SUPER.FC Expectativa. Equipe de jornalistas analisa futuro do Galo pós-pandemia. Página 24
R$ 2,00 (outros Estados R$ 3,00) - www.otempo.com.br - Belo Horizonte - Ano 24 - Número 8549 - Segunda-feira, 11/5/2020
ALEX DE JESUS – 31.7.2019
Live do Tempo Convidado de hoje é Sergio Gusmão, presidente do BDMG. Página 14
VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO
“As pessoas se interessarão em ter o próprio carro, porque o conforto sanitário passou a ocupar parte da percepção de consumo.”
Consumidor deve apostar na aquisição de veículo pessoal, por vias digitais, quando passar crise do coronavírus Em uma série de lives realizadas na semana passada por O TEMPO, executivos de montadoras de veículos analisaram os cenários
Chuvas de janeiro
Após cem dias, moradores voltam para área de risco ¬Atingidos pela maior chuva-
rada já registrada em Minas relatam falta de apoio. Sem condições de pagar aluguel, tentam recuperar casas depois de perderem tudo. Páginas 19 e 20
atual e futuro do setor e apontaram tendências que surgirão depois do período de isolamento social. Páginas 12 e 13
Aos 78 anos, morre Sérgio Sant’Anna
Líder da KPMG
CORONAVÍRUS > PANDEMIA
Sem contenção, mortes podem dobrar em 20 dias Estudo da USP aponta que número de infectados pode chegar a 400 mil no país ¬ Simulações foram feitas por
Magazine
Ricardo Bacellar
um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo que trabalha para identificar quando o país atingirá o pico de infecções pelo novo coronavírus. Nesse domingo, o Brasil chegou a
11.123 mortes, além de 162.699 infectados pela doença, segundo boletim oficial. O médico Oswaldo Tanaka, diretor da Faculdade de Saúde Pública da USP, defende o isolamento como única forma de evi-
tar que mais pessoas morram. Ele explica que a doença avança para o interior, onde, além de ser inviável manter leitos de UTI em municípios com menos de 70 mil habitantes, falta equipe médica. Página 3
11.123 É o número de mortes registradas no Brasil FLÁVIO TAVARES
Um dos maiores nomes da literatura brasileira, escritor foi vítima do coronavírus. Página 16 ESTADÃO CONTEÚDO – 5.10.2017
Reeleição
Bolsonaro diz que só deixa cargo em 2027
‘Bebês-esperança’. Daniela segura o pequeno Dante, que, com apenas duas semanas, tem trazido alento para a família neste momento de pandemia; assim como ela, outras mães de recém-nascidos contam os desafios e a alegria de ter um filho em meio ao isolamento social. Página 15
COLUNISTA
Visita virtual
VITTORIO MEDIOLI Antes do esquecimento
LIGAÇÃO POR VÍDEO É TENTATIVA DE MINIMIZAR SOLIDÃO EM HOSPITAIS.
Página 9
Página 7
Páginas 4 e 5
Kalil deve anunciar endurecimento de regras de isolamento em BH hoje DESOBEDIÊNCIA DA POPULAÇÃO NA CAPITAL E ABUSOS NA VIZINHA NOVA LIMA LEVARAM PREFEITO À DECISÃO. Página 2
Em massa INDÚSTRIA MINEIRA FARÁ TESTAGEM DE 300 MIL FUNCIONÁRIOS. Página 6
2 | O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020
7 Cobertura especial
Coronavírus
Por causa do avanço da doença provocada pelo novo coronavírus, O TEMPO criou uma editoria especial para tratar do assunto. Acompanhe também a cobertura no portal O Tempo e na rádio Super 91,7 FM.
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PANDEMIA
Nova Lima proíbe álcool, mesas na calçada e limita tempo em bar RAMON BITENCOURT
Decreto vem após abuso diante de primeira tentativa de flexibilização
Desrespeito
Kalil deve adotar medidas mais duras de isolamento em BH
¬ BRUNO MATEUS
RÔMULO ALMEIDA
¬ A Prefeitura de Nova Li-
ma, na região metropolitana, publicou ontem decreto com três novas determinações diante da pandemia do novo coronavírus. O texto prevê a proibição de consumo de bebida alcoólica em restaurantes, e também a colocação de mesas nas calçadas, valendo, assim, somente o uso da parte interna dos locais. A terceira medida adotada é o tempo limite de permanência de uma hora nesses estabelecimentos. As normas começam a valer imediatamente e chegam após uma tentativa de flexibilização que começou na última terça-feira. Mas, após o registro, na sexta-feira, de bares e restaurantes cheios, o Executivo vai, novamente, restringir o acesso. “Visamos preservar a segurança das pessoas no que diz respeito às questões de saúde e, ao mesmo tempo, flexibilizar o comércio para que a economia da cidade não pare”, ressaltou o secretário municipal de Segurança, Trânsito e Transporte Público, Sérgio Bitencourt. A reportagem de O TEMPO circulou ontem pela cidade e, ao contrário de sexta-feira, havia pouco movimento. Agentes da Guarda Municipal fizeram uma operação de fiscalização e conscientização da população no Vila da Serra, um dos pontos de maior
Em meio à flexibilização das regras de isolamento de cidades como Nova Lima e Ribeirão das Neves, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, deve anunciar hoje medidas mais duras de isolamento social na capital. Na última semana, o prefeito chegou a declarar que começaria a flexibilizar a quarentena a partir do dia 25, mas que os planos poderiam mudar dependendo do comportamento da população. Agora, segundo fontes do Executivo, o aperto nas regras deve vir por causa da insistência do comércio não essencial em funcionar e também do mau exemplo vindo de frequentadores de bares e restaurantes em Nova Lima após a flexibilização. O anúncio deve vir após uma reunião de Kalil com o Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 da PBH. O prefeito foi procurado na noite de ontem, mas não atendeu as ligações. Desde o fim da semana passada, cenas de bares cheios e ruas com comércios movimentados foram vistas na região metropolitana e em alguns bairros de Belo Horizonte.
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Nova Lima. Agentes da Vigilância Sanitária e da Guarda Municipal fiscalizaram bares e restaurantes
movimento tradicionalmente. Servidores da Vigilância Sanitária também fiscalizaram estabelecimentos. “Como algumas pessoas não têm responsabilidade, o poder público tem que fiscalizar por uma questão de saúde pública, mas está tudo sob controle”, diz Bitencourt. O estabelecimento que descumprir as regras será advertido. Em caso de reincidência, a multa será de R$ 60 mil. Se for flagrado novamente, pode perder o alvará de funcionamento. “É um decreto que tem força de lei. É nossa obrigação manter esse quadro com as exigências no sentido de reduzir os casos do novo coronavírus, e liberar (o comércio) por etapas. O trabalho tem que ser feito dessa maneira, com compromisso”, afirma o prefeito Vitor Penido. FESTA EM CONTAGEM. Um gru-
po de 40 pessoas foi impedido pela Guarda Municipal de Contagem, também na re-
Teófilo Otoni tem 1ª morte ‘Saudável’. Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, registrou a primeira morte pela Covid-19. É uma mulher de 39 anos sem outras doenças. O Estado confirmou o óbito ontem e, com ele, o número de mortes em Minas chega a 119 – uma a mais que no sábado. O total de casos confirmados subiu em 114, para 3.237 pessoas infectadas desde março.
gião metropolitana, de realizar uma festa em um sítio, na noite de sábado. Segundo o comandante da corporação, Levi Sampaio, eles foram advertidos durante a semana, enquanto combinavam o evento, e chegaram a trocar de local, o que foi descoberto por meio do monitoramento de suas redes sociais. Os organizadores ignoraram os alertas e chegaram a começar a montar a estrutura para a festa, que foi impedida pela Guarda. Uma pessoa foi detida.
Minas Gerais
3.237 é o total de casos confirmados
119 é o número de mortes confirmadas
129 é a quantidade de mortes em investigação
Ônibus de MG exigem máscaras ¬ Começou a ser exigido ontem o uso de máscaras de proteção nas linhas do transporte coletivo intermunicipal e metropolitano do Estado. A recomendação é para que os motoristas não sigam viagem enquanto houver algum passageiro sem máscara no coletivo ou
em situações em que as pessoas insistam em entrar no veículo sem o objeto de proteção. Caberá a cada empresa de transporte, às autoridades sanitárias e aos órgãos de segurança pública garantirem que a norma seja cumprida. (Lara Alves e Gabriel Rodrigues)
LOCKDOWN. Mais cedo, um dos membros do comitê, o infectologista Carlos Starling, foi
Apromiv distribui milhares de máscaras em Betim ¬ A Associação de Proteção à
Maternidade, Infância e Velhice (Apromiv) distribuiu mais de 30 mil máscaras à população de Betim, na região metropolitana, no sábado. No município, a utilização de máscaras como forma de prevenção ao coronavírus é obrigatória desde 20 de abril, e a
multa para quem descumprir a norma é de R$ 80. A ação foi realizada em áreas de comércio e de grande circulação de pessoas em todas as dez regionais de Betim. Mais de cem voluntários participaram da distribuição. A secretária de Governo, Cleusa Lara, também participou
da distribuição de máscaras em outro ponto da cidade. “Foi muito boa a ação. Se tivéssemos mais máscaras, teríamos distribuído tudo”. Para saber mais sobre a campanha ou ajudar, entre em contato pelo (31) 35321805 ou pelo site da Apromiv. (Thaís Mota)
questionado apenas sobre a possibilidade de a capital adotar o lockdown. Ele disse que o relaxamento na região metropolitana preocupa e que a medida mais drástica de isolamento poderá ser adotada se o número de casos na cidade subir. “Neste momento não podemos relaxar com as medidas que foram tomadas. Temos sempre o risco de ver esse número (de ocupações dos leitos) crescer de forma rápida e nos planejamos para evitar essa situação. Na região metropolitana, temos uma população de 5 milhões de pessoas. Se não tomarem cuidados, todos podem correr risco”, afirmou o infectologista. (Marcelo da Fonseca)
Leitos em BH* Total de leitos de UTI: 906 Taxa de ocupação: 75% Covid-19: 214 Taxa de ocupação: 44% Não Covid-19: 692 Taxa de ocupação: 84% Total de leitos de enfermaria: 4.449 Taxa de ocupação: 65% Covid-19: 524 Taxa de ocupação: 42% Não Covid-19: 3.925 Taxa de ocupação: 69 *ATUALIZAÇÃO DO DIA 7/5
Bar é alvo de dez denúncias Após ‘aniversário’. Uma festa em um bar no Buritis, na região Oeste de Belo Horizonte, precisou ser encerrada às pressas na noite de sábado. Dez denúncias, ao menos, foram feitas à Guarda Municipal sobre a comemoração que descumpria as normas sanitárias. Quando a fiscalização chegou até o espaço na rua Moisés Kalil, os participantes da festa já tinham ido embora.
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Mortes por coronavírus podem dobrar em 20 dias, diz estudo CARL DE SOUZA/AFP
Projeção deve se concretizar se não houver medidas de contenção do vírus
Promissoras
Oito vacinas com testes em humanos
¬ RIO DE JANEIRO.
Setenta e quatro dias depois da confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, o país chegou ao domingo com mais de 10 mil mortos pela doença. Em média, 185 pessoas perderam a vida por dia desde que o primeiro óbito foi registrado no país, em 17 de março. Simulações feitas por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) voltado para identificar quando o país atingirá o pico de infecções apontam que o número de mortes poderá dobrar nos próximos 20 dias e o de infectados alcançar cerca de 400 mil até 5 de junho, caso não sejam tomadas medidas de contenção da transmissão do vírus. O cálculo da estimativa é do estatístico Carlos Alberto Bragança Pereira, especialista na área de aplicações médicas e biológicas, do grupo da USP, que também inclui professores da Faculdade de Economia e Administração e da Faculdade de Saúde Pública. Eles se debruçam sobre os números na tentativa de identificar quando o país atingirá o pico de infecções, a partir do qual as curvas de casos e óbitos entrarão em declínio, sinalizando para um possível afrouxamento das regras de isolamento social. WEIBULL. Pereira utiliza um modelo de cálculo de análise de sobrevivência, batizado de Weibull, que leva em conta o número de infecções e, quando há mortes, o período de sobrevida ao vírus. É como um painel de lâmpadas acesas, explica ele. A observa-
RIO. Com mais de 4 milhões de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus no mundo e quase 283 mil mortos, mais de cem vacinas são testadas mundialmente, e oito delas entraram na etapa de ensaios clínicos, que envolvem humanos. Tradicionalmente, vacinas levam em média dez anos para serem produzidas, mas o desenvolvimento de novas tecnologias acelerou o processo, e a expectativa é que se tenha um produto no mercado no ano que vem. Uma das mais promissoras é a desenvolvida pela Universidade de Oxford, com estimativa de estar pronta até o fim deste ano. Leia mais em www.otempo.com.br.
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Tristeza. Brasil registrou, até ontem, 11.123 mortes pelo novo coronavírus, além de 162.699 infectados pela doença, segundo boletim oficial
ção começa quando a lâmpada falha (quando o indivíduo contrai a infecção). Os parâmetros são os números oficiais de infectados e de mortos no país, que mudam diariamente. Com base neles, o cenário futuro é
Brasil
11.123
é o total de mortes no Brasil
496
foi o número de mortes nas últimas 24 horas
162.699
é a quantidade de infectados pela doença
desenhado diariamente. Pereira testou o modelo com os dados da China, onde a pandemia começou, e os resultados confirmaram o que tem ocorrido no Brasil. Modelos estatísticos como este são usados para medir desde a confiabilidade de sistemas, na área industrial, até para avaliar remédios mais eficazes, por exemplo. Justamente por conta destes números e projeções é que o médico Oswaldo Tanaka, diretor da Faculdade de Saúde Pública da USP, defende o isolamento como única forma de evitar que mais pessoas morram. Ele explica que a doença avança para o interior e que é inviável manter leitos de UTI em municípios com menos de 70 mil habitantes, além de faltar equipe médica.
Bolsonaro 0 Maranhão. Em mensagem publicada em uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro comparou ontem o lockdown na região metropolitana de São Luís, à crise política e econômica da Venezuela. Ele anexou um vídeo de uma abordagem policial de fiscalização para criticar o governador Flávio Dino (PCdoB), seu desafeto político. 0 Briga. Em resposta, o governador publicou que o presidente estaria “tentando sabotar medidas sanitárias” de combate à pandemia e estaria fingindo “estar preocupado com o desemprego”.
Doença infantil pode estar ligada a infecção por Covid-19 ¬ NOVA YORK. Médicos suspei-
tam que a Covid-19 é responsável pela hospitalização de dezenas de crianças em Nova York, Londres e Paris que apresentam quadros inflamatórios “multissistêmicos” raros, que se assemelham a uma forma atípica da doença de Kawasaki ou uma síndrome de choque tóxico, que ataca as paredes das artérias e pode provocar uma falência dos órgãos. Dezenas de estudos médicos descrevem outras consequências potencialmente letais da doença, como acidentes vasculares cerebrais e problemas cardíacos.
Os sintomas são febre, erupção cutânea, dor abdominal e vômitos. “O que faz, basicamente, é desencadear uma resposta intensa do sistema imunológico da criança. E isso machuca o corpo”, explicou o prefeito de Nova York, Bill de Blasio. Antes do aparecimento desses casos, pensava-se que, apenas excepcionalmente, a Covid-19 atingia as crianças de forma grave. Em Nova York, 38 casos de inflamação pediátrica foram detectados e nove outros casos ainda estão sendo estudados. Há três mortes.
Pará bloqueia bens
Ocupação de 90% em UTIs
Caixa atualiza aplicativo
Teich faz post sobre mães
Respiradores. A Justiça do Pará bloqueou R$ 25 milhões em bens da SKN do Brasil e de seus seis sócios. O governo afirma que comprou 152 respiradores da empresa, mas recebeu produtos diferentes do contratado, inadequados para o tratamento de pacientes graves. A Justiça também determinou a retenção dos passaportes dos donos da empresa. Representantes da SKN do Brasil não foram encontrados para falar sobre o caso.
