A Indústria Portuense em Perspectiva Histórica

Page 1

FI C HA TÉCNICA TflUlu: ti l/Uhí.-frúl

p{Jrw~llw' <,11/

I'cr,'I1i'CI;"j' Hin6riço _ AC/as do CoM""",

C""rd ~n ad (Jr:

Jorj!':

F.::nH""Jc~ Ah.::~

Ed i~:;u:

C~l1Iro

Leonardo Coirnhr:L I Fa~'uld:'l(,k de Lclr:l$ da (projecm PCSHfP/HlSflOOSNS -

EJ"trwllra.~ S,km· Ec"m;minl~· l' flllhl~·{ria!i:.oftil/

Vi ..

P:rnor:ínll~:l

- Apamldo 55 038 - 4150 PORTO

Cal);l: F:ll1lll:1 ""Iurque~ l'crc;ru Joaquim MOI':II' OlivC'LnI Exccu~ã,,:

Grálko~

Reunido" Lda. _ P"''In

U n i"cr~id:lde

do 1'0110

IIQ ,vIll'I!! d!! POr/llgl/l)


APOIOS Associação Comercial do Porto Banco Português do Atlântico Câmara Municipal do Porto Cafés A Brasileira Faculdade de Letras da Univcrs id'lde do Porto Fundação Calous\c Gulbenkian

FCT - Fundação Para n C iência c Tecnologia Governo Civil do Porto

CEPFAM - CCnlro de Estudos da População e Família

5


APRESENTAÇÃO

RewU!lII-sc /lesta colcefállca

(I.\" ce l'CCI

de três

de:.ella.~

de cOIllIlllicações qlle

foram apresentadas ao colóquio A [ndú!-.tria Portuense em Perspectiva Hi stórica . que decorre/l 110 Palácio d" Bolsa, /lO PorlO, em 4 e 5 de De:.cmhro de /997. Nesta actividade qlle, para além da apreMfI1fflçâo e de/)a/(! das cOllllfnicações. il/cluílll/l/la 1';.1';((/ ao Museu do Carro Eléctrico e às illstalar(jes da lll1tiJ:CI Cell/ral Tt.'m/OdéctrÚ'o de Mas.wrdos, illscrel'cralll-.w! /20 IJlIrlidpol1 tes (ill\'esriglld(J"e.~. profeuores. e.fll/dall/e.I', profis'.I"iollws de emprc.\'(ls). revelaI/do o illl c r es.w! que abordagem d"s/as temáTicos .\"IIsci/a 110 público.

li

Com {/ apoio logístico da Associoriio Comcrcial do POr/o, () colóquio il/serill-se 110 âmhilO do projecto "I Estrllfllrtl,\' ,wkio-ec()/Iómicas c indllSfriali:açc7o /10 NOrlc de PO/"lllgal, .\'ées. XIX e XX». elll desell vnlvimelllo 110 Faculdade de Le/ra.\' da Unil'crs idadl' tln POrlO, cnlll o patrocínio da Fundaçc70 para a Ciêl1cia e Tecl1ologia (ex-JNICT). Trofa-se de //111 projcc/o qlle I'isa (/ pmd/lÇf/o de conhecimclllo em 101'110 de al/álise.~ .\'ecltH"iai.,· do oClividade ecoll6mica regiol/al. eswdo.\' de "aso de empresas {' de empresários. penpecliwls sobre o pllblicismo económico (}II ,\"()hre ti.\' relações ecollómicw)' ('om () ex/crior. Neste cml/ex/o têm I'indo a ser p/lblicadns pela equipa de illl·e.wigação que integra () projecto algllns esfl/d(),~ ,wbre a cerâmica. a téxlil. fi /(I/Ioorio, o dU/pelaria. as m orlalflas de milho, (I cortira. n calTiin. {/ pesca, as re/açiJes económica,,' pel/ill;Sl/Iare.\· e eom o Brasil, os problemas de emigrarâo e de illli;:raçâo, os seg llros, n 11.\'.wJrialiLlislI/o illllll.,·/rilll, o pl/blicismo eco/lómico (COIII relel'O para o.~ /exlOs de Rodrigl/es de F,.f'ira,~), os empresário.\ (Clemell/e Mel/cres. Narciso Ferrdra, ellfre o/uros de mel/Ol" IJroje{'çrio), perseguil/{Io-.w! o objecfil'o de apreender o ello/urâo hi.r/úrica das e,I'/ rll/ll ro,ç e/l/pre.mriais do Norte de Portllga!, II/(frcadas pela peque/III e média empresa, e das suas dil'en'as em'oll'ellles. O colóqllio CO/ISliI/tilf mais III/UI e/(/pa 1/0 processo de reflex{in e debnle que lIelll .~endo trilhado, c/ando-.\"(!. dimensão pública quer (I temas já all/es nJlor(/do~. quer aliavas lemá/icas em ;111 'e.\"/igo('ão, telldo-se c:O///ndo para o elei/O l.:om a colabora(."iio de di\lerso~ illl'estigadores qlle, em qundros jl/s/ifllei/mai.l· próprios. /mllbém /t!m prodll::.ido il/l'csligaçiío ,\"Obre II IIc/il'idade económiclI de 1/11/ pomo de I,is/a hi.woriogrrifico, e COIII li dispol1ibilidade de a/1:llIIs quadros ,w periores de empresas qlle assumiram mesl/1o a,,' rédea,~ da (lcçâo 1/0 campo empr{'.\'{/I'i(l! e elll re/ariio ii qual e,wiio já em cOl/diçiic.\· de produ::.;r /11110 perspec/iI'{/ de tipo histórico. Procllrou·,çe, assim, sl/sciror lima disclI,l's,io so/Jre () cOl1hec:imefllo nClllal relcui\'llll/ellle ii illdústria por/uel/Se. sob dife,.ell/e~· âl/ gulos, 110 senlido de ir 1/111 prm,o mais além do que ,l"imp/eslllell/e parafraseaI" 0,1' tradicionais relatórios do.\" inqllérito.ç indusfriais, /elllalldo-se ames anicu/ar esses dados com 11(}\'()S elell/ell/os de il1formação que I'êm ,~'elldo eXlraido.~ das memórias dos prolllgo/liwas. til' (/rqlliwJs de empreso, da ill!ormaçiio flo/aria!, da il/lprell.\'ll especiali::.oda. de rela/(jrio.\' e COIl!as, eU:.. E, des/a forma, e//lel/deu-se q/le O colóquio era l/ma

9


fo/"ma pril'i/egiat!a de propiciar o el1COlllro de jO\'(!I/S ;I/l'est;!:adores com Olllros mais cxpel"ie/lle,\' e 1111/(/ ocasilio /"aro de aI/vir alg lfma~' personalidades que viveral/l por delllro os problemas (/0 il/du,l'trialiwçtio em PO/"lIIgal, que militaram I/a,~ fileiras do indllstrialismo pelo desenvolvimelllo I/aciol/al e que aceiwram e,l"Iar presellfe,\' e dar (I SCII leSlelllll/lho, TrataI/-se. po /"ta/llO, de apresenta/" tanlO reSllltados com o propostas 011 ,wgestões dc illl'esligaçiío. ~m,çci((/ndo /101'as problelllálicos 0// melado/agias, 1/0 selllido de responder, a longo p/"a::.o. a qllestlies Celllr(ús COI/lO. por cxemplo, a el'olução global e ,\'ecl()ria/ da illdlhlrio porl/fel1.~e, a,l' sI/as re,çpostas o diferemes CO/ljlllllll/'as, o lI1o bifi::.açôo dos m eios de prodllçdo, O~' comportamentos de empre,w.\', empresários 0/1 (mbalhadores, o reflexo de polÍlicas económicas, De saliellf{//, que o qllttlificmivo «po rtllenSe» lido pretendeu resl/'illgir o campo de allálise, emendeI/tio-se por «/wrl/fem'(!» o indtí,\'f/'ia do distrito em geral e 0,\' prolo/lgamenlOs que a dinâmica industrial da Cidade alargou a olllras ZOllas: mio eSlfuefwllos lfue o vale do Al'e assellfO, em gral/de medida. sobre o capital de lIegociante,,' do PorTO e que estes estenderam (J ,I'ua acçdo bas(OlIte ao sul, ba,\'falldo lembraI' os inl'estimel1lOS têxteis em Alcobaça, 0,\' cimel1los em Leiria. Ot/ ail/da mais a Norte, COI/lO foi o caso das ágllll,l' minerais do Gerês 011 da cortiça da Norde,\'Ie, para já //llO falarmO!!; do (.'CaQ durien:Je, De reslO, a perda da importância do pólo IIrhallo do PorlO lia geo-economia nacional desde 0,\' filiais do séclllo passado //llO deixará rnmbém de estar relacionado com esta disp ersiio de illvestimenlO,l' e de aleflções que. /10 lado POSifivo, represel1la 11111 (/Iar~ar de IlfJri::'Ol1fes e 1//11 aproveital1lelllo dll,l' p()fellcialidade,~ regionaü por parle do!' ;'lI'esridores po rtllenSc,l', Com {/ pre~'e llt e ediçli(~ das cOlllwúcaçõe,ç (lpresellU/das ao colóquio, pretende-se cOllsliruir I/m rcpo,~itó rio de estudo,v e de reflexões qlle COl/sriruirão 1IfIlllralmellle III/I /IIarco lia hhlOriografia da illdu.\'tl'ialh.açiio POrtu"l1se, dlula a dil'tH',l'idade remdrica aqui ofl/"eSC/1/ada e a abordaKem de diferell/es tempos hi,l,tóricos, /-lá textos sobre a produção de I'e/all/e !'{lra os I/lI vios lIO rempo das lIal'egllçõe~', sobre dil'c r,ws modalidades de pesca e de técnicas de salga, sobre diferelltes modelos de jO/'lllaçiio profissional, ,\'Obre património indll,l'frial, sobre eSll/dos ,vecwriais (IIIOl/gem, chajJe/arin. coniça, /{IIIOl/ria, p{/S~'aIlWlwrills, refiliação de opiem', melalomecôllico, elc,), sobre qlle,wõcs ellerRéticas (carwio, electricidade), sobre (} /Iensfllllento ecollómico, o imagiflário indtl,I't";al, sobre imprensa 0// as problemáticas ligadas ti deúlldll~'lrali::'lI çüo e tcrcearizaçüo e li lIovas lIc/ividades como o lIIrismo, Re.\'w fo rmlllar lilI/a palavra fil/aI de agradecimellfo l/OS pmrocinadore.l' que ajlldaram li cria/" as condições {{lIIlO para a reali::,açlio do colóquio como para (./ j)/lhlicaçüo do preseI/te volume de acta.\',

'I

JORGE FERNANDES ALVES

10


SUMÁ RJO 9

AI'RESI:NTAÇ'li.O. IOltGE FE.!!l'Ar·mES ALVlOS

A TECELAGEM DE PANOS DE TR~U EM Er-'TRE-DO URO·E-MINHO NO SÉCULO XVI

II

COt\'T1U BUTOS I'ARA A DEFINiÇÃO DE UM ~mOElO DE PRODUÇÃO AMCUA I"Ol.ÓSI"

DA rl!SC A Â SALGA DA SAR DI NHA .. RECURSOS. T1iCNOLOGIA 1M !'ESC,\ En:cI'Ol.OCaA DA CONSERVAÇÃO. NA COSfA 01: AVEI RO 12.· MI';TAOE 00 S~..c. XVIII A INICIaS OE XIXI

"

11'CS AMORI~1

A INDÚSTR IA CHAPELEIRA PORTUENS E Er>.'TRE 1750 E 1852 ......................... . OFIC INAS. I'ÁIJRICAS E MAN UFACTURAS JosE! II:-'TÓSIO REA1. Pf:RJ:IRII R,\MIIDA A FORMAÇÃO PROFISSIONAl. NO ANTIGO REGIME. MIIRIA JOSÉ LAGOÁ E f'RAKCISCO RIBEIRO nA SIL .... A

A FÁBRICA DE LANII-iClOS DE LORDELO ... 101101"1\1 MOIL\IS OUVEIM A

JORNAIS. EDITORES E TIPOGRAFIAS DO PORTO (1866-1l\9B) .......................... .

" os

MARIA DA C01<C(IÇ";'O ME!I\ELr.~ rlêR!;IRA

o CARVÃO NA INDUSTRIA LIZAÇÃO PORTUGUESA ..

117

1001\11<00 VASCDSCllLOS DII ROCHA

SUBsIDIaS PARA A HISTÓR IA DA ELECfRIACAÇÃO PORTUGUESA .. . FlU.r<ClSCO O!;

141

AL M~II.lA ~SOUSA

AS INDÚS TRI ,\S DE MADEI RA ..... .

16'

JOAQIIIM f'RAOO IlI:CA'ITRO

A INDUSTR IAUZ,\ÇÃO DA CO RTiÇA NO NORTE DE PORTUGAL. ....... .

173

o CASO !lAS FÁRRICAS MF.NI'R~_<; JOSCJOIIOUI\1 A rllRRI:I~II

A PRODUÇÃO DE PASSAMANARIA DE PALHETA EM PENAFIEL TF.RF.sA 50F.1RO

A MECAN IZAÇÃO DA INDÚSTRIA E A CONSTRUÇÃO MECÂNICA PORTUGUESA. .. .

18' 203

MAnEI. MORAIS SA"TOS

A CENTRAL TERMO·ELÉCTRI CA DE 1>IASSARELOS

o MUS F.U OOCA RROEI.~.CrRIC() Hr~"RIOUE

215

MilKUr:l..COST" I)IAS

EMPR ESA ELECTRO-CERÂMICA DO CANDAL............... . ....................... .

213

UM CASO DF. RF.CO NV~:RSÃO FU NCIONAL JO"OUI~I

MORIIISQI.IVHIRiI

o PÓLO INDUSTRIAI, DA SERRA 1)0 PILAR ................ , ...... .

241

Gor<Ç"ALvr;5 GIJIMA R "r~~

ACfIVIDADE PESQUEIRA DEGALlCIA ............................... .

251

IX> AI'TlGO R~XIMJ:: Á INUUST RIAJ.lZACIÓN HlAKCISCO CAtO LOUIIU)()

7


Ufo,' SÉCULO DE MOAGEM 8'.-f PORruGAL. DE

um A

,92()

..

.

:m

nAS FABRICAS A.~ CO\lMI\HIAS E AOS GRl'I'OS 1>1: I'ORTt:GAL E COLÓN IAS E DA SOCII'J)A/)F.

INDUSTRIAL ALlANÇ .... lAI\I" ALRFltm on ('Ql'TO rUIU,IRA

f\S INDÚSTR"\S:-':O PORTO NOS fiNAI S DO S~CULO XVIII . AIJRI.l-lO OLI\iliIl.A

A CONSTRUÇÃO CIVIL B1 AVEIRO. 1800·1930 ;':OTAS I'A\(/\ A SUACOMI'I<E'iNSÃO III STÓRICA \tA'-'TL ITIIRlIlVo ROORIGIII'.S

lMAGIN /\){JO INUUSTR ' /\1. NO SÉCULO XIX

303

,.,

MA\(L\ OOC'.\II\lOSI:Rtl\'

,\ ~ IMPRENSA INDUSTRIAL .. DO UllERAl.1S1\'O À CRISE ECONÓMICA DE 187fí

~5 1

CO"TR18UTOS I'A RA UM KOTEIR ODA I~IPRENSA I'..cOSÓ~lICA I'ORTUI;./'ISI, \lAIIIA li,. \'IIIA IIOnIlIGI'.:'~ CASTANIIElIIA

A T ANOARIA

'"

\ ARTE E A TlCt-iICA :;IL\lDTtILUn'IIO\

A INDÚS'TRIA DE REFINAÇÃO DI: AÇÚCAR!"O PORTO u ~, f'EKCI KSO MIARGO E L>OCE

395

1011l,!; FEIt \A\ OU AI.\'UI

O l'ORTO NA DIVISÃO lf\'TERNAC1QNAL DO TRABALHO

407

A .'Dl'.HltIA T".x1'I1. 'IARIA \IAI)AIJ..,\A AUJ.;UIIO 1>I,.\lo\ao\UIAr;s

A INDUSTRIA 1'0 I'ENSAMENTO ECONÓ:-'IICO

J21

OCASO I'OR11 'GLE~ ,,\"'Ó\IOAI \lOU()VAlIl~'ARIA [)E FÁTIMA nllA;\oAo

os OFiClOS DO Cml1: RC10

• , •• ,.. .. NOTfoA 00 . I)ICOO SÁR.O I'R AT'CO 1>0 ro'IF.JtCIO."917) DE RAUL DÚIIIA

m

.IOS(- A\'T('I\IO AI O"SO

DESINDUSTRIALIZAÇÃO. TERC1ARIZAÇÃO E REESTRUT1JRAÇ'ÃO TERRITORI AL

o CASO IlO POK10 J():o,I,A \

IIIOFT'R"M': IlI~~

EXP05IÇÓEs. 1NnÚSTRIA E TURISMO..

., .•.•.•••

KEF1.EX ()liS 501)111, UM "'''''A!lA AcrUALlDA llL LeiS PAll.lho\lOo\\IIo\ MARTINS

UM,\ PRIMEIR A ABORDAGEM 005 PROCESSOS DE INOVAÇÃO. O ~.xF_\lPLO 1)0 TECI\)() PROUltrlVO IX> EJ'>.'TRE·DOUKO lO VOUOA 'ITRrs.o. SÁMAIIQllOS

44'

'" '"


A TECELAGEM DE PANOS DE TREU EM ENTRE-DOURO-E-MINHO NO SÉCULO XVI CONTRIBUTOS PARA A DEF INiÇÃO DE UM MODELO DE PRODUÇÃO A\'EUA P OLÓf'J IA

A cOlllunicação que aqui

apre~cnlamo:-.

decorre de um trabalho de investi-

g:'ç;io em curso !'>obrc o envolvimento de Vila do Conde no

proCC!'>SQ

de expansão

ultramarina no decurso do liéculo XVI. o qual engloba. p.lra além do estudo das c'pccífica, activid:ldcs de navegação c comércio, o de OUlra:--. de naturez.a industrial. que a ... viabilizaram. fornecendo instrumentos de navegação. Referimo-nos, cm concreto. à constru ção 11:1\1:11 c ao fabrico de velame)" cm particular os manufactunldos com pano:-. dI.! In.:u . O Cacto de este lipo de vclamcl>. que const itui imagem de marca das embarcaçõcs ponugucsas na época cm estudo. ser idel1lificado como «pano de Ircu» ou «de Vila do Conde» liga. desde logo. de forma il1dissociá"el. eSta localidade ?I sua produção c/ou cOl1lcrci:!lização. Indica- nos bibliografia especializada sobre eSlól matéria que c:.:.as lonas são particularmente indicadas par.:l os navios latinos. ou para as velas de menor dimen:.ão dc embarcações de maior envergadura. como sejam as do traquete d as g:'l"cas. ou da Illcí',cn a 1 . E:.ta informação remete- nos. assim. para a largura li mitada da peça. em comparação. por exemplo. eom as c hamadas lonas ,'i!res Oll prmr/(/I'idl· e. cm consequência. para o tipo de teares utilizados. Com efei to. UI11 diploma de D. Fcmando. de 1377 rcgula1llcllla. na sequência de uma prevista encomenda de grande quantidade dest:'ls lonas para a armaçãu de J,!316 r~gias. que a sua dimensão se fixe em UI11 palmo c dois dedos de largura. segundo a bitola. cm ferro. que deveriam fornecer nos respecti vos locai:. de produção2. Ora. esta indicação d:í-II(}~ a ideia d,t reduz.ida largura do pano em quc ... tão, a tingindo. nesta época. um valor próximo do ... 24-25 cm. Os panos de treu são. todavia. reconhecidos. cm panicular. pela sua qualid:lde e rc:.islência. São v:'lrio .... por outro lado. os le ... temunhos que desde a época medieva l apOntam para a sua produção. exportação e prnjccçiio internacional. cm anicul:lçiio dirccI:l com Vila do Conde. O seu cotejo permite-nos apurar que já no reinado de D. Fem:mdo c.<aa urbe surge mencionada de forma de ..tacada cntre os vário ... lugare ... da comarca de Entre-Douro-e-Minho onde se produziriam esse." panos·' e nas Lell1hral1(ll.~ da.~ COII.WS da l/Illia em /52-1 requer-se "-... pallo de I')'//a de l..'omde fi mail" qlfe ,mde,. ser 1'0"" os 1/01'."0'<; 1(/1,vIlOS ... ,.4. De igual modo. Escalante de MendOlll.a. no~ anm, 70 do século XV I con:.idera-o um dos Illclhores panos de "e las 5 • O fac lo de eSle artigll ~c ter tornado. au que ludo indica. desde a Idade Média. num instrumento imprescindível à .... ntlvegaçõe... e . por ceno. paniculilrmente indicado para " .. viagcn:. de longo curso e as tormentas do Atlântico. e a circunstância. concomitante, de Vila do Conde .,c arinnar comu um importante ce ntro produtor c di~tribuidor. teria levado D. Manuel a intervir no sentido de organizar a produçi"lo desses panos. Tal é o significado que j>en....arnos poder atri bui r à nomeação, cm 1522. de um '<lei/or dos pUII/WS marilll/Os de Vil/a do Comle e sell fermo»('. Este parece ler sido. porém. um acto isol::ldo e. ao que cremos. sem II


AMtUA PULÔNftI

consequências do pon to de vist:l produtivo. já que n::ío enCOlllr:mlOS qualquer outra nome:lção ou qualquer titular desse cargo em exercício em Vila do Conde cm momelllOs subsequen tcs. O v:llor deste artigo para o cquipamento das armadas é. de res to. atestado por outras formas de intervenção régia na sua produção e, em particular. no cOlllrole da su;.! qualid:ldc. nomeadamente por via legislativa. Assim acontece com o al\'ar:i de 1556. no qual se fixam exigências técnicas de fabrico q ue importa perceber. Detenhamo-nos. poi!.. no seu aniculado. Aí se di?: ,<Nellhuma (ecet!ejro "a.I'ados vime dias depois da lIolefi. qlwçiio de.\"ta prollj.wio lerera palio O{gll lll de rrell de mel10s de de;:. cahre.I'till/Os e de \"illlc (' quol/tro fios cada c.:abrestilho e lIa,l' ourel/lIs l/frc;:'lIt!o s()b pellll de pllp,/lor dali.\' mil reais e da cadea por cada I'e;: qlfe lhe for lU:/UU/O feiro dOlflm maneira».

Uma "pastilha de 1561 estabelece. de forma ma is preci sa. a técnica de tecelagem: « ... fo)' asell/lOdo que 110 dilo 1)(1110 .\'C fe;:l'!>'c dllqll)' em dionte

de de;: cabn'slilllf).\· como se 110 dilO ah'ara declara com declaração '1/1(·1111111/1 dO,f dilo,\ clIIJ/'estilhos se deite ametade por/ma ol/rella e (I 01/11'(/ II/ewde pc/a 01111'0 1'(/1"(1 q/le 110 dilO /1lI110 "os.~(I jiq//ol' lI1/1iro moi,l"fo,.re e tepado e milllor...

»'.

Este diploma é. de resto, \'alio\o para a abordagem de oUlras questões de fundam ental compreensão: as que se prendem com o~ espaços e tempos de tecelagem. no pre:--suposto de que Vi la do Conde se constituiria eomo o núclco de dist l"ihuição destc v;Jlioso 'lrtigo. nla' nunca como seu exc lusivo pólo produtivo. Que a tecelagem el"'l um vector dominante da actividade manufactureira de Emre·Douro-e-Minho é algo que ressalta das conhec ida.s notícias históricas de Mestre Amónio e do Dr. J050 de Barros. Com efei to. o primeiro s itua a pro· dução anual da região de Guilll:lrãe .. num valor superior às 100.000 varas anuais de pano de linho e e .. topa H• enquanto o segundo avali a o trabalho de fiação, e certamente úe tecelagem na mesma rcgi::ío num montante aproximado dos 20.000 cruzados. ou \eja. S conto:-- de réis'''. Tão intensa actividade. identificada por f\le slrc António como objecto de cxpon:lção para outros lugares do reino não poderia. segundo cremos . estar dissociada de uma indústria de tão grande consulllo de pano como a de velames. O documento de 155 6 que atrás ciwmo:.. ao ser notificado ao vedor da fazenda da cidade do Porto. aos oficiais da cftmaras de Barcelos e Vila do Conde e aos ouvidore~ do Julgado da Mai a e do lugar de Azurara delimita. com maior rigor. :I ;írea de produção de pano de treu na comarca de Entre-Douro·e-Minho. Note-se. ainda. que a aposlil ha referida responde às pretensões formuladas pelo «}lIi:. \'(!readores e mestre,l' da villll de bareel/o.I·», que com o primeiro alvará se sen tl,un agravado:.. Esta form ulação identifica. por um lado. a cxistellCÜI de mestres dI! ofício directamente ligados fi produção e~pecífica deste produto e. por outro lado. envolve os próprios oficiais da câmara numa reacção que assim toma um cunho oficial ..endo. por isso. bem reveladora da projecç::ío económica e soei:11 qUI! o fabrico deste artigo conheci::!. no sécu lo em estudo, no concelho de Barcelos. o qual. recordemo-lo. estendia as suas franjas até Vila do Conde.

"


A n;Ct.:lAGt.:M nl!' /'ANOS D1~' TNEU f;,H ENTRE·/JOURQ·E·/I1INHO NO S/~CULO XVI

Guimarães c Barce los. Maia e Azurara: concelhos e lugares confinantes com o de Vila do Conde e que com ele estabeleciam COnLactos não só espaciais. mas fundamentalmetl1e económicos. Lembremos que aS freglle!>ia~ de Barcelos funcio navam . do ponto de vista agrícola. como o termo que o concelho da foz do Ave não tinha. e que GuimarJe~. ;lssim como Braga linham neste porto o meio privilegiado de ligação com o comércio marítimo. seja de imponação. seja de exportação. Deste modo cremos ter estabelecido uma primeira ligação ent.re uma vasta :irea marcada l>ela produçflo das lonas de trcu e o burgo que com o seu topónimo as identifica no reino. no ultramar. ou ntl I..!slrangeiro. Na verdade. outros registos apontam para essa ligação enlR! () porto de Vila do Conde. enquanto núcleo distribuidor deste art igo. c a sua produção nas frcguesi'ls do termo de outros concelhos: um deles prende-se com uma declaração de dívida a um lavrador de A-Ver-Mar. da freguesia de Santi.lgo de Amorim. referente a 270 varas de p:H10 de treu. produto que surge a par da comercialização de trigo c alhos w : a segunda consubstancia-se na proibição da entrada n:l vila de pano de trcu provindo <II;: rara do seu termo scm prévio exame snnit.írioll. Trata-se. naturalmente. de uma medida prof1lática {amada em tempos de peste. As ilações que pretendemos extrair da prévia explanação são dU:1S e prendem-se com a organ ização da sun produção. A primeira refere-se ao regime da actividade de tece lagem, a qua l cremos acon tecer em :leumulação com actividades agrícolas. de acordo. de resto. com um modelo de produção proto-industrial próprio do Antigo Regime: a segunda reporta-se ao facto. a que já aludimos. de Vila do Conde funcionar como um entreposto catalizador e dist ribui dor da produção e, eventualmente. como núcleo organi zativo da mesma. através de agentes económ icos especializados. Detenhamo-nos em cada um destes pOntos. Reportando-se ao louvor feito pelo Dr. João de Barros às teeedeiras e riandeiras de Entl'e-Douro-e-Minho. e estrib:1ndo-se. cm particular. nas decl arações do autor de que nesse aEi «andam c('J/II;nll(ld(lIllClIle ocupoda.\·» e de que. em consequência desta intcns:1 actividade « ... se /1(70 acha j1/C/{/ lIIuy ros lavrado· res para po\'oar a Terra e para a /(1I 'I'al'... >'. consideram a lgun<; alllo rl.!S que a organização dessas tarefas se far ia não cm eomplcllll.!nto do trabalho agrícola. mas sob forma dI.! especializaçiio. eonsuetànea d<l falta de hraço~ para a lavoural 2. Di scordamos. no essencial. desta tese. Em primei ro lugar porque é cOllsabida a prev:l lêneia da mJo de obra feminina ne,.<;tas aetividade:-.. a qual é uma vez mais comprovada pelo citado alvur:í de 1556 ao dirigir-se. de fo rma explícita. :IS «teccdeiras». Assim. ainda que estas se especializassem lia fiação e tecelagem, o que nJo cremos. tal não poria cm causa o lavradio das terra~. mantendo-se activ'L do pOIHO de vista agríeoln. Ioda a mJo de obra masculina.. A lese de que uma fra nja significativa da população das freguesias rurai!> de Entre-Domo-c-Minho se especializaria nessa tarcfa parece-nos, assim. inco nsistente. Sabe-se, por outro lado. que os argurnelltos relativos ao despovoamento de lerras e à falta de braços para a agricult ura foram accion'ldos por muitos viaj'l11tes e 1C0rizadores corno um tópico. dificilmente comprovado na sua preten!>a extensão através de sérios estudos Jelllográficos e económicos. Assim. afigura-se-nos que aquilo a que se assistiria no espaço da comarca de Entre-Douro-I.!-Minho seria a uma multiplicação e d ispcrsJo de pequell as células produtivas. de base dom6tica. notórias pelo seu numero e pelo valor lOtai de produção anual atingido. A prévia referênci~l que aqui deixamos ao lavrador que \'ende. em simultâneo. pano de {reli. trigo e alhos parece apon{:.tr nesse sent ido, assim como o raz o c itado alvarj de 1556. C om efe it o. na 13


AMt:LlA rOl.ÓNIA

apostilha de 1561 ordena~~c brevidade na sun notificaçào ~'l> autoridades cornpctentcl>. que o deverão apregoar com celericl;J(fc «... porquoallfO ora /1(' () (('mpo ell/ qlle se {(!:;'e () diw paI/o de l/'el/"l3. Essa aposti lha é datada de 24 de OUlubro situand()~se. pona lll\J. no Outono. período que antecede o tempo morto do e~dendá rio agrícola. Em !.uma. crcmo~ estar perante um modelo produlivo muito próximo. senão idêntico nq udc ensaiado e enraizado na econornia dos Países Baixos. Alemanha e França e já sobejamente caracterizado por Jacques Heers l4 . Andre Miskimin 1\ Herman Kellenbenz l(, ou Franklin Mendels l? e alobalmente conhecido C0ll10 Verlaf!.ssy.\·lem .. As características que individual izam este :-.istema de produç:io são. afinal. as Illesmas que cremos ter encont rado no espaço de Enlre~Douro - e-M inho no que se refere à produçilo de pallo de (reu. T r;J.talldo~se de um modelo equ:teionado com base numa dispers:io geogd1iea :1 que j:í nos rercrimos. importa que se perceba de que modo se articula esse sistema de produção. E cremos que é funda mentalmente neste domínio q ue Vila do Conde c os seus agentes económicos exercem pape l predominante. A tese que aqui apresentamos é a de que merc:'ldores e negociantes d;J. vi la assumiriam fun çõc1> de importadores de matéria prima. seus distribuidorc!. pela~ múltiplas célul:ls de produção. peJo menos nas quantidades em que o mercado Jocal não respondesse. e seus exportadores sob a ronna de 'artigo em peça. Assim se justifica a gr:lIlde quantidade de fio de linho em ram:l importado. Assim se compreende a entrada das rcferid:,b lonas em peç" em Vila do Conde através de lavradores do termo de outros concelhos, a que jj nos referimos. E assim se compreende. por fim. que encontremOl> um mercador como Gabriel Lopcs a adquirir 1>ignificmivas quantidades de linho"; e ii negociar os famosos panos de treu l'). ao mesmo tcmpo que são reconhccida:-. as SU:1S múlliplas relações com numerosos lavradores do termo de B arcelo~::'o. Em su ma . à dispersão da produção corresponde Lima conee nl ração da comercialização, viabilizada por alguns investidores que pa recem corresponder ao pcrlil do i11lcnnedi<'irio capiwlisla identificado para a Flandres. a França. e mesmo:t Alemanl1:1. o qual dinamiza a actividade tcxtil dispersa pelos campos. conce 11lralldo~a no momento final da comercialil.açã0 21 . Sendo os panos de treu exportados fundamentalmente atravó do porto de Vila do Conde e por mercadores dessa urbe. compreende-se. pois. que o burgo passe a identilicar com o seu topónimo um produto com UIll perril t:io característico. A 1>egunda hipóte:<le que aqui l;:Inçamos. e que directamente articula Vila do Conde com o vasto hil1rerlal/d de Entre-Dou ro ~e-M inho em que se produziriam lonas de Irell passa pela possibilidade de. além de se erigirem CO IllO vendedores dos panos cm peça. esses mercadores se pudessem constituir também como fornecedores de matéria prima. no pressuposto de que .:l que existi:-.se no mercado loe:!1 seria insuficiente par:.! assegurar o muito sign iricalivo volume de produção que é sugerido pejas fontes. Com efeito. pelos mandados de Jorge de Vasconce los. e pelos recibos dos t"eitore1> de Moçambique e Cochim !->abe· se que foram transferido<; para essas reitorias. nos anos de 1510 à 1513.22.839 varas de pano de Vila· do Con de. va lor que constituiria apenas uma pequena parcela do total produzido. já que nos ano~ de 1525 a 1530 Icriam entrado. só nos Armazéns de Lisboa. 149.829 varas do mesmo tecido12 . Os signilicati\'os valores apon1ados justificam-se. de resto. pda qu antidade de pano necessário ao velame de cada vaso de navegação: para uma só embarcação de 550 toneladas. arqueação consider<'ivel e não propri amente predominante no cOntexto coevo. serinm necesárias 3.550 varas destas lonas:!"'. 14


A Tt:CI:.I.ACf;'\I OE PANO~ OI~ THt:U J::M EArrRE. /JOUR()·/:"·MINIIU NO sixuw XVI

Ora. ao abastccime1llO do:-. estaleiros da Riheira da~ Naus 24 • c daqueles instalados no Oriente. deverfamo:-. acrescentar a grande quantidade de velame r1ece:-.~úrio à intensa activid:ldc dos ~talciro:-. da Ribeira do Ouro. no Pono . por cena também abastecida pelos mesmos fornecedo l"c~. e aqucla requerida pelos próprios estaleiros de Vila do Conde e Azurara e por portos de menor envergadur'l. mas ainda assim so licililnles de significativas quantidade:. para provimento e reparação dos vela mes das sua), ernba rca çõcs2~. No pressuposto de que a), zonas de produção referidas respondessem a e:.tas C llmul;lli va~ solicitaçõcs de abastecimento dos cstalciro~ do rdno e Ultramar. e ainda que não pOSS:1I1l0~ apontar para tOlais de produção anual. este), ultrapólss:lriam por certo. para Entre-Douro-c-Minho. o vOllor das 100.000 varas arlUai ~ apomadas por Mestre António em 1512. Notemos que s6 para Lisboa. nos ano~ referidos, exponar-sc-i a uma média anual de 30.000 varas. Se atendermos. ainda. às infomlaçôe~ que apontam para a sua comercializ:lção no cl>lrangeiro. nomeadamento nas feiras de Medina dei Carnpo26. lica claro que;1 quantidade de pano de Vila do Conde produzido nfio s6 satisfaria. <:Olno ultrup:lssaria as necessi dadc~ irlll!l"I1as. tomando-se reconhecido em outros espllçoS de comercialização europeus. Tal volume produtivo exigiria. por CC110, o recurso à importação de gr;lI1dc quantidade de fio de linho em rama. no pressupo .. IO da in:-.ul"icii!ncia do seu provimento :Ilr:lvés da produção local. em Entre- Douro-e-Minho. ou mesmo nacional. envolvendo a globa lidade do reino. Na verdade. no que se refere ao ab:astccimento desta matéria prima. Leonor Freire Cosia. ao mesmo tempo que identit1ca os centros abastccedores desse fio subl inha. na sua te<,e de mestrado sobre a construção navill na Ribeira das Naus. a ideia de que a sua exisll!ncia no mercado nacional. nomeadamellle na zona de Coimhr'l. Santarém ou Torre de Moncorvo. não excluiu nunca a sua import::lção de Illen::udo~ exteriores. fosse por insuficiêncin de :;!Ock.)·. fosse pela re lação qualidade/preço27. Quanto à {Irea gcognífica envolvcllle do centro manuf;lctureiro em est udo. Aurélo de Oliveira fornece algurna~ achegas pertinentes par-a o período de 1630 a 1680. Traia-se. é certo, de uma fati~\ cronológ ica ni:io r.:oincidentc com a globillidade do século que estudamos. mas ainda assim próxima d;1 sua fronteira limite. Dos dados que pudemo), respigar. e sem que o autor adiante quaisquer quantitativos de produçiio des),a matéria prima para o espaço que estuda. aquele que se encontrava sob administração da :lbadia de Tibães. parece estar ateslada a suol presença em quantidade significativa. Dois indic;nivo~ apontam nesse sentido: 1.° o facto de uma das componentes do paBamento de arrendamentos das igrejas anexas a essa ab;ldia ser constituída por var:ls de linho. como ocorre em Mire. Vila do Punhc e Oliveira e um:l: 2.° a existência de um engenho com duas rodas de moer linho. explorado directamente pela abadia 2K . De resto. jú para o infcio do século XV I Mestre António confi rma o cultivo d\llinho na comarca de Entre-Douro-c-Minho. p:lra além dói sua tccelagem cm larga e .. cala~<J. A grande quantidade de fio de linho exigido pela dimensão da actividade em estudo sugere, todavia. o recurso paralelo ;1 illlport;lção. ilacção que se e ncontra. dc resto. confirmada pelos registos da 'llfândeg;1 régia de Vila do Conde dos anos de 1527 e 1532~o. Note-se, porém. que se encontram auseTlles deste registo as matéria!. primas c anefactos fornecidos pelo mercado nacional. sendo estes objecto de tributação pcl:1 alffmdega do Mosteiro de Santa Clara11 . uma segunda casa adua ncira. particular. existente na vila. e da qual nfio ~e conhece qu;t1quer documentação subsistente. As conclusões ;1 cxtrair dos dados que aprc~erllarCIllOS encontram-se ainda sujeitas a limitações que importa sublinhar. :l mai s importante das quais se relaciona com a circunstância de as perspectivas e~tatfstica .. que ensaiaremos 15


"MEUA POLÓNItI

-

-

M.: Cllcomr:\relll Jimitad;IS pelo t'aclO de a fOlHe menci onar e,>:.c produto dc

importação recorrendo a diver5as un idade'> de rc t'ero.!ncia. cUJa conver:.ão se tornou de difícil. quando 11:10 de impossível execução):!. Em paralelo. nada 110S garante que os montantes importados se de:.linaSSCIll. cm exclusivo. para o 11m quI.! estudamos: o fabrico de lonas para "clames. não nos ,crido também po.,sfvcl apontar po..:l'Ccntagcns provávei, de utilizaçiio. Todavia. se p:mirmo,> dos dado!'> di'ponfvcis. de que j:í fa hírno:.. accl'c:\ do volu lllc de fahrico e comercialização de pano, de treu. cremos 'il.!r pos'if"el ligar a tecelagem praticada nestes burgo", marítimos e. portantO. a aquj.,ição de matéria.,-primas a ela ligada:.. a cs,e produ to de fabrico preferencial. Amda que sujeit a, ã, limitaçõc~ expressas. o, dados sislemaliz;ldos nos qU:J.dro:. e gr:'Íficos que de ,egu ida apresentamos apon t:J.1l1 para tendências sobre QL"DRO 1- 1i\ II>O In'J\J) Q IU':S OE LI ....- H O E.\ I

t527 F. 15.U (l)blrib uiçiio ::..'O~r.J fj C;I )

"NO 1527 ' \I"OIlTA])ORI'~' LOCAl!I)Aln ..,

IMI'ORTAÇOES

tEm_,, '

"

".1

26W

".7

<)<l'

3.-1

10

'.8

'M

2.6

PORTO

" ,

5.3 2,4

I

o.~

"'"

'.1

BR.\GA

240

n.s

ESI'Osr:..-':PE

I

o.,

I

0,5

I

0.9

'" '"

0.1

TOUGUINIIA

1\1 "I:II.{)

Vll. \ DOCO",or;

AZUR ,\RJ\ I'ÓVOA

UiQ

S SIMÃO D,\ JUNQUEIRA

209

TOTAL

"

lO'

1.000AI.IDAtl\:.S

VIL" DO CONDE

72

2'1364

0.2 0.2

I

' 00

I\ II'O RTAÇÕ~:S

'\I "OR'I',\I)OIU;':' I\UMI,KO

lO'

" 86

VAI.(lll. mTAL

"

tl:on ... r.lle,_ 1

9312

l!7.1

AZURAIt\

6

'.1 '.1

""

7.'

t'OVOA

(,

Ji.lll

3,')

PORTO

I

'.1

·eo

o.•

BRAG,\

-

-

"

-

IOSl'os(:'mE

-

-

O., -

I

0.1)

TOl"GLI~HA

S. StMÃO DA JUNQUEI RA

1'0 '1',\ 1.

,r.

VAUJRTOHL

117

100

-

-

-

,O

1rI 701l

0.2

I

lon


II 1IXEVIGI::1\I DE PANOS VE TlU.:U EM f:·NTRE-I)OUfW·h·MINHO NO SÉCULO XVI

GRÁFICO I - RESlI)i~NCJ.\ UOS Il\.IPOnTA DOn ES UI~ U N HO (;\ 1 1527 (Ll' iltl'"" pe"ccIlIUal)

.-.-..........

GR/\FICO 2 _ R ES II1 Êj\"C I,\ DOS II\H'ORTAuonES UE L IN HO E I\ I 15J2 (lJislrihui çi"it) I)C r ccntual)

Q(\/"""õiiiii! .~

0 '0'''0

.-.-

"-~ I .~

, • • sMi(lo.o.~

as quai, im porta reneclir. Uma primeir;} organização dos mesmo!> pelo local de rcs id':ncia dos imponadores mostra-no!>, de!>de lOBo que. ape!>ar de a alfândega de Vila do Conde !oer local de actividade privileg iado para mercadorc .. de Braga. Po rto e Guimarâe s. como se compro\'a para a globa lidade da,> mercadorias aí tribl1wdas 33 . já no que se rcrerc iJ impol1ólçao deste produto em panicular. essas c ou Ira:. localidades parecem eSlar globalmente ausentes. Islo é. a sua irnporlação d irigc-:.e prcfer~1Hernent e para age1Hes económico:. residentes cm Vila do Conde. Na globalidade. o núme ro de importadores da PóvQn catalizam 4.8% do total em 1527 e :'U % em 1532. Do rne:.mo modo. A'l.urara abrange. 5.3 % e 5. I % do (Ota!. respecti vamente. As restantes localidade:. mencionada .. : Touguinha. Bmga. Esposende e Po rto e m 1527 e S. Simão da Junquei ra e Pono em 1532 apresentam- ..e como excepc ionai:.. 11;10 ullfapa"...a ndo CIll conjulllo. os 3.5%. na primeira data. e os 2% na st:gunda. No prcssupoSlO de que não sc assist3 a um sub-registo da s proveniênci;\-. geogrMi cas de quem im porta . es tes resultados prerigumm Vila do Condt: corno o e!>paço consumidor. ou distribuidor por excelência. agiutimmdu. re!>pccti\ameme. 86. I % e 88% dos imponadores nos 2 anos considerado .... A~ llle:-.Ill:l,> ponderações pan:cem ser válidas. com algumas correcções. no que se refere ao volume total de imponações. Numa perspectiva com parativa se rá curioso notar que no que se refere ~ aquisição d:l Il1nléria prima considerada. ~ bacia da fo z do Ave se apresenta como UIll espaço original. já que. segundo se pode depreender do trnbalho de António FCJ'l1andes Moreira sobre as im portações pela:-. alffltldegas de Caminha e Viana. não se identifica nada de compad\'cl ne ssas duas loca lidades 1.!. Panuldo destas prem issas. que sig nificado poderemos atribuir ao ... val ore'i totais c parciais apurados. assim como à distribuição do \'olume de imporlaç:10 por comprador? Se quisermos rornecer um quantitativo global. cm arrátei s. de poi s de estabclccid:ls as correspondências cabíve is e ntre as unidades mencionadas.

obteríamos um vo lume total de cerca de 30.000 arráteis de linho. acre $cidos de 1075 lcgalho .. para os quais nfio encontramos correspondê ncia. no ano de 1527

,

17


AMEUA POL ÓNIA

Q UADRO 1I - 1i\'iI'OHTAOO RES UE U N I'IO EM 1527 F. 1532 ( I)i ~ trihuiçã" fI"r ;ntcn':li os ri e ilnllUrtução )

ANOlm QUAKTl IMIJI:S

. I

I.

=

ANO I

%

,

ii

) DI<

I .1 ,I I I

I I

=I >

I,

I

I

,I

I

1.,

3

,I

I

2,'

1

~:

I

I

I FO~'TI

A.t'I T.T.-

,.,'Ú, "

'''51:

,51,'

GRÁ FI CO 3 - IJ\ II'OIlTA OOH ES IDl s trih\l;';:,i"

ri"" .,:.Im'e:; dó,' impo .. t:u;ão)

']

:1 :1 ~I

,

,

,

,

,

, ,

~ 1

•, ,

': ~i----________

-~·-~'~-~·~'-~ ~·-~·_-_'-_-

r -____________

. 0 500/'1,

18

50:).1000 /'I

l000.2O(XJ ,.

2000-3000...

~

••

...

%

4000-6000..

_·_•

~.

5000 ,.


II TLChLtIGt.'M /lI: I'ANOS nrTNtU Df E..VTNE.-OOUNO-L-MINUO AO SÉCUW XVI

do me~mo produto. 10.780 arn"itci .. em 1532. Qualquer do~ \alore~ apurado~ s ituam-nos perante um quauro de intensa produção manufactureira. por certo tran~cclldente dos núclco~ 1llarítimo~ d;l foz do Ave e aponl;lm. de~de logo. para mccanismos de cxponaçilo do produlO em pCç~1. Tomando. as:-. im. como v;ilida a prcmiss::I re lativa à franca projecção da activ idade cm estudo procuremos aproxim::lr-no~ à s ua organizaç:1o interna. partindo. de~de já. da idenlificaç:1o do perfil do importador de matéria prima)s. A dbtribuição. por intervalos. d~lS quantidade:. de mercadoria imponad3 é bem reve ladora da:. características dominantes no univl;r:.o do~ importadores. as qU~lh configuram a prevalência de nUl1lcro ... os pequenos e médios compradores. A par deste~ m odesto~ imponadore .... os quais presumimos se abasteçam para a sua própria actividade. poder-.. e-ão apontar os que C011lpmm para revenda. identificados na fOlHe como mercadores ou C0l110 tal ~lpontados por documentos parale los. como ocorre com G~lbriel Lopes. cristão novo. c médico para além de mc rcmlor. A SU;] prescnça al"irm:lo-se. porém. como e .. t:lli~licamente Illenos repre~cntilti\'a. O tco r do g rtifico que <;e projecta. o qual p!"Ocura evidenciar a correlação entre o valor total de 1I1lportaç:1o. em rca i.... e o número de importada re ... é. por seu lado. bem revelador da redu7.ida franja daquele!'> que evidenciam um negócio mais volul11o ...o. De ... 'a con ... tataçfio h:í que ... ublinhar dua ... ideias: a primeira confirma a prcv:tlí!ncia do . . pequello"" c l11e~mo muito pequenos importadores: :lo segunda nl:.lIlife",w. a existência de ::Ilguns. ainda que pouco:.. importadores de g rande quantidade de matéri:t prima. Ser:'! neste gmpo re ... trilo que dl;veremos procurar os cve1lluais capiwlisl:l <; que se constituiri:lm como pil'(u,\· de um si .. tem:\ pl"Odu~ tivo disperso c fragmentado do ponlO de \ Íl>ta e ... paci:il. Anotemo~. por fim. ~I p re~cnça de mulhere.~ e ntre o ... importadores. c m nLITllero corresponden te a 7.7% do lotai no ;]no de 1527 e 17.1 % em 1532. :Iinda que di ... tribuída:. pclo~ g rupo:. de menor \'olullle de impunação. Em para lelo. importa ... :tlient;]r que. ao cOll trário do que :.C c~perar i :l. não as encontramos apcml"" :1 ~ldquirir linho ou e~10p:lo para fiar. o que ::IS ligaria Cm exclusivo ;1 ac ti~ vid:lde de tecelagem. antes nl::lrcam presença também COl110 imponadoras de estapa e tomento. matéria" primas que as ligam globalmente ;1 actividade de construção na\·al. tratando-se. em ambo!'> os caso~. de l"eçOllhecido~ produtos de c;llafelagem. O~ dad()~ :II~ :tgura apre ... cntaúo . . co l ot.:all1- nn~ perallle uma outra qUl.:stão. j;i q ue entre o grande un iverso dos pequenos e médios importadore!-. rcsidentcs em Vi la do Conde. cl1cont rar·"e-ão. por certo. outras franj as produtiv;]s do produto cm estudo. Com e fei to. :.c na~ freguesia~ rurais do:. termos dos concelhos Iil1litrofes de Vila do Conde :1 tecelagem de p:1l10S de treu :.e fazia de forma d ispcr~:l e não espccia liL:lda. que modclo dc produçào encon tramo:. nós no~ núeleos urbanos. em panicu l::lr n::l urbe \' ilncondcnse"? A primeira abordagcm de';(a matéria I>oderá :.er sugerida pela formulação do e itado alvará de 1556 cm que explicilalllente ~e referem os «me!>tres» da vi la do B:lrcclo,: IIlC:.lre:-. do ofír.;io dI! h.:celagem. c mais p;lnicularemnte. de teeelagelll de lona .. de u·eu'l1. faclo que apOnta para ullla org;lI1il.:lção do mester e m oJ1cinas c. ponanto. segu ndo um lIlodelo de conecntraçi1o do trabalho. O f:tclO de. em Vila do Conde nos dep:lrarmo!<.. nos registos cmnar:.írios. pelo menos dc ...dl! 1562. eom a nomeação de examinadoras do oficio das teccdeiras.\7 e.

1;.

19


IIM f.VA I'OL 6NItI

desde 1596. com a menç50 à~ j uízas do mesmo l11e s l er~~. c ainda com a referência. desde 1577. à existência dc taxas dessa act ividade.1'.l apontam para a estrutu raçüo intcrna do ofício e paf:.l a sua organizaç:1o inst itucional e hierárquica. Pela:. informaçõe:. com pulsadas afigura-se-nos se r notó ri a a represcllIal iv idade deste grupo no conjuIlto dos ofícios mecânicos d;1 vila no decur.__ o de IOdo o sl.!cu lo XV I. Uma cc ntúri:l volvida. a realidade parece ser. porém. bem diverSa. se nos ati vermos à deliberação de 10 de Junho de 1682. a qual e~tipu l:1 que a obrigação de apresentar. na proc issão de Corpo de Deus . a pel a. q ue sempre fora d a responsabilidade das tecedeiras . se transferisse para as pe ixeiras. em vi rtude d o ser o número daquelas diminuto e o mester qU:lse extinto~o. Cremos. pois. estar em posse de dados que corrobor.lm. par.:! o século XVI. a im portânc ia assumida por esta actividade no conjunto do corpo de ofíc ios da v il :l. que :l.1e:. t:1Il1 a prevalência do ele ment o feminino no seetor~t e que pressupõem uma concentr:lção espacial. cspeeializnção funcional c est ruturação ilHema cm ludo diversa do modelo disperso. de desempenho complementar e e m tcmpo parci .. 1 que :lpOlllamos corno car:J.clerizantc do espaço rural envolve nte. Cumulativa ii eSIa q uestão. e cingindo-no!;. de novo. ao fabrico de pano~ de treu e de \·clames. poderemos ainda colocar uma outra. relati\'a ao tipo de t:lrcfas de:-.envolvidas cm espaços rurais e espaços urhanos . Será que. à imagem do modelo descrito IXU'll Olllros e~paços europcus. cm purticular os Países Baixos . no primeiro desscs universos produtivos se cu mpririam tarefas exclusivanlen te de nação e tecel'lgenl. acontecendo as tarefas de re males finais e de produção do velame cm espaços mais urbanizados. cm particular. na vila que marcou com o seu nome o prodmo e m estudo? Nenhum dos elementos coli gidos nos permitem consolidar essa hipótese. mas cremos ser verosímil que a fa se final dc produç:1o: ~l coslUração dos panos c a 1ll0delaç:1o final do ve lam e. na quan tidade e nas dimensõc:. pretendidas. acontecesse l)Crto do:-. estaleiros d e construção e. no caso concreto. em Vila do Conde. Neste pressuposto. ao significat ivo e o rganizado grupo da .. Iccedeiras se: deveria juntar um número cons iderável de cosllLrciras~2 de CUj'l acti vi dade rcsultllfialll as velas que propulsionar:nll as embarc ações saídas d os c:.taleiros de Vila do Conde e Azmara. Os valores de exportação apontlldos para o universo do reino c im pério ultra marino. 'lssim como o reeonhecimelllo da sua qualidade no estrangeiro. d c que falámos. comprovam , por fim. não só ii intensidnde da produção desse artigo. m a s também :l s ua importância econ6mic:l e estratégica. Importan te. arH e~ de mais . pafa a economia local. enquanto fonte de reccjta~ e instrumento de mobilização de recursos hu manos da região. evcntlln!mente excedent:írios. quer pela conheci da den s idade demográfica de Entrc-Douro-c-Minho. quer pc los índ ices de fertilidade do solo. eles pró prios responslÍvc is pela libertação de braço:. da lavoura. qucr ainda pc];) tendencial c oncentração populacional c m núc leos marítimo:. . mobilizadores de agentes económicos. em particular jovens. i'vlas importante também p:lra a globalidade do reino. enquanto instrumento de dcsenvolvimenlO de uma ou tra actividade paralela impresc in dível do pOnto de vista cstr:uégico c operacional às navegações marítimas: a eonslrução naval. Só nesta !'iegunda perspec tiva se compreendem as sucessivas intervenções do poder régio na regularização da acti vidade de fabrico de trells c na manutenção d os tradicionais partUlletros de qualidade que aqui documentümos pam um período que re monta ao reinado d e D . Fernando. passa pelo de D . Manuel c se reafi rma no de D. Jo;1o III e posterior regência de D. Catarina ...

20


ti TlXEI.AGE\f f)/;; I',\ NOS /Jf~ TREU EM E/tlTflE·OOUNO·"· AUN IfO NO SfXULO XVI

NOTA S I. C): Memorial de V"ri,,~ COU7-"~ Lmportame!>. B.N.L.-Cód. 6]7. n . 1211\", 01. COST A. Leonor Freire _ Nmu I' Gf//t',k'\",," R"wim de Li.,htH.l. ,\ etllulrllf"f> IIm·,,1 ti" M!clll" XVI/X.N, (, RnlfI (lo C,,"". Ca-.cai,. I'atrimoni:l. 1997.1", ]60. Notc · ~c. porém. qu<: I) ,i~nificado clllll0161:ieo d" p,da",~, 11;'0 ê p;u:ffil:o. l:)( iSlilluo O~ 'Iue "defincm 1:01110 1'''"0' '1u"d ... do, ( BLUTEAU. R:,facl. p"d,.., - I "H,.II"'/II";/! "Omllll/C::. &: Lmllm - L.i.Jlo.J. L72 1. V11L . ['1.276 c ES PA RT(LRO. Anlónio Marque,. Coltlambntc _ Oicimu;ri o ,'U~ln ..lt'/ ,Itl Mori"l", - 2: e<.l .. Li,I"",. L9.\ J. 1", L117) c oS que dctinelll o I1"CU eo"'o '",'', vela LJlma e. port"nto. In:ongubr (COEL HO. I"r'II'CI'CO AdoLr" _ IJ;,·...·/olIflrú' 1I/(II1/1tI1 é/111m/o).:"." "" 1..s/J~l(tl /'onlll:llc:~' CVIIII"m/ll ti li.r:niJictl(llll t" prOMNlitL .. Lhho". "d,). Toon, o!> :lutores Ilmeeel1l elli'l cidir. porém. n:l .deia ,Ic que se Irala de Ullla 1011" e,ln:lla e re",tcme. :lpTopri;uJ" p;.lr., o Illau tempo (Cf MARQUES. S,I\:J - O .• 1lt-"lIl1rill1clI/()s l 'o"''''':''<"5e", cd. fnc-,irnil:lda - L" OOa. I.N.I.C.. 19118. Vol. II . Tumo !. p. 216) . .2 Cf Carta lIh1ndado de TellllÍj;al- 25.J:l'loClro.13n. Publ. !\IARQUES. SII\":! -op. UI- Vol. I. p _ 156 (DQC.138) ], Cf .1>idell/ -I Cu. FELI"ER. R.J. dc LIlna - S..IJ.• Í//It), JllIro li 111516";tl do Imllll P""I/lK"e~a - Li<boa. AC3dcmi:1 da, Seiência,. 1868. p. 31. 5. II/II ert.rit. II<- N/II"'~(lI"i{}1I dI! tos Mm'o I' Ti"errt'-' n ..,.ul ellltlle.f in FERNANDEZ D U RO. Cc.-..ário - .. A la Mar M:"ler:.. Li\"ro Quinto dc la.. Di,qlll,iciollc' N:iuti ~!,",,, - /I. !"drid.L880. p. 453 (Cil. COSTA. Leonor Freirc -01'. nl. I), ]60), (,_ o..x:umcnlo puhhcado por VIT ERUO, J_ SCH'''-' _ Am'.\ 'ml/.sl,.im.' c 11Il1li~lril/.\· P ... .,uJ.:"e~tI.\, IlIlhi.f· ,.'1<1,\ T'".\II'" .' C""J.:",,,'r,·.f - Coimbr:L. Impn:n':.l d:J Un i\'cl">oid:ldc. 1')().l. p. -I], 7. AllarJ de Li,ho" 23.Jlllho. L!'i!'i6 e 1I1X"ulha da IIlC>ol1"-' cid:ldc. de I I!. SClclllbru. 156 I (Documento puhhl:ado por CRUZ. AnttÍnio - O 1'/lrI') mu NlIt,t"};t,p'''' .. "" E.'I"wt';o. 2.' cd .. t "oo:J . In<titulO de CuLtur.. c Língun l'onu!;Uc,a. (L 983). pp. 128 e 129). 8. MESTRE ANTÓNI O - Tral/ut" .\Oh,.(, (I Pm'II1(";lI d'Am,.., 1),1fI1l> (! M;lIlm<' ~II(/' (II'lJIu/rlll(m· .. llihli01ec" Pública MUllLclpal do Poria IB.P.M .P.) Rc._crvados. Fundo A7'<:,·cdo. r-.h . 16. n.6\". \.I. BARROS. Dr_Jn'lu dc - GI'ilJ:I"tlf'I,ill tl"/:"IIfrt' V<mm.' Mml", ., .,.f(I~·,,\· Milllle,f. n .I'.M .I' .. 1919. 10. Arqui\'o I)I'tnl:J! UU Purt o (I\.D.P.)- Notar;:Ji,. V. COlide. I' S"n..:. L\". 2. n, 11-1\'-116 (Rc!;isto de I <J.JanClro_ 15651. II I\rqui\"o ~ l ul1ldp;i1 de Vila 00 COIk1.: IA i\L VC.)- L\'. 20.lh. 333·333\. o.:lrhcr~;>O de I I Qutuhm.156~

12. COST A. Lconor f'rcirc - 0/1. cif,. [I. 363, 13. Cf AI'I"'llh:l ao :llnlr:i ci t:.do tle 1.5.5(,. publ. ln 1m'. àl. [I. 121\ 1-1. IIEERS. Jal:quc_ - 1.·Oe ..ill'·III " .. , XIII-XV _~i~c/t'.r. tI,·" CU .• CH"'''''';I/U('' ('/ .",.;.. I,.~. P:lr;s. p.u.r.. !>.d .. p[ll .\ [_ [-I-I . IS. MISK1MIN. Andrc - A !Icrmo/lri" ,,(/ H""II\c"''''IIW EUI"OJII'II /.lO(I·lnoo. Li,oo". bl;rrnp". 1<)1\4. 16. KELLENOE:-IZ. Herman - ll!du~".ic,f Huml ..." ,'/1 Ocódrlll di' /" fill ,lu M"'t'1I "II" (//. XVIII'" úi'<"It" ~Ann"lc,- I:: .s.C.". 1\110 IR. 11-.5. P3ns. 1963. 17. ~'I ENDELS. Fr:IIII...L1 1I - Pr,""-/",/".frr,,,',~ ..,;m,. tlll' flnl /1111/.\'1' uI II,,· ilUltulrwli~"""" I""'·C.". "Joumal 01 Economie Hi"OI)"", XXXII. I. 197::1. pp. 2J 1-2461 18, Cf TC);;<IO' dn, !i\'ms de re«il" da 1I1r:indq;a rto;1ô1 """ m"" 1527 e 1532 (Arqu,\o Naei0I1:11 - Tom: \10 Toml", IA "T T .) - N\\clco Anllgo. N.''' ~13. SI.\). I'). AD.!' - N"!;(rl,,j, V, COlide. I.' S~r;c. Lv. 5. n,. 151\,·160 20. Só um ('·\)l1hcenncnto dclalh:Ldo d'lli regiMo, nOI3Tiais no:< pcnl1lte lm~cr lul ufinn,",iio_ Com "feito. silo numcroso, 0' C:lSO~ dc la vr:J<.Iure, dc Ba rcc!u, que, dcs IQC;lI1do-.~e a Vila do Condc p:lra cfcctuar qualqucr "CIO nmariaL. o fa lellL na rcsidênci .. de Gnhricl Lopes e len d o-o I:omo lc'telllunha t ccrto qae e~sc fal:lo poderia dCl:orrcr de nCl:ó<!Ío, e'lI'ol\"endo qualquer oUl ro lipo tlc rncrcadod", Tod:l\·ia. m: dado, pr"C\iamcmc aprc~cntôldo~ . c o f:lclO de Galll'ic1 l..opc' su r{;ir como illlport"duf de I1."."ri" I)rim:l c ne{locianle dc pal1o~ de trcu ]l<:rm,tc-no_ lI,cLuir e~le produto 1:01110 um dos q uc po~~I\'cLmel1le nesueia\';l I:om o' l:wrndorcs de Barcclo~ 21 Cf. entre outm-- MOUSNIER . Rol;md -/~s XI' Ii" el ""1'11. '" .~,,:'·I,·_,. P:lri,. P.U.r-.. '.d_. pp 1().I·l06. 22. Cf d"dn, fOnlcc idO'o por COST A. I..eonor F,..,ire - 01'. cit,. ]l. 364 23. Cf ,Iml...". pp_ )63-,,(,.\. 2.\ . Rcgl'tcm-", n, dudu, um" Vl.·~ 11"'" IQr1Il."Cido, I'cLn, acto, l1ot:H·i:.i ~ de V. Conde. 0' '"lu:u~ 1l0UCl:lm. aind:l quc Cp"ód,l·:lIm:-nlc. :I "cnu" de Ireu em LI,I1"'I. pu!" mercadores d" \·iI'l. no valor. TCspccti\:l1llcntc dc :<;6.900 {:Jnu I5g.\) c 5.\.000 Tc"i, 1:111') dc 161 !'i). N~ ,cgund" d:l~ ocorrênc ias d;7 -'" Ir.U:1r-", de ,,"'.. \'<.' l1d:. par:I o' am';l7cn, rfglo, Id. 1"I:,pccli\an.cnt~·. A.D.P _ Not"rõ",s-

V Condc.l' Séric, Lv. I.

n. 17·17\'. c\.' Sérico L\'. 28_

Ih. 110- 121 ). O faclo de nC\IC úhimo

reg;'tn. e num '111110 de I\:Wr:'r:1 IId..",. ::1 " Série. lI- 3.1h. 102 ... 10)\. Rcgl'lu dc 07.0S.I6(8)

21


AMÉU\ POLÓNIA

o~ u~e!1lc., .1c'IC comércio e~peci!lli",,,,,,, n~'! c tr:ifego. ,6 compr'een,r-c!

'c ,uemific:lrI:m

como .. mac:uJorc.\ de Ircu" ~USCrt: UI11" cer t:l medi!ll11e:1 e~ I.'lê nci!l de um "olume '1gnil"ie:llivo

do, neJ;',lclO' c do, mom:mle~ ell\'olvido,. 25. Com cieito. tlcl'ar'II11<.)-no,. no üecurw da no,"-3. I'rúpri!l in\'cs"g:>~·:Jo. 1;0111 regl'IO~ que !lllOnlalll para a I;omercrali/;'ç!lo deq"., pano~. por agenLe, económico, de Vila do Cunde. n,-,o w em Li,ho:!. ma' Lambém cm 10;;0 c cm AlooJ:!u;a rcl A.D.P. - Notnriai ... V Cundc _ L' Serre. Lv. 5. n, 15);,-160 IAM 156')); Lv. 7. n~ 1·-12,-14], (Ano 1575); Lv. 9. n~. 229·231). NOIc-'oC que ue,Le úlumo C:I,,) quem comerei:!llI:! o aMigo lO um;! mulln:r. J u,ta Fe:m:>ndc,. VIU";) dc um pilam. Não el"el11O' que o) fil.e,-c comu Ic ...'Cdclr... ma, como mcrcm.lOI":l. ::16. Vcjn-,c o que 'c d",,: ,obre o reconhecimento d:l 'lualu.l:uJc do j1:1Il0 por Esc:d:ll1le dc /I1ell<1011I.:1 III t- I:::IU\ANDEZ DURO - "/,. ci/. p. 453 C ,mOle-,-" a mCI1("u) de R(\mon CARAND I!. ,egumlu O qual ,e Lr:m,uceiOI1:lV:om pano., de linho para ,-ela~. provindo, d .. Ponu:;al. n~, feir'" de ~Ie{"na IC]. Ctulm V .1' ,,.,,:; HtIll1",'m,. 4' cd .. Ilan:cioml. EU. Crflie:r. 19<)0. Vol. I. r. 194). 27. CI COSTA. Leonor Freire -"II n/. pr. 347-359. QU:lnIO uo f:lbrico Ue tccido, de linho :1pOllle-".; :l c(>Ilclu";i" "ÚI:lI1t"d:1 por Arm M:lria FERREIRA para" 1)o!Iíodo mcdie'''!. ~cf!ulldo a .[u:rl o Illcrcaü" naclon;)!. :1Ím.l:. 4ue rc'poudendo :i~ n"c~'~,id'ldcs IULem, .... dcixa\·" c'p:rço panl importaç!loc, de lecido~ de melhor 'IUal,dade (Cf. II ""Iwrw(",jl) ,. I ) l'nmlrrin to~l'IIl ... m f'or/lIJ.!tll mI .,<'o,In XI'(/.Ii'i5 (I /481) - L"huu. l N. C.i\1. 19113). 21:1. OLIVEIRA. Aurélio .1.: - II "bmlifl ,I" T,/Jii." c " s..." dmuím() (M.lO·/ó8()/. r:,f""/O .\/Ieial e O'("(,m;I/Um - P(ll1ll. hletlld:lde de 1~1r:r,. I '.l7J. pp. 75-77 e 117. 29 0<,. e a'li ,e d;!;! 1,,;1. linho. que ......ameULe e,le "no de quinhcul'" e d01.e ,,,ir:lo de .. tll Villa de GUlmar."k, 111:11' uc ccrn mil '''r,,~ de Iluhu. c cSlOpa cur:ru:I' par" (oora ... ,. C(. Af\'TÓN10. \le,lre - "/,, ";/.. t1 (" 30 A.t\'T.T -:'\úcle"AllIit;0.N."'5De5IJ ~ 1 l..cmhren .. " \[ue Vila do Cnntle (h~rullh:a ue dU.L' e"~"~ alla",1.:t;:íria~: 1.1111" rct;I'" OUII":I do MosLeir" <1<: S.mt;l CI .. r:I. ,enu" C~t;j uma Iter'I'lê",:i" d:l~ rel!ali,,~ adu"nell"'-' ~"Om que loi af..'CI:ld:l:r doa~·:;o,Ja ,;Ia a D. ~hna [';Iis. Acc,..;a u,,~ '1.1:1< 1lIrihui~'õc, C dm 'I!\" pcn.'ur<o, :11': M:r (undidn eOIl1 :\ :llf:irH1cg" rélõl:l. cm 1550. [:duremn, tolll m:uor ranicul:U'I<Ill11 nUI11 OUII\' lu);:ar. :n. Al[ui ~"'!llr<:ilarcmo~. <I.:~dc j:l. m criL~rio, -.cguido<: I Al'cml.' n quadro A menciona ti' 10lais llpur:I<Jo, de :Icordo eOI11 a ~\HI e~l'edllea menç;"io 11'1 fontc. Em loJo~ ()~ oUlro, enMli:imo<. ~mprc '1UC 1'''''1' el. ~ n.'Con'el·~àu a umu. nu uua._ uess."\, unid".k, 2. Con'lal~mtJ~ (\ mençlo :1 m50'. p...-dr:I'. Iq:alho'. 'Iuilll:u~ e :l1T;llei, 1>0 ca."<O do hllho; :o quintui~ .•:elllo,. m50'. (ihl~l~ e :lIT:,I':i,. no ca_o ,I,; C'lop:t: :o '1ui1ll,(I' e ttnlO~ nO ca..., J~ c,IOra par:\ calatetar. " '1uintai~. ;<1T:iIC', C 11\;"" nn ea,,, <lu IOmenhJ J 1'0 que 'c reporia ;1 e'topa depuramu-no, com" r<'",hihJ ..dc dc, :>,r,,,,,,, do, .. :!lofe_ cm que cr.. "".ti:ou;\ ;\ mcrcadori;,. e'tahelccer um,1 cqmp"r:'o;::1u quaHlil.II;' a. em rca"'. enLrc I qUintai - I eCIILo - I 00 UI1-:íICl~. Iodos ;'<, :lhad", cm 700 n:a".l\'unc".llOrÇlll.:1 fonle (:lI.:t cqu""lência e:>.pllcn:r clllre e~LC' ,Ji\'cn.<>s I'e"», 4. No ea._o <.lu linh" uLili~:II11"'" 'eguill1c eorrc'polld~neia: I pedm - 2 m:,," - X :.mIL"I" I m';o - J :o n ':ilcis (q. SII VI.:.IRA. J. Ilcllr;'Iue, Frad""u <.l" - CnlllJlhrtl/o tlu Nm'(I SI'I/t'11It1 Ú'llfl/ ,I" M"tI/tI(U·.... LI,bol". Ty[>Oj,!<,.. h .. do Ccnlrn Cnrnmcn;illl. 1856 e VASCONCE LOS. Leite de J;III()llr"jifl /'(lr"'c"n tr. LI,ho:l. L'\'. CM .. [Wlll. Vol. A. pp. JO e .U); ~ !'"r.. :a J;loh;Ilid"uc do_ dlclllo.; de eon'cr.-à<) enLo'c '1ll'.llci, c quinui, \Cguimo, a corrc'l"lIlJél1ciu :aprc,enwda por VALD~. Lui_ Tru'·""'h ,\'Q/ícifl ",",.br,' '" /"'.1(':;. meditltu e 1IU>t'tlfl' d.' P"rllIllfll ~' .rlffI' /HHlt'.,'.fiic.,· "I'f,l/)wn,,,,, ,. 1/" IIm.III .... Li,hUJ. Impren'~ Na~·ion:.l. IXSó. p. 13. "qual p"reeta II1a •.' prú'I"''' do~ "llure:, _ugeridu< pc!;, hmLe. do que :\qUcl:1 :11IOnr:\d:, p<.,.- MARQUES. A.H lI<: Qh"CIr:1 -I'I'.m, t ' /oInlit/a.'" ,,[)ieiun:lno de 1I1'lôri:1 de 1'0rtuI!ul. LI,ho:l. lllleinljva~ &lilori:lis . .,.. tI.. Vo1. \'. PI). 67-72). A!;rallceclllo,:I ln'::> Amorim n il1e~lilll:ivel ~'olahom~'';o 1M tentativa de dilueida~':'O de,1:1 m"térr:l. ]3. [)c_w m:ll~ri:> lr:olJrClllOS de fünna m,,,, dC"en"ohJda~ num OUIl"O IUlõ"r 34.l'idt' MOREIRA. Manuel Alllt~IlIQ ['cm"nde:, _ A /llfi~mdclla ,I., Vllmtl t' o cm1lén'", ,II' IIl1fN)rtariin d,'/"",,,., IW ., à. XI'!. Vian". 1')<)2. \5. O agrup.lnlcnto de dados em lun,,;io do ul1ponad.)r ocurreu :tpena, qu:tn<.lo a lonte idclluriea cxphcil'H"cnLc '" :agente CUIllO 'emlo o mc ... nu imp\lrtaduf. Um" mera ... orrc~ptJndênci:l ormm,i'L,c:l. I1~Lemc C111 l'e1\"Los dis~crnina<lu, ~'m ,·:lrio, (oli,,, do, li\"l"o, 11.'0 III)' eondul.iu l' MIIll:lIÚl'i<l~ de IllCI\:"""l1'I;l~ imporia!!:". l6. \ ú/i- eiIJç.u} "'I,r" 37. A.~l V,c. - 1.,.1<). n 60ó" 'II. Me",. L,. 21. 11 ..127, 19 /(I"m. L,. 24. n, 117-117\'. 40.1tIrm. L, 32. Ih. 230-231\',

22


A T{XEl~GEM

DE PANOS

mo. TRt:U EM ENTRt:-/)OURO-I:;-,HlNIIO NO Si.CU/.O XVI

n,-", pon:.,~upõc:_ pot"ém. a inexi"êneia de tccclãc,_ Uma dehhcr..ção e:umm!ria de 1-l66 detem,;na, por " ""ntuplu. 'lu" um Fern;lo Ooru;ahe,. tecelão. dc<cmpcnlle o papel de CriStO, nesse ano e <uhscqucttle.'_ na proci~,ão do Corpo de Deu~ (Idem. L,'. 16. Ih. 14 I·h' ). As t",:nçi'>es a c.\,es :me,ão, ,iio, contudo. c<ca.":'_. " nilo no, dcpar.lJ1lO' nunca. cm Vil:! do Conde com l.nta org:mi,ação ~"lruturada do _Ci."lor I1ta,culmo d" teccl:'l!cm. O c,-,nldrio ,,, r:"~"- por excmrl,), cm C"imhra, cidade em que o resi1l1cI1Io do, ofic;os '" cnçabc~'i.Ido pclo~ «lccclliiis de rauo de Ionhn" fCI OLIVEIRA. Anlóni" de A ,.,dl/ .',-n/U'''';C(l " .Iodal d,. C";mhra d.. 1537 'I 1640. Vol. I, p. S 14). E'la que'lÕC, eolocanH'o, pcr.Jntc o ,ignilicauo u" p:.la"nI "me,.r", .. com ,da nu Ciladu "I""r.i de 1566 rCI>O'1'lUdo-<.e i, "ii" dc IJarcdm. COmr":lMame. de re<IO, com () ,.Ivo do diploma: '" ... ('c ... dc"-,,,,". Ser:\ que por o<me,Ire,,. ,e de';cl"; entender .. m,,,Ira' .. ? Ou, I'clo el,)'lInirio, o' rnc.,trc, do oricio, cm Ilarcclo, ,criam, de facto, hOlllens, o que não ocorn:ria cm Vila do Condc, ,ola cm que c~'c~ eram lll;UOrllárlamcntc mnhilil.:ldns par... a nal"cl!ação, :.e:.h:ondo :1.' mulherc'- por de,empenhar (unçõcs de exame, juIzo c dirccç!lo técn,ea da., un,dades de produção'! <12. Só ,Ic-.de 1616 eneOnlr.lnlO\ nos livro~ de 'crcação rclerênc~ explicita U~ Jufl.a~ e exam,":odor.l~ "," co'.ureir..L'. f:,çm 'lu", n:ín 1"'''''UI'''''' :, ,ua previa incxislêncin, ma, n '11;1 c"cmunl mcnor rcpre~cnlal" ,dade ou menos cun .• i.'lenle ur1= ... nuação ,m"nllI du urrelu.

<I I I~h)

23



DA PESCA À SALGA DA SARDINHA RECU RSOS, TECNOLOGIA DA PESCA E TEC 'OLOGIA DA CONSERVAÇÃO, NA COSTA DE AVEmO (2." METADE DO SÉC. XVIII A INÍCIOS DE XLX) * 1:-'1'5 AMORI),I

Na erlS/a

l/r

AI'eim,

('Jfl<l('" Jlm~il"f'l

li~(lÇli(J. ,r:trmt-!>f!, em mcmfu.,

di,

H ;C.

di' imlil'üll/(/' XV/II. lima técnic(l

d" pl'.~C(I-11 " llrlt' (/(I.lIÍI·<·8a ~ - 1/l1f' mmleU/m, (} peJcac/o. mm/m/o clIpilflil I! origimmdn IlIIit!IIlJe.1 lll' r;OIr,\-en'lIçiio l/li srmlill/lll t' ~('II.\ r!eriWI/Io.f, Em fim/i!; do .\éc XVIII. il/fdo.' dI! XIX. 1tl/1(1 CQlljllll/lI1"f1 iIl1l'I1Iac;()tw/ condicio/lolf 1/ ell/mdu tle 1)eIC,t/fwl/, de CtlllS1I1I1I! qllfllidlmw, lel'(//Ido (I IIl11allll'lIçiin !'edo/m/{1tI sallre mPrI/({o., qUi', ,\'(/Ig(/ll/{o fi ~lIrdilllur II' OI,lm,~

peÍlI'.I J. :w/lstimú.IC', ('0111 hi'lJ.

ti

.,fiel 1IIIliK"If ••• .

Ninguém é indiferelllc à modern idade desta problemática his tórica. a esta cncnLzllhadn de dependência:-: n:cur<:os. pesca C consclvação. A que,tão é actua l:

discutc·,c o clopaço de pesca. a necessidade de nova~ tecno l og ia~ . a partilha de rccur!'o~. Com efeito. pa1"ccc·no~ certo que. cm meado::; do séc. XVI II. se viveu um:I si tuaç;lo de dc!'equilíbrio cntre abundfincia d:1 pCSC:I. por incremento tecnológico. c defic ie nte aproveitamcnto do prodtuo. por ineficácia de técnicas de conservação. processo quc n o~ interessa acompanhar. Nc:-,(C selllido. derini re mos o espaço da co:-,!a dI; Aveiro. a !'ua individualidade e os :-,cus condicionali s molo e. de segu ida. apresentam-se as técnicas dc pe~C:1 C a sua incidência nas técnicas de conservação. Como quadro de fu ndo, :Issinalam-se duas idei as j:i conhecidas. mas fund'lIllcmai s para o desenrolar de todo o processo: a primeira é a da, ligações ri vizinha Gal iza ora através da liherdadc. ora atravé, da limi laç:1o da importação do pescado galego: a ~eg unda é a do grande consumo do haca lhau inglé~. desde (J séc. XVII. e que sofre pe rtllrbaçõe, de aba:-,tecilncnto a partir de meados do séc. XVI II . A docullle/ll;lção notarial revela-se fundame lll al para o desenvo lvimen to d:1 temáti ca. mas igualme nte rel.:ordamos algumas memórias de ilustrados do s~c. XV III e inícios de X IX , entre os quais Constantino Lace rda Lobo. Sohretudo. demos voz a uma «Me thodo par.l a sa l~a da sard inha». elabor::tda por um jui7 de fora da cidade de Aveiro. cm 1802 ~Clclllc lll e Ferre ira França.

I. Os r ecursos Falar-se da COSIa de Aveiro é falar de UIll espaço individu:lliz:ldo. reconhecido n50 apenas pelos pescadores que a bordejavam. mufruidores destas águas, mm, também por OUlro~. como o~ da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde. que acediam ao seu potenei:ll piscatório.

25


fNtSAMOIOM

Os seus recursos limilam o scu alcance. Alarga-se extr".tordinariameme quando se trata da pesca do alto. identificando-se ora com o «II/a/" da pedra»l. que se prolongava. segu ndo uns. desde a Galiza ~lIé muito adiante da barra de Li sboa. segundo outros. apenas alé ii Figueira1. ora com o «mllr da (."(Irfohl». a área fre me a Aveiro até à barra da cidade do P0I10 3. Restringe-se perante as características da costa e da espéc ie piscfcola mais abundante - a s:u·din ha. Neste último caso. aquele que verdadei ramente nos imerc:.sa. o meio natu ral condiciona o desenrolar das restantes actividades. Com efeito. o perfil do litoral n:10 cOlltcmplu elemc ntos favoráveis ao estabelec imento de armações fixas. impedindo que os pescadores estende~sem [\ sua pescaria :I grande distância da COSI;I. por várias razões: -

o litoral ser uma linha rcclilínea e arenosa. sem grandes palHas de orientaçflO:

-

junto ao litoral não se abri garem espécies sede lllúrias:

-

o fundo do mar seI" de areia limpa (não atractiva para uma fauna rica e variada) e cm ligciro declivt.!. até 15 Km de disl5ncia da costa. onde as sondagt.!ns apen as atingem 50 metros de profundidade:

-

t.!lltre as lat itudes do Rio Doul"O e do Caho Mondego. o m:mancial de pescarias se afastar mais da costa :

-

a inex istç ncia de panos de abrigo essenciais para o:. pescadores se avenlurarem no alto m~lI",l .

Decorre. dcsIC I.:onjullto de premissas. que a pesca se torna";1 uma aventura árdua e de alto risco humano e material. Assim . só restava «/11lla exploraçeio cO.'·feira de espédes nómadas. e restrin;:ir-.w: a proces.\"().~ de capmra milito especiais. I'isw que n em 0 .1' barcos podem ter 11111 la/';:o campo de a cção, nelll a:.· {ll"lI llIçi)e.\· fixas seio aqui .1·II;<;ceptÍl 'ei.~ de emprc.t;O, 11t'1l/ a riqllc:::a piscícola da co.na dá ensejo a //lais (I/"rojadas Tenlllfil'llS de OWro género»5.

Atendendo a estes factores. a e~pécie por exce lência que se oferece aos pescadorc:-. é a sardinha. Desova em De zembro. Janeiro e Fevereiro. procurando os IlIgares arenosos e pouco profundos drl COSia. movimentando-se de Inverno, dI,; Norte para Sul c de Veriio. de Sul para Na n e; na Prim avera e Outono. pairando do mar para terra e vice-versa/>. . Condil.:ionado por razões climáticas e do estado do mar. o calendário da pesca centra-st.!. fundame nw!mcnte. nos meses de Verão. com algumas variações ao longo da cost:1. O quadro seguinte confirma esta predomin5nci a: distingue. ao longo da I.:osta da Provedoria. as seguintes praias. identificadas em 1858. numa «Memâria .\'()hrt, (IS !U!Sclll"ill.I·»7. C 3ssinalildas no t-.>tapa em anexo. Acrescente-se. finalmente. que unta das caraCterísticas marcantes dos ca rdUlUe:. de sa rdinhas é :1 das bruscas nUluações de longo e curto prazo rclacionad:ls com a vida brcw da espécie. po is que a sard inha entra na área de pesca com menos de r ano e permanece nela. em méd ia. cerca de 4 anos. conclui ndo-se que as :l llcrações ambtcntais podem :lfectar o sucesso da sa t"ra 8 •

26


- - - - - QUADRO 1-

IJA "I::So.. À SALGA DA SA/WINHA

CA LENI},\IUO 1>.\ P ESCA l\IARíTU\.IA NA COSTA OE AVE I RO

LUGAItES

ES I' f.::CIl':S

1\11'...., •.:."

Março/Novembro

~:lIllmha. COl\gro.~,

Junho/NOl'embro

omt!.>1ll0

OV:lr

Ago'loIOutullro

predonuna a

Torn:ml

Ago,tulNll\"c,nllru

o mesmo

Muno'a

Ma,Q/Ouluhm

o mesmo

S Jacinto

Junh"/N,),clnhm

o me;.mo

CO-'l3

JulholNovembm

omcsmo

E.<pinho COl1cg~ça

e E.<mom.

ilha'., ... Va;;'"

Fe"ere,ro!Oulubro

o mesmo

r,.·I, r:,

JunhofNn"cmhro

o me51l1O

""""

... -

"'~

f:IT\I!C:I.'

,:,rtlinh~:

~

s:h· ... i,

varied:,dc de outros

pci~e.'

u.I069

2. EVH hu,:ão d:l tecnologia lia pesca Sal)C-,c que o desenvolvimento tecnollÍgico da pesea envolve lreS aspectos: !.!rn primeiro lugar o pescador. !.!1l1 maior ou menor número e o seu «jeito» para a actividade: cm ~cgundo lugar os instrumentos que lhe permi tem avançar para urna determinada área de acção (o barco e scus :.Jparelhamcntos). finalmente os meios ou instrumentos que permitam localizar cardumes e seus movimentos (hoje a' sondas).

A . 0.1' IlIícleo.\" do.l· pe.,·("(u/o/"e.l· e ." //a." ca /"(U"wr(slif'(Js

Abordar o primeiro aspecto. o do número de hOl11!.!ns !'!llVolvidos na actividade torna-se difícil: não só porque as estatísticas da é poca são precárias ou inexistentes. mas também porque a identificação do estatuto sócio-profissional de «pe~cador» se torna dúbio. Ora porque as ligaçõcs ao mundo rural são frequentes. ora porque existia urna emigração sazonal. impl icando a inserção da pesca num "iSlelll:l económico mai:; amplo que. conjunturalmente. encontrava estratégias específicas p:lra maximi7.:lr beneficias. Seja como for tentemos urna quantificação. Acreditamos que na COSia de Aveiro se encontrava perlO de um quarto da população pisc.n6ria portuguesa no ;Ino (II.! 1821 como conlabili zou Adrien Balbi ao npresentnr. pela primeira vez. urna «Ta/ma das pe.,·car;a,n>. É certo que as deficiências desta fonte são múltipla:-.. a começ:.Jr pela forma C0l110 organizou os dados. segu ndo as «diferell1es dÍl 'i.wJe.\· finallceiras». a que ch,unou comarcas. mas que o não são efecti vamente. além da incorrecção dos topónimos. Em se!;uida. não distingue pesca flu vi,J! e marítima. tipo de barcos c as categorias profissionai:-. envolvidas na pesca. assim como exclu iu os dados relativos ii coma rca de Lisboa. Assim sendo. a Sua estimativa teill o valor que tem - serve apenas para avaliar a relação enlre a costa de Avciro e os restantes núcleos piscatórios'/. Ikcuando no tempo, os dados são dispersos, e os informantes têm. muitas vezes. rnotiv:.Jçõcs diferentes para o fazerem. 27


INf:S AMORIM

QUADRO II -

T Á B UA J)A S PESCA RI AS. SEGUN J)Q A J)RlEN Ih \ L 1I1 _ 182 1

ç(),\1.\ n o.~

N.- IIA1~COS

,.

Alg::lT\'c

355

Se!ljh~1

140

Torre, Vcdr:."

N.- l'E."SOAS

%

3622

20.5

I g4

1.0

671

3.~

3.9

Santar6n

217

703

T OIll"r

159

518

2.9

L";ri.'

25-1

1385

7.8

"

1195

6.7

Avc' ....

311

4411

25.0

Dn\l1'o e c inl" Douro

387

2'J-W

16.7

Prol inci" MlOho ( Viana para oone )

1<)-1

721

. 2 159

17614

Coimhra

TOTAL

.

4.0 100

Com efeito. em 1758. algumils Memórias P;lroquklis. relativas às freguesias que bordejam a costa. dào-nos breves rcfcr,;nçias ;10 seu envolvimenlo na pesca: Silvalde. Paramos. EsmOl'i z. Concgaça. Noutros casos assinala-se a presença. na costa . de gente oriunda de fregue sias que n[jo dav;ull com o mar. mas possuíam um hom mícleo piscatório. caso das de !\1 UI·tosalU e de THolllcão ll . Em 1763. UIll;'\ Rc!açflo dos Rendil11cnto1'> da Comarca da Feira. específica: na cOsta de Ovar IFuradoufo l «trabalhom ao pr(fsc/IIe /(j artes,.; "'W /II mais (/s Arre.l· que pe.,·cwlI 1/0 disrrifO de N." S. a das Areia.l· {S. Ja cinto I e /1(10 CO::illmlll/ll r/' r IllÍmero ce rlO »: «/cm mais as Arles qlle pescam /ln di.writo da Costa acima { E sp illho / » I"!. Mesmo que :-.e trate de chil1chorros. que documentos da época (Memórias Paroquiais de Par:Hnos e de Esmol'iz) indicam ler de 30 a 40 homens. diríamos que. só frente a Ovar. no Fu radnuro. tmbalhavarn cntre 480 a 640 homens. for;1 as de Espinho e S. Jacinto. Em 1801. para este mesm() espaço de OV<lr, rcfel'em-se 666 hOl11cl1"1.'. Em Esgue ir:l. uma procuração do ano de 1762 leva 24 pescadores a assinarem 1-1 . embora não saibamos se se truta de pescadorc!> dI.! rio ou de mar. Em A \·ciro . pela mesma altura con tam-se enl re 85 a 100 homens que pe:-'l;aV;\11l na cOSIa de~. Jacinto ou na da Nazan!L'I, Do núcleo de IIhavo o próprio Pombal. cm 1774. mandou alistar c apalavrar pescadores p"ra formarem campanhas de pesca a envia i' para o Algarve (Vila Re:ll de S. António). A lista somou cerca de 103 pescadores. embora fossem pedidos 200 1(,. Em direcção às areias da Garanha. ia-se des locando gente de Va gos 17 • enqu;llHo desde a década de 70 do séc. XVlll. a cO.~tn de M ira reunia as primeiras companhas. exigiam-se tributos. edificava-se capela de devoção 111- Illas lle:-.ICS dois casos não ternos qualquer estimal!va . Em suma. ao todo. estimamo~. certamente por defeito. mais de 1000 homens. rc::"pl;ctivas famílias que tiravam pane ou todo o seu rendimento desta actividade. Sabe-se. contudo. que os núclcos piscatórias surgidos. sobrelUdo na 2. a mel<ldc do :-.éc. XVIII. não seriam. de início. povoações fixas. mas abarracamentos p:lr:l guardar nlilterial de Inverno quando não trabalhavam na pesca l9 . como acontecia ul11 pouco por toda :'I costa. atirando-os. provavelmente. para outras paragcJ1s.

28


- - - {)A

l'/~'SCI1 Ã SM.CA IJA. SA!WINHA

o riginando novas cOllcentm"..õc.... piscat6ri:I!<o. para sul. como sejam. a Costa Nova~o. Pal heiros de Mira 21 . Buarcos2l e outras áreas. bem para SUPl. até à cOSia Algarvia. llulIll11ovimenlo que encerra gente de Ovar. ílhavo. Murtosa C Avr.:iro~~. Estes números e a sen~ação dumo difu:.ão de centro~ pisc:1I6rio:. parecem indicar um recrudescer da activid:tde pt .. catória. mas pode também ser resultado de um conjunto de factore... negativos que provocam a procura de no\'os espaços: pela impossibilidade dI! controlo sobre o recurso (o car.:íclcr aleató rio da pesca), ou porque O!<o lugares donde o pescador era proveniente se mOstraram hostis, ora por perseguição Ihcal. ora por inexi:.tência de ac tividade.... que assegurassem a sobrevi\'ência familiar apó.. as safras de Maio ao Natal. o ra por concen tração desmesurad., de pescadores perante O!<o recursos em terra I! no mar. B. 0.\' ill.I·lrllmeIlfQS dr: pesca

o :-.egundo comribulO para unta aceleração da técn ica úa IleSCi! é O acesso a in:.lnullento-" que Ihl! permitam avançar para uma determinada .:írea dI.! acç5.o (o han;:o c scus aparelhamentolo). Já defendemo.'>. noutra oc;lsião JS . que cntre 1750 e 1751 !<oe dl.!:-.cnvolveu Ulll a 110va tecnologia de pesca nesta costa - a chamada «arte nO\'a» como a documentação citava . ou seja. a conhedda arte da x.:íveg;t. Com cfeito, uma multiplicação de COT1lralO~, datados do ano de 1751. e rcgbtados na vila de Ovar, utiliz;un um conjumo de expres..õclo indicadoras d., novidade. ta i.. como: uma " rede //01 '(/ dll/moda (lrte COIII (J Ill/do de ... » . ou emãQ, «queriâo fa:er l/IIa 11m'" arte». q ue «depelldia dr: ga:;IOs». cot1\nllando-'>C as várias redclo, com 11111 «m(!!)/I"I.!. das redes (;I/lIlI/lIdas (lrte.\'» . para « 0.1' emsigllar deI/Iro do.\' Irr:s (/11110.\' (do contrato) de /lido (} qlle I/r:.~·,~es(jrio for perl(m ....ellle a diw I"{'d<' chamada arle e li lhe!) declarll lodo o~egredo que lil'e/' r: for preáso par(ll1 dita rede hOl'e,. de pe.fcar»16. Também em Aveiro. uma escritura datada de 6/6!1751. tr:.lla de um «COllfmlO e n/Jrigll(iirm, rr.:lat ivO;1 constituição de urna compan ha wlas IN TIlOD UZIDAS DE NOVO /IesU/ I'ila c/llIl1/adas AIlTES com lOdo.\" seus ap(/rdho.f /U.'(.·e!)·sâ/"io.\· e CO/ll ,H:lIlwrco, para com ela .I·e peSClII'/Il1 COMa do III(/r de.no ,·il(/»27. Trata·se de uma peSC;1 diferente . nova. a que chamam «A rte». Note·:.c que esta rcde foi. na Ille:-.ma altura. introd uzida pelo!'> cata lãe:-. nas COs ia:'> da Gali"". co ntrihuindo para uma altcmção s ignificativa no modo de llesear, associada a um nove) sistema de salga que aerllTetoll múltipla.; mudanças na estrutura ~ocial e de o rganizaç;lo ccon6mica~M. A no\"a redc. rede de aTTa:-.to. a >.á"ega. c.,ractcriz;J-sc por aprc'>CllIar grandes d1ll1etl., õc .. e v;íriolo conjuntos de rcdCl> ligadÜ-". de malha bem rlpenada (ver desenho anexo). O saco iniÓa·se na bocada e dcsel1\'ol"c·sc para cada l:ldo cm dob panolo de redc, chamado .. mang.a .... Estas decrescem cm largura. desde a bocada até :10 c:ll5.o. No cal5.o prendem.sc a~ c:tlas. ou ~eja. cabos de cordallle~9, Alo dirnensõc!<o do saco c d:.J manga podem·se ler no quadro seguinte: 70 ,~~"O:

nJ

de circuMcrénciôl

40 m tle profundidade S m de tatgllr:l 110

flll.do

Ou "cllad;l~

230 m ti,' compnmcnlu m:Jnga~:

20;1 25 lU de 1:u'J;IIr:l

29


INf.S AMORfM

A l;J.r~ura d .. malha da rede vai \!streiteccnclo. cada \ez mai~. desde o «;,;I'lro» até à «cuada»: 7.5 cm a 25 cm do «claro» à «alcalle la». I c m a 6.5 c m da «cuadal' ti «bocada>,1o. De~w forma. a rede. ao ser pu xad:l. a malha :Ipertada e:1 viés. torna-se muro impene trável para q ualquer peixe, por mais peqUl!no que seja o seu tamanh0 31 . O número de homens. envolvidos numa opernção des ta e nvergadu ra. é variável. ESlima-se entre 43 a 46 ho mens. conforme se trat:l dum barco de 2 ou 4 re mos (8 pessoas e m cada re illo). mas, ainda ll1ab gente. cm terra . para puxar. colher e trans po rtar redes, des pejar o saco, etC,n. Contudo. dependendo do talllanho da barca e da rede. podia comportar 15. 18. 20 ou 22 homens, enquanto cm terra necessitava de outros tantos)). Note-se que CSt:l rede não era totalmente diferente de out ras já existentes na COSta ponuguesa. co rno sej a o c hinchoITo, um dos tipos de redc~ de arrasto)4 - a dif\!rença residi a no tam:lJlho da reele e n:ls dimen sões e desenho da malha qlle a lornavam muito mais ene.li'. A prova concludente de e'-te e ntrecruzado de referência), e de urna adopçiio da x<Ívega reside num connit o que o pôs pesc~l ­ dores ue Ovar aos de O is da Ribeira e referen te nJo ao mal' l\1a), ti Ria de A "eiro, afirmando-se que os de Ovar usavam umas redes c hamada.., «barredouras ou ehinchoITo'il' de malha miúda. que para lií de pescarem peixe miúdo arra!>tavam c rvagens c limos que serviam ao povo de pastos para gado,- c c:-. t rume~J!'i. Este último aspeCto aponta para uma das con~eqllê n c ia~ da adopção desta rede - ;1 de~lruiç5.o dos fundo~ c a captu ra de espéciel> de pequena dimensão. Este del>cquilibrio ecológico foi largalllente equacionado na Gali7"'1. onde a introdução da xávega, muito mais depradador..t do quc as anes tra(!iciOIl:.ü..,. mantida.~ pelas velhas confrari as, que suscitou paixõcs c diversos arbítrio:-.'6. '-e tomou numa d~IS bandeira'- de cOllleslaçilo de a lguns. caso notÓrio de D. José Corni de. academi sta galego ( 1734-1803p7. Em POrLuga1. nada de compará"el ao que, 110 ~éc. XV III. se pa""a v:L na Galiz:l . CO Il ~ t:LllI iIlO Lacerda Lobo, aC:ldembta ( 1754- 1822 L'!]). refere-s\!. brevemente. às redes de arrastar «c:lwmadas em 1//1.1 IlIg{/re.~ xál'ega.\· em all/ro.'· arre.~. IW.~ qllai:i ti demasi ada pequeI/e:. da SUtl malha é (I cal/.\'{) de com elas se pescar a sare/iI/lia »: e acrescenta um doeumelllo de 1542. dado :'J. Cãmara de Setúbal. por D. João II I. impedindo a utilização de «xávegil~» J M . Tais connitos, sempre à volta da gesl~o de um recurso fu ndamental. a todo o momento. poderiam estalar, quando se verificasse desloe:lção ou diminuição do~ hancos de pel>ea, sobretudo . quando ilS capac idades técni cas não consegllisselllultrapassar o), limites que a ecologia da sardinha impunha. C. 0.1" meios ou

il/Sfn/IIU:I/f().~

que permitem

lo(."(/Ii;.a/' ("arc/lIlI/e.l·

l'

S('I I .~

lIIovimentos (as .\·()I/{ku)

FinalmCnie, olhando para a époc:'1e m causa. sabemos que. no que diz respeito :lO último dos aspectos. foi o conhec ime nto o ral :Iculllulado. o seu percurso de a prend il.agem. a ex pc ril11entaç~o, a percepção dos ventos e correntes. o voo da), a"e,-, o som . a cor e o chei ro do mar. a interpretação d:1S c:-.trcla~, da lua. ou mes mo a lran~missão geracional de «~cg redos» que constituiu o corpo de conheci mentos, o «saber do ofíc io», a percepção da caça. do cardume "'. Mas mesmo neste aspec to parece tcr-~ e opcrado lima transformação e instltuciol1i1lizildo uma espécie de c6d igo de <d allço.~» que d\! vcri a ser respeitado. T rata·),c da s <~p rilll:Lziasl'. direito consuetudinário, que reconhecia prioridade à

30


n\ I'I:;SCA A SAl.CA DA SARf)INIM

-----'-'-'-'-==

cornp.mha que ti"e!>sc conseguido fa/.cr entrar o ba rco :1 frente dos rivais no lançament() do barco :10 ruar e r..:spcctivas redes. escolhendo o espaço que bem que l'ia (escolher o «largadouro»)40. Caso não fosse cumprido este principio ocorriam as maiorc,- convu lsões na praia e fora delas, Sabemos que, cm 1762, na Torreira. 100 homens envolveram-se cm rixas. entre os quais havia gente da Murtosa41 , Em finais do séc. XVI II multiplicam-se os processos na Câmara de Ovar :1 voha dos cnldos das redes, das agressõc!> provocada!> pelo incumprimento da tradição. As ra zões par:! este acumular dos casos não significam um agr:tvamelllo c;1prichoso do comportamento socin l dns campanhas. Dcvcr3 residir noutras razões que se adivinham -:1 divisão dos recursos. as pressões contr:Huais - ma!> que nao v.un01>. por agora, descrever, exige aprofundamento,

3. T ec nologia da s alga Associada :1 introdução da x:'i,Vega !las :íguas da G:l liza. 01> catalães de!>cnvolveram. igualmente, uma nova tecnologia d;1 salg;1 da sardinha . prensada. donde ...e extraía gordura r~s i dual. com variadas aplicações, conservando-se o peixe durante m:lis tem po. em mclhor(!~ condiçõc~ c com um ganho Ifquido muito ~upcrior ao método tr.1dicional~ 2. Relativamente à cosIa de Aveiro as informaçõe!> 1->ão "agas. É sabido q ue aqui. no séc. XVI. se procedia à ~alga do bac'llhau. Ainda cm 1572. a propósito das is..:nçõc1> de ~il>a sobre sardinha. pescado c bacal hall. se refere a sec a do bacalhau. vendendo-o. depois. para outros lugares 4'. Contudo. O~ sinai ... de uma nov;\ técnica de conservação é-nos dada aU'avés de um estudo de Aurélio de Oliveira que as ... inala :l presença de João Pedro Mijoullc, francês. natural de Languedoc, Scrvido por técnicos catalães. teria desenvolvido um processo de salga e obtcnção de azeite da sard inha. que logo sofreu irradiação para I.onu ... da FoI. do Porto, apoiado por uma conjuntura específica de protecção legislativa norteada pelo Marquês de Pombal. com punição da imp()I'!ação de peixe g;llego, fortemente consumido cm Portugal, associada n novas técnicas de pcsca (a x6.vcga) c consolidado pelas suns ligações aos mcios comercia is nacionais c cstrangeiros, no Pono e cm Li1>boa-u, Acrescentemos alguns dados ao percurso deste francl!s.

A.I\ impltmrnrão da 1/01'n recllologin

Antes mesmo da legislação proteccionista à pesca portuguesa. Mijoulle estava envolvido no negócio da pesca. Efecti\-amente. em 1771. contratou-se com um gnapo de pescadores, presumimos que arrais de campanhas, que deveriam operar :10 longo da cOsia de Avei ro. Esta ",ua instalação deveu~se, pensamos. ao conhe cimento das potencialidades da costa. da inlensid~ldc da actividade. da dinâmica crc ...ccnte d()~ pe:.eadores. desenvolvida deste 1751. Ele veio, parece-nos. :tproveit~lr c dar UJlla feição nQva ao negócio do pe ... cado. ~1l1icttlando-o eom os seus próprios interesses. rnuJ(ifacet~l dos. Ignora-...e (} pormenor do local e as condições materiais da sua inslalação (número de ca~a!t de salga, mão-de-obra, capitais. produção, etc.), embora a rererGncia it entrega do pc....cado em Ovar confimle o lugar de implantaçao. A sequência 31


INÊS ,UfORI/II

factua l que se aprcsenw demonstra. gmdativamemc. o seu cnraiZ3mento na indústria d:l pesca e con:;erva:

-

em Novembro de 1771 contraia-se com a campanha «A Tamanca» para pescar na costa. especialmente em S. Jacinto. onde declara querer o peixe colocado «"os seus arll/(/:éIlS~> ou «em alguns dos sells barcos»~5:

-

em Abril de 1777. como rendeiro dos OUlavos sobre o peixe pago f! casa da Feira. juntamente com mais de 200 contratadores da sardinha de Ovar, queixa-se d;l.~ s isas que o rendeiro de Aveiro queria cobrar sobre a cir· culação. na Ria. da sardinha pescada na costa de S. J acinto e Torreira. e que se dirigia a Ovar'6;

-

em Outubro de 1777 contrala·se com o mes tre de um hiate que se encarregara. cm 12 dia:-.. de levar alguns barris de s'lrdinha para Bilbau e S. Scbaslicn c trazer carga de fcrroH:

-

cm 1778. surge registado numa planta da baJT:l de A vdro. um «SiTjo do cal1al projecwdv pelo Frallce: de Ol'(lr">, "Porfil dI/III C(//lol como se

execuw e/ll

l...ílllg/ledoc»~":

-

cm 1780 e I 783 era vice·cônsul de naç[lo fran cesa cm Ovar'} :

-

em 1781 recebeu o aplauso da coroa pelo punho do Intendente Gcral da Polícia. Pina Manique que. em 1781. recomendou ü Câmara de Aveiro a meritória acção do francês pela «prollfll extrt..ll.:ção das pesca rio.\' que IIIIÚ/(l.V I'e:es .,·e perdia pelas praias por [a lTa de compradores» e ainda por se «empregarem os lIIe.~I1IOS lIloradore.," 110 trabalho das me.\·/I/{I.'· fâbrjcfls»~;u :

-

cm 1785 enviou 1547 milheiros de sard inha <,cmprensacht» para Bayonl1l; alravé.' do pOrto de Avciro ~ !.

A seri'lção desles dndos. factuais. indica um sucesso crescenle da 5U:l actividade. reconhecida mes mo a nível do poder central. Contudo. a sardinha recolhida e salgada não parece scr suficiente para as necessidades nacion,tis e apesar de se libcnar a en1rada do peixe galego dos impedimentos Pombalinos 52 . a verdade é que surge. pel~l boca de Lacerda Lobo. uma «Memória sobre a decadt?nda dils pescarias». e111 1789 . qucixando-:-.e da falw dc pc~cado para o abal>tedmen to nacional. referindo activ idades articuladas co m aquela: o :-.al e a ... marinhas. métodus de salga de vários peixes. mas não invocando a concorrência do pescado galego. Chega mesmo aprcsentar o método da sa lgo. catal:t como exemplo a seguir. A razão que. repelid::unentc. invoca. parajuslillcar a decadência das pe.~c:\s cm Portu gal. é a do pcso d :'lS imposições senhoriais e reais sobre o pescado, em finais do séc. XVlIls.' : '~.I"e lIo/ll'eml0S de dm' c rédito O()S clall/ores dos pescadores, que Oll l'i em qllose wda a COSUl. COIII/"O (/.\. vexações feita.\" pelos ofidlli.\· de justiça. rendeiros e sells collledores. del'o qfirmar, qlle tal1l0 eSles C0ll10 aqueles .riio os meios mais ejica:e::; de alliqui/ar li.\" I'e.vcflrills da I/O.ua costa. e com elas /1111(1 parre dos I'assolos de Sua Alte:a Rcol. qlle lIIais prOl'eifo podem caI /mr ao Esrado».

32


nA PESCA Ã SALGA DA SMmlNIIA

É celta que as disput:ls sobre cobrança de impostos se repelem ao longo da 2.' metade do séc. XVITI. e também sabemos que o interesse crescente da Coroa 110 desen volvimento das pescas oscilav:! entre a necessidade de abastecimento interno e provemos fiscais c o arrecadar de bons impostos ou arrendamentos 54 . Contudo. a actividade estava em progresso como demonstra a administmção da Casa das Rainhas. em 1808. ao referir que a verba respeitante ii dízima nova do pescado. paga por Aveiro e Mira. era de 10200.000 réis. 25,8% das receilas relativas a rendas e jugadas (39496.000) e 10.5% da renda total da Casa (97 13 1.000)55. Estas dificuldades de abastecimento. que nào da pesca (produção). apresentam contornos que nos permitem outras interpretações. Sabe-se do ascendeme inglês re[;Hivamente <la comércio do bacalhau. EI11 168-1-. queixavam-se os de Aveiro do «TraIO do Terra NOI'a {fue os ingleses /011/(/1"(/11/». ou então que «0.\' lojas csu/o cfleia.~ de bacalhau que trazem O~' illglese~·»56, lamentando a prosperidade de tempos passados. tanto mais que o seu grande consumo propiciava rendas consideráveis ii vila (sisas). fundamentais para a sobrevivência do município. Este ascendente inglês. nos bancos da Terra Nova. foi reforçado por uma cuidadosa le2islação. a começar pelo Tratado de Utrecht e. sucessivamente, consolidada pelo Tratado de Paris (Amiens). com a Fr:mça e. depois de [783. com os Estados Unidos 57 . Contudo. os connitos com a França e as colónias americanas. levaram a Inglaterra a partilhar espaços de pesca. rcncctindo-se na diminuição de pescado. lama mais grave quanto exigia grandes recur~o~ de capi tal para a organização. o finan ciamento das opemções de pesca e as ope rações de comercialização. a reaver a longo prazo. pois que os resultados de vendas s6 serinll1 apurados um ano a ano meio após o apelrechamento das expedições 5l\. A situação tcr-se-á agravado. ainda mais. nos finais do séc. XVIlI. inícios de XIX, com a~ perturbações comerciais provocadas pelas In v.L..õe." Frnneesas. Ora. nUI1l<l altura cm que o bacalhau cscasse i~l. por a conjuntura política afectar o nosso maior fornecedor (a Inglaterra). Portugal. retirado da pesca de longa distância, nunca negociando qualquer acordo ii volta deste recurso (ao invés da Espanha), sente dificuldade de resposta ilqucla procura crescente. O bacalhau era. efectivamente. Ulll produto da alimentaçào quotidiana. como escreveu António de Almeida. médico em Penafiel. no ano de 1792. na sua «I-!i.wória da febre que gmsM)!I na cidade de Pellafiel elll 1791 e 1792». Afirmava que. além da careslia do pão, «//0 elllre IIÓS 111/ gene!"o de primeira lIeces~·idade. //'IlIito princ ipalmente l1e.I"fC paí:::.. ol/de menos Fc::e.l' xe colhe oecasido de haver peixe fresco: eSTe fie o hocalhâo. 7ildo gerallllellfe se queixa, que eSle gellero ja IltlO vell/ dames/1/a quolidade: porquallfO I/elll sabor, lIell/ 110.1" cjfews da IIII/ri(-"(/0 se (Isselllellw ao (l1I{i~o. seI/fil/do com es/e alimelllo il/(:ollllllodo aqllel/e,ç. ({ quem wlfes era .l"lI lIdave/,., Aqui /lote-se. que os pobres StlO aqllelles a quem se fa"l. preciso o liSO dO,I' alil1lel/lO,l' 0'1111 indicados, e qlle eSTe,l' fon/o os que mais soffrerão o rigor da fllO/c.I'tiem ::"J. O texlO refere-se ,1 uma crise alimentar que. um poueo por toda a pane. se fa zia sentir. notoriamente desde a década de 80 até inícios de XI X(>Q. Não é por acaso. parece-nos. que. em simult,lnco. se desenvolve um COIl jUnLO de memórias acerca da pesca e conservação de v!lrios tipos de peixe, que Lacerdil Lobo bem desenvolveu fJ1 • Daí em diante. interessa regulamentar c aproveitar todo o pescado que o mar dê. 33


fNtS AMORIIII

B.

o «Melhodo de salga da sardillha»

I~ neste contexto que nos su rge. em 1802 lima Memória sobre ;1 salga da sardinha. c:.criw pelo punho de C lemente Ferreira França. juiz de rora da cidade de Aveiro entre finili1> de 1799 e finais de 1805(,2 e inserida nos livros de Registo da Câmara. Advene que se trata de um «J\1é1odo parti ( I .mlga da sardi/lha eXlraido dos melhores originais eSI/"(/lIge;ro.~. em particlllar do dil Caliza». c que já tcria sido publicado pela Imprensa Régia. em 13 dc Maio de 1802. A memória. Silllética c extremamente pedagógica. dividida em I 7 p~l nes. é um manual prático. com objecti\'os bem precisos: aproveitar a !'>ardinha. arma/.ená-I:I sem se corromper. obter azeite par:l vária ... 'Iplicaçõcs. (usado na iluminação e con1>ervação da madeira dos palheiros)6~. explicar. pa:-:.o 3 passo. toda a metodologia. desde o materi;11 até aos produtos finai1> (ver Anexo). Ob:.ervando os diversos pa!'o:'o .. c tendo como orientação a comparação que o galego D. JO.~é Comide fez entre o Método ga lego e o c3talão6-l. verificilmos que o juiz de fora eSI:í li seguir o método da sardi nha «emprensada» cat:tlã. método há muito introd uzido na Galiza. como já :'Ifirmámos. mas que cle idemili cou. porque vulgarizado. como sendo local. O Método apresclllado é puramcnte técnico e arlic ula-!'oe com um OU lro leXHI da sua autoria de que ti vemos conhecimento através da publicação na revista «A Pesca A/arítimo»('s. Trata-se de uma outr..l «Mem(Jl"il/ sobre as dil'ersas salgfu do sardi/lha». de I I dc Agoslo de 1803. mas em que aborda ainda métodos de apro\cital11ento de cnxovas. atun .... corvi nas. pescada:.. ele. O objectivo era. igualmente. a vulgari zaçfio do sistema e inscri:'l-se num plano de difusão do mé todo de fiscalização da corrupção da sardin ha. :lIravó das Câm;1ras «de l'e e.\'PC!r"r·.\e, que {IS A"llIIiciplllid(/{le.~ ferrilori{/('s tellll(;O eXilelO cuidado em !a:el' examil/(I!"». Com ereito. (h,:sde 1809 que se nomeia um ,< ll1.\fJCClOr c Fiscol da praia dI! Espinho até ii cmua e areias de S. }acimol> . ev itando o mau fabrico e a «corl'llpçào,. da sardinha{}6. Em ISI4. no bala llço pds Invasões. como que a confirmar a nossa perspectiva. de um rerorço da salga por carência do pescado tradicional. o juiz de rOl'a de Ovar dedar;1 a neccssidade que havia de «l'U'al' em forma de bacalhalll> vários peixes para remediar a ralta daquele. :Ilé porque os povos tinham muito peixe fresco de que se destacava a :.ardinha. Lisboa concorda. prometendo estudaI' forma de «tl/I'ai,. olgl/ns cop;ftllürcu li esta empresllI>(,1. O modelo cataHlo desenvoh'eu-se de tal forma que. em 1821. estima·sc para () Furadouro. pcrto d..: 400 fábricas. saindo cerca de 1000 pipas de azeilcf'~.

C ~)f1dll s ii(j

Sabc·se que o nUXQ e renuxo d:l actividade pi scat6ri a. por nutuação d01> di .. ponivels. explicam petiçõcs no sentido de limitar ou proibir certas «Mies» e mélodos de pesca. a demanda de outras águas. :I necessidade de :llguns cen tro" populacioll:'lis se abastccerem na vizi nha Galiza. Ma!> também sabemos que os recur:.o!'o não !'>:1o ilimitados perante unw popul:lçfio crescente. A peSC:l ponuguesa não era :.uficieme para o consumo regional porque as características atrás apont:'ld:l1>. da cOst:.! de Aveiro. impunham um aproveitamento limitado. incomparavelmente 111enor do qu..: as «ria.' bajas>, espanholas u nde ;t sard inha viv i:'l :lbundantcllle nlc. Este processo é con hecido. Contudo. se rccurso~

34


- - - --

IJII I'f-;SCA A SALGA DA S,\HDlNH,t

----'

pela Alfândega de Aveiro entrava pesca do. sardinha. polvo da Galiza69 . igua l. mente saía sardinha «empren~ada». Os imeresses cO ll1 e rc i ai~ crescentes ditavam o mercado - os rumos da d islfibuiçijo. Às directrizes [ornadas pela Vereação de Aveiro. em 1783 . no senti do de limitar a saída de pescado 7 !1. jutltou·se igual exigi!ncia da Câmara do Pono. em 1784. q uando M ijou ll c quis instalar outm sa lga na Foz. indícios de que ao capi talista e a outro~ que se tivessem envolvido no negócio. e que de momento ignoramos. interessava a tingir mercados vaslOS. igno ra ndo a tradição da p rioridade de abastecimen to local. contribuindo par:.! a carestia de pescado de que se fala. Assim. tentaremos estabelecer. relativarnenle ao conjunto de aspectos enunciados. uma cronolog ia que servid. essencialmente. de ponto de partida. a rever em trabalho~ fu turos : 1.° - 175 1 a 1770 - instalação de novas tecno logias de pesca. as a rtes novas com rede.~ de maior alcance: 2." - 177 J a meados da d~cada de 80 - o illleresse pelo !llnnancial colhido e deixado. váriaS vezes, na praia. é organizado por capitais cstran· gciros num processo que alarga as redes comerciais. (ao ponto de se falar de um projecto dc comunicação. ao longo da costa. desde o Pono at~ Mira. c com o inte rior da comarca de Aveiro - o canal do francês), embora pan.-ça ler envolvido outros interesses. de origem social divcrsa. animando mes mo as receitas de várias casa:. senhorias (veja·se a Casa da:. Rainha:.): 3." - 1789 cm diante - uma conj u ntura internac ional. de interrupção da ligação priv il eg iada da Inglaterra aos bancos da pesca. de dificulda+ des conjunturais da economia portuguesa. com li ma subida de pn.:ços que se acelera nas InvasÕC:.. a gudiza a pert inência de uma divulgação do método através do propagandear de no r mas a adoptar pelas Câmara:. - vigi lância .. penada no aprovcit amcnlo da sardinha para a "secar emJor/lltl de !Jacolha,,».

35


ANEXO Registo do Methodo para a

~alga

da s.trdinha do ti or seguinte

M ethodo para a s al ga da s ardinha extrnhido dos milhares origina is estrangeiros. e em particul ar do da Gall iza: I - Da lancha. ou embarcação se condus a sard inha em cestos ou canastras para o annazem. que per eommodidade ficará junto à tulha do sal aonde dcver:'i ha ver hum espaço emped rado. c seco. a que chamao salgadeira, ou lagar. Neste ...e la nça a ~ardinha. e sobre cada dou"> ou tres sestos de lla huma medida sufe· Clenle de sal (em he~ panh ol cspucrta de sal), por exemplo sobre cada camada de ... ardinha altu ra dc hum dedo de sal: feito i:-.to se revolverá a mesma sardin ha deitando-selhe o sal aos punh ados, e assim salgada se irá pondo cm barri cas, ou pipa.... aonde se irá resalgando:

:2 - em o di:\ seguiutc. depois de salg:\d a clla se indireitará bcm na s vazilha.., aonde estiver. e se cubrirá de sal de modo que fique bem respald:lda c arrumada:

J - a estaçao, qualidade e gr:mde7..a d:1 sard inha concorrerão par:t o seu trah.dho: 4 - cm o tempo de Vcrào ,endo a sardinha grólnde p:lssados quinze dias de salgado. ,>e de\'cr:í lr:lbalhar: e sendo pequena ou mcdiana de pois de des ou onze di:ts: advertindo, q ue ou sej a gr;,tn de ou mediocre, não sc deve esperar mais q ue us dito;., quinze d ia ... podendo ser: 5 - no Inverno perem. ou tempo temperado, :t sardinha não corre risco a inde que se trabalhe mais tarde que o tempo explicado: advenindo que hum ou dou .. dias de trabalho a ntes do dito tempo lhe não far:i prej uizo: 6 modo de lrabalh:lr a !'ardinha. Para se trabalhar a ...ardinha ela se tirará d:l' pipa!' (lU vazi lhas, aonde c!o.ti\er e se pa.'>!o.ad para huma tina. aonde será bem lavada com sua própri a salmoura. e logo se tirará e escorrerá lavando se nova· mente bem em agoa. ou ... algada ou mesmo natura l que dcverá haver cm tinas para esse 11m:

7 - depois de bem lavada se porá as camadas

Ila~

vazilbas ou pipas:

R - para este fim. as pipa!> ou barricas serão postas em hum wnquc. o u lagar feito de prepozi to para fa7.er escorrer a agoa das pipa .. ; depois de assi m bem e~corrida c lavada a ,anJinha. se irá cstiv:mdo e arrumando nas pipas ale que fiquem estas cheias de sone que a sardinha ,obrepujc das barricas cm huma su lec iellle :lIlUra: I) - modo de impn.:n., ar a sardinha. Por-se-ha em s ima da barrica assim cheia. hutTI espichador. ou fu ndo fa lço da mesma largura que a boca interna d:l barrica na sua circutTlfc rc nc i:\ com hum papel por bllÍ XO, em sima deste hum tnco. ou dous sendo necessario. c logo em sima huma barra de pao passando

,6


/)A /'/:.'iCA A -SALG,\ 0 ,\ SA/WJNIIA

--------''''-

hum3 extremidade da mesIna no fulcro. e a outro.! ficando :.uspença tendo cm baixo huma concha. com suas cordas para carregar c comprimir a sardinha. Dcixar-scha por hum pouco assim carregada a barra mas logo depois selhe aplicara ti extremidade huma pedra: havendo porém cuidado que a superficie da sardinha. por baixo da dita barra se concerve sempre bem plana digo c comprimir a sardinha. ISlo quer exp licar as imprenças para a slIn.linha citas lem de alto tres c meio para quatro pés. e tem huma barra que forma huma espccie de alavanç;. na cxtrimidade da qual se su:.pende huma mOOa com cordinhas à maneira de huma concha de halança para comprimir a :.ardinha: a qual concha se va i carregando com pesos sufecicnles. :1 medida que a sardinha se comprime: 10 - deixar-se-ha por hum pouco assim carregada a barra. mas logo depois se lhe aplicara a ex tremidade huma pedra havendo porem cuidado que a superficie da sardinha por baixo da dita barra se concerve :.cmpre bem plana e igual em toda a circumfcrencia: I I - deixar-seha a.~sill1 carregada com hum:l s6 pedra por tempo de sinco ou seis horas. depois se lhe ajunta mais outm: c passado bastante tempo se lhe ajuntará terceira sendo neccs~ario. e parecendo conveniente. c segundo :l qualidade d" sa rdinha for grande. piquena ou mediocre: 12 - o conhecimen to de tempo em que pode ficar as:.im imprençad'l a sardinha ~e regula a dia ou dia e meio segundo a :.ua qualidade e grandeza: então :.e descarrega a barra tira-:.e o cspichador. ou fundo fal ço e continuaee a estivarC!)em aquela bilrrica até que fique sufeciente cheia. digo. sufccientementc cheia de maneira que a sardinha exceda como da primeira vez asima da barrica: 13 - cheia asim sel;ulld'l ves a barrica novamente se lhe a:.enla o espichauor. e o taco. e se carrega a barr:l tudo da mesma forma que da primeira ves. carregando a depois eom a pedra, e cm tempo compctellle com O pezo grande sendo Ilecessario. ludo na forma referida:

14 - em o outro di:l ou depoi~ de dia e meio segundo se conhece que el la pode e~tar comprimida se torna a repetir a mesma operação tirando a barra enchendo a barrica novamente de :-.ardinha até que exceda asima da sua altura mas nJo tanto como da primeira nem segunda ves, pois então custaria muito ficar a barrica em termOS de sofrer e fundo e se poder tapar: 15 - depois de carregada a barra conforme a primeira c segunda ves com a cautcl'l de ficar a barrica em termos de se tapar. então se descarrega a barra na forma dita. e se tapar:í a barrica. cobrindo primeiramellte a sardinha com hum papel (em hespanhol eSlra:.o(?). antes que se lhe aplique o fundo: 16 - feilas lodas estas operaçõcns na forma que vão explicadas. a sardinha ficar:í comprimida e unid;l em hum todo: e para que as barricas acabem de Cl>corrcr bem o oleo (cm hespanhol sain). seria bom que depois de lapada se concervacem hum ou dois dias no laear com a caulella dc ",e lhes fa7..crem no fundo alguns orifisios para o c,>correr ~ se aproveilar o me~rno:

17 - o óleo que por c,..,tus opt.:raçoens escorrer para o tanque, ou lagar ):lerá recebido cm hum3 pipa scm o fllndo de sima. a qU,l) scr:í enterrada deba ixo da 37


INts AMORIM

bica do d ilO tanque tendo hu m espicho 110 fundo para dar sahi da a agoa . e fi car o olco. o qual se passar:í para outras pipa!\ limpas a fim de se clarear. Este o lca ou azeite tem os mes mos uzos que o de pe ixe ou de ba lea: serve para os corri e iro~. surradores. e para ii gente se ? para a geme pobre se al umiar. T rastes necessários para a fa bri cação o u trabal ho d a s ardinh ~l : pipas ou bar ricas. a proporção de arrn<lzem. Para cada barrica que se emprega no lagar ou tanque seco (cm hespanhol almuerte) hum espichador ou fundo falço. huma barr:1. dous tacos. huma co ncha de ba lança com SU .I S cordinhas. 'Ires ped ras. ti nas su fec iellles para lavar ii sardinha: dous ou tres baldes ou canecas. O mais rnostrn :l expcricncia. c a neccc idade. Have ndo qua lq uer du v ida !l a execução deste mClhodo pode se recorrer ao de que se usa em Ga liza donde pell a maior parle extrahi este pelJ o achar milha r. e mais conforme. Aveiro. treze de Majo de mil oitocentos e dous. O j uis de fo ra de Aveiro. Clemente Ferrei ra França . Lisboa. na régia officina lipograri ea. Com licençn de Sua Alteza Real. A/l.IA

Rcgi,1O Gel'al 11." 1683. f. 213 " 2 I Jv.

NOTAS T r:,h:!tho el:loor:uJo no ãm h ilo do Projecto PCS I-IfClH ISfI 08195: C~!l ... !ur:,s ~óe;o·eeonÓm , eas e i"du,!riali~açã" nu Nor te de Ponug:" (séc., . XIX - XX) •• Pmfe,~or.l Au:<ili"r da Facu l,l:lde de Lelrn~ da Unrvcnoid:,de (1.) ParlO e mcmtlroJ do InMilU lO de Il islória Moderna da mcsm" Universidade ( I H MUP). . ... Ahrevi:llur.l' ulili/.:Jd:t~: AA _ Alfãlldeg;J de Aveiro. AC/. - Academia (k Ciência, de LI~boa. ,1/)A - Arqu,vo Di,triml de Aveiro. AHMOP - Arquivo 1li~ló r ieo do Ministério d,,~ Obras P,ihlic:l_. ANTT _ Arquivo Nadol1:l! da Torre do Tombo. AMA _ Arqu,\'o Munic ip,,1 de Aveiro. IJMA _ Bibliolee" Munieip:1I de Aveiro. 8P/LTP .R" ... - Biblioteca PlibJica Municipal d,) rOrlo. Rc~er\""du'. OP - Dc..,elnbaq;o do P:'ço. JC - JU11l1l do CO'llércio. I.V - Lilro de VerC:lçõ..,s. MI' - Memória l'at'o<JuiHI de 1758. MR - MIt1t~tÚlo d,\ Re'''''. ue - Rqds!o Ger.ll. SN - Secção NOI:mal. _A/M. _ Rcvbta ,,0 Arqui\'o do DiMrilo d" Aveiro .. , I. LOUO. COn., t"flli"o Uotclho Lacero:! - Memórja .w br.- /IIKIIIIW.< ob.""'~·lIr{jI.'.\1eilfl.< '''' (11/0 di" 178<J relm;'·(I.\ "" exwda ,la /1<'.''("(11';'' tI(1 Pl'Ol'Ii!l; in ,ft· 1:/111'1' Dau,.,. I' M inho. in «Memõria, Económ icas da ,\cadcmia Re"t das Ciências de Li,hoa. 1789-11115».1. J. L i~ho:l. B:tneo de Poltuga l. 1991. p. 290. 2. A REIAS. M::irio - O ... pt·scl/llort·.< I'tJ,·"u·os no~ ./lU/n·", ti.' A l'<:im. " Boletim Cultural d:. PÓVO:l úe V:tI7.im ». Pú"o~ de V:u7.im. v. 16. n." 2. 1977. p. 2S7. J. CADILHE:. J0:10 Pinheiro- A., _'·'J1J/JecenÇ{/.~~ rins pCK(ul",.,', I",..,·i,.,..... .. Boletim Cultuml d:1 Pi"'"a de V,lI"l.lm». Póvo" do Var~im. \1. 9. II." I. 1970. p. 162. t!sla pre,ença dos poveiros na CO~la lrente ii cid"dc de Aveiro foi me"mo tn~IiIUe il)nn li L'lda pelo, rodeTe' puhlico~ loe'lis. en' I II 16. que Ih pretcmli,ull i n ~wlar na ",(Jade de A ""iro. co m <I, SlI:b I:",,,ha!>. dinam;7;1I1(Jo não '11""'w, a "pc-.ca !lO m,lr !lho ... COUlO ainda. c por bom cOllhceimcmo de águas ma;, pmrund:.s. "uxiliarcm 11:1 JllloWgClll (Ja ba rra: 1'<1. AMA -Lv. n." 9. f. J39\'-4 40 . .". 20/3/1 !l16. 4. AI'T' REIXO. Jayme _ PCSCI/.\" Nlldmw;s - A rcgi<io de ,h·";m. • A Tr'ldiç;\o... Serpa n.~ 4, 1902. pp. 102-103 5. M. IbM., pp. 104 e 114. 6. SILVA. A. A. B<tI(Jaque dOI _ E.I"Imlo uUlw/da~· p"~ClI~. Lisboa . IUl prells:J N:lcional. 1892. p. 40. 7. AC L - m'.aJ.:. 1069 _ ""'m6rill mhre lI' I'c~c(/rins do J)lIriin ti,· \filll COl'U 11/3/18511. 8. MORE IRA. C:ldos Diogo - I 'oplllariJ", m(lritimas cm Pnr/ll;utl. Lisho". Instituto de Ciénci:ts Soc"u~ c l'ol;lica~. 1987. 1'1'.98-100. 9. Bf\LU t. Adrien - E~'~'lIi ~'I{//i ...l iIf IW .\111'/" rQY(IJII1Ie lle I'orl ll!;oll'l ri ·AIN/ln·e. compare m ... lIIlIre.\" e'llllsd.. rEuru!'''. , _.0 I. Pari,. Roy CI Gr.lvier. 1822. p. 40.

3"


IJA /'f.;SCA Ã SAl.GA fJA SA/?VINIIA

lO. Em 1762. um pc:<eador do lugar de Panlclh;)" da rregue~i;) d" M u rto~a. rede demência a el-rei. atnlv6 do Dc,emlmrgo do Paço. por se ter "ovoh'ido elll ri~,,~ 00 «útil? da Torrára. qll<' é te,."", di' Ol·ur. ('/II/"<' 100 ""/P"'IIS que altdm'lll1l p<,sC(lIIdo": AN1T- DP. Beir.. n,Q 132 II. AMORIM. Pc. Alre.- de _ E.mlllrh " " .,'1'" l!islnr;a. Esmoriz. Comissão de Mdhor,mleotO~. 19116. pp. 308-309. 12. ANTT _ Rela'O"o das Rendas da Casa d" Feir:.l. 1763. Tombo Ovar. rol. 304. 13. Aquele m;mel'O correspondia a 5.7% da popula'OO1o aeti,a da comnrca como sc lé cm AMOR IM. Inês _ D,'.\"("r;[<I/J (/" Cmtl{JIn, ti" Pám·ISOI • .. Rc"i,ta da Facu ldade de Letras-História». Porto. 2.' S .. v. 11. 19-14, p. 268. Vd, ainda LARANJEIRA. Edu:lrdo Lamy - O Fur,u/oUfIJ, Q P(Waol/o. a Homem e n M"r. O"ar. C:1ma'~1 M unicipal de Ovar. 1984. p. 68. sem citar a ronte sobre que se ba.' ei:l, indic:l p:lra O anu de 1800. 10 C:'lllpanhas eom 2000 home ns. 14. ADA. SN. Esgueir... 1. 84. f. 92. acta de 19 dI.' Dezembro de 1762. 15. AMORIM. Inê_ - AI'"im ,'.\'11(1 /'IT",cdori" nO séc. XVIII (1690-1815). E,'lIIdo t'c(Jltó",i~'" d" "", t.'W"ço fuslÔrim. " ." I. pp. 514-515. Coimhra. Comi,,:1o de Coordenação da Região Centro. 1997. 1"1". 514-515. 16. ANTI·. MR. maço 609. earla~ de Abril e Maio de 1774. 17, REZENDE. Pc. Jo01o Vic;ra-M"l1oKflIjia dtl Cojunl"" 2." cu .. Coimbra. I n~tilulO para n Alw Cuhur:t. 194.\. pp, 32-33. A 4 de l\-'lur'Oo de 1786, uma pro"ls;IO régia proibi:! a con~truç~n de an11aLén, n" eO'la de Vngos . .'em :lulori;.ação regi;): A/I.'I A. o," 1682. L. rcgl~lo. 1". 428\'. I!>. O pliroco da Iregue., ia de Mim exige dílimos ~obrt' o pescado: cf GASPAR. JO'IO Gon'Oul"es _ A D;oc('."e de A "";/"(1 110 ., 'à'. XVIII. Um 1I1f1"drtlo til' 22 II,' S"/I'mhm d,: d,' 1775. ",·ciro. 1974. p. 4], MARQUES. Maria Alegria rem:mdes - A, 7"I"I"lI.\' d,' M im. ,,<,r.l'f le"1il'o h;.I'lnr;CfI. Mirn. C;1mara Muoieipnl de Mira . 1993. p. 68: r('fcre. panl o allO ue 1780. a e";~lcneia de um documento rel:tll"o à conSl ruç01o de wna capclJ parol ~s companhas que andas»em mI COS1U: ",as n prime,ra notícia. e xplícil", à conslilui'OO1o de uma comp:ltlha com geme de Mira t' d<.: 1790 - companlm do Ca'Oão. 19. NEVES . F. Ferr<':lr:.l-A Mel1lrl,.ia .\"Oh,,' A " ('ir,, ti" C fms"'",-"ro 10,,110."" Fer,,'ira d" CII""" e SOl/.m. «ADA" , Aveiro. v. 6. 1940. p. 17H. 20. REZENDE. Pc. Joiío Vie ira - MOl1o!-!mjia lia Gajimlu,", .. ".c.. pp. 195- 196. Ver também. sol"'e,, diversid:lde de desrino~: CACl-I1M. Dr. Amadeu Eurípcdcs - 0.1 íl!wI'm. o mor e fi Ria. E~I:l!"I\:ja. E~l:nlle EditOI·a. 19 88, pp. 16-21. 2 J. BRITO. Raljuel Sucim de - P,,/Ir";rw d, ' Mim, 2." cd .. Li~hoa. Ccntro de E~llldo~ Geográficos. llJl:\ I. p. 3 L e se);, .. em qu" rdl.'l\~ ~ pre..enç:l da pupul:l~,:;o pi,cah~ri" ;ll'el1:1.' 110~ rne~e' de pesca. relo menos alt' IS72. 22, CRAVIDÃO, p"manda Delgado - A pnp"lariio .. o pmYIlIIII ..W() dI/ G{md(ll"(l (génese e em/"ç<lo). Cllimhr". CO l1li~~[I(l Coordellndo!'Ol d~ Região C e lHl'O. 1992. p, (,7 e ~eg' . 23. Cf CORRE IA. All1óni,,-)\ "'-'p,o 11<'''''lI,,(JI'l'~ di' ;/Iw\'() /lU C().\1lI "" Cal>llri("{I. «ADA», Aveiro, \. 33,1967. p. 5 e sq;s .. quc cxpli~·:I:.J origem do puvu; ld<J 11~ fix,,~ão conjunta de pcseadores. pro" Cniel1tes de iLhn"o c Algnr"e, r"azendo vid:1 ~ep"rada com ('0.,UII11es diversos e r iv:llid"dc .. acenluadas. Vil. ainda CRUZ. /I.1"ria Alt'rcda -PeR'a i' pt'.I~·(/(lort.'s ell! Sesimbm. Li., bi,,,. J966. C:lp, 6 : refere" tr.ulsposiç01o de lécnicn ... lradicionalmenle. conhecidas por <"'efft'.\'

"o. .

d .. ílll(l\'().~,._ 24. Vd. LOPES. Aoa Maria Simões da StlV:I - O "o<"<<fmMrio /I",,.,/imo l",rlUglU'.' <' o 1I!t'(!itt' I"I·llllt.'Í.Wt/lS. Sep. « Revista Porruguc~a de Filologia». CUlTubra.

/"""""''''(1

dos

v. 16 c 17 . 1972-74 "

1975-76, pp. 267 ;1 270. c m que verifica o rcnc~o d" migra\,:ào daqucla~ gentes. através da lecnulogi:t utili,~"b 1"1 pesc:l. no AIJ;~r\'c: pusel;). Quaneir:l. I"':n'o, Alhufcira e Lago., e 0 1h1l0: c depoi~ na CO,la ocidcntal. cm Sine,. Sesirnbr.l_ Peniche, Eric'cir" c Nal.aré. 25. AMORlt\'l. Inês - A t'!r/nllllfll dll.1 " lIrt,'s /wl·m .. dil CO,III d<, A \'t';"'. (10 longo {/(! 2 ." mt'fmlt' do .~éc. XVIII: mt70·de·"hnl. (/il';,\'(7(> di' tl"(lh(llllo, ! r",,,m' ,I" I'mpriedud" ,.' di"ixt/" do produto. comunica'O:io apre,el1t;tda no "Simpmio de Anrropoloxfa Mariiier" - GAUCIA. UN REENCONTRO CO MAR .. cm Julho de 1997. Pu rllcvcdr:.l. Galil:! (cm pub\ic;".,~"). 26. ABA-SN~O":lr, n." 3 32. 27, t\DA -SN-A'eiro. n. a 274. r. 75,,-78v. 28. Tri's I'o r.. m :I~ 100\'~'OÕCS imroduzidl\.' relo, cmal~c.\: no"a~ mtcs de pc.-.ca -:1 x:\ve~a. nO\'O si~rcll1n de ~:llga (o prcn~ado da sardinha) c uma organáa'O:io lalml'a l (lue generali7,ou O sal~rio . 29. LARANJEIRA. Eduardo L'\l11Y - O Fil,.",,,,,,,,.,. o POl"t/mlo. " HOIIU'IIl .. . \l .e ., p. 399, 30. 1d.. 'bitl .. pp. 399-403. 31. CALO LOURIDO. Fr;mci,co-A,. ana de pelei!. Sami~go de Compostel:t. Mu,eo do 1'000 Galego, 1980. pp. -10_-12. 32. LARANJEIRA. Edu:rrdo Lam y - O Furai/aum. (J P(J\'(}(Ido. o HmIJI.'!1I ,.. o .c,. p. 393: AFFRE1 XO. Jayme - I'esc(u N"ejollu;,,'-A t'''giüo de AI''';''' ... O.C., p, 13-1.

39


INf.;S AMORIM

33. Vd. $ANEZ REGUART. 0 011 A,uonio - Dlcci,murio "w<lnc<I t/c: I()~ Arr...1 (II: pl:$cn l)ucwllul. M3drid. r.lml~tcrio de Agl'lcultur... Pe.<\Ca)' t\luncmation. 1988. \'. l. p. 391 cxemplilic.1 com caso.~ concreto_o na Andnhui:l c. c~pc:cialmentc. em M:ila1,!:'. onde" cOI1lp..1nhn compreendi:. 33 homcn~. 34. LOPES. Ana Mnrin S"I1ÜCS d:, Sil\':' - O [,(1Ca/m/dr", /iludIU/lO Imrfllg,,(~· .... O.C .. p. 245: afi rnm (IUC .1 percursom da m'IC x:l\'cg:I foi cm Se~imbr.,. o chinchol'l\J. ~el1lJo C~t:l Inr{;:lmenIC utili:r.ad: , nu ria de A\ eiro. c~l .. bc1cccI1lJo li1:açllo aos nu~o~ miSflItÓrins. Cun_idcra. a p:'ig. 237. que o cspaço onde: !II.: U_:I\'a" \'cr<lndci l~I "rt.: dn ,,:i\'csa. 1:' <le: Viei ... de I..clrin mé E~pmho. Vd. GALHAN'O, Fernado B. -/'.'1>/11\ whr('" IIc.~l'(/ tI" .l'dl·I:~(.I cm Mm" :":1'. "ACHl~ Jo Congl'CS.'iO Imernacional de ElIlo.rnti",.. \. 5. LIshQ ... Jum" de In\'C>otil;aç:'io do Ullr.. mnr. 1965. p. 2. ~fere <tue o princip.11 tipo ue pe-.ca cra a X:;\'C~:I. que suh.'o.l,tUI1I. há ml.llto. o~ ch,nchofro.. "Jú ,,~tllfn.~ pnroli. 110 sr.:. XVII ... 35, AI\'1T-DI'. Beml. maço 3. 11.-192. 5f6l17~. 3(,. LOPES LlNAGE. Ja\ier. CARLOS ARBEX. Juan - I' ..~t/"critu lrathClOlI(llcs \' Clmj1iclO.\ ""f1/tJJ:,,·tJs. IMI· , io.t. 1\.'Iadru.l. Mlni_teno de Agricultur.. y Alimcmmlon. 1991. pp. 42-43. 37. I) JOSEF CORNIOE - Mf'mnrw .",hr~ 117 f'f'.IC1' d.· .Iardim, (." IlI.I (·tIXUU II" Clllicif'. c d . f~c·~ifl1l1c. Sa"l.i"1;O de Corntl'o~tela. COIl_dlo de Cultura Galell:l. 1997. intr. e nota~ de F,.... nci-..co Calo Lourido. p.:.ig. III 31!. LOBO. Con~l:mtino l..:lccnl:l_ M .."'t;rlfl ~·obrf' o tJl'cmlh,,·;u tIo.\ /"'M:{/naS f'm Por"'811/. in .. Mcm6ria~ Econól11;c:I~ da Academi:1 Real da~ Ciênci:IS ue Li~bo;l, 1789·1815,.. t. 4. Lbboa. Banco de Ponugal. 1991. pp. 2ft]·284. Vd. sr!. VA. A. A. L1~ld:lque da _I-;f,(,do ae"",1 t/O.f /le.frfl,", Li~boa, Imp,."n .." Nacion:,l. 1::\92. p. 245. que defende OUlm 0l' iniil(): .. (/, tlr/l·.' (Ic urrO.\ltII·IHlrtI ler", m;o ,\'e podem d"i",r .wm70 r!1II fll"do.\· Im/pos. ",df.!lIrltl(·III" de (Irrill. ,. ali"8elll o IIldúmo

3'.1 40. 41

42. 43.

olume,' ,II' I()(}() II/CI,.".< ,II, I/·rrtl. (1.. \f/ll(/ll(lo·s~ lu f'lpt'rIl!.1 ,f.. I~'X"< e'" frllllsiw 011 /lótlU/dol' • .".",/" I",rltm/(). /lmj'·Il.<i,·{/.'. I/nr IH" t/"<' #lIio ,.,;" 'h·Mrll;r C(JIU ..t/ollr(ls 01/ /'I'~·II" ..iro.l ti.. e.l/"'''''·\ ,Itmúólwt/"l'. r! f·t,/ml/tu" "(If.'"u:( O.f 11<'/.1.('" ql/e M' (,/,n/.u/III"" ti" CtJllO • .-m ,·ordwllr.<. "" Isoltufllm'.."" ..... LARAi"JEIRA. bJU:irUo l..:nn) - O F"m,loum. (I f'om(,dfl. fI/f,,"' ..m .... O.e.. p. :no M. lI>i<l .. fi 4S7. Ai'-'TI DI'. Beir:t. n,· 1.12. D, JOSI::.I· CORN1DE - "'rlll/Jr;" .fol/re IUIH!Sca ti.. .'ulfdllUl.... o.e: .. 1'. 149. MAOAlIlL. A. Gumc~ (hl I~odw - Mi/emlr;n ,/(. A .... /ro. CO//!('Ií'illl'{/ dI' J)n(:/llIIl'lIIfll' HW(jr;co,f.

, 2. A\cim. C;'m;tr.. Muniei)l.,1 de A~eiro. 1959. p. 20. documento de 21 de OUlUbro de 1572 (Irc_lado de 26 de Ahril dc 16(3). 44. OLIVEIRA. Aurélio de - P,l\'Ofl tffl V/ln"".· fi.> t:.. lllm.~ ,I,· ~'/lIJ:/1 fi" ,·O.,ltI N"rtH!!i'" "".'·fi"~' tlll ,,', XVIII O clIlllri/m/ll ,/<1 lI!o,u.'n Imun:.w. 111 .. Ae:ta~ do Col6qu;o S:Ulto~ Gr.'ça de EmoJ;rolla M:triw"a Tcenol0t!ln c Economia». 1'6\0" do V~r/im. 1985. pp. 105- 106. .J5. AIJA. SN. A\ciTO. n,~ 313.1 32\', 46. ANlT - Con'''~po,I(Jênci;o do., J .. rl.c, de r......,. 1":u,V 367, Lelrn A·A\Clro. J7. ADA. sr<:. L 314. f. 105":1 107. doo;:. 19JI0I1777. 41! 01'1\.11' - Re~ .. 1"1.'1" 19(23). I'tI. A1\.10RI1\.1. Pe.Ain:., de - AI}(!III~ IImltl"III/I~ hisIÔriCt~' ti rt'.Ip<'Í1IJ .1.. Imrrinl", ./•• F~" ..)fi~. E~Jlinhu. 1~80. p.33·34: cnl 1821. elll -..c~,_ão da~ Cone~. o mc~mo Pedro M)oulle. relembrou" ~.,,' Memória ~brc a abertura dum <:,,,ml e:nlrc POMo I.' O\ar. 49. AMA - LR. 11.-1)5. 50. RMA - -J III 51,\Nrr-A,\.n."M'J:! 52. Aur~hu de: Oli,eirll I'c~pon~nhili/:l:1 perda de protecção pelo E~I :ldtll>on"lluê~. Illai~ Im"'"C.'sado ~1(d:1 de \ inho. p..,nnitindo II ",,""._:;'0 do pei"" j;:llej;O O LI VEIRA. Au,.~lio de - 1'';\'(1(1 tIl' Vm-;:im ( ' fi.' ...·um"· .le",I~(I .... o. c .. I). J I.J. e:il:mdo por ~ua \'1.'/. Mf:J II)O PARDO. Anlonio - "-'1/('(''''.'' d,·1 ''IIIIIUÓO 1:<lII"1:(} ,/•• l·.\pflrwáfll' ti Pl#nll'~/l1 ,'u e/ \/gl{l XVIII. in ~Acta~ de: Ia.~ primem.~ jorn ... d,,_ dI.' mctodologHl aplicmla de la..~ Cil:ncb~ H,storie!! __ I l i~l<)ri a Mode:ma». SalltiaJ;O de ComJlO~lda. Unl\·er.id:id de S:""lai;o de Compo~tcla. 11)75. p. R23. 53. 1,01l0. C. - (11('111/1,.,0 .'01/1'(' /1 tJt'Cudbrt/" tlm./I('K(ln·o.' .... O.C .. PI), 241 a 287: tai~ impedimentos r"rnrn ~lntcti7.ado_ em l:JALBI. Adncn - ESl'lIl S/(I/ISIIII" ...... O.C .. rp 177-IHO. cm 10 item..; rcWl1\e CX:lClamenle o dragllÓ<;hcolJ.: L"ccrda Lobo. 54. AMOR IM. Inc~ - Al'elm l' ,.,'" f'rm·..dor;o ..o .1«. XVIII (l690·/HI5) .... O.e:.. rp, 499-501. 55 BE".... EVIDES. l-r,mcisco da Fon-.cca - Rmll/m.,' dI:' PQnll~"/. I~.,II/{Io lIislórico. t. I. U~boa. Castro Irmilo. 18i8. p. 39. !i6, M t\IlAIIIL. A. Roch" - "'''e",já .. 'helra .... o ..... )lI'. 265 ;1. 32K. !i7. AZA1\.IBUJA. Jacob l'fL-dcrico Torl:uJc l'c~ir:t (j' - Mcmóna ~'IIIIl'l' /1 /",se" d(/ fmcolflllU. Llsbo;, Con\pnnhia de Pe-..c:tri"s Li.'''tlllc,».c. 1835. pp. 8·13. 5M. H Sl lER. H.E.S. - 1)(0 Mel/u"," II !'lImlml. O cOlllércio tlIll!lt} ·I"JI'".!tuê.' t/e I iOO" 1770. l..i~00:'. Gmdr"a. I~S-l. p. 1M. QUIl'O autor II ANSON'. Cnrl A.-Ecm/olllitl ,. Soei"dtu/c 1m 1'0(lIIg(II

m.

,f"

40


DA I'ESCA

-------".:..:.=

li SALGA

DA SARDJNIJA

nc.rmcu. lóÓH· I 703. Usbo ... O.Quixote. 1986. p. 223. :I\;ro:,ccnHl alllda OUlro~ factores «II del,/eçI1o <ill IIUllj"'''11 de I,,'.,n, Itlcol. [olra de müo·(Jt>·obro e /1<- c/lplt/ll. ' •• "b,·iomellle. /I f"nll;dáw:1 concorri"ôll e)UllIIN"Ú'l', AI<'m ll;";:m "s p;rul/lX 1II""ro)' IU)'u/tlln"u n:pt:till/lmcnte (, jm'" d,' 1h:)·Cll.{ ... ) M,tilO,f peJt'(J(lo"eJ', 11/1 rClllilludc.IJ{'.\·Cll\''''" I)(IIIC" e /'111 ,'e: diJ'so lIIili://\'("" II.' .\<" ,.,' bon:tJ,,. m) Irml.l"I'0l'le de ('(IM·,io. gbl<'rus "I""ell/fó/»). ,.,,<:/111.1" ,Jmn IHlrc//t)e,f mudli"",.,' (' (11111'0." ("tiNO.,· 'IU/' I/Iu/" till/UIII' li I'.. r ClIIU <I .,UII OCIII'/Içi1IJ". 59, ALM EIDA. Amónio de _ lIi,IHkill dll febre q'''' gmssoll "0 âtl",f,' d" !,,·/tafiel em 1791 c 17<;2.

C<Ul11br... Reóll Il1lprC<1~a d" Universidade. 1792. p. 375. 60. AMORIM. Inc~ _ A,·,'i,.",' .\'11" I'nll'edoria I/(,séc. XVIII (1690·IHI5)",. o.c" pp. 296·303. 61 . LOBO. Con._lanllno L.accrda _ Itlcmdrtll Jobff! li preparrlf'ltJ ,lo 1"';"'1' .",f~ml", e )'eco d".1 IIIJ.fSU.f fl/·,'c"r"". i<1 "Memór;ôl._ Económica, da Ae:ldemia Real d:os Ciência~ de Li<Doa. 1789-1815,.. I 4. Li,ho<l. B~nco de POrlugal. 19':11. pp. 197 a 240. SILVA. Jo~é Bt1<1irácio de Andrade e _ Ah'/m;rU/ ,,",,~'" />I'KtI ,/".,· IKllcf(IJ. e e.urtlcpi" du )l'I/ I/:.'It,': ,.""m {j/~WII/II' rl'jl...v~s (l ,-e.11'â", d/II "<I.'.W'( f'I'SCOriIU. in ,< Mcm 6ri :1~ Econ61l1ic .. ~ d" Ac:odcl1"" Real das Ciênc;a~ de L;~boa. 17A9·181 5 ... t. 2. Li,boa. Um1eQ de Pon uj;<lI. 1991. pp. 277·294,

62. AMA - RG. n." 16113. r. 213. 6 3. LAMY. Albcno SOUS.:l - MUII(I/;rtJfia tle O,·ur. Du Idade Mhhfl I) R"I"í"'WII. 1206 ti 1910. Ovar. Cd. d:1 Câmllr.l. Municipal de Ovar. 1977. [l. 187. LARANJEIRA, Edunrdo L.W1y - O Furudouru, ti I'm·oml". n Hmllem .... o ...: .. pp, 413·4 16. 64. D. JOSEFCO RN IDE -"'''elJl()rio J'obre lu pCJ'C<I de .,.",.,Ii,/(I .... o.e .. PJl. 141·149. 65. T'RANÇA. Ckmcnle Ferreira - M"mIJrr" .wbu' II.\' tlh'er),lI," ml):fI.1 do .lIIr";"/", C"IU o mé",dn lle (lprrJI'"iltlr U.f I'IL~O\"(I.,· e ... ob,,' /I )'1111:" (10) f'eixc~' /;ms.l"Os com" nlIIII.". '·(lM·;,'a .•·• f"·.KutllI.,·. ruil'(J.~. /.:"ro:....( .. mllm.( dl'.<w o(,/I{r.':II. II d'Agol'lu (/·/S03. in ~A Pc.",",,, Marr,,,,,,,,,,, n. 10. Abril 1924. pp, 152·154. n." 12. Junbo 1924. pp. 184·186. 66. AI'o"TT - DI'. BClr,}. maço 29. 11." 2884. 141911809. 67. AIIMOP-JC-12. 10I12IHI14. 68. ANlT - MR. ma~'O 369. ex. 492. O,:or. 191.111821. 6':1. "MOr~IM. 1<1ê... -A ....;m e..,,,, '>nl1 ·,'d'lr/" XII/U (lti90·IHf5) .... O.c_. PIl. 573·578 e 1138·841. 70. O honlrio impo~to. cm 1783. cr:l: de Ver:io. não \ender antl'~ d"s 9 hom,. de In\'cmo. só dcpoi~ d:'!.' 10: w!. AMA - LV. Il~ II . ._._. 26 de Abril de 1783. G

,,/I,,;,'.

41


,,..,r:;s AMO/UM C ENT ltOS P ISCATÚR IOS 1M COSTA OE AVElHO S I::C. XV III

,

COBrEGAÇ6

[]

---'~ •

RiooV<lug&

iii ""' .. -

II ......

'"

42

-

~

.. _ _•

4 . . . IOÚ


/JA I'I:.Sc,\ .-' SALGA 1M .'i;\RDINHA

REDE UI': !'ESCA

70 111 de ein:unreréneia '<leo:

40 111 d(.· prorundid:1dç

II

III

de 13rgur.. no fundo O" «cuõld<l"

230 m de comprimenl!) rnung:l~

20:1 25 Li\gANJI::IRA. Gduardo Lamy deOvnr.1Yl!4

ln

de Jurgur..

O rUI"(/(ltmro. O Pu\'(xldo.

(J

HOII/C'm C' O Mar, Ovar. Câmara MUlll~lpal

43



A INDÚSTRIA CHAPELEIRA PORTUENSE ENTRE 1750 E 1852 OFICINAS, FÁ BRI CAS E MANUFACT URAS ' Jos~ ANTÓNIO RI;AL PEREIRA RAMAI)A

(E. ..... la S""u",J~n~ de Valongo)

Introdução

A produção de chapéus constilUiu uma das indústrias'! mais :Hltigas c tradicionai!> da cidade do Porto. estendendo-se desde pelo menos os meados do século XIV :lIé:i década de 1940. O seu período de apogeu c maior importii ncia decorreu entre a década de 1790 c a de ! 920. tendo esta indústria ocupado, cm dois momentos distintos desse período. um dos primeiros lugares no ranking dns indústrias portuenses. Atendendo à vastidão temporal cm que decorreu a sua acção decidimos limitar o nosso estudo ao período en tre 1750 c 1852. procurando anali sar c caracteri zar a evoluçào desta indústria oficinal e manufaclUrcira desde o início da produção de chapéus de fe ltro de pêlo (que passaremos a designar por chapéus finos). verificada no período pombalino. até ti sua mecanização que teve lugar apenas na segu nda metade do século X IX. a partir de 1866. Procuramos conhecer mais de peno a real idade empresarial chape lei ra através d;\ diversidade das empresas e empresários de elllão. desvendar as origcns geográficas e profissionais desses empresários. os capitais envolv idos nessas empresas, os condicionalis mos que presidiram à sua criação. exiMência e ex tinção, bem como alguns elcmentos sobre os chapéus produ.ddos. as instal ações e tecnologia utilizadas. Ao longo do período entre 1750 e 1852 regista-se. nas fomes consultadas. uma notória imprecisão de vocabulário. De início. os tcrmos som breireiro e chapeleiro designavam quase indistimamcme os fabricantes de chapéus. embora como chapeleiros fossem também conhecidos os vendedores de chapéus. Mas outros comercian tes como os sirgueiros e até mercadore ... de capela podia m vender esta mercadoria. o que dcu azo a várias manifes tações de conflituosidade entre todos estes intervenientes. Mais tarde. a panir de finai s do século XVIII. o termo sornbrcireiro passou a designar apenas os prod utores de chapêus grossos. ao passo que eram conhecidos por mest.rcs fabric antes de clllpéus finos os cbaI>cleiros que produziam esses novos chapéus. A panir do infeio d;1 década de 1820, o termo chapeleiro paSSOu a designar os assa lariados na produção de chapéus fino ... e a partir de 1832-33 esses assalariados. os mestres - proprietários das fábrica:. de chapéus fi nos e também os que até en tão e ra m conhecidos por fabricantes de chapéus de pêlo de ..eda. T ambém oficina e fi~b r ica eram lermos vagos e imprecisos que se confu ndiam no vocabulário quoti diano. utiliza.ndo-se ainda por vezes como sinónimo do local de produção o termo laboralól"io. Enquanto a oficina era considerada como a ca... a onde se trabalhava qualquer ane mec5n ica. a fábrica era vista como ;:1 C;:lsa onde se trabalhavam e fabri cavam. por exe mplo . chapéus. Apesar desta semelhança. o conceito de oficina incluía uma dualidade: podia dizer apenas

respeilo a um quano ou ao piso térreo ocupado pela actividade protissional de um mestre e seus assalariados ou podia referir-se a uma das várias div isõcs de

45


JOSÉ ANTÓNIO REAL PEREINA UAMA{),\

uma fábrica, O próprio termo manufactura, além de outros significados , tin ha também o de f;íbrica ou oficina de artefactos. por exemplo. chapéus, IS$o levava a que alguns autores utilizassem o termo fábric.:\ p.:\ra designar um estabclecime11lo industrial de maior dimensão do que a ofici na. enquanto para outros não era da essência da:- f;í bricas o c~tabelecercm-se em grande. reservando para as fábricas em pomo grande .:\ dassificaç50 de 1lli.U1ufaclUras. A própria Junta do Comércio, ao conceder alvi.mí de fábrica a pequenas oficinas COITl o objectivo de as libertar das sujeições aos Juizes dos Ofícios. aj udava à confusão estabelecid a, pois o critério da dimensão do estabelecimento tornava-se inaplicável e criav a desigualdades entre os prod utores de chapéus grossos e os dos finos. sendo estes últimos claramente beneficiados com a situação. o que provocava protestos dos ,~ornbreireiros. como aconteceu cm 1791 com os rep resentantes da Corporação de Braga c deu origem à seguinte informação incl uída na Consulta d;) Junta de Comércio d~tad:l de 20 de Jun ho de 1793: ..."tos

('01110 (/

IIII/(ümça dc nomc /I(io l/1udo o c,\'sel1cia da

cou:a: e por Fa brica lião pode el1lc!lder-se ,çe /Ião a Officilla oude a,ç marér ia,\' bmras, 01/ já preparadas se dispõem a huma /l ova forma adaptada (10,1' /lO,\'SOS 1/:0.1': 011 ,~e del'f! chamar Fabrico a Officino aonde o L,fia se COIII'cr/e em CIU/péos: 01 1 li Fabrica onde ellc,l' se fa:elll de pelo,~ de Lebre, Castor, & se del'c chamar Officilla por que /lido II(' (I mesmo».

Apesar desta informação. a posição proteccion ista da Junta do Comércio manteve-se. pelo que a tónica da difercnciaçiio passou ;\ ser colocada na exist2ncia ou não da divisão técn ica do trilbalho e na concen tração das várias fases d a produção no mesmo ed ifício. A partir dess::! realidade, no caso da ch::!pclaria. podemos estabelecer a seguinte distinção: Oficil/a era o esrabelecimel1/o elll que o mestre. .1'0:""110 01/ com alguns assalariados (por cxell11,lo J, 2. 3 011 4 oficiais 011 llprelldize,I'), fllbrical'l/lImo de/(!rmillada mercadoria (110 ca.l'O ch(lpél/~' grOsSO,I' e mais wrde de ,I'u/a), regütllnt!o-se nesse eswbelecimel1lo pOllca 0/ 1 !Ienhuma (/iviscio do trabalho, \·cndcndo·a depois ao Plíblico; por isso passa!//os (I de,~ig/1(í-ll/ por ojicil/a-Ioja. cllqllalllo fábrica era, em reMro, II /II eswhelecimen/o maior (cm l1Iímero de ass(/Ia}'iodo~' e prod/lçcio) elll qlle se I'erifical'a lili/a dil'i,\'cio de /arejas: se fosse /III/a fábrica de pequeI/a dime/lsão cada oficial cxeCllfal'a //1110 das llI/'efa~' ,I'e/n/o, por exemplo, c(lrdador, jit/ü'f(/, apropriador. e/c" ell<///(llI/o lIa~' de maior dimem,.ão l'tirio,l' Iralmllwdore,\' execlI/avam a me.1'll1O actividade. prillcipolll/cllle lUIS operações de filIa e aproprie/Rem, que rcali:lIl'am elll locai,l' difcremes (ronhecido,\' por "'casas») que cor"e,lpondiam cada /1/11 a lili/a oficil/a, Como /lItl/lIl[aCII/H/x podemos c/assificar a~' dlla,~ moiores ullidades produlOras, a fábrica de .Iotio Pedro de Oliveira Lopes que em /799, segundo o ali/() de vistoria emrio realizado, empregava, ,1'6110 seu edifrcio da /'1/0 do Sol. 54 hOlllell~' e 1/111 lIIímcro indeterminado de IIII/Iheres e li de NilCl Ana Gllimareies de Cás~'ia & Filhos que, segl/I/do os respeclil'f),~ m apas de fábricas, empregm/(l 44 (! 58 as,wlariados em /8N e 18/5.

46


A INOUSTRIA CHAPELEIRA I>ORTUElVSE ENTRE 1750 f: 11152

As fábrica:-.. até 1834 . podiam dividir~se em p:.lrIic ulares e reais ou privi l e~ g iad:l<;. As primeiras n:lo gozavam de qualquer iscnçfto !isca I relativa às m atéri as~ ~ primas importadas enquanto as segundas desfrutavam desse privilég io COilce ~ did o pelo Alvará de 25 de Junho de 1773 e renovado por leg islação poste rior. A existência desta situaç5.o de u origem a sucessivos pe didos por parte de proprietário ... de fábricas p::micul ares que proc u raram alcançar da J unta de Comércio essa regalia. pa...sando nos casos de deferimento (quase todos no que diz respeito à cidade do Porto) a faze r pan e da categoria das fábr iça s reai s ou privileg iadas o q ue nos permite dispor de informações oficiais sobre as mesmas. A pnrt ir d<: 1834 <: até 1852 a pequenez dos estabelecimentos industriais de chapelaria no Porto provocou novam<:llle eonfu ...ão <:nt.re os termos ofici na c fábrica o que deu o rigem :1 quase total a usê ncia de identificação de:-.tas fá b ricas nas estatísticas ind ustriai ... de 1845-46 e 1852. devido ao carácter ofic ina l das mesmas. com uma média de 5 oper;írios por empresa.

I. A e vuluç ãu d :1 indús tria chapele ira portuense Até meados do século XV III a produção de c hapéus no Porto era ohra d e «sombreireiroli." . indivíduos que faziam sombreiras ou chapéus de lã. cm gera l d e cor preta. brJ.l1ca ou parda (daqui cm diante referidos eomo chapéus grossos). Estes ~Irtífices - mercadorcl>. possuidor<::-. do grau de mestre nessa arte. fabriC;lV:Hll e vendiam a sua produção el11 oficinas-loj a s d ispcr:-.as pelas rua), da parte mais amig.a da cidade. não se verificando no Porto o seu arruamento como <:m Lisboa e estavam !>ujeitos 1. juri . . dição da respectiv:l corporação. Era uma produção em pequena esca la desti nada ao abastecimcnto do mercado constituído pe la população da cidade e zonas mais próximas. já que OUlras r<:giõc ... do Norte como Braga. Feira. etc. também produzi:lm esta classe de chapéus. Graças à situação geográfica privilegiada da cidadc. exponav:lm pane da sua prod ução par~1 o Bra ... il que sc cons ti tuía como um mcrcado a petecível e de g rand e importúncia. como veremos. No período pombalino surgem em Portugal as primeiras rábricas con hecid as de chapéus tino~. acum ulando algumas destas empresas a produção de c hapéus grossos e enlrelinos (uma variedade intemléd ia). Esta nova classe de c hapéus. em vez de la. usava como matéria-prima pêlo..:. d e cas(Qr. lebre. coelho c. m<lis tarde. outros animais na preparação do feltro. T radicionalrneme é apresentada como Introdulora cm Portugal desta nov:1 classe de chapéu!> ii Rea l FlÍbrica de Chapéus. situada na Qui nta da G:Jr;lIl1ela cm Pombal. estubel<:cida por Alvará de 24 de Março de 1759. embora algum:ls pragmáticas e alvarás de 1677. 1686 e 1690. bem como a lguns <lU tores como Duarte Ribeiro de Macedo no . . revelem a tentativa da introdução do seu fabrico em Portugal no movimento industrializador do Conde de Ericeira. no século XV II. Mas os chapéus finos usados em Portu!:!al alé meados do século XV II I continuaram a ser importados das actuais França. Grã-Brctanh:l. Alerm.mha. Países Baixos c Itália. A seguir a essa flÍbric<l de Pomba l parece caber a lima f:lbric:.i d Q Pono a primazia na produção desta nova classe de chapéus. T rat<l-se da fábr ica penencente. pelo menos desde 1767. a Antón io José Guirnarãc:-.. fundada anterionnente. em data desconhecida. por seu pai Domingos Francisco Guimarães que era na altura um d os mai . . ricos homens de negócio do Porto. Como esta fábrica recebeu o seu

47


Jost ANT6NIO REAL PENEtRA RAMADA

alvará apenas em 25 de Junho de 1773. tem sido ignorada cm favor de outras como a dc Alcxis em El vas 3 ou a de Milliel em Lisboa. Ora. embora a fábrica de Alexi s ten ha recebido alvará datado de 22 de Agosto de 1769 e não de 22 de Outubro de 1771-1. li fábrica de AIllónio José Guimarães é mais antiga. pois já 6 referenciada em 15 de Outubro de 1767 no contrato celebrado entre O mestre francês Guilherme Foumol (que nela trabalhara ameri onnente antes de ir traba~ Ihar para Pombal) e os Directores da Real Fábrica das Sedas então adminis· trando a Real Fábriea de Chapéus de Pombal. A própria Juma do Comércio, em infonTI:lçãO incluíd:l no processo de licenciamento da fábrica de António José Guimarães. dat:lda de 9 de Março de 1773. atribui- lhe esse título :la cl ass ificá-Ia como «ii mais antiga estabelecida neste Reyno». A data da sua fundação é uma incógnita que ainda permanece. bem como a respecti va localização. Graças à acção proteccionista da J unta do Comércio que promulgou d iversos d iplomas proibi ndo a importação de chapéus femininos ( Resolução de 3 de Maio de 1757) c mascul inos (Alvará de 10 de Dezembro de 1770). ao mesmo tempo que proibia a saída das peles nacionais de Icbre e coelho (Alvará de 7 de AgoslO de 1767) e isentava de direi tos de saída os chapéus produzidos pelas fábricas do reino (Alv:lrá dc l a de Dezembro de 1770) e depois também de di reitos de emrada nas alftmdegas nacionais (A lvan'i de 22 de Outubro de [77 1) os mesmos chapéus. os fabric:mtes de chapéus finos puderam ultrapassar as dificuldades sentidas até então devido à importação de chapéus estrangeiros e. graças ao já referido Alvará de 25 de Junho de 1773, passaram a importar com isenção de direitos as ma téri as-primas c outros materiais necessários para a sua laboração. Por isso. a parti r de 1773 e ulé ao início do século XIX. registou-se uma fase de expansão. :<:u rgindo progressivamente em Lisboa. Porto e oUlroS centros do País várias fábricas de chapéus finos que vieram provocar dificuldades aos sombrcireiros. pois a clientela urbana de maior categoria social c posses preferia os chapéus de pêlo aos chapéus grossos. ficêmdo os sombreireiros reduzidos aos mercados rurais e das pessoas m:lis pobres c à tradicional exporlaç;;o para o Brasil. Porém. no início do séeulo XIX. já alguns fabricantes de chapéus finos. COIllO os de Elvas. se enC011lf<lvam em crise. devido :1conju ntura política e econó~ mica. agravada peja imposição de novos direitos a pagar pelos proprietários de fábricas c pe];1 concorrência derivada da multip li cação de produtores desta classe de chapéus. Os fabricantes do PortO, gmças às suas relações privilegiad as com o mercado bnlsi leiro. não sofreram tanto esse:<: efei tos negativos. mas a.~ invasões francesns e a Guerr:t Peninsu lar. a perca do exclusivo coloni:I[ com o Brasil cm [S08 e o tratado comercial com a Grã-Bretanha e m ISIO atingiram profundamente a produção de chapéus ao pri,'ar esta indústria de grande parte da sua 11l50 - de~ ob ra e de :l lguns empresários, rec rutados para o exército, ao mesmo tempo que. temporariamente. eram imped idas as ex port:lções para O Bra:<:il por carência de transportes e os chapéus ingleses passavam a penetrar, primeiro no mercado brasileiro e depois no próprio Reino. Assim, entre finais de 1807 e 18 13. verificou-se uma fase de depressão nesta indústria portucnse ta l como sucedeu com os restantes produtores nacionai s. Mas enquanto os fabricall1C:<: de out ras regiões se queixavam de falta de extracção da sua produção. os fabricante s do Porto apCI1:\s se lamentavam. no mapa de fábrica s de 1812 e no Mapa GemI Esratúlico de José Acúrsio das Nevcs (no caso do POrto referido a 1813). da falia de m50~dc~obra habilitada. Por isso. a recuperação industrial e

48


A INOÚSTUIII CIIAf'f:I.t:IRA I'ORTUF.NSI:; '~NI'RI:.: (750 h 1851

comercial da indústria chapeleira do Parla vcrificou- se elllre 1811 e 18 13. tomando-a a únka indlÍsu-ta a continuar a "ua antiga extracção para o Bra"il, nas pal,lvras do Superintendente da Alfünde;ga do Porto. datada ... dc 26 de Fe"ereiro de 18 13. A partir de 1810 começaram a surgir nova, fábrica' o que nos permite considerar que e" ...c novo alTanque industrial ...e Icnha verificado entre 1811 c 18 13. regist ando-:-c portanto uma antccipaçüo de cerca de dois a trê ... anos em relação a outros cemros c hapeleiros. De 1813 cm diante c até ao início da década de 1820 veri ticou-se uma nova fase de expansão desta indústria na cidade com a criação de várias f:'ibricas que acabaram por :lUme rllar a concorrência no mercado interno e brasileiro onde enfrentavam os restantes produtores nac ionai s e os c hapéu s in glcscs. Em 1820, al guns empresários diziam-se a trabalh ar conforme as e ncomendas recebidas. por terem aumentado :IS dificuldades de recebimento dos ... eus créditos pelas exportaçõcs efeclUadas nos anos anteriore .... () que o ... coloca"a Cul decadência. segundo as respectivas declarações 110 mapa de fábricas relativo a esse ano. A independência brasilein\ não rompeu os 1:1ÇOS come rcia i ... dos produtores porluenses e nacionais com () novo pMs mas, pouco depois. algo de decisivo aconteceu. A mudançn da mod:I. que passou :.l prefcl'ir os chapéu), de pêlo ou pelúcia de seda, verilicada a partir do início dessa década eh.! 1820. veio agravar a su:.! situação. Até agora importados da Grã-Bretanha e França estes chapéus passaram a ),er produ7idos em Li sboa a partir de finais de 1824 pela Olodi"w francesa Elisa Augusta a que se seguiram José Estc"üo Lcfrane & Companhia e em 1827 Lindenberg & C". No Porto, dob chapeleiros reivindicaram a primazia dcssa produção: referimos-nos a António Frederico Sternbcrg e a Cfmdido Jo),é Simplíeio. Porém. o ... priTlleirt).~ elementos quantitativos oficiais acerca da produçfio des!>C!> no\'os chapéus dizem respeito ao ano de 1829 e à produção de três d:.!s fábri cas reais ou pri\filegi~\da .... Possivelmente um ou os dois chapeleiros acima referidos. inieiaram a su a produção em data an te rior. entre 1825 e 1829, mas corno não pertenciam a essa c:ltegoria de fáb rica ... não 1'0r:lI11 incluídos nos mapas da Junta do Cumén:.: io de 1826. 1828 e 1829 nem no úl fimo rel:Hivo a 1830. A ma téria-prima era fornecida por ci nco fábrica, portuenses que produzimn essa espécie de veludo muito felpudo de um dos lados. Além da mudança da moda. registou-se cm 1825, graças ao Alvará de 4 de Junho de'!'Ie ano. a revogação da proibição da impo rtação de chapéus eSlr:lIlgeiros. o que provocou o aumento dC!>'i:b irnportaçõc... até emão redu Lidas aos chapéus finos e de seda de origem inglesa. Consequentemente. a p:mir de então, a produção nacional e pOl'tucnse de c h:lpéu!'I lino ... so freu urna g rave c ri se q ue. no c aso do Porto. pode ser documentada a partir do ano de I 82l:!. j:í que não existem dados esl:lIístico... rc l a l ivo~ ii produção do ano de 1827. Ma, a situação dos fabricantc'i de Lisboa a partir de 1827- 1828 pode esclarecer-no!> acerca da profunda alteraçào regiswda na chapel:u'ia de fcltro de pêlo: algumas. fábric:ls foram obrigada.;; ;1 encerrar a ...... uas porta 'i. outr:l~ laboravam apena ... um dia por semana. algumas pagavam os sal:írios em chapéus e os operários despedidos passaram a produ7ir no seu do micílio chapéu, qUI.: depois telllavam \ender pela~ ruas. tal eomo os seus camaradas de profissão que. por terem l'Ccebido o respectivo sal:írio nesta mercadoria. pretendiam transformar em dinhciro os chapéus que Lhes tinham cabido. sujeitando-se a perder parte do seu valor para realiza r o

resto. A!-i fábricas que pretenderam sobreviver foram obrigadas a reconverter a sua produção. abandon:lI1do o fabrico dos chapéus linos e dedicando-se agora

49


JOS!E:ANTóNtO REAl. PENEtRA RAk/I1DA

à produção dos novos chapéus de seda que necess itavam de muito menos mão -de· obra . por serem muit o menos as operações de rabrico. o que deu origem a numerosos despedimelllos que tornaram o d esemprego uma realidade para grande p.u1e dos chapdeil'Os. Através dos mapas de filbricas de ! 828. 1829 e 1830 podemos constatar essa alteração estrutural na produção pOltuen se que se estendeu também aos chapéus grossos. pois também esse sector sofreu em 1828- I 829 graves diliculdades provocada:. pela prefcréncia das camadas populares pelos chapéu:. de palha . de fabri co caseiro e artesanal. que a p reços cerca de 10 vezes inferiore:. pa:.saram ;! ser vendidos pelos lugares. feiras e rua:. das várias regiões e localidades do País. A nível naciona l. eSla conjuntu ra depressiva eslendelHie de 1827-1828 até 1837. levando ao dcsaparecimelllo das empresas de maior dimensão surgindo, cm contrapartida. algumas novas empresas quase todas voltadas para a p rodução de chapéus de ~cd'l. No Pono, a situação foi ainda mab g rave devido ao prolongado cerco da c idade pelas tropas migue lisl:Is em 1832-1833 que privou os fabricantes das matêria:;-primas importadas e impossibilitou as vendas para o exterior da mesma. Por isso as f:íbricas encerraram e os seus lrabalhadores c parle dos empresários foram obrigados a empenh ar-se na defesa da cau sa liberal e da cidade. Apena:. a partir de 1835 se \'erificar:í o reatamento da produção po r parte de algumas das antigas f.1bricas privilegiadas. COlllO acollleceu com Franeiseo António do Outeiro e Rodrigo de Sou:.a Pinto. mas não mais os fabr icantes portuenses conseguiram recuperar a sua antiga importância e vigor de que tinh:'HI1 des frutado até 1827-1828. Enquanto alguns fab ricantes de Lisboa e de outros <:entros produtores. graç.\s à pauta de 1837. tinham conseguido recuperar d a depressão e realar as exportações de chapéus grossos e finos par;) o Brasil e Espanha. o~ produtores desta c idade não conseguiram. por falta de meios financeiro:. próprios e de crédito, aumentar a sua capacidade produtiva e exportadora . limitando-se ii vender a Slla mercadoria nest ..l cidade aos clienles da mesma ou d:\s regiões vizinhas e a efectuar espor:ídicas deslocações às feiras mais imporlantes do Norte. como as de Vila Real e Viseu. Na própria cidade sofriam uma concorrência dupla: dos fabricanles de Lisboa que vendiam parle da sua produção para as pequenas lojas de chapclaria·~ . chegand o mesmo a registar-se na década de 1840 a abertura lcrnpor<1ria de dois dcpósitos perlencel1tes ri duas afamadas fábricas de Lisboa. proprkdade de Francisco da COSia Roxo e de Charles Wellenkampk. e a elevada importação de chapéus ingleses. franceses e belgas que comerciante:.. escritórios de representações. c ahelcireiros. modistas. e tc . proc ura vam vender a uma clientela sugesti onada pelo pre stígio da sua origem . Assim. em mead os do século XIX. a indústria chapeleira portuense d e chapéus de feltro de pêlo e de seda pemlanecia mcrgulhada numa fase depressiva que tivera início cm I 827-182l:! e de que começou lentamente a sair a parti r do começo da segunda metade de Oitocentos. tendo só iniciado a sua mecanização cm 1866. Ex tinguira-se a produção de c hapéus grossos. centralizada cada vez mais em Braga. S. João da Madeira e Cambra. por isso a prod ução portuense a ssentava nos chapéus finos e nos de ~eda. mas a j:í referida concorrência dos fabricantes de Lisboa e estrangeiros impedi:.t o seu desenvolvimento. pelo que as empresas portuenses de meado s do :.éculo X IX não p:'lssavam de algumas unid ades de carácte r oficin al. com uma produção puramente arte sana l resultante do trabalho braçal dos seu:. artistas. que nem sequer eram reconhecidas corno fábrica:.. atendendo fi modéstia da sua mão-de-ob ra .

50


A INDÚSTRIA CIIAPt:LEIRA PORTUENSE t:NTRE 1750 E 11i52

2. A evolu ção q uan t ita t iva das emp resas cha pcleir:ls portuenses A sua evolução, devido à importante acção proteccionista exercida pela Junta do Comércio até 11 sua extinção em 1834. divide-se em dois períodos, antes e depois dessa data.

2.1. O período até /834 Nflo é possível quantificar, de fonlli.! segura, o número de oficinas e fábricas particulares existentes na cidade por não constarem dos mapas de fábr icas elaborados por ordem da Junta de Comércio. Mas uma demonstração da existência de numerosas oficinas de sombreireiros no início do sécu lo X IX, mais concretame nte e m 1804. é-nos revelada num lançamento notarial solicitado pelo Comissário Real de Chapéus, Manuel Brandão de Melo. que nesse documento enumera 45 mestres produtores de chapéus (grossos) destinados ao Arsenal Real. Além dcles. outros mestres sombrei reiros produziam e vendiam na cidade esta classe de chapéus. exportando parte da .~ua produção para o Brasil. No que diz respeito às fábricas particulares. essa ausência de estatísticas oficiais revelou- se mais f;kil de ultrapassar já que a maioria das fábricas reais ou privilegiadas. antes de terem acesso a essa categoria, tinham começado a sua existl:ncia como si mples fábricas sem qualquer tipo dc privilégio o que fazia delas meras fábricas particulares. Essa realidade permitiu-nos conhecer milis oe perto as suas características que constam dos respectivos aUlas de vistoria, realizados antes da coneessao do alvará pretendido. sendo também ocasionalmente re!"eridos em algumas destas fontes os anos de fundação dessas empresas. Em algulls sumários de testemunhas, ouvidas também antes da emissão do alvará . surgem nessa qualidade diversos empresários ou trabalhadores assalariados de f,íbricas parti culares que 110S permitem conhecer a existência dessas empresas de que. em regra. não existem processos nos Arquivos da Junta do Comércio. O mesmo acontece em documentos notariais em que proprietários, artífices ou caixei ros part iciparam directamen te co mo parte interessada ou como simples testemunhas. Do conjunto de fontes anali sadas resultou a identifi cação de 10 fábricas particulares que não gozaram. por naO os terem sol icitado ou lhes terem sido recusados. dos privilégios das suas congéneres class ifi cadas de reilis, f:í.bricas estas incluídas no quadro I dos anexos deste trabalho o nde e numeramos todas as b1bricas de chapéus já conhec idas até 1834. mas OU Lras devem ainda ter existido já que temos notícia de o utros mestres fabricantes de chapéus. Seriam proprietários de oficinas e fábricas ou ólpenas assalariados ilO serviço das empresas conhecidas. é uma qucst;io d e mamemo insolúvel por falta de c!emelllos s uficientes. No caso do Porto. n e xistência de relações. mapas c inquéritos estatístiCOS, elaborados directamen\c ou por ordem d3 Junta do Comércio entre 1777 e 1830, permitiu-nos identificar um Ilumeroso gmpo de r,íbrieas reai s ou privilegiadas, já que compe lia a esse tribunal o licenciamento dessas unidades. T ambém A Relação das Fáhricas de /786'6, da competência da Junta da Administração das Fábr i c~L" do Reino c Obras d,lS águas Livres. apresenta urna rclaçao, mai$ exaustiva do que a de 1777, das fábricas do Reino e desse mesmo ano é o Mappa de Todas as Fabrica s que luí em tis/JOG. e 110 Reino ... feito por ordem de Pina Manique que inclui igualmente uma relação de fábricas favorecidas por privilégio reaP. 51


-

-

JOS": ANTÔNIO RI::AL PEREIRA RAMA!)A

-

Como existem ainel:1 os processos de licenciamento da maior parle destas f;'\bricas portuense~ tornou-se possível. através do cruzamento de tOdas as informações recolhidas. ultrilpassar o~ erros e omissucs detectado!'> em algu ns destes inquéritos e. com :l ajuda de ou tras fontes C0l110 escri turas notariais e livros de im postos. proceder à elaboração do referido quadro I. A atribuição de um ;tlvará ou licença ao proprietário de uma fá brica não pode ser obscrvad;t. obrigatoriamente. como sinónimo de cri;tçi:io da empresa pelo que não deve ser entendida como lal. dado reg istarem -se du;ts situaçõcs diferenciadas: na maior pane das fábricas a sua fu nd:lção tinha sido efectuada já hft mais ou menos anos c agora o proprietário resolvia requerer a ,nribui ção dos privilégios concedidos pel a J unta do Comércio: noutros casos os interessados \olic ita varn logo. na altura da cri ação da empresa. esses privilégios que consideravam imprescindíveis fI sua laboração. Por isso. :-oe em alguns casos o ano de conee:-,:oão do alvará ou liceuç .. corresponde efectivamente ao illtO da fu ndação da lllC~I1l:I . na maior parte das empresa.:;; tal não acontece al1 rma ndo os requerenles a maior ou menor :mtiguidade das mesma~ e o seu e fe cti vo funciona mento. como f:íbrica particul :lr obviamente. afirmações est as que a vistoria e o sumário de testemunhas vinham pm.tcriormente confirmar. Não são comparáveb. por diferença nos cri térios adoptados. dado os fins ii que \C destinavam. a rc laç50 de fábricas de 1777 e as duas de 1788 com os Illapas de f:íbric ..... exÜaentes. no caso do Porto. para o per rodo en tre 1812 e 1830 . Enquanto as trés primeiras apresentam uma listagem dc fábricas privilegiadas até à~ respecti vas datas. incluindo fábricas que nunca chegaram a funcionar por razõcs divcrsa!'>. os segundos procuram infonnar a Junta do Comércio acerca dos e:otabdecirm:nlOs industriais em laboração efeeti va no momento desse inquérito. Porém. por descuido. ralt:l de empenho ou divergênei;l de critérios aeerca dos estabclecimelllo:o que deveri am ser considerados fábricas por parte dos funcionário .. encarregados dessa tarera. o eeno é que. e m muitos desses mapas. foram omitidas \árias f:íbric:ls. chegando-se ao extremo de não serem incluídas 50% ou a maioria das fábr iças em determinados anos. E"t:t realidade leva-nos :t incluir. no fim da análise quantitativa das fábricas até [830. um gráfico em que procedemo!'> ;1 ,eparaç:io elllrc as fjbricas referenciadas nos vários mapas existentes c a\ re~l:uue~ neles om it idas que foi possível identiticar a partir de outras fontc~.

A evolução do mímero de f;'\b ricas reais ou privileg iad'b no Pon o entre 1750 e I S34 decorreu da :-,cgui1l1e formal!; Até 1777. foram co ncedidas três aut orizaçi1cs. duas delas ao mestre fr:mcés Luí" ~ournol c ;t restallle a António José Guimarães. tendo delas rcsu[tado .. lahoraç;lo da~ duas primeira .. fábric:\s de ch"péll~ fino .. da cidade. E1l1re 1777 e [788 foram concedidas mais quatro. mas a única fábrica cm efectivo funciona~ IllcnlO foi a de Domingos do R o~ário que no início da d~cad;t de 1790 era a única cm actividade. Pouco depois. João Pedro Sal :t bert e Manuel António de Madureira (este pela segunda vez) fo ram autorizados a estabelecer as suas f(lbricas. pa ..sandn o Porto a contar com 3 f;íbric:ts privileg iada!'>. A partir de finais do :oéculo XV III su rgiram 111:lis 6 fáb ricas pelo que, nos in ício:-. do século XIX. estavam cm funciona menlO. no Pano. 9 fábricas. m"i ~ I em Gaia\}. Algu mas dest a..; fábric as pouco tempo se mantiveram cm lalx)ração. uma por falência e outras por motivos divcr:oo ... o que. apesar do licenci amento de 2 novas unidades

52


A INDÚSTRIA CffAf'éLl;.·'R,\ POHTU/{NSE ENTUE 1750 E HI52

em 1806. provocou uma diminuição das fábricas em e fectiva laboração cm 1807 pois. confirmadameme. nesse ano apenas 6 funcionavam: Domingos do Rosário. João Pedro $:ll:lbert. João Pedro de Oliveira Lopes. An selmo Ferreira . José Coelho do Nascimento e José Pedro Cardoso e Silv:l (que substituíra Manuel Pinto do CoutO Leitão pOI' falecimento destc).Estaria m:lis :lll:luma das restantes em actividade? É provável. mas não encontramos qualquer informação que nos habilite a sustentar semelhante hipótese e. pelo contrário. parece que a sua ex t inç50 ou não cn trad:1 em funcionamento foi uma realidade. Apesar das invasões fl'ancesas e de todas as consequ~ncias que delas advieram. as 6 fábricas cm funcionamento em 1807 mantiveram a SU:l actividade. apesar de nfcetadas pelo recrutamento para o exército anglo-Iuso que lhes !cvou parte dn m:1o-dc-obra e dois dos empresúrios. A parlir de 181 0 novas unidades surgiram. 1 nesse ano. 2 em 181 I e outra cm Março de 18 13. elevando para 9 e 10 o número de fábricas em actividade respectivamente em 18 [2 c M<1io de 18 [3. d:ll:lS do m<1pa de fábricas de 1812 e do Mapa Gemi E:ifatúlico de José Aeúrsio das Neves. Por isso. não é aceitável a indicaçi:lo de apenas 3 fáb ricas por parte dessas fomes e ainda em 181 3 receberam licença mais 2 fábricas o que elevou para 12 o número de fábri cas em actividade nos finai s desse ano. O mapa de fábricas de 1814 já inclui 1 I destas empresas, omitindo apena~ a de José António Alves Pereira. c o de 1815 mantém essa omissão e ainda não inclui a de Joaquim José Pinto du Silva & C.o que passara a ocupar as inst:llações de Anselmo Ferreira. Emre 1815 e 1820 desapareceram algumas fábricas. como as de J050 Pedro Salabcrt. Manocl António Vidal & c.~ e Jo:1o Garcia dc Aguiar e Silva & C.o. Ill:lS o número de fabricantes subiu graças ao aparecirnelllo de 7 novas empresas. Porém o mapa de 182 0 identifica apcn:ls 13. quando nesse ano estavam pelo menos 16 em actividade. surgindo m:lis I em 1821 lU. outra cm 1822. 3 cm 182-1. c I em 1825. O aparecimento deslas novas fábricas foi acompanhado peJo desaparecimento da maior unidade produtora, a de Rita Ana Guimarães dc Cússia e Filhos. c de outras unidades mais pequenas como as de José Pedro Cardoso e Silva. Maria Ermelind a do Espírito Santo. Manuel Pereira de Novais. Félix Tomás de Mal:lalhãcs. Araújo & C.o. Domingos Cardoso Vítor e Pl:icido Lino dos Santos Tei xeira. desaparecimen to este provocado pelas dificuldades de recebimento dos valores das exportações reali zadas para o Brasil. pelo aumento da concorrcncia na venda de chapéus finos. devido iI proliferação de fabricantes c pela nova moda dos c hapé us de seda que vcio diminuir a extracçfio do ~eu artigo. O número de fábricas c m actividade diminuiu passando para 12 cm 1826 e 1827. apesar de os respectivos mapas omi tirem 6 e 2 dessas crnprc),as. agravólndo-;,c a s ituaçâo dos produtores ponuenses a panir de 1827-28 com o incremento du moda e consequente aumento da produção nacional de chapéus de seda que e ra ai nda agravndól pelo aumento das importações dessa categoriól de chapéus e de chapéus finos de origem inglesa e fmn cesa. O númcro de fábricas caiu para I I em 1828 e 1829 c par.:l 10 em [830. apesar da criaç:1o de 2 novas fábricas em 1830 e da inclusão de uma outra licenciada em 1816. que nunca fora incluíd" nestes mapas. devido .10 desaparecimento de "árias das empresas m;lis antigas. como foi o ca!>o de Domingos José Alves Nobre, D. M:lria Carmina Almeida Lcitào c irrn:1 (a velhu fábrica de Domingos do Rosári o). Joaquim Marques de Oliveira. Joaquim José Pinto da Silva & c." e da recente emprC),a de José Amónio da Silva Campos. 53


JOSe ANTÓNIO RIf.AL '>EREIIM RAMAf)A

A diferença entre as fábricas incl uídas e om itidas nestes mapas pode ser documentada atravé::; do seguinte gráfico que nos d:'\ uma visão imedi ata da realidade ponuense ao longo deste período: EVOL UÇ,\O !lAS F,\BIU CAS Il E C I-fAP I~US PIUVII ,EGIAI>AS DO PORTO ENTRE 18 12 E 1100

•"o

~

"••

14 12 10 8

6 4 % 2 ~

O

iI

11

L

10

7

6

11

10

66

3

ti I

11

10

1

2

" h

3

h

2

h

S~rk [ - SCfundu '" "'"[l~S d~ t:'ibrica.' ,,,,[><:<:'i>''', Série 2 - r~I>r":~' "",ili<JM "eSSe.' 11"'1""

Não existem mapas da Junta do Comércio para o POlt Q a partir de 1830 mas, com o cerco desta cidade pelo exército miguelista . as fábricas ainda existellles foram (orçadas ~I encerrar as suas portas. pelo que a produção de chapéus portuense registou uma paragem que só terminou em 1834. A partir dos elementos recolhidos nos livros de recenseamento para efeito do abolctamento do exérci to libertador. elaborados e m [832-33. podemos conc luir que parte das fábricas privilegiadas. bem como outras unidades produtivas. ainda existiam quando se ini ciou O cerco. pois 5 das [O fábricas incluídas no mapa de 1830 s50 referenciadas nesse nUl11cramento. juntlll1ellle com outros chapeleiros que leriam sucedi do:l fábricas antigas. assim como oUlros fab riclIltcs que não foram incluídos em qualquer fonte anlerior. A panir de lodos estes elementos. podemos conclui r que o número de f:íb ricas privilegiadas licenciadas no Pono lJcançou um 10lal de 37 em presas. a que devemos acrescentar mai s 2 localizadas em Gaia. enlão pane integrante da cidade. lendo 2 outros pedido::; de privHégio ( I de Val bom c outro do Parla) si do reeu::;ados. Mas nem todos esses a[vads c licenças deram origem a fábricas já que. pelo menos cm três casos. lal parece não Icr acontecido ( Manuel Grelho, Lu ís Fournol em 1780 e António José de Freitas G uimarães) pelo que o número de fábricas privilegiadas que na cidade do Porto produziram efectivmnente chapéus finos deve ser reduzido para 34. no período entre 1750 e 1834.

2.2. O período elltre /834 e / 852 Escasseiam as fomcs eswtística." oficiais após 1834. pois existem apenas dois mapas de rábricas. elaborados em [845-46 e [852. S6 o primeiro referencia umo fábrica no PQlto. já que no segundo "penas foram consideradas fábricas os estabelecimentos com mais de 10 operários. () que explica a ausência das d uas


A INOUSTRIA CIIAPEU://{A PORTUENS/~ ENTN.E /75n E /852

pequena ~ rábri cas portue nse s que outra estatística do mesmo ano. relativa à instrução dos operários. identifica. Desaparecida, com li extinção das corporações e da Junta do Comércio, em 1834. a divisão entre oficinas. fábrica s particulares e pri vilegiadas . as diferentes empresas produto ra~ passaram a confundir-se indistintamente sob o título genérico de o ficinas ou fábricas. atendendo à sua reduzida dimensão em termos de mão-de-obra. mantendo o caráelCr oficinal que se tornara predominante após a crise de 1827-28 e os processos totalmente artesanólis ao longo de todas as fases da produção. Essa falta de elementos oficiais levou-nos a encetar uma demorada pesquisa cm outras fOlHes que pudessem colmatar essa c arência para o que recorremos i:1 imprcnsa periódica. a almanaques . a escrituras notariais e a diversa bibliografia. A partir destas fontes. regi stamos o recomeço d e actividade de alguns anligos fabricantes privileg iado~ como Francisco António do Outeiro e Rodrigo de Sousa Pinto . sendo provável que outros antigo~ chapeleiros corno Migue l Antóni o Garc1<1. Manuel António Alves Souto e Manuel Jo sé Palmeira lhes tivessem segu ido as pisadas. Alguns proprietários dc antigas f:íbri cas p<lrticularcs como António Frederico Sternberg. Cândido José Simplício e Uno EleLltério fizeram o mesmo. surgindo novas fábricas como as pertcnccntes a Joao Nunes (fundada em 1834). Viúva Ulrich & Companhia (em 1835) e Luís Antón io Alves (já em laboração cm 1837) o que elevou o número de fábricas conhecidas em funcionamento efectivo para 8. Este núme ro está porém lon ge das 20 fábricas e ol'icinas de chapéus que. segu ndo urna representaç30 apresentada à rainha por numerosos p ro pri etários e mestres de v;lrios ramos dói indústri a portuense datada de 22 dc Agosto de 1836. então funcionavam nesta cidade. O s restantes seri am . naturalmente. parte dos mestres chapelei ros idenLificados no recenseamento já citado de 1832-33. o nde ~e podem e ncontrar mestrc~ Cairia Joao Evangeli st a das Neves e Amónio José de Almeida. que tinham assegurado a direcção técnica. até ao se u encerramento. em duas das fábricas privilegiadas da cidade e que. tudo indi ca . se tinham mmllido no mcsmo local agora presumi velmellle à frente dos seus próprios estabelecimentos. Além dele~ outroS mestres como J o ão Garciil. incluídos nesse reccn~camem o. teriam reg rcs~ado à actividade. como se pode depreender da análise de alguns apelidos que voltarcmos a encont rar em 1854. constit uindo exemp los das tradicionais dinastias dc chapeleiros que nesta cidade foram uma realidade. juntando-se aos fabricantes que acima identificamos. O inquérito industria! de 1845-46 apenas inclui uma fábrica. a de Joao Nunes. o que n;'ío parece corresponder à realidade da c idade. atendendo a que. pouco depois. referindo - ~e ao ano de 1848. o jornal O Nacional. em notícia datada de 17 de Maio de 1850. esclarec ia urna outra notícia. public ada dias antes acerCil dos e stabelecimentos industriais em funcionamento na cidade cm que nao incluíra o~ produtores de chapéus. dizendo que a s f,íbric as de <:hapcleiros que não quanti ficava ocupavam e milo bastantes braços. A estatística industrial de 1852 não inclu i qualquer chapeleiro portuense . pelas razões jú expli citada>., mas a estatísÚCil acerca da instrução dos operários revela-no s a existência de 2 pequenas fábricas . pertencentes u J oão Nuncs de Sou sa (que julgamo~ tratar-se do mesmo J oão Nunes incluído no mapa de 1845-46) e a J oão Nunc~ de Sousa JÜnior. Cadu uma de s ta .~ fábricas em pregava 5 operário s. o que en tra cm contradição com a referida notícia da chape laria empregar bastantcs braç()~. Qualllas fábricas e oficina:. de chapchuia estariam cm 1852 em a<:tividadc"! VárÍ<IS. como por exemplo a Maia e Sil va (fundada em 18M!) c a Fábrica 50<:ial (fundada precisamente

55


JOS,;- ANTÓNIO REAL PER'~/R,\ IUIMA/JA

em 1852 ). tendo-se estabeleeido em 1851 João Arsénio Freire e João José de Alrneid;, o que. junt:J!ncnte com as 2 Líbricas incluídas nessa cstatísticn de 1852 e ;; inclusão dc chapeleiros conhccido~ como Franc isco António do Outeiro, C:;ndido José Sil11plício e João Garcia. bem como a viúva de António Frederico (recentemente f:llecido). na lista de chapeleiros incluídos no Alm{lIIak COlllmercial Judicial e Adminisrrarivo do Por/o e seu Oisrricro pom o alll/O de /854-/855 12 (que Ol11ilC as duas fábricas incluídas nessa estatfslica de 1852). eleva para 10 empresas o 10lal de f;íbricas e oficinas reconhecidamente em actividade nesse ano. Mas deviam ser mai~. j,í que o referido almanaque !.!numera mais 6 empresas ch;:\peleira~ de que se desconhece de momenlO a respectiva dnta de fundação , clev:llldo para 16 o 10lal de chapeleiros em actividade em 1854. Assim. a panir dc:-.tes elementos. é pOssível corrigir a falIa de rigor das estarística:-. oficiais e assi stir aos primciros passos na recuperação deste secto r tr:J.dieio nal que volturá nu segunda metade de Oitocento s a ocupa r um lugar de destaque ell1rc as indústrias da cidade.

Co nclus;; o

A imponância da indústria chapeleira pOl1uense ao longo do período entre 1750 e 1852 renect iu. naturalmente. n:-. fases de expansão e depressão que descrevemos. Entre 1750 e 1834 as empresas produtoras d istribuíam-se por três categorias de estabelecimentos. olicinas de sombrei reiros. fJbricas pnrticul:lres c rübrieas privilegiadas. das quais só as últimas. graças ti ex istência de documentação oficial. podcm ser q U:l11lificndas. registando-se a ex istência. no longo desse período. de 37 f:íbricas licenciadas na cidade do Porto. entre elas a mais anliga ]";íbrica de chapéus finos. propriedade de um particular. que se conhece em ponugal pcrtence nte;1 António José Guimarães. Os períodos de maior expan,>ão desta indústria registaram-se enlre o início da d~cada de 1790 c 1806 e entre 181 I e o início da década de 1820. tornando-se a chapelaria. segundo o Mapa. de Fábricas de 181 . .1.. a terceira indú:.lria da cidade com 11 fábricas pri vilegiadas. atrás das fábrica~ de tecidos ue seda do largo com 68 f:íbricas c d;1'> de tecidos de seda do estreito com 20. A partir de l11e:ldos da década de 1820. principalmcnte a partir de 1827-28. devido à~ importações e ii preferência do público pelo chapéu de sedn. a su a impon[mci'l no l!.!cido empresnrial e industrial da c idade diminuiu. entrando a produção de c hapéus finos nUll1n longa fase dl.!pressiva . que se prolongou até mcndos do século. caracterizada pela extinção gradual das princip'lis empresas, optando aS reSl:lI11CS por uma imprescindível rccOllVerS;JO, pelo que muitas dclas passaram a produzir também essa nova classe de chapéus. De 1830 em di~U1te aeellluou-.se o carácter oficinal dessas empres:Js. com uma média de 5 operários por empresa. pelo que apenas uma fábrica portuense foi incluída no inquérito andai de 1845-46. nJo sendo qunlquer uma das ex isLCI\W~ incluída !ln estatística industrial das fábricas de 1852. Apesar dessa omissão. a indústria ch:Jpcleira desta cidade contava. cm meados do século. com numerosos produtores do~ quais podemo~ identificar pelo menos 10 em 1852 e 16 em 1854. rcgi:-tando-sc a partir de meados do século X IX um Illo\,jmento gradu~d de recuperação que fará novamente desta indústria uma das principais da c id:l<le It.:! segunda metade de Oi tocentos. 56


A INIJUSTU IA CIlAPELEIUA PORTUENSE ENTlU~' /750 1;: /852

QUADRO 1- FÁB IUCAS l'A RTl CULA R ES E R EA IS OU I' RJ VILEG IADAS DE C HA P ÉUS NO PO RTO Ei'TRE 1750- 1113 4 A I.\'~RÃ.lICE:."Ç~

I.OC.\L1L\ÇÁU

Num: IKlS PNOPKlf;T,{ NIUS

ou PROI'ISÁO DAS FÁBRICAS QUAr>"I)O PRI \·ILf.GIAIJAS

A. 22 de Outubro d~ 1771 L. 21 d~ Julho de 1ii5

Lu iz Fourll(J1 & c. LUIZ FUll,.",,1 c I\bnocl FrJtlci...:o GlIiln~r:,cn,

-

A. 25 de Junhndc 1773

A,uou in Jn~c Guimar.lcn, ((u ndada ante, de 1767 por SC:u pat ])clm;ngo.<Fmneis.:u GUlln~r.lcn_)

-

L 12 de Agn\lo de 1778

~hnocl

I•. 17 de MaI"Ç<> dc 1780

Lui7, Foumol

-

L. Hd~ Ahnl de 17bO

Dolllingo, do ROl.ano do N"a>eimcntu c Almeida Dollllngos do RO/""r;'). lol.c Lourenço d~ Silva e D. 1I-bria Canllina Almeida L.. ,t:;o Jo~c LHun:nço da Si113. D. Maria Cannina ,\lmei!!.l Lcil:io e D. COlelll Cnnd idJ Almeida Le,t~() D. Maria Carmina Almeida Leitão c D. Coleta Candida Almeida Lci!Jo

Vicia <lo C~ln'gal. depois Rua dc S. Scb:o.<õtião Rua de S. &ba._ti:;o (Lal"j;o de S. Seba.~uão) Rua Chã n.· 3)·~

MUllucl Anlooio MaduR:i'::I Manuel Anlonio de /Tobdurt'lr.l. Joze Lu iz Coelho de Almeida & Comp. c Ign.1c ioVidra Soare' JOf.e Coelho do Ka",imenlo e A,liom" p"Ii ORibeiro de Carl"ulho Pei~"ln lote C""lho 0.10 Na.,,-,;m~nlo. Jo;;" Franc isc" de Guimarnen,. Anto nio de Morac! Cardozo G~rcc~ c lo).C Amonio de SOUla Gome' )0:1'1 fr:mciseo "" GUlmar:.cn, e lote Coelho 00 N~",imento ln:;" Fr.me,,,o de GuimarJ.cn, Ma'lOCl J07.C TU":II1":' de Pinho & Comp.

Rua NOI'~ da Roo Vi_Ia (RuaduS"I)

1'. 2Sde r-clen:im<le 181J

L. 29 d~ Maio de 17!ID p. 7 de Fe\erciro de I 793

I' 19 de Outubro de 179<,

1'.17 de Julhode 1806

0

J07.o:

F~m:lra

Grelho

Rua Ch:; n.· 33-3J

Rua Nova da Boa Vi~t~ iRu," do Sol) II<'poi._ Rua 0.10 L:u'lI1jnl Rua Ja F;lbricu do Tabaco II.· 51 (1..:0'1;0 da F:ibriC"~ 0.10 Tabacon" 16-19)

Rua ola Fábrica do Tabaco n." ~ I

p. 27 d"M:lI\"<l<lc 1792 Rccu,uda licença cm 20dcFc\crc,rode 11112

JO~ ,I

I'edro Salalx'rt (e) Muriullllu loaqulIIJ Salalx'nc

Rua do l'arJí>o (R d<l Bonjuro.llm) depois Viela do FerrJz c nm, tardc Rua da Calçada dos Cltri~o.l n.· 27-29

Rc,u~ad" licença em 7 de Maio de 1792

Dam i:io de Almeida Leal

Valhom ou outr:o parte do Paí_ excepto Usho;o

p. 2}l,le Nm'cmhmde 1799 1'. 6dcDclemhrude IS06 1'. 2J de N'l\"cmbmde 181J

Jo,'" Pedro de Oli\-eir:o

1'. 4 dt Ago.'jo de 1Ml<l

Manocl Joaquim lombrat

BJirro de Miragaia (Ru a da Porta NO\'a)

1'.21 dd.bio de ISOI

JO"O I'rn:i ra da Cru7. Lima e Thom.l.< Cm la

Ru a Nova dc Almada

1'.1 Ide A::",tode 1801

Anselmo FClTcir~

Ru a dJ Ponte KO\'a d"poi.' Rua da.~ F!IIR:$ n." 71

1'.2 de Seternhmdc 18Q2 I' IS de K""cl1lbrudc INOM

107-" Coelho ,lo Na."-'Imcm" Ril:! Alllla Gu;mar.lcn, de C:».."a c filho,

Ru a da F~brica do Tabaro dC[lOi, Ru a Nm·a de Santo Anlónill ~. 11. depois n.o 29 D· 29 O

Ln~~

Ru a de S. Cri'P"" n° 1·5 C ua Rua do Sol n.··/ Rua de S Cnsp,m n: 1-5 cRuadoSoln."91

57


JOSÉ ANT6NIO REA L PEREIRA RAMA/J/\

" IX"RÁ.llCL~ÇA

NO.\ IE nos PIWPRIETAR1 0S

ou PHO\'ISÃO DAS FÃBM1CAS QUAI'I)() PR1\'ll.r.r.1AlIA S P. 21 de

F~"crmu

de 18Q..l

P.6dcOuluhrode 11\01

M ~tJQe ll''"tu <.lo C(}\IIO Uilão CD. Elcna JOlIq uina. Teixeira l OJA: Pedro Canforo Sih~ c Comp~nhla. de lo •• Pedro COlI"d01.o c Silva ~ D. Ek na Joaquina TcixeirJ Juz. Pediu COlI"doro SlI'a

I.OCA Ll7.AÇÁ O

Rua da C~IÇlId3 do. Clrngos n.· 17 " mesma. depois Rua de SanlO Amónio n.... 33-35 depoi' n'" 51-53

1' ..' de NO"cmhm de 11I{lJ

M:II1\1C1IkJndlo de Melo c Anto nio Ferreira de Moura

FáhricJ panicularcm fU IIClo namcntocm IS05

M~nuel

F;!brica p.1nicul;ll" cm funclonamCI\10 cm 1805

Jo:lé Gonçalves

1'.ISdeAgGSlode 1806

Anlonio 107( de fn:Il:L, GUIn1:1111Cn.'

-

Fábnca panicular exi.'lenle em I~08

Manoel

R.deS

F;illllca p.1rt1cular CXl>lenle cm 180~

João Jm;<' da.,

1'. 20dc Marçudc ISIO

Joaquim Marque, de Oh\elrJ jooquim Marquc.' de Olt'cir.l c Joaqu im Jo~e Duarte e SoU/... J03'luim Marques de Oh\"elr.l Manoel M ~rque> Nogueira (ll/Iordos lilhol< do propri etário fal..:ido 1\11 ano anterior)

P. 16 dc FC\'cn:iro de 1826

Lihóno

~ I ()f1;ira

Vila 1"0'3 de Gaia ll allTuAho R. do Bonjardim

da Sil\"a.

Donlln~os

-

L'i~"e~

Rua 1"0'";1 de Sanlo Anlómo n.'" 39":1

Pó."" de Bai~o

P. 28lk Maio de 111 11

M~nocl

P 19dc No\CmbrodclHll

J07.e Di ogo Vieira da Co~(a CJoãu Garcia de A:;ul.lI"c Sih'a (Fi nna lo:io Garcia de A.guiare Sil\'a & C')

Rua Fonnos:! n.'" 18·19

1'.5de Maf\""O<.lcI8U

MallOC I AnlonlO AI\"<:5 So.ulO

LarJ;O d'l.~ Virtude, (Pa.'seio da., Vinudes n'" I-l) depoi, Rua (No'a) d~ Bandeinnha c Rua de Santo Amónio 11.""15';- 155 o.k:poi., n."" 156-15;

Antonio Vidal e C.'

l.upr l1:I

A. 6lk Julllode JSD

[)Ollllllgo., 10/. Ahc.' NQ!m: e Comp.'

Rua NO"a de Santo Anlónio n.· 2<i

P.29dcJulhodc 1813

loze Anlunio AI,·cs j'cn:ir.t Mari;1Enllchnl1:l do Espinlo Sanlo

Rua No,-a de Almad~ n."'" 9·14 Rua de SanlO AntóniO ,. II. (Vic[;1 da [\cla n.' 20)

F~bnca partlclIbr rundalb cm IStJ

lO/A: Amonio Lopt:s GUlmar.>cns

R dc: Santo AnlÓllio II.'" 167·168

P.20 lk No'cmbrode 18 15

JQ;lq Uilll 101.1: Pinto da Sd'a. & Comp. de JQ:lqulm loze Pinto Ib Sil\'3

Rua d;.tS Aores n.' 7! D

e Jo/.c Luis TClxcir.l de Mir.lnda Thoma. dr: Magalhães e Comp.

