam o talento falar mais alto e lançam novas canções no isolamento. Página 18
Pablo Di Si, da Volks, cobra crédito de R$ 40 bi para o setor. Página 8
CORONAVÍRUS > PANDEMIA
Mineiros criam respirador que custará 90% menos
COLUNISTA
Empresa espera produzir cem unidades por dia e aliviar crise nos hospitais
PAULO HADDAD Um retorno a Keynes
¬ Na corrida frenética para redu-
zir estragos do coronavírus, a empresa mineira Tacom desenvolveu, no tempo recorde de 30 dias,
um modelo de respirador que custa R$ 15 mil, 90% menos que os equipamentos que têm sido importados pelo Brasil. Com verba de
um fundo criado pela indústria para mitigar impactos da pandemia, a companhia espera obter aval da Anvisa já na próxima semana para
iniciar a produção do respirador, aparelho que é o maior gargalo dos hospitais para atender doentes graves. Página 9 ALEX DE JESUS
Página 13
ALEXANDRE MOTA
Combustíveis. Gasolina fica 12% mais cara nas refinarias, informa Petrobras. Página 11
PRESSIONADOS POR CONTAS A PAGAR, LOJISTAS DESAFIAM A PREFEITURA E ABREM AS PORTAS NO CENTRO DA CAPITAL. Página 3
Desigualdade
Metade dos brasileiros sobrevive com R$ 438/mês ¬
São quase 105 milhões de pessoas que têm só R$ 15 por dia para custear suas necessidades. Mais ricos ganham R$ 17 mil por mês, diz IBGE. Página 11
Economia BC SURPREENDE E CORTA JUROS PARA 3%, MENOR PATAMAR DA HISTÓRIA. Página 10
Betim COMUNIDADE ELEGE ‘PRESIDENTES DE RUA’ PARA COMBATER VÍRUS.
ALEX DE JESUS
Entre o medo e o desespero
Luto
Brasil já é o 6º do mundo em mortes, que somam 8.536 ¬
O coronavírus não dá trégua no país. Em 24 horas, mais 615 mortes entraram na estatística oficial do Ministério da Saúde. Em Minas, óbitos sobem para 97. Páginas 3 e 5
Página 6
Reunião com Moro
Governo não deve entregar vídeo ao STF ¬ Mesmo depois de o presi-
dente ter admitido divulgar imagens, governo deve alegar agora que reunião com Moro não foi gravada. Página 15
UFMG
Antes da multa, blitz educativa GUARDA DE BH ENSINA AOS PASSAGEIROS DO TRANSPORTE PÚBLICO COMO USAR MÁSCARA. Página 2
Estudo aponta falhas do país na pandemia ¬
Pesquisadores da UFMG e de mais 20 países concluem que a falta de uma política nacional de governo impediu o achatamento da curva. Página 4
2 | O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020
Coronavírus
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Cobertura especial
Por causa do avanço da doença causada pelo novo coronavírus, O TEMPO criou uma editoria especial para tratar do assunto. Acompanhe também a cobertura no portal O Tempo e na rádio Super 91,7 FM.
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PANDEMIA
PBH começa a multar quem não usar máscara no próximo dia 15 FLÁVIO TAVARES - 27.4.2020
Valor da punição será de R$ 80; ação visa conter difusão do novo coronavírus
Detran
Punição para motoristas é falsa, diz órgão
¬ NATÁLIA OLIVEIRA ¬ Quem sair sem máscara
de proteção em Belo Horizonte será multado em R$ 80. A regra foi publicada no “Diário Oficial do Município” (“DOM”) por meio de decreto assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD) ontem. A medida é uma proteção para evitar a disseminação do novo coronavírus. As multas vão começar a serem aplicadas a partir do próximo dia 15 pela Guarda Municipal, pela Polícia Militar ou pela fiscalização da prefeitura. A multa vale para quem não utilizar a proteção em espaços públicos, transporte coletivo e estabelecimentos comerciais. “Caso a abordagem tenha sido feita pela Guarda Municipal, será gerado um boletim interno. O documento é, então, encaminhado para o setor de fiscalização, que vai gerar um auto de infração. Caso a abordagem seja feita pelos fiscais, o auto de infração será gerado imediatamente. O auto de infração será publicado no ‘DOM’, e o cidadão
A Polícia Civil de Minas Gerais publicou uma nota no site do Departamento de Trânsito (Detran) do Estado informando que é falso o texto que circula nas redes sociais dizendo que os motoristas que não estiverem usando máscara de proteção contra o novo coronavírus dentro do carro ou em motocicletas serão multados. Segundo o Detran, a mensagem diz que, além da multa de R$ 128, o condutor também poderia ter três pontos lançados em sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Em uma versão mais recente da falsa história, um áudio foi produzido com um homem se passando por um locutor de rádio, na tentativa de dar credibilidade à informação. Muitas pessoas têm compartilhado a mensagem viral, gerando confusão”, escreveu a Polícia Civil. Ainda segundo a polícia, esse tipo de infração não está previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e, por isso, não há possibilidade de um agente fazer o auto de infração de trânsito. (NO)
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Punição. Uso de máscaras é obrigatório em espaços públicos, transporte público e estabelecimentos comerciais de Belo Horizonte
receberá em casa o comunicado com boleto para efetuar o pagamento”, explicou a prefeitura sobre a punição. A infração não vale para quem estiver em carros ou motocicletas, no entanto, se houver mais de uma pessoa no veículo, a recomendação é que se use máscara para evitar a contaminação. Amanhã, está prevista a chegada de 2 milhões de máscaras à capital, que serão distribuídas gratuitamente à população de Belo Horizonte pela prefeitura.
Isolamento aumenta contas de energia na capital ¬ Contas de energia mais caras assustaram os mineiros nas últimas semanas, quando começaram a chegar as primeiras faturas abrangendo o período de isolamento. Embora muitos tenham especulado que poderia haver erro na leitura ou aumento de tarifa, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) esclareceu que o aumento do consumo residencial foi o que provocou o consequente aumen-
to nas faturas. A designer Bárbara Araújo, 25, conta que se assustou ao receber a conta. “Eu estava esperando, sim, um aumento por causa do trabalho remoto, mas a variação de quase R$ 100 me surpreendeu”, detalha. O consumo de Bárbara cresceu 23 kWh, o que, para ela, não justifica o aumento tão grande no preço. “Vou precisar procurar a Cemig para entender”, diz.
A Cemig afirma que não houve aumento na tarifa ou erro em massa nas leituras de consumo dos consumidores. Em reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o presidente da companhia, Reynaldo Passanezi Filho, afirmou que a ampliação do consumo foi o único responsável pelo aumento nas contas. “Não existe a possibilidade de erro em massa”, defende. (Daniele Franco)
ALEX DE JESUS
Orientação
Guarda Civil faz ação em ônibus A Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte realizou, na manhã de ontem, uma blitz educativa para conscientizar a população sobre a importância e a forma adequada do uso de máscara. Os agentes abordaram ônibus do transporte coletivo e táxis para conversar com os motoristas e os usuários e orientá-los. “Essa blitz consiste no embarque de agentes da Guarda Civil Municipal nos coletivos informando a população
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sobre a necessidade da utilização da máscara, bem como a forma correta de uso e descarte do material”, explica o subinspetor Jaime Costa. A reportagem de O TEMPO acompanhou a abordagem de três ônibus municipais e dois táxis e encontrou apenas uma pessoa sem máscara. Ao perceber a presença da Guarda Civil Municipal, ela passou a utilizar o item. Segundo Costa, esse trabalho está sendo realizado desde o dia 22 de abril. Até
então, cerca de 800 coletivos e 150 táxis foram abordados nos principais corredores das nove regionais da capital. Em torno de 200 máscaras foram distribuídas pela corporação nesse período. O pintor Ismael Nonato, 53, que esperava um ônibus na avenida Raja Gabaglia, conta que já usa máscara há semanas. “Desde quando a doença começou a se alastrar, eu sabia que seria algo sério, que pode matar. Tem que cuidar”, diz. (Rafaela Mansur)
Guarda Municipal realiza ações educativas em ônibus da capital e exalta importância da máscara
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020 | 3
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Comerciantes descumprem decreto e abrem lojas em BH FOTOS ALEX DE JESUS
Varejistas afirmam que temem fiscalização, mas precisam trabalhar
Capital
Inflação cai 0,08% no mês de abril
¬ RAFAELA MANSUR ¬ Dezenas ezenas de esta-
belecimentos comerciais estão desafiando a legislação e a fiscalização e abrindo as portas em Belo Horizonte, em descumprimento ao decreto municipal que proíbe o funcionamento de atividades consideradas não essenciais. No centro da capital, lojas de roupas, calçados, utensílios de cozinha, mochilas e cortinas estão recebendo clientes, a maioria com apenas metade da porta aberta. Os comerciantes dizem que temem a fiscalização, mas alegam que precisam trabalhar. Na rua dos Carijós, há pelo menos três lojas abertas de forma irregular. “Eu tenho três filhos em casa, não recebo ajuda do (prefeito de BH, Alexandre) Kalil, do (governador de Minas, Romeu) Zema ou de ninguém. Faz cinco anos que eu estou nesse pedaço, tenho funcionário, pago aluguel e condomínio, pago imposto para o governo e não recebo auxílio ou cesta básica de ninguém. Estou aqui porque preciso trabalhar”, afirmou o proprietário de uma loja de calçados. Na avenida Amazonas, há vários comércios não essenciais em funcionamento. O dono de uma loja de itens de vestuário contou que o movimento está menor do que o normal, mas ele ainda consegue faturar cerca de R$ 400 por dia. “Faz três dias que estou abrindo. Deixo entrar uma pessoa por vez e coloco álcool na mão de todos. A
Com queda de 0,08% entre março e abril de 2020, a inflação da capital só registrou aumento em itens alimentícios no período da quarentena, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis da UFMG (Ipead). Enquanto outros produtos e serviços tiveram queda de 0,47 pontos percentuais (pp) em relação a março, os alimentos encareceram 0,39 pp. Segundo a coordenadora de pesquisas do Ipead, Thaize Martins, a demanda por alimentos cresceu muito no período em que os belo-horizontinos estão em isolamento, o que levou ao aumento nos preços. (Daniele Franco)
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De tudo. Ontem, várias lojas, dos mais variados segmentos, abriram as portas na hipercentro de Belo Horizonte, mesmo sob risco de multa
Guarda Municipal passa aqui, e eu tenho medo, porque abro escondido, sei que não pode. Mas é melhor isso do que ter de fechar a loja, ficar desempregado e mandar funcionário embora”, disse. A reportagem de O TEMPO passou por muitas lojas em que os comerciantes disseram que estão apenas entregando encomendas realizadas pela internet, mas que estavam com as portas parcialmente abertas para a entrada de clientes. Alguns estabelecimentos estão próximos de uma unidade da Polícia Militar (PM). Em nota, a Câmara de Dirigentes Logistas de Belo Horizonte (CDL-BH) afirma que desconhece a ação dos lojistas. “Não temos conhecimento de que nossos associados
estejam descumprindo normas. A CDL-BH continua trabalhando para que o setor de comércio e serviços possa voltar à normalidade o mais urgente possível”, explica a entidade. FISCALIZAÇÃO. Em nota, a
Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte informou que todo o efetivo, composto por 2.064 agentes, está atuando nas ruas da cidade desde a segunda quinzena de março, quando foram estabelecidas as primeiras medidas restritivas para a prevenção do coronavírus. Segundo a corporação, 37 alvarás de estabelecimentos que desrespeitaram as normas foram recolhidos até a última terçafeira, dia 5.
Dia das Mães
Filhos vão presentear menos As mães belo-horizontinas receberão menos presentes no Dia das Mães deste ano. Segundo uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis da UFMG (Ipead), a intenção de presentear na data caiu 37% em 2020 ante 2019. Essa é a maior queda apurada em quatro anos. Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojis-
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tas de Belo Horizonte (CDLBH), Marcelo de Souza e Silva, o setor deve amargar uma queda média de 40% no faturamento na data, que costuma ser a melhor em vendas depois do Natal. “Para alguns setores, como de moda, o Dia das Mães ainda é melhor do que o Natal, e eles serão ainda mais afetados neste período”, explica. Em Minas Gerais, segundo a Confederação Na-
cional do Comércio (CNC), a estimativa de queda nas vendas é de 46,6%. Segundo a coordenadora de pesquisas do Ipead, Thaize Martins, o consumidor de BH nunca esteve tão pessimista em relação à economia desde 2004, o que reflete na intenção de compra. “Há um reflexo direto da quarentena nos sentimentos das pessoas”, afirmou. (DF)
MG tem 97 mortes em decorrência da Covid-19 ¬
Minas Gerais já tem 97 mortes e 2.605 casos confirmados pelo novo coronavírus, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Há ainda 109 óbitos em investigação no Estado e 91.618 casos suspeitos da doença. Ao todo, já há 191 cidades de Minas com pessoas infectadas, e em 48 há mortes. Belo Ho-
rizonte é o município mineiro com mais casos e mais mortes. São 23 óbitos e 834 pessoas infectadas. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, tem oito mortes e 187 infectados pela Covid-19. Já Juiz de Fora, na Zona da Mata, tem 219 casos confirmados e seis mortes. Dos 97 mortos, 13 não tinham fatores de risco. Setenta e sete mortos, ou seja, 79%, tinham
mais de 60 anos, 17 com idades de 40 a 59 anos, e três, de 20 a 39 anos. Cinquenta e cinco mortos são homens, e 42, mulheres. Além das mortes e dos casos confirmados, as internações por síndrome respiratória aguda grave cresceram 491% nas 18 semanas de 2020 se comparadas ao mesmo período de 2019, em Minas. (Natália Oliveira)
Expectativa. Lojistas se arriscam para aproveitar as vendas do Dia das Mães e reduzir os prejuízos
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Estudo aponta falha no combate Governo não promoveu medidas necessárias contra a Covid-19, diz UFMG ¬ PAULA COURA ¬ O Brasil falhou na con-
tenção da transmissão e no achatamento da curva de transmissão do novo coronavírus. A conclusão é de um estudo do Centro de Desenvolvimento e Planejamento (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que analisa as políticas públicas adotadas pelo governo
federal em comparação com outras nações. Ao todo, foram analisadas 182 medidas de enfrentamento da pandemia no Brasil entre 31 de dezembro e 15 de abril, em quatro diferentes frentes: achatamento da curva de casos, aumento da capacidade de enfrentamento (com melhoria da infraestrutura hospitalizar; aumento de recursos humanos e até mesmo a regulamentação da telemedicina, no caso do Brasil); mitigação (com ações econômicas e sociais) e a governança (como a criação de comitês especializa-
dos em municípios, Estados e pelo governo federal para ações conjuntas). Os cerca de 50 pesquisadores, de ao menos 20 países, concluíram que o governo federal não contribuiu para o achatamento da curva de casos da Covid-19, já que não implementou medidas centrais de distanciamento social, deixando com que Estados e municípios decidissem por si só quais protocolos deveriam adotar. Além disso, não foram feitos testes suficientes na comparação com outros países da região e os desenvolvidos.