Rio de Janeiro. Levantamento divulgado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) mostra que a rede particular de saúde do Rio de Janeiro já ultrapassou os 90% de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao G1, o médico Graccho Alvim, diretor da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (Aherj), estimou que, em menos de 15 dias, todos os leitos da rede privada estarão ocupados.
Filas na internet. Além das longas filas nas agências físicas, o app Caixa Tem registrou longa espera para quem tentou acessar o auxílio emergencial de R$ 600. Após inúmeras reclamações, a Caixa afirma ter corrigido o problema – segundo o banco, a atualização permitirá 5.000 usuários por minuto. O Caixa Tem foi idealizado para atender 1 milhão de pessoas no período de um ano e, em menos de 30 dias, começou a receber até 4 milhões de acessos por dia.
Web. O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que o domingo foi marcado por uma “dualidade de sentimentos”, com alegria pelo Dias das Mães, mas tristeza pelas 10 mil mortes pelo coronavírus. “Amanhecemos com uma enorme dualidade de sentimentos, que por um lado nos traz a alegria de um dia tão especial como o dia das mães e por outro a tristeza e sofrimento de ter atingido a terrível marca de mais de 10 mil mortes por Covid-19 no Brasil”, escreveu no Twitter.
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Isolados, pacientes recebem visitas virtuais nos hospitais FOTOS ARQUIVO PESSOAL
Hospitais tentam minimizar dor e distância por meio de ligações por vídeo ¬ LARA ALVES ¬ Duzentos e noventa qui-
lômetros e quatro horas de carro separam o município de Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, da capital do Estado, Belo Horizonte. O trajeto pela BR–381, que liga uma cidade à outra, havia se tornado rota constante na vida de Liliane Figueiredo, 31, de seu irmão e de sua mãe para encontrar o pai João Azevedo, 78, que está internado no Hospital Luxemburgo desde o segundo mês do ano, com sequelas causadas pela síndrome de Guillain-Barré – doença autoimune que provoca, entre outros sintomas, fraqueza muscular progressiva. Em março, a romaria entre os municípios foi bruscamente interrompida após o anúncio de que as visitas estavam suspensas em função da pandemia de coronavírus. A medida foi tomada em vários hospitais e, apesar de necessária, trouxe medo, solidão e abatimento para pacientes e seus familiares. “Quando soubemos que não permitiriam mais visitas, ficamos muito preocupados em como contaríamos para ele sobre o coronavírus (quando João chegou ao hospital, ainda não havia casos da Covid19 no Brasil) e como explicaríamos que não poderíamos mais vê-lo. O hospital permitiu que nós fizéssemos uma última visita para falar”, conta Liliane. O desafio foi, então, se despedir temporariamente do pai. “Nós falamos que era uma gripe, uma doença que chegou da China e que era muito contagiosa. Não sabíamos se ele tinha enten-
dido porque, apesar de estar consciente, meu pai não consegue falar”, explica. CONEXÃO. Como forma de
aplacar a solidão dos internados e acreditando na importância da família para a recuperação dos pacientes, hospitais iniciaram protocolos para conectar aqueles que estão internados, por meio da tecnologia, a filhos, companheiros, irmãos e amigos. Liliane, proibida de abraçar o pai há quase dois meses, pôde, então, reencontrálo. “Quando me ligaram e contaram que fariam chamadas por vídeo todos os dias, nos emocionamos muito. Eu já acordo e fico o dia inteiro esperando a ligação. Nas primeiras vezes, quando ia chegando a hora, sentia até palpitação”, detalha a filha.
“Quando o paciente está em contato com a família, mesmo a distância, isso torna tudo mais tranquilo. Na Itália, esse encontro pela internet só estava sendo feito quando o paciente chegava à fase final da vida, apenas para se despedir mesmo. Mas nós acreditamos que essa visita virtual precisa acontecer durante toda a internação porque ajuda na recuperação do paciente.” Sarah Ananda Gomes ESPECIALISTA EM CUIDADOS PALIATIVOS
Recordação. Registro de João, antes de ser internado, ao lado da neta, de 2 anos e meio, mostra carinho entre eles
Emoção
Idoso pôde rever a neta pelo tablet A tecnologia possibilitou ainda que João Azevedo pudesse rever a neta de apenas 2 anos e meio. “Desde que ele se internou, não tinha encontrado minha filha, porque ele está no CTI. Ela perguntava por ele todos os dias. Quando eles se viram, ela falou para ele que o vovô ia melhorar, que estava com saudade. Ele se emocionou muito, foi uma coisa que deu muita força para ele, vimos pelo olhar”, disse Liliane Figueiredo. Os poucos minutos da chamada de vídeo são suficientes para que a família troque mensagens de apoio. “O mais importante é que todo dia nós podemos falar para ele assim: ‘a gente te ama muito e está com saudade’. E ele responde pelo olhar que também está com saudade, e às vezes por gestos no pescoço, fazendo que ‘sim’. Esse contato traz muito conforto para todos nós”, conta Liliane. (LA)
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Álbum de família. Abraços e encontros presenciais, por enquanto, ficam só na memória e nos arquivos fotográficos. Mas a mulher (à direita) e os filhos de João Azevedo (de camisa branca) mantêm forte a união por meio das chamadas de vídeo
Outros locais 0 Exemplo. O Hospital Eduardo de Menezes, referência no tratamento de casos da Covid-19 em BH, também adotou as visitas virtuais em abril. Boletins médicos também são atualizados através das ligações. 0 Doação. O Hospital das Clínicas da UFMG, em BH, recebeu nove tablets para os encontros entre pacientes e familiares. A doação é parte do projeto Construção de Materiais para UTIs no Enfrentamento da Covid-19, da Escola de Enfermagem da UFMG. A campanha arrecada tablets de todo o Brasil para repassá-los aos hospitais cadastrados.
Como doar Participe. Oitenta e dois ambulatórios já se inscreveram para receber tablets. Dos 400 aparelhos solicitados, 25 foram coletados por enquanto. Interessados em doar podem procurar os responsáveis do projeto no Instagram @covid19.uti.ufmg.
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA
Encontro online dura três minutos RAMON BITENCOURT
Não dá para matar de vez a saudade, mas dá para declarar amor e fazer oração junto ¬ LARA ALVES ¬ “Quase toda noite choro
de saudade. Não sei o que seria de mim sem a Jackeline”. Morador de São José da Lapa, na região Central de Minas, José Francisco da Silva Filho, 58, retrata, com essas palavras, como se passaram as últimas cinco semanas, desde a internação de sua mulher, Jackeline de Oliveira, 48. Após uma temporada no CTI da Unimed, na região CentroSul de Belo Horizonte, para cuidar de uma séria infecção, ela foi transferida na última terça-feira para um dos quartos do hospital, mas, mesmo assim, não está autorizada a encontrar o marido, com quem é casada há 35 anos, nem os dois filhos, já adultos, e os netos – um menino de 5 anos, a quem ela é muito apegada, e um bebê, que nasceu dois meses antes da internação dela. Assim como em outras unidades de saúde da capital mineira, os encontros presenciais também estão suspensos nos hospitais próprios da rede Unimed-BH por segurança, em função da pandemia do coronavírus. Para aliviar o sofrimento de pacientes e entes queridos, eles participam de encontros online e, ao longo de três minutos, podem ver pela tela os olhos das pessoas amadas. As visitas são combinadas, e, na hora marcada, os funcionários do hospital explicam ao paciente que ele poderá reencontrar a família por
Use a imagem para acessar o vídeo no portal O Tempo
União. José Francisco (no meio) reúne diariamente os filhos, as noras e o neto de 5 anos para falar pelo celular com Jackeline, que está internada há cinco semanas em BH RAMON BITENCOURT
aquele breve período. Por volta das 12h da última segunda-feira, José Francisco já começava a preparar os filhos, as noras e os netos, que moram com ele no mesmo lote, para o encontro com Jackeline, marcado para acontecer às 15h30. Na contato, além dos beijos enviados através da câmera, ela perguntou rapidamente sobre os filhos e, antes de desligar, pediu para ver a cadelinha da casa. Devotos de Nossa Senhora Aparecida, os sete integrantes da família se uniram no quintal para rezar uma Ave-Maria e um Pai-Nosso com a mãe, que, mesmo após ter sido submetida a uma traqueostomia, conseguiu sussurrar baixinho a saudade que sente.
REENCONTRO. Aquela visita vir-
tual foi a terceira, mas não foi menos comovente que as anteriores para José Francisco. “Eu me lembro da primeira vez, foi muito emocionante, eu ‘disgramei’ a chorar. Já tinha muito tempo que eu não a via, desde que ela foi internada ‘correndo’. Nós choramos de cá, ela também de lá, e nos demos muita força”, relatou o marido. Ele conta que o neto, de 5 anos, também se emocionou muito. “No dia 21 de abril foi aniversário dele, e ela não estava, ele ficou supertriste… Não desejo que ninguém passe por isso que estamos passando, de ficar longe. Mas vêla, mesmo que a distância, nos conforta”, diz.
Alento “É sempre muito gratificante vê-la por meio desse negócio de tecnologia virtual. Eu não desejo que ninguém passe por isso que estamos passando, de ficar longe. Mas vê-la, mesmo que a distância, nos conforta e a conforta também.” José Francisco da Silva Filho, 58 MARIDO DE JACKELINE
ARQUIVO PESSOAL
Surpresa que salva vidas
Paciente teve festa a distância O dia 16 de março amanheceu conturbado para a fotógrafa Sheila Agda, 39. Indisposta, ela teve que passar a noite sentada para conseguir respirar sem sufoco. Com dor na garganta e medo de ter contraído o coronavírus, Sheila procurou a UPA JK, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. De lá, foi transferida às pressas para o Hospital Municipal de Contagem, onde recebeu – sem a presença da família, por medidas de segurança – um diagnóstico assustador: leucemia. “Foi um susto, fiquei sem chão. Repetiram exames de sangue que detectaram uma
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Recuperação. Após festa de aniversário vendo a família pela janela, paciente se curou rapidamente
baixa contagem de plaquetas. Eu não esperava nunca uma notícia como essa”, conta. Confirmada a suspeita inicial, a fotógrafa precisou ser transferida para o Hospital Luxemburgo, na capital. “Com a pandemia, não podia receber visitas. Fiquei sem ver meus filhos (de 11 e 15 anos) ao longo de todo esse tempo, o contato era só por celular”, relembra. Ela conta que os encontros online ajudaram muito na sua recuperação. “Eu já estava muito debilitada com a doença, as reações da quimioterapia. Só de ter o conforto deles, a palavra de-
les… Isso me fortaleceu muito”, comenta. No dia 15 de abril, data em que completou 39 anos, ela achou que o aniversário passaria em branco. “Estava meio triste, achei que não ia ver ninguém. Mas, de repente, meu marido me disse para olhar pela janela, e lá estava minha família. O pessoal do hospital levou balãozinho, cantou parabéns, acendeu vela, fez uma oração”, conta. O retorno para casa aconteceu alguns dias depois, após uma melhora que surpreendeu até mesmo os médicos. (LA)
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CORONAVÍRUS
PANDEMIA FIEMG/DIVULGAÇÃO
Indústria em Minas vai testar 300 mil Fiemg adquiriu examesrápidos;setor quervoltarnasegunda quinzena de maio mentos e metalurgia. Dos mais diversos setores e dos mais variados produtos, a indústria mineira movimenta cerca de R$ 130 bilhões todos os anos e é responsável por empregar mais de 1 milhão de trabalhadores, conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). E, diante de uma das maiores pandemias dos últimos tempos, a maioria das indústrias foi obrigada a parar há pelo menos 45 dias. Para garantir um retorno seguro, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) adquiriu 300 mil
testes rápidos de coronavírus que vão ser utilizados em uma testagem em massa entre os profissionais do setor. A expectativa é que os kits comecem a ser distribuídos na segunda quinzena do mês. De acordo com a gerente de Segurança e Saúde no Trabalho e Qualidade de Vida do Serviço Social da Indústria (Sesi), Cristiane Scarpelli, apesar do foco das atividades estar nas indústrias de primeira necessidade – como as alimentícias –, o objetivo é realizar os diagnósticos em todos os setores. “Não vamos limitar a execução desses testes. Faz parte de um processo maior para a retomada do trabalho de forma segura, com consultoria para as indústrias e acompanhamento clínico dos casos suspeitos”, explica a dirigente.
Montante
Onde tudo começou
Plano modesto
Ações do setor chegam a R$ 120 mi
Wuhan volta a ter caso
Reino Unido relaxa algumas restrições
¬ LUCAS MORAIS ¬ Mineração, veículos, ali-
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, esclareceu que já foram investidos mais de R$ 120 milhões em ações para o combate ao coronavírus. A entidade não precisou, porém, o valor que foi investido exclusivamente para a compra dos 300 mil testes. A gerente do Sesi, Cristiane Scarpelli, acrescentou também que, apesar de serem testes rápidos – que são considerados menos eficientes que os exames realizados em laboratório e indicados apenas para a quem teve os sintomas da doença ou a realização de amostragens entre a população – eles contam com uma tecnologia que permite a criação de laudos dos resultados. “A maioria dos testes rápidos faz a medição, mas só de uma leitura instantânea, a exemplo dos testes de gravidez de farmácias. Após um tempo, o resultado some. Já nesses adquiridos, tem um laudo que garante a rastreabilidade do exame”, finaliza.
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ESTRATÉGIA
Com a testagem em massa, é possível traçar melhores estratégias e analisar a real proliferação da doença entre as pessoas. O uso dos testes vai permitir identificar trabalhadores com diagnóstico positivo para a Covid-19 que sejam assintomáticos, por exemplo. “Os testes ainda identificam quem já está imunizado, aquele que poderia estar sob monitoramento”, complementou a gerente de Segurança e Saúde. Enquanto os aparelhos não chegam, a entidade já trabalha com o levantamento das demandas de todas as indústrias do Estado. “Assim que chegarem, vamos começar a aplicação, e será montada uma estrutura com profissionais capacitados para realizarem os testes, além de uma máquina de leitura dos resultados”, esclareceu Cristiane.
Setores. Objetivo da Fiemg é fazer testagem em todos os setores, com consultoria para as indústrias
STR / AFP - 1.5.2020
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SÃO PAULO. A cidade chine-
sa de Wuhan, onde começou a pandemia do novo coronavírus, voltou a registrar um caso de Covid-19, segundo levantamento divulgado ontem pela Comissão de Saúde da Província de Hubei. O paciente está em estado grave, conforme o relatório. É o primeiro novo caso desde 3 de abril, segundo levantamento feito pela rede de TV CNN. A cidade teve 50.334 casos e 3.869 mortes confirmados, conforme a comissão. Ainda segundo a CNN, o paciente mora em um bairro que registrou 20 casos confir-
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Wuhan começava a voltar à normalidade, mas vê casos retornarem
mados, e o novo caso está sendo tratado como “infecção comunitária passada”. A China registrou 14 novos casos do novo coronavírus ontem, o primeiro aumento de dois dígitos em dez dias.
Onze dos 12 casos por contaminação doméstica ocorreram na província de Jilin, no Nordeste, o que levou as autoridades a aumentar o nível de ameaça em um de seus municípios, Shulan, para alto risco.
LONDRES, REINO UNIDO. O pri-
meiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou ontem um modesto relaxamento no lockdown do país e estabeleceu um plano para a retirada de mais restrições nos próximos meses. A partir de quarta-feira, o governo britânico permitirá que as pessoas se exercitem nas ruas sem restrições, mas apenas com membros da mesma residência. Johnson disse que podem ser elevadas as multas em caso de violação.
Coreia do Sul retoma alerta
Incêndio em hospital na Rússia
Aumento de casos. A Coreia do Sul, que havia conseguido reprimir a disseminação do novo coronavírus, está de volta à defensiva, com ordem de fechamento a bares e casas noturnas da capital Seul, após o país registrar o maior aumento diário de casos em um mês. O país registrou 34 casos adicionais do coronavírus ontem, em uma série de infecções ligadas a frequentadores de casas noturnas.