Rua 1'0"3 de Sanlo Anlóniu n."" 16,·168

P. I <.lc Fc,c<Clro de 18J6

r'C1i ~

P. Hdc!unhodc 1816

MarlOC I PercirJdc NO':K;,

Ru a do Bonjardim (depois RU;I do: Santo AnlÓflÍflIl.' 17)

1'. Hde Janeim de 181H

Plác ido Lino do~ S~nlo,

Ru a N",a de SanlO Anlónio n'" 20·21

58

TCI~eirJ


A INDÚSTRIA CIlAI'ELEIRA PORTU ENSE EN TlO'; 1750 E 1852

AI.VARÁ.UCEXÇA. ou PItOl'ISÁO [lAS f ÁBRICAS QUANOO PRI\'llXGIAIlAS

~mlE

I.ocAW.AÇÁO

DOS rROrRlrTÁRIOS

P. ,Ode Maio de 1818

Domin gos Cardow Viclor & Comp. de Domin gO); (:mlolO Victor c João Antonio d~ Sous.:! Guimaraen~

Ru" da C~lÇ:Jda do, Clérigo, n,'" 27-29

p 16Jelunhode 1818

iknlO Jm.c Vi eira (de SoUl.:l)

Rua da COrUooria Velha depois Rua de Sunto Antómo n.'" 161-162 c depoi, Rua do BISpo

Recusada liC\tnça cm 2M de Se!Cmbro de 18111

FrJncisco Joze Rib<:u"Q Souto

PrJp do Campo de Santo Ovidio n.'~ 59-61

P. 17 de Dczcmbrode 1819

ArJujo & Companhia de Anlonio lO/.e d'Ar:J ujo e AllIn" in Jn<é Man,",

Rua de Santo AntoOlo n.... 144-147 e Tm" essa de LiceilõlS n.'" 8·1 I

)',8 de Janeiro de 1820

Rodrip} de SOUl,:l Pinto

Ru a de Santo António n.... 29 A -29Cdepois 139-140

P.18deAgo,lode 1821

J07.e Antonio rle BaSlmo Guimar.'ics

Rua da., h.lhacinha'l (Gaia)

f,íbrica p.1nicular

Garei". Rodrigues & Otero de Miguel Anlonio Garcia \Aroz;, Branco). francisco Antonio Rodrigues c FrJncisco Anlonio Otcro Miguel Anlon io Garc!a (Arol.ll B"~nco)

Rua Nova de S. M:uçal e loja na Rua Nova de Santo António n.... 161-162

1'.3 de NO\'cmlll'u de

p I? de Ahril de F;íhric~

Ili2~

1~22

p'lnicul3r rundad"

Manoc l J07.e d' Andradc

Rua de Samo António n.'" :H·35

Lillo Ek ulcno

R. de Sanlo Anl6nio II "'7UA-70B

M"no.:l Pinlo de MOr:les e ComI"

Rua de SanL:l Calanoa n O 30

Luis Mafll'i l'D" e COOlp.

Rua da Cal ,ada do.' Cléri);o,

cm I R22?

P. 6 de Ahril de

182~

P .10 de JUlllOde 1824

JO/.~

P. 26 de Ago'lo de 1824

Manocl

P. 2M de lulho de 1825 1'.26 de Maio de 1&35

1'r.lllcisco Anton iOOuteiro

J>.5d~JanCll'"de

1830

Sitio de S, Març~1 dePIlI.< Rua do Bi ~po n.'" 15-16 e mal.' tarde II" Rua de Santo Anuí"io n." 15·16

Jo~c P"lll\cl"~

Rua do BonprthOl C.íuo d" Bairro AliO) n'" 65·ó5 A, ,J.,pn" Rua de Santo AntOlHo Rua do

n.... 52·54 na Rua de Santo Antilnio Bi~pn

e,mn'lI.~m

Jaze Antonio da Si"'3 C:lmJlO!o

RUJ de Santo António

P. 27 de OUlubro de 1830

Joze Moreira de Lima

Rua de Santo António

p Junh<ldc 1&ló

AOIonio JOl.e Manim de Olh'eira

Rua de S. 000110:;"";

F:ihnca pal1lCular fundada antes de 1832

An toniO Frederico Stcmbcr.g

R. de Santo AnlÔnio n.'" 108-109

Candido Joze Simplíc;o

R. de Samo Amónio II"'" 115· I 16'1

fabrica panicular fundada ames de 18J~

59


JosE: ANTÔNIO REAL PEREIRA RAMADA QUADRO 11 - FÁnR ICAS E O FI CINAS OE CHA I'I~ U S OE FELT HO E I)ESlmA Ei\'1 L AHOR A ÇÃO NO PORTO ENTRE 1!l34 E 1854 ANO ln : FUI'oIJA ÇÁO

I'IOMt: UOS I'IUME IROS PROPRIETÁIl IOS

I.OCIro l.l 7.1r.ÇÁO

1&20

Rodri~'O de Sou~

I!m '~

Lmo Eku~rio

R. de SanlO Anlónlo n.... 70 A_70 B depois n.... 86-89

1825

FrJoc i!\OO An,<lnio do OUlelro

R, de S~nfl) Amómo n.'" 16 1·1 62 depoisn.- 2!6

Anle~1k UB~

AntÓllio Fn'lkriro Sternhcl'l!

R. de Sanlo Anlónlo n,'" 108·109 depois n" 211

,\me_de 11132

~G:nla

R. de SanIO A.llómo n.- 6·7 depois n." 22 2

Anle~de

C~lld;do Jo~

183-1

PmlO

Simplfcio

IS"

S<OO !"uno:-< (de Souu)

1835

Viú~ UI.kh s.: Companhl3 de Mm.. doCan"" Ulrich c JO>é António Antunes Perem, Sam P~iu

Anlc-tlc:

111~7

1~5a!8S2

IliJS

Luí~

Ant""'o AI""

R. de S3nl0 Anlónio n' 139-140

R. d~ SanlO António n.'" depois n" 193

II~· I

1(,

R. do Bonjmiim n")22

.,

R. de S~nlo Anlónio n" '36

Soou Nu llC> de Suu/.a SlinJor

R. do Bonj~rdim n." 270

Ma i~ t S i ! v~

R. de Santu António n" 32

de AntÓltio Manuel dói ÜN;J Mm e S, I.... 1851

Jo;,o A=n'" FreIre

R.. de Sanlo AntónIO n... 39

1851

Joilo JO><! d' Alrm:ld~

R. das Aon:s n." "

185J

Fábric~ SoI:i~J

Ante. de l!is.;

José de l'in h<'! (Valente Junlurl

R das F!oo:s n" 12

Anil!.' de

l!i~J

de JXInIO jO\é Gooç-.il\'C!'

Alt" da Fontmha LoJ3' R dc Santo António n." 224

Luis José de: Figuclredo

R. de Sanlo Anlónlo n" 6\I

Anlo do: 18s.;

AnlÓnio.lo.t Rodn; uc> Godinho

R de: SantU Anlónlo n" 181

AnIC'I1o.: 185-1

António Gunç~I\~ Norueu-:I

R.do: Sanlo António n." 178

Ant"-, de !8.5-1

Gregón" Roon~ues Out~iro

R. de: SantO AntÓltlo n." 2 1~

AnIC, de 18s.;

Ne w~

& C."

R. de Santo AmónIO n." 176


ti INDÚSTRIA CIIAI't:LEIRtI PORTUENSE ,.;NTRI;" 1750 F: 1852

NOTAS I.

E..~tc texto n:cupcr:, :lIguns uos Ilri ne i põli~ a~pcelos :lhordõldos ll" di$~ertaçãQ de Illc;,tr:,do :lpr.:scntada cm 1997 ii T'õleuldnde de Lctms dõl Uni\'ersidnde do Pono. tOf n:llldo·se porém Ilccess"rias algurna~ aher... çãcs forrn;lis c de eOllteudo, "tendendo à extensão ua ,eferida di~~ertnç::io que teve ror lflUlo ti Iwili.\·/r;" CIt0I",I,,;1'(l f'om,('n.w.. ('IIIn' 1750 t! 1852 c onde pOl.h::rdo ser cncontr:ld:.s a~ rcferênci:ls c cil:lçãc~ rc1aliv:ls a fontes c bibliogr... li:! aprc.<cruadas ao longo deste trab:llho. 2. Indüstfi" ehõlpeleir... no seru ido c1~ssjco de produção de eh"péu., de fchro c mnis tarde de scd: •. J. COI11 Capil:lis de J:leomc Raltoll segundo" \'..,,,,,ão deste iIltJuslri:lI. que ._c vangloria nus S""S Rn'unlllf';r.v de ler criado eom o., seu.' próprios fundos:l primeira filbrica de eh"péus finos que por conta de um p,u1ieubr houve 110 Re'flO. 4. Como refere Jorge Borg,,> de Macedo cm ti Silllariil) l:..êlll,,)mh'/1 III' reli/fio d .. Pomlml - fI/);.mx W1't!clO,V. 3.' edição. Li"llQ". Gr:,diva. 19SC}. p. 210. 5. Clwpcl:lri" aqui no ,enddu de luj:, 'llle aJ'Cnas cfectu:lv:I" venda úe ehapéu~ ou então" SU;J ;JplU· pn"gcm c po~terior çomerci;Jli~,u;ào. 6. Publiead" l. partir do originul cxi~teme no t\rc:luivQ Hi~lórieQ do M ini .~lél'io d:." Ohrns Públie:l~ por Luís FCrIl"ndo de Curval ho Dias. 7. Publicado por }o:lquim VeríssinlO Serr~o, Hi3'/ór;" dr Porlll1:,,1 (J 750,/8(7). Lisbo .. , Editori:,j Verho.1982. vol. 6, pp. 202-204. 8. A.' d~!as de concClosào dos respc,;livos alvar"'_ (lU licenç:ls enCOll1l,"" -"" no Quadro I incluído no~ anexos. 9. Emiio ineluida na eid:lde do 1'0rlo. 10. E um:. .\Cgund>t cm G:tju. I I. N::io IncluindO;Js 2 de G~ia. ! 2. I'ono. Typosmphia de J. L. de 5"'.1$.1, 1854. Pr>, 375-376. primeiro ,,,,o de publieaç::io.

61



A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO ANTIGO REGIME MARIA J OSÉ LAGOÂ FRANCISCO RIBEIRO DA SILVA

1.lnlroduçiio

o Porto dos Mcslcrcs. segundo o mapa elaborado pelo Senado da c[lmara p;lra a regulamentação das pro!1ssõcs na procissão do Corpo de Deus. em 1773, reprcscntavu-sc por 37 onc ios. Para preparar este tecido social formado pelos ofícios mccánicos. desenvolvia-se um lipa de ensino profissional vocacionado para o saber dominar. de uma forma muito pragm<itica. cada arte da espccia lid,ldc, c apenas essa. com saída directa para o mercado de trabalho

Tratava-se de um ensino vocacionado para a aprendi zagem das anes manuais. devidamente estruturado e de carácter particular e autónomo. Variava de cidade para cidade. dependendo das exigências comerciais de cada uma, porque eada qual apresentava as artes necessárias à indústria c: comércio loc:.lI e nacional. Essa aprendizagem decorria num longo período. a que o formando, na categoria de aprendiz. se sujeitava. Ministrava-o o mestre do ofício e a loja funciollava como escola. [l1icia va-~e em idade própria c recomendada. O aluno obedecia ii detemlinado perfil. Lavrava-se. obrigatoriamente. matrícula. O tempo de aprendizagem decorria entre cinco a dez anos. Cada mestre recebia ent re um a dois alunos. As matérias de ensino apresentavam-se prc:dominatcmente práticas e especializadas. apesar de. cm algumas profissões. o saber ler c escrever ser uma exigência. Nestes casos ou o aluno chegava alfabetizado. ou sê-lo-ia pelo mestrc. Emre o mestre e o ap rendiz eSlabelecia-~e uma relação mútua de direitos e deveres. registada num autêmico estntuto de apn:ndizagem. Acrescente-se, ainda. que o aluno pagava propinas e recebia salário. O POrto serve como exemplo ao que acima foi dito, tendo como vasto manancial de fomes os comprom issos dos ofícios llledini cos. pormenorizados cm contratos 1l00ariais, principalmente no concernente ao século XV III.

2. Apl'cndizagclll Os compromissos designavam a aprendizagem, pel o cumprimcnto total do tempo que o aprendiz há-de dar ao meSLre!.

2. I. Idade COIII que se illiciava a aprendizagem

A idade mínima recomendada para ingresso no estágio situava-se enlre os 12 e os 14 anos. Se o aluno iniciasse a aprendizagem com mais de [6 anos, o

63


MARtA JOS';: LAGOA I FRANCISCO RfUEIIW LM SILVA

tempo ajustar-se-ia de acordo com «a capacidade e inteligência":! demonstrada, mas que nunca seria inferior a dois anos. No entanto, nem todos podiam ser aceites por a prendizes. 2.2. Pcrfil do aprclldiz Cór. religião e família er:lm determinantes na aceitação do aprendiz para estágio. Negro e mulato não podiam ser aceite:-.. sob pena de multa no valor de doze mil reis a aplicar ao mestre infraclOr. além deste ser obrigado a expulsar o moço. O título do capítulo vinte e quatro do regimemo dos botoeiros era cxplícito «Tempo que dará quem aprender este Omc io. não sendo negro ou mulmo»'. Seguia-se o faetor reJigio.'>o. A judeu e mouro a aprendizagem continuava vedada. bem como a qu alquer aluno vindo de <<in recta Nação»-I. ou afastado da Santa Igreja. ou penitenciado pelo Santo Ofício. E o mesmo se aplicava a filho de «homem vib,s. Quanto ao ensino de alunos estrangeiros . não podia ser ministrado a quem tivesse algumi! das características supra citadas. A estes colocava-se como condição básica serem «Catholicos Romanos»6. As penas Í;:lIn dobrando para o mestrl! que tal não cumprisse. Os torcedores de n!trós abriam excepção. Aceitavam que '<preto e pardo»7 aprendesse a arte. mas proibiam-lhe o acesso a exame. Porque tomariam esta decisão? Em com promi sso. previam que. na fa lta de oficiais e aprendizes. os mestre recorressem ao trabalho das enchedeiras. O trabalho delas consistia em «tirar seda para os mestres depois manobrarem»H. Logo. aprendizes dest;\ arte deviam ser poucos. Concluindo. nem todos tinham acesso à aprendizagem. Tendo a sorte de esta não lhes estar vedada. chegara o momento de se matricularem.

2.3. A matrícula A aprendizagem obedecia a um longo período de tempo com a linalidade de preparar o aluno para o exame c para a vida activa. De lal modo era considerada. que sem estar concluída ninguém podia rcquerer exame. Obedecia. normalmente. a duas ctapas: primeiro estágio como aprendiz, seguidamente como oficial. Para o aprendiz era sempre obrigatório. Para o oficia! tanto podia ser como não ser. Dependia d;1 ex i ~ênciil do compromisso. Se ele quisesse gozar das prerrogativas de oficial. SÓ:lS teria após o exame. Os picheleiros. soqueiros e talllanqueiros não fa;t.iam distinção entre obreiro ou oncial. Usavam-nos como sinónimos. Diziam os primeiros que após os cinco anos como aprendiz seguir-se-ia mais um ano como oficial ou obreiro'!. Diziam os segundos que o período de ensino dividi:t-se por dois anos corno :lprendiz, seguido de quatro como obreiro!lI. A aprcndizagem iniciava-se com um período de pré-estágio. Ao mestre concedi a-se um tempo de ou um ! r ou dois meses!2. com o fim de verificar !'>e o aluno possuia capacidades para ;1 :Irte cm que ia trabalhar. Findo o prazo. se achasse que não, rnandava-o embora. Se verificasse que sim. aceitava-o sobre compromisso assinado. 64


A I,'ORMAÇÃO PR(WISSfONAL NO ANTIGO REGIME

Chegava a altura da matrícula. E lá estava o livro como meio de evitar as fraudes . A matrícula podia ser feita de dois modos: ilpenas lunçada cm livro do compromisso. ou estabelecida em contrato notarial c. posteriormente. lançada em livro do ofício, Dependia do que o compromisso estabelecesse. Vejamos cada situação.

2.3.1. A matrícula em liI'I'o

Tomando aprendiz. o mestre obrigava~se:1 participar ao juiz do ofício o dia. o mês e :100 em que o admitira. para quc o escrivão registasse. sob a forma de lermo. no livro de exames. ou cm livro próprio que o ofício tivesse para esse fim. Posteriormente assinava ou o respecti vo mestre l \ ou o juiz. ou o escrivão c o mestre l 4 . Mas vejamos um tipo de regislO mais complelo. Dele constaria «o nome do Aprendiz e de :õ>eu Pay e Freguezia de habitação. este. e o dia mez e anno em que entrou para o officio com o nome do Mestre com qucm aprende»15.

3.3.2. A malTÍcula em COlllralO notarial Vti/idade do COII/mlO

Contrato. obrigação ou assinado eram sinónimos nos registos notariais. Se o compromisso previsse esta situação. o mestre tinha de levar a casa LIa cscrivão o assinado feito com a família. «com o ]):11. lUlOr. ou parente»tlí que tivesse a tutela do aprendiz. «E sendo enjeitado com Licença do Dr. Juiz dos Ol'faons), 17. No entanto. o contrato tinha de ser lançado em livro do ofício. com 11 data do início e do termo da aprcndizugcm 1H . Este duplo regi.sto tornava-se necessário. porque o assinado apenas por ser feito entre o mestre c a outra parte interessada. muitas vezes não era cumprido. «( ... ) (icando em segredo os asignados dos Aprendizes em poder do Mestre que o toma,)I'). Assim. exigia-se que o dito contrato se elaborasse no prazo máximo de um mês e fosse levado. dentro de oito dias. ao escrivão, para ser registado em livro do ofício. Os cerieiros e os latoeiros concediam apenas trinta dias para a elaboração e regi.qo do mesmo, cm livro dos ofícios. Eram estas as duas profissões que mais se queixavam com a fuga ao cumprimento do tempo de aprendizagem.Todavia. este princípio tanto podia ser. como não ser cumprido. Vejamos os dois exemplos seguintes. A 27 de Abril dc 1750 Manuel de Sousa Pinto «tutor e tio do Aprendiz Manuel Pcreira do COUIO»20 estabelecia contrato com o mestre ourives Estevão Barbosa por um período de OilO anos «( ... ) que jü livera por início em quinze de Abril do ano passado de mil setecentos e quarenta e nove»21, Quando a 23 de Março de 1751 Domingos Martins estabeleceu cornpro~ misso assinado com o mestre sapateiro Diogo Avelar para que este ensinasse seu filho por um período de sele anos, a aprendizagem já se tinha iniciado «( ... ) em o primeiro do corrente tlles de Março desse anQ)22.

,

65


MARIA JOSI;: LAGoA: I FRANCISCO HIlJEIRO DA SIL\A

J\'lc!)tre que não mandasse registar contrato. não cumprindo O que o com~ promisso previa. diziam os ourive:. que seria multado em dois mil rei~. Os cerieiros aumentavam para trint.l mil reis 2J • além de exigirem que o mestre fosse lloti~ fiC'ldo pelo escrivão para lavrar regislo . E se mesmo assim não obedecesse e ra multado no dobro c perdia o aprendiz .até o registo ser feito. Quamo ao aluno. pa!>saV:;l para «( ... ) [aja de boa nota cm que tenha lugar»:!"'. A validade dos contratos ..,6 existia depois do registo CI11 livro do ofício, feito pelo escrivão. porque era o único modo de. o juiz to.:r poder para interpôr contra o aluno. se ele trocas:.e de mestre. sem ter cumprido o tempo de apren· di/':'lgcm:!.5. Os compromissos e os livros do ofício sobrcpunh.uu·:.e aos contnHos! Elementos jQmecidos pelos-cmltl'{/fOS

Mas o que constav:} nos contratos? Obrigatoriamente o nome. a profissão e a morada do encarregado dI.: educação. a identificaç:io do aluno. o nome e a morada do mestre que o recebia. e a duração da aprendizagem e a data em que se iniciava. Facultati vamente as obrigaçõcs recíprocas entre professor aluno. Assina· V:I111 o pai ou tutor. o mestre. às vezc:s uma testemunha. ou o aprendiz se fosse adulto. No C~ISO de. o ofício estar ligado a uma confraria. o tc:rnpo do estágio ainda ficava registado em 1i\'ro da mesma. Por exigência dos rcgimentos. a matrícula era gratuita. 3.4. A(,rc I/di: agem em regime de inrerflato

Durante o tempo de aprendizagem. o al uno ficava à responsabilidade do mestre. indo viver para casa dele. Neste sistema de c:nsino. perfc:ilamc:n te progr:l1llado. os estalutos traçavam as normas de condu ta de amhas as partes e na ex iSti!ncia de contratos. estes espcci ficavam-nas. Obrigariio dn m estre cm I'e.çtir e ali"'CIlt(lr o aprendi:

Assim. caberia ao mes tre vestir e sustem:lr o aprendiz. ficando ao !>eu «( ... ) arbitrio ( ... ) convencionar algu111 tempo Illais para indemnização dessas

despesas»2f>. Como diziam os funi[eiros em título de capflll[o. tudo se resumia ao <<te mpo que o Apre nd i7. deve dar vestindo-se. e sendo vestido pelo mestre: ( ... »)27. Se o sustento coube!-.!-.e à família. o tempo de cst:~gio diminuia um an02~. Os contr.ltOS cspccilicavam 3;1: obrigações de vC;l:tuário c alimentação. exigidas ao mcs tre. Encontrámos situaçõcs diversas. -

66

O mC1<>1r(: vcsti ria o aprendiz de roupa de cÔr. sendo a roupa branca da competência do pai 29 ; O responsável pelo ;.\luno obrigava·se «( ... ) a dar de vestir e calçar ( ... ) se m que o mestre tenha obrigação alguma de lhe dar nada, porq ue somenle será obrig:ldo a dar-lhe cama mesa I.: roupa lavada ( ... ) e de comer»:lll:


_ _ _ _ _ _ _-" AC'C .-0 0 "C'C'CA"ÇC"COc cP"c O c nSSIONAL NO ANTIGO REGIME

_ O mestre obirgava-sc a vestir e calçar «( ... ) de roupa de con,'I. bem corno a dar-lhe «cn l11 a. mesa e roupa lavada),J2. cnquamo o pai daria «as camisas somentc,):lJ: - Quando o mestre calafate Amónio Cunh~1 eSlabaleceu contraIO com um moço que leria e ntre dezoito a vinte anos. comprometeu-se a alimentá· lo na .. viagens por ma r. Pcmlanecendo cm terra. a alimcmação seria da rc\pon:.abilidadc do :lprcndi z. Para os mestre que não cumprissem os deveres a que se obrigavam. as multas . sempre impostas pecuniariamente. iam de seis mi l rcis~ a dez mil rcis3~. conforme o c.'Hipulado nos regimentos. lla\'endo reinc idências duplic'IVillll. Até aq ui o contrato definia-se como uma continuação do compromi sso.

Obl"iWI(;iJes do //1('.\'Il"e e//1

ClISO

de doeH("(I do aprendi::.

o aprendiz iria viver em casa do mestre por UI11 longo período de tempo. Por isso LQrna va-sc necessário del1nir medidas de protecção, em caso de doença. E esta s ituação os regimentos não pre\'iram. Apenas se registaram em contratos. Se o aprendi/.: adoecesse. o pai o u lUtar obri gava-se a traI5-lo. dc::.dc que fo sse avisado pelo mestre e desde que a doença o impedisse «totalmente de trabalhar»·l/,. Se o mestre para tratar () moço. deixasse de trabalhar e dispcndesse dinheiro com a doença. dele cabia-lhe ser illleirarnell1e indemnizado pelo pai. de todas as despesas 17 . 3.5. Ensillo remun erado 3.5. 1. Salário do mestre

o ensino e ra pago. O s compromisso:. declaravam que o mestre apenas se podia cobrar pelos anos efecti vamente impostos pelo regimento·ll!. Não adiallliJram preço:.. porque esses estabeleciam-se no:. contratos nOlarias. Quando. ii 29 de Dezembro de 1750. o mestre s:l patciro João Gonçalves estabeleceu as:.inado com o llle.',tre ourives c cravador de diamentes Rafael Ferreira de Azevedo pam este ensinar a ane ao IiIho. pelo tempo de oito ;.11105. obrigou-se ri pagar oilO Illoedas de ouro de quatro mil c oi tocenlos re is c ada. Perante o wbelião e testemunhas. entregou logo qU.:llro moedas. A-:; reslõlntes. di slribuí3~a:. concl uída 3 a prendiz3gem. O rnCSlre com pro\l1etia ~se a devolvê-las se não complct3sse o tcm po de en~inoJ9. O compromi sso dos ourives não se pronuncia"a sobre este assunlo. Aos 7 dia~ do mês de Janeiro de 1762. o Illc~trc ouri vcs Manuel dc Sousa Rodrigues pedia 30 mes tre lapi dário Joaquim dos Santos que en:.ir13<;se a arte a do is aprendizes seus. E para tal estabeJecia~se assin:.Jdo entre:.Js panes. Manuel de Sousa pagaria a Joaquim dos Santos ajoma de 480 reis. exceptuando o:. d ias e m que este não ensinasse. por motivos de doença. domingos e reriados. Concluídn a aprendiz.agem. acrescentava a gratificação de 72 mil reis. a pagar até três anos. Se faltasse:lO estipulado responderia perante o Dr. Corrcgedorlt).

67


MARIA JOSÉ

[..ti coÁ

/ r'RANCISCO RIBEII?O DA SILVA

Quando a 22 de Outubro de 1782. o mestre calafate António Álvares da Cunha se comprometeu II ensinar a arte ao jovem Ant óni o álvarcs. receberia três moedas de ouro. no valor de sete mil e duzentos rcis cada. «(. .. ) a saber moeda e mcia no princípio e moed:l e mehl quando vier da viagem que ha-de ir fazer com o diw seu Mest re ( ... ) para Pern ambuco no Navio S. José c S. Boavenwra»41. No e ntanto. não encon trámos o compromisso dos calafate. Como seria o ordenado do mestre? Com base nos contratos. devia obedecer a um pagamento di:!. :I jorn:l. acrescentado de uma grat ificaçüo . Pensamos :lssim porque. div idindo os v:l lores das gratificações pe los anos de aprendizagem indicados. e as quantias obtidas por 300 dias. surgi ram va lores diários irrisórios:

-

16 reis para o contrato de 1750

-

8 reis para o cont rato de 1762

-

24 reis para o COl1lralO de 1782.

Ora como o contrato de 1762 se referia ao pagamento dajorna no valor de 480 reis. acrescida de gratificação. deduzimos que. os honorários do mestre dev iam obedecer a essa norm3.

3.5.2. Salário do aprelldiz Durante o tempo de ensino. o aprendiz recebia salário. Mas os compromissos. de novo. não o estabeleceram. F ica-nos a certeza pelo que. dos contratos <.Ina lisado), . dois nos d isseram. No contrato de 29 de Dezembro de 1750. sendo mestre o ouri ves do ouro e cravador de diaman tes Rafael Ferreira de Azevedo. estabelecia-se que. se o aprend iz se ausentasse. o mestre pagar-lhe-ia ao dió.l « o que se costuma pagar», desde que fosse por tempo limitado e desde que o pai se obrigasse a trazl!-lo de volta 42 • No COnlrato de 22 de Outubro. estabelecido com o mestre cal afate Amónio Álvares da Cunha. estabelecia-se que a jorna do aprend iz «tanto em terra como em m;lr» seria metade para o apre ndiz e metade pi.lra o mestre»';]. A quanto ascendia. não diziam. FiCi.Íva-nos a certeza de que o mestre recebia dinheiro pela aprendizagem e o ó.lprendiz também . em jorna.

4.1. O tempo de aprelldizagem A duraçiio do estágio era definida em compro mi sso. De acordo com os mesmos variava. indo de quatro a dez anos. Tendo em conta que ela se iniciava entre os doze a catorze anos. s6 estaria conclu ída, no mín imo por volta dos dezasseis. dezoito anos; no máximo entre os vinte e dois, vinte e quatro anos. O estágio iniciava-se na categoria de aprendiz havendo compromissos que o <llar14:lv:lm ainda a um período mais curto como oficial. Só depois. poder-se-ia ir a exame. Os estatutos exig iam rigoroso cu mprimento desse tempo e os con -

68


A PORMAÇÃO f'/WF/SS/ONAL NO AmIGO REG/flU.:

tratos connrmavam. Se o aprendiz adoecesse reporia os dias de faltas para não n ear penalizado na sua aprend izagem-l4. Vejamos esse te m po em quadro: T EMPO OE ESTÁG IO PARA APR ENDIZ E PARA OFI CIAL OFic lOS

APlI.t: I'IlI í'.

Funilciro~

5 anos

OFI C!,\!.

TOTAL

5 :1110.'

Se!ciros

6 anos

Ccrieiro,

8

ano~

2 anos

8 anos

Fcrr..ldor/alvcilar

<I

ou 5 anOs.l5

4 ou 5 anos

BOlociros

6

'''lU~

6

S

ano~

ano~

Cordociros

5 :mos

Ounves

8 .. no~

2,mo,

10 ano~

L'lVr.Jnle

8 :mos

2 .. nos

la ano~

4 anos

8 ,mo,

Clldeirciru.

6

Tore. rc:lms

<I anos

En;tamblador

5 anos

5 ;lno'

6 ano.<

;jno~

Tomcirolpoliei.

5 anos <I ""OS

<I :1110'

Cmpintcios

2 anos

4 anos

6

"no~

Tamanqueiro,

3

3 ali""

6

ano~

ano~

5 :mos

Alfaiates

5 anos

Pichclciro,

5 aliO.'

I

L'ltoeiro ..

(] ano,

401110'

IO:mos

Violeiro,

5 anos

4

ano ,

9 anO,

Soqueirosltaman

2 anf)~

4

allOS

(] anos

'"'

6 anos

5 .1. Núm ero d e alurlos por formad or

Um mestre ensinava no m ínimo um aluno . no máximo dois. normalmente rapaz. nas profissões ligadas ao vcstuário.~s vczes rapari ga . Da lista das assinaturas do compromisso dos botoeiras . datado de 1742. da qual cOllswvam onciais e mestres do ofício. Isabe l Maria. casada. Joanna 19 naei a. soileira. marcavam o nome por cruz por não serem a lrabetizadas: enq uanto An na Thercsa Clara e Ma ri u de Jesus. sem al usão ao estado c ivil . assi navam. Em 1812. a terce ira adenda ao compromisso dos alfaiates prev ia o e nsino da arte a aprendizas e o fic iadas J6 • A altura de acei tar no vo apren d iz relacionava -se com a eoncJusfío da aprendizagem do primeiro. Estes dois princíp ios obe deciam a uma filoso fia : ev itar a exploraçfío do al uno por pane do mestre e simultaneamente o desemprego aos futuros onciais47 .

Assim se oferecia um ensino individualizado e se ev itava o excesso de mão de obra no mercado de trabalho .

69


MAf(1A JOsf:: I.JIGOÁ / rRANClSCO RI}Jf~'If( O I)A Sfl.VA

Um alullo por forma dor Ao inicial' o sécul o. um mestre teria um aprendiz e só tomaria conta de outro. quando o primeiro concluísse lodo o período de e nsino. E até 1746 ficou decla rado "de que nenh um orncia1 possa ensinar mais que hum moço»4!l. só pudendo aceitar outro q uando o anterior completasse o telll po de aprendizagem. Assim diziam o), cordoeiros. Nos ofícios com profissõcs afins. como os ren'ado res I! a lvcit'lres. previam-se dois aprendizes. No entanto o compromisso destcs, datado de 1737. n;:io referia q uando seria a matrícu la dos seguimcs.

Um (/ dois alUI/OS porfo/'m ado/' Mas os compro mi ssos tornaram consciênc ia do longo período de tempo que era o estágio. E com o decorrer dos anos criaram facilidades. Os próprios cordoe iros. com compromisso datado de 1746 c concl uído em 1747. com sele adendas não datadas. maS incluídas lleste período cronoló gico. aceitavam Ill~lis um .1pn.~ndiz. quando ao anterior faltasse um ;lno para o fi m do estágio. Em 175 I. o co mpro mi sso dos estcireiros já previa que no úllimo ano de est.íg io. o mestre pudesse tomar outro aprendiz. Em 1783. o compromisso dos cnxamblildores indicav;l que a aceilação de 11 0VO aluno f:lr-se-ia quando o ~l!ltcrior tivesse conclufdo «C .. ) a maior parte dos cinco ~LnOS ( ... h-l 'l ;J.justados com o professor. No mesmo ano lomeiros e polieiros repetiam o mesmo princípio. Em 1785 o número de alunos aumentava paru dois. A aceitação dos novos aprendizes dar-se-ia q uando ;l maior )l:lrte do te mpo de ensino dos :lnleriorc s estivesse completado. Em 1787 o regimento dos alf3i:Hcs. com um núme ro de ;lprendizes proporcional ao Illímero de oficiai ..... já previa ;lcei lação de segundo aluno quando o primeiro estivesse a meio do tempo de aprend izage m. Em 1791. soqueiros e tamanqueiros dizi;lm o mesmo. Com o and3r dos 3nos a siluação aligeirava. Po r udenda de 18 I 4 os funi(eiros mantinham u aceitação do segundo a meio da aprendizagem do anterio r c a inda no mesmo allO facilit;lvam a possibilidade de matrícula de «( ... ) hum ou mais aprendizes (. .. ) ~,~u. findo o primeiro ano destes. Os torcedores de relrÓs. por adenda de 18 I 6. tamhém previam a matricula de mais Ulll. a meio da aprendiz;lgem. -

Quanto ao número de oficiai ..... e le dependia das necessidades do o fício, e por isso o lllestre podia ter quantos necessitasse.

Se o mestre quisesse ter mais aríciais que o número máximo previsto , nove. desde que pagass..: quatrocentos reis para a confraria por c ada um. era- lhe consen tido. Afinal os oficiais já sabiam da arte. os inic iados e ram os aprendizes.

6.1. Matérias de Ell sino Componellte prático Sendo um ensinu crnincnlemenle técnico. dele conStava saber fab ri car as peças que a ane exigia . de modo a preparar devidameme o ôlprcndiz para a vid:l aCliva. 70


r\ FORMA ÇliO PROFISSIONAL NO ANTIGO REGIM E

No conlrato de 8 de Fevereiro de 1718. o ourives do ouro e prata M anuel Barbosa dos Santos co mprometia-se a ensinar o aprendiz de «modo a que fique como ele o é c nJo () sendo a pagar-lhe por obreiro suas obras ( ... ) até que seju oficial para poder ganhar a sua vida>,jl. No contrato de 27 de Abril de 1750. o mestre t)urivc~ Manuel de Sousa Pin to comprometia-se a e nsinar o aprendiz de modo a torná-l o capás de ganhar profi ssionalmente a vida. em qualquer pane. Concluído o tempo de ensino. se o moço nao estivesse apto. o mestre pagar-lhe-ia o tempo de aprendizagem corno ol"iciaI 52 . Em 1751. a 23 de Março o mestre sapateiro Diogo Avelar obrigava-se a ensinar o seu ofício. de sapateiro de obra prima. de modo a tornar o aprendiz «( ... ) Official çapus de sapateiro de obra prima C0111 aquella perfeição que costuma e pratica. e de poder o dito aprendiz ganhar sua vida pejo ditto officio e em qualquer parte que queira trabalhar c ficar official capas»5J. A 22 de Outubro de 1782. o mestre calafate António Álvares da Cunha compromelia-se a ensinar. a arte. por um período de três anos a detern1inado aprendiz. A aprendizagem decorreria em terr<l e no mar. a bordo do nav io S. José e S. Br::'is. com destino a Pernambuco. O mestre acompanharia o aprcndiz 54 . Pretendia-se que ricasse devidamente prepar:ldo par a vida activa.

ComponenTe leórica

A par da componente prática. podcr-se-ia exig ir uma cornponeme teórica. formada pel:.J aprendizagem da leitura e escrita. E. ou o aluno j::í chcg:w:l alfabetizado ao mestre. ou sê-lo-ia por este. « Não podera nenhum Mestre <lpprovado ter por Aprendiz todo o que não souber ler. c escrever ( ... )>>55. Se infrigisse este princípio mul tavam-no e m meia moeda. Reincidindo. era preso. Da c<ld eia. pagaria quatro mil e oitocentos reis de Illultil. COIll esta quantia comprava-se [ kg de arroz. [ kg dc açúcar, [ kg de farinha. I kg de b<ltatas. I kg de café. I L de azeite. ] L de leite, I dúzia de ovos.l Kg de banha de porco. ] Kg de manteiga. I frango. I pato. I perú. I Kg de carne de carneiro. I Kg de carne de boi. I Kg de carne de vaca. ] Kg de presumo. ] perdiz, I fran ga. I galinha. I pão de 20. I L d e vinho do mais caro e ainda sobravilm quinhentos e doze reis 5 ('. Significava bastante dinheiro! Crno se não bastasse. o direito :'l liberd<lde ser-lhe-ia consentido após ter despedido o dito aluno 57 • Assim o exigia o capítulo quarto do compromisso dos ferradores e alveitarcs: o aluno ao entrar para o estágio tinha de saber ler e escrever. Quem o ensinaria antes. 1150 dizem. Como também mais nenhum compromisso fez tal exigência. Se o aluno chegasse ao formador ana lfaheto, caberia a este ensin::í-Io. Ta] se conclu i de Ulll contrato de aprendizagem de 31 de Dezembro de 1652 ~M. estabelecido entre Domingos Barbosa tutor de um filho orfão de Manuel Aranha <.! o ourives da pr;Jta Pedro do Couto. O mestre comprometia-se a ensinar ao rapaz a arte de ourives c ainda a ler e escrever. O comprom isso não se referia a esta componente programática. Sendo assim. o mest!\:: devia s:lber ler e escrever. No en\;JllIo. perante um ensino particular. e por isso sem ol1cializaç::io de programas cllrrículares. resta

saber se cm todas as profissões existiram contratos de aprendizagem com o estabelecimento da obr igatoriedade do saber ler e escrever. Como não os 71


MARIA JOSÉ I,. ;\GOÁ I "-RANCISCO RIIJ/:;IIW {)A SILVA

cncomnimo:-.. analisámos o grau de alfabetização pelo número de me:Hres que ;t s~jnarall1 0:-. compromis~os. 6.1.2. MtlIérias de

el1.~·iIlO

e grau de alfalJeri:açiio

Se é ce rt o que nem todos os mestres sabi am ler e escreve r. os que possuiam eSIa cultura de escola acabavam por ser cm número superi or. Logo, saber ler e escrever devia ser uma exigência curricular. adquirida du rante o período de ~Ipreml i zagem. ou exigida como pré requisito de entrada em estágio. Comparemos graficamente o grau de 3lfabetização das profissôcs:

7. ! . Causas da lIecessidade da alfabcli:wção

Le v;l.nta-se a questão de saber os motivos da Ilecessidade de alfabctiwção. Nos ofícios ligados a confrarias. juiz. cscrivfto e mordomas desta aparecem lodos a saber escrever. Saber ler e escrever prendia-se mais com a necessidade de poder lidar com os li vros do ofícios do que propriamente COI11 os programas de cada arte. Afinal. ser mestre s ignificava esl3r preparado para o merc:ldo de trabalho. onde o registo no livro era uma actividade constante. Havia compromissos que exigiam saber aSi>inar para votar. Corno larnb6m os havia reclamando a ass inatura do novo mestre como prova de que conhecia as obrigações da profissão e as acei tava:;'J. Ao cargo de juiz. mestre examinado eleito democraticamente pelo ofício. competia assinar todo o procedimento durante as correições. os contratos de aprendizagem el11 livro do compromisso. as :lctas e:lS cartas de eX:lmc. P,rra o escrivão. também mestre eleito. a necessidade de saber escrever allmem:!v.:!. A ele com pelia-lha regislar" sob a forma de norma ou acta. as multas. a rlHll rícula de ingresso na aprendi zagem. a carta de exame. as declarnçõc.<l, lermos e aUlaS das co rreiçõ~s, o resullado do acto e leitoral. 72


A FOH,MAÇÃO I'ROFlSSIONAL NO Affl"IGO Rh:GIMI~

Ao tesoureiro competia-lhe assinar todos os termos de entradas e saídas de dinheiros. Necessitava de ser alfabetizado. E para esta tão co mum necessidade social. os ofícios preparavam os artesãos com uma cultu ra de escola. Para as anes mecânicas escrever já era então sentido como um acto social. Além das causas apontadas. os ourives apresentavam mais.Todas as peças tinham de ser levadas ao ensaiador para contrastar. O ensaiador possuía um livro numerado e rubricado pelo pelouro da Almotaçaria, onde regi stava o nome do ourives que trazia a peça. o tipo de peça, a indicaçiío de que não tinha marca. peso e qualidade da mesma. Escrevia o ensaiador e assinava o ourives que fabrica ra a peça(,o. Concluindo. no séc ul o XVIlI e para os ofícios mecânicos. a escrit a aparece-nos como uma necessidade social. Para evitar fraudes. era necessário regi star sobre o mesmo assunto. simultaneamente. nos livros do ofício, nos livros da confraria e nos livros da câmara. E os livros do orrcio tinham de estar em sintonia com os restantes, porque as comparações eram uma exigência!

7.2. O

eslatuto

de ensillo

Nesta relação de aprendizagem. tomava-se necessário definir os deveres e os direitos profissionais dos intervenientes no acto educativo: entre os mestres. entre os mestre e os alunos: entre os alunos e os mestres. Todos os com promissos focaram estes pontos e traçaram um verdadeiro código de valores ético profissionais. posteriormente especificados em contratos notariai s.

7.2.1. Mestre!>· para COllllllc.\"lrcs

Os estatutos exigiam aos mestres um perfil de idoneidade. Sendo assi m. tinham de cumprir e ntre si. obrigações profissionais. para manterem boa reputação. Da listagem, longa em deveres. parca em direitos, fazia m parte os que se seguem. Nenhum mestre podia aceitar aprendiz e aliciai que estivesse a trabalhar (;0111 outro mestre. sem que os formandos ti vessem conclu ído lodo O tempo de aprendizagem. Se eventualmente o aluno tivesse fugido de casa do mestre sem ter acabado o tempo de aprendizagem. obrigavam os estatutos. que regressasse. Se outro formador tomasse eonta dele nestas condições, seria multado além de ficar sem o alunaM. Nenhum mestre podia dar ao aprendiz obra a fazer sem este ter conclu ido o tempo com o mestre que o ensinara. Nenhum mcstre podia tomar oficial de outro orrcio mesmo na qualidade de aprendiz. Aceitando. tinha de se assegurar de duas situações: que o tempo de estágio como aprendiz estava completo. que o oficial avisara o mestre anterior com uma antecedência de oito dias. Caso contrário. sujei tava-se a multas. sujeitava-se a devolver o oficial. além de ser considerado um «dczcncaminhador»62. Nenhum mestre podia razer obras de outra artc. Nenhum mestre podia pegar em aprendiz de ouero mes[re para o acabar de ensinar.

ele.~

73


MARIA JOSÉ LAGoÁ I FRANCISCO RIBEIRO DA SILVA

Nenhum mestre podia fabrici.lr obras fi.l lsific'ldus, porque 3rruini.lv.un o bom nome das artes e prejudica vam os consurnidores(,'.

7.2.2. MeSTre para

CO/II

apre/ldi::.

As obrigações do mestre continuavam. dcsl:l vez para com os alunos, quer fosscm aprendizes ou oficiais.

Aprel/di::.es

o mestre, nas artes com dupla especialidade apena:. podia ens inar ao ilprendiz aquela em que fo sse especia lizado. O mestre. ao tOlll;\r aprendiz ti nha obrigatori;1I11Cnte de o informar do tempo de duração do estág io c do que o cstatuto lhe ex igia. O mestre era obrigado. perante o aluno e a família, a cumprir lodo o tempo de aprendizagem acordado. No caso do mestre morrer sem que o aluno tive.ssc completado o tempo de ensino permitia-se ao aluno ir acabar o tempo para outra casa, com outro mestre(>-I. Mas se viúva e filh o:. mantivesem a loja obis avam-se a manter o di to aprendiz():'\. Se o aluno não e ncontrasse mestre que o recebesse para acabar o teml>O de aprendizagem. requeria aos juízes do ofício licença para trabalhar como oficial. Estes eram obri gados;\ conceder-lha e ainda tinham de lhe determinar (1 tempo necessário para se preparar para exame. porque o tempo de aprendiz não fOr:! concJuídoM . O mestre não podia expu lsar o aprendi z de sua casa sem motivo justificado, a p:mir do momento que este tivesse completado seis meses de aprendizagem 67 . SeSuidamellle especificavam-se as obrigaçõcs nos contratos notariais. O mestre devia tratar bem o aprendiz. Não o mandaria transportar carretos de cabeça e cestas demasiadas pesadas68 • nem «( ... ) buscar cousas de carreto às cOStaS»M. Apresentá-lo-ia \<scmpre ( ... ) de seu capote e :lSeado»7o, Proporcionar- lhe-ia «( ... ) vida boa e de recebcr»71. Oficiais Quando o mestre decidisse despedir oficial avisá-lo-ia com ullla antecedência de oito dias. para que este pudesse. atempadamcnte. arranjar nova loja. Não o cumprindo p<lgava «jornal ao Orficial inqualllo não :Ichar mcstre»72. Os latociros acrescentavam que o despedimento efecluilr-:.e-ia diante de testemunhas". Por outro lado obrig:lva-sc ainda a pagar-lhe todos os vencimentos a que o oficial tivesse direito74. Comum :l aprendizes e oficiais, além da obri gatoriedade do cumprimento do tempo dc aprendizagcm. restava o dever de, morrendo o mestre. os herdei ros da loja obrigarem-se a manter os mesmos ordenados.

74


A I-ORMAÇÃO I'ROFISSIONAL NO ANTIGO REGIME-:

8.3. A prelldiz para com o mestre Por aluno entendia-se todo o aprendiz e oficia l, se o compromisso previsse tempo de estágio para este último. E as obrigações para com o mestre também lhes eram inerentes.

o aprendi:; o aprendiz não podill abandonar o mestre anles de concluir o período de aprendizagem, sem justa c:lU sa .Tomando o uluno tal a titude, cru obrigudo a dar ao mClilre o dobro do te mpo de ausência. Devendo-se o afastamento a doença, e ntão, bastava-lhe cumprir exactamente o tempo que fa ltara. O aprendiz. durante o estágio, não podia traball1!J r e m mais nenhuma loja. Para os infracLOres. os botoeirOli impunham a multa de doze mil reis 75. O aprendiz. durallle o estágio, não podia acei tar trabal ho de outro mestre7('. Morre ndo o mestre e f icando viúva e filhos com a loja, o aprendiz e r3 obrigildo a acabar aí. o te mpo ajustado com o falecido. Previa-se que apenas mudasse de mestre se os herdeiros nao assumissem a responsabilidade da tenda 77 . Se o aprendiz fug isse durante o período de e nsino. o pai ou o encarregado de educação tinha de dar conta de le ao mestre, par:l que o tempo ajustado fosse concluído. ou pagasse ao mestre o tcmpo que faltilssc 7H . Cabia il este av isar dc imediato a família para que lhe repusesse o rapaz. Se o pai ou fiado r ignorassem ou se o aprendiz se tivesse ausentado para fora da cidade. havia um período de trinta dias para j ustificar a ausência. Findo e nada resolvido. o mestre podia colocar na loja um oficia l, por conta da família do fugitivo. a completar- lhe o tempo ajustado 79 . Quere ndo justificar as faltas, apenas aceitavam como único motivo, a doença. Seguia-se panicularidades específicas dos com promi ssos. Se um aprcndiz alfaiate mudasse de ofício, o pai ou o encarregado de educação redigia e assinava um termo de responsabili dade. Tendo o moço mais de catorze anos competia 11 ele assinar. Mas ficava -lhe a certeza de. nunca mais ser alfaiate llU.

Ojicial dllrallfe o período de eSTágio

O of1ciaL querendo a bandonar o mestre com que m trabalhava, avisá-lo-ia com oito dias de amecedéncia. perante testemunhasH1. Ao mestre cabia a mesma obrigação, Deste modo evitava-se que ambos ficassem desprevenidos. Se devesse dinheiro ao mestre não o deixaria, scm todas as con tas estarem acertadas. A pena cm cade ia «( ... ) e mais procedimentos ( ... ) a requerimento do queixozo»!\:!. Mestre que o aceitasse sem estas formalidades c umpridas, era considerado um «dczcncaminhadomH3. Na presunção de q ue cumpria estes deveres, ti nha de concluir a obra começada ames de abando nar i.l loja. mesmo que o lrabaUlQ fosse para além dcsses oito dias 8.1.

75


MARIA JOsE.: LAGOÁ I FRANCISCO Rl8élRO DA SILV,\

8.2. Conclusão da aprelldizagem: qllestões burocráticas

o aluno acabara o estágio. Exigia-se-Ihe seguidamente que o provasse. O papel do livro voltava li ser destacado porque as provas far-se-iam por escrito, rnravés dele. Feita a matrícu la apenas em livro o aprend iz. acompanhado do mestre, dirigia-se ao juiz do onc io. Competia a este lavrar termo no livro de exames declarando que O tempo de estágio exigido pelo compromisso estava condufdo. Depoi:; assinavam mestre, j u iz e escrivãoH~. No caso de. a matrícula ter s ido registada em contrato, o meSlre devolv iao ao alu no que. obri gatoriamente. o le vava ao escrivão. De imediato. o escrivão escrevia no livro dos registos do ofício que a aprendizagem fora concl uída. Nos ofícios ligados a confrarias, o aluno. nesse mesmo momento. pagava uma quantia estipu lada e m regimento, e ficava a se r confrade da respectiva assoc iação. Desse valor, o escrivão passava recibo. Sem este depósito, nenhum mestre o podia tomar como olicial sob pena de multa a rcvencr parol. a confra.ria ~. Posto isto. a aprendizagem conclui ra-se. Assim se processava com os alu nos da cidade. 9.2. A Aprendizagem adquirida fora da cidade e lermo A aprend izage m adqu irida na cidade poder-se-ia considerar exigente. Pel o menos. os compromissos tinham o cuidado de deixar transparecer essa imagem. Determinavam um longo tempo. obrigatoriamente cumprido e provado. impunham uma rel ação entre formado r/aprendiz mais de deveres que de direitos. acentuavam a tónica da necessidade de alfabetização, e ensinavam a alte. Numa ligação em que todos os passos do circuito estavam previstos, a mulla, que era pesada, e a cadeia funcionavam como castigos. Assim sendo. tornava-se necessCirio defender estes alunos, dos que, vindo de fora dil cidade traziam uma aprendizagem da qual não se sabia a qualidade nem se estaria completa . E se a qualidade seria testada no exame. do tempo linha de se fazer prova. Por isso. para os aprendizes que tinha m a prend ido fora do Pano, os compromissos acaule[unHll-se e estipularam certas exigências. Oficial ou aprendi z que. vindo de fora da cidade quisesse trabalhar no Porto tinha de apresentar certidão do mestre com quem "prendem. devidamente reconhecida pelos juízes do loca l onde decorrera o ensino. A certidão comprovaria que o tempo de aprend izagem eslava co ncluído. De outro modo. não arranjavam emprego c q uem lho desse, além de ser monetariamente condenado tinha de os despedir-l!1. A partir daqui o aluno podia requerer exame! 3. Conclusão O comércio provocou o crescimento e a especi al ização das artes mecânicas . Por defesa do bom nome da profissão. oficiais e mestres sentiram necessidade de traçar regras laborai s de deveres e dircilOs. Apareciam os primei ros compromissos: nasci am na cidade do Porto no século XV I. aumentavam no 76


A f-ORMAÇÃO I 'ROFlSSIONAL NO ANTIGO ReGIME

século XVII. cresci:lm brutalmente no século XV III _ baixilvam drástic:llllente no .~écu l o XIX_ por causa do liberali smo, E os o ficias especializavam-se! Cônscios do valor que profissionalmente representavam, dignificavam o prestígio laboral atra vés de uma aprendizagem profi ssional exigente c estruturada. Exigia-se idade e perfil para a matrícul a. Lavrava-se documento escrito da aceitação do aluno a aprendiz, Estipulava-se um tempo de ensino. C ada arte apresentava O seu curri culo disciplinar, composto por parte teórica c prática, O aluno pagava propinas. Cada formador tinha U111 número limite de fonnandos, A lojól :lpresentava-sc na dupla função de tcnda c cscol:l , E tudo funcion:lv:l como de uma verdadeira esco la se tratasse. A única difcrenç:l encontrava-se no facto de estarmos perante um tipo de ensino particular e autónomo.

BIBLIOGRAFIA Biblioteca Plíblica Municipal do Po rto C/IIlrl'nmri,..... ,,,, Offieio (I.. Pidrf'lf!iro, PQno.1790 (Man. 1566) Cm"l'rmnis.m ,lo Officio fi.. Smllleir"s f! TiI",muludm:>[riln "" (llI/m ti,· 1791, Puno. 1791 ( Man. 1672) Cmllllmmü,m do Ofiei" ,I" Vi"lt'im, 1'0 11". 1797 ( M:m. 1560) Cnml'rnmi.un dn.f OlJicin,r ,I.. Tnmeirn,l"" P"Ii"irm', [";1" III> """" fi., 17HJ. Porto 1783. (Man, 1577) C"IJI/J/~J/"Ü.'" dos Lmu(!,rm' , Porto. 17X6 (M:uI, 1565) C""'{Jmmi.,.I·" ,10,1' Tmu'd"I"e,I de Re tro,,·, Porto. 1759, (Man.15611) C"mIJrom,~~·().· E.HmUW.I d" Cmrfml";1I ti" NI1.I.m S,'"lmm d'A!lo.I·IIJ . Porto, 17117 ( Man.l 563) Cor"/Jm",".<.,""" E.<I(IIU1I1S .III Officio /)(, "'""I/'l' de I-"/II"de:<, POrlO, 17 17 (Man. 1550) Cfl/IlIIrt1misso .. ~SIO/UIfU· dm' O/lriW!.I' dll Pmlfl. Pono. 1708 (Man. 1567) t:.V/aWIO da Cmifrariade Sw Amw e Compromisso d" OjJicifJ ,Ie Hflloei m.I. Fâll> IUI Amr" d., 1742 ( M:o n.1554) 1::'11<11/1111 do~ Cortl(Jt',m.f, Pono. 1737 (Man. 1579) Tmll.mrr<io e Am'!I""c/ Cn"',}fJ~iriio de r:m"IJrnlm.~:<" q"e entre ,<i fl: ..rtio I>.V Ceri..im.\·, Pono. 1717 ( Man. 1572)

Arquivo Sccçiio Secção Sccç!!o Secção Sccçilo Sccçiio

Di~;"/riral

do POr/o

Notaria1.Po-:! n,Q 126. o~. J 1,</ 12" Not;lrial. roo::! n." 283. Os, 82 ... /83 Notarial. Po·:! n,- 300. ns. 33/34 Nol:...;,,1 P0-4 n - 43. ns. 17118... NOlan,,1 Po·9 n" 18 A Ih. 164,,/165 Notari"l 1>0-9 n." 1(,.0, n.'. 441'/45"

NOTAS I. COIIII'rt1l11isso e l:.Sll/WloS do OJjicil> da f 'ollla de Flalldes. p. 297. 2 , COmJlrollll.~.W e E,Ha/U/1> da Cmifrcrria de Nl>ua Sel/ll0ra de A,~o.wo e Sfll> lJom Homem,p. 92(V),

3. C"'''l'rnmis.w do OlJicio d,' /Jmoeirn.r, oh. cil .. pp. 46 a 48. 4. Compmmi.r,rn c C.<IlIIIIIO (1(' Our;,',',< da !'m/({. p. 36, 5. {bill,'",. 6.llIid;:",. 7 . Cm"I"7II"is~·o "os Troce(lflre~' de Relms. ob, cil ..

p. 16.

S, II/id. pp. 32(VY33. 9, Cf Ctmrpmm;.HI>!I" OlJicio de Piel,deim , pp. 718

77


MA irIA

JosÉ LAGOÁ / f"RA/I.'CISCO RIB1'.:IRO DA Sll_VA

10. Cr. CmuflrnulIs.I·" de :)(Jlflwirn.,· TWlI<mrf!'t'irm·. p. 4. I I. CC Comf1mml.I·~·o rIo ojicio de V;o/..iro. p. 9. 12. COIlllm1lm .•.w do Offiô" ,fi> /,idl('leiM. 01,. Clt .• pp. 7/8 13 . C"ml'rom;.'·SQ t! ""U/mlO.l· rIo 00ieio drl FoI/UI dI' Plal/d...\" oh. c/t.. pp. 297/298. 14. er. ES/{lIuU/~' do... Cordo<'Ím.\". p. 157. 15 . Crlmpmmis.•·" 11m' O})iôo.r rl(' Tf/""('Iro.~ <' Polici/"().~. pp. 9110. ló. Cmll/""OIIII.,·.W e E.w olUw ti" COllfrar;rl rlc /1.'0.1'.1"<1 S .."lwrll ti.. A~""IO "&10 110m Homem. oh. (:it. pp. J5(V). 17. I R. Tr"'l\{/<"flio <' A""I:(II'I'I CO"'I'(J:;râo (ft' Cmupmmüso 411<' ('lllrl" .,·i ji~erti{/ ""' Cer;cim.I·. p. I 11.

",,"('m.

19. COIIII'/""Om;)·.m .. EIUI/IIW dI" O"'·i...·sllll l'mw.oh <:iI •. I'. I 12(V). 20. A,D.I' .. S"I'{"(io N{}/or,"ul. f>o-4 II"' 2//. f.38 .... 21 . Ihilll"l''22 . I/,;d. f. 222. 23. CC Trul/.mq:iit/ I' Al/li.~m'I'1 Cmuflo:.l(·I'o tle C(/m"mmis.wl '/"l' l'm", .\·ifi:'<'l1ill til C"ri<'irmi, 01>. cil•.

p.117. 24. C(lllll'mmi.u(l ,lu)' ulmeiro.\". p. 6O(V).

25 . llIid, pp. 112(V)/IIJ. do Ojjiôo t/fI Fofl/{/ ti,' F/ul1dex. o" d/ .. p . 29 7.

2(" COIllI,(rmIlHO c

/'_1'1/1111/0."

27 , Ihitl..m. 2)j. Com,,"'''''' ''-_'"''

E..-1lI 1ll1f> d(1 Cmifmr;(I de Nr!.lso. Se"lmm trAgo)'/(}. e:);;" lJom HOlllem. ob. dI ..

I"

p. 92. 29. eLA.O./'. Seq:iio Nmar;"I. p" .!) II': Iii A fh . I64V, 30. A.O.f>, S<'q'''o NI//,,";ol ,',, _4 _11." ].1 I n~, 38Vf39V. ] I. A./J." . Sn"flio Nm"r",1 f>o--I - ]./ f . 222122]. ]2. Ibi"('III. 3]. 'bidl'lII.

ns

34. CI". Ctml/,mmi .•.m do OjJiâo de 1)00oeU"lJs . pp. 46;\ 48. 35. CC COlIIl'rmJ)j~.m e l~.rwrtl/t> til' Ollri\"(~.I· do. Pro.1tt. /Jb ell .. p. l ll. 36. A. n. I'. Seq:u" Nnlllrial Po·4-1I. 2 I I. f. 38v. ri

37 . l/ml'·III, 38. CL 1"11111.\·"q:ü(> /. Ami8t1I"i:f COll1plJ:.;rüo de Comprmuis.m ql1{' ,'m,.e J·iji:.eriJo n .•· Ct'f/<'Im.•·• o". d I..

p. 111 . J9. CI". A. D . P. S.'cçiio Nuw,.;"I. 1',, · 2 -1I.~ ],83. 1". 821'. 4(). CI". A. o. I'. SeC("lln Notmüt1 I',, ·2·j()O . I1s. 3-3/34, 4 1. A.o.p.• S/.'crâtl NI//"";<l1 /'o -9-1I:'Ióf). r. 45V 4 2. A./J.I'. Secfã" NOlrlrl"/. Pu-2-11." 283. n.,. 82 .../83. 43 . A./J.P. S.""(",I,, No/c/riu/. 1'0'';'11. · 16lJ. r. 45V. 44. A.O. r .. Sn'riio No./a,.;,,1 f>,, -4-1I ."' 2/ J. Il s. 3S,-f39 .... 45. 4 ,.mo~ reJ.:ri:l-se ;10 tempo <.le c~l:'igIO. decorrido cm cidade ou vil'l. ÜI'O contr.lrio aUtllClllaV;1 p:lm 5 ano~. 46 _el". Cim'l,nllllls.\I1 l' ",,'/(/11110 dll Cmifm,.ia I/e N osslI Sl'nl,,'m til' Agosto l' S.IO n om Itm/wlI1 . 0". ci/., p. 11:\. 4 7. Cr. CtlIHI)/"oml .'JtI dl!.\" T rO/·t'r/ol"t'.,· de Hl'/ms. oh. <"/t.. pp. 30/30(V). 411. E.'·W/IIlm tlus Cnrllllt'inH. "I>. ";1.• p. 152. 49. Rt,.<.:, .• 1U iiI! Cuml"v/IIÚ.\"..-o do Offido de Em...·",,,h/odo""'\". p. 217. 50. C/IIIII'mmi.\.m I' I'~'/((/IIIIJ.' do Ojficio tl(l FoI/II/ti.. f'llIIrd..s. "I>. ril .• p. 305. 51. A .D.I'.. S..q·iio NO/afiai. Po·!J ·n."' l fi . Ih. I(l4V/165 . 52. Cr. A.D.P. Seq."lio /1.'0/(11';01 Po-4 -n.· 21 I. ns. 38,·/39 .... 53.fhi,l. n~. 2221213V. 54. CI. A.D.I'.• Secf(in /l.'I>III,.illl. P(J-!J-II. ~ /60 . n,. 44 ... /45 .... 55 . CO/J1/"~,lI/i.•.m "" Eswmw ... lla.'· tI/"/e)' Iii' Ferrtlr e A"'ei/((ritl. "ii. cil .. p. 275. 56. ef.. Anróu; o NÓ ... oa. Le Tcmp Des Prol"e~scur~. p. 247. 57 _CoU/pmU//.u/J (J/t E.'·/tl/II'" ( .•. ) tllI~' /Ines dI' Furor ,. AIl-NflIria. ti/). dr.. p . 275. 511 . '\'/).1'.. Sec(",," Nm(ll'illl, 1'0-4. II. 43. 11.,. 17/18(V). 5~. C(. COIl1I,mmú.'·o tio Ojidtl de V;o/Óm. p . 2 1(V). 6(J. Comprmlli.I-.,-O (' r:.-.•·/tllllf(J dr 0 111';1'1'." dll Prl/W. oh ôr.. ("'p. 2. ~ do regimento do~ cnsai;Jdores. 61. CC C"ml"'omisso dm' T""','e,lorl'."tle Relro.,.. 01>. n l.. p. 16. 62. Comprmlli.\·,fO l/O Offiâo ti.. I'idleleim . oh. àl •. 1'. 15(V). 6:"\-CI". R,'};islt/ do " })ióo de Ctu1'imllim. (Jh. d/.. [l. 81. (>4 . IlIitlt'm. [l. I 14. h

78


A "'ORMAÇÃO PROFISSIONAL NO ANTIGO HI:.GIME

65. Cf. Cml/prrmuno (lo.,' Tm<:e,[m1:," ,It· RCfI'm. oh. di" pp.15/15'(V), 66. III,.,",,,, (,7, cr Comp"'m/",w (lo Oj)ióo de Culdeirám. nhâ/ .. p. 63. 61\. ti 1J.1'.. S""rlio N"wr/"I Po_4·1I.":Z II. Ih. )l!"/39,, 6\1. A .O. !' . Sr,'("'" Nmllrllll Pu-2 ' 11," 2113. f. R2V .

70 . I/,;,/{'", . 71, A.IJ.!'.. Seq'lio Nmllr;,,1 1',,·4-11." 211. Ils, 2221213 v . 72. COIll/lr<mr/.,.,,, d(/~' T/'()(.'edo/'e.l' de Rt'tm.~. {Jh. ót.. p. 13.

73. CL C"ml'r",m".m (In.< LaUIt'Úv/". "h. ... il .. p. 68(V). 74 cr, Cmlr/'r... ,"""" (ln Offie,,, ri" f"V""J.:m~/ám5. nb. cil .. p. 247. 75. Cl. AnlóllIo Nóvoa. uh. ál .. p. 245. 76. CL I;'S"'WUJ5 dn.'· Cor!loerm.'·, oh. /:It.. p. 157. 77. Cf. C"'"flrrm".uo dos Dmoc/ms. oh. cil.. pp. 46 a 48. 7R. cr. Cml/f1romi...,;0 e f~.1'Iolllw ,lo Cmifl'(/rju (I" N05.~(I S..nllOr/lill' Agusto" 5/1" Hml/ Homem. ob. cil .• pp. 371J7(V). 7'J. cr, COlllprm",.v.,." dn .• LmllcII·o,,·. o/). ÓI" pp. 7In:!. ~O. Cf. C",,,/,m,,,,~~,, l' E:,I(I/"IO d" Cmúmnn ri" No."_wl Senlmm d,' AJ.:{I,\'w ,. S"o nom Homem oh. d I .. pp. 36<V)J37. ~ I, Cl', C"'''flIV/IIWf,O do Oj)idu ti,· 1~.\1J;'IN(II'd('ir(lS. ob. dI .. p , 247. M2. COlJlpmmü.\O e ESIllIWO.I' d" Oj)ido d" Follrai/" FllIIrdel, uI>. CII., (.l, 299. 8J. Comprmlli.<sn (lo Officin Ile /'icheleim. nb. ót .. p , 15(V). R4 . Cr. ComfJf'"",ism l/O Offid" rll~ r:.;,lp;"J.:lmlf'im .•• ob. dI .. p. 147. 85. CC Cl/lllpm/lII.f.m (' E,.'I<1WW.' da Offici<l dll Folhei d .. tlb ('11" p. 298. !:l(, Cf. C"III"r(J/lli~.f" " EsI<IWf" ri(' O .. r/I'l'l ti" Prnw. oh cif.. p. 122. ~7. CL Cml/11m/III •."" .. E:,'www til' O"r;' ....,' da Prumo ob cil .. p. 124

"'' 111'' '.'.

,

79



A FÁBRICA DE LANIFÍCIOS DE LORDELO JOAQUIM MORAIS OLIVEIRA \,\njull~"'h)1

.,Ln [rmc/irl/l

/I

'ohfiKC

ptl.\

à (Ie:. bctlll/és,.

FRA~çoIS COITl!RAUX

Através do estudo de um:!. unidade produtiva - Fdbrica de L'lOifícios de Lordelo - pretendo elaborar um estudo crítico sobre a .\u a cvoluçfio tipolóBica. ide nt ificando os seus dircrcnLc ~ momentos técnicos - maquinofactura. fábric.lentendendo que :1 globali dade arqu itectónica é determinada e mam ida pelo valor do uso que a vai exigir e precisar ao longo de uma sucessão de transformaçõcs dos nfvei s tipológico c morfo lógico (rch.lção com a área envolvellte) num quadro tC111-

poru! dctinido (século XIX). correspondente 3 sua instalação até ao século XX. actual momemo de fu ncionamel1lO do estabelecimento fabril. A escolha desta situação prende-se com o facto de existirem ainda elementos construídos c documcntais que l>Oderialll permitir a reconstituição do processo evolutivo do ediffcio. desde sempre destinado ti. indústria de lanifíc ios e cuja tipologia particular levanta determinadas questões ,Ieerea da sua origem c rcelac io namerllo com a adopção de modelos de arquitectura indu!ltrial. Este tr.lbalbo deve ser considerado como um momento de paragem de um estudo que se pretende levar a efeito com um aprofundamento mais científico das qu estões levantadas a um nive l tipológico c das Sll<lS implk:açõc:-. morfológicas: porém. é uma fase comple ta, ncces!$âria e coesa nesse tipo de abordagem. O porquê duma indústria de Lanifícios na cidade do Porto? E!-ote mamemo coincide com a intenção da cidade não só representar uma un idade mais va..,la de rclaçõe!-o económicas mas também a consequente espcciaIização numa ou várias ac ti vidades produtivas que se irão desenvolver sem se dirigirem exclusiva e integralmente à apropriação directa e imcdiata dos produtos. A.., políticas governativas favorecem o aparecimento no litoral das indústr ias que se s ituavam normalmente nas regiões inte ri ores, como é o caso dos Lanifícios. com a intenção de fornentar os mercados de circul:lção. não s6 dns matérias-primas como dos produtos aCólbados. pcla concessão de Pri\' ilégios Reais.

ANÁLIS E I.MPLANTA CIONAL A elc ição deste local par.I a implamação e fixação des la indústria terá a ver com os segui llles faelOI"C!-o: A - O facto de em I R03 (,ulterior à data de fundação da Ill:lquinol"actura) ha ver regulamentação urbana quanto à localização de cSl:lbelecimentos induslduis, proibindo a sua localização peno de mananciais, IHtSCCl1ll,;!-o lo! Io!ur:sos de áuua que abastecessem aglolllerlldos urb:Hlos. caso essas indústrias fossem poluent~sr .

81


JOAQUIM MORlIfS OLIVEIRA

B - A necessidade que este tipo de indústrió-l requer em n.::lação ao aproveiLD.lllelHO da cnergi:l hidraúlica como força motriz. mas principalmente a possibilidade de dispor de água extremamente limpa para as operações de fabrico (lavagem das l;is. fabrico dos tintos e o acab:uncnto dos tecidos).

c - Uma forte relaç;io de interacção com a agriculwra. particularmente no que diz respeito ao cu ltivo do linh0 2 • p:lstel e ruÍ\'a e ü cxiMl":ncia de gado bovino. revelando uma tradição ue trabalho domiciliáriu sobre as operaçõcs de fiação e tccl.!lagclll. IJ - Um:\ tradição técnica de aproveitamento da energia hidraúliea - moínhos e azenhas - o quc contribui para a regularização do caudal da linha de água proporcionando a inswlação e fi xação de novas indústrias.

E - O facto de existir urna grande percentagem de mão-de-obra di sponível - caso uos ealafales e construtores navais3 - que. n;io tendo sempre uma ocupação fixa. possibilita uma transfcrl":n eia dessa mão-de-obra para outr:lS actividades. F - A disponibil idade de terrenos com uma rcnd:l de solo urbano baixa cm quI.! a maquinofactura se vai implantar. possibilil:muo um maior investimento de c:lpital para a con~trllção do edifício e aquisiçUo dc maquinari a. G - A po~sibil i da d e de o proprietoírio habitar próximo. ou no próprio edi fíçi()~. faci 1itando o acto de controle. e vig ilância sobre a produção. I I - A dupla rede de intercomunicação territorial que esta localização oferece, diminuindo os custos de lfall sporte da matéria p l' irn;l~ e consequente men te o preço do produto acabado.

Red c

tCIT cstl·C

Estradas par:1 o Porto e para Matosinhos (as duas direcções principais).

Rede m a l"Ít im:l

Cai, do Ouro. e daí um f,leil desembarque da matéria-prima (lã) e embarque do produto acabado (panos. tecido~. etc.). [ - A existência desta activid:\de neste local possibilitando o aproveitamento de unw e:.trutura já instalada em termos técnicos c humanos. Esta hipóte:-.c poded ter algum fundamento. considerando as fontes doelll11cntaisti que com provam a fabricação de lanifícios em Lordelo do Ouro. não especific:lndo no el1la11l0 a sua localizaç.fío exacta nem o tipo de edifício fabril. O que torna passivei a formu]nç;io de hipóteses quanto à localização de uma manufactura anterior ii instalação da maquinofaclura aproveitando ~!gU1ll3 estrutura edificada existente.

82


A FA8RIC,\ DE LANIFfCIOS DE LOROI::LO

---

Assim. temos. e isto por razões de proximidade. trés situações: A - ponto de desdobramento da linha de iÍgua B - ponto de encosto com a via terrestre

c - pOIHO de eonlluéneia direccional (desenho:;) que co rre~pondem a s ituaçõcs concretas de utilização de águ;1 como força motriz - azenh:b ou moinhos - para a trans fonnação de matéria~ prima:-. permitindo o uso e apcrfci~"Oamcnto de um s istema mecãnico. consolidando lima oper.uividade construtora e técnica. capaz de responder às necessidades da nova indústria. Define-se assim uma tipologia que. em termos muito gerai!). se caracteriza por um sistema de conduçiio de água até ao interior do edifício. onde se situam os mecani smos capazes de produzir força motriz e ncciOllnr outros mecanismos operativos. É o que se observa na s silllações apontadas. às quais. conforme a sua localização. corresponde um;l variação da fonna do edifrcio. No geral são volumes pris m:1ticos reclangulares, de um ou dob pisos. construídos em pedra e rebocados ou não: as aberturas são lf:J t:.uja~ de maneira diferenciada do pano de fachada. apresen lando uma mo ld u ra em canlaria :.aliente c indo buscar referência!> ~ tradição com,truth a da área cm que:.tão e da cidade em geral n:1 proporção do!> pés-direitos e das aberturns. «( ... ) o /I1o;lIf/O de seda eS/{II'a carocreriZlIlI" pela cOllcem ração debaixo do mesl/1o tecto (MANU FACTURA) porém. e .wbreTlldo. preHllptll1h(/ (I pre~'ellça de /.lIlIlI móqtúl/(/ operadora - 11111 meclIlli,l'Il/r'I que. 1/1110 I'e:;: que se lhe

de

traballltld()n:~' (I~'~(lI(lri(ldos

COIIIIII/I(.'(/IIO

ills/rumemos homem ... »

o m Ol/llllel/TO correspOl/denTe. cumpre COIII os .\'ell,~ lIIe.~lIIlIS fJIJe ,.açõe:. que lIlI/es ('rlllll exeClItadas pelo

(j,)'

CARLO PONTI - UI Im'ortdollf! dd/(/"·t,, r /11 noscirtl (I'" .,,<frmll (lifobrü.'" - CilJo.!lbl'lta n.~ -'33 _ 1978

É a proximidade tI;l hrévia de S. Fr.lI1ci sco de Paula 1 que poded induzir em erro qualllO à origem e destino do edifício em an;íli.~e. Traia-se duma tipologia semelhante à do~ edifícios conventuais c. na cidade do Parlo. são reutilizildos ;lI guns conventos. como é o caso do de Monchique (fundição) c o de Sa11l0 António de Vale da Piedade (Lanifícios). Este aprovcilametltO e reutilização de edifícios eclesiásticos tem a ver com a venda do." bens do clero e com a dar:t inexistt!ncia quer de um «esti lo industriab~ quer de um e~quema d e funcionamento fabril claro e lógico. sendo mai!o. fácil aproveitar as grandes estrutura!> cxistentc~ para a instalação de máquinas e operários. o que implica com um menor empate de capilal. Seria então possível a formulação de um:l hipótese de reutilização a p ropósito dcsta situação. No entanto. os factos documentais refutam a su a provável veracidade: por um lado o facto de a brévia ser mencion;lda por Rebelo da Costa em «Descrição Topográfica e História da Cidade do Porto». mas não havendo qualquer referência a um COIlVCIHO no local: por outro ludo. 110 processo de

83


JOAQUIM MORAIS OUVE/NA

licenciamento da maquinofactur.1 de PLÁCIDO UNO DOS SANTOS TEiXEIRA não há referência a i\[guma estrutura existente. mas ;lpenas aos campos. qu e pcneneiam aos frades e dos quais pede a adjudicação H• Terei então de co nsiderar a inst;llaçiio de lImil maquinoraetura de raíz, como () momento a p:lrtir do qual se inicia um determ inad o processo de alteração do território aos níveis morfológico e tipo lógico. A MAQUTNOFACTUnA

De uma primeira observação da implantação do edifício. duas hipóteses poderão decorrer qualllo à Sua formalização: I." - a construção do ediffcio em pátio numa só fa se 2.° - a construçfio do edifício por fases. qualquer que fosse o modelo ii panida - [ine:lr ou em pátio. A primeira hipótese poderá ser posta de parte à partida (Desenho 4) pois caso e..,te tivesse sido construfdo de uma só vez essa fal \;l de rigor geométrico e un iformidade volumétrica só poderia significar a inexistência de um modelo o que. precisamente. p;Lrece pouco provável. Ou sej a. não é possível desl igar a opção tipológica do facto de quem faz uma maquinofactu ra neste momento e com e . . 1a import;lncia estar indubitave lmente informado acerca do modo de a construir. Estamos no POrto. no início do séc. X IX. com a colónia britâni c a exercendo inn u2ncia come rcial c cultural. o neo-palladianismo é o estilo que se constrói. Em 1783 é publicada a «Enciclopédye de Diderot e A[emberb> ondc é abordada. num artigo. a construção de manufactu ras c F. Coi teraux ae:J.ba de pub[ ícaro cm 179 [. o «Tr:Lité sur [a eonstruetion des rnanuf:1ctures et milisons de catllpagne» . em que os modelo~ das rnaquinofacturas tC!xteis são concebidos sob o modelo dos estabelec ime ntos ingleses existentes. Tom.L- se. portanto. perfeitamente válido que a rnaquinofactura dI! Plácido U no dos Santos Teixeira tenha sido das primeir;ls. depois das invasões francesas. a introduzir novas máquinas da cardar e fiar a lâ 9 o que supõe um conhecimento. actualizado em relação à introdução no País das novidades técnicas c dos modelos de elaboração de um circuito de produção. A hipótese mab correcta será portamo a segunda. que irei verificar e justificar. no sem ido de aprofundar qual o modelo de partida da edificação e 'lu;)is as ra7.Õc~ para a sua evolução e possível lransforrnação. Assim. o edifício apresenta-se COmO um longo corpo de 2 pisos de aproximadamente [O metros de largura e cerca de 50 melros de comprimento. asse nte numa base plana lo! contando apenas COnt ullla situação de encosto no lapa Sul. ponto de contacto com a linha de ásua e onde se situaria. ponanto. a roda hidráulica propulsora da e nergia mOtrÍ7.. E. de sal ientar o distanciamento do edifício fabril em relação à estrada de Matosinhos. não faze ndo fachada para ii rua nem ..,e a...sumindo como uma tipologia urbana mas antes como uma situaç ão interiorizada. Tal não terá a "cr com regulame l1wções impedindo situações urbana..,. mas antes com o facto de :I frente urbana ser definida pela habitação do propriclário e por oUlro volume pe r pendicular :lO eixo de implantação da lllaquinofactura. Eixo este que define um percurso de chegada ao edifício c quc é coincidcntc com um alr;!VeSSilllleIllO ne[e exis tenlc;1O nfvel do rés-da- c hão.

84


A PÁIJRICA IJt; LANIFiClOS DE LORf)Elfl

Esta é um:! s inwção tipol6gica semelhante i'\ da implantação industrial difusa (rural) da qual o me lhor exemplo é o de Unhais na Serra da Estrela. Panindo do princípio que as operações relativas ao fabrico dos lanifícios lll constam de: I

~

PrcparaçD.o da lã

2 ~ Pisoamento 3 - PreparaçD.o para a riação/cardllção 4 - Fiação

5 - Preparação para a tccclllgem 6 - Tecelagem 7 - Branqueamento 8 - Tinturaria 9 - Acabamento é possível elaborar uma h ipótese de ordenamento espacial do edifício fabr il. Sabendo que o principal interveniente nas operações de fabrico é a água. é necessário assegurar a chegada e saída deste elemento. Corresponde a realizar um encanamento de água limpa e outro para a suja. depois de ter sido util izada nas diversas operações. Isto justifica o desvio do riacho de Lordelo e o seu encosto ao edifício na I"achada nascente/nordeste. Teríamos as operações de preparação e pisoamcn to no rés-da-chão. numa primeira ala. seguidamente a lã seria lransponada para o piso superior. para ser fiada e tecida. donde seguiria novamente para o rés-da-chão. Aí. na outra ala. seria submetida às operações de branqueamento. tinturaria e acabamento. O edifício estrut urnr-se-ia. assim. simetricamente a panir do n6 central definido pelo atravessamento. Isto é perfeitamente j ustificável já que os aparelhos mais pesados silo os pisões e as domas de branqueamento e dos tintos. sendo estas por vezes enterradas no solo de maneira a conservarem uma temperatura estabilizada própria à preparação das tintas. A este ordename nt o espacial corresponde um conseq uente tratamento rigurativo da fachada: ri sua composição simétric, e um grande ritmo de abenura cm que a proporção cheios/vazios é semelhante (decorrente da necessidade de luz no interior). Até aqui poder-se-ia falar da clara adopção de um modelo. Este pressupunha a utilização de mecanismos de ligações vertic:lis e horizontais a partir de um motor hidráulico e que comunicariam o movimento/força motriz a qualquer pomo da fábrica. Este apresenta-se normalmente com um desenho rectangular sobre o comprido e estreito que era determinado ta nto pelas dimensões das máquinas como pela necessi dade de uma iluminação uniforme. daí também a grande quantidade de aberturas distribuidas ao longo dos lados maiores e pela técnica construtiva empregue - paredes em pedra. vigas de madeira. etc. Esta especificidade tipológica e m função da produção fazia com que o edifício industrial fosse considerado cada vez menos como um e lemento simbólico e rcprcscmativo do podcr real ou aristocrático (manufacturas reais e lipolog ias derivadas) mas como uma nova silUação que requer novos códigos para ser

85


JOAQUIM MORAIS OIJI'EIIM

resolvida. ma~ que :linda não os adquiriu totalmente. já que o tratamento plástico dos elementos construtivos é o mesmo da arquitectura civil. denotando a falta de um «cstilo industrial» - é a proporç50 d:ls janelas. é o dcsenho das cornijas. a demarcação de pisos horizontal. elC ... Estc momcnto. construção do primeiro edifício lincar. pode :-oer considerado corno um racto definitivo. Vila-se agora analisar possívei s hip6teses de evolução do edincio. procurando determinar a mais coerente. tendo sempre prcl>ellle como factor condicionante o ordenalllento espacial do ci rcuito de produção. A - O acrescento do edifício segundo a direeç:io Sul/Norte. o que não ..! muito lógico devido à exis!Í:ncia do curso de água dilicultando c encarecendo a sua construção. De qualquer modo é uma si tuação que permite uma adaptação ao circuito de produção já estabelecido. B - Em altura. construindo mais um ou dois pisos. permitindo-lhe apenas aumentar a<; operações de fiação C tccel:.Jgcm c sobrecarregando as operações restantes em termos de exequibilidade técnica - já que estas não poderiam ser deslocadas para pisos superiore:-o. c - Em pamlclo. construindo uma nova ala Pilr:!lela ao ed ifício o que seria pouco sensatO pois obrigaria à duplicaço1o de fonte energética c de parte do circui to de produção sohrecarregando os CUl>tO~ do produto acabado. D - Justaposição cm paralelo. o que seria uma situaçiio ideal: porém . devido à utili zação dc técnica" construtiv;}s trildicionais não permitia a sua resoluç;10 em termos funcionais (iluminação no interior). limitando a área de expansão. E - Situação de encosto na perpendicular ao eixo central do edifíc io: pouco provável pois contrupõcm-se à estrutura implillltacional do ed ifício. além de dificultar a:-o ligações de energia ~ nova cadcia de operacionalllento. F - Situação de encosto na perpendicular ao edifício no tOpO Sul/Sudoeste pouco prová"el devido ~s dificuldades que csta situação levanta em tennos constrUli\os (exbt':ncia da lin ha de água). além de não permitir uma racionalização na adaptação ao circuito de produção já estruturado. G - Situação de encosto ao edifício no tOpO Norte/Noroeste. É a s itu;}çãO mais lógicu. Possibi lita llrtt melhor adequamento ao circuilO de produção além de permitir'l instalação de urna 1I0va fonte energética de aproveitamento directo da furÇl motriz o que é justi ficado pelo facto de o riacho correr aberto ao longo desse lapa. E.."la hipótese torna-'" mais plausível por ter sido instalada neste local. em I S63. a máquina a vapor alimentando o circuito nesta fal>e estabelecido. Também as questôc.s fom':li s aJXlntam para uma clarificação desta evolução. O desenho de fachada dos doi~ edifícios têm unl;l estrutura de com posição semelhante: a simetria em relaçi'lo a uma entrada principal. urna relação de eontinuidack a nível do rés-do-chão (porta,,) nos lados Poente c Sul. contribuindo para a definição de UIll novo espaço - pátio - que. articulado com a sÍluaçiio topogr;í fi ca. adquire uma importância espacial que 1c\'ará à sua total caracterização quando O edi fício se fecha sobre ele.

86


ti FÁ!)HICA DI;.· I.ANWfc/OS DE I-Ol\OELO

Esta situação vai originar uma nova situação morfológica com a área cnvolvenle. Passa a haver urna nova relação de chegada ao edifício pela cu Içada da Monteira. o edifício desenvolve-se para onde é possível criar relações de emrada/saída. estabelecendo umu clara delimitação interior/exterior. ou seja. espaço de produção /área envolvente. O facto de as entradas/saídas do edifício nJo serem coincidentes segundo um eixo central e de não haver aberturas ao nível do r~s-do-ehão leva a supôr a existência de um percurso já definido aLi por uma siwação topográfica (o aterro 110 lado Sul) ou uma eSLruLura ediFicada. Esta é a situação que se mantém pelo menos até ao cerco do Pono. em 1832. altura em que a fábrica deixou de I"uncionar. sendo ocupada m1litarmelHe pelas tropas do lmperador. segundo alguma bibliografia ll . Porém. na consulta feita no A.H.M.P .. na - Co!ecçi"io de P/allla.l· e Pelfis da.~ Forrifica((}e.l" I"ljeridas ii Cana das Linhas do E.xército Liberlador e Rebeldt' 110 sírio do Parlo. Lel'(IIIlOl/os l' publicadas. por ordem d e S.M.F. pelo coronel Ellgellheiro /l1oreira. s.d. - ATLAS das forllji·caçôes. do exército de D. Mit{uel /lU Purto. Jlelu~· Te/lel1leS de AI"/il/wrio Borce/(J.I" e Banhos. Porto J 831.

os quais !lOS poderiam dar a elara indicação da silllação do ediFício e da sua possível ocupação miliLar. Lal não acontece . Estc não é regisLado como rcdUlO. forLe ou bateria apesar de possuir uma localização estratégica cm termos geográfico-mi Iitares. O que realmente sucede é a danificação consequente do estabelecimemo fabril. renexo de um:! política preconizad:l pelo liberalismo de impedir as actividades com concess30 de privilégios r~ais e despolelar LOdo um mecanismo favorável ao aparecimento de indústrias e OULras actividades sem um tão forte proteccionismo ~statal. Esta situaç:io mantém-se até 1853. data em que se forma a sociedade Companhia de Lanifícios de Lordelo. No cnta1110. há notícia de que anteriormcrHc ela terá funcionado sob uma parceria social. entre Francisco Garcia c um tal 13arbedo. tendo esta l"irnlll (Garcia e Barbedo) tratado da reparação do edifício. adquirido algumas máquinas e começado <l fabricar lanifício!>. embora em limitada escala l2. mantendo-se o ediffcio na posse dos herdeiros de Plácido Lino dos Santos Teixeira. Não sendo mencionada no inquérito de 1845. poder-se-á supô!" quc esta «démarche» se efectua na década de 50. aliás. o quc se insere no contexto histórico que o país atravessa nesse momenLO: <c .. o aumento dos estabelecimentos industriais. etc .. pennilc anLever uma nova tellLativa de arranque industrial ... »I~. Pela info rmação do InquériLo Industria! de 1881 ,; possível verificar que o edifício j:í eSlá complcli.lInente fcchado (completando o pátio ) - « ... a 110va comp:lI1hia insLalou-se nos antigos edifícios quc consistcm numa galeria de dois andares correndo em volLa de um pátio central quadrado com obra de 30 m em cada face ... » . A partir d~ 1876. pelo menos. a!> licenças de consLrução c reparnção do edifício pi\!'>sam a ser registadas sob o nome da Companhia. facto que até aqui n30 til1h3 sucedido. o que lev<l a supür que este j::í estivesse sob posse da di ta. conlrariando o que vem expresso no inquérito a prop6siLO da propriedade do cdiffcio. Será bom lembrar que um inqu~rít(} desta natureza. implica um determinado tempo de visitas aos edifícios. recolha e preparaç30 do. inforrnaçilo. Logo. 87


JOAQUIM MORAIS OLlI'I::IRA

atendcndo ao facto dc que elllre 1876 e 1881 há ól pcllas um intcrval o de 5 ólnos, não é de pôr de parte a hipótese dc tcr sido a Compan hia a e feclUar o fecho do edifício. Situólção quc corresponde a uma necessidade de expansão do circu ito de produção já expressól no relóltório de contas de i 866. o que possibiliw a hipóte:.e de o fecho do edifício ter sido efecLUado pela Companhia. utilizando O!'i processos construtivos e figurati vos dos edifíc ios existentes. Como alrás fica exposto, é o concluir dc urna evoluçJo tipológica - de uma tipologia lincar p:Jr:1 urna ti po logia em pátio - e não a concretizaçJo da intençJo de adoptar esta tipologia desde o iníc io da constru çi'lo da maquinofactura. Esta é ullla hipõtcsc que ;,c poderia considerar pela possibilidade de adopção de um modelo formal (nacional) - m a n uractura.~ reais - e especificamente o caso da Real Fábric:1 de Lan ifíc ios da CovilhJ. que é construido segundo regras bem definidas. o que não acontece com a Fábrica dc Lorde lo. É claro que algu ma coisa se pode transpôr de urna situação para a outra, como scja: I - atra"c;,samenlO ccntral do edifício. a nível do R/C 2-

:15

comunicações verticai, a partir desse ponto

3 - ritmo de renestrações semclhaJUe -I- - mesmo número de piso!'>

5 - "emelhança de ordenamcnto espacial do circuito de produção Ma!. nãu ~c poderão considerar transcriçôc!'> à letra, ma:. sim innuéncia ou informação de como se resolvem determinadas s it uações num edifício desta natureza. Há sempre uma conti nuidade anónima que contribui par..t a reelaboração dos modelo!> arquitectón icos industriai:. realizada tanto por técnicos construtores na tentativa de edificar estruturas eficientes corno por empresários na tentativa criar de sol uções cconóm icas e cOcientes.

FÁllnrCA A tipo logi:t em pátio mantém-sc. apesar da sobre-utilização do edifício - (aumento de um piso e acrescento de corpos nos tOpos - correspondendo à int rodução da m:'íquina a vapor) - até ao a pareci men to de uma nova tipologi a indu stri:1 - o hangar - com um novo tipo de cobertu ra vulgarmente chamado telhado em «shed». Este tipo de cobertura fornece ao espaço de produção uma iluminaçào constante ao lon~o do d ia já que um dos lados (o transparente) é orientado a Norte. Está também relacionado com um novo processo de construção - estruturas me tálica:-- de suporte - permi tindo que o edifíc io sc estendesse pelo terreno cob rindo uma grande árcól. se m grande multiplicaç:io de elementos portan tes l4 • Com esta e.~(a nova tipologia o ci rcuito produ tivo é alter.tdo deixando para o edifício existente as operações de prepnração. escolha e fiação. que requereri3m um aparato técnico mais leve. já que as opcmçôes restantes. com os novos maquinismos utilizados. neces!'>i tavam de novas c maiores instalações.

88


A FÁBRI CA DE U\NfFíclOS DE I_ORDELO

Estas são realizadas num momento em que os circuitos de produção dc fornecimento de matérias-primas são completame nte alterados Uá não são precisos os campos pam cultivo de plantéiS para a tintu raria) e vão-se implamar no:! frente do edifício existente numa posição simétrico:! ao seu eixo de entrada, reafimlando a estrutura tipológica da implantação anterior. Mantém-se a mesma estrutura espn.cial dos elementos percurso. espaço de chegada c pátio. variando agora a relação com a rua e entre espaço livre/espaço edificado. Apenas um novo elemento adquire importância simbólica em relo:!ção ao total do conjunto arquitectón ico - a chaminé - símbolo de prosperidade. A nova fachada da fábrica hesita em afirmar-se como um novo elemento de definição urbana. já que ela não só mantém o distanciamento em relação à Rua de Serralves. como o tratamento figurativo da fachada não é em si inovador. retlexo de atit udes higienistas em vigor nas políticas urban ísticas do séc. XX. Assim. nilo lhe é permitido a leitura do novo tipo de cobenura na fachada principal o que só acon tece na fachada interior. Na fachada p r incipal é novamente reforçada um a clara intenção de composição simétrica cm relação ao eixo de atravessamento marcado por um simbolo de poder e controle - o relógio. O corpo de administração é saliente ao pano de fachada. cuja relação cheios/vazios ressaltando o facto de que agora a janela é mais alta e esgui:.J. A janela é o eleme nto a assinalar. indo buscar um desenho até aí não Ulilizado. fechada em sc mi-çírculo. usando todo um repositório decorativo ao gosto da época - o ecletismo do séc . XX - reflexo de um reclamar de uma estética que é necessário «imprimir» na Arquitec!Ura lnduslrial enquanto símbolo de uma nova classe ~ o industrial.

CONCLUSÃO Definidos os momentos chaves das etapas de construção do edifício. ver ifica-se que há semp re lima relação constante entre função e forma - a s istematização do ci rcuito de produção é ractor primordial no ordenamento espacial do edirfcio desde a sua instalação até ao momento aClual.

FASES A - 1805

Edificação d e UllHI maquin oractura. segund o um modelo das fábricas lêxLeis inglesas. no lugar da M onteira po r Plácido Uno dos Santos Teixeira.

B - 1805 - 1832

Acrc:scemo de um novo corpo em que há uma continuidade do lralamento formal.

89


JOAQUIM MORAIS OUVEIIM

A panir de~La fase a!:. rclaçõcil cilLruturais da implantação global dos edifício~ fabriil ilão definidas: I-

percurso de chegada

2-

espaço de recepção

3-

atraves:\amcnlO inferior nos edi fícios

4-p:'itio 5-

relação urbana

C-1832

4

1881

Nesta fase há uma total continuidade em relaçãu i'I fase anterior quer em termos formais quer d:l e~trutur.l de implantação, completando a t ipologi:l definida, 0- 1881 - 1900

Esta fase caracteri.'.:H~c pela introdução dc n ovo~ dados no circuito de produção. reflexo do aparecimcnto de uma nova tipologia (h:mgar). MaménH;:~ .1 e .. trutura definida na 2." fase apenas havendo urna alteração enlre c~paç() livre/espaço edificado. E - 1900 - 1950

Esta última fase caracterii'...a-'>C pela alteração da relação de proporção espaço livre/espaço edificadu, d~-se a deiltruição da ala Norte do edifício oitocentista que é ~ubslituido por um novo eorpo. mas uma vez mais a relação cstrutural mantém-se apesar da introdução de um no\'o circuito de produção. Estes vectores tornam eilta ilituação como úniea na cidade. relativamente à: -

manutcnção da mesma actividade industrial desde a sua origem

-

nexibilidadc e ad;lpt:lbilidade tipológica

-

permanência no terri tório

1\hls o facto de eM;1 relação estrutural só vir a ser alterada pela imrodução de um dado exterior i't f;\brica - çon<;trução de um novo arruamento a pocnte, servindo um pólo h;Jbitacional e expropriando pnrte do terreno da fábricapermite a arirmação de que o .. edifícios industriai:-. embora emergências ao nível upológico. cm termos morfológico~ insere m-:-c num processo urb;JIlO decorrente de um regulamento de alinhamentos e cérceas. conforme comprovam as licenças de const rução neste local. Ret1exo do faclu de 11: 1 cidade não haver lIm:! industrializaç:1o com capacidade para alterar o terri tório enquanlo acto de o proj ect ar.

90


.ti I·ÂlJN/CA DE UoNW/C/OS 1)1-: L{)RIJUfJ

NOTA S I. IND EX GERAL ~ Di~p"siçõcs regul:llnenlal\'~ quamo ii in,wlação (h! f:ibrica,. 2. A cxislênei" de CUllivo dn lil1 llO é um faclo mencionado no doe. ~ Re gislo de Pruvisa" ~ cm que P.S . TCI~cim pretende a ~djlldic:lçâo de terrenos de cultivo d" lin l1 o . 3. f: UIII ,l:Ido que ~e ~·onlir",,, pcl" 1<'llu .. a do~ li"ro, de l\!g"W de {ogo,. cm que é IIldic:ldo o lil'0 de Jlrol",ào de cnda mor:lllor cm LonJclu uo Ouro. 4 . f: urna qucslàoquc se rÜe. c. ,"cm II1cneionad:J lanto no, inquérilos indu'l ri:",. cumu em L. F. CARV ALHO DIAS - fli.l·lrkill dO.1 U",ij"il"iO.I· « ...:Jpc,;;u· d .. proximidade d" re'l&nCla dc,"c. c da su a imcdim" in'l>ccçâ,) C \"igil:'l1ci,,». 5. ALFRED \VEBER " ... U' CII, IOS de lr:ln'rurtc <in " elemento {"kral da tcori:, da loc;di7.aç:lo mdll-trial ...". 6. CAR VALI 10 DIAS - Rela,>,à" das F:'lbrica~ el11 I i88. ln Hi.'"";";" dO.1 u",iFeios. 7. ADRIANO VASCO ROD[~IGUES ~ O IIwl"lcim t/o u>,.J",o do OUI"O. R. Livro Rcgi~[o de T crmo.' c Ob .. a, Plíbljç:I~. 9. E.''õTEVES PEREIRA - "N~o 'ó as f:íbric:l' reai ... """ ["mil"", 'IS r:1I1;<:III"r", 1i7er.'1ll consider:'vei .. [lro~rc,...,,; c 11l':~llIV depoi, da inva~âo fr.nll'''~:l ~e ':<l!l~eguír:"n :.tgun, mdhor:llllcllloS "Om:l lIuroduo;:ío de ",,,':I, m:\'l u;""., de canJar c ":Ir 1~. prill1~ l m '''' ["(,h,.,,,a de I'I:icido Lino dos SalllOS Tcixcim. {[:, cidnde do Porto ..... 10. ESTEVES PEREIIV\ .. cgundo Fradesso da Sih·cir.' in "i nda~açOc., rclati\";I~ ;10' Tecidos de I:h. II. Inq. Ind . tI~ 1865. 12. 111<[. Ind. de 1865. 13. J. SERRÃOc G. MARTINS - JJlllmhl.I/l"illl'nrl/lgll<'.w . 14. t\ prlmelr., con'lrll~·:io de IclhaoJo~ em ,hctl. ,bl:J de 1835-36 lia r:íhrie:l de lallllielOs conslruída ror Wílli:1I1l Fairh:"n CI11 S:dwire. I3r:ldrord YOI·bhirc. U.K.

91


JOAQUIM MONAlS OLlVIiII?A

...

, , , . ••

·

.

02S11

ALCAOOS IITlltOm DA r . 01 LUtrtCtOl 00 LOIblILO

92

.\ .


A ,..ÂlJHIC,\ DI:." UNu-fclOS DE LOHOELO

..I

93


_ _ __ _ _ _ _ _--'-J_O~A"QCUIM MORAIS QUI/EOM

94


JOR NA IS, E DITORES E T IPOGRAFIAS DO PORT O (1866 - 1898) ':' MARIA DII CONCEiÇÃO MI,IItELES PEREIKA

I. Ohj ecto d e estu do c c r íti col d as fo nt es d ocume nta is E.... Il! traba.lho visa rcccn:-.car :I formação de empresa.' jomalíslicas no 1"0110 entre 1866 e rinais da décólda de noventa. As fo nt es documentais uti lizad:lS encontram-se no Arquivo Ce r.:\! da Câmara M unicipnl do Pono c constituem u m acervo de registos de habilitaçõcs c requerimentos dos jornais c respectivos edi to res rcspor1sâvci~. Um livro report a-se ao Bai lTo Oc idc rlla l. então formado pelas frcgUCSiil'" de Cedofeita. Vilóri.:t. S. Nicolau. Mir.:lgaia. Massarelos. Lordelo e Foz do Douro e contém registos. n30 consecutivos. compreend idos cntl"\! [866 c 189 1 1• As informações concclllcntc:-. ao Bairro Oriental que integrava ;I, freguesia ... da Sé. SUIllO Ildefon'io. Bonlim. C:.1I11panh;1 c Paranhos e ncontranl-l.c reunidas em <.lua ... caixa:. que com p reendem registos respeitantes ao período situado entre 1866 e 1898~. A principal debilidade desta ... fomes re"ide nu facto de se encontrarem incompleta .... No que tOCil ao livro do Bairro Oc identa l os registos re portam-se ltO período compreendido ell1re 1866 e 1887 (Ap~ l1 dicc 1). l11a.~ contém uma fo lha dupla solta que apresem ::! lLm::! rclaçao dos periódicos q ue se encontrava m habilitados naquele bain'o cm 189 1~ (Apêndice 2). A série relativa ao Bairro Oriental revcJ:.l-se manifestamente truncada já q ue, encontrando-se numerada a ma ioria dos processos. facilmente se verifica q ue faliam cerca de seis d ezenas de rcgi);LOS quc d iz.em rc ... peito à déc:.lda de SCtCllla e primeira metad e d a ~cguinte (Apêndice 3). Declar.ldas ii!> deliciênc1a ... evidentes deste acervo documental enumercm-se a ... ~ua ... virtualidades. Antes dc mais, permi te constatar os periódicos que sc ilprcsen t:lr:.lrll a habilitação e seguir:1 sua e,rolução através d as sucessivas lI1ud:.lnças de título. se bem que mu itos de le ... não se ten ha m d ado ;t esta m pa pelo q ue nlg un" destes processos correspondem a uma in tenção e não a uma publ icação efectiva. Esta" fontes (sobretudo as relativas ao Ba irro O ri c nta l) permitem re lacionar as publicações com o ... esp"ços da sua produção: tipogriLli as e escritórios, isto é. sedes de redacção C admin istração. Permitem ainda a identificação dos edi tores dos jamais (para a lé m d u nome são frequentes as in formações sobre ' L :-.i tuação proli!>!>ional. idadc. entrc outras). e seguir o seu percurso na qualidade de rc ... ponsá\'eis por diversos I>criódicos. Aliâs. a figu ra d o edi tor é central nesta documentação que {o i p roduzida cm função de dispos ições legais especíllcas pelo que a natureza desta." fontes reme te em Jin h:1 di recta pa ra il legisl ação pOl'tueuc:-.a sobre imprensa e, mais com:rctamentc, para a com plexa que slão da liberdade d e imprensa.

95


2. Legis la ção sobre a liherdad e d e imprensa C :l res ponsabilidade do editor A magna questão da imprensa constilUiu um tema de debate recorrente e um objecto constante da legis lação do liberalismo portugul!s a tal pOntO que, segundo algumas opiniões. a própria história do regi me liberal reflectiu-se na história da Il11prensa~. Havia a consciência de que o sistema representalivo deveria r.ldiear-se e legitimar-se no exercício de uma opinião pública - cntão sobretudo expressa pela imprens;1 escrita - mas dificilmerlle os governos fugiam à tentação de controlar esse «quarto poder») procedendo pela via legislativa. As diferentes posturas re lativamente à impre nsa espe lhavam as diversas conjunturas políticas sendo disso exemplo a questão da censura prévia: 1.Ipós ter sido abolida em 4 de Julho de 1821 pela famas;} Lei da Liberdade de Imprensa. veio 1.1 ser reintroduzida pelo diploma de 6 Março de 1824 que dava forma de lei às comissões de censura estabelecidas desde J unho do ::1110 anterior5. Neste contexto o period islllo foi particularmente activo. operando como veículo privilegiado da lula político-ideológica. pe lo que a atençào do legislador recaiu mais frequente e intensamente sobre o jornal do que sobre o livro. Esta distinção entre a «imprensa ordinária» e a «imprensa periódica). esteve sempre presentc pois, como cxplica,'a o jurisla Marcc lino de Matos cm 1856. a periódica aprcscTllava uma inequívoca vocação políticol e agia mais velozmente sobre as consciências e mentali dades: «As folhas e os papeis volantes exercem sobre os espiritos uma acção menos lenta do que os livros e por isso são mais aptas do que elle:-. para tratarem das coisas politicas»6. No ca<;a específico das folhas periódica,>, sendo por ve7.cs difícil o apuramento do autor dos textos ou pretendendo-se buscar outros responsáveis para além dele. proccdeu-se desde o início da era liberal :1 responsabilização de outros e lementos da empresa jornalística eomo os redac tores. editores e impressores. É j ustamente esta intenção de responsabilização do editor que aqui se pretende evidenciar destacando os d iplomas legais que incidiram nessa matéria. Logo em Dezembro de 1820 foi legislada a responsabilização dos redactores dos periódicos pe los ataques e insultos feitos i/ pessoas particulares. Em J:meiro de 1822 saiu U111 aditamento à Lei de Imprensa que responsabilizava O editor e o impressor por artigos de autores pronunciados por abuso de liberdade de imprensa. Após um período de intenso labor legislativo no que tocava à regulamen· tação da censura e venda dos periódicos. o triunfo do constitucionalismo produziu uma nova lei reguladora da liberdade da imprensa. saída em 22 de Dezembro de 1834. Aqui se responsabilizava o autor. e na falta deste e do impressor. o editor. mas prescindia de qualquer medida preventiva. Este esforço de promoção dos princípios li beralizadores da Imprensa sofreri;} novo retrocesso devido às conturbações surgidas entre selembris!:ls e cartist:lS vindo a cana de lei de IOde Novembl"O de 1837 alterar algumas disposições da de 1834 110 sentido de dificultar a publicação de jornais. O seu artigo 1.° determinava que tOdo o periódico que se publicasse devia ter um edi tor responsável e esta condição não era considerada de 1iomenos impol1ãncia já que em 18 de Dezembro desse ano saiu uma panaria que mandava verificar - através dos delegados do ministério público - se lodos os periódicos tinham declarado o seu editor responsável e, ma is ainda, cm 22 de Março do ano 96


JORNAIS. Hf)fTORr·. s E Tlf'OGR,\FIAS DO f'ONTO r IHM-IH9HJ

seguinte foi publi cada nova ponaria que reforçava a anterior no sentido da verificação da exbtência de editores responsáveis cm todos os periôdiI;O.... A desestabiJi:wç;lo política agravava-se e com cla vieram as represálias e p~nalidadc ... rigoro ... a:-. para ii Impren .. a quc ::.e materiali7.aram na lei de 19 de Outubro de 1840 a qual. entre outras disp<)sições restritivas. começava por exigi r ao editor rc::.pon .. ável fiança. hiputeca ou depósito. Esta tendência viria a ser reforçada em 1850 (3 de Agosto) com a tristemente célebre « Lei dils Rolha,» a qU:II também estabelecia a proibi ção de publicaçflo de qualquer periódico sem a declaração do ...eu ed itor respon sável e agravava o ... valore ... pecuniários dos depósitos que e ram estipu lados em função da periodicidade e local onde o jornal se imprimia. Esta med ida ~erou um indisfarçável descontentamento pois foi entendida como «um obstácu lo não apenas rc::.tritivo. mas prevemivo. que condenava muita ... publicações à sua tOlal 'iupre ... sâm,7. Dez meses mais tarde (22 de Maio de 1851 ). o ministério regenerador ,'cvogou esta lei repondo cm vigor a legislação anterior sobre a publicação c res ponsabilidade dos jornais políticos. ficando o redactor prindpal como responsável do periódico c I1gur:lIldo o seu nome. depois do títu lo. no rosto do jornal. Com efeito. ao longo das décadas dc quarenta e cinquenta debatclI-!oc com alguma intensidade ii questão da responsabilidade dos edi tores. con:-.iderundo alguns jurisconsultos, juízes e lribunilb que em delitos de abuso da liberdade de imprensa. cometido ... em alguns periódicos. nem sempre eram respo nsáve i.. os respectivos editores. Marcelino de Mato ... opôs-:.c a e:-.t:l doutrina nas páginas da Relli.\'W de Jrlrispl'lldfillóa ll . advogando quc tal si luilçi'io poderia ser func ... t:l qucr à sociedade cm geral. quer à própria imprensa. Corroborando as opiniões de Almcida Brito expendidas na Ca;:,eUl do.ç 1'1'(1)//110/.\' . iKluelc jurista defendia a tcoria da responsabilidade absolu ta do editor quer no caso dos anigo abusivos serem a nónimos. quer no caso da identidade dos ...eu'i autores ser revelada publicamentt.!. contrariando assim ;1 posição de António Gil que l1il mesma Ga;:,eta "presentava tal princCpio ofensivo ao direitO comum j:i que tais delitos eram pessoais e a infr:lcção não fora realmcme cometida pelo editor. Marcelino de M:lIos aderia à metáfora <k Almeida e Brito que representava ú t.!ditor como «para-raios da imprensa periodica». justi ficando que de era o responsável de direito. a «ent idade preex istentc a todas as infracçõ\!s. expre:. ... a e \!xclusivamente instituida para o fim de representar o periódico perante a justiça»"'. Se. para alguns. re ... idia aqui o ponto forte da argumentação. para ou t ro~. como Trindade Coelho. revclava·se neste aspeclo a fraqueza da figura do editor. aulêlllico IÍlcre nas mãos do ... verdadeiros responsáveis que lhes pagavam para ser o roSto legal do periódico. sofrendo as consequl!llcia:-. ma i... ou menos violentas daí decorrentes . !\nt\!s. contudo. de se an<llis<ll' a opinião q ue sob,'c esta matéri<l pate11leou o autor do Mal/ual Polllico do Cidade/o Pn/'f1/g/fês no final da centúria de Oitocentos. retome-se a evolução da legislação sobre liberdade de imprensa e () dest:lque aí concedido à controver:.a responsabilidade dos editores. Com o intuito de clarificar. e de cerl<l forma. pacificar as questões relacionada, com o exercício da liberdade de imprensa. a carta de lei de 17 de Maio de 1866 abriu. na." palavras de Bento Carqueju. «UIll regimen se não inte iramente auspicio .. o. pelo menos um /'e).;imell digl1m) já que conti nha «garanti'Js r.1ra o exercicio de ... agrad as liberdades), e «cle111enl0S seguros para clTicaz repre!oi:-.ão de abusos"ln. Se no artigo I." esta lei abolia cauções c restrições até então cm vigor para a imprensa periódica. no 2." estabelecia que ncnhum periódico se poderia porém

,

97


MARIA nA CONCt;,Çi'IO /llE/RELES PENEIRA

publicar sem que. pelo menos oito dias antes da publicação. se declarasse o nome do editor perame autoridade competente: tal declaração. além de assinada pelo editor. deveria ser acompanhada de documentos que comprovassem a .~ ua maioridade. encontrar-se no gozo dos direitos civis e políticos e domiciliado na comarca da publicação em causa. Além de fazer a especificação daquilo que se e ntendia por periódico . em artigos posteriores esta lei estipulava as penalidades para os casos de ausência de declaração do editor. insuliciência ou falsidade dos documentos apresentados e incapacidade supervenie11le do editor. sendo prevista nestes casos taxativos e expressos a supressao do periódico. Os restantes artigos ahordam a ampla e problemática questão dos crimes de abuso na manifestação de pensamento. sobretudo nas formas de abuso de liberdadc de imprensa. difamação e injúria. Apó~ algumas revisões legislativas pontuais. o «ditatorial" e «ominoso» decreto de 29 de Março de 1890 marcou uma nova era negra para a imprensa periódica nacional. tendo sido apelidado de «segunda Lei d:ls Rolhas». Produzido pelo ministério de João Franco e J-lintze Ribeiro. este dccre(O, gerou. nas pilluvras de Bento Carqueja. um «retrocesso menta!» pois revelava-se atentatório das liberdades políticas e representava «uma legislação ad ndilllll»ll já que convertia em crime toda e qualquer ofensa aos poderes políticos legitimamente constituídos, incluíndo as frases subvers ivas u segurança do Estado e ordem pública. bem como a reprodução destas ofensas. além de agravar as multas pecuniárias para lodos os crime:. de abuso da liberdade de Imprensa. Além do mais. o conceito de ofensa assumia aí um sentido tão lato que era impossível determinar onde aC:lbava a crítica e começava. efectiv:lme nte. a ofensa. Esta lei reguladora do exercício da liberdade de imprensa. cuja produçao se de vc inserir num contexto mais alargado de reforço do sistema monárquico face aos embalCs e confrontos a que este se viu sistematicamente sujeito. visava dificultar a publicitação de ideias ami-monárquicas. tendo jornais que incluíam a palavra república no título sido perseguidos e obrigados a suspender ou mudar de nome. O diploma de 1890 implicou ainda o estabelecimento de urna «mult iplicidade simultânea de respons:ívei s». isto ê. em caso de abuso de liberdade de imprensa periódica a re~ponsabilidadc c riminal e civil recaía sobre o editor do periódico e o autor da m.:l1éria: na falta de editor a responsabilidade pertencia ao dono ou administrador da nficina em qlle se tivesse feito a impressão: não sendo estes conhecidos a responsabilidade passava para aqueles que expusessem ii venda o número do periódico incriminado ou de algum modo constribuíssem para a sua divulgaç[lo. Entre outras especirieações legais. era considerada recusa maliciosa quando cada um deste s elementos não desse a conhecer os outros. Deve res:-.altar-~e do al1leriormente exposto que a legislação da segunda metade de Oitocentos debruçou-se sobre as questões da qualidade c responsabilidade dos editores nos delitos de liberdade de imprensa. as penas a aplicar. e a forma de processo na verilicação e julgamento desses delitos. Sobre estas matérias incidiram os diplomas de 1866 e 1890 mas o assunto eSlava longe de atingir o consenso e era premellle iI necessidade de eonjugar o princípio da máxima liberdade com o princípio da indefectível responsabilidade. No final do século. Trindade Coelho apre.~entou ao Congresso da União Internacional do Direito Penal cinco proposições que visavam atenuar a responsabilidade legal do editor. Na primeira. aque le: magi strado propunha que 98


JORNAIS. t.IJfTOR,.;S t.' TWOGRA"-IAS DU "ORro f II'.JM-C'C8C "' C''--~~~~~

nos delitos de liberdade de imprensa. a responsabilidade criminal não devia ser exigida UI,) editor. senão no caso especial de este não revelar o verdadeiro aUlor: na segunda proposição defendia que o editor deveria se r sempre o di recLOr do jornal. isto é. o indivíduo tid o e ha vido como sendo o c hefe da sua redacção 12 . Parecia aquele magislr>ldo que só O autor do escrito podia ser responsável pelos delitos de imprensa já que e le era o único ageme do crime. c a responsabilidade só deveria impender sobre o editor quando se desse a conjugação de duas circunstâncias: quando ele ocultasse ou desconhecesse;t identid:tde do autor e fosse si multane:ullcnte director do jornal: :.ó nesta situação se poderia logicamente presumir que ele era o autor. na sua qualidade de chefe de redacção. A argumentação de Trindade Coelho escorava-se na convicção de que a Jigura de editor se havia há muito esvaziado e pervertido con:-.iderando que ta l como existia não passav,t de uma mentira convencional. uma inutilidade e uma imoralidade que se deveria expungir para I:x!m da lei c da imprensa. Isto é. segundo :tque1c autor. o editor mais não cr:l do que um «merccnario :malphabeto». alugado para o fim repugnamc de ir parar ii cõ\dcia: constatando que O mesmo homem era ed ito r de muitos jom:lis. Trindade Coelho afirmava que tal me:-.te!' passara a ser um I/lOdo-de-l'ida desem pe nhado por indivíduos totalmente desprov idos de recursos que chegavam ao ponto de cnCQnlrar no cárccre o ...cu sustento c das !'>U:l:-' fa mília:.. e completamente ingénuos e despreparados j:í que ignor.lVam tudo quanto se publicava no jornal cuja responsabilidade haviam assumido e eram c:-.tranhos ao cOln-ívio da redacção onde só casualmente eram chamados sendo então considerados pelos criado:-. ou ... er"entes inferiores a eles. Traçado este quadro. não admira que o escritor reivindicasse a re!'>ponsabilidadc do periódico para o seu director e chefe de redacção como um nutêntico imperativo moral. Todavia. esta visão da natureZo.1 dcgmdame do editor perfilhada por Trindade Coelho deve enfermar de :tlgutn exagero: não que a situação não ocorresse. c com roda a ccneza acolllccia nas empresa:. jornalística:. ideologicamente mnis activa:-. e combativas c por conseguinte mais perseguidas e querdadas. mas niio constituída. cenamente. a regra geral dos periódicos publicados no país". Uma realidade é incontornável : o editor rar:llncnte constituía o nome sonan te do:. jamais. para além do:. ca'iOS cm que desempenhava simultaneamente a:-. funçõc.s de proprietário. director ou redactor principal. Os ]X!riódicos mais marCantes do nosso liberali:-.tnO destacaram-se pela:-. polémicas que levantaram. pelu inconformismo que su:-.citaram c. por conseguin te. ora :.e associaram ao nome daqueles que aí ex penderam ;l'. sua.!> doutrinas. ora ao nome daqueles que fUlldar:tlll c dirigiram estas complexas empre:.as do.! idcim•. 3. Os ed itores

rcs pon s~Í\'c i s

dn imprensa portuense

Do que ficou expostO ressalta a ido.!ia de que o edi tor constituía :1 face legal da empresa jornalística. o primeiro responsável por todas :IS matérias ex aradas no periódico: daí que as autoridades solicitassem a apresentação de uma série de doeumentos que comprovasse a reunião das condições c!'>tipuladas por lei. nomeadamente a maioridade do indivíduo. o domícil io na comarca onde se realiZasse a publicação c encontrar-se no gozo dos seus direrlOs civi s e políticos. Es ta última alínea pressupunha o cumprimcnto dos deveres fiscais. o recenseamento nos cadernos eleitoraif:. não eslnr sujeito ao recrutamento militar nem ser alvo de qualquer processo dc interdição pelo que o suplicalllc teria de apresentar

99


_ _ _ _ _ _ _ _---"C'C AC "C 'A.:..:V A CONCEIÇÃO MEIRELt:S PENEIRA

as folhas corridas ou boletins criminais passados pejos cscrivfics dos diversos cartôrios da naturalidade c residência . A combi nação destes dados perm ite apresentar um estudo su mário dos perfis biográficos do.': editores de periódicos da cidade do Porto das últimas ln!s décadas de oitocentos. se bem que novamente apenas do seu Bairro Oriental. No toc:.mte it naLUraJidade predomina largame nte a o r igem no própr io

concelho do Pono, verificando-se meia dúzia de casos cm que a proveniência é distinta. As residências indicad:ls cumprem () estipulado por lei pelo que correspondem ao b"lirro de habilitação dojomal. Mai s variadas são as informações concernen tes às idades c ocupações profissionais dos editores no mamemo da habilitação. Embora o leque de idades se situe entre os 21 e os 73 anos a maior incidência das idades declaradas localiza-se entre os 25 e os 40 (Quadro I). QUADRO 1 - IDA D ES DOS E IlITORES ID A DE

21 25 Anos 26 - 30 Al1o~ 31 - 35 Ano~ 36 - 40 Anos 41 45 Anos 46 - 50 Ano,; 51 - 60l\no , 61-70Anos 71 - 73 Anos

N." DE CASO S

12 22

19 15 10 11 2 3 1

As ocupações declaradas nos processos de habililação de editores perm item descortinar uma razo;ivel variedad e profissional. h.wendo em alguns casos correspondência dircctrl en lre a natureza do periód ico c a actividade labora l do editor (Quadro I I). Em alguns casos surge a indicaçao de que o propriet6.rio da publicação assume a responsabilidade de editor. situação que por vezes ocorre a título provisório. entre nomeações dos editores efectivos. Todavia a coincidência ou sobreposição da:. duas figuras. proprietário c editor do peri ódico. não c hega a atingir la % dos rcqucrimcmos aprcscmados no Bai rro Orie nL.:l1. Mais raramente ainda é indicado o facto de o editor assumir simu llanernc JlIe os cargos dc administrador c/ou redactor do periódico. A visua lizaçao dos apêndices documentais ilu:.tra a recorrência de uma situação. qual era a de substituição frequente do ed itor. se bem que raramente sejam apresentadas r:lzôes para o facto. Entre as pOllC<lS situações apuradas. além da morte do edi tor. ocorre também a si lUação de emig raçJo. nomeadamente para o Brasil. ou a simples declaração de desistência do editor afirmando que lhe deixou de ser convcnienle con ti nuar com tal responsabi lidade. Vi slu mbram-se ainda casos mal esclarecidos de ofensa de susceptibilidades. traições de diversa índo le ou perda de con fiança dcposiwda pelo proprietário do periódico no seu editor. O solici tador Antóni o José Cardoso Belo. por exemplo. disponibilizou-se a tomar para s i a responsabi lidade do Clamor Mi/irar «para evitar desgostos ao 100


JORNAIS. EDlTOUES E TIPOGRAFIAS DO PORTO (/8M-UJ'J8 )

QUAD RO II _ PROF ISSOr:,.S DOS EDI T O lmS PROF ISSÕES

N." UE CASOS

Jornali."la PropriCll'irio Negoei<llllc f Indu.' lrial Médico-Cirurgião Solicil:ldor Professor Bacharel Farmacêulico Agclllc I Emprcgudo Comcrciul Caixeiro EmprcJ;udo Empregudo Público G..crillmlrio I Am<l!lucnsc / Escrevente Guarda -livros Tipógrufo I Impressor HOl1ieullor Empregado dos Caminho~-de-Fcrro Telcgr::.fisla Ourives Relojoeiro Cig:IITeiro Alr"i"lc Sapaleiro Ch"pc!ciro

8 8

Tintureiro

,

, 3 2 I I 6

2 3 3 3

, I I

2 I

2 I

3 I I I I

Editor>~ já que aí havia publicado um anigo contra o cabo Garrell que «desaliou as iras do irmão doutor a ponto de este hir amiaçar o Editor rcsponsavel do dito jornab,I-I. Francisco José Antunes de Sousa Guimarães pediu quitação da responsabilidade do Eco da Verdade em vinude da traição que lhe hnvia reito o proprietári o daquele jornal e cm consequência da qual se enco ntmva preso desde há cinco dias na Cadeia da Relaç:1ol~. No POI/IM e VÍI'gltlas roram os proprietários qu e resolveram substituir o editor nlegando «co n veniência de serviço do semanario"lú. A tensão entre o proprietário e o editor nnoru em algumas situações, nomeadamente quando a empresa jornalística atravessa momentos de crise. Domingos da Rocha Moreira. editor da República Por/li guem desde a sua fundação. cm J ulho de 1890, apressou-se em cOlllu ni car ao administrador do Bairro a lotaI desistência da sua responsabilidade após a suspensão da publicação decretada pela autoridade em 5 de Fevereiro de 189 1: o desejo de se separar da empresa era tal que ped ia ao magistrado que mandasse «intimar o proprietário do mesmo jornal que é o snr. Dionisio Ferreira dos Santos Silv<[»1 7. Curiosamcme, entre a documentação estudada, apenas se apurou um editor 9uc havia sido condenado peIo crime de abu:lO de liberdade de imprensa; lralava-se de Manuc\lnácio Alves Pereira que. em Junho de 1892 e com a idade

101


MARIA 1M CONCEiÇÃO MEIRELES PEREIRA

de 23 ':l.!\o~. fora senlenciado em quinze dias de priS:lo correccional c trinta mi l réi" de mu!ta com custas (; .<;c1os do processo: não menos curiosamente. veio posteriormente a assum ir a responsabilidade de variados periódicos. Do eSllldo destas font es infere-se ainda que o mesmo indivíduo ilssumi:l sucessiva cJou simul taneamente a responsabilidade de vários periódicos permitindo colocar a possibilidade de cxisténcin de um estatuto de «editor profission<1 I». Por um lado pode ;lVançar-se com a justificação pragmálica da economia dos custos. isto é. os documentos apresentados para lInHl habilitação podiam ser tram;fe rido:-. para outras. Por outro lado, deve equacionar-se a silllação tão veemen temente denunciad:l por Trindade Coelho, :tlr:'is referida, e que via o mester de editor como um «Illodo-de-vida,>. A estas leituras pode talvez acrescentar-se outra, só parci31mente j ustilicativ:l de tal ocorrênc ia. c que se prende co m as limitações próprias do meio jom:llístico p0l1uense. 4. Movi me nt o de [lublicuçüo de jornais e tipografias A natureza dos periódicos habilitados no POl10 lia época em estudo é bastante variada: ii par de uma predominânci:l do.~ jornais de cariz político-noticioso, :-;urgem as public:lções culturais e de entrclenimenl0 (nomeadamen te de litel"iltura. te3tro e moda). os jornais oper:írio:-. e de classe profis"ional. os humorísticos c aind3 exemplares do publicismo religioso c científico. Algumas destas empresas mamêm-se e res istem saudavelmente por vários unos mas a tendência predominante é o. instabilidade. Já anteriornlente se analisou a recorrência de aheraç:lO dos editores. refira-se agora a instabilidade que se reflecte nas slIecssiv:1S altcr:lções de títulos. Se em alguns casos a alteração do título da publicação se articula com a reprogramação da linha editorial. noutros prendc-:-;c sobretudo com uma eSlr31égia de sobrevivência com vista ..I iludir as diferentes censur3S. Foi justamente «compellido pelo edital do Ex.""' Governador Civil» que Diogo de Macedo MOia. editor do periódico A ReplÍblica, ;llterou o nome daquela publicação para A Vn:; Pública l8 . A inswbilidade espelhava-se ainda na reduzida longevidade dos periódicos devidu a causa" variadas como a aUIO-suspensão. a suspensão imposta pelas autoridades. a asfixia económica, entre OUIf3S. O nervosismo desta actividade denota-se ainda 11a proliferação de habilitaçõcs de jornais que nunca se c hegamm a pu blic3r. De qualquer forma a expressão numérica é assaz :-.ignificativa: num período de cerca de vinte anos ( 1866-1887) habi litaram-se 125 publicações pe riódicas no Bairro Ocidental. circunscrição que em 1891 ~Issistill à publicação de. 2-1 jornais. J:í no ilairro Oriental. entre 1866-1898. as fontes apontam a habilit:1Ç:lo de 170 lítulos de publicações periódicas. pese embom, pelas razões atrás referidas. esse número possa :-,cr acrescido de mais seis dezenas. O número de tipografias é igualmentc sugestivo contabilizando-se nas fonle ... cstudadas a referência a cerca de cinco dezenas de o("icinas tipogrMicas. Enquanto os periódicos mais importantes possu í3m tipografia própria l9 • os restantes eram dados ii estampa nas diversas oficinas da cidade se bem que esws fossem de desigual envergadura c apetrechamento técnico. Entre as m3is famosas e concorridas contam-se 3 Empresa Litedria e Tipogrática da Rua de D. Pedro e a Tipografia Gutemberg da Rua dos Caldeireiros, rn:1S emm também muito solicitadas as oficinas tipográficas do Bonjnrdim, da Cancela Velha, da 102


JOHN"''''.

EnlT()R/~·S

f: TWOGRAI··/AS 00 I'ORTO (/8M_/WJHI

I3;Uó.llh:.t. da Rua da F:íbrici.1. da Rua de Santa Catarina. da Rua de Entreparcdes, de Passos Manuel. da Rua das Flores. Cedofeita. Carmo. entre outras. apontando para uma mancha geográfica que. na parte oriemal d:1 cidade. tinha particu lar incidência na~ freguc~ias da Sé e Santo Ildefonso.

5. Algumas cons iderações Iin:Jis

Ressaha desta análise a ideia da exi~tênció.l de UllW il1dústria jornalística portucn sc razoavclmcmc vigorosa Illa s também nervosa. em que a par de empresas cst:ivci~ emergiam outr::lS rn:lis efémera..,. ou de vida :.Igil:lda. originando sucessivos aju'1;tamenlOs e reco ns tituições. M:l~ talvez esta seja a natureza própria da indú~tria da comu nicaç:1o c opini:1o da centúria de Oi(Ocenlo~. e m que as motivações polít ico-ideológicas se cruzavam C0111 as económicas. subalternizando-as com frequência. Claro que uma empresa jornalística deficitária eorre risco evidente de desaparecimento. como ocorreu COIll tanta:-. ma~ dad:ls as características cspeci:lis deste lipo de empresa. l1a maioria dos casos a rentabilidadc económica não é :.I última mela. o objectivo su premo. Há fins e objectivos extra-empresariais q ue podem sustentar em presas jom a1ística~ durante períodos de tempo mais ou meno:- longos. Neste ramo. não nos devemos esquecer. há «rentabilidades» de diver:-os tipos. DncUl1lent~lis

6. A pêndices

APEl'DtCi:. I - tl EG ISTO D E IIAIIII.ITAÇUES DE .I0lt NA IS F. F.mTORF_~ ItES I'Oi"S,\ VEIS DO UA lltRO OCID Ei"TA " no p o nTO ( 18(,6 - IMM7) IlA'-,\

2R.6.186t\

ElIrrOIIIlESI'ONSÁ n ::l.

JOH., ,\ t

o l'diS(O

JIN' Vct~lO d~ Ro.:h:t 811.mt'1

ALn;H.AçÕF-S TiTUI.OIl-:IJ ITOH. l2.S. I ~~7·

(abrion

IO.Y. I ~6M ·

Trnmhe13

7.71&69· G~UI3 Ib Tarot HIMIb

,

'i ,

o (omfl-ciG do Pot1o

~ ,

..

,

,

,

1..

li

: .11.

,.

,

Manuel de SOIN ünpcp

, ,

li

",~

..

,

,

,

,

I.

I.

A Som....'

An!ÓiI~

, IR70 VOl do 1'0'·0 . JIII"rn~rion3! 28.1.1871· Mel r:1llud!lr.l I~~

~171870

~~.~.~~I- I)j~riOd3T3rdt I.

I.

103


MANIA IJA CONCEIÇÃO MEfRELI~'S l'EREfNA

JOI{NAL

1),\1'.\

4.5.1869

EI1I1'OI{ IiES I'O""S,\ VEJ,

{;azt'la do Correio Cabcçl\ f~l~nl.'!i Garela DrmllCr.ilk;I

Pedro StbõlsliàIJ de AImc:idJ Soriano PC'Çin,IJeIQ lOlléd.1 Slln Ilenri ud~dos S~ot{K

O NadOlla! Gal~la do Non.· Jom31 da Manll:í

FrJlKioco MJriad.u Ne,,:' Diogo Fr.IJ1ChC"U VilJ>lxm ,\olooio Emidio de: '<,ila

11.1.lIm

" RrpúbliC1l

fr:onci,.;o MJ.f1ô1 d.1~ Ne.·C"

~.3.187J

A JustifJ

Fr:mcisco Mma Pm:1l'3!lom:go

1.IO.lbtr9 IS.I.IS70 29.1.1810 20.1.lm 21.8,1S7l

,\I :n;I{AçÔ~:" TfTUJ.OfE I)JTOIi

17.1 1.1~70 . o I"Clpom.:i,eI dc.ISlIU d.1 h:lbilila 10.8.1870· Os ESladll.'l Unidos 31.IO.1871·Cl:ImordoPo.·o

9,11.1871· Fr.IJ1ci)<'ll Diogo M~tr:o Pioto da Veiga 11.10. 187] · ,\~uilhao 1.5.1874. Gazela de Gaia 27 .8.187~ ·Ant6mo Moretr:o Monteiro d" E-'[1I:ruoç. :lO.IO. 1875 . AntóniO Jost d.1 SiI\', Mnior (trJfi.'(cridotk A Oca.Iiioj 10.1 11 87:1· Fr:onci>co Mlri1dJ,. N,,'(:'> (Imn,(crid,,!k A ReplÍhlical 4.1.1876 · O Popular do Pono 13.6.1876. A Panónia

25.6.ISll 19.1 187J 12.s,IS7~ M.I~iJ

() Cf",celho de Gai. O Club i\ Pala\'r:J O I'orto

~I"nod Pinto d", ReI> Emídm JIDt de Oh.eir:o JoN' FrulllO>Q da 1'OIl>=l

J~ié

Coelho Ftmtlõl

r:.m lob\tilui,:ío de João COlKi. Pinto d~ Crul 8.~.18i4. Fr:>nc;"co Mm~ da!; Nt\'e~

22.10.18/4 · i\ RcpubliCll :\0.11.1874 O I'orto (rom no\"Ocdilor. Joi'é Com:iJ Leite lIõl1bo\.a Jliniorl [0.7.1878· OChirole J1.71~jJ

\'enullO

2R8.18iJ

I'a""ónia lIuSlrada

22.I0181J

"G~lI'la

u.lm

ni~rio

2H.187S 20.10.187S

do f'ono Comercio l'ortu~U"~ ,\ Or:l\ião

dl'Goia de ~nli('ias

1J.1K71 26.i.lm 17.11.1877 29.3.1818 12.10.1878 17.51879

O I'I"\·. .!~O

}O.8.ISi~

,\

17.9.1S19 3.IO.I~79

O Pai 1'0uliDO C,mpeJo Vilaoonose

i\nlómo r=r:o de IInlo Ju« Cocllm r..:m:<rd

21.2..1878· O l'imrol~ 2.IO.I~7J· o Diário da Tardf I~. I ij, 187J . Jornal do T3rdc 212. IS75· I'an,;oi~ lIu!lr.lda 18. 11.1875· Gal~(a do I'ono 21.4. ISi7· ['~n ólli~ IIUllrJWt

Anlónio d~ Co>u COUIO S:i A[bt~:uia Manud PintQ Conroo Eduanlo Monleom Nu"", d. C"'Y"JllIo AmónLo loS<' da Sil~':I JúnLor Anloolo lO!<! dos Santos Rq!"JJa, António Mooltnllodc Sou):!

(EsI~ ediIOfll':lllsfrnu·~ p:tr.I

AntooioCal'ÓOW BoIelllo Gutl hct1ll~ Perclr:l DI<I> Anlónio Augu>lo u,;,[

26A.187~·

(Edilor IrJn; (mu·...: da VUl do Pu'ol

Tlm_Tam

Anlónio l.opesdc AI~idJ IQóIÕ Am;údod~ AlmcHll l""'i0im J<l>é de Sou;;t [-""""lU

O l>to, de M~I\O

'\n'oolo IO'C dO'> SantO'< Rc~ad"

A Rdurma A E>p.d. O Optr:irio Uni~o

2M.2.18i~·

[04

A Verd3d~

Alba11~de

LcIllO'l Mxcdo

Gnelo Mili\:lr A\isador Comem.1

IH.ISSO · AmóniO d. SOII'>3 MJChado . DJlld lO!<! d~ S,,,'~ ~ Sou,"

2J.12.18~2 II.IO.I~79

A JU!i!iÇlll

~o.


JO RNA IS , EDITO RES E TIPOGRA FIAS DO POR TO ( 18ÓÓ- 18!)8 J

IJAT,\

JORNA l.

EIJI1'OII. II. E.'WONSÂ VEI.

21.IO, lft?'}

O F..5p!'lho

Fr.lOdM:o M "n~ <i;!, !'Ie\'~~

11.1 t.lm

o Sorwl e

Jmé

lll880

As /'. o,'idades AlcrI:I

V~sqllCS

146.1880 21.6.18110

O CamÕQ

Re,'islll do Norte

Anlónio loS\! da S,I'-:I hinior Fr.,"cl""l M :ui~ d.. N..·~ Amóni o 1<lIi d.t Sill. Idoior Francio;co ~hlll d.ts !'Incs

1.1.7.1880 JO.7.1880 9. 12.1880

O Rfpublicano AJ U>liç:l I'ortu~uesa ,\ nunci3dor

FrJoc isco Manad.b !'Ir,·.:;. Hc n nq~ l()Sédos Samos Urdo>O Anlón io dc Sou"" ~lJch:Hlo

16.2,188\ 2~5.188 \

O l'oI icia A FoIh.:! No,"

Mi guel Mm. n:lici_ Fr.lnd>co Maria u.....

8 ,8 .1~81

O Rcgtncn>dor

26,8,188 1

O C~ pilulo

An lón io de Sou>;! Mxh:ldo tI" lúnio >li: Sou," Mach'lIlo

2HI~1IO

,'II,,,,

AI ,TI';RAÇO f-'~ T/Tu Lonm rrOR 20.I I.I H79· 0 Cip6 {ftcw s..: m"-"iron";...-! por de..ISI';fIÇl~ d~ edilor) 21 A 1890 . Sçl=li:io SanhudQ Iftç"" hablllt:lJo M bJ.irro oricnlJJ) (Fo I ed ilocoo jomal '\ On.sião) IFo i ed il,lI' d~ O Ci pó) (Também rcspons,hd dejom;ll As No,'idadl.'Sl (Também rc'pon.,jvd de jOl'1W ,\Ierta) 2Qj. 1881 - A Folhu !'IOI1I (Também rcspon.J."cl dJ Rf'isl.3 do /'.'orlt ) IIJmbérn edilo< do !ooul o.~ d~ ~ 1 3'\'1) A~I)SIO <k I~ SI . ficou !>Cm m;ponsh-d pois " cdil<>r 1r,lnlfclIU a "-':\pon!hlblhdadc parJ o j\lmal O COpiI OI"

24,6, 1 ~8 j· o edllor~!tOO a responsabili dade par:> " Jorn~1 do I'ai~ 19.9, I~g5 . Jo!'é Coelho r'tlltir:> Da .O de 18S7. dClwu de publit;lf·!!C c foi ~ub>lll u ido pe lo jornal O Norte (Tandi nl rt>pon.,j'1:1 do JOOI'II 0.1 df ~Iarço) (Er:> euilo< do, jOI11a" Ikz df M3'\'1 e Rc~c " rrndor)

22.1 0.la8 1 12. 12.IM81 3O,12.IR81 31. 12.1881 26.6,1l\82

O Indicador ,\ P3",'6ni3 Di:í rio dDF.,,~ rri(o () Tripriro O Supl~m~ nlo

Anlónio de 50\153 Machado Migoc l Mari. da Ii:hclIbdc Jo.io Amaldu de A!nICldl Pr."" isco losê de Linu António <k SOUIõ! Mac!Lldo

U I ~8~

O Mf rr:lnlil

Anltln iu M,",,'" Fcmar.del

24.8.1882

A \"trdad~

Antón io ~b n"d Fern.nde.

19.9.1882

,\ \,dJ Modtma

1000 ArnJldo <k A[mcid~

2Y.9,1882

O l)esen~ano

AI1I6nl0 de 50""" M:>cludo

13.\C.18S1

JúlioDinis

Antonio Augusto Vi~ilõl da Sih·a lkIItes

28.10,1 881 . Miguel M.ri~ d3 n:licid3lk 30.1 1,I~s I . de.iluu Ib rcspoo,:,bililbdt c 10f11C>1I ~ n.:cil;.i·la rm 13.12_1 SS I. (T.mbémrt,pons;Í\'et dOI jorn:ris 1\ P:tr\'óuia c P~r~~r~ro) 4.7.1882 • desist Iu de >l:f edllor doi, periódico (Tambémfc,pons,h1:1 do jornal O Ül pilulo)

(Também rt.\ponsâ\'ct dm jorn~i5 f)e~ de M~rço c I ndic-~do r) F.'!a hohilitaç;;u (ollr.lmfendJ par.> o Jornal semanõl O [)esj>n~ano EMc pcri 6diro não se chegou ~ pUbtlc;lf c a h:lbilitação do edilor fOI !lõIn,fmda parJ o jornal A \'crdadt Dr i~~u de f'l'b llCar·". , foi ,ubslltuid(l ""lo Jflm a\ du Pai. I'focc~ arqui'·ado n.l oomini'>l~ do bairro orie ntal. junto ;lO da h~bilil~d:I Voz do Po,n [),;oi xOlJ de publ icar·..: c o ed llor lr:l!lSferiu·.I( p;1rJ o jornal ,\ Sl-man3

105


MARIA DA CONCEIÇÃO MEIR/~LES 1>t:H.EIRA

IlA'!',\

~I 16.l.188~

1,=,

I Por c-I11

IAm',.'"

AS,,",", Folha do Exfrrlo

A I .n:KA çO ~:s TfTULOIEOlTOR

EJlITOR RES I'Oi'1SÁ \'EI.

JO~NA I .

Jo;iQ Ah'~

r";[~l ~

.

"~,;~,,

ii

UI~8J

c o editor fioou 1'C>fl\l!l,;i.-e1 do pcri6dl"-l AV"t duCrillão

,

~ I O"rt.,•• •.•"" ~.,,~: I~

i

,

•i

~

,i ,

I,O>"

,

,

AblOJf1:

Au~usw

Ribcuo GUI!IW'le>

,,

t .

I "" "" p",.. e,i.

,

,

I OC",,", i

,

~

~

10'

"

cnl 2E A,I M91 3t.l2.1896· No.a LUlll

1).)."" I A",mo

1Lili"

t I s.~,o

25A.'"" I O i

ii ~ M,ndonç:I 1À)tl1lngos n' l2)

1, ,

,

,

.

'U'~5

'"',~

12.9,1as5

O Grito do 1'0"0

6.18S6

Hcnriqu.: GU~l'lIdas Ncrc<;

, ", "

~rn:~o

,

,

I

Il."'"

106

m•.

u.,,·,~,·

I'''"

,,, '" I

i'

'"

I ,Ti".~"~~~ "

,

,

", I '~p·'"

,.:I

" o."',.

Modem.l . I

,

.

1-RUl da PiCUl:! n' H: " ,'

I O "ru,i,

i

"",

-

II!Tip. '';''''''.A ""'''' , d,

,

,

I 192,"" I Ue",lIo,"

.

m,. d.

I,AI~,"

'AI~",

A Ifucu"s:;o

i

'''.''~ O 8,~, 1886 • O lkstluro [Ti l', C~lIIo"oht~· RlIJ de SidJ Sandeu':! o' 75) 1 1.7.18 ~6· Alfn:do Fr.lEO'O Pinto (Til'. dOI RlIJdc SlOtl(;U;u1<13 n' 128:

,

I 2".'''' I OArtil"<iro I ,,.,,,.

o editor.

"",o

;'i,~;~' :o~:::':' , "". '.5'''' I~

C.i\·rirn

I.... " ... ""..

mp"""'~ '"

'" i


JORNAIS. EDITORES E TlPOGRAHAS 00 PORTO (18M·/li'JH)

APÊNDICE 2- RELA Ç,\ O UOS ./O ll NA IS EI\'I PUB LI CAÇÃO NO ANO DE 1891 E I-IABl Ll TAUOS NO BAIRRO O C IDEN T AL DO PORTO JOII NM .

O Come'reiu do I'orlo A I'Jlarl1l

T II'O(; IIAFI,\

EIlI TO R RI;;'W ON SÁ \'EI.

Fmncl-.ro \k: Sou'" C.rqu'i'

Ruad.>Fmanon" IOH

10ll I'nlluoo;o da Fon","

Ru,d~P;c.llÍln" 74

REIJ /\CÇ'\O nli.."nNl ,~io

me,nlO ,ilio (é Llmbfm a rtSi~ncia do edi lor)

A JUlli pl P"nugul'Sil lIomhflro C"r~o

I ·orlu~uê.

do I'ona

Hcnnqu.: lu..:' <1<" Som", Corrl"",

Rua <k uct'WJ_' n' 121

"",'mo .illo (é lomlim a rl'$-u.\enCl3 do eduor)

lo,", RodnguC\ da Cnn

Tip. de Anur I~ de SoU"1 ~odc São Domingcr; n.' 74

Impn:n'>3 t Redacção no llJirro Oncnl~1

Jose do (o ..1l1 ValboUl

Ru~

d;l PlcanJ II "5

nlC'I11<J,i!lo

Ollomlll'inl

Dommg<.t\ JO'i M~,,,,k, GUlm:trio Tip, Ocidenlal RUJ dJ F.llmca n." ó6

,\ "'" do Crul~o

lroo FrJga La llWC,'

O I)cf~l\5Or PQpulu

Eduanlo Cindido PreguIça

Ru, d;, P"::lfl~ n,' S

m",m,,-,ítio

,\ 1'"lr;'

Augu'loA ll lómo de I'~n.

TrJ,-ess:.IkCedofc ila o,' 22

m<:"'lQ sítio

o Snr;CIC

J~

Ru~ d~

O Glnlln

loaqu lm l'iolO d. S""", "a,soo;

Vasques

5:1<110 Catarina n." I~6

Tip, Mendonç~ Rua MOIJ~lnh<l da SII'dr, n,' 'lO Rua da

" Rf"oll~

Tip. ModmI:t

O COnlribuinlc

Lafo)Cllt Pinto Melo Cruz

de D. Ptdro n.' 19

-

Tip_ em M:uostnflo»

lIolClim da Liga dOli Jo-é Frutuoso da FonSUl La'rJdoresdoDooro Am:tldo de ,\I"\tida

Ru~

l'ic;ui~

me'lIIO snio IplliOU p:tr3 o hairro OIleol,1 ) Rua d;, Scnool':J. da Lu)_ n." Sg Foz do Doum

-

o.' 74

RuadbA~n ." J3

I'r.ça 00,. VolunWio\ do Rotnro n." i

Tip,de J<»i V:u, G~1I' i:t

nlC."OO,ilio

Ru~daPtc;man," 1 8

Jornal do 1'0'0

,'mónio d, SOU"1 Madtadn

Tip, !nlC1ll.lCiooal Ru, da Vitória n.' 166

Fcrr~o

Fnncisco M:ui~ da, Nne,

Ru, do> Caldeu'ciros n.' 49

OCom rrrio

Jo<é Fr.mcisco Vicir~ d, Co>lo

Rua do C:lhirio n." 51 Ru. do Correio n." 118

[nttm~rion31

Federa,Jo Escolar

Abandn: AUgUllO Riocim GuimarJc,

Rua do 1\Im.1da n ' 54 1

O Independente

Abtlio de llrilO

Til'. [nlcmôIClonal Rua da Vilória n." 166

A~l"

AnlÓnio AI\"c>Láe d.l Rocha

Tip. t>'aciOOJI Ruo d. P"at10 n' 35

nle'mo ,[tio

Jo.'io Vi lonno Ri""i",

Tip. Como:rml Rua do Lal'at!oum n.' 1 ~

Pr.,,, de S.ola T=

116.2. 1~91f

O ~;';';udo {l8.5. IS<)1 1 A Indc~ndén ci3 POrlu~" ~

Correio Par1uen ..

lO><! da Co,la V~lbom (Ii pófr:lroj

-

Ie.\lj habllll.xlo no bairro ofie nlJI )

-

n·~·J · ond.u

Rua do Tomnha n." 35 o n:sidência do edlltll")

(~tJmbém

O nomio~o

DomIngo! de SOO!J Rodn sue.

Tip Eronómlê'J RUldo Almada n,' 140

m<:'1IIO <ilio (é lambém ~ rrsidêndo do cdilOr)

107


MARIA !JA CONCEfÇÃO MEIRELES f't.'Ré.'fRA

APÊNDICE 3 - IU':QUEIUMENTOS P ARA HABl LlTAÇr\O DF. EDITORES RF..sPONSÁ VE IS nos JOR NAIS DO BAI.RIW ORIENTAL (IS66 · 1891H IJA 1',\

EIlITOR

JORI\'AI,

iI,

, ,,

,,,.,~

,

, I ~~~:~I

'

;

,

II

,.

J2~~)

~:-)

.,

,

,

.,

",'-in

.,,,,,

, ,

~~3mor ~ I.~lila~ li;itm publiCJ\ão)

I·""''''

,-~In"

'-",

." "

,,',~

,

'Ii

lO.'"' I " '.'867

I

,

I~;;:~;;""'"

,

",,

~

,

,

,

lUL'ro m.'" 1"".. ,. ".",

"."",,

I oo\lIlub i( il,,~:;"'.!'Ó'

.

~'

"

7.6."'.

2"'"'7

18.7,1866 ' ediH\r a(lrutnl3

I" I ,

7.6."",

I

,

12.418(i! [)cr, Rm

" "~

I

RES I'ONSÂ VEL

1"30""' ,

,

le JO!1I~n

,

"'"" T,',.,"

I Subslil~i,

I" ; ,"

"

,

~ I

, .

RI.~,

- 36 '[1()<1

,

I" ,

:,,,.,.,,"

dt Janeiro t CÍi:'JlOis 1° de J~nciro

I

t o. ~ i h'~ TC~lc;~

I, V.lhe n,'62

,

Si d~

,

1.i, I ~bj

I

Ic. ,~,,, d"

""'

R;~

"

" 'ri

Dr", ,

,

".2."'" I"""'

, ,

, , '71,

",,

,

31.J.IM6Ii

.

,~ ' "''

'p.oo,

h

",",', , ~ oi;r,~" " , ,~'"'' " 5.10.1&69 Il'rim,'rodoj'.'cim 1 (38'~ml!':) (ji tm pubh ....50)

",.,

. '" 1u'."m'

(propoelário G35fl'Ir r1:m:ir.l B~ilar)

"

.

~~~r~,r.I

"...,

Hull"'

e proprielária

'08

,S.~ ,i';i;;;';

139 ..", ,I Gu"ldioolosé ~,~ro Ribeiro (propriel~rio· ~""'" • "~C ' ,:,m"'~ 7,11.1874. Tom!, G3rc ia

· )8"_1

,

"","",0"

197


JORNAIS, l:.'OI7VHES

IlATA

Ill.l."70

1"·'l.I072

AC~,

""Hri.

l°"'pu 1'..... , 1 ,1 1

,

,

,~

Com~m~ 1

''''~

I" n""'"

1"·7.'''' I'.m" " ".."

,

. "~~ ~ ","~qd ,

JORNAL

I"" ""

t: TIPOGRAFIAS 00 PONTO (USó(j·IHWJJ

,

tQi~eiro·

T:r.~

I'·"'" . Moni\ (39

::~

29:Il10>)

:lO,IO,I~lS4

I ~~ cm PUbh~;rlO

,

1M"."

~ ,

i Gui m:wlcj(3 1~I\O<J

::::.~ ,';'" ~

,

,

,

,

I '"~',M...,M,"'"

I"""·

~

I'·'"

IlJ.""

,.

i. Soo>aGuimarlcs

I"""' IA 'm"""

~

,

1_,

~Ru~S

49 anos)

!..iwun02lS Ru:J P:owr; Manueln o"5 E.\Cnlón~ 113.

,

"

(8, 7, 1~7

('fçnt~ roItlCrtl~l·

I ~ , I.I ~MI

,

I ~C",

I,,,, ~,

,

I

,

,

,

• M;o. ,

a_!

...

,

~OO!)

~"

jom.ll: ~~ 3.12.1885· AniMl d.1 Corola MOr,lli (O propncl:loo do jonW t Edu:mlo Lur, FomnC-, 1.6.1 K88 - Joso! 10Iquim lUIo 1ll1.lS90. AntÓIIW,Al~1Cb

H''''' ,"' """

,

""" ./O>t

V il ()l1l~1

.

:';;,

,' 80

(jornJ!ill.1 e jlrOpriCl:iriu

",

PilllO IjonWlSb . 25 '11(5) 1.2.1691 . AIMÓIIloJO>t Ah-e. rjormlillJ - 52 :uIOS1 que ronlilTlLl. .lLl.bJln3lj5o em6.2I891

I>bltUCl n.° S5 Tipoo;r.úLl. c e:scn1Ón~ lIõI RIUIUs Acn:. .,0 &! Tip.dJ Rmd..tF;ibric;anoll e Nnláno\ 113. Ru:J do

",",oo. ~ ' d S," IlMroo'O n. °472

IClll"n'I':lO ano:.)

.. rprofC>l«' 31 ano-I

11.IUW·M"ItIOIFcnt:lr..

""'"

ri prup-ittirio do JOINI)

,.

, ..... . ,"o,"" I

~~:'IOS<! mnmco

,

,AI,~

,

·62.~)

109


M/lNIA IJ/I CONCEIÇÃO MEINt:U-':S PENEIN/I

I)A'I'A

''''"'

,

",,>TO."

JOR:'AI.

,

IOC~.m. rortu~u o

Diogo iJe Mxcdo Mou (lICsomnlc e propriClOno

rpmpriel~nn·

. 4 .1:t~ )

Dr J"",V""I"",

..

<Jq.. So"r", R~',I

"-,, , I"

...

Flõlllti.-ro ~1IIlc>

w>a

134 ,nO'1

I A",oo ,"C'""oo~_ I F,,'o"'""~, , I I.ui, I· r I 0" , I R~1:~.<i",1JU, .';ue

~t.oIu~ Soci~1

'" 'ii' I","doe 1°'

B;ul<kaõl

,~'"'=

,'" ,

26.8.1887 . l;m'llr M<ldu lI.:I 111).1889 · llo/etin,

~;:::: '"""""

~~'

,

lagClrle COII"Im,..r . oU ~)

,,,,,.. 1°'_. 11.'.1<8'

d"

I ...""" ~:':'" :""'.

29.1.'' ' I,"'"" 2611Ui~

T,p

hneiro 7.4.18W· A ~fl)lihll r~ 85.1891· A Vq~ I'ühliu 7.9.1891· r"lllllmCII

",';7~

b.~"

,~,

188~

TII'OGR.\F1A E ESC RITÓRIO

27.1.1890· O On(t d~

,

"'"'' 41

,

,

,

I{d,ino ""HIodo: =ic:uurJ'1 I !k, ", ' O,,

. I" .wbrIS."' IIdtIOhOI

,

1

,

,

I

1i.6.1891 . Ordem dn Ili~

.

~, :~~:

Al bi:r~Jria

I""":'' ' '''"." ",-I. I ",,, .

I lu. I~~~

,

I ''''~I

'" ""

,

OT.m·T.m

I 13"'''' ..•

,

,c~

C~_

.." &1"0100

I

"

d.:r l'rtr,'ínri~ 1

(jomohSlal LlJui. ~lIcner

H,"

110

, "DI

Ah-.w .1.' .... RII.I do MOOlcbda n.·1 74

,

I '-00',,0.• I . imo",,,.,,, .~I

'm d. PM'

U .." " "

.1

"P_'~'-

do Prol~lirin

Filin!o

I'"

,

ii""

(ciG.rn:im. H ~lrr·KI

'1. ""

,9""89

,

"~'M'

I~(l;ucrro)

,

Tlr d, RUJ de D. Ptliro n." I~4

"

:"P II.lI

, "'~

~

~' , d_,

'i

i E.!.cnIÓ<1<l lI.l RILl d.n flort)

T~p,

'"p~~

, ,

{!Jl1Iocnr é ,.... IIIJI" I\""\J"lnsá,·d I ~ Munh~ 1

. ,:'~:~~fo:

" ....

I

12.1 1.1890· A ,. . ,,~"."' ~ h l ""'J

. ~=eCTi~rIflQ ·R~Or~.


JORNAIS. EDlTOR I::S E TlN)(;RAFIAS DO PORTO (18M·/tfY8J

----'-------

L)ATA

IUIS9Q

G~zr!3

,

""'TO~

JOI{NAL

,

dr Notíci",

,

1I"-,""lo,,,

~~~~~ D. Pedro n."ISJ

11·[1·1893· <b Sll,·~ Lopc. (j~ ê editor de: O Prole>lo dllllóol1.

VICII1Id(

""~'o do jCll11JI; Ilo: prupricl;nQ ;

~

'1' ,

21~iIIl'l

RU3 do Loun:im

" ""

,

,

,

I " """";-, ';_, ."',,,,..

."

-'';&1"

- ~"

I° SoO"'

I~"ntoooo; IIJ

lO, """"u,-

1"'-'

~n>.RI1:IS:I!I~

("mo, ' ,OO A I{epíibllra

DomlngfK da RocllJ MOrtIr.l

l'ol1u~utsa

1 "~~OC""Lle I mdu,triJI

" n~ <k' I.'~OCI" OOl-dIlOl"

(fII1lIlI1C1.mO: Dionj"o • .15 unu-) r-m~Ir.l 00. S>DI,,,

Is" .., 1°''''''

,

,

,

Imprcn..:. 1I1rr.íri~ e "Ml1fiCll- R. D. Pedro 1:....",600,; 00 mesmo !ilio

em lU \89\

I""" ,"m~ ';~,ro I '''·~I

lO~_ G.~":":

lli.I89I· O Lul:ldur

,

~":'Irconl

S.s..I81il· O 7..l111l1~a Inunca

1

6.9.J89~· Sem~lI~

AIl'f!1"f 13.J.1893 · CidJdc do ['orlo

12.7.1893· 01"011\'

\ n I~Q'· ATI"SO\Ir~ 1.2. JIl9S . A Stm~n~

:

RII:I dos ~re.m. n'"'.IOa:; r...."lorto.. lU R"" 00- M.in,n;,§ ~ libcnbdt: 1\.' ~ I ~~~ R,belro & Plnto . RU3 do!; M~I~dl Ubeld3de • ." 111 E"nttlrio. nl RUl de C"nJcio 0' 214 lO' ,11 ~ Miinln;,§ da lIbcnWc 0." 10 (120) E.\rn!<)I"io<; n>. RII:I dt C:uuiics l\ôI

n ' 11i012jO)

...,,, ~IP. n>.

RII:I formos;a 1\."91 Elallótio lU RU3 da AIc-o.,na

, .1 2U I 1~91

IIH ~'"'' ~",'h~ . "•• O

nert1lsor

I r"'~1 . ,d,O'",,"

,

100m ,,,••

" (IInN inicim puhh":lÇJo

,

,,

~

,

OO Jo=1da Manhi )

.

Domm~

F..'>Cn!ooQ n>. Ir>ld~!I\,j, do

Td':~r:l rU·I'OA(al

.l.2.11j91

~Ts~

lOn·"

S~

:'lm~~~~

,

r

lo, '

;

I rropnel,no, .~ (c:

;

. R.UJ dO>C:iJdtlll"m. Uin."\.1<1! du

r

E\Çruoo~

na R. de: D.I'td!o

0" 116·1"

111


MA NIA IJA CONCI:.IÇÂO ME/NELES PEH= "C ' ''' =,' -_ _ __ _ __ _

I)ATA 2UI~91

2OJ,1891

JORXAL

EIll TOR

Al,'·EIIAÇÓf.s

TII'OG RAFlA

lIES1'O:-:SÁ ''EL

TITUt O/Ell lTOII

F. F_'iC IUTÓRIO

QTdfgr.lfo

CasitMOr~ll\;!

(:admm"tr.><lor: ~"nud Ant' C3rrlO"l)

H~kgr..Ti,t~. 3l~)

A Vicb Milim

(01.'",'

AlrmloJIMCtml~

\j:Í ~ ednor rt'flOnshd

do Jom31

llc FiçllClrtOO

11.6,1891

IUI~91

31 de J3ntiro

llolflim do Atfnro Co~l

~fu~m 1~.1.I891)

d~

NorldilS)

Tip.G~

llné Gooçal<o dJ Crw: (21I/l0'01

Valentim Rlbclrode Fml4.> (clllprt&adudc AI~nru .40J~J

, 2').U891

1S.12J~<J1

Uolrrim da l.igo! dO!i 1.a'"I<Idom do [)ouro A Idria r.o''lI

O Tntro

U189~

Tribuoa

H I ~92

,\ Pm1ugu$

-

12,2,I~n, V"knURI Ri bcirooc Frt'l»

AR!'Clmo E.;rn~ de MODI> :IIIU:O cdllOf do ~ Á(I\I)lidadf ) AnlóluoJo-J A!oe.

dtAmalo

1~1i>~1

li propncclno Ihlt jOmi t editor dJ Pro, inria)

Ma,n.., l ln;;":l(l Ah~, ('.tem 1~~nlurj rKl)

5.J

189~

O IIombeiro Municipal

10,10.1891 . Jo;rqulm M<uras

1(II1J(lI1C1jllo~

Mnud OIwte de Almcicb ImJ",pul:1d<rrdc lahxo ·33 al1(hl

Mam... 1JOloO! Rodn,u"" de MJl;llhxl.rtIjII'e~3do .omcn:~1

Tip dJ. Empr= ulcr.ma c Tipoj;r:ífio • R. de D. Pedro n,' IKJ ",,"tório na R, d.:J Ca,ulllO'>J n,' 263 Tip, na R. dt D.1'tdro n,' 119 oo;lório ll;I R. dn Lourriru ",' I:tI · RIA ~úlderrrllU!> n.'43 oo;lórios na RIA &cur.I 0' 281 \1.000.1 Tip Ocidenw · Ruada F;ibri", n,' 80 F.>rntollo DO AI:ncu Ru.1 p~"", M:IIluol n,' JJ R~.io na Roa EnIrtp.>rtdC) o' J81Yj Tipo;nfia t mbtção na Roa do! Boapnhm a,'lSI

m~)

I:.!.cnlónos l>lI RIA D. Pedro D,' IE-l Ti(lOVolfia Ci,iI11~ · R~~ 5anlO IIddonw n,' 77 F",Tilório< 1\:1 Tr..\·CS>-1 W Rua ÁI.;rroÚ>1dões n.' 32 Emprt>a U!.' "TifKI2r.i~ca R. D, Pcdmn" 184 E.'OOIÓIlO na R. D Pcúro n ' 90 EnIIKt'W TiMtific:r I'rogresw • RIa do.! Boo)Jlllim 11.' m E.<m","", no me\IIIO prédlu

. 4 1~_1

B 1892

JIlrn2l df Finnl;3)

Albcflo Mendc<.llonIIn;ocInr~ociJIIle·22

:rno»

Tlp. "" AAIIf J. de Sou", & Imr.iII· ~ de 5, DonunSO'> EscnIÓnD 1\:1 Rwr dos

L:uoJlIIIIIJ"n," 22·1' 12.S.1~91

A Fi' l'Ublica

26.II.IR91 O Emanô pador

S"nl<1C1Tcimr.. "" Ca~ro 128,n<JS) 111110010 RPlIrigll(>w SiI." (nranrpul;ldof!lo: IAlaro ·24 .~)

2IU,I~9,l

A \lcdiôru Modern2

Arn." l(l;\l/\lim do: Oli\'tir.. C;!>Iro Imbliro<lnr~iio ~l

9,1.1393

Jom21 110rtinrlo . ·A~ritul:.r

;an&.!

Eduardo Aueullo de AlmcNb IgumL:r·li\M· 3J :.IIO»

T,p. c c<,mIÓl10 1\:1 Tr.. ....."" li< P.."", Manuel n," 20 "p.Ci'lh,,,,,Ju · ~o do Pocinoo n.'" 73 ~ 7i !!scnIÓflo, Rua o,!J Ú)II)lIIUIÇl<l n.' U Tlpü'lh~ . RILl de P.b."" M;u:ur:1 balloloos l>lI Ru:a MO"!'lnoo dJ 5il'1:I12I1.' 2SO J J.lb'95 · JOÓIIIlOO Monl"lro Tip, de Amónio IMO! da Sih'2 T~llclr.r. . C.tII<:rb Velha n,' 10 "C~ EM-nlóoo> 1\:1 RaJ Ccmp.' lhor\icuhur· ~ IUI(/\! lI\l11iroJG.A~ricola , Rua do:. Fo~UCICHVS n.' 5

112


JORNAIS, f::VrrORl::S E TIPOGRA FIA S 00 PORTO r f8M-IJl9.'1J

IMTA

10.2.1893 ,\ Mliquiu

JQIi AU~lJ';1O Com:i~

1Drj!'.)o1b~" Ciu'm:Ir~

Ikban\lm de fflrol

~1.TE R,\ÇÕE.'i nTUtO/EIl IT01l.

E1J1TOR ltl::S l>QNSÁ \,[1.

JORJ\ \1 .

11!]XqlIll1Dl. ildmlnJ'IlrWt

mbctor pnoofQI l

Itmprt~Jdo dDs aroinho<

de fmo· '2 a_I

lS.11893 · JmqullIl mmr.l1\ffil hn l!Of de bilt-dr~.w.. aro,,,,",, dc fmo· ~9"""1 !lA.IS9J· ~ mnciroro ~Ah~I31,,1Q!.

• jH edilor do Ch:lTluri l

,

A l'o11ufUI'>a

.13.189'

O \'tltlCijlfdist~

Manuel In.kio Alie!> !'.:ttlr.l (c..cnIUlMlo· 26 000'>1 M,nucl ln:kio Ah~ Pcn-il":l

14 .3,1 ~93

o Dr.lp:lu

~bnu~II" :k io

6.J

I ~~J

O~linho~Douro

25.7.1&93 O " rolr3lu do /l.'ort~

S.1,189_1

Tribuna do \Ia~bt~rio

Alm l'errll":l

lollé Augu,lOt"om;IJ GUIITlar:':, I~ pfUp.-i~láno oole JUf1Ul ccmpn:gõlÓodo<; C'J mtn OOs de fcrro) TIS-O J; lhtod.l Sih~ Lopes lemprt~:Ido. 29 OIllbJ

1~.I2.1~95· "li

I'ol"ioltu

le.rulllrdt A Ponu~u=1 (péed llordoJOl'Tl:lI A I'ortugu~ )

(dCl.I>llu!b mponsabi lid:l<.k du jomaI A ~ 1 :í4uill~ 1

T11'O<aI.A~· I A

f.: ES CR ITÓ lllO

o

lir_ !b Ru:a de Pedro EKnl«m lU RIII de rImo 1Ic)"u' 21. 11t>1d(acia do tII~orl lip.Ci"II1~.io

• RILl dr 5>1110 ]lôefon"l [.,:ntóno).. lU Rw do Fn:iA(l n.' <I09lrnidéam do rditOf) Tlp_ c ~l<lno m RI'óI I> Pcdron ' 18-1 lip_. =ntóno R.l Ru~ D. Ptdro aO184 Emfll"N LiL' . TlpoSr.inc~ · R. D~nlno ls.t l:.\01 lórJo., nJ RUJ D. l'CIIt"u n' Ilb Tip. GUlembetj; · RUl ~Cahkirrlros nO4J

"

bcnlÓl1~II.l.RII.l.Ik

I'1nI08 ...",o'211 (l1:>"lClII:,.. 00 tlim,,! líp Gulell\bnt • RII:I doi C~ldelrrilO'l n,' 4) GmllloO> ,R. BooJ.mIim n,' 1i(JJ EmprNol.ll' f Tlpoo.;nflC1l Ru:. D, Pedron" l$.I [<rnl<\tioo. lU R. EalR'(l~reth

T...<.OEII)O()d.lSlh~~

n' ~

31.8.1893 A FoIIucltl[o~ IjonW 00.. openno.

Jooqulm

M.d~

de Al,C'lNo

~lCOIl

30,9,[893 l'onlOli t \ IIJUi;!S IJl!I'Ilf1d.inoAru'M3I'Iuc! Sequeir.J c Jw! I)omln~ dc Ale.cdol 6. I O.I ~91 ComiodOliTI'::llrm

TCOlOOIO J<l)é Gollf.lh .. l('If1lf~tIoe"'llHl h.'rel

I\IIIÓ,1IOde C.-.tro GUIIIW.ic> (emp.-q: ........ ]1Úhhco. 21 '110\)

I,I,IRIJ.I

O 1'0'0 de (;.I~

Anlónio !'ercirJ Vali. 1propt'lcl:!no de QtklllJ

8.l1~<j.I

MffI~~ciro

T~w,

t'dilor 00 jorNl

Tlp li> lmpru>I Pt:inUJ:IIN já e~linlO ldria /l.'n,. ) bcnlOllO> lU RIII ~ n• ~8f) !l.I.I&9J · Alllôlno Li:1OOI. de r;oenl~ lU RIiJ 00 Bonrtm MxaIo 1e!.m'lcnlt' • 321110\1 II.' ~3 3.S,)89-l António ~b" ucl E."nI6rio.1I.l. RIIõI!b, Scq".il":ll""~ocIJ nlC c Fonw.inlu, n: 167 IIldUllIi.l· 38 """'I Tl p, II. Rw S "'lId.((Ift\O n' 73 E~n!l\ril)\ nJ Ru. PJ""\ [fOI

MJnud n,· 19~ Tlpoj!rJfiJ e e~nlõrio, IlJ RUólClLln,' iSO

32 ~no,J Ellw1ll 5111'J Lope-

r ortul!.uês

15.1.189-1 AfI:Il. do /l.'olori.do

Allll,o AuglblO Ml)fllell'o

Portu~uês

lU 181J.1 Agrirultunac Ilortirullur.l 1''';1;(':1

Jooquim M3I'I".11'mt1":l B"..", toon ...... • S3 """' !

lj!éalnordos jom"i, GaZl'ID dt [I,·oliciJS c l'rol... to da [I,·une)

lip Ac.1dtmi ... Pr,' d~ B:d.jjlt:a II'" .lS-3i E<cnlOOollJ Rua III BJt.tJ1u n.' S61Sél bcnlUno. IID f'Icuco dJ MalJ K_~,ISt}6 furnt<inol ~ RI/) di R3lnN 1\ ' (6.1 f J>;Jr,u,ho-.) Ti]'l de Coelho mmf':l

Urp! .... Lóios E~oo."..lIl

RI'óI ~Ak~J

11 3


MARIA DA CONCEiÇÃO MEIRELES PEREIRA

Il,\ TA

EIlITOl{

JO ltlli ,\l.

12.5.189J O [" d~JlI'nsâwl (pnJpflrlmQ Am:ulru E.'afl>lo de Mor.lI~ Sarmenlol 21,6,189J ,\Fl)lh3daTardr

n~:.wo",s,í. \' EI , ~b nud

i\h~io

de Sousa

Pir~>

de Brilo

145 aI'IO»

31,8,1~9J

A Mocidade

Ahnio de Brito (4.í;l~)

1 4,9.1~'9~

RnisI3

25 ,'J,)~'j.!

O I'ai:. IpropneWio: Eduanlo d.t MOCI Ribeiro) Uiah<l

18.5.18~5 ~.6.1895 6.7.1~95

Lite,...~ria

O AlII3dnr Or:lm:íli", O Reo.umo Iprupnel.'lrw: Ernc,[o de Mcn=)

ALTERAÇÕES TITUI ,Om ll lTOn

AlhJno L.cn-.o; MxtdD (e mpr.· comercial· 49 anos) J"';"! JOJquim FernJnd~,

(lkilOU de w ediwdo A VOl do PO"g . bairro ociJcn l~1) (foi witox de ,\ Folha d~ T"rdc que su,pcn,ku ~m Ju lho) (fOlwll()rdo Pontol" Vir 'u la!J

ClI"\'~,

(c mp!.' c~llIcrcial 50 ;1110» Mallud In;\~lo AII'c. Pcretr.l Ic>crilur.!rio -1~ 100» J"';"! fr.nc,sco ~o AIH5 Hu~o de 1"oronh.a (3ü ailO'l

,\ !.Ul

Man ""l ln;"';o AI'e P=ir:l

Ifoicdilorde A I'ortu~u= c Diabo)

26.7.1S95

Madru~3d3

Amónio JO>é AI"c. Ijnma l; ,w)

léedllordo I'rmínda J

29.8.18Y~

O Ubcrtllria

João da (O'll Mncan:nh:l.l (101,CIIJOOr' JO anoo.l Fr:ux: isco Macnado 1'001:.0 (2') anlli)

U\8%

Jomal de \'Ia~ens e A>rolUf'J'

(4 ~ ' 110')

IfOlCd;lordt: O lndi'lWn"i,'d)

Manuc l d~ Suu,", Pirc:.

(foi edilor do Indil[lCns:hcll

M,l"u..: l ln:ic io Ahes P=ir:l (e,crituririo · 28 .ftO'»

(foi ed ilOf de "JrÍQ, jornai,)

M.nllCl de SouSólI'in:s

de'] ~mI t Mar

4. 1. 18%

r.3l~la das ,\Idcias (...,m.mirio tk

22A

O Má Linfua (jornal ilu>lf'.Idu de rrillc::l hUOMlti'lIc.)

plOf1J~andJ a~líC!l I :01 I~%

20.8,18% O Luladof

lo"" [l0l'~" (~2

11 4

""",)

Imprat>.1 Ponugues:! ,R, FOfmoo<! n," 111 E;.(nt6!los na Cancela Vdlia n." 82 (n:lulencia do cdilor) Tip.Onon!>1 de lo..eCoclho F.m"r:I · Llrgo de S.'" António do llooJ:lrdim n " 13.1 Tip. c =1000 nJ Ru~ de S~nt~ C~t;uin~ n.· 177 Tip. S«1.J · RUJ. do> Lól> n.· 59 Tlp. e e>crilooo na Ru, Duque Loulé n,'" 100 · 102 Tlp. Gult.'!I1bclJ! RUôI 00, C:ildell'ell1l> n.' 43: E>cnlOOo no me">nKl ,;tio

ItedilOl do Ch~ri\'ari )

13,7.18</5

IpI'OpI"ict:iriu; Dr. ()...-:Ir !..e.:d . tOCdiro) 30.1.1895 R~,'i;la Fol'ell>\'

TIPOG RA 1' \'\ E ESC RITÓ1UO

TIp, [0011.\11131 -R. BonJan!;mn,· 363·1.· F..I<."riujrio no mesmo.';lio Tip. na Ruado Bonj,rdim n,' 36~ r:.scr;IÓlio na RII.:I An~lmo BIlIJl'H:amnn."67-1.' TIp, e t5rnIÓnO na RUôI U, l'alro n.· I&:

Empn.">õl Lu.' c TIpogrifl" - R. D.l'wron,"184 E:cit·-lldoCorT"';on,· 44 TIp. lKl ~lIda I'olkia n,' 4 Escnlório na R, do> Pda!ll/,."> n.· S· t · Tlp. Út"1a.nlJI L:II~o da F'-hric:3 n.' ~O r:.l<'flIÔIl<l1Kl ~roo sflio Tip, Ocidenlal . lar!;od.J F.ibric~ n,' go Escri'ório no mt51ftO jitio Tlp. $Qc1.J · l:!~ doo.lóiO'< n,' 39 e ulQj:r:lfla A LibcrJI · l:!rgo d.t Piema n." 23 Escn\. na R. do Call>"O n,' 15- 3.' Tir, d~ Anldnio Rrutl(lS · R... d.J.,. Ro;c,. n." 30 F~ritónOl> na R. 40 Pinheiro n,' 53


JORNAIS. EonVRt:S Enf'OGRAFfAS D O f'ONTO ( f8M -fIN8}

DATA

21.8.1896

Jornal de Notici1S

lO< ' .

I""'" '.m,ld, T,ro,

,,--.

,

;,,;,.;,

I n;m,"~",""""',)

• J1 ,;."

,

"', ... d, H.j,

,

17.3.1898

""""

I ""'"".,

ilS'~I '

hulllOfi>tiCl)

lounR< - 4H JJ\O'1

n" ~3

E!icnlÓnos n.1 RIIJ

IfJJ/1ClC(UIICQ. H 111O!>1

""li," ,

,

,

"

Id;'.

F~ri~

'i,

,

,

(ase nte comerml)

I F.='óri..

011.. ""

)M",..

1"5.18" Id'~;'nno

,

I Tr~

(tintureiro -16 anos)"

..

I~

n." 4) 'III

iii

·R.~ M :IIIudn"~11

, ,"" , . , , r,",O1 ,

,

":'S

n'"121 E...:mórias na Rw da "ilha

,1'''''0

I""'" I" 18"

I "."" , · ,,'"

Amóm, ""d'OO d, Soo"

O

· R. D. Pedro n. 1&.1 I!srolónO n~ R. O Jcrunllm'

Fom,,".

~

:'.",:","'"

·

arI()I')

AF,mld,

, ~.~

, , ,""'o (t.\Cnwrári<l- 28

112.4.lgn

, """""

I "' J<l,

(48 a'M")

11.1.IS"

, ,

,

Fan~

ont~

,

1'1'

(é proprlct.iriO do jom.ll.

,

11 .I.I S9'

,

..

EIllTOR Rf:.SI'ONS,i \ 'EI.

JORI\'AI.

,

Iméd;rociru'gi;io·lO a_I

I ~~~~.na R. BalTO> Ln~ I "P,

.

<k Sou"" & Irmão · I..:ugodc: 5, ()Jmingos n." 76

I ~~~<l Ru, do: COSIa , . &.15 n.1

115


MARIA IJA CONCEIÇÃO MEIRELES PEREIRA

NOTAS • TI';,b;Llho intt'1;r..do no projecto "E-_trUluras sócio-econ6mica.' e Portugal (S~e~. XIX - X X)~. Il:llrocumdo pc:1a lNICT.

[. A. G. C. M. P. - Li,"'o do

R('Ki~l"

indu~triali7.ação

no Norte de

d'I\'!mhi/iwÇfICIIS dos jmwH'.,· t: dfl.'· E,lilm>!.'· Rt:.,·/">It,·,,l"t'Ü-

8'úrm Occid..,Ulll.

2." G. C, M. P. - Rrqurrimell/(J.f para E'/'lOr".'· rC"'l'm,."lIl·ei,,· ,lo,' jor'W<'J - lIairm Ori"l!fa / (C .. V I 564 e C ... V,1.564").

""I'

3. NeI"fuo do,jumm',' ".,ui" ,'III IlIIblic<lção <' s.. ac!ramlwhililado.l"'1U admini'"lraçam d'e" ' l: I",;rnl '''-'cid"",,,/ ,/"'/" I'" Cm"",'"r", Oer,,' da I"'/ió" e lIO Cm"i.~.~arir) do 2 .~ di"isão i!1I! 12 di! ' '-,','<,ri!im rlt! Ui'Jl. Fdl:! II :lpfe"elUllção da~ fOnle~ documelU:lis gO'I:lri:l de referir que live

conhecimenlo da sua exist~ncia "Ir,né, de Uni "migo e conheeedor do~ :lrqui\"Qli portuen~es, o Dr, Si[\·t!st .... Lacerd3. 4. RIBEIRO. 1\.'1:ui3 Manuel;! Ta\";m:.' - S"hú,!ios paro a Hinóri" ,I" Ubenlatle de Imprellso - Mcoda,· dfl slt;:"lo XIX. Coimbra... Separai;! do Bo1c:tim do Arquivo da Universidade de Coimbra». 1984. pp. 46 [.462. 5. ALVES. Luís Alberto Marque~ - S"b.f<lio,' I'ura a HI.ruír iu du Imprell.\·u ,'/II Ponugal- Parla, Cenlro de Estudo._ H umanfsti<.;o~. Cadcrno~ .. Estudos Co ntcmpor:LIII!Os", n .~ [. 1983. pp. 8-9. (1. MATOS. Marcelino de _ 1)(1 R".~/'O/Is"hilidade dO,I' Editores de Perim/h·os . .. R evis ta Il c Juri~prudencia». 1'0110. Til1. de Sebaslião José Pcreir... l. 1. n," I. Dez. 11156. p. 7. 7. R1l3E IRO. Mario Manuel;! Tav~res - n. c.. p, 490. R. R""i-'fO d,. Jllri.l1m"leIlÔa. Pano. Tip. de Seba"tião José Pen:i l~'. L. I. n." I. Dez. 1856, pp. 3- [4. '). n. , . p. 13_ lO . CARQUEJA. BCnlo _ A li/It!nltu/.. de Impri!n!w. Pano. T)'[XIgmphill tlo ~Come .... io do POrto... 11193. p_ 39_ II. O, c .. p. 23, 12. COELHO. Trindade - uh<'rtlm/t' de Imf/r"'ucl. Prol"'.,-ipie.< a/,r" ,W!III(1(IIIS an COl1l1resso do U"üio 'menl/lcimral de Dir",w P('IIIII. LI~boa. Antiga Ca~a BCI1r.lIld - Jo.">i Ba~to~. 1897. p. 2. Para cOlllprecnder eaba[mente a opini::lo do autO(" »Obre a matéri;! fdim·....:: o eon Leudo das resl:lnlc:.~ pro[XIsiçõc:~ ; a 3.' defendia llue a pcn:l aplicada ao aulor deveria ~er )oCmpn: acomp;lI1hada de condenação do jornal elll ImolH<. de,'endo o prudulO de~ta reverter em ben<.!fkio exclusivo de e_tabelecimento, oficiais de 1Il"lrução; " 4.' defendia que aos delito.' de liberdade de im prells a nliu deveria corre~pQndcr nUIlC:1 pClla carpam!. excepto nos casos do._ arlil::')!, 159 .... 160.~. [69.·. 170.- e [71." do Código I'c n:ll (ofcn,,,s feita., a chefes de naçOc. e~tmngeir.!" a rcprc"entantes de nnçõc" e,trang<,ir." e 110 e1a:!"e de e'ladu. rebelião c tenl:lliva dc de",ruição da imq;:ridadc do reino), podendo ainda nC., le' "''''0_'' pena eQrpora[ ..cf ~ubstilU(da [XIr multa. con...oanlC parecer do trihuna[; a ultima prO[XI~,,;ào referia que n:pugn:l\":I:lo t'''pírilo da Ca1"l:l COn~,ilucional que os dclllo~ de [iherdade de imprcn._:I fO~)oCm jU[j;;WOS por UIlI jufl; ~i"gU[;lr ou por um juri especial. de,,:ndo -.cr todo~ cometidos aO juri Seral. apó' reforma dc_~tc. 13. Tom:!·"" nomeadamente dirrc,1 acclwr que., editor rosse em ....sr.. um elemento estranho 11. sede da emprc'<.ól quando o c~tudo dc~t,,~ lonte;, reve1:1 que er.. mui to rrc:qucnte o eSI:lbelecimcnto da reda~ão e administr.!ç::lo do jom,,1 na prupri:l rc:.<idt'nci:! do editor. [4. " G_ C. M P. _ Rt'",,('rilllelll"'~ l!(Im Editor!'s r!'~pOl!MI\'/!h do.,' jf}rm,e~ - Bairro Oriental (C:o. V.I. 564: pmec".., n." () cio: 30 de lnnciro de 1867). 15. A . G. C . 1\. 1. P. - 1("'1""""",,'11/0,' f'(Im F:dirnre.f reslwII5/11''';''' do.~ jf}/"II/1"~- - Bairro Oriental (C:o. V.I. 564; prvcesso n," 84 de 18 d~ 1ulho de 1887). 16. A G. C . r>,,1. P. _ RI!'1""l'illll:1II0.l' IJ/trl/ Edi/(Jrt'~' ,·1'...1'''",,''''·''1,. do.\' j(l/'''''''.\' - B:!irro Orienw [ rC:o. V.I. 56..\; proce~~o 11. 0 [49 de 23 de Janeiro de [894). 17. A. G. C. M . p, - Rr,(/,""';,m'IIr'" /lUl"O Editou!." relpOm'(II·ei.,· IIIH jOfllu/!_, - Bairro Orienla [ (Cx V.I, 56..\ _ A: prucc,,,., n." 173 de 23 deJulhodc 1890). [8, A. G, C. M. P. - Requerimento, l)(lm Edllnre.v rl'!if/''''.f/ll','i,,· ,/(Js illflla..s - Bairro Oriental (C~ V I 5óJ - A; pmee.'...o n." 119 de 5 de Selembro de 11191). 19_ Com bOI ....: 110 Inquérito Indu<tri:tl de U181. Jo.'>é Teng:lrrin h" a~~III;I I" seIS peri6dico~ portuenses eOll1 tipo1;r.sfia própri:t: Cmlltlrcif/ ,lo P01"fn. 10"ra/ do Pano. O " rimelro ,le1<lfIe,ro. A P"lm'm, Jnn",/ ,Ia {III/II/ui c' /)"~""'''m lle Mo'f'> ( Húuín'a do Im/,rem'l/ f'eri&l!c/lI'..nuguesa, 2." ed ição, Li_hoil. Caminho. 191\9. p. 229).

116


o CARVÃO NA INDUSTRIALIZAÇÃO PORTUGUESA IDQRINI)() VAscar-:CEI.OS LlA !~OCHA

I . A questão da riq ueza min eira Falar da industrialização oitocentista implica, naturalmente . colocar o problema da riqueza dos nossos recursos minerais. Esta te mática. levant::tda nos princípios da centúria, estaria em cena na lransiçilo do século c por todo o decurso de novecentos, sempre que no palco da cconomin se debalia a questão da riquez.a nacional c qual a opção a tomar cm função da verdadeira vocação do país - um Portugal rural ou um Portugal industrial. Dc.<;de o começo de O itocentos que os minerais constituem o lastro de Iodas as d iscussões de base ind ustr ial ista. pelo que se e ntende. consequentemente, lodo o esforço de inventari ação dos nossos recu rsos mineiros. levado a cabo, sobretudo a partir de J 852, pelo Mini s.tério das Obr<ls Públ icas, Comércio e In dústria, então c riado . E porquê? Ora . como se sabe, o fenómeno minei ro começa a pôr· sc. com IOda a acuidade, há pouco mais de cento e cinquenta anos e porque estritamente ligado ao nosso atraso industrial. Tod.wia, a questão da riqueza mineira do país. porque nunC3 consensu31 e sempre oscilasse ao sabor das conjunturas nacionais e illlemacionais. se mpre se foi refugiando no desconhe· cime nto do subsolo e esbatendo na dependência dos capitais estrangeiros. Nos começos deste século. Campos Pereira afirmava que as «minas. qlle pertencem qllási na SilO totalidade aos estrangeiros que aqui "Em exploror'llOs. quem. em geral, manda. é o personagem de fora impon ado. capota: lá. e cm Por1tlgal grtwde senho/". m ercê da nossa complacência e de 11m resto de servilismo que ficolI do.\· rcmpos da malga à porta do com'ento e da edllc{lçã(l jesuítica qlle conril/lta domil/lIndo lias /}J·m,íllóas». Perei ra apelava ao desenvo lvimento da ind ústria n~lcional pela valo· rização dos recursos c traba lho nacionais. neste caso particular, pelo fim daI) minas . .,factor valiosíssimo da /lassa riqlleza pó/ria». na mão dos estrangeiros . Pelo modo como o faz. e pela forma como que se opõe.\ tese de A. Andrade que. em J 902. defendia que POrlugal não podia ser um país industrial. ..deg~ndo que «Onde {IS materias primas fal((llll. e ol/de o ca /"\'(Io de pedra IUIO e.\'iwe. as indll.wrias só podem medrar ó sombra de prOTecções caras» I. achamos de todo o interesse transcrever a passi.lgem: Pelo que respeita às minas (... ) Nüo ii de acei((lr qlle leI/hall/OS êsse el10rme capiTal fixo lias meios e para negócio excl/l.~iI·o de estrallgr:iros. 011 de aporruguesados por illferesse industrial. 11/1/11 jogo de venda de cOIlf.:essõe., em que êles wdo IlI c/'Om e o pais nada aprO\'eita. Da /J(/ cionali:(lçiio das minas resllltará o seu aprovei· tamento em condições bem /IIais vantajosas do qlle até aqui: os produto.t ex/roídos. sobretudo o carwlo. lliio seriio I'elldidos ao preço arbitráriametlle fixado pelo explorador, em cOllcorréncia com o carl/fio inglês imporrodo. 2 117


fI)()/(INIJO VASCONCELOS OA ROCIIA

Cinquema anos a ntes. o Relatório Ann ua l d a Inspecção de M inas. relativo aos anos de 1860/6 1. am ecipava-se na de núncia das dificuldades q UI! a nossa exploração m ineira vi ria a conhecer: A opilliüo. (/.\' lei~'. os cOSTumes e o.ç precol/ccito.{ por um lado, por Olllro a ignorando acerca das condiçõc,,' C,\',\'cnciacs d'esta indus· tria. a falto de aptidün tec/mica de,~de n ,\'imples operario até ao director, o a/rl/:.n das industrias auxiliare,\' qlle fornecem ás lIIil1o,,' os IIwteriae,\' e 0.1 illstrllmelllos de trabalho. 011 Cal/somem os sells prodllclO.\'. a carestia dos capitaes. a illcerte:.a inicial dos gastos e dos re,wl/{/do ,~ da exploração. e fil/lIlmel/te a difflculdade dos transporle,I', Slio olnll/culos copazc,\' de aS.I'lISlllr o.~ mais ollsodos capiwcs, ( .. ,) Sem a facilidade dO,ç IrOllspn/'fes. (/ primeira industria exlraclil'a, (I.\'sim como li ogriclIllII l'a, 011 lião podem nascer. 0/1 arraS((I1II il/evitavelmellte 111110 vida I'achilicn e mi,çeravef3.

Mas a confiança cnl. ao tempo. por demais evidente. «em 11111 pai:. cujo solo a .1 indicações de sciencia e algul/s factos de obsf'/'I'a(ão rec ellle denllnciam ablll/dal/te de riq/le::.as lI1il/erae~.. A ~' IW exploração pode I'ir a consriwir um dos rall/o.l' importante.)' da ,/Us~'a indllsrria ...4, O clima industrialista que envolve o mundo no sécu lo passado também não deixa de visitar Portugal c faze r com que se atribua às minas e aos minéri os urna importância renovada e determi nante para o seu fome nto industrial , ao tomar conscii!ncia de que. construir o progresso. imp licava dispor das riquezas do subsolo. Assim se j usti fic;\ a feb re mineira a que assiStimOS. conscientes de que ter minas era signi fi cado de desenvolv imento e de independência. reco~ nhecendo-se nas jazidas de minérios. particul:m ncrllc de ferro e carvão. os alicerces da sociedade industrial. Carlos Ribeiro, engenheiro e geólogo do Min istério das Obras Públicas. Comércio e Indústria. mostrava-se conscien te da importância mineira n a industriali7ação do país. q uando. em 1857. afirmava que. «p o r maiores que .f(!jam O,{ desejo.\' de iniciar, 011 de.fen l·ofl·er o il/dustria Jábril em 1111/ paiz. q/le preci:.a das diw .\' /lJaterfas, (I ;ndu,\'l";o IIlInca .\'t:rcí .~el/d() Ilfl/l1 existê/Jcia cpltelllcr" e improdllctil'a, 011 esteri!. e o .HIlI dllraçein ,I'eaí milito IimiTtlda, emhoro se jllçam 0.1' lIIi/ iore,)' saCrifícios para a COI/,Wll'1,(( /, .. 5 . O gráfico n.o I é revelador' da loucura mine ira que en tre nós se levanta desde o sêculo passado, Porém. n50 ~e pense que todas estas minas iniciavam a respectiva exploração . Desde sempre constituíram objecto de especulação. po~sibil i tad a . freq uentementc. pela própria legislação. ao perm it ir q ue os registos de desco~ berta <;c fizessem mais faci lmellle. por vczes mesmo sem estudos consistentes. o que provocava exploraçõcs dcbil itada... e mantidas li espera do momento mais oportuno para se vender, A es pecu lação era um negócio inerente às minas. O quadro I é um exemp lo do que acaba de se :lfirmar. Muito embora a activ idade especulativa constituísse. de fac to. um objecto de ncg6cio c. por consegu in te. de estrangulamen to :1 exploração das mi nas, 118


o CA RVÃO NA fNn USTRlAUZAÇÃO "ORTUCU/;"SA

------'--"-'------

teremos de rcconhecer que muitas concessõe$ não permitiam a viabilização das respectivas empresas pelo racto de serem demasiado peq ucn as e não consegu irem os meios mate riais c técnicos para urna cxploraçilo eficaz. G RÁFI CO No" 1 -

I

EVOL UÇÃO OAS C01"CESSÕES M INEIRAS 1836· 1962

,OOQ

. ~=---~----~----------~

'al&.'.~"

QUADRO 1AJ\OS

IlAS CONCESSÕES" LAVRA A(.·T IVA

.WM. TOTAL DE

TOTAlIJEOOUTOS

,"U\I. filo: co ~ c

~"l~lIJECOUTOS

,"Ú~l DE CO~c.

"1:.\1. DE COUTOS

(:oscrssOts

MISf.1MOS

U I U\"Il.\AcmA

M1X 01 UYRA

AKA,"I IO~~OOS

\1I~ABA:.noSAOOS

-

1928

211

20

41

13

22

1929 1930

246

21

288 296

" "

"

68 50

""

"

11

, ""

133 1 1932 1933 1934 1935 193/'t 1937 r-oNT~.

200

13' 101

-

"'"

26

25

2. 25

I 010

2(,

I. O·tI

27

I'",;\",hul"d" 1>.....,,'("" · 1..<:1 n.· 29

"

70 OS 121 202

11

lO

" "

18

21

22

"

37

7.

" _li

-

-

ns <.lc 28 Jc Junh,,<.lc 1939

Carlos Ri beiro. personalidade determinante no sa lto 11101llanf"li co oitocenli sla. conside rav;! que para o progre sso industrial era Ilecess:i ri o contemplar outro, factores. um;! vez que «bll.fcar pOr/amo o C(II'i'tiO e o ferro lião é mellos II ece.çstírio pora li prosperidade de 1m'" nação. do qlle prm:urllr a ill.tlrllção do fWV(). dowr o pai: de bel/as vias de comullico(ti(). 0 11 de ol/tra qllalqller medida de recol/hecida lI1ilidade ,.r., Ma" "e o M inistério das Obr;!s Públicas. Comércio e Indústria se tomou o grande motor da arrancadn mineira verificada desde a década de 50. o esforço para e<;<;a possibilidade fez·se já sentir nos começos do século com a cri:Ição da Intendência Gemi das Minas e Metais do Reino cm 1801 que. como organismo do ESlado. chamou a si 1.1 responsabilidade directa de toda a sua exp loração. 119


/oOI?/Nf)O VASCONCELOS VA ROCHA

Assim. pela an:ílise do Alvará de 30 de Janeiro de 1802 que regulamentava o funcionamento da Intendência. concluímos facilmente que. nos seus propósito .... cstavam a~ matérias-primas minerais necess.:írias ao progrc~so das indústrias. com destaque para a~ metalúrgicas. até porque o se u «il/speclOr geral» deveria. entre as suas atribuições. providenciar para que nunca <<falle o Mineral preciso ao cOI/sumo das ditas Fabricas: e /1(10 ces:,;e o trabalho regula r e sllce.\ 'sivo das Fl/IldiçiJd' e OfficilUu: lJem {JossiJo as Mil/as. pelo seu ahandonu /empurario. deteriorar-se

011

arruinar-se de rodo),7.

Apesar das imenções que presidiram à criação deste organismo. os resultados redundara m num fra casso. aO termos em conta o «desleixo e infidelidade des.w admini.\"lraçtlo, que desde () anilo de 1802 aré ao de 1835~) rez com que o Estado perdesse «a somma de celllo e quarenta e dous COfl{OS I/Ovecel/to.~ cil/coellla e /lOV/! mil /rez.e/lTO.~ .~e.uellra e um réis, sem contar o CUStO dos edifício'\". e /ftell.\·í!ios. nem os ordenados do,\' Empregados da ext;I/Wllllendél1cia»8 .

Entrc as v:írias explicações para cssa sit uação. independentcmente das dificuldades subjacentes à instauração do liberalismo c «lÍ má adminislraçc/o das mil/as por COI/ta da Fazenda publica» é necessário encontrar outras que «para se (lcf/{lrcm é preóso fra::.e-Ias de mais IO/lge. e

I/tiO se encontram sef/c/o na viciosa legislaçâo, que regia anles. fIO a/ra:::.o da~' idéas e de IOda.~ as illdustrias, e no receio dos capitacs, que fllgiam de especltlações que exigem a ul/iâo de grallde.\· recursos monelario.\· com a capacidade especittl»'J.

A corrida às minas não se viria a senti r ante,.::; da década de 50. o que se compreende se atendermos aos tempos que medeiam entre as invasões francesas e a Regeneração. a partir da qual foram possíveis a criação do ministério rererido e a legislação mineira de 31 de Dezembro dc 1852, verdadeiros marcos na arrancada das actividades eXlractivas, generalizado que era o princípio de que <qepresenlaram cm todas as epochas 11111 g rande pape/na economia politica dos pOl'OS» lU,

Neste contexto. jamai s a procura de carvrlo, cm corrclação com toda a rebre mineira que então se passou a veriricar. deixou de se equacionar nas discussões industrialistas do país. Porém. o maior ou menor optimismo com que se encarava a riqueza mineira esteve sempre na razão directa das nossas crisc$ económicas que li exal tava sempre que o nosso «l1oÔonali.\'1I1O» era rerido. uma vez que crall10S obrigados a olhar. por necessidadc. para dentro do país. N50 bastava a um pais ter minérios para sc considerar rico, Pior ainda se acreditava. mais por optimismo. mitos ou necessidades, do que por estudos efectuados ll . nessa riqueza, Os lucros que as minas podiam proporcionar dependiam de muitos factores. !lEio sendo a sua pobreza ou riqueza. por si só, determinantes, Esta é sempre uma riqueza relativa, Os mercados externos, para um país como o nosso quc n50 tratava os minérios c porque não era o que se pode chamar de induSLrializado. Cf:Jlll sempre responsáveis pela maior ou menor procura. variando cm runção desta o próprio desenvolvi11le11lo das minas. Assim se comprecnde que em épocas de conOito armado. como as que decorrem da I," e 2." guerras mundiais e depois com o conflito da Coreia (51-52). tenha a nossa produçJo mineira atingido «picos» elevados dc produção. embora nem todos os minérios se apresentem com o mesmo valor. pois a procura. em circunstâncius bélicas. torna-se bastante mais «selec/iva» em função das necessidades específicas que uma conjuntura militar acarrCla. Assim. por exemplo. O período da segunda guerra mundial é purticularl1lente marclldo pelo incremento da 120


() CARVÃO NA INDUSTRIAUZAÇ;'O PORTUGUESA

produção do volfrâm io e do estanho. embora este em menor escala. seguido do carvão. não porque nos fosse procurado pelos mercados externos. mas ames pela necessidade surgida com as diliculdades da sua importação.

2. Ca r vão n o cená rio da industria li zaçã o Constituindo os combustíveis a mola de qualquer processo industrialista e se queremos problematizar a nossa industrialização a partir do século XIX, temos. forçosamentc. de levantar a questão dos nossos recursos energéticos. Portugal. !l. semelhança de uma Europa que se revolucionava à custa da tecnologia do vapor que os recursos carboníferos lhe proporci onavam, vai contar. também. na su a industrialização. no seu <<take oJJ» industrial. apesar de «lenlO e tardio». com o carvão . Com o carvão que não tem ncm em abundância nem na qualidade precisas. mas que importa, a par d:t lenta utilização que vai f:lzendo dos seus recursos carbonífcros. sobretudo quando constrangimentos externos o obrigam a consumir o que. afinal. alimentara desde sempre uma polémica centrada sobre as potencialidades das suas jazidas de combustível e a melhor fonna de as aprovei tar. A má qualidade dos nossos carvões, combustão Jcnlil. fmco poder calórico e a sua friabilidade. «.çe esboroam e .~e red//::.em comple/amellle a p6»12, constituíram os factores determinantes para se explicar. desde o século passado. a sua importação. A estes acresciam ainda as dificuldades que decorriam do seu preço. sempre bastante mais elevado do que o estrange iro. tendo em consideração os custos de extracção e a que se li ga . naturalmente, o transpone aos locais de consumo. De facto. os gaslOs com a imponaçao e o reconhecimento de que este co mbu s tível era indispe nsável ao desenvolvimelllo industrial foram razões subjacenle:-. à alteração do regime mineiro para as minas de carvão que. pe lo Alvará 25 de Julho de 1825. saíram da tutela do Estado e foram arrendadas. por Ulll prazo de vinte anos. a urna compan hia particul;lr. ~«/ CQI/U/r do primeiro de .Jal/eiro de mil oirocel/lo!}' vil/te e .~e i.'>. até ao IIlrimo de De::.embro de mil oitocelllos e q/laren/a e cil/co»lJ. A Companhia obriga va-se a «;lIIrodll::Jr 11 0 Rei/lo os processo.ç, //Tel/si/ios. apparelhos e maquillas de que se lisa e IIsar en França. e IIIglaterra, IICI lavra das mil/til' tle carl'ão( ... ),14 pagando ti Real Fa::.eTlda a t01ll1 qllalllia de dll::.elllo.\· COII/O.f de réis ( ... ) em prc.\·taçiies de caIHos de rt!is CIII cada hllm ()/II/O» I ~. Interessa-nos realçar esta excepção ao "regillle mineiro» porque nos demons tra um interesse especial pela indústria do carvão de pedra. de que a grande preocupação era o «de.\falqllc do numerado, com se compra ao Estrangeira li maior parte do Carveio de Pedra ql/e se cOI/some ne:>Ies reinas,). conforme se constata: AlieI/deI/do por III/ma parle ao qll(ll/to cal/corre pa ra o ,raCIO. e aI/gil/en/o dtl indllstria. "ave~(lçtio, cOIIJI/Jodidlldes, e ecol/omia dos Particulares. c do puhlicn a abllndal/cia de carvão de pedra: recOIllhe(:elUlo que aqel/a abll/u/cm cia s6mente se póde esperar do.s capitaes. e c!}!orços de hl/ma companhia de emprehen dedores. que procure obter lia maior COl'ill de prodllcções o rel1dimell/o dos .sel/s IUI/dos: COI/sideral/do que ainda que hUlI1a simi121


mOR/Nno VASCONCELOS DA ROCHA

Ihallfe Companhia adminislra /micamellfc os 'fieilOs, que prodl/Z por sI/as propria,\' despe::.as, riscos, c fadiga: querendo em fim occ{)rrer ao de!>falque do Ilumerario, com se compra ao ESlronxeiro a /IIaior par/c do Carvlio de Pedra que sl' cm/MJme nesres reil/OS, e olargor ii e,lfera de lrabalhos /Ireis, em que se oCl/pem o!!" Meusfids Vassalosl 6 ,

Posteriormente, com ~ publicação do Decreto de 25 de Novembro de 1836, estas mi nas l1 passaram para o regime geral. isto é, sujeitas a concessão , mas somente quando terminasse o prazo do seu arrendamento 1lt , Contudo, o governo, «quolldo e!!"/e eslava o expirar '" elHelldell qlle não j){)dia prescilldir do producTO da relida destas minas, e propõz U//I projecTO eis Cúrles para que COIlliTllla,\'!!,'efll a cOl/,I'iderar'.I'e propriedade do E,\'/odo, c a fa::.er-se a ,ma lavra por arrendalllento e por prosas nl/llca !!"/Iperiores a vilHe allllO.\'» 1'1,

Só mais tarde, n~ sequência do Decreto de 3 1 de Dezembro de J 852 que cOnstilUiu urna verd~deirn revoluç50 n~ explor~ção das minas, se publicou um outro, com a mesma dala, determinando-se que «As lIIil/a ,\' de Olllrlwcile de S, Pedro da Cova, e de C{//'I'(/O de Pedra de Bllarcos, ~"ÜO comprehclldida.I' /'Ias dis,,()si('(jc,~ geracs, que n:/tlllaTII (JS concc.I".I'ÔCS para a.I' otlrra.~ mil!{lS),10, A s~ng ria de numerário, por via da importação do carvão, se ria uma constante ao longo dos tempos, Ao f'inaliz<lr <l centúria passada, um industria l

portuense, Luiz Ferrei ra de Sousa Cruz, proprietário d~ fundição de Massarelos, defendia, embora num clim~ de exaltação patri ólica a que o ultimato inglês nos levara que, «hoje, cm virrllde da ultrajame affroll/a q/Ie a Inglaterra, com v seu l'iolelllV /lllima//1111 de II de Janeiro, /{mçoll .\'Obre IIÓ.l', ti urgenrüsimo que tratemos de 110.1' desenvencilharmos d'ulI/a vez pal'o sempre, d'esse cOlI/lI/ercio pora nós sempre onerOSO, .. Or{I, para o cOl/segl/irmos, de vell/O,~' ir /raUmdo de exploror de IIO .I'SO COllla (JS /legoc ios que ella rinha para I/ÓS (. .. ) e 1/0 I/II/Itero d'elles elllra () aproveirml/ell/o do corl'''o das l1o!!"sas mil/as (. .. ), EmQncipor-/lo.I'-hemos a,uim da Tlnel/a da Inglarerra e evi/ar-se-ha em !fral/de parle a cllligJ'açiío pelo maio/' emprego de bl'OçOS»l l, Pela mesma altur:l. o conde de Samodães, afirmando que «o c(JJl/lio é u/J/a .l'Ilú.I'llÍ/U,:ia de primeira I/ecessidade, que I/OS fo::. IrilJ/l/ario.l' jorrado.\' da Grü-Bre/(/nfw ( .. ,) elemento il/!!'"ubsriluil'e l de roda a indusrria apelfeirOllda» , e reconhecendo que era «CO///O comlJIIslil'el, que (.. ,) lem conquisrodo supremacia indiscuril'c/, e por t!,~ra propriedade é que ell,' figura em q/wfIlias avulradas /ta!!,' cslllli.I'/icas, quer das alfwuleRa.l', quer das lIIina,I' fJrodllctora s», imen'ogava-se,

colocando lima qucstflo: Seria possivel que /'} I/OHO pai::. P{)/, e.\plora{'iJes 1/0 subsolo se collocasse iI/depene/eliTe do!!" mercado.I' eSlrallgeiros, que 110,\' envia "Cll/'VCIO, recebeI/do 11111 lribwo pecllniario cOllsideral'el, que ntio é dos jac/ore!!" mCl/o!!'" impo/'IalHes /UI atl.l'êllcia do oiro 110 cireu façüo inrerna 22 ?

E, de seguida, concl uía:

o ('(11'1'(/0 role I/Il1iro, //lOS () ferro nelo vale mellOS, e o paiz que prodll:,ir o ferro elll cOl1diçôe,~ de I){/ra/I! za e 110 ablllldancia qlle a.I' indllslritu reclalllam, lelll ba.I'c segllra J)(/r{/ o seu ellgralldecimelHo ecol/o/llico, (, . .)'23, 122


o CARVÃO fi"" INIJU!,TRIAUZAÇÃO PORTUGUES.\ Tido como peça indispen.~jvel .10 desenvolvimento. vej amos como era visto pelo economista Albano de Sousa o problema dos nossos carvões. nos allOs trinta do nosso contemporâneo presente: E () problema do COI/sumo dos nossos carvões não depende alumas de/es existirem, como exi.Hem. e de se prol'ar que as caldeiras podem cml.mmir. Há elllre a lIIill(l e caldeira O prolJ!ema Rr{/\'e do.ç IrallSpO/'les. Há, el1lre a bancada da mil/a e li aprcsellw("lio do COllsumo. o estudo (/a .'· qualidades e das suas miswra.l· mais //leis II UIII bom relldimellto. Há a regra da oferlll e dll procura li determinar 11m preço ecol/omico ao il/duSlrial. Há li propagaI/da, o e.~,"do da caldeira e da g relha ... E há o comercio imporwdor do carl'tio, qlle é ai/lda 11m tra vão à eX{llI11siio do COllsumo do.\' ClIn'ões naciollais2J.

Desde sem pre que o problema do transportes se punha como um obstáculo à comercializ:lção e ao consumo do::> nossos combustíveis. De tal modo que. ao findar o sécu lo XIX. a revista l"dlÍslria Portuguesa alegava que ~( ll.\· cO/ldiçoes da //()l'sa exploração mineira StlO de wl ordem. o transporte do m;lIf!rio ti liio difícil que IIIIUI tone /lida de cm,'ão paga menos villdo de Cardij (10 Porro do qlle villdo de S. Pedro da COI'O ao Port0 25 »! Contudo. se a consciência da SU;l importiincia se liga dircc\;lmente à onda ind ustria lista que Portugal vai conhecer a partir dos Ille:ldos do século. a SU :l história remon\;l ao!'> fins do sécu lo XVIII e começos do sécu lo XIX. confo rme no-lo comprovam as Memórias Económicas da Academia Real da~ Ciências de Lisboa. O interesse pelo carvão mineral. prendendo-se já a neces sidades de combus tível. coloca-se. efectivamente. mas apena~ como altemmiv:l na su bstituição das lenhas e dos carvõcs vegetais nas forjas e ferrarias: Em hUI/I I)ai::.. ,wis donde lia pum:a fj//(/IIfidade c/e ICI/lla, se devem aproveitar para lI.I' FClbricas (/s ricas Mil/ as de Carl'aõ de Pedra. qlle lia el/l Ce:.imbl"O. Nossa Se"hol"O do Cabo. Obidos. Por/() de Mó'\', Ourem. LeirÍtI. Ellúl. S.Fins, e (/aqllella de BI/racos ( ... )26. O interesse e a procura pe los carvões não se põem. como fundame nto económico digno de registo. antes do último quartel do séc ulo XIX, Até ;lqUi. os co nsumidores limitavam- no. pre fere nc ialmente . i\{) co nsumo doméstico. tal como se pode ver rclativ:unente i:IS minas de Buarcos. «a,ç il/dlÍstrill.l' lião o prUC/lrlll'am, 011 omel, mio 11lIl'in i"dustrias em co"diçoe,\', qlle podessem dl/r-Ihe emprego: só o e,Hado é qlle o aprOl'eital'o "a refiliação rio salilre. fa::..endo-o trl/lU'/wrlar para Lisboa, A IlIvra era milito pOI/CO activa em ra::..ão das limilllda.~ lIece.uidades do cotl.wmidor»27. E. para o carvão de S. Pedro da Cova. as segundas minas que se exploravam. a situação era a mesma. «poi.r todo o cal1'ão 'II/e se extraflia era vendido {lOS Clu·/'eiros. os qllaes, 11(/ fal Ia de (mtrn serviço o compravam. e condllzialll ao PorlO. e á'\" pO\loaçõe.~ vizinhas, onde mel/dig(l\,(lIl1 COIIl'lIIlIIllidore.\', Deste modo de fa::er li vellda, re,wlravl/ irreglllaridade /10 f01'l/ecimemo. incel"leza 110 preço. e prejui::..o á lavra e áfa:,ellda»2'/,. Passada que era a década de cinquema. iniciada a era do vapor em Portugal e com uma legislação mineira mai s adequada e estimuladora à extracção mineira.

123


IDORINIJO VASCONCELOS DA ROCIIA

os nossos combustíveis cont inuavam as suas dificuldades de implantação. As razões prendem-se com a facil idade com que se recorria ao carvão estrangeiro, grande parte provcn ienle da Inglaterra. quer porque fosse de melhor qualidade, quer porque se tOrllnsse imbatível no preço. Porém, não obstalHe as dificuldades, o número de concessões vai evoluindo. A arrancada expansionista dos nossos carvões, s6 se dá. quando, devido a várias circu nsl;lncias. nos é impossível trazê- lo dos mercados tradicionalmente a bastecedores e a que se ligam as dificuldades de agra vamento dos preço.'õ, de que o encarecimento dos fretes e os prémios de seguros se tornavam grandemente responsáveis . Para podermos compreender a verdadeira «arrancadm> do ca rvão e perceber toda ii evolução que o Gráfico n.o 3 evidencia. teremos de o inserir na conjuntura decorrente do ultimato inglês e sobretudo nos períodos dc conflito nmndiaP'l. momlente após a segunda guerra e quando em li gação com o clima de indu strialização e de produção de energia que o par.~ conhcceu 30• GRÁ FICO N."2 _ PRO DUÇÃO OE CA R VÃO NAC I ONA l.

•<o

S w >

o

""""'" '""'" """""

""'" '00000

"""""

"""'" , '00000

"

ANOS ~ Fo>õlli :

11"/,.,,,,.,·<1" M.O.I'.C/. "

IJ"/CI;"S dI' 101;"".<.

No côm puto geral da produção. as minas de S. Pedro da Cova e do Pejão, na Bacia Carbonífer;l do Douro 31 , bem como as do Cabo Mondego. em Buarcos, assumi ram um papel preponderante. com relevância para as do Douro a partir dos tinais da décnda de 50 da nossa aClu alidade 32 .

