Revista Outro Estilo

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outroestilo.com.br

EntrEvista Exclusiva

miSSy a criadora do

mAyrA DiAS GomeS

SuiciDeGirlS

“Sempre fui uma pessoa extremamente sexual”

ZeGoN

Um bate-papo com o DJ brasileiro, sobre seu lifestyle, a vida na estrada com o N.A.S.A. e a mania de montar estúdios onde quer que esteja

9 780021 766925

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outro estilo #04

outro estilo #03

outro estilo #02

edição 01 | r$ 9.90

Stephan Doitschinoff Fernando XtetéX As Gêmeas

sneakers | garotas que usam bonés | decoração | a volta do vinil








editorial

OE é o “lifestyle” de quem vive, pensa e age de forma alternativa. Um mundo paralelo ao desenhado pela grande mídia corre pelas ruas, pela web e pela mente de muitas pessoas, que têm nos seus hábitos e decisões de consumo uma forma de afirmar sua diferenciação frente aos padrões considerados “normais”, e, dessa forma, manter-se sempre jovem. Nós, aqui na Editora ZY, somos um grupo editorial de fotógrafos, designers e jornalistas absolutamente inseridos nesse universo alternativo. Vivemos nossas vidas na arte urbana, nos shows em inferninhos, nas pistas de skate, nas produções independentes de cinema, música ou moda. Fomos criados nessa cena independente e vimos a Internet (e a globalização) divulgar, fomentar e ampliar essa cultura, esse estilo de viver que une diferentes nichos urbanos. Esses elementos reunidos (música, arte, moda, esportes não convencionais, diversão, etc) criam um mundo que foge da “cultura tradicional”. Um mundo Outro Estilo. Sentamos um dia e decidimos que já era hora de fazer uma revista impressa, com qualidade, leve, rápida, com foco em estilo de vida, consumo e dicas, quebrando preconceitos e pequenos tabus. Afinal, estamos todos cansados do tratamento artificial, estereotipado e de ocasião dado pela grande mídia ao universo alternativo. A revista OE é um projeto ligado as escolhas que refletem muito da formação da identidade da vida urbana jovem hoje em dia. E acreditamos que “ser” jovem está justamente nessas escolhas, naquilo que você pensa, no que você veste, na música que escuta, nos lugares que frequenta, naquilo que coloca para dentro da sua casa. É uma ideia simples, mas forte, por ser uma verdade vinda das ruas dos grandes centros urbanos.

EQUIPE EDITORIAL

Essa é a primeira edição. Esperamos que goste e mande emails: outroestilo@editorazy.com.br


santapinup.com.br

Foto: Gabriela D`Andrea l Arte: Renato Petillo

S

e v i g he

. . . s t r a p l a m o f s r o w e t d n a s e b e h t u s yo


NAVEGUE PELA OE

Zé Gonzales, colhendo os frutos

Sweetie, uma suicide girl brasileira

(020) (082)

Mayra Dias Gomes

(098) (106)

As listas de Stephan

(016) TOP6: Isadora Foes Krieger [as gêmeas]; (018, 122, 128) ADD TO CART: pro corpo, pra casa, pra alma; (028) O RESTO É SILÊNCIO: um ensaio por Ivan Shupikov; (044) O ADMIRÁVEL BRASILEIRO DAS NEVES: Felipe Motta; (050) ELAS TAMBÉM USAM BONÉ: para mulheres de cabeça feita; (058) MODA: revelações de uma noite; (074) SNEAKERS BR: cultura sneaker na OE; (088) MOCHILAS: pra carregar com (outro) estilo; (090) PREFERÊNCIAS: Flávio Grão e Graciene Volcov; (094) RAINHA SUICIDA: entrevista com a criadora do SuicideGirls; (108) A VIDA NATURAL DE TATI RIBEIRO: veganismo e empreendedorismo; (114) DA PELE PRA MADEIRA: Fernando XTetéX; (116) REVOLUÇÃO SILENCIOSA: marca de tênis inova em revestimento; (118) FUTURO DO PRETÉRITO: o vinil está de volta!; (120) BRANCO E CLEAN EM IPANEMA: americana mostra seu apto no Rio; (124) A ARTE COMO VEIO AO MUNDO: Von Victor; (126) ROTEIRO JUNKIE FOOD: para matar sua larica.


mazeskateshop.com.br rua augusta, 2500 - s達o paulo/sp


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1- Alexandre Vianna, fotógrafo, jornalista, um dos principais skatistas profissionais da década de 90 e diretor de conteúdo da Editora ZY. Juntou toda a equipe dessa página para fazer esse primeiro número da OE. 2- Sheila Almendros tem 26 anos, jornalista, musicista e blogueira. Já colaborou como roteirista pra Revista MAD e atualmente trabalha na área de Comunicação da Prefeitura de SP. Seus textos são postados no blog PHD com o pseudônimo Tuka. 3- Guilherme Theodoro é publicitário pós-graduado em design gráfico. Diretor de arte da Editora ZY, é viciado em vídeos de skate, compulsivo comprador de livros de arte/design e adora molho barbecue. 4- Gabi Garcez Duarte, 29 anos, é mestre em Moda, Cultura e Arte, pesquisadora e produtora de moda. Além disso, é designer e gerente de produto da marca WEIRD e blogueira do Innaugusta Style - blog de comportamento e baladas da R. Augusta. 5- Vinicius Albuquerque, 27 anos, é jornalista e Diretor de Publicidade e Marketing da Editora ZY. Nos finais de semana gosta de apreciar o visual da cidade de São Paulo montado em sua moto. Atualmente está se dedicando ao wakeskate. 6- Sweetie Bird, neo-pinup, burlesca e antropofágica, porque sexo não é só sexo, nem precisa ser chato. Muito pelo contrário. Em São Paulo se apresenta em festas e baladas, levada pelo desejo de difundir o Neo Burlesco e a arte de provocar. 7- Ivan Shupikov, 38 anos, começou fotografando skate há 20 anos. Deu aulas na Escola Panamericana de Artes e trabalhou por 8 anos na Editora Abril. Hoje, entre trabalhos para o site The Girl (Portal Terra), editoriais e publicidade, dedica seu tempo livre a um livro de retratos de personalidades do mundo underground. Seu hobby é viajar... 8- Juliana Kataoka, 23 anos, é jornalista, webwriter, mídias sociais, mestiça, viralata e corinthiana. Já realizou projetos em portais como o iG e Terra. Escreve com uma amiga relatos sobre a infância em infanciapobre.tumblr.com 9- Fabio Bitão é skatista e fotógrafo. Em 2008 lançou seu primeiro livro, “365 Graus”, com fotos de skate, música, paisagens, pessoas e muito mais. 10- Dhani B, um dia gostaria de ser garoto propaganda da bebida Bum Bum Alcoólico, mas até isso acontecer, se contenta em ser fotógrafo freelance e professor de fotografia em projetos sociais como a Escola dos Fotógrafos Populares no Complexo do Maré. 11- Fernando Martins é fotógrafo autodidata. O carioca trocou a beleza de Niterói pelo concreto da maior metrópole do país. Skatista desde 1989, encontra nos retratos o maior prazer dentro da fotografia. 12- Douglas L. Prieto é pai há sete, marido há dez e skatista há mais de vinte anos. Formado em Propaganda e Marketing, é redator da Editora ZY.

QUEM FEZ ESSA OE

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13- Homero Nogueira é um dos mais talentosos e requisitados fotógrafos de skate do Brasil. É formado em Tecnologias da Produção de Fotografia, Cinema e Vídeo, pela FMU (SP). 14- Débora Machado, 21 anos, é produtora e apaixonada por moda. Produziu essa edição da revista OE. Entre uma viagem e outra, estuda, escreve, fotografa e vai tentando não levar a vida (nem as roupas) tão a sério. 15- Marcelo Viegas é cientista social por formação e jornalista por opção. Vocalista da banda ästerdon, faz parte do blog coletivo Zinismo e considera João Goulart o melhor presidente que o Brasil já teve. 16- Renato Custódio é fotógrafo da Editora ZY. Formado em Rádio e TV, constantemente é flagrado pelas ruas da cidade eternizando momentos através de sua câmera. 17- Ricardo Nunes, 31 anos, pernambucano, dentista de formação e um apaixonado por tênis desde sempre. Caiu de páraquedas em outro universo e hoje comanda o SneakersBR, primeiro site a falar do mercado e da cultura sneaker no Brasil. 18- Dani Cruz, 23 anos, é designer e produtora. Gosta de fazer listas, mantém dois blogs e é viciada em séries de TV. 19- Charles Franco é jornalista e editor do portal web da CemporcentoSKATE. Baterista, colaborador do blog Resenhaem6, viciado em chá gelado, Rush e bauru, o lanche. 20- Ana Paula Negrão, 31 anos, skatista, fotógrafa, produtora e atualmente trabalhando com o LABRFF (Festival de Filmes Brasileiros em Los Angeles). Artista da Galeria do Consulado (em Los Angeles), gosta de rock and roll, extreme sports e aventuras. 21- André Ferrer, fotógrafo. Gosta de viajar e conhecer lugares diferentes, sempre à procura do pico perfeito. 22- Atilla Chopa é fotógrafo autodidata e ex-skatista profissional. Vencedor do Nike SB Photo Incentive, em 2007, Chopa é uma referência de qualidade em fotografia de skate no Brasil. 23- Naiana Prates, maquiadora por profissão e por paixão; não sai de casa sem rímel. Antenada e bastante curiosa, tem mais de 7 anos de trabalho no mundo da beleza e moda. Quando não está se dedicando a beleza alheia, investe seu tempo em pesquisas de tendências e na atualização profissional.

QUEM FEZ ESSA OE

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textojuliana kataoka Fotofernando martins

TOP6

ISADORA FOES KRIEGER [ As Gêmeas ]

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Isadora, uma das irmãs por trás da marca As Gêmeas, conta quais são, em sua opinião, as peças mais importantes na história da moda. Minissaia Uma peça que revolucionou o guarda roupa feminino.

Calça jeans Pela liberdade de escolhas que traz ao guarda roupa. Vai com tudo!

terno para Mulher Um dos primeiros exemplos de peça que transportou o guarda roupa masculino para o feminino.

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CaMiseta

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jaqueta de Couro

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Vestido preto

Pela diversidade. Eu gosto dessa brincadeira de misturar peças mais arrumadinhas com outras nem tanto.

A jaqueta preta de couro marca a rebeldia de uma geração.

Pela funcionalidade. Naquele dia que você não sabe o que vestir, pega o vestidinho preto, combina com uma sapatilha e pronto!



ADD TO CART

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01> lápis baqueta R$ 45; Coletivo Amor de Madre. 02> Diário “O livro dos sonhos e dos desejos”, R$ 130; 04>

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03> Bloco de notas Coletivo Amor de Madre - R$ 12; 04> Caneta Coelhoshow - R$ 15; 05> Colar Boombox - R$ 40;

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06> Toy Coelhohow - R$ 80;

07> Caixa de som Imaginarium - R$ 189,90; 08> Freestyle Magazine - € 27 (freestylemagazine.co.uk);





EntrEvistaAlexAndre ViAnnA E FotosFAbio bitão

Tudo começou no underground paulistano do final dos anos 80. O jovem Zé Gonzales passava o dia andando de skate, e à noite colava no Cais, extinta casa noturna que abrigava as tendências musicais da época. Atentamente observava Arthur Veríssimo (sim, o repórter gonzo) no comando das pick-ups, e ali era plantada a semente do que seria sua vida: nascia o DJ Zegon. Discotecou – e muito – nos inferninhos da cidade, e também levou seu estilo e seu set para os principais campeonatos de skate do período. O tempo passou, Zé tornou-se um dos grandes DJs brasileiros e em 1994 entrou para o Planet Hemp. Fez história junto com a banda carioca e, com o fim do grupo, decidiu dar outro rumo pra sua carreira. Mais precisamente o rumo internacional. Em 2003, conheceu o produtor e DJ Squeak E. Clean (pseudônimo de Sam Spiegel, irmão do cineasta Spike Jonze) e juntos deram início ao N.A.S.A., cuja sigla significa North America South America. O debut da dupla – “The Spirit of Apollo” – saiu em fevereiro desse ano, credenciando o N.A.S.A. como uma das grandes promessas de 2009 e colocando os dois amigos para rodar o mundo. “Estamos aprendendo a viver na estrada e colhendo o que plantamos”, afirma Zegon, numa entrevista exclusiva na qual fala sobre a rotina das viagens (e os meios que encontraram para estar sempre com a família por perto), as novas tecnologias para os DJs, sebos, casas noturnas, férias em Maresias, a nave do George Clinton e muito mais. Pois é, Zé, essa é a hora de colher os frutos.

