EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco
Quinta-feira, 09-04-2015 Edição às 08h30
Editor Raul Santos
Programa para Agressores de Violência Doméstica reabilitou 652 homens Lei para afastar médicos pedófilos "existe e tem que ser cumprida"
Há demasiados portugueses com os rins a funcionar mal
Presidente da Cáritas Internacional critica austeridade que tem "a economia como Deus" Mais 600 doentes por médico de família. É a nova proposta do Governo
Já ouviu falar do Repetição pascal SOFIA? Novo sistema reduz em 100 mil as cartas de condução em atraso
Pilotos da TAP ameaçam voltar à greve
Metro de Lisboa. Palavra de Putin. Sindicato Grécia não pediu suspende greve de dinheiro à Rússia sexta, mas marca outra
ISABEL CAPELOA GIL
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Presidente da Cáritas Internacional critica austeridade que tem "a economia como Deus"
Foto: DR Por Henrique Cunha
O presidente da Cáritas Internacional, cardeal Óscar Maradiaga - um dos mais próximos conselheiros do Papa Francisco -, defende que a austeridade é uma virtude, desde que não seja entendida apenas como um ajuste da economia. Falando à margem de um encontro, em Fafe, o cardeal hondurenho sublinhou que a economia deve servir o homem e não o contrário: "A austeridade não é um mal, é uma virtude. Mas se a entendermos apenas como um ajuste da economia, claro que temos de a combater. Porque esses ajustes não beneficiaram em nada os povos. Entre nós, sanearam a macroeconomia, mas produziram mais pobreza. É como ter a economia como Deus. E eu sempre disse que a economia é para o Homem. Não é o Homem para a economia". Maradiaga defendeu que fazem falta mais políticos a dedicar a vida aos pobres, sublinhando que "a politica, tão denegrida, é uma sublime vocação". Neste ponto, o presidente da Cáritas Internacional remeteu para palavras do Papa: a política "busca o bem comum e rezo a Deus para que nos conceda mais políticos que levem verdadeiramente a peito a sociedade, as pessoas, a vida dos pobres". Presente no encontro de Fafe, esteve o arcebispo primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, que garantiu que em Portugal não haverá silêncio enquanto houver pessoas sem condições básicas para sobreviver. Reforma da Cúria: o pior já passou Maradiaga falou também sobre a reforma da Cúria Romana. O conselheiro do Papa sustenta que se está a tentar reduzir burocracias e que, após alguma resistência inicial, a situação está agora mais calma, porque é natural haver resistências. O pior, contudo, já passou: "Todas as reformas enfrentam resistências. Mas creio que muitas coisas vêm da falta de conhecimentos. Depois das explicações dadas no
consistório do mês de Fevereiro, em que participaram todos os cardeais que puderam viajar para Roma, creio que as coisas estão melhor". O cardeal diz ser gratificante e um motivo de alegria poder trabalhar com Francisco e que este não é o tipo de pessoa que busca protagonismo. Na sua opinião a popularidade do Papa decorre da sua forma de agir. O presidente da Cáritas Internacional foi um dos convidados do encontro internacional "Terra Justa". O presidente da Câmara de Fafe, Raul Cunha, diz que o objectivo do encontro é demonstrar o sentimento de justiça do concelho, em contraponto com o conceito de justiça popular. Este encontro que se prolonga até sábado deve contar com a presença do ex-Presidente Mário Soares. Está também prevista a participação de Maria Barroso e de Sampaio da Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa e apontado como putativo candidato presidencial.
Programa para Agressores de Violência Doméstica reabilitou 652 homens A maioria dos homens envolvidos neste crime vive sozinho, sem relação fixa. Só 20% vivem com a vítima. Programa de reabilitação prevê uma intervenção faseada até que o arguido reconheça que o que fez está errado.
A Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) acompanhou, no último ano, mais de 3.300 casos relacionados com a violência doméstica e aplicou o Programa para Agressores de Violência Doméstica (PAVD) para reabilitar 652 deles. O PAVD existe há seis anos e, nesta altura, é frequentado por arguidos dos 18 (o mais jovem) aos 83 anos (o mais velho). “Não temos tanta gente nas idades mais baixas. Onde estão mais acumulados é nos 31-60 anos”, diz à Renascença a técnica de técnica de reinserção social e coordenadora do PAVD, Paula Carvalheira. A maioria dos casos está ligada à violência física,
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psicológica e de isolamento da vítima e, ao contrário do que se possa pensar, a questão económica não tem muita relevância. “Não. O que nos chega tem muito mais a ver com as relações disfuncionais e com as necessidades que os sujeitos têm de ultrapassar fragilidades pessoais e depois utilizam o provérbio da melhor defesa é o ataque”, explica Paula Carvalheira. A violência conjugal é um crime com números elevados, pelo que há cada vez mais homens a necessitar de intervenção. Mas os técnicos não chegam para tudo. “Estamos com muito poucos recursos humanos. Todos os nossos técnicos estão com uma taxa de execução muito acima daquilo que seria recomendável. No total, até final de 2014 tínhamos 188 técnicos especializados nas várias fases do programa. Este ano, estamos a capacitar mais 64 técnicos e não são suficientes”, indica a coordenadora do programa. No total, são agora 252 os técnicos que, de norte a sul do país, trabalham para reabilitar os agressores de violência doméstica. O PAVD arrancou em 2009 na zona Norte e tem vindo a ser estendido ao Centro e Sul do país. Com uma duração mínima de 18 meses, o programa prevê uma intervenção individual até que o arguido reconheça que o que fez está errado. Passa depois a uma fase de grupo – 20 sessões onde aprende técnicas de contenção, a desconstruir estereótipos e a respeitar valores, entre outras questões. A frequência do curso suspende os casos judiciais em que os arguidos estão envolvidos. O PAVD pode servir também como complemento a uma condenação a ser cumprida em liberdade.
Lei para afastar médicos pedófilos "existe e tem que ser cumprida" Procuradora-geral da República sublinha que legislação proíbe "manutenção de contratos de trabalho de pessoas que tenham sido condenadas" por pedofilia. O problema não é a lei. O que é preciso é que seja cumprida, afirma a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, sobre os casos de médicos condenados por pedofilia que continuam a trabalhar com crianças. Em declarações à margem da apresentação do novo site do Ministério Público, Joana Marques Vidal disse aos jornalistas que o quadro legal português já tem ferramentas para lidar com essas situações. "Existe legislação já em vigor em Portugal, há vários anos, em que é proibida a manutenção de contratos de trabalho de pessoas que tenham sido condenadas e que tenham funções em que possam contactar com crianças, como por exemplo professores e acho que também estão incluídos os médicos. Não faço mais nenhum comentário, penso é que a lei tem que ser
cumprida", defende a procuradora. Haverá "dois ou três" médicos condenados por pedofilia em Portugal que continuam a exercer e a trabalhar com menores, disse na segunda-feira à Renascença o coordenador do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médicas (CNEDM) da Ordem dos Médicos, Miguel Leão. O CNEDM elaborou uma proposta de intervenção sobre médicos pedófilos. Recomenda que a Ordem dos Médicos possa "determinar que um médico comprovadamente pedófilo seja inabilitado especificamente para prestar assistência a menores, com fundamento no princípio da protecção dos doentes, da protecção do próprio médico inabilitando e dos valores fundamentais da medicina como sejam a confiança, a beneficência, a não maleficência e a autodeterminação". O mesmo organismo propõe que, através da revisão do Estatuto Disciplinar dos Médicos, se possa "permitir, expressamente, a punição, no âmbito da Ordem dos Médicos, do crime de pedofilia, com a pena de suspensão de quaisquer actividades médicas relacionadas com menores durante o período nunca inferior a 23 anos (tempo de registo na respectiva informação criminal, conforme decorre da Lei 113/2009)". Na terça-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, considerou "totalmente indesejável" que situações de médicos que são condenados por pedofilia continuem a exercer, tendo contacto com crianças, e manifestou o seu apoio à revisão dos estatutos da Ordem dos Médicos para afastar estes profissionais.
Mais 600 doentes por médico de família. É a nova proposta do Governo Inaceitável, reage a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
Há zonas do país em que 1.900 doentes já é difícil de gerir, quanto mais 2.500 por médico. Foto: DR Por André Rodrigues
O Governo renovou a proposta aos sindicatos do sector da saúde para combater a escassez de clínicos nas zonas mais carenciadas: atribuir mais 600 utentes a
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cada médico de família. O Ministério da Saúde retoma assim uma ideia com cerca de um ano e que tem como objectivo alargar, de 1.900 para até 2.500, o número de utentes por médico nos centros de saúde. A notícia é avançada esta quinta-feira pelo “Jornal de Notícias”, segundo o qual a tutela oferece, em troca, um salário superior. À Renascença, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar afirma que a proposta é inaceitável. “É impossível trabalhar com 2.500 utentes”, diz o presidente da associação, Rui Nogueira. “Algo entre 1.200 e 1.900 utentes é possível, mas se colocarmos 1.900 utentes por médico, por exemplo, no interior do país onde a população é mais idosa, o sistema rompe por completo”, explica, considerando que a proposta do Ministério é, por isso, “areia para os olhos das pessoas” e “uma ilusão”. Rui Nogueira defende, por outro lado, mais celeridade na abertura de concursos para colocar médicos que estão a concluir o internato. “Em Lisboa, em cinco a oito dos 20 agrupamentos de centros de saúde, um terço da população não tem médico de família. No Algarve, a situação é ainda mais atípica: um dos agrupamentos de centros de saúde tem metade da população sem médico, outro tem cerca de 20% e um terceiro 12%, em linha com a média nacional”, afirma, confirmando as carências sentidas naquelas regiões. A Renascença já pediu esclarecimentos ao Ministério da Saúde, mas até agora sem sucesso. ISABEL CAPELOA GIL
Repetição pascal George Steiner dizia que a arte ocidental se dedicou infinitamente mais a desenhar o inferno do que o céu, porventura porque o conhecíamos muito melhor.
