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EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco

Segunda-feira, 26-01-2015 Edição às 08h30

Editor Raul Santos

Syriza ficou a dois deputados da maioria absoluta Jovens doutorados Impostos ficam à porta das agravaram empresas combustíveis em quase 5 cêntimos no novo ano Romance EUAPortugal nas Lajes. Conta-me como foi

Conselho de Estado debate antecipação de eleições na Madeira

LUÍS ANTÓNIO SANTOS

"Diálogo" também é uma palavra grega

Padres em paróquias pobres para “aprender o que é a fé”


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Syriza ficou a dois deputados da maioria absoluta Partido de Alexis Tsipras conseguiu mais de 36% dos votos nas legislativas gregas. Vai agora começar a procurar uma solução para formar Governo.

Padres em paróquias pobres para “aprender o que é a fé” Há várias dioceses em Portugal que garantem um ordenado mínimo aos padres, mas, ainda assim, há paróquias onde é preciso fazer ginástica - e ter fé - para conseguir pagar as contas ao fim do mês.

Foto: Orestis Panagiotou/EPA

O partido anti-austeridade Syriza foi o grande vencedor das eleições legislativas de domingo, na Grécia, mas ficou a dois deputados da maioria absoluta. Com praticamente todos os votos contados, o movimento liderado por Alexis Tsipras conseguiu 36,34%, o que equivale a 149 deputados. O segundo partido mais votado foi a Nova Democracia, do até aqui primeiro-ministro Antonis Samaras, que arrebatou 27,81 % dos votos e não foi além dos 76 deputados. Os neonazis da Aurora Dourada e o To Potami, de centro-esquerda, conseguiram 17 assentos no parlamento, cada um. O Partido Comunista grego conquistou 15 deputados, seguido dos Gregos Independentes (ANEL) com 13 e dos socialistas do PASOK também com 13. Depois da vitória sem maioria absoluta, o Syriza vai agora começar a procurar uma solução para formar Governo. Alexis Tsipras vai ser chamado pelo Presidente da República, Karolos Papoulias, que vai dar três dias ao líder do Syriza para encontrar uma solução de Governo. Há dois partidos com quem Tsipras se poderá entender. Um deles é o To Potami, liderado pelo jornalista e estrela de televisão Stavros Theodorakis, que exige a manutenção da Grécia no euro e na União Europeia. Outra hipótese de coligação são os Gregos Independentes, de direita, fundados por Panos Kammenos, um dissidente da Nova Democracia. Este partido rejeita o memorando da troika e não quer receber ordens do estrangeiro. As negociações poderão começar já esta segunda-feira de manhã.

Muitas paróquias dependem unicamente do que recebem nos ofertórios Foto: Lusa Por Filipe d’Avillez

O padre Edgar Clara não perde tempo a dizer que não tem preocupações financeiras: “Como nós não temos dinheiro, para mim, não é preocupação”. Dinheiro há, mas é pouco. As seis paróquias pelas quais é responsável, juntamente com outro sacerdote, todas na zona da Mouraria, em Lisboa, juntam cerca de 150 euros por semana, nos ofertórios das missas. Este é o cenário de uma semana boa. Há momentos difíceis: “Há cerca de um mês, paguei a água, a luz, o telefone e tudo o que havia para pagar. E, quando olhei, tinha ficado lá [na conta bancária] com dez euros. Mas deu para pagar tudo e ainda sobraram dez euros”. A vida deste pároco é gerida assim, de mês para mês e de dia para dia. Mas, no fim, garante, nunca falta nada. “No ano passado, houve um vendaval e caiu uma janela enorme. Pedi o orçamento e foi de 1.800 euros. Tive de dizer às pessoas que teríamos de encontrar alguma forma de arranjar o dinheiro e houve umas pessoas generosas que disseram para não me preocupar, que eles pagavam a janela", conta Edgar Clara. “Isto tem-me acontecido sempre. Quando é preciso, e digo, há sempre alguém que aparece e paga as coisas. Mas, claro, que isto é viver na precariedade”, diz. Um ordenado para viver e doar Dez das 18 dioceses territoriais enviaram à Renascença informação sobre como organizam as suas contas. A maioria já adoptou o Estatuto Económico do Clero ou um sistema equivalente: quando a paróquia não tem dinheiro, a diocese participa financeiramente para garantir um ordenado mínimo aos padres.


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A diocese das Forças Armadas e de Segurança é uma excepção, uma vez que o seu bispo e os capelães são remunerados segundo as tabelas das instituições que servem. Muitas paróquias dependem unicamente do que recebem nos ofertórios, mas noutras subsistem algumas tradições vindas sobretudo do meio rural que também ajudam. “Em Alfama [em Lisboa], as pessoas quotizam-se todos os meses. Uma dá cinco euros, outra dá 10, para pagar o que chamam a côngrua, que dá 170 euros, mais ou menos. Depois, outras têm outros sistemas para ajudar a Igreja.” A regra geral nas dioceses é que as paróquias asseguram o ordenado dos seus padres. Em Lisboa, este está fixado num mínimo de cerca de 700 euros. Nos casos em que as dioceses não têm rendimentos suficientes, recorre-se ao Fundo Diocesano do Clero, gerido pelo Patriarcado, que subsidia a diferença, garantindo assim que os sacerdotes têm um mínimo para poderem subsistir. O montante é igual para todos os padres, em todas as fases da sua vida e este modelo é utilizado em várias dioceses do país. Alguns padres têm rendimentos de outras fontes, quando exercem trabalho como professores ou capelães, por exemplo. Nesses casos, são convidados a doar 50% de tudo o que ganham acima do valor fixado pelo Patriarcado ao Fundo Diocesano do Clero. No caso do padre Edgar, que é também capelão hospitalar, o ordenado que recebe do hospital permite aliviar a carga às paróquias que administra. O sistema respeita os princípios da subsidiariedade e da comunhão. Por um lado, as paróquias gerem as suas finanças e remuneram os sacerdotes sem depender de outras instâncias, mas, por outro, quando existem dificuldades ou limitações, existe uma entreajuda que atenua as diferenças. “Passei fome” Mas nem sempre foi assim. O padre Eduardo Freitas, que durante décadas foi pároco de Bucelas e agora está reformado, recorda o sistema quando começou a exercer: “Havia o hábito das pessoas contribuírem com a sua côngrua, que era um alqueire de cereal ou um dia de trabalho”. Quando foi para Bucelas, aos 31 anos, sentiu dificuldades. “Passei fome, dormia, às vezes, no carro, ia todos os dias a pé, cinco quilómetros, para a Casa do Gaiato para almoçar com os gaiatos. E, às vezes, era a única refeição que tinha”, recorda. A situação foi melhorando, apesar do feitio da população local, graceja: “A côngrua em Bucelas foi sempre uma coisa mínima, porque sabe como são os saloios, não é? Pedir dinheiro a um saloio é a mesma coisa que dizer que lhe vamos espetar uma faca. Mas, quando eu fazia um serviço religioso, eles contribuíam consoante a tabela da diocese. Nunca cobrei um tostão a mais. Ma,s a pouco e pouco, foi crescendo. Hoje o movimento é mais.” O padre Eduardo não tem poucas dúvidas de que o sistema actual é melhor: “Pelo menos, é justo e é igual, é fraterno. Sendo da cidade ou da aldeia, a remuneração do sacerdote é aquele valor e mais nada. O clero hoje está bem na diocese.” A generosidade dos fiéis Contudo, o sistema da côngrua ainda existe em

algumas dioceses. Braga e Lamego, por exemplo, não têm um ordenado fixo para os sacerdotes. Ainda assim, os padres contactados pela Renascença garantem que ninguém passa dificuldades e elogiam a generosidade dos fiéis, que contribuem não só com dinheiro mas também com bens alimentares. O padre Bernardo Mendonça, por exemplo, tem oito paróquias no Alto Douro, todas pequenas e com pouca gente. O número elevado é uma defesa, garante, pois assim permite que o pouco que cada paróquia contribui some um ordenado “perfeitamente digno” ao fim do mês. “Permite-me viver perfeitamente bem. Estou envolvido em muitas outras coisas, como movimentos e campos de férias, e não preciso de cobrar um tostão. Paga-me a gasolina e todos os custos que tenho. Não me falta nada”, garante. O mesmo diz o padre Francisco Bastos, do arciprestado de Celorico de Basto, em Braga, considerada uma das zonas mais pobres do país. “As pessoas são generosas. Graças a Deus, aqui é muito boa gente. São pessoas de trabalho, dão muitos frangos e outras coisas para alimentação. Há de tudo, mas é um povo de mãos árduas de trabalho, mas também de conforto e de amor”, afirma. O seu arciprestado tem sete sacerdotes e todos, assegura, conseguem subsistir dignamente - alguns recebendo apenas o que as paróquias lhes pagam, como é o seu caso, outros completando com ordenados que recebem trabalhando como professores ou capelães. Tanto quanto sabe, nenhum precisa de recorrer ao Instituto de Apoio ao Clero, que existe para ajudar os padres que passem necessidades. “Aprender o que é a fé” De regresso a Lisboa e à Mouraria, o padre Edgar Clara confessa que, por vezes, sente-se tentado a ter dúvidas: “Às vezes, pergunto-me, quando estou com problemas de dinheiro, por que é que me mandaram para aqui? Ainda por cima só tenho paróquias pobres”. “Mas eu percebo porquê. Para eu aprender o que é a fé. Porque todos os dias eu vejo que Deus me dá o dinheiro que preciso para a gestão. Não tenho a mais, mas também não nos tem faltado. E realmente isto é a fé, ter a certeza que agora tenho uma factura em cima da mesa e vou ter de a pagar de qualquer maneira, e não sei de onde virá, mas virá. E até agora veio", afirma Edgar Clara.

Passos. País aprendeu a equilibrar “dia-a-dia” com “futuro” Primeiro-ministro diz que, no passado, houve excessos e imprudências, mas o país aprendeu a lição. O primeiro-ministro lembrou este domingo "o preço muito elevado" que o país pagou por apenas se olhar para o presente, descurando o futuro, mas considerou


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que as lições tiradas fizeram com que os recursos passassem a ser aplicados com mais rigor. "Muitas vezes, pergunta-se o que aprendemos com isto tudo, que lições é que tirámos de todas estas provações por que passámos, eu acredito que estas lições que nos custaram muito nos garantiram hoje um grau de consciência muito maior das nossas limitações", disse o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, numa intervenção na cerimónia de inauguração da Residência Sénior Casa de São Paulo, na Cova da Piedade, em Almada. Mas, acrescentou, também ensinaram a importância de valorizar aquilo que se tem e de aplicar com "muito rigor tudo aquilo que são recursos indispensáveis não apenas para satisfazer as necessidades presentes, mas futuras também". Centrando a sua intervenção no equilíbrio necessário entre a resolução dos problemas mais imediatos e emergentes e a necessidade de providenciar o futuro, Passos Coelho considerou que esse "balanço entre presente e futuro está hoje mais entranhado nas instituições e nas pessoas". "Pouco vale responder ao presente sem acautelar o futuro, é aquilo que chamamos a sustentabilidade", sustentou, reconhecendo que "as instituições políticas às vezes também olham demasiado ao presente e com isso deixam uma carga de responsabilidades muito grande para aqueles que vêm a seguir". Contudo, continuou, e porque não se pode "apenas confiar na sorte" e também é necessária "alguma prudência, ao longo dos últimos anos começou a verificar-se que nas empresas, nas instituições sociais e nas instituições políticas, foi-se ganhando uma percepção mais rigorosa da necessidade do equilíbrio entre o presente e o futuro. "Isto é, de ir procurando satisfazer as necessidades do dia-a-dia, (...) mas, sem perder de vista a responsabilidade que têm para futuro", frisou, admitindo que este equilíbrio não se faz sem "pagar um certo preço", "o preço de alguns excessos, de muitas imprudências, que custaram a infelicidade de muitas pessoas". "Pagou-se um preço muito elevado, mas a consciência que temos da importância de preservar esse equilíbrio tem mais valor", vincou. Falando perante autarcas, responsáveis de instituições sociais e do bispo de Setúbal, o primeiro-ministro deixou ainda uma palavra sobre a relevância do sector social, que hoje representa "uma realidade económica e social insubstituível". "Durante os tempos de maior crise e enquanto tivemos recessão económica elas foram um amortecedor socioeconómico extremamente relevante e, hoje que estamos a recuperar lentamente desse processo, elas são também uma mola impulsionadora do crescimento da nossa comunidade, no sentido mais local do termo", referiu.

Governo está “esgotado”, diz António Costa O líder do PS referiu-se aos problemas verificados nos sectores da Educação, Justiça e Saúde. O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou este domingo que o actual Governo de coligação PSD/CDSPP está "esgotado" e "não tem mais nada para dar" aos portugueses, daí que este ano deva ser de mudança. "Os portugueses já perceberam todos. Este Governo não tem mais nada parar dar, este Governo está esgotado, este Governo já não tem nenhuma solução, este Governo está só a marcar passo e, pior, a fazer-nos a todos perder tempo, porque este Governo é necessário ser mudado para que o país possa efectivamente mudar", afirmou. António Costa falava em Seia perante cerca de 600 militantes e simpatizantes socialistas que participaram no jantar de Reis promovido pela Federação Distrital do PS da Guarda. "Como costumamos dizer, ano novo, vida nova. E este ano tem de ser um ano de vida nova, um ano de mudança", acrescentou o dirigente no seu discurso. António Costa referiu que a Europa já começou a dar "pequenos sinais de mudança". "E todos sabíamos que muito do que é necessário mudar em Portugal depende também da mudança na Europa", observou. O líder do PS disse estranhar que o Governo, em vez dos interesses nacionais, procure "contrariar esta mudança que está a acontecer na Europa e que é necessário acelerar para salvar" a economia e voltar a criar emprego. Aludiu depois a problemas verificados na abertura do ano lectivo, no sector da Justiça (com o bloqueio do sistema informático) e na saúde, "com a tragédia nas urgências". Este cenário, segundo Costa, é "o resultado de uma gestão orçamental desastrosa e irresponsável conduzida por este Governo ao longo destes três anos". "É função do PS chamar a atenção do país, alertar o país, para a necessidade de mudarmos de política para podermos ter resultados diferentes", disse. Para isso, e no que respeita à área da saúde, na segunda-feira, o grupo parlamentar socialista fará visitas aos hospitais "para ver no terreno qual é a situação efectiva" para exigir respostas ao Governo "pelo caos instalado no serviço de urgências". O secretário-geral do PS apontou que o ano de 2015 é "muito exigente" e os portugueses olham para o partido que lidera "com muita expectativa e com muita ansiedade". "Os portugueses já sabem bem o que não querem, e não querem mais este Governo. Os portugueses querem travar a austeridade, os portugueses querem relançar a confiança na economia, querem voltar a ter confiança no seu futuro, querem voltar a ter esperança no futuro dos seus filhos e é essa resposta que nós, PS,


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temos de dar, devolver a confiança às portuguesas e aos portugueses e esperança no futuro de Portugal", afirmou. Como falava em Seia, um concelho localizado na Serra da Estrela, no distrito da Guarda, apontou que aquela região "é uma grande oportunidade para o desenvolvimento do país", por ser a parte do território "que está mais próximo do mercado ibérico".