3. Os ca rvões d a .Bacia C llrbon írcra d o Dou ro No cOlllextO da indu st rialização portuguesa de Oitocento!'õ e por toda a meia centú ria de Novecentos. os carvões da Bacia Cnrbonffera do Douro são os q ue maior expres!'õão apresentam na produ ti vidade nacional. com uma ligação privilegiada ao mercado portuense. desde o início da sua exploração. As minas desta mancha carbonífera. dev idamente identificad:l em meados do século passado por Carlos Ri beiro. vieram a constituir os coutos mineiros de S . Pedro da COVil e 1J0 Pejão no decorrer do primei ro qu arlel do preseme século. De in íc io. apenas S . Pedro da Cova se afi rma va como centro mineiro des ta região. j,í que o Pejão!'õó começa a impôr-se no limiar de novecentos. Porém, s6 124


() CARVÃO NA INOUSTRIAUZAÇÃO PORTUGUt:~A

vão almejar a importância por que vão ficar conhecidas na conjuntura das duas guerras mundiais e. posteriormente. com a criação da Tnpada do Outeiro que. desde a sua criação. foi. por excelência. o grande consum idor das antracites do Douro na produção de energia tcrmocléctrica. De facto. as minas de S. Pedro da Cova estiveram . desdc o seu começo. directamente ligadas ao mercado Porto, o que constiLU iu, desde sempre, uma v.mwgem sobre a de Buarcos que só encontrava consumo numa fábrica que, segundo Carlos Ribeiro. «Jo.w! Bonifácio lil/ha feilo cOlu/mi,. jWllo à mina um fomo lle cal a traba'ho cmJlil/llO. que ainda /lOje D exisle em bOIll estado, e Olllro de rijolo, IIOS qllaes :'J'e emprega parre do combusril'el 34 • com especialidade () ca/'vão milldo. c01l1inllal/do o ser transportado para Lis!Jo{1 fi can'ão grado e de primeira qllalidade»J~. Tnl não significa que estas não viessem a ter importfmcia económica. quer nos fins do século. uma vez que «j/lllw á mina acham-se mOl/tadas algllma.~ i1/dll~·r/'ill.l· que e~'rão lendo gral/de de.\'el/llo/vimellro. o que com cerle:.a fará allgmelllar a produção de combu.\· rí\l(: f»~6, quer trinta depois. onde chegou a alimentar a Centra l Témlica dos Serviços Municipalizados da Câm:lra de Coimbra e a fornecer carvão para os caminhos de ferro da Beira. As dificuldades inerentes aos carvões da Bacia Carbonífera do Douro eram idênticas. debalendo-se as minas de S. Pedro da Cova. logo no princípio. com problemas de venda, minimizados pcla proximidade do mercado doméstico do Parla que lhes foi ga ra ntindo uma exploração ma is ou menos regular. compreendendo-se assim a pu blicidade que. em 1829. se fazi a ouvir: Na cidade do Porro, onde he geral o liSO deste can'ão desde vil/te e tantos all/IO.\· a esra {Jarle. 0.1' ca.\·as obastadas servem-se de Fogões de fer ro COl/.fIruidos de forma. que humo s6 Forna/ha 110 cellfro COI1l IIHII1t"ca o fogo 1Iecessário para cozinhar as dive rsas iglfarill~' sohre ti mesma fornalha e sllperficie do Fogão; e para aquecer, além dis.\·o, hllfll, 011 dou.l· For/lO.\', e humo. Off dlla~' E.wllfas. q/fe sefa:em (lOS lados debaixo da .wpelficie dos Fogões: os Fornos sen'em para coúnhar as.melos. e mO.l'sa~· : e as Esrufas para cOl/servar em cOIII'en;ellle grão de calor as igllarias_ que se vão co:in//O/ld.(... ) Neste genero. e para liSO do referido Can-ão /lado iguala 0.\' Fogões de ferro fUlldido( ... ). Fil/alllleme lIe milito focil. e eCOllomico arralljar. e accomodllr llO tu'O de~'le Can-ão ás Fornalhas, e Fogareiros. em que ordilloriamell/e co:illllão as famifias lI1eI/O~' aba~· fCJdas. se paro e.l·se fim se {/flellder á~' recomlllelldllçiJe.\' ( .. ,)37.

Verificamos. n50 obstante tratar-se de uma brochura publici tária , a utilidade deste combustível que, inclusive. se debatia jj pe la sua implantação juntO das indústrias para ,<[oljas em obras, que Illio forem de caldear, e IIe e.xcelellle !Xlra obrar pregas: o mesmo Can·ão. o qual s6 por .1'; lião sen'e para Caldear. bem misturado com Olllro IUI proporção de huma quarlll a hlll1la quima parte. fa:. boa liga . .senle para Ioda a obra de Ferraria e Cerralharia ( ... )>>. Por fim. até mesmo «O~' Ferreiros. e Cerra'''ei/'O.\' da Cidade do Porto. e .\·Ita.\" visillhanças. rem-se co.\"lIImado de laf sorte ao I!SO do dilO Can'ão miudo, que para os referidos serviços o el1l{Jl"egc1o cada vez mais; e Ire já cotlsidera\!e/ o ('"01/.1'/11110 que fazem delle})3~. 125


/DOR/NDO VASCONCELUS DA ROCHA

Se a retlexâo para a arrancada do carvão se dá nos fins do século XIX com o UlrimalO inglês, o sa lto nessa direcção acontece em dois momentos bem distintos, seguidos de um terceiro, no fin.:ll da déc.:lda de cinquenta. de longe o mais s ignitíc:lIivo. Por um lado, os custos com n importação, «"-Iais de quatro mil contos I'0r mlO!>,·19 e a impossibilidade de nos abastecermos no estmngeiro mercê do cerco imposto pe ln primeira guerra. o que v.:li acomecer. também, com a segundn: o terceiro relaciona-se, naturalmente, com as modernas fontes de energia que, dos derivados do petróleo ao crescen te aproveitament o da nossa hulha branca. releg'lVam para a <<IIWrTe lellfa» os nossos carvões, particularmente os do Douro que asseguravam uma produção s ignificativa. cerca de 80% do tOla I nacional. QUADRO II- M INAS I\'IA IS S IGN IFI CA TI VAS NA PROD UÇÃO DE CA R V,\Q O E 1949A 1958 ,\II~AS

CO~C[LHO

QUALl UAI>t:

rejão

Castelo de Paiva

AllIl"Ueite

50J!%

rRoDuçÃO

s. Pedm,J:. Co,,,

Gomlorn:lr

Anlme;(e

30,1%

C"t.o Mondegu

FigueIra d" Foz

C"rvôcs juráss;co~

10,2%

Espadanal

Rio Maior

Lignito

7.2%

Tmol 98.3%

Parecia estar anunciada a morte do carvão em Portugal. nilo fora a criação da Central Térmic;l dCl T Clpad:l do Outeiro nos finais d:l década de 50 que. juntamente com a indústria cimenteira e a siderurgia do Marâo que j:í aproveitava as antracites do Douro, «I'ieramfal'orecer o mercado, ga/"(IlITindo a colocação do COllstallle remanescenTe do.ç I/O.UO.Ç carvões mais pobres. muitas vezes amO/1· toado.l· em depósitos para além das possibilidades das empresas»40.

A imponância do carvâo na produçâo de energia termoeléctrica e a necessidade de se manter o emprego das gentes mineiras levaram o governo de Salazar a optar pela criação de uma central. a Cen tral Térmica da Tapada do Outeiro, inaugurada c m 59. criando ao mesmo tempo uma reserva energética para os picos do verão ou em anos demasiado secos, conforme ~e conclui: Tem-.I·e, lia \'erdade, em Vi,I·Ia, além de dotar o País com lima grallde central m oderna, de alto /lível técllico (! COIlIlt!/lien te CII.)'/O de produção, tltili::.ar os carvôes nacionais de reduz.ido leor e insusceptívei.l· de ap/icaçilo lIU/i.l· produtiva. Dela resultará. pois, e oillda, o ap roveiTame nt o e valori::.ação dos 110.1'.1'0.1' ,.ecllrso~; carboníferos, garantindo â.~ empre.I'O,\· mill e ira s, actua/mel7/e a hraços COI/I gra\le~· dificuldade.I·, as cO/ldiçõe,\· económicas de qlle carecem p(lra equilíbrio e expan.wlo da sua.\· exploraçôe.\..J. I.

126


o CARVÃO NA

o

INDUSTRIALIZAÇÃO '>ORTUGUESA

gráfico n. 2 permite-nos assistir :1 IOda a evolução do carvão nacional de 1939 a 1970. mostrando-nos a crescente produtividade desde o denagrar do conflilO mundial até finais de 50. Compreende-se! À medida que se entra na segunda guerra voltam os car\'ões nacionais a ganhar a im ponância que ganharam aquando da primeira. dadas. novamente. as dificuldades de imponaç:io. Em 1939. e já em :l1l1biente de medo provocado pela guerm que se iniciava. foi criada a «Comi.I·,H/o Reguladora do Comércio de Carl'ões»"'2 para nos proteger da po<;sibi lidade de voltarmos a uma q ualquer si tuação parecida com a de 1914. ao :serlllo~ privados de combustível. já que aS importações eram francamente superiores à produção Il:lcional. cerca de um milhão contra uma produção de 300 mil tonelad:ls."'3 Ficara-nos o exemplo e o medo do primeiro contli lO: «Nào .rÓ temw; de /10.1' defellder lia medido do pos.s í~'eI cOTllra a alta Q

dos preço.I, dOI frete.\· e dos segllros.( ... ) como preci.wmos de garantir () abastecimellfo Ilormal do Paú. l)(Im que (/ tws.W illd,h'tria não I't!/Iha a sofrer /li/UI cri.l·e grtll'c. ,.e~·ulrol1le da CS('(lSS(':: tio C()II1UIIStll'l:I»44.

Deste modo.:se explica lodo o c resc imento que o quadro I lI l1o~ rcferc. Tal como o InstiwlO Porlugué:i de Combustíveis. ficava sob a alçada do Min istério do Comércio. Indústria e Agricultura c. cmbora lhe competisse coopcrar com ele. as SU:l:i atribuiçõc'i eram muito mai s latas, naturalmclllc. detertllitl:lda~ pelo iniciar da guerm. Nesta circunstância. para além da insistência na defesa da produção nacional. «Oriellffll', disciplinar e fi.fcali::ar as actividades relaôO/wdas com o cO/II/!rcio e prodllçeio de cfll'l'ões comlm.wivcis, leI/do em \'is/(l (t g(lramia do 110rmol ab(Hteômel1/() do p(li.\'. () desel1l'o/vimelllo da produção 11(1(:iol1ol e " lI/antllCl1ç(IÕ do ju.~to preço dos produto.\·». este

organbmo a:ssurnia-~c como órgão monopolist;1 cm matéria de car\'ões'\ jâ que chamavn il sua rC!'Iponsabil idade tudo O que se relacionasse com a sua produção, comércio e imponação. Depois da guerra. o 1.P.C. foi. praticamente. substituído pela Direcção-Geral de Combustíve is que assumiu. também. as funções amer iormenfe atribuídas ;1 Cornis~ão Reguladora do Comércio de Carvões. extima pclo mesmo deereto"'r,. A segunda guerra mundial constituiu. para Portugal. um impulso dinamiz:ldor da economia em geral. a que não foge a indústria. embora «Na realidadc a prosperidade de guerra, quer por I'irrllde tias dificllldades de importaçlio de equipwl1cnro.\. quer pelo pC.I·O do .HlfI cQmpol1ente e.l·peculatil'a. é em grmlde lIIedida. /lma pro....peridade .I·em If/oderlli-:.açiio ... qlle l'ldlle/)ilizarã seriamcnte a ecollomia do Pai.1 /lO l'ó.I·-gue/'I'O»47. Já O linha alinnado Miriam Halpcm Pereir.l. pam quem «O recente cre.vcimemo industrial portllsués principiou durame a Se[;lIIlda Guerro MUl/dial, qual/do () enfraquccimento da COllcorrénrio e.~ t,.all­ geirfll/n mcrcado nacional permitiu que os indu.l'lriai.\· portllglles·e .... operassem a Sllusfituiçiio de numerosos produtos ill/porrados e .\·e lançassem /lO mercado illle/"llaciolla/,,4'/,. debatendo-se. passado o connito. novamente com o aumento da r.:oncurrência de produ t o.~ estrangeiros. «Uma IlOva oriellltlçiio da política económica teria sido necessâria pllra que 0.\· indusrrilli.... C:QII(illlws.sem a recolIqui.\1tI do mercado IIllcÊO/wl. iniciada durallte a

g llerra»~ l).

127


IDOI?INDO VASCONCELOS DA ROCHA

Era este o receio do presidente da Associaçao lndustrial Portuguesa em 45 que, com o findar da gue rra, temia «uma época de depressiio económicw,50. QUADRO 111 -

pnOD Uç,\O DF. CA IW'\O 1'.139. 1'.158 QUA,-,11DAll[. TOSEI.ADAS

A~'OS

1939

'"41 42 "" 45

'" 47

"

49

50 51 52 53 54

55 56 57 5S 1'0_'"11,. E'I'''!''''. Nnlll,\

t"

MiUAI.

CU~1UI.AIlA

327745 432 885 511l1l67 606278 498808 537009 601289 522856 4110 583 491 551 558595 512609 501 'J52 519085 549790 497401 492 136 559571 682457 723509

327745 770730 I 279497 I 885775 2384583 2021592 3522881 4 045 737 4526320 5017871 5576466 (, 089 075 6591027 7 110 112 7659902 lll57303 ll649439 9209010 9891467 10614976

7""lx'/I,,,_,- dI'

.'i~n'.

J" ,."",~",,, M""",,,,,. V"I . XIII - F~>c~_3-4 { 19591

Tal sentimento fora, também. manifestado por Ferreira Dias. aquele que seria o doutrinador da «rcorgalli::.açiio indusrriah,~I. «o único verdadeiro projecro de indllstrialização formulado dl/mnle Ioda a vigêllcia do Estado Novo» S2 que. em «Lil1;'a de RI/111m>. escreve:

o que me alarma é q/le o fim da guerra parece II1l1iro próximo e a lembra nça da prm:ações IJa:.-sadas é IIlIIilO capa::. de se apagar 11(1 memória dos portugueses quando recomeçar a ser fácil mandar vir porte!cgramo aquilo que for precis() .. . ,,~~. De resto. toda esta política económica ve m na sequência do que se a lvitrava na década de vinte. quando. para se vencer <</leste /1/omenlO /tma gravt! crise. a que por eufem islllo se dá o lIome de falra de Il/Onerário e que 110 vida corrente se tradu::. pela fC/Ira de capi/al»s~. se apontava a necessidade de se valorizar os nossos combustíveis minerais em alternância com a energia hidráulica: .. ..\·ervilldo uma das formas de ellergia. cmlstal1rell1el1tc. de elell/el/IO de equilíbrio da oU/ra. A realização prárica deste ideal consistiria: 1." -

2. 128

0 -

Na construção de uma rede gemi de di.wril.mição e/éclrica. No apro\'eital/1cmo da el1ergia I/ydraulica necessária ao consumo actual do País.


o CAHVÃO NA

INV U.WH/ALlZAÇ,i,O POUTUGUESA

3." -Na creaçüo de cefllrae.'· therl/licfI,ç 11m' mil/as q u e. ligadll.\' à rede geral da dist riuuiç:ü(), fomccê.uem o :mplelIIel/to il/dispel1sâ\'e1 à reglllari:açiio da el1ergia hydraulica. por SIIlI Ifalllre:a dependell/e das c()IIlingel/cias 1IImo~féricas55.

o autor5(, calculava que da exequibilidade de um projecto dessa nalUrcza se tr:\zia uma redução «de U) J, 200, 000 por (IIIO lia lIo,l'sa drel/agem de o uro pora o eSlrol/geiro»H. lendo em conta que a «equivalêllcia média elllre os 11 0S~'OS comhu:uívei,I' e 0.1' inglcses é seluivelmcl/ te d e 2 para ,) e que. pelo emprego de 4000 toneladas de carvões nacionais, se pod ia su bst ilUir a importação de 2.000 toneladas de carvão inglês que. ao PI'CÇO médio de Lb 2 por tonelada, perfnia a quantia de L b 4,000 por dia ou Lb 1,200.000 por an0 5!\, E eonclufil: o q/le f1Odemos afirmar de forma illdisc/ltfl'el é que neste mOIl!(>lIto (/ so luç(/o indicada é li solllçiio Icrll/o-elcClrica, jJodcndo eSllI .I'cr mcslllo (/ fase de tr(l/1siç(/o 1'01'(1 a~' hidro-eféClrica.I' crel/das el/1l10 á C1U/(l dO,I' IlI cro.,' acuIIIII/ados pc/a exp loração das te rmo-eI tCI rh:a.~59, Aliá,~. j:í antes dn primeira guerra. era esta a solução vaticinada por Ezequiel de Campos. quando. levado pelo scu pessim ismo quanto aos nossos recursos carbonfferos. defendia quc em «mio só lIeces.wírio lerll/il/ar por /II//a

ve: COIII sonhos e leI/das dos canlõe,~, mas também aproveito r a riqlle::.a ql/e livermos, o quc mio se póde fa:er ,çem a conhecer hCIII»(~),

Nil realidade. Ezequ iel de Campos mostrava-se um homem com uma visão inteligcntc do futuro. ao defender «slIprir ( ... ) a energia do ca r vlio e~'tHlIIgeiro por electricidade

prodll:ida pela águo dO.I' rios, IOrrenlCs c reserva-

tórios al'lijiciae.\' - CO/11 economia de milhares de COI/tos e proll/ovendo o desel/volvimel/to il/dllSTrial quc hojc. pela carestia da força, lIIal podemos lelll(lr»61.

COlllUdo . .:1pesar dos argumentos aduzidos em defesa dil sua tese e que o tempo mostrar·nos-ia cxequível. Campos não negava o aproveitamento possível das reservas do), nossos carvões. poi s. reconhecida embora a S U:l má qua!idilde , podcríamos aproveit:í-los « 1/[/ dislribuiçiio de energia eleclrica por llleiO de cenlr(lCS li instalar jll//to dC/s m;'IlIS, como dizem 'II/e 1'(/0 lenlan,(,2. O porvi r dar-lhe-ia razão, Ao iniciar-se a década de trinta. constatamos. peta quadro IV,:l pouca. ou melhor. a importância rclaliva que os nossos carvões assumiam na produção de energia. A se~u nda guerru mundial viria a inlerromper todo esse discurso e adiou a construção de uma cenlra l que desse consumo aos nossos carvões. panicula rmen te os da Bacia do Douro. porque. como re ferimos. asseguravalll li mai or falia da produção nacio nal e absorviam uma mão-de-ob rn bnstatllc consider:ivel. Com a criilção da Central Térmicil da Tapada do Outeiro. assegurava-se um consumidor para os carvões durienses que. de ':1.cto pobres. sc prolongaram por Illilis tcmpo do que o progresso lhes podi;] dispensar. S. Pedro da Cova encerrou a produção cm 70. e o Pejão, ainda na memória de todos, em Dezembro de 94. Foi o rim de um ciclo,

,

129


/lJORfNDO I'A SCONCEf,OS DA ROO/A

QUADRO IV -

PRODUÇÃ O TE l t ~10ELÉCTIHCA ,

pon COMBUSTí V E IS

(El\ I I\IILH ARES DE K"'II) CO\\ cmmuSTÍvEls NAC10M IS ,~

m••

T<Xal

I(Ol hh

11'00 .~h

J().I

18823

IS! 171

19.596

C.,,;"~hnml

0.,..';',

IOOJl,,'"

11'1<101

t'.l33

-1-1 -11 9

-1 g6U

-1921 9

136

193-4

46 JôO

.5 048

51 408

,

,

COM cmtBl'STiI'F.\S F_'ITRANGF.IROS

T,~,I

...

ür,-::"'M""',od 1OO'J l~'"

,

NnJn>l

~:"rJIl~.

155227

2-1. 10

75.90

170767

23.14

76.86

, ""1""'''('''' ~

10",1'.. /),<1"" d<l.' S~"."',., n, o SS. Scssuo L.: .,l~bll'u <k 9 de Junllodc 1)36. "I""IHW" ti,. I.. , II. 11 •. '/"'''';/''1"')0 ti.. l,plr,ilt"m 1m"", (" .\t''','' tI..,.,.'iltI"" " ~

~

o

~

Desde os fins do século XIX que as minas da Bacia Carbonífera do Douro vinham a fazcr LOdos os esforço:. no s entido de responder 11 chamada de todos quantos encontravam na nossa independência energética ;1 poss ibilidade do desen volvimento nacional. As Minas do Pejão. o caso que melhor conhccemos63 c porque Ocupam :linda um espaço no lempo rccelllc da nossa memória são um bom exemp lo. Todavia. até ti década de quarenta. apenas as minas de S. Pedro da Cov a marcaram um:1 pontuação significativa na produçào nacional. seguidas depois pela .~ do Pejão que lhes lomariam a dianteira u partir da décadu de 50. Os grtificos 3 e 4 dão-nos uma ;uTIostr:Jgem do que afirmamos. Primeiro. porque S. Pedro da Cova untecipara-se. por natureza. no tempo. Sendo mais antigas quase um século. foram -se consolidando e ganharam. mesmo que a custo. os seus consumidores: segundo. porque para além das vendas domésticas na cidade invicta. granjeadas no decurso de todo o século anterior, :lcab:lriam por ver o consumo assegurado pclos lrunsportcs eléCtricos da cidade do Porto. aliás. « a lÍ,,/ca rede de Iracçlío eléclrica COI1SIIII1;l1do el1ergia gel1l1;110mCl/IC porl!lglleslI: o serv;ço dos eléctrico." do Porto. qlle tem lili/li centra! térmica COI/sumindo corw/o de S. Pedro da COI 'O"M. Na década de trinta. os seus clientes sed iavam-se. ou no Porto . como de rC SI0 sempre assim fora, ou rodavam à. sua volta. excepLUando um caso ou outro . Destacamos algumas das fflbricas ou empresas suas consumidoras:

Lista -

!30

das

fábricas q/le actualmente cOI/ somem os " ossos carvões illdustriais 65

A Inven cível. L.du - Parla. A Moderna. L.da - Porto. Caima Pulp C. L.da - Albergaria-a-Nova. Calandra do Bonfim - Porto. Cflmara Municipal de Coimbra - Serviço:, Municipalizados. Companhia Aliança - Porto. Companhia Aveirense de MO:JgCllS - Aveiro. Companhia Carris dc Ferro do Porto . Comp:Jnhia de Fiação e Tecidos de Fafe. Empresa Cerâmica do Vouga. L.da - Aveiro. Empresa Industrial de Chapelaria. Lda - $. Joflo da Madeir;1. Fábrica de Acabamentos de Lavadores - Vi lu Nov:J de Gaia. Fábrica de Branqueação e Acabamentos - Pano.


o CANVÃO NA INDUSTRIALIZAÇÃO PONTUCUESA _ -

Fábrica do Bugio - Fafe. Fábrica do Cav:l linho - Guimarães . Fábrica de Cerâm ica de Vil ar do Parníso - V ila Nova de Gaia. Fábrica de Fiação e Tecidos do Arquinho - G ui marães. Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela - Ncgre los. Fábrica de Fiação e Tecidos de Santo Tirso. Fábricil de Lanifícios do Ouro - Porto. Fábrica do.~ Snrs Aí'.-Cvedo. Soares & c.3 • L.da - Porto Fábrica de Tecidos Aliança - Areosa. Gr;Jndes Armazéns Nasci mento - Porto. Guilherme & João Graham & c. 0 - Pano. Henriques. Palmares, C unha. L.da - S. João da Madei ra. Luzostela - Ferreira & Irmão. Sue. - Aveiro. Matos & Quintans. L.da - Porto. S;Jrnpaio. Ferreira. & c.'. L.d3 - Ri ba d ' Ave. União Eléctrica Portuguesa - Braga.

E o esforço para se captar um maior consumo não era menosprezado. como de resto é ainda patente na mesma informação: « Fábrica ~'

-

actuo/mel/te em cxpcrié/lcill.s com os /lOSSOS carvões »:

Companhia de Fiação e Tecidos do Porto. União Eléctrica Portuguesa - Ce11lral do Freix o.

«Fábricas cm adaptação»: -

Companhia de Fiação e Tecidos de Guit11;Jrães - Fábrica de Campelos.

«Fábricas cm eSflldo»: -

F:íbric;J de Moagem Harmonia - C:llTlpanhã

GRÁFICO N.~ 3 ~ S. P EDRO 1M CO VA ~ PRODUÇÃ O I) E CAH VÃO NACIONAL

""'"" •"c •"

"" 000 150.000

•z

'00000

"

50000

r UI_m·· I"'luéritn

l"du,.I,,~1

o

ANOS de 11\')0; A",,,fr'"

/;$"'''.'';''''

,i,,. ,/.. Mil"'.,.

Porr: M. R. J';",or. 0/, . • II. I' 1.1 e fi"/..

131


mOHfNDO VASCONCELOS f)A HOCfft\

Digamos. a propósilO de energia. que. na década de 3D. da que e ra produzida cm Portugal , 50% era originada nos combustíveis importados c. se considerarmos a energia neccssári<J pam força motriz ulilizada directamente. a perce ntagem atingia os 80%61\ Para além da rede de transportes eléctricos do Porto. mais nenhuma consumia unicamente carvão português. pois «todas a~' restames são alimentada,l' quer por energia prodl/zida por hl/fha inglesa (CO IIIO a carri.~' de Lisboa, a Soeiedade E.noril e a Companhia Silllra Arlálllico). q uer por el/ergia lIIi~'ta. COII/O Braga e Coimbra. Toda a resrallte rracção ferroviária 01 1 sobn! estrada e.wá 11{l tlelJl!/Idi!lIeia dos combl/.wÍI'eis de imponação»61. A razão desta sobrevivência do carvJo de S. Pedro da Cova deve-se ao facto de «poder chegar a preço ra::J)lÍvcl»MJ. Porém. indepcndcn tcmernc das questões que se prendiam com o fabrico de aparelhos adequados à queima dos nossos carvões e da própria mentalidade empresarial que se habituara ao combustível estrangeiro. a razão detenninante p:1ra quc se continuasse II preterir o nacional era realmente o seu preço. scm pre muito mais elevado. para o que muito contribuillm os transport es. Raramente os carvões saíam da s redondezas em que se extraíam. O artigo a que fazemos rcfcr!3nc ia e também publicado na IIrdlÜlrio POl"luguc.\"O de 1936. niio nos deixa dúvidas:

0.1' carvões do Cabo Mondego têm ,I'ido queimudos para produzir força /l/olriz. lUIS próprias lIIil/(l s: também a hul/ro de Sairia 511~'a ll(l alim el/ta caldeira.\' de grelha mecâl1ica para a ellergia lrece.u lÍria lÍ exploraçâo, Es/e ríl/imo cal1'lio é sem dúvida o mais rico que lemo.\', e poderá, IUI lIIaio/"ia do.\· casos..\"IIb.~/i/l/ir a /rul/ra de importação, telldo sido expcrilllellrado CO/1/ sI/cesso na Cemral Tejo, que o IIi/O adqllire por/Ire mil' ape/Uls 10% mais barato que a IIulha inglesa. O e.I·/IIdo tia lell/a/il'(I tle queim(l de lil/hires em ceI/iraI à boca da lIIin(/. lel'ada para o efeiro em Porto de Mós. n[IO permire ainda qualquer cOllclusúo, e for a disto. o carviio extraído das 1/0.1'.\"(/.1' mil/(I.I' é COl/srlllrido pOI"(I I/S0,1' \'(jrio.l'. COI/lO por exemplo, forl/os industriais. IlIlmo área reslri/(/ a o redor das mesmas, pOl"qrw 0,1' ele\'adm,' rrans-pones não permitem 1/111 grande raio de acçâdiY . Annal. nâo avançávamos. A constataçâo, perdida no tempo, fora a!>sim relatada em 1899:

AlgIIIII ClIl"I'ân com oprecilÍl'eis qualidades é desde há /1/l/i/o cxplo/'{/do //0 jaúgo de BI/orcos jUllto ao Cabo MOlldego, mas com difficllldades apparece I/{).~ 1I0S.I'O.I· cellfro.ç i!ldll~·t,-illes aI/de chega sohreca rregado com ellormes despe za.\· de tral/sporte, .\·el/do-Ihe difficil poder l/IIar COIII os carvões ingleses cujo frete lIIaritimo é /ro/m'e/mellfe redll:.ido. A quasi IOwlidade da sI/a prodllção tE COI/sllmida pela,l' ;'rdll.l"frills locaes crcada.l· Ilela empre::.a exploradora d'lIquella.l' lIIi1w s. ( ... ) Sómellle as all/hmei/e.\' da bacia carbonífem do lIorte começam a presrar o sell cOI//ingcme á economia i"dllstrial do I/Or/e. Comparado com a fOwlidade da importaçâo esrr[JIIgei/"{l tE o sell cmlC/lrU) \'erda(/eiramcllle il1sigJ1iftcalltc. porqrul/1w 1/[10 (millge li cenresillla parte do COlIsrmrtJ ac/lw fl O. 132


() CARVÃO NA INVU~TRIAUZAÇÃO PORTUGUESA

Interessa-nos tcccr algumas consideraçõcs p:Jra c011l preendenno~ as razões q ue nos levaram a optar sempre pe la im portação e u rc.~ i stir aos nossos recursos. Os nossos carvões não serviam ii. indústria nac ional e só em é pocas de crise imernacional que t raz i'lm d if icul d ades de impo n ação. como as que decorreram da I.~ e 2.~ guerr::t.<; mundiais. é que houve um franco desenvolvimento desw. ind ústria. Independen te deste faclOr há a cons iderar o fenómeno da industrialização durante o Estado Novo" c O proteccionismo aos carvões nacionais na década de cinquenta. Os custos de ex tracção. a que não é estranho o lr:msporte e sobretudo a qual idade. eram razõcs de fu ndo para que se preferisse o estrangeiro. :iobrctudo ing lês. São ainda do engenheiro He nri que Peys-"on ncuu as seguintes palavras: Todos sabemos o q/le temos sobre can'õe;'1" minerais, ou melhor. todos sabemos qlle l1ilO sabem(}.~ fi qlle temos. Na realidade. sómellle S. Pedro da COI'a se el1COlllra nllm estado de explor(1rão em que é permitido ter cOflfiança I1ns /1/ lI/lel'OS calClIlados !,lIra a exiwêncio de ollfracite( ... ). Sob re () Cabo Mondego: sohre a exteflsa região de lillhites do Celllro Oe.,·te - Soure. Obidos. Rio Maior - .wbre a tll/fa de Sewba!. e (I 11II 1I1C1 de Soma SW>'lma. lião há mais que estimatil'lls de exi!ifência, imeressames ... em dI/vida, mO.f qlle lIaõ permitem sel/ão del·alleio.\· (/cerca do que poderia ser demro de ulI1a .... dez.el/as de 01/0 ...·. por eXellllJlo. (I exploração de tal 0// mi ja:.igo. 0 1/ do ...·ell COllj//IIto 72 .

Estamos convencidos que o atraso na prospecção c na prôpria exploração mineim cominu.wam a ser devidos a uma questão de fac il idade de importação e. natu ra lmente. aos preços que eram muito mais co mpet it ivos. para além da s uperio r qualidade do carvão. Em 1925_ nu m artigo d a Re\o'isra de Obras Publicas podia-se ler: Pobre é o .\"l/b.\"Oln porwgl/ez elll COl/lb ll sf{l'ei.~ por isso que os sedimentos da Mezeta IlJerica seio de origem maril/h". cOllstiw illdo /1m lIúcleo cOl/fil1el1U11 il1di viduali:.odo t1e.\'lle ().~ fin:.· dos rempo.f primárin.ç e qll e, //lI maioria do ...· tempo .... geológicos, os lIU1re.~ seClllldários lIpenas tocaram 110...· ....eus bord().~. Sómel/te /UI parte .\'/Iperior do primário aparecem as formações de água rJóce e se estabelece. sobretudo 110 :'Olla ocidellfa/ da Me:;eta. um regimell de pequenos lagos e palitaI/os em que se aC/lllllllaram os restos de vegetai.l· for mando depositas de corl'C/o. Depois. 110 seClIl/dorio e lerciario, é q /w /1Ow/.\"ja:;idas de carvões tiveralll logor.7J

Os transportes continuari am a ser o grande obstáculo à comercialização dos nossos carvõcs que. desde o sécu lo passado. assistiam ao aperfeiçoamento das técnicas para a sua melhor utilização. Concessionadas a parti r dc 1859_ as Minas do Pejão_ passar.llll por diversos co ncessionários. tendo-se conslilllído em couto minci ro por A lvará de 18 de Janeiro dc 1918. Entre os concessio nári os por que passaram. não podemos de ixar de me ncionar duas empresas que constituem. por assim d izer. dois marcos no seu desenvolvimento. Uma. a C ompanhia Carbonifera e Industrial do Pejão. com 133


IDORINOO VASCONCELOS VA ROOIA

estatutos aprovados por escritura de 4 de Julho de 1884 e alvará de concessão em 8 de Maio de 1885, constituiu -se COmO sociedade anónima de responsabilidade limitada com um capital de 450 000$000 réis, de que foi seu primeiro director téc nico o eng. Alfredo Morael'1 de Carvalho. GRÁ FICO N· <I -

PEJ ÃO -

PRonuçÃO UE CARVÃO

",mo

"""" """" ~ """" • ,"""" ~ ,mm ,.moo , ~

w

:1(IDl(l

,.

• • '"

~

~

m

~

m

~

m

l'l ~

~

~

~ ~ i •

~o,

Merece. de fac to. que lhe façamos referéncia. quer por ter imroduzido na sua gesliio métodos de cadcter paternalista de forma a atrair miio-de-obra e fixar ii mina o proletari ado ncccs.<,:'i rio. quer por se ler empenhado na construção de uma «hriqllcreri(/». para que o carvão. cm briquetes, encontrasse mais facilmente bano;; con.<,umidores no mercado portuense. A fábrica. que elmou em funcionamento no dia 6 de Fevereiro de 1890. fOr::! pensada uns anos antes pelo en tão proprietário das minas. O engenheiro Frederico Augusto de Vasconcelos que. tendo cm con ta a friabilidade dos carvõe.<, do Pejào e o exemplo dos países europeus, como a Inglaterra. França e Bélgica, que aprovei Lavam «o carl'(lo milldo, qlle ainda 1/tI b<'//I pOIlÇOS lII1O.~· era deixado II(/ .~· //Iinos » . s ugeri a que "pa ra o empreJ:o dos carvões fria\'eis e ferrosos do Pejiio nas liSO." dO/l1é.wico.~, no co:.imel1lo de fijolo~', e mesmo IW~' gcrtldores de 1'01'01' fixos que jâ oblllldam 110 ParlO, !Ja,Haria adop/(/I' qualqller do,~' proçe.~ .~os lIIai.,· económicos CIlII/O a agglomeraçc7o por meio de argi/la. 0/1 a agglomeração pllr meio da cal e dos cimentos cafcareo.~, que parece prefer;vel por diversas ra:.(}es, e de qlle foi COllcedido 11111 privilêgio de invenrão em Portugal. (, .. ) Para o can'lia ferroso do Pejão poder ser applicado com vlIlI/agem á I1t1\'egaçào e ás I'ia.f ferrea:., seria cOl1vel1ienre adoptar um processo de ag,r.:fomeraçiio, que lhe OIlgmen/(/sse a com/)u:" ribilidade»7~. Deste modo se iniciava. efectivamente. a vida de uma empresa carbon ífera com eSlreita ligação ao POrto. uma vez que «es/e can'tio ... IOdo consllmido 110 pai:.. 1/11/(/ porte 'W.~ co::.itlhas do POrto. a O/lIra lia fabricaçüo de hriqlletes» era tra nspo rt ado em ba rcos que {((:vlldll:.em o comlJllstivel ao mercado do Porto (HI á fábrica de aggfomerados» ao preço de 500 réis a tonelada 75 , Logo de infcio nos ressaltam elcmenlos de urna gestão de car:ícter pmcrnalista. de que são exemplos a «cxisféncio de /II/UI rasa de malra Rrolllilct paro lIquel/es que se qu;:.erem lIpro\'eitar deI/a». assim como a criação de uma «caixa de .foccorros» que assegurava «medico e botica aos operario.Çferidos, ou 134


o CARVÃO NA INIJUSTRIAU7.AÇ,\O PORTUGUeSA

(!III casos de doellçll acompanhada de doellça eXlrCl/lfl, //l70 p or falw de Il'abalho I/em pOI' ;"habilidade», concedendo ainda «pensões li I'ilfl 'a,{ de operarias ",arro,~ cm ,çerviço, se ().I- lil'esse Ill/vido», p:Jra além do apoio ao c rédilo para aquisição de géneros. naturalmente dc primcira neccssidade, o que reforçava o laço afectivo e a dependência para com a entidade patronal uma vcz que <<A companhia abre rl'ediro aos opel'ario.\· cm 11111 arma::.em particular qual/do elle,\· o exiRelll, alé Ircs qtlal'Ws parlc~· do jon/OI ... com (I cO/ld;çâo de vel/der os gél/cro,\· pelO,l' preços correllles 110 Porto dc IJO(I qualidade,,71>. A outra. a «Empresa Carbofll!era do 00/11'0 Ld"". constituída, em 19 17 com um capital inicinl de 200 con tos 77 • só viria a gan huJ" a relevüncia que lhe conhecemo~ qU:lndo. nos princípios dos anos 30. Jean Tyssen. um capiwlista belga. se tomou no seu concessionário e imprimiu ti., minas e à comunidade envolvente um dinamismo que antes jamais conhccera: Foi em /932, que amigos l'orlltgllc.H!.\ e belgas das mil/has relações cm /Jmxelas. clzalllaram a minha m('nçôa para (I exi.\"/fincia de /III/a 111;110 de COI"\'{70 siwada lia Bacia Carhollífera do Douro, mil/a (II/e .H!Rlllldo eles. cra dUlI/a grande riq//e::.a mas que não eSlava a ser explorada ('omo lIIerec;a por falta de meios financeiros e de illte"es.~e illdll.\"lrial. (... ). Ma.\' a iml'l'cssc7o, del'o di::.ê·lo foi peno.w! Uma ellorme riqlle::.a eS({l\'a ao abmuJollo; nada e:.·({l\'a feilO. wdo eS({ll'a por j(/:er/ A sede era em Vila NOI'lI de Gaia, 1111111 local em rllílla,I'. lias {fuais e/l lião q/leria Izoje lIlojar III/ta família dos '/Osso'\" mineiros7H , É assim que. nas mJos deste empresário. as minas se vi'io impor numa região e no próprio país. em geral. E impuser'llu-sc, não só pela evolução da produtividade que de 1933 para 57 passou de cerca de 4 034 par;1 350164 toneladas anuais, mas pelo número de opcrários que. no mesmo período. chegou aos 2,674. quando no inicio:.e ficava pelos 18. Tyssen orien t;l-se por uma ampla fre nte de combate que vai desde a remodelação e ampliaçüo da linh a do caminho de ferro. entre as minas c o lugar da Estação de onde o carvão seguia de b:lrco para o Porto. até ti modernização do parque industrial. semprc circunstanciado por um grande paternali'l11o a que aliou toda uma acção publicitúria. recon hecendo mais Lmdc que deSS(1 propa· gond(l.\'6 deli resllltado Rl'tlças ao~· /wm ero,\'os 0/10S de t!~forços incessanles»?"'. Con<:equentememe. elllre o . . seus <ifiéis» clie ntes passaram il contar-se a Empresa Fabril do Norte. da Senhora da Hora . a Companhia de Fiação de Cresturna. a Fábrica de Fiaç.\ío e Tecidos do Jacin to. Ld". para além da Companhia de Caminhos de Fe rro do Norte e da Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses. não menosprezando a indústria cimcnteira que se tomaria o seu maior clietHc. adquirindo em 57. 47% da produçüo tolal. Porém. se::ls questôes do investimento c da técnica foram factores dc «descolagem». o efei to conjunlural da segunda guerra mundial não pode ser descurado para se compreender o succsso destas minas c dos carvões em geral que. por virtude das dificuldades de importação. criou ullla época de prosperidade para as nossas minas de carvão. Depois. finda a guerra. pcratHe a concorrência dos derivados de pctróleo que cm Portugal se gencralizav:II11, o maior aproveitamento dos nossos recursos de hulha branca e a retoma das importações de carvão, v,deu-Ihe a conslruçilo da Central Térmica da Tapada do Outeiro que se tornari a. praticamente. o seu

135


IDORINDO VASCONCELOS DA IWC/IA

úmco consumidor desde o início dos anos 60. De contrário, as minas teriam encerrado. Na realidade. Tyssen marcou um tempo que. ainda hoje, longe já do seu desaparecimento c du sua gestão. persiste na memória colectiva do povo mineiro que viu a sua mina fechar em 94. e cuja sepultura, no cemitério da freguesia da Raiva . é uma ponto de referência e de s:lUdade colectivas. E se o carvão foi o sustento duquclas e doutras gentes, não é lanlo a mina em si. que recordam, mas o abraço do pai da <<fa ll/rtja Pejâm. 80 .

NOTAS • Tr"b"lh" d".-<!nvolvid" nO "",bito do projeclo

~ E..lrlllllr".\· ",;6"·""'''''l;ó''''I;(I.\' ,. ",tI"-"lr;".

em <]c,envolvimenlo l1a FLU I'. com o ar"io daJNICT. I. ANDRADE. Ar"clm" - I'(}I'IU!?"/ Erollrimi<:o. POrto, Tip. M"l1uel Gomes. 1902. p,3 12. Nesla ",,,>orna obra refere·no, nindn o nulor: ~O"d" a.,' mar"ri",,' ".'·CO-",'''';</III. e ollde" con",,, rle I'"drll /i:arâo 1If1 N",'/",I" I'orlllgo/ (x':;clI/m' X/X

lIiio <:.ou"'. II.\' IIlIlmlr",-" /lrrJ/(/rc~ ~,;tJ por

2.

3. 4.

S.

6. 7. 8.

<J. 10. II

flll<'

l!

XX) -

d·is.w ""pelld(//If ni podclII "'r IlIiI IIÚ'I<' fl0,.... ir. QllflCS'I"c,- olllro."

"i"

li<- rcgra ills"f!iciellll".S,.. Relala- Ilo> ainda (jue. no ln(juênto mdustriul de I XII.!. "lIl11ilo.. dm/("l_\ de fa!>ri<:".f de Il"cido.\ dtu dilas LJeirm re,lprJlldemm q/ll" as .WlIJ fabriClI.\' ru;" Im/lII/llm"I"'. dlll'OlII<, IlIIro P0l"/" do mm. p""fa/w ,f,> 11/1l1n/·,>,I·». Depoi~ de ju~tific;]r;] SlJn te",! anti·",dustri,,1 considera (j"" """n ,\'1' d"I'c ... [a7." " ,II.- l'or/U8"/ "''' pai;:. I/C i"'/II,rt,-il1s. ,'III (/11<' /IImctl call1pl'lil,,í Ctllll UI pai;es eslr(l/Jgeirol· ... o (/Ue SI" de"I! é /1eIl~'l1r 1/0 IIgriCII/wn:/ ... (/ 1111;"(' ,- l'f'n:/ruleim riqlle;olJ(1f'imlfl/» (O". cil .. p. 312. cm not" de rodapé ). PEREIRA . J. Cnl1lpo~ - V/I. ,_ii.. p. 19.1. ReblOrio Anr"",1 <kr In s l", çç~o G"r:d 1)e Min:b.I;;J60.1;;J61 ~ lJokrim do M .O. P. C./ .. (Ahr. IS(2). I. a Vul.. 1' . .1(,0. Parte Omeial. Dirceç;;o Geral das Obras Publica;, c Minns -!Jn/n;1II do M.O.I'.C./. - No"embro de 1859. RIBEI RO. Carlo~ - R",'i.<w /','I"u ,,'ular - Mnrço de I R57. AL'tigo Cil~do. t"lllbérn, nO Bnlelim fII.O./' .CI. n.~6de 1857. RIBEIRO. C:lrlo, - RI.'pista Peni"."u/(lr - t-hrço d<: IS57. Artigo tnm~erilo no !Jo/l'Iim /l-1.O.I'.C./ .. n.o6de 1857. p. 9(,. AI,,"r:í de 30 de Jnneiro de IR02. Títul o VI. § VIL Pn"'I/llhul o de Decreto de 28 de Novembro de 1836. DeerelO com rorç:1 de Lei de 3 t d" De7-<:rnbro d" 1852. ,ohre" pe"'-jui"". ""l'lur",·:1u. eoneessilu C in~pecçâoda., Mina~-IJ. M. O, P. C/, (Oul. 1857). p. 156·157. !lokl;m do M.O.P.c./ .. Parte Historie" -I - p. 95. Maio de 1857, Em 1965. continuava a aceitar·,e;] lese de que o nosso pJís deveria ser efectivamente rico em min':rio~. quamo l11:li~ n~o fosse. pelo r.. elo de que «1\ C/!J'I<:~(J "" (/IU' P"fwJ.:(I/llii,, " 11m pllf.\" de

,"''''.\'0/" J'i~'" uilo foi lIinda dl''''O''Slradrl por [a/w d" eJ"lIIl'1I10S de " sllU/fI .. I'w.'/N'cçiio mil/d,'''» - l:ltervenção do deput:ldo Santos Cunha nu sessão da Assembler" Nacional de 15.1.65. As Induslri"s E~tr"elivus :la Assembleia Nacional. Ar'll<i.'o ,,' , da Dj,-"q'';o Geral de Mina." e Sc",'i,m' G/!o/rigi..."",. Lbt)(),,: 1965 p. I 14. A :lerediwrmos n:l « 1'11:.» do resime, concluímos que não ~c IInhn ailld" verd;,deiro conhecimento dns noss:" j)utcneialid"des mineira.'. «A afirmuçilo /ol/giml"a II<- qlll' " .mb,ml" 1",,·fljKIIÔ. "do mcum' tW I",rr" IiIdr""olil<ltW. "/wbn·. mio pod.,

nem ,I""e <t~·l"il<tr·s<, (".). E mio "ml.. , "''''' Úel·l'llcl'iwr-s<,. primeiro IJOf'/"I! lião conhece"'o,,·, dI' facro . ('//I rnda a ,\UlI eX!<:IIS';O e prllfimdidad .. " lodo.\' 0,1' WI/O/'I" .I' OCII/IO.' (I'/t' p".~.\·"íIlWJ- » - intervem."o do deput ado Gnmboa de V;<,'concelos cm 20. 1,65 . Oi!. cil. p.162. O :lutor

defendin que nmi" do que a pohrc7.a reul. h:l que cneontrnr ii pobre?:! na técnie;, rudirncn\:lr e no pouco /lUcre"" ,,~'OtIJ 'III<' /"""'.\ "/luu(o,, u'r\'ldo '\·'~""·/"aJ/l,' 1'00l'imrinio" (O". cll. p. 162).

J36


o CARV,\O NA 12. Inqué"ito

INDUSTRIALIZAÇÃO PORTUGUESA

de 11>90. VoI.IV. [1. 684_ n. 172 125 de Julh o de 1825) - nOna cumJi""o. [1 . 714, 14. Ihit/em -quinla condiç:1o. p. 714. 15.lhid"",. 16. GlI~e/<I,i<' Lislw(/ n. 172 (25 de Julh o de 1825). 17 . As únic .. ~ mina~ de carvão de pedra exi~lentcs eram ,,~de l3uareos c as dI' S. Pedro d~ Cova. I::! . Dccreto de 25 de Novembro de 1836. An. o 6.°. 19. Cj'·. D' Â VIl..A - Joa(]uilll Tholl"'s Lol>o d' - Couw/lu, de Olim,,' I'"hlk"-,, e Mi"", - Con~u ltn do Cnn_,c1ho ue Obras Púhlica._ e Mi,lólS. acere" d:,~ ll1ina~ de ca"v,"o do Cabo Mondego e S. Pedrada Cova. nol. tI"M.O./'.c./. n.~6. (Dez. 1853). p. 16. 20. Anigo 1.° do deereto - Diliri" d" GOI'<:mo ti.. 3 de Janeiro ,I" 1853 N." 2. 21. CRUZ. Lui;.; F. de Sousa - As /",/u.\lrlu,'.."'llIS /leCl'.'·."d",":.\' e "a/llage/l'" - Pano: ImprenSa Economica. 1890. p. 6-7. 22. O ~Ulor considerava que. pelas c)(ploraçõcs efectuadas e pc1:IS pesquisa, levadas a caim. havia boas e~per:,"ças nesse se'lIiJo. 23. Rdmnrio tIa E.'po,,·içr'o Ind".I'7ri(l1 '/(j I'lIMcio ti" Crixlal /1t'/o C()mle d" Samodiil'.< 1891. Breve E~boço Histórico do r .. l:icio de CryswL p. XIV·XVII. 24. SOUSA. Albano de- O C .. l'v~O N:lcional_ Imlti.'lrlo Porl"!>''''.\'<I _ (hln. 1934). p. 91. Trata-se de um COnjUnto de al1igos do <<indll.\'Irill/ eL'nllllmiMII» ~ Albano dI' Sousa - publicados no Diário ,/.. Nf>licia.< durmHe O ano dI' 1933. ~ubordinado~ .. o lílulo _ t.:corU1mia Diri~id" ~ e tmn,cnlos lia l"tlli.'·I'·;" f'Orlllf.!/""\'{/ durante o ano de 34. 25. Cjr. A anlrhacitc Nacinnal _ Os combUMivei._ fO~~l'i, importados elll PorUlg~l: I. II. lU. IV. V. VI. A I"d,;,,'/r;u P"nlll:lleMl. Vul. J. 1899. 26. VANDELLl. Domingo.__ Mcm ori~ sobre as producçi'ic .~ 11"lurae ~ do Reino. I! d~s SU:lS cOllq"islas. primeiras malerias de dilTerellles Fabrica._ ou M:lI\ufactllr:" _ M.'morias EL·tJIlUmi(-" .•. tomn I. 0IJ. 6/. 27. RIBEIRO. C .. rlo~ - Mcmoria sobre ~ Min~ de C~rvilo de Pcdr~ dn C .. bo Mondego - Bolc/im ,I" Mil/;llér;Q das Olum' 1'1Í"';{'l/,\' Comerâo,' Ind"slri" - VoL r. 1857. pp. 220-22 1. 2H. RIElr::JRO. Carlos (Sócio E!<:,ctivo d" Academia Re,,1 das S,'icneias de Lisho~) - M"/l/nria.'· .",,"re a." m;I/(I-" d,' Cnr",;" ti"". Uisllú:lo.,' ,lo POr/o e Coimbm e de COITIIO " Ferro do Dixlrir::1O de 1..",.,lI- Vol. I· 1'11'11' II. Li,boa: T)'pografia da ACadclllia !~enl das Scienci:". 1858. pp. 189-90. Cp. MONTEIRO. Scvcri:mo: BARATA. José A\lglI~lo - Cm61ol:o de.\'Crili,'o d/l Secçt70 de lIIiIW.'. Li ... boa: ImprenS:l Nacional. 1889. p. 290. ( Irunscrcvcl!l as mcsma~ palavras de C .. rlus Ribeiro) . 2'.1. As mmas de carvão descmpenhamm Um papel imponrml issil!lo no período da, duas guerr~.~ mundiais. lendo-lhes ~ido pedido qu" «ill(,m"ijinlSse/ll {lO mlÍxim" a,r S'W.f ex/rac(iíe,. !,aro InduslJ-i~1

1), G{I~elll tle UXIXJll

B

D

lIssim

)0. ) I. 32. 33. 34,

.,'r. (I/",lIIlIn''''

li,"

d(licl/li/adt'" pnI\'OCII({a~' pela tlij;<:i! illlpllr/fI(tJO If.. (''''"/'''5/;1'<'i" ...

Crr. 1:'''/IIdu.'' NOltU' t' Tra/HllhoJ i/() Serviçn ti" FO/IJ,'nlO Milleim , Vol. XV, ra.~c~. 3 _ 4. p. 298. mUTO. José /'.'lari:1 Brand~o de - A !mlll.wrill!i:;ilçiiu Ponlll:ue,"(I No I'tls-Gm'rro (/Y48-fSl651 - {} Co",{iôon"/J/l'lI/fJ InduAlri,,! - Lhbo~ : Poblicilçõcs D. Quixole. 1989. pp. 160- 163. As cnncc.~sÕC~ da Bacia C~rbollíkm do Douro 'eri~m ~grupadas "m do", COUIO~ mineiro •. o de S. Pedro du Cova c o eouto mineiro do rej~o. T0Il1:Ull0~ os exemplos d"._las minas pelo faClO de lerem sido aS que mais se imp u,er:lln na produtivid~de du p,moram" mineiro do cnrvilo. i\ «Memóritl" lem a dala de 2<) de Ago'lo de 1853 ({}". ,·il. [l, 228). Em 1961. «A IIIlIior llar/e d" /Jrod/lçiitJ tle,11I mmiJ ti <,OJu'lImid" 11tH' ;'ufti,<lria.'· tme,t'll.'- de cill hidráll/i<'1I tO Ôlllel/lo e).~J/"r(ld<l,'· "d/I IIIt'.m", empre.m () que ",w{c"e lllai",.. ,'alor lI(} j,,~igo <'lIi<l 1<11'1'<1 miO eSltÍ dl'pemleme dll," jlul'laçiie,l' d" l/Ie"clI</,,». Ex/m!o,,' N<lf<ls <' Irabalhol' do Sen'iç" dt' 1''omcI/fI> Mineim. Vol. XV. F:"c. )-4. p. Joo.

35. Idem, lhidem. 3ó. MONTEIRO. Scvcri .. no e oUlro - A.".WJt;Íilfiio {mll/slriu! POl'IIII-IIIem _ Etllo.rir(/o Nacimwl das 1",ll/slri".\' Pabri.'. ClJIlI/0I<" Naóollal dil.r II/d/tsln<u r,d"'i,,' _ Li,boa: Imprensa Nueiol1:11. 1890. p. 311. 37. "Mlrllc!""'.r .mbn· 11.\ qua/idades. <' p/'es/i",o d" c()n"i" tlt' 1"'(/'-" da,r IIU/W.r de S, /'('tlro dll COI'" - Li~lma: Na Ill1prc"üo R~gi ... Anno 1829. [1. 4, 38 . I"idelll .

39. CAMPOS. El.e4"icl de - O~ Millerue._ - A ClIlI.I'en'lIÇ<io d" Riq"" ~" N"ÓUlIlI/- Pano. s.n .. 1913. [1.471 40. /0"."",/" .• N,.",., e Tml",/I/O.< do SC/'''iço dl' F'(JIII~'/Uo IHi"ám. Vol. XIII, Fill>c~. 3-4. Mini~tçrio d~ &onol11i:l. Dirt:cç~n-Geral de Minas .w c Sl'rv. Geológicos - 1959, [1. 89.

137


IDONfNDO VASCOl\'CELOS DA ROCI.,,\

,11 . O Pl ano de Fom<!llln - A Ce nlral l<'rmica do Douru - A IlIIliI H"ia {'O/"l"!<IU:.W' n.~ 3)4 ( Ahr. 1954). p. 115. -1 2. lJi!(.'relo n.n 30.063 de 16 ,k Novembro de 1939. (DM,-!o d" Go\'t!l'l/(/ n." 268. I ,étie. de 16 de No"emhro). 43.ll1id'·/11 -I'rc'"nbulo. <14. IlJidL·m.

<15. An." 5. <16. Decrelo-I"i n." 36.934 de 2-1 de Junho de 19-18 e NUNES. AdérilO O. Scda~ _ NOla~ sob re" Economia PorluJ;uesa do Car,,~o - f","isrrlll l'ormX'ww n." 259 (SeI. 19<19). 47 . ROSAS. Fem~ndo - Economi .. de GllCrTa c Polfliea e Eeon ómien de Guerra lIi.wório de l'n/'/II):al. MAlTOSO. José diTo de - L" Edição. Li~hn": Circulo ue Lcjtore~. 199-1. Vol. VII. 1'·351 41!. PEREIRA. Mlri .. m lIalpern - Um<l Indu'lri~1i7nc;:"io Sem Rcform<l Agr:'iri:1 ( 1940-1970) - "oHlica ,. Ecol/olllia. P"fIIlK"'IIU," M<clllo.{ XIX ti Xx. Lisho':l: Livros Horizonte. 1919. p. 3 r. Ci/'o JlIUTO. Ju:--é M"l'i;, 13r:lt1d~o de - O". cir. c JÚNIOR. José do Na.~imento Ferreira Di,,~ -

Op. ("II.

49. Idem, IlIidem . 50. PINTO. Fr:l!lei~eo Corle7 - O prohlema do desempregn no após·gueml. AA VV. Problemas du "pó~·gucrm. A_)ociação de Lisl)():,/C.:imar:1 do Comércio. 1945. cil. por BRITO. J. M. l3r:md:1o de-V". dI .. p. 162. 51. Prujt.'Clo da ~ua ;luIOfia ~ con~ullsull1ciado na Lei n.~ 2005. C/r. n RITO. 8mndão de - Op, dI .. p. 164. 52. /d"",. 1/",/elll. p. 165. 53. DIAS. Fern:im - O". cil .. 11. 175. Fcrrcir.l Dm._ foi Suhscercl;írin de Estadu do Comércio e I ndlhlri'l de 1940:1 1944 e Mini._II·o da Eeonomia de 19511 a 1962. depoi, de ter e.<erilo ",U"/,,, (I" Ru",o" ~Ill 19.\4. "j6 lil'l'C (fe reslNm.mbilidada gm'eJ71"/" 'm'», ( BRITO. 13r::mt!:io de - 0,1. dI.. ]lJ'. 16~c 165 ). 54 . CRUZ. Jo:1o Perpétuo - Os e;lTVÔCS PortllJ!ucse~ na Ecunomia Geral do P<lis . Conre rência reali;>:ada fl;/ A~sC1(:;a~';'o dos EngenhelTos Civis I'onugu~<es - N"" rst/l d" Ol1ra.f P,íhlictl,,· " Milw."(OuL 192-1). p. 101. 55. Idem. Il1idem. p. 101. 56, NeMa ""nfcrênei". faz "~,, SÓ;j delesa do aproveil<lmelllO dos e;u'vücs I\açional~ eomo <lpreSellla a, ,.o1,,'I'iM.·s p''',:, ._": conseguir e levar a produçã<1 do._ no._.' o, comhu~ti"eis a -1000 !(ln. di~l"ias. como sejam os tran,_ pnl"l~s c o~ novo, <lparclho~ o u inslalaçõe~ induslri;.i, para queimar economicamellle os novos lipo~ úe eombuslí"eis que <:nlcn,Ji;, eo"seguir·~..: com os "'ga:.tll!cllco.~ ,mm "-' """,Im"';"('t's smlldo.'<» e a pul\'erizaç~o P'Ir:. os miúdos. Esl;, ~itllaç:io devia·~e ao (aelo ,1:1 maIOr pal1e do, ;}pal"elhos indu._lri,,;,< ler ,ido coneebida para queimar earvao de lipo inglês. Como 0 __ nO'~(h .:~rv'IC_' lill"'''11 c:lr<leterí._lic<ls difercnle~. e~igi:tlll a!lare\ho~ adequados à ~ua co",h",I~o . E ludo porque «<I qu"sl,;o da Itrndur"" r r"",slm,.,,, I"râofaw/mellle (Ie ",.'-O/\'I"· ... e pllr .•i dew/(' 'III<' haja emWIII",», O". ",/.. p. 106. 51. /"idem. p. 102. 58. 11/;"",,,, :'i9. 1I>i""III, 60. CA{I,'IPOS. Eze<luiel de - ; \ rnll.l'Cn·"l'"'' {lu NUlue.lI Nacimltll-I'OI10: Tip. de A. J. da Silva T,,:ixeira. 1913. p 179. 61. /d,''''. IImlelll. !l- 17l:!, (,2. I<h'lII. /"idelll. p. 175. 63. Cir. ROCHA. Idnrindo V;,~co"cclos ,J" - O ~an'{i{) numa ,'COIIOIIIW lU/ciO/wl: I> ea,fl> {Ia.~ Mm'" ,lo Pejlifl- TC.~e de Meslrlldo: FLUP. 1997. 6-1. O Problema dos Combusllvei._ Nacio,,~i.,. Conferêncl:J realizada pelo EngenheIro Helll'ique I'e)'ssonneau n~ S..:de d" A,soci:I\'~o do_ Engenheiro~ 1'011ugllesc,. em 21 de Janeiro de 1933. Cfr. /o(" 'i"lI dtl ;\.,·,wwiflçâ" do.\' t:l1gt'lIi1e;ro,r Ci";1 l'''rlll,l:r",,,,,,,I' 11." 694 (Abr. 1933). p, 140. 6S. 0, clln'ü,'s d/I COlllf'llllltia dl/" Mrll ll~ (!t. S. p('(!ro dll COI 'li Porto: Tip. Sneicdade Papelaria. L.da. 1928. 66. () !',..,!>h·"", dOI ("olllb" .•/;'·ú. Nuâmwi., - Conferénei" ,·e;,liz;,d" p"'lo Engenheiro Henrique Pe>',~ollneau na Sede da Associaç~o do, Engenheiro, POl'Illgue.scs. cm 21 de Janeiro de 1933. Of/. cir. 67. Idem. ;/"d"III.

68 . 111"111. !bit/em. p. 142. 69./d<'lIt.lllidelll. 70. A l"du_,"II';" PO"ltJ.:"".\lI. 1l!99. Vul. I. p. 97.

1:\8


o CARV,IO NA

fNIJUSTRJA.L1ZAÇ,iO I'0 :.:c RCTC UCGC'CJE=~S=A,---_ _ __ __ _

71. BRITO. JIN:: Mariu Bmmll\,dc - GfI. C'I, 72 . 01' nl .. p. 28. 73. Do, Car\'Ü\;, l>Ortugue'..,~. Re""w Oe Ol>WI ""M,nu' " M""'.I' (Muio 1925). p, 16 74. VASCONCELOS. Frederico Augu'lo dc - 0l.n/ .. p. 30)·3U5. 7S . I"'fI1t!";w ItlfhulI';f!1 d.' INYO Vul. I. p. 5 . 76. j,"I" .. r,lo Imf".\Irwl d,· IN<)(J - Vul. I. p. 6. 77, Cp' ROCHA. Idurindu V:1SCOllcclo, d~ - A Empre,õI C~I'hul1írcra do Douro. L.da. O". dI .. p. 3.\7. 7S. Jcnn T)" ....,o cm cOlrevi,I;, a ~O P<:iii,, ~. n ,a 5-1 I Mar. 1953). p. 3. 7').M..",. I/}i/fe",. p.-I. SO. Par.! :llém da bibliogr;di:, eJlad;t. o Irab.:llho IC\ c. como "ulX'H1e geróll. óI d"",rwç<lo de mc"lrado ap'"C":nli,d;, pelo autor ii FLU I', cm Junho de 97, iJullubd:l () ,'",'1"''' """'11 j ' ( ' nll"",úJ 'wcimwf - o / I I I " .fw !.f"m.l· do f',.,ilio,

139



SUBSÍDIOS PARA A HIST Ó RIA DA ELECTRIFICAÇÃO PORTUGUESA

Permitam. ao impertinente que sou. que sejam de ligeirn crítica as primeiras palavras que aqui pronuncio. Mas, desculpem. quereria aproveitar a audiência que tenho. O que quero e u dizer com isto? Que foi sempre minha ideia. desde os me us tempos de estudante, que. para a boa compreensão das matérias que se ensinam. mas sobretudo para o interesse que os nlunos têm que ler por aquilo que lhes é ensinado - c é esta a condição sine qua 11011 do êxito de qualquer siste mn educativo - pois. em minha opinião. fazem muita falta nas nossas Universi· dadcs . e não s6. cadeiras dedicadas ao estudo da evo lução da ciência que se ensi na. até com al guma forçad a rcfcfI!ncia à escola cm que se ensina. Porque a C iência. qualquer Ciência. não é de fo rma nenhuma. uma amá lgama de coisas esparsas. lançadas a esmo nem que sej a num livro. separadas obviamente por capítulos. mas capítu los cuja dependência e interligação os alunos. as mais das vezes. para não d izer sempre. não erll cndem. E se não entendem. poi s necessária mente que perdem o interesse. e en tão podem os professores es forçar-se à morte. que alu nos selll interesse nunca conseguirão aprender nada. pelo menos com alguma profundi dade. Aliás. na minha experiência. é o óbice que vejo. lodas as vezes que ten ho a veleidade. pelos vistos tola. de ensi nar al gum a coisa ;\ algué m. Q U:lIHO me choca não encontrar O interesse que tive quando era da sua idade c que tanIa gostaria que eles tivesselll também! E. meus Senhores. não o digo por fala r perante Professores de Hi stória. mas só a História dá sentido ti evolução das ideias. um:'! noção de continu idade. mai s claro. ;\ sucessão das necessidades que foram j ustifi cando as novas soluções que se encontraram. Ora. nas nossas Uni versidades - salvo honrosas excepções que infelizmente estão longe de constituir a gencr:l lidadc - l>enSa-se cm estudar a C iência sem dúvida. a mais recente Ciência se quizcrem. mas nada. ou pouco. se diz da Sua evolução c. porque evoluçã.o. razão mesm;\ do que se quer ensinar. Na busca desenfreada do futuro. da Ciência do futuro. não há lugar para um ol har para o passado. origem desse mesmo fUluro . E as coisas ficam no ar. e ncostadas !'e quizerem . mali sem base. Difíceis de entender e. mais ainda. de interessar. Porque. volto a dizer. é o passado que explica. e é a explicação que fa z nascer o interesse. Homem de hi stórias. mai s do que de Hi stÓria infelizmente. vou :lqui trazer uma que quant ifica bem O inleresse que. n:l Universidade do POrto. pelo menos 31é há pouco te mpo. se linha pelo passado. Há poucos anos atrás. fu i procurado por um Professor da nossa Universidade. Rei tor não terá chegado a ser. mas DireclOr da .~ ua Faculd:lde sim. foi. que me disse: «moro h;1 bastantes anos na Rua Tal - e disse-me o nome. Não sei quem foi e. de tod;l), as pessoas que tenho interpelado. :Hé hoje nenh uma mo soube dizer. S:lberá você»? Não o cu lpo de forma nenhuma. antes o lou vo. querer saber é se mpre louvável. mas parece verdade iramente impossível que nem de nome con hecesse um dos vultos primeiros da Escola que deu origem 11 sua Facu ldade. para mais do seu ramo. vulto eminente a q ue se mribui descobertas de renome mund ia l. 141


rRM',/CfSCO DE AU./EWA E SOUSA

Que rem história mais elucidativa, direi mesmo mai:> contundente? Querem mai or justificação. m:Jior :Jplau so diri::l melhor, ao Colóquio que hoje nos reúne? Teria outras histórias igualmente interessantes que gostaria de trazer aqui, mas esta illlroduçiio já vai longa de mais para O meu gosto. c, certamente para a paciência de V. Ex. as . Entrarei por isso 110 assunto dest;\ nossa conversa. e imediatamente, quase como eco do que ilCilbo de d ize r. terei que começar a H istória d;l nossa Elect ricidade num ano llluito mais perto de nÓ!<t do que começaria se da Hi stóri;t da Electricidade de qualquer outro pab civilizado se tratasse. É que, na génese desta Ciência, desde que o longínquo Tales de Mileto 600 anos antes de Cris to a baptizou. até que o génio de Edison há um século a soube explorar. pois não se encont ra. como nome primeiro. um só nome pOrtuguês, E COntudo, no tropel do seu desenvolvimento, aparecem nomes de todos os cantos da civil ização. não só das grandes naçõcs, como de países mais pequenos e tão periféricos como o nosso. Só darei 2 exemplos: o dinamarquês Oerstaed e o croata, quando muito húngaro, Tésla. N50 podemos por isso atribuir o nosso atraso nem ;\ dimensão do nosso paí:>, nem à periferia em que no.~ situamos. Ontem como hojc. E isto já ser;Í uma grande lição. Por isso começo quando efectivamente a electrificação en trou em Po rtugal. !<tC é que com justeza o podemos determinar de hoje. Não sem que. paru nos situarmos. deixe aqui al2umas datas que. para quem menos fami liarizado. balizem o progredir desta ciência: ;1 pilha de Volw no fim do século XV III. o arco vo ltai co de Humphrey Davy cm 1813. a experiênc ia de Oersted cm 1820. o dínamo dc Siemens em 1867, a máquina de Gramme em 1870, as experiências de Edison a partir de 1876. a lâmpada de incandescênci a cm 1879 c finalme11le a apoteose da electricidade pela iluminação da Torre Eiffel na Exposição de 1889. Não irei mais longe e peço desculpa de ter ido até onde fui. Devo ainda uma outra prevenção que me parece necessária: Virando este trabalho, tanto quanto possfvel. para a electrificação do Porto, não poderei cvitar o carácter cada vez mais abrangente - à medida que o Homem ia conseguindo fazer o seu transportc - da indúSlria da electricidade, de tal form a que. a partir de certa altura. ~er;í muito difícil circunscrever o scu eSlUdo ao Porto. ou, hoje, mesmo a Po rtugal. Sob pena de () estudo ficar eoxo, ou incomprecnsível. Pedindo desculpa de toda esta introdução que me p;Lreceu necess:iria, entraremos agora definitivamente no assunto quc nos traz. Ora no Pono. como eru qualquer OUlra cidade, a electricidade. quando chegou, não encontrou um campo livre onde o que essencinlmenlc vinha fazer não fosse já feito, de outra maneira talvez, mas C0l110 se sabia ou se podia, Não. A primeira utilidade que se quiz ver na electricidade foi li iluminaç:lo. c, tomando o PortO para referência, poi s como primeira medida. havia uma pOSlUra de 5 de Outubro de 1824 que decreta va a iluminação da cidade. com os meios do tempo c do lugar, evidenlememe. Azeite. como se dizia. embora as mais das vczes não fosse senão óleo de purgueira ou de peixe, banha, elC. Muito atrasado? Sem dúvida, porque em 18 I O já Londres se iluminava a gás, e. em [819. já todo centro de Paris assim era iluminado. Nós estávamos ainda a principiar a c ra do azeite em 1824. Não admira por isso que logo que se pensou que, com fim da guerra civil. o país iria finalmen te cmrar numa era de paz e desenvol vimento, por aqui começassem a aparecer os c.lixeiros viajantes do progresso, a reboque aliás das

°

°

142


S/JIJS{DIOS PARA A IIIsr6RfA DA ELECrR/FlCAÇÃO "O/frUGUESA

primeiras obras públicas que se lançar:lln: em Lisboa. a~ estradas para $acavém e para Sintra. no POrto. 11 ponlc-pênsil. Queriatnlomar lugar. entre outras coisas, no gfis q ue mais tarde ou mais cedo nos havia de alumiar. E até conseguiram que . logo cm 1834, a CJrnara de Li sboa :.JOunci:.lsse que recebia proposUlS p:.lm o fornecimento de g:h. Os concorrcntes não deixaram de ap:.lrcccr. m:.L" tudo estava muito verde. Ainda estavam para vir a série de con vu lsões que. pelo menos aqui no Norte. se prolong:lf<lI11 até à Regeneração. Lisboa. mais calma nos últimos tempos. já permitindo em 1847 o primeiro con trato (conde de Farrobo c seus pares) de tal forma que o gás foi inau gurado em 30 de Julho de 1848. Aqui no PortO ainda est á vamos no rescaldo da Patuleia. e apesar de a cidade ter feito o bon ilO de. em 1852. receber a Rainha sob um arco iluminado'1 g:is. o que é certo é que a primeira concessi'io só da!<l de 1853. em favor d e Hardy Hislop. que logo em 1855 a trespassou para a Companhia Portuense de Ilum inaçi'io ii Gaz. E assim o POrto só veio a ser iluminudo a gás cm Abril de 1855. a lempo de propiciar os festejos que se queri a m fal.c r na data do aniversário do Rei D. Pedro V ( 16 de Setembro). Estavam pois as Companhias muito bem instuladas c se~ur:JS dos seus monopólios. apesar dos rumo res que, de quando em qua ndo cá chegavam acerca dos triunfos da electricidade na Eu ropa. e1ect ricid;lde a que aqui se atribuiram desde logo tOdos 0:-. malefícios possíveis. inclusi vé a provocaçi'io de cegueira, quando. mais de 20 anos d e pois. o que vou ch amar o fog acho de Cascais veio descncade:lr o lemor. anunciando definili vamente o terrível ri val. A que me quero referir? Pois ao facto que. pelo menos cm Lisboa. querem ver como a estaca O da eleeu·ificação portuguesa. Até te m uma data. e essa data é a do 15. 0 aniver sário do Prfnc ipe Real D.Carlos - 28 de Setembro de 1878. P:lra comemorar essa data. tinha um dos áulicos da Côrte, o Conselheiro Nazarel h. consegu ido que a Cimara de Paris lhe cedesse meia dúzb dos candeeiros de at'co voltaico (sistcma Jabloch kov) que iluminavam a Praça da Ópera. para. por sua vel., iluminarem a parada da ci dadela de Cascais. onde veraneava a família re'l l. Passada essa dma. e regrcssados os Re is.já ali não e ram precisos os candeeiros e assim foram cedidos ~l Câmara de Lisboa para a iluminação das ruas centrais da cidade. Com o apoio do gerador móvel que tmziam (8 C.V.). assim se fez, e miO houve basbaque. de Li sboa e não só . que lá não fO.~se ver o prog resso d a Hu manidade. Atê que um dia, ou por avaria do gerador. ou po r a Câmara de Li sboa não querer financ iar llIais velas Jabloehkov jJil ra substituir as que se iam inulili z:mdo. o cena ê que ludo se apagou. Também estaria na hora, porquc. por essa data. era por todo o lado o triunfo da lâmpada de iJle;l n de~céncia c o arco vo ltai co, como meio de ilum inação. tinha os dias contados. Ponanto. para Li sbo;l. é este o acontecimento primeiro da electrificação portug uesa, mas I!.!t"ia sido'! Tenho as minhas dúvidas. No Porto, como roi'! Foi a ntes'! Foi depois? É possível que tivesse sido antes e que aquilo de Cascais tivessc sido répl ica :\0 que por cá se passava. Apen:ls o aparecimento tardio da vela de Jablochkov ( 1876). último avanço da iluminação a arco voltaico. nos levará ii pensar que :1 ser antes. peJo menos com alguma qua lid ade. não poderá ter sido muito ames . A arco volta ico si mpl es. isso poderia se r. e terá sido com certeza. Mas atinaI. no POria como foi ? Foi com certeza por imermédio de Em ílio Si e!. um saxi'io que linha vindo para POrlugal no séqui to do Príncipe Consorte

D. Fernando. e que a dada altura ( 1860) se estabelecera (ou mandaram estabelecer) no POrto. Não seria ainda o Império alemão. mas este já estava à v isla e 143


rlMNCfSCO f)E AlJlfEfDA E SOUSA.

o Zollvercin já há muito era uma rculidadc. A crescente força da economia alem5 precisava bem de bon~ embaixadore!> (ou caixeiros viajantes) e Emflio Biel foi-o bcm qualificado. Homem do seu tempo, curioso, interessado. fazendo muitas viagens à A leman ha, nada do que na Europa era. progresso lhe terá passado despercebido. Pa ra mai s. fotógrafo como se cra fotógrafo então, c gmnde fotógrafo como o prOV:lTll os muitos documentos que nos deixou. pois cedo se apercebeu do auxílio que para a sua arte era o arco volwico. E cenamente quc tcd sido quem primeiro o utilizou em Ponugal. Com bicos de carv50 de retona? Talvez, mas arco volt:J ieo. Quando? Será difícil de dizer. Como docul11ento.~ certos. temos apenas dois. qualquer deles demasiado atrasado para o que quereríamos provar. O primeiro é unlól repetida declaração de Ezequiel de Campos que nos diz que. aluno dos primeiros anos do liceu (nascera em 1874). fora levado pelos seus professores em visita de estudo l\ primeira central eléctrica que o Porto teve , central que existia no desvão entre a RU:l de Passos Manuel e a emão de Sa11l0 António (hoje de 31 de Janeiro). central essa onde recebeu o choque que havia de scr determinante na sua vida e ,\ origem da sua paixão: a electricidade. lIurninav:J já então cssa central todo o quarteirão e era assim indiscutivelmente o início da iluminação eléctrica pública no Porto e em Portugal. Tení isto sido anterior ao que chamei o fogacho de Cascais'? É muito possível. m:lS difícil de. apenas a panir dos elementos que tcmos. o poder afinnar. Embora tenha fundada convicção. para não dizer certeza. que pelo menos à base de simples electrodos de carhono. tenh:\ sido no Porto que os primciros arcos vol taicos se acenderam. Aliás. il uminação eléctrica pública, como acima dizemos. parece não haver dúvidas que a primeira foi a do Pono. O segundo doeumer1{Q é intercss:lIlte e dccisivo. f: de uma testemunha ocular d:l revolta de 3 1 de Janeiro de 1891, que no .~ diz que o que mais o impressionou naquele dia, foi o barulho repetido do quebrar das porcelanas e vidros das lâmpada!> que iluminavam a rua. varadas pe las balas da Guarda Municipal que. certamente por não querer fazer muitas mortes. atirava com pontaria alta e lateral. Mais um documento portanto de que. em 1891. a rU:J de Santo António já estava plenamellle iluminada. O que é cena é que. por temporários ou experimentais que tivessem sido. os arcos volt:licos dc C ascais e Lisboa - e certamente também o eco que lhe chegaria das experiênci:Js do Porto - deram um grande sacão na podcrosa Companhia Lisbonense de Il uminação a Ga7. que começou :I recear pelo fim do seu monopólio, co m todas as consequi!neias que dar :\dviri:Jm. Mais receou ainda quando. em USbO:l e cm 1884. se fundou a Com panhia Portuguesa de Electricidade. esta já especialmente vocacionada para a iluminação eléctrica e apoiada por pessoas cujo poder se não podia negar. Por razões que se não conhecem. Illas que talvez se possa m adivinhar. o que é certo é que não chegou a dur:lr 2 anos. des:lparccendo tão misteriosamentc quanto tinha ap:lrecido, Mas o que é certo é que "cio anunciar uma concorrência com que o gás não poderia lutar. Tanto mais - e será ainda mais imponalllc - que na Exposição Intemacional de Paris de 1881. o triunfo da lâmpada de incandesei!ncia de Edison não deixou dúvida . . ii ninguém. e, a p:trtir daí. era certo. a iluminação eléctrica iria entrar por outros camin hos. Até cm Portugal. tendo havido cm 1884 um incêndio na Fábrica de Tecidos de T omar. imediatamente foi reconstruida. mas :lgora com a elec tricidade proveniente de urna pequena central estabelecida no Nabrio, provavelmente a primeira central hidro·eléctrica port uguesa. se é que Emílio [44


SUBS/DfOS I'ARA A IIIST6RfA /),\ ElECTRIFICAÇÃO POHTUCIJI;'SA

Bicl não aproveitou. no seu início. a pequena quedil de água que existia no local dos seus primeiros trabalhos. No Porto. também se sentiu a tcndi;ncia. e nesse mesmo ano de 1884. foram ólpresentados na Câmara 3 pedidos de cOTlces~ão para a iluminação eléctrica. um deles da Companhi ,l Portuense de Iluminação óI Gal.. Tudo isto nos diz que a coisa já por cá mexeria muito e corn certeza que a is~o não seriam estranhos os trabalho~ c as realizações de Emílio Siel. A Câmara. sempre na defesa da ,(sua» Companhia do Gás. não parava de fala r nos três reis que esta lhe pagava por cada metro cúbico de Sás vendido. qUilntia essa de que o orçóllllcllIO Cil111;Jrário não podia pre~c indir. Por 3 reis. estávamos a atrasar de uma década o nosso progresso. E que década! Até que. linalmelllc. pólssando por cima de tudo. elll 2 de Maio de 1887 ( D.G. de 25/3/87) se constituiu no Porto a Companhia da Luz Eléctrica. tendo à sua freme um Homcm d e g rande prestígio na cid adc. conhecido pela SU il honestidade e dinâmica: o médico Dr. Tito Fontes. Até ar. por virtude de uma arcaica legislação que subordinava tudo quanto cra electricidade aos scrviços telcgrafo-pos13is. 11 Com panhi a só era permitido estabelecer linhas que se apoi assem exclusivame nte em propriedadcs partic ulares. o que cOIl:.tituia a dificuldade de expansão que se pode :.u l)Qr. Por isso. logo cm 14 de Outubro de 1887. a Companhia requercu tI Câmara autorização pa ra f,l'ler experiência:. de instalação subtcrrânea de rios condutores. :Iutori'l.ação essa quc demorou a conceder. mas l:í foi concedida. com o condicionamen to ali ás de que tudo seria experimental. s6 por 3 meses (que depob foram prorrogado:. por mais outros 3) e com o comprimento máximo de 500 metros. O cercear continuava. o que não quer dizer que a Companhia se não conti nU il~se a cxpandi r e que. por essa altura. não tivesse já na central. para accion:lr o~ dín<lmos. um motor de SO cavalos. o que. para o tempo. já era muito considerável. De tal forma o neg6cio corria que a Companhia j:'t se senti u em condições de pedir à Câmara licença para insta la r mais I (){X) lâmpada:.. para além das que tinha em serviço. Quando se chega aqui. pareceria que não seria senão de apoiar e facilitar. ma:. os in te resses e ram muito grandes. e a Companhia do Gás tinha muito poder e não desarm:lvil. Com a agravante úe que o contrato vigente p:lra o gás. assinado em J 874 para vigorar dur:ulte 15 :1I10S. estava a chegar ao fim c. como é habitual nestes casos. o :.erviço começava a ser muito mau e as reclamações ennn mais do que muitas. Tanto mais quc na cidade já existiam 2000 lampi õcs a gás. para além dos de petr6leo. De tal forma o problema se complicou que o contrato acabou por ser denunciado cm princípios de 1888. não sem que a Comp:mhia viesse posteriormentc a propor a sua renovação. Não o entendeu iI:.sim a Câmara da presidência do Dr. Oliveira Monteiro que. ap6s tcr :l meaçado com gestão pr6prÍil. resolveu abrir novo concurso em Fevereiro de 1889. Dcs~c concurso. muito disputado. resultou a adjudicação ao engenheiro fr:m cê1'l Charles Georgi e o novo contrato foi assin:ldo cm 27 de Ma rço de J 889. para vigorar por 25 :II1OS. No entanto. 6 meses depois j:í o conce:.sionário reclamava contra o mau estado das inst:llações e. ma is s ignificativo. contra a distribuição de energia eléctrica que se permitia a urna empresa particular. dizia que sem quai~qucr encargos. A saúde financeira do novo concessionário também não seria muita. a confiança que nele havia também não, foi por isso obrigado a passar a conces ... ão a uma companhia que leve que recorrer a c;lpitais estra l1-

"

145


FHANCfSCO DE AI. MErDA E SOUSA

geiro:-. C que. para dar a estes confiança. começou por pedir a prorrogação da concessão por mais 25 anos . isto é . até 1 de Setembro de 1939 . Apesar de toda a boa vontade da Girnara a coisa não foi muito pacífica . tanto rnais que entreta nto a Companhia da Luz Eléctrica tinha seguido o seu cam inho. já fomecia muitos clientes e . querendo expandi r·se, requereu à Câmara em Janeiro de 1890 que lhe deixasse implantar postes de ferro na via pública para suporte dos seus fios. mlllC~1 lendo recebido qualquer respost;J . Pelo COlllrti rio . foi·lhe ofid;Jdo que deveria pagar 3 réis por cada 276 watts distribuídos . o mesmo que a Companhia do Gás pagava por cada metro cúbico. Tendo a Comp allhi a da Luz Eléctrica contestado. foi nomeada urna corni ss;'io de 4 membros para resolver a questão. O que não quer dizer que a Companhia não tivesse continuado a estender a sua rede. cerceada sempre pelo condicionamento de só poder apoiar as suas linhas em propriedade particular. Qual niio foi o seu espanto quando. em Novembro ue 1892 . quase 3 anos depois do seu requerimento. recebeu da Câmara. ainda da presidência do Dr. Oliveira Monteiro. um ofício elll que lhe era dito que . por terem expirado os praz.os para a experiência que fora pedida. a Companhia .~e achava fora de lei1 Mais ainda: agora punha-se elll causa IIICSIIIO os fios aéreos que, na opinião da Cilmara , tlcccssitari:lrTl sempre da sua autoriz::tção para serem colocados. Tudo estava ilegal afinal. Anunciava·se assimllm 1893 muito quente . como na realidade foi. Como o caso começava a dar brado. a Câmara quis cscudar·se na opinião públ ica, transmitid;J através da imprensa . Mas esta . quanLO hoje podemos ler. também lhe não foi favorável.. Entretanto em 7 de Dezembro de 1892. a Companhia respondeu à Câmara. diz.endo que. se as co isas est'.lVam assim. era porque ..I Comissiio há 2 anos nomeada. tinha resolvido aguardar a decisão sobre os postes de fe rro. para s6 depois se pronunciar. Como essa decisão nunca Linha s ido tomada. e lodos a aguardavnrn. ninguém podia dizer que a Companhia estava fora de lei. Aliás. curiosamen1 e no mesmo di:!. chegava ao PQl1Q O Diário do Governo que 1razia a lei reguladora que o Governo tinha resolvido publicar. dada a imponfUlcia que a indi'lstria da electricidade começava a ter e mais se adivinhava teria. A intenção bem expressa pelo Governo era de «deixar livre de quaisquer peias ou estorvos o exercício da nov:! indústria e o seu pleno desenvolvimento». tese que in bem con1ra o intervencionismo da Câmara do POrto . O que levou esta. em jogada de <lntecipação. <l escrever logo em 1 de J<Jnciro de 1893. à Com panhia. prevenindo-a de quc. se continuasse a estender fios sem aUlOrização sua . procederia a embargo judicial. Ao mesmo tempo que, subrepticiamente. mandava um vereador entender·se com a Companhia. m:lS com a condição sine·qua·non de se ter que conten1ar com a rede de que dispunha. sem poder insta lar nem mais uma l;impada. O conllito estava aberto, e a C[ullara em 13 de Fevereiro c li Companhia em 6 de Março. recorrem ao Governo para dirimir a questão. Isto. apesar de na sessão de IS de Janeiro de 1893 . o Presidente da Cálllara, jti então o Dr.. Costa e Almeida se permitir dizer o seguinte a respeito da d istribuição da energia eléctrica: .. São palel1lCS as suas vantagens. Generalizou-se a tal ponto que parece eX1raordi nária violência obstar a que continue. Mas há a ponderar o interesse da Fa'l...cnda Municipal.. ligado à Companhia do Gás que paga 3 reis por melro cúbico. Entendendo· se que a Companhia do G:b não 1em exclusivo. acha·se contudo que se deve nomear uma comissiio (mais uma!) para obrigar a Comp:ltlhi:1 da Luz Eléctrica a cumprir. 146


SUBsíDIOS PARA A I-fISTÓIUA. DA ELECTRIFICAÇÃO I'ORTUGUI::SA

Esta também deverá pagar ~ Câmara». E logo se nomcou mais uma comissão. esta presidida pelo Prof. Gomes Teixeira. O pior é quc as respostas que o Ministro das Obras Públicas. o Dr. Bcrnardino Machado, mandou dar :\ Câmara (cm 20/3/93) e à Companhia da Lu z Eléctrica (em 30(4). não vflo de forma ncnhuma em favor da Câmara. A aCla diz que. embora os apoios implantados na via pública careçam de aprovação da Câmara, não ass im os fios aéreos suportados a panir de propriedade particular. acrescen~ tando mesmo que. se a Companh ia do Gás vier a empreender a construção de linh as eléctricas. estas deverão também merecer a aprovaç?io do Governo. Enquanto que no ofício que o Ministério envia 11 Companhia da Luz Eléctrica. se dá a esta taxativamcnte aUlOrização «partl contin uar ..1 sua exploração no<; termos do plano que apresentou ». Não se dcu a Cãmar;\ por vencida e. em /laVO ofício ao Ministério das Obras Públicas. protestou contra a aprovação dos planos da Companhia da Luz Eléctrica. pedindo ao Governo para não consentir mais ncnhuma aUlorização a esta. mas. como se vê do ofício posterior a que acima aludimos. o prOlCStO não deu qualquer resultado. O despacho de 25 de Abril que ori ginou esse ofício tem a assinalura do próprio Dr. Bernardino Machado. Nem assim a C5mara desistiu. e. em Maio. pediu ao Governo. invocando poslUras municipais. que lhe concedesse o direito de intervir nos flos que atravessassem as vias publicas. As posturas invocadas referiam-se a cordas esticadas que poderiam prejudicar o trânsito de pessoas ou tren.~ ... O Governo limitou-se a responder que o despacho não invalidava direitos adquiridos. nem mesmo interesses legítimos à so mbra da legi sl ação anterior ao decreto de ! de Dezem~ bro de 1892. Foi o que a Câm;lf<L quis ouvir. e. agarrando-se ..lO privilégio que a COl1l~ panhia do G;ís tinha de eswbelecer condut:1S sub terr~lIlcas. pretendeu com isso justiflci.Lr um monopólio para a distribuição dc energia e léctrica. Sem atender a que a rede da Companhia da Luz Eléctrica já existi:l. era .:1érea e não tinha precisado d;l quaisquer condu ta.s subterrâneas. Esmiuçando o contrato. a Comp.:1nhia da Luz Eléctrica f1rma~sc cm que li Companhia do Gds não tcm senão o exclusivo da rcde de gás. O resto que nesse contraiO se pode ler é que. se li Câmara optar por substitu ir o gás por iluminaçilo eléctrica. haverá concurso c .:1 Companhia do Gás poderá ter nele preferéncia. continuando er1l50 a ser de 25 allOS o prazo. Nilo a obtendo, quem ganhar terá o [1razo de 10 anos e mais nada. Quanto às linhas aéreas apoiadas em propriedade privada. a Companhia da Luz Eléctrica tinha autorização do Governo e con ti~ nuaria a expandi-las. Pareceria que tudo estaria sanado. mas não. Na sessão de Câmara de IOde Novembro. aind:;! o assunto voltou a ser asperamente debatido. tendo sido aprovado o 110VO contrato com a Companhia do Gás. contrato em que. para se lhe evitar a falcncia. se lhe concede a prorrogação de 25 anos que pede, e ainda a instalação de produção e distribuição de luz electrica. À Companhia da Luz El éctrica ainda se quer negar a legalidade. invocando agora o Código Administrat ivo. embora se não vá co ntra a opinião da Comissão que estudou o contrato do gás e que lhe permite a Sua exploração :lClual. Tudo bto embora a Companhia do G:ls. em 1894. ainda só diga que «pretende principiar em breve o fornecimento de luz eléctrica)~. enquanto que a Companhia da Luz Eléctrica . a essa data. já largamente a distribui . 147


FRANCISCO DE ALMEJI)A E SOUSA

Muito haveria ainda para contar se o tempo e a pacii::llc ia de V. Ex. as dessem para tanto. Mas annal como cenninou ludo isto? É que entretanto cm Lisboa tinham ,lcontecido co isas que vi riam a innuenciar muito a situação no Porto. Em Lisboa. e desde a experiência de Cascais, reforçada ainda pelos progressos rcais q ue a ilu minação eléctrica vinha l"a7..cndo no estrangeiro. a poderosa Companhia Lisbonense de Ilum inação a G:ís sentiu tremer o seu império e entendeu não ga!>t:lr muito mais dinheiro nas suas instalações de gás que por isso, e ntraram em descalabro. TanlO q ue. em 1886. a Câmara de Lisboa lhe denunciou o contrato e n:1.o perdeu le mpo. abrindo novo concu rso que agora quis internacional e publicou cm Lisboa, Berlim. Pari s, BruxelaS e Londres. A Lisbone nse n50 concorreu. embora se lhe continuasse a permiti r a distribuição do gás nos termos cio contr:HO anterior, mas ill1eressaram-se pela coneess:1.o várias empresas estrangeiras. terminando esta por ser adjud icada em Junho de 1887 a urna empresa belga . S.A. d'Eclai rage du Centre, que se veio a a po iar em poderosas entidades fin:tll ceims frances as c belgas. Não era ai nda a SOFINA. COlllO erradamcnte se vi:: escrito. embora naturalmente possa haver ligações fina nceiras . De qualque r maneir:!o a Eclairage du Centre e seus a poiantes formaram rapidamente ullla nova firma. a S.A. Gás de Lisboa. que mesmo que o nome e até os estatutos se referissem mais ao gás. e também no gás tenha feito obra. logo em 11711889 põe a funcionar. nos lerrenos onde mais tarde se construiu o antigo Hotel Victória (hoje sede do Partido Comunista POrlugui::s), lima central que abastecia os candeeiru),. ainda de arco . que colocou cm Ioda a Avenida da Liberdade. Foi esta.1 primeira inslalação definitiva da electrific:lção de Lis boa. Em 1889, mui to depois das rea lizações do Porto. Passou depois a ha ver uma luta muilo engraçada entre as 2 com panhias de Lisboa. mas a Gás de Lisboa. mais sabida. não tardou em encaminhar as coisas para a paz.. Porque se não haviam de fundir'? Eram só duas ... E foi o que aconteceu. Panela de fC ITO. panela de barro ... Nasceram assim em 10/6/91 as C.R .G.E.-Com panhias Reun idas de Gás e Electricidade, que hav ia m de deter. quase po r I sécu lo, o monopólio da produção e disl ribui ção da electricidade c gás. não só em Lisboa como em toda a su a ,' aSla região. O monopól io s6 terminou em 1975. intervindo a nacionalização da industria da electricidade. Sc não fosse isso. estou certo que o monopólio ainda perduraria. apesar de o seu contrato ser só de 90 anos. Os aCOlllecimentos de Li sboa é natural que tivessem o seu renexo no Pano. tanlO mais que a s it uação linha alguma coisa de semelhante. H avia é verdadc. os teimosos da Co mpanh ia d:1 Luz Eléctrica. mas talvez hou ve sse o utras maneiras de f;Jze r. Como houve. Entrar-se-ía primeiro com pés d e IJ na Co mpanhi a Po rtuense de iluminação a Gás. apesar do apoio da Câmara. na a lt ura já muito periclitante, e depois ver-se-ia o que se hav ia de fazer. E fez-se. Um belo dia de Março de 1895 houve um incêndio na Cell1ral da Companhia d;J Luz. Eléctrica, e, é singu lar. mais do quc as instalações. arderam os papéis . .os papéis q ue hoje nos faltam. lncêndio que não foi senão o prelúdio da Assembleia Geral de 2 117/98, que haveria de votar a liquidaç:1.o da empresa c nomear uma com issão liquidatária que, por sua vez. n:1.o deixaria de e ntregar :1 riv al Compa nhia do. Gás lod os os bens e instalações (13 malfadada Co mpanhia da Lu z Eléctrici:l. As vezes. queremo-nos convencer de que não, mas tudo termina assim à fa ce da Te rra. Há sempre os vencedores c os venc idos. J ustiça é que nem se mpre haverá. Mesmo s6 na memória dos Homens. 148


SUBs{mos I'ARA A HIlTON'" DA EUCfRWfCAÇÃO f'ORTUGUI:.SA

No cntanto. é bom n~o esquecer. mesmo enquanto duravam estas lutas todas. houve no Porto quem quisesse andar para a frente e tivesse andado. Também nos transpones públicos houvc 2 Companhias. a do Carril Americano (1870) e a Carris de Ferro do Porto ( 1873). mas quem eSlava à frente desta última era um Homem muito dinâmico. José Vieira de Castro. que. logo em 1878. requereu a substituição da tracção ani mal pela lracção a vapor. e. em 1894. audácia que ainda não tinha tido igual 11;1 Penínsu la Ibérica. pela tracção eléctrica. E se Vieira de Castro bem o pensou, melhor O fez. Obtida autorização . logo se lançou na construção da Central que havia de produzir a energia: uma pequena ce ntral térmica na curva da rua da Restau ração. já que o primeiro percurso pensado seria de Massarelos ao Camlo. Não lemos grandes elementos sobre essa central. já que. logo em 1895, foi subsli tuida por outra. esta já na Arrábidól. juntO do rio. em que 2 máquinas a vapor de 500 cava los accionavam 2 dínnmos de 325 KW eada um. eentral que assegurou o serviço desde 1898 a 1915. É difícil conjugar. na explanaçi'io. o progresso da Carris com o da electriCicação do Porto. Durante anos e anos foram sistemas a par. que nenhuma interligação tinham. Mas a Carris do Pano foi sempre um modelo de querer. de audácia e de modernidade que se ria muito mau não trazer uqui. Bcm mereceu da cidade e do país quando resolveu. exemplo em Portugal. queimur só carvão nacional. com todos os ónus que representava a queima de um c:lrvão assim. com 38% de cinzas c só 4 a 5.000 cn lori:!s. ainda pnra mais a partir de minas cujo acesso estava então longe de ser o melhor. Mas teimou e venceu, lendo a C<lrri., tido algumn compensnção qUólndo da 2." guerra europeia o carvão importado encareceu. esc:lsseou c chegou mesmo a desaparecer. O que foi necessário de s.lbcr t~cnico. de esforço e de dedicação para que os problema" se resolvessem. não terá descrição. Não intercalaremos ólqui toda a história dn Carri s. mas porquc independente de todo o processo da electrificação do Parla. sempre diremos que. já comandada pelo grande administrador que foi O Dr. Severiano José da Si lva, cm 1915 a velha central da AIT.:íbida foi substituída por OUlra. eSlajá em Massarelos. cam 3 dínamos Siemens, eOIll 10 MW. e alternadores de I MW cada e outro de 500 K\V . Não foi fáci l passar a c,lrestia da I~~uerra. mas à base do carvão de S. Pedro da Cova que zorras também eléctricas trazi'lm. lUdo se conseguiu. Até que. em 1929. fortes da experiência hnvida. se resolveu modificar a Central com eq uipamemo já preparado para a queima dos carvões nacionais. c. in:.ta1adas em 1931 e 19392 caldeiras Walther fOOlecendo turboahemadores Brown·Bo"eri, se conseguiu atravessar a 2." guerra. dar mesmo nlgum apoio à rede do POrtO e aguentar o consumo até que. eOIll a chegada da energia dos primeiros grandes aproveitamentos hidroeléctricos. ludo se regularizou. Mas mesmo nssim. ainda aquelas caldeir.ls permitiriam as experiências de queima dos carvõc!> n:lcionais que serviram pam o projecto da Central da Tapada do Outeiro. Ainda tiveram essa utilidade. Mas lUdo i:.lo foi uma outra e bela história que. por se conju~ó.tr Tllal com a explanação que se vai seguir. se quis desde já individual izar. Voltemos pois à electrificação pública que é afinal o escopo deste tró.tbalho. Pois enquanto 110 Pano. Câmara e Companhias se envolviam em guerrilha" que ocuparólm afina l Iodas as 2 últimas décadas do sécu lo, a ideia da e lectrificação ia-se espalhando por todo o país ~m encontrar idênlicos embaraços. Pelo contrário. as Câmaras 149


FRANCISCO DE AU,1EIDA E SOUSA

foram as primeiras a ajudar. <I requerer mesmo concessõcs. E assim. para fa lar só nessa década. teremos que assinalar em Bragól. e m 1893. o contrato com a Sociedade de Electricidade do Norte de POrlug:IL e em Vila Real. a Empresa da Luz Eléctrica. a que não seria estranho o nosso conhecido Emilio Si el. Em .lmbas a ideia seria o aproveitamento dos rios que lhes passavam próximos. o Este e o Cargo respect ivamente. mas os conhecimentos e os elementos que então havia n;"to seri am grandes e cedo se ,'iu que a solução hidroeléctri ca só marchava com regularidade de caudais. o que não era o C:lSO. Em Sr:lga a ideia morreria. Illas não assim em Vila Real onde. depois de muitos dissabores. um pequeno açude foi suficiente para que. durante muitos anos. tivesse sido uma das cidades mais bem ilu minadas em Portugal. Também cabe aqui uma palavra. que até já devesse ter sido anterior. para os verdadeiro!' percursores da hidroelcctricidadc port uguesa. os enge nheiros açoreanos José Cordeiro e M anuel Pacheco Vieira. q ue ref!;ressados às sua~ ilhas após estudos na Bé lgica e na Alemanha. para ali levaram o interesse pe las novas sendas do progresso. E assim o jovem Cordeiro resolveu aproveitar a pequena Ribeira da Praia para ilumi nar Vila Franca do Campo. instalando em 1898 uma pequena central de 48 KV A. eentral essa q ue ainda há poucos anos estava a trabalbar. se é que o não está ainda hoje. Depois, foi mais longe, aventurou-se à iluminação de Ponta Delgada. e eonseguiu-o. juntando na mesma ribeira uns grupos ao:- o utros até conseguir a po tencia necessária. Vieira vai para a Terceira onde diricilmeme pode ria ter veleidades hid roeléctricas e teve que recorrer à termoelectricidade para iluminar Angra. M as cedo o bicho hidroeléctrico o leva para S. Miguel. onde. aí sim. consegue. com uma central de 40 KVA instalada na Ribeira dos Tambores. iluminar Fumas e Povoação. Há mui to pouco te mpo. trabalhav'l ainda . No Continente. por im possível que pareç<l. os percu rsores são ainda mais ignorados. Após as tentativas em que faWrnos. e m Tomar. Braga e. Vi l:'! Real , te.m-se conhecimento de ullla autorização para o aproveitamento do Côa (q ue tantO havia que dar que falar). Côa onde. desde 1906, est,í a produzir.:l pequena central de Riba-Côa. de 125 KVA. Já em 1899 havia sido eoncedida licença a Álvaro Rebelo Valente para a construção de uma central 110 rio Varosa. licença eS.~a que transferim para a Companhia Hidro-Eléctrica do Varosa. fundada em 1907. A primeira central deste. rio foi inaugurada em 1909. e tinha apen:ls 90 CV. Quanto .:lO Rio Alva. o primeiro alvará concedido a António Marques d.:l Silva. depois transferido para a Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela. data de 1908, e levou ao apmvcit:nnemo. logo em 1909. da I." Cemral d:l Senhora do Desterro. já com uma turbina Pelton de 600 CV. A licença p.ml o .:Ipro veilamem o do Lima seria concedida em 1915 à empresa espanhola Elect ra dei Lima. mas não produziu imediatos e feitos por virtude da guerra. Só em 1922 entrou :.l trabalhar o I." grupo do Lindoso. mas já com potência que se visse: 8 750 KVA . Entretanto o tempo passara. o triunfo da electricidade j{1 era indiseulível. mas. em Li sboa. as novas C.R.G.E. aind:1 têm que atende r primeiro à rede do gás. cmão em muito mau estado. e só cm 1901 começam verdadeiramente a elcctrilicação da cidade. H<Í um contrato desse ano. substituindo o de 189 1 e impondo :IS zonas e cond ições em q ue a electric idade. deve ser fo m ecida. E é por isso que. logo em 1902. a Companhia instala a Central da Boavista. com 2 grupos de 200 CV. seguidO!. de mais 2 de 300 e uma bateria de acumuladores. A dis150


SUI1S!IJIOS I'ARA A HIST6RIA /lA Ef.ECrHIFI CAÇi.O PORTUGUESA

tri buiçao teve inicio em 1903. mas j{í em 1905. par.:! aeompanhar o consumo. se tinham que instalar mais 2 máquinas de 1500 c:lValos, acopladas a dínamos de 460 V-2200 A. Aliás aqui começamos :J tcr os primeiros dados dos consumos, mais tarde tão difíceis de OblCr. A rede de Lisboa vende u. cm 1904-05.0.8 Gwh e, em 19 I 3- J 4. 8.5 Gwh. ISIO d:í uma ideia d o crescimento ex plosivo que logo tcve. Havendo assim que aumentar a potêncin. e não o permitindo a exiguidade do terreno existente na Boavistu. adquiriu a Compan hia. um terreno na Junqueira. à beira Tejo. onde h:lVeria de crescer a emblemática Central Tejo. Para aí foi tr:lIlsferido o último cquipamento adquirido para a Boavista. substituindo- lhe os dínamos por altemadores de I 000 KVA. À medida que o consumo subia. fomm-sc acrescent ando novas máquin:Js por forma a que e111 1913. já existiam instalados 7 15 0 KW . J á era uilla central respeitável c pôde dcsaetiv:Jr-sc a da Boavista. Ma!,. para todo este grande e rápido esforço. foi preciso um financiame nto muito grande e este foi buscar-se. agora s im. à SOFINA - Socicté Financicrc des Tr:msports ct d'Entreprises [ndustrielles. de Bruxcl:t.~. que passou a comandar todo O empreendimento. O problema é que . logo :l seguir. veio a guerra e as difi cu ldad es para obter o carvão de Cardiff necessário foram mais do que m uitas. Procurou-se por tOd:l a pane carvão - América. Espanha. etc. - Illas terminou por se ter que recorrer maioritariamente aos C:lrvões l1:lcionais. por mai s desajustados que fossem. Deixemos as C. R .G.E. neste ponto. já capazes de um efeclÍvo serv iço :l Li sboa . para nOtarmos que. no mesmo ano de 190 1 já fa lado. se instalou também em Li sboa . em Santos, a ce mra] que deveria assegurar o abastecimento de energia aos carros eléctricos. Nas mãos de uma com[l<Inhi a inglesa. a Carris de Ferro de Lisboa. rapidamente instalou os mOlores de correl1lc contínua de 500 V necess;írios à tracção. Deixando agora Lisboa encontramos. peJo país fora . a chusma de pedidos de concessão feitos por Câmaras. Emprc!'as. e tc .. que. na maior parte dos casos. o u não dão nada. ou dão origem a pequenas c anlieconómic:ls centrais térmicas ou mesmo hidraúlicas. para serviço público ou serv iço particular. este normalmente para accionamento das fábricas mais importantes. Às vezes. são as enormes máquinas a vapor antigas que accionam os dína mos. M as estamos bem cm allUra de regressar ao Porto para ver o que se passou q ua ndo nnnlmente n paz foi restabelecida. No Porto. ao contrário do que aconteceu em Lisbon. os 2. ramos. gás e electricidade. não se m~ntivcram unidos. conquanto paralelos. E assim. enquanto a rede de gás c a respectiva central se deteriora vam cadn vez mai s. para o que muito contribuíam as qualidndes das águas e C;lrvõcs utilizados. co nstituia-se entret;nHO :1 Sociedade de Energia Eléct ric:1 do Pono. que imediatamente resolveu construir. no Ouro. à beira rio. e junto dos gasómetros. 3 primeira central térmica já com alguma potência quc a rede da cidade teve: 3 máquinas de êmbolo (750 + 750 + 250 KW) e. depois. uma turbi!ln a. vapõr de 1 500 KW . Tudo à beira ri o. pa ra mais r:'icil abastec imento de carvf!o inglês. E~tava- se em 1907. e não se CO l1l 3Va com a guerra tão cedo. e que guerra! Poltugal que. antes da g uerra. importava mais de I milhão de tonel adas de carvão. em 19 18 não conseguiu importar mais de 211 000. e não ([;1 qualidade que queria. e pelo preço que precisava. Houve que recorrer ao carvão da bacia durie nse. antracit!.! com 40% de cinzas c um poder ca lorífico que nuo excederia 4 000 OLl 5 000 calorias por Kg. Jun tando a lUdo isto o preço do transporte do carvão c de retirada das cinzas. e 151


FRANCISCO OE ALMEIDA E SOU:iA

- - -- - -

;,linda O efeito d;t má qu~lidade das águas lat1l 0 de alimentação como de refrigeração. não admira quc o serviço não fosse bom e que a cetllral e a rede se fossem dcteriorando cada vez IIl:Jis. Foram estudadas várias soluções. mas razoúvel não se e ncontrou nenhuma. A tal ponto chegou o mau serviço quc, cm 17 de Maio de 1918. aprove i* tando:t tendência então CI11 voga para a municipa lií'..açao. e também a passagem pelo Ministério do Comércio de Francisco Xav ier Estevcs. engenheiro. Presi* dente da As~ociação Industrial Portuense e profu ndo conhccedor dos problemas do Porto e da sua indústria. a Câmara. alegando o interesse da população. tomou cOnta da exploração. instituindo depois os Serviços Municipalizados de Gás e Electricidade que tão bem h:lViam de servir a cidade. e mesmo servir de modelo para tantos outros ~erv i ços que foram nascendo pelo paí~. Mas a Cenlml que a Câmara então reccbeu est;Jv:ljá de facto mui to dcte* riorada. c a época em que a recebeu. também não ajudava nada. Apenas o turboalternador e a máquina de êmbolo de 250 KW se encontravalll ainda em estado quanlO podcmos dizer razoável. As c:lldeiras já não consegu iam assegurar a pressão necessária. c isso já talvez dê uma ideia mais clara do que LUdo :.Iquilo er:l. Ou então. :.linda mais cOTlviTlcente: a descarga do I.::arvão c a car~a das cinzas era ainda feita ;1 cabeça. cm gigos. passando por cima de pranchas do barco o u da~ zorras para o chão. E. :-.6 para a electricidade. e ra necessário um mínimo de 60 toneladas dc carvão por dia. Somem*se O carvão pam o gás e as cinzas, e veja*se o que aquilo seria .. E contudo. pressionada pelo consumo. a pl'odução dobrava em 5 anos: pouco pa~sa"a de 2.5 milhões de Kwh em 1917 para chegar aos 5 milhões em 1922. À fo rça de q ue esforços. conseguiu*se red uzir o consumo de carvão de 5 KgslKWh para menos de 4. COIll o auxílio. é evidente de algum carvilo estran* geiro que ~e conseguia arranjar. De qualquer maneira. consut1lO~ altí!'>simos que s6 as más condições da Central e a má qualidade do carvão podiam justificai'. Se juntarmos a ludo isto. a péssima exploração do g.ís. com tubos podres e fugas que chegavam aos 70%. teremo, ideia do que seri:1 a ~iluação financeira dos Serviços. Como último recur~o. abriu a Câmara em I de Setembro de 1920 um concun.o para o fornecimento de encr~ia de qualquer provcniéncia destinada à iluminação públic;1 e particular. milS rcser"ando*~e a C[lmara o priviJégio do fornecimento. até ao limite exigfvel de 40.000 K W. a quaisquer clientes. e tudo sem prejuizo da ampli ação já prcvista da Centra l do Ouro que se pensava aumentar com 2 lurboaltern;tdores. um de 3000. OUlro de 6 000 K\V. e respcc· tivas caldeiras. Como alici:lnte. dizhH.e por fim que tal fornecimento se poderi a tornar sem limite de tempo. nem de quantidade de energ ia. Mesmo assim. receberam-se 4 propostas. a mais elaborada (ou ambiciosa) seria:1 da Empresa da.' Minas de S. Pedro da Cova. provindo as ouuas da Unirio Eléctrica Ponugues3. Companhia do Varos:1 e ainda da Companhia Nacional de Viaçilo e Electricidade. De qualquer maneira. a proposta da Empresa das Minas de S.Pedro da Cova foi rejeitada por irrealista (em re outras coisas. ofereci:l energia hidroeléctrica do Côa!) e aS outras. pelo menos no momemo. não asseguravam o ahastecimento imediato que se prete ndi:l. Apenas a da Uni ão Eléctrica Portuguesa. distribuidora da energia do Lindoso. estava mais próxima da rcaliz:lçrio. um;1 vez que. tendo iniciado as obras em 1915. embora as tivesse tido que in terromper por motivo da guerra. tinha j,í e m montagem o 1. 0 grupo de S 750 KVA. Pelo menos e~ta. a curtO prazo. seria uma realidade. O Varosa

152


SUlJsfOlos PANA A HISTÓRIA DA r:I.EC/WlHCAÇÃO "ORTUG UE!>,\

eSlava ainda muito atrasado, quer na inswJação dos grupos (5 000 c 2 500 C. V.), quer mesmo na bilrragell1 que os deveria regularizar. A preméncia da situação levou a todos os estudos, desde a construção. na margem su l. de uma cent ral lérmi ca em Germunde, queimando carvões pu lveri zados do PejJo até II remodelação total da Central do Ouro. Mas tudo foram sonhos e demoras. ;jlé que. em fins de J 922. se pôde receber a primeira energia do Lindoso. O segundo grupo. igual, entraria em actividade em 1924. e. falando j;'Í a Electra de Lima. numa centra l eléctrica de ::Llbufei ra a montante do Lindoso e tendo começado 0'<: primeiros trabalhos para a central térmica do Freixo. parecia que finalmente se poderia descansar mai s um boc'ldo. Nesta situ ação. a so lução imediata não poderia ser outra: aguard ando melhor. o 1.° grupo do Lindoso. tendo como reserva. pobre reserva!. a velha Central do Ouro. E assim se começou a virar a página do problema do abastecimento de energia eléctrica ao Porto. c a definir as 2 grandes opções que haviam de gerir a electrificação de Portugal. até à chegada da energia dos grandes aproveitamentos hidroeléctricos e consequente estabelecimento da Rede de T ransporte Nacion;ll: hidroelectricidadc ao Norte e termoelectricidade ao Sul. Compraríamo:-. a energia :lOS espanhóis. Illas deixaríalllos de comprar mais carvão aos ingleses. como em Lisboa cominuou a suceder. Não quer isto dizer que se não sonhasse j;'Í com o aproveitamento de rios maiores. e. no None. o CJvado e o Dou ro tinham a pri mazia . Mas, nessa época. ainda estávamos verdes para tão altos vôos. Como exemplo. f;llamo.<: apenas da concessão dada à Compmlh ia das Quedas de Água do Norte de Portugal para o aproveitólmemo do sistema C::'ivado-Rabagão. Durante Illuito lcmpo, gastou-se muito dinheiro em estudos. mas nunca houve que chegasse para a obra. Mas quando. ao fim de mai s de 20 anos. o governo. b'lseando-se no incumprimento do Caderno de Encargos. deu a concessão por caduca, não deixou ii concess ion;'Í ria de recorrer para os Tribunai s. e mesmo de escrever ao Ministro do Comércio. declarando não aceitar tal decisi'io. A rcspOSIa que obteve foi: «N ão illlerc~ sa que a Companhia aceite ou ni'io aceite a dec i.<:ão. O que interessa é que ela tenha sido tomada cm con formidade com a k i. Arquive-se. O Mini stro do Comércim>. Este Ministro do Comércio chamava-se Duarte Pacheco. O Douro tinh;1 também o seu defensor. ia a d izer. sem desprimor. o seu poeta: Ezequiel de Campos. Ma.<: também eslaríamos ainda verdes para o seu .~onho. Por outro lado. no sítio que escolheu para a barmgem ( Bitetos), a sonda aClLSOu uma fundação tão má que torn:Jria impraticável a construção. Foi esse projecto mais tarde deslocado para Carrap;l\elo, onde nào se pode dizer que não tivesse havido problemas, mas que. construído uns anos depois. já imegrado num plano e com outros meios. é hoje ullla portentosa realidade. Que pena, desculpem o desabafo. não lhe terem posto mais potência. mas são os erros dos dlculos e dos tempos. Entretanto em Li sboa - temos sem pre que comparar - o dinheiro da SOF INA construia. ao lado du sua Central da Junqueira. a nova Celllr:!l Tejo (a Central da Boavbt a linha cntretanto sido desactivada) e equipava-!iõe com grupo!iõ j;'Í de certa potência: o primeiro. um IlIrbogrupo de la 000 C.V. As dificuldade!iõ que tcria tido com o abastecimcnto de carvão dunmte a I." guerru mundinl. pois adivinhamo-Ias. Queimou de tudo quallto houve à mão. antracites do Norte, linhites do Lena. lenhas, desperdícios. bôrras de aze ite, cu sei lá! Mas UI conseguiu passar esse mau bocado. 153


fRANCISCO Dé- ALMEIDA E SOUSA

Começavam-se portamo a delinear já as 2 zonas distintas da electrifi cação do País: ao Sul. electric idade tennocléctrica. maioritariamente belga. q ueimando carvão inglês: ao Norte, hidroelectricidade. maiori tariamente espanhola. baseada nos aproveit:!mentos do Lindoso. do Varos:!. do A lva e do Vizela. já polvil hada com imensas pequenas centm is. concelhias. empresariais ou pouco mais. T udo esparso. sem interligações. surgindo apenas uma linha verdadeiramente de alta tensão: do Lindoso ao Po rto ( 132 KV). continuada depois:ué Coimbra a 60 KV. Portugal. lentamente começava a ficar maduro pa ra o estudo da racionalização do seu :lbastecimen lo de e lectricidade e para :I leg is lação que lhe iria dar corpo. A passagem. em 1 ~ 1 8, de Fr:lncisco Xavier Esteves pela pa"ta do Comércio não foi dcspicienda. c quase logo que tomou posse. em 8/3/ 1918. decretou o estudo dos nossos ri os com vista ao seu aproveitamelllo hidroeléctrico. ii começar pelo Cávado e pelo Do uro. Só e ntão. mas agor.l já de cima para baixo e coordenado. E. n3 passada. logo no ano seguinte foi promulgada a chamada Lei das Águas que procurava pôr alguma ordem no concessionamento. embora não conseguisse ir até ao fim c pennitisse ainda a mul tiplicidade de concessões. c daí a q ua ntidade de pequenos mono pólios que se vieram a instalar. Foi necessário esperar por 1926. já n.t vigência da Ditadura Militar, para aparecer finalmente a Lci dos Aproveita me mos H idr:íulieos que. pela primeira vez. estabelece a noç~o de Rcde Electrica NaciOllal. e. como primeira medida_ un ifica .IS tensões e a té as frequências d:l energia :l d istribuir. Começava-se cntão a reunir as condições pam podennos discutir com os espa nhóis:1 rcpartição da energia do tfoÇO do Douro Internacional. considerado muito justamente a grande fonte hidroeléctrica do país. Um rio caudaloso como o Douro. mesmo cm estado bruLO eomo ninda estava . caindo de 530 metros de altura no pico da nossa fronteira. i'I saída do Planalto de Castela. para atingir. em 150 Kms de curso. os 125 melros da foz do Huebra, pois fosse onde fosse no M undo. seria sempre uma g rande riqueza. Havia que tomar uma decisão: ou centrais comuns. dividindo ii cJectricid:lde. ou centra is com grupos de um e do OLllro pab. ou. mais li near. d ivisão do troço internac ional em zonas de igua l potencia. talHO mais que nesse troço s6 desembocava um anuente de alguma im portância: o Torll1c.~. Devemos aos negociadores de 1927 uma diviMio pragmática dos recursos. não c ivadn de pruridos de justiça exacerbada que tornariam sempre difícil. senão a rtificial, qU:llquer acordo. Linearmente o troço en tre a fronteira espanhola e a 1'0 7, do Tormes foi atribuido a Portugal. e o tfOÇO 11 j usante desla. a Espanha. Po rquc o desnível deste troço era ligeimmente maior do q ue o português. I"oi-nos atribuído. como co mpensação o desnível entre a roz do Huelva e a fronteira portug uesa. Estávamos assim livres de planear a nosso bel-prazer as nossas m aiores fontes de energia hid roeléctrica. Mas ainda se haviam de passar 30 anos antes que fossem realidade. Entretanto. e também cm 1927/28. e só elllJo . aparecem as nossas primeiras estatísticas de energia e inslalações eléctricas. Só e ntão se tem elemenLos para estudar o que há e a evolução que se pensa poder h:lver. Por essas estatísticas. vcmos quc. ao todo. ne::>se ano Portugal consum iu 187 milhões de Kwh. Pa ra os 6 milhões que e nt ão seríamos. a capitação era de 30 Kwh/ano. A actuol a ndará pelos 3 000 Kwh/a no. 100 vczes mais. Era evidente que esse número iria aumentar rapidamcnte e 20 anos depois já era 4 ve7.es ma ior. Mas 20 anos depois é 1947. estáva mos ainda antes do arranque da grande obra da e1eclrifi154


SUIJS!f)fOS PAN/\ ti NlSTORIA DJ\ ELECTR"'-/CAÇÃ O /'UNTUGUES/\

cação nacional. que. com a alfabet ização. persblo em cons iderar a grande obra da minha geração. De qua lq uer forma. esparsos e descoordenados. iam elll rando em serviço mais alguns grupos hidroeléctricos - o 2. 0 do Lindoso em 1924. antecedido das centrais da Senhor:1 do Desterro ( 1909) e da Ponte dos Jugais (1923) no Alva. dos dois grupo do Varosa cm 1925 e. na ribeira de Nisa. da primeira primcira ccntral (Bruccira) cm [924. Isto para além de illlímeras cel1lrais térmicas espalhadas pOI' todo o pafs c algumas centrais hfdricas servindo essencialmentc industrias que a elas podiam ter acesso. Com algum peso, devcmos citar a central térmica da Cachofarra da U.E. P. (Sul). que entrou em serv iço cm Setúbal em 1930. essencialmente para fornecer a zona industrial a Sul do Tejo ( Barreiro. Secil. etc.) De qualquer mal1cir:t. e logo a panir das primc iras estatísticas publicadas. vemos que o p:lilorama não era animador. Existiam e ntão em Portugal nada mcnos que 354 centrais eléctricas, sendo 69 hidráulicas e 285 ténnicas. Com mais de 5 000 KW instalados. só havia 2 hidráu li cas e 3 térmicas. Com menos de 500 KW. havia 32 1 centrais. Era a poeim afinal. E isto pam produzir 187 mi lhõe... de Kwh ! O que isto custava (ou desperdiçava) crJ. evidente. mas meslllo assim o quadro continuou. lanto que. em 1943. as centr~is eram 674, I 10 hidr:'\ulicas e 564 lér· mi cas. sendo que. com potência superior a 5000 KW. só havia ainda 4 hidráu· licas c 6 térmicas. Icndo sido a produção em 1942 de 465 milhões de Kwh . Com isto. creio ter dado um panorama do que era o sistema produtor português nos anos 40. isto é, preci sn meme antes da publicação do Plano Hidroeléctrico N<lciona l que o havia de modificar radicalmente. Recapitulando, havia. no Nortc. 4 sistemas hidroeléctricos (Lindoso. Ave. Varasa. c Serra da Estrela) apoiados. princ ipa[mentc nos regimes secos. pelas centrais ténnicas do Freixo (U.E .P.) e Caniços (CHENOP). com predominância p:.tra a ccntral do Lindoso com 3 grupos (35 000 KVA). a que. por dificuldades da guerra. s6 em 1945 se tinha vindo juntar o 4. 0 (mais 17 500 KV A). mas fcito na Suiss ... c não na Alemanha. Era el1lão a guerra. eu sei. Illas ficou·mc bem na memória o autên· tico desespero com que se aguardou em 1943. a ent rada na rede da energia do novo ilpro\'eitamcnto de Sallla Luzia, da Companhia EléclriCil d:I!oo Beiras. e erurn apenas uns míseros 28 milhões de Kwh. No Sul. tinha quase lOta i prcdominância a energia térmica. eom grande relevo para a Central Tejo. das C.R.G.E .. a que. em 1930. se veio juntar a Central da C:'lchofarra. em Setúbal. A hidroclcclricidadc era quase exclusivamente representada pelo aproveitamento da Ribeira de Nisa. no distrito de Portalegre. conSlnlfdo pela H.E.A.A, A produção total cm 1944. ano da publicação da Lei 2002 e que foi um ano excepc ionalmentI.! !>cco. foi de 505 milhõcs de Kwh. dos quais quase 200 milhõc.. hidrjulicos e 300 milhõcs térmicos. A rede de transporte também não ajudava. Existia apenas a que ligava as subestações do Norte. sempre de acordo com os interesses dos concessionários. e com imensos hiatOs entre os sistcmas. A única linha de mais alta tensão conti· nuava a ser a quc abastecia o PortO (subestação do Freixo) ii partir do Lindoso - 132000 volts - prolongada até Coimbra - Condcix:.l a 60 000 volts. Tudo iSlo. :'IS dificuldades da gUCrT"J C consequente cscassez de combustíveis, somando·sc ainda a um ciclo de anos secos com relevo para 1944-45 e 1948-49. causaram carências que os mais velhos de nós já nem recordaremo!>. mas que foram mais sérias do que às vezes podemos pen!>ar. Os prejuízos pagariam bem

155


f'RANCISCO DE ALMEIDA

1~-

SOUSA

os 2 ou 3 aproveitamentos que. com 10 anos de atraso. foram construidos. É que não foram somente :IS determinaçõcs mais visíveis - racionamento de iluminação. cinemas e cafés que tinham que fechar às II horas e outras medidas semelhante., - mas lambém o racionamento de ene rgia às fábricas. horários de trabalho impostos e encurtados. etc. Quanta riqueza se perdeu! Quando tudo se vendia! Quando só Portugal na Europa podia ir buscar as matérias primas. Não quer isto dizer que tudo fosse carência que n;!o foi prev ista. deixa andar que às vezes é defeito muito nosso. Desde 19 10 que houve profetas que pregaram no descrIa. dentre os quais temos que destacar o Prof. Ezequiel de Campos. Professor da Universidade do Porto. e. mais tarde. o Prof. Ferreira Dias, do I.S .T. e depois govel'l1ante. Sabia-se. queria-se. lUas a nossa organização e o nosso equipalllento é que n50 rc~pondiam. E foi pena que na hora aha da nossa economia que. na Europa único pafs cm paz permitiria. por falta de energia. não pudemos responder. Creio que o que disse anteriormente permitirú co mpreender melhor o :.!l voroço com que foi recebida a publicaçiio cm 26112/944 da Lei 2002 , chamada a Lei da Electrificação Nacional. definidora das grandes linhas por que se passaria a reger a rede eléctrica do país: produção centralizada e ligada por conveniente rede de transpone. prioridade à hidroelectricidade como recu rso nacional. embora a apoiar. na eventualidade de anos secos. por uma central térmica queimando de preferência carvões nacionais. Dando início à obra. para o Sul e abastecimento de Lisboa. foi escolhido o aproveitamento do Zêzere, Central de Castelo do Bode. pelas suas condições naturais sem discussão nem alternativa. J;í no caso do None. a escolha não ti nha s ido t50 pacffic.1. havendo outras hipóteses e out ros parâmetros :I considerar, mas. bem contra a vontade do Patriarca Ezequiel de Campos. deu-se prioridade ao Sistema Cávado Rabagão. começando-se pela barragem de Venda Nova. Queria-se a energia permanente que riS grandes al bufcirns permitiam. comra o no de :íglla muito mais poderoso. mas muito mais irregular do Douro. Ncm tudo ao pri ncípio correu como se queria. eram obras para que não cst;lvamos muito preparados. ma~ .IS nossas qualidades naturais tudo superaram. Dada a falta de experiência que havia. confiou-se os primeiros projectos gerais ao grnnde especialista francês André Co)'ne. mas foi decisão sem continuidade. tão rapidamente os engenheiros portuguc.<;es demonstraram que eram capaz.es. De facto. para const ituir as equ ipas das HidroEléctrica do Cávado. Hi d ra Eléctrica do Z':zere c Hidro Eléctrica do Douro. foram-se buscar os melhores dos jovens engen heiros que sai ram nessa altura das nossas Universidades c conflaram-se-lhes responsabilidades que os entusiasmaram. A grandiosa obra feita e a forma como foi feita. atestam o que as equipas então fonnadas c hegaram a ser. Que pena - e que prejuízo! - que não ten ham sido mais e melhor aproveitndas! Da pequena história desta grande obra. também se poderiam tirar grandes lições que é pena se percam. Mas o mcu tcmpo não dar:í para tanto. Apenas direi que. começadas em 1946. apesar de todas as di fi culdades enconlradas. o que é ccrtO é que Castelo do Bode foi inaugurada cm Janeiro de 195 1. e Venda Nova menos de meio ano depois. O panorama eléctrico português passou logo a ser outro e. emfio sim. ent50 pôde-se baixar o preço e fomemar o consumo. A produção responderia. 156


SUBsfolOS I'ANA A HISTÓRIA DA ELECTNIFICAÇio.O I'ONTUGUESA

Como exemplo lípico. quase ex- libris das dificuldadc ~ encontradas. chamo aqui o mlnsporte para as centrais das peças mais pesadas. Para Castelo do Bode, o primeiro transporte. porque o primeiro, foi muito mais mediático e constituiu. um vcrd:ldei ro acontecimet1l o nacional. As peças unitárias mais pesadas eram os rótores, com 70 toneladas. Hoje nilo haveria qualquer dificu ldade. mas naquele tempo foi obra! T eve que se comprar um camião especial, um "Willéme», francês, que o povo imediatamente crismou de camião-gigante. O pri meiro percurso, muito sinuoso por causa das ponte~ e dos obstáculos que h,lVia a evitar. foi na verdade um acontecimento nacional. Os jornais e a rádio (ainda não havia televisão) cobriram o transl>ortc melro a metro. a I>opulação acorreu em massa à beira das estradas. foi uma festa e o transporte demorou 29 dias para faze r pouco m~lis de 100 km! A pé chegava-se num décimo desse tempo! O que é certo é que Castelo de Bode passou imed iatamente a ser um local de romaria. rivalizando com Fátima. Mas a obro prosseguiu e. de 2 em 2 anos. cada uma das Companhias fez. entrar na rede mais uma cemml: Salamonde (1953). Caniçada ( 1955) e Paradela (1958). no Cávado. e Cabril ( 1954) e Bouçã ( 1955 ). no Zêzere. Entretanto tinha sido definido que o transPQlte da energia seria feito por uma 3." com panhia. a Companhi:l Nacional de Electricidade. que rnpidamente impl:ln tou as linhas a 150000 volts desde Venda Nova até li subestação de Sacavém (Lisboa). com passagem por Ermesinde (Porto). Perei ras (Coimbra) e Castelo do Bode. Finalmente. o sistema eléctrico português. pelo menos na sua linha dorsal. era e trabalhav:! como um todo. Em 1953. é constitui da nos mesmos moldes li Hidra Eléctrica do Douro, e. então s im. os consumos e a energia permanente disponivel já justificavam o aproveitamento das grandes massas dc energia proveniente do Douro Internacional. Picote ficou pronto em 1958. Miranda em 1960 e Bemposta em 1964, e a equipa da Hidrouro ficou disponível para atacar os a proveitamentos do Douro Nacional. a começar de Cnrrapatelo para montante. Com certeza que as grandes massas de energia geradas no Douro Internacional (quase 3 000 milhões de Kwh). exigiram novas linhas de transporte para os cenlros de consumo, e assim a CN.E. constitui u linhas para o Porto (subestação de Vermoim) e para Coimbra - Lisboa. não j~ a [50 KV. mas a 220 KV, dadas as distâncias e as grandes quantidndes de energia a transportar. Entrel:l.nlO. os cérebros da equipa do Cávado pensavam e projectavam um aproveitamento que não estava de todo previsto no Plano. e que viria a dar muito mais validade à energia produzida na sua cascat;l. No Al to Rabagão. qu ase na cabeceira do rio e no tOpo da serra do Barroso, criar-se-ia uma enorme albufeira que ficaria a ser a verdadeira reserva do nosso sistema hidroeléctrico. 1000 milhões de m3 de águ<l. retidos a quase 900 melros de altura. constituiram uma enorme massa de energia pOl.encial capaz de regularizar a produção. se fosse preciso. intenHlual1nente. A água. a.!i na çahece ira. 1\30 era muita. mas para alimentar tão grande lago os engenheiros da HI CA recorreram a 2 meios: primeiro desviaram para o Rabagão a água que corria no Cávado. ali bem perlO. Segundo. colocaram. na Central. pela I. a vez em Portu gal. grupos reversíveis. que tanto turbinam para produz.ir energia. como hombam. quando esta é demais e não lem - ou não linha - colocnção. Esta obra exigiu ainda outra habilidade: é que lendo as águas do Cáv:ldo

sido aU desviadas. ressentia-se disso o enchimento da albufeira de Paradcln, a jusnme. Para repor esse enchimento. pensou-se e realizou-se um OUlro s istema 157


PHANCISCO D~ AU1t:/DA E SOUSA

que trouxe. por túneis e canais. pam Paradcla. a 740 metros de altura. a água que a ju:-.ante se escoava para a Caniçada. a 162 metros. Obra e árca belíssimas e muito mal conhecida~ que convidaria. quem as não conhece. a visitar. A estrada parle do encolllro da margem direiw de Paradela. Devo aqui recuar UIll pouco para voilar à Lei 2002. que. implicava. para reserva de tantas obras hidrául icas, uma central ((~rmica de apoio queimando, de preferência combu'itíveis nacionais. A escolha s6 podia ser uma: carvões só tinhamos. em alguma quantidade. na bacia do Douro. c por isso a Central da Tapada do OOleiro foi implantada na margem direita do Douro. prccisameme no pomo cm que a li nlw que liga as 2 minas. S. Pedro da Cova e Pejão (futuro traçado do teleférico) cruza o rio. Os carvões snbia-se que emtn mnus. qu ase metade eram cinzas. mas misturados com óleo. houve quem tivesse técnica para os quellnar e a Central tem tr..tbalhado até. agora. Se os consumos foram os previstos. isso j.i sed ou tra história. Pelo menos durante toda a vida da central. Chegados aqui. lelllOS assim 3 sistemas (Cávado. Douro e Zêzere) e ainda uma central térmica de apoio (Tapada do Outeiro) tudo interligado por grandes li nha!> a 150 e 220 KV. alimentando o mesmo mercado. A única maneira dc se aproveitar toda a energia na hora cena foi instituir um Repartidor Nacional de Cargas a quem eram fornecidos todos os elementos de todos os centros produ~ tores. trabalhando todas em poole, visando maximizar a produção e repartir o valor d:l energia vendida. Para aumentar ainda mais a segurança do abastecimento e também para valorizar a .. e"entuah pontas de produção niio absorvidas pelo nosso mercado. estabeleceu-se uma interligação com a rede espanhola a 220 K\V. a partir da:. centrais do Douro 1ruernacional. e através da redl.! espanhola com a rede europeia. daí a uns anos com bons ex.cedentes proveniente .. do Plano Nuclear francês. Foi um opt im o negóc io pam a Espanha. (recebia onde consum ia e entregava onde não tinha consumo. c ainda nos fazia pagar perdas que não tinha e tran:.portes que não fazia). ma'i para Portugal para além de por vezes nos pe rmitir comprar abaixo do preço de algum;:! da nossa produção. foi uma inestimável garantia de abaSlecimemo. Porque - telllo~lo pouco posto em relevo maS é essencial - com a maior disponi bilidade de energi a eléct rica. correspondente política de preço:. e também o inegável aumento do bem-estar social da maSSa da população ponuguesa. o c rCSCJIllenlO dos consumos foi enorme - chegou aos 10% por ano, o que sign ilica a duplicação do consumo em 7 anos. ou. o que é o me~mo. a obrigação de constituir nesses 7 al1o(-; um conjunto de fontes de produção idêntico ao quI.!. à data existia. Só à base de empreendimentos hidroeléctricos seria totalmente iml>ossfvel e. por outro lado. na década de 60. por virtude da quebra do poder do cartel das 7 grandes companh ias petrolíferas. o preço do petróleo veio por aí abaixo. chegando a cotar-se a 1/2 dólar por barril. Por OUlro lado. criar potência por llleio de centrais lermoeléctricas era 111uilO mais barato e muito mais rápido do que por meio da hidroelec tri cidade. Por tudo isto. no princípio dos anos 60. frenou-:;e o plano hidroeléctrico e começaram a programar~se as grandes centrais térmicas. a fuel. como impunham os preços de então. ;\ primeira foi no Sul. para equilibrio da rede: Carregado. com 6 grupos de 125 MW que , 2 :1 2, foram entrando de 1968 ;t 1976. E logo a seguir. em 1972. programou-se a segu nda cenlr:ll em SelÚbal. ainda a fuel. O certo é 158


SUBSíljlOS PARA A fflST6RhI nA ELECTHWICAÇAo I>ORTUGUESA

que ninguém esperava o choque petrolífero que se deu em 1973: em Janeiro de 1970. o barril de crude (Arabian Li ght» custava 1,8 d61ar por barril. em Junho de 1973.2.89. em Novembro 5.17 e em Janeiro de 1974. 11.65! Programada para fuel em 1972 a cemral de Setúbal, pois ainda houve a ideia de a transformar para a q ueima de carv;lO. mas como a decisão não foi imedi;Jtamellle tOmada. quando se quis. j:í era tarde e ainda hoje queima fue!. É de qualquer maneira uma g r~lIlde central com 4 grupos de 250 MW . Como medida de prudência. e respondendo as celllrais térmicas l11al às bruscas variações de potencia. houve que pensar em unidades de produção com rápida entrada em força se necessário. e por isso se eSLabeleceu em Tunes, no Algarve, quase na ponta das linhas, uma central de turbinas a gás, de Kwh caro é cert o. m:H; intervenção rápid a c segura. Foi crescendo à medida que era necesS(lrio e hoje dispõe de 200 MW. Elllrctanto os Planos Hidroeléctricos. tanto o português, C0l110 o espanhol, tinham andado. a meio da década de 60 estavam prontos todos os aproveitamentos que, a ambos os países. no Douro Internacional tinham cabido. e, era preciso ir mais além. Havia outros troços intern acionais que ainda nào tinham convénio, e pelo menos os espanhóis tinham pressa de aproveitar toda a energia hidroeléctrica que lhes coubesse. Daí o novo Convénio que foi assinado em Madrid em 19 de Maio de 1968. Tratava-se agora dos troços internacionais do Minho. do Lima, do Tejo, do Guadiana e do C hança. para além de outros rios mais pequenos cujo curso intel'<!ssavu aos dois países. A partilh;l foi baseada nos mesmos princípios: igual quantidade de energia para ambas as partes. e. C0 l11 0 seriu difíci l acená-Ia exactamente. e o troço imern:lcional do Minho só admitia uma barragem. pois o eq uilíbrio far-se-ia com a di stri buição adequada da e nergia desse aprovei tamento pelos dois países. Para a Espanha, ficaram o Tej o e o Ch<lnça, e para Ponuga1. O Lima e o Guadiana. Agora a maneira, ou a press;l com que foram at::lcados os 2 quinhões, é que foi totalmente diferente. Soubemos que as obras para o aproveit::lrnento do Tejo tinham começado 110 próprio din em que se tinha assinado o Convénio. porque. nesse mesmo dia, se deu um desastre na foz do Sever cm que morreram crcio que 4 trabalh adores portugueses que tr<lbalhavam no inicio da grande barragem de Cedillo. a conslruir pelos espan hói s no Tejo, bem na fron teira portuguesa. Quanto a Portugal. pois não foi há muito que acabámos o Alto Lindoso, no Lima. c, quanto no Guadiann. por vi a do «A lqueva sim. Alqueva não» em que desde então temos vivido - já lá vão 30 anos! - estamos agora, e mais uma vez, praticamente a começar. Quanto ao Minho. pois parece que o não querem. Nem uns. nem outros. quanto :>;e diz., No entanto, a montante da fronte ira portuguesa. tanto o Minho como o Sil. seu comple mento, estão totalmen te aproveitado~. cle~ e os seus afl uentes. e é o seu aprove itamento que faz d;l Galiza uma das regiões espanholas mais ricas em electricidade, permitindo a instalação ali de algumas industrias-base de clectrometal urgia (que aqui também não quereríamos com certeza). No entanto, ii base de lodos estes quereres e não quereres, é bem difereme o nível de vida das duas populações, e. se quisermos uma prova t·cal. pois não teremos mais que olhar ou para o desequilíbrio abissal da nossn balanç;\ comercial. ou mesmo só para os esc <lparates dos nossos su penncrcados. Mas há mais: há um pequeno rio quc por certo V.Exas não conhecerão ncm dc nome (para mais em Espanha chama·se de outra form a). o Menle. que

159


I:RANCISCO DE ALMEIDA li SOUSA

cruza a nossa fromeira algures lá nas montanhas de Trás-os-Montes e que nos illleressa sobretudo pela regulari zação quc pode illlrodu7.ir na b:lcia do Tua. Pclo Convénio. O!o. portugueses terf:lmo,> 15 :lnos para o aproveitarmos. se não reverteria para Espanha. Penso que :l Espanha não estará de todo interessada em aprovcit:lr troço tão pequeno no seu país de rio tão pequeno. Até aqui. o Mente ficou como estav;:l. Mas uma pergunta: em Portugal alguém se lembrar;í j:'i do Mente que durante 15 anos foi no."so? Entretant o chegav:l-se ao J'im da década de 60. c interveio emão a decisão do Governo de fundir as 5 empresas da rede prirntíria Hidroeléctricas do Cávado. do Douro e do Zêzere . Termocléctriea Portugue sa e Com panhia Nacional de Electricidade. Fundiram-se as 5 numa nova Companhia que passou a chamar-se Compan hia Portuguesa de Electricidade. não sem sacrifíc ios da parte do pessoal das Il idro Eléctricas do Cávado e do Douro que foram as que realmeme se rundiram. Conseguiu-sc ainda que a sede fosse no Porto. mas como sempre. isso efcctiv amente pouco representou porque o poder passou inteiramente para Lisboa. Como sempre. Continuou a C.P.E. a obra em curso. concluindo ou construindo toda a cascata da Douro Nacional. Carr.J.patelo ( 197 1). Régua (1973). V;lleira (1976), Pocinha (1983) c fin almente Crestuma-Lc\'er (1985). esta necessária para as~c­ gurar i\ navegabilidade do Douro até Espanha. já que todas as outras. incluindo Pocinho. foram equipadas com eclusas de gabarito internacional. Nos anuentes do Douro, para além de Vi lar-Tahuaço_ no Távora. jtl anteriormente em serviço, apenas foi constl'uido o aproveitamento do Torr;io. no Tfl mega (1988). E mesmo esse. depois de const ruido , foi condicionado na sua exploração. No Mondego. foi feito o apro\'eitamento de lins rnultiplos da Aguieim ( 1981) para dominar as cheias do Mondego. c no Tejo. a central de Fmlel ( 1974). A algumas d a~ centrais mais anti gas. foi aumentada a potência. Depoi .. di~so. procurou-se colm;ltar o aumento de consumo com grandes centrais a carvão. agora com a ca loria muito mai s barata do que a do rue!. A primeira grande centra l foi conslruida em Sines. junto do nosso único pOria profund o. recebendo o carvão (no rmalmente americano ou da Áfri ca do Su l) transportado em grandes navio~ c levado imed iawmellle. por transportadores. aos parques da central. Ê uma centr.ll de 4 grupos de 3 14 l\'I\V. rC!.ponsá"el neste momento por quase 1/3 da produção total do país. E o aumento do~ consumos continuando a pressionar. logo se pensou numa outra centr;ll a carvão. já que a ide ia da primeim Central Atómica porluguesa. que. depois de larga di scussão. esteve projectada para FerreI. perto de Penic he. à beint mar. foi. por razões várias posta de p<lrtc. Desta vez. porém. os sítios sucessivamente escolh idos fo ram sendo objeclO dc cOllleswção e assim a Central roi. não para o sítio lecnicamente mais acoil<;elhável. l1la~ para onde 11 perm itiram receber. medi ante contrapanidas naturalmente: o Pego. n;1 margem sul do Tejo. no Concelho de Abrallles. Com ôllguns inconvenientes graves. é ev idente. c o primeiro será o longo percu rso ferrovi:irio que o carvão tem que percorrer desde Sines. nosso único porto profundo. até ao Pego. li que. quando os 4 grupos estiverem a trabalhar. se algum dia isso vier a acontecer. ser:'i necessário o transporte de 3 milhões de toneladas de carvão por ano por urna ou umas vias-rérreas que estão longe de ser modelares. Calculando-se que cada comboio poderá transportar 1.650 toneladas de carvão. pense-se no número de comboios que ~rão necessários. 160


SUBsivlOS PAHA A NlST6RIA DA ELECTHIFlüIÇfi.O N>HTUGUt:SA

OUlro inconveniente que SI! trnduz c m considerável aumento de preço. t que li refrigeraçào se terá que processar cm circuito fech"do. já que o caudal de Verão do Tejo naquele ponto de forma nenhUIlK\ c hega para o arrefecimento. Teve que se recorrer a torres de arrefecimento. Esta central foi. mesmo no decurso da construção. vendida a um grupo internacional em que a E.D.P. tomou pequena parte. Chama-se Tejo Energi:l. sendo que a e~lergia produzida será evidentemente debitad:t n<l rede nacional. Uhirna obra gr:tndios:1 da E.D.P. foi a grande cemral hidroeléctrica do Alto Lindoso . construida precisamente na fronteira espanhol a no sítio mesmo onde existia o pequeno açude a que nós l:lnta energia c os espanhóis tanto dinheiro ficámos a dever. I~ uma central potentíssirna com 2 grupos de 3 17 MW, alimentados por uma albufeira que se estende quase toda por território espanhol. Servirá para colmatar as gr:mdes pontas do diagr.:lIna do consumo nacional. como hoje praticamente acontece com todas as cent rais de albufei ra. deixando à ba~c dos diagramas para as centrais térmicas ou hidroeléctricas de Cio de água. Também de grande relevo foi o aumento de potência da central de Miranda. in stalando-se mais um grupo por s i só mais poteme que os 3 in~lalados. Com o intuito de armaze nar grande quantidade de água na cabeceira da C:I.~C:lla do Douro Nac ional, iniciou-se a barragem de Foz-Coa. mas é con hecido o que aconteceu. Espem-se que a alternativa que se procura no Sabor. a possa substituir e seja mais bem sucedida. É evidente que. para as grandes massas de e ne rgia e distiinci;ls a q ue agom se situam os grandes centros de produção. a tensão de 220 KV já não seri;.\ a conveniente e assim. ligando Sines ao Alto Lindoso criou-se novo sistema de linhas. agora a 400 KV. Das subestaçõcs desse siste ma sai rão novas ligações. também elas a 400 KY C0l110 é evidente. que f;lrão a ligação il. rede espanho la !las centrais de Cedillo. no Tejo internaciona1. e de Saucel!e ou Aldeadávila. no Dou ro Internacional. Ficou assim fortemente reforçada a nossa possibilidade de importar ou exportar energia c garamido o nosso correcto abastecimenlo. qU;l~e que se poderia dizer seja elll que circunstailcias fôr. Nestas últimas palavras terei dado 111lla ideia do que é e de como funciona o sistema eléctrico pOrlugui!s. E o futuro? Pois por força das c ircunstúncias será bastante diferente do que o idealizámos . tanto sonh<Ílllos e lanlO tmbalbámos. As muitas barragens que projectámos para os anuentes do Douro. pois sc um dia se vierem :l construir. já não será ao ritmo que projectávamos. Só no Tãmega. na HI CA projectámos a eonstruçiio em séries de 3 barragens. Por outro lado. com que esperança. iria a dizer com que audácia. COll1eçiÍlllos a furar o túnel que ligaria o sistema Cávado à bacia do Támega. onde irí:Il110S buscar os milhões de rn3 de água que as apertndas bacias do Barroso e do Gerês não garantiam. Já não verei a água do Alto Rabagão. indistintamente pro\'eniellle das bacias do Cávado ou do T:"irnega. a ser turbinada. indistintamente também. nas cascatas de qu'llquer dos R io~. E tenho pena! Sonhos de juvcntude! A realidade de hoje é diferente e não se compadece com sonhos. E também. vergados pelo tcmpo. vão desaparecendo um a um. os sonhadore~. Inex orave lm e ntc. a sua geração . a nossa geração. a minha geração. está a p:lssar. .. E. com ela. os lindos sonhos quc son h:ímos. De qualquer da maneira, o aumento dos consumos já não é o que há 20 ou 30 anos era. No que vai da década de 90. o aumento médio anual não chegou a

"

161


FRANCISCO DI:: AGllf.fDA E SOUSA.

3.5%. Por Olllro lado. não saberemos calcu lar a influência negativa que nesses consumos possa vir a ler a introdução iminente do gás natural. Eu bem sei que no ano passado gastámos só 31 000 G wh . o que quer dizer que o no:-.so consumo roi de cerca de 3 100 Kwhlhabitantclano. o que. em termos europeu s. é um valor buixo. Aliás os grandes consumos são mais provocados pelo desenvolvimento indu ~trial do que pelos gastos domésticos e a noss~t indústri a. OUITO dos grandes sonhos d:l nossa geraçi'io. prec isu de ser relançada. A respeito disto mais não direi . Quai s as novas fonte s em perspectiva? Pois a grande cemral a güs natural que. na Tapada do Outeiro. deve substitui r i.I velha central ii C:lrvJo e óleo, (com a nota de que 2 grupos de 125 MW do C arrc~ado já foram reconvertidos para a queima de gás) a seguir os 2 grupo~ a carvão do Pego (se se fizerem). depoi s novos e potente!>. grupos para rerorçar as potencias de Vcnda Nova ou de Picote. <l grande alburcint de retenção no Sabor e. já agora. e. finalmente. Alqueva. Partt já. é naquilo que podemos falar . A outroS compete a decisão. A mim. ou antes. a 11 6~ . apenas a nosta lgia do sonho que tonto sonhámos. não ter s ido ainda - Sl:-!o-á alguma vez? - rcalizado alé ao 11111. Pelo menos. n6s já o não veremos. Não sc quer deixar de fazer referência às novas componentes do nosso sistema produtor: as mini-hídricas. outra vez cm favor e já com produçi'io visível. e os parque!'; eólicos. dos quais o da Serra dns Meada:-. já lem 17 aerogeradores de 600 KW. ou seja, mais de 10 M\V de pOlcneia . e o do Marão está em andamento. Os sítios não fa ltam neste país desabrido. ii. beira-mar ou nas monl:lnhas que neste Norte tanto sobram. Por Olltro lado. e voltando a falar dos Açores. que parece serem a base experimental da nossa electrificação. não se quer dei xiH' sem uma palavra as experiências gcotérmicas em S.Miguel. até hoje. segundo se crê. mais cientificas do que industriais. e ainda a nova central para aproveitamento da energia das ondas. na ilh a do Pi co. quanto ju lgo saber aind:l na sua primeira rase. Não conhecemos ai nda. e supom os que ainda ninguém conhecerá. até onde a expe~ riência de agora nos poderá levar. Não ficaria compk:l:l a minha exposição se não deixasse aq ui. ainda que seja só por memória . uni pequeno apulllamcnto ilcerca dos benefícios que o de senvolvimento das obra s da rede eléctrica trouxe para Portugal e para a sociedade po rtu guc~a. Em primeiro lugilr porei sem pre o scu rim essencial. os benefícios que urna electrificação que hoje cobre todo país trouxe. em justiça e em civ ilizaçilo. a todo o povo ponugué:-.. A última rreguesia clccl ril1cada foi a da Ermida. no Concelho de S::ílão. e foi -o em 1984. O que isso reprcsenl<1 de progresso para o PaCs c de justiça para todos os seus habi tames, na minha ideia. não é quanti fi dvel. Grande parle dos Portugueses de hoje ainda souberam que era viver à lu z da candeia . Eu ainda o soube. Por isso. posso aval iar. Mais material. c portanto menos valiosa, mas s uficientemen te valiosa num país de trio poucos recursos como o nosso. será;\ economia de divisas que represe ntará a produção hidráulic:t de cerca de llletade da nossa energia . milhôes de comos llluilO largos todos os anos q ue passam. O Ulro benefíc io que hoj c nem sequer aprecbmos bem. se rá a rcgularizaçilo d o~ nossos rio~. já não só por virlUde dils nossas obras. mas. por exemplo no Douro. e perante a nossa preguiça ou as nossas rehuscadas teorias. sobretudo

°

°

162


SUBsiDlOS PARA A HISTÓRM D/\ ELECTRIFICAÇÃO PORTUGUESA

por virtude das obra:. espanholas. Só no Douro e nas grandes albufeiras espanholas. fieam retidos cm todas as cheias muitos milhões de metl'Os cubicos de flg ua quc. somados aos mu itos milhões que. nos aprovcitarnemos que nos afl uentes ponugu esc~ nos dei xassem fazer (se deixassem). pois dominariam completamente O problema das cheias e não s6. O exemplo dos dia:-. que agora passantrll. já nos terá dado alguJTl:.! ideia. mas inJ'dizmente muito poucos teremos tido consciência disso. Não queremos de ixar para segundo plano. porque seria néscio. a navegação do Douro. canal internacional que. se bem aproveitado. poderá ser um fortí~s illl o vector de desenvolvimento c internacionalização de toda a metade nort e de POrlu gal. Não sabemos bem porque tem si do as:.im tratado. É no Douro. não é no Tejo. Mas continuaremos a esperar. Falarei ainda das gr:mdes soc i cdade~ de construção civil e obras públicas que não ex istiam de lOdo qua ndo na década de 40 começ:'imo:>. c que agora nos hOIlI':1m e nos enriquecem . não s6 aqui como mlS obra...;. SCllldhantcs ou n:io. que por todo o Mundo constroem. Uma palavr:1 também par:1 a indústria do material pesado. que qucro simbolizar pelas que chamo ainda Sorefame e Mague. indústria:> dc que a minha ger.lção muito se honrou e de que o mamemo - tah'cz nlenos bom - por que ultim:Ullente passaram. não terá sido senão epis6dico c imcrecidíssimo contratempo. A seguir a indústria de material eléctrico quc. s6 ou associada. a partir de certa altul':1. praticamentc equipou quase tudo quanto no campo eléctrico se construiu em Portugal. Quão longe vão os tempos cm que. nos anos 20. o Prof. Ferrei ....1 Dias amargamente se queixava de não encontrar um único motor eléctrico fcito em Portugal! Não os saberia procurar no Porto. onde Fi então ~e J'aziam. mas o quc é facto é que o sal to foi abissal e quem conheceu ti EFA de 1950 e vê agora a EFACEC de 1997. pode comparar. Mais ainda se souber o que hoje é a EFACEC Internacional. o que exporta. e. prova bem cabal. o que é e o que faz a f:íhriç:1 de transformadore!'; que orienta e em que participa na Mandchúria. Uma palavra lambém para a civilização que ilS hidroeléctricas levaram às zonas onde implanwr:lIll as suas prime iras obras. A memóri:1 dos Homens é curta. " ... ger.1çõcs pas:>aram. mas comparar o Barroso quando lfl chegámos cm 1946 com o de hoje. poder:! ser dificil. m:lS arrilsalllemelllC e:.clarecedor scria. Assim os Homens tives<;em memória. Por último. ma:> se último é só par:l que mai s perdure na memória de V .Ex .'''. por últi mo. permitiram as obras da nossa eleetrificaçJo demonstrar que. q uando se lhcs sabe dar respon!,;:lbi lidadc s. em nada os nos."'os engenheiros e trabalhadores. desmerecem dos engen heiros c trnbalhadores seja de que país for. As equipa ... que as diferentcs ob ra,> fOTam formando. n;'io s6 aprenderam a lecnologia que antes deles outros teriam. como fo ram mai s além e conseguir:ml o que muitos. e nestes muitos. Il\uito~ técnicos expcrimentildo~. nunCil ilcredilaram que fos!';e possível con ... eguir. As obras aí estão para o provilr. mai s vincadamente se forcm re portada<; à:. épocas em que foram construidns e aos meio.. com que. por vezes. o ti veram que ser. Mais - e tende-se a esquecê-lo - o alto prestígiu que a ... nossa!'; equipas de projectistas de barra ge l1 :' mundialmente alcançaral11. levaram n que fo,>sem portugue .. es o,> projectOs de muita!'; b:1rragens construid:lS por esse mundo alél11. desde os países mais civilizados aos mais remOIas. COlllO é muita pena que ri nossa :Ibrupta saíd:t de Áfric<l nos não tivesse permi tido ir mais longe no apro163


'·"NANCISCO DE AL"IEIDA E SOUSA

"eÍlamemo daquelas porlCnlOSas quedas daqueles portentosos rios. com que, no nosso pequeno terri tório e u ropeu. estamos lo nge de poder sequer so nha r. Cahorabaça lá CiCOll para demonstrar (nê onde poderíamos ter ido se tivéssemos tido lempo de aprovei la r lodos os rios que estudámos. Illas já n50 pudemos aproveitar. Estou certo de que. apesar da feroz concorrência internacional com que terão que con taI". quando um dia. nesses pa íses irmãos. for alcançada ri almcj:'l da e verdadeira Paz. a PaI. por que todos aqui a nsiamos. estou certo de que o ~ discípulos dos nossos discípulos. Ponugueses. Angolanos ou Moçambicanos que sejam - é igu'll - ainda farda o que não tivemos tempo de fazer. Se rá es ta a minha última c grande esperança! co"sur.tU DE ENE RGIA ELÉCTRICA _ 1925 A 1996

:I

-

,

-

.

-

r:=

='l

'- ,

~

-

M- I-'"

-

=

E

"

tM·

-

-

'T

l=

-

.

I

"

-

==

r

l-tc ~

.,

.="F1

'r1 ri

164

.

='fõ

.

-

~

':õ:: õ=

-

.

g , ,

==

o,

.

~

-

o

-

-

-

~=: ~

r

""~.

=]

-t ~

M

~

ro

~

1=

~

=


AS INDÚSTRIAS DE MADEIRA JOAQUIM PRAOO DI'.. CASTRO ( Engenheiro)

A ntes da revolução industria l Torna-se difícil fazer uma avaliação histórica precisa da evolução das indús trias de madeira cm Ponugal. alrav6 dos sécu los. mas sabc·~;a! que as activ idades agrícolas, piscatória . a construção naval. as edi fícaçõc~ castrenses. o levantamento de igrejas, mosteiros e dos grandes colégios medievais ficaram. no rasto do tempo. marcados pelos s inais próprios de cada uma. mostrando os materiai s de que :l.<; coisas eram fc itas. a maneira como a sua forma era concebida. bem como os detalhes tecnológicos da sua fabricação. Restos de objectos e de elementos de construção atestam a lllilização d:1 madeira desde os tempos mais recuados c as condições cdufo-cJimáticas que a posição allâmica e mediterrân ic'l do nosso país lhe conferem acorrentam-nos a uma feliz vocação florestal que desde sempre e p.tra sempre nos condicionou. Mas não podemos falar propriamente de indústria quando a laboração da madeira não er.:l indus trializada. isto é. fci ta com máquinas. A e nxó foi. com certeza. a ferramenta primordial com que se desbastava a madeira. afeiçoando-a à forma das peças com destino à sua fun ção. As serras são as grandes ferramentas de corte lIlanua l que representam um grande progresso neste processo de evoluçflo. Gravuras da época dos nossos descobrimemos mostram a técnica usada na serragem de grandes 10roS. para deles tirarem tábuas c outras peças para a co nstruçflo de barcos. por meio de grandes serras m:muais. manobradas por dois homem~, um em c ima do toro, levantado este nessa extremidade e assente sobre um cavalete, e outro homem cm b'lixo. puxando alternadameme a serra de grandes dimensões. ora para cim a ora para baixo. Também gravuras da Idade Média , retratando a construção de gra ndes cated raili em ped ra. mostram andaimes, escadas de madeira. pl anos inclinad os realizados com pranchas e com prumos, bem como roldanas de madeira com cordas, para içar os materiais ilmedida que a construção progredia em altura. E ntre outras fe rramentas manuais lIsadas assinalam-se serras mais pequenas, serrotes, trados, martelos, formõcs, goivas, bedames. garlopas manuais c plainas, maços, manelos e cavi lhas. etc., que constituiam, com os mdimentares bancos de carpinteiro. todo o fe rramemal do artesão, com que se produziam as alfaias e outros instrumentos de trabalho nas actividades agrícolas. bem como o modesto mobiliário das habitações rurais, até aos requintes da arte cm madeira. que na época Renascentista se projectou em plenitude na tal ha dos altares, na beleza incomparável dos cadeirais c na postura palaciana dos tectos de masseira ... E todo este ferramenta l e toda esta tecno logia artesanal c toda a arrumação oricinalque lhe estava organicamente ligada . mantiveram-se até ao advento da primeira revolução industrial. Mas a revolução industria! não chegou ao mesmo tempo a Loda a parte, às cidades c aos cam pos: mesmo onde as novas técnicas mecünic:.ts chegaram mas a mentalidade não evol uiu, ti revolução induslri:l l não teve efeitos, ou melhor, teve efeitos tardios.

165


JOAQUIM PRADO DE CASTRO

--

Depois da Revolução Ind ustria l A panela de Papin. :I dc:.coberta da máquina a vapor..: a descoberta das caldeira:. tubulares. que permitiram a uti[izaçfio das altas pressões do vapor de água pm'u a transfonnaçfio de energia ca lorífica sob a fonu:1 de energia potencial de pressão, em energi:L ci nética. isto é, de mov imento. e o ter-se con:iõeguido tJ'an~fonnar o mov imento de "ai-e-vem. por meio do sistema de biela-manive la. em movimento circular contínuo. revolucionaram por completo lodo o sist..:ma produtivo até então vigc rlle. :1C:lrrctando transformações que desencadearam na Hum anidade uma evolução tão rápida no sentido do p l'ogre~~o. que de uma lewrgia de milhares de anos dI.! trabalho físico pesado. lento e penoso. se passou para a produção mecânica em série. depois p:Lr:l a produção eléctrica. para a aviação a hélice. depois para a energia nuclear. para a viação a jacto c, actualnlente, para a revoluç:io da era informática. No 11m do sécu lo X IX vicr:l.m para Portugal as primeira... locomotivas a vapor. para os c aminhos de fe rro c Ch;\m;ldas caldeiras locom6vcis para. como m:íquinas U V:lpor. produzirem mov imento nas unidades indu!'>triais, acopladas às máquin:ls de transformação das matérias-primas. As serrações mecan iz:t.ram-se em grande número. adopwndo como produtoras de energia as locom6veis. ligada~ por linhas de eixo. tambores c correias às m:íquin:ls de serrar. às plainas. às tupjas, às máquina" de fur:lr. às máquina .. univers ais, etc .. sendo característic a destes circuitos a rigidez do seu funcionarnelllo. dado que todas as máquinas estavam ligadas ao volante da locomóvel. que lhes fornecia o movimento. Foi pai ... e ... te o primeiro renexo da revolução industrial nas indu~trias de serração e de carpintaria c de mob il i<írio, cm Portugal. Apesar d isso. muitas unidades continU:lV:1Il1 a produzi r de forma arte~:mal. manu:llmente.

Depuis da electrificação nacional Apó~ a electrificação nacional. no~ anos trinta. :IS fábrica!'> de serração, as carpint:lrias e as f:íbriC:IS de mobili:'irio, rapidamente adquirir:llll mOlares eléctricos qu e acopl:lram à~ máquina ... de trabalhar madeira. abandonando o sis tema centralizado na locomóvel. tornando. pOrtamo os circuilOs produtivos mais económicos. mais nexíveis e mai:- rentáveis. Melhorou. também. a qu a lidade dos produto:., dada a m:liol' rotação da::. máquinas, que veio permitir um melhor acabamento das superfícies.

A grande r c\'oluç;1O industrial foi nos anos 60 De 1964 a 1974. tive o pri vilégio de panicipar activamcnte na dcfiniçào e irnplellll.:ntaç:1o de uma política de dcsenvolviment o dos sectores das indústri as de madeira. abrangendo Olo. e mpresários de corte de árvores, as scrraçõcs. as carpintarias, o sector de mobiliário. as emba lagens. as porta ... os aglomerados, os contraplacados e os ro lheados, etc .. definindo Lima estratégia globaL abrangendo plano associativo. a regulamentação no plano legislativo do condic ionamento indu:iõtrial. a formação profissional. a contrntoção colectiva de trabalho e a

°

~x port a ção.

166


A~ INOÚSTRMS 0/:' MM)CEC "IHC,: ' _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _

Esse trabalho roi desenvolvido com os eorpo.': dirigentes mas teve eomo principal impuhiollador o seu presidente. Manuel Ferreira de Sousa. industrial de serraç50 de m:ldeiras. eom fábricas em Entre-os-Rios e cm Lousada. No plallo a:,:,·ociaril'f). roi planeado o alarga mento a todos os ~ecto re s industriais de transformação da madeira. com excepção das celuloses. o que se concretizou com pleno êxi to. No plallo le~j:,latil'o. e dentro do comexw en tJo existente da lei do condicionamento industrial. conseguiu-se a regulamentação industri:.JI que condicionava a montagem de novas instalações fab ri s de serração ao cUlllprimemo de de terminada . . regras a que devcria obedecer equip:1Il1elHo mínimo a instalar. bem como privilégios que seriam concedido. . no caso de os industriais se agruparem. para efeito de redimensionamento. vis.mdo aumento dc capacidade produtiva. com aumento de produtividade c da rendabilidade dos meios disponí\·eb. A aplicaçiio deste regulalllemo leve tamtx=m o maior i!xito. pois. conj usado com outras medida . . conduziu o sector das serrações fi posição de mai or exportador mundi;\l de paletes. No piO//(} da fórmaç(/() profissioflal. formou-se o Cen tro de Formação Profissional da . . Indústrias de Madeira e Mobiliário. onde roram implemcruados Clll'SOS de Técnicos Prepar:ldorc . . de L'lminas de Corte: cursos de Carpinteiros: de Marceneiro . . : cun.os para Encarregado~: cursos de Prevenção e Segurança do Trabalho: cur""(h de Entalhadores e curso de Lacagem c Douramento. O Centro é o m:.Ji~ arui!!o centro de formação profi!>sional e encontra-se :l fu ncionar em pl eno. No piaI/O da cOl/trowçiio (·"lel·/il'a de traba(ho. for'l111 entaboladas negociaçõe1> COIll todos os Sindicatos dos sec(Qre~ abrangidos e celebrado~ os acordo ..... No 1'(011" da exportaçào. eom ba:-<.e na esmuégia da formação dos agrupa· lllelllOS complementares de empre,a!>. roram conseguido, cerca de vinte grupos de exportadores. que des.':a forma 'e tornaram exportadores. levando o sector :\ po:-.ição. como mr:\s :-.e disse. de maior exportador mundial de IKlletes .....em prejuízo do seu com:mdo dos preço!>. NJo dei),a de ser curi oso rererir que. não obstante ludo Í!>lO. em meados de 60. ainda havia inscritos na As . . ociaç50 cerca de deí' cmpre!>as com os ditos «engenhos ... isto é. com serrações movidas por roda . . hidráulicas ... com eixos e l'ad:l!> de coroa. de madeira ... No plall" do d('~'cllvolvill1cllfo ICl'lIo/ógic:o. a par d'l' medidas estratégicas referida ..... outras foram tomada~ no sentido de se promover o desenvolvimento dos diferentes sectore~. especi almente no que se rderia ti qualidade dos produtos. com especial incidência no mobiliário: progres..-iva incrementação do comrole de qualidade das madeiras c da !oua humidade: promoção da 'ecagem anilicial: preservação das madeiras contra xilófagos: apoio técnico aos sectores com a criação do Centro Tecnológico. Tudo i. . \O roi !>endo realiZ:ldo. com cfci!O:. I)ositivo:. no desenvolvimento da~ empresas. tendo a penas havido um atraso de de? ano!> \1;1 cOIlMrução do Centro. após 74. Entretanto. a cnn~tamo.! re:llizaçJo de colóquio:.. palestras de divulgação de nova..- tecnulugia~. cursos de organização e de informática. elevaram o ~ector a um estado de desenvolvimento c a uma dinâmica que se reflectiram quer 110 merc'ldo interno quer no externo. com I11Úlliplo~ henefícios para o pab.

°

167


JOAQUIM P«ADO DE CAST/W

Alguns dados solwc a estrulura do s eclor Além dos crnpres;irios de corte dc :\Ivorcs. cuja c.~trutura org;lnizativa é. cm geral. muito flex ível. o seclor da fileira da madeira. com excepção d as celuloses. é conslituído: pelas serrações (cerca de novecentas. com doze mil lrabalhadore't): pelas carpintarias (cerca de mil c duzentas e seis mil trabal ha·· dores): pelas tanoarias (cinqucnta c sete em 1975 e vinte e sete em 1987, com cento e 11O"cnt:1 e novc tra balhadores); pelas parqucleiras (catorze com trezen!Os e cinquenta trabalhadores): aglomcrado de partícul as (oi lo empresas com mil e duzentos trabalhadores); aglomerado de fib ras (duas empresas com seiscelllos c vime e sete trab.): cOll traplacados (nove empresas com mil trabalhadores) : ;'1 indústria de mobi1i;'írio (com cerca de mil empresas e com vinte e dois mil trabalhadores): a indúst ri a de urnas funerárias (com cerca de quarenta empresas e com duzentos trabalhadores); etc. As restantes indústrias, tais como a de lápis. acessórios de escritório. brin " quedos. acessórios para <l indústria t2xtiL socos e chancas de madeira. cabos de vassoura:-. escovas. pi ncéis. palitos. molduras e baguctes. completam il gama de fabricas do sector. A sua dimensão é pequena. CO Ill pequeno volume de emprego. embora cm alguns casos a sua tecnologia seja interessante. Delas a que mais evoluiu nos úllimos anos foi a de brinquedos e:t que mais sofreu das investidas da concorréncia estrangeira. apesar d;JS advert~ncias que lhe foram feitas. foi a indústria de molduras e b~lguetes. quer para ele mentos de construçflo de carpintarias e de rnobilidrio. quer para quadros de decoração. O princip;ll prodmo exportado pela indústria de Serração é a pa1cle. de cujos valores apresento a seguinte nota: 1975 - Quantid:'lde ................... Valor ............................. .. 1979 - Quantidade ...... Valor .... [989 - Quantidade .. Valor .............. .

149 2 [O

111 3

31 I 280 contos 698 930

12190000 USO

m~

3 734 040 contos

76320000 USO

646570 rn 3 [373 1 910 contos

8721000QUS D

Os principnis mercados de exportação: 1.

0

2.

0

3.

0

-

Reino Un ido

-

Holanda

_

Marrocos. República Federal da Alemanha e França. nos períodos de 1975 a 1979. de 1980 a 1984 e dc 1985 a 1989. respectivamente.

A produçflo total de aglomcrados de partículas. em 1989: 832 000m 3 de painéi:- produzidos. dos quais foram exporlildos 437620 m\ com o valor de I I 486320 contO$. sendo o Reino Unido o principal mcrcado. A importaçflo deste produto cifrou"s~ em 8430 m\ com o "alar de 422 120 contos (2 680 000 USO). O consumo interno aparellle foi de 403 8 [O 1113. est imillldo-se cm 0.041 111 3/ Illabitallle. 168


AS INIJUSTHIA::i DE M;\!)/rIHA

Estas referências visam dar uma noção de imporlClI1cia do sector d:l.s indústria ... de madeira (sem entrar com as celuloses). pois que as estatísticas do comérci o externo. relativas a 1996. referem que :l exportação efectiva neSSt; ano foi de sessenta milhões e trezentos e trinta c sete mi l contos. com tendência para subir. A composição das ex portaçÕES foi a segu inte: Toro:. de eucalipto .......................................................... Madeira serrada ... p.linéis de partículas .. . Painéis de MDF ...........

365000 Toneladas 397000 »

239000

.,

200 000

»

Anota-se. também. que. ii par daquelas exportaçôes. houve uma importação cfectiva. em 1996. de I 107 000 Toneladas de mad eiras. no valor de 57 667 000 COntos. incluindo 295 000 Toneladas de folhosas tropicai s e. o que é mai s esp::ulIoso. também 412 000 Toneladas de eucalipto. A exportução de mobiliário. incluindo vime. atingiu, cm 1996. o valor de [7751 000 COIllOS. c a importação. o valor de 15595000 contos. O valor da produção para o mercado intemo. no sector do mobi1i;'irio, estima-se cm mais de cem milhões de contos. A illd ústl'i:l naeiom,1 de máquinas pa ra tra balhar

mad ei r~,

O:. precursorc.~ da endogenei7":'lção tecnológica e inventores das primeiras máquinas fabricadas em I:>orlugal para servirem os objectos específicos dos industriai s portuguese:. do:. sectores de laboração de madeiras tiveram e continuam a ter o seu ninho na Trofa. Recon1ar os nomes dos I lornens quc. no trabalho obscuro e quantas vezes inglório. nos recantos dos postos de trabalho das suas afiei nas. quanta ... vezes também servidas por dispositivos improvisados. conseguiram. com o seu espírito inventivo. realizar os detalhes técnicos necessários para que as máquinas eom que sonhavam fossem capazes de reali zar as tarefas com eficiéncia idealizada. além de um dever de gratidão. constitui urna chamada de atenção aos jovens para que se lembrem de que a inovação não pára. ANTÓN IO MOREIRA DA FONSECA SAMPAIO Nasceu cm [879. cm Real. S. M aninho do Bougado. junto à Trofa. Foi lavrado r. moleiro. 'ambiqueiro. trabalhou num armazém de cerc;t is da Avó. junto da c ... tação da Trofa. e nele montou um:l serração de madeir.ls. eom o nome de «A Industrial do Ave». de A. Sampaio. Com a fm'ça motriz da locomóvel da serração. montou também uma moagem de cercais e. para prestar apoio às duas unidade s. montou ainda um a boa afiei na de Jllec:"lIl ica. Poi s foi nesta oficina que. cm 1917. A. Snlllpaio idealizou e construiu a primeira serra de fita com tronco em betão armado. que não industrializou. nws que posteriormente foi produzidn em série com pleno sucesso. sendo actualmente considerada a sua tecnologia como a mais conveniente para os países tropicais. devido à SU:I inércia térmica e bom comportamento face às elevadas temperaturas. Foi uma invenção notável que ainda hoje perdura. 169


JOAQUIM I'NADO DE CM.TRO

o seu espírito empreendedor levou -o a aeoplar um ~erador de corrente eléctrica ao sistema motriz de que dispunha e. com ele. pa~sou a alimen tar a fáb rica e a fomecer electricidade à T rofa. que desde 1927 e até 1947. alimentava toda a zona. incluíndo S. Martinho de Bougado. Na s ua ortcina fabricou ;lS prim\!iras m;íquinas universais produz.idas em Portu gal. No seu armazém do Porto. trabalhOll um rapaz que se Ch:ull:J.va Arnél'ieo Aguiar. aquele que. mais tarde. haveri.1 de ser Padre e fund;idor dói Cnsa do Gai;no. MANUEL DA S ILVA PINHEIRO Na"ecu no Jugar da Trofa. da freguesia de $. Maninho de Bougado. em 1909; Illuito novo. rapazinho ainda. e mpregou-~e numa ~e rralharia. aprendendo .\ trabalhar com todas as llliÍquinas da ollcina. tinha e le. então. cerca de quinze anos. Ao fim de cinco anos a serralharia acabou c. com vi nte anos foi empregnr-sc como Ajudante de Fogueira. na fábriCa de Francisco Gomes & C.". em Viana do C:istelo. Depois das máquinas e das ferramentas. faz ia agora a sua aprendizagem com a locomóvel. produtora da força 1l100riz e com os Tlleio~ de transmissão. correias. lalllbore~. veios. com mulliplicação e desmultiplicação de velocidades. Ali permaneceu durante dois anos. rcgres~ando de novo à Trofa. agora com vi nte e dois anos. Empregou-se então na pichelaria de Manuel da COSia Campo~. Al i permaneceu doi~ anos dando de si as melhorc~ provas de competência e probidade . Quando saiu foi trabalhar por conta própria. valendo-lhe o bom nome pu.ra obter crédito e ajudas para :I aquisiç;jo de mjquinas de que necessitav;l. As ... im na ..ce a Fábricll de Máqui,,(/.\' - Mmwd da Silva Pinheiro. O seu exito é ful gurante: fabrica bom bas centrífugas. máquinas de rect ifi ca r. máquinas de fu rar, de limar. serras de fila com mesa. sem mesa, «ch;iriOls~> de empurrão e de crem:ilheira com grampos. scrras de fi ta com tronco ele betão armado e de aço m;i lc[ivel. la mas. plainas. garlopa'lo. tupias. máquinas universais. «chariot» õlutQllliÍlico. diversos tipos de limadores. dc ..engrossadeiras. serras circulares. mand ri lador.l~ lixadoras. e nfim. uma série interminável de m:íquinas e equipamentos que permitiram à indústria portuguesa modcmizar-se e tornar-se competitiva. na mctrópole e no então no~so ultramar. bem como elll mui tos países importadorc~ desse equiparnenlo. Em 1992. a Fáhrica de Máquil1a !> Pinheiro tinha 290 empregados. relacionava-se com 53 mercados de cxportaç;jo. incluindo Alcmanh;1. Angol:l. Canadá. Espanha. EUA. Japão. Singapura e Suíça. A sua facturação era de doze milhôcs de DolJars (USA). dc~de

ALFREDO FERREIRA OE ABR EU Nasceu em 1922. em S. Martinho do Campo, Valongo: aos doze anos. foi trabalhar na ollcina de manutenção das minas de Valongo. onde se especializou como tomeiro mecJnico. Por illnuéncia do Pai, que tinhn eMado a uabalhar na América. foi depois trabalhar nas min;J$ de ouro da Moir3lna. em S. l\'lartinho do Campo. dali seguindo para a~ minas da Bornllha e. sempre como torneira. foi du r;lOtc d oi~ anor;. para a Fundição do Bolh;jo. na rua JU'lolino Teixeira. em C'1111panhã. no POrto. Aos vinte e sete anos vai para ;I Trofa. pma a Fábrica de Máquina:. de Trabalhar Madeira. de Manuel da Silva Pinheiro. onde completa o ciclo da sua formação especial izada neste ramo de actividade. 170


AS INOU!lTRIAS DE MADI::IRA

Por volta de 1950. associa-:.e como empresário a Joaquim Moreira da Silva com quem funda a empresa Joaquim Moreirtl da Sill'O & A brC/I. Ufa. Em 1951, fundou a M/DA - MáqllilllU /lIdll.H/'jajs dQ AI'e. Ultl. Em 1979, fundou a SCMM - Sociedade COlIs/r/llora de MáqllillllS pUrtl Madeira. Ldu. e!>pecialmen le dedicada aoS equipa mentos p:lrJ. a indústria de serração. onde :.e notabilizaram os ~<chariots» de fabrico semi-aulomfilico de palcle.,. nos anos 80. Em 1983. de parceria com o então ...eu colaborador t~cnico, Eng.o José Manuel Femande:.. fundou a FREZITE - Fresu.l" de Precis(in, S.A.. de que :lctu:\lmente está de<;vinculado. Alfredo Ferreira de Abreu foi, durante anos. rcspon<;ávc1 pela invenção e desenvolvimento de dezenas de máquinas p~lIenleadas cm quase todos os países da Europa. EUA e Brasil. Alguma, dessas in\'ençõc.~ foram juslamente premiadas com medalha:. de ouro e prata nos salões de Bmxcla:.. Genebra e Nuremberga. Do seu trabalho de investigação aplicad:l resultaram rn{lquinas e equipamentos que se tornaram campeões de vendas e de popularidade no mundo da, indústrias da mOldeir:\. das quais:.c destacam: :l pl:lina dc quatro faces P4E. a tupia TV3, o limador UI. a mtiquina universal GDFH. a máquina de dcsengrossar 06, a plaina dc molduradora SP e SPUL. etc. Quando fundtimos o Centro de Formação Profi:.sional das Indústrias de Madeira c Mobiliário. no fimbilo do então Grémio Nacional das Indústrias do sector. COIU o apoio do Fundo de Desenvolvimenlo da Mão-de-Obr.:! . por nossa solicitaçilo, :L M IDA ofereceu- nos. gr:ltuitamentc. Iodo equipamento que constituía uma ofiein:l dI.! afiação c de preparação da.~ l5.mi n:ls de conc de madeira, que era do seu fahrico. A F:íhrica dc Máquinas PinheIro. também a nosso pedido. completou a nossa Oficina do Centro de Formação. vendendo-nos. sem lucro. uma máquina alemã muito sofisticada dc que carccí:lmos para a formação. E~te~ facto~ s50 dignu:. de registo porque atestam llnw saudável noção de ~olidariedadc e uma visão estratégica de que resultaram bencfícios que conduziram o :'CClor a uma prosperidade nunca antes atingida e que as c<;latísticas guardam para a memória desses tcmpos.

°

ENG." JOSÉ MANUEL FERNANDES Fundou. como se dissc. em 1983. de parceria com Alfredo Ferreira de Abreu. a cmpres;l FREZITE Fresl/s de Predsiio, S.I\.. de que Abreu se desvinculou. Esta cntpre:-.<l OCUp:l hoje um lugar fundamcntal na (Irca das fCITamentas de corte de precisão e ~e ~ ceno que a sua tecnologia é estrangeira. facto é que tem a sua sede na Trofa. Com :t ,ua prcsença em Espanha e no Brasil. assu miu a imernaciona!ização. Poder.í. poi~, dizcr-se que a génese da fundação da FREZITE. norteada para objectivos estratégicos da act ua lid'ldc. se radicou na ideia fundamental de complcmemarid:\dc de serviços e de inovação. para o desenvolvimento sustcnlado tia:. indú,trias de equipamento:. na :írca da fileira tlorestal. n:1 linha de uma lradiç;1o que tem tido como 3uportc um número limiwdo de Homens. dignos de figurarem mi hi~16ria da indúSlria. 171


JOAQUIM PRA DO OE CASTRO

Outros homens haveria que juntar a esta li.~ta. mas nao cabe nesta breve re ferên cia fazê-lo. Eis a minha modesta comribuiçao para ajudar a formular a pers pectiva histórica destas indústrias ligadas ao sector das madeiras. que resulta do meu trabalho de cerca de trima anos. em estreita ligaçiio com os :Icontecirncntos do meu tempo e com as pessoas com quem trabalhei e com quem convivi. Os dados estatísticos foram recolhidos de publicações da Dirccçl:io-Geral das Florestas e 0$ elememos informativos sobre as empresa:,; e os Homens que as fundar.tm foram recolhidos nas próprias orIgens ou através de elementos escritos que l11e fO r::Jlll dispon ib ilizados.

172


A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CORTIÇA NO NORTE DE PORTUGAL - O CASO DAS FÁBRICAS MENÉRES JOSÊ J OAQUIM A. P ARREIRA

[ . Consid era ções prévias A coniça é entre os prooulos silvícolns aquele que coloca Ponugal em pri me iro lugar à escala mund ial. Actualmente. o nosso país, além de ser o maior produtor. é responsável por ma is de metndc da Lrans formação da con iça . Esta malériu·prima. que se encontra desde Trás-as- Montes ao Algarve. foi valorizada inicialmente cm função da aplicação c generalização da rolha no engarrafamento de vinhos. cuja descoberta re monta à segunda metade do século XV II (1680) e é alribuída ao monge benediti no Dom Pierre Pérignon. que a ulilizou como vedamc nas garrafas de champanhe.

A indústria ralheira - a forma mais primi tiva da indústria corticeira - te ve o seu berço na Catalunha. na província de GCl'Ona, «parecendo provável q ue nos anos de 1770 a 1780 já tivesse algum desenvolvimento. ainda que pequeno»l . De acordo com vários autores. a indúst ria corticeira foi introduzida cm Portugal por ope rários catalães que ensinaram aos nossos operários a arte de transformar a cortiça. Assim. as primeiras fábricas terão sido instaladas no «coraçãO)} do A lentejo e Algarve. as regiõcs produ toras por excelência. Embora n::io haj a u nanimidade quanto ao ~docal berço» desta im p ortante actividade. há Distribuição do ~ob ,.ciro au tores que atribue m a primazia cronológica ao cm Ponugal co ncelho de M ontem6r-o-Novo e outros aos dc Estremoz e Évora!. O que parece ser evidente é que a indúSlria preparadora e lrunsfonnadora corticeim desenvolveu-se em primei ro lugar nas regiõcs a sul do Tejo .

2 . O cas o das fábricas Mcnércs No Norte do País. mais espccificamellle no Porto. terão existido na zona r ibeirinha da C idade. ainda durante o reinado de D. José (1750-1777). «u ns fabricas rolheiros que rorneci am as rolhas rudimentares. feitas por mulheres, aos mercadores de vinho do POr(Ú}}, sendo a matéria-pri ma adquirida nos mamados 173


Jost: JOAQUIM A. I'ANN/:"IIM

lran:o..montanos»J. Ora. roi «à cata de cort iça para exporwção». tal como rerere o Abade de Baç.d"'. a razão pela qual Clemen te Menéres demandou em [4 de Mai o de 187..[. o interior transmontano. Embora a exportação de ro lhas para o Rio de Janeiro. por parte deste empresário. remon tasse a 1869. a primeir:! fábrica de cortiç:l inst:ilou-:l no ex-convcnto de Monc h ique em [872. A necessidade dessa matéria-prima 10nlOu-:-.e mais preme11le a partir do momento em q ue ele próprio desenvoh'eu e ampliou os negócios no mercado externo mediante a realizaç:1o de várias viagens: cm [872 parte para o Rio de Janciro 5 • tendo percorrido «todo o Brasil e as Repúblicas do Rio da Prata>.: no ano seguinte viaja para Hamburgo (onde desde há al guns anos linha um representante da firma Paes & Menéresl. Bremen, Berlim. Viena de Áustria, Ho landa e Bélgica. Londres, Li verpoo[ e Manchester. E..,ta .. viagem. tiveram um papel determinante na «form ação» deste empresário. pois além de lhe lerem proporcionado conhecer iII Inco o desenvolvimento iIH.lu strial e comercial de alguns países e uropeus. perm itiram-lhe também rirmar contr:ltos com diversas «caS:ls>} comerciais. IOm:lr contacto directo com as principais «pr..lças comerci ai s» do Br..lsil e estabelecer neste país 3S «estruturas» ind ispcn:.áveis à comercialização da coniça em obra I rolhas e de ou tro:. produtos, nomeadamente vinho c azeite. Conhecidas as reais pOlcncial idad'::s do mercado externo. no que concerne ii exportaç:1o de cortiça, um novo desafio se colocava ao empresário: procurar locais produtorc:. dc caniça. Por is<;o. em 14 de Maio de 1874 viaja até Trás-o~-Montes e no dia 18 des~e mi!<;. data d:l sua chegada a Jerusalém do Romeu6, comprou uma das principais mata~ de :.obreiro .. da região - o Quadraçal 7 - que tinha para ci mil de meio milhão de sobre iros. Durante ,,[,2 anos (1874-19 [ 6) construiu um verdadeiro «império rundi::lrio» Illediallle a com pra de terras e sobreiros em diversos concelhos d:1 região: Mirandela. Macedo de Cavaleiros. Vila Ror. Carmzedil de Ansiães. Alrândeg:l da Fé. Valpaços. Vin hais e Bragança. A nível da região Bri gantiTl:l, Clemel1te Mcnéres foi o primeiro a fazer () aproveitamento da cortiça com rins industrias e comerciais e também o pioneiro d:l . . ubericullUr..l nordestina. À dma da su:.J chegada a Jerusalém do Romeu, a cortiça era menosprczildil pelas I>opulaçõcs locais c os sobreirais eram devastados pelo fogo. pela acção do Homem e pelos reb.mhos de cabras. Porém, tal atitude não s ign ifi ca que os produtores de cortiça da região desconhecessem o seu valor económico. Diversos ractorcs contribuíam para que ess:1 riqueza con tinuasse a ser desaproveitada e entre eles há a saliema r :l q ua se ausi!nci:l de viaS de comunicação rodoviárias e ferroviárias que dificultavam o escoamento dess:l m.uéria-prim:l dos locais de produção para os de trunsfonnaç:1o. Ainda 110 decurso do ano de 1874. Clemente Menéres inst:llou uma «fábrica» de rolhas e de prepar:lção dc cortiça cm prancha na ribcir:1 do Quadraç:tl que se manteve em funcionamento até 1881. ano em que começou a funcionar um:l nova «fábrica» no lugar do Carriço COI11 o mesmo tipo de produção. ou seja, rolhas e cortiÇ;1 em prancha. À data d:l rcalizaç50 do Inquérito l ndustrbl de 188 1 ainda se el1contruva cm funcionamento, sendo referido que: «[, .. ] poucas vezes runcionava. porque. é pouca. por enquanto. :1 matéria· prima que tem ali. Está fei ta, é verd ..de, uma importante p1:lIltaçào de . . obreiros a 1 quilómetro de distância. mas ainda são muito novos para produ:;;.!r con iça 'lprovei tiívcl»lI, Em nosso entender. o funcionamento irregular da fábrica não se prenderia tantu com a falia de cortiça mas antes pelo facto d:t maior parte desta vir para a fáb rica de Monchique. se ndo o seu transporte feito desde o Romeu até ao 174


A INIJUSTNMLl7.A("ÃO DA CORTIÇA NO NORTIi DI!. I'ONTUGAI_

Pinhão c d aqui para o Porto. No ano de 1883 . altura em que :t fábrica do Carriço deixou de funcionar. instalou uma out ra na Horta da Massada. A nÍ\'el do Distrito de Bragança. Clemente Menércs roi o primeiro a proceder 11 indusuializaçào da eOltiça. a reanimar c protegcr:\ subericultura da região. Com o decorrer do tempo. acabou por reunir na mesma empresa - Sociedade Clemente Mcnéres Limitada\'- O!'l sectores fundamenlai!'l:1 indtístria corticeira: o pl"odutor. o preparador e o transformador. A implantação da indústria corticeira junto do princi pal centro de produção ( Romeu) deixou de ter gmndc importância a partir da ligação ferroviária enlrC o Tua e Mirandela. que acollleceu cm Setembro de 1887. lendo sido Clemente Menércs um dos principais lutadore:. para que tal projecto se tornas<;e uma realidade. Assim, o principal obstáculo ao transporte da cortiça estava ultrapassado e a fábrica de Monchique ganhava nova vitalidade. Sobre e!'lta un idade fabril. o nde era feita :t prcpar.tçfio e transforma ção da cortiça. bem corno a embalagem dos diverso:. produ tos cortice iras para a exportaçào. o Comercio do Pono lIus/rado d.í-nos uma imagem bastante pormenorizada: «DefJoü (/(1 opcraçlio primária da cozcdura. que lem por fim dila/(lr a caniça. cml/eram as operaçõe.ç J}lIrameflfe mecimicas. mil' COIIIO o cOr/e em bandas. conforme a alfllra que a rolha deve ter. Es.wu· balldas s(i/) emão postas em quadrados, e cada pequcflo qlwdrado corre.\"fJollde a lima rolha. à qllalllllw maquina especial I'ai dar li forma cilí/ldrica. É claro que cer/(lS rolhas. comQ as da farmácia. paI' exemplu. são mui/o diferemes d(a rolhas de garrafas de I'il]/w 011 dl! champallhe. Tambelll /lO/(/IIIOS que o." quadrados I'ariam de g /"o.,·.wrll ames de P(U":'i(//' pela.,· 20 máqllill(ls. cha llllldo.~ máquinas de fo rmar. cada lili/li das q/laü j(lbrica 6 000 rol"a.~ por dia. 011 seja. 111/1 fOlOI de J20000 rolha5. A o/JeJ"llrtio da rcpassagem . 011 rel 'i.~tio de rol/ws. corrige os pequcllos defeitos q/le poderia h(II'C'/" tIO sair da.l· máquillll.\". Esta operação. ba.l·ulllte mais delicada é cOllfiada a mulheres. Elljim assistill/os (I ltll'tlKem. ti secagem c ti calibragem. A calibrogem Cf)lUisle. como éfácil de compreender. em dÍl'idir li;>,' rolhas .\"('g/l/1(lo a ;>,/la gro.U"I//"a, por .~ rllpos do mesmo calihre. Pois bem. e.'·(o operaçiio !a::.-se aqui com 1/IIlfl precisão mlllemâ/ica e lili/a I'ttpidez .l"lIrpn'elldenre. pois cada /"olha cabe meconicalllellle 11/1111 recipiellle. qlle corresponde ao calibre de ctttln lili/li deltl.I· IU». E:.w f:ibriC3. que havia funcionado ao longo de 28 :mos ( 1872-1900) 110 \!x-conVellto de Monchiquc . roi transferida nos primeiros rnCl'e:, de 1900 para a «.Cancllha do Outeiro». no Largo do Toura!. em Mirandela. Ora. numa altura em que as dificuldades relacionadas com o lr:msporte da cortiça estavam ultrapassadas e a energia eléctrica substilu ía gradualmellle a força do vupo r na Cidade Invicta. que motivos terão ditado a transferência dessa fábrica? É obvio que nos início1> do século a maior parle das f:íbricas de cortiça concentravam-se nas proximidades dos centros produtores. No entanto. estamos em crer que não terào sido as rat;{)e1> de natureza geográfica que terão levado o cmpre"ário a illlplamar na região a primeira f5brici.l de caniça. propriamente dila. tn<lS antes razões de natureza concorrencial. Senão vejamos: nos inícios do s6culo. além da f;íbrica Mené res. havia urna outra em M irandela que pertencia a

175


JUSÉ JOAQUIM A. I'ARR/~II(J1

«uns comerciantes da cidade do Porto». Funcionou até 1905 e era gerida por um espanhol. Artur ClIstcloa. natural de Sevilh;t. Aind" nesse ano. há notícias que dJo conta que Outros comerciantes pretendiam instalar f.:\bri cas de caniça em Mirandela e em Macedo de C;lValeirm,ll. Em face desla concorrência. um dos meios de controlar o mercado pro· dutar a nível da região ter:'! passado pela instalação da fáb rica em Mirandela. poi s Clemente Menéres linha necess idade de assegurar o controle de uma parte substancial da cortiça produzida em vários concelhos da região pelo facto da coniça extraída nos sobreirais da Sociedade Clemente Menéres Limilada nJo ser de todo suriciellte para as reais necessidade!. da f:íbrica. Por isso. todos os anos, a p:Jrtil· de Fevereiro. o fei tOI· e demais encarregados da «casa agrícola do Romeu» procediam ~ compra de cortiça mediante sinal prév io e em dinheiro. Além disso. o empresário ao instalar a fábrica em Mirandela assumia um papel de maior protagoni smo junto dos pequenos produtores de cortiça da região e rambém das populações na medida cm que lhcs proporcionava alguns postos de trabalho. RefinH';c que Ullla das causas. talvez a fundamental. da emigração transmontana era a «falta de meios de sobrevivência». Desde 1903 a 1908, a fábrica foi apctrechada com novas m:iquinas de o rigem franccs<l e alemã. Em 1903 foram inslaladas três máquina,;, um:J dc calibrar e duas de f<lze r rolhas; em 1904 um<l máqu ina de quadrar e uma prensa hidráulica: em 1908 mais cinco máquinas, duas de f<lze r rolhas c três de quadrar. O total das miÍquinas ern de 25, sendo 16 de fazer rolhas e 9 de qundrar e :.I rorça utiliz<ltla cra o vapor. No tocante ao «quadro» de pcsl;oal da fábric<l. este era constituído pelo e ncUlTegado (o responsável máximo). fiscal dos serviços, :1. quem competia zelar pelo bom andamento de todos o!'> trabalhos. mestre de escolh<l de rolhas e qua· dl·o!'>, rolheiros, quadradores. recortadores, escolhedorcs, operários na servent ia de caldeiras e máqui nas. aj udantes, aprendizes e guarda da fábrica. Excluindo o pessoal que ocupava funções de chefia (encarregado, fisC<l1 do!'> serviços, mestre de escolha de rolhas e qU:ldros), o número de opcrários, de ambos os sexos, rondava os 40. sendo os homens em número !'>uperior. Qual1lo ii produção da fábrica distinguem·se três tipos: matéria·prim:l (cortiça em prancha, aparas e refugo), produtos semimanufacturado!'> (qu<ldros), produtos manufacturados (rolhas, rolhôes. bÓia<;. palmi lhas e p:lpcl de cortiça para cigarros). O quadro I diÍ·nos uma amostragem não s6 do:- nívei!'> de produção fábrica mas também dos principai s produtos corticeiras. Tal como se pode observar, os níveis de produção baixaram substancial· mente a partir de 1908. ano em que o comboio voltou novalllcnte a transportar a maior parte da cortiçn cm bruto para a fábricn de Monchique. Não se pode dizer que a fábrica de cortiç:1 Menéres em Mirandela tenha lido um~1 actividade muito dilatada no tempo (1900· 1913). De!'>de a instalação que o empresário se debateu com alguns problemas: falta de pe ssoal especializado. nomeadamente escolh!.!dores de rolhas e quad radorcs. e baixos níveis de qualidade no fab rico rolheiro. Afim de tentar resolve r estes problemas le lHOU contratar pessoa l eS]lccializ;tdo d:l região de Lbboa. mas. embora aceitasse o convite. recus;\Va ir trabalhar para Mirandela. Além desle!. problcmas. a falta de técnicos qualificados, a nível local. nu rcparaçJo de máquinas causava ~érios transtornos na produção. pois quando surgia qualquer avaria a sua reparação erJ feita por técnicos que se desloc;lvam propositadamente do Pano a Mirandela. No entanto, os doi:- aspectos foc;ldos 176


_ _ _ _ _ A INDU!'J7RI,\U7.AÇ,iO

1);\

COHTlÇA NO Nonn D='CIC 'OC"CTCU CG =·CA=I-_ _ _ __

cm primeiro lugar (falia de pc~soal especializado c os baixos níveis de qualidade no fabri co rolheiro) foram os que mais contribuíram par.:! a extinção da fábrica. Em 1907. Clemente M enérc~ tinha «ameaçado» fechá-Ia caso não fossem solucionados o:. problemas relacionados com a qualidade d:ls rolhas produzidas. QUADRO 1_ ALGUNS !lA nos SO BRE ,\ PROI>UÇ,\O (l !.1n2- I'.108) "Ntl~

KQlIlAS

~ '9(1(,

1007 190'

.66' 070

QUAIIKQ.S

''''0

'600

"

"6470 ,O 53' 128

53 7.'

'5'"

,

"~ o

'G !I'8 1'70'92 BO

~I 727 ",

'"

123 '173

N'

60

J

'G 47206

~1W

,,,,,

112'007 '23' ~ 'SI'''",O

1I0lllÕES

-

6800 .\20'0 9 "O

IIÓI.\S

909'

'6230

Apesar de ler :.ido extinta em 1913. quatro aTlOS ante" j:i estava parcialmentI.: dCs3clivada. pOis em 1909 a maior pane dos rnaquinbmos. « num 101301 de 22 volumes». eram despachados para o Pono. A parti r desse ano. a fábrica de Monchique foi s ucess ivamente apetrechada com nova maquinaria: em 5 de Fevereiro de 1909 a firma Harker Sumner & C.· apresentava ;\ Sociedade Clemente Mcn~re ... Limitada um:\ propO~la p:.Jr:l aquisição de dob motores a gás pobre. cada um com 15 e 19 cavalos de potência; cm 1912 dav:l+se um grande S;l]tO em tennos de equipamellto mediante a compra de no vos mOI ores eléctricos e de nova ... máquinas para triturar c0l1iça. cuja capacidade rondava os 400 a 500 kg por hora. A industrialização da cortiça em terras da região da Terra Quente. por parte de Clemente Mcnércs. chegava aO seu témlÍno CI11 191 3. No ano seguinte. solicitava novamente licença parol a (re)inslalação da actividade coniceira (:>ector preparador e transformador) 110 me ... mo local onde tinha in ... talado a primeira unidade f:\bril. Este empresário nonenho te\'e 110 ...eu tempo uma acção multifacetada no campo empresarial e talvez ílllpa.r na medida em que con:>eguiu reunir na mesma empresa o >;ector agricola. industrial e comercial. Ao longo de 42 ano), ( 1874- (916). a exploração agrícola de Jcnlsall! l1l do Romeu foi o fulci"O de toda a diniimicil produtiva não só de coniço:! m:IS também de vinho e azeite. os produtos que pcr+ mllil":lI11 (c cOlHinuam a permitir) a viabilidade económica da cmpresa. cabendo li cortiça o papel preponderante com 61 % dos lucros no período compreendido entrc 1903 a 1916 12 , A imersão no .. negócio:> da cortiça e:t industri;lli/.ação da mesma fê·la cm fu nção do mercado externo. fundamentalmente do eU l"opeu e do brasileiro. Os quadros seg uintes poss ib ilita m uma visão dos muitos pabcs para onde foi exportada a caniça das fáb ricas Menéres. ])0 conjunto dos paíse:> referenciados. a Inglaterra c a Alemanha foram os principais consumidores de caniça em bruto e em prancha e. dentre as diversas cidades. Bremen foi o mercado mais regular. facto que {cm algo a ver com as rC];lçôes comerciais e de amizade que Clemente Menéres linha desde há v;írios

"

177


JOsf..: JOAQUIM A. PARHtJUA

unos com alguns empresários ligados :10 sector corticciro nessa cidadc. Durante a I. a Guerra Mund ial. principalmente nos primeiros meses em que o comérc io sofreu lima forte colltrtlcção . as cidades de Copenhaga. Gotemburgo. Christianb, Bremen e Hambu rgo constituíram os principais mercados para a colocação da cortiça. sendo feilas as exportações parti as cidad..:s alemãs via pafses neu trai s. QUAOI~O II - PAíS ES E CIlli-\nES 1>,\ EUROPA I'AR A ONI)E C LE:'\l ENTE MENÉRES

EXPORTOU CO ltTl ÇA I ',\is ~:.s

I

CIIJA DE...

1',\fS I~

Derli," BrcmclI

C II),\[)ES Al'\'CI~

DÉLGICA

nelmcn/lOl"t

PAISES

C IIMIJ ES

HUNG IU,\

BudJpc.stc

RO~IÉ~IA

(luc~n:~te

Antuérp j~

"n/Ada,

Dcut7 Dn:sdcIl

!JULGA RIA

Bclra."

VJma

Cor~

FmnH,II' ALBiA NIIA

HJUc

Hamburgo Hanôver

CHECOSLOV'\QUJA

Pral.!3

DINAMARCA

Cnpc nhilgil

I;SCÓCIA

l.i \·orno

GI:t.~o ""

Lcith

ITÁLIA

Trie'tc

13ri"ol

Barcelona

I)o\cr

Chri)t iJ~ia

lru"

HuI! ESPA:-IHA

MJndaril.

r-;ORUEGA

V~Ii:n.:i:,

Manrhe., 'cr

Esuxolmo

i\ottingham

HendJYc

Nm".,.:I, FRAI'(A

SUI!ClA

Lyoll

A,nc,terJ~ll

I'ans

S.l'c,cn.burt>0

RÚSSIA LETÓNIA

Rip

GOlcmburgu Malmu

Lilk

,\nlUérpia

"",,,"

Nurwich Trondheim

Se\llha

Londrc~

UCRÂ NIA

MII~o

Tonm

Ku1.. calJy

m;lC~bum

HOLANDA

Génn\a

Edimbllrgo

Wc~ford

Ln<rpool

Wedord

Duooec

Lc'pl.'g

INGLATERRA

L; m~rich

r-;c"'ry

K ~rl<ruhc

MJnhcun

IRLt\i\DA

K,c ,Kar~o\'

No ;1111biIO do continente sul americano. o 13msi1. como é óbv io. foi o pr inci pal cliente da produção rolheir:!. das fáb ricas Mellércs. O quadro [II é el ucidativo quanto aos mercados p;Jra onde eram exportadas as rolhas e ao número de casa:, comerciai s que as comerciali zavam .

178


A INIJ USTRIAUZI\ÇJ,O DA CORTIÇA NO NORTE IJE I'ORTUGAL

Mas a cortiça de Jerusalém do Romeu correu outros mundos além do eu ropeu e brasileiro. tal como sc pode constatar pelo qu adro 1V. QUADRO II I - C IUA D ES I ES T A I)O S DO BRASIl. PA R A O N DE F O HA ,\-[ l-: XP O RTA I) AS ROLH /\ S E NÚ I\U <:RO U E C A S/\ S C OMERC I A IS QUE A S V E N I) I AI\ [ <;IIIAIJ ES

N." m: CASAS

CIIlAII F$

N." IJE CAS,\ S

CiL\ia~

"J

hr.lgu.í

, ,

Cm

1

M;!Ccw

I

Corunlh;i

I

Manau,

[laío

lido HorifOOle

CuiaM

"

A()fi~~:ipoli> Fon,Ic~~

I

Mar:mnlo

,•

e lllAn ES

N." m: CA S,\ S

1"." UE

CASAS

P.m,ib.1

,

Rio r-;(~ru

I

P=~u.:l

I

S:!nlO'l

1

PmiJmbuco

J

S. Lui, oJe CJcrn:,.

RtClf(

,•

R'oGr.lno. d(ll'lon~

J

POIIO Ak~n:

Cunub:i

" I

Min.,Gcr.ll>

I

Rio Gr.lndt do Sul

I

E~I"oo

I

Pani

J

R,oo:kJ~n.;m

oJo E.\píriIO S:ul1<l

CIDAI) ES

5. P:tulo

, I

,

Temlll.t

VilOna

"

Q UAD RO IV _ PA IS ES t-: C IIlADES U I\ A Mt RI CA DO N O In'E E I)A ÁS I A PA n A ONU E CL EI\-'I ENTE M EN I1RE$ E X PO RT O U COHT I ÇA l'Aisl!.';

e m AIJ ES Filad~lliõl

E.U.A

Noy" lorqu.,

Hio};o JAPÃO

Noyu Orle3.,., Hull

CANA DÁ

MO ll trc;1i

(; 1D ,\IH~'i

l'AíS E.' i

O.~;Jk;J

Ko,",

SINGAPU RA

-

TA1LÃND IA

1.I:IO};UCCoquc

As transaçôes cOl11erci:'lis com o Japão. que na a ltura se revclav;l um «excelente merc<ldo para a cOItiça». só não cresceram mais c não foram mais duradouras relo facto da «navegação)}. ser ao tempo. bastante «escass:'l e morosa» . As primeiras relações comerc iais com este país, por parte dc Clcmcnle Menéres. remontam a 1902. ano em que decorreu a Exposição de OS~lka e entre os expos itores portugueses esteve representado Cleme nte Menéres com amostras de ro lhas. quadros e caniça cm bruto. No que respeit a à América do Norte. as ex portações tiveram uma expressiio bastante diminula 'l. 3. C o nclusão No contexto empresarial do Norte de Portuga l da segunda melade de oitocentos c primeiros anos do século XX. C leme m e Menéres teve um papel importante na indw:arialização do sector corticei ro a nível da Cidade Invicta e. cm especial, do Nordeste T ransmonlano. No Di stri to Brigantino. além de ter sido um dos primeiros a fa zer o aproveitamento da cortiça com fins industriais e 179


Jost JOAQUIM "- PARREIRA

cOTllerciai s . foi t:lmbém o principal impulsio nador d:l subericulrura. Ass im , graças :Ias empreendimentos levados a cabo neste sector pelo empresário e ao longo de 42 anos (1874- 1916). foi possível preservar vastas áreas de sobreiros e proceder a novas plantaçõcs. O ex-convento de M onchique. no Porto. Jerusalém do Romeu e Mirande la foram os principais locais onde este empresário instalou f(tbrica s de cortiça, lcndo co ntribu ído para a industrialização e dinami zação de um dos seclores de actividade que foi ma rcado por profundas crises em finai s do século X IX e início); do XX. Apesar dos conl ralempos que afectaram a indústri a corticeira. sobretudo :1 nível da exportação. o empresário teve o enge nho de procurar mercados e m várias partes do mundo. embora o Bras il. a Inglaterra e a Alemanha tenham sido os mai ores consumidon.:s dos produtos corticeiras das fábricas de cortiça M enéres. Por fim. saliente-se que do pomo de vista empresarial. O caso deste empre sário leve algo de s ingular na medida em que reuniu na mesma empresa - Socie dade Clemente Menéres Limitada - os sectores vita is da indústrin corticeira: o produtor. preparador. transformador c comercial.

FONTES E BlBLlOG RAFIA Impre nsa C"rlll;' .Ie Amlm:;"." Portuense. 1867 c 1868. Comêrô" P""/U/:IIC: (O}. J 876 ~ 1879. Cmm'rçm do POr/o !f"slmi/". 1894 a 1901. GfI;,(·wtI"$AItI/!ill.\'. I R98. 1899.1902. 1903. 191 4.

BIBLIOGRAFIA Fr:",ci~co M~nuet (A h<ldc de Daça1) _ Memórias Arqll/!ol6g,co-HistõriclIl' (lo Distrito ti" flrt,};eJnçfl. Tomo 1./1. II I. V c IX. Ediç;;o do Museu Ab:lue ue Baçal. 198::1 . ASSOCIAÇ,\O DOS INDUSTRIAIS E EXPORTADORES DE CORTiÇA DO NORTE - Recolha de d:ulo, rciw cm 1997. BER NA RDO. Hern:ini d" 13;1rros - Localizaçilo da ;ndú Mria co n;('ci ra I.'m l'onugal. Sepllmta da Rf'I'Üw ~"ubi_\',,·w PV/'IlIgu /!.m». Ano 18.°. n. ::11 3. LisbO:l: ( 1945) CARNEIRO. Ann:lI1do _ Vi.wlo PmUJriimi('il EC(!IIóm;co - Soôul di' fndú"uic' Naciollal (llI Cortip" Om.'m-Hoje-Aman'u'. Li~ bo,,: Edição do Gabinete de Es tud os dI.' Divulsação Ecollómica. ~ocI,,1 c Turfstic:I. 1961, INQUÉRITO INDUSTR IAL uC 188 I. II ParI". LIVro JII, Lisboa: Imprensa N:lcional. 1881. NUNES. Jacin to - R<'Imário .wbrf' <I Q//esll'" Cortic:eim. LiSbo:l: 1905. PARREIR A. Jo~é J. Andr~dl! _ ti A CF;n f;"'pre..-arial tle Clem/mM Melthe.v. Enrre t) POr/O e TrlÍ..,·m-M olllf'1i (1867- 191 6). FLUP: TC:M: dI! Mc.'lr..ldo I!m História Contempor:inc". 1997. PEREIRA. Jo~é de Campos - PnrmIJlII 1m/mui/II. Li~boa: Livr..lri:1 Prolissional. 1919. PORTUGAL- MI NISTÉ RIO DA ECON O MIA . Junta N~cional d" Cartiç". Fomell/" S"berfco lu. Li,hoa: Ediçõcs d" Junta Nncion,,1 da Coniça. 1956.

AL VES.

G

180


A INIJUSTRIAUZAÇÃO DA CORTIÇA NO NORn' OE I'ORTUG,\L

SAMPA IO. Jaimc Sala1.l\r - O C()/lUfreio c.xtenUJ ~"I Cortiça " (U Aetiridml.,., a ,\1()/II"'r1C. Lislxw: In.qilUto do~ Produ!os Flore.~mis. Lisbo~. 1985, SOARES. J o~é António d·Olivcit~t. 1'/ ,,1- Pmdu(r1o e '","is/riu COr/ii;,'i,'u. Lisboa: Typogr;lphia De «A Editom». 1912.

