A Revolução de 1930
Claudio Blanc
Projeto Mem贸ria Sindicato dos Padeiros de S茫o Paulo
Presidente: Francisco Pereira de Sousa Filho (Chiquinho Pereira) Coordenador: Aparecido Alves Ten贸rio (Cid茫o) Curador: Claudio Blanc www.padeirosspmemoria.com.br
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A Revolução de 1930
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pesar das dificuldades enfrentadas em seu governo, o mineiro Artur Bernardes passou o bastão da presidência ao paulista Washington Luís, dando continuidade à política café-com-leite. O que não se esperava, porém, era que Washington Luís fosse quebrar a aliança na qual São Paulo e Minas, os Estados mais ricos da União, alternavam-se no poder. Mas foi o que aconteceu. Ao nomear o paulista Júlio Prestes como seu sucessor, Washington Luís preteriu a vez de Minas Gerais no jogo da sucessão presidencial. Essa atitude repercutiu tremendamente mal, e Minas acabou rompendo com São Paulo. A bancada mineira no Congresso formou uma aliança com os gaúchos, prometendo apoio a Getulio Vargas, se este concorresse à presidência. E assim, em setembro de 1929, Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba formaram a Aliança Liberal, lançando Vargas à presidência e João Pessoa, da Paraíba, à vice. 3
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Getúlio Vargas nomeando os seus ministros em novembro de 1930
O partido era também apoiado pela classe média e pelos tenentes, ansiosos por promover reformas sociais e econômicas que melhorassem as condições de vida dos brasileiros. Mas Júlio Prestes venceu nas urnas, em março de 1930. A eleição, como todas as da República Velha, foi fraudada. Com o pleito perdido, à Aliança Liberal só restava a revolução. O estopim do movimento foi o assassinato de João Pessoa. 4
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Em julho de 1930, aproveitando uma visita de Pessoa ao Recife, João Dantas – um inimigo político que tinha sido perseguido por Pessoa – matou-o a tiros, consumando sua vingança. O evento, amplificado pela comunicação precária, imprensa facciosa e agitação política da época, ganhou um outro contorno. Para todo o país, a morte de João Pessoa foi apresentada como prova do autoritarismo do governo. A revolução já tinha um motivo.
Getúlio Vargas em viagem ao Rio de Janeiro, durante a Revolução
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Em 3 de outubro de 1930, em manobra articulada entre o Rio Grande do Sul, Minas e Paraíba e apoiada por grande parte do povo brasileiro, estourou a insurreição. Os rebeldes tomaram os três Estados de onde a revolução se irradiou sem dificuldades e rumam para a capital federal. Do Rio Grande do Sul, subiram forças conquistando Santa Catarina e Paraná. Do norte, desceram colunas paraibanas conquistando todos os Estados do Nordeste. A revolução foi vencida sem muita dificuldade e praticamente sem luta. Por exigência do gaúcho Góis Monteiro, chefe militar da operação, Vargas foi nomeado chefe do governo provisório. 6
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Na sua passagem por São Paulo, a caminho da capital federal, Getúlio entregou o governo desse Estado ao coronel João Alberto. Considerado pelos paulistas “plebeu e forasteiro”, a imposição do interventor feriu o orgulho bandeirante e foi um dos primeiros erros políticos de Getúlio na sua nova atribuição de presidente. Foi, também, o começo das divergências entre ele e os paulistas.
Os líderes da Revolução: a partir da esquerda, Miguel Costa, Oswaldo Aranha e Getúlio
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Sérgio Costa Almeida, na época com 27 anos. Chegou até São Paulo, como membro do 5º Regimento de Artilharia. Morreu em 1988, aos 85 anos, ainda “getulista”.
O Fim da República Velha Getúlio tomou posse, promovendo a anistia dos rebeldes das revoluções de 1922 e 24, modificando o sistema eleitoral, incentivando a policultura e criando o Ministério do Trabalho. Em novembro, Getúlio suspendeu a Constituição e nomeou interventores em 8
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todos os Estados, menos Minas – o que reforçou seu conflito com São Paulo. Também dissolveu o Congresso, as assembleias estaduais e as câmaras municipais. O presidente tornou-se dessa forma a única fonte de poder. As medidas de centralização política foram seguidas por outras que visavam colocar também a economia sob controle do governo central. Os Estados foram proibidos de contratar empréstimos externos sem autorização federal, e o governo federal passou a controlar o câmbio, passando assim a ter controle absoluto sobre o comércio exterior. Outra medida do governo foi começar a controlar os sindicatos e as relações trabalhistas. Além disso, Getúlio organizou instituições para intervir no setor agrícola de todo o Brasil, uma forma de enfraquecer o poder dos Estados, até então autônomos, e dos fazendeiros. A supressão da liberdade – uma contradição, pois Vargas afirmara que a revolução fora feita para “restituir a liberdade do povo” – acabou por exaltar o ânimo do Estado mais rico do País, que se via injustiçado. Afinal, segundo os paulistas, São Paulo era a locomotiva do Brasil e estava, desde a vitória dos revolucionários, destituído dos seus privilégios. Essa humilhação não podia continuar.
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