ensaio fotogrรกfico de Hussain Aga Khan
photo-essay by Hussain Aga Khan
A HUMANIDADE E O NOSSO PLANETA TERRA ESTÃO EM RISCO!
HUMANITY AND OUR PLANET EARTH ARE AT RISK!
Ana Paula Vitorino, Ministra do Mar
Ana Paula Vitorino, Minister of the Sea
Há décadas que cientistas, organizações especializadas, agências internacionais, grandes nomes da cultura e figuras de destaque mundial vêm contrariando a ideia de que o mar é fonte inesgotável de recursos, chamando a atenção da opinião pública para a crescente fragilidade dos oceanos. O mesmo é dizer, para os riscos que o ser humano corre se não cuidar dos mares.
For decades, scientists, specialized organizations, international agencies, major personalities from the cultural sector and world-renowned figures have been countering the notion that the sea is an endless source of resources and drawing public attention to the growing fragility of the oceans. In other words, drawing attention to the risks for humanity if proper care of the seas is not taken.
Num tempo em que não serão demasiados todos os que lancem o alerta para a necessidade inadiável de sustentar a biodiversidade marinha, Sua Alteza o Príncipe Hussain Aga Khan coloca-se na linha da frente dos que militam pela defesa dos oceanos através de um conjunto de fotografias que nos obrigam a uma profunda reflexão sobre a importância da preservação dos oceanos e que servem de preâmbulo à Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos a realizar em Lisboa em 2020.
At a time when all warnings about the unavoidable need to sustain marine biodiversity are insufficient, His Highness Prince Hussain Aga Khan stands at the forefront of those advocating for the defense of the oceans. His collection of photographs forces us to reflect deeply on the importance of preserving the oceans and serve as a preamble to the 2020 UN Ocean Conference in Lisbon.
Constitui património inestimável a mensagem contida e captada pela câmara do Príncipe Hussain Aga Khan.
3
The message contained and captured by the camera of Prince Hussain Aga Khan is invaluable heritage.
OPENING NOTE António Cruz Serra _ Rector, University of Lisbon More than ever, the preservation of all forms of life on our planet poses increased concerns among governments, the civil society and citizens. I have no doubt that the only viable solutions to important challenges such as bio- and geodiversity conservation, climate change, artificial intelligence, water shortage, renewable energies and sustainability, new pharmaceuticals, among others, can only be found with knowledge, research and innovation. The role of universities is therefore more crucial than ever. In Portugal, the University of Lisbon has several research groups working on the forefront of many of these challenges, often in international networks. They are contributing with short- and long-term answers, both theoretical and practical applications, to reduce the uncertainty of our common future.
Therefore, the University of Lisbon is delighted to host the exhibition ‘The Living Sea: A Photo-Essay by Hussain Aga Khan’ at the National Museum of Natural History and Science. The exhibition creates multiple opportunities to raise public awareness towards nature conservation and other contemporary challenges of social and economic impact. Several researchers from the University of Lisbon will be involved in activities, lectures and guided visits. Moreover, it is gratifying that the exhibition coincidentally inaugurates on the eve of the European’s Researchers Night, when researchers from all over Europe come together to engage with society. In Portugal, the University of Lisbon also organises this event, through the National Museum of Natural History and Science.
However, as we have seen since the 2016 Paris Agreement on Climate, many of these issues have become increasingly politicised and viable solutions are frequently not enough to induce social and economic change. That is why citizens’ awareness is crucial. Most of these contemporary challenges have scientific and technological bases and citizens should – have the right to – be adequately informed so that they can form their own opinions, stimulate change and act individually and collectively. Outreach activities, when scientists connect with the general public and explain what they are doing and why are a vital component of present-day research.
The University of Lisbon is therefore grateful and honored to host this exhibition, Hussain Aga Khan’s first – of hopefully many – in Portugal.
4
NOTA DE ABERTURA António Cruz Serra _ Reitor, Universidade de Lisboa Mais do que nunca, a preservação de todas as formas de vida no nosso planeta é atualmente fonte de preocupação para governos, a sociedade civil e os cidadãos em geral. Não me resta todavia a menor dúvida de que as únicas soluções viáveis para desafios tão importantes como a preservação da geo e da biodiversidade, as alterações climáticas, a escassez da água, as energias renováveis e a sustentabilidade, os novos fármacos, entre outros, apenas poderão ser encontradas com recurso ao conhecimento, à investigação e à inovação. O papel das universidades é, assim, mais crucial do que nunca. Em Portugal, a Universidade de Lisboa tem vários grupos de investigação a trabalhar na vanguarda de muitos desses desafios, geralmente integrados em redes internacionais. Em conjunto, contribuem com respostas de curto e longo prazo, quer do ponto de vista teórico quer em aplicações práticas, no sentido de reduzir a incerteza do nosso futuro comum. No entanto, como é evidente sobretudo desde a assinatura do Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, em 2016, muitas dessas questões têm vindo a tornar-se crescentemente politizadas e a existência de soluções viáveis nem sempre é suficiente para induzir mudanças sociais e económicas. É por isso que a sensibilização da sociedade é crucial. A maioria destes desafios possui bases científicas e tecnológicas e os cidadãos devem – têm o direito de – ser adequadamente informados para que possam formular as suas próprias opiniões, despertar a mudança e agir individual e coletivamente. As atividades de divulgação, particularmente as que permitem uma relação direta com o público, em que os cientistas explicam o que estão a fazer e porquê são componentes essenciais da investigação contemporânea.
5
Portanto, a Universidade de Lisboa tem o prazer de acolher a exposição ‘O Mar Vivo: Um Ensaio Fotográfico de Hussain Aga Khan’ no seu Museu Nacional de História Natural e da Ciência. A exposição cria amplas oportunidades para sensibilizar o público sobre a conservação da natureza e outros desafios de grande impacto social e economico. Vários investigadores da Universidade de Lisboa estão envolvidos em atividades, palestras e visitas guiadas. Além disso, é muito gratificante que a exposição seja inaugurada, por coincidência, na véspera da Noite Europeia dos Investigadores, quando cientistas de toda a Europa se reúnem para se envolver com a sociedade. Em Portugal, a Universidade de Lisboa também organiza este evento, através do Museu Nacional de História Natural e Ciência. A Universidade de Lisboa está, portanto, muito grata e honrada por acolher esta exposição, a primeira de Hussain Aga Khan em Portugal e – esperamos – muitas se seguirão.
7
INTRODUÇÃO
INTRODUCTION
Marta C. Lourenço, Diretora MUHNAC
Marta C. Lourenço, MUHNAC Director
A exposição ‘O Mar Vivo: Ensaio fotográfico de Hussain Aga Khan’ não é, naturalmente, a primeira exposição de fotografia de natureza que o Museu Nacional de História Natural e de Ciência (MUHNAC) da Universidade de Lisboa apresenta. Também não é a nossa primeira exposição que visa sensibilizar o público para a conservação da natureza. A natureza faz parte da missão nuclear do Museu e esse trabalho tem vindo a ser continuamente feito há longas décadas.
The exhibition ‘The Living Sea: A Photo-Essay by Hussain Aga Khan’ is by no means the first nature photography exhibition presented by the National Museum of Natural History and Science (MUHNAC), University of Lisbon. It is not the first exhibition aimed at raising public awareness to nature conservation either. Nature is part of our core mission and we have been raising public awareness towards nature conservation for decades.
‘O Mar Vivo’ é, contudo, a primeira grande exposição do MUHNAC da ‘crise climática’. Ao longo dos últimos cinco anos, e como nunca antes, a real dimensão do nosso impacto no planeta revelou-se na sua plenitude, perante o nosso olhar estarrecido: a regressão das populações de abelhas e outros polinizadores, a pesca excessiva e a diminuição das populações de espécies marinhas, o branqueamento generalizado dos recifes de coral provocado pelo aumento da temperatura do mar e, mais recentemente, a crise do plástico e os níveis recorde do degelo, do Ártico à Gronelândia, dos Alpes ao Alasca e à Antártica. Em Portugal e mais especificamente na Península Ibérica, os incêndios florestais de grandes proporções, as temperaturas a baterem todos os recordes, o empobrecimento do solo, a diminuição dos lençóis freáticos e a desertificação parecem ser a nova normalidade, com consequências imprevisíveis para o futuro da nossa economia, padrões de bem-estar e cultura. De acordo com a última Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, publicada no mês passado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), Portugal é o quarto país europeu com o maior número de espécies ameaçadas, principalmente plantas e invertebrados (sendo Espanha o primeiro).
‘The Living Sea’ is, however, the first major MUHNAC exhibition of the ‘climate crisis’. During the past five years, the real scale of our impact on the planet unfolded before our horrified eyes like never before: the regression of honeybees and wild pollinators, overfishing and the decline in ocean wildlife populations, mass coral bleaching driven by rising water temperatures, the increase of extreme weather events and, more recently, the plastic crisis and record ice melts across the planet, from the Artic to Greenland, and from the Alps to Alaska and the Antarctic. In Portugal and Iberia specifically, major forest fires, record temperatures, soil degradation, groundwater decline and desertification seem to be the new normal, with yet unforeseen consequences for the future of our economy, well-being, and culture. According to the latest Red List of Threatened Species published last month by the International Union for the Conservation of Nature (IUCN), Portugal is the fourth European country with the largest number of threatened species, mostly plants and invertebrates (and Spain is the first). None of this is, of course, entirely new. We know about human impact on nature since Rachel Carson, E. O. Wilson, June and Robert Kay, Henry David Thoreau and, in Portugal, Carlos Manuel Baeta Neves, Sebastião da Gama, among so
many other scientists, philosophers, artists, economists, writers and poets from all over the world, all the way back to John Evelyn’s Sylva, presented to the Royal Society in 1662.
Khan so eloquently explains in his catalogue text, we still need to believe that our knowledge and actions matter. Otherwise, what we are left with is fatalism and paralysis.
What is new is a dreadful sense of acute emergency. This is something that previous generations have not experienced.
What does science tell us? How can research and innovation make a difference? As a citizen, how can I contribute? What good examples are there – in Portugal, Europe, Africa, and elsewhere in the world? The role of a national museum of science and nature such as MUHNAC, in the largest university in Portugal, is to raise these and other questions, put them in historical perspective, unpack their complexity for the sake of the largest possible number of visitors, promote conversations among different agents – scientists, artists, anthropologists, sociologists, economists, politicians, NGOs – and provide citizens with the information to act individually and collectively for the benefit of our future.
Hussain Aga Khan’s own sense of emergency left vivid impressions on the Museum team since the first preparatory meeting of the exhibition ‘The Living Sea’. While he described to us his extraordinary photographs of sharks, dolphins, whales and sea lions taken after years of diving in Egypt, the Caribbean, Indonesia, the Mediterranean and other locations across the planet, it was impossible to ignore the sharp contrast between the outstanding beauty of the images and the tone of palpable urgency in his voice. I wrote down in my notes from those meetings: “I am fascinated by biodiversity and the tropics, forests, and oceans. And petrified of extinction, habitat loss, climate change” and “I do this so that people know how incredible these animals are, and yet how much endangered because of us”. Although we had heard and read it before multiple times, Hussain Aga Khan spoke with the compelling and inspiring authority reserved to those who have seen, who have experienced, year after year, dive after dive, photograph after photograph. The contradiction between extreme beauty and imminent threat was not only left unresolved but deliberately made the cornerstone of the exhibition ‘The Living Sea’, together with Hussain Aga Khan’s own voice. As with so many crises, the current environmental crisis is best addressed with astute awareness, scientific evidence, sound responsibility, and determined engagement at individual and collective levels, combined with unconditional hope for the future and love for nature. This may be an existential crisis but, as Hussain Aga
The Museum is therefore grateful to Hussain Aga Khan and FON (Focused on Nature) for the opportunity to address these issues and, more generally, the current environmental crisis, from multiple perspectives and against the background of timelessly beautiful photography. The Museum is also grateful to the curators, designers, educators and everyone involved in the development of ‘The Living Sea’ and this publication. Finally, the Museum is grateful to former Director José Pedro Sousa Dias, who was the first to see the scientific, artistic and cultural potential of this exhibition for diverse audiences, and to welcome it wholeheartedly.