NOTAS I. cr, C(I~<,1fI (ltl,,· ""'eia.\'. 1899. 2, Cf. BERNARDO. Hem"ni de Bnl'ros - Loc;lli:taçào da indlislria ç0l1içeir.1 em PoltugaL Sepfll'UlfI l/a Re,úw _/ncl,i,,'Ir;" POl'wl..:"".,'a ... Ano I 8. g • n. g 213. Lisboa: (1945). 3. Cf. CARNEIRO. Armando - Vi""'n PlIIwrii",iclI Eco"''!mi''" - S"ei,,1 ti" f",IIi.flria N",,;ol/(II ,I" Cl)J1;çtl, Omem· Hoje· Amllll/,,'. Lisbo;,: Edição do Gabinele de E,';\\ldo.~ de Divulgação Econ6miça. Social c Turístiça. 1961. pp. 45-5 I, 4 , Cf. ALVES, Fr.mci._ço M:muel (Abade de Baçal) - M"",riria." AI'(I"~,(JJôlâCtl· H;slrlnál.,' ,I" nÚtriln ,Ie 8m1{1IIIf(l. Tomo IX. Edição do Museu Abade de 9,,1,'''1. 1982. 5. Foi nesla cidade que Clcme!llc Mcnéres tb: a~ primcir.. ~ aprcndi1.agens 110 r.lmo dos negócios. pois cm 1859, eom apenas 15 anos .!c idade. emigrou para o Rio de Juneiro, onde de~de alglln~ uno.< e.<t:lva Uni tiQ que se dedicavu ao comén::io. Pa~~ad o qUJlro ano._ (1 R63) '\:gre~~u 'I Portugul e na Cidade lnvict'l con~litui a prim<:Íf:l fim1a çomen:ial- P:te~ & Menêrcs - no ano de 1867. "I>ÓS ter encontrado unt ~6do enpitalist:l (Sonrt eSte cmrre~ário nonenho. con~ul!ar: PARREIRA. José J. Andrade - A Acçõo Eml'l'e,wri<ll de Clemellle Mel!é/"f!s. l~/jfl'e /J Puno e Trú.f-Qs-MlIIlIl'.f (1867- 1916), FLUI': Tese de MesU'ado em Hi~tória Contemporunea, 1997.) 6. A aldei" de Jerusalém do Romeu situa-se:1 13 km a nonlc.qe de Mimndelu e faz p:trle deste enn· celha desde 188-1, tendo pertencido anteriormente:lO de Maeedo de C;I\'alclro~. A oriJ;cm do nomc - Jcrusulém do Romeu - remonta aos tempo~ medievais. allllra em que o ~enhorio dess:ls teml~ pa.\SOU a c_,I"r sob :tlçad:1 dos Cav:lleiros da Ordem de S. Jo;,o de Jerusalém. mais çonhecid:1 por Ordem de M;ll\!!, 7. O Quadru,al é um conjunto de momanhas gmnitica~. n;l~ proxill1idade.~ du alde!;1 de JeruMltém do Romeu. çoben:l.' de~de há séculos por exteR,a., matas de .,onrciro.< e euja reprodll,ao ~e fel: uo longo dos h:mpo~ de fom'" e~pomânea. raçto que muitas dores de c:lhe"a eaUSOll aOS inv<;stig:ldor<;s :lgr.1rios que lião cntelldimn a r,lâo por que CMe lipo de reproduçãQ er.l tll:1is çfiçaz do 'llle se fo<o<e provoçado pclo homem. 8 . Cr. II/<iuénf() 1IUIIlxtr;(lf de 1881. [I parle. Livro 111. 9. ESla Socicd:ule "por ql101as de responsabilidade li"';tudn" e de nUIIlIl:1--:\ f:lllliliar foi çon~titllíd:. por Clemente Menére.'':11l 1902. sendo o periodo de \igênci'l d" mesma, lal CQmo eonsta d'l ... ~ai­ tur.!, de 99 uno.'. <.lU .cj:" iii'; 'lO ano 200 (Sobre outro~ :..'peetos d<;SI'l ':'"11''-'.'" consultar: PARREIRA. Jo.<'; J. Andr.lde - Ofl. dI. 10. cr. C",,,êreio dI} P"r/ll 1I11.,'/r{ldo. 189-1. 11 . Cf. PARREIRA. José J. Andr:ldc - 0,1. dt.. p. I j-l. 12.I'ARREIRA, Jo._"; J. Andmde - O", cito. pp. 182-183. 13. Cf. PARREIRA. José J. Andrade - O". cU.. pp. 217-228.

ISI



A PRODUÇÃO DE PASSAMANARIA DE PALHETA EM PENAFIEL TI::RfSA SOEIRO

!1'a.:uhJadc de 1..0:1"" d .. l\)fIo)

o pequeno trabalho I que apresento a este Colóquio proCUr.l equacionar algumas vias n:l relação das industri:ls existentes cm meio rural. no distrito do Porto. co m a acti vidade de empresas sediadas na c idade. Escolhi corno exemplo li passamanaria de palheta c como local o concel ho de Penafiel. Além de outras mOli\':lçõc:.. uma me chamou há anos a atenção. É ela o insólito que rCl'>ulta hoje de vermos assumido como artesanato típico do concelho o rabrico de pass.unanana de palheta. ou seja o vu lgarmente chamado galão de ouro e prata . Suponho q ue ti qualquer observador cstnlllharia que numa freguesia rural de um concelho rural se trabalhe numa arte que utiliza como matéria prima o fio de prata ou de cobre com banho de ouro. metais sempre caros e controlados pelo poder. difíceis de adquirir e tão alheios ao mundo doo; lavradores. E foi para tentar perceber as condiçiic:. quc pre sid iram i'I fixaç ão dcsw peq uena ind ústria que cO llleçci a desembaraça r a meada e :1 urdir a teia. \cm no entanto tcr ainda conscgu ido alcançar todo o processo de tecitura.

• •

Primeiramcnte recu arclllo:, até ao século XV III pombalino. para atcntarmos no movimento dc incentivo i'I c ri:lção de novas indús trias que no PortO Icvou ao surgimcnto de várias oficina:.. e manufacturas de gatõcs de ouro e prata. doculllcmadas pelos pedidos de licenciamento envi ados ti Junta do Comércio. Entre clas. a de maior relevância seria a Fó,brica de tirador de fio de prata instalada por Luís de Almeida Maraes no dealbar da décad:t de o itenta ou pouco antes. que viria mais tarde a oellp:lr o novo palácio dos Carrancas. edifício expressamente construído para a alojar e simult:meamenl e para residéncia da família. no qual sc encontra hoje instalado o Mu:.ell Nacional de Soare:.. dos Reisl . Esta fábrica aprcsc11lou em 1788 i'I J unta de Comércio amostra:.. de galões. q ue lIlIla ve7. examinad:1S se achanull suficientemente boas. apenas devendo a prata :..er mais bem dourada. Obteve prov i"ão régi a em J 790 e est:tria para a sua época ba... tante bem apetrechada. como verificamos pela dCticrição que dela se fa z num proces~o litigioso de 1793. em que cons ta estar nos subtírb ios da cidade. em s íti o so litário onde co m a abertunl de novas ruas se co meç ;lVa a construir: se r cas:1 de boa apresen tação . mas sem fundos nem cómodos s uficientes pois :.ó tinha quatro salas. sobrccozi nha e uns pequcnos quartos. o nde cstavam os suplic:mles e a fáb rica cm um lado dos ba ixo:.. onde trabalhavam 0 .\ oficiais cm calOr/.c bancas. ci nco torno ... quatro rodas de escachar. um engenho de lentejoulas. um banco grande de puxar as barras. na refinação do ou ro e com

outros utensílios. muitos dos quais fixos ao chão. terem rei lo um compartimento co ntfguo. para melhor se acomodarem. e outro para a refinação da pr.lta. no 183


TI::RI:SA SOr:tR(}

quintal (as refinarias de ouro e prata tinham ch:.lmi nés. pelo que era caro mudá-las): necessitavam de fazer oU1ro grande compartimen to para reunir os vin te c quatro teares de tecer galão que se achavam dispersos3. Só que neste mesmo :.Ino. por real decreto de 20 de Março. o sector sofre as primeiras restrições. proibindo-se a laboração em ga lão fino aos estabelecimentos sem faculdade régia. Esta medida fico u a dever-se fl pressão da Real F:.íbri ca das Sedas de Li sboa, que se vin ha a queixar junto da monnrca dos prejuízos que as unidade espalhadas pelo país causavam ao escoamentO dos sells produtos e da penú ri a dos ofic iais . argumemando também que as falsificaçõ es seriam muitas. lendo os compmdores dificuldade em distinguir o galão fino das imitações eom menos melaI nobre incorporado. Uma queixa feita em 180 I. por Isidoro Luiz de Moraes e Castro e Compa. da t:ibrica dos Carrancas do Porto. reforça esta posição da Real Fábrica . reconhecendo que. por causa dos dolos a evi tar. nunca se dera C;lrt;' de ofício aos operários do est re ito. até porquc não enl possível que estes subs istissem por sua conta da mão-de-obra destes tecidos q ue. quando de qualidade. cxigiam avultados e efectivos dinhe iros c muitos empates: «l á para que I!ii{}fi:es.~em COIII retroz o urdI/me. que deve se,. feito com r}"(lI/llI, ou pello: já para que em lugal" da seda comperel1le lU/O iwrodl/::.i.I·.\"cm I!(IS reias (I que li .W1II arbirrio Ihe.~ fJareceS:ie, mel/elido em seda n que del'c el/trar cm nlllis prnro. e ouro. já para que em 111801' de p alhetas e dos fios do reino IIlIo se sen'issem dos de fora. (:/lja praIa, t' ouro lIe adultert/{linimo; já porq/le em teares aVIII.w.'· por COIIIll de diver.ws pessoa~·. c IIOS de fite i ro.~ (q ue .H! arrogavalll esta 1I/{lIIl1facrura COIII o falso pre/exlO de perlel1Cer ao se/l offido) .I·C acllllvl"io espiglfilllas. saloen,l' e frtmjas COIII mistttra de fios de seda. 0/1 de alNodr.1o CllbCi"IO.\" com pallwllIs falsas dOlfrada.\" ti fio e da r01ll1l1ll falsa. com o que se til/fUlO cO/lllllellido pelas aldetls. dilas e cidades do reino e das alllêrica.~ infillilO.l· e esctmdalozos ellga/los. que mi clwgarão â.<; Rem!.\· Pes.Was; já p()r terem moslrado as experiem:ia.\·. e colclllo.'· reilerados. que a nC/lh/llllmcstre. ou o/Jidal do eSlreiro rOl1villlw I1IC11l11facrurar gll/oew; 011 espig/lilhas de o uro filiO. comando que ti IIItlIlIIftU"rura mio sejll viciada; e em geral a pessoa tl/guma, qlle /U/O fellha ulI/a rOll1pfeta fahrica di' tirador; e já filwl m cl/lc porquc as fáb ricas pril/ilegiadas erão todavia para //Iais do que o COII.l"tltI10; () qucjá a mesma experiellcia tcm /"IIo.\"frado cada ve: IIll1is; .H! vai effectil'tlll1el/te relaxaI/do a observollcia do mencionado decrelo com ti col1tillutlt,x/o de pretextos rcio .\·illis/I·o.\· e dolo:m', como o fo,.a" e se \'erificart/O aq/lelles qlfe fi:erao demorar ao principio (I s/w i/l/eira execuÇao quazi hlllll tlIII1O: e como tia cidade do Pan o e .~e lls slflmrhios l/ovml1cl1te sefabricao em o/gl/IIS tt:are.l· 1It10 .~()lIIell te galoens e e~pig uilh(/.,· de o/l ro e prara filia. mas ((III/bem hllll/a grande q/lantidade de galoem·. espiguilllas. franja.l· e rem/as de fi(J.~ de .,·eda 0/1 de algodão ('Ilbertos de palltera falsa. e g%ell.~ 1I1"tlidos com suJa. 011 a/godeio e trahallwdos com esltl meslI/o polhera, II/tll1l1ftu:/II ra il1teirttmente prohibida pela lei destes reinos. qlle somente a permitt: em fil/lia ou fiado. como em IOdos os demais reillos. que de modo a{gllll1 cO/lsentem ti referida !1alhera e menos ().~ wrnQS Q/lde com esU/ se façdo Jio.~; por IOdo o C.\1)()SIO e pela cOIlSCrVtlçrlo (qlle se acha interrompida) das fabricas de fi no hem eslabelecidas .. ."ol.

184


A I'RODUÇ, iO OE PASSAMANA/U;\ OE PAU/ETA EM "t:NAFII;:I_

Pedia que tomassem providéncias. nunca pensando. CCrLamerlle. que seria uma das principais vítimas. Não satisfeita com aquele primeiro corte. a Real Fábrica consegue que, em 180-1.. estas providências sejam radicais. ordenando-se a cassação de todas as liccnças para fabricar galão de ouro c prata concedidas <l paniculares. Ou como di". o edital de 14 de Dezcmbro se «ji:.esse saber 00.1· lIClllaeS fabrical1fe.~ de Ro/i}es de prata e 0111"0 que o J\1esmo Senhor havia pOI" extillCUlS as Graças cOllcedidas a fJarticula/"('s para e.l·se fabrico. cOI/cedendo seis me:.es cOlltado.l· da pllblicação deste paro o COI1:il/1I10 do q/le fil'erem fabricado». Aqui começou a odisseia da f:íbrica dos Carrancas. que batalhará até 1822 para que. já sob e feito da política liberal da livre concorrência. lhe seja de novo permitida a laboração cm rio de ouro e prata. No Porto. nas últilll:.ls décadas de setecentos. haveria. segundo a Iiswgem enviada pelo então corregedor Francisco de Almada Mendonça e incluída num processo de 1794-98. dezassete fábricas de gal ão , acrescenlando-se que constava existirem outra:; na região Norte. n:1o autorizadas, recaindo sobre Iodas elas a ir:.l do), administradores da Real Fábrica das Sedas. adeptos de um cerrado monopóli o estalai: " Pda rc!a('i"io II. I extrahida do Moppa Geral das Fabricas da Cidade do Porto, que remeteu () Dewmbt/rgador Corregedo r Frtlllcisco de Almada e Mel1donça. se mostra qrle /1/lIitosfabrical1fes dll corporaçüo do e.l·trúlO. aos qllai.ç he permitido a manllfactllra de Rtdoells. e QII/ra.\" obras de ouro e pral/lI fa/.m, se tem illtrometido abll:,i\'(I/IIellte {/ "ul/lllfllcturar obras de ouro e pratla fil/a; e pela Oll/ra rt:la(:ão II." 2 se mostra igllalmellte os 01111"0::>" IIIlIitos que l/esla cidade o estilo praticaI/do alélll do.\" mais que me consta (/charell/ -.I·t: a rra!>allwl/do 110 cidade de Br(/pa e pdas provincias do reino. com Rravissimo prejui:..o do Rr(1I1dt: l1/1mero de officiaes quc trabalhiio lIe.l"/(/ repartição delltro da Relll Fa:,cnda das Sedas. COIl/O já foi pl"eJ·ente (I SilO lI1ages/ade. pelas diversas repre:.efllaçoell.\· que suhirão à relll prc.çença. efizeram li objeclo dlls prm'idencias do decretlo de 20 de março de /793. e q/le pela falta de obsen'{mcia mio tem prodll:.ido 0.1· saudt/vúS effeitos ( I que .I·C dirigia, COII/O ~·e prOI'a da repre.\·entaçiio do lI/eSTre e offió(/es da fabrica II." 3. e igllulmellfe se II/os/ro das aflpn:senltlçoells que fe:. o jui::. do crime do bairro de Andaluz. Para q//i! V. Ex." mais se COI/firme lIosfral/des c CI/gll/l0S que .wfr<' o publico COIII estas II/wlllfacwJ"{1sfabricadas pelos panic/lllares: appre:.ellfo a V. Ex." (I conTa dos in.\pccwre.,· 11." 4 com os fac/os que justificão que {( mesma ca:'l/ real he a primeira sacrificada /WJ· ohras q/le (lO.\" II/e.\·mo.l' parlicullllre.s encomenda e compra. e pelos dois papei.~ de alllOstrlls n. m 5 e 6 se conhece iRllalmeflte (I s rande dificllldllde quc Iw em distinguir o falso do fino e que a IInica di.I·lil/çeio só SI! pode encontr(lr lia providellóa que deli o lIIe~·IIIO decrelO IIIlIIul(llldo qlle as obra.\' falsa.l' fossem Ifrdidll.~ 0/1 t/"amada.~ em lil/ha 0 11 fio de lil/ho. como para mode/o e prOl'a se malldarôo f(/bricar IUI Real Fabrica lIS que cowélll o papel fi." 6. Em cOllsequeflcia de rodo reJJerido. devo requerer a V. Ex." que por beneficio da real fa:.el1da e da ~·l'gllrafl ça pllbliclI haja de (J

°

185


TERESA SOEIRO

SI/l'lell/ar lia real prez.ença de sua lIIages/ade o iTlleiro c/llllprimel/lo e exec/I(:üo do mesmo real decrelfo que pretel/dem desrruir a rodo o cusro os illlruzosfahriconles parriellllllre,~ e lIIuiro allcioz.amel/le os da cidade do POrlO, promOl'clldo para e.l'~'e effeiro o requerimento de Vicel/le Mal/oe! Ferreira qlle depois de ser primeira e seglllula I'e.;: eSCIlz.ado esrá pendenre da real rezolllçiio que sI/a magestade deve rOll/ar lia consulta que s/lbio pelo Tribunal da Real Jllnla do COII/mercio, sobre /1111 terceiro e eXlraordil1ario reCllrso, o qual acha/ldo-se de,Hill/ido de Iodas (IS cirC/lII,H(lnci(lS [Jara merecer real cn /lfempla çiio ficarã {/ Indns servil/do de exemplo, para Ol' suas fllturas pretençoell,I'»'S,

Como a dos Carrancas. cuja longuíssima argumentação conhcccrnos fí • também outras destóls fábricas irão apresentar superiormente sucessivos pedidos de licença para laborar e requerimentos contra a referida proibição? que. por outro lado. sabemos de factO não ter sido demasiado ohservada, uma vez que. por cxemplo. ainda em 1812. a Real Fábrica chega a acusar o Superintcndente das Alfândegas do Norte de algum laxismo: «e ~'endo a cidade do Pano onde menos se cumprião e mais se aIJII.;:lII'C/ das referidas rcaes ordens Ide 17931, opedio esta direcçc70 primeira segl/llda e terceira ao Supel'inrelldcflte das Alfondegal' das Tre,l' Provincias do Nonc nas data,l' de de.;:oilo de Ju/ho de lIIi! nirocentns c dez.. villte e Ires de Jal/eiro dc mi/ oitocell/os e ol/ze. e sei,l' de Maio do pre.;:ente pa/'ll este mal/dar proceder exaClame/lfe lias deligel1cio.l' preciz.as faz.endo aprehcllçtJo e /Omadia em ludo o qlle lhe cm!.S /{J~',I'e ser fahrica do cOI/ /m as Rea e~· determil/oçoel1s dn sobredito real decreto de que ,çe lhe ellviou copia fa:e ndo de wdo 0,1' competentes aI/IaS e remeça ao De:cmhargador .Il1iz COIISCI'I'{u}or, e selldo (l respnsra do di/o ,\'I/peril/tendente cm daw de (rinra e hl/I/I de Maio como COIISta da cópia jUl//a; por ela se vê lião reI' elle feito aprehell('iío alguma por nada achar COlllra as reaes o rdens, //Ias relido esta di recreio sohejas prOl'as para prez.llmir ter sido aquella deligen cia feira com alguma eOll/cmp/arâo, e \lendo q/lonto vai demil/uim/o a exrracçâo de tal 1I/(lIIufacl/lra Ile,,"w Real Fabrica e por cOl1seq/lencia os se/l,l' illlcrel'ses cmll os q/lacs se hja tlj/ldtmdo o mmo da,~ udas, niio pode deixar de expôr e ,\'lIpplicar (J V. Alte.;:a Real para que haja por bem ordenar t/O c/ml/cel/er e Governador da Re/açâo e Ca.;:a do Porto lIomeie !tum lIIinis/ro Iwbil. iII/lU/reia I e .;:el/oz.o do Real senl;çu para proceder com a maior exacçc70 às sohrediras dcligel1cias fa.;:endo c/lmprir () referido Real Decreto»lI,

Dentre estas fábricas do Po rto devemos recordar a de José da. Rocha. um homem morador na freguesia de M:uecos. Penafiel. que em 1799 solicita exame na s obras de ~alões de palhela falsa e que no ano seguinte pede para se estabelecer com ofieina em Santo Ildefonso. equipada com um engenho de cobrir nado com ouro e prata falsos. oito teares. mais seis teares no ex terior c dezanovc rendilheiras a tr'lbalhar por conta. scm que se indique onde estllva m sediados aqueles teares exteriores e estas rcndilheiras, 186


A PRODUÇ,iO DE PASSA MANM~IA OE PAUléTA EM PENAFIEL

À documerllaçrio até 3gora referida. que relnciona a indú stria do galJo da c idade do Pano co m uma nebulosa de pequenas unidades mais ou meno!': clandestinas que se dispe rsavam pelo seu termo e áreas contíguas do Entre Douro e Minho. permite a hipótese de Penafiel também entrar nessa complexa reia. logo desde setecentos. até pela via de fabrieantcs daqui n:Hurais. A estc momento de ;rrr:mquc. scguem-se algumas décadas sem informaçJo. hiato no qual o orfcio de passama neiro não su rge como pro ll ssão nos recenscamentos para tins militares. eleitorais ou de cobrança de impostos realizados no concelho. I'orém. c:-.ta situação não nos dá qualquer garantia, uma ve7 que a actividade se mpre foi desempenhada sobretudo por mulheres, grandemente ausemcs desta!': listagell:-'. Teremos de c~ pe rtlr quase um sécu lo para voltar a relacionar a indústria de passam.maria de palheta com a área de Penaficl, agora de forma muito directa'}. No InquérilO Industrial de 1881 nfi rm a-se que a «IJlI.\·S(lIIwneria de pallrem é lima indllslria relwiwlfllt!lIIe ;mporUlllle em Penafiel: produ:::. eHenôalmellle os galões para caixões e Oll lros objec/o.ç de cullO em que efllra a palhelll de ou/"O e prauj»l!l. Concomitantemente o mapa das pequenas indlísl";a.\· regista quarenta e três oficinas. com cem teare.~ . em Penafie l. enquanto que ao restante distrito caberia ape nas mais uma. de Ir\!S teares. localizada em Gondomar. A ex istência des tes cem teare~ é mai s bem expli cada ao desc rever as fáb ricas d:l cidade do Porto, porquanto ní se diz que: ~'(/O eSllfdar/llm; as induslrias dos cOllcdlro.~ rllraes. enconlramos 1/0 de Pellafiel e.wa especie: agora 110 Parlo achamo.~ o fab ricmrte que dá Irabalho (lOS reares de Penafiel. É Fralleisco dos San/o.\· Carneiro. domieiliado 110 lar~o de S. LaZ/lro. IInico da sua espeeif' fiO dÜlricto e exerceI/do o seu mislerllesde 1852. Os reares oclil'o.\· siio 80, dos qlloe:; 70 em Pel/e/fiel e /0,10 Porlo. occupandn 40 homens que I'encem por /(Irefa a m:;:lo de ewre /60 e 260 niis c' 100 mulheres a 60 li /20 reis. A/ém d·csf(l.\·, com s(//ario igual. ofabriclIIIIe DeCIII}(1 ImUlS 60 mulheresfoz.elU/o renda de I}olhew com bilros. As "/tI/c'rias primas são: /" palhe/a e fieira imporlada de Allemolll/a 1/0 mlor de 2:40005000 reis ao (/1/1/0; 2" algodão branqueado e de córes. IrlI impor/flneill de 200 maços a 35000 reis 011 760$000 rei.... A pr()(IIICçlio /Olal (m ll/UlI d'es/e gl!nero que serve para )'e.\'IIwrio de S(/IIIOS. adorno de allare.I·. armações de igreja e guarnições de caixões. sobe a 10 CO/ II0S de reis. deslÍnado em parle ao consumo local. em parle á exportação para as ilhas e para () IJrasi/» lI.

Ao Inquérito Indu !': trial de 1890 infelizmente Penafiel não responde . Em Gondomar. o outro centro já referido. haveria en tão quarenta C seis teares de galão. no ... quais lrabalhavam outras tamas pessoas. maiori tariamente mulheres. No Porto só ê referido um industrial. de Campanhã. A monografia de Paço de Sousa. de 1912 12 , di z- nos que na freguesia apenas existiam duns indúslrias domésticas. ii tece lagem de linho e a de galões dourados. sendo que na primei ra se co nsumia O linho cu lt ivado loca lmen te, 187


TF.HeSA SOE/RO

enquanto que para a segunda :l matéria-prima era fornecida por negociantes do Porto. Em amba~ se empregavam apenas mulheres. que trabalhavam no seu dom id lio depois de cumprirem os afazercs da lavou!'a . Este quadro foi o que se manteve até há pouco menos de vinte anos, continuando a laboração a ler lugar em casa de cada um. representando os proventos auferidos um complemento para os rendimentos obtidos na agricultura. A actividade era considcmd:'l como compensadora .

• •

A indústria de passamanaria penôlfidelense elllendi!-Ia-emos talvez melhor se a o lharmo s no quadro das indústrias rur.lis favore cidas pela prato -indu~trialização. Totalmente dependente em relaçJo à capital do Norte. como eoneordantemente renfirm;'llll ;'IS fonte s citadas, coloca-nos perante uma situação de plltrillS-olll l)·Sfl!III. em que os produtores. trabalhando no seu domicílio. estJo :1 mercê do comercialllC urbano. tanto para o fornecimento da matéria-prima como para o escoamento d:l produção. Ou seja. desviava-se talvez para a passilmanariôl uma parte do trabalho d isponível. sempre feminino, habilUalmenle dirigido para a preparação e tecelagem do linho. que de há mUÍlO existia neste Illeio rural. Mas a situação era de facto nova. porquamo na indústria rural linheira se empregava sobretudo matéria-prima loc;\l ou regional. embonl com recurso ao linho do mar. ti tecno logia esl;wa perfeilamente dominada. os meios técnicos pertenciam aos rurai s e eram estes que se apresentavam nos grandes mercados loc:\is. como a feira de S. Martinho. a vender o excesso da produção. depois de retirada a parte dest inada às necessidades domésticas. ao pagamento das rendas e mesmo a realizada por coma de algum vizinho em si tuação de troca directa. Os produtores mantinham considerável independência em relação ao capit;..L1 mercantil. a quem eventualmente adquiriam a percentagem de linho vindo do exterior. e o qual poderia uunbém. directamente ou por meio de escalões intermediário:.. comprar a pane do tecido que no mercado local sobejasse. Já a pass:lmanaria recorria a matérias-primas eStranhôls ao meio. a uma lecnologia invulgar e destinava-se integralmente ao Tllercado. que ultrapassaria em muito o âmbito local. Estas eram as condiçõcs para urna inteira subordinação dos produtores. que pode ter-se estendido de início também aos meios de produção e à aprendizagem. já que as máquinas. o teM e especialmente o torno. indi spensável para a preparaçiio do fio. bem como o seu manejo são estrôlnhos ti tecnologia tradicional da região. As unidades de produção de passamanaria referenciadas em Penafiel no século XIX e também no XX nJo chegaram sequer à dimensão da oficina suprafamiliar. mas mesmo assim mantinham uma organização hierarquizada em dois patamares. sendo o superior ocupado por aqueles que contaCt;J.vam directamente com os comerciantes do Porto e deles recebiam o fio de algodão e a palhe!.'}. que no seu torno doméstico torceriam para poder realizar a obr:J. Mas abaixo destes, e m maior número e Illuito mais dispersas. existiam 'Iinda :'IS rendilheiras, cuja única ferramenlU era a almofada com os respectivos bilros. Recebiam de quem tinha torno a palheta e o fio recoberto. p~ ra depois executarem em casa as rcnd:ls que entregariam novamente a quem lhes dera a matéria-prima. para que 188


ti PROIJUç,iO OE PA SSAMANARIA DE J>ALlII~A t.M '>ENAf'IEI_

este imcrmediário loca! concentrasse est:ls diminutas produções. as (lc;Jbasse e reunisse em peças ou bobines. a fim de serem remetidas p"ra o comerciante da cidade . Nenhuma destas unidades comportava o ofício de tirador. razão pela qual o fio metálico tinha de chegar a Pcnafiel já preparado. sendo de prata dourada caso se pretendesse obra fil/a, ou cobre dourado se o objectivo fôsse o meio fino. Dispunham na área dc trabalho , para alimentar o tear, de pelo menos uma urd ideira. uma dobadoira ou parábola para dobar o algodão e uma caneleira ou roda para encher as canelas. semclhantes às utilizadas na região para o linho. Máquina complexa e própria desta indústria é o torno. no qual se torcia a palheta metálica sobre o fio de algodão. Os poucos exemplares que chegaram até nós. todos muito semelhantes. ninguém tem memória de qucm os construiu ou de como se denominam as múltiplas peças que os compõem. Foram herdados e os utilizadores limililm-se a repetir os gestos que aprenderam . Mas. basta compará-los com as estampas da Encyclopédie des OI'IS el des mélier.\· de Diderot e d' A1cmbert, relativas ao ofício defi/eu,. d'vr, para os recon hecermos c verificarmos COIllO nada ~e alteraram. I)Clo mcnos desde inícios de sctecentos, estas máquinas cuja mccfmic:1 se considerava « si il1gél1ie/lse. q/l 'UI'ec III/e seu/e lIIal1ivelle ce/IIi 011 celle qui l ourlle /a lIIachil1e foir mOIll'vir p/IIS de cem pieces séporées»I .1. Já o tear. também comparável com os ilustrados no ofício de possemel/lerie mas simplificado. apesar das suas especificidades quanto a tecnologia e aos gestos requeridos no trabalho. está mais próx imo dos utilizados nas tecelagens tradicionais de linho e lã. Nele se trabalhava panindo umas vezes da urdidura de algodüo e da trama de palheta. como por exemplo para realizar o galão ou a trena. ou empregando a palheta na urdidur.l e o fio recoberto na trama caso se quisesse fabric~U' espiguilha ou grade. Depois da peça tecida. devia ser prensada na roda de p{J.~.\'lIr li ferro. banco com dois cilindros de madeira colocados na horizol1lal. dentro de um pórtico. aos quai s por meio de um parnfu so se dava o aperto desejado. como também se vê na esltLmpa 11 do referido ofício na Encyclnpédie. para que o galão fi casse bem espalmado c pudesse assim ganhar a sua forma definiti\':! antes de ser bobinado e seguir a caminho do comércio. A estes meios técnicos nos reportavamos antes ao chamnr a atençüo para a sua originalidade no ambiente rural. Ou. t::!lvez devamos acentuar a possibilidade deles terem sido para aqui transferidos a partir da cidade. nomeadamente do POrto. Essa transferência de tecnologia poderia ter ocorrido num momento prístino da indústria, no final do século XV II I, quando esta maquinaria se encontrava actualizada. tendo os industriais em vista aproveitar a müo de obra rural. mais barata e esquiva ao controle da:; autoridades que apertavam a vigil5ncia e faziam cumprir as proibiçõcs. O exem plo de José da Rocha. natural de Marecos. que por então faz exame da arte e monta :l sua oficina no Porto. mas tem teares fo ra ri trabalhar para ele. pode indicar· nos uma o pçii o de aprendizagem. Como ele. l11uitos outros partiram para exercer profissões na cidade. migrando por temporadas mais longas ou apenas em curtos movimentos pendu lares que O!'J traziam a casa todas as semanas. Não nos parece credível. porém. que um artesão especilllizado de retorno se eSlabelccesse com este ofício por coma própria. quanto mais não seja pelo investimento necessário e dificuldade de acesso à matéria-prima. 189


TERESA SOE/RO

Já a via apontada pelo Inquérito de 1881 parece mais admissível. em qu~tlquer

momento que tenha oco r rido. desde que posterior à fixação da indústria na cidade. e coincidindo talvcz com as dificuldades c a retracção que nela sofreu. A :írca cm que se menciona a passamanaria. Paço de Sousa e Galegos. tem boas co municações por estrada com o POrto. do qual dista uma trintena de quilómetros. existindo em todo concelho urna intensa relação com aquela cidade a cujo termo pertenceu até meados de setecentos. As cla sses possidentes dispunha m aqui de casas nobres e quintas, os negociantes frequentavam a feira de S. Martinho e estabeleciam cm Penafi el delegações das suas casas comerciais. ele. Neste contexto. o capital comercial do Porto conheceria a disponibilidade de mão de obra no meio rural c a sua tradicional dedicação complementar iis indústriais. particularmente ao fabrico de tecidos de linho. Mas esta porta aberta ao exterior, para ser explorada por uma indústria de característica:,; diferentes. exigiri a t::uubém uma atitude diversa. como pode ter sido ii de fazer des[oçar para esta úrea uma tecnologia urbana. assegurando os promotores tall1 b~m o rornecimento ( I;, matéria prima e o esçoamento da produção. como ante ... .:lrgurnental11os, o que çoloçaria a mão de obra numa total dependênc ia. Depcnde1lle e tloresccnte continuou a indú:';tria de pnssamanaria a funçionar, sem modificar a dimensão. até meados deste séçu lo. arrastando-se depoi:,; com certa penúria. Numa das casas comerciais que na cidade do Porto recebia esta produção. Carvalho & Irmão da rua dos Caldeireiros. ainda nos explicaram como funcionava o cirçuito e abriram os velhos livros de mostruúrio. nos quai:,; recolhemos as designações utilizadas nas legendas identificativa!' dos tipos de ohra reali7.ada. Reneclindo sobre as últimos décadas, confirmaram que era de facto do concelho de Penafiel que vinha o artigo par;! venda. antes de estarem em pleno funcionamento os pouços ma:,; suficientes estabelecimentos fab ris mecaniz'ldos, c mesmo. cm relação a algumas especialidades de qualidade. depois destes :,;e enContrarem em laboração. A produção fabril e as mudanças na moda do vestuário e da decoração tinham já relegado a passamanaria de palheta para um lugar secund:.írio. em artigos decorativos religiosos mas. na perspectiva deste comerciante. foi sobretudo a transformação do mobiliário fúnebre. a que se referia o Inquérito de 188[, que li tornou quase inútil. É que, ant es da divulgação das urrHls em madeira orname ntada. cabia ao armador. justificando plenamente a denominaç:io. armar o féretro. a partir de urml tosca c.lixa de madeira. com a rorma requerida mas mal acabada. que revestia de tecido c orna.mentava co m decorações em pa:,;samanaria. Foram caixões deste tipo, pouco posteriores aos meados do século XI X. já que cm 1870 se abriu o cemitério público . que cncontramos sob o p iso da Igreja d:l Misericórdia de Penafiel e que agora ilustramos. Eram formados por caixas de madeira rectangulares. com tampa facetada. integralmente revestidos pelo exterior de veludo. possivelmente ca:'; tanho. e recamados de decorações geométricas e de motivos religiosos reali7.adas com passamanaria /lleia filia. a qual vemos com cor verde devido à oxidação ou mesmo mineralização da palheta de cobre. Cada caixão. e eram todos muito semelhantes, empregava algumas dezenas de metros de diferentes modalidades de galão, espiguilha. trenas. grades. gregas. requifes ... designações hoje fora do nosso comum vocabulário. Ao terminar. ternos de voltar a colocar a interrogação, ainda sem resposta, sobre o porquê do enraizamento duradouro desta indústria de passamanaria em Penafiel e nest::lS freguesias e não em Outros laçais da ürea envolvente do Porto. 190


A PRODUÇÃO OE PA SSAflMN,\RIA DE P,\LlIETA EM l'ENrlFIEL

• lagares

Capeia

Aio

Fil;. I -

FI"Cl;ue~b ondc se cnCOlllr~ >cdiado o ofício de p~s>amJ!lJri:. de pJlhela c 5re~ de disJlCn>50

d,,_, I"Cndilheir.ls que lrollO/lrmn {ln/' Wllln

19 1


n ;RESA SOEIRO

192


II PNOOUÇ;'O OE I·ASSIIM.'I NARM 01; PAUI!:.TII c/llI·".CNC'C " _"C'C'f_._ _ _ _ __

hl;_ 3 - Turno IIlihladO no roncclho de '·... naliel

"

193


TERt-;SA SOEf1W

Fil!. <1 _ Te;lrcs de 1""""lIanciro: modelo ihl>lr..ldo na Encydu~dic 11\' 1'>1u~eu Muni cipal de l>el1<1fid

194

รง

exemplar cxhh:rue


195


TERESA SOEIRO

Fil;. 6. I -

196

Almorad~

com bilro,.1k: rcnuilhcinJ


A PROIJUÇJ.O DI:: PA.'iSAMANARIA DE P"UfET" CM f'I;.~"'~,'~F~/~E~/. _ _ _ __

. Fil; 6.2 -

.

'.

.. '"C" .. _

"

-..

• • ,. ......

",.

C .. j",ÕC-~ Oilocc'lIj,' as cnconlr.ulo~ n;l 19",j~ ÚÕ! t-.'IIl'crie6nh .. dc Penafiel. dc(."()f".. do~ com obr.. de pa.,~aman~ria dI! IXIlhcl:'

pro(u~mcnle

197


TERESA SOE/NO

Fig.7.I-GJ1J.o

Fi;:. 7.2 -

Gal茫o xaurczdc: fio

Fig. 7.3 -

Fig. 7 A -

198

I11cl~lico

G贸'lliio l:'1bor

G.LI:io cord50


_ _ _---'A I'IWDUÇ,{O 01: '·,., SS.... MANARIA DE {'tII.Hel;' kM l>f~NAnI:..L=-_ _ _ __

Fi g. K I -

- ',-

,

."

:::"',);,-,'';''',C;'''YC1 G;!; ;: ;.-

.J

.,

-.

TrcnOl ('(1m palhel;l

"

;-'f . ;-;0;

j"I';;"'~· ~: ..j ~~~";-:;

te. ..-1:::"';;;'

.

-

:<i::, ;J.",rr • .' ~;L ·i.. ~

-

..::_:.--..,..1.li. .. ... :-.,... ~ 1l ' II.-. '~.:..;.,.; I::,_.1

,

~,

.,

..

-,-.... - ..... . -

-: ,:,;r; , - ::-~

, , , -..... ._....., "•.••.• _ .# .. .. ··· ...-II~I =~- ;:::-:.:;:.'..!.. :.. _'·v·~

,~

fig. 11.2 -

.; .. .I •.

Grcl1"~ <.I", fi" c fXllhcla

199


TEHf:SA SOI!/RO

Pig. 8.-1- Gr:ldc

ri g.lt5 -

200

:lpcll~'

de fio ,m:l<illco

Renda de p:llhc(:l


A PRODUÇÃO DE I'ASSAMANARM 1}1;' f'A Uf f:.~rA EM PENAFIEL

NOTAS 1. Tr;,l",lho rc~li1-"do no :'imlJilo d<l projecto 1:: 5mllll"'''' .,úcio·t:<:oJltlmi"II." " im/u.wrillfi:.tlfllf1 II(} No"',' dI! p(Jrl,,~(l1 r.fpc.... XIX·XX). P;'lI'<)(;",,,do pela JNICT . 2. V IANA. T ere,.;, Percir:l - O.,' Crm'(IIlcI/" e fi .feU paMeio - Porto. 1984. 3. A I IMOP _ JC 8. Pr",:e.,'.""s dI! Ik.'"â" ""·1I1n d", [á"ric"s r mmd,;"I" rle .f<!I'."idfJrrs: Fio. K<I/i)/!·f f" ",""i~<lillw d<' O/lnJ " p/"lUfI, 4 . A HMOP _ JC 8. l'rnc<'~',l'(J'\" ri" liallciam/!I1/11 c/I' fábricas e lI1a ll'l','ul/l d" ,1'I'n·idor/!.,·; ''-{n, galiil!S I! e.\piglllfl", d,~ "ur" c l,rlU/I. 5. AHMOP - MR 41. A/w>dõel' I! l"'pcI, n .~ I.

F,\IIIH CANTES IlE E.STIU~ ITO . ESTABE LEC IDOS NA CII>AIlE no PonTO. QUE MANUFAcrURÃO GALOEI\:S DE O URO E PR,\TTA FINOS. E GALOENS FALÇOS

-

l~r,nlo<4S,h-:l

~~Iocns

MJnocl AntonIO GI. Fr~nm,,:o 1<l1.c: Caldcir.l Lu" Pinlo Monleiro de Qumós loun:n}" IOll: de Am!r;uk M,oocl de Siabr.! C:Iel:Ino r't~it:l 00.. S.1dIO' A~utd:t Roa r:L.~ -q:uod,

g~ loc .,

com I~utm 101<' Bernardo IO/.cde Sou.,a

''tI

VcnlU'" PlnlO 00. S.1dlo> Mõnocl Oamol..l l,u,,,k Ahoc,d:t /1.10''''' )( Filtoo-; Amonio da ~Quinl:ia IUIe de Mlr.md:t JondJCIN.

ThomJl. Via;ntc Pereira Vicente M:tn()C1

Fe~lrJ

~~locn,

falço' f"lço-. f"II'"

p~n~r3IÇO>

g'loxn, r,IÇO> p.1ra ,~tnt... nu, ~ 'II()Cn, de ouro t pr.uu fi_, c>p,sui lila, de ouro c pr.ltl. 1,1", galoen~ de p.tJhc:tl falÇO> c apl~uilha~ g~I()Cn.,t opigu'lim de owuc JIr.lll' fin, ~alocn~ t csp'gu,lhl> de OUro r (lf"J1l, f,lço g"loc:n, ue huma (x( e cspi~uilhas de: ouro c pr:tIlJ fina ~alocn. c c>!,i~uil~ de p3lbcta r;alça 8.locn! de palhtta fi~ dll~ de palildJ (alça ga loe., de ouro c prllJ flOO\.I"'EO' C t.<lrt llll' dillO, de OIIro r proUta r,I.>-. [~O\ e c\lrtilOS ~~Ioens, rêno!.b c e.pl~u,lto;", de num c pnUI fino galocn, c c,plgulliIa de ouro e pr;1u,a falç;o falocn:uk p.1lbct, de ouro c pr;tlla falço saloen, de ouro fino diuo>dc: fKlr p.1!bcI,dc: OUIlH pr:t1U f,l", g" locn~ ti<: ooro filIO JUr.I. faqucifOl'. Ccsp'guilha de p.1lhclJ e ooro fll\() ~I c homem, Jlt"nt bc me<.lR'daCorponçiio do E,lrrilo. p;lra It1Ib.llh,rO\- ploo:nl fJ!çcbque lhe ~pcrmrlitJo-... ne," lem F:u:ulohle Rc~,a p.:u:i eM.1bo:Ioctr e con.-c"",,' um.:t f"bricade galocn; fioo.. [;alço,

".,

'8"

..

,=, ",r.,

"'" ""

,,=

lO»

"aras

~2oo

"'" ''''.., 2100 16S0

''''' "'"

2200

23669112

"ara.

n=

,. ar.l~

'.ra) ,~"

"ar.,

,= ,=, \-:1111'

,'al1l, '-:lra~

.=5

'800

, ara,

""'""

",r:!!.

''''

\"ar~,

,-=< rara,

6. [ANflT - RC'III r"/J,.i,',, Ifll.'·S",",.": Li .... 395. n,.. I· [7, 7. AIit-'IOI' - JC 8. l'ron'.,.m,f d,' lic<!/Jciflll//!IIIO Ife flihrit'm .' mmr;ClIla dI' -,"I'n'illorr.• ; rio. g"li'f".< "eA"iRl/illw &, "",."" "m i", Ago~tjnho José Coelho de Almeida rede ['Iara ~e e~I;!lx:Jccer c m 17R8. <l que con~eJ,;uc "Ié às pruibiç;K:~. Em I XII nega -se- lhe nO\'al1l<.auc Q pedido ['Iara conti nu :,r a lahorJr: A llJ.erto Cipriano FeITcir.> Bmnd;io. tcm lieença datada de 1820; António Gerardo Martins de Carvalho pcde em IS21 ~cgund'l vi'l d;! licençu que perdcu P;lnl a fahriea herdada do bisavô e tund'lda CIl1 174 1: António Martim Snarcs. cm \ 818. atinna ter herdado u~ illSU1JIl leIHOS de Ulm.l fúbrica de galiio. que quer reabrir Ilo"amente; ])omingo~ José de Freitas Guil1la r~e.' & COl1lf};mhia tem. cm 1823. uma fãbri ca dc tecido de lavor de ouro e prma c pretende agOl~' fabric'lT fio de ouro. p~ra o que já I''''''u, 11l;;qulll'ls:Jo.,é Moreira de Lima quer. cm 181 I. c.'tahclccer f~brica dc tir.ulor na cid;ldc. porque M'j há du;" c n;;o saG suficientes: Jo~é d;, Roch;l fabric'l dC.• de l800: José d'l RGe ha M ore,r.!. tcm fãhrica dl' galflo falso datada de [814: José 50'''·e,. Lcih: eSTá amori7.adO:l fabricar gal:io f;llM1 desde 1798. mas cm 1801 tem uma questão com a ;l lfâ ndcg'l por u t ilil~lr :l[godao em vcz do linho como er.! prcvi,!O. "cgu"úo ele IlOrque ~quelõl fi bru a inda não se: \'uJg~rolar:, no puís ljl\anda fOi feita a ki: Manuel Games Louro. mC~!re des lle 1785. ljUerj,1 cm 180] m~n ! er a Ilibara~,au. pois afirma pos~uir licença; u M allUcl !\'I endc:.' M ora is nc.g;l -sc llovamcme em 1811 a

201


TI::RESA SOEIRO

(;lculdadc de lrabalh~r cm fino. comcnlando-.~e a persislência tl~SlCS fabricanlC~; Manuel Moreira de Uma pede. em IRI1.p:lr.! c>labeleccr f~brica, o que lhe é pcmlilido. de.,de quc para fabric .... fal~o.

8. IANrrT - Reli/ f,dll-ica dO,I' Seila,I': Lili. 3911. 1812. No\'embm. 16. 9. No Mafl/w ti.' COIII(l.\· dm' min;... lm~· I"rrlloriaü IU'i'rell ,llls fllbrica~' o';.<Iellus - IR26-182fi (A HMOP _ JC 12) é ,eferida apena~ no di~lrilo a fábrica dc M"nucl Manins da Fansee". 113 no,1 do Bonfim. e em 1845-46 (A HMOP - MR 20-2R 12115) "'; de Manuel Moreir:,. fundada cm I !l.2'1 na rua Bell:! a Pri nec~a 34 I. em Sar110 Ildefonso. c a bem conheeid" do Oar;io de Nc,·ogildc. já com cinquenta e scis anos •.'>Cdi"da cm Mirag:lia. tO. R"'//"Iri" Ill'rt:~'cnwdn lIO E).'CInll Snr Gm'emndn,- Cil'i! do diMr;e!Q do Pmu) I'elll s"b·cullli;-siü' rl/em·"'}:",f,, ,Ias ,'i.,·i",~· //lU nwlwh,ôme",o.~ illllllstrilles - Pono. 188 I, p. 47. t I. R"lt",irw apre,\'('III<ldo CIO r:;xcm" SI/r C(lI'cowd"r Cio';1 tio (Ii.l'lri(·lf) do Puno pelll .wb·cnmi.uiio I'IIG,,·rl'J.:udo da." ,·i."'({IS fI().~ ",~III"decim(!lI/o~' illdll.Hri",~,,· - Pono. 1881 . p. 332.

12. VILHENA. Fmnci~co Aul 6nio Palma de - MonoS"'phiu da rrcsuel.Í:L rurol1 de Paço~ de Sousa. eom:clho de !>cn'Lncl. dist<'ÍCIO do Pon o. f/o/elimd" lJir('cft7o GemI de A}:rKu!lura. Li~bo:,. 11. 1912. p. 55. 13. D,o'ôupi'lfie ,m ,IÚ:li"",w;"e mi,ml/III' l/e.\' .fC":lU_·"~, de.f tlrls ,'I t/c,'·mt'lwr.<. 2,' cd .. ".Iri,. Lomo 16. 1771. p. 300,

202


A MECANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA E A CONSTRUÇÃO MECÃNICA PORTUGUESA MACIt:L MORAI S SANTOS

Os conceitos de motor c máquina estão normalmente associados. Convém no entanto. tentar precisar melhor o seu s ignificado, sob pena de reproduzir algumas das dificuldades que o seu uso indevido pOI' vezes trouxe. Começaremos pelo último. que era o único a ter um uso específico. e até cicmffico. antes da sua difusão no campo industrial. Na mecânica - o ramo dn Física que se definia por estudar as forças e os mavimcnlOS - as maquinas eram os disposilivos usados para tran sfo rmar c utilizar forças. Fazi<l-sc cm seguida a sua divisão em maquinas simples. tais como a ahlVanca. o plano inclinado. etc .. e compostas. «co/lforme o sem mel10r 011 maior l1Iílllero de deli/en/os 011 parres COIISlifUil1les» I. A produção mecanizada que se iniciou a partir do século XV lll apropriou-se deste conceito . Na prática. a distinção en tre simples e compostas passou a orientar-se em função da energia utilizad a e não complexidade do mecanism o. Assim. começou a ch:l.Il1ar-se máquina propriamente dita aos instrumentos de produção movidos por uma energia não humana. excluindo-se dessa designação todos os que conti nuavam dependente... da energia humana - os utensílios ou ferra mentas. Nesta nova acepção. era fundamental d istinguir entre a fonte da energia - o motor. que transmitia a força - e o órgão da operação. isto é . a parte do mecani smo capaz de executar a acção mecânica útil (para se r exacto. era m nccess{u'ias mais palavras novas porque estas duas partes precisavam de uma outra.encarregada de transmitir e di stribuir a energia). Corno muitas vezes acontece. a realidade avançou mais rápidamente que as palavras e o motor que maior innuéncia leve na Illultiplicaç:lo de energia mecilnica no sécu lo XIX continuou a ch::unar-se <<IIlOquil/(l» - de fogo ou vapor2 . Uma outra evidência da forma gradual como estas distinções conceptuais se difundiram pode também vêr~se no facto de só :1 partir de 1888 a.s estatísticas al fan deg:Jrias portuguesas terem discriminado o conjunto dos motores das restantes maquinas industri ais. Esta comunicação ser:í sobretudo orientada em função dos transformadores de energia - os maIOres - e apenas acessoriameme dos orgãos operatóri os a que esta energia se :lplicava - as máquinas. Isto porque foi a captação cada vez mais eficaz da energia inanim ad a feita pelos novos mOlores. q ue permitiu a multipl icação da riqueza c da produtividade das sociedades capitalistas nos últimos dois séculos. Por outras palavras. o que se costu ma englobar pelo nome de industrialização foi essenc ialmente ullla questão de crescimento da energia disponível para efei tos socialmente (ueis. A lógica da mecânica industrial faz com que sejam os motore:. ii determinar a dimensão e a complexidade das máquinas e não o inverso. Traduzid:l em termos de valor numa sociedade capitalista . que I"oi a forma histórica em que estas transformações ocorreram. isto é o mesmo que dizer que nenhum capital industrial iria instalar máquinas se não instalasse de forma proporcional motores

203


!>HCIEL MORAIS SANTOS

capa zes de as mover. Aliás. independentemente da forma histórica como qualquer sociedade se organize. j quantidade de energia de que pode dispôr é o indicador mais fiável da sua capacidade de transformação da natureza. Assim. podem tirar-se conclusões relativamente fijve is sobre a mecanização - o grau de operar por meio de máquinas - através do indicador dos motores. I - Os limi tes da energia biológica - humana ou de animais domésticos começaram a ser superados pelas sociedades pré-ca pital is tas com o uso do vento ou da água. Além do acréscimo de energi:l que trouxeram. a conslruçiio de moinhos de vento e hidráulicos estimulou a invenção mecânica e perm it iu encontrar muitas soluções usadas posteriormente noutros mOlores. como o volante, por ex emp lo ~ . A primeira fonte de energia a permitir a construçao de grandes mecanismos - máquinas e mOlores - foi a que resultou da expansão do v,lpor de água. disposta de forma a produzir trabalho mec[lnico sobre um embÔlo. A captação e transform açao desse trabalho começou a ter usos produtivos na drenagem de minas desde o ínicio do sécu lo XV III e os aperfeiçoamemos continuaram até aos fin:lis do sécu lo segui nte. Para a produçâo do vapor de água. o combustível q ue oferecia a melhor solução clllórica era o fóssil - li hulha. Resulta daqui a vantagem que tinham os países com minas de hulha para a difusão deste tipo de motores. Nas regiões onde não h:lVia carvão mineral ou ficava caro importa-lo. não havia outros recursos seniio aperfeiçoar as formas de captação de energias já dames usadas. Como o consumo energético do vcnto é bastante irregulur, a energiu hidráulica foi durante o século XIX uma solução de grande difusão. Ao contrário do que muitas vezes se pens~ . a mecanização da indústria do país que mais cedo desenvolveu a tecnologia do vapor e que linha a maior produção de carvão - a Inglaterra - continuou largamente dependente da energia hidráulica. Em 1850 c até no sector que dispunh~ de mais motores de vapor - o têxtil - a energia hidráulica representava 20% do total 4 • A tecnologia dos motores hidráulicos não dispunha das vantagens dos motores a vapor - nilo se podia deslocar, era intermitente (po is dependia do caudal dos rios). obriguva a maiores investimentos de capital fixo. etc.; em sumll, era um mal menor.Em todo o caso. imped iu bloqueios maiores como o comprova o caso da indústria da Cata lunha. A posição do càpilal industrial ponuguês perante estes dois tipos de motor pode considerar-se intermédia. Não podia dispôr de carvão tão barato como o ingll:s mas a sua situaçao geográfica permitia-lhe imponá-Io barato. a ponto de os pcquenos grupos de interesse carboníferos nunc a terem podido marcar posições até à I Guerr:t. Em 1865, por exemplo. o carvão de pedra inglês desembarcado em Portuga l custava cm média 3.1 vezes mais que na origem mas desembarcado na Catalunha custava quase oito vezes mais (7.9). Deste modo. e enquanto o capitalismo catalão ,~e viu forçado a regressar aos investimelHos hidráuli cos para usos industriais. não se pode invocar a falta de combustfvel como um bloqueio intransponível à mecanização da industria portuguesa. Havia disponibilid:lde de carvaO relativamente barato. que en trou livre de direitos até à paut~l de 1882 e h.noia inclusivé potencialidades de energia hidráulica. certamente maiores c apesar de tudo mais regulares que os cauda is típicamente mediterrânicos da Catalunha. 204


ri MI:-CANlZAÇÃO O/I INIJÚ::'THM I; ri CON::'THUÇ,{O MECÁNICA PORTUCUESA

2. O c r esci m e nto da energia na indús tria A unidade de medida da energia mecânica ~ o kilogrametro Illas a indústria usa\'a exclusivamente um seu múltiplo - o cavalo-vapol'. Corresponde il força necessária para elevou' 75 kg a I metro de altura em I segundo. Nas fonte s. a potência útil dos motores aparecia sempre medida em cavalos vapor (c. v.) e com base nela vamos tentar caracteriL.ar a energia disponfvcl para a indústria instalada na indústria ponuguesa até cerca da I G uerra. As fontes usadas silo os sucessivo~ inquéritos industriais publicados entre 1852 e 1917. A principal dificu ldadl! que eles levantam relaciona-se com o conceito de t<;"d/istl'Ío» uma vez que aquilo que os vários inquéritos ;\ssim consideram difere de uns para outros. Para o objectivo que se segue. vamos considerar apenas os quantitativos de energia no sector dito «fabril». considerando como tal lodos os capitais que no seu capital fixo incluiam malares inanimado:-. -de vapor. gaz, eléct ricos. água ou ve mo. O objecto será preferencialmente o distrito do Porto, cOlll parando-o sempre que fár útil com o outro 1'010 industrial, o distrito de Lisboa. e também com a média nacional. ti) A primeira questão a que esses inquéritos permitem responder é a da evoluçilo dos lipos de energi a usada. No sector fabril do POrto entre I gg 1-191 7. a percentagem do vapor oscilou enlrc os 78-87%. l!.to mostra que. tanto quanto se conhece. a capacidade ou a vontade de usar para investimentos industriais a energia hidráulica encontrou cedo os seus limites. nunca tendo uhrapassado os 13,5% (cm 1890). Já no Inquérito de 188 1 se podiam ler considerações frequentes sobre as vantagens do uso do vapor e de como a obst inaçJo pelas rodas hidráulicas prejudicava o cresci mento industrial. o que vem de encontro ao referido acima: o custo do carvJo não era considerado proibitivo pelo capi tal industrial português. Pode no entanto nOlôlr-sc que a energia hidráulica roi mais usada no Porto que cm Lisboa. o que não ad mira considerando os reg imes mais irregulares dos caudais dos rios do sul. Não se pode esquecer que isto se refere apenas ao que foi considerado como «.fabril». Se se contabilizarem as moagens e o utras pequenas fabricas rurais. que os aUlQres do inquéritos quase sempre deixavam de fora. as propoções mudam totalmente. Em 188 1. 84% da energia consumida no distrito do Porto vinha das rodas hidrául icas: em 1890. a pesar do crescimento do vapor. ainda deveria rondar pela mctnde.

b) Contudo. mais conclusivo que. saber se :I energia industrial vinha do carvJo ou dos rios é conhecer os seus quantitativos. Como se viu :ur.ís, o número e a capacidade operatória das máquin:ls depende dos mOtores que as movem. pelo que o indicador da potência era o considerado mai s fiável ~obre a dimensJo industrial. inclusivé para fins fiscais6. O lotai de c.v. é portantO um indicador da ampl itude da mecanização e do que ela arrasta ou pode arrastar - maiores motores implicam mais máquinas e também. edificios maiores. mais matéria prima para transformar. mais pessoal operário. etc .. Para o estudo de um delerminado capital indu stri.:ll existe uma medida associada a esta com mai or importância ainda. Trata·se do volume de c.v. per

205


MACI EL MORAIS SANTOS

c~pita.

istO é. o quociente de energia entre o tO!<l1 de c.v. e o total da população AsslIInindo que não ocorreram alterações 11;) taxa salarial e no preço das outras mercadorias q ue compõem o cap ital produtivo, um acréscimo no volume de c. v. per capita significa duas coisas: induslri~l.

~

que cad;.! operário empregue na industria pode dispôr de uma capacidade produti va maior - é pois um indicador da composição técnica do capital:

-

que ao capital industrial fica mais cam a criação de cada posto de trabalho e que no valor de cada unidade de produto fabricado. um;.! maior fracção corres ponde ao capi tal investido em objec tos (edifícios, maquinismmi. matérias-príma .~, etc.) e urna menor frncção corresponde ao capiw l investido na compra de trabalho vivo - é portal1lO 11m indicador da com posição de valor do capital.

Pa ra o dito sector «fabri!>•. a evolução dos totai s de cavalos vapor no distrito do Porto pode resumi r-se assim: 1852 1881 1890 1909 1916

91 1948 2980 24852 3! 01 3

Tomando o primeiro e o último .1110, a taxa de crescimento anual 7 foi de 9.5 %. A mesma comp.mlç:io para Lisboa d:í uma taxH de crescimento menor, da o rdem dos 6.5%. É evidente que a princi pal raziio para o maior ritmo de crescimento \la Pono se deveu ao baixo ponto de partida: em 1852. existiam apenas 8 motores no Porto contra 53 em Li sboa. A evolução do volume de c.v. per ca pit3 mostra uma outra especificidade muito significativa do caso portuense. Ao longo dos mesmos anos, os valores foram: 1852 .......................................... 1881 1890 .......... 1909 .................. 1916 .................

0.02 0.24 0.40 1.00 1.22

Tomando igualme nte o primeiro e o último ano. verifica-se que a taxa de crescimento anual do vol ume de c.v, pCI' ca pit~l foi de 6.6%. Isto aCOlllcceu porque o crescimento do tot;J I de energia (9.5 %) foi muito mais rápido que o do lOtaI de operários (2.6%). Ora. quer em Lisboa quer no resto do país :t cvoluçiio seguida por estas duas variáveis origi nou um crescimento diferente. Por exemplo em Lisboa. o e.v. per eapita cresceu apenas 2,8%. Isto porque o lota! de cv cresceu 6.5%. como se viu, mas o lotaI de operários cresceu de forma mais aproximada (3.6%). 206


ti Ml:.CANIZAÇ;'O {)A INfJÚli'HIA I:.' A CONSTRUÇÃ.O MECÁNICA I'ORTUCUt:SII

Assim, desde 1890 que o c.". Jler cl.pila no disU'ito do Pano em superior no de Lisbon - (004 contra 0.26): cerca de 1917. hav ia 1.22 110 Porto cOnlra 0.85 em Li sboa e 0.68 no resto do país. Podc ponanto concluir-se que o crescimcnto da industria «fabril » portuense se fez de forma mais intensiva que a restante indús tri a nacional quanto à composição do capital.

3. A dimensão dos molOl'es Como a principal forma de energia industrial portuguesa era o vapor, a potência média do .. motores de vapor é um outro indicador seguro do crescimento indu ~tria1. Ora conS l:lt~l -se que ti potênciu média dos mala res de vapor no Porto foi sistematicamente in ferior à de Li sbon: a diferença oscilou entre 20 e 34%. Assim. a indústria portuense tinha um volume de cv per capita superior à dr,; Lisbo;i mns os mOlares dr,; vapor tinham uma potência média inferior. A explicação desta aparente comradição deve-se ao peso de um sector que fazia desiquilibr;lr ii média energética - o têx til. Tratava-se do único sector que podia tr.!balhar para um mereado de massas e inclusivé para a exportação. como aconteceu cm maior ou menor escala a partir dos a nos 1880. Visto que trabalhava para a curva de procura mais alargada do mercado português. foi no têxtil que a potência dos motores mais c resceu e consequentemente que a mecanização mais avançou. T ratava-se igual mente de um secto r para o qua l a á rea do Pano dispunha de uma vantagem competiliva insuperável - os baixos salários e a consequente facilidade em e ncontrar mão-de-obra feminina c não adulta. O resultado foi a concentração regional da indústria no distrito. Em 1917. o distrito do Pano já concentrava cerca de um terço de t odo~ os operários t8llte is e 40% de Ioda ti ene rgia do sector; as pe rcentagens seriam ainda mu ito m a iores se considerassemos apcn:t!'l a t~xtiJ algodoeira. o ramo mais importante do sector têxtil. c se fosse incluida a m50,de-obra que se di spersava 1'01':1 das fábrica s. A partir de 1881.;1 vantagem regional do Po rtO fez com que a potência médi a dos seu:-. Illotores têx te is crescesse ao ritmo a nua l de 4.6%: a média em c.v. passou de 34 e m 188 1. par.! 43 em 1890. 133 c m 1909 e 174 em 1917. Neste ano.!'Ie:-.e considerar só a algodoeir.!. a poti!ncia média era de 194 c.v. no Pano e de 51 em Lisboa. A existência de níveis salariais baixos. de uma concentração regional c de motores gig.mtescos ii eseól la Ilólc iona l deve ter criado economias de e:-.cala e a té um a sub-utilização permanente qu e bloqueo u a exp:tnsiio do ., ector nas o utras áreas. forçando a SU:I desindustrialização (casos dI.! Lisboa e da região centro). Em contraste com este:-. pesos. o resto da indústria portuense tinha necess ariamente de usar motores de pequena potência para q ue a sua média global pudesse ser inferior à de Li sboa. A compar.!ção é passfvel de mais fijvel comprovação empírica. espec ialmente em 1917. A principal explicação pam a menor potêncin llIédin no PortO eSt:í no facto de a cxi),t~ ncia de os níveis salariais mais baixos no nOrte constituirem um bloqueio maior â mecanização. loso ao aumento da composição do capital. Se se calcular o c., '. per capita do total da popula.ção indus trial - isto é.a soma da população fabril (que trabalhava com motores) + a população artesanal (que trabalhava sem motores de e nergia artificial).verifie:l-se que o distrito do Pano

207


MAClEL MORAIS SANTOS

linha aproximildamente mctade do nivel de Lisboa (0 ,06 contra 0.<19 em 1890 e 0,2 contra 0,4 cm 191 7). Isto indica que. COlllO era de esperar. o nível orgân ico di! totalidade do capital industrial no POrtO deveria ser muito inferior ao de Lisboa. Por outras palavras: exceptuando o têxtil. para quamidadcs semelhantes de fo rça de trabalho. na indústria portuense trabalhavam menos motores e ma is pequenos que na indústria da região de Lisboa.

4. A con stru ção mecânica A construção mecânica só começou a estar associada ao trabalho do ferro com o triunfo do mOl.Or de vapor. Os motores tradicionais. como os moinhos. eram básicamenle de madeira com elementos de outros materiais tradicionais, como a pedra e o couro. No inicio da energia ténnica. até os próprios motores de vapor (as bomb;IS de fogo de Newcomen) começaram por ler o cilindro de cohre. Para que a construção mecânica - de motores e Illáquinas - se fosse tornando cada vez mais um objecto do trabalho sobre os metais e quase exclusivamente sobre o ferro. convergiram duas ordens de factores. O primeiro foi a necessidade crescente de construir máquinas ~mjeitas a um esforço mecânico maior. Para esse fim. os metais, sobretudo o ferro. eram muito mais resistentes que os outros materiais orgânicos. Contudo, para que isso fosse possfvel. teria que haver uma capucidade maior de trabalho sobre os rncwis. para lhes d;Jr il formil desejada. O segundo factor foi portanto a obtenção de energia barata aplicável ao trabalho mecânico. Destc modo. desenvolveu-se um processo de duplu ent r:uja: os progressos técnicos na produção de ferro barato e nas sua maquinação. tal como a fusão a cOke, a laminação. o uso de muitas máquinas. ferramentas novas. ctc. exigiram volumes energéticos que só o vapor podia mover: por outro lado.os êxitos na capwção de energia inanimada exigiam materiais operatórios simu ltâneamente resistentes c elásticos. sendo o ferro o mais polivalente e banHO de todos. Por oUlras palavras. a construção metálica e a tecnologia do vapor intluenciaram-se mutuamente. Durante a prime ira metade do século X IX . a construção mecânica em fcrro foi surgindo na divi são social do trabalho como um sector especializado. Só quando a procura de motorcs e máquinas pela indústria de bens de consumo foi suficiente e regular é que fracções do capital industrial foram investidas nesse fabrico com uma rotação autónoma. Durante ulgum tempo. aconteccu até que as maiores oficinas mecftnicas faziam parte do capiwl investido nas fabricas para as quais elas trabalhavam em exclusividade, como acontecia nas grandes fiações. Em POrtUg;ll. a co nstituição de empresas tendo as maquinas como principal mercadoria produzida d;1Ia sobretudo das décadas de 1840 c 1850. O primeiro motor a vapor construído cm Portugal foi feito numa fundição portuense. ii do Bicalho. cm 1842. O ritmo de construção dos molares e máquinas depende da procm:l dos bens que elas ajudam a fabricar. Abstraindo agora dos efeitos do comércio externo. as dimensões e as limitações que carac leriza m a procura industrial interna condicionaram o sector metalomecânica. No CilSO ponuguês. a correlação enlre o indicc do produto industrial e a procura de bens metalOlTIecânicos entre 185 [ c 1913 é muito significativa (O.88). Durante esse tempO. o produto industrial POrtuguí!s t;rcsceu a um rit1110 ;HlUa[ de 2% e como por v::írias razões a exponação ind uslrial foi sempre fraca. 208


ii MIXANIZAÇ,i.O DA INIlÚSTUIA E II CONSTRUÇÃO Mlé.D\NICA POUTUGUt.SA

isto representava um mercado pequeno. Ess;J limitação bloqueou a procura de bens de produç1io e assim tornou -se muito dificil c riar especbliz:lções dentro dos f'lbricos mecânicos. Nenhulll:! empresa metalomecânica poderia sobreviver fabric:mdo apenas um ou poucos produtos e todas tinham uma oferta muito divers ifi cad:1. que no caso das maiores empresas. ía d\!sdc os batente:- de porta às pontes Illetálic:'ls. Enquan to us deitas da especialização e da~ desiguais dimensões das respecti vas curvas de procura não se fizeram sentir. as construções mecânicas asselllelh;lvanHiC um pouco por todo o lado. Além di sso. lall1 b~m cm todo o lado durante a I." metade do século X IX. os motore~ e as máquinas que mecanizavam a produção eram feilos manualmente. A Ing!:llerra e ra o paí:- que mais mOlores e máquinas construia mas mesmo aí o fabrico de quase todas (excepto as têxteis) dependia do trabalho mallu:l1 especializado manipulando máquinas fe rramentas. sendo :\ maior parte destas desprovid:t de qualquer transmissão de energia anificial. A produção para stocks quase não existia c 110 que respeita aos fabricos de motores. pode dizer-se que eram quase :-empre individualizados. por encomenda. A partir do rnotllenlO em que mUltas das invenções mec[lIlicas inglesas se começam!11 :l exporlar, os seus modelos eram copiados e a sua produção por parte das empresas continentai~ tornOll-sc apenas uma questão de tempo c de apcrreiçoame lllo técnico. As condições de êxito de~ta imitação continental exigiam Jpenas a existcnci:l de uma rn1io-de-obra com habi litações no trabalho mec:inico c o \:xilo era tanto maior quan to mai$ barat:l fosse. Isto depressa foi percebido pelas fu ndições portugues:ls, que se lançaralll a copiar Iodas. as máquinas c molares mal se vislumbrava a menor procura iruema e explica ii forma como o gerente de ltma delas respondeu em I S65 a uma comi$são de inquérito industia!: •• A fimdiç[jo de Massarelos nilo lIecf!Jsilll apoio das I}(J/IIa~· para trabalhar: n(/o receia o COI/curso estrc/IIgeiro, lIem emq//(1II1O ti qualidade nelll aO.I· preços ... elf(I.I· (a.~· importações só I'0derâo vi,. de jâra se as qllizerem pa~r.:'/I· mais cam.v do que as /)odem ohter

aqlli: iSIn só póde ler IlIgar por capricho 011 por mal/itl: (I.~ I/wllias e caprichos porém acaham porftm.porqlle CIIJ!W/I coro C/ qllem os tem 011 f'C/l!,a»tl.

E<;tc optimismo IXlrém não durou muito. À medida que:ts respectiva... procuras creSCer;lIll de forma suficientc. também o fabrico das máquinas começou a scr mecaniz.ado de forma proporcional. Em 1870. o nível de cv per capita do total da industria metalomecfmic:l inglesa já era de 0.5 cnqualllO que em 188 [ ainda o correspondente nacional - e excluindo a produção artesanal - est<wa em 0.2. A mecanização começou por aeOlllecer no rabrico de todos os motores e máquinas para os quais o volume de produção permiti:1 o fabrico cm sérico Não admira que a produção de máquinas têxteis tivesse sido a primeira a beneficiar de economias de escala e que o mercado mundial cada vez J11aj~ fosse domi nado pela produção inglesa. A partir dj década de 1890. esta tendênci:t :Icentuou-se mais por causa da concorrênci a da produção mccftnic;:I americana exportada. que trabalhava o mais possivel CIll série devido às dimensões do "CU mercado e aos seus altos níveis salariais. A perda de quot::1S de export;lção na produçâo mecftniC:I inglesa deu-se cm quase lodos os Illercado~ mundi ais e a evoluçâo da construção mecünica :;;eguiu apenas urna lend~t1cia - a produ~Jo cm série c a consequen te mecHnização do sector metalomecflllico.

.

209


AMeltiL MORAIS SANTOS

A percentagem com que a cons trução l11etalo-mec;tIlica portuguesa participou no equip:lnlemO da indlístria naci0I11.11 quanto l.l máquinas de vapor tem que ser irHerprctarJa neste quadro c vem dad;l no tabela segui nte. relativa ao distrito do Porto: 185'2 .................................................................................................. 1859 ..................... 1881. 1917 1927 .............. .

62.5

60 20,2 19.5 5.8

('"lesmo conhecendo as deliciencias dos inquéritos industriais portugueses, deve notar-se que eStes resullado~ foram obtidos por fon tes sem relação di recta mútua, o que torna credível o sentido da evolução. A participação dos construtores nacionais no distrito de Li sboa e no total nacio nal mostram uma parlicipaçiio pOrluguesa ainda rnab reduzida (entre 1852 e 1927. a participação nacional em Lisboa passou de 35,8 a 0.3% : no total nacional, a mesma p:micipi.lção nacional passou de 38.6 para 3.5%).

5. A «es pecia li zação» da metalomecânica po,'tugues a

o palHa agora a explic:lr é este: sabendo-se que a tendência da produção mecânica bcneficiava as empresas que tmbalhavam para o~ mercados maiores porque podiam mecanizar e fabricar em série: sabendo-se também que a indústria do di1'!trito do P0I10, com excepção do sector têxtil. tinha um baixo nível de capi ta l org:tnico e como tal pedia poucos motores. como explicar então a maior sobrevivência dos conslfluores mecânicos nacionais neste di strito? Seria à primeira vista mais natur:ll q ue fosse no abastccimcllIo de maIOres à industria de Lisboa que residisse a salvaguarda dos construtores portugueses, visto que aí a curva da procura era mais al ta, o que permitiria talvez mecanizar. Claro que nem todo o <tgn.:gado da procura nac ion:tl permitiria mecanizar a mewlomecãnica a pOntO de competir com o~ produtores ingleses e alemães e de impedir (l sent ido descendente da quota de merc~ldo mas seria de esperar que esta resisti sse melhor nu m distrito com mai~ e maiores motare!> do que num de procura mai s fra.ca e irregular. O que se "erifica é que a pa rticipllçiio do~' C(JlI strll tore.~ l/a ciO l/a Ú' era tal/ /O maior qual/to m enor fone (I !JO/ éllcia m édia c/o .\'ector. O inquérito de 1917 é o que melhores comparações permite para e!>te ponto . Para os sete sectores 1ll:1is importantes qunnto ao número de motores. verilka-1'!e que. tal como seria esperado, a potência média no distrito do Porto e ra inferior à de Lisboa (s;1lvo têxtil e madeira) e que consequentemente. a panicipação dos construtores nacionais foi sempre !'>uperior 110 Porto. Uma explicação provável poderá ser esta: como a potência média de cada sector raras vezes ultrapassava o patamar que os construlOrcs nacionais ainda se encon travam habilitados a produzir. estes sobreviveram tanto mel hor quanto a pot~ncia méd ia seclOrial não crescesse ou, mais exactamente. enqu:llHo um número razoável de pequenos motores fosse sendo pedido. A IClldéncia para a cOllccmrnção forçada dos construtores nacionais nos pequenos motores pode ser seguida se observarmos a evolução do quociente 210


A MECANI7..AÇÃO DA INDUSTUIA /:.- 11 CONSTRUÇÃO MI::CÃNICA PORTUGUESA

entre dua:-. das :-.uas frequências relativas. Se os construto res nacionais part icipassem no fornecimcnto do tota l de maIOres (quanto ao número) de forma proporcional à da sua participação para O total de cv. o resul tado do rucio seria I. Pam o dbtrito do Porto. a cvolução fez passar estc r:.leio de 1.1 em 1852 para 6,4 em 1917: isto é . os constnllores nacionais participavam 6 vezes mais quanto ao número que quanto á potênc ia. Em Lisboa. o mesmo raeio no mesmo período passou de IA par:! 10,6 . Pode tirar-se uma outra conclusão desla tendência: para mal dos construtores nacionai:-.. o único sector de bens de consumo industrial que fabricava em série e que e:-.tava em expansão não pedia motores aos conMrutores nacionais. Tra ta-se evidentemente do sector têxti l com os seus g randes motore:. c em particular o do distrito do POl"to. no qual a particip'lção dos COll~lI"Utores nacionais passou de 50 % em 1852 pam 5,6 % em 1927. A:.sim. lentamente. os conSlrutorc!'> nacionais foram :-.endo forçados a aba ndo nar a construç;lo dos motores maiores e a concentrarem-se nos pequenos. Note-se que a potência dos pequenos mOlores de 19 17 ti nha sido a potência dos mOlares médios (ou mcsmo dos grandes) em 1850 c 1860. que as fundições ponuguc:-.as sempre tinha m construido. Alo empresas portuguesas não foram por conseguinte forçadas a mudar de produtos (mOlore.\ até 20-25 cv) mas apenas deixaram de se aventurar na construção dos agora conside rados de média e g rande potência. que sempre tinham fcito de fotma espOI"ád ica. Fabricar pequeno:-. mototes era tecnicamente possível sem o emprego de grandes investimentos de capit:ll fixo. Assim se pode também explicar porque no sector metalomcci"lnico. quer no POrtO quer em Lisboa. o nível de ev per capit:1 tivesse passado apenas de cerca de 0.2 para 0 ,3 dcsde 1852 a 1917. Este resultado parece indicar que o nível atingido pclal1lecan ização do sector quando do aparecimento das empresas inovadoras do:. a nos [850 pouco se altero u. (note-se que para o mesmo período no POrto cv. per e'lpi ta na textil alg. pa~.sou de 0.0 I para 1.3). Em síntese. os COIllHru tores mctalomecânicos po rtugueses beneficiaram da própria fraqueza da meca nização portuguesa. Como pelas razões já expostas. esse fenómeno tinha maiores proporçõcs no distrito do Pono a is:.o se deve a m aior sobrevivéncia do sector neste distrito. NJo foi só o espaço que beneficiou os cons tru tores mecânicos do Porto. O tempo em que estes fe nómenos ocorreram ocasionou também uma feliz coincidéneia que !'>e põe e m evidéncia com uma :-.imples q uestão: por que razão é que a produção estrangeira de pequenas motores não se mec.mizou no mesmo grau da prod uçJo dos ma iores? T ecnicamente nJo exis tiu nenhum:! razão a impedi-lo e o fabrico de pequenos mecanismos. co mo o dos relógios ou das máquina ... de co.. tura. foi dos pri meiros a fazer-se em série. Acontece é que quando os maiores av.mços na cOII.\t l"Ução mecânica se deram. já :l curva da procura internacional passava pelos moto res que em Porlugal se consideravam de média e até grande potê ncia. Nem na Inglate rra, nem na Alemanha - e mu ito menos no!) EUA - a indústri:l de 1880-1900 pedia cm médi a matare!) inferiores a 20-30 cv. Isto implica que a produção mccanizada, a estandardização c :I produção pe r peças intcr-cambiáve is se devem ler dado espcci~dll1cnte no~ fabricos dos motores procurados nes~es mercados (praticam ente todos de pOlénci:ls superiores a 20-30 c.v.). Em Portugal. só a têxti l e.algumas \'ezes.a moagem procurariam motores de semelhante poténcia. Se por hipó lese os avanços da estandardização livessem começado algum tempo antes_

2 11


MAC/éL MORAIS SANTOS

a potência média dos motores das indú strias dos paíse~ dominantes estaria mais haixa. Teriam em conseqU\!ncia atingido igualmellle o fab rico dos motores de menos de 20 cv. bloqueando deste modo a corresponde produção nacional. Assim. entre os anos 1880 e 1917. a participação dos construtores nacionais estabilizou porque a industri;1 nacional cOlllinuou a pedir muitos motores pequenos que os capitai s mClalomecânicos estrangciros praticamente já não fabri cavam ou então I"abricavam de modo semelhante aos portugueses. Nesta gama de prOdflfO$ " iio e~·ta"da rdi:.ado s. a vantagem portuguesa de ter uma mão de obra de alic iai s qualilicados e de salári os mais b:li xos que a dos seus concorrentes c.\trangei ro., podia continuar a ser um nunfo; lal como o era para o conju nto dos fabrico~ Illctalomecânico~ algumas décadas antes. no tempo do depoimemo do gerente de Massarelos.

CONCLUSÕES A especificidade da industrialização portuense resultou simult.aneamente num bloqueio e num nicho de sobrevivência para a sua construção mecânica. Pelo facto de ser uma industrialização desiquilibr..lda por um sector de produção de massas - o ti;xtil - podcria tcr tido um multiplicador eficaz para o fabrico de motores e máquinas. Mas o têxtil c resceu tarde demai s e quando o fez. na segunda metade do século XIX. já a produção mecânica inglesa de bens de equipamento têxtil nào permitia a sobrev ivência ela produção que não fosse de série. Os ingleses tinham :lproveitado a precocidade do seu sector de bens de consumo de massas e correspondiam agora com o primeiro sector de bens de produção em sérk no mundo. Assim. o seelOr têxlil português não constitui u o multiplicador necessário à industria mecaniea nacional. Quanto aos seus motores. ;1 potência média dos têxteis cafa denlro do que era julgado rentável fabricar c m série no estrangeiro e tornou-se impossivel fabricá-los cá. A fraque"-a e a lentidão aC:lbariam por ter o seu lado positivo. Cont inuando a pedir maIOres pequeno::. numa altura cm que já poucos os pediam, o resto da indlhtria pOrluguesa pôde continuar a com prar motores nacionais. As vantagen-; «naturais» dos construlOrcs portugueses sobreviveram pelo menos até à Guerr.l e em muitos aspectos. praticamente até ao li m do vapor. A evolução destes pcqucno~ motores de vapor - e também do de gaz - constituiu uma ilustração curiosa do quc pode fazer uma estrutura induSl ri;lI dual mas não COIllplementar.

2 12


II MI;-CANIZAÇÃO 1M INDÚSTRIA I: A CO/l.'/lTHUÇii.O MECÂNICA I'OHTUGUI~

NOTAS I, «Merh/llJi"",., Biblioteca do I'o"u e d:l~ Escola~. LI~boa. Nd .. p,!l, 2, Na ~egund:l mcwdc do .~éculo XV III cm 1>U"uga!.ch~ma\'~-"'! mfl(ll';lJi~lII~ HO' no"o~ e"pceialiMa~ 11:1 con~u'Ução nll"":',,,ic:., ,oh re ludo 0.1", "m<UI"illülI/o$ ((/II' f,,;;;mll 1/-"" 1111 ('/I/!rlll/l IlhlrO/l!iUI, I",mllll' tle /!lt'l'll( llglm, '/fJ"(/.~ ... ". PEDREIRA. Jorge Miguel Vinn" - /:"/nl/lll'(1 i"'/IISII'h", ... p. 211. EMC uso mamc,e-.'C aplicado:t conduç50 de maquinas d", vapor. como mO~lnllll <I' cltprc"õc_ oiloecnli'la!> ..,'",ullll"r ,I.. IIll1qltlIlO .... ou a que perdurou :IIé hoje apliC:lda :lOS condulore' (crro"i:1rios. 3. Em In{;lmcrr.!. o .. e"pcci:lli,m.' ~k Illec:mica çomeçaram por ._cr o, COntrUIO","' de moinho., hidrnulico, - o .. mill·"r;s:ltts. 4. MUSSON. A,E. -/m/",'",,-"I mmi.·" III Ih/! U"ir"d Killg'/om, IH(J(}·11$70. "Thc Economic H I'I<J1')' RC\1Cw ... 2nd M:rles. "01. XXX IX. n.- 3 . Auo;U~1 1976. p. 424 , ~. 1'000' .. 50 de âmhilO naelon:l!. com :I.' c,\ccpçõc, de IR59 e de 1909, 1':11':1 1852. S:1. s. J, RHIClro de - Ndm",.,./,I<I rl'fllmiflllJ til.' II/(/U/if<lcwm~· ... L ... boa. 18~8: Ilar.! 18'9. GOUVE IA. Visconde de - Rdll/{}rw 1-I/''''sII/!fntlo c) l"Ufll Gl'rtll dn DiMrllo .10 ""/"lo ... PorlO. 1860: para 186.'i. CONSEL I-I O GERAL DAS ALFANDEGAS - /u,!/lni/() ti.. Il:Ifi.'i .... I.isboa. 1865: par~ 18RI, Rt'lllIoriu IIP'"t!~'/!lIflll/(J mi EX/.'./11Il SI/r COI'cn""lor ,lo Dislricw d" /'orlf/, ... P0l10, I HHI <.: ,li",l" 1I'II N ISTER IQ I)AS OBRAS PU I3 L1CAS -lllqu",nlo IndUSlrial de 1St! I. Li~hoa. 1883: para 1890, MIN ISTERIO DAS OB RAS PU BLICAS. CQtI-I MERCIQ E INDUSTRI,\ -lnquerilO Indu~lri:1I d~ 1890, Lisooa. 18'Jl; para 1909. Relawrio .10," 5""";\,1/\ 7'l'dmi('m ri" J.~ Ci""/I,,"'crir,i" (Ie ",dul'II"w .. «Boleeim do Trabalho Indu'lrial,.. n.~ 39. LI~lxl:l, 11)10: par.! 1917, ES/f/IIJI'(·ll/lIIhwritlf. .. Boh:lIIll do T rnh:llho I lldu~lri"h•. n,- 116. L"bo ... 1926: par.. 1927. Ql' mmort'.''II... " m<I".flrio <",cimUlllllifi~lI • .. llolelirn do Trabalho I nduslri~I,.. n,· 143, Li,l)o:., 193'::, 6. "V<,·", ... '1"" 1'111 100/al' .1.\·ft,b,..~·II.,· '1"/' tmprl!}!om ofo,.....1 mmortl de "1'//(/1' 1/11 111)"'" cu /u:-II" I/Wi.f rl'-'IHI\"el" ''''fi/UM. 1111 I,ro/Hlf"('/;O ,III fO""'/1 qUI! dematulo", li.' "'(KM",,\/IIOS, parl/'''' /1 '''I(>or-

fIO"'"''

Imló" c/" ful)rica .....l tÍ 1/"II,<i .fl'lIIl'rl! IIU ru~ú" ,I'I!Sl'{J 101'1'". Vlllr" '/IIf,I,/,,..r bosl' II/l-~" ,'t'r ar/II/amue IIIJIW"", Synop~e 1.c~,.~lalil·a. AClo~ P:lrl:UIlCnl:lrcS do 11 .... Jooquim Ribciro dI: Fan:l

GU;1Il:.r5es. 1'0110. 1860, PI'. 41 _42. 7. Tooa, :.~ laX:lS de ere~CllnelllU foram I:Mmmd:L' por polinómios de srau 2. R. Inquémode 1865, p. 8.'i.

C:l1cul:ld:l~

a p:ll1ir das re.,pccli\' .. ~ cur,:" de regre,silo.

213



A CENTRAL TERMO-ELÉCTRICA DE MASSARELOS O MUSEU DO CARRO ELÉCTRICO l-h ! NRIOUl:. M A,'L'til. COSTA DI AS {M" .... u _[" C~IIO l:.16:trico}

INTRODUÇÃO Diariamente constal.unos que há alentados sérios ao p:urirnónio. seja ele n;:uural. arqueológico ou artístic-o ... E porqU\!? - Porque o progresso descnl"rendo Il (JO se l:ompadcce na maiori a dos casos com as Ilos~as raízes histó ricas , votando ao «oslJ':lcismo» tudo o que não é de imediato rentável ou não dá VOIOS. não se preocupando cum o futuro do nosso passado histórico. C reio mes mo. que scr.:'i antes de mai s CSS:I prcocupaçilo. que nos faz reunir neste momento, llc:-.tc espaço. porque se <lssim não fosse. para quê estudar c conservar aquilo que considcr~lIno s mnis significativo da nossa hi stória'? Com o património industrial cm estado arqueológico o caso ainda tcm s ido mais grave. dado que o seu passado é ainda muito recente, não send o compar.:ldo aos mo numentos ditos tradicionai s. Por o utro lado. todos nói' i'ubcmos com que rapidez a indústria (estruturas, maquinari a . utensílios de trabal bo) têm evoluido nestt.! século. Em poucos anos a m:lquinaria tornava-se obso leta . Exempl o disso fo i a própria Central de ]\'Iassarclos que se viu forçad:l. num espaço de 45 3nos a sofrer sucessivas alterações [,l IHO a nível de edifício como de máquinas. Nota-se com fac ilidade. nos principais ccntroi' do país que os :lJ1tigos edifícios onde estava m inst a ladas as pequenas ou grand es cOl11 pnnh ins e fábricas são votado:. ao abandono e substitu ídos por pavilhões tipo pré-fabricados mais fácei s de construir c de abandonar. .. Reportando-me ~ ;írea metropolitana do Po rto onde o pntrimónio arqueológico industrial é muito c signifi cati vo. veri fica- se que alguns espaços/edifícios estão j:í reutilizados. e outros em fase de itl\'enturiação e est udo. No entanto, existem ediffcio:- c 11laleriais dessa mesma arqueo login industrial que continuam à o.!spera de serem tr~lIados c pro.!sl!t·vndos. como é c xempl o disso a Central do So usa e a Companhia de Fiação de C reslu ma. espaços soberbo:-. bem situados q uc poderiam ser polos culturais dessas duas localidades. A !lluscalização de s íti os arqueológicos ligados à indlistria te m surgido um pouco por tod o o país. I~ sem dúvida um solução pos ili va principalmente quando o ediffcio e ngl oba parte ou totalidade do espólio ulilizado aquando do seu funcionamento. e umn mem óri::l viva das activ idades lá desenvolvidas. Exemplo de um desses casos. com o sucesso já reconhecido é a Celllral Termo-Eléctrica de M:lss:lrc1os . que seguidalllclllc me proponho focar.

2 15


lIé.'NRIQUE MANUEL COSTA I)IAS

I. O

C:IlTO Eléctrico Te rmo -E I ~c lri C .l

no surgimento da pdmeira Centra l

Tendo a Companhi:1 Carris de Ferro do Parla em 1873 iniciado o transporte público na cidade do Porto. com carros de tracção animal que circulavalll sobre carris. a e\'oluç:io nos meios de transporte nilo p:lroll e a mudança foi consta llte. Em 1878 seria introduzida a rmíqllina a vapor entre a Boavista e a Foz prolongando-se posteriormente até Matosinhos. Não houve. contudo. a difusão esperada LIa «máquina». pel3s ruas da cidade. Procurava-se na úl tima década do século passado. um meio de transporte revolucionário. Clll termos económicos e viabilidade para as acidentadas ruas do Porto. Colocou-se a hipótese. em 1892. de nas ruas mais acidentadas - Clérigos. SaIHo António (aclmd 3 1 de Janeiro). e Mouzinho da S ilvcita. - serem aplicados ascell-.;orcs semelhantes :IOS de Lisbo:t. É isso que afirma o gerente li. altura José Ribeiro Vieira de Castro: ... A cOf/srl"llçeio dI! a~·cel/sorc.~· WIS Clérigo.~. Sal1lO Amónio e MO/lsinlro da Sih'eira é fil/Ui neccs~'id(lde il/adim'e1 desde C/ue se conhece m já .wJficiefllemellle 0.1' rl!~' lIlrados práricos do.~' de Lisboa» I.

Porém. volvido um ano. cm 1893. O pensamen tO do mesmo gerente da Companhia. homem dinâmico e empreendedor, Illudou radicalmente Icvando-o :1 allrmar o seguinte ~os accioni$tas: ... Como .wbeis. ha III/Ii/os 011110.1' que fiOS OCCIf/W IfIOS d e meio de slIbsrilllir o (ICllwl sy~'lelll{/ de rracçüo nas ruas mai.~ il/gremes. como a dos C/érigm·. Somo Amónio e MOII::.iflho da Si/veiro.(. .. ) O grande dispcndio q/lc impor/aI'a fa::.er (. . .) obrigor{/m- II{J.~· a seI' coure/osos (. .. ), lelldo /10 eflfaflfo sido c hamada a //OSSfI especial {/lençeio para 01111'0 sysrl!ma de rracreio //Ieelumica. qUI! principiou o adoprar-sc em grande número de cidade.l· da Aml!rico desde /889. (... ). Refiro-me à rrllcçüo e1eclrica(... )>>2. e~·/tfdnr o

Adoptado o 110VO sistema - tracçiio eléctrica - . houve a necessidade de procurar um local onde ficasse instalada .a central de produção de energia eléclrica que faria mover o lão «revol ucionário» meio de transporte. A C.C.F.P. possuía em 1893. um terreno em Massarelos com cerca de 600111 2. «com magn!(ica.l· cnlldiç6es ,/lira () I!.\"tabe!ecimell/o da esraçiio cefllra J, isTo é. da caso do.\" IIIOclli/ftls nnde ~'e prodll:.irâ li energia elecrrieo que tell/ de Sl!r rraflsmitida (10-" carro.\"»'. No al10 seguinle. O gerellle da Companhia referindo-se ao local de conslrução da Central. reconhecia que lraria vanLagern «adquirir um terreno II/ais espaçoso para ,,'dlc se in.l"flfllarcm flfmbém (IS cocheiras dc carros fllOlores e carruagens. bem como as respecril·ll.Ç oficin(ls (... ). e onde. (. .. ) as fllndações fossem mais fáceis eficassem moi.\· sólidas, visto C/fU! o Ic,.,-el10 de /I.1as.mrellos é /Jllllt0I1 0S0 e exig iria obr(l.\· 11/11;10 di.~'Pel1dios(ls para SI! cOI/seguir a sua ~'o/ idijic{u:iio,,'" . 216


II

CI;NT/ML TERMO·ELÉCl'RICA OE MASSAR/:LOS

Outra raz.ão importante que levou a C.C.F.P. a aquiri r outro terreno foi o facto da Estação do O uro, onde eS\:Jvam instaladas as cocheiras e outras dependênc ias. pertencerem ao Est:Jdo Port ug u és~. e no fim do arrendamento a Com panhia :-oe ver obrigada à sua devolução, o que causari a transtorno já que o espaço e m Massarelos. para a lbergar todo o material e func ionários nessa data . não e ra sulicientc. A Companhia em função destes condiciona li smos acabou por adquirir um terreno entre a Fábrica do G;1s e o Forno da Cal. nas pedreiras da Arrábida6, com cerca de 2400 1112. onde podiam ficar para .além das m;1quinas a vapor, as ofici nas. escritórios e ou tras dependências. Nasceu . assim, em 1895, a primeira Central Tenno-Eléctrica da C.c.F.r .. a Central da Arrábida. Em 1895 a maquinaria instalada na Central era suficiente para assegu rar o bom funcionamenlo do ainda reduzido numero de carros eléctricos. pois ainda dominava a tracção anim:l!. Maqu i llaria co {oclIdllll {l Celltral da A r ráb ida em 1895:

-

2 caldeiras de vapor COIll capacidade para 300 cavalos : I m;1quina a vapor da casa FarcOl, de 150 cavalos. I dynamo de T homson -Houston de 200 Amperes ( 150 cavalos)

Carros eléctricos ti timo:

- 3 «c:ln"Uagens» eqllipada~ com dois marca T homson 1 HOllston.

motorc~

cada uma de 25 cavalos

Terminada:l lracção animal em 1904 o.~ carros eléclrico~ aumentaram consideravelmente. Em 1905 o numero de eléctricos era já de 62. Ano após ano o n. o de curros c a rede de lração eléctrica foi aumentando. Aumentou também a necessidade de maior capac idade de produção de energ ia eléctrica. coisa que a Cenlra l da Arrábida estava il1lpo~sibilitada. Uma nova central era necess;1rio. Em 1908. depois do período conturbado que ;t C.C.F.P. viveu. com a concessão do exclusivo da viação eléctrica a ser dada em 1907. peia Câ mara Municipal do Porto a Paiva Irmão & Math ieu Lugan. que constituíram a Companhia de Viação Eléctrica do Porto c que v iria a fundir-~e. volvido um ano com a C.C.F.P .. surgiu a nova Central tão necessária 1'1 trtlcção e léctrica.

2 , A C entra l de

Mass ~lI'c1 os

", Por escriwra de 6 de ll1l1ho de 19/ I, ( ... ), a Companhia Carris obrigou-se perallte a CimUtra o construir IImll 1I00'a cellfral eléCfrica e a pô·lo em cO/ld;ç(]e.\ de /tll/donar dellfl"o do pl"a;.o de lrés fil/OS. sob pel/a de 11/ul/(l de 25$00 por dia afêm desse pra;.o. Foi daí que IUJsc:eu {/ CCllfral d e Ma.~.Wlrel()s,. 7 .

Esta afirmação deixa algumas duvidas quan to à data de início das obras da Central de Massarelos. pois nessa data elas já h:'\ muito se desenrolavam, lendo sido o primei ro projecto cln Central Te r mo- El ~clrica de Massare los lraçado cm 1909 pelo Eng.o Luís Couto dos Santos e por si complementado em 2 17


HENRIQUE M,lNUEL CDS/iii I)MS

Maio dc 1912. O que se subentcnde é que já teriam existido demasiados atrasos na construção c que a Câmara receando o pior. fez a C.C. F .P. assumir. por escritura. o compromi sso de construção e concl usão em tri!s anos. da Central. A comprovar que a Ccntr:l[ já estava em construção na data da referida escritura foi a visitall , no di:'! [5 de Março de [91 [, d(.: uma "C{)l/1issôo de Ex{//m: aos I klns do COl/selho de Adminislração da CCFP» que examinou as obras da estaç50 geradora em Massarelos. Esta visita prendeu·se com a avaliação da natu · reza do terreno e os trabalhos de fundações. onde esteve prcseme o Eng!' Luis Couto dos Samos que pres tou todos esclarecimentos necessário.!>. Também em Setembro de 1991 foram colocadas as 1.""' 6 caldeiras De Naycr em Massarelos, para experiências. apesar d;1 inauguração da CCllIral ter apenas lugar em 19 [5. i:: bom referir quc ii Central Tcrmo·Eléctrica de Massarelos foi erguida ao lado de um edifício já existente que era nada mais nada menos que a Estação (e não Central ) de Massarc[os. Este edifício construído pela Companhia de Viação E[éctric;1 do Pono entre 1907 e [908'}. eram dois «corpos» ( 1IiI VCS) para o depó· SilO de carro!'>. «constru ídos segundo os preceitos modernamcnte adoptados para este fim»"'. Com a fusão das duas companhias (C.C.F. P. e C.V.E. P.) no final de 1908. os bens móveis e imóveis da C.V.E.P. passaram a in tegrar o património glob:l l da C.C.F.P .. Entre esse património estavam inclufdas "propriedades, terrenos, remises. l"rmpl(l/IQ,~eIlS, obra:" e.lllldos e projeclos,,1I exi'itentcs na Estação de Massarelos. As duas n:lVes ma.i s antigas. que existem ainda qua"e na íntegra. s50 as contíguas Rua de D . Pedro V, que alber~am os c alTOS eléctricos da carreim diária e oficinas. Estas duas naves .,,6 não existem na totalidade dado que 10~o cm 191 [. a anali sar pelo l?elafÔrio da Comi.f.w;o de Exame. o Conselho de Adminislraçüo «/"e.HJ/I'ell ( ... ) modificar o IU·ill/ilh'o projeclo elaborado pela Companhia de Vio çtio EléClrico. dispO/ufa paral/elall/cme ii remi.H' COI/SIrI/ida o casa das c:olddra.l'. a da.l· /lU/chil/as e ti dos optll"e/hos de dislribllirelo de energia. bem COIIIO os seus respecliwl.Ç acc:e.\Ó";o~ ( ... ). Pora .fel" CO/l.W!811ido eSle objecl ivo f()i precis() demo/ir IIIIItI I'eque"a parle da parede da remi:,e ( ... ), 0/1 sejalll 36 me/ro.\· e hem as.fim Olftl"t/ lIIellOS e..l:1CI/SO para a c:mll'Cllicflle insralaçiio da chaminé; ( ... ),,12.

2.1. O edifício em /9/ 5 Antes de iniciar a aná lbe pormenorizada do cdificio. há a referir que o tipo de <;0[0 onde e[e foi instal ado e ra baslante panwnoso poi:-. existiam manan· eiais de água dispersos que provocavam esta s ituação. que dificultou bastanle a confitrução tornando·a também muito mais dispendio<;a. Para sol idificar o terreno for .. m utilizadas estaca!'> de pinho nacional que foram enterradas e sobre si colocados carris usados e ntrelaçados. para que a consistência fos<;e maior. Foi <;obre esta ... bases quc a Central de Ma"sarelos nasceu. O projecto ~Ipreselllado em [909 pelo Eng!' Couto dos Santos foi c m M:l io de 19 [2 revislO e ~lInpliado pelo seu autor. dado que volvidos 3 anos as ncccssidades em questão de consumo de energia eléctrica aumenta.ram. logo, li produção teria de ser maior. O projecto de 1909 c re modcl"do cm [9 12. q ue ,reio a rea[izar·sc. propôs que O edifício principal ficasse coru fg llo ao depósi to de c:u ros já const ruído. 2 18


A CENTRAL TENMO -ELt.CTRICA DE MASSARELOS

o edifício foi dividido longitudinalmente em dois corpos paralelos. que constiLUiram respectivamellle a casa dos geradorcs do vapor (caldeiras) e a casa das máquinas. No primeiro foram instalados 20 13 geradores de vapor novos, acrescido de rmLis um que se encontrava na Central da Arrábida e foi transferido para M assorc!os. Os novos geradores de ";rpor eram do tipo água-tubu lm"Cs. De N;ryer & C. 0J 4 , de Bruxelas. Cada gerador produzia 2.200 Kg de v;lpor por hora. Os novos geradores foram instalados em grupos de dois. com os interva los. enlre os grupos. suficiemes para todus as manipulações. Enl frente aos geradores de vapor havia uma via férrea com a bitola da rede geral ligada à Alameda de Massarelos. de forma a que o combustível pudesse ser conduzido alé j unto das fornalhas. pelo material circulante ord inário. zorras e wagons. Os gases da combust;io. ao sair dc cada gerador, tinham duas saídas: ou através de uma ampla conducta que os levava ii chaminé. ou. então. através de três economizadores. instalados na extremidade norte do edifício. Estes economizadores. cram do typo Grccn. As cinzas '5 que se iam acumulando nos «c inzeiros» dos geradores eram pa~sadas com facilidade par;.! um wagonete adequado que percorria urna galeria subterrãnea. A galeria e a wagonete serviam também p:lm <I evacuação da fuligem acumulada nos condulores. A jgua chegava até aos geradores de vapor at ravés de uma bomba-tu rbina accionada por um electra-motor. capaz de introduzir 30 m 3 de jgun por hora. Na extremidade sul da casa dos geradores licou um espaço destinado a receber mais oilo geradores. A primeira chaminé da Central de Nlassarelos l"oi construída nas traseiras do cdirício elllre o «depósito dos .carros» e a casa dos geradores. O material utilizado na sua conl'truçJo foi o tijolo «burro». Contava com ullla allUr:I. acima do terreno. de 48 m. e diâmetros respectivamente. 3.2 m base c 2.4 m vértice . Estava provida de pára-raios múltiplos. ligados ti lerra por dois conductores de cobre. Prev ia- se já em 1912 que com o aumentO da potl":l1 c ia era necessário a conslruç;io de outra chamillé. na frente do edifício. o que: veio a acontecer cm 1924. O segundo corpo longitudinal do edifício foi destinado il instalação dos grupos e seus acessórios. Este corpo foi contemplado com três pavimentos: um subterrâneo. destinado a depósito de água de condensaçJo. o segundo ao nível do terreno. destinado às canalizações de vapor vivo e de descarga. aos sapadores de jgua. ;IOS cabos eléctricos de comunicação. nos transformadores eléctricos e à bateria de exeit:lção: finalmente no terceiro pavill1elllo ficar:lm instalndas as diferentes máquin:ls e painéis do quadro dc distribu ição da energia eléctrica. Por baixo do quadro de distribuição entrava a jgua elevada do rio Douro des tinada à eondcnsação que pasS;lvn por vários tnnClues de decant:tçao de maneira a que as areins aí f icassem depositadas. O terceiro pavimento está situado 3.53 m acima do segundo. Apresema-se sob a forma de um gr:mde s:1lão de 16m de largura e 96.50 m de comprimento. bnstal1lc iluminado c ventilado por ümplas janelas nas parede!> e um grande ImHernirn envidraçado no cume da cobertura. De salientar também a estrutura em ferro que suporta o telhado, bastante semelhnnte a outras centrais análogas pela Europa fora. 219


HENRIQUE MANUEL CO!JTA DrAS

o !\eu pavi mento foi revestido de mosaico estriado. de cór uniforme. Nas paredes foi colocada uma facha de lousn até dois metros de altura encimada por azulejo branco. sendo a restante parede pintada com tinw lavável. provavelmente cm tom cinzento. para que os «danos» provocados pelos fumos e cinzas resultantes da combustão do carvão não fossem tão notados. Estes revestimentos procuravam manter a sal::l das máquinas no mais «irrepreensível asseio». No centro d::l sala foram inswlados os diferentes gnlpos. ficando na parte norte da sala os grupos de corrente lrif,ísica l (, e escritórios. e na parte sul os ge radores de corrente contínua l7 separados ao meio pelas máquinas auxiJiaresl~ colocadas cm freme do quadro de distribuiçfio. 2.2 . AI/ex()~· da CeI/IraI

Forn do edifício principal estavam inswladas as bombas elevatórias de água do rio Douro. a Bnteria-Ta mpon. c os nparelhos de condensação do vapor de descarga das máquinas e purificação da água conden:-;ada. As primeiras 4 bombas elevatórias I'} ficarnm instaladas num edifício subterrâneo na margcm do rio Douro, no Bicalho, que dista ainda alguma distfincin da Centrn! de Massarelos. Posteriormcnte fo i construfdo dentro do terreno d:l Central um edifício entre a rua da 130n Viagem e n cnsa das máquinas. onde foram instaladas as Bombas centrífugas e foi fei to cavado um poço. A bateria «Tnmpoll1» dos geradorcs de corrente contínua. foi retirada da Subestação do Corpo da Gunrda e depois de devidamente reparada foi instalada num edifício que se si tua jUlHo á Central mas num pOnto !TInis elev;ldo. Estc edifício que ainda existe actualmente, possuía ainda um depósito de água. e um alamhique. Actualmente serve como casa de habitação de um funcionário da STCP, SA. A norte. cntre a Central e a run da Boa Viagem. foram instn[ados os condensadores c aparelhos de purificação de água. bem como n carvoei ra de reserva. Actualmente lodo este espaço é ocupndo por um armazém de materiais diver.;os. :"lrrecad:lções várias. bar/refeitório dos funcionários. consultório médico e vestiários. Entre a fachadn da sala das máquinas e a Alameda de Massarelos (actual mente de Basílio Teles) existia uma casa que era ocupada pelo eng." chefe, o inspector. o sub-chefe. escritórios e vestiários. Foi demolida em 1921 aquando da ampliação da cusn das máquinas. sendo os seus ocupantes inslalndos nessns amplinções da Centrul. 2.3. A 1. n Ampliação do Edificio 1921-1924

Pas:mdos 6 anos da inauguração da Central Termo-Eléctrica de Massarelos foi ;lprcsemado peja CC.F.P. à CM.P. o «Projecto da Conclusão da Primeira Parte da Estação Central Gerador::l»1o. aprovado em 27 de Outubro de I 921. Porém. as obras prolongnram-se nté 1924. As obras de conclusão constavam do prolongamento dos dois corpos do edil'icio ex istentes - o dos geradores de vapor e o déls máquinas -. da construção

220


ti C1~·A7·NIIL TeRMO·ELÉ·CTRICA DE MASMRELOS

de duas pequenas casas em frente ii fachada nos eamos opostos (uma do lado da rua D. Pedro V e outra da Rua da Boa Viagem). e na <ll teração das vias férreas de serviço. Os dois corpos do edifício onde estavam instaladas respecti vamente as máquinas c as 27 caldeiras 21 foram prolongados de dois c cinco vãos. semelhantes aos que já existiam. Na frente do corpo dos geradores de vapor foi construrdo um anexo para a inswlação de dois novos economizadores. enquanto no das máquinas foi colocado um ventilador compressor. vestiários. um armazém. escritórios. gabinetes para o Eng.o Chefe. Inspector Chefe. e Subchefe. Foi construída. ainda. a nova chaminé balança na frente da fachada do corpo dos geradores de vapor. As duas pequenas casas construídas em frente ao edifício central. uma em cada canto. destinavam-~e, a que t1cnva do lado dn ma da Boa Viagem. a um postO de gU<lrda militar ou de policia civil. e a que ficava do lado da rua D. Pedro V. a habi tação de um empregado da Companhia. 2.4. As flmpliaçijes de 1929- / 93 / - / 935

O relatório de cOlUas de 1929 refere que nesse al10 procederam-se a obras importantes nn Central que ultrapassaram os 750 co ntos para permitir a instalação do novo turbo-grupo Brown Boveri e duas poderosas caldeiras a vapor da afamada casa construtora alemã «Walthcr & ca"~ cuja casa mãe. se localizava em Colónia. Es~as obras que co nstavam no projecto de II de J ulho de 1929 21 alteraram cerca de o do telhado da celllral. fazendo-o subi r na parte dianteira para que as 2 caldeiras Walther. co m uma altura su perior às ca ldeiras de Nayer, fo ssem aí instaladas. Em 21 de Agosto de 193 123 foi apresentado outro projecto, tendo em vista a instalação das Caldeiras Walther n.O 28 e 29. Este projecLO, aprovado pelo Ministério do Comércio e Comunicações por despacho de 16 de Setembro de 1931 24 ditava a «semença de mane» das caldeiras de Naycr nY" 2. 3. 4. 5. 6. 9. 10 e 11. abatidas ao efectivo. pois segundo ;J mem6ria descritiva e justificativa da modificação da sala das caldeiras. eram as que se encontravam em pior eSlado de conservação. Houve ainda nece.~sidadc de trasladar as caldeiras Tl .ns 23. 24. 25. 26 e 27 p.lra o local deixado de vago pelas abatidas ;la efectivo, para que no seu lugar fossem colocadas as duas caldeiras Walthcr. Contudo. o), trabalhos de trasladação e colocação das caldeiras de Naye r c Walthcr. nunca fez com que a Central interrompesse a produção de energia eléctrica. pois a firma Walthcr & c. A assumiu que as obras «seriam feitas sem interromper nem estorvar o funcionamento da Centr.iI»25. Estas caldeiras foram a opção na altura porque para além das muit;ls gan:lIltias técnicas oferecidas. eram capazes de queimar aS l11ais variadas qualidades de carvão. principa lmente o nacional. feito q ue a Companhia muito se orgulhava. Permitia ainda a economia em termos de consumo de carvão e mão de obra 26 • No mesmo processo de «Ampliação dn Central de Massarelos» em 1931. é enviado à Direcç;io dos Serviços Eléctricos 27 um projecto que entre outras alterações reconhece a necessidade de proceder sem demora ~ subslituição das máquinas da Central propondo ::l instalaç1"io de um grupo gerador de 5000 K\V21\ e todos os acessórios necessários. 221


lIéNRIQUI:. MANUEL CO!,TA OMS

A colocação das caldeiras mexeu novamellll.! com a tiragem de fumos da Central. Para evitar a paragem ou ii redução na produção de e nergia. quando fo s~e necessário ulguma rep:lração ou limpezól nas condutas de fumo, foi instalada urna nOV:l chaminé em chapa bastante n::sistente à corrosão. sobre a primeira caldeira. Atendendo porém à grande quantidade dI.! faúlhus expu lsas pela chaminé decidiu-se instalar um captador de poeira!'> que. segundo o seu constructor. as absorveria cm 95%. Um velllilador centrífullo. instalado junto à base da chaminé. asseguraria a boa tiragem de fumos. De qualquer das formas estava previsto. caso fo:-.se necessário. a ligação desta caldeira a qualquer uma das chaminés existentes. Às c.aldeiras Walther estava também associado um ventilador recuperador de carbono. Esse carbono recuperado seria novamente lançado. por meio de injectares. na cãmara de combustão. Alo cinzas e as escória .. eram retiradas dalo caldeira:. para vagonetas que circul:lvam no piso inferior e esta:. eram por SlIrt vez guindadas para um piso superior onde eram colocadas num depósito. Esse depósito que se encontrava por cim:l da porta de entrada do actual MUSCU 29 • quando cheio. era despejado paTa zorra,> que al> transportavam para vários locais. Para que () funcionarnelllo da~ caldeira.' fosse me~mo rent;ível. como a firma fornecedora o demonstr.wrL. tornava-se neccss:'Íro mecanizar todo o novo sistema. Is[o implicava o despedimento de pessoal o que 'Se considerou impossfvel. continuando-se com a alimentação manual da .. caldeira... cm combustível embora tudo estivesse prcvi"to para que mais tarde se instalasse a alimentação automática. o que se veio a verificar em 193-1 com a in!'>talação de um elcvador de carvão Jo. Este elevador conduzia praticamente por si o carvão até as duas novas caldeiras. Em 16 de Março de 1932 já com as duas ca ldeiras Walther montadas. () Presidente da Républica. General óscnr Frngoso Carmona visitou as instalações da Central, sendo acompanhado pelo Eng. o Rodrigo Sarmcnto Beires. No final deixaria a seguinte mensagem no «Livro de Honra da Central de Massarelos»: .,Grande i (I minha smisfaçiin. CO/110 pormgllés. \'endo 1/ 'es/lI gr(llldio:m officil/{I. aprO\'eilor o cl/I'w;n produ:.ido pela terra porlllgW'!.m e dimil1uindo assim de lima forma nalllral o tributo que (/fé a/-:ora leriam pre.Halfo ao e.flrall!?drOl. 31 .

A'> caldeira:. Walther c o turbo-grupo de 5000 KW instalado em 1932. já não satisfaziam em pleno no ano de 1935 pelo que em Abril desse ano foi apresentado novo projecto·l :! para modificaç50 do edifício no ~entido de adaptá-lo ii instalação de novos grupos. Na sala das caldeiras foi levantado dc novo urna parte du telhado. sendo utilizadas «asnas» cm ferro já existellles. Este levant:.uncnto deveu-se b. instalação de uma nova caldei ra da murca Babcock & WiJcox cm 1937. juntando-se assim às duas Walther já existentes.

2.5. A ,wm r cm odelllção cm / 937 J:'L com a frontaria aUll1cnwda entre 1932 e 1934. loendo acrescentados mais do is andares ii nave das caldeira!'>. o ano de 1937 foi novamente de mudança para a Ccmfal. 222


A CENTRAL TERMO-EL';:c:rR/CA DE MASSAR/::LOS

Na mcmória dcscritiv;l cjustificaliva do «Projeclú de Ampliaç:io da Cenlral de Massarelos da Companhia Carris de Ferro do Pono»33 cm 1937. diz. que volvidos seis anos após a colocação das novas caldeiras e novos grupos se reconhece que essa instal:tção correspondeu às expectaLivas pois permilia a produção de toda energia necessüria mediante o emprego exclusivo de carvão nacional. No entanto. também reconhecia ti necessidade de instalação de grupos de reserva. Foi com este argu mento que. a C.C.F.P. pediu autorização para instalar um turho-grupo l 4 de 6300 KW. bem como um gerador de vapor de capncidnde igual aos geradoTC!> \ValLher ex istentes. c um rectificador a vapor de mercúrio de capacidade igual à dos adq uiridos cm 193J35. Os resultados smisfatórios oblidos com os geradores WalLher aconsclhav:1m :1 C.C.F. P. a comprar um idêntico. port:1nto do mesmo fab ricante. No entanto. a Ba bcock & Wilcox. que já havia apresentado. sem êxito. propostas para o fornecimento de duas caldeiras em 1929. por interméd io do ilustríssimo Carlos J . M ichaelis de Vasconcelos. apresentou em 1937 a propOSt:l mais van tajosa para fornecimento da nova caldeim . As condições oferecidas desto. vez pela 8abcock & Wilcox satisfizeram a C.C.F.P .. que por um CUs la mai s baixo c com as característk:ls pretendidas. puseram a nova caldeira J (, a fu ncionar na Centr:l l de Massare los. em 1938. Após ;t colocação cm func ionamento da caldeira 8:lbcock & \ViJcox. do Turbo-Grupo e do Conversor. poucas foram as a lterações e m termos de estrutura do edifício e de novo equipamento. A partir desta dat:t e :ué ao estado aClllal foram destru ídas as três chaminés existentes. o elevador de cinzas. alguns anexos - nomeadamenle lIS casas existentes cm ambos os ca ntos da freme do edifício. a casa das bombas. c claro. a venda e desmontagem das cnldei ras e restantcs grupos. istO no decorrer dos anos 60. 3. Cessa ção

d~1

p r odução de e nergia d éct d ca

A Central Termo-Eléctrica de Massarelos l"uncionou cerca de 45 anos, passando por perlodos bastante co nturbados de o rigem imerna e externa. Julgo que os mais significati vos. por d ivers:<ls razões. foram de origem externa e refiro-mc concretamente fLs duas gucrra!> mundiais. Também a rel:lçfio existente entre a C.M. P. e li C.C.F.P. nunca foi das melhores . agravada muitas das vezes por contlitos entre estas duas entidades . e culminando com a passlIgell1 da Companhia para a adminis tração da própria Cful1ara maltcnninou ;l concessão. em 1946. Foram necessários apenas mais 15 anos para o encerramentO da acti vidade principal e. que mai.~ recursos hum;lnos empregava na CCrllr:l1 de Massarelos - a produção de energia eléctrica. A hipótese da aqu isição de energia eléclrica a terceiros foi colocada mesmo antes da própria Centra l ser construid;l. e só não foi avante porque os possíveis fornecedores da época. não o fereciam garantias de um forn ecimento que não colocasse em causa o bom fu ncionamento dos cléctricos. A Central de Massarelos teve os seus êxitos produzindo não só a energia s ufi cieme p;lra os carros eléctricos mas aind;l para venda. tendo atingido o seu auge cm 1926;1 o q ue levou a Administração a louvai' quem na altura dirigia a Central ou seja o Eng." Rodrigo Sarmento de Beires. A partir dessa data a vend;l de energia entrou num processo decrescente não constando mesmo cmre 1932 e 1942 vendas de energia eléct rica Ilas receitas da Companhia. 223


IIENlUQUE MANUEL COSfA DIAS

Em 1938. por iniciativa da Junta de EleclritieaçJo Nacional enect:Jram-se negociações par:! q ue houvessc cooperação entre a U.E. P (União Eléctrica Portugues<l) e a C.C. F,P .. O acordo que visava a permu ta de energia eléctrica. foi autorizado pclo Sub-Secretário do Com6rcio e Indústri:J "li hem do ,~erviço Plíhlico» no princípio de I 94 1lW . A situação de perm uta roi o prcnúncio de «morte» da Central que cada vez mais se viu dependente da energia fornecida pela U.E.P e posteriormellle dOI; S.M.G,E. E:;-ta situação roi notória a partir de 1955 cuj~1 produção própria já não chegou para a rede de tnlcção w. Adivinhava-!>c o fim da Ccnlral que cada vez ficava mais cara com as constantes paragens e reparações necessárias das máquinas. que acarretavam custos elevados de mão-de-obra. T ranscrevo de seguida :llguns parágrafos dos relatórios de contas de 1959 a [962. que reforçam o que atrás foi dila. e revelam como foram os últimos dias da Central Termo-Eléctrica de Massarelo!>: R elatório de /959 " No cllpírulo da produção CIJ/lril/lla a imobili:.ação do CellTrlli de Massarelos. 5a/l'0 11111 li!:eiro arral/qlle para experiêl/c:ia. A aCl/wl sifllação da Central. que I/OS obriga a reI' rodas as illsralaçiJes apws a /1111 apoio térlllico, cria lIO Sentiço //111 ellc"rg(} allllal de cerca de /.200.000S00. sem lfua/qucr !.·onrrapartida e elllbora ril't>ssemo.l' leI/IOdo julUo da,f in.\'lúllcia.f .mperiores a rcspecliva desclm;si ficação. ofacro é que (, .. ) - lIada conseguimo,,'», Relatório de /960 ,,0 (//10 de /960 foi. para este Sal/iço, aSlina/ado. por dois facros l/e intensas repercussões (... ), Referimo-nos ii desclassificarão da Central de MO.fsorelos e ii ellfroda em \';gor do 1101'0 wrifa de I'ellda de ellcrgia da Compal/hia Naciol/al de Elecrricidade". «A lltltori:.açào para deslllomagem da,r i".~wlarões elecrro· mecóllicas de ",'odução por despacha de ,'·ua excelência o Senhor Sllb.\"t!(:relária do estada da II/dli.,·t,.i" veio termi nar com a existência da Cen tral de Massarelos. ( .. ) Como d"romc o todo m1() I/(io se produ:.iu energia a Cellfral completou 3.; meses de ;mo/)i/i:aÇlio e "i,'e/I o !U.'/I li/timo (1110 completalldo cerco de 50 {1I10.~ de cxistiil/cill" . .,E",I)ora ne.rre Relmório ncio renham ta/l'e:. cabimenro quaisquer palllll/'lIS SenlimelUlIÜ, julgamos apel/lIs dever salientar 'Iue (} desaparecimemo do Celllral de Massarelos representa /1111(1 melllorá,'e/ rrtllllformação 1/(/ hisrória da rracção eléctrica da cidade do Pono. Para aqueles qlle l,jver(l1/1 os momentoS de o:.iifallla, dl! imcl/.flI (Ic/il'idade. daTldo rudo l}{Iro qlle a "'pressão do ,'apor "i/o /)ai.wu,fC» 0/1 para que .H] ,\'/d,stirllisse //1110 l'áll'lI/a ou uma jl/llta em rroha/l/os conrra-rel6gio "po/'quC! os eldcrrico,\' I/(io podiam par;lr», ..

224


II CEf.tTRAL TERMO-ELtOR/C,," DE MASSARELOS

Rclat6rio de 1961 .,Como prosst!guimelllo fógico da awori:ação millisterial a qlle 110.1' referimo.\' tiO Relatório do afio pl/Ssado foi adjudicada cm COI/curso /Júbfico a lima firma llaciO/wl. II de.fmOlllagem e I'ellda das illswla[fJes efectromecállicas da Ce/llral de A1aS.\'llrelo.\'. tClldo os trahallw.l' sido illiciados em 25 de AgoslO. Embora teflha sido fixado III/I prazo de 8 meses. prcl'é-.çe qlle 1/0 primeiro trime.wre do próximo mI(} li evacuação dos marerillis esteja roralmellte cOI/c1uída ». Relatório e contas de 1962 .,COIlc/flifl-.fe /Ia /. trimestre li desmol/lllgem total das i1lswlapies prod1/roras de energia. passalldo este deparfamemo (rede e telecomulIicações) a ser orie1ltado eXc//I.'ih'omcllfe 1/0 seI/tido da e;1pforaçiio. 11/OIIlllgem e conservação dos .\'I1be.\'façõcs de trml.\formardo. seccionamento e rectificação e do si.Hemo de relecomwlÊD

c(lrõe.~ ,. .

4. A preserv:'lção c reutiliza ção do edifício como espaço museológico A central de Massarelos foi construída tcndo cm vista a sua runcionalidade . A sua arquiteclUra asscmclha- sc a alguns edirfcios cons truídos pela Europa e com a mesma runção. 'ão nos podemos a penas 100mentar por grande parte da maquinaria ter sido vendida ou dcstruída . ou até pelas várias altcrações do ed ifício fruto de uma evolução natural da CelHral. No entanto. na Central h:'i ainda muito a conservar. tanto no que diz respeito a espóli o que ern pane integran te de si me~mn. de:-;de 01 su:! o rigem. bem como o próprio edifício. e todo o restante espólio que hoje compõc o Museu do Carro eléctrico e que já conta com: -

Colccção de carros e léctricos e ::ltrelados

-colecção dc tarirário fo t o~ ra fi a:o.

-

colecção de

-

documcmação de arquivo c bibliotcca relativa à tracção cléctriC:l

Mas como roi que a Central conscguiu sobrcviver, lima vez. quc roi prati camente desactivada nos anos 60. perdendo nessa data a razão principal da sua existência. ou seja. a produção de encrgia eléctric:l? Normalmente um edifício em estado arqueológico elllra rapidamcllle e m degradação. Mas no caso da Celllral não foi isso que se passou. pois roi desactivado só o que d izia respeito à produção de e ne rg ia eléctrica. continuando como subes tação c co m o utras actividades a desenrolarem-se normalmcnte (serralharia. carpintaria, secção de baixa tensão, bem como uma pane reservada, desde sempre. à recolha c manutenção de carros eléct ricos).

.

225


IIENRIQUE MANUEL CO.\TA IJIAS

Actu:.llmente :l Subo.:stação que ~e siW<l na nave do lado poente ( Ru <l d:.l Boa Vi:.lgem) teJll :.linda em actividade: 2 rectificadores Brown Boveri que datam de 1931 de ] 000 Kw c,lda I rectificador Brown Bovcri que data de 1948 de 650 Kw Transformador de 15 OOO/550V 2 transformadores Brown Boveri 2 transforll1<ldores ])I!rtença da ED P de 15 000/5 OOOV A1aterial dcsactimdo: I 2 I [ 2 2 I

rectificador de 193 1 brown boveri cOlllu tatrizcs .~imens 500 kw transformador comutatriz simens - 200 kw (conlum il) di ...junlOres de entrada da Subestação da escola normal de 194M rectificndorc:-. simens & ~hukert 805 kw rcctificndor brown boveri

E sta nave que j(i é actualmente ocupada em p.trle pnra CXpOS IÇOCS tempor.írias e outros eventos geridos pelo museu. poderá vir a ser Illuse:.llizada na s ua tOl3lidade o que facultaria ao público cm geral mais um espaço s ingular. Na nave cent ral ellcontra-~e actualmente a exposição permanente do museu que cont:.l com 13 carro~ eléctricos. 5 mrelados. 2 zorras. e 3 carros torre (2 automóveis c um eléctrico). Di spõe ainda de peças intimamente ligadas com a tracção eléctrica. como combinadores. induzidos, fardamelllO, fotografias, passes. Todos csta:-; viaturas foram restauradas nas oficinas da Socicdade de Transporlc,; Colcctivo:,,; do Porto, paI" uma equipa especializada para o efeito. Até ao mOlllcnto os enc:l rgo~ têm ~ido muitos. e :,uporlados pela empre:-.a. Dispõe ainda de gabinctes administrativos, c um espaço rcservado :1 arquivo de documentação c reseJ"\'a~ da~ colecçõc .... Quanto ao:. do is edi fício:. denominados, em tempos mais remOtos, por «depósi to de carros» . os mais antigo,> da estrutura da Central quc se situam do !ado a rua D. Pedro V. são actu31lllCnlC utilizados UI11 delc:. por oficinas c o outro principalmente para a rccolh3 dos carro ... eléctricos da carreira diária. Neste momento. CS!.""i em cun.o um projecto de remodelação do edifício pelo arqUItecto Alcino Soutinho. que dentro em breve scr.í posto cm marcha, c que contemplar:i a adaptação de e:.paços já existentes a .ireas novas (como auditório. rcstaurante e bar. espaço para serviços educmivo:-; ... ). Mas o Mu ~eu só estará em poder de todas as suas faculdade:.e para além de todos os melhoramento:i illlerno~ (Iue estão cm c urso. a linha 18 e mesmo a linha da marginal. linha I. Ê imponante não só par3 o público. utilizador diário do carro eléctrico c «amante ... » dos mcsmos, corno para o próprio Museu quc as linhaS focadas se mantenham por duas razões fundamentais (e que muitos se esquecem). Em 226


ti CEf','TRM~ TERMo-ELl:cnucA DE M ASSAlU:.LOS

primei ro lugar. porque são duas linhas históricas: bastando dizer. que a linha da marginaL entre o Infante e a Foz (posteriormente ampliada até MalOsinhos) foi a primei ra linha a ser inaugurada na cidade do POrto em 1872 (ainda de tracção animal ) e a segunda linha. li ser electrifi cada em 1896: quanto à linha 18 concretall\CnlC O troço de linha entre a Cordoaria e Massarelos. via Restauração. foi :1 Prim eira Lirtha de Tracção Elêctrica inaugurada na Peníns ula Ibérica: e m segundo lugar. porque um museu desta categoria não poderá encerrar a.<; peças numa sala de visi tas. po iS todas as viaturas estão opcracionais e deverão s air ii rua dando desta forma uma nova vida às próprias viaturas. Existem também ca rros recuperados para viage ns programadas pelo mu seu . sempre que so lic itudo. que podem ser defin idas como sim ples viagens turísticas ou como um complemento às visi tas escolares. Terminar em definit ivo com :1 tracção eléctrica na cidade seria acabar com um património hi stórico esse ncial da nossa cidade. e com um potência! turi .~lico singular. O Porto. tem de facto. de assu mir- se como Palrim6nio da H umanidadc co nservando não só aquilo que d:'i «j eilo » mas também o que necessila de algum investimento inicial. Ne s ta fa se cm qu e mui tas c idades europeias adoptalll novamente o sistema como uma alternativa úe u·ansporte dentro da cidade, o Porto tendo ao seu dispôr carros e léctricos «quanto baste» (necess itando de alguma recu peração ~ certo) e carris na via. não pode desperdiçar eSla oportunidade.

5. A lgun s dad os estatís ticos relativo s à Central de Massa r clos.\o VEND A DE ENE RG I A E LI~ C TRl CA A1"O

RECH I',\ m: VE1"IJA

19 18

19199$6:'1,5

19 19

63 t5565

1920

29 114S$70

1921

21690$78

1922

-

1923

211 87ó$42

1924

233541 588.)

1925

-

1926

258 506$9 1

1927

106 029547

1928

117450$52

t <)2<)

41 928$27

19)11

291 13S t6

1<)) I

23031Sl1

1932-1942

227


HE1\!HIQUE Mt4NUEL COSTt4 DfAS

ENERG(A ELÉCTIUCA PRODUZIDA E RECEBIDA PELA CENTRAL DE MASSARELOS (EM K\VH ) ,1.:"0

1'1I.0 IllJ('ÃO I'RÓI'IIIA " II II

1943 19-<4 1945 1946 1947 1948

19960 900 20479600 23 OgS 900 12288 100 19118850 28951500 31! 273 SOO 31930 100 25860 300 32110500 359 16600 31 400 I!OO 19240300 3104 900 13582126 3136500 16300

'''''.

1950 1951 1952 1953 1954 1'J55 1956 1957 1958 1959 1960

II ECEIUOA liA li.. t:. P. 13346590 11019100 9523200 16 461! 150 13614980 S 550 850 26 10891 27078 10 S 189950 3632040 4274 400 5658065 14745229 (d) 29 758 356 (c) 24794 190 Cc) 3191)3415{<.') 35359095 k) 33986690 {d

-

I,,)inclu, 1100 ""h

fom~c"lo. I1C1o~

TOTAL

S. M.G.1õ S......

33307490 31559300 326 12100 281561i50 32133830 37503450 (/I) 40 88J 697 34637910(b) 34050250 35742540 40191000 37058865 (c) 33985529 33463256 38376316 351299 15 J5 375 395 33986690

'ço. M \lni,ip~" ..., G~s" I;..:clrlcl..~dc

(/,ji"dui 1200 l"h I"mtti.:k>s pcl"" S M GE. I ... mel.. i _ ~S h hlfllCCido> ~ Aab....".l &. Wil",,~ (ti) I 209119S d;I UF_ I> ~ IJ S3S J,l.I """ S.M.G.~

m ."..

(ri ",,-..,b,d~ 010. SMG F

CON$ Ui\!IO DE COMIJUSTfVE IS NA· CENTRAL DE MASSARELOS (EM KGS.) ,\:"0

1<).J3 1944 1945

''''6

19.11 19.18 1'.14<) 1950 1951 1952 1953 1954 1955 195(, 1957 1958 1959

'960

228

S. IHlIIO

CA IIO

IlAÇO\ A

~ IOS IlF.(;O

39 <}()9 700 47637360 60891880 l7611 030 35409510 56850575 67879030 .17893350 .10052750 50390170 61 168460 .16725880 31.130'.190 6981680 28 450 170 5847900 57490

-

-

68200 82 000 97350

-

-

PrJÃO

-

-

-634840 1 295820 134840 18200 20230 292390

-

-

-

ESTRAI'CEIII O 26300 25500 392 192 703658 I 152320 248260

99 "'" 53060 7903.1 56772 82835 .16.:lO5

40000 4 135 535235 37 1 496 9965

-

Ó l.f.O

182

'"

16980 92 17 .1 41 2

6003 2 513 '6<>4 825 683 1442

.

"I 523

479 II 869 400 705.5

-


,\ CENTRAI. TERMO-EJ.ÉCTRICA DE MASSARELOS

ENE){G IA ELÉCTRI CA rORNECIDA PELA CENTRAL DE MASSA){ELOS (EM KW H)

,\ r.:o

Á u_ ~~ I'

1943 194.:1 1945 19.:16 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 ]959 1960

6.:1.17.150 418R600 .:1441.:100 I .:127 500 .:1 021200 5.:113910 8196297 3942086 3 ]98 765 3271800 7260 000 4 196100 1125418(b) 6tI656(b) 3 11127]2 (h) 569640

(II) E""rgi~

ÀS '\[INAS Il~:

A TEKCElKOS

19 16120 1 801 600 1 55.:1 520 1 738820 I 66R HIQ I 690370 5.:16 09Q 121.:10

429 180 613 970 4297.30 ~36 180 .:132910 452370 5921.:1 62 ol53 27 132 6000> 2219 1 163 64 912 82 1]7 100 899 24497

4800 500

-

-

--

-

-

-

fomeci,b

OE S. I'EUKO [l,\COVA

'0 -

I'A K,\ ,\ KEil.: DETKA CÇ,\O

Er.:E-:KCIA CO~SU~[IIlA EM SEKVIÇOS AUXILL\Rt::S E PERI),\S

17897370 18065660 1883 1 930 19047260 19554040 21442180 2244245 I 21739740 223R I 190 23112710 23480 140 2384.:1 870 25030461 25490042 270 15374 268811\03 27679160 26497 560

6617370 6889.:170 7 J5.1 520 6 107090 7056 S70 8504 620 9640645 8881 .191 8238363 9297526 94ol86-11 9016732 7764 738 7179421 8077331 7652975 7696155 7489130

~"s S.M.G,fi.

ENCA KGO CO RRF.Sl'Or.: [)F.I<>T],

CUSTO ~ntlJ[o no

1.:11'11

lO""

33991171

104437)0$80

S307

1961

34 116531

10446018S60

$307

1961

34 606136

10582614S80

S305

Ar.:O

.:NEKCI A KEO: HIU,\

1\ \\"11

229


HENRIQUE MANUEL COSTA DIAS

NOTAS I. Rel:nório apl'e.'erl!;lflo "- AS.~emb leia Geral do~ ~cnhorcs Aecionis!H' cm 16 de Feverei ro; Gerenei:l de 1892. p. 13. 2. Relmório apre~cn tlld o 11 A~bcmblei:t Ger,l l dos Senhures Aeciunbta~ em Fevereiro de 11194; Gen:ncia de 1893.1'. 17. 3. ltel:l\ó rio apre.,c mado 11 A,~emblem Ge!';! 1 do~ Sen hores Aee ioni .~ ta~ em Fevereiro de 11194: Gereneill de 1893. p. I'.). 4 KclmórlO aprc-'-Cntado ~ A~scmbh;;!a Ger.. 1 do~ Senhores Aceionl~!a~ em 16 de FeveI"Clro de UI9.5;Gerenelade 1894.1'. 17. S. Relató no apre,..;-nlado ?l Assembleia Gera l dos Sen hoo:s A ceiomMa~ cm Fe';creiro de 11194; Gerencia de 1893. p. 19. 6. Rd"t6rio apre;.c!nl"do 11 A~'ernhh: i a Ger:11 do~ Senhore~ Acciolli~!a~ cm Fevereiro de 1894: Gercncia de 1893. p. 19. 7 ... 0 R"·'IIa/1' dll COI/Ce.Huo de 19()ó à Cll,."S llo /'or/". Clilllllfll MUlllcjpal d" POr/m., '"01 I . 19S4. p. 351. 8. Rdmúrj" til! Commi.,·,wio ll't....m l'" II"S IICUl.r lI" COI/xelim d ·tltlmmi,'"lfll\·ã" lia Cm"l'wlhia Carn." d" Ferro II" p",-/" NOllu:",/u I'm A.r",,~mb/eUl Gemll/e J dI! fel't'l'f'im 11t' 19 1 I - MCE. 9. Cmu"lwlJil! III' V;aÇ/Jn Eléc'/r;cfI ,II} Pllr/fI - fialmlço 1"t1<'fIllu 1/ 15111' SI'/e/llbm li<' 1905, p. 4 . 10. JUJfljiCIIÇI;Q l' 1'.,·d(lrI'Ô "'f'nllJ (10.1' prtlf"')·;Çf;e.f (l/lr,·.,·",IIIl1(/II.f "" (''''''pleml'''''' ao IIroje,·/o ,Ii' /rtll/·if"mlflç{IQ e flIII/JJiflj'l1/J tln.,· trtlIlHI'/n'''' do P"r1/l, afJfJrtI\,(l/lo i'1II 19()9. p. 10 - MCE. t I . IJ",~ " Pac/wro Amorim _ A C"'''pan/úlI Corri.f l li' "''''TrO d" Po"o, 1'01. I Coimbra 19/55.

pp. 183·184 12. Rl'lmórm dfl CtJJUlIII".,i1o lJ'I'.UlIU'" nos Qcttu ti" ("llll.I·e/h" lf ' tlt/",mi.,tr('Fio l!tl Com/mn/lla ClIr,,~' ii", Ferrtl ,I" PuTlfJ Nomi'IIt111 elll A.fle/llbll'Ul GUUllli' J 11t' fi'I·t'rt'im (Ie /101/1 INIl:. IX {"'IIIUS.5- ti /S- M CI:". I 3, À~ 20 c:tldeif:1~ in idais jU III ~II'U1I1·~e fII~i~ 6 idênlica~ cm 1920 - ln BEIRES, RodriJ;o Sarmenlo de -" f Nm'lI,f IIUllllllrik.f tllI C"mml Eliclriru de M(lno,.e1f1~ do Cmll/Nlllh;l/ Corrj.~ tle Ferl"o,

Sepa..!! .. do Boletlfll da A .E.C.N.I', Porto. 1933. 14. ,,",Ia, c:lldcirJs, eon~u'lI rd"s mi SUClélé unomymc.' de~ Ancienlle, tlnbtimcnl~ Loui., De Nayer, de \V ithbrouc\., _ !3 é l ~ iea, erllfll llIulti1Ubularc~ c co m eapacid"dc de ~ei, lI1elro~ cúhico~. T inh:un ul11a ., upelfíele de aquccllllelllo de amo e C lllqUCIll~ lIlelro~ quadr.. dos, timbrada" Oll/.e '"Iuilo~ e dcveria ~er ell. llCrime nlada à prc~~ão hidráulic" d e dCl.a,~ete kJ; . Era prov ida de aqueccdor dc vapo.r C'lm IIm:1 ~uperfÍ<.;le de aquccimcz1!o de cinqucntu melro,. IS. A, Çllll.:l~ Cf:1f11 po~leriomlenle lrunsPQnad~. uo que se ,~bc p;Lr.. pelo rnC1LO~ qU"lro locais: par:I un~ 1<'11\:110'" na rua de G01Ld~rtrn; par.. um alenu do~ Icrreno~ n nde.'\C ~ltua :I E.'<Cola Ind ús!ri:11 Infarne D_ Henriq ue (Doe. 14,46); para a) erllulheif:1s de S. Pcdr,) da CO"a; pum O CaMek. do Queijo, jUlll0 li anti{;:L Subc~laçllo do Ca~lclo do QueijO (onde c~tá hOJc in~lalado o caléJ;lo Luso Inlcmacion,,1) lerreno esse ~luS"do;lo Conúe de Campo Bel lo. 16. 2 Al!emadores de 1050 K VA c 5(X)(J Volt:> (e c.'puço p<lra mai~ I ). 17.3 Dyn amo ... de 1000 KW e 550 Voll, (e ..:~paço p"ra mais um ), e U Il1 dynamo de SOO KW e 550 Voh,. I~ . E~I:" máquinas "ulI. i l iare~ C!'l UU a~ ~eJ;uime)o; 2 COl\1ulalri7es dc SOOkw que convertem eUlTCme ahefZl;lda cm corr~'lI e canlinu:! ou vlce-ver~a: 2 gmllO' eOO\'erMlL'e~ P;II':1:1 exc imção do~ ahem:ldore~; I grupo <ur",oltcur-dé,"ol!~LU·. de I'i r:mi. pamlr.lbalhar COIIL a OO!Cf<,,·I:lIu pon; I gmpo dévalleur 1'"r:L O~ feeders de relomo d:J Pr"ç" d" Lihc:,-dadc; t '). !'revla-"" a in,tat"çào de mm~ duõl~, 20. Arqui\ o do Museu do Cunu Eléctrico - Doe. 4.4 MCE. 2 1 Vinle e ~i, e:J ldeu'I.' de Nayefc um:. 1'l1'O\'cnicmc da Cenlml da Amlhida cm 1915. 22. I'mjeclo de modifiea~'ã() da Centrul de Massarelo~ - AdapL:lçllu do editieio à Iflslalação do~ Im\'o~ grupo" Arqu,vo do MCE. N'" 3S0 23. Projcclo de modificação que se pretende c lcctuar na ~ala de C"ldelr;L~ da Cemral Eléclric:1 de i\'l a~~;lrelo'. Arqui\'o dn M eE. 24. AflJlJt,O i\lCE-Dnc_ 14.77. 25 . 1',",,"fI'\"//! IJf/rff" E.LIHO Sr" A(I'/lI/w,/rad"f' O deJ!lUlo da CIWI/HllllúCI ClIr/'" do /'fI"O. aprc~cnlada pel~ firl11;1 Tccno-COlllcr~ia l . Lda. do Pono- ReprCsenl:Lnlc d:1 W nhhcr &:. C" CII1 28/t 1/19251 Anjulvo /l. ICE.

230


A C/INTRA!. TEr~MO-ELi:crR/CA DE MASSAI?/:.-LOS

26. Pemllli:llll pllup"r cerca dc 30 w llcladas di;iria, de earvô'o que l<!ndo um (,:u,to <./1' 25S()() :. IOl1clad:l. dav:l no fin:ll do :l110 UI1lU redução na" de~p<;sas de 270000$00. Par. . . além do ":II"vão 1'''l1h':l11 a lllão-de·obrJ poderia >'Cr reduzida ell\ 1)Clo meno, 15 ojX!ní riu., cujo ,alário rondari:1 12$00 por dia que daria no fi,,:, 1 do ano. ul11a diminui~'ão no, s:llário.' de 6S 000500. 27 . I'mjn'w d,' Amp/i(lr,;o (/(1 Celllm/ ti" MlIx.wrl,ln$ tI(I CCFJ> - MemlÍria d/!!lc,·ili,·{/ e jll~lifiC(II"1"I1 / Gabinete de de!>Cllho - Cemr:ll de Ma'Mlrclo.'. 2S. 1\ In., wlação projeel:ldô' eomp":endi:l o >'Cguintc: duis ~el~.dores de vapor \V:lllher & a. o turbo·· grupo gerador de cnergi:l cléctric:l ~ob" fonn:l de eorrCllle lrif,isic:l. e Os grupos conversores de corrente lrif:hIC:l cm corrente comínu". Vi~IO uma p:lrte da (,:(1crgi" proou7.idu p<;lo lurbo-gmpo ser lr:msformada el1' conenle en,uinu:l na própr", cem!":l1. C(II'(ll;I('I'ÜIIL'lI~ ,/" Grlll'" ",rIJo· ger(/(/"r Tipo: I1lrbina com dOI~ clhndro,. com duas deri>'''çoc.s de vapor para dcslilaçilo e :lqlleeimcnto da ,ígua d" ,ilin"~nt ,,ç;;o: l'rc.'.';;o de ó1dmi.,são: 25 ale.: Temp"r.IHlr:1 do vapor: 400"C: R<J1aç"'c~ por minulo; 3000: Condcn,ução por ,up"rfici,,: condens:ldor duplo limp:'i\"cI em nmrch:l: De~cargól livre aUlOlIl;\tica :lctuôll1do ~oh e:-"cc.'''-J d<.' ]lrc~~ào no condcn~adOl' e podendo ser m'lIIualrne,m: ,nanobrôld:l: 1'01êncla Ill:ll' ecol,6mlca: 4 000 K\V: Pote"cia m:'iximôl continua: 5 (l()() K\V: Teu,ão ~'un\po,la:'i 250 V: EnrobrncnlO do stalOr: cSlr<.' I:r: Excitador no extremo OU '"CIO: Exc.ilação indepcndcnte [1o.,~j\'el com o~ grupos de cxeil:.ção exislente' mcdi:l'lle illlerp.."ção d" um rcOSlalO de CôllllpO no circu;1O do rOlo .. : Tens~o nonnal dc cxcilaç~o 125 v: Fillro de tlr Vi.'oC1I1 29. Nó' linha que percorria a ~al;1 das caldeira~ exi'lIa un1:l h:llança 110 10cOlI onde enun e:lrrC);ad:ls as C1l1W'. E'I:l b31ança era utili/." tllI ,obreludo p:lr.! ôl p<;ssôlgcm dn~ ZOlT3S quando chcgav:un com o caTV;IO de S. Pcdm da Cova. 30. Relatório de COnlaS d:1 COlllp'lIlhia Carris de Ferro do POMO. 1934 - ArqUIVO do " ICE. 31. O consumo do can~o e .I" :lntrôlcite nacion:ll fOI con,ider:ldo por C"rlo~ Michneli .< de Va.~conccllo, na obra " C/JI'frilmipio Iwrn (I E!fllltln fim C"r";i.'.' N<lcinn(IiJ'~ como :1 «natal lia do carviio». ,cndo necessário lazer nu:~mo um:l propOlgOlnd<l par:1 o consumo dos C:U'\",>c, JlacloJl:si~. O carv,,,, e Hntracite ga~to:lO longo dos mIO)' na Ccnlral de M,,~,:u"Clos leve v:ir.as pm\cnicnci<ls. No principiu do ,,,culo era utiliz:sdo qU<lsc exclusi\':Illlcntc o carvão inglê~. Com a <lbeMu"l da lil1l1:, de lmcçiio el~c(ric:l pilr.l S. Pedro d~ Cova em 1918. coincidindo COI\\ a diliculd,lde de irnpoml~'ilo devido 1\ I.' Gr.mdc Guerra u car\";;o e antr:lcite qucrrnado ,m Cel1l1'al P'I"OU a ,er qua,e exc1usiv<lmeute de S. Pedro d" Cov". ,endu fornecido tamlXm no~ :"'o~ qunrcnlH pelt, Cam Mondcgo c Peji"lo. Não foi por ac:r~o 'lue o Prcsidente d" Répuhlica visitou c ncre"eu o que e~crc"ell <lCel"C,1 do que viu na C<:ntnll de M:,,~arclo.< ... 32. Prtljeclo de modificação da Cell tnrl de M~>s:lrelo - Adapt,,\'ão do edificio ii. inSl:l!:Jção dos novos grupo~ I ArqUIVO do MCE N" 350 A c 13. 33. f'mj('('f(J llc Amplillpill da C ..ulml di' M(In"(Jre/o~ d(l C"ml'fllllria C('''''i~ (Ic I·.,,.,.,, (lo I'nr/". /937 - M ..,,,,;ria llcsC";liw,' Jn'·lificmi,·ul Arquivo do Gabi""l" de Desenho. 34. O IlIl"bn-grup'o :Idquirido foi d:l 1I1:.rc:l 13ro,,"" 130veri & C' . 35. E'll 1~31 foram aplic:rdo~ doi .' recljncôldore~ Brown 130\"eri & C'. a \'apor dc mel"Curio de lOOOKW. 57SV. COlll d07.C iinoou'. Ç"J1,I~C' da, scguil11e, ,Obr"cargll': 25% dUrJnle mei:l hOI":1 "plic:lda li .,,,suir a um lr"balho de 6 hor;ls COI1' Ol plcna e:lrga c. 5()% durante meia hora depois d<: um In,l1alho dc 6 hor", eom 9QO KW. Foi já ne>,:' d'l1:> dci~:sdo e>p:lço p<lr.. In"i, t"rue ser i'1'!:tI;,do Outl"O rcel ific",Jol" igll:ol uu de maior capacidade. o llu" veio" "conlecer cm 1937. 36. C"":lcleri,tic"s da Caldeira I.l:lh"od: Wilcox: Tipo - ca ldeira eom lllbo, de água t"racOlmellle indin"d ... ,: C:lpl'cid:1de - cm marcha nOnll:l[ -contínua. 19 000 Kg/hor:l. em marcha forç:ldOl continu:l. 22500 Kglh ....m. cllI l11<1rcha forçad3 irucrrnilCll1e, n hom 25000 Kg/hanl: Prc.";Õo creCI;v:l- 26 ale (podc ndu o~eil<rr c!llre 24 c 28 :lte): Tcmpcra\Ur<l do Vapor _ o>cilávcl d:1 1n:I1\:h~ "m vazIO ii m;\'"eh:l eom:l carga mhim:1 enlre 32(,· c 479"C: $upcrCicie de aquccimclllO - 47'.1 r11~. de -.obre"l[ueci1llelllO. 21 1 m~. de gr<:lh". 26.75 1112: Aquecedorc, de :lr ]1:1ra a combustiio - ~upcrfi~';':: 642 ele,.aç:io dn tcmpcrJ!Ur" du ar de 30''C" 15O"'C: Econol1uzadore., - supcrCiçie. 2BR n':!. aquecimento d" águ:r de :llinlcnt3çJ.0 de 125"C a 17Q"C em e:lrg;\ norma l: A C:lld~'inl ,er:. rnú"id;l _ de doi, indic:ldorc~ de nfvel de águ:r visivei, do 1'1>-0 do fogueiro. de um terceiro indicador ele uivei de ;\gua. a di~tãnci". tJue ser,i lnswlado junto do pô~to de cOI11;lI1do do l:!cr..dar. d~ U!ll manómetro ;ndicador da prc~são uo v"por também vi~f\'el ueste posto dc com"ndo (manómelro que ler:. a "11,, prop,i" par" " ligOlÇ;"iO do 'mm6111etro pôldl~10). e finalmente de du,,~ v:ílvubs de segunmça como prcc<·,tuadn por lei . 37. Ver d:ldos c.'I:Hf,tieo, de ve'lu" de em:!"si:, 38. Ar'lulvo l\1u'<:u do Cam) Eléc trlcO_ Oocumemo 1.64 MCE. 39. Ver estatísticas. 40. Dados recolhidos no, Relal{,rius e Coma, d" CC.F.P. e S.T.C.P.

°

.'U"

Ill".

23 1



EMPRESA ELECTRO -CERÂMICA DO CANDAL - UM CASO DE RECONVE RSÃO FUNCIONAL J Ol\QUIM MORAIS OUVI;IHA

(ArqullecLol

A ideia base desta comunicação é a apresentação de uma série de imaque servem de exemplo a um lema comum às áreas metropolitanas actuais: a reconversão dos espaços industriais inseridos na malha urbana em actividade

gcn~

ou não. Loc'lli7.ada em Vila Nova de Gaia. numa área e ncaixada entre a auto-cslr.lda e urna malha urbana de car6.çlcr rura l mais ou menos densillcilda com novas construçõcs habitacionai s especulativas c de fraca qU:ll id;Jdc. a área edificada di!

Empresa Elcctrocer:imica do Candal v:li-se desenvolvendo ao longo do tempo atra vés da transfonnação de um terreno de «quin l;J» num terreno de «fábriCl.h>. até à situação actual de Parque Industrial. O maior desenvolvimento fabril é coincidell\!.! não só com a fusão com o grupo Fábrica Porcelanas Vista Alegre. mas também com a consequente maior construção edificada. E... te conjunto mantém-se mesmo a seguir ao desmembramento da empresa e à nova operação de fusão com a Cerexport e seguidamente à operação de «partilha» entre famílias detentoras do controlo accionista. QUADRO

StNOPSE _ ACTI \I lD A DE

EI\ II' RESAR I,\ 1.

[n rdo ,]çlividade · J9JJ _ Mourlo e C .' - tugolrde Fome Rcgou.Jas - C;Jl1dal V. N. Guia -

VendalDc"mcmbraOlenlo

-70180

Eleclro-çcnimic;l

E.C.

G.G.E..

TUBOPLÁS CERISOL

VAGROUP

E.E.C. Fusão

-9Q

CI!REXPORT

São es[es dois momentos que interessam para o caso apresentado. Com a venda/desmembramento da Empresa. duas situações se depararam: ou a venda total por operação de loteamento industrial. ou o aluguer às novas «empresas» dos edifícios que estas já ocupavam. Tendo opIado pela segunda via e como o que está cm causa é o preço p/m2 • as próprias empresas arrumaram-se e reordenaram-se. o que permitiu libertar área outrora não disponíve l. OUlras empresas adquiriram os edifícios em que estavam instalados. neste caso fora do Pa rque Indu strial da E.E.C. É este o momemo em quc podemos considerar ter-se dado a instituição do Parque Industrial da E.E.C. 233


JOAQUIM MORAIS OUI'CIIM

A punir deste momento. com pequenas obra:- de mclhoramento c tranl>form:lçãu. os ediffcios são alugados a v~írios tipol> de el11pre:-as de serv iços. Com a abertura da 110va via V8 e a ofcrta de novas acessibilidade:- e a valorização dos terrenos marginab surge a oportunidade de apostar definitjv<lmente na manutençâo e na construção de novos es [mços como ~ o caso do 110VO arma7ém recentemen te construído. Mai" unla vez. é unw empresa j:í instulad:1 c tamb~1l\ com hipôtc!'.c de .. afda do Pa rque Indu!'.tri:ll a optar pela perm3ncnei:l e OCUp;lção do novo edi fíd o. mantendo-se no I'arque Indu,>trial da E.E.C.. Pensamos. peta que ti vemo,> oportunidade de {)b·~er"ar. que a sÍluaç1io actual do Parque I ndu s t ri~11 da E.E.C. é um bOIll exemplo da pcnnanf: ncia da Illemóri:l industrial cdineada da cidade . através de ullla operação de reconversão. JH:llllelldo de alguma man eir:1 um certo lipo de indústria'> limpas n.1 cidade e COlltribuindo p3ra de,>envolvill1ento urb3110 c 3 relllllbili . . ação de (ireas industriais Il'adi Cilllla is.

°

234


I:.MPla-SA 1: /.~Cl'H.OÇEN';'MICA DO CANlhll. ----~~~ .~--

...-.-

2 .. PAVlIIVITO OOS FORNOS

-

EMPREZA ELECTRO·CERAMlr A'- - - -.. ,a '" ......,

UloaL cna

-

5'tCç AO DE PRU/SAG

235


JOAQUIM M()RMS OUVI:'RA

---

..........

E,..PREZA ELECTRO 路CERA/IIICA , ,

-

--

Sf;C莽l0 OE I'AI!NSAS

236


EI.I::crNOCENÂMICA DO CM,.'f)AL - - - E.\JI'NESA ---

237


JOAQfJlM MORAIS OJ.II'l::/IM

23li


EMI'Rf;SA EI.I~crHOCERA.\fICA DO C,\ND,\/. ------~~~~ ~---------

239



o PÓLO INDUSTRIAL DA SERRA DO PILAR GONÇALVES G U I~IAR,\ES

Terreno agrícola desde a sua ocupação mediev<l. viu desde cedo a Serra do Pilar chegar-se-lhe a tcnWliv;l de algumas indústrias . Já no século XVI existia perto da cmlida de S. Nicol au o «gui ndastrc» com que se cmaSlravam as naus construídas nas Tarraccnas de Vila Nova l . No início do século XV II há notícias de fornos oleiros na sua encosta poelHe. na travessa da Barroca. no caminho que ia da ru;.} Direita para o mosteiro da Serra1, Mas tudo isto muito cá em baixo. muito perto de Vila Nova e da sua actividade ribeirinha. A indústria. na acepção própria do termo. só aqui se desenvolve cm meados do século XIX. E na realidade não foi a Serm do Pi lar um dos primeiros «polos industriais» de Vi la Nova de Gaia. Se falarmos da «indústria» da preparação e lotagem de vinhos de embarque (Vinho do Porto e outros). tão intimam ente ligada à tanoari a. já pelo meno~ desde o século XV II que os armazéns preferiam situar-se junto à Praia de Vila Nova e Largo da Cruz. pois assim fi cavam perto do rio. Quando aí faltava o espaço d isponível preferiam a ru a Direi ta. a Calçada das Freiras. as Costeiras e Rei Ram iro. As novas empresas que se iam criando tinham de comentar-se em construir os seu!> armazéns a cotas cada vez mais altas, até que a c hegada do comboio às De vesas em 1864 veio contrabalançar a importância do Rio Douro como estrada, até aí única, para receber as matérias primas. os combustíveis e escoar os prod utos fabricados3. Desde as últimas décadas do século XV III que as fábricas de cerâmica se estavam a instalar na área disponível entre a Afurada e o convento de Vale da Piedade. a poente de Gaia. como por exemplo as f:íbricas do Cavaquinho (1786). da Afurada ( 1789) e Vale da Piedade (1790). Mas já nas primeiras décadas do século X IX. e ao longo das seguintes. preferem fixar-se na zona da Fervençal rrorrinha/Mesquita 4 . Ali se encontram as novas unidades çom alguma produção de serralharia (Viuv:! Rios & Filhos: <186I p. mas em 1858 a fábrica de cerâmica dn Fervença muda-se par'l a fábri ca do Cavaqui nho. devido às suas instalações lerem s ido parcialmente demolidas pela abertura da ESlrllda 1/01'0 (mais tarde denominada rua Genera l T orres). que d o alto da Bandeira conduzia i'l POnle Pênsil 6 . Não obstante esta alteração urbanística. que fez reduzir a área do lugar da Mesquita e separou a Quinta da Torrinha para poente. a zona da Fervcnç:l vai cominuar a acolher algumas indústrias: para alêm de ali continuar a Fábrica de cerãmica da Torrinha . fun dada cm 1843 e que só virá a encerrar depois de 19 121. junta·se·lhe a tanoaria de José Rodrigues de Sousa Gomes cm 1894 x. Logo adiante. na rua q ue veio a circundar a a nti ga Cerca dos crúzios pelo Sul. que em 1880 recebe o nome de Luis de Camões 'J, in stala-se também em 1894 a serralharia de He nrique José de Oliveira . q ue produzia fogões e co rres forte s w. Na rcalidadc traia-se de pequenas unidades induslriab que iam ocupando a periferia do antigo Mosteiro. conservando-se no enta nto relativamente perto do centro nevrálgico de Vila Nova: a velha rua Direita. o nde, e apenas a títul o de cu r ios idade. se assinal a em 1899 a existência no n.O 129 de urna «Agência

"

241


GONÇAtVES GUIMAR,iHS

-----'

especial para o registo e depósito de marcas. de~enhos e modelos e obtenção de privil ~gios de invenção». de que era agente Francbeo Gome~ Teixeirall. N.\ zona nane da Serra. voltada ao rio. tinha aparecido em data anterior a 1861 a fábrica de cola do Sr. d· AI~1ll de efémcr:\ duraçijo l2 e que deverá ler cedido as instala· ções para alargarnerllo da fáb rica de ccr:imic:l que por volta de 1861 ali se tin ha instalado no abandonado Hospício dos Carmelitas Descalçu:. D. que cm 1875 pertence ;1 linna Vie ira Braga & lrmijo c em 1897 a João António Vieira Braga. tendo depois em 1901) pertencido à rirma Ih rbo:.a Branco & C.~ e na décad .. seguinte a José Percir.. Valeme J únior. ex-propriet:'irio de uma fábrica de louças nas Dl.!vesas 'ol. O rio Douro c a nova Ponte Pi!nsi ! eram I!Ill meados do sécu lo a.~ vias apelmivas para:l instalação destas indústrias. Aind:l fora da Cel"Ça. mas do lado nasccrllC da Serm do Pilar. laborava de ~de 1883 :I Fábrica de Gelo e sulfu reto de carbono de Manuel Duarte Guinlólrãcs Pestana da 5ilva l5 • Foi talvez a disponibilidade de terrenos então mui to pouco urb.mizado:.. :.1 facilidade de acessos a ásua~ abundantes e sobrellldo O isolamento nc::ccssário devido aos lllauS cheiro:; produzidos pelo manuseamento dos derivados do enxofre que levaram esta fábrica a inst~llar·se na enCOSta da Serra voltada .1 Nordeste. tendo no entanto facilidade de :lcessos quer pelo rio. atravé:- do pono de Quebramões. quer por terra. pelo velho caminho entre este lugar e Vila Nova que passava pelo Sr. d' Além. Esta empresa. que encerrou ape na:; na presente década de noventa. em 1897 tinha como administrador Albano Cordeiro Cu,ciio e C0l110 mest re João PilHO do CoutO "'. Em 1912 denominava-se apena:. Guimar:ic, Pestana & c.- Limitada 17 mas as sua~ instalaçôc ... já tinham crescido e cominuarialll a aumentar até à segunda metade deste sécu lo. De 19~ existe no Arquivo Geral da Câmara de Gaia um pedido de ampliaryão para as ~llas instal:lções que emJ.o já comport~\V:lm vários reserv:uório:- de água. de enxofre, de carvão ,'egetal. paril além dos de sulfureto ele carbono. forno:. deste produto c também de olaria. tuna dc:.tilação Dciss e lima instalação Zahn ligada 1:1 respecti va chaminé. uma scn-alharia. um gasómct l·o de 50 rn'. uma cabine de 15.000 v e várias outras inst:llaçõc ... f:lbris. para além de conservar a~ antiga, instalaçõc:. de fabrico do gcJ0 1ll • Em 1948 a f:íbri ca pel1encia ao grupo d:l Compnnhia União Fabri]l'1. vindo depois a Integ rar·~c na Quimigal. tendo sido ence rrada devido 1:1 construção dn nova ponte ferroviá ri a. I laje cncontra·se ali in ... talado um depan::I111ellto dos Caminhos de Ferro Portugucse ... (REFER) elll parte da~ suas instalaçõcs. Em 1889. também na periferia da Serra do Pilar mas a Sudeste. inst:lia-se uma gr:lndc unidade de produç:io de vinhos c aguardentes denominada Real Companhia Vinícol:\ dI) Norte de Portugapn. que entJ.o ocupa extensos terrenos no lugar de Seguelos. incluindo o túnel da Serra do Pilar que começ:lv:l n:1 Quinta da Boavista (junto fi casa do Conde de Castro. ministro das obras publicas c perto de onde ,e Implantou u apeadeiro de General TOITes) c tennillava naquele lugar. tendo uma cxten ... iio dc 450 mClros 21 • Como a Casa Eiffel nijo construiu a porHe ferroviária no areinho de Oliveira do Douro, este túne l ficou sem qualquer serventia. tendo sido alugado em 1883 pelo Estado ao j:í referido proprietário d:l flÍbrica de gelo da Serra do Pilar. que daqui levava a água p:lr::I a obtenção daquele produto. Por esse motivo veio ele a integrar a direcção da Real Vinícola C0l110 seu fundadorn. Entretanto no início da Estrada /101'(1. que por Poente circundava a Serr:1 do Pilar e o ... j:í refcrido~ lug:lres da Fen'cnça. da Torrinha e da Mesquita. instalavam·se

242


o POLO INO U:,7RIAL DA SER/VI DO PILAR no final do século algumas pequenas unidades fabris. como a Tipografia Barbosa. de Fran cisco Martins Barbosa. Fundada em 1890. cm 1897 estava instalada no n." 32 da rua General T orres. mas em 1912 já se eneontl'ava no n." 30 da rua Senhor d' Além. depoh; denominada rua Cabo Simão23 . Em 1950 a firma pertencia a António Manins Barbosa. filho do seu fundador. que residia por cima da oficina 24 . Mas no final do século passado era ainda na Fervença. na ma do Pilar. na Calçada da Serra e sobretudo no Senhor d' Além que eOIHinuavalll a aparecer pequenas unidades produtivas. Em 1897 encomramos na rua do Pilar n.O 8 a tanoaria de Luís M;uia Teixeira e Melo e cm 1899 a de Manuel Joaquim de Sousa: naquela primeira data existia n.:! Calçada da Serr.:! n." 5 I a tinturaria de António Vieira: na rua do Sr. d·Alérn. também naquela data. inslnlavalll-se. a refinaria de açúcar de José dos Santos Rufino. as r:1bricas de rol has de Dias & Cunha e a tanoaria de Lino dos Santos que. no entanto. em [899. se Illuda para a Calçada da Serra. 31. quando no Senhor d'Alérn se instala a tanoari;l de Alberto Rebelo ValeJ1te1S . Vemos assim que até ao final do século XIX nflo há unidades fabris dentro dil illlliga Cerca do mosteiro: a explicação talvez resida no facto de os terrellOS ainda então serem considerados agrícolas e no facto do Ministério da Guerra. detcntor do usufrulO de grande parte desses mesmos terrenos. apenas autorizar a construçi:io de habitações com a condiçi:io de os proprietários assumirem o onus da demolição imediat;1 no caso da instituição militar vir a necessitar de toda a :ire:! disponível. o quc obrignria à expropriação dos terrenos cntret;lnlO vendidos ou alugados. Este segundo racto explica também porque é que muitas d:ls casas do bairro da Serra foram construídas em madcira e tabique. com o reboco recobeno a esC,rrllas de IOlls:1. e não cm pedra. O que dificultaria c onerarin a sua possível demolição 26 . M.\s se tal poderia ser aceitável em tenllOS de habitação. era-o difícil cm termos de construção de unidades fabris. muitas delas necessitando de est.ruturas e maquinaria pesada. No entanto. e socialmente falando, já na Serra do Pilar se tinham instalado algu mas agremiações de homens da indústria: em 1899 existia :tli a Cvopermi!'a de Crédiw e C0l1S/11110 do Prolcwriado da Serra do Pilar. com sede na rua Lu ís de Camões e de que cr:l cartor:lrio Zeferino DÍ.:!s da Costa. e .:! AS.\'cmhleia da Serra do Pilar. COI11 sede na rua Doutor Avides (depois Elias Garcia). de que era presidente da Assembleia Geral. Apolino da Costa Reis. industrial de litografia e editor27 . Ainda no tin.:!l do século erguera no gaveto daquela ;Irtéria com :1 rua Afonso de Albuquerque umas instal:lções modela res de tipografia e litografia denominadas Reol T}1)ogmplria c Ulhografia Lllsilana. Tendo iniciado a sua actividade no POrtO em [865. tr:msferiu depois a sua empresa p:\ra o novo polo industrial da Serra do Pilar. onde cm breve se dedicava também ti mctalografia (impressão em folha de Flandres). Em 1925 seria esta unidade fabril a primeira litografi a ponuguesa a imprimir selos do correio. até aí impressos no estrangeiro. N;\s suas instalações funcionaram igualmente as edições Pálria e AfJo/in o. Em 1941 a firma foi vendida peJos seus descendentes a A[berto de Sousa. proprietário da Litografia Nacional que de novo leva a Lusitana para o Port0 2!i. As anliga,~ instalações passam dcpob a albergar ;\ Fábrica de Artigos de Metal (FAMA). que se especializou em fogareiros a petrólco 2<J. Nos anos sessenta esta firma dá lugar a um depósito de garrafas de gaz Cidla e garagem de recolha e oficina de reparações de automóveis. que atê hoje ali se mantém. 243


GONÇAf.vES GU/MARÃFS

Regredindo outra vez no tempo. seria po is o rompimento de uma nova artéria pela antiga Cerca do mosteiro no início deste século que viria alterar esta situação: referimo-nos à avenida Campos Henriques. entre a entrada da Ponte Luís I. o Morro da Serra e a rua Luís de Camões. troço esse que hoje faz parte da avenida da República Jo. Logo nos primeiros anos ali se implanta a grande Fábrica do Pi/ar de Manuel Milhano Sanches & C.", unidade de fiação que fornecia as próprias fábricas da Covilhã, conforme se pode ver num anúncio publi çado 110 livro Mea Vil/a de Gaya de 1909 31 . Porém em 1912. no Alma/lach de Gaya. apareçe como Fábrica Milhal/O. enquanto que a Fábrica do Pilar é propriedade de Álvaro Júlio d·Oliveira. ambas dedicadas à fiação de lã e ambas situadas na já então de nominada aven ida da Repúb lica 31 , o que nos leva a pensar num conflito de apropriação toponímica. Mas não chegaram sequer a meados do século: ambas roram demolidas e os terrenos deram lugar a edifícios de babitação e comércio. Em 19 [2 estas duas fábricas produziam também artigos em malhn. que enlão se tornavam populares. no que estavam acompanh:ldas pela firma Gui~ maraes & Amaral com sede na rua dos Polacos, que igualmente fabricava sapatos de li ga e feltro~3. onde depois se vieram a implantar nos anos quarenta as MalllifacTUras Reunidas, Lda. (MAN U). empresa que deixou de laborar nos anos setenta e cujas instalações jM.em em completo abandono. Nos anos cinquenta este complexo rabril era constituído por uma enorme fábrica. um armazém, uma ilha denominada «Boa Saúde» (já então parcialmente demolida). ci nco blocos de moradias. uma casa dc habitação. num total de 8045 m 2. dos quais 4737.6 de úrea cobe rla ~4 . Na rua Cabo Borges nos anos quarenta existiu também uma outra fábrica de malhas sob a firma António Queiroz. Lda .~s. Outra unidade fnbril que se implantou no princípio do século na nova avenida roi a Fáb,.ic(I d'Aguardeme, Licores e Gel1ebms de Coelho Pereira Filha & Companhia. a qual em 1912 estava acompanhada pelos estabelccimentos de João Alves de Mallos e de Manuel Alves d·Olivci l·a. ambos na rua Luís de CamõesJIi . Mas o estabelcci mento «industri::l.l» mais ousado desta zona, no final da Monarquia. situava~se à entrada do próprio tabuleiro su perior da Ponte Luís I. Emborn não fosse então classificado como industrial. hoje não telÍamos dúvidas em reg i st:í~lo na «indústria do turismo». E o seu destino seria a indústria do mobiliário. Trata-se do célebre e eféml!ro <~Casino da Ponte» que ocupava um bizUlTO conjunto de edifícios entre ;J rua depois chamada do Casino da POli/e, à COta do tabuleiro sllperior e. lá em baixo. a Calçada da Serra. distribuindo-se por patamares pela escarpa abaixo. O edifício principal aproveitara as cantarias do demolido mosteiro de S. Bento da Ave-Maria no Port037 . Esta propriedade em ! 950 possuía três verbas inscritas nas matrizes urbanas, sendo o «Casino». isto é. o edifício principal. destinado il comércio e os dois :mexos destinados a indús~ uü. um dos quais sobre socalcos 3R. Em 1912 fora seu proprietário António Pinto Noval!.. que <lcabou por vender o estabelecimento a uma firma de vinhos que há uns :lnOS a esta parte a arrendou a uma fáb rica de móve.is 39 . Definitivamente inswlada li indústria nos novos arruamentos da Serra do Pilar. li RepúbJic;l veio ellcontr;lr. para além dos já c itad os. os scguim cs estabelcci mentos·UI : _ Fabricantes de capas de palha para garraras na rua do Senhor d' Além _ Conswntino CosIa c Manoel Joaquim Pinto, este último também com oficina de carpimaria. 244


o PÓLO INDUSTRIAL DA SERRA IJO PlUoR -

Fabricantes de cofres c fogões na rua Luís de Camões. o já referido Henrique José d·O li vei ra. que também fab ricava móveis. e na rua 1." de Maio. Joaquim Castro Si lva. Fábrica de curtumes na rua dos Polacos. de Sousa Ferreira & C.". Serração a vapor na rua do PiJ:I1·. de Serafim Pereira de Sousa Ramos. T anoaria. na mesma rua. de Manuel Joaquim de Sousa. Tipograrias. para além da já mencionada . na rua Luís de Camões a «Cinco de Outubro», que editava um jorna l com o mesmo título.

Entretanto também o sector dos vinhos se instal a na Serra do Pilar: -

A. de Pinho & C." na rua do Pilar; Correia & Braga (Suc.) na mesma rua: Eduardo Edmundo Cardoso na rua Lufs de Camões: Francisco Antón io Raphael na rua Cabo Borges: Manoel Joaq uim Pinto. que já vimos a propósito do fabrico de capas de palha c eurp intari a. situado na rua Senhor d' Além. Reis & Sá . na ru a do Pilar: e Rodrigues Pin ho. na rua Senhor d ' Além.

Este incremento das indústrias nesta zona arrastaria consigo outras actividades produtivas: cm 191 2 a Serra do Pilar tem sete padarias <lssim distribuídas: cinco na rua Luís de Camões e duas na rua dos Polacos 41 . Com tanta fábrica e tanto ramo não admira que os bombeiros municipais. sed iados na velha rua Direita (então já Cândido dos Reis) e comandados por Eduardo da Costa Santos. o paciente editor de Cami lo Castelo Branco. tenham a berto um quanel na rua dos Polacos~~. É que já em 190 5 ardera urna fáb rica de tintas na avenida Campos He nriques. sobre a Calçadu da Serra~ l e entfio os «sold<ldos da paz» procuravam localizar os seus quartéis onde eles mais falta fazia m. Passadas algumas décadas. !la rim da 2." Guerra Mundial. a Serra do Pilar continuava :I albergar um bom número de indústrias que a seguir se enumeram 44 : -

Caixotaria - Aronso Moreira na. rua I." de Maio, 29: Calçado - Jip , na rU:1 do Pilar. 12: Capas de palha para garrafas - Constantino da Costa. na Calçada da Serrn; - Carrinhos para crianças - o.wofa na rua I." de Maio. 29: - Cromagens e Niquel agens - Ernesto Pinto & Monteiro na rua Luís de C<lmões.525: - Curtumes - Fábrica de Curtumes Beira Douro. na rua Cabo Simão: - Dissolução para ca lçado - Alcino Pires Tavares. na rua Antero de Quental. 143 c Ham ilton Lopes Pinhal. na rua Luís de Camões. 5 [7: - Latoaria - Manuel Rodrigues Amorim. na rua Marciano Azuaga. 64: - Malhas - já referidas anteriormente - Material eléctrico - Fábrica de Aparelhos e Acessórios Eléctricos Lda .. na rua Cabo Simão. 50 e Tudel «Tudo de Electricidade. Lda.» No rua Particular do Casino da Ponte. I I aiS: - Moagem de cerea is - Moagem de Gaia, nn rua Luís de Camões. 342; - Ourives - Benjamim da Si lva Coimbra, na rua Cabo Borges. 183 c Carlos Alberto G. Curado, na rua dos Polacos. 12: 245


GONÇALVES GUIMARÃES

-

Rol h3s - Evaristo Moura & C.". na rua I." de Maio. 55: Sulfureto de Carbono - j á referida ; Tanoarias - Guedes Teixeira & Fernandes, Lda. Lda. Na ru;l do Pilnr, 6: T intas e Vernizes - A Esfinge de Annando Gomes Pessanha na rua Rodrigues de Freitas e M . Fernandes do Couto, na rua Luís de Camões, 474 ; Tipografias -Garbosa. já referida: Daniel de Castro Silva. na rua dos Polacos. 100: Manuel Martin s Ferreira. na rua Luís de Camões. 157; Mário Martins. na mesma rua. 494: e Rodrigo Pere ira de Lima. na rua dos Po lacos. Ao todo cinco t ipogrnfias na Serra do Pilar.

Quanto ao Vinho do Pano aparece-nos a fimll\ CO!Teia Ribeiro, Filhos, Lda .. com annnzém e tanoaria na rua Elias G arcia. 79. populannentc conhecida por «rua das pipa:-. » e cujas instalações ainda existem . mas com outra serventia industria l. a anodi zação de alumínio: c Rodrigues Pinho, na rua Cabo Simão. 5. O s vinhos de consumo e ;lguardente conti nuavam representados por Ribas & Rodrigues, Lda. na rua do Pilar. 20. Em 1950 na própria área de protecção do moste iro da Se rra do Pililr encont ravam-se alguns prédi os destinados à indústri :1. P3ra além dos que já mencionamos alguns tlllli s eXiSliil1l1 na rua Senhor d' Além ou Cilbo Simão, muitos deles já cm ruíllns. como os que e ram propriedade de Manue l Gaspar Rodrigues c mulher e de João Cardoso de Barros. No início da rU:l General Torres n.'JS 27 a 33 exista um prédio destinado a fáb rica de bo tões. propriedade de Alberto Pinto Cardeano, morador na Rég ua. Nos terrenos que eram propriedade do Ministério das Finanças e descritos co mo préd io militar. e xtraía-se pedra: assim. até 30 de Abril de 1939 . O EStadO arrendo u a Serafim Alves Frei tas uma pedreira na e ncosta Norte. junto ao Quartel e por despacho ministerial de 27 de Abri l de 1949 foi o mesmo co nced ido a Crispim de Sousa pela quantia de I 890S00 alluais'I.~. Muitas destas actividades indusllüis quase chegaram aos nossos d ias . Porém nas úllimas décadas quase todas as fábricas fec haram, uma após outra, quer as grandes quer as peque nas unidades. Outras partiram par:! espaços mais a berto!'>, Nas árca:-. que amigamente ocupavam. a demoliç1ío das suas estruturas. a li mesmo ll pÓS a sua transfonnação e reaproveitamelllO. ergueram-se prédios de habitação. de comércio e de servi ços. Hoje a Serra do Pilar já não é um palo industrial da cidade de Vila Nova de Gaia. Rest am algum; edirícios e ch'l minés a lembrar cento e ci nqueLltil anos de industrialização. Talvez :"eja ainda possfvcl preserVOl r os mais importantes e assim manter de algum modo \' iva a me m ó ria desta actividade. translorm <lndo as ru ín'ls em Património Cultural dos gaienses. dos portugueses. dos europeus c da Humanidade: dcixiUll0S como sugestão as ruínas da Fábrica do Senhor d·Além. os edi fíc ios da anti ga Fábrica do Gelo. a Cl:->:l do Registo. a Ponte Maria Pi a. o Casino dn Ponte e a Fábrica Marlll . Com eSles pólos é possivcl c riar um circuito turístico-cultural q ue rentabili ze para ns novas gerações o que hoje é jií quase só memória do palo indu strial da Serril do Pilar(,.

246


() PÓLO /Nf)USTR/Al. DA SERRA DO PII.AR

-----'-'--'

NOTAS I. A e>te prup..... 1l0 ,,~r rREITAS. E.A . .Ja Cunh~ e (1987) - A en",da.1c S. Nicolau: um pl.. itocurio.-.o no ..eculo XVI. III GnWl. Vilu Nova.Jç C,m'. G"binctc dc H i~t61'i:, c Arqm:ol\'J;ia. \'01. V. pp.131-136. A rctel'ência ao 8"im/n.I""· \'C III n:. p. 134. 2. A tr:1\'es~" da BarrocO! "imla hoje e~i<lc sob () nome de ma da Oarroca. emhon, nao lellhn <:IId'L Em h.·ml''''~ del'ia ligar u rua un Pilar 11 ''''enidn Diogo Lelle. m~, n" século XIX roi .:ortada peb ru:1 Geller,,1 TOITe.'. p;1~'ando o trO<"" n:lscente jj ne..<1C ,&ulo " de... ignar-,c por rua Guede~ de Amonm A~ rcfercnci:L" :l0~ fomo> cneOnlmm-,e em LEÃO. M ( 1 99~) - A olaria I'ilano\'cnse no .. éculo XVI I. iII /~,,/rlim r/n A •.It)clflç,ifl C,,/mm{ Am'K(u r/e' Gula. Vil" NOl;a de G;aj:L. n." ..tO. pp. 37--1S. e a.~ referência. l.·o,>crc':L~ :L,>!' IOrno" da tr.ll·e·••..:L da BntTOc:l IIfI n'L' pp . ..t1 e 43. 3. Sohn.: a indú<,ri:l. em Vila No ..a de Gai" ler GU I/'.IARÃES. J. A Gonçah·e .. (1997) - Memóriu/riMr>n,'" r/,,~' tllUlgOI' cnmeró",rre's .. "ul"~I~If"s rI" Vi/n Nr}l"{l ri.. C", ... Vil" No\':I. de Gaia. A~soci:l(i"ão Comercial c Indu."lrial A Soht"c:l. di .. tribuição d ...~ indúslo'i:l.s ccr.imica... t'III Vila No'"" de Gaia ver GU IMARÃES. J . A. Gon\·"ll'c .. [1'119..\[- 1.1 forno ce''':lIll1CO de St." Ol' /d,o_ Vi1:L NUI'a dc Gaia. ln ilrq"cQlol-:ir, /nrjllSIrIllI. 0"'1;" (a puhlicar). c ainda SOEIRO. T.: ALVES. J . F.: LACERDA. $. & OLIVEIRA. J. (1995) - A C .. rrmricll l'orfUl'lI.IC; 1','oll' r,7r> "/JI(JrI'w1rI1l11! I!.<lnlll/m.l I'''iflrrrrltu. Vila No\':I. dc C"i". Cilnmm Municipal. ~. /Jj'scnl'pio T0I'''I-:I'{",lúc(/ IIr Vil" /1'''''/1 ri,' C(/,"fI ... por João Am{,'lIo Monteiro d·A7.e\'cdo .... :lccrt'M.:t'Jlt"da ... por Manocl Rodriguc, du .. Sanlm ... Porto. I m rrcn~:o I(cal. 18l\ I. rI'. 186- 187. 6, D",ai,,,,·c;o ... p. 185 e SOEI RO 1'1 n/. (199') p. 2..\ I 7. AlmWIf/I'11 I{e CrlWl 1912. Porto. tll1prcn,,, Ci\",h7.aÇãu. p_ III e SOEl RO c(ul. (1<)1)5). p. 257. 8, GU IMARÃES (1997). p. 166. 9. OI!_lcr'/>(-"o_ p . ..\24. 10. GU I/'. IARÃES (1997). 1'.165, II. A/mm",1. 110 Puno " ~I!" rlmr;tlll IH,m U/f}<), Ponu, J. J, Vicirn da $,11;,. 1'_ 1..11 12. I)",·criprrin ... p. 190, 13, 13."1;1 ';íbrtC" ler.! "du lund,,,I,, por Anlómo t' M"nucl Rodrigues do, Samo,. '-'t'ndo e,le último 1:oll'e7 "aUlor da /J1!~'c"l'p70 "'''I',,~/'(Ifllrie{l rir Villfl NrJl"{l d,' CII"" de I R6 1 que não :. menCiona. m,l' "pen".. ;I fjbric:1 tle cola :/Ii in>tahnJ:o. 14 . AI"""",I; rIo "(II"/() c \"i'II di.lldelO I'(lm 1897. POl1o. J. J. Viclr:t da Sill';I. p. 168 e SOEIRO I!I rl/. (l <)I)'). pp, 258-261. l:'i. Alligo de () Tnl'i!Ir('. ,1110 IX. V Sél'ie, p. 30 eluodo (lU!" AU\'IElDA. L. Gome~ AlI'c" de I 19S5) - Nrl/{/l" """'0J:rlífiC{l_~ ","obre "f""g""'~'i" d,' S(III/{l E,IIdli(l d.· Oli,"''''" do 0,,/11'(), Vil" Nm'o (Ii! Gaia. Junl:L de T"rcguesia de OII\,t'il~1 UO o.'Unl. 1'_ 205. 16.A/"'III/{I1; 1~97.p. 167. 17. "'III(I/mdl ,ft· ClIWI '912. p. 122. 18. Arquil'o Gernl da Cr.m:m. Munieipal de Vil:! NOla de C"ia Pme· . 162/.:.: (GUI1l1ade,. Pe~lan" &

"',·,}uem,

C.'. L<Ja,). It).JH (/m/uslnal CWII/CrÜI'/ l' T"",,/ic(I ). I'ono. O NOl~O Cmr ...·IlIfL. ()rgJni7.aç:1o e edi'lilo de C ..l'lo .. Sou,a Machado c Sill'lI1o M"I;.,lh"I:". 1'_ 49. 20. Ver GUIMARÃES (1997). P_ 117 c Ml'fI Vil/II rI.· CrlWl. pp. lOS c II}'). 21 . (jUIi\ IAR,\I::.S. J. A. Gonç,.ll'e.~ C1995) -O IUJ;õlr do Tome, ESluuo de nucrotoponílllia ~aien~e. ln (illifl (Ii! Ir/I cem mm.'. Vil" Nova de Gaia. Ign:J:L LU'lIun:L. [lo 2:\ e m"p" 1', 32. 22. Ver' No!" 15. 2J. Ver A/lllrlll"t ._1897. p. 15S: ir/..m .. 1~99. II 1~2: Alm<llUlc/I .... 1<J12. p 121; Ver :Linda f:1cturas 1I/\lu/I'a\l;" nu Li"ru de Corre... pontlCnelU d" Câll1a,~, de Vila No\,,, de Cnil' OJ.OIOl 5311929- 1934) do ArqllllO H/~Iórioo MunieiJl.11 ISolar Conde, L1e Re..-.cnde). 24 Curlaslru geométrlt'o d .. 7.OI1a de prolceç!io do mo~te,ro d:o Se"" do PiI:l.r. 19'0. publicado por CORREIA. ~I. T RodriJ;ue,.tc Almeida (1997) - O Mo>teirn ol" Sem" do Pil"r - dt' cu~a mo,,~~tica de quanel de "rt"l",r,;/. I>ono. Scminário de Jiec"el:lwnI "I"'e .. cntado ii Universidade "ol'1ue:Llcn-.c Inlanle D. Henl'ique. p_ 71. predio n .· 68. 25. V~'r ,\1mr",,,1; _./IW7e i,lem 1.'199. 2ó_ ASnldt'\'O ,10 SL'nh"r T ",,,crue·coronel Jo,é Cunha. c:>.-oFiei,,1 dn RASp. e>ta inlonl1:l<;5.o. 27. A1",cm<l~ ... 11$99, 2);. Almmlru-IJ ... 19/2. pp, 110. III c 121 '" /'.fOREIRA. R. (1I)I)6) - L/h'gr:,lia l.usitana _ :I. prllllelr:1 II "'1o",elll.,r -.cIo, ro~lal ... porlllijllc,e ... ln /lnl,·IU" ri" As.má(l~'17" CU/II,ml Am'I-:'''' de ClIia. Vit:o 19. V,/.. "'01'(1 ,I" Gm'" I! (ll" Mm_I !r,'.VII/'"",

NO\':I de Gaia. -lI. pp. 41·42. 29. Vi/" Nm ',1 ,I.. Cuia ... 19-18. jl. 23 c c"nlnI ·cap" interior.

247


GONÇALVES CUlMARÃES

30. COUTO. L. Ribeiro (1995) - A ponte LUI1. I c o urbm!isl11O IIm-de-~éculo cm Vil:! Nova de G"Ül. ln G"," de Iní um "'III.'· .... pp. 261-280. 31. MC(l Villo ,/c COY(I. p. 99. 32. AI",,,,,,,c,,.•. /1)12. pp. III. 112 C 114. :n./dem.l'. 114. 34. Vil" Now/ (I.. 0,,/<1 ... 1'0).18. (1. 3:\ C Cada.<lro tcOmélrico ... 1950. in CORREIA (1997). p. 79.l1réd io n." 105 (ver NOlll 24). 35. Vi/(l N(>I"(I tI<, C";fI ... 11)48, p. 33. 36. J.h·" Viii" tle C".m. p. 103 c AllIIlII",,,II... 1912. (1. 104. 37. Meti ViI/ti d .. Cm'''. p. 101. Não contleccmo~ qu .. lque'· docul11entO que nos assc{!ure que as c:'ntaria~ do Co.,",,'" da PQlIII: vi"ranl do mosteiro de S. Bento da Ave Mar;;L do POl"lo. Apenas o afirnlamo~ h;l~C;,dos no scmel1mnça ;nu:dialu c irrccu,;ívcl cntre a, arc:lrias da pane do mo~teiro que ficava voh<ldo P:Or:l a actual praça Almdda G::lln:U, cuja ocmolição ~ iniciou o 17 de Maio de 1892 ( VITORINO. P. (1937) - Nmrl.' d.. ArqueologiC/ I'mTU(!I!se. I'Ot10. C~mar.1 Municipal. p. 197). c ,,~d:, f:1Chada not'''! uo C(I.,·i"r>. con,trofdo segur:uncnte depob daquel:1 dalU. Curio,:uncnle oUlr"s cllmal'i:" do CrI.,i"o. nomeadamente as da fach"o" poente. ~;"jo muito tJl>n:cida.~ com as da c:lpela ,i;, S<.!nhom do Ó que e:o;istiu hohre a muml1m do Pano junto à Pmç:o d:, Rlb.:ir.l. dc:molid" cm 11121 (VITORINO. up. cil. pp. 47-62 C ;<1"1/1 Senhora do Ó: a suo cal><:I:. junto o,, Pon~ d" l~ibc:il~1. II) O Tri/>Clm. Pano. -.érie 3 lIno 2. n.~ 45 (1917_28) pp. 328·330. A análi~e de._tas ~'urio~as coineid,;ncias líe:u1J para outr:o oporl unidml c. Sobre o demolido Mosteiro ver ",no:1 MARTINS. M. dc P. Silva ((997) - O MO~lciro de São Bemo d" Avé M"ria do Porto. Senllnário dc llcenei:oLura apre.-.entado à Unive:n.id"de J>onuealense. Agr.ldecemo, ~ Dr.' M. 1':111la Cunha do Arquivo Histórico Munici p:!I do Porto o~ tr.1balhos dc Pedro Vitorino ~obrc" CapeI:! da SCl1hol":l do Ó. 3S. Cud".mo gcom~tricn .. 1950. in CORREIA ( 1997). jl. 72. prédio Il." 73 (vcr NOIa 2 .. ). 39. AIIII(IIlIIcll... 1912. fl. I HI. J:\ cmão o C".,ino ap"rceia "penas como rest"ur:nl1c. No> anos 50/00 o cdifício OSlcntav" n r~.:Iamc "I'ono Barros,. e :oIbcrg"va :, finll" ~J. Loun:iro Ula. - veud:, de mohl1i:" comple:"" e avulso - colchoaria». 40. tl/mullflcll ... /912. jl. 99 c o;cgtll1l1es. 41 .ldem.p.116 42 . Id<'lll. p. 10-< c CABRAL. A. (19119) - Diclo/1(il"/o ({,. Camilr, C(/~Ie/(} lJrlll"·o. Li~boa. &1il0rial C;uninho. p. 5fi(). •1). Silt1:tVa-sc eSla f:ilmca "um «chulet» de lm,qutm Avilc7 Coelho na ,o"enioa Cumpos Henriques. "i) ~aid:l d" pomc. l<ldo c.o;querdo» (O Tri/Il'im. VI -.érie. :UlO Xl. 1971. [l. 27). O inc';lldio destmiu igualmcnle '"os tré, pavimentos que: tlav:'m para a Cal~'''u:\ d" Scrr:L". o qu" no, te,"a:l supor 'luC o cdificio cm que'l'oa é o que em 1908 ~e denominava Cusino d,o Ponte. obv;:ltllenlc depois Ue I"tlCOIl'Lrufoo. A C:lIçada d:, Seml é uma da.< l11"i> õll1li{;:os :onéri~~ dc Vila Nova de G:lla. devendo ,,~r l11e~mo anterior;o eon'lruç;1o do Mosteiro erl1 1537. embora de.'lle ent;1o rO.'se a principal "ia entre o su:! ponar;:o c:' p~t;r de Vira Nov;1. EIll 1713 foi c:llçada pelo l11e~!I"tl constructor Jo~é Rodrigucs (L EÃO. M. ( 19q2) - Anifiee> g"icn~es no ,ée. XVIII. ln U"h-I;m da AU'oóaç<;" CU/111m/ Atlli~fI)'d~ GrI;lI. n." 33. p. 2~). 4 ... Viltl Nm'O de C"i(/ .•. 194M. fl . 9 c scguinte.,. 45. C(u/a.llm ~'·(}II/hl";cn.. 1'i50. in CORREIA ( 1997). pp. 66. 74 e 75. prédios n....- 21. 77. 78 c 80. rcs[>Ccli, :lIl1cntc (ver Nuta 24). 46. Sohre ", or;gen, e evoluçJo ,1c.'le palo indu"rial dc Vila Nova ue G:ti" ver GUIMARÃES. 1. A. Gonç"he.' ( 199S) - II Slftr" ti" Piwr - f'mrimti"ÚJ Cu/ruml d" fllUlIlwidtrde. Vil" Novo de G:li". Funoação Sal\':ldor Cm:tuno.

248


o PÓLO INDUSTRIAL OA SEIUM DO nU M

'i,

l!;:

,,,, ••

~

~ ~

~

~

••-..i <:.;

"'" ~ "" a ;:::: ...,

~ ~

~

e:;

~

~

""

.,

§J

'"

,,1• 8E ", o

~

-

~

2

::: ) "~o C ,< , "3

"" -""""~"'" "'" ~ <>-

•"

'"

E "o

"

~

,.,

.. "

i c '"

<

~

o::

------249


GONÇALVES GUlMMlÃES

.~" • !

o

~

g g ~

.E ~

~

êo

~

•"ii"

,

O ~

C

,

~

. S

O

""

250


ACTIVIDADE PESQUEIRA DE GALICIA - DO ANTIGO RÉXIME Á INDUSTRIALlZAC IÓN r~ANCISCO CALO LoUlI.llX}

tC""""I1" <I .. Cuhultl G~I"I.:Q)

E~lá moi lanxe da nos:! intcnción caer cn tras no iwdos determinismos xcográficos, pera non podemos deixar de facer notar que no litoral galego houbo unha conx.unción de faclOrcs xeográficos. biolóxicos. d inâmicos c humanos que. de xeito case natura!. propiciaran unha importuntisima industria pesqueira desde os primeiros tempos ala os 110505 dias. Dos 5 850 Km de costas que ten lod,1 a Península Ibérica. 1 195 corresponden a Galicia. o que está a indi car que o noso litoral. considerando a sú a forma e extcnsiÓn. Icn que ser neccsariameme moi recortado. c efcctivamClHc é ben coi'iccido o fe nómeno característico das das. A elas chcgan os apartes dos ríos. que dulcincan a súa salinidade. e existe un xogo de correntes lonxitudinais (o que os marifieiros dcnominan «corsos de auga»). con masas oceánicas que entran palas bandas do sur c saen polas do nane. desaloxando deste xci to as interiores. Ó mesmo tempo. nas entradas das das vanse produeir uns óllloramcntos (upweling) que fan ascende-los nutrientes minerais do fondo e que. impulsados polas anteriores . se dislribúcn por todas panes. Se lemos en cons ideración os parJmelros de salinidade. temperatura e interC:lmbio de masas de auga. apartando nutrientes mi ner:lis e biolóxicos. COI11r fcndemos que as rías ga legas teiian lan gran riquez:j marisqueira e piscícollt (Ci". FR AGA-MARGALEF. 1979: 101-121 e MARGAIXF. 1979: 123-168 . sobre todo 162-163 ). Sc a lodo o anterior sumamos o feito de que :1 ".o na interior das rf:Js está protcxida dos temrorais. n(lll é difícil entender quc. desde moi cedo. os homes decidiran cxplotar este espacio en épocas de auloconsU IllO c mera superv ivencia l. O :.éculo X II sign ificou despegue da costa de G;'Ili cia. o mesmo que ;'I doutros moitas pobos: así por exemplo. os datos para o none de Portug ltl apl1ntan na mesllla dirección. () que semella lóxieo por razóns xeogrMicas e históricas 2. pero resulta que na costa da Brctafia ff3l1cesa sucede exactamente o mesmo. a xulgar polos traballos máis recemes.1. Pero vol tando a Galiciu. que é que agora nos interesa. cómpre dicir que é neste S. X II o intre no que aparecen os grandes e importantes portos do interior das rías (Pontevedra. Baiona. Vivei l'o, Noia. Redondeia. Padrón ... ). Nos seguintes sécu los XIII e XIV será cando reulmente se defina u personalidade Ilwriiieira de Galic ia. constituíndose os nllc!eos que a\'anzan cada vez má is sobre as bocanas das rias: POrlO do Sono Rianxo. Muros. Pobra. Cambados. Porto novo ... Ó longo da Baixa Idade Media tod~1 a costa galega se fe stonani de comunidades de pescadores que se irán especializando en diferentes artes. mares c pesqueiras. E asi chegamos :í Idade Modema. e máis concretamente a un século. o XVl, que murcou o flOri/ir do mu ndo Illarifieiro. non só ell Galicia. senón tamén nos outros dous países atlánticos citados: Bretaija franceSa e Partu gal~. se ben neste líllimo a cscascz empeziI xa polos mediados de século. Situados neste punto e tendo en considcraci6n que cstamos a tralar da pesca galega . pera nun coloq uio no PorlO. coi damos que será oportuno lembrar que a import:mcia ell número de

°

°

251


FRANCISCO CALO LOURIIJO

capturas e en montante económico foi sempre moi superior en Galicia en COIllparación con Portugal. A raz6n é obvia: Galicia corHa cunhas magníficas rfas e estupendos portos de rcfuxio. mentres que a cOSia portuguesa é rectilínea, acantiluda ou arecnta COIl baixíos, e prácticamen te scn lugares a onde recalar con mal tempo. Os poucos portos existentes están case lodos eles nas bocanas dos ríos. e con mal tempo resulta moi arriscado pasar as barras de arca. preferindo, se podían, continuar correndo a surada para se refuxiar nos portos galegos. Lembremos 65 poveiro.\· deixando as súas marcas na capela de St:! Trega (A Guarda) e revirándolle unha tella para poder voltar (Cj,.. sobre esta práctica GRAÇA. 1932: 31. ou ALONSO ROMERO, 1986: 169-180). Diante destc panorama non é extrafto que os portugueses. tendo tanto mar 6 frente, foran deficitarios en pesca, polo que as importacións de Ga licia se produciran sempre que as malas relaciÓns. mesmo bélicas. non o prohibi ron taxativamente. Pero non s6 chegaba peixe galego a PortugaL senón tamén marifteiros, e así vemos que no S. XVI II hai constuncia dunha colonia de galegos en Viana. a aínda nos pri mei ros anos deste sécu lo XX se falaba galego na zona da Ribeira. Os galegos ascntáronse nas rúas do Loureiro e de Santa Catarina e alí continúan os seus apel idos. así corno oraci6ns. dcvoci6ns. supersticións. ritos c terminoloxía profesional de raíz galega (Cjr. MOREIRA. [985: 77 ss.). Outro autor contabiliza na Póvoa, no S. XVI. [3 famílias de galegos. entre elas dúas de Cangas. dúas de Vigo e unha de Cedeira (AMORtM, [985: [8[-182). Outra nutrida represcntación de galegos na P6voa p6dese ver no mesmo volume das citas anteriores. da aULorfa de FANGUEIRO (1985: 205 55.). Nunha ocast6n empreguei estes datos. tomados non de xeito sistemático, senón aleatorio pilra conSUlta-la fac ilidade de movcmenlOS que ten o home de mar. facilidade que. se lI e permite cilmbiar de dom icil io e mesmo de país, cantO rnáis posibilita que poida realizar negocios co peixe propio ou alleo. scn risco de ser localizado e eludin do co nseguintemente o p:lgo dos trabucos. Só así, pescando. vendendo e comerciando f6ra da xurisd icción dos scnores naturais é corno pode ir xurdindo unha marirleiría con medias económicos que se abra earnino entre a burguesía das vi las. Entrementres o campesifto está soldado á tem.l do senor. corno as prantas que cultiva. sen trazas de poder fuxir desn si tu aci6n. Pera retomemos o tema na Galicia pesqueira do S. XV I. Todo 6 longo da Idade Media rórollse inxeniando e perfeccionando unha v:rriada cantidade de aparcllos. artes e técnicas de pesca. ó mesmo tempo que se foi. don xeito empírico. cartografi:rndo o fondo mariiio. Se conecemos o nome e o tipo dos diversos aparei los resultantes é por mor dos abondosos pleitos que se suscilaron entre portos que empregaban uns ou outros. Non é cousa de describir aquí todas e c~lda unha das di fe rentes artes. palo que remito ó interesado a uns traballos nos que xa o fix!!rnos (CALO. 1980. e [D. 1998a): pera si hai que dicir que. en chegando ó século XVI, os pescador!!s galegos tciien os mellores instrumentos para trabnllar os seus mares. Amais dos vari ados (en función das espccies a capturar) aparellos de cordel. ou linas e espineis. e das nasas. atopamos. en cantO a redes. sacadas (alt as. baixas. de vcrán. traíilas. chinchorros e moitas outras variedades). xeitos. betas. vai antas. rnei ras ou r:lscos. tramallos. medio mundos e ce rcos reais. Foran precisamente os cercos os que motivaran que {i veramos noticia de todos os demáis. pois a súa imponaneia fixo que se dictaran ordenanzas proh ibindo o emprego dos restantes cn determinadas zonas e épocas do ano·\ Haberá que se deter un pouco neles. 252


ACnV1DAlJ[j; peSQUEIRA DEGALlC1A

Se as sacadas. e máis en concreto a traííia (polas súas enormes dimensións). eran apare lias adicados á captura por arraSlre de todo tipo de peixes peláxicos. preferentemente sardiiia, foi o cerco real o verdadeiro aparello creador de fanu ra e riqueza. chegando a contar Pontevedra CO I1 14 destes artiluxios traballando a un tempo. C.:l.Ildo SMiez Reguart rai a descripción dunha destas artes na Coruna (onde se chaman cedaws) di que ten 1700 m. de longo por 40m. de alto. pera. como matizou Cornide, ten que ter de alto o que tena a rfa onde vai traballar. xa que debc de calear ata o fondo. quedando a cOl1izada en superficie. A súa forma. máis que rectangular era tipo sacada, é dicir. mái s alargada na zona ce ntral. con aspecto semifusiforme. Outro gra n pano de rede. neste caso rectangular. completaba o conxumo. Un apare 110 de tales dimellsión s non podia pertencer a un particular. estando conformado por moitas diferentes panos de rede de propietarios disti ntos que, en boas condicións. os facilitab:lIl para o seu oportuno ensamblamento ou annazón , seguindo uns Illoldes que se conservahan na arca ou caixa do gremio de cada porto. Levaba dúas trallas: a s uperior ou do corcho e a inferior. que non precisaba chumbos nin pandulleiras. poi s o propio peso fada afondar rapidamente a arte. Con aparicións c desaparicións, o derradeiro dos cercos reais morreu no verán de 1909 no porto da Coruiia. ó ser vendido para unha fábrica de papel (C/r. RODRIGUEZ $AI\'TAMARfA. 1911). O seu emprego ia desde setembro ata marzo. c mcntres talHo cstahan praclicarncnlc prohibidos 16dolos demai s aparellos. É lÓxico. tcndo en consideración o carácter colectivo. as dimensións e a forma de traballar desta real redefi . Xa armado o cerco. mel fase nun barco grande, galeón ou trincado. de 22 ou 24 remos. Outras embarcacións menores saían a deseubri-Ios m:U1chos de sardiiia (só se emprcgaba para es te cup leido). ocupando un total de ata 120 homes. Como quedou dila, en Pontevedra chcgou a haber. traballando a un ICmpo. ata 14 cercos que empregaban a perto de 2000 mariiieiros. Os patróns ou arafieiros, desde os barcos auxiliares ou desde terra. divisaban os cardumes de pei xe e d irixían a muniobra do galeón ou trincado: rodeaban estes o mancho co gran aparello e, coa axuda das reSlalHes embarcacións da eompaii.ía. arrastraban o aparello aberto car.! a tc.Ta - a xeito de cnonne sacada - ata chegar ás 4 ou 5 brazas de auga. Complctábase e pechábase ali o cerco co outro gran pano rectangular. quedando O conxunto convertido nun eno nne "cilindro" de mar cheo de sardina. Entra a continuación un barco dos pequenos no interior, arrastrando unha rapera para colle-Ia sardina a repetindo a operación ala cargar: sae. unha vez sellada. e vai para terra, deixando o sit io a outra embarcación. e asi sucesivamente ata rematar co peixe. Nesta opcración. se a sardiil;l ernbulsad;\ foi moita. podf:lse demorar varias días. co conseguinte peligro de que, por traballar no inverno. se calara un temporal e des fi xcra aparello. barcos e homes. Temo:. conSlancia escrita dun caso desgraciado desta natureza acontecido na ria de Muros e Noia o 21 de Novembro de 1533. que se s:lldou con 12 ou 13 homes afogados. dous trincados e oito lanchas aJ'undidas. os aparellos pe rdidos e a :.ardiiia que se puido coller. inuti li zad:l para o consumo. empregousc en este rca- Ias leiras (CfI'. LÓPEZ. A. : 1914: 100- 104). Sacadas. xcitos e cercos rcai s capturaban anualmellle enormes canlidadcs de sardi.ia ó longo da costa galega: pero os espi neis e lirias capt uraban bo número de congros. as bela S e volalllas facíaTl ou tro tant o coas pesc adas e badeixos C as rafias e nasas malaban grandes call1idades de polbos. Unha ínl1m3 parte destas pescas era consumida cn fre sco polos propios mariiiciros c habi253


,.' HANCISCO CALO LOUHIIJO

lantcs próximos á co~t:J. pera a Illcirande parte sufria algún tratamcnto que permitira a súa conservación C facilitara deste xci tO a exponación. Catro fOl"ol1 os xeitos tradicion;lis dos que se valeron os pescadores para conserva-lo peixe: curado. afumado. escabcchado e salgado: c o~ caIro. mesmo paI" raz6ns de sibaritismo ou nost:1lxia. chegaI! ala os nosos días. O curado consistia CIl lana-Ios peixes (congro. raia. pescada. rouxa. xarda ... ) de arriba abaixo. ala o rabo. e tirárlle-las vísce ras e a algúns tamén a cabeza. Espctábanselle logo unhas canas para mantelos abertos c eolocábanse nos secadoil'os os dias que precisnran. ;Jta que quedaran absolutamellte deshidratados. secos e duros. Recollíanse logo e amoreáb;Jnse coidadosamente nun lugar seco. ÓS peixes grasos. tipo congro ou raia. facíansclle unha serie de lafi;Jduras. introducindo Canas entre elas. para facilita-Ia aircación, e ós polbo~ UlI1 só se lles retiraban as víscera.~. ollos c boca. A 19úns peixes, entre eles o badeixo. precisaban un dia pre,'io de salmoira antes de se pôr a curar ó aire. Os sccadoiros. que moitas veces eran as propias pedras do pei rao. noutros casos reducíanse a Linha corda I!stirada entre dous paos: pera habia OUlroS de I!normes praporciólls: as estacadas. Consist::ín estas nUllha:-, estructuras fcitas a base de lroncos de árbore~ espetados no chan e xunguidos por outros. aC:ld:mdo así varios andares e moi lOS metros de ~iltura. O da altura tifi;J a súa razón de sl!r en conseguir Ull maior cspacio de sec ado e en evitar que as moscas. que sempre "oan baixo, chegaral1 ás zonas ahas. onde se penduraban sempre os peixes máis freseais. baix ándosc progre siva mentc. segundo ían endurecendo e deixando por conseguinte de ser al>CtecibJes para os insectos. Esta conservación fíxose desde sempre e aínda hoxe se segue a facer. considerándose moi SHI1 pola ausencia de sal e demais conservantes. Se non hai humid;Jde ambiental. ten unha longa duración e 1):lra consumi-lo peixe é preciso telo de remol1o. para que recupere 3 auga. desde o día antes de ser eoc il1ado. Outra modalidade empregada er;J o afumado. sobre todo de xurelos e. ainda ndis. de sardinas. Para poder conservar deste xeito a sard iila tina que ser esta pescada nos tres úl tim os meses do ano. xa que nesa ahura perdeu moila graxa. pera aínda está grosa. O método é o seguinte: aprétanse sardina a sardiiia polas barrigas. para que arrien aínda má is grax a (11011 sempre se fai) e déitanse nunlw salmoira dur;lnte seis horas. se son pequenas (xoubas) e doce. se san gr;jnde~. Retíran.<ie do sal e, se a producci6n ten importancia económica . prénsanse lixeiramellle durante unhn ou dúas hor;:IS; cando os marineiros as prepar;:1I1 para o seu propio consumo. non se prensan. o mesmo que sucedía no S. XVI. A continuación envaríllanse polas garlas c cólganse no lugar adecuado onde van recibir ben o fume. fume feito a base de lena verde de carballo ou pineiro e moito loureiro. para conseguir que a sardina adquira unha cor dourada e un aroma apetitoso. Duraba o proceso oi!O ou dez d ras e conserváb;Jnse posteriormeme en camadas sepllradas por flnas eapifi;ls de palia. Outra variedade era o esc;Jbcch3do. tratamento que talHO era (c é) aplicado a certos tipos de peixe (xurelo . sardiIla. xarela. bonito ... ) como. daquela sobre todo - hoxe non -. mariscos bivalvos (ostras . Jl1exillóns. vieiras ... ). Frixíase ben o peixe Oll molusco (logo de retirado das cunchas): fadase logo un 1110110 de vino. vinagre. alio. loureiro e ourego c poilíase aquent ar nunha a13 . deixando que fervera un anaco: botúbase dentro o peixe ou marisco. previrunenle frixido. xunto co aceite empregado. Retirábase do lume e deixábase cnfriar e repousar. A continu;Jci6n envasáb;Jse o produclo en barrilinos de 1ll3deir;1. se eSlaba destinado á exportaci6n. Se era p3m consumir na cas a.