Como é essa fase nova, pós lançamento do disco, com muitas viagens... Já faz alguns anos que estou nesse esquema pinga-pinga, principalmente Los Angeles-São Paulo. Mas tenho uma base lá nos EUA: um estúdio em LA. O disco do N.A.S.A. saiu no final de fevereiro desse ano, e de lá pra cá já fizemos 150 shows em 28 países diferentes. O esquema é 30 dias na estrada, volto e fico 20 aqui no Brasil, e volto novamente pra estrada. Estamos aprendendo a viver na estrada e colhendo o que plantamos. Mas costumamos reclamar de tudo: reclama quando está devagar e também quando está rápido demais. Mas algumas coisas não tem preço, como estar em Tókio, no melhor hotel, ganhando um puta cachê pra tocar pro público mais legal... Às vezes nem considero isso trabalho. Tem uma rotina essas viagens? O que você costuma fazer nas horas vagas? Fiz 40 anos e toco desde os meus 17. São 23 anos de noite. Eu já não vejo mais nada em balada. Nessas turnês longas, que tocamos quarta, quinta, sexta e sábado, quando temos um “day off” a gente não sai mais. Alugamos um estúdio, ou montamos um estúdio, e ficamos fazendo música. Nós somos nerds, workaholic mesmo. Tínhamos estúdio em Barcelona, na Austrália, no Japão... Além de alugar, montamos estúdio em quarto de hotel. Fora isso, sou um cara que gosta de comprar. Sou consumista total. Nas viagens, aproveito para fuçar nas lojas, sou viciado em roupa, tênis, arte, livro, revista... Se estou numa cidadezinha na Bélgica, eu quero saber quais são as lojas, quais são os artigos; Se estou no México, vou sair fuçando nas feirinhas locais. Ou seja, sempre que tenho um dia livre, aproveito para fuçar nas lojas, comprar presentes pra família. Abarroto a mala, pago excesso de bagagem. É uma distração, pra passar o tempo e matar a saudade de casa. Tipo madame com depressão que precisa gastar... Já aqui no Brasil eu não gosto de sair de casa... Aqui você curte a família... Curto ficar em casa, com a família, levar minha filha na escola, buscá-la, e fazer música, pois também tenho um estúdio aqui. Então ninguém me arranca de casa, meus amigos ficam loucos da vida comigo. Eu só saio de casa com a mochila nas costas: pra tocar. Então essa é a única desculpa pra sair, mas tocar é um certo lazer. Eu toco, faço o som que gosto, encontro os amigos, tomo minha cerveja, durmo até tarde no outro dia... Eu não posso reclamar do meu lifestyle. Mas é claro que às vezes bate o cansaço e dá vontade de largar tudo, como fizemos alguns dias atrás. Paramos tudo e fomos pra praia. E montamos um estúdio. Era pra ser férias, mas ficamos dez dias fazendo música. De manhã ia pra praia, nadava, relaxava, comia um churrasco. Mas chegava a noite e íamos fazer o que? Música! Aproveitamos esses dias para começar a preparar o setlist da próxima tour. Fale mais sobre esses dias em Maresias (litoral norte de SP)... A turnê oficial no Brasil começaria nesse final de semana, mas apareceu a data de Porto Alegre duas semanas antes. O Sam ia passar o aniversário dele no México, mas eu liguei e disse: “Por que você não vem pro Brasil, pra Floripa?” Mas pensei bem, Floripa essa época do ano chove muito, e resolvi pegar um lugar em São Paulo mesmo, uma casa legal, com estrutura pra montar um estúdio. Daí o Sam veio e acabou arrastando o Spike Jonze junto. Veio também um outro amigo nosso, chamado Seven, dono da gravadora Chocolate Industries. O Seven é um dos caras mais loucos que eu conheço: todo lugar que o N.A.S.A. vai ele monta o escritório dele, leva laptop, impressora, etc. Veio outro amigo americano, o Dave, que acabou de fazer um disco na Jamai-


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N.A.S.A. em ação no festival Planeta Terra, em São Paulo. O cineasta Spike Jonze registra seu amigo Zegon com uma camêra digital.

ca. E toda essa galera surfa, aí ficou a casa do surf, com estúdio montado... Foram os melhores dias do ano! Daí o (Fabio) Bitão colou uns dias, o Raul Machado (videomaker) também colou pra filmar pro DVD que vamos lançar ano que vem. Assim achamos um jeito de nos divertir e sentir em casa onde quer que estivermos. Foi assim que fizemos em Barcelona também. Você disse que quando vai tocar, está sempre de mochila. O que carrega na mochila? Hoje saio de casa só com meu laptop (com dez mil músicas), 4 vinis iguais (são os controladores) e uma caixinha do Serato (emulador de toca-discos). Nessas 10 mil músicas têm um pouco da minha história, e minha discotecagem é bem freestyle. Há três anos, eu saía de casa com o Kichi e o Pois É, e dava 100 reais pra cada um carregar meus discos. O Pois É, que é forte, carregava uns 200, o Kichi um pouquinho menos, uns oitentinha, e o máximo que conseguia levar numa noite eram 300 discos. Sempre fui um dos caras que mais carregou disco na noite em São Paulo. Isso é um mania minha, do DJ

Nuts e do finado Primo, de usar a música só até o primeiro refrão. Se rolar dois refrãos, é porque parei pra conversar com alguém ou algo assim. Muitas vezes carregava um disco pra tocá-lo por dez segundos. Ou dois iguais pra fazer um backto-back. Vinil é minha vida, amo vinil, mas o Serato é evolução. Mas o Serato é bom e ruim: bom pra gente, e ruim pra molecada que começou já com o Serato. Como você passou toda sua coleção de vinil pro digital? Tudo que usava pra discotecar já estava dentro dos cases, então fui digitalizando case por case. Teve um dia que fui fazer uma arrumação e tinha muito disco fora da capa... Comecei a gravá-los, achava a capa e guardava. Fiquei fazendo isso durante meses. Faz três anos que estou usando o Serato e ainda não acabei. Levei alguns cases de discos pra estúdios de amigos, e falava: “olha, digitaliza aí pra mim e em troca você fica com esse disco raro em mp3”. E venho fazendo isso até hoje. Esses emuladores de toca-discos levaram os DJs para um próximo nível. Quem era rápido está mui-

to rápido; quem não era tão rápido ficou rápido; quem era eclético ficou mais eclético; quem tinha a manha de usar efeitos agora tem muito mais efeitos; e quem estava começando a tocar pegou todos os vícios errados e virou uma geração de clones. É um igual ao outro, tocam as mesmas músicas, baixadas dos mesmos blogs, ou seja, sem raiz. Por outro lado, teve uma galera que resistiu e demorou pra usar o Serato, mas quando entrou já começou aplicando técnica foda, e isso mudou completamente a cena. Quais os lugares mais legais que você já tocou? Eu amo o Japão, em todos os sentidos. Tókio é animal! Gosto muito de São Paulo, que é minha casa. São Paulo tem um público exigente, difícil de agradar, mas que sabe admirar a parada de verdade. Shangai foi muito louco, pois é um público muito reservado, e conseguimos fazer os caras perderem a linha. Também gosto muito de tocar em Nova Iorque, um público que já viu de tudo e, por isso, quebrar uma barreira em Nova Iorque dá uma satisfação fudida. Los Angeles é casa também, minha segunda casa.



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E as casas noturnas, quais as mais legais? Minhas melhores memórias são do passado, do finalzinho dos anos 80. E acho que aquele espírito está voltando hoje. Está todo mundo cansado de sair pra ouvir rap, ou eletro, ou qualquer outro estilo. As pessoas estão querendo sair pra ouvir música e se divertir. MÚSICA! No final dos 80 era assim: você ia no Cais e os DJs eram o Arthur Veríssimo, o Jaime que era punk, a Alois que era do rap, o Magal do new wave, e tinha os 4 tipos de público. Punks, b-boys da São Bento, skatistas, os modernos, e tava todo mundo numa certa sintonia, convivendo. Hoje em dia está ficando assim novamente. Lógico que tem uma certa ligação pela música eletrônica nova, com os mash-ups, que junta os estilos, tribos e gostos. Uma outra boa memória é do D-Edge de segunda-feira, ontem mesmo toquei meu set daquela época, de quando o João Gordo era DJ residente. Eu continuo residente mensal lá, o D-Edge é uma das casas mais legais do Brasil, e uma das mais consideradas no mundo. Fora de São Paulo, gosto muito de tocar no Beco, em Porto Alegre. Gostava muito de tocar no Confraria, mas fechou. Teve uma fase em Curitiba bem legal também, na época da festa Chronic. Em Goiânia tem a Fiction, que é uma casa bem louca. Em Belo Horizonte tem a Deputamadre. Têm várias casas pelo Brasil, só o Rio de Janeiro que está um pouco fraco. Como foi a história da nave do George Clinton (Parliament Funkadelic)? Nós chamamos o George Clinton pra participar do nosso show no festival Coachella, na Califórnia, e além dele a gente também estava interessado na sua nave, a Mothership. Ele disse que a nave estava abandonada numa garagem em Berkeley, e que apesar dela estar velha nós poderíamos pegar. Ele foi do caralho, super gente boa. Apesar da loucura é gente fina e super profissional. Mas chegamos a conclusão que pegar a nave velha dele, reformar, e levar de Berkeley pro deserto daria muito trabalho. Então pegamos umas dicas dele e construímos uma nave nova, e agora temos duas naves. Uma que deixamos no Japão e essa na Califórnia. Vocês estão registrando isso para um documentário? Sim, temos o making of de tudo, do disco inteiro: gravando com o George Clinton, na Jamaica, aqui no Brasil gravando percussão, comprando discos, na casa do Tom Waits, tem de tudo um pouco. O filme será o making of do disco, os clipes e a gente na estrada. Esse DVD deve sair nos próximos seis meses. Estamos finalizando os últimos clipes, e do disco “Spirit of Apollo” já temos quase todas as músicas em animação. Tem uma galera trabalhando nisso, de Mark Gonzales a Shepard Fairey. E o que deve sair

agora, em dezembro ou janeiro, é o disco inteiro remixado. Quais são os melhores sebos pra buscar disco? Os melhores-melhores são secretos. E têm alguns tradicionais que não posso deixar de falar, que é o Casarão da Mooca e o Disco Sete. Tem um grande amigo, o Fernando, que tinha uma loja chamada Jóia Rara, que agora é só virtual. Ele vende muito no eBay, é tipo um traficante de disco, ele é foda, tem visão de produtor: não chega só com o disco raro, vem com a ideia também, “olha esse pedaço dessa música”. O cara tem visão de beatmaker. Eu coleciono discos até hoje, mas não mais pelo valor ou raridade. Às vezes um disco muito inusitado, que ninguém quer, pode ter uma coisa muito valiosa. Direto eu fuço na prateleira de discos de R$ 0,50 ou R$ 1,00. E como foi a viagem pra Barcelona? Nessas viagens longas, procuro levar a família. Principalmente no verão, que ficamos uns dois meses na Europa. Então montamos uma base em Barceloneta (bairro da Cidade Velha de Barcelona), do lado da praia, um apê gigante, pra montar o estúdio. E foi a mesma galera que veio pra Maresias, a família do Sam, irmã com as crianças, minha esposa com minha filha, meu irmão, o Seven e seu escritório, etc. Ficávamos em Barcelona de segunda a quinta, depois viajávamos na quinta pra tocar com o N.A.S.A. e voltávamos no domingo. Pelo menos assim não ficávamos tanto tempo longe da família. E também dava pra explorar a cidade, tocar em Barcelona, etc. Nesse verão agora estamos pensando em montar uma base em Floripa. Alugar uma casa, montar um estúdio, fazer música, andar de skate, surfar... Ainda sobra tempo pra andar de skate? Muito difícil, só ando de skate em LA praticamente. Dá preguiça de dirigir, e tem aquelas calçadas, chão maravilhoso, e uso o skate como meio de transporte. Então diz aí cronograma do verão... Minha prioridade é lançar meu site. Também quero lançar meu mix, bem eclético, refletindo todas minhas influências. E tocar pelo Brasil, tirar um tempo pra mim. O mês de janeiro inteiro estarei aqui, fazendo muito o circuito de praia, mas também vou tocar em São Paulo. Tenho coisas agendadas em Fortaleza também, e o ano novo será em Floripa, com a família e os amigos das antigas. Vou passar pelo Rio de Janeiro com certeza, pois fazia dois anos que não tocava lá e recentemente quebrei o gelo. Parece caso antigo, com a mina fazendo um tipo, mas depois acaba rolando, e volta com tudo.





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Mariana TaMiporivan Shupikov
















das


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neves textoDouglas Prieto FotoalexanDre vianna

o admirável brasileiro

Dificuldade. Freio para uns, acelerador para outros. Felipe Motta procurou o desafio: queria fazer snowboard, mesmo morando num país tropical, ensolarado e quente por natureza. Com foco, disciplina e persistência, tornou-se um snowboarder reconhecido internacionalmente


Felipe Motta

o fato de morarmos num país sem neve foi o que me impulsionou. queria viabilizar a prática e ver até onde minha habilidade me levaria.

No início da década de 90, um garoto paulistano matricula-se para estudar nos Estados Unidos. Passa seus dias entre a dedicação aos estudos e usa o tempo livre para, junto com seus colegas de escola, andar de skate em ruas e estacionamentos. Vem o inverno, a neve cai, seus amigos descansam os skates e lhe apresentam o snowboard, o skate da neve. Daqui pra frente, a história deixa de ser comum. Uma faísca, em plena montanha congelada, desperta uma nova paixão em Felipe Motta, que, de volta ao Brasil após terminar o intercâmbio, passa a imaginar soluções e tentativas de se tornar um snowboarder.