Tratamento de Covid-19. Um hospital de Moscou, na Rússia, dedicado ao tratamento de pacientes com coronavírus pegou fogo na noite do último sábado, causando a morte de um paciente. O incêndio ocorreu em um dos prédios do City Clinical Hospital No. 50 (na foto, a fachada do hospital). Segundo informações preliminares, o fogo atingiu uma unidade de tratamento intensivo, após um equipamento médico apresentar problemas.
Ele apresentou um “plano condicional” para relaxar outras restrições nos próximos meses, como a reabertura de lojas e a possível volta às aulas para algumas crianças mais novas a partir de 1º de junho. ACELERAÇÃO. A transmis-
são do novo coronavírus na Alemanha se acelerou depois que algumas medidas da quarentena foram relaxadas, com a abertura de novas lojas a partir de 20 de abril. KIRILL KUDRYAVTSEV / AFP - 2.4.2020
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aparte@otempo.com.br
A.PARTE
Congresso
Anastasia ganha espaço em pauta econômica e minimiza crise Se, em 2016, o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) estava nos holofotes por ser o relator do pedido de impeachment que culminou na queda de Dilma Rousseff (PT) da Presidência, neste ano, o mineiro está ganhando espaço no Parlamento por articular pautas econômicas que consigam atender os desejos do Legislativo e do Executivo. Em conversa com o Aparte, Anastasia garantiu que não há conflito entre Câmara e Senado e também avaliou que o momento é de foco integral no combate ao surto da Covid-19, deixando a crise política para ser discutida com profundidade pós-pandemia. Quando não foi autor, o parlamentar foi designado para relatar textos da seara econômica na Casa. Na última semana, a pauta do Congresso caminhou em torno de matérias que tinham contribuição dele, como a PEC do Orçamento de Guerra e o projeto que prevê ajuda financeira a Estados e municípios. Também está pra ser votado na Câmara uma proposta de lei emergencial para o direito privado, de autoria de Anastasia e com contribuição do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Além disso,
ele presidiu o Senado logo no início das medidas de isolamento social após o presidente, Davi Alcolumbre (DEMAP), contrair o novo coronavírus. A matéria que trata sobre o ressarcimento de perdas para as administrações estaduais e municipais até agora foi a que mais causou tensão no Parlamento. Alcolumbre resolveu arquivar o texto da Câmara e designou o mineiro para criar outro. A proposição previa R$ 125 bilhões de socorro para os entes, e os deputados chegaram a aprovar outra versão por entender que o Senado estava cedendo demais ao governo federal. A alteração principal, que mudava os critérios de distribuição de verbas para os Estado, foi ignorada no Senado. “Na minha avaliação, a Câmara não agiu corretamente porque essa taxa é móvel. Ah, ‘mas favorece os Estados do Norte’... mas é onde está tendo mais doentes. É uma regra flexível. Não há conflito nenhum entre Câmara e Senado. Isso acaba sendo especulação”, amenizou o vice-presidente do Legislativo. Anastasia explica que cerca de 200 projetos que tratam sobre a pandemia
tramitam hoje no Senado e, nas próximas semanas, a prioridade deve ser a avaliação das Medidas Provisórias (MPs) da União, como a trabalhista e a de apoio a empresas. Questionado sobre o excesso de notas de repúdio e a falta de ações mais efetivas do Parlamento em relação à postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em atacar à imprensa e participar de manifestações antidemocráticas, o senador afirmou que não se deve fechar os olhos para essas questões delicadas. No entanto, ressaltou que, neste momento, acredita que toda a energia dos Poderes e da sociedade deve ser para o combate à pandemia. Para o mineiro, depois que essa crise sanitária passar, será o momento de tratar dessas outras crises com profundidade. “Não vamos fechar os olhos. Depois que isso passar, será o momento de sentar com mais calma e falar: ‘Olha, não tem condições de continuar nesse conflito permanente do governo com Legislativo e Judiciário’. E sem contar que, nesse meio-tempo, tramitam os inquéritos no STF”, avaliou Anastasia. (Fransciny Alves) ANDRE FERNANDES/DIVULGAÇÃO
Bolsonaro aparece com a camisa do Atlético em reunião com deputado
MATEUS BONOMI/FOLHAPRESS - 4.3.2020
Usando uma camisa do Atlético, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu com o deputado André Fernandes (PSL-CE) no sábado. A imagem foi postada nas redes sociais do parlamentar, que afirmou que o encontro foi “informal”. Segundo o deputado, eles teriam apenas comido cachorro-quente e conversado sobre política. A publicação dividiu comentários entre os torcedores alvinegros. Enquanto alguns gostaram de ver Bolsonaro com a camisa do Atlético, outros se irritaram, criticando o presidente por suas atitudes, especialmente no combate ao novo coronavírus, e lembrando que o maior ídolo da história do Galo, Reinaldo, lutou contra a ditadura, que já recebeu elogios do presidente da República.
Damares Alves Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
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“Não são muitos moradores de rua (que têm o coronavírus). E por que não são muitos ainda? Ninguém pega na mão deles, ninguém abraça morador de rua. Infelizmente.”
Cinema especial
Moro vai amanhã à PF ver vídeo de reunião O ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, vai hoje à sede da Polícia Federal, em Brasília, para assistir, em sessão única, o vídeo da reunião ministerial do último dia 22 de abril. Na ocasião, segundo Moro, o presidente determinou uma interferência política na PF e ameaçou demiti-lo do cargo se não obedecesse a ordem. O vídeo foi entregue pelo Palácio do Planalto ao STF e está sob sigilo, determinado pelo ministro Celso de Mello. No entanto, o decano da Corte liberou que Moro, a PGR e a própria PF possam assistir ao material na sede da corporação.
VITTORIO MEDIOLI vittorio.medioli@otempo.com.br
Antes do esquecimento
Q
uando cheguei a Belo Horizonte, em 27 de maio de 1976, o clima era diferente. Passei a morar numa chácara em Ibirité no ano de 1977. A paisagem era incrível, havia muita mata e uma represa de águas cristalinas. Animais de todas as espécies apareciam no quintal: raposas, quatis, tatus, criaturas parecidas com tartarugas, micos e até veadinhos. As madrugadas eram gélidas. No mês de junho, várias vezes se registrava geada, e aquela manta branca sobre a grama derretia com os primeiros raios de sol. Para tomar banho, aquecia-se o ambiente queimando álcool numa bandeja, e à noite eram necessários dois cobertores de lã para dormir. Em 1982, deixei Ibirité e mantenho uma lembrança feliz. Com o desmatamento e a ocupação urbana, a temperatura foi subindo no entorno de Belo Horizonte. O clima se transformou. No final de abril e no começo de maio deste ano, a temperatura sofreu uma queda notável e me fez lembrar dos anos 70, quando as noites eram mais frias nesta estação. Nas últimas semanas, a luminosidade diurna tem sido mais intensa, e o sol brilha como nunca. Parece consequência da diminuição de uma camada de poluição, de finas partículas de CO2, que há tempos encapa o planeta. Não é por menos. Com milhões de veículos parados pela pandemia no mundo inteiro, as estrelas brilham mais, a lua ilumina a escuridão, o ar desce mais suave aos pulmões. Os automóveis repousam e deixam o planeta em paz. As mortes economizadas nas estradas provavelmente empatam com aquelas da pandemia. Em 2018 e 2019, foram 112 mil mortes por mês nas vias terrestres no mundo, 3.400 por dia. Nem por isso, porém, usamos todos os dias nossos veículos atando o cinto de segurança; aceitamos, assim, o risco, que mata 1,35 milhão de indivíduos a cada ano. A humanidade se acostuma às catástrofes e aprende a conviver com elas. O fenômeno de descontaminação está, provavelmente, no seu auge. Retornaremos, em breve, ao “normal” aquecimento global, a respirar venenos. O mundo rico e “civilizado” continuará a ignorar que morrem de malária 430 mil pessoas por ano nos países pobres – e que 300 mil vítimas são crianças com menos de 5 anos. Continuará insensível aos mais de 7 milhões de mortes que resultam, se-
gundo a OMS, do tabagismo – sendo cerca de 1,2 milhão o total de vítimas não fumantes expostas ao fumo passivo. Continuará a humanidade a beber álcool, apesar de 3 milhões de pessoas morrerem anualmente por seu uso nocivo. O alcoolismo é responsável, segundo relatório da OMS, por uma morte a cada 20 ocorridas no planeta. Vale prestar atenção a este momento de susto “civilizado” e irrepetível até a próxima pandemia – ou até que a Covid-19 se confunda com a paisagem mundial. Precisamos, neste momento, registrar a diferença do clima, que, antes sutil, se faz mais evidente a cada dia. Especialmente os jovens, que da década de 70 não participaram, e aqueles que se esqueceram do passado. Guardar esse exemplo será valioso para todos e para o planeta para entender que somos, de verdade, uma aldeia global. Imaginava que alguém, entrasse no assunto do clima, que sentisse a sensação que experimento nestes dias. Aquela manta de poluição, aparentemente invisível, precipitou sem ser reposta com a mesma intensidade e permitiu o resfriamento do ambiente. Como contribuição, temos a diminuição abrupta de combustão de petróleo, que retornou, nos últimos meses, aos níveis mínimos de algumas décadas de século passado. Filas de navios petroleiros parados no mar, sem ter onde descarregar. Poços de extração deixaram de produzir, as refinarias desligaram suas torres, os altos-fornos deixaram de queimar carvão para fundir ferro. Cotações de commodities energéticas e metais derreteram. Não é o coronavírus que vai parar o planeta. Certamente, haverá um retorno da produção, e não sentiremos mais o ar puro de hoje, a seiva noturna mais intensa, a falta de ruídos urbanos. A pandemia, como todos os males e sofrimentos, permite reflexões e experiências únicas. A humanidade, tirada por algumas semanas da sua atividade frenética, enclausurada, pode sentir a necessidade, mesmo produzindo, de agir corretamente para evitar muitos dos males que nos afligem. Com pequenos esforços, as águas serão mais limpas, o ar ficará puro, o céu será descontaminado. Estamos recebendo uma lição de qualidade de vida. Embora seja pouco provável, auspicamos que as nações não percam tempo para tomar medidas sérias, urgentes e profundas para preservar o planeta.
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Política
TEL: (31) 2101-3915 Editor: Ricardo Correa ricardo.correa@otempo.com.br e-mail: politica@otempo.com.br twitter: http://twitter.com/OTEMPOpolitica Atendimento ao assinante: 2101-3838
7 A reação de Augusto Heleno 7 ‘Tudo tem sua hora’ O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) comentou ontem nas redes sociais a decisão do ministro Celso de Mello, do STF, de autorizar uma condução coercitiva caso se arrisque a depor em inquérito sobre a interferência na PF.
Após ser questionado por um internauta se não daria uma “resposta à altura” ao ministro do STF por este determinar seu depoimento “debaixo de vara”, o ministro general do governo Jair Bolsonaro resumiu de forma enigmática: “Tudo tem sua hora.”
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Contas. Norma estabeleceu critérios para controlar gastos, evitar endividamentos e trazer transparência
Entre penalidades frouxas e avanços, LRF completa 20 anos TCE-MG/DIVULGAÇÃO
Não há dados sobre punições a gestores que tenham descumprido a lei ¬ PEDRO AUGUSTO FIGUEIREDO ¬ Proposta pelo governo
de Fernando Henrique Cardoso, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) completou 20 anos de sua promulgação na última semana. A legislação mudou a forma como as contas públicas eram administradas: foram criados limites para o gasto com pessoal e para o endividamento público, com exceção da União, além de medidas a serem tomadas caso as despesas saiam do controle. Presidente, governadores e prefeitos foram obrigados a se preocupar com a transparência dos gastos públicos. Embora a norma tenha apresentado avanços para a administração do dinheiro público, seu descumprimento não significa necessariamente uma penalização do gestor. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU) não há um banco de dados sistematizado que aponte quantos gestores públicos foram punidos por descumprir a LRF nos últimos 20 anos. Segundo o órgão, cada tribunal de contas encaminha ao respectivo Tribunal Regional Eleitoral, nos anos em que se realizam eleições, a lista dos gestores que tiveram as contas julgadas irregulares pelo descumprimento de várias leis, não só a LRF. Em 2018, a lista que o TCU entregou à Justiça Eleitoral reuniu 12.469 contas irregulares (um gestor pode responder por mais de um processo). Já o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) explica que seu papel é de acompanhamento dos relatórios enviados pelas prefeituras e pelo Estado. Os documentos são analisados e, caso algum problema seja encontrado, a Corte alerta o gestor. Segundo o Tribunal, a única punição aplicada são multas para quem “não en-
via os dados ou envia dados inconsistentes”. De acordo com a Corte, desde a vigência da lei, 2.196 processos geraram multas – cada processo pode ter dezenas de gestores envolvidos. Não há dados sobre quantas multas foram pagas, quanto foi arrecadado ou quantas prescreveram. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece, por exemplo, que os Estados e os municípios gastem no máximo 60% da Receita Corrente Líquida (RCL) com pessoal. Para a União, o índice é de 50%. Já em relação ao endividamento, o limite é de 200% da RCL para Estados e 120% para municípios. De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, a dívida consolidada de Minas Gerais em 2019 alcançou 191%. Caso esses limites sejam
extrapolados no caso da despesa com pessoal, a legislação impede a concessão de aumento ou reajuste salarial e a criação de cargos. Além disso, possibilita a redução da jornada de trabalho e salários do funcionalismo. Já para controlar o endividamento, os gastos ficam limitados, e os empréstimos, proibidos. Os responsáveis pela fiscalização dos dispositivos previstos na lei são o Tribunal de Contas da União (TCU) e os Tribunais de Conta Estaduais (TCEs), no caso dos Estados e dos municípios. Alguns Estados possuem ainda um tribunal de contas específico para os municípios, como a Bahia e o Pará. Ligado ao Legislativo, cada tribunal pode ter uma interpretação específica da Lei de Responsabilidade Fiscal e de como
deve ser feito o cálculo da despesa com pessoal. Na avaliação do professor do Ibmec e analista político Bruno Carazza, a lei é positiva. “Hoje, você chega a uma prefeitura do interior, e há um conhecimento sobre RCL, restos a pagar, sobre o que se pode e o que não se pode fazer. Os gestores públicos, de certa forma, têm consciência de que, se descumprirem a LRF, podem vir a ter dor de cabeça no futuro”, analisa. A avaliação é corroborada pelo professor e diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Cedeplar), Frederico G. Jayme Jr. “A lei conseguiu disciplinar minimamente os governos, evitando que eles cometessem desatinos em termos de gastos públicos”, disse.