8
Nada disto é, naturalmente, inteiramente novo. Sabemos do impacto humano na natureza desde Rachel Carson, E.O. Wilson, June e Robert Kay, Henry David Thoreau e, em Portugal, Carlos Manuel Baeta Neves, Sebastião da Gama, entre tantos outros cientistas, filósofos, artistas, economistas e escritores de todo o mundo, recuando até à obra Sylva de John Evelyn, apresentada à Royal Society em 1662. O que é novo é esta sensação terrível de emergência aguda – algo que as gerações anteriores não conheceram. O sentido de emergência de Hussain Aga Khan deixou fortes impressões na equipa do Museu, desde a primeira reunião preparatória da exposição ‘O Mar Vivo’. Enquanto nos descrevia as suas extraordinárias fotografias de tubarões, golfinhos, baleias e leões-marinhos, realizadas ao longo de décadas de mergulhos no Egipto, nas Caraíbas, Indonésia, no Mediterrâneo e em outros locais do planeta, era impossível ignorar o nítido contraste entre a beleza excecional das imagens e o tom de urgência expresso na sua voz. Nessas reuniões, anotei algumas das suas palavras: “Estou fascinado pela biodiversidade e pelos trópicos, florestas e oceanos. E petrificado pela extinção, perda de habitats, alterações climáticas” e “Faço isto para que as pessoas saibam o quanto estes animais são extraordinários e como estão em perigo por nossa culpa”. Embora já tivéssemos ouvido e lido isto vezes sem conta, Hussain Aga Khan fala com a autoridade irresistível e inspiradora, reservada apenas aos que viram e experimentaram, ano após ano, mergulho após mergulho, fotografia após fotografia. A contradição entre a extrema beleza e a ameaça iminente nunca chegou a ser resolvida, tornando, de resto, a pedra de toque da exposição ‘O Mar Vivo’, a que se junta o autor, na primeira pessoa do singular.
9
Tal como em outras crises, a atual crise ambiental deve ser enfrentada através da evidência científica, de uma consciencialização apurada, de um profundo sentido de responsabilidade e de um envolvimento determinado, quer
ao nível individual quer coletivo, ancorados na incondicional esperança no futuro e no amor pela natureza. Pode tratar‑se de uma crise com risco existencial mas, como Hussain Aga Khan explica de forma tão eloquente neste catálogo, precisamos de acreditar que o nosso conhecimento e a nossa intervenção são determinantes. Se assim não for, o que nos resta é o fatalismo e a paralisia. O que nos diz a ciência? Como podem a investigação e a inovação fazer a diferença? Enquanto cidadão, como posso dar o meu contributo? Que bons exemplos seguir – em Portugal, Europa, África, e noutras regiões do mundo? O papel de um museu nacional de ciência e natureza como o MUHNAC, integrado na maior universidade de Portugal, é levantar estas e outras questões, colocando-as numa perspetiva histórica, desconstruir as complexidades para atingir o maior número de visitantes possível, promover o diálogo entre os diferentes agentes – cientistas, artistas, antropólogos, sociólogos, economistas, políticos, ONGs – e fazer chegar aos cidadãos a informação para que possam agir individual e coletivamente, beneficiando o nosso futuro. O Museu quer manifestar a sua gratidão a Hussain Aga Khan e à FON (Focused on Nature) pela oportunidade de abordar estas questões e, de forma mais geral, a atual crise ambiental, a partir de múltiplas perspetivas e em articulação com a beleza intemporal das fotografias. O Museu agradece ainda aos curadores, designers, educadores e a todos aqueles que se envolveram na produção da exposição ‘O Mar Vivo’, bem como na publicação que a acompanha. Finalmente, o Museu agradece ao anterior Diretor, José Pedro Sousa Dias, que primeiramente viu o potencial científico, artístico e cultural desta exposição para os vários públicos, acolhendo-a de coração aberto desde a primeira hora.
ÍNDICE
INDEX
Nota de Abertura #05 António Cruz Serra
Opening Note #04 António Cruz Serra
Introdução #07 Marta C. Lourenço
Introduction #07 Marta C. Lourenço
Love for nature and passion for photography: A life of underwater encounters #13 Hussain Aga Khan
Love for nature and passion for photography: A life of underwater encounters #12 Hussain Aga Khan
Fotografias Baleias #18 Golfinhos #24 Tartarugas #30 Mosaico #36 Tubarões #42 Leões Marinhos #48
Photos Whales #18 Dolphins #24 Tartles #30 Mosaic #36 Sharks #42 Sea Lions #48
Portugal, o Mar e Hussain Aga Khan Xénia Geroulanos, Philippe Mendes #55
Le Portugal, La Mer et Hussain Aga Khan Xénia Geroulanos, Philippe Mendes #54
O Mar Vivo: Uma Exposição que cruza Natureza e Arte Marta Costa, Jorge Prudêncio, Rogerio Abreu #61
The Living Sea: An exhibition crossing Nature and Art Marta Costa, Jorge Prudêncio, Rogerio Abreu #60
Consciencializar para a conservação da natureza através de perspetivas múltiplas #63 Antonio Monteiro, Raquel Barata, Tânia Ferreira
Raising awareness towards nature conservation through multiple perspectives #62 Antonio Monteiro, Raquel Barata, Tânia Ferreira
Cetáceos em Portugal Continental Marina Sequeira, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas #65
Cetaceans in Mainland Portugal Marina Sequeira, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas #64
Produtos naturais provenientes de organismos marinhos - um tesouro para a humanidade e para a economia Pedro Lima #67
Marine compounds within marine organisms - a treasure for humankind and for economies to be perished Pedro Lima #66
O projeto expositivo #69 Nuno Gusmão, P-06
The exhibition project #69 Nuno Gusmão, P-06
LOVE FOR NATURE AND PASSION FOR PHOTOGRAPHY: A LIFE OF UNDERWATER ENCOUNTERS* Hussain Aga Khan They say a picture is worth a thousand words. But we can do better, you and I. I wish I could tell you what it is like to have a sea lion virtually smile at you! Dip and dart and fly. Dive under you, nibble on your hair and tinker with your tank before shooting off to playfully chase a fish it is not trying to eat. Make you feel the connection one does when a dolphin comes within meters … or swims with you, looking right in your eye. To feel that privilege. I wish I could express how utterly amazing it is to see the interaction between a mother whale and her calf, the love and concern and relationship they share. Or what it is like when a calf approaches and, curious and completely unafraid, swims right up to you and bumps into you before passing by. Or that one time a mother humpback turned directly toward me, spreading her immense pectoral fins as she hovered vertically, her calf moving off behind her. And tell you how, at that precise moment, I was sure I was the happiest man and luckiest human on Earth. I would like to tell you how beautiful every hue of an angelfish is. How amusing and silly an octopus can be – how bizarre their method of propulsion and how astounding their color and texture variations. How funny it is when they squirt ink at you. I would like to tell you what it is like to watch a turtle graze on sea grass or munch on coral next to you; to tell you how trusted and enamored you feel when a turtle sits just meters away, not moving off in fear. And mention the time last year a small hawksbill turtle stayed with us for 45 minutes, at Highbourne Cay in the Bahamas, and seemed as interested in us as we were in her.
I would like to share how angry a novice diver friend was when I abandoned him – at the safest, shallowest site I know – to swim with a hawksbill for an hour, until I ran completely out of air… How beautiful her carapace was, how her eye looked like a camera lens, and how every instant by her side was worth it. I would tell you how absolutely graceful a manta ray is as it hovers immobile in the current… gorging on plankton, or when it glides by you, slowly raising and lowering its wingtips. The strangeness of a frogfish, its lure dangling and flicking above its eyes, hoping to surprise. A ghost pipefish, its snout pointing down and tail up, blending perfectly with its surroundings. I would tell you how lost and lonely and confused a remora seems without a host and share with you the time a spinner dolphin stuck its tongue out at me! I would try to express how utterly viciously a clownfish couple guard their nest. And let you know the fiercest fish you might encounter are damselfish, diminutive and defenseless, forcefully trying to keep you out of their territory. I would gift you the experience of looking up at a sun blotched out by a cloud of little fish. Or swimming completely surrounded by jacks, as far as the eye can see, in Cabo Pulmo, Mexico. Show you a flatworm sliding across coral or undulating in the water column. A nudibranch in a field of tunicates…A shark cruising confidently above the reef. You would want to know why a thresher shark has a ridiculously long tail and why razorfish are upside down. 12
AMOR PELA NATUREZA E PAIXÃO PELA FOTOGRAFIA: UMA VIDA DE ENCONTROS DEBAIXO DE ÁGUA* Hussain Aga Khan Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. No entanto, podemos fazer melhor. Gostaria de poder partilhar convosco a emoção causada pelo sorriso de um leão-marinho quando mergulha, se projeta em frente e voa – submergindo debaixo de nós, mordiscando o nosso cabelo e brincando com a nossa garrafa de oxigénio antes de disparar atrás de um peixe qualquer que, na verdade, não pretende comer. Gostaria de vos fazer sentir a ligação que estabelecemos com um golfinho quando este se aproxima a escassos metros de nós – ou quando nada connosco e olha diretamente nos nossos olhos. Sentir esse privilégio. Gostaria de poder expressar quão incrível é observar a interação entre uma mãe baleia e a sua cria, bem como a preocupação e relação mútuas que demonstram. Ou o que sentimos quando uma cria se aproxima, curiosa e destemida, e nos toca antes de seguir em diante. Ou quando, uma vez, uma baleia-de-bossas fêmea se virou diretamente para mim, abrindo as suas imensas barbatanas peitorais enquanto flutuava na vertical, com a cria imediatamente atrás. Digo-vos que, naquele exato momento, tive a certeza de ser o homem mais sortudo e feliz da Terra. Gostaria de vos dizer como são lindíssimas as tonalidades de um peixe-frade. E quão divertido e tolinho pode parecer um polvo, com o seu bizarro método de propulsão e as suas espantosas variações de cor e textura. E é tão engraçado quando nos esguicha tinta para cima.
13
Gostaria de partilhar convosco como nos sentimos quando observamos, muito perto de nós, uma tartaruga beliscando ervas marinhas ou mordiscando corais. Ou como nos sentimos enamorados e dignos de confiança quando ela
permanece conosco, sem qualquer medo. E, uma vez em Highbourne Cay, nas Bahamas, a emoção que foi ter uma tartaruga-de-pente como companhia durante 45 minutos – parecia tão interessada em nós quanto nós nela. Gostaria de compartilhar uma outra vez em que um mergulhador amigo nosso, menos experiente, ficou furioso por o ter abandonado – no local mais seguro e pouco profundo que conheço – para poder nadar com uma tartaruga-de-pente por uma hora, até ter ficado completamente sem ar.... Que bonita era a sua carapaça e os seus olhos pareciam as lentes de uma câmara. Todos os instantes passados com ela valeram a pena. Não poderia deixar de vos contar como uma manta é absolutamente graciosa quando paira imóvel na corrente... engolindo plâncton; ou quando desliza junto a nós, baixando e levantando lentamente as asas. Ou a estranheza de um peixe-sapo, oscilando e piscando os seus elementos de camuflagem, na esperança de nos surpreender. Ou um peixe-cachimbo-fantasma, com a boca apontando para cima e para baixo, perfeitamente integrado no seu ambiente natural. Gostaria de vos dizer como uma rémora parece perdida, confusa e solitária sem o seu hospedeiro e como, uma vez, um golfinho-rotador me deitou a língua de fora! Gostaria de vos poder mostrar como um casal de peixes-palhaço é feroz quando guarda o ninho. E que talvez os peixes mais truculentos que se possam encontrar sejam os pequenos e indefesos peixes-donzela, quando determinadamente nos tentam manter fora do seu território.