Hoje, aos 33 anos, Motta se surpreende quando relembra tudo que aconteceu em sua vida por conta do snowboard. “Quando voltei dos EUA, comentava com meus amigos skatistas sobre a vontade que tinha de ir pra neve, e a dificuldade da falta de grana. Eles me incentivavam muito, dizendo que, se eu gostava mesmo, tinha que ir praticar, seja lá como fosse”. Descobriu que existia uma viagem de ônibus pro Chile que estava dentro de seu orçamento, colocou a prancha nas costas, entrou na estação Marechal Deodoro do Metrô e três dias depois, estava com o pé na neve. Com a sorte que só acompanha os que arriscam, amizades surgidas (um grupo de surfistas de Curitiba) no trajeto lhe asseguraram um lugar para ficar durante sua estada chilena. Por conta do verão europeu, alguns habitantes deste continente também rumaram para o Chile na mesma época, e Felipe foi se envolvendo com a mídia especializada do snowboard e com a produção de fotos. Em 1997, acabou saindo nas páginas de uma revista francesa, que contou a história do snowboarder brasileiro, morador distante da neve, com sua prancha quebrada e muita vontade.

A partir desta experiência, Motta passou a incluir o snowboard em sua rotina. Após morar por um período na Alemanha, passou a cursar Engenharia de Produção na Universidade de São Paulo, o que acabou lhe proporcionando um emprego num banco de investimentos. Enquanto fazia uma boa poupança, usava seus períodos de férias para praticar snowboard e estudava o mercado dos esportes de prancha. “Olhava para meus chefes, e não me via trabalhando no banco dali a dez anos. Juntei US$ 60.000,00, consegui apoio de algumas marcas da Surf Co. e decidi viajar, correr atrás do inverno, acordando, colocando a bota e indo pra neve.” Passou três anos viajando entre os hemisférios norte e sul, e passou a competir no circuito Sul Americano e no Campeonato Brasileiro de Snowboard. “A competição em nível brasileiro é extremamente importante, pra mostrar que o esporte existe no Brasil e reunir seus praticantes”. Motta integrou o projeto olímpico, recebendo ajuda do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para viagens, graças ao trabalho correto da CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve). Graças à resultados expressivos, especialmente considerando-se o fato de ser brasileiro, Felipe esteve muito próximo de ter sido o primeiro homem sul americano a participar de uma Olimpíada de Inverno, em 2006. Ao mesmo tempo, o sonho de unir a paixão com uma boa oportunidade profissional aparecia, com a proposta de trabalho numa importante empresa do mercado de boardsports. “Nunca fiz snowboard por competição. Podia ir pras Olimpíadas, ficar em vigésimo entre vinte e cinco competidores, mas e daí? O que isso agregaria para mim?” Mesmo com o direcionamento dado pelo pai desde pequeno, que sempre o incentivou a montar projetos, estabelecer metas e buscar patrocínios, Motta via que seria difícil sobreviver dignamente com as condições de patrocínio que lhe foram oferecidas, mesmo após a boa visibilidade que obteve.


homero nogueira

A posição oferecida pela Quiksilver colocou Motta num nível profissional, aos 28 anos, impossível de encontrar em outro setor. “No banco, eu era Junior, com 3 anos de formado. Entrei na Quiksilver num nível Senior, gerenciando diversos setores, numa empresa média, com uma estrutura formada, totalmente auditada. Aprendi muito lá, e continuava fazendo snowboard sempre que possível.” Cerca de cinco anos depois, foi o momento de realizar outro projeto pessoal, ser dono do próprio negócio: em pleno olho do furacão da crise econômica internacional, no começo de 2009 montou a Lotus Dist. e passou a ser distribuidor da Emerica no Brasil. Não por acaso, cita duas referências que ajudam bem a entender sua linha de pensamento: Jamie Thomas, skatista que saiu do Alabama e construiu na Califórnia um pequeno império dentro do mercado do Skate ame-

ricano, ao mesmo tempo em que se tornou um dos melhores skatistas que o mundo já viu, e Ian MacKaye, da banda Fugazi (e diversas outras como Minor Threat, Embrace e atualmente The Evens), do selo Dischord e um dos ícones do “faça você mesmo”. Felipe não afirma ter escolhido o snowboard, mas dá uma pista do porquê disso tudo. “Acho que o fato de morarmos num país sem neve foi o que me impulsionou, queria ver se conseguiria viabilizar a prática, ao passo que era curioso pra saber até onde minha habilidade técnica me levaria. É uma satisfação enorme ter encontrado fórmulas que funcionaram e fizeram tudo isso acontecer.”




ELaS

TamBÉm USam

BONÉ


50/51 TexToGABRIELA GARCEZ FoToSFERNANDO MARTINS

Boné não é artigo só deles, elas também podem usar esse acessório esportivo sem medo. E, para mostrar que é possível manter a feminilidade com um boné na cabeça, convidamos quatro garotas estilosas e adeptas desse item

Os trajes de esporte foram essenciais para a revolução do guarda-roupa feminino no século XX, pois saíram de um universo quase que inteiramente masculino e chegaram na moda delas trazendo conforto e ousadia. Coco Chanel é um dos nomes mais importantes desse processo, pois ela inseriu as linhas simples das roupas de montaria e de iatismo na alta-costura parisiense dos anos vinte. A estilista foi genial ao apostar na elegância e na feminilidade sem o uso de frou-frous em excesso. Foi nesse momento que a moda anunciou a aceitação da modernidade e permitiu novas possibilidades de comportamento para as mulheres. Algumas décadas depois, nos anos 60, a moda de rua cresceu com os jovens londrinos e, entre a música rock e as contraculturas que se destacavam, o sportswear foi usado por garotas irreverentes como a designer Mary Quant. À partir dos anos oitenta, a moda feminina passou a ser feita basicamente de estilos urbanos e globais e o esportivo foi adotado até mesmo pelas mulheres mais conservadoras, que viram na praticidade de seus tecidos tecnológicos a solução para a nova e repleta rotina. Hoje, com a busca da individualidade acima das tendências passageiras da moda, o que vem dos esportes já está inserido na vida delas. Por isso,

o uso de bonés não causa estranhamento. Pelo contrário, nas cabeças femininas mais antenadas, como as de Erykah Badu, Kate Moss ou Karen Jones, eles já fazem parte da categoria dos objetos de desejo. Os modelos de baseball, estruturados com aba reta ou feitos em tecido elástico com aba curva, são os mais populares. Ganharam às ruas graças ao público norteamericano e conquistaram a moda por meio das celebridades. O diretor Spike Lee, fã do esporte assim como dos bonés, foi um dos responsáveis pela expansão desse artigo para além do universo esportivo. Conta-se que ele encomendou vinte bonés do time New York Yankees na cor vermelha, ao invés da tradicional azul marinho, para usar durante a bem sucedida campanha do time, no ano de 1996. O pedido desencadeou outros interessados em séries customizadas e contribuiu para que novos fabricantes investissem em acabamentos diferenciados.

Nas cabeças femiNiNas mais aNteNadas, os boNés já fazem parte da categoria dos objetos de desejo.

Confeccionados em cores e tamanhos variados ou sob séries limitadas, atualmente as marcas de bonés buscam satisfazer a todos os gostos. O número de modelos feitos especialmente para as mulheres também está maior, o que torna ainda mais fácil encontrar o boné que melhor combine com cada uma.


Daniela Santos estilista e empresária Sócia de uma cadeia de lojas de roupas femininas chamada Melão Amarelo, Daniela é cheia de energia, pratica remo e adora sair para dançar com as amigas. É ligada em moda e sabe esbanjar sensualidade sem ter de tirar o boné da cabeça. “Uso para fazer um charme porque acho os bonés muito sexy. Gosto de usá-los com peças clássicas, de repente com uma blusa de oncinha e um salto 15. Minha regra é não usar boné com calça de moletom ou com mini blusa, calça baixa e justa, porque para mim isso é o Ó....”


Juliana Iurk atriz e diretora de cena A Ju é básica, ou melhor, prática. De cara já retifica: “sou assistente de direção ainda, diretora serei daqui a algum tempo”. Enquanto atriz, percebeu que era bonita ao ver os vídeos em que aparecia. Atualmente com a auto-estima em dia, sabe unir o lado funcional de seus estimados bonés a favor de sua individualidade: “acho legal a mulher assumir a feminilidade e colocar um boné na cabeça, afinal a gente vive pedindo direitos iguais”.


veronica sanz modelo Apesar de viver da moda, não é vítima dela, usa somente as tendências de que mais gosta. Da moda street, aderiu aos bonés e os carrega para onde seu trabalho a levar: São Paulo, Londres ou Cape Town - cidade sul-africana que a aguarda no final do ano. Acha que os bonés agregam um certo mistério às mulheres, mas alerta: “se dobrar muito a aba fica horrível”!


Nathalia valentini MC e hostess Ela ganha bonés de algumas marcas, compra e gosta de ter aos montes junto de outros acessórios e roupas que dividem o espaço de seu quarto. Moda para ela é um meio de diferenciar qual é a Nathy da vez: a que batalhou para lançar seu novo disco totalmente independente, a glamurosa da porta do Clube Glória ou a MC dos palcos e ligeira no mic. Qual o seu boné preferido? “Um marrom, do New York Yankees, que foi presente de uma amiga”.


ElEmEnt R$ 149,00 | Adio R$ 99,00 | nEw ErA (pReรงo sob consulta) | rVcA R$ 149,00 SumEmo R$ 68,00 | Adio R$ 99,00 | VAnS R$ 222,00 VAnS R$ 192,00 | SumEmo R$ 68,00 | nEw ErA R$ 149,00 | KrEw R$ 119,00 lrg R$ 189,00 | ElEmEnt R$ 139,90 | Kid robot R$ 199,00 | KrEw R$ 119,00



A revelação dura um instante. Luzes, vozes e sensações, antes desconhecidas, ficam registradas. Uma palavra nova sussurrada no ouvido tem poder de mudar tudo, ou nada mudar. São momentos de diversão, escolhas e memórias que talvez não durem até o dia seguinte. Tudo bem, alguns momentos existem pra serem apenas passagens. E neles, você sabe exatamente o que fazer. Deixe-se revelar com estilo.


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Niper veste camiseta Zoo York, R$89,70; calça Alcides e Amigos, R$109; sapato Shoestock, R$150. Florence veste macacão de lã (acervo pessoal); brinco Boombox, R$60; meia calça (acervo pessoal); sapato Melissa, preço sob consulta;


entrevista AlexAndre viAnnA FOtOs renAto custodio

A marca paranaense OÜS apostou em inovação. Fundada em agosto de 2008, investiu em design, incorporou reciclagem de matéria prima, foi criteriosa no controle de qualidade e guardou tudo em caixas exclusivas. Como resultado do esmero na produção, seus tênis estão no topo da lista de qualquer sneakerhead que esteja atento às novas tendências. A OE conversou com Rafael Narciso, o mentor da marca



Tainรก veste vestido B. Luxo Vintage, R$80; colar Alcides e Amigos, R$142; Cau veste camiseta Der Metropol, preรงo sob consulta; Flรกvio veste Camiseta Alcides e Amigos, R$128; colete B. Luxo Vintage, R$38; calรงa Krew, R$ 287,90;


Cau veste camiseta B. Luxo Vintage, R$30; calça Der Metropol, preço sob consulta; Flávio veste calça Krew, R$ 287,90; regata Alcides e Amigos, R$59; Arianny veste vestido Ágatha, R$399; Niper veste camiseta Zoo York, R$119,70; calça DC, R$ 237; Tainá veste regata B. Luxo Vintage, R$28; short Guria, R$88; colar Boombox, R$60;





Flรกvio veste Camiseta Alcides e Amigos, R$128; colete B. Luxo Vintage, R$38; calรงa Krew, R$ 287,90; Arianny veste vestido usado como blusa ร gatha, R$ 399; saia American Apparel, R$ 146; pochete B. Luxo Vintage, R$ 62;


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Cau veste camiseta American Apparel, R$67; camisa Krew, R$ 189,90; Florence veste body vintage; saia RV Made For, R$ 255,67; colar Boombox, R$85.



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FOTOGRAFIA FERNANDO MARTINS STYLING DÉBORA MACHADO PRODUÇÃO DANI CRUZ MAKE UP NAIANA PRATES AGRADECIMENTOS MILO GARAGE, AKIRA, DAN, CAU, FLORENCE, TAINÁ, NIPER, FLÁVIO E ARIANNY.



