SANTO ANDRÉ AVELINO Um guia amável Tradução: Pe José Geraldo da Fonseca,CR
Jordi Cassá
Um Clérigo do século XVI, dedicado à plena renovação da vida Cristã
Sacerdote e universitário
Estamos em Nápoles em outubro de 1547. Acaba de chegar um jovem sacerdote de 27 anos, com apenas dois anos de ordenação e quer estudar advocacia. Relaciona-se com a comunidade religiosa de São Paulo maior desta cidade mediterrânea. Esta comunidade está formada por um grupo de clérigos: sacerdotes, estudantes, coadjutores e algum noviço. São de uma nova fundação que começou em Roma em 1524, faz somente 23 anos. Três meses atrás, em 7 de agosto, morria nesta comunidade o Padre Caetano de Thiene, um dos fundadores e principal ideólogo desta nova ordem, os Clérigos Regulares. O povo os chama de teatinos, pois entre os fundadores estava João Pedro Carafa, bispo de Chiete, que em latim é Theate, e nesta língua ele assinava como episcopus theatinus, daí teatinos. Estes religiosos estavam vivendo um momento muito singular, sentem um grande vazio pela ausência física de alguém o qual todos tem como santo, mas a sua presença espiritual enche todo o convento com a essência de um perfume derramado, enquanto recordam a vida exemplar e as sábias palavras do padre fundador. Frente à comunidade, como prepósito, está o Padres João Marinoni, discípulo, amigo e colaborador do Padre Caetano, de quem recebeu ensinamentos, confidências e, sobretudo, a sabedoria de um carisma que se propõe reviver o espírito das primeiras comunidades cristãs imitando os Apóstolos. O Padre Marinoni, antes de ser religioso, era canônico de São Marcos em Veneza, onde nasceu, e pertencia a um movimento de sacerdotes e leigos com desejo de reforma pessoal e eclesial. Este movimento se chama de Companhia do Amor Divino. Seus membros, além dar reuniões de piedade e de formação, praticam obras de misericórdia, como a atenção aos enfermos nos hospitais, sobretudo o dos incuráveis e dos mais necessitados. Ali conheceu a Caetano, pois o grupo que fundou os teatinos surgiu entre amigos desta corrente espiritual. O jovem sacerdote estudante de direito, recém chegado, tem no Padre Marinoni o companheiro que buscava para alcançar uma vida espiritual sólida e o desejado crescimento interior. Pois, apesar de ter recebido uma excelente formação universitário – quer doutorar-se em direito civil e canônico -, não acaba por satisfazer-se. É um bom começo para lograr uma posição importante nesta sociedade napolitana que oferece maiores oportunidades que àquela de sua origem campesina, sem outras possibilidades que possa abrir-se a não ser aquele do caminho do mundo rural. Além do mais, seu físico de notável perfeição, difícil de dissimular, seu caráter simpático e atrativo, podem ajudá-lo no ambiente desta Nápoles com dinâmica ascendente para os privilegiados. Mais de uma vez notou que a sua presença não passa despercebida entre o elemento feminino. Algo lhe exige certa vigilância, porque algum fato o deixou desgostoso por não ter levado em conta a
sua condição clerical, pois desde os 17 anos como subdiácono tendo sempre como horizonte o altar, pois acima de tudo quer ser sacerdote. Dentro dos anos viverá uma experiência decisiva. O Padre Diego Laínez, que sucederá a Inácio de Loyola como prepósito da Companhia de Jesus, em 1549 escreverá ao fundador dos jesuítas contando-lhe, entre outras coisas, que em um dos Exercícios Espirituais que pregou em Nápoles, um dos retirantes tinha decidido tornar-se teatino. Efetivamente, Avelino o confirmará mais a frente em suas cartas. Porém temos de voltarmos atrás daquele momento em que ele tomou essa decisão.