I might tell you how strange it is to have dolphins mate right in front of you – shamelessly, as if you weren’t there, without a care in the world. And tell you that watching a small group of them interact is delightful – to see them bumping and pushing each other, flipping upside down, joining together at the chest… and even rubbing pectoral fins together as if greeting one another. I would like to share that seeing coral spawn, which happens once a year, is as unexpected as it is stunning. That it is hard to comprehend how tiny spheres float away from surfaces that look so unlikely to produce them. Probably I would mention the time Emma, a four-meter tiger shark who was pregnant at the time, leaned into me with her whole body and weight. That it was not threatening, just hard to ground my feet and push back against her. Emma is a regular at Tiger Beach in the Bahamas and has never shown a diver aggression. The guides feel affection for her. If only you could see all of this and more through my eyes. I would want you to know that out of two schools of hammerheads and hundreds of individual sharks I have encountered, I have only been frightened by three. And that out of over 350 species of shark, only a handful could be considered ‘dangerous’. However, we kill a hundred to two hundred million sharks a year. I would show you that they are disinterested in us 99% of the time and say that they are so elegant and streamlined that it’s hard to be afraid. I also want to tell you about the horrible changes I have seen. How plastic, which I never saw in the past, is everywhere now. Plastic is as common on a beach in Agadir as on a dock in Marsa Alam, in tide pools in Sardinia and wrapped around coral in the Bahamas. I want to tell you that last year a friend and I spent 45 minutes on a dinghy in Sataya, Egypt, pulling out bottles and caps, bags, cardboard, a bag of chips, an old
T shirt, and a sandal... And we hardly made a dent. That I watched spotted dolphins swim through plastic, paper and trash last year in Florida, probably finding it hard to distinguish between the jellyfish they play with …and the cigarette pack wrappers they shouldn’t. That, to my absolute horror, I witnessed two oceanic white-tip sharks, among the rarest of the rare – whose numbers have plummeted by 90% – circle pieces of tinfoil at Elphinstone in the Red Sea, last year. How one ingested and spat out a piece four times before finally swallowing it on the fifth. How sad it was not to be able to take the tinfoil away before it was too late. I want to tell you that about a third of all the sharks I see have a hook stuck in their mouths and some a line trailing behind them as well. How I saw a bullet hole in one shark… After seeing hundreds of manta rays in Yap, Micronesia, on trips in 1992 and 2000, I did not see a single one in 2015. Some of the reefs friends and I saw years ago that were kaleidoscopic, cornucopias of corals hard and soft, are now reduced to rubble… barren fields, bleached skeletons… Tragically sad remnants of what once was. It has been said that coral reefs will be entirely gone, disappeared, within perhaps 50 years, even 30. I want to tell you that we have pushed the extinction rate to probably a thousand times what it used to be, and that we have lost 60% of our wildlife in the last forty years. That our goal of keeping warming at less than 2 degrees by the end of the century looks unrealistic — with the end result probably 3 or 3.5 degrees – if we do not change and act. That a third of all cetacean and shark species are already at risk. Ninety percent of the big fish are gone… And by 2050 there will be more plastic in our seas than fish. Therefore, it is with great sadness that I sometimes think nearly everything you see in my photographs is
14
Se vos pudesse oferecer a experiência que consiste em olhar para o sol através de uma nuvem de peixinhos. Ou a de nadar completamente envolvido por cardumes, em Cabo Pulmo, no México, sem poder ver nada mais que peixes tanto quanto a vista alcança. Ou mostrar-vos um platelminte deslizando sobre corais ou ondulando na coluna d’água. Ou um nudibrânquio num cardume de tunicatos... Ou um tubarão nadando de forma confiante sobre o recife. Tenho a certeza que gostariam de saber porque um tubarão-raposo tem uma cauda tão ridiculamente comprida e porque razão os ‘peixes-navalha’ estão de pernas para baixo. Também vos posso confessar como é estranho ver golfinhos a acasalar à nossa frente - sem qualquer vergonha, como se não estivéssemos ali e sem uma única preocupação no mundo. E como observar um pequeno grupo de golfinhos a interagir é encantador – vê-los empurrando-se uns contra os outros, virando-se de cabeça para baixo, encostando os dorsos ... e até esfregando as barbatanas peitorais como se se cumprimentassem. Gostaria de partilhar convosco que testemunhar a ‘desova’ do coral, que acontece uma vez por ano, é tão inesperado quanto impressionante. É difícil perceber como as pequenas esferas flutuam para longe de superfícies que parecem tão improváveis para as produzir. E provavelmente deveria mencionar aquela vez em que Emma, uma fêmea de tubarão-tigre com quatro metros de comprimento, grávida na altura, se inclinou para mim com todo o seu corpo e peso. Fê-lo de forma não ameaçadora, mas foi difícil ancorar os pés no fundo e fazer força para não cair. Emma é uma habituée em Tiger Beach, nas Bahamas, e jamais ameaçou um mergulhador. Os guias sentem carinho por ela.
15
Se pudessem ver tudo isto e muito mais, através dos meus olhos. Gostaria que soubessem que, dos dois cardumes de tubarões-martelo e das centenas de tubarões que encontrei, só tive medo três vezes. E que das mais de 350 espécies de tubarão, apenas um mão-cheia delas pode ser considerada ‘perigosa’. No entanto, matamos entre 100 e 200 milhões de tubarões por ano. Os tubarões, 99% das vezes, estão
totalmente desinteressados em nós e são tão elegantes e graciosos que é difícil ter medo. Também gostaria de vos contar as horríveis transformações que tenho vindo a observar. Como o plástico, que nunca vi no passado e agora está em toda a parte. O plástico é hoje tão comum numa praia de Agadir como numa doca em Marsa Alam, nas piscinas naturais da Sardenha ou enovelado no coral das Bahamas. O ano passado em Sataya, no Egito, passei 45 minutos com um amigo, a recolher garrafas e tampas, sacos, papelão, um saco de batatas fritas, uma t-shirt velha e uma sandália ... E o nosso trabalho praticamente não fez diferença nenhuma. Também o ano passado, na Flórida, vi golfinhos-pintados a nadar num mar de plástico, papel e lixo, muito provavelmente com dificuldades em distinguir entre as medusas com que costumam brincar... e os embrulhos de cigarros que não deviam sequer ali estar. Gostaria de vos contar como, para meu absoluto horror, vi o ano passado em Elphinstone, no Mar Vermelho, dois tubarões-de-pontas-brancas, dos mais raros – e cujos números caíram 90% - nadando em torno de pedaços de papel de alumínio. E como um deles, por quatro vezes primeiro ingeriu, e depois cuspiu, um dos pedaços, antes de finalmente o engolir à quinta vez. Que pena não termos conseguido tirar o papel de alumínio antes que fosse tarde demais. Quero dizer-vos que cerca de um terço de todos os tubarões que vejo têm um anzol preso na boca e alguns, têm mesmo linhas que os perseguem quando nadam. E dizer-vos que vi um tubarão com um orifício de uma bala … Depois de ver centenas de mantas em Yap, na Micronésia, em 1992 e 2000, não vi nenhuma em 2015. Alguns dos recifes que há alguns anos eram caleidoscópicos, verdadeiras cornucópias de corais duros e delicados, estão hoje reduzidos a escombros ... campos inférteis, esqueletos branqueados ... vestígios tragicamente tristes do que foram no passado. Dizem que os recifes de coral porventura desaparecerão completamente dentro de 50 anos, mas é mais certo que desapareçam dentro de 30.
under some form of threat: climate change – warming, acidification and sea level rise – habitat destruction, deep sea trawling, dynamite and overfishing, pollution and plastic… changes in the food chain and more. Wildlife and ecosystems are at risk and so are some income sources and food security. There is no doubt that for decades we have been utter fools! We have used and abused the planet. We have refused to manage resources wisely. We have ignored warning signs. We have believed that Earth is so enormous, the sea so immense, natural systems so resilient, that we have inflicted monstrous damage. Even now, amid all the information we are bombarded with, media of all kinds, threats of cataclysms, cynicism, apathy, guilt and a sense of hopelessness, it is often hard to see the coral for the reef and to identify and work on problems one by one. But, as an individual, one can make a difference! And feeling hopelessly incapable of sharing with you even a tenth of the beauty, movement and emotion I would want to, can I ask you a couple of favors? Might we try to stop using plastic completely? Buy glass instead. Insist on reusable straws and more. Might you please try to recycle everything you can? Plant more. Plant everywhere. Become an Olympian planter! Have a plant in your kitchen! Buy local as much as you can. There is no point in importing water, meat, fish, fruit, or vegetables from the other side of the world. If you do not urgently have to travel for work, you can choose to teleconference instead. You could sometimes take the train instead of a plane… As trains are comfortable, too. And there is no turbulence on a train! You could consider using solar and even wind. Consider switching to an electric car if you can. Perhaps you could resist further financing the pet trade, which is considered one of the greatest threats to wildlife today… If you do buy a pet, make sure it is captive-bred.
Or pick one up from the pound instead. And if being a carnivore is not paramount to you, you could consider eating less meat. A long list of options, I know… But we can – must – all start somewhere. Wouldn’t it be nice if we could all have a chance to see dolphins, turtles, sharks and whales in the wild for years to come? To breathe clean air. To be able to keep growing our crops and feed ourselves. To drink clean water and not waste it. To be measured and thoughtful. To reduce our impact. And to roam plastic-free beaches and witness clean deserts and plains. To trust that we are breathing and eating less microplastics. And to still have rainforests and reefs, the chance to follow the Great Migration in the Serengeti and the Sardine Run. Honestly, I do not know how much we will change or save over the coming decades even if we try as hard as we can. But I believe it is worth doing every single thing, making every effort, we possibly can to try. We will feel and live better if we do, and future generations will be grateful for our successes as much as they will be disgusted by our failures. * This text was adapted from a speech given by Hussain Aga Khan at the EAT Stockholm Food Forum, 13 June 2019.
16
Gostaria de vos dizer que empurrámos a taxa de extinção para provavelmente mil vezes mais do que costumava ser e que perdemos 60% de nossa vida selvagem nos últimos quarenta anos. Que o nosso objetivo de manter o aquecimento abaixo de 2 graus até ao final do século parece irreal - com o resultado final mais provavelmente na ordem dos 3 ou 3,5 graus - se não mudarmos e agirmos. Que um terço de todas as espécies de cetáceos e tubarões já estão em risco. Que 90% dos grandes peixes desapareceram ... E que até 2050 haverá mais plástico nos nossos mares do que peixes. Portanto, é com muita tristeza que frequentemente penso que quase tudo o que se vê nas minhas fotografias está sob alguma forma de ameaça: mudanças climáticas - aquecimento, acidificação e elevação do nível do mar destruição de habitats, pesca de arrasto em profundidade, dinamite e sobre-pesca, poluição e plástico ... mudanças na cadeia alimentar e tantas outras. A vida selvagem e os ecossistemas estão em risco, bem como algumas fontes de rendimento económico e a nossa segurança alimentar. Não há dúvida de que durante décadas fomos uns completos idiotas! Usámos e abusámos do planeta. Recusámo-nos a gerir os recursos com sabedoria. Ignorámos os sinais de alerta. Acreditámos que a Terra é tão enorme, o mar tão imenso e os sistemas naturais tão resilientes, que infligimos danos monstruosos. Mesmo agora, no meio de toda a informação com a qual somos bombardeados, por todo o tipo de meios de comunicação, as ameaças de cataclismos, o cinismo, a apatia, a culpa e a sensação de impotência, é difícil tomar o coral pelo recife e resolver os problemas um a um. Todavia, individualmente podemos fazer a diferença! E, sentindo-me irremediavelmente incapaz de compartilhar convosco um décimo da beleza, movimento e emoção que gostaria, venho pedir-vos alguns favores.
17
Podemos tentar parar de usar completamente o plástico? Comprar vidro. Insistir em palhinhas reutilizáveis. Pode por favor tentar reciclar tudo o que puder? Plante mais. Plante em todos os lugares. Torne-se um plantador olímpico! Tenha uma planta na sua cozinha!
