EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco
Quarta-feira, 01-04-2015 Edição às 08h30
Editor Raul Santos
CNE admite "erro crasso e indesculpável" nas eleições da Madeira Mais de dois mil utilizadores externos têm acesso a dados dos contribuintes "É como se estivessem na barriga da mãe". São João inaugura unidade para bebés prematuros FC PORTO
Oficial. Danilo vendido ao Real por 31,5 milhões As três vezes em que o autarca Costa atrapalhou o candidato Costa
ENTREVISTA
"Pela educação muda-se a sociedade", diz provincial dos Salesianos
Senhorios vão ter de passar recibo electrónico para rendas acima de 70 euros Padre que reabilita toxicodependentes diz que "homem é mais do que uma ficha médica"
JOSÉ MIGUEL SARDICA
A economia moral…e a falta que ela faz
Metade das crianças na Síria não vai à escola. A guerra está a criar uma "geração perdida"
2
Quarta-feira, 01-04-2015
CNE admite "erro crasso e indesculpável" nas eleições da Madeira Erro informático lançou confusão absoluta.
Maioria absoluta? Confusão absoluta. Foto: Tiago Petinga/Lusa Por Liliana Monteiro
A confusão na contagem dos votos na Madeira é um “erro crasso e indesculpável”, afirma o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em declarações à Renascença. “Temos que nos penitenciar porque isto aconteceu utilizando uma aplicação que a CNE anda a desenvolver há nove anos e que era para facilitar os trabalhos, mas de facto é um erro crasso e indesculpável”, reconhece João Almeida. “Foi um erro das reposições e novas versões da aplicação. É um erro indesculpável, que não vale a pena estar a discutir os pormenores técnicos. É de facto lamentável”, sublinha o porta-voz da CNE. Em causa está um erro informático que não contabilizou os votos no Porto Santo. O problema só foi detectado depois de uma primeira verificação dos resultados efectuada esta terça-feira e instalou a confusão nas eleições regionais madeirenses. Os resultados provisórios apurados no domingo tinham dado a vitória ao PSD, com maioria absoluta. Os sociais-democratas tinham conseguido 24 deputados, mais um do que toda a oposição junta. Esta terça-feira os votos foram verificados. Numa primeira decisão, conhecida depois das 20h00, o PSD tinha perdido um deputado e a maioria absoluta na assembleia regional da Madeira. A CDU tinha ganho mais um deputado e passava a contar com três representantes. Cerca de duas horas a assembleia de apuramento das eleições na Madeira anunciava que tinha sido detectado um erro informático já depois de afixar o edital que retirava a maioria absoluta ao PSD, não tendo sido considerada a votação do Porto Santo. Devido a este erro informático, foi ordenada uma nova contagem dos votos e a atribuição ou não da maioria absoluta do PSD ficou em suspenso. À segunda, a Comissão Nacional de Eleições confirmou que, afinal, o PSD mantém a maioria
absoluta, com 24 deputados, e que a CDU mantém dois representantes. A CDU exige a recontagem de todos os votos e vai recorrer para o Tribunal Constitucional.
"É como se estivessem na barriga da mãe". São João inaugura unidade para bebés prematuros É o primeiro centro português de formação de cuidados para bebés prematuros. Abre esta quarta-feira no Hospital de São João, no Porto. O objectivo é conhecer o mais possível as necessidades de um bebé que ainda deveria estar em gestação.
“Cada bebé terá o seu espaço, à sua maneira, com a luz que deve ser mantida tendo em conta as necessidades daquele bebé e não para todos de forma igual. Foto: DR Por Teresa Almeida
O Hospital de São João, no Porto, inaugura, esta quartafeira, o primeiro centro português de formação de cuidados para bebés prematuros. A ideia é criar no espaço um ambiente o mais perecido possível com a barriga da mãe, de modo a que os bebés que nascem antes do tempo recebam os cuidados especiais de que necessitam. Com este centro, esperado há mais de dois anos, “pretende-se ensinar a compreender as necessidades deste pequeno ser”, diz à Renascença a directora de neonatologia de S. João, Hercília Guimarães, explicando que “os formadores que aprendem esta forma de cuidados começam a ler a linguagem gestual do bebé, para perceber, por exemplo, quando é que ele pode ou não pode ser forçado a mamar, perceber quanto é que ele está disponível para algum tipo de intervenção ou se quer dormir”. Na nova unidade, diz Hercília Guimarães, os bebés estarão "como se estivessem na barriga da mãe". Estar alerta para os estímulos dos prematuros é o ponto central do centro que olha para cada bebé como um
3
Quarta-feira, 01-04-2015
caso único. “Cada bebé terá o seu espaço, à sua maneira, com a luz que deve ser mantida tendo em conta as necessidades daquele bebé e não para todos de forma igual. O mesmo vale para os ruídos”, explica a responsável, sublinhando que o acompanhamento será feito por uma equipa especializada, “para que tudo consiga evoluir sem sobressaltos”. Estudar, observar e interpretar as reacções dos bebés prematuros e em risco, é o que vão fazer duas médicas - uma neonatalogista e outra pedopsiquiatra - uma psicóloga e três enfermeiras. Trata-se de profissionais formados por equipas norte-americanas que estão disponíveis para também elas ensinarem outros profissionais. “Há já interesse de outros hospitais do país neste método e estamos, claro, disponíveis para os ensinar. Aliás, é esse o objectivo”, diz Hercília Guimarães. A responsável do novo centro lembra que há cada vez mais bebés prematuros e, por isso, esta unidade nasce num hospital que precisa de mais médicos para poder dar as respostas necessárias, porque no serviço de neonatologia do S. João há falta de profissionais. “Não tenho os médicos de que preciso, mas como eu devem estar assim outras unidades do país”, remata. Com a criação deste primeiro centro de formação de cuidados de desenvolvimento de bebés prematuros, Portugal junta-se a Itália, França, Espanha, Reino Unido, Suécia, Noruega, Holanda, Israel, Argentina e Estados Unidos na vanguarda do conhecimento em neonatologia. FC PORTO
Oficial. Danilo vendido ao Real por 31,5 milhões Lateral-direito internacional brasileiro do FC Porto confirmado nos "merengues", por valor abaixo da cláusula de rescisão. Transferência efectivada no arranque da próxima temporada. Danilo assina até 2021 e vai jogar ao lado de Cristiano Ronaldo.
milhões de euros. "A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, nos termos do artigo 248º nº1 do Código dos Valores Mobiliários, vem informar o mercado que chegou a um acordo com o Real Madrid Club de Fútbol para a cedência, a título definitivo, dos direitos de inscrição desportiva do jogador profissional de futebol Danilo pelo valor de 31.500.000 € (trinta e um milhões e quinhentos mil euros)", pode ler-se na referida nota. A transferência será efectivada no arranque da próxima temporada e é acordada por um valor inferior à cláusula de rescisão que "blindava" o defesa "canarinho" aos azuis e brancos: 50 milhões de euros. O jogador assina pelos madrilenos até Junho de 2021, sendo uma das grandes apostas dos "galácticos" para o projecto de 2015/16. Confirma-se, desta forma, a saída do lateral-direito internacional brasileiro de 23 anos rumo à equipa na qual milita Cristiano Ronaldo. Nas últimas semanas, a possibilidade vinha ganhando contornos reais, tendo FC Porto e Real Madrid acertado todos os detalhes do negócio. Contratado ao Santos, no Verão de 2011, Danilo custou cerca de 18 milhões de euros aos cofres azuis e brancos.
As três vezes em que o autarca Costa atrapalhou o candidato Costa Líder socialista vai renunciar à Câmara de Lisboa para se concentrar nas eleições legislativas. Para trás, ficam três episódios que a direita vai tentar não deixar cair no esquecimento.