“Não foi feita uma quarentena nacional, ficando essa norma a cargo de Estados e municípios. Isso gera um problema de conscientização da população, causando uma crise ainda maior de incertezas, já que o vírus, a pandemia, é uma grande incerteza”, afirma a pesquisadora da UFMG Fernanda Cimini, que participou do estudo. “Não foram vistas ações do governo federal em relação a isso, e a população ficou insegura: ‘saio ou não saio de casa, devo ou não respeitar a quarentena’, prefeitura fala uma coisa, Estado fala outra.
Não houve esse comando central”, complementa a professora da faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. Fernanda também explica que a intenção do estudo não é apontar erros, mas, sim, chamar a atenção para as mais de 200 medidas normativas que o Brasil teve no período analisado. Segundo ela, as ações não foram necessariamente intensas no seu grau de rigidez no enfrentamento ao coronavírus. “Foram muitas políticas que não foram coordenadas pelo governo federal”, complementa a pesquisadora. MICHAEL DANTAS / AFP - 5.6.2020
Enfrentamento. Em Manaus, no Amazonas, equipe de primeiros socorros faz transporte de paciente; segundo estudo, país apresenta deficiência na infraestrutura hospitalar
Minas Gerais
Secretaria monitora isolamento por celular Por meio de aplicativos, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) acompanha a movimentação de 3 milhões de pessoas em Minas para monitorar o nível de isolamento social no Estado. O número corresponde a cerca de 14% da população mineira. O secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, explicou que não se trata de acompanhamento de pessoas específicas. Ele não deu mais detalhes sobre o funcionamento da aplicação ontem, em coletiva de imprensa virtual. O secretário voltou a reforçar que se nota uma redução do isolamento no Estado, mas, questionado, não especificou qual é o percentual de decaída. O indicador costuma ser informado pelo Estado de São Paulo, por exemplo. Amaral afirmou que a SES está em negociações com a Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Prodemge) e com companhias de telefonia para refinar o monitoramento de dados. (Gabriel Rodrigues)
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OMAR DE OLIVEIRA /FOLHAPRESS
Locais públicos
Fiocruz defende lockdown
Circulação aumenta em 26 Estados 7
SÃO PAULO. Quase todos
os Estados tiveram aumento no fluxo de pessoas em locais de circulação pública em abril. A única exceção é o Amazonas. A comparação leva em conta dados anônimos de localização divulgados pelo Google. Houve redução do movimento em três categorias: estações de transporte, parques (praias, jardins e praças) e lazer (shoppings, cinemas, bares e restaurantes). Comparando o fluxo médio na semana de 22 a 29 de março com o registrado na semana de 19 a 26 de abril, 26 das 27 unidades da Federação tiveram aumento da circulação em ao
menos uma categorias. Em 16, houve aumento nas três. O fluxo de pessoas ainda é de 40% a 60% menor que no período anterior à quarentena, mas os dados mostram que o isolamento social caiu no último mês. O Estado que mais teve aumento foi Mato Grosso do Sul, com 30% a 40% a mais em relação a março nas três categorias. Já o Ceará teve maior redução de movimento em locais de lazer em relação aos dias anteriores à quarentena, com fluxo 72% menor na última semana de abril do que no início do ano (em março, índice era de 76,4%). (Flávia Faria E Diana Yukari/Folhapress)
Rio de Janeiro. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro recebeu ontem um relatório da Fiocruz defendendo a adoção urgente de medidas rígidas de isolamento social no Estado. No relatório, a Fiocruz afirma que “a não adoção de medidas imediatas de lockdown pode levar a um período prolongado de escassez de leitos e insumos, com sofrimento e morte para milhares de cidadãos e famílias do Estado do Rio”.
Aéreas exigirão máscaras Brasil. As principais companhias aéreas que operam no Brasil vão passar a exigir o uso de máscaras a todos os clientes. Passageiros da empresa Azul já são obrigados a usar o item de proteção. A partir do dia 10, a Gol também exigirá o uso de máscaras. A regra será adotada pela Latam no dia 11. Segundo a Gol, um levantamento interno feito pela própria empresa nos últimos dias aponta que 90% dos clientes já usam máscaras. Fluxo de pessoas no centro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na manhã de ontem
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020 | 5
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Brasil tem mais de 8.500 mortos Com 615 novas mortes, país é o sexto em número de óbitos no mundo ¬ BRASÍLIA. O Brasil bateu
novo recorde de mortes por coronavírus. De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados ontem, foram registrados 615 novos óbitos em um dia. Ao todo, são 8.536 brasileiros vítimas do vírus. Com as mortes de ontem, o Brasil se tornou o sexto com mais óbitos no mundo, segundo a Universidade Johns Hopkins (EUA), que monitora dados da pandemia. O país ultrapassou a Bélgica, que tem 8.339 óbitos. Também houve 10.503 novos casos confirmados, segundo dados do Ministério. O total de infectados pela Covid-19 é de 125.218. O recorde de mortes registradas em 24 horas era do dia anterior, com 600 novos óbitos. Segundo especialistas, os números reais devem ser maiores, já que há baixa oferta de testes no país e alta possibilidade de subnotificação. “Os 615 registros atualizados (de ontem para hoje) estavam em investigação, no entanto, não são todos que aconteceram nas últimas 24 horas”, explicou o secretário de Vigilância
em Saúde do ministério, Wanderson Oliveira. Segundo ele, 140 óbitos aconteceram nos últimos três dias, sendo 11 ontem, outras 70 mortes na terça-feira e mais 59 na segunda-feira. Desde o início da pandemia, o ministério tem somado ao balanço diário mortes ocorridas desde os primeiros casos, mas com confirmação de Covid-19 no último dia. Por conta dessa atualização retroativa, são contabilizados no cálculo diário mortes que ocorreram há um mês, o
que altera consideravelmente a percepção do avanço da pandemia no Brasil. O ministro da Saúde, Nelson Teich, avaliou que os números contabilizados pela pasta sinalizam que o Brasil não está em curva descendente da pandemia e que os cuidados e medidas restritivas precisam ser mantidos em vários lugares. Epicentro da crise, São Paulo continua sendo o Estado com mais casos e mortes por coronavírus. Em meio ao aumento nos números, o Es-
tado tem visto cair o índice de isolamento social, o que preocupa autoridades. Na última segunda, o isolamento foi de 47%. Depois de São Paulo, o Estado com maior número de casos é o Rio de Janeiro. Já quando analisados os dados de incidência do coronavírus, indicador que abrange o total de casos pela população, outros Estados passam à frente. São eles Amapá, Amazonas, Roraima, Ceará, Pernambuco, Acre e Espírito Santo.
Minas Gerais registrou 97 mortes, segundo dados do Estado, e 2.605 casos confirmados de coronavírus. Há ainda 109 óbitos em investigação no e outros 91.618 casos suspeitos da doença. O país com o maior número de mortes pela Covid-19 é o Estados Unidos, que, até ontem, registrou mais de 70 mil óbitos. Em seguida aparece o Reino Unido, com mais de 30 mil mortes até agora. A Itália tem 29.684 vítimas; a Espanha, 25.857; e a França, 25.812 mortes. JORGE HELY/FOLHAPRESS
Enterros. Nos últimos dois dias, o Brasil registrou mais de 600 mortes diárias pelo vírus e se tornou o sexto com mais vítimas no mundo
Isolamento
Ministro já avalia ampliar lockdown
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BRASÍLIA. O ministro da
Saúde, Nelson Teich, admitiu ontem que o governo federal deve recomendar o chamado lockdown (confinamento radical) para cidades que estejam enfrentando uma transmissão mais grave do coronavírus e afirmou que o plano do ministério para o isolamento social trará diretrizes regionalizadas. “O importante é colocar que quando a gente fala em isolamento e distanciamento existem vários níveis. É importante que a gente entenda que não existe uma defesa do isolamento ou não isolamento. Vai ter sempre medidas simples até o lockdown. O que é importante é que cada lugar vai ter sua necessidade”, disse o ministro. Segundo Teich, as diretrizes para o tema estão em análise na pasta e devem ser divulgadas no momento oportuno, mediante coordenação com as autoridades sanitárias com Estados e municípios.
EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
Secretários veem Teich “perdido”
RANKING
Cobranças. O oncologista Nelson Teich, que assumiu o Ministério da Saúde há 18 dias, ainda não mostrou a que veio. A avaliação é de secretários estaduais, parlamentares e autoridades do Sistema Único de Saúde (SUS) que participaram de reuniões e videoconferências com o ministro nos últimos dias. Segundo os relatos, a impressão é de falta de conhecimento da gestão pública e uma atuação tutelada por militares e pelo Palácio do Planalto. Sempre ao lado do general Eduardo Pazuello, Teich evita assuntos espinhosos, como fim da quarentena. Nos bastidores, secretários de Estados e de municípios dizem, em tom irônico, que o verdadeiro ministro da Saúde é Pazuello, pois, em reuniões, é o militar que trata sobre o que a pasta de fato entregará.
Países com mais mortes por coronavírus
Mortes. O governador João Doria (PSDB) afirmou ontem que São Paulo chegou a 3.045 mortos, decretou luto e atacou o presidente Bolsonaro por dar mau exemplo à população. “Em menos de 60 dias 3.000 vidas foram perdidas. Em respeito a suas famílias e aos amigos que perderam suas vidas, amanhã o “Diário Oficial” virá com decreto de luto oficial perdurando enquanto a crise do coronavírus e a pandemia perdurar”, disse o governador paulista.
74,121
(atualizado em 6 de maio)
8,536
8,339
7,275
6º
6,418
7º
5,204
8º
9º
10º
Bélgica
Alemanha
Irã
Holanda
R$ 2 bi para Santas Casas
BRASIL
25,809
5º
França
25,857
4º
Espanha
29,684
3º
Itália
2º
Reino Unido
Estados Unidos
30,076
1º
Porta-voz da Presidência tem vírus Novo caso. O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, de 59 anos, testou positivo para o coronavírus e está afastado de suas funções no Palácio do Planalto. Ele não tem sintomas e cumpre quarentena em casa. Ao todo, 23 pessoas próximas ao presidente Bolsonaro tiveram a Covid-19 desde o início da pandemia. O primeiro caso foi do secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten , após viagem ao EUA. Também testaram positivo os ministros Augusto Heleno (Gabinete Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Doria decreta luto em SP
Recursos. Foi publicada ontem, no “Diário Oficial da União”, sanção do presidente Jair Bolsonaro do auxílio financeiro de R$ 2 bilhões às Santas Casas e hospitais filantrópicos na atuação durante a pandemia. O texto, resultado de projeto de autoria do Senado, estabelece que o critério de rateio do valor será definido pelo Ministério da Saúde. A verba deve ser usada para compra de equipamentos, medicamentos, reformas e aumento de vagas em UTIs.
6 | O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Comunidade de Betim participa de projeto nacional contra Covid PREFEITURA DE BETIM/DIVULGAÇÃO
Moradores do Teresópolis se ‘multiplicam’ para combater doença ¬ FLÁVIA JARDIM ¬ Combater a
pandemia da Covid-19 em aglomerados, onde a concentração de moradias é maior, não é uma tarefa fácil. Betim, na região metropolitana, possui o maior aglomerado de Minas, com mais de 23 mil habitantes, segundo o último Censo IBGE. E, por meio de uma iniciativa voluntária, a Associação Popular dos Amigos do bairro Jardim Teresópolis (Amigos do Terê), com o apoio da prefeitura, está participando de um projeto nacional de combate à doença para ajudar os moradores da comunidade do Teresópolis a tomarem as medidas de precauções necessárias contra o coronavírus. Criado pelos próprios integrantes dos aglomerados e contando com grandes comunidades do Brasil, como Paraisópolis, em São Paulo, e Rocinha, no Rio de Janeiro, o projeto consiste na eleição de presidentes de rua, que passam a ter a função de monitorar e cuidar de, no mínimo, 50 moradias cada um. Segundo o presidente da Amigos do Terê, Kenedy Alessandro Henrique de Souza, cada presidente de rua tem pelo menos quatro tarefas: conscientizar e monitorar o morador para que ele permaneça em casa; distribuir as doações que chegam, evitando aglomerações; acionar a prefeitura, se necessário for, em casos de sintomas da Covid-19
ou outras doenças; e levar boas e verdadeiras notícias, combatendo fake news. “Iniciamos o projeto há poucos dias e já temos 23 presidentes de rua – nosso objetivo é chegar a 350. Além disso, realizamos algumas ações, como distribuição de álcool e de máscaras. Queremos, com esse projeto, que os presidentes de rua sejam multiplicadores de ações, que verifiquem as famílias carentes que precisam de máscaras, álcool ou alimentos, que orientem como se prevenir da doença e que acionem as equipes de saúde caso seja necessário”, afirma Souza.
Cidade tem 23 casos confirmados ¬ Subiu para 23 o número de
COMUNIDADE-PILOTO. A Prefei-
tura de Betim oferecerá um treinamento a esses voluntários. “Em um primeiro momento, será feita uma apresentação do projeto para os presidentes de rua. Depois, realizaremos uma capacitação deles voltada à prevenção da Covid19”, explicou o secretário adjunto de Gestão da Saúde de Betim, Augusto Viana. Segundo ele, a ideia é que o Teresópolis seja uma comunidade-piloto do projeto: “A ideia é que possamos expandir a iniciativa para outros aglomerados de Betim. No país, o projeto, iniciado em Paraisópolis, já se espalhou por 362 comunidades de 12 Estados”.
