Revista Logosofia

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LOGOSOFIA Publicação Cultural da Fundação Logosófica Nº 13

Elementos básicos da

Edição comemorativa do VI Endel – Encontro Nacional dos Docentes de Escolas Logosóficas



Sumário Editorial Uma concepção de educação baseada no conhecimento de si mesmo O cultivo dos sentimentos A correção da conduta da criança Criando defesas para a mente O valor pedagógico de uma explicação

Reflexões sobre o desafio de educar as novas gerações Ensinando a ser bom, mas não ingênuo Os estímulos e a formação do caráter O sublime encanto da imaginação nos primeiros anos da infância Os pensamentos, o pensar e a formação da consciência A formação do professor

A importância do ambiente escolar na formação da criança e do jovem

Uma palavra final

O poder da observação

Glossário de alguns conceitos que fundamentam o processo educativo logosófico

LOGOSOFIA

EXEMPLARES DE CORTESIA

Publicação cultural da Fundação Logosófica em Prol da Superação Humana

Caso queira receber gratuitamente as próximas edições, acesse o site www.logosofia.org.br, seção “Cadastro de Interessados”, e preencha seus dados. Se preferir, envie pelo correio para Coordenação de Divulgação Nacional – Rua Piauí, 742 – Funcionários – CEP 30150-320 – Belo Horizonte/MG.

Diretores: Dalmy Gama e Flávio Friche Passos - MTb 2015/MG Subdiretora: Joana Melo Bomfim Passos Secretária: Eliane Amélia C. Vieira Martins Editores de Textos e Projeto Gráfico: Renato Ribeiro e Verônica Cavalieri Colaboradores: Kleber Pereira Gonçalves e Maurício Saraiva de Abreu Chagas Tiragem: 30.000 exemplares Ano: 2008

Os textos entre aspas foram extraídos da Pedagogia Logosófica, de autoria de Carlos Bernardo González Pecotche – Raumsol, criador da Logosofia. Os artigos que compõem esta revista podem ser reproduzidos livremente, desde que sejam mencionados a fonte e o nome do autor.


É com alegria que lançamos esta edição especial da Revista Logosofia, respondendo a solicitações crescentes de estudiosos – sejam pais, professores ou pedagogos – que buscam conhecer algo mais sobre a Pedagogia Logosófica. Há séculos, o homem busca conhecer-se e aperfeiçoar-se. Diversos caminhos têm sido sugeridos. Fragmentos importantes de conhecimento incorporam-se à vida do homem e é por meio da educação que o progresso e o aperfeiçoamento humanos serão mais eficazes, contribuindo para a real felicidade dos seres em geral. A Pedagogia Logosófica – instituída pela Logosofia, ciência criada pelo humanista González Pecotche (1901–1963) – oferece uma proposta importante e inovadora na área educacional. Trata-se de conduzir os processos educativos tendo em conta a formação mental, moral e espiritual do ser humano, tanto do educador quanto do educando. A infância e a juventude, etapas formativas do caráter e preparatórias do espírito para as lutas que a vida requer, merecem, pois, a mais acentuada dedicação por parte dos pais e dos professores. Nos Colégios Logosóficos, onde se aplica a Pedagogia Logosófica, é oferecido aos alunos um ambiente de alegria, afeto, amparo e tranqüilidade. Procura-se despertar neles, desde a mais tenra idade, a vontade de ser melhores e de contribuir para o bem da humanidade. Sem imposições de nenhuma natureza, mas sempre mediante o estímulo ao pensar e ao sentir, os Colégios Logosóficos oferecem aos educandos concepções claras sobre o homem, a vida, o Universo, Deus e as Leis Universais, sem nenhuma idéia que limite esses conceitos. Assimilados gradualmente até a juventude, esses e outros conceitos devem ainda evoluir com o passar dos anos e vão representar a base moral da vida do indivíduo e da humanidade da qual faz parte.


Para a Pedagogia Logosófica, o ser humano possui recursos que o tornam apto a participar do processo de sua própria educação. Assim, essa educação, que muitas vezes é uma tarefa difícil, delicada e árdua, passa a ser também nobre e elevada, desenvolvendo-se de forma natural, contínua, agradável e profunda. É imprescindível que o educador queira conhecer-se e superar-se, antes de pretender ensinar o educando a realizar essa tarefa. No processo educativo, estão em colaboração constante essas duas psicologias. Cada um parte de onde está. Daí a complexidade e beleza deste processo: envolve educador e educando. Encontramos alguns desses temas no estudo e na documentação do VI Encontro Nacional de Docentes de Escolas Logosóficas (Belo Horizonte, 2008), com centenas de trabalhos apresentados. Educadores de todas as unidades do Sistema Logosófico de Educação do Brasil, da Argentina e do Uruguai estão muito felizes com os resultados alcançados ao longo de quase 50 anos de experiência. O fato de sabermos que há ainda muito a investigar e aplicar dentro desta Pedagogia é para nós um grande estímulo ao aprimoramento da arte de educar, pois esta concepção de educação só se concretiza na medida em que os educadores vão sendo capazes de aplicar em si mesmos ensinamentos tão especiais sobre a formação mental, moral e espiritual do ser humano. E já que falamos de estímulos para a formação humana, nada mais oportuno que deixar com os educadores que nos lêem esta estimulante mensagem da Logosofia:

“Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa será o prêmio mais grandioso a que possamos aspirar. Não haverá valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste em preparar para a humanidade futura um mundo melhor”


Uma concepção de educação baseada no

conhecimento de

si mesmo Eduardo Fernandes Barbosa*

Os resultados da aplicação da Pedagogia Logosófica na educação da infância e da adolescência vêm-se evidenciando na formação de jovens e adultos com marcada disposição para o estudo, para a aprendizagem, capazes de pensar por conta própria e ser livres na mais ampla acepção da palavra

Uma linha pedagógica pode ser vista como o estudo de ideais educacionais, segundo uma determinada concepção de vida, e dos meios mais eficientes para realizar estes ideais. Neste sentido, toda pedagogia apóia-se em uma concepção de ser humano e de mundo, como base para a construção de seus ideais educacionais. A Pedagogia Logosófica fundamenta-se na Logosofia, ciência que traz concepções originais sobre o homem, a vida, Deus, o Universo e suas Leis. Neste artigo, são focalizados aspectos da concepção de homem ensinada pela Logosofia e como esta

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apenas da memória e da imaginação, como geralmente ocorre, com maior ou menor ênfase, na educação tradicional.

concepção apóia uma educação baseada no conhecimento de si mesmo, sendo efetiva a partir da realização desse conhecimento pelo próprio educador. Para a Logosofia, o ser humano possui uma configuração biopsicoespiritual, ou seja, além de sua natureza biológica ou física, possui os mecanismos psicológico e espiritual. Nessa concepção, a articulação harmônica e equilibrada das partes psicológica e espiritual cumpre funções importantes no processo de aprendizagem ao longo da vida.

O desenvolvimento equilibrado da mente e da sensibilidade favorece a formação de seres mais felizes, que se relacionam bem consigo mesmos, com os semelhantes e com o mundo em que vivem

Um dos objetivos da Pedagogia Logosófica é favorecer a formação integral do educando, estimulando e orientando o desenvolvimento da inteligência e da sensibilidade em todas as fases do processo educativo da criança, do adolescente e do jovem. Um dos resultados mais importantes da aplicação dessa linha pedagógica é o desenvolvimento harmônico dos organismos físico, psicológico e espiritual do indivíduo. Para alcançar esses resultados, o educando é estimulado a cultivar e desenvolver seu potencial intelectual e sensível.

No aspecto sensível, a sensibilidade é outro pólo importante da configuração psicológica humana. Neste campo, o trabalho docente concentra-se em ensinar os alunos a fazerem uso dos recursos da sensibilidade e dos sentimentos. O conceito que orienta esta forma de ensinar é o de que não basta ser inteligente; é necessário ser inteligente e sensível, pois os sentimentos – como o de gratidão, de afeto, de amizade, de generosidade, simpatia e respeito, entre outros – são fatores equilibrantes da conduta e facilitadores de uma convivência saudável e de entendimento mútuo. Assim, o desenvolvimento equilibrado da mente e da sensibilidade favorece a formação de seres mais felizes, que se relacionam bem consigo mesmos, com os semelhantes e com o mundo em que vivem.

No aspecto intelectual, o conjunto das faculdades que formam a inteligência, com suas funções de pensar, entender, observar, raciocinar, recordar, imaginar, refletir, etc., deve funcionar na plenitude de seu potencial. O trabalho pedagógico que se realiza com as crianças e adolescentes nas escolas que aplicam a Pedagogia Logosófica tem por finalidade promover o desenvolvimento equilibrado dos recursos da inteligência, e não

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curriculares oficiais, como para o processo de formação consciente dos valores mentais, morais e espirituais na vida do educando.

Diante de uma proposta pedagógica assim, com projeções de elevada transcendência para a educação da humanidade, surge a questão: como se realizam os ideais educacionais propostos pela Logosofia?

A aplicação desta concepção de educação implica identificar e ter domínio dos elementos que configuram a psicologia humana. Assim, quando nos propomos, por exemplo, incentivar o aluno a pensar, alguns dos requisitos para que o docente tenha êxito neste objetivo são: ter experimentado o esforço que representa o ato de pensar com uma finalidade específica; ter identificado os fatores que favorecem e os que dificultam o exercício desta função da inteligência; ter compreendido o que representa o uso da função de pensar nos diversos aspectos da vida, especialmente naqueles que se aplicam à realidade que vive a criança ou o adolescente; etc.

A Pedagogia Logosófica é uma concepção de educação que requer a participação ativa e consciente do educador nos processos de ensino e de aprendizagem. Portanto, a aplicação desta pedagogia na educação da criança e do adolescente depende da realização, pelo educador, de processos que conduzem ao conhecimento de si mesmo, ou seja: o domínio do próprio mecanismo psicológico e mental.

A aplicação da Pedagogia Logosófica requer um processo de formação docente fundamentado em conceitos e princípios claramente definidos, sobre os quais a Logosofia fartamente se pronuncia

Assim, o conhecimento da realidade interna do educador, de agentes causais do comportamento, dos fatores que movem a vontade e dos recursos mentais e sensíveis da psicologia humana é condição para práticas educativas orientadas pela Pedagogia Logosófica. Por isso, o ponto de partida para tornar efetiva a prática desta linha pedagógica é a formação docente que habilite o professor e o aluno a participarem, de forma voluntária e consciente, dos processos de ensino e de aprendizagem. Isso vale tanto para o ensino e aprendizagem dos conteúdos

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quais a Logosofia fartamente se pronuncia, devendo todos eles ser vivenciados e experimentados pelo educador.

Atuando dessa forma, o docente se habilita para apresentar ao aluno algo concreto que faz parte de sua experiência, reforçando a ação docente com o incentivo dos resultados que ele mesmo já experimentou e cujo processo de realização lhe é familiar. Essa forma de atuar difere muito da posição docente que se limita apenas a repetir o que foi estudado ou aprendido de forma intelectual sobre a psicologia do aluno, sem vinculação com a própria realidade psicológica.

Os resultados da aplicação da Pedagogia Logosófica na educação da infância e da adolescência vêm-se evidenciando na formação de jovens e adultos com marcada disposição para o estudo, para a aprendizagem, capazes de pensar por conta própria, de ser livres na mais ampla acepção da palavra. São pessoas que mostram valorizar a vida com noção clara de sua transcendência, de sua importância para si e para os demais, conduzindo-a com acerto, equilíbrio e sensatez e colaborando ativa e conscientemente para a melhoria da sociedade em que vivem.

Aplicar uma proposta inovadora como esta requer um corpo docente disposto a especializar-se em certos cultivos, pois a educação a ser praticada é, antes de tudo, uma educação pelo exemplo. Portanto, o professor há de se dispor a realizar em si mesmo aquilo que queira que os alunos venham a realizar, em termos dos valores pedagógicos propostos. Neste contexto, a aplicação da Pedagogia Logosófica requer um processo de formação docente fundamentado em conceitos e princípios claramente definidos, sobre os

*Doutor em Ciência da Computação/ Professor Associado da UFMG/ Autor de livros sobre Projetos/ Diretor-Geral do Colégio Logosófico – Unidade Cidade Nova – BH

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O cultivo dos sentimentos Sueli Moraes Martins*

A Pedagogia Logosófica foi criada com o objetivo de educar para a vida. Integra o seu extraordinário plano de educação o cultivo dos sentimentos em todas as etapas da formação humana Quantas sociedades foram constituídas com esforços, abnegações, lutas e sacrifícios, e mais tarde desfeitas pela ausência de sentimentos... Quantos seres humanos conquistaram troféus nas áreas econômica, tecnológica e científica, mas se tornaram prisioneiros da falta de afeto e, por isso, isolados de seus semelhantes?

O sistema sensível ou sentimental. A Pedagogia Logosófica estabelece que o cultivo dos sentimentos na infância e na adolescência é um investimento na felicidade, na paz, em vidas equilibradas. E por que essa afirmação? Porque os sentimentos equilibram a vida psíquica; infundem traços de humanidade às atitudes dos homens; sustentam os propósitos e as palavras de honra que muitas vezes a mente esquece; criam laços existenciais propícios à convivência entre seres com diferentes modalidades psicológicas.