Impostos agravaram combustíveis em quase 5 cêntimos no novo ano As contas são feitas pelo organismo público que diariamente publica os preços de referência dos combustíveis.

Os combustíveis aumentaram quase cinco cêntimos a partir de 1 de Janeiro, por via da fiscalidade e da incorporação de biocombustíveis, segundo as contas da Entidade Nacional do Mercado de Combustíveis (ENMC). As contas definitivas do aumento dos combustíveis em 2015, realizadas pelo organismo público que diariamente publica os preços de referência, revelam um acréscimo de 4,63 cêntimos por litro de gasóleo e de 4,99 cêntimos por litro de gasolina, resultante do agravamento da contribuição de serviço rodoviário, previsto no Orçamento do Estado, da taxa de carbono, contemplada na reforma da Fiscalidade Verde, e ainda da incorporação de biocombustíveis. A evolução do preço dos combustíveis em 2015 motivou uma discussão acesa entre as petrolíferas e o Governo, com as contas dos dois lados a divergir no que se refere ao valor relativo ao aumento da incorporação de biocombustíveis. As contas da Galp apontavam um aumento de cinco cêntimos por litro no gasóleo e de 6,5 cêntimos na gasolina no próximo ano, valores que o Governo veio, por várias vezes, rejeitar, o que levou a APETRO Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas a refazer as contas e a corroborar uma subida de cinco e 6,5 cêntimos no gasóleo e na gasolina, respectivamente. Segundo as contas da ENMC, a nova taxa de carbono foi responsável por um aumento do preço em 1,156 e

1,260 cêntimos por litro, para gasolina e gasóleo, enquanto a contribuição do serviço rodoviário aumentou dois cêntimos por litro (excluindo IVA). Já a nova meta de incorporação de biocombustível encareceu em 0,9 cêntimos por litro, sem IVA, o preço de gasolina, e 0,5 cêntimos por litro, sem IVA, o do gasóleo. "O diferente impacto da incorporação de biocombustível na gasolina e gasóleo deve-se aos volumes e preços do biocombustível a utilizar", explica o organismo liderado por Paulo Carmona. Mais gasóleo, menos gasolina O consumo de gasóleo em Portugal disparou 10% em Dezembro de 2014 em relação ao mesmo período do ano anterior, para 430 mil toneladas, o consumo mensal mais elevado dos últimos três anos. De acordo com os dados da ENMC, o consumo de gasóleo superou as 430 mil toneladas em Dezembro, o valor mais alto desde 2012, o que coincidiu com a descida do preço dos combustíveis e antecedeu o aumento da carga fiscal que entrou em vigor a 1 de Janeiro. Também o consumo de gasolina aumentou 3,8% em Dezembro face ao período homólogo, mas ao longo de 2014 o consumo continuou em queda, com uma descida de 1,5% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, as vendas de gasóleo fecharam 2014 em alta face ao ano anterior, com um acréscimo de 1%, para 4,6 milhões de toneladas, valor ainda assim inferior ao registado em 2012. Apesar deste agravamento dos preços por via da fiscalidade e da incorporação de biocombustíveis, o preço dos combustíveis está em queda desde meados de 2014, acompanhando a evolução das cotações dos produtos petrolíferos nos mercados internacionais, que recuou para os valores de 2009.


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LUÍS ANTÓNIO SANTOS

"Diálogo" também é uma palavra grega Catástrofe e diálogo são duas palavras com origem grega. As televisões nacionais, jornalistas e comentadores, escolheram olhar para o que ontem aconteceu a partir da primeira. Os gregos apostam na segunda.

Catástrofe e diálogo são duas palavras com origem grega. As televisões nacionais - jornalistas e comentadores - escolheram olhar para o que ontem aconteceu a partir da primeira. Os gregos apostam na segunda. Mais do que saber quem ganha, talvez fosse importante perguntar para que queremos um jornalismo que não sabe ser mais nada para além de caixa de ressonância da voz mais grossa?

Alexis Tsipras. Conheça o homem que vai liderar a Grécia Licenciado em engenharia civil, é casado (com a namorada de liceu) e tem dois filhos. É adepto do Panatinaikos. Tornou-se no rosto da contestação à política de austeridade.

Quem, ontem à noite, só tenha conseguido ouvir falar do que aconteceu na Grécia através das operadoras nacionais de televisão deitou-se, certamente, na dúvida sobre se hoje o sol voltaria a iluminar o dia. se, por um lado, se percebeu de forma generalizada, um uso desregrado (incorreto e eticamente reprovável até) da palavra ‘radicais’, perceberam-se também - num canal mais do que nos outros dois - o que pode resultar da combinação preconceito/falta de preparação. Segundo um dos enviados especiais a Atenas, quase todos os indicadores de colapso do ‘mundo como o conhecemos’ começaram já a estar visíveis, mesmo a um domingo. A ‘assustadora’ vitória do Syriza trouxe inúmeras dúvidas - Sai ou não sai do Euro? Como vai lidar com os compromissos? Quem acham vocês, Srs. telespectadores, que vai ‘pagar a conta’? - às quais o uso de um guarda-chuva, numa das intervenções, acrescentava até um tom premonitório de tempestade. Apropriando-me de (mais uma) marca grega na nossa cultura diria que seria cómico, se não fosse trágico. O que ouvi - num canal da ‘concorrência’ internacional - foi coisa bem diferente. Foi o retrato de um país que votou, em democracia, num partido novo. Com tudo o que isso representa, naturalmente, de incerteza, mas também de empolgamento. Ouvi falar da enorme adesão às urnas, ouvi falar da forma pacífica e civilizada como correu o dia e ouvi um primeiroministro eleito dizer que terá chegado ao fim um período de medo e autoritarismo. Ouvi especialistas (daqueles a sério) dizer que Tsipras tem mais margem de manobra interna do que se imagina porque o voto dos gregos não foi um voto de confiança (no sentido de que ‘há promessas para cumprir’) mas antes um voto de esperança (mesmo que seja pequena). E ouvi indicações - as primeiras - de que responsáveis políticos europeus (como o ministro belga das Finanças) estavam já a fazer parte do caminho para encontrar um entendimento com as novas autoridades de Atenas.

Foto: DR

O líder do partido da esquerda radical Syriza, Alexis Tsipras, conquistou este domingo o direito de formar um novo Governo na Grécia e tornou-se, aos 40 anos, no rosto da contestação à política de austeridade na União Europeia. Nascido em Atenas em 28 de Julho de 1974, alguns dias após o fim da ditadura dos coronéis, Alexis Tsipras, de aspecto jovial, cultiva um estilo descontraído: raramente usa gravata e tinha por hábito deslocar-se para o parlamento de moto. Casou-se com a namorada dos tempos do liceu, tem dois filhos, vive numa casa alugada num bairro de Atenas e é adepto do Panatinaikos, clube de futebol da capital grega. Alexis Tsipras iniciou a actividade política nas mobilizações do ensino secundário em 1990-1991, quando militava na Juventude Comunista Grega, com ligações ao Partido Comunista Grego (KKE). Na Universidade Técnica de Atenas, onde tirou o curso de engenharia civil, torna-se dirigente associativo e membro eleito pelos estudantes para o senado da universidade. Entre 1995 e 1997, integra o conselho central do Sindicato Nacional de Estudantes da Grécia. Após romper com o KKE, junta-se à Synaspismos,


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uma organização da esquerda alternativa e o principal partido da coligação Syriza – fundada em 2004, englobando mais 11 organizações radicais e que em Julho de 2013 formaram único partido. Aos 25 anos, Tsipras torna-se no primeiro líder da juventude da Synaspismos, que liderou até 2003, participando na organização dos movimentos pela globalização alternativa e no Fórum Social Grego. Após as legislativas de 2009, torna-se no líder da bancada parlamentar da ainda coligação Syriza, que em 2014, já como partido, obtém uma clara vitória nas europeias, rompendo o tradicional bipartidarismo de conservadores e socialistas. Perfeccionista, Tsipras é definido como um orador respeitado e temido pelos adversários políticos. No seu gabinete do partido tem uma foto de Che Guevara e dizem-no admirador do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, com quem partilhava a data de aniversário mas com 20 anos de diferença. Defensor dos direitos dos imigrantes e dos refugiados, faz a ponte entre diversas gerações da esquerda militante grega e a confirmação do seu carisma surgiu em 2014, ao ser apresentado como candidato a presidente da Comissão Europeia pela Esquerda europeia. Com a vitória nas eleições de hoje, Alexis Tsipras confirmou-se como alternativa política aos partidos tradicionais, na sequência do "tratamento de choque" imposto à Grécia desde 2010, como contrapartida a um avultado empréstimo internacional.

28,12% (77 parlamentares). JOSÉ MANUEL FERNANDES

“Ou o Syriza vai fugir daquilo que prometeu” ou a Grécia sai do euro José Manuel Fernandes acredita que a UE vai fazer cedências ao novo Governo helénico, mas menos do que o Syriza pretende.

Por Carlos Calaveiras

SYRIZA

“A Grécia virou a página” Alexis Tsipras garante que a austeridade ficou para trás. O Syriza está à beira da maioria absoluta. O Syriza, coligação de extrema-esquerda, venceu as eleições na Grécia. No primeiro discurso, o líder Alexis Tsipras anunciou o fim da austeridade. “Hoje celebramos, amanhã começamos a trabalhar. O memorando da austeridade e da destruição, a troika, é passado”, disse. O futuro primeiro-ministro grego acrescentou que ganhou “a Grécia que trabalha e tem esperança”. "É um sinal importante para uma Europa em mudança", disse Tsipras perante milhares de pessoas que se juntaram na praça em frente da Universidade de Atenas. “Reganhamos a esperança, o optimismo e a dignidade. O povo grego escreveu história, a esperança fez história, a Grécia virou a página”, acrescentou Tsipras. O líder do partido acrescentou ainda que “não há vencedores nem vencidos, recuperámos a nossa dignidade”. O partido grego Syriza arrecadou 36,06% dos votos nas eleições legislativas deste domingo. São dados oficiais, numa altura em que ainda se contam os votos, divulgados na página do Ministério do Interior da Grécia. Este resultado representa 149 deputados dos 300 que compões o parlamento. O partido conservador Nova Democracia, até agora no governo, arrecada

O jornalista José Manuel Fernandes considera que “ou o Syriza vai fugir muito daquilo que prometeu - e o que prometeu no essencial são mais gastos à volta de 12MM - e incumprir muitas partes do seu programa - e temos uma situação mais dramática do que teve o presidente Hollande em França - ou então podemos evoluir para a saída da Grécia do euro”. Num debate na Renascença sobre as eleições legislativas na Grécia, com Rui Tavares, José Manuel Fernandes diz que a única hipótese de entendimento do Syriza, que ficou à beira da maioria absoluta, “parece ser o To Potami [o Rio] a única possibilidade”. “Os outros partidos estão todos fora do horizonte. Não sei até que ponto este partido estará disponível porque a situação é muito difícil e eu espero que seja clarificadora”, acrescenta José Manuel Fernandes. O comentador acredita ainda que “vai haver alguma cedência da União Europeia (UE) [ao novo governo da Grécia], mas deve ficar bastante longe daquilo que o Syriza pede”. Para futuro, vai ser importante saber “se o euro vai ou não vai ser aquilo que se chama uma união de transferências, se vamos ou não transferir recursos de uns países para os outros numa escala que nunca existiu até hoje na UE”.


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Reacções em Portugal às eleições na Grécia Os resultados preliminares que estão a ser divulgados dão a vitória ao partido Syriza mas ainda não é certo que assegure a maioria absoluta.

GRÉCIA

Vitória do Syriza é de “enorme importância para países da crise como o nosso” Rui Tavares comentou na Renascença a vitória da extrema-esquerda nas eleições legislativas na Grécia. Estabilizar a questão da dívida é fundamental, acrescenta.

Foto: Ricardo Conceição/Lusa

"O Partido Social Democrata faz votos que estas eleições sejam mais um passo positivo no longo e difícil caminho já percorrido pelos gregos e pelas suas instituições, visando a estabilidade financeira e a prosperidade económica e social". PSD em comunicado. O secretário-geral do PS, António Costa, diz que as eleições na Grécia mostram que a democracia resiste na Europa e que é possível encontrar alternativas à política que tem vindo a ser seguida. A vitória do Syriza nas eleições gregas significa uma "clara derrota dos partidos que têm governado a Grécia e que são, com a União Europeia, os responsáveis pelo desastre económico e social" no país. João Ferreira, PCP. A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, saudou a vitória expressiva do Syriza, considerando que se tratou da "vitória da dignidade contra a austeridade" e da "democracia contra a chantagem". A eurodeputada Marisa Matas, do Bloco de Esquerda, está em Atenas a festejar com Alexis Tsipras, o líder do Syriza, partido vencedor das eleições. A candidatura cidadã Tempo de Avançar (que junta Livre, Fórum Manifesto, Renovação Comunista) congratulou-se com "os resultados históricos nas eleições gregas", que classificou como "uma vitória da democracia e da Grécia". O CDS-PP exprimiu "respeito" pelo resultado das eleições na Grécia e sublinhou que a situação de Portugal tem um contexto diferente, sem a presença da "troika" no país. O comunicado, assinado pelo portavoz do partido, Filipe Lobo d`Avila, o CDS ressalva que "não faz comentários institucionais sobre a política interna da Grécia, em respeito pelo princípio da soberania democrática de cada nação".