254


AC/"/I'JJ)ADE PJi SQU EJRA DEGAUCM

s uprim bse a fervum do prcbc (e hoxe engádcselle pimentón doce). A panir do S. X IX o cnvasado facíase cn cacharros de folia de lata ou de vidro. bOiando por riba. ames do peche. un pouco de aceite para ev ita-lo contacto do producto co aire . A~ exportacións de escabeche a Castela tiveroll unha grande importancia. sobre todo as de ostra. que se racían en Nob . Carr il. Marín. Pontesampa io. Aba nqueiro. Rianxo ... Segundo n descripció n qu e do Rein o de Galic i ~1 f ixo no S. XVI o Licenciado Molina de M.:Ilaga, cn moi numerosos portOs das di ferentes das cóllcse unha gran cantid ad e de OStras que se exportan a moitas lugares (C);'. CORNIDE. 1774)7. e. se preferimos unha versión libre do mesmo autor. podemos cngadir que a ria do Pa~a:"e c Abanqueiro «daban las más aprecindns os tras. de cuyo regaladísi mo marisco producía Ca rril en tanta cnntidad que !legaba a cargar con él varias bajde~ y envinba en escabeche a muchas partes» ( PÉREZ CONSTA~TI. 1925: 11 6-119). Era tal a cantidade de ostra que se ext raía. con vistas ó escabec hado e exportaciún. que se c hegou a dicir - segundo o mesmo autor-que. se non se Ile poilía limite ii co llciLa. «110 quedará ninguna para lo~ escabeches de la Casa Real. .. »). E xa para rematar, fagámolo con outra cita. neste caso de 1677. c:l1ldo se insiste /la prohibición da rastro para a apaiia da ostra e se mundan garda-las vedas. pois e~tase acabando coas ostreiras «e se o seil()f Arcebispo (de San li:lgo. e seilor da terra) quixesc algllnha. non babe ria carl que servilo») (FAIlEIlW. 1990: 157). Nan se pode fal ar de ostras cn Galici:l sen citar o magníJ'ico librn de PAZ GRAELLS (1870). pera agora non 110S podemos deter mji:o. nesta ellcstión. Rematemos xa co cuano c ul t imo dos procesos de conserv:lción. coa sa lga. Deixamo., este para o I'inal precisamente pala súa importancia económica. Describanlos o proceso. Chegaba a sardiila do mar. capturada con sacad;I1;, xeitos e cercos reais. e o primeiro que se Ile facb era cscocI1ala . é dicir. .mincarlle eabeza e tripas COrl dous movernentos sueesivos da mail: lavábase logo en auga do mar e bot:ib3se nu ns pios can salmoira. o nde . e esta dependia dos direrentes portos. es taba unhas 24 horns, A cont inuación colocábasc l1unhas barri cas ou C:lSCOS de madeira. alternando un lw capa de sardiila e unha de sa l. botado a 0110. segundo o costume da zona. Rcmat:.do de enchc-Io cas(:o pech;íbase c quedaba disposto para ser exportado. A :-;ardina a.~i tratad:. tina que ser pescada nos derradeiros meses do ano para que non se derramara. Precisamente deslO qucix.:lbase un gr:.n :lUIOI' portugués que percorreu as costas do seu país Il;l última d~C ;l da do XVrn e que dida que «O defeito .. da nossa s:\rdinha salgada hc a SU~I pouca duraçãm. ( L OHO. 18123: 287). E:o.te xeito de salgar- nos meses o[lOrtLlnos. cando traballaba o cerco realproporcionou a gran rique%:l dos nosos portos que cul minaria no S. XV I. e ainda hoxe se segue a bcer asf \las casas dos mariiíeiros (Cjr, CALO. 1998c). Xa fixemos mel1ción da noticia que o Li ccnciudo Molina de Málag:. nos deixou sobre as ostras en Galie ia xusto na Illetade do S. XV I. Podemos agora engadir que. segundo el. boa parte de Galicia e Castela se nutre de sardiiia, pescada c congro procedentc de Vigo. Rcdondcln e C:lngas. A sardina que Pontevedrn expOria a Andalucía. Valencia e Sicil ia deixa unhas gananci as de 80 000 ducados, Da ri:. da Arousa sac peixe para toda Castela. pera a mcllor sardifia é a de Nuia. «porque habicndo est:.. no se despacha m1':l)'. Fala talll~n da pesca da balea nos portos de Malpica e Cai6n e di que «cs de gran provecho, porqu e de un ballenato, aunquc sea pequeíío. se sacnn doscicntas arrobas. o

255


PRANC/SCO CALO LOURIIJO

dntaras de aceite». 6 engadir que t:.!rn~n se pesca en s. Cibrán e en Burela describe como se f;1Il :'s capturas" (C/r. CORNIDE, 1774: 112-135). S6 esta descripci6n de Molina. sen neccsidadc de recurrir ás outras abondosas fontes. xa deixa ver o auxc das pesquerías de todo tipo nas COSt;lS galegas 6 longo deste século XVI. E. por se houbera algunlm dúbida. a fermosa xoia arquitect6nica de Santa María a Maior de Pontevedra. erguida cos apartes do grcmio dos mareantes, está a testemuiia-lo poderío econ6mico deslas xCllIes. Pcro desde os últ imos anos do século XV I c d urante aS primeiras décadas do XVII van coincidir unha serie de circunstancias desfavorables: pestes. fortes oscilaci6ns climáticas e tniJlas colleitas. ocasionando un baixón demográfico. En 1588 acontece o desastre da Armada Invenciblc e nviada por Felipe II contra Inglaterra. Por se esta fora pouco. xa metidos de cheo no S. XV II.;\ nosa costa. sen entender nada do qu e pasaba. at6pasc in m crsa en guerras coa vecin a (e suministrJ.dora de sal) Portugal. con Inglmerra. eon Flandcs. con Sicilia .... sofrc as incursi6ns e destrucci6ns piráticas e corsarias, prohíbense as exportaci6ns a Portugal c a vinda de ex pertos portugueses en salinas a traballar aquí. aniquflase o comercio marít imo e " Las pe sq uerías. que sigucn siempre la sue rte de i comercio marítimo. decayeron forzosamcntc por estas causas ... », quedando os pescadores mermados en número e lransformándose (,cn los más mise rab les individuas de la naci61l» (LABRADA. 1804: 253-254). Nunha oC<lsión escribfn que os nosos pescadores pagaron unha \'C7.. máis a l1efasla política fcita desde os despachos de Madrid. Arribamos 6 S. XV IIJ cunha si lUaci 6 n scmcllante. máis a Guerr:l de Sucesi6n. c. como a armada. polos continuas connictos. precisaba de homes expcrtos. o ministro Pati no decrcta a Matricula do Mar (algo que xa cn Francia fixera Luís X IV) en 1737 e cn 1748 o Marqués da Enscnada reestructúraa. Por ela. tódolos marii'iciros tinan que se matricular. sendo deste xeito os unicos q ue podian exercer monopol isticamentc a pesca. pero , como contra parti d a, estaban expostos a ser requcridos para os navios de guerra desde os 17 ata os 60 ilnos'>' O resultado foi cm::tstr6fico para a economia do litoral. c. por se esto fora pouco. os impostos. os cambo.\' sobre:1 pesca. eran agobiames (C/r. RODRiGUEZ GALDO. 1977: 165- 172). NOIl é de extranar quc, para saír dcsta miseria. houbcra unha emigraci6n ós pOrtos portugueses rcla t ivamcllIe impo n ante (C/r. FANGUEIRO. 1985: 205-229 e ID. 1988: 25[-276). Chegamos ii metade deste S. XVIII e n si tuaci6n continúa igual. Os documentoS falan moi a miudo de (,pobres pescadores» ou de «pescadores pobres,). O mar galego vivc un conservador arcaísmo decadente. e os mos teiros. bispados c senores laicos scguen a se bencficiar da for!.a dc traballo dos marineiros; pera as cousas son moi diferen tes a como cr'ln dous séculos antes. Por esas datas de mediados do XV III dida Bernardo de Ulloa que no mar galego habfa moita peixe. pera «aquel1a infe1i7. gente sale á pescar quando c l arriero 6 mercader. que les ha de tomar cl pescado. se lo manda. ó lcs :Hlticipa para su nwnulCnci6m> (Cji-. S/\NEZ. 1791-[795: XX). Asf está a s ituación c:'lndo en 1750. de SÚpCIO, irrumpen aquf unha gran cantid<lde de foráneos. procedentes os m;'íis deles de Cataluila. anquc tamén cheg:l r ân casteláns e vascos. E s ta s xcntcs. co m erc iante s e negociantes ernprendc:dorcs, segui rán chcgando ó longo da segunda metade do século c serv ir:.ín de revulsivo . pegando un fort e. pulo. á pcsca e a todo o mundo do mar. Varias san as circunstancias quc incitaron (Js catal:ín s . inmediatamente 256


ACTfVIIJAf)l:" 1'!:.:;QUéIRA DE GAL/CIA

cham ados fomentadore!i. ól vir <is nosas costas. pera. seguindo a ALONSQ ÁLVAREZ ([976). podemos resurni[as en cinco. A l'aber: -

-

Incremento de mari fleiros nas costas catalanas. Un productivo npnrello. a xábega. que penetra en Cataluiia xa no S. XVI. non foi allco a este fenómeno. A hcxemonia comercial de peixe salgado 110 Le vante espanol que viiia delentando Inglaterra c que perde a causa d a guerra de 1738. Es ta deixa o camiiío libre ÓS CMaláns. O cstablccemento. Xii comenmdo. da Matrícula do Mar en 1748. Os cataláns que chcgan aqui traen pcrmisos para e[ udilil. perm isos dos que CORNIDE ( 1774: 4 1 ~42) desconfiaba. xa que parecia que nunca caducaban e as! cvitaban servir <i Real Armada en Galicia c en Catalufia. A ausencia de capital galego. ou a fall;J de visión dos que o lii'ian. para investir no proccso productivo pesqueiro. A sana que chega ti Cmaluí'ia de que os m;Jres galegos san Uli fervedoiro de sardinas. xusto o ún ico que a eles Iles establl a faltar.

Chegan estes cata\::í IlS e ocupan praias. puntas e comboas nas que ubican os seus a[macens de salga. AIgúns nativos. os chamados patrianos. copian o método e t:!mén instulan a!macéns. pero dos 400 que. en [808. se calculaba que había en Ga[icia. sobre 320 cran de cala!:1.ns. Cando veilen traen consigo o palangre e. sobre todo. para o que agora nos interesa. a xábega. asf corno un novo método de .~a[ga. Xábega c salga co n prensado. xunto co espíritu ernpn::ndedor. scrãn as claves do seu êxito. A xábcgu'J é segu ramente un dos apareHos máis coiiecidos palas profanos afcizoados á Historia Moderna de Galicia. por mar dos pl e itos. protestas e sabotaxes (queimas. inutilización con grandes pedras e ramallos dos lugares onde se !argaba. etc.) que ocasionou 110 proceso da prolongada fase de anticalalanismo po[a que pasou o nO$O mar. Está formado por dúas longas pernas que se xuntan. facendo :l entrada ou boca a un gran S:ICO ou cape. Dividesc en varias partes. que partindo dos chicote.~ das pernas. son: claro. reinaI. docena. casarete. gol3. cape e coroa. podendo c hegar a medi-Ia totalidade uns 600111. A reling;J superior vai chea de corchos. moi rnestos na boca. e o mesmo sucede cos chumbos. lurnén rnáb xuntos na parte baixa da boca para que railell polo fondo; deste xeito v:li aquela sempre totalmente :!bena. pois da abertu ra latcral enc:írgase a scparación que se Ile dea ;ís pernas. Relllatan estas en senHos calóns de Illudeira, eu ns pés de galo cunha g;Jza n:l que se 31l1arran as seneiras. betus ou cabos do arrastre. quc podían chegilr ii lcr máis de 1000 Ill. Tendo cn considcf;Jción eSla lonxitude e o calibre que deberí;Hl de ter para portar por sellleUante aparelJo. cn ocas ións eargado de argazo, era habitual poner cada treito unha baía. resultando así rnáis lixeiras as seneiras por vir «en aire». Anque o seu uso é sobre todo para os peixes pcláxicos e prcfcrelllemente para a s:Irdifia. eollf:l lodo canto alopaba no seu andar. incluídos os peixes planos e 0$ crust:iceos . O gran copc en forma de saco. xunto coas !l1;Jllus. moi fecheir3 S e colocadas cn rombo ou losango. o que ocasiona que ó ponar palo apareI lo se pcchen non de ixando fuxi-Ia. crf3. motivou . non os problemas que referimos antes. xa que aqueles lei'íen outra motivaci6n. pera si que D. Luís Muiloz de Guzm;ín. Inspector Xeral de Malrfcul:t. prohiba as xábel;!as o 29 de

xullo de 1787. Voltanín

ii

se empregar e. cn 191 I, aínda temos traballando na

costa galega 231 ( RODRIGUEZ SANTA MARrA. 19 I I ). A partir de aí idn desapa-

"

257


rRANCISCO CALO LOURlDO

recendo. deixando o scu lugar a un descendente pequeno. o boliche. empregado hoxc en moi poucos lugare ~ das nosas rías tO Na costa po1tugues:l aínda trabalJan (Clr. LOPES-LoPES. 1995 ) c o xc ito de facelo é o Ir<ldicional: métesc o aparcllo nun galc6n ou calque!"a outro barco grande e este , deixando o chicote d unha seneira Cll terra. sac para o mar ata onde cons ide re o patr6n (s6 o cabo te n mil metros), empézase a arriar perna por un cal6n. sae toda ela e a cominuaciÓn. virando. va i fóra o cape. e logo. xa cara a terra, a outra perna e remátase co chicote da segunda seneira na praia. O trabalJo agora . no que panicipan homcs, mullercs e nellOS, c Ó que se sUl11an labregos dos arredores con xuntas de bo is (posteriormenle tractores). consiste en cobra-Ias sentiras. arrastrando o aparell o ata que chega a terra. ~ste aparcllo demostrou ser moito m:íis producti vo que as sacadas galegas e mesmo que o cerco real. ell desuso nas Rías Baixas desde finais do S. XV I. anquc logo voltara e se mantivera. sobre todo na cost;\ da Corufia. Os xeitos galegos non se perderon. senón que os mariiiciros que os tifian traballaban agora con eles para lIe vende-Ia pesca ós calal:"lns e estes mesmos tiveron. nas ocas ións nas que as xábegas estiveron prohibidas. que facer lanchas xeiteiras e apare i los deste xénero para abast(,!ce-Ios seus almacéns. contratando palróns e marifieiros que Ilel os levaran ó mar. Un fomentador do porto de Muros tina 40 lanchas xeiteiras que. a razón de cinco IJCüls de rede de 75 metros cad:\ unha . fan un total de 200 pezas. que cu ndían 15000 m. e que er:1l1 trab1.ll ladas por 200 Illarifieiros; pera a finais do S. XIX habia {an só na ría de Muros 28 almacéns de sa lga que dispoMan duns 800 barcos para abastecclos de sardi fia. Esta significa 4 000 IJC7":'\S e outros tantos mariíiciros. ós que !lai que engadir os hOl11es e. sobre todo. mulleres que {rabal laban nos propios almacéns (Cfr. ROMANí, 199 I : 87). Estamos X1.I a falar dos a!macéns de salga ou fábricas. como. cecais eOIl 111,~i s propicdade. Jlcs chaman noutras zonas: pero cu prefiro seguir a manter o nome do meu pobo. Porto do San . xa que foi o que aprendín de cativo ca ndo xogaba no interior das 12 ou 13 que ainda se eonservaban. xa entrada a década dos 60. das 15 ou l11:"1is que habí;i nos inicios de sécu lo (Cfr. CALO. 1978: 86 ss.). Resulta que os cata láns non só traen un productivo apareJlo. senón un novo método de prepara-Ia sard iiia. Xa vimos que o qUI! aqui se fada era o escachado. lavado I! salgado. rnent res que estes foráneos introd ucen o prensado para que o peixe arde toda a graxa . conseguíndosc que a s:lrdiiía así [ratada dure e n bo e st:ldo m:íis meses e que se recolh!. como subproducto. 1110ilO máis sa ín que antes, a base unicamente de cocer. con «cheiro em pyreumático» segundo LOBO ( 18 12 b: 392) . vísceras e cabczas. Este saín era de ap1icación no alullleado e na pintura de portas e fiest ras. para preservalas da hum id"de. e por eso será un imercsante producto de exportación. Describamos brevisimamente un alm<lcén e o lraballo que nel se fací:! . remitindo 6s in teresados a ROr..·IANÍ (1989: 32 1-15 I ) e por SUpOSlO a PAZ GRAr::LLS. 1870: 455 ss.). T eíien habitualmente forma rectangulm·. con tres parles imprescindibks: chanca. claro e morto. A chanca ocupa un lateral dos longos e consiste mlll piso perforado a ba~e de piOS excavados no chan e feita COIl lousa:- de perpiaiío soldadas con cal. En cad:1 pfo collen cen milleiros de sardifia. Péchanse COI1 tapas de madeira. O mono ocu pa o ou tro lateral e nel sitúansc :IS prensa!>. scmellalltes ás dos lag<lres. Está recorrido por unhas can les palas que circulan os residuos do prensado: saín e marca (este m:íis espeso e de cor marrán). Rematill1 as canles en senlla:- pias consecutivas, depositándosc a marca. máis pesada. na primeira e o saín na seguinte. Tanto a chanca como o 258


ACTIVJVAOE PESQUI-:JRA

De GAL/CIA

morto estjn cubertOS por un tcllado a unha auga que repousa no muro de pecb!.! dos laterais respectivos e. pola zona cent ral. sobre uns pi lares de pedra. Entre ambas está o claro. un pmio aberto. lousado. cunha lixe ira caída cara Ó centro por onde di scurre unha canaleta que lev:'1 ó exterior as :lugas pluviais e de lavado. Describamos coa mesma brevidade o traballo. Bótase auga do Illar nos píos ata unha altura duns 60cm. e déitase sal a 0110 ata que unha pataca nOte. Chega a sardina do mar e sá lgase cunha pá. b6lasc logo nos pios c Clíbresc totalmenle con SOl!. Tápanse coas táboas de Illôldeira e déixanse asi 13 ou 15 días. Pasados estes. rCl íranse as tapas c énchense de auga do mar os pios para que abo ien as silrdinas. sácanse cun truel e envilrfll:lIl SC ou es píchanse. é dicir. métensc pola:-. garlas l1unhas varinas de loureiro ou aramio c lávansc cn auga limpa do mar. colocándose a cominuación nos cascos de madeira onde qucdar5.n defin itivamente envasildas. Pasan estes ó morto. pónsellcs unha tapa e prénsanse lent a e cspaciadamerne. para que. por uns furos da parte inferior do casco. arrien o saín c a morca. S6 resta pccha los. selalos e expon alos. A me irande parte des les Iraballo s era obra de l11ulleres. conve n idas deste xeito en asalariadas. o mesmo que os seus homes. que agora pescan por un 5a lario. Como era de espera r. a chegada destes for(tneos ocasionou múltiples problemas e connicws. Tódolos ilustrados. desde Cornide a Larruga. pasando por Sarmicnto e Lucas La brada. O me smo q ue a Sociedade Econ6mica de Am igos do Pais de Santiago arremeterán cont ra os cataLins. incidindo nos fac tores máis negativos d a s úa implantaci6n : explot:lc ión do marineiro. introducción de :mgilrdcllles ciltaliÍns. drenaxe de dinciro f6ra da terra ... Pera no fondo non se trataba rnáis que dunha proteSta dos scfiores tradicionalmente propiCIarias dos portos e dunha parte (a\cabalas. cambos c décimos) do traballo do mariiieiro. é dicir. da igrexa c dos scilores laicos. Os homes da cosia pescan ago r:l 6 xornal e consegui ntemente nég:lI1sc a pagar ca mbos. poi:-. xa non traballan ií parte como ames. xa non san donos do peixe. Os cataláns tampouco queren pagar argUindo que eles non ~on pescadores. sen6n comerciantes e manufaClUr.rdorc:-. ... c amab o mar é libre e pesca quen quere. sen ler que dar nada :1 uns su poStOS seiiores. Estanse csnaquizan do as veJl as c~lructuras feudil is c os se liores enci rradn ós lll i\riiiciro~ que. se por unha banda "en que agora tefien IrabaJlo. O mesmo que a:- súas Illulleres, po r out ra dansc de conta de qu e cs tá n a perder a s ú a autonomia. a súa liberdade. de que están pasando de propiCIarias ou copanicipes dos lIledio:-. dc producción il aSi!lariados. Os calal;:Íns irllroducen. de súpcto. non unha industri alizaci6n no mar. como se ten dito. pero si o que se cofiecc. seg ui ndo ii tcnninoloxia inglesa. como dome.f/ic s)'l·rem. para o tmballo do mar. e facro,.J' .\'J'srel1l, para o que se fai nos almacéns de sal ga. E:-'lCS fomentadores c mp regarar:ín un sis tcma nidiamcntc colonial: apropi amenlo das mate rias primas. util ización dos n:uurab con pago en parte cn especie (:lUgardentc). que tracn do pais de orixe. e en parte con baixos soldos en diilci ro. cxportación dos productos e d renaxe do rende lllcnto econ6mico. Ca ndo mellOs así foi nunha pri mcira fasc. na que vifian aqui cada ano (raendo augardcntes e indianas para vender. racían a nt:H1ufactura da sard ifia c marchaban co n ela par.:! C.:!l:lluna ata ii seifa do ano segui nte. Nu nha segunda fase decidcn asentarsc dcfini livamentc. pero esto lévilOS a cncOlllczar un apropiamento. moi a miudo por mcdios para lcgais. pero cvide nteme nte se mpre caciqu is e abush'os. de casas c fincas. 259


FRANCISCO CALO LOURIDO

A resposta vai ser contundente. Unhas vcces conseguirase que se prohiba o emprego das x:íhegas, outras deitaranse pedros nos «sacadoiros vellos». postas de pesca tradicionais agom usadas palas seus apareJ1 os. queimaranse instalaeiónl>. etc. Esta reacci6n foi en boa pnrte inducid:l polos que estaban a ver como se perdian os seus privilexios. pera por outra banda os propios marineiros se sent ían agraviados e perxudieados. nos seus bens e na súa dignidade. polos I'oráneos" c aClUaron en consecue:ncia, A chegada dos cataláns sign ificou un cambio brutal na costa galega desde tódolos puntos de vista. desde o económico 6 social. incluíndo O referente :í cosmovisi6n do marii'i.eira. que entra agora en contaCtO cunhas sentes tan diferentes en todo. Pero por outra banda s ignificou a re vitalización do mar galego e unha nova fase ascensional, asi como o asent3mento definitivo dunhas xentes con men tal idade emprendedora que dcixar:ín a súa pegada e os seus apelidos ata hoxe. se ben boa parte dos seus descendentes non souberon continuar. xa dentro deste século. o cspíritu traído de Catalufia. No ano 1809. o francés Nicolas Appert descubrc a bondade dos productos envasndos despois de sometidos a elevadas temperaturas. Constatou o feito. pero nOll se cofieccu o porqué ala PaSteur. do que derivará o nome de pasteurización. Xa cn 1824 se inslala en Nantes a primeira «fábric:1 de conservas de peixe empregando a esterilização pelo vapOf»; en 1828 faise outra idémica cn Douarnenez. e en J 879 xa había en Francia J 60 fábrica s de conserva en aceite. En Portugal. concreta mente en Setúbal. instála:õc a primeira o 16 de Novembro de 1880 (Cl", MONTEtRO, 1950: 59). En Galicia fíxosc antes, pois xa en 1850 aparece unha en Noia. propiedade de Caamano: os seguintes cn empregala será.n os irmáns Victor e Aguslfn Curbcra en Vigo en 1869. Juan Goday na ria da Arousa dez anos despois. Massó cn Bueu o [4 de xufio de 1883, etc. (MASSÓ. 1953 e 1967). Estas fábricas non s6 conscrvan peixe. como podemos ver nunha relación da «Fáhrica de Conservas Alimenticias de Miguel Cotrare» (Vigo) na que figuran 149 productos distintos (peixes. carnc~ e legumes) eun apéndice de 13 froitas 6 natural (PAZ GRJ\ELLS, 1870: [79 55.) Polas mesmas dal:\.~ estase li introduci-Io vapor aplicado :í naveg:lción pesqueira. aparecendo en 1879 o primeiro barco mov ido deste xeito en Espai'íu, concretamente en San Sebastián. e extcndéndose ii nova modalidade por toda a costa dous anos máis tarde. En 1888 hai xa en Vigo oito barcos movidos pola presión d:J caldei ra e doce anos despois. en 1900. xa coma ese porto con 67 embarcacións a motor. Doce ano~ má is. 19 [2. e xa h~li cn Gali cia 220 vapores, chegando a construir os a~ telciro s de Vigo e Bouzas Illlll quinqucnio. alá por !920. 310 vapore~ de 20 a 300 toneladas, destacando xa entre todo~ ele~ os dos «S res. I-lijos de J. Barreras» c «O. Fmncisco Cardama». qlle nos mesmos cinco anos construíron 60 v<lpores cada un de 25 a 300 toneladas. Estamos xa no presente século c con cl cbcgar;ín a Galicia novos aparcllos: traíflas. tarrafas. bous e pare IIas. Estas dtías últimas artes non serían operativas sen ii tracción pola fOrla do \'apor. Os novos b:lrcos. xunto coas Ilovas redes de cerco e alTaSlre c o tratamento do peixe nas fábricas de conserva van introducir na pesca galega. agora si, a industrialización. A partir de agora. xa no primei ro terci o do S. XX . os armadores dos pOrtoS galegos mandarán os seus barcos ós calado iros fo ráncos: Portugal. Canar1;JS. Irlanda. Escocia c mesmo Tcrral1ova. O pa"o seguinte va i se-lo «fríu». a ~pOC ;1 dos grandes conxeladores. na que: aínda nos atopamos e que tantas crises est:'Í a padecer por mor da apropiación dos ca1adoiros palas

260


ACTIVIl)A D E PESQUEIRA IJECAUCM

d iferentes países ribeir.íns. Non imos entrar nesta, pois, send o fieis ó título desta corn unic:1c ión . p1ll1i m os do A ntigo Réximc c chegamos ata a indu stri alización. sen do este xa un tem:l co m p lexo mereccnte de trm amcn t o individualizado, Aplicamos o mesmo á ac u icuh llra e sobre todo ús b:lteas de mcx i l16ns que. tam é n procedentes de Cal a l una. irr umpeu n a s rias C I1 1946 e hoxe praducen 200 OOOTm.lano (Cfr. GUERRERO . 1997: 60). Como remate. di r e m os q u e. segun d o notici a s r eco lli das das análises p e r iód isticas real i zadas CO I1 ocasión da Wor ld F ishin g Ex hibition de Vigo de Se t embr o do presente a n o 1997 12 . a actua l fl ota g al ega i n dustrial conta co n 9 060 barcos. cun tota l d e 270 577 toneladas. Espana ten 19 103 barcos e 613521 toneladas. se ndo a primei r a dentro da U ni ó n Eu r opea. pera tan só G al icia X:1 o seria, en can to i\ tonclaxc. pois o segu in te país cn importancia é llalia e ten 259 981 to n e l adas. Po rt ugal ocupa nesta r eJac ión o 6.° lugar con 13 1 123 toneladas. se ben su p era li Galicia en número d e bar cos: 12 3 J 7. ii Mnureir(/. DeçclIlbro de 1997.

Blli Ll OG RA FÍA A LON50 ÁLV AREZ. Lui.~ (1976) - lut!II.'lr;lIli:'lIcili" ." c(j/ 'fli~' lo,\' ,meia!.:., <'II III Cu/iól/ dI'! II/II;}:I/O Rég.m<,", 1750-1830 - Arc~longa. A(."al Edilor _ M~drid. A LONSO ROMERO. Fernando (1986) - "O ritual lIl11riiieiro de e:" nh j~-l~ lella" _ ACIlIS (I!) CnMl/u;() "SUIIIOS Crllra~ de Elllugl'llfi" M"dlima. VoL 4 _ P6\'oa de Varl.im. pp, 169-180. AMORIM, Manuel (1985) - «A Vila da P6\'0~ de Varzim no ~éeulo XVI .. - Cl1Ml/ltio ",SWIIO.l' Cm(lI" de r:/II0f.:mfill AI"";ti,,,(•. Vol. 3 _ Pó"oa ue Varzim. PI). 97-204. CA DORET. Bern~rtl (1998) - ",Hi~lOin: ucs elmloupc,. 'ardini~rcs de DouamcneL d'1I1S leur eonleXle _,oçi:ll Cl lcchno-économique» - l n Colicill. UII recllCOlllm eo "'flr- Silllpo~io de Anlrupoloxla Marineira. Carl,ella <,b Cultura Galega _ En prcn,;,a CA DORET. Bcm"rtl cI alii I 1984) _ Ar Vllg. Vai/cs /1/1 Iml'lI;1 <,II IJr"lfIgII<' IlIllIlIIiqllt· -l1uition,. de 1'E,'lrnn - Dou"mencz. CALO LOURlDO. Fr.meisco (1978) - LtI m/mm ,Ic "" """blo mllril/cro: I'on() ti" SIm _ M onogrn ff'l' de I:, Uni"cr:-idad de Santiago de Compo,.lel;1n,0 41 - M:ldrid. CALO LOUR100, Francisco (1980) -A.\' (lm!s Ile /1e.'·CI/ - CU:ldernos do Mu,.eo do Pobo G"lego. I - Sanliago. CALO LOURIDO. Francisco (1993) - .. Naccmc:nlO das comunidalh:,. m"ri~c:ir:J~» _ Rf','isfll de Gllimartil!S - Vol. 103 - GlIinmriies. pp. 201-220. CALO LOURIDO. Fr;mciseo (1<J9õu) - «Evoluci6n hi .• tórica dn tccnolaxfa pe.'qucir., c ca,nbios soc\ui, dende o ",:clIlo X VI ata o XX ... ln ABEL VILEL/\ (Ed.) - Hi.\/(Jri() e Alllrol'0/ox((/ ti" CU/111m 1'<,~·qlleJra <111 Cnliô.. -CoI. Antropolol<{:l n,~ 3 _ Fundaclón Alfredo Dra~:Js. Cursos Superlores de Ve r:ín el1 Galieb _ 5anli:l.1>0. pp, 11·25. CALO LOURIDO, Francisco (l9~6 b) - Xcm<,s do mllr. TmlllJl/().,', ImdicitJl/ I! '·Ol·'lIme~' _ Nó,. os Galc:~os - Edicións A Nos:! terrol - Vi~o. C/\LO LOURlDO, Fmncisco (19"97) - «Da s.:lcada Ó boliche. O c"so de f~:lXó na Ria de Pon te\'edra» AC/{J.,· ,I" III C,mgn:.m de I-li,"/(Jrin ,(/I AmroPQloxf(l e AJllrl/fJlI/oxíll AI'/km/ll _ T. I. InMituto de ESludio~ Gallcgos Põldre S:ml1i"nlO (C.S.I.C.l - Sanl i:\go. pp. 295·) 17. CALO LOURIDO. Francisco (l 998:t. b. c. d)-Diferenles npartados dc e1t1ogr..rra C :mlropoIOl«" mari~c:ir;h que ap:trccenín tiOS tomos de AI11roJXIloda do " Proxc:cto Gal'cia .. de Hércules Edición, - A Com~:I. CARMONA I3AD i A. Jo:ím C(997) - "O mnr c :t industrialización de Galici:l» -ln PEREIRAMENAUT (eooru,) - Calida [ai tlOl's mil (lilI/S. O rei/(! difFrenáa/ I{lIlegl!, I Hislor/o. Vnl. 2 - Mu~eo do Poho Gal,,~o - Santiago. pp. 251-276. 261


FRANCISCO CALO LOURI/JO

CORNIDE. Jo..d (1774) -,"",'"mrw sol/rI' la I,('seu de san/lllll CI, /tu ('''.,·uu d .. Callci" _ Madrid. r:.diciÓll faclmilaf c c.'ludltl de CALO LOURIOO. Po nenei:, de Amropoloxía CUIIUIõlI. COIl.';(:llo di' CUIIUr.!. Ga leg:' - S:nlliaj;o. 1997. FABI2.IRO GÓMEZ. Manuel (1990) -I'd.UlUI.,· IImdric:a .• d(' N"ia _ Edk,ó,,, Semenlei,-... - Noiu. FANG UE IRO. O'car (1985) - «A emij!r.u;:lo Ilalega p:lI'a " I'ÓVO:l dc V"nim do ~éculo XVI :lO XV III,. - ln Colt",";o - SIIIIlm (irllf/I _ d .. Et",,):aifi(l M"d,imll_ Vol. J - PÓ"oa de V"r.dm. pp. 205-229. FANGUEIRO. O..car (J <)88) - ~ Rclaçõc~ pe:>(.juclr...., e eomcrci:üs luw-Il:llcW'~ .. _ ln C"'Of/Wllllc EIIIII ' ):m{fll Mllritllrm - S:uni"So (1984). Mu -.co do Pobo Gale go-Con~cllería dc Pesca - Noi". pp. 251-276 FlLGUEIRA VAL VERDE. Jusé (19-16) - , Irc/l/I'I) d .. Mllrc"II,..., - Mu).C() de Pomevcdl"'" _ R...-cd,dó" fac.,m"larde Caja M:ldrid de 1992. FRAGA. r . c MARGALEF. R. (1979) - .. La..~ ria., gallcgas.. -I" VV.AA . - Esttlllm .1' ~p,l)lt,cilln tlel mur,," C"lida - Un il'cl"l>,dade de S .. mi .. go - Sanli:ogu. pp. 10 I - 121 G IRÁLDEZ RIVERO. Je.~lí.' (1 997) - .. A explotaci6n do~ ll.'Cursos do m:lI" - /11 PERI!lRA-MENAtrr (Coord.) - (il/heil/ flli d(JU.f mil ano.'. O f";w dift'r..,,('{al1:lIlt,w,. I /{üwr;lI. Vol. 2 _ Mu.,...-Q do 1'000 Galego - Smlli"~,,. PI). 251 ·276 GONZÁLEZ /l.IUNOZ. M .. rf'l dei Call1\e,, ( 1980) - "Vigo y su eOIll~rca en lO_ ~;glo_ XVI y XV II » ln VV.AA. _Vi...:" y.1"II Ni.\"tm·iu - Vigo. pp. 151-276. GRAÇA. Antón io dos S:J IlIOS ( 19 32) _ () prn-l"rrI - Póvoa de V;U-Wll - Reedici6 n f"e~illli l :tr lho C;im~r... Munic,p:d d~ Póvu" de VUl?im dc 1982. GUERRERO VALERO. S"lv:ldor ( 1997) - .. Aeuicul1ur... cn G:llki" - cswdo aClual .. - B(J!.-/ill d",,' Ci""C/a~' N" 30- Asoc iu.;: ión d"" Ensi" anlc..~ de Cieneias dc G:lI,e,a (ENCIGA) - Sanli:lSo. pp. -'9·62. LABRADA. Luca, (1971) - f)c.,cr'pcill" .-L·mlll"" ..a dr! Re;,/r1 ti .. 0,,1/,'1/1 - Ed. G3.Ia~,a. S.A. - Vit;o.(I,"OO. 1804). LOna. COml,," t;"n BOlelho de L:leerua ( 1812 ;lI - .. Memon:l wbI'c :1 J1"I'!palõlç/ío do pcu:e sa lgado. c ,,",-,eco d:o~ no,s:o.' pcsca ri:o~ .. - ln Mcm"ri".. Ecoll/1miccl.\" tia tl culle1l"ú R..o/ da~' SdeIlCIlI.,· tle l ..nIHHIIH'rTI I) tI,firmlllme"rn ,Ia A1:r'ClIll/lra. ,!a.f A'·/e.~" ,/a IlIIliu/ritl"lII Pnrtugrll e .rtoflS C(/lJquislll~' - Vol. IV - Li ,ho.1. 1'11. 253-311. I.. O BO. Con_lanli".. Botelho dc I_'l(;crd" ( 1812 I-l) - .. Memoria.~ sol",\: alguma~ oh~rv"çõcs reita' no :1110 d.., 17$9. rcl~liv"s uo cSludo da pe~earja d3 Provi nci:, de ~nll\: l)ouro c: Minho» - [n A11'",,,rills Ec","5mi,:".' · ti" A"lIdem;I' H,,"1 da.f Sâe"do., d e U .,h"fI /Jllfll I) Adimtlllll//!/l1II do Jlgfh'"ltllrll. d".f Afie." e ti" I"d,,,/r,,, t'm "",.,,,):,,1 e .mll'" Cm ,tl",slII.,· .. - Vol. IV _ LisOo:o. pp. 377-409. LO PES. II . .., LOPES. P. Nuno (19')5) _ti .\tIfm - Lh ms lI oril.Onl e - Lhbo:, LÓPEZ. AI:"':.I~io (1914) - ,,11i'lorin úe UII~ Icmpcsl"d CII S:tllllas n (5. XV I).. - Oul..,i" ti.. I" R,:,.' 'kfldem'fl Cl/lle~11 N.~ RII - A COIui\a. pr. lOO-I~. MARGALEF. R . ( 1979) - ., I..o~ prQduclO' pri mario~ de m:llcri:l VI\' a .. -III VV.AA. - Elilut!i" I' "'I'/llwe,II" Ilel lilI/r ,." ClIl/ÔfI - Unl\en.idadc de Smui:,so - 5ami"So. pp. 123- 168. M ASSÓ. G,,-~p.u ( 1953) - ... 1...1 indu'lria conscr.cr:I ~"l1e1!a por c.\len h l.aciÓfl c..~ eemenaria .. - ln I--/II~I de Vi.r,:" - N.· E.~pcei,,1 Conmemorntil'o do Centenano 1853- 1953 _ Vigo. p. ~ . MASSÓ GARCfA. G"SP:.l,. ( L967) - Ori.r,:('/I I' 11"~artllll) ti., /11 Imll/.I·lria ,·",/W'n ...rtl 1'11 Cafiei" - ViSO. M ATfOSO. Jo>é et :.Ilii (1985) - .. A p1"OJ)I·,~-.Jadc cc1c.,;:i~ljC"... no Ino..ol ,)(M~e 'lho (1 220-1258).. -I" ACIII.'· dn Cn/m,,,,u ",S"IIIO~' Cmpl » dI' Erno}:rtifi/l Marlllma - Vol. 3 - 1'6vO;I de Vtl.r;.,m. pp. 2J L·236. ME IJ 1DE PARDO. Amoni,) ( 1971) - !~COIlOIII(fI IIwr(tmUl ti,· ItI Ctllh:lfI I'ol/llílmc:u /!/1 "'fi...:lo XVIII _ E...lUdios )' Doell!llenlOs n.- 32 - Depólf{:ullenlO d e HislQ1"ia Moderno - U"i\'er~jd [ld d e V" lJauo lid - V:tllmlo lid. MONTEIR O. Rnfacl AL\'e~ (L 950) - M l'mnrlll /Ire.'" ~O"IY' <I I""~'/,r tle t/rl"ll.\(1) - Sc~; mbru. MOREIR A. i\.1:muel AlIIómo Fcrnande, ( 1985) - .. A pn:......:nça de S:oleSo~ CIl1 Viana d:o FoI. do Limu no _éeulo XVI .. - ln ACIII.'· l/II ClJlllq/110 ",SI/IlfO~ Grt/(u » ti.' EIIIIJRrtifi/j MI/ri/iII/a - Va i. 3 - 1'6\'00 dc Vóm<:im. pp. 6.5-<Jó. PAZ GRAELLS. Ma ri"no Ue la ( 1870) - E'l'loruôri" cie1l/rficu "I' It.~ C:"liIlIX dei Ot:IH.rwmt.'''tn Mn n"/'mo 11.,/ J-"rml- Mad rid PI:'REl. CONST ANTL I'ablo ( 1925) - Nmu.f ,·,..jm· Rtll'ÓIIllO,f - T . I. - Vigo. RODRiGUEZ CALDO. M" X o~t ( 1977)- . Nos "liecree~ do subde_enrolo sale~o: a pe~ca .1 m"di:ldo~ do ,""culo XVII I,., - Gr;'ll. ".·56 - Eu. C:.laxio - Viso. PIl. 165-1;2. I~ODRfGUEZ SANTA MARiA. BCnll,lno (191 I) - t>Icciom"'io illl'\/nulo, .. II.· ItI.~ tln ...,· (/(' pr.,.,:", fll)(lf<1/1.1 /! ;''''/'',/11",/11/1., '/11('.1<' 1''''1''''1111 pt/r., I" P/·.~ô." IIlI/rlllIlI" /!" /" C<'.~I/I No,.,,, .'" Nl>nll'MI:

.", E'IUI/i" - M~drid

262


ACI1VfIJA!JE PESQUEIRA IJI:. GAL/CM

RO M ANf GA RC iA, Anuro ( 1989) - _I' roce,o tle claborac ió u de surdina en una j:lbrica de s"I"7one~" _ CUmfl'f'IO," de C,"/,uliu.' Gafll'go .•·, 103 - T . XXX VI II - InMIlUlO tle EMUtlios Ganeso~ Padre San llielllo {CS le} - BClrlnzos. pp. 321 ·351. ROMANi. Artum (199 1) - A fl'l'(lI,U"it," /ec,mMxiclI lU/ ""I".~II'", ",//:t"I";,.., d.. Galicia - Unlpro Edilorial S.A. - Noi:l, SA M PEORO Y FOLGAR. Ca"lu (19~) - nm:."",,,,,/(J$. ;1I.<cript·w".... ,I' "W//WIII'IItO$ pt/ru la HlI,wrUl fll' Pm" ..,·t"(11"tI - T.I II - POnIC\L-dra. SÁNEZ REGUART, Anlonio (1791- 1795 ) - D'cc;mwrio H•.,rnm"fJ dI' /(Js Anl's III' la 1" ·.W:l' Ntlc",,,al _ i\'ladrid _ Rccd,clón ("C$ illlibr do Minl"lcrio ue AJ;licullum. Pc,;c" c Alimcnl;lÇ,ón de 1988. SOARES. R. de Mom~'" ( 1&5R- 1859) - .... A~ pc'caria~ em P"l1u\;,II ,. ln O Archiro Ruml- L.~bo". pp. 509·513 .

NOTAS 1, Non len imete....:: asora ó no"o proJ'Ó"no "11OI"1:,r m;\" dalu~ -.obre c"tc a:.pcçlO. que. flOr' 0\11!':' band3, x:! lemos lr.!13do cunh3 eert3 profundid:\de noulros lrõ\ballo~ xcr:!!' ou e~pecHico" C/r., enlrc elcs, CA LO (1993: pp, 201-220), 10 . (1996", pp, 11-25) OU 10. (l996b), 2 S:\ncmo' que na época de Aron-o I de PonuJ;al ca>c lodo o lCrTllon(> d o ;>elUal hl~pado dc Tu i pel1cncia a ,,-,IC no~o remo c u,í, (> 2& úe mano dc 1169. o rei confirmu ó hl'fl'O O Xo:ln unh ... ce,ión do barrio m:lniíl.'lI"O de San", Mm!a de Vi,go, Disumo, 1:lm~n que. ",!;undo a~ Inquiriçues de t220. os domllllo, dos mmleiros do urccblspado de Brag:' MI ,·onC.,nlran n:, CO,la e forOIl con""ilurdo~ nas h"~ do XI ou p";lIeil,io, do X II ( M ATl'OSOCI "lil. 1985:]1.232 ). 3. No magnifico Ir.!ballo .•obre el1lharc:lción~ "relonas dlrl1:ido por lic,'l1:ull CADORCT (1984) lemos )Ca nu imrOOuceiórl que a~ nOl icias mái ~ anugas sohre aCll\'idadc 'urdliie,,'a na .. Brelagnc 31lamiquc» ..011 dos :1110' 1408,1410. I:l1gadindo que, Icndo CI1 con~,dcr.lclón ... volume dc eaplur.ls. \e pode pcn-ur que a pr.iclica p""'lueira virfa cando menos de ~lrO" buli ~Içele.s" ;mle.,. E.~lariam,I', )Cu que IOb'O. OUlro \e7 no 5 XII. Nun Ir:Lballo do me;,rno UUIOl'". 3["d:, 1I....<diIO. a]'lOl"13 mái~ d:lIO,.1! curioso que. "':11 .:\bcr un do oUlro. o, dous li)Ccmo, algo "...mcl!:lIIle; 1.'1 1:1( noticia, e indicios de ~POC" roIU"n<l p:lr.l. 'all~ndo p'or Ioda a Alta (c, par.! o que 110. 0.:1,1]1:1. de$coiiecida) Idade Mcd ia. ehe!;ar. no ~cu C<l'>O. <I dieirquc .. Aucun dOI:urncnl ne pcrmcl plu,. nV:lI\lle Xli II.' si~clc. de rendre eUII,pte d'une :'CII'II~ locnlc liée ~ la pêche de la ,,:uxlin ...» <CAI)('lRIIT. 1998). 4 Snhr";,, pc~ca, C e~por1aci6 n de .':Irdiil:l' do 0:011'0 de Ga.'cuila, lemos que .. En fail, C'C_I ti. p:lrlir tle, :onnies I ~OO qu'on relhe la 1r:I..:e ú'une eJip"nalion de la .,ardine 11 une ~ehcllc \éntablemente indu~lrielle dan, Ics p"rt, du !,loIre ile Ga""o~ne " (CAI)OII.FT, 19911). Con re,pcelo II Portugal. ICIllO~ diantc un 11.');10 dos llled,lIúQs ÚO >oéeulo pa..~ 'lue tCII corno finalidadc anali~·lo IIIlercse lIu non dc cobr.lr .mposlo, pola IJC.....:::\. pcru 'luc li nÓ, noo; ~ryc por cM]ucmatiz:>.-I" b,~IO... ;, ú" 1lC.'-Ca ne,ll' pai. cn \lInu) el"p,,~~ .. I • - Seculo XII :I XV I - fundação. dcscn\'ol"menl o c pro~p"ridadc da indu,tna da pc,ca - medi:, do 'l1\po,IO 50 p. 5 '<Obre o producto bruto. 2." - Seeuto~ XVI" XIX - ue~':.delll:ia c por fin e,(;IeiOIl~nlllmo '\;, inJu'tria da ])C"c:! _ medi;, du irnpl.b lO 50 ]l. 5 ~obfe o proúu~'to hrulu ..... (SOAII.t',S N.. 111511-59: p. 511). Non lcn intercsc IIgor" conl.lluar coa" OUI I'3~ el:lpa~. ag;í., !':,c"r nOl!l!" "ue li de":ildenci:, da.' pe<queil':ls p"rtugue.' ''~ cmpela :lOIe~ c,,, de Galicia. c concrctumcnle b;I\.\Q" remudo de Fel ip.: II 5. A.s prtlll:lpal' fOOle~ l1,mL o c~l udio do mar galcgo, amai, do~ ,cmp!'e ilu,tI':lÜ~ o~ proloco lo~ notariai, '10' 'luc figur.ln vendas, neles. contr:no,. cte, son a~ f/n/cmm:tI.' que o' difereme, portos con .\un~dicciti" loron dlel;'\noo, ca'>O de Ponlc'edl':l (C/r. SAMI'U)RO, 1'JO..l. e FII.Gl·E'RA. 1946), 1'111 en 1526. NUla cn 157!!. etc .. o, "I,,'rm. Ó, que 0, muni\emlS ~mpl" "oron lan dado, (C/r, Cllt.o, t99Kh). u~ flle..INlI,,,, JlOf permitimo, coilcec-Io 1l1Onlantc econÓlllico ller.,do pol:, pe..çca c a~ dife· renci;" de trihulación entre diferemes portOS <C}r_ Go:-~.lAU:z MIIJIIQ7., 19f10: p. 260). aS diferentes d"IlIl.,ición, municipai. ,ohre :IS di'li0l3~ C'llCCic" dc pcl.\CS. ell:, po,ihle' Inlçre,,,d.h Ilode n ampliar mtormación .,obre eSlc ap:lI'ellu no 110.'0 Intbnllo, ;\(nd:1 ill~dil". C,.lfUc!Urado a llei\() de d iccionario d,,~ ane, úe pc"":' 1II,,,'ftilll'" " nu"iui~. que apareccrá no~ 1<11110' de Anlropoloxfa do Pm.\l'cftl GlIliót/ de liércule, de Eúlción' (CALO. t99S aj. 7.1\ ,",er,ión quc citamo, :.L'luí foi o que Cormúe Inclufu cumo "pémloce "" ••ía eoilecid;'\ obru .. Memoria ~ohre la pesca de la sanhna ..." c que nô~ reeditamos racsinlll"nnCI\lC. con c_wdio crlli..:o. eo gallo do Simpo_io dc J>c..,çu que Orj;ani7..;"no, ell POlltcvcdr.l no vcrán de 1997.

(,. o.

263


f"llANCISCO CALO WURIIJO

8. A Matricula do Mar. que CI1 pr1l1c.pio parecía un privik~ ,o para o~ rnanflcim~. resul lOU uu dc sa.~lre par.J a cconomía co~teir.l. po" nl0"O~ ponos. d"I".lnle moun, ano~. práclic:Jmcnte ..... cont"b;m par.l pc,c;,r con mp"ec~ C \'.:110 •. Houbo eontUluas pel iei6ns paro que. como suplcnci:l. .-.c deixar.l facnar. anquc 10m CQnlO :,xudanlc.,. ós IHlm:gOS 00 li.ol1ll. chamados .. 1"11\!~1n;.~ ... ['>Cm CS!;IS pcllcI6n., lropc7..:l'lJU .,emp"" cu" nc~aLi\'a de ..... I:!drid. Sohre ".10 hai !l10i LO~ da,o. puhlicado_,. pem de.,I:I(;amos o nmgnilico Ir.lballo de M EUlOE (1971) sobre o IIOl'1e de Gnliei: •. anque tamén illl mduce exemplo, d:Js lHa. 13:\ixas: I)()" eMe trnballo 'abcmos que dos 9.160 Illall'icul:ldos no~ g":lllio.~ de lod:1 Gal.c.a. mãi. de 1600 estaban M:r'lndo na Real Arm:, d:. IIIJI. ÓI. p:i:I:. 41). A cominuación adxunta unha rownd:. cil:' de Sllrrniento: ",Con 'lal1ta Icva - "pos1l116 SomlicnlO - se llevó cI dmhlo cerco' y pc:<qucrfas ... 9. Par.. u" lIla.or dct:Jlle M)hrc C_le ap~rdlo ,,~xa.sc o noloO 'rah"tlo cuado en nota 6. 10. Ó p.lSO da xáhcga ó hohchc lemo' dedicado un lr.Jbal1o circun;.cri!" " un do. poucos panos (Raxó. na ria d" PonttwcdrJ.) nos quc c"t:'l pcmlilido o seu cmprcl::0 parJ. a captur: •. preferente· ",cmc. de lurJ.~ (C]r. CALO: 1997, pp. 29.5-317). II. Noutra, publicación~ t~fio dc,enroladu cXlen~amC!l1e:l ~ll u :jci611 ere"da pol:i chel;:lda dos c"t"l:'In~. "dicando un luç:lr pn:fcrcntc non "" ó~ ~SpcClo.. ceonómieos . .-.cnón tamén 6~ sociah. c cxplicando como,., feim dc ._c con'·CrI.r cn asnlari"do, c de co brar por ad,antad" en augardemes, xumu co.. d"~h,,nra ,\ que moil:'l. mul1erc~. XQl11ale;r:L~ t"mén do~ ahn"céns. se ,-iron somctid:ls. l1"íi~ us pré.lan",~ con usura c penhl dc propiedades. CIC. Ic'·ou .. unh" conformaci6 n de condenda pouco C'CI"UP UI OM' ~cgundo ~ que. cn tl"J.I:lndo.'c. duqu~I:l. dc ben~ dos c"taU ns c, :lgOl".l. de calqu<'r.J :ll1co. 10.10 rc~u l ta I(cito (C]r. CALO. 1996 h C 1995d). 12. Cir. ;I CMen." I"cponaxe n::ll'~:ld" no periódiCQ Lu 1'11;: d,' Gtj/ióu <> dra 17 de ~!cmbro de 1997. 0, 1r:Ib:Jllo~ mãi, n:ccnlc' que coilew M)bre a industri:lli;.:"ciÓn da pcsca cn G~lici~ l'On o.~ de G'RALDU.: (1997: p. 235 ss.) c CARMO~ ... (1997: p. 151 ss.) ap .. l"t.·cido, ambos no mesmo volume.

264


ACTIVI/}ADE PESQUEIRA D/:; GAUCIA

l'alangrc largo (Rodrígucl

'1'1';'111,1110 ( Rodríguez

S~n!:L1ll:lría.

S~llt:101:1ria.

Vol:mla (Rodríguez Sant(un"rr".

1923)

19231

192~)

265


PRANCISCO CALO I.oURIVO

Cacc:.! do XCllO

V"nal1l~'~

266

<.Ie

lar~a

sac;>d:l~ ( Rodrí~ucz

Samarn:lrín. 1\.123)


ACTIVlOA/)€ PI:.'SQUI:"IRA OE GAUCI/I

I

1 ~.,

"

", .~.

,

, ,

-."

,I

I,

.. .~

l~4 I,

I

i , ,

I

-' '

I

li

,W,I

.., ,',; '

i'

"

~,~.

I

"i

h,'

I I'

,

,I

'.;!

\

-.'." \ '~í

I'

.1. "

~~'~-IL ~

H' '"

"

I' I

'I 267


FRANCISCO CALO tOUR I f)()

--

o Ir:lbalho C...l

26g

Al'C

Xรกhega (S;j"cl Rcguan. 1791 - 17\)5)

-


ACTIVWAOh l'I:.-.~QUt:llú\ Dh GM.ICItI

269



UM SÉCULO DE MOAGEM EM PORTUGAL, DE 1821 A 1920 DAS FÁBRICAS ÁS COMPANHIAS E AOS GRUPOS DA PORTUGAL E COLÓNIAS E DA SOCIEDADE INDUSTRIAL ALIAN ÇA (Pruf.

JAIME AUllôRTO DO COUTO FERr~EIRA <.1.: I;,,,nomi~ d~ U. de Coimbra)

A .<'«lC;~d<> d~ Fn~lll<bdc

A nossa civilização. ou melhor. o complexo civil izacional que é o nosso c que alberga as compone ntes mcditcrrãnica. nórdica e atl:intica foi. cm lermos de alimento fundamental. uma civilização do pão de Lrigo e de centeio. Durante séculos. este constituiu não só o alimento básico de todas as crl1l13das da população. como foi o principal produto agrícola cultivildo c. até chegar ao consumidor. por toda

:l

parte ocupou inúmeras gentes no comércio interno e externo, na

feitura de farinha s. no.~ fOfllOs e nas padn.rias. Devido li estas múltiplas impl icações o pão foi. ao longo dos séculos. um bem que suscitou. no seio das cidades e dos Estados. questões soc iai s, religiosas. morais, políticas e administrativas, con tribuindo para o desenvolvimento de saberes que estão na origem de ciências como a agronomia e a economia e os estudos antropo lógicos. onde a sociologia, o direito. a etnografia e a históri:! (como acontece no nosso çaso) o tomam como objecto das s uas análises. Ao longo dos séculos. desde a formação do re ino até tempos recentes. :t produção. circulação c venda de cereais conheceram , em Portugal e na generalidade dos países europeus. dois grandes períodos. separados pejo séc. XV III. O primeiro foi o mais longo e. nele. as dificuldades na produção agrícol:J, a insuficiência das vias e meios de comunicação. a fraqueza do comércio interno e e;.;terno. o reduzido pod e r de compra da s populações obrigaram a que os poderes citadinos (as Câmaras) interviessem no abastec imento do pão e que :.t activid:.tdc mercantil. por razões soci ais . mentais c políticas fosse fortemente condicionada: v igiavam-se os preços e as existênci as. proibía-se a circulação. substilUíam-se os mercadores por agentes do poder mu nici pal. etc . Todavia. à medid:.t que se avançou para meados do séc. XVIII. a maior eficáci'L do comércio ex terno e :.ts melhorias rln produtividade e na produç~o cerealffcra levaram à necessidade de suprimir a :.tnterior política - e a dinâmica mercantil acabou po r ser legitimada (através da rellexão dos primeiros economistas) e por ser legalizada (através das medidas d os políticos iluministas). Foi então forjado um novo enquadramento legal que colocou o abastecimento em termos de política de Estado e de aceitaçfio do princfpio da libe rdade económica. ou seja . a questão do abastecimento do pão começou. a partir daí. a dissol ve r-se no seio da conceptualização. mais elaborada e coerente. da novel ciência. a Economia Política No entanto. nos primciros anos da con temporaneidade. no fim das Guerras Napoleónicas. o maior mercado ponuguês, o de Li sboa (à semel hança dos o u tros mercados europeus), encontrou-se su per-<:\bastecido de cercais e Os

271


JAIMH tll./JERTO DO COUTO n:;1UU:/RA

preços caír:l1l1 <lcentuadamelHe. As políticas liberais. inspirad<ls pelos economistas. viram-se então condiciOll ad<lS pela força dos inte resses e das pressões políticas dos proprietários fundiários que exigiall1 medid:ts proteccionistas da cerealicultura «nacional». Daí. que em 1815 e. pouco depois. a partir de 1818. tivesse aumentado a coacção sobre os governôlnteS para que se protegesse ôl produção de cercais da concorrência estrangeira e. como houvesse hesitações em romper com a opção liberal de finais do séc. xvm . uma importante facção de homens ligados à agricultura. desco ntente. mostrou-se favor::ível ao movimenlO q ue conduziu à Revolução de 1820. Fé-lo. não para exigir transformações profundas na nossa cstrutUr.1 agr::íria. quc a tornassem inovadora c competitiva. mas pam obter leis alfandegárias que lhe garantissem. no mercado interno. preços favor5veis. Para desagrado dos consumidon~s e daqueles que desej:lvam ter um clima de liberdade para as suas iniciativas empresariais. cSSas leis redutoras da importação de cereilis (Lei de 18/Abr.l1821 ). ou mcsmo proibilivi.IS (Lei de 14/Set.lI837), foram adoptadas e sustcllIadas até meados do século. quando foram suprimidas (Lei de 7/Ag,s.l1854). Foi neste quadro. de grande instabilidade política e de grandes mutações na produção e mercado mundiais. que se foi passando de urna estrutura tradicional de produção dt,'! farinh:iS (que recorria ao moinho muscular (a illafona. hidráulico e de ve nto) para as moagens. Não fugim os ao movimento geral e a primeira fábrica. a vapor. de moagem. a de João Baptista Ângelo da Costa e Comp.~. s urgiu. cm 1821. cm L isboa. na Rua do Bom Sucesso. n.:J Freguesia da Ajuda. associada à fundição de ferro e fi vidraria. Não leve nem nascimento. nem vida f:ki l. Em 1824 já tinhil mudado de dono. se ndo então propriedade de um ricalhaço. o Comendador Francisco António Ferreira. Os anos então vividos er.un mais f;\Varáveis aos interesses do vasto !';cctor social que explorava a grande extensão de terras que. em Portugal. continuavil ;t ser ocupado por searas. do que aos homens de negócios. quer fossem comerciatUes. quer fossem industriais. Estes tinham de conquiswr o poder político e fizcram-no depois de um arrastado e doloroso processo que só se achou devidamente resolvido. a seu favor. com a «Regeneração». em 1851. Durante esse tempo o Estado confiscou e vendeu os bens das ordens religiosas C ••l p:lnir de 1852. os hOlllens de negócios, os políticos e os ideológos d:i nOV:l situação ins\:ltaram -se no poder e. in.~pirados 110 industrialismo e livre cambismo inglês (que em 1846 ha via triu nfado). deram início a um vasto programa de modernização do pilís. do qual constou a liberdade de comércio e de formação de fimlils individuai s ou compa nhias lxira as diversas activ idades. Havia-se entrado na segu nda !'ilse do processo rnoageiro português. que. num cresccndo de iniciativas. ~c foi intensificando nas décadas da segunda metade do séc. XIX. Em Lisboa e Porto surgiram . várias fábricas de moagem a vapor. empresas individuais que se tornaram conhecidas ou pe lo nomc do seu fundador ou pelo do local onde foram construídas. A primeira fábricil teria sido a Fábrica do Beato. fundada por João de Brito na Freguesia dos Olivais. na Rua do Beato A ntónio. no Conven to do mesm o nome. Este «iconoclasta» arrematou. em 1843-4. o cOllvento e ins talou dentro do chão sagrado da igreja. entre velhos túmulos de gente grad a, a máquin;J a vapor que acciona va a moagem. No catálogo da Exposição U niversal de Paris de 1867. aparece ii informação de que a f:íbri ca fora criada em 1840. o que 110S pnfece discutível. Alguns anos volvidos. em 1852. José Maria Eugénio de Almeida. fundou a Fábrica do .Ia,dim do Tabaco. Em 1857. vendeu-a a João Asbwonh & Comp,". para formar, com participação da Soc iedade de C rédito Móvel Portuguez. a Sociedade 272


UM St:CUI.O f)E MOAGt:M EM PORTUGAI_ Of:: /::;2/ JI /Y20

Anonyma de Manu tenç;io Civil. sita na Freguesia de San to Estevão de Alfama. Ou tra moagem foi a FálJrica Domingos Bine/li (que deve estar na origem da 13ellos & Comp~. Fábrica da Pampulha). Não detect;ímos a data da sua criaçi'io, mas sabemos que em 1855 fornecia a Casa Real de pão c bolacha. Da década de sesse11la pouco sabemos. O Estado liberal distanciou-se das iniciat ivas industrialistas e . conseq uentemente. estas ni'io deixaram rasto na papel~lda das suas repartições. Faltam-nos dados que nos permitam confirmar a s uspeição de que teria sido nesta altura que surgiram as unidades fabris importantes e detenninantes no futuro da moagem portuguesa. como: a Fábrica do Caramlljo. de Manuel José Gomel>. a Fábrica ii Es/re/a, de João José Martins. a Fábrica em Santa Iria, da João da Silva Ferrão de Castelo Branco. a Fábrica de Sal//(} Amaro ou do Calvário. de Eduardo Conceição Silva & 11'111âo, a Fábrica do Bom Sucesso, de Edward Harrington Jted ligações com a primeim mO~L gem portuguesa a vapor, a de João Baptista Angelo da Costa e Comp." e. depois de 1824. do Comendador Francisco António Ferreira?). a Fábrica de Socavem. de Domingos José de Moraes & lnni'io. etc. Continuamos em busca das fomes que nos perm itam confirmar estas hipóteses. CenCZ:L só a lemos q uanto à criaçJo. em 1861. da Companhia Lisbonense de Moinho s a Vapor. Possivelmente esta Com panh ia esteve na origem d a Fábrica Lisbonense de Moagem. propriedade d:l Luiz da COsta & Comp." . da Costa & Irmãos. De seguida . quando se avançou na década de setenta (mai s precisamente, segu ndo algumas opiniões. entre 1874 e 1877). passou-se da fase das unidades fabris à das Companhias. Algumas delas formaram-se a partir das fábricas já existentes. mas outras são completamente novas. Em 1874, em Lisboa. surgiu a Compal/hia do FálJ"jct/ do BOI1l Sucesso. par:; ex plorar :1 fábriCa pertencente a Edward H arrington. j:í nossa conhecida. Em 1875. fundou-se a Compallhia hulll.wrial Eborense, com sede cm Lisboa e fábrica elll Évora. Em 1877. apareceu, wmbérn em Lisboa. a loüo LlIiz de SOllsa & Filhos. Fábric:l de Xabrcgas. na Rua do Barâo. No fecho da década. cm 1879. formou-se, COLllum capital superior ao de qua lquer empresa 1TI0ageira alé então COllstilUída. 275000$000. a Companhia de MOllgem de Sallla Iria. que adquiriu a fábrica de João da Silva Ferrão de Castelo Branco. em Santa Iria. Com base na documentaçi'io que actualmen te conhecemos. podemos afim1ar que esta Comptll1hia de Moagem de Sal/UI Iria foi o primeiro passo dado em Portugal. no senti do da formação de um grande grupo que dominas:-.e a aqu isição de cercais e a sua farinaçã o. Dois anos depoi s de ser criada. no Inquérito Indu strial de 1881, afirmou-se que esta Companhia tinha como centros de produção de farinha. as seguintes unidades fabris: a Fábrica do Carallllljo, Setúbal. Almada. de Ma nuel José Gornc~ (desconhecemos a data da criaçfLo desta importantc unidade fabri l. A ruais antiga referência ü sua existência é esta de 1881): a Fábrica do Bea/o. de João de Brito: a Fábrica da PalllfJu/lw, de Bel los & Formigacs (posteriorrnclIle leve as seguillles designações: 1886. Fáb rica União: 1897. Bellos & Comp.~: 1900. Compa nhia Portuguesa de Moagem), a Fábrica ii Estrela. de João José Manins (desconhceemos a dat;'! da sua criaçflo: sabcmo.~ que em 1883 esteve na origem da criação da Companhia de Moagem da Estrela. co nstituída em 1883): a Fábrica do Bom Sucesso, pertencente a José An tónio dos Rei:. (cm 1874 aparece como Companhia da Fábrica do Bom Sucesso): Fábrica d<' SaC{/I'{!m. Lisboa. Loures. Sacavél1l. de Domingos José de Mames & Irmão (desconheço a data da sua constituição): a Fáhrica da Rua do Bartio (ou Xabregas). de João Luiz de Sousa & Filhos.

"

273


.JAlMI·. ALHERTO

no COUTO FENRUfV\

Tudo indica. poi:-. que. entre nós. este agrupamento de f:'íbricas foi o rrimciro grande impulso no sentido da conce ntração de moagens. Todavia. desconhcccl1lo~ a sua cvolução e apenas sabemos que. em 1892. estas unidades ll10agciras voltara111 a surgir separadas. rvludando de ccnflrio. passando par;! o Porto. sabclllO~ que. por volta de 1855 . entre 'l~ 124 unidadcs fabris existentes. apenas 3 eram moagens: mas emre a~ 12 máquina<; a vapor que aquel:ls indústrias empregavam. 3 pel1enciam às referidas moagens: cr:1I11 o moinho a v:lpor do Bica/llo. o de Pilllo Bas/o e o da fábrica de tecidos c fi:lção. de José Bar/)().WI. na Rua Fernandes Tomás. Nesse ano. ,Iprovcitando um a conjuntura favorável. su rgiu iI Compunhia Ce,.es, que no e ntanto durou pouco. pois roi dissolvida cm 1860. passando para u posse do scu principal credo r. Felix Fernandes Torrcs. N:l década seg u inte formaram-se novas fábricas. Em 1875 ilpareceram a A,mlmde::, Vifltlres. que a partir de I RR I surge com;1 dc:-.ign:lção de António Joaquim de Andrade Villares: a Companhia Indll.wriaf (! Agricafa POl"/I/(! IISe (de l!;1çflO e moagem de cereai:-) e a Manllel José /1a,.refO. Esta passou depois a /1(1/Tt'IO Filho & Gel/ro. Segundo declaraçõcs ao Inqui.!rilo de 1891. ~abemos n razão por que cm I :-S77 foi Jmpliad:l. « ... não por ter lucros. ao que se diz. mas por ter reconhecido que nada I.:unscguiria trabalhando em pequena escala ... ». j\ partir de meados do século. até rnc<1dos da déc<1da de setema decorreu. pois. um tempo que se lIIost roU favorá\'e l à criaç30 (k f:íbricas de moagem a vapor e que. presumivelmente. este tempo se prolongou e imcnsificou nos anos sessenta. Ma:- de seguida. na década de setenta c oitcnta. os capitais avolumar:II11-:-'C. dando origc m a companhias quc. muito provavdmcnte. foram :IS re:-.pons:1veis pela introdllção das técnicas moagciras mais avançadas. As 1I10agens passaram a ter uma crescente capacidade de farin;l ção c os rnoageiros foram acumulando jnllll~ncia económica e política. De imediato. su rgiram queixas dos que viviam da moenda tradicion:ll e que cram muilo~. Bast antes ano:-. mais tarde. em 191 M. :linua eram numerosos: 10903 nos moinhos de {tgua e 2 943 no,> de vento. Mas outra~ malquerenças se levantaram. Um polcmisla e eswdioso do assunto. o Viscondl! de Coruche. que «por acaso» não gO~lava nada do~ intcres:-.es mO<lgeiros. C011l0 facilmente se dedu z. da~ :-.uas palavra:-. pois era um homcm da «La vOUr:l». ao referir-se à década de setenta. escreveu: ,( ... O·CSI:1 época data o que çhamarci período cm que a especulação se rc:t. francamente indlÍ!;tria. como o demónio se fez moleiro. O grande c o pequeno capital disponíveL não poucas ve/.e . . propenso a alliar-se à especulação. principiou a aft1u ir em grandes massas li indústria das moagens .. . O COlllllléreio de ccreacs tende a 1110nopol irar-se na mftú ue grandc~ f:íbricas ... ') A mesma opinião foi ex pressa por Oliveira e Souza. outro paladino da «Lavoura». ao defendeI' que. entre 1870 a 1882. quando « ... a crisc ccrealífera alargou a sua :íre:l ... » . se a:-.:-.istiu ao desaparecimento dos amigos moleiro~ c ao desenvolvimento das fábrica~ nacion:lÍs de moagem de cercai" c.'itrangeiro..... Por outro lado. Momes SO:lrcs e Ferreira Lap:l atirmaram que nessa altura. embora :1 general id'lde da nossa indústria lIIoageira se mostr:Jssc rotineira e primiliva. já existiam algulls grandes estabelecimentos que executavam '< •. •:1 moagem c :1 peneir:lção pelo systCllla adoptado n o.~ paizes mais :ldi:lI1t:ldos. extrahindo-se do grão 70 a 80 por cento de f:lrinha de primeira qualidade ... » P:bsados os Illc,ldos de oitenta. clltrou-:-.e numa fa:-.e dc colisão dos grandes propriet:írio:. fundi:írios. agora haptizados de «Llvoura». com (IS comercian tes c indlLstriai~ que se recusavam :l aceitar que os interesses daqueles. COIll manias 274


UM SÉCULO DE MOAGEM EM PORTUGAL, DE 1821 A 1920 DAS FÁBRICAS ÁS COMPANHIAS E AOS GRUPOS DA PORTUGAL E COLÓNIAS E DA SOCIEDADE INDUSTRIAL ALIAN ÇA (Pruf.

JAIME AUllôRTO DO COUTO FERr~EIRA <.1.: I;,,,nomi~ d~ U. de Coimbra)

A .<'«lC;~d<> d~ Fn~lll<bdc

A nossa civilização. ou melhor. o complexo civil izacional que é o nosso c que alberga as compone ntes mcditcrrãnica. nórdica e atl:intica foi. cm lermos de alimento fundamental. uma civilização do pão de Lrigo e de centeio. Durante séculos. este constituiu não só o alimento básico de todas as crl1l13das da população. como foi o principal produto agrícola cultivildo c. até chegar ao consumidor. por toda

:l

parte ocupou inúmeras gentes no comércio interno e externo, na

feitura de farinha s. no.~ fOfllOs e nas padn.rias. Devido li estas múltiplas impl icações o pão foi. ao longo dos séculos. um bem que suscitou. no seio das cidades e dos Estados. questões soc iai s, religiosas. morais, políticas e administrativas, con tribuindo para o desenvolvimento de saberes que estão na origem de ciências como a agronomia e a economia e os estudos antropo lógicos. onde a sociologia, o direito. a etnografia e a históri:! (como acontece no nosso çaso) o tomam como objecto das s uas análises. Ao longo dos séculos. desde a formação do re ino até tempos recentes. :t produção. circulação c venda de cereais conheceram , em Portugal e na generalidade dos países europeus. dois grandes períodos. separados pejo séc. XV III. O primeiro foi o mais longo e. nele. as dificuldades na produção agrícol:J, a insuficiência das vias e meios de comunicação. a fraqueza do comércio interno e e;.;terno. o reduzido pod e r de compra da s populações obrigaram a que os poderes citadinos (as Câmaras) interviessem no abastec imento do pão e que :.t activid:.tdc mercantil. por razões soci ais . mentais c políticas fosse fortemente condicionada: v igiavam-se os preços e as existênci as. proibía-se a circulação. substilUíam-se os mercadores por agentes do poder mu nici pal. etc . Todavia. à medid:.t que se avançou para meados do séc. XVIII. a maior eficáci'L do comércio ex terno e :.ts melhorias rln produtividade e na produç~o cerealffcra levaram à necessidade de suprimir a :.tnterior política - e a dinâmica mercantil acabou po r ser legitimada (através da rellexão dos primeiros economistas) e por ser legalizada (através das medidas d os políticos iluministas). Foi então forjado um novo enquadramento legal que colocou o abastecimento em termos de política de Estado e de aceitaçfio do princfpio da libe rdade económica. ou seja . a questão do abastecimento do pão começou. a partir daí. a dissol ve r-se no seio da conceptualização. mais elaborada e coerente. da novel ciência. a Economia Política No entanto. nos primciros anos da con temporaneidade. no fim das Guerras Napoleónicas. o maior mercado ponuguês, o de Li sboa (à semel hança dos o u tros mercados europeus), encontrou-se su per-<:\bastecido de cercais e Os

271


JAIMH tll./JERTO DO COUTO n:;1UU:/RA

preços caír:l1l1 <lcentuadamelHe. As políticas liberais. inspirad<ls pelos economistas. viram-se então condiciOll ad<lS pela força dos inte resses e das pressões políticas dos proprietários fundiários que exigiall1 medid:ts proteccionistas da cerealicultura «nacional». Daí. que em 1815 e. pouco depois. a partir de 1818. tivesse aumentado a coacção sobre os governôlnteS para que se protegesse ôl produção de cercais da concorrência estrangeira e. como houvesse hesitações em romper com a opção liberal de finais do séc. xvm . uma importante facção de homens ligados à agricultura. desco ntente. mostrou-se favor::ível ao movimenlO q ue conduziu à Revolução de 1820. Fé-lo. não para exigir transformações profundas na nossa cstrutUr.1 agr::íria. quc a tornassem inovadora c competitiva. mas pam obter leis alfandegárias que lhe garantissem. no mercado interno. preços favor5veis. Para desagrado dos consumidon~s e daqueles que desej:lvam ter um clima de liberdade para as suas iniciativas empresariais. cSSas leis redutoras da importação de cereilis (Lei de 18/Abr.l1821 ). ou mcsmo proibilivi.IS (Lei de 14/Set.lI837), foram adoptadas e sustcllIadas até meados do século. quando foram suprimidas (Lei de 7/Ag,s.l1854). Foi neste quadro. de grande instabilidade política e de grandes mutações na produção e mercado mundiais. que se foi passando de urna estrutura tradicional de produção dt,'! farinh:iS (que recorria ao moinho muscular (a illafona. hidráulico e de ve nto) para as moagens. Não fugim os ao movimento geral e a primeira fábrica. a vapor. de moagem. a de João Baptista Ângelo da Costa e Comp.~. s urgiu. cm 1821. cm L isboa. na Rua do Bom Sucesso. n.:J Freguesia da Ajuda. associada à fundição de ferro e fi vidraria. Não leve nem nascimento. nem vida f:ki l. Em 1824 já tinhil mudado de dono. se ndo então propriedade de um ricalhaço. o Comendador Francisco António Ferreira. Os anos então vividos er.un mais f;\Varáveis aos interesses do vasto !';cctor social que explorava a grande extensão de terras que. em Portugal. continuavil ;t ser ocupado por searas. do que aos homens de negócios. quer fossem comerciatUes. quer fossem industriais. Estes tinham de conquiswr o poder político e fizcram-no depois de um arrastado e doloroso processo que só se achou devidamente resolvido. a seu favor. com a «Regeneração». em 1851. Durante esse tempo o Estado confiscou e vendeu os bens das ordens religiosas C ••l p:lnir de 1852. os hOlllens de negócios, os políticos e os ideológos d:i nOV:l situação ins\:ltaram -se no poder e. in.~pirados 110 industrialismo e livre cambismo inglês (que em 1846 ha via triu nfado). deram início a um vasto programa de modernização do pilís. do qual constou a liberdade de comércio e de formação de fimlils individuai s ou compa nhias lxira as diversas activ idades. Havia-se entrado na segu nda !'ilse do processo rnoageiro português. que. num cresccndo de iniciativas. ~c foi intensificando nas décadas da segunda metade do séc. XIX. Em Lisboa e Porto surgiram . várias fábricas de moagem a vapor. empresas individuais que se tornaram conhecidas ou pe lo nomc do seu fundador ou pelo do local onde foram construídas. A primeira fábricil teria sido a Fábrica do Beato. fundada por João de Brito na Freguesia dos Olivais. na Rua do Beato A ntónio. no Conven to do mesm o nome. Este «iconoclasta» arrematou. em 1843-4. o cOllvento e ins talou dentro do chão sagrado da igreja. entre velhos túmulos de gente grad a, a máquin;J a vapor que acciona va a moagem. No catálogo da Exposição U niversal de Paris de 1867. aparece ii informação de que a f:íbri ca fora criada em 1840. o que 110S pnfece discutível. Alguns anos volvidos. em 1852. José Maria Eugénio de Almeida. fundou a Fábrica do .Ia,dim do Tabaco. Em 1857. vendeu-a a João Asbwonh & Comp,". para formar, com participação da Soc iedade de C rédito Móvel Portuguez. a Sociedade 272


UM St:CUI.O f)E MOAGt:M EM PORTUGAI_ Of:: /::;2/ JI /Y20

Anonyma de Manu tenç;io Civil. sita na Freguesia de San to Estevão de Alfama. Ou tra moagem foi a FálJrica Domingos Bine/li (que deve estar na origem da 13ellos & Comp~. Fábrica da Pampulha). Não detect;ímos a data da sua criaçi'io, mas sabemos que em 1855 fornecia a Casa Real de pão c bolacha. Da década de sesse11la pouco sabemos. O Estado liberal distanciou-se das iniciat ivas industrialistas e . conseq uentemente. estas ni'io deixaram rasto na papel~lda das suas repartições. Faltam-nos dados que nos permitam confirmar a s uspeição de que teria sido nesta altura que surgiram as unidades fabris importantes e detenninantes no futuro da moagem portuguesa. como: a Fábrica do Caramlljo. de Manuel José Gomel>. a Fábrica ii Es/re/a, de João José Martins. a Fábrica em Santa Iria, da João da Silva Ferrão de Castelo Branco. a Fábrica de Sal//(} Amaro ou do Calvário. de Eduardo Conceição Silva & 11'111âo, a Fábrica do Bom Sucesso, de Edward Harrington Jted ligações com a primeim mO~L gem portuguesa a vapor, a de João Baptista Angelo da Costa e Comp." e. depois de 1824. do Comendador Francisco António Ferreira?). a Fábrica de Socavem. de Domingos José de Moraes & lnni'io. etc. Continuamos em busca das fomes que nos perm itam confirmar estas hipóteses. CenCZ:L só a lemos q uanto à criaçJo. em 1861. da Companhia Lisbonense de Moinho s a Vapor. Possivelmente esta Com panh ia esteve na origem d a Fábrica Lisbonense de Moagem. propriedade d:l Luiz da COsta & Comp." . da Costa & Irmãos. De seguida . quando se avançou na década de setenta (mai s precisamente, segu ndo algumas opiniões. entre 1874 e 1877). passou-se da fase das unidades fabris à das Companhias. Algumas delas formaram-se a partir das fábricas já existentes. mas outras são completamente novas. Em 1874, em Lisboa. surgiu a Compal/hia do FálJ"jct/ do BOI1l Sucesso. par:; ex plorar :1 fábriCa pertencente a Edward H arrington. j:í nossa conhecida. Em 1875. fundou-se a Compallhia hulll.wrial Eborense, com sede cm Lisboa e fábrica elll Évora. Em 1877. apareceu, wmbérn em Lisboa. a loüo LlIiz de SOllsa & Filhos. Fábric:l de Xabrcgas. na Rua do Barâo. No fecho da década. cm 1879. formou-se, COLllum capital superior ao de qua lquer empresa 1TI0ageira alé então COllstilUída. 275000$000. a Companhia de MOllgem de Sallla Iria. que adquiriu a fábrica de João da Silva Ferrão de Castelo Branco. em Santa Iria. Com base na documentaçi'io que actualmen te conhecemos. podemos afim1ar que esta Comptll1hia de Moagem de Sal/UI Iria foi o primeiro passo dado em Portugal. no senti do da formação de um grande grupo que dominas:-.e a aqu isição de cercais e a sua farinaçã o. Dois anos depoi s de ser criada. no Inquérito Indu strial de 1881, afirmou-se que esta Companhia tinha como centros de produção de farinha. as seguintes unidades fabris: a Fábrica do Carallllljo, Setúbal. Almada. de Ma nuel José Gornc~ (desconhecemos a data da criaçfLo desta importantc unidade fabri l. A ruais antiga referência ü sua existência é esta de 1881): a Fábrica do Bea/o. de João de Brito: a Fábrica da PalllfJu/lw, de Bel los & Formigacs (posteriorrnclIle leve as seguillles designações: 1886. Fáb rica União: 1897. Bellos & Comp.~: 1900. Compa nhia Portuguesa de Moagem), a Fábrica ii Estrela. de João José Manins (desconhceemos a dat;'! da sua criaçflo: sabcmo.~ que em 1883 esteve na origem da criação da Companhia de Moagem da Estrela. co nstituída em 1883): a Fábrica do Bom Sucesso, pertencente a José An tónio dos Rei:. (cm 1874 aparece como Companhia da Fábrica do Bom Sucesso): Fábrica d<' SaC{/I'{!m. Lisboa. Loures. Sacavél1l. de Domingos José de Mames & Irmão (desconheço a data da sua constituição): a Fáhrica da Rua do Bartio (ou Xabregas). de João Luiz de Sousa & Filhos.

"

273


.JAlMI·. ALHERTO

no COUTO FENRUfV\

Tudo indica. poi:-. que. entre nós. este agrupamento de f:'íbricas foi o rrimciro grande impulso no sentido da conce ntração de moagens. Todavia. desconhcccl1lo~ a sua cvolução e apenas sabemos que. em 1892. estas unidades ll10agciras voltara111 a surgir separadas. rvludando de ccnflrio. passando par;! o Porto. sabclllO~ que. por volta de 1855 . entre 'l~ 124 unidadcs fabris existentes. apenas 3 eram moagens: mas emre a~ 12 máquina<; a vapor que aquel:ls indústrias empregavam. 3 pel1enciam às referidas moagens: cr:1I11 o moinho a v:lpor do Bica/llo. o de Pilllo Bas/o e o da fábrica de tecidos c fi:lção. de José Bar/)().WI. na Rua Fernandes Tomás. Nesse ano. ,Iprovcitando um a conjuntura favorável. su rgiu iI Compunhia Ce,.es, que no e ntanto durou pouco. pois roi dissolvida cm 1860. passando para u posse do scu principal credo r. Felix Fernandes Torrcs. N:l década seg u inte formaram-se novas fábricas. Em 1875 ilpareceram a A,mlmde::, Vifltlres. que a partir de I RR I surge com;1 dc:-.ign:lção de António Joaquim de Andrade Villares: a Companhia Indll.wriaf (! Agricafa POl"/I/(! IISe (de l!;1çflO e moagem de cereai:-) e a Manllel José /1a,.refO. Esta passou depois a /1(1/Tt'IO Filho & Gel/ro. Segundo declaraçõcs ao Inqui.!rilo de 1891. ~abemos n razão por que cm I :-S77 foi Jmpliad:l. « ... não por ter lucros. ao que se diz. mas por ter reconhecido que nada I.:unscguiria trabalhando em pequena escala ... ». j\ partir de meados do século. até rnc<1dos da déc<1da de setema decorreu. pois. um tempo que se lIIost roU favorá\'e l à criaç30 (k f:íbricas de moagem a vapor e que. presumivelmente. este tempo se prolongou e imcnsificou nos anos sessenta. Ma:- de seguida. na década de setenta c oitcnta. os capitais avolumar:II11-:-'C. dando origc m a companhias quc. muito provavdmcnte. foram :IS re:-.pons:1veis pela introdllção das técnicas moagciras mais avançadas. As 1I10agens passaram a ter uma crescente capacidade de farin;l ção c os rnoageiros foram acumulando jnllll~ncia económica e política. De imediato. su rgiram queixas dos que viviam da moenda tradicion:ll e que cram muilo~. Bast antes ano:-. mais tarde. em 191 M. :linua eram numerosos: 10903 nos moinhos de {tgua e 2 943 no,> de vento. Mas outra~ malquerenças se levantaram. Um polcmisla e eswdioso do assunto. o Viscondl! de Coruche. que «por acaso» não gO~lava nada do~ intcres:-.es mO<lgeiros. C011l0 facilmente se dedu z. da~ :-.uas palavra:-. pois era um homcm da «La vOUr:l». ao referir-se à década de setenta. escreveu: ,( ... O·CSI:1 época data o que çhamarci período cm que a especulação se rc:t. francamente indlÍ!;tria. como o demónio se fez moleiro. O grande c o pequeno capital disponíveL não poucas ve/.e . . propenso a alliar-se à especulação. principiou a aft1u ir em grandes massas li indústria das moagens .. . O COlllllléreio de ccreacs tende a 1110nopol irar-se na mftú ue grandc~ f:íbricas ... ') A mesma opinião foi ex pressa por Oliveira e Souza. outro paladino da «Lavoura». ao defendeI' que. entre 1870 a 1882. quando « ... a crisc ccrealífera alargou a sua :íre:l ... » . se a:-.:-.istiu ao desaparecimento dos amigos moleiro~ c ao desenvolvimento das fábrica~ nacion:lÍs de moagem de cercai" c.'itrangeiro..... Por outro lado. Momes SO:lrcs e Ferreira Lap:l atirmaram que nessa altura. embora :1 general id'lde da nossa indústria lIIoageira se mostr:Jssc rotineira e primiliva. já existiam algulls grandes estabelecimentos que executavam '< •. •:1 moagem c :1 peneir:lção pelo systCllla adoptado n o.~ paizes mais :ldi:lI1t:ldos. extrahindo-se do grão 70 a 80 por cento de f:lrinha de primeira qualidade ... » P:bsados os Illc,ldos de oitenta. clltrou-:-.e numa fa:-.e dc colisão dos grandes propriet:írio:. fundi:írios. agora haptizados de «Llvoura». com (IS comercian tes c indlLstriai~ que se recusavam :l aceitar que os interesses daqueles. COIll manias 274


UM stCULO /JI~' MOAGI:.'M EM I'ORrUGAL. DE 1/121 A 1920

senhori ais c pouco propensos a compreender e viver de acordo com o que as grandes rcvoluçõc .. do séc. XIX traziam de novo aos europeu s. fos')cm. como eles queriam. considerados p:ltrióticos. «nacionai s». J5 antes e t.\lvez para impedi r q ue o nacion~llismo fosse <lpropriado peJos agrários . que conrinavam o interesse nacional <10:-' limi tes estreitos das suas renda:-.. João de BrilO. cujo nacionalismo se confundia com 0:-' progrcsso:-. da indústria. concretamente da moagem. so lici tara e con~eg u im . pelo nh'ariÍ de 5 de Mnrço de 1849. da Rainha D. Maria 11 (assinado pelo Duque de Saldanha). que a sua F:í bri ca do Beato tivesse a designação de Fábrica Nacio//al. Pe rarHc os ataques que lhe eram movidos. em Fevereiro de 1886. a «Moagem » ;\chava inadmissível quc se desenvolvesse « ... qualquer indústria pelo sacrifício de outra» e. 110 ano seguinte. em 23 de Março . refUlava a opiniãO dos quc procuravam impor-lhe princípio~ diversos dos que regiam as outras indúSll'ias. olvidando-se. eom isso. os bons serviços que. em :>.eu entender. estava prcstando ao país. Est:t:- petições lrazem as a:'>sinalllms dos reprel;entantel; das mais importantes firmas rnoageiras da :irea de Lisboa: FâlJrica do Caramlljo, da Viúva de Manuel José Gomes & Filho:-. Fábrica da Pl/III{JlIlIra ou Fâbrica Unic7o. de Bellos & Fonlligae~. Fábrica da Estrela. director M~lm!cl Barreira, Fúhrj('l/ do Becuo de João de BrilO, Fábrica de Sall/o Amaro ou do Cah'ô"io, de Eduardo Conceição Si lva & Irmão. Fábrica de SacaI/em, de Domingo:'> José de Muares & Irmão. Fábrica A/ial1(.'a, na Rua do Barão. de João Luiz de Sousa & Filhos . Companhia de Moagem de SI." /ria. gerente. Pedro Gomes da Silva. Fâbrica Lisbo//ense de Moaf.!. em. propriedade da LlI iz da Cosia & Comp.a . representado por Custodio Nunes Borges. administ rad or da firma Costa & Irmãos. Fábrica de Alcâwara, propriedade da Baptista & Comp.". Fáhrica ao Arca de l e.HlS. da firma Francisco C. Melleiro. representada por José Francisco da C~lstro. gerente da fimla. Fábrica do BOIII Sucesso. propriedade da Reis & Ramires. A força destc grupu. o crescente controlo do mercado de farinha:- e as animosidade~ dc vulto que suscitava entre os grande!' proprictários l'undi5rios, foram algumas das razocs que teriam levado o Governo a criar. em 1888. no Convento das Carmel itas (Grilas). onde estava insta lada a P'ldaria Militar, urna fábrica de moagem ~ a Mwrmel/çâo Militar. T inha urna impOllante capacidade de laboraç:io (300 OOO Kg cm 24 horas). e foi apresentada como um «órgão regulador de preços ... libert~Uldo deste modo os consumidore:>. dos especuladores. <;lbrigandu-os a lim itar O~ seus lucros ... » E. pois. inequívoco que. a partir de meados do século dezanove. se avolumou o capital inves tido na moagem. Inicialment..: estava-se sobretudo em prescnça de uni d ades fabris. designadus peJo nome dos seus proprict5rios. Todavia o fenómeno d:l~ companhias. que cedo se começou a revelar. pois enCOntramo-lo no ParlO em 1855. com a criação da Companhia Ceres e, em Lis hua. cm 1857. com a fo rnmção da Sociednde de Manutenção Civil. :'>6 se Illostrou irreprirní\'el a partir de Illeado:,> da década de se tenta . A partir de emão e prolon gando-se pelas década~ de oitenta e nove ma. o fen ómeno das companhias moageiras revelou-se o mais s ignifi cativo derH ro destc sector industrial. Em rinais de 1882. a CO/llf/." de M()(lf,:em de SI." Iria. constitu ída havia quase três anos . reformou os estalUlOs c elevou o capital. Em Setembro de 1883. surgiu out ra importame rirma. :1 CO/llp." de A'loagem da E,\'(re!{I, criada com a finalidade de adquirir c explora r a F:.íbric~l da Estrela. de João Jo sé Martins. sita na T ravessa do Pinhei ro. em Li sboa. No ano de 1884. surge na Chamusca uma I'ábrica de moagem a vapor. :l Comp." 8 0111 III/ento. Em 1888 foram criad:ls a 275


JA I ME ALBERTO DO COUTO />"[:,"RR/:'IRA

Comp. " de Moagem lle \fia//a do Castelo e a COlllp." ElvC!//:l'e de Moagem a Vapor. Em Abril de 1889, apareceu a ComI'. " de Moagem do Barreiro e no mês seguinte, a Comp." de Moagem e Panificação a Vapor. A Campo a de M oagel1s Normal/ia (Pa n o) fo i s ido cons!ituida cm 1890. mas s6 acabou de se instalar em 1892. Ainda em noventa, apareceu :.l Comp." de Moagens e Massas de Beja. Em 1891. cm Fevcreiro, formou-se a Comp." Progres.\'O Fabril. No mesmo ano, c m Agos!o. surgiu a ComI'. " Tc/virem'e de Moa,r:tms e Massas a Vapo r. Finalmente, em 1892. surgiu a NOI'a Comp." de Moagens de SI." Iria, que resultou da fu são da Com p.a de Moagem de $t." l riól (criad a em 1882), e da Comp.a de Moagem do Barreiro (criada 1889) .

"''''0

COMP,\ N II I,\

1855 1857

Comp.· Ccrc~ Sociedade de M anutenção Civil

1862

C o mp." Lisbonense de

400005000 144 0005000 184 0005000

Total Moinho~

a V'lpor

1'uwI

187 -1 1875 1~75

1876 11176

1879

Comp." d a FábriC'1 do 130m Sucesso Comp." Indus1rial Ehoren"c Comp! Indu,,1rial e Agrícola Portuen.~e Comp." I ndll~lrial dc F<lfc Comp." Edilicadora e Industrial dc Coimbra Comp! d.., M O<lgem de S:tnta Iri3 Tnllll

1880 1883 1!lR--1

1888 ISSS IHH9 1889

No"" Comp! Cere.~ Comp." de Moagem da ESlrcl" Comp! [3om In1entO Comp! d.., M O:lgem de Vi:tn:l do Caslelo C om p! EI"e n .~e de Moag..,m:l V"por Comp! de Mo'lgem do l3arreiro Comp! de M O:lgern de P<lnifiCôlçao a Vapor Tnw/

)890

C,.. PITA L S O C IAL

100 0005000 100000SOOO 150000SOOO 160000$000 300oooS0oo 130OOOSOOO 200OOOSOOO 2750005000 1 2 I 5 OOOSOOO 120oooSooo 200oooS000 20000$000 150oooS000 -IOOOOSOOO 200000S000 150OOOS000 gllOOQOSooo 150000SOOO 150OOOSOOO 50000Sooo

H~90

C<-llllp! de M oagem e Massa... de Beja CUl1lp." de Moagem H am10nia C011lp." P rogre~~o F:lbril

IS')I

Comp! T ""ircnse de Moagcns

24000S000

TQwl

--1910005000

IX90

Tm<d

Gerat

2 726 000$000

Em nossa opinião. cm /892. com a criólção da Nova Companhia de Moagens de Santa Iria, entrou-se no segundo instante de concentração do capital Illoageiro. Esta concentração accra va ini mizades e susci tava fortes críticas. agi tando os meios políticos e ali mentando as polémicas jornalíslicas. Aliás. estas querelas são o primei ro tempo da chamada «Q uestão Moagci ra». no seio da qual existia lI J11a componente socia l, po is O pão cont inuav3 3 b;lse da alimen tação dos lrab3l h3dores. levando ao a p:l['ccimento de disc ursos e esforços que prc!endi am de retirar o fabrico de farinhas e pão da órbita do grupo poderoso das moagens.

276


UM StCULO I)E MOAGE.M EM PORTUGAL D,~'C-~ /H:'~/~,~ I ~ / 9~'C0,-- _ _ _ __

Em 1897 foi assinada a escritur.! de. ..A Lihertadora - Sociedade Cooperativa de Panificação e Moagem de Cereais». Tinha a sede em Li sboa e visava: o fabrico e venda de pão, a mOagem, a criação de um sistema de distribuição c alugar ou comprar terrenos p;lra lavou ra de cercais por cont;l própria. Objectivos ambiciosos ... como convi nha à grande generosidade da ide ia cooperativa. Para q ue conste. e$ta iniciativ a deveu -se ;lOS esforços de: Joaquim Sabino de Oliveir;l. comerciante e proprietário : João Ferreira. impressor Lipógrafo: João de Deus Lobato. industrial e proprietário: José Joaquim Ferreira. Proprietário: Joaquim Augusto da Silva Monteiro. empregado público: Francisco FimlO de Ol iveira. Industrial; Gabriel José Ferreira Neves. lameira mecânico. Recuando um pouco. cm 15 de Julho de 1889 fo i public'Jda a lei que, no dizer de Henrique de Barros. impôs um rumo «neo-proteccionista)) à cerealicu ltum ponuguesa. A partir de então abriu-se uma série de «Pareceres» e de «Petições» q ue. ao sabor dos bons e maus anos agrícolas e das penurbações nos preços e quan tidades de cercais ofertados no mercado internacional. lcvaram o Governo a elaborar uma vasta e complcxa regulamentação p.lra a aquisição. arm;lzenagemo circulação e transformação do grão e.m farinha. Os debates e a legislação respeitantes à «Moagem» avolumaram·se. ;lssim. entre a:-; muitas centenas de p:'iginas com deis agTícolas» c o processo moageiro português passou a estar ciosamente vig iado pelos sucessivos organismos que foram sendo criados no $cio das «Direcçôet,». e mais tarde do «Minislério». responsáveis pela agricu ltura. A Carta de Lei de 15 de Ju lho de 1889 proibiu o despacho. par.! consumo, de trigo estrangeiro de qualquer proveniência. Só se autorizariam enlradas desde que as fábrica... de moagem live$scm comprndo ou farinado lima quantidade de grJo nacional igualou superior ao dobro da que pretendiam imponar ou então se o preço do trigo nacional ultrapassasse os 60 réis por quilo. ou. ainda. se o Conselho do Mel'cado Central dos Productos Agrfcolas declarasse não r.!xistir oferta de grão nacional. Coagidos pela lei... os Illoageiros ti nham de engolir o grão d.\ "Lavoura,,! Para dar satisfação às suas persistentes exigências. o direito imposto aos cercais importados era. no diploma de 15 de Julho. elevado - 20 réis por qui lograma. A moagem, ach:lIldo-se lesada. reagiu com vivacidade. ;lmeaçando inclusiv:mlente paralizar a sua acti vidade. Não precisou de o fa7-cr. pois se por um lado a «Lavoura» beneficiava de uma conju ntura favor5vel e impunha as s uas soluções proteccionistas. por outro não se havia esbatido a força inelidívcl e e nrai zad a do défice cerealífero português. e as importações (embora com oscilações mais vincadas) continuaram a ter de fazer-se ... c a moagem. que era a importadora. continuou a aumentar de importância! Vinte réi$ pagos por quil ograma de. trigo importado agradava visivelmente à « Lavoura,). mas era um impo$to pesado. Contudo, po r fo rça das circunstâncias. já em 27 de Fevereiro de 1890 houve que o baixar para 16 réis. Em Abril desse mesmo ano. devido aos apuros surgidos no abastecimento. pediu-sc à moagem que mandasse vir. fosse donde fosse. cercais. e em J ulho o d irei to tomb'lVa para 7 ré is. Passado algum tempo. em Março de 1892. foi autorizada a importação de 60 000 000 quilos de trigo. com o módico direilo de J.5 réis por quilograma. Aquele volumoso montante de cercais imponados seria distribuído pelas unidades moagci ras que. pam o e reito. se tivessem matricu lado. ou seja, se inscrevessem na sede do círculo aduaneiro a que pertenciam. tendo. para tanto.

fornecido dados relativos à sua localização. designação e propriedade (fmuramente outros se exigiriam). Com base nestas declarações. a Comissão dos Cercais 277


JAI/lll; ALBERTO 00 COUTO FERREIRA

atribuía a cada moagem li quota de trigu exót ico que podia importar. tcndo a primeira «Tabela de Rateio » sido publicada no DiMio do Governo de [892 . Desde então alê 1923 foram daboradas. pel o mcnos uma vez por ano . quarcllIa c UJlla <d abelas de ralcio» do tri go importado. O número de moagens inscritas foi variando. Em 191 0 atin giu-se o cu me do mo vimento ascencional que ~e acentuou sobretudo a partir de 1906 e que. ~egund o Artur Baptista. resulta va não só da rcconst l'uçao de inúmeros moinhos de vento e água. mas ainda da dispersão peJo país de múltiplas moagens a vapor c hidráulicas. Nessa altura. moinhos e f;lbrique tas , atraídos pelos lucros da importação. incrcveram-se na tabela de rateio. elHrando numa fu gaz concorn.!ncia COIll as grandes moagens que de havia muito domin~lVam O negócio da farinação do cereal exótico. Durante os referido s decénios . passaram pelas tabelas 265 moagen s . Uma:.. muito poucas . manti veram-se inscritas durante todo (ou qua:.e todo) o tempo. enquanto out ras. a grande maioria. ti veram uma presença efémera: só 36 fábricas cstivcram inscritas durante mais de vi nle anos. 57 osci larall1 entre os dez e os vime. e as rcstant<:s 172 ab aixo de dez . A i1usi'io durou pouco. C.1Iculando a correlação entre a permani!ncia de cada moagem na!'> tabelas de rateio de trigo exólieo e a sua força produtiva. ve rifi ca-s~ que as cmpresas inscritas durante mais tempo eram as que detinham maior capacidade de laboração e que, daro cst.i. receberam as maiores quantidades de cen.!. d import;ldo. Verifica-se. assim. que a penas um reduzido número de moagens (4) recebeu percentagens de tri go situadas entre os 8. 19 c os 9.32 %. Um gmpo illlermédio de firma!'. (23) teve quotaS elllre J.5 c 4 .53 %. As re!\tames (238) divid iram entre :.i infímos quantitati vos. abaixo de 1.5%. Analisando a distribuição destas empresas pelo espaço nacional verifica-se que. se cm termos de unidades rnoageiras o norte matriculou. para efe itos de reccp~ão de trigo exó tico . o maior número de moage ns. j:í no res peiwnle ii capacidade de laboração das unidades insc ritas outro tanto M! não veri fi cav a. Em 1901. as sei.~ mai ores cmpresa ... do Pono c de Lisboa (com seu:. :lrredores) tinham;1 'icguinte capacidade de laborução: 1 t)()t

1-'0 1'Ç:l 1)J'odu ti"a (A) c labon.u;::iu c l'ccti v:l (8 ) anu ill c m toncl"da s d e trigo Hlt M AS ~

~

ee"

00

~~

O"

" "< ~

~

~

-"

-O Oe ~U!

~c.::

~"

<

~

278

J. II. Amlr.:"cn Il,un:lo Filho & (i.::nn) Comp.'lIe 1\10:1/;<':111 ] !armoni .. Fonlligat & I rl11ão.~ Jo~~ da Sj[V', Mnnlell'o & C .. Andr.. de~ Vi llarc.~

T uwfs Dommgo~ José de Mon,,:~ & Jnnão Viú\:, de Manuel Jo~é {jlln1e~ & Filho., Dello, & 1"0mli!ltLes Jo~o de Hrll O João Lui7 de Sm',"1 & Filho Eduardo Concciçâo Sit\'" & tml ão T ulllis

iA)

24900 2t 390 2027.1 t9 ij()() t6 SOO , ()()(l

t 12 764

70500 -16500 W '.JO(J 3 t 200 2t .100 17.100 226 llOU

(II I 7 198 S033 5726 9 J3S 5 S45 2385 3!>i 02 2 22659 III 063 J.1 877 IS 362 12.126 7698 9 1 (J!lS


CM S{CULO f){~' MOA GI:.JII EM l'ORTUGAL OhC'C "C"C'_'C'C'C'C'C"_ _ _ _ __ _

O., dado.., atestam que. na abertura do ~éculo vinte. quer em força produtiva. quer em laboração efectiva a moag..:m da capiwl ultrapassaria em muito a sua congénere do Porto. O renómeno já se encontnlva presente em 1892. pois ii quantidade de trigo rateado na tabela de 5 de Abril d ..quele ano (a primeira) era par" Li:-boa (28 326 000 Kg.). ou :-..:ja ~cnsivclmc ll1e o dobro da que eabia às firma .. portuenses (14 367 :162 Kg.): distfincia que cm 190 I se COnlinlli.l. Um novo c$tudo de conjunto sobre a força produtiva da." moagem. inscriws s6 viria a ser publicado em 31 de Julho de 1918. Conti nuando a cingi r-nos apenas ~s seis maiore:- empresas de Li sboa e do Porto. vemos que. como era de esperar. a sua força produliv:l e lahoraçfio efectiva se lwviam ultcrado. Todavia. passado:- vinte e seis anos. mantinha·se a lendl:llda inicia l d:l superioridade da força prodllliva da moagem lisboeta em relação à da cidade « Invicta». 1918

Furç a produti va (A) c laboração crc(:t i,'a ( II ) anoa l. 1,'111 ton eladas de tri;,:o .. I'II!~IAS

tJ

05 cp 0::","

0" ~"

<

~

(i\)

Bó""c'" Filho & GCIl ''O F:ibric,l da Scnhora du Il or'l. LUa. F;llmca ue i\'''''gclll Invic,a I Atur.ld:l F,íhriC:I de i\ loagetll Invi e,,, I Freix" Fábr;e" de Mo"ge m In \';e,,, I V.. lhom Eíhri côI de Mo .. gcm tr",iela I !I. J.:rúIIIIlHl T,Jlai.~

~

~

<" OC _0

-

I.!,l

~-

:i;: < !.:l

No,,, C: No", C.' 1';.W:I C: No,·,. (': vi úv,. dc Cn'.:c, &

1'1"':'0""] .I.: Moagem I Rua:!.J- de Julho Nacl0n,d de MO:lgem I lkalll N""ion"J.k: ",'Io"geml Sac:I,·ém l'"c;OI\," de Mu'-'getll l X"br",!!", A, J. Gome, &. ('umll. ' . Coma'ldi' :l Ilõlrr", Tot;li~

3S 51)2 2911l!O 34 098 27 S80 1(11'\(,3 15 ')36 163257 79 354 66 234 50922 ·Q066

5fi 025 4.1 965 338 51;6

{fi,

5934 66l:t2 669 1 :I 472 J 3U9 127 " 3 1 215 17373 1-1.:159 II 117 9 !tU IJ 635 10288 7fi 1)55

Simultancamente. vcritica-se que as maiores f:ibricas do :-eClor estão agora inlegr:.d.ls. quer numa. qu.::r noutnl cidade. cm duas Companhi'ls resultantes de mai s lI1n impubo de concentraçfio. o l.::rceiro. que se deu entre 1904 e 1908, com :l criaç50. em Lisboa. da CO/I/{J(lI1hia Nat'iOllal (/(, Moag em (pouco depois. em 1907. Nfll'(l Com"." Nac." de Moagem ) e no P0110. da Compallhia de Moagem IlIl'h:ra. Numa e noutra cidade, pouca~ foram as empresas irnponante~ não abrangid;Js por e"'c podero:-o movimento. O grupo de Lisboa. mais poderoso. foi o primeiro a constituir-se. A Com{Jallhil/ Nacirmal de Moagem le ve na base uma firma ;lIl1iga (desconhecemos a data (!;J c riação da unidade fabril ). a Domingos José de M()rae.~ & Compa nhia (anleriormente. Domingu:- .10M:! de Morac~ & Irmão). si ta cm Sacavém c que já em I g92 e ra ;\ unidade fabril com maior força prod uliva do pab. No início de 190-1. a panir dos seus ed ifícios. anexos. maquinismos. qUOtaS de raldo. elc .• fundou- se a Companhia NlIciO//(/! de Nloagcm. para rarinaçüo. comércio de cercais. de:-ca..,que de ;trroz c « ... aprovcil'imel1!o do~ sub produetos e qU:lesquer indu stria ~

çongcnerc::.. accssorias c derivadas. como panil1caçfio c fabrico de

maSSa:- alimenticias e bolachas», Tinha UIll (:apital social de 600.000$000 réis c 279


.IA/ME ALBERTO 00 COUTO ' ·TRREIRA

o seu primeiro concelho de administração foi constituído pelos accionistas: João Pedro de Sousa. Manuel Rodri gues Vaquinhas. Fernando Formigai de Moraes. Carla.') Alberto Soares Cardoso. No ano segui nte anexou mais duas grandes unidades fabris. a Francisco Carmello Mel/àm, Sucessores. e a Nova CompGn hia de Moal{em de Santa Iria, constituída. como já referimos. em 1892. A concentração reforçou-se ainda mais quando. nos começos de Julho de 1907. se fundo u a Nova COlllpanhia Nadonal de Moagem. Ti nha um vultuoso capital social. 4.368.900$000, e englobava . para lá da Companhia Nacional de Moagem. outras importantes e antigas fi rmas de Lisboa e arredores: a João Luiz de Sousa & Filhos (Fjbrica de Vapor Alliança). de Xabregas. a Co mpanhia POrTuRuesa de Moagens (ex Bcllos & Form igaes). na Rua Vinte e Quatro de Julho. a ./(ui Pedro da COs(({. no Seixal. a Cem rio Castor Mel/eiro, fábrica de massas em Lisboa e met .lCle do Moinho Novo do Seixal. a M. M. Gomes Mel/eim, r;íbrica de massas e m Belém (na Rua da Cadeia) e a metade restante do Moinho Novo do Seixal. a Vi,íl'a de J. /J. Ch(lves & ComI'. ", fábrica de massas, na Rua da Palma. a Baprisfcl & Compallhia. de Cascai s. a Sociedade Domingos José Moraes & Comp.", qu e negociava em cereais . a Miguéis e Filhos, no Breyner-l3arreiro. a Costa & Irmãos (Fábrica Li sbonense de Moagem). Rua 24 de Julh o c a Compal/hia de Moagens da E.·arel/a. Quando em Ju lho de 1910. a Nova Companhia inaugurou. com a presença de D. Manuel [ I. mais uma unidade r;Jbril. a sua Gerência most rava-se cnlusiasmada: « ... É esta uma das 17 fjbrica s que a nossa Compan hia. de capital social e nacional de 4.91 4.900$000 réis. conta sob a sua dirccla admin istração. Comnosco labutam na nossa empresa muitas centenas de cidadãos portugueses, nos nossos amplos misteres e suas dcpendi'::nc ias. na indústria eerea lírera sob lodos os aspectos <! respectivo comércio, o que intimamente nos prende ü agricu ltura e ü vida da metrópole. das ilhas adjacentes e das colónias ... )' A Nova Companhia N~lcional de Moagens reformulou os seus estatutos em Jane iro de 1918, e em Julho do mcsmo ano. entre as seis maiores unidades rabris de Lisboa. quatro pertenciam-lhe. De fora ficavam apenas a Viúva de A. J. Comes & Companhia. Com a/ldi1a. si ta no Caramujo. c a Cm ces & a"rros. da Póvoa de Santa Iria. Num total de cinquenla moagens inscritas. a Nova Companhia possuía seis - ! 2% - que enlre s i repartiam (pasme-se!) 35% do trigo importado. Quanto ii Compall hia de M oagem IlIl'icla. criada em 18 de Março de 1908, ti partida englobava quatro das maiores rirmas noltenhas. e que jii o eram em 1892: a Alldradcs Vil/llres ( Rua de S. Jerónimo), a FormigaI & Irmão:>. depois Formigai & Comandita. ( Fre ixo - Campanhã). Em 1903. a parece com a designação de «A Favorita». a .Im·é da Silva Monteiro (em 189 !. aparece como Fábrica Concordia de Moagem de Trigo a Vapor. pelo Syslema Austro-húngaro. Porto. na Rua do Infante D. Henrique. 11.° 82. 2.": posteriormente. de]}Qis úe [895 . surge como Sil va. Fonseca & Compan hia. em 1907. como Pinto da Fonseca & Irmão e. em 1908, como Comp.- de Moag. Itwiew.) e a.l. H. AI/{Ires.~ell (Afmada - Vila Nova de Gaia). A Compallhia de Moagem I nvi cla linha um capital social d<l ordem dos 988.800$000 réis. subscrito por J. H . Andresen. Su cessores (310.000$000), FOnll igal & COnlmandita (290.000$000). Pinto da Fonseca & Irmãos (170.000$000), Andrades Villares (2 10.000$000). Fernando Rodri gues Form igaI (1.000$000), Al berto He nriques Andresen (1.000$000). Guilherme Henriques And rese n ( 1.000$000). Elias de Andr'lde Vi ll arcs (1.000$000). Lui s de A ndrade Villares ( 1.000$000). Alberto Nunes de Fi gueiredo ( 1.000$000). 280


UM slxul.o IJEMOAGEM EM PORTUGAl.. OH 1.'1'21" /920

Um quartO sulto no sentido du concentr.lção veio a dar-se entre 191 8 e 1919. quando surgiram m:li~ bem definidos. dois grandes grupos: um surgiu da Nova Comp." Naciollal de Moagem. foi o da Compal1hia Il1dll.\·trial de POr/ugal e Colónias. e o OUlro foi ti formação da Sociedade Ind/lstrial Aliança. que se formara a partir da Fábrica do Caramujo e da empresa CrllC:es & Barros. Com isto entramos no culmi n;1r desse quarto tempo na concentração da indúslria moageira portuguesa. que ~e começara a esboçar. segundo algun~. com a criação, em 1918. da Moagem Aliança e com a revisão. em 7 de Janeiro de~se ano. dos estalUlO~ da Nova Comp.a Nacional de Moagem. A Companhia Il1dll.\·//"iol de Portugal e Colónia.'>'. com um capital social da o rdem dos [6.999.920$00. era a mais poderosa estrutur;1 Illoageira de todas as que haviam sido criadas cntre nós. Tinha a sede no Jardim do Tabaco e possuía agora a:-. seguintes empresas: a Fábrica de Moa gem e Descasque de Arroz. em Sacavém. a Fábrica de M{lssu.~ e Bolachas. na Rua 24 de Julho, Lisboa. a Fábrica de M/x/gem e Bolachas. na Rua de Santo Amaro, a Fábrica de M oagel/s. em Xabregas. Lisboa. a Fábrica de Moagens, na Estrela. Lisboa. a Fábrica de Moagens c m Serpa. a Fábrica de Massas. na Rua do Barão. Lisboa. a Fábrica de Massas. em Caminha. a Fábrica de Descasque de A rroz. na Rua 24 de Ju lho. Lisboa. O activo e passivo da Nacional. no valor de 16000000$00. passou. cm 19 de Dezembro de [919. para a POrlugal c Colónias, cabendo-lhe. em troca. 177777 acções do novo em preendimento. As restante~ [[ 000 foram assi m repartidas pelos accioni~tas: Manuel Vicente Ribeiro. EspírilO Santo Silva & c.a, Vierling & C.· . José Henriqu es Tota & c.~. José Henriques Tota. Dr. José Emídio Ribeiro Correia Guedes. Raúl Monteiro Guimarães. Eduardo Ramiro dos Rci s (cabendo 794 a cada um): Fernando de Oliveira Belo. Eugénio de Sousa. José Lino Júnior. Carlos Ram ires dos Reis. José Correia de Sousa e José Abreu Re is (cabendo 793 a cada um). Perante esta poderosa c tenlacular concentr.lção. c com o objectivo de c riar uma f;ibrica de moagem e de massas alimentícias cm Beja. fOnllOU-se (cm 25 de Fevereiro de 18 I 8). um segundo grupo Illoageiro. a M oagem Aliança. Limitada, que aglutinou a Companh ia de Moagem In victa. do Porto. (consti tuída. como se disse. em 18 de Março de 1908) e duas das maiores moagens de Lisboa que haviam resistido 11 imcgmçfio na Nova Companhia Nacional - a V iúva de A. J. Gomes & Comp.-. Comandita. e a Cnlces & Barros. Lda. Este grupo tin ha sede em Lisboa e esteve domiciliado prov isoriamente na Rua I." de Dezembro. n." 122.2." andar. O seu capi t:.!1 social quedou-se por 300.000$000. quantia muito abaixo do valor das fiml:ts que a origin;lram. Passados alguns meses da criação da Moagem Aliança. Lda .. em 26 de Setembro de 1918. a companhia I"oi d issolvida e o seu passivo entregue à responsabilidade dos sóc i o~ da Moagem In victa. da Viúva A. J . Gome~ e da Cruces & Barros. Mas na meSIllH dala e como resullado da fusão da C ruces & Barros (da Póvoa de Santa Iria) e da Viúva A. J. Gomes (do Caramujo). estabeleceu-se a Sociedade de Moagem Afiança. com um capital social de 5 000 000$00. A Cl"/lce.~ & Barro.\· aparece-nos pela primeira vez. matriculada em Fevereiro de 19 16. sendo-lhe atribuida uma quota de ratcio de tri go exótico de 2.95%. Seguidamente tem: na «Tabela» de 12 de OULUbro de 19 16,3.21%: na de 31 de Julho de 1918.6.03% e na de 21 de Outubro do mcsmo ano. 5.93%. É uma

percenlagem superior à de qualquer empresa do Norte do país. e encontra-se entre a!'õ primeiras da área de Lisboa. Em 29 de Janeiro de 1918. por motivo 281


_ __ _ _ _ _ __ _ J liME M.8IoRTQ DO COUTO n:.HIUfJR,\

••... da .. cessõcs de partes de t;ot:1S .. favor da SOCiL'tbdc de Padaria.!'.. Limitada». di ssolveu-se a firma C ruccs & Barros c fOflllOU-Sl!' uma OUlr3 com a mes ma designação. Esta tinha um Caril:ll :ooeia! de S50000$00. que correspondia ?Is quow .. dos sóc io..,: José M:UllH.!1 Cru ces Alvarcz (423 000500) c Domingos Alfredo Barros (425000$00). A fábrica. silu:lda na Póvoa de Santa Iri a. com sua maquinaria c inslalaçõc,. fOI ;lvaliada cm 550 000$00. Na gcri!ncia da firma, além dos dois sócios J;í tl1cncion ..dos. jUl1Iou-sc um nome que se veio a deSl acar n.. liderança dos moagcim.;;, de segundo plano: Carlos Machado Ribeiro Ferreira. Quanto à firma Vitim A. J. Gome ... & c.". COll1f11rdiw. sabe-se que é ullla unidade fabril antiga. Na « Reprc~cntaçan» das indústrias de moagem de Fcvereiro de 1896 tcm a (Jc:.,i~nação de Viúva de lvl:lIlucl JO.~é Gomes & Filhos e a p'lrlir de 1899 pa..,."1 a chamar'se A. J. Gomes & Comandita (em 1900 acrescenla\ a-se «Viúva de M:mucl José Gomes & Filhos»). Enl 1910 surge COIllO Viúva A. J. Gomes & C.-. Contandiw (:I viúva cm Dona Mari:l Soare:. d:1 Rocha Gome .. ). A fábrica situava-se no largo de S. Tiago. ao Caramujo. do Concelho de Almada. c os escritórios !icavam no largo do Terreiro do Trigo n.o 16. Na ürea de Li .. boa (c a nível nacional ). em 1892 cabia-lhe ;1 terceira maior percentagem de trigo exótico importado. QU:UlIO à sua forç:\ produtiva. em 1901. era de -'6500000 Kg/trigo .:mo. :.enoo apenas uhrap:t:.::wda peja Domingos JOlIé de Moraes & Imlão. Quando em 26 de Setembro de 191 8 foi criad:I:1 Sociedllde de Moa!:em Alial/ça. Ldll.. o valor da maquinaria. instalaçõc:. e outros pcnences. como os direito:. indu:.triais da f:íbric:I do Caramujo. roram avaliadO'. em 985 357500. Incorporava entilo a .. seguintc ... lirma ... : :\ Viúva dc A. J. Gomes & Comp.a Lda .. :I Cruce .. & Barro~. a:. Fábricas de Mo",gelll Invicta. a Companhia Portuguesa de Assucares. Tinha f:ibric:ls em Lisboa. no Parla. Bej:l. C'lrarnujo c Barcelos. e cM.:ritórios. cm Lb.boa 11:\ Rua 1 oe Dezembro 11. 0 122. e no Porto na Rua Santos Pousada 11." 380. Em Jõ11\eiro de [1)19.:.l Sociedade adquiriu:I F:íbrica. de Moagem do Rio Tinto. Lda. Neste ano. p:lr:1 efeitos de r:lIdo do trigo ex(Ítico. encontrava m· se matri culadas t.:inqucnta e oilo unid,ldcs fahris: ~cis pcrtcnciam à Nova Companhia Nacional de Moagcm. e "ele à Sociedade de Moagem Aliança. Lda .. cabendo tI primeira 38.5% do trigo importado e ii segunda 23.2%. Os dob. grupos rivais. em conjunto. recolhiam 6 1.7% do grão exótico c nlr:ldo legalmente no pab. Em II de Fewrciro de 1920. c~tc grupo deu um novo ,alto; com base nu nctivo c pa"i>i\'o da Sociedade de Moagem Ali;ltIç;!. fonl1ou-sc:1 Sociedade "uhwrial Alitlllça . COI1l um capital social de 10 000 000$00. integr:ilLllentc subscrilu c dividido em 100000 acçücs: à amerior soôcdade pCL'lcnccr:\1ll 90000. sendo ns rcSl3lltes divididas por: António da Co .. ta Faria (2250 acçõe:.). Domingos Alfredo Barros (2250). enrlos Machado Ribeiro Ferreira (2 250). José Manuel Cruces Alvarcz (2 250). Jo .. é Maria Alvilrel. (200). Eugénio Alvarcz (200). Manuel Rivcra Duran (200). Erncsto Ferreira (200). Elísio Ferreira do Vale (200). Para o conselho de gerência do primeiro triénio foram eleito.. ; All\ónio da COSI:l Faria. Domingos Alfrcdt1 Garros. Carlo:-. Machado Riheiro Fcn·eira. J o..,{! i\'lanucl Crucc~ Alvarc/. Em Ago"lo de 1921. no\'e fábricas. entre oitenta c Ir.:! ... pencndum :'t Comp:lIlhia. Induslrial dI! Portugal I! Colónias. que paslooll :l deter 35.99 % du t'cr..::nl importado. À Ali;mç:1. COIU setc fáhricas. cabiam IS.559c. ficando os rc.... tantc .. 45.5'* par:I :I"; OlLtras i>C:'SCllt:t e setc unidades fabris - 1)QlIC:lS de Lisho;J e do Portu. a maioda c1bpl'r:-':1 pcla<: cidadcs (! vi ln~ dI) imerio!'. Muito nalUr:llmcntc. 282


UM S,::CUI_O /)/;' fl,U),\GI:.M /:'''' PORTUGAL Dc' Ui21 A f,)20

- -- --

CSI:J podt::rosa coneelllraçün acabou por s usciwr Utll ccrlo dima de hostilidade, como se detcc(:l pelo desabafo eom que o cons:elho de adminllmaçüo da Portugal e Colónias abri" o relatório do <1110 de 1920-21: «Serão as nossas primeiras palavras para assinalar o dcsapêgo com que. por contumaz injustiça. é. em regm. compensado o consumo de energias e esforços que 10m sido mester dispender no exercício dos negócios dcst.:l empresa que. como todas 3S de utilid:ldc pública, é .:llvo conSl:llllC d:t:-. malquerença!>, que e rros alheios criam ... » Afínnav.:l-se que .:lS frequentes: Illudança:-. na política estnt:l1 para a moa!!elll lesavam a sua actividade. Este intervencionismo, "endo resultado de medidas que o tempo fora avolumando, cri:tr;1 uma cnwn1nhado de regras que tornara a moagem um campo altamellte especializado. Não obstante. a P0I1ugal e Colónias COlHinuava a modernizar-se e :1 expandir."c. indo eSlabelccer-se na província de Angola . cumprindo. a!>),irn. a seu ver. um ,( ... objectivo alwmc11le patriótico,). Para rc",pollllcrcm li poderosa compressão a que a Portugal c Colónias c a Sociedade Industrial Aliança estavam a submctê-las. e P;lf;1 conseguirem adquiri!' grandes qu:ulIidadcs de cercais (o que nenhuma empresa sô por si conseguiria) , as rcst;lIl\('S moagens th'cram neccssidade de se .:lssociar. Vária~ tcntalivas de formaçiío de «Carté i ~» foral11 então ),urgindo. ViS:tval1l sobretudo a compra de cercais 110 mercado internacional. Aliás.:1 p:trtir de finais de 1917 apareceu um lcque de cmprc),as e companhias que teria acerado ainda mais os problemas da concorrência, Em J 917 formaram-se: no Torr:lo. a Socie(/at!(! de Moagells St/cad/lr(l: em Ovar. ;1 Ulliiio dos II/dustriais de Padarias do dislriw de AI·eiro. Em 1918, surgiram: cm Lisboa, a Sociedade Padarias. Lda.; no Porto, ~t Sociedade de Moagem de N(!g,.ell),~·. a MO(jf!.em e Pallijicaçtio do Norte. Llla, e n Empresa de Moag em do Ouro. Em 1919, no POrto. apareceram: 110 Porto. :lp:treCeu a Compa"hia de Moagem e Pal/ificort/o VitÔria. tendo a Fábrica de Moagens POrfl/(!//!::e. Via. aurnenwdo o seu capital: em Leiria. !>urgiu a COl/lpllnhia Lt'iriellse de /\IIo(l gcm: em Lisbo~1. :t EII/presa \Ii/a Fral1ca di' Mnagem: :t Empresa de M()(/g clII BO/lfim. Lda" a Compa/lhia de M oagem Ushol1 el/se c :1 Sociedade PO/'fll glleso de Moagem. L(/(I.: em C;t'itclo de Vide, a Empresa EléCTrica de O/('iCII/lllra e /I'foa~elll. Lda. Para além desles emprccndi111ento~ poderá haver tlwro!>. que possivelme11le escaparam li no ...... a invcsliSação. Foi no contexto desta:. rivalidades que. em 25 de Novembro de 1922. surgiu ;\ Uniiio dO.I· Mnaf!.ei/'o~·. Ula. Pequena s f;íbric;ls ();1 província. c algumas firmas de imp0l1[lIlci a scc und:íria de Li"llOa c Porto, formaram cste organismo para as rCprl.!:.elllar c ajudar a sol ucionar algumas das suas di riel1ldade~. Decorria então um d uro despique cnlre moagciros (cmre os grandes e os grandes e os pequenos) que alimcntou a mofa dos humoristas e os remoques dos puhli ci),ta~ e que movimcl1lOu li), políticos. Esse despique dl.!sellrolou-se lias malhas de uma complexa regul;1111elllaç50 I.! influenciou o exercício do poder político - e!>!o.a encruzilhada ollde inevitavelmente se tinham de enCOnt rar iIHerCssc~ Ião vullUosos. personalidades I;'iO poderosas c ScClorcs soci.:lis tão melindrosos, C01l10 foram os que ddinelll a qucstiío da moagem c d.:ls farinhas. nos inícios do), ano:. vinte.

283



AS INDÚSTRIAS NO PORTO NOS FINAIS DO SÉCULO XVIII AURELIO OLlVF.IRA

o

Porto e

~

sua Históri a tem sido essencialmente a H istória do Comércio

dos Vinhos. Cresceu c dese nvolveu-se sob esse signo Illormeme - segundo soi

dizer-se - desde os inícios do Século XV II I. embora:1 meados do Século XV II - como por vez primeira o referimos - o seu Irmo le nha catalizado o grande comércio na cidade e a sua produção nas zonas do hil/lerlalld duriense se tenha transformado já numa quase monocultura ocup:mdo de forma extensiva as terras c as gentes cm largos tratos do imerior do Vale. com a saída de vinhos pelo Porto já preparados e «calibrados». «para interessarem mais» du rante a primeira metade de Seiscentos. Muito antes, pois. que os ingleses os tivessem ((descoberto» nos princípios do Século XV III ' . O Século X IX viu o a pogeu desse comércio em prestando. emão, toda a grandeza monumental il Cidade tal como hoje a conhecemos. Veria wmbém o mesmo Século XIX um ceno esmorecimento dessa grandeza quando as pragas e a filoxera entraram a comer a maior pane d:ls vinhas nas terras vinhateiras do Vale. Estão por estu d a r - c reio - os efeitos deste fe nómeno nos restantes Sl:ctores da actividade económ ica do Porto 2 para além das terras do interior do Vale onde. como se sabe, uma das respostas conhec idas foi a introdução da experiência do tabaco seguido das difíceis tarefas da repl antação. Mas se é certo que resta por estudar o verdadeiro impacto desse fenómeno, certo é também que os inícios do Século X IX necessitarão de igual estudo e melhor conhecimento. A H istória do Pano é mui to mais que a H istória dos seus Vinhos. É também a H istória das suas manufacturas e das suas indúsuias substilU indo ou caminhando de par corn os tradicionais mesteres 3. Para além do pano de fundo global - por quase lodos referenciado como verdade universal não só para o Pano como para o conj unto do todo nacional é o surto e o bom momento das manufacturas e indústrias nacionais e da agricultura mais ou menos coincidentes com o Reinado de D. Maria e o seu colapso verificado com e no rasto imedialO das Invasões Francesas~. Um (breve) hiato de crise que se terá mantido até 18 14-1815. Verificar-se-ia pouco depois e até cercu de 1822 um arranque continuando a crescer de modo notável - deve dizer· sc - de 1826a 1834. Neste conjunto e na panorâmica global desta situação e desta última fase, o Porto parece ter assumido um lugar pioneiro e de destaque: Até 1830. pelo menos. parece ter gozado de uma posição cimei ra. Segundo Joe! Serrão o Porto encontra-se. por então, à frente do esforço de industrialização portuguesa. Só a pan ir de 1842 a situação se desequilibra a favor de Li sboa roubnndo a supremacia dessa situação e desse esforço ao POrto. Diz-se uma indústria na sua quase totalidade oitocentista - sublinha o mesmo autor. Uma indús tria jovem e próspen.l. Quer dizer: 1826 parece marcar o pOnto essencial desse arranque e marcar as verdadeiras raízes do suno manufactureiro portuense s. Mas será apenas uma indústria oitocentista? 285


AURÊLfO ()UVE/NA

Creio que. C:.tc processo das raízes industriais do Porto Contempor[meo está ainda. de facto. por conhecer-se na sua devida cxtcnsào. E. 11:.1 verdade. n50 cremos que esse arranq uc tenha partido. do zero. Urge. por isso conhecer a s ituação anteri or buscando as rafzes e as po:.:.íveis razõe~ de si tuaçào tão lbonjcira logo nos iTlíci()~ do Século XIX. I: que. na vcrdade também. :.1 noslIa indtíSlria oitoccmist:t radica. na sua esmag3dora maioria. nas Ir:.1dições de "ctccentos c sobre COI1!'!lanlCs estruLurai s que as condicionaram: Iransformaçuo das pequcnas oficinas dos Illcstercs. pass:lgc1l1 destas a manufacturas p3m. culminarem nas «Fabric:\s» propriamente ditas do século XLX. Vivendo de pur c sempre condicioll:lda:. pela presença o u nào d:ls 1ll:.1téri:1.~-p r imas e pela forte concorrência estrangcira principalmcme inglc~a. As necess idades de escoamento dos manufacturado:- obrigou Illuiws delas a te rem de se implalllar ~obre o litor:ll procu ra ndo por esse modo os caminhos mais fáce is de sa íd:l corno também o aprovisionamento igualmente mais f:ícil de muitas das m~lIéria<;-rrimus de que algumas nccessit;lvam. Viveri;lJll ainda (nasceriam c se desenvol veriam quase todas a mOlllatllC ou a espaldas do sector cOlllerci:lL O nosso «industrial» do Século XV III como aind:l n:l esm agador;\ maioria pelo Século X IX seria es:-encial e principalmen te comerc ia11le). Esta rcalid:ldc e esta filiação cm tradições mesteirais anteriores era tão evidente c tão forle :lÍnda :l me.ldos do Século X IX que nem os teóricos maÍl' generosos lhe podiil!ll da r volta: Sublinha-o de modo lap idar Oliveira Martins - que bem conhecia também cssa realidade da indtístri;j nacional: «Como seria. porém. de outro modo se eles os professores doutorados. resolveram do alto das s uas cade iras que indú stria são grande~ fabr icas: que as pequcnas indústri as e!o;tflo condenadas: sem se lembrarem que ;I.~ grande s fabricas nai>ccrn das pequena" ol1cinas c que mais de uma metalurgia co lo.~s:l l de hoje era ontem lima loja de ferreiro » 6. Uma poderosa c imponame burguesia mel'C:l1llil que se criar;'j c desenvolvera no Porto haveria de ter as SuaS consequênc ia s no que respeita ao desenvo lvimetllo e comport amento deste sector. tal corno a natural transformação dos mestere~ que vinham de tempos a1Hcriorcs e que (ksdc cedo alimentavam o comércio local e també111 alguma expo[tuÇ~[(). Teremos. pois. de vir a conhecer forço:.amellle essa realidade imediatamente anterior a esse nol:'ivcJ SllltO dos inícios do Século X IX. Peffodo esse que sob este ponto de vista continua a pedir um maior conhecimento e ponderação 7. O~ finais do Sécu lo de modo algum podem ser tomados c olhados cm bloco - sem mais. Assim a esse período algo indefin ido - que se prolong;j pelos primeiros :lnos de Oitocentos - hav\!rá que apor algumas balizas a 11m de se obter preci:-.;10 cronológica dentro de uma perspcctiva dinümica e diacrónica que V;l além da simple:-. contagem - c quando Ci>ta ror possível. H,í. sobretudo. que perscrutar movimen tus. A dcliruituç:J.o possível. sem dtívida. em ordem a se poder s:.1bcr com mais rigor se a dita «prosperidade industrial» poderá ser tomad .. na sua globalidade para todo esse período. na verdade_ crono logicamen te indefinido. Não será mais conveniente dctcmlinar evoluçào e comportamentos que porventura possam delimi tar Clapas mais prccisas para \!:-.tas actividadcs? Defin ição crono lóg ica que dcve ser alargada a outros sectores cujo comporta mento c evolução podem nem sequer :-.cr !'!incrónicos. Delimitaç;lo. outrossim. de carácter geogrMico:l rim de que se possa saber se com propriedade c com fundamento se poderá gencruliz;:lr de situações pal'ticul;:lre:-. e pontuais para traçar quadroi> globais que abarquem todo O quadro

286


AS INI)U.çmli\~ NO I'ONTO NOS

- -- - - --

""""A'S DO stCIJI.O XVIII-

- -- -- -

nacional ou <;e. de con1r;írio. detectados e estudados se deverão antes manter como tal. in ... ufiçicntes. afinal. quer pela :oua irradiação quer pelo seu volume e in!1uxo para definir c caracterizm u lOdo Ilacion,,!. Deixa-se de parle urna questão fundament:ll e importante qual seja a de sahcr c a de determinar a re ~11 importância de uma produção industrial interna - diriamos provinci.:m;t - que :.empre existiu. por vezes com assinalada vitalidade. an1es do terceiro quarto do Século XVI II - altura cm que se inslala. de f:lcto. no Pafs. uma nova dini'itnica no que à actividade industrial concerne. E O mesmo poderíamo:. di;.o:er também para o Século XV II. Na verdade. antes das d uas grande:. tentativas de industrialização (:I do Conde de Ericeir;1 e a do Marquês de Pornb;tl) o 1';11:. não andava desertificado destas actividades como algumas veze:-. :.e poderá ser levado a pensar. Existia. uma produçJo interna mesteiral e unesana!. diversificada de região para região. Esscnci"lmenle voltada para o mercado local - às vezes regional. E induv it:.ívcl que esta~ actividades e esta situação. quer pela s ua importância quer pelas tradiçues criad:l:-' tiveram;t sua relev;lIIcb. incluso. numa diversi ficaçJo rcgionill criando uma geografia indu:-.trial própria sem dúvida m:li s próxima do:. recursos di:-.punívci:-. (:.obrctudo matéria prima). Firmou tféluiçõc:. locai:. que depois se perpetuaram vindo a co ns titu ir núclco!'i mais definid os e de certo vul to nos tempo:-. po . . teriore:-.. Alguns desscs núcleos ganhariam importância e Viri:H11 a espalhar os seus produtos pelos vários mercados do País e mesmo ii alimen tar alguma e:-. ponaçJo. Sempre. porém. com enormes dificuldades face a podc rosa c pr ivilcgiada concorrl':ncin externa H c face a h:íbitos de consumo que essa presença vinda do exteriur Cl'iuféI e que deixava os produtos nacionai!'> em franca desvamagelll 'J . Antes que outro:-. o tives:.ern l'eito. FO!1unato de Almeida l'oi dos primeiros a chamar a dcvida atenção sublinhando a importância de semelhante realidade lü. Par:! além de lUdo isso pers istirá a que:-.tJo de saber e de se \'erificar com rigor:-.e tal ... ituação era a sufi ciente e se eM:l\'a em condiçõe<; objectivas de faze r face às cre:-.ccrnes necess idades de consumo seja em perfeição seja cm quantidade voltada ;tO:-. mercados interno ,~ e externos. Não res,tará dúvida. porém. de que a <:elcbraçJo d~ convé ni os facilitando ti já forte concorn3ncia externa armada de favores comerciais e privilégios (nc:.te caso particulanncrllc à In glatcrra) lhes COI'tou tOda a pos:-.ihil idade de persistirem c se dese nvolverem. Concon'êneias qu e :.ufocando a produç ão nacional der:u11 a70 a uma importação sempre crescente que em quantid;rdc c qualidade se impôs aos gOStos. como ~s nccess idadc:-. nacionais. Fugir-nas-ia a colocação de produto~ rna~ fugiu- nos também o seu f:lbricn C a "'U: I prcpm;lçJo. Problem;t:-. estes que de imediato no~ conduzem ao c:-.tado da si tuação «industrial». a quando do T ralado de 1703 e às suas verdadeiras consequências. Sem entrarmos. mais um:!. vez nessa polémica lque a té nos parece j:í desnecessiíria) caheria perguntar. mais uma vez - e sem se 10 IHar CIl1 consideração dados factuais ~ testemunhais dificilmente ultrapass:.íveis - se essa produçJo indu strial in1erna. por hrilhan te: que fos:-.e restaria incólume peran1e tão poderosos condicionali smo:. c: face a Ião poderosíssimo concorrente - como era sem dúvida já ii Inglaterra nessa allUra e que sempre rcforç;tria ao longo de Ioda a restante Centúria. Afinal. vindo a criar- .~e c a cOllscntir-s~ numa si tuação tJo d~scquilibrada por privilégio.;; e concessões Que até alguns ingleses se não coibi ram de qualificar de (Jcsllle .... urac!;r ... c muitil.~ vezes injustas II

287


AURÉLIO OUVE/1M

Ames de 1703 tem de contemplar-se ii exist6neia de uma produção interna espalhada por Lodo o País c :né a força de produção a que a política de Ericeira havia dado azo em alguns sectores a.través d3 concentração de manufacturas imporl,mtes em alguns locais prometendo dias novos e renovadas para essa produção nacional interna. Isso era já tão visível pelos finai s do Século XVII que semelhante si tuação havia logo criado alguns engulhos aos ingleses mesmo num período de notório abatimento em que veio a encontrar o sector após o afastamento de Ericeira. O próprio conciso fraseado do Trat3do denunci3 abertamente o seu objectivo fundamemal se não fosse possível recorrer a outras referências. Duvida-se seriamente que o aparel ho produti vo interno por mais brilhante que fosse pudesse superar semelhante situação de desigualdade c riada e fo sse capaz de suportar tão poderosa situação de vantagem concedida à Inglaterra que jú na altura era o que se poderia definir como autt!ntica «potê ncia industria],). A partir daí. à supremacia comercial de que jl~ goz3vam. juntaram os ingleses a supremacia (, industria!». Fabricari:lm, distribuiriam. conquistariam os mercados c os gostos . Nem sequer foi um pOrluguês que disse. após a sitU3Ção criada em 1703, «cdimelltá-mo·/o.\' e \'es/i·mo-los» ... Não se discutirá aqui também o mérito ou demérito. o sucesso ou insucesso da política industrial pombalina como também da sone e vicissitudes operadas com o afastamento do seu grande impulsionador. Tão pouco a necessária correlação que será necessário estabelecer com o período d.:l .. Yiradeira» e dos possíveis benefícios, s urt os ou estrangulamentos operados nessa produção nacional com as novas condições políticas. Questões a perspectivar em quadros mai s vastos e alargados atentos as situações criadas. Situação a equacionar ainda no contexto de uma situação externa, por ser este, precisamente um dos secto res mai s expostos a essas inOuências 11. Pensamos que não obstante as novas aquisições trazidas pelos estudos mai s recentes ao escl arecimento destes problemas a lgo haverá ainda por revelar c aclarar. E a diversidade regional poder5 vir a trazer mais algumas revelações equacionando-se, seu peso e real valor na geogralia «industrial » ponuguesa de Setecentos e Oitocentos. Temos vindo a encarar os fins do Sécu lo XV !TI - princípios do X IX C0l110 um período muito divers ificado que quanto a nós não cabe - de modo nenhum naquele tipo de explicações lineares e simplistas de «uma prosperidade generalizada» logo gui lhotinada pelas In vasões Francesas .. . As informações e dados que se vão apurando t,l11to de ordem numérica C0l110 qualitativa sugerem s ituações díspares de sector para sector e por vezes situações contraditórias dentro do mesmo sector de actividade. A periodização im põe-se aqui corno uma metodologia necessá ria no se ntido de melhor se aclararem c definirem as s ituações c comportamen tos dessa geografia económica e indul'õtrial e tanto a nível global como local. A arrumaç:1o gcogrúfica ser~"i outro critério a tomar em COlHa no equacionar e ponderar do problema. Cremos (e deixamos de lado outras realidades) que o sector «industrial» e mesteira.l desse período (a lgo incerto e indefi n ido), ex igirâ mais estudo e ponderação. utilizando os dados numéricos c quantitativos de que seja possível dispor mas também as rercr6nci,ls descriti"a~!! ,<qualitativas» de que por vezes é também possível lançar mão.

288


AS INDUSTRIAS NO PORTO NOS FINAIS IJO Sf:CIII.O XVIfI

É deste último teor a que hoje aqui trazemos e que nos dá azo a um comentário e apreciação à~ indústrias e manufaClUras do Porto nos finais do Século XVII I. Adiantamos desde já. porém. que alguns dos mapas c~latísticos de que é possível dispor. a p:mir de eruão. enfcnnam de lacunas e omissões. Creio que são tão só uma amostra - e como lal devem ser tomados. Contemplam algumas terras l11a~ deixam frequentemente outras no esquecimento. Raramente podcrJo ~er tomado!' como relatórios exactos e definitivos. A investigação a partir de fontes locai s é. pois. um com plemento necessário. Acúrsio das Neves deixa-nos a porta aberta para esse campo pouco conhecido ao indicar não só CSS:1 realidade (q ue sem dúvida hcm conhecia). corno para nós hoje a apontar um::! direcção de pcsqui~a: Não se deve julgar por aqui (pela realidade lisboeta) toda a nação. É necessário visitar as cidades de segunda o rdem e conhecer as províncias principalmente os distritos dos lanificios 13. Os inquéritos e mapas centrai s necessitam, pois. desse complemento que só pode aJcançar-~e pelo recurso a outras fonte~. E algumas existem que urge conhecer. Diz a Junta do Comércio. cm 1822. acerca desses Mapas estatísticos: «ViIÕ neles incluidas como fabricas muitas que nJo trabalham ... mas serve isso tao só para Illos trar a autorização que telll os agraciados para as poderem cstabelecer quando o de~cjarcm)~ I". Como tal as entendercmos mas também não se dispensará nunca o seu conhccimento. Numa dessas Memórias (que cm breve vi rá iI luz) diz-se (cm 1791) por exemplo. acerca do que se passa em Braga: « há muitos outros individuas q abuzivamente estão trabalhando nestas manufacturas» (galõcs de ouro c prata). Fora. por conseguinte, de lodo o rastreio e controle. Uma informação de 1777 ao fechar o (~reinado» pombalino atribui iI cidade do Porto um;L<; vinte «fabricas» embora mi «Lista das Fabricas» do mesmo ano só venh:un referidas dezoito. Em qualquer dos casos capitalizando. todas as manufaclUl'as no Norte do País. (Além das do Porto apenas se refere mais lima «fabrica» em laboração e cm actividade : «uma manufactura de louça em Viana do Castelo de João de Araújo Lima). A esmagadora maioria ficava-se por Li sboa e mais algumas terra~ do Sul. (Diga-se desde j;'i que se omite cm ambas as efectivamente existcntl.!S em Braga). Uma outra informação posterior rcfercnle ao ano de 1786 dá-nos. porém. uma imagem pouco diferente - salvo a proJiferaçJo das sedas. com a maior di fu são das manufacturas dos galões de ouro e prata. A avaliar por esta úllima rercrência a si tuação pouco se :.tltcrara -tanto no Porto como também em Braga. Todavia. em levantamento sistemático já por nós feito para Braga veio a revelar-se e a apurar · ~c para :.tqui uma situação completamente diferente: crescimento com instalação de novas unidade~ com aJguma~ indústrias totalmente desconhecidas da trddição «industrial), bracarense 15. O mesmo se p:lrccc ter passado com o POlia (cite-se em p:lrticular o da refinaria de açúcar). O POrto por 1786 su rge-nos como um centro mesteiral e manufactureiro importante centrado nos têxteis. sedas. algodões. lãs e. sobrcludo. linhos . Com :llgumas inovações importantes na cordoaria. ocupando numa das manufacturas mais duzentos operários com gastos e consumos anu:lis de mai ~ de oito mil quintais de linhos. Cita-se em particular a «fabrica de António Baptista de Sá e

uma outra de Manuel Moutinho de Meneses com recentes melhorias técnicas introduzidas e donde têm

"

~aído

- se rcfere -

Illuito~

aprendizes para as «fabricas),

289


AfRtUO OUI'I:./HA

da Corte. (Acrc.<;cellla-:..e UI1l:l manuf,lctura de tahaco. quatro fábricas de louça grn....a e fil1:.1). :lpolll:lndo-.'>C para 0'<> arredores «f:lbricas» de vidro. p:.lpel. eurtume:.. e cltap!!u ... etc. 1(,.

o texto que aqui trazemos n~o se encon tra. infelizmcntc. datado nem a ..... inado. Rcportar-se-:' - :..alvo mais exacta precisi'io que ... e possa vir a apura r - ;l altura., de 1790 (ou :..erá que se trata do mapa ,l que se faz reCen!nci,1 paru as fábrica .. cxbtellle:.. no PortO em 1794?). N:.I verdade, numa cxpo.. ição desse ano se tli7 que há «um Mappa ger,l l d:h Fabrica., da Cidade do POrto» que Coi remetido a Li sboa relo Desembargador Francisco de Almada e Mendonça» . Se se tratar efec t Ivamente de:..:..c mapa ele ~ posterior a 1 7~4 dado que Franci:..co de Almada c Mcndonça é empo.. sado no cargo de Corregedor - preci .. amente ncs:..e ,IIlO - e mais provavelmentc cuinr.::idente com a « .. ua •• entrada 110 cargo de Supcnn-tcndcnlc do .. Tabaco:. e Saboarias cm 1794 17. Este Mapa. porém. IS Ill:lis quc is .. o: é uma verdadeira Mernóri'l desc riti va do cqado das indú .. trias e manufacturas do Porto. Em qualquer das dua .. hipóteses coincidido COIll um [lo:..sívcl momento mcnos bom par:l as manufacturas c a produção nacionai.,. Segundo Acúrsio da~ Neve:.. ,lté 1788 a~ labricas deram lucro. Dcpoi, da c riaçãu da Real Junta do Comércio Fah rica~ e Na"cgaç::lo - não c:-.uí t:lO clara a matéri a .. . mas ainda que o.;e não po~,a tirar ~aldo há dados que deh::l1ll pouca dú\ ida». Pro:-.per..tm'! Não darem perda já é pro~pcrar... Um outro tcstê'munho. pouco pOMcrior ( 1794 - 1795 ) informa-no .. da mesma realidade (nada conlientânea com ao.; dilas ,ilUações de pro:..peridade): «A .. r.ibrica .. j:í muito adcccntadali (ao tempo de Pombal) com grande cu,>to vão a cahir de todo porque nem o governo as sabc "U.,lenlar. nem ha c(}nnanç~l no governo que ,mimc os panicularcs a encarregarem-se dellcs». «A indlblri:1 e o trabalho :-.c vi'io c.x tinguindo» III.. Segundo e~la Mellltíria ~()hre o estado da~ indústri:l'> no Porto. o tl!xti l aparcce-no\ em muito boa s ituação "C não meSlllO Cril estado próspero com doi:.. ,eCIOI'C'i tx=m difercnciado:..: a .. ,>cdas cm lugar de dc!>taquc. Dcpois as lã .... O grande criador desta indústria da'i seda!> no POrtO foi o comerciante de gro, .. o trato 8r:í, de Abreu Guimari'ies de cuja m:ullIfactura surgiram postenonllenl~ todas a,> mai ... existente .. . Aqui se fabrkam «sedas ouro e pr:l ta. !\ 1:ni7e,. veludo ... e toda a sorte de ,>cdas ricas ... com perfeição que cxcede :1' de tod:l .. :.IS fahricas estrangeira" •. T udo acabados de [uxu: « ... 0 'ie não fab ricam sed,l' baratas». O sector das sed as aprcscnta-se numa situaçiio francamente pró!>pc ra aindil que <;c lhc apontem algumas debil idades CSlrutur:li~; fabrico gcml mcllIe caro I) quc - a 1150 haver protecçãu !>c poder:' perder rapidamcllle !<.ufocada pela produção e importação cstr:ll1 gcira~. As sedas par:l mulh erc~ (gorgor.l0 para manta .. e "ai:l') está. por isso. j,í algo dccadellle pela preferência que mai, correlllelllentc vão dando ao .. crepcs de França. a que acrc ..cc o n::lo apro\citamenfO dos de'pcrdício.. da ..eda que por fa lta dc conhecimento c aperfeiçoamento técnico se tem inutilizado. Rccentementc. porém. est:i-~e diligenciando no seu aprovcitaE11eillo pelo .. mesmos ,i,tcmas que ..c usam em Fral1ç:1. Inglaterra e h,ília . Curio... o e importante. ~ o documcnt'lr-:..c ne:..le :'CClor o largo recur.~o ao dO/l/('sric sy-f/clll. 'iobrctudo no I'<lIno cios retroz.c!>. Produção «dispcrça cm varias Cilzas de particul:lres gente pobrc e he das mai, bem c!>tabclcc id a~ que ha tH:~t:l C id .. c dela rezulta n1.l0 gr;lllde uti lidade a pobreza c aos negociallles». Este

290


AS INDÚSTHIAS NO PONTO NOS FINAIS DO SllcULO XVffI

trab"lho ollcinal e doméstico igualará mesmo o valor do p"no de linho produ ~ zidu CI11 idelHico sistem.j - que como verel11o~ - é o mais importante e extenso e o que rnai~ comércio lllovimenta. No fabrico de «meyils de Seda. caboens Luvas M.:lllguito.~. 13arretes e outras fa'l.endas deste gcncro» aponta a fábrica estaheleci da por Dãmaso António Ri beiro Pereira. mas que. par:l bem prosperar. terá que ser prOlegida. Neste primeiro sector - «gal õc~ de ouro e prata. matizes veludos e toda a sorte de sedas ricas. fitas de todas as qualidades lavradas c lizas - e de qualidade» _ calcula esta Memória ex isti relll na cidade e seus contornos uns quinhentos c vime teare:'> de fita e uns cento e sessenta teares de Largo. Acrescente-se desde já que uma outra Memória que penso coetânea ou pouco posterior é muito mais explícita e nomeia lodos os f;Jbricante:,> de «Estreito» na cidade: uns dezassete «o fi ciai:'»> com uma produção 110 sector de mais de 42.000 vara~ «de ouro e prata falsos » c mais urnas 34 .000 «de ouro e prata finas». fazendo séria coneorrência :.lOS da Capital. Além destes. mais uns sete «Mestre:'> P:'bsanwneiros» que fabricam galões finos c cuja produção se não especifica. Anota este memorialista a grande capac idade de produção destas «oficinas» c o grande mal q ue podem causar às «fabricas reaes se não se lhes proibir o fabrico no ouro e prata falsos».

o ~cctor das lãs apresema-se bem difereme. Não é uma ~ituação nada próspera . A call~a do rraco estado e pouco aumento destas manufacturas das lãs é o escasso favor que os mercadores lhes dão: deficiente tratamelHQ das lãs nas 1avagt::n~ e nos tintos. Apo nta tão s6 uma «Fabrica dt:: Baetoens» onde s..: poderia laborar muito mais se houvesse apoio e maior recurso a novas técnic;ts de «melhor perfeição na Lavagem e tintura dos tesidos» . Fa:-. excepção uma bo:.l l11anufactura que existe em Lordelo produzindo baetas e panos como os de Ingl:nerra. Está bem administrad;\ ma:. precisa de protecção dada a aversão que os mercadore:. têm :t!'i fa..:..:ndas do reino. Est:.! manufactura de Lordelo d ispõe de todas as oficinas necess;1rias. de muitos aprendizes e de bons mestres nacionais que 16m mesmo d ispen!'iado 01> cstr<tngciros que aqui havia indo os seus aprendizes em aumento. O secto r do algodflo é outro qlle não es \;'í bem. Sente dificuldades atribuindo-se a culpa à m:.í administraçflo c aos próprios «erectores» não obstante a protecção de que dispusera m por parte do Ministério de sua Majestade. A sua decadência deve-se ainda alI facto da pouca saída dos seus panos e acah,·tdos. dado o grande favor que é dado aos que se est50 introduzindo de fora. Diz-se todavia. que passou h~i pouco de nHHlufaclUra que cra a <(j'ah ric:'l tllodernam.te erecta» (mode rnamente estabelecida - fazendo. pelo certo. recurso a novos sistemas técn icos que o lI1ode,."amel1lc poderá querer referir e sublinhar). Era uma manuractura de algodão com grande quantidade de fiaçõe s «!iio finas como o mais fino fus tão» lHas que hoje (1790?) se diz encontrar já fom de Jaboraç:lo. Persiste. porém - extinta a anterior - uma out ra reccm..:mcme criada de le nços e de linha pintados e chitas de várias cores mas precisando também de melhor administração e da necessúria protecçào que ;1 ponha :I coberto da concorrência estrangei ra. Referc-~e. depuis li importante sector dos l in h ().~ trazendo informes de anotar. A maior produção têxtil verifica-se aqui nos linhos Não existe. porém. implantada nenhuma manufactura mas sim em mu itos teares dispersos onde se 29 1


AUNtUO OUVE/NA

fabricam algum. riscados com mistura de scd a (por conseguinte no mesmo proce!>so do domesric sysfem acompanhando e misturando-se com estas). A preparação de p.mos de linho não se faz. pois. cm manufacturas ou fábri cas implantados de Cidade mas encontra-se dL~persa por lodo o seu Termo .tté quatro lêguas cm redor para a parte do Minho (isto é. apontando seguraIllenle para o eixo de Bragn - Guimarães e Vale do Ave). t uma indústria que se encontra totahnelllc dispersa e na mão das mulhel"Cs do campo que tOEalmente preparam os linhos (salvo a sementeira cm que se empregam os homens). Trazem depois csses fiados às feiras do Pano e com essa actividade (que alimcnt:\ activa exponação) fazcm o melhor sustentáculo da sua economia familiar. Fabricam-se esses panos com linhos c cstopa. Estc fabrico estende-se profu~amentc por toda:l Província do Minho e é ele que alimenta a mais abundante e mais activa exportação de nossos tecidos que se faz para as Américas carreg,lIldo-se na "U:l esmagadora maioria nesta cidade do Pono. Os acabados mais imponames consistem em lenços. ri scadilhos. baclilh:ls. trCII. toucas. toalhas c guardan:lpos (ainda que nas toalhas e guardanapos a mais importante produção se faça já cm Guimarães que. daqui. vêm ao Pono. De certo modo li gado ainda ao têxtil do linho cxiste na Cidade uma Cordoaria cm gmnde m:lnufactura onde se Fabrica grande quanlidade de cabos. :ln\;lrra,. «viradouros». fio de nela. cabos de massa e «calabruliados» para ii marinha e n:l\'cgaç:io. cordas de esparto e de linho que e m grande quantidade se exportam também pa(:l lodo o reino e para as Américas. Esta manufactura é importante mas parece. 1'1 :lltura. expcrimenl3f algumas dificuldades pois se pede a li recomenda para ela também urgente protecção régia que a ponha a caberIa da grande concorrência que existe com a muita imporlaç:io de cahos que vêm de fora e ainda promovendo-se c incentivando-se. sobretudo. a cultura do linho-cãnhamo que. infelizmente. se niio tem feito. No, restantes sectores a situação parece manter-se: unidades cm funcion:lmemo com dificuldades manifestas advindas sobretudo da grande concorrência - ca!>o em que «!>erião estes artifices mais felices do que o São>}. É isso que ;:Iconlece no sector do.~ melais finos. Aponta. porém. boa e excelente produção no lio dc ouro e prata e palhcta!> lizas e lavradas para galôcs e franjas e para «toda a obra de ~irgaria de luxo. co m lustro e sem ele. canodll\\l. lentejoulas e troçaI}}. Aponta aqui a existência de uma «Fabrica Modclll.l" na cidade que neste sec tor trabalha com muita perfeição. Todav ia . cm duas outras que também laboram a!> coisas já não vão tão bem: duas fábricas ue botões de metal de prata e dourado!> que também fabricam com perfeição Illas fazem igualmente progressos difíceis por causa d:l aversão que os «Jogciros tem as fa7..endas do Reino». Assinala também duas fábricas de «Botocns de mctal prata e dourados» onde 'c labora com toda" perfeição. Para este sector regista esta Memória a cxi,tência de uma outra «fabri ca» de palhetas de todas as cores para cr::lvadores de pedras agora 11:1 mão de um estranf!eiro ~ o alem50 Augusto Thinte - que para si obteve privilégio de f:tbrico exclusivo e que tcm vindo a asfixiar os outro!> bOIl!> oficiais que existem no sector. Segundo observa. esta «indúst ria» 'virá :I perder-),c se não se extinguir tão abusivo privi lég io que dele vem usando dcsde 1766. 292


AS INDUSTRIAS NO PORTO NOS /o"INIlfS DO StCULO XVIII

Outros sectores industriais encontram-se porém. em situação bem diferente. É o caso das ferragens. Uma decadência acentuada que atinge a boa produção que havia no sector das ferragens e armaria: Umas quarenta oficinas de Mestres serralheiros onde se trabalha com pouca perfeiç50. pel:! grande introduçii.o de obra estrangeira. Decadência mais notória a ind:1 na annaria (espingardas. cutelaria. e espadas - onde se u'abalha pelo geral mal, eomo na latoaria c pichelaria onde se tr:.!b:Llha «com muita pouc:.! perfeição» A cntrada das ferrage ns e artefaclOs vindos do ex terior sob retudo de Alemanha são a principal causa d :.!s dificuldades. Só na ferraria grossa a situação se pode considerar lisonjeira. Há bastantes «logeas» cm labo ração: uns cento e vinte e oilo mest res com suas oficin:.!s completas fazcndo grande exportação para o País e América s. Ferreiros de obra g rossa c agricultura. pregos e ferragens. É um sector próspero onde se obra b..:rn. Registe-se. porém. a inexistência de qualquer manufactura em grande destes artefactos. Mesmo assim se recomenda para este sector de obra grossa a necess:íria prolecção alfandcg:iria dada a grande quantidade de pregaria que vem do exterior. De curtumes estão estabelecidas na cidade cinco fabricas regulares de preparação de cou ros e atanados que estão a laborar bem e exportam os seus acabados para o rei no e partes do Levante (refere n<l ocorrência uma outra m an ufactura destas em Viana do Limn e várias cm Guimarães). Mas a observação final não as mostra fo ra de dificuldades: estão estacionárias: «não se tcm aumentado porque os seus donos estão descapitalizados», Na cerâmica existe a « Fabrica Regular» de Massarel os. Bcm administrnda. com um bom fu ncionamento e boa execução ainda que a qualidade dos barros não seja a melhor. Exporta para o Reino e para as Américas. Nesta altura se refere estar-se diligenciar a implantaçflo de lima outra manufactura de cerâmica mas logo anota os obstáculos que têm surgido à sua criação. Tudo para além de «obra g rossa» que sc fabrica cm abundância: telha. tijolo. alc:ttruzes etc. Sem se referirem problemas surge-nos uma refinaria de :lçúcar (que exporta o refinado para o País c pa r:l as Américas); três fábricas de Cal c uma rábrica de Grude «novamenle estabelecida na cidade» e cuja produção sat isfaz toda a procura. Mas diz-se pobre O seu mestre fabricanle c não poder aurnenwr a sua manufactura. Regista ainda uma fabrica de cordas de viola também «1l0vamellle estabelecida» mas a sua produção e qualidade é inferior o que atribui à má qualidade das tripas). Refere também o sector da~ ceras . Existem manufacturas onde se trabalha bem. ( Uma delas será. segura mente, a fábrica «de nova invenção» do italiano António Salaro). Finalmeme o sector do lrabalho em madeira parece próspero: muitos e bons m<lrceneiros. torneiros e entalhadores que preparam toda a espécie de mobílias. Situação desafogada que atribui à proibição que há de entrada de mobílias de fora. A situaç50 pa rece igualmente boa no sector da construçflo naval. Bom momento c boa si tuação também pnra a t:tnoaria que supre o grande consumo que se faz na cidade e que se execllIa em abundância c grande perfeição. Todavia, regista-se, com desagrado. a grande importação de aduela que vem ainda de Amburgo à Cidade do Porto. 293


Sobre as demais actividades «mesteirais» c « industriuis» pronuncia-se na globalidade IUlllenl:l ndo. no geral. a rusticidade dos produtos desta indú.<;lrin «po r falta da~ IIccessarias providencias» c o desi nteresse dilS pessoas nobn.:s pelas Arles e pelos O fícios . Sa lienta porém. a perfeição das artes de ~irgaria . de ourives'lri:1 e lapidação. a perícia do~ «torcedores de retroz)~. os tintureiros das sedas c bordadores. Por (dlimo o excelente Irabalho dos couros que executam os cOITeeiros. Os marceneiros (que como sabemos tão bclo~ Irabalhos deixaram na ~ talha1> do Porto setecenti sta) são igualmente elog iados 1\1. Até ccna med ida um ceno contr:.J-ponto ii imagem mais id il ica que Rebelo da CosIa nos deu llll sua Descriçtio e. sobreludo. o aponlar do dedo a alg uns entraves c~trulurais C a dct'lci6ncias as qU:lis. conjunlamente. virão a contribuir para um próximo colapso do qual não podem ser apC!lu.~ responsabilizadas us ln vu~õcb r:rancesa~ pelas incg:i'!ci1> destruições e abandonos que reallllenle provocariam (fuga de mão-de-obra. baixo.~ sa!;irios. peias corporativas que conti n uam empeci lhand o a liv re produção ; concorrência cstrnllgeira. CO I1t rabando~. falta de I1HlI":ria-prima - sobre tudo sedas e linhos que tem que se im ponar em qUillllidade do None. a pouca cxtracç;io dos produtos. elc). Não restam dúvi das. porém. que est;io aqui lançadas as raízes principais q ue passada1> :1-; dificu ldades momem5nea1>. irão dar ils principais linhas de força q ue começarão ii desabrochar depois de 1814- 1815 retomando t ra dições anleriores. dandu prosseguimento .1 algumas inovaçi)cs. entret:UHO inlrodllzidus e. finalmcme. vindo a permitir a in~wlação de novas manufaClurus e fiÍbric as que virão 11 dar ;10 Porto um a posição de relevo na nossa primeira indústria o i (Qcenli~la 2U.

NOT AS I. Viu/UI.' I'" Ch,ltl-Oo"r" 111/ Jldml'im ""w"/,, d" ...Ccuf!> XVfJ. ii prim";,." Km",I,' Q/le<lÕ" ";//Irolu dI) O""m-Apr"s.::nl:.uJo no ColÓlluin (le Vila No\;! de G";,, em 19SJ. lA..:!:!.' puhJic:ulas CII1 Rev .. Gma. 198.1 - Vol, II. pp. 211-2JO). Novmnen!e cm Do""" P,dl' ViI,/ul/mm. 0" 1'lVd",;"" ('O c"",ircio illJ:II111I1.'i ,·,,,,,,d<TllP;<'.'. Col"'ju;!) do I'ono el11 ]9~7. (t'ublieaç~o..:m "Ikv. de lIi,.!';,i" (Ia Facu]. (bde de l....,!r:" do Porto» - Vo!. XII. Ponu. 1<)93 (\'cr nm" 44 *). Il. 235}. Por últill1o: Vi,,/w.\ nO P"r/o. f'"II/;.." c: Ad"IIm.dm('íio """";np";.,· _ 1600-1700. /" ,, ()ouro E~IUdo~ c Documentos». POrl O 1997. FoUl".' . de facto os prinwiro' a n::"c:laf e li dl~m:,r ~ ,,!cno,:iiu p:mIISso. Porque ainda muim ro.:cntcII1Cnle 1"111 rcfcrGllci:c. d..: ~ime>c) 'e c."1u\:,",e O\J olvid:, (I facto :"IU' tie" e.,!a no!:! - 4u:!'<I; :, de~rmllÓ~itu -. s6 p"ra os m:us c~queeido, ou di"r.. (dos ... 2. A"~e!O, '1uc. dc (aelO. não !cm ~ido vcr_adu,. c eOn!c1l1rl:"j()~. 3. r>.k,mo cm obm, I'\!cen!CS a :1C!;\'idad..: Il1c~lCir.. 1 e indus!rial do Porto qu",.c que ncm '"qucr L' rClenda, [ln!" ("Iw (le e.'lOdo,. nawmlmelUe. M", deI e frisar-,e que foi um" :!ct,vidaue unpOI1"lllc :.!!emo "lê" ,a!crcoll1 que cn!rav:! I);OS CXPOrl:l\·Oc,. do Puno ""los lin:u, do século e princfpu>s de oi!UCenlo,. N:io se compn:endcní (I que ~qu; ,e pa"3 a p:lI'!;r de 182(. (o que !:ullbém n:io C pr:!! ;eameme referido)'L"" o conbeeimclHll dc,.!3 situação :ulter;or. 4. 1':Ir..l () quadro "J:!ricola ver Aurélio dc Oll\'cira. 1\ Ahmlirl (ft' Tihíie,,· Jó.fO-/8f 3. "mpri,.dmf". ".'1J/o, r"p'"

<'

I,nu/llf';o "J:rfc()f".~

fi"

"/(>",, Cá,·"rt" ""fimr,." AIJI;~" R,.!:IIIw _ Porto. 1979 - VaI. II.

1/

Outros :" 1" ,"<:10.'; 1If(1{Jl'tI lIi."I",·i('(, ,. I'olil""" (I" R,.ww (/t' I'm'wga/ - Pono. 1974

294


AS 1\,f)Ú~TRIA.\ 1\'0 PORTO SOS FINAIS f)O .'i/~·CUUJ <'(I'I/f

----

5. I 'c,". da. CCllln o: .o:-'o.:ma C ci nco r:íhriça~ ll"lnalaua,:-.ó du", -"! d~çJnl"~m decadente'. 0", \ Inle e oito ICIT'Jrla~ C wIl1L1h"ri", «xi 'leme, em 1830 lI.h marg"n~ .1" D,,,,,n vinle e ,e-Ie er:llll de 11111d,,~':;" re-eente. pI."lenOl\:'" 1820. 1'''1 IS10 a ~ua rorulaÇ"ão lü\lril m<,'ari" u' dO!, mil indi\iduo~ ISERR':'O. Jocl- 7"'um OI/(".nlll.'III.' I iI Hori/ol1le - Li,",-'", IWIU. pp. 81'1 o.: ""&!' (, i\1 ARTI"":S. Oli,,~ir:, _ I'oh/ic" t' l:.·COIlllmw ("',ó",,,,/- .. Ol>r." COl1lrlela"... (juil1l,,,~ic~ I::d. L.,I1oKl. 1')5-1. p. III 7. TenciomUll0'0 ir lr:n'".d"l"om""lmeme alguns "-'po.:CIO' ii ,emc1h,Ul\'" do <Iue \'il11ll' fa/cndo raro. /M}()-II:r20. Corn \,íno.' ,c~lo"'" ponlLlalrnenlc j,í Ura!;a (/lr('.I:II. 0", 011,·,/",,,.,' ii.' "hordado,t ~. BULlIÚES. i\11J;uel de- - A Fa.-e",/u Plibl;m I!.- Pm"llll:lIl - l i,hlla. 11111-1. pp. 5~-óU, NEVES. Acur,;" <1:,< _ Vflri,.,lade,,· .l'(Jhr.' ",' u~rJcCfu, rclllli,·o" 1"1.1 tini" .Ohr:b Complel",,, Porlu (,,)l. T. I 11 . pp, -I~! c .o;cg'. 9. I!; um do~ a~pcclO' m"" ,aloenlau'" pur lodu' '" rora,u:im. que IlCr~'U''I'er;IIIl .. Pai~ pcl,,~ fil1~ du SL'culo XVl11llnncfpm. uo XIX 10. AL\IE IDA. Fonun.lIu d" - S"".II-'/"'~ 1''''''' ti HIII';ri" E..,,,,,;,,,,, '(, d,· "onllgll/- C ... mhr.l. 1920. 1'"mhón - e""d,p;"" /wm .... 's r I'0lili ... ,., d", ",1I1i./r"" - Cnnnh.-". 1910 II \VAI TO"-. \\"11"",, CmUl /"'i/ll('il"/l c C"/"fI/SegulU/" (I!n~"r" "" C",,,/,> Gn',' _ 1.i.I-oo:I. t1l32. 12. NEVES. !\~'u"n, <I." "h. I'il.. PI'. -196 c .c~, I!I/,m. p . .1~2. 1-1. CAI{ VALlIO DI /\S. Lui, Fernandu ue II"/úr/" ,1m /(mi/i"' io.l. 1750·1834 - LI~bo". I ~58-65. III. I' S! ... I~, OUVEI RA. AUn:1itl de - IJmgll. 0'" Ml's/rro'l tJ /",hwritl. I("XI Ifi20 - ( .. nr":lC.3r;J t\ugU~la". AI1'h ue 1987" I99S1. I'~r:' O Pm10 c .... ;~liu uma colccçio dOCUUlClll;o1 unOe ........ gi'lar:lnl ,odo~ o~ p"'dido, hlc \le~lere, e M'lI1l1ractur." l que inlclizmcnlc ;uml:. ,,:io podemo. localil:Lr p"ra ;olé,n da nOlí..,ia da 'U;o exi"ênci" cm ''''mpl.h U;'O l1Iuil0 lo"ginquo~ 16, COSTA. Ago'linlltl Hehclo da - U<:""'r/f'lu T"/lngráfictl ... U, I/Ori,." '/11 CiI/""l' d" /'O/"f;) - POrlo. 19.15.2.' cd .. pp. 271 C ,,:p. 17, ALVES. Jo~quim J"1111.., I"errcira _ () I'"rw, w 1~1,()c,,;I,,-, A/H1m/".1 l'orll1. 1988 _ Vol. I. PI', -1]--111. IH, NEVES. A"li,,;o <I,,, - "r,. "';/.. pp. -I)!~ _S7; -192. Tomando COlll0 l"ekrêll..,l:.J de"c ,unu u ~:,I<I" po~l1l\" u,,~ I1tl~':I' 1I~""""'\'i>l!' cnmerci,jj, cum o cxterior c ", ,,:tlore' (poder-~c_i" quc'liOJl:lr que \'alorc •. '>C .... "i~ '>C numin:, i.... ) u:.J' m:lnur'lclum .• e~pol1ad", P'"~' '" C"I(,ni", em e"J1Ceial o Ar,,,il o "utor n,itl deix" dc ~uhllnh"f o ad'cmo u:.J no"" oJe~gr"\':1 em IS07, P;,r;o" cil;o ,-lIh'''4uellle: U /' II ,/" Par",. (li." 2'J5 11,. nln. 1\1, ""<-11"'('" n""'''''nlllll 2(). Cnnllllu:I""no,. cm b"",c. a l"er"rn'_II'" ,"" 1\1c'le!\:' e ;,'- ~ I"dlí,lt'i:i,,, d" P",10 no., fin"" do Amigo Rq:imc

Im"i,"';""

I.,.

..

295


A UREUO OUl'mfrA

APÊNDICE DOCUMENTAL

«FAB RICAS QUE PREZENTEMENT EZISTEM NESTA C IDADE DO PORTO» Fabri cas que prczcrUcl11te ezistem nesta Cidade do Pano, modernamente cSlabalesidas a custa de varias paniculares, progresos de IlUas c decadencia de OUlras: cauzas de que se tem originado a sua pouca eSlabelidade, e aumento nas que se tem estaba!ccido, Sedas Fabricasc sedas de Ouro. e prata Matizes. Veludos etoda a sane de Sedas ricas manu facturadas com a mayor pcrfeiçiío que exede às de todas as Fabricas estrangcims niío só em qualid.e mas cm agrado . rita." de Iodas as qualidades L IVradas e Lizas. so se não fabricão sedas baratas. nem tafetazes nem damascos Lizos. não obstante que nas mesma:. Sedas de Ouro. e prata se fazem os ascmos dellas adamascados .

o prim./'O //1.\'limidor. foi Bras de Abreu eni.es hO/llclII de Ncgocio qlle foi lIesra Cid. e, deI/a lia sedio 10da.l· (IS lIIais que hoje cxistem /lesta Cidade e sells COllfomO.f. /lO N" dc 520 Tiares dcfiras. e /60 Tiw'cs de Largo: ti cal/UI da SilO existencia e eXTcllçi"ío lIasse doze/o e arel'id. e ('O/lu/lle eSTe bOIll paTriota se em pinholl lia sI/a erccriio e da prohibiçi"ío da.l· Sedas de fora, porem sel/ão se fabricarem .I·eda:.· haratas para o culln del' il/o. e para () luxo. vira por Tempo a il1ll'o, dll::.ir:'·jf /IIo)'"r IIlImaro della.~ de fora do Neillo por comrabando, :"e O/II'er Laxidiio 110 NlagisTerio. e .~ellii() Olll/e/" a/gulI.\" bons fJ{I(riota.l· que .~cil1lcrcsse/ll ai/lstrllir os griclI/tore.l· na perfeita sep(I/"açiio cu/rura. e fiaçiJo das Sedas. RCI!"Ozc:.. he nuo cmpOrlalHC esta fabrica c quazi igualha no valor a do pano de Linho. nella se ocupa gente nobre não 50 em Manufacturar mas em atraseI' nos diferentes tomos que ha Ilcst;:l Cid.c com Ima exacta perfeição. Não fas II I//TO esTa emporral1le fabrica por esta/" disperça em varias ca::.as de parTiculares geme 1'0 hre c fw das /IIai.\· bem estabaleçidas qllc //(/ nesta Chie, e de/l(l re::'/llta IIIto grallde wilid(ule apobreza e 00.1' Negaciallfes. Mcyas de Seda. calsoens Lu vas Manguitos. BarreLes c outras fazendas deste genero. HlI Ima fabrica novam.te cstabalerida por Dallla::.o Antonio Nib./'o P.ra qlle vim a :,·enn. 10 lltil ao public;o se for protegido e se seu ercctar se condll::.ir com {/ prudencia que pede eSTe imporrallfe, e /tIil e.\·lllbaleçimelllo. 296


AS INDÚSTRIAS NO PORTO NOS ' :INAlS DO S{XULO XVffl

Sedas de gorgorfio para MllnLas c Snyas esta fabrica hc antiga nesta Cid.e e havia nella hum grande Numaro de (iares. e hoje se acha decadente. e quaze extirlla porque apenas se fabricão alguns pocas pessas que secarregão para as Americas.

A call::.a da sua decadel1cia /wsse da pouca cxrraçiio pello u::.,o 011 abu::.,o que as Mulheres ja:;e/1/ das Ma/J/il/ws de Crepe de França. por lhe serem lII"i.\· cOllloda~' p"ra a sua Liberdade. 11t10 só ell1 prejllizo desta ClllporWllfe fabrica mas do.\· bons Coslllme.\· CO/1/ que. a Nação Porlllgllc::.a se distinguia al//igam.te do adomo do sexo jemcnino. Anafaya>. ou despcrdisos da sda que nomlal m.te dciüio fora por não saber fazer uzo dellcs p~lra se porem em fio e tesido. com que se pode tapar muitas quali dades de Seda.

Ho quem esta dando prinâpio a cardar estes desperdiças. como se

uw em França. ludia. e II/ glaterra. aonde conheçem milhar do qlle "ós os seus illtercs.\'e,5 e aOl/de as academias dos coriozo~·. e homens (mimado:,' do zelia potrio. Ollillliio com as .\'Ifas illsrrucoell.\· e prl!ll1ios ri pobreza que se imprego 110 (I p!"(JI'eiWIII./O de hua cou:.a q/le seI/do impOrral1fe emsi me.HIlO nós deixamos perder por i.~florallci(j.

LaIlS

Ha hua Fabrica de Baetoc ns. cm q se fa.bricão basl:llltcs pessas e muitas mais se poderião fabricar sc o dono deli a tivese compnnhro com as qualidades ncssesarias. que contribuissem no seu augmento c se procurassem amelhor prefeição na Lavage das Lans e tintura dos tcsidos.

o pO/lCO aUKlllellln desra monafoc/tlra !/{/sse da pOl/ca extração n,.jgillada da SIlO media/lO qU(llidade. e da pouca inclinação que os "1ercadore~' lem de os comprar. Ha OUlra Fabrica dc panos regular cm Lordelo, aonde sefabricão pannos como os de Inglnterra. como tnmbcm alguas Baelas mas poucas C tem hum tinto completo para dar todas as cores cm Lal1. tcm todas as Ofeeinas nesesarias. com regoralid,de tcm criado m. tos aprendizes eja não earese de mestres estrangeiros nem atualmtc os tem porque so travai hão com os artifices q aprenderão na mesm:l Fabrica e procurão seus Erectores aumentar o Numaro de aprendizes .

He esra 111./0 II/ii e vira ser emporranfe por .\'er bem admeni.\"lrado, e se: !/e~'eçifll de {JOneção slf{Jcrio/' que evife. (/ Averçâo que os Mercadores lem à.\"fazendas do Re)'l/o, 297


-

-

- --

-

I\URI:.UO OUVURA

---"-'-'"

Algod{ío

I b alguns T eares di~pcrço.~ Io!!ll '1m! ioC f.:lbricão v ~rio s risc~dos com mistu ra de seda. fustoell., Lavr.:ldos e Lizo.., E..,w M.:lnafaclllra fo i modcrnan. le Io!rCCla em fabri ca re gular na qual se r~bl'icarão muitos e bons les idos lo! criou grande quantidade de fiaçocns tao rina~ como o mais finll 0 fustão c "'c acha hoje extinta totalnl.lC. ii cflu::.a da SI/(/ ÍI/.llil/riio IU/.ueo da filia/idade ell/à cO/lduCTlI dos Seus Erectores, p Ortl /le lel1do sido /!/lO por/egida pe/lo A1elli,l/erio I/ão _fo//p edio este.1 lI/u·o\·t!;ltIr-se da,· /lrilidades q/le /u}(liii o re::'/f/TtI/"/he ell/ 11/111/ /eio /ltil e.\·wlm{erim.ro fali/bem ("ol//ri/mll io par(l (I SI/a e.rl;I / ~'(io a {)O/IC!' (!.\rrllrci() do.1 Cel/eros origil/ada dos lIIuiro.I' flue .~e illfrot!II::'<'1II de /ó/"a por cOl/lraholldo.

Lenços de Algodão

lo!

do.: linha pintados de ambas as fa çe ...,. chitas de \-aria.., cores.

E.I/a Fabrica esta lIascenre. e .fera IIIlIi/o Ilfi/ .H! os SO.I"IO.I cO/uJII::.irem CO/I/ 1'/"IIlJel/cill. el'e ril'cr fi lIese!ilIria porrercio.

.H'

Ullh o

:1 Fabrica de pano de Linho. estopa c linha bem nUll1eada relia avultado cabedal quI.! alr.17 de America e se espalha por toda a provincia: !-I I.! c~t:l ;t l11ai ... bem e~t:lb:l[(!..,ida ela l1\ai.., importante: com clla se forncsc a mayor parte da carga dos Navios que vão de .. \!.! Porto para :IS Amenc:ls. Fabricfiose Le nço..,. Ri .. cad ilhos. BC;ltilhas. Freu . toucas. toalha~ de me7<1 goard.:lnapos. Illa ~ estes cm menor quantidade do que em Guim,c~. E!>ra F ahl"iclI mio lIe pl"()l'riall/.lc de!>'I(I Cid. c m(u sim da!> .HU/.\' SirC'IIIl·i::.iIlIIUII Ç"_\ lhe -I Lego"., CI/I redolldo pllra ti par/e do l\1 illllO. e para" .,ell /rol'(s'ho (lpel/a.\' se l'llIpregiiu O.I {lOlIIel/., IW .Ielllellleinl cultll r(/ e coJheiw d" en·a. por fi mdo o IIU/is .\·cnúo lIe cOlldl/::.ido pelfllJ A1I1Jh(!l"(!.1 do Pa i.1 /lte ,'ellderem as lijm- 1/(1 feira de.I'w Cid.e cm nt}a /I/(I/w!ac/IIra .10 .IC empi"egiio IIal or(/_~ I"(l gas qlle lhe crese /ll daco/ldlfcta econo/llia das SI/tiS Ca:ll.1 e jmnili(ls.

Cnrdagem ha ne sta Cid.e a grande fabrica da cordoarhl onde ..e f;lbrica toda a q u al id.dc de Cahos A ma ras. Viradores. fio de Nella. ca bo.., de Illa"~a. e calabruliado'i pa a Marinha. e Nav.am. cordas de esparto e de linho branca ... e m ~rand e qualllid.de para o consumo de todo o Reino e para America. H e e.\"I(I Fa{)/"ictl m.lo eml'orWllle t' podia fornecer (1.1 cordllgen.\· IOd(l (I M (lrillho do Reillo se josc (ls('s/h/rl com proleçüo Re};ia. prolúbi"do.\{! ().~ Ca!Jos de/ora edrmdo-se pm bidellria para (I ClIll/lra do 1. ;1/110 Cal/i/l/o em '1l1t' podit70 abulldar 1II.las prol'il/cias aOl/de rre.\l! natural./e selll Clllt llra. /JC/i"C/

2Y8


AS /NOÚSTII/IIS NO PORTO NUS FlN/\/S /)rJ S/~CULO XV/I!

Meraix

I-Ia Lavrantes do Ouro l! praw Lapida rios de pedras preciozas. cravadores Douradores. e todos obrão com perfeição e ha Artífices c m nUa abundancia. Se .H' il'iwsc {/ il/lroduçrln del1ltas obra.\' de pedra.l·fa/r,:as que Vem de jnra cmllo foi ordenado 1/0 IlIilisima Pre/J/{/tica de 49. seri170 estes arrijices mais jeliçes do que S{lo.

Fio de Ouro e prata. palhelas lizas e lavradas para fazer galoens e franj as emaís obras de Ccrgarb t1eira. Ouro c respo. com lustro e sem elle. e de todos os feitios. Callotilho. Lentejolas. Ll'Oçal Ludo necessário par:! o culto devi no e p' o luxo. Esta Fabricll he lIIodl'/'/w !/esw Cid" e lrabolha Cald~ir..:iros.

COII!

lIluiTa pe/feição.

Lllo..:il'Os pixelciros são orncios que trabalhão com pouca perfeição.

Ferreiros de obra groça ..: d..: Agricultura prego c ferrages para Construção de Navios. elOdm. obrão bem. Na 12X Mestres {'mil os Seus respe{'tivo.l· officiais he nfficio não.w porqlH: deI/e depellde {/ Agricllllllra. mos pelo al'lIl((/do Cabedal q//e atrae dn Alllericn. e he lall/Cnlulle! o folIa qlle rem de Pl'otecç'(io dwulose dcspacho 1/(0' !I.lfallde~(/s a illlclI\"a pregadura efcrragc do~' Paiz.e~· Estrangeiros. COIII gra1'Íssill/o prejlliz.o de.\'Ies ureis membros da republica.

Saralheíros Irabalhuo com muLta pouca perfeição. Hl1 -1-0 Mcsl/'e.l· com

0.1'

Sells respecIÍl·o.l· o.Decines e achãose 110 mesmo

de:"ollll'o/'o e/ll que se achdo os ferreiros de 0/)1'0 graça. E~ping;lrdeiros

Arte e

.~o

ha muitos poucos. e destes ha menos que ezecutem bem a sua fazem fezos pi> Armas por não terem mais cm qu e trabalhar. E.H(' Officio está decadente. e seI/do 111.10 n e.\'e.m";o para (f defe::.a do NeYlIO . .H! acha ~'elll prolecçdo e quaze e)./ill/o IltiO .1"0 nesla Cid.e III as em Braga aonde â lIIuito ()OIlCOS aflIlO.I· era muilo j/oH'ceme. e ali se trabalhal'a com wlloyor prefeircio antes de I·irelll de A(clII(lI/l/(/ o.\' ClIIlOS de Espingarda aque .I·C da e//Trada e Despacha na.l· Alfam/egos.

CUliJeiros e

E~padeiros

ha mtos

pouco~.

e ex:eCUI:lJn m:ll.

Hm'ia algulII dia IIIlIirns ebons Oiftciaes principiou ti sua decadellr.:ia . . desde () meslI/o I('mpo e peitas mesmas c;oll:;,as depois 'II/e ellfranio (/ \'ir de /I/emanho o.l'folh(/s de jaca.l· de MarIO e.floretes.

299


,\URÉL10 OUVé"lRA

Bmoens ha nesta Cid.e duas fabricas de botoens de metal. prata e dourados. fabricados com perfeição. Esta::.' Fabricas silo fIIodemas. e fazem pouco progreço por Cllla,a da elllrada por COl/lrabando dos b%ells de fora epda al'erçilo que os Logeiros tem àsfa::.endas do Reyno. Folhcta~

de loda~ as cores para cravadorcs de pedras. ha qm as faça com IOda a perfeição mas niio se ezecuta por ser privilegio exeluzivo concedido a T .. , Time da Nação A[aman, para elle e seus Sucessores. o qual tinha feito lermo na Camara desta Cid.e pA'ensinar 5 Aprendizes não so lhe não deu comprim (O mas procura extinguir aos prim.ros que tomou para pareçer que deu Satisfação ao Termo e se Serviu dcllcs como criados e não como aprendizes. sem lhes ensinar o Omcio como hera obrigado. Deste previlegio lIa de re::'llltar perder.~e este Officio de que lia de aproveitarse OllTra Nação que melhor conhece o~· Seus Illtel'eçes e para drmde perrende lIir esrahlecerse e.He Arlifice, tirar o fruta da sI/a industria.

Couram(l e Corll/mes

Ha ncsta Cidade 5 Fabricas Regulares de At:lnado~ que tem tido bom Sucesso pc)]a boa extração não so para o conçumo do Rcyno mas pellos que secarrcgão p' as terras de Levante. Ha oulra cm Vianna tambem de Atanados e Bezeros e Cord:.!Voens. cpeJla sua boa qualid. de tcm nHa extração. I-I a Varios curtumes na fig' de S. Torquaw de Bc;.:erros solla Branca. Couros de Vaca c Carneiras q tem mto conçumo. Estes curtumes são mais antigos. e não se tem aumcnt3do por q seus donnos são pouco abund.tes de dinh.ro. Devesse aos Negoçiames Seus Erec:tores a melidade que re::'lIlta à Repllblic:a do c:reação destas Fabrico.,'.

Louça de Barro

Fabricasse Louça para Mcza cm hua fabrica Regul ar em Massarellos a sua obra he m.to bem cxecut:lda mas a qualidade do barro não he da melhor, e tem bom conçuJ11o para o Rcyno e pa a Amcrica. Ha outra fabrica de Louça cm Aveiro não he tambem obrada. pela ma conduta de Seus Erectores. E.na Fabrica rem fe ilO prosreço por .,·er I//Iica (/ ser bem Administrada eter adqllirido prolec:ção do Governador desltl Cid.e aquem .,·e deve este estabalecimell/o.

300


AS INDÚSTRIAS NO I'ONTO NOS FINAIS 00 sf::cu/~O XVIII

Temsc diligenciado outra fab rica nesta Cid.e e se conti nua na mesma dilcgençia. Ntío se acha ja erec{(/ por obstaculo.l· COIII q alguns c II/uitos procurão deSl'a/wcer aO.I· Il7tcre.~.l'lldos a sua erecçâo. Fabricase Louça graça Telha T ijollo Alcalruzes c outras obras desta especie em nUa abundancia. Obras de pau M erceneiros . Torneiros, Emalhadorcs Escultores. ha muitos e bons Artifeces que executão com perfeição c adiantamento. A cauYI dos Sel.l.l' pmgreços he a prohibiçlio da elltrada da.l· Mobilias

defora do Reyno. Arre de Consrmcção de Nlll'ios cm parte se executa com melhor pcrfeiç;1o e se I"abricào ilHas c boas emba rca~ çocns. de que rezulta avultado beneficio não $O aos Senhores de terras. pelos custos das Madcira:-.. mas a todos Officiacs de quem depende esta utilissima artc. A pouca Cal.l1elfo que lia emp/an/ar Arvores lia falra das que se

corrão, vira el1/ breve tempo a ocaziOllllr decadençia lIesra Arte, Tarnoaria he muito numeroza e se executa com mu ita perfeição melhor que em parte nenhua. Da prolCcçe/o das Vinhas do DOllro he (I UC depellde este Officio, e lambem por di sgraça l10ssa dipende dos Hall/h/lrgue:.es por respeilO da Aduella podel1do esta jazer,l·e 110 Reino se OUl/esse as providellcia.l· que faluio IUIO so neste //las em oll1ros mllito~· e impor/alHes obgecros. Ha Fabrica de refinação de Açucars que travalha com perfeição. Ha muita e boa Sera para o consu mo do pays ep3 America. Ha tres Fabricas de cal que traba lhão com bom Sucesso e conçumo. Os O fficiacs de Ceriguciro, Curriciro. Mcrccnciros. Batcfolhas Ou rives, Lapidarias, Trocedares deretfOs, Tintureiros de Seda , Bordadores. são os que. melhor exccutão as suas Artes. Os mai s Omcios ne.cessarios de que ha abundancia nes Cid.e estão ainda muito rtlsticos por falta das necessarias providencias . Se as peHO(IS lI obre~· ~'e inrereçassem mai.\' do que ~·e iflteressüo el/1 ser lueis a patria proclIrarião o adiantamento das Artes ellão seritTo /amo a cargo li condição do {1O\IO, mbre quem carrega lodo o pe:.o do El"flU/O. 30 1


AUNt.:UO OUVElNA

Colla ou Grude ha hua fahrica nesta Cid.c novam.l e eSLabaleçida. /-/C IIIl1iro lIIil e.\"Ia Fabrica. por evitar a el1lradll do Grllde d e Olal/da. e parti evitaI" a falta que l·e exprimcnroll 'flwm/o .~e cOllçedeo hum Prit'ilegio exclllivo li hum de Lr" por /empo de /0 atl/IO.I·, COIII o

q//al nada adial//o/l o dilo Privifegiaâo. ({ .wa Fa/)riC(1 porque o sell fim "are.~.\"e so sc dirigia a c.\"tal/C:or o dito gel/ero e I'lmdefo pelo preço que qui:esse COII/O fei; chegando (/ \·ell{/<'I".W! lIesta Cid.e a 400 r. ('lida arrard. e amafmel/fe se v('lIdl' aqu" (/qlli .~e fabrica (./ /00 r . .H) felJl n ;IICOI1\'Clliel/le de se r JJo/u·c () fabricw/fe e lido pod('rfa:erloda CI abul/dal/cia neces.l"lIr;a.

Corda" de Violla ha hua fahrica nesta Cid.c

nU\'<lIllClHe

cstabalcçid:1.

F(I/)riC(lolIse lIe.l·ta Cid. e COI/I(} as de Lisboa mais parese que 1/(/0 se (/cho II1l1iro (uliomado este obg"clO, /(Jll'cs porque (/ qllalid(lde d(ls trip(l.\" dequc sefa:emmio seI" 11110 boa.\'.

302


A CONSTRUÇÃO CIVIL EM AVEIRO, 1860-1930 NOTAS PARA A SUA COMPREENSÃO HISTÓRICA MANUI:I" FEIU<EIR,\ RODRIGUES '"

IISUA - ",,,iro)

I. A pertinê ncia do est udo d:1 CO IlSl l"Uçào ci vil

o

sector da conslruçüo civil agrupava. durante o período considemdo. um prof'i"'~Õl::' muito di versificado: carpint..:iros . marceneiros. estacadores. serradorc.~. calafate;, . cabouqueiro:-.. adobeiros. pintores. trolhas. pedreiros. alveneres. canteiros. estucadores. picheleiros. ferreiros. serral heiros c serventes. Eram indifercntcl1l<!1ltc denominados «carpinteiros». quer os mestres. quer os operários que faziam eSlru tura~ c vigamentos. soalhos c revestimentos. portas e janelas. escadas c balaúslrc),. cmT(JS c carroças. barcos c palheiros, c até diverso mobiliário de madeira. Tal como nos séculos ':IIHeriores. essas taref:l s eram realizadas por Utll nlC"tllO indivíduo. Utll «carp inteiro». ii frente da ~ua equipa!. Essa escassa divisão de trabalho não deix.:lrin de se fa zer sent ir na est rutura empresarial do sector. C0l110 <;c \er{i. A dc~ig[\açào de «carpinteiro» era. também. s inónimo de mestre-de-obras e «empreiteiro de obras» . A palavra «empreiteiro» designnvn todos os que acei tavam empreitada~, quer fossem carpinteiros. canteiros. me stre~-de-obra~. serralheiros ou construtores navais. Os qlle se dedicavam exc llls ivamelHe a construção e empedramento de estradas eram. na documentação compulsada. os «cm preiteiros de obras públicas». A imprecisão terminológica é evidente. pelo menos até à I .~ Guerra Mundial: num mesmo documento. o empreiteiro é referido ti"io-só como tal. mas pode ser indi cado. tambêm. como «artista ». como «carpinteiro,), nu ;linda corno «mestre-de-obras » (Crr. Qlladro V I). Foi assim. pelo menos até à década de 1930. qllando começa a correr o termo «co nstrut or civil". como si nónimo de empresário de construção civil. Scndo o grupo sócio-profissional mais heterogéneo. os «carpintei ros» eram também o grupo t113is numeroso. ultrapassado. em nút11cro. apenas pelo do." pescadores. Segundo a imprensa local do final de Oitocentos. a conslrução civil é a «arte predominame na massa operári;! da cidade»2. Uma muito sumária anúlbe dos assento,,; de casamento. nas duas fregucs i;!s da cidade de Aveiro. no último quarto do :-;éeuJo passado. confirma aquela informação: os «carpinteiros» estão presentes em cerca de 14% dos regislos . os pescadores em 18% e os l11arnntus apenas em 8%. Como se vê. a constl1.tção (mesmo sem a inclusão dos adobeiros e dos trabalhadores da~ cerâmicas de construção) ocupava cerca de llle\;lde da mão-de-obra atraída pda pesca e pela produçi"io de sal. os dois esteios económicos c soeiai:-; da região. neste período. O s indicadores indirectos referidos são sc mclllilntcs aos elementos disponívei s para OULras áreas geogr:íl"icas. Num estudo sobre a evolução e a eSlrutu ra empresarial da construção residencial cm Lishoa. no mesmo período. Á lvaro Ferrei!":l da Silva di"? que a consltução civil ocupava cerca de 26% da populaçao

leque de

induslrial activa. cm 1930. c cerca de 50/0 da população activa [alaP. De facto . como sublinha estc :.Iutor. «seja pelo volume do emprego que mobiliZa. seja pelo 303


MANUEL FERREIRA RODRIGUt:S

valor do seu produto. os dados disponíveis situam a construção entre os maiores sectores de actividade)). Se outms razõcs mais não houvesse, ficaria dcmOllstmda, assim. a pertinência de um qualquer estudo sobre construção civil e explicadas as razões da escolha deste tema quando se pretende conhecer a natureza do tecido social e empresarial da região. no período co nsiderado. Mas, apesar da sua grande impon:incia. S:lbemos muito pouco sobre a cons(rução civil em Po rtugal. em diversa ... épocas. Tal como sublinha José Amado Mendes. apesar de jii dispormos de algumas achegas sobre determinadas temáticas correlatas. «a história da construção civil está praticamente toda por fazer»"f. As r;Jzões desta situação são inúmems. mas creio que a mesquinha consideração social dO.'> construtores civis, nas últimas décadas. tcrá contribufdo para esse quase «esquecimento". Com este estudo pretendo contribuir para um melhor conhecimento económico. social. organizativo, técnico c cultural da construção civil. entre as quatro últimas décadas de Oitocentos e as três primeiras deste sécu lo. muito embora me cinja apenas ao espaço geográfico de Aveiro e concelhos envolventes.

2. Fontes utilizadas

o presente tr:.lbalho tem como fonte principal um conjunto de contr..1I0S de empreitada ou ajuste de obra - cinquenta e quatro ao todo - celebrados perante os notários da cidade. e que integram actu:llmentc o fundo notarial do Arquivo Distrital de A veiro. Trata-se de uma fonte rica em informação sobre o mundo da construçâo civil. Illas de uti lização problemática. dado tratar-se de uma «amoslragem» imperfeita da actividade deste sector. A inexistência de d:ldos como as séries de licenças de construção que Álvaro Ferreira da Silva compulsou inviabiliza qualquer aniilise quantitat iva da evolução da construção na região ou na cidade, bem como a volalilidade do sector - emendida como «a existência de grandes variações do investimento da construção com>oame as cOlljunturas»~. O Arquivo Histórico Municipal possui apcn:lS um li vro de licenças de construção de obras particulares. mas que apenas cobre o período que medeia entre 1902 e 1914. Mesmo este parece nâo renect!r a realidade histórica. pois os valores desse rol não condizem com os dados recolhidos por amostragem nas actas das sessões da Cãmara Municipal de Aveiro. Os projectos. C:lrtas e requerimentos do Arquivo de Obras. imegr..ldo (mas não organizado ainda) no Arquivo H istórico Municipal de Aveiro. não permitem estudar .,enão a última década do petÍodo considerado. fornecendo. de forma avulsa. elementos para a compreensão da construção. entre 1917 e J920. Os importames dados do Al11l11ario COllllllcróal de Porlllgal. entre 1905 e 1930 - apesar das imprecisõcs e omissões. mais abundantes anlc ~ de 1920 -. não permitem a confirmação ou negação dos elementos disponíveis referentes aos anos anteriores. Dão uma ideia do incremelllO da construção no período do pós-guerm. quando se inicia a urbanização da Avenida do Dr. Lourenço Peixinho. Complementarmente. foi utilizada in formação diversa. inédita ou já referida de forma isolada em trabalhos anteriores. As caraclcrísticas e diversidade das fome., referidas impuser.un. assim. outms l1letodolosias e, obviamente. resultados diferentes. diflcill11ente cotejáveis. pelo menos para jii. com o que se passava na Capital. no período analisado. 304


\ CON.\THtf('-io CII'IL r\1 A \TIR(). IMriU /V/()

Foram excluídos destu contagem os cOlllrutos de empreitaua de carpintaria para e ...cola ... e estabelecimen tos cOlllerciuis. embora tenhat1l ... ido incluídos no Quadro V. como foi lev3da em cont.a :l informação útil ;'l prohlemática em apreço. nele ... contida. De fora ficaram Os contratos dI.! fornecirm:nlo de pedra. Cll1pC~ dramento de estrada..... etc. A contabilizaçflo c estudo do ... (.:ontr3t o ... p;lra edi l'icação de jazigos de família. nus cemitérios da cidade e da região. juslirica~se pda natureza des ... !.! IlIIlIIdo"esfJell/O h que é o cemi tério. pelas Ilagramcs s un ilitude ... elUfe a «cidade do ... 111orlOw e;1 «cidade do ... vi\os»7. como pela continuid;ldc das técnicas construtivas e materiais ali utilizados.

3. Os cuntnltos de «ajuste de O])I"a» - natureza e c"ohu;-:io A leitura dos documentos pem,itc afinmlr que o processo legal de edificação se proce ... ~ava do segui me mudo: o ... propricuírio ... llll . . solo ... procuravam UIll desenhador Oll arquitecto qlle lhes executava o projecto. que. cm alguns casos. h.:ria de ...cr aprovado pela Direcção d3 ... Obra ... Públicas: obtinham ~cguidamente a nccessária autorizaçào camal'ári:I, indicação do:. alinh:um:ntu .... e lc .. cm confnnnidade com ~" posturas cm vigor. restando. dcpoi .... cont ratar UIll construtor - por licitação ou nâo - c levá- lo ao n OI~írio. vi nculandtHJ ;1" condiçõe ... c ... tipuladas no projeclo. i'b maioria dos ca~o!.. porém. o contrato era verbal. O recurso ao contrato 1100a ..ial foi a excepção. Alguma ... vezes. as obr:ls tinham início ai l1d;1 ante.~ da obtenção da licença!!. Uma da.!'! acta ... da ......e ...... i}c~ da CÍlmara f\lunieipal de Aveiro. de 11 de Dezembro de 1916. d;i indicações sobre a atitude da Direcçiio do Município face;) conslfUção no e~paço do Concelho. Essa atilude explicará o dcsaeerto das fome ... cOTllPuhada ... 110 lOeante ao número de licenças concedida.... como fornece dados para;t análise do . . contratos de empreitad a. Na referida acta l~~se quc ;<a C:il1lara quando "e tratar lIe casas térrea ... dI; pouca importância fora da cidade ou sede de freguesia poded dispens;1r o projel.: lo". Noutra pas<wgem. te ... telllunhando o crescentp protagonbmll da Câm;lra no ordenamento do espaço urbano. afirma- ...e que a Di recção do Município tem u dircito de alterar os projcctos «em atenção ü (!S,,"Ú'{/ do local», sem que o ... requerente.., li\e ...... em di relltl a indemnização :Il gurna'l. Atcntemos. pois. 11:1 naturet.;J, dos dOCUIllCI1IUS referidos. Os COl1lr;1tos de empreitad;l in\'l.!l1tariado.., possuem urna estrutura simp!!;..,. Perante o Ilot:írio :lpresentam-se o encoIIH.:nd;l1lte (ou um .!'!eu procurador). o !lle~trc-dc-obra ... (a lg um :! ... \'e7e ... acompanhado da mulher) e um nadol' de . . teh). Após a identificação dos oUlorgmlles. l: explicitado o obJccto do contrato. belll como:ls din!rsas cundiç(>t! ... da sua aceitação mútua. Depoi ..... ê idcl1titk'ldo c confrontado o espaço o nde irá ...er erguido o novo imóvel. são explicit:lda<; a.., condiçüe~ (enumeração da ... cI:Ílhulas m3is impOI1:lnte ... eon ... t<lnte.., do .. cadcrnos de encargos c memória ... dcsl.:riti\'a.... ) e o~ pr.u.os de construçãu (com indicação do ... v:r lme ... das indemnizaçõe ... pelo não cumprimento dt)'" rnc ... mo..,). o CU:.IO !!lobal da ohra c a.., modal idade ... de pagamento (Illímcro c valor da ... prc ... t:lçõc~ como ... e \'13 no Quadro V). Ante,; mesmo da identificação das testemunhas é a vc/ de o fiador se dec13rar di"'po ... to;1 responder. com os ~eu~ bell"', por qualquer qlwlltia de que o COll'-trutor. OU por Incumprimento de pra7.0~ ou por comr:wenção do estanrído no projecto. venha a tornar-se devedor.

"

305


/l1I\NUEL FF.RRElRA RODRIGUES

A maior parte do.~ contrato!. arrolados (76%) reporta-se a obras de ra i.... Quando o emprei teiro tinha de fornecer saber. m:io-de-obra. instrumentos e materiai.';. as empreitada., eram denominadas de <<lavores e maleriais». Meno.~ frequ en temente. os proprietários tomaVilnl para si a tarefa de fornecer aos mestres-de-obras os materiais neccssários. na sua totalidade ou maior parte deles (norma lmcnlc a pedra. areia , madeiras ou os adobes). mas algumas ve ...es reservilvilm para s i o fornecimento do azulejo das fachadas. portões ou grades de fe ITO forjado. tintas. fec hadura:. c dobrad iças. estuques c betumes. Há um caso em q ue se percebe bem a forma como esse relacionam cnlO se processava: «L ... ) q ue o dono da obra será obrigado a fornecer todos os materiais necessários para a obra sendo semprc requis itado pelo empreiteiro com a antecipação de quinze dias». Quando o proprietári o fornecia todos os materiais - o que raramen te acontecia - estávamos perante um contrato de «Ioda a mão-de-obra», isto é. o construtor apenas era incumbido de concretizar a obra em estrita obediência ao esti pulado no projecto . primeiro. e con firmado no con trato. depois. Sensivelmenle a partir de 1905. a:. cláusulas cont ratuais. com discriminação das obras a realizar. condiçõe ... dI! exccuçfi o. materiais :l empregar e técnicas ti aplicar. vão sendo paulatinamcrllc simplificada:.. A diversificada informação das escrituras anteriores va i dando lugar", simplcs e cstcreotipadas remissões para os projectos arqui tectónicos. cadernos de encargo... e memórias descritivas. T ambém estes documen tos. a a\'aliar pelos exemplares ex is tentes no Arquivo II ha órico Municipal de Aveiro. foram adoptando. progressivamente. uma lin guagem mais técnica e científica. Nos 54 contratos de «ajuste de obra,> in ventariados (C/r. Quadro I) predominam as obras particu lares. Iloml!adamen te casas de habitaçi:io (geralmentc com um ou dois andares) c os jazigos de famíli: 1, N,l s actas das sessões da Câmara de Aveiro COlllO nos proccssos do Arquivo H istórico Municipal predominam os pedidos de casas térreas. Registam-se apc na ... dua!\. e ncomendas do Estado (a carpintaria do liceu local. em construção no final da d~cilda de 1850. c o empedramcnto de uma estrada). quatro de juntas de paróquia (as obras das cape las de Oliveirinha. Cacia. Angej:t e Alqucrubim) e uma de um grupo de aveirenses rcsponsável pcl a erecção do pedestal da estátua de José Estêvão. QUADRO l - AJ USTES OE OBRAS. CASAS

JAZ IGOS

OUTlIOS

,-

-

I

I

1860- 1869

I

j

1870-1879

2

,

IlE:C AUAS

1850-1859

1880-1889

6

1890-1899

3

2

TOTAtS

I

5

12 j

1900-1909

19

7

I

1910-1919

J

-

1920-1929

I

I

-

'"

12

Tnl:.li.~

306

IIlSO_t9JU

,

27 3 2

54


A CONSTHUÇÀO CIVIL EM A VElHO. IX6O · /930

As habitacões sfto. maioritariameme. vivendas uni familiares ou palacetes urbanos. regra g~ral. como referi antes. com um andar e quintal. para res idência dos promotores e suas famíl ias. Não estamos. por regnl, perante a construção de prédios de rendimento. Em nenhum dos casos o promotor é um construtor civil. embora outras fontes comprovem algumas excepções. Como disse. apenas roi celebrado um eontraLO para a ediricação de um conjunto de casas certamente para aluguer. Trata~se da construção de cinco casas contíguas. iguais e baratas. O seu promotor é uma proprietária do Porto. com raízes e interesses na região. Contudo. ficam por dilucidar completamente as razões por que houve lugar a celebração de contrato notarial nos 54 casos registados e nos restantes isso não se verificou. Devido à falta de segu rança dos capitais investidos pelos proprietários? Receio de arrastamento indefinido das obras? Um dos aspectos constantes nos contratos é a severa penalização dos co nstrULOres por cada dia de atraso da empreitada. Noto que nas arrematações. pelas mesmas razões. o pagamento de um depósito ou fian ça de valor elevado era obrigatório lO • Sublinho também que. em alguns. as duas partes tinham um bom relac ionamento. como parecem provar mitras fomes. Assim. questiono-me: por que razão não fo ram acaulelados nOlarialrnente (ou corno foram) os elevados valores em jogo na ediricação de prédios que ainda hoje se conservam na cid ade? Um dos documentos, de 16 de Novembro de 1906, explicita algumas das razões desse procedimento excepcional. Al i faz-se referência expressa ao «contrato verbal». o tipo de contrato mais frequente . Nesse caso concreto. s6 depois de a obra se ler iniciado «por contrato verba h, é que as duas partes selaram notarial mente o referido comrato verbal. «pa ra os efeitos legai,\' e mlÍtlla segllr(II/{'l/».

4. A evo luç ão

d~l

construção c iv il em A "eiro

A imprensa local dá da evolução da construção, especialmente na primeira década deste século, urna ideia um tanto empolada. devido. por certo. ao forte contraste COIll o panorama dos anos anteriores. O fa cto de Illuitos dos notáveis da cidade terem construído os seus palacetes. nesses anos - alguns deles com elementos da gramátic<l decorativa Arte - Nova nas frontaria s -. terá decisivameme determi nado o olhar e a adjectivação da imprensa local ll . De racto, entre 1902 e 1908. foram concedida~ mais de 500 licenças de construção. das quais. perto de uma trintena. referentes a moradias de notávei s da cidade \! da região (Cfr. Q uadro II). A c idade transformou-se num verdadeiro estaleiro. Por acaso ou não. é nesta década que se cclebr:1 o maior número de contratos. período em que se assiste a uma acentuada desruraliz;lção do espaço e da paisagem urbana (início do fim das rnonturei ras. dos esgotos a céu aberto. dos rebanhos cm trân sito pela cidade. etc.) iniciando-se uma fase nova na vida da cidade, que se prolongaria pelas três décadas seguin te s. culminando com a abertura e u rbanização da avenida ideada por Lourenço Peixinho. entre os últimos anos da a I. Guerra e a década de 30. Efectivamente, foi em 1919 que Lourenço Peix inho propôs a conslrução da aven ida que terLa o seu nome, na mesma altura em que se iniciam os esrorços para dotar a c idade de iluminação eléctrica I:!:. Em 1905. o Campeão da.\· Províncias dizia: «l. .. ] aj'ebl'e das COlIstru ÇÕt!;}" que não diminui. coloca cm embaraços os proprietários e meslres-de-obras. Há falta de a!veneres. carpinLeiros. etc. c muito principa lmente de pimores)}u. No

307


MANUEL rEHH/:.11U1

HOf)RIG(jJ~'S

- -- -

uno seguinte. condenando o «\!stado vergonhoso» dos inúmeros casebre~ <linda na cidade. o mesmo periódico "nona v:!: «vai tomando uma feição mais civ ilizadora. pois. ultirnarnCIlIC. têm :-.ido conMruídas casas de bela aparênei::J, como ... ão a.., dos $r:-.. Fmndsco A. da Silva Rochn, distinto director dn Escola Industrial. Alfredo de Castro. Eduardo Vieira. Manuel Marques da Silva. ctC.»14. Em 1908. o mesmo periódico adianta: .. A nossn terra cntrou num período de radical transformação. modernizando-")c a olho .. vistos. e aprcsentando construçi)e.., de edifícios particulare.., de muito bom gosto e crcito»15. Mesmo no bairro piscatório. até ai com casas térrea ... apenas. vão cOl1struir·sc casa ... !'>obradadas"'. E acre!'centa o articuli ... w com entusiasmo: .<Em Aveiro. ainda há pouco:-. anos não havia um únieo edifício partieulur que ..,e recomendasse pela su::J beleza arquitectónica». Para o referido jornõ.lL perante tanta azáfama na construção civil. a cidade b <<lOln<UlI..lO outro aspecto. ainda que muito vagarosamente»: «No~ últimos tempos fil.er:lIn-se já alguma!> construções que denotam bom goslO e novidade. l'lajol \ hla à ... habitações do Sr. Silva Rocha e António da Co:-ta. na Rua do Carmo. E a e!>1::JS \'cm jun tar-se a nova edificação que o capitalista. Sr. Mário Belmonte Pessoa anda rea lizando no Rossio. e que é o que de m:lis moderno e caracterhtil:o ... c tem feito em Aveiro»17. Nas ...essôes dil Câmara Municipal de Aveiro é proposta a numcraçi'io dos prédios . ..,ão convidados os «habitantes da Cidade a prepararem as frontarias das suas casas c a removerem os entulho.., ,acumulõ.ldos. de modo que a cidade tome 111/1 aspecto ii allllra de lim a capital d,' di.HrilO. onde decerto vem anuir gr:mde número de visÍlal1le.., por oca:'.ião dos próximos festejos do centenário de José Est~\'ão 11909}»lx. Suhlinho que. nesta ahum. é aberto o Cmal de S. Iraque. são msgadas novas ruas. nn cidade e no concelho. e su rgem ou tras unidades fabris. impo r. tante.., para o desenvolv imento da região. e que parecem testcmunhar. no seu conjunto. alguma cunexão entre urbanização e industriaIi7':'lção. Dhso são exemplo o aparecimento da Empresa Cerâmica da Fonte Nova. concorrente da Jerónimo Pereira Campo... & Filhos. a Fábrica de MOõ.lgem dos S~l!1tos Mártire.., e a Fábrica de Asfalto. em 1903: a Fábrica de Chocolate. õ.I Fábricõ.l de Gasosa ... e Pirolitos e a Fábrica de Lixa Luzostda. em 1904: c a F::íbrica de Louça dos Santo:-. Mártires. cm 1905, entre outras de menor siglllficado econÓmico 19 . Vejamos outras informaçõcs di ... poníveis sobre o crescimento da construç:l0 l:Í\"il nos quin/e :1I10S que antecedem a 1.- Guerra Mundial. ullla \'c/ que. nem a imprensa loeal. nem as escrituras de contrnto de empreiwda dão elelTlellto:-. seguros pal'a uma correCLa compreensão do fenómeno nesse perfodo . O.., valore.., do Quadro II. respeitantes ti coiÍce:-.são de licenças de construção....ão bem diferentes do.., regi ... wdos no Quadro I. embora o~ ano!'. de 19 13 e 1914- ,ejam infe ri ores aos dos ano:-. an teriore:-.. Para 1915 faltam valores posleriorc:-. a Ago..,to. Até cs..,e mí3s tinham sido concedida ... apena~ 37 licenças. Se lhes acrescentá<;-;emos a média men..,al do, dois anos anteriores. multiplicada pelo numcro de Ille ...e!'. em fa lta. poderíamos conclu ir que. em 1915. terão s ido concedidas entre 55 e 60 licença.., de construção. o que evidencia claramente uma tcndência decrescente , mas bcm diferente daquela que os valores do Quadro I patenteiam. Mai :-. impressionante - c inexplid\'cl com o~ elementos di ... ponÍ\-ci..,. a menos que admitamos um erro dos registos de conce:-.são de licenças -IS o decréscimo verificado de 1902 1'''1':1 1903, embora t:\1 não se tenha verificado nas construções de orçamento mais reduzido. NOle- ... \.! que é nos anos exi~lentc..,

308


II CONSTRUÇ!tO CIVil. EM AVEIRO. 1X6(J·/'JJO

de 1907. 1908 e 1909 que é comilruído o maior mírnc.ro de. palaceles c casas de orçamento mais significativo. facto que não escapou. como se viu antes, aos observadores coe.vos. QUADRO 11 - LI CENÇAS DE CONSTRU Çt\ O, 1t)()2-1914 ,\I'"OS

l'IlI1

1'.IIl.1

1.... 14

TOI:d

'"

'U8

lOS

> I$OOU

" ,

> 2$50U

J3

13

<,

7

1%5

1'.i'Of,

,." "'"

"" " " " "2 , 2U "12 JI

JI

I~O<J

1'110

,O

1'/11

1~12

I'IU

" ",- " ", ", -, , H3

JI

2.1

J

17

1~14

76 26 7

Na segunda linha do Quadro II temos a evolução das conslruções sujeitas ao pagamento de 1$000-2$500 réis para obtenção d<l licença. Na linha scguilllc, dá-se conta da evolução da construção dos «palacc t es~). pois trala-se. de. um conjunto de edifício,.. com taxas iguais Oll superiores a 2$500 réis. São. afinal. as casas dos <'notáveis» da cidade c do concelho. como se pode. ver pela análi se dos scus nomes. O decréscimo veri fi cado apó~ 1912 é . por cc110, conexo como a contracção demogníf1ca. a instabilidade política e ri emigraçflo registada especialmente nos primeiros anos após a instauraçilo da República. A distribuição das médias das licenças mostra um compreensível pico nos meses mais quentes. especialmente entre Julho e Outubro. atingi ndo. nesse período. cerca do dobro dos valores rcgistados nos meses com menor número de li cel1ça~.