Como seria a vida humana se, desde criança, cada um compreendesse que tudo na vida deve ser feito com gosto, com o mesmo gosto e amor que vêem estampados em todas as coisas criadas por Deus?

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A conservação dos sentimentos na vida é uma arte, contém segredos, é um dos tantos conhecimentos em que a Pedagogia Logosófica se baseia para ativar, no homem, as faculdades sensíveis

Sendo a mente da criança “terra virgem e fértil”, como ressalta a Logosofia, terra onde tudo que é plantado tem amplas possibilidades de florescer e dar bons frutos, que valor pedagógico assume a semeadura dos grandes sentimentos edificadores da paz e da felicidade no mundo? Muito se tem escrito sobre a superficialidade das relações entre os homens na vida social. É visível que a sociedade atual se encontra, geralmente, dominada pelo jogo de interesses, pelo consumismo, pelas árduas lutas em busca da sobrevivência e, em conseqüência, por variadas estratégias direcionadas à conquista do poder, da riqueza, do prazer e da fama. A evidência dessa realidade no mundo de hoje desafia os recursos pedagógicos de quem tem, em suas mãos, a tarefa de educar.

conserva tudo, inclusive o conteúdo dos bons momentos e dos fatos vividos. A Pedagogia Logosófica foi criada com o objetivo de educar para a vida. Integra o seu extraordinário plano de educação o cultivo dos sentimentos em todas as etapas da formação humana: infância, adolescência, juventude e idade adulta. Para isso, ensina que, na configuração do ser humano, encontra-se o sistema sensível ou sentimental, formado pela sensibilidade e pelos sentimentos. No âmbito da sensibilidade, vamos encontrar as faculdades de sentir, amar, querer, agradecer, perdoar, consentir, compadecer e sofrer. Essas faculdades criam e sustentam os sentimentos, intervêm em sua

Vínculo sensível entre docente e discente. A imagem que evidencia o desamparo sensível de alguns seres humanos é a de um recipiente sem fundo. Tudo que é depositado nele se esvai, não permanece. Nas relações humanas edificantes, construtivas, duradouras, é o afeto que alicerça, Amizade Am

to Afeto Camaradagem

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G ener o sidad e


formação, dão-lhes vigor, ampliando-os e conservando-os no curso da vida. Conhecer cada uma delas – como são e como funcionam – confere ao docente a posse de inestimáveis recursos pedagógicos.

daquele que se dedique a seu cultivo, devendo esforçar-se por conservá-los e incrementá-los, enobrecendo-os gradualmente. Os sentimentos se perpetuam pelo estímulo incessante da causa que lhes deu origem.” Semelhantes a uma planta, os sentimentos necessitam ser, diariamente, alimentados com atitudes, gestos e palavras para serem conservados e terem vida no interno do ser humano.

As ações docentes acompanhadas dos sentimentos propiciam o vínculo sensível entre docente e discente, e também são poderosos estímulos que podem mover o educando a se empenhar no cultivo dos grandes sentimentos.

Nos braços que acalentam os bebês, encontram-se os mais belos e nobres sentimentos: o divino amor materno; a gratidão a Deus pela graça de gerar um filho; o respeito à vida que lhe foi entregue em confiança, para ser cuidada, para ser amparada...

Multiplicando os afetos. É importante destacar que a conservação dos sentimentos na vida é uma arte, contém segredos, é um dos tantos conhecimentos em que a Pedagogia Logosófica se baseia para ativar, no homem, as faculdades sensíveis.

Entretanto, com o correr da idade do bebê, os braços têm que se fazer gigantes, porque os sentimentos precisam desdobrar-se em novas e variadas formas de manifestação, crescer com a criança, com o adolescente que já se encaminha para a etapa adulta. Criados laços sensíveis entre pais e filhos, entre alunos e professores, e também entre os colegas, passam estes a ocupar um lugar especial no coração, na consciência e na vida de cada um, multiplicando os afetos, atraindo mais e mais amigos.

A Logosofia afirma que “tal como acontece com os pensamentos, os sentimentos requerem uma consagração íntima por parte

Dessa forma, a convivência humana ganha matizes delicados, representados nos gestos mais nobres, belos, justos, puros e

* Pedagoga pela PUC-MG / Pós-graduada em Docência do Ensino Superior / Diretora Pedagógica do Colégio Logosófico – Unidade Cidade Nova – BH

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A Correção da

da

Conduta

Criança Dulce Regina Feu Alvim Moreira*

Para saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber aprender. Não se pode dar o que não se tem, não se pode ensinar um caminho que não se percorreu. Nada tão claro! Mas isso não significa, absolutamente, que a tarefa seja simples “A arte de educar consiste em começar ensinando-se primeiro a si mesmo.” Eis uma orientação da Pedagogia Logosófica que, aparentemente, aponta para uma obviedade. De fato, ela destaca algo que muitos educadores, pais ou professores já puderam comprovar em suas práticas: para saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber aprender. Não se pode dar o que não se tem, não se pode ensinar um caminho que não se percorreu. Nada tão claro! Mas isso não significa, absolutamente, que a tarefa seja simples, como veremos a seguir. Comecemos pelo fato de que não basta saber algo; é preciso saber ensinar, é preciso saber como ensinar. Isso envolve toda uma docência, um tato, dosagem, inteligência.

Sob esse enfoque, daremos com as formas corretas e com as formas equivocadas de atuar ao tratarmos de corrigir a conduta da criança. As corretas são aquelas que constroem, enquanto que as outras, geralmente, são as que apenas reprimem.

Mais do que dizer “não faça isto!”, é preciso possibilitar que o educando saiba a forma correta de se comportar


O educador pode, por exemplo, no intuito de corrigir, utilizar a fórmula fácil do temor, da ameaça ou a da promessa. Pode, também, apontar o erro e ficar nisso, na censura, no castigo. É o procedimento mais comum e, por vezes, o que traz resultados mais imediatos. Entretanto, quando se atua dessa forma, não se propicia o mais importante na alma do educando: a compreensão do erro ante a visão clara da conduta correta a ser adotada, o que abre espaço para o estímulo sincero de mudar. Durante a correção, o educando deve ser tocado em seu entendimento, importantíssima faculdade da mente que é peça básica em qualquer mudança que se queira empreender. O ato de reprimir a má conduta, sem produzir na criança a vontade de mudar, costuma causar depressão, tristeza, insegurança, ressentimento e a sensação de ter sido injustiçada. Se a criança é de temperamento tímido, verá acentuada a falta de confiança em si mesma; porém, se seu temperamento é mais agressivo, rebelde ou argumentador, por falta da compreensão, insistirá na prática do erro, às vezes explicitamente, às vezes de forma camuflada, dissimulada.

não para o momento. Implica ter segurança daquilo que se ensina, visando, acima de tudo, ao bem do educando, e não ao seu bem-estar imediato. A verdadeira correção deve ser feita com afeto e com o sincero empenho de ajudar. Por outro lado, são duas psicologias que estão em jogo: a de quem ensina e a daquele que recebe a correção. É indispensável, pois, um conhecimento dessas duas psicologias. Em um clima de afeto, na certeza de se estar ao lado da criança e não contra ela, é possível fazê-la pensar, para que surja a vontade de mudar, fator indispensável, pois é ela mesma quem, de fato, fará culminar o processo da correção. A criança é quem se corrige, com os elementos e recursos postos à sua disposição. O educador poderá ensinar, aconselhar, encaminhar, exigir, mas a verdadeira correção só se inicia no momento em que ocorre a compreensão do erro, a vontade de mudar e, c o m p l e t a n d o o q u a d r o, a compreensão clara da conduta certa a ser adotada. Assim, mais do que dizer “não faça isto”, é p r e c i s o possibilitar que o

Em vez de simplesmente reprimir, o ideal é que o educador aprenda a corrigir, o que significa ensinar a eliminar o erro e propiciar o acerto. Isso implica educar para a vida, e

À criança devem ser dados conceitos reais, evitando tudo que é falso. Isto facilita correções no futuro

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Há aspectos básicos que, segundo a Pedagogia Logosófica, fundamentam a atuação acertada no processo de correção da conduta de uma criança, seja quem for o educador da vez. Dentre esses aspectos, destacaremos aqui os seguintes: A orientação da criança é, acima de tudo, responsabilidade dos próprios pais. Quando são muitos os que a educam, sem que entre eles haja a devida unidade de pensamento e ação, a criança se torna caprichosa, manhosa. A escola entra como complemento dessa orientação, como importante auxiliar. Os pais, ainda que muito ocupados no atendimento às exigências profissionais, não podem delegar a outros essa tarefa que a própria vida lhes confiou. Se o ideal for difícil de cumprir, que se cumpra o máximo que lhes for possível.

É importante saber corrigir os caprichos da criança, não atendê-los. O excesso de consentimento e de tolerância faz a criança sentir gosto em suas exigências, e, por esse caminho, essas exigências crescem até se converterem em caprichos. Por isso, não se deve mimar a criança nem atender seus caprichos. Permiti-los costuma ser a via de formação de um futuro ditador. Devemos, sim, dar amor e amparo à criança, mas sempre dentro do natural, e aplaudir sempre suas ações boas, valorizando seus acertos, ainda que pequenos. A criança deve viver, dentro do possível, num ambiente tranqüilo, de alegria. Alegria que não significa agitação nem euforia. Quantas vezes pode-se ensinar brincando! A alegria deve ser tal qual uma música de fundo na vida do educando, para que ele seja incentivado a pensar e desenvolver, sem pressões, seu potencial hereditário, muitas vezes adormecido por falta de estímulos.

À criança devem ser dados conceitos reais, evitando tudo que é falso. Isto facilita correções no futuro. É importante propiciar que as crianças adquiram bons hábitos e que queiram ser boas. Evitar, também, tudo o que estimule a violência: brincadeiras, brinquedos, revistas, filmes, jogos, etc. Quando o assunto são os desvios, também vale a fórmula do mais vale prevenir que remediar.

Antes de corrigir, escutar. Parece algo tão simples, mas exige do educador consciência na hora de atuar. A impulsividade leva, freqüentemente, a um exagero na reação diante do erro do educando, sem se ouvirem antes suas razões.

Para a educação de uma criança, é imprescindível que lhe sejam transmitidos conceitos reais do que é o homem, do que é Deus e suas Leis, do que é o Universo. Os conceitos formados ao longo da vida são os orientadores da conduta. É importante que os educandos cresçam gostando da boa conduta, que se sintam felizes e estimulados, que não tenham vergonha de ser obedientes aos princípios de disciplina e de bem, sendo cumpridores, generosos, gratos, etc.

Diálogo. Conversar não é sinônimo de monólogo. Conversar constantemente vai criando confiança. O educando tem de saber que tem o direito de perguntar sempre que não entender por que deve fazer isto ou aquilo. Deve aprender a obedecer inteligentemente, ques-

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uma bala docinha?

tionando, sim, mas não mais do que o necessário; a argumentação tem de ser respeitosa, e a palavra final da autoridade tem de ser acatada.

É importante saber esperar o resultado. A mudança na conduta sempre exige um processo, e esse processo exige um tempo, maior ou menor. Evidentemente, em nenhum caso deverá ser uma espera excessiva.

Quando a criança comete um erro, fica evidente que ela necessita de uma explicação, que deve chegar ao seu entendimento, e o educador tem de ter segurança do que transmite.

Elimina-se o erro com o acerto. A criança precisará saber, bem sabido, que vai experimentar muito mais satisfação fazendo o bem do que fazendo o mal. Com isso, aprenderá a ser valente, a enfrentar os erros, a não escondê-los ou dissimulá-los, a buscar o acerto. A boa colocação do educador diante do erro da criança infundirá nela confiança ante o futuro.

A correção afetuosa e amiga não constrange, não expõe a criança. Principalmente no caso de uma falta mais grave, é preciso que a criança esteja sozinha no momento da correção. (Se possível, nem mesmo outros adultos deverão estar presentes.) Esquecer isso é incorrer numa ação que deprime e humilha a quem recebe a correção. Nesse ambiente de confiança, é possível que o educando pense, reflita, para que ele mesmo, ajudado pelo docente, queira e enxergue a melhor forma de agir.

Como se vê, “a arte de educar consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo". É uma arte envolvente, complexa e profunda. Incidem nela vários fatores. Os educadores são diferentes entre si. Cada criança é única. Não há normas rígidas a serem seguidas, mas há fundamentos essenciais a serem considerados.

É de todo recomendável uma enérgica doçura. Muitas vezes, será preciso também usar da energia para corrigir a criança, mas a energia sem violência, usada com a consciência de que se está fazendo o melhor para o filho, para o aluno. É a enérgica doçura, que não pressiona ninguém, que estimula a fazer. Usar esta técnica exige, por parte de quem educa, um controle dos próprios pensamentos: ser sereno, ter tato, ser firme, medir o tom de voz... O afeto nos faz dar, após uma correção às vezes severa, uma palavra doce de compre-ensão e carinho, para que os racio-cínios feitos penetrem e se fixem. Depois do remédio amargo, quem não aprecia

Os elementos aqui expostos representam uma parte apenas da ampla concepção da Pedagogia Logosófica. Não são – fica claro! – aplicados isoladamente. Misturam-se e complementam-se na aplicação diária e objetivam formar um ser humano feliz e consciente de sua responsabilidade diante da própria vida e diante da sociedade em que vive.