mais intensas, com a tragédia da cultura, que é sempre e inevitavelmente a sua radical associação à barbárie. As imagens dos recentes acontecimentos na Nigéria, o assassinato de estudantes cristãos por milícias Al Shabab, tem uma plasticidade sem precedentes, assustadora na forma como articula o horror que provoca com a uma certa iconicidade. O cenário de morte dos jovens estudantes tem laivos de estética apocalíptica, tal como outras imagens da Líbia, da Síria, como as degolações e assassínios em massa efetuados por jihadistas. Mas são imagens que chocando pela realidade crua que revelam não são estranhas à nossa forma de conhecer o mundo. Não apenas pelo desvelar da brutalidade repetidamente associada à biologia, à cultura, mas também por um certo reconhecimento estético, pela gestualidade mimética que essa visualidade evoca e que, por isso mesmo, a torna tão eficazmente incómoda. George Steiner dizia que a arte ocidental se dedicou infinitamente mais a desenhar o inferno do que o céu, porventura porque o conhecíamos muito melhor. Dirse-ia que já o tínhamos encenado e ensaiado repetidamente. Reconhecemo-nos, assim, no gesto olhar triunfante da Judite de Giorgione perante a cabeça degolada de Holofernes, na história de Salambô ao exigir a cabeça de João Batista. Reconhecemo-nos na estética violenta que nos educou. Não são apenas os videojogos que radicalizam potenciais extremistas. Todavia, sem ilusões de que, num ponto 0 da moral, a ação humana está condicionada pela repetição antropológica da atrocidade, acreditamos e agimos para contrariar a visão banal do ser humano como animal triste. É justamente esta crença na capacidade da fé e no ser humano que distingue o cristianismo, a vítima maior da violência religiosa no mundo, mas que justamente, devido a este incessante acreditar, se recusa a considerar-se vítima. Isabel Capeloa Gil escreve quinzenalmente, às quartasfeiras. esta semana, excepcionalmente, a crónica é publicada nesta quinta-feira.
Já ouviu falar do SOFIA? Novo sistema reduz em 100 mil as cartas de condução em atraso As ciências comportamentais ensinam que os seres humanos aprendem por imitação. Somos seres miméticos e modelamos a nossa ação, repetindo, imitando, duplicando gestos e comportamentos alheios. Desta plasticidade da ação humana não está ausente a livre escolha, e sendo verdade, que nenhuma repetição é afinal idêntica, reconhecemos que a mimetização constitui um princípio básico da cognição e bem assim da constituição da cultura. Somos confrontados diariamente, e em doses cada vez
Método para diminuir os processos levou a um alargamento do horário do trabalho dos serviços do Instituto da Mobilidade e dos Transportes. O novo sistema para revalidação de cartas de condução, implementado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) em Março, permitiu reduzir, em 100 mil, os cerca de 280 mil processos em atraso. Na comissão de Economia e Obras Públicas, o
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secretário de Estado das Infra-estruturas, Sérgio Monteiro, adiantou que o Sistema de Obtenção Fiável de Imagem e Assinatura (SOFIA) levou a uma diminuição em 100 mil as cartas de condução por despachar, num total de cerca de 280 mil. Já antes o ministro da Economia, Pires de Lima, tinha referido "o desconforto com o tempo de espera na renovação das cartas de condução sobretudo para pessoas que têm na condução a sua profissão". O novo método implementado pelo IMT para conseguir diminuir os processos que se avolumavam levou a um alargamento do horário do trabalho dos serviços do organismo público. "Os trabalhadores aderiram voluntariamente. Quero agradecer aos que tiraram tempo das suas vidas pessoais para resolver um problema que é de todos", destacou Sérgio Monteiro. A notícia em torno das 280 mil cartas de condução atrasadas e deste novo sistema foi avançada pelo “Jornal de Negócios”, e o presidente do IMT confirmou à agência Lusa este número, adiantando que são cartas "acima de tudo de 2014 e 2013", e que mais de 80% destas são da Grande Lisboa. João Carvalho diz ainda que "95% destes atrasos devem-se às fotografias de má qualidade que eram entregues". "A partir de agora não há papéis", prosseguiu o responsável, declarando que o condutor apresentando agora o Cartão do Cidadão terá facilidade na revalidação.
Greve em França continua a cancelar voos em Portugal Controladores aéreos exigem negociações para reorganizar o sector e já têm agendadas novas paralisações para este mês e para Maio. O segundo dia de greve dos controladores aéreos franceses já obrigou ao cancelamento de, pelo menos, seis voos esta quinta-feira. Três deles são da TAP e dirigiam-se para França. Na quarta-feira, mais de 50 voos de várias companhias foram cancelados nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, entre partidas e chegadas. O aeroporto do Porto foi o que registou maior número de cancelamentos. Se tem de viajar de avião, contacte primeiro os balcões da sua companhia aérea ou o site da ANA – Aeroportos de Portugal. Os controladores aéreos franceses exigem a abertura de negociações para reorganizar o sector. Se estes dois dias de greve não tiverem resultados, há novas paralisações agendadas: de 16 a 18 de Abril e de 29 de Abril a 2 de Maio.
Pilotos da TAP ameaçam voltar à greve Processo de negociação com o Governo terá chegado a um impasse. Decisão final é tomada na próxima semana. A greve volta a estar em cima da mesa depois de o acordo assinado com o Governo e a TAP em Dezembro. A ameaça surge após as negociações com o Governo terem chegado a um "impasse insanável", segundo afirma em comunicado o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC). A decisão vai ser tomada na assembleia geral marcada para dia 15. A convocatória inclui a "adopção das medidas necessárias, incluindo o recurso à greve". O SPAC alega que perante o impasse procurou contactar o Governo através da secretária de Estado dos Transportes, mas à data não recebeu resposta. O processo negocial já decorre desde o início do ano, mas o sindicato garante que pouco se adiantou nestas negociações que tinham por base um acordo ratificado como o Governo a 23 de Dezembro do ano passado. O SPAC alega que durante o processo, o executivo, a TAP e a Portugália procuraram iludir o sindicato e paralisar os pilotos. Estas negociações iniciaram-se na sequência de uma ameaça de greve para a altura do Ano Novo e do Natal de 2014, tendo vários sindicatos chegado a acordo, nessa altura, com o Governo. A ameaça da paralisação estava relacionada com o processo de privatização da TAP.
Metro de Lisboa. Sindicato suspende greve de sexta, mas marca outra Tribunal arbitral já tinha decretado serviços mínimos para o dia da paralisação. Foi suspensa a greve de 24 horas dos trabalhadores do Metro de Lisboa marcada para sexta-feira. Mas a paralisação na Carris mantém-se. "Os sindicatos decidiram em conjunto suspender a greve porque não estão garantidas as condições de segurança, nem para os trabalhadores, nem para os utentes.", disse à Renascença Nuno Fonseca, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA). Na reunião realizada esta quarta-feira de manhã, os dirigentes sindicais decidiram agendar novo protesto de 24 horas para 17 de Abril. A opção do SITRA surge depois de o Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social ter decretado serviços
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mínimos para as greves de sexta-feira dos trabalhadores do Metro de Lisboa e da rodoviária Carris. Os trabalhadores das duas empresas estão em protesto contra a subconcessão que está em concurso. No caso do Metro, o organismo decretou que "no período entre as 7h00 e as 21h00 devem ser asseguradas, em todas as estações e por cada período de uma hora de funcionamento, 25% das composições habitualmente afetas ao transporte de passageiros". Já no caso da Carris, o tribunal arbitral decidiu como serviços mínimos o "funcionamento do transporte exclusivo de cidadãos portadores de deficiência de acordo com o regime normal em vigor", bem como o "funcionamento das carreiras 703 [Charneca do Lumiar-bairro de Santa Cruz] e 751 [Linda-a-VelhaEstação de Campolide]".
Ministério Público vai investigar lista de contribuintes “VIP” Procuradoria vai analisar vários documentos, entre os quais o relatório enviado da Comissão Nacional de Protecção de Dados e as actas das audições parlamentares sobre este assunto. Joana Marques Vidal confirma inquérito. O Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa abriu um inquérito com base nos elementos recolhidos sobre a denominada "lista VIP" da Autoridade Tributária, anunciou esta quarta-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR). "Todos os elementos recolhidos pela PGR, designadamente o relatório enviado à PGR pela Comissão Nacional de Protecção de Dados e as actas das audições parlamentares sobre a denominada `lista VIP`, foram remetidos ao DIAP de Lisboa, onde foi instaurado um inquérito. Este processo encontra-se em investigação", disse a PGR, numa resposta enviada à agência Lusa. Entretanto, a Procuradora-Geral da Republica esclareceu aos jornalistas que foi o conjunto de informação recolhida nas últimas semanas que serviu de base à abertura de um inquérito à chamada “lista VIP” das Finanças. Sem adiantar pormenores sobre o conteúdo do inquérito agora entregue ao DIAP de Lisboa, Joana Marques Vidal esclarece apenas que resultou dos dados que já existem, incluindo os que chegaram da Assembleia da República. “Relativamente a essa matéria, como relativamente a todas as matérias em que existem participações de eventuais indícios, o Ministério Público cumpre a sua função e abre inquérito. O Ministério Público anunciou logo na altura em que surgiu essa questão que estava a recolher elementos tendo em vista decidir quais eram as providências a tomar”, disse. A informação surgiu depois de o presidente da comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e
Administração Pública, Eduardo Cabrita, revelar que a procuradora-geral da República enviou para o DIAP de Lisboa os elementos remetidos pela Assembleia da República sobre a chamada “lista VIP”. "A comissão deliberou remeter à Procuradoria-Geral da República as actas e o registo áudio e vídeo das cinco audições anteriores [sobre a `lista VIP`], a senhora procuradora-geral da República já respondeu formalmente à Assembleia da República acusando a recepção e dando nota do envio ao DIAP de Lisboa dos elementos remetidos por esta comissão", disse Eduardo Cabrita. O PS tinha já afirmado que pretendia que o Ministério Público investigasse os contornos da “lista VIP”, por considerar que existem "fortes indícios de práticas criminais" no caso. O presidente da comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública falava no final da audição parlamentar da presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) sobre a “lista VIP”. Filipa Calvão já tinha dito que a criação da lista partiu da Área de Segurança Informática (ASI) da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), admitindo, no entanto, não ter sido possível apurar o responsável pela escolha dos contribuintes a integrar essa bolsa. A mesma responsável apelou ao parlamento que defina leis sobre o acesso a dados fiscais, que poderia passar pela introdução de um sistema que questiona o funcionário da necessidade da consulta àquela informação. A presidente da CNPD sugeriu a aplicação de um sistema “break de glass” (ou em português quebrar o vidro) na Autoridade Tributária (AT), recordando que ele já é aplicado "na polícia e na saúde". Durante quatro meses existiu um sistema para identificar os acessos à informação fiscal do Presidente da República, Cavaco Silva, do primeiro-ministro, Passos Coelho, do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio.