Uma vocação no calor de uma família
Castruonovo de Santo André é um povoado de 1.400 habitantes entrevado na Manca, uma elevação encimada entre os bosques da Lucania. Assim Roccanova, Senisi, Sant’Arcanjo ou São Ciriaco, povos da comarca da Basilicata, província de Potenza, são lugares donde se passou a infância e a adolescência o nosso Avelino. Itália meridional, ao redor de Nápoles, de céu luminoso e azulado extraordinariamente formosa. Agora é Castrunuovo de Santo André, em honra de seu filho mais conhecido e o lugar de seu nascimento é recordada em uma capela, mas em 2521 era simplesmente Castrunuovo. Os Avelino ( Avellino em italiano ) eram uma família de antigas raízes no povoado, de boa fama e posição discreta, mas bem acomodada. João Avelino se casou com Margarida Apella, a irmã de Dom César, pároco do lugar. Tiveram dois filhos. O primeiro nasceu em 1521 e o batizaram com o nome de Lanceloto – ao tornar-se religioso tomou o nome de André -, o segundo foi Nicolas Antônio que sempre admirou o seu irmão mais velho. Neste lugar foi que ele procurou a ser temeroso a Deus a cultivar a virtude, o amor, o respeito e uma convivência alegre e simples com os outros. Margarida, com a ajuda de Dom César, transmitiu aos seus filhos os valores básicos de uma boa educação para que fossem honrados, piedosos e agradecidos. Diziam aqueles que os haviam conhecido. Muitos declararam isso no processo prévio da beatificação de Santo André que foi celebrado apenas 16 anos de sua morte, o que facilitou que ainda tivessem testemunhas contemporâneas. Todos ali queriam vem a Margarida Apella. Dom César, além do ministério sacerdotal, se ocupava da educação das crianças na escola paroquial e não somente os ensinava a Doutrina Cristã, mas também as primeiras letras e conhecimentos elementares para serem, além de bons cristãos, bons cidadãos úteis ao país, esposos fiéis e dignos trabalhadores.
Lanceloto era um menino esperto e inteligente, aplicado e muito ativo, de alegria contagiosa e verdadeiro líder que levava os companheiros ao catecismo, ao grupo de coroinhas ou ao coro infantil, pois tocava o alaúde, tinha boa voz e era afinado. Até compôs canções. Como adolescente foi o braço direito de seu tio César e o ajudou nos povoados como catequista e mestre dos menores. Castrunuovo se tornou pequena. Tio César o ensinou o fundamental para poder cursar estudos superiores. Por volta de 1532 mudou-se para Senesi, a 15 quilômetros de seu povoado, para estudar os clássicos e aperfeiçoar-se na música. Queria ir à universidade. Passou quatro anos e Lanceloto se fazia mais sensato e responsável, sem, no entanto, se esquecer das crianças nem do seu tio cada dia mais idoso. Em 1536 voltou à casa paterna e tanto a mãe, mulher piedosa, zelosa e orgulhosa de seus filhos, como o tio o qual Lanceloto admirava, viam claramente que o rapaz se inclinava para o altar. Em 17 de agosto de 1537 o bispo de Alglona-Tursi o ordenou subdiácono e ele supunha abraçar o celibato e consagrar-se a Deus. Uma inscrição mural na igreja do povoado recorda este fato. Já tinha sido consagrado pelo batismo, mas, agora, aquele adolescente enamorado por Cristo optava, livre e responsavelmente, por uma entrega total para ser sempre sacerdote.