QUADRO III - MÉn l AS I\"lENSA I S D AS LI CENÇAS. t90 2_ 191 -4 ~ II'~-; I':S

JM','

n:v

I\Io\R

AfiR

1\10'.1

JUr-;

JUI,

,\(;0

SET

ou,.

r-;ov

DEZ

LICENÇAS

M

67

92

"

110

"

117

'51

125

'47

82

76

Para os anos de 19 [9 e 1920 existe uma relação de Reqlle,.illle"to.~ ellfrados 1/0 I?eparrição de obras. Esse documento rerere ,I existência de 195 e 205 requerimentos. respecti vamente. Enunciando um crescimcnto muilO signiricativo. os valores .Wlpra. referem-se. não a construções de raiz. mas. sobretudo. a benericiações de ca-;as j;'i existentes. nomeadamente o acrescento de um ou mais pisos. a construção de uma platibanda. i.l abenura de uma porta ou janela. conforme mostram os inúmeros processos (a maioria?) de pedidos de au torização para faze r obra~. De qualquer modo. importa sublinhar que os anos 20 revelam uma situação bem diversa. O~ quadros co nstruídos com a informação dos anuários comercia is (Crr. Anexo l) patent eiam um significativo incremenlo da conslrução civil. como comribuem decisivamente para a fixaçâo du terminologia. O número de in divíduos ocupados nas diver.~as actividades correlacionadas com a conslruçilo 309


r.fANUI::L " -EHHEIRA

HODHIGU/~'S

civil quase duplica. Em a lguns casos triplica_ mesmo . Concomitantemente. en:-.aia-se uma espccializaçiio. a que n50 fica alheio o comércio de equipamento c matérias-primas. Nos anos 20 surgem novos produ tos. A publicidade a timas (Tintas Ripolim). papéis pintados e produtos eléctricos invade os periódicos. Surgem. em número sign ificativo. as representações. sucursais e depósitos de produtos vários como ci mentos. ferros. vidros. cal c mosaicos. Mesmo na marcenaria. cujos produtos er:ltll, até então. vendidos nos locais da sua execução. passam a ser cada vez mais expostos em estabelecimentos comerciais concebidos para o efei to. 5. Os proprietários dos prédios construídos

Os documentos compulsados informam muito pouco sobre os prOlllotorefO das empreitadas. Vejamos o que foi possível averiguar. Exceptuando as juntas de paróquia. os promolOres d::ls obras são na sua maioria os proprietários do solo. socialmente tidos como «proprietários». designação v::lga e lat:l. atribuíd:l cada vez menos a quem vive de rendas. abarcando cada vez mais quem possui bens imóveis e granjeou estima social. Há apenas referencia à :lctiv idade profissional de quin7.e proprietários: seis «ncgoci:lntcs». dois lavradores. um «comerciante». um notário. um ourivcs. um b;.mcário. um relojoeiro. um cmpregado nas Repartição das Obras Públicas e um fu ncionário do Banco de Portugal. Tirando dois residentes cm LisbOa. três emi grados c a já referida proprietária do Pono - que não seria a única a construir em antecipação à procura -. todos os proprietários encomendadores residiam em Aveiro ou nos concelhos envolventes. Sublinho que os proprietários são promotores a penas de uma única obra. muito embora. pelas razões já referidas. isso não sign ifi que que não houvesse proprietários de vários prédios de habitação ou de rendimento. Numa das actas das sessões da Câmara de Aveiro. de [ de Março de [888. Domingos João dos Rd:-. é referido como «proprietário de 111/1 grallde lIúml!ro dI! casas j:í construídas no bairro do Conselheiro Queirós»20. Os anuário!'> comerciais idemificam-no como negociante de made iraS. Mas a análise dos nomes dos peticionários das l icença~ concedidas. entre 1902 c [914_ mostra quc cm alguns casos o mesmo proprict:1rio possui mais do que uma ou duas casaS edificadas então. Mai s evidente parece ser o caso do comerciante A[fredo Esteves Ferreira. que pagou 9$000 réis de licença. o valor mai s extraordinário de todos os registados. entre [ 902 e 1914 21 . Outro caso é o projecto de um grupo de quatro casas da fi rma Casimiro da Silva & c,0. na A venida Bento de Moura 22 . Pela fOua importânc ia. tanto na economia da regiào eomo no imaginário da ~poea. subli nho a presenç:l nest:! re lação de tr!!s emigran tes. «capita[ istas». residentes ou regressados de Luanda. Califórnia e Brasil. Encomendam os pr~dios mai s C;'lroS. mais sumptuosos e tecnologicamente m:lis evol uídos. Essas escrituras são. por isso. excelentes catálogos das soluções lécnicas disponíveis. como. a título de exemplo. se mostra no Anexo 11. Tomam-se notados e admirados pela sua filantropia. pela intensa actividade em prol do melhoramento das condições de vida nas suas terraS de origem. Um bom exemplo é o do promotor da con~truç;1o do hos pital de A[querubim. concelho de Albcrgaria-a-Velha. ao enfatizar os seus desígnios filantrópicos. afirmando que desejava «bcnefici:Jr com um hospital a freguesia de Alquerubim. onde nascera».

310


A CONSTRUÇÃO CIVil. EM AVEIRO. Ili60·1930

6. Os a r q uitectos S6 muito excepcionalmente são nomeados os autores dos projectos. não havendo qualquer outra informação além dos seus nomes, normalmente quando o arquitecto é testemunha do contrato entre as duas partes. ou quando, de passagem. ê referido o autor do desenho do prédio a co nSlruir. QUADHO tV - i\llQU ITEC T OS, 1905- 193U

,, ,, ,, , ,,,, , ,, ,,,, ,,, . . . ". . . . . . . . · · · · . . I· I· . . . . .... ....··· · · · · · . ·1· 1· . . . . 1'111_ 1\1211

1!'1I 5- I'J II I

ARQUlTEcros

Jaime Inki o dos

SmHo~

CarL o~ Mende~

Francisco Si!>',. Rocha

.

;

3

;

11Il 1·\'J30

J

FON1T : AIIIII""''' C",,,,,,n.,.,,,1 ti,. l'orl"!!,,I. vol. II. I R9S_1930 .

Sublinho. antes da simples enumeração dos casos registados, que só muito excepcionalmente é que se procedeu a pontuais alterações aos projectos origin ais. No contrato referen te ao hospital de Alquerubim. o texto refere o autor do risco da obra. o Director das Obras Públicas deste DistrilO de Aveiro. Eng. António Ferreira de Araújo e Silva. O responsável por uma grande parte dos projectos da cidade no século XIX. João da Maia Romão. desenhador e arquitecto da Câmara Municipal de Aveiro e professor do Liceu local. é referido como o aUlOr de dois projectos: em Abril de 1883 desenha um jazigo e. em Janeiro de 1885. uma casa de habitação. Francisco A. Silva Rocha. director da Escola Indu suial e Comercial de Aveiro. é referido, de passagem também. como o autor três projectos: um<l casa de habitação e de dois jazigosD. Nesses dois últimos documentos. Silva Rocha é indicado como o fiscal da obra. No último. é indicado . igualmente de passagem, o nome de Ernesl Korrodi. Tinha cm seu poder o desenho da escada principal da casa. o que confirma os dados disponíveis sobre a parceria que o arquilCeto suíço tinha com o professor S ilva Rocha 2-l. O Arquitecto Jaime In.ício dos Santos é referido como autor do projecto de uma casa nas Rossada.s. em Esgueira. em 30 de Dezembro de 1907, e ser.1 provavelmente o autor de um outro em cuja escritura. de 3 I de Dezembro de 1912. é nomeado. Além dos nomes referidos impona acrescentar o de Firmino de Sousa H uet, José de Pinho e. especialmente. o de Carlos Mendes. Em 1908. este último fez publicar o seguinte anúncio: «Carlos Mendes. Premiado pela Academia das Belas-A rtes. Ensina desenho c pintura em casa dos alunos. em Aveiro e arrabaldes. Encarrega-se de razer projectos para ediricações, medições. orçamentos e plantas de terrenos. Rua do Gravi to,;2s. Embora os documentos de arquivo ou os anuár ios não indiquem outros nomes. a imprensa local dd conta de um número superior de indivíduos a projectar na cidade. O facto de Carlos Mendes não ser referido antes de i 91 O é um bom exemplo dessas omissões. De facto. este arquitecto projectou pelo menos uma casa antes daquela data, a casa de habitação c estabelecime nto comercial de Albino Pinto de Miranda. em 1908. 31 I


MANUr:t fERRt.'IHA R()ORICUI;'S

NQ~ C:I'>O), dos edifício), públicos. mcrcê da morosidade c da burocrac ia imperantes. os projcclOs eram geralmentc concebidos por um arquitecto ou um ~ngenbeitO e alterados posteriormente ou entregue <.I outros :.t dirccçflo da obra. Em 1$9$. dióa o ClIlIIl'eiio dll.~ Pmdllcias: «O edifício do Terreiro lOovemo Civil]. de:>tinado ;IS repartições públicas da cidade. vai crescendo. A obra é habi[mente dirigida pelo Sr. BO[:1is Mónica. ),ob a inspecção illleligclHc do Sr. JoJo da Mai:1 ROIll;t o»~(,. Este edifício teve um projecto de [888. da autoria do Eng. Jo),\! Maria de Melo de Matos. Poslerionnente. o director da), Obras PúblÍl"<.Is do Distrito. Di nis Teodoro dc ali vcira. introdu.";u-l he algulll<.ls :l1terações~>H.

7. Os m csl l'cs-d c-o bl';ls A:. escritur,l), rcferem a existência de 32 ernpre itciro:-. «carpinteiros» ou Illc),tre ... -de-obras. Mas outras rontes. nomeadamente os anu:írio), comerci ais. testclllllnhnlll a actividade. na região. de ,l[guns mais. nomeadamente em Ar:Jdas c E),gucir:l. Em nenhum dos caso ... inventariados esses construtOI'es são promotore .. de algum;! (!:Is obras reaJizuda:s. embora dois dcl..:s tenham solicitado autorizaç;to para com>lrui r por duas \'ezc~. pelo menos. A documentação compulsada dá conta de uma enormc dispersão empresaria l na construção ei\il. Predominava uma grande qU:llllidude de micro-empresas de estrutura ramiliar. Assim. lüío espantard que. durante o período anali!o.ado. não se tenha constituído rormal e legalmcnte nenhum:.! sociedade no sector da construção civil. I lá apellas. j;í cm 1927. uma sociedade em nome colectivo. entre tr(!s C~lIlteiro~. para a exploração de «uma oficina de canwria cm granito>~. Não é por acaso quc se trata de uma sociedade cmre Ires inn50),. com um capital soci al diminuto. de 24 contos div idido em partes iguaii>~K. No elllallto. a~ e.~critLlr:ts de ;~US1C de obra dão notícia da existência de pelo Illcno ... du:\>, s{JCiednde .... ernhor:! sem exbtênci;! legaL a texto de ullla escritura de 1870 refer..: como mestre-de-obra:.. Manuel Baptista Ferreira e seus sócios. Também os irmãos Pereira Campos. nOlllcadamenle 10;10 Maria e José Pereira Cillnpo.... terão trabalhado elll sociedade. embora o texto notarial úe Novembro de 1881 não explici te essa situação. Alguns apelido ... evocam verd:ldein.l), dinastias de construtores civis. como ê caso dos Pereira Call1po~. que atingir:lI11. depois. ju ,~ ta notoriedade no domínio d:\ indústria co.:r5mica. ou dos Costa. de Águeda. constnllOres de escolas c cstradas 2'J . do ... l3 01~1j.., l\lónica. que se notabi[izar:l111 na cOI1 ... truçfio navnl. dos Rapo ...o que fizeram os maj.., notáveis tectos estucados da região. Em 1891 havia um únkv estucador na cidade: Manuel Martins Raposo. A partir de 1924 <;50 rereridos Francisco. Jerónimo. Jofio. Manu el e Rami ro Martins Raposo! Sublinho que. nesse ano. alêm desses cinco. são liswdo:. mai s seis outro.... entre os quais o mestre-de-obms Antónin AugustO da Silva. Car;.Jctcrística determinallle para a comp reensão da actividadc destc g rupo é a sua escassa divisão d e trabalho. embora se as ... ista ;1 um;;! progressiva cspecializaçJtJ de algumas das dinastias. nomeadamente nas uClividades ques exigiam uma aprendi zagem mais dcmorada. De qualquer modo. sublinho que raziam depender os seus rendimentos dn dedicação a um sem número de ncgócio:.. quc iam da con,~trução civil propriamente dita. à compra e venda dc madeiras. pedras c cimentos. à Jilllpel..a ou calcetamento de rua),. etc. Inúmeros testemunhos. disperso ... pela doc1l111en t a~ão do Arquivo I-l istúric\) Municipal. confi rmam :\ 312


A CONSTNUÇÃO C/V/L F:M AVE/NO. /Nf,O-/'}JO

assercão. Os ilnu;írios eomerciais confirmam os dados de arquivo. Pelo menos desde' 1920. 0:- canteiro~ António de Freita:- e Eduardo Barbosa vendianl materiais de construção. O mesmo se passava com outros profissionais. Entre os pintores. algull~ havia que:.e dedicavmn. quer à pintur..l da cOll:.truçiío civil. quer à pintura a óleo e em azulejo. sendo outras vezes douradores. fingidores e decoradores. muilo cmbora esta líltima actividade tenha ficado. nos .lIlOS 20. quase exclusivamente a cargo de pintores cer[11l1icos çomo Carlos e Gervásio Aleluia. Muito!> destes indivíduos dctinhilm urna elevada consideraçiío sacia! (confirmada pelo casamento com rilha!> de proprietários). rnerc~ do:. papóis de relevo desempenhados em associações. imlandades ejuntas de paróquia. Muitos conseguem amealhar o ~ulkierHe para ildquirirem propriedades que lhes davam acesso ao título de proprieUírios~ll. AIgun~ enriquecem. António Augusto d:J Silva e Jo:;(; Maria Braneo das Neves Aleluia pedem licença para edificação de dois palacetes. sendo referidos como «proprietários,,·' l. Outros. como Fr:mcisco Amónio da'i Neves - quando morre. a mulher e :1 filha s50 referidas como jomaleiras'2 - não conseguem :;;Jir de uma situação de miséria em que sempre teriío vivido. As cscritums chegam a um tâo elevado pormcnor que pennitem pensar que o construtor se foi tornando num mero executo r da obra delineada com extremo cuidado pelo arquitecto JJ • no enLanto era freqlleme deixar determinados pormenores ao gosto dos empreiteiros. Ma ... o~ aspeclOs mais vezes referidos prendem-se COlll a qualidade dos materiais utilizados. com a solidez e acabame11lo das obras. Essas preocupações l"a,.i:1I11 com que os propriet:'irios tomassem um conjunto de medidas para verem garantidos \1S seu:;direito:-.. como a fiscalií'..ação dos trabalhos durante o seu decurso. No linaJ.:I obra era sujeita iI aprovação. condição necessária para o pagamento da última prestação. Estil pr;ítica verifica-se a panirda década de 1880. Desde essa década. lê-se nos contratos que. «depoi.~ de concluída. a obra será examinada por doi ... peritos para ser aprovada. um nomeado pelo empreiteiro e outro pela encomendante. e um terceiro par:l de:.emp:lle a comento de ambos»~4. E.~sc ... fi'icais eram normalmente mestres-de-obras. lllas também hd referência ii oulros prol1ssionais COm esla incumbência: os arquitectos. COl1l0 se viu. e engenheiros. Em 9 de Seternbro de 1877 faz referência a urn «engcnheiro-fisca!>,. Vejatno~ o que di,.. a este propósito, um cOlllrato de IOde Março de 1903: «o empreiteiro responderá pela segunl\lç;1 c solidez do prédio nos lermos do arl.° 399." do Códi~\J Civil. e também pelo bom acabamento da obra. cuja execução será fiel ao desenho e lIIeJ11óri:J dc!>critiv:l. salvo o caso de qualquer :lltcraçJo que as duas partes combinem por escrito. Sexta: a obra será fiscalizad:t pelo senhorio l)U seu representante. os qunis poderão entrar ncla sempre. scm embargo do empreiteiro. c scr.:í no final vi:'lOriada e clllregue nos termos da condiçiíú décima oitava da memória descritiva»J5. Noutra eSCritura pode ler-se sobre este assunto: «que a obra ~erá fiscali,,_ada por Máximo Henriques de Oliveira. ca:.ado. carpinteiro. desta cidade. c que vig.i:mj ;1 perfeição e acabamento de lodos o:. trabalho:. interiores c exteriores da mesma obra. bem eomo a qualidade de todos os m'lleriais que nclil forem empregados. podendo mandar desmanchar, p;Jra ser de novo feito. ludo que ele julga.r necessário ou por nJo cumprir o que se acba designado na rcfcrid:t planta e memória descritiva ou por serem de m:1 qualidade os materiais empregados,>. A3 mcdid,t::. caUldiLrC:-' l"uzcm com que o empreileiro. pdo menos num caso. se veja obrigado a hipotecar dU:Js propricdadesY'.

313


MANUEL FERREIRA RODRIGUES

Na!> arrematações era frequente o recurso 1'1 subcomratação de alguns .~crv iços. Embora menos repet idamen te. também se verifica esse procedimclllo na construção residencial. Um dos contratos. de 3 de Outubro de 1905. é testemunho dessa prática: «[ ... ] que o empreiteiro. para os diferentes trabalhos. espec ia lmente os de madeira , cOlUra/ará artistas competentes e de boa execução»)7. O carpinteiro João T ava res de Oliveira que to ma ra «por arrematação na Direcção das Obras Públi cas deste distrito a construção do ediffcio p:lra as escolas de ambos os sexos). cOlllratou com o carpinteiro Joaquim Nunes Génio a rea lização de «todo o serviço de mão-de-obra de toda a carp intaria do referido edifícim•. Os livros de despesas das obras cb Câmar<l de Aveiro. que mostram o número de trabalhadores sob a direcção de um mestre-de-obras - equipa que raramente ultrapassava os 6- 10 trabalhadores -. os tempos de duração do trabalho e os nívei s de remuneração, confi rmam os dados disponibi li zados pelos documentos notariais: dominava o trabalho de natureza oficinal. a cooperação entre companheiros. Embora a cri<Jção do ensino industrial de Aveiro. em 1893. tenha introduzido mudanças s ignificativas na formação dos construtores civis - a Escola de Desenho Industrial é o centro difusor da'i correntes artíst icas como das inovações tecnológicas mais recentes -. persistiam as técnicas tradicionais e os com portamentos corporativos. O associativismo de classe mai s militame no início deste século tinha a Sua raiz cm profissões: que exigiam uma aprendizagem quase corporativa. Ora o grupo sócio-profissional mais dinâmico nesse período é precisamente o da construção civil. A Associaçâo de Classe dos Operários da Construção Civil e Artes Correlativas. fundada em 1899. organiza as festas do 1. de Maio. nas duas primei ras décadas deste século. um 1. de Maio de características de naturcza interclassisl3 e corporativa JII . 0

0

8. Os mat eriais utilizados Ainda que de forma irregular. a documentação fornece um conjun to de dados importantes para a compreen são da construç:io civil na região. noutros domínios. como seja m os das técnicas e dos materiais utilizados. Atentemos nos mais frequentemente util izados. fornecidos pelo co mércio local ou pelos rccoveiros Cl11trânsito cntre Aveiro e o Pano. 8.1. A falta tle pedra em A ve;ro Avciro não possui pedra. o que a toma. pelo seu custo, um elemento de ostemação e diferenciação social. como explica algumas das características das técnicas construtivas locais. Foi a escassez de pedra que levou à destruiç:io da muralha que cintava uma parte da cidade. Já para a edificação do Teatro Aveirense. além da pedra que restava da muntlha med ievap<l. foi utilizada a pedra da capela de S. Jorge de Esgueira. mandada demolir pda Cümara. «a fim de aplicar a pedra. para a construção do teatro desta cidade»"'!). Tal como nas centúrias anteriores. no século XIX e início do actual. a pedra mais comum provinha das pedreiras de Eiro!. uti lizada na construção de 314


A CONSTRUÇÃO CIVIL EM AVEfRO. lS60-1930

3lvenaria. torrc..<;. aquedu tos e represas. cm obras públi cas e paniculares. Chegava à cidade de barco. Pinho Queimado testemunha essa prática já no Séc. XVll : «estes edifícios com que 3 vila se enobrece, as ca<;as su mptuosas dos paniculares. quase todas. dizem os antigos. feitas de pedra que lhes veio do mar. pois não se acham pedreiras tão perto peJa terra},41. Até o calhau rolado era trazido de barco para as mais diversas obras. onde integrava as paredes exteriores. Para as obras municipais. nomeadamente para a construção de estradas. há referênc ias frequentes ao pagamento do transporte de muitos «barcos de cal hau >}, como «ao levantamento de calbau em Santiago»42. Aníbal Gomes Ferrei ra Cabido confirma a documel1l~lção de arquivo: «No concelho não há minas: somente tem a pedreira chamada da ponte da Rata, da freguesiiJ. de E iral q ue produz grél· vermelho sistóide que foi muito empregado na construção das obras da barra da cidade de A veiro}}43. Para a construção do Quartel de Cavalaria 10. em 1885. a par do granito e do grés duro de Eirol, foi também utilizado x isto de Canelas 44 . A pedra calcária ~ mais procurada para os cemitérios, palacetes e obras públicas ~ vinha da região de Coimbra (Ançã, Ou til e POrlunhos). O s chafarizes da cidade. no último quartel de Oitocentos, foram construídos com pedra proveniente de Oulil 45 . Os COntratos de fornecimento de pedra indicam Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira. A lbergaria-a-Velha e Sever do Vouga como as regiões fornecedoras de pedra gra nftica consumida em Ave iro e seu arco. Daquela primeira localidade veio o g ranito, por exemplo, para o li ceu local. Para as obras da capei::! de Olivcirinha, em 1869. o granito foi adquirido na região de S':lIlta Mari;} da Feira~(,. Para <IS obrns do Quartel dc Cavalaria 10. o granito veio da região de Albergaria_a_Velha 47 •

8.2. O dom{" io absoluto do adobe 110 construção A inexistência de pedra na região criou condições para o sucesso da madeira de pinho . abundante na região. c do adobe ~ materiais que dctêm um domínio qua.~e ah.~oILlto na construção local. especialmente em obras de orçamentos reduzidos ou de natureza induslri.tl 4s • Jií na Idade Média. «os telhados eram cobenos de telha, assente em vigamento de madeiraé<J. Nas paredes só excepcionalmentc se utilizou cxclusivamenle tijolo. O mosteiro de Jesus e demai s edifícios públicos parece terem sido alguns desses raros casos5U . O adobe torna-se, de facto. o material de construção por excelência. abundante e baratoSI , inviabilizando a expansão da produção industrial de tijolo nas fábriciJs da região. quase limit3das à produção de tclh:.l de Marselha. Mesmo nas três primeiras décadas deste sécu lo , o adobe er3 mu ito usado em alicerces e paredes exteriores . tendo imensos defensores. apesar das re p rovações dos higienistas. Como se pode ver no Anexo L o número de «fabricantes» de adobes aumentou de forma sign ifica, especialmente nos últimos anos da década de 20. Esse número esquece os particulares que faziam adobes para a construção dc pocilgas e outros usos domésticos. No início do Século, dizia José Soares a propósito do uso dos adobes na construção em Aveiro: «aquele material não é dos melhores . porque além de absorvcr muito facilmcnte a humidade. seca muito diricilmeme: alguns edifícios têm sido conslruídos com pedra. mas hoje pode dizer-se que é urna excepção»~2. 315


MANUCI. FCRRI;.IHA ROIJNJCfJES

No Início da década de 20. o já rcrerido professor e arquitecto Francisco A. da Sih'a Rocha. que também foi membro do Consel ho de Administração da importante cmprc;,a cerâmica fundada por Jerónimo Pereira Cumpos. utiliza adobe em vez de tijolo na construção da casa de Francisco Homem Cristo. Em 1915. na cOIl;,trução d:1 fábriC:l de lixa Luzostela. é utilizado igualmente o adobe. Mais t:1rde, em Setembro de 192 1. essa mesma f:íbrica eompri! 6.000 adobes. por I 380$00. a An tónio Joaquim de Pinho. «fabricante de udobes». de Esgueim S3 • A produção de adobes ocupava. ao;sim. um elevado mímero de indivíduos. em Esgueir:1. Em 1883, é encomendada uma casa «com adobcs de cal e areb daquele~ que se co:.tuma faze r na freguesia de Esgueira»S4 e outros documentos de;,tc século fazem igual exigência. O Ali/mario Commercial de Porlllgal, repetia. ano após ano. que. em Esgueira. o f;Jbrico de cal e :ldobes. ocupava «diariamente para cima de 500 pe;';,Oas». em Esgueira, divid idas por vária;, empresas também sem existência lesaI. Estes te;,ternunho~ são conlirmado!'> pela observação da!'> ruína.' dos inúmeros edifício ~ demolidos na cidllele c arredores. Produzia-se igualmente adobelo na freguesia d~ Eirol e cm Aveiro. no lugar da Presa. De Esgueira cra também muito I!Slirnada a areia. boa para traçar com a cal no fahri co de argama~sa. A C:11. eS'õcnci:lI para o fabrico de adobes, era tr:l/..ida por carreiros e IllC;,1ll0 pelo caminho de feITO. do concelho de Oliveira do Bairro. Armar Pires Mala alinna que, «quando a cal começou a enlrar no fabri eo dos adobes e no loCU a ... sCnlamenlO, os forno;, de cal ganharam o c),{aluto de grande indústria cm \(leio n concelho rde O livei ra do Bairro}. emp regando muita m:10 de obra a~!'>uJariuda, nomeadamente no século passado e pri mcira:. décadas do presente, COIll e~pcciul rclevo ii vol la da :.cde do concelho. onde pelo caminho de ferra se carreguvam VUgÕClo de cal para Estarreja. Esmoriz. Ovar c até para o Porto, não I"alando 110J.> muitos e fclizclo carreiras que mHlloporwvam os produtos u terras mais próxirmls. corno Aveiro. Cacia, ílhavo. Eixo. Eirol e Águcda),55. Nas obras do Quartel já referido fo i :lplic:lda cal fornecida por Manuel dos Santos Pato. do T roviscaI. Olivei ra do Ba irro%. 3.3. A telha e o tiJolo Os poucos lijolo... util izados no.. archcte~. padicinL"'. ombreiras ou eoluna .. foram produzidos em forn o ... lradicionais mesmo até Illcadoo; deste sécu lo. em freguesias do concel ho com fortc tradição cerâmica. corno Eixo. S. Bernardo e Ar'lda .. n. Na c .. crilUra de 22 de Janeiro de 1885. diz-...e que «a telha que ti"er de crnpreg:lr·se nestas ohrils será dos fornos de Eixm>. Em 1904. na~ obras de um jaz igo. o tijolo a emprega r seria igualmente «comprado no ... fornos de Eixo». A telha de ti po rnar...elhés é usada nas easas mai s rica;" a par de outros ornato .. cerãmicos nos beirais. ilha ... e cumes. Todas a ... ca"':1;, de maior orçamento fazem uma referência expressa à cobertura dos tc lhados com tclha de lipo Mar.-.dha. Até à fundação da f:íbric:'l de Jerónimo Pereira Campos. essa tel ha vi nha do Porto. O facto de num dos documentos se exigir q ue a telha a utilizar fosse fabricada em Portugal permite inferir que. não sendo frequente, havia quem a udq uiri ...."e no cstrange iro. nomeadamente em Frunça. E.,!'>c testcmunho é confirmado pelos protesto .. indi gnados da illlprem,a repu hl icana 10C:ll. cm 1915. con tra a preferência que muitOs consumidores davam às tel has de importaç50. cm dClrirncnLo da produção l oca l !l~. 316


A CONSTRUÇÃO CII'II. 1</11 AVEIRO. 11)60·1')30

8.4. i\ IIlilizaçtio de cimellto em A J'eim

Vejamos agora alguns dados sobre o cimemo. Numa das escrituras. com data de 13 de Setembro de 1877 . pode ler-se: «I ... J o cano quc rccehe as l.íguas do mesmo telhado por detnís da p1:11ibanda. bem construído ou vedado. rebocado lod o a ci,l/el//() Pnrtlolld com are ia rina~,. Trata-se da mais recuada referência à utilização de cimento Portland na região. Em 1883 há uma outra alusão ao uso do mesmo cimelllo: « Para a abóbada do sarcófago da capela e archetes dos gavet6es ,>crão construído,.; com tijolo da melhor qU;llidade 1... 1. ,.;endo revcstido com c imen to de Portland»5'l . Estes testemunhos provam que. mesmo importado. o cimento Portland era conhecido. bem antes do início da produção C0l110 do seu LI SO generalizado no nosso país. Só a partir da prirneim década deste sécu lo é que se generaliza a utilização do rererido cimento lias obras da cidade de Avei ro. vendido em barricas pela empresa cer:\mica fundada por Jerónimo Pereira Campos. Em 1907 esta firma anuncia a venda de ci mento da marca Tenaz: «Cimento Portland Tena7. De qualidade superior. garantido e mais barato que o)'; cimentos ordinários. Ê espemel:l por estes dias na Barra de Aveiro ~I c halupa 7.° Mac!tado. com carregamento de cimento em barricas de 150 kg [... [. Descontos ( ... J. A descarga do navio. preço cspcciah/>!l. Em 190R. já os documen tos refcrem a lItilizaçilo do cimento lias pavimentos de pisos térreos de casas c armazéns . ladrilhados ou não. Os cil/le"'o.~ I/OTlfrais. produzidos em Akântara. desde 1866. e no Cabo Mondego. de ..de 1884. vend iam-se por lodo o País. fa7.endo concorrência aos produtos estrangeiros. apesar d:l sua medíocre qualidade 61 . O cilllellto c/il/queri;adn ou cimento arl!!icial - que o pedreiro ingl~s Joseph Aspdin. seu descobridor. b:lptizou com o nome de cilllelllO POrllaod - teria começado a ser produ· zido cm Portugal. apenas e m 1890 ou IR94. num forno vert ical cm Alhandra 62 • P OllCO depois. em 1896. era atribuída a primeira patente portuguesa ~ob re a construçflo em beliío armado a François Hennebjquelí~. Em 1899. a revista IndlÍ.l'll'ia P()"/I.Iglle~·lI publicava um extracto do discurso de Hctlncbique perante a Sociedade Cielllírica Indust rial de Marsclh a6-l.

8.5. A IIlili::.ação do azulejo

Ape:-oar da enormc impQrtJncia que a produçiío de azulejos tem na região. as referencia .. à :-oua utilizaçiío nos contraIO:' referidO!> siío muito raras. Em 1857. eram aplicados os primeiros azulcjo~ de fachada lllJ c idade. conrorme se pode ler cm O Ctllllpeiio do VOflga: «Agora começou a mod;\ do a~ulcjo. H~ um ;1110. nJo havia lima <:a:-':l que o tivesse. Os proprietários contentavam-se com pinturas a cola. Apenas apareceram os primeiros tijolos lsicJ n3 casa do Sr. LSebaslião de[ C. de Lima. ao Carmo, todos quisefUm por azulcjo»65. Dez anos depois. a fach'lIJa da igreja da Misericórdia vestia-se de azulejo azul e branco estalllpilhado. fabricado 110 Porto e aplicado por operários da Cidade Invicta6ó. Tal como ;1 tdha. também o azulejo de revestimento de facha das de edincio~. públicos c privados . vinha do Porto c de Sacavém. O uso do :lzuIejo generaliLar-~e -i a na,.; décadas seguintes. de pois do nascimento das diversas unidades cer[lInic3s da cid ade e d:.l região. especialmente no período imediatamellle antes e depois da I. a Guerra Mundial l,7. 317


MANUEL FF.RREIRA RODRIGUliS

Os documentos parecem sugerir que a tarefa de colocação do azulejo ficaria sem pre fora dos contratos. por se tratar, por cena, de um trabalho :l executar por trabalhadores espcciali7...,dos. 9 . As técnicas cQnstrutiv,ls A documentação fo rnece um conjunto muito variado de informações sobre as téc nicas em uso na construção civil na região. no perfodo analisado, embora nadol possamos sabe r sobre a m;,quinaria e os inst rumentos utili7..ados. Em algumas escrituras a infomlação di.~ponívcl chega a um grande detalhe, mercê do facto de os proprietários que rerem assegurar a maior qualidade dos materi ais e técnicas constru tivas ou o c umprimento das indic'lções dos arquitectos. mas. apesar de ludo. apenas é possível uma enumeração fragmentada de procedimentos correntes. Os alicerces eram. ora de pedra. ora feitos de «adobes ao lravés». Também «aO través» deveriam ser colocados os adobes das pa redes até ao primeiro travejamento, «e deste sítio para cima, assentes ao comprido». Na escritura de 19 de Abril de 1905. diz-se que «os caboucos serJo levados à profundidade necessúria. para garamir a estabilidade do ediffcio. sendo examinado pdo liscal da obra, sendo aqueles de pedra a té à altura da segunda sapaw. cxcepto as fundações das divisõcs interiores. que serão apenas de pedra até li altura da primeira sapata». Nu ma ou tr:1 escritura. de 14 de Dezembro de 1907. essa indicaç;lo é mais explicita: «os caboucos terão il profundidade de 70 em. e::l. espessura. será de igual medida. e isto até ao travejamento». Na escritura de 15 de Setembro de 1904. exige-se o acaba11lenlO dos alicerces ao fim de trés meses. Em 1885. um projecto recomenda a utilização de asfalto n:l s pa re des «com espessura suliciente para não deixar transm it ir a humidade». Não Si! sabe se esse proced imento ainda era corrente nos anos seguintes. No contrato da obra da cape la de Oliveirinha, em 1869, a Junta de Paróquia exige assistir à mistura de ca l e areia. não podendo qualquer mistura de cal «levar mais que trés de areia». Mas essas proporções variam muito. Na edificação de um jazigo. cm 18 de Junho de 1883. a argarna~sa tcria de ter «se mpre duas panes de areia c uma de cal»: noutros podi:lnl ser adicionada!> cinco parles de are ia ! Os vigamentos. regra geral de cerne de pi nho. tinham 10 cm de espessura e eerca de 20 cm de a lto. A armação do telhado de uma casa. em 13 de Sete m· bl'o de 1877. levava qU;Hro asnas ligadas por duas terças por forma a dar passagem em todo o pavimento do sóti'io. Nessa mesma obra ex ige-sc que os tectos sejam estucados. lisos os dos quartos c pclo menos com um n o rão no ce ntro dos tectos das sal as de visitas e de ja nta r. Os pés d irei tos. do solho ao forro do tecto. tinham geralmente cerca de 3 melros. As paredes interiores eram geralmente pintadas «fingindO mármore». No domínio da carpintaria. para a lém das madeiras. há indicação dos ornatos. número de dobradiças e fechaduras. medidas das janelas. estilo arquitectónico ( no caso do liceu. as janelas deveriam ter «bandei ra no gosto gótico»). produ tos para pintura das madeiras (<<óleo cor de chocol:ue»). Os soalhos eram pregados «sem vista de prego». As portas exte rio res fi cavam pintadas à cor d;1 madeira ou pintadas de «(verde P"ris», enquanto a caixilhari a e janel as ficava m e m branco. As pinturas 318


A CONSTIWÇÃO CIVIL EM A Vt:IIW. lJ$60 · tyJ(}

levavam tr':=s ou qumro delllão.~ de tinta. Na obra de marcenaria e carpintaria de um estabelecimento comercial. na Travessa da Rua dos Mercadores. em 10 de Abril de 1878 , a pintura de Ioda a obra. de pinho com um. seria feita «com uma mão de cola e duas de ó leo a fingir nogueira e envernizada. menos o forro da loja que será pintado a branco com duas mãos a óleo». Há indicação de que as fcrragen s começam. pelo menos a partir de 1902 a ser fixada s com parafusos . Será efectivamente assim? As ponas continuam a ser cerradas com fechaduras de embeber com trincos para muletas de porcelana branca . em alguns casos. As pinturas das madeiras interiores eram fingidas e as paredes interiores rnuiws vezes pintadas com várias de mãos . Na escrit ura de 8 de Abril de 1885 diz-se que <dada a obra lseriaJ pintada a quatro mãos de tinta. depois de lixada. fin gida e envernizada. Tod'l a vidraç<l que se e mpregar será grossa». As sa las de visitas e de jantar eram rodeadas de um cuidado su plementar. Eram ali aplicados os melhores materiai s e os estuq ues mais decorativos. Esquemmicameme, as plantas colocavam geralmente as sal as de visitas e de jantar voltadas para a rua, unidas às cozi nhas e copas. vo ltada s paras as traseiras . por um longo corredor ao lo ngo do qual se acedia aos quartos . N uma escritura d iz-se que a casa teria uma sul a ligada :1 cozinha por um c orredor. cinco quartos - d ois de um lado do corredor e três do outro -, uma outra sala e uma despensa.

10. Outros aspectos r e feridos na documentaç.ão

Os docurnentos compulsados fornecem muitas outras informações. Relevo um aspecto de natu reza mental e cuhural. mui to frequemc então. Algumas escrituras explicitam cl aramente os « mode los» das o bras ajustadas: «Q ue todo o trabalho imerior compreendendo estuques e madeiras será feito pelo segundo ou torgante lo consU1Jtor] em conformidade com o seguido na casa de Rosa Marcela, sila no Largo do Cojo, desta cidade. que se escolhe por //Iode/o. devel1do ler igual acabamento e pelfeição»68. Noutra obra. co m projecto por certo da autoria de Silva Roc ha, diz-se: «Servirá de tipo na execllção dos trabalhos e suas dimensões. no interior. a casa de habitação actualmente ao Senhor rFredericoj Saporiti M achado, si ta na Rua do Carmo, e de tipo dos trabalhos exteriores os respectivos desenhos e peças escriWs»69. Na edificação do hospital de Alquerubim, «as carpintarias segu irão o tipo das da casa da Escola de Alqucru bim, menos quanto ao en vid raç amento das enfermarias, que serão persianas, tipo quartcl de Cavalaria 10, desta ci dade de Ave iro>,71l, Mas neste domínio são os jazigos que melhor explicitam essa atitude de emulação e mimetismo social. Numa escritura diz-se: «que este jazigo há-de ser construído com o materia l próprio e em tudo ig/lal ao jazigo de fa m ília do General Quaresma, no cemitério público dest:l cidade , o qual. para lodo.~ 0,1' efeitm; legais. fica sendo /IIodelo d o que se vai construir. Que todas as medidas, interior de capel a ou jazigo. e g rade da porta de ent rada serão em tudo iguais ao jaz igo de fum ília do General Quaresma referido)}71. A mesma exigência é feita por OUlra proprietária de Pardelhas. Murtosa . que pretendia erigir, cm 14 de Fevereiro de 1905. um jazigo de famllia «em tudo igual ao jazigo de família do General Quaresma». 319


IIIANUEL Fr:.RREIRJlIU)D/UGU/;'::i

,•

<

=

ó W

"> <

,E <

,•

,,

.& u, <•

<

" §.'

,g

320


e

rMT,\ S

OIlJECTO

nos CO"'TIH TOS

I M5.0 1.12~J

Ca"l de

h~~II.I";!O

I S~5.1U

Ca,a d~

hatllla~;oo

()~:,

It'Ui,fI.I.OJ11

Curda de S~II\!n

I ~~7.{)C)

Um

IC)~"

18R~_IO_ll~;

I )l90.05

17'~

pr.>prla de UI11 .mdal

pr,'pn.tdcd"I' ."Hl.lr~,

\llLfi~ ~hd"I~I1 , 1

CUSTOS

I' \(; \

~.i. ;\\df<)

I O()OSOOO

3,

-

/l.laria l'ereir,l

-

J,l'''I'"rll Ferre'!":1 da ('~"Ia

Alr!!,'

<)00$001

h

T:ihocir.1

\l<050m

h .1 :11,0,

Gr.Jll<lc al1\l' li alj~o de ca~J de h.lhitaçf,n

;\lcir(l

I 100$00(1

-

(, lHe'c,

Ca,a .Ic habiwlj;10 própria de um

""'iro

2 820S000

-

-

4~

,UlJ~r

5 ta •." de um andar c âgu~, furtadd'

A<eiro

) OOOSOOO

I R9Ii 09 ()(j1f1

('~,~

de hanlwç;in l!c um ambr

t\<cirn

ólOSOOO

1<Ji}2OJ.15 l1

Acal"'lHcll1" de uma

190J02.2(1)

CII~l,1

ca.'~

J1 cnlJcl1.,

(111 J,1lIgll.k fllmillil

A\Cir(J

·HKlSOOII

CICla

~65S000

,,

"

4,

ómó6 -

1903.mU·p7

Ca,~ d~

E,gueira

I 850S000

190-1.0--I.07'~

Capd.i <lu juig<l de familll

Oh<e L rinh~

190-1.09. J5 J9

Ca~~

A,cim

, 520Sooo

,,

14

A,elm

I ~()OWOO

/"

IRme'c,

800\000

" "8,

f;II\1í1I~

1905.02.1~11

C,'PCJ.I PU ja/igo d~ famnl a

1I-1" ftO~:1

I()05.Q.!,174~

)'lall'<lléu <lU jaligo de f:\lllíll.,

Ollca

1905.().l.19')

Ca,a de liablt aç5()

,\>'ciro

~OWO()

,~

, 000$000

A<cirn

~,

Iham;.,

~

1I-·1~r.1I1~.,

Fi gll~i",dn

Dr.

1 '50SOOO

C'pcla ')11 j~/igo ,Jc

Jmé 1I-Iaria L"pc~ de

11

S. Bernard"

1~41 )

Pono

Jo~o

Cl~a

mc,e~

16me;;c'

-

h

mc~e,

:!O mcsc'

, ~~

Joana de Jesu, E,trd"

]·1 me,C,

1903.()(j. 19'6

de "111 11" ,1."

Avrir"

C~li\ I O Di,l~

.IOOOSOOú

prtipri~

~1end"nlja

IR11\~<e,

Aveiro

de hahll.lç"n

]ü:,o Pedro de

Tro,-i'cal. ;\t,o.l'.1

Li,ho:.

1)"0" '"~:" (!c h:tbn.'çJo"

JIiOWOO

"1.L1\ud (l0' Snnm, I.eolwr

Alqueruhlm

1;'\~ II~ir.1

19{1,lO3. 10"

" "

[JIpe, de t)1 ,,·cir.•

P c I EmídiO RINlnglle<i da ('o,la

-I700S000

hahitação de 11m andar

[)(lIHIUJ;0'

8 IIIC\C'

Ei~o

de hahl1aç50 de 11m aO'!Jr ~ loja

,,,"Cito

Jm':

C",,, de b"h\l,H;:10 Jc J!lI' nndarc., c InJ.1

-

",'rim

f> II\C'C'

190J.03. IO"

"

R.~rg~,

RESlnÊ~CI ,\ S

JU1I1;1 de I'aró(l";a

·1 (X)()SOOO

lS93Jl9 . 27'~

19OJ. 11

'0

PI1 \ ZOS

AlqllCnobl111

ho~pll;i l

I'ROI'RIET,\IHOS

LOC II S

Ile ,panha

Sa1<lJnl,a

A(oo,o I'croandc'

Jo~q'llm

Sim,,!', PClxinh()

,\ntó"in Nunes do> Santos '\l1lónin ;-:"oc,

P~rcir.\

Edu .• nln AUi;I"tO Vieir,l I),

Jn:",,,

t\kx~lIdrtll~

I'cfcu'a

Q. <1(1 Loureiro

A"c,m ITe,a. Ayeiro Ol i\'eirioh~

,\\'tln) ,\lCIr!'

CM<l lllM I; mn", ,\ ln",,1

l'.mlelh.!<

J<lj<l de Oll\'clrd Sêrgin

Ollca. S()za

Manuel

~larqucsdaSiha

A"ciro

O

~

,-

~ >

~

-~~


MANUEL FI:.HREIRA HOOHIGUhS

eõ >

<

,

- f ,i.-,

õ

>

~

<

j

-, .•

"

6

c

1

~

<

-• ..

..

- ..,

..• "•.....•

XXXX)()(

"' -

...,

c-

,

-

õ

<

322

.

""

....

,.,g

~

!

"

"

• •

..,

,!

<

,

ü"

1 ~


A CON!lT/WÇÃO C/V/L EM AVElHO. /!:W)· / <J30

QUADRO VI _ rl. I ES Tn ES· ]) I;:'OHR AS REFERIDO S NOS n OCU M E NT O S NOTA R IA IS l' I{O I'ISSÕ ES REFERlI)AS

RES lDENCIA

Il,\ TIIS

EMl' lmlTEIIWS

1906.04.26

ALELU IA. J, M, de Pinho das Neve,

Carpinteiro

El.~ucirJ

1<)08m.28

ALELU IA. J. M. de Pinho

d~s Ncve~

M~'tre -de -ohra~

Esgueira

1912.12. .11

ALELUIA. J. M. de Pinho

d~s

rl. l e~trc·dc·obr.ls

Esguclr.1

1903.02.26

ALMEIDA. António Ferre i,,] de

Cmtciro

E,'gueirJ

IIIH7.01J.IO

ALMEIDA.

Emprenelro de ohras

O. de A7.cllleis

l IJ06 .03.01

ARSÉN[O. Anttinio Marques

Carpinteiro

O[iveirinha

CurpllHelm

5. loao de Loure

M~nucl

M~nucl

Neve,

Luis de

NU ll e.'

Ilj76.05.05

BAETA.

1906.03.12

BARBOSA. Eduardo de Oli"eirJ

Canteiro

Aveiro

1923.11 .02

BARBOSA. Eduardo de OIi"clrJ

Negoct,IIl1c e c,t nteiro

Aveim

I 896.IJ<).06

CAIADO. pr.mcü;co Gonçalvcs

C~rpintclr<J

AI'Clro

I 886.Q·I.Q.\

CAMPOS. Ahílio Pcru iru

Empreitciro. allisw

AI'ciro

18R5.n1.22

CAMPOS. Abllio Pereir<l

C~rpinteiro

A"etro

189-'.09.27

CAMPOS. Abíliu Pcrei",

Empreiteiro. Illcstrc·de·"br<l.'

A,·c,,' )

I))H5.04 .08

CAM ['OS. Jerónimo l'eruirJ

Mcstrc·dc·ohnts

Alciro

11IH3. I 1.20

CAMPOS. Jo;,o Maria Pereira 1/2

Clrpinteiro.

ani .~HI

Aveim

11I83.11 .2U

CAMPOS. José I'ereira 1/2

Carpinteiro. ,,"i., t l

AI'elro

11I6\1.() 1.15

CARVALl IO Jr .. MmHlcl

Empreiteiro

flhal'o

1'-J(h'J. 1 1.02

CARVALHO. Antón io

ümtciro. cmprcitciro

Aveiro

I <)()..I.Q.\.07

CARVALlIO. Antón io de

Canteiro

Aleiro

j 1)()5.U2. [4

CARVALHO. Antón io de

C~ntcir<)

A,eiro

I R77.09.1J

CARVALHO. José A mónio de

Carpinteiro

Ei~o

1881.01.27

CARVALHO. lo:s" A" t6",,, de

M"slre·de.ohras

Ei~o

j,-)(]3.m. IU

CARVAL HO. José Marco, dc

C~rpmtctl"O

Avciro

1905.O-t. 19

CARVALIIO. José Marc".' de

CarpintclnJ

Al'elro

I ~~OJll) .06

COSTA JÚN IOR. Jo,,, d~

Carpmtcll"O

Aveiro

I ~H7.()I).IU

COSTA. Rosendo da 112

Empreiteiro de obras

Bcduido

1l!65.UI .Q5

FERREIRA. AntÓn !<l H"pll>W

Empn.'ltclro

Sarrazob. Cacin

1'Xl5. 10.03

GEN IO. Jo.lquim NUlle,

Carpinteiro

O!i"""inha

M~rques

d~

de

1903.0R.24

MAIA. Manuel d"

ülrpintciro

fuJ:!ueirJ

1905.05m

MAIA. Manuel d:1

Carpinteirn

E,<gucir~

I90R.QI.2R

MAIA . Mmluel da

Carpinleiro

fugueirJ

I<)()<).O').O'J

MAIA. M:lnucl da

MC~lre -dc·obr"~

fuGueir~

1909.09.09

MAIA. Manuel da

Carpinteiro

fugueirJ

11}IO.OI.04

MAIA . Manud (I:.

Curpintciro

E,'J:!ueirn

323


IIMN(.'J-.L Fl:.H.REfH.,J,.

1l\1 \S

I' MI'IUIHllmS

RODR/(jUf~S

t'ROF1S"ÚI(.S REI'F.RIIl \"

II.ESIOI"tNCI.\

~ l l!.'>tre-dc·ohr:"

C'guclr:1

C:1I"Jl,nlcim

r:..'l!uclrn

-

Cac,~

OLIVE IRA. Alluinio (j;!'I'~r &:

Canteiro

AI'CIre:>

19O.'-IIt!.I')

OUVEIR ,·\. J'';Ml T~_;m.:,

C3rpintciro. pr0l'rio:t;;"io

Oli,c:irinh..

11i77.09.IN

PEREIRA. Anl(,n io

C~nt~,ro.

empre,tciro

AI .. ,m

1881 OJ:!~

PEREIRA. António

Canteiro. cl11preitcim

A\CIIU

C!lntc,m.

emjln:,t~,rd

A,cim

1903.03.10

r-:EVE!i. h:mcisco Amllluo da,

I'J07.IVO

NEVES.

11\70.10.1(,

KL;NES. ju",

I\}OJ II

"

hllll~i,c"

AUlvllm dJ'

1'~<.Im

II!I!JII6,I~

PEREIR,\. AIU';,1O"

1925,()!i.IS

"lj'I;II0.I,al~,

I90Hn,:!~

RA\10S.

Jll'~

d~

III'

CarpinteIro

r:..'l!llCir:1

tl;lJlli 'la

Mc,tn:·dc·olmLI

Surral.ola

--

1<)()~,()7,1)6

l{A1>IOS. Jil"': fi:Lpli'la

Carp llltCIr"

Snrrnmla . Ca.'j;(

1<)I)7,12.IJ

RAMO~ .

~le'lr~,IIc·ohr~,

S;nr.'lob.

1881.n~ ~I,

RATO. J, Mon:lrd Rm o& r ilho-.

C~lIlcm"

ll'boiJ

11)21 12.011

RO~IÂ(). Anl'-'ni" h.~ll1.IIlJ~ ,

\Ic"lre ·dc·nhm.' c prnpricl;irio

Oli\"cirinha

J..,"

1~;(Pl"I;(

1<J(~-'l'}.I~

SI1. \' '\. AII('-'lIItI '\II11"'I<.l dJ

\Ic'tre-(l..:·ohl'll' c propriCl;;ri<)

Aleiro

190IUll.1 1

SIL\'A An!<lnlo AUI!U<h',i;,

\1c_m:·dc·oorn,

A_eiro

!IJOIH1).2lJ

SILVA. AI1I"n'" AUl,!u_hI

,1;,

r.lc.!rc-dc·'~'I1l'

Avciro

1~7(,.OI.~.\

SILV:\. J"", Augl"l!) d.1

Canw,,"

Vall'"

lS(,I).Old17

SlL\'A. lcona.. lu":!

I:nlpn:l1Clrl,

A_'~lro

I~S6.lJ.l

P"no

C~cia

SILVA t"h Bcn<.l1<.1" <.Ia

Enlprcncirn

1~1il! ,IIUI

SOU:\. Am"nl<.l ..te

Me_lIc-dc·"bm •. empreiteiro

""CIN

1~'XI,O~,n

SOliS,\. AnlOIllt"l,k

MC~In:-4:·OOr.I~

A\'eiro

19rNU 1.)(,

V.-\LE:-:TE. M J'M'lUlnl doi Slll~

Mc<.\n:-dr:·,~"",

1'3rdillKi. MurtQ""

324

IS


ANEXO 1- E\'OLUÇ,\O DAS ACT IVIIlJ\DES CO RREI.AC I O~ /\I),\ S CO) I A C O NSTIWÇ ,\O C IVIL. 1905·19.«1 I 1\ 11::'';;TRES·DF.. O II R,\ S I'IIECo I I ~... I \S 110 CONCTI ,II () Ar.ula, Arall,,, Amil,,, ,\nul.l ' Arad.l' Arad;,s Arolú"s Arada~ ArJ(tn~

Arnd" ç "'eiro Avclm Avcim AI'c iro AVCIHI A\'ciro Avciro Ave;r('! ",cim "'eiro Alciro Al cim A~ c i ro

AI'C IIU A~ciro

Aveiro EsguclI'a bgucu'a

w

:;:

E~&lIcirn

ESl.!uc,r:l

1',ns')'J\o

I\ O ' lI'~'

) Ianuel Lu is Génio Jn<.t Maria Marahlll n Jo m 111111 do ~ Sanh)1 Ncve, Jih t do~ S:1Il10~ Pe re ira Jo,é ÚC "Imcid., V,,1:>1 M:mucl Jo:lo 1101;Ji, Fr:mc i.;co Gén io Lu is Ferrclra Baleâo Manuel Frnnc i'iCo V", NO\o Aulón io Slmõc~ Am6n io Augmlo d.i $i ll'a /-.'I:lnuel II. C:I"':,lho Cri' 10 An1 6n io dc $"u ~a ~l áx iU\o GIIIIllM"ICI M:Hlll c l T:wnres ~1 :lI1uel 1':1\'arc, Barb("'1 M:\~im o Henri, llC < Olil'c;r" Luís Ilcnri lI es José ;\-brc", tle Cm''\'<llho José Ma rqllc~ C"" "lho J r. Jo,é r.b ria P. NCl e' A lcl ni" [sai'h A lbuqucrquc 'rnnc i ~co Duarte :.r."alho 1'ohi", I'arlum I:hll"O (I;, Graça Jo:l0 ,ln ,\m~I',III'"nura Jn~é Ivl arin p , Ncvc, A leluia Manuel da 1\'bi n I'rnncisco Amónio Nc~c, ""'''''10 Samuel

S

, , , .,

, , ,. , , ., , , .' , , , , 1911·19211

"

J

S

1')! I · I'J.lO

S

8 ~

~,O

9

-•>

~;, ~

<

~


w

2. CANTEIROS

~

, • , , , , , , , , ., , , , , , 1'141 5_ 191/1

FN"r:U"::S I,\ S

NO;'> I E."

no CO NCE I.l IO A\'ciro

Joolquim Correm dos

A"ci ro

r:duardo

01i"~1I1l

do~

S:lmo~

7

llartXh1\

AI'ciro

Manuel

""ciro A,·ciTO

Amón io de Frc ims

Reis Cmnciro

"vciro Aveiro Ayc;ro

Gasp.1T de Olivc ir.J

Ave iro

JO/ié Ferre ira

""dm

A lll ón;o Ferrei ra de Almeida

L:mrindo Rodrigues Pereira Jú lio Pereira C .. mpos Ann~7éM

de Aveiro, Lda.

.

. . "· · · · ·· ··· ··

19 11·1920

·· ·· ·· ··

5

· · · ·

· · · ·

7

· · · · ·

192 1-1 9311

· · · · ·

· · · · ·

"· · ·· ·· ·· ·· ·

...· ······· · ·· · · · · · ·

···

· ·

, • ·· ·· ·· ·· ·· · · "·

· · · · · · · ··

· · · ·

· · · · · · ·

7

·· ·· ·· ·· · ·· ··

· · · · ·

· · · ·

· · · ·

· ·

~

~ ~ ~

~

I ~ ~


3. i\ IARC ENE IROS nU, GUK<iIA $ DO CONC ELlIO

A vciro Avciro Aveiro Aveiro Avei ro Aveiro Aveiro A"eiro Aveiro A\'eim Aveiro Aveirn Aveiro Avclrn Aveiro A\cir<! A,"eiro Avc iro Aveiro

w

.0 ~

A"eiro Aveiro Avcim A,'cl ro A'"elro Aveiro ,"ciTO Avciro

N O~n~~

Angelo! J a ll llC n o,n Li.llll ,\,1I('i nloOli vciflr Jo;\o I'ranei.;co Leil;'o JO:KJuim Lopes J . Máximo CO~H1 Guimarães José Augusln Ferrcir~ & F "~' Mnnllcl Le lllo~ Frnneisco C;1.~iOliro (Ia Silv~ Firlllino Fern~rldcs Jo.;t E.~lâdo:-'-lah :l' I'mho Manuel A h'e~ de Ilrilo }o;"UIUl lll ,\I \"es de Un lo Ago~l jnho 1I."li gur!i. !'iendo hrm ino dn Cosia Arma7éns do Chi:,do Arm:l~éns de Ave iro. l..da Ahcl ~ larqucs ,Ia Grnç:l Aou\nio Snnlos Silv:l Frn nc.sco Ferre,ra Jorge J01l0 Mor"is Gnm el:•• Mnnllls 8:; C amleins José Mnrll'" j.l.é f) 11"lm:1 Gr.u; :I b:.riMO Rci ~ d:1 G I~'Ç" ' Elcurério Ferreira F,'mçcc:1 Jatro Picado Mllllllel MMio Lei lão

, ,,

· · · · · · ·

7

· · · · · · ·

·· · ·· · ·· · ·· · ·· · ·· · ··

, , , ,,

192 1_I!HII

19 11 - 19211

19115- 1'*1

5

"· · · · · · ··· ··· · · · ··· ·· ·· ·· ··· ··· ·· I

J

5

··· ··· ·· · ··· · · · ··· ··· ·· · ·• · · · ···

7

· ··· ·· · ··· · · ·

·

·

·

··· ···

· "· · · · · ··· · · · ··· ··· ··· I

, , ··· ·· ·· ·• ··· · · · ··· ·· · J

5

,

7

,,

· · · · "· ·· ·· · ·· ·· · ·· · · · · · · · · ·· · · · ·· ·· ·

>

8 ~ >

"

,;!, C

Q

··

· ·· ·· ·· · ·· ·· · ·· · · · · · · · · · · · ·· · · ·· · · · · · ·· · · · · · · ·

· · · · · · ·

· ·

·· · · ·· ·· ·· ·· ·· ·· ··

~ ~

~

> <

~

~ ~

<

is


MA{\Ll~L

Ft.RNEflM

RO/)RIGU1:.~

e x

-.

x

".

-. e

,

x

",

, <

< ';

,

Z,

~

~ ~ ~," !.. , ~ ~ , ! • , " ,", g "" ,"" , 0, ],, ,,-. ,~ , o, J: • , " iS • < , ~ •;., :f , '8 "" .i '~" < •

.,;,!

> ~

::

~

,

""

~

" ç

e <,

~

7

'." § ~

32~

~

o

~

E

~

o

----

'-

~

~

~ 'o

"

~

,

" ~ <

,w

O

O

~

t:il

"

x

O

x

O

o t:il" ~"

C

x

~

, ~

~

o

g

~

" ~ "-

I.J

~

o"-

•• §• "~• ,•""<

~

,"

2

,

,

"g

o

S

• •

~:;

;:;

~

j

-.

2

,, C

',;.l

t.il

x

õ

,"

Z ;;. .; z~ "o E -g"o g < < ~ " " , 7 ~ t • ~ ~

,

, g

,;:

'-

o

6 ,• g, , d tE,, " ,• , - ~• •• 'g "g• ", "-

~

~

o

"-

7

~

~ ~

&

<

E •~ ~ <• ~<

o"-

,N ,,"- , O o" z" z Õ

.:: ~ < ~

, , ,, ,x

, ,,• ,, , ii " ~

"ê,

C

;

o

~

:;l

-g

Ü

ir if

" " "


A

C(1N.~-rRUÇ'M)

CIVIl. t..\( A\EIRO. 1i1ó()·/'J.W

, ,

•••

.."< -•. -. ., <

e

• •

•~ • •" •

'.-., =

~

~

~

C

~ ~

~

=

•• •• ~ <

•.

,, , >

< < <

,,

E E E E

-~

--

~ < < < <

,,

,E

E

< < <

<

>

>

,

329


MANUEL FI-;RR/iI RA RODRIGUES

• • -

o >

• " -, <

• • " > <

• "

"

•. "" >

" •

-

--

o

o.• " 1-'-

•"

"O Q

<

~

o

.• <

< I~

-

r:: ~ ~ -'-

" •

::l

o

--• •• .;,

o

o

• g" < o

~

•.

~

-

· "--• " f-'-·.

>

-

1-:'-'~~

>

>

~

-,"- .. -:-

o >

" f,"-

.

<

1

, e " :.:

,

~

o

"~

~

~

~ ," o

~ g ,"

-;; V.

'-

S ,

~

ii: u

<

"

Z ,- e :.: c

•• ê

330

o o

'-

Õ

~

•c

o

o

~

\!

~

'-C

§

I

o

~

o

S -;;C ~ o

"

v.

~

~

.,, .," ~ ~

C

o

o

,

'E

'-" o

~ ~

Õ

>

Õ >

'õ >

'õ >

>

z

,

" /."

/.

e

~

o ';:

o

2o

~

'õ >

'õ >

'õ >

],

~

o

:g

'-•

o

E

<

<

"

o

o

, 8 ", Ó

~

, ," , , , e '5 , , , , o

,e

~

v .fi "o o~ "" "o g , E " E o " ~ "•o C F ~ ~

",o

g

-'

o

c

õ

< < < < < < < < < <

v.

<

S

"" e o > < •8 e ~ o u z

:.;:

"

c

Õ


A CONSTlWÇÁO CIVIL EM AVElHO. /lWJ-fIJJU

..

• •

• •

-.

• •• ~

..

<

'o

E

.~

e e E E E "~ .~ .~

.~

~

< < < < < <

E

E

<

, i

õ

E

ij:

>

< < <

e

"ij:

E

i

<

33 1


9. j\ J.:( :O(;J,\ NT F.S DF. ;\ I A Il Em ,\ I'fm c; n osso

~ ~

'"

H U': r.LI:';;;1 \S

\""ml

j":;,, d,,,

t)"l1l1l1)!O'

AVClrIl

I'Inrimla RM>l rle 11''''1'

,, . · · · · . · · · "· · · "· "· · ·.' .. ···· ······ ··· · . . . · · · . · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ,

1\ "':rrtir.1 I 'flll. 1-111]("

, \\ el l'''

" ' 11_1'»20

\'"'5· 1'110

, , , .< , " , , .' , , , ,

:W)\ II ..

n O( 'O'CI.I .l lt l

,

,

RI'''

Ave iro

Jerónimo Pcrcir.l C"tll!,"', I

A,e lm

Jon'1uim1l. 1mlln_ Melo, L,I.I

,\,cim

Roque FeITClra

,\vc,m

SnciC<!:.dc União Comerei .. ,

i\\'cirn

Fr;mc isco 1\.I;;ch;uJ"

"vcm.

Ernp. Comêrcu, c Indu,'n .•

&. (", I d.1

,heir,'

Gndinho~

1\\'CIfI'

J(1.'IIII'111 Ferrei,;! I"é" .\

A\'faro

10;;0 A udr,'; d.1 r~ lIl:o O""

1'}l 1_19"O

,

5

·· ·· · ·

· · · · ·

· · · · ·

,," " ·· · · · ·· · · · ·· · · · ·· · · · · · · · · I> ·· · · · ~ · · · · · ;; · · · · ·· ~ ·· · I ~ ··· ·· ~ "

~

O ~

"~

10. F..$T,\IIF.I, EC Ij\ IE:,.tr OS OE VE:,\' DA 0 1': " IA T E RIA IS Il E C O NSTlWÇ,\O 1985_ 1'110

F RF.GLF.s , ,\!; no CO"Cf: I. II ()

1\O;\II:S 5

I\, c m )

t\rU(m;n Fr.:il'"

,\'clr,'

DOnllllgo, l. S.III I'" Lel le

I\VCifO

Edu:'lrd o Oli'elra 1):11'110',1

,\\ciru

Jct\\uirno Percim

," 'c;m

Empl"l""~:1

AYClro

Jo~o

C:lmp(l~.

F"

Comércio c Inchí, lri:l

André da Pau b Oi3'

,,,

"

v.

1'11 1_1')20

"

,, , , , , , J

• .,2 1· 1930

••

, .' , , , , , .,

· · · · · · "· · · · · · · ·· · · · · · · · · · · · · · ·· · · · · ·· · · · · I ·· "· ·•


\ CONSTNIJ("ÃO Clllfl. EM A \ 'I;/RO. Ii'W) f9JO

1· 1

..o ~,j-j+-r-+-++-H-H+f-+++-H++-++++--1++-++-l ,

.

•• •=

c

"

-... •

"

U 7. C U

O

7-

~

"

.: 1:

~ ~

7' 'f

_I.:.:

:nJ


12 . E,.c;T A IJ F.I .. ECIM ENTQS DF. VENOA IlE FEItU,\ G ENS E TINTA S

~ ~

~

o , , ., , , , , , ., o · · · · · · · · · · · · · · · ·· · · · ·· ············· ··· ············ ···· · · ·· · · · · ··

19O5- 19 1f1

f ~ EGUE.·a,\ s

1'1 0:-'11"$

no CO :-':CICI .H O ,\vdm

,\ lhcrlO Ro""

, \ VC'f,)

t\. Ferrelfl' Féh:'t. Filhos

,\vciro

D<JIllingm L V. ue I\ lln l,i d.1

Aveiro

Domll1gos J . S:Ullns Lei te

Aveiro

João M ~ria Rilx:iro 0 :.I:lc6

A~clro

Abe l ~ofnrquc~ da Graça

Aveiro

Ric:lrdo M cndc~ ,b CO'<l:'

Aveiro

Jo~o

I\veiro

Joaq UI m Ferrelr:,

,\vdro

Cé~ar

Vicir.l da Cunha Féh~

Pinho lia Cril! Fcrr"bc n ~

Av"m,

Sociclbdc

Ave iro

Ferreira & Guimarães

c Mcrcc.1I'I1I

Ave.ro

Em presa

," 'c;.o

Ricardo Cru7.

AveirO

Dlonhio Coelho da Silva

1'.·l c'n llír~ jca

de Avcu"O

,, ·· · · ·· ·· ·· ·

, · · · · · ·

, .,

1911· 19U1

,, , , ,,,,, · · · · · · · · · 192 1· 19311

J

· · · · ·· · · · · ·· · ·· · ··

·· · · · · · · · ·· · · ·· · · · · · ·· · · · · · · ·

·

· ·· ··

··

· · · ·

~ ~~ ~

~ ~

~" :-.: ~


A CON:-'TRUÇAO CIVIL I:.-~·f II VEIRO, 186fJ·I')J()

10 de Março de 1903 - E.scr;lIlra de cOlUrara enfre Calisto Dias Saldanha, proprietário, resideme cm U,~'boo, cllfão «temporariamente aliscute liaS Estados Unido s do Brasil», c I} empreiteiro de Esglleira, Fra llcúco A ntónio da s Neves, para a ediflcaçii.o de lima cosa, 110 rlla prillcipal de E.ixo , Excerto . ... / .. ,} qll c ne ste tcrrCl/o resolvcu edificar 1111/0 casa de Iwbi/açlio. de dois al/darcs e loja. Que pela presel/le escriwra /. .. / dá de cmpreiwdo a Fran cisco Am6nio das Ne ves, ti construção do referido prédio. liaS terrel/O~' sob as condições e clâll,wlas q ue seguem, Prim eira - Esta empreitad a é de lavor e /lia/criais, Segunda - A empreitada compreende, CO/ I1 0 se disse, a edificação do dilO prédio, qlle scráfeito segundo a 1j7, 28/ plalllo que fica em poder do .Wlglllldo OIlforgtUlte lo con.l'tl'll lorl atê ao fim da obra. e está dellidame l/le rubricada por ele (' pelo primeiro ()W() r,~aflte. Terceiro - ri obra começará desde já, quando o empreiteiro ql/iser, e del'erá fica r pronta e compleUlmellle acabada /lO flm::.o de de::,oito mese,~ li COI/UI/" de,wa timo. Quarta - Todo,~ os materiais li empregar se rão de hoa qualidade e prôprios para III/ta boa construçiio. reconhecida/llel/le eOlllo ((lis, Quinta - As fundaçõe~' ou alicerce~' tenio um metro de larg ura e a profundidade será a precisa Olé elliio sólido. e seriio feilos de pedro rija. cal e areio, cOl!venientemel1le traçada com duas parles de areio e w/1tI de cal, SeXTa - As paredes alé ií cimoflw serão de sessell{(l cel1líme/ros de espessu ra. feitas de tuJobe,\' de Ctt! e areia no mesmo Ira çall1ellw. e a cimallw de lijolo. e os arcos de igual matéria, Sétima - A .\· cantarias a empregar. segUI/do a planla, serão de gnmilo do mais claro e rijo, Oilavo - Todos os chapatlos. rebocos. teclO.~ senio feitos COIII cal e areia cirandada, COIII o mesmo Iraçamen lo de duas {Jarles de areia e WIl(l de cal. N0/1lI - Os vigamcl/lOs sertio de pinho bem seco e .çelTado lias dilllell.w)es de dezas.~ele ccmímetros por seTe cemimelros, "'I'ando uma ordl'm de rarugo,~ nas du(/s sala,I' do fado do Torreão. COII/ excepçiio d(/,~ águas f urta [J1, 28 v" das, cujos vig(Imento.~ sertio de quinze cenrímetro,\' por ~'ete, O madeiramento ~'e rá de casquinha com as dim ellsões de (m::.e cem/meTros por .~ele. sendo as ripas de casquinha a dois jios: o intervalo du vigamento. de eixo a eixo, ,çerâ de Trima celllímelros j)a rn /e!lIa de Marselha. de primeira quafidade. Os algerozes serão com lelhlJes vidrados de rebaixo e forrad(),~ com zinco do mais grosso, As Trapeiras sereia de casquinha, a doü fio.~', de macho-fémea. e forrtldos com ::';IICO nlÍmero dez, telldo {lIbos de zinco do mesmo nlÍme ro para as água,,' pluvia is , A c1arabôia será deferro com grel/w gem de igual matéria lia parte iliferior e lia parte superior, pa ra vidros naciOllais, levando 1/(/ parre imerior um caixilho de madeira para vedariio da dita casa vidros de cores. pura o que o primeiro outorgante jOl7lecerlÍ o desenho. Décima - Os ,wafhos sereia de casqllinllll de de:. cenTÍmeTros por trés. aberrO de macho e fême'l em Toda,~ as casas e pavimel/IU , ti excepçiio do rês-da-chão, que ~'erá feilo com cimelllo de. hoa qualidade e os teclOY fasquiado,l' e. che ios de Ct" e areia, Dêcimo primeira - 0 .\' glltll"l zecimelllOs ,\'crâo IOdo,~ d,' casquinha. sendo as adue!a,\' (/ Iró fios, e tH g uarnições (/ q/lOlro jio.\' e fasquias elll ,odas as porta,I' e arcstas, Os rodapés serâo de vime e um cem/melrO,I' de aftura em rodas a~' casas e de casquinha {l Trés fios. Décima

335


M,\,\UU. rFRRt./RA ROfJR/G/JI:'S

segunda - A\ pnr/(u .H'rtin de {"(twluill//f/ (/O meio ('0'" allllnfada,l- a cfni·çfios. rep/lII'1.I7, 1911/oe/a.l pef{1.f dllo,I'Jaces cnm IIwcllO~-fhlll.!lJ.I de fwfallçn de lf/WIrO polegadas e fer/wdllrll,\' de em"eber COI/I /J"ÍII<:o.\· para II/ult'f(ts de 1}"ree!{tlllI hrtlllca, ('0111 ('sC:lldefe.~ lIlto,l- IIlIS tillll.l· fa(·e.l. I)t!dma fel'l'e/ra - 0.1 ('(I,I·q/lil/lO.1 (' arO.I. ext('s seri"jo de casq/lill/1lI ii lili/ufa rom fasqllia,l, i' (1'I"de.1 seriio d" I/wr/eil"lJ (to meio de c(tw/llin/1lI cam rêg/la.~ par(l {"J"('IJI()!/e.~ c ficha.\" de lIrmi//wr di' qlllllro po/ef.:adas ("0111 hO/ldeira,l' tle l'idro,1 IIncimUJi.f limpos, Décimo qllarw - TodCl.~ (Hjlll/eI(j:, dOlfl'('lIIe_1 ,feri/O em Irês meias, melida.;,' 110 \'l/O com madeira de {'as·l/lIil/flll. nmceirllS em (m;:'l' cell1ímelrO.I' fiO meio e almofae/culas fi doi.\fios, replaillCulll.1 porlllllll jlu'e mflc"o-!t?IIIr.'fI\, (Ie {f//luro polef.:lu/(n (' fecho, dc' embeher, ES/{I.I jane/fls scdio (t.1·sellles .Hlbr" aro.1 de 1II(llleira, fiO meio. na !:()Ia d(1 ("lll/fOrja, IJédlllll lfllillltl- II escada w'râfeilfl crml cubertores dl'P/II"O I/aciol/al belll seco. (' casquinha a doi,l jio,\', com glfl'lrdll-c/wpa de casqlfillllfl (' //Io/dl/nls !,ora corrillliio dI' q//alro Oillll>O.~ dr> ferro, COII/ fn',Ç C{/IlIfdo.I' e corrillli;n de //ladeira, J\ e,l('ada do /orn'rjo ,H!rtí do pillho do ,legllllCJo fll/rlor alé .\'(1/1 filllll, 110" 1II('.~lIIl11 COl/dipl('S tia prillcil'(/I, fJécima sexta - Todos 0,1 t.·(I/IO,~ de e.lgoto sedio f/'iros COII/ Illho.\ de f.:n;,1 com :Jlfão illlercel'lo/', ri ellfrlula da propriedadc, tendo {/.\. /"('Trefe,1 hacic/\ Unira.1 0/1 f)('II'f.:e, c pias partl.l {IS tÍKIf(I.~ lia co:.,in/wlfl. 301 fcll',,-/ourasforHUJaS COII/ ~i,,("o mimero do:;(', ('01/1 wí/l'lllos ptl/'ll de:.pejo, crl/Toeira. armári() armario e prate!L'ira.\' lia dispen,llI. Oé('imCl .wirimCl - A c'awaria da rI/ali/iI/é ,Ie/'li iguClI ri dlu frclI/l',\, Tamluim escudada. seI/do a l'aldeiro forrad(l de a::'lflejo, Décimo ()iltll'" - J\ \ gmd!'_f da:.frt'IIf('s ,w'nio pujada.I, ti (,.fcollw do ,1'('lIhorio, ,l'('lIdo (1.1 'ac(l(I(/~-. qlfe n plwlf(/ Il/tI,,'CI, feiras CUIII \<igll:; de ferro de de :, ('1'lIIílllerl'O\ pllm belllll/illw de tijolo e fál'rad(l,I' de ladrilho 1II0.WÍf'O hr(lllCO e preto. 0.1' d('<~j"(III.1 1'01'0 lI('e.~so (lO primeiro {IlIdar sedio tI(, Clllllllria igual (10,1 da ji·ellll'. I'ara 0.1 Cnllll/lI.\' da el/lrado será furnecido o desenho em I/("II/,al pelo sellhorio. Décima 1I0l/a - E,lfuql/(!s: :.a/a e C(lsa de j(/I/Iar .Il'rrjn 0_\ tecW,~ ('01/1 j1oriio, lIIoldllras. whelc/S " Kiro.\". C(t.fllS prlll('I/uÚ,I : mo/dura,l, j1ortio, callfo.1 e girO_I, Corrcdore.\' e e.\Cadll.\': f!'nus HIO,." parede.l· }il/Rida.1 e JI('dra ("()III I(lc/uu //lU tlmu' jlll/("(IeS (' bnmidas a prí ti" jaspe e coflu·rim. Toda:.' a.) /mred('s :.ereio metillcl.Ill cor!'s I'" II/lHWI. traços e gn',~al (lpllilldmJm, Vigésima - 1';11(1/1"(/,1 ; caü:illws pimndo.l· com a/wrelllO fi quatro 11/(/0:" dc li/lf(/ hral/ca: porra.1 illferioH',I' e jalle/CI,I ('011/ meia,1 cores. como lI,~ core.1 do parede. ro m ql/lllro mlím de rillfa e I/II/(/ de I·e,."i:.,. Vigóill/(/ }Jl'llIIeira - A.I· paredes dns (1'l!ll1l',1 s{'r(io /lu'lida,) (/ cares IIlI IIm.l'SfI, ti l'oHlad,' du .lclI!Jo";n, 'com sO/)I'l'I}(I/'W.I, CIII "nrll/ollia CO/ll a facltada da plOll/ll, bell/ eOll/o {(/(Im· as faclta.1 e pilml/RI que 1J1,I, 30 I'" (/ lI/e.\I11(l indica. ViRé.lima ..,eKlllula - 1I(1\ 'erlÍ 1//11(/ fu,l"ltI impel'I!/('úl'('/ COIII CtlllO,\' de ~ré,\, que (I ligare/o com o sifcio illfe/'ceplOr, ,'0//1 ";f.:as d e ferru para allO/uulilll(l {' 1111111 portinhula de c!WIW de.!óTu pllra d"spej(),1 d" dilll. qlle serú IIOSla onde /l1l'fllOr cO/lI'ier parti bellefício da ca.\(I, ii "Oll/lu/e do ",.opriera,.;u, Vig(:,~illl{/ terceira - Hm'erá 11111 depósito fiara âg/w. I/o\óuio. u qual ser(Í fc)rI/('t'ido pelo ,Iel/horio. aS_I'ellt(' ('III 11 i.~a,) de ferro, DI/de lIIelhor for, O p/'édio rerá cal/flS de chumbo, paro de,IJ!l'jos (' pllra o ,I'(,/"I'i('o do prnprietlade. saídas do depô,lim, e !tlH'l'râ I/wis 1//11 cmlO de dl/l/11ho /)(Irll (·olldll:.,ir li água

336


ti CON~TNIJÇ,iO CIVIl- I:M ii VEIIW. /81íU , 1".I0

--

do poro (10 depósiTo qlU! lerá rorlleirllS de III<'rol. Lel'ará 11111 para·raios que .H:rrífomecidu pelo I'roprif'ltÍr;o. o fll/ol S('I"(Í colocado //0 celll ro do Iorreiio. Vigésima quarta - A propriedodr serrí afeITolhada com ferrolhos de ferro para .Ih'chia;s 011 I'igax 11(),Ç lrês pl/l'illlelltu.~·, como {/ phil/ta iI/dica. Vigésima quillt/1 - O l'lI/preileiro fica wjejlO li todas estas ("'olldiçljes (' a obra serlÍ jisca!i::,a(/a por III/I COI/ ,I"'I"/lfOr ii t!.w,:ollw do proprietúrio pora (I execuçüo (/0 obra umfor/l/e fi plcllltu (/pre,H'l/lada. Se () fi:>Tal el1(",O/1frar trabalhos feiro.\ q/le lIâo (' ,\ "Iejalll lias cOlldi{'tJe,\' deSTe COl1lrtllo senio (/elll1(mc!wdlls efcilll.\ I,do t!mf'n:iteiro sem ;lIdelllll;:pçe/Q algllma, Vi,~ésimfl ,I'exta - Todos os traba{hO.1 senio hem COI/SI ruídos e sólidos para fi de/e,m do empreiTeiro. O ,Iótâo será eSTucado e COI/1 quatro di 1./1.31 \',/ \';:;i}c:> com P"I"f(jI', ,I'emlo o .wllw mu mesmas diIl/C/l,\"f)t!,1 dos outros /ul\';meTlIOS, de pillllO lIadol1al, H(j\'(~râ c(wali:,o{'fio ()(Ira âgulI e gás. sl.'l1do o do gás /o rllecid(/ pelo proprieTário, t! ti dfl li,~I/(/ ramiji('(ulll com (IS re.l"l'eCTil ·1I.1 torllóras de lIIewl. (.'uja cfIIlflli:.açtio será de .hulllbo. ;\ obra s"rá exeC:lIlado lIa.l md/lOrcs ('o/ldi{'iJe,I'. 0.\ I'lIgtlll/l'lItO.l' sedio p.'jtox em quatro presw(iks, (/ prillleira, de 111// COI/lo e oi/o("('II!o.\ mil réis, lIe~'/f! acTO: a :>'cgllllllo, de /1m COI/lo e dlf:.el/lo,~ mil réi.\", qllwlllo a ("asa e,lIil'c" coberta: (/ terct'Íra, li<'

1/11/

(,fIII/O e CCII/ lII;l réi.~. 110 primeiro

dos c,l·tuque.\'. (' {/ qllf/r/O e lífTilllll de só.w'eIlTO.I· lIIil I"éi.l", depois de ('ol/cll/rda e ell/rcgue a obro, depois de pr('l'iomcl/lt' a'll'ol'ada {' exall/illada. Pre.l"laçÕe S qlll:

rod(l~'

SOll/am qu(/tro CO I/TOS ('

s"tecemos lIIil réi.\. que é o preço t()f(d da elllpreirada. Vigàimo .I"é1illU/ ;\ obm s,,/'á jisca!i:.cu/a p{'{(J proprictúrio 011 seI/ lI/ol/dmlÍrio, que poderá ('!/Irar nela q/llll1do quiser. A~ j ,' rragells ~t'riio escolhidas os Q/I/OSlra.\' (lpre.\'l'IIT(lda.~· já ao empreiteiro. V(ltésill/a oif(llll/ - al/tes di' o obro ser ell/ regl/e (10 sellhorio, será ela l'i,~/or;ada por três perilo,\. 1/11/ lIomeado pelo ellll'rei/(';ro. olltro pelo st!/llwrio, i' o Terceiro, se fi)J' lIl'cc~·slÍ,.io, Sl'IÚ e.lcolhido pelo acordo do,I' dois, e o.~ periTn.f decidin/o do IlIl'rcâmcl1lO da nhro e decidirfio ílS dtil'id(l ,~ e falta.\" c rednmarrJl',\' {fi. 3/1 qllc 1I00II'er de fl0rle li partl'. Se íI obro "fio es/in'J"fei/o ('m harmol/ia com O plol1!a e I'I'/!,I'cllfe <:O/ltrC/lO. o elllll/'e;teiro ,w:rfÍ ohrigado à.l' reparações e lI/odiji('(lç()(',I' qllc os peritos determil/oreJII, (' ainda ,wJi'('l"(j fi IIIldw cm IW/'l/IoIlÍl/ (;01/1

di'

mil ré;.\' qUlI/ldo .fC lhe prOl'or dolo, /le,/.iligênôo nu II/(í além dtlqllelos nlrcrllçr"ks {' da rOllcillsiio da ohrll pelo prt'ÇO l'.wipullldo 1... 1. (/1I:'l'II/(lS

fi,

ADAV R. A'clI'o. 11"\ Jo;.qUlm SI1I\ÜC_ PCI~mhn, li,' l2·n·50. Ih. 17·31 ,

12. Fontes c 13ibliogl'afi:1 12.1, (AIJA VR) A rqui vo Distrital de A vdm I,,"CU"". IIUI. F, Rihciro Nogueira,

li,~ , .J-I5-} I. -150,:1(,. -159·35 . .160-31'1. A"ciro. nol. Silléno A. \l. de M ag;llh~es.li~'. 551· 11)0;. AveIro. 1101. JU(ít, AnI<Íllio de Morais, IiI. 67~·39

"

337


MANUEl. Ft.RR!;IRA NOIJIUGUES

""--

AI",ro. JlO!. A A. AI"e_ 1"'01,,,",,.1,,'" 70'·(,4 e 7tJ-l-6.'i. A".,i,'n.lln, I·. !\Iorque, u:. S,h". IiI,. 791·152.792·153.71).1 155. 7<)7.1~1'I. hl':·175. 1116 177. lS3':·19.'i. A'eiro. !I0l J Leu..: I~.bc.rn. Ii" 910-61.982·75.991_8':.9')4·117. I004·1J7. 1009·102. 1010.101. 1017·110. HII<J.112. A' c,rn. !ln. A A. D.Inl1c S, Iva. lil-'s" I.III 123. 1032, 125. ID:l6·12\). 1051·144. 1062· 15.'i. A,,~ir,l. nol. A. D. Plllh":lnI C SII,·:!. Ii",. 10112-10. 1087· 14. 10119· 16. 109:5·22. I()IJ6--23. 1101 . 29. 1103<'IO.1113·4U A'eIlV. JlO'. S""enallo JUl'cn.,I I'..:rrcH'O. Ii,.,. II !i6·6. 1191·11. 1193·1.1. A'c.r<l. tinI. 1. S.m'k, p",j",nhu.li" 1219·12.12':'·16.1253·26,1257·30. 12S!) 32. ]263 • .16. 12(,6-.>.9.126(,-19. 1211·':';. 127S·':1S A"..:ir,'. 'h", Il Fari" 11<: r"'lal!-alhiie.,. I" 1370·10. A Ici,\,. no!. André .lu' Reis. lil-'.' 13liQ·2U. 1447.$7, A,ci ...... nOI I\,.klino A. S. Fon-.ce<l Leal. Ii" n.'I2·67. 1741 -76

12.2. (A I/M i l ) Arqfl i l'o I/ istóricu MIIJ/ icipal (I e A I'c i ro Li .'/'"110., IUI"'.' d" "rr,'lIw/(rF'"'' da C(lI"tII·". h\·~. 171. 173. :5-1(" _,,"III.' dll Cúma"" Mllui<il"II d,' _ht'im.Ji". 24. 25. 26, 21. 211 e 2'J. UI'r,) d .. I",I(III('('I".' (It, 1"(·... ·/111 ,. "<'511t"'(I. Ii' 280. I',.."·"" ,,, ,I<- ohnu, P.1":" I.::t 3 c 7. N" ,<:I"" (,.. I,n'/IF'I .I,' '-'''''/1"1<\,';'''' 1902·1<J1$. ,,, 1-1(,(,

12,3. (A III.) Arquit'o l-/ist6rico da L W:,fJstcla

12.4 . I II/IJr f!IISa loca l CtllJ'I"'Ú" rOi ri" \ '()/I.~'" 11!55 e 185ú. Cml/I"""" (I", I'm ......' "". III:5l:1. 11191\. 19(P. 1<)0.1. 190:'i Corráo ,ft· \"u<:n •• I Q07.

O

C

I')UI!

1915. ,I,' II ''CIm. II.)UII. /'nl'<' (O) 1/,0 An'l..n. 1119-1 f).'mIOCnlfll.

OH/rtl<>

12 .5. FOllfcs illlpre,\'sfls _l/J1 "UII"il1 C",,,,,,,,r...o/

'k

1'(lr"'-~III.

Allll ...1 (jOl11~' Fcrn:i"1

1895. 19O5· 1<J30,

Cftm'''J:J"/Ifti(, IlUlIlWfltl1 ri" """("('111,, d,' A."';m. M"II(}~mfi<l " 1/11/111,('(, ..1/l1>Ol"Iul/l 1//1 2 ..• Cinllll II'n/'''';'' dO.r SI'''' "1",.,. '!'t·e/"'IC"I.I '/11 11It1,,~/ 1'111. 111 /I"fIollm d" Tt~,I>IlII", ""I'"I1"ittl. n" (,0 CÚII<g" ,1(' t"'.,'m',,, 1I11"UC'IHlÚ ,lo ""/IH:lltn ,I.. A.-,·"" 111"(/1'(1(1" I'''' _k" ...Iti" (ln Cml".lI/(} do I),"m", ,I<- 17.113, /.'170. A\'..:.IU. ] XI.)..! G,'-W-\II.. J,"''' Gnn\•• hc" 199:'i).• ,\ "Memória...ohrc., \'iJla.te A\'\',,"<.,", d..: Pinho Qu",im"d<l~, 1IoI<'lilll ,\Il/m"IIH,1 ti" A 1',""·tI. X III. n.~ 2:5·2(,. pp. 13·19. CERQ. 'I.IIIA. J.;dUJrdü ( 1<)l-i2) - "Algum.!> nU(;I, ...ubre o "rAlir,elt, dv (jovem" ('I' II d..: ,\, eH'O"". """;m , ' " ,,"'II f)lIlrllo. II." 30. p 23 2R !tu/m/ri" (A/I'mmcl/(':II. :'110 I. /I. 24.1.) de Dc'''l1lhm dc 11i'.l'.l r.·r,o.10\. 10'<' l\bria de Mdo de (II-i<j-ll-I.tllmnlloritl {\/n,.ill",,, /I,· ..\t";m. rorlo: T~pot;raphi:! CAIUIX>.

(]<) I 1I -

H

o..:cI<Jcn.al, So... Rr\. Jo_é ,19fJ..l)

II

",\'/<:1<'11<'

,r,h,·,,.,,,

Vln(','w\·"II 1II""~,,r,,1 (""·,, ....

,,",,'11 " "-ln,I"

"''"O, Jull,o d,' I ')l).J. I'..rIO: Imprcn-a c", 1;7.",,:10. " r;\n"i_~'" ,"".-relr" (1917). "Memorm ,,,ore A'e,ru de 1'11100 Quemwdo». /)i<II"I/<I II<- ""<'im. \'ul. 111. pp, S').j IMI.

/11"(11('<.>·

CU'UI}:"'" d"

Nr;vL~.

111 _\r'lUII'/! tln


II CONS1RUÇ'Ao CIVil. EM AVElHO. f8(j{)·f<)J{J

----'-'---t 2.6. Bibliografia sobre

fJ

tell/a

GlJEI'~I\..

f'ranklim ( (995) - H,.,./ál"1(I ,{(I EI1j:/!//IIl11"iu .'II! 1'''1"I1II:u/. Porto: cdi""" uo Autor. Amado Mcndes (1995) ~ .. Con~lruç"o C,\iI.; Põ'lrim ónio I ndu~(ri:.I,.. III IIIl:cllium. Rt,,"Üw da Onlt'm dn.I' 1;·ltgt·lIl1t"rtJ.I'. ~"ric II. n.~ I. pp. 98·102. SII.VA. Álvuro FetTCml da (1996) ~ "'A con~lruç50 re.~i . knci'll cm Li~h,,;t: cl,"olll";;o c c~lruluru cmprc<ari:ll (1860·1930)". Amili.'" Sf){;ill/. \'01. XXXI (136-137). 1996 (2. pp. 599·629. I\'h:l"ll"-~. Jo~é

Q

·].").

12.7 . Bibliografia geral A~'l<)fl.l .'l.

Ini:, (1996)

~

""dro " "

.II'"

/m,..,:d"r;/I "" ."'/"1/10

XV,,, (/690·/0J.J). t::,wd" ",'",,,lmir"o

"" "m "-11"'1'0 /Ji,V(;";"o . Coimbra: edi,,50 da COl1H,~:lo de Coordenaç"o d:l Reg i"" Cemn'.

UAfl.Rl"lfl. A. ,'-'Ianuel (1995) - ,,0, preçu~ e 'L' _al:lno, do~ oflcio~ cm Al,"eiro. 17201". EfllllltH ",·!'ir/'u",,'.'·. n." -I.pp.157-192. CA'TlWGA. Fernando \ I'JSS) -A ",illll,,,6,, /mál I' 11 (/e.rrn'lil",i~"f'''' "'I /IIo!"le (/065·19/ f). vul. II. CUlll1hr:, /"1!:NLll~'. J,,,,, M ~\I11~do (1993) - «Etap'" e 1""iIC' d;l indU~lri"r;/:",:ii"". in 10"': M~lto,o (d i r.). Hi.l"llú"ÚJ ,I" P"'·'/lg'I/. \'01. V. Li~b<.m: Circulo ct" Lcilorc~. rI". 355-3(,7. Mm·A. AmlOr I'in:, (1996) O/"·,'i,.,, '/0 Rw·rm. Chii" ti" m"IIU;,-j".,. U.I'OS" t·(I,\'/""'L·~. Olivcirn do l3,ulTO: CdlÇ50 da Ciil11'"~' Municipal dc OI"·Clr.. d" BanTo. NI vrts. A,U"lIli<>. ROOItII.iUI:S. M:II1\lcl Í'erreira c GRAÇA. 6.,,::,r (1997) _ I",/icat;ml.\ pOlir 1m,· ('(11/1/'"''/'''11,''''''' ,/".. "'(111;]'''.-1''1''''','' _Arl" N",·"". ii A"ciu,: .",'hlOg'·"fI"i,-,. ",,,derllilé <'I I,"mlil""'. ComUllicnçfio apre,ent"d:l no Seminário Lu!>o·Friut ç':, .,uure História du Arquilectura e !.lo Urn'lIlisl11o. ~ubordin:l<J'1 ao lema; «As anll.lilcc"" ·a~ do nC.'cimenlO». Uni\ersidJde dl' Avdm, I de Ouwbro de 1997 (no prelo). ROllltlr."I~~. Manuel I'errclr:, \ r 9<) I) - .. A a/_ulej;lria a\"circn~e 11"182 1942. Uma aborda~cm ~Iobal ... floft·lm. ,I" Ctillwm "'"11iL"ifl"/ d.' II ,'""',, n." r7, pp. 2<)-38. R OUlt IG llt~'. i\'lanud Ferreir:l (I YY5) _ "Hümel11 Crbl" c (I 1. 0 de Maj", cm A'elro. IS99-1912». 111 /-/omem C'HI/l. O HOII/em. (I ohra,' (I ~'e" le"'I"'. C"'ulfuicru;ik.,· "pfl,.,'ellllllla,. 110 Q"illl/I/(j_ 1:('lIârio do JI/CI ",m·/{'. Aveil": ediç:!o da Cim:u":l i\lunu:ipal de Aveiro. pp. 7 I ·123. I~ Of)I(l(;lJr~. i'>(anucI I"'errciw (19<)(,,1) ~A, elile' locai~ c ~ E,cul .. InJu~trinl .: Comcrcial de A' ~Iru. I S~.1-192J" c ,.Fr'!nCl~CO AUfu.-tu da Sih a R<)Chn. 1864-1957. Profe"ur. "rqull':C1<"l C Gc~tor. Ache~a, par.." ,ua bibliogr,di:l».//"/NIIII Aveiro n.~ 23. pp. 9-.t6 c 4 7.57. ROl>ItIGUI:S. ",'I''''''el Ferreira (1 996/}) _ ~O., <Ildu"lrini~ de cer:;mka: I\vciro. 1882-1923 ... Amihl"<' ~Ol·/(//.~ol XXXI (1](, 137). pp. 631-6õ2. H01)Rl(õUIoS. Manuel Ferreira ( 19';1S,,) - j,'rrluúun I'crí'im Cm!!I"'.'. U", ...'cu/o IW ceriimh'l' II,' rmu'lmrün I no prelu). SII ,~A . Antt;nlO Manucl $. 1'_. "Cel':lln'e:J tradicional na rc~i~u de A"e,ru; algulI' eleIllC!1lO.' dOCUm"nI'Il'''. Oltlritl n." 1. 1:196. PI'. 53·77_ SU.VA. M:Ul:l Ju'-u.l Viol''''I" n. M:lnluc., da ( 19') 1) - A'c!Il' "'<'IIi,',·al. c<.I. d:, C'illl'lI-.1 Municipal de Al,"dm_ IIRII,\I'. Jc~n-D,dicr (I ')<)7) - "Morle ... in {õm:idopà/io lo'illmll". "01. 36. Lisboa: lmprcn~" Nanu,,:!! ·Casól d:1 l\·loed". pp. 381·417. Vnvu_l.~,. Michcl e I31oKTfl.A1<Il. Régi ., (19SJ) - ÚI ,-iII., de.' 111<11"/.,-. 1:"'",-,,, .\U" /""''''N'''llir(' "dmi" ,'mll""'I"'r(ÚU ,J"Ilf!rc.~ lI's ,'U/III"'!"{',' I"·"'-"II{-I/lfx. I'ari~; Centre N"lIunalc de Rcchcrche Seicmilí'lue.

MII""."',"'/.

NOTAS • .\1c-trc Cm Hi" ún;, Conlcmp.,r,inca de Ponug~I.ISC1A. A""il'O. I. Como mU.,I,~, U ,.Regimen!o C I:lixa do" carpmlclro... C Ill,u"'e"en\)~». ,Ie 17201 (M,mucl Ilnrrcir:l. 1\.1")5: 157.192). 2. «Escola de Dc~cnno Indu~l,·i,d .. , O p",." ,I" A ...'iro. Il.~ 791. 22.1 1. IS9.t. p. I. c. 5. :lo ÂI""r<I f'crreir:l da Silv~. 1')96: 600. 01, J(N: AIII"do Mcnde,. 1995: 99. S. Âlv,u'o Ferreira dJ Silva. 1996: CiO~. Ú. Jcan·Dl~r Urb:un. 1997 : .t07.

339


MANIJ,.:r H:.RREIRA R{JDHI(;UIIS

~-

7. M,,,hd Vu\cllc c Rcg" 1:lc11r.md. 1981 J-elllandoC:uroga, 1')8K S. E,mc outro" \Cp" CrllleK" t/"I",·,mrm mllllin/'''',' [.. 1. I ~94 9. AIIMA. Ii\ 29. ,..;~"io ti" 1 [ [2.1916. n, 114. A~ ca~~~ do, h:Llrro~ pooOre,. do~ pc'-Cadol'c..~ " ouu·,,,. er:n" e;,~a, !érrea~ eJo,": So,m:,. 1904: (N). SII/,I",IIO(/" mcu. 10. AII"IA,li\ 17J.lh 23-24 v. [[ Au"mlu !"c\c.,. M.U1l1d h':ITei,~, Rotlngu~~ c Ó .....,ar'(j"'~:I. [W7. M:mucl h,rrci ..... RoclnJOucs ... A.' chlc,c a E.~cob 1'\Üu-'lrial [ ... [o.. 19<)6, 10·62. 12. AIIMA. ti, 29. Ih, 115 e 121. ,..;"iiOuc 2.01 1919, 13.• Fali .. <I" ...pcr:írl"''', C"'''I''I""n (1m I'",,.,-"ntll. n,· 5JR6. R, 10, 1<)()4. p. 2. c. J. VCJ;l. lalllhém. o n,· 5152. 11.06. t9()..f.1' 2. c. 3. 1·[ "N"",_ "tlitic:l\,""'''''. CCllupl"ritl ,/", Prm'llIâ<l.f. n." 5<1<)7. ti. I I. I 9O!'i. Jl I. C. 3·': IS. ·.A'",roModen,o".üomp",711dll.' Pr'm'ill';rH.n. S77S. 25,07. 1908.1'. 2. c. S. Q

16. IIIir/,''''

17, "A'e"u \hxJcmo •. Cwup.·t1o (/,/\" l'mrr"Um. n." 5719. II.OI.I'XJ8. I' I. c. 2. E~la e:,,:, rui !'e,,:cnlenlenle cI:'h,iti",:od:.. CUIllO .illlfÍ\d dc lIucrc'.~e p,íhl...... " Icrr. Oir;",I.11/ Rep,íl>li..o. [ Séric R.n"JOI.:l112. 1997·1I·6893). III. AII.\I,\. li\ 28.,c,"lndcI2.11.1')QI).11 17:2. I'), ~ I:mucl I"clTCua R.lIll'igucs. 199!'i . <)':97. 20. AII.\IA. Ii, 2·1. n 27 v, 21 A H.\ l ,\,1I' 1.1(,6. SCIClllhmde 1909 22 AHI\I,·\. ['roce"o.. d.: nbl-:l'. I'u ..!:o ~. R....,.u·rimenw.•· II.. AgIIJ'''' (Ic 1'J2fJ 2~, AI)·\ \'R. A,,-~im.li\ 12!'i3-26. fk 45·.1(" .. 15 . II.I<JO.1 C 2. 11 . I9C}()cd.: I{,.I I 1906. 2.1, CrI" \I .... "cll'crreira Rodriguc,. [99(),y ..\7·~7. 25. OH/ruo ,I., .h'nro. 19.1):1 19011. r 2. 26. ~Ohra'~. <:mnJll'iio (I(I~ "n"""Uo .•. n,· ..\756. 9.03 11I9l). I). :\. c. 2, 27 (.'(,m!",.i" ,llI.' P,.",{"dfl.'·' II." !'i119. 21.02.1903. p. 1 Suhro;; O;;SIC ediríciu. ''''J''. t:lmhém. Etl"HnJ o Cerquelr:,. vAI:;unm, nu"" sobrc,' "Ed,r;d<,t do Covem" Civil de Avdro"". A,·."rt! ~""'e,, I);',uiw. n." '0. 1<J82. PII, 21 ·28. 2:'1 ADA \'1{. A,·eim. I" 1732·67.11- 5 I-52 \ 29, Clr . .-\IIMA. Ii, 171 n,. mum, 3(). 1',11\ 11l7(). Franci-c" R'Klrilluc- da Gr..ç;l. ~earpuuelro c pmprlel;iriolo é (I tiador d.:- um "Ulm (ADAVR. A\clro.li, I(lO4·<)7. 11 ... IS v .. I" 1370·10. n... 27-29 I. ). 31. AI [" IA. III. 1..\66. 32.ADAVR.A'dw.II' 1275-..\$.lh.21 '.·23. 33, 1'.lr.:..:e ....:r o ~';,~u 0.1., rcp;u,,,~;Íu n;, COl[lCla dc Tal..,.,ir;t J..\. ADAVR. I\\C'ro. II\" .1!'i')·35. fI.. 2. 3:; AD,\VR. ",ei .... lil 1243-1(,. n, 31 ,.-33. 36, "DAVH. A\ciru,II, l:n().IO. n" :!7-29 \ 17. ADA VR. ," eir... I" 1370-10. n, 27 ·2'J , .ilÓl ~LcTIlIc! Ferreim Rodrigues. 1,)9!'i, 94 107, 39. O CO"'fldio d" ""11.<:11. 21.0..\.1855. ['. 3 e 2.06.1 R55. 1' . .1 ':0. () C"'''!'''I1'' do V"uga. 2].U 1.11156. ['. 3 ..\ 1 h.u,"', .....v J-cm::ir-a ~e,c .. , 19)7: 96. ..I";,,, G. Ga~p;.tr. 199!'i' 1(, . ..\2. AII\IA.I,,_ 280..'O.()(, 18(..o.lh, 30. 31 e J9, ..\J. Anih..,1 G, F. Cabidn. 1911 3.!im 1859. a lun!:! "dllllno~lr:u i"" tI:!._ Oh ..... ~ da Harr.. comprou I.J 17. !'i m~ de lerreno. ~p:l("" ""l'lor-..ç:lo tia [lCtlr",r:,~ (A li M".li\'. 54(,. rCll.9 7), ':..1 All.\'IA.ti\ 173.!h.191'.-21 v. 45. AIlt\IA. II\' 171. ""1.1111 d~ ;1Il\,m"';t~'ln do IlIrneeilllcnto 0.1 :1 pedr:t de OUlll P"1'll "consuu~[\o ue um eh .. !;,ril 110 lar.!;" do E... pírihl S;tll!o rCinco Bil"" r. ~"u "parelho e ;I".:mamento pel" qll""lia dl!S..\'lIn:I ..... 2.IIIS79.fk7.1-75, ..1(> AD,\\'R. ,\",irn.11I 991-R..\.lh 21120, 47. ,UI.\I /\. Ii, 1'-'. n, 2.\·2..\ ". 4:-1. III", ;\morim !,.,f<:I~· :n~ :I. ,aida .I<! ~;!I:h a .. " . pcl::. Barra de AveIro. cm dir.,eç;io a LJ~ht)a. JXlra ,,1I1l1o;J\I;Jr:l br"h' C)<"'CIIClll d:1 F:lhrie;1 de Vidro~ de Cuina tl u", Am(,rim. 1996: 4281 . ..\<) M;"i .. Jnlo Vinteme R. Ma rquesua S,I,:,. 1991: J 5. 50 IlIuIem .

!'iI !'i2, 5.', 5..\ !'i5. S(>

Vl'r 100bcl1l de I'rc,,.o,, IKIf'clIcmplo. no C"'''prt7a,l"" I'ftll·'U,"I(f'. II n 4783. 18.06.1898. p, ..\ . C. 2. J.....: ~oarc'. 190J (H. I\"'IUI'" Il""jrico da l.tI,o.'lcb. Ctlflimltlr. n. 51. Carla ue 2.1.09.1')21 A l>AVR.A"elro.li\ 7()J 65.11 711 I .. 20.1 t 18S3 ArmorPi!'.:, MOia. 1996 13. AIlMA.Ii\ 17.'.lh 21 v.-22 ". O ;[1110 de .. ITem"I;",.;", 101'11""" clcnlcmm I'"r:,:o compree"~â,, U;J lúrll1;t COI11<. c'-" l'umerci;lli7:1d~ <: I.ltlhr.;lua:' cal.

340


A CONYrHf)Ç,iO CIVIL t.M ti I'/;JRO. J,~6U-/!)'{U

--

57. MnlHlel r-errcim RodriJ;lIe~. l'N!b. Vcj<! António 1\1. S. P. Silva. 199ó: 53-77 c In;:~ Amorim . 19\)6: 428-·129. SR. "A indú-tri" portugue'~". O Vr:mOa/llfl. n.o 3S I. 1.10.191 S. p. 3. 59. No t<'.xto <'.M:rc\"cu_se P0r11mIU em \"ez de POr1lanú (A DA VR. Avcu·o. li\". 703·(.... fI-. ~-I v .. de 7.04.190-'). 60. Cnrrt.'io ,h' VIlf4".ç. n.O 5. 26.09.1907. p. J. e. 5. 61. Ft":lIlJ..lil1l Guerra. 1995: 2-11 -2-12. 62. IImlt-w. Gil Uraz de Oli,'''';,·" diz que o lomu começou a U'ltmlluu cm IS90 (clr. Gil B. de Oliveit"'I. <lf'ud José M. Arn:,do Mcmh:s. 199J: 3(... ). 63. Fr,mklilll Gu<.'rr..r. 1995: 24-1-245. 64. "O beton ann,,,.!o. S) "ema J [en nchiqueH. ii IlIffuslrilll'<lrlugm·:!I. :mo 1. II .~ 2-1. I S99. pp. -103-404. (,5. C<IIllpe,i" do V""<.'''. II.OS.[85~. p. -I . c. I. Nc~tc cdlfi<.:io. cri!;ldn por ~Cba~li~o de C:lrvalho Lima. (uncion:r, ;unda hojc." As~el1lble,a Diqri"tI. 66. /I.·I"nuel Ferreira Rudriguc~. 19,)1' 29-38. 67. Manuel Ferrein, Rodrrguc~. 19<)611: 63 1-682. 68. AD,\ VR. Aveiro. 1;\ . 1370- [O. Ih. 27-29 \. 19.06.190) 6'J. ADA VR. A,·ciro. Ii\". 792.153. 0_. IR_2(1.

NOTAS DO Q U ADR O V I. Arql""o Di_trual dc Aveiro (A I) A VR). """roo. Ii\". ')70·63. 0_. 54 \".-56 \". 2. Liv. 9S2-75. Ih. 2-1 \.-15 \'. 3. Lh. 678-)<). Ih. 41\ \.-50. «A obl~. compn:cndt: <l gnlltdc rcp:.r..rç~o da Igreja da Oli\"crnnh". :IUI1I<.·I1IO dn corpo d:1 c:.pcJa.lllor-. dClllOliç;,o e fcitunl da torrc. IIIdn ~o"lhado. coberto. Iclhado c al:OIbadu 1.. ·1 ii eA.:cpção guard:r "entn. gradc"ll1cnto~ úo coro. do p,;lpIIO e do!> ,,!r:II"';~. lriblln~~ t: eMuque . ... que IlIdo ,er:! f"'IO pc[" hlll1"". 4. U\'. 45 0· . fk (, \".-7 v. 5.li\". <)')4-R7.lh. -12 '.-H \'. 6. Li\. 1(l(}.1-on. fh. IX \'. 7. Li\'. 455-31. 1':. C:,rpint:,ri3. reboco.' e ~-aia~·"e._. <J. Li". ICI09 - I01. n_. 24·25 v. 10. LI\". 1009-102. o_ 26-27. O propri':l{,rio forneceu tudo_ 0._ nmh.'riais c a m~n dt: obr..r. II. LI\'. 1010-103.11,.53 v.-54. O referido corncrci:une er., :lpcn:ls Il aTl"cndat:lrio da 10j". O COI1,lrulor fomccia ... Iodo, o., n1ilter;~i\ inclusivc rerr.l!;cn~ c plIllllra,.. 12. Li\". 1017-110. Ih. 3..l-34 \'. A Qu:rrw pre_laçào ,cri" !lag:, ~dcpoi~ 11" IIhr;! :,pr"'"d:I>" 13. Liv 10 19- 1 12. 0,. 32-32 v. "t... 1.'cl,d" ti cu,t~ do dona da olml. bem COl110 ,~rJo 11 ~UOl cu,ta l<.>tIos o, mal,-,",ai, que lorem nece._,:\rio"•. 14. Li\". 1019-112.11. 5-1 ".-55. 15. Em m:innore liol: dc Pém Pinheiro e da mc[hor qualidadt:. ,;e111 mancha~. toda brullida c pOSI" na '::.'laç:10 do caminho dc fcrrn. 16. Jo'"'' da M~i" ROIII~Il. Pedro Al!lónio Marquc:; c DOl1llngo~ Jo", .Ios 5:11110' Leite 10rllla\',II11:r C"mi .,,~o Promntora do monumento a Jo,),,; E.'lê\·~o. 17. LI,'. 703-6-1. 0_. 83 \.-115 ". I II. Li\". 459-35. Ih. 1-.'1. 19. Liv. 70-1-65. 11_. 7X· 79 \. bla e~e'·ÍlUr.1 lico" il1c(,mp!cw C ~cm deilo. 20. C"~,, con_truid" ,obre a~ ruimls d .... um \"elho palheiro. 21. L 1V . 130-123. O~. 37-311 v. 22. No :muar I<"rrco funcionaria uma laocma. 23. Liv. -I /lO-36. n,. I": \".-16 v. 24. Liv. I032-125.1h. I v.-2 ". 25.L" 1 IRó-6.th 15\' .• Jó\,. 26. Li". IU36- 129.0~.-I7- . Hl . 27. Li\'. 11~1-II. n,. S \".-10. 28.l..iv. 11')3-13.11.. 2J-23 v. 29.!.iv.1051-144.th.J9v._..t1 v.

30. Li\' . [062-155. 31. Li". J23<) - [1.

n~.

n~_

16 \'.-11) v. 19 \'.-21.

341


MMllUEL FERRE/R,\ RODR IGlJl:S

32.1.1\ 12.l3-7(,.lh. 13 "'.- IS. 33. L I\ 12.13-16. n~. 31 v.-33. )-l. Liy. 12-l)·16. Ih. 31 v.-33. 35. I\pe,al de ,,'r um unico ..:d iITciu. o con,lrutt.r teria de con~t r llir d u:ts <:a,,,, 'eparad:l'. 36. Li- 1370·10. Ih. 27-29 v. 17 1.1\. IOl:l2-ICl.n •. 29 v._)I .... 3S. Li,. I OR7-1-I. 11,. 2-3 v. 3'). Lh . IOS9.I(t. Ih. -l v. -I) v. -lO. Li .... 125l·26. Ih. -l5_4(, V. 41. Li". 79 J -152. I1s. 32-33. 42. L". 1257·30. 11~. 27-2l:1 . .13. LI\" . 7<J2·15).1h. 1i:)_20 . .l-l. L i .... 792-153. Ih. 29 v.-31 . .15. Além da ,."~,,. lcri:] dc ~n t1 _ l r,,],' um cnhem, " um poço com .... d,:lm';lro "" 2.6..\ m. -16. Li,·. 125<J-32.lh. 27 v.29. 47.1 .1\ 7·J-l·155.1l, ..... ()_-Illv. 'IS. T,~"a-,c de 1.1111;0 ",hconlr:ltaç:ln. O pnmelro arre",,,,nll li (.:onSlntç:lo "" e-..:ol" prilll:it"i" de Oli \ .:clrinha. e deli d.:c (.·mprei l:1<ta ,," '_"1:;undo :I J"e;llilaç:lo dos Irahnlllo' de carpim"ri" . .l\.!. Li" . I ()<J5·:!2. ns. 9-1 I .... 50. Li". 12(»)·J6. 11 • . )0 Y.-32 Y. 51. Liv. 797-158. 11. 21! '·. ·3ll. 52. Li\". IU96-23. I1s. I ,·.-3 .... 53. Liv. 797_15R. n'.-li:) .... -50. 5..1. Li,·. 126(,·3<).11,. ló-17 ....

55. Li, 12M-3'). n,. I() v.-21 v. 56. Li, . 1271 -l.!. I1s ..' I \ .-33. 57. Li" . I 101·29. n.'. 29-3U. EM:) empreil:lda sena iru e"'"(1I" pid:1 ro" mo,.!e do emprclleiro (CI r. liv .. 1275·-IS.lh 2 1 v.-23).

58. Liv. 1101·30.11 •. 1!:f-19. 5'). 60. (d . 62. 63.

Liv. 1380-20.11._. 16-2H v. Liv . 81-1·175. n.'. 15·3(, v. LI\ (11) •.10.11.. 29 \.-.lU ". L" . SI6·177. 11, -I v.-6. Li,. 10-1 195.11-. 3\.! \ .--1 1. 6-1. 1." 1.j-H-87.1h. 17-IX v. 65. I.i\". 552·l2x. Ih 67-6<). (,6 Li' 17-11-76, 83-85.

n_

342


IMAGINÁRIO INDUSTRIAL NO SÉCULO XIX

No conhecido conlO de Eç:1 Ci\,jfi:..aç{io entramos n;1 intimidade da sllpcr~ casa de Jacimo através do desvario da tecnologia. Um n ovís~imo fonógrafo desse homem moderno. irritantemente cncri.lvado . repclb até :1 1oucur;J. a crença no progrc-.so pela V07. do con:-dhciro Pint o Parlo. Quem nâv admirará (J prosresso desfi' séclllo?

Os mecanismos de Jacinto avariavam sempre c CUIII terríveis efeitos. o elevador da cozinha que an'uina um jantar importante. a torneira de ;igua quente que torna incontrolável um jacto de água a 200 graus lemhram ao leitor que o lado maléfico das tecnologias .~c mantém Intocado. Neste conto reti nem-se as esperanças. os medos c :.1:-' car;lctcrísticas gerais que a indu:-trialização e o consequente progre!>so técnico tinham de!'envolvido no pais. nOllleadamenLe desde os anos quarenta do o itocentisllIo ;ttl: ao fina! do século. A Revolução do!> Transportes c Comunicuçõcs. que se revelara mais demoerjtica do que a do lndustrialisrllo como opção eco nómica c social. criara traço!> pOdCfOSO!> de hahi tUiu;ao. J ~í em 1845. n' O !mll/s/rial POrll/Cl1sc. (30-1 I). se apela\' a para e."s~1 grande verdade: Para que ii Nação /l OS.HI florescer pela illdústria. é primeiro qll(' fIIJ() mis[cl' ctlucá-Ia il/dll,l·tr;aIIllCn[e. iil:.e/' que () cspirilO induS/rial se [orl/e o sell carácter dom;l1l11//c!. ( F.Tom.h. Educaçiio Ill duslrial). Poucos anos depois. ma:. j.i inici:ldo o período da Regeneração. o entusiasta indu!.t rialist;J e professor Bet;ltllio de Almeida não tinha dúvidas. escreve no Jornal da A.l.P. em IR56. a propósito de zincogra fia. O qlle p(Jrêm. ('()/IIO e.nrm/g('iro 1/0 Frw /(.'a. como portllgllês p(lrrint/arlllel/lc. ('1/ I1lio posso deimr de f1ol1derar fi a !;/'(lIId" caI/leia que del·elllO ...· passaI' (/ ler !/OS IIQS.WS fllIlse.l· em aplic(lr «il1dll .... /rial/llellle» o qlle 1I0.~ recl!i/al'e/ll (IS I'lfbliraçoe.l' Ji'lll/ce.w.l· - w!jam ela.\' do Il1 srilll/O_ E:.lava-sc j~i no tempo da cxplorução de

patente!> c Be!5mio de Alme ida verificava que produto", já patelHeado~ não resul tavam na pr:í!ica: scria o indust rial e capitalist'l a tentar inventar a sua efidcia . adaptando o invcIHo ;\ realidade. M:ls não podendo. de modo algu m , deixar de pagar a transferência de tecnologia pelo u .~o do artigo patentcado. Não era fácil ser industrial cm Portugal e em qu al qucr p:th que:.c atrasara na indu strialização. Artigos como estes. ou a dcfes;! in sistente do proteccionismo indu:.tria!. polrccendo chamar a menç;10 para a indústria. :lfastavam dela as arlicaçõc!> de capiwl. Ma.;; o caminho-de-ferro passara :l fazer parle da pai s~l gem. :IS pontes e viaduto" que Eiffel iria construir. ao longo de dez :lnos. (de 1875 a 1885), serviam para deix;lr passar comboios ou jumentos carregados de sacos de Llrinha do:-. moinhos. mas uliJi7ava- sc com frequê ncia a primeira como a terceira cJ:lsse. Apesólr da negação de Garrett. da fam:l. copiosamente divulg:lda de ser o combóio 11m a{Jarelho ilTaciw/(/( e l'icio.HJ. que !l,IO dava segurança aos passageiros. os c:u11inho ... do.:: ferro tinh:ll1l d:ldo a gJóri;1 c os VOIOS a Fontcs e

343


MMi/A fJO CAHMO S/:,RÉN

-

- ---

trabalho temponírio a milhares de camponescs. Desde a década de setcnta o e dep()i~ o elécfrico urbano difundiam-se pelos postais de colecção ou por U111.1 liter:.\Iura meio rcaliSl,L que. COlll0 a de Fia lho. tentava lançar a pome cidad,;-;-carnpo. O telég ra fo. conhecido primc iro nas rases de guerra civil, llH)strara-se como disponível par:1 lodos. ,LO mesmo t,;-;mpo que cre»dam OS postos de correio pel a provínci;l. muitas das VC'les a nexos às CS1:lçÕes dos caminhos-de-fcrro. O telefone. o fo nógrafo. a luz eléClrica. mesll10 nos finais do século, eram de lL<;O limitado. Havia mais telefones no Parla do que cm Lisboa. - mas mais n:lv i o.~ a ':lpõr em Lisboa do que no Porto - . fonógrafos Cr;LI11 simples cu riosidade~: a lu/ eléctrica exigia dínamos COIllO os que , I COI!>:! Biel representava. O próprio Bie!. negociante e industrial de excepção, :\pen:ls colocou luz eléctrica na SU:l ca»a do Largo da Escula Normal c na SU3 firma de fUlografia na RU3 do Bulh:1o a p3rtir de IR92. Diz-se que possuíu O primeiro telefone no Porto. em 1881. Ma~, ,tinda no final do século. a grande maioria da populaç:1o lIsava cmldeeiro:-. de azeite, - porque os de petróleo. dizia-se. cstraeavam a vista dcv idll ao brilho do vidro que protegia a chama. cm certa~ úrc7ls lIrballa~. os candeeiro~ dI! g:ís c espa l hava-~e o uso de velas de e~ tcarina. muito mab bar:Has do que a~ de cera. A extravagancia du sllpercasa de Jacinto ficava 'L dever-!>c 11 acumulação de bens ainda raros c i nll sitad()~ p:lr:l o público em gcr:lL Rara era ainda :l utilização de boas madciras . como li teca. na construção c acabamentos inter iores das casa!'. nova~ ou rcforlllad:l~ como a de Jacinto. O avanço d a quími....:a tl1lha proporcionado beli~~iTn:ls imitações de madeif;l» raras e era isso que se se divulgav:l. A descrição dos jnntarcs de Jacinto coincidia . em grande pane. com f)S 1l 0VO~ hábitos da burguesia portuense, que assim se adapt ava aos cerimoni:tis da nobreza que tendia a substituir. Este grupo social. que seguia a~ indicações do DiórmtÍrio UniL'ersaf do Dr. Teixeira Bastos. :'iab ia que ell/ II/obília. qualquer despeMl exagerada represcl1w 111/1 capiwl morro. impro(!tail·o. e que. dimill lli lIeces.\·(Irioll1el1fe 0 .1' reC ll r.m.1 da família. lHa» que era indispens:ívcl que uma refe ição decent,;-; aprc:senlasse um mínimo de 6 talheres na Primavera e Verão c Ya 12 no Outono- Invcrtl o. laboriosmn..::nte pronunciados cm francês. No campo d:Ls :íg uas d e: nlC!'lOl que e~palll;[r a o amigo de Jacinto, a sociedade civil. mais propicia a seguir a~ novidades . co nhecia de h:i muito Iodas essas variedades. desde as .íguas gasosas naturais, ligadas :1» luxuosas termas I.jlle frequentav:L. ÜS arlifici:\is, bebida!' como refrigerante e consc:guida~ com a adição de ügua ~aturada com ;;:ís c:lrbónico a limonada. O gelo. ~el1lpre presenle na~ casas mais ricas. quer para conservação. quer para produção de gel;ldos. sobrcme:,a~ frias e nas behidas. j;i se fabricava no Pono. embora t:lmbém se importasse: da Noruega. vendendo-se :lO quilo por 40 reis. Con!'lcrv:í- Io exigia um dbpo~ili"o l:io difíci l como arcnico: caixns fo rradas de serradura introduzidas num buraco feito na lerra, com uma camada de areia, tapada com palha no fundo. A conservaçiio de nl i lllento~ razi:t-se . de rc~1U. em area.~ dc madeira. pipo!'. c cflntaras. quer e III sal ou água eom sal ou salmoura. Não sahemos o tipo de cozinha de Jacinto. m:1S como loJo~ ib seus pares. nUllla civilização que se h:lbiluara ao trabalho de e!'.cnL VUS e de mulhere~. dev i" ser a dependência menos industrializada e men()~ modema d:l ca~:.1. pois os düno.~ d:L cas;\ não a fr\!qucllt a vam \! dc!>eonheciam :l::: Ilecessidades dos que aí 1mbaIh avam. Em um local vedado. onde :;e lllontavam as gaiolas que caçavam os

WI/eriC1l/1Q


IMAGlNI\NiO IN{)(I .\TI<IAL ' ....0 S/~'CULO XIX

---'-'-'-'

raio .... :10 lado da ~avc onde se descarregava ou guardava o caf\'~o. onde se acumulavam os despejos e se guardava a roupa :.uja. que tinha de ser mandad;l lavar lOdo~ os 15 dia~. Quando ~c comcça a anunciar li CO::.;II!W eCOl1állliclI. a meado~ dos anos 40. fogão cilíndrico de melai que enCllrla\' a de lllodo es pectacular o tempo de coz..:dura e economizava o combustível. faz-se a apologia do seu uso e C0ll1pr;1 pelas d;ISs,,:s trabalhadoras. as mais aba~ladas. evidelll emcnte. pois os mais haratos cLlstavam 2..+00 reis. o l1l..:smo preço que a pequena jóia quI.! era o daguerreolipo. Em comrap:lftida é nas casa~ da pequena bu rguesia c da dassl.! média urbana. ()O(k labuta a don,! tb casa. não lendo mais do que lI111a criada. que :IS inovações são experimellt:ldas; não apenas a cQ::.illha ecollf)miC:lI. 111.\S toda lima bateria de e~1l1a1te gran ilado. com fileI az:uJ marinho ou mesmo de ferro coado. Pa r;l :IS casas da alia bu rguesia. com v;írias criadas di.spoSLas a arear a louça. continuavam u vender-se os trem. de cozinh~ em cobre. com pcgas de madeira. NDo ê apenas o con forto da tecnologia industrial que alriJi os Jacintos da época. mas tamh~m. e de modo muito mais profundo. porque toca o seu corpo e n su~ h..:redilaried~de. o progresso dos cuidados a ler com a saúde e a higiene. Alarmados com as descobertas de P;I'~leur. os homens dos finais de oitocentos vcem os micróbios cmrar nas suas vidas e nas :-.U;IS casas. Esporo ... c animáClllos. enúvios e emanações que causavam febres e sezões. que se tinham tornado muito nítidas e palpáveis no insalubre da~ colónia ... , j á tinham jus na I11Ct1l:llidade. que obrigava a sociedade a velar pda limpeza da roupa. do corpo. pelo arejamento do~ quaI"lO~. pela aboliçDo do dossel das ClIlla:.. impondo-se salutares passei(l~ pelo cumpo. Sabia-se que os insccto1'- como as mosca~ Iransportuvam I'im.\"; pouco a pouco a~ C:JIllaS de rnadeiru. que exigiam difíceis limpezas devido aos percevejo~. cram subsituídas pur camas de lllewl ondc cstes não se podem ;dnjul". Tal como lacimo com a slIa mesa de vidro antisséptica. por não ceder na impermcabilidade aos 111icr6hio.~. as me.'>;:ls da ~ala-de-ja nl ar e :1<; de cozin ha cobriam-se de oleado e a louç:\ de cozinha de barro tende a suhstituir-se pela de ferro coado e de esmalte ingl'::~. Mas as cozinhas esl:lvam e l11 geral equipadas com unta mesa de pedra ou de tampo de zinco . que se inclinav:l para que as águas escorressem para o cano que de~agllava na lUlha dos despejos. e, enquanlO a ágU:l não se tornou corrcnle. assim se mantém. lnsimw-se. sim. que se deve ler c uidado COI11 a limpeza do bocal do tubo. que deve ser bem vedado por Ullla rolha. para que os micróbios..: os miasmas nDo Inmsilassell1. Os quart()~ de banho lin ham-se de~locado dos fundos da ca~a. quando não do eXlerior. c ganhavam fo ros de sala. Era aí que se executavam os rituais de higiene que antes se dislribuiam pelo:. quarlo.~ de dormir. nos Ir'ldicionais. mas cada vez maiores conjuntos de IOUÇ:l de bacia e jarro de água . As novas habitações ou read:lptações de ;m\igu., casas ap:l!açadas começa ram a :-.cr equipadas com sanita~ de sirão, el\l louça pilllad:1. muitas vezes fal.elldo conjunto com a bacia c {} jarro do lavéltório de f"crro e. eventualmente com o bidé franci.!1'-. também montado numa e.')lrutura de ferro. Mas o recurso e ra . habitualmenle. a montagem num quartinho com porta. de uma lalri"o li illgle.w. com um reserv:l ló ri o com "parelho hidr:"iulico e uma sanita com urna válvllla de abrir e fecha r na abcrttlr:l inrcriorda Imrina. O quano de banho ganhava lambém um odor cspedlko de Iimpcz.u.ondt: o dcsinrcclant..: universal. o :ícido J'énico. cobri;l o c heiro da loção da barha

345


MMO .... 1)0 CARMO SUltN

--

líquid:l e do ... ahão de 10ik:lI c que ...c miMUfava, ta mbé m liquefeito, com marga, num hoiào aberto. O :ícido fénico fa7i" parte da rarrnat.:opcia privada, servia p:lra desinfectar:l sani til, a sering:l c o apare lho para o cliqcr, mas I:.Lm bém era u"ado para scringaçf"les quI.: re.;;pondi:ull a imíme ro!'> incómodos do foro ínti mo. Recatado tarnhém se tOf11;i (J banho ruôrno. para amainar a hi"'leria da ... mu lheres, a nefrite . insolaçües. g r:itlde~ cmoçôe:.. - ou eX:lgcrm. de l1la:..wrbaçJo _, rcum:ltisl11o . e até O lllara:'1llO CO Ill ;It a:..o e mais aind:1 o banho de a,:.ento, ou ~cmicú pio . que criava cX llCclativas de c ura de llIalcit:" e in fecções no baixo velllrc, bex iga e inte ... tino,. O banho frio. com in . . t:tlação de dl/fI'o llrlifldal. - o duche _. era aconsclh:h cI :'0'" inteleclU:II.~. condulOres d:l sociedade civi l. que depois de traha lharem um m:b:irno de 6 hora~. preferentemen te de m:tnhã. tinha m necc:.~i­ dude de refciçõe:. sub... t:lI1ciais. l11a ... e ra-lhes pro ibido beber e fumar. excepto leite. chá c café e de um banho frio diário. Mais privado ai nda por que ai se guarda,,:ull o:., mcdicamento,_ quasc unl\'ersai!'> mas perigosos para aS cri:lI1ças er:l o qual"\o de banho c de vc.;;tir; est;t :-,oc1cdade posi tiva c urava mui ta" das Suas doenças scm sair da mesa. com velhos X:1l"Opc ... c ponches e vinh!) quinado. ou fali a subir da cozin ha para os quarlOs as e:naplasmas quentes de linhaça ou mo<;tarda. com mai:.. frequência que os s inu p1 S1l10-" da.;; farmác ia.;;. Ou cntão o~ fra"Cos com as !'>:tngue!oo-"uga!'>. Mas na casa d e hanho ou nas ga\'cl3~ proibidas dos quartO:" dc dorll1i r dos mais vclhos guard:lv:tI11-!'>e as pastilhas de cocaína p:ml combatei' a tl:í u .~e:t ou curar uma rouquid;io . u, perigo ... u ... preparado:-. de quina amarela quc. cm excesso. favoreciam a conhecida e con.;;trangedora t'lI/b,.i(l.~ ués quil/ina. mas que era um alivio para as dores c a de ... imcria. o éter para preparar a poçeio cordeaf da pneumonia c que tamhém :lcordav:I do ma rasmO e. 11Ilallllentc. o óp io. puro ou em diversos prcp:lrildo~. comO o !áud amo. que e ra a verdadeira panaceia uni\er:-.al da êpoca . Além de ser () único a ntídoto conhecido contra o exce!'>so de quina. o ópio pu ro. -"e não cxccde,~e 2 cen ll gr;tma ... ofe recia bcm-esta r e lil}erdadl' dl' eS/Jiriro : cinco a dei. celHigr;tlllas aliviavam a dór. a part ir d:lí deprcs.;;ão e elHorpecimel1to c 20 ccntigr:lma~ e nvenena mento c convul:'ÕC:>i. O I:\udano e ra muito usado contra as inSlínia .. e dores Inea!izad:h. O pendor po,>i t ivo da IIO\'a medicina sal\'agu:trda\:I cada \/el mais a ciência e o exclusivbrtlO do.~ especial!...t:ls. Sabia-se que a:-. ... angri:..... ainda :-.e f:lI ia rn. principalmente na província. onde e ra ~inal de riqueza f;tzer uma sa ngria na Prim;l\'cra e outra nu OUlOno. para limpar o curpo : a ci~ lI c i a Illédicajá nJo as acunselhava. ma ... a fazerem-:.e a pedido do, cliente!'>. que fossem reita .. por um m~dicu. T ambém a homeopatia. que fizera mod:1 nos ti na!... do :..éculo XV III. Icntando curar a duenç:t provocando-lhe os s intoma" era t.:ondcnada pe la medicina. ma.s continuava :l te ntar os desesperados. nomeadamente aqueles que reçeando morre r envenenados tOllla\am dose:-. t.:reseel\le~ dI! ar"émco para () evita r. Ainda no ... :mos oilclHa Fialho de Almeida dá le:.lem unho desse hábi to na alta roda . atravó dos seus conto,. C:'lInilo n'A emja. rerere o tratamcnto. aqu I obvia mente. ma is popu la r_ que o Trigueiros fize ra a :.i próprio. c que () :-.cu am igo MOIa compreelldl'lI ql l t' de se rllrlJl'{/ à brll.l;h';I"(/. /wmeop(l1icalllellle: " O.f sClllelluf/lfeS ("()III

(I.)

semelhal/u'.p>.

Os rumance" util iJ.:av:lm mu i to de.;;tc co nheci mento mêdicu. que se pupu lariza. 110 ... so.:u:-. e nredos. A ... docnç:ls das heroínas deixam de "er !'>implc~ morbidez e ;1" de ...erições seguem. com 1llaior nu me nor fel icidade o~ :-.imom as e o a);!ravamcnto de que A Dallltl d(/\" Call1élia.\' era padrão. morrendo ObV1:II11entc de tubcrculo ... e. "ocorrendo-sc n m.,:dico que :1 acom panh:l\:t de ... uccssivas e


IMAGIN,íHIO INOUSTHIAL NO S/~'ClJLO XIX

pouco positivistas sangrias, Mns o~ conccito~ ciemíficos (;J111bém invadiam a JiteralUr:.\ e. naturalmente a conver.-ação, O pnís delX)is de Fontes. estava. no cúro jornalístico. anesTesiado. UI11 jornalista ~OCi;11 do conto de Fialho. A Pm"illci{/. ficara conhecido como o I){/cteriologi-l"{(/ dO.I· males sociais. O industrialismo pe rcorr ia. com lentidão c cautela. n vi:l lwbitual dos texteis e da l11etalur!!ia e sofri :1 aí a crítica descllc:ltllada de Illllitos. A indústria, q//e láfora cami/llla ~ pOS.WiS de gigallle. tem elltre nlÍs. ill(e/i-:JI/ewl!. I/Iordlflrlo com /filia lellfidôo de.w:ml.WJladora; é o desahafo do redaclOr da rcvbta de publicid:lde COSTa Braga e Filho.~. que. desde 1882. apresetl!i1va com fotogr:lfias da Cas:l Biel a sua colecção de chapéus. chamando atenção p:lr:l o~ encomendados por cad:l um dos membros da f,lmíli,l real. No eI/TOIlfO. continua.jorça é di:ê-Io, e!n /ell/ (lIi/lgido /lOS Iii/imos /cmp o.f 1//11 dese/ll/oh,illlell/o relatil'() qlle. .H! fos-I"c aj/ldodo ("0//1 o i/ldispellsável (//uílio oficial. clleltaria em "I"I'I'C C/ assllmir {/ im{Jorlâ//{:ia a qm' lhe é possível aspirar ncstc paú'; importância qllc o deixará. /lCMe ramo da {u.:tividade hlllllfll/CI. milito düta/lciado das /laça e.\" e.I.le/ldalmenTe i/ld/u/riais. !I/(1.\" que poderá. aillda assim. dm'-Ihe cl1Il"(: elClS /11/1 IlIgar honro.m.

Nem mesmo eSla contcnção que desvincula o êx ito da indlístria da prálica privada era univcr:;<llrnc nle scguida. A negativa COIlt:"::pÇ:J.O sobre a nossa apeténci:l industrial. que fará história, está muito cl:ml no artigo :Is:-.inaúo LC. 11.:1 nova revista Arte Photngmphica. de 18R-L Nris temos III/UI fatalidade única ~ a lIossa indiferc/lça por tlldo a que é bela e liril. Vil'e/llO.ç /lO I/O.~S{/ cOlltil/ho do Ocidc:t/te. cumpleU/mcllle (llheios (10 quc \'ai pC lo 1IlIlIldo: c só ({//{lI1do se lembram de 1/0.1' eXIJlorar COI/1 all/illcio.'> e redolllo.\ mirtllllbo/OI1Tes. que 110.1" enftllm pelos olhos del/Tru os e.\"Tl/flendo-l" reslllrado.ç de 1111/(/ Tel1latil'l/ ql/alquer é '1l1e nós acordall/os (' vamo.\· C/1/l/0 macaq//ear os felizardo.l· da Terra. Porqlle m/o !'l'mos SCflllO o I"cslllwt!o prático. il1lcdilllo. palpal'e! e II/ois lU/da. (Abri l. 1884). A Arre Plw/Ogmphira. hoje uma revist:l de coleccionador. excepcional

para a época. em todo o mundo, surgira par" prep<lrar um .:lcontccimcnw inédito a nível intem.:lcionaJ. a Exposição FOIogr::ific.:llnternacion:11 do Porto, no Palácio de Cristal. A rotogmlia cswva entre :I.' vo..:rtentcs industriais mai s de,cnvolvidas no p:lís. lalvez porque perm itia u trabalho :lmador que era e:-.sellcialmcnte químico c a química oferecia um:l <ltracç:1o irresistível tanlO em relaç:1o à illleligemzia indu strial. como ao uso dos scus resultados. Já 0'0 IlI dustrial PorIllCI/S{, de I R45. que divulgava co m desenhos c csqucmas interp retativos as novas máquinas industriais. nomeadamente a~ de uso doméstico. se :JfirSllava com fervor ti Rel'olu(:lio I/lIS Artcs (' Il/dtísTritl. me/flOl"(Il/do e bnrllteal1do os seus produ/os. criaI/do I/fll"as fonlc,,; (/(' riqueza. c /orn(llulo t/ce,l·sÍl'(!Í.I· (lO maior IIl ill/er() aqlfe/(I.~ é"OIl/odidude.)· qllc ainda há pOIfCO l'rml/ li I::Xc!IIÚ\'l/ !Jnrlillw do.~ II00U ·(}.I· aIJllswdo.l- em bem' de fo r/lma ~ num claro ênfase aO discursa ricardiano. ncreSCCnta ~. O esplllllo.\'O emprego do jorça do I·ap;'r. e da Eleclricidade, o 1J0ltllerrcorijJo. a Efecf/'ofipia e Imli/Wi Olllras. Em 1846 j:í. se vendiam no Porto. na Rua do Rosário ptlra-raios de Frankllin. Illas a tónic:l entusiastica é posta 11:1

daguerrcotipia e na galvanoplastia. Em [8-16. o mesmo jorn~ll dedica v:írias notíc ias i'ls novas lig:t~ quc se conseguem pela galv:H1oplasl ia. () argellllllll, muito procurado. liga de cobre. níquel e zinco. utilizado pa ra imímero:-; objec tos que imi l:lm a pr:Ha. pclas f;'ibri cas dc Shcrfield. o ele("/rwl1. liga superior:lo nrgellwm. que ímita pcrfcitamente a prata. com côr branco azulado c que :-.e embacia menos que a prma: com ela se fazcm cssencial mente 5erviços de ch~í e dc mesa.

347


- -MMUA 1)0 C,\RMO SliR/~N A química permitia também o dc ...cnvolv imento da aplicação da folha dc Flanun! .... que . . urgia em llludalidades de ondeado. para relógios. bandejas, candeeiro .... caixas de tahaco. objcclos de toucador. que :.e tomara vulgar e se populanzara imenso. sendo mais procurada a moda lidade nova. de meado.~ do século. estrelada ou irnitando folhas de malmequcr ou a modalidade grani tada. mais sóbria. A ... I;lIa ... de coz inha c de dispensa. caixas do.! tabaco. as inúmeras opções de tabuleiros. salvas c pratos. utilizadas na indústria e recuperadalo, no u ... u doméstico. ou comp rada ... de novo. cm folha de Flandres. pintada ou envcrniz:lda para evitar a humidade. dão um aspecto muito característico à uten ... ilagem indu ... trial e ca ...eira a panir de meados do lo,éeu lo X I X. Em todas as ea:.a ... da burgue ... i:!. nalo, cómoda ... c nas lllcioinhas de centro e canto. quase sempre dc m(ldeiras ilJ(li~JI(IS a iII/irar mndeir{/.\' e.l:fírica.L pelo milag re da química. se distribuíam caixinha:-. de folha de Flandrtes que imitavam madrepérol;!. acu ... ando diver:-.o:. fins: os caixilhos dos quadros que pendiam em lo ngos fio . . de algodão. muitas da~ estatuetas ou o:. baixos L'c levos que decoravam as mes'l'" de ... uporte de qui nc.!lharin. os rrastes indispcn:.;\vcis ao bom gosto. eram irnitaçõe~ de bronze Oll wlha dourada. feitas com pedra de cal. mu:-.:-.a de pape l e cola forte. Aqui c ali. mas com profus:lo. as flore ... de cera. de que viviam muitas -.enhOl·a:-. do Porto. eram. j.í a meados do século. COLllpo:.ta:-. e ernremizadas com tinta ... industriai ... lida ... por muito perigosas. porque veJ1eno!',a~ . A indústrÊa de saboaria de:.cn\'ohe-sc no Porto e no norte com muito êxi to: u articuli:..la da Rel'i.f/(l Contemporânea de P'Jl'IlIl;lIl 8nui/. cm 1861. tratando da rcporwgeTll sobro.! a Exposição Industrial do Poria. J. Pi melllel. pode afirmar que li xa!Jo(/r;a Ilorlllt.;III1.1'11 é da melhor do A1wulf}. lI1eMIIQ em Marsellra. O comendador Valado. da Fábrica do Freixo. cxpôs estátua:-. monumentais em sabtio raiado e translúcido. que. IllC:.1ll0 estando-se em Agosto. não derreteram com o calôr que mal se suportava na Associaç:io Comerci:l l do Porto. Palácio da Boba. Havia sabonetes de todo o Eénero. populare:.. embrulhados arlistÊc:lmentc ou com o feilio de 110res c frll1Os. N5.o há Cilsa burgucsa que 05.0 use o snbcio ele loi/eUe. mas também se vulgaril.a o sabão amarelo para o Mlalho. cam soda. o ri ..cado. o côr de marfim. O elHusia ... mo pela q u ímico!. claramente impubiol1:'H.lo pelo Professor Beth:.i.mio de Almeida. atingia outf"..h indústrias corno a construção de IcrrmJo,\' cm betume do.! Leiria. o fahrico de soda par.! ;t :.aboaria o.! ácido sulfúrico indispcu ... ;i"cI para a produção de vário:. outros produ tos qu fll1Êco:-, c para a galvanoplast!:I e fo lha de Flandrcs. e. nomeadamente para a cvolução dos adu bos. que ;linda enfermavam de muitos procc:.so:-. naturais. Tudo isto se passava um pouco cm circuito fechado: apcsar de sc a presentarem. por vezes. como produtores indu1>triab do..: artigos agricohl.... os mais conhec idos representantes da:-. inúmeras cxpo ... içõc~ agrícola~ que. no (iltimo qoartel do século se repetem no Paláeio dc Cristal. são amadores. ;t .... :.inante~ e colaboradores do .filmai de NOl'1iclllwl'll Pr(Íf;ClI. que também afirmam que fi Química tI tJ pi/mo da AgriclI/lIIl'l1. Lu ís Mello Breyner. Visconde Villar Allen. Cristi:lllo Varlzcller. Joaquim de Cat'\lalho Melo e Faro. Alex.tndre Gral1t. La Rocque. C. Wrigt c ntl'C outros ingleses ligadu ... ou não ao vinho do Porto. () conhecido encarregado da l11;1 ta real de V:l.lvcrde. Carlos AUgllShl de Sousa Pimentel. Enquanto o público cm geral comprava c uti!ií':lVa in:.u:-.peit:tdos milagres d" técnica. desde a inúmera utensilagem cm ferro co:!do ou ferro macio. s ubstitu indo a pesada mobília de varanda e jardim cm madeira C(lh(,!r\a de coniça por

'I'i

348


IMAGINA/NO INf)(i.'íTRIAI. NO $I:"CU/J) XIX

cleg;mlcs nll:~a" e cadeiras de ferm. c conhecia com ri gãr o>; inúrncro~ produtos qurlllicos que permitcm a limpeza de reposteiro>; de ve ludn ou de brocado e as casas que melhor tingiam a rOllp;! e a classe média aprendi;! a r:ller bat::lIas eSlnllOdm na, cozinha ... ecunómicas e a utilil.ar o, cand eeiro ... dc prclróleo que ral.iam mal à \i~ta ma:- davam lu" IllUi-. brilhante. o ... intelectuais. qm.: conheciam a essência da, coi,as. divulgavam expre~sõc" comú (). \ i~('llfld(J.I" de glória, (Revbla Contemporânea. P. e B .. 186 1). ou () J1aíJ está pôdre. m/o há g(lfl'(mi~a{"iio (O Moni lOr. 1888). que re!leclialll \) seu LISO pela, élites. Entrct:l.nto o público. que entrara no conhecimento du industriali,mo pelo" seu" deito ... mais comun .... entrava com a rne ... I11H facilidade na "ua crítica acérrima: desterrava p;lra a dispensa ..... lata ... de rolha de Flandre~ e pam o sótão as caixinhas de toucador e ta baco gnmiraclas. com hOlõcs desermanado .... velhos cart(")C ... de visita com rotograllas e frase ... incómodas. um ou outro progr;Lm~ do teatro lírico c punha definitivamente de lado o artificiali ... mu das 110re .... na casa c no vestuário. procur:mdo o natural c saudável do autêntico. O ... guarda-chuvas co m v~ras de melaI. que tinham fcito furõr. eram tamhém posto, ele lado c vingavam a ... var;ls de de baleia. de o~~o. de produtos verdadeiros. 1\ la .. a palavra higiene viera P;Jr:.l ricar. mesmo que ela !'oe tradU7i"e. qua ... e sempre. por um sentido de exclusão dos pobre .... pedinte ... e \'il!!abundo .... O!i que, afinal não us ufruiam da ... vantagens privadas do acc ... so à limpeza e. portanto. li virtude.

COMENTÁRI O 13113L10GRÁF ICO

Segui uma metodolog Ia de cruzamento de fonte ... divcr!'õ:ts. dado que não conheço qualquer trabalho específico sohre o lema. apena ... apontamento .... Primeir:l1uente escolhi indicador(;!> quc me parecer;nu apropriado<;. em runção do prévio conhe~imelllo da vida quotidiana do Pano. nomeadamente na segund:1 metadc do século XIX. de que há lIl1la vaSI;! literatura de ...critlva cm rontes da época. Pareccu-Ine importante apont:lr o.., seguinte" indicad()re~: a reprCsctuação que a sociedade civi l - político,>. escritores. jorn:l l i"'la~. nomcadatllentl: - se faziam do indll'.lri:lli ... mo c da c rença do progre ...:-u: a adopção de camada ... ,ignificmiva.s da popul:lção de objecto... utilitários reprcsent:nivo ... da ... nova<; técnicas industriais: a difu .. ão - aparente da ré no progrc ...... o alravés da mudança de hábito<; que dis ... e ... !>elll respeito :'t melhoria da ... çondiçõc ... de vida e dc ... alíde: a apropriação dcsse~ ohjeclOs e dCS.~;LS tcorías pela camada jlos ... idcllIe da população l1lml sentid o e,tatut:lrio. que surge como (l mais vu lgar modo de di ...:-,crninaçào. em camadas l11:'1i" v;\<;!as da burguc .. ia e classe médiol de",c ... objcctos materiai.s que veiculam ,i rnbólica socinl. O conto de Eça de Queirol. CiI'ik,açiio "urgia como uma síntese representativa de todO'> cstes aspectos: aí '>e cncontr..l a tecnologIa num C."I;3gCro q ue

349


I/lOHINDO IA!iCO.\'CEJ.OS DII HOCIM

rala da :>.U~L mcipiellll! implantação: :L fase descendentl!. por salur..Lção de hLcinto. da fé no progre,so prometaico. ma, uma clara aceitação da nova limpeza e do t~LLllb ém novo horror:h doenças transmitidas invisivelmente. atr:Lvé:, d ... objeclos :H1t1sséplico ... 0.:. no imp:u.:tQ qllC cau:>.:t no narrador. a apmpriaçilo de todo \!SS\! conforto e modernismo técnico corno rcprescnt:Llivo de cJ:\.ssc. O IlIdustrial PorW ellse. d\! 18-15-46. correspond\!ndo ao ardor industrial do Cahral ismo. que pretendia a introdução do caminho de fl!rru. em véspcras da PalUleia. Lllostr:HlO:>. como :L socicd:Ldc civil. letrada. comercial. financeira e. evcnllJ;Llmente industrial. ,' i;L c transmiti;L a Rel'oll/{'iio hulll.\rrial: longos artigos sobre A Edllcllçtio Il/dl/s/,.i"l . ... obre as \ ;1Ilt:lgens - e des\ anlagen:>. - dos caminho:>. de ferro. além da publicidade ou propaganda elllu ... iástica de objectos llldu ... triail> a'·ulso:o.: A Ne lli ,\/(l COlllemporâ/lefl de POrlu,'Ial e 8,.a.l'i/. dos primei ros anus da década. já em plenu fOllti:o.mo. permite per:o.pecti "ar a c"olução. nomen· darnenh.: os números que rJ;UTam rninucios:uTlente n Expo'lição Industrial de 1861. no POrto - uma euforia qU\! f:Jla da agitaçào económica do Parla. rna~ ainda \!m tcrrllOS muito literários. ea~() das descrições de J. Pimelllcl E pllr si II/l/til'C:. onde O~ comentários <:obrc () v.llor do industrialismo são tão importantes como a~ dc:>.criçõe~ do!'o artigos iLldlL~triai, - e;j imensa quantidade de artigos não induslriai~ - exposto:>.. Importame ~ jo~ar com a~ rubrica~ do mesmo autor Pa/e.\lras C'iC'/llIficm. que renectem o iddrio da época: no, número, de 1863 rcss:th:t a im]lortãncia da de:>.crição da Expo<:iç:'io Indu:>.tri:ll Ingle,:1. cm Londres. de 1862. Saben<.lo da multiplicidade de informaçõc, de O )onltll d(l HorliCIIIIIl"" Pr(Íuirll. onde !'oe recolhem dadm ~obre háhitos. utcn ... ílio .... crença,>. doenças de pl:tl1la<, o.: anim:ti ... e ~eu ... tratamentos. mais próximos dn:o. cnJl\'içõc!'o tradicionai~ 00 que a litt.:r:Jtura médica. acompanhou-se urna época lundamo.:ntal deste jornal - o da criação d\! jardins Pllblico, - 1876-1877. se ndo que neste último ano se realiza nu Pa1:ício a E.\posiçiio Hortícula Intern'Lc!on:ll. 0" nÚnH.'rth dos pri1lleiro~ :tno:>. do )0,.,,0/ do A.l.P. d.10 o tom d;L ideologia do progre~'o do homem. mais do que () da produção. o que. vindo de urna LIl,tituiçiio corno esta ~ ha~tantc rc\clador; tfata-se da el-cola. da difu~ào da cducalf:'Lo de artífice, mais do que operários. do estudo comerci:11 e de línguas. do.: de:>.enho 2r.írico. reflexo de uma cid::II..k oficinal e com predomínio do comércio. Mas a leitura da~ liç[>cs e do programa de Bethãmio de Almeida elucida sobre o rigor e :\ c1o.:ntificid:Lde a que chegaram então alI:!Ulh do~ representantes dc~s:t :>.ociedade cLvil du 1'01'10. P:tr.t II nnal do s~cul(J utLli..:el referênci:J, de () M Ol1iwl' de Mmosinhos. de:>.dl..: I!'\H7. c uma publicid'.lde multo avançada efectuada peJa Chapelaria a Vapôl' Co,ta Braga. do Porto. através da sua publicação i\ Moda. 1882. que comparei com umras revista:>. de moda mab convcncion:\is. C0l110 fI,·f oda d·hoje. I R97. Para o :-.cgundo tipo de informaçõe~. que respeit:LLll à relação da vida pr:Í1 ica com a" teori~\, suhjacente~ (as represcntaçücs). utili..:ci o Dicciollá,.io Ul/it'('I',wl da Vida Pnílictl. Na Cidade e /lO Cml/1m, Odal'lCUlo ii Sociedade PuIlI.Lfl/e.\{/ por Teixeira IJ(lsl().~ (2 '-olumes. Pano. Magalh:ie~ e ~loni7.. 1889). Um número imcn<:o de enlrada,> não facuham apcna:. :1.' modas dI..: mobiliário. roupa. louça. e outros artigo:.. como facultam aI> leis \ igentes. as dispo~içõcs cam:tr:iri:L'>. as velha:. e novas crt! nr.;a ~ rnédica~. enfim () apetrechamento m:Herial e mental das v:iria ... c;lI11ad:I:o. O" :o.ociedade c do~ seus memore,. Outral> inforlll;lçúcS rceolhi-a~ de :ullincio, de jOl'llai s v:irios. e da literatura. (:;L"O de Eç:L. Cesário Verde. Camilo. António Nobre e nos conto,", de Fialho de Almeida. 350


A «IMI'RENSA INDUSTRIAL" DO LIDERALISMO À CRISE ECONÓMICA DE 1876 CONTRIB UTOS PARA U~ I ROTEIRO DA IMPR ENSA ECONÓM I CA PORTUENSE ~ I AR"

EL'-IR ,\ ROl)Rlló! .. '> CASTA:-:IIEIRA

IU""" ... ,J...J~ Lu"...Ja '''"h')

.. 0.\ CUllhe(:illlt'1II0,\ .filO /leee.f.lario.\, //fei,I, (' contribuem para o tlgrado e tI IlIxo d(l I'ida ( ... ). A.f artes //Id,,', lIfU!lfei('Olldw, "da ... Sciellólls. a.1 Ilte.\'I/U/:>' SciCIIÔ(lS (Icclarm/os ()do cal/a! da philrH'op/lia, eü o qlle fnrll/f/ () hOll/em ci."ili:n.ll/o e illf l rllido (. .. )>>. Auülimlor lili/fi ,Irl<l/

Arugu do,:

I'm-"',·" "'.

Ap"'.:~cnl:l\: "n 1\ ~

t. UI

1\ ' ~IO

I s22. p. 3.

I . A 1m p."cnsôJ J ndus ll"i:ll - veículo difusO!' de c lIl1hcciulcntos lítcis

O Liberali:'nlO nu século X IX fe7 aparccl.!r n Jornal cnqualllo «livro do PO\o» , A imprenS;J a prc ...cnla-... e di"crl>ificada e m vário,> ramo:'>. n.:::.pondcndu dc ...... a forma ii necessidade polít ica, cultur:tl c de divulgação tecnológica da ... ociedadc cIvil. A di\ulgação «d'aqucllc:'> conhecnllcmo:. ulc b , quo..: :Idmittindo serem tr:llado:'> ..cm a c .. pccinl id:ldc de principiu...... J.:io..:ntificos. c!';tão ao alcance de toda .. a . . intel ligenci:t-.»I. era um dtl:-. principai:'> objectivos dest;l il11prelh:t, que conjugav a o.., :In,o,;iu ... da Economia Política com a m:llril de um:l illlprt!n .. a instrutiva , popular c de b:u xo:-. Clls tn:-., Ao longo da ~egul1da metade do ... éculo X IX, accntuar· ... c·;í cada \'el. mai .. o papel da imprensa na valm-i/açãn do cidadão e na riípida modernização da c ultura portugue"it. Numa prirn..:ir:J aprt!ci açi1o <-!tremo .. que. globalmcll lt!. a tonalidade discu r. . i\ a do, artigo .. é variadol. ap<hlando e ... ta imprelNI indu"lrial. em primeiro lugar. na reprodução de artigo .. científico .. c tccnológicos Icv:mtado . . cm publicaçôes de rm:riw reconhecido, nomeadamente I"rancc ... a ... e inglo..:sas!, Uma segunda estratég ia de .. ta.., pub liçaçõcs to! rclac iOI1:1l" Oll inserir notíciai-> de C0l11J"aponlos nadonab. qu er referindo recursos c m mal'::ria~-pril11as, quer ÍlH.l icando linn:IS e e m p rcsa~ que produzem nu <,:10 capazes de produ7.ir os inslru· men l ()~ referido" 110Il1ead:II 11l.!l1te elll Lisboa e Pono, Expliçitam, ainda, ensaios nacionais no âmbito das siHt açõe, descrita:... avalia ndu \) seu ~xito ou fracasso. O recurso ii an;í li.,e, e cxpo..= riênçia., de pro fessores univer~ilários .. obre m:lh.:riai . . e processos apresentado:., bem como a public:lç:lu do .. prl.!ço .. praticados no local de fahrico dos aparelhos ou l11e.,I11O ;1 indicação da., m:lIérias-primas c l i fal.!u[tar dc amostra~, são 19u;llmelltc estrmégia ... frcCjut!ntcrne1l1c utilizada:-. pelo . . redactores e/ou edi tores, para re ... pondcr ;1' c'I; igl:nt:ia .. de ... novas técnicas» por parte do . . «homen.. da indústrÍ;I», Este uni"er.-;o de periód icos indll'Miai . . de oitocelll\JS car:lctcrizava-sC alllda

pelo

r~cur:-,o

a gra"ura:s 3 c pelas indicações para uso doméstico. vulgarmente

intit uladas "Conheci ll1cnlOi-> LÍ tt!IS) ou «Receita.; pari! Uso Doméstico», 351


MARIA r:/.\lIIM /WDfUGUr:S (iISTANW;;JRA

"---

o prcsentc .migo rC'iulta das dificuldades com que nos dep~lramos ao trabalhar a «im prclls:1 industrial>, e o pubJicbl1lo tec nológicu. nomeadamcnte a escassez de rotciros telnáticQs c a atlsêl1l.:ia de itinerários de cOnlcúdo ao nível da imprensa económic:l. ])ocumCntaçã0 prodigiosa e perigosa. «cspdlw de milhares de facetas onde a \ ida :lparccc singul;trmenlc confusa,). C0l110 refere Il cnri 13L:rr~. as publicaçõe" periódicas :tssumclll um:t cada vez maior import~nda como fonle de informação. Conscientes desl;1 imponúncia. e não ohstan le ;\ indtÍ"-tria. ao longo do século XIX . .'~e apre~enwr como uma lloçflo compósita c multiforme. adoptamos () critério de considerar para o período Cril aná lise Ioda., ;1'.. publicações periódicas que. no titulo ou suhtftulo. incluíssem o v()c5huln indústria. ou designação de indústri;l. o que possibilitou. num:"! primeira e tapa. a organização da seguin te tipologia classiiic;lIiv;l: - Itl\"enl;irin das Publicaçüe .... Periódicas p\l!lugl1eS;L" que, entre 1820 c 1876. ostentalll no seu titulo a palavra «industria » (mencionando tílUlo . .... ublílulo. perioclicidade. número de p;íginas. inícin e 11m de publicação. preço. redacçilo e adminiqraçflo. cidadc. f\1I"ma! o ~ . e cota do local e/ou IOC,lis em que crcclUamos a consulta) (Quadro I). 2 - Invent;iri o das Pu blicaçoc:; Periódicas de Li.l"hon com Illuústria ou designação de l !1dlÍ~tria no subtítulo durante o período cronológico em estudo (Quadro II) .

3 - In ventário das Publi cações Periódi cas do PorlO com Indústria ou designação de Indústria no sl1htítulo durwlle cm estudo (Quadro III ).

(l

período cronol6gico

4 - ln ventârio das Puhlicações Periódicas das rC.\/(lIl! es localidade.\" com Indú:;tr;a ou designaçflo de Indústri;l no ~lIb t ítulo (1820-1876) (Quadro IV ).

E~t c leVanLalllenln. tão exaustiv\}o quanto possível (de acordo com a.S coleeçõe:; c;.:.i ... tcTltes. muita:; VC7CS lamentavelmente truncadas). cons titui a primeira e lapa de um levantamento, conscicmes que C:;l;Lmmi da cxisti::ncia de algum_ jornai ... di:"irios e semanais. que. n5.o obstan te não ostetl!arCIll o voc:.'ibulo indústria 110 seu líllllo ou subtítulo. ~lhordatl1 tCll1úlit.::I ... ligad3~ ü indúSlria e às questõc~ industriais. C0l110 acontece. por exemplo. COI11 o periódico A América e a Ne l'o{uçiio de S('feJII/)ro. (:ntl"c uutms. Nflo obslanli:: a subjectividack incrente a qualquer tipologia clas:;iiicativa. esta permitiu-nos aláir do peso e import~ncia da «imprensa industrial» ponucn ..c no contexto da «imprensa induslri,lb> nacional , o que no:- levaria à 2. a etapa do presente trabalho - elahorar um roteiro de con· teúdos que cobris~e nflo só as :.'irea" ue «divu lgação» de c()nheeimentos. C0l110 também e .... obrewdo. o~ princi pais lemas tratados.

A ... ~i1ll. surge neSI~\ primeira fase de um roteiro que. pretendemos al:trgar cronológica c geogral"icameme. um tr:.II:llllento individU:lli7.ado ao nível dos conIClÍdo~ de O IlIdllstrio{ P()/"I(/ (!II.~(' e )01"/1(11 da A~·.\"Ociarli() IlIdll\"lrio{ Porl/.lClIse,

352


A HIMPRENSA INDUSTHML» 00 1,I/JI~RALlSMO Â CHIS/, /,CONÓMICA Df.' 1876

os únicos periódicos. disponíveis para cOllsult;J.6. publicados no Porto que ostcntam no seu título:t pal~lvm indústria, no e..,paço de tempo que medeia c:ntre a instauração do Liberalismo e a cri~e económicn de 1876. 2. Publi ca ções periód icas portuen ses com Indú s u ' ül nu I ndús ll' ia no títu lo

d es i g n aç~o

de

Corno se vcri fica pela análi..,c do Quadro I. eSlas publicações circunscrevem-se tis duas principais çidadcs do país - Li."bo;'1 e Parlo, onde a opinii'io pública desempenha um papel fundamental. dada a proximidnde dos acolllt.!cirnentos políticos. sociais c cu ]tlmlis. Dos onze títulos apresentados. oi to são publicados em Lisboa. publi cando-se no PortO apenas O IlIdustrial Porl/lellse. o }omal da /\x.\·ociarilo IlIdu ~·tria! Portuense e O IlIdustrial do Por/(). 2.1. O I"dustria!

PorltU!II .~e

«/\forl//a de fJeriodicn. que adoptamo.\'. parece-nos li //Iais VlIl1pnrqlle .wfJl're 11111 dicciollario. telldo 11111 íl/dice alplU/belico. e fomece ao industria! as I/OÇfjeS. de qlte IIIlútas \'e.;:es elle precisa sobre olltros ralllo.\" d'illdusrrill. relacionados en/II () qlle elle p rofessa: 110 que e superior ao.~ 1II(lIIl1aeS (... ). Alélll disso O Industrial POl1uense é 1/111 brado qlle IIOS /{mrallws por t!.\-'Wl I'(li:.: a ji'll'or da industria nacio/1a! (. .. )>>. tajo.w.

o 11II/"''lri"ll'nrwe,ue. 1\"iJõ,o de Aprc~cnl:lçâo n." O I. -' I de "-'arço de 1845.

r>. 01.

Na décnda de 40 do século XIX. ri cidade do POrlO assiste ao aparecimetllO de uma imprensa de carácter publicista. respondendo às necessidades de camadas específicas da popul ação c promo\'endo o descnvolvimelllo económico. al ravés da divulgação de novas formas e processos de rabrico. de maneira directa. objecliva e acessível. De racto. cm 31 de Março de 1845_ sai o primei ro número de O /lIdus/ria! Por/uensc. periódico mensal com 32 pá ginas e de pequeno formmo. o que o tornava faciI melllC disponível e manuseável. Apesar de pretender contribuir para «ref:enerar a indústria». a verdade é que este periódico. como acontece C0111 a ge nernlidade das publicações nesta época. tem lima vida efémera: ;Ipcnas se publicam doze números, de 3 1 de Março de ! R45 a 28 de Fevcreiro de 1846. Para a sua cu fia du ração. muito contribuiu n conturbada vivência política. Na verdade. se em Abril de 1845. o descomenlamen lO f:cral investia contra as novas leis fiscais - o <<im posto de repartição». que IOrnava clara a intromissão do capital cS lrangeiro Ctll Portugal - um ano depois. cm Março de 1846. desencadeia-se:t chamada «Maria da Fonte». no Minho. Em 1847. o pais vive li sua maior guerra civil. a <dl;lIulei a». na qual a cidadc do Porto Icve um papel muitO significativo como redu to do Setcmbrismo. Como aconteci;) eom as difcrcnlc.~ publicaçôes da época . a noção de indú Sl ri :1 cOlllinua il apnrecer indefinida. pelo que. :!pesar de inicia[ll1clllc se

apresentar como um grupo de interesses económicos. os redactores c colaboradores de O Industrial Portuellse, respondendo a solici taçõcs dos seus subscri tores,

"

353


MARIA ELVIRA RODRIGUES CASTANHt:lRA

abordam ternas diversos. de que a agricultum. o publicismo rural. a descrição de segredos inerentes às artes e ofícios mednicos são exemplo. Sob o ponto de vista formal. apresen tava-se dividido em duas partes dis~ tint;\s. respeclivameme Chymicll lII'plicada ás lIrfes. ii asricllfrurll e economia domestica e Physica " meclwllico illdll,\'/riol's /J COII,\'/rucçO/JIIS. Cada número com um total de 32 [J:Jginas. correspondia a um fascículo. com a sua nurnemção 0 .~cqllencial c a publicação de um fndice tern:Jtico conju llt;Jll1ellte com o 12. número. permitindo a sua e ncade rnação.

Os lemas dhilllglldns PeL1 repetição das abordagens e pelo elogio que lhes é feito. podernos identificar trê~ grandes temas. a saber: a galvanoplastia. a química orgiinica e química inorgânica aplicada a sectores tradicionais. C0l110 :l tinturaria. a Illelalurgb. a agricultura e :1 construção civil. A divulgação dc conhecilllelllos centril-se neste periódico (Quadro V) cm cinco grandes lemas: I - Produção industrial e ll1aquini!;l11os. 2 - Utensílios e

proce~sos

de interesse ptíblico e domestico.

:I - Processos produtivos pam pequenns e médias oficinas.

-t - Processos ligados à agricultura e pecuária. 5 - Indicações par:l U!;O doméstico. Este jornal dc~c mpenha um imponanle papel no contexto portuense pelo seu carácter de pionei ri smo a favor de uma transforrnaç;io técnica e mental, apelando à formaçfio como vertente fundamental para o desenvolvimemo c apl icação de novos conhecimentos nos diferentes seclOres. contribuindo através dos temas apresenlado~ para a «regeneração industrial». Neste eontexLO. comp reende-se a inserção de uma série de arligo~ sobre « Educação Industrial». em que tfiltlSCreVe e come nta urna Memória de Co nst~lllt Pionn ier sobre «O espirito industrial em França e cm InglateITi.l». C0l110 illena para:l arritmia verificada ncste domínio entre a evolução portuguesa oitocent ista e n evolução rral1ce~a e inglesa. Os artigos de educação industrial surgem ii par com outros. igualmente c uidados. onde se disti ngue técnic;\ tradicional de ciência aplicada ;1 técnica o u tecnologia. Assim se entendem os ~lrIigos de introdução a conhecimentos teóricos. forma de ultrapassilr dcficiênci;\s em determinadas iircas. artigos que os redactores considcmm generalizações . mas que. pela sua minúcia. podcmos considcrar verdadeiras aulas de físic a: da 11lr.!sma forma, se r.!ntendc a série de artigos que se prolongn11l em todo~ os número!;. descrcvcndo a!; máquinas s implcs e que respondem a problemas do momento. como é o caso de questões inereTHCS à construção de cstr:ld;J~ c ca rninh os-de-1"erro. Em suma. é clara a in tenção da via tccnológica. esclarecida e reforçad:l. praticamente em todos os artigos que tratam de processos. mecanismos. instrumentos de interesse para as «artes indu~tria i s» . ou pafa o domínio público mais indiferenciado. Estes artigos são sempre descrições cientítica!; c técn icas. apoiadas

35-J.


ti ~ JMI'RENSA JNJJU~THJIIL ~ DO URERAUSMO

à CRfSr: IXONÓMfCA DE 187f1

cm esquemas minuciosamenle explicados. por forma a permitir :1 sua aplicação e rápida di fusão. A organização form a l e de conteúdo deste pe riôdico. reflecte a formação. traquejo. conheci mento e actuação política dos seus principais rcdnctores colaboradore~. Nomes como Jo~é de Parada e Silv.t Leitão. José Viclorino J).uniisio. Dr. Roque Fernandes Tomá.... entre OUlroS. são bem elucidativos do que acabamos de afirmaI". Liberais convictos. pe rsonalidades actuantes nos momemos mai s decisivos da "ida portuguesa. conhecedores da realidade económica nacional c sulicientementc viajados para conhecerem as melhores publicações estmngei ras, sobretudo francesas c inglesas. das quais extractam a maior parle dos artigos apresentados. Por outro lado. o público-alvo privilegiado é. sem dúvida. o dos pequenos e médios produtores. como se depreende do roteiro dc conteúdos apreselllado (Quad ro VI) e du anál ise feita em relação às principais áreas de divulgação de con hecimentos. À interrupção da publicação desle jornal sem aviso prévio. numa altura cm que se apresentava renovado com o aparecimento de uma nova rubrica no último mímero publicado - B oletim Litrerarin. 'l1dll.\·/ria! e Scienrijico . debaixo de cujo Iftulo. se prelendia «( ... ) publicar uma breve noticia das de:.cobertas . Illelhoramento:. e progressos naS artes. e na~ letras. q ue successivamente fo rem ocorrendo nas nações mais cultas da Europa ( .. .) trabalho. Iflo ulil como curioso (e que saibamos) ainda não executado por algum OUlro periodico nacional ( ... )1 não scrii alheia, por certo. a inslabilidade causada pelos acontecimentos polílicos da época. bem como a ausência no estrangeiro. a parlir de dete rminada altura. de alguns do~ :;eus mais importa11les redactoTe~-colaboradores. como aconlece COI11 José Viclorino Damásio.

e

2.2. O j orlla{ da Associação IlIdll slrial Porlll ell.\'e "' ... É illljlleSTiml(l ve/ que (I.\·silll COIIIO () j()1"/1(IIi.\·//w conco rre assa:. para cul/llra (! cil'ilisação dos povos. lIssim li impl"<~lIsa scienrijieo-anisrica é () pila rol que guia () ar/is{(I (' o ind/lstrial. é f) prillcipal es/ill/ulo depois do in/ereHe !,(Icl/lliado. fr/lCIO do ~'e /l

/ralm{II0. E.\·uí. poi.\·. fóra de dtll'ida q/le 1111/ jomal especial é 1/11/(/ nece.l"sidtule para o artiSTa; é o seu pâo in/elfec/lIal. uio II/iI e luxessado eDil/O O corporal .. . ». )017",1

"li

A<." ... ·"'rtio fm!u.rlri,,'I'nl1l1ell.w!.

Tomo V III .oOI. 01 de M;liode 1856. p. UI.

Estamos peran te urna publicação de 16 piiginas. de formato reduzido e m relaç:l0 aos jornais quotidianos. o que o lomava l:1.ci lmenle manuseável. a duas co lunas. com o texto cm corpo seis. vendendo-se exclusivamcnte por assinatura . ao preço de 1.200 réis por ano. 720 réis por semestre e 400 réis por Lrimestre. pagos adiantados. Ao longo dos diferentes anos e m q ue se publica. não enconIramos qualquer referência explícita i"t sua tir:lgem . Publicação quinzenal. sai a lume regularmente (com :Jlrasos nas épocas de maior trabalho aSSOciativo. corno acontece. por exemplo aquando da organização

e abertura da exposição permanente cm 1856 e exposição de 1857). entre 1852 e 185 9 (a partir deste .mo sofre interrupções): mas vai-se publicando até 1864. 355


MARfII/:."LVIRA R()ORIGUI:.S CASTANHEIRA

-----------------

Numa primeira fase da sua exislência. a gerência e o cxpedicme do jornal estavam a cargo da direcç:1o. enquamo que a redacção estava confiada a UIlHl comissão especial. e~colhida entre os membro!-. da comissão tecnológica. Para a produçi'io do jornal. desempenhanlltl t:.lmbém import:lt1 te papel a rede de sócios correspondentes (no pars c no estrangeiro). através do envio de nOllcias. artigos c bibliografia. E~ta publicação ostenta urna dupla vertente: I - Vertente informativa - infonnaçàes sobre os :lctO:. e actividades da Asso·

ciaç:1o Indu strial Portuense . bem como notícias govern amentais, con· sidcradils de interesse para li «indtístria» .

2 - Vertente formativa (parte irlslmcr;m) - desde o início da sua publi. cação. é 110tôrio o esforço efectuado no sentido dc acompanhar a tradição de publicismo científico c tecnológico. que !!IC vinha desen· volvendo cm Portugal, e que se tornara Ullla importante característica de algumas publicações. contribu índo para uma rápida e profíc ua difusão de conhecimento-.. úteis. como forma de uhr..lpa~!!Iar o :ltr:lSO português em algun!-. domínio:.. A !-.u" estnllum organizativa. bem como a própria aprescntação dos assumos associati\'o~.

remetem para publicações antcriore:.. com especial incidência para os Alllw('s da Sociedllt/t' Prol/lOlOra da I"d/l.ttr;a Nacional. obra que marca entre nós os primórdios da imprensa assodati"" e do próprio publicislllo de características tecnológicas. Com efeito. este periódico associativo constillli ullla ohril de referencia c conMt lt:l para os organizadores do .fonlal da Associaçdo Il1dlM"lrial Portuellse. sendo os se lL ~ volumes das primeiras obra:. a integmrelll a bib lioteca da associaçi'in. contendo algumas notas ti margem nos artigos mais con:.ultado:.. Verifica·:.c também uma sign ifi caliva continuidade de alguns elementos que illlcg r:ull o co rpo redactorial de O IlIdllSlr illl POr(lfens<' c post\!riormente desempenham importante:. :.erv iços em favor da associação. nomeadamente ao nfvel da equipa redactorial do jornal. Tal é o caso de José Victorino Damásio e José de Parada e Sil"a Leitão. p"ra cit:lrlllOS apenas os nomes ll1ai!-. influentes. A anãli:.e do Jornal da AIP. na sua vertente instrutiva, permitiu·nos dis· tinguir genericamente p:lr..! o perfodo em que este se publica ( 1852-1864) quatro grandes linha:. de inte rvenção, a :.abcr: a divulgaçJo tecnológ ica da «g rande indústria»: a preocupuç;,;o de aClUaliz:.lção das pequenas c médias oficinils: a telll!Ítica :.oc ial (centrada em torno da instruçào c protecção do:. interesses das classes laborio~as): os interesse~ agro-pecuários e 11 <; I:K:SCils. I - Divu l;';:lção tecnológica da «grande indúSlria»

Predomina ii divulgação da teoria e prátic;l (]<t quím ica. Neste contexto. de!'<elllpcnhalll um p"pel import~lIl1e a experiência de Scba:.tião BeHamio de Almeida (sócio da institu içâo) e o conhecimento de peritos da comissflO enviada :1 Exposição Universal de P3ris de 1855. A prová· lo cstão os vinte e três artigos sobre Química e sua aplicação às ilrtc~. de acordo com a experiência adquirida na Exposição Universal de Pari s. publicados entre 1855 c 1857. Neste grupo. que 356


ti " IMPRENSA INDU~TI<IM_,. I)O LllJERAUSMO Ã eR/SI:: I:;CONÚMICtI I)E I S76

apelidamos genericamente de d ivulgação tecnológica da «grande indústria», enquadram-se também artigos sobre galv::moplastia. clêctrolise de metais. sabões, soda caústica. sodas industriais. tinturaria. produção de máquiMs e equipamentos, e mineralogia e geologia, Apresentam-se também. div id idos por vários artigos. estudos das minas portuguesas e recolhem-se amostras enviadas por associados. publicitando a sua mostra na casa da associação. 2 - A preocupação com a petlucn3 produção

Os redactores deste periódico revelam. ao longo dos diferentes anos em que o mesmo se publica. um profundo conhccimento da produção portuense. sendo realistas com o scu público - sector olicinal e o trabalho ao domicOio - muitos deles s{lcios da A IP. represen tantes desse sector predominante, Indieaçõel'< sobre o fabrico do linho. fabrico de colas e grés cerâmico. trat:UTIento de móveis. Irabalhos litográlicos de v:'irios ti pos. nOllleadamellle zincogravura. fogo de artifício, fab rico de tinta indelével, metalização de fios e tecidos, são alguns dos easos estudados que apOntam para a pequcna produção e uma fatia mínima do mercado. Ve ri fica-se também a divulgação de pequenos equipumentos. acompanhados de instruções para a sua cons trução. A rubrica A1i.çcellww{) IlIdll ~'trial. subintitulada Noticiaria. passa a integrar a generalidade das notícias rel acionadas com aquilo que nós denominamos de preocupação com a pequena produção,

°

3 - A lemática social

As preocupações sociais manifestadas através dos artigos publicados no Jornal da A IP podem dividir-se em dois grupos: 3.1 - A IlI struçõo

Este grupo abarca a cducaç:l0 popular. a instrução pública. o ensi no profissional. o ensino indust rial. a análise dos institutos industriais de criação governamental e. natura lmente. uma publicitação minuciosa sobre a escola da A IP. bem como artigos vários cm deresa do método de leitura e escrita repentina de António Feli ciano de Castilho e descrição do curso rápido de contar de Antonio Luiz Soaresll .

3.2 - A prorecçiío dos ;lItercsscs das c1a.\'s e.\· laboriosas Esta preocupação é notória especialmente nos dois primeiros volumes. mravés da divulgação dos cuidados a ter nas f;íbricas. estudos sobre habitabilidade. cuidados pré-natais. educação infantil e de saúde em geral. cuidados a ter na manipulação do cobre e outros metais, Este vector tende a desaparecer no final dos anos 50. ;l[tllra em que se avizinha a preparação da Exposição da Bois:.} (a verteme instrutiv;l dim in uiu a favor da vertente informati va. que passa H inLegrar os diferentes assuntos relacionados com a preparação da Exposiç:1o), mas tumbém na altura e m que as necessidades dos operários c dos pequenos produtores estariam sa lvaguardadas <Itrav6 da recentemente criada Caixa de C rédito e Socorros Mútuos.

357


MAHM I:.LVIRA ROORICUES CASTANHt:.fRA

------

4 - O espaço I'cscrv:tdo ao sect or prim:írio

É um largo sector. que se afi rma através de várias rubricas. que susc ita trocas de impressões entre os vário:. sócios. ;lssitlHllles e que surge tratado com grande entusiasmo pela d irecção. TralUm-sc problema.:; ligados à agro-pecuária. doenças dos. animais e das pl antas - conselhos pr:'íticos ao:. agricultores com um;l decidida tentativa de aCLUaliZilÇão da produçào agro-pecuária. chamando à atenção para a ... drenagens com o eSllIdo mineralógico e geológico do solo. sobre ex posiçõcs agrícolas. sobre ii importância das forragens. da~ drenagens, d a reconve r:.ào pa ra o açúcar, o tab;lCo. a beterraba, as plantas tintureiras. Nos úllimo .. anos em que o jornal se publica. diminuem os artigos sobre este sector. mas fica demonstrado que a grande preocupação é a produçfio vinhmeira e doenças da vinha. reflectindo a evolução das novas direcções que rejeitaram a herança putulei:1 da ... primeiras direcções fu ndadora ..9 .

A org:mização temática da ... pubUcações periódicas com indústria ou designa ção de indústria no título, das quais no presente artigo destacamos as publicadas no POrto. revelou-nos um publicismo jornalístico de características autodidactas. como forma de supri r as carê ncias instrutivas de determinadas camadas da população. O mimetismo é frequente. numa altu r;l cm que se procurava a todo O cu:-.tO obter o acompa nh amento de Portugal cm relação ao estrangeiro em termos de progresso material. Assim se compreende ti necessidade de co lmatar ii." carências cxi:-'Icntes. de lima fo rma que se pretendia rápid;J. barata e minirn;Jmente eficaz. A democra tização do sabe r é uma das preocup;Jções da generalid ade deste .. periódicos, em que O rigor na selecção e apresentação dos diferentes temas os distingue dos Almanaques que ao tempo se publicavam. Com o triunfo do Liberalismo em Portuga l. a Economia Política afinlla-sc cntl\: nó ... Jean-Baptiste Say é um autor referenciado e lido em Ponugal desde a implantação do Libera lismo até aos anos 60170. Todos aqueles que vêem no desenvolv imento da in(]üstri" e na criação de nova.:; utilidades o cami nho li tril har para o prog resso económico e m"teria l do país têm neste au tor um significa1ivo ponto de referência ln. Desenvolvimen to cien tífico. propagação de novo.. conhecimentos c progresso da instrução. eis a trilogia considerada por Say C0l110 fundame nt al, par;J 4uc a indústriil se apresente C0l110 uma actividade criativa e potenciadora de novas util idades. O empres:írio desempenha um papel decisivo em todo este contexto, actuando como mediador enlre o desenvolvimento científico impresci ndível ao seu industrialismo e o público. comprildor dos prodU10S. ;ldaptando e aplicando esses conhec imento... à .. necessidades do homem. Ser:í a partir da Revolução de 1820. I1l<lS. e sobretudo. no contexto da Regencraçiio. ultrap:lssilda .. as sequelas da impl antação do Libemlismo. que o :lparecimento de uma imprensa induslrial. enquanto veícul o difusor de novos con hecimento .. e cio de ligação entre a ciência e o púhlico em geral. renectc e ,Jf"irm:l a inevit:ível co nsciência do progresso. 358


QUADRO 1 _ r UIlLl CAçÕES I'ER IÓ nl CAS CO;\ I/N lJÚSTIlIA OU DES IGNAÇÃO OE I N D ÚSTRIA NO liT UI"O ( 1820- IR7(j) ríTlI.O A:-.'~r\f:.s

,\UXrUAOOR (01 IXDUSTRIAL /'ORTUGUEZ

5\ HÍ1'U.O

111 SI>r,r.l.uk PrOmiMnrl da In.l,i"m NlIClOII;ll

I'I:WIOll1fIllIOE M ~"1oo11

.xm>M .......

ouAch'l()d;>< I'ro!rO)<Q\I""u\l1l.1C\

r~lfio::.lodlJ

-

.\ /tn'>ll

.,.

r.\r;,

" 8

BOI. ETl~1

D:I, CAIXA DJ;(RFJ)TTO IXDlJSTRIAL

GAZETA 00

-

GRt~\IIO I~DUSTRIAI

IND\JSTRIA N,' ( IO~AL

SUl'Jl lrll1oenl() l (i,W1Ill<I ;.i~ncl'

8

Tom..-n'>ol/

,

Srlllõn.11

,

Jmiil rrolllCO ilI: ScICIl(Il<. IN DLSTRIA OOR 101

An~

MrdLUl'=

Nio,ndlô:l

c Alncullllr.l I1' DUSTRJ o\!.(OI

CIVI US:\I)()R l ~m ISTR1,\1

(01 nOI'ORTO

w

~

~

INDUSTRIA L{OI /'ORTUESSE

Jonul do Agril:uli ulJ. lnd.,mJ. r"unolllil P"lrliCJ c ~"lcd l.1n,.'\

~:.omJ",l

Ptno'.l,ro ~ lrns;11

Mrn1oo11

"

l~íCIO

rlHU C.

,ll lt(J 18~~

FlII Pl lmlc.

PREÇO .H II_~ O

\I)\II~ I.\TR.\ç.io

Rf.rnCçÁor.

m.1

i'illir.h'J

-

HfJiro~s,i \ [I

I

CIIHO!.

IJ'/>o.l

,1m'''')

22.h: IS

COr,\ IlPMP l'Am

>

:;•

~

> ,'1

R.· I~

1~9

""

Ju nllo

IS Julho 1877

1S69

16MJIII 1\68

~7

2.\ MllO

!9I>LlO 1861

,,6> 1,'Vo! I&JWI850

Junho

ISM

l·VoL I~~ISSI

\.>0

,""IC,

Nio indlCJ

:0",

~lD

ind,rl

Nlo''''''''J

-

'I:lo

'''''''1

\Joir.di~a

Ru.1 ,~~ TbJ,\()'JIU

Vrl/llln ' 6

IHolnd,...

U.""

n.hlS

Lili""

12.5 K15

LI..hol

N.;",n.I!,'J

N:.o,nd,~

l.hoo.l

"'''''

"

18))

-

l\'jo ,nJ"a

Nio H,dicJ

\ :.0 InJ"J

1.,,00.1

-

1m

IS7J

-

-

-

roo,

JI MlrçO

lHe>

I~l

I~'

Não indICI

1'1.10 ind,rl

Nio,n..!Kl

"

FOR\I,ITO

"""

31 '122

J l:< .12

~~j

x IS

1'),5 X

t~J

.10:<20

BI'\I P P·A1.H6( 11

S:-i

JJS9r1B

RN / 1581311 /.:l8'JnR

"'

J 49311~~1

IIPM P IX-J.83

~

§

~

'"

~ ~

~ ~

~

S < c

>

~

>.

R c

S2·1·135

}

-

c ,~

npM P

~

BI'M P

1'·11·1190 (C",I/imm)

ª


MAUIA I:.'LVIRA RODRIGUES CASTANHt:IH.A

"'

], .

:160


QUADRO II - I' URU C,\ ÇÕ ES I'EIUÓDl CAS DE LIS AOA COl\I/N f) ÚS THIA OU DES IG N;\ Ç,\ O DE I N{) US THIA NO S UllTiTULO (lH20· 1876l rinLO

$1 nhl l.o

fllnUOTHEC,\ IA)

Arcl •• \oJ Ailm,n'llrJII<",

lUSIT,\~A

,\glicoll~ lo~u\lml

PI"RIOOl(IIlIIII:

n""'"<o.:I1

,. I' Ir..

l\iclO rl'IIIJr.

rI \1 RH I.IC.

01 homo 1m

16,\1-0111 \m

ruço \\"IISO

Rr.IHcç.ÁOr. \11\lI'iISTllAçio

RI:SI'O'"'i I\TI.

,lO ri

RIU d()i (.ll/'ICI.lj ·1'

/'J.ift 10111••

I"OR~ l\TO

Itmeml

ln ~ ~o

rOT,\ OPMP 1'1l1l41SI

CALOIRO 10)

Stm.1oJI- SibJJo

,

OS StI. 186J

I P .\lootmoo

-

A"in.tur. C.I,alia de S FrJne' I<I>,!

S~~urJlln:

H.I~30

\V. Allen.

1111' l.>ll~1

()I, IISBOA

Folhl ~krc>n\ll. EcooonllCJ, I.llIm.rll f NilIKlou

J~u'lnll.

D,jrHl.l e~cep;ão de 1.' r"ra

:I(l

Cnmn~n:io.

AgnwlllLr.l • l nJu>lri~ F.>OOI

lom.lde !nd...,niJ, E!'OCA IAI

Sciel1(i~s,lil1erolur.l

. 8elllS·AIl'l

Q? A!,..II 18~)

.1 1 [}e~ 1863'

,",

Rll JiloCorpo S,nl~.

Re<I.>cIOT Plln"p:.1

B· 2'

EJumkl Tal . 1',

~ ~

o

,,

~

)7xJl

BPMP XIII·I·]6

o

," ~

~

[)",,~,le~~p.;ào

ik l.' r.in

S.111l~JI

I'lGindieaJ L3

, 16

GAZHA D,\S f:AIlRIC,\S

Pm/)(ha ~kn~ lU A,'>IlI:lôlÇOo PmmororJ d3 10011\1113 r.hril

~kn,"1

,"

JORNJ\l DOS ECONO~!l STAS

011 R'\I\ll dJ Imlul!nJ I':l::ioo:.ll

Mcn<.ll

~

Julho 186!

I}I

...

luoll{)

,

1.10ul 186~

1lP~II'

4Qr\

Ru. IIr! rcneglJl de Bma n016

Nln,nd"J

4h.ll

iO r<

Ruo <101 Fl"'l""iros n" 82

I'ào iOOita

~s ~

lO

8PMP Plllil m

,\"m;lImõ]

-

Nlc InJI\:~

lh 17

J 1101

300.

RUI <lo MOIOi)(ld<' VelllO n° S9

Pulj"tarpo I.mu

lOx IJj

p·,vm

XIII·I ·61

t

~

,iS. ,,

º ~

luloo 1&49

JJnt"~

A~'fl>IO

'~l

10M

Seltmhro 1855

"'18S5 """"'

DP).IP

w

~

~

~

~1dt:II,e>Jo

COR REJO MERCANTIL

,

~

;j

F A, d' A1mcidJ.

CO~!.\I ERC[O

E:

~

RedXwt\ l'olhJCommcrml. In.lu\lnll. Lin:ran) t Nccidos~

,,

(Comi",,,,j

i ª"" " ~


rc,"""'''lIf"IIt'J

~

~

.0

TIntO

sunnu.o

PrIIIOI IIClII,\III:

JORNAL MI!RCMflll.

I'ropried.klt dJ Coml':mh <. Pon. I'mmO!Qll do (ommel.,o. Indu'lrI~ c A!ocu\wr,

1),.1,io

lIRERDAt>EtAl

.kl!rull'ohIICo. llIdu!.lri;al. A!rK"ob c CommrrClJI

nctplu~ndo

ArlÍSOOl.lnduslrul. 1"OIocio5o. 1.lIICrm.lt Rt.,r""·o

OPERARIO (O,

I~Ju\lrlll,

IsIClo PLBUC.

ruuc.

01 JJrI<:,m

251'10\

I&S8

18W

,

16 1unllo

MNo,

St-1IUlUI (S3tWD1

8

06,o.1m1 1861

01 XI

Srl!un)IISjbJJ~)

,

16 StJ

H Junbo

Di~1IO

2' ftlra

1.11!C~IJ" NIIIICIII'J

1'01111(0, lIu~F.IIlo, rEQUEXINO (O)

ki~n(,rK'O.

ATI,Cliro. Comc:/(ul. IrKlu~nóll e Noti:i050

fl ~1

"

1'0111.1 Comrro.:T,I,I, I',\IZ!O)

)<I.'

r\G.

0,;1110

,

"" 186~

ru ço .\\"1 1-'.0

1I.nI.\çÇ~O I: ,\Il \ I' SISTlllç.\O

H$ ffi)oS.i \ r.1.

50 rl

RUJooOumn ' 7

NJo IIKh'J

''''

,"",.1

59x~O

RrdxlO/ " R'~pon,j\ ri

~.· 16 - 1.·

l.x",.o Au!WO de' rll'i~OI!l',ira

lO.

t<I'o,m"":l

Edllilf Rt\pCIIIsJ,d J. M <bS,h"l t AIb>qUC:lqkIC

MIm

Cll\,joJJ de S Flanm,o, ~

I'I0l'nmrm c Rcdl(l(X

00"

1111.1 do NOfIe.l~5

N:io II~JI('~

"" "'"

""

R..a do Frmg;,1de B,"o

rolt) I,\TO

r'~'AlnX'KII

J7.H

COH

!l1'MP

XII·3· IS

SPMP

Xm·'-27

13 .. IS

JJ1K118P

41iJc JI

Jm

J H1fJ ON

(lI Srl

lSiJ )./ '

1813

27lClI

UN JJ21V'J

I'rnj.

Ou«lore< l.1Io:11DO

RIX ISTAOE !'ORTlJCiAl I: RRAZJl.

REVISTA

I'OPUI.AR

Sciellti~,

Ane ...

11IIl~,1IU f COIII!.rr~1D

S(m~n~1IO !k 1.,'lrl1llU Jl r In!lu<!!!.1

\1t" ....1

Sl:mJnl! S,lIudo\

"

"'"~. IIB

Sc~nilm

ISH

NOÍO'I • •~

R... do Ouro. JJ8

Cor-J.:.fOe RNn~

!SK 18

12m

Affnn<o r,'qlliIo 1)1 M••.;o

1848

[)o/en"ro

1m

Nlo ,",1'0

-

BN 115918 J96HD

25_8

flrMr

rlflrlO6O

~ ~

:-:: ~

~

~

~

Q

~ >

~

'" ~


QUADRO III - PUnUCAçÕES I' ERIÓOI C,\ S 00 PORTO C OI\IIND ÚSTRItt OU OESIGN,\ ÇÃO DE INDÚSTRIA NO s unTiTUI .O ( 1820· 1876) rin .l.O

A~1tGOIOI

DO ['OVO

Jomal r,lII1OCO. Llllmrill. COllln~r~i,l, Indu>lnal e AgncolJ

Pt: MIOO ICIUI UI: ni.irin -l<~CCP\'.m

de nooun~Q

ARCJIII'O COm!ERCI,\L

Ptriodlro dr Comn!(R:lo. Indumia e Nanci:"

In..cll\JnJI 2.'/J'I6'

CQ.\IMERCIO PORTlJGUEZ

Folhl Comm:rcial. Indum;at e A~rirol3

-

DI,IRIO

POllItOO. Linu:mo Indu>lri,1 r Agncoll

~IERC,\:''TI1.

ECCOARnSTlCO

EMANCIP,\Ç,\O (i\)

Ft>lhJ Indullnll d~dk3w ~,Cla''''' OpcrJlll\ follu

Inrlu~lfiJI

MUSF.U PORTUENSE COi

IOJnJI de H"IOIII. Alie}. SCiCOÇll; Irwlu>ln;\Ci • B ~n:l> - ArtCj

MO:>lITOR \01

JOm>ll'ohtiro. Lnrr3fla. C,'mmtlrial c In ,lu'lml

ORIENTE COI

c' ~ w

SUIITiTlll.O

PORTUENSE (O)

JOf!u l Politico. LmrrJllt>. CommclWl. Indu\lnll r ,\gmnll J0I1I311'011l1'0 e lndumial

J),;iIlO."

de:

em:pção

J)omln~o

Njo ,ndi(J TII,rnllll.ll l ' ,5,'/\.Ih;JJo llinlelMal - 1.15 d~ oadJ m~> ffi"" ~lcep!ulndn

,.

lKiClO

I'ir..

PrRU C.

,

, , , , ,

" ,

[)on"n~o

Dllno ~ c~cef'Ç.loc!

,

de Dom ingo OiJrio ~tJccf'Ç:io

!k Domingo

,

16JJnCII/l

""

~JlIlho

fl ll rCIIUc. l{l;'hnl 1861

1863

20 "'O". 18fi3 1

1116

188;

01 ~tJio 1861!

31 Ma,o 1872

J.n~, rt>

SCI~mhro

1863

186:\

10 No" .

.86)

21 JaneilO 186.1

01 AgallO 1838

15 Janeiro 1839

01 Julho 1m

30 lulho 1858

IHxl

)1

~l.lI\O

laSJ

18S9

01 !'lo,' 185l

01 O~!. 1855

rRI:ço

\\-UISO

~O

r,

Rf.II,l CÇÁO [ A O)n~ISTR.\Ç \O

RUl d~ S. Mrg~el, 67

Rr.~I'()x-~i.rn.

Jülo i\rnJI.I~ d' AlmeldJ

fO R~I.\TO

1l'1li cml

61

x~:i

COT,I BPMP pmllJ

1{1~

RUl Jr S3mo Ilddon<o.16

J.r d'AlnocwJ LF. FcmJ",k.

41 x30

BP.\ II' 1','0130

"'"

Ru, de Utlmonl<. W

Rm ( ~lonl"f()

fi9x49

BN I P60A )

40r.

RIll dO'i L.1\':KloUTO!. 19

Jo3o Arnaldo d' AlmeidJ

61 x45

JO"

Rua ,lo ,\1mldJ.1S?

~Or;

"'"

Rua <k S M,gud.6 1

l.:Ir~o

.teS. Jo;k> No\{), 12

'0"

Rua de Si dllllnJeir.l. 7

40"

Ru. de S [)Qmrnsos. S

lO"

Rua de S.nlo AnlÓllio. 115

I'TOl'fI~l j r",:

fiR. d. S",-:r Il.:Jlto A.R. d. S,"'.1 RlllO f'rOJl"~11"o

Nia

~hg,,'"

Irrd;~~

Jolt de Sous.

M ilSÇa~nhl\

RCIIlngo IlXt d'OIÍle'l3 GU lnur.k$

IlP~IP

IX·5·8

lI.lO

RI'MI' t:-:·J.H

HJ K)O

llPMP IX·HS

~JJ

28 x II

41 x lO

BJlMP 1'1812439 BP~I P

I.X·)· 113

J)x31

Rl'Ml' IX·5·5

Jl li JI

BrMP IX·5·1J

>,

;; ~

~ ~ ~ C

~ ;1

i:

'c" C

~

~ ~

~

,.

C

Q ~

'""

i ª...-. C

~

DJ da F r.,rh031


MARIt\ ELVIRA ROORIGUES CASTANHEIRA

<

§

, o 5

,

",

"

,~

5 ~

o

7.

~., z

<

o

~

c

<

Õ

364

.,z


A _IM/'RI::NSJI INDUSTRIAL » DO UBERA U SM O À CRISEI:"CONÓ/lUC,\ DI;. lli7fi

QUA D RO V _ Á HEAS DE Ul VU L GAÇÃO DE CQN I IEClI\ I ENT OS Eí\ 1 O I N IJ USTH I M . I'ORTU ENSE

UTf..",siuos t-: I'ROC.:SSOS

UE 1:.,-F.RfSS .:

1m ~ I.\ OUlI' 15 \ I OS

IIF.lt-TER.:.sst; rUlIl.ICO .: IMJ.\ lf....T tCO

I'RonL'TI \ o I'ARA I't:QLESA5 .: MUlI \5 UFICINA S

lJomba., de ';!!U3

Aflolrclho di;;lIl~tório

l'IWIlUÇÁO INIl USTlItAI.

CoosulC'r:lÇtXS !!cr:>"

.oon: m;>quina.'

Calorflico)

r'Ol1lO de Sulzer

..co/Jnha r:.cOllÓ mic3 »

Poços ~rt~iano'

1'.110' pal"J bomhcim.,

511lode olCl];ulh:>dor

P;ir.l·r.:uos

I'ROCI::SSOS

I'ROCESSOS I.I(;AI )()S Á AG RIL'UI.l'UII \ E PECUÁ III A

Con<cr\,3,50 matfna..·pnma.'. mClõIi, e m;w~ilb

d~

Const""lo: ôIdobo. bc1umo. asfatlO Oour.iJnul1I e rm mctab

rr~l~a,jur.l

Imprc,,_~u

Li!!a.' mt'I';h,a. par.! produç30 de equlp;!rncnlO,

"moçõES I'A IIA LSO OO~lf""'-Il1)

AJ;n l rw: l\ s u l"~

AUJ;cntlr fOl1m~a)

Ár.'IJII:' de fruto

A\II'af:aescnt3 ,,",

lJ~wla

Rr:>nqucar c}tampa,

Ik lcrrai)a

Con""r.'3Ç30 ck ~limcnto!\

Café

r;dJnco d~ ....b,io oxQlllÍmltO

Recella, dll·ers.,~ de culi"jllJ

...

dom6tico~

-

V~ nl ll :>dorc.,

l.impc7.ó1 de tania.,

Coul'e.'

-

-

UI~r.lfi3

Culll/I"~ Ib >-Cd.a

-

-

~br~n:mJ

CUl1ume._

-

-

I'a.'l~ de parei rmla\b e col:lda

El im inaç:lo de MOS e J!:()f!:ul ilos

-

-

-

EnA<.'fl\l"o

-

nódo.l, de: CMOrO'

1:..... '1/11 1( '

-

-

Tr:>IJmcnlO de uma de tlc~ C pto!> Ullli,~'ÔC.

d::I NUla

Pn:p3r.>Ção de folha

de AJnd~.' p.lr:I objoxtO'l 31lí!olicos ~p.lr.lreur:ar

-

-

-

-

Produo;ão de norel deeer.!

M:lljU lna p:lrd debulhar lrlS"

-

-

Rcpa~;lo

Nalure/a e ljua!i!bk

de uteru.flios

~l(m:nos

-

-

TlnlUI"~It.1

1'.1111Cl

-

-

-

-

Tr~13memn

dc m;Welr.l'

~

-

-

Rcla.,ilc~ cnlrC africultul'lI c \I d Inl a

s..: I1\CIllClrd. dl~erl>:L' \';dI"Jn~

e f'>{IClho<

h l"<Tl O ""t"_'fnn/ P"r",~".... Tomu I. 31 Ma"... de 11!4~

J

VClc",,:.ina lr.II.õU1lCnlo dolI ammJ"

-

211 o.k l"c "e~i llJ de 18.46.

365


Q U,\DRO V I -

w

8:

N.~

N; 01

Cll n UC,\ ,1['P U f An A ,i. s Ak'lT..~

Il,\T,\

.'1

~ 1 ~rço

o INDUSTR IAI, I'O RTU/~NS E - ROTEI nos DE CON TEÚDOS I. J I Ile i\ larço d e 18-15 :a n." 12, 28 II I'! Feve reiro <l e 184(,

,i. M aU CllI.TUII,\.: t:t:ONO,\ II.\ 1845

I)O \ , t~TI C,\

.I.,g~' I\IcI41);C'''. , M,in:tll(), A

.L11.io

9.10. II. 12

12. J3

nfOlIl_C~do •. A.\~inad{l. i\

.~brccnalla - 1'roccsS<l.< para ,miJar. com as madeira< mdigen:..,_ ou do nosS<l pai/. JS maJcir.l~ c.~6Iicas.

ou

d ~ P",lCS eSlrJn~Clms», A'sln~do.

.Cn:Hld PcmlJd4 •. ""toado. S.C.

1)

cuhum. c n modo de:l

• I)our.ld,lra _ f'ro<:~,«I dl"Clr<)·ch)'mko p-1ra douror a prol:!.. o cobr~. o bmnzc. o lat:'o. o p.lcHong. o ferro. o aço. c o ~SI3n1to~. t\ssinJIIo. J P. H3Id)·

.E\!n1ll1('~ . ~Mododc A,~inado.

25.21'1.27 28.29. JO

~Lllt(\$._

A~'Ina(I(I. 1)

As<inloo. D.

30. ] 1.32

~,,~ cull"ro. ~

l: ~

~

~

o modo de

A<sin:Hlo. S C

fazer () café. wm k,lc. mu ito s.llxJrnson. S.C. --

C;

" 33.34. J5 . 36.37. J8. 39.40. ..\1.

" .Ocre Vemlelho Art Ificial •. I\~si n ado. S.e. .Can·3(l da. $e3ros jRcltclIl.,ria· uSlI IJgo·Hrolh. F. l•. ). ,\"in~do, S.C. ", narald - Se llS P'lnCip.le, "W'. a Ul~<en·ar •. I\"inJ,10. S e.

_ ~ lo\',ment<l l r.ln'ml !lId(l [l(lr CQrre l.1,~ . ,\.sm ~llo, D.

. r"(lmo de Sul/.cr.

2.1. 24

U'·a •. '\.",o:,.!o, S.C. ~OJ

1',\" IN,\ S

~ 17. JS, 19. 20.21. 22. 23

~Ol.o da c,r:m d~

lO CONSTIt UCÇOr.~s

IS. 16

«Oleo d' A~ei lona\O AIs;nJoo. S.e.

. nalJl3 _ Scu~ prillclp;iCs U,"~. CnnSCTV;lf"O. ,,~,in "dO, S.C 30,\ buI IMS

13. lo!. 15

"~tECII A!, l CA I N [)1 'STR1 ,\ ~..~

l' tll'S IC \

A.

.Tinturaria - Do cmpn:~o do 1~l1aro duplo de J"llassa ~ soda. como llIordenlc. na linlllr:llb da lho . Vemll "erd~ u·anslucido •. .",~i nado, A.

01

l'.i" l ~AS

O

~

",Machin:,ç. _ ",\ InSt,11lCIJ d'"lgun~ lllance!J.o<; da classe IOO uSl rtal. dotados de baSla nlc lold liscrn:ia e go,to d·mSI ",cç~O. mas por que '''Irios mothos n~o Icm podido seg uir curso regular d' eSl udo •. esc",,"cn\ol .,IC artigo ~r:l! >Obre machinas I ..•), AssinJdo. P c S.L

~2.4J

.COSlnha Economic3». Assinado. P. c S L.

-IJ.-I·I

.Calorlf.m~

45.46

.Con,e,v;lç;;o do ferro I\<\In,<1o. P t S.L

~6.47.48

"

VcmiJadore$"

A,,"<In~do.

na,Cotl \(rucÇõc~

_No'o modn d~ prepa rar 3< \·tJb~ df AssrnJdo. P e S.L. . Lutos_. A'Slnado. D.

P e S. l. ,lIrncrmllra< •.

.(eaonJ ~,

49.50.5 1. 52

~

ºi "l> ~

52.53.54.55

55.56 5(,

56 57.58.59

lC,m/im/ll)

~


ti . IMPRENSA INVUSI'RIAL ,. DO LIBERALISMO À CRISE: I:"CONOt.UCA DE IH76

! .i

1•

i

e0'

o: 367


w

,c".,,""..'r'.....

1:; <."

'"

C ll r~I I C\ ,\!'I' I.IC,IIM ,\ S,\Rn~~ ,i, A r. IHCUI.TIlII: ,\~: I:rOSmllA lIo~IIl.srIC\

'I.\ T\

30 Junlin

I'Üa N,IS

,· J~,lC"'WlS p.1rJ hr.lf IIIl<kM, 11<"0113\ as qu)h,bde<. \Cp qual fúr ~ n.lt1lrclJ e d" '!o- lcc,,1o<; que 3S cOnlcn h,'i<I. c lI1(lI\ooc lhes IN i' Ulr a CÓf a~r.ll.b •. '\~'In:»OIo. Doulor Va\Cooccllo-.

18~~

1011O~

106 1()6.107

\ inho< c:sru~ ,k. ROCflO~, Dor 1'e Jm Sobc no Com:,~_

. r~brKol1os

A~~in;lIlo,

107. lOS 109, 110

S C.

. F"bnell d(IS "lI1lm. ~'pllll~\'oO~ do RhCJl(\~ D,u, I'cllm NobcnoCo1Tci:1

OS

)1 luloo 18-15

A~~,"lllo,

A~SII\ado,

Se.

par.la fahncJç;lo dos pa~,s CI";ul~._

. DlJo., pr:lhC&< par:l OClermm.lr l S prirl>:ip:tC1 d"ncn>Õr<

117.118. 119. tW

•.\l xh ma de debu lhar o 'rigo •.

t2L 122, 123.

AS, lnõlllo, O

I~~. 125. 126

_Tclr.l!kK_

126.127,

O

l2S:

136 -

m, 127,

~ Tcrrndo\., A<""IIM/", I)

IU,U",I.lS

. TtnIJd'Quroo, .mnla de 1"r.lIa" ,\"I;'1I.1do, A

-

~ ~ ~

~ ~

130. UI. ln I,U

n6

-

"'

O

l1'J

• \lelO 1l1lJ d,;.c,n~u,r o anil do 31ul dl l'ra<.....:o._ '\',mado, A

~-

IIS. 116.

Ilk

11 1, 11 1

,\ ,

.On,k;oJo MC1 ~lIiro. '''"n:l<Io, ,\

-

clk:uu,

dos calof,fcl'OS d·a ..... Asml>Ulo. P c S 1..

A~... ,udo,

107, l OS, 109,110

. T,,"ufõItl3- ~1a1l<"r.I de UMg" de )m:II-,,\lo-d'ou(I) o fiod'alt;odão emprc~ado ll:I ~rigl':lfiJ •. AS~"'3dn, D.or P.:tlro Nobcno Com:ia. . 1>,'[lI: I - I>roces~~

m;LI~ria~

110,111

A~~in:ll.lo,

. 63, ..13 _ ,\I odo <k a ron~l'\'l'._

/) rerro ,b fllIIl:IÇ:in t da

(01"'-:10." I'R,-cmro dcpo~IIOd.l~ IICK CO\IõIdo< c 'Iu,ll\;I< ,I!h IQ' 10»..

rMa ... IS

"'<ln.lJ", I' c S L

. Imprcnla t\nJ,<;I Jlica>o. A<sin.lllo. Dor Roque Fcmanck> Thomu.

-Oko Ir A/e,mnJ~

E .\lECI t.\~I CA ISIIUSTRI ,I .:S E CO\'STJWr~'OI:s~

rlllo.~<~ p;r.! pr~'Cf\':II'

IO_~

_l'mcc<<Q (f3r'l1 dar ao! córno a ap.lI"(OC;J M lar1JrU~a. ,\ s<maclo, S.e.