Portugueses convidados a criar nova imagem do Ministério Público As candidaturas podem ser apresentadas até 10 de Julho. Por Celso Paiva Sol
O Ministério Público (MP) está à procura de uma nova imagem. O concurso está aberto a todas as pessoas com nacionalidade portuguesa ou que residam em Portugal. O concurso público foi lançado esta quarta-feira pela Procuradoria-Geral da República e tem regras muito simples. Tem que ser uma imagem que represente a instituição e deve incluir as expressões: “Ministério Público”, “Portugal” e “em defesa da legalidade democrática”. As candidaturas podem ser apresentadas até 10 de
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Julho. Depois de várias selecções, os três trabalhos finalistas serão sujeitos aos votos de todos os procuradores do país. O vencedor será anunciado a 30 de Setembro e a imagem passará a constar em todos os documentos oficiais do Ministério Público, bem como nos serviços multimédia.
Cavaco insiste que não serão antecipadas as eleições Presidente insiste em manter a ida às urnas na data prevista. "Posso afirmar que seria mais negativo antecipar as eleições", sublinha.
Cavaco Silva no Laboratório de Estudo Sobre Incêndios Florestais, na Lousã. Foto: Paulo Novais/Lusa
Cavaco Silva afirma que Portugal tem de aprender a viver dentro da normalidade democrática. O Presidente da República justifica desta forma o facto de ser contra a antecipação de eleições. Questionado pelos jornalistas se não seria melhor antecipar as legislativas, tendo em conta o clima de campanha que o país já está a viver, Cavaco avisa: “Posso afirmar que seria mais negativo antecipar as eleições. É bom que Portugal se habitue, como grande maioria dos países europeus à normalidade democrática. As eleições vão realizar-se, por isso, entre o dia 14 de Setembro e o dia 14 de Outubro”. A data precisa, contudo, só será divulgada mais tarde. Já em Novembro de 2014, o Presidente da República tinha recusado a antecipação das legislativas, numa entrevista ao semanário “Expresso”, referindo que só uma alteração da lei eleitoral pelo Parlamento ou uma “grave crise política” poderiam antecipar o calendário previsto. Cavaco Silva falava no aeródromo da Lousã, onde visitou o Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, onde aproveitou para denunciar a má gestão das florestas por parte de alguns proprietários. “É um problema que precisamos de atacar e conseguir algum sucesso, que é a gestão correcta das nossas florestas e para isso apelo aos proprietários para que pensem na forma de gerir racionalmente os bens de
que são proprietários, por forma a evitar os incêndios”, apelou. Acompanhado pela ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, e pelo secretário de Estado João de Almeida, o Presidente da República observou na Lousã algumas demonstrações de equipamentos do laboratório e descerrou uma placa que assinala a sua visita ao espaço, na sequência da remodelação e ampliação do mesmo.
Melhores caloiros da Nova vão receber bolsas de mérito Cada bolsa tem um valor igual ao montante da propina anual: cerca de mil euros.
A Universidade Nova de Lisboa entrega, esta quintafeira, as primeiras bolsas de mérito aos 39 caloiros que mais se destacaram no primeiro ano das Licenciaturas e Mestrados daquela instituição. Além dos caloiros, também serão homenageados os professores do secundário e básico indicados pelos jovens alunos como docentes que marcaram o seu percurso escolar. O reitor da Universidade Nova, António Rendas, explicou à Renascença que o intuito destas bolsas é não só premiar os estudantes como ajudar a criar uma melhor ligação entre o secundário e a faculdade. “O que nós procuramos é finalizar o mérito dos melhores alunos. O reconhecimento do indivíduo no contexto da sua formação no secundário que, no contexto do Ensino Superior, não está valorizado. Queremos sinalizar o contínuo entre a formação do básico, o secundário e ensino superior”, disse. O secretário de Estado do Ensino Superior alertava, na terça-feira, para a necessidade das universidades se reinventarem face à queda demográfica prevista a partir de 2018. Numa reacção, o reitor da Universidade Nova desvaloriza. “Não é uma questão que a curto e a médio prazo preocupa a Nova de Lisboa. Temos sempre muito mais candidatos do que vagas nos nossos ciclos de estudos. Se o ensino secundário fizer o seu caminho, estou convencido que há um número cada vez maior de jovens que se qualificam de modo a entrar para as universidades com mérito. Há também um trabalho muito importante a fazer no ensino secundário e as
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universidades também podem contribuir para isso”, diz Rendas. Questionado sobre a questão do financiamento das universidades, António Rendas sublinha que é redutor relacionar as verbas com o número de alunos. “A questão do financiamento é outra questão dentro daquilo que é o financiamento do Ensino Superior através dos estudantes. Mas tem que haver factores relacionados com a qualidade, a investigação científica e a transferência de tecnologia. E se nós fizermos a fórmula de financiamento baseado apenas no número de alunos é evidente que caímos numa perspectiva que, no meu ponto de vista, é miserabilista e vai sempre cair na mesma coisa, e eu acho que não é a melhor forma de financiar o Ensino Superior”, acrescenta. Cada bolsa tem um valor igual ao montante da propina anual: cerca de mil euros.
planear a transição do percurso escolar para o mercado de trabalho”, refere um comunicado.
Governo quer acabar legislatura com menos desemprego do que herdou Meta foi traçada pelo ministro da Economia. Pires de Lima anunciou ainda uma poupança de sete mil milhões de euros na renegociação das parcerias público-privadas.
Montra de saídas profissionais este fim-de-semana na Exponor A feira Qualifica visa melhorar as qualificações profissionais dos jovens, combater o desemprego e planear a transição do percurso escolar para o mercado de trabalho. Arranca esta quinta-feira, na Exponor (Matosinhos), a 8ª edição da Qualifica – Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego. Até domingo, são várias as propostas educacionais apresentadas para responder às necessidades dos jovens que querem entrar no mercado de trabalho. A organização prevê que 20 mil pessoas visitem a feira, que está dividida em três áreas: saídas para o mercado de trabalho, ensino superior e centros profissionais e venda directa de produtos e serviços para jovens. Há ainda um palco com diversos espectáculos, desfiles e apresentações. A feira Qualifica 2015 conta também com um “Espaço Ensino”, onde as escolas dão a conhecer as suas ofertas curriculares, e com um “Espaço Institucional”, no qual estão presentes diversas entidades oficiais, como Ministério da Educação e Ciência, a Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional e o Instituto do Emprego e Formação Profissional. A Qualifica acolhe o programa Garantia Jovem, promovido pela União Europeia, que “pretende apresentar uma oferta de emprego, educação, formação ou estágio a todos os jovens até aos 30 anos que não se encontrem a estudar, trabalhar ou em formação, nos quatro meses após o momento em que deixem a educação formal ou fiquem desempregados”. Com o intuito de melhorar o futuro das próximas gerações, o projecto europeu tem como objectivoschave “melhorar as qualificações profissionais da população jovem, combater o seu desemprego e
Foto: Lusa
O ministro da Economia acredita que no final do mandato do Governo, a taxa de desemprego vai ficar abaixo dos 12,7%, deixados pelo executivo socialista de José Sócrates. Depois da subida registada pelo Instituto Nacional de Estatística, que em Fevereiro atingiu 14,1%, Pires de Lima prevê que o desemprego comece a descer nos próximos meses. “Estamos a trabalhar para que, no final desta legislatura, a taxa de desemprego possa estar abaixo do nível que este Governo herdou da legislatura liderada pelo engenheiro José Sócrates, isto é, 12,7%”, afirmou na Comissão Parlamentar de Economia. Nestas declarações aos deputados, Pires de Lima anunciou também que já está concluído o processo de renegociação das parceiras público-privadas, com poupanças superiores a sete mil milhões de euros.
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Governo avança com plano de formação de 13 mil desempregados
Apresentados mais de 2.600 pedidos de reforma antecipada em 2015
Plano prevê 625 acções de formação, envolvendo cerca de 13 mil pessoas adultas desempregadas. Taxa de desemprego em Portugal fixou-se nos 14,1% em Fevereiro.
Ministro Pedro Mota Soares revelou que o tempo médio de aprovação dos pedidos de reforma por velhice é actualmente de 35 dias.