Por Carlos Calaveiras

A vitória do Syriza, na Grécia, é uma “viragem histórica de enorme importância para países da crise como o nosso”, diz Rui Tavares. E é importante que essa viragem se faça sem "perigos nem escolhos". Na Renascença, o historiador e líder do partido Livre comentou o triunfo da esquerda nas eleições legislativas deste domingo. Ainda se contam os votos, mas Rui Tavares reafirmou que não é “grande fã de maiorias absolutas, mesmo quando os vencedores são próximos”. Rui Tavares acredita que Alexis Tsipras “saiba compor maioria sem que a Europa rompa” até por que “os riscos que enfrentamos se houver ruptura serão muito graves para todos nós”. "É do interesse de todos que, além de uma vitória histórica na Grécia, Alexis Tsipras agora saiba compor uma maioria que consiga governar a Grécia e representá-la bem no conselho europeu". Na opinião do líder do Livre, “o partido Topotami, de centro-esquerda, um partido cívico, fundado por um ex-jornalista com um discurso consistente contra saída do Euro e da UE” é o que está mais próximo de ser parceiro do Syriza. Numa altura em que uma das hipóteses que a Europa tem em cima da mesa pode ser a saída do Grécia, do Euro, Rui Tavares lembra que o Syriza não é favorável a essa opção, mas que isso é possível. “Uma saída da Grécia ou de outro país da zona euro é sempre possível, se for uma saída da União Europeia também”. Tavares refere ainda que no futuro o “mais sensato para a União Europeia é completar o edifício do euro” e, por exemplo, tentar estabilizar problema da dívida, avançar para os eurobonds e para um plano de recuperação de economias do sul. “O que interessa ao contribuinte alemão, como aos


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contribuintes de toda a restante zona euro, é que a dívida seja estabilizada, possa ser paga em termos razoáveis e que seja dada alguma folga ao novo Governo grego para que, com algumas medidas do ponto de vista social, de algum apoio ao emprego, se possa lidar com a situação de catástrofe humanitária na Grécia”. O antigo eurodeputado do Bloco de Esquerda defende que o que “a Europa precisa é de economias que sejam complementares entre si, que não produzam todas da mesma maneira os mesmos produtos, mas que tenham áreas de especialização diversas que possam encontrar o seu lugar na economia global”. Em 2015 vários países da União Europeia vão ter eleições. O caso do Syriza pode espalhar-se? Rui Tavares acredita num “movimento progressista à escala europeia” com “democracia, prosperidade e direitos”. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

Mudança na UE ou no Syriza? Atenas terá que amortizar este ano cerca de 22 mil milhões de dívida ao BCE, que estatutariamente não pode conceder perdões, tal como o FMI.

Um Governo do Syriza tentará mudar a política do euro, dominada até aqui pela “ortodoxia alemã”. Ora a Grécia necessita de fechar com a troika o seu programa de ajustamento (para receber a última tranche do dinheiro), seguido de um apoio cautelar para regressar aos mercados (apoio que a Irlanda e Portugal dispensaram). Tudo isso será condicional, implicando medidas que o Syriza rejeitou. E Atenas terá que amortizar este ano cerca de 22 mil milhões de dívida ao BCE, que estatutariamente não pode conceder perdões, tal como o FMI. Serão possíveis alguns adiamentos de prazos de pagamento da dívida grega. Mas pouco mais do que isso. Basta reparar na furiosa reacção na Alemanha à anunciada compra de dívida pelo BCE para concluir que os tempos não estão para grandes concessões. Assim, é provável que seja o Syriza e não a UE a mudar. O que desiludirá muitos que nele votaram, acreditando que iria acabar a austeridade. E levantará problemas à esquerda na coligação de vários grupos que é o Syriza.

A alternativa será sair do euro, implicando ainda maior austeridade. Porque o dinheiro não cai das árvores.

A Europa de olhos postos na Grécia Neste noticiário: Syriza vence na Grécia, mas não consegue maioria absoluta; PS diz que foi a austeridade que perdeu; ministros das Finanças reúnem em Bruxelas; Portugal tem o 36º melhor MBA do mundo; os 10 dias de Churchill na Madeira. Por Teresa Abecasis

Conselho de Estado debate antecipação de eleições na Madeira Partidos pronunciaram-se a favor da convocação eleições, apontando o dia 29 de Março como a data mais indicada, à excepção do PCP, que preferia uma data mais próxima do 25 de Abril.

O Conselho de Estado debate esta segunda-feira a convocação de eleições regionais antecipadas na Madeira, numa reunião que marca o regresso de Vítor Bento e o adeus de Alberto João Jardim como conselheiros. A reunião do Conselho de Estado, marcada para as 17h00 no Palácio de Belém, foi convocada na quintafeira pelo Presidente da República, Cavaco Silva, para debater "a situação política criada pela demissão do Governo Regional da Madeira". Nesse mesmo dia, o chefe de Estado ouviu os partidos com representação no parlamento madeirense para auscultar a sua opinião sobre a situação criada depois da apresentação, no dia 12 de Janeiro, do pedido de exoneração do presidente do Governo


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regional, Alberto João Jardim, que implicou a demissão de todo o executivo. Nas audiências os partidos pronunciaram-se a favor da convocação eleições, apontando o dia 29 de Março como a data mais indicada, à excepção do PCP, que preferia uma data mais próxima do 25 de Abril. Contudo, como a convocação de eleições antecipadas implica a dissolução da Assembleia Legislativa, o Presidente da República terá primeiro de ouvir o seu órgão político de consulta, conforme prevê no artigo 234.º da Constituição da República. "As Assembleias Legislativas das regiões autónomas podem ser dissolvidas pelo Presidente da República, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos nela representados", estabelece a Lei Fundamental. Segundo o n.º2 do artigo 147.º do Estatuto PolíticoAdministrativo da Madeira, "em caso de dissolução da Assembleia Legislativa Regional, as eleições têm lugar no prazo máximo de 60 dias e para uma nova legislatura". Por outro lado, a lei eleitoral para a Assembleia Legislativa da Madeira estabelece que, em caso de dissolução, o chefe de Estado tem de marcar as eleições "com a antecedência mínima de 55 dias". Ou seja, existe apenas uma "janela" de cinco dias em que se poderão realizar as eleições a partir do momento em que a Assembleia Legislativa esteja dissolvida. Por outro lado, a reunião desta segunda-feira marcará também o regresso de Vítor Bento ao Conselho de Estado, quase seis meses depois de ter renunciado ao lugar na sequência da sua nomeação para presidente executivo do BES. Na semana passada, e agora que já abandonou o cargo de presidente do Novo Banco, Vítor Bento voltou a ser nomeado conselheiro de Estado por Cavaco Silva. Além de Vítor Bento, neste segundo mandato em Belém, o Presidente da República designou como conselheiros de Estado João Lobo Antunes, Marcelo Rebelo de Sousa, Leonor Beleza e Bagão Félix. A reunião desta tarde poderá também representar a estreia do ex-ministro e professor universitário Alfredo Bruto da Costa, que irá substituir o antigo secretáriogeral do PS António José Seguro, que renunciou ao lugar depois de abandonar a liderança socialista. Segundo a legislação em vigor, em caso de renúncia de um conselheiro de Estado eleito pela Assembleia da República, como era o caso de António José Seguro, este é substituído pelo candidato seguinte da lista pela qual havia sido eleito. Os outros conselheiros designados pela Assembleia da República são Francisco Pinto Balsemão, Luís Marques Mendes, Manuel Alegre e Luís Filipe Menezes. O Conselho de Estado é composto por cinco cidadãos designados pelo Presidente da República e cinco cidadãos eleitos pela Assembleia da República e pelos titulares dos cargos de presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, presidente do Tribunal Constitucional, Provedor de Justiça, presidentes dos governos regionais e antigos presidentes da República.

Portugal tem o 36º melhor MBA do mundo O ranking foi elaborado pelo Financial Times. A parceria entre as universidades Nova e Católica subiu 16 posições. O The Lisbon MBA International, resultado de uma parceria entre as universidades Nova e Católica, subiu 16 posições no ranking do "Financial Times", passando a ser considerado o 36º melhor MBA do mundo. A lista anual é feita com base na análise de vários critérios como os salários nos três anos após o fim da graduação, a percentagem de alunos que arranjam emprego nos três meses após o fim do MBA ou a percentagem de mulheres no corpo docente. No primeiro lugar continua o MBA da norte-americana Harvard Business School, seguindo-se o London Business School e o University of Pennsylvania: Wharton, que subiram ambos uma posição na tabela em relação ao ano passado, atirando para quarto lugar a americana Stanford Graduate School of Business (no ano passado estava em 2.º). Para elaborar estas listas, o diário britânico recorre a questionários online, feitos às escolas e aos antigos alunos e é com essas informações que o The Lisbon MBA International surge este ano em 36.º lugar. O The Lisbon MBA Internacional resulta de uma parceria entre duas escolas de negócios portuguesas a Nova School of Business and Economics e a Católica-Lisbon School of Business and Economics em associação com a prestigiada MIT Sloan School of Management. Segundo os dados do "Financial Times", o ordenado médio de quem fez este MBA é de 105.296 euros anuais e, em média, o salário quase duplica depois de obterem aquele título (aumento de 97%). No ranking sobre os efeitos da progressão da carreira, o MBA de Lisboa surge em 14.º lugar da lista dos 100 melhores. Os dados, agora revelados e relativos a um levantamento feito no ano passado, mostram ainda que 81% dos alunos estavam empregados três meses após o fim da formação e que 35% dos estudantes eram estrangeiros. Os itens avaliados revelam também que se concretizaram 77% dos objectivos e razões pelas quais os alunos decidiram tirar aquele MBA. Nos últimos três anos, o The Lisbon MBA Internacional tem figurado entre os cem melhores e tem subido no ranking: em 2013 estava em 61.º e no ano passado passou para 52.º lugar.


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Jovens doutorados ficam à porta das empresas Um estudo assinado pelos cientistas Carlos Fiolhais e Armando Vieira conclui que o sistema de Investigação e Desenvolvimento português "parece estar excessivamente dependente do Estado".

Os autores frisam que "o discurso governativo sobre a ciência tem oscilado entre a defesa da "excelência" (um conceito que nunca foi precisado) e a referência à necessidade de reforço da "ligação às empresas" (que não é acompanhada da indicação do modo de concretizar esse reforço)". Números negros da ciência Nas conclusões do estudo, são apontados vários pontos fracos ao estado da ciência e tecnologia em Portugal, como o "reduzidíssimo número de pedidos de patentes [11 por um milhão de habitantes face às 102 por um milhão da média europeia]", pouco investimento em ‘startups', fraco peso do emprego em actividades em tecnologia e baixa atractividade de investimento estrangeiro para actividades de ciência e tecnologia. Como pontos positivos da evolução da ciência e da tecnologia em Portugal entre 1995 e 2010, os cientistas registam "a convergência nos parâmetros que medem I&D face à média da União Europeia", criação de "boas infraestruturas", "número significativo de unidades de I&D bem classificadas em avaliações internacionais" e o "crescimento da produção científica nacional". Este retracto do sistema científico nacional vai ser apresentado e discutido na segunda-feira, no Centro Ciência Viva, da Universidade de Coimbra, pelas 18h00.

Carlos Fiolhais (na foto) e Armando Vieira desenvolveram o estudo "Ciência e Tecnologia em Portugal - Métricas e impacto (1995-2011)"

Os cientistas Carlos Fiolhais e Armando Vieira, num estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, questionam a sustentabilidade do sistema de I&D português, considerando que "os jovens doutorados, formados em número significativo, constituem uma mão-de-obra especializada que não encontra acolhimento no tecido empresarial português, vendose em muitos dos casos forçados a emigrar". De acordo com as conclusões do estudo, intitulado "Ciência e Tecnologia em Portugal - Métricas e impacto (1995-2011)", "as empresas, em parte por falta de conveniente percepção dos respectivos responsáveis, não têm conseguido aproveitar e canalizar para benefício de mais gente as mais-valias" da formação de profissionais qualificados. Os investimentos públicos realizados, "sobretudo em formação de recursos humanos, acabaram por não ser absorvidos pelo sistema económico", aponta o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Apesar de observarem essa dependência do Estado, Carlos Fiolhais e Armando Vieira consideram que "seria um erro diminuir o investimento público em ciência", defendendo que tem de haver "alguma inteligência na colocação desse investimento". Queda no investimento Na análise, os autores também recaem sobre a actual política durante a crise, considerando que esta está "a ter consequências na ciência, sendo claro que foi interrompido nos últimos anos o ciclo de crescimento na parcela de I&D, tanto público como privada". A "abrupta" descida do número de bolsas atribuídas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia em 2014 e o corte "de praticamente metade das unidades de investigação após um processo sumário de avaliação" são alguns dos exemplos dessa mesma política, apontam.

Romance EUAPortugal nas Lajes. Conta-me como foi Investigador Luís Nuno Rodrigues ajuda-nos a perceber como foram as relações entre Portugal e Estados Unidos no que diz respeito à Base das Lajes.

Foto Carlos Schimdt/RR Por José Pedro Frazão

Numa altura em que os Estados Unidos se preparam para retirar a maioria do pessoal da Base das Lajes, nos Açores, a Renascença falou com Luís Nuno Rodrigues, Doutorado em História Americana. O investigador do ISCTE, especialista nas relações entre Portugal e os Estados Unidos, explica que importância teve a Base das Lajes para os americanos . Uma entrevista onde se


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exploram caminhos alternativos na relação entre Portugal e Estados Unidos. Aconteça o que acontecer com as Lajes ou até agora por causa das Lajes, Portugal conta muito ou pouco para os Estados Unidos? Do ponto de vista estratégico, Portugal tem hoje em dia uma importância no relacionamento com os Estados Unidos que, até agora, lhe advinha sobretudo da utilização da Base das Lajes pelos Estados Unidos. Com a mudança da política externa dos Estados Unidos, com uma fase de retraimento do envolvimento internacional dos norte-americanos, essa importância estratégica tende a diminuir, embora não desapareça totalmente. Na verdade, os Estados Unidos não vão abandonar mas reduzir substancialmente a sua presença militar na Base das Lajes. A própria localização geográfica das Lajes e dos Açores, mesmo com os avanços técnicos e tecnológicos, continua a fazer de Portugal um país de importância considerável para os Estados Unidos. Podemos falar do fim de um ciclo que começou com a instalação da Base das Lajes e com o acordo para a utilização americana? Do ponto de vista histórico, foi uma base fundamental para os Estados Unidos sobretudo no período da Guerra Fria. Os EUA estão no arquipélago dos Açores desde a Segunda Guerra Mundial. Começaram por estar em Santa Maria e os britânicos estavam nas Lajes, Ilha Terceira. Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA estabeleceram-se na Base das Lajes onde estão até hoje. Esse relacionamento entre os dois países em torno da Base das Lajes foi passando por vários ciclos. O primeiro foi o período da Guerra Fria. Depois, o período pós-Guerra Fria onde apesar de tudo os EUA mantiveram a sua presença nas Lajes e foram renovando os acordos nos anos 80 e depois em 1995 com o Estado português. Não tenho certeza que este seja um fim de ciclo. É concerteza um retraimento, uma redução do envolvimento dos EUA nos Açores. Do ponto de vista internacional, com a fase volátil que atravessamos, com acontecimentos até inesperados que recuperam velhas dinâmicas, não é de pôr de lado que a Base das Lajes venha a recuperar mais importância. Mas era a "ponte" fundamental entre Portugal e os Estados Unidos. Os pilares dessa ponte assentavam muito nessa base. Foi fundamental durante a Segunda Guerra Mundial, numa conjuntura muito particular. Mesmo terminado o conflito, assim que emerge a Guerra Fria, os Estados Unidos estão cientes da importância que os Açores têm do ponto de vista estratégico. Em grande medida, a importância da Base das Lajes foi um trunfo utilizado pela diplomacia no Estado Novo para garantir alguns apoios internacionais. Foi importante para garantir que as potências ocidentais aceitassem aquela 'ditadura anacrónica' no concerto internacional das nações. Sem Lajes, teria sido difícil a adesão à Nato? O convite que é dirigido a Portugal para ser membro fundador da Aliança Atlântica justifica-se em grande medida pela importância estratégica da Base das Lajes. Em democracia, que ganhos houve, em termos comparativos, para Portugal? Há aqui uma diferença fundamental. Nesse sentido a mudança não tem tanto a ver com a mudança da