TCE analisa os dados enviados pelos gestores e pode multá-los EDITORIA DE ARTE / O TEMPO
ENTENDA A NORMA O que é? A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi aprovada em 2000 com o objetivo de criar regras para as finanças públicas e promover uma gestão fiscal responsável
O que diz? A lei determina limites para o endividamento público e para a despesa com pessoal. Além disso, exige que os gestores planejem receitas e despesas e cumpram o que foi previsto no Orçamento. Também são disciplinada as condições em que os entes federativos podem tomar empréstimos e a transferência de recursos da União para Estados e municípios. Outro ponto importante é a transparência: com a lei, os gestores precisam prestar contas periodicamente do que está sendo gasto e arrecadado
FONTE: PESQUISA DIRETA
Conselho de Gestão Fiscal A PEC do Pacto Federativo também cria o Conselho de Gestão Fiscal. Esse órgão está previsto na LRF, mas nunca foi criado. O órgão será constituído por representantes de todos os Poderes e entes federados. O objetivo é garantir a sustentabilidade no longo prazo dos Orçamentos públicos, verificar o cumprimento de exigências fiscais e difundir boas práticas
Propostas de mudanças
Inativos
O sistema de busca da Câmara dos Deputados registra mais de 3.900 propostas de alteração da LRF. No Senado, são 1.330 projetos. Confira algumas mudanças em análise:
O PLP 101/20, chamado de “Plano Mansueto”, foi reapresentado na Câmara dos Deputados no dia 16 de abril. Em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, ele obriga que a despesa com inativos e pensionistas seja considerada na hora de calcular a despesa com pessoal
Em tramitação UNIFICAÇÃO DAS REGRAS A PEC 188/2019, apelidada de “PEC do Pacto Federativo”, foi enviada pelo ministro Paulo Guedes em novembro do ano passado. Um dos dispositivos torna vinculante a interpretação do Tribunal de Contas da União (TCU) em relação a leis complementares que tenham conteúdo fiscal. Se aprovada a proposta, os tribunais de contas estaduais e municipais serão obrigados a seguir a orientação do TCU na análise de contas
Aprovado O projeto de socorro emergencial a Estados e municípios aprovado no Senado na última quarta-feira também instituiu mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal
Despesa com pessoal Anula qualquer ato que aumente a despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao fim do mandato
Concurso público Veta a nomeação de aprovados em concursos públicos caso isso aumente a despesa com pessoal nos 180 dias finais do mandato
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POLÍTICA
Expectativa. Presidente foi questionado por cidadão sobre renúncia ou impeachment e previu reeleição
‘Vou sair em 1º de janeiro de 2027’, promete Bolsonaro EVARISTO SA / AFP
Na internet, governo exaltou ações tomadas contra o avanço da pandemia ¬ BRASÍLIA. Confrontado so-
bre a possibilidade de renúncia ou impeachment, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que vai sair do Palácio do Planalto somente em 1º de janeiro de 2027, sugerindo que será reeleito em 2022. Bolsonaro não quis falar com a imprensa, mas conversou com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente. Em meio ao público, um dos visitantes afirmou: a “democracia pede sua renúncia ou impeachment”. Surpreso com a declaração, o presidente disse: “Vou sair em 1º de janeiro de 2027”. Pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro foram apresentados à Câmara dos Deputados, mas o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não decidiu sobre isso. Bolsonaro esteve em evento para revelação do sexo do filho de Eduardo Bolsonaro, deputado federal do PSL por São Paulo, e Heloísa Wolf. Nas redes sociais, Eduardo publicou um vídeo, no qual ele usa uma arma para estourar um balão, que revelou a cor rosa, indicativo de sexo feminino. Após o evento, Bolsonaro retornou ao Palácio da Alvorada. Perguntado por alguns apoiadores sobre qual o sexo da futura neta, o presidente disse que não responderia para não gerar polêmica.
rio nacional. O primeiro vídeo foi compartilhado na noite do sábado. Assinado pela Secretaria de Comunicação, a peça publicitária de 4 minutos de duração começa com uma mensagem criticando a imprensa que, nas palavras do governo, estaria virando às costas aos fatos e aos brasileiros. Após apresentar uma série de manchetes de jornais nacionais e internacionais criticando a postura do presidente e do governo na condução da pandemia, o vídeo lista medidas de iniciativa do governo federal, intercalando com declarações de Bolsonaro, Paulo Guedes, Onyx Lorenzoni e Nelson Teich sobre a atuação do Planalto da crise. Em outra publicação, feita na manhã de ontem, o presidente compartilhou um segundo vídeo, de uma ação policial no transporte público do Maranhão. Nas imagens, um policial militar aparentemente fiscaliza se as pessoas estão cumprindo regras de isolamento. Além do vídeo, o presidente escreveu uma mensagem criticando o governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB) Horas depois da publicação, Dino respondeu ao presidente em um tweet. “Se Bolsonaro morasse em São Luís, não teria como se deslocar para apoiar coronavírus, passear de jet ski e fazer números de ‘humor’. Por isso ele se preocupou com a restrição a atividades não essenciais. Afinal, o seu atual cotidiano nada tem de essencial para a nossa Nação”, disse o governador do Maranhão.
Polêmica
NA REDE. Horas antes, Jair
Bolsonaro voltou a se posicionar sobre as medidas adotadas para combater o novo coronavírus e criticou a atuação dos governos estaduais e a imprensa. Em duas publicações, Bolsonaro compartilhou vídeos em que presta conta de ações desenvolvidas pelo governo federal, criticou a imprensa e alguns governadores e compilou declarações feitas por ele e sua equipe – sem citar os momentos em que o próprio minimizou o cená-
Referência? Em postagem crítica à imprensa, a Secretaria de Comunicação do governo afirmou que “o trabalho, a união e a verdade libertarão o Brasil”. Internautas e veículos de comunicação apontaram a semelhança com o lema nazista “O trabalho liberta”, que esculpia portões de campos de concentração. O chefe da Secom, Fábio Wajngarten, reagiu: “Abomino esse tipo de ilação canalha, sobretudo nos tempos difíceis pelos quais estamos passando”, disse ele, que é judeu.
Sem entrevistas. Bolsonaro conversou apenas com os apoiadores que se aglomeravam na frente do Palácio da Alvorada, em Brasília JANE DE ARAÚJO/AGÊNCIA SENADO – 12.9.2019
Superou Dilma e Temer
Planalto amplia gasto com cartões Os gastos com cartão corporativo da Presidência República têm sido maiores no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) do que nos de Michel Temer (MDB) e de Dilma Rousseff (PT). Na gestão atual, gastou-se, em média, R$ 709,6 mil por mês, o que representa uma alta de 60% em relação ao governo do emedebista e de 3% em comparação com a administração da petista. Por mês, Dilma Rousseff tinha uma média de gastos de R$ 686,5 mil, enquanto Temer despendia R$ 441,3 mil. Os dados são do Portal da Transparência do governo federal, que reúne informações de 2013 a março de 2020 (fatura mais recente). Os valores foram corrigidos
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Ex-presidente Fernando Collor sofreu impeachment em 1992
‘Se continuar assim, vai afundar’, afirma Collor sobre o presidente ¬ BRASÍLIA. O passeio de Jair
Bolsonaro de jet ski pelo Lago Paranoá, no dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 10.000 mortos pelo novo coronavírus, não passou em branco no perfil do ex-presidente Fernando Collor de Mello no Twitter. Collor, que foi afastado da presidência em um processo de impeachment em 1992, também era adepto das lanchas aquáticas. Na noite de sábado, ele ironizou o vídeo em que Bol-
sonaro aparece tirando fotos com seguidores, todos sem máscara. “Se continuar assim, vai afundar”, vaticinou Collor. A postagem do ex-presidente animou usuários, que passaram a fazer perguntas a ele sobre o seu impeachment. Um deles perguntou quando, para Collor, ficou claro que não escaparia do afastamento. “Quando pedi para que saíssem de verde ou amarelo num final de semana e as pessoas saíram de preto”.
BRASÍLIA.
pela inflação do período. Dilma, Temer e Bolsonaro tiveram as mesmas regras para uso dos cartões. Não houve mudança nos critérios desde 2008, segundo o Palácio do Planalto. Naquele ano, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou restrições, como limitação de saques, diante de compras abusivas realizadas com esse recurso. RESPOSTA. Sem dar detalhes, o Palácio do Planalto afirmou que a maior parcela de gastos efetuados com os cartões corporativos do governo federal foi realizada em apoio às viagens presidenciais em território nacional e viagens internacionais.
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Editorial
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O.PINIAO Duke
CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA O anúncio de dois laboratórios, na semana passada, de que haviam iniciado os testes em humanos de uma vacina contra a Covid-19 alimenta a esperança de superação da pandemia. A expectativa dos fabricantes é que, em dezembro, a medicação já possa ser distribuída nos Estados Unidos. E não é um esforço isolado: na Itália, cientistas obtiveram bons resultados no hospital Lazzaro Spallanzani com anticorpos criados em ratos. No Brasil,a Fiocruz Minas avança no projeto de uma vacina bivalente contra o coronavírus e a tradicional gripe. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma iniciativa global que reuniu mais de R$ 46,5 bilhões para a pesquisa de uma vacina. Cerca de 40 países atenderam ao chamamento – Estados Unidos e Brasil, críticos à OMS, ficaram de fora. Em todo o mundo, há um esforço da comunidade científica para compreender essa nova doença que tantas mortes e prejuízos vem causando. Quando a pandemia estava surgindo, o número de artigos acadêmicos sobre o Sars-Cov-2 quadruplicou em menos de dois meses, e, graças a isso, hoje há uma compreensão melhor de sua ação no corpo e de seus mecanismos de transmissão humana. É um ponto importante para a ciência, longe da qual não se encontrará a saída para a pandemia. Mas, diferentemente da boataria e das fake news, o bom conhecimento leva tempo para obter e render frutos para a sociedade como um todo. Por isso, ainda que os sucessos iniciais das pesquisas devam ser comemorados, é essencial não baixar a guarda dos cuidados preventivos: o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização correta das mãos e de objetos de uso pessoal. Só assim, aliando conhecimento e consciência, é que a humanidade conseguirá vencer o seu maior desafio existencial.
FUNDADOR PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE DIRETOR EXECUTIVO
Vittorio Medioli Laura Medioli Marina Medioli Heron Guimarães
GERENTE COMERCIAL
EDITORES EXECUTIVOS
Alessandra Soares
Renata Nunes Cândido Henrique Silva Juvercy Júnior
GERENTE DE ASSINATURA
Fernanda Rodrigues GERENTE INDUSTRIAL
Guilherme Reis GERENTE DE CIRCULAÇÃO
Isabel Santos GERENTE ADMINISTRATIVO
Rômulo Lima
COORDENAÇÃO DE JORNALISMO
Flaviane Paixão EDITORES
Primeira: Marina Schettini Política: Ricardo Corrêa Opinião: Frederico Duboc Economia: Karlon Aredes Brasil/Mundo/Interessa: Aline Reskalla Super.FC: Frederico Jota Magazine: Marília Mendonça Fotografia: Daniel de Cerqueira
OPINIÃO
www.dukechargista.com.br
LAURA SERRANO Deputada estadual (Novo) contato@lauraserrano.com.br
Transparência nos dados da Covid-19: Minas dá exemplo Estado é destaque em ranking de qualidade das informações
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inco são os valores que guiam a atuação do meu mandato como deputada estadual: liberdade, responsabilidade, meritocracia, austeridade e transparência. Por isso é que tenho orgulho de divulgar que o Estado de Minas Gerais alcançou a quarta posição no ranking do Índice de Transparência da Covid-19 da Open Knowledge Brasil (OKBR), organização apartidária e sem fins lucrativos que desenvolve e incentiva o uso de tecnologias cívicas e de dados abertos, além de realizar análises de políticas públicas e promover o conhecimento livre, de forma a tornar a relação entre governo e sociedade mais transparente e participativa. O Índice de Transparência da Covid-19 avalia a qualidade de dados e informações relativos à pandemia do novo coronavírus que têm sido publicados pela União e pelos Estados brasileiros em seus portais oficiais. Informações da própria organização indicam que a metodologia aplicada considera três dimensões baseadas nos princípios de dados abertos, que são aqueles que podem ser livremente usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer pessoa. Cada uma das dimensões – conteúdo, granularidade e formato – possui os seus indicadores, e são utilizados diferentes pesos para a composição do
valor final. O objetivo principal da organização é que sejam apontados caminhos viáveis para que as secretarias estaduais e o governo federal aprimorem sua divulgação dos dados, por meio da publicação padronizada de um conjunto mínimo de informações. Os dados e a
É um governo aberto, disposto e, sobretudo, transparente. Mesmo que as notícias ou as medidas sejam duras e difíceis, elas são ditas e realizadas. qualidade com a qual são divulgados podem ser determinantes para o aperfeiçoamento de medidas que salvam vidas. Estar em quarto lugar no ranking de transparência é muito mais do que ocupar uma posição. Significa alcançar nível de transparência alto no que tange às informações sobre a pandemia e que reflete o compromisso do governo de Minas com a transparência, inclusive nos momentos de crise. Segundo o Ministério da Saúde, Minas Gerais é o terceiro Estado brasileiro com a menor taxa de óbitos por 100 mil habitantes, o que revela um dos melhores desempenhos no combate ao novo
coronavírus no país. São notícias que demonstram toda a competência e trabalho do Poder Executivo – e, nesse caso, em especial da Controladoria Geral do Estado e da Secretaria de Estado de Saúde – em fazer tudo o que está ao alcance para que Minas seja antifrágil nesse momento. Sim, antifrágil, e não apenas resiliente. A resiliência é a habilidade de se adaptar e retornar à neutralidade após vivenciadas adversidades. Já a antifragilidade é a habilidade de crescer e se tornar uma versão melhor enquanto supera os desafios, aproveitando as oportunidades e gerando muito aprendizado. Ser referência e estar à frente de grandes ações tem sido a marca do governo Zema. Apenas para recordar, no fim do ano passado, nosso Estado foi selecionado juntamente com outros seis entes federados para participar do Programa da Transparência Internacional contra a corrupção, frente de atuação que foca o ataque às práticas irregulares no setor público. É um governo aberto, disposto e, sobretudo, transparente. Mesmo que as notícias ou as medidas sejam duras e difíceis, elas são ditas e realizadas. Como certa vez disse nosso vice-governador Paulo Brant: “Nós podemos desagradar, mas não vamos enganar ninguém”. É isso que a população mineira espera: transparência e resultado.
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OPINIÃO
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entre aspas
“Há uma incerteza gigantesca, e temos de ser humildes para olhar adiante.” Nicholas Kristoff
“Fake news são um crime contra a humanidade e custam vidas.” David Uip
COLUNISTA DE “THE NEW YORK TIMES”
MÉDICO INFECTOLOGISTA
Sobre o risco de subestimar a Covid-19
Acerca da desinformação na pandemia
Ricardo Lebourg Chaves
Discussão sobre origem dos escritos sagrados
Advogado, professor de direito e cristão gnóstico ricardolebourg@yahoo.com.br
O Evangelho Cristão “Q” ou a Fonte “Q”
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uito se tem discutido, ao longo da história da cristandade, sobre as verdadeiras origens dos escritos sagrados atribuídos aos evangelistas Mateus e Lucas. De fato, não sabemos com exatidão histórica nem bíblica quais são as bases literárias cristãs que foram utilizadas, como fonte de pesquisas, para se escreverem os ensinamentos revelados pelo “Khristós”. É nesse contexto histórico, bíblico e literário que podemos enquadrar, sem dúvida alguma, o Evangelho “Q”, o qual é também conhecido, nos meios acadêmicos e teológicos, como Fonte “Q” ou Documento “Q”.
Conforme alguns pesquisadores ligados à fé cristã primitiva, esse evangelho foi realmente utilizado como fonte de estudos para se escreverem os Evangelhos canônicos apenas atribuídos ao apóstolo Mateus e ao evangelista Lucas. Assim, a Fonte “Q” é, de fato, um material literário e espiritualista de autoria desconhecida muito similar ao Evangelho Gnóstico de Tomé e que remonta aos escritos cristãos considerados genuinamente de primeira geração. Segundo os ensinamentos do biblista Burnett Hillman Streeter, o Documento “Q” foi escrito originalmente em língua grega, bem como tinha um estilo literário funda-
mentado em aforismos, provérbios ou axiomas atribuídos a Jesus. Devemos ressaltar, ainda, que esse evangelho consiste no material literário de conteúdo comum e coerente encontrado, simultaneamente, nos Livros de Mateus e Lucas. Percebam, portanto, que esse fato histórico e literário comprova, de certa maneira, que a Fonte “Q” foi realmente utilizada como instrumento de estudos para a elaboração de grande parte dos Evangelhos sinóticos. Além disso, e para o biblista José Lázaro Boberg, a Fonte “Q” revela, igualmente, um estilo literário totalmente distinto dos escritos atribuídos
a Mateus e Lucas, pois o Documento “Q” não se baseia, em hipótese alguma, no estilo literário narrativo presente, em grande parte, nos evangelhos tradicionalmente oficializados pela Igreja. Ressaltamos, ainda, que esse manuscrito muito pouco conhecido pelo povo cristão não faz nenhuma menção, em seu conteúdo sagrado, sobre a crucificação e consequente ressurreição carnal do “Khristós”, o que é perfeitamente compatível com os ensinamentos que constam dos papiros coptas e gnósticos encontrados em Nag Hammadi, no Egito. Lembramos, igualmente, que as epístolas gnósticas paulinas também não se re-
ferem à ressurreição do corpo físico, uma vez que a ressurreição, para Paulo, atinge tão somente o corpo espiritual. Vejam: “Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual (1Co 15:44). Por fim, não podemos nos esquecer de que os Evangelhos canonônicos foram impostos, de forma totalitária, pelo Império Romano e pela Igreja ao povo cristão. Além disso, a Fonte “Q” e os pergaminhos gnósticos também revelam, claramente, que os livros oficializados foram, ao longo dos séculos, maliciosamente adulterados pelas Igrejas Católica, Evangélica e Protestante.