Números
350
multiplicadores deverá ter o projeto, prevê associação
50
moradias serão monitoradas por cada multiplicador
Iniciativa. Cada multiplicador monitora 50 moradias contra a Covid-19; prefeitura treina voluntários
casos confirmados de coronavírus em Betim, de acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria de Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, ontem. Quinze infectados já estão recuperados, e outros sete encontram-se em isolamento domiciliar, sendo monitorados por agentes de saúde. Na última semana, a cidade registrou o primeiro óbito pelo novo coronavírus – a vítima era uma senhora de 80 anos com histórico de comorbidades. (Dayse Aguiar)
Restaurantes e templos
Cobrança de ajustes vai começar PREFEITURA DE BETIM/DIVULGAÇÃO
A partir deste sábado, restaurantes e templos de Betim que não estiverem regularizados, atendendo todas as normas de segurança contra a propagação da Covid-19, serão fechados pela prefeitura, que está fiscalizando o cumprimento do Decreto 42.098, de 29 de abril, cujo texto endureceu as regras para o funcionamento de restaurantes e templos religiosos na cidade. O mesmo decreto também determinou o fechamento de bares no município e a venda de bebidas alcoólicas em espaços públicos. Desde então, conforme levantamento feito pela reportagem, 36 restaurantes já fir-
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Agentes da prefeitura continuam fiscalizando e orientando comércio
maram o Termo de Ajustamento Municipal (TAM) com a prefeitura, comprometendo-se a cumprir as medidas contra a Covid-19. Já os templos que firmaram o
TAM somam 119. Para o procurador geral de Betim, Bruno Cypriano, a média de restaurantes e de templos buscando a regularização ainda é baixa. “Esta-
mos dando um prazo para que todos se adéquem, mas, a partir de sábado, a assinatura dos termos de ajustamento já será cobrada, e aqueles que não estiverem devidamente regulamentados terão que fechar as portas”, afirmou. Outro decreto municipal também publicado no dia 29 – 42.097 – estabeleceu uma multa de R$ 1.000 por cada norma descumprida pelos estabelecimentos, podendo o valor total chegar a R$ 50 mil. Além disso, os imóveis comerciais poderão ser interditados parcialmente ou totalmente. (Dayse Aguiar) ARQUIVO PESSOAL
Sindicato responde Canal de comunicação. Sobre a cobrança de mensalidades por parte das escolas, o Sindicato das Escolas Particulares (Sinep) explicou que a negociação de desconto nos valores mensais faz parte da rotina das instituições e que, após a pandemia, isso se intensificou. “As escolas particulares são de livre iniciativa e podem negociar os descontos a partir de seus custos. O Sinep não tem competência para determinar ou sugerir porcentagem de descontos ou negociações de preços. Sugerimos que as instituições criem canais de comunicação junto às famílias”, informou em nota o sindicato.
Escolas de Contagem
Grupo de pais pede descontos O calvário de 450 pais de Contagem, na região metropolitana, em busca de descontos nas mensalidades escolares está longe de um desfecho. Sem conseguir manter atividades online capazes de suprir a carga horária, eles reclamam que o serviço prestado pelas instituições de ensino está aquém do ideal e pedem des-
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conto nas mensalidades. A principal reivindicação de um grupo criado por pais é que as escolas de ensino particular sigam a recomendação do Procon, que sugere desconto de ao menos 29% no valor das mensalidades. Com três filhos matriculados em escola particular, Alexandre Amaral, 43, teve que cancelar o contrato escolar do caçula mediante
pagamento de multa. Ele e a mulher tiveram queda na renda de 40%. Até o momento, só conseguiram aumentar o parcelamento das prestações: “As escolas têm dado justificativas variadas, algumas não dão descontos, mas facilitam a forma de pagamento. Outras, depois de muita luta, iniciaram uma negociação individual”. (Paula Coura)
Com pandemia, Alexandre tirou filho da escola
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8 | O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020
CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Volks cobra crédito de R$ 40 bi para reerguer cadeia produtiva REPRODUÇÃO LIVE
G
Pablo di Si Presidente da VOLKSWAGEN DO BRASIL
Confira entrevista no portal O Tempo
Executivo da empresa acredita na retomada do país e aposta que setor terá uma transição do mundo físico para o digital
Entrevista As montadoras estão negociando um pacote de recuperação junto ao BNDES. Quais são os principais pontos e o volume total dele? Começamos a conversar com o BNDES, os representantes do Ministério da Fazenda e com o Paulo Guedes para injetar liquidez do sistema, não só nas montadoras, mas, principalmente, nas concessionárias e nos fornecedores. Também estamos conversando com bancos privados. O que falamos do sistema é que, nos próximos três, quatro meses, todos os fornecedores e montadoras vão precisar de cerca de R$ 40 bilhões em caixa para sobreviver até que o mercado comece a decolar. No mercado, vemos montadoras robustas, de um lado, mas sabemos que a cadeia de suprimentos, principalmente a de peças, tem muitas empresas endividadas e com custo
“Temos um plano de nacionalizar todos os componentes dos nossos carros cada vez mais.”
xa de juros são fatores importantes. Neste momento de sobrevivência para todos nós, a liquidez tem uma importância muito maior que uma redução do IPI.
fixo alto. Existe algum plano de apoio da Volkswagen para os fornecedores? Desde o primeiro minuto da crise, temos falado mais sobre os fornecedores do que da própria Volkswagen. O plano que mencionei é para injetar maior liquidez a eles. Estamos negociando com eles, mas os recursos são limitados. O mais importante é que o mercado comece a retornar de forma gradual e que possamos abrir de forma segura, com protocolos e muita disciplina para a roda voltar a girar. Se continuarmos esperando, o buraco vai ficando cada vez maior. Quais são os planos para retomada da produção da Volkswagen no Brasil? Por enquanto, nosso plano é retornar no dia 18 de maio. Isso depende de muitas coisas, como a situação da quarentena de São Paulo, cujo governador vai fazer um anúncio nesta sexta-feira (8). Já temos um treinamento do time e seguiremos as diretrizes dos governos em São Paulo e no Paraná, onde estão nossas fábricas. Qual é a estratégia da Volkswagen para as plantas da montadora no Brasil? Neste momento, é congelar todos os investimentos, o que não significa suspendê-los ou cancelálos. Agora, precisamos preservar nosso caixa e nossa liquidez. Então, decidimos congelar investimentos por 90 dias e, nos meses de junho e julho, reavaliaremos o mercado. O mercado da China, por exemplo, voltou à normalidade: teve um 1,6 milhão de carros (vendidos); em fevereiro, 200 mil carros; em março, 1,4 milhão e, em abril, quase o mesmo tamanho do mercado de janeiro. Muitas pessoas estão
recorrendo a carros mais econômicos, porque não querem utilizar o transporte coletivo por medo do coronavírus. Acho que é possível que isso aconteça no Brasil, mas precisamos entender qual será o volume e a segmentação do mercado. A Volkswagen vai manter ou demitir pessoal no Brasil? Fomos os primeiros a garantir o emprego. Acho que somos um dos poucos no Brasil que garantiram salários por 90 dias. Quais são as expectativas de vendas para este ano no Brasil e para o próximo? Nos dois últimos anos, o mercado brasileiro cresceu 21%, e a Volkswagen cresceu 52%. Mas esse mundo está longe e já não existe mais. É importante produzir ao ritmo da demanda. Não podemos criar um sobre-estoque em nossa rede ou nas fábricas e queimar caixa. Na crise de 2008, houve duas grandes montadoras norte-americanas que foram à falência por fica-
“Se todos começarmos a consumir em 20, 30 dias, a economia brasileira vai retomar.”
rem sem caixa. Também vamos acompanhar o câmbio. Qual é o impacto da pandemia nos pequenos e nos médios fornecedores da Volkswagen? Há risco de eles não suportarem a crise? Há risco. Todas as empresas estão em risco. Como Volkswagen, ajudamos o sistema de concessionárias e fornecedores, mas a maior ajuda vai vir do mercado e dos consumidores. Se todos começarmos a consumir em 20, 30 dias, a economia vai retomar e conseguiremos amenizar esse problema. Com as vendas mais digitalizadas, como vai ser o tamanho e a forma de negócio das concessionárias? Há dois anos, quando começamos as concessionárias digitais, eu dizia aos concessionários que, em cinco ou seis anos, o tamanho da concessionária diminuiria drasticamente. Porque não vai ser preciso um lugar grande, porque, com um tablet e óculos de realidade aumentada, é possível ir até o cliente que deseje conveniência. Eu estava errado: não demorou cinco ou seis anos, mas um. Vai haver uma transição do mundo físico para o digital. Você considera que este é o momento de o setor voltar a negociar a questão tributária com o governo? Não é o momento de pedir redução de IPI, porque o governo está ajudando pessoas carentes e de baixa renda, e está certo. O maior problema é de liquidez. A melhor forma de manter o emprego é com liquidez, no curto prazo, e com a retomada dos negócios. Também é importante ter disponibilidade de crédito. O crédito, a liquidez e a ta-
A Volkswagen planeja alguma campanha de venda após a pandemia, como entradas mais alongadas e mais prestações? Temos um programa e vamos comunicá-lo ao público no momento certo. Não é o momento de revelá-lo, porque mais de 50% das nossas concessionárias estão fechadas no Brasil. Vai haver uma série de benefícios para estimular a compra de carros no segundo semestre deste ano. A Volkswagen vai continuar investindo em contratos globais ou vai priorizar a nacionalização de componentes? Já temos um programa de nacionalização. Planejamos nacionalizar ainda mais os motores e exportá-los. Nossos motores produzidos aqui já vão para o México, que produz carros que vão para os Estados Unidos. Temos um plano de nacionalizar todos os componentes dos nossos carros cada vez mais. Qual é a perspectiva do Brasil para o grupo? O país perde protagonismo com a crise? O Brasil sempre foi chave para o grupo Volkswagen. A primeira fábrica fora da Alemanha foi aqui, tamanha a importância que o grupo dá ao país. Neste momento, todos nós estamos em modo de sobrevivência. Precisamos nos acalmar, respirar fundo e, em dois meses, fazer uma reavaliação. (Helenice Laguardia, Karlon Aredes, Raimundo Couto. Com a colaboração de Gabriel Rodrigues)
Live do Tempo Programação. A live está disponível às 14h no portal O Tempo e nas redes sociais do jornal. 8 Convidado de hoje: Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Empresa mineira desenvolve respiradores 90% mais baratos Iniciativaocorre via fundodaFiemge vai produzircerca decem aparelhospordia ¬ LUCAS MORAIS ¬ Na corrida contra o tem-
po para ampliar a capacidade da rede hospitalar diante de uma das maiores pandemias dos últimos séculos, a empresa de tecnologia Tacom, após 30 dias de trabalho intenso, conseguiu desenvolver um respirador com custo até 90% inferior ao cobrado no exterior. O projeto, cuja produção custou R$ 15 mil – o valor de mercado antes da pandemia era em torno de R$ 25 mil, sendo que hoje pode chegar a R$ 170 mil no exterior –, só foi possível devido aos investimentos de fundo criado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) para ações de combate à doença. “Em um esforço conjunto com a entidade (Fiemg), zeramos as margens de lucro, e o equipamento está saindo pelo preço de custo. É um projeto social lançado para buscar uma solução para perdas de vida por falta de respiradores nos hospitais”, afirma o sócio da empresa Marco Antônio Tonussi. Segundo ele, a Tacom vai produzir inicialmente até cem respiradores por dia – os insumos para a entrega dos 2.500 primeiros equipamentos já foram ad-
FLÁVIO TAVARES
quiridos. E a expectativa é, até o fim de maio, entregar mil para a rede pública de saúde – cada ventilador pulmonar pode salvar a vida de cinco pessoas, conforme a empresa informou. O próximo passo é obter a homologação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), prevista para a próxima semana. “Viemos para São Paulo trazer o equipamento para o IPT [Instituto Paulista de Tecnologia], que vai fazer os testes que permitem solicitar a autorização da Anvisa. Passando, está praticamente garantida a certificação”, diz Tonussi. Conforme o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, devem ser entregues, ao todo, 5.000 ventiladores em 45 dias para o governo de Minas, por meio dessa e de outras ações. “Por uma série de motivos, o valor saiu bem abaixo do mercado. A empresa não tem visão de lucro, e houve um trabalho de eficiência para criar um equipamento muito bom”, afirma. TECNOLOGIA REFINADA. E o fato
de o equipamento ser mais barato não significa que a qualidade dele tenha sofrido alguma alteração. Segundo sócio-proprietário da Tacom, a tecnologia é sofisticada e só foi possível ser desenvolvida após o trabalho árduo de 35 engenheiros e de outros profissionais. “Já passamos por muitas batalhas em 40 anos, mas nenhuma
Orçamento de guerra Aprovação. A Câmara dos Deputados aprovou em segundo turno o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o orçamento para ações de combate ao coronavírus e que aumenta a atuação do Banco Central para comprar títulos e estabilizar o mercado durante a pandemia. A proposta foi aprovada por 477 votos a favor e recebeu um contrário. NAJARA ARAUJO/CÂMARA
Protótipo. Tacom, de Itajubá, aguarda homologação do projeto pela Anvisa para começar a produzir aparelhos, que vão para a rede pública
igual a essa. É um esforço grande e com uma série de coincidências que ajudaram o projeto a andar”, enfatiza. Entre os diferenciais do respirador, que terá a produção final em Itajubá, no Sul do Estado, está o mecanismo que descontamina o ar expirado pelo paciente com o novo coronavírus. Com isso, as chances de infectar os profissionais de saúde são reduzidas. Além disso, a tecnologia permite o monitoramento de até 25 leitos ao mesmo tempo.
Números
5.000
respiradores deverão ser entregues em 45 dias
R$ 15 mil
é o valor do projeto; preço de mercado era de R$ 25 mil
R$ 170 mil
é quanto custa o aparelho no exterior durante a pandemia
Entidade oferece apoio a outras ações de combate em Minas ¬ Por meio de investimentos de quase R$ 120 milhões desde o início da pandemia – em recursos próprios e das indústrias associadas –, a Fiemg tem apoiado diversas outras iniciativas em todo o Estado. “Estamos apoiando a produção de máscaras, a recuperação de respiradores, tendo sido mais de cem já entregues, e o financia-
Pessoas com deficiência
Paciente provoca incêndio
Publicação deve acelerar ajuda 7
BRASÍLIA. O Ministério da
Cidadania e o INSS publicaram ontem, no “Diário Oficial da União”, portaria que regulamenta o pagamento da antecipação de R$ 600 do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a 177.558 brasileiros de baixa renda com algum tipo de deficiência. A não publicação estava impedindo o pagamento, que, na verdade, já estava autorizado em lei. Segundo as informações do INSS, dos 177.558 que devem ser antecipados neste primeiro momento, 147.999 já estão processados e prontos para pagamento. Ou se-
ja, seria possível rodar uma folha extraordinária. Os outros 30 mil estão pendentes à espera de alguma regularização cadastral, seja por divergências no nome ou por se tratar de menor de idade sem responsável legal, mas a avaliação do órgão é a de que essas questões serão facilmente resolvidas. Um outro grupo, superior a 200 mil, segue na fila por estar “em exigência”, isto é, precisam fornecer informações complementares ao INSS para ter o pedido processado. Exemplos são casos em que o registro da família no Cadastro Único de progra-
mento do Hospital de Campanha no Expominas”, enumera o presidente Flávio Roscoe. Entre outras ações, Também foram adquiridos 300 mil exames para detectar o coronavírus. Os materiais devem chegar na segunda quinzena de maio e vão permitir testar a presença do vírus em 1,5% da população mineira. (LM)
mas sociais aponta renda maior que o teto de R$ 261,25 por pessoa para o recebimento do benefício. A Justiça, porém, autoriza o abatimento de gastos com medicamentos e outras despesas específicas. Por isso, o INSS pede a complementação das informações. Os pedidos de BPC para pessoas com deficiência passam por três análises: renda, avaliação social e perícia médica. Porém, como a avaliação social e a perícia estão suspensas durante a pandemia, o governo decidiu fazer a antecipação para não prejudicar as famílias.