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No sentido horรกrio Nike Terminator Hi - R$ 469,90 Puma Alexander McQueen - R$ 713,00 Adio Ruckus - R$ 339,00 Supra Vaider - R$ 499,90 Puma - R$ 458,00 Converse Weapon 86 - R$ 299,90 Diadora 80 - R$ 199,90 Nike WMNS Aeroflight High Le - R$ 329,90 Reebok Muskita - R$ 299,90


Adidas Star Vulc ‘Mysterious Al’ - R$ 279,90

Onitsuka Tiger Ultimate 81 - R$ 279,90

Adidas Jeremy Scott JS Africa - R$ 399,90

Nike WMNS Dunk Hi Skinny - R$ 329,90

Nike SB Stefan Janoski - R$ 349,90


DC Life Sixpack - R$ 609,90

Reebok Freestyle Hi - R$ 299,90

Nike Dunk Hi Supreme Spark - R$ 449,90

Cons ERX Hi top - R$ 379,90

Adidas ZX700 Boat - R$ 369,90


TexToricardo nunes

UM RESGATE

NA HISTÓRIA Houve um tempo em que tênis era quase sinônimo exclusivo de sapato para corrida... Desde a invenção do calçado até essa primeira década dos anos 2000 muita coisa mudou: a fórmula borracha, espuma e couro já não é mais suficiente para descrever o calçado, e o que hoje é tecnologia de ponta amanhã pode estar calçando seus pés no rolê, e não na academia. Saímos dos solados com travas da Adidas na década de 50 - quando a marca patrocinou o corredor Emil Zatopek e sua mulher Dana Ingrova, nas Olimpíadas de 1954, arrematando quatro ouros - para sistemas de amortecimento inspirados nas pisadas de galinhas (!!), compostos por cápsulas de ar, expostas ou não, recheadas de gel, até chegarmos a espuma desenvolvida pela Agência Espacial Americana e tênis que pesam menos de 200 gramas – isso só pra ficarmos nos poucos exemplos de uma grande lista. Milhares e milhares de dólares de investimento, várias décadas e centenas de horas em pesquisa depois, e uma preocupação estava lá, presente em boa parte dos briefings de desenvolvimento: o visual. Saímos da década de 80, onde o legal era parecer futurista, e chegaram os 90, inserindo a “malhação” no rol dos esportes nacionais. Frequentar academia virou quase obrigação, e o tênis um divisor de “tribos”. Das academias para as ruas e baladas, e o que era pra correr virou sinal de status, de estilo. Ou da falta dele. Vieram os 2000 e a onda agora era ser retrô. O Brasil descobria o que outros países do mundo já sabiam desde o começo dessa história: tem tênis pra suar, tênis pra correr, e tênis pra badalar. E tem tênis que um dia já foi pra correr e que hoje, superado pelos milhares e milhares de dólares investidos em tecnologia, não perdeu o visual classudo, mudou

apenas de categoria, ou de seção nas lojas, saindo das prateleiras de performance e migrando para as de lifestyle. Todas as marcas têm seus representantes do que se convencionou chamar “retro runner”. São modelos originalmente concebidos para as pistas, mas que hoje, duas ou três décadas depois da sua criação, funcionam melhor nas horas de lazer – ou de trabalho, contanto que você não seja um maratonista. Tênis que marcaram infâncias e adolescências. Objetos de desejo numa época em que importados no Brasil só na mala de amigos e parentes voltando do exterior. Esse resgate de uma história, que muitas vezes nem era a sua, no sentido de possuir o modelo, faz com que trintões corram atrás dessas re-edições e aqueles que ainda não eram nem um projeto de gravidez na época dos lançamentos originais vasculhem o mundo em busca de certos modelos. Na outra mão dessa história, boa parte dos tênis super hi-tech – esses sim, pensados para os corredores profissionais, amadores ou de finais de semana - adotaram um visual mais clean, apesar de todo aparato tecnológico envolvido, influenciados (ou não) pelo resgate dos retrôs e por uma estética mais limpa e menos futurista, comprovando que a tecnologia tem que estar nos componentes funcionais do tênis, e não no visual que ele aparenta. O mercado de massa brasileiro ainda insiste em considerar a quantidade de molas - ou de bolhas - do tênis um sinal de status. Mas o resgate dos retro runners e a limpeza dos modelos mais atuais estão aí pra provar que essa confusão toda tem hora certa pra acabar.


RetRo RunneR

X PeRfoRmance

Nike Air Max 1 - R$ 369,90

Asics GEL-HyperSpeed 3 - R$ 279,90

New Balance 1300 Alife - R$ 699

Diadora Mythus Axeller - R$ 359,90

Puma Disc Blaze ‘The Goonies’ - R$ 548

Nike Zoom Equalon+ 4 - R$ 549,90

Adidas ZX9000 - R$ 239,90

Nike Zoom Equalon+ 4 - R$ 549,90




EntrEvistaSHeila almendroS E Fotosana Paula negr達o

Mayra Dias Gomes


A carioca Mayra Dias Gomes foi criada em meio à arte. Filha do dramaturgo Dias Gomes com a atriz Bernadeth Lyzio, escreveu seu primeiro livro aos 16 anos, é colunista de um jornal paulista, repórter musical de uma conceituada revista norteamericana e hoje vive em Los Angeles, produzindo sua terceira obra inspirada na sua nova vida


Apesar do famoso sobrenome, Mayra conquistou notoriedade com seus próprios méritos. Começou a escrever seu primeiro livro aos 16, em meio a uma conturbada fase de depressão na adolescência. Após a morte do pai, há 10 anos, passou a viver diariamente em festas e baladas, sempre regadas à álcool e drogas. Foi daí que surgiu Satine, o personagem alter ego de “Fugalaça”, lançado em 2007; uma autoficção responsável pela sua volta por cima e pelo reconhecimento no cenário underground brasileiro. Recentemente, lançou seu segundo trabalho, intitulado “Mil e uma noites de silêncio”, narrando a história de Clara, uma garota que passou a ter dificuldades de se relacionar com as pessoas após a perda da mãe. Ambos os livros tiveram as orelhas assinadas por nomes conhecidos da atualidade, como o escritor Santiago Nazarian e a apresentadora e também escritora Fernanda Young.

Mayra taMbéM já colaborou coMo crítica de literatura para o prograMa Notícias MtV, apreseNtado por cazé peçaNha. atualMeNte é coluNista Musical do jorNal paulista Folha de são paulo, escreVe para a reVista NorteaMericaNa spiN e prepara o seu terceiro liVro, iNspirado Na sua NoVa Vida eM los aNgeles, coMo ela coNta para a reVista oe. Atualmente você deixou sua vida no Rio de Janeiro para morar em Los Angeles. O que a fez tomar essa decisão? Estava frustrada e infeliz. Sou uma daquelas pessoas que têm uma relação de amor e ódio com o lugar onde nasceram. Já estava querendo sair do Brasil há algum tempo, mas não havia tido coragem de me desapegar de certas coisas profissionais e amorosas. Algo me dizia que tinha que vir para cá. Não é por coincidência que estou me sentindo a pessoa mais feliz do mundo ultimamente. Essa cidade tem tudo a ver comigo. Como está sendo a nova vida por aí? Está perfeita. Estou dormindo e acordando com um sorriso no rosto. Tenho a sensação de que já estava aqui antes mesmo de chegar. Sou como todas as outras pessoas que

vieram para Los Angeles com um sonho: quero ter a chance de ser livre para fazer qualquer coisa que sentir vontade. Cada dia aqui é diferente. Essa cidade é imprevisível.

diversidade sexual, bares de rock, moradores de rua que são personagens. Tudo está misturado, cada dia é uma história diferente. Muito inspirador.

O que mudou no seu dia a dia? Ainda não tenho uma rotina, acabei de chegar. Tudo aconteceu muito de repente. Conheci o cara com quem estou agora na minha segunda noite por aqui e agora estou morando com ele pelo tempo que puder ficar. Alugamos um apartamento em Hollywood Boulevard. É um lugar louco. Pessoas de todos os lugares do mundo estão aqui com alguma intenção. Malucos que querem ser estrelas, pessoas que gastam um absurdo só para andar pela calçada da fama onde estamos. Premieres, pessoas fantasiadas pelas ruas, bares, boates, lojas de stripper,

Você tem demonstrado em seu twitter o quanto está feliz com a vida de “casada”. É a primeira vez que passa por essa experiência? Não. Eu já morei com dois outros namorados porque sou assim. Estou feliz agora e é o que importa. Faço o que o momento manda. Eu e o Coyote somos muito parecidos então nos damos muito bem no dia a dia. Ele também é escritor, músico e ator. Seu primeiro livro (“Fugalaça”) foi uma espécie de autobiografia, que tinha como personagem central seu alter ego Satine. Até que ponto você seguiu com a sua reali-


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Clara, personagem do seu segundo livro “Mil e uma noites de silêncio”, perde a mãe e se encontra isolada socialmente após diversas situações que se passam em sua vida. Quanto da Mayra há em Clara? Quando estou criando um personagem, acabo dando a ele parte de mim em um processo de contemplação e crítica. Preciso expandir essa nova vida ao mundo real e assim acabo resolvendo meus próprios tormentos. Clara é o meu oposto em muitas coisas, mas nesse aspecto me representa também através de antagonismos. Mesmo assim, algumas frustrações de Clara são inspiradas em frustrações que já tive. E como ela, passo pelos conflitos de uma mente viajante: vou para longe para ser livre e então me sinto abandonada.

dade dentro da vida de seu personagem e o que tem em Satine que você gostaria de adotar em sua vida? Satine era uma adolescente. Escrevi “Fugalaça” aos dezesseis anos. Mas ela é um personagem e acaba quando acaba o livro. Eu sou a Mayra. Tenho vinte e um anos e não concordo com muitas loucuras que Satine cometeu, apesar de saber que foram necessárias.

Já que Mayra escreveu sobre Satine... Como Mayra definiria a Mayra? Mayra é uma menina criativa, impulsiva e sonhadora. Corre atrás dos seus sonhos e não tem vergonha de errar na frente das pessoas. Ama escrever, fala o que pensa e é apaixonada por música.

Sua primeira tatuagem foi feita escondida da sua mãe, certo? Qual foi a reação de sua família quando adotou seu estilo? Minha mãe sempre respeitou quem eu sou, mesmo que desaprovasse algumas coisas, como tatuagens, por achar que é uma agressão à pele. Mas eventualmente ela se acostumou e passou a ver os desenhos no meu corpo como arte. Ela também fez três pequenas tatuagens. Eu, desde pequena, usei tatuagens falsas e piercings de pressão. Sempre foi meu estilo. Minha primeira tatuagem foi com quatorze anos. Também foi a idade do meu piercing no umbigo e no nariz. E segui me tatuando até hoje porque amo tatuagens, apesar de sentir dor quando as faço.


Elas (as tatuagens) têm seus respectivos significados? Quase todas têm. Tenho umas trinta tatuagens, algumas grandes e outras pequenas. Não gosto de contá-las, porém, porque muitas se juntaram e viraram uma só. Então o número não faz sentido. Se for te contar o que cada uma significa, vai virar uma crônica. Como começou sua experiência em meio à música e quais são os seus trabalhos atuais que tenham esse envolvimento? Sempre fui apaixonada por rock, desde criança. O primeiro disco por qual me apaixonei de verdade foi dos Rolling Stones, que achei por acaso nas coisas dos meus pais. Mas profissionalmente, foi depois do sucesso do meu primeiro livro. O Ivan Finotti, da Folha de São Paulo, começou a me testar como colunista e acabei trabalhando como repórter musical por quase três anos, até que me tornei colunista quinzenal do Folhateen. Minha coluna se chama “Na Estrada” e é um relato gonzo do mundo do rock. Também sou correspondente do site da revista Spin, a segunda maior revista de música dos Estados Unidos. Estou na Spin há mais ou menos um ano. Já entrevistei e fiquei amiga de muitos dos meus ídolos. Escrevo letras para bandas também. Recentemente meus amigos do Bastardz gravaram uma música que escrevi com o guitarrista, “Mal Estar”. Gravamos o clipe da música antes da minha viagem, e nele eu faço o papel de uma mulher sensual e má. Mato todos os integrantes da banda. Já tentei ter banda, mas faço música no papel. Me envolvo com trabalhos como assessoria e produção também. Gosto de trabalhar em qualquer coisa que envolva a indústria musical. Você é daquelas pessoas que tem trilha sonora pra tudo? Pra escrever, transar, cozinhar? Sou, claro. Ouço música o dia inteiro. Meu processo criativo acontece à base de música. Ilustro meus pensamentos com trilhas sonoras e então escrevo minhas histórias, mergulho no subconsciente dos personagens. Cada história ou cada situação tem uma diferente. Recentemente, diria que tenho escutado Ramones, Turbonegro, Lady Gaga e o meu homem, Coyote Shivers. Você descreve sua adolescência como confusa. É nessa fase que o jovem conhece o sexo, o lado mais malicioso das pessoas, desperta a curiosidade sobre diversas coisas... Como você encarou tudo isso? Você acredita que cresceu conhecendo a vida sozinha? Sempre fui uma pessoa extremamente sexual. Já tive transas maravilhosas e transas horríveis. Mas não importa, é natural. Faz parte do passeio. Descobri o sexo como qualquer outra garota com acesso à informação: lendo e fazendo. Não é como se meus pais pudessem me ensinar a fazer sexo, não é?


Em que pé está a produção do seu terceiro livro? Encontrei uma história nova para contar quando conheci o Coyote. É uma história chocante e cativante, produto da loucura de Hollywood. [Saiba mais em: starcrazytruestory.com] A figura respeitada do seu pai (Dias Gomes) lhe ajudou na decisão de se tornar escritora? No começo me fez temer a decisão de seguir essa profissão, apesar de sempre me dizerem que foi o que eu nasci para fazer. Eu queria ser uma rockstar. Tinha medo das comparações, da pressão. Sou muito fã do meu pai. Ele era um homem maravilhoso. Rebelde e sonhador como eu. Um dia deixei de me importar com o que as pessoas iriam dizer e resolvi passar por qualquer coisa que tivesse que passar. Passei por momentos de muita pressão e julgamento realmente, mas me sinto bem mais forte e segura agora. Escrever é minha terapia e eu amo o que faço com todo meu coração e minha alma. O que importa se os outros vão me criticar? Sou feliz e amo minha arte.