Foto: Lusa Por Susana Madureira Martins
O Governo aposta na formação profissional para tentar resolver os problemas de quem sente dificuldades em regressar ao mercado de trabalho. Esta quarta-feira no Parlamento, o ministro do Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, anunciou um plano de formação a ser concretizado ainda no primeiro semestre de 2015. "Serão 625 acções de formação, envolvendo cerca de 13 mil pessoas adultas desempregadas, com baixos níveis de escolaridade e qualificação", detalhou. O objectivo é "proporcionar qualificações escolares e profissionais". O plano prevê "550 acções para 11 mil adultos desempregados, reforçando a sua qualificação". "Além disso, teremos o programa de formação em competências básicas para que possam prosseguir processos de qualificação posteriores no domínio da dupla certificação – escolar e profissional, o que abrangerá cerca de 1.200 beneficiários em 45 acções de formação”, disse. O ministro do Emprego avançou ainda que até Julho vão estar abertas as candidaturas à empregabilidade a tempo parcial. Em Outubro de 2014, o Governo anunciou que iria gastar 8,1 milhões de euros com o Programa de Incentivo à Empregabilidade Parcial de Pais, que prevê ainda que os desempregados de longa duração possam substituir os pais que optem por trabalhar a tempo parcial. A taxa de desemprego em Portugal subiu para os de 14,1% em Fevereiro, de acordo com os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística.
Pedro Mota Soares Foto. Foto: Manuel de Almeida/Lusa
Mais de mil reformas antecipadas foram aprovadas nos primeiros três meses deste ano. O ministro Pedro Mota Soares revelou esta quarta-feira, na audição no Parlamento, que foram apresentados mais de 2.600 pedidos. Este ano, o Governo decidiu levantar parcialmente o regime de reformas antecipadas para trabalhadores com mais de 60 anos de idade e 40 anos de carreira contributiva. “Relativamente a pensões antecipadas, deram entrada até Março 2.621 requerimentos, desses, cerca de 40% já foram despachados, 1.019 já foram efectivamente despachados”, afirmou. Durante a sua audição, Mota Soares já tinha afirmado que o tempo médio de atribuição de uma pensão é actualmente de 35 dias. O ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social anunciou também a criação de um plano de formação para a inclusão, que vai abranger 13 mil beneficiários do Rendimento Social de Inserção. Contudo, mesmo após as declarações do ministro, o PCP pediu a audição “urgente” de Mariana Ribeiro Ferreira afirmando ter informações “de enorme gravidade, relativas ao funcionamento do Centro Nacional de Pensões”. “De acordo com a informação recolhida, registam-se no centro Nacional de Pensões atrasos muito significativos nos processos de atribuição das pensões e outros problemas que configuram a negação de acesso à segurança social aos cidadãos e, portanto, se materializam numa verdadeira violação do direito constitucionalmente consagrado à Segurança Social”, diz o documento.
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FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
Reacções a um prémio Muito criticado enquanto presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Miguel Seabra ganhou um dos mais prestigiados prémios na área da saúde. E as críticas continuaram.
Por Francisco Sarsfield Cabral
O vencedor do prestigiado Grande Prémio Bial de 2014 foi o Prof. Miguel Seabra e a sua equipa (que inclui vários cientistas estrangeiros), distinguindo vinte anos de investigação em torno de problemas oftalmológicos. Quase simultaneamente, Miguel Seabra demitiu-se de presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Nesse cargo, M. Seabra foi nos últimos anos alvo de violentas críticas, nomeadamente por reduzir o número de bolsas e outros apoios. Luís Portela, presidente da Fundação Bial (ligada à empresa com o mesmo nome), esclareceu que o prémio era dado ao investigador, não ao ex-presidente da FCT, como é óbvio. Mas os críticos da FCT presidida por M. Seabra não gostaram. Por exemplo, Teresa Firmino, no “Público”, viu um “paradoxo ético” na candidatura de Seabra ao prémio, sendo presidente da FCT, candidatura que o teria deixado “ainda mais chamuscado”. A mim, que nada percebo de ciência médica nem das políticas da FCT, este tipo de reacções leva-me a suspeitar – é só uma impressão… – que os críticos de Seabra na FCT teriam menos razão do que querem fazer crer.
Portugal falha na utilização dos Orçamentos do Estado para estabilizar economia Conclusão consta da segunda parte do relatório do Fundo Monetário Internacional sobre políticas orçamentais. Portugal falha na utilização dos Orçamentos do Estado para estabilizar a economia. A conclusão é dos técnicos do FMI e consta de um relatório elaborado por um equipa liderada pelo antigo ministro das Finanças Vitor Gaspar. Trata-se do segundo capítulo do relatório do Fundo Monetário Internacional sobre políticas orçamentais. No texto, a organização avisa os governos que devem utilizar os instrumentos à sua disposição para estabilizarem a economia, tanto em momentos de recessão como de crescimento. Os técnicos do FMI calculam que um aumento na estabilização económica, através do Orçamento do Estado, pode traduzir-se num crescimento do PIB até 0,3 pontos percentuais nas economias avançadas. O funcionamento ocorre através dos estabilizadores automáticos que reagem a flutuações económicas sem intervenção dos Governos. É o caso dos impostos ou do subsídio de desemprego cuja despesa aumenta em tempos de recessão e diminui em momentos de expansão económica. Portugal é, contudo, apontado como um dos países com menor eficácia na utilização destes instrumentos de política económica. Foram analisadas 85 economias desenvolvidas e em desenvolvimento ao longo das últimas três décadas. O FMI utiliza o coeficiente de estabilização orçamental – uma medida que permite avaliar até que ponto é eficaz a resposta a oscilações económicas. Portugal consegue um valor de 0,4%, o quarto mais baixo entre as economias avançadas. O relatório aprovado por Vítor Gaspar é, no entanto, quase o oposto da receita que aplicou em Portugal quando era ministro das Finanças. Não só houve um enorme aumento de impostos como as regras de acesso ao subsídio de desemprego e outras prestações sociais foram apertadas impedindo, no fundo, que os tais estabilizadores automáticos funcionassem por si só na estabilização da economia que se encontrava em recessão.
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ANÁLISE
Bancos portugueses enfrentam problemas de capital Investigação sobre impostos diferidos é uma ameaça para os bancos portugueses sujeitos à supervisão do BCE. Por Francisco Sarsfield Cabral
Os bancos portugueses, assim como os bancos da Itália, Grécia e Espanha, estão a ser alvo de uma investigação preliminar da Comissão Europeia sobre eventuais ilegalidades nos seus activos de capital. Também a Autoridade Bancária Europeia (EBA) estará a ocupar-se deste problema. A notícia surgiu no “Financial Times” e diz respeito a impostos diferidos – isto é, prejuízos que os bancos registam agora, mas que mais tarde poderão descontar nos impostos devidos ao Estado. O BCE, que actualmente supervisiona os principais bancos da zona euro, não considera os impostos diferidos como activos da alta qualidade. Sabe-se, por exemplo, que o Novo Banco conta no seu capital com um volume significativo de impostos diferidos. Mas os quatro bancos portugueses supervisionados pelo BCE (BPI, BCP, Novo Banco e CGD) apresentaram prejuízos, pelo que a sua situação não é confortável Acresce a este problema, que é específico dos sistemas bancários do Sul da Europa, a provável intenção do BCE de exigir rácios de capital aos bancos supervisionados superiores aos níveis actuais. Um inquérito da Morgan Stanley em Londres revela que a maioria dos investidores acredita que as regras se tornarão mais duras. É uma ameaça para os bancos portugueses sujeitos à supervisão do BCE, acima mencionados, pois teriam que reforçar aqueles rácios, injectando mais capital. Fala-se num rácio “tier one” de 12%, nível que os bancos portugueses nesta altura não alcançam, com excepção do BCP. E não têm lucros para incorporarem no capital. Ou sejam, se tal exigência se concretizar necessitarão de capital fresco.
Vacinas experimentais contra ébola resultam em macacos Testes vão continuar. Cientistas ainda têm dúvidas sobre se as novas vacinas serão eficazes contra o actual vírus.
Duas vacinas experimentais demonstraram proteger os macacos contra a estirpe do vírus responsável pela actual epidemia na África Ocidental, segundo um estudo publicado na revista “Nature”. A administração de uma dose de qualquer das duas vacinas Vesiculovax assegura protecção completa aos macacos Rhesus contra a estirpe Makona da GuinéConacri, que causou o actual surto de ébola sobretudo em três países: Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria. As vacinas produzem "uma redução notável" da viremia (nível de um vírus presente na corrente sanguínea de um ser vivo) associada ao espectro de acção da vacina, em comparação com uma anterior versão das mesmas, "o que eventualmente poderá traduzir-se numa maior segurança e reduzidos efeitos adversos em seres humanos", lê-se no estudo. O surto altamente letal do Zaire Ebolavirus (Zebov) fez quase 10.000 mortos na África Ocidental, e o principal objectivo foi criar uma vacina preventiva que possa garantir uma protecção rápida contra o vírus com uma dose única. Os espectros de muitas vacinas mostraram potencial para proteger primatas contra o Zebov e algumas passaram nos testes para serem experimentadas em seres humanos. No entanto, ainda há dúvidas sobre se estas vacinas podem oferecer protecção contra a actual estirpe Makona do Zebov, refere o estudo. Uma equipa dirigida por Thomas Geisbert desenvolveu e testou duas vacinas experimentais de segunda geração com um vírus do Zebov ainda mais atenuado. Durante os ensaios, dez macacos, dos quais só oito vacinados, foram infectados com a estirpe Makona, 28 dias depois de terem recebido uma só dose das vacinas. Nenhum dos macacos que receberam uma das duas vacinas experimentais sucumbiu à doença. Segundo o estudo, estes resultados "poderão
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encorajar os esforços" para identificar e fabricar vacinas eficazes e mais seguras para combater tanto o actual foco do ébola como outros que possam ocorrer em África futuramente.