Jarlon Nogueira
Pandemia dá nova visão à categoria
Chief executive officer da AgregaTech
FACEBOOK/PORTALOTEMPO
O país e os caminhoneiros
Bella Gonçalves Elias Nogueira Saade
A vereadora Bella Gonçalves, com seu “populismo de fachada”, narra no artigo “Saúde não precisa de CEP” (Opinião, 30.4) os problemas das “ocupações” de Belo Horizonte, imputado omissões ao prefeito Marcio Lacerda, quando, na verdade, a “invasão” Dandara e outras aconteceram na gestão de Fernando Pimentel (PT), que era contra, afirmando que deveriam entrar na “fila” de espera de programas da prefeitura.
Guarda Municipal Luiz Andrada
A PBH faria um imenso favor ao cidadão extinguindo a Guarda Municipal, que, de fato, não guarda coisa nenhuma. Além do mais, o uso de arma de fogo por eles é algo temerário e sintoma da irresponsabilidade da administração municipal. Não bastassem as tragédias que ocorrem por servidores da segurança incompetentes, que disparam suas balas ao deus-dará, temos mais um grupo armado que, a mim, amedronta.
Multas Claudio Navarro
O dinheiro das multas referentes a falta de agentes de bordo nos coletivos deveria ser investido em hospitais públicos. As cartas enviadas para esta coluna devem ter, no máximo, 400 caracteres.
A
o contrário de outras nações, que utilizam a malha ferroviária para escoar sua produção, o Brasil confia no transporte rodoviário para levar comida do campo à mesa das pessoas, distribuir a produção das indústrias e dar vazão às exportações. E desde a vinda da família real para o Brasil, em 1808, é assim. Na década de 20 do século passado, começaram os primeiros investimentos fortes para a abertura de estradas. O modelo foi consolidado com a criação do (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) em 1937 e a criação por Getúlio Vargas, em 1938, do Plano Rodoviário Nacional. Hoje, no país, cerca de 82% das cargas são transportadas por caminhões, segundo a Fundação Dom Cabral. Somos dependentes do transporte rodoviário. A mesma pesquisa da Dom Cabral apurou que os supermercados têm estoque médio para dez dias, enquanto os pos-
tos de combustíveis conseguem atender os clientes durante cinco dias. Já a cadeia de carne, que envolve desde a criação até a engorda dos animais, sete dias. Isso explica com perfeição o caos do desabastecimento acontecido, no ano de 2018, quando houve a greve nacional dos caminhoneiros. Mas a luta por melhores fretes e condições de trabalho não ajudou a melhorar a imagem desses mais de 2 milhões de profissionais brasileiros – ao contrário. Infelizmente, os motoristas ainda são muito mal vistos pela sociedade. Encarados como pessoas sem instrução, grosseiras e com má fama, a marginalização faz parte do cotidiano desses homens e mulheres. Porém, a maioria, que critica, não vê as dificuldades encontradas por esses profissionais. Desde o alto custo com combustível à insegurança, as dificuldades nas estradas são muitas. Mas, quem diria, a situação
forçada pela pandemia do coronavírus pode se revelar um divisor de águas também para os caminhoneiros. São eles que levam nas costas, Brasil afora, os medicamentos, as máscaras e os respiradores que todos tanto precisam. E, enquanto quem pode se isola socialmente, eles se arriscam para que não haja desabastecimento nos supermercados. Você já tinha parado para refletir sobre isso? Independentemente de posição ou visão política, são eles que de fato não deixarão o país parar. A Covid-19 não impede o profissionalismo dos caminhoneiros. E a sociedade está se comovendo e reconhecendo essa ação, oferecendo comida, carinho e até aplausos. E se o país não mergulhar em um profundo caos letárgico pela falta de abastecimento, temos que agradecer a estes profissionais. Faça, então, a sua parte, mude o seu mindset e veja-os de uma maneira mais humanizada e empática.
a
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José Reis Chaves
aMoro nos EUA, li o artiVenancio Carmo
go “A reencarnação foi ensinada por papas, e está no Decálogo”, de José Reis Chaves, (Opinião, 23.6.14) e senti vontade de o contatar, pois estou escrevendo um livro a respeito de viagem astral. Ele conta a minha jornada e pesquisa até encontrar a União-Do-Vegetal. Trata-se também de defender e difundir a teoria da metempsicose. Tenho memórias de momentos perto da morte – acredito serem parte de três vidas passadas – e outras de eventos históricos que eu sinto ter estado presente.
Futebol
aUma sugestão aos cluEduardo Gomes Batista
bes para voltar a jogar é o “delivery de futebol”, transmitindo jogos via internet, com bilhete virtual com QR Code para autenticação, limitado à capacidade do estádio. O preço seria igual ou menor do que o cobrado pelo assento no campo, e o serviço independe do pay per view.
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12 | O TEMPO BELO HORIZONTE | SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020
Economia |
A pandemia do coronavírus vai acelerar processos de interação entre empresas e consumidores, tornado os meios digitais fundamentais. Segundo Antonio Filosa, presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina, uma das questões alavancadas neste momento de isolamento é o aspecto digital de qualquer compra, desde a simples busca de produtos pela internet até fazer o pedido online. Quase 95% das concessionárias do grupo estão abraçando essas ferramentas de engajamento do cliente. “Elas estão conversando com os clientes pelas redes sociais e engajando-os na descoberta dos nossos serviços”, disse. Em entrevista para a Live do Tempo na última segunda-feira, Filosa disse que acredita na retomada do setor no Brasil, mesmo diante do inevitável recuo nas vendas neste primeiro momento, com projeção de queda de até 40% na demanda no país neste ano. “Sabemos que as vendas vão retomar em níveis muito inferiores e, para retomá-las, temos que entender ainda
Antonio Filosa
Investimentos mantidos e mais engajamento com os clientes
“Quase 95% das nossas concessionárias estão abraçando processos digitais de engajamento do cliente. Estamos conversando com os clientes pelas redes sociais.” Antonio Filosa
PRESIDENTE DA FIAT CHRYSLER AUTOMÓVEIS (FCA) PARA A AMÉRICA LATINA
Para o presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva, considerandose a cadeia completa de valor do setor automotivo, um dólar cima de R$ 5 no Brasil pode favorecer fornecedores nacionais. O câmbio tem impacto grande nos negócios das montadoras, e essa repercussão tem que ser absorvida ou repassada em mudanças de preços ou em redução de custos internos, segundo sua avaliação. “Isso abre portas para fazer investimentos no Brasil, devido à necessidade de se reduzir a exposição em moedas fortes, como o dólar, o iene ou o euro. Com dinheiro limitado, os investimentos vão ser feitos naquilo que dá um retorno mais rápido”, completou, ao participar da Live do Tempo, na última terça-feira (5). Segundo ele, a pandemia traz impacto para todos, mundialmente, e ainda mais para o Brasil, que está voltando da crise de 2015 e 2016. Segundo ele, a pandemia neste momento de retomada adia todos os planos do setor produtivo. “O impacto é gigante, principalmente no fluxo de cai-
Marco Silva
Cadeia produtiva nacional pode ter um maior protagonismo
“Há impacto nos nossos investimentos e programas e vamos refazê-los conforme o andamento da pandemia e da melhoria do mercado e do país.” Marco Silva PRESIDENTE DA NISSAN DO BRASIL
mais o cliente que está chegando. Esse entendimento é maior quando engajamos o consumidor digitalmente. Também precisamos de mais presença nas mídias, vamos ter políticas de ações de vendas diretas e nas concessionárias”, disse. Segundo ele, uma das ações contra os problemas de caixa provocados pela pandemia é a postergação de alguns investimenARQUIVO PESSOAL tos. Em Betim, o lançamento da Strada teve que ser adiado em razão da pandemia de coronavírus. A Strada está pronta, e o investimento foi feito. Foram dois anos de projeto, envolvendo 1.500 engenheiros e 300 designers na cidade, revela Filosa, que também informou que dois SUVs planejados em Betim vão ser adiados entre três, seis ou 12 meses: “Isso depende de como passaremos pelo próximo trimestre. Mas nenhum investimento, da Fiat ou da Jeep, será cancelado, só adiado”. Betim representa a maior fatia do investimento do grupo em curso no Brasil, de R$ 16 bilhões, até 2024 – que deve ser estendido para 2025 agora, informa Filosa.
xa. Há um fluxo de entrada interrompido, e continuamos tendo que fazer pagamentos. Toda indústria é impactada por isso. Os investimentos seriam feitos baseados em entradas vindas da matriz e com fundos próprios do Brasil, mas essa ideia se encerrou com a pandemia. Há impacto nos nossos investimentos e nos programas, e vamos refazê-los conforme o andamento da pandemia e da melhoARQUIVO PESSOAL ria do mercado e do país”, completa o presidente da montadora, que tem unidade fabril em Resende, no Rio de Janeiro. Segundo ele, a pandemia vai deixar um legado que é uma relação mais direta entre montadora e cliente. “Isso abre portas para várias oportunidades de negócio. Temos que ver a pandemia de forma positiva, quanto à forma como o cliente vai mudar o modo como compra e interage com as empresas, além da forma como ele financia o carro e se transporta”, completa. Ele aguarda mais apoio do governo, como subsídios para desenvolver novas tecnologias no país – por exemplo, as que inviabilizariam a fabricação de carros elétricos.
Retomada. Montadoras que atuam no Brasil iniciam volta gradual da produção a partir da segunda quinzena de maio
Conforto san na mira do c
Aquisição de veículo pessoal pode ser tendência pós¬ KARLON AREDES ¬ A cadeia da indústria auto-
motiva representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto do Brasil e gera, de forma direta e indireta, mais de 1 milhão de empregos. Esses números mostram a importância do setor, que, assim como vários outros do Brasil, enfrenta grandes desafios diante da crise gerada pela pandemia do coronavírus e aguarda profundas alterações em seus negócios e no comportamento do mercado. Ricardo Bacellar, líder do setor automotivo da KPMG Brasil, analisa esse momento do setor. “Já vivemos muitas crises, mas essa atual trouxe alguns elementos novos em relação aos eventos anteriores. Eu poderia destacar dois deles. Essa pandemia atacou o elemento mais sensível de qualquer negócio: o cliente. E, com o distanciamento social, esse cliente saiu das ruas. E, saindo das ruas, saíram das lojas, das fábricas. Tudo ao mesmo tempo, o que criou uma crise sem par na história. Outro elemento é que participamos de um negócio global. E essa crise, ao contrário das demais, é global e está atacando tudo ao mesmo tempo”, afirmou Bacellar. Diante disso, ele disse que é fundamental que a indústria esteja muito atenta a qualquer transformação que deva ocorrer. “Principalmente porque qualquer tipo de consumo fica muito influenciado pela percepção do valor de compra”, completa. Segundo ele, a percepção do valor de compra é composta por uma série de itens
que se modificam de acordo com o ambiente social. Na China, onde a vida começa a voltar ao normal, o consumidor está privilegiando alternativa de veículo pessoal, ainda de acordo com Bacellar – ou seja, voltando a ter o próprio carro em detrimento das alternativas de deslocamento coletivo. “As pessoas estão se interessando a voltar ter o próprio carro, porque a percepção de conforto sanitário passou a ocupar um pedaço da caixinha de percepção de consumo”, disse. Esse comportamento, afirmou, também pode acontecer no Brasil.
“As pessoas estão vo em ter o próprio ca sanitário passou a da caixinha de perc Ricardo Bacellar
LÍDER DO SETOR AUTOMOTIVO DA
O TEMPO BELO HORIZONTE| SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020 | 13
ECONOMIA LEO LARA/DIVULGAÇÃO
q Dólar Valores em R$
nitário está consumidor
-pandemia, assim como meios digitais de compra KPMG BRASIL/DIVULGAÇÃO
Segundo ele, a retomada mais imediata após a pandemia vai ficar no mercado de caminhões, por exemplo, porque o agronegócio sofre menos influência. “No mercado de passeio, vamos ter que olhar outros indicadores, como se a massa empregada vai continuar grande, se a parcela de salário que foi retirada agora vai ser restaurada, se o consumidor vai voltar a ter confiança”. Para ele, o setor tem que retomar as pautas diversas que vinha tratando: investimento grande no aperfeiçoamento na linha de produção, nos produ-
oltando a se interessar arro, porque conforto ocupar um pedaço cepção de consumo.”
A KPMG BRASIL
tos, trazendo novidades, como veículos elétricos, isenção tributária para desenvolvimento de tecnologia e conectividade, necessidade de diversificar rede de fornecedores e de aperfeiçoar rede de distribuição. A KPMG fez uma pesquisa que apontou o grande interesse do brasileiro no veículo elétrico. “Perguntamos: se tivesse à disposição, você compraria? Deu mais de 80% de assertividade. Claro que essa pergunta não embutiu nenhum componente de preço, porque a gente queria entender a aceitação do veículo elétrico. Outro lado é a viabilidade de produção no Brasil. Antes da Covid, a gente já discutia os desafios para colocar a produção de veículos elétricos no Brasil pelo custo. Uma bateria de carro médio no ano passado custava US$ 9.000. Imagina um componente custar tudo isso? Então, o desafio para produzir veículos elétricos aqui é muito grande. E eu não estou falando da capacidade tecnológica de produzir isso aqui, de ter fornecedores capacitados. Essa é uma das pautas que provavelmente serão adiadas por causa da pandemia”, disse. Segundo ele, governos de vários países colocaram datas para o fim da produção e até circulação de carros a combustão. Alguns locais já iniciariam o processo em 2025. “Esses prazos têm que ser revistos agora”. Ele coloca o etanol como uma alternativa mais limpa para o mercado de imediato, uma tecnologia que o Brasil já detém. “O cenário aponta o etanol como grande alternativa brasileira”, completa.