“Subirei ao altar de Deus”
Até hoje não nos consta documentalmente nem a data nem o lugar da sua ordenação sacerdotal. É quase seguro que ao chegar a Nápoles em 1547, já era sacerdote e deve ter sido ordenado entre 1545 e 1546. Ele mesmo em não menos de treze cartas conta quantos anos fazia que confessava, apostolado no qual em muito sobressaiu. Os biógrafos têm concluído que se, como ele disse, em 1591 fazia “quarenta e seis anos” que confessava, se ordenou em 1545, e que, se em 1601 fazia “cinqüenta e cinco anos”, se ordenou em 1546; quem sabe, já em idade avançada, a memória falhava, e a ordenação tenha havido lugar em 1545 e um ano depois foi autorizado a confessar. Testemunhos do processo de beatificação, dizem, por exemplo: “recebeu todas as ordens no seu povoado, pois não queria seguir como secular”. Ou também: “ao ter a idade ordenou sacerdote e veio a Nápoles para estudar as leis”. Já temos visto que no seu olhar, desde o princípio, teve um objetivo “subir ao altar de Deus”. Desde criança ele ajudou ao tio como coroinha, fez ás vezes de catequista e de mestre. Era claro que o atraía a vida sacerdotal. Tinha descoberto que a culminação do seu ser era o sacrifício eucarístico. Isto o alimentou até o último suspiro. Teve bons exemplos na mãe, a qual no povoado era considerada como uma santa. A viu rezar no templo. Ela, tão devota da Virgem, o ensinou seu rosário e dela mesmo tinha aprendido a amá-la. A devoção mariana será outro alimento que animará sempre com firmeza a sua personalidade. A
entrega de Maria ao querer de Deus o estimulará a fortalecer seu desejo de perfeição. Se Maria, desejando a pureza perfeita, foi fecundada pelo Espírito para dar a luz a Cristo, ele se reservará para Deus, e o celibato, mais que uma renúncia, será uma doação alegre de livre disponibilidade em suas mãos para que, com a graça da consagração, o modele à imagem de Cristo afim de assemelhar-se a Ele cada dia mais. Dizem que, ao despedir-se da mãe quando ia para Nápoles, foram à ermida da Virgem, e já fora do povoado, ambos encomendaram a sua proteção e que, antes de deixá-la, mamãe Margarida o abençoou. Seus discípulos recordavam esta confidência que revela sua admiração e sua devoção à Virgem e, à sua vez, a sua mãe terrena. Não foi fácil. O pai tinha morrido e ele desde bem jovem foi cabeça da família e apoio para sua mãe, seu irmão e seu tio já ancião. Porém ele queria abrir caminho. Afinal de contas Nápoles não estava longe.
A “conversão”
É verdade que foi valente ao enfrentar insinuações femininas das quais saiu elegantemente. Em certa ocasião até frente a uma calunia vingativa de uma mulher que, ao não lhe fazer acaso, se sentiu depreciada e o acusou de tê-la forçado. Porém, a pouco, saiu a reluzir sua condição devido a um assassinato cometido por causa dela, com o qual Avelino gozou de maior prestígio ainda. Mas também é certo que, ainda jovem, foi dominado pelo desejo de competência e de abrir-se caminho para a carreira eclesiástica, ou seja, queria “fazer carreira” como se diz. Existia um ponto de vaidade e de individualismo. Ele mesmo confessa sinceramente: “Tinha a ilusão de que isto ( fazer carreira ) era bom, pois via que todos, clérigos e seculares, se esforçavam neste sentido” (13/07/1587). Tinha razão. Era uma chaga do clero naquele século. Precisamente os Clérigos Regulares tinham surgido com espírito de renúncia às rendas e aos benefícios eclesiásticos. Adotaram uma atitude que hoje chamaríamos de contestadora, mas em silêncio, sem acusações contra quem, pouco evangelicamente, tinha feito do estado clerical uma espécie de “modo de viver” é por assim dizer, era melhor passar bem sem muitas privações do que o seguimento sacrificado de uma vocação, uma resposta generosa ao chamado para servir aos homens desde o sacerdócio de Cristo. Caetano de Thiene, o bispo Carafa, Paulo Consiglieri e Bonifácio de Colli, o grupo fundador dos teatinos, tinha se distanciado deste espírito cômodo e, subvertendo a ordem estabelecida – que a partir do evangelho era uma verdadeira desordem -, renunciaram a seus títulos de nobreza, rendas e benefícios eclesiásticos com o fim de consagrar-se totalmente a Cristo e servir mais livremente à igreja nos irmãos, sem propriedades pessoais e colocando tudo em comum