Salvador. Voltado ao tratamento da Covid-19, o Hospital Espanhol registrou um princípio de incêndio anteontem à noite. Em surto psicótico, um paciente ateou fogo ao colchão de um leito do quarto andar, bloqueou a porta com a cama e pulou da janela, caindo em uma laje e fraturando o fêmur. Os demais pacientes (32) tiveram que ser deslocados a outros hospitais. CORPO DE BOMBEIROS/DIVULGAÇÃO
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA MIGUEL ANGELO/CNI DIVULGAÇÃO
BC surpreende e corta a taxa Selic para 3% Para mercado, medida visa minimizar efeitos da Covid na economia ¬ BRASÍLIA. Com a deterioração do cenário econômico no último mês por causa do avanço do novo coronavírus no país, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu cortar ontem a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, a 3% ao ano. Patamar recorde. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou que haveria novo corte na Selic em conversas com o mercado e entrevistas nas últimas semanas. Economistas, nas vésperas da decisão, esperavam uma redução menos incisiva, de 0,5 ponto percentual. Entretanto, no comunicado da decisão passada,
Crise
Europa terá queda de 7% na economia BRUXELAS. A economia da União Europeia vai mergulhar 7,4% neste ano por causa da crise do coronavírus, segundo a previsão divulgada ontem pela Comissão Europeia (o Poder Executivo da UE). É um “choque econômico sem precedentes desde a Grande Depressão (em 1929)”, disse o comissário responsável pela economia da entidade, Paolo Gentiloni. Como comparação, a crise financeira global iniciada em 2008 provocou uma queda de 4,5% em 2009. O tombo se deve principalmente aos primeiros seis meses deste ano. No primeiro trimestre, a atividade encolheu quase 16% em relação ao último trimestre de 2019 e ainda haverá impacto da pandemia neste trimestre. A Comissão prevê que a recuperação começa no segundo semestre e levará a um crescimento de 6,1% em 2021, insuficiente para compensar a contração de 2020.
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em março, quando o colegiado optou por reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, o comitê afirmou que considerava adequada a manutenção da taxa em 3,75% ao ano. Na ocasião, a autoridade monetária foi criticada por não responder com mais agressividade ao avanço da crise trazida pela Covid-19. “Na minha visão três fatores justificam a nova redução: o fraco desempenho da atividade econômica brasileira, a inflação doméstica baixa e a onda deflacionária global. Desde julho de 2019, o BC reduz continuamente a Selic, porém, nos dois últimos cortes ocorridos em fevereiro e março deste ano, a expansão monetária não foi sentida pelo mercado”, comentou Aguinaldo Diniz Filho, presidente da ACMinas. “Quanto maior a queda na atividade, pior será a si-
tuação financeira de empresas e famílias com implicações sobre a maior necessidade de financiamento dos agentes econômicos. Assim, novas reduções da Selic podem ser necessárias na busca pela redução do custo do capital”, explica o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. A redução da Selic para 3% deve ter um impacto reduzido no juros ao consumidor, aponta a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). “Este fato ocorre uma vez que existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que na média da pessoa física atingem 96,56% ao ano provocando uma variação de mais de 2.400,00% entre as duas pontas”, diz a entidade em nota.
Repasse. Robson Braga de Andrade, da CNI, aguarda crédito mais barato para agentes econômicos LEO FONTES/23.5.2017
Motivos “Na minha visão são três fatores que justificam a nova redução: o fraco desempenho da atividade econômica brasileira, a inflação doméstica baixa e a onda deflacionária global”. Aguinaldo Diniz Filho PRESIDENTE DA ACMINAS
Volta gradual no Reino Unido
Foco na reabertura dos EUA
Retomada. Em meio a metas não cumpridas e ajustes nas estratégias de rastreamento, Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, vai anunciar neste domingo o relaxamento gradual das regras de confinamento impostas desde 23 de março. A saída do lockdown deve começar por atividades ao ar livre e com normas para permitir a volta de empresas. O relaxamento deve ser ampliado ao longo do mês de maio, enquanto o governo tenta colocar de pé seu projeto de testar todos os suspeitos de ter Covid-19 e rastrear e isolar os infectados.
Força-tarefa. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem que a força-tarefa criada pela Casa Branca para combater o coronavírus passará a focar na reabertura do país, em vacinas e terapias. Trump elogiou ações do grupo, como o apoio para o aumento da produção de respiradores artificiais e realização de testes. “Por causa de seu sucesso, a força-tarefa continuará por tempo indeterminado com foco em segurança e em abrir nosso país de novo. Poderemos adicionar ou retirar pessoas dela, conforme apropriado”, disse Trump. ISAAC KASAMANI/AFP - 9.4.2020
Pangolim. Cientistas apontam que vírus pode ter passado pelo mamífero antes de afetar os humanos
Transmissão
Cientistasestudam vírusem animaispara evitarnovasdoenças SÃO PAULO. O vírus SarsCoV-2, que já infectou mais de 3 milhões de pessoas e matou mais de 200 mil pessoas, provavelmente saltou dos morcegos para o pangolim (mamífero comum na Ásia) antes de infectar os humanos. Para ajudar a prever e impedir novas crises como esta que vivemos, cientistas do mundo todo têm buscado identificar vírus encontrados em animais com potencial zoonótico, ou seja, que poderiam pular para o homem. Uma iniciativa global pretende mapear mais de meio milhão de vírus presentes na natureza que podem ser transmitidos para o ser humano. Coordenada por Dennis Carroll, virologista que previu a pandemia atual, o Global Virome Project quer buscar os vírus antes que eles nos encontrem. O objetivo é dar as ferra-
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mentas para que a comunidade global passe a ter uma abordagem proativa em relação às doenças em vez apenas reagir quando a epidemia já está instalada. Gustavo Goes, pós-doutor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, explica que para ser um “hotspot” um país deve possuir características específicas, como uma elevada biodiversidade de mamíferos, alta perda de biodiversidade e um alto potencial de contato com esses animais silvestres. “Nós somos o país com a maior diversidade de morcegos do mundo: 182 das cerca de 1.400 espécies que existem ocorrem no Brasil, e todos os morcegos estão cheios de vírus com potencial zoonótico”, diz ele, que trabalhou na última década com coronavírus endêmicos de humanos.
O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020 | 11 TEL: (31) 2101-3926 Editor: Karlon Aredes karlon.aredes@otempo.com.br Atendimento ao assinante: 2101-3838
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comercial paralelo
turismo
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COMPRA
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VENDA
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Economia
06/05/2020
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Pontos
309,00 6,154 0,51% 79.063
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IBGE. Pesquisa mostra que metade da população do país possui menos de R$ 15 diários para necessidades
Quase 105 milhões de brasileiros sobrevivem com R$ 438 por mês FRED MAGNO
Mais ricos ganham R$ 17.373 mensais e tiveram aumento da renda em 2019 ¬ RIO DE JANEIRO. Metade dos brasileiros sobrevive com apenas R$ 438 mensais, ou seja, quase 105 milhões de pessoas possuem menos de R$ 15 por dia para satisfazer todas as suas necessidades básicas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados são referentes à renda média real domiciliar per capita de 2019, apurada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada ontem. Os 10% mais pobres, o equivalente a 20,95 milhões de pessoas, sobreviviam com apenas R$ 112 por mês, ou R$ 3,73 por dia. Em relação a 2018, houve uma elevação de 0,9% na renda média dessa parcela da população, mas que em termos reais permanece inexpressiva: apenas R$ 1 real a mais. Por outro lado, no extrato mais rico, apenas 1% dos brasileiros mais abastados vivia com R$ 17.373 mensais, o que significou um aumento de renda de 2,7% para essa população, que somava pouco mais de dois milhões de pessoas no país. Apesar da disparidade de renda e concentração de
riqueza ainda aguda, houve ligeira redução na desigualdade do Brasil. O Índice de Gini – indicador que mede a desigualdade numa escala de 0 a 1, sendo maior a concentração de renda quanto mais próximo de 1 for o resultado – saiu de 0,545 para 0,543 pontos na passagem de 2018 para 2019. Embora o extrato mais rico tenha registrado um ganho de renda três vezes maior que o do extrato mais pobre, houve melhora nos extratos medianos da população, justificou o IBGE. “Acho que está relativamente estável, acompanhando a tendência do mercado de trabalho. Tem um pouco de ganho dos mais pobres, e um pouco de ganho dos rendimentos mais altos”, opinou Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.
261 mensais. Os 10% mais pobres contavam com R$ 57 por mês para sobreviver, menos de R$ 2 por dia, uma queda de 5% em relação ao dinheiro disponível no ano anterior. Por outro lado, a fatia 1% mais rica da população local recebeu uma média de R$ 11.800, um salto de 14,9% na renda dessas famílias em apenas um ano. A m assa de renda domiciliar obtida de todas as fontes totalizou R$ 294,396 bilhões em 2019, também distribuída de forma desigual. A parcela dos 10% dos brasileiros com os menores rendimentos detinha 0,8% dessa riqueza, enquanto os 10% mais ricos concentravam 42,9% dela. “Há uma concentração muito grande, com 10% dos domicílios mais ricos pegando quase metade da renda do país”, observou Alessandra.
Miséria. Morador de rua em Belo Horizonte; no país, 20 milhões de pessoas vivem com R$ 112 por mês
Números
Disparidade de renda e condição persiste em todo o país
DISPARIDADE. O rendimento
médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1.406 na média do país, descendo abaixo do salário mínimo no Norte (R$ 872) e Nordeste (R$ 884), mas alcançando o dobro desse valor no Sudeste, R$ 1.720. A renda per capita do Nordeste teve o maior crescimento entre as regiões brasileiras em 2019, 4,5%, mas puxada pelos ganhos dos mais ricos. Os pobres ficaram ainda mais miseráveis. No Nordeste, metade da população sobrevivia com R$
90%
de todos os lares do Brasil possuíam geladeiras em 2019
66%
era a parcela dos domicílios com máquina de lavar
49%
das casas brasileiras tinham um automóvel na garagem
0 Racial. Segundo o IBGE, a renda média mensal dos negros equivaleu a 55,8% da dos brancos no ano passado, atingindo a maior disparidade desde 2016. O rendimento médio dos trabalhadores brancos foi de R$ 2.999. Já os negros tiveram rendimento médio de R$ 1.673. Em 2019, os negros eram 10,4% da população ocupada no país; já os brancos representavam 44,8% dos trabalhadores.
0 Gênero. A Pnad mostrou também que houve recuo na redução da diferença de rendimentos entre gêneros. Em 2019, a renda média das mulheres foi de R$ 1.985, enquanto a dos homens foi de R$ 2.555. Isto é, a renda média das mulheres era equivalente a 77,7% da dos homens. A diferença é maior do que os 78,8% de 2018, mas mostra evolução em relação aos 73,6% em 2012.
0 Saneamento. Pouco mais de nove milhões de lares brasileiros ainda não tinham destinação adequada de esgoto sanitário em 2019. Entre os 72,3 milhões de domicílios no país, 12,6% indicaram que despejam dejetos diretamente em fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar e outras formas de escoadouro, mais de 27 milhões de domicílios.
Petrobras. Estatal anunciou primeira alta no litro desde início da pandemia Mercado
Gasolina nas refinarias fica 12% mais cara ¬ RIO DE JANEIRO. Após uma sequência de cortes, a Petrobras aumentou ontem em 12% o preço da gasolina em duas refinarias. É o primeiro reajuste positivo desde o início da pandemia do novo coronavírus, que derrubou as vendas de combustíveis e as cotações do petróleo no mundo. O preço do diesel ficou inalterado. Após o reajuste, o litro da gasolina será vendido pelas
refinarias da estatal, em média, a R$ 1,02, voltando ao patamar acima de R$ 1 pela primeira vez em mais de três semanas. Com 11 cortes antes do reajuste dessa quintafeira, o preço do produto ainda acumula queda de 50% no ano. O repasse do reajuste ao consumidor depende de políticas comerciais de postos e distribuidoras. Segundo a Pe-
trobras, o valor de venda da gasolina em suas refinarias equivale a 18% do preço final do produto – o restante é composto por impostos e margens de distribuidores e revendedores. PETRÓLEO. Acompanhando a queda das cotações internacionais do petróleo após o início da pandemia, a Petrobras já reduziu em 38% o valor de
venda do combustível em suas refinarias em 2020. O anúncio de aumento do preço da gasolina ocorre após leve recuperação da cotação internacional do petróleo Brent, referência mundial de preços negociada em Londres, que chegou nesta semana a bater a casa dos US$ 30 (R$ 170) por barril pela primeira vez depois de um mês.
Dólar ultrapassa os R$ 5,70 e bate recorde de fechamento ¬ SÃO PAULO. O dólar engatou
a quarta alta consecutiva e superou ontem a barreira dos R$ 5,70. A moeda à vista fechou em alta de 1,97%, cotado em R$ 5,7024. No mercado futuro, o dólar para junho subia 2,3%, negociado em R$ 5,72 às 17h30. Nesta quarta-feira, as moedas emergentes perderam força de forma generalizada ante
o dólar, mas o real foi novamente a com pior desempenho. Em outros mercados, a divisa dos EUA subiu 1,85% na Turquia, 1,51% no México e 1,19% na África do Sul. Já a Bolsa fechou ontem em baixa de 0,51%, aos 79.063 pontos. Na semana e no mês, a B3 acumula perda de 1,79%, enquanto cede 31,63% no ano.