Foto: Mário Cruz/Lusa Por Ricardo Vieira
Foto: Georgios Kefalas/EPA
A SAD do FC Porto anunciou, em comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a venda de Danilo ao Real Madrid, por 31,5
Taxas para turistas, isenções ao Benfica e declarações perante investidores chineses foram episódios recentes do percurso político de António Costa. Em três ocasiões, a actividade do presidente da Câmara de Lisboa foi usada pelos partidos adversários do PS para pôr em causa o candidato a primeiro-ministro. Em Novembro do ano passado, depois de bater
4
Quarta-feira, 01-04-2015
António José Seguro nas primárias do PS, António Costa, enquanto autarca ("pele" que abandonará esta quarta-feira), anunciou uma nova taxa para os turistas que visitarem Lisboa. A medida causou grande polémica e foi antecipada pelo ministro da Economia, no debate parlamentar em que Pires de Lima fez, em tom irónico, a célebre declaração das "taxas e taxinhas". O segundo episódio em que o autarca atrapalhou o candidato a primeiro-ministro também envolveu taxas, mas desta vez urbanísticas. A Câmara de Lisboa aprovou, em Fevereiro deste ano, uma isenção ao Sport Lisboa e Benfica, no valor global de 4,6 milhões de euros, com os votos contra da oposição PSD, CDS e PCP. A decisão foi contestada pela presidente da assembleia municipal e aliada de Costa, Helena Roseta, e acabou por ser retirada, para reformulação, depois de mais de um mês de polémica na praça pública. O terceiro episódio também aconteceu em Fevereiro, quando o presidente da Câmara de Lisboa foi ao Casino da Póvoa do Varzim receber o prémio de personalidade do ano. Perante uma plateia de investidores chineses, Costa declarou que o país está hoje "bastante diferente" do que estava há quatro anos, quando o PS era Governo. A declaração quase passava despercebida aos holofotes mediáticos, mas foi divulgada dias depois pelo eurodeputado do CDS Nuno Melo. O caso foi aproveitado pelos partidos do Governo e levou à saída de um fundador do PS, Alfredo Barroso. António Costa foi obrigado a fazer contenção de danos. Disse que só quis "defender" o país perante investidores estrangeiros e enviou um SMS aos militantes socialistas a explicar as declarações.
Um total de 2.302 “utilizadores externos” à Autoridade Tributária (AT) têm acesso aos dados dos contribuintes portugueses, de acordo com a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD). Numa deliberação aprovada esta terça-feira, na sequência do caso da “lista VIP”, a CNPD explica que esses utilizadores externos pertencem a “empresas subcontratadas para o desenvolvimento e manutenção dos equipamentos e sistemas informáticos” ou são “estagiários ou tarefeiros contratados pelos serviços de finanças”. “Analisando a lista de utilizadores externos, verifica-se haver um grande número de empresas privadas com permissão de acesso a dados contributivos, algumas das quais apresentam números francamente excessivos de utilizadores”, assinala a Comissão. Além dos mais de dois mil utilizadores externos, há ainda um “universo muito alargado” de 9.298 funcionários da Autoridade Tributária “a quem são atribuídos perfis de acesso bastante amplos”. “Na verdade, mais de 75% dos funcionários da AT têm privilégios para aceder à situação contributiva de qualquer cidadão”, indica a Comissão Nacional de Protecção de Dados. A deliberação aponta para “ausência regulação dos tratamentos de dados da Autoridade Tributária” e considera que essa missão cabe ao Parlamento. A AT também é acusada de não conseguir controlar eficazmente o acesso aos dados dos contribuintes. A Comissão diz que não há uma política de conservação de registos de acesso ao sistema do Fisco. Exemplo disso, nem todos os que acederam aos dados do Presidente da República, Cavaco Silva, e do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, foram objecto de comunicação à auditoria Interna.
Mais de dois mil utilizadores externos têm acesso a dados dos contribuintes
A CNPD critica a existência de uma “lista VIP”, por considerar que nem protege eventuais acessos abusivos e por discriminar os restantes contribuintes , originando “uma diferenciação de tratamento de cidadãos”. O relatório da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) conclui que o sistema de alerta, conhecido como “lista VIP”, existiu durante quatro meses. A CNPD recolheu provas "que podem indiciar ilícitos criminais" no caso do acesso a dados fiscais dos chamados contribuintes VIP e vai remeter o caso para o Ministério Público.
Autoridade Tributária não consegue controlar eficazmente o acesso aos dados dos contribuintes, alerta a Comissão Nacional de Protecção de Dados.
5
Quarta-feira, 01-04-2015
JOSÉ MIGUEL SARDICA
A economia moral…e a falta que ela faz O caso BES entrará para a história como um dos maiores escândalos financeiros da história de Portugal e é a ilustração caseira do ponto a que se chegou no domínio da (i)moralidade pública.
Quando foi autonomizada como atividade humana, a “economia” englobava as “finanças” e era um ramo da política que trazia acopladas amplas reflexões morais: produzia-se, comerciava-se e possuía-se para o bemestar e para a melhoria global de um cosmos divinamente ordenado. Claro que havia uma profunda desigualdade social e que os problemas da acumulação, da usura e da especulação já desafiavam os decisores políticos. Mas quando Adam Smith, n’ A Riqueza das Nações, elogiava as virtudes do egoísmo individual e da “mão invisível” do mercado, o seu objetivo ainda era o de alcançar o maior bem para o maior número, segundo um projeto meritocrático e de harmonia social que nada tinha que ver com as piores deturpações do capitalismo desregrado e anárquico. A contemporaneidade trouxe depois, com a indústria, os serviços, a banca e as sociedades bolsistas, a separação entre a economia real e a alta finança especulativa. O crash vitoriano de 1873 foi o primeiro dos mergulhos no abismo, a que se seguiriam os de 1929, 1987, 2008, etc. À pequena escala de Portugal, o caso BES, cuja comissão parlamentar de inquérito agora terminou, como já antes o BPN e o BPP, mostrou o que acontece quando as “criaturas” escapam ao controlo até dos mais inventivos dos seus “criadores”. Separados da economia real, que produz, e fechados no círculo endogâmico dos que apenas possuem e trocam entre si, especulando e alavancando para possuírem sempre mais, os grandes chairman e CEO da banca não são apenas gente desprovida daquele fundo moral da grande economia política clássica; são gente presa aos próprios mecanismos de um jogo perigoso que só permite avanços, e nunca pausas ou recuos. O caso BES entrará para a história como um dos maiores escândalos financeiros da história de Portugal e é a ilustração caseira do ponto a que se chegou no domínio da (i)moralidade pública. Do que soubemos pelos trabalhos da comissão, três ou quatro notas
relevam. Desde logo, que foi a teia do GES, uma espécie de “matrioska” em que atrás de cada sigla havia outra sigla e portanto outro alçapão, que destruiu um banco viável e uma marca com um século e meio de prestígio. Depois, que havia uma promíscua e muito amadora relação entre o GES e a família Espírito Santo, um clã que achou poder continuar indefinidamente como um grupo de amigos que se enriquecem uns aos outros, respaldados por excelentes contactos políticos. Um dia, a engenharia contabilística viria abaixo perante a implacável contração dos lucros ditada pela crise. Mas nem assim se viu um “mea culpa”: Ricardo Salgado ainda hoje parece não perceber o que (lhe) aconteceu, os familiares e amigos só repararam quando foi necessário salvarem-se, e Zeinal Bava recusa reconhecer que quis fazer um jeitinho ao amigo, arruinando de caminho a PT. Tudo isto é muito pouco edificante e os salpicos de lama chegam mesmo ao coração da democracia e da confiança que os portugueses podem ter nela, por via de um regulador e de altos titulares de órgãos de soberania que podiam e deviam ter feito mais e falado menos. Num país acabado de sair da tutela da troika, o caso BES foi a pior coisa que poderia ter acontecido. E falta saber se à ganância, à irresponsabilidade (por ação ou omissão), e à amnésia seletiva ainda se juntará a vergonha de deixar lesados os incautos que compraram aplicações financeiras de um fantasma chamado Rioforte julgando estarem a comprar inocentes e reais depósitos a prazo do BES. Não é preciso ser-se – como não sou – adepto de nacionalizações bancárias para reparar que há indignações moralmente justas.
Porto também quer milhões da ANA Aeroportos O presidente da autarquia, Rui Moreira, pretende alcançar um acordo semelhante ao celebrado entre a empresa e a Câmara de Lisboa para o pagamento da taxa turística.