Palavra de Putin. Grécia não pediu dinheiro à Rússia Primeiro-ministro grego foi a Moscovo para “dar novo arranque” às relações e fala em "Primavera" entre os dois países. O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu esta quarta-feira que a Grécia não pediu ajuda financeira e anunciou um Plano de Acção conjunta entre os dois países para aumentar as trocas comerciais nos próximos dois anos. Durante uma conferência de imprensa conjunta depois da reunião com o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, o Presidente russo explicou que a Grécia não pediu qualquer ajuda financeira e acrescentou que ofereceu a possibilidade de Atenas se juntar ao novo gasoduto turco-russo que se deverá construir no Mar Negro para levar o gás russo à Europa. "A Grécia pode converter-se assim num dos principais centros europeus de distribuição de energia, mas esta é uma decisão soberana que deve ser o Governo grego a adoptar", vincou. Antes do encontro, Putin classificou a visita de Alexis Tsipras como “muito oportuna”. Já o primeiro-ministro grego garantiu que o objectivo da deslocação é tentar “dar um novo arranque” às relações entre os dois países. Tsipras considera que com este encontro se abriu mesmo uma nova fase nas relações entre a Rússia e a Grécia, depois de um período de constrangimentos nasceu uma “Primavera” nas relações entre os dois países, segundo o primeiro-ministro grego.
ESTADOS UNIDOS
Agente que matou homem pelas costas foi despedido e é acusado de homicídio Michael Slager matou Walter Scott com vários tiros e terá mentido no seu relatório. O agente da polícia Michael Slager foi despedido e está a ser acusado de homicídio depois de ter disparado vários tiros contra um homem negro pelas costas. O caso ganhou novos contornos na terça-feira quando
um vídeo amador entregue à família da vítima, Walter Scott, mostrou como decorreram os últimos segundos do incidente. O que o vídeo mostra (Walter Scott a correr e a ser baleado com vários tiros pelas costas) desmente a versão do agente que alegou ter disparado quando se sentiu ameaçado pela vítima com uma pistola de choques. Depois de ver as imagens, a polícia de North Charleston despediu Michael Slager e acusou-o de homicídio. No entanto, a autarquia local vai ainda acompanhar financeiramente a família por algum tempo porque a mulher do agente está grávida de oito meses. O polícia disparou oito tiros contra Walter Scott, de 50 anos, e, pelos quatro, atingiram-no. Este é o mais recente caso grave dos últimos meses nos Estados Unidos envolvendo agentes brancos e vítimas negras. O caso mais mediático ocorreu a 9 de Agosto, na cidade de Ferguson, nos arredores de Saint Louis, quando o agente da polícia Darren Wilson alvejou mortalmente Michael Brown. A morte de Brown, de 18 anos, desencadeou uma onda de descontentamento e de tumultos na zona de Saint Louis e provocou um debate sobre o uso excessivo da força por parte das forças de segurança contra a comunidade negra. Meses depois um grande júri decidiu não acusar o polícia Daniel Pantaleo da morte do afro-americano Eric Garner. Ao tentar deter Eric Garner, que, desarmado, vendia cigarros ilegalmente numa rua do bairro de Staten Island, em Nova Iorque, o polícia imobilizou-o pelo pescoço, apesar de o homem se queixar de que não conseguia respirar, enquanto uma testemunha gravou o episódio com o telemóvel. Eric Garner, de 43 anos e pai de seis filhos, acabou por morrer no hospital, depois da detenção. O instituto médico legal de Nova Iorque declarou que a causa da morte foi "a compressão do pescoço e do peito contra o chão". O facto de Eric ter asma, obesidade e hipertensão arterial pode ter contribuído para a morte.
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Autor do atentado de Boston considerado culpado
Estado Islâmico liberta mais de 200 yazidis no Iraque
Dzhokhar Tsarneav é acusado de ter matado quatro pessoas. A sentença vai ser conhecida dentro de alguns dias.
Os yazidis têm sido particularmente perseguidos pelos jihadistas, que os consideram satânicos.
Um dos autores do atentado na maratona de Boston, nos Estados Unidos, foi considerado culpado em todas as 30 acusações. Os jurados não tiveram dúvidas depois de 11 horas reunidos. Pelo menos 17 das acusações de que Dzhokhar Tsarneav está acusado são elegíveis com pena de morte. O irmão mais novo da família Tsarneav é considerado culpado na acusação de usar arma de destruição massiva que resultou na morte, posse e uso de arma num crime que resultou em morte, conspiração para bombardear local público que levou a morte, entre outras acusações. O atentado de 2013 resultou na morte de quatro mortos (incluindo um polícia) e, pelo menos, 264 feridos. Tsarnaev, de 21 anos, foi capturado, ferido, dentro de um barco junto a uma habitação na cidade de Watertown, Massachussetts, depois de uma mega perseguição policial. O outro suspeito, Tamerlan Tsarnaev, foi abatido pela polícia. O jovem de origem chechena esteve de pé a ouvir a sentença de cabeça baixa, mãos juntas, mas impávido sem olhar para os jurados. Os familiares das vítimas estiveram no interior do tribunal a ouvir a decisão. A sentença final vai ser conhecida dentro de alguns dias. A decisão vai ser tomada pelos mesmos 12 jurados. Em caso de pena de morte a decisão terá de ser unanime. [actualizado às 19h37]
Militantes do autoproclamado Estado Islâmico libertaram esta quarta-feira 216 pessoas da minoria religiosa yazidi, no Iraque. O site informativo AlBawaba indica que os libertados são na maioria crianças, mulheres e idosos e que a operação se deu na região de Kirkuk. Desconhece-se se o Estado Islâmico libertou os cativos por sua iniciativa ou se houve alguma troca. Os yazidis têm sido particularmente perseguidos pelo Estado Islâmico, que os considera satânicos. Este povo vive sobretudo na planície de Nínive, e à volta do monte Sinjar, que foram ocupados pelo Estado Islâmico na segunda metade de 2014. Foi nesta altura que este grupo de yazidis foi capturado. Desde então o monte Sinjar, considerado sagrado para os Yazidis foi libertado por forças curdas e milícias cristãs e yazidis a actuar em conjunto. Quem são os yazidi?
Quase metade dos jihadistas europeus é de nacionalidade francesa Relatório do senado francês intitulado "As redes jihadistas em França e na Europa" sugere uma série de medidas para "prevenir a radicalização". Quase metade dos europeus que integram as fileiras do Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque são franceses, revela um relatório divulgado esta quarta-feira, precisando que o número de cidadãos franceses que partiram para estes territórios ronda os 1.500. O relatório, da responsabilidade do Senado francês, refere que este número de saídas representa um aumento de 84% em relação a Janeiro de 2014. Na apresentação do relatório intitulado "As redes jihadistas em França e na Europa", o senador JeanPierre Sueur sublinhou que entre os cerca de 3.000 europeus identificados nas regiões controladas pelo grupo extremista Estado Islâmico, quase metade, cerca de 47%, são cidadãos franceses. O senador admitiu que nem todos os europeus com ligações ao EI estão identificados. O mesmo documento revelou que entre os 1.432 franceses identificados, 413 estão efectivamente em zonas de combate, incluindo 119 mulheres.
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Outros 261 já deixaram as zonas controladas pelos jihadistas, dos quais 200 regressaram ao território francês, e outros 85 foram mortos no terreno. Também existe registo de dois cidadãos franceses que estão detidos na Síria. Segundo o senador Jean-Pierre Sueur, 152 islamitas radicais estão actualmente detidos em França por "associação criminosa com uma rede terrorista". Prevenir a radicalização Para "prevenir a radicalização", o relatório do Senado francês recomenda "o estabelecimento de acções obrigatórias de formação para a detecção de comportamentos de radicalização para todos os elementos no terreno", acções que podem englobar, entre outros intervenientes, professores, conselheiros educacionais, educadores ou magistrados da área do Direito da Família. O documento sugere igualmente integrar nos programas escolares uma formação específica sobre os conteúdos de radicalização divulgados na Internet. Para "melhorar o controlo de fronteiras na União Europeia (UE)", o relatório recomenda também, entre outras medidas, o aumento do policiamento aéreo e a constituição de "um corpo de guardas fronteiriços europeus". Em Portugal, o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2014, entregue no passado dia 31 de Março na Assembleia da República, indicou que existe "uma tendência de participação" de alguns portugueses em actividades de redes terroristas como combatentes e no recrutamento e encaminhamento de elementos para a Síria e Iraque. "A região síria-iraquiana confirmou-se em 2014 como principal palco da jihad internacional, particularmente na sequência da ascensão regional do grupo Estado Islâmico e do elevado contingente oriundo da Europa a combater naquela região, entre os quais se contam alguns cidadãos portugueses e luso-descendentes", referiu então o documento.
De noivas a combatentes. Mulheres do Estado Islâmico querem ser “Jihad Janes” Pelo menos 20 mil estrangeiros juntaram-se ao conflito, dos quais cerca de 550 são mulheres. Muitas estão a assumir novos papéis na linha da frente dos combates e em operações de logística, serviços secretos e até como médicas.