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A.PARTE
Economia
Para cortar custos, Cemig lança novo plano de desligamento voluntário A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) abriu mais um Plano de Desligamento Voluntário Programado (PDVp) nesta semana. A empresa não informa a adesão esperada, mas, no ano passado, aproximadamente 600 empregados deixaram a empresa por meio de um PDVp que, segundo a companhia, proporcionou uma economia anual de cerca de R$ 150 milhões. As inscrições do PDVp aberto na última segunda-feira vão até o dia 22 de maio e, de acordo com a Cemig, “o programa é uma das medidas de redução de custos adotadas pela compa-
nhia, além de ser uma oportunidade de oxigenação do seu quadro de pessoal”. A expectativa da companhia era que o programa tivesse sido aberto no início do ano. No entanto, por conta de regras previstas na Lei Estadual 23.304/2019 e no Decreto Estadual 47.771/2019, a Cemig precisou submeter o plano ao Comitê de Coordenação e Governança de Estatais (CCGE), instância colegiada responsável por emitir opiniões sobre matérias inerentes às empresas com participação pública. A redução do quadro de pessoal já vem sendo realizada ao
longo dos últimos anos e vai de encontro ao plano do governo Romeu Zema (Novo) de privatizar a estatal, como uma das medidas para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal. Atualmente, a Cemig tem cerca de 6.000 trabalhadores próprios em todo o Estado e outros 12 mil terceirizados. Além do corte de pessoal, a empresa informou ainda que tem implementado medidas para redução de custos. “Outras ações adotadas são a otimização de bases operacionais da companhia em todo o Estado, a terceirização de serviços considerados não es-
senciais e a automatização de processos em toda a sua estrutura”. No mês passado, a companhia colocou à venda 28 imóveis em todo o Estado avaliados em R$ 32 milhões. Na ocasião, a empresa negou qualquer relação com os planos de privatização da estatal. Em março, a estatal já havia colocado à venda 26 imóveis e, no ano passado, outras operações também foram realizadas, inclusive para a venda do prédio da companhia no bairro Floresta, em Belo Horizonte, mas o leilão acabou sem ofertas para o imóvel. (Thaís Mota) EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO - 2.5.2020
Deputados bolsonaristas pedem troca de presidente da CPI das Fake News Oito deputados federais entraram com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão dos trabalhos da CPI das Fake News, a anulação de reuniões, depoimentos e atos e a troca do presidente do colegiado. Aliados do presidente Jair Bolsonaro, eles alegam que a CPI foi desvirtuada e que o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), que a comanda, é parcial e tem atacado o governo nas sessões e em entrevistas. A CPI tem sido alvo de questionamentos no Supremo. Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes negou pedido do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra a prorrogação do prazo de trabalho do colegiado. Dessa vez, os deputados alegam que a CPI foi desvirtuada. Para esses deputados, as sessões e os depoimentos da CPI se tornaram “verdadeiras tentativas de deslegitimar não apenas o processo eleitoral dos membros do PSL, incluindo-se o presidente da República, mas também sua atuação em clara oposição ao pleito de 2018”.
Saúde e segurança
Servidores vão receber todo o salário dia 15
ROSINEI COUTINHO/SCO/STF
O governo do Estado anunciou ontem que o pagamento dos salários dos servidores das áreas de saúde e segurança pública vai acontecer integralmente no dia 15 de maio. Para conseguir quitar os vencimentos, o governo disse que foi necessário “um grande esforço no fluxo de caixa” para obter os recursos “que contemplem os profissionais da linha de frente do combate ao coronavírus”. Segundo o Estado, ainda não é possível anunciar uma data para os demais servidores em função da queda de arrecadação causada pela pandemia de coronavírus.
Dias Toffoli Presidente do Supremo Tribunal Federal
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“As irresignações contra decisões deste Supremo Tribunal Federal se dão por meio dos recursos cabíveis, jamais por meio de agressões ou de ameaças a esta instituição centenária ou a qualquer de seus ministros. O STF é o guardião máximo da Constituição e das leis. É a última trincheira da defesa dos direitos fundamentais e dos direitos humanos em nosso país.”
Decisão
Justiça anula cassação de vereador de Uberlândia A Justiça de Uberlândia suspendeu na última terça-feira a cassação do vereador Wilson Pinheiro (PP). Ele perdeu o mandato após votação realizada na Câmara Municipal no último mês de março, por conta de uma operação do Ministério Público em que ele é investigado por desvio de dinheiro envolvendo vans que prestam serviço para prefeitura. Em sua decisão, o juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias de Uberlândia, João Ecyr Mota Ferreira, afirma que a cassação se deu por fatos ocorridos em legislatura anterior e que, por isso, o vereador não poderia ter tido o mandato cassado pela Casa. Além disso, o juiz considerou também o fato de que o suplente do então vereador afastado, Sargento Ednaldo (PP), participou da sessão que votou pela cassação do mandato de Pinheiro – o que viciaria o processo. “Outrossim, referida documentação comprova que o Sargento Ednaldo, então suplente do impetrante, participou da sessão e votou favoravelmente ao recebimento da ‘denúncia’”, alegou.
PAULO HADDAD Economista e professor aeri@aeri.com.br
Um retorno a Keynes
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urante uma crise, em matéria de política econômica, interessa o que as autoridades fazem, não o que falam. Pode ocorrer o que se denomina, em psicologia social, de dissonância cognitiva, quando há uma discrepância entre crenças e comportamentos e se age diferente do que se propõe. Uma das formas de se conviver com a sensação de desconforto psicológico resultante dessa discrepância é reduzir ou racionalizar a importância da crença, alegando a superveniência de novos fatos, imprevisíveis e inesperados no processo decisório. Há inúmeros casos para ilustrar essa dissonância na história das políticas econômicas no Brasil. Por exemplo: em 1980, quando foi criada a Secretaria Especial das Empresas Estatais, a Fundação Getulio Vargas fez um levantamento de todos os órgãos da administração indireta (empresas, autarquias, fundações) do governo federal. Conclusão: 56 % das 580 entidades foram criadas depois de 1964, num regime onde o discurso oficial era do liberalismo econômico com Estado mínimo. Para equacionar os problemas socioeconômicos da pandemia do coronavírus, as atuais autoridades econômicas, que iniciaram a sua gestão com um discurso do liberalismo do estilo Von Hayek, vão, pouco a pouco e de maneira pragmática, construindo uma política econômica do estilo de Keynes. De um lado, o discurso da austeridade fiscal expansionista; do outro lado, a efetiva expansão acelerada e coordenada dos gastos públicos para as transferências compensatórias de renda, para a sobrevivência financeira das empresas e para o apoio às finanças públicas de Estados e municípios. Ainda bem. Se essas decisões não fossem tomadas em tempo oportuno, constituindo uma política anticíclica com expansão do déficit público (seis a sete vezes maior do que programado para 2020) e da dívida pública (em torno de 90% do PIB), a atual recessão econômica poderia se transformar, ainda no segundo semestre, em profunda depressão. Esse tipo de política econômica aconteceu com o New Deal do presidente Roosevelt, que utilizava políticas sociais compensatórias e um ambicioso programa de obras públicas para retirar a economia norte-americana das entranhas da crise de 1929. Aconteceu também no Brasil, em 1930, quando houve um endividamento externo para a defesa dos níveis de renda e de emprego na economia cafeeira, ainda que o mercado final do excedente do produto fosse o mar ou o fogo. Essa política fiscal expansionista e de financiamentos subsidiados poderá persistir por mais um ou dois trimestres se não ocorrer um choque de demanda agregada para reduzir as taxas de desemprego (provavelmente em torno de 15%) e para absorver a capacidade ociosa do sistema produtivo (provavelmente em torno de 30%). Um choque de demanda para revitalizar e dinamizar as cadeias de valor da economia exigirá de novo a coordenação e a intervenção do Estado, à sombra de Keynes. A nossa sociedade precisa se conscientizar de que o desenvolvimento econômico se processa através de uma sequência de desequilíbrios e que o esforço maior das políticas econômicas é uma busca permanente para estabilizar uma economia instável.
14 | O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020
Política
7 Pena de Lula mantida I
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) rejeitou em sessão virtual ontem recursos encaminhados pela defesa do ex-presidente Lula e manteve a condenação dele a 17 anos e um mês de prisão no caso do sítio de Atibaia. A defesa ainda poderá recorrer às cortes superiores antes que a prisão seja efetivada.
7 Pena de Lula mantida II
Com a decisão, a ação penal contra o petista relativa às obras na propriedade rural se aproxima de um final de seu trâmite na segunda instância. A decisão desfavorável a Lula foi tomada de maneira unânime pelos três juízes responsáveis pelo julgamento.
TEL: (31) 2101-3915 Editor: Ricardo Correa ricardo.correa@otempo.com.br e-mail: politica@otempo.com.br twitter: http://twitter.com/OTEMPOpolitica Atendimento ao assinante: 2101-3838
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Eleições. Concessão de benefícios durante a pandemia tem que ser justificada por causa da Lei Eleitoral
Prefeito que conceder isenções de impostos pode ser punido ALEX LANZA/MPMG
Sanções vão desde multa, cassação da candidatura ou do eleitoeinelegibilidade ¬ LUCAS GOMES ¬ Durante a pandemia do
novo coronavírus, chefes do Executivo pelo país têm concedido benefícios sociais e avaliado postergar ou isentar impostos como o IPTU, reivindicação apresentada, por exemplo, por comerciantes à Prefeitura de Belo Horizonte na última semana. A medida, entretanto, pode acarretar em punição de acordo com o promotor Edson Resende, coordenador eleitoral do Ministério Público de Minas Gerais. Isso porque a Lei das Eleições, no artigo 73, impede que agentes públicos pratiquem condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais. O décimo parágrafo do mesmo artigo diz que, no ano eleitoral, fica proibida a “distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da administração pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa”. O fato de o país estar com a calamidade pública decretada não isenta os políticos das medidas citadas. “Isenção, postergação e diminuição de impostos
Balanço Casos. Até o momento, de acordo com Resende, todas as notificações recebidas pelo Ministério Público Eleitoral mineiro foram consideradas conectadas com a calamidade pública.
têm que ser avaliadas com mais detalhamento porque a calamidade autoriza toda e qualquer distribuição. A distribuição que está vedada só é autorizada pela situação de calamidade quando o objeto do benefício tiver um link imediato com a calamidade”, disse Resende. O promotor, entretanto, disse que as medidas tomadas, por exemplo, pelo governo federal, como o auxílio emergencial de R$ 600 e a distribuição de cestas básicas por algumas prefeituras estão respaldadas pela lei. “A calamidade não é um cobertor para tudo, depende de estar conectada com aquele benefício. Nos parece que é tranquilo falar que tem conexão a distribuição de cesta básica e de dinheiro (durante a calamidade), agora a questão do imposto e do IPTU a gente teria que ver a pertinência”, explica Resende. Segundo o promotor, o prefeito que decretar os benefícios precisa fundamentar e demonstrar, de forma clara, a conexão imprescindível para a medida em decorrência da pandemia. Essas publicações devem ser analisadas pelos promotores eleitorais e da Justiça comum. “Tem que ser avaliado caso a caso. Tem que ver no caso concreto qual a repercussão que a calamidade sanitária projetou sobre a atividade econômica daquela pessoa (que vai receber o benefício) para dizer que ele foi impactado, de qual forma e que ele não tem condições de pagar o imposto”, exemplificou o promotor. As punições para essas condutas podem ser aplicadas tanto em âmbito eleitoral como por improbidade na Justiça comum. Entre as sanções eleitorais estão multas com valores que superam R$ 100 mil, cassação do registro de candidatura ou do diploma de posse caso o político seja eleito. As multas podem ser dobradas em caso de reincidência. Já se o político for enquadrado na improbidade administrativa e for condenado, pode ficar inelegível durante oito anos.
Frase
“A calamidade não é um cobertor para tudo, depende de estar conectada com aquele benefício. Nos parece que é tranquilo falar que tem conexão a distribuição de cesta básica e de dinheiro (durante a calamidade), agora a questão do imposto e do IPTU a gente teria que ver a pertinência.” Edson Resende Condutas. Edson Resende alerta que gestores precisam observar a legislação antes de dar benefícios
Belo Horizonte 0 Cautela. Na última semana, durante reunião com entidades e comerciantes, o secretário de Planejamento de Belo Horizonte, André Reis, falou sobre os empecilhos. Ao ser cobrado quanto à isenção do IPTU para os estabelecimentos que estão com as portas fechadas, Reis disse que a legislação eleitoral impedia algumas medidas econômicas e afirmou estudar alguma ação para minimizar a crise. 0 Posição. Em contato com a reportagem, André Reis disse que a análise é feita pela Secretaria de Fazenda, mas disse não ver confronto com a legislação. “A questão vai além disso. Como delimitar quem teve ou não impacto decorrente da pandemia? Se for concedida isenção geral, como financiar as ações municipais? A Fazenda tem feito uma análise cuidadosa dos impactos”, disse.
PROMOTOR ELEITORAL
Online
Pré-candidatos poderão fazer vaquinha a partir do dia 15 A partir do dia 15 de maio, os pré-candidatos às eleições municipais deste ano poderão iniciar a arrecadação de recursos por meio de campanhas de financiamento coletivo, também conhecidas como “crowdfunding”, “vaquinha virtual” ou “vaquinha online”. No entanto, o dinheiro arrecadado só pode ser efetivamente utilizado durante a campanha eleitoral e mediante o cumprimento de algumas regras. A modalidade de arrecadação foi autorizada pela Lei 13.488/2017 e já foi utilizada na eleição presidencial de 2018. A campanha do presidente Jair Bolsonaro teve a maior parte de sua receita de financiamento coletivo, sendo R$ 3,7 milhões do total de 4,3 milhões declarados.
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Para arrecadar recursos por meio de “vaquinha online”, o pré-candidato deve contratar empresas ou entidades com cadastro aprovado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas a liberação dos valores pelas empresas só pode ser feita após os pré-candidatos cumprirem os seguintes requisitos: requerimento do registro de candidatura junto ao Tribunal Regional Eleitoral (cujo prazo final é em 14 de agosto), inscrição no CNPJ e abertura de conta bancária específica para movimentação financeira de campanha. Após a formalização da candidatura, o candidato terá que informar à Justiça Eleitoral todas as doações recebidas por financiamento coletivo e, efetivamente, po-
derá utilizar os recursos arrecadados na campanha, que tem início a partir de 16 de agosto. Na hipótese de o pré-candidato não se oficializar como candidato, as doações devem ser devolvidas pela empresa arrecadadora aos doadores. Já para as empresas e as entidades arrecadadoras, são exigidos a identificação obrigatória de cada um dos doadores, o valor das quantias doadas individualmente, a forma de pagamento e as datas das respectivas doações e a disponibilização das informações em sítio eletrônico. É obrigatória a emissão de recibo de comprovação para cada doação realizada, além do envio imediato para a Justiça Eleitoral e para o candidato. (Thaís Mota)
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020 | 15
POLÍTICA
Inquérito. Além da suposta pressão do presidente em Sergio Moro, gravação teria discussão entre ministros
Governo deve dizer que não tem o vídeo Justificativa do Palácio do Planalto é que registro das reuniões é eventual ¬ BRASÍLIA. Após o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a entrega do vídeo da reunião ministerial citado em depoimento pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o Palácio do Planalto tentará alegar que as gravações são pontuais e curtas e, portanto, não há a íntegra do conteúdo. A gravação gera preocupação no governo. Além da suposta pressão que o presidente Jair Bolsonaro teria feito sobre Moro para trocar o comando da Polícia Federal, o vídeo também conteria o registro de um desentendimento entre os ministros da Economia, Paulo Guedes, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O argumento de que não há um registro com a
EVARISTO SA / AFP
íntegra do encontro do conselho de governo confronta uma declaração do próprio presidente que, no dia 28 de abril, admitiu que os encontros do primeiro escalão são filmados e os vídeos guardados em um cofre. Bolsonaro chegou a prometer que divulgaria o vídeo da reunião com Sergio Moro para mostrar como ele trata os ministros, mas depois recuou alegando que recebeu o conselho para “não divulgar para não criar turbulência.” Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, um dos motivos para Bolsonaro não ter apresentado o vídeo da reunião do dia 22 de abril, a última com a presença de Moro, foi o desentendimento entre Guedes e Marinho. Diante dos colegas de Esplanada, os dois divergiram sobre gastos públicos para incentivar a retomada da economia após o fim da pandemia da coronavírus. No mesmo encontro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria feito críticas ao ministro do STF.