Sempre fui uma peSSoa extremamente Sexual. Já tive tranSaS maravilhoSaS e tranSaS horríveiS. maS não importa, é natural. faz parte do paSSeio. Quais são as lembranças que você tem dele? Por muito tempo achei que havia esquecido dessas lembranças. Então assisti fitas e li muito sobre meu pai. Fomos uma família muito feliz. Inclusive vou lançar um livro de entrevistas dele pela editora Azougue. Depois do acidente que matou meu pai, esqueci muita coisa por causa do trauma que sofri. Descobri que ele havia morrido pela Internet. Lembro de ver sua morte noticiada nas televisões e nos jornais, lembro de ver cartazes para ele pelas ruas enquanto passávamos com seu corpo em um carro de bombeiro. Foram momentos bem intensos para uma menina de onze anos que amava seu pai.

Fotografia: Ana Paula Negrão Assistente de Fotografia: Luciana Ellington Produção: Ana Paula Negrão e Patricia Teixeira Make up and hair: Bruna Nogueira Estilista: Isabelle Donolla


Metro - Ogio, R$ 438

Eastpak, R$ 189

Hermit - Ogio, R$ 268


Imaginarium, R$ 189

Paul Frank, R$ 165

Raf Simons - Eastpak, R$ 430


preferências Flávio grão TexTomarcelo viegas FoToSalexandre vianna

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Casados há cinco anos, Flávio Grão e Graciene Volcov moram na Vila Mariana, zona sul paulistana, com a companhia do bulldog Frida. O nome da cadela é revelador: ambos são aficionados por artes.

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Grão é ilustrador, pintor e fanzineiro. Grá prefere se expressar com seus poemas. Mas a arte não paga (ainda) as contas: ele é diretor de escola e ela advogada. Convidamos o jovem casal para que mostrasse um pouco de si através de suas coisas. Um CD autografado, um livro de cabeceira, um carrossel de esmaltes, um bico de pena... coisas sem as quais “a vida seria um aborrecimento”, como diz o próprio Grão. Se não somos o que possuímos, ao menos é inegável que nossas preferências de consumo dizem muito sobre nosso estilo de vida. Confira aqui um pouco de cada um deles, através de suas coisas...

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AFINADOR E AMPLIFICADOR MARSHALL “Teve um momento na minha vida em que resolvi parar de tocar guitarra para me dedicar mais ao trabalho e ao desenho. Este afinador e este (mini) amplificador são lembranças desta época: o amplificador pode ser tocado com bateria ou fonte, e permite o uso de fones para não perturbar os vizinhos”

CABEÇA DE COCO “Comprei essa cabeça de coco esculpida na Liberdade (bairro paulistano), com minha esposa. Acreditem: o tio que a esculpiu tinha essa mesma cara! Adoramos encher nossa casa com representações humanas, quanto mais bizarras melhor”

CAMISA XADREZ “Uso camisas xadrez desde que tinha uns três anos de idade. Cheguei a ter mais de vinte, mas tive que me desfazer de várias. Desde pequeno gostava do modo como o cruzamento de linhas de diferentes cores formam padrões e cores novas”

CATÁLOGO DE EXPOSIÇÃO “Coleciono folders e catálogos de exposição. Esse é de uma expo do (finado) pintor Luiz Sacilotto, mestre do concretismo, e ocorreu em 2001 na nossa cidade natal, Santo André”

BICO DE PENA “Quando tenho paciência e tempo, utilizo o bico de pena – o bisavô da caneta moderna”

MODELOS DE MADEIRA “Feitos para ajudar na proporção na hora do desenho, esses bonecos articulados na verdade hoje servem como um belo enfeite. Meus amigos idiotas se divertem deixando a mão em sinais obscenos”

COLETÂNEA DO ALL “Comprei essa coletânea em um show da banda em Santos, em 2004. Um dos melhores shows que já fui! E ainda autografei o cd…”

LIVRO: ART OF MODERN ROCK “Esse livro é uma fabulosa fonte de inspiração com quase quinhentas páginas com posters de shows de bandas americanas de rock. Indispensável”

HQ – A QUEDA DE MURDOCK “Sem dúvida é uma das melhores HQs já lançadas. Fruto da parceria de Frank Miller e David Mazzucchelli, possui uma humanidade tocante. Apesar de ser uma história do Demolidor, quase não aparecem super-heróis de tanga”

LIVRO: KAFKA de CRUMB “Esse livro combinou dois artistas que respeito muito, o escritor Franz Kafka e o ilustrador Robert Crumb”


preferĂŞncias Graciene VolcoV

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IPOD TOUCH “O gadget! Além da música, tem o encarte, além do encarte, tem a letra, além da letra, tem wi-fi, enfim, o companheiro perfeito! Por mim, poderia ser implantado no meu antebraço, pois vai comigo para todos os lugares. Valeu cada uma das 10 parcelas”

A CAIXA MODERNISTA - IMPRENSA OFICIAL “Relíquia! Não há outra palavra para o conteúdo da caixa. Todos os impressos da Semana de Arte Moderna de 22 em edição fac-similar, acrescidos dos postais com as obras expostas e de outras tantas coisas cheias de histórias. Um marco na história da literatura brasileira”

I-DOG (HASBRO) “Esse gadget é muito especial, dança como ninguém. Me lembra o ursinho Teddy, estrela do filme Artificial Intelligence: AI. Minha mãe disse que é coisa de criança; adorei, pois a última coisa que eu quero é virar adulta”

“OBRA POÉTICA” - FERNANDO PESSOA “Essa obra contempla todos os heterônimos do Fernando Pessoa. Sobre ele, e seus heterônimos, qualquer palavra se torna desnecessária. Releio trechos dessa obra quase todos os dias; quando se trata de Fernando Pessoa, sempre há algo novo para se descobrir. Único!”

THE SIMS 3 - ELECTRONIC ARTS - WILL WRIGHT “Mais uma ‘criancice’ extremamente divertida. Jogo esse game desde a primeira edição. Trata-se de um jogo em que você é Deus, ou seja, controla tudo, dos traços de personalidade ao estilo de vida das pessoas. E não é só, você também pode criar um personagem, denominado ‘Sim’, a sua mais absoluta imagem e semelhança, psíquica e física. Perfeito para minar os anseios de dominar o mundo!”

CLOSET DIGITAL “Um banco de dados para organização de roupas desenvolvido em Access (Microsoft Office). Fútil e útil, afinal, quem nunca ficou perdida para escolher uma produção? Você pode cadastrar as peças e depois montar uma produção adequada para cada ocasião. É meu xodó, pois fiz tudo, da programação até o tratamento das imagens. Para mim, indispensável”

DVD: PORTISHEAD – ROSELAND NEW YORK “Ao contrário da maioria das pessoas, não vejo o Portishead como uma banda de músicas tristes, mas sim uma banda que entoa sons apaixonados e verdadeiros, algo que não se vê hoje em dia. Esse show é maravilhoso, a música e a voz são lindamente orquestradas...”

“ABBEY ROAD” – BEATLES “Herdei do meu pai a discografia completa dos Beatles. Tenho um apego inacreditável a estes discos, em especial ao Abbey Road, que tem uma das minhas músicas preferidas, ‘Come Together’”

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HYPNOTIC POISON - DIOR “Perfumes são jóias liquidas! Os diamantes podem até ser eternos, mas não há nada mais eterno do que a memória olfativa, daí minha paixão por perfumes; quem é que nunca sentiu um determinado aroma e se lembrou da infância, de um beijo roubado, etc. As notas olfativas do Hypnotic Poison, um inebriante oriental amadeirado, me lembram volúpia, libertinagem e luxúria; é praticamente um conto olfativo do Marquês de Sade... Vale cada centavo!”

CARROSSEL DE ESMALTES “Cheap and Chic! Comprei no bairro da Liberdade esta linda torre giratória de esmaltes. Adoro mãos, e por conseqüência, os esmaltes, principalmente os coloridos. O melhor de tudo é que eles são baratos, assim, em um momento de fúria consumista, posso comprar 10 esmaltes sem estourar o orçamento semanal”


entrevistaJuliana KataoKa

Rainha

suicidegirls.com

Suicida

entrevista com a criadora do SuicideGirls Em 2001, Missy Suicide e suas amigas tentavam ter uma ideia para fazer dinheiro com a Internet. A conclusão, inicialmente uma piada, foi que elas só conseguiriam se mostrassem um pouco de pele. As amigas não eram bronzeadas, nem super magras ou siliconadas como as mulheres que costumam aparecer em revistas eróticas. Elas eram tatuadas, cheias de piercings, com cabelos coloridos, algumas até acima do peso. O que parecia ser um problema, transformouse na oportunidade de poder celebrar sua beleza alternativa e diferente, além da possibilidade de fazer uma grana. Nascia o embrião do SuicideGirls.

O termo Suicide Girls saiu do livro “Survivor”, de Chuck Palahniuk, que entre outros títulos escreveu “Clube da Luta”, que foi adaptado para o cinema. Era com esse nome que Selena Moony, mais conhecida como Missy Suicide, chamava aquele tipo de garota mais preocupada em fazer o que tem vontade, ao invés de tentar se enquadrar nos padrões de beleza e comportamento. Segundo ela, o nome nunca teve a ver com suicídio - no máximo um suicídio social, já que essas meninas não se enquadram em nenhum tipo de grupo específico. Atualmente, o site combina conteúdo exclusivo de entrevistas e vídeos, com ensaios eróticos de mais de duas mil meninas do mundo inteiro e uma aquecida comunidade. Modelos e membros interagem por meio das informações em seus perfis, posts e comentários nos blogs e fóruns dos mais variados assuntos, como maquiagem, música e comportamento. Semanalmente o site recebe mais de um milhão de visitantes e mil solicitações de meninas querendo se tornar Suicide Girls. O projeto de amigas sem grandes ambições iniciado em um loft em Oregon, Portland, cresceu para além do site há muito tempo. Hoje, SuicideGirls, situado em Hollywood, Califórnia, é uma marca que edita uma revista, vende roupas, livros e DVDs. Além de promover um show burlesco que é o espetáculo do gênero há mais tempo em cartaz nos Estados Unidos. Quem é Missy Suicide e o que ela tem para contar sobre o império que criou?


Eliska


suicidegirls.com

Posh


Rainha Suicida

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Quem era Missy Suicide antes do SuicideGirls? Eu fui muito sortuda e trabalhei em vários sites por uma grana ridícula tentando alguma coisa super legal após terminar o colégio. Então, a bolha da Internet estourou e percebi que a América corporativa não era para mim. Voltei para Portland para fazer fotografia e sem querer acabei criando o meu trabalho dos sonhos ao fundar o SuicideGirls.

amizade se tornou um amor surpreendente que eu jamais pensei que fosse encontrar. Quem diria que algo tão especial fosse ter início desta maneira?”

Quem é a Missy Suicide hoje? Hoje eu me considero sortuda por fazer o que amo, por ter conseguido ampliar o meu sonho para outras garotas ao redor do mundo e por atingir coisas que nunca havia sonhado. Aparecemos no seriado CSI, Californication, no canal Showtime, publicamos dois livros e conheci algumas das mulheres mais maravilhosas do mundo nos últimos oito anos.

De onde surgiu a idéia de um show burlesco das SG? A ideia evoluiu naturalmente. A ideia de uma pin up punk e moderna combinou perfeitamente com um show burlesco moderno e punk.

Quem foram as primeiras Suicide Girls? Elas ainda estão no site? Rose (suicidegirls.com/girls/Rose/), Mary (suicidegirls.com/girls/Mary/) e Jetta (suicidegirls.com/girls/Jetta/), todas as três ainda estão no site. Elas não postam necessariamente todos os dias, mas de tempos em tempos elas ainda participam do site. O logo do site foi inspirado em um das meninas? O logo foi inspirado em nossa amiga Samia Doumit, que não é modelo do site, mas ela apresenta um programa nosso no site Indie1031.com O que não fazer ao enviar um set de fotos para o site? Fotos com qualidade ruim, conceitos mal pensados, cenários bagunçados, séries com imagens desconectadas. Qual o seu recado para meninas que não foram aceitas? Divirtam-se, os ensaios deveriam ser um modo de se expressar. O mais importante e o que vem em primeiro lugar é que você deve curtir a experiência. Dê uma olhada nos ensaios aceitos, veja o que funciona e o que não funciona. Ouça a opinião da comunidade e a utilize para fazer seu próximo ensaio melhor. Hoje é mais difícil do que já foi no passado, uma vez que nós recebemos mais ensaios do que nunca, mas continuamos aceitando bons ensaios e você não precisa ser necessariamente fotografada por um de nossos fotógrafos. A área de imprensa do site diz que muitas pessoas se conheceram na comunidade, namoraram e até se casaram. Há alguma história que vale a pena mencionar entre as meninas? Sim, a da Sid Suicide & Trevor, membros do SuicideGirls: eles se conheceram através do site e, dois anos depois, se casaram. A Sid até escreveu sobre isso no site: “Graças ao SG eu encontrei o amor da minha vida em um evento em 2004. Nós não sabíamos que acabaríamos casados, mas por causa do contato estreitado com o outro por meio dos diários e postagens no site, nossa

Algum ensaio brasileiro chamou sua atenção no site? Existem aproximadamente vinte garotas brasileiras no site. Naty tem adoráveis vídeos sambando, mas todas as meninas são maravilhosas.