* Bacharela e licenciada em Letras, Línguas Neolatinas pela UFMG / Assessora Educacional do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

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Criando

defesas para a

mente Lúcia Maria Soares de Andrade*

A Logosofia assinala que nunca, como nos tempos atuais, foi tão necessário, útil e instrutivo o conhecimento das defesas mentais que cada indivíduo pode instituir, para preservar-se dos males que constantemente ameaçam sua integridade física, moral e espiritual defenderem dos pensamentos negativos da época, ensinando e estimulando atitudes que contribuam para a constante superação de suas condutas, com repercussão positiva em suas vidas e no exemplo que poderão oferecer aos demais?

É certo que pensar no futuro das crianças e adolescentes sempre promove, em pais e educadores, uma grande apreensão. O cenário no qual se desenvolverão essas vidas que tanto dependem de nossa ação educativa se mostra, nos tempos atuais, muito pouco alentador, ao caracterizar-se pela presença de mil fatores adversos, perigosos, e por uma indissimulável ausência de valores éticos e morais.

Como educar para a vida, tendo em vista valores permanentes e não apenas aqueles valores que contemplam as necessidades ou os estímulos do momento?

Como proteger as crianças e adolescentes dessa realidade que os cerca e na qual terão de saber viver, sem que incorramos no seu cerceamento, sem criar os filhos ou alunos numa redoma? Como prepará-los para se

A Logosofia assinala que nunca, como nos tempos atuais, foi tão necessário, útil e instrutivo o conhecimento das defesas mentais

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que cada indivíduo pode instituir, para preservar-se dos males que constantemente ameaçam sua integridade física, moral e espiritual. Tais defesas se situam além dos conhecimentos curriculares, definindo-se como recursos de efeitos positivos e instantâneos. Sua posse e utilização consciente pela pessoa dependem de conhecimentos que ela venha a adquirir de sua realidade interna. Esses conhecimentos, unidos ao uso da faculdade de pensar, permitem que ela conheça seus próprios pensamentos, saiba selecioná-los para servir-se dos melhores, criando pensamentos próprios em vez de usar sempre dos alheios. Ao fazê-lo, estará de posse de uma chave para dominar seu campo mental e estabelecer suas defesas mentais, protegendo a si mesma onde quer que se encontre.

Dentre os inúmeros recursos da Pedagogia Logosófica que podemos utilizar em benefício da criação das defesas mentais, destacamos os seguintes:

pensar;

Ao apresentar às crianças e adolescentes, numa medida justa e inteligente, a realidade do mundo interno de cada um, a Pedagogia Logosófica estimula a melhor conduta, o cultivo dos valores morais e éticos A formação de defesas mentais deverá iniciar-se ainda na infância. Isto significa que a ação educativa que conduz a esse fim deve penetrar no mundo interno da criança e do adolescente. O ser em formação precisa compreender o mundo que o cerca, saber analisá-lo, saber o que fazer por vontade própria diante de todas as situações, saber por que deve ou não acatar tal ou qual norma ou orientação.


No terreno de tais realizações pedagógicas, o cultivo do conhecimento transcendente adquire um significado especial. Saber como pensar e ensinar como pensar no Criador, na Criação, no ser humano e sua configuração interior enseja uma progressiva e constante ampliação do conceito de vida por parte da criança e do adolescente. Permite, por esse caminho, que cada um consiga traçar com mais acerto seus objetivos. O bom e estimulante futuro que todos almejam para si já não estará em perigo diante da realidade dos desvios em que a humanidade se encontra atualmente, num mundo imerso em conflitos e infeliz.

A Pedagogia Logosófica, além de oferecer os recursos para a correção da conduta, atua na prevenção do erro. Ao apresentar às crianças e adolescentes, numa medida justa e inteligente, a realidade do mundo interno de cada um, estimula a melhor conduta, o cultivo dos valores morais e éticos. Ensina a ver que todos possuem, em potencial, os recursos para superar suas limitações, dando-lhes condições de desenvolver esses recursos e enfrentar os desafios da vida com mais valentia e segurança.

*Graduada em História UPIS – BSB / Pós-graduada em Administração Escolar UNIVERSO – BSB / Diretora do Colégio Logosófico – Unidade Brasília


O valor de uma

pedagógico

explicação

Graciela Ranieri de Castro Ribeiro*

Eu observava aquela mãe que seguia com os olhos sua criança bem novinha, brincando livre e confiante naquele jardim onde normalmente havia lagartas. Num dado momento, não podendo mais se conter, veio a advertência, num tom de voz acima do habitual: – Filhinha, cuidado com as lagartas! Imediatamente, a criança correu na direção da mãe, estampando na fisionomia um grande susto.

O episódio me fez recordar uma das diretrizes que a Pedagogia Logosófica apresenta a quem se dispõe a educar-se para, então, poder educar outro ser: um filho, um aluno... Refere-se à atenção que se deve dar às causas – muitas vezes em nós – das nossas atuações docentes e aos efeitos que elas produzem.

apontaria para um cuidado que esclareceria uma situação, que ensinaria uma defesa. Deve-se sempre ter em conta que a mente da criança é muito sensível. Nela, as imagens que o adulto oferece fixam-se com extrema facilidade. No caso do quase-grito da mamãe, pode-se bem concluir qual estímulo e qual conteúdo foram recebidos pela criança, assim como quando se ameaça com a repreensão do pai, com imagens do castigo, do inferno.

Por que a forma de atuar daquela mãe amedrontou a filha? Numa análise ainda que superficial do fato, percebe-se que não foi oferecido à mente daquela criança nenhum elemento de defesa. Apenas houve o alerta para um perigo: a lagarta, que ela talvez pouco conhecesse. A sugestão do medo precipitou-se e sobrepôs-se ao gesto educativo que

Oferecer às crianças diretrizes e elementos para que as faculdades da inteligência funcionem em harmonia, sem agitação ou abalo, sem sugestões negativas, é uma tarefa desafiadora que se apresenta para os adultos. Tudo, principalmente as

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atuações docentes, deve contemplar o fato de que, na idade infantil, a inteligência está em pleno desenvolvimento: entendimento, razão, a faculdade de pensar... Diante de qualquer oportunidade ou situação, seja num jardim, num supermercado ou numa reunião de família, não se pode negar à criança uma explicação; explicação bem dada, sem muitos rodeios. Os conhecimentos que a criança ouve e aprende vão formando sua razão, possibilitandolhe pensar mais e melhor. Uma das tantas formas de explicar é conversar com a criança sobre fatos semelhantes ao que ela esteja vivendo, ou que tenha vivido recentemente, utilizando elementos que facilitem seu entendimento. Outra forma é ajudá-la a estabelecer relações entre os acontecimentos, levando-a a perceber que o que se faz agora terá alguma conseqüência no futuro, mesmo que este futuro que ela consiga enxergar seja daí a uns poucos minutos.

vida... e também dos perigos ocultos entre as folhas de cada dia na vida de todos nós! Tudo o que ofereçamos à criança deverá, pois, estar cercado de todo o cuidado e atenção. A Pedagogia Logosófica recomenda que devemos apresentar a ela imagens construtivas, relacionadas ao bem. A explicação, quando oportuna e adequada à faixa etária, propicia sempre elementos de alto valor para a mente. Seja criança ou jovem, a mente precisa das explicações para desenvolver-se, explicações que se transformam em matéria-prima para o trabalho mental, que habilitam o ser a chegar a conclusões e também a desenvolver o gosto pela lógica.

Outra técnica muito eficaz é levar o delicado mecanismo mental da criança a movimentar-se, por meio da análise do que ela vive, e fazer isso com imagens claras e acessíveis, com estímulos sempre positivos. As crianças gostam das explicações, diríamos mesmo que elas clamam por isso! Um docente atento aos maravilhosos resultados que ações simples como a descrita podem promover nas crianças descobre que a explicação atenua temores, defende contra excessos negativos da imaginação, ilumina inteligências, aquece e aproxima corações... Uma boa explicação, temperada com o amor da mamãe ou da professora, amplia o quadro da verdade que a criança já pode perceber e estimula nela a formosa aventura do querer saber – saber a verdade das coisas, das lagartas, das tantas belezas da

Inserir no trabalho educativo o uso das explicações, para que o educando pense e tenha elementos para ampliar seu entendimento, é fator fundamental na formação de um ser humano que saiba pensar e atuar bem na *Pedagoga pela UFMG / Professora da Educação Infantil do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

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A importância do

ambiente

escolar

na formação da

criança e do jovem Juliana Zaroni Rabelo de Morais*


A Pedagogia Logosófica preconiza que o ambiente adequado para o crescimento da criança e do jovem deve ser cálido, agradável, marcado pela compreensão e pela ausência de agressões O mundo passa por um momento crítico, em que não são poucos os sinais de declínio da cultura vigente. Cotidianamente, a grande maioria das pessoas vive sua rotina voltada para o acúmulo de capital, de bens materiais e para o desenvolvimento de hábitos e costumes que estimulam a falta de vontade, a inércia e a despreocupação em relação aos aspectos superiores da vida, como partes de um todo cada vez mais competitivo, individualista e intolerante.

Um dos aspectos apresentados pela Pedagogia Logosófica é a importância do ambiente para a formação das crianças; este deve ser propício à utilização de seu livre- arbítrio, de maneira consciente, e constituir-se num convite constante para que ela sinta vontade de contribuir para a reestruturação da sociedade em que vive. Desse modo, propiciar na sala de aula um ambiente de tolerância e de respeito, onde o afeto e a liberdade possam prevalecer nas relações, é uma maneira de transformar a escola no campo experimental de um novo modo de relacionamento.

Nesse cenário, os educadores tentam desenvolver sua atividade, visando à formação de seres que possam reagir a tal situação, estimulando não só o estudo das disciplinas que compõem o currículo escolar, mas o exercício das faculdades da inteligência e da sensibilidade, para que se tornem seres que pensem e sintam de maneira mais ampla.

A Pedagogia Logosófica preconiza que o ambiente adequado para o crescimento da criança e do jovem deve ser cálido, agradável, marcado pela compreensão e pela ausência de agressões. Dessa maneira, entende-se que a conduta docente, se marcada por atitudes gentis, equilibradas e alegres, estimula a colocação mais adequada do aluno perante os colegas e, sobretudo, perante si mesmo. Afinal, não é possível oferecer a terceiros aquilo que não se é capaz de exercitar na própria psicologia.

Porém, a tarefa não é fácil. Como “competir” com elementos que estimulam tão fortemente o consumo desenfreado, a cultura do fácil, o descrédito aos semelhantes? E tudo isso influenciando de maneira negativa a formação de crianças e jovens? Como evitar que pensamentos de violência, rivalidade e desrespeito – tão divulgados nos dias atuais – tirem força do processo educativo do aluno?

Não se deve esquecer a força que a figura docente exerce no ambiente da escola, servindo como exemplo de conduta, esforço e perseverança na busca do conhecimento

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A instabilidade mental, tão comum na juventude, perde força quando os alunos se vêem acolhidos pela escola, sentindo-se estimulados a realizar as tarefas escolares, a respeitar os companheiros e seus professores.

Entretanto, para que a harmonia prevaleça nos ambientes, apesar dos inúmeros estímulos negativos aos quais a juventude está exposta atualmente, dificultando o processo de aprendizado e a atuação docente, é fundamental que o professor exercite, em sua própria psicologia, os aspectos aqui mencionados

Estimular a organização do espaço físico da escola e o cultivo de pensamentos conciliadores, permitindo que a tolerância, o afeto e o respeito funcionem como elementos de coesão em tudo o que envolve o processo de aprendizado, é instituir um ambiente que haverá de nutrir esse processo. Permite-se, assim, a atuação da consciência, sobretudo se a mente, livre da influência de pequenos conflitos, for preservada quanto à livre atuação das faculdades da inteligência. Este esforço de organização interna tem como resultado a redução da influência do instinto na conduta dos alunos.

Ainda que isso não seja fácil, não se deve esquecer a força que a figura docente exerce no ambiente da escola, servindo como exemplo de conduta, esforço e perseverança na busca do conhecimento; é preciso que o professor seja exemplo de alguém empenhado em sua própria superação e verdadeiramente dedicado à tarefa de contribuir para a superação dos demais. Cabe ao professor estimular o aluno mediante uma postura diferenciada, inspirálo com atuações que favoreçam não só o seu processo de aprendizagem, mas também o seu próprio desenvolvimento como ser humano.

Um ambiente de serenidade, bem-estar e limpeza moral favorece a educação de crianças e jovens, permite gerar energias que proporcionem à mente melhores condições para o desenvolvimento do ser, estimulando o pensar e o sentir conscientes.

Afinal, não há tarefa que nos deixe mais felizes e realizados do que a de favorecer que os demais também possam ser muito felizes.