Foto: RR
O presidente da Câmara do Porto pediu uma reunião com a administração da ANA - Aeroportos de Portugal para encontrar uma "solução" para a cidade
6
Quarta-feira, 01-04-2015
"equivalente" ao protocolo de cerca de quatro milhões de euros assinado com Lisboa. "Venho solicitar-lhe uma reunião, em data que tenha como mais conveniente, para podermos discutir e depois concretizar uma solução de cooperação entre a ANA - Aeroportos de Portugal e o município do Porto equivalente àquela que ora acabou de ser anunciada relativamente ao município de Lisboa", lê-se numa missiva enviada esta terça-feira pelo autarca Rui Moreira ao presidente da ANA, Jorge Ponce de Leão. Em resultado de um protocolo assinado na segundafeira, a ANA vai assumir a partir de Abril o pagamento da Taxa Turística de um euro criada pela Câmara de Lisboa, num valor global estimado entre 3,6 e 4,4 milhões de euros. "O montante em causa será assumido pela ANA, devendo depois o município de Lisboa alocá-lo exclusivamente para o Fundo de Desenvolvimento e Sustentabilidade Turística de Lisboa, servindo depois para o financiamento de um conjunto de investimentos tidos como estruturantes" como Cais do Sodré, Campo das Cebolas, Colina do Castelo e museu para as Descobertas. Congratulando e aplaudindo o acordo feito pela empresa privada com a autarquia de Lisboa, Rui Moreira assinala que "a relação entre o aeroporto e a cidade constitui vantagens recíprocas cada vez mais evidentes", situação também verificada "com certeza" entre o aeroporto do Porto/Francisco Sá Carneiro e a cidade do Porto. O independente destaca ainda que tal protocolo demonstra "o conjunto de benefícios que se reconhecem ao reforço de competitividade da cidade dominantemente servida pelo aeroporto", quer em Lisboa "como verdadeiramente no Porto". "Não é muito habitual assistirmos de forma tão clara ao reconhecimento mútuo desta relação de vantagem, traduzida com felicidade na circunstância - e bem, a meu ver - de a ANA Aeroportos de Portugal entender que a verba acima mencionada deva ser alocada especificamente a um mecanismo de investimento que entende como adequado ao reforço de competitividade e capacidade de atracção da cidade de Lisboa", acrescenta. Entendendo que "uma situação em tudo similar se verifica" na cidade do Porto, que tal como Lisboa "tem feito um investimento nos últimos anos mais do que considerável para reforçar a sua competitividade", Rui Moreira quer pôr as duas cidades em pé de igualdade e, para tal, pediu um encontro com a administração da ANA. Na passada semana, e durante a cerimónia de inauguração da nova base da companhia aérea Easyjet no Porto, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro defendeu que a privatização do aeroporto do Porto foi um sucesso e que, ao contrário de muitas críticas feitas em 2012, "continua tão central como antes". Durante o ano de 2012 foram várias as vozes contra a privatização do aeroporto do Porto em conjunto no âmbito do processo da ANA - Aeroportos de Portugal, com a Associação Comercial do Porto (ACP), então liderada pelo actual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a defender uma privatização em separado.
UGT acusa sindicato da aviação civil de “vaidade e elitismo" Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, uma das estruturas mais importantes da UGT, anunciou que vai abandonar a central sindical. O líder da UGT, Carlos Silva, tece duras críticas à saída do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) da central sindical. Carlos Silva acusa a direcção do sindicato de "vaidade e elitismo" e garante que há muito tempo que não participavam na vida da central sindical. "Não podemos aceitar que uma organização, por mais importante que possa ser quando se vê ao espelho todos os dias, tente condicionar as decisões das outras organizações suas congéneres que também são filiadas dentro da central", critica Carlos Silva. "Isso é uma tentativa de demonstrar alguma vaidade e elitismo", acrescenta, garantido que, apesar de a lamentar, a saída não cria "problemas à central". O SNPVAC é um dos sindicatos com maior peso na União Geral de Trabalhadores. A saída do SNPVAC foi avançada na segunda-feira pela Renascença. A decisão foi tomada pelos membros do sindicato em referendo realizado entre os dias 10 e 24 deste mês e confirmada numa assembleia-geral realizada esta segunda-feira. A opção de abandonar a UGT mereceu 84% dos votos. A desvinculação surge na sequência da deterioração das relações entre a UGT e o SNPVAC. As relações entre as duas partes já eram tensas, mas pioraram ainda mais com a entrada de Carlos Silva para secretário-geral da central sindical. Um dos últimos factores de tensão foi o facto de o sindicato ter decidido manter a greve na TAP para os dias 27 a 30 de Dezembro, enquanto outras organizações sindicais filiadas na UGT fizeram parte de um grupo de que negociou um acordo com o Governo, no âmbito da privatização da companhia aérea. Luciana Passo disse à Renascença que o crescente desconforto ditou a saída. "Era uma sensação que já existia. Nesta altura, algumas cartas enviadas para o sindicato pela UGT causaram um certo desconforto, pelo teor. Acho que a votação dos associados reflectiu esse desconforto e a vontade de não permanecer na central sindical", afirma a sindicalista. Fundado em 1957, o SNPVAC representa 90% dos cerca de 2.500 tripulantes de cabine da TAP.
7
Quarta-feira, 01-04-2015
IRS. Está aberto o prazo de entrega electrónica para dependentes Trabalhadores dependentes e pensionistas devem entregar as suas declarações de rendimentos até ao final do mês. Decorre até 30 de Abril o prazo para trabalhadores dependentes e pensionistas entregarem as declarações de IRS de 2014 através do portal das Finanças. A entrega das declarações pela internet costuma começar a 1 de Abri, mas a opção foi este ano disponibilizada mais cedo: a 26 de Março. Os sujeitos passivos com rendimentos das categorias A (trabalhador dependente) e H (pensionistas) que prefiram a Internet para tratar do seu Imposto sobre Pessoas Singulares (IRS) têm, assim, um prazo alargado. O portal das Finanças é cada vez mais o meio utilizado pelos contribuintes, de acordo com os dados divulgados na terça-feira pela tutela. Em papel, foram entregues este ano quase menos 54 mil declarações de IRS do que no ano passado, e na Internet foram entregues, até agora, mais 24.287 declarações do que no período homólogo. Esta quarta-feira tem também início a primeira fase de entrega das declarações de IRS de trabalhadores que aufiram rendimentos de outras categorias, como a B (correspondente ao trabalho independente), que têm até ao final deste mês para entregar as declarações relativas ao ano passado em papel. Para a entrega através do portal das Finanças, os trabalhadores independentes têm o mês de Maio. Os calendários de entrega de declarações do IRS estão disponíveis na página da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) na internet.
Senhorios vão ter de passar recibo electrónico para rendas acima de 70 euros Associação Lisbonense de Proprietários fala de uma medida, que entra em vigor a partir de Maio, “burocrática”. O Fisco estima que ficarão de fora cerca de 60 mil senhorios.
Foto: DR
A partir de Maio, os recibos electrónicos de renda vão ser obrigatórios para todos os proprietários com rendimentos de renda superiores a 838,44 euros anuais. De acordo com o “Jornal de Negócios”, as novas regras sobre recibos electrónicos foram criadas com a reforma do IRS, em vigor desde Janeiro de 2015, mas que ainda não se sabia como iria ser concretizada. A portaria deverá ser publicada nos próximos dias e terá efeitos imediatos. Segundo o jornal, o diploma veio estipular o valor a partir do qual os recibos electrónicos serão obrigatórios: sempre que os rendimentos de categoria F do ano anterior - ou os que o proprietário estime vir a receber no próprio ano, no caso de novos contratos forem superiores a duas vezes o Indexante aos Apoios Sociais (IAS), ou seja 838,44 euros, portanto cerca de 70 euros mensais. Além da excepção quanto ao valor, revela o Negócios que também os senhorios com idade igual ou superior a 65 anos podem optar por não o fazer. Quem não passar o recibo electrónico fica obrigado a entregar uma declaração anual de rendas, a entregar nas finanças até 31 de Janeiro do ano seguinte, em papel ou pela internet. O Fisco estima que ficarão de fora cerca de 60 mil senhorios. Uma medida “burocrática” O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários considerou que a obrigatoriedade de um recibo electrónico irá causar "algumas dificuldades", sobretudo nos proprietários mais idosos. Menezes Leitão fala de uma medida "burocrática que vai
8
Quarta-feira, 01-04-2015
complicar a vida" de muitos senhorios. "É que muitos [destes] senhorios são pessoas idosas e com algumas dificuldades informáticas. Vão ser obrigados a recorrer a algum auxílio para cumprir essa obrigação", disse o mesmo responsável, adiantando que a lei prevê que esta obrigação possa vir a ser substituída por uma declaração electrónica em Janeiro para os senhorios que estão na categoria F. Menezes Leitão avançou à agência Lusa que a associação organizou diversas sessões de esclarecimento sempre com "uma assistência enorme" pois os senhorios mostram-se preocupados com a situação. "Não deixa de ser algo que nos preocupa e tudo faremos para ajudar. Vamos assistindo a uma informatização mas é preciso ver se os profissionais, com categoria própria, conseguem acompanhar a situação. Os pequenos senhorios com um pequeno imóvel, e que são pessoas de idade, podem ter dificuldade em se adaptar", sublinhou. O responsável pela Associação Lisbonense de Proprietários acrescenta que os arrendamentos seriam uma ajuda aos proprietários em tempo de crise como complemento das reformas, no entanto, a "criação destas sucessivas dificuldades burocráticas só vem dificultar".