COMUNICADO A exigência de pagamento antecipado de qualquer quantia para recebimento de empréstimos financeiros, carta de crédito de consórcio e venda de veículos automotores, pode ser indício de golpe contra o consumidor. Antes de fechar negócio, consulte o Procon de sua cidade, o Procon Estadual de Minas Gerais (31) 3335-8552 ou a Delegacia Especializada de Ordem Econômica (31) 3330-1757 e 3330-1798. Delegacia Especializada de Crimes Contra o Consumidor 3275-1887.
Escolhido
Tácio Muzzi vai comandar a PF no Rio O diretor geral da Polícia Federal (PF), Rolando de Souza, escolheu o delegado Tácio Muzzi para chefiar a superintendência da corporação no Rio de Janeiro. Muzzi vai substituir Carlos Henrique de Oliveira, que irá para Brasília ocupar a diretoria executiva, o segundo cargo na hierarquia da PF. O nome de Muzzi foi bem recebido pela corporação e diminuiu o clima de tensão. O delegado é respeitado internamente e apontado por colegas como qualificado tecnicamente para o cargo. Ele não era o nome indicado por Bolsonaro para a Superintendência do Rio. O presidente queria, no ano passado, a nomeação do delegado Alexandre Saraiva.
7 Estratégia. Num primeiro momento, Bolsonaro disse que divulgaria vídeo, depois recuou da decisão
Interlocutores do Planalto afirmam que, antes da citação do ministro Celso de Mello, Bolsonaro estava “tranquilo” sobre a divulgação do vídeo, alegando que a cobrança teria sido feita a todos os ministros, não apenas a Moro. O presidente, em conversas reservadas, tem reconhecido que falou sim que poderia demitir quem quisesse, mas pondera que também faz essas mesmas declarações em público.
Em clima tenso, Bolsonaro também cobrou o ex-ministro publicamente sobre prisões, consideradas por ele como “ilegais”, de pessoas que furaram a quarentena imposta por prefeitos e governadores para evitar a propagação do novo coronavírus. Quando admitiu a existência do registro das reuniões de conselho de governo, Bolsonaro alertou que tinha pedido autorização dos ministros para divulgar.
“Nossa reunião é filmada e fica no cofre lá o chip”, comentou Bolsonaro. “Mandei legendar e vou divulgar. Tirem as conclusões de como eu converso com os ministros”, acrescentou. Depois, ao desistir da divulgação, alegou se tratar de uma reunião reservada. “Último conselho que tive é não divulgar para não criar turbulência. Uma reunião reservada, então é essa a ideia. Talvez saia, por enquanto não”, disse.
BRASÍLIA.
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O.PINIAO
Editorial
FAZER O BEM É CONTAGIOSO É possível estar em isolamento social sem ficar alheio aos dramas da sociedade. Isso é o que várias iniciativas voluntárias, de cidadãos comuns, vem mostrando em meio à pandemia. “Veio aquele choque de realidade, porque eu estava no conforto da minha casa enquanto tinha tanta gente na rua”, diz o contador Randolfo Moreira Bastos, idealizador de uma dessas ações em Belo Horizonte. Esses voluntários comprovam que a solidariedade não exige eventos espetaculares. São atos cotidianos e discretos, como a distribuição de um café da manhã, uma marmita, um cobertor para passar a noite e, principalmente, a oferta de um sorriso e de conversas fraternas. A pandemia agravou o problema estrutural da desigualdade na sociedade. A estimativa é que, na América Latina, pelo menos 569 milhões de pessoas tenham sido jogadas na pobreza com a desaceleração da economia devido ao coronavírus. No Brasil, o número de desempregados subiu para 12,9 milhões no primeiro trimestre deste ano, segundo dados do IBGE. E o instituto de pesquisas Economist Intelligence Unit calculou que a renda média do brasileiro ficará 18% abaixo da média mundial devido à pandemia. Até o fim do ano passado, 13,5 milhões de pessoas viviam no país com menos de R$ 10 por dia. Mesmo sem as estatísticas atualizadas, é certo dizer que esse número é muito maior hoje, com indústrias, comércios e serviços em compasso de espera, o que contribui para que o vírus não se espalhe e cobre mais vítimas. Ainda que não substituam políticas públicas consistentes e abrangentes – e nem pretendam isso –, essas ações solidárias têm a capacidade de mostrar a essa multidão de desassistidos que eles não estão sós e que o bem pode ser mais poderoso e contagioso que o próprio vírus.
FUNDADOR PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE DIRETOR EXECUTIVO
Vittorio Medioli Laura Medioli Marina Medioli Heron Guimarães
GERENTE COMERCIAL
EDITORES EXECUTIVOS
Alessandra Soares
Renata Nunes Cândido Henrique Silva Juvercy Júnior
GERENTE DE ASSINATURA
Fernanda Rodrigues GERENTE INDUSTRIAL
Guilherme Reis GERENTE DE CIRCULAÇÃO
Isabel Santos GERENTE ADMINISTRATIVO
Rômulo Lima
COORDENAÇÃO DE JORNALISMO
Flaviane Paixão EDITORES
Primeira: Marina Schettini Política: Ricardo Corrêa Opinião: Frederico Duboc Economia: Karlon Aredes Brasil/Mundo/Interessa: Aline Reskalla Super.FC: Frederico Jota Magazine: Marília Mendonça Fotografia: Daniel de Cerqueira
OPINIÃO
Duke
www.dukechargista.com.br
CIDA FALABELLA Vereadora em Belo Horizonte (PSOL) ver.cidafalabella@cmbh.gov.br
Participação popular em risco Câmara de BH pode retomar votações sem debate amplo
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m 6 de junho de 2019, as galerias da Câmara Municipal estavam lotadas para a votação do novo Plano de Diretor de BH. De um lado, movimentos de moradia pediam a aprovação do instrumento que reconheceria as ocupações urbanas como bairros. Do outro, alguns representantes de construtoras buscavam convencer os vereadores dos impactos negativos na economia. O projeto foi aprovado, e a população fez festa na Casa do Povo. A cena de galerias lotadas se seguiu ao longo das reuniões plenárias de outubro de 2019, durante a votação do projeto que pretende instituir o programa Escola Sem Partido nas escolas municipais. Muitas professoras e estudantes, de um lado, e poucos integrantes do movimento Escola Sem Partido, de outro, marcaram presença. Por fim, o Projeto de Lei 274/2017 foi aprovado em primeiro turno, mas a forte mobilização popular mostrou que o tema precisa de um debate mais aprofundado na sociedade. Neste mesmo período, torcedores do Clube Atlético Mineiro também foram às galerias pressionar os vereadores pela aprovação do projeto que institui o Estádio do Galo. Saíram vitoriosos. Esses são alguns dos muitos exemplos da participação popular no cotidiano da Câmara. Os cidadãos e as cidadãs, e os movimentos sociais, com suas faixas, cartazes e vozes, nas reuniões das comissões e nas galerias do plenário, mobilizando-se de gabinete em gabine-
te e se fazendo escutar, mostram que uma democracia pulsante não se restringe às eleições. A presença da população nos debates que os parlamentos promovem não é um acessório que pode ser facilmente dispensado sem que a qualidade da nossa democracia seja colocada em risco. Por isso, é grave a intenção da Câmara Municipal de Belo Horizonte de retomar, neste momento, a análise e a votação de
A presença da população nos debates não é um acessório que pode ser facilmente dispensado sem que a qualidade da nossa democracia seja colocada em risco todas as matérias, e não apenas das relacionadas ao combate da Covid-19. O Poder Legislativo é um serviço essencial e deve atuar como parte da solução da crise que atravessamos. É urgente que a Câmara Municipal retome seus trabalhos e que as ações e projetos de lei relacionados ao enfrentamento do coronavírus sejam debatidos e votados com exclusividade, à exemplo do que já ocorre na Assembleia de Minas e no Congresso Nacional. Como representantes do povo, no entanto, precisamos garantir que isso se dê de forma responsável, segura e democrática. No último dia 2 de maio, a Justiça
deferiu mandato de segurança impetrado pelos vereadores Arnaldo Godoy e Pedro Patrus, do PT, e Gilson Reis, do PCdoB, contra a reabertura da Câmara Municipal (marcada para 4 de maio) nos moldes que vem sendo desenhada. A Mesa Diretora vinha tentando recorrer da decisão, até a conclusão deste artigo, sem sucesso. Nós, da Gabinetona, defendemos digitalização dos processos, inicialmente daqueles relacionados à pandemia, aprimoramento tecnológico da Câmara para a realização de reuniões remotas e escala mínima de servidores trabalhando presencialmente. A adoção dessas medidas, no entanto, não pode sombrear ataques à democracia. É preciso assegurar estrutura para participação dos parlamentares com isonomia e sem prejuízo das funções para as quais fomos eleitas e eleitos. Mais: devemos concentrar energias no enfrentamento dessa crise, sem que pautas polêmicas tramitem em circunstâncias em que a população não terá ampla possibilidade de participação e incidência para garantia de direitos. Em Belo Horizonte, pessoas contrárias à ciência e à vida vêm promovendo carreatas contra o isolamento social. Na Câmara Municipal, o discurso negacionista encontra adeptos ferrenhos entre os colegas, e o bolsonarismo mostra sua capacidade de se capilarizar nos municípios antes mesmo das eleições. Cabem às forças progressistas da cidade se unirem para que isso não aconteça.
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OPINIÃO
x entre
aspas
“A agência só vai fechar depois de todos serem atendidos.”
“Nem escolas particulares, nem municipais vão voltar às aulas.”
Pedro Guimarães
Alexandre Kalil
PRESIDENTE DA CAIXA
PREFEITO DE BELO HORIZONTE
Sobre as filas até de madrugada no banco
Ao negar fim de isolamento para escolas
Acílio Lara Resende
Lições da democracia na República brasileira
Jornalista aciliolresende@uol.com.br
Ouvir o sopro para sempre do velho vento da liberdade
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embro-me bem. Enquanto, entre amigos e familiares, comemorávamos o retorno da democracia em nosso país, com a promulgação da Constituição de 1988, cujo principal pilar é o respeito à liberdade – o maior bem da humanidade –, perguntei baixinho, quase a mim mesmo: “Até quando ouviremos o velho vento da liberdade soprar entre nós?” O entusiasmo de lideranças, como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, me enchia de esperança. Não tinha, naquele tempo, nenhum motivo para duvidar dos nossos verdadeiros democratas. A vida de cada um era o testemunho
do amor à liberdade. Ao me recordar de anos tenebrosos da nossa República, veio-me à lembrança meu saudoso professor de Teoria Geral do Estado (TGE), Orlando M. de Carvalho. “O significado do ‘M’, dizia brincando, dependia do nome de quem ocupasse o Palácio da Liberdade”. “Já foi Magalhães”, referindo-se ao ex-governador Magalhães Pinto, seu aliado na extinta UDN. Foi ele – que também foi reitor da nossa UMG e, depois, UFMG –, quem, em 1968, logo após o AI-5, ao ver-me chegar, desolado e cabisbaixo, ao Clube Campestre Belo Hori-
zonte (ainda frequentado por integrantes das nossas famílias até hoje), em dia de sol e céu azul, com uma das mãos em meu ombro, procurou me consolar: “Não fique assim tão triste, Lara. O AI-5 – não se iluda – é fruto de estudos da Escola Superior de Guerra. Veio para ficar pelos menos 20 anos”. Meu saudoso professor (que lecionara para outros três irmãos – Otto, Fernando e Geraldo, por ordem de idade – além de mim), foi de fato um profeta em relação ao tempo de duração da ditadura. Ela durou pouco mais. Em relação aos Lara Resende, todavia, não pôde conferir, depois,
que outros da família também passaram pela velha Casa de Afonso Pena. Dentre eles, destacam-se Ana Maria, minha filha, e João, meu neto, filho dela. Não tiveram a honra de ser alunos do velho mestre. Vivemos, hoje, desde a República, em 1889, o mais longo período de democracia. Mas, exatamente hoje, desde a última eleição para a Presidência da República, em 2018, o país se encontra em permanente estado de risco institucional. Como entender e explicar, agora, a presença de um presidente eleito pelo voto popular participar de manifestação que pregue o fechamento do Con-
gresso, do STF e a volta do AI-5, inaugurando-se, assim, a ditadura (“com Jair Bolsonaro”, claro)? A nota do ministro da Defesa, depois das reações contra as manifestações antidemocráticas do presidente, não foi de todo ruim, mas ainda ficou devendo aos brasileiros. Além das declarações dos democratas deste país, o ministro deveria dizer ao tresloucado presidente que é nas Forças Armadas que reside a raiz do amor ao regime democrático, eleito pelo povo, mas, sobretudo, à liberdade. Vivam a esperança e a fé na liberdade!