ditadura para a democracia. Há uma mudança grande no principio dos anos 70, já durante o Governo de Marcelo Caetano porque nas negociações que acabam por conduzir à renegociação do acordo das Lajes, o Estado português aceita pela primeira vez contrapartidas financeiras pela cedência da utilização da Base. Durante muito tempo , por várias décadas, as contrapartidas foram sobretudo políticas. E passaram pela não hostilização frontal ao regime do Estado Novo. E por outro lado por uma certa complacência dos norte-americanos relativamente à manutenção do império colonial. Nos anos 70, com Marcelo Caetano, as negociações são já conduzidas tendo em vista determinadas contrapartidas financeiras, como empréstimos, créditos, etc. A seguir ao 25 de Abril a tendência continuou a ser essa. Aqui a contrapartidas políticas já não seriam as mais relevantes. Este acordo das Lajes encontrou sempre muitas reticências no Senado americano. Não é propriamente um Tratado mas um acordo com uma componente militar entre outros aspectos. Isso foi historicamente muito sensível nas negociações que levaram ao acordo de 1971. A Administração Nixon recusou-se a apresentar esse acordo para ratificação no Senado, como se fosse um Tratado, alegando que a Base dos Açores era uma instalação Nato e que o acordo tinha sido assinado no âmbito da Aliança Atlântica. Isso causou uma reacção nalguns sectores do Congresso. Na altura, a administração Nixon foi acusada de estar a ajudar um governo não-democrático e colonial. Essa divergência entre a Casa Branca de Nixon e o Senado também se explica pelo contexto de relações mais tensas entre a presidência norte-americana e o órgão legislativo. A própria revisão do acordo foi sendo adiada. Foi sendo adiada por diversas vezes durante o Estado Novo. A estratégia seguida pelo Governo português foi a de utilizar as negociações a propósito dos Açores para obter essas contrapartidas mais políticas. Quando na política seguida pelos EUA havia algum desagrado por parte do Governo português, as negociações por vezes prolongavam-se e foram adiadas. Deu-se mesmo o caso do acordo assinado em 1957 e que estava para renovação em 1962 não ter sido renovado. Na prática, os Estados Unidos estiveram nas Lajes entre 1957 e 1971 com um acordo tácito. No início dos anos 60, durante o período da administração Kennedy, os norteamericanos adoptaram uma política favorável à autodeterminação e independência dos territórios africanos. Isso chocou formalmente com a política portuguesa. Em 1961 Portugal começou a guerra em Angola e nas negociações que se travaram nessa altura o Governo português recusou-se mesmo a renovar o acordoo enquanto os Estados Unidos não moderassem a sua posição em relação à política colonial portuguesa. De que forma foi definido o aproveitamento da base sob chapéu da Nato? O problema nas negociações foi sempre a utilização da Base das Lajes em tempo de paz. Sendo Portugal um país membro da Nato, o acordado a partir de 1951 é que, em caso de guerra, a utilização seria automática. Depois do fim da Guerra Fria, a Base das Lajes esteve cerca de 20 anos quase no mesmo "registo". É verdade. Mas a grande mudança de política externa dos Estados Unidos está a surgir agora. Com o fim da


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Guerra Fria, os Estados Unidos não reduziram o seu protagonismo e o seu intervencionismo em termos internacionais. Muito pelo contrário, logo após o final da Guerra Fria temos a primeira Guerra do Golfo e depois a intervenção nos Balcãs ao longo da década de 90. Após o final da Guerra Fria, assistimos a um momento unipolar em que os Estados Unidos assumem uma posição de quase exclusiva preponderância no sistema internacional. Não há nessa fase este retraimento, este recuo estratégico que de alguma forma se está a assistir por parte dos Estados Unidos e que se justifica por factores muito diversos. Desde logo por motivos de ordem financeira, poupanças que é necessário fazer. É também uma reacção de Obama aquilo que se passou na administração Bush e que muitos pensaram ser um envolvimento excessivo dos Estados Unidos no exterior. E por outro lado, também pelo facto dos Estados Unidos terem definido, como disse Hillary Clinton, que o próximo século será do Pacífico. As opções de política externa dos Estados Unidos parecem muito mais viradas para o Pacífico do que para a Europa. Pensou-se que estes recentes acontecimentos na Ucrânia pudessem revalorizar a presença americana nos Açores e pudessem alterar esta decisão - que é de 2012 mas só agora oficializada. Mas a mudança está aí e o recuo dos Estados Unidos não acontece só nas Lajes, mas também noutras bases americanas no continente europeu que vão conhecer esta redução de pessoal. Mas os EUA estão empenhados em muitas operações do lado de cá do Atlântico. Há uma prioridade colocada agora de forma diferente no Pacífico. As preocupações com a comunidade transatlântica não desaparecem e por isso os EUA continuam presentes. Mas há um outro factor que convém ter em conta. Por via dos progressos tecnológicos, a necessidade de reabastecer a meio da navegação aérea transatlântica é menor. Outros meios de fazer a guerra, como o uso de drones, têm sido mais frequentes. Se a base das Lajes perder o peso que na relação entre Portugal e os Estados Unidos, o que é que passa a contar mais em termos bilaterais? Portugal vai ter que saber cultivar uma relação com os Estados Unidos que não esteja assente apenas e exclusivamente na importância da Base das Lajes. Essa relação terá que passar em grande medidas pelas comunidades portuguesas e luso-descendentes nos Estados Unidos. Isso é um componente fundamental de um relacionamento bilateral. Obviamente que nos tempos que correm a componente económica e das trocas comerciais é fundamental. Portugal tem que saber diversificar as componentes da sua relação com os Estados Unidos, como o lado científico, cultural e educacional.

CONVERSAS CRUZADAS

Já há água, mas como obrigar o cavalo a beber? Portugal pode beneficiar de 28 mil milhões do programa Draghi, mas como fazer passar esse dinheiro para a economia real? Silva Peneda vs Carvalho da Silva A imagem vagamente keynesiana já citada por Daniel Bessa, no Conversas Cruzadas, tem agora livre adaptação: “podemos levar a água (leia-se: dinheiro) à boca do cavalo, mas não podemos obrigá-lo a beber (leia-se: investir)”. Sendo o exemplo original usado na década de 60 - por um professor do antigo ministro da economia “Podemos levar o cavalo à fonte, mas não podemos obrigá-lo a beber”, volta a estar actual na análise à eficácia de medidas como o “quantitative easing” decidido, na quinta-feira, pelo BCE. No combate à deflação e na promoção do crescimento, Silva Peneda e Manuel Carvalho da Silva convergem no Conversas Cruzadas: o Banco Central Europeu (BCE) não pode fazer tudo sozinho. Na zona euro, os estados e a Comissão Europeia terão de fazer a sua parte. Silva Peneda identifica um factor chave. “Nada se resolve sem o factor confiança. O investimento depende da confiança dos investidores. Podemos ter as medidas políticas com todas as boas intenções e, como afirma o professor Bessa na história do cavalo e da água, podemos levar a água – leia-se dinheiro – à boca do cavalo, mas não o podemos obrigar a beber”. E como provocar sede ao cavalo? Silva Peneda responde à metáfora equestre. “Aí temos de voltar à minha tese de como se cria um clima de confiança que fomente o investimento. Ou seja, o tal plano a 10 anos, uma estratégia para o país, um compromisso entre os parceiros sociais e o poder político. Isso é que pode conferir confiança” afirma o – ainda - presidente do Conselho Económico e Social. “Sem uma estratégia de médio prazo não se cria valor nem se cria riqueza. Tudo vai desembocar numa questão essencialmente política que tem a ver com a estabilidade, uma orientação clara quanto ao futuro, limando também muitos pontos a ser resolvidos no plano europeu e que podem contribuir para essa estratégia” indica o antigo ministro do Emprego. A zona euro vai poder lucrar com a anunciada injecção de liquidez do BCE com as compras de dívida a chegarem ais 1,14 biliões de euros. No caso nacional, o BCE pode ficar com 28 mil milhões de dívida pública e privada. “Não era difícil prever este cenário” sustenta Silva Peneda observando a decisão da equipa de Mário Draghi. “Como diziam todos os participantes da Quadratura do Círculo da Sic, os últimos quatro anos foram de perda de valor”, afirma o economista. “Portanto, quem analisa a evolução económica da zona euro facilmente chegaria à conclusão de que a política que vinha sendo seguida não era a mais adequada.


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Estas decisões do Banco Central Europeu (BCE) também têm de ser vistas como a resposta a uma situação que era desconfortável” indica Silva Peneda. Já Manuel Carvalho da Silva, projectando o futuro, confere alguma transcendência ao regresso da política pura. “Com esta medida do BCE, de facto, passamos para um patamar mais elevado de exigência de medidas políticas no plano europeu. De compromisso geral se quisermos ter uma verdadeira União Europeia ou teremos de enfrentar a desagregação” afirma. “Cada passo que se dá aproxima-nos da tal hora da verdade, também neste aspecto. Ou há solidariedade e consciência das diferenças e se actua em função do todo, mas também das condições diferenciadas - e há uma acção política no plano dos países e no plano da União Europeia - ou, então, vai-se cavando o fim deste projecto” indica o professor da Universidade de Coimbra. Carvalho da Silva: “dinheiro pode ser usado na especulação financeira” Mas como vai chegar o programa Draghi à economia portuguesa e, em última análise, à vida do cidadão comum? É na banca nacional que reside o sucesso do programa? Manuel Carvalho da Silva enuncia reservas. “Normalmente os grandes accionistas dos grandes grupos da economia real – aqueles que influenciam a economia real – são também detentores de posições na economia especulativa. Esta contaminação é um problema muito complexo.” “Ou seja: o dinheiro vai chegar aos bancos, mas pode demorar até estar disponibilizado, às empresas que dele necessitam para investir gerar dinâmica económica e investimento. Entre esses dois momentos muita coisa se pode passar” afirma o sociólogo. “E temos um segundo conjunto de factores. Como é que os países se vão relacionar entre si? Até agora não há sinais fortes de coesão á volta da medida no plano europeu. Donde, o dinheiro pode chegar à banca e grande parte dessa verba ser canalizado para a especulação e, nesse contexto, a circulação também pode ser feita entre bancos de vários países e o peso, o poder de cada estado é muito diferenciado”. “Pode gerar-se aqui um conjunto de situações que contribuam muito mais para a desagregação da já frágil coesão da União Europeia que tudo o resto. Até porque, sabemos, os sistemas de regulação não funcionam. Se funcionassem não havia offshores e tudo o resto”, diz Carvalho da Silva. Silva Peneda: “poupanças incentivadas a comprar dívida pública” José da Silva Peneda aponta soluções e sugere caminhos. O presidente do CES, a meses de assumir formalmente o cargo de adjunto de Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, defende haver espaço para soluções imaginativas e criativas. “Não, de facto realmente a medida do BCE por si só não resolve todos os problemas, mas há outras soluções. Julgo que tem de haver modificações naquilo que se chama a política orçamental. Temos um tratado orçamental feito numa conjuntura específica. Na economia temos que privilegiar aquilo que chamo de visão gradativa”. “Temos de adaptar os instrumentos à época e ao tempo. Ora, o Tratado Orçamental foi feito numa época em que a economia crescia, as empresas geravam

lucros, tinham resultados muito positivos e, portanto, um bom critério de locação de recursos seria que esse dinheiro se mantivesse na economia privada”. “Donde, se o estado mantivesse um orçamento expansionista iria retirar recursos ao que era importante para a economia privada. A lógica era compreensível. Mas hoje vivemos num tempo diferente. Totalmente diferente”, afirma Silva Peneda. “Aqui, há então que actuar em dois domínios. Primeiro: os países que têm uma situação confortável no défice orçamental deviam ter uma política orçamental claramente expansionista. Isso ajudava os países em dificuldades, porque a procura iria aumentar. Isso não é feito. Essa seria uma orientação clara a nível europeu” defende o antigo ministro. “Outro domínio: em Portugal, a poupança do sector privado – famílias e empresas - atinge 7% do PIB. Ora, o défice só pode ser 3%. Aqueles 4% perdem-se. Nos países com elevadas poupanças privadas a Europa devia fomentar que essas poupanças deveriam ser canalizadas para a compra de dívida pública desses países. Sei que é contra a liberdade de circulação de capitais, mas faria todo o sentido, porque dava folgas orçamentais que poderiam ser aplicadas em medidas de crescimento económico”. “Portanto, há matéria ainda no plano da política orçamental que ajudem a complementar a decisão do BCE. Mas não podemos pedir que seja o BCE a decidir. Corresponde aos responsáveis políticos.” “Há aqui ainda espaço no plano da imaginação e criatividade de medidas políticas para ajudar a resolver os problemas dos países da periferia” sustenta, por fim, José da Silva Peneda. Carvalho da Silva: “Se correr mal, vamos ter mais 28 mil milhões para pagar” E o risco do programa debilitar o ritmo de reformas tidas como necessárias? E que outros riscos podem comprometer em Portugal o sucesso do plano Draghi? Manuel Carvalho da Silva elenca reservas e deixa um alerta. “É a imobilidade dos tratados, é a desadequação do tratado orçamental, é a irracionalidade das políticas de austeridade e a não aceitação de estratégias diferentes condicionadas pelo peso dos países e das suas circunstâncias. É tudo isto, mas sejamos objectivos”, afirma o ex-líder da CGTP. “Se a decisão do BCE e esta disponibilidade que, à partida, tem um sentido positivo, correr mal – e tem grandes hipóteses de correr mal – o que nós temos é mais uma factura para pagar. Se o processo vai até ao fim e, depois, corre mal, os portugueses vão ter mais 28 mil milhões de euros para pagar. Não se pode permitir que este seja o caminho” indica Carvalho da Silva. E como passará a banca esse dinheiro para a economia real? Mira Amaral, presidente do banco BIC disse ao Diário Económico que “o problema não é de liquidez, mas sim de risco de crédito de um conjunto de PME altamente endividadas que não serão financiadas pela banca comercial”. O banqueiro considera que “o programa do BCE não vai resolver o problema dessas empresas”. Carvalho da Silva amplia a tese. “Muitas empresas – pequenas e médias – têm de resolver os seus problemas de endividamento e outros de bloqueios de contexto. Se não os resolverem, nada adianta. Aí a