como os cristãos dos tempos apostólicos. Este era o carisma com o qual Caetano tinha conquistado o canônico Marinoni e com este, já teatino, estava animando Avelino, aquele sacerdote que, segundo testemunhas, renunciaria até o título de doutor em leis. Já antes tínhamos visto como Lanceloto estava amadurecendo sua vocação. Os exercícios espirituais o tinham feito refletir: “Os bens deste mundo prometem tranqüilidade... Mas depois são causa de inquietações e preocupações e não saciam alma... assim o experimentei entre os dezesseis e os vinte e sete anos, quando, enganado pelo espírito do mal e o mau exemplo de muitos, tratava de alcançar dignidades e queria me enriquecer para me distinguir por cima dos demais. Porém Deus teve piedade da minha ignorância, mediante um grande servo seu ( o Padre Laínez ), que me fez ver o meu equívoco e, desde então, já não amei, nem busquei, nem tão pouco desejei as coisas deste mundo, com as quais não só acabam com o homem mas aumenta a sede de ter sempre mais, sem que aumentam” (27-12-1599). Esta confissão a repete em distintas maneiras e em distintos momentos de sua correspondência. Assim se refere “aos padres jesuítas, cuja vida e cuja doutrina me moveram a deixar o mundo” (15-06-1571). Mas antes deste passo decisivo, devido a seu prestígio, teve de colaborar com o arcebispado em uma delicada missão.
Um mosteiro de monjas e um agressor obstinado
Na arquidiocese de Nápoles Lanceloto tinha boa fama e o vigário geral, monsenhor Rebita, pediu sua colaboração para recuperar o espírito da vida religiosa entre as beneditinas de Sant’Arcanjo. Alguns nobres acreditavam que tinham o direito de fazer e desfazer no mosteiro e também de decidir quem deveria ser monja ou não. Pois aí haviam introduzido o costume de que as segundas filhas estavam destinadas à vida religiosa, gostando ou não. Assim como as primogênitas deviam conservar e melhorar a herança com um bom casamento, as outras enobreciam a estirpe com o enlace com o mosteiro e, portanto, com o Senhor. Isto criava situações difíceis que favoreciam a falta de disciplina e o relaxamento, além de introduzir privilégios que carcomiam a vida comunitária, como se um bom dote fosse desculpa para não cumprir com as obrigações. Missão difícil. Lanceloto tinha 30 anos. Era jovem na idade, mas caracterizava pela maturidade, pela sensatez e pela prudência e, além do mais, era muito piedoso. Era grande a sua confiança em Deus. Apesar de prevenir as dificuldades e de que se criariam inimigos, não se negou. Era coisa de Deus e da igreja. Não aceitou o beneficio da capelania do mosteiro, algo que o poderia satisfazê-lo economicamente. Em troca se dedicou à direção espiritual e, pouco a pouco, conseguiu com que
quase todas as professas se convencessem da necessidade de uma reforma pessoal e comunitária para a restauração do espírito beneditino. Atuou como verdadeiro capelão do mosteiro assumindo as responsabilidades de atender às necessidades das monjas com um delicado acompanhamento espiritual. Foram feitas reformas no edifício a fim de evitar acesso demasiadamente fácil e perturbador por parte dos seculares. Restabeleceram-se uma clausura mais estrita e alguns horários mais convincentes para o coro e a oração contemplativa, assim como uma maior dedicação ao trabalho individual e coletivo. Porém, sobretudo, se observou uma maior exigência de discernimento na aceitação de postulantes e noviças. Lanceloto não foi somente um gestor do arcebispo, mas um exemplo de oração e de conduta sacerdotal. Soube sempre que o exemplo é mais convincente que os decretos, os castigos e as palavras. Mas as suas formas não agradaram a todos e teve quem quis apartá-lo do mosteiro. Contrataram a um sicário para matá-lo que, efetivamente, o seguiu com esta finalidade, mas, ao vê-lo rezar ajoelhado devotamente, ficou tão edificado que se negou. Mas, o interessado insistindo em fazê-lo desaparecer, pois Lanceloto era a causa de que não poderia aceder ou relacionar-se com uma monja e, de novo, pagou a outro que somente chegou a apunhalar-lo. Uma cicatriz em seu rosto foi testemunha dessa maldade. Monsenhor Rebiba, nomeado cardeal, quis premiá-lo oferecendo uma sede episcopal, mas Lanceloto não aceitou. Somente desejava livrar-se daquelas obrigações para consagrar-se a Deus com a vida religiosa. A comunidade de São Paulo e o Padre Marinoni o haviam conquistado. Ele também queria respirar a essência das virtudes do pai fundador e converter-se em imitador dos apóstolos.