* Bacharela e licenciada em Língua Portuguesa e Literatura / Professora do Colégio Logosófico – Unidade Rio de Janeiro

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O poder da

observação Valéria Aparecida Mendonça*

Para a Pedagogia Logosófica, a observação é uma faculdade da mente que, bem utilizada, se faz eminentemente aperfeiçoadora das qualidades humanas, ou seja, leva a pessoa a superar tudo quanto deva ser superado, permitindo colher elementos úteis ao próprio bem e ao bem dos demais Voltando o olhar à história da humanidade, constatamos que a observação tem sido um importante recurso utilizado pelo ser humano em suas descobertas e invenções. Em diversos momentos da História, ele soube usar essa grande prerrogativa, o que lhe possibilitou extrair da Natureza – expressão da inteligência de Deus e sua maior fonte de inspiração – conhecimentos que o levaram a criar coisas maravilhosas, tanto em benefício próprio quanto no da humanidade. É impressionante o extraordinário avanço já alcançado pelo homem em todas as áreas do domínio científico e tecnológico, numa demonstração da potência da mente com que foi dotado. Por outro

lado, o descontentamento, a desorientação e a insatisfação, experimentados por muitos diante da vida, têm sido cada vez mais generalizados entre as pessoas. É uma situação que evidencia um paradoxo: apesar do progresso científico-tecnológico no campo material, esse mesmo homem nos parece cada dia mais triste e carente.


Temos de lembrar que, lamentavelmente, muitas das conquistas da ciência e da tecnologia constituem, hoje, perigos que atingem muitos, em especial nossas crianças e jovens. Diante disso, é natural que algumas reflexões venham a nossa mente: Por que muitas descobertas e invenções, ao invés de colaborarem para a felicidade do ser humano, têm trazido a ele tantos problemas? Se o benefício desses avanços era tão evidente, e se os esforços empreendidos obedeceram a inspirações quase sempre tão nobres, o que faltou? Será que o erro está na tecnologia? Na ciência? Ou no uso que fazemos de seus frutos? Novamente, temos de fazer prevalecer a observação, mas a observação conscientemente praticada, dirigida desta vez para o

próprio ser interno, onde sempre é fácil constatar a existência de movimentos favoráveis e desfavoráveis à felicidade de cada um de nós. Vemos, ali, a presença de bons pensamentos, assim como a resistência que pensamentos antigos e negativos contrapõem ao nosso propósito de ser melhores, de fazer sempre o bem, valendonos dos elementos positivos colhidos dessa mesma observação e das demais experiências da vida.

Para que todo conhecimento cumpra seu papel fundamental de favorecer a vida do ser humano, é preciso que a observação se volte tanto para o que está fora, a Natureza e o mundo, como para a realidade que palpita dentro de nós mesmos, constituída por sistemas, mecanismos, A criança deve iniciar-se no aprendizado da utilização da observação de forma ampla, ou seja, observando com os olhos voltados para fora e para dentro, encontrando nesse poder um dos elementos fundamentais para uma vida realmente produtiva e feliz


energias, recursos, etc. Essa realidade interior não pode estar dissociada do mundo que nos cerca, e nosso olhar deve conduzir a observação e a inteligência nas duas direções. É essa observação dos fatos e coisas do mundo íntimo que nos facultará a utilização, em benefício próprio e de todos, dos conhecimentos que tenhamos adquirido.

A isso devemos acrescentar que as observações efetuadas sobre os demais devem também contribuir para o nosso melhoramento individual, pois da observação justa e inteligente surge a capacidade para corrigir os próprios defeitos. Cada semelhante se converterá num espelho no qual cada um haverá de ver projetada sua imagem.

A criança tem, desde a mais tenra idade, a faculdade de observar muito desenvolvida. Com que facilidade e rapidez ela percebe qualquer novidade no espaço que a rodeia, atentando para detalhes da nossa forma de vestir, de pentear, ou para aspectos de nossa fisionomia... Cabe a nós, educadores, contribuir para o aprimoramento dessa observação, a fim de que ela cumpra finalidades superiores em termos de aperfeiçoamento individual. Que a criança aprenda, também, a voltar esse olhar para dentro de si mesma, que se encante com as maravilhas que ali podem ser observadas e conhecidas, assim como se encanta com a cena de um animalzinho cuidando de sua prole ou com o desabrochar de uma flor.

Dessa forma, a observação possui uma função específica: para a Pedagogia Logosófica, trata-se de uma faculdade da mente que, bem utilizada, se faz eminentemente aperfeiçoadora das qualidades humanas, ou seja, leva a pessoa a superar tudo quanto deva ser superado, permitindo colher elementos úteis à prática do bem, a começar pelo bem que se faz a si mesmo. A observação é também uma faculdade que alimenta as demais, oferecendo a elas muitos elementos que favorecem o seu movimento, como é o caso das faculdades de refletir, entender e pensar. A criança deve iniciar-se no aprendizado de sua utilização de forma ampla, ou seja, observando com os olhos voltados para fora e para dentro, encontrando nesse poder um dos elementos fundamentais para uma vida realmente produtiva e feliz.

Um outro aspecto da observação diz respeito ao grande valor que ela adquire na convivência com os demais. Quando somos capazes de perceber na fisionomia do semelhante aquilo que ocorre em sua intimidade, colocamo-nos em sintonia com seu pensar e sentir, podemos ser mais bondosos em nossos julgamentos, mais estimulantes em nossas ações.

* Pedagoga pela UFGO / Especialista em Orientação Educacional UFGO / Pós-graduada em Matemática UFGO / Diretora Pedagógica Geral – Unidade Goiânia

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Reflexões sobre o desafio de educar as novas

gerações

Liara Sia Moreira Salles*

adquire maior transcendência e se transforma em uma grande oportunidade.

Educar as novas gerações constitui, cada vez mais, um desafio, pela complexidade de fatores que interferem no dia-a-dia das crianças e jovens e – por que não? – também no cotidiano dos pais e professores. Afinal, estamos num período de franca decadência de conceitos e valores em todo o mundo...

Nossos filhos ou alunos, como seres humanos, valem muito mais que qualquer outro bem material. Ninguém diz o contrário. Sendo assim, vale indagar: se tanto nos organizamos para prover nossos lares e nossas escolas dos itens materiais mais apropriados, como temos nos organizado para educar nossos filhos e alunos? Que temos feito para ir além dos aspectos físicos ou da formação acadêmica, atendendo ao educando em sua configuração física, psicológica e espiritual?

O desafio de educar nossas crianças e jovens é, pois, altamente instigante! Com ele, a vida nos traz inúmeros motivos para observar, pensar, refletir, aprender sempre. Vida é luta que move à ação, à conquista, e, por isso mesmo, o desafio de educar

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Onde estamos? Temos de saber sobre nós mesmos. Onde estamos nós, educadores, e onde está a criança ou o jovem que queremos educar? Segundo sejam nossa capacidade, nossos recursos e, com base nisso, nosso empenho na ação educativa, assim será a influência que poderemos exercer sobre o educando

Para a Logosofia, essa questão abre o cenário da verdadeira educação, e, para atendêla, precisaremos de um plano de ações em todos os sentidos. Três pontos são essenciais e se destacam neste plano: 1.º) Aonde queremos chegar – qual é a imagem do ser humano ideal para nós. 2.º) Onde estamos – é o ponto de partida, consistindo, por um lado, na nossa própria realidade; por outro, na realidade biopsicoespiritual do educando, criança ou jovem, sem deixar de considerar um só instante os diversos fatores externos que também fazem parte deste onde estamos, que são os ambientes em que vivemos (no lar ou na sociedade em geral), os acontecimentos mundiais, as adversidades ou fatalidades que podem ocorrer, entre tantos outros.

Sabendo aonde queremos chegar, ecer precisamos conh para nossas condições ho, percorrer o camin conhecer nossa medida

3.º) Com que contamos – os recursos para irmos de um ponto a outro, de onde estamos até aonde queremos chegar.

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Iniciemos refletindo sobre o objetivo: aonde chegar. Qual é o objetivo da educação que vamos oferecer? Como é a imagem ideal do ser humano que queremos ajudar a formar? Queremos educar um ser humano para que seja bom, eficiente e muito feliz! Sabemos que ele tem de ser valente, generoso, inteligente, sensível... E o que mais? Precisa ser também um bom profissional, um bom pai ou mãe de família, um cidadão correto, alguém útil à sociedade e a si mesmo... Realmente, queremos contribuir para a formação de um indivíduo muito bom; se fosse possível, quase perfeito! Entretanto, considerando que não somos educadores perfeitos, o que podemos e devemos fazer é educar uma pessoa que queira aperfeiçoar-se, e aperfeiçoar-se em termos integrais; que queira ser melhor em tudo, que considere a vida como um todo, que a

considere como um campo experimental para o próprio aperfeiçoamento; que também queira servir à humanidade, fazer o bem, porque esta é uma exigência natural do espírito humano, uma exigência que tem muito a ver com a moral, a ética e a felicidade.

Temos de saber sobre nós mesmos. Onde estamos? Onde estamos nós, educadores, e onde está a criança ou o jovem que queremos educar? Segundo sejam nossa capacidade, nossos recursos e, com base nisso, nosso empenho na ação educativa, assim será a influência que poderemos exercer sobre o educando. De quais recursos dispomos? Que modalidades possuímos? Que tempo temos para essa tarefa? Sabendo aonde queremos chegar, precisamos conhecer nossas condições para percorrer o caminho, conhecer nossa medida e, se esta for insuficiente, saber o que devemos fazer para ampliá-la.


A escola de nossos filhos também deve ser escolhida com o necessário cuidado, com a consciência dos objetivos que queremos alcançar.

E onde nosso educando está? Como ele é? É uma criança, um adolescente? O que já sabemos sobre a constituição psicológica e espiritual de um ser humano nessa ou naquela idade? Como é o NOSSO filho, o NOSSO aluno? Como é sua realidade interna, sua mente, sua sensibilidade? Segundo a realidade observada, levantaremos nossas estratégias educacionais visando o ideal a alcançar.

É preciso recordar que estaremos escolhendo com os olhos sempre postos na imagem ideal, ou seja, aonde queremos chegar! É preciso também ter em conta o mundo onde vivemos, com tudo o que ele apresenta como fatores positivos e negativos que influem na educação da infância e da juventude. Os olhos do educador precisam estar sempre bem abertos a tudo que ocorre, para trabalhar com cada um dos aspectos oferecidos pelo mundo. E, nesse mundo, estão os amigos de nosso educando, os quais, especialmente na adolescência, são reais companheiros e podem colaborar ou dificultar a ação educativa que queremos desenvolver.

E chegamos ao terceiro ponto de nosso plano: o que se refere aos recursos com que contamos para ir de onde estamos até aonde queremos chegar. Afinal, quais são os recursos docentes, as técnicas, que podemos utilizar para responder bem a este desafio de educar? PECOTCHE, no livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, ensina como identificar e classificar as nossas próprias falhas caracterológicas. Explica que algumas deficiências psicológicas podem ter origem congênita, na própria herança, ou surgir por dificuldades experimentadas na infância, por omissões ou erros no processo educativo. Aprendendo a identificar em nós tais deficiências, podemos não só debilitá-las, mas também observar com superior eficiência como elas influem em nossos educandos, para ajudá-los de maneira mais eficaz. Por conseguinte, o primeiro passo é o trabalho que o educador realiza em si mesmo.

No trabalho com o conhecimento transcendente, um recurso muito destacado é o do uso de imagens analógicas, que favorecem a compreensão do que se quer ensinar 31


conjunto, pelos próprios alunos, vale destacar:

Não há receitas nem medidas únicas; nossa atuação deve ser equilibrada e ativa, sempre inspirada em conhecimentos reais. É preciso dar muitos elementos e ensinar a pensar. Nossa atuação educativa não precisa ser tão forte como um holofote, a ponto de atordoar com sua luz intensa e impedir que os educandos caminhem com as próprias pernas, nem tão tênue como a chama de uma vela, dificultando a visão do caminho que precisa ser seguido. Equilíbrio! Aí está uma das palavras-chave em educação!

Fizemos uma analogia da amizade com o ímã. Se quisermos ter bons amigos perto de nós, temos também que ser bons, alegres, educados e simpáticos. Aprendemos que a amizade é muito importante na vida das pessoas. Pensamos em nossos amigos e nas coisas boas que fazemos com eles. Estamos descobrindo que, para os nossos amigos ficarem felizes, devemos cultivar o respeito no trato com eles.