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afirmação de Mira Amaral faz sentido”. “A outra nota é que se o dinheiro não chegar às pessoas, nada feito. Se não houver uma alteração da política salarial e um retomar da valorização dos salários, das pensões de reforma, e de condições que possam gerar a tal confiança e disponibilidade das pessoas para investir, então nada feito. “Se nada melhorar no desemprego, políticas salariais e à protecção salarial não é possível fazer o milagre que esta semana se anunciava”, refere Carvalho da Silva. Silva Peneda estende o registo. “Dito de outra forma: é preciso reforçar o papel e importância da classe média no nosso país. Na Europa um país se não tiver uma classe média forte não pode almejar a ser um país desenvolvido” afirma. Já Carvalho da Silva identifica o combate à exclusão como decisivo. “Na sociedade portuguesa – não tanto como na sociedade grega – essa é uma questão vital, mas há uma dimensão de pobreza e de risco de pobreza que tem de ser endereçada. Se essa situação de exclusão for ignorada não resolveremos o problema” sentencia. Silva Peneda conclui. “Quando falo em ‘reforço da classe média’ digo ser preciso retirar muita gente da pobreza e incorporar esse conjunto social na classe média. É isso que estou a dizer” EM NOME DA LEI

Rui Pereira: "Jihadistas portugueses já deviam ter processos-crime instaurados" Na <STRONG>Renascença</STRONG>, o líder do Observatório de Segurança e Criminalidade Organizada e ex-ministro da Administração Interna, Rui Pereira, defendeu que o Ministério Público deveria ter uma actuação mais forte nestes casos, e quer que o código de processo penal preveja um novo crime: a apologia ao terror. O Ministério Público já devia já ter instaurado processos-crime contra os portugueses que são membros da jihad islâmica. A ideia é defendida por Rui Pereira, que dirige o Observatório de Segurança e Criminalidade Organizada (OSCO). Em declarações ao programa “Em Nome da Lei”, da Renascença, que debateu o tema do terrorismo, o ex-ministro da Administração Interna, diz que a lei é inequívoca. “O sistema penal manda instaurar processos crimes, a todas as pessoas que aderirem ao Estado Islâmico. No

fundo estão a fazer parte de uma organização terrorista e esse crime é alvo de uma pena de oito a 15 anos”, explica o líder do OSCO. “A lei não dá latitude para que não haja sequer processos devido a um princípio de oportunidade. Pode é haver isenção de punição depois da instauração de processos. Ora, não tenho visto as autoridades portuguesas a instaurar esses processos”, salienta o exministro. Esta semana, a actual titular da Administração Interna admitiu pequenas alterações no Código Penal e na lei contra o terrorismo, na sequência dos atentados de Paris. No seguimento destas propostas, Rui Pereira defende a criação de um novo crime: o da apologia do terrorismo. “Deve ser incriminada e punível autonomamente. Está provado, não em países como Portugal mas no Reino Unido, que há pessoas com responsabilidades não apenas morais mas muito efectivas em relação à prática de atentados terroristas”, sustenta Rui Pereira, para quem a sociedade ocidental deve prezar muito a liberdade de expressão, mas “não a liberdade de expressão que em última análise vida liquidar essa mesma liberdade de expressão”. O líder do OSCO defende também a possibilidade de as secretas fazerem escutas telefónicas. Uma solução que obrigaria a uma alteração constitucional mas que não conta no entanto com o apoio do PS. O ministro da Administração Interna no tempo de José Sócrates tem posição diferente da dos socialistas, mas defende que a solução teria sempre de ter supervisão judicial. “Só advogaria essa alteração desde que os juízes, que são o guardião dos direitos liberdades e garantias, fossem incluídos no pacote. Já defendi por escrito, e defendo-o há vários anos, que nesse caso teria de haver uma comissão de juízes que dependeria do Conselho Superior da Magistratura, três juízes, que a autorizaria essas intercepção”, refere Rui Pereira. E porquê? “Não podemos pensar que há sempre um processo-crime prévio, há ameaças que pelo seu carácter imediato não permitem a instauração de um processo-crime que é o local indicado para a autorização e escutas por um juiz”, explica. Schengen deve ir ou não à revisão? Os atentados de Paris e a descoberta de uma célula da jihad na Bélgica levaram alguns dirigentes europeus a porem em causa a liberdade de circulação de pessoas na União Europeia. Uma ideia que não faz sentido, segundo o director nacional-adjunto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, José Ver der Kellen. “O que aconteceu em França não se deveu a Schengen, apesar de uma melhoria aqui e acolá poder ser feita. Mas mexer na filosofia de Schengen, que tem trazido muitos benefícios em termos de troca de informação judicial, não é a melhor solução. Temos de aumentar a troca de informações entre as polícias”, define. Outra medida que já está a ser posta em prática pela França e Espanha é um sistema de vigilância sobre passageiros aéreos. Uma ideia que foi inicialmente projectada à escala europeia, mas foi bloqueada no


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Parlamento Europeu, por oposição dos partidos mais à esquerda. Carlos Coelho, eurodeputado eleito pelo PSD, diz que se tivesse sido aprovada não evitaria os atentados de Paris. “Há mais condições para a aprovação. Há um choque emocional generalizado face a Paris. E há a ideia de que a Europa tem de reagir. A questão é saber se as medidas teriam bloqueado o que aconteceu em Paris. E a resposta séria é que não”, explica o eurodeputado. O que é preciso fazer, segundo Carlos Coelho, é avaliar quais são as fronteiras externas que não estão a aplicar bem as regras de Shengen. Uma delas é a fronteira da Grécia com a Turquia. “Admito que nem tudo está a funcionar bem, e o melhor controlo das fronteiras externas pode aumentar a segurança”, admite Carlos Coelho. E quais são? “A Europol tem esses dados. Há o caso da fronteira entre a Grécia e a Turquia, mas não é um problema único. A fronteira do Mediterrâneo é outro problema grande. Temos de ver caso a caso as fronteiras que estão aplicar bem as regras e as que não o estão a fazer. E desde este ano, temos um novo mecanismo de avaliação de Schengen que permite isso mesmo”, garante. Multiculturalismo que só fica bem no discurso A falha pode não estar na lei, segundo a irmã Irene Guia, membro da Congregação As Escravas do Sagrado Coração de Jesus, que tem desenvolvido projectos de apoio a imigrantes de segunda e terceira geração. A missionária diz que a Europa fala muito da promoção do multiculturalismo mas depois na prática discrimina os imigrantes. “A falha pode não estar na lei, mas no facto não acreditarmos que a multiculturalidade é uma mais-valia numa sociedade de direito. A minha experiência vem de quem vive num bairro em que a maioria é originária dos PALOP. Ao nível do debate dizem-se coisas extraordinárias, mas que na prática não acontecem”, sustenta a irmã Irene.

FORA DA CAIXA

BCE: "Agora os Estados vão ter que acertar nas suas escolhas" Pedro Santana Lopes e António Vitorino analisam impactos possíveis do programa de compra de dívida pública pelo Banco Central Europeu. Os comentadores do "Fora da Caixa" identificam tarefas para os bancos, mas também para os países membros da União Europeia. Os anúncios do BCE não se dirigem apenas aos bancos, mas também aos estados da zona euro. O

alerta é de Pedro Santana Lopes no programa "Fora da Caixa", da Renascença. "Os privados podem fazer as suas análises mas o Estado tem também obrigação de as fazer. Não tem é que obrigar os privados a fazer coincidir as suas opções com aquelas que o Estado delineou. Mas tem obrigação de as ter e de definir os seus estímulos, apoios, bonificações, isenções, à luz daquilo que considera os caminhos correctos. Os Estados têm agora que acertar nessas escolhas. Se errarem vão pagar um preço muito caro", considera o antigo primeiro-ministro e possível candidato à Presidência da República. António Vitorino admite que a decisão do BCE "cria alguma margem de conforto para os bancos assumirem também maiores riscos nos projectos da iniciativa privada que apoiam". O antigo comissário europeu considera que a questão não está na procura de crédito, mas na capacidade de aceitar projectos para financiar. " Tem a ver com as condições do crédito e com a análise do risco. Os bancos passaram por um grande aperto. É natural, humano até, que tenham apertado muito o critério do risco", considera Vitorino. "Rubicão" O comentador socialista diz que foi cruzado um "rubicão" importante. "A mutualização da dívida vai apenas até 20%. 80% da divida soberana comprada vai ficar sob responsabilidade dos bancos centrais nacionais. Mas pela primeira vez, há um mecanismo claro de assunção de responsabilidade colectiva por uma parte da dívida. É um primeiro passo e contra a doutrina tradicional da Alemanha", assinala Vitorino que insiste em sublinhar como a Alemanha foi obrigada a ceder. " Antes do euro, se estivéssemos confrontados com uma situação de deflação, sabe o que acontecia? O Banco Central Alemão decidia sozinho o que muito bem queria. Ninguém seria ouvido na decisão do Banco Central alemão. E todos os outros tinham que se acomodar às consequências da decisão do Banco Central alemão. Esta é a grande diferença entre uma decisão que não seria aquela que poderíamos gostar mais - mas tomada pelo espaço do euro, em que a Alemanha, mesmo que tenha resistências, vai ter que jogar pelas novas regras do jogo - e antes do euro, em que a Alemanha decidia e nós sofríamos as consequências". Ainda assim, o antigo comissário recomenda cautelas sobre os resultados deste novo programa de compra de dívida pelo BCE. " Estamos aqui com grandes esperanças e expectativas e acho que é legítimo que as tenhamos, mas não há milagres em matéria económica. Vamos ter que ver se estes mecanismos vão efectivamente produzir os resultados que nós pretendemos. Esses resultados têm a ver com a retoma do crescimento económico e da inflação para perto dos 2%, que é muito importante para um país com divida externa tão grande como Portugal", adverte António Vitorino. Grécia Os comentadores do "Fora da Caixa" consideram que as eleições na Grécia representam também uma nova etapa na Europa. "Espero uma negociação duríssima", diz Santana Lopes, a propósito do diálogo entre Bruxelas e o novo governo grego. Para o antigo primeiro-ministro esta é "uma oportunidade para a Europa se pensar a si própria". Já António Vitorino


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admite que " mesmo com este programa político mais 'soft' do Syria, vai haver um braço de ferro com desfecho imprevisível". E tudo começa já esta segundafeira, diz Vitorino, com " uma queda na bolsa de Atenas mas sem efeito de contágio. Segunda-feira começa uma nova contagem para um afrontamento inevitável entre o governo grego e as instituições europeias". Os traumas da banca É uma preocupação que se estende às novos gestores dos principais bancos portugueses, diz Santana Lopes, numa referência às mudanças no topo do BCP e do BES/Novo Banco. " Eles [ as equipas de gestão que estavam nos bancos ]têm um trauma, pelo aperto que sofreram, pelas perdas que tiveram que assumir e enfrentar.Neste momento, com a entrada de novas equipas, a questão agora é a de ligação à realidade, às PME's, aos seguros de crédito, aos apoios lá fora, aos circuitos de exportação. A ligação à terra das novas equipas dirigentes das instituições financeiras é fundamental. Uma chave do sucesso é o recrutamento, a constituição das equipas que decidem. E nós temos 3 a 5 anos para termos sucesso nessas decisões todas", diz Santana. O que é que é preciso agora fazer com estas medidas ? Pedro Santana Lopes enumera um conjunto de encargos para o Estado: "não perder de vista a tão premente reforma do Estado, a contenção da despesa pública, garantir que o Estado não consome mais do que 49% da riqueza nacional. São as metas clássicas. Ao mesmo tempo, os Estados devem tomar medidas de estimulo, de bonificação de juros para alguns investimentos, de linhas de crédito directamente relacionadas com apoio às exportações, aumento e melhoria da produtividade". Economia não recupera tão cedo O possível candidato presidencial admite que a recuperação da economia portuguesa será lenta. " Tão cedo, de maneira sólida, a economia não vai recuperar. No território português, a desertificação econômica atingiu largas camadas do território, muitas vezes à volta de Lisboa e Porto. Por exemplo os 'booms' imobiliários à volta de Lisboa e Porto, que estão a níveis muitíssimo acelerados, não têm nada a ver com aquilo que se passa à volta das duas principais cidades do país, para não falar noutras regiões. Dou-lhe o exemplo, na zona de Santarém: quantas ruas com lojas e empresas fechadas? Fazer renascer tecido económico não é trabalho para seis meses nem para um ano. O programa Fora da Caixa é uma parceria Renascença/Euranet, para ouvir depois das 23h00 de sexta-feira.

FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

Na morte de Miguel Galvão Teles A qualidade que nacional e internacionalmente lhe era reconhecida nunca o impediu de fazer amizades com as mais diversas pessoas.

Com a morte de Miguel Galvão Teles Portugal perdeu um dos seus mais notáveis juristas dos últimos sessenta anos. Desde o tempo da Faculdade de Direito de Lisboa, onde fui colega do Miguel, que ele não apenas nos espantava com a sua capacidade de raciocínio como a aplicava à Filosofia do Direito, ao Direito Constitucional e a outros ramos jurídicos. Várias vezes esteve quase a doutorar-se, mas acabou sempre por desistir, chamado pelos urgentes trabalhos da advocacia, da qual precisava para sustentar a família. Tomaram muitos doutorados em Direito possuir a cabeça do Miguel Galvão Teles… Mas o Miguel não era só um jurista de excepcional inteligência e profundidade de saber. Era uma excelente pessoa, sem qualquer espécie de vaidade, sempre procurando ajudar os outros. A qualidade que nacional e internacionalmente lhe era reconhecida nunca o impediu de fazer amizades com as mais diversas pessoas, mesmo de nível intelectual muito abaixo do seu. Muita gente vai sentir a sua falta.


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PARCERIA RENASCENÇA/VER

O futuro à beira do precipício

Por Helena Oliveira

“Casar as pessoas com o planeta e as políticas com as empresas”. É a receita apresentada por um dos 18 cientistas que actualizaram o relatório, cuja primeira edição foi divulgada em 2009, sobre os nove limites da Terra e que é tema de discussão em Davos. Em conjunto com um outro paper científico também publicado este ano, ambos alertam que a civilização humana se encontra numa gigantesca “zona de perigo” e que é urgente encetarem-se esforços para a fazer recuar da beira deste precipício. Em 2009, um grupo de 28 cientistas internacionalmente reconhecidos identificou e quantificou o primeiro conjunto de nove limites planetários, no interior dos quais a humanidade pode continuar a desenvolver-se e a prosperar, garantindo a habitabilidade futura das gerações vindouras. De acordo com a visão destes cientistas, ultrapassar estes limites poderá gerar alterações ambientais abruptas e irreversíveis, constituindo tarefa dos humanos garantir que estas fronteiras nunca sejam cruzadas. Seis anos mais tarde, é publicado, na revista Science,um novo relatório, da autoria de 18 investigadores, que afirma que quatro destes nove limites foram já ultrapassados, a saber: as alterações climáticas, a perda da integridade da biosfera, as mudanças no sistema de utilização dos solos e a alteração dos ciclos biogeoquímicos (fósforo e nitrogénio). Destes quatro limites, dois deles são o que os cientistas denominam como uma espécie de “núcleo duro”, na medida em que, quando transgredidos, poderão conduzir o Planeta Terra a um novo (e preocupante) estado. Estamos a falar das alterações climáticas e da integridade da biosfera. De acordo com um dos cientistas responsável pela actualização do estudo, o Professor Will Steffen, investigador na Australian Natonal University, em Camberra, “a transgressão de um destes limites aumenta, mesmo que inadvertidamente, o risco das actividades humanas conduzir o Sistema da Terra [composto pela atmosfera, pelos oceanos e pelos solos] para um estado muito menos hospitaleiro,

prejudicando os esforços para reduzir a pobreza, aumentando a deterioração do bem-estar humano em muitas partes do mundo, incluindo os países ricos”. Leia mais no portal VER.