A~'!n:ldo,

l'llr.~l (',\

~ M",lm'~ Simples_; Sarilbo, -"'Ulado, P c S L

145, 1.\6, ).17.1..18

.00~lipç~n d'um 00,'0 ap.1f1'lhn d''>II Jbl nrio" ,\ ...<,":«10,1 I' llatdy

1..18,1..19.

a 19l1,"

1~2

.M lICh !n:bd·elc,~,

,\<,m:l<Io,I' e S L

• TCIDlIo<,,,, 1\I,"I.\IJn. j)

-

lSO,1S1

IS-'. 154. 1S5. 156.157

. I'~ - W~ COfl\lrucÇ:io., A5.<IO.:oOO, A. I'. dói C. Vallc

157, 158

---

(Conlm",,)

~ ~

~ (> ~

~

~

~


. \ . HfI'NF.\.V. 1.\ IJU::'TNIM.M

.,, f •

~

2

,< <,g " li § • "

no unr:RALlS.\f() II CUISf, ECO.VlJ.\lIí·\ 1Jf.

:! ~

~

'~"' '" ~

-.• ,

~

-

/.'j7"

,... .. ,•• , , '", c, -~ '"' a' , ~

c

_.

~

"

~

~

~

.,~,

.~ Q

H

~~

-

"

,'.

"

369


_ _ __ __

MARIA ELVIRA RODRIGUES CA!JTANIlt::IHA

~l

tj

.... i

,.."

::::

j?,g 88 '" '"

:no

~


A . IMI'IU:.NSA INIJUSTRIA I. _ /)0 UIJ/;.'I<ALlSMO

--

A eHlsE ECONÓMICA

Vf:. lô'7(,

~

o

.;" "

,,

-

<

"""

••

"o

'"

~.g

!o

~~-

.

o,

<

,,.

o

""'"

~

~~

~~

371


MARM t"l.VIRA ROI:JRIGUtS CAlTANII EIIM

--------

.~

,•~

~

< >

.g "

----

~

~s(

-, -"' " '-," "' "'-. ~

...:c;-

-

,,~

~

-6"';

;J.;3,

i, <

,

~, "",., , ..!!v:

;~ l!.;i

.c ;;

.-

~~

1.. 1. <

" c

372


IC""''''''''ft!." ~

..

"

cm \lIC~ .\1'1'1.1(" \11,\ ;'5 \Rn:s

InT\

.11 l.Jnnelr.)

\ .\ (;111("1 I.U II .\ I. " ("0 .\ 0\11 \ I)()\,i.srlc \ I ~J6

• ,\ dl}l11lC3 ~ '" ,"" rda.,·,ic~çom a a~nç"hm:a •. ,\"," ... k).I'tm~IlIk, Thorn~\

1'11\$1<:.\ E ~ n:clI \ " Ie \ I\Il( srll l H:~ E COSSTltI rçOl~\:.

11 , ..Ul . U.\ •.1.IJ

. I);l<t", I'r:tuço- Jl.If3 tk'ermlllJC ." pnn,;Ip;iC' ,hnlCn ...ic, (1.)0, ç:.I""rcro, (r~r~. :\\'''l.Ido.I' e S t

r Ár.1S\S

.l5I.

\S~

>

t

~ ~

.S~dJ

,ln,

l"l,h~1!o,".

. r:n \cni~·. ~C\l11UrJ

'\" 'II:ul o. 1 do, Pr."C1\:,

~l.1rall hiio

18 fe\trc"II (!!.I6

1\.1.

>. ~

.11~

m.J56

~

J."

~

JJl

",,,,,aJo. S C.

do AlgOlkxim •. '\<sil\JJo. SC

«HtlllOfH}"""' '\SSI1I.:100. T R

"

1'.i.r.I\ \~

.(ilhJn"l'('.'1I3 _ Melhodn do 000IOf fr.m~c""ltIn (1.lr.l ,kmrar. t pr:tle~' I~ IlICl;u" ror ","p"" ,'Onla,'0 h},lm.cIe..-trico •. A"on:llk~. A

~ ~

_Caminho:< tk ferro~ A~~m3l1o. r Nohcno

m.3S-!. \~~

310. 311. 3n. 373 • .\74 •.175. 316.371

g ~

~

~

• TIni a Jlar~ t~rtlcr 'iCII'IC 1111('(1· ,\ ",nJ,!o. ,I

m.\~/Í

• CorlUII1C$ - Prll'c,lo()~ 1~1r.l rrCpMJr. e ,,,nlr J' pdlc, lIe 1IIrrcr~nl(, an"n:oe.'•. J\<\ln;l<Io.I).or V3$CoocdI0\. ~C"-'I~.io tI3S VXC35_. Msin:tdo. João l,gnxio Fmclra l.;opa (Lenle d:i L' ca,klr.l dJ E. VelennlriJ)

.156.357.ISR, 359..160..\61 161.362. 36.\.36-1.

J6l

. J:,IUC.1Ç;io lodll~tri~ l . A"In.),k •• 1' I'QII(I1,'

m ..HS .

.,ISfllllc n'lI ra. A~"nd'lo. r c S.l~

IRO..\81 .

~&llchm Lnler.uio. (ndu,(n~l c .x'CnllrICO. - .,1 C0l11enlO dJ ,lIu';u-,.j~ I'I.-(bcç:io dC->lC Jorn:oI tonleç~mo- l1li p~scnle nUIlICIO. e dcb;ti~odc:ilc IIIUlo3 publicar UI1U bre'e nOllcia d:i, descobcna,., flIdbor~tn(nlO< e ~rthO"1Iol> .....,. nl' ": Ienei ...,. e 113< 1~1r.l •. q........ ~'\'\Jm..'n!~ forem (l(CflITcndo 11:1. lLlÇ'õcs nui, cull.11 .L, FUtilf'J I. I··

m.383.

379•.\80

382 38-1. '~5

~

~

w

---

-

§ >

ª~. ~

9

"",n:.Jo. h~fn;olllk , Th<II1lJI • 11~gltmIG CaUllcl,(;I Cnn~lIlO' ;10\ criadoftl. ,,1I'rc al gum: lIlCII... lIe mclhor~1 "01;11< •.1\JllOI•. II ~CIIIJd" . Sikc'1r~ Rcrn.udo de 1.lIlln lunl: I'ropnctarin Ila.j ' Cõldtlr.l de ~ VelmllJflJ)

~ t::

"

~

J(,5,lfi, •

'"

Õ;

,"

--

-

--

-

/C"n"'''H')


MAU/A ELVIRA RODRIGUES CAê>7MliJlEINA

·~

! "

"

:= ;r,

2~

~

;; ~

."

;;:; t::

'=~ C :.::.,:

c<

PS ~

>

" ~ •O


II .IMPRENSA INJ)U~TRIAL . DO J.JJJERAUSMOA CRIS/:: '~CONÔ'\/'C,\ DE IH70

A d vc rtê n ci ~t : MaJlli\cnll)~"

orlogr:lfi:1 e a .ramállc"

QilOCenli~ta

em toouS ", cxtracto,

docunH.'nl:li~

utili?':ldo"

A b rc \'i:lturas : IIMn -BIblioteca Municipal ,k llcja IINI, -Bibliolel'OI N:lclunal de: ti,bQ;J 'WII - Blbllotcca Plinllcõl óc lIrolga nPMP - Bibliotcc:, 11lhlica fI.'lunicipal do Pono

O hsen '.: I>ara ~ clabor.. çJo dC~IC trabalho mu;la~ for:lIn :IS hora~ pa,~ada, cm hlbliotecas c o, cont:lel,," cfcctuado~. A~,i",. ",10 potlenlOS dei ... :,r de c"'pre~sar "'IUI o no~"", reeonhcci.nenlo a l000~ :I'luek, yuc com a SUõl Mlhe ilUÚC facili lar:lm 01 noSSôI pcsqUI .... , A BlnholccõI NaciOflOlI de LI'no... c~pcçi3Imcn\c ,h Drol) Luí"" C" ...lIa e: Rosa !'-1:oria Molu, pclõl' 1:.e,lId"d.:.. co"ccdidas n:l eon.,ull:l c rcproduç30 em nllcrolihne de algun, do~ periódicos. Um ugradcclmcmo c.'f'CCial 'ai também põlr.. a D. F:ll11113 Nunc.~. Sr. 1\ vclino e Sr. Antó"i" Manins. À l3ibliolL'C:I Mu"icip',j de Il.:J'" na pc~"",a da D. Su[i"" Guerreiro. a~ l"I:;lid"dc .. co"cedidas .UI cun,ul!õ1 do Jonlll/ do Po ..,., hem como o cnvio do Cm6/"K" dll ''-'/'''';1",10 ,.ohr.: lIlmp~<'nsu (I" DiMII/" de n''la. c:\i,temc na Blbliutcca Municipal dessa Cld,,(k Jl:u':I n período comprecndido CIll!'e 186(1 c 1')SI Igu"llllclllc ii J3ihlio!cc:. Plib h c(I ue BrJgn. na pcsso~ d:. Dnl 1\'I:lrl:l Helcna L:lr:lIljciro. al1-radeccmo~ '" faCllldadcs cIlnccdid,t .. na con~ull" ..lo JtI/"lUlI (lo Millli(), À Ilihl,o(cca Pública M unicip31 do Pono. na~ rc~~o:1< d:ls Dra~ Fãtillla Vclo~o " Paula BOII.f,ici." quc com :I ~u .. prc""lIo~a aJudõl .. mcniz:arJm a~ lon1!:I.~ hOl"~ ar pu~ ..adas. Agr::tdccimcnlO c ... t.!n~"o.) D. Anabela Sil\a. D. [ ~"bcl C<lffCla e Sr. ADlllo Carvalhu.

NOTA S

() /II"",,,

""'11-0

PorwcI/W:'. n,"OI, 01 ue A~tl~to ..le 183S. dc Apl'cscntm;ãu _ 2, S!\u .."'elllplo do que aenbamos de :lfímmr o O/c/iu",,,,,I'<' Ted,"nlo,<.:iq//(· "" NU"\"I'm' lJiCIÚIJ/IIIIII'f' UIlH·,'rwl d,>" Art~ el d,' 1' f.:("{lIIomll' ImlflHrü,I.' e/ C"mm('/" ' ;"I,', 1.1' 7pcl"'<lloK'~II>. OjJidlll f)1',"c~;fJlil'<! mui lI/uI/mll:" ClI/ulnKIW for II,,, GI"t'lI/ EIIJ,lm,,,,, 1851. P"r" o CaSO específicu úo Jumu/ fi" AnQC"/"çiin 1",I"smll/ l'm7U<'lIlt.'. Cf CASTA!'>!I [E[ RA. Mõlri" Eh I.., Rodn:;uc., - O Jom,,1 II.. A "nrw,,10 1",/"Slr;"II'OI"/UI'I"'<' - Cml/ribufOs pUf" () r:.wulu d" 1'"M,t'/JI/", TecI/afUgiro /lO

S","II/" XIX 11822-1.'1ti4), Dissertação de Mcsuado apre~en l ada 11 Faculd:.dc de Letra' da Unl\cr..ldade do 1'0110. Porto, 1995, Quadro 5": - «Princip"is Ptlhli.."çõc... I'cnódicJ..' E.'tranJ;cim~ ultllZada~ par.! a tr:m<,çrição llc anll1-0~ para o Joma/ da Ass'J('ltl"io Im/"~rr,,,1 P(}~wt:nJ.. ,.. p. 219. 3. Cr. por exemplo. O MI,"'"" P""III,'''~'' e O ,1J(1".{I~ial P()rII/"IIM·. 4 . BERR. Ilenri - Prrftí<'i(}. 111 \VE [L. GcO<'gc,- KLc }oumõll. Orls,nc~. 1~\oJullon CI Rói" de U . Prc,,..., P.!rill<1i'lue". Paris. UI Rcnal.,~aIlC'" du LI\ re. 193.:1. 1'. XVII[. 5, Inicialmcnte h~,'i:,,"os prevhlO ii tlprc:~entação de um~ pcqucnn Slímula do~ "Cu, objeeti\'O" no Cllt;lnto o lornWlo adoptado I"tra publicaç!1o in\'ablli7.ou:, tntroUu~'5<J de m'l" uma coluna 1l<J~ quadro"

375


MMUA /,LV/RA RODRIGUES CAS1,\NlfEJ/(A

(,. Em rd,,,,,ão il O I"'/",'/I'h'/ i/o !'"r/ll. n"o l'on'-Cguim~" cncontrar ncnlmm número. A"'" r.:f..,n:llci" "p'n"("n~ cm: (l.IATlAS. /l.1:tna Gorcl1i - IIH'f'I/Uir;o /111 Imlm'I/SI' 1'<urO/wl: /850-1970. in .. An:llise St)ei:,I~. \'011. XXIII 1<)')1. 1<}Ii7-5·'. I" 1033 (é indicauóL ,;omo origem ue n.:fcrênci:l n Pmgn',".Wllmlll.\/ria/. n.~ 1 .... I S971. I'ERI~[RA . A X "" Silnl - () ]"t"l/a/r.\IIj(/ """''';11''': - /?<',"'lIh" Clumm/"!:;n,, . Li~hoa. Til' . .su;lre~. IIN5 7. () 'I/dl/"r;al 1'0/"111<'''","''.. n.~ 11. lS de "e,'cre'r., u,· 1846. X, AI1I"",n LU'J Soare" puhlic'a um lmal Ue emco :lI1i:;o~. ddmi" .. do lil"l" generico de «J.i~,'>cs na }\"l;, Ue Arilhmelie:o da E>-cola da A"ocl"",;(o Jndu~u-i,,! I'"nuc,,~e ... "n longo do~ 4,,,,i, cxpli<:;I com lOdo, '" l'''II11,-,,,ol'e, lu"elun;lmcn~o de.'le l1l~todo 1":ll'ido. CJ. ]0,.",,1 <I" A~,"(Jci"rií(} 'ml,,,,r;,,I/"II",,,,·ru,·. \'01, I.. ':I. (} SOl 'S". I'Cl"rlando de. ALVES. Jorg" - A Ih,oda\,<I" l"dll.l'/l"Ial I'm·/I"'II."· - Pum u l-fi,/(~ri" ;!" A,_w"ltllid.mlO T:ml'I"" .W ll1lll .. I'or'o . AlI'. 19':16. ln /1.1", ,;: Jcan-fi;lpn'le ~ay i'oi mUllo 1I11I)O\1at1tC n" p;"'''g..:m ao indu'lriall'IlHl. quer 0:111 Porlugnl. 'lu.:r no r" ..!o da Eurllp:l 'lU" leu ;I 'ua obr:!o a ,cnJ,j(Jc (! qu..:. com., relcre Amónio Almodfw;'r. «11'1(\ ha'(:I':I !c,- a ,ua 01'1":0 par" que de InlC,!1;IlO se g;,l) h,, ~.,c uma !l0sIUr;t 1I".luslria)i'I": é ~lIt'io.:i"'1!e ("omparar.I' p",i<;õc, de Aetir..l<l (.la., Nc\c~ C de S il va Li,hoa a rc~pcilO dc Say e li rC_'IJCllO da indli-'n;! p"'-" 'e ler '"11:1 bua IInagC1l1 d~~ difcr"lh'::ls p.)"íVel' cmr<: uma ~h<ln!"1:lem modem;' e um;, "horuagem mais :lrc:lI<:a desla jJrOhlelllo'itio:,h'" Cf I\L/I.IODÓVAR. Anlónin M:mucl \!arlil" - 1\ Il1s/;/",,;('/lIIli:llfi;O d41 T:nmo ... ill 1'"I(/it'II C/tí"~I,'(I ('lU P"r/llXal. Porlo. Ai'ronl,"nçulo . 1':1':15 . p, ()..j

°

NOTAS AOS Q UADROS .' A' C01'I\$ relerCn1 - ~e ao local cloll 10.;:11' cllIl.lue cf"cn";lIlu, .. cOIl,ull" O .. rC'j1QI1,avci, .,'u,) ,lIeclo, ii' dil'e<:",o.:, d" Socled"de Pl"omOlqm da Inúlhlria N:tcional.. lon!!,' dn\ \;;ri .., "11<1' elll que "s mC'I11o' "" puhlicam. 2. São v"ri", o, rc~pons;Íveis por esla puhliclU;:"IO dum me os :11'''' cm quc ;I !lIc,m" se puhlicól. O ,illlll1o mimem Jl'Or nó, ~"nc<llllmdo dma de I de DClClllhl\' de I RM. J_ ÚllIIllU numero l'k,r nu, cn<:omrad... 4 . Úlulll<> nunwlu eXI'leme na II.P ,'-'! 1'. 5. COl1linu:t\';lo de O A"'i.~(J "" """". c,. I"di ~'amo, :IPC";!.' o ,,,hl ll"[o inicial. j1Qi':I p"rtlr úe 13 de J:",~",,\) de 1811\ ,) sUhlílU[O alter" p:U"' S"IIIwwril/ !'fi/i/,..". COIJII !U,,.ri,,/. /1Il1",/I"Ia/ .. Nnri.-inxo, Ad"flNando o., '1Il,'n'-'l"~ (ln A/;lm'\'" I! l)"i.l'fI Alc-IIli"j" _ 7. Não (lO.' c 1'<,>"I\c1 datar ine' lw V<.>Côlmelllc " rim d",le pcri""l;"'o . "LI cmanto . o tilll1ll0 Iltimcro por n'-', cueomr"do,; () ,," J de 25 de Junho uI! 1863 . )l. Úllimo numcn) .:~i'len".' lia Ilibliot"c;( NlIeionôlJ de l.i,h"" 'J. Úlllmo numero e~"lcnle 11;( Bihlinleca ~Iuni<:ipal .Ic IkJ" . O e~I"\!IO hemcrogr:Hico c.,I~ org'"l"/,ad"p<lr <)I"u<:m nlr"ho!lIca. 10. A Il~rlll- do n.~ 35 dc 29 de Agu'lu de 11'162. ;,lIel":' () ~uh lilllln 1';11'" l'f' ."itNlif't. ,/".' 11Il('rc~·s<'.\· <' /:(:mrO/ni,·o.' I 1 1"'1" lap"" de Impre""~'" \"u ll:l a "pareccr d:l l"ig. 177 elll di~"le.

"0

fII",."""

BIBLI OG RA F IA SOBRE IMPR ENSA (O hnls Consultadas) :

,"'''rI'

I'n'n,)'{I y $0<:11·,11111 "n ,,, "fw'ei" Cmll'·"'/IO((III,"a. Murei". Catedl';l rJ<: HI'lori .. Conlemp,'ra" e:l . J)epólrt:tmcnl<.> de HI,loria Modem" . Conlempodne:\ y Amenca . UIlI\crsid"d de Mure,,'. 19':015 - 1996.2 \uh. ALBERT. Pi crI'e /J' 1'((:_"1'1'. P"ris. P.U.I'. . [<)68. ALVES. Lui- AII"'110 Marque~ _ S,",~(di{},f I'('/"(I /I /-li,'/nria da 1111/11"<'''"" "IIP Pormr:a/. POMO. C"ml"o ,\<: r_' IUuo, 111lI,,~ní~I;"'''~. 1':Il:\3. ANDRADE . FCITCIr::, - () ]",·,wN.,m() Li/I'ni ..m ('m 1'0/1//;;(/1. in «AI"("hi\"~, I'ltl"reSc,l» . LI~h<J" . 1 (18). 1~51 .. IH51!.I'P 91-'Jó.

A('I," d,. UI,' }t'nuul""

376


II ~n""U,,vSA INIJUSTI</;1t .. /)0 L/IIUMUSMO A CRISE I:X_'ONÚMICA /)/; IN7r,

I\N61\'1""10 -A ''''1'''''11.''', Li .. h,,;., Tip_ Fl~meo-P.)l'W~uc",., 11)(,1 AI{ANIIA, !'cdro \\'"ncc"bu ue Brilu el "I - R"I'"I>~/ ti" lo S.'u"", ('o"w!:(/I.,,,.I'~àrlit',- CUlr~n'.,· flll"t"l/llllnlUtI ri,' 1,(1 p,..,ss" (/~Ií.,l - """,·r.'}, I,i,hoa. Imprcn," NaeI<Hl:.I. 11\94. Ai{AI-IJO, Domingo .. ,.1:0 S.I,,;. - V",,,,,,,' 1:"/(11' de jO""<I//'"IO, Lishoa, UirCc'i:li" Gc.~.1 da C<'ll11l1l1i<,:"ç;io SU<.:ial,19RK ARt\ÚJO. Norhc rlO. :\IENDES. I\nu r Pr::rr::ira - A,/""'/II' ,ffl Tip",>;l"<If/a <'111 l'm'/lIl-!llf, l.i~hoa. Imp rcn,a Nacional. I~t-l, ARMELli\'I, JÚ'Hnr. M N ,k - 1'(lI,eI d/, /"'1'''''11.'(1 "fi (; ,"tIf/d" Oh,." ria RI'N""""o('(,,, NadO/w/. Ah'ilre, 1~Iil'u, fo,'lel1l" ri a da A"ociaçàu do .. Jum:,Ii";,, e !l.<cnptol\·,' P"nug"c".'''. Li~bo". Itnpren,a Luc",. 190<). BAI .M /I.Cr.[)A, Eme"',, de - O ,,{Jm/I<'/m d,· JIIII,'II"{1. """'VII 110 /1110 do "'",, CI'IIII'mi,.;" . m "O T,ip.!im», n~OJ. :\lal\'O 1961;. VI Sá;". Ano VIII . pp R990. IJASTOS. A ue i\la)!alh:,c.. '1'.-.\, I:"",.' do JonUllilll1(> 1'''''/11<'1/'''. 1'0'10. Ed, C:irn:rr" 'l.l unicip:,1 do Puno.I'H<). HloLLA!" GER, Cbuuc ct ;,1 (u ir. dc) _ 1Ii1,,,;.-.' Gt'uémlr ({I' lu 1" "" ' .1<' Fml1,,,i~.,. I':rrh, P _U .F.. 1<)6<).2,ul,_ nESS A. Alberto - J"/'//(/t!." d" 11//I,1,fI r,'r,.ll. Suh"irl;",< 11tI/"1I 11111<1 1I11>',<lg"/I"1I1I ,lo J""/II"i.wIQ f'OI"lll<'IIJ". in ~O Trip~irn", 1'0110. J;lIle,ro u<.· 1919 ri OUlllhm de 19;\ I III~"S A. Alhen" - O 1''-/111'';'''' j"'"II/" I'mTI .... II.<... 111 .. O T ripeiro ... I.H Ano. 10 ue I'ch'n;iru ue 1909. n." 13. p. 77. I3ESSA . AI1>."II) - () jf!/"Iwkwl/I . E,"/r"1"1 HiH,;ri"" ,I" "'UI Ul'ig"/P1 I' f)".\I,,,,·,,/,'i,lIt'llftl {I/,; (lOS NIIl_Vl.' /Jitll'. Li ~bo:r , Li v. T:, v:r rc s Cnruoso, 1<)()4. 1l0RG bS.Fr.lllç;r - A IlIIl'H'''\(I <'m " o,./IIgol, Pont.>. Irnprc:n~a Lilcr./rra e TipQg,~,ph,e:l. 1900 BRAM ÃO. Allx:no O j",.",,,; ,,,,o. I..i,ho~. T yp. d;, Ru:r da B;\lToca. IS')'}. C' ARQUEJA. Dcnm - ti 1.III/',·rI",I, · ii,' lili/ln'",,,,,, Pont)o Typ, .1" ~C"",m erci" do Pono> •. 11\93, CARQlIEJA. flemo - O (.'0"'':''("10 rio Por/fi. N"I/I.~ pllro a ~IIII I-hw';nll. 1'0,.,0. 1924 CARV AI HO. f\ L de - ti "11'0((1(111 d" tllH;,wiollm Jfln/ll;.'· ""'1/1<'I/~·.,,· d.' hli /()II 1111"-', in ,,0 Tripei ro» . Ahril 1~4~.l'p. 27~-27.'i , CA RR EGAL. J(\;I4""" u" C",la ti f~l'ol/l{"l;<I dll J'lpm:mjltl. I·NO I'J.I{). 1'<11'10. 1<)41 CARV,\ I.lIO. A L. de - N" P"IJ/llllfll''' .I" 11m St'clIl/I- Um NOIIÍ",'I j",.""f;'la I'nnurllw (Jox'; ti., Smllu 11",,,I";m J. lt1 ,'o Tripc iru><, II~OI.J~!1eiro 1962. VI Séri<! , Ali" 11. pp_ 1.'i-16. CAI~VAU10. J "''''1uim M;rrlil\s u e - I'arll" Hill/iria .1"ml,li.llI/O, ,n "O COllil11hricel1~c". CO'11lh,~,. 12 '\:ovt:mhm IR78. C AST A!" I-IEIRA , Mari" Elvira H.., lri l:!ue .. - JI IIII/JI"<'IIJIl II" pf//'/" , '11/ Fi"ai.' ,/" Sec"f" XIX - () AliO d .. {fI'}f. m Ac!;" du C"ngn.:"o ,,0 Porto no .\ I undo de I.:.xpre,~:rc> Pot'll'!!"eo;a ... cm publk' açflo. CAST AN I lEIRA. \Imia Eh·ir:, RO<.lrigu,,_, _ (J Jomlll tllI i l f)'nrill,iío l"dl/s/I"Iúl/'f>/w,'"", CQ/'/I"i//Illo.~ /""." " 1;.",,,10 do ""Mici.mm 1'i.,(·,."lúgl<'<I 1/0 St'rlll" X/X (1.'~22 _ ftSó.JJ. D"",,.laÇ;;O de 1>.'1c,u~,un ;'p""en' ada :, Fac uldade de L<.·!r::b du POI'tU, Por'o , 1<)9.'i. CASTANHEIRA. /'.-Lr ri;, EII'ira Rndrigue, - I'"blicaril ..., f·u;' ítlir'lI.I ri,' Mmll.ü"lw.' " 'üS/I'II//'" IIiI lIifllio,,"'" ,\fllllicip,,/ Flm'/}I'I" &'I"IIIl'Il Cmll,.il",m ptll·" « ,'f"f""'''fl'o ,/(, "'" Rmdro. c'""uni"",,;10 ~pre'cn Hlua !la, .. Jurnada .. de Il i,,<iri a Loc:d» . IIl al",inh",. G"hinelC de I\ 't!ucl<Jgr:, e H" ulr;;'. 07 e 08 de I) c/el11hl"(' ue 1996 (Ae l'" n<l Prelo), CAST!\NI1E IRA. fo,t;,,.i;r 1 ~I" ir:, Rodl'igue, - Um J"nI/l1 tio "fino II r"u", (1'J.I5j. in Acta~ do Cnnl:!r<:"" ,,0 I'ono /la r.p'''''' CQn'crnfl'''''!IIea~_ Atcnc" Comerdal do 1'01'111. 19R9. cm puhlic~ção. CAS T AN HEIR A, :\'1a ria EI" ir;, I~\ldri gue~. Sf.REN. Mari:, d<.> C,,'I1l <.> _ () M II/uwr d,' flml(""." e 0'\/"'111111' ,,'{I".\(I\ d" 111111' \'ira,f.!f:1If ,I.- ,énd" (""/IIur/lm/o , Mal<.>"nlro.'. C:imar:, M,,"idp;r!. 1997. n" Im:lo CIIAGAS. i\.hl1ucl I'rnhcim - {J'Óf/IP ''''ÚI Pop"lar 1Ii"writ·o, (j"ogrirjiclI, '\/"O(,;I-:iol, l1iogrtlficlI, A/"It\/i.-o.Ili1llilll-:/~ífi('(J t' I-II,·,-,;rio,.'i 6. Li,bon, 1'yp, DII D I;!!'o 1I1l1 "r:,do, IS79-IS80, C HOR AO. J Bigm'c - t'M/llftl.I' sobre Jl)rllllfi.\I"o f.,/,'nir;" d" S,',."f" XIX. iu Colúquin "Cami lo Ca'ldu Hr:lllcn. J 01'n"li~mu e Li,eratur.. nu Séeul.. XIX ". Famal icão. I ')I;S. CO EL HO, Jo,é I'''a"..:i,eo Trind"d c - C"I"q-iio Cmllpll!/(, da 1.<·g /,,'I"l'iíll ",hn' " Lberd/ldl' dI! fmJlrl'l'~" ./{·...I.. IIiJ.J //1<1 /",)". ""o"'l'fm{/I11/" do., .... Ctll"/!iío., dfl SlIpn 'II/" Tri/",,,,,f 1ft' JI/Hi{"" 1"·"J.. ,.itftl,( I"''' (11",.<,1$ d,·l.il>tnlml.· ,fI'IIII{.r"".",. l.i,hn.a. A G Vie ,ra Pai,·:\ - I~ilor, ISR<). COSTA. L"i~ Pire, da - "IIhli<:id/lde jorl/t,h_'{/('cl "" '<;"/'1'/0 XIX. in ,,0 Trtperrm •. 1\." 07. Julho 1<)72. V I Séne. An" XII CR UZ. fo,l.'fI;') Helen., IJ,,,,;". S IL VA, J,,~é Alhcrto Mmo~ (Org. u<.') _ COllÍlogo dm P,,/,{it-fl'(,"" <'III St''';1! (fr'H /·/833J, !'''I'10. Bihlioh:C," P1ihlica i\.1"nicip:l1 do !'OrlO, I ')~5. CU!"IIA. Alfredo da - F:ft'tllt'lPl<J.\' /1fI", /I H,.,'ár;" Iml""'II\/! I'eriddir{/ Ponuguc,;\, Li ... ho;!, 1<)4 1. CUNII/\. Alfn:do d~ - Jomalislllo Na('imwl, Li.\ooJ. 1941. CUNHA. Alfrctln ti" - 1.<, 1"'eH" 1',;"i",III/IIl' "1/ /'o/"lIIgtlf, U,ho:l, I ~9R.

"ri

,I"

377


MARIA I:TVlRA ROIJRIGUES CAS1i\NflEIRA

Ct"'''H,\. AUredo <.I:, - O /)u;r;o ,II' N""I;I(I:>. A SUlI F/IIul(lf/;(J i' n.~ .~,.'II' f',,,,cf(Jdt)rl.'~. Li~boa. 1914 . CUNI IA. Alfredo d;1 - 1>l.'ririt!i,.m .. Hl'luçõl.'.', P,'ri",fil/(J.' I.' N<>Inl<lrul<ls. LI~boa. Acadcmia d;I ~ C,':"e"'~. 1<)-12. CUNIIt\. ,\Ifredo d" - R"'all('t·~ ~'Qh,.., m T ..,'s Séc .. /",,' ,{o lf11'IIII"~II", Porl"~ui':,,. in .. Bo lelim do S"1<.lic:llo N"ei.1n;ll (los Jorn.lli~I"~ ". L,~boa. 19-11 , I'P. 5·36. CUN II A. Amlldcu - a, ,1I,imo.• df' wA I'",,.,nci,,,•• in ,,0 Tri~in l». n" 02. Junho 1948. V Série, '\110 IV . rp. 29·30. OU!)I Er-:. Eugéne - fA: loUl'lloli,IIIII'. Paris. 11;,ehel!c & Cie. 1892. FERNANDES. Raúl de MaIO. _ lorl/w ,ul" I'or'" ( /NIJó·f92.51. COnn br.l. 1978. r-:r-:RNAt'DEZ. CeI,,, Almuiila - /.LI I', ...."," 1~·,Kriw "''''10 1)0011111'/1/(/ HIJwricn. in .. H:lcicndo Ih"oria... /, ';,dnd. EU. Uni, COnlplulen.-.e. 19)(9. pp. 615·(,2:.1 1+. R:" At'D EZ. Cei", Almuiil:, L .. I'rell.w V"IIIsole/(Jlw ,ft".,m,,' d S(~ltI XIX (UJ08·IN9'fl. V"lbdohJ. In,riluiei"n Cultu r.11 Sim;lIIe:l' C Ser,icin de Publie;lI:ione, de la Diputación l>n" Il1c"l;>l de V:lll:11I, )lId. 1922.2 \01, FERNANDEZ. Cei"" Almuliia. Ej\lCISO. LUI' "I igucl - 1.l' f'rt'lI<II, ln .. 11, .rtlrla 16... /'o/adrioJ. 1989. rp, 1-11·1.'10. I·ERt\ANDEZ. Cd,o Almuir"" I .., "rt'l!l'tl I','r,,"/inl. III " Hi"ori a Gellcr.ll de E.,. pâna )I Amcric,,,., /I.I.l<ll'ioJ. EÚlciont' lholp. S.A. 198.1. pp. 135·15-1 . rEl~REmA. João Pedm R I)~:, () JQnwl, ." "" IUI Emigrt/(llo. Lisll<.l:l. IN IC. 1992. FERIU::JRA. And ...de - 111"11111".\11111 I.JI"l"/inl/ ' 'II1 I'nl1/1J:al. il\ «Arcli ivo Pillorc>CI)'" Lbbo::o. 11157· 1858. pp. 93·9b. I--RA NÇ A. l3ur~ •." - A ''''fln'u,,,, ,'m PorW8l/1. "Orlo. IlIlprcn~a Uncr,mJ e T ypoJ:;r.'Ipllle<l. 1900. FRANCO. Cr""" - ri C"II'''''{/ " III/premll (1820·19f.1), Lbho.1. I.N.C.M. 1993 F REIRE. João Paulo - O Oiti"itl ,II' Nmioll.\. Va l'l'" FI/mll/fllu ,h ,1"/11/,' lJ",ftu di! DiU/Ili/IIII'. 1iJ..:lJrf" ,III "m H'Mdri< ••' ,I", "'lU f.jcmirid,'s'. U,b<xa. 2 \ols.,JoJ GA ILLARD. Philippe - O lnnl<lll.</II... L,,,boo. Europ.. An,é!icJ. 197.J GOMES.Lo.. " I' J',"U/"-fm~ ,lo I'" ..", (' I< .fIla A~"·OCIflF;tJ. Porto. "d, A""JCl",,::io dos J Ofll"li~ [as e 1I.>IIlell' oJe Lclr." nu 1'''11<1. 192.'1, (j()j\'ÇAL VES. Jo~é Jlil io ú 'i, lltl III}"""/(/I";II. Ponu~al 1627· 1965. BrJ~a. P:u. Editora. 1965. GOU\'EIA. A}re' de - l"rmll.f "'álu'm fllUlreódm "" P"rw m I 18M. ln .. Gal.cla Méd ie.. do Pano ... P.u,o. 1869. PI'. 1·5 III..:RCU LANO. Alc~;",drc - ri flll/"'·"'II. ln ~ Opú,tuto~". LI~bo". UI' Ikrlr.md. s.d., 1'01. ,.. LACE RDA. SI"C~lrc - AJlom''''lI'I//'J.I' IUlm II J/,,'Itfrlll '/11 ''''/)I"""m ,. (/(,." l'u"lic(l("t1L'~' P('l"iótlic(I.'· /l" COl/cc/ho ,I<' """ N(}I '(I III' Clliu. iII " I{C\'i."OJ do Gah",c[e dc Hhl ória t! ArqucoloJ::ia de VoI" No\'ade Gaj" ... II Vol .. 19f1.a, pp 509·531. Ll!!\L. Augu,'o Soore' d' Al.el'eJo l13rl)l1"1 (lc Pinho - P<'Im'J:l//II IIIl.(:n t' ",,,,/(·mo. OicinlUlIH> L .. ). 7. L;'OO:,. Li". Edilor~ Mm m.' Moreira & Companhia. 1876. LEJ\L S,I\ .. - O Jnnrali.</I/() (''''"/111<'''''' Ht':'I'"f", 1/n.< l1/nlai.r 1'"Mic",I,,~ 1ft· 1625 ar'; O,.,,,IIm de 1HlJ9. LECIIENI:R. Jo,é - 11/malmlltl (' U(I'I'(lWrtl ti" Dt::.pnmar "a f",hiS/riu e,s/mmlllo Séculn XIX. ln ColóquiQ .. C;IImlo C,,~lclo B,~mco. Jom~Ji~mo e Uler:Jlur:, no Séculn XIX ... F:unalic5o. 1988. LEITE. Lui~ Filipe - r\ ' '''pl"l''' ''' P"fllft'll I.' ti IWl'rt:/l.\f/ LII/I'mri". in .. Archi\o Pillorc>-co... Lisboa. T}r de C,,-,rm &. Innão. 1"58. pp. 102·103, LE/l.IOS. lIt.irio /l.lato, - A IA"'I'/flufl' d .. I"'I',,'ml< "" "Mm. Porlo. I R4U . MAC HADO. ['crn::ondu F"J.:ào - O f'Mm "',," lonlllllh' Cmmlml. ln ..O Tripeim ... n.· 05. Maio 1970. VI Série. Anu X. pr 129· 131 M,\I" SO. J')''''lui", - O 1,,1"/101,.,"/11. ltI .. Bolclim da ,\C:ld"'l11l-l d,,~ C'':IH''H~ de Li .• boa ... Li~boa. 194::!, XII. MA I~Tt:"S. Oli\cira - A " "'I'I/I(;itl. Li <ho.l. 5 \~I~ .. 1958·19~9 M AI~TINS. I{ oeh" _ 1"'/111('110 lIi,m ir;/1 /1II"r('II.\(/ f'nn"J:I/(',II. Lhbo ... 1'1-1 I MARTI"':S. Roeh" - UO</;·;/:,Ilt.'" SI/ml",m t: o,' ,,''",, Jomms. III .. BoieI/lU do SIlIJlcalo NaClon!!1 do~ Jmll;lJi,'a~ " . 19-1 I. 4. PI' 91·96. MAT IAS. M:lria GOfctti /"" " lIfúr;" d .. 1",["nuI< l'tlImlltll: ' '''50·1'170. in .. An;lli~c Social", \01 XXIII (991. 19t17. 5.". pp. 1019 , I().U. /l.IOl\'IC,\. \I Filomena. M ATOS. I.uh Sall;ado - Illnmlúrif/ IltI ''''1''"".(1/ O"erâna POrllf8111'Sll (183-1· J:1W I. III ~An:lli'e So.x:i~I ... \'01. XVlI. U,I)Q!I. 1981, pp. 1013·1078. Í\IORbIRA. Albeno - ri A:'.\lX:Wflil/ de 1l/nltll.. ws t' Hmlll.'lI.'· ",·I.,df/IS II" f'nrlt). in .. O Tripeiro ... n.~02. Fc\'crelfU 1%2. VI S~ ri e. Ano II . pp. "2-t 3. ,\lO I~I;II~A. Alncrl" - /:mitlil/ ,I,· 0111"'"'' ( 1853·1920} - HI" '()l'llmulll" lomllli.lf(/ '>(}rtll" ,,~ <·. in ,,0'1n]X·lru~. II" II. M:II\'o 1955. V Sêric. Ano X. pp. 334·33)) NO I~ONHA. Tito AII~U"O 1) ".ll"Ie dc _ f~·".lfIif/.\ \'lI{m' fi HnfÓ,úl d/I Itllfll"t'IWI. Li~boa. Tip. 1--""11\:0P"l'lu~uC'" de Lnll"malH. 11'! ~7.

"li

~7H


NUNES. r-.I.,n" de hium" ..t 1....,lIIm I'o/",c ... 1'''''III''",i..-, r MIII"lml/l. '" Kl!IS. ,\munio (dir. de) ~ Portug;.[1 Comempor:uleo".l.i,hoa.l'ubl. AI!". 19<)0. 19Q1. \'01. 1. pp. 329-336 NUNES. Mari:. de F~,im" - '-"/Il1m " A;I,"'" 1,llUm _ A 1"'1'1""/1...,. I'r,.,"";"" Ci<"mJi.." cm Pfll"Wglll (1771.·/X52'. ni,,~rt,I{;:;o de I)oulm,un~nlo <:nl Ih"'ónll da {;ul1"''' Mooern" t;: Co"t~mporfineCl lIpr~~ent;!d" " Uni\er,ida,le de 1;\ Or:!. . .! lol,..E\om. 1994. rolicopmdo. NUNES. /<.I.,n:o de F:íull\;! - () l'II/r1" "",o ,." UiJlmlflllo;· C(Jllh,·,·"',,'II/{1.\ ';"'1'. ín REIS. Al1Ió"'" (u,r ue, "Portu);nl COmem["Klralleo~. Li,b<l:I. Puh1. AII':\. \'),)()·I'J'J l . vol. I. PIl. 119·32l!. OLIVEIRA. C6;1r _ ''''l'n·u.I/I nll<'ni,-it, "" 1'1>"";1,'1>/ 0<111<."''''''''' .I" 1825 (' IYOj. L"bo". G I,S. do In,' Superior de Economi" ,I" Uni' T ..<çnica de Li,ooCl. 1973. OLIVEIRA. r.'hl!ud - {/rl"'" N",(f"illl(ll 1",/"'"...,,, ClIIri"'(l. in ... Boletlm 0.10 ,sindiealtl :"acional dos Jun",h'l:h" . Li,hoa, 0"1.· I)C7 .. I9 .. 1. pp. 133-1 ~8 PEDRO. M:l!1ucJ - (h IJllrnll ,I.... T;,I<;gml".'·, 0., Amoro Ilr C""·ml"' ....:. A, An.. , CróJlcm. I'ono. Iml.rell,a 'Iodema. 19-'7, I'ER I~ I RA. ,\ ,\:,,,,<,r da Si"'" _ Mm"IIIl'l/w ~,'"I",,,'" II" j(ln",/i.wl') I'olitü'/, ('111 1'(1r,".<:"IIIO Shu/o XIX. in ~Re\"l" de Sdeneia~. U:llr..:- e Ane~ ... Ll~h<l:O. J ulho 1901. pp, 51-57. Ago~lu de 1901. pp. 61i·Sl. I' h IU~IR I\. t\ X;,\'ic:r da SII\" - O )0"''''(,'''''' l'tI"I/I-:III' : U".lrl1l", ('''nlll"ItI.~I(·II ... Li,boa. Til'. So:!...:,.1895, p ~ R EmA. Augu,'o X:,vic'r ú" Silva AI (.,'i< Rl!pr",Uit'/H 0111 '..tI,<',.,I",(,· 01., (ml'rr".w. COl!lIbm. 111111n:ll':1. da Uni\en-idaue. I!lU I PE R l!1RA. E~IC"~'. RODR !GUnS. Guilherl11~ - P"rwg,,/. /).,.,.;",,(II'i/l 1I,~r()/k". Clwrvgl"(lpl"'."II. n;"g'~/plli("". H(·mflfrc". Mlllllllllm ..." I' A'f;>ti(tI. 5. Li,boa. J"~,, ROI11'Illn TmTl" & Companhi" 1:;"1,\or.". 1911 PO LI CARPO. Joou Fr.l11ei"CO II<.: Almeida - O 1"'/H'llI1wmtl S,,,-,,,( .III (lIlIII<' Cmtlfi.." I/(' ~ " I'II/(Wrt/» (1871·19IJj. LI'bo;o.INIC. 1991. I'IUt-.:C'IP I~ Cei'ar - 0., S..gr"llm 1111 ("'11""". I."ooa. 1979. I'RO,sTE,s. Henrique Cal"\'"lhn de - 3ImHII'III" d,' úll',-,''i,w I'.'m"liqllr f'1I"IU~m.,,· I(~/IJ /872. LI,h"". L,tllel1l:'1U Fri,'e'. 11I7~ QUEIRÓS. 1'r:!.l1el'-C<l 1-0rlUll;lI<) Amll<'·.1 1('" Snl·/Ió.u I/tU Anc", I' 11".1 I... ·/fll' (1'(/1"1,. 11'I18·/1'122). 1"'0110. Centm de 1 1 1~lórm d .. UIH\el'"dade úo P0110. ]983. QU INT ERQ, Alcpmlm Pi7.:Onuso -Ih.\/(I,.i" 1111 (mp"rll.",. L"I"'-I:1. rl~Ulel:l EditorJ.. 1<)96. R EIS. A do C,mTl<) - A Imlln'''''' P,',-iúdiclI IIlI I'nlll<,im MI"IIII/" fi" ::>,,',"/0 XIX (1831')·1850). ClIl'/iIJIIIl I' SI·/rmilri.\'II1II. I.)""el'lill,,,lo de Doutor.:Jll1ento apre,elll:uJa iI Fae,lIdade ue Letr,,~ ,I.. 1'0110. POr'tIl. 1993. R/;J S. Anlónl\> - O jort/ufi'III" II 1I1."II'itlll".... AI"" .lIl1/uriln I' /),("'"t:UI'II.'·. in ,.Penélope ... n.· 12. 19Q.l. pp, 13S-I":!. IH·;tS. Anlour Du:onc SelU,,, - ('moJ()gIJ ti" 11,1>/111,,·,'(1 I'"I>/il'/' M/lllIO'/>('/ ,I" I',uu>. jlJrmU's ( ... ' tI('MIt' 1667 li INIJJ. POI1o. /l11l'l'en,a Ci\ ih,a~·:;ú. 1896. RIREIRO. Jo-.é Sihc.,u\: - }tlnllll.SIIII' 'i....mifilll " 1.1tI"1"llrio '/0 Nell/lldtl (/o- J>- MIIrIII fi (I/B-I· 11'153). III •. II"loria do, E.,,'abcleeimenlu, Selenl,lI..'(". Lill"r.ln,,~ C Ani"'le(l~ de Ponu~J.I .... L,~ho:J. '1)", J" ACaUcmi:, Real d;"Seicn~·la~. U!7K. "01. 7. pp . .116,447.11\79. ",1.11. 1·51 RI BE]1\O. M.uia Manueb T,,\';o ..e' S.. /).-Id,,,, 1,,,n, " l/i<lii";'1 .(.. LiIH"n/mlt' .1(" Imprt'''~'''' "".",1".< d .. ,,;,.,do XIX. ln ~Arqlll~o 0.1" UUI\el'o,d:.ú",,.. Cojml>l~I. 19X-'. ,·ul. (,. 11p... 61-593. ROC]IA. Ili<ll" - eflui/o,c" dll." /'rritldif'IJ,' l' I'rmo""" S,·,';",I,,-, di' ,Ilm,'"",/Ji'I'''' da Im'"()f/"ç-t7o .11' Ti''''gf''Ji" ri (1Il("I"',,d,'w-m (18$-1 /97.51. LI~b(}". Edl<,:':-"" 7(\. I'JK5. I~OSADO. Nuno - ,\ 11Ir/Jr('''~II. LI~hoa. r. llni." üiu da Educ~ç"o N:oclonal. 1'.1(,6. RU IZ. Ni~'"l;;, (JUlv;íh:, 1 dir. de ) - l;uódol1L·.1i11 ,1<'1 P"J"im/II/HI/. Il :n'Ct'luna. Editori:01 No};uer. 1'.166, Sr.. Victor _ Pt·'·lpl'I·"'·".1 010 Sé<'Ult! XIX. ,-"!lu,,, Pnnug:ili:o EdilOr.!. 19(... S:i. Vi<,:l.)r \1.;: Nmiáll." W!!!fl' .1 ImJ!I'('"~1I O/"'r,irw UI ~ R ':\'l'I:1 .I" ""toria",. Pano. l'lID_Ii-l. '01. 5. pp. 1-'.\.151 SA. Vi""ur de - O . /;.",,,, !lo, O''<'rljritll_ ...\1"1....<:.1.\' I"'r" o 1'"i"''';I"I' Im/,r<""~1I Soâali.Hll em 1'''''''.1:,,1. on o<Se;l1~l NmCl". Llsoo... r. lalU 1962.])1'. 10·1 I1K S,;. Vi<,:,or de PrtllJle",,,,,' 1"'f",""I""'f 1/11111 ""'rlllolr/" ./t, IIIII"I!II'" O,,<,r,;rlll /·"rl/I.<:'I<'''I. i11 .. i\n~1"e Soei;tI ... 17. LI,h,)a.I'!', l!3<) ,860. SAI.C.,\J)O. J""quim - Vi'-II"Io'", Mlllrji.-l(ll d" Imp,·t'I/.'I/. L"'I!!~'o /(,,/111'''''' ,obr,' I' O,·il-!c/II. t-:"III"pio r 1:.'1<'1111.. }"oml"l/m. I'vrto. Ponue~len"e Ed110fCl. I 'J45. SANTOS. r. IJria de L.. urde~ Lll1lll u.... - .\'''': I<d"/,,Im'''. C"""", ..... p'" ,. ,1/.... 'IItfi:(u:.'III. in •• Portugal CotllCmpor;mC(h>. L\~tX);l. l'llhl. AlIll. I'.1')1)- 19<) I. pp. J65-3:S:S, S ER VAt-.:SCI IRE1I3ER. je:on·Loul\ - () 1'",It'r II" Ioifuru",p'''. L"I1<'~. h'''''p;o-Amúiea. 197.1.

pp.

'·0""11' ...."'.

379


MARM t.LVIRA RODRIGUES CASTANH !:.·IRA

~ IL VA,

f7r.",,,,,""o Rilx:iro el:! - Jornmy .' R""'Mm' H() Tc!I!/I'" ,I,. ("<11l1iln, '''p,,,,,,,a da «Bibho,he<'::l PnrLuc·ulcn<.i, .. , 2.' ,,,rie, n,~ 5, 1990, SILVA, Inocêm:in f7nll";'.'~·o de ,'I 01- Vicio",;,-i" lJih/iogrójl,." "'or/uguó. Li.,!>"", Im])ren., ,, 1'1~ciem"I, I S51)·197), 25 ",,1 SOUSA. Fcrn;md" de - .lonl'" d,· Nmit'ia." ri /II",,,,,rill dI: III" S"nlio (18,'18-1988),1'0'10. E"'I'I'esa du Jornal de Noticias, 19\'\1:1. SOUSA. Jo~é Manuel ~·I U I;I. VELOSO. Lucia Maria M:lnano - 11i,'h;"'" ,I" Im!,r"I/"" f'l'I'i,5diclI f',II'W.~'I<',(I. S,,/lsílli o,\' 1''''''' 1111/(/ IJi/ilioJ.:mJia. Cvill1brn. 19X7 SOUSA. J",é Manuel ,\Io!!:o. VELOSO, Luci:! I'.l:Iria Mariano - H mtlnll (/(/ IlIIpl"<'IIMI Periádi,.y/ 1'0I1/1g, ...."'. S ..h,IIrlio,,' !,flm ,,,,,,, Crmlt//ogi" (. f/ibliogmjia. in ,· Re l/ls':1 de H 'M6n" das Ielei".,». \,,,1. 7, Coul1ll1~l. 191\5, Jlj!, 501-572. SOVERAL. Munoel Ah'~"'~'hcs - Qr/gel/,I ,. DI:~enc()mm" l /O J l/moliM/ro N<lciO/UlI, in ,,0 Tripeiro », Série NO\:I. AI'" I. II .~ O-l . pp. 06·10. SOV I:: RAL ,\ I:lIwd Abl',,"chc.,.1e - Origf'I/S I: f)"M'/wmllm.'· do ./ol1lllli",,1O N/l6m"'/, in .. O T rip."iro» . .s';r;~' Nu",. n,~ -l, Man,'" 1992, pp. 6 - 10, TE1'1(jARI~II\'IIA. Jose - II O'-/IItÍri" ('II Jurnc,Ii,'III() "" H""''''III.mUl, in " lf.Me,;.:" do Rom:llui~mo eml'nnu:,!"l .. , L,.,h<);[. Ed. Gréll,iu Luer.lrio. 1974. pp. Ill5 · I'JO. TEN"GARRIN1IA. Jo"'; - V u Ub""/,,,J.' ,1/mJimd(1 ti /.J1H.'l7lmlC' S"bn:nid", Li...oo". Edi<;óc., Colibri, 1993. TENGARR I NII/\. Jo~é - 11i.1'/fÍnll dfl Impre/lsa l'er"Hlica f 'on l/glre,"'. Li~boa. Call1lnho, 199\l. TENGARRINlI /\, Ju,é -I"'I"" '''M', ln .. Dici on:irIO de lIi '16,.i:, de 1'<mug:II". LbL>o.:I. IlIici:lli\' ,,~ Ed;lOn ... ;~, 1971, PI'. 470-.\97. TENGARRINIIA, José - L<I I'n",',,'e 1/':.0:<1/'" l'or"'J.:lú.f'" P"'U/WII U, G",.,.,." CiI'ile iii' IN.J(j · /o'.J7, iII .. l3ull C:1I1l de, \i,udes [>Or1"g:Ji~"•. 27.196(,. pp, 137·15C1, TENGAI~RINHA, José - U"", illl/'m"1ll1lre 011"<1 I""llim whl"l' 1/ .t"nllll/.\I)I(J J>OI"//lg/l.'s. iII ",Bolelil11 I n":~rn,,,:,vn,,1 de Bihlin~rall:1 Lu~o - Brasilelr.!». Lbbe);l. 1<)63. \01. 4. pp. )42·352, V I\REI.I\. AntóniO (;0111"" Monlei ro - S"II.,(<I,o> parti" Ifi.\"l,lI'in dll Imp/~'".\(I f'..,i/l"ic/l I'oflllg"<'.m "o., /IIl(/,f .ft· f8-15 18-16 (inéditu), Fal'ulrjadc de 1... 11":1' de Li"h()a, 19(,0. V H:. IRA. Cuqudio Jus\! - ii Imtll""II~" "/I RI'st.".'n<"i<l /"<'1:al - D,'I·.'r d,' If)dl/~ (J,f Cill"J,io.\· <, /,rú,,,,"m/lll('m,' tlr" ({'''' 1,,.oII:Mllrr/1II (:mura a Lá /"/'1' "'\ ·\;1'// lI" l.il1",rr/m/" ,rlm"""/I ."'. Pon". 'I')p. 1'1;le;oll;l1. IS50, V IT ERBO. J- '~iIlei""" M"rq,,~s <k SOU~:I "nUI/o.'· sI/I"."" Ih\'ll;"'-" (/"I"'f}/"'JI.\('. Ll"boa, 1857. WEILL. G ... ()rg,,~ I...' )0111'11«1, OriM;,r,'~, l::"'o/mir", ,'I Rú/", ,Ir Lu Prr',~(' 1'liri"''''I''''. Paris. 1:1 Rcn:ti".:lncc du Livre, 193,1

380


A TA NOARIA A ARTE E A T ÉCNI CA'

A., refcri!ncias mais antigas !!'obrc a utilização de objcclo~ realizados por lanoeiro!'> podem ser encontrada!'> na I\lilologia: Zcu!'> condena as 49 filha .. do pobre Danaas. a., ... a~ ... inns dos seus c:-pO.,os. filhos de Egypto:-.. a reencher com água do rio Tárt:lro um lond :-.cm fundo. Na 3111iguidadc clüssica. não poderemos deixar de .,a!icnt:lr a :ltilUdc do \'elho D iógcnes. agoniado p(lI' não e ncontrar um ..ó homem scgu ndll :.1\ exigências d:l Iilosofia cínica. rl!tirando-se do mundo dentro de um barril. talvez o mab mt1dc"lo c bailai dos abrigo~. O mundo romano conheceu o lonel celta. mas serv iu -se prcfçrcncialmclltc

da ilnfora - recipiente econol11icamente catastrófico para os transporles marítimos de azeite c vinho - con:.tituilldo C~IC procedimento mais uma peça a juntar ao longo dossier da estagnação técnica atribuída ao Império Roman0 1 . Entretanto, mesmo que as pipas não rossem tle utilização gener:llil.ada na Penfn~ula Itálica antes do tinal do séc. III . cm Roma c no centro da Itália, onde as pipa:. poderiam chegar por mar de origens diver~a!->. e~te objecto cr;1 conhec ido de:-.de o séç, I. ÇO/110 compl'Ovam divep,o~ monumentos figur.ItIHl'.. entre eles: um baixo-relevo exi~tcnte 110 Museu do Capitólio. o qLl:!! rcprc~cnta uma barca carregada de pipas passando sob a arcad:l de um paredão de um porto: a e.,te teslenmnho é necessário juntar uma luccma cxi~tenh! no Mll<;Cll Britânico. fabricada num a te lier da Itália centr..tl no fi m do sêc, II. princípio do III. mO~lr:'lIldo X homen~ lran~portando uma grande barrica cum a ajuda de 2 varas c corda'. A maior parte das representaçõc:-. de pipa~ cm Roma que datam de~ t a époça encontram-se na eolun;l de Trajam), coluna Aureliana ou Arco de Séptimo Severo. ma:. correspondem a cenas localizada!'> em vária:. regiões do império. e J11o~tral1l ;1 anuada romana em marcha. ou cm desfile com os despojo:. do ... :.cu:. inimigos. Podemos afirmar que no :.éc. II () tonel. de origem gaule~a ~uplanta os o utros meios de tr;m"porte, mc:.mo cm Itália. Pela sua forma arredondada uma pipa é facilmente manejável. rol::ívcl c d irigível 1 . O transporte pur via m;tritima. exemplificado no baixo-relevo do l\luscu Calvcl de Avignon . ou so hre estrad;l (l\ luscu Snil1l-l)ichcr, CLTl Langre..,) não suscitava qualquer problema. No Centro I Sul de Portugal. locais de m;tior lIltluência da cultura celta a forma da, tampa~ da~ sepulturas são um belo cxemplo de uma passiveI generalização da utilização do v",ilhamc cm made ira. apltcado a diversas funções, tania no mundo do:-. vivos como no dos mortos. No séc. I e I I d.e. e ao contrário do que se tem afi rmado alguma ... vezes. era lIsado o vazilharne de madeira (cllpae) prineipnlmenle feLlo de ca:-tanho, e que Plínio recomendava com particular interes..,c para \1 tran~portc do vinho (I'W'(lri \';"ari) sobretudo «par:! n50 lhe perturbar a fcnnclltaçào».\. Tal upa de vas ilha diferia muito pOIlCO da nossa pipa actual como se pode verificar apreciando o exemplar exposto no M u:.eu de i\loguncia (A lemanha), 381


SfLVESTRt. L40CERflA

l'hlle-s c ;lÍ nda qll l! us va!'>ilha:. de madl!ir a - Clfl)/ls (" cllba.\' - eram já comun s entrc nós no sécul o IX . algum, destes l>CrV1;tm pura guarda r cereais . Olltro~ eram destina do . . a bebidas - CIII){/.ç C/l1I1 IJibera. cubos C/III! cibar;{/ 5. No tran'po ne d e vinhos no rio Tejo. elll 11 79: "CU.I/III11{' //('. de rodo ,'illl1o que L'Ce,. ell1 horcos pelo rio {'II /()lIt!(!.I'. e se I'ellder per pralll"l w.

C/lU!

dell1

de cada fOlie! h/lll/ a/lili/de e /JIe.'·o aos n'I(!.~ lleyro.I·»6. Fernão Lope". na Crónic a de D . João L refere a conden ação II mane de Aharo Rodrig. uez do.: Gr;Lde. apc~:Lr de nobre e bom escude iro. Dentre Dou ro e Minho . apena.., por ler cortado os arco~ de uma cuba de vinho pertenc ente a um pohre lavrado r 7 . urhanis mo da, cidade s medie\ ai s é marcad o pela organi7 ação espacia l dn:-. mestcirai..,. pedido do.: arruam ento do..; tanoeir os de Lisboa . Ceita em 1318, é uma da .. primeir a" refere ncias nacion ais a este tipo de organiz ação. A corpor ação dos t:moeir os li"l)()eta". já esta va constit uída C0l110 tal pelo meno" desde O" alvores do séc. XV, Durant e a verea.çãLl da Câmara do Porto de 25 do.: Maio de 144:\. aparece -nos ]lel:1 primeir a \c/. o mester dc tanoeir o. ao "er lavrado entre eles um aeordo com o [1m de preven ir certa . . desord cn,. princip alment e na distribu ição dos arco..; que cohriam a~ v<l,ilh3". Na planla m..:dieval da Cidade do Ponol; ~urgc-nos o PO~tigo da Areia O ll dos Tanociro~ relallva rnent..: próxim o do Posligo da Madeir a ou da Lada. no elLtanto 'iÓ em plenu "écu[o XV Il Coi possí\'e l d..:tcctar a rua da tanoari a. ~ituada por No\·ae,,'I. como a rua que vem de ..de a porta ue Miraga ia até à Praça dos Banho .. , É ne"ta zona ribeirin ha. de :Hl1ba" as IlLllrgcns do Douro. que ~e irão I,;uncentrar o" t:lIloeiros ao longo dos v:irio). séculos . con"tit uindo assim uma das imagen . . ce ntrais na represe ntação da cidade . como podem o" observ a r na'i in úmeras gravur as que foram elabora das por viajantes e artisws quc e:-.colheram a Cidade do Porto co mo motivo primor dial dos seus trabalho.." A organiL ação inslitue ionali/. :lda do ofício d e tanoeir o pa"av: ! pela sua regulam enwção . No caso do~ tanoeir os de Li:.hoa conhec emos o seu regime nto de 1551 c no d o POI'to apcn;ls referen ciamos os eSHllttlOs que 1'or:lm reform ados cm [621. Norma lmente associa dos ao ofício estão as confrar ias. Curio~amcllle e ao contrár io do que é vulgar reconh ecer-se os i:Llloeiros nâo têm o mesmo San lO para irwocaç :lo : Confra ri a de Santa Ana. em Lisboa : Confra ria de Santo Antóni o. no Porto. Rcfir:l- sc ainda que em Viana do Ca.'IC lo a in"m;;lç;10 é São José. mas lIe:.te ca"o estão a:."ocia dos aos carpinl eiros. De acordo com o compro misso dos tan oeiros portuen ses o aprend i ... era obriga do a saber execut ar com perfeiç ão um tonel. Uilla pipa. um quano de dei' ;tlmudc s. um barril de Irês almuue s. «tudo muito ho.:m fcito e acabad o de su a

°

°

mão»ILI,

A afirmaç ão pública suprem :! dos ofícios pas . . ava pela Proci ..:.ão do Corpo de Deus. 0, tanoe iros, terceira corpor ação por ordem de import ância. coneor ri:lm COI11 « Rei e dança de dO/l.! vozes» c~tando-lhes posteri orment e de:.tina d o que "criam respon: .:í\'cis pelo panejar nento. com to!de ... de uma U:l'i princip ai:. 'lI"Iérias da cidade .:l ma 1l0v:,II. No entanto a afirma ção simból ica deste mcster n?io se confin: lVa a esta manife stação. Todos os :lno:-.. por oca:.ião da festa do l>CU patrono . 13 de Junho - dia de SantO Antóni o - os mordo mos da Confnlria eram con.<.t rangido s a re:tliz:LfCm uma proc issão tipicam elllc enquad rada nas festas da época barroca .

382


A 1i \NOANM

compOSta por vários quadros. que ~aia do Convento de Monchique para O de São Francisco. local onde se realizav:lm as maiores solenidade .... salientando-se de entre elas a missa c a re união anual de mestres e anciai.., para a eleição do.~ corpos gercnte~ da Confraria c da Corporação do Ofício. A'ipectO singu!:lr nl.':~te ofício é a cronologia da sua de~e~truturação. O~ c on l1i tos com os interesses dos comercinntes de vinho in gh.!~es c:.t50 na origem - desde os finai:. do ..,t!culo XV II. em Lisboa e pelo menos desde 1709 no Pono - . d a po:.., ibilidade do exe rcfcio da prol"iss50. emhora com alguma ... condicionantes. fora das oficina.~ dos Mestres. Esta situação é a respons{lvc! pela proletariz:lção. ou melhor. assalariame nto. de muitos mestres e oficiais que trabalhav~lm para os grande ... armazéns de vinhos. propriedade de cidadãos estrangeiros. A conni tualidade latente entre este poder emergent\!. dos donos dos armazo.!ns de vinhos. e o representado pelo poder instituído. corporiLado no Ofício. \ai ser uma da.., car..1cteríslicas p:U1.iculares deste grupo profissional. ao antecipar em cerca de um ",o.!culo tod~1 a problem:ítica q ue le\'ou tI extinção do.., ll1\!steres. após a vitória do libe ralismo. em 1834 . O jogo entre a inovação c as pcmlam!ncias pode também ..,er vislumbrado 11 0 caso da Confmria de Sa nto António dos Tanoeiros. E~ta ultrapassa as mera.., funçfJes religiosas. funcio nando muitas vezes eOI1Hl c3ixa económica. e vai manter-se activa ao longo d I.': lodo o século XIX e sobreviver ao repuhlicanismo. ao solicitar a revisão dos eSlatlllos em 1913. Ao longo do séc. X IX vão tllanter-~e as ear<.le l crí~licas das pequenas oficinas de tanoaria. normalmcnte situadas no:. baixos das c;l.~as de habitação. acoll1panh~lIldo frequentemen te as mudança.., dos inqui linos. A intcn..,ificação do comércio externo, eom a exportação :l gmnel do vinho do Purto pela barra do Douro. obrigou as principa is empre~as vinícolas a incorporarem a tanoari;! \lO conjumo dos trabalhos de Iral:ll11entO e armazenamento do vinho. chegando al gumas a ter uma elevada co ncentração de trabalhadores. ca,>o da Cockbufll ...,. Sandeman. Companhia Agrícola e Comercial dos Vinhos do PurlO. ete .. A tanoaria mecãnica iniciada nos Estado, Unido,> Cerca Lle 1860 e fomentada em grande medida pelo incremento da exportação de pelróleo. contribuiu de lima forma consider:ível pa ra a generalização do UM) da pipa ou harril para o trânsito de um grande e diversilicado conjunto de mercadorias. Em Portugal a partir do ltltimo qumlel do séc. X IX sur1:lirarn as primeiras 1:lrandes unidades fabris exc lusivamente dedicada ... ao fabrico de objeelOs de ta noaria. pelas ..,uas dimens6cs e grau de mecanização salientem-se o ... exemplos da Companhia de T anoar ia a Vapor e as firmas Valente Perfeito & C .a e Silva & Cosem;. Na década dc 80 do ~éc. X IX. os tanoeiros sentiram a necessidade de ..,c o rganizarem para responder ao novo sislem:l fabril. Acompanharam a c"oluç:1o do movimcnto operário 1,.' 111 Portugal. eom a criação c m 1889 da sua As..,ociaç:1o de Classe. Para conseguir fazer ollvir a sua voz. apÓs a primeira gr..:\c geral do sec tor. criaram em 1893 o seu primeiro órgão de im pre ll sa. intitulado A LI/:" do Operârio. A ... desinteligênc ias mOllvada.., pelas diferentes corrente:- ideológicas. pri ncipalmente en1re :ma rco-sindicalistas c :,ocial ista."" 110 início de.~te sécu lo .

levaram a uma cisão no movimento c ao aparecimento de um novo jornal: A Voz do Talloeiro. de tendênc ias llló1 is próximas dos libertários.

383


SILIEST RF I.ACLRI M

- -

Apó!'> um pcríodo de alguma e"tagna ção. com a impl:.ullação da Rl.!púbJiea. rc:.:.urg e A Liber/r .ldora. Anocln ção de Classe dos Opt'rúr io.\ Tal/oeir O.I' do PorlOl ' Gawl. tendo cumo porta-v o/ O LiI}('rtârio. Em re:.cah.lo da primci ra guerra Illundi: ll. () movim ento ... indieal telHa I.!nCOlHrar formas mai" llllifica doru ... par:l a "ua acção. "urgind o de ... ta forma u Fcdcra ç:ío Nacion al das Indús tl' ias de Tanoa ria c anexo: .. criada após o Congrc:-. ... o do sector em 1923. Com O advcn to do l!orpor ali,i ... mo e 11:1 pc rspecti va d;L assinat u ra do primei m contrat o colecti vo de trabalh o do E:.tado Novo. os lanoeir o", após urna breve adesao ao" idc:ü ... do n:lcion al-"ind icalbm o. deram a "ua plena ade:.ao :tos Sindic :ttos Nadon ais. :.cnUn disso exemp lo a organi zação de uma g rand e jornad a curpor aliva em Vi la No,a de Gaia c a edição de doi:. jOl11ai,,: O Liberto I.! A 1/0;:: do Trah(ll ho. Par::! di"tinlo s USO\. direrente~ matéria :.-prim as. Madeir a\ de grande qu:tlidadl.! para arlllilll!I1:H1lellta de vinho:. que durante lungu" períodu " de matura ção adqulfl!11I rCljuintad:l.' innllên cia\ na cor \! palad:l r cm clln~l!quência da madeir a sclecci onada para o efeito. A lannari :t não ~e lilllil:! a comI ruir \'asiJha~ dI.! madcir .t cuja forma eXlerio r lo! a de pipa. ma ... \Im c.stend c-\e a lodo\ aqueles recipie ntes de madeir a. qualqu er que seja a "lia C,qrutura. constru ído... por si m ples jU\lapo sição de tábua\ de forma apropri ada. su ... lerttada \ um:]', com as ml1ras m.lmida,> pela prc ...... ão dos arco .... de madeir a ou metal. geralm ente de ferro. Nc,>te sentido são grande s a\ \'ariedadc:-. de fo n n:t~ de recipie ntes desta classe CUja constru ção corrc:-.ponde ao tanoeir o. As banheira:-.. selha:.. h:llsas. doma\ . caneco: .. baldes corn c "cm asa. a ... primiti vas rn:iquinas de J:lvar. etc. A" madeir a" que primill\':ttl1enll.! fomecc ram matéria -prima para :l consuu ção dc materia l vin:.irio - pipas. tonei ... e cuba ... - rOfam II castanh eiro c () carval ho . Só muito Ill:ti:. tarde. pelo IIteno~ desde o \éc. XVI. é que aparec e :l madeir a import aua do centro e norte da Europa - Steuin. J):lIltl.i g. f-. lernel. ele. e só 110 ... 6:. XV III :1 da Amêrie:lI..lo Norte c Brasil. O car.alh o é preferív el an castanh o c :10 vinhátiúJ. porque é ma;" compactuo O c;\fvalh o contêm tani no. quercin a e querc1t rãu. três princíp io ......oIÚvci \. c que p;lssarn aos I icol"es espiri tLl I1,o~ comunicando-lhe~ sabor. cor e cheiro estranh o\. O carvalh o que tem menos acção nm Iiquido \ fe.rll1cntndm é 11 da t\méric :t do Nonc. que por i~so fornece aducla~ para quase IOdo~ os paises vinh:lle irosl2. A Junta Nacion :l l d(J~ Vinhos chegou a recollh mdar n utili:la ção das scg.uin t e~ madeir a\ para as obra" de tanoari a: I -

2:I -I -

56-

789-

Acácia da austrál ia EucalLpto Mac:le aúba Cicopi ra Ca["\':llho do Alnazo na\ Castrlllhll Kungu lo Canal ho naciona l Vinhát icn


,\ 1>\So.\N/.\

lO

~lognll

II12 -

Bi""iJon ~ lo~no de Cub:1 Acáci:1 c"pinhu~<I C:Jrvillho de Nova Orlean"

13 14 -

Segundo u ProL Cinccinato da Cu..,la o ii nmucira para \asdhamc dcvc obeuecer au ... "cguulIe" requi ... ilo",: a) ...er d;i~lica

(? muilo "CC;! ler fibm:- uniformes (o) pro\' Ir de árvores de mcia iuaue l11a" já kitas d) .. cr de cor unifonm: 1') I1flO ler veios nem ser nodo"a ou galhent;111

h)

0" carvalhos (:um maior intcn.ô .....e cm t.moari:1 sãu I2 34:) -

U~ "eguinte~:

Carvalho ponugu~ ... (Q/lenu.\ I/I,\ittillill Man\.) Can.alhn da~ canária" eQ//crnH nmorienúso \Villd_) Carvalho séssil (Querem !!.(',Bilijlo/"{/o Sali .. b.) Carvalho vermelh\) da .. :l1ll!.!r!ea" (QI/creu.\' úor('u!Ü. r-.lhllL.. ) Can:llho robic (Q//<'I"("II.1' rolJl/r. L.114 o

o canalha roblc. comum ou alvarinho. que se encontra nu Norte de Ponugal. é lIllla da ... mçlhores rIIad\.!ira ... nadnnai .. par:1 vasilhame l\ O .. 1 .. 11!1I1:l "eguiu() na fabricaç,"50 dou, pipas é incapa.l <.k corrigif as inexactidõe~ que resultam de um deficiente abate. j:i que cada aJucla. ao dohrar. obrigada pela pressão do .. arco". efectua e ... "c movimento ...em <,c ~ujei tar a nenhuma ki matemática. A :íf\Of': dc~tll1ada a tr:lhalho ... de lanoaria (lever.i ser cortaJa de madeira di~linla tI:\ que -.c efccwa para a m;.uJcira de consll1,lçâo. Ü cone das libras aUJll\.!nta a porosidade d,,~ madeiras. e se a pipa ..c prclende complclall1ellle e .. lanquc. tem de eVll:1r· ..e que l:tI corte se v\.!ril'iqu.:. deixando que ele se veritique ;) altura de toda:1 peça. ].,10 SI;' comegue rachando a madl!ira cm vez de serr:i-Ia. A" aduela" dc carvalho. de ... tinad:l' Ü 1:l11oaria mai .. lill:1 d.:\-e111 ohtcr-~e da seguinte fOf111:I: - depui" de :Ihalida a áf\'ore. curta-"c transversalmente ':lll troncos ajuslauo" ao tamanho das aduela .. quc ~.: pretendem ohl<.:r. Ne .. ta op!.!fação n50 há incol\\enienlc em utilinlr a ...err;1. Depui .. de ..errada proceJe-"e ao rasgar colocando IUll"i.lonlalme nle 0' InlllCO S C procurando :I" racha .. naturais da madeira. Ca<;o eXista alguma illlroduz·sc uma cunha sobre a qual "C golpeia com um chaçoo par:1 Iniciar a rachadura o pmcural1do dirigir esta d.:sde :I sup.:rfície para o centro da árvore. colocando várla'i cunha ... atrás da primeira à 1l1e<.lida que se vai ahrindo a gr\.!ta formada . Depob coloca-se outra cunha no extremo 385


SfLVt~TNI;.

LICf;RD A

OposlO. e no l1lt:snw pl'l!1o superio r. proced c-se :lSSilll 'Simult alH.:amcntc por ;lInbo!' Os cxtrel\lo~ <.! aproxim :llldo-s c do celllro até que o Lrom:o fique 'Scparado l!111 pedaço s .. ensivel mcn lt: iguais. segund o um plano diamet ral. A" tábuas para aduclas orcrece m pelo exterio r v<Írio" smais para .~e poder aprecia r a ... u;! qualida de. Uma bua aduela dl!vC ter um odor franco. caracte rístico da dasse da madeir a a que pcncm: e. ni'io apresen tar . . inai ... de putrefa cção e sulco ... dc xilófag o .... n sua tcmper atum devc ser normal e não aprescn wr grc1<I"i de corc'S difercll Ic .... Os tanoeir os ;!fercm a qualida de da aduela ao golpc:í -la c se ela romper ... t:gundo a linha longitu dinal é porqut: te m qualida de. caso contrár io deve ser rcjeitau a. Antes de aplicar a madeir a no fabrico de vasilha me é nece",<':írio deixá-I a secar comple t;lIllen tc. A quanti dadc de humid ade da madeir a recém- cortad a é grande : cm madeir as duras cheg:1 a atingir os 30 a 4Oq. de humida de. Em cobenu' S pode perder cm cerca de ano c meio aproxim adamen te met:lde de~sil humida de. Regra geral ildlllit!.!-...e serem l1!.!ecss.\rios 2. a ~ anos p:lfól ...e obter uma hoa secagc m pelo método natural . ma'S é imposs ível fixar em absolut o essa duraçã o. pois depende: da densid ade da madei r:'l. do tipo da lIIadeim. da:-. condiç ões de ...ecagem e de outras muita:. circlln ... táncia:-.. Um outro pruce ...... o que ,xxle ..cr utiliLado I.! a -.ccagelll ilnillcia l. A madeira coloca dn nUllla cámar;J de e ... cald~lção. hennetic'lIll!.!llte rechadi l. cujo int!.!rior é posto cm cOl11unicaçi'io com um a ... pirador de ar. perde rapidam ente grande pane da SU;l humida de. O mesmo re~ull:Jdo pode obtcr-s c manten do a mndeir :t durant e alguJll:t~ horas em uma almosf cra de \ apor:l 150"(: numa câmara rechad a. mas h:l que ter Illuito cuidad o com a tcmper atur:I. poi ... se !.! ... ta atin!!ir \":llor excess ivo pode carbon izar a madeir a. As ;írvore ... c ...colbida s para o fabrico de :lduela ... de\'!.!m ..,cr :lbatida s durante o reptlu~o \cF-c!:t ti\'tl. de preferê ncia elllre o~ meses de NO\l!m bro a Janciro . A madeir a. cortada fora de tempo par:! \,,,..,ilhas. é tl quc vulgarm ente ..,c chamu de pau dc :1\ ..:ceiro. Tal como já fOI anterio rmente rcterid o o.., troncos ma i.., direitos são cortado s cm toro .. de dimens lle . . apropriada~ U obr;J pre!eud ida. sejam pipa..,. meias- pipa .. ou quano ... de pipa. apó .. e ... \;J opcraçi'io proccde-~e ao I'<tchar da madeir a. As CUllha~ acciollada~ pela marreta .. i'io introdul.ida~ de modo a 11:"10 cortar () veio natuml da madeir: l. As ll1ad.:ira.... dcpois dI! :-.erradas e Lr:msfonnad:ls em n.:gua.., para aducl:l"i são coloca das em grade ... de forma hexago nal para set:agelll. Esta primcir a grad..: chama da gradc (aIs:•. pel'lnilt: boa \'clllila ç:l0 pcnnal lecend o a madeir a aí cerca de 5 a 6 I1lc ..e". Em algullla ... ofiCinas antc!» di"..,o ainda pnder:í ser COLida nUI1l;J caldeir a de cobre para melhor clil1lin açáo do tanino e ')ó dCJ>oj" engrad ada para secage m. Depois de de",cllg radada. ~ de nm-o engrad ada. dc .. t:l vez em grade cheia. ficando " .. réguas muito Illai~ junta!'>. S a 12 meses ao abrigo das intelllp~ries :Hé à stla utiliLaç àll. A aduclll -:1 llIadeir a vinda da grade ni'io tcm toda O cOlllpr imento exacto . por i ......o deverá ser traçada ou pas .. ada :1 talha. islo ~. nUIll:1 'Serra circula r acertam -se Iodas as réguas pela bitola que ~e pretend e. FinJo o tra~~ar ~eguc-se II l;lvrar que ~ aparelh :lr a madeir a ou transfo rmar esta elll aduela. 386


Começa-se por tornear. acção que consiste cm dar às <ldu~las. pela face ex terior. a forma arredond;lda em jeito de lombada por forma a que o conjunto venha a ficar uniforme. permitindo mai ... tarde o perfei to ajustamento dos arcos. Manualmente usa-se a raspilha e o supi lho com auxílio do banco de arco ou muleta . E... tas tarefa .. t:tmbém podem ser efectuadil'" pela máqu inil de vasar e tornear. Vasar - não é mais do que adelgaçar a face interior da aduel;t progressivarnenll.: do centro para as p-onla .... e ... la... nâo sâo con ... idcradus os eXlremos mas s im urna distância de cerca de 5 a 10 cm destes. Manualme nte US:H,e a volta para execu tar e<.l:t operação. O trabalho de esquivir dá à régua o fomlato de aduela ou seja. os lados vão sendo :tdclgaç;ldo .. do cenlro para a ... cxtn:midadc .. dI! funna .. ill1élrio;;a. A maior ou menor expressão deste for mato é directamente proporcioll:!l ao bojo da vasilha. Agora. com a pl;lina de Ir':s pés. h;í que proceder ao junt:tr. opera~iio que requer maior conhecimento e precisão. tr:lta-sc de afeiço.:li" e polir as juntas de modo a a.,<;egurar a perfei ta jltsl:lpm,ição das aduelas. pois daqui depende a qualidade e durabilidade do vasilhame. L el'll1ltar - antes de iniciar o fabrico reali7a-se a opcr:lção de parear. pois é il1disp~ns;"ivel .. aher tl número ~xacto de aduel" ... que são n~ce.,~:írias para a v.:lsilh.:l que se vai amlar. PI/re ;a - é ;1 medhb máxima correspondente ao perímetro máximo do bojo da vasilha. sendo a designação de «pareia de madeira), o nome d" régua sohre a qual se colocam as aduelas a té pl!rfazcrem a pareia pretendida. Dc cntrc as aduelas vinda~ da pareia o t:mociro c ... c()l h ~ a mai., forte. n" qual ra7 uma marca a giz. para nela se abrir posteriormente o batoque. Com esta aduela. j untamente com o primeiro arco d~ b:hlir e o moço. vai proceder-se ao lc\'allla r ou annar: colocar as aduel.:ls em pé formando um tronco-cone. Esta operação decorre na praça. superfície lisa demarcada no chão da oficina úcstinada ao levantar e bastir até ii conclusão da vasilha. A cada local de trabalho é atribuído um número que servirá para idCntil1car o tanoeiro medindo deste modo a sua capacidade de produçiio c contro lando o trabalho ii peça. Mete-se o primeiro a rco de bastição denlro da r:mhu ra do moço. segur.:mdo com a mão e ..querd:t O conjunto. pcga-<;e na primeira adLl~la que se encosta ao 1110ÇO que faz de calço prosseguindo com o cuidado de alt~rnar uma aduela fina com lima mais larga :lIé completar o perímetro. De seg llid.:l procede-se ao nivelamento du topo das aduel<ls. o agalhar. Com a marreta ou em conjunto !l1,]n'ct:l c chaço procedc· . . ~ au ba:-.tir da vasilh:.l. coJocam-:-.e mais dois arcos para melhol' segurar as aduelas que irão de scguida para o fogacho dUI'3ntc alguns minutos. O fogac ho - trata-se ue urna anllação feil:! de [lI'CO de ferro dentro da qunl se queiTll.:l a lenha para aquecimento da ... aduela., a fim dI.: facilitar o vergar. Em ca~os específicos usa-se tos/ar a madeira a pedido do cliente para innuenciar as características do vinho. Com o :Iuxílio do macaco ou prensa as adue las são :lpcrtada .. pela pane de baixo mio! à sua união. Depois do vcrgarnento tir;l-se a va\ilha do foga cho e ante ... de retirar o macaco coloc;:I-... e o primeiro arco de b3stição deste lado. seguindo-se os restante<; até à conclusão da bastiç:lo. Os arcos de bastir .. ão regra scral mais espessos do que os outros. facil itando ao tanoeiro o trabalho co m o chaço e também res istindo por mais tempo ao trato rudo.! d;:l marreta. 387


SIl.\ESTRI'./ACt/WA

Com ~ marreta e o chaço a !Servir de batente. um por fora c o outro por dentro. a toda a roda. procede-:.c ao acertar das aduela!' pelo:. Juntos. de Forma a obter uma superfície exterior lha e uniforme. O conj unto dcv id;Jllll:nte cOI1!'olidado pelos arcos de ha:.tição. é inclinado sobre o baixete c va i a a rrun h .. r ~ cOl1jUJllO de prcparati"o ... que precedem a in:.talaçào dos Fundo:.. Empunhando o en;."ó. o tanoeiro corneça ror dar a Forma de cunha ils pontas da ... aduelas - a iMO cham:t-...e conar. Depui ... di ......o prepara-se lima supe rfície lisa na 7.on'l onde id :-oer aberto o J avrc. ê o p:lrejar com a p:lrejaddra. AgoL'a com () rabote. procede-se :10 rabotar. trata-se de regularizar O!'o pellles - a superfície de cOn!acto com o fundo. de seg uid;l deita-se o javrc. abrindo o javrc ou roço COlll a jav radeira onde irá depois encaixar o Fundo. O arra"har ~ qu ando Feito à máquina. pode ser executado de urna .~6 vez. A ssentar olar/eI ~ é aperfeiçoar e alisar o espaço da aduela cntre o roço e a ponta . Preparação de flllldm' ~ a madeira é :Jparelhada cuidando o.~ juntos d e modo a garantir a su a perfeita ju ... taposição. Depois. por tentativa .... divide-se cm partcs igu:l;'" a ... peças d..:: mudo a perfazer o difl1lletro pretendido sem e!'oquecer o javre. UILrapa ...sad:r esta fai>c procede-...e à arrumação dm. fundos que consiste na colocação a par de ... tas peças de modo a traçar com o compasso a circunfel'l.:'nc ia com o raio pretc.:ndido. De facto trata-~e de duas senti-circunferênciai> com eixos distintos unidos por uma linha imaginária d e selllido perpend icular aos jun tos. daqui resulla ullla forma elipsoidal que .,ujeitar:í o tam po depoi!S de instalado a UI1W maior compressão riO sClHido do:- j untoi> para melhor vedaçfio. Na ra.~e scguinte fa7-se o encavilharnento que assegura a u nid.\dc ao conj unto. Depui ... de riscar podcr-i>e-á rodear. isto é. traçar a madeira na ... ua medida deÍlniti va. Na I11lllet:1 procede-...e ao dc!Sempapc ~ acto de afeiçoar () rebordo em forma de cunha que ir;:í assentar no javre. Fundar - operação de colocaçfio dos fundo .... Ante ... de eolocar os fundos barra-se o javre com harro espanholou cau lino. tira- ..e o arco da cabeça c aliviam-...c o ... restantes. Em{Ulflwl1I cnro ~ preenchimento de espaços entre :\duclas com Pillha tábua - /yp/w la/i(,,!irt ~ para g.:l rantir vedação. POJ'.,(erinrmcntc proccde-..e ao fcrrar. substi tuição do ... arcos de bai>tição [lelos dcfiniti\'m. cuj as dc sig na~~ões são: Ci\hC~~; l, javrc, colete. !'oobre bõjo e bõjo. A arcaria. em todos os países dc ... dc a Idade Média atI! ao séc. XV II. c ra feita exclu ... h ::1.I11cntc d e castanho. da .. \ aras mais delgada .. de .. ta qualidade d I! madeira. vulgarmente designados de «arco... -lk-pau». fabrica vam -se em POl1ugal e a sua fiscalização e comércio e~lfio docume11lados pelo menos desde D. Manuel I. Os <trcns de ferro apareceram na Europa muito prova\elmellte no séc. XVI. 3tcndendn aos célebres toneis de Hddclbcrg. cujo primeiro i>e eomeçolL a construir em 1591. Em Purtu ga l o início da utiliza~:ão dos arcos de ferro pod e ser d;uado do último quartel do séc. XVIII c devc-!'oc à iniciativa da Real COIll p:Jnhia da ... Vinh:ls do AliO Douro que enviou p:Jra a Rú s!Sia um :Jprendiz. o qual quando regrc .. sou monto u a Fábrica de fundição de Crc.,lLJm:t. jUnlo do rio Ulma. Dcpo i.~ de :lssentes O!'o :lrcos trata-se de abrir u batoque. com trado. berbequil1l ou arco de p ua. 388


1\ l i \ ,.,'OMU,1

--

Por ÚltlfllO. telTIO"

().~

aC<lba111cntOS que consistem nas

I-

Cortar a . . ponta. . da palha l:.íllUa:

2-

Limpar a massa. do Javrc:

J-

~cguinh.! ...

llperaçllCS:

ExclIldllção - dei tar lígua fe rvente dentro da va ... ilha para detectar fuga ....

e:-.tas

~c rão

marcadas a gi/:

4 -Vedação - vedar as brocas. orifícios feitos ror insecto" com aplicução

de pino. broca ou

101110

de madeira de choupo;

5-

I~{frflfi"a çi'jo - depois de sec~1. rcvcste-\e dc parafina líquida. esta opc,mçiio substituiu a avinhação:

6-

Raspar - alisar a vasilha de maneira que fiq ue limpa e com apresentação final.

As pipas não podem ser usada" imedial:ll11ente ;1 sua "aida da tanoaria. necessitam de sofrer Ulllil preparação que I! di\tinta. de acordo COI11 o objectivo a que :.e dc.... linall1 a.\ ohra:. realizadas. Para isso esta preparaçJo não pode ser e ncomen dada ao tanoeiro. c up missão tcrmin:1 dc .. dc o mOlHento em que entrega a vasil ha feita em madeira sã. limpa. bem construida e perfeitamente estanque em Iodas as suas juntas. Ao proprietári o incumbe fazer O~ váriu~ lratilmento.. alltc~ de Llsar o no"o \'a~illwme.

389


SII. VESTRt. LACERDA

nARRO S AU. IEIDA - Vi,t., t!,-路r.L1 U:L ['ln":Lria (s"[1<: l'I icj~ 11.000 n1~ ) -c. 1923

'~

RARRO S ALMEID A - T. m""ria. maqUtA3 a 'apor pa'~'

390

;ls

caldciro. , -l:. 1923


BARROS AIMF ID i\ - Tanua';a. rreraração do, ruml", - ~. 1t):!J

39 1


SfU 'fSTRI:. U(.'U(/ M

BARRO S ALI\! EIIJ A - Talloari" . !C\anlnr - c. I'J2.'

BARRO S ALMEI1 1A

392

Tanoaria . 3rrunh:u ~ j:on,,, - c. 19:!~


1\ TAA'OARM

----

NOTAS

";",","""',,;"';<:<,.,' ..

"f'~wlho ..,~li7~,t.'" 00 ~mlli,o do I'roj.:.:", ""n",,..,,, iml.. 'lri<lIi;"çã .. ,'" A'(or/,' ,I" I'",.",glll/It'n, XI.\" ,XXI. I'J'rocin:odd relu JN ICr. Urn~ 1',"lIel"" ,,,r:sãu. h.IMJnle n;,uol1d:r.. ,cr\ 'u de I:U LJO iI urn ,·Ideu. r".,lIndo pcLl crnpre,~ Sinal Vldeo. p~":n": "" cXl'"-,iç;,,, prmno\'ida pelo Centro RCl::i"n~1 de Artc., Tr~<liciol\'''' do 1'''110. <lenolllln:r.da A Ar1c d;, T,,,,,,,,,i:o. c,lIt ll,,~ri:r.d:o pdu :oU"". 2. TC11ERI'\IA. André _ .Qu,,,,d I" 10"'''''"' '\:"'pl",,~ ral1lpl«,rc~.I. ·//i.,,,,i,.,, nU 36, Jul·Aoul 19S I. pp. 102105. 3. ROSTOVT7Ef'f'. \I 1I/l1"';" .mó,,1 I' C'('"",;micu ,/,., ""I",'''rn mm",,,,. M:tdrid. E,p",,~·C~lpc. S A ..

1972, \ul LI..:JllunJ XXX IX 4. MOURAo. Ram'ro - /)" .... "lI,,"'''' I'i/llir;". imonll,'III"<1l d(, ~,,<I "i.\jál"lll. Ponn. ln~lnu'o do Vinho ,1,\ r(l"o. )<).15. 5. S,\/-II'A IO. Alhcno- /;;.'mi/I!) Hi.\'IIlri'·(ll ,- ";'''''';1111''''. \01 1,I,i,IIII:I. Ed, Vel::l, 1')79. p. 112.

:,-,.«]S

6. ('"lIn",;" .I,·U..,,,,-\ IlIn/llll.' do II!.Ho,i" 1'''''I,,~rWJ<I "" N,'"""I" ,h, n. )m]" I, f). Dllllrl,-. I), AIIII!'>" I' ~ IJ. ),,<1u II. ruhli~"tl~ ptlf ordem da Academia RC:l1 da., Ci~II"~' I."h,~,. 1790 IHN 7. LOI'tS. r~m:io Cn~lI<" .I,' n. Prrlm I. B~l'I:cI",. l'Or1ucaleo~ Ed,tora. 1')32. ll. EI:,~ ....~JJ pelo &"<1""'''''1111} II,' ;\'~I""'" ,I" ('Ii'lklra M,,"'n/lal d" ('''r/O, <) NOVAES. 'bnucl I'cl'l:'r., de -;\""n;nl Ifll"'riul. \(,1 II. Porto. Bi bli()[~cJ I'ublre;> Mun"lp:r.1 ;lil

Ponu. 19l.i. 11l.IlI'MI' III' J~71 11 . COUTO. Luí, ,k S""", (JriJ<"'" dm 1"'0'''-'.'';''$ d" cir/lldc do 1'lIrlo. 2.' cd . l"u1u. C~III""" M,ullcil''' ] do l'o"u.I971. I~. LAI'A. J. J. rcm:,f'~ _ 7cd/llol"l!'" l(u,.,,1 m, <11"/".' clmru("/II. 1,~";n,,,)·p"rt'S/(lt'~. L"boJ. T) p. d:l AC:I<lc· ll1i~ R.:~I <la, &ienciJ'. IM71 I J. VI'I(iA. Jo1"'; Calda., Nobre ~ 1imouri" ,. "'Jll/lr<llllr. 1."hI~l. Lill'"r;:, S,j.1:o eo,ta, 19~, pp. 27·21L l-t, ""'111, ""'/11. p. 2<J IS, Id"III,/r/t'lII. p.2'J

(I.,

393



A INDÚSTRIA DE REFINA ÇÃ O DE AÇÚCAR NO PORTO UM PERCU RSO

A~l<\RGO

E DOCE ' JOIHjE H oRl'oAI"DES ALVES II'aLu l<l~\k ,I~

o Pano.

Lclr.l' d~

u. 00 Puno)

pela sua profunda lig;lçJo ao Brasil. foi ao longo do l'éculo XV II!

um impiJfWrltc c1llrcposto do açúcar br;Jsileiro. aqui se dCM.:arregando muitas barrica.~ de melaço que ajudaram a criar o mercado illlcmo c externo neste sector c a responder ;\ procura entretanto susc itada. Dada a proliferação da cana-sacurin:l noutra" colónia,>, o açúcar hrasi1ciro perdeu rapidamente a importância mundial

que momentaneamente desempenhara. mas o Brasil foi durante dois séculos o

principal abastecedor do lllcrc;\do português. Ncs:.c:. camactas coloniai~ radie:! a indú-.tria de refinação do Pono . já que esta activ idade se c ircunscreveu na Illctrôpole pratic:1I11cnte aos d ois parla'> onde podi:lI11 ser d esalfandegadas a s mercadorias desde os tempos pombalinos - Lisboa e Porto. urna concentração geográfica derivada dos co ndicionalismos de transporte.

As refinarias do POI'(O «Pequena indústria),. assim se clôlssificava a refi nação de açúcar no Porto nO'. documentos aliciais do século pa..... at!l). quando se referiam aos 22 pequenos estallC lccimentos exis te nt c.~ cm 1881. ou aos 23 inve ntariad c)~ para 1890. Estabelecimentos de refinari:j q uI.:- na globalidade não atingiam 100 trabalhadores (exactamente 93. em 1890) e estavam apenas equ ipados com calde iras c fornalhas. pai .. sÓ um di<;pu nha dcsse equipamento e lementar q ue eram os filtros para a calda. Algumas refinarias trabalh:wam mesmo «a reit io». ou seja. refinaval11 I) açúcar de outros. illc apazes talai ou parcialmente de organizar uma produção própria. Este retraIO hreve mostra a incapacidade (lo.! renovação de um sector de actividade que remontava aos tempos coloniais. com períodos de importância tal que levaram :llguns historiadores. corno Lúcio de Azevedo. a eswbclecer um c iclo do açúcar na cronologia da hi stória de Portugal. Mas. nos finais do século passath). os refi nadores de açúcar pareciam con ... tituir um sector residual. incapaze .. . por exemplo. d e articularem uma voz. reivindicati va no mar de representaçõcs prOlC'ccioJ1l~t:ls que ~e lev;mtou a panir da d écada d e 90. E no enwnto hav ia razoes para esclarecer :dguns pl'Occd imentos 110 que respei tava a procediment os ()riciai~. As impor\;lçücs de açú car não refinado do B rasil tinham decaído dra.~licamcnte. passando as impo rtações a derivarem de po rto ... Hlg[e!o.e~ c de Hamburgo. dado o 11lelhor preço face:lo mercado bra... ilei ro. E. sobretudo de Ham burgo. c hega vam diversas qualidades do produto. entl'e e las o «açúcar moído» . na l'calid:.lde açúcar refinado por processos diversos dos utilizado .. cm Portugal e 1..jUC por b~o passava nas âlfandegas por açúcar nao relinado. concorrendo directamenlc e cm melhores condições de preço com O 395


JONGt; I-F:R/I.',\NO/:.S ALVES

-=- -

dito refinad o em Portuga l. Pedia-se. então. debilm ente para que se cumpr isse a lei pautal. ddlnin dn-sc clararnenh.:: o que er:1 o açúcar refinad o e o nao refinad o, poi~ des~e e.!~clarecil11cnto derivar ia a possibi lidade de vol tar a import ar o açúcar bras ileiro mais rico cm força sacarin a. mas mais caro. Um problem a de cla:.sill caçao. assim o referia m os inquiri dores de I ~81. conhec idos pela sua forte vocaçã o protecc ionista . mas aqui incapaz .es de sugerir qualqu er clevaç ao de direito s para um género que se tornara de primei ra necessi d:ldc. face a uma indúMria em que «o sal ário é mínimo . o~ hraços IX)uco~. os proces sos primitiv(h. a condiç ão do trab:dh ador quase ínfima. ~emcl hante a um bruto de c:lrga» . poi s a ,(utilid ade sucial d;t indústr ia não compe nsarl:1 a clevaç ão do preço ele consum o»l. Um:1 situaçã o amarga paril os produto res de um género que pela SUil doçura Se.! tornara um elemen to integ.rante da dict:1 ocident al. Por vil1ude da lei de 21 .10.1863. que inclui a refinação do açúcar na 2.- classe da tabela tias indústrin.~ insalub res. perig(}~as Ou il1l.;ómo das. o funcion ame nto da~ rcnnar ias e a constru ção de novas inslala çõc~ ou alteraç ões de equipa mento. hem COlHO o reinício de Inboraç ão de.! unidad es entreta nto paralis adas eonslÍt uem si t u a çlie~ que são objecto de proce" o admini strativo . que implica requeri mento e il1dicaçõc~ técnica s. aviso público . período de reclll1naçõcs e vistoria s do úele~ado de saúde como condiç(l!.!s prévias 11 conces são de alvm:í pelo govern o civ il. Daqui decorr e .1 exi~tência de um núcleo docum en tal que cobre o períod o tle 1865-1 915 e nO'. permite observ ar de pertO 89 process os relativo s a rcllnaç õe ... de açúcar. alguns do~ lluai" vieram a ser indeferido:.. Na linha das rcprc:'Cl11açÕeS forneci das pelo inquéri10 de 1881. :t ideia geral retirad n da leitura dos proccs sos ê a de Ulll profun do arcaísm o numa indústr ia ligada :1 alime ntaç ão e. portant o. com óbvia:. repercu ssões sobre a saúde púhlic a . As carac terísüc as domés ticas imper: lvam. sendo mínim o o recruta men10 de pessoal ex1e rior. pois as maiore s refinar ias não ocupav am mais de 9 trabalh adores. Os proprle l;jrlos eram fundam ent almcnt e negocia nte:. com loja :Iherla e quI.': dec idi.un. aqui como noUlro~ sectore s. aposta r em fabrico próprio para abastec er o .~eu próprio estabel ecimen to comerc ial. produz indo em pequen a c~cala. com um investi mento mínimo . Alguns emergi am do núcleo de nper:ír ios das própria s refinaria~. sendo de nOlar que llilvia v;írios galego s proprie tários de refinari as. A . . illstal:lçõc~ cr:llll. de um lllodo geral. c()nst; luida s por anexos Ilas traseira s da moradi a do proprie tário. lujas térreas ou caves. ou barracô c:. nos respectivo~ quintai~. frequen tcment e com dormit órios ancxos para os oper:í rios. pois n horário habitua l era de 16 hor..ts por din no verão. A maioria das refinar ia ... siwava lll-se no Buirro Orienta l do Porto. ou seja. nu zona históric a. na malha urbana densa e antiga - Viela da Neta. rua do Bonjar dim. Corpo da Guarda . 13iq uinha. Largu do Alju bc. I'ua~ do Souto. de D. Pedro. Laranja l. Congo stas. Liceira<;. Escura . AIlllnd'l. Loureir o. Caldcirciro.~. Mouzin ho da Silveir a. S6 nos nnai~ do século se alarga a geogra fia das rcrinaç ües. surgin du algum as em S. Dil1i~. C:lmpo A1'cgre. Cedofe ita. cm Gai:\. A maioria não são instal<lçõcs de raiz. ~urge\ll contígu as a t;asa~ de habitaç ão. consti tu indo por isso um perigo potenci al por incênci o ali insalub ridade. dado!> os maus cheiros e a escorrê ncia tle esgoto s para os canos p ú blict)~. Apesar disso cram geralm cnte licenci adas ou porque justitic avam cx istçncia anterio r ()U porquc ficavam sujeita ... a um conjun to re.!stritu dI.! obrigaçõe~ s:'lIl it:.irias: e1cvaç:1o da chamin é acima das Casas de h:lbitação. :.epara ção do com hust ível das zona" de combll stão. lajeam emo do solo. 396


-

-

-

,\ INIJIls naA /)1,' REFlNA('ÃO D/~ tlçUeA '" NO PONTO

algumas rccolllcndaçõc~ sobre a limpel.<1 da!> in!>lalações e va ... lIhame c do uso de co lheres de pau para mexer as rnistul':l.<'. como indic:'lçães gcrah: pontualmente a lHil i/aç;'io da água da companhia por conhecimcn to dc inquinação das águ;ls de poço: para os finai ... do s!5culo a interdição aqui e ali d e ~nnguc de \' aca no processo de refinação. Subli nhe-se quc a\ refinaria ... eram apena ... con ... ide rada <<incómodas». pelo que podiam suh... i:.tir ou criarem-se no interior de povoações. salvaguardadas algumas c()ndiçüe~ de in"lal:.!ç5.o (evitar fUrlln~ e cheiros). apesa r do~ frequent es protesto .. do ... moradores. No que .. c rcfen.: à higiene. temo ... de esper;Ir por 1912 para e ncontrar exigências d;1 Dclcgação de Saúde no sCllIidu da proihição de conservar ao serviço empregados doente ... ou !o.u~pcit()s de docnç;1. bem COTllO cssa recol11cndação d emelllar de que m, ()Jlcrário!o. d ev iam ter a c abcça e o tronco convenientcmente resguardados cnqualllO eSlives~em n;l'" operaçãe..s de reli nação. he m como a de utilinç;10 d e fil!ros para a água. O proces!o.o de fabrico generalizado era elementar: c m ~:tlddras colocadas Ila s fornalhas. normalmente rornccitl:ls a carvi'lo de pedra. fervi:l-"e açúcar mascavado em água. COI11 c laras de ovo (ou s:tnguc de v;\ea). carv:IO animal. c ;'íci dn ... ulrúrieo em pequena quantidade. cuja calda assim obtida era depois I1ltrad,1 e m pallO'; de linho para novos "a~os. que fervi ;lIn d c no\-o até o p rodulo quebrar por e\'aporação. Em emi'lo rctirndo. mexido c batido até se de"f:t7cr em pó. se ndo depoi s peneirado. No que respeita à utili zação das novas formas de e nergia. suhlinhe-se que só em 1872 .,urgia um pedido por pane da Companhia União Comercial p:Jr:1 esta belecimento de uma f;'íbri ca na tr;l"eS~:1 do Bolhão com equipamento a vapOl' - uma máquina de 20 cavalo~. Foi impugnado pclo~ propriet:íl'ios de fábri cas circundante.., (de e~ta11lparia. de fundiçào. de ;lgllardellle. de moagem de o ssos). com o argullle11l0 da proximidade da rua de Sallla Catarina. impugnação não ace ite pois. Cll(,.~ont rava-se d entro dos princípio:- de liccllci:unento. dcvend o apen a~ obedecer :lOS rcqlli~i\Os ~uph.:l1lelltares inerentes ii ulillzaç5.o do vapor (instruções de 21.3. 1851). Esta fábrica n.inda su rge no ;\llll:ln<l4U e de 1875. mas cm J RSI já João Ribeiro Pereira. o principal in1 ercs.";ldo. apresenta a refinaçJo c()ll~idcrada a mais importa nte da Cidade na rua ~, I o u zinho da Silveira. Em 1880 é solicitada :lUlorização para ()Ulra fáhrica com máqu ina a \':lpor de 10 cavalos a inS1 al;lr em C:lI1idelo. V. N. de G:lia. por Penn) & Routh. ncgoci;w1es ingleses da praça do Porto. Em IS')\. surge () pcdidu d e Montei ro. Silva & C.~. uma sociedade em comandila. para uma refinaria com o «sistema ponuguê ... apl icando-se aparelho~ a vapn!'),. a in.,tala .. na ma da Vi tória: u projecto ;Ipresenlado eoncebia a., opl.!rações tradicionais (apurar. t'oar. riltral'. 1.!00K·emrar. cristalizar c peneirar). já com algum ;lutomatlslllO atr;n!5 ... de tan:.llizações ent re v;ír ios depó~itos e a utilizaçào de um h:J1edor em agil:.lção contínua. elunin:mdo :!ssim vánas opcraçõt! ... manuab e dc tr:!balho braçal. embora a in.s1;l1açào ~c fiLl.!sse no pavimento térrt!o de um armazém, Em 190-1 e 1905. surgcm mais três pedidos de in stalações a vapor (A. Torcato Ahneida I:k md.:íll, em Cedofeita. lIti !i zandu para O efeito o equipamcn tc jõj inslalad() para uma dC!o.li!aria: 1\1. Silva Cruz cm S. Dini!o.. Pereira & Duarte 110 Campo Alegre. anexa a lIllla f;íbrica dc cápsu las). Em 1908. Lemos Morais & c.~ requerem na ml!~llI a lin ha para o cai!> de San to António do Vale da Pi edade. em V. N. dI;" Gaia. Mnis dinfllllicas cOll1inU;lIl1 . no ent:lIl1n. a ..cr a ~ rerinaria~ que utili;w\'am exclusivamente ;t força br.u,:a1. que vão

surgindo.

:l

mostrar que os procedimentos mecanizados não tinham aqui lugar

re levante.

397


JORGI:. "-ERNANfl/;.--:i AI. I'ES --~

---

Numa activida de subsidiárül a mOntante da rclinaça o de açúcar. enCOnl mm-se os produt ores de carvão animal . derivad o da tjucimn c pulveri 7nção do:.. ossos do gado :lbatido nos matado uros da cidade . cujos operá rio:. eram conhecido!> por poeira_,. « Poeira!> e refi nadore s !>ão em geral g:l 1ego~ . purque portug ueses não atumri am». diz-nos o Inquéri to Industr ial de 1881. e m referên cia a um <<trahal ho duro, violem o c consta me, deixan do apC1l<H; interva l os indispe ns:ívei s para comer c para dorm; r» . Algum as informnçôe:.. mais s istemá ticas sob re a condiç ão o perária nas refinaç õcs de açúcar podem obtcr-:..e mra\·és da « Inq uirição pelas associa çôcs de c lasse~ sobre a situaçã o do (}perar iado - Apuram elltu das respo..,ta.., ao questio nário da Repart ição do Trabal ho», publica do cm 19 10. au qual respon dem a s duas associa ções de refinad ores - a de Li sboa I! a do POI'I02. Sublin he-se. desde logo. a existên cia de duas catego rias profi s~ionais entre os refinad ores - o colher: io. o «operá riu que na~ bancas transfo rma o açúcar que vem da forn:llh a líquida em pó». c o fornalh eiro, «o que ;1 fornalh a derrete o :u.:úcar em 1":.lIll:J. prepara as caldas. liltr:hl s. etc.» . ...endo que na altura. por tabela publica da em 1901. os primeir os auferia m o sal:irio de 750 réis c os segund os \1 de CJ50 réis, mas o dia de trab:llh o ficava indexa do à produç ão de 125 Kgs. h:J"cnd o contud o industriai"> que elev:1V<lm ef>S:l produç ão a 300 e 325 Kgs sem contrap art idas sa lariais. Por 1910. a crise no <ieClor parecia gera l. a tribuin do os oper:ír ios alguma rc!\pon sabilid adc;ts nova~ refinar ias mecâni cas (duas em Li sboa. c duas no Pono - a do Ribeiri nho c a C. a Portug ue':I de Refi nação). ao grande consum o de açúcar mascav.-.do (não rerin:ld o). na mistura de açúcar moído no refinad o feita por indu ~t riais e mercee i ros, e nos direito s diferen ciab de 50% de que gozava a Compa nhia de M oçamb ique. Atribu ía-se ao direito paul:iI então vigente sobre as r:llna:.. o efeito de quadru plicar () preço do açúcar. apesar de reconh ecido o açÚCar cu rno géncro ue primei ra nece ... ~idade. Nessa altura o horâri(} normal era de dez horas cm Li ... boa e de doze no Porto. não ha\end u, em geral. mcnorc~ o u rnullll:r es nas refinar ia .... existin du industr iai ... que dispe nsavam os opcrâri o ... por vários dia ... sem salârio. logo que \1 :lçúcar produó do não ttves:.c a :.aída previst a. Neste contex to. não admira a existl!n cia de conllitualidade. alX!...ar da dimens ão diminu ta drb refinarias. com Dlgllllla Dgitaç~o oper:íria. Protes tava-se contra o excess o de trabalh o. contra a adopçã o de moinh os triturad ores. conlra a adiç~o de açúc:lr moído ao I\:finad o e. cviden temclll e, reivind icava-s e aumen to de ~al:'irio. Coalis üe, ou g reves \erific aram-s c e m 1902. 1903. [905. cm 1907 cm alguma~ refinar ias. ()corrc ndo ulIla p:lralis açtio de 10 dias em 1909. estendi da a 7 fábrica s .

As di fic uldad es de m od e rni zação A modern ização mecâni ca. que em Portuga l só aparece como uma atitude sistemâ tic:I. ainda que li gci r.\. por parte dos empres ários nos inicim do século XX para a maioria dos sectore s de activid ade. leve. pois. dificul dades inu:-.itadas no campo da refinaç ão do açúcar. Quer por que era atacada pel()~ operári os. que!' pelos próprio s proprie Lários de rel1nar ias manuai:... que tinham na pul\'eriz~lção e n:t explor aç5u do open.lr iad u (l campo adequa do para :.obrev iverem . Num:l curtos;1 carta ao jornal O Século , public 3da c m I fi. 1. 1913. o preside nte da Associ ação de Refina dores de Açúcar de Ushoa ( Emíd io de Oliveim ) expõe amarg amente aS dificul dades e ncontr adas pelos e~fo r ços do ... que tentara m 398


_ _ _ _A c..:."C'C " CÚ_"'_TNfA f)I:IU, FINAÇAO OE ,\ÇÚCAR f';~'(: ) :P~O~R~/CV=-- _ _ __ __

modcrniz'lr O "ector C predizia que :1 indústria mecânica no nosso País não con,>cguiria aniquilar a indlístria manual: / .. / à primcira fábrica de n:filloçâo "do sistema mecânico, fo i lIIonwdfl 1/0 Porto. os !a/)ricollfes mOlllwis fi:.eram-Ihe III/UI /(II guerra qUI! ao fim de três al1().~ aprectlll incel/diada. sem {file'

alé hoje se ;Joúer a ,alisa do .~illi.\"Iro. 1\ prillcli)io a.~ companhias de seg II rO .I' /1(/0 qucrialll pagar os prejllí::.os. mas como nâo f/O/II'esse prOl'as

de

qlle o

compal/hias l'a!Jor(llll e

fogo fosse

ti

"r()po.~itadall1ellfe

lonçodo,

as

meia d/i::ia de capiflllü·w .~ .Iilll'OIl, pelo

mel/OS, me/ade dos selu capi lae s. porqlle de COl1trário fU10

receberiam I/(ldo, vi.l/() que a produçtio da fábrica estal'a redu:ida j 011 -I dill,l por semalla, i\ 2," ftílJriclI foi //IOl/llIda cm tisboa, (lca})al/do COIII prejllf:o,\' illcall:lllú\,t!is, i\ 3," foi lambém mOl/lada 110 Por/{) e ao fim de 3 allos suspendeu {/ ,\"lia laboração COI/I mais de 50 cOllins de prejuf:o, \'illdo mais /(Irde a ~'er aprm'eitada pora oC/ícar pilé, dando IIIlIito bOIll resulllldo por .w!r alÍnica 1/0 género em POr/ugol, A -I ." foi ail/da fll ndada 110 Porto e denominava-se Compallh ia Porlll gue.I'a de Refillaçtio. Fe: IIIIUI guerra de morte tlllrallte II/ai,\' de 6 (1110$ as /ábric(ls IIUlIIl/ais, lIua acabou por ser I'encida, pois fil/rlU/le esses seÍl' alio:, IIIIIIC(l deli I/lcros remuneradores aO.I' sel/,\ (/(.'(: irmisw~. A maioria dene.I' illdu .~/riais aderiu a e~~a companhia para cOIIMi/uir o Ir/ls·t do C/píca r. /lias nem assim conseguiu derrowr as poucas' fábricas IIIrllll/(IÍ.~, A 5. "fo; também po,\'Ia 110 Porto ('0/11 ((m/o A tllladora, mas apel/as fllllciollrm durlll/te Irés mese.\, abalam/o os se/ls proprietário,l' ()(1m 13m,l'iI, ol/de se eSTahelecera/!! com /III/a fábrica mall/wl em que lil'l'rnll/ a de.lfol'l'{J dos prejuf:os que lillll(/lI/ sofrido no Porto. A 6."foi ti Sociedade Portuguesa de AçlÍcares em Lisboa. A esta fáhrica aderirall/ todos os industriais d(1 ;lIdlísrria mal/llal à excepçiio de 11'(:,\' do~ 111(1;.1' pobres, A101lWI'alll li rl'II.\'I e no primeiro aI/o ril'eram ll/(,/,rM re/llllfleradore:, ror IUIO lerem quem lhes fi:e,ue cr1f/corrénci(/, /IIa .I' as fál,ricas I/!al/llais começaram a aparecer e esses ll/cros' Iransformaram-se em prejuí:os, eSlal/do O~' illdustriai,~ (//I,I'io,IO.\' que acahe () eOlllralO para reabrirem as .f lIOS fábricas, I/iio se importalldo com os 200 COllto.l' qlll! 11111/ .~epul tad()s em AlcállTara, A 7," fábrica mecâllica foi a Refiliaria Colonial qlle já chegou a paralisar a sua laboraçiio. O açúcar refiliado meeal/fcamente ti 20% mais caro que o malllla/. Ora aq/li rell/, sr. redactor, os lucros que têm dado {IS refiliarias mecânicas, AMora, desejaria que alguém me dissesse quantos úulustrini,l' COIII fábrica,f {/uUIIIlIis quehraram em Lisboa tIOS li/rimo.I' 20 allos, mi C/lllIIllo.1 deram cabo da SUlI jO/'lll/W, que ell cá estou li

t,

para di:er

{lO.\'

lei/ores do Século qual1tos têm arranjado fortunas

jàúll/os(/.\' Ile,we período.

399


Niio é .oU) pr(){/u::.ilU/u milito açúcar q//(' SI! arranja fO/"TIllIO; l

Ill"fxi.w ) \'('r metodi cament e a,~ qllehro s qUI! ele Jlrodu: 1/0 (/ca.~iiio em qlle ,~e refillll, E é lIe,I/(' 1'01110 qrll! (r ;lIdrí.\Trill IlJe('ÚI1 it'(/ .I't: tem perdido ,

O {/(.'IÍ('llr q/tOlI/O lIIai,l qllebro r, mais forra .1(1('(lI'i/ 1(1 perdI'. Para quem é I!.I',I(' prejuí:: .o? É !'(lra o illl/u~rritll e paro quem o cOIIII,ru . E.I'le !,odl! ler li c e rrl'::.a de qlU' o adquir ill 207. lI/ai.1 coro

q/fe () mOlll/a l.

Q/IIIII/O

(I fil\ 'orirism os (: "reei,l'o 1/(10 0,\ (/dmlli r dcl1lro do regillle ll reJlllhl icallo. quer (I lIociul/ ai.I·, quer li e .\ I/'ulIge iros. Tumbé m o qllc I'ale (lOS .~illdicllleiro.ç do arlicar é o bOIlIl.1 de 50"/" 11m' 6000 10Ileta da.l' do (/{'Iícar de Mo{'om hiqw:, !'orqlll ', de contrário, /uí lIIui/(} Tempo que terial/1 .~ido def'l'oW (/o.'i pela illd/üT ria mal/lia! . l\.I'sim I/Il'.I/l1O leriio que ~asfllr mais de 10 mil c mllO:,' para dl',II/'ui n'lII a;}' 20 fâhrica,~ I/UIIIIW Ú' do Porw c Li.~bou.

AttE então a legis laçIio ponugu esa neste domini o, lípica de um Estado liberal. tInha-s e limitad o a arbitra r Impost os :Jlrandegál'ius c sua .. res\itui çües nos casos de rccxpon açIiI). para nos inícios do s":culo se mostra r claram ente inter"cnciol\i~ta, O r:lvorec imcnto dos açúcarc ~ de Angola (' Moç:nu bique linha sido Icv:Jdo a efeito por um decreto de 2.9.190 1, :Js~cgurando ·Íl c um diferen cial tlc 5Wk no~ direito s p:lt!lai~. até ao Illontan te de 6000 tondad as para c:lda colóni a. sendo a inda :ll'osegurad:J ;\ isençã o de direIto s na impor tação de ll1:'iqu inas c Instrulllentu." para o fabrico de ;tçúe:l r c n;1 import ação de l'o:Jcaria de origem nacion al para i\ngol; t c Moçam bique, Em 1903. 1':J7-...C uma protccç ão idênlic a aos açúca n:::l'o do . . Açore!> export ados par;t o Contln cntc do Reino. alargan do-:-.e c ...... c benefí cio ao :ílcool eXlraíd o de produt os 'iacarin os. elU el'opceial d:l bClerra b;l. Em 11)1-1. fOI prolon gado o re gime de pJ'()\ecçào dus açúc:Jrcl'o colonia is por Illai ... 20 anos. alargan do-se ;IOS de Caho VerdI!. este num lotai de 100 loncladlls, Em 1919 (dec. de 2 de Maio). rcglllal1l C llt a~:-.e a fabrica ção de açucar c ;í1cool n;1 Mlldeira. dcsdl.: que este último ro . . 'iC para u... u exclusi vo do temper o do ... vinhos . rateand o-se a quantid :lde necesil ãria de álcoo! pcJ: IS v:ir ia:"! f;íbricas de açúcar (55 litro . . de álcool por c:Jda pipa de 500 lilros de vinho). pa:.... ;Uldo a expol1aç:"i{) de açúcar par:.t () CO lltiJlcl1t ~:J l'ocr livre de il11po~tos por um período de 5 :1nos. entre outra ... prescri ções minuci osas . Na mesma a!tunl (dec, 10,5.19 19). procura-l'o": cl'otimular a prodlJç iio de beterra ba :.acilrina, a exemp lo do que acoruc cia no eM ra ngeiro. pois pabes como a f\lel11:1l1ha. a Áustria , li França c a RÚSSI:1 com IOll ga tradiçã o. e a Espanh a e a Itál ia. com prática recc n tc, tinham -se lihena do da s pc ... ada:. import ações colonia i s, Apresc mava-s e a bcterra ha corno um;1 a!ternatlV;1 agrícol :t a ler cm conta. de cuja produç ãu hruta 'ie poderi a ex trair 10 a 14('k de açúc:Jr, A "'lIa cultur:, poderia imegra r-:.e em rotaçi'io do afolham ento COlll o trigo. prática eSl:J que:-.e dizi;\ favurecl!r :1 produti vidade do trigo (da colheit a média de 8 scment es talvcL <.,e pudes<.,c pas:.a!' para a ... 12 a 15 ...Clllcntes. segul1do o cxemp lo de ou trus paí... e ... europe u!». :Jlbn da I'csel'V;1 fllrragi nosa que a hetcrra ba libertav a na sua utilização industrial. favor;í vcl ;1 pecuári a. Na pretcnsi'io de :.e eslllnlll :\r a produçIio e f:tbricaç:1o da beterra ba cl'i:JranH.e algun., incenti vos fiscais e estahel ecer:un -sc circun ... criçoes reg ion ;.lÍs .... egundo a ... quais se fazi;lll1 a ... COllces sÕe:. p:'!nl a criação de l':íbricas, Medida s utópica s, sem qualqu er aplicaç ãu prática , renova da no~ anos 50 deMc século. para s<Í no~ tempos aClUai~ ... e concret Izar,

400


A /iVIJU:üN/A /)1' N"F/NIÇÃO f)L A ~'( ';( 'AN

!V() }-'( )N

Fc)

Entretanto no Ílnal dI) alio de 1919 (dee. 13 l.1I.: Novclllhro). e na rc~~aca da guerra lllundial. j;í se reconhecia ii incapacidack de aba~lcd!11ento naciollal dI.! ;H~:úcar. agravada pela il1~uficiêlll:ia do~ lran~pllrtl!~ n1arítjlllo~. e se autorizava o governo a importar direct:ulH;nte açúcar para ....:guJarizar {} mercado. Pouco dcp ui~ l!'tabeJecia-~e um t ipo único de açúcar naciun;d lu umurclo·cfaro. I"abric"ldo com r:'IIn:l'" da ... colónia,) e tabclava-...c-Ihe () preçu. como forlll<l de criar uma qualidade mais acessÍ\el ao grande público. Mas o açúcar csc;I""cava e o preço dispara\;!. por e"'l:I altura cm que a cri ,e de suh ... i:.tí:ncia:-. ..,c mamfes ta ubíqua. A Jcgi'];lção multlplica-,>e. anula-se. contradi/-,>e. reno\'a-~e . . em n:w[tado,> palp;í\'i:-i~. Estabe[ecem-se cOlltingelltes de cxportaç::io e intimam-se os produlorc" da,> cu lúnias africana ... a en\'iarem para ;1 t\lctrópolc detcnninadas quantilkllk ... de açúc:lr cm rallla ... " preço... tabclados. s6 dcpoi,> poderi;tm ~n\'i;lr açúcar branco ba\talllc mais caro (o am:l.rclo devia correr a S40/K g o..: o branco a IS ISfKgl. ohrigando-se deste modo <h l;(Jlnniai~ a minorar a grave cri ... c dc . . uh"i"tl.!ncia,>. mas ohlcndo. I.:IlIll a lixação do~ preçu.~ e cOlllingelllaçüc,. \l de~ânilllO u[tramarll1n. Da cHllti ngcl1taç;u:..l ~ da lü.aç;1o dI; preço, ii liberalizaçflo tota[ \ai um pa:-.~o. cum O Governo a ICl;unheccl que as medidas recenlC" nada re:>.lllvialll. incap:!.? dI; ap;mhar n rumo lle"t:1. quest;lo. na suce ...... iva legi ... lação dc 1920 c r 921. Não :!.dmlra. as~illl. que ~L que:.tão Jo açúcar ...eja apre'~l\l;Il.la pela ])itadma do 2~ dc Maio l;(}Ino uma da ... provas do 110,,"0 «de ... nllrtealllcnlO administralivo». Jloi, ", impon:I<,'uc\ do e,>, rangeiro rondariam :L'" 5UU.000 [ihra .. anuai,> com a con .. equcnte ,:tida de ouro p:Lra o e\.terior. Pnx;ul'a -~e então que "o mercado inl~rnt) ... e abasteça tanto quanlo po""í\d. com açúcar eu [oniab •. tendo em vista o Governo <<11;10 'Ú a melhoria económica que daí r~ . . ullará para o continen te. COl1l0 a~ \·antagcn.., indisclltrv~i ... que dcrivall1 dum mais intcll!>o inll!l"cúmhio mercantil com ;1'- co[ón ia ... c a sua b~lléfica innuí:nci:1 no ":lJlcamento monctário de""":1" 111C,>111:1S colónias». dil UIll decreto d~ 8.9. [927 ao estabelecer no\'a'> regra:. e direitos. <:m CllJ:I li\ta l11il1i~leri.:l[ rc_,ponsáve[ ainda não COI1,t:l\:1 S;llaLar. J1la~ ollde j;í :.c prenunciava o fuluro «pacto co[onial». E Sa[aLar lião de~dcllhat";í pouco dcpoi\ dI! impôr uma taxa do..: ~ah açüo nacional de $03 Kg no :tçl""tcar do..: qualquer tipo (paralela;L de S02 pur litro na gasol ina). A'> ljLlc'>tlle ... dn açucaro do :ílcoo[ e da aglLard~ntc pa ... sam então ;1 scr CÃtrelllamcnte cOlllplexas. ":1\1 razào do ... nnvm. regiJn..: ... adoplado,>, p;lrticulannclltl; para os A~~orc,> c Madeira. lIIinucio,amcllte intervel1l:ioni,>W,>. pelo que n;1o poderüo ,>cr ohjel.:tu de explanação nUllla comunicação com tempo limiladu como i! ..: ... ta. embora o fe ixe de lei,> '1m: I"l!gul;lram a ~ituaç;.1() na r..ladcira seja bnstante e1ucidati\(} da Illewdulogia l.'~tadono\Í!>ta na intervo..:nção econúmic;l. i"at:c ii rctracçãu do cunsu mo e baixa d~ preço". A~ cX['lccl:tth:L' da" pri ml.":i 1';1 IIIcdida~ ditatoriais th'cr:ltll re"'lIJtadu~ lJua ...c nulos race ii ebulição da c r ise Illundia[: a [cgi,laçiio til.: 1930 fa[a de ullla "uma industria ameaçalla de comp le ta ruina ». tanto p:H"a o,> Açure,> COllll} para a . . colônia,. O prutcccilmisllto com contingente .... r:Hcio~ e hcinu .... acolllpanhada de adiciOIl:lis alJ':l1ldcg:írios. foi n ,i ... lcllla utilit:ado panl equi librar gradualmenle ;1 situaç;io da produção dI.": açuc;Lr na .. J[ha~ c Colónias. :Is!>egurando-lhe Il mcrcado da Mctnlpo[l.":. Em 1936. a produção de açúcar cu lonial j ;í ~'ccliia o COII~UIllO metropolitano. 1.:. a intervenção adll1ini"lrativa p:Lra li:>.:!r leCtOs de produção e OUlr"l" n:gra ... [imilativa:>. fk:ou cOlIsacrada l1llern:Lçiorwlllll!lll~ com tJ «Aco rdo int<.ônl;lcional \obre a n:gll[:lll1enlaç;1~ da produç[lo e di~trihlliç;1o do açücar». assinado em Londre~ pelos países produtor\!" (1937). No período subsequeme à 2. 3 Guerra \'olta-sc a importar açúcar du c,>tr•.I1lgeirl). pois a produç:10 ultramarina

"

401


}ORCiL "-f-NNAN f)I;S AI. I'/\S

j:í nflo ~a t isra7ia O acrésci mo ue consum o (cobria a pcna~ 78.:;c). dados os cfei , o~ da intervc nçào. quc c:-.tabe leccnd o contin gentes c p rcço~. não permit ira m o investi mento e os lucros e~ perados n;l.., emprc..,as co l onia i ~ de 'lçúcar. muita~ d a.~ qu a i~ ~e vir:1\:1111 pa ra pl amaçõc.., mai.., relU:Í\'e h. A ..,iluação voltou :.l norrnalizar-"o.! no decorre r do .. ano" 50. median te a fixação de novo, preços c reforço s ao incenti vo de produç ão. ma" nunca mais 'c ati ngiu a plena aUlo..,ufici~ n ci a . A ligação ii.., culônia .. fo i. entrel,mlO. delenn imllllc para O crescim ento das refin aria,> nH.!canI7;l das . basl,1I1do d izer que antes de 1914:1 , r:lln:1S vinham quase nn totalida de do estrang eiro. I):,..,..,ando depoh a.., colónia s a conqui swr o lllcrcad u metrop olitano c. no C:l..,O de ~ l oça1llbique. a expurt: lr ma is de me tade da sua exporta ção. Com a maior facilida de no ace,,~o fl~ importa çõc..,. ;1'_ fábric:ls ruccani7ada~ vão conseg uir finalme nte ..,ohrcv iyer. As refinaç ôes manua b. q ue durant e a Gr;JIldo.! G ue rra de 19 14-18 tinham assegu rado cxclu.. ,ivamc nte o mercad o nOrlcnho. começa ram depui .. a decair: le ndo chegad o ao número de 28 unidade..,. eralll em 1940 apena~ doze unidad es ( I I no POrh) e I em Braga) . Ent retnnto . inaugu rara-se em 1.3.192 4 a Refina ria Angola . que implem entou logo in"alaç õcs mod enl:l~. a que seBuira rn depoi .. a Relinar ia de ~lalosinho.., e urna llllidad c da Socied ade de lrnport a ç?io'. C ondici o n a m e nto c

r~o r g:a ni za ç ã()

indus tri a l

Nos atlo.., 50. \I panora ma na rd'in:lç:1o do açúc"lr era claram clllc dualis ta: ;10 lado úe algurnn s unidade.., fabris bem apetrec hadas. sub..,i.., tia a indústr ia manual ou uma indústr ia rnccani.mda ma.., deficie n te c oh..,olcla. Em 19ÓO e ram 14 a" unidad es no Porto . 7 C111 Lisbo:l . 1 em Braga e I em An,:iro . pelo que o dualism o ..,c continu ava pratica menle a manter l:tll1hém no domini o geogr:í fico Em 11111ito~ ca~os era () regi me ele cOIH,IicionaJllento () obstiicu!o a ultrapa ssar. na med iua em que inserir nova" m:íquina<; ou concen t ra r unidade ..,. por exem plo. c~la\' a depend cllte de alltoriz aç?io g\1\ern amcnla l. A As..,oc iaç50 Indu..,tri:t ! Po rt ll\!n"e dizia-o cJaral llcntc ( 1958).1: «Tem o,\' de recollh ecer (II/('

('o/ldici Ol/CIlil lllo {'xiSTeI/Te (ql l e da capaci dade os 110 mer(.'{lf!o . illr!"p"lu lellleI/T e da SIItI qualida de) //fIO é til' molde li il/cellTi \'ar () reequip amenT O da illdlí,/r ia. qlle l·.\i}.lC () emp/'e go de (;0l'iIO; ,I' elel'lu!o s. Por ()[11m lado. () ('o/ldi('Í olloli.\·m o le!:lI! \';.1'(/ impedi r o (/ume/l fo da ('o/wôd ade de prodl/( 'iio. e qllalqu er rCIW\'l/ rllO que se \'elll/(/ a 011('I'ar illlf/{ic (lní 1111/(/ a{lerllr llO (/es.H/ cajJaci daell·. No {'II!amo , /{/{ II/odijif '(jrân é illlprcw· illd(\·t>/ fiara uúter IIIIIlI me/hor ia 11(1 fJllfllida de do opicar obTido ». (J

{/S.I·Q~III'n J/iío .IÓ () !o/,J/e( '/melllo da.1 /'alllll.1 elll filllçüo d" n~/ill(l{Ylo. COtltO Também (I ('(/loca (Jio de I/rodm

o ,CC10r não fugiu. e nt retanto .:\O mo\'im ento de reorgall1zação indu..,tria l. lançado por Fem:ir a Dia.., através da lei 2005. Por portari a Ik 2.R.IY~ 7 foi criad:t uma cOll1i~..,;jo para o estudo da reorgan i73ção do sector. tenden te :I confer ir viabiliz aç50 ao ... eclor e tennin::!r com a dita «indúst riu de \ ;jo-dee~cada» qUI! Fe rreira ])i:ls ta mo :lpus tl'll l':l ra. Mas um::! década depo is. a conti~s: 1(J çontilll lav:\ a não aprC,>l!nlar result ados. ,>cndo renova da a lII i..,..,:10 por no\a portari a de 7.5. 1960. Por e..,,,a via de inactiv idade. o gove m o manlin ha na expec tat iva 402


algun ... empresários do scclOr. receosos de avançar çorn novl)~ investimentos ou reorg:lt1iza çõe~: por todas as razões. a refinação do açúcar no Pano continuava u ser d:l~ que aprc ...clHava piores condiç()cs de trabalho. de localização. dispersa pda cidade. e maiore..; dificuldades de apetrechamento. A via da concentração fahri l er:l então a soluç:lo apresemad:L como a única forma de criar unidades fones. concorrenciais. dotad"L~ de capital nece ssnrio p:m! fa/.et" face :.tos gaslos de investimentos COlll novos cquipamCtHOs c responder ao aumento cre..,cCtlle de açúcar para consumo. Em 196'1 h:í. finalmcnh.:. uma movimentaçãu clara de oito industriais do ParlO que projectam fusiotlar -se numa ...6 unidade de apetrechamento modcrno. vindo ii constituir uma ernpn.:sa que acabou por ilgregm novc fdbricas. d;mdo origem ii RAR - Refinaria s de Açúcar R eunida~. Para além das nccessi;rias melhorias a nível das çondiçiles sanitiÍrias de f:lbrico C de trabalho. c!'>tilvam em Cilu:-.a novos problcm:ls. como os de criar condições económicas e lo~ísticas par;.) ;.)rmilZen:lr dur~ntel:lrgo tcmpo tanlo as matérias-prima ... como o produto acab:ldo c resolv!.!t" novas exigl!l1cias eomO:l'" da !.!tllbalagetll dc uso familiar. ou o ... dc novo ... produto". eomo o açlícar ,·crdadeir..tlHcnte refinado e n;1o o tradicional «areado» (impropriamente dito refinado). !'cndo que para 1):-' novos padrões de fabri cu cm necessário instalar evaporadore ... par:! recristillizaçf!o. apetrecho que nenhuma fábrica POrtugucsa então possuía. A adcsilo ;1 EFTA . tiOS finais da décilua de 50. alertava-nos p~ra estas in . . ullciência .... passando () açúcar poL1uguês a gozar tempor..tri:um:nte de um ':Slatuto ~pecial f~ce ii COl1\'enção de E ... tocolmo. como forma de ~anhar tempo par~ a ncce ......iÍri:l modern ização'. Em 1966. face u inopcrüncia da, comissões de reorg:rnização. o Ministério da Economia .~o licitou o estudo do sector a U111:.t missão técnica d;.) OCDE que forneceu pareceres ex tremamente I)c!isimistas face ii rcalid:lde. avançando-....: então para uma reorgillliL.:lção quc. das '13 unidade ... então exi ... l.:ntc:.. ficariam a fUrH:ionar apena ... quatro. dua.' no Pono c dU:l.., Cm Li!'>ooa. ma ... em novos moldes de produção c di ... tribuição. tlot11e~dal11 e ntc seguindo a normali zaç;1o do ... tipos de ilçúcar:l nível internacional (açúc:lr ~ranulado). h\(} impli eav:l o desap:lrecimento dos açlícarc ... ditos correntes. o que para os novos padrõe" de rcfinaç;1o implicava um acrócimo de m:ltéria-prim:l estimado cm 8% para produz.ir as tlH!StllilS quantidades pelos Ilrl)cc ....!'>Os anteriorc!'> (do lipo <, transformação sem perda~ ». poi!'> o.., melaços finais eram recuperados para arcado amarelo). cam ncce:. ...:iria repcrcussfio nos preços. Foram entfio çonccdidas autonzaçoc, de concemraçào que no espaço de três ano . . dc\'..:riam estar a fUJl(.:ionar nos novos molde ... exigido ... . No Porto. subsistiram a velha Rcli naria Angola e a nova RAR. A evolução posterior fez com que. n:l realidade. a inutístria de rclinação viesse a conSliluir depois um duopólio. C0111 uma unidade no Norte - a RAR. c outra n:l zona de Lisboa - a ÂJcant:lra.

A RA R ARAR - Refinarias de Açucar Rcunid:l'" 15. poi!'>. o re . . ultado do movil11el11\1 de conccntração que em 1962 levou :t fus;1o de 110VC unidade ... dI.! refinação do Pono. desenvolvido no COnll.!xto de rcorglltlizaç;1o indu ... trial acima referido. ma.' repreM!ntimdu um;} :Ititudc de antecipação à lei que revelou o reconhecimento por p:U1C dos indu ... ui:lis ponucLlscs da necessidade c vinualidadc<; da fusão industri~1. Foi cun<.,tituída por escritura de '10 de Março de 1962 (D.G .. 111 série. de 3.4.196'1) 403


_ _ __ _CJ"' ORGI:: fJ:.RNANIJES ALVES

como ... ociedadc anónima. com um capital '>ocial de 9 746 COntos. di31 ribuído por acçõcs dI.! mil escudos caLl:!. O capital inicial foi subscrito da seguinte forma:

rvlaurício Macedo &

c.> ..

Sociedade de Importação. S.A . R.L. Refinaria Portuense. Lda. Cardoso. Rego. & c.'. Lda. Rcrinação de $. Marco .... Lda. Refinarb de $. Vítor. Lda. Cardoso & Martins. Lda. Artur José Pi mo. Lda. Jo:io Macedo $i!v;J Dr. Francisco Macedo .

:\ 641

OOOSOO

2640 OOOSOO 726000500 704 000$00 66OOOOS00 495000soo

:no 000$00 330000$00 ! 1 000$00 110oooSoo

o primeiro Conselho de Administração. deito por um triénio. foi constituído por Dr. Francisco Macedo. Jofio Macedo Silva e Retlnaria Portuense (através de Carlos Tom:is Cardoso). Emretanto. o capital foi elevado cm 1966 para 44 300 r.::ontn .... Em 1967. aRA R inuagurólva as SU:lS nO\las Instalaçõc-" da nova 2011:1 entretanto crülda peja Câmara Municipal do Porto, à Via Rápida. com u rna cólpacidólde de produção anual de 25000 toneladas. Logo em 1967. as suas venda!' atingiam as 22 000 tondadas. o que represem:!v:! uma parcela de 11.78% do conW11lO nacional da altura. No ano seguinte. cm 1968. João Macedo Pinto adquiriu a maiori a do capital da sociedade. c o crescimento da nova empresa entrou num ritmo acelerado: em 1972. a RAR j,1 vendia 25% do açúcar consumido nu País. Quando em 1973 integra. por compra. a Rcl1naria A ngola. c),tahelccida dc!'>de 1924 cm rvbtosinho),. a sua quota de vendas no mercado nacional pa ......ou para os 45%. nívd que têm mantido até hoje. O efeito de concentração indU-Miai aqui desenvolvido. permitindo garantir I11cn.:ado e optim izar invc ... timento),. pos~ibililOll uma renovação compkta na Indústria do açúcar: cresceu o número de o per:íri o),. cresceu a c"'pecia li zaçuo técnica. garant iu-se a higiene e qualidade do produto. padronizou-se o fahrico e a distribuição pelos modelo!'> europ<.!ll~. Elllret;ll1lo. com a panicipação activa c m outros tipos de investime n!o dc!'-cn\"ohcu-se o grupo RAR . o que levou à conslituiçi"io d;l RAR - Sociedade de Controle (holding). S.A .. :1 qual passou a deler. entre outra:.. a .. panicipações da RAR - Refínaçõc ... de Açúcar Reunidas. S.A/'. C onclusão Com c .. tc fio conduto.· ao longo da hbtória da rerínaç5.o do açúcar no Porto. vemos 1;01110 a arcaica e obsoleta indú),trill de refinaria. que parecia residual far.::c Ii herança colonial c incapa? de se rcconvei"lcr. acabou por dar lugar a UIll importante g r upo indu:>trial. reco nh ecidamente UI11 dos mais moderno .... aClivos e humanizados grupos cmpresari.:lis do Norte. 4().1


A IN/)OSTNlA I)I~ /<t:HNA('ÃO DE AçueA/< NO POc"cT_'c) ______

NOTAS • A JlI"c'>CIIlC CUI1IUIIIC:IÇ:10 lllnil~-sc <I cnunclar "lgum;l~ linha, ..la cvolu"ão ..l:I~ rcrllla~iõc, de ;,,,,ic;,' '''' 1'0110 C 'cu cll<ju"dr."nclIl<l P:II",I aprc~nl;l ..ão no colóqu,,, ./\ ,,,,IIi,III'ill /'mTII('IIM: ('III "('I'.I/"'/'/'\"(' 11"/,;,,,.,,», :1 reali/."r 110 l'al:I':lo da lIoha, di~~ 4 C 5 de IJcll'mbr" de 1<)97, ma, inICera-~c Ilum I""J':'-"" ,,,,,o de In"c,"ga~'ii" cm I.lc'-CI...oh 11lIel11o.

",,"i,

1. II,,/,,';rilO l"dll'II'1<11 ,/" J~X /. Vi.,;!:. !l.' F:ibric:b do D"lm.. pp. 11 H-110. 2. fja/"IIIII da Tmha/h" Imlll.\/rl<lI ".~ '19. p. 76-84 ). tl/nd,;." "" ti" N"" .. 0"145-147, pp. 'J1-Q6. 4 AI P

/<.-Imúria ..

c.""", {/(, V'fnf<10.

AoJl1l;n;~I~lli"o

do P.. no. LI_b<>:l.

Il!~

I.

1951-1. PI' r 1~-1 16.

5. A lI' - /<c1mmw,' Com",. 1962. pp, 199-301 (,. RAR - R"I.m;ri" e COl/fiI.I, v:írios :H""

405



o PORTO NA DIVISÃO INTE RNACIONAL DO TRABALHO A INDÚSTRIA TÊXTIL

[)epoi ... de. um longo período de di ...cu ... "ão c agilaçüo cm torno de propostas (modelos) dI.! abordagem da~ tendências dominantes na gcognlfia indu,>trial do chamado pós-fonli,mo. no sentido de compreender a." alLcraçõe~ cm cur ..o desde os anos ,ctcnta. na indústri.. nu mundo. algumas conclu .. iic,> começam a ser aceites de forma t!cncralil.ada. Parece agl;;'[1 legítimo <jllcstiollM a con ... olidaçilo de um regime dI.! acumu-

lação hegemónico - o da acu1llula~ao tlexível - a:-.sim como lamb":rn não é ceno que e"tcj;\ cst;ibdccido um 110\'0 modo de regulação p6s- fordisl:l. Ora uma das leses fundamentai ... da literatura do põ ... -fordi"mo foi a que estabeleceu uma corn::1:.tçiio entre os regime,> de acumulação c os rc"'pcclivos p ad!'r,c~ territO!'iai~ de organií'açào da indú"'lria. Assim . e nquanto que o fonJis1l1o e a l.:orrespondellle intcgr;u;ão "cnical. leria conferido ~I'" inuú"'lrias uma maior liberdadc locath-;I, Ilcnuit indo uma dhpcr,ào e,>paciil l da" unidades produtivas. o p6s-fordisll1o teria conc!U/idu ao ap.arecimento de aglomeraçõc,. uma "ez que a proximidade física a~scg ll rava a articulaçào cnlrc (1 conjunto de U11Idades produtiva!'. num ambiente onde dominava a desintcgraçiio. O espaço. exerceria funçõe.., dc articulação entrc os segmento.. das fileira!'. produtivas dcsinteg radas, num quadro de intensificação da di\"j,;10 técnica c social do trabalho. cornparâvcis às exercida .. por lIllla gestão única na imcgraçfin v!.!nical. Es..,;t era, na eS~l:m:ia, a h:ts!.! de funcionamento do," (novos) dislrilOs industri;!is pós-fordistas. A especiali/açào do . . distritO'> industriais em fileira' e~pc(.:íficas colocou. por seu turno. alguma.., que,>ttJC,> no\'a.., ,obre Os faCliJl"e,> determinantes da divisão e!'.paeial do trabalho. Fu ndalllerHalmentc as dú,·idas que:r literatura pós-fordist:l trouxe nesta mat~ri:1 rel'crcm-se ao s:lbcl' até que pun lo es,>a divisão espacial do trabalho se ll1:lnifes\;t de forma dominante ao nível das fileir;\'; ou do,> produtos Oll se. pelo cot1lr..írio....e comillua :I. acentuar a divhüo st.:gutldo tarefas. ou nívei .. da dh'hfio t":cnica do tr:lba lho - regiões com funções de concepção c controle el11 oposição a regiões de cxecuç;lu. A .. tendl:ncia, que se tcm evidenciado no qu ad ro da global iLação e da c resccnte concentração de capitilb e o crc,>cente protagonismo de grandes grupo . . económicos intemal.!Íotmis. polifundonuis. re\'e!:ull que a di,i .. ão internacional do trabalho se continua a eStabeleccr:to nhel das tare fas da divisão técnica do trabalho . mai ... do que cm função de fileira ... ou cspeciali/açõe ... em produtos. P;ml all!l11 di ... so .... ectores e filcira~ associada ... a prodl\lyõe~ cm grande esc:lla têm in:.islido em comporlar-...e. segundo TIluito~ aUlore~. de forma «multo fordista» 2. E i..,to não acontece ilpCllaS no .....ectores paradigm;íticos do Just-in-timc. por exemplo, Também é verdade cm ... ectorcs tão diferentes como os Lu..:ticfnios ou os Têxteb. O quc pretendo tlest:t comunicação": h:nt ;tr identificar a insc rição do Porto na di, i..,;'io internacional do trabalho. nu caso espccffico da .. indústrias


/o1ilH./tI MMllI. ,,\.\ AU./;;C IW /n MAGM./ I,\(·:S

tb. tci .... A ra/ãn de ...cr desll! eXl!rcício decorre de doi ... fucw .... Pnmeir o. o descnvolvilllCIllO da .. jndli~lrias têxteis ill~odociras a p.mird c meados do século pa... ~ildt) 1"or;lIll d\!terTl\inanll!~ n:l eHlluç ãu da ba ..c económic,l da cidadc . contri huindo deci ... i\<ltllclltc para \) posteri or de ...empen ho de~la enquan to celllro polari/ adur de um:! \a ... la região I! ...egundo centro urbano n;u.:innal. Em ... egundo lug;.ll". parece- me import antc cornp!"l!cudl!r. agora ao nfvel da fileira. de qUI! form a O ~ell pen.:ur ... o c<;p:leia l ... c foi alteran do. avalian do até quc ponto I! ... se pcrcurso foi definid o pela rclaçiio ou currda ção exblen lc entre O~ scu ... objecti vm inlerno s com o ... do Porto. enquan to cidadt.!:. O que prcte ndo ba.,ica mente saher é o seguitllc: Foi :t têxtil qUI! procuro u OUlro... tcrritórios. ou foi o Porto quc empurr ou a lêxtil para fora do seu terriuír io? [\ l ais: Que ganho ... e perda . . resuhari.l1l1 para amha ... a ... purte~ de~~e process o dc ueslocaçi'ío territorial que foi a saída da lêxlil do Porto. par:! uma reg.ião outrora rural perifér ica? E hoje cm dia. uII! que ponto II lugar do P\lrto n:t divisão inll!rna cionul do lr:thalh o pa ... su pelas induSlr ias tí!xtci, algodo eira". (Ju ll"\)ra detenll inunlc? l3a ~JC;lIllel1lc vou aprcsel1lar uma car;tch.:rizaçJo da indú ... trta tí!xtil algoJocira no Noroc ... te portllgU\!'>, na õ.lcttlalid:!de. ilO nível d;t org;lIli zaç:io da prod ução. u;1 ... U:l in ... cri~ão na estrutu ra fundam ental da rileira e da repani çJo c ... pac ial. para dI! ,cguida procur ar idcmit icar \l' fuc tores que dClcrm inaram l i perCllr. . o hiqóric o pa ...... ado. assim C01l\O clarific ;\ r alguma , da" cuructcl"Íst icas de .....e Illc ... mu pl!rcurso histórico. Como questãu .: ... pecífic a. repilO. procure i perceb er como é o compo rtamel1lo c'":ipacial de ullla filei!"a hi ... toricam enlc e nraizad a no Norocs te se articu lou com a c\·oluç ão do Porto. enquan to [lolo urbano . A ... condus ()e:. mai, rdev:ul Ies deste pequcn o excrcíc io aponta m no ,entido do I!wa7.inmcnlo pr:ltic:tmcntc tutal do papel do Porlo c nqual1l o palo de concen trnçtLo li" ... funçõe s de concep ção e ge'tão da t1leira. oUlrora de: crucial importtltlcia. A fileir:\ t~\til qUI! j.í anterio rmcnle desloca ra dt) Porto para ;1reõ.l' ru r:.Jis periler i ea ... e especif icamen te para o:. \·ale ... dos rios Ave e uflucnt e:.. Leça l! Cávad o (h seu, "'C!;lTlcnlo.~ de e;\l.!çu~·ão. dei;\ou de ter aqui tambt:1T l o ..eu centro de control e [lrevilcgiudo. A concl.! nlra~'ão regiona l da I!!xul algodo eira acentuo u-sc. rcforça ndo-:.e u .;ua inscriç ão interna Óo nal. num:! dara est ratégia de IIleira. aí sc incluin do a mUllutcnç:1I1 fc niio apena, IIIcra ..obre\.·i \·l:nóa) de modelo s urgani7 .:ltivos tradi· Clonais marcal lo... pela Itltcgraçao \I!rtical e pela produçi"io de gruncle ... volume s . uinda quI.! ,egund o nUV:t ... forma!'.. Ainda {Iue não constit uindo também object ivo dc.,ta comun icação . fica "uhjaceslIc à ;\11;1li ...e que pa<;"o a c>..pôr ;1 questão dI! "':lher até que ponto existe nc . . le Cil"'ll e nc~ta rq!ii:ill um regimc de aCll1111ll.,çào flcxívc l. pôs-for dista. A filci,·a li-xtil

Os COIlCCilU~ de fileira e ralHo indu,tr ial têm ...ofrido algllma~ :Jltcraçõc~ ao longo do tempo. tendo regi,tad o primeir o. recen tement e. uma grande divulgação. a''''Ulllindo a forma de Ulll neolog hmo. importado do francê ... «filiêre » quer nu língua inglesa . que (l :lbsorn::u l1a \l!r,:io origina !. quer entre nôs. lruduzido. O uso da p:llavr:l fi leira I!IIl dctriOlelllo do termo cadeia é sintom ático de uma cCrla re\istlo ún conceilO. Como n:.ts olltm\ língua .... onde t:llllbêm l'xistia m

°

40'


o PONTO NA /)l\Ils;io IIY/"hNNACf()NM. no 7RAI/AI.I/O

o'> lenno,> corre<,pondenl c", :, cadeia. no sentido de correnh: (encadeado). a !lece .~s idade de cncontrar uma palavra nova. para um conceilo \lavo. terú kvado ao u,>o generalizado de fileira. O ramo industrial respondeu :,,:.:il11a de tudo;\ um" necessidade e~lalí,>tica de recolha e organização da inrormaf,~:io. Com a identificaçilo do ... diferente!. ramo!. industriai,> procurou-se segmen lar a ecunomia em grupo.'> homogéneo ......egul1dtl critérios de semelhança ou .. ub!'.tituibilielade de produ 10 .... A complexidade de interpenelrações elllre os ramo .. Iradieionalmente definidos veio porém tornar c:1da VCJ; l11ais difícil a delimilação de fronteiras. Daí que ..,e tenham pa!'isado a previleglar. n;h taxonomias industriais. o ... crilérios b;, ...cado.., nos processos produtivo ... cm deterimen lo do.'> dc produtos'. Uma rileira não é um ra1110 indu'>trial mas procura ...er um conceito mai s operativo p:,ra a definição de frotllcirns entre il1dústria~. E nquant o que o conce itu de ramos parecia re ...olvcr a ... qucstüe~ de tipologia, operali va,> para a estmistica. a utilizaçiln altcrn:lIiva do termo fileira. pressupõc uma abordagem global diferenle. NJo se trata apenas de uma dclimilação da economia. com objectivo.'> estalr~lic(), Ola'>. pretende-~e lima comprcen.'>ão do funcionamento global dcss<J economia. segundo pressuposto,> teórico,> lambém diferentc~. ll:í trê.'> leiluras po~sfveis para O conceito de fileira indu!'itrial: a file ira corno conjunto de operações técnic;\~. ;, fileira como conjunto de opcraçõe .. económicas e a l1leira cornn conjunto de organiz:\çües ~. O conceito de fileira COlllll conjunlo de organizações corresponde a uma abordagem mais recen le c embora englobando os doi... conceito ... anteriore:.. põe a tónica no~ llleC<JIü.'>mos de coordenaç:\o que as transacções a que ele .....c refere111. pressupõem. Esses mCCani!'i1110S de coordcnaç:io prendem-.'>c com as organizações e as inl>tlluições cnvolvida.'> 110 procc!'i"o de produção. :lssim como eOIll a respectiva organização hier:írquica c a ... relações de poder que lhes c .. tilo ,>ubjacel1tcs s. A análise cm termos de fileira engloba a,>silll. () conhecimento dos comportamentos do .. actore.'> envolvido.., e111 cada estádio da mesma. bem corno u.., re spectivas estratégias. C0111 efeito. a fileira constitui (!,>~cncialmet1tc um espaço e~trat~gico par:! ;}S empresas que opiam por enquadrar a sua ge!)t:io micro-económic;} mi.'> polf~ ticas ..,(!ctoriai~ nacionais com o objecth·o de mingir uma maior integraçilo da própria cadeia e a . . segurar uma prol ecção mab. e ri ca7 contra a penetração estrangeira 6. O dinamismo das rileir:,~ nfio ~Ó condic ioll:\ como também é o resultadu do din;jl1li~tllo da ... org:l1li/açi}es que a integram. Ora es~a ... organiJ;açõe.'> não definem a sua estratég ia no quadro re,lritu da fileira. mas estabelecem ligações no exterior desta. Em suma. o facto de .. c ter procurado com um tcrmo novo - fileira -tradU/ir unia rea lidade nova. respondendo a um:! necc:'õsidadc de operacionalidade de conceitos. nfio significou uma ~il1lJl lifi caçào nos re116meno~. As fileira..,. como o~ m.t1lO<.. têm contornos tão Ou idos c difícei ... de delimita.r. como comple.\:ls ... ão as teias de transacçõc.., e contacto.. entre o ... di versos estádios das diver ... :! .. fileir;! ...7. A indú..,tria lextil é conslituída por diversa.., fa .. cs produ tivas ou .'>cgmentos e uma variedade eXlrema de fonna.., de procc!'iSOS de produçào K• No nmbilO da indthtria textil. inclui-se a produção (indústria qufmica) ou preparação de fib ras e posh.:rior produção de fio s. a fabricaçJo de lecido~ c as ol>eraçôes de ac'lbamentos de fio,> ou lecidos. A produção de Vestuário. não ob~(ante tr:,halllitr a partir do .. produ lOS da intlú~lria têxtil c ~er. em média. o seu maior cliente. deve ser encarada como um ritlllO distinto. atendendo ao tipo de 30lidariedade qUi'; ex i..,te e ntre amba~. mais lécnica do que económica e estratégica. 409


MANIA MADAUo'NA AI.LJ::CRO D/~' MAGM. Hi.ES

---

E),!c pequcn o exercíc io dcbruç a· ...e exclusi v:unen te ~obre a indústr ia t~xtil assim con ... iderada e. dentro desta. eMuda a que uti liza O algodã o \lU mi stura de fibras de algodã o. a rt ificiais c sintétic as. É possíve l anal i...a r a indú~tria tí!xtil segund o várias per"'pc clivas. Segund o as m:'lléria!>. primas que utiliza . segund o as fases da cadeia produti va. os usos ou fi ns a que ...e de!>.tinam os p roduto,> ou ... egundo a tecnolo gia usada. Uma da>; caracte rí.... t1cas c~pecílicas na evo lução da indústr ia têxtil reside no facto de. ao longo d o tem po. os ganhos de produti v idade conseg uidos com urna nova máquin a não terem implic ado nece ... sa riamen h! uma ruptura . !nas terem definid o. em cada momen to. a .... formas mai), eficien tes de urganiz ação lh.L p roduçã o e do proce.s so d e trabalh o para a fileira glohalm ente. Em termos de balanço geral. as ... isti u-$e (també m) na indústria têxtil. atr.l\'<.!), do ... avanço s téc n ico~. a um progre ssi\'o aumcn to da compo sição orgânic a do capital que a foi conver tendo numa indústr ill c ada vez mai .... capital intc nsiva e mcnO'. mão-d e-obra intensi va. Esta capital iz ação crescem e implico u ullla também crescen te intcnsific.tç ão da divisfio técnica do trabalh o e a cOIl . . equ cnte desqua lificaçã o média da mão-d e·obra. Daq ui decorre . cm grande mcd ida o procc~ so particu lar de int ernacio n'llizaç ão mai s recente de!>.t:! indústr ia, cada vez menos exigen te ao nível da qualifi cação da m:.lo-d e·obm ao ní\'eI mais baixo d:\ dh'bão técnica do trabalh o e mai~ fácil de ),obrev iver cm qualqu cr parte do mundo . E por isso também . é através da indústr ia têxtil que regines nO\':ls se industr ializam c inserem na nova divi~ií{) interna cional do trabalh o rnodifi c;mdo. por ..,eu tun\(). profund:'.LInente ;IS regras de funcion ;unelllo do secto r. iI e~cala mundia l. Neste proces so de crescen te capital i,wção d o o;ector. são importa nte), ilS a lteraçõco; quc se têm vindo a "crilica r ao nível da cOllstru ção das m;Iquin:t~. Iloje em dia há um número redIl/id o de gr.t.ndc~ constru tores. frUlo de sucessi va ... fu!iÕCs q ue control am () mcrc:ld o in!crn:l cional. A~ gr:tnde s clllpre ... a~ deseo\' olvem no ...cu interior . uma in tensa acti vidade de in\'esti gação de forma a conse guirem con ... tantem en tc. apre~entar melh{)ria~ técnica s 110), maquin ismos. as quais. regra geral. con ... btctn em gan ho ... de velocid ade e elimi nação de defeito s nos p rodutos. A utilizaç ão cresccn te da elcclró nica permiti u :1 e liminaç :to de um grande número de peça ... mce:l1l i c~tS (cenlen a'i por \·c/e ... !). As máquin "h são cada vc/. mais caras. meno.' ... u~ceptíveis de recebe r pequen u ... inves!!!1lento ... de reparnç ão (l U adapt:t~~Jo e com um tem po de vida cada vez. mais curto. A sua capaci dade esgota -se mais rapidam ente sendo neces~;írio proced er a ... ubsl!tu içõcs I\.ltais. Sobrev iver ne~!e contex to. pam uma indústr ia têxti l. pode signific m crescer pela ... u bstituiç ão de máqui nas obsolet as por outras com um'l (muito ) maior capacidade produti va. Daí que pm:l produto s como os fios e o~ tecido,> . as econom ias de escala cuntinu em a ter u ma grande il11porttmcia. Um a das formas de ~ob rcvi\'er será atravó da produç ão de metrag ens grandc>; para p rocllllos de grande procura e es tandard i7ado .... A produç ão de metrag ens redu/id a ... pressup Ue outro tipo de organiz ação. c),lá mcnos depend ente da diminu ição dos Cu~LO;; médio~ de produç iío c tcm necc~s:l riall1ente de se e ncontra r intcrlig ada com o r:uno do \·cstuár io. A conccn tração finance ira ao nível do~ constru tore), de m;íqulna), ti!xtei, corresp onde também :.l uma concen tração espacia l dos ccntros de inve'lig ação e de!>.i~Jl. E esta concen tração penali7 :l natural mente. a<; regiões espccializ:lda~ na>; fa ...e ... de exec ução e produç ãu pl'opri :lIl1e nte dita e onde não exi),te!ll incltístr ias d'h fileiras e.'t t e r;ore~. das máquin a ... à químic a. Portug:'11 é. em gr:mde l11euid.l. um exemp lo dessa situaçã o. 410


o

PORTO NA

1J/Vls_iv fl\'Tf:RN AC/ONA L no TRAflAL l-fO

----"-'-'~"-'

um certo Actual mente os constru tores de máquin as enfrcn tam porém grande de ção desloca ;1 c têxtil ia dilema . Com a Interna cionali zação da indústr do países os para cadela da ivos produt mente parte do:. ,>egme nlos propria . últimos destes e ros pl'im..::i dos ções solicita as tes diferen são . Terceir o Mundo tecnode itam nccc..,s Enqua nto que 0" países europeu.., mais indu..,tria liZ;Ldos os paísc~ do logias o mais avança das pos:.ível que minimil.CIll os empreg os. para ainda que carils menos as máquin são ideal nação Tercei ro Mundo a combi tores dar constru os ra pa difícil to portan É -obra. mão-de ta mui cmpre gando er é acontec a estar parece respo ... til a dois tipos de necessi dades antagón icas. O qlle do e de qualida de e control do âmbLto uLlla concen tração de esforço s de I c D no de gia tecnolo com téxlil gia tecnolo mdo associ: proces so de fabrico em geral. usadas dilas. mente propria as máquin as que ainda forma. De:-.ta . cOlllun icações gicarnc nlC. nos países do Terceir o Mundo não sejam as mais avançada~ tecnolo cspeci::ll i-obra mão-de de tarcm necessi não para s[lo-L10 n::l medida necessá ria m a~ de informa ç:Lo ste i s por ladas contro ram-se encont e zada ou qualifi cada ao de ...cnvolv isufblic ados. cenlrad os no ... paiscs europe us. Assiste -se assim e contro le de ao produç da zação menlo de progra mas inform áticos de organi um acomilitam pos",ib que es. unicaçõ telecom qualida de as~ociado ... i:L", rede ... de el11preS3S das pane por r, exterio no fdta ão prodllç da ' Oll-!il/{ panham ento c posprimas s rmlleSria de s eurare i:!s. Me s mo di"'ron do das principai~ reserva têxteis. , f:íbriea" de tipos de de varieda suindo um grande mímero e uma grande cional capac ios paísc", do Terceir o Mundo não delém. regra geral. uma propor Este facto vas. produti a", estnLlur li\'as re'>pcc ... :I sobre :1o. ... dcci c e d:Lde de control , países . Aquele" fileiras. as ralll iluslr:r lambém a form;L comple xa como se e<;lrutu ... c viio que fileira de ... gia estraté nas ... do novos produro re:.. ainda que integra s tomada são quc s. mcntai funda ... e deeisõ das am desenv olvend o. não panicip fora do ... seus territór iu ..... quando a Mc..,mo perante a crise da produç ão em ma",,,,a. a crbe fordista . sobrev ia para via ica ún l. flexíve li/ação palavra de ordem parecia seI' a especia interno~ de uma mos ... mecani rar engend de capaI. foi l li!xti vi!ncia. a indlbtr ia ica possív el flexibi lid:ldc funcio nal. e m uposiç ão a urna flexibi lidade numér da indú:.ctria li7ação tlexihi A io. noutro s ramo~. corno por exemp lo o ,'cstuár que com o do mai~ o. trabalh do l:ação têxtil cstá relacio nada com a urgani históric as raízc::. corn s. pesada 'aS e'trutuL cm l possíve a É IJ. mercad o de trabalh o poder.iio se nunca profunda..,. fi"ic:tlllentc muito condic ionada s. este corll..::xto. io ou declín COIll o::.. empreg confun dir as perdas <linda que acentuada~. dc ",cgrncntação. ding to «The point at Lssue i ~ h(m to achiev e :t balanec bet\\'ee n respon :lnd ~cope or ... ie ccollom more fragmeLlled mar"et s via produc tion nexibil i ty a nd the need to rct:tin scalc cconomie,».ILJ Integr a ção c Dcsinte gnLç_i'io \'crtica l o. a A ... indú~trias tcxtei:.c nunca foram usadas corno par.tdig ma do fordism ia l industr ão verdad e é que no períudo e m que este modelo organiz ativo da produç portulo exemp O têxtil. se con:.colillou. a integra ção \'crtical era domina nte na em. apoiad o guês é um caso cviden te. Ao de~cn\'ol"imento indu'lr ial da tecclag Inglate rra, de leia:. de ç50 irnpona na c fio ue spersa di na produç ão domést ica n~ este segme nto sucede u-se o de<;en"nl" imento da fiação. integra ndo as t ecclage 411


--

MANIA AMnAU .NA ALLI~GNO DE MAGALH Ãl:.S

a mOnlallle. A p;lnir dos ano . . trinta de~te ~éculo. quando a indú.,tr ia têxtil algodoeira re~iqou a maior acelcmç;10 no seu cre~cil1le ntu. domina vam. cm Portug al c específil:aJllcl1tc no Noroes te. as empres a .. vertica b. A integra ção nos scglllento~ a jULallte da fil ei r:l têxtil. quer nos acabamento:.. quer nas oper.Jçües de confec ção sempre foi selectiv a. ao longo do tempo. Basica mente a ...s istiu-se ..I uma grande diversi dade de s ituaçõe s. desde empres as que ...empre foram especializada:-; apenas nesle~ ~egmelltos. à incorpo mção dos mesmo s na ... grande s emprc ...as vertica b. A coexistência das mai~ diversi ficadas situaçõ es nestes segmen tos. na aCIll:llidade. ilustra a dificul dade de identifi caçiio de um procc.,.,o de trabalh o e de formas de organiz ação da produç ão domina ntes na fileira. Trata-...c dos ...cgrm::ntos onde a !lexibi lidade numéri ca é possíve l e eficien te. ainda que exi",wlll sitlLaçüc~ marcad a mente fordista.,. O objecti vo desta I:ollmnicaçiio 11:10 é porém o de idernif icar os modelo s domina ntes na fileira. a esse nfvcl. O que pretend o sim lo! avaliar até quc ponto existc um:1 ... egrnen ta~ã() terri torial do ... níveis fundam entais da divisão téc nica do trabalh o e qual O p;lpcl do Porto. nesse quadro territor ial. conhec ido quc é a sua imporl ância em período s hi st6rico~ mais amigos . A indús ll·ia têxtil algodo eira

110

Nu roeste portug u ês

A base empíri ca p'Jr:l a car:.tete rizaçào da indústr ia têxtil algodoc ir:.t no Noroes te de Portug al na a<.:tmllidade consist iu numa base dc dados compra da ~I D/lII & Hmdsl/" l!l.:l. 1~()mtRal. relativa a 1997 (dados de 1996 para a maior pane das elllpn;.:~a:.) . A pallir da identilieação dos parâme tros fundamentai-, que explica m a silUaç50 aclUal. procure i sbtema tizar alg.urna~ hipótes e ... ex pli cati va.\ dos pe rcursos hi~t6ricos que a ela condu.!.Írarn. com ba:.c noutras fonte .. c')tatística:-; e em mquéri to ... e Cn!revisl::ts levada s a cabo no :"lmbito de outros project os de investi gaç50 \obr.: as indú ... trias têxlei~. A base de dado~ d .. Dun & Brad~treet aprcscllIa alguma s vantag ens cm relação ;1 outras. quando se pretcnd e trabalh ar ao nível da . . empres as. Por um lado. tem uma alimen tação diária com inform açõc ... das empres a .... do Diário da Repúbl ica. dn ... Re):l1ório . . de Contas . das Conser vatórill .... dos Tribun ais. etc .. rararne llle exbtin uo na base. empres as encerrada~ ou falida .. há mais de um ano. Por outro Jado. inclui lodo o tipo de ... oeicdad cs. nomea damen te empres as em nome individ ual. A ra7.50 de . . cr da e.,colha de ... ta base de dado ... 1"oi ainda a de tentar proceder a um exercíc io de te~te a outros trabalh os dc inve ... tigação sobre a indústr"ia têxtil algodo eira onue tenho prcvile giado uma aborda gem cronol ógica. do passad o para a actuali dade. a partir das e ... tatístic as oficiais e de trabalh o de campo . com inquérito<: c entn:\'i ... ta~ às ernpres 'I'. A ba:.e de dac!I)' refere- se :1 tOlalid ade das empres as indu"'l riab têxteis para Portug al. para 1997 (dad o~ e"'latís tico.. da\ empresa!.. de 1996). Ainda que ... uubc ... ~e à partida que os lanífid o ... iri::tm integra r a base de dado .... achei importante contab ilizar a tutalida de das empres as têxteis no país. para relativ izar o peso da têxtil algodo eim dus di .. tritos do Porto e Braga que de facto :lbrang ern a lllal1<.:ha têxtil do Noroes te. incluin do a ;lrea Metrop olitana do PortO e os va les do Leça. A \e e Chado . A base de dado ... inclui 596 empres as. com UIll média de idades de 23 anos. com +-t 760 empreg ados (dimen são nH~dia 75 cmprcgado.~ por empres a) . um 412


----() PONTO NA DlI'fS,iO INTt.N!\'AC/OSM. DO TNII/JAI.HO ~--volume de venda.. para 1996 dc cerca de 326 milhõe... de l:OIllOS e um capital social de cerca de [23 milhõc .. de contos. Da base inicial. se leccionei apenas os distritos ou Porto e Braga. com os objcctivo'i acima expostos. Das emprC~;I'" ~ckccionad:l'. exclui :I'i que apresentavam zero empregados. ~Igre guei ernprl!sas pertencentes a um me~mo !!rupo ou do!' mesmos propriet<Írios e procedi ;1 Ullla dc~pistagcnl de l:asos de ralência~ eom menos de um ano. por eonfrontaçào com ha!'.es de dados lI!.! trabalhos em c urso e atr:l\é!'. de conl:le tos tel efónicos por amm.trage ll1 . Foram detectado!'. npenas doi:-- casos . nc~ta última situaç50. A ".!1ccção resultante corrl!sponde a mais de 80% do emprego e do capital social c a pratic,lIl1cnte 90?r- do vulume de vendas do ..ceio!'. Dc .. ta selecç50. s!.!p:.L rei seguidamcnte a .. cem empresas (ou grupos) maior' empregadora!'.. a.' quais eorres]lundctll com um pequeno desvi o. às que po!'.suelll um número de empre!!ados superior ii média da selecçào anterior. Este conjunt o represenla cerca de 70% da ba<,e de dados geroll e a eerca de 90';;; da ~elecç50 nnterior. para a .. três vari:í veis I'Lmclamentais. emprego. vnlul1le de venda .. e eap it,,! .,oeia!. É essencialmente sobre este conjunto da .. 100 maiore .. que 'ai recair a earactcri/ação da silUaçào actua! (ver Quadro). Nos m~lpa .. cm anexo. foi cartogm fada ri informação relativa a essas empresas. Se considerannos par.! ,llém disso. o conju nto das de z maiore<, r.!lllpresa!'. segundo a<, m::s vari<Ívcis. isto é a, lllaiorc" cmpregndora .. c/ou as que possuem maior capital soc ial. a ... que aprr.!semaram maior vo lume de venda, c ainda as d ez ma i" :.Llltigas. chega m o~ :L um pequeno conjunto de 13 empresa ... IOd:" loca!iz;:ldas na bacia do Ave. que. ~o/inha'i correspondem a l1l~li" de mewde do emprego das 100 maior!.!s e a 60% e 70% re~pectiVal11e lll e do volume dI.! vendas e do capital social da~ lllC'iIll:L."'. A sua dimensão média é de 754 empregos por em pre.<>a e a média de idades é de cerc.a de 66 a nos. Parece-Ille legítimo procr.!der:.L esta cont:LhilidaJe s imples para poder afirmar 'lu!.! a dimcnsão da concentração a diver1ios nívei .. I.! não :Ip.:nas territorial. I! umn realidade eviden te que não se pode facil mente e nquadrar no discurso pós-rordista da acul11u[:lç50 Ikxivcl.

o Porto na di \'isiio intc nJacional do t r abalho: a indllstL'ia têxtil Com -este pequeno ensaio procurei porém. mais do que caraetl!rizar ri actual estrutura da fileira no Noroeste de Ponugal. tentar avaliar o papel do Porto na dinâmica mais recente d~1 mc~rl\a. Ora a realid:ldc n;io pl'i!.! cm c\'idêJlci<L la ço~ estreito .. de qualquer tipo ao nÍ\'el da e ... trutura produtiva propriamente dit~l. Mais. não r.!xi .. tr.!l1l hoje em dia. ,edes soei ai ... dr.! e mpresas têxteis. na cidade t.lo Porto. :LU contr;\rio do que acontecia anteriormente. M lIit:l~ das g randes elllp rcsa~ têx tci .. locali/.;lda, nos va les do A\'e. Vilela ou Cüvado. partir:llll de ... ociedade., ~r.!diada, no Pano. A dependência hist oricamen te e nrai l:.Lda lia .. áreas têxleis pe rifé rica .. cm relação :10 Porto e ... tava ligada:L actividades comerciai, de vários tipos. eomo a import;lç5u ou exponação de produtos I.! máquinas e a:--~istência técnica. Hoje esses serv iços e . . t50 internalizados nas empresa,. luc;lllllcnte o u s50 directamcnte pre~tados por empre ... a ... no c .. trangeiro. com quem ;h purtuguesas têm muita .. ve/r.!' l igaçõe~ de suhcoll1r:ltaç5n. EIll ~UIll~l. a aL'trculaç50 técnica c económica da fileir;t proces~a-':ie ao nível imerregionaL sem pa1isar pelo Porto. outrora interface de c rucial import5rll.:ia.

413


MARIA MMh\U :l'M AU.ECH O DE. Mi\(;AL HAt.S

'-----

A concen traçào regional das unidad es produti va" ~ uma e\idên cia a lodos os níve i, (Mapas ano.:xos) Sem preten der definir o lugar do Porto na divisão interna cion,ll do trabalh o em toda a sua extensã o. parece -me relevan te compre endl!r co mo no caso espccíl ico das indústr ias têxte is. e<;se process o se traduzi u num desvin cu lar progres s ivo. Estará a base económ ica do PortO delinit ivamen tc desliga da da . . indústr ia .. têxteis. na aClllalidade? Se assim não ~. pelo mcnos estas indústr ia. . não desemp enham mais um papel import ante. E no entantO sahl!mo s como são nUI11l.:ro.':lS a.~ empre sas indu-a riai s c agênci as com..:r ciais no domín io do Vestuá rio. localiz adas na área Metrop o litana do POrlo. Trata-.. .c ,eguram entc de dois mundo . . di . . timo ... cuja articula ção ter.í de ..cr Iarnblo!lll estudad a. Em delinili \"o e C0l110 conclu são. poder- . . e-;í dizer que aClllalmelltc nem a I!volução da região lêxtil depend e do Porto. nem o lugar do Porto enquan to p6lo urbano depend e das ind l."istrias têxteis. E . . te facto em si ll1e~mo poderia não ser relevan te. não fosse o ter s ido exactam ente o opOSto num passad o bem recen te. Rc . . la saber até que ponlO o proce,s o foi penaliz ador para o Porto ou . . e traduzi u cm vantag cn ... i ~to ê. tcr-.. .e-à o Pono libertad o dos têxteis. em favor de outras acti vidade s mal'; enriqu ceeJor as da l>ua hasc económ ica ou será o caso do . . têxteis paradig mático de uma deprec iação da, centra lidade . . do Porto. decorre nte de uma internaci ona l iza~ilu da . . cadeia" produ tivas"!

414


() I'ONTO NA f)/VISÃO Ii\TtNSACI(}NM. /)0 TRAlJALHO

---

NOTAS I. In'Wu\" de Getlpr..tia <.Ia h";u l<.l.,,.Ie <.Ie I.elr;}' da Uui'er, i<.l:u.lc d" P<,l1o. E.nmil: mmJ:llena01 ktr.".uPI"

2

lIUD~O:-';. Ra~ R .. gi",,,,11U//lr('.\; metl/llri,,1 rn/nlounllJ:. II,,"," III}:" ,'"I"""'lmHI"ctiou nmCl'/!'J 01111 IfJ/l/inl (!.·'TII'fllll"'" Ilm/"R"'" II! III(' 11('11' t;IIm,w. «Regional SIUljicw JI pp. <167--1711.

11)')7

J REYf\.\t ID·CRE.SS E:-:T. J

5. {l.

7.

R

I)

B~nét.ll"lc

Lt..,

,-,1IIU·III/l'.I'

/I,à/ril/"'"' ,I" 0'0/1<"<'111 ,I,. brm,cI,,' dm,.~

/lU .. I'r"'I/"",m'f/'w fI.· "t'/;lúJII ,I.. 1/1 "rll"d'r ,r"di/;,,,, (II! I;,""'.,. tU ~Éco"omic Indu"oclle_ Prohlémali<j"" cl Méll""lolog ic».l'urI'. ECOJ\onu~'a. 1983, pp, S3-IOS. PE I~EZ. Ro!;m<.l - //1/1'011,,'-/;0" J/u;tl/ml"'lI8"/II<' ,/II·/·/ll"Ii('/'/lIIiO/l lilii·I"<'_,·.\Ir",<,/.:;,·.,. 111 "É.;u"o"uc IrnI"~lrtdl,,. l'l\lhl";"""'<jue c[ Méthodololl"'''' P"ri,. I!conom;ca. I'JS3_ pp. 69-74 It/CII!. p_ 70, JACOMFT. D,,,n!111qu,, - LI' ' -".\/;/,'·/ml>iIl' ·IIU'III. Um.' Im/III/rit· d,' Imi"',''! Pan'. l::eonon1lC<I. 19S9. DU l' r~A T. Uc"r Pmbl"m", 1"".<,;_' Il(Ir Il'~' I/(JI/.l',u-Imm·.·.' .., l"n_t:/"l-}:<IIioll. ln .. &onon1le Indu,,cric1l,,_ Problémauquc "'l\IClh.,,Jologic". I';ui,. Ec-ooom,ca. IWn.l'fl 7S-RI. REYNAUD·CRESSEI\ry". fI'::"éd,,,'c - I ..·, ""'II{'III1.1 r/,,'vá,!"".1 d" Cf""'l'pl (/<, hl"llll("/'" '/",1.\ ,,,",' Ill'olllóllmiq/lt· tle tI<'JiurtiOIl ,It- I" I,,'flm II<' ,/",'di'ÚIII ,/e 1i,'r"1 KI::"onomic Indu,cri.;!lc. Prohlé",:!I"lue cl Méchodologic", Par", l:.<:"",,,,"~'a. 19S.l. pp. S3- IOS Sohre;J, CiJr,,"tcn'I,"'" d" ""deia lê"l,]' JACO:"IET. Dominicquc -IR.~ T('.\/lI,·.,·. P<lTlS, Economi"a. 1')92. NI:.~10Z. (;11) h'"u'I'J;<"'C<' d,·" l'c.IIlIt·~ 1""llIIi,,"",I' "1 dl'," !t.I(I/<:/"i",u ("tll"!,".\lt,·,1 ,'11 Fw,u ,'. L>on. GCQCC\. I ')<)3. NEVES . .lo,.! de Sou'a Mu"h .. dll F.:rrcil'; - Imlú.luil/ .. Cm""'..", d,,~ ./ ,'u .... <_ IlIIr,,""(''-;o (til /;.mu/o llll ..\ CllI uI",,," 7':.uil. 1'0110. 19S7. PREVOT. Victor -G<'O/:rfl/,Ili, dn 1','1111.'.'_ ":'",/,. ,/'u" e.lpm·" à'mw"'''I'''- Par;'. M","OIl, 1'):-:6 ( • • ,,0.1 1979). RIBE IRO. ErnC,I" K. <.Ie· <.;Iu"i,.,,; () A IJ;"düII. fI·",·o, P""~·'·.'-"I.I de 1'/"()(II'ç';o. ("olllén-w (. I",IIi.l'/r;o, Pono. Oliell\;" Gr:';. il';" .1" .. O Comércio do Pon"... 1<)65 Sohr" "qe" """CCHO' <.Ic~cn\{lhldu' por J ATK INSON 1:1"\lhilin, "lIc"r/"i",-,-. (IIul IIrlllll""""'- IIIl1l1(1Cr""'III, U,·,,,,rl "l " "11111- {'<"/fll/l'/"" 1I//<h'l' IlIe ClI "I"'UI/II'" 1"'-'1:(11'("1> 1'/"fI/.:I"lIII""" "I ti,,· I./II.S,. Fu lm cr. BI"Ighl""_ ll"i,cr';lY of Su,sex. I n~IIlUlC uI l\J.mpowcr Stud,c~. Ikp.. n n" 89. 191\.:1 ver IlENKO. Gc-org"~; DUNFOR D. Mid. - Srrll('(w'uf Clumlf" <IIul III" Sp(ltUlI OrJ;("".\l/Il"" "I II". rr"Jll c(i,·~ S'-5(l'm: mI /lIIr",III'IIt",. nENKO. Georllc~;

DL'N FORD. 1\1Id.. - ,<indu,'n:!l Ch:mgc :II1d Regional [)c,'d"rn'~n1 ~. Londn". Bclha\'cn Prcs~, 1991 PI)~,2J_ 10. HUDSO:'>:. Ra\' - R.·.t :imwl lu",r<'.': itu/u.ll,.",1 ,.,..'·Ir/lct"rillg, //eu' 1111111 \'"1",,,,· ("lNll'(PI., ,,11<1 ,'1"1/,,,1 .1"""'''1''''''111 sll~lIr}:.l'l III Ihr ""W Em'''II<'_ ~ Regional SIII<.I,,,,,, 31 I'fl 467 -l7R 19'J7

'U""",.,,,'"

415


~

F,,\ IP RE-'iAS INnUST RlA lS T I~X TE I S E1\l PORTUC: ,\L 1997 (BASE DE I)A[)O.s DA DUN & m~ ,\D.sTREET

'"

S inl ,,~e

A "Ih ''iI( _ I\"n.\ IIrJ ~.1

TOI:!I da !b'fdr na,J ....

Scb:" .., do_ ."

[)"I~I(t<, 4:

""no c nrJ~1

IOOIl\,jI""'~' fnl(T~<:JJorJ'

A, 10 mJ intn l/n1r,,,;o cIO" V.\'

cC. S. I

TOI.lloo \1alor<'S Emprrg;.do n~

!! IIIFI"í Tc, !~~ I

p(,JJ"~J

,\I.\">J.ilI1

rlJel lI 12IIITon I \ .Jk I

~~61IM

{,\ul> Tn:, Se.I.1

2:1>1 ITull_1 <\,.I~ TC'( S,JJI

21M !TI" I "'~~ Tê,,~i, '1O.. :!l~ I (Fi"\,.

Algoo lnl ribr.l' Slnt<llta'l

'I 'l f ltO UI.

" \11 MO

nll'w.,\ ~

1"\11'1111:.

5%

+17'"

'"~

J71W,

III.

.'" "

.00

I.\U\~

"

If(I(l('()\T t,..

( Il'll\l. M"lCI \ I

nn

~~.~9

~MHI~9~'

~819

10111115,)

.'1 !j3

69,S~

.1I!5J

111 57~ 71\0

M.79

S8 93~ 831

17356

38.;~

754, 61

13 1111%5

~O.!8

6I"LSI I

moSl

217576700

' 00

.00

Il!8ülí51

.00

·117.61

t.x lH 5é>!

"AI

I 1'1 1

4.H

1~2,H

~ M~ ~~!

I ~fo.I

1,~~

l()~,S:!

'"

IAI

.19\.1 IH,IS

"

loorl('II~T/r..

.mmm

26./11

"

l[ mp.rtlf."", .1

'flUIU" Ilf \

~ ll~

"

"

.00

IlI\l f \ SiO ,l línl \

H.I

.1IZ.'j

",

"

PORTUG AL)

,I:ls Ilrinl'ÍI):,i, '"ri(,\'d _~

m,

AA 9.J8 8.11

!I

""

~~.!3

11101\

UI IIlIOI

lLU

1'~

"

J9.~6

6~.i8

.00

1~

l.I

J.V. I

NI_,~l

!J,lI.I

1,\.1

I.O~

I ').j~rro

2, J ~

I~J

~~1!

(,I J

~ J ~_lll'Xl

7,1~

28' /

no,~

Imn;

OJlI

I 150 f.l')

1.97

l!.flS

151.~

211%19-17

I!A()

9mW7

H1.5~

=1),0

47.96

J9H2

no

-I6,lR

-IS 150.\01

54, 1-1

46,,6

1.1

100 69-J

'"

,,~

, >

í' ~

~

~

~

c

~ ~ ~

~

~

111T\IIII 1\U\\io

TOI :~

100 M~i~rf'( fnlprtt::lflol":I'

Fmf'lC>J' fu" ~"dJ\ .11" 11111

2 - LrnJ'!(<.J, fun.bdJI Cnl l. I'RI ~ 1\17_1 J - Emrrr<,3, funJJ.b< d."J'C" Ik 19'4

~(IIII.W()

,

\lllfWO UI' I III'RI, I ~

UI' f\lI'Wll; ,

.00

.11m

'"

9 JIJ

!9.SO

17 1711

SI."

m,~J

76.1

1514

I JfI.{~

" _l.~

!

.00

IIIllfMio 111111 I

I(ll.l III'

11."'f" l'Illfmp.1

III'IT \III S I IIIlI'l CO\'T1lS

.\ 11.5J

m ~7~7AA

4{,~,70

~.1 ~81! H

m999 IH 3~

990 397

,

nplfll ,'IH,1I1 1Q11H'O\-I ~

.00

AA 9.\11 S31

, .00

1-1,6.1

11616109

19.8 1

5S, n

50 J-I 2 m

511.71

16j.1

!IHS78-li

23A9

-

-

5'


o PORTO N,\

-------

V/V/SA() INTI:.R,\ACf(JNAt

f)()

TUA/lAUfO

- -------

A.S 1IH1 r-, IAIOUES EI\'II'UESAS Tf:XTE IS cS E<;UNIlO () 1': 1\ II'R EGO l VOI.I JMf' DE VEf\' DAS EM 1l)<Jú

CD )

~

-~

)

)

)

.00 v

417


MANIA MAIJAL LN,\ AI.I.EGHO DE MAGAI_ H,\t:~

AS 1041 i\ IAIOlm S E1\1PRESAS TÊXTE IS 'SEGUN DO O Ei\II'ItE GO) Ei\'lPR.l::GO EM 1996

.

Q)

/ .~

I

""c. ~~c .. .•~ @

·

-

-


------

() l'ONru Nil lJIVIS/o,O /1'.7"/ H.\'ACfO.\'AL /)() THMJAI.HO

----

\S IOU ,\ 1 \ IORES Ef\ II'RI-""'''iAS ·1 I:: XTEIS (SE(;UNI)() () E;\ II'ItEG O) C,\I'ITAL SOCIAL

r

/

I

)

i9"",6 _

) V

___I

• ")

<

o

o

, \

I

\ -,

~

-

\

~oO 419



A INDÚSTRIA NO PENSAMENTO ECONÓMICO O CASO PORT UGUÊS Ar-.'TÓN10 ALMODOVAI{ E M ANIA DF. FATIMA BRANDÃO

(I'"""hl"dc.Jc b:nnom,a d~ U. do (>ono)

1. O conceito de ind ústria é polissémico c extremame nte importante para a economia política oiloccnli~ta. pois no limite representa não apenas uma «porta úe enlrad:.N privilegiada para praticamente Ioda a matéria da economia política (divisão do trabalho. troca. produção), mas I~lmbém para muitas outras formas de rcncxão sobre a nov;:1 soc iedade industria! - i.e. a sociedade moderna do século passado. Dur.mle lodo o sécu lo dezanove. convivem duas noções básica..., de indústri:l. Por um lado. lemos a indústria como sinónimo de engenho humano. que pode ler um:1 conotação JX>siliva quando posta ao serviço da socicd:rdc, ou uma conotação negativa (cavalheiro de indú stria) quando posta ao serv iço d e interesses pessoais ilegítimos. Neste último c a ...o indústria é sinónimo de expediente. de artiman ha. Nou tros contextos. esta noção de indústria como engen ho ou facu ldade avança no sentido de se confundir com a própria noção de tr.. bulho humano. melhor ou pior iluminado pelas facu ldade!> técnicas e científicas da nlz,ão (c/r. Silva Lisboa . 1992. [I : 164-68 e Marreca. 1983. 1:81-103). Por oUlro. aparece-nus 11 indú:.tria como nova forma de o rg:mização da uClividudo.; produtiva. d irectamente associada ?l uti lização de máquinas. grande escala produtiva. e novas téc nicas de or~anização empresariaJl. Neste sentido. a indústria aponta pura um novo tipo de vida (u rbano) e de sociedade (a sociedade industrial). aponta para a realidade «moderna» do capitali smo e do mercado enquanto formas abrangentes de organização societá ria. Enquanto tal. é esta mesma noção de indúst ria que en frenta vários tipos de contcst:lção ao longo de todo o século dezanove. del><ie a agressividade manifest:ld'l por um mundo baseado no artesanmo e corporativamente organizado que procura resistir por todos os meios à concorrência fabril. até ao fogo de barragem político e soc ial que na segunda mellldc do século se avoluma com o agravar da questão social - expressa nas dúvida:. sobre a legitimidade moral da desigualdade na partilha do!> rendimento.~ lo! outro., benefício~ do progre.",o entre capitalistas. c mpresários e proletários. ou mcsmo na própria desigualdade de condições para dese nvolver a «indú stria» pesso.L1 (ace:.so ao crédi tu). Por outro lado é também a indú stria que está em c au sa no COmbate à fábrica e à máquina (greve. desemprego. exploração). ou no aponlar de um «novo feudali smo» nas relações indus triais (não esquecer o romalllismo. não esquecer as c rít icas à desumanização da vida económica). Neste sentido. a indústria aponta para um novo (e ameaçante) tipo de vida que aparentemente nasce das fábricas e se espalha. g rad ualmente. pela sociedade como um todo. destruindo estilos e tradições multissecularcs2. A reflexão decorrente das várias form as de inqu iclllde rebtivas à indústri.:"L

nacional e ao seu devir não foi feita de uma forma ensimesmada. Para recuar ao exemplo tradicional do «industrialismo» português. podemos dizer que Sancho 421


-

""'.TÓNIO AUII()/)(}\ "A R {' "',IRIA

--

n" ,·Ii TIIIM lJR,I,W),in

--

de Mancada. Colbell e BOlero colaboralll em 1675 com DU;ll1l.! Ribeiro de Macedo na ,ua argullll.!l1lação sobre as vantagens a esperar da inll"oduç50 da~ artes em P011ug;11. Da mc-;ma forma. podemos cnconlrar a ex pe ril:ncia prálica e a rcOexão inglesa a acompanhar o Marqu~~ de Po mbal. Smilh ;1 dialogar Ç(lIll Rodrigo de Sousa Coutinho c Silv,l Lisboa. Say a ;Ipoiar o industriali ... mo de José Acúrsio das Neve .... bem como uma longa plêiade de alemães (de!odc o ... camera li sta~ corno Biclfeld c Ju sli alé ao.~ soçia'i ... la~ de c:'itedra cumo SchmoIler. passando po.:lo ... autore,; de transi"ão corno Rau ) a pautar as linhas mestra ... da retlexão académica eoimhrã :.obrc a indústria e a economia política 3. Esta abertura crfli!,;a ao que se penso] e faz d"i fora ». esta atenção qua.'\e permanente em olhar pa ra o exterior. é mantida não apenas no ... entido de se acompanhar as ideias lá produ.dda:.. mas também no de tentar pcrcebcr o próprio devir histórico - lentando ace1crar a sua chegada (;,l1trc l1ós. quando o aprecia mos. ou tentando impedir ou pelo me nos atr;l'>ar a sua realização. quando o reputamos de indesejável. Daí que a tradição existente no pensamento económico português seja Lle lima significativa abertura a todo" os quadrame ... da rcnexão estrant;eir.1 por parte das l1os~a ... é[ite" pensantes (ac:ldérnicos. publicista.'\. govcrn:mtes. inclusivamente os repre:;cntanlc", dos próprios interesses económicos.!). muito embora exista qua:;e scmpre lIrna clara preocupação no sentido de ajustar a doutrin:t recebida Llo e:.tr:mgeiro ii I·ealidach.: c aos interesses nacionais. EMa quc ... tão das fonte ... úo pensamento económico pOlluguê ... - seria preferível dizer fonte ... da cu ltura económica portugue~a para abranger outro tipo de c.'\crilOs e leitur;I~. oU lros tipos de innul:ncias como as «pur:uT1cIIIC » literáriasaguarda alllda um estudo mais desenvohido e tipificado que permita perceber as intlut!lIcia ... recebidas atravó dI.! canais tão di\'cr.~i1icados CO lllO o ... manuais. :\ litl.!ratura. II pell-;arnel1to sucial e filosófico. ou mesmo n próprio pen ... amento político. cruzanuo os estudos parcelan.!... que têm sido reitos ao nível do,> v5rios ramos da cultur;] (!;:iê ncias. literatura ) no sentido de idcnlilicar as formas de con,>onância e de atrilO entre modalidade:. de representação intelectual de certos tem;!'> - corno o caso "crh.:ntc d:\ "indústria •• \ Na ausência desse estud\)o o trab~llho que so..: .~eguo..: deve ser o..:lltendido como uma primeira tentativa de aproveitar o ... m:ueriai:. e as pista ... de leitura parcelares que de momento existelll. 2 . Telmo do:. Santo ... Verdelho ( 1981 : 18-1.-R6). ]lor exemplo. chama-nos :1 alenção para o fac to de yue no plano discursivo e panfletário. a Revolução de 1820 ...e pauta por um «prumocionisl11o revolucion;írim> em que ~c deslacam o:. vocábulos «promover. melhorar. iluminar. rc:.:;urgir. premiar. reanimar. libCltar». e ando.! uma U:I ... innuências da economia política acaba por ...er a elaboração de um progr.lma de n:fomlil que nas suas an::íli'>C:. «substitui as c1a:.-.es do clero. nobreza e povo. a ... tradicionai~ . ·!,;I:t~:.e s sociai:-.··. po..:la~ 1lI1VaS . 'classes cconónlicas": as ··o..:la,~c ... produtIvas" c as ··o..:1a'>se. . . co nsum idora ... ·· ; a.~ "cJa ... ses privilegiadas" e a ... ··da ...... e ... industrios:ls" ou "c1a ... se laboriosa'·)). E:.tc mesmo autor referc igual mentI.! CJue ~ nest:! a ltura que se começa a processar ii scpafiLção discursiva ent r...: o arte~ilnalO e a Indústria - cntn! a~ ··classes infcriore,>· · ou ··classe:. manuf:lctoras" e os ··agricultores. cOlllerciantes e industri.:tis··. Est:t ideia parece ser confirmada pelos o..:studos de Míriam Halpcrn Po..:rcifil relativos aos con nilOs -122


A INIJÚSTNIA NO PI::NSA...,HNT{) t:XONÚMICO

-------'--'---

no mcio industrial entre artcsi'ios e induqriais. Num dos scu" últimos trabalhos sobre esta questão. refere-se :.t existência de

«dois g/'f/I/de.\· gl'll/'OS: o OI'/t'.\WIlI/() e () /IIundo fáhri/. O priII/e;/'o engloba os arreS(/(H que /rabalham I/(/.\' oficinas-loja. IlOme/l:i que vendem aquilo que fahriclIIlI. Distillgl/em-.\e duas cotegoria,l' .~ociai,\' diferel/tcs /leste Rrllpo: mestre.\ e ofici(li.ç, inserilldo-se os t1prelldi:e.\' lIe.çTa último CaTl1}.:O";(l ( , .. ) O ,,"mdo fabril de('ol/lpiie-.w: em duas da,I'sc'\ da/'alllelllc hierarqui:adas: os fabricall/c~' e os oficiais de fábrica. A ("oex;srêm,:ia 110 imerjo/' da III/idade dc /ral)(/I/IO fUlO se //'adl/: em illfercsses ('n/lllm.ç6 (. .. ) As 1II1lI1It!aCIIII'(/S lI(u: jol/ai.~ cOlIsriwem 1/111 subg/'upo dellll'o do II/III/do filhri/: .\·obrevjl'ê/lcia do Allfigo Nl'gime. j'o/'{/I/I 11111 problema dij7cif

de re.mll 'a » (Pereira. 1991. 11:363).

Para além disto. salienta a autor" que «livre-câmbio, estrutura corporativa e apoio à indústria eram queslões que ~c inseriam num va"to debale sobre política cconómica nas vésperas da primeira re\'oluç:l0 liberal ( ... ) Agrarismo e indusIrhdismo er:Ull posições que se haviam começado a afirmar no :-éculo XVII!>•. e que começavam a clarificar-se no inicio do século xrx (cf..id.. 358). Nome:tdamente. atra\'és do Alvará de 28 de Abril de 1809. onde se contrapunha «pela primeira ve7 um sistema d e priviJégio ~ da burguesia fabril ao si~ l cma de pnvilégios corpor:ltjvos.), optando-se por favorecer ()~ imcl'es$cs do «conjunto dos induslriais») . em ordem a g:mll1tir «o pro~resso lecnológico ( ... ) a mecanização da indústria .. (id .. 357). No entanlo. convém ni'io esquecer que. conforme aliás Míriam Halpcrn Pereira tem ocasião de rererir. a tendi!llcia claramente verificável em 1820 no sentido de favorecer ii indústria moderna face ao a rte san.:lIo e :)s corporações. vem nu seguimento do que j:í acontecia desde o eon ... ulado do Marquês de Pombal. não sendo sl:quer pos ta cm causa durante o interregno MigucliM:I. Trata-se a~sim de um conl1ito de longa dumção. que se prolonga muilo para além da charneira elllre o .~éculo dezoito e o dezanove. pois apesar da ausência de qualquer apoio polílico ex presso. o faclo é que o artesanato consegue malller-s;e devido «ao condicionamento g lobal que desacelerou a e,llh:nsão das relações capitalistas na indústria •• «(.): Pereira. 1991,11:381). Este condicionamc111o. partindo de uma realidade fin:lI1ceira do país extremamente débil. que impede a concessão de privilégios c subsfdios. ou :.I <;imp le~ isenção de direitos. é reforçado pelo tratado de 1810. que sanciona um" significat iva dependi!ncia política e,llterna. Tal permite que ~c agravem quer os conflilOs emr..: m, interesse~ da burguesia fabril e da agrári a (nomeadameme no respeiwllIc ao estabelecimento dos preços agrícolas e à gestão das proibições de exportação ou imp0rl açi'io), quer os conflitos de intcresses entre a burguesia fabril e a burgues ia comercial. nomeadamente no seclor de exportaçõc~ vitícolas. Uma situação dc~[c Icor. m<lrcada peJa ausência de Ulll verdadeiro mercado LIltemo que articulasse e hierarquiz.asse os interesses dos vários tipo'i. de produtores e os dos consumidores. fa cilitou sobremaneira a invas:'io do~ vários mercados pelos prodmos estrangeiros. relirando à moderna indústria nacional um importantc argumento par:l fu ndar a sua <;upremacia sobre o anesanalo.

Mais ainda: a permanência cxce<;<;ivamenlc long"l da convivência Cnlre um sector arcaico agonizanle (o artesanato) c um seclor teoricamente modemo c 423


ANTON IO ALMOn nVAR .' MARM D/: l'iÍTlMA I1RANn' ;'O

regene rador (a híhrica ), que na prátIca não conseg uia Inverte r o c!>tado de coisas :->cja no plano Interno seja no imern;l cional. condic ionou a tal pomo :l pe rspecti va purtug uesa face no mercad o e ao capi t n1i~mo quc. I11c..,rno nas primci ras década s do século vinte fo i de l".kil aceitaç ão o idcário anti-cap italiilta de $alaz':lr. exprc~so no plano da dcscon fiança face ã grande finança interna cional. do temor facc à agitaçã o operári a decorre nte da industr ializaç ao e urbaniz ação do país. e do próprio dc!>conforto face ao funcion amento do mercad o. Este quadro . marcad o por uma lransiçi'io Jentam ellle doloro sa entre um pass':ldo que já se não queria e um futuro que tardava a concre tizar-se . criou as condiç ões para que. nas palavra s inspira das de August o Santos Silva. ~e vive~se em finais do século XIX numa :->ituação cm que era dincil determ inar "e Portuga l sofria já «do), males do c'lpimlisll1o». ou se pelo contrár io .. orria ainda de um «incum primen to de c apitaliMl1o» (Silva. 1997;50 ). Nfio é por b~o de e),pant ar q ue ao longo de todo o século deLano \-c. apesar de momen tos esporád ico:.. c fuga/c ... em que parecia preval ecer urna orienta çJo claram ente definid a de polític a cconôm ica. tc nh am conviv ido pcrspcctiva~ de diagnó stico sobre os malc" naciona i .. muito diferen tes. incorpo rando v i ~ües baslant c díspare s sobre o problem a da indú~lria naciona]7.

3. No dealba r do século. aind;l no contex to de um Antigo Regim e que procura adIar a sua inopera cion;lli dadc. terno), :l~ discllssiie~ c os connit os entre e ... tnHura s instituc ionais (o Consel ho da Fazend a e li Junt.:l do Comér cio) relativament e:1 distribu ição de inccnti\'o~ c privilég ios e ntre um anesan ato corpor ativarncn te entrinc heirad o e um mundo rabril ainda franca mente insipic nte. E. paralel amente . temo!>. ;\ novida de (pralic alllente línica na história do no~so pensam ento económ icu) de uma act!~~1 discuss ão c m tornu das semelh anças t diferen ças entre Adam Smith c os fisiocrata.~. Silva L i~hoa e Rodrig ues d e Brito tcrçam puhlica mcnte arg umento s que. para a lém de permiti rem outro), tipos de leitura. nos indicia m a con~cil!nci.:t de que import a pensar e orienta r a indlístr ia - neste C:.I'>O. enquan to a activid ade produt or... de riqueza - naciona l. No plano da concep ção da indústr ia. há uma accitalSJo genéric a de que 1>e trata do «Lraba lho. e exercíc io dos takmos do homem » ( Bri to. 1992:68 ), dbcord ando o .. dois autores g somen te na rorma como tal factor de\-e ser gerido pelo E~tado. A e .. te nível, a diferen ça que O'> separa lo! nítida. subscre vendo Rodrig ues de Brilo uma postura interve ntiva. apoiad a na ideia de que ludo depend e da viM'io do legi:->lador - c que pratica mente tudo lhe é possíve l fazer - . enquan to que Silva Li),boa acredit a nos efeitos de uma liberdad..: e respon sabilid ade individ ual devid;,t l1lente vigiada (premi ada e punida ) pur um Estado meram entc lutelar. E. parn além disso, I~ odrigucs de Brito não tem düvida s de que há UIll.\ imperio~a necess idade de favorec er a indú~tria ;tgrícol a. «cuj'l prospe ridade se delll(Jn~trou a),~az dever ser o p ri moírio fim dos gov..:rn os» (1992: 6). enquan to que Siha Lbhoa apela a uma prolccç fio indi:.cr iminad a a ludos os tipo, de indústr ia útil. «sem acepçã o de l}Cs!.o<t..,. nao obstan do;\ qualqu er honest o trahalh o e e mprego de l"undo». assim g;lr:mti núo «que se faça o devido tr... halho. particu lar e público . com o mais livre. extl.!n:->o. e lucrati \o empreg o possíve l da .. pessoa , e capitais. em maneir a que jamais falte ocupaç ão honesta a quem oferece r ~crviço» (ei 1993. I: 31. 34). Com esta discuss ão pública . ficaram gencric amente balizado:<. o), extrem os da acção política do ESlado no CiJlnpO da indústri a e m sl.!ntido lato - ii s~lber. o estabel ecimcn to de um qualqu er tipo de preferê ncia..: concom itante a[JOio extraor dinürio a U111 dClCnninado ramo de aClividadl:. ou. do outro lado. a pura I.! .. unplc), 424


A INVÚYI"HIA NO PENSAME/lrrO ECONnMl('O

abstenção de ir mais longe do que a criação de um enquadramento favorável ao natural desenvo!vimc!1lo da actividade económica. Vista nestes termos básicos e simpliricado .... pode-se dizer que a política econômic3 do estado português ao longo de todo o século dezanove se limitou a oscilar entre forma), variadas de um proteccionismo que ia sucessivamente respondendo aos apelos e às pressões dos interesses agrdrios. cOlllerciais. e fabris. aproximando-se apenas esporadicamente do ideal mais neutro e liberal que tinha sido ddcndido por José da Silva Lisbo;I". A:. novidades mais interessantes encontram-se assim fundamentalmente na evolu(,'ão da forma como se discute entre nós a indústria fabril. ou, mais genericamente ainda. na análise dos termos em que evolui o debate sobre a viabilidade e o interesse que se poderia retimr do estahelecimento de uma indústria fabril «modem.I» em Po rtugal. Na :--equência illlcdiaLa da:. inva~ões francesas. o govel11o sediado 110 Br:Jsil emite indic;\ções programática::. contraditórias através de succ~sivos acto~ legislativos . Por um lado. l.Ihrc os pono~ do Brasil ao comércio inglês. levanta a proibição aí existente de estabelecimelllo de manufacturas. e aconselha Ponugl.ll a utilizar os scus e..:;cassos carilai~ no fomento da agricultura: de outra banda. cria as condições mínimas p3ra o fomento da indLlstria fabril. através do Alvad de 28 de Abril de [809. nomeadamente ao estabelecer não apcna~ o privilégio de novo invento como estímu lo Ü inovação técnica e de processos de fabrico. mas também a possibilidade de se obterem em algun::. caSQS isenções riscais. seja na aquisição de matérias-primas. seja nas exportações de produtos acabados. No contexto desta indefiniç;10. importa registar a actividade desenvolvida por Jo~é Acúrsio das Neves. Deputado e secretário da Junta do Comércio. trata-se indiscutivelmente da voz pública que neste período mais consistentemente se identific ou C0111 a deres'l da indústria naeional e com a apologia aberta da utilização de novas tecnologias . muito particularmente da máquina a vapor. De facto. muito emhora partindo da noção J:J1a de indústria que eneolllrámos nos autores anteriormente referidos. Aeúrsio das Neves acaba por protagonizar uma significativa evolução conceptual. uma ve2 que aeab:l defendendo nfio apenas a urgência de relançar o nosso depauperado ~ector manufactureiro. mas também a incontomável necessidade de o moderni7.ar a IOdo o custo no semido da maqui nofactura tlt . 4. Os text()~ produzidos na sequéllcia da Revolução de 1820 demonstram claramente que a visão de Acúrsio das Neves era. senão isolada. pelo mcno:" claramente minorit:íria ll . Logo no Relatório lido aos deputados. nas sessões de 3 e 5 do.: Fo.:\'ereiro de [82 [. por Manuel Fernandes TOimís 6 lançado () mote de ullla abordagem quc irá recolher significativas adesões: «lalvez em boa economia sej:1 I":ícil demonstrar quc o estabelecimento de certas fábricas entre nós é antes um mal do que um bem. c muito mais cnquarHO não possuirmos estas miÍquinas que tanto facilitam o adiantamento do trabalho» (TomiÍs. 1974: 64). Henriques Nunes Cardo:.o. lll11 dos membros da COlllissiio para () lIIelflOrall1elllO do Comércio da cidade de Lisboa. indica-nos claramente o ponto da situação ao afirmar: Eis

« E será lle("eS~'tÍrio od"o};(lr (I C(III,\"(I da indÚSTria naciO//{/I? lIli/a pergllllra que ii primeira visra parece ociosa: I!.I/Iretal/fu

ainda qlle de caro a cara lIillguém

.I·/!.

(I/revo a querer persuadir

que ela é prejudicial. nâo falra quem eSfohe!eça princípio.Ii que aparel/leml!.lJle fCH'Qreçaf// a negativa»

(Cardoso. I 822:5). 425


ANtONIO AU10DOVAR ~. MARIA

me FATIMA 8RANO.l,O

==---

Tal ..cria o ca"o do); princípios que apontavam para os interesses dos con· );ulllitlorc.'. alegadal1lcntc prejudicado); por uma indústri:1 mais cara c de pior qualidade. por ve/es até incapa/ de );uprir o mercado interno: dos que justili e a-' vam ii preferência que tlewria ser dada entre nós à indú);tria agrícola. enquanto :tcttvidadc [xbic:J. imprescindível. c mais ajustad:.t :I~ nossas reai); possibilid:.tdes: do, que ,alicl1ta\':l1ll O); incompon:Í\'eb. prejuízos que cau);avam ~ fa7.enda pública as múltipla); e con);t :J1lles iscnçõc.., que eram rcclulllada.., pelos fabricantes: dos que aponta\am acusadoramente para :1 falta dos braços que a indústria retirava do, campos já de si tlepauperados: dos que deswcavam a inexistência de matérias-primas nacjonai~ para muita.., des..,a); fábricas: e. linalmente. dos que advertiam para a possfve l criação de l;iÚme.., «dos nosso); inn;"tos da América. mai s :lIrn..,adm. que nós e m manufactura .. » (Cardo.\(J. 1822:6). i\1~", as acu);açuc.., i'1 nm, .. a indústria manufactureiro não ficavam por aqui. Ainda durante o período quc villl\},> an.tlisando. a Comissão de Comércio dc Lis· boa. ape);ar de ,>ubscrever uma postura genericamente favorá\ el às pretensões prolccc ioni );,a.. úo~ nossos fabricantes. alertav;! llleSIIlO assim para a nece..,sidade dc M! cri ii rem sociedadcs promotoras da indú..,tria nacional. e. mai ... imporlanh! ainda. para a «ah,o[ uta necessidade» de '>e eSlabelecerem «escolas elementares de química e mecânica. por nJo haver lllanufactur:1 .tlgulll.:I que não precise. ou mal'" ou mcnos dc\sc .. conhecimento~ •• (Memória .... 33). Ou ,eja. mesmo os que publicamente não punham cm causa a necessidade de Portugal possuir a sua própria indústria fabril tinham dúvid::h sobre a viabilidade de lima retoma industrial u niC:.tlllente haseada numa política de reconstrução em molde); tra dicionai~ ~ isto é. b:t~l!ada apenas na dcfe.~ a do mercado interno face ~ concorréncia inglc~~1. Embora com gradações importante ... quer a Comissão de Lbhoa. quer a slIa homóloga do Porlo. defendem :1 necessidade de in"el>tir na preparação prolhsiot1al dos :tgcntes e(,;onómicos. vendo-a coma uma condição il1lport~lntc par:1 (l estabelecimento da nos..,,, compctitividade internacional. É i.....,o que transparece n()~ rc"'pccti\·os relatório,>. quando solicitam que se definam «os requi ... ito:-- que de\em con..,tituir um comerci ante lel a devida habilitaç:io dos guarda-livros e caixe iro .. » . ou «se estabeleçam escolas de nação de seda. onde as liandeira, pr:Jtiquem a nte); de a..,,,cntarem roda» (Rc.\"IIlllIdos .... 3.45). quando declaram que «o fabric:ulte c anista ignoranto.!:-- jamais se afastarão da rotina. c num.:a darão iI:-- ..,ua~ obras nem a elegúncia. nem a perfeição. que exige m a del i· c.u..le/<t dn gO);IO e o desenvol vimento do espírito» (Mem6r;(I .... 33). Por paradox:tl que possa pareccr. e"la questão do.ensino - ou da ignorâncill que o tOn1a\ a necessário - con..,titui-,c num argumento de peso contra a existência dal'l fáhri ca~ ou contra a..; tentativas "premOlIUr<l'·· de as d esenvolvcr entre n6s. reforçondn a ... concl usões retiradas da aplicação a Portugal do teorema das v:.mtagen.., comparadas no plano das dotaçõc" em factore s naturai );. Uma ve"Z. ab:Uldonadu o antigo c redo da genialidade congénita do povo ponuguês. e sendo agora colocada a nccc . . sidade de um investimento considerável cm tempo e recurso .. para promover a sua educação "mercó1 n til"'. torna va-se mais fácil concluir pela prioridó1de de uma ::Ictuação na agricultura. relegando o combate fi rotina na~ f:"ibrica, para ocasião mais oportuna!:!. Na ausência de informaçõcs segur.lS que no .. possam orientar neste campo. podemos apena ... procurar intuir alguma, d::l .. consequl:llcia ... dos baixos níveis de in struçâo e 10n11:1ção técnica que perdur:lm bcm para além do século X IXIJ. As dificuldade,> );ão ,cnsívcls no tocante ~ qualquer projecto úe mudança que impli· que ullla :Ide ... âo gcnerali.wda :1 técnicas e métodos de trahalho não apenas diferentes ma~ mais exige ntes de um pontu de vi ... ta das relaçõe,-; mercantis que lhe

426


II INf)ÚSTNIA NO P/:WSAMEf\'7'O ECONUMICO

silo cOIll.:.'tas: produzir em «grande» escala. seja na ag.ricultura. seja nas rnanufaClura~. para um mercado que ncce~~:lri:ltncntc iní ultra pa~~:lr o nível local ou Illl.!~m() regional. po ... ~ui uma lógica e coloca cxig6 ncia s (compreen~Jo dos mercado .... pre, i\50 dos ritmos e \'olullll!s de produçào. fideli/a çào da procura. a própria comabili/..ilçno dI! c u s to~ c proveito ... a ge,>tno da mão-de-obra empregue) que ... e nno compadecem com lima actuação rotineira. cm pequena escala. ba~cad'l cm prática~ r.: lradiçõo..:s herdadas. E ... tc obstáculo. já de ~i considcrttvel. pode lornar-se ainda mai s poderoso no e:t:.o cm que a .. própria .. elites se mO ... lrcm :I\'cssas ou llle:.IllO :.implesmeme negligentes a \CU respeito. Já vimos o comentário acerho que Borges Carnei ro produziu race ao:-. úesignios de pronmH:r a educaçJo dos ugrk:ullOrc~. No c.unpo da indústria fabril. niio se pode dizer que {) pa1l0rallla fosse sig nificativamente melhor. Se deitarmo ... o .. olho .. ao que os comen:i:lI1tcs d;1 praça do Porto têm a di/.!.!r a respeito das manufacturas. Ilcamos a saber quI.! cm ~ua opiniiio. "'o género. tecido deI/Iro de /1/11 grolld" edifício 011 de ImUl barracll. ti ig//ol: lili/a Jámilia iII/eira .~(' (JI"/lfw /lllIiw.\ 1'(';:('.'>' IIOS di\"('no.\ (1I';(llIIeIl105 de 111/1 lear. O IIIl/1l11factllreiro ê 11111 cidadão; e. ('1/1 III/UI ptdlll'Hl ••\eja licito I'{'!'eri·lo, Porrllgal rodo ti lili/a COI/lilll/(u/a jabrica" ( Resullados .... 36).