Bancos vão ter de reflectir taxas Euribor negativas nos empréstimos Recomendação do supervisor abrange todo o tipo de contratos de créditos e financiamento. O Banco de Portugal vai obrigar as instituições financeiras a reflectirem nos empréstimos as taxas Euribor negativas. A recomendação do supervisor abrange todo o tipo de contratos de créditos e financiamento, ou seja, se as taxas entrarem em terreno negativo, os bancos vão ser obrigados a reflectir esse impacto no cálculo da taxa de juro. Esta posição do Banco de Portugal contraria o entendimento dos bancos, que defendiam uma taxa zero quando o valor fosse negativo. O supervisor lembra que não podem ser introduzidos limites à variação do indexante ao contrato de crédito e financiamento. Até agora apenas as taxas Euribor de muito curto prazo (entre uma semana a um mês) entraram em terreno negativo. Já as mais usadas no crédito à habitação (entre três e 12 meses) apesar de baixas mantém-se em valores positivos.
Mais de 50 esquadras alvo de obras. "Há algumas que são pardieiros" O Ministério da Administração Interna prevê gastar 60 milhões de euros. O secretário de Estado Adjunto da Ministra da Administração Interna disse esta terça-feira, em Santo Tirso, que desde o início da actual legislatura foram concluídas instalações para 35 esquadras, estando "em curso ou prestes a iniciar-se" trabalhos para mais 52. Fernando Alexandre falava durante a inauguração das novas instalações da PSP de Santo Tirso, distrito do Porto, tendo descrito que encontrou "autênticos pardieiros" quando deu início ao plano de restruturação dos espaços das forças de segurança. "Pode-se não gostar do termo, mas a verdade é que existem esquadras de milhões de euros a conviver ao lado, a poucos metros, com autênticos pardieiros. É preciso identificar as necessidades e decidir bem", referiu. Apontou que o investimento alocado a este plano ronda os 60 milhões de euros, o que significa uma média de 700 mil euros por instalação, vincando que quando chegou ao ministério "os preços de referência eram de quase o dobro". Já à margem da sessão, Fernando Alexandre disse que tanto no Comando Metropolitano de Lisboa, como no do Porto existia um número "muito pulverizado de esquadras". "Não acrescentavam segurança aos cidadãos e acabam por resultar numa dispersão de meios que não ficam disponíveis", afirmou, procurando frisar que o processo de fecho de esquadras "está a ser feito de forma conjugada com a abertura de outras instalações". Quantas esquadras fecharam? Segundo Fernando Alexandre, até à data fecharam 11 esquadras no Porto e seis em Lisboa. Relativamente ao Porto, o governante disse com esta reorganização foi possível colocar "mais de 400 polícias no patrulhamento" que antes estavam "fechados" sem poder intervir. Durante a sua intervenção, o secretário de Estado avançou que estão em projecto, fase de finalização de instalação ou alargamento/ampliação, no que se refere ao Porto, as esquadras de Cedofeita, rua Júlio Dinis e rua António Carneiro, bem como, Matosinhos e numa freguesia deste concelho, S. Mamede de Infesta. Questionado, também à margem da cerimónia, sobre se o ministério prevê fechar mais esquadras, Fernando Alexandre preferiu vincar que "as reformas são um trabalho que tem de se ir fazendo" e acrescentou que "os dispositivos não ficam imutáveis". Sobre as exigências tanto da PSP como da GNR de que sejam integrados mais efectivos, o governante garantiu que existe "efectivo suficiente", embora compreenda que "para quem está no terreno ele é sempre curto".
9
Quarta-feira, 01-04-2015
PSD leva a debate programa eleitoral que prevê redução da carga fiscal "O grande foco deste programa são as pessoas, e como minorar os seus problemas", clarifica o director do Gabinete de Estudos do PSD, Rogério Gomes. O PSD anunciou que vai promover "nos próximos dois meses" um debate sobre as bases do seu programa eleitoral, adiantando que tenciona comprometer-se com uma redução faseada da carga fiscal, através de um "contrato fiscal". "A ideia é obviamente fasear, mas ir reduzindo a carga fiscal que impende sobre os portugueses, favorecendo sem dúvida nenhuma a carga fiscal que impede que se desenvolva mais emprego e mais investimento", afirmou o director do Gabinete de Estudos do PSD, Rogério Gomes, sem mencionar valores nem nenhum imposto em específico, numa conferência de imprensa sobre a preparação do programa com que os sociaisdemocratas se apresentarão às legislativas. Questionado sobre eventuais propostas de alteração à Constituição ou de reforma do sistema político, o mesmo responsável respondeu: "O grande foco do programa não são reformas. Nós tivemos quatro anos de reformas que fomos obrigados, digamos, quase encostados à parede para ter de as fazer. O grande foco deste programa são as pessoas, e como minorar os seus problemas". Rogério Gomes apontou como prioritária "a política da natalidade", conjugada "com a política de apoio à criança e à família" e com "a política da igualdade", em particular no âmbito do mercado de trabalho. Debate aberto à sociedade Segundo Rogério Gomes, o Gabinete de Estudo do PSD foi incumbido de elaborar "uma primeira base para um futuro programa de Governo", para ser "submetida a um debate interno e na sociedade portuguesa", que está previsto realizar-se "nos próximos dois meses, aberto desde logo, e primeiro, aos militantes e simpatizantes nas assembleias distritais do PSD, mas também a toda a sociedade portuguesa". Contudo, o programa eleitoral final do partido só será conhecido mais tarde. "Depois disso, [o documento] terá de ser sufragado na Comissão Política Nacional, não sei se irá, eu creio que sim, ao Conselho Nacional, e depois tornar-se-á a base do próximo Programa de Governo do PSD, do qual, em devido tempo, tranquilamente, virá a sair um programa eleitoral", expôs. Em matéria de impostos, prometeu "transparência" da parte do PSD, através de um "contrato fiscal" assumido com os portugueses, que é "também um contrato social", contemplando "os aspectos das contribuições sociais", com o que se entende possível fazer nos próximos quatro anos. Numa crítica ao PS, Rogério Gomes afirmou que com o
PSD não haverá "obsessões eleitorais que levem a aumentar ordenados na função pública, por exemplo, e a baixar pensões para logo dois anos depois termos de tirar tudo".
Construtor que deu prenda de 14 milhões a Salgado diz que já perdeu 25 milhões com o BES Em respostas enviadas aos deputados, José Guilherme diz que já perdeu "cerca de 25 milhões de euros", mas pode "perder muito mais". O empresário José Guilherme, que ofereceu um presente no valor de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado, diz ter perdido 25 milhões de euros com a resolução do BES pelo Banco de Portugal e que pode "perder muito mais". O construtor José Guilherme foi chamado à comissão de inquérito ao caso BES em Fevereiro para esclarecer o presente de 14 milhões de euros que ofereceu a Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, mas alegou razões profissionais e de saúde e o facto de residir em Angola para não estar presente, respondendo por escrito aos deputados. Nas respostas aos grupos parlamentares, divulgadas esta terça-feira mas datadas de 28 de Março, José Guilherme afirma que já perdeu "cerca de 25 milhões de euros, podendo vir a perder muito mais", mas nada diz sobre o presente oferecido a Salgado, uma vez que é "interveniente num processo a correr termos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal". Ao longo de oito páginas, o construtor diz que "via o BES e o GES como verdadeiros parceiros de negócios". E acrescenta: "Sei que era assim que aquelas entidades também me viam". No documento, o empresário dá conta de que, em Agosto de 2014, antes da resolução do banco, tinha uma dívida no BES de 121 milhões de euros, e avança estar em negociações com o Novo Banco para a reestruturação da mesma, ao constatar "como imperiosa a necessidade de encontrar uma solução de acordo". As respostas foram dadas por escrito, mas, segundo o presidente da CPI, Fernando Negrão, a comissão parlamentar entendeu que o "dever especial de colaboração foi quebrado" porque o empresário "terá estado em Portugal". "Entendeu-se enviar para o Ministério Público para o Ministério Público agora aferir se isso consubstancia ou não um crime de desobediência", sublinhou Fernando Negrão na semana passada.
10
Quarta-feira, 01-04-2015
GRAÇA FRANCO
Falta de investimento compromete o futuro Temos os cofres cheios. Mas estamos mais ricos? Não. Estamos muito mais pobres. Depois de um gigantesco esforço de ajustamento, onde estamos afinal?