Angela faz parte do grupo português no autoproclamado Estado Islâmico. Foto: Facebook Por Carla Caixinha com Reuters
As mulheres que viajam para se juntar ao autodenominado Estado islâmico já não querem ser apenas "noivas jihadistas". Muitas estão a assumir novos papéis na linha da frente dos combates e em operações de logística, serviços secretos e até como médicas, de acordo com fontes militares e alguns especialistas ouvidos pela Reuters. A presença feminina nos combates do Estado islâmico, que visam estabelecer um califado em todo o Médio Oriente, é pouco comum, uma vez que os sunitas radicais impõem restrições rígidas aos comportamentos das mulheres, incluindo no seu vestuário, atribuindo-lhes apenas um papel doméstico. Mas, à medida que mais estrangeiros se juntam às fileiras jihadistas, o papel tradicional feminino está a sofrer alterações, havendo relatos de mulheres a trabalhar em hospitais controlados pelo Estado Islâmico e a ajudar em questões logísticas. O coronel Rafat Salim Raykoni, chefe dos Serviços Secretos da unidade militar do Curdistão iraquiano dos peshmerga (combatentes curdos), que lutam contra os terroristas no terreno, disse que as mulheres combatentes têm surgido em redor da cidade de Sinjar, no norte do Iraque. "Não são muitas, mas estão a começar a chegar à linha da frente. Aqui em Sinjar são muito activas", avançou à Reuters. Raykoni não é o único a ter reparado nesta tendência. Também altos comandantes em diferentes zonas do Iraque e da Síria relatam situações de mulheres do
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Estado Islâmico no campo de batalha, apesar de até agora não existir confirmação de nenhuma morte. Pareen Sevgeen, comandante de uma milícia de mulheres curdas no Iraque (YJA Star), conhecida pelo seu nome de guerra "Beritan", estava a lutar a norte de Sinjar, no início deste ano, quando as suas forças interceptaram comunicações dos jihadistas. "Ouvimos uma mulher a dar ordens aos homens. Ela era, obviamente, um comandante", diz "Beritan" à Reuters. Depois de reconquistarem a zona procuraram a mulher jihadista, mas sem sucesso. "Queríamos saber mais. Sabemos que ela é estrangeira pela forma como falava no rádio. Árabe não é sua primeira língua. A nossa fonte do outro lado disse-nos que era da Índia." Querem ser "Jihad Janes" Até agora, a atenção dada pelos meios de comunicação às mulheres apenas incidia sobre o seu papel como "noivas jihadistas". As últimas notícias deram conta de três adolescentes britânicas que viajaram através da Turquia para a Síria em Fevereiro, para se juntarem aos terroristas. Também outras quatro estudantes britânicas de medicina terão conseguido chegar a territórios controlados pelos jihadistas este mês. "Várias mulheres ocidentais que viajaram expressaram a seu desejo de lutar e estar na frente de batalha. Elas querem ser Jihad Janes" (uma alusão ao herói de banda desenhada "G.I Joe"), disse Jayne Huckerby, director da Clínica Internacional de Direitos Humanos, da Universidade de Direito Duke, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Esta alteração foi referida numa publicação recente da brigada feminina Al-Khansaa, que tem por missão perseguir e deter mulheres que violem as rígidas regras morais do grupo fundamentalista. O manifesto, traduzido e analisado pelo grupo de reflexão Fundação Quilliam, com sede em Londres, refere que as mulheres estão autorizadas a abandonar as suas tarefas domésticas pela jihad (guerra) se o "inimigo estiver a atacar e os homens não forem suficientes para proteger e os imãs concederem uma fatwa [deliberação jurídica] nesse sentido”. "Mulheres combatentes começaram a chegar à frente. Talvez queira dizer que o Estado Islâmico está com dificuldades e está a começar a recorrer a todas as pessoas para ajudar", avançou à Reuters o general Wahid Koveli, que lidera uma força especial dos peshmerga, a nordeste de Sinjar, perto de Teleskuf. No ano passado, o grupo canadiano de contraterrorismo – o Ibarbo – identificou uma mulher que viajou do Canadá para a linha de frente dos ataques do Estado Islâmico, dando as suas localizações no Twitter e mostrando que ela visitou cidades da Síria e do Iraque. Através do seu telemóvel, conseguiram aceder à função de localização no Twitter, concluindo que os seus movimentos "reflectem uma tendência em que as mulheres têm papéis cada vez mais activos no apoio aos jihadistas masculinos, tais como a recolha de informações, implementação e adesão à sharia" (lei islâmica). O Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência Política, com sede em Londres, estima que pelo menos 20 mil estrangeiros juntaram-se ao
conflito, dos quais cerca de 4.000 são cidadãos ocidentais. Estima-se que cerca de 550 são mulheres. O director do centro, Peter Neumann, disse que cerca de 80% dos combatentes estrangeiros que estão a engrossar as fileiras dos Estado Islâmico na Síria e no Iraque são atraídos pela sua ideologia e seduzidos pela propaganda "online" feita em diversas línguas. TPI diz ser improvável julgar líderes A procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, afirmou existirem evidências de crimes de guerra levados a cabo pelos militantes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, mas reconheceu serem mínimas as hipóteses de que os seus líderes venham a ser julgados. Execuções em massa, escravidão sexual, violações, tortura, recrutamento forçado de crianças e até mesmo genocídio são alguns do crimes atribuídos ao grupo jihadista sunita radical, segundo Fatou Bensouda. Mas a procuradora lembra que, embora tenha jurisdição sobre crimes cometidos por combatentes que são cidadãos de países-membros do TPI, os líderes do Estado Islâmico parecem ser principalmente do Iraque e da Síria, que não reconhecem o tribunal. Uma jurisdição mais ampla também pode ser requisitada a Haia pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Muitos cidadãos de nações filiadas ao TPI são suspeitos de cometer atrocidades em combates do Estado Islâmico, incluindo "Jihadi John", militante que se acredita ser um cidadão britânico e que protagonizou vídeos de decapitações divulgados pelo grupo extremista. Bensouda disse que o tribunal recebeu relatos sobre milhares de combatentes estrangeiros que se uniram ao Estado Islâmico, muitos de Estados-membros do TPI, como a Tunísia, Jordânia, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Bélgica, Holanda e Austrália. "Alguns destes indivíduos podem ter estado envolvidos na prática de crimes contra a humanidade e crimes de guerra", acrescentou.
“As crianças nunca são um erro”, diz o Papa Numa catequese centrada no que chamou de “paixão da infância”, Francisco lembrou as que são rejeitadas, abandonadas, privadas da sua infância e do seu futuro. Na habitual audiência geral de quarta-feira, retomada depois da Páscoa, Francisco alertou para os “dramas” das crianças de todo o mundo que vivem na pobreza ou são vítimas de violência e escravidão. O Papa contestou os que apresentam como solução uma diminuição dos nascimentos, apelando à responsabilidade da sociedade civil em defesa dos mais desprotegidos. “Muitas crianças, desde o início, são rejeitadas, abandonadas, privadas da sua infância e do seu futuro. Alguns atrevem-se a dizer - como que a justificar-se -
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que foi um erro fazê-las vir ao mundo. Isto é vergonhoso! Não descarreguemos as nossas culpas sobre as crianças, por favor! As crianças nunca são um erro”, disse na Praça de S. Pedro, perante milhares de pessoas. “Cada criança marginalizada, abandonada, que vive na rua a mendigar ou com qualquer tipo de expediente, sem escola, sem cuidados médicos, é um grito que chega até Deus e que acusa o sistema que nós adultos construímos”, declarou. Numa catequese centrada no que chamou de “paixão da infância”, o Papa recordou que muitas destas crianças “são presa de delinquentes, que os exploram para tráficos e negócios indignos, ou os treinam para a guerra e a violência”. “O que fazemos das solenes declarações dos Direitos do Homem e dos Direitos da Criança, se depois castigamos as crianças pelos erros dos adultos?”
Homenagem à Brigada Victor Jara no Intercéltico de Sendim A banda portuguesa, que celebra 40 anos de carreira, vai ser homenageada em Terras de Miranda, no festival de música folk.
Cáritas angariou menos 27 mil euros do que em 2014 Os cerca de 300 mil euros “destinam-se exclusivamente ao apoio social prestado pelas Cáritas Diocesanas” em todo o país. A Cáritas Portuguesa angariou no seu peditório público anual 300.098.92 euros. Este valor representa uma diminuição de 8,5% em relação ao ano passado, quando foram angariados mais de 327 mil euros. Em comunicado, a Cáritas diz que esta diminuição do dinheiro angariado se justifica “pelas dificuldades económicas e desemprego que têm afectado a população portuguesa”. A verba angariada “destina-se exclusivamente ao apoio social prestado pelas Cáritas Diocesanas” em todo o país, diz ainda o texto. No ano passado, a organização apoiou mais de 160 mil pessoas, integradas em pouco mais de 63 mil agregados familiares.