Existe alguma chance de trazer esse show para a América do Sul e Brasil? Nós adoraríamos que o show pudesse viajar mais, já estivemos em turnê pela Austrália, fizemos o circuito dos festivais na Europa... Atualmente não há planos, mas nós adoraríamos ir para a América do Sul algum dia. Quais foram as coisas mais bizarras que já aconteceram nesses shows? Você pode conferir várias delas no DVD “SuicideGirls: The First Tour”, lançado pela Epitaph. As meninas ficam bem malucas algumas vezes. Dançando peladas pelas ruas de San Francisco e coisas assim. Já existiu um projeto para meninos, algo como os Suicide Boys? Existe um grupo no site chamado SuicideBoys, onde os meninos podem postar fotos de si mesmos em sets com inspiração pin up. Quais são os próximos projetos do Suicide Girls? A segunda edição do nosso livro, SuicideGirls: Beauty Redefined estará nas lojas este mês. Nós temos alguns filmes para sair no ano que vem e estamos muito empolgadas. Qual é a coisa mais maravilhosa e a mais horrível em ser a dona do SuicideGirls? A coisa mais maravilhosa é que eu acabo conhecendo muitas pessoas incríveis. E a mais horrível são os impostos. 

Garotas tatuadas, com piercinGs, cabelos coloridos, alGumas até acima do peso. a celebração de uma beleza alternativa e diferente, e a possibilidade de fazer uma Grana. nascia o suicideGirls.

Você não se cansa de ver tanta mulher pelada? Uma mulher nua para mim é a mesma pessoa do que quando vestida. Nudez é uma coisa que não me incomoda. O site foi criado para que as mulheres se sentissem bem consigo mesmas não importa como elas sejam. Você acha que conseguiu atingir o seu objetivo? Eu recebo inúmeros emails de meninas dizendo que elas nunca se sentiram tão bonitas como quando depois que elas viram o site. Agora elas conseguem reconhecer o quão bonitas elas são. Eu acho que autoconfiança é uma das qualidades mais bonitas que uma mulher pode ter.


fotosrenato cust贸dio

Sweetie

uma suicide girl brasileira







Produção Rejoice Sunshine Strauss

twitter.com/sweetiebird



stephan as listas de

Conheça a arte de Stephan Doitschinoff De 20 de novembro a 05 de fevereiro de 2010, o MASP apresenta a Mostra “De Dentro Para Fora / De Fora Para Dentro”, reunindo seis nomes da arte contemporânea brasileira: Carlos Dias, Daniel Melim, Ramon Martins, Titi Freak, Zezão e, é claro, Stephan Doitschinoff. MASP - Av. Paulista, 1578, São Paulo/SP


106/107 TexToMarcelo Viegas e FoTosalexandre Vianna

O paulistano Stephan Doitschinoff é um dos mais renomados e talentosos nomes da arte contemporânea brasileira, aquela que para muitos vem sempre com o carimbo de Arte Urbana. Se a arte é urbana, significa que respira e, em certa medida, até reflete um pouco do caos das grandes metrópoles. Assim, a mesma atmosfera que inspira, pode irritar. Ou vice-versa: há quem só encontre a paz no meio da bagunça. Para conhecer um lado mais pessoal do artista e saber exatamente onde se situa Stephan, pedimos para ele elaborar duas listas, uma das coisas que lhe acalmam e outra das que lhe tiram a calma.

acalma

1. Ipês em flor, plantas e parques; 2. Pássaros que pousam na janela; 3. Silêncio da madrugada; 4. Cozinhar; 5. Ver minhas irmãs cozinhando; 6. Subir em um mirante; 7. Dormir cedo e acordar cedo; 8. Feira livre; 9. Tons de Ocre; 10. Gentileza e as pessoas que falam baixo.

descalma

1. 2. 3. 4. 5.

Fumaça de beque; Fumaça de cigarro; Restaurante com música ao vivo; O cara que anuncia as ofertas no Extra; Programa de auditório e a banalização geral do ser humano na mídia; 6. Polícia, políticos e toda a turma de temperamento sórdido; 7. A cultura da indolência e comodismo; 8. Motoristas que se acham mais importantes que a vida do pedestre; 9. Imobiliárias, construtoras e empreiteiras; 10. PornoAxé.



108/109 texto e FotoSalexandre vianna

Com um capuz na cabeça, em uma remota madrugada, Tati arrebentou o cadeado da porta do bar. Não estava sozinha, a sua quadrilha tinha planejado bem aquele sequestro. O seu coração

batia mais forte, e não apenas pela adrenalina do risco, da invasão, mas porque naquele momento fazia algo que iria dar mais sentido a sua vida. Tatiana Ribeiro, naquele ano de 1997, pela causa animal, libertou por meios nada ortodoxos uma Arara que estava sendo maltratada dentro de uma gaiola de uma bar em Petrópolis (RJ). Porta arrombada, velocidade, captura e fuga, uma cena cinematográfica digna de quem pauta sua vida na luta pela causa animal e na alimentação saudável

A VIDA NATURAL DE

TaTi RibeiRo


“Um dos fatores mais importantes para essa escolha foi ter lido o livro ‘Aprendendo a Respeitar a Vida’, sobre a crueldade com os animais. Como eles eram mortos e que aquilo poderia ser evitado, que havia outras opções. Coisa que até então eu nunca havia pensado. Não tinha associado que para comer carne, leite e derivados eu teria que matar e/ou explorar um animal das formas mais cruéis. Aquilo foi muito forte. Tão forte que resolvi parar de consumir, do dia pra noite. Meus pais nem acreditaram, porque eu era a pessoa mais fresca do mundo pra comer. Não comia um legume, estava sempre com anemia. Depois que mudei minha alimentação nunca mais tive anemia.”

“Quando me tornei vegan, precisei aprender a cozinhar. Queria fazer algo saboroso para minha família comer e ver como era legal ser vegetariano. À partir daí, comecei a pensar em trabalhar com algo relacionado a alimentos. Até porque é um jeito muito eficiente para divulgar o próprio veganismo, mostrando que dá para se alimentar bem sem nada animal. Em 2007, quando morei um tempo nos EUA, comecei a comprar livros de culinária, e tive contato com a comida vegan refinada. Voltei para o Brasil em 2008, com essa ideia na cabeça: fazer comida vegan sofisticada. Então, nasceu a Tournesol (girassol em francês), uma empresa de alimentos que fornece para estabelecimentos. Os hambúrgueres foram desenvolvidos para quebrar os paradigmas dos vegetarianos: não uso soja em nenhum dos produtos. A base dos hambúrgueres é a biomassa de banana verde, o que deixa tudo com uma elevada quantidade de vitaminas e minerais. A intenção é essa: fazer bem para o seu corpo, mas que seja de bom gosto. Pretendo no futuro expandir a linha de produtos, talvez até abrir um restaurante seguindo esta mesma filosofia.”

BIOMASSA DE BANANA VERDE

SAINDO DA COZINHA

Em São Paulo começou a participar de novos grupos, de vegetarismo, apoio ao exército zapatista, além de ajudar no famoso evento Verdurada. Na manifestação na Avenida Paulista contra a Alca, que acabou em pedradas e muita gente machucada no ano de 2000, Tati estava lá, de punho levantado.

Como muitos jovens de sua geração, Tati descobriu o veganismo ao mesmo tempo que entrava de cabeça no universo do hardcore. Hoje, porém, ampliou seus horizontes musicais. Não escuta mais apenas o hardcore que tanto impulsionou sua adolescência e formou sua personalidade. “Curto música brasileira, jazz. Escuto bastante instrumental, tipo post rock. Quando somos jovens achamos que só uma coisa é boa. Com o tempo vamos escutando outras coisas.” Ela passa boa parte do seu tempo livre baixando discos na Internet. “Baixo em média uns 10 discos por dia, e escuto música o tempo todo”.

Tati nasceu na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, e viveu lá até seus 18 anos. Terminou o colegial, e logo após seu aniversário, em abril de 1998, fez as malas e mudou-se pra São Paulo. Queria estar onde as coisas que gostava estavam acontecendo. A cena hardcore, a comunidade Vegan e os grupos de libertação animal. Já não comia carne desde seus 15 anos.

Na Verdurada começou a vender comida. Fazia bolos e doces, sem lactose, sem ovo, sem leite. Não demorou muito e já estava fazendo tortas salgadas. Aprendeu a cozinhar fazendo experiências com os amigos. “Não saíamos pra beber, então ficávamos fazendo comida em casa.” Transformou o prazer em ofício, com sua empresa Tournesol, que produz hamburgueres congelados e trufas francesas. Tudo sem nenhum ingrediente animal, é claro.

voltei para o Brasil com uma ideia: fazer comida vegan sofisticada. então nasceu a tournesol, minha empresa de alimentos, que produz hamBúrgueres desenvolvidos para queBrar os paradigmas dos vegetarianos: não uso soja, mas sim Biomassa de Banana verde

As tatuagens são outra paixão: “Todas de certa forma têm um significado. Alguns mais profundos que outros. Tenho a palavra Vegan tatuada nas costas.



No meu braço esquerdo, um desenho que representa eu e meu irmão na busca da nossa essência. E também têm umas que fiz porque eram coisas que eu gostava, como pinup, carro antigo, estrelas, número 13. Mais pra frente, farei mais uma tattoo, algo que quero muito: o meu amigo Pequeno Príncipe, que tanto me ensinou sobre sensibilidade e amor.”

FUTURO SUSTENTÁVEL

Solteira, “livre” (como se autodenomina), vegan e adepta da Yôga. O começo não teve glamour, foi na Runner, uma academia frequentada pela elite paulistana. Ciente da contradição, procurou uma escola de Yôga mais adequada, e entrou na Universidade de Yôga. Optou pela SwáSthya Yôga. Com dedicação e paixão, em um ano já estava dando aulas, mas hoje só trabalha como personal. “A Yôga faz você evoluir de outras formas”.

Suas escolhas (veganismo, Yôga, proteção dos animais) revelam, ao mesmo tempo, uma pessoa que não enxerga o trabalho como “fim”, mas sim como “meio”. Um meio de viver melhor e ser feliz, como ela afirma: “Quero alcançar um estilo de vida cada vez mais sustentável. Um dia vou morar onde posso ter uma horta, menos poluição, qualidade de vida e me relacionar com o planeta de forma menos agressiva.”

Atualmente, a grande meta e desafio é fazer a Tournesol crescer. A jovem empreendedora possui metas, e vai batalhar para concretizá-las. Uma delas é montar seu próprio bistrô. “Bistrô Tournesol”, deixa escapar, dando a pista que poderia (vai?) usar o mesmo nome.

PROdUçãO: INdAYARA MOYANO | MakE-UP: NAIANA PRATES



DA PELE PRA


114/115 porcharles franco FoToSandré ferrer

Após 12 anos como tatuador, no auge da carreira, o paulistano Teté optou por outro suporte para se expressar, a madeira. Decidiu criar móveis com a experiência de quem imprime a arte na pele das pessoas. Vai se tornar marceneiro, à sua maneira Foi em uma viagem à mítica cidade de São Tomé das Letras, no interior de Minas Gerais, há 15 anos, que Fernando Franco Enei Franceschi abandonou radicalmente suas baladas alucinógenas e passou a seguir a filosofia straight edge. Depois de perder inúmeros empregos, culpa das tatuagens que carrega no corpo, começou a dedicar-se ao universo da arte de pintar o corpo. Como todos os profissionais da área, o início foi árduo, pois teve que ralar muito para aprender os ensinamentos que a tatuagem reserva. Vegetariano desde os 18 anos, antes mesmo de ser straight edge, escolheu o veganismo como estilo de vida, eliminando qualquer alimento oriundo de animais de sua dieta. Hoje, após 12 anos de carreira, Fernando, popularmente conhecido como Teté, ou XtetéX (os X vem de straight edge), é um dos mais respeitados e renomados tatuadores do país. Em pouco mais de uma década, Teté trabalhou com importantes nomes da tatuagem, como o húngaro Ivan Szazi, e os brasileiros Marcio Duarte, Mauricio Teodoro e Bits. Também levou sua arte para o exterior, trabalhando em países como: Portugal, Itália, Escócia, Inglaterra, Rússia, Croácia, por toda a Escandinávia e também na Eslovênia, país de origem de sua família. Sujeito simples, Teté reconhece que a tatuagem lhe abriu as portas para o mundo, mesmo tendo que conviver diariamente com a responsabilidade e cobrança de não poder errar. “Na tatuagem não existe borracha nem ‘control+Z’, não tem como voltar atrás”, desabafa. Por estar no auge da carreira, tem liberdade para selecionar os tipos de trabalho que vai desenvolver. “Tenho muito respeito pela pele alheia, quando estou tatuando, estou fazendo o que mais amo, o que me traz prazer”, comenta. Na badalada Rua Augusta, em São Paulo, fica localizado o seu estúdio de tatuagem, o PMA Tatoo Studio. Se subir um pou-

co a rua, chega-se ao restaurante Vegacy, também de propriedade do tatuador, reduto da culinária veganista. O restaurante é mais uma demonstração da visão de mundo do artista.