Os dados do INE sobre a mais recente evolução do desemprego e da economia em geral constituem uma espécie de balde de água fria. Afinal, não só não entrámos em 2015 com o desemprego a cair, algo que estava dado como certo, como, pelo contrário, ele não para de aumentar há quatro meses, tendo ultrapassado em Fevereiro, outra vez, a barreira dos 14 % da população activa (35 % quando falamos em desemprego jovem, ou seja, dez pontos acima do valor registado antes de iniciado o regaste). Já seria mau, mas há pior: a queda a pique do investimento (30% só entre 2011/2012) não nos permitirá dar a volta à situação dos tempos mais próximos. E não é garantido que, mesmo em retoma económica, o desemprego não permaneça muito tempo em torno destes valores. Para cúmulo, o motor do crescimento está de novo no consumo e não é garantido que logo que a economia retome não venha a degradar-se de novo e rapidamente o velho défice externo. Temos os cofres cheios. Mas estamos mais ricos? Não. Estamos muito mais pobres. Depois de um gigantesco esforço de ajustamento, onde estamos afinal? A resposta não é fácil e ainda há poucos meses parecia permitido algum optimismo, que os dados revelados nas últimas semanas vieram substituir por um quadro desolador. Não só o motor das exportações gerado no início da crise, já cedeu de novo lugar ao velho motor do consumo, como a queda do investimento constitui uma espécie de travão ao crescimento potencial da economia. Se a economia começar a crescer consistentemente abaixo dos 2% nos próximos anos, como agora tudo parece apontar, lá se vão as expectativas de criação de emprego a médio prazo. O emprego não tem também parado de cair, com a população empregada a ficar-se agora pouco acima dos 4,3 milhões. Ou seja, nem sequer estamos num daqueles momentos em que os
desistentes regressam ao mercado, fazendo aumentar a população activa de forma a permitir que o desemprego se agrave enquanto o emprego também já está a subir. É verdade que o crescimento para este ano foi revisto em alta, para valores próximos de 2 %. Isto seria, em si mesmo, um dado positivo não fora saber-se, agora, que no fundamental a economia portuguesa está muito longe de ter mudado o que devia. Não só as exportações sobem bastante menos do que o inicialmente previsto, como as importações estão, pelo contrário, a subir demais colocando o défice externo a ameaçar voltar a agravar-se a qualquer momento. Temos salários baixíssimos. Não é portanto por aí que poderá vir algum ganho de competitividade adicional. Dados comparados ontem revelados pelo Eurostat mostram que, sem contar com a administração pública e a agricultura, o salário médio por hora em Portugal estava, em 2014, pouco acima dos 13 euros (dez cêntimos abaixo do valor do ano anterior) ou seja menos de metade da média dos nossos parceiros da Zona Euro e quatro vezes menos do que os 54 euros registados na Noruega. O problema da nossa competitividade não reside aqui, onde a Troika parece ter apostado todos os cavalos. Em contrapartida, temos uma economia altamente endividada e descapitalizada. A queda do investimento rondou os 30 por cento em termos reais entre 2011/2012, superando as piores expectativas e comprometendo o futuro. De acordo com os dados da Comissão Europeia (hoje citados pelo Público) o stock de capital por pessoa empregada em Portugal (que engloba normalmente o montante de equipamento/ maquinaria instalada etc…) não andará longe da metade do existente na média dos nossos parceiros. Isto não apenas significa que o progresso tecnológico está razoavelmente comprometido como limita o nosso “produto potencial”, atirando para valores próximos da estagnação (em torno dos 1,25% anuais, segundo as últimas estimativas do FMI para Portugal). Com crescimentos desta ordem o chamado desemprego estrutural, que em 98 ainda pouco superava os 5%, é bem possível que estabilize agora perto dos 15% da população activa. Alguém imagina o custo social de um desemprego assim?
11
Quarta-feira, 01-04-2015
Há contribuintes VIP e contribuintes... nada importantes Neste noticiário: mais de dois mil utilizadores externos à Autoridade Tributária têm acesso aos dados dos contribuintes; já pode entregar o IRS pela internet; António Costa abandona a Câmara de Lisboa; a confusão da Comissão Nacional de Eleições na Madeira; "tubarões azuis" vencem equipa das quinas. Por Teresa Abecasis
ENTREVISTA
"Pela educação muda-se a sociedade", diz provincial dos Salesianos No bicentenário do nascimento de S. João Bosco, a Renascença entrevista o Provincial dos Salesianos. Uma conversa sobre educação, vocações e missão. Por Ângela Roque
O provincial dos Salesianos lamenta o desinvestimento actual do Estado na educação. Em entrevista à Renascença, a propósito do bicentenário do nascimento do fundador dos Salesianos, S. João Bosco, o padre Artur Pereira desdramatiza a falta de vocações e diz que o Papa Francisco trouxe "uma Igreja Nova". A entrevista vai ser transmitida no programa Principio e Fim do próximo domingo. A Renascença antecipa-a no dia em que se assinalam os 71 anos da canonização de S. João Bosco. Qual é a representatividade dos Salesianos na Província Portuguesa, que também inclui Cabo Verde? Os salesianos têm 12 presenças na Província, uma em Cabo Verde. Destas, nove são escolas. É possível, por isso, que as pessoas facilmente liguem os Salesianos a escolas, mas também temos 13 paróquias e juntamente com as paróquias há centros juvenis. O importante é que a perspectiva pela qual precisamos de ler a dimensão educativa e evangelizadora é a partir dos jovens. Por exemplo, o reitor maior quando este ano, celebrando o bicentenário, coloca como lema "Como D. Bosco, com os jovens e para os jovens", centra exactamente aquilo que deve ser a presença dos salesianos em contexto juvenil e social. Nas escolas salesianas, andarão 10 mil alunos, mas há
imensos jovens que estão nas paróquias. Aí, já é mais difícil contabilizar. Temos também uma realidade muito importante e significativa, que são os lares e o internato. São lares onde acolhemos jovens com falta de rectaguarda familiar e a quem procuramos assegurar aquilo que D. Bosco dizia: o espírito de família, o ambiente educativo. Andará pelos 113, 114 jovens. S. João Bosco teve sempre essa preocupação particular pelos jovens em situação de pobreza e risco. Essa continua a ser uma preocupação vossa? Há uma perspectiva que é importante nunca esquecer. Não seremos salesianos se não tivermos a preocupação pelos últimos, e os últimos são os que mais precisam. E a dimensão social, comunitária, material, fazem parte. Não podemos educar uma criança olhando apenas para partes dela. A educação tem de ser integral. O que os salesianos mais desejam é que nos seus ambientes as crianças e jovens possam sentir-se bem. Mas há quem pense nos salesianos só como escolas de elite… Já tive experiência suficiente nas escolas, já fui responsável por vários colégios e leccionei 12 anos na escola pública. A minha percepção é a de que, antes de mais, a educação deve ser inclusiva: numa comunidade educativa é necessário haver lugar para todos. Perceber com que cabeça e coração é que fazemos as coisas, os salesianos têm essa preocupação. Por exemplo: se numa escola são os pais que pagam a educação integral, há outras em que o Estado ajuda. Têm alguns colégios com contrato de associação? Sim. Manique, Poiares e Mogofores. Também o Porto, no que tem a ver com a dimensão vocacional. E estes colégios têm sofrido bastante, porque o Estado reduziu o que davam por cada turma. Estamos numa situação muito complicada. E nos outros colégios, recebem pedidos de ajuda de famílias com dificuldades? Temos situações muito complicadas. Acompanhamos as famílias, dificilmente uma família sai da escola porque não tem dinheiro, quando batem à nossa porta as pessoas são atendidas – aliás, não podia ser de outra maneira. Já tive um caso em que o pai ficou desempregado, depois a mãe, e os alunos ficaram até final do ano. Mas, destas coisas não se faz bandeira, chega-se ao coração da situação e ajudam-se as pessoas. Fazer contabilidade, pôr no jornal, não vamos por aí. Muitas famílias procuram os vossos colégios pelo método educativo. Propõe formar "honestos cidadãos e bons cristãos". É preciso não esquecer que este tal sistema preventivo é fruto de uma vida. Foi escrito em 1877 e repare que D. Bosco começou a sua actividade com o primeiro jovem em 1841. Este método educativo tem apenas três ou quatro páginas, foi uma reflexão que D. Bosco foi fazendo e aperfeiçoando. E o que nos deixou foi aquilo que de mais essencial se pode ter, com alguns aspectos que se devem referir sempre: "presença", "proximidade", "espírito de família" e "confiança". Antes de mais, toda a gente entende que é melhor prevenir que remediar. O "prevenir" significa olhar a
12
Quarta-feira, 01-04-2015