Dom Lanceloto se converte em Padre André
Aquele sacerdote de 35 anos pediu para ingressar no convento de São Paulo Maior. O livro dos Anais da Casa diz que em 14 de agosto de 1556 foi aceito como hospede. Era a vigília da Assunção, data assinalada para um devoto de Maria como ele era e, uma indicação de que do céu a Virgem velava seus passos. Segundo os Anais, três meses depois, no dia 30 de novembro – festa de Santo André – começou o noviciado e tomou o nome daquele apóstolo que morreu na cruz. Desde então a cruz foi, mais que um símbolo, uma identificação ontológica, ou melhor, uma espécie de propriedade essencial de seu talento: “... o que não toma a sua cruz e não segue atrás de mim, não é digno de mim” ( Mt 10,38 ), disse o Mestre. Os teatinos foram conhecidos como religiosos da Santa Cruz. Por isso a tomaram como escudo no combate espiritual e como brasão familiar que esculpiram em suas igrejas e conventos e que bordaram em seus ornamentos sagrados. A fundação da ordem teve lugar no dia 14 de setembro, festa da Exaltação da Santa Cruz.
O noviciado é um ano de prova em que o noviço, sobre a guia do padre mestre – neste caso o Padre Marinoni -, faz um discernimento sério sobre a própria vocação, enquanto estuda as normas do instituto religioso em que quer professar e, ao mesmo tempo, os superiores da ordem observam sua conduta e constatam sua capacidade de adaptação à vida comunitária assim como as possibilidades de perseverança dentro da disciplina religiosa. É um processo de oração e de diálogo sincero aberto e confiado a ambas as partes. Naquele noviciado coincidiram três homens de grande valor espiritual, porém humildes e simples. Enquanto seus corações buscavam fascinados por viver a presença de Deus, tinham os pés no chão, pois sabiam que as fraquezas somente poderiam ser dominadas com a ajuda divina. Além de Avelino, o Padre Marinoni esteve com o dirigido jurista de renome, o doutor D’Arezzo, mais exatamente Excipião Burali D’Arezzo, que tinha 46 anos. Em 25 de janeiro de 1557 foi admitido entre os teatinos e não importa dize que desde aquele dia se chamou Paulo, já que era o dia da conversão de São Paulo, mais adiante seria o bispo de Piacenza e, logo, Cardeal arcebispo de Nápoles. Ingressou com vontade de ser irmão coadjutor, pois não acreditava ser digno do sacerdócio. Avelino, com quem unia afinidades, o admirava e por isso foi seu primeiro biógrafo. Temos aqui três homens de que basta dizer que o papa Clemente XIII reconheceu como beato a Marinoni em 1762, que Clemente XIV beatificou a Burali em 1772 e que, antes, Urbano VIII havia beatificado a Avelino em 1624 e Clemente XIV havia firmado a bula de sua canonização em 1707. Que noviciado. André Avelino emitiu os votos de pobreza, castidade e obediência em 25 de janeiro de 1558, acrescentando o voto de esforçar-se cada dia em ser mais perfeito. Foi um asceta. Viveu em Ascenso permanente até a união com Deus. Amadureceu com compromisso da auto-exigência.