Há quatro anos, uma “Primavera” derrubou a ditadura egípcia Revolta popular no Egipto começou a 25 de Janeiro de 2011. António Dias Farinha, director do Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade de Lisboa, considera que só o tempo dirá se valeu a pena.

Protestos em 2011 na praça Tahrir mudaram o Egipto. Foto: Mohamed Omar/EPA Por Ricardo Vieira

Quatro anos depois da revolta popular que derrubou o ditador Hosni Mubarak, o Egipto é liderado por uma “nova ordem musculada”. Os militares tomaram o poder e a Irmandade Muçulmana foi afastada, num país onde “não existe espaço para duas elites a mandar”, afirma António Dias Farinha, director do Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade de Lisboa. Em entrevista à Renascença, por ocasião do quarto aniversário da chegada da Primavera Árabe à praça Tahrir, no Cairo, que se assinala este domingo, o investigador fala em indícios de estabilidade e alguns progressos, mas avisa: só o tempo dirá se valeu a pena. Detecta um “infeliz” ponto de contacto entre Egipto e Portugal: “O sistema de adiar a resolução de problemas.” Quatro anos depois da revolta da praça Tahrir, era esta a mudança que os egípcios esperavam? Estes acontecimentos devem inserir-se sempre na longa duração da situação política desse grande país. O Egipto foi independente ou quase independente durante muito tempo, apesar de pertencer ao império Otomano durante alguns séculos. Teve uma presença inglesa relativamente discreta, uma presença francesa de grande influência cultural e depois uma série de generais, a começar pelo Presidente Nasser, que


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continua a ser o único líder carismático de todo o mundo árabe. Depois, Sadat opera uma mudança que já vinha a ser preparada no sentido de se alinhar bastante com os Estados Unidos. A partir de Sadat, que celebrou a paz com Israel, o Egipto retomou essa linha de evolução que vai depois do assassinato de Sadat... e aqui temos de introduzir algo de diferente do que eu estava a dizer, que é a influência da Irmandade Muçulmana. Qual a importância desse grupo na sociedade egípcia? Essa Irmandade vai entroncar nos princípios do salafismo do século XIX. Fundada por Hassan al-Banna [em 1928], consiste numa atenção particular à “sharia”, a lei muçulmana tradicional, depurada de muitos dos seus elementos, mas, por outro lado, com um radicalismo grande e uma assistência e organização social também importantes. Quer dizer que passa a haver no mundo actual do Egipto duas forças que se organizam de forma muito evidente: o exército, poderosíssimo, com muitas centenas de milhares de homens e que é também uma grande e sólida organização social; e a própria Irmandade Muçulmana, que desenvolveu um sistema semelhante de assistência social às populações mais desfavorecidas. Isso significa que também dispõem de sólidas bases de apoio. Neste momento há espaço para os dois no Egipto? Com a vitória do exército, a Irmandade ficou relativamente afastada do centro do poder. Mantém a sua influência, mas apenas ao nível de organização social, enquanto o exército tem a vantagem de ter a força com ele. Mas existem múltiplos laços entre as duas organizações. Muitos elementos ligados à Irmandade também pertencem ao exército e muitos militares têm simpatia pelas ideias da “sharia”, tal como a entendem os irmãos muçulmanos. Isso significa que existe uma certa porosidade, ligação, osmose entre as duas. O que não existe facilmente é lugar para duas elites a mandar no Egipto. E tem havido perseguições... Depois daquele susto que foi a condenação à morte de centenas de opositores ao exército, o que é certo é que o Egipto tem, muitas vezes, uma maneira suave de fazer as coisas, de resolver esses problemas. É um sistema que, infelizmente, Portugal também conhece muito bem: adiar os problemas, adiar a resolução do problema. Mesmo as manifestações da praça Tahrir, com um ou outro excesso, com bastantes mortos e destruição de alguns edifícios, não resultaram numa guerra civil. Isto significa que no Egipto mantêm-se ligações diversas entre as pessoas, que é possível manter relativamente tranquilas. O actual regime vai manter-se de forma estável? É muito provável que exista alguma estabilidade porque os chefes militares terão percebido que não se podem constituir numa casta sem ligação à população. Era o que estava a acontecer com Mubarak, que tinha praticamente nomeado o filho como herdeiro, a instituição de um regime quase monárquico. Dentro das forças armadas essa ideia foi ultrapassada, nunca mais se voltou a tentar e o mais que se produziu foi uma certa libertação e esquecimento do velho Mubarak e tentar passar uma esponja sobre isso e sobre o anterior Presidente Mohamed Morsi. Em comparação com a era Mubarak, houve

progressos? Houve algum progresso na medida em que agora se percebeu que também é necessário uma estabilidade no Egipto, em particular por causa dos estrangeiros, do turismo, que é decisivo para a economia egípcia. A necessidade de encontrar uma certa tranquilidade impõe-se a todos os egípcios, nomeadamente à população mais pobre, que vê nos pequenos empregos do turismo o seu principal suporte para as dificuldades da vida. A revolta da praça Tahrir valeu a pena? Só o futuro o dirá. Estas revoltas acontecem frequentemente na história das populações por uma razão essencial: os regimes imutáveis tendem a fechar-se na sua dimensão própria e apenas procuram manter o poder, ganhar e conservar o poder, provocando dificuldades da mais variada ordem para toda a população. Mesmo nos chamados países democráticos, como assistimos recentemente, há, de vez em quando, sobressaltos que alteram num sentido ou noutro a evolução das coisas. Sobretudo no caso dos países democráticos, a alternância do poder é a melhor garantia de resposta aos anseios da população. Os actuais líderes do Egipto compreendem isso ou vão cometer o mesmo erro de Mubarak? Existe vontade de estudar a história mas, por vezes, a vontade do poder é ainda maior. No entanto, durante algum tempo há duas evoluções possíveis: um regime de ditadura forte, com castigos aos opositores, perseguições, deportações, mortes. Isso é uma ditadura dura que pode não durar em termos de tempo; ou um regime forte, mas com ligações permanentes à população, como fez o Presidente Sadat, mas muito mais o Presidente Nasser, que conquistou uma imensa popularidade, apesar de se ter tornado um forte opositor da Irmandade Muçulmana. Depois da revolta de 2011, o Ocidente percebeu o que se estava a passar no Egipto? De certa forma, percebia-se muito bem que o Governo da Irmandade Muçulmana poderia estar a desembocar numa ditadura do primeiro grau. Muitas das medidas do Presidente Morsi foram no sentido de obter mais e mais e mais poder. Foi o próprio Presidente Morsi que nomeou o general Al-Sisi como chefe das Forças Armadas, foi à procura de um dos generais mais conceituados do exército para chefe das Forças Armadas, embora ele depois se tivesse lançado para chefe de Estado. Seguramente, Sisi não estava sozinho. Tinha junto dele a grande maioria dos oficiais do exército e, portanto, foi relativamente pacífico impor a sua força. As novas manifestações na praça Tahrir também mostraram que havia muitos milhões de egípcios que pretendiam a nova ordem, uma ordem musculada, em que o exército egípcio tinha a última palavra. Antes de Al-Sisi, houve eleições livres e ganharam os mais radicais, a Irmandade Muçulmana... A vitória dos irmãos muçulmanos após a queda de Mubarak era previsível, na medida em que era os únicos que estavam organizados no terreno. Também dispunham de uma vasta rede de pessoas que aceitavam bem a sua liderança através das mesquitas, das madraças (escolas religiosas muçulmanas), através da administração religiosa que facilitaram a tarefa. Por outro lado, não se pode considerar que os milhões de


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egípcios que votaram na Irmandade Muçulmana fossem todos radicais, nem sequer a maioria. Certamente, havia radicais islâmicos, que pode não ser propriamente um radicalismo político, mas daí a dizerse que foram os radicais que venceram as eleições equivale a dizer que o povo egípcio não sabe distinguir e quer apenas esse radicalismo, que depois as manifestações de apoio ao exército mostraram que não era o caso. Qual pode ser o papel do Egipto na luta contra o autodenominado Estado Islâmico? O Estado Islâmico entrou por uma via de radicalismo total, nomeadamente com o autoproclamado califa Abu Bakr al-Baghdadi. A não ser por uma vontade de ir até ao fim da linha, não se percebe muito bem que tenha dado um passo tão errado. E foi um passo errado porquê? Porque bastou que se proclamasse califa para ter contra ele a grande maioria dos sunitas: o Egipto, a Arábia Saudita, os diferentes Estados e monarquias do Médio Oriente, que não lhe reconhecem nenhuma autoridade particular, a não ser a violência de que o Estado Islâmico dá provas. Era mais do que previsível que se iam erguer contra este estado de coisas. Mas teve outras consequências inesperadas. Veja-se o caso que agora surge da nova revolta xiita no Iémen, das milícias houtis do Ansaruallah. Isto significa que os xiitas do norte do Iémen, na fronteira com a Arábia Saudita, pretendem dar uma nova oposição a esse sunismo radical do Estado Islâmico e vão procurar ligações com o Hezbollah, do Líbano; com o Irão e a Síria do Presidente Assad. Estes movimentos xiitas foram encontrar uma vontade de luta contra o radicalismo sunita que é extremamente perigoso até para os próprios regimes sunitas. Veja-se o caso que se passa em Sanaa, a capital do Iémen, em que o palácio presidencial é controlado pelas milícias zaidistas do Ansaruallah. E qual é o papel do Egipto no meio deste barril de pólvora? O Egipto tem a vantagem de estar neste momento bastante bem controlado pelo Exército, claro que há sempre a possibilidade de algumas revoltas. Até pelas relações que tem com os Estados Unidos e com a Arábia Saudita, como país sunita, evidentemente, encara com bastante desconfiança um autoproclamado califado do Estado Islâmico. O resultado foi já terem surgido diversos califas por todo o mundo muçulmano. Em breve, “califa” será quase um nome vulgar, a continuar o desrespeito por uma instituição que é política e não religiosa. O califado não tem qualquer implicação de natureza religiosa, tem apenas de força política. E foi o que Abu Bakr alBaghdadi pretendeu obter.

50 ANOS DA MORTE

Churchill: 19 factos sobre o estadista que chorava e pintava Winston Churchill foi um homem de muitas facetas. Além da sua extensa carreira política como primeiro-ministro do Reino Unido, Churchill pintava e escrevia. Ganhou o Nobel da Literatura e foi aclamado como herói de guerra. Conheça o outro lado de uma das figuras mais notáveis do século XX.

Winston Churchill a pintar em Câmara de Lobos, na Madeira. Foto: DR Por Matilde Torres Pereira

1. HERÓI NOVO Ganhou fama muito novo, aos 25 anos, ao escapar corajosamente de um campo de prisioneiros na África do Sul durante a Guerra dos Bôeres, onde serviu como correspondente de guerra e oficial do exército. Conseguiu escalar uma parede durante a noite e fugir da prisão. Escondeu-se três dias dentro de uma mina e depois conseguiu apanhar um comboio carregado de lã rumo a Moçambique. De lá, apanhou um barco de volta à África do Sul e correu para a frente de batalha, onde foi aclamado como um herói. 2. PRIMEIRO-MINISTRO AOS 65 Já tinha 65 anos quando assumiu o cargo de primeiroministro. A guerra energizou-o. Um jornalista norteamericano escreveu, em 1941, “As responsabilidades que agora lhe cabem são maiores que as carregadas por qualquer outro ser humano na terra. Seria de esperar que este peso teria nele um efeito opressor, mas não. A última vez que o vi, parecia vinte anos mais novo do que antes da guerra, e o seu espírito enaltecido transmite-se para o povo”. 3. UM TELEGRAMA FULCRAL Assim que a Inglaterra declarou guerra à Alemanha, Churchill foi imediatamente chamado a ocupar o seu antigo posto de ministro da Marinha. O anúncio é feito pelo Almirantado à Frota através de um telegrama em que se lia “Winston is back” – “Winston está de volta”. 4. CONSERVADOR, LIBERAL, CONSERVADOR Mudou duas vezes de partido, passando de conservador a liberal ainda antes da I Guerra Mundial e voltando atrás durante os anos 20. 5. 160.000 QUILÓMETROS