Compre localmente tudo o que conseguir. Não faz sentido importar água, carne, peixe, frutas ou vegetais do outro lado do mundo. Se não precisar de viajar com urgência em trabalho, opte por teleconferência. Ou pode ir de comboio, em vez de avião. Os comboios são confortáveis também. Não têm turbulência! Pode considerar usar energia solar e eólica. Se puder, mude para um carro elétrico. Talvez possa resistir a alimentar comércio de animais, uma das maiores ameaças atuais à vida selvagem. Se pretende um animal de estimação, assegure-se de que é criado em cativeiro; ou escolha um num abrigo. Se ser carnívoro não é crucial para si, talvez possa começar a comer menos carne. Um longa lista de opções, eu sei... Mas podemos – devemos – começar nalgum lado. Não seria bom se todos pudéssemos, no futuro, ter a possibilidade de observar golfinhos, tartarugas, tubarões e baleias em estado selvagem? Ou respirar ar puro. Ou sermos capazes de continuar a cultivar e a nos alimentarmos. Beber água limpa e não a desperdiçar. Ser frugal e atento para reduzir o impacto. E percorrer praias sem plástico, e desertos e planícies limpas. Confiar que respiramos e comemos menos microplásticos. E ainda continuar a ter florestas tropicais e recifes e a oportunidade de testemunhar as grandes migrações, seja no Serengeti seja a da sardinha. Honestamente, não sei quanto vai ser possível conseguir nas próximas décadas, mesmo que nos esforcemos todos o máximo possível. Mas acredito que vale a pena fazermos todos os esforços que estejam ao nosso alcance. Seremos e viveremos melhor se o fizermos e as gerações futuras ser-nos-ão gratas pelos nossos sucessos, ou ficarão a odiar-nos pelo nosso fracasso. * Este texto foi adaptado do discurso dado por Hussain Aga Khan no EAT Stockholm Food Forum, 13 Junho 2019.
BALEIAS WHALES A água estava muito clara nesse dia e a visibilidade era ótima. Os raios de sol a brilharem nas águas profundas são lindos. Tão bonitos que às vezes faço fotografias dos próprios raios, ou do ponto azul escuro para onde convergem, abaixo de mim. A cria nesta imagem é bastante grande, portanto não das mais jovens. Normalmente, as crias são significativamente mais leves do que as suas progenitoras por razões que eu não sei, o que faz com que esta cria se destaque de uma forma diferente.
The water must have been very clear that day, the visibility great. The rays of light shining into very deep water are beautiful. So beautiful in fact That I occasionally just shoot the rays themselves – or the dark blue spot they Converge to below you. The calf in this image is fairly large, so not one of the youngest ones. Usually calves are significantly lighter than their mothers for reasons I don’t know, Which makes this particular calf stand out as different. 18
desdobrรกvel
desdobrรกvel
20
desdobrรกvel
21
desdobrรกvel
22
Baleia-de-bossa Vava’u, Tonga, 2017 Megaptera novaeangliae Humpback Whale Vava’u, Tonga, 2017 Megaptera novaeangliae
23
O que a minha amiga Tamiko chama de ‘Ataque da Baleia’! A nossa primeira baleia da temporada de 2017. No primeiro dia, um grupo de três baleias pareciam muito preocupadas, possivelmente com o acasalamento. Afastavam-se rapidamente sempre que entrávamos na água. Mas, quando nos viu, ESTA baleia-de-bossa avançou em direção a mim e ao meu guia e amigo Alistair. Virou a cabeça na nossa direção e, simplesmente, cercou-nos! Alistair empurrou-me nervosamente para longe (na verdade, não estava com muito medo), mas a baleia mergulhou a poucos metros de nós. No salto seguinte, fez o mesmo; mas dessa vez avançou em direção aos meus amigos. Que baleia incrível. Que baleia LOUCA!
What my friend Tamiko calls “Attack Whale”! Our first real whale of the 2017 season. The 3 whales in a group on our first day were highly preoccupied, possibly with mating, And swam off fast each time we got in the water. But THIS humpback rushed my guide and friend Alistair and me the very second it saw us. It turned its head in our direction and just BOLTED at us! Alistair pushed me out of the way nervously (I actually wasn’t that scared) but the whale dove down a few meters away from us. On our next jump it did the same; but that time rushed my friends more than us. Amazing whale. CRAZY whale!
GOLFINHOS DOLPHINS Os golfinhos-rotadores de Sataya, um pequeno recife no meio do nada que protege uma baía onde se reúnem, tornaram-se famosos pela sua familiaridade com a presença humana. Podem ser encontrados facilmente e é incrível nadar entre eles. Por vezes podemos ver 80 golfinhos concentrados num único grupo. Outras vezes conseguimos aproximar-nos de um pequeno número de 6 a 12 indivíduos que divergiram do grupo maior. Às vezes os golfinhos não nos querem junto deles, ficam 20 metros abaixo e nadam constantemente para longe. Outras vezes podemos ter a sorte de ter dezenas de golfinhos-rotadores perto de nós e à superfície. Independentemente do número e das interações, cada hora que passamos na água com os golfinhos – qualquer espécie de golfinho - parece milagrosa, um sonho perfeito ou uma fantasia.
The spinner dolphins at Sataya, a tiny reef in the middle of nowhere which protects a bay in which spinner dolphins congregate, have become quite famous because they are habituated to human presence, can be found quite easily in the small bay, and are amazing to swim among. Sometimes you see 80 dolphins in a tight-knit group. Sometimes you get close to a small number – an offshoot – of 6 to 12 individuals. Sometimes the dolphins don’t want you there, stay 20 meters down and constantly swim away. Other times you might be lucky enough to have dozens of spinners close to you and right at the surface. Regardless of numbers and interactions, every hour in the water with dolphins – any dolphins – seems nearly miraculous, Perfect dream or fantasy.
24
Golfinho-rotador Sataya, Egito, 2016 Stenella longirostris Spinner Dolphin Sataya, Egypt, 2016 Stenella longirostris
Golfinho-rotador Sataya, Egito, 2014 Stenella longirostris
Golfinho-rotador Sataya, Egito, 2016 Stenella longirostris
Golfinho-rotador Sataya, Egito, 2018 Stenella longirostris
Spinner Dolphin Sataya, Egypt, 2014
Spinner Dolphin Sataya, Egypt, 2016
Spinner Dolphin Sataya, Egypt, 2018
Stenella longirostris
Stenella longirostris
Stenella longirostris
A PLAYFUL AND VERY ACROBATIC – AQUABATIC! – GROUP OF SPINNER DOLPHINS Um grupo brincalhão e muito acrobático – aquabático! – de golfinhos-rotadores
Golfinho-rotador Sataya, Egito, 2014 Stenella longirostris
Golfinho-pintado-do-Atlântico Norte das Bahamas, 2015 Stenella frontalis
Spinner Dolphin Sataya, Egypt, 2014
Stenella longirostris
Atlantic Spotted Dolphin Northern Bahamas, 2015 Stenella frontalis
Golfinho-rotador Sataya, Egito, 2014 Stenella longirostris
Golfinho-pintado-do-Atlântico Norte das Bahamas, 2015 Stenella frontalis
Spinner Dolphin Sataya, Egypt, 2014 Stenella longirostris
Atlantic Spotted Dolphin Northern Bahamas, 2015 Stenella frontalis
28
Golfinho-rotador Sataya, Egito, 2014 Stenella longirostris Spinner Dolphin Sataya, Egypt, 2014 Stenella longirostris
29
Esta imagem marcou as minhas células da memória. Ficou enraizada e incrustada nos cantos da minha mente e nas profundezas da minha alma. Para tirar esta fotografia, desci abaixo da superfície - as fotografias ficam muito melhores quando tiradas de baixo - e tive a alegria de um golfinho-rotador ter subido em direção às minhas pernas, rodando ao seu redor.
This image is burned into my memory cells. Ingrained and encrusted in the corners of my mind and depths of my soul. For this image I had gone down below the surface – photographs look so much better when taken from below – and had the joy of a Spinner rising directly towards my legs, eventually spiralling around them.
TARTARUGAS
TURTLES
Tartaruga-verde de tamanho médio com uma bela carapaça a quem carinhosamente chamo de ‘Matilda’.
Medium-sized green turtle with a beautiful shell I affectionately call ‘Matilda’.
Esta imagem é de abril de 2017, mas visito regularmente esta minha bela amiga, talvez umas 35 vezes por ano.
This image is from April 2017, but I visit my beautiful friend on a very regular basis, maybe 35 times a year.
Ela é um modelo fenomenal! Não é nada tímida, e num dia de sorte deixa que nademos muito próximos dela durante meia hora ou mais.
She is a phenomenal model! Not shy at all, on a lucky day she’ll let you swim with her, very close, for half an hour or more.
30
Tartaruga-verde Exuma, Bahamas, 2017 Chelonia mydas Green Turtle The Exumas, The Bahamas, 2017 Chelonia mydas
Tartaruga-verde com raia-cravadora Exuma, Bahamas, 2017 Chelonia mydas Green Turtle with Southern Stingray The Exumas, The Bahamas, 2017 Chelonia mydas
Tartaruga-verde Exuma, Bahamas, 2017 Chelonia mydas Green Turtle The Exumas, The Bahamas, 2017
Chelonia mydas
Tartaruga-verde Exuma, Bahamas, 2018 Chelonia mydas Green Turtle The Exumas, The Bahamas, 2018
Chelonia mydas 32
33
Tartaruga-verde com rĂŠmora Exuma, Bahamas, 2016 Chelonia mydas
Tartaruga-de-pente Exuma, Bahamas, 2014 Eretmochelys imbricata
Green Turtle with remora The Exumas, The Bahamas, 2016 Chelonia mydas
Hawksbill Turtle The Exumas, The Bahamas, 2014 Eretmochelys imbricata
Tartaruga-verde Exuma, Bahamas, 2017 Chelonia mydas
Tartaruga-de-pente Exuma, Bahamas, 2018 Eretmochelys imbricata
Green Turtle The Exumas, The Bahamas, 2017 Chelonia mydas
Hawksbill Turtle The Exumas, The Bahamas, 2018 Eretmochelys imbricata
34
Tartaruga-comum Exuma, Bahamas, 2014 Caretta caretta Loggerhead Turtle The Exumas, The Bahamas, 2014 Caretta caretta
35
Mordida de amor da tartaruga-comum
Loggerhead love-bite
De repente, uma outra tartaruga apareceu do nada, elevando-se acima do recife. As duas aproximaramse e estabeleceram contato. Começaram a circular uma à volta da outra. Então, o par e eu aproximámonos simultaneamente e encontrámo-nos ao meio do percurso. Por um instante incrível e inesquecível, permitiram que eu ficasse entre elas. Fiquei ‘ensanduichado’ entre as duas, enquanto giravam em torno de mim, o animal maior na frente, o menor nas minhas costas. Um momento absolutamente notável e um verdadeiro privilégio.
All of a sudden, another turtle came out of nowhere, rising above the next section of the reef. The reptiles started to approach each other and made contact. Eventually they circled each other. Then the pair and I approached each other simultaneously and met in the middle. For an amazing, unforgettable instant, they allowed me among them; I was sandwiched as they revolved around me, the larger animal at the front, the smaller at my back. An absolutely remarkable moment and true privilege.
MOSAICO MOSAIC Naquele dia fizemos um mergulho às 5 da manhã para ver o tubarão-raposo. Após descansar, resolvemos fazer um mergulho descontraído durante o qual o nosso guia avistou esta bela dançarina-espanhola… Cada posição que uma dançarina-espanhola adquire enquanto ondula na água é completamente diferente. Flui na água como um véu ao vento. A maioria dos nudibrânquios são relativamente pequenos - entre 4 e 12 cm - mas a dançarina-espanhola, presumivelmente assim chamada por se parecer com uma dançarina de flamenco quando nada, pode atingir até 90 cm de comprimento, sendo que na maioria dos casos estão entre 20 e 30 cm.