Peregrino a Roma visita o Papa
Depois do noviciado solicitou ir a Roma. Pôde ir na primavera de 1559. Passou 35 dias com a comunidade de São Silvestre do Quirinal ( perto da atual residência dos presidentes italianos, antiga residência papal ), pode abraçar a seus irmãos teatinos e acorrer ao palácio papal para venerar o Santo Padre e conhecer o Cardeal Bernardino Scotti, que tinha sido o primeiro noviço teatino depois da fundação. O Papa era o “padre-bispo” João Pedro Carafa, como o chamavam seus irmãos teatinos, membro do grupo fundador e primeiro prepósito da congregação. Em 1536 Paulo III o tinha nomeado cardeal e, em 1555, ao morrer Marcelo II, foi eleito papa, apesar da oposição do imperador Carlos V e do temor de muitos a seu espírito reformista, pois tinha sido um bom religioso e um cardeal
exemplar. Durante seu pontificado dirigiu pessoalmente a ordem da qual havia sido co-fundador e para Avelino, que não pôde conhecer São Caetano em vida, dialogar com aquele teatino papa era muito importante. Chegou a tempo, pois morreria em breve. Aproveitou sua estadia em Roma para visitar aqueles lugares cheios de recordações e, sobretudo, São Pedro, pois antes do altar mor, debaixo dele se venera o sepulcro do apostolo em que haviam professado os quatro primeiros teatinos da história a mais ou menos trinta anos. Mestre de Noviços
Avelino, entre a breve, mas intensa experiência romana voltou a Nápoles e quatro meses depois morria Paulo IV. Os teatinos receberam a notícia com tristeza, mas tiveram que refazer-se e, reunidos em capítulo, nomearam prepósitos para reorganizar a condução da ordem. Singularmente durante quatro anos havia sido dirigida por aquele teatino eleito papa. Paulo Burali foi nomeado prepósito da comunidade napolitana e, a pedido de todos, Avelino foi o mestre de noviços durante dez anos fecundos em vocações provadas e maduras, que enriqueceu a Ordem e a igreja com homens de grande valor. Seus discípulos sentiram-se devedores e agradecidos a seus ensinamentos sustentados neste tripé: o exemplo pessoal, a oração contemplativa e a devoção à Virgem. Humilde de verdade, nunca buscou protagonismos, amava a pobreza evangélica com desprendimento heróico e, sobretudo, tratava a todos com uma caridade extrema que dulcificava seu caráter. Temos aqui alguns de seus conselhos aos noviços: 1) Amar a congregação como à própria mãe. 2) Conhecer os próprios defeitos e não temer às correções. 3) Tomar cuidado com as faltas pequenas; elas obscurecem a alma. 4) Bendizer sempre a Deus, na Alegria e na tristeza, e repetir como o profeta: Louvarei ao Senhor em todo o tempo. 5) Renovar o propósito de ser fiéis à vocação religiosa. Decidir freqüentemente como o rei Davi: Aqui estará sempre meu repouso porque eu o elegi. Para mim é bom viver em Deus, pois minha esperança está nele. 6) Não buscar consolo no mundo, fazer da cela o paraíso pessoal. 7) Orar e ler permanentemente 8) Ser afável e pacífico. Evitar qualquer palavra que por pouco que seja possa molestar a qualquer membro da comunidade. 9) Levantar o coração a Deus com freqüência.
10) Tratar as pessoas tementes a Deus e não manter conversações inúteis. Um dos seus discípulos adiantado foi o Padre Lourenço Scupoli, autor do Combate Espiritual, livro definido como uma síntese da espiritualidade teatina, e o preferido de São Francisco de Sales. Sobre o mesmo, escreveu o cardeal Narciso Jubany: “nenhuma escola de espiritualidade católica de espiritualidade católica pode excluir a necessidade do esforço ascético na luta para caminhar até a santidade. Mesmo que se trate de assimilar alguns valores autênticos da modernidade. Precisamente é aqui de onde se tem de colocar a atualidade do livro de Scupoli. Ensina-nos como mestre e nos acompanha como amigo para sairmos vitoriosos na batalha contra os inimigos da alma. As advertências e os avisos são bem acertados para a sabedoria e a experiência do autor” (1985). No transfundo do texto de Scupoli encontramos, juntamente, a doçura e a firmeza de seu mestre Avelino.