vida como projecto, perceber que caminhos é necessário a pessoa percorrer para ser verdadeiramente feliz. Nas nossas comunidades procuramos que haja um bom ambiente. É, antes de mais, o necessário para uma boa educação. É a educação que pode fazer a diferença numa sociedade? Pela educação mudamos a sociedade, porque no fim de contas o que está em jogo é a formação de cidadãos. A educação não tem na sociedade portuguesa, ou não lhe é dada, a importância que devia ter. Falta olhar para a educação não como uma despesa mas como um investimento? Exactamente. O que temos de melhor são os jovens. Se não somos capazes de investir naqueles que vão tornar melhor a sociedade em que vivemos, o que é que estamos a fazer? Como é que vê a situação da educação em Portugal neste momento? Mal. O desinvestimento tem consequências e o que é mais grave é que as consequências não são "eu faço hoje e vejo amanhã"; é mais "eu não faço hoje e vai haver um tempo em que eu não vou ver". Estamos a hipotecar uma ou duas gerações? Exactamente. Por isso é que eu dizia que a educação devia ter uma outra leitura, outra visão, outro empenho. Quando a escola salesiana se preocupa em ter o desporto, a música, o teatro e as outras actividades, não é para encher o tempo, é porque são dimensões às quais é necessário fazer referência, para que a educação integral, inclusiva, seja capaz de chegar a cada miúdo na sua circunstância. E a dimensão da fé também é importante no método educativo salesiano? Há uma expressão cunhada entre nós, que é: "educar evangelizando e evangelizar educando". Naquilo que os salesianos fazem, a educação e a evangelização são uma só realidade. Quando procuramos a dimensão educativa, a dimensão evangelizadora está presente, e vice-versa. O estar no pátio, o estar na igreja, o estar na aula são realidades idênticas. D. Bosco diz que o pátio "é o lugar teológico do encontro com Deus". Porque é que se encontra Deus no pátio? Por causa dos miúdos. Os alunos, os jovens, não são senão presença de Deus. E quem conhece os colégios salesianos sabe que o pátio é muito importante. É determinante. A dimensão missionária continua a ser muito importante para os salesianos que estão neste momento em 192 países. Sim, e estamos também em países muçulmanos onde não há hipótese de falar no nome de Cristo. Porque partimos do jovem no centro do acto educativo. Falamos do ambiente, da pedagogia preventiva, não remediativa ou de conserto. Falamos do espírito de família, de protagonismo juvenil. E estes elementos cabem em qualquer cultura. Por isso, a missão e o empenho missionário para nós é determinante. Há cinco ou seis anos iniciámos uma nova comunidade salesiana no Bangladesh. É uma população paupérrima, que andará pelos 156 milhões. Estamos a tentar ajudá-los. Fala-se muito em crise de vocações. Como é que estão os salesianos? Estão em crise [risos]. Mas fez bem em falar deste
assunto porque vem mesmo na sequência: as vocações podem nascer do voluntariado. Temos no Estoril o pré-noviciado e um jovem vai assumir formalmente este momento de pré-noviciado. E há outros jovens a caminho. Hoje já não se arrebanha gente, mas penso que a Igreja tem gente mais esclarecida, os leigos são gente mais bem formada, mais capaz de levar por diante esta missão evangelizadora da Igreja. Estou convencido que a Igreja tem as vocações que precisa. É necessário é haver gente e nós temos. Olhando pelas paróquias, nas dioceses, nos diversos agrupamentos, movimentos, há tanta gente!. O que está em jogo é uma nova visão da Igreja, se calhar o Papa Francisco está a dizer alguma coisa… A eleição de Francisco trouxe uma nova esperança à Igreja? Trouxe. Eu quase poderia dizer que trouxe uma Igreja nova. Voltando às vocações, nós fazemos o que devemos fazer para que a vontade de Deus possa ser a que ele quer? Aqui tenho algumas dúvidas. Sobre as celebrações do bicentenário do nascimento de S. João Bosco, tem havido várias iniciativas. O ponto alto será em Agosto, em Turim, mas por cá, em Maio, haverá a peregrinação das escolas salesianas a Fátima. Sim, para dar este tom de celebração do nascimento de um homem cuja generosidade é causa da nossa presença. E Nossa Senhora é determinante para a congregação salesiana. Está também a ser preparado um Congresso sobre Pedagogia… Será, em princípio, em Setembro. D. Bosco tem lugar na história da pedagogia mundial. D. Bosco não é uma coisa dos salesianos e não queremos ficar com ele na nossa sacristia, antes pelo contrário. É um Santo da Igreja, que tem um carisma que vai ao âmago da sociedade, aos jovens, ao sonho. Por isso a sua pedagogia, a sua forma de se aproximar-se dos jovens, a atenção, os recursos para que se chegue a tudo o que pode promover os jovens no dia de hoje, faz dele sempre actual. Foi João Paulo II que o nomeou como "Pai e mestre da juventude". Celebramos 200 anos de vida, não apenas de um homem, mas da acção do Espírito no mundo. Esta entrevista vai ser transmitida no programa Princípio e Fim do próximo domingo, 5 de Abril
13
Quarta-feira, 01-04-2015
Padre que reabilita toxicodependentes diz que "homem é mais do que uma ficha médica" A Associação Vale de Acór dedica-se há 21 anos a recuperar toxicodependentes. Em todos eles, pobres ou ricos, há uma coisa em comum: "querem fugir à dor e ao sofrimento", diz o fundador da associação, Pedro Quintela. Por Aura Miguel
É um padre com uma vasta experiência de acompanhamento de casos difíceis, de gente esmagada pelo consumo de drogas e outras atribulações da vida. Pedro Quintela fundou há 21 anos a Associação Vale de Ácor, em Almada. Diz que o ambiente de uma comunidade é regenerativo: "O homem ultrapassa muito o que diz o boletim clínico do próprio homem." A Associação Vale de Acór é uma instituição particular de solidariedade social, sem fins lucrativos, que trabalha desde 1994 no âmbito da recuperação de dependentes. "Todos temos dentro de nós uma capacidade regeneradora", diz o padre da diocese de Setúbal em entrevista ao programa "Terça à Noite", da Renascença. O método da Associação Vale de Acór aposta na logoterapia. Quintela explica porquê: "O que nos cura não é mexer muito no passado, como as correntes freudianas; não é a pretensão sobre o presente, como dizem outras correntes. Aquilo que me pode libertar do que está a acontecer de negativo e destrutivo, é encontrar para a vida um significado, um sentido". O padre sublinha a urgente necessidade de olhar para a pessoa no seu todo, sem a reduzir aos seus problemas ou erros. Recorda o caso do Joaquim, que "veio de um hospital público para morrer, com uma patologia irreversível e que hoje ainda lá está". "Mais importante do que a tragédia pessoal é a absoluta consciência destas pessoas de que precisam de salvação", afirma.
Governo quer produtores de leite a apostar na inovação Neste último dia de quotas leiteiras, os produtores portugueses temem pelo futuro face à concorrência de países mais competitivos. Pedem, por isso, mecanismos que defendam o sector. Procurar mercados e produtos mais inovadores é a solução para o sector do leite em Portugal, afirma na Renascença o secretário de Estado da Agricultura. José Diogo Albuquerque garante que o Governo está vigilante e que tem vindo a tomar medidas para minorar os efeitos negativos da liberalização do mercado, a partir de quarta-feira. “É fundamental que, na produção de leite portuguesa, procuremos mercados mais remuneradores, como por exemplo, da produção de iogurtes, mercados mais inovadores, para conseguirmos dar resposta àquilo que é o desafio do mercado mundial, que está a aumentar, bem como o consumo de leite”, defende. Esta terça-feira é o último dia de quotas leiteiras, criadas com o objectivo de preparar os pequenos produtores para a liberalização do mercado. “É soltar a rédea”, diz o secretário de Estado, mas “não podemos agora, ao nível nacional, substituir a quota”, ressalva. “Vamos é estar vigilantes”, acrescenta. José Diogo Albuquerque aponta três níveis de actuação. “O primeiro, ao nível da União Europeia, é lutar para que, além da medida do observatório de preços, haja medidas para prevenir crises”. O segundo é ao nível nacional, no âmbito da reforma da Política Agrícola Comum: “Criámos um pagamento para o sector, específico para a produção de leite, e evitámos que nas redistribuições de apoios o leite fosse prejudicado e isso foi bastante conseguido”. Resta um terceiro nível que é o da inovação. É assim que, na opinião do secretário de Estado, se deve reagir à liberalização do mercado. “A resposta não está só em mecanismos de apoio”, afirma, em resposta ao pedido do presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal. Carlos Neves mostra-se receoso face ao futuro dos 5.500 produtores que restam em Portugal (continente e Açores). “O número de produtores nunca aumenta. Quando o preço é melhor, estabiliza; quando baixa, desistem”, argumenta. E diz não compreender que Portugal e Espanha sejam inundados de “leite que vem alegadamente de países onde os produtores recebem mais” e não têm excedentes, porque os mandam para a Península Ibérica. A estas críticas, o secretário de Estado da Agricultura responde, dizendo que “temos de encontrar mais competitividade e um acesso ao consumo mundial de leite, que está a aumentar. Isso passa por produtos mais inovadores e mais remunerados”. As quotas de leite foram criadas por Bruxelas há 30 anos.