Foto: Pedro Medeiros Por Olímpia Mairos
A Brigada Victor Jara é cabeça de cartaz no Festival Intercéltico de Sendim (FIS), que decorre entre 30 de Julho e 3 de Agosto. A banda está a celebrar 40 anos de carreira e vai ser homenageada em Terras de Miranda. O festival, que atrai ao Planalto Mirandês milhares de espectadores, arranca na cidade de Miranda do Douro, com as actuações de Andrés Peñabad, vindo da Galiza, e dos castelhanos/leoneses Cecina de Léon Folk. No segundo dia do festival, já na Vila de Sendim, actuam os Arrefole, do Porto, apontados uma esperança da música de raiz, os asturianos Seu e os castelhanos/leoneses Cecina de Léon Folk. Pelo Palco das Eiras passam ainda, no dia 1 de Agosto, a Brigada Victor Jara, Andrés Peñabad e Rare Folk da Andaluzia. O director do festival, Mário Correira, diz à Renascença que a programação deste ano está centrada na geografia ibérica. "É na área ibérica que se regista um dos maiores dinamismos das músicas de raiz folk e tradicionais", diz, destacando "a grande partilha cultural que existe entre os dois países e que assenta em relações de proximidade". Durante os dias do festival, está prevista uma grande animação nas ruas e praças de Sendim, com actuações de gaiteiros mirandeses e músicos amadores oriundos um pouco de todo o país. O Festival Celta proporciona ainda um vasto e diversificado conjunto de actividades paralelas, com destaque para as oficinas das gaitas e danças mirandesas e as celebrações intercélticas na Taberna dos Celtas. A 16ª edição do Festival Intercéltico de Sendim é organizada pela Sons da Terra, com apoios institucionais da Câmara de Miranda do Douro e da Junta de Freguesia de Sendim, contando com a colaboração de entidades governamentais asturianas,
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como a Direcção-geral de Política Linguística. FOTOGRAFIA
Sebastião Salgado mostra-nos o lado oculto da Terra Trabalho do fotógrafo brasileiro chega a Portugal em formato exposição e documentário. Nos últimos 40 anos, Sebastião Salgado percorreu todos os continentes, retratou guerras, fome, êxodos, maravilhas da natureza e tribos remotas. A partir desta quinta-feira, o trabalho do fotógrafo brasileiro chega a Portugal em formato exposição e documentário. Cerca de 250 imagens dedicadas à natureza vão ficar patentes ao público até 2 de Agosto, no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, em Lisboa. A exposição "Génesis" vai ser inaugurada esta quintafeira, pelas 18h00. Sebastião Salgado e a mulher Lélia Wanick Salgado, que é curadora da mostra, estarão presentes. "Génesis", projecto que resulta de mais de 30 viagens pelo mundo entre 2004 e 2011, é uma homenagem do fotógrafo à grandiosidade da natureza e ao mesmo tempo um alerta para a fragilidade da Terra, mostrando lugares quase intocados que a Humanidade pode perder se não tomar medidas para a preservar. Sebastião Salgado, de 70 anos, mostrará em Lisboa imagens de fauna e flora em lugares pouco explorados pelo Homem, mas também as comunidades humanas das selvas do Amazonas e da Nova Guiné. Também na quinta-feira estreia nos cinemas portugueses o documentário "O Sal da Terra", realizado por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião Salgado. Ao longo do filme, o fotógrafo brasileiro vai narrando algumas das histórias por trás dos retratos, nomeadamente os que fez para o projecto "Êxodos", no qual registou para a posteridade centenas de homens, mulheres e crianças a morrer de fome, em países como o Mali e o Uganda, entre 1994 e 2000. Ao lado das imagens humanas mais dramáticas, surgem também as histórias sobre o projecto "Terra", em que são retratados ecossistemas pouco explorados pelo homem, e que começou nas ilhas Galápagos, onde Darwin recolheu muita informação para formular a teoria da evolução, em 1835. O documentário "O Sal da Terra", distribuído em Portugal pela Midas Filmes, teve estreia mundial na última edição do Festival de Cannes, em maio de 2014, onde recebeu uma Menção Especial do Júri da secção "Un Certain Regard". O filme estará em exibição em Lisboa, no Cinema Ideal e no Monumental, e no Porto, no UCI Arrábida. Tem também sessões agendadas em Viana do Castelo, Abrantes, Coimbra, Santarém, Setúbal, Leiria, Viseu, Braga e Guarda. Nascido a 8 de Fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais, Sebastião Salgado é formado em Economia e
começou a sua carreira de fotógrafo em Paris, em 1973. O seu trabalho foi alvo de uma grande exposição em Portugal, em 1993, na inauguração do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde mostrou também cerca de 250 imagens. Membro das agências de fotografia Sygma, Gamma e, posteriormente, a Magnum, Sebastião Salgado fundou a Amazonas Images, com a mulher, Lélia Wanick, em 1994, e juntos criaram o Instituto Terra para a reflorestação da Mata Atlântica brasileira. TAÇA DE PORTUGAL
Ewerton chegou tarde, mas a tempo de apurar o Sporting para a final Sporting venceu o Nacional por 1-0 e é o primeiro finalista confirmado da Taça de Portugal. Os leões triunfaram com um golo de Ewerton, a cinco minutos do fim.
O Sporting conseguiu atingir o seu objectivo vencendo e carimbando a sua presença na final da Taça de Portugal. O jogo acabou por mostrar equilíbrio nas oportunidades, mas os leões que estiveram à beira de sofrer conseguiram num lance de bola parada marcar pelo brasileiro Ewerton. Após o empate a duas bolas na primeira mão, o Sporting avança para a final e fica à espera de Braga ou Rio Ave, sendo que os bracarenses triunfaram no 1º jogo por 3-0. A final disputa-se a 31 de Maio, no Estádio Nacional. Hugo Miguel apita para o final e o Sporting está confirmado no Jamor. 91'- Nani remata e a bola desviada para canto. Há festa em Alvalade, os adeptos já olham para o Jamor. Hugo Miguel estende o jogo por mais 3 minutos. 89'- Substituição no Sporting, sai Slimani e entra Tanaka. 85'- GOOOOOLLLLOOOOOOOO!!!!!!! SPOOOOORTIIIIING!!!!! EWERTON!!!! MARCA DE CABEÇA O CENTRAL BRASILEIRO E O JAMOR ESTÁ AO VIRAR DA ESQUINA. 81'- Rui Correia por duas vezes evita que os jogadores do Sporting consigam espaço para rematar à baliza. 80'- Cartão amarelo para Christian
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73'- Substituição no Sporting, sái Carrillo e entra André Martins. 68'- Slimani cabeceia ao lado na marcação de um canto. 66'- Livre perigoso a favor do Sporting por mão de Gomaa na meia-lua. Nani remata contra a barreira. 65'- Substituição no Nacional, sái Aly Ghazal e entra Gomaa. 64'- Cartão amarelo para Rui Correia. 60'- Substituição no Sporting, sái João Mário e entra Carlos Mané. 59'- Remate de longe e rasteiro de Christian, com Rui Patrício, mais uma vez, a desviar para canto. 58'- Substituição no Naciona, sái Soares e entra Lucas João. 57'- Anunciado o número oficial de espectadores em Alvalade:16.315. Assistência fraca para um jogo da meia-final da Taça de Portugal. 54'- Cartão amarelo a Slimani e a Zainadine. 51'- Rui Patrício volta a ser fundamental ao evitar o golo do Nacional. Canto marcado e Soares sem oposição ao segundo poste a cabecear de cima para baixo, mas o capitão leonino salva um golo que parecia certo. 49'- 1ª canto na segunda parte para o Sporting. Jefferson marca mas sem perigo para a baliza do Nacional da Madeira. Começa a 2ª parte O Nacional da Madeira precisa de marcar para voltar à luta por um lugar na final da Taça de Portugal, mas ainda não conseguiu abrir o cofre à guarda de Rui Patrício. Os madeirenses já tiveram algumas oportunidades, mas em remates perigosos de fora da área e com o capitão leonino em grande nível. Já o Sporting tem a eliminatória a seu favor, mas não pode falhar lances de golo eminente, como aconteceu por duas vezes com Slimani, que de cabeça desperdiçou oportunidades flagrantes e que teriam deixado descansados os sportinguistas nas bancadas de Alvalade. Resultado justo ao intervalo, mas com o Nacional a prometer discutir o lugar no Jamor até ao apito final do árbitro, Hugo Miguel. Hugo Miguel apita para o intervalo em Alvalade, com 00 no marcador. Vantagem na eliminatória para os leões, que empataram a dois golos na primeira mão. 48'- Remate forte de Jefferson em posição frontal, mas por cima da baliza do Nacional. 46'- Christian coloca Rui Patrício à prova e o internacional português a corresponder com uma espectacular defesa a um remate que levava sêlo de golo. O árbitro Hugo Miguel concedeu mais 3 minutos de tempo extra. 42'- Substituição no Nacional, Camacho entra para o lugar do lesionado Luís Aurélio. 41'- João Mário surge na cara de Gottardi, após assistência de cabeça de Slimani, mas desperdiça atirando por cima da trave. Sporting volta a estar perto do golo. 35'- 1º cartão amarelo do jogo, mostrado ao médio do Nacional, Aly Ghazal. 33'- O Sporting volta à carga. Uma vez mais na esquerda Carrillo fez a diferença, cruzando ao 2º poste e de novo Slimani de cabeça a desperdiçar uma grande oportunidade. 29'- Carrillo cruza da esquerda e Slimani cabeceia à
figura de Gottardi. O argelino desperdiça uma oportunidade fulgurante para os leões. 25'- Ewerton cabeceia por cima, sem perigo, após canto marcado por Nani. 18'- Marco Matias cruza da direita e Tiago Rodrigues sem oposição e dentro da grande área remata para defesa fácil de Patrício. O Nacional é até ao momento mais perigoso que o Sporting. 16'- Marco Matias volta a disparar de fora da área e desta vez com a bola a desviar na trave de Rui Patrício. O Nacional cria a melhor oportunidade do jogo até ao momento. 13'- Slimani faz falta na área do Nacional, num canto a favor da equipa de Marco Silva. 12'- Marco Matias lança aviso a Rui Patrício num remate à entrada da área que sai por cima da baliza leonina. Facilidades defensivas do Sporting. 9'- Livre sofrido por João Mário. Nani remata à figura de Gottardi que soca para a frente. Lance sem perigo. 5'- jogo começa muito dividido e a concentrar-se no meio-campo. Ainda sem oportunidades juntos das balizas. Começa a partida em Alvalade Taça de Portugal: Segunda mão da meia-final Estádio de Alvalade, Lisboa Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa) Equipas oficiais Sporting Rui Patrício; Miguel Lopes, Paulo Oliveira, Ewerton e Jefferson; William Carvalho, Adrien Silva e João Mário; Nani, Slimani e Carrillo. Suplentes: Marcelo Boeck, Cédric, Tobias, André Martins, Mané, Montero e Tanaka. Treinador: Marco Silva. Nacional Gottardi; João Aurélio, Rui Correia, Zainadine e Marçal; Aly Ghazal, Tiago Rodrigues e Christian; Luís Aurélio, Marco Matias e Soares. Suplentes: Rui Silva, Sequeira, Boubacar, Wagner, Camacho, Lucas João e Gomaa. Treinador: Manuel Machado. REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Sporting total rumo a Oeiras
O acesso do Sporting à final da Taça de Portugal faz as manchetes dos desportivos. A Bola diz que "Leão teve cabeça" e o Record anuncia. "Leão está de volta". Na edição Sul de O Jogo lê-se: "Jamor e um novo patrão". A referência é para Ewerton.