Outros recursos oferecidos pela Pedagogia Logosófica, de suma utilidade, dizem respeito à correção dos erros. Entre os conceitos trabalhados está o de redenção de si mesmo. Os erros são naturais no processo de aperfeiçoamento, mas têm suas implicações e responsabilidades. É preciso ensinar às crianças e aos adolescentes que cada um pode e deve ser seu próprio redentor. Que saibam que dentro de si mesmos está a possibilidade de cometer cada vez menos erros, o que já é um princípio de redenção. Em seguida, surge a prática regular de ações acertadas, baseada na

Entre as leis que fundamentam a Pedagogia Logosófica, está a Lei de Analogia. Por isso, especialmente no trabalho com o conhecimento transcendente, um recurso muito destacado é o do uso de imagens analógicas, que favorecem a compreensão do que se quer ensinar. Num trabalho realizado com alunos de 6 anos, por exemplo, que apresentavam dificuldades naturais de convivência entre si, foram enfocados os conceitos de amizade e de simpatia. Entre os registros realizados em

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Lei de Repetição. Este, por sinal, é outro princípio relevante da Pedagogia Logosófica: repetir o que se quer ensinar com inteligência, com criatividade, repetir superando a vez anterior! Algo que também merece destaque se refere à administração consciente dos estímulos positivos. Que nossa ação educativa se oriente sempre pelo estímulo, e não pela repreensão, feita geralmente com palavras bruscas e violentas. A tendência comum é dar mais ênfase aos erros do que aos acertos. Pergunte-se quanto tempo é gasto no comentário sobre uma prova escolar quando o filho chega com um resultado negativo. E quanto tempo é dedicado aos comentários, quando ele obtém sucesso? Quanto tempo gastamos com os parabéns? A ênfase deve recair nos acertos: nos nossos, nos dos alunos e nos dos nossos filhos. Assim, tais acertos passam a ser fonte de novos estímulos, podendo ser repetidos e aperfeiçoados.

E, quando chegam os acertos, é importante ensinar à criança e ao jovem que não devem ser egoístas, guardando esse ouro só para si. Eis aí outro estímulo: o de estender o bem aos demais, ou seja, ensinar o que se aprendeu. Além de influir no cultivo de valores psicológicos e morais, tal procedimento ajuda na fixação do que foi aprendido. Aprender generosamente, como assinala a Pedagogia Logosófica, é muito estimulante e também constitui um dos trabalhos relevantes que se realiza no Colégio Logosófico, onde as crianças, desde pequenas, e os adolescentes são estimulados a ensinar o que aprendem.

A Logosofia oferece conhecimentos para que sejamos melhores educadores, e começa por nos ensinar a realizar em nós um processo de lapidação interna. É esse processo que queremos ver como realidade em nossos alunos, em nossos filhos, pela convicção de que nesse caminho irão conquistando a verdadeira felicidade!

* Pedagoga pela UEMG / Especialista em Psicopedagogia / MBA em Gestão de Instituições Educacionais pela PUC / Diretora Pedagógica do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH / Vice-Coordenadora do Colegiado do Sistema Logosófico de Educação

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Ensinando mas não

a ser

bom,

ingênuo

Simone Castro de Miranda Raposo*

Afinal de contas, como ensinar a ser bom num mundo povoado de maldades?

Certa vez, ao preparar-me para uma conversa com pais de alunos adolescentes sobre o que é ser bom nos dias de hoje, repassei mentalmente algumas das muitas perguntas que as pessoas têm sobre esse assunto. Perguntas embaraçosas, muitas vezes, como estas: Afinal de contas, como ensinar a ser bom num mundo povoado de maldades? E essa história de fazer o bem sem olhar a quem, quanto vale? E quanto vale ser bom? O simples ato de não fazer o mal significa que estamos quites com as leis da consciência, ou as leis da vida?

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Mas as dificuldades das pessoas vão além: O bem é uma invenção do homem ou um mandado divino? E o mal? Um e outro são relativos? Como ensinar nossos filhos a ser generosos, pessoas de bem, sem fazê-los resvalar para a ingenuidade? No frigir dos ovos, o que é mesmo ser bom?

de esboçar um gesto de bem, a fórmula inteligente do ser bom sem cair na ingenuidade. Referimo-nos ao conhecimento que a pessoa pode ter de seu mundo interno, a começar pelo conhecimento da própria mente, pois é nela que as atuações boas e más têm seu berço.

Sabemos que só boa intenção – ainda que seja muito boa – não basta. Fazer o bem exige conhecimento. É definitiva a lição que avulta na história de quem sai pela floresta em busca de uma planta medicinal que não conhece, com a bondosa intenção de curar a outrem. A seguir dependendo de boas intenções, sem o respaldo do conhecimento, o doente seguirá com a doença.

Mas esse voltar os olhos para o mundo interno, como tudo mais, exige conhecimento. Se aprendermos a fazê-lo conosco, certamente saberemos fazê-lo com nossos filhos.

Causas do bem e do mal que fazemos. A um adolescente que certa vez me procurou, entristecido, dizendo que os colegas não quiseram incluí-lo num grupo de trabalho, perguntei: Mas por que fizeram isso? Com o conhecimento que eu já tinha das características psicológicas mais marcantes desse adolescente, pude conduzilo com reflexões até um exame sincero e valente de sua conduta.

Conhecimento do mundo interno. Mas que tipo de conhecimento é necessário possuir para fazer o bem? Das matemáticas? Sim. Sem esse conhecimento, o engenheiro não pode fazer os cálculos para a construção de tantas coisas. Conhecimento de geografia? Também. A menina que previu o tsunâmi, ao recordar-se do que havia aprendido na escola, salvou muitas vidas. E o que falar do bem trazido ao mundo pelos conhecimentos da medicina, da informática, da mecânica, etc.?

“Todo gesto generoso, todo oferecimento de ajuda, ainda que nas coisas mais simples, cultiva a simpatia e desperta sadias reações de amizade e sinceridade”

Mas há uma outra categoria de conhecimentos que é imprescindível cultivar. São eles os que habilitam a pessoa a discernir entre o bem e o mal, a determinar, a cada passo, a medida certa de uma conduta, o momento adequado para uma palavra, a forma eficaz

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Num lindo esforço, ele identificou em si a causa principal de tudo, uma causa interna. Reconheceu ter o hábito de brincar enquanto todos trabalhavam, de ser quase sempre impontual, indiferente quanto ao aprendizado, preocupando-se tão-somente com o resultado final: a nota que seria distribuída.

pedagogia é pródiga no estímulo dado à alma juvenil para a vivência consciente do sentimento de camaradagem, do afeto fraterno, da bondade verdadeira, que não se confunde com o sentimentalismo ou com a ingenuidade. Importância da edificação do futuro. É uma pedagogia que leva em conta ser "muito importante que o espírito de colaboração presida constantemente o ânimo do ser na juventude. Dulcificará, assim, a existência daqueles que o rodeiam e desfrutará, por sua vez, o bem que outros possam oferecer-lhe; para tudo isso, bastará tão-somente usar do sentimento de fraternidade humana. Todo gesto generoso, todo oferecimento de ajuda, ainda que nas coisas mais simples, cultiva a simpatia e desperta sadias reações de amizade e sinceridade”.

Chegados a esse ponto, pude ajudá-lo na formulação de um plano de mudanças, cujo modelo retirei de trabalhos análogos que eu já fizera comigo mesma, orientada pela Pedagogia Logosófica. A técnica de mergulhar nos exige, sempre, um conhecimento, seja em águas que nos prometem ostras ou emoções, seja no mundo interno próprio, onde estão as causas do bem e do mal que fazemos com nossas palavras, nossos gestos e ações. Raciocínios vigorosos e férteis. Outro ponto importante nesse afã pedagógico é o de ensinar a pensar. Quem pensa não é ingênuo. Quem possui mais conhecimentos pensa melhor. É o caminho traçado pela análise do vivido, pela reflexão sobre o observado, pela solução dos porquês.

Crianças e adolescentes necessitam sempre de estímulos sadios e nobres, vindos de quem já os tenha; necessitam de raciocínios vigorosos e férteis sobre sua conduta, vindos de quem já aprendeu a fazê-los. Nos dias que correm, é cada vez mais urgente orientá-los sobre as experiências instrutivas das lutas diárias, sobre o modo de conduzir-se e, principalmente, sobre a importância que a edificação do futuro tem para eles mesmos e para a sociedade.

Mas, para ensinar isso, também temos que, primeiro, aprender. É necessário o conhecimento para que exercitemos nosso pensar e ensinemos esse exercício, com eficiência, aos menores. E tudo começa com a distinção entre o ato de pensar e os pensamentos como entidades autônomas, como ensina a Logosofia, cuja

* Pedagoga UEMG / Assessora Educacional do Ensino Médio no Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

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Os estímulos ea

formação do

caráter Mayra de Castro Miranda Araújo*

Os primeiros estímulos que a criança recebe gravam-se em sua retina mental com muita intensidade, porque sua mente é terra virgem e fértil. E, se esses estímulos se repetem com freqüência, vão contribuindo para a formação do seu caráter, influenciando toda a sua vida!

Caráter em formação. Como podemos conceituar o caráter? Qualidade inerente a uma pessoa? Conjunto de traços psicológicos? Modo de ser? Temperamento? Índole? E, quando dizemos formação do caráter, a que nos estamos referindo? Podemos influir na formação do caráter de alguém, de um aluno? Ou será que todos nascemos com o caráter já definido, sendo, portanto, imutável? Pensamos que não. Sabemos que podemos mudar, que nossos alunos, nossos filhos, podem mudar, e encontramos na Pedagogia Logosófica elementos inestimáveis para favorecer, para orientar essa mudança. Entretanto, cabem aqui outras perguntas: Temos o direito de interferir na formação do caráter de uma criança, de um adolescente, ou isto significaria moldar esse indivíduo? É possível favorecer uma mudança positiva sem moldar, sem limitar? E ainda: Na criança o caráter está em formação, mas... e no adolescente?

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Bens preciosos. Para responder a essas perguntas, é preciso considerar a constituição biopsicoespiritual do ser humano. No momento de nascer, cada pessoa tem, latentes em si mesma, impressas em sua herança individual, as características conquistadas até aquele instante, assim como as prerrogativas inerentes ao seu grau de evolução. Essa herança é como se fosse um grande arquivo onde são guardados os bens espirituais, conquistados nas diversas etapas de sua existência.

entulhos ou – quem sabe? – usufruir os bens preciosos que guarda. Seria uma equação mais ou menos assim: Ser humano (educando) = herança individual + estímulos que recebe (no lar, na escola, nos relacionamentos e na vida em geral)

Cada termo dessa equação tem um valor específico e único. Esta realidade pode ser observada com clareza num lar com mais de um filho: cada um tem sua herança, sua modalidade, e, se somarmos a essas características os mesmos estímulos, os resultados serão diferentes! Podemos, ainda, acompanhar situação diversa: crianças com potenciais parecidos e que recebem estímulos diferentes apresentam, posteriormente, resultados bem diferentes também.

A partir daí, esse potencial – com o qual todos nascemos – será influenciado constantemente pelos estímulos que recebe e, conforme seja sua índole, positiva ou negativa , esse potencial vai se enriquecendo ou desvanecendo. Podemse acrescentar valores ao grande arquivo, multiplicá-los ou deixá-los como em sua origem; podem-se ainda colocar nele apenas

Herança que deve ser conhecida e respeitada Veremos melhor essa realidade fazendo uma analogia entre o que acontece a uma planta e a uma criança ou adolescente:

Na planta

Na criança/No adolescente

Em sua semente encontram-se impressas as características individuais de sua espécie, suas possibilidades...

Em sua herança encontram-se impressas as características individuais, suas modalidades, possibilidades...

Influem no seu crescimento:

Influem no seu desenvolvimento:

solo onde é plantada a luz que recebe a água o adubo as pragas os controladores das pragas as podas etc.

ambiente do lar, da escola as orientações que recebe o que ouve e vê conceitos que vão formando seu caráter as más influências que recebe as repreensões e correções os limites que lhe são impostos etc.

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positivas, por sua vez, podem solidificar-se, ser superadas e enaltecidas ou, lamentavelmente, podem também se perder.

Analisando uma planta, constatamos que todos os fatores podem influir no seu crescimento; entretanto, nenhum deles pode ir além das possibilidades impressas na semente original, é um crescimento condicionado às características da semente. Não há como, por mais adequadas que sejam as condições, fazer nascer uma laranjeira de uma semente de maçã, por exemplo; mas podemos, sim, favorecer o surgimento de uma macieira linda e forte, ou deixar crescer uma outra, anãzinha, fraca, que venha a dar poucos frutos... Isso vai depender dos elementos que envolverem o cuidado com a planta.

Portanto, os estímulos que a criança e o adolescente recebem são decisivos no desenvolvimento de suas tendências. Esses estímulos são importantes nas duas fases da vida do ser humano e até mesmo em nós, adultos; mas, na criança, os estímulos exercem um fator especial, pois todas as coisas a impressionam profundamente, de tal forma que, segundo sejam os estímulos, assim serão as reações que apresenta. Já no adolescente, no jovem, no adulto, as coisas repercutem de forma e intensidade diferentes.

Detendo nosso olhar na coluna correspondente à criança e ao adolescente que estão sob nossa responsabilidade, veremos, analogamente, uma herança que deve ser conhecida, respeitada, que determina certas características e possibilidades. Não há como exigir uma mudança que fuja à modalidade expressa na herança de alguém, mas vemos um campo de atuação rico e de suma importância para a construção do futuro de cada indivíduo, isto é, para esta planta em que cada um se vai transformando ao longo de muitas primaveras... No espírito humano há ainda a possibilidade de se realizarem transformações extraordinárias, capazes até mesmo de dar nascimento a uma nova linha genealógica.