We did the thresher shark dive at 5 AM that day. After sharks, we rested and then had a leisurely dive during which the guide found this beautiful Spanish Dancer… Every position a Spanish Dancer takes while undulating in the water is completely different to the others, every form it makes beautiful. It flows in the water like a veil in the wind. Most nudibranchs are fairly small – somewhere between 4 and 12 cm – but the Spanish Dancer, presumably so named because it resembles a flamenco dancer when it swims, can grow to up to 90 cm long! Most often they’re between 20 and 30 cm. 36
Bailarina-espanhola (Nudibrânquio) Ilha Chocolate ou Ilha Gato, Filipinas, 2017 Hexabranchus sanguineus Spanish Dancer Chocolate Island or Gato Island, Philippines, 2017 Hexabranchus sanguineus
Nudibrânquio Ilha Chocolate ou Ilha Gato, Filipinas, 2017 Flabellina exoptata Nudibrânquio Filipinas, 2017
Nembrotha kubaryana
Desirable Flabellina Chocolate Island or Gato Island, Philippines, 2017 Flabellina exoptata Dusky Nembrotha Philippines, 2017
Nembrotha kubaryana
Peixe-palhaço-comum Raja Ampat, Indonésia, 2015 Amphiprion ocellaris Common Clownfish Raja Ampat, Indonesia, 2015 Amphiprion ocellaris 38
39
Bodião-barbanegra Raja Ampat, Indonésia, 2015 Oxycheilinus digramma
NUDIBRÂNQUIO Raja Ampat, Indonésia, 2015 Nembrotha cristata
Cheeklined wrasse Raja Ampat, Indonesia, 2015
Crested Nembrotha Raja Ampat, Indonesia, 2015
Oxycheilinus digramma
Nembrotha cristata
Nudibrânquio Lembeh, Indonésia, 2016 Hypselodoris apolegma
Estomatópode Lembeh, Indonésia, 2016 Harpiosquilla raphidea
ROYAL HYPSELODORIS Lembeh, Indonesia, 2016 Hypselodoris apolegma
Tiger Mantis Shrimp Lembeh, Indonesia, 2016 Harpiosquilla raphidea
Caranguejo Raja Ampat, Papua Ocidental, 2015 Hoplophrys oatesii Soft Coral Crab Raja Ampat, West Papua, 2015 Hoplophrys oatesii
41
Um caranguejo-coral - em pé, quase completamente camuflado, no seu habitat em Raja Ampat. A camuflagem é tão incrível que os nossos guias tiveram de nos apontar os caranguejos (havia 2). O primeiro par de patas desta espécie possui pequenas pinças. O corpo tem espinhos pontiagudos com um padrão vermelho e branco semelhante ao coral hospedeiro.
A soft coral crab — also known as a candy crab — standing, nearly completely camouflaged, on its habitat in Raja Ampat. The camouflage is so amazing that our guides had to point the crabs out (there were 2). The first pair of legs of this species has small claws. The body has pointed spines with a red and white pattern, similar in appearance to the host coral.
TUBARÕES SHARKS A Ilha do Coco é, de acordo com Sylvia Earle, “um dos locais com mais tubarões no planeta”! É IMPRESSIONANTE. Tive o privilégio de fazer, há dois anos, uma expedição com a Sylvia e a sua Mission Blue Team. Cocos é uma ilha protegida na Costa Rica, cheia de florestas tropicais, cascatas de declives rochosos sobre o oceano, e as suas águas são ecossistemas muito ricos em cardumes de peixes grandes e pelágicos, como o atum, nadando entre centenas e centenas (milhares durante a estação certa) de tubarões-martelo.
Cocos island is, according to Sylvia Earle, “one of the sharkiest places on Earth”! It is STUNNING there. I was privileged to join an expedition with Sylvia and her Mission Blue Team a couple of years ago. Cocos is pretty much a protected Costa Rican island full of rainforests, with waterfalls pouring down rock faces into the ocean, its waters a very rich ecosystem with schools of large and pelagic fish like tuna swimming through and hundreds and hundreds (thousands during the right season) of Scalloped Hammerheads.
Os tubarões-martelo são notoriamente nervosos e ficam longe dos mergulhadores. Para obter boas fotos, os mergulhadores precisam de suster a respiração.Todos nós, nesses mergulhos, tentávamos ao máximo não expirar na hora errada, causando uma erupção de bolhas que assustaria os tubarões.
Hammerheads are notoriously skittish and stay far away from divers. So in order to get good photos people need to hold their breath. All of us were doing our very best not to breathe out at the wrong time, causing an eruption of bubbles that would scare the sharks away. 42
TubarĂŁo-martelo-recortado Ilha do Coco, Costa Rica, 2017 Sphyrna lewini Scalloped Hammerhead Cocos Island, Costa Rica, 2017 Sphyrna lewini
Tubarão-limão Grande Bahama, Bahamas, 2014 Negaprion brevirostris Lemon Shark Grand Bahama, The Bahamas, 2014
Negaprion brevirostris
Tubarão-tigre Grande Bahama, Bahamas, 2014 Galeocerdo cuvier Tiger Shark Grand Bahama, The Bahamas, 2014
Galeocerdo cuvier 44
TubarĂŁo-martelo-gigante Bimini, Bahamas, 2014 Sphyrna mokarran GREAT HAMMERHEAD Bimini, The Bahamas, 2014
Sphyrna mokarran 45
Tubarão-de-pontas-brancas Recife Elphinstone, Egito, 2016 Carcharhinus longimanus
Tubarão-branco Ilhas Neptuno, Austrália, 2015 Carcharodon carcharias
Oceanic Whitetip Shark Elphinstone Reef, Egypt, 2016 Carcharhinus longimanus
Great White Shark Neptune Islands, Australia, 2015 Carcharodon carcharias
Tubarão-bico-fino ou cação-coralino Exuma, Bahamas, 2016 Carcharhinus perezi
Tubarão-dos-Galápagos Ilha do Coco, Costa Rica, 2017 Carcharhinus galapagensis
Caribbean Reef Shark The Exumas, The Bahamas, 2016 Carcharhinus perezi
Galapagos Shark Cocos Island, Costa Rica, 2017 Carcharhinus galapagensis
46
Tubarão-cinzento-dos-recifes Yap, Micronésia, 2015 Carcharhinus amblyrhynchos
Tubarão-negro e tubarão-cinzento-dos-recifes durante um mergulho em Yap
Blacktip reef shark and grey reef shark during a shark-feeding dive off Yap
Grey Reef Shark Yap, Micronesia, 2015 Carcharhinus amblyrhynchos
Tinha ido com o meu amigo Trevor a Yap principalmente para ver mantas, pelas quais a ilha é famosa. Vi centenas em 1992 e 2000. Desta vez não vimos nenhuma, mas fizémos um belo mergulho com tubarões.
My friend Trevor and I had gone to Yap mainly to see manta rays, which the island is very famous for And which I saw hundreds of in 1992 and 2000. We didn’t see any mantas at all, but we did go on a nice shark dive there.
47
LEÕES MARINHOS SEA LIONS Leão-marinho-da-Califórnia La Paz, México, 2018 Zalophus californianus
California Sea Lion La Paz, Mexico, 2018 Zalophus californianus
48
ON THE SURFACE OF THINGS…
Leão-marinho-da-Califórnia La Paz, México, 2018 Zalophus californianus California Sea Lion La Paz, Mexico, 2018 Zalophus californianus
Travessuras à superfície!
Surface shenanigans!
A adorável família de leões-marinhos que encontrei após o maravilhoso mergulho com uma manta que nunca saiu do meu lado. Não poderia ter sido uma manhã melhor!
The lovely sea lion family I came upon after the wonderful swim with a manta ray that never left my side. It couldn’t have been a better morning!
THE LOVELY SEA LION FAMILY
50
Leão-marinho-da-Califórnia Los Islotes, México, 2016 Zalophus californianus
Leão-marinho-da-Califórnia La Paz, México, 2018 Zalophus californianus
California Sea Lion Los Islotes, Mexico, 2016 Zalophus californianus
California Sea Lion La Paz, Mexico, 2018 Zalophus californianus
Leão-marinho-da-Califórnia La Paz, México, 2018 Zalophus californianus
Leão-marinho-da-Califórnia La Paz, México, 2018 Zalophus californianus
California Sea Lion La Paz, Mexico, 2018 Zalophus californianus
California Sea Lion La Paz, Mexico, 2018 Zalophus californianus
Leão-marinho-da-Califórnia Los Islotes, México, 2014 Zalophus californianus California Sea Lion Los Islotes, Mexico, 2014 Zalophus californianus
Leão-marinho pateta e sem queixo
Goofy and chinless sea lion
Não acho que esse jovem, grande demais para ser uma cria, possa ter feito uma melhor pose ou sido mais divertido. É uma pena que o queixo esteja cortado ... mas a culpa foi do leão-marinho, não minha! Pode-se sempre atirar as culpas para os leões-marinhos. Às vezes, as coisas acontecem tão rápido que não há tempo para enquadramentos perfeitos.
I don’t think this juvenile, too big to be a very young pup, could have posed better or been more amusing. It’s a shame its chin is cut off… but I blame the sea lion, not my shooting! One can always blame sea lions. Sometimes things happen so fast that you don’t have time to frame things perfectly.
LE PORTUGAL, LA MER ET HUSSAIN AGA KHAN Xénia Geroulanos, Philippe Mendes Comme le chante l’Odyssée, la mer a permis à l’homme de découvrir les ramifications insoupçonnées d’un monde dont le parcours prolongé ne faisait que repousser les frontières. Berceau de la civilisation européenne, la Grèce antique a nourri l’inconscient collectif par l’imaginaire maritime. Dans l’histoire de l’Occident, c’est tout l’univers des écrits autour du voyage qui a fait de la mer une source perpétuelle de découvertes, souvent fortuites, à l’image des pérégrinations des personnages homériques. Le Portugal, cette longue bande de terre ensoleillée qui ouvre la péninsule ibérique sur l’océan, forme un corps dont le pouls est rythmé par le mouvement des vagues. Ses eaux brassent le récit de l’âme portugaise, partie à la conquête du monde depuis ses côtes. Dans l’esprit du peuple portugais la mer est la continuation logique et naturelle de sa terre. Cette dernière n’est pas limitée par l’océan, au contraire c’est en lui qu’elle puise ses racines multiples, qu’elle déverse son esprit de conquête, pour forger, au rythme de l’onde et au fil des siècles son identité plurielle et métissée. C’est dans l’océan que se prolonge le corps du pays, dont les membres étendent leurs ramifications au-delà des frontières artificiellement bâties par les hommes, par-dessus les eaux dont le flot incessant guidait le marin jusqu’aux limites inconnues de la planète. A la quête de destinations inexplorées, de richesses insoupçonnées, l’Empire portugais, pour rejoindre d’autres terres, s’est toujours nourri de la mer, traçant des routes sur les océans. Dès le XVè siècle, sous l’impulsion ardente de Henri le Navigateur, il a élargi son influence, et d’un même
mouvement de gouvernail celle de l’Europe, jusqu’aux confins des continents américain, africain et asiatique. Les côtes portugaises ne forment donc pas la limite du continent européen, mais dans l’âme nationale la façade de son expansion, une continuation et même une promesse, célébrée dès 1572 par le lyrisme de Luis de Camoës. À partir du règne de Manuel 1er, un style artistique propre se développe ainsi en puisant naturellement ses ornements et jusqu’à l’apparence de ses structures, dans le répertoire maritime : cordages entrelacés de créatures et d’instruments marins, mêlant avec une audace élégante les motifs concrets de sa gloire nouvelle, révélant par cette originalité artistique son identité profonde. La sphère armillaire est omniprésente dans la symbolique portugaise : c’est la boussole de la nation, le symbole qui la guide dans l’immensité de l’océan. Un pied sur terre et l’autre dans l’océan, le Portugais sait que la mer demeure un élément de sa patrie, qu’elle fait partie de son ADN géographique et culturel. D’où cette conscience presque innée chez lui de protéger ses côtes et l’océan qui les façonne. Il s’attache à préserver, à défendre cette mer qui fait battre les poumons de son pays, source de fierté de la Nation et part inhérente de sa construction. Le pays est donc naturellement enclin à la protection de la biodiversité préservée dans l’océan. La mer a toujours été pour lui une histoire des possibles, gage d’espérance, ou parfois source de nostalgie, pleine de
54
PORTUGAL, O MAR E HUSSAIN AGA KHAN Xénia Geroulanos, Philippe Mendes Tal como cantam os versos da Odisseia, foi o mar que nos levou a descobrir inesperadas ramificações de um mundo cujos caminhos, sucessivamente percorridos, foram gradualmente empurrando as nossas fronteiras para além do conhecido. Berço da civilização europeia, a Grécia Antiga alimentou o inconsciente coletivo a partir do imaginário marítimo. Na história do Ocidente, todo um universo de textos em torno da viagem fez do mar uma fonte perpétua de descobertas, frequentemente fortuitas, à semelhança das peregrinações das personagens homéricas. Portugal, essa longa faixa de terra ensolarada que abre a Península Ibérica ao oceano, constitui um corpo cujo pulso é ritmado pelo movimento das ondas. As suas águas fustigam a história da alma portuguesa, que partiu à conquista do mundo a partir das suas margens. Para o povo português, o mar é a continuação lógica e natural da terra, e esta não é por aquele confinada. Pelo contrário, é no oceano que a terra do povo português desenha as suas múltiplas raízes e derrama o seu espírito de conquista, para forjar, ao ritmo das ondas e ao longo dos séculos, uma identidade plural e mestiçada.