MUDANÇA DE RUMO Da mesma forma que há cerca de 15 anos puxou o freio e transformou sua história, agora Teté decidiu se tornar marceneiro, mudando o rumo e a rotina de vida. A opção pela ilustre arte de trabalhar a madeira nasceu na necessidade de mudança, do stress, da pressão que acompanha o cotidiano de qualquer tatuador, além de possuir profunda admiração pela profissão. Mas engana-se quem pensa que Teté vai abandonar de vez a carreira de tatuador. A paixão e o relacionamento do artista com a arte supera qualquer sentimento. Suas pretensões vão além. Ele pretende carregar para dentro da marcenaria toda a experiência acumulada com a tatuagem. “Quero incorporar minha arte na madeira. Desenvolver móveis com formas orgânicas, peças que carreguem temas de tattoo entalhadas, englobando duas coisas que gosto muito”. Saber que é capaz de desenvolver outra profissão e alcançar diferentes objetivos é, e sempre será, a força motriz de Teté. Como se renascesse para um novo ciclo em sua vida, busca na marcenaria a mesma satisfação que tem com a tatuagem. Se for necessário puxar o freio mais uma vez, está provado que para ele isso não é problema. “Tenho um trabalho livre, sou o meu chefe e me faço o meu escravo. Sinto-me privilegiado por viver desta forma. Continuarei praticando arte, vou apenas mudar o tecido com que trabalho”, afirma o tatuador-marceneiro. Se Teté vai conseguir conciliar as duas coisas, apenas o tempo dirá, mas como ele mesmo diz, ambas terão que andar lado a lado de alguma forma.

Quero incorporar minha arte na madeira. desenvolver móveis com formas orgânicas, peças Que carreguem temas de tattoo entalhadas, englobando duas coisas Que gosto muito


REVOLUÇÃO

SILENCIOSA tecido de banco de carro vira revestimento de tênis, que tal?


116/117 entrevistaAlexAndre viAnnA FOtOsrenAto custódio

A marca paranaense OÜS apostou em inovação. Fundada em agosto de 2008, investiu em design, incorporou reciclagem de matéria prima, foi criteriosa no controle de qualidade e guardou tudo em caixas exclusivas. Como resultado do esmero na produção, seus tênis estão no topo da lista de qualquer pessoa que esteja atenta às novas tendências. A OE conversou com Rafael Narciso, o mentor da marca Como surgiu a ideia de procurar uma indústria automotiva pra estudar seus tecidos de estofado? A ideia de desenvolver produtos ecologicamente corretos estava presente nas pesquisas de materiais desde o início do projeto da marca. Como na produção do calçado utilizam-se pedaços pequenos (ao contrário das confecções), percebi que poderíamos reaproveitar materiais de empresas que gerassem resíduos. A partir daí, iniciamos uma pesquisa nas indústrias locais, visitando e telefonando para todo o tipo de empresa que gerasse resíduo têxtil e que pudesse ser reaproveitado. Procuramos em diversos ramos, menos automotivo. Num domingo, à caminho da chácara da minha mãe, passamos em frente a uma fábrica, que produz tecidos, parceira da empresa vizinha - que produz bancos - e que, por sua vez, fornece para o “grande vizinho”, a montadora de automóveis. Foi assim que de repente estávamos no meio de uma cadeia de empresas do setor automotivo, e todas elas geravam resíduos têxteis. Pesquisando o local e as empresas, telefonando, enviando e-mails e importunando nas guaritas, descobrimos o local onde são depositados todos os resíduos de produção. Selecionamos diversos materiais, mas o que chamou mais a atenção foi o tecido tipo navalhado que tinha cara de ser bom para forros. Conseguimos alguns cortes, fizemos amostras, testes e ficou perfeito. Como foi a experiência de transformar os retalhos em forros? Não são apenas retalhos. Usamos também cortes grandes de tecidos com pequenos defeitos. Existe uma grande barreira no sistema fabril quando se pensa em fugir do tradicional. Se você chega com uma ideia nova é sempre vista como “inviável ou impossível”, e ainda escuta: “se tiver uma amostra eu faço”. Mas como você vai fazer algo novo se é necessário primeiro apresentar uma amostra para fazer a amostra? Ou seja, o pensamento fabril geralmente é o seguinte: se alguém faz, eu também posso fazer, mas deixa alguém tentar primeiro... Esta é a grande barreira e provável motivo da estagnação do pólo calçadista do RS. Sem inovação não tem evolução. O que torna possível desenvolvermos algo novo é a parceria que temos com uma fábrica de pequeno porte, porém muito atenta a qualidade e aberta a inovações e diálogo. No caso do “REAP” (nomenclatura utilizada pela ÖUS para os tecidos automotivos ), quando apresentei o material para teste, algumas pessoas me disseram que eu era louco, não entendia nada de calçados e que isso não iria funcionar. O resultado final acabou mostrando exatamente o contrário: funcionou muito bem! É claro que existe um trabalho “extra”. É preciso ir ao depósito e selecionar pedaço por pedaço. Tem que escolher o que pode ou não ser utilizado, seguindo alguns critérios, como tamanho mínimo, tipo do defeito que a peça

apresenta e assim vai. Mas é um trabalho extremamente recompensador, pelo fato de reaproveitar algo que seria descartado. Quais as características técnicas do material que vocês encontraram e estão usando? O que elas proporcionam de melhor (ou diferente)? Vou listar alguns destaques: 1. Durabilidade: A indústria têxtil automotiva é vista como a mais avançada das indústrias têxteis, pois projeta tecidos para um bem durável. Consequentemente, o tecido REAP é muito mais resistente do que qualquer tecido convencional para forro de calçados, tanto no rasgamento quanto em desfiamento e pilling (aquelas bolinhas que surgem em malhas e tecidos devido ao uso). 2. Conforto: O forro de um calçado deve ser um material confortável. Um banco de carro também. Utilizamos os tecidos “navalhados”, destinados às linhas de carros mais confortáveis. 3. Bromidrose: Podemos dizer que é um tecido anti-bromidrose. A bromidrose - ou o popular chulé - ocorre graças a proliferação dos fungos e bactérias que encontram na umidade e no calor entre os dedos do pé um ambiente propício para se alimentarem e multiplicarem. A indústria automotiva é composta por empresas globais, que acabam desenvolvendo seus produtos para serem utilizados em áreas com climas diversos e muitas vezes extremos. No caso do tecido, deve servir tanto para áreas muito frias quanto muito quentes, e em ambas condições devem ser o menos aderente ao odor possível. 4. Reaproveitamento: O fato de não gastar energia, tampouco matéria prima, para produzir um produto já é uma vantagem competitiva enorme. Por que inovar? Lançar uma marca nova, um produto novo e com um investimento baixo comparado com os padrões de mercado nos deixaria em desvantagem competitiva se fôssemos muito parecidos com o que já existia. Além disso, o que existe foi projetado faz tempo, já era. Tem muito componente utilizado na indústria de calçado que já é pronto, todo mundo usa o mesmo ou muda muito pouco. São pequenos detalhes, mas no fundo todos podem ser trabalhados, adaptados. Por exemplo, na lateral da sola (fachete) você tem que colocar uma textura, para não ficar liso. Geralmente é feito um desenho repetitivo, como um “jateado de areia”. Por que não usar o trabalho de um artista na textura? Foi isso que fizemos na primeira versão de nosso fachete. O custo seria o mesmo para qualquer textura, basta aproveitar as ferramentas que estão disponíveis para trabalhar. E quando você descobre algo novo, já está pensando no que aquilo que acaba de descobrir pode melhorar.


FUTURO DO PRETÉRITO


118/119 textomarcelo viegas FotoShomero nogueira

O vinil está de volta! Se no exterior a procura pelos tradicionais bolachões já é uma tendência forte, agora é a vez do Brasil ingressar nessa rota. O primeiro passo foi dado, com a retomada das operações da Polysom, única fábrica de discos de vinil do Brasil (e América Latina). Os primeiros lotes devem sair do forno ainda em 2009, então é bom ir tirando a poeira do antigo toca-discos, pois a música com glamour, estilo e algum chiado prepara seu retorno triunfal Fica em Belford Roxo, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, a única fábrica de discos de vinil do Brasil (e América Latina), a Polysom. A empresa chegou a fechar as portas, em outubro de 2008, depois de quase dez anos de funcionamento, e agora ganha vida nova, sob o comando do empresário João Augusto, proprietário da gravadora Deckdisc. A ideia de comprar a Polysom veio da necessidade: “Precisávamos fabricar títulos de nosso catálogo (em vinil) e descobrimos que teríamos de ficar nas mãos de fábricas no exterior, a um custo altíssimo. Então, quando apareceu a oportunidade de adquirir a fábrica mantendo lá os profissionais que já cuidavam dela, fomos em frente”, afirma João. Para reabrir em grande estilo, a Polysom foi reformada e alguns novos equipamentos foram adquiridos. As primeiras prensagens devem sair do forno ainda em 2009, com tiragem de até 40 mil discos mensais e promessa de alta qualidade. Como parâmetro, João cita os discos produzidos na Alemanha e EUA. “Temos como fazer algumas comparações com títulos feitos nos dois locais e brevemente saberemos se conseguiremos o que desejamos. Tudo indica que sim”, diz, confiante. Além de fornecer para a Deckdisc, a Polysom também estará aberta a encomendas de outras gravadoras: “A Deckdisc será tão cliente da Polysom como qualquer outra gravadora ou artista, independente ou não”, confirma o empresário. Quem já está esfregando as mãos é a Monstro Discos, selo independente de Goiânia: “Tenho falado sempre com o Rafael Ramos (diretor artístico da Deckdisc) e digo pra ele que a Monstro vai ser o cliente número 1 da Polysom”, declara Leo Bigode, um dos proprietários do selo, que já havia editado vários títulos em 7 polegadas (aquele disquinho menor, também conhecido como “compacto”) com a antiga Polysom, como Ratos de Porão, Mechanics e MQN. Na época das vacas magras do vinil e com o CD dominando as prateleiras, eram as encomendas pequenas (de 500 a 1000 cópias) dos selos independentes que garantiam a sobrevivência da fábrica. A qualidade, porém, nunca foi das me-

lhores, como confirma Leo: “Eram muitos os defeitos. Desde o corte mesmo, disco empenado, até a parte de áudio, comprometimentos na relação de graves/agudos, etc. Mas fazíamos lá porque só tinha eles. Agora, a expectativa é a melhor possível, pois com um cara do naipe do João Augusto só podemos esperar que vem aí coisa boa. Não tenho dúvida disso.” A nova fase da Polysom acompanha uma tendência mundial de retomada do interesse no vinil. Mas será que essa onda também vai refletir no Brasil? João Augusto com a palavra: “No início estávamos um pouco céticos. Hoje, quase podemos afirmar isso”. É interessante notar que não trata-se apenas de uma moda nostálgica dos mais velhos, e que muitos jovens vêm descobrindo o charmoso bolachão. “Muitos me escrevem querendo saber onde comprar discos e vitrolas. Inclusive uma garotada que descobriu o vinil e está achando demais ver aquela capona, o encarte... Enfim, um formato totalmente diferente, pra eles, de ouvir música”, afirma Daniel Vaughan, jornalista responsável pelo blog Viva o Vinil!, no site da MTV. “Sou a favor de CDs e MP3, mas o disco é para curtir com mais calma em casa, colecionar, etc”, diz Daniel. O jornalista acredita que a volta da Polysom tem uma importância enorme para a música brasileira: “É mais do que uma fábrica de vinil, é um patrimônio cultural”. A confiança é generalizada, como comprova o depoimento de Leo Bigode: “a Polysom representa uma grande oportunidade de se iniciar uma volta do formato vinil no Brasil e América do Sul. Não estou falando que o vinil vai voltar a ser como era, mas com a produção de novos títulos, quem sabe até a indústria de equipamentos eletrônicos não pense em lançar uma vitrola”, arrisca. Faltando muito pouco para a reabertura da fábrica, nem o experiente empresário João Augusto disfarça a emoção: “Recentemente, fizemos um teste de mistura nas três prensas. Ver o disco ficando pronto foi emocionante. Quando começarmos a produzir as encomendas, acho que vai rolar um choro geral por lá.”


texto e FotoSdhani borges

Reconhecido internacionalmente pelas belezas naturais, pelas mulheres e por protagonizar cenas bizarras do confronto entre a polícia e traficantes, o Rio de Janeiro ainda consegue atrair pessoas que largam suas vidas em outros lugares para morar na cidade. Se alguns brasileiros possuem o sonho de morar em uma metrópole dos EUA, o caminho inverso também existe. Esse é o caso de Sharon Battat, produtora de moda que depois de uma visita ao Rio, se encantou tanto com a cidade que voltou diversas vezes, até finalmente transplantar sua empresa de produção de moda - a LitMedia Productions - para a Cidade Maravilhosa, fazendo do cobiçado bairro de Ipanema a sua nova casa. Procurando mesclar um pouco da sua vida e matar a saudade que jura ainda existir de sua cidade natal, ela procurou utilizar elementos que combinam um pouco dos dois países na decoração. Serve como exemplo a gravura de Carlos Dias, adquirida na Galeria Choque Cultural, em São Paulo, contrastando com o trabalho

“Linda”, de David Flores — que foi capa da revista V — um presente de aniversário comprado na Galeria Mini, em Belo Horizonte. Cansada de ver o branco tomando conta das paredes, Sharon procurou utilizar algumas fotos, frutos do próprio trabalho de produção de moda, feitas pelos reconhecidos fotógrafos Nino Muñoz e Taghi Nadarzad. Em outro canto da sala, destaque para duas obras elaboradas em cima de mapas de metrô e ônibus de Nova Iorque. Como optou pelo visual limpo e decoração apoiada na valorização do conforto, a produtora não preencheu a casa com muitos móveis. Por esse motivo, conta com uma mesa feita com madeira de demolição emprestada pelo sócio de sua empresa, e um disco-relógio, criação do namorado. Para completar, tapete e os puffs adquiridos na feira hippie de Ipanema deixam essa americana ainda mais abrasileirada.