A repercussão dos estímulos varia de acordo com a idade e as características psicológicas do indivíduo que está sob nossa influência; assim como acontece com uma planta, a criança é aquela mudinha bem delicada que pode murchar com apenas uma breve exposição ao sol forte, pois ela possui uma região mental e outra sensível muito sutis.

Cada criança e cada adolescente devem receber estímulos segundo sua necessidade, sua modalidade e capacidade

Região mental e sensível muito sutil. As tendências negativas trazidas como herança tanto podem ser corrigidas, amenizadas, como podem arraigar-se. As

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Podemos tomar um outro exemplo: Que diferença existe nas repercussões da falta d´água numa mudinha e numa árvore já formada? Certamente, uma diferença enorme! Voltando-nos aos humanos: Representa o mesmo para uma criança pequena ou para um ser adulto assistir, por exemplo, a uma discussão entre seus pais? Os primeiros estímulos que a criança recebe gravam-se em sua retina mental com muita intensidade, porque sua mente é terra virgem e fértil. E, se esses estímulos se repetem com freqüência, vão contribuindo para a formação do seu caráter, influenciando toda a sua vida!

Estímulos naturais. Do acervo da Pedagogia Logosófica, colhemos o seguinte: “Desde o princípio até certa idade da vida – e muitas vezes até o fim – sempre haverão de predominar os primeiros estímulos, que se prolongarão pela ação de outros estímulos similares que o próprio caráter vai atraindo pela força do hábito.” Por esse motivo, a fase da infância é tão especial para a vida. Deve merecer dos pais e educadores uma atenção muito particular, o maior cuidado, o maior zelo, a maior delicadeza no trato, a maior dedicação, para que os primeiros anos se fixem como fonte de inspiração para os anos que se seguirão. Que tipo de estímulos as crianças devem receber? E os adolescentes? A Pedagogia Logosófica orienta no sentido de que esses estímulos sejam sempre naturais, positivos, nunca artificiais ou negativos.

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Estímulos negativos. Que exemplos de estímulos negativos podemos citar?

5. Relatar histórias de meninos que querem ser bons, falar de exemplos de benfeitores.

1. Achar graça nas coisas erradas que a criança faz.

6. Fazer referências às coisas boas que desfrutamos e à gratidão que devemos cultivar por elas.

2. Fazer comentários depreciativos sobre pessoas a quem ela deve respeitar.

7. Analisar e valorizar os acertos. 8. Estudar situações observadas em outros seres, mas que podem ser vivenciadas por todos nós, estabelecendo em sua mente pensamentos já pensados.

3. Ceder a seus caprichos. 4. Ameaçá-la ou atemorizá-la de diversas formas: Vou contar pro seu pai!; Desse jeito você vai perder o ano; Vou levá-lo pra tomar injeção; Lá vem o guarda...; A professora é brava!...; Já, já, você vai para a Diretoria; Da próxima vez, você leva uma suspensão...

Entretanto, será que esta classificação dos estímulos – positivos e negativos – está correta? As coisas acontecem sempre desta forma? O estímulo positivo é sempre positivo? E o negativo é sempre negativo? Existem alguns que sempre são negativos ou positivos em quaisquer circunstâncias, mas é certo que cada criança, cada adolescente, deve receber estímulos segundo sua necessidade, sua modalidade e capacidade. Daí a importância de que o adulto responsável sempre pense o que é melhor em cada circunstância.

Poderíamos comparar esses recursos aos agrotóxicos: resolvem o problema na hora, mas deixam graves conseqüências! 5. Tratá-la com violência, seja com palavras, com o olhar ou mediante as imagens que lhe são oferecidas na escola ou no lar, na televisão... 6. Permitir que assista a cenas e filmes inadequados, que veiculam imagens terríveis do mal como sendo normais. Estímulos positivos. E que exemplos de estímulos positivos podemos recordar?

É preciso pensar nessas delicadas e preciosas plantinhas que são nossas crianças, esses seres que cada um de nós tem sob sua responsabilidade

1. Observar tudo de belo que existe à sua volta: a Natureza, as boas atuações de outras pessoas. 2. Estimular a busca de ideais. 3. Oferecer-lhe bons exemplos de toda ordem, como o entusiasmo e o gosto pelo trabalho, a alegria de viver e a boa disposição diante das lutas. 4. Estimular o saber olhar para dentro de si mesmo ao analisar o que vive.

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Delicadas e preciosas plantinhas. Bem, nossos educandos, sejam alunos ou filhos, passam muitas horas em nossa companhia. E quanto amor lhes dedicamos! O que temos feito por eles? O que mais podemos fazer para ajudálos a enriquecer sua bagagem interna, para contribuir mais na formação do seu caráter? Voltando a uma das perguntas feitas no início deste artigo: Podemos e devemos oferecer muitos estímulos positivos ou isto seria moldar os educandos segundo nossos critérios?

Em uma turma de alunos (adolescentes de 15 e 16 anos), as professoras de Biologia e de Química desenvolveram um trabalho sobre as drogas no Brasil, que tinha entre seus objetivos o de oferecer estímulos positivos diante da vida, evitando qualquer tipo de dependência química. Foram feitas pesquisas, debates, conversas e entrevistas, e até um seminário com a presença de uma delegada de entorpecentes, uma psicóloga e um professor de Ética e Cidadania. Elas relatam o seguinte:

O que acontece a uma planta que não recebe cuidados, cuja terra não é adubada, da qual não se tiram as ervas daninhas, que vai crescendo sem orientação ou estaca para sustentá-la?

Experimentando uma grande responsabilidade como professoras, no sentido de acercar elementos a nossos alunos, debruçamo-nos com muito carinho sobre o projeto As drogas no Brasil, com a consciência de que, muito, muito mais do que uma mera pesquisa e levantamento de dados, deveríamos trabalhar no sentido de que nossos alunos do 2º ano do Ensino Médio experimentassem dentro de si mesmos a força do conhecimento dos aspectos químicos e biológicos que envolvem o uso de drogas, e também de toda questão ética e social que elas envolvem.

Pensemos em nossos discentes: se não lhes oferecermos os estímulos que julgamos adequados, outros farão isto por nós, e os resultados poderão ser muito diferentes daqueles que, em princípio, idealizamos. É preciso pensar nessas delicadas e preciosas plantinhas que são nossas crianças, esses seres que cada um de nós tem sob sua responsabilidade. É preciso pegar a pá, o ancinho, o rastelo, muito adubo, para desfrutarmos a ventura de observar, de participar dessa alquimia, permitindo que cada educando transforme e enriqueça sua herança individual, com estímulos positivos e naturais, alcançando a tão almejada felicidade!

Este foi nosso grande incentivo, inspiradas no ideal de fazer o bem, o verdadeiro bem a nossos alunos, pensando em cada qual como um ser humano que tem, em suas mãos, a possibilidade de construir um futuro muito feliz para suas vidas!

Sejamos bons jardineiros!

* Pedagoga pela UEMG / Pós-graduada em Pedagogia Empresarial / Pós-graduada em Metodologia do Ensino Fundamental I pelo CEPEMG / Mestranda em educação tecnológica CEFET-MG / Vice-Diretora Pedagógica do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

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O sublime encanto da imaginação nos primeiros anos da

infância Gizella Yamara de Oliveira Almeida*

Entre as coisas capazes de produzir um verdadeiro encantamento em nós, adultos, está o observar uma criança abraçando sua boneca com carinho, ouvindo-a dizer coisas que somente um coração de mãe sabe expressar: – Não chore, filhinha, a mamãe está aqui e vai cuidar de você... O que uma cena como esta nos sugere?

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Lâmpada de Aladim. Há na criança, desde pequenina, notável capacidade de registrar e reproduzir situações de sua vivência diária. Nos primeiros anos da infância, algumas faculdades da inteligência se destacam, por sua preponderância sobre as demais: a memória, a observação e a imaginação. Neste artigo, abordaremos algo da forte influência que a faculdade de imaginar exerce nas ações da criança. Logosoficamente, imaginação significa imagens em ação. Imaginar é, pois, um recurso precioso da mente humana, que não poucos estudiosos, escritores, pais e educadores identificaram, louvaram, usaram – e usam – para se adequarem ao gosto infantil. Para a criança, a imaginação é sua lâmpada de Aladim, sua vara de condão ou seu superpoder, que faz abrir as portas de um mundo onde tudo obedece ao menor movimento de seus sentimentos, de sua vontade ou de seus caprichos. Ali tudo pode acontecer. Com esse poder, a criança afasta-se habilmente da realidade, protegendo-se de situações que sua incipiente razão ainda não pode discernir ou compreender.

O conhecimento da configuração da mente infantil permite aos adultos, sejam pais ou professores, selecionar as imagens a serem oferecidas à criança e, mais ainda, respeitar o seu pequeno mundo particular

Poder que protege. Com que sublimes objetivos foi dotada a mente da criança de condições tão favoráveis, tanto para afastar-se da realidade quanto para reproduzir fragmentos dessa mesma realidade? Que segredos encerram tais prerrogativas? A Pedagogia Logosófica expressa que a imaginação tem, na infância, uma função protetora. Essa função permite que a criança vá, paulatinamente, se adaptando ao mundo, desde o seu nascimento até o momento em que os primeiros movimentos de seu entendimento e de sua razão – com o auxílio dos conhecimentos que vai adquirindo – possam dar à sua mente incipiente condições para compreender o mundo e as coisas que a rodeiam.

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Tal realidade deve inspirar, no adulto que a acompanha, o respeito que merece tudo aquilo que Deus criou e estabeleceu como sendo o processo natural de um crescimento sadio. Interferências nesse processo, introduzindo imagens contrárias à pureza de tudo que povoa o mundo infantil, podem desvirtuar o poder que, em princípio, protege e ampara a criança em todos os momentos de sua vida.

Pensar por si mesmo. É comum ver as crianças se relacionando com um amiguinho imaginário ou expressando em brincadeiras o reflexo de uma situação de sua vida real. É que ela usa a sua imaginação para suprir a falta de seres e de coisas reais. Desconhecendo essa realidade, corre-se o risco de estimular em excesso esse recurso da mente infantil, invalidando sua função primordial nesta etapa da vida: adaptar a criança ao mundo real, tornando menos brusco o contato de sua delicada psicologia com a realidade na qual deve viver. Com o passar dos anos, a criança amplia suas possibilidades físicas e mentais; o adulto pode ajudá-la nesse crescimento psicológico, estimulando-a constantemente a que observe, reflita, pense, aumentando assim suas energias, criando recursos para defender-se do mal e sendo capaz de fazer o bem aos demais. O conhecimento da configuração da mente infantil permite aos adultos, sejam pais ou professores, selecionar as imagens a serem oferecidas à criança e, mais ainda, respeitar o seu pequeno mundo particular, não introduzindo nele elementos estranhos à sua vida cotidiana, natural, sem artifícios. O acompanhamento amoroso e atento dessa ação educativa permite que, no decorrer dos anos da infância e da adolescência, vá surgindo o indivíduo capaz de pensar por si mesmo, e de criar, com base em elementos reais, as condições de uma vida equilibrada, tendo todo o seu potencial mental e sensível apto para torná-lo um ser humano útil à sociedade e ao mundo.

* Pedagoga pela FUMEC BH /Especialista em Psicopedagogia UEMG / Diretora do Colégio Logosófico – Unidade Uberlândia

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Os pensamentos, o

da

pensar e a formação

consciência Marinelva Bonassi Machado*

A Pedagogia Logosófica permite que a criança, desde cedo, aprenda a conhecer os pensamentos que existem em sua mente, identificando-os em suas ações. Possibilita, ainda, diferençar os próprios dos alheios, os positivos e de índole superior dos negativos, de índole inferior

Mente apta. Mas como tratar com a criança sobre algo aparentemente tão complexo quanto o pensamento? A Logosofia afirma que o universo dos pensamentos, como parte que é do mundo mental, é tão real quanto a própria realidade física. Os pensamentos são entidades autônomas, têm vida própria, migram de uma mente para outra e podem ser vistos. Podem ser vistos pelos olhos do entendimento, como o pensamento de timidez ou de entusiasmo que se desenha na fisionomia, nas atitudes ou na conduta dos seres em diferentes situações cotidianas.

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O pensar é uma faculdade da inteligência que precisa ser cultivada, o mesmo acontecendo com as faculdades de raciocinar, julgar, intuir, entender, observar, imaginar, recordar, predizer, etc

Ensinar a criança a perceber os movimentos e atuações de um pensamento em sua vida ou na vida do outro, a conhecer a natureza dos pensamentos e identificá-los, é colaborar no processo de conhecimento de si mesmo e na formação da consciência individual. Durante a infância, contrariamente ao que algumas pessoas podem pensar, ou seja, que a mente ainda é inapta para compreender certas manifestações da vida adulta, a mente pode captar e compreender, sem maior esforço, muitas dessas manifestações, pois o próprio espírito da criança facilita isso.

contra os ditadores da casa mental. Era uma luta interna, invisível aos olhos físicos. Chico era um menino muito valente! (...) Sua pequena mente já possuía grandes virtudes... (...) Quem iria vencer a luta?(...) Mais um tempo e... Chico abriu a porta. (...) Quanta alegria tinha em seus olhos! Chico tinha vencido!