55
O oceano forma um prolongamento do corpo do país, cujos membros estendem as ramificações para além de fronteiras artificialmente construídas pelos homens, e cujas águas de fluxo incessante conduziram os marinheiros até aos limites mais desconhecidos do planeta. Em busca de destinos inexplorados e de riquezas insuspeitadas, o Império português sempre se alimentou do mar, sulcando rotas nos oceanos para alcançar outras terras. Desde o século XV, sob o impulso de Henrique, o Navegador, Portugal estendeu a sua influência e, com um golpe de leme, também a influência da própria Europa, até aos
confins dos continentes americano, africano e asiático. Na alma nacional, a costa portuguesa não forma o limite do continente europeu, mas sim a fachada da sua expansão, uma continuação e até uma promessa, celebrada desde 1572 por Luís de Camões. Assim, desde o reinado de D. Manuel I que um estilo artístico próprio se desenvolveu, inspirando ornamentos e estrutura arquitetónica no repertório marítimo: cordas entrelaçadas de criaturas marinhas e instrumentos de navegação, misturando com elegante audácia os motivos que celebram as novas glórias e revelando, através da originalidade artística, uma identidade profunda. A esfera armilar é uma omnipresença no simbolismo português: constitui a bússola da nação e o símbolo que a guia na imensidão dos oceanos. Com um pé na terra e outro no Atlântico, o português sabe que o mar se mantém como elemento essencial quer da sua pátria, quer do seu ADN geográfico e cultural. Tem aqui origem a sua consciência quase inata em proteger a costa e o oceano que a molda. Portugal procura preservar e defender esse mar que faz respirar os pulmões do país, é fonte de orgulho e parte inerente da sua formação. Portugal é, portanto, um país naturalmente inclinado para a proteção da biodiversidade dos oceanos. O mar sempre foi para o português uma história de possibilidades, uma promessa de esperança ou, por vezes, uma fonte de nostalgia, plena na saudade que embala o coração do povo; leva os seus marinheiros, quer os que voltam conquistadores, quer os que não mais regressarão... Sem aviso, o mar já demonstrou que pode recuperar os seus direitos independentemente de qualquer ambição humana.
la saudade qui berce le cœur de son peuple. Elle emporte ses marins, ceux qui reviennent conquérants et ceux qui ne reviendront plus... Sans crier gare, elle a déjà montré qu’elle pouvait reprendre ses droits sur toute ambition humaine. Héritières de l’impétuosité de Poseidon, ses forces peuvent soudainement se déchaîner et ruiner le fragile équilibre de l’homme sur terre. Aujourd’hui chacun devrait être conscient de la nécessité de préserver les océans pour qu’une catastrophe, cette fois potentiellement causée par l’action de l’homme lui-même, ne vienne dangereusement menacer la vie. La mer, lieu de vie, ne pourra jamais devenir un déversoir, un lieu où les hommes rejettent ce qu’ils ont banni de leur consommation, un cimetière marin où tout espoir de résurrection s’est évanoui. Les océans alimentent le souffle vital de toute la biodiversité terrestre, ils sont les garants de son équilibre. Le travail d’Hussain Aga Khan vient ainsi nous révéler au grand jour l’importance de cette vie sous-marine et de sa communion avec notre espèce. Mais aujourd’hui, son équilibre, trop fragile face aux ambitions industrielles, est menacé : un désastre serait irréversible pour les hommes, si l’élément essentiel de ce chaînon était brisé. Hussein Aga Khan a pris conscience de tout cela : il se fait le témoin d’un moment actuel de la mer, encore riche en trésors immenses, mais menacée par l’imminence de la catastrophe. En immortalisant cette beauté dissimulée dans l’antre des océans, il sensibilise également sur la réalité écologique et veut alerter l’opinion publique, ses images belles et saisissantes résonnant comme un cri d’alerte dans notre esprit. S’il a choisi Lisbonne, c’est parce qu’il sait à quel point la problématique maritime est centrale dans un pays
qui depuis 1983 a consacré un ministère spécifique à l’immense sujet de la mer. En communion avec le monde aquatique, plongeant et photographiant inlassablement pour exprimer un besoin qui apparaît chez lui vital, Hussein Aga Khan, par cette exposition, cherche à nouveau à immerger l’homme dans les fonds de l’océan, pour l’émerveiller mais aussi l’instruire sur les réalités de la nécessité de préservation de la biodiversité marine.
Instants de Communion Hussain Aga Khan a consacré sa carrière de photographe à la capture de moments rares, d’instants de communion entre l’homme et les diverses formes de vie de notre écosystème. Son champ d’exploration photographique est vaste. Géographiquement, il s’étend de l’Asie à l’Australie, passant par l’Afrique, le continent américain et l’Europe. Des oiseaux et des insectes capturés dans les airs, des lionceaux jouant à l’ombre d’un arbre, des grenouilles juchées sur des branchages, fixant avec intensité le spectateur, l’objectif de Hussain Aga Khan a su capturer une variété étonnamment large d’espèces animales. La décision de centrer cette exposition sur la vie marine, et plus précisément à ses spécimens les plus monumentaux (baleines, dauphins, lions de mer et requins), reflète le travail réalisé par Hussain Aga Khan au cours de ces dix dernières années : il a focalisé ses explorations photographiques dans le le monde sousmarin. 56
Herdeiras da impetuosidade de Poseidon, as suas forças podem subitamente soltar-se e arruinar o frágil equilíbrio do homem na terra. Hoje em dia, todos devemos estar cientes da necessidade de preservar os oceanos para que uma catástrofe, potencialmente causada pela ação do próprio homem, não venha a ameaçar perigosamente a vida. Fonte de vida, o mar não se pode tornar um vazadouro onde os homens depositam o que lhes resta do consumo, um cemitério marinho onde toda a esperança de Ressurreição desaparece. Os oceanos constituem sopro de vida vital de toda a biodiversidade terrestre, garantindo o seu equilíbrio. O trabalho de Hussain Aga Khan traz assim à luz a importância da vida nos oceanos e a comunhão com a nossa espécie. O seu equilíbrio, muito frágil perante as ambições industriais, está ameaçado: uma catástrofe irreversível se o elemento essencial desse elo for quebrado. Hussein percebeu tudo isso: fez-se testemunho do momento presente dos fundos marinhos, ainda ricos em imensos tesouros, mas ameaçados pela iminência da catástrofe. Ao imortalizar a beleza oculta nos confins dos oceanos, promove a sensibilização de todos para a presente realidade ecológica e alerta a opinião pública. As suas belas e impressionantes fotografias ressoam como um aviso na nossa mente. Se ele escolheu Lisboa é porque sabe o quanto a questão marítimo é central num país que desde 1983 dedica um ministério específico ao imenso assunto do mar. Em comunhão com o mundo subaquático, mergulhando e fotografando incansavelmente para expressar uma necessidade que lhe parece vital, Hussein Aga Khan, através desta exposição, procura mais uma vez mergulhar o homem no fundo do oceano, surpreendê-lo, mas também educá-lo sobre a necessidade de preservar a biodiversidade marinha. 57
Instantes de Comunhão Hussain Aga Khan dedicou a sua carreira fotográfica a capturar momentos raros e instantes de comunhão entre o homem e as múltiplas formas de vida do nosso planeta. O seu âmbito de exploração fotográfica é vasto. Geograficamente, estende-se da Ásia à Austrália, passando pela África, o continente americano e a Europa. Pássaros e insetos capturados no ar, filhotes de leão brincando à sombra de uma árvore ou sapos empoleirados olhando intensamente para o observador, a objetiva de Hussain Aga Khan soube capturar uma diversidade notável de espécies animais. A decisão de centrar esta exposição na vida marinha, e mais especificamente nos seus exemplares mais monumentais (baleias, golfinhos, leões marinhos e tubarões), reflete o trabalho realizado por Hussain Aga Khan nos últimos dez anos, em que concentrou as suas explorações fotográficas no mundo subaquático. A secção ‘Mosaico’ da exposição, na sua expressão empolgante da beleza particular, quase abstrata, da vida nos mares, revela a sensibilidade original de Hussain Aga Khan no sentido de uma certa estética: mergulha incansavelmente para realizar séries de fotografias que conduzem o olhar do espectador a uma proximidade imediata com os exemplares fotografados. Atualmente, fala-se muito sobre o oceano para evocar as ameaças ambientais que o afetam (poluição de plásticos, pesca excessiva, aquecimento global, exploração dos mares). Estando muitos cidadãos motivados por um duplo movimento de vontade de preservar a biodiversidade marinha, por um lado, e curiosidade pela vida selvagem, por outro, a exposição constitui um ponto de partida para o desenvolvimento de um discurso de ação e mudança.
Une autre section intitulée «Moscaic”, révélant de façon saisissante une beauté particulière, presque abstraite de la vie sous-marine, montre la sensibilité originale d’Hussain Aga Khan envers une certaine esthétique. Il s’immerge sans relâche dans les profondeurs des mers pour réaliser une série de prises de qui conduisent le regard du spectateur à une proximité immédiate avec celui des espèces photographiées. Aujourd’hui, on parle davantage de l’océan pour évoquer les menaces environnementales qui le touchent (pollution plastique, surpêche, réchauffement de la planète, exploitation des mers). Si un double mouvement de volonté de préservation de la biodiversité marine d’une part et de curiosité pour sa faune d’une autre, anime aujourd’hui nombre d’individus, sans pourtant leur donner les moyens de concrétiser leur élan, l’exposition se veut un point de départ pour développer un discours d’action et de changement.
A noção de propriedade dos mares não deve limitar apenas a questões territoriais. Ao tornar acessível ao visitante a beleza escondida no fundo dos mares, é possível criar uma base de apoio universal para aumentar nosso conhecimento e ajudar a preservá-los para as gerações futuras.
La notion de propriété des mers ne devrait plus se limiter uniquement aux enjeux territoriaux. En rendant accessible au visiteur une beauté cachée au fond mers, il sera peut-être possible de créer la base d’un soutien universel pour améliorer notre connaissance de ce domaine trop méconnu et contribuer à sa préservation pour les générations futures.
58
THE LIVING SEA: AN EXHIBITION CROSSING NATURE AND ART Marta Costa, Jorge Prudêncio, Rogerio Abreu MUHNAC, Universidade de Lisboa The National Museum of Natural History and Science of the University of Lisbon is honored to present a collection of beautiful photographs of aquatic and semi-aquatic animals in their natural environments, by Hussain Aga Khan. This catalog accompanies and celebrates the exhibition and aims at showing, sharing and ensuring that The Living Sea: A Photo-Essay by Hussain Aga Khan, in which we found ourselves involved with great enthusiasm, can be consulted and enjoyed in the future by everyone for whom the natural world is a source of appreciation and inspiration. Images gathered here are a tiny portion of the photographs that arrived during the months of exhibition development. We believe this selection presents the best. The difficult part was never to choose the ones to include but the ones to leave behind; the exhibition space does not grow according to our wishes. Choices were neither easy nor consensual. All photographs convey the beauty of the marine world and the artist’s passion for his work. The dedication, commitment and knowledge of Hussain Aga Khan about all forms of life inhabiting these huge bodies of water that are our oceans are not exhausted in photography. The photographs are also a reflection of his concern for nature conservation and his deep sense of respect for the natural world. It was clear since the first working meeting that, for Hussain Aga Khan, photography is an instrument of denunciation through beauty, a means of alerting us to the consequences of biodiversity loss. When the images were presented to the Museum team, the organization of the exhibition quickly became evident.