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ADD TO CART

Vela Coelhoshow, R$ 70,00. Na pรกgina ao lado, vaso, R$ 320,00. Prato, R$ 55,00. Copos R$ 20,00 (pequeno) e R$ 28,00 (grande), todos Coletivo Amor de Madre; Kit ferramentas de bar, R$ 159,00 e porta pipoca ou controle remoto, R$ 64,90 ambos Imaginarium.


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A ARTE COMO VEIO AO MUNDO


124/125 porSheila almendroS

Von Victor mistura a arte com a realidade: o sexo no papel

Inspirado pela cultura japonesa e comics norteamericana, Von Victor pode ser considerado um multifacetado: é artista plástico e digital, ilustrador, tatuador, produtor de eventos, cenógrafo, mattepainter, professor de desenho e figurinista. Desenvolveu suas habilidades como autodidata aos 13 anos, e criou suas próprias técnicas para traçar suas ilustrações, as quais possuem influências dos artistas dos anos 1950.

trabalha na Band e me descobriu numa exposição. Fizemos uma matéria para o ‘A Noite é uma criança’ [programa apresentado por Otávio Mesquita] e ela achou que o tempo seria pouco para mostrar todos os projetos que crio. Daí surgiu a ideia de gravar um documentário, mostrando todo o processo, desde o surgimento da ideia, execução e finalização da arte, chamado ‘O estranho mundo de Von Victor’” , diz o artista.

Deixando de lado as rabiscadas de seus super-heróis da infância, Von, hoje com 33 anos, amadureceu suas ideias em meio ao comportamento sádico, vitae e rebelde do rock’n roll e criou suas próprias personagens - pin ups voluptuosas, inocentes, geralmente amarradas, safadas e paradoxais. Sua arte mistura o inocente e a ousadia, contornados por traços limpos e expressivos. Suas produções são conhecidas como “porn art”.

Não é só na arte pornô que encontramos sua assinatura. Von Victor também já trabalhou na capa do álbum da banda Zumbis do Espaço, e contribuiu na produção artística e historyboard dos vídeoclipes “Memórias” e “Deja Vu”, ambos da cantora baiana Pitty. Atuou também em restaurações digitais, produções de efeitos especiais para longas metragens brasileiros e em algumas campanhas publicitárias de empresas como Volkswagen, Elma Chips e Pepsi.

Em julho deste ano o artista apresentou em Buenos Aires a exposição “Desejos Latinos”, mostrando diferentes personalidades e estereótipos femininos, da dona de casa à empresária, igualadas pelo instinto selvagem que todas possuem ao se despir, como as profissionais do sexo. Seus desenhos foram produzidos inicialmente em fotografias de mulheres reais, que se tornaram pinturas com tom de erotismo, nuas e explícitas, com pequenos adesivos sugestivos colados à tela, iguais aos encontrados em telefones públicos espalhados pela cidade de São Paulo, ligando a imagem retratada à uma garota de programa. Em breve um documentário sobre seus trabalhos porns será lançado, com produção e direção de Carol Thomé: “A Carol

É na capital paulista que Victor mantém seu estúdio, com seus quadros pendurados nas paredes e móveis de estilo vintage que ele mesmo reformou, mas é em Taubaté, cidade no interior de São Paulo onde foi criado, que mantém sua enorme coleção de G.I. Joes (Comandos em Ação) e outros bonecos feitos ou restaurados por ele. Os brinquedos viram personagens em campos de batalhas que ele monta no quintal, com barbantes, palitos de madeira, pedras, terra e folhagem. Uma brincadeira de gente grande que mostra que não é somente de perversão que vive esse brilhante artista da pornografia desenhada.

InspIrado pelo comportamento sádIco e rebelde do rock and roll, Von VIctor crIou suas personagens - pIn ups Voluptuosas, Inocentes, geralmente amarradas, safadas e paradoxaIs. suas produções são conhecIdas como porn art.

Conheça mais do trabalho de Von Victor visitando seu site: vonvictor.com.br


Roteiro Junkie Food

Ela pode ser a inimiga mortal dos nutricionistas, mas ninguém resiste a uma típica junkie food, daquela bem calórica e servida em estabelecimentos cuja marca é a simplicidade. Encontramos os “mata-laricas” campeões em sete cidades brasileiras. Confira a lista. 01 | São Paulo

Yakissoba da liberdade (R$ 7 o pequeno e R$ 8 o grande) As barraquinhas de Yakissoba são o principal motivo para deixar a Praça da Liberdade tão abarrotada nos finais de semana. As filas chegam a dobrar a esquina. Nos sabores carne, frango e misto, o prato é tão tradicional quanto a feirinha que acontece desde 1975. Praça da Liberdade, s/n Liberdade - São Paulo Sábados e Domingos das 10h às 18h

X-Salada do Seu oswaldo (R$ 4,70) A lanchonete pequena e simplória no bairro do Ipiranga, não faz feio em comparação com as

caras e afetadas hamburguerias da região da Av. Paulista e afins. Hamburguer fininho, molho de tomate especial e a maionese caseira fazem a fama do lugar. Mas a qualidade não pesa no bolso e a clientela fiel enche o estabelecimento no horário de almoço.

clientes a comer uma quantidade que só aumenta do maior sanduíche da casa em troca de lanche de graça por um tempo. O último Super-Mega-Chico tinha seis hambúrgueres. A Kombi onde o estabelecimento foi inaugurado evoluiu para um trailer, após aparecer num programa de TV.

Rua Bom Pastor, 1659 Ipiranga – São Paulo Segunda à Sexta das 12h às 22h

Praia de Botafogo próximo à esquina com a Rua São Clemente Botafogo – Rio de Janeiro De Quarta à Domingo das 22h às 5h

02 | Rio de JaneiRo

Cachorro do oliveira

(De R$ 5 a R$ 16) Segundo a comunidade dessa lanchonete no Orkut, os lanches mais pedidos são o X-egg frango e o X-duas carnes-bacon. Chico sempre desafia os

(R$ 5,50) Mesmo após a demolição do Ballroom, uma extinta casa de shows do bairro de Humaitá, o Cachorro do Oliveira persiste. Apesar da concorrência do Cachorro do Biofá, que cobra um pouco

lanches do Trailer do Chico


126/127 porJuliana KataoKa FoToShomero nogueira

menos pelo dog, e está localizado bem em frente à barraquinha do Oliveira, a turma continua preferindo o cachorro quente preparado pelo bigodudo com chapéu de mestre cuca. Loja 1 Canteiro central da Rua Humaitá Humaitá – Rio de Janeiro Loja 2 Cruzamento da João Glicério com a Av. Laranjeiras Laranjeiras – São Paulo

dade do lanche que faz a alegria dos brasilienses há 20 anos. O atendimento é personalizado em um nível que (se)você aparecer muito por lá, em pouco tempo os funcionários já saberão suas preferências no lanche. 405 Sul, s/n° Asa Sul - Brasília De domingo a sexta, das 18h às 23h.

Praça Duque de Caxias, 288 Santa Tereza – Belo Horizonte Segunda à Sexta das 11h30 às 4h30 Sábado das 11h30 às 7h Domingo das 11h30 às 18h

05 | Porto alEgrE

Espetinho de carne no tudão

Cachorro Quente do r 03 | Curitiba

X-Montanha do bar do Seu Zé (R$ 4) A lanchonete que é conhecida por três nomes diferentes (Lanchonete Montesquieu ou Lanchonete do Álvaro ou Bar do Seu Zé) faz a alegria dos estudantes famintos da UTFPR. A estrela do cardápio é o X-Montanha, ou sua versão mais amena, o X-Monstrinho. Ingredientes do sanduíche incluem bolinho de carne, pastel, maionese, salada, presunto e queijo. Rua Desembargador Westphalen, 918 – na rua de trás da UTFPR Curitiba Segunda à Sexta das 9h30 às 21h30

Esfiha do Come-come (R$ 2,20 e R$ 2,40) O Come-come é conhecido por suas esfihas gigantescas e baratinhas. A esfiha é aquela fechada, triangular e tradicional, mas os 10cm de cada lado fazem com que ela seja grande para substituir uma refeição. Se quiser ir de turma, tem até coca dois litros para dividir e gastar ainda menos. Disponível nos sabores presunto, queijo, presunto & queijo, carne e frango com catupiry.

toda a madrugada. É comum dar de cara com personalidades do rock mineiro enrolando um spaghetti no banco ao lado. A mais pedida é a versão à bolonhesa.

(R$ 4,50) O Cachorro do Rosário, rebatizado Cachorro Quente do R, é considerado o dog mais famoso e tradicional de Porto Alegre. O estabelecimento perdeu o nome original após uma disputa judicial entre pai e filho. O filho registrou a antiga marca em seu nome e a utiliza em outras lojas e em um serviço de tele-entrega. No endereço onde a barraca está há 47 anos, os fregueses não sentem diferença nas filas que continuam longas nos finais de semana. Avenida Independência, esquina com Praça São Sebastião, S/N Independência – Porto Alegre Todos os dias das 11h às 0h

Xis Coqueiro da lancheria Coqueiro (R$ 30) A Coqueiro serve sanduíches gigantescos em pães de 16x16cm e apenas um deles pode alimentar tranquilamente dois ogros ou até quatro pessoas. O sanduíche que leva nome da casa tem como ingredientes cebola, tomate, milho, ervilha, alface, maionese, queijo mussarela, presunto, ovo, palmito, pepino e azeitona. Av. Wenceslau Escobar ,3125 Tristeza – Porto Alegre De segunda a sexta, das 11h às 6h Sábado e domingo, das 11h às 7h

(R$ 4,10) Apertado em um portão onde só cabem o freezer e a churrasqueira, o Tudão está na localização perfeita para o pré ou pós balada. Quinze opções de espetinhos. Cerveja a R$3,50 e espetinho de alcatra a R$4,10. Não é muito barato, mas ame ou odeie, você vai acabar lá. Rua Fernandes Tourinho, 363 - loja 13 Savassi – Belo Horizonte De Segunda a Segunda das 18 às 5h

07 | rECifE

Macaxeira na feira da Madalena (R$ 7) Parece estranho para quem não mora lá, mas um hábito comum no after recifense é dar uma passada na Feira da Madalena, pedir uma porção de macaxeira com charque e dividir com os amigos. Pode passar depois das 5h30 que já está rolando. Rua Real da Torre, S/N Madalena - Recife De Segunda à Sábado das 5h30 às 17h30

Pastel de frango do burburinho

04 | braSília

Macarrão do bolão

(R$ 2,50) O Burburinho começou como um bar despretensioso que acabou adotado pela cena cultural da cidade. O petisco pedida de lá é o pastel de frango. Recentemente teve até um concurso que elegeu as sugestões de recheio mais saborosas e originais.

(R$ 3,50) Molho caseiro, batata palha da fábrica da irmã do proprietário e pãozinho, sempre do dia assado na padaria de um amigo, garantem a quali-

(R$ 9) O estabelecimento no início fechava cedo, mas com a boemia transpassando o limite de horário noite após noite, o bar deixou de brigar com a clientela e atualmente fica aberto por

Rua Tomazina ,106 Recife Antigo - Recife Quarta e quinta a partir das 17h Sexta a partir das 16h Sábado a partir das 18h

XV de novembro, 1220 Curitiba - Paraná De Segunda à Sábado, a partir das 7h30

06 | bElo HoriZontE

Cachorro Quente do landi


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Editoria desta edição

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Vinícius Albuquerque, Alexandre Vianna, Guilherme Theodoro, Marcelo Viegas, Dani Cruz e Ricardo Nunes (SneakersBR)

Charles Franco e Marcos Hiroshi

Fábio Bitão e Dhani B texto: Sheila Almendros, Gabi Garcez, Juliana Kataoka, Dhani B e Ricardo Nunes produção: Dédora Machado, Indayara Moyano e Rejoice Sunshine Strauss maquiagem: Naiane Prates arte: Dani Cruz

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Colaboraram nesta edição foto: Ana Paula Negrão, Ivan Shupikov, André Ferrer,

A revista OE é uma publicação da Editora ZY Ltda. As matérias e fotos publicadas não refletem necessariamente a opinião dessa revista e sim de seus autores.

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Redação

Marcelo Viegas, Charles Franco e Douglas Prieto Fotografia

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