O santo
Entre 1570 e 1582, São Carlos Borromeu, Arcebispo de Milão, e o Beato Paulo Burali, seu antigo companheiro e agora bispo de Piacenza, o solicitaram para implantar o espírito da reforma do Concílio de Trento em seus seminários. Depois regressou a Nápoles. Intérprete fiel do carisma teatino, também foi autor de obras teológicas e de milhares de cartas de direção espiritual. Passou muitas horas no confessionário e foi um pregador convincente. Morreu em 10 de novembro de 1608 ao pé do altar. Começa a missa e, ao dizer: “Subirei ao Altar de Deus”, sua alma subiu ao céu. Apesar de não ser um santo popular, a devoção a Santo André Avelino se estendeu notavelmente. O Padre Mirtro, fundador das primeiras casas teatinas na Espanha, em 1624 celebrou a beatificação de seu Mestre em Madri, na capela do Hospital dos Italianos, quando os teatinos ainda não tinham nem igreja e nem casa própria, com a participação de Felipe IV e Isabel de Borbón. A antiga igreja teatina de Barcelona teve a sua Confraria de Santo André Avelino e a ele pertenceu o Barão de Maldá; em 1807 foi agregada a irmandade teatina. Também nas igrejas teatinas de Madri, Bejar, Zaragoza e em vários povoados de Malhorca, pois é o padroeiro secundário da Ilha. É invocado contra a morte repentina. Aqui no Brasil ele além de ser o patrono contra a morte repentina, ele é tido como o santo protetor da terceira idade. É venerado nas casas teatinas: Paróquia Nossa Senhora das Dores em Fartura – SP; Paróquia Santa Rita de Cássia em Taguaí –SP; Paróquia São Roque de Taquarituba –SP; Paróquia de Santo Antônio em Itaí- SP; Paróquia São Judas Tadeu em Avaré – SP; Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Cambe – PR; Paróquia Nossa Senhora do Carmo em Londrina - Pr Paróquia São
Lucas em Sorocaba; Paróquia de São Geraldo em Guarulhos –SP; Paróquia de Santa Cruz em Contagem – MG; Paróquia São Francisco em Ribeirão das Neves – MG; Paróquia São José da Lagoa em Nova Era –MG; Paróquia de Santo Antônio em Caravelas –BA; o teologado em Contagem em Minas Gerais leva o seu nome e em Maquine – RS, Diocese de Osório a Paróquia tem como padroeiro o nosso Santo André Avelino. Pio XI era um grande devoto dele e, como também o é o atual Papa bento XVI. Em 27 de novembro de 2006, monsenhor Nolé, bispo da diocese onde se encontra Castrunuovo, fez a sua visita “ad limina apostolorum”. Bento XVI o surpreendeu ao perguntar-lhe como estavam os preparativos para a celebração do IV centenário da morte do “nosso santo”. Este fez um pequeno diálogo: - Santidade, como está a par do acontecimento? - É um santo o qual quero muito, pois morreu dizendo: “Subirei ao altar de Deus”. Gostaria de morrer ao caminho do altar. Peço sempre a ele esta graça. Sou seu devoto a muito tempo.
Para rezar:
Ó Deus, Que inspirastes a Santo André, presbítero, O difícil voto de melhorar Cada dia na virtude Para ascender até a ti; Concedei-nos, por seus méritos e intercessão, Que buscando sempre a perfeição maior, Cresçamos sobretudo naquele que é nossa cabeça, Cristo Jesus, E mereçamos entrar no reino de tua glória ( Missal próprio dos teatinos )
Descobristes que a felicidade se encontrava no seguimento de Jesus Cristo e não na busca de dignidades e êxitos, e te incorporastes àquela comunidade de clérigos que buscavam o mesmo que tu. Fostes um guia benigno, amável e discreto, que soube ajudar a muitos que queriam seguir esse mesmo caminho. E tivestes a alegria de deixar este mundo enquanto começavas a celebração da Eucaristia. Ajuda-nos, Santo André Avelino, a te sempre como objetivo de vida viver unidos a Jesus Cristo e seguir o caminho do seu Evangelho.