Poder-se-:í dizer que 'iC lraw apena~ de uma opini[lo. cvcntualmellle cm iesada pelos Illtcrcs,>e.., corporativos: mas que diLcr entJo do que é expresso no Dicionário .Il1ridicn,CoII/mcrr'ial. ou mcsmo nas própri:\~ Insriflllra(,S de Ecollomia Pollrica dI,": Jo ... é Ferreira l3orges. onde ~c revela iguulmente improfíeua qU:llquc r tentativa de encontrar uma dblinção clara entre uma mera oricina e uma manufac tul':.I «cm gr:lIlde» - j:í para não falar de um:l noção raz.oavelmente autonomizada U..: «f:ibrica»"!I,j A n! ... p()~ta a e~ta pergunta parece ser dada pdo próprio aulur quando declara . relativamente;1 Pnrtugal e ;10 I3rasil. que «nenhu m dl.!Sll.!s doi s p;:lí ..e .., ~aiu aindu da prill/eira época da divisiiu do Irabalho: a :'lIbdil·i:.ií o é-lhe ... ab .. olutamcnte desconhecida ainda» (Bol'l.:('.\. 1995:1-14). Se procuranlllb decifrar e!'>t:l afirmação. ficamos a saber que o quI.! e~tava em causa er:1 a !>ubdivisão das cla!>~e!> genéricas - cOIl!>tituíÚ;I!> por c ultivadoro..: ... manufactores c cOlllerciante .. - em «mu itos mcstere ... que ainda são su!>ceptfveis de muitas novas !'iubdj"i ..õcs» (id" 191.192). Face a um diagnóstico ú..::-.le calibro.!. acaba por 1'el' perfeitamente comprcenshel a ,ugeslão feita pelo autor aos :.eu.., leitore:.. para que reniclam bcm sob re o «conselho» de McCulloch. no senti do da c~rccializaç[lo de Portugal na produçào de \ inho. CIll virtude da supcriorid:lde manifesta da ... manufactura.'" de panos inglc!'ias. apoiadas n:1 ~uperior qualidade da matéria-prima. n:1 abundância de car,,[lo. c nos «hábei'> operários (".) m:íquina,. e toda a ca .. ta de inslrumelHos e meio:. de indú .. tria manuf:lClora» üJ. id.. 195. n.O 26). Para FCITCira Rorge ... r.:UIllO par:\ muitos OlUro~ por1uguc~cs. era pl.!rfo..:itamcnl": descabido (eram só vaidade~. eomo diria Borges Carneiro) pens:lr que o de:.em·oh illll.!nto português ~e pudesse :lTlcorar e decorrer de ullla aposta no aperkiçO:Il11ellto da indústria fabril de que di .. púnhamo1' na época.

5. Corl\'élll não esquecer que e~t..:.' de UI1l

do~

lílti1110~ lextos. muilO embora da :lUtoria símholo .. do vinti...,llIo. já são publicado. . depois d:l vitória dos libcrais

sobre a reacção ahsolutisla. num período onde se começam gradualmente a dc~tacar oUlro~

pensadores c outr.1l> IlCr"pl.!cli\a ...

427


ANTÓN IO AL\lOIJ OVAH" MARIA OE FÁTMfI\ lJRAND, i.O

-

-

----

De acordo cam a linha de análise que gostarf:llllos de prosseg uir. tornar-se-ia fundam elllal cruzar as análise s efectua das pelos econom istas consag rados deste per íodo - Olivc i r~1 Marrec a e Adrião FOIjaz de Sampa io. mas também Agosti nho Albano da Si lveira Pinto, José Frederi co Laranja . e J. J. Rodrig ues de Freit:\~ - com o pensam ento de grande .. vultos da cullura portugu esa da segund a metade de oitOcen to.. - como Garret. Hercul ano. ou Oliveir a Martin s - sem no entanto esquec er o contrib uto dado pelo panflcl arismo militan te de homens como Antóni o Perei'-;l Mag;l[hâes. Oei;\.;lndo. no entanto . para melhor oportun id;lde lal cruzam ento de pcrspeclivu!-I. e ficando -nos p;lra já pelo .. cconomista.~, n,tda melhor do que começ a rmos pela obra illstiwcial1;l1 e estrutu rante de Adrião Farj;lz de Sampa io. Docent e de econom ia polític a no curso de Leis da Univer sid;ldc de Coimb ra durant e c!.!rca de quaren ta anos. o seu magist ério marcou de forma indelév el a imagem oficial que ii ciência económ ica adquiri u junto de várias geraçüe !-l de estudan tes. Se acnrnpanhanllo!-l, ainda que sumari amente . a cvoluç ão das suas liçõcs, verificamos que na edição de 1853 se articula já a noçilo tradicio nal de indústr ia. a qual con:-.i .. le .<na aplicaç ão de nossas faculda des nalll rais e adquiri das. insepar avelmen te unid:l' connos co. no:;sa primci ra c inalien ável riqueza . que preced e todas a . . OU lr;lS)' (cf. Sampai o. 1995.1 :168), com uma noção mais especif icada. Partind o da tradici onal divi!-lão entre indústr ia primár ia. fabril e comerc ial. salicnt a-se na noção mai!-l cspecif icada o proces so de diferen ciação em curso na indústr ia fahril: ",Cvstllll/tlll/ porém,

distingllir-~'e

as manufa cturas.

1/05

quais

se Iraba/l w em pOli/O grande . d{a artes t! ofícios . 1I0.Ç quois 0/1 a illdlÍst ria se exerce em /)()II/() cOllúd erl/I't!lm l'IJle mellor . e com

illferio res II/eio.f. {Ipropr iodo.\· à pequel/l'::' do capilOl l! das forra~' indil'id uois. 0/1 .H! dâ aos produl ns da~' fábrica s a última demão »

(id .. 170).

De igual modo. outras c:lracte rí!-lticas normal mcntc associada.;; ao COnceito «mode ma» de indú~tria. nomca damen tc as máquin as ou a educaç ão - «moral. rcligio!-la. civil. literária clcmcnt;lr. c profiss iona[" (id.. 189) -.tê m agora direito a vcr a !-lua intlul!ncia reconh ecida no plano do <>ca perfeiço:1mcnto da produção>., constitllindo- ..e c m objecto s de uma referên cia autollol1liz:leb. Nas conside rações tecida .. a propós ito da educ;lç ão, Adrião ForjaL dc Sampa io começ a por chama r a alenção para o contras te qu~ então cxisliri a cntre as l1a~ücs mais desenv olvidas c :1 Europ:t meridio nal. cujo.;; pOVO!-l «quase ve~c ta1ll ( ... ) c a custo seguem . de lungc. C0111 pa.~!-Ios tardio~. o impllb o da indústr ia» (id.. [90). Dá-nos . alé m disso, indicaç üe .. relativame1l1c ã emertl ência gradua l de uma nova fOnll:1 de ver a indústr ia fabril. centrad a não apenas nos progres sos decorre ntes da divis:io do trabalh o c do zelo c habil idade com que as tarefas silo desemp enhada s. mas ta1l1bo.!!ll atenta aos efeitos benéfi{;{Js que se podem csper:lr da adopçã o de estímu los pecuni á rio .. variáve is. c:lracte rísticos do trabalh o por emprci tada. IntIma men te a~\oci:lda a esW questfto. dep:lnlll1oS com uma figura central . o emprcs jrio. cuja activi dade é. em sua opiniJo . determ inante para o desenv olvime nto (ou o atraso) ua indústr ia: «É II/(Jü sell.~ÍI'e l pnl"\'ell1l1/"(/ IIn.~ ell/pre.\{i/"io.~, do que IlOS Ol)(!rál"io.ç. (I f(/I/(I ahsolw fI. 011 relmil'a. de ::.eln e activid ade. llio lIeccs.wirio para hem eswtla r os prillcíp io.ç da arte. e os melhor es

428


A INDUSTRIA NO l't:m,A MENTO ECONÓMICO

- - --"-'-'-''---'-

métodos de (I p/ir em olna. escolher as monções OpOrTlIIUI.\' de comprar c dc I·cl/der. e dirigir (H operlÍrio,\ d e modo que niio consumam. sel/iio q/lall/o baste. de tempo e //Iateriais. e poupem. quanlO seja po.s.sívrl, (IS !erralllel1llls. mlÍq/limls. e d emais part,,!> do capital fixo» (ib id .),

De notar que a imponância do emp resário não rele va apenas desti! função de controle e previsfio. De facto. Forjaz tem o cuidado de deMacar o import:mte papel que o empresário descmpcnha ao promover o própri o desenvolvimento profh.:.ional c moral dos operários levando-os não apcna ... a aplicar-se mais às suas tarefas por intermédio de novos cMímulm, pecun iário:-. seja «dando-lhes não um jornal ccrtO por um trabalho diário incerto. mas um quinhão na produção por um trabalho certol) (lbid.) e ral.cndo consequentemente depender «a grandeza da recompensa de seu zelo e habilidade. e da quantidade e qualidade da obra» (ibid. ) ~ mas inclusivamentc fomentando a :.ua propcnsão para o consum o. na certeza de que quanto maior «for a quantidade de necessidades. que I.!xperimentam os industriai::., e o desejo. que a civilizaçfto nele::. tiver desenvolvido. de as suprir honesta e. legitimamente.. menor scr;í ;1 :.ua perguiça. c mais perfeita a sua obra» (id. [9 [ ). E:.tas considerações só ganham pleno se ntido quando enquad radas na an.ílise dos contributos dados pelas máquinas ao progres:-.o induMrial. Ne:-.te domínio. e para além da questão do aperfeiçoamento das Ilh.:rcadorias e das capacidades produtiva:. cm geral. aparece-nos uma rcfcrl!llcia à contestação de que são alvo «por seus resultados relativos iI distribuição das riquezas. e desenvolvimento físico c. moml dos ol>cn'irios ». nomeadamente " porque o número dm. miseráveis. e paupêric das classes laboriosas. "ai cresccndo de pontO na:-. mais opulentas c industriosas nações da Europa. na:. quais l11uio]' aplicação t~1l1 recebidu os mesmos maquinismo:-.» (Sa mpaio. 1995. I: 199). Este problema da contestação dirigida contra o u~o genemlizado das m.:'iquinas merece-lhe consideraçõcs adicionais. no quadro da análise das questõcs da Distribuição c da Polícia Económica. Aqui. Forjaz descreve a evolução da remune ração do trabalho nos .seguintes termos: ", Di.\"trilmiç(/o por a.~.wciaçií(), rmeio fi/1lI1 e pUrlllllellte im..'(·rro.

nenhuma eSllIbilidllâe. e /lel/hl/ma ou ill.wficiellle âirl'c;':iio dos e:!:>forços CO IIII/Il.~"· ~ eis (/ primeira fase dll relllllllerar.·iío âo operário. período lIeceS:!:>'ori(lIlIel/le de miséria. Salário eSliplllado. cerro. e illdependel1le do resultado d(1 empre~'(I, fica lido 0.1' riscos a cargo tiío somel/fe do empre,w írio: ~ UI/idade de direc("Cj() da empresa. estabilidade para 0,1' operários. inccrle:'lI tiio .lomellte para o empresario: ~ seglll/da fll~'e da remul/eraçtio do operário, periodo

d" melhoramellfO, ,.e~· lIltal1le de IOllgas l·xpe,.i;;l/ci(l~, e de' cá/c'ulos formados sobre (IS probabilidades das empresa.\ : ~ estado IOdal'io ainda /111';10 preclÍrio. e.\IalJilidade /lllIis apare/lle que real. pela i",:erle:.a de ter o operário oC/lpaçiio cOlllil/lwt/a. e pela slljeiçiio à.\' moléSli{/~' e I'elhice. q//C! I/ão COl/se /lTe/ll o rraball/O. Salário ainda estipulado, /II{l.\ clI1lJreiradas [requellte.I·; caüeu tXOI/ólllica.l . e' /leias 11111 prilU:líúo de capiwis para o operário: associações de 429


ANTnNI O AtMOD O\ 'AR " MANIA DE ''"ÂTlMt\ HRANO Àn

!iOC(J/."O .1 1ll1Íl//O.\ ", meio de sub.\'íd io para IOda ,1 ta crise,\ da I'ida operár ia; - caixas de retiro para os I·elhos. C'II/(II/aç'lio e clc'sel/I 'otl'iI/le/110 daquel as (ls.\·oci( lç'iie ,l; ei:, - (/ ill/edia Ul j'a.~e, e deseja do pe/'Íod o da el'ollu;i 'ín do .wlário , que Ião .IIJ/IIel/Te há pouco, e em pequeI /fi ('R'ohl, e I/eio em roda.\ a.\ .HIlI.\' pane.\, pri"cip ia a II/tlllife.fwr- .le" (Sampa io. 1995.1: 33-1-33 5).

Esta aprer..:iaçi'io históric a pcnn i te-no~ perceb er que na opiniiio de~te autor se havia \'crifica dn urna evoluç ão globalm ente positiv a 110 plano da remune ração e do ... inccllIi vos do truhalh o, com a gradua l criação do.! um ambien te ...aeial onde novas e mai ... elevada s forma ... de pag;ull ento se ;lrticul avam com uma melhor e mai.;; previdc nlc organizaçi'io dm próprio s trabalh:1Jorcs, minur. mdo por essa via a~ dihculd ades ... entidas numa primei ra fase de do.!~cnvolvimento d;1 socieda de indw.tr ial. Se recentr armos c ... te dl ... curso no Portug: ll oitoee ntista de il1íciu~ da décad:1 de cinque nta - nesse p;lf" pertenc ente a numa Eurt'lpa meridiol1;ll que. como vimos. é por ele retrat;lda como um e~pa~() que qll(l,~(' H'MCIfl c o C/I,I'/O seM/I(', de IOI/Me, ('mil t}{/,ç.\'{),I" wrdios , fi impl/ls o dll iJl(ftís/r i(l - podem os constatar uma implica ção adicion al para 3' linhas que acima transcr evemo s. P"ra além de f;lLo.!rcm um ponto da situaçã o da evoluç ão da ciênci a e pnilica económ ica ti c"cala interna cional. fornece lll-nos os m:ueria i s neces~;jrios para descnv oher a rellexti o e a interve nção sohrC: t nossa rC;llidade naciona l. nUllla perspec tiva a vários tílUlo ... simi lar fi que João de Andrad e Corvo explici ta praliC.1J1lentc na me~ma altura: ", Os prosre sso.) feilo.1 1J(!las

lIa.i'(jc.~' ollde ti (lr/" (.'OIl(·()ITe o (//I//Icll lo da IJroduç tio do Terra. lIao dCI'em .Ier perdid os para (1.1' nações //Iellfl.\' adiaI/l ados: sem querer em Irall.ifo r/lla l" rcpellliI /C/Il/el1 /l,' os SCI/.\' mélodo s d" oMricuf tl//,(I. o que seria itllflO.I ,\(w,l: SC'tIl querer em copiar o.\' proces so!) qlle foram adoplad o.\" ell/ c/iII/as e úlllarik .I' dh'cl",I'(/~', () qlle seria absurd o. e.H(/\' Ilações dC'I'cm e.Ç/u(/ar tU descoh erlas lI/oderI1 O,\ e apropr iâla,l, 1I10(It}icrí-!a'\", C/plicá -Ias (10 SCII .lOtO. gllial/d o-:H' pel(l Rt/;:tio, escfare n:m/o·. le pela experiê ncia dirigid alJellI "crdac leim ciê"cia » jJod(,/'o~'(lIIICnIC parti

(eOno . I g57:2).

o que é ;1qui dilO no plano aparen temenl e mais técnico da agrono mia, é perfclt;lmente transponível pam o call1l)O d;1 econom ia polítiC;l e d;ls suas relaç[>cs com o do.! ...ell\ohi mento d;l indthtr ia. Face ;lO conjun to de de~en\' {}I\'imentos ocorrid os com a~ revolLlçõc.;; europe ia ... de 18-18. e ao concom itante agrava mento da {juesti'io SOci;11. Adrião ];orj:lI actuali za as suas renexõe~ e o seu ensino no selllido de nele 1ncoll)(>rar a . 'sabedoria" adquirida /las naçõc, mais desenv olvidas . Graça .. a e"a atitude . ser- no ... -i;l possÍ\ c[ tent;lr antecip ar. no plano concep lUa l. Ulll conjun to de e~tratég i;1 s de ... tinad;" a cOlllrol;lr (011 pelo menu' minora r) llS efeito.;; negativ o ... que o desenv olvime nto nos iria. a "eu tempo. tra/er. Esta atitude face ao~ cu~to~ e benefíc ios a e ... perar do desenvolvirnl.!n to da indú,<;tri:l. c fac e ü econom Ia política o.! nquant o uma peça fundam ental de U!ll;1 espéci e de gui ão ~enérico do deserH'olvilllenlO civiliza cional. não concita va no entanto um:l adesão signiric ativa por parte da ... elites naciormis da época. 430


--=-----

II INDÚSTRIA NO P/:."f..S ,t/lIl;A'TO I,CONÓM/('O

Homen s de indiscutível carisma como Garret. Herculano. ou 111e~Il)O o pr6prio Oliveira Martins. duvidavam scriil lllelllc da credibilidade e da completude dos vaiare" (fundamentalmente V i ~ IO~ como utilit:írim. ou mesmo "crematísliço~" ) ..:m gcral associados iI ciência económica. Como refere Augu"to Santos Silva l~. lidamos agora com um conjunto de intelectuais qw.!. por I.!S1:lrem preocupados caIU a formação d e uma verdadeira civilização. com :l con"lruç;10 de uma nova cultura onde as componemc:. estética" c moraIs não fos"cm completamentc subsumidas no~ aspccto~ puramente materiais. ;Icab<.!ram quase todo ... por perC\lITCr um trajecto que os :l fn stou gradualmente do liberalismo - ou Illelhor. de um liberali..,mo cuja pers istente incompletude cívica I.! I.!con6mica não podia de ixar dI.! sugerir uma bu..,ca ue alternativ3s. Ao rl.!sta1llc pmrimónio de descontentamento - relativo a uma socied;lde «o li gtirquic.1. que não cu mpria o~ objectivos de modernil.açüo económica. transforma ção cuhural. alargamento da cidad.mia. por que lutavam» (Silva. 1997:8) - ac resce agom a rejeição da economia política visto enquanto saber lIlcomplelO e el11 larg:\ medida inadequado para orientar a sem pre adiada regeneração de Portugal. Daí duas consequ ~ n cias directas: por um lado . a denúncia de uma ci~ n c i a q ue •• fe'l da agiotagem elemento polÍlico. in ~t itlli u o sistem:1 feudal dos capitalistas. condenou o espírito a seno da gleba. anulou a inteligêllcia. a mora!. a religião. e reduziu tudo ne.'lI.! mundo a cifras» II,: por outro. a disponibilidade para trilhar o.., cami nhos - desde o ... \'ários tipos de sociall~m(J até à própria soc iol ogia - que o pensamento europeu da época oferecia aos di~..,identc~ da economia política. Ora ~c essa ruptura se llÜO verifica de uma forma dura no caso de muitos dos nossos economi..,ta.., - que se limitam na maior parle dos casos a modera r o seu e ntusiasmo na capac idade global do ideário liberal. matizando-o com um maior ou menor grau de pt'Oteccionismo (Marreca I7 ) ou com a admis~;jo de aJgun':> paliativos sociais (o próprio Adri;1o Forja/. de Sarnp:lio) - () certo e que a sens ibi lidade da general idade da elite pensante portuguc..,a às questôe~ ecomlmicas se de,loea scn~ivel rnente senüo para o ~()cialisrno. pelo menu.., para um alinhame rllO com o conj unto de qucstôe<, por e~te co locad : l~ Il!. Seja peja via mais directa de Proudhon. seja pela recuperação de fo rm ulaçõc.., heterodoxa., da econom ia política (dc..,dc a visão caracterí~tica das I:orremcs cristãs da economia polfticlI dc um Alban de Villt.:ncLlve BargeJl\ont ou de um Fr<lnçois D1'07 .•!\é ao ~allt-simonismo transformado de llm l'vl.iche! Chevalie r). seja ainda pela releitura d;1 rilo,oria krausista. multiplicalll-'c o~ ~inais de um fundo cu ll ural em \!hulição. E a isto. convém nüo o c:.quecer. acre..,ce ohviamen te o fermento republic;rno. ele próprio um cadinho de variada.., innuências d ou trinai s l \! .

6. Na sequênCIa desta ~ transformações no plano c ull ural. surge ent;\o o impacto sobre a rorma eolUO a indústria é conc\!bid a c valorada . A indústria enquanto ... in6nimo de f;íbrica. d\! trab;"Llho ... uavizado c multiplicado no.., seus poderes pela mediação bcnfazeja da máquina e da tecnologia. de uma produção sempre crescente c eficaz graças à melhor organil.aç50 (científica) do trabalhn 2u c a um melhor contro le de (;uSlO~ e proce~sos. é agor:1 relegada para um plano secundário, deixando as luzes da riballa para uma noção de indústri;1 mab idclltificada com ri natureza social d o hOl1lelll. isto é. mais :ll>ostada no fomento c na valorização da!'! qualidades do homem e no fortalecimentos dos laços de sociabilidade. A ideia de associação. tal C0l110 a de mutualidaúe. orcrecern por isso 431


fO AI.M(JJ)O~'AR _----'.:A{\7'ÓN :..

t'

MARIA DE I;ATlMt\ nUANn/ ,O

mesmo urna aborda gem da vida económ ica total mente d iferente d:l que decorri a do concei to de concor rência. permit indo que se cOll lin ue a ver na expans ão da riqueza urna parte import amc do proces so de gradua l realizuç :1o do próprio homem . Ora no fundo. eMa t ran~formação corre'ip onde a um retom:l r - :lpeSar de devida mente actuali z.luo rara as condiç õcs da época - da noção de indústr ia mai . . gencral iLada dos início:-. do ~éculo dezano ve . q uando c:-.ta ~e identif icava priorita riamcn te com «o lrabalh o e exercíc io dos lalenlO'" do homem » (Brito. 1992: 68). Agora. sem que no em anta houves1le uma nece!\!\id:lde de 'iC renega r O~ progre~~o ... mectini cm. c materia is entreta nlO alr.::mçados. chama va-se a alençã o para a necessi dade impcri01'oa de se não c!>quecer o earáCle r nuxilia r e aces~úrio desses me,mo s progrc~sos. que dc\cna m funcion ar C0l110 um meio de realiza ção do homem . e nunca como um tlm cm ... i. Daí que pa ralel::II11ente COI11 a~ várias forma ... de as~oci;lIiviStno. se verific3~se um novo surto de apelos ii inst rução popula r. entend ida agora eomo um verdad ei ro project o de ccluc;\ç ãO de massas para o devido usufrut o das ]>otenc ialidnde ... 1llatcriai~ e morais que a civiliza ção oilocenti.<.la podia ofcrcce r. Aqui. pode-'C dizer que exi"tia um consen so qlw..,e general i/.:ldo. Desdc o . . sociali"ta~ mai ... extrem ado ... até aos pouco~ ..,ohreviventc ... que re~Lavam ao campo dos econom istas lihemi ... (como era o caso de J. J. Rodrig ue~ de Freitas 21 ). não h:,\\'ia dúvida s de que era ncce",á rio educar (l p:tís. É claro qU!.:: numa análi..,e mais fina se podem delecta r 'h divergê ncias. Para un". como Rodrig ues de Freiw" . a apo~ta na educaç ão continu ava a ter uma co rn ponclll e emine ntemen te técnica c mercan til. que assim poderi: \ liberta r o povo. dando· lhe a formnç,ão ncçe~~ána pam ascend er n pl"lJrriedade do ..,eu próprio ncgóci o. Para outros. como Adrião Forjaz de Sampa io. a educaç ão seria uma fonte de um n(l\(l poder social. perrnil indo que os Irabal hadore ... adquiri ssem as compet t':ncias (lét.:nica ... e culturai..,) ncces ... ária~ para reorgan izarem o próprio modelo de organiL ação social. alter:m do :1<; relaçõe s de proprie dade em vigor na e!\lcra induslr ial pelo desenv olvime nto da ... mais variada~ formas de mutual ismo e coopera tivi..,m o. ou inclusi vnmcnt c n::ifica ndo modelo s de um corporalivi~rno há muito ultrapa " ... ado. Paralcl ameme . o comba le pela ... ohn.!vi vência da itldú~tria nacion al COIltin uava. IncapnL no fundo de!\e aUlono mizar de fo rma consi ... tente da protecç ão do E~tado. O!\ seu ... porla-v oze ... nãu foram minima mcnte intimid ados pela emergência (em grande parte ~ i mbólica) da que ... ti:io social c do sOCla]j !'mo. Pelo conIrário. a agitaçã o ~odal parece u alé d::lr-lhe~ um novo alento. exacer bando a tónica de um naci(lnali~mo que no fundo nunC,1 11 abando nou. :.Iumen I:Jndo inclusi vamen te ao longo da década de oilenta as sua ... reivindicaçõcs ~2. O orgimic i ... mo. hem comu () «relati vblllo hi'itori cista c 'iociolo gi~t::l» c os «solida ri ... lllo.., de "ária ordem» . conver giram. confor mc no ... recorda Fernan do C:lIroga p:lf:l a fundam entnção C a emergê ncia de lima «conce pção de socicd: lde definid a como um sbl!.!ma de imerac ç:io e de inlerde pendên cia (. .. ) alterna liva à vjs;,io que a \'ia corno um COllllx)SIO e lllerJ. agregaç ão de panc~. ou a caracte n7..ava como urna IOtalid ade unifo rmizad a» (en/rog a 199 1-h. II : 232). EMa vin intcrmédia. enquan to linhn estru tu rante do pcn~amelUo de uma época~ \ enquan to propo:-.ta que se qucri:l cquid isw.lltc do ... erros (liher:lis) do pas~ad o e dos exager os (:-ocial ista ... ) do present e. contrib uiu podero sament c para a revalor ização do tf:l-

432


A INDÚSTRIA NO I'LS!:>A,\léNTO fC..('ON(},HICO - -

balho Iwr.:ional. t: para a accit:u,:Jo da idcia básica de que o seu fomento c proICcção emm um dever palrió li co. Con,equcnlelllcntc. a defesa da <,indtistri;1 e o trabalho nacional,} _ recorde-se que nesta ex pressão ,e englobavam unM VC7 mais todos os <;eClOres onde {) «trabalho c os talentos» do' ponugue ...e .. se pod iam concrem:ar - com;tlt ll iu-se num dognl!'l indiscu tível: restava apenas :1 ..oc iedade ponuguc':I de l1nais do "éculo dCl.:IIHlve a pnssibilid;lde de debater;\ pU!luiva cfo.;cli, idade das v;í rias medidas concret:'ls que cr;11l1 ~i ... [Clllalicall1cnlc sol icitadas em seu abono. É assim que vemo .. Augu<'lo Fu schini (1887: 82) exclamar que «Sofre uma ela......e agrícola? É indispensável prOlegé-la: a quc ... tão c.qá exactamenle em descobrir estudar e nplica r nll.:dida~ acertada ... ». Oliveira Martin, (19S-l.: 121) acolher a saeiali'lllO caledrático alemão. afinnando que {) «Iibcmli!>lllo ponuguês é réu do crime de ler abandonado a uma ...ane miser.ível :'IS indústrias hi~16riea .. nacionais». e alé me ... mo Rodrigue!'; de Freitas (1996: 21:n aeabar por cxc!:,uuar que indu,ivamente o próprio Adam 5n1lth. ,>e vivc, ..e nos I1nab do ..,êeulo dezanove. possivelmente acei tari a Ulll maior grau de imervcnçiío estatal na dcfc,a do desenvolvimento da indlístrias naeion;ti~. Com o creplhculo do . . éeulo. encerrava-!';c igunlmcllle a c..,pcrança Jluma rccupcraç;to rápida do Pab.

REFERÊ NC IAS ACURS!O nA~ j\;1:SI:.~. J(»('. s/li - ~V"ril!u"u<!~ ""bre ObJ"~ I ,,, Ikl"I""" ;1.' Arh:'. Comercio I! M:lr1uLJclura,. ConsiderO/das wgunJo o~ I'rmdplo, da l:ÓC~l(hllllJ:' 1'"lrl,~·a». "M"l1lÓnOl ,ohre o, MelO_ de ÍI-'lelhorar" Indústria POl'lllj:;llCSJ. COIl_ider.lda mh ,ell~ l)itcn:.nle~ R:lmo,,,, Ubro,,' (""'''plt'u'' d,' ,ln....,.,,, N,·, ".'. I'orlo. Edi.,ije, Afrol1laI11el\l,). vols. 3.4, ALÍl-1QlJOV AI{. A'llún,,,. 19')7 - ~/\ 1::<1'''1\'''0 d;1 Vitl:l Humana: A Ic.conoml:' I'<:>hllca dc Rodrigucs dc l;rcl':1'~. Ru<lnr:/t..., ,I" ,. rellm A Obrei ,. <I.' C(UII,'.\I<J~, .. \cl'" "" rol"""",. Anlónio I\hnodovar. Jorgc Ahc' &. "ana do I'il .. r G:1n:.·,a (orJ,:'. I. P"rt". Cenll"tl u"Ou;u"do Coil1lbr" 1-""ultI"d., tle L,,'ra, ,b t·ni,er-idade do !'cm". üON1FACIO. \IMi., LI" I·,ili",,,. 199 I - S..;" "Iludo,' ",I"~',, Lil"',."/,,,,,,, l'm1rI.~If"~. LI_ooa. Editorial

"0.,.

1:.""!11[1:1

Jo~,", I'cITC!m. 1995 - «lnsln UI\·<It:._ ti\! l-.con"n1i~ P"II!J";,,. (1834) Smrdolog/U f'o/,iic(' IlUl-18.N. Anlónio L. Sou~u I-rJIK() {dll·,l. Cok'';:\'Ull d\.' Übl-,I~ U,b_iea_ tlu

flORGES.

,·I:á",,,,,,,,, t"'n"ulle!Ho

Económi"o POI1U;:u~', Li,hoa, R:IIICO de Ponuj:;al. 125-3.'i.'i. BORGI-_'i. J",e FerTClnl. Iln9 - Diómllí,.", J,mdICd· C""u'rá,,/. Tipl>l!rafi" (I" Socied,l(1e ProP.1f.!"dora d", Cunhecin'en"', ul"i,. L"IJv;., I3R ITO. J<N! JoaqUl1ll Rodn~ues oc. 19')2 - MeoIC;m... "OIiIl('lI.\ .,,,h17 m Vcltlllll....'m &I~,·~ d(/ Gmml"::JI <I", I· l'rIllClIHlI"'''II/.· d .. Ponur:,,1 li'iOJ-I80S. Jo,,", L,(cve~ Pereira Idir.l. Cokc\:ão d" OhrJ..' CI,j";",,, ,I" Pcn,,,rnentu r:.o:omirnico Ponu~ué,. l..i,hoa. l1~nco de PonuJ,:"1. CABRAL DE t.·l0I'CADi\. 1937 1939 ~Suh,itllo, p"ra UI"" HI,h'n'i" da Fllo~ofia do Dircuu crn l'onu~;[I ,. .IJ"I..I/II' (III Fm:ultlllll., (Ir! J)m·ul). '01. XtV. 1937-311. IU.'i-l6. :!.59-34:!.. \'01. XV, 19311-39.25-117. CA I{DOSO. l lenriquc Nunc.". IS22 - «Expa-iç;lo ern r"'or 1.1" Indu,lri" I""hnl". Nklllril'ltl 11m TmIHIIlIO,'· rIlI Cmlli'Hio I"" ·" n M,,/IIOI'(II11,·/II" d" C",,,,;r";o 'IO'M<I Ci,lwl,' d,' LúlwlI. Crittdtt ",.". Ikl"nlll/JlIj'/io ,/", C"n .." C,·,.,,,.,, 1"",.,/IIrdlll';'·III, .. C"'I\llImll/e., dll N"ç<io P"'·IU<:"".</' d,' 2,~ til' Al:nulIl/l' 182/. Cn/Ujlns/a IJ~ 24 Elell/e/J/ns EII'WII· Ilor lO/los tJl A'e1:n(:i(llrte.~ (lo III"~IIU/ Prdf<l. Li~boa. Tipografia Rnlt,u",han". :ln",,,. I 16.

"""(lir.,

"

-u]


ANTÓN IO ALMO[) Ol'AR o' MMUtl DI'; f.'ÁTfM t1 lJIMNIJ, 'i.O

---

CA TROGA , l'ern'l11do, 1991-{/ "O Socioluj,ú'IIlO J",rfdlco CIII POI'lugul C <I' 'U,I~ Incidênc ia" Curricularc, (IR 17, I') I I )", U"il·o, ...",I,ul<,/s ) Hino;,.;" MO 'JU,;nu /·crspr .. III·<J~. '01. l. Coil11br: •. Cnml";I t' Org,ml/. adom do CUllgr.:~>o ~ Ili~t<i~ia LI" Unl\'Cn;idaLle". ]9<)--'11, CA TROGA . F,ml.wdn, 1991-1> () N"llIIhlir< llHym,/ "'" P"rl/l}{,i/ (/a F()rlllll\~j" 111/ j d .. Owul>m rI(' 1')/0. ('"imbr... l'aculdm k de 1....,lr"". \'ob. I C II C'ATRO GA.I'cm ando, 1977 - .. 0, Imc;n, d" PU~Il"I'lnO cm POl1ugill. "':11 Signilka do Político-Soc;al" . R, 'I·I.IIII dl' I Ii"H!,;(/ "{l.1 /d..",\ II.~ I, 2117-~9.1 CORVO . Jniio Andrad., . 11\57. Irdtl/';'; "l nb,,- 11 F:J.pn.,i«io U/llI' .. r~1I1 Pllru. LI,boa. fJi.~cr""",,

°

, l'IIrl/mlt:II Wf<',"

1'''''/11111<'/11<1''': ,' d"

I'"

d ..., f>rmup<l l J' Orador.... P(}HII}{I"'~(,J' do.\· COlr.\llll" IIf..~ de IR21. IhK'orso. ,' 1I",:~c., ('anw;m , FI'l1lmllh'" ·Iimllí.l', I:",.,..'im 1I",.g"l. Gorrel/, JOH'

ICSle\'{jn. f'/I.Ho.V M/lm,,'I, ('I" ... Purto. Ti[lOgmf ia lI.: Alexand re d .. Fon~ec<l Va-.concdo~. \ul. I. t-ORJAZ DE SAMPA IO, AdriJo. 19'1;'\ - ~E~tudos de Econom ia 1'<Jlíti~;l .. (1853l. ESlmlm ,' F:fo'm.'I1I/1" lI<' I:/'Ol/",,, i,, P<J/III('{' fl(i'}·IH í-l. Alcil10 I'~uro~~ (dil' I. Colceçfl o de Obra~ Cl,;,"'côl~ do Pcn'ôlmc lIl" r..cunórmco I~OI1U~uê,. LbbaJ.l3 :lIlco de Portuf;al. \01, I, 113-38-'. rUSCIII 1"l. Aug""m , I !l1I7 - Qllc.\/fk. ' F:...."'Ú"lII'(IJ .. Fiumra; m., (n,.\'{'",.",.... /''''[/'ru/o .'· III' S/!l'Slio 1'"r/"'III uclllllr"" 1887 p<?/o Dr/llllll< /nA F"~'CIri,,i). U,I'Va. II npren'" N<lcioll~1. J USTI1"O. Ila' 1.1. I <)SII - ~ I 'Onll,mo: O Impo"i\ cl Li, re-C'lIuh iu". Hel'istu ,I" H'MÓ"Ü' EcO/uI", ;cI. o' ,\,,6,,/11 :2]. M:.io-A go'I", 3-20 MACED O. Jorgc Borge, de. PN2 - "I'olfuc" , Econúrn lca cm I'orlugnl no Século X IX. Teoria e Pr:iuca ~. fI<"Im tio I,'II{'(JI]I/"IJ 11><'1';"" ,,,flr,' /fUI/!ri" ./n I'ell.,wu( ·"", "'a!llóm "·,,. Jo~é Luf.' Car<kl,o c Anl"niu Almodov ar (,lrg'.). LI,hoa. CISE\', IX·XXX IX. MAGAL I IÃES. AU1óllln da Si l"a P~reir:I, I S'J2 - O,,.'mr,m.l"l~""'''s fi" o., Tmlll<l"." . POrto. MAGAI ./IÁES. AntóniO ua !'iii"" P"!\:lr... 1111'1': -A S.'i.:. ...i" ,,''''mdmic <' ''"' fi "'eirm. C"IIII'j/ "f"" d.. I 'li.. ", O/I1;.,,,,,'m. P(II'''. MARRE CA. AmÓniO 01" e;I~'. 19R3 - "N,~'õc' ETemclI!:!!'''' lle Econnmi " PolíIIC:!» (111311). "Inleress es ImJu'lnJ I' ''. Oh", E ...OIIÓllli('lI ri.. 0/11'1'"'' Mj/rrcc<I , Cecilia Ibrrelr" (or,:;.). [j,OO'I. Ccntro de E~tuJ,.l' dc Hi~túfla e Cullur1l Ponugue ,... In'lI1uco POl1ugU\!' de En~ino a n"t:mcia . vol. I. 67.197. ",I II :\7. 15il. lIIi'm,l"" , d,,, 7'r"b"lIuJ.\' "" Cllllli.,~iio I>(u" (I IUl'lImrl ll""'"n do C"mltrá " ''''lW Cid/ll/I' dI' l..i.I'hI"W, C,.,/UI" I'"r /)""''''''-' '''1'';0 '/11.1 C/ln..., GC,.uu. I-;..unwrlli "úr;l/, " Cmul;IIIU 1'('.\ dl/ Nap,,, POr/flg" ",a d,' 28.1" Ai:"slO li<' 1821. C""'p".\ I" d,. 2-1 E/,.II/<,lIw .\ hfCII,).l flo r ''''/U.I" os N ..g'H'imr"·,1 ri" "'('.mll/ I''''f''' 1~22. [i,ho". Tipogral i" Rull;Hldi ana MEREA . l'ôlUl". 1952· 14)~7 - .<I:~hoçu 0.10: Um'l th'lórHI da Facul, I;"Je de Dircito... nol..,,,,, /'-uc"f · "",lo' f).,..'i/O. \u1. XXVIII. 1952.99 -180. \,,,1. XX IX, 1953.21 197. 'uI. XXX, 1954. IJ2·67, \'01. XXXI. 1955. 71-'),~. \'01. XXXIII, 1')57.3.1 1-33-'. O l iVEIRA MARTI'>:S. 1954 - I'/ll/Iim l' !C.-.,,,,,,,,;', NlIcimlll l. Oh\eil<1 J\.hnin~ Ohra, Complet as. Li~ho.1. (jUIII1'II'le, & C ' F.dilorc, I' EREl RI\. Mmóun I !.lIpcrn. I IN2 - N(·;.:",:i/l lllf!.\. F ..h,i"ml('. \. " Ar/rw;m . F:11I1"(- \t,-lIras l! No...,." I"Vil/llfi '''''' \01,. I e II. I;,boa, Iidiçõc' Joàu S.~ da CU'la. Ik ....llm/o., d"., Tt~,IIrIII/()" do Comi.u<7o .I" Cmm'n: w dll P"'fll d" Por"" ('r/lU/a I'''/" o,.d,'UI dt,)' CIII"I<'., C"""I/I';II I<'.'· ,I" 28 d" AWI\'ItJ d.- 1.'í2 I. 11('..,.('(1 dr>.f ,,"'/(""01 i </"1' DiJicllllf lfll " "'''.\m() Cmm·r....", (' ,,.. /);r""", Ofljo"'/(}~ lllf.rt: fúi Cm,q,/lm fa. 1821. POrlo. Tipo1;ra tia de V'U\<I III\are, l~ihcime Filh", R USo J"lml'. 1<)1)7 - ~A !ndu'lIlallt.:I\·ã<l nUnl p"j, d" J)"'cl\vn ),,imcnlt l Lenlo c Tardio: POflll);:l1 I 1\7tJ. 1'11 I J~. A",ill,,' .~(I('''I/. '01. XXIII f<}(,). 207-17. RODRIG CES Dlé FREITA S, J. J .• I99<, - .. Um F...-onoml~I:I l'onugllê ~ III11ÓIlIO de Oli\'ei'~1 M:\\TCca» I I SII9). J. 1. H",lrigu, ',' li,> F,..';llU O/1I"l1J' Enmúm inJl E.".o/lú,/",,· /fi7:!-/H 89. António Almoou 'ar Jorl!'). Co)lccçã o de Obra, CI;;",c" , do I'cnsullle lllo Económ ico J>ortugué._, LI~ho.J. U.. nço de Ponu,:;''' , 205-19. SANTO S, Mari~ <1" Luunlcs Lin , ~ do" 19A .' /,,,,.,. 1I111l1 S",·joll!g w (;l//lIIr(1 nllrg"I'~'I' em 1>",.w~ ..1"" Sá'"/,, XI>:.I.i,I1<>:., Editorial I'rc~enç:l . In'1I11110 de Ciéncia, Soci:li, $ILV.\. AU)!""IO Santo,. 1997 ""1m.",, pum 1/1/1 I'oi.<. F.:~III"o,< IlIcolllp/ l'lm .m/"."" Sécrlill X IX /'t/"III~II<'.I. Oei!';". Co: ll;I Edilu!''' SI!. VA LISBOA , Jn,,: d... 1<)<)3 - .. Oh,eI'\3I,-'-)C' Fr.mqucz a da Indu,ln .. c 1:.Mabc:lccimen1<> de F:íhriea, n,) Bl~",I» (11:\10). ~ E'11Id,h do H~'ll\-COnlUl11" !;eunulll i" l'olftic:l. ou C,êIlC;" d~, 1.0:" N:lIur:lI ' c Civis d.: Ani",,,r c Dingir a Gel';iI Il\du~lna ~ I'romo,c l' <I RI~uc7.a '>:"cinn~I c l'ro~pc-rid"de do E~I .. do .. (1819). }"l<; d .. Si/,'1I ul'h''''. f,'~cnwl t.'nmóm ;r"s "H'III/ru /m J,'-í(J·/18 20, IInt61110 Almodo \;l1' (Jir.l. Colccçi io de Ohr".' CI:lssieôlS d" I'ell~<lrncnto EcollúmiC<1 I>unugué~. [j,11O.1. B:lllc .. de 1'011u;:;al, \"<11. [ 32 I --'23, \'01. I [ TE IXl:.mA . Anuin;o 'I Hml.. )983 - () p""",,". ma Filowijin ,·Jmü/i ..., 1'lIrw/:u Ó. Li,hoa. In"iullu de Culwr.. o: LIllgu:l Porlugue'~

"li

,I,·

q""

"li

'>lN"" "

434


A fNIJUS'/'Nltl NO 1>f.NSAM/'NTO ECO/\'(}.H/CU

TOM AS. ,\1,,,,,,,,1 f'em~"dc'. 1974 - A U,'ro/ur"" lll' 1820. J<),~ T ""<'["""'1h" (org. I. Li,bo:l. Scara Nu" .. VERDEU 10. Tell11u <.lo, Samo,. I 'JR I - A' IHl/d"I>1.' (' ll.\ "'("1m 11<1 N"""lurilo Lih"mf ,/,. IK20. In,tilllto Nac;oll,,1 dc JIl\'C~lIgOl""" C i ~lllillcll. Cnimln'L \VRI .' N. J)"nid. 1994 Til<' T::,'olllliml oJ Mwwtf'·""'1If TlulU)!llI. New Y"r~. J'1hll Wiley k Son~ Inc' .

NOTAS

oI. COnOIOl\iüC, c,t~~ qllc IÜO 11111~d..!m a ~un~i<.lc'~lÇ".jo <.I,,~ olil·i"".' ~"qual\1o pO::'l\\cna, fjhrica.~. I"Cconh~·

,;cmlo-,o:: pelo mcnn, 0::111 algLlIlw, dc1a~ (} c'muriiiu d" fUlu,.", cl1lpr~~mli",cnto' h1:111 succdi<.lo~. Notc-'~ que 1:<;ta po::r~p<.:clivel ~t mantém cm 'Ig<lr nu, <.Ii", d~ hUJc'. 2 No qu..: rc~pcit~ ;1 ~",ili.,": dcste probIO::nl;l. é lundam..:m:d el leitura du, ..:",,,im d~ Augll,1n Salll(l~ SII, li I 1')')7;.,-41) ~oure a' reprcscma","''' d", intclectuais OitOCC llli'la, r..:lativmll1:nI": a", nLmO.' 'lu~ Porttq;;L1 dC"i" ilk,lImcl ll C I'nJ"cgl,ir e i~ efecli\'amelltc 1rilhnndo. O lipo dc lcllllra "í cfcctll<ldo rcrmll,' - n()~ p..:r,·dJCr 1ll~lh"r a pUl"n.:ial ..:omplc)";id<ldc dn~ re!,!i,tm, de Icitura das II·,,,,,j""l"l11a<;'...:' "crific<ldas ao longo du ,~culo deL,\I),)\"e. 3, A fun ..r;" d.." ;Ju(Ore, alcmOles r"i ..:)";trenmmemc imfK"1ame do puniu dc "1,1.1 .Ia "~lC",ati~."\",,O d,,~ ""lU'rja~. ,,~I) imp..:dimlo n~lllr,dllle!1!1' o reCllr~o ;" Idci"s de lodo "m oulro conjunto Je al1lore, f1Omce,c,. In!,!I",e, C it"I;~,,(), (\'cjJ-SC o exemplo dc Forja? dc Salllp~jo. 1995. ]']2\1-60). 4. Ve1"-'''' u c,,~o <.II! .!\nlú"i" .I" SiI"," Pereira 1\ bgJlh;,e, I I flfI4 (,5-1 OR. 159-651. bem como aS rdcrêuci:l' f1:it:l~ pur Mínam Hal pel'll PC'rCII''' ,', cul11Ir" ;I1du slI';a l p~lcn1ead~ Il<l~ petiçõcs dirigld~s ris Cortc' C[11 1lQO-21 (1',191.11: 355-99]. 5. Ref<:rirnu-"'h ,ün "[1"Cn~", nos ensaio'j~ cil~do~ dc Augusto SalHo~ SII,,, t 1\197), ",," ",mlh'm. " ,CI1I p"~UI:UPil\''->C' <.Ic CX'"I,'li" idadc. :lU' c~ludo~ dc I"'c,"al1do Curo);a (1<J91 -(f, 1\1771 ..,obre u COlljUl1lu d" ldcologla rcpllh IIC:LlIa. '"'' tr<lh"lho, de Palll" Ma'::a (1952-1957). Cilhr,,1 de Munc:ld~ (1')37-1 939). c Anlónio Ur"l T~I~clr.l119Rj). ,ubr" h"lC,ria du ,,",ino c d" filn",fi" .I" dir..:itn. Oll ainda ~o de Mari" (k Lourd~, Lima do~ S:lI1tO' (1')83) ~obrc o' 1ll1~1c":IU"i., I">rtugu..:,c' d" primcira mclad.: do ,ó.;ul,., p~,~~do. (,. Em pl'lndpI<' ,,,Ia di\'crgi":".:ia n" mef" di\"CT,idade <.I~ interc"e, Ilada tcm n "cr com o 1ipo dc ~'OllniIU' 'luc m,'" lardc ,:"'''I;IU;'''; a 'I"e,':'" ,,~<:i~l. Míriam II;dp~rn Pereira ,,,Iiema ° f~el" de que. para <l_' dcpuladu,. "a IlIllTdad..: ap,,,-.;el,,-Ihe, 1.. 1 e, '\ll<' 11m" ra"accl" rara ," I'l"Ohl':I11'" H><.:i"i, n",'o, qll~ {1 progrcsso havia cflado ;1 cI", .. ~ "pcdria" ( I ')') 1. Il :YJj). 0, probkma., "",ia;, !l'"'''' ,urg":lll ..:,~cn~ia lm cllle ,oh " fnrl1l~ do dc'emprego d..: ol",ci"i, ,uh~tituído, na~ j",íhrica, p"r "prcnd;z,,~. i,ln é. d" ","I"I;tll;<;<lO do:: mlo-de-ohr" ~spccielli7."d<l por operário, scm prcp"ra~,,-,o". ~'I)m a ":Ulls..:qllCIltC h,,,xa de ~a1:irjo, c perda de qualidade (uI.. J75)_ Trata -sc pon"n", ""lt~ d~ ulU c'lIIf1ito ilHentO elltr~' ot't~iai~ C npl'elllll/c, II'" ~0n1e~111 dc IIllla IIn"a n:alidade t:lbril que prlllla rela ,"u,encla da tradl":lon,1I ddcl-';I1C" '", ~O cOrpOrelll'a) do 'lu..: dc um rC:J1 cnnflito cntre operiÍrios e capll;[li~I;[~. 7 Sohre" dclini",,,, d~ "r;"I11'j~:{"" de polític~ económica aO longo do "éculn dC7:1110\'C em 1'01'lugal . ,-eJa-,~ I) 1I11~1-';"'''IlC c,",,,,i,, d..: Jorge Borg..:, <.Ic f\"~cedn ( 1992). H. .!\pe~elr de Sill'el L"boa se ~srurçlr por pl'ccl.,,,r melhor ", \;iria, "":~p,,Oc' cm <lU": -.c pu<.ha lum;lr o conccito dc indú,trin (,I. 1993. 11 :1("\-i2). aCõ1ba porém I;[lllhém pur accilar quc "i ndú"lria propri"mente d"a _'ig uinca a cncrgia <.I" ::inimn e eon'l" ""'i" do, h{Jm~l" I"" t"refa.' da "",icdadc~ i'IO t'. a dilig~"eia e a aeli,idade J~ '1,,,,I'I"l'r pe",,,, ell1 adl\uiril '" ]"'Il' li" "idn. fazer alguma obra. uu pl'O""gllir :Ilglllll pruJ~l'tO. ~om inlcn"da.J..:..: IJCrw'",""n\'". niío dC"lIIimando com os nsco,. c ~ITlISlro, . antc., r~dobr~ndo o ' c,lof<':'" "O' ll'elU' '''C<':'''O'. n:p<.:IIlldo as lcnl:""''', C ~u'''cnt"ndo" qu~ '<': di~ c'p,rito de "mpI"C'''. n~ ~'l')Crelllya de 11"" fonuna,. (iiI.• 16(,). 9. P'lr:, um" r'lIl,p"cCI1,~<l dil "ar i ~nt~ I"clll do pmk'Ccioni,mo p01'1U1;lI~' ..: <ln modo como da ~c I"n<l" .,ohre '" rre",')c, dc Inl crc",cs \',;no, p"l1l<co," p,-i",,,I,,,. "",' lJonit",ic,,, (1991' I (\)_77). e JlI'1Illl' CI?88). lU. CI. Aeúr.IU da, 1'''''<':'. ,/<1. "ui 3: 12<)-3U. 150-51. 355-4U2: "ul. ... : \14-5. I ~1l-13(). II. A, JI!i<.:uh,bdc.~ c ", ub,I;.kulu~ <.:uIO<.:"do, 110 pL.lllo du IUIll~nln d" In"411inoL.lctl.ll";,l ~:io c1araIllC1HC pcrccptí\"cb no c.'p<íliu da Junta do Curnt'n:io. A e.'tc fl,.,p..:j(() podl" \'l'["-.'C. a títulu dc l"H·mplu. '" du<':UIlICllto, puhliçad", li" IV volumc da~ OlHa" CnllJ/l/eW,I de los,; AC/ir.rio das N,'I·es. 5 I 1-61.

435


---

ANTÓN IO AI.MOfl OVAR <' MANIA OH "'''TlMA IJI~ANDÃO

------'---

12. A ill'''lt:nci ,j -.obn: " Ilecc.<.,idade de jlll)I11O\cr o ell~ inll agrkol" eSlaV,I, porem. longe de ser p:w;:l!k". COIll" 'c f>OÚC ver no ~cg ullll c comenlá rio de Bor!,:e .. C .. rnciro: .. :1 decadi;n ei:l da agricuhu m pI"OCC'.k da 19nor~nl'i" uu~ I"Hador c,; e"labcleçall1·~e esco la .. d e agricultu rJ. haja c6digo~ I'urais cn~n1e·,e a nature;." \lo.' lCITCllf" e o' len1l)O' da., .,e l1le"l e il~ ". T"do i,IO "aidade) !» (d . Di.I'· ml".-o<" • 1878. 1 J4 ..r:!). 13. Sol",: ,,, de,,,"nag ell'; da indu,ma (lOrIugue ..;l de fi""" uo :.éculo XIX. cm m:llo!n" de inSl1'Ução c rnl"lll"<,:ào Io!l·nica. ver J .. illle Rei' (1<)l:!7: 24 -5). 14 Cr. Hurge, 11139: 34. IOfl. 296. 307. 339; 1995: 187-':JO. 194·7, IS. A :mall", que :.qui pl"o,.. ur.."no, l"7.cr é largam\'m e Inlxl\ária do 1I~lbalhll de Augu'lo San lOS Silva. muilo em p"rtiçul." , do~ ensai os illlep1,d o, nas dU:J~ primei!'" s p:II'le,;: "FOrnl"f a n:lção: rerre· -cntaçú,, " de illlelcclu 'II'" e "Oli,'eim M:min, .. (1977: 1- 111). Ifl Almcub GõlrTI:ll. eiwdo em Siha (1997: 14 n. G 12). 17. Cf, .. ,~rie de anigo, ded ic" .. d" tiOS mte re"""" indu .. lriai.' (Mllr!"eca . 19113. I I' 37.IS8). I IS. Um bum ex.:mplo lie,t" "tituu.: de mudalll,-a podc.'>Cr enconll~1( 1o Il:l dcle..a que Augu"to FII M' hini (18117; 711) rill tlo ~oportllnl,nHl» 11') e,,-,onomia política: "n~o h;'; hOJe homem de e~tado. para mim de,,,..· nome mcrece uOI'. lllle mio cnc;,rc oh prohICI11"~ MJCia is. \' sobrclud o Os económi cos. ,oh o ponl<) de vi,ta de um ,~hlo oportuni ,mo de lempo e de doulrin a .. , 19. i\lo!m do, e,lOuo" :lnterlorm cnt e reFeridos. "cr lambém sobre c, le l el1l~ Calro.:a 1991-1). 20. Notc·...: de p:."agem . que é por v"II;' do, fi""i, do ".<;çulo de7,:II1nv " 'lU,","': verifi cam alga l1.' lIc.'cl1IlolvimC Ill"" u" . ."iphnarc , (C:."l d" 1'"icolog i" com \Vilhe1111 Wumlt e d" p, icologia industria l com HlIgo Miin,tcr berg) '1 l1e j>C n nllcm 11 ge'lão lidar de lima forma 1II;li, c ientifica co m .. questãn ,oe;,,1 A e,le re'l>l:ilO. confront ar \V'-CIl (1<)9.1). 21 Sobre e'll: a'~IIIllO. ,'CO' Almooov ar ( 1997). 22. A C'le ní\eloi c),em1'la rll actu:lção Ue AntóniO ua SOI 'll i'crcir .. M:lg;olhãe... c o SCII combme ,cm tréf.!u;l, ')0 II ITc·camb lsmo (,j. Ma galhãe, 1884. 11'192). 23. De j':lCI<l. Jul~amo, '1UC <C ImUl de ulUa f.."OnJlIgaç;ío de innuên" I".' que. apcl'.1r de p!Xlcrem õ1._",umir 'lnl" eunli:;or nçlo mal._ n ítld,) nu Inlerior da ideologi a republic ana. de fonlla alguma M' limilam a csse IIlO,'lmcnl<l.

436


OS OFÍCIOS 00 COMÉRCIO NOTÍCIA DO «DiCCIONÁRlO PRÁTICO DO COMÉ RCIO» (1917) DE RA ÚL DÓ RIA JOSE A"''TOSIO AFONSO fU ",,·c,,",<,Ia,jc

<.I., Mmho)

Nos ido\ ano.~ 40 um ex-aluno. da Escola Pr.1lica Comercial Raúl D6ri.1, de Lourenço Marque:.: «Fui aluna d'ess:! Escola 110 período do :11\0 de 191 1 a 1914. onde conclui o curso de guarda-livros. PresenlCmenle cncolllro-rnc Ilo.!sta Colonia. onde já ten ho a m inha residência fixada h,í "ilHe c oito anos. Para efeito de novas disposições cSlabclccidas peto Sindicato dos Emprc~ados de Comércio c Industria. da Colonia. lenho de aprcSo.!ntal' o meu diploma de guarda-l ivros. Nessa conform idade rogo a V. E.~a o favor de c mitir um novo diplo ma. visto que. o que recebi no fim do cu rso, perdi-o l »). No Álhllm. Bodas de Pr(llCl do Director da E\'Colo Comercial Raul Dória c Jf1.\t!. Campos Va: - J de A bril de 19/3 - / de Abril de 19382. o professor O li veim Cabml em Ad mlllros mlllos escreve: «6 Escola dá-nos alma~ bem fonlladas/para o Be m . par.l o Trabalho. p'nt VinudeJDá-nos tu gc,raçôes nova~. esforçad:.L.. :/ninguém pode ser feliz sem ter saúde>,. O poema tennina C0111 um depoimento: «Posso afirmá-lo. porque tenho o saber de experiêllcia feiro (sublinhado nu originalJ. saber adquirido em 10 anos de observação atenta à forma como to!tll sido educadas as geraçõcs que passam pelo estabelecimento de en.,itlo que Raúl Dória fundou e Campos Vaz continuou e firmou um 1mbalho incessante. revelador de tenacidade pouco vulgar Col Portugah,. A figura de Hen rique B. Loureiro é a segunda de um,l galeria de ilustres cOnlabilistas que nas pág inas de O Glwrda-Lil"ro.\' Raúl Dó ri a quiz homenagear. a legenda quc enquadra a fotografia diz: « Perito nn Tribunal Comcrcial de Lisboa (Cana de Curso Superior de Comércio e fez ex.Ulle na Escola Ibúl Dóri a cm 20 de Janeiro de 1906» >'. A galeria começou eOm a biogmfia do tutelar Ricardo de Sá 4 . Em 3 de Dezembro de 1905. uma comissão formada por João Rodrigues. Ricardo Ton·es. Joaquim António d·Oliveira Junlor e António Manin-; d ·Ol ivc1rJ. ofereceu (durame o ba nquete em homcnagem a Raúl Dória) uma Mensagem onde claramente sc arirma que o Pono [denomi nado. pelos autores. como a «~ll anchester Ponugueza»[ «precisava . para o tr::lfego dos negocios que dcrivam da sua indu~trb. de um pessoa! enorme: a ulilissima classe do), emprcg:jd{).~ do COl11mel"cio». Mais ii frente enfatizam: «o número d·esses cmp regado, é superior a cinco mil. a maioria dos quacs tem uma instrução muito resumida. mercê de circun~lãncia:. especi a is, de todos bem conhecidas todo esse exércilO de trabalhadores tem direito a adqu irir in ..trução quc lhes fal ia . na ancia sempre crescente que tem a alma huma na de caminhar mais. de avançaI" ma is. de saber mais. Direito divino . direito sacrosanlO. direito sublimc que não pôde. quc não devc entraves! Infelizme nte. porém havia a quase impossibilidade de cada um rea liza r esse dc~ejo: poucos conseguiram adquirir novos co nh ecimen(O~, porquc lhes faltava quem lhes ministrasse o ~abcr em horas compativeis com as suas obrig;jções profissionais»5. As iluslrações permilem evidenciar que uma E..'~cola que toi criada (no Porto) teve como personagem genninal Raúl Dória. mas permi tem. ainda. revelar que

c.~crcveu

437


JOS/<. ,v'al).\ 'lo.\ l;aNSO

esse espaço fOI eslruturalllo.: na ValOr1ZõlçãO de compe t":ndas técnicm . c c atalizad or de qu;!liJa dcs ética.,. que se afigura m como propricd:.ldc.~ cspccil 1ca, dos lugares de trOlha lho emerge ntes. ma.,. lalllhém , como recurso s indispc l1s:Ín.: is p:ln! a reconv cr.,ão do., amigo,., ofídos . Partind o, cnt50. das iluslraçôe~ podcr-s c-ão configu rar :1'0 dimcn. ,ôcs do projcc w educac iona l lJ;lscid o por \'01[;) de 1900 c que reprc., entou durant e década s UIll:.l ahcrna tiva de formaç ão onde () trabalh o e.,cola r sc encont rava subord inado :\0 pnlgre.,.,O económ ico, \'ia o primad o de uma .,i.,lem atizaçJ u de procedimc11lo., técnico ., (o.: cientifi co.,) da., prátic:l s do comérc io (e do., .,erviço s) c da inclusã o de UIll;1 lóg ica da honra quc funcion aria como u recurso simhólico da dignillc,lç;"io pro!iss ional - do t..'aixei r;"lI/o e do lIeJ.:or ialllc. Ou .,cja. a div isão sodal do trabalh o técnico exige dimens õe., técnica s e ritu:m, que se não forem cumprido., (cm scde escolar ) inviabi lizam qualqu er tent::l.Iiva úe modernizaí,'âo: «O'ahi o plano inferior em que cst:í cm toda a pane qllasi. soh o ponto de \i.,w intellecllLal. a -,ociedade dos COlllme rciantcs. A verdade , pOI'ém, é que a "lIa posição n~al ~ muito OUlra. A., mais extensa s noções que \;lO do~ conhe~ cimelll o" elemen tares. do calculo à noção de direiw civil e comme rci:J1. d a s m:l!eria s esse n ciae~ ;l industr ia. do., princip ios indispe nsaveis da ehimic a e da propria \lIecani ea. etc .. .,ão ab.,olu tamel\( e necess: lri as ti educaç ão coml11e rcia!»(', Face ao., contex tos de mudan ça a vbibili dadc do quadro comerc ial é um objccti \'o e~tr:lIégico7 e c m especia l na transiç ão do .,istem a de ofício para o sistcma fabril (no., .,ubsistcl11a., técnico . económ ico, orga ni zaciona L profb., io nal e movim ento ~ocial!\) Raúl Dória procur ou como empres ário/ad minist rador, profe:.s or. pedago go e didacta criar (e conceh er) um espaço educat ivo com o m:íxim o de qualida de de forma que a oferla (l1a conj untura de grande indefiniç:io do .,i.,tCl11a escolar'.l) fosse alician te (rn;l.' cric:.!? l1a corrc.,p ondênc ia com os di\"i!r.,os mercad o:. de tmbalh o) conligu rando al tern:ui\ :ls â tição lllagbtr aJlo e ao:. ah.,urd os (e exccs., ivos) tempos ue aprend i/agem quo.: e ... tavam dispun íve is no campo educat i\'oll. Reeord e-sc, cnlüo, aquilo qUl: e.,la\:I a ser revoluc ionado e in:.erill do as rc"post a., que a Escola Pr:Jticn Comer cial config urou, Na., p:igina .. de" \lo;:: PlÍhlica de 3 de Outuhn ) de 1905 ~urgc :l ~egU!ntc 1101 ícia: "Niiu (: I!reci.\'f l rcco,.,. {'r iI,\ eS({I//lCS d/J" arqllil'u S, l1ell/ ir I!{'rlllr bar {/ .\"Olidiio Iwhilll al d(u /)ibliolh e('{H, flara .H/ber COII/O rapido se 0/JerO/I () /lOSSO de:,em'o h'il1le/1 /fl COIllllle l"Cilll, u/o \'üh'd que chegou li 11"l1ll:, jármar (} (/'l'C('/O /llaleria l da IIfl.\Sa lerra, .\'o/}ref llr!o I/{/ ::'UlW em qll/' a l/III grande 1/I00'ill/ ('1110 curre,\p rJ/ldc /l1JI 1/III/IerO CfllI.\·id crlll'c/ de c.\wh('( ec;mel/ IO.I.

Por i.uo, bll.\f(/ recorda /" n Porto de fio â/lcocl IW (11111(1.\', (',\'se

/'or/o ol/dl' I(ula a lIctil'id llde ('oll/me rda/ ,\e t..·UIIC(' lIrrcn·ll 1/(/ r/1lI da,' Flore.\" e ia (lfé ao, C/ériSo s, li IÍlúca ':.0//(/ que opre.\e ll/(/I'fl para (J,I' defôm III/I Ir"{"o caraclt! ri.'>Iú'o sa/if!l1Ie dal/o:,.W I Cllf!/"!:it/ c acçiio, cm lojis/(I, I de palmo de que IlOjl' aillda (lhi l'limo,\ rori,iSi m o,l' exell/pl are.,· e Ol/dl' ellliio fi I'it/a (/c:cmlw dll da /WHl/ terra eIlCO/l//"fll'a (/ sati.lla("(/o de IOda,\ a:, .I/UI." exigel/ da.l. A1aiç rarllc. a I'im/a de //01'(/:, IIer'e.\\idade:,', que t!t'll como /II/UI

fl'i("<io IIm'fI c mais Gmpla (lO,'

1I0,fSO,1 CU~·I/II11l!.I,

opero" rapidlll lu'lI/(,

a/arp,a ll/t:lllo (/(1 l'ida COII/l/III. IOrl/(/(/ al//a;:,' di.\pt://{ Iiostl pe!a.f IIO\'a,,' t'x;gel/áa~' do época, (, .. ) (J


OS OfIClO.'i

E, ral,idall/clI/t',

no COMLRCIO

l'equellfl,1 loja,! de,wpporecelldo. para (U \'ilrifles coras, d'alro fi hoixo \'esridlls de sedas ricas, forall/ dar 11111 iupeclo 1/01'0 ii ddade. e lcwlI/Ja!' o eSlíllwln para /101'0.1 empreendimellto:., C()m () d e.l'cill'O / I'imclllo do /l O,Ç,\'(I ('ol/l/llcrcio. c/'e.\TC/'QII1 O.f

darl'l1I IlIgar {/ estabelecimt!.lllOs lu.\IIoso,f onde

tambcm, IWII/I'{/Imellle llS lu' ce:.:.idades i"/('l'lIo:.' dO,1 estalu:. l ecimefllO,\, ollde começou a Innll/r-se diiridl II Kcrellcia sem 11111 pessoal c/ljos ('oflhecimelllOS fossem moi_ç 1'(/:, {o :.'. E selllill-.II: illllllediaf(lllll:IIle o lIecessidade de flllldor e,H:olas Ol/de o caxeiro plldesse odqllirir IOdo!, 0 .1' ('ollhecimclllo!,' prtlfÍf'o_I' de e_I"Criplllraçiío, já illdespel/Míl'cis (10.1 il/dil·iduo.I' que .Ie dC_I/;,wssem li es.\C rOlllo

de actll'idade (... ) ....

Face a csta:-. premcntes ne ces:-.id3de~ dc rCt:ollvcr..,ão Ra úl Dôria lece duras criticas ao espírito «ge ralmcllle estreito do capit:lli:-.mo portugut:s» que inibe qualquer tentativa de delinir com clareza 0:-' ((lI n.. , u:-. intuitos. a segurança» da!'! empresas - ,(já em plena rtore!'!cencia» - como :tinda à «tnanidadc » das esco la ..; exi~lentes le~colas elemcntare .. de comerl: io. l n~titutos .... J «pois. funccionando umas c outra.., ha muito~ a nos. a cla:-.:-.c comercial portugui: sa é ainda apontada como a mai~ ignorada dentre as profb>;ões liberai .. do pab. Precillamo>; frisa-lo be m pois é justamente na deficiellcb da>; escolas oficia is q ue vamos encontrar a ra7.:10 de >;er da..>; escolas comerciais de ensino livre e a c:m..,a du ..,eu rapidu desenvolvimento L. ,). A função de rCl1ovadora:-. da>; futuras geraçôcs ele negoc iante>; pa,>sou das e:-.co la .. oficiais para alo particulare:-.. que ali.h :-.oubcram honrar-se na forma como .. e integraram na ddic~tdb!'!ima missão que nalural c logicamente viram co locada sob sua responsabilidatk», Torna-se. assim, sin tomático que a Escola criada ro:-.~ e o reverso daquelas que exiqiam (mesmo p;Jr1iculare~): um conjunto de princípio~ coerentes leriam que dar corpo Ii alternativa. e o eixo cardinal é li verlcntc prática que indelevelmente marcaria o Irajet:to dos seus alunos - aspecto e~le b:t>;tante enfatizado pela imprensa coeva l:! e reforçado (em tcrmo~ Je difusão da diferença da E...cola) em LOdo o tipo de prop;lganda (escrita e gr:ífica) que a própria E..,cola produzia: a tílUlo de exem plo I'efir:t·<;e: « Para o ensi no da escrituração comercial foi montado um escritório com todo o rigor das verdadeira, <.::1..,:'-' comerciai, e d01ado com todo o m:tterial ind\!!'!pens;,l\-el. como escri vaninha .. apropriadas. prensas. maquinas de. escrever. etc. o que muito auxiliou e acr\!ditou o ensino da escrituraçilo na Escola Prat ka Corllcrcial» l1. Esta vertente pr:Ílica só galllw sentido quando irt :-.c rida numa estrutura curricular pcrfeiw1l1ellle em correspondênci a com as 11lUl :1 çüe~ (mai>; ou menos rápidas) das qualincaçoc~ pron~siortai>; -e denomin:lçõc~: (, Efectivamente não ~e limitou o Guarda-Livros à questão doutrinaria c do cn~lIlo. ma>; alargando a SU:I pane propriamente pcdalJogica c didalica lomou uma feição mais cientít1ca e de propaganda comercial c de ensino comercial. entrando ainda no próprio campo do combate cm prol do cn~ ill O comercial ( ... » >1-1. Desde cedo a Esco la foi sendo bem aceite revclando·se a procura dos cu rso~ ba .. tante superior ~I>; cxpeçtativa~ dos promotores o que obrigou a constantes mudanç;l.s de edifício desde o exiguo quarto da Rua Santa Calarina (em 1900) alé à imponente mansão da Rua Gonçalo Cristóvão (em 1907). passando pelos eclifícios da Rua Santo Ildefonso (cm 1901). Rua dc Bonj ardim (cm 1902) c Rua Femandcs Tomás (em 1903): ao intcn!'!iticar a publicidllde Ja E~cola - em especia l

439


lOSI·. ,1,vTÓN IO A ,..ONSO

no Brasil. nas Ilha..;; c nas Colóni a ... - . mas fund:llncn talme1lle nos investi mentos em l11atcrial did:lcti co e pedagó gico c na constan te atenção ao quotidi •.IIlo que se deveria rel1eclir no" curricu los c nas estratégia." de aprend i/agem - segund o o lel113 (,:OIl ... t:Ullcmente reiterad o: deve «cada al uno conven cer-se de. na rcalida de. ser o gerente da SUil ca~:l comercial» e subord inado :lOS método ... de ensino cm que teoria c pr;ílica caminh am cm paralel u porq ue ... fio «0' mais naturae s e con ...entanc os com I} ucsen volviln ento da :lClua!id:lde» t5 . M:I'" (c de forma lapidar e conseq uente) a grande fonte de sucess o foi o tempo académ ico ser () suficie ntemen te necessá rio (c relativa mente curto) para que :1 incu1caçfio de uma cultura gCl"al. científi ca e técnica pennil lssc que os sabere" process uais c propos icionai s oper:l<;sel11 nos mercad os de trabalh o - e m sintoni a e com inegiiveis valllagen ... : «outros . que não nós. e sobretu do o comérc io e a indústr ia d'esta cidade I Pano). podcr.1o dizer o que de ju ... tiça julgare m. pelo modo como os seus antigos alUIlOS. hoje lodos eolloca dos em numero sas casas comerc iais. emprez as indu"'lriais. bancos . compa nhia:. (de seguro s). etc. se lerCI11 desem penhad o dos cargos que Ihc~ confia ram. dos que actualm ente de.~elll­ pcnham al!!un ... de elevad a respon sabilid ade. em deshar monia com o seu pouco tempo de ..erviço e all: com a sua edade»h''. Incontoma\"c!mellle estas dimen<;ões eslão a .. ~ociadas. não só na fonna menta como Raúl Dória acoll1panhaV~1 o devir. e a decadê ncia, da~ raciona lidades dos campo s onde a Escola se inseria (CJ Anexo I ) - e que de forma pragm ática incorpo rou na din;1ll1ica e il1ov:\çfio educaciol1:.li ... - mas ainda n<h modos como tradu/i u O~ debate." . os interesse!> e a evo!uçfio da contab ilidade . que se reflectiram em doi~ \cctore s: UIll pri meiro que enfati/( )u a relação in~t.ru menlal e teve çOn1l1 objecti Vo a divulga çiio. da essl!nc ia das constant es lr:Hl~rormaçõcs do pensament o. par.\ di\"er ... ilicados sectore s. Aqui (e fazendo U111a brevíss ima rererên cia :J. produçiiQ bibliogr :iflc~l de Raúl Dól"ia) dos vime e três livros c.,crilo s. vinte e doi" são especif icamcn te de contabi lidade - suhlinh andl)-se a ven.ente prlÍTica (na grande maioria ). o caráctel" did:íctico c a ch~lI1cc!a da Escola. Dirigiu. também . dU:ls revista'>: O Guarda -Livros (1908-1 914) C :t RC1'isw de Comab ilidad{ ' (1916- 19 17). Um dos li nos. Exercid o.\" cnligrâfico.~ (1910) . foi adopta do para o Ensino Primár io - Diürio do Govern o de 22 de N\l\(~lllbro de 1910. O segund o vector eonsist iu na s i... tcm:ttizaç;to do conjun to de pressup ostos que se confro ntavam no pen ... al11ento contab iliqico enquan to lingua gem I'itualit ada da lóg.ica jurídic a e da lógica económ ica - com () fim de reforça r () seu carüct er científ ico (que n:! verten te pedag6 gica deveri a a"sum ir lima Jimcll ... fio fund:lm enta ll11ente prática : um exemp lo pode ser retirad o de uma ohra. escrita em p:lrceri:l COIIl Hu mberto Beçól. c que sendo. aparent eme1l1 e. margin:.ll - Arirhm érica prlÍlica 17 - a questã o do comérc io figur.l e:\plicj tament e como o unico problem a no capítul o sohre a «Divisi b ilidade» e nos 46 problem as propos to ... 1\(1 capítul o sobre «Queb rados» 9 referem -se ao comérc io. Um oull"O exemp lo é retido do conJullIo de traduçõ es - VerbeT es e folhas 11lt}I'ei.\"lll - que conligural1l aquilo qut.:" Raul Dória design a por <,O Meu Método » _ organiz ação de um escritó rio (E. Le Gougn e): os verbete s c o seu empreg o no escritlíril1 (llcnry COllerC:lll): a 1l11l11eraçfio dos artigos de catálog o c a localiz ação di\~ ll1erca dodoria s cm armazé m (Germ :lin Pa\ure l). método s moder nos em COl1t~lbi!id:tdc (Léon B:llard nu): corres pond L:llcia (I)' Arives ): how-S yslem (M. A. Dixon) . c escritur açfio dos Ihms em folhas móvei, (~em indicaç ão do Autor) - e que leve por final idade: «Desej ando. tanto quanto possíve l. acomp anhar n progrc:s ...o 110 sistema do ... trabalh os de escritó rio. resolvi . em virtude da falta -1-10


de tratados pró prio s. traduzir a lgun ... artigos sôbrc '::ste a ...... umo. para auxiliar a~ explicações que teórica e prática mente dou na ... minhas :\ulas de comércio ( ... ). A organização do ... cscrit6rios americanos. invenção france~a mas aproveiwda pelos norte-americanos. devido ã.., nece:-...,idade:-. do arquivo c às exig'::ncias d:1 divbão do trabalho. é hoje pouco eonhccida cm Ponugal c por is..,o mai~ um motivo para a ..,ua divulgação. pela ... g.randes vantagcn ... que traz â vida dos escritórios. ao.., método ... de trabalho. etc .») . É neste a\pecto qlh! .\e ilberc o lJicciol1ó";o p,,(Í/ú'O de Comércio I'). Obra de síme ... c de todo o labor de ...envoh ido por Raúl Dória2() ma'. também. reOexo da sua prátic;t pcdagógica. c. fundamentalmente, obra de confirmação da lula desenvolvida p:ml a af'irnHlçüo do "quadro comercial" (n:1 :lmhiv:llência que pO!' vezc<; :Itrave ... ,a :t rel'lexão Clllre dignificar peque no comércio e p reparar quadros para o .. jo.,tema oficional). na, dimensões da ética. da.., competências e da rellexi\idade . Assim. o IJicciol1lírio é o coroljrio de um pcrc.:ur!o>o marcado pela prática pedagógica ma ... t,;Jll1bém teoricamente informad0 21. Mas vejamo ..... para finalizar. como se cstrutUl':l a lll:ltri/ 22 . Relativa.mente à dimensão él;m da lo! associada :1 idolleid:lde e à urbanidade ~ «É uma qualid<ldc que hoje está. infelizmcnte. a desaparccer de modo assusIiIdor na vida febril dos tlO"'SO~ tempo .. » (p. (55) - . condenando-se a fraude. o rQttbo ou a fal,ificaç:1o «tudo o que di7 respeitu il fraudes cometidas quer pelos gerento.::s ou admini ... rradore:-. do.:: empresil<;. qucr por guarda-livro~. caixas ou outro .... rc!'>ulta imed iatamente de baixo nível moral do homem .. . » (p. 569). A capacidade c omercia' é algo que ultrapass:t os normativos para. se inserir estrutur:llmente na condição antropológica do ser hUlllano. por definiçfio: perfeito. A dimen .. ão rcj1cxi\'o tende fundamentalmente a enfati'lar as vinualidades do progres so e a posÍlividade da corllabilidade. Quanto ao primeiro " .. pccto a entrada Comércio (pp. 17S c <;egs.) fomece a chavc <10 referir a «correcçào» que os <dratante<;» foram tendo c a neces . . idade de ir «transfonnandm>(de acordo com o II/('H'Ur/O) os <, vendedores :.lmbulante.... ». ma . . detccta-.~c. ainda. a emergência de nova, figur:I' profis<;ionai .. (p. 187). Quanto ao segundo aspecto a cllIrada COllwhilidade (pp. 241 e scgs.) refere:l" ruptura' COIl! a Aritmética e o período empírico. :l'>',oci:mdo-,e :l contabilidade à Matemátic:t c con<;iderando-a uma d\!llcia ;tb~tract;t (na estei!':l de A. C0111tC)2'. Nc,tc ..entido o COI//abifisla é quem «conhece as leis da ci'::ncin acom· p:mha e estuda a cvolução desta [ciblcia da contabilidade I e. cm muitos c:lsos. lhe abre no\·o., horizontes c novas per"pectiva,» (I'. 406). Por i., ... o te111 que te r em cont<l os Axioma.l· - «Tod:t a cii!ncia tem os seus axioma..,. proposições de evidência imediata. que. port:llltO. nüo carece de demonstraçJo. Não podia a contabilidade deixar de tcr o . . 'cu..,. cmbol':l a sua verdade nem sempre seja devidamente compreendida por alguns técnicos de conta ... por \'e/es de cu ltu ra rudimeruar. quando não inexi,tente» (p. 112) ~. a NO/l/%j{islI1o!:/'(/!it/ - «conjunto de leis que rcgem a contabilidade » (p. 746). ultr:lp:t,>,ando a rotina. O costume. o automatismo que levaram a considerar a «contabilidade como uma ,imple" ane de alinhar números» e a revolução que se opera cm torno da definição de Conw (p. 21 7) e nas consequentes implicações que provoca: Alonlagem (/(, cscrilC/.I - «É vulgar. entre os pequenos comerciante.... e 0' pequello . . industriais levados por UIIl mal compreendido espírito de econom ia. entreg:lr-sC :1 mOlltagem duma escrit:t ao primeiro guard:l-livro ... que ,e pronti-

°

fique a fazer o serviço em conta (!l. sem quaisquer preocupaçõcs de competência profi,... ional c de conhecil1lelllos do r',.II110 de comérciu ou de indústria ... .. (p. 740) - . 441


- - JOSf~ ANTtJ,vfO Af/ONSO --COllfa bilidade AleClmi::.mlll. Plallifi cariio cOl/wb ilí.\fica . Orçam ento e Orl:olligrllmo - <' ••. com o fim de corrigi r os cno:. do empiri"ll1o organiz

ador. tão próprio dos povo, mcridio n;Jis. particu larmen tc dos Portug ueses» ( p. 775)l4. Estes ponuh cl'uza m-"c com a dilllcns i'io profi:!isimllll (socia lização e compe tcnci:h ). Na enlr:lda CO/lmh ilidodc JOlllêsticC/ são lecidas duras críticas ao carácte r perdulá rio do po\'o ponugu c" (p. 32 3) e di.r.-se que a mc!'>ma se aplica às protis!'>õcs liherals e :h mulher es: ultrapa s ... ando-s e o «Iwvcg ar» elllrc a Receit3 c a De"'pe>;a entr:.l-se no mundo da Empre sa - «U ma empre');J. jamais o dt!viam esquec er O~ t!mpre sários, l: lima coorde nação de c~forço' e de inlclig ênc ins. O empres :írio prcci>;a de ter um pcnS;Jn1cnlO defin ido. preciso . concre to. exacto da ~1I3 l1lis>;au e dos seus objeelivo~. t\ la!>. preci"u . por outro lado. de compre ender que por si só Iluda. ubsolutamente nad:1IXxlcr:í fazcr "em a colahor ação. O aux(lio. muita:-. vcze~ até O conselh o daqude>; que com ele lr:tbalham. que nece!>sitam tanta.>; veze" de estímu lo para que o !'eu rcndim cnlo c dos serviço>; a seu cargo sejam eompen :-.adore s» ( p. 483)2:1 - e na comple xidade da CO/lra bilidad e i/ldllstr iClI - «Con!'idere-~e que. dum modo genéric o. a contab ilidadc comerc ial conten ta-se com :1 diferen ça de c usto entre a compra e a venda. podend o normal mcnte verifica r-...e se um produt o dá lucm [\er cntradu re-;pcctiva. p. 6981 ou prejuiz o. pelo si mple ... cotejo elUre o preço do cu:-.to e o preço da venda. e sabend o->;c que as despes as da admini stração ... ão em média I ~. rapidam cnlc >;c pode determ inar se o preço de venda cobl'c C~>;3S despc,: !, e deixa margem para lucro eompc nsudor ( ... ). Ora o fulc ro de toda a cOnlab ilid3de indu>;triaJ. o eixo sohre que ela gira ou deve girar é exacta mente a fabric~Lyão p;\ra. ucomp: tnh:lnd o rigoros amente us fa>;c:. suces.~ i"as de tr.msfo rrnação dos produto s. determ inar (;0111 igual rigor o seu preço de Cll.... tO •• (p. 3'2-1) - ou sej;L na ... dimeJl:-.õc . . emerge ntes de uma nova organi zação do mundo do trah:LJho: (J OI1t;'. best~ wC/.\' de Tayl()r - isto é. a organi zação ciemff ica do trabalh o (p. 776). ondl.! ;Jpc':lr de tudo:!(' (.se n lucro é o gr:.lllde cstfnlll lo d3 ,ida comerc ial. induqr ial. agrícol a. finance ira. etc .. não deve ser o escopo único do clllpre. "írio. É legitim o () lucro. porque ele é o prémi( ) do tmhalh o. Ma>; só lo! legitim o enquan lo consllt uir. de fa cto. um pn':mio . Ultrapassad os I.!s>;e>; limites . U lucro é conden.:ívl.!l I.! enlao é j:í cxtor"ã o como classificar;lI11 Proudh olll.! Kal'l Marx» (I'. 705). À di\'cr>;idade de elll<.:nder o mundo - lôgicas territor iai, de organi zação 11\:1>; também dc cogniç ao - era vital apolog i7ar o novo c sociali zar para a moder nidade . c neste aspect o a Escola lerá cu mp rido - pelo menos nUI11:1 primei ra f:t".: - o grande obj<.:cti,·o úe R:1ÚI Oória: «Aqu i lrata-s e de formuf car:ícle rcs. de tramfor!1llL r rap:17c s cm homen s com habilit ações segura s para entrarc m na luta da vida c gunhur em honraú amente o pão para >;i c para as sua" família s ».

NOTA S I. Am'

2. "'nu

EPCRJ)ID,r.1003/PT 00(11 I-.PCRJ)/Li\'JnlOJ("M ~'

01:!5.

), (} G,mrdu- I..JI'rm. n 5. t ~ Anno _ 20 lIc SClcmhr o de 1')08. 4 . fdl'lII. n. D I. I G Anno _ tO dc Ago'Ln dc I90s. pp. 2·). Ü

5. Am' - EPCRDfLldB/lJ.IC./M" 0126.

4-12

p. (,7.


OS OF;CI()~' /JO CUM/~RCIO

6. II II .. ~En"n .. ç<ltnmen:i"I". () C;ulIril/l·IJ""". n· 9. I.· Armo - 30 ,k OUluoro <1.; 190!L p. 129. O :uno, lec.: ,,"'., dura crili,·:. ,I<) egol'''''' itlu,,':nçia dl' 'lu,lIljul·r 'II'" dç çulIural. ear-aClcriMico 1.10' 1110<.1", tr."he ion,".' U:l pn,I,cH cUl11erei,1I lP· l .lO). 7. I;: ".,,,,.:1 " ncc~"id~dc de rccon"e,-,.,;n .I;, burguc'''' de "<"góc,,,., I" ce ;" nO":I' rcalidJde~. '1""" ," ,'IU,""':;I1' I'"~ plano conwr,·i,,1 (c,'ru1Ura hancaria .... l. (ju"r re~ull",...,,,, •.I:I ta)lon/.:l~·iio d~ indu'In"" nC'I" conle"IO" cl11crg':nci" .I.. 'luadro eome""',,,1 """I",,,, 1<'111 com" p.-mo dc fundo a "IITU"'",,,, palfÍ<;!iC;\ da n:l~·',u pcr.ml.·:l C'"t"CCllIe mundl;ohJ.",,~" d" "".mo",ia. Ilcnri Lc More ,i lU," o 1I11l,illlcnh' de idcnlioJ"oJc 1',..,II"inn:1I-:1o nf,eI 0.1" I:.... ",;" -c mre IRRI c I\)la como. 1;11111";111. ,-e'pnn_.i' el pclu 11",el111Cl1l u ,.k unM (r.,cçii" ua bul')!'''''''' - 'I "e 'c "pih !I. burguc"a tl'."I,<,i"I1,1I Ic ....1;, 'el mal.' llITedllUa do poder polílico e económ i",') - 'Iue 'c legitimou 110 no\'u fl"l\Jer ecnnúml",1 ,mJ'. I"ml;oélll. polil'co l pela aqui,i.,:..o de um ,:.bcr " ...·"Ii.;õId" c \erific,i\'cI .. I,,·r ~L·,,,,ent"'" du C:klrc COlUlllcrçic1: IloiS I 1<) I.l n. .<).I('io'o,>:I" t//I "/"nll""I, a ,19H2). pp, -w3-t50). ~ . FHI.::IR I:. J""" \ 'tr""'r;iic.~ ,1'I',lIr.' o 11·/1/",1/", P'on .. - Afronl:1I11,,"IU. 1<)<'7. ]lJl. 50 e ,eg-, '.I. \1<" LI'-'A. Adolfo - On<'lIfl1('(}o }:t'ml d" "ri", "<",ln. F:tllll'<I('Iio /:,·",1 " ",'1""",,,1: ed"uIF)O léulkll - Li_ho" S'"",ed~de de ESIUllu' I'cd:lgut!!co,. 1<)1(,. 10, NUlllrUleirn. eI"h"rado Jl"r Álv"ro Via,,;< de !.em",. no, :111", V!flle. d", /:."·0('" "m'".' d:" tn:,..., Idcll1tfic:,d.. ~ CUIn" inqilui'õ')c' modelo uma dei", é IlTCci_JlUente ;I I:,col;( Pr.'IICO Comcrcial Rrnll l)ú.-i;o I'·,·r CAN DE IAS. Antóm<l - n "I. - Sobr.' " t.lm·//(úo NOl'<I, ('tlr", ,k Adolfi' Limo " Ah'ortl I 'ill/UI ,I,· r~·I/I"s - L"bo'l - I:-;dul·a. 1'.195. p. Y'i). I I. I;: I'C RU U ... ·,,· I/tm""" "II'rtirif"l1 - l'un'I - l' I>c.· RJ) . 1912. p. }6 c pp. lU· 1 I A crilie" lIo ~·" p;ta­ \I'1I\U n"üol1.-.1 f<li descnvolvid" em I:YCR[) 1'.,1/',,111 RIIlil {Mr;" - I'Ol1U - I, I'C RD . 1<)10. pp, 2M·} I. 12. I:RD " I/'rnltlpit·, ii" imlJ/"e/J"". IJ" /901 " 1911- P0I10 - EI'( :RD. I') 12, 13.I:I'("RD U ...·,·,· ""I/Óll .... "fi. "II. PI"· 18 c -w. "er I:lmhêm O G,wrtl" I./I'r..... n." 7. I o AnilO. I ti ,lc OUluhm de 191111: ! LN. ~ 1:: ",-"ul", p,~irlc'''· . pp. 97.<)11 la IIh·m, "m/.-",. 1',67. No 'i"e -c ref"re ,\ mOll111genl lIe 11111 eUl.,-íc,,!.. par., '" no\,a, Ilecc,siuadc'. [lo<.le,-,,, .-'0 'cg uir as rene""", de R.uil Dóri,,; " rdonnulaç"u 0.1.1 Cu ...... de Empreg au", UC I·:,eriu;ri.. é jU"lifie:lda C""", ,euJ.. m;u, complcl" c "cm h"rl11oni" .:om I" nece"id"de' de,l" .:1",,,, ti" "mpre(!ados de ""' uCr,,,nR. Qu;tnJ" é implementado o CUI','" de C,,'eiIH' \';~jame'. ,) '"'/;Ull1el1h ' celltr'al c tl ~eguime: " E.'l c ':1" .." inleiramcnte no\'o I1U 11",>" I'a'-,. de"e '" pre .. t"f gr;l1\ue~ SC I' ''''õ''' "u seu ""IlI':reiu. ]lois ti I'mp"galld:l do, n.."o.. pI'Od~oI",. " " I",,,~ ,lu n""o rUlum ,tlargtlm~nt(l cOlU<'I"cl:d c " "rllla de <I"'. " ncg"ci"ntc Icm (juc 1,\U~·"r "",o p"ra I'"xln e(>Il1i"Cllr ~·om a cxpurla~·"o fr.lUn"". ingle,a, .11"m;l. lmlande,... ele. que 1)<."· "",,rm~'d,(> d", '""u' umri'rcw.,· c b"g"Je,m' i,,,,,de 1<)1.10' n, meread,,, un mUl1du». E,te, 1I\,,' ~·ur ...., '"T;mc"r.tm no ano 1,,~·tl"O ue 1'.110-191 I ,!tI"III. 1". 70). N" ;"", le":li,·o de 1') 16 ·1 ')17 c enado" Cu ....n Colonial: ~ Cnados ':iIi." "u"""" "Ig"n, com "III" rr~(jucnei" h,".,I~ "lr clevIl\!" - rc,ul\'clI a Oirec.,:i.o de,la E"cula UI g""'/."f ""'" U'" fic andu '''li,l.:il .. ,. a ..... i<11 .." Il.'p,ra~'l>c, UC """"" r;II"i1i", 'lue dc .. ej:"n 111",,,.1"1" ~" ,,,,,o. f<1hu' p"":" a._ cohini,,, deJl"l' d" ur,' id""'<'Ult; "hlruído, .. ( EPC RD - Atl/lli,-;o .Ia LI'<'<,la HII/iI /)';'·;u, AI/I) .·""Iu" I<JU,·/YI -; - I'"rto _ !i1'C ~D. 1917. I' .lI Em 1910-1 91 I a L,col" IInh" 2Ja "Iun.., m.llrieul"dn, C cm I <) la-I 'J 15 unha J 17. ti", 'lu,';, I 17 ~r.lln Intem'" IS . EP("R[) - r" "Ia .. 01'. ('Ir, 1', -'(l, I(i. r:;r'CR[) _ AIIII,i,.lo ti'/{} 1<,<1/"" 11)1)7· /WJE; . (>nllo E PCI~D. 1905. p. S. 17. I)ÓR1A. Raul e BLÇA. Ilu mherlo . A,almWI",,/millál- 1>"110- I;:I'CRl). 1910 I R. I)Ó RL\. Raul - \'.-rI,..I,·., <' J"lIu" mó",·" 4rr.itlu~·Õ<") - I'orl<> - T il'. d~ b"ub Raul I)ÜI M. 191 (i, 19. r'lI" il1l[><l"ibilid.lde de ~·on,tilwr:l ~UI\";V "ri~inal. a, no",,, "prcn"çoc' e"4rulUr.lnr·~e COI11 b,,'e 1111 etli'õ"o de 19:'1 :"i: DÓRI!\, R"ú l - /Jií'C'wllâ"" I,,,iliol d,' , '() I/Iér("/" - 2: eUl'õJ(1 r.:\;- I" por 1)(iR IA. AII\únio Álvaro - Brag ~l - LII'r.,ri" Cru/. 1955, I ...di~,ii". 1917). 1;:.".. edi.,;,o lem 970 p:igiml' e ccrca dc' 900 ~·nlr.,d", Rchom"""enIC :, edição de 1')17 Álvaro 1)""" acre..ccn1"U enlrada' Irc,ultame> d." rnud~"r'" ,,,,nrn.I.-.~ n'" cr.'[><l,iti\'o' Juridlco,,) e ~""'pIc10U :" prlll1i1; .. a., om "crc .. ecnlanllu ill'on" ..""". nVIIle"dalllell!e n"01lal1\:I c aumin i, " ·"'1"'. n~ intrTKlu/indo~, eonelu'u." da~ I1"C~lIg",,'-lC' c UCh,lh:_ que ,uceder.tlll. Jpú' 191a. 'Ul l·,lIlIpn d.-. erm l:lhilidade. com iehl_ 'Iue II 2.' ediç:i.o n"n dc,' I.' " 1111cn~·à" de R"úl Dóri;!. reln contr;jno l'orne..,,, demen .." 'Iue pc"'nir" ", emnprcender a e'oJu~·iiu 1.1", e,lrul"r" .. emprc,ari"" e o gr"u ue pell..:r",,\·:iu d", n(lrm.,' n:gul"dor.l~ UO mc,çado e l·~d:"'l....·e tp"" ..,mnr>;lr.lÇ;'o. ja 'Iue ".' entrad;l~ '" 111""ti, .. r'U111 cm que lIimcn,üe, ,e lurU111 ");,ri.-ic,,,III,, u ' d lll",nio, de mrenençiio do pell""llcnln ee.1I1Óll1ico. c 'l'Hli':I_ llre", 111;11, 'CI1~í,.·"" telllk""i:tI inlCI'\'ençào do E'ltldo. p:!I~1 alêlll ,h, pumo IIC\'I'.ílJ:' ICO que é a oJdjni~>:i.u Ja pnllic<I dI> e'"U" hili"" 1'", "".1' r.,,'-"". I~n_"",o, l(ju,: "pc,,,r .Ia Jimn.,,,:io de ";,,, It:,' """'1",1-.-,,111 " 1 • ediç:"ol. que" /);c!"im,úri" que u_:ímo\ é lidedigno. quer 011 I'lCn,::rmcnio. 4jUer da in..:i~i\a delermitmção Je R"ul DOri" na .lhml:lçiio da idcntiulld" do ~(ju:"lm pmfi"jonal".

E,,'I"""

443


_ _ __ cJco c·,:::'t; AArróNfO ;\FON:JCO ·'--_ _ __ _ __ _ _ __ _ 20. DÓR IA. A ÁIV;lro - O (scpar:l1a ). 1968

"m! Rmi/ Dória r

II

~I'"

t:..CI1/11 -

Porto - Rc' ISla de Contabil idade:

:!J. São inumcr" , '"

r,;:rcrêl1ci"~;1 au("ró que: marc"Il l" pCllsnmcrllu panu!;u.!_ e illlc:rn:lcion:,]: OIÕ\cir.. M"ni",. Alcxund rc HCf'CululI<). Gôlm~ Ba1TO~. RodrigUl:~ ue Frcuas.l \13moco de Sousa. Almeida c Albuque rque. Ric;uuo de Sá. R:uil T:"n:.!,;",nl c Raúl C:lldc\ll Ja. entre muitos outros. m," :lillo" Eúmond Dcgral1 gc" Jacquc," Doyer. Adam Smith. Lui.' COU\'Cn ll., K:lrl Mar;\;, Pmudho n. DUllwrchcy. Ccrboni. elC. Uma ópllm:l uuroduç Jo aOS dch"h:.\ c contm\,é,.,.i,'" pode .,cr CT1COnlra Ua na.' Acta, do Colóqui o ROI/ri).!",-., ti" FreillH , A oh"" c os C""(,,.IO ." , urg:mizu do., por António Aln1<x;lô':l r. Jorge Fcrnan.k , Alie, c M"ria u" Pilar Garcia c C:I.Ii[~d~~ pelo CCllIm I..eonartlo Coimbra _ Faculdad e de Letr:" da UI' l'onO.I9 97, 22. A' p:lt:,n:" cita<l,,~ no te .x!O rdc",rn-~ ... ao J.)i("';nlJ<iri". As pal~vr,,~ em I[;lheo ~o cmr.. <la.'. ~3. Ver na rMne IIn,,1 da c:mr.I<l~ C""wbil id"dr ~s direrente ~ escol:l' logl,moI Ó{liea.,_ O~ métodos u',Ido , cm conl:lhl1id~de (ohscrva ção e descriç'; ", da~>lficaçfll), indução c deduç'Io . an:íhsc e ,ílue~c l. 0' meios e os s i'lclml' <le cOnlabil idude (p. 2112). AI) 10111;0 da enlr..lda defende- ,e:1 Idel..l de ;ndlllr:1 eomahtli dadc na SocIolog ia (ou n:(, Cicneias Sociai,) j~ que lida eOIll facI".' 'OCi:II'. 2 4 . Cf ":.'lflllI/o gr"jia, L(l1:"'·""' ~ rtlji<l . 11IIf'~rtl l hi., tema ). C"IIIr11li=OIlor <sistema ). UI,igrtifill_ D,}:wfill , I ..mll/l r~e/,,_ Lr/i" -n ' ,I<, Chá/um d,,,, C,is[ema de). 25. Cf o [lCrfil do empresá rio (p -Hl3): retenha- ., e ;, advertcn cia: .. ConsuJe re-sc ôlgoru que tu! na cmp"'''' ou tro, empregado., como os de eo;cnló rio - Chefe de Conwblt idôlde. GUôlrda-Li\'ros. ajudann,,_ e"",,"ltur:l,;o~_ p",!uctes - ( ... ),. (p. 508) - Cf DÓR IA, R:uíl - NOÇ<j~.f lIemi~ (Ir ('(Jmérc:i " - Pun o LI\-r.U'la da E,cnla ]{,'úl Dória· EdilOr.l, 1929,7.' edição re\'i~lól c aumentad:t_ Capitulo I: Te(:nolo~lôI (:omcrcia l). I ·f·r Im/';'Ir;" . M"'é,-,,,·,,,·,,,,,, C I'mnll/(; '''tI. 2(,. 1',., - So/ár'''. /'/'1'('" I' /'J'/}('IIr1I. (lfot'llfI C V/llor.

Or.,,.,,,

ANEX O 1 CA~ IPO POLÍTI CO

Alirmação dos ideários republicanos. socialisl:ls, maçónicos

CAM 1'0 r..sCOLA n RefonnlS do cn~ino, redc c\CoIar, ~abc res Pn"l'ccümi.mro urre-CtIIllbillnO

-

~

CA~ IPO

ESCOL A EPCRD

1-

INTELECTUA l. MO\'iOlenlo Renascença Ponuense. Univcrsidades Li\'re~. Sociedades_ Pens:Jmenlo sobre o ensmo

QUALIFICAÇÕES Quadro comercial LII/a pela afimraçiio de lima Iwmellcfalllra

CA{\IPü DIPRESAIUAL Organização de lr:Jbalho ror/nri,mlO, .1'i.llI!/I1l1 di' oficio / 444

Comércio~ /II(liíslria


D E SI N D US TRIA LIZAÇÃ O, TE R CIARIZ AÇÃ O E REEST R UT URA ÇÃO TERRITORIA L O CASO DO PO RTO l os':: A. V . RIo

I. Ocs indus triali za çiio

C

FERNANDI'~<;

tcrcia riza çã o : II perspectiva do emprego

Ob,crvando a indústria c o

~cclo r

terciário numa p..:rspectivrl de emprego.

verificaremos com racilidade no quudro do Gnmde Porto ri existência de um.l perda de irnponância do sector industrial. clar:Ulll.:nlC observável pel:.! variação de activo:» ao longo da década de SOo De racto. se de 1970 para 19810 número de activo!'. no :-.cctor secundário hav ia aumentado (34.2%) e cm 1981 o seclor' lo.c cundário é o princip:tl empregador cm todo:. os municípios fi cxcl.!pção do

Porto. e m 1991 o sector industrial perde e:.:.a po:. ição para o sector terciário. cm todos os casos. excepto na Maia c em Valongo (ondo..: apesar de tudo 0:-' qu;mli. talivos se aproximam significativamcnte). Todavia. esta leitur:! esconde uma outra real idade. que muitos aUlOre:-. :-.e apressaram a realçar cm tantas outras situaçõe:-. pelo mundo rora: :\ da trans· I"erência de emprego anles afecto ao sector produtivo para o e:.. terior da fábrica (a c h:mlada externalização do:-. serviços ). aS:-.im como uma modernização do proce sso produtivo que permitiu aumentar signi fi c:l li vamellh! os níveis de rendabilidade dos aClivos e criar ou recriar fábricas eOI11 uma quantidade escassa de operários. Num e noutro C<.LliO. nâo c:-.lamo!> verd:tdei ramente perante um proces:-.o de terdarizaç1'io c muito menos de desindustria lLwçào. vbto a indústria co ntinuar a manter tod:l :l sua importüncia econ6mica. E. me~l11o qU:.lndo se :lSli iste a um aumento d:\ diycn;idade (ou espec ialização) e da quantidade dos acti yo:-. em serviços dc apoio à industria (designadamenll.! ao nível da concepção. da gestão e da di stribuição). não parecI.! razoável I"alar·sc de desindu:-'lrialiLação, muilO embora em número:-. relativo!> aumente o e mprego e o valor aerescelH:ldo ligado ao sector terci;írio. Im portará. isso s im. questionar a adequação da trildi· cional divbão :.cctorial da economia :1 complexidade do tecido econ6mico dos nossos dias. assim corno duvidar da razoabilidade de consi derar um único pro· cesso (tcrciari7.ação) com consequências no aumento de activo.~ cm profissões tão divcr:-.as como empregados de limpeza e banqllciro~ . rcpo:.itorc~ no comércio e pilotos de aviação.

II. Dcs indus trialização c tCI·ciarização: a perspectiva do território Cemrando a nossa atenção na cidade do Porto e no conjunto dos muni· cípios que a envolvelll. pcrmita·se. aqui :.im. no território. falar de uma desin· dus tri alização do núcleo central. com uma suces~ i v a lerciariz:lção do PortO, tardia l e part icularmente ;lccntllada do seu [ado ocidental. A desindustrialização na cidade do Porto fui sentida muito cm pmti cu[a r

sobre o tecido industrial do século X1X. desaparecendo muitas das grandes mela· hírgica ~

têxteis c de outras

localizada~

predom inantemente nunta en\"olvcn te à

445


10SI. A. \ RIO rLRNANnr.S

mancha cQnstnlída mah com pacta. em ~13S!iõ:1rclll"; e L o rd~lt1. como no Bonfim e C:ullpanhà. fechando (com mcnos força) a I1mtc pela BoavbLa c Salgueiros. Em oposição. no novo !iõéc ul o a .. novas unidades fabr is co n ~tróem-se sohrclUdo para I:í dn~ limites adlll inblr:\lh'os da cidade. no Méd io Avc. no Sousa. em Feira. S. Joào da Madeira e O liveira lk Azcrn":b. ou apcll:l"; para I;í da Cil"CUnv:llaçào e do Douro. Nnt~-se contudo que eqc 1l10\-imcnto. no sentido de a~ gr:mdcs f;ibrica:-. se .. ituarern ;! margem da cidade, não é no\'o. De fac!U é até bem antigo: lembrclIl-:-'c os ca ..o .. da fáhr ica do tabaco. na RUiI da F:\brica. ou da Cordoari:1 Velha (cm MIragaia) c no\"a (no Olival). exteriores ti cidade muralhada. E permaneceu impul"tante em finilis de DC7::lIlo\"c e :10 long o du .. lSculo XX. quer co m o c am inho de ferro (Ie m b l"ern- ~~ O!iõ exemplo .. da' fábrica!iõ nas Devesas em Gaia e na Senhora da Hora e. mai s t:ude. em Ermesinde nu Valadarcs) c com o desenvolvimento do tr:Hlspol"\e marítimo (impubiommdo n indu:-.trializaçilo":l11 M:u osinho:-.). qucr eorn u aUlllCIHo da facilidade de cireulaç:io e Ifansponc por rodovi" (com :1 chamada zo na industrial de Ramalde . ou mai :-. recentemente a:-. v:írias :~rea, industriais cm llIunicípio), envolventes nu Puno. com dc':!wque para Mal:! c Vil~\ Nova de Gaia). A na..;cente. entrct:m lo. a maior di ficuldade de ace:-.~o c a forte especiali/..ação inswlada. ajudari::t a juslifiear o d esen\'olvimeruo indu:.t rial d~ Valongo. ligado it extracção e ao alimentar. e mai, ainda () de Gondomar com forte pre ..cnça da ouri\'csari:\ c <.Ia marcenaria. Enquanto c .. te movimento periferizador fil!.!a com que. com cada vez maior c\ idCncia. as grand e ... unidades fahri:-. prcferis:-.em afaMar-se do Porto. muita':! da, velha, I":íhricas da cidade-centro CJlIrava111 em decad\!ncia. fechavam e inici a vam um proces ... o d e acel:.!rada ruin:l. Todavia. ainda no princípio n:t década de 70 cril vi<;ívcl Ullla forte presença industrial (Fig. I). Fal ou ~ se muito. dmante largo tcmpo. de UIll;\ ... eparação entrc a gestão e o processo f'lhril. COI11 este :I migrar e aquela co ntinuando ..ediada na cid ade: faluu-!iõc igualmente na migraçfio da indústria. do centro p:lra a pe riferia . O s motho .. de saída !iõão chí:-. ... ico ... : dificuldade de eirculaç:"in no tecido antigo , ..obretudo de veículos pe ...ado,). dificuldade de Illode rnil.ação c expansão d:1 con-.trução e maior preocu pação umh iental dos cidadão .. que dificulta a permanência de unidade,> poluente~. Em comrapartida. o menor cu .. tO do,;; terrcno .. , ii maior facilidude de circulação e o aumento da :tcc .... ibil idade ti .. principais via~ rodo\'i~iria~ de relação nacional e intcmacion:ll. comtituiam .. ignificmh·o :ttracti\'o a uma fixação em espaços envolventes à mancha urhan:\ mai.., densa. Toc1:\\Ia. vcrifica-se quc O!iõ ganho.., c perda.~ da ha:-.c industrial dos territóri o!iõ e .. tar:"io l1\:1i:-. s ignificativamente a:-.sociado..; ;10 crescimento natural que ao :-';lldo migratório. 0\1 .. eja. m:d~ quc fecho dc f;jbriC:ls aquI quc depois abrem Illai .. ali.!m. 11lIport:ld ... obl"et udo \'eri tlcar que predomina l i (k .. aparecimenlll de unidades (abri .. cm detc rlll il1adu~ locais. enquanto que noutro .. IS mai .. importante II número de unidndc .. que lIlici:Ull a 'ua actividade que o de enccrrJlllento:..

W . J)cs indus tri .lIizaç5n c tc r ci.lri zação: () ca.\"O i / C Lorde/o Com o objectivo de contirmar esta hipótese. dc:-.cnvoheu-,e no âmb ito da di :-,clplina de Geografia Urbana. um estudo aplicado ao tecido industrial de Lordelo do Ou ro~. Com ba!iõc na carta de locaJ izaçào da oCllpaç~o industrial re;\!izada por Pereira de Oliveira cm 1973\ foi possfvel vcritkar que. em pouco 446


•• 1,1, •

i

~

• 1

~

I•

.;;,.

'~ ~

:<0

. '

..:1

• •'

t~•• )

,

! !•

I I

I

1I fi


DESff',fJUSTHIAULAÇÀO. Tf-HCfAHf7A(ÃO E H/~f;sTRUTURAÇ;'O nHHITOHIAL=--~~~

mai ... de 20 ano~. o número de unidades fabris I1c.'.ta área fortCIllCIIIC industriali zada em tomo das ru:l:- de Condominhas e Serralves. a sul e nane de Campo Alegre. diminuiu em ll1:lis de met:lde. p:lssando n ~eu núrnero de 37 p:lra 16 (Fig. 2). Se ob~ervarJllo.~ a~ a lteraçõe!> por ramos indust ri ais. veriticamo~ que. no ulilllcntar. de seis unidades em 1973. apenas uma ~e mantinha cm laboraçiio e m 1996. Toda ... a.'. unidade~ que M! extinguiram. n5.o deram lugar ;\ reabertura noutro local e. das antigas padari:ls. vcrifica-se que urna deixou de laborar e funciona como depósito. COIll UIll rcstaur:lJlle c a rmazém no lugar da unidade fabril. De resto. a tr:lI1~formação ger:lda levou à libertação de e~paço para novas construções frente ao Hotel Ip,lIlem<l Park e para a in.'llalaçào do Grupo Despor\ivo da Ju ventude Atlética de Lo rdelo. enquanto o desa parecimento da ~eca de bacalhau permitiu a instalação de uma unidade de venda da Renault Portuguesa. Na indústria química. de qu!.1lro unidades. permanece apenas uma. a Cofanor ( lig.tua à fabricaçiio de produtos farmacêuticos). A vc lh:1 fábrica de fósforos Quina:; está agora lransfol'!ll:lda cm entreposto de distribuição do produto. fabricado cm Espanha: outra passou passou por armazém d e halata~. ante~ de \'oltar a fin .~ imJustriais. na prod ução de artigos plásticos: a última. JC Andrade (na Rua do Grijó). cxtima por motivo de falência. viu as sua~ imlalaçôcs demolidas em Abril de 96. No têxtil e confecçõcs. a variação foi idêmica 11 química. ha\'endo a registar a manutenção de apenas urna das quatro unidades ex istenH!" em 73: uma tinturaria têxtil. CUJ:L" instalaçôcs süo aproveitadas também para anlla7..enagem de produtos químicos. Das desaparec idas. uma fábrica de cintos foi h:í muito demolida p;lra dar lu gar a um edifício residencial. a F;íbrica de Teddo~ do Campo Akgre tem :Is ~uas in"talaçõc~ tornadas pela unidade comercial Garrafeira Campo Alegre. enquanto que as inslalaçõe~ da Fábrica de Lanifício:- de Lordelo permanecem à esper:1 de destino. cm ace ntuada ruínu. após a fnlência da empresa. Pertenciam à indú stria met.:llúrgica 13 das 37 unidades fabris registadas em 1973. da, quais 10 permanecem em laboraç:lo. com destaque para a COlllanor (fabrico de botijas de gás) e Adira (ferramell1as industriais). por entr e pequena:. caldeirarias c fu ndiçõe,. Emre a, 13 unidades d esaparecidas na área. lU correspondem a extinsi"lo, havendo a registar apenas 3 m udanças de localização. Na extinsão. \'erificam-se d oi:; com portamentos distintos. a norte c sul de Cam po Alegre. já que enquamo a norte a proximidade no nó da Boavista terá impuhionado urna valoriLaçüo dos te rrenos que concorreu par:l a demolição recente de diver:;as unidades fabris e a edificação de novas construções p:lra outros fins: a sul. junto ao eneontro da Rua de CondOlllinh a ~ com a Rua do Aleixo. a:- \"elha .. fúb ri c:l~ arruinarn-se mais e mais. ~ern destino conhecido. Note-se ainda que das três unidade.'. que migrar:un. dua!> fizeram-no para Valongo (a Caldeiraria Luís Gonçalves e a Fundição Luís Alves) c uma pam Águeda (a Fábrica de Parafusos do Norte. transferida no contexto de uma aqui:-içJo e reorganizaçüo do gru po e mpresarial reeêm proprie t;irio). Por último há a salientar o início de actividades d e três estabelecimentos industriais. Um. na Rua da .~ Condominh:l.),. iniciou a :-.ua actividade em 1974 c cncontm-sc ligado ii produção de mobiliário de c~critório. declarando a sua gerência encontrar-se sat i~re it:i com a localizaç;lO. tendo em atençJo designa-

damente a facilidade e proximidade a um vasto conjunto de clientes c a t'acili d:lde em realizar pequenas c argas c descargas. Outro evoluiu de lima fábrica de

447


.I0S/~· A. 1'. I(/O_IC"'C'N CN C~CN c:: l)C"CS_ _ _ __

,

"

~

~

'. ~

~

H

e' o<

•• O.' " o· ,, ~! ,"

z

'"c ~

LID I

>=

c

g z

"'"

~

-' ~ ~

~

~

c

z <.> ~

;-

z

<

i

-1-18

• '. •O. •O ••

.-. -.. .,.-. S',- .-"

o

o ,<

'. .2~ ."o•

R •

e e

·0

~; -,

,'H!

"~o

e. · e

~. ,> "-" -,

l OI I

, Z<J-

:J

• • ~ ~

~


IJ!:SINDUS1RIAUZ,\ÇXO, Tr:.HCfARllJlÇ.riO E REES7'RU7'URAÇXO 1ERRITORIAI.

pesticidas (em 1973) para armazém de batatas e agora fábricas de sacos . realizadas a partir de manga plústica. Localiza-se igualmente na Rua da!'o CondoIllinha~. Ta mbém cm COlldominhas. no lugar de uma serralharia. localizou-se a sede da empresa de I11;Heriais de construçâo António Ramalho no início da década 80. cujo sector produtivo a partir de 1984 foi tran~fcrido par;] a Maia. Illólntendo-se apenas aqui os serviços ligudo ... à ge;,tão. Mili s tarde. cm 1994. o edifício foi subdividido, com a pane libertada a ser aproveitada p;]r:! a constitu ição de dois espaços. destinados para o culto religioso e p:lra li J"otomecân ica. Em síntese. relativamen te ao território estudado. ê possível concluir que cm 23 anos o número de unidade!> fab r is diminuiu em 57% e que. das lJue deixaram de laborar em Lordelo, apenas 3 em 37 (8%) foram transferidas para OUtr<I!'o localizações. número igual ao dos estabelec imentos que iniciaram no período considerado a sua laboração na área pré-definida. Scclorialmente. mantém-se perfeitamente inalterad a uma fortí!'osima espccialização metalúrgica - a este ramo industrial corrl.!spondem 62% do total de c!'olabelccimentos C111 1973 e 1997 (Fi g. 3). Relativamente às :Jntigas fábricas. verificou-se U111 certo equillbri o entre as situaçôcs de abandono e ruína. de demolição e renovação. ou de reocupação para outros lins. com Ullla significativa diferenciação a norte c sul de Campo Alegre. com as situações de ru ína a predominar a sul (cm torno de Condominhas c Aleixo) e a renovação a ser mais frequente a norte UunlO a Serra lvcs e à Ribeira da Granja).

TV. A desindustl"i:,t1ização no Grande Porto, como elemento fomentador de uma terciarizaçflo recente Vista a desindustrialização como um processo predominantemente ligado a uma relação negativa entre o número de empresas induslriais instaladas e extinta!'> num dado território - e tomado o caso de Lordelo como paradigmático do que um pouco por lodo o l:ldo se passou no POrto -. imp0l1a agOf;l considerar os e feit o .... dessa de!'>industrialização na IransfonnaçJo da composição territorial da cidade. Assim. se cominuarl11os a tomar o lado ocidenta l da cidade por exemplo . (.;eoo seremos k:vados a admitir que este processo ue desindustrializaçáo da cidade ted ..,ido em simullJ neo causa e consequência e um oos elementos fundilmentais de ullla terciarização que permitiu a afinnação meLropolitana da Boa vista e ajudou a definir os elementos de reconstrução da cidade dos nossos dias. Porque. se a Baixa sobrecxpandida dos arlO!'o 70 apresentava muitos dos sinais de uma exaustão :llllllu;iada (entre os quais avultavam a dificuldade de circulação automóvel e uma li mitação muito grande il renovação do edificado), a Boa vista só tcr:í emerg ido pelo facto de a par de uma acess ibilidade acrescida, pela Ponte da Ardbida e pelas vias Rápida e Norte. e de um elevado potencial económico dos residell1es. ler existido a dis ponibilid;Jdc de terrenos que possibi litaram. sem grandes conslriçõe s urbanísticas. a multip licação de grandes hotéis, centros comerciais. sedes de sociedades financeir:ls e bandrias. a par d e prestigiados condomínios residenc iai s. Este processo decorre, antes de mais, de UIll"1 expansão da Baixa que enCOll1ra no novo e ixo de Jüli o Dini s ejunto à Rotunda. condições particularmente vantajosas de desenvolvimento. A par de uma in ternacionalização e libera lização económica. importa notar. até porque ne m

"

449


lOSI; ii 1'- RIO H.HN C"CcN:.: " C"C"S_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __

I"IG.

450

j

- 1::S 1',\ ("OS INDUSTR I A I S A n M';DONA UOS J UNTO,\ IUUE I HA nA GRAN.lA (OU nE LORI)ELO) E NA IWA no ALE I XO


[JESINf)U~iWIALl7AÇÂO, 'J'Ié'RCIARI7AÇ,io E RET0.TRUTI/RA('ÂO TERRITORiAl.

sempre é relevado nos trabalhos que tém a recomposição urbana por tema, que, com a afirmação terciária da Boavi!>ta. diÍ-~e o desaparecimento de um elevado núm ero de fábricas. algumas das qunis apresentavam uma consideráve l dimensão. a exemplo d<l metalúrgica Ferreirinh<l. lugar do empreendimento Les Palaces, das fábricas de ce rveja e têxtil. do outro lado da rua, que deram lugar ao edifício Pedro Cem e aos empreendimentos Mota & Companhia e J. Pimenta (Fi g, +), Embora esta substituição de fábricas por um novo tecido urb;mo que o dinwlli:-'l11o da cidade reclullla não lenha sido exclus iv o da Illewue ocidental (lembre-se a propósito a demolição da F:1brica de Fiação de Salgueiros e a abertura da Rua de Damião de Góis. ladeada de grandes blocos re:-.idenciais), de racto. associado a factores a que [izemos já referência, a libertação de espaço industrial nas freguesias de Lordelo. Mas!>:trelos e Cedofeita contribuiu significativamente p~lra o rápido e acentuado desenvolvimento do lado ocidental, reforçando uma assimetria que o Porto conhecia de 11;\ muito. ainda que 110mros contornos, Recentemente. este processo de terciariazação do território ocidental, ainda há pouco praticamente confinado à J3O~lVista. alastrou- se para l:í da Circunvalação e do Rio Douro. na construção de um eixo terciário mctrQpolitano. definido cmre o encomro do IP I com o IC I (jUllto ao Gaia Shopping) c a Senhoru da Hora (onde o Norte Shopping prepara ii sua inauguração). A s ignificativa concentração e liberalização que ocorreu no terciário. permit iu a construção de:.la nova metrópole. feita de alguma~ tentativas de cidade. construídas no interior de vastos espaços edificados, onue não faltam os serviços público~ (corno os correios). ~l par de estabelecimentos retalhistas, espaços de restauração. serviços de repuração e espaços de lazer cada ve,," mais importante:.. com destaque para o cinema e os jogos, Onde se sucedem ruas e praças. num ambientc Illurcado pela invariabilidade do estado de tempo. onde não há lugar à sujidade. ao pedimc, à in ..egurança e a outros males urbanos que marcam a cidade real. A aquisição do automóvel que em muitos ca~os foi possível pelo esforço conjunto do trabalbo de homem e mulher. permitiu o fácil acesso a estes novos complexos de consumo e obrigou a uma contracção nas compras que fez o s ucesso do:. locai ,~ onde é grande a proximidade en tre bens e serviços diversificados. onde se facilita a procura fora dos horários llorrn.lÍs de trabalho. Enquanto o aumen to médio do poder de comp ra dos portugueses e os baixos custos Ilxos do comércio instalado vão permi tindo a sobrevivência da maioria dos estabelecimentos de rua. ensaiam-se medidas de res trição às liberdades cm vigor (nos horários. na unxação de preços. como na comratuç50 de mão-de-obra) e multiplicam-se os esforços para dar nova vida ao centro tradicional das cidades. N~ cidade do Porto, corno há alguns anos noutras cidades europeias. o esforço tem incidido sobretudo na pedonização de ruas. na tentativiI de resolver conflitos com o uutom6vel e. nalgun s casos também, procurando d ar mais conforto à circulaç:io dos peões, A est:J acção somam-se outras. mais recentes e de maior alcance. corno a eriaçJo de espaços de estacio namcnto milrBin:lis ao centro (Clérigos. Trindade e Campo 24 de AgOSto). a manutenção e melhoria q uali tativa da presença cul tural (distribuíd3 por S, JoJo, Rivoli, Coliscu e Cilrlos Alberto) c os incentivos ii. fixação de população jovem (com a criação de residG.ncias universitárias . por exemplo), Paralelamenle. lançam-se progr<l!llils de


JO!;/;' A. V. RIO FERNANDES

HG . .:I - I'EnSPECTlVA IlA R UA OE JÚUO DINIS NA 1'ltl1\lE lllA META DE IlO Slh; ULO E NA ,\ CTUA LIDAIl E

452


Df:.:S/!'''OU~7H/;\UZAÇÃO. TCRCIARIV,ÇÃO E HEEl7NfJTIJNAÇ..iO TERRITORIAl.

l.l!limação C realizam·se diverso:-. apoio:-. ao cOllltrcio. muito e:-.pecialmellte na época natalícia . Tod.I Vi:L continua a ser razoa\'chnellle difícil e caro chegar I.! c:-.wc ionar no centro, enquanto que muito:-. dm edifícios não po'.,uel1l a.' condiçõcs mínimas para a instalação de serviços de v:irio tipo. corno urn s imples elevador. Parece que. tal como ocorreu no Centro Hi stórico. a decad~ncia do ed ificado corresponde a uma estagnação do tecido económico. enquanto outras loc:llizaçõe, periféricas - então a Baixa face ao que é agora o Ce ntro l-li ~t6rico. hojl.! a proximidade da, vias fundamentai:-. da rede rodovi.íri:l nacional face à Baixareforçam a sua atractividade e adquirem nOVOS sig niticados na reestruturação urbana. Esta situação não é única no contexto do Grande Porto. embora a tinja maior significado na cidade-centro. Tambêm em Matosinhos ~e temou fazer da pedonização da Rua de Brito Capelo o motor de uma vivificação do centro que está ainda longe de atingir-se satbf:Horiarnente. A saída dos Paços de Concelho primeiro c o de~:lpareeirncnto do tran sporte público depois. sem o espaço de estacionamento necessário para a procura motorizada assim potencialmente aumentada. fc'l com que. cm muitos e~ tabel ecimen to ~ relalhistas. o volume de vcnda~ tenha diminuído e muilas da~ refeições antes rcalizadas nos re!.taurames da proximidade. tenham migrado para outros locai~. com de~laque pa.ra a vi/.i nha Leça da Palmcira. Enquan to se espera. com apreensão a abertura do Norte Shopping e. mai~ li .,u!. a reconversão do an tigo tecido indu'.trial cm cllpaço de serviço!> permanece por fazer. o que 1'>C cortlpn:cnde com facilidade, ate ndendo a que co ntinua ainda por vender-se uma muito boa p:lne do ele\ladíssimo volume de construção realizado em I1nais dos anos 80 e princípios de 90 a pensar na venda de escritórios (\'eja+sc o caso do Oporto Ccnter. da Torre das AlUa,. ou do Edifício Scala). Na Maia. a falta de um centro fOrlc a~~ocia·:-.\! a uma prcsença pouco sig nifi cativa de comércio e :-.erv iços na cidade. parcia lmente compen,ada por dois centros comerc iais que incluem hipermercados Ju mbo e Continente. Em co mrapal1ida. tal como em Matosinhos. não existem s inais de recente de~indus­ lriali zação. antes u intctlç~o de criar no\'as associações I.!ntrc a invest igação c ii produção industrial (está h:í muito prevista a constituição na Maia de um dos três polo~ do Parque de Cicncia e Tecnologia do Noroeste). Valongo e Gondomar. COIll diferenças interna, IIOS rcspecti\'o1'> concelhos face a Emlesinde e Rio Ti nto. mant~1ll um papel secundário no quadro do Grande POrto. com a persbtcncia de um tecido industrial. comcrcial e dI.! ser\'iço:. bastante débil. marcado pela larga predominância de pequenas empresas industri ais. Clll llluitm, casos de carácter familiar e artesanal. e estnbclecimentos retalhistas c de serviços que asseguram apen:H. um:l parte da~ aquisições de bens c ~erv i ços da populaç;lo rco.;ideme. Para lá do Douro. Vila Nova de Gaia prolonga a um menor nÍ\-cl de intensidade e qualidade. na Ribeira c na Avenida da República. as caracleriSlica~ do Parlo Ribeirinho c da sua Baixa . Assim como. jU1l1O à Arrábida os «shoppings» prolongam a Boavista. Ape:-.ar da relativa autonomia das cidades e nvolventes do Pano. onde forç:ls endógenas de afirmaç:ío se cruzam com out ras. hOlTlcgenei7.adoras. imposlas a panir do exterior. permanece uma clara diferenciação a dois níveis: fa ce ao Pono. entre centro e periferia: umas relativamcnle a outr::l:-'. enlrc litoral mais desenvolvido e interior peri férico.

453


JOS!:./t . V. RIO FEHNANDHS

"'--'----

-

-

--

Mai ... no centro. eomo se viu cm Lordelo do Ouro. e cm todo o ociden te, no Pano ma!> tamhém em Senhor a da Hora e a su l da Ponte d:l Arr.íbid a. os sinais 'lponl:u n para urna desi ndustri alizaçJ o que abre pona~ às novas afirma ções do lerci:írio. seja do que ~e destina ao consum o final (com destaqu e para os grande s centro . . comerc iais). seja do terciári o mais directa mente ligado ao apoio a outras cm presas (ondc se des taca o papel finance iro do Pano e :l especia li7açrio no lr:tnsilO de mercad orias em Matosi nhos). Em espaço s mai .. pcriféricos ao Pano e muito em especial do lado oricnla l. entreta ntu. "';10 pouco visívci s os í.inai . . de tcrciari zação. parece ndo predom inar os elemento..; de uma indu . . tri:tli zação feita de pequen as unidad es que se vai fazend o a par de um" especia li/:lção residen cial que aponta . no ~eraL para a manute nção ou ;III! aprol'u ndamen to. elllten nos relati vos. de reduzid os níveis de poder de compra da larga maiori " dos momdo res. Pane do que "firma mo ....... e pode const:ltar. para os anos 80. da aniilisc dos quantit ati vos in,crito s nos quadro s de pessoa l do Minist ério de Empre go e Segura nça Social. tratado s em trabalh u reccnte 4 • podend o verific ar-se a perdn de unidad es industr i"is e de empreg o por parte da cidade do Pano c ganhos cm todos os municí pios envolv entes. Destes. Maia e Matosi nhos srio os que recebem maior número úe novos cstnbc !ccimc ntos c onde estes tém maior dimen são (avalia da em trabnlh adores empreg ndo:. por conta de outrém ). enquan to que em Gondo mar e Valong o. ns novas empres as aprcscnt:lm menor dimcns rio e são cm número que pouco ultrapa ssa o da:. que encerra m. num balanç o positiv o que é inferio r cm número de eswbelecimento,> c trabalh adorc . . ao ocorrid o cm Vila Nova dc Gaia. que ocupa po,ição intermé dia. Ainda com recurso ti citada fonte. import a notar que rclativa mente aos movim entos de migraç ão. l1lab d<.! metade da ... relocal izações regista das ocorrem do Pono para a perifer ia e têm corresp ondéncia no aumen to da dilllcn . . ão das empres as. No contex to do Grande Porto import a aind" notar também que o proce:-.sn de lerciariL.açJo se feL. em parte com recurso a (:ad:l vez maiol'c ....... uperfíc ies. unde :\ proxim id:lde ;)s princip ai ... via .. rodoviá ria ... c a posição das edilida des ajuda:l explica r a sua di stribuiç ão territor ial (Fig . 5)5.

v. Co nclusã o: IndÍls ll'ia c TC l'ciádo (r e)cs lrulru turaç..l.l 0 do urban o

ItiI

(l'c)cOl1 stl'uçã o

d~1

cid a de e na

A medida (jue avança um pruccs~o de urban i/,açrio que reconq uista e recicla o ... eu interio r (com renova ção da rrente urbana . reabilit ação do tecido mais antigo e \ivilica ção do centro tradici ona l) c se extcndl:. rurbani z.ando um rural ri . . icamen le cada vc/. mais distant e ma . . tcmpor alment e lll,lis próxim o. ocorre um procl.!sso de tc rciari7 ação que ahl.!ra a correla ção no empre go e modifi ca signific ati vament e a compo....ição do espaço urbano e a sua pa isagc m. No lugar da ... cb:ullinés. multipl ic:uu·s e os grande s edifício s colorid os e brilhalllc~; no lugar da~ unidad cs produti ,-a . . que rccmta m morado res próxim os c que têm efeitos direc tos na econom ia local. mu!tip li cam... e as grande s empres as de Ulll altcrad o terciári o que se voltam para si c para a re(.'onslruçao de lIrna cidade de amenid ades desama rrada da envolv ência. ou criamse articula ções comple xa ... de unidad e ... de );c..;tão de el1lprc~as cada vez mab depend entes <lo que ocorre a largas <Iist~l1lcias. 454


IJE5ff',DVSTRfAl.17.A(ÂO. T/:..·RClARlbl ÇAO I, REE~TRUTlflltlÇÃO Tl-./IRITORfAf.

FIG. 5 _ CENT n OS COi\"IE n C IA IS E lIIP E R t\ IE I{CA UOS COI\ I I\ I,\I S UE lU 0110 ,\ 11 D E SUPERF íC I E. PO R CONCELl IO. r-; O G n ANLlE PORTO ( 1998)

N

T o

~

,'-------',

Km

Su["'rfkio om m2

~

" ""

'''"' "'" """

""'." Ill.", """',iário>

(u"":",..n.,,,

_____ Um;'" de ",u"i<'imo

455


JosE: I\.

~~----'--"

V. RIO FERNAN/)E~

Enqu:llllo um; falum da indiferença locativa. outros (cadu \ez mais. importa regi,>tar). falam dos terri tó rio,>. enquantos espaço,> com determinada especificidade cultural c eeonómica que pode ,>er utilizada com vantagem pelas empresas na concorrência global. Este debate é idêntico ao que se fa/. relativamente il possihilidade de havcr fim p:lr:l :I infinita replic:lçãu de cidade. com centros comerciais e parque:. tcm:ítico'> a permitir reconstruir o l1lundo perfeito. da alegria do con:.umo e da d iversão. do urbaniw sob rco(.:u pado e permanentemente angusti:ldo. Processo que talvez não e!:>leja ainda pert o de terminar. no quadro de um 11100irnenlo de profunda rc,>trulUração da economia. dos territórios e de todas as facet:Ls da no:o,sa vida que. talvez daqui a alg um tempo. a exemplo do q ue ocorreu há algumas décadas. todos venham a chamar de revolução. De facto. importa considerar que. num processo de contínua mudança. atravessamos um período p;micularmctHe rico lHl variedade. c profundidade das altcraçõe.:-.. uma das quais. porventura uma das mais IJCrccptÍ\'cis e acciles. tcm ii ver com a diminuiçãtl da importância da indústria no emprego e na ocupação do solo urh:mo e com as nova.~ rorma~ COIll que esta ac tividade se articuhl tl investigação e a ...erviços os mais divcr:o,oÍ>. na composição de nova .. formas territoriais. Em contraponto. parece igualmentc pacífico aceitar-se. para o tcrritório do Pono CIll geral e para o seu lado ocidental e Cedofeita e Lordelo em panicular, UI11 1l10virnelllo de ace.n tuada desindustrialização e progressiva tcrciarização. Face ~ complexidade e imprevisibilidade das lIl utaçõc,>. todas as opçõcs parecem cm aberto. excepto o retorno ao SIlIllIS q//O Ol/fe. E. nest;l recomposição urbana. feit:l de tentativas de conquista do rural. d<l construção de cidade nova nas periferia:-.. Oll de um retorno ã cidade existente. o nde se. mistur:Jm e baralham os sinah de IJCrifcrizaçi"io e de dcsterritorialização. ou de reforço do papel da especificidade do local e do urbano. o Grande Porto pe.nnanece m:lrcad o por um passado que lhe confcriu lima dimensão c uma concentração de pes ..oas. infrae,>lrutura~. equipamento .. c ,>cniços que marcam positivamente aÍ> possibilidade:'. que ,>c culocam ao seu futuro. Mais do que ~l competição entre os varias município .. que compõem Grande Porto e de uma dicutomia centro-periferia o u Este-Oe ... '!! que se acentua com a reestrllluraçJo económica cm CUfl-tO. importa cne:lrar a ques tào da n::organiwção espacial do Porto t! Grande Porto num espaço geográfico alargado e numa competição internacional. Nesse quadro. este território. apresentando uma multiplicidade de qunli~ dades e dew~tntagens. compõe. na SU;t diver<;idade. uma p;trticular identidade. nas harmonias e no ... con trastes. constuindo-se co mo um todo que tcrü que con tinuar iI ..er muito mais do que a soma incoerente lia, parte,. Porque o verdadeiro de .. afio .~cr:í o do combate :1 fragmelllaçílo. entre o que existia c o que vai exi<;tir. elllrc as parcclas do território com os s!.!us habitantes mais «:Idiantados}) c «globalizados» c os que pareccm alr<lsados. porque mais amarrado., à pré-e.'.;i:-.tência. Num p!.!rfodo de fortes mud:mças cstruturais e de rccomposição telTitorial. a nossa opinião é que. por cima das restruturaçõc .. da ba ...e económic:l e da organização territoria l. o que verd;tdeiralllcntc importa é conferir competiti~ vidadl! com ~ol i dariedilde. tlHHUendo e qualificando a coesão que permi te a identificação entre () território e os que o vivem . com o alargamento ao maior número possí"el de pe ..soas das vantagens que de\'crJo decorrer de um significativo e equilihrado dcsenvolviJl1!.!nto económico médio.

°

456


DESlr.DU!.7RIAUZAÇÃO, TERCfARI7..AÇ,\O E REESTRUTURAÇÃO TERRITORiAl.

--

BIBLIOGRA F IA ASC HI~R. Fr..lI1çoi, ALVES. Manuel 11 •

Mérmp<IIi.I' (J/II'</l'<'lIir.lrl ,,1111'.1'. P"ri~. Editioo, Qdite Jacob. 1')')5, I)aulo _ H"f'nmlllmriio IIdXllrll .. Irmlencia.1" Ilr rdlk.·(IIi~(If"" ,fu~ '-"'I'r(',"'l 1/" tÍr,-a /l1""'OIMlífall/l .III I'ono nu.' tII"'.1 80. Pono. «Sociedade e Território". MAD1~UGA.

n. 23. Ediçõc, ArroIHamcllIo. 1996 BOURNE. L.S. - Tllf' Hocpk/' f<,ClUr.. iII ,-("<)IIm"i" G

",,'lnllm/I1m, <lrf'Us:

li

~e"J:rufl'''', U"cI'dillS ,","", ,)\"~IC"" //Iul 1:""SI"('I,III('fl/ "8<'111/" I"r 1/", f99()"., //Ir.! b".,·/)/ul. \\'orcc~lcf.

Economu.: Gcogr:Lphy. Clark Univer..lly. 101. 67. n,~ J. 1991 CARTER. H:lrold - r/""II/d,' "fll/'h"" kf'''$:ro/,II,', Londrc~, Arnold. 4.' cdiç,IO, 1995. DOMlt"GUES. Álv"ro - P"Ulic<I IIr/Jmlrl f' ClmlfJt'liti\"idndl'. 1'.l!1o. "S<xicd"d" " TcrrIlÓrio~. n,Q :n. Ediçõc, Alronl:l.melHo. 1997. FERNANDES. lo,,! A Rio _ !'orto; c/dml,' " cl", ..hrio. pOrlO, Arquivo Hislórico ua Ciim:lfa tI.'lunicip;l1 UO Pono. 1997. GAUD/N, Jc:on· P",rrc - jL.~ "''''''<,II<,s ptl/uiqllt'l "rbail/t'l. I'an'. PUF. 1993. MAGALl IJES. M,m~ M:tdal""" _.t i",f!iSlrin 110 Pano lia fJrilll";m ""'lIIdt' </0 ~t'c"/II XIX. Pono. "Rc\' i~ta ua I';lculd .. dc de Lelr", - G"OJ;r:,fia,.. Pono. I,· ~éric. \01. IV. 1988. Idem ~ A,p""''''' II" i"du,vr,..lIi:uç<;o til) Por/(} (texlu ue :'llO\" i,s ~arda~ de e:~lUdo na AMP. V I Culilquin Ihérico de Gcogratia), Puno. Inslllulo de Geografia II:, Faculdade ue l..elras da Unil cr..,u,"ue du Porto. 1992 MAGNAGHI. Alhcrhl-II lerM"ri" Milão. r-r~n.:() Anllc\! Lil ri. 2." euiç;'lIJ. 1991. MARQUES. J le:luer: FERt"ANDES.l""é A Rio: MARTINS. Luf" P:lUlo ~ I'nno: "crc/lrl'O) 11m' ".<pt.(',,-, <' ml"mllrias. Pono. Ediçõc~ Afrontamento. 1990. MARQUES. Te:n:,~ Sá - A indl,s/rillli:Jlfi1" IUI HlflNl IIIl'1"'jl<llilfll/tl I/O Por/o Ile:XIO de: apoio às ,,,fda, ue c,ludo "a AMP - V I Colóquio Ibéroco de G.:oJ;rafi,,). ')onn. lr... lilUlO de: GeoJ;r;lfia da F'Lculd"de de Le:Ir.I.' ua UnLI'cn;idadc do 1'0rtu. 1992. Nt::VES. Anló"io Oli\ cir" d,"~ - PI",,,,,,,,,,,,,,,, <,,<trmé/{ic<I <: l'idQ ,II' ,'ill" l/as cidlult'S: cu .... "m/,',,~· d<: 1..J~/)(j/l I' II,' /Juralm"" OcinL'. Cd!:! EdilOlõl. 1996. OLIVEIRA. J.M. Pcre,ra de - O ".'·/lIIfll !lr/mllfl do P"rll/: ,·mu/i(";;,'.,· I/tI/llrai., <' d<'ll'm'oll'imemo. Coirnhm, In,tituto de AlIa Cultum. 19n

"""'' ' '1""".

NOTAS I. Corno notou Mou"!cn,, Akgro Mag;olh;'lc,. I11 /bp,·(·/(J., dll 1I!",,"lrilll,~[lrii{/ /10 PI/rIO, textn de apoio;" ,ô.íd", de e'ludo que tivcr:lm lug"r na AMP durame o VI Colóquio Ibérico de Ceogr:oI,a CSctemb-ro Ue 1992).

2 , Il d""a MadtJreil'il; LtJí, MC"lu;fa - f)im;mscns (errl/or;IIÚ dll 111.111"'1'111 t'm Lonl"/<I l/O Ol/ru. Pono, FLUI'. ]<J9(). polie. 3. J . tl.1, PCI'("nl de OIi\'Ctnl - O I:JIHlfl/ Ur/UI/IO do POr/O: e"/I("f,k.~ IIIlIlIrl';,"" 1/t'~I'",·n/'-;",el!l". Porto. In'titulO de AlIa Cullura, ] 973. 4 M"nuel Tlr:lIld~o A\\"c~: r~uln Madruga - Ree.~fnm".(lçi1() //I'!JWIlI (' fl'",I';lIcill~ ti" rt'lm:<lI':lI!:iio tla~ ""i/""."" III/ ti,.,'1I i'IINml",litrl/la do Por/(( IW.~ mw.\" 80, 1'0110. «SOciedade t' Tcrruóno» n. fi 23. 1996. pp. 61 ·7.t 5 NOlc" ". panleUlamlCnle. o uc~povo:.J/ncnlO cm GonuO!lI"r t: Valollllo e a uifercnç.:L Cll1rc o que i<C pa.·,,,a na cidade do I'ono (sem hipcrmcrcado~ e J;'J;anlcscm \'Clllro~ comcrcial~) e cm M:uo,inhos. M~;a e Vil" Nm;( de Cai" (sede de none par.! ~ul. NOMe Shoppmg. Jumbo. Maia Shopplllg C C"rrdour, Arráh,da Shopping e G;,;" Shopplllg. rc~pcclivôlmelll,,).

457



EXPOSIÇÕES, INDÚSTRIA E TURISMO REFLEXÕES SOBRE UM TEMA DA ACTUALIDADE Luis PA Ul.O SALDAi'HA l\'IARTINS I",titulo de

GnI~r.líi" d~

f1.Ur

A indústria c o turiS lllo estão indissoluveJmCnlC ligado... tanto cm planos processuais como conceplUilis. mio parecendo existi r dúvidas quanto à importância das interligações passívei s de serem estabelecidas entre estas matérias. desde a mais imedimistn referência à ,<indústria do T urismo». Numa «perspectiva histórica». tOdavia . faz sent ido relembrar que o fenómeno turístico. nos se us contornos actuais. emerge claramente no período do pós-guerra - pda dimensão, pelos efeitos económicos c sociais ou pelo ordenamento do território - ainda que. estruturalmente, o turismo possa ser consi derado corno decorrente da própria Rel'oll/reio II/dl/Slda/ - notlleadnmenle ao nível do..; transportes . da organização das viage ns ou do alojamemo hoteleiro. Importa também ter presente. que a estreita e intensn associação entre o progresso industrial das nações e a divulgação dos :lVa[lço~ técnico.'> e tec nológicos alcançados através da rcalização de «exposições universais), que foram promovidas de form:l continuada desde o século x rx. poderá suscitar algum interesse Ilum congresso que versa o lema indústria e. sobretudo. numa altura el11 que são j.í visíveis os efei tos da ca mpanha de promoçãu da Expo ·98. a exposição internacion31 de Lisboa a inaugurar em Maio. Estas manifcstaçf>es. para além do mais. constituíram e continuam a constituir e lememos de referência na acti vação do IUrismo internacional integrando-se nu conjunto dos «mcga» eventos que são disputados no cenário internacion3!. pelo prestígio c pelos dividendos que posS3m ser retirados d3 efectivação dessas cxposi çôcs. Será em torno desles elementOS. do lrifmgulo ICmático consriwído pel3 indústria. pelo turismo e pelas exposições. que lie tenwrá estruturar este artigo. equacionando d~lllro do possível a multiplicidade de interligações que lhes estão subjacemes. lentando ter sem pre presente :l ideia de que lima pane substancial <1m; reflexões aqui vertidas . constituem matérias em desenvolvimento. eve!l1ualmente enquadriltórias Oll estimuladoras de projectos de invesligação a empreender.

Notícias c aconteci m e ntos do Po r to da segunda metade de oitocen tos

Há 100 ano!'>. o dia dclit:l comunicação - 5 de Dezembro - era Domingo. Folheando e lendo " O Comércio do p()rlO J> é possível inferir que os tempos não seriam do.! especial euforia e nenhum tema parecia desl<lcar-se ou ser eleito como principal preocupação da nação ou dos portuenses . O s assuntos tratados. por outro lado. s::io de um:1 actualidade de~CQl1certante; problemas laborais relacionados com o emprego público. sobrerudo pela existência de excedentes em pessoal: 459


Luis PIIUI_O SAUJANIIA MARTINS

problema:. de en .. ino. mravé:;; da discu:;;são da re forma da in:;;trução secundária: criminalidade. com o relmo de diver~as ocorrência:;; com pormenores mai:;; ou menos hediondo:;;: saúde. através da nOlícia da vacinação de 20 crianças pelo médico municipal. Dr. Ricardo Jorge: solidariedade social e beneficência. com a realização de algumas «kermcs.~cs». No capítu lo do lazer. era conferida alguma notodedade a actividades desportivas sendo nOliciado um mwch de fOOl-balf que teria lugar « 110 amigo hypodromo de Mathoslnhos ... entre sócios do Real-Velo C1ub do Pano e do G ymnás io Aveirense» e um passeio velocipédico do Real-Velo Club do Porto a S. M::lmede de Infesta co m saída do Pal;jcio de C ri stal. Encontram-se igualmente referências à re:\lização de espcct5culos nos teatro:. do Príncipe Real. de D. Affom.o. da Trindade e de Carlos Alberto e da preparação de um outro no Tcau'o de S. João . O aspeclO que. de qualquer !'orlna. merece mais de:;;toque é a realização no Palácio de Cristal da Exposição da Indúst ria Portuguesa. que aí decorria havia algum tempo. Se as chocadeiras artificiais tinham constituído um dos grande:. sucessos da exposição traduzindo um elemento da modernidade da agricultura. o concerto no «gra nde órgão da nave cemral ». a execução de trechos escolhidos pela profe~sora «madame Adrienne Pilot» nos pianos de construção portuguesa exibidos pelo sr. Delerue. e a «música pela band a d:1 guarda municipal,) a exemplo do que vi nha acontecendo todos os domingos. mostravam-se elementos fundamentais à captação de vis itantes ao Pal 5cio de Cristal. Apesar das vicis.<;illldes atraves:.adas pelo Palácio. aplÍ:. a exposição de 1865, mai ... de trinta anos depois. c:.te espaço continuava a ser uma referencia obrigatória na cidade do Porto. constituindo um exemplo paradigm:itico da capacidade de iniciativa do:. portuenses. Seria possivelmente a materialização mab sign ifi cante do enorme progresso - numa designação actual Icr-:.c-ia desenvolvimento - que o POrto havia vivido a panir de meados do século XIX . exteriorizando e rormalizando o sentir liberal. sublimado pela vitória conseguida a partir do Porto. Mas. se a cons trução do Palácio de Cristal significara o consubstanciar de um conjunto de iniciativas que vinham desde as exposições agrícolas e industria is iniciadas nos alias 50. constituíra apenas uma parte dos elementos de modernidade que caracterizar:ltn a cidade na époc'l. nflo só ao nível das real izações m:\tcriai:. como da transformaç ão dos costumes. Atravessara-se uma fase de profunda mudança social e urbana com a criação de novas insti tuiçõcs. com a introdu ção ou a consol idação de novas formas de pen sar e realizar ao nfve l soc ial. económico ou político. com a criação de novas indústrias c nova~ vias de comunicação. A «normalidade)} retlcctida na s páginas de dO Comércio do PorlO» 11l.ISC:trrl. assim. a inten . . idade dos acontecimentos da segunda metade do século XIX. de onde sc de:.laCllm. a par da construção do Palácio de Cristal c das exposiçõe~ que aí :.c realiZ:lr:lm. o:. avanço:. nas vias e nos meios de tr.mspone. a exemplo do comboio ou do «Americano». Estas duas com ponentes merecem ser evidenc iadas na modernidade portuense. at~ porque se ii época desempenhavam Ulll papel primordial. actualmente continuam a revelar-se de enorme importância tanto nacional como internacionalmente. 460


I':X/'OSIÇÕES. INf)Ú~TRIA E TURISMO

Elementos so b .'c a

e "o l u ~ão

das feiras c das

exposi~õcs

internacionais

Desúe meados do século XV IIf ,nê à actual idade. a realização de exposições-feiras foi-se vulga ri zando. podendo cOllSti tuir um dos elementos de referência da dinárnica dos países ou da" regiões. Quer através da canúid;lIura c promoção de «mega evell!os». de carácter único. no :imbito du Bureau International des Expositions, quer através da realização de «eventos» de expres:-.ão internacional ajuswdos a calend;írim. temáticos de carácter cíclico - frequentemente anuais -. ou através da realização de exposiçõcs-feiras de âmbito loc;,l e regional.:\ reali7..aç:10 de q ualqu er destes certames tem-se firmado como vector fundam ental de animação económ ica e cultural. Em 1756/57. em Inglaterra. a Society af Arl.~ promoveu uma cxibiç:1o. possivel mente pioneira. de produto:. manufacturados. enquanto em França. em 1798. os produtos franceses eram exibidos com tal sucesso cm Paris que a exposiç:io foi repetida. ;linda no mesmo ano. h.:ndo adquirido lima periodicidadc trienal a panir de 1802. Depois destas ini ciativóls precursur;Js. às quais se suceder;lIll algumas outras nos ESlados Unidos ou um pouco por toda a Grã-Bretanha. entrou-se na fase da ... gru ndes exposições internaciona is. A primeira grande exposição internacional teve lugar cm Londres em 1851 promovida pela Society of Arrs presidida na allur;J pelo Príncipe Alberto. Dublin I! Nova York promoveram exposiçõcs cm 1853 e. em 1855. sucedeu-lhes Paris. de no\'o Londres. em 1862. antes da exposiçfío do Palácio de Cristal em 186S. Na altura. eMavajá agendada a exposição de Paris eJIl 1867. à qual se seguiu Viena. Filadélfia e de novo Parh. O rilmo de realização de exposições cresceu signiJ"icativamente nas últimas décadas do século passado e na." primeiras do actual. A grandiosidade aumen tou também. comribui ndo para consol idar e para modernizar o lec ido urbano das cidades que as acolhiam. t:1OlO pela impon":ncia das obras como pelos novo" espaços conq uis tado:.. As exposições serviam igualmente para afirmar a, imagens intcrnac ionab dos paíse'\ nos domínios técnicos c das artes. contribuindo. fin~!ImenlC. para lima definição das hierarquias de cidades europeias e mundiai.,. gu indando especialmente Paris e Londres ao topo da centralidade. O aumento do número de cxposiçõl!.,. o sucI!:-.so das várias iniciativas. tiveram como resuilado o ;jumento da pressão exercida sohrl! 0:-' países para estarem presentes. empenhando-o~ na qualidade das representaçõcs. Ass im . melhor se compreenderá. a procura. desde 1902. por parte de diversas organizações nae ionai s envolvidas. de pla t:lrorrnas que permitissem estabelecer critérios pa ra a regulaç:1o da realização de exposiçõe~. através da criação de uma comissão sediada em Paris e que daria origem em 1908 à «Federação das comissões permanemes de cxposiçõc:.». Perante alguma ineficácia da cooperação internacional. e:.ta iniciati\'a roi sucessivamente aprofundada em base diplomática com a real ização de uma conrerl!ncia em Berlim em 1912. que veio a culminar. com um alraso provocado pela Primeira Grande Guerra Mundial. na conrer~ncia de Pari s. e m 1928. que definiu os princípio~ das exposições internacionais e criou o «Bure:lu imemalional des exposi lions» (BIE). com o acordo inicial de cerca de quatro dezena" de países'. A implementaçJo da regulação teve. entre mu ras consequl!ncias. um .. clarificação do conteúdo das ex posições que. a pouco e pouco. de ix aram de alimentar o carácter univer:o;al. que havia caracterizado as exposiçõcs da segunda metade do século XIX.

46 1


Luis 1',lULO S,lUJANHA MARTINS

o pÓ" Segunda Grandc G uerra trouxe um novo tipu de exposições. pontificando as abordagem. temáticas com um forte carácter pedagógico tentando promover o conhecimento dos meios eXislellte:i para li humallidade satisfa:.er as I/ ecessidades ál'ili:.a(.'iO/wi~·2 . Desde a promoç:lo do humanismo em Bruxelas. numa fase de pacificaç:lo europeia. aos temas espaciais de Seattle. ao relacionamento entre a humanidade e O!o. rccur-.os. à tecnologia. ao desenvolvimento e aos oceano!> (Okinawa c Li sboa). as exposiçõe~ versam temas particularmente s ignificantes para a segunda metade do século X X . passando o suce~!o.o das iniciativas peja escolha dos mais mediáticos ou pela tentativa de lançar novas frentes de discussão ;1 partir do ambiente ou da energia. A candidatura continu a a s ignificar. lal como em décadas anteriores. uma oportunidade de promoçilo dos países. importante na captação de visitantes ou na activação económica. ]>o r todo o movimento originado em torno destes meg:1 acontecimentos. mas passou t:.lmbém a servir de núcleo das campanhas publicit{lrias de orientaçiio turíst ic::1. de motivo para conti nuar ri construir a cidade ou a requalificar e fC"ita lizar áreas com baix:l qualidade urb:llla. Servem igualmellle. como fenómenos instigado re~ dc alterações inadi::í"e i ~ I'cunindo o «orgulho» nacional em torno de deci~õcs irrever~í"cis, enquanto. por último. parecem di~sociar- ..e das principais cidades mundiais. De qualquer forma. :t multiplicação da" expos ições. alguma banali.-:açilo que as caracteriza. até pelo aparecimento de parques temáticos permanentes que alllecipam e difundcm alguma~ da~ novidades ma is destacadas. a diluiç:lo e des;lrticuJação de ideais ou bloco!> intcrnacionais - os nacionalismos o u a «guerra fria» - diminui ndo alguma da tens:lo internacional que alimentava os COJlfronto~ e compa rações e ntre países. a c r e~ce nt c pcnetraçi\o das mu lti nacionais. substituindo-se à~ lógica~ lI:lcionais ou internacionais. tem dado lugar a m arca~ menos dUJ":ldouras e mai" vol:Jteis tanto em termos morfológico!> como de contelÍdo simbólico.

A expos ição de 1865 como Cl.ltalis adora da Illodcnlidade

A realizaç:lo da ex po!>ição de 1865 no PortO reuniu cm torno de um projecto muit::1 da capacidade de in ici:lliva da cidade. O apoio C a presença fís ica de D. Ped ro V poderia também querer .. ignificar o interesse da nação na consecussão de tão ambiciosos objcctivo!>. No entamo. enquanto noutros países o processo organizativo dos certames precedente!'> se centr.:wa cm instituiçiics influentes. com associado!> influen tes. capazes de projectar o sucesso das in iciativas internacionalmente. no caso do Porto. e apesar do patrocín io da corn:l 3 iniciativa. tratou-se claramente de um processo de fLmbito !oea l. rc!>trito. incl usivamente. a um grupo de notáveis e vision:'irio~ da cidade. A expre!>são local da iniciativa é também referenciável no reduzido efeito sobre o resto do País como ..,e infere da leitu ra dos periódicos da época c ;IS rcservas que emm postas :Lill iciativa. Acresce. a alteraçJo do preço dos «bilhctes de admi .. ..,ão na exposição internacional do PO!1Q») como rorma de tentar aument:lr 462


EXPOSIÇ{H:S. INDÚ~TRIA E TURISMO

a procura de visitantes 3. Esta redução foi objecto de publicidade «nas esquinas e ruas de Lisboa [andeI foram arixados grandes e vistosos cartazes annunciando a última reducção nos preços de entrada .... de grande formato. e com grandes caracteres impressos a cor vcnnelha» tendo no centro uma aguarela representando o Palácio de Cristal-4. Para além dos efeitos decorrentes da própria exposição com motivação e efeitos endógenos. ela surge t:Jnto como o resultado das dinfllnicas da sociednde portuense. nomeadamente ao nível económico. corno fortemente instigadora das transfo rmações soc iais e cullurais. ao pOnto de Alberto Pimcntel afirmar que o Pa láeio de Cristal rom peu com os «austeros costumes» portuenses. Mas. se esta mani festação aproximou ainda mai s o Porto ao resto da Europa. recuperando a vertente tem:hica do prato-lU ris mo. poder-se-ia tentar encontrar variáveis indiciadoras daquilo que à época pudesse marcar o comportamento de alguns grupos sociais. De um modo gcr.lI. a crescente internaciona· lização das exposições do século pass:ldo e:l difusão de informação privilegiada sobrc estes acontecimentos, ao que acresce o desenvolvimento dos transportes. tanto marítimos como ferroviários. constit uem vertente!'> e!'>seneiais de abordagem, permitindo supor algum itUeres:-;e em torno destes novos mOlivos de atracção. No enlanto. basta verificar que a hotelaria do Porto se encontrava :linda numa fase pouco evoluída. rcllcclindo !'>cguramentc um.:! procura incipiente. ou que a emissão de passaportes de viajantes demorou a an·:lllcar. p:lra ser po!'>!'>ível duvidar dos efeitos estimul;ldores dos acontecimentos referidos. Nesta per!'>pectiva. a emissão de passaportes a partir do Governo Civil do Porto. um indicador quantitati vo preciso. põe cm evidência um arranque ténue após a Primeira Grande Guerr;l Mundial, c fina lmen tc alguma animação posterior à Segunda Grande G uerra Mundinl. sugerindo que o interesse pelo turismo já nada terá a \ler com a época de exaltação da segunda metade do século passado. NÚl\ t E IW OE I',\ SSA I'O HT ES OE VIAJANTES CONCEDIDOS PELO GOVE HNO CIV il. DO PORTO ENTltE 1896 E 19<> 1

1• !

-

463


Luis PAULO SAWAN IIA MARTIN S

Os calcnd :'írios das ()q~:.mi zaçõcs co m o CSIJelho das é pocas ( 185 1 c 1865- 1998 c 2005) Desde o sécu lo passad o até à actuali dade, as alteraç ões que tiveram !ug:l l" nos domínio!'. aborda dos 11l! ste texto. foram tão signi licativa ... e tão diversi ficadas que, nào só serã prohle mãtico tentar identif icar os planos em que mais se fizeram ...entir. como será delicad o e mesmo imprud elltc eviden ciar elemen tos da s duas época .. para ilust r,lr as diferen ças. De qualqu er forma. entre ,b múltipl as ;t!terações que caracte rizaram a evoluç ão das temátic as tratada s. será talvez ao ní\'cl dos proces sos o rgani zativos que mai s se terá feito sen tir essa evoluç ão. n:ll11edida cm que a c ... poruan eidade foi sendo afastad a c se cami nhou no se nt ido de planifi cações cuidado!'.as. Poderá assenta r nesta verten te uma componel11e fundam ental da mudan ça. na medida em que enquan to no sécu lo passad o o amado rismo e a boa vontad e não permi ti riam perspec tivar as realizações a longo prazo. na actuali dade. a necessi dade de planific ar e prospe cti\lar é sempr e incont ornáve l. e será tanto mais determ inante . quanto maior a dimens ão dos project os e dos investi mento ... , No entanto , o carácte r espont âneo e imedia ti sta que caracte rizou algum as das realiza ções do século passad o, poderi a permit ir prolon gar o seu efeito por década s, acaban do por ter uma extensã o temporal relativn1l1ente longa. assim corno conseq ul!ncia ... durndo iras e muito sig nificat ivas. As exposi ções mais recen tes. pelo carácte r cresce n te c essenc ialmcn te virtua l de muitas das compo nentes COm muior visibili dade c signifi c:ldo. poder- se-fio exauri r no própri o mome nto do e ncerra me nto. sobretu do na medida em que novas manife stações emerge m. substit uindo em visibil idade as ;mterio res. sem que. todavia . os efeitos multip licado res ou reprodutivo.., dos fenóme no ... mereça m saliênc ia. Nesta linha, raz sentido relemb rar que, se há cem anos o Palácio de C ristal portuen se con tinuava activo. só viria ::l desapa recer no início da década de 50, enquan to o londine n;.c. depois da exposi ção do Hydc Park. roi reconst ruido em Sydenl 1am. funcio nando como parque de lazer até se r consum ido pelo fogo nos anos trinta. dando nome. de qualqu er fo rma, a uma área do Sul de LOlldrc;. - C,)'.wa/ Pa/w;e . No caso do Palácio de Cristal portuen...e a primeir a pedra foi solenem en te lançada com a presenç a do Rei cm Setemb ro de 1861, cm 7 de Julho de 1864 foi ;Iprese ntada. só entiío. a propos ta de promo ção de ullla expo,iç ão intern:'j(.:ional c :I inaugu ração ocon"cu c m Setcmh ro de 1865. O project o londinen!'.e. foi iniciad o em 18-'9. pretend endo organizar uma moslr.l onde estivcsM!rn prescl1l es expositores de todas a ... nações «civilizadas». e inaugu rada a exposiç ão em I de Maio de 1851 no CI)'sta l Palac('. Num período relativa mente Cll 110, não só foi possíve l disponibiliz ar os meios human os. m3le ria b C rinance iros pma a Implcm entaçft o da exposi ção, como foi conceb ida. desde o project o à constru çao. uma estrutu ra arqui tectóni ca. construíd:I a partir de componente.~ pré-fab ric;tdos . da autoria de Joseph P'lxton . pcrcus "ora do concei to «sob o mesmo h!ctO»S e elemen to de referên cia da «arquit ectu ra do ferro». Em pouco m;lis de um ano. no Porto. foi possfvc l montar a exposição, is to sem levar em cons ideraçã o os contral empos com a com;tru ção do edifício . e em Londre s em cerca de dois anos. Pegand o agor~I no exemp lo da Expo'9 8. os e lement os de referên cia. a presen tam-se com uma moldur a absolu tament e diferen te. mesmo consid ercndo as necessidades decorrentes da. regulaç ão que o Bl E introd uziu. Em Agosto de 1989. a partir da Comis são Nacion al para as Comem oraçõe s dos Descob riment os 464


EXI'OSIÇÕES. INf)Ú~7RIA

t. TUNISMO

Portuguc se;,. 1>urgiu a idei'1 de Portugal apresentar a candidatura de Lisboa à organizaç;1o de uma exposiçüo i!lLcrnacional. A candidatura foi formalnll:nto.: apresentada cm Dezembro desse ano c cm J unho de 1992 o BIE volou favoravelmcnte : lS pretensões ponugue~asll. Decorrem. assim. nove anos entre a «idei a» e a abertura aliciai do certame. No caso de Aichi (Japão). a:-. primeiras tarefas preparatórias foram Icv;l(las a cabo a partir de 1988. a candidatura foi apresentad a cm 1':.196. BI E tomou uma decisão favorável em 19Y7 e a cxposiçao decorred em 20050).

°

Rcllcxõcs finai s Os avanços técnico .~ c tecnol6gicos estão hoje tão associado:-. ao quotiJiallo c assimilados pela «çÍv iIizaç;1o ocidcnt:1l». que já nào constituem eles próprios mOti vo de exposições internacionais promovida:-. 110 [lrnhito do AlE. relegando assim p.1ra outras feiras de eariz comercíal o papel nuclear da indústrb. Será mai s efeito e já nEio o objecto. que eonstilUi o motivo de diferendaç;io. tentando maravilhar pela ellloçflo provocada c não pela mo~tra inanimada ou peio fornecim ento de informaç;1o. ainda que actual. Longe já do formato que earaeteriz;w:t as exposições allleriore, :1 fundaçJo do BJE. hoje. :l:- exposições existem para todos os p,o.I"!os e feitivs. E se sEio importante . . por si próprias. cada vez mais constituem componentes do aparelho económico e de animação regional e nacional. adquirindo ..,ignificado na capacidade de atracção dos mais diversos acontecimelllos. a exemplo dos congrc:>sosi. Ainda que não ~eja possível determinar com ç]are7:l a cxtensEio dos seus efeitos. são. numa perspecti va externa. fundamentais para a af"írmaçf1o c promoçüo de um país. bem como para a captaçflo de turistas. enquanto. numa perspectiva interna. funcionam como \'eículo:-. do planeamento urhano e como motores de animaçflo económica ou cultural. A indústri.:1. por seu lado. parece cada vez mais colapsar perante as lógicas comerciais e a capacidade de vender suplanta. claramente. a capacidade de produzir. A relação tríplice a partir da qual se tentou desenvolver este texto. não só é materializável cm elcmctllos de di..,cuss;1o cama fixa muiws da:-. grandes transformaçõe ..., que decorreram nestes últimos 150 anos. Se era intenção discorrer sobre estes a:-.:-.untos de forma mcrametllc CXplol'illória pdo menos um plano jlllgaJllo~ ter ficado claro: o da necessidade em aprofundar o conhecimcnto destas tcm:íticas. reconhecendo-se :1 EX[lo 91-\ it virtualidade de suscitar a discussão. eventualmente conferindo visibilidadc a lemas quc por norma estEio votados ã obscuridade.

°

465


Luis PAULO SAUJANHA MARTfNS

IHBLI QG RAFlA Li ' TOS

h nprc~,s

FRANÇA. José·i\Ul!u~1O O "''''ulltlilm" ~1I1 f'"rw.r:lIl. 2," ed .. Lbboa. Li,·ro, Horizonte. 1993. MUMrORD. 1-<:""j, - A ,'u/m/e "li /Il.fttir;". 2.~ cd .. São ":lUlo. 1982 (I." cd. Ingle."'l 1% I l. Ponn IHó5 - IUlUI ",'IWx1r,io. Lisboa. Comi"al'iado da Expo.,içã() Mumlial dI' LI~ho~. 1994. SOUSA. Fernandu - JOrllll1 dr Nfll/':/t/.". 1/ mem,lr;a ti.' um .IA'ul" (/XXX 19HHJ. Porto. 1988. Inforl11:IO; ;;o .. , il"llIa l,.: J\S~,-",i"lioll. 1995 (hup :llw ...... e b .co.u kJ). EXPO'98 - De A 1/ Z. I <)9() ( hltll :II .... w.CXl1098.ll tl) EXPO 2000 I I-IANNOVI!R • Ali ,..nrld exfH','''"''u ai a SlllllCl! ( hllp:II""" ...C;\.flO2000.deJ). MARKET DEVI!LOI'MENT SECTrON OFFICE OF NA T10NAL TOURISM -llIIem(,,;o"(l1 1i.llw~IIÚJ/lf. (hl I 11 ://1011 ri s m .):ov .:1uI.

" Hi.'/Ury oJ /'(1/1'.1. Encyd,'pediól IlnlUJlI Ca e \VeSlem Fair,

FOnlc.~

ma n uscril:ls:

ARQUIVO DO GOVERNO CIV IL DO PORTO -

Lil'rt/

ti,· "'!li.lw de Iwsw'lwne,,' IH9II-/Y6/.

N OTAS I. Vcj,,-...... 0' lexto, ..on li ne,. d.1 .. EXPQ 2000,. - Hanno"cr (hUI):lIww"'.C;\. I)02000.d el). 2. /(Ielll. 3. 0, lIilhele., d,. m/ml~,',io IJII expo,l'i("àn ""," 'IIlU;;"''''/ &, 1'01'/11 ... fO'-"'11 ""{/II:I(/O) da w!!;uil1/l' IIImwim: hilhel('.I' I/(/r(, " ,,(11'11"'" meUtu .,)' 'I"illll/)' fértil, 200 ,,~i)'; menor/:) 100 réi.\", ri.,' qll/ll/ll\ (('inu prun(l\ IIlIIII/(l.~ 4{)() réis. mtlw,-,,~ 200 r<'i.'·. O" Ol'l"rúriru r fahric(m"'.~ 1.'('11/ ' ;lIInu/". i'1II 'I"lllqu" .. fllll, "do II,"T" dl" /00 réi". OÜi ..in ti" Nm(,:/ú,. 5 de OUluhro de 1ij65. in I'"no 1865. 1111111 ...\flO.l/r"o. Llsoo... Comiss,uiado dói Expusiçào Mundial de Li~bo;l. 1994, p. 132. 4. C(J/u,;,....i<. ,1" POfW. 17 de üutu bro de ! 865. ln PaflO 11)'65. 'II/UI exp'l~·;("t1". Li,ooól. Com is,uriado .I:! b.p<.>~iç,io Mund.al de Li sho~. 199-'. p. 133. 5. L.c ... " Mumloru - A .IIfllrl,. 'UI /U.\I';fW. 2.' cd .. São I'aulo. 1982. E'l"mp.. 38. 6. Cron<lgrnfl~ da EXi'o'9!l- A ~O'IO de 1989 - Rem';,;" "U COlllis,'<io E.\eclui"lI (I" Cml/I"'njo Nlldmwl P"fll fi,' C"'''''''''lI"afôr., d".f Drs('oIJrlllu·",".,· Pm'/II!Jllrsrs C upre ... en{aç~o da "idCla»; Dr:. 89: 1:"r",,,I':ll!"';II (II, ClIIll/ii/mllra llr l.ü/"," l,ml" ,lo /J.I,I::,; Mar(o 90: Cr"'fiiu tlr II'" Cml'" ,I,· Tmlltlll/ll pllrtl eSllldllr" m,./lwr 1(J("",,~{fr,111 da o"!'o.\';ç<in """nu,-e"'''(ll; "h/'i! '}O: E"'"lIm ti" "'lIm: 1""1'. 91: Es<"nl/w./",/o Co",·mo. (/%c" li:o("<io d" c.'1NJSiçô" "(1 ~ml<l nric" wl dr u~botJ; F"". 91: Crif/riio til' Cml1usdo di' Pml/UI,';" ,/u ' :"l/NJsirUl}: Oul. 91: Emrf"SII elll //fI ,1" H.I.I:'.. d,' um don;rr prf'fNlflu/" 1"-,1,, C<JIlli.vxt7l1 dr I'mlll()(iin ....m, (IS r('~/)(/.\·IW· (lO (",/"eH'" l'rl"I"",1I1I1" ,·ol".e fi ca"t!idlllllra 1'(J,.w~"e.w.. hmlto 91: Alfi/""fi;" " Lisl)a(l. cm tI"/mllt'n/" ti.' 1"omnw. '/11 nf!l,mi~'rtln l/a ••...IJl/slf'la ilJlel"llm'imwl d,' 1998. p"r tI('/ih.'raçlln da 1\.\"~,·/UhI";lI Crral ,I" II:'. (1J ,'mm cmtrrll /8 <' I "h ...,,,,,ploJ. Ex po'')8 - Df' A li Z. 1996 (h I I 11://..-... \\ .t·XI)f!98.ll tl).

,Ii".

,.",.i,.

,,.tI,.

n

7. Em Pari,. em 1900. <.:ouw itlindo com:t e~flO~iç;ío \lnl"cr~~llivcn"n Illg~r lIl:ti~ de 2()O C"Ungrcs~os . cn'1u:uUu P"nI Li~ooa <)ij prctigurmn-se já no honn.mlc diversas iniciali":,, <lo g.ém:ro. cnqllólnlo um:, ",,-.ociaç:io de fClr.l~ e exposiçóc, "nuneta"u. par.! 1997, 2511 e~i'n'l<':õe~ canllla~.

466


!:''X/>osrçÕES. INfJÚSTRIA E TUN/SMO

ANEXO AIl,!umas d:IS Ilrillf,:ipais AN OS I R51 11153 11153 1855 11162 1867 1R73 11176 1!l71\ 1889 1893 19()()

", E :ql<)si\'itt!~

Londrc~

Hyoe !"lrl-:

Dublin No,-" \'or\,.

-

.1l154 21000

Lund"", Pari-

Smith Kensington Champ, de Mar' Praler hl irmol1,IIP",.1.: Clwmp' d~ Ma,.,.

29000 43000 26000 30000 53000 61000 65 000 80000

Vic.n~

I'hiboclphi" P'<ri, Paris Chiea)!u PMi, I3n'l<cla, Seattle No,'" Yorl-:

1%7 I <J7t1 197.\ 1975 1982 19&4 1984 1985 1986 1981-\ 1990 19')2

MULlI",,:d O,,,l.:a Spobnc OJ..in;I'-''' Knonillc Li ....:rpoo] New Orle"", T~ul.:uba

Vancou'e" Bri~b;lIle

O,ak" Sc\'Lllc

l'ol<11~: E~I'<'

Mi chigan»

~L,I.:~ -

Hey~el

I'JI'k

-

Flu~hing

Meado\\',

-

-

-

-

-

,III H','rld ~"'I''''''''''''

1992 1993

T~ukuh;1

Vancou'cr Ilri,h'IL": O,,,b Se\ille Tncjon

41.5

milhik~

9,5 milhiíc,

51.5 milhO<:,

20 (K)() 000 1(, flOO 000 15760 0tXI

20000000 41814571

I';lla;' de

rJrlou~lrie

Palal. Ellipli'lUl" Vierlnc:-.c -

Trocadénl TUITe Eiffcl White Cil~ Palai, de I"E1cclricilé AIUll1iuLll

-

-

-

-

-

x/m,a: M:"l"l D""d"I''''<III S~'CI"'" U!ft,,~ ur NaB.","1

001. Expu.i çUc>. ,. II"r!ir dus anos (iU T E

I IW:'S

[lru _,sel~

<Ir <J

milhõc~

"

-

-

-

50300 000 42 1S770 5 looüm 3 500 ()()O 127 78(, 3 3HO 000 8 00ü 000

-

T~m,, ~

Se"lIl" N~" )'<>rl.: Montrt,,1 O,al.:" Spol.:;lI1e O\..lI1ól'-''' K'1Ox\ilh: Nc" Or!c;tn~ U"ef11O<JI

48 pai"" .H! p"í'G' 62 paí,~.

-

l/Xl!) 1 H"nn,,,~r

cm

11,0

-

-

CrY'lal Palacc

-

16.0 milh&, 32.0 ",ill":;..,, 27.5 mil h,,,,., 40,0 mi1hik,

-

-

l11i 1 h&~

6.0 milll&', 6.lIm il hik, ",51l,ilhüc,

-

-

T"ut""" - 1",~n"'t"NI"I/~./",,,t,,,,,, ,

1958 19ó2 196415 1967 1970 1974 1975 19!12 1')::!4 198_1 1985 19l!6 198R 1990

-

CIJamp~ ~Iy,éc,

shmo1.Qs

"ISITAI\'1T.S 6.0

13937

Pari~

1958 1962 I964fS

ANUS

,"XI'OSITOl{ES

LOCAIS

EXI'OSIÇÚES

Intcrnaciun:lb» ( 1115]·1 ')1111/]9::8·] 993)

"

"

,

-

11.1,," iII

11t~ Spacc Age P""c,, Thro"gh UnoerMõludinj:: 1I.hn ano lIis Wurtd Pwg'\:s, "lilI Hannon) fur MaLllmJ I'rogre~, Without Poliu! ion·Cclehrating Tomormw', Fn;:,h Nc'-' World Tllc Sca W., Wuuld Lil.:c 10 SeI: Encrgy Tum, the Wurld Thc World o]' Ri\'crs·Frcsh Waler", a Sourec 01 LiJ'c Jmernaliunal Gm'llcn Fe"ti\al Dwellin!;' ;tnd Surroulldings: SeieLlec aml T CthLlLll"l!}' (or '-lan ai Hmnc Transpol1;,l ial1 Lei'llI\: in th~ Agc of Tcchnolug) Co.:xi,leLlce of N,nun: 3rld 1>,1,,,, The Age or Disco\'et: The Challenge 01' a New Road 10 DCI'elopmcLI\

467


Luis PA ULO SAU.J/\NHA MARTINS

,\ 1"05

<': IIMIlE."

1')<)S 1999

[,I,bol1

'000 2001

H,mo\cr Ncuch:ncl 1[,,~rlc.rnmcrmc~1 Orc,dcn An;hi

2002 :!()OJ

:2005

"ummn):!

T), i\I A S

Th" Oc"~I\'- A !-Ierita!;e forth~ rUIUI'\,: A l3elter 21 SI CcnlUl) llテ病rdcn rc.,rival) Mun. N~rure and TcchnolOJ;Y 11ll"J;iN""lion T'lor;;ldc 2002 (g"rdcn fC'lh'al) lmcroallo"al G~rdcn Fc_ri',,1 Be)'ond Dc\'clopmcnt Rcdj..co\'crin~ Nmun:'~ \\I\I.Iom


UMA PRIMEIRA ABORDAGEM DOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO O EXEMPLO DO TECIDO PRODUTIVO DO ENTRE-DO URO E VO UG A TERESA (Fa~"I,j~d~

Jc

(..cU"""

SA

MARQUES

.I" U. do I'uno)

Enquad ramento

o objectivo é saber qual a imponáncia dos con textos urbanos e dos co ntexto:. territoriais nos processos de inovação. Quais são os recursos locais mobilizados nos processos de inovação? Quais são us modalidades de mobilização desses recu rsos? Qual li natureza da inovação (tecnológica. de produtos. de mercado ou o rganizacional ) e qual o papel das insti tuições locais (centros de formação. cenlros tecnológicos) nesses processos de inovação? De que forma a inovação industrial intluencia ;J inovação urbana ou territorial'! lO Entre-Douro c Vouga. em termos de número de empresas. pessoal :lO serviço e volume de vendas sobressa i um tecido produtivo industrial muito diversificado, com uma fort e especialização n:\ indústria do calçado. corti ça, molde s e artigo:. para bebé. todas elas fortemente exportadoras. As indústrias metalomecflnicas e de produtus metálicos. máquinas e equipamento!'>. chapelaria. componentes para a indústrin :m lomóvcl e alimentares contribuem para intensificar a diversid ade ind ustri al e para a estabili dade do emprego local. A dinâmica industrial do ei xo assenta, dominalllenlente. e m iniciativas de base e ndógena e organiza-se num tecido e mpresarial que se caracteriza I>cla coexistência e artieul:tçâo entre um conjunto de empresas de gnmde c de média dimensão com um elev:tdo número de médias. pequenas e micro empresas. mui tas vezes de base artesanal c fam iliar. Em termos globai s. a generalidade das empresas recorre norma lmente a lecnologias de produção pouco evoluídas. apresentam modelos organizativos tradicionais e m, comportamentOl> empresariais dominantes denotam alguma resistência à introdução da mudança e à inovação. A competitividade deste lipo de empre!'>as. particularmente nos ramos forteme rHe exportadores como o calçado. a cortiça e o têxtil. está ainda associado a mode los de competi lividade baseado:; no preço dos produtos, aproveitando v;mtagc n" derivadas do reduzido custo comparat ivo do factor mão de obra. Mas esta apresentaçao genérica deixa de lado um conju nt o já con siderável de empresas. de diferentes dimensões e de di versos ramos induslriais. Assim. estão localizadas nesta área algumas das princ ipais empresas perte ncentes à elite nacional. sobretudo empresas de compo nentes par.J. <I indústria automóve l. empresas de calçado de moda. de fabric ação de moldes. da indúslria de c hapelaria. da corliça. da fabricação de artigos para bébé e da indústria alimentar, que conSl ituem exemplos de empresas inovadores c de prestígio a nível nacional e internacional e fort e mente exportadora". No final. a pujança industrial e a Cilpacidade co mpeti li va desta á rea é o elemento principa l de d iferenciação desta área localizada a su l da Ârea Metropolilana do Pono.

ma~

não {em sido capaz. de desencadear processos de afirmação

urbana ou territorial.

469


TI:.'IU:..SA ....Á MARQUES

Indús tria d os Illoldes CI11 O li veira d c Azeméis. sis tcma lue:ll d e in ovação"! A entrada de um;t empresa no ~cctor automóvel determina internamente um aumento da especialização e das exigências em termos de qualidade. CUIllprimento de prazos de elHregi•. capacidade de investimento e actualização tecnológic:. c uma geMão dI: stocks muito rigorosa e raciOllnl. Um constnllor de uma Illu ltinacional. quando compra uma «função » compra. também. c:lpacidadc técnica e desenvolvimento. A relação a um grande fornecedor directo traz capacidade de inve.. tigação. inovação. organização. inlegraçâo. racionali7.ação. novos mercados e fOmKl.ção. A fone diminuição do número de fornecedores directos da indústria autom6vel faz com que haja uma forte necc,",sidade de dominar a tecnologia do produto e impõe :IOS empn:= .. ;írios locaiS a exigência de uma ligação a um grupo internacional. Ne'-JIc ralllO i n du~trial. as relações en tre fornccedores são estáveis. hií alto ... níveis de cooperação. tanto ao nívd do desenvolvimento do projecto como da produção. Esta referência ;\ indústria automóvel prende-se com a localiznção nesta área de um importame celmo de fabri caç50 de moldes para :l indústria automóvel (e não só). cm Oliveira de Azeméis. c pela presença de outros fornecedores directos das principai~ marcas de automóvel. de~ignadamente o Grupo Berrmnd Falire Porllfglll ' . Outras imponantes cmprc!'\:ls locai s podem ser mencionadas - Fle.\If1ol. GOllleta/. Sill/olde.~. designadamente. A emergl!ncia e a capacidade concorrencial da indústria de moldes a nível mundial apresenta-sc ligad:\ a co ntextos locuis decisivos para o seu sucesso. A génese de ... ta mdúst ria cm Portugal esteve associada à capac idade emprecndedora de um grupo de operfirios metalúr1:!icos de fábricas de vidro. os quai s. surgem inicialmente ligados à fabri c ação de Illoldes para vidros e. após d;1 Segunda Guerm Mundial. a moldes para pl:ísticos. No ... ano:. cinquen la esta indÚ:.tria apoiava-se em pequenas unidades s ubcontratada ... por empresas externa:.. locali7.adas preferencialmente na Alem:l nha e na Itália . Os anos ~ctenta caracterizaram-se por importantes expansões de instalações e 0'- anos oi tenta foram dedicados numa ;Iposta no desenvolvimento tecnol ógico. no de ... afio da era da informálica na produção e na exp:lI1são da capacidade de produção. Ha\-endo uma carência muito forte de mão de obr.l e .. pecializada. s6 as empresas que tiveram capacidade para suportar os custos do investimento e da formação <.! que conseguiralll singrilr. No final dos iltlOS oitenta e inicios dos anos noventa inicia-se um no\'o ciclo de inveslimentos em equipamentos de precisão. exigindo uma nOVil uposta na fomw.çi1o do ... LJuadro~ e uma abordagcm de novos mercados. A crise no sector da fabricação de e letrodOJllést icos. brinquedo:.. entre outros. a nível extcrno implicou uma diminuição dr:J:..lica da subcontratação cm Portugal e ilS empresas que não tinh:ml ligações directas :10 mercado ~entinLlll di ficu ldades cm manter a produção. O esforço que algumas emp resas ti\'cram de reali7.:lr para atingir novos mercados, nem sem pre foi suportado de uma forma ~aud:ível. pois os mercados tradicionais (design adamCllle o~ brinquedos) estavam em franc:.J recc~são . O actual posicionamento no mercado externo está relacionado com o estatuto de fomccedores de primeir.J linha que a indústria local está il conquistn1". Em lCrmos nac i onai.~ e irHern:tcionais hü uma f011e concorrência na produçâo de molde ... de pequenas dimensões. enquanto que os moldes de dimensões médias e de grandes dimcnsõe .... por ~erern cada vez mais lCcnológicos. scmem cada \'ez 470


UMA PRIMI-;IHA A/JOIWAGEM DOS ')ROCE.SSOS De INOVAÇ/\O

menos :1 concorrencia intern:lcional. Há um numero muito restrito de empresas locais que tem o estatuto de fornecedoras de I" linha, d'ldo que a maioria das u nidades traba lha em regime de subcoiltnltação para empresas contratantes nacio nais ou cstrangeiral'l o u para gabinetes de colocação de moldes. A nfvel loca ! h(1 cerca de cinco ou seis e mpresas de dime nsão já considerável que coabi tam com uma imensicHl.o de PME 's. Actualmente a fabricação de moldes em O liveira de Azeméis é um dos principais centros fo rnecedore ... europeus e i n te rn aciollai~ da indústria automóvel. electrónica e de electrodomésticos. Os fenómenos de adopção e de difusão da tec nologia ti!m·se desenvo lvido de uma forma mui to :;alutar. permi t indo que grande .. e pequenas empresas apre:-.enLcm um nível tecnológico muito competi ti vo. A rede técnica e de investigação. desenvo!ve·se cm tomo de empresas loca is e externas. recor· rendo só esporadicamente a insti tuiçõcs externas ao sector (Universidades ou lnstilllições de Investigação). As re laçõcs com selviços de con:-.ultadoria ex terna são lambém muito red uzidos. As trocas e a ci rculação de informação tecnológ ica e organizacional é a ~s i m crucial e faz·se ao nível local e in ternac ional. O Kno\\··flOltI na concepção I! desenvolvime nt o e :IS caracte rísticas c capac idade de adaptação da mão·de·obra às inovações tecnológicas foram e são os elementos de competividade internaciona l das empresas locais. Na indú~tria de mo ldes, as redes de relacionamento cmre e m presas locais e imernacionais são muito fortes, pois o desenvolvimento do produto exige a troca de conhecimentos ao longo do processo de concepção e produção. O nível de cscolariedade. de qualificações e de salário~ da mão de obra nest:1 actividade é declaradamente s uperior à média das indust rias locais c nacionais. mes mo n:ll'l PME's. Nesta actividade industrial o peso dos licenciados em engcnhnria c dos técnicos com esco lariedade su perior ao 9." ano, assoc iada a uma fo rmação na :"irea do planea· me nt a e desenvolvime nto pode at ingir mai), de 40% do pessoal. O emprego nes\;J indúst ria é maiorita ri amente masculino. com va lores acima dos 90%, e os níveis ),alariais e de quali ficação que lhe estão associados conferem aos traba· lhadores um símbolo de .I"/(/rll.~ no meio local. Embora emergindo de forma autónoma relativnlllente ih. illMituiçõcs de poder local. o emprc),:í r io da), indústriais de mo ldes pode vir a constituir-se e m agentc com urna im po rtância crescente na sociedade local. Aumenl:lr a visibi lidade ao nível regional do sucesso do crescimento, inovação e intemacionalizaçiio desta indústria pode motivar a inovaçiio e uma postura mais agressiva de oulro), ),ectore), locais, igualmente internacionalizados.

Ind ús tri a do calçado . um nllll O indus tria l duar! O sistema produt ivo do calçado é localmente u m sector fortemente segmentado: -

por UI11 lado, temos exemplos de em presas inovadoras, fortemen te exportadoras, a posl.mdo num produ to de q ual idade c de design, em que o binómio qualidade/preço toma·as mui to competitivas e para as quais as questões da organização e da gestão. da qualificação dos recursos huma nos ç da automação são áreas privilegiadas de intervençiio: 471


TERt::o,,\ M MARQU ES

-

por outro. o trabalh o ao domicí lio. o trabalh o prec::irio e mal remu nerado. a desv aloriza ção do trabalh o feminin o. os horário s de trabal ho ile~ais. a au ... i!ncia de prc:.taç õc:. para a :...:gur ança soci al ou de contrib u ições fi scais c a laboraç ão e111 Cilves . g:lragen., ou anexos sem o mínim o de co ndiçõe s de trabalh o. são wmbém uma realida de demasi ado present e.

Santa Maria da Feira (16.9% ). Olh'eir a de Azeméi., (14CJ::) e S. João da Madeir a (10.7% ) concentram cerca de 42% do empreg o naciona l da indústr ia de calçad o (MESS . 1992). Dada a eonecr llração sectori al. a estraté gia de desenv olviment o e de inovaç ão dc:.ta Indústr ia. fortem ente exporta dora. passa ni!tura lmente por este :.i:.tellla produt ivo local. A estrutu ra cm prc:.arial é domina da por PME"s . em gçral de proprie dadç familia r. elll que os nívçi s de produti vidi!de física estão relacio nados eo lU a !"raei! capaci dade de orga nização e geMão c inexistênc ia em Portug al de sectore s fortes a montan te. de forma a aumen tar as rede:. de relacio n:unen lo e de cooperação empres arial. É UIll sector foncme nte ex portado r. ainda que nesta área haja um númer o muito eon), ided vel de emprc~a), que trabillha unicam ente para o mercad o nacion al. Em termo:. de consum o), intermtSdio:. há uma forle depend6ncia do exterio r. a!-,~im como ao nível do~ eq uipaJl1ento~. O deficie nte domín io dos canais de di:.trib uição. de ..,ignad amente a forte dcpend cncia do), intenn cdiários c a cOIl),equente distânc ia ao cliente final. diliculwlII o acesso à inform ação sob!"\! a., tendências de mercado c a:. caracterislic:.rs dos produtos de moda. A indú),tria do calçado continu:.l a encont rar os setL~ elemen to:. de flexibi li/.ação e reorga nizaçã o da pl"Odução na de<;co ncentra ção produt iva. O tecido produti vu local e.'\t:\ organil..ado cm tomo de um número muito grande de pcqltenas. médias e grandes e11lpres a ~. que se locali7. am cm S. João da Madeira e nas fregues ias limítrofe'> dos concclho!'l de Snntn Mnria da Fei r'a e de Olivei ra de Azemé is (des ignada mente. Arrifana. Escap:1cs. Milhei rós de Poiares. S. Roque. Cucujã es. Macieir<l de Sarne~. Noguei ra do Cra",) . A articul açfto en tre as ~randes e a:. pequen as elllprc!-,a:o. e .~ t abclec e-se atr<lvés de n:: l:tçõe~ de subcoll tr:n:tçfto ou de traba lho ao domicí liu. Segund o in formaç ão do Sindic ato da Indústr ia do Calçad o. o trabalh o ao domic ílio. des ignada mente na ZOI1~l da Serra da Frcita. e o trabalh o inf:mti l. !'Ião indicadores da fragilid ade do sector industr ial local. A su bcontr:ltaç;lo está :l~sociada ii irn.:gu l;tridad c da procur a. motiva da por v:lriaçõ es dclicu~ ou sa?ona is c à necess idade de produ? ir uma linha de produto s de pequcn::JS séries. em que 0'<: :.i~tellla., de aUlomaçüo :.ão inopera nte., ou implica m i11ll>ortante., investi mentos . EMU c),tr:lIégia de seglllen taçüo da produç ão desenc:.tdcada peJa., empres as canlrat antes - .,obrctu do emprc:.as indu'ar iais de dimcn:-ão variáve l ou por vezes « lradin g~ » loca lizada:. prefercllCialmell1c nest:\ .írea. represe nta ainda ullla forma de nexibil izar a produção. diminu ir os encarg os e os riscos c contrib uiu para o obtenç ão de índicc~ de produt ividade e cOlllpcti vidade dentro de parâmetros concor renciui s. A mundia lização do comérc io de e:llçado . a emergê ncia de países com custo:. :.alafl;ti~ muito baixos a compe ti rem no mercad o nacion al e externo . a deterio ração da rentabi lidade económ ica e finance ira de alguma s ctnpre~a". são algun ., dos factorcl, que pressio nam o ~istema produti vo local. provoc ando uma crise no ~ector ainda sem contorn os bem definidos. Nos úl timos anos. encerra ram um número .,ignil"ic:lti vo de empres as e sentiu-:.c uma diminu ição drá.<:tica d" 472


UMA PRIMHIHA A8OJWA GI;M DOS PROCESSOS OE INOVAÇÃO

rotatividade do pcssoa l. H;í vMias empresas obsoletas. que trabalham sobretudo para o mercado interno e que nào têm capacidades tecnol6gicas e de organização para se lançarem no mercado externo. As em presas normalmente em situação de subcontralação ou de «trabalho a feitio ». com uma mão de obra pouco qualificada e e m s ituação de fortc precaridade. ass im como as cmpresas contr:lIantes q ue baseavam a sua capacidade concorrcncial no preço. cst:io a ter dificuldades em competir num mercado que cada vez mais privilegia a qualidade e O cumprimelltn do ... pr:Il.Os. Algumas empresas têm vindo a fazer importantes esforços de investi mento sobretudo em equipamentos. na organização e ges tão. na inlernacionalização de fases mais intensivas em mão de obra para países com CUStOS de mão de obra inferiore.s. na qualidade dos produtos. na componente de moda e na conquisla de novos mercados. Perante uma conjuntura económica desfavorável. algumas empresas têm dado provas de um dinamismo c de uma capacidade de inovnção com fortes rcnexos na expansão das exportaçõcs.

Indústria da cortiça. um sectnr em rccstruturaçào'!

o

percur;,;o da industrialização da caniça em Portugal está naturalmente à disponibilidade de recursos natu rais. A progress iva industrialização intensiva liga-se às possibilidades de expansão da ex portação de rolhas. As manufacturas de cortiça natural requerem. em geral cq ui pameDlos s imples. de baixo custo c de rcproduçiío fácil na indústria mClalOlllcc:in ica nacional. A produção de aglomcrados surgiu numa lógica de cadeiu produtiva. de forma a valorizar dcsperdícios resul tantes do processamento da cortiça natural e das cortiças do mato niío aprovcitiiveb. A indústria d,ls rol has t!.stá rortemente pulverizada por um número elevado de PME ·~. muitas delas familiare li e a maioria destas unidades nJo tem equipamento cap:l/ de fazer q/lalidade. A maioria destas pequenas empresas depende das empresas contratantes (tamhtm ela .. produtoras ou s6 intermediários). numa relação de dependência. as quai~ retém as principais margens de lucro no negócio. Uma postura mu ito individualista e muito concorrencial por parte dos pequcno!'> cmpresários tem dificultado a concertação. a diferenciação c a criação de novos produtos. Tradicionalmente não se apostou na invesli!!,ação. no desenvolvimento de novos produtos e no me lhoramento da qualidade do produto final. A cooperação Iwrizontal. uma nOV:l posLUra cmpresarial e inves time ntos tecnológicos são clcmenlos cruciais na estratégia de desenvolvimento dc),ta imens idão de PME·s. Segundo informações recolhidas no Centro Tecnol6gico. o sector está a responder de uma forma mais ou mcno), ),atl sfatória à.s queslões do controlo de qualidade. de normalil.ação e cCltilicação e às /lavas exigl!llcias em termos de ~egllrança. ambiente c markcting . Um grande número de empresas quer ~lpOs lar nUllla 'lproximaç50 ao clie nte. na elaboração de joi lH-ventllres e no desellvolvilll(;:nlo de novos prod u l OS. As ligações designadamente :l engarrafadores, a distribuidores especializados em cmbalagens para bebidas e a fab ricantes de garrafas. numa lógica de cooperação c de lidei idade aparece como um factor de estratégia concorrencial a privilegiar. Na fabricação de rolhas. o know·tlOw local tem de c'tar na fab ricação de uma rolha adaptada à lJarrafa e ü beb ida . a~.sociado

473


TERt:SA sÁ MARQU ES

o giganti smo do Grupo Amorim . contrapõc-se. mas também contri buiu, para a pul verizaç ão indu~lrial deste sector. O volume de produç ão e de empreg o. a interio rização dos serviço s de investi gação e desenv olvime nto de produt o e uma aborda gem agressi va e compe titiva ao mercad o. demonstr:.lIll a cupaci dade concor rencial deste grupo industr ial. que concen tra cerca de 40% dos negócios da cortiça e empre ga cerca de 3500 trubalh adores . Qualqu er estraté gia de desenv olvime nto dc~ le sector passa natural mente pel a acção e sol idaried ade que este grupo pode enraízólr localm ente. Se. por um lado. esta forte concen tração tem efeitos desmo bilizad ores juntO da), empre~as de menor e s dimen são e com menor capaci dade de empree ndimen to e de lobbie instituci onal. por ou tro o seu pe:.o naciona l deve ser agarrad o em qualqu er e),tratégi:l de qU:1lificação desta área industr ial. Neste sentido . a nível nacion al c interna cional é import ante consol idar em lermo." técnico s e tecno lógico s (equip amento s e reeurso s human os) os centro s de formaç ão e de apoio técnico . de forma a que as PME'S se sintam apoiad as e consig am compc tir com as grande s empre sas (bem equipa das em termos laborat oriai s e com capacid ade de investi gação. desenv olvime nto e de prestaç ão de serviço s). A indú!'>tria da cortiça é muito poluen te. mas. segund o inform ações do CCnlro Tecnol óg ico a si tuação não é cat:lstr ó rica. ainda que bast:m tc grave. sobret udo nas Cregue sias de Corte implan tação deste sec tor (Sta. Maria de Lamas . Louros a e Paços Brandã o). A Associ ação dos empres ários da cortiça est:í Cortcmente intcres sada na reso lução deste problem a e está a colabo rar em di verso!'> estudo), juntam ente com OUtr.lS ini>lituições. design adamen te a CÍlmar a Munic ipaP. De (Iue form as as cid'ldc s são focos d e atracç ão e concen tração de serviço s às e mpres as'! Dos três concel hos. em termos de serviço s às empre sas destac a· se a situaçã o da cidade de S. João da Madeir a que assegu ra um conjun to de serviço s mai ), qll:tlificado .~ em matéri a de comér cio. de serviç os às empre sas, de formaç ão. que a disting ue relativa mente aos centros urbano s envolv entes e que contrib uem para cilpital izar a dinâmi ca industrial present e IW região. A estrutu ra de serviço s em S. João da Madeir a traduz lima clara espccia . lização que se insere na especif icidade da fileira industr ial local do c'llçad o. Assim. é clara uma diversi dade de serviço s que vão desde a rotogra fia publici · tária. O CAD/C AM. o des ign/mo delism o. os agentes de compra s e as trading s e a comer cializa ção de máquin as para o ca lçado. norma lmente associ ada ti prestaç ão de se rviços de montag em. m:lllllt cnção e assesso ria tec nológi ca. Verific a-se que a área de mercad o destas empre.~as de serviço s ultrapa ssa os três concel hos do Eixo Urbano em estudo e que se estende a outras áreas onde a indú stria do calçado está fortem ente implan tada (Felgue iras. Guima rães e Vila Nova de Gaia. sobretudo). A fone especia !ização destes serviço s em S. João da Madeir .l demon stra as vantag ens derivad as de uma proxim idade física ao tecido produt ivo. o que contrib ui para descnc adear import antes efeitos de inovaç ão nas PME· s. Nos serviço:. às cmpre sas domin am proces sos de integra ção vert ical no sistem a produt ivo loca!. A partir de um limiar de procura emerge m process os de crescimento dos serviço s. admitin do runçõc s de nível por vezes metrop olitano . 474


liMA PRIMeIHA tIIJORDAGEM nos PROCt:ssos DE INOVAr;iO

Uma política voluntarista de localização do Centro TecnOlógico c do Centro de Formação Proli ssional na cidade contribui u para arrastõlr e precipitar a emergência de actividades pri vadas de serviço:-. diversificados e fortemente especializados. Este tipo de estruturas têm capacidnde de fixar um conjunto diversificndo de quadros profissionai s qualificados c arrnstam processos de inovação. Em lermos de rede urbana regional. esta especialização e qualificação dos serviços produtivos direccionados pam a indústria do calçado COntribuiu para níveis mais elevados de hierarquia urbana. impens:1veis para esta massa urbana. Assim. est3 cidade demonstrou ter capacidade de fixar serviços de perfil superior e de fileira:-. especial izadas que se ligam com o potencial industrial do seu e~paço urbano e do taritório envolve nte. Joga-se aqui Ullla centralidade diferencial e.;;pecífica que alcança uma maior polarii'.ação regional e se estende a outr:.t!\ área~ geogr:íl1camcnte não contíguil.';;. Convém realçar que a concentração de serviços direccionados para o sector industrial do cnlçado em S. João da Madeira desencadeou ullla dinâmica noutras áreas de serviços mais horizontais. designadamente as auditorias c as consultadorias na área da ~estão c da or ganização, os revi sores de contas e os serviços jurfdicos. Esta cClllr..Ilidadc em tennos regionais em termos de serviços pode vir a del\sificar·sc nos próximos anos. O Centro Tecnológico do ca lçado tem demonstrado capacidades para apoiar cm termos técnicos e tecnol ógicos as empresas do sector. de illlp!emCl1tnr projccto~ de apoio ao desenvolvimcnto da capncidade organizativa c de gestão das empre!\a.... de definição de estratégias empresariais. de promover investigação aplicada (em parccri3) e de fomentar a difusão de novas tecnologias. processos e produto:>.. A dimen,ão e a postUr..I cstr..Itégicn do Centro Tecnológico do Calçado rcncctc uma Associação Empresarial muito dinümica e um sector empresarial com umn postura de relativa abertura para as questões da inovação c da qualidade. Este Centro é um agente privilegindo de cooperação na defini ção de estratégias emprc!\ariais. A ,ua postura vertical. desde o apoio â elaboração de candidaturas a pro· gramas comunitários de apoio ao ... eetor industrial. passando pelo acomp:lIlha· menta à sua ill1pl;lIltação c o desenvolvimento de formação adaptad;J ~,s novas necessidade!\. pcrmite·lhcs oferecer uma gama de .;;erv iços diversificada e complementar muito aliciante para qualquer empresa. e dificilmente com concorrência nos serviços de iniciativa privada. A forte cap:lcidadc de a uto -financiame nto demonstra. em suma. a relevância da capacidade instalada. O !\istema produtivo local da cortiça não en raíza serviços. I~ um :>.cctor fortement e concentrado (grupo Amorim). como já referimos. o que ex.erce um efeito de sucção e de esvaziamento a nível urbano. A dinãmic:1 do Centro pode vir a despoletar. designadamente. alguns serviços nas á reas de as'essoria tecno· lógica e ambiental. comércio internacional. máquinas e fcrramenta...s. etc. O Centro Tecnológico da cortiça tcm uma imporlante credibilidade e capacidade de enraizamento local. A indústria de moldes e. em ger31, as indústrias de componentes para ii indústria automóvel. não parecem demonstrnr capacidade de cnmí7..ar serv iços n~1 c idade. As principais implicaçõcs que este ralllO industrial pode represenlar f.!1ll termo, uroil nO!\. prende-se com a sua capncidade de atracção/lixação e m lermos de residenciais de quadro~ qualificados do exterior. com importantes renexos ;.10 nível do co nsumo c da animação urbana. Por outro I:Jdo. o seu rela475


TERESA SA MARQU ES

cionam emo imerna c io nal desenv olve localm en te um a espeeia lização turíst ica em torno do turismo de negóc ios. Se o project o do PCT- P se vie:-.se a concre tizar. a indústr ia de moldes poderia contrib uir para a viab ilização de uma área de ensino superio r no Parque (c urso de políme ros. uma especi alizaçã o da engenh aria rnetalo mecfl ni c a vocaci onada para os mo ldes, engen haria de sistema s. etc). permit indo increme11lar a coopem ção entre Un iversídade/Emprc:-':l e li criaçflo de uma eSlru wn.l de formaç ão em parceri a com as empres as, Conclu indo. a o ferta de serviço s no Eixo Urba no é suficie ntemel lle diversificad a e concen lra in stÍlu ições de apoio técnico. tecnoló gico. organiz acional. comcrc ial e admini slr:lli vo capaze s de servir de suport e à base industr ial local e regiona l. A cCnlra li dade conferi da por estas inst itui ções deve ser canaliz ada e rCnlabilizada pelo <;uporte urbano do Eixo e devem ser desenc ade:ldo s proces sos de inovaç ão urbana . - A ino\ aç:io e a interna cio nalizaç ão são ou n ão ntribu tos tcrrito rÍllis'! - Q ue co ntext os loca is UI! int cl'n :lc ion a is podcm d cscn C;'ldear proces sos di rcrcn ciad os d e ino\':.u;:ã o·! Uma :irea limitrld a (lri!s concel hos contígu os) deram origcm a diferen tes proble mática s I.! di nllmica s industr iais, de serviço s e d ifcrent es proces sos de urbaniz ação. A caracte rfs tica comum que parece atraves sar este terri tório c que tem acomp anhrld o a his tória loca l é a capaci dade de iniciati va empre sarial: diferen tes r:lInOS industr iai s. diferen tes estádio s de dcsenv olvime nw . div!.!rsi· Ci cados proces sos de interna eionali zaçJo, A indústr ia da coniça é um ralllO industrial fundam enlalm ente tradicio nal , no qual o Grupo Amori m descolo u numa estratég i a de lideran ça interna cional. A dinâm ica indust ria l nrio desenc adeou proces sos de tcrciar ização nem d e at1rma ção urbana . Estrutu ras de subcon trataçã o coabi tam com gf:lndc s empres as verticai .. , O mcrcad o intcrnacional nos últimos anos tcm desenc adeado localmente proces ...o ... de qualifi cação e de inovaç ão. O sistem a produti vo do calçad o desenc adeou um proces so de tcrciar i· z~l ção urbana , na ;~rea dos serviço s às emprc ... as. que emergi u em torno de uma eSlrutu ra instituc ional fortem ente enraíl.a da (Ce nlro Tecno lógico c Celllro de Formaç ão), E... tcs <;erviços ~:-. empres as são nós fundam entais de inovaç ão. l-h'j uma estrutu ra organi za tiva empres arial (indúst ria e serviço s) e instituc ion:Ll fo rtemen te enmíza da loca lmente. Um mercad o externo fortem ente compe titivo tem sido UTll elemen to funda mental de reestru turação e de inovaçã o, O desenv olvime nto da indústr ia dc moldes está hoje em dia intimam ente relacio nada com o papel central que jogam as illlerrelações económ icas e sociais. Interrc laciona memos comerc iais muito fortes em termos locais e interna cion ai s, uma mão·dc -obra qu alifi cada capaz de assim il a r e adapta r·se às inovaç ões tecnoló gicas, um know·how loca l e um espaço ou rede de cooper ação técnica c de desenv olvimr ento de produt o a nível mundia l s.:lo alguns dos ingred ientes fundam entais de inovaç ão e interna cionali zação. Estes proces~ os económ icos não desenc adeara m Oll lr:JS d inâmic as locais. des ig nadam ente capaci dades de enraíza mento de serviço s em CO!llcx tos urbano s. 476


UMA PRIMEIRA MJONDII GEM /)0::; PROCESSOS DE INO\AÇ..iO

Em síntese podem ex trair-se algumas conclusões principais sobre o tecido produtivo industrial no cixo urbano San ta Maria Feira I S. João da Madeira I I Oliveira de Azeméi!'>: -

a existencia de uma forte base industrial de natureza 1l1<lrCad<llllcnte endógena e coc\a. com divers idade ,>ccloria!. baseada cm modclos de competitividade muito divc r ~ificadas. desde o preço. a qmdidade. o designo a investigação aplicada. O desenvolvimento do produto. etc.:

-

a coexistência e uma )<)I1e ;U1icul;lçâo entre empresas de diferentes dimensÕC ... de base familiar ou não. aI icerçadas no regime da sub-cOntrmação. Estas redes de relac ionamento produtivo podem estar ligad:ls a diferemes factores, segui ndo uma lógica de diminuição dos cuStos ou uma lógica de tlexibilizaçâo ou de organização da produç:lo intcmaciorwl:

-

o haixo nível de qualificação dos rcçUl".~os humanos locai s associado a níveis salariais muito baixos. contrapõe-se com a emergência de núcleos industriais que apostam na valorização dos rccur.,os humanos e em níveis salariais e regnlias sociais .~ uperi()n:s:

-

uma base industrial do..: raiz endógena que Opta por umn estratégia de forte inserção no mercado nacional ou uma base industrial que prefere uma postura ngressiva e inovadora de forte qualidade e de desenvolvimento de produ1o no mercado externo.

Concluindo. diversos faclOrcs jogam nos processo:. de inovação da .. cmprcsns. sendo certo que certos COntextOS IC1TÍloriais influenciam esses mcsmos procc,,"os.

NOTAS I. E..,r:l CI1l[lrC'iI pertcnce " um importante grupo rr:lncê, dc ponta d:.o indu,rri" aUlOll1ó"çJ C um do,

principai, fOn1ccedure, mundi"i'i. 2 Ourr:,,, :Jc"õc, c,r50 ii ser dc-.crl\"oJl'ido,. de.";;.nad:unenle O .. F~'iurdo do impac10 d" rolha no ~o,lu do '·lI1ho ... uma camp;lI1ha publicuárr3 de promoção d:.o rolha no II1crç:odo exrerno c a ors:.onIZa~;i" de UIl1:1 fcil'!! internacional junt:mdu o' IIld,hlria" d:o cuniç'. ria' el11halagcn, c o~ prodmurc, 011 dislribuidOl·i." de "inhu, .

477


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.