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Mudou duas vezes de partido, passando de conservador a liberal ainda antes da I Guerra Mundial e voltando atrás durante os anos 20. 5. 160.000 QUILÓMETROS Apesar de ter uma saúde frágil, sofrendo várias doenças ao longo da vida, percorreu mais de 160.000 quilometros durante a II Guerra Mundial, sob o nome Colonel Warden. Acabou por morrer com 90 anos. 6. "LIFE POD". E METRALHADORA Durante a II Guerra Mundial, Churchill precisou de uma câmara pressurizada, chamada “Life Pod” para voar, devido à sua saúde. Incluía um telefone, um cinzeiro e um sistema de circulação de ar para poder fumar. Quando viajava de barco, levava um bote salva-vidas equipado com uma metralhadora para poder “resistir a captura a qualquer custo”. 7. O ESTRATEGA COM ERROS Tinha uma personalidade contraditória e cometeu vários e alguns graves erros. O marechal Alan Brooke, chefe das Forças Armadas, escreveu no seu diário: “A coisa mais maravilhosa é que três quartos da população mundial imagina que Churchill é um dos maiores estrategas da História e o outro quarto não faz ideia de como ele representa uma ameaça pública! É melhor que o mundo nunca saiba. Sem ele, a Inglaterra estaria perdia, com ele, a Inglaterra esteve vezes sem conta à beira do desastre. Nunca tanto admirei e desprezei um homem simultaneamente. Extremos tão opostos nunca antes foram encontrados no mesmo ser humano”. 8. O LÍDER QUE CHORAVA Sofreu de depressão clínica ao longo da vida, a que chamava “Black Dog” – o “Cão Negro” que o perseguia fielmente. Era sensível, com as emoções à flor da pele, e chorava frequentemente em reuniões em que recebia más notícias. Um destes episódios aconteceu na Casa Branca, em frente ao Presidente dos Estados Unidos. Quando lia os seus discursos na rádio, era frequente ouvir-se a voz embargada do primeiro-ministro, emocionado com as exortações que fazia ao povo britânico. 9. AMIGO DE ROOSEVELT Manteve uma relação próxima com o Presidente norteamericano Franklin Roosevelt, na companhia de quem passou mais de 120 dias e com quem trocou mais de 1.700 cartas e telegramas. Quando os japoneses atacaram Pearl Harbor em 1941, o primeiro pensamento de Winston Churchill foi: “Ganhámos a guerra!”, tal a sua confiança no apoio militar norte-americano. 10. "OPERAÇÃO IMPENSÁVEL" Com receio da ameaça do comunismo após a vitória na guerra, Churchill fez planos para um ataque surpresa contra a União Soviética. Chamado “Operação Impensável”, o plano contemplava o rearmamento de 100.000 antigos soldados nazis e teria espoletado a terceira guerra mundial quase antes do final da segunda. 11. A CORTINA DE FERRO Apesar do termo já ter sido utilizado antes, Churchill foi responsável pela popularização do termo "cortina de ferro". Num telegrama para o Presidente norteamericano Harry S. Truman, em 1945, em que expressava a sua apreensão sobre as movimentações soviéticas, declarava: "Uma cortina de ferro está corrida ao longo da frente [soviética]. Não sabemos o que se

passa por trás dela". A partir daí, as autoridades ocidentais referir-se-iam continuamente à "cortina de ferro" ao falar sobre a URSS. 12. ADORADO NAS RUAS, REJEITADO NAS URNAS Embora tenha gozado de grande popularidade entre o povo britânico, não foi reeleito depois da II Guerra Mundial. Já foram para isto dadas muitas razões, mas a principal terá sido o desejo, disseminado entre a população, de reformas pós-guerra e a crença de que o homem que tinha liderado a Inglaterra em guerra não era o homem para a liderar em tempos de paz.13. O PINTOR NA MADEIRA Antes de se tornar primeiro-ministro pela segunda vez, em 1951, Churchill queria retirar-se para algum sítio que fosse “quente, com banhos, confortável e florido” onde pudesse pintar e trabalhar nas suas memórias de guerra. Um amigo sugeriu a Madeira, e recomendou que ficasse no Reid’s Palace Hotel, no Funchal. Reza a lenda que Churchill explorava a ilha de Rolls-Royce, com a mala do carro convertida em bar portátil. O social do hotel não lhe interessava – preferia pintar a vila de Câmara de Lobos, a poucos quilómetros do Reid’s. 14. O POLÍTICO NOBEL (DA LITERATURA) Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1953. Foi um autor prolífico, e escreveu um romance, duas biografias, três volumes de memórias e ainda vários livros de história sob a assinatura Winston S. Churchill. Ganhou o Prémio Nobel pela sua “mestria da descrição histórica e biográfica, tal como a sua brilhante oratória na defesa dos valores humanos”. 15. UM DUELO Lady Astor, a primeira mulher deputada em Inglaterra, estava constantemente em conflito com Churchill. Durante um debate, declarou que, se se tivesse casado com ele, ter-lhe-ia envenenado o chá. Churchill respondeu: “Se eu fosse casado consigo, Madame, eu bebê-lo-ia”. 16. NÃO ME TIREM O CHARUTO Quando o fotógrafo Yousef Karsh o retratou, retirou o charuto directamente da boca de Churchill, daí a cara de contrariedade no famoso retrato. 17. A DEFINIÇÃO DE TACTO Winston Churchill descreveu o tacto como a “capacidade de dizer alguém para ir para o Inferno de forma a que fiquem entusiasmados com a ideia da viagem”.18. "OPERATION HOPE NOT" No dia da sua morte, a 24 de Janeiro de 1965, Big Ben tocou as últimas badaladas às 9h45 e depois remeteuse ao silêncio durante todo o dia. Qualquer coisa como 321.360 pessoas passaram, ao longo de três dias, em Westminster Hall, em Londres, para prestar homenagem ao estadista. As instruções para o funeral de Estado, ordenado pela Rainha Isabel II, chamavamse “Operation Hope Not”. O número de chefes de Estado representados no funeral – 112 – apenas foi superado 40 anos depois, no funeral do Papa João Paulo II. 19. O EPITÁFIO O epitáfio de Churchill declara: “Estou pronto para conhecer o meu Criador. Se o meu Criador está preparado para a grande provação de me conhecer, é outra história”.


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Papa dedica mensagem para as comunicações sociais à família O papel das famílias na formação de novas gerações está em destaque. O Dia Mundial das Comunicações Sociais é assinalado a 17 de Maio.

tratem a família como uma coisa “abstracta” ou como “um problema”, lembrando que escolheu o tema “Comunicar a Família”, porque na própria Igreja se está a fazer uma “profunda reflexão” nesta matéria, a caminho do sínodo de Outubro.

Papa Francisco avisa: “Cardinalato não é um prémio” Cardeais devem repetir a expressão que Jesus sugeriu aos seus discípulos para se manterem humildes: “Digam: ‘Somos servos inúteis’”.

Foto: Ettore Ferrari/EPA

A “família é o primeiro lugar onde se aprende a comunicar”. É o que sublinha a mensagem do Papa para o próximo Dia das Comunicações Sociais, que este ano se assinala a 17 de Maio. A mensagem lembra que a educação para o pluralismo começa precisamente em casa, entre pais e filhos. “A própria família não é um objecto acerca do qual se comunicam opiniões, nem um terreno onde se combatem batalhas ideológicas, mas um ambiente onde se aprende a comunicar“, lê-se no texto. Com o título "Comunicar a Família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor", Francisco afirma também que a família não deve lutar "para defender o passado”, mas trabalhar “com paciência e confiança, em todos os ambientes onde se encontra para construir o futuro". “Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade”, escreve Francisco, naquele que é a sua segunda mensagem para este dia. O texto realça também que a informação é importante, “mas não é suficiente”, porque muitas vezes “simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas”, em vez oferecer uma visão de conjunto. “O desafio que hoje se nos apresenta é o de aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação”, lê-se. Sobre as novas tecnologias diz que, apesar de poderem “dificultar” a comunicação, também é verdade que a podem favorecer, quando ajudam “a partilhar”, a “permanecer em contacto com os que estão longe”, a agradecer ou pedir desculpa. Sendo esta uma mensagem para o Dia das Comunicações Sociais, o Papa lamenta que os media

20 novos cardeais, de todo o mundo, serão elevados em Fevereiro. Foto: EPA Por Filipe d’Avillez

O Papa Francisco tornou pública esta sexta-feira uma carta aberta aos 20 homens que vão ser elevados ao cardinalato no próximo dia 14 de Fevereiro, entre os quais se inclui D. Manuel Clemente, o Patriarca de Lisboa. Na carta, publicada no jornal “L’Osservatore Romano”, pede-se aos futuros cardeais que sejam comedidos nos festejos e avisa que o novo cargo não é um prémio. Francisco recorda que o cardinalato é uma vocação de serviço e sugere aos futuros cardeais que repitam a expressão que Jesus sugeriu aos seus discípulos, para se manterem humildes: “Digam: ‘Somos servos inúteis’”. “Manter a humildade no serviço não é fácil quando se considera o cardinalato como um prémio, como o culminar de uma carreira, uma dignidade de poder ou de distinção superior”, escreve. “Ser Cardeal significa incardinar-se na Diocese de Roma para dar testemunho da Ressurreição do Senhor, e dar totalmente, até ao derramamento de sangue, se necessário”. A carta do Papa refere-se ainda aos festejos que costumam acompanhar estas cerimónias. “Muitos se alegram por esta tua nova vocação e, como bons cristãos, farão festejos (porque é próprio do cristão alegrar-se e saber festejar). Aceita-os com humildade. Mas fá-lo de modo a que, nesses festejos, não se insinue o espírito da mundanidade que entontece mais do que a aguardente em jejum, desorienta e separa da cruz de Cristo”.


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D. Manuel Clemente será feito Cardeal, juntamente com outros 19 bispos, no dia 14 de Fevereiro, numa celebração que terá lugar em Roma. FABRICE HADJADJ

“A economia dos economistas pôs as famílias ao seu serviço" Filósofo francês Fabrice Hadjadj, membro do Conselho Pontifício para os Leigos, critica sociedade economicista, na abertura do II Encontro Nacional de Leigos, no Porto. Por Henrique Cunha

Lembrando que recolocar o homem no centro é nada mais do que voltar a colocá-lo no seu lugar de origem, o filósofo francês Fabrice Hadjadj quis na conferência “Recolocar o Homem no Centro” aludir à importância da família no contexto social em que vivemos, em que a economia se tornou a prioridade das prioridades. O responsável pelo Instituto Filantropo na Suiça patrocinado pelo Papa João Paulo II - explicou o sentido das palavras do Papa Francisco em 2 de Julho do ano passado sobre a necessidade do homem estar no centro da sociedade, do pensamento, da vida. Fabrice condenou a economia que nos foi imposta: “que em vez de estar ao serviço das famílias, a economia dos economistas pôs as famílias ao seu serviço, deslocou-as pela exploração do trabalho, pela fascinação das mercadorias, pela dispersão dos seus membros à qual foi dado o nome de liberdade individual e que é antes de mais o isolamento e depois a servidão do indivíduo ao sistema." E Fabrice Hadjadj acrescentou a receita para se poder sair desta crise em que vivemos, avançando com a conclusão de que “para começar a sair da crise económica e antropológica actual, seria necessário reencontrar não só o sentido de Deus e do espírito, mas também e sobretudo o sentido da família e da filiação, da paternidade e da maternidade". Na fase de perguntas e respostas, Fabrice foi interrogado sobre o radicalismo e terrorismo e a liberdade de expressão. O filosofo lembrou que a “propria liberadde impõe limites”. O filósofo que é membro do conselho pontificio para os leigos pontuou a sua intervenção com referencias à história de Portugal e aos seus maiores. Citou Lusíadas, Fernando Pessoa e Vitorino Nemésio e conclui com a ideia de que "Portugal afinal, é talvez, a parte mais avançada da Europa". "Não digo isto só no plano geográfico, a propósito desta faixa de terra que é como o rosto de todo o nosso continente voltado parra o Novo Mundo. Não o digo também só por causa do Concílio de Braga, no século VI em que contra os maniqueus e os priscilianos, a Igreja afirmou com força a fé na Trindade e na bondade divina do casamento e da procriação dos filhos, à imagem desta mesma Trindade. Também não

o digo somente por causa da admirável reconquista de todo o país sobre os muçulmanos entre o século X e o século XIII. Não o digo também somente por causa das aparições de Fátima, em que a Santíssima Virgem mostrou como três pastorinhos podiam ser mais fortes que a guerra e que o inferno. Digo-o sobretudo porque, antes de todos os outros países europeus, Portugal conheceu o colapso do seu império, porque o Eterno o conduziu antes dos outros à humildade e à simplicidade, à modéstia de um reino composto por famílias, sob a proteção da Sagrada Família. Ora é a partir daqui que se realiza a renovação do mundo." “Recolocar o Homem no Centro” é o tema deste encontro que vai terminar com a Eucaristia este sábado na Igreja de S. Francisco.

"Educamos as crianças para a violência", alerta o Bispo do Porto D. António Francisco dos Santos falou no segundo Encontro Nacional de Leigos no Porto. O Bispo do Porto denunciou a forma como as crianças são educadas para a afronta e para a violência, em vez da reconciliação, diálogo e partilha. Na homilia da Eucaristia que encerrou o segundo encontro nacional de leigos, D. António Francisco dos Santos criticou o modelo predominante na sociedade em que as crianças são preparadas para a rivalidade e competitividade. “O modelo predominante da sociedade europeia contemporânea diz-nos que as crianças são tantas vezes ensinadas mais a ter do que a ser. Preparamos as novas gerações para a competitividade e para a rivalidade, educamos muitas vezes pela expressão dos nossos sentimentos e das imagens multiplicadas mais para a afronta e a violência do que para a reconciliação, para o diálogo, para a mansidão e para a paz. Vivemos um modelo de sociedade que facilmente empobrece as pessoas, lhes retira generosidade e lhes provoca um vazio de sentido”, disse. D. António Francisco dos Santos exortou os leigos à paixão pela missão. “Os leigos devem ser protagonistas e não apenas destinatários desta missão da igreja. Agradeço-vos por isso. Sois voluntários de Deus e seguidores da humanidade. Importa recolocar o homem no centro da sociedade”. O Bispo mostrou-se optimista em relação aos tempos que se avizinham para a Igreja desde que a comunidade eclesial siga o exemplo do Papa Francisco. A eucaristia na Igreja de S. Francisco no Porto encerrou o segundo encontro nacional de leigos que decorreu este Sábado no edifício da Alfandega. Recolocar o Homem no Centro da sociedade, do pensamento e da Vida foi o tema do encontro.


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Solidão dos idosos preocupa bispo de Bragança-Miranda D. José Cordeiro aponta a fraternidade como o caminho a percorrer para combater o flagelo da solidão.

Dragão teve Gallo na Madeira Marítimo 1-0 FC Porto. Recorde os melhores momentos em rr.sapo.pt.

Por Olímpia Mairos

O bispo de Bragança-Miranda aponta a solidão dos idosos, o isolamento e até a “falta de sentido para a vida” como a maior pobreza da actualidade e, em concreto, no distrito de Bragança. O prelado falava à margem do encontro que manteve com os jornalistas - e que visou “estreitar os laços e promover a cultura do encontro” entre os profissionais da comunicação social da região - no dia em que a Igreja celebra São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas. Questionado sobre os efeitos da crise na região, D. José Cordeiro referiu que no âmbito das visitas pastorais que está a realizar (já visitou 119 paróquias e 357 comunidades), se tem deparado com “a solidão dos idosos”, classificando-a como “a maior pobreza” da actualidade e alertou para o facto de esta não se resolver apenas com dinheiro. “O dinheiro é importante, mas há muito mais vida para além do dinheiro e há muito mais sentido a dar à vida das pessoas”, defendeu o prelado. Para D. José Cordeiro, o combate à solidão passa pela fraternidade e, nesse sentido, defendeu “uma postura mais fraterna da sociedade em relação ao vizinho, a quem vive ao lado, e à família”, mas lembrou tratar-se de um caminho longo, “porque, há muitos interesses instalados e sobretudo no campo da acção social”. O bispo de Bragança-Miranda referiu ainda a recente mensagem do papa Francisco, para o dia mundial das comunicações sociais, para sublinhar a necessidade de todos estarem “atentos a todos os elementos da família, aos mais idosos, aos mais pequenos, aos mais frágeis, a todos aqueles que precisam de um sorriso, de uma palavra ou apenas da presença de alguém”. A “cultura do descartável leva a olhar às condições e falar de qualidade de vida”, mas também permite “esquecer as pessoas” e, segundo D. José Cordeiro, coloca no centro “o lucro e não os valores e não a pessoa”. D. José Cordeiro tomou este sábado o pequenoalmoço com os jornalistas, ao qual se seguiu um encontro de formação orientado pelo cónego João Aguiar, director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e presidente do Conselho de Gerência do grupo R/com. “As relações entre a Igreja e os media e as dificuldades de linguagem que muitas vezes são barreiras” foi a ponte para o diálogo. A iniciativa, em que participaram cerca de 20 jornalistas, foi promovida pelo Secretariado das Comunicações da Diocese de Bragança-Miranda.