08/05/2020
comercial paralelo
turismo
COMPRA
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5,7408 5,84
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VENDA
VENDA
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5,7418 5,94
5,903
08/05/2020
q Ouro q Euro 7 Bovespa
As montadoras começaram a conversar com o BNDES, com representantes do Ministério da Fazenda e com o ministro Paulo Guedes para a injeção de liquidez no sistema. Segundo Pablo Di Si, presidente da Volkswagen do Brasil, não só as montadoras, mas, principalmente, as concessionárias e os fornecedores precisam de crédito facilitado. “Também estamos conversando com bancos privados. Nos próximos três, quatro meses, todos vão precisar de cerca de R$ 40 bilhões em caixa para sobreviver até que o mercado comece a decolar após a pandemia”, disse. Segundo ele, o mais importante é que o mercado comece a retornar de forma gradual e que possa “abrir de forma segura, com protocolos e muita disciplina para a roda voltar a girar”. “Se continuarmos esperando, o buraco vai ficando cada vez maior”, disse em entrevista para a Live do Tempo, na quartafeira (6). Segundo ele, este momento é de congelar todos os investimentos, mas isso não significa sus-
Pablo di Si
Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul, cobra que os cortes históricos na taxa básica de juros, a Selic, também cheguem ao consumidor final. “Entendemos que os bancos tendem a ser mais cautelosos em época de crise, mas essa questão da transmissão lenta da Selic (que hoje está em 3%) para a ponta do consumo estava acontecendo antes da pandemia”, diz. Segundo ele, “juro bom é juro baixo”. “Ao comprar um carro hoje, paga-se um juro de 18%, e não estou incluindo os descontos feitos pelas próprias montadoras, quando se compra um veículo em promoção, com juros ou entrada menores. A montadora paga a diferença, seja para o próprio banco ou para o banco privado. Essa questão do crédito é um desafio”, completa o executivo que, na última quinta-feira (7), participou da Live do Tempo. A Ford tem três fábricas no Brasil (Bahia, Ceará e São Paulo). Recentemente, ela encerrou as atividades de uma segunda fábrica em São Paulo. Mas isso, garante Golfarb, não vai
Rogelio Golfarb
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TEL: (31) 2101-3926 Editor: Karlon Aredes karlon.aredes@otempo.com.br Atendimento ao assinante: 2101-3838
80.263
pendê-los ou cancelá-los. “Agora, precisamos preservar nosso caixa e nossa liquidez. Então, decidimos congelar investimentos por 90 dias e, nos meses de junho e julho, reavaliaremos o mercado”, disse. Segundo ele, o mercado da China, por exemplo, voltou à normalidade e teve boas vendas: “Muitas pessoas lá estão recorrendo a carros mais econômicos ALEXANDRE MOTA/6.3. 2020 e estão comprando porque não querem utilizar o transporte coletivo, por medo do coronavírus. Acho que é possível que isso aconteça no Brasil, mas precisamos entender qual será o volume e a segmentação do mercado”. “Há dois anos, quando a empresa começou com as concessionárias digitais, eu dizia que, em cinco ou seis anos, o tamanho da concessionária diminuiria drasticamente. Porque não vai ser preciso um lugar grande. “Muitos na China estão comprando carros mais Com um tablet e óculos de realidaeconômicos porque não querem utilizar o de aumentada, é possível ir até o transporte coletivo, por medo do coronavírus. cliente que deseje conveniência. Acho que é possível que isso aconteça no Brasil.” Eu estava errado: não demorou cinco ou seis anos, mas um”, completa Pablo di Si PRESIDENTE DA VOLKSWAGEN DO BRASIL Pablo Di Si.
Montadoras e fornecedores precisam de injeçãodecrédito
Juros no país devem cair também para o cliente final
“Os aplicativos são uma realidade e eles precisam de carros. Cabe a nós criar oportunidades nesse cenário. Não os vejo como inimigos, de forma alguma.” Rogelio Golfarb VICE-PRESIDENTE DA FORD NA AMÉRICA DO SUL
acontecer com as outras: “O encerramento dela nos preparou melhor para enfrentar uma crise inesperada, como essa provocada pelo coronavírus, do ponto de visto financeiro e da estrutura do nosso negócio”. No dia da entrevista, a Ford anunciou um novo serviço, o Ford Clean, uma certificação de toda a rede com relação a procedimentos quanto à pandemia, que inclui uso FORD/DIVULGAÇÃO de máscara para todos, limpeza e desinfecção das instalações e regras de distanciamento social. Esses procedimentos também estão na área de serviços. “Quando a pessoa entra nesse local ou deixa seu veículo, o carro, os clientes e os funcionários estão protegidos. O serviço é apenas para veículos da Ford e custa R$ 129”, disse. Segundo ele, a empresa vê os aplicativos de transporte como um mercado. “Os aplicativos são uma realidade e eles precisam de carros. Cabe a nós criar oportunidades nesse cenário. Não os vejo como inimigos, de forma alguma”, disse. As fábricas da Ford vão voltar ao trabalho no Brasil no dia 1º de junho.
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ECONOMIA
Sempre às 14h. Presidentes de quatro bancos com destacada atuação em Minas participam de entrevistas
Live do Tempo entrevista importantes executivos do sistema financeiro O convidado desta segunda-feira é Sergio Gusmão, presidente do BDMG ¬ DA REDAÇÃO ¬ A Live do Tempo des-
ta semana destaca o setor financeiro, com a participação de importantes executivos de bancos com forte atuação em Minas Gerais. Os convidados são Sérgio Gusmão, presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Ana Karina Bortoni Dias, presidente do BMG, Geraldo Ribeiro, presidente da Sicoob, e Luiz Henrique de Araújo, presidente do Banco Mercantil do Brasil. As lives acontecerão de segunda a quinta-feira, sempre às 14h. Nesta semana, conduzirão as entrevistas a apresentadora e colu-
REPRODUÇÃO DAS REDES SOCIAIS
nista do Minas S/A, Helenice Laguardia, e o editor de Economia, Karlon Aredes. Os nossos seguidores podem acompanhar as lives pelo Portal O Tempo (otempo.com.br) e pelas nossas contas no Facebook, Twitter e também no YouTube. Com mais de 100 mil visualizações semanais, a Live do Tempo entra no terceiro ciclo de debates sobre importantes setores da economia. Na primeira semana, os participantes foram Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL-BH, Alexandre Poni, presidente da Amis, André Lacerda, presidente da Sinapro-MG, e Samuel Flam, presidente da Unimed-BH. Na segunda semana, o foco foi o mercado automobilístico, que representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Participaram das entrevistas Antonio Filosa, presidente da Fiat Chrysler na
Live do Tempo: entrevista com executivos do sistema financeiro
América Latina, Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil, Pablo di Si, presidente da Volskwagen do Brasil, e Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul.
TEMA DA SEMANA. A atuação, as
transformações e a importância do sistema financeiro dentro do contexto da pandemia do coronavírus serão o destaque desta semana da Live do Tempo.
O convidado da hoje, Sergio Gusmão, presidente do BDMG, vai falar das ações do banco de fomento neste atual contexto e como a crise afeta a atuação da instituição, que apoia indústrias, pequenos, médios e grandes empreendimentos nos setores público e privado. Amanhã, Ana Karina Bortoni Dias, presidente do BMG, fala um pouco das estratégias do banco na oferta de crédito pessoal, principalmente para aposentados, pensionistas do INSS e servidores públicos. Quarta-feira é a vez de Geraldo Ribeiro, presidente da Sicoob, contar um pouco da atuação de um do maior sistema de cooperativas financeiras do Brasil. Encerra o ciclo de entrevista, na quintafeira, Luiz Henrique de Araújo, presidente do Banco Mercantil do Brasil, que vai debater, entre outros temas, o futuro do crédito consignado.
Sempre às 14h 11/5. Sérgio Gusmão Suchodolski, presidente do BDMG 12/5. Ana Karina Bortoni Dias, presidente do BMG 13/5. Geraldo Ribeiro, presidente da Sicoob 14/5. Luiz Henrique de Araújo, presidente do Banco Mercantil do Brasil Os canais para ver: 8 www.otempo.com.br 8 www.youtube.com/ otempoonline 8 www.facebook.com/ portaotempo 8 www.twitter.com/ otempo
O TEMPO Belo Horizonte | SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020 | 15
INTERESSA Comportamento. Ao mesmo tempo em que trazem novos desafios, recém-nascidos são sinônimo de alento
Nascidos na pandemia, bebês são luz para mães em quarentena FLÁVIO TAVARES
Com o isolamento, paisusam‘drive-thru’ para famílias verem o novo integrante ¬ DANIELE FRANCO ¬ Benício, Antônio e Dante
acabaram de chegar ao mundo. Nascidos em um dos períodos mais turbulentos da história, os bebês trazem ares de esperança – mas também de desafio – ao dia a dia das mães, que precisam dar seus primeiros passos na criação enquanto estão isoladas pela pandemia. No dia 7 de março, quando Benício nasceu, a mãe, a tatuadora Luiza Alvernaz, 31, nem imaginava que estava a uma semana de entrar em isolamento. “O parto foi todo dentro do planejado, com fotógrafa, doula, meu marido, minha mãe, do jeito que sempre sonhei. Só que, nos primeiros dias, não quis receber ninguém, por cuidado mesmo, e, na semana seguinte, já estava impedida pela pandemia”, relatou. Um mês depois, em 7 de abril, foi a vez de Antônio chegar. “Tinha planejado um parto normal. Após muita conversa com minha obstetra, acabei optando por uma cesárea agendada, com meu marido 100% do tempo ao meu lado”, diz a gerente hoteleira Natalia Araújo, 31. O parto de Dante, em 27 de
abril, foi diferente. Daniela Alves, 39, optou por dar à luz em casa. “Tive que deixar tudo com as condições necessárias para uma experiência ainda mais segura”, diz a pedagoga, que já era mãe de Bento, 4.
Cuidados
Primeiro mês após parto já é desafiador
DESAFIOS. Conhecer os paren-
tes também tem sido uma experiência diferente. “Há duas semanas, já meio cansados do isolamento, colocamos o Antônio no bebê conforto, no carro, e fomos dar uma volta. Passamos na casa de parentes para eles verem o pequeno pela janela do carro. Eles de máscara e distantes, e nós dentro do carro. Chamamos de ‘drive-thru de neném’!”, brincou Natalia. Daniela também usou o “drivethru de neném” para apresentar Dante aos familiares. “Apesar de ter acalmado o coração, acaba deixando-os mais apreensivos”. FUTURO. Para o futuro, as
mães planejam mostrar a importância dos pequenos nesse momento desafiador. “Quero muito falar pro Dante que ele foi sinônimo de esperança”, revela Daniela. “Quero contar que ele (Benício) vem de uma geração de esperança, que foi amado, esperado mesmo à distância”, diz Luiza. Para Natalia, Antônio vai aprender desde cedo a importância de “alguns sacrifícios para deixar todos em segurança”.
A psicóloga clínica Zaine Martins aponta o puerpério – o primeiro mês pós-parto – como um momento já de desafios para as mães em qualquer contexto. “Somos de uma cultura na qual esses primeiros cuidados são compartilhados, e não podendo compartilhar, com todas as oscilações hormonais do puerpério, a mãe pode ter sintomas de ansiedade e até evoluir pra depressão pós-parto”, alerta. Para amenizar essa vivência, a especialista indica a manutenção do contato virtual por videochamadas. “Mostrar a um parente que esteja distante um momento de banho, por exemplo, dá uma sensação maior de acolhimento”, diz. “É importante circular pela casa com o bebê, deixá-lo dormir de dia em outros espaços que não sejam o quartinho dele, para criar hábitos”, complementa a enfermeira Paula Vereza, especialista em cuidado materno-infantil. (DF)
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Planejamento. Daniela com os filhos Bento, 4, e Dante; a pedagoga optou por dar à luz o caçula em casa
RAMON BITENCOURT
Presente
Foto no isolamento traz afeto POLLY ARAÚJO / DIVULGAÇÃO
“Fotografia de porta em porta”. Esse é o nome do projeto que a fotógrafa Poliane Almeida de Araújo, 28, realizou para presentear algumas mães durante a pandemia. Ela foi até a porta de casa de algumas mães e as fotografou de graça para levar um pouco de carinho em meio ao isolamento social. Foram 18 mães fotografadas ao lado das pessoas com quem elas estão passando o isolamento social. Elas acharam que as fotos iriam somente para o Instagram da fotógrafa, mas, ontem, recebe-
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Homenagem com flores. A autônoma Elisangela Rosa, 37, chegou a uma floricultura em Belo Horizonte ainda nas primeiras horas de ontem para comprar um presente para a mãe e lembrancinhas para as tias. “Sempre que posso, compro flores”, conta.
ram uma surpresa. A fotografia de cada uma foi revelada e entregue na casa delas, na caixa de correios, junto com uma carta da psicóloga Camila Marçal que também integra o projeto. “Na maioria das vezes, só percebemos o quão importante foi um acontecimento em nossas vidas depois que ele passou. Nesse caso, está sendo bem diferente. Sabemos que estamos vivendo um momento que está mudando nossa história”, disse Poliane, ou Poly, como é conhecida. (Natália Oliveira)
Lais Lopes, 36, e a filha Lara, 2: ensaio fotográfico alivia a tristeza
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1941 - 2020 Um dos nomes mais importantes da literatura brasileira, escritor, de 78 anos, estava internado há uma semana FABIO SEIXO/AGÊNCIA O GLOBO – 1.11.2003
¬ RIO DE JANEIRO. No país do
conto, desbravado por Rubem Fonseca e Dalton Trevisan, o ambiente urbano viu outro escritor do mesmo calibre consolidar a obra mais sensual que a literatura brasileira já teve notícia: Sérgio Sant’Anna. Aos 78 anos, o escritor carioca, que estava internado há uma semana, morreu ontem, vítima da Covid-19. De acordo com seu filho, o também escritor André Sant’Anna, o pai vinha melhorando e saindo da sedação – mas teve uma parada cardíaca na madrugada do domingo. Nascido no Rio de Janeiro, em 1941, Sérgio Andrade Sant’Anna e Silva foi talvez o pós-modernista brasileiro mais importante da nossa literatura, unindo sabedoria com um profundo interesse pelas letras, ao mesmo tempo em que nutria um ceticismo sobre qualquer papel idealizado da literatura na nossa sociedade. Essa visão influenciou mais de uma geração de escritores. Acostumado a distinções e reconhecimentos críticos, Sant’Anna continuou criando até o fim da vida, nos seus textos ficcionais, uma ambientação sensual para reflexões profundas que encontra poucos paralelos na literatura brasileira contemporânea. A proliferação de sua escrita contrasta com a construção da frase em seus textos, pensada como elemento estético-político, sempre tratada com elegância mesmo na ativa participação do escritor nas redes sociais. Sua tendência à experimentação formal é facilmente detectada no trânsito que sua obra mantinha com diversos gêneros, embora ele mesmo reconhecesse no conto o seu métier principal. “Me dou melhor com formas mais breves”, disse o escritor num encontro com leitores em Curitiba, há dez anos. Ele gostava de citar, em textos ficcionais e nas entrevistas, sua “experiência mineira” – viveu por 12 anos em Belo Horizonte –, mas o Rio de Janeiro acabou sendo sua principal morada, real e literária. “O Rio é mesmo o meu cenário, pois nasci e vivi aqui”, disse ele ao jornal “Estado de S. Paulo”, em 2017. “Mas também morei em Belo Horizonte por 12 anos, esta-
Covid-19 leva Sérgio Sant’Anna Sant’Anna em foto de 2003; escritor estava em plena atividade aos 78 anos
da que, pela convivência com muitos artistas, foi fundamental na minha formação literária”, contou. Suas obras foram traduzidas para alemão, italiano, francês, espanhol e tcheco, e ele venceu, entre uma lista enorme de outros prêmios, quatro vezes o Jabuti, três vezes o APCA e o prêmio da Biblioteca Nacional. Diversos de seus trabalhos foram adaptados para o cinema e para o teatro. Mais recentemente, Sérgio Sant’Anna publicava diariamente na sua página no Facebook opiniões incisivas sobre o estado político do Brasil, lamentava a perda de amigos e colegas, como Rubem Fonseca, mas também pedia aos amigos contatos nos jornais, que usou para publicar dois textos inéditos em abril e maio, um na “Folha de S.Paulo” e um na revista “Época”. “Meus queridos e minhas queridas, não quero assustar ninguém, mas acho a peste que nos assola simplesmente aterrorizante. Não encontro outro modo de reagir se não escrevendo”, disse ele no dia 23 de abril. A peste levou Sérgio Sant’Anna, mas a peste não pode levar de quem ficou as suas palavras, eternas.