O princípio consciente, para a Logosofia, inicia-se na vida da criança quando esta começa a discriminar os pensamentos do ato de pensar, quando começa a não se deixar manejar por pensamentos alheios, como vivencia o personagem Chico, do livro infantil de Zolet (p.6 – 12, 2003), nestes trechos da história Chico - o valente:

O cultivo da inteligência. Ao identificar um pensamento na própria mente, a criança, como o adulto, tem a prerrogativa de ser dona de seus atos, podendo autorizar ou não a atuação do pensamento identificado. Este conhecimento favorece o aumento dos acertos, aumentando, também, a confiança de cada um em si mesmo. Podemos dizer que é um poder que confere a seu possuidor a possibilidade de conquistar a verdadeira liberdade, a liberdade interna! A Logosofia ensina que o segredo da paz está nos pensamentos. Mudando os pensamentos, podemos mudar a vida.

Quando chegou em casa estava já sem forças para lutar contra os pensamentos que queriam mandar o Chico fazer coisas feias... Um deles era o pensamento ditador, inimigo das crianças. (...) Ele mandava o Chico pedir tudo com o grito, chorando, mandando fazer as coisas que queria, sem respeito, sem afeto e suavidade. (...) Chico lutou feito Hércules

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Identificar a atuação de um pensamento é algo diferente quando comparado ao movimento de pensar, porque este último pressupõe um processo mental, a ação de criar. Favorecer o ato de pensar na criança é um dos itens preponderantes na aplicação da Pedagogia Logosófica. Seu autor orienta para que se aprenda a pensar em momentos de alegria, de bem-estar, de otimismo e entusiasmo, não em momentos de tristeza e pessimismo, para que a faculdade de pensar cumpra seu verdadeiro objetivo: abrir possibilidades ao entendimento com a atração de pensamentos úteis, assim como com a criação de novos pensamentos. O pensar é uma faculdade da inteligência que precisa ser cultivada, o mesmo acontecendo com as faculdades de raciocinar, julgar, intuir, entender, observar, imaginar, recordar, predizer, etc. Daí a importância de uma educação que promova o desenvolvimento harmônico das faculdades mentais da criança e do adolescente,

não privilegiando determinadas faculdades – como as de memorizar e imaginar, por exemplo – , em detrimento de outras.

Olhar atento. Unido a isso, a Pedagogia Logosófica também oferece elementos imponderáveis para que possamos estimular no educando o desenvolvimento das faculdades do sistema sensível – sentir, querer, consentir, sofrer e amar –, desper-tando e ativando a sensibilidade da criança e do adolescente. Com o propósito de buscar o equilíbrio entre a cabeça e o coração, ou seja, entre a mente e a sensibilidade, o docente logosófico insere, em diferentes situações de aprendizagem, imagens mentais, analogias, perguntas e reperguntas, relatos de histórias de vida, contos e outros recursos pedagógicos, tudo o que constitui ações que permitem ao educando ampliar o seu mundo, o mundo interior em sua realidade psicológica e espiritual.

Conversamos sobre a importância de ser grato, dissemos que a ingratidão pode deixar os seres indiferentes, amargurados, sem amigos... Que a gratidão faz com que a pessoa se sinta ainda mais humana, mais próxima de Deus, mais feliz...


De um conjunto de anotações feitas por uma docente do Colégio Logosófico, retiramos o registro da vivência, transcrita a seguir, que descreve como foi realizada a correção da conduta de uma criança de 5 anos. Segundo sua professora, a pequena havia desprezado e jogado ao chão um presente que ganhara de um colega: Conversamos com a criança sobre a importância de ser grato; dissemos-lhe que a ingratidão pode deixar os seres indiferentes, amargurados, sem amigos... Que a gratidão faz com que a pessoa se sinta ainda mais humana, mais próxima de Deus, mais feliz... É o bem que responde ao bem recebido. Que, diante daquela atitude com o colega, teria de fazer algo, porque ele ficara triste e chateado. Depois da conversa, a criança fez um desenho; observei que se empenhava, inserindo muitas cores. Terminou, dobrou a folha, nos abraçamos, e ela retornou para a sala de aula. Na tarde seguinte, vi que me esperava sorridente e saltitante, na entrada da escola, e foi logo dizendo: – Ó, eu fiz para o Fulano! É uma surpresa pro meu colega Fulano, mas eu quero mostrar pra você antes. Abri o envelope, feito de papel de presente – provavelmente por ela própria –, era o desenho do dia anterior, e, junto dele, a dobradura de um coração. – Foi minha mãe que me ensinou!, disse, referindo-se à dobradura. Abaixei-me, olhamo-nos nos olhos por um instante e, felizes, nos cumprimentamos, brincando com as mãos. Estavam ali representados o exemplo de um esforço de redenção de si mesmo, um gesto de gratidão da criança pela atitude de amor ao ser corrigida, e a minha alegria pela oportunidade de estar vivendo aquele momento e ter podido colaborar comigo mesma e com aquele espírito em evolução.

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Os pressupostos da Pedagogia Logosófica exigem um olhar atento, sensível e compreensivo à formação e ao desenvolvimento do ser humano como um todo, ou seja, sobre sua conformação biopsicoespiritual. Uma pessoa vista de forma indivisível, que possui corpo, instinto, mente, sensibilidade, espírito... Um indivíduo cultural e social, que pode desenvolver sua própria individualidade; um ser com identidade, um cidadão participativo que procura melhorar o lugar onde vive e colabora efetivamente com a humanidade, começando por sua parcela mais próxima: ele mesmo!

* Pedagoga / Especialista em Fundamentos Educacionais / Mestre em Ciências da Saúde Humana / Coordenadora Pedagógica do Colégio Logosófico – Unidade Chapecó As ilustrações deste artigo são de autoria de Marlowa P. Marin e foram extraídas do livro Chico - o valente, de Jaqueline Miotto Zolet.


A formação do professor Marise Nancy Alencar*

Educar, cuidar, informar e repassar legados culturais e sociais é tarefa da sociedade e das instituições que esta mesma sociedade autoriza a fazê-lo. No caso, a escola é uma das autorizadas a cumprir esta nobre missão. Nela destacam-se dois personagens principais: o aluno e o professor, com funções definidas, ações determinadas e resultados esperados

Em toda parte do mundo tem-se falado da importância de se formar o professor. É como se, resolvido o problema da formação do profissional da educação, estivessem resolvidos todos os demais problemas. Há um pouco de engano nisso!

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Os sinais que aparecem ano a ano nos levam a entender que a escola de um futuro próximo será cada vez mais um espaço de convivência e troca de saberes; será uma escola das relações, lugar onde o aluno e o professor se sentirão estimulados a permanecer e a estender aos demais aquilo que forem capazes de realizar.

*Pedagoga pela UEMG/Especialista em Alfabetização e Educação Infantil CEPEMG/Especialista em Docência do Ensino Superior UCAM-RJ/ Mestranda em Educação Tecnológica CEFET-MG / Coordenadora Pedagógica do Curso Infantil do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários

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“A Pedagogia Logosófica é a pedagogia do bem-dizer, do bem-pensar, a pedagogia da felicidade, porque, ao mesmo tempo que ensina, faz feliz”

Uma

Perguntas como estas muitas vezes fazem parte do repertório dos educadores que já tiveram algum contato com docentes que aplicam esta Pedagogia ou que visitaram uma das unidades educacionais do Sistema Logosófico de Educação, ou que conheceram algum dos seus alunos ou ex-alunos. E sempre surgem depois da participação em cursos sobre esta forma de conceber a educação, no contato com o acervo pedagógico encontrado em livros, revistas e demais publicações da Fundação Logosófica.

palavra

final

Francisco Liberato Póvoa Filho*

Afinal, o que é mesmo a

E são perguntas cada vez mais freqüentes, e insistentes, porque não é fácil expressar ou explicar, num ato meramente discursivo, o que é e o que pode o educador realizar com o auxílio da Pedagogia Logosófica. Penetrar em seus segredos implica penetrar na própria vida, na vida própria. É necessário sentir; é de todo necessário experimentar.

Pedagogia Logosófica? É realmente uma nova forma de educar? O que ela se propõe? Em que se baseia? Que resultados já pode apresentar ao mundo?

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Não sendo isso possível, ficam as muitas evidências que a boa observação consegue captar, ao perceber, por exemplo, na fisionomia do educando, o encantamento de quem é feliz por estar se descobrindo como um ser humano cada vez melhor – melhor para si mesmo, melhor para a humanidade da qual faz parte! A base do trabalho pedagógico são os conceitos originais apresentados pela Logosofia, como o de vida, de liberdade, de defesas mentais e de pensamentos, de Deus e de Leis Universais, de conhecimento de si mesmo, entre tantos outros. A tudo isso e a tudo o mais que signifique um saber adquirido, se alia o aporte precioso que a sensibilidade humana oferece. O trabalho, pois, baseia-se em duas forças: o conhecimento e o afeto, considerado este como a expressão mais elevada e consciente do amor. Aquele que se propõe aplicar as diretrizes desta Pedagogia sente-se constantemente estimulado ao cultivo de valores internos e à prática do bem.

Os que se acham envolvidos neste trabalho são conscientes de que se encontram ainda realizando as primeiras investigações e experiências sobre uma concepção cujas vastas projeções vão muito além do já realizado pela atual geração de educadores

Entre os objetivos da Pedagogia Logosófica, adequados, naturalmente, à capacidade de cada faixa etária, podemos, na forma breve que se espera de uma revista, mencionar os seguintes:

oferecer múltiplas oportunidades para o desenvolvimento das faculdades da inteligência; ensinar o ser humano a compreender, amar e respeitar o Autor da Criação e a descobrir sua Vontade através de suas Leis; favorecer a realização, pelo educando, do conhecimento de si mesmo, do mundo mental que o rodeia e que permeia seu ser, e tudo quanto existe; despertar no educando a vontade de ser melhor, de buscar o aperfeiçoamento de si mesmo como tarefa primordial da vida; fomentar atividades úteis e o nascimento de pensamentos construtivos; possibilitar ao educando a formação do conceito da própria responsabilidade como ser inteligente e dono de uma vida que deve dignificar com o exemplo; preparar o ser humano para as altas funções da vida superior, cujo conhecimento e domínio profundo a Logosofia ensina a realizar; desenvolver no ser humano o domínio profundo das funções de estudar, de aprender, de ensinar, de pensar e de realizar, que resultará em aptidões individuais de incalculável significado para o futuro pedagógico na educação da humanidade.

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A proposta desta linha pedagógica é realizar tudo isto em meio a uma grande alegria, experimentada por quem educa e por quem é educado. Temos evidências de como esta prática tem se constituído em um grande bem para muitas crianças, jovens e respectivas famílias. Os que se acham envolvidos neste trabalho são conscientes de que se encontram ainda realizando as primeiras investigações e experiências sobre uma concepção cujas vastas projeções vão muito além do já realizado pela atual geração de educadores, mas são conscientes de que os frutos de sua ação pedagógica vão se mostrando tanto maiores e tanto melhores quanto maior e melhor tenha sido a assimilação e a prática desses novos conhecimentos. Fica aqui o convite para que os leitores conheçam mais a Logosofia e, – quem sabe? –, que muitos se unam aos educadores que a aplicam, nessa maravilhosa trilha da investigação e experimentação aberta pela Pedagogia Logosófica ao descortinar uma nova forma de conceber, sentir e viver a vida!

* Bacharel e licenciado em Geociências pelo Instituto de Geociências da UFMG/ Instrutor e Consultor em Gestão / Autor e co-autor de livros didáticos de Geografia e outros na área de Gestão de Instituições Educacionais/ Diretor-Geral do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH/ Coordenador do Colegiado do Sistema Logosófico de Educação

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Glossário de alguns conceitos que fundamentam o processo educativo logosófico Conhecimento

Deus

Sabido é que tudo o que o homem conhece, possui e faz foi retirado por ele de uma única e exclusiva fonte: a Natureza. Para tanto, utilizou-se de sua inteligência, mediante o uso das faculdades de observar e de pensar. O saber acumulado através dos tempos é o que tem tornado factível a evolução humana, como também tem propiciado a sobrevivência e a expansão do conforto do homem.

A busca de Deus é inerente ao homem, por sua natureza espiritual, e está relacionada com sua necessidade de penetrar nos grandes conhecimentos que lhe expliquem o significado da vida e da própria existência. As indagações relacionadas com este conceito são freqüentes no ser humano a partir dos seus primeiros anos e o acompanham ao longo de toda a sua vida.

Contudo, todo esse conhecimento, cultivado e transmitido através das gerações, não tem sido suficiente para tornar o homem um ser mais equilibrado, mais feliz, verdadeiramente mais humano.

Ao contemplar a imensidão do Universo, a mente humana é impelida a se perguntar: de onde vem tudo isto? As respostas a esta e a outras indagações levam à causa primeira, ao princípio regulador do universo: DEUS.

Adquiriu ele conhecimentos que lhe permitem explorar o universo, conhecer outras galáxias, porém não possui conhecimentos que lhe permitam viajar dentro de si mesmo, explorando o que existe nesse infinito microcosmo. Enfim, seus olhos e microscópios ultra-sensíveis se especializaram na ciência do mundo físico, mas ele jamais correlacionou esses conhecimentos com a sua vida interna, sua vida mental.