(arquivo) Por Carlos Calaveiras

O FC Porto perdeu na Madeira por 1-0, graças a um golo de Bruno Gallo, sofrem a primeira derrota fora de casa e podem complicar as contas do campeonato. Os dragões pressionaram muito no segundo tempo, falharam uma mão cheia de oportunidades, mas não conseguiram bater Salin. O líder Benfica joga amanhã contra o Paços de Ferreira e os dragões podem ficar mais longe da frente.96'- Final (1-0) 94'- SUBSTITUIÇÃO. No Marítimo entra Briguel e sai Bruno Gallo.94'- Remate muito torto de Casemiro. Sem perigo.90'- Cinco minutos de descontos.88'- Cartão AMARELO para Ruben Ferreira (Marítimo)87'- Remate de Ruben Neves contra Ruben Ferreira quase em cima da linha de golo.85'- SUBSTITUIÇÃO. No Marítimo sai Maazou e entra Alex Soares.85'- Remate de Ruben Neves por cima depois de Jackson não ter passado pela defensiva insular.83'- Cartão AMARELO para Danilo (FC Porto).81'- João Diogo involuntariamente atingido por Quaresma. Defesa fica a sangrar do nariz e recebe assistência.79'- Cabeceamento de Casemiro. Boa defesa de Salin.77'- Cartão AMARELO para Danilo (Marítimo). Por protestos.77'- Cartão VERMELHO para Raul Silva (Marítimo). Segundo AMARELO para o defesa-central.75'- Cartão AMARELO para Edgar Costa (Marítimo). Falta sobre Jackson.74'- Oliver remata por cima e ao lado.66'- SUBSTITUIÇÃO. No Marítimo sai Xavier e entra Fransérgio.63'- Ui... TRIPLA OPORTUNIDADE do FC Porto no mesmo lance. Abertura de Jackson para Tello que isolado atira ao poste, na recarga Quaresma obriga Salin a grande defesa e depois, outra vez, Tello dispara contra um defesa insular. "Só" canto para os dragões.63'SUBSTITUIÇÃO. No FC Porto entra Ruben Neves e sai Indi.59'- SUBSTITUIÇÃO. No FC Porto entra Gonçalo Paciência e sai Herrera.55'- OPORTUNIDADE dupla dos dragões. Primeiro Casemiro e depois Indi rematam na área contra Salin. O falhanço do holandês é inacreditável.53'- Maazou cabeceia por cima após canto.49'- Árbitro João Capela recebe assistência médica do médico do Marítimo. Parece ter um problema numa vista.47'- Remate de Herrera, mas sem


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perigo.19h04: Segunda parte. SUBSTITUIÇÃO. No FC Porto sai Quintero e entra Tello.- O FC Porto dominou em posse de bola, mas não criou grandes oportunidades de golo no primeiro tempo. O Marítimo foi eficaz e apontou na única chance que teve. Os insulares parecem mais concentrados do que estiveram contra o Benfica na semana passada.48'- Intervalo (1-0) 46'- Quintero foge pela direita, mas falha cruzamento.45'- Três minutos de descontos.41'OPORTUNIDADE. Jogada individual de Quaresma pela direita termina com um bom remate para grande defesa de Salin.35'- Cartão AMARELO para Martins Indi (FC Porto). Corte com o braço.35'- Cartão AMARELO para Raul Silva (Marítimo). Falta sobre Jackson.32'GOLO do MARITIMO. Marca BRUNO GALLO com um grande remate em vólei já na área (1-0). A bola veio de Indi que cortou para a frente. 27'- Remate de Quaresma, mas à figura de Salin.26'Remate de Quintero de fora da área, mas a bola sai ao lado.21'- Jogo retomado.18'- Jogo interrompido. Raul Silva e Jackson chocam cabeça com cabeça. Defesa do Marítimo fica mal tratado.15'- Jackson tenta rematar, mas a bola bate num defesa insular e vai para canto.12'. Remate de Casemiro mas por cima.5'- Maicon ganha nas alturas e cruza de cabeça para Jackson, mas a defesa insular corta.18h05: Início da partida. O Marítimo estreia Raul Silva e o FC Porto deixou Tello no banco.Ficha do Jogo I Liga, Jornada 18 Estádio dos Barreiros, Funchal Árbitro: João CapelaMARÍTIMO: Salin, João Diogo, Bauer, Raúl Silva e Rúben Ferreira; Danilo Pereira, Fernando Ferreira e Bruno Gallo; Edgar Costa, Maazou e Xavier. Suplentes: José Sá, Briguel, Alex Soares, Fransérgio, Weeks, Ebinho e Micolta Treinador: Leonel PontesFC PORTO: Fabiano; Danilo, Maicon, Indi e Alex Sandro; Casemiro, Herrera e Oliver; Quintero, Quaresma e Jackson. Suplentes: Helton, Marcano, José Ángel, Rúben Neves, Ricardo, Tello e Gonçalo Paciência. Treinador: Julen Lopetegui FUTEBOL

Leão sofre... mas vence em casa Sporting 1-0 Académica. Recorde os melhores momentos em rr.sapo.pt. Por Carlos Calaveiras

O leão volta às vitórias depois da derrota na Taça da Liga e continua a sonhar com o título nacional. João Mário marcou aos 76 minutos numa altura em que a equipa da casa pressionava muito a defesa da Briosa.96'- Final (Sporting 1-0 Académica) 95'- Remate torto de Rafael Lopes.91'- Cartão AMARELO para Nani (Sporting). Vai "limpar" na Taça da Liga.90'Cinco minutos de descontos.88'- SUBSTITUIÇÃO. No Sporting entra Miguel Lopes e sai Jefferson.86'- Cartão AMARELO para Jefferson (Sporting).84'SUBSTITUIÇÃO. Na Académica entra Rui Pedro e sai

Iago.83'- Tanaka atira para as nuvens.80'- Nani desmarcado pela esquerda, mas não consegue ultrapassar Lee.76'- GOLO do SPORTING. Marca JOÃO MÁRIO de cabeça, na recarga a um cabeceamento de Tanaka que Lee defendeu para a frente (1-0) 72'- SUBSTITUIÇÃO na Académica. Sai Obiora, entra Marcos Paulo.71'- Livre directo de Nani por cima.70'Cartão AMARELO de Fernando Alexandre (Académica).68'- OPORTUNIDADE. Grande remate de Cédric para boa defesa de Lee à segunda.67'SUBSTITUIÇÃO dupla no Sporting: Saem Adrien e Carrillo, entram Tanaka e Carlos Mané.64'- Jefferson remata directo, tenta surpreender, mas a bola sai ao lado.63'- Cartão AMARELO para Nuno Piloto (Académica). Falta sobre Carrillo. 59'- SUBSTITUIÇÃO. Na Académica sai Magique e entra Lucas Mineiro.58'Magique lesiona-se sozinho.55'- Remate torto de Cédric.53'- OPORTUNIDADE. Remate acrobático da Adrien. Bola bate no ferro.51'- Carrillo "dança" na área, mas não passa pelo defesa da Académica.48'- Cartão AMARELO para Iago (Académica).17h07: Segunda parte perante 37.764 espectadores em Alvalade.- O Sporting dominou completamente nos primeiros 45 minutos, mas não criou grandes ocasiões de golo (destaque para um cabeceamento torto de Montero no centro da área). Da Académica não se viu nada ofensivamente. A haver golos só podiam ser dos leões.46'- Intervalo (0-0) 45'- Cartão AMARELO para Adrien (Sporting) por protestos. Médio caiu à entrada da área, mas o árbitro (mal) nada assinalou.42'- Remate precipitado de Adrien. Muito torto.35'- De muito longe, Paulo Oliveira remata em balão, tenta surpreender Lee, mas a bola passa ligeiramente por cima.34'- OPORTUNIDADE. Tobias Figueiredo cabeceia e na ressaca William dispara na área contra um defesa da Briosa que deu o corpo à bola.28'- João Mário remata de meia distância, mas bola sai por cima.25'- Ataque da Académica pela direita, cruzamento para Ofori, mas Tobias antecipa-se a Rafael Lopes e corta.17'- Livre cruzado do Sporting de Tobias Figueiredo, mas Lee afasta.10'- Após um canto, mau cabeceamento de Montero.8'- OPORTUNIDADE. Cruzamento de Carrillo pela direita e Montero, sozinho no centro da área, cabeceia torto.6'- Obiora remata contra João Mário e a bola vai para canto. 2'- Carrillo remata contra a muralha defensiva da Briosa. Bola depois segue para canto.16h02: Início da partida. Sai a Académica. - Minuto de silêncio em Alvalade em homenagem a Miguel Galvão Teles, antigo dirigente do Sporting. No regresso de Paulo Sérgio a Alvalade, a Académica precisa de pontos para sair dos últimos lugares da tabela. Já o Sporting também não tem margem de erro devido aos 10 pontos de atraso no campeonato. No Sporting destaque para a permanência a titular de Tobias Figueiredo, agora que Marcelo já não mora em Lisboa, e para o regresso de Adrien. Na Briosa atenção para as ausências de Aderlan, Schumacher e Ivanildo.Ficha do Jogo I Liga, Jornada 18 Estádio de Alvalade, Lisboa Árbitro: Rui CostaSPORTING: Rui Patrício; Cédric, Paulo Oliveira, Tobias Figueiredo, Jefferson; William Carvalho, Adrien e João Mário;


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Carrillo, Nani e Montero Suplentes: Marcelo Boeck, Sarr, Miguel Lopes, Rosell, André Martins, Mané e Tanaka Treinador: Marco Silva ACADÉMICA: Lee; Iago, Capela, João Real e Ricardo Nascimento; Nuno Piloto, Fernano Alexandre, Obiora e Ofori; Magique e Rafael Lopes Suplentes: Cristiano, Marinho, Jimmy, Rui Pedro, Marcos Paulo, Hugo Sêco e Lucas Mineiro Treinador: Paulo Sérgio

RIBEIRO CRISTÓVÃO

Muitas surpresas O escândalo maior veio do Funchal, onde o FC Porto deu um enorme passo em falso que pode ter comprometido de forma definitiva a salvação da temporada com uma vitória no campeonato português.

REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA

Derrota do FC Porto em destaque

Dragão foi ao tapete". É desta modo que O Jogo destaca a derrota do FC Porto na madeira. "Passadeira estendida para o Benfica e o Sporting só a um ponto", sublinha ainda o jornal nortenho. A sul, a mesma linha em tom de euforia. "Liga ao rubro (e verde)", escreve A Bola, enquanto o Record se foca no Sporting: "Super Mário". De volta a O Jogo, destaque para a vitória do Boavista sobre o Sporting de Braga: "Uchebo resolveu um clássico à antiga".

A primeira jornada da segunda volta do nosso principal campeonato ainda não está concluída, mas há já uma mão cheia de surpresas a marcar um bom quinhão dos jogos realizados. A vitória do Boavista frente ao Sporting de Braga, os empates do Vitória de Guimarães e do Belenenses, as derrotas do Moreirense no seu estádio frente ao Nacional, e do FC Porto na cidade do Funchal, juntando-lhes a expressiva vitória dos setubalenses frente a uma das grandes revelações da temporada, o Rio Ave, constituem as notas dominantes de um fimde- semana quase alucinante. Sobra apenas a dúvida sobre o que poderá acontecer logo à noite no estádio da Mata Real, em Paços de Ferreira. De fora ficam as vitórias do Estoril e do Sporting por se enquadrarem perfeitamente nas expectativas de que ambas se haviam rodeado. Os leões ficaram no entanto a dever aos seus 38 mil adeptos presentes em Alvalade a exibição que se previa, e um resultado muito mais expressivo, tendo em conta a valia actual das duas equipas em confronto. O escândalo maior veio do Funchal, onde o FC Porto deu um enorme passo em falso que pode ter comprometido de forma definitiva a salvação da temporada com uma vitória no campeonato português. E em Paços de Ferreira pode jogar-se, logo à noite, uma boa parte do futuro do Benfica. Mas também os portistas poderão vir a depender muito do que vier a acontecer nesse jogo. Um triunfo da equipa de Jorge Jesus, que neste momento parece possível face ao momento actual dos encarnados, marcado por uma enorme regularidade e estabilidade, pode vir a traduzir-se num golpe mortal para o campeonato em curso, que apenas acaba de entrar na segunda volta. É que, a ser assim, com nove pontos de avanço sobre os dragões e dez em relação aos leões, o Benfica não deverá deixar qualquer margem recuperação aos seus principais adversários, mesmo tendo em conta o facto de o futebol ser tantas vezes fértil em surpresas.


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Europa e a vitória do Syriza. Desconfiança, parabéns, avisos e silêncio As atenções viram-se esta segunda-feira para Bruxelas, onde reúnem os ministros das Finanças da zona euro. A Grécia será mesmo o tema central de um encontro que se espera curto.

Alexis Tsipras guiou o Syriza à vitória sem maioria absoluta

As reacções à vitória do Syriza nas eleições legislativas gregas dividem-se entre a desconfiança, felicitações, avisos e silêncio. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, avisa que as eleições na Grécia vêm “aumentar a incerteza” na economia europeia “É por isso que o Reino Unido tem de se manter fiel ao seu plano, garantindo segurança dentro de casa”, escreveu David Cameron na rede social Twitter, depois do anúncio da vitória do partido anti-austeridade Syriza. Já o governador do banco central alemão, Jens Weidmann, disse que a Grécia tem de cumprir as condições do resgate da troika. O Presidente francês, François Hollande, enviou uma mensagem de parabéns a Alexis Tsipras pelo triunfo do Syriza e prometeu em conjunto para apoiar o crescimento e estabilidade na zona euro. François Hollande manifestou “o desejo de levar a cabo uma cooperação próxima entre os dois países ao serviço do crescimento e estabilidade na zona euro, num espírito de progresso, solidariedade e responsabilidade”. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, também congratulou o Syriza pela vitória nas legislativas gregas, que ficou a dois deputados da maioria absoluta. Esta segunda-feira, as atenções viram-se para Bruxelas onde reúnem os ministros das Finanças da zona euro. A Grécia será mesmo o tema central de um encontro que se espera curto. A questão da reestruturação da dívida e o fim da austeridade, defendidos pelo Syriza, preocupam os governos europeus. Para reestruturar a dívida, o futuro governo grego deverá negociar com os parceiros

europeus, mas ainda ninguém sabe muito bem como isso se irá processar. Até ao momento, a Comissão Europeia ainda não reagiu à vitória do Syriza. Nas últimas semanas tinha vindo a dizer que continuaria a apoiar a Grécia, mas Atenas deve respeitar os compromissos assumidos.

Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.


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