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Na edição Norte, O Jogo dá a palavra a Bueno: "Lopetegui ajudou-me a crescer". Ainda sobre o FC Porto, O Jogo garante: "Lucas Lima negociado". Gonçalo Guedes, jovem que renovou com o Benfica, está também nas primeiras páginas dos três desportivos e A Bola amplia uma teoria de conspiração, citando o jogador: "Houve pessoas que tentaram interromper a renovação". RIBEIRO CRISTÓVÃO
Leão volta à mata do Jamor Por agora, o mais importante está feito. É tempo de preparar a equipa para a final da Taça de Portugal.
porque aí será estulto pensar que ainda é possível ir além do actual terceiro lugar na classificação. Para os que chegaram a sonhar com a possibilidade de o Sporting ser campeão, ficar a meio da ponte poderá constituir uma contrariedade. Porém, o que fica demonstrado é que, mesmo no futebol, nunca é recomendável que se misture o sonho com a realidade. E esta – a realidade – não se compadeceu com uma conquista que sempre pareceu inalcançável, praticamente desde o início do mês de Agosto. TAÇA DA LIGA
Benfica e Marítimo querem jogar final no dia 30 de Maio Os clubes e a liga concordam com a data. Falta a aprovação da Federação Portuguesa de Futebol para que a final da Taça da Liga se jogue na véspera da final da Taça de Portugal.
Por Ribeiro Cristóvão
As poucas dúvidas que restavam quanto à primeira equipa a conquistar o direito de estar presente na próxima final da Taça de Portugal desfizeram-se ontem à noite em Alvalade e, como se esperava, com o Sporting a garantir a sua 26ª participação nessa festa maior, nas quais, por quinze vezes, se tornou a principal figura. Caberá agora aos leões aguardar mais algum tempo para ficar a saber que equipa terá como adversária no dia 31 de Maio, nessa reunião sempre grandiosa que encerra mais uma longa e emocionante temporada de futebol. Mesmo sabendo-se que o Sporting de Braga leva três golos de avanço sobre o Rio Ave, a verdade é que há ainda um segundo jogo a realizar em Vila do Conde e, como em futebol não há vitórias antecipadas, vamos ter de esperar pela noite de 30 de Abril para então tudo ficar devidamente esclarecido. Quanto ao Sporting, atingir o objectivo de chegar à final era tarefa de que não podia esconder-se, sob pena de comprometer todo o trabalho realizado até aqui e, sobretudo, a preparação da temporada seguinte. Claro que falta acrescentar uma vitória no Jamor, e veremos se a consegue, mas, por agora, o mais importante está feito. Daí que, saídas e entradas de jogadores, permanência ou não do treinador, são temas que passaram a ser menos relevantes, porque à estrutura do clube de Alvalade importa agora sobretudo preparar convenientemente essa final, ainda que tal implique uma menor concentração no que falta do campeonato,
Benfica e Marítimo querem jogar a final da Taça da Liga, em Coimbra, no dia 30 de Maio, véspera da final da Taça de Portugal, que se jogará como habitualmente no Estádio Nacional, no Jamor. Os dois clubes acordaram a nova data, rejeitando o dia 28, por ser dia de semana, o que retiraria público ao acontecimento desportivo. Além dos emblemas finalistas, também a Liga de Clubes apoia esta intenção que está apenas dependente de uma decisão da Federação Portuguesa de Futebol. Recordamos que para o dia seguinte, 31 de Maio, está marcada a final a Taça de Portugal.
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O turismo cozido à portuguesa. Quem prova Portugal não esquece É o que diz a Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia. O Congresso Mundial de Turismo de Culinária decorre no Estoril.
Polvo à lagareiro, um dos muitos pratos da gastronomia portuguesa. Foto: DR Por Ana Carrilho
"Quem nunca veio a Portugal nunca fala na gastronomia, mas quem já cá esteve é das primeiras coisas que refere. E lembra-se dos produtos e dos pratos", diz o presidente da Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia (APTECE), José Borralho. Arranca esta quarta-feira o Congresso Mundial de Turismo de Culinária, no Estoril. A qualidade dos produtos, a autenticidade da confecção dos pratos, das cores, cheiros e sabores da comida portuguesa são os argumentos que convencem os turistas, sobretudo os "gastronómicos" (aqueles que põe as comidas locais no topo das prioridades na hora de viajar), afirma José Borralho à Renascença. "De 25 em 25 quilómetros temos uma forma diferente de fazer as coisas, temos produtos diferentes", diz. Essa diversidade foi um dos grandes trunfos que a APTECE apresentou para conseguir trazer para Portugal a edição de 2015 do Congresso Mundial de Turismo de Culinária, que decorre nos próximos três dias no Centro de Congressos do Estoril. Os participantes, vindos de todo o mundo, têm passado os últimos dias a experimentar esses sabores. O objectivo é que voltem, com mais tempo para continuar a apreciar. Mas também que passem a palavra, incluindo nas redes sociais e nos blogues. Os estudos internacionais revelam que, anualmente, mais de 1 milhão de pessoas faz "turismo culinário". São turistas com um elevado poder de compra e que, em média, gastam mais de metade do orçamento da viagem com actividades gastronómicas, revela José Borralho. E este é mais uma vertente em que o turismo nacional tem grandes potencialidades, defende. No entanto, o presidente da APTECE lembra que "não
se pode vender o país só pela gastronomia. O turismo de culinária tem que estar associado a outros produtos" e implica a criação de um sistema de cooperação. "Por exemplo, o turismo religioso. Sabemos que os nossos doces conventuais nasceram entre o clero. Porque é que as nossas igrejas não podem associar as histórias dos doces dentro daquilo que são as experiências do turismo religioso?", sugere. O segredo é pegar em quem vem pela história, pela cultura, pela natureza ou pelo golfe e saber introduzir a vertente da gastronomia nos momentos das refeições. "Porque, em última análise, todos temos de comer pelo menos duas ou três vezes por dia. E estamos a falar de um mercado com poder de compra". Sobretudo quando se fala de turistas do Canadá, Estados Unidos, Alemanha ou Brasil, que manifestam especial apetência pela gastronomia portuguesa. "Experienciar" O novo factor chave do turismo a nível global é cada vez mais "viver experiências", mais do que "ver". Para José Borralho, o grande desafio é fazer os produtores perceberam que receber o turista e "trabalhá-lo" é uma forma de fazer crescer o negócio de forma sustentável. "Se sou um pequeno produtor, não tenho que ter um chefe ou saber de cozinha porque a experiência que proporciono é o de estar com o produto, mexer com o produto, aprender a sua história, como é que é produzido. O visitante pode-se envolver com o produto, mas a seguir este tem que ir para a confecção. Se criar uma base local com restaurantes, hotéis, escolas de hotelaria, também estou a passar um conjunto de turistas para outros negócios que são complementares ao meu. A mesma coisa acontece no restaurante que recebe turistas e que pode dar destaque a alguns produtos locais", diz. Os restantes portugueses também têm que colaborar: é preciso que tenham orgulho em mostrar o que é português e o que é Portugal. "Se as experiências são boas, fala-se bem; se são más, fala-se mal. E é mais difícil recuperar uma má imagem do que rentabilizar uma positiva."
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Há demasiados portugueses com os rins a funcionar mal São mais de 11 mil os portugueses que fazem diálise. Sete mil foram transplantados. Diabetes e hipertensão arterial são as principais doenças que levam à necessidade daquele tratamento.
Quase 60% dos novos doentes em diálise têm mais de 65 anos. Foto: DR
Portugal tem uma das taxas mais elevadas do mundo de transplantados ou doentes a fazer diálise e o quadro continua a agravar-se: pelo segundo ano consecutivo, aumentou o número de pessoas a iniciar o tratamento substitutivo da função renal: mais 2.473 novos doentes em 2014. A Sociedade Portuguesa de Nefrologia sugere que a causa está em falhas nos cuidados de saúde primários e na evolução de doenças comuns. “A principal causa da doença que leva à necessidade de diálise é a diabetes. E a segunda a hipertensão arterial”, refere à Renascença o presidente da sociedade Portuguesa de Transplantação, Fernando Macário. Quanto mais cedo forem detectados os problemas, mais resultado dão as estratégias de prevenção e controlo da doença. Fernando Macário admite que a situação evoluiu muito, mas quase um terço dos doentes recorre ao médico demasiado tarde, quando não há possibilidade de recuperação. “São cerca de 30% os doentes que chegam à diálise sem terem passado pela consulta de nefrologia”, indica. Quase 60% dos novos doentes em diálise têm mais de 65 anos. No total, há mais 11 mil portugueses a fazer diálise e sete mil foram transplantados, “o que corresponde a uma das mais elevadas taxas ao nível europeu e do mundo. Só os Estados Unidos, Singapura e Japão têm taxas superiores à nossa”, afirma o especialista. Fernando Macário sublinha ainda que Portugal continua muito abaixo da sua capacidade em termos de transplantes. Positivo é o aumento de nove para 24 do número de doentes transplantados de forma directa, sem necessidade de diálise antes. Estas e outras questões vão estar em análise no Encontro Renal 2015, que decorre em Vilamoura, entre
os próximos dias 15 e 18.
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