O homem buscou sempre sua vinculação metafísica com seu Criador. Nesta busca, tem percorrido muitos caminhos e enfrentado muitos sofrimentos, por não ter conseguido realmente alcançá-la. Crenças e preconceitos o têm impedido de atingir a razão de ser de sua existência na Terra: encontrar Deus por meio do conhecimento e da evolução.

A Logosofia é a ciência que vem preencher essa lacuna, abrindo para o homem as mais amplas perspectivas de saber, de pesquisa e de estudo de sua própria vida mental e espiritual, acercando-o de conhecimentos de ordem transcendente.

A concepção de Deus, criador de tudo quanto existe e ao qual se chega por uma única via, a do conhecimento, é fundamental no trabalho formativo do ser humano, porque liberta a mente de temores e preconceitos que limitam sua ação e a impedem de atingir seu pleno desenvolvimento.

Cultura

Liberadas as faculdades mentais, pode o homem penetrar em todos os ramos do conhecimento, que são a expressão da Divina Sabedoria, e o faz consciente de que com isto está cumprindo com o supremo mandado do Criador que o fez livre para pensar e alcançar respostas a todas as indagações que sua mente formula.

Cultura é a soma de conhecimentos, conceitos, pensamentos e idéias que dão conteúdo e corpo a uma civilização, que a evidencia por meio das mais variadas formas de manifestação, científica ou artística, nos padrões de comportamento e atitudes de toda uma sociedade. A Logosofia está dando nascimento no mundo a uma nova cultura, ativa, construtiva e reformadora, porque traz um conjunto de conhecimentos superiores que determinam uma nova forma de sentir e de conceber a vida, uma nova forma de comportamento do homem diante de si mesmo, diante dos semelhantes, da vida e de Deus.

Educação Coerente com a concepção de homem que a Logosofia apresenta, a Pedagogia Logosófica visa à formação integral do ser humano.

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A sua concepção de educação sobrepõe-se, pois, ao ensino dos conteúdos que compõem os programas oficiais para expandir-se até as esferas das necessidades espirituais do ser: o conhecimento de si mesmo, do mundo mental, das leis universais que regem a vida e o comportamento humanos, o conhecimento de Deus, aspiração máxima do homem.

primeiro, é a que oferece ao ser humano a verdadeira sensação de existir, de pensar, de amar, de ansiar pela felicidade, de aspirar a ser melhor e, principalmente, de manter vivas as inquietudes sobre Deus, sobre a vida e a morte, que, desde a infância, persistem e pressionam a inteligência.

Objetiva, assim, uma educação superior, acorde com a condição também superior do gênero humano.

Mundo A ciência logosófica descobre ao homem que o mundo físico é tão-somente uma manifestação do mundo mental ou metafísico, que o homem deve conhecer para nele identificar as verdadeiras causas de tudo o que lhe acontece, quer individual, quer coletivamente.

Funções de ensinar e de aprender O método logosófico estabelece que a função de ensinar não pode ser exercida sem antes haver o ser adquirido os conhecimentos que tornam possível o exercício dessa função, respaldando o que ensina com o próprio exemplo. No que se refere ao conhecimento da vida, afirma a Logosofia que “não se pode ensinar o que se sabe se, ao fazê-lo, não vai refletida como uma garantia do saber, a segurança que cada um deve dar com seu próprio exemplo”.

Esse mundo é tão real e palpável como o físico, e não é vedado ao homem penetrar nele, desde que o faça por meio da única via existente: o próprio mundo interno.

Professor

O ato de ensinar é, para a Logosofia, um dos mais transcendentes que pode o homem realizar. Consubstancia-se no ato de ensinar o que se sabe, o que foi aprendido com o estudo e a própria experiência, e com a posição generosa de ajudar os demais a adquirir o mesmo saber.

A Pedagogia Logosófica dá ao professor um papel principalíssimo no processo de ensinar e de aprender. Não pode ser ele um simples transmissor do saber adquirido em qualquer ramo do conhecimento, mas um ser ativo e criador que transfunde em sua ação a energia e a criatividade que o conhecimento confere, bem como o gosto pelo saber.

Evidentemente, o ato de ensinar não se circunscreve ao ensino dos conteúdos que formam os programas de ensino, mas, com eles, devem fluir os conhecimentos de ordem transcendente, que são os que atendem ao desenvolvimento mental, moral e espiritual do ser humano, e não apenas ao seu desenvolvimento intelectual.

Sua ação não pode limitar-se somente ao ramo do conhecimento que ministra, dentro do qual deve propiciar a assimilação, pelo aluno, dos conhecimentos que lhe são inerentes, por meio da atividade fecunda das faculdades que formam sua inteligência; deve expandir-se até os conhecimentos de índole superior, que são os que formam o aluno internamente e não apenas o ilustram. Este deve ser sempre o objetivo de toda ação pedagógica: formar o ser integralmente, para que possa realizar em si mesmo as altas funções para as quais foi criado.

Homem A Logosofia afirma que o homem é um ser indivisível, porém possuidor de duas naturezas: a física e a espiritual, mecanismo possível de articular-se em conjunção harmônica:

Realidade psicoespiritual da criança e do adolescente

a natureza física, dotada de um perfeito organismo com função automática e permanente à margem da vontade, com dispositivos e sistemas biológicos que atuam e se comunicam maravilhosamente entre si, e um mecanismo psicológico que se resume na alma; a natureza espiritual do homem, ou seja, a que corresponde a seu espírito, distingue-se da física pelo fato de ser incorpórea e imperecível.

A Logosofia declara que, em sua conformação psicológica, o homem está dotado de três sistemas: o mental, o sensível e o instintivo, que devem desenvolver suas atividades sob forma harmoniosa e equilibrada, em favor da sua evolução consciente. Na criança, o mecanismo psicológico está em desenvolvimento e seu caráter, em formação. Recebe grande influência do meio em que vive e sua razão, pouco menos que inativa, pela ausência de conhecimentos que a auxiliem para distinguir os pensamentos

O organismo físico, corpóreo, visível, nasce e se desenvolve como base material da existência humana. Acoplada ao físico, a natureza espiritual, invisível aos olhos, mas tão real quanto o

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geradores de sua conduta, atua tendendo ora para o bem, ora para o mal. “Durante a infância, o espírito se manifesta no ente físico ou alma da criança para preservá-la dos males que a espreitam e partilhar com ela momentos muito gratos.” A criança tudo vê com os olhos do espírito; por isto guarda, de forma quase indelével, as imagens que a impressionam, que, às vezes, reaparecem no homem como incentivos ou inspirações que iluminam sua marcha pelo mundo. O despertar da puberdade traz como conseqüência o retraimento do espírito. Isto ocorre porque, nessa idade, o instinto adquire força, surgem as paixões e o ente físico se vê, de repente, submerso em um materialismo da maior crueza. Surgem a rebeldia e a contestação, as críticas e ironias, os devaneios e ilusões, os estados extremos de alegria e de tristeza, a insegurança e a desconfiança diante do futuro e dos adultos. A Logosofia declara que é possível neutralizar-se a influência do instinto durante a puberdade e evitar que anule a do espírito. Conhecendo o papel que o espírito individual exerce durante a infância e a adolescência, a educação logosófica preocupa-se em favorecer suas manifestações tutelares. Este conhecimento básico permite ao docente preservar a criança de preconceitos, de crenças e de toda idéia sugestionante e inibitória que atente contra o normal desenvolvimento de sua natureza pensante e demais atributos afins com sua condição superior entre os seres criados.

Para mais informações, indica-se a bibliografia logosófica mencionada nesta revista e contida nos livros de Logosofia, de autoria de Carlos Bernardo González Pecotche. A Herança de Si Mesmo Bases para Sua Conduta Curso de Iniciação Logosófica Deficiências e Propensões do Ser Humano Diálogos Exegese Logosófica Intermédio Logosófico Introdução ao Conhecimento Logosófico Logosofia Ciência e Método O Espírito O Mecanismo daVida Consciente O Senhor De Sándara Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 1 Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2

Vida Vida é tudo que vibra e respira na Criação Universal. É uma expressão de força que alenta a existência de tudo quanto existe. É atividade permanente que foi entregue ao homem para que ele faça dela o melhor dos usos, procurando conservá-la, ampliá-la e dignificá-la. Significa para ele a oportunidade de adquirir e praticar os conhecimentos num contínuo esforço de adestramento mental para alcançar níveis mais elevados, acercando-se passo a passo do Criador.

EDITORA LOGOSÓFICA

O homem não pode, assim, perder essa oportunidade que lhe foi dada por Deus para que aprenda e evolua, para que lute e se torne forte, já que a vida física é tãosomente uma parte da educação do ser humano. Por ser transitória, cessa com a morte. O que se constrói sobre a vida espiritual permanece, não deixando de existir quando cessa a vida física.

Rua General Chagas Santos, 590 – Saúde CEP 04146-051 – Fone: (11) 5584-6648 São Paulo – SP

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Principais sedes da Fundação Logosófica no Brasil Belo Horizonte - MG Rua Piauí, 742 - Funcionários CEP 30150-320 - Fone: (31) 3273-1717 Brasília - DF SHCG Norte - Quadra 704 - Área Especial de Escola CEP 70730-730 - Fone: (61) 3326-4205 Chapecó - SC Rua Clevelândia, 1389 D - Saic CEP 89802-411 - Fone: (49) 3322-5514 Curitiba - PR Rua Almirante Gonçalves, 2081 - Rebouças CEP 80250-150 - Fone: (41) 3332-2814 Florianópolis - SC Rua Deputado Antônio Edu Vieira, 150 - Pantanal CEP 88040-000 - Fone: (48) 3333-6897 Goiânia - GO Av. São João, 311 - Alto da Glória CEP 74815-280 - Fone: (62) 3281-9413 Rio de Janeiro - RJ Rua General Polidoro, 36 - Botafogo CEP 22280-001 - Fone: (21) 2543-1138 São Paulo - SP Rua General Chagas Santos, 590 - Saúde CEP 04146-051 - Fone: (11) 5584-6648 Uberlândia - MG Rua Alexandre de Oliveira Marquez, 113 - Vigilato Pereira CEP 38408-458 - Fone: (34) 3237-1130 A Fundação Logosófica possui ainda centenas de escolas localizadas nas mais diversas regiões do País e no exterior.

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Sistema Logosófico de Educação Dois pilares sustentam as ações dos Colégios Logosóficos: o ensino do conteúdo curricular e o trabalho pedagógico de formação do aluno para a vida, apoiado na concepção logosófica. Esta nova e original linha pedagógica vem chamando a atenção do meio educacional pela originalidade dos seus princípios e pelos resultados alcançados no encaminhamento da formação mental, moral e espiritual de crianças e adolescentes. Nos Colégios Logosóficos encontra-se um ambiente de afeto e de respeito, onde se busca o cultivo de valores essenciais à vida dos seus alunos, em ampla integração com as famílias. Por isso mesmo, vêm sendo considerados como uma verdadeira “escola para filhos e pais”.

Missão Oferecer à criança e à juventude, por meio da Pedagogia Logosófica, um amparo e um saber que favoreçam o desenvolvimento pleno de suas aptidões físicas, mentais, morais e espirituais, formando as bases de uma nova humanidade, mais consciente frente à própria vida, à sociedade em que vive e ao mundo.

Unidades do Colégio Logosófico González Pecotche Funcionários – Belo Horizonte/MG Rua Piauí, 742 – Funcionários CEP 30150-320 Telefone: (31) 3273-1717 Cidade Nova – Belo Horizonte/MG Av. José Cândido da Silveira, 330 Cidade Nova CEP 31170-000 Telefone: (31) 3482-9850 Brasília/DF SHCG Norte – Quadra 704 Área Especial de Escola CEP 70730-730 Telefone: (61) 3326-4205

Chapecó/SC Rua Clevelândia, 1389D – Saic CEP 89802-411 Telefone: (49) 3323-3847 Goiânia/GO Av. São João, 311 – Alto da Glória CEP 74815-280 Telefone: (62) 3281-6088 Rio de Janeiro/RJ Rua General Polidoro, 36 – Botafogo CEP 22280-001 Telefone: (21) 2543-1138 Uberlândia/MG Rua Alexandre de Oliveira Marquez, 113 Vigilato Pereira – CEP 38408-458 Telefone: (34) 3237-1130

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pesar das desilusões e dos enganos sofridos, a humanidade, mesmo mergulhada na mais profunda desorientação, ainda espera e anseia por uma palavra nova. O conhecimento logosófico focaliza o centro das grandes interrogações que inquietam o ser humano e propõe uma análise serena e profunda sobre as causas que detiveram até hoje a evolução espiritual do homem. Os livros logosóficos são, pois, portadores da nova concepção sobre o homem e o Universo apresentada pela Logosofia, que difere, pela originalidade de seu conteúdo, de toda outra concepção filosófica ou científica do passado ou do presente. Em síntese, os livros logosóficos revelam à mente humana o que ela não pensou nem imaginou sobre a grande incógnita da vida e do destino do homem. E lançam os fundamentos de uma nova cultura para toda a humanidade.


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