14
Quarta-feira, 01-04-2015
Moscovici: “Portugal fez esforço... mas é preciso mais” O recado do comissário responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros foi deixado na visita a Lisboa. Por Ana Rodrigues
O comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros está em Portugal para tratar das prioridades económicas do país. Em entrevista ao “Diário Económico”, Pierre Moscovici revela que “Portugal fez um esforço extraordinário, mas ainda é preciso fazer mais”. Adianta ainda que a “dívida pública portuguesa é sustentável, mas ainda está em níveis muito elevados”. Ainda neste jornal, a notícia sobre as compras de títulos do sector público feitas pelo BCE. Segundo o “Económico” o “Ritmo de compras diminuiu na semana passada”, isto numa altura em que “Frankfurt tem como meta comprar 60 mil milhões de euros em activos, todos os meses, até Setembro. Destaque ainda, para a questão das quotas de leite na Europa. Em título: “produtores temem descida a pique do preço do leite”. O “regime das quotas leiteiras terminam amanhã, depois de 30 anos de vigência. Apesar de Bruxelas garantir que não haverá excedente, produtores nacionais estão preocupados”. Um assunto que faz também manchete no “Jornal de Negócios”. Escreve este jornal na primeira página, que “Bruxelas retira quotas à produção e adiciona incerteza aos preços. “Os produtores portugueses receiam “dumping” de leite do Norte da Europa”. O “Público” escreve que “faltam estratégias para combater o abandono no ensino superior, diz rede europeia”. Adiantando o que “Portugal é um dos países onde as universidades com estratégias contra o insucesso não recebem mais por isso”. No “i” dá-se conta dos passos que a Grécia tem dado. Em título: “Eurogrupo só discute reformas de Atenas depois da Páscoa”. Acrescentado que o “Grupo técnico reúne-se manhã para analisar nova lista de reformas envidas só ontem pelo Governo grego para Bruxelas”. O “The Guardian” escreve que “os mercados na europa estão a desfrutar do melhor trimestre em anos”. Acrescenta este jornal inglês que “as bolsas europeias estão no caminho certo, apesar dos problemas da dívida da Grécia”. No “Le Monde” é ainda o acidente com o Airbus A320 a fazer notícia. Este jornal francês escreve que “uma semana depois da queda do avião da companhia aérea alemã GermanWings , as equipas de resgate conseguiram finalmente aceder por via terrestre ao local do acidente para retirar os restos mortais e tentar encontrar a segunda caixa negra”. O “Irish Times” escreve que a última lista de reformas apresentada pela Grécia falha na intenção de convencer os credores internacionais”. Segundo este jornal, a Grécia submeteu as propostas aos responsáveis da Zona Euro numa tentativa de desbloquear a ajuda financeira que vai permitir manter a Grécia à tona. Mas a lista precisa de mais trabalho,
segundo fontes da União Europeia”. Já o “New York Times” destaca a visita que o Primeiroministro grego vai fazer à Rússia. Questiona este jornal se estamos perante uma viagem que se insere na política externa grega ou se Tsipras vai pedir ajuda financeira à Rússia, caso falhem as negociações com os líderes europeus”.
Todas as vítimas da tragédia do A320 identificadas até ao "fim da semana" Nas operações de busca, nos Alpes franceses, estão 800 pessoas. As equipas recolheram, até agora, mais de quatro mil peças do avião da Germanwings.
Foto: Andreu Dalmau/EPA
O Presidente francês garante que até ao "fim da semana" vão estar concluídos os trabalhos de identificação das 150 vítimas da queda do avião da Germanwings, nos Alpes franceses. "O ministro da Administração Interna confirmou que até ao fim da semana - o mais tardar - vai ser possível identificar todas as vítimas, graças às amostras de ADN", explicou François Hollande, em Berlim, numa conferência de imprensa conjunta com a chanceler alemã, Angela Merkel, acrescentando que no local da tragédia estão 800 pessoas, entre as quais 400 polícias, militares e civis especializados na identificação de vítimas. Hollande disse que a França e a Alemanha estão a trabalhar para melhorar e reforçar as regras sobre segurança aérea para que se evitem tragédias como a que ocorreu na semana passada com o avião da Germanwings. A queda do avião da Germanwings, que efectuava a ligação Barcelona-Dusseldorf, causou 150 mortos. O co-piloto do aparelho, Andreas Lubitz, ficou fechado sozinho na cabine de comando, aproveitando uma breve ausência do comandante, e terá causado "deliberadamente" a queda do avião, de acordo com os investigadores, depois de analisadas as gravações recolhidas de uma das duas "caixas negras" a bordo e a
15
Quarta-feira, 01-04-2015
única encontrada até agora, denominada CVR (gravador de voz da cabine de comando). As equipas recolheram, até agora, mais de quatro mil peças do aparelho mas a prioridade continua a ser encontrar a segunda caixa negra, que contém os dados técnicos do voo. O grupo Lufthansa anunciou que um consórcio de seguradoras, liderado pela alemã Allianz, destinou 279 milhões de euros para indemnizações decorrentes da queda do Airbus A320 nos Alpes franceses, a 24 de Março.
Houve mais condenações à morte em 2014. China é recordista de execuções Egipto e Nigéria foram os países que mais contribuíram para o aumento do número de de sentenças capitais. A China executou mais pessoas do que a totalidade dos países onde vigora a pena de morte. Em 2014, houve mais condenações por pena de morte, mas menos execuções do que no ano anterior. Os dados constam do mais recente relatório da Amnistia Internacional, divulgado esta quarta-feira. O documento aponta para um aumento de cerca de 30% de condenações por pena capital em relação a 2013. Foram proferidas quase 2.500 sentenças de morte em 55 países. Egipto e Nigéria foram os que mais contribuíram para este aumento. Quanto às execuções, pelo menos 607 pessoas perderam a vida em 22 países – menos 171 do que em 2013. A Amnistia sabe que a China foi o país que mais pessoas executou. Mais do que a totalidade dos países onde vigora a pena de morte. No entanto, o país está excluído da contagem por falta de dados. O relatório indica também que a Guiné-Equatorial, país membro da CPLP, procedeu à execução de nove pessoas em Janeiro de 2014, exactamente duas semanas antes de ter sido declarada a “moratória temporária à aplicação da capital” que viabilizou a adesão do país à Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
Procurador turco morre em sequestro Os dois autores do sequestro pertenciam a um grupo de extrema esquerda e foram abatidos pela polícia. Um procurador turco não resistiu aos ferimentos e morreu esta terça-feira, em Istambul, em resultado de um sequestro levado a cabo por um grupo de extrema esquerda. Os dois autores do ataque contra um tribunal da maior cidade da Turquia foram abatidos pelas forças de segurança, depois de um impasse que durou seis horas. De acordo com o Presidente turco, Tayyip Erdogan, o procurador Mehmet Selim Kiraz foi alvejado com três tiros na cabeça e dois no corpo. Foi operado de emergência, mas acabou por morrer. O sequestro de Mehmet Selim Kiraz foi levado a cabo por elementos da Frente Revolucionária para a Libertação do Povo (DHKP-C), de extrema-esquerda. O procurador liderava uma investigação à morte dojovem Berkin Evlan nas manifestações antigovernamentais de Março de 2014. O grupo comunista que reivindicou o acto pedia que o polícia suspeito da morte de Berkin Evlan confessasse o crime na televisão e fosse julgado por um tribunal popular, ameaçando matar o procurador caso as suas exigências não fossem aceites. A própria família de Evlan pediu, numa mensagem emitida na rede social Twitter, que não fosse derramado mais sangue por causa do seu filho: “Queremos justiça, não queremos mais sangue, não queremos mais mães a chorar”, lia-se na mensagem, citada pela Reuters.