Renovador do conto nacional Contista por excelência, Sérgio Sant'Anna também transitou por outros gêneros literários. Confira abaixo quatro livros para conhecer sua obra. CIA. DAS LETRAS/DIVULGAÇÃO
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Formação literária em BH
Amigos mineiros lamentam perda A morte do escritor Sérgio Sant’Anna foi muito lamentada no meio literário mineiro. Para o escritor e jornalista Humberto Werneck, Sérgio foi mais que um grande escritor e um dos ficcionistas mais finos que o país teve nas últimas décadas: “Foi também um caso exemplar – e raro – de integridade artística e de fidelidade à literatura”. Werneck e o amigo se conheceram em meados dos anos 60, quando o carioca passou uma temporada em BH. Ao todo, Sérgio morou na capital mineira por 12 anos, e a cidade teve papel decisivo em sua formação literária, a ponto de ele dizer, em entrevistas, que não se tornaria escritor se não tivesse vivido na cidade. “Em seus começos, de que fui testemunha, ele esteve hesitante, sinal de que não lhe interessava o brilho fácil. Mas quando finalmente se decidiu, fez da literatura o centro de sua vida, e dessa mis-
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são prioritária nunca mais se afastou”, conta. Diretor do “Suplemento Literário” há 11 anos, periódico criado por Murilo Rubião em 1966 e no qual Sérgio publicou alguns de seus primeiros textos, Jaime Prado Gouvêa conheceu o carioca em 1968. Em BH, ele teve contato com a turma do Clube da Esquina e ficou muito amigo de Fernando Brant. Sérgio também morou nos EUA e na Europa, o que, segundo Gouvêa, deu à literatura do contista um caráter universal. “Ele publicou cada livro melhor que o outro, foi um dos destaques da chamada ‘Geração do Suplemento’. Fica para mim o grande ficcionista, que realmente ocupava um lugar de referência, estava no nível do Dalton Trevisan e do Luiz Vilela”, diz Jaime. “Ele estava em plena atividade, é uma perda terrível”. (Bruno Mateus)
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Pandora
MAGAZINE
Máscaras de proteção:
o novo acessório da moda? RAMON BITENCOURT
A alta demanda do item é resultado da necessidade de se proteger contra o coronavírus e, ao mesmo tempo, do desejo de se diferenciar na multidão
Lado social
DNA fashion sem intenção de lucrar
¬ LORENA K. MARTINS ¬ “Ela veste muito bem. É feita
O JAMBU/DIVULGAÇÃO
A marca mineira O Jambu incluiu a máscara protetiva em sua produção. O modelo custa R$ 30 e é feito de neoprene com alças ajustáveis
A Blade Alfaiataria vem fazendo máscaras com tecido nobre para facilitar a respiração; faz por encomenda e até individual com modelagem de alfaiataria
mercado, sem esquecer do knowhow da alfaiataria”, explica o alfaiate. Alguns modelos são estampados à mão, com tinta de tecido, e arrematadas com a etiqueta do ateliê. E, em casos especiais, há a possibilidade de a máscara ser confeccionada de forma personalizada com as medidas do rosto de cliente. O valor da unidade é R$ 10. Embora o Ministério da Saúde tenha também incentivado a produção de máscaras caseiras de tecido, há a possibilidade de comprá-la pronta. A alta demanda foi um aval para que muitas marcas incluíssem em sua produção o item de proteção para a venda. Acostumada a produzir bolsas, a marca mineira O Jambu passou a produzir o acessório em neoprene forrado e acabamento com elástico regulável ao tamanho do rosto de cada usuário. “A máscara veio como uma necessidade, e me senti qualificada para desenvolver uma peça que tivesse todos os requisitos necessários de proteção, com cuidado e eficiência”, disse a designer Carol Maqui, da O Jambu. O acessório é dado como brinde após compras a partir de R$ 300 pelo site, e a unidade sai a R$ 30. Longe do minimalismo, o acessório tem sido visto com estampas dife-
renciadas, tecidos nobres e acabamentos primorosos que, muitas, vezes, são responsáveis por categorizá-lo como status, o que não tem pegado muito bem. Esse foi o caso da máscara que estava à venda na loja virtual da marca carioca Osklen, por R$ 147, e que gerou muitas críticas. Na semana passada, a etiqueta recuou na comercialização do item. Internautas acusaram a marca de oportunismo e, em resposta, a Osklen disse que repensará o projeto. Artigo de moda. De acordo com o stylist e consultor de moda Rodrigo Cezario, uma vez que a máscara se tornou um acessório de moda, ela também é uma forma de expressar a identidade. As opções são até pensadas para combinar com o look no dia a dia. “É um produto vendável, as pessoas precisam comprá-lo; e é natural que tenha uma informação de estilo. As pessoas continuam querendo se expressar através da sua imagem. É normal que escolham uma máscara condizente com a sua personalidade”, opina.
Apesar de a venda de algumas peças com o preço nas alturas, como a máscara confeccionada pela Osklen, e o uso de modelos grifados por celebridades, Cezario não vê risco de a peça se tornar sinônimo de desigualdade: “O foco é que a pessoa fique protegida. Tudo bem se ela tem a condição de comprar uma máscara mais cara, mas é importante que fique atento às pessoas que estão no entorno, se têm condições de ter uma máscara e, senão, ajudar”. A inclusão do item durável na grade de produção da O Jambu tem o objetivo de ajudar também a manter a empresa e os funcionários. “Não acho que a máscara que produzimos é somente um acessório de ostentação. Ela carrega um discurso condizente com a nossa marca. Se é para ser fashion, que seja por esse lado”, opina.
CONTRIBUIÇÃO. “Algo que es-
sa pandemia trouxe para a moda, no geral, foi que cada marca, da forma que puder, precisa dar uma contribuição social, sem oportunismo. Precisa vir, antes de qualquer coisa, a vontade de ajudar”, esclarece o estilista André Boffano. “Apesar de ser um ítem de primeira necessidade, ainda assim nossas máscaras possuem o DNA da marca e são disponibilizadas para a sociedade, sem lucros”, explica ele. O acessório custa R$ 15, preço de custo. (LKM) MODEM/DIVULGAÇÃO
com tecidos nobres, como tricoline italiana, que tem toque macio”, explica o alfaiate Marcelo Durães, conhecido como Blade, da Blade Alfaiataria, sobre uma peça que está confeccionando. A descrição poderia se encaixar perfeitamente em uma roupa feita sob medida. Mas, não. Trata-se de uma máscara de proteção, acessório indispensável para sair de casa em meio à pandemia do novo coronavírus e que deixou de ter o seu uso reservado a profissionais de saúde. Novo protocolo incorporado ao nosso dia a dia, o uso das máscaras passou a ter papel fundamental para a nossa proteção. Mas, mais que úteis, elas também podem – por que não – ser bonitas, engraçadas e até chiques. Além disso, elas podem injetar um pouco de graça na nossa nova rotina, de dias tão sombrios, e ser uma forma de expressar nossa identidade. As máscaras de Blade são confeccionadas com tecidos respiráveis de camisas sociais. E, caso seja necessário, é possível personalizá-la. “Nós nos adaptamos ao
Por causa da alta demanda em função da Covid-19, a venda da máscara geralmente é atrelada ao fortalecimento da marca e à manutenção do salários dos funcionários neste momento de crise, além de algum tipo de trabalho social. Muitas confecções estão se mobilizando para produzir o acessório de proteção para doação a quem não tem condições de adquiri-lo, como os projetos mineiros “Um Milhão de Máscaras” e “Trama pela Vida”. A marca de roupas Modem, por exemplo, criou a peça em algodão premium e anunciou que metade da produção será doada para projetos sociais. A outra será para a manutenção do trabalho das costureiras.
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Uma ou mais As máscaras de tecido podem ser usadas por apenas duas horas. Depois desse tempo, é preciso trocá-la. Por esse motivo, é recomendado ter mais de uma. Além disso, é aconselhável carregar uma sacolinha para colocar a usada e guardá-la na bolsa sem risco de contaminação.
A Modem está vendendo, em estoque limitado, máscaras feitas com o mesmo algodão utilizado nas peças da marca, vendidas a preço de custo, R$ 15
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#ficaadica
Astrologia Previsões por OSCAR QUIROGA quiroga@astrologiareal.com.br
A vida consome a vida Data estelar: Lua míngua em Capricórnio
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o colossal sistema de distribuição, preservação, expressão e reabsorção de vida que é o Universo, a sustentação das existências depende inteiramente de essas consumirem outras vidas. A vida consome a si mesma em graus diversos e em escalas tão diferentes, como é um buraco negro comendo uma estrela gigante, ou um ser humano se alimentando para garantir energia suficiente para passar o dia. Tu precisas consumir outras vidas para sustentar a tua. Isso sabes bem e muito provavelmente te preocupaste com isso experimentando dietas naturalistas, evitando consumir animais. Mas, talvez não tenhas atentado ao fato de que, na qualidade de vida se expressando no Universo, tua presença também é consumida por outras vidas. Não te esqueças: a vida consome a vida.
Áries (21/3 a 20/4)
O que importa agora é que se estabeleça uma dinâmica produtiva leve e divertida, deixando para trás o excessivo peso das decisões que tiveram de ser tomadas nas últimas semanas. Hora de brincar mais com a vida.
Touro (21/4 a 20/5)
Difícil discernir a ação virtuosa da errada. Por isso, tome seu tempo, evite o sufoco do nervosismo, mas se cair nele, pelo menos se abstenha de tomar iniciativas sobre essa base. Há tempo para tudo, aproveite. Gêmeos (21/5 a 20/6)
A hibernação está acabando, e é oportuno considerar que, em seu caso, ela teria acontecido independentemente da quarentena imposta pela pandemia. Por isso, não busque argumentos para a explicar, apenas a aproveite. Câncer (21/6 a 21/7)
Os perrengues continuam, e sua alma está saciada desses. Chegou a hora de tocar a bola para frente e superar a atração com que sua alma é jogada para dentro dessa dinâmica de discórdias e desentendimentos. Superar.
Leão(22/7 a 22/8)
Quando você descobrir que a qualidade dos relacionamentos é infinitamente mais importante e valiosa do que qualquer tipo de objetivo concreto que você gostaria de realizar, então os problemas desaparecerão de imediato.
Virgem (23/8 a 22/9)
Só de ideias não se faz um caminho de realização. As ideias são apenas o gatilho inicial desse caminho, e se você fica tempo demais se regozijando com elas, é certeza que verá passar a realização em brancas nuvens.
Libra (23/9 a 22/10)
Inevitável ter que encarar algumas rupturas, porque muita coisa que era normal no passado não se encaixa mais nesta nova normalidade que os seres humanos têm que começar a inventar. Faça a sua parte, desapegue-se.
Escorpião (23/10 a 21/11)
Em vez de acordos, discussões. Já está na hora de superar essa dinâmica, porque não tem solução – ela é o que é. Você, sim, tem a oportunidade de ir além dessa dinâmica e começar a construir outro tipo de vida. Sagitário (22/11 a 21/12)
Com ajuda tudo será mais fácil, e essa está disponível, mas precisa ser buscada. Quando você perceber que seu esforço fica curto e contraproducente, não hesite, saia por aí buscando ajuda, porque a encontrará. Capricórnio (22/12 a 20/1)
Não podendo fazer o que você deseja, há toda uma gama muito diversa e interessante de outras opções para você escolher. A pior escolha, no entanto, seria você ficar se ressentindo e chorando pelo leite derramado.
Aquário (21/1 a 19/2)
O mundo que era familiar a você continua produzindo tensões que, a esta altura, se tornam ridículas. Isso faz com que essa sensação de familiaridade diminua radicalmente, e sua alma busque outro ambiente para conforto.
Peixes (20/2 a 20/3)
O maior cuidado que você precisa tomar neste momento é o de não tomar decisões precipitadas, baseadas no desconforto de sua irritação. Porém, se você se precipitar, procure, com a mesma velocidade, consertar o estrago.
Marina Lima no Curta!
O documentário “Uma Garota Chamada Marina”, de Candé Salles, é a atração de hoje, às 21h30, no canal Curta!. Com uma linguagem cinematográfica mista e roteiro não linear, retrata a trajetória de Marina Lima, cantora e compositora com mais de 40 anos de carreira. O documentário traz arquivos e também imagens inéditas do acervo privado da artista.
Humor na pandemia
As comediantes Cris Wersom (SP), Arianna Nutt (AL), Bruna Louise (PR), Carol Zoccoli (MT) e Dadá Coelho (PI) estão juntas de novo para mais um episódio de “A Culpa é da Carlota”, programa que vai ao ar hoje, às 22h, no Comedy Central. Elas dão aula de empoderamento e amor próprio rebatendo várias máximas machistas.
Vai uma receita aí?
Tem muita receita hoje, no GNT. No “Cozinha Prática”, às 21h, Rita Lobo ensina um ensopado de frango com cuscuz marroquino. Às 21h30, Rodrigo Hilbert recebe Jonathan Azevedo no “Tempero de Família - Café da Manhã”. Já às 22h tem “Perto do Fogo” com Felipe Bronze e o chef Rafael Brito recriando pratos do cotidiano como purê em versão pizza.
Cruzadas diretas
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máxima
mínima
Tempo em BH Sol o dia todo sem nuvens no céu. Noite de tempo aberto ainda sem nuvens.
UMIDADE
Cidades
78% máxima 42% mínima
| UARLEN VALERIO
Cem dias. Moradores retornam às áreas de risco
Atingidos pelas chuvas relatam abandono Limpeza dos locais não foi concluída, e população tenta reconstruir as casas ¬ MARCELO DA FONSECA ¬ Para milhares de famílias,
o primeiro semestre de 2020 não ficará marcado pela pandemia do coronavírus, mas pela destruição causada pela maior chuva já registrada na história de Minas Gerais. Passados cem dias das fortes chuvas que devastaram centenas de cidades no Estado, limpar o barro, reconstruir as casas e jogar fora móveis irrecuperáveis ainda faz parte da rotina de muitos moradores nos bairros Várzea do Sítio e Morro das Bicas, em Raposos, e Jardim Alvorada e Vila Bernadete, em Belo Horizonte. O TEMPO retornou, na semana passada, aos bairros mais afetados pelas chuvas do início deste ano, na capital e na região metropolitana, onde pessoas morreram soterradas e milhares ficaram desabrigadas. Sem condições de pagar aluguel
em outros lugares nem opções de melhores moradias, muitos retornaram para suas casas em áreas de risco. De acordo com a Defesa Civil de Minas, até março deste ano, 74 pessoas haviam morrido por causa das chuvas no Estado – soterradas em deslizamentos de terras, arrastadas por correntezas ou afogadas em enchentes. No período chuvoso, de outubro até março, 82.692 mineiros ficaram desalojados (tiveram que deixar suas casas por danos) e 12.201 ficaram desabrigados (dependentes de um abrigo fornecido pelo poder público). No início deste mês, 3.548 pessoas permaneciam desalojadas e outras 2. 351 pessoas continuavam desabrigadas. Com 935,2 mm de chuva registrados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), janeiro de 2020 foi o mais chuvoso da história da capital, volume de água que ultrapassou o triplo da média para o mês. Fevereiro também foi de chuvas acima da média dos últimos 40 anos, o que prolongou as dificuldades para quem teve a casa atingida.
“Já se esqueceram das pessoas que perderam tudo, dos entulhos que vieram abaixo e continuam espalhados pelo bairro”, conta Marco Antônio Maciel, 45, que viu seu veículo ser soterrado durante a tempestade que caiu entre os dias 24 e 25 de janeiro. “Ainda não consegui nem mesmo retirar os escombros de cima do meu carro para tentar voltar a trabalhar”, conta. Morador do bairro Jardim Alvorada, na região Noroeste da capital, Maciel deixou seu imóvel na noite em que várias casas desmoronaram. Cinco pessoas morreram soterradas no bairro na última semana de janeiro. Hoje, a maioria dos moradores já voltou ou está voltando para suas casas. Eles admitem que permanece o alerta da Defesa Civil para deixarem o local em caso de chuvas fortes. “O período de chuvas já passou, e aqui muitas pessoas não têm condições de pagar aluguel ou de ficar nas casas dos parentes, então voltam para tentar retomar suas vidas”, diz Beatriz Pires.
Desolamento. Marco Antônio lamenta que não conseguiu retirar o carro para voltar a trabalhar
Resposta Ação. Segundo a PBH, das 18 famílias orientadas a deixar residências na rua da Vila Bernadete, 14 foram incluídas no programa de Bolsa Moradia. A administração diz que equipes vão avaliar a remoção dos entulhos. CRISTIANE MATTOS
PBH diz que acolheu as famílias ¬ A prefeitura de BH informou que 109 famílias do Jardim Alvorada foram orientadas a deixar as residências após as chuvas de janeiro, sendo que 75 receberam Bolsa Moradia (no valor de R$ 500). Segundo a PBH, mais de 3.200 cadastros foram feitos com famílias atingidas: “Foram disponibilizadas 500 vagas, em sete pousadas, por onde passaram 115 famílias (376 pessoas). Permanecem acolhidas 46 famílias”. A prefeitura informou, ainda, que está realizando análise dos projetos para reconstrução dos locais.