Among the animal groups presented to us were photographs – some majestic, some captivating – of humpback whales (Megaptera novaeangliae). It so happened that the Museum had available the Whale Room. This gallery owes its name to a sculpture of a fin whale (Balaenoptera physalus) made in the late 1990s by Antonio Casanova, then taxidermist of the Museum. Initially designed to host an exhibition about ocean life, this would never happen for a variety of reasons. Now, the opportunity arrived for the gallery to ‘fulfill its destiny’ and host an exhibition focusing on the theme of the sea, more specifically the humpback whale. Other photographs of dolphins, turtles, sea lions, sharks, and more, are presented in the Allosaurus Room, against a much more intimate museography. The emotional and intellectual elation provided by the large-format images, one after the other, is followed by an antithetical experience when we are forced to cross the plastic barrier at the end. The installation imposes itself on us as an anticlimax, representing the society of waste, in a process of self-denial, hyper-materialized by our everyday excessive consumption behaviors. Moreover, the illumination bathing this huge object/ epilogue in the narrative marks the exhibition as an alert for the urgency of changing political, economic, social and cultural paradigms, in defense of the planet. By protecting the environment, safeguarding ecosystems, habitats, food chains, genetic heritage, we are protecting life in our planet. We hope The Living Sea: A Photo-Essay by Hussain Aga Khan will not become a mere album of memories for our children and grandchildren, but rather remains a reality that they can care for and enjoy in the near future.
60
O MAR VIVO: UMA EXPOSIÇÃO QUE CRUZA NATUREZA E ARTE Marta Costa, Jorge Prudêncio, Rogerio Abreu MUHNAC, Universidade de Lisboa O Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa tem a honra de apresentar um conjunto de belíssimas fotografias de animais aquáticos e semiaquáticos nos seus ambientes naturais, da autoria de Hussain Aga Khan. Este catálogo acompanha e celebra a exposição para mostrar, partilhar e garantir que O Mar Vivo: Ensaio fotográfico de Hussain Aga Khan, projeto em que nos vimos envolvidos com grande entusiasmo, possa ser consultado e fruído futuramente por aqueles que têm o mundo natural como fonte de apreço e inspiração. As imagens aqui reunidas são uma ínfima parte das fotografias que nos foram chegando ao longo dos meses de conceção da exposição. Acreditamos que esta seleção apresenta as melhores. Nunca nos foi difícil escolher quais as fotografias a expor, mas sim quais eliminar, pois o espaço da exposição não cresce à medida dos nossos desejos. A escolha não foi fácil nem consensual; todas elas transmitem a beleza do mundo marinho e a paixão do artista pelo seu trabalho. A dedicação, o empenho e conhecimento de Hussain Aga Khan pelos seres que habitam estas imensas massas de água não se esgotam nas fotografias apresentadas. O seu trabalho é também o reflexo da preocupação que o motiva para a conservação da natureza e o profundo sentimento de respeito pelo mundo natural.
61
Desde a primeira reunião de trabalho que se foi tornando evidente como para Hussain Aga Khan as fotografias são um instrumento de denúncia pela beleza, um meio de nos alertar para as consequências da perda de biodiversidade. Quando as imagens foram apresentadas à equipa do Museu, a organização da exposição tornou-se rapidamente evidente.
Entre os grupos animais que nos foram apresentados encontravam-se fotografias, algumas majestosas, outras cativantes, de Baleias-de-bossa (Megaptera novaeangliae). Ora, por razões de programação museológica o Museu tinha disponível a Sala da Baleia, espaço que deve o seu nome à presença da escultura de uma Baleia-comum (Balaenoptera physalus) feita no final da década de 1990 pelo então taxidermista do Museu, António Casanova. Pensada inicialmente para acolher uma exposição sobre a vida nos oceanos, tal nunca viria a acontecer por vários motivos. Mas eis que surge a oportunidade da sala ‘cumprir o seu destino’ e acolher uma exposição que se debruça sobre a temática do mar, mais especificamente sobre a Baleia-de-bossa. As outras fotografias selecionadas, de golfinhos, tartarugas, leões-marinhos, tubarões, entre outros, são apresentadas na Sala Allosaurus, com uma museografia mais intimista. A elevação emocional e intelectual que vamos sentindo à medida que olhamos as imagens de grande formato que se sucedem no espaço, dá lugar a uma experiência antitética quando, no final, somos obrigados a atravessar a barreira de plásticos. Esta instalação impõe-se-nos como um anticlímax, em representação da sociedade do desperdício, num processo de negação consigo própria, híper-materializada pelos nossos comportamentos de consumo excessivo. Também a iluminação desta enorme peça/epílogo na narrativa da exposição a marca como farol de alerta para a urgência de mudança de paradigmas políticos, económicos, sociais e culturais, na defesa do equilíbrio do planeta. Ao protegermos o ambiente, ao salvaguardarmos os ecossistemas, os habitats, as cadeias alimentares, o património genético, estamos a proteger a vida e a salvar os seres vivos que habitam o nosso planeta. Desejamos que O Mar Vivo: ensaio fotográfico de Hussain Aga Khan não se transforme num álbum de memórias remotas para os nossos filhos e netos, mas antes permaneça uma realidade que eles possam cuidar e desfrutar num futuro próximo.
RAISING AWARENESS TOWARDS NATURE CONSERVATION THROUGH MULTIPLE PERSPECTIVES Antonio Monteiro, Raquel Barata, Tânia Ferreira MUHNAC, Universidade de Lisboa Despite its necessarily multiple visual, scenographic and textual resources, an exhibition is a limited medium in terms of exploring multiple angles and subtle complexities – particularly in issues with scientific, social, economic and political impacts. This limitation may be overcome through complementary media that contribute rigorously to a critical and mobilizing reflection of the reality that the exhibition presents. Thus, the exhibition and its cultural program work as a single unit that fosters curiosity, deepens the message and promotes scientific culture. Hussain Aga Khan’s experience and art creates the opportunity to develop and communicate the major themes of marine biodiversity conservation and ocean sustainability in a critical scenario of climate crisis and global change. Aiming at stimulating direct engagement with scientific innovation, bringing society closer to the University and promoting more active
citizen participation in solving local problems, the cultural program includes: guided visits with the author, commissioners, educators and experts; a monthly cycle of talks with researchers dedicated to ocean exploration and conservation; the celebration of the National Day of the Sea, an event with awareness-raising activities for the protection and defense of the sea organized with several key partners of the Museum; the mobilization of society for a global volunteer action to clean up coastal zones; and also a scientific seminar that brings together researchers to present projects related to marine sciences and the history of science. Moreover, the exhibition and the cultural program is closely associated with a communication strategy for its dissemination among the most diverse audiences, in the Museum and digital channels according to the narratives explored by the commissioners and author: a vision based on the values that promote knowledge, conservation, engagement and interest about marine life and diversity.
62
CONSCIENCIALIZAR PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA ATRAVÉS DE PERSPETIVAS MÚLTIPLAS Antonio Monteiro, Raquel Barata, Tânia Ferreira MUHNAC, Universidade de Lisboa
63
Apesar dos múltiplos recursos visuais, cenográficos e textuais que a compõem, uma exposição é um meio limitado em termos de exploração dos seus ângulos e subtis complexidades, particularmente quando se referem a assuntos com impacto científico, social e económico. Para ultrapassar esta limitação, é fundamental a criação de meios complementares que contribuam com rigor para uma reflexão crítica e mobilizadora da realidade que a exposição exibe. Assim, a exposição e o seu programa cultural funcionam como uma única unidade, que desperta a curiosidade, aprofunda a mensagem e promove a cultura científica associada.
participação mais ativa dos cidadãos na resolução dos problemas locais, o programa cultural inclui visitas guiadas com o autor, comissários, educadores e especialistas; um ciclo de conversas mensal com investigadores dedicados à exploração e à conservação dos oceanos; a celebração do Dia Nacional do Mar, um evento composto por atividades de sensibilização para a proteção e para a defesa do mar com vários parceiros-chave do Museu; a mobilização da sociedade para uma ação global de voluntariado de limpeza das zonas costeiras; e ainda um seminário científico que junta investigadores para a apresentação de projetos que relacionam as ciências do mar com a história da ciência.
Partindo da experiência e da arte de Hussain Aga Khan, surge a oportunidade de desenvolver e comunicar os grandes temas da conservação da biodiversidade marinha e da sustentabilidade dos oceanos num cenário crítico de crise climática e de alterações globais. Procurando estimular o contacto direto com a inovação científica, aproximar a sociedade da Universidade e promover uma
À exposição e ao seu programa cultural está associada uma estratégia de comunicação para a sua disseminação e sensibilização, junto dos mais diversos públicos, nos espaços do Museu e nos canais digitais segundo a visão assumida pelo autor e comissários: uma visão baseada nos valores que promovem o conhecimento, a conservação, o gosto e o interesse pela vida e diversidade marinhas.
CETACEANS IN MAINLAND PORTUGAL Marina Sequeira Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas September 3, 1981 marks the end of commercial hunting of cetaceans in mainland Portugal*. Although large whale hunting had already been discontinued since the 1950s due to low economic profitability, dolphins appearing near fishing boats were still being captured. Their easy capture and subsequent sale offered an extra profit that fishermen did not waste. The 1981 hunting ban, as well as the implementation of International Wildlife Protection Conventions and Agreements, led to Portugal currently protecting all whale and dolphin species in its seas. Research projects conducted over the last few years have increased our knowledge of cetacean populations off the Portuguese coast as well as more detailed aspects of the biology and ecology of the most common species.
In fact, the 1981 hunting ban alone is not sufficient to ensure that all cetacean populations have a favorable conservation status. Coastal species such as the common dolphin or harbor porpoise record high levels of accidental catches in fishing gear in some parts of the coast. Moreover, negligently conducted cetacean watching disturbs some populations of common dolphins and bottlenose dolphins. Proper management of the marine environment enabling the reconciliation of human activities with the preservation of wildlife and natural habitats will certainly substantially improve the more unfavorable conservation status of some cetacean populations. * In the Azores and Madeira, protection legislation would come later.
Fin whales, minke whales, humpback whales, sperm whales, killer whales, common dolphins, striped dolphins, pilot whales, bottlenose dolphins, harbor porpoises and Risso’s dolphins are just some of the cetacean species that regularly swim along the Portuguese coast and require effective protection measures and habitat management.
64
CETÁCEOS EM PORTUGAL CONTINENTAL Marina Sequeira Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas Três de setembro de 1981 marca o fim da caça comercial de cetáceos em Portugal Continental*. Apesar de a caça às grandes baleias ter terminado nos anos 50 do século XX, devido à reduzida rentabilidade económica, persistia ainda alguma caça dirigida aos golfinhos que vinham nadar à proa das embarcações de pesca. A captura fácil e posterior venda em lota destes animais permitia uma melhoria do rendimento da pesca, que os pescadores não desperdiçavam. Com a proteção conferida pela proibição das capturas a partir de 1981, bem como a implementação de Convenções e Acordos Internacionais de proteção da fauna selvagem, Portugal protege atualmente todas as espécies de baleias e golfinhos presentes nos seus mares. Projetos de investigação conduzidos ao longo dos últimos anos permitiram também aumentar o conhecimento sobre as populações de cetáceos da costa portuguesa e conhecer com maior detalhe aspetos da biologia e ecologia das espécies mais comuns. Baleias-comuns, baleias-anãs, baleias-de-bossa, cachalotes, orcas, golfinhos-comuns, golfinhos-riscados, baleiaspiloto, roazes, botos e grampos são apenas algumas das espécies de cetáceos que se movimentam ao longo da costa portuguesa e que necessitam de medidas efetivas de proteção e de gestão dos seus habitats.
65
Com efeito a proibição de capturas imposta em 1981 por si só não é suficiente para garantir que todas as populações de cetáceos presentes em Portugal apresentem um estado de conservação favorável. Espécies costeiras como o golfinho-comum ou o boto registam elevados níveis de capturas acidentais em artes de pesca em alguns setores da costa e a atividade de observação de cetáceos conduzida de forma negligente perturba algumas populações de golfinhos-comuns e de roazes. Uma correta gestão da utilização do meio marinho que permita a compatibilização entre as atividades humanas e a preservação da vida selvagem e dos habitats naturais permitirá certamente melhorar substancialmente o estatuto de conservação mais desfavorável de algumas populações de cetáceos. * Nos Açores e Madeira, a legislação de proteção surge apenas mais tarde.