Kênio Pereira
Impactos do isolamento na economia
Advogado e presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG
TJMG começou a salvar empresas da falência e empregos
I
númeras atividades comerciais têm condições de funcionar durante a pandemia, desde que obedeçam às regras sanitárias e adotem os cuidados necessários para evitar aglomerações. De acordo com levantamento realizado ema 7.4.2020 pelo Sebrae, cerca de 600 mil empresas encerraram suas atividades, tendo aumentado em 9 milhões o número de desempregados por causa de cidades que fecharam o comércio. Agora, após um mês desse levantamento, a situação está crítica, pois milhões de pessoas físicas e jurídicas estão ficando com o cadastro negativado, falindo e vendo as dívidas crescerem, ou seja, não
L.EITOR a
E-MAIL opiniao@otempo.com.br
terão crédito para recomeçarem e muito menos onde trabalhar. Várias empresas têm obtido autorização judicial para funcionar, pois os magistrados do TJMG têm pleno conhecimento de que o Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte estão “quebrados” há tempos e que a situação se tornará caótica com a queda drástica da arrecadação. Sem a comercialização das mercadorias e a prestação de serviços, não há como arrecadar o ICMS, ISSQN e demais impostos essenciais para manter os serviços de saúde que entrará em colapso por falta de recursos. Apesar de a perda de qualquer vida ser lamentável, o Informe Epide-
miológico da Secretaria da Saúde do Estado de Minas Gerais, de 4.5.20, mostra que houve 90 óbitos confirmados no Estado, que tem a população de 21 milhões de habitantes, o que indica o coronavírus vitimou 0,0000043% da população. Se considerarmos os 17 óbitos em Belo Horizonte, que tem 2,502 milhões habitantes, as vítimas correspondem a 0,00000679% da população. Os 576 casos confirmados na nossa capital correspondem a 0,00023022% da população. Na verdade, a não realização de cirurgias está matando mais que a Covid-19. Não há justificativa para paralisar BH de maneira a empobrecer os ci-
Política
dente Bolsonaro gosta de ser cutucado pelos repórteres que cobrem sua saída do Planalto. Ele corta qualquer bola que é levantada, sem se preocupar se ela vai cair fora ou dentro da quadra, proferindo vitupérios. Isso, é claro, causa um grande desgaste na sua imagem.
aSobre a matéria “Presidente neKleber Pereira Gonçalves
ga interferência e manda jornalista ‘calar a boca’” (Política, 6.5), “Não se deve cutucar a onça com vara curta” é o dito popular. Acho que o presi-
dadãos, gerando a fome e o crescimento da violência, pois grande parte dos jovens, no desespero, passarão a assaltar e a usar drogas por não encontrar lugar para trabalhar, o que gerará mais mortes do que qualquer pandemia. Além disso, têm sido noticiadas denúncias de superfaturamentos nas compras da administração pública em razão do “estado de emergência”, que dispensa as licitações, tornando os negócios com o poder público um campo fértil para a corrupção, havendo ainda o uso político da pandemia em busca do poder a qualquer custo. A salvação para várias empresas
Supremo
aCom toda deferência, causa-me Gilberto Jorge Chami
estranheza o STF quando se mostra tão expedito e corporativo em desfavor do presidente Bolsonaro e não mostra a mesma celeridade para jul-
parece ser a Justiça, pois constatase que os magistrados, por terem visão profunda da sociedade e rejeitarem as ilegalidades contidas no Decreto 17.328/2020 do prefeito de BH, que afrontou princípios constitucionais, têm, por meio de mandado de segurança, autorizado as empresas a funcionarem, salvando-as da falência e possibilitando que as famílias obtenham seu sustento. Esperar pelo bom senso de políticos que se especializaram em cultivar o terror será fatal para inúmeras empresas, pois esses estão apreciando prolongar esse martírio por favorecer e enriquecer alguns parceiros de campanha.
gar os congressistas corruptos já denunciados, entre outras, pela Procuradoria Geral da República, especialmente na operação Lava Jato. Ou quando encena um “julgamento” rapidinho para libertar do cárcere o ex-presidente Lula (aquele que disse que o Supremo é acovardado).
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18 | O TEMPO BELO HORIZONTE | QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020
Magazine
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Mão na massa Músicos mineiros aproveitam o isolamento social para lançar canções, colocar projetos de pé e revisitar suas obras
Quarentena efervescente ARQUIVO PESSOAL
¬ ANA CLARA BRANT ¬ Luiz Gabriel Lopes embarcou
para Portugal em 10 de março. No dia seguinte, a Organização Mundial da Saúde (OMS) qualificava o avanço de casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus como “pandemia”. No país europeu, Luiz Gabriel faria uma turnê – que, claro, foi cancelada. Mas nem por isso ele ficou parado. Em seu isolamento em Quinta do Anjo, o mineiro gravou “Minha Irmã”, “Recomeçaria”, “Lembrete” e “Amigo”, canções que dão contorno ao EP “Presente”, lançado pelo selo Pequeno Imprevisto e disponível no Bandcamp – na próxima segunda, o trabalho chega às plataformas digitais. “Ilhado, com outro disco de estúdio em fase de finalização, resolvi gravar nas condições rústicas que cá existiam, sem grande aparato de produção, e lançar como um presente a quem me acompanha”, conta o músico, que fez parte do grupo Graveola e hoje integra a banda Rosa Neon, além de manter sua carreira solo. Em formato voz e violão, as músicas revelam um artista intimista, encarando temas como solidão, saudade, medo e esperança, entre outros tão presentes nos corações e mentes durante essa quarentena. “A gente veio pr’esse mundo pela mesma porta/ Passamos já por tanta coisa/ Tenho certeza, não foi por acaso, não/ E mesmo que hoje a gente esteja um pouco longe/ Estamos sempre juntos”, diz um trecho de “Minha Irmã”. Fato é que a quarentena está longe de ser sinônimo de marasmo para os músicos mineiros. Que o diga também o rapper belo-horizontino Roger Deff. junto ao conterrâneo Barulhista, ele colocou, anteontem, o single “Reflexões do Isolamento” na praça. Deff começou a trabalhar a letra, que aborda questões sociais da pandemia, há duas sema-
Luiz Gabriel: ilhado, ele tratou de dar asas à criatividade
nas: “Ele (Barulhista) mandou a base musical e comecei a escrever”. Em inapelável reclusão, o rapper, pelo celular, gravou a canção dentro do armário para conseguir melhor acústica. Barulhista, de São Paulo, finalizou. “É coerente com o que acredito, estou em isolamento. Não acharia interessante ir a um estúdio”, pondera Deff. Gustavito, por sua vez, buscou em “Lembrete”, escrita por ele, Chicó do Céu e Luiz Gabriel Lopes (que também a registrou em seu EP), um conforto para dias nebulosos. A música já havia sido gravada pelo Graveola e agora ganha versão própria do autor, inclusive com um clipe, que ganhou as redes no fim de abril. “A letra, apesar de ter sido escrita há seis anos, parece uma mensagem daquelas que a gente manda para a gente mesmo ler no futuro. Fala de olhar pra dentro e, ao mesmo tempo, aponta para o futuro possível, com a certeza de que o tempo sempre se DIEGO RUAHN/DIVULGAÇÃO
Skank. Música nova e retomada de parceria na quarentena
renova”, afirma o mineiro, que também trabalha em um disco solo. “Quero lançar quando tudo isso passar”, revela. O músico também vem usando o isolamento para retomar processos de produções caseiras, além de manter ativas as suas redes sociais: “Esse período tem gerado muita efervescência criativa, estou criando músicas e buscando parcerias com artistas de diversas partes do Brasil”. NOVIDADES À VISTA. Grupos que
dispensam apresentação, Skank, Jota Quest e Pato Fu também se articulam em meio à pandemia. Em meados de abril, Samuel Rosa fez uma live para apresentar “Simplesmente”. A faixa foi gravada no fim de 2019 e faz parte de um pacote de novidades que o Skank irá soltar, aos poucos, ao longo do ano – há outras duas inéditas, ainda sem previsão de lançamento. As canções marcam a retomada da parceria de Samuel e Chico Amaral, responsável por hits co-
A mil por hora 3A Outra Banda da Lua. Capitaneada por Marina Sena, a banda de Montes Claros lançou, em abril, um disco homônimo. 3Wilson Sideral. Deu vida a “Calma”, música composta há pouco mais de um ano, que já está nas plataformas digitais e até ganhou um clipe. “Tem tudo a ver com o que estamos passando e resolvi lançar”, diz ele. 3Roberta Campos. Mineira de Caetanópolis, criou o projeto “Correio da Robertinha”. No seu Instagram, cede espaço para que pessoas escolham músicas de seu repertório e ofereçam a amigos, namorados, familiares…
mo “Vou Deixar”, “Garota Nacional” e “Jackie Tequila”. “Nos últimos trabalhos, fiz músicas majoritariamente com Nando Reis. Foi legal trabalhar com o Chico de novo”, comenta Samuel, que celebra, ainda, a presença de Roberta Campos no single: “Ela emprestou uma qualidade incrível à música”. O Jota Quest, que celebra 25 anos de trajetória em 2020 e programa o 9º álbum de estúdio, antecipou uma das faixas. “A Voz do Coração” chegou às plataformas digitais em 18 de abril e também ganhou clipe assinado pelo baterista Paulinho Fonseca, que editou vídeos de cada um dos integrantes, gravados em seus próprios celulares, cada um em sua casa. A música tem participação do rapper Rael. O Pato Fu, por outro lado, decidiu revisitar sua obra. No início de abril, John Ulhoa, Fernanda Takai, Ricardo Koctus, Glauco Mendes e Richard Neves lançaram, nas redes sociais da banda, o projeto “Fique Em Casa”, que propõe releituras de canções que não são necessariamente hits da banda. “Tribunal de Causas Realmente Pequenas”, do disco “Ruído Rosa” (2001), inaugurou a empreitada, e cada integrante deu sua contribuição de casa. Segundo Ulhoa, o tema não foi escolhido ao acaso: “Acho que ela combina com o momento e com a dupla personalidade do Pato Fu. É um chamado a ‘cair na real’ um tanto quanto pessimista, mas necessário”. “Tá pensando que Deus vai ajudar, não vai/ E que há males que vêm para o bem, não vêm/ Você acha que ela há de voltar, não há/ E que ao menos alguém vai escapar, ninguém”, diz a letra de Takai e John. Paralelamente à banda, Takai está gravando um disco solo, ainda sem data de lançamento. FLÁVIO CHARCHAR/DIVULGAÇÃO
ROTOMUSIC/DIVULGAÇÃO
Pato Fu. Releituras inseridas no projeto “Fique em Casa”
Deff. Junto a Barulhista, ele lançou “Reflexões do Isolamento”
O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020 | 19
MAGAZINE
#ficaadica
Astrologia Previsões por OSCAR QUIROGA quiroga@astrologiareal.com.br
A vida vem com tudo! Data estelar: Lua Cheia em Escorpião
T
udo que te encanta, pela maravilha de sua manifestação e pelo misterioso funcionamento, seja isso uma galáxia, um sistema solar, ou o planeta Terra e todos seus reinos da natureza objetiva e subjetiva; tudo isso que percebes é um complexo e eficiente sistema de distribuição e amortecimento da Vida de todas as vidas, para que, quando chega a se tornar disponível para ti, e para teus semelhantes e diferentes também, possa ser utilizada em harmonia. Se tu tivesses acesso à Vida de tua vida de forma imediata e direta, tua presença seria destruída, porque não suportaria essa corrente; então, ela chega a ti amortecida, metabolizável. Ainda assim, nesta Lua Cheia mais importante do ano, essa corrente da Vida de tua vida se conecta à fonte original e, por isso, requer de ti mais destreza e adaptação, porque vem com tudo!
Áries (21/3 a 20/4)
Há uma enorme dose de mistério em tudo que acontece, e na maneira com que acontece. É hora de aceitação, de se lançar à aventura de viver ao sabor do que você ainda desconhece, mas que se apresenta de forma nada sutil.
Touro (21/4 a 20/5)
Com os cuidados devidos, reinicie a fase de contato social, se adaptando aos novos tempos que se instalaram definitivamente na civilização humana. Com os cuidados pertinentes, busque contato e olhares. Gêmeos (21/5 a 20/6)
Se você passar rapidamente pela necessidade de explicar o que ocorre, e se conformar com o mistério, sobrará tempo para desfrutar de todas as coincidências significativas que tornam oportunas as mudanças. Câncer (21/6 a 21/7)
A mente se amplia e fica receptiva a ideações que, de outra maneira e em outro tempo, não teriam cabimento. Oferecem perspectivas novas, maiores e abrangentes, incluem as diferenças e resolvem conflitos. É assim.
Leão(22/7 a 22/8)
O que parecia impossível outrora, não é que tenha se tornado fácil e simples, porém, pelo menos sua alma se muniu de coragem suficiente para tomar a atrevida atitude de seguir em frente, custe o que custar. Isso é bom.
Virgem (23/8 a 22/9)
A receptividade de sua mente depende da dose de confiança que você depositar na vida e em seus mistérios. Agora, nada pode ser entendido antecipadamente; agora, tudo precisa ser vivido – e só depois entendido.
Libra (23/9 a 22/10)
A relativa facilidade com que você consegue fazer o que em outros tempos teria parecido impossível não é produto de magia, mas do aproveitamento, mesmo que inconsciente, do momento certo.
Escorpião (23/10 a 21/11)
Entre o céu e a terra, nada evolui isoladamente, e sim em conjunto. Não é diferente com você! Por isso, promova o benefício e o progresso das pessoas com que se relaciona e obterá o mesmo para si também. Sagitário (22/11 a 21/12)
Faça o necessário para sentir a medida de segurança que sua alma precisa neste momento. Desafios e aventuras continuarão disponíveis, sempre, mas você precisa ter, agora, uma medida maior de segurança. Capricórnio (22/12 a 20/1)
Não se engane, não haverá retorno a nenhuma normalidade anterior. Por isso, tome as iniciativas pertinentes para você se reinventar, nos relacionamentos pessoais e produtivos também. Isso vai ajudar.
Aquário (21/1 a 19/2)
Nada é perfeito. Será? A alma não se conforma com menos do que a perfeição, e se por desventura a imperfeição humana se tornou proverbial, isso não diminui sua expectativa de que tudo seja perfeito.
Peixes (20/2 a 20/3)
É na monotonia do dia a dia que acontecem coisas maravilhosas que, infelizmente, passam despercebidas, pois os olhos estão voltados na direção de quimeras, objetivos fantásticos, mas de improvável realização.
STARZPLAY/DIVULGAÇÃO
O universo de Umberto Eco “O Nome da Rosa”, best-seller de Umberto Eco, ganhou uma nova versão pelas mãos do ator John Turturro e do diretor Giacomo Battiato. A série “The Name of Rose” (foto ao lado) estreia hoje, na plataforma Starzplay. São oito episódios, tendo Turturro como William de Baskerville e Damian Hardugn como o frade Adso. Todos estarão disponíveis hoje.
Dia de torta de chocolate
Cães com habilidades incríveis
A programação online do Memorial Minas Vale (no site, Facebook, Instagram e YouTube) apresenta hoje, às 11h, a confeiteira Vanessa Santiago, que ensina a preparar uma torta de chocolate. O vídeo integra o projeto Diversidade Periférica. Aos 38 anos, ela perdeu a mãe há três, e, para superar a tristeza e se reinventar, abraçou a confeitaria.
A TV Brasil exibe hoje, às 20h30, o quarto episódio inédito da série documental “Supercães com Trabalhos Extraordinários”. Entre os casos focados, está o de um cão da Filadélfia que protege uma mulher cega na hora em que ela pratica corrida. Ou a cadela da raça Jack Russell que cuida de uma grande variedade de outras espécies animais na Namíbia.