Pra onde ir? José do Porto Alves afirma que moradores não têm condição de pagar aluguel em outro lugar
Sem opção
Vila Bernadete tem retorno mesmo com falta de infraestrutura O medo de novos desabamentos se tornou parte da rotina dos moradores da rua 12, na Vila Bernadete, bairro do Barreiro. Os escombros das casas que foram ao chão durante as fortes chuvas de janeiro e soterraram sete pessoas continuam praticamente do mesmo jeito após a tragédia. “Colocaram tubulação para que a água empossada pudesse descer, mas está tudo a mesma coisa, o restante está do mesmo jeito, tijolos e restos de móveis espalhados no meio da terra. Um cenário de guerra”, diz Vicente Ferreira da Silva, um dos moradores mais antigos do bairro. Apesar de ter tido a casa interditada, Silva voltou com sua família para o imóvel, onde fica durante o dia, e fez pequenas obras para segurar um dos muros que se moveu com o desabamento das encostas. “De noite, vamos dor-
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mir na casa da minha sogra, porque aqui ainda existe grande risco. Mas não temos como deixar nossa casa sem ter outro lugar para ir. Fiz uma escora de madeira no muro, que já mexeu alguns centímetros. A Vila Bernadete está numa situação muito triste”, conta. Vizinho da casa onde houve o desabamento, o aposentado José do Porto Alves, de 69 anos, também voltou para o imóvel e acompanha diariamente, com muita preocupação, a movimentação de terra atrás de seu imóvel. “Como vamos ficar na casa dos outros, pagando R$ 500 de aluguel? Construí aqui com muito esforço, estou pagando empréstimo até 2023. Está muito difícil. Sabemos dos riscos e, se ficarmos até o próximo ano, com mais uma chuva, vamos ter a mesma tragédia”, lamenta Alves. (MF)
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CIDADES
Raposos. População afetada pela inundação do rio das Velhas tenta recuperar casas após perderem tudo FOTOS: CRISTIANE MATTO
Esforço. Raimundo tenta reformar sua casa desde janeiro e diz que está morando na casa da mãe
Inundação. Em janeiro, ruas foram tomadas pelas águas do Velhas e, em alguns locais, bateu no teto
“Foi um janeiro devastador” Cheias na região são comuns, mas, neste ano, volume de água foi muito maior ¬ MARCELO DA FONSECA ¬ As paredes das casas de
Várzea do Sítio, bairro de Raposos, na região metropolitana de BH, marcam a altura que a água do rio das Velhas alcançou após as enchentes do início do ano e dão uma ideia da dificuldade que milhares de pessoas enfrentam para tentar voltar à normalidade. O município de 15 mil habitantes foi um dos mais afetados com os alagamentos, e quase metade dos moradores teve suas casas atingidas pelas águas. Assim como muitos moradores de Várzea do Sítio, Raimundo Alexandre Vieira, 45, está desde março trabalhando para limpar o barro que tomou sua casa, reinstalando portas e reformando as paredes. “As casas deste bairro foram todas tomadas de água, não se salvou nenhuma. Na minha casa, ela encobriu a casa inteira, chegando até a laje. De janeiro até agora, é trabalho para recuperar as coisas. Primeiro foi limpar tudo, agora é reparar o que dá para reparar. Ainda estou morando na casa da minha mãe, na parte de cima, que não sofreu inundação”, conta Vieira. Nascido e criado no bairro, ele conta que as cheias do rio das Velhas são comuns na região, mas que, neste ano, o estrago foi muito maior e o volume de água subiu rapidamente, impedindo que as pessoas conseguissem salvar mó-
Recuperação
Prefeito diz que verba foi pouca
Laércio Sabarense tenta reformar os imóveis após os estragos
Em meio à pandemia do novo coronavírus e com o agravamento da crise econômica, os investimentos do poder público na recuperação de lugares atingidos pelas chuvas minguaram nos primeiros quatro meses de 2020. Com queda na arrecadação e sem repasses federais ou estaduais, o prefeito de Raposos, Sergio Silveira Soares, prevê um ano de muitas dificuldades para recuperar as áreas mais afetadas. “Fomos uma das cidades mais atingidas e somos uma das que têm menor recurso. Fizemos o pedido para o governo federal, através da Defesa Civil, e fomos contem-
veis e eletrodomésticos. “Essa é uma área de risco, não tem solução. Mas as pessoas aqui não têm outro lugar para ir”, diz Vieira. No bairro Morro das Bicas, enquanto reformam suas casas, os moradores permanecem de olho no rio, mesmo com o fim do período chuvoso. Muitos passaram o mês de fevereiro em casas de parentes ou amigos, mas retornaram para seus imóveis na tentativa de buscar alguma normalidade. “Aos poucos vamos tentando retomar. Mas ainda tem muito trabalho a fazer, a lama traz um mau cheiro que fica”, afirma o aposentado Aníbal Nunes dos Santos, 73. Por vários dias após a chuva, a rua Maranhão, onde ele mora, ficou totalmente interditada, com móveis e eletrodomésticos
Abandono. Algumas casas permanecem sem a limpeza necessária para o retorno dos moradores
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dos moradores. “Foi um janeiro devastador para Raposos. Quando cheguei aqui, vi a rua coberta de água até no segundo andar. Um desespero para tirar as pessoas. Agora, estamos passando por um longo processo de recuperação dos bens perdidos e fazendo obras nas casas com ajuda de parentes e outras pessoas. Mas ainda não tem como voltar ao normal”, diz a professora Rosilane Silva dos Santos. No imóvel de Laércio Sabarense, no centro de Raposos, onde funcionavam duas lojas, o barro ainda ocupa grande parte do jardim, e as paredes foram todas destruídas pela água. O comerciante aposentado tenta acelerar o ritmo das obras em seu imóvel para voltar a alugá-lo e complementar sua renda.
plados com o mínimo possível. Para fazer a limpeza da cidade, contamos mesmo foi com os voluntários. Fizemos um levantamento para ver quanto seria necessário para fazer apenas o básico e pedimos R$ 4 milhões. Recebemos cerca de R$ 600 mil. Is-
Retorno Prazo. O prefeito de Raposos, Sergio Silveira Soares, avalia que a pandemia atrasará a recuperação. “Vai levar ainda mais tempo para conseguirmos voltar ao normal”, lamenta.
so para fazer encostas, limpezas, recomposição de pontes e tampar buracos nas vias. É muita pouca verba para o que temos que fazer”, diz o prefeito. Segundo ele, foram priorizadas a limpeza das ruas e as obras de recuperação em guarda-corpos de pontes, para garantir que as pessoas pudessem se movimentar na cidade. “Também buscamos tapar os buracos que ficaram em algumas vias. Mas, em março, quando começamos a tomar um fôlego, veio a epidemia do coronavírus, e a cidade parou”, avalia o prefeito de Raposos.
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SUPER.FC www.superfc.com.br - Belo Horizonte - Segunda-feira, 11/5/2020
Para Jean, redução tem que ser justa Salários. Em entrevista à rádio Super 91.7 FM, volante diz que ‘não pode aceitar uma negociação boa para um lado só’ ¬ DA REDAÇÃO ¬ O volante
Jean, contratado pelo Cruzeiro neste ano, falou com exclusividade à rádio Super 91,7 FM sobre a redução salarial recentemente divulgada pelo clube, de 25% para atletas e comissão técnica. O jogador, que está em Campo Grande (MS), disse que o grupo resolve a questão internamente, mas pontuou algumas questões: "Tem situações que são um ab-
Duke
GUSTAVO ALEIXO/CRUZEIRO - 6.3.2020
surdo. Já nos manifestamos e assinamos para que não vá para frente uma determinação, que não vou expor, mas muitos já sabem”, disse. Segundo o jogador, não só sua família como outras famílias dependem dos atletas. “Não podemos aceitar qualquer tipo de negociação que beneficie apenas um lado. Nesse momento, todos passam dificuldade, não é só o clube. São pessoas que a gente sempre ajudou e ainda ajuda. Não podemos ter uma redução muito grande. Tem que ser algo justo”, comentou. Para Jean, é prematuro o retorno de treinos e jogos. "Tem muitas pessoas que estão sofrendo. Tem que ter calma sobre o retorno. Só está aumentando o número de mortos e infectados. Nossa maior defesa, para nós mesmos e para os próximos, é ficar em casa e ficar isolado. É preciso esperar um pouco”, afirmou.
Volante Jean foi uma das principais contratações da temporada
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jogos o volante Jean fez pelo Cruzeiro em 2020. Ele atuou contra Atlético e o Coimbra, último jogo do clube no ano
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América
Coelho projeta retorno ainda em maio ¬ ISABELLY MORAIS ¬ Os atletas do América se
reapresentaram na última semana após um mês de férias, mas os trabalhos têm sido feitos de maneira remota. O clube, porém, estuda a possibilidade de retomar as atividades no CT Lanna Drumond ainda em maio. Para isso, tem mantido conversas com a prefeitura de Contagem, onde está localizado o seu centro de treinamentos. O América trabalha com uma meta, como comenta o presidente do clube, Marcus Salum. “Com relação ao retorno dos treinamentos, o América está tomando todas as providências para retornar em maio”, aponta. "Esse é o nosso planejamento. Antes que a gente busque as licenças, estamos cuidando dos insumos, dos testes dos
protocolos. Tão logo tenhamos o controle sobre como começar, vamos partir em busca das licenças que eu tenho certeza que, se bem embasadas, serão liberadas. Não vamos afobar, o momento é complicado, mas nosso planejamento é voltar em maio”, completa. Ainda não há nenhuma definição junto à prefeitura de Contagem. As abordagens, a princípio, foram informais, sem envio de documentos ou ofícios por parte do América. Também não houve nenhuma reunião entre as partes, segundo o Coelho. O clube também está tomando os protocolos com as recomendações da CBF e da FMF. Segundo a prefeitura de Contagem, o assunto será apurado hoje, quando inicia o expediente da semana.
América. Clube projeta retorno aos treinos neste mês e conversa com prefeitura de Contagem. Página 23
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GUSTAVO ALEIXO/CRUZEIRO - 6.3.2020
VVVV otempo.com.br
O TEMPO BELO HORIZONTE SEGUNDA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 2020 TEL: (31) 2101-3921
Volante Jean fala sobre negociação para redução salarial no Cruzeiro. Página 23
Editor: Frederico Jota - frederico.jota@otempo.com.br e-mail: superfc@otempo.com.br twitter: @supernoticiafm Atendimento ao assinante: (31) 2101-3838
Equipe Super.FC projeta futuro do Atlético em 2020 Profissionais dos jornais O Tempo e Super Notícia e da rádio Super 91.7 FM opinam sobre o que esperar do Galo pós-pandemia. Nos próximos dias, jornalistas falarão sobre Cruzeiro e América Caso tenha condições de se reforçar, o Atlético pode sonhar em brigar efetivamente por uma vaga na Libertadores. O atual elenco ainda tem brechas em alguns setores e poucas peças de reposição, o que é um fator de preocupação em um torneio longo como o Brasileirão. Pelo fato de, além do término do Mineiro, ter apenas um torneio para disputar, exatamente o mais importante da temporada, o técnico Jorge Sampaoli vai ter mais tempo e possibilidade de adequar o elenco ao seu estilo, mesmo levando em conta o fato de que a sequência de jogos será pesada.
Frederico Jota EDITOR
Acredito no retorno do clube à Libertadores em 2021. Tudo bem que o elenco não é isso tudo, mas o projeto é grandioso e o treinador, conhecido por sua personalidade forte, não vai aceitar que o time entregue menos do que um desempenho capaz de classificá-lo entre os seis primeiros do Nacional.
Pedro Abílio Narrador e apresentador
A parada foi importante para Sampaoli. Ele terá tempo com o grupo para colocar em prática sua filosofia. Para o Brasileiro, o time precisa de reforços. É saber se a diretoria terá condições de atender, porque a crise financeira do Atlético se agravou bastante com a pandemia, que provocou uma queda drástica de receita. Mas, para brigar por algo importante no Nacional, a vinda de reforços é fundamental.
Redator
O futuro do Galo pós-pandemia está muito ligado ao que o técnico argentino Jorge Sampaoli conseguirá extrair taticamente de seus jogadores. Precisará de tempo para isso, ainda mais depois de uma longa parada. Não foi possível treinar na quarentena, mas teve tempo de sobra para o treinador estudar as características dos atletas do elenco. Certamente, já identificou problemas e deve solicitar peças à diretoria. Resta saber como o mercado do futebol vai responder em tempos de crise.
Thiago Nogueira
Lotomania concurso 2.076
1º sorteio
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ÍNDICE
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Coronavírus Aparte
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Política Opinião
Geremias Sena
Lélio Gustavo
Editor-adjunto
Comentarista
Sampaoli aceitou dirigir o Atlético sabendo o que pode fazer com o atual elenco, além de contar com as peças que pediu ao clube. O projeto do Galo é ousado com as chegadas do treinador e do diretor de futebol, Alexandre Mattos, além do aporte financeiro de parceiros. Dentro de campo, o torcedor pode esperar um desempenho satisfatório por causa da exigência de Sampaoli. Um vaga na Libertadores deve coroar a remontagem de um trabalho em plena temporada, o que pode ser considerada como uma grande conquista.
Acredito que veremos um Galo muito forte, mais confiante e completamente diferente quando a bola voltar a rolar. A paralisação pode ter feito bem ao Atlético, que terá uma espécie de “intertemporada” com seu novo comandante.
8e9 10 e 11
2 18/3
Lotofácil
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1º prêmio 2º prêmio 3º prêmio 4º prêmio 5º prêmio
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Magazine Cidades
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Economia Interessa
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u Caderno Super FC
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Mega Sena 12
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asdasd
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Repórter
O retorno do Galo é um enigma, mas os trabalhos do técnico argentino dão mostras de que ele será muito exigente com o elenco. Sampaoli é muito firme e convicto. As coisas têm que andar no ritmo dele.
Repórter
2 9/5
Federal
Gabriel Pazini
Isabelly Morais
Repórter
2 8/5
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Espero um bom campeonato do Atlético, mas não acredito que consiga disputar o título. Dá pra fazer uma boa campanha, mas precisa de reforços. Com esse elenco, o Atlético briga por uma vaga na Libertadores.
Fernando Martins Y Miguel
Sampaoli vai implantar seu estilo no Galo
Repórter
2 8/5
Sem a chegada dos reforços pedidos à diretoria, o técnico Sampaoli vai ter problemas para fazer o Atlético render o esperado pelo próprio treinador. Caso contrário, o Galo briga nas posições intermediárias do Campeonato Brasileiro.
RAMON BITENCOURT - 9.3.2020
Gláucio Castro
LOTERIA
Dupla Sena
E
m tempos de pandemia, a incerteza quanto ao futuro é real em todos os segmentos. E, no futebol mineiro, não é diferente. Ainda mais com a chegada dos novos treinadores de Atlético e Cruzeiro, Jorge Sampaoli e Enderson Moreira, respectivamente, que mal puderam colocar em prática seus trabalhos. Lisca, por sua vez, chegou ao América no início do ano e também tem pouco tempo no cargo. O Super.FC se viu na obrigação de analisar o atual momento e fez um exercício de futurologia sobre os clubes de Belo Horizonte, projetando o que pode acontecer nas disputas das Séries A e B do Brasileirão, as competições mais importantes que América, Atlético e Cruzeiro terão no restante da temporada. Lembrando que América e Cruzeiro ainda estão na disputa da Copa do Brasil. A partir de hoje, os jornalistas da equipe do Super.FC vão dar suas opiniões sobre o que esperar dos três clubes após o término da pandemia, começando pelo Atlético.
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O TEMPO publica diariamente o resultado das loterias. Fique atento ao número do sorteio.
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* Até o fechamento desta edição, a Caixa não havia divulgado o resultado do sorteio.