MARINE COMPOUNDS WITHIN MARINE ORGANISMS - A TREASURE FOR HUMANKIND AND FOR ECONOMIES TO BE PERISHED Pedro Lima, Sea4Us.pt Living things on our planet have evolved over millions of years, leading to the development of countless molecules, most of which are yet to be explored and which have enormous bioactive potential. Marine compounds and venoms are a treasure trove of active principles that may provide a bounty of cures. Hundreds of species of marine sponges, anemones, starfish, jellyfish, bryozoan and other marine invertebrates coexist in an immense diversity. Each of such organism contains hundreds of natural compounds, many of which designed for ecological competition and to avoid predators. In their majority, such properties can be used for potential cures for diseases. Why? Because within such enormous chemical diversity lies a chemical uniqueness well beyond human geniuses reach. A disease such as chronic pain is a global problem affecting 21% of the world’s population, always representing a great loss of life quality on those that suffer from it, as there is no adequate treatment for most chronic pain types. The market is vast. There are marine molecules being developed and tested that may become a breakthrough in the treatment of chronic neuropathic pain. Besides being an alternative to opioids, their economic potential ascends to several hundred million euros, a business opportunity that may be lost forever if marine habitats do degrade or disappear.
Generating innovative high value products from marine organisms in a sustained manner is a pragmatically efficient way to protect the marine biodiversity. The uniqueness of such molecules may disappear forever if their specific marine host gets extinct. Pollution or ecosystem over-exploitation is a threat for the odds of finding treatments, including those for unmet clinical needs. At the species level, even the loss of one organism, which may produce a unique molecule, may jeopardise the future of finding breakthroughs for clinical treatment. Also, the displacement of marine species might have negative impacts on their ability to produce these molecules of interest. For this reason, marineorganism prospection must take place in very specific locations. Indeed, a given marine sponge species may contain a key compound (say an analgesic) when living in the south of Portugal, but it does not if living few hundred kms North. Hence, preserving the eco-chemical features of each habitat is mandatory to keep this potential for the future. The above, is ground of the concept of Sea4Us, a biopharmaceutical company that explores marine compounds for developing therapies for unmet clinical needs. After identifying key compounds and their use, Sea4Us improves their nature with chemical technology and, importantly, aims mass production by chemicalsynthesis. In short, Sea4Us’s molecules are inspired by the Sea, but improved and recreated by technology.
66
PRODUTOS NATURAIS PROVENIENTES DE ORGANISMOS MARINHOS - UM TESOURO PARA A HUMANIDADE E PARA A ECONOMIA Pedro Lima, Sea4Us.pt Os seres vivos do nosso planeta evoluíram ao longo de milhões de anos, levando ao desenvolvimento de inúmeras moléculas, a maioria ainda por ser descolberta e com enorme potencial bioativo. Os compostos e venenos marinhos constituem um tesouro de princípios ativos para desenvolver tratamentos de cura para doenças. Centenas de espécies de esponjas marinhas, anêmonas, estrelas do mar, medusas, e outros invertebrados marinhos coexistem numa imensa biodiversidade. Cada um desses organismos contém centenas de compostos naturais, muitos dos quais com funções fundamentais para a competição ecológica e para evitar predadores. Essas propriedades podem na sua maioria ser usadas para terapias. Por quê? Porque nessa enorme diversidade química existe ao memso tempo uma singularidade química muito além do alcance do engenho humano. Uma doença como a Dor Crónica é um problema global que afeta 21% da população do mundo, em que há sempre uma grande perda de qualidade de vida para os doentes, pois não há tratamento adequado para a maioria destes tipos de dor. O mercado é vasto. Existem moléculas marinhas que estão a ser desenvolvidas e testadas e que se podem tornar um grande avanço no tratamento da dor neuropática crónica. Para além de ser uma alternativa aos opioides, o seu potencial económico ascende a várias centenas de milhões de euros, uma oportunidade de negócio que 67
pode ser perdida para sempre se os habitats marinhos se degradarem ou desaparecerem. Gerar produtos inovadores e de alto valor a partir de organismos marinhos de maneira sustentada é uma maneira pragmaticamente eficiente de proteger a biodiversidade marinha. O cariz único de tais moléculas pode desaparecer para sempre se o seu hospedeiro marinho específico for extinto. A poluição ou a exploração excessiva dos ecossistemas são uma ameaça para a possibilidade de encontrar tratamentos, incluindo para aquelas doenças sem cura conhecida. Ao nível das espécies, mesmo a perda de um único organismo pode comprometer o futuro da descoberta de um tratamento clínico. Além disso, o deslocamento das espécies marinhas pode ter impactos negativos na sua capacidade de produzir essas moléculas de interesse. Por esse motivo, a especificidade do local de amostragem é essencial na prospeção de organismos marinhos. De fato, uma dada espécie de esponja marinha pode conter um composto essencial (digamos, um analgésico) quando se encontra no sul de Portugal, mas tal não ser verdade se a mesma espécie se encontrar a poucas centenas de quilómetros a norte. Como tal, é essencial preservar as características eco-químicas de cada habitat para manter todo esse potencial para o futuro. Este texto espelha o conceito da Sea4Us, uma empresa biofarmacêutica que explora compostos marinhos para o desenvolvimento de terapias para doenças sem tratamento. Depois de identificar os compostos marinhos e seu uso, a Sea4Us optimiza a natureza de tais compostos com tecnologia química , objectivando a produção em massa por síntese química. Em resumo, as moléculas da Sea4Us são inspiradas no mar, mas aprimoradas e recriadas pela tecnologia.
SIMULAÇÃO 3D | STUDIO NASCENTE © P-06 ATELIER
O PROJETO EXPOSITIVO
THE EXHIBITION PROJECT
Nuno Gusmão, P-06
Nuno Gusmão, P-06
A solução museográfica apresentada, pretende a maior imersividade possível, uma simulação de um “mergulho” do Hussain Aga Khan, para que o visitante “sinta” as imagens tal qual elas foram feitas. Assim, num pavimento em areia, “pousam” cinco grandes caixas de luz representativas de cada animal fotografado, num ambiente escuro e azul. No final, uma instalação composta por milhares de fios de nylon suspensos e lixo plástico no pavimento, pretendem alertar para os perigos da poluição dos plásticos nos oceanos.
The museographic solution is an immersive sensation, a “dive”simulation of Hussain Aga Khan, to let the visitor “feel” the image as close as how it was made. So,on sand, five big light boxes, representative of each photographed animal, stand in an dark and blue environment. At the end, an installation made of thousands of suspended nylon threads and plastic waste on the ground, intend to alert to the danger of plastic polution on the oceans.
FICHA TÉCNICA CREDITS exposição exhibition Título | Title O Mar Vivo: Ensaio Fotográfico de Hussain Aga Khan The Living Sea: Photo-Essay by Hussain Aga Khan Com o Alto Patrocínio | With the High Patronage His Excellency the President of the Republic Parceria | Partnership: MUHNAC – Focused on Nature (FON) Coordenação | Coordination: Marta C. Lourenço (MUHNAC) Fotografia | Photography: Hussain Aga Khan Comissários | Curators Jorge Prudêncio, Philippe Mendes, Marta Costa, Xenia Geroulanos Projeto expositivo e gráfico | Exhibition and graphic project P-06 Atelier (Nuno Gusmão, Jacinta Fialho) Textos | Texts Hussain Aga Khan António Monteiro, Jorge Prudêncio, Marta Costa, Rogério Abreu Edição Fotográfica e Gestão de Imagens | Photo Edition and Image Management: Antonin Potoski Revisão Científica | Scientific Revision Jorge Prudêncio, Judite Alves, Mariana Marques, Marina Sequeira
Traduções | Translations: Marta C. Lourenço Programa Educativo e Cultural | Educational and Cultural Programme: António José Monteiro, Raquel Barata Divulgação e Comunicação | Outreach and Communication António José Monteiro, Cristina de Jesus, Miguel Guedes, Tânia Ferreira, Tiago Ribeiro Desdobrável | Leaflet: Textos | Texts: Jorge Prudêncio, Marta Costa, Rogério Abreu. Design: Tiago Ribeiro Vídeos 7 Seas – Tonga, 2019 Director: Simone Piccoli, Edição | Edition: 3 S Production Duração | Duration: 8.50 min, FON (Focused on Nature) 7 Seas – Egypt, 2019 Director: Simone Piccoli, Edição | Edition: 3 S Production Duração | Duration: 13.43 min, FON (Focused on Nature) Entrevista a Marina Sequeira por Jorge Prudêncio | Interview of Marina Sequeira by Jorge Prudêncio Imagem | Image: Rogério Abreu Edição | Edition: P-06 Atelier Duração | Duration: 10 m Universidade de Lisboa, MUHNAC Produção gráfica e Impressões | Graphic Production and Prints PICTO, Paris. LOGOTEXTO, Lisboa
Parceria | Partnership
Apoio | Support
70
Montagem | Construction : Stripeline, Lisboa. Apoio Técnico | Technical Support: Carlos Delgado, Filipe Paiva, Manuela Carvalho (coord.), Paulo Gabriel Agradecimentos | Acknowledgments HH Prince Amyn Aga Khan Shafik Sachedina, AKDN Nazim Ahmad, Comunidade Ismaelita de Portugal
FICHA TÉCNICA CREDITS catálogo catalog Título | Title O Mar Vivo: Ensaio Fotográfico de Hussain Aga Khan The Living Sea: Photo-Essay by Hussain Aga Khan Coordenação | Editor: Marta C. Lourenço Fotos | Photos: Hussain Aga Khan
Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APL) Aquário Vasco da Gama Brigada do Mar British Antarctic Survey Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE) Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) Instituto de História Contemporânea - IHC – CEHFCi, Universidade de Évora Instituto de Bioengenharia e Biociências do Instituto Superior Técnico (iBB), Universidade de Lisboa MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente Museu do Mar Rei D. Carlos, Cascais
Autores | Authors: António Cruz Serra, António Monteiro, Hussain Aga Khan, Jorge Prudêncio, Marina Sequeira, Marta C. Lourenço, Marta Costa, Pedro Lima, Philippe Mendes, Raquel Barata, Rogério Abreu, Tânia Ferreira, Xénia Geroulanos. Traduções | Translations: Marta C. Lourenço Revisão científica | Scientific revision Judite Alves, Mariana Marques, Marina Sequeira Projeto gráfico | Graphic project: P-06 Atelier (Estela Estanislau) Pré-Impressão: UNdO, lda
Ângela Salgueiro, António Filipe Pimentel, António Pascoal, Ben Bird, Denise Herzing, Carla Figueiredo, Daniela Oliveira, Henrique Polignac de Barros, Isabel Miras Ferreira de Carvalho, José Pedro Sousa Dias, José Queirós, José Xavier, Kees Hazevoet, Lauren Siba, Maria de Fátima Nunes, Marina Sequeira, Nicole Salinger, Patrick Codomier, Paula Alonso, Paula Sobral, Pedro Lima, Rúben Silva, Rute Novais, Simone Piccoli.
© 2019, Universidade de Lisboa Museu Nacional de História Natural e da Ciência Rua da Escola Politécnica, 58 1250-102 Lisboa 71
www.museus.ulisboa.pt
Impressão | Print: Gráfica Maiadouro 1ª Edição: Setembro de 2019 | 1st Edition: September 2019 ISBN: 978-989-8928-23-8 Depósito legal nº ************* Esta publicação resulta da exposição com o mesmo título, apresentada no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, entre Setembro de Dezembro de 2019. This publication results from the exhibition with the same title, presented at the National Museum of Natural History and Science between September and December 2019.
“Nas minhas fotografias, deixo os animais e as árvores falarem por si na esperança de que outras pessoas vejam a beleza que eu vejo.” “In my photographs, I let the animals and trees speak for themselves and hope other people see the beauty I see.” Hussain Aga Khan