Cruzadas diretas
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O TEMPO BELO HORIZONTE| QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020 | 21
SUPER.FC www.superfc.com.br - Belo Horizonte - Quinta-feira, 7/5/2020
Saúde em risco. Jogadores do Galo disputaram uma pelada em Santa Luzia, sem respeitar regras de isolamento e distanciamento
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Cazares e Otero nem aí para a quarentena BRUNO CANTINI/ATLÉTICO - 1.7.2019
¬ ISABELLY MORAIS
¬ Isolamento
e distanciamento são duas das palavras mais citadas quando o assunto é a pandemia do novo coronavírus. Na contramão das duas recomendações, os meias Cazares e Otero, do Atlético, ignoraram essas orientações e foram flagrados jogando uma pelada com amigos em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, na noite da última terça-feira. Em vídeos divulgados na internet por presentes no local, é possível ver cumprimentos e abraços, como em uma situação observada após um gol marcado por Otero. Atitudes de contato como essas devem ser evitadas para se prevenir o coronavírus, como explica o infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mi-
neira de Infectologia. “As pessoas que se aglomeram têm grande chance de transmitir o vírus, seja através das mãos, de uma tosse, de um espirro, ainda mais quando o esporte é de contato. Esse vírus é prevenido pelo distanciamento, e quando as pessoas se encontram, você está quebrando o distanciamento”, comenta. Além de cumprimentos e abraços, partidas de futebol têm constantemente o contato entre os atletas, como em lances de marcação, por exemplo. Após o acontecido, o Atlético informou por meio de sua assessoria que “a recomendação passada pelo departamento médico do clube foi para ficarem em casa”. Ambos serão orientados novamente e se submeterão aos testes antes da volta aos treinos, que continuam sem data estabelecida”.
“
Em Belo Horizonte, os clubes não estão realizando atividades em seus centros de treinamentos e fazem apenas trabalhos remotos. No caso do Atlético, que tem seu CT localizado na cidade de Vespasiano, região metropolitana da capital, os trabalhos presenciais na Cidade do Galo também não foram retomados ainda.
Os jogadores foram orientados a seguir as indicações das autoridades sanitárias e governamentais. A questão transcende a relação com o clube e ambos devem ser cobrados pela sociedade.
PREFEITURA. Em decreto pu-
blicado no dia 24 de abril, a prefeitura de Santa Luzia, onde está localizada a quadra na qual os atletas do Galo jogaram, determina que estão suspensos os alvarás de localização e funcionamento de “campos de futebol e quadras poliesportivas”. A prefeitura disse que têm intensificado a fiscalização e o estabelecimento que não cumprir pode ter o alvará cassado.
Os meias Cazares é Otero têm trajetória conturbada no Atlético
Outros casos
Duke
www.dukechargista.com.br
”
Sérgio Sette Câmara
PRESIDENTE DO ATLÉTICO
Diretoria
Polêmicas extracampo não são novidade para a dupla ¬ FERNANDO MARTINS Y MIGUEL
¬ O episódio é apenas mais um dos vários casos polêmicos que a dupla Cazares e Otero coleciona no Atlético. Conhecidos pelo bom futebol, pelos gols e assistências, a trajetória dos dois também é marcada pelo histórico conturbado extracampo. Festas, acusação de agressão, multas, procedimento estético às vésperas de um jogo, atrasos e declarações preenchem a lista de polêmicas do equatoriano e do venezuelano O histórico de Cazares é mais amplo. Desde que chegou ao clube, no início de 2016, o meia alterna grandes exibições com polêmicas fora de campo. Em setembro do ano passado, Cazares foi acusado de tentativa de abuso sexual e agressão. Prestou depoimento e foi liberado,
após duas mulheres irem à delegacia prestar queixa contra o jogador. No mesmo mês, Cazares se atrasou por mais de uma hora em um treino comandado pelo então treinador Rodrigo Santana e foi multado pela diretoria por conta do ocorrido. Moradores do condomínio onde o jogador vive, em Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte, já reclamaram do barulho por causa das festas promovidas pelo jogador e amigos em sua casa. Já Otero, apesar de ser menos constante em exposição extracampo, também faz as suas. O jogador já apareceu em vídeos em festas regadas a muita bebida e realizadas às vésperas de jogos, assim como realizou procedimento estético antes de uma partida.
Resposta. Em contato com o repórter Roberto Abras, da rádio Super 91,7 FM, o presidente atleticano, Sérgio Sette Câmara, deu o posicionamento do clube. “Os jogadores foram orientações a seguir as indicações das autoridades sanitárias e governamentais. A questão transcende a relação com o clube e ambos devem ser cobrados pela sociedade. Ao clube caberá fazer os exames de forma rigorosa em todos os atletas quando retornarem. Ainda sem data”, explicou. Vitória. O departamento jurídico do Atlético comemorou ontem uma vitória nos tribunais. O triunfo foi na Fifa, que abriu processo disciplinar contra o Portimonense, de Portugal, por conta da transferência do meia Bruno Tabata, em 2016. O clube foi notificado a pagar ao Galo ¤ 166 mil (cerca de R$ 1 milhão) mais as correções financeiras ao clube alvinegro, sob risco de perda de pontos e impedimento de contratações.
O TEMPO Belo Horizonte | QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020 | 23
SUPER.FC
Cruzeiro. Ex-meia contou detalhes daquele jogão ontem em entrevista à rádio Super 91,7 FM e disse que quer ser treinador
Final de 2003 não sai da memória de Alex DENILTON DIAS - 27.6.2015
¬ ISABELLY MORAIS ARTUR MORAES
¬ O dia 11 de junho de 2003 ficou gravado na memória do ex-jogador Alex, ídolo do Cruzeiro. A data marcou o jogo de volta da final da Copa do Brasil daquele ano, vencida pelo clube frente ao Flamengo. A vitória por 3 a 1, inclusive, foi lembrada por Alex como sua partida inesquecível com a camisa da Raposa, em entrevista à Artur Moraes, na rádio Super 91,7 FM, na tarde de ontem. “No Mineirão, a gente viu um estádio lindíssimo, time jogando fino, jogando bem e sempre em cima do adversário”, contou o ex-meia que já adiantou que quer ser treinador. Os 3 a 1 foram construídos com gols de Deivid, Aristizábal e Luisão. Mesmo sem ter marcado, Alex foi importante para a construção do placar. Dos três gols – todos de cabeça – dois emendaram cruzamentos vindos exatamente dos pés do ídolo celeste. Para Alex, aquela final deu mostras ao elenco de
que o ano seria especial. “Ali a gente mostrava que tinha um time fortíssimo que poderia fazer coisas boas e depois, nos meses seguintes, acabamos mostrando isso”, relembrou o ex-jogador, recordando o ano brilhante da Raposa em 2003, com a conquista da Tríplice Coroa. Além de faturar a Copa do Brasil, o time já tinha conquistado o Campeonato Mineiro, vindo a levantar taça do Brasileiro posteriormente.
Máscaras e outras regras para o dia da eleição ¬ FERNANDO MARTINS Y MIGUEL
¬ O Cruzeiro divulgou o edi-
TREINADOR. O ídolo do Cruzei-
ro afirmou que vai ser treinador de futebol num futuro próximo. Ele tem feito cursos para viabilizar sua atuação como comandante técnico. “Vou ser treinador, sim. Terminei a licença B no ano passado e faria a licença A agora em maio, que acabou sendo cancelada pela Covid19. Mas assim que voltar, devo fazer a licença A e o mais breve possível devo estar no campo”, contou. Alex marcou 38 gols em jogos oficiais em 2003, sendo o maestro do elenco que ficou guardado na memória
Jogador é um dos principais responsáveis pela conquista da Tríplice Coroa e ídolo da torcida celeste
da torcida cruzeirense. Seis dos 38 foram na campanha da Copa do Brasil daquele ano – clube era, então, tetra. Depois disso, o time faturou ainda as edições 2017, novamente sobre o Flamengo, e 2018, frente o Corinthians. O Cruzeiro, com seis títulos, é o maior vencedor da Copa do Brasil.
Churrasco interrompido A Guarda Municipal de Belo Horizonte acabou com um churrasco na sede da Máfia Azul, no Barro Preto, na noite de anteontem. Cerca de 60 pessoas participavam do encontro, que foi denunciado por vizinhos do local. Eventos estão proibidos por causa da Covid-19. Os participantes montavam cestas básicas, que seriam doadas. Não houve resistência, e o encontro foi encerrado. Um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar.
Na Justiça
Definido
América cobra R$ 9 milhões do Estado por dívida da Luarenas no Independência JOAO GODINHO - 7.6.2016
¬ THIAGO NOGUEIRA ¬ Sem receber da Luarenas,
concessionária que administra o Independência desde janeiro de 2016, o América foi buscar seus direitos na Justiça cobrando, desta vez, o governo do Estado, responsável pela reforma do estádio no período pré-Copa do Mundo, em 2014. O valor acumulado e não recebido pelo Coelho é de R$ 8,9 milhões, montante que considera o período até dezembro do ano passado, quando o clube ajuizou a ação. Em 2009, o América fez a cessão do Independência ao Estado. Minas ficaria sem local para jogos, já que o Mineirão seria remodelado para o Mundial. Em 2011, um termo aditivo foi celebrado, dando ao clube o direito a receber metade do resultado financeiro da exploração econômica da arena. O montante equivale a 5% da arrecadação bruta de jogos.
Isolamento
Alemão será retomado
tal das eleições do próximo dia 21 de maio, que vão acontecer no salão nobre no Barro Preto, região Centro-Sul. O pleito vai ser para as vagas de presidente; vice; presidente do conselho deliberativo e vice, além do primeiro e segundo nomes da mesa diretora. O clube exigiu várias medidas a serem tomadas pelos conselheiros, como o distanciamento mínimo, o uso obrigatório de máscaras, a presença apenas de três fiscais por chapa no local e a distribuição de senhas para quem estiver na fila até o horário de 16h, quando está previsto o encerramento.
Comitê Olímpico
Regras para o futuro
¬ BERLIM, ALEMANHA. O governo ¬ LAUSANNE, SUÍÇA. O
Clube não recebe o repasse dos valores previstos em contrato do Independência desde janeiro de 2016
Do início da operação, em abril de 2012, a dezembro de 2015, o América recebeu os pagamentos regularmente. O repasse foi interrompido no início de 2016. A Luarenas alega que o plano de negócios foi mal estruturado e, por isso, acumula prejuízos milionários.
A empresa chegou a pedir a rescisão contratual, mas a quebra do vínculo segue sob análise da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), responsável pelo contrato do Independência no governo Zema. Enquanto isso, o estádio continua operando no ver-
melho. O custo mensal aproximado é de R$ 350 mil. RESPOSTA. Em nota, a Secreta-
ria se mostrou ciente da cobrança, disse que o caso foi encaminhado à Advocacia Geral do Estado e ressaltou que a documentação solicitada pelo Coelho já foi entregue.
alemão liberou ontem que a Bundesliga seja retomada ainda neste mês, em data a ser definida pela própria liga de futebol da Alemanha (DFL) e com portões fechados. O aval veio após um encontro da chanceler Angela Merkel com líderes dos 16 estados do país. A bola deverá voltar a rolar no dia 15 ou 22 de maio. O Alemão será o primeiro dos grandes centros europeus a retomar suas partidas após a paralisação causada pela pandemia da Covid-19. A DFL prevê testes de Covid19 frequentes em jogadores e comissões técnicas. A proposta alemã também prevê que o número de profissionais que trabalham em dias de jogos seja de no máximo 322 pessoas para a primeira divisão. Dependendo do tamanho do estádio, o número cairia para 213.
Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou ontem um documento elaborado em conjunto com o Departamento Médico Científico da entidade e diversas organizações esportivas, com o objetivo de complementar as diretrizes recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a realização de futuras competições. O uso de saunas, apertos de mão, abraços e, até mesmo, o gesto de levar as mãos ao próprio rosto deve ser evitado. A organização da competição deverá viabilizar a disponibilidade de locais para a lavagem de mãos, disponibilizando álcool em gel e produtos de higiene. Além disso, arenas e estádios terão que reservar um local para isolar pessoas identificadas com sintomas do novo coronavírus.
Atlético. Em pelada, Cazares e Otero desrespeitam regras de isolamento social. Página 22
SUPER.FC
Alex relembra jogo inesquecível e quer ser treinador. Página 23
ARQUIVO/CRUZEIRO
VVVV otempo.com.br
O TEMPO BELO HORIZONTE QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2020
Na rota Editor: Frederico Jota - frederico.jota@otempo.com.br e-mail: superfc@otempo.com.br twitter: @supernoticiafm Atendimento ao assinante: (31) 2101-3838
FRANCK FIFE/AFP - 30.4.2020
TEL: (31) 2101-3921
Dois em cada três casos de coronavírus em Minas Gerais estão em cidades-sede da competição.
do Mineiro ¬ THIAGO NOGUEIRA ¬ Dois em cada três casos confirmados do
novo coronavírus em Minas estão em cidades-sede do Campeonato Mineiro, considerando-se os Módulos I e II do torneio, suspensos por causa da pandemia. As duas competições reúnem 19 municípios mineiros (o levantamento inclui Contagem, na região metropolitana da capital, por ser a casa do Coimbra, mesmo que o time mande seus jogos no Independência, em BH). Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) ontem, o Estado tem 2.605 confirmações da doença, sendo 2.508 casos e 97 mortes. Só nas 19 cidades onde são disputadas as competições estaduais, há 1.767 confirmações de Covid-19, o que representa 67,8% do total. Dos 97 óbitos registrados, 54 ocorrem das praças do futebol mineiro. Belo Horizonte (857), Juiz de Fora (225), Uberlândia (195), Divinópolis (94), Nova Lima (93) e Contagem (62) compreendem o top 6 de cidade de Minas com mais casos – todas elas, sedes de times das duas divisões. Tombos, na Zona da Mata, é a única cidade sem casos confirmados. Em entrevista à rádio Super 91,7 FM, o presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Adriano Aro, informou que o futebol só vai retornar quando todos os prefeitos autorizarem. A FMF vem discutindo a possibilidade de retomada do futebol com o Centro de Operações de Emergências em Saúde. Um protocolo está sendo estudado, mas não há datas definidas nem pra jogos, nem para treinos. A princípio, as partidas vão ser realizadas com portões fechados.
2 6/5
LOTERIA
2 5/5
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Lotomania
Dupla Sena
concurso 2.074
1º sorteio
10 14 19 22 29 45
2º sorteio
09 15 30 39 47 48
ÍNDICE
u Caderno A
Coronavírus Economia
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Aparte Política
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Lotofácil
concurso 1.963
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13 14 e 15
18
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Opinião Magazine
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Federal
concurso 5.477
1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio
50.411 64.624 92.652 44.129 78.488
16 e 17 18 e 19
Super FC
u Caderno
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Mega Sena 01
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asdasd
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O TEMPO publica diariamente o resultado das loterias. Fique atento ao número do sorteio.
concurso 1.480 18
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Atendimento ao assinante Capital e Grande BH 2101-3838 Interior 0800-703-4001
* Até o fechamento desta edição, a Caixa não havia divulgado o resultado do sorteio.