Cidade iraquiana de Tikrit conquistada ao Estado Islâmico As forças iraquianas devem agora confrontar-se com a difícil tarefa de desactivar os engenhos explosivos que os terroristas deixaram no terreno. O primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi anunciou que a cidade de Tikrit foi retomada aos jihadistas após a mais vasta operação desencadeada pelas forças iraquianas contra o autodenominado Estado Islâmico (EI). No entanto, a coligação internacional, que combate os terroristas no Iraque, informou pouco depois que os jihadistas ainda controlam diversos sectores da cidade. "Partes da cidade permanecem sob controlo [do EI] e ainda há trabalho a fazer", disse o major Kim Michelsen. Antes, e numa mensagem na sua conta Twitter, Abadi
16
Quarta-feira, 01-04-2015
anunciava a "libertação de Tikrit" e felicitava "as forças de segurança iraquianas e os voluntários por este importante sucesso", um mês após o início da operação que mobilizou milhares de soldados e paramilitares, aliados às forças governamentais. Estes últimos incluem designadamente voluntários das "unidades de mobilização popular", um grupo integrado essencialmente por milicianos xiitas. "As forças iraquianas alcançaram o centro da cidade, hastearam a bandeira e estão agora a proceder a operações de limpeza", precisou o porta-voz do chefe do governo, Rafid Jaburi. As forças iraquianas devem agora confrontar-se com a difícil tarefa de desactivar os engenhos explosivos que os combatentes do EI deixaram no terreno, caso seja confirmada a "reconquista" da cidade. A ofensiva das forças governamentais desencadeada em 2 de Março foi interrompida duas semanas depois e foi retomada na semana passada após Abadi ter solicitado apoio aéreo da coligação internacional dirigida pelos Estados Unidos.
Metade das crianças na Síria não vai à escola. A guerra está a criar uma "geração perdida" Antes, quase todas as crianças em idade escolar frequentavam um estabelecimento de ensino. A guerra fez o número cair para metade.
Save the Children fala numa "geração perdida". Foto: Save the Children Por Cristina Nascimento
Quase três milhões de crianças sírias não têm acesso à escola, ficando com o seu futuro em risco e mais vulneráveis à exploração. O alerta é lançado pela organização não governamental (ONG) Save the Children no mais recente relatório sobre os efeitos do conflito na escolaridade infantil. O documento lembra que o país está em guerra há quase quatro anos e que, se nada for feito para melhorar a escolaridade no país, "a perspectiva de paz, estabilidade e prosperidade económica torna-se ainda
mais incerta". Antes da guerra, quase todas as crianças estavam inscritas na escola primária e o grau de literacia dos jovens entre os 15 e os 24 anos fixava-se nos 95%. Actualmente, a percentagem de crianças inscritas desceu para 50%. Nas zonas mais afectadas pelo conflito, os números podem descer até aos 6% (na cidade de Alepo, por exemplo). A Save the Children fala mesmo numa "geração perdida". A ONG lembra que, antes da guerra, um adulto que não tivesse completado a escolaridade básica ganhava menos um terço do que aqueles que concluíram o ensino secundário e menos de metade do que os que conseguiram concluir os estudos superiores. Com o afastamento das crianças do sistema de ensino, a disparidade vai agravar-se, garante a organização. Quando aprender é "luxo" O cenário nas zonas onde muitos sírios conseguiram encontrar refúgio é igualmente preocupante. "Para muitas crianças refugiadas na Síria o ensino a tempo inteiro é um luxo", escreve a Save the Children. "Quase metade das crianças refugiadas em idade escolar não recebe qualquer tipo de educação e apenas 340 mil estão formalmente inscritas nalgum tipo de ensino", acrescentam. Em alguns locais, os números são ainda piores. Por exemplo, no Líbano, país que acolheu a maior parte dos refugiados sírios, 78% das crianças sírias estão fora da escola. O relatório da organização refere também que a escola, além de ser um local de instrução, é também um sítio onde, apesar de tudo, as crianças estão mais protegidas. "Quando as crianças estão na escola estão menos vulneráveis a riscos como trabalho infantil, casamento em idade precoce ou recrutamento para grupos armados", descreve o relatório, acrescentando que "a frequência da escola reintroduz uma noção de estabilidade e permite-lhes enfrentar melhor as dificuldades". Um quarto das escolas destruídas A Save the Children refere que, nestes quatro anos, quase uma em cada quatro escolas do país ficou parcial ou totalmente destruída. A organização estima que os custos directos de substituir o equipamento escolar e os custos de reconstrução de escolas destruídas ou ocupadas rondem os três mil milhões de euros. Há outros números a reter deste relatório. A organização estima que o custo das crianças continuarem sem acesso ao ensino vai representar 5,4% do Produto Interno Bruto do país, ou seja, quase 1,5 mil milhões de euros. Perante este cenário, a Save the Children quer que 2015 seja o ano do regresso das crianças sírias à escola. "Apelamos aos doadores, aos países que acolhem crianças refugiadas da Síria, às partes em conflito e à comunidade internacional para que 2015 seja o ano em que o futuro das crianças sírias retome o seu caminho", pede a ONG.
17
Quarta-feira, 01-04-2015
FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
Turbulência no Médio Oriente São, sobretudo, dois os grandes conflitos que incendeiam a região: a rivalidade entre o Irão e a Arábia Saudita e a guerra religiosa que opõe xiitas a sunitas.
Presidente da República veta lei da cópia privada A lei previa a taxação de equipamentos como smartphones, pens, discos rígidos, leitores de mp3, entre outros. Cavaco diz que lei não garantia "equilíbrio adequado" entre interesses dos autores e dos consumidores.
Por Francisco Sarsfield Cabral
A situação no Médio Oriente está complicada. Não é só a paralisia do processo de paz entre Israel e os palestinianos. São sobretudo os dois grandes conflitos, em parte coincidentes, que incendeiam a região: a rivalidade entre o Irão e a Arábia Saudita; e a guerra religiosa que opõe xiitas a sunitas. A influência iraniana na zona aumentou nos últimos anos – na Síria, no Iraque, na Líbia, no Líbano, etc. A população do Irão é muçulmana xiita mas não árabe. Por proposta do Egipto, a Liga árabe (onde predominam os sunitas) resolveu criar uma força militar conjunta. Uma coligação liderada pela sunita Arábia Saudita combate os rebeldes do Iémen, os houthis (um ramo dos xiitas). Para já com violentos ataques aéreos, mas não é de excluir que os 150 mil militares sauditas que estão na fronteira do Iémen avancem para operações terrestres. Ora, o Iémen está em guerra civil há praticamente um século… Entretanto, a aviação americana ajuda as forças xiitas iraquianas, e também iranianas, a desalojar o bárbaro “Estado Islâmico”, predominantemente sunita, da cidade de Tikrit.
Foto: RR
O Presidente da República decidiu, esta terça-feira, devolver ao Parlamento o diploma sobre "a compensação equitativa relativa à cópia privada". Cavaco Silva defende uma reponderação legislativa mais conforme a uma adequada protecção dos direitos de autores e consumidores. "O Presidente da República devolveu à Assembleia da República, sem promulgação, o Decreto n.º 320/XII da Assembleia, que regula o disposto no artigo 82.º do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos, sobre a compensação equitativa relativa à cópia privada", lê-se numa nota divulgada no "site" da Presidência da República. Em causa estava a criação de uma taxa como forma de compensar os autores por cada cópia para uso privado que cada utilizador faça de uma obra (um álbum ou um filme, por exemplo). No texto publicado no "site" da presidência, Cavaco Silva justifica porque decidiu não promulgar o diploma. Diz ser "essencial alcançar um equilíbrio adequado entre todos os interesses, designadamente o direito dos autores a serem devidamente remunerados e compensados pelas suas obras e, por outro lado, o direito dos consumidores a aceder, em condições justas de mercado, aos bens e serviços da economia digital". O Presidente também considera ser necessária uma regulação comum para "evitar assimetrias e disparidades nas condições de mercado". Lembra a recomendação da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor que considerou o diploma "obsoleto, ineficaz e desproporcionado" já que não procede a uma distinção clara entre a reprodução legítima e a reprodução ilegal – uma vez que esta última, por força dos desenvolvimentos tecnológicos, não tem vindo a ser efectuada, predominantemente,
18
Quarta-feira, 01-04-2015
através dos dispositivos objecto da medida. Para Cavaco, devem ser tidas em conta "as dúvidas em matéria de equidade e eficiência" suscitadas pelo facto de serem onerados equipamentos independentemente do destino que lhes seja dado pelos consumidores, "assim como os efeitos que podem resultar para o desenvolvimento da economia digital, área em que o país regista algum atraso em relação a vários dos seus parceiros europeus". Por tudo isto, o Presidente da República defende uma "reponderação dos diversos interesses", com vista à adopção de uma legislação que "se afigure mais sintonizada com a evolução tecnológica já verificada e mais conforme a uma adequada protecção dos direitos de autores e consumidores".
Nova aventura dos gauleses Astérix e Obélix sai em Outubro Na banda desenhada "O papiro de César" não faltam novas personagens, lutas e, claro, a poção mágica.
Uderzo e Goscinny revelaram Astérix na revista Pilote em 1959. Astérix é um pequeno gaulês de bigode farfalhudo que tem como grande amigo Obélix, personagem desajeitada e com uma força desmesurada, que carrega menires e adora comer javalis. Ambos são habitantes de uma invencível aldeia que teimosamente resiste às investidas militares dos romanos por conta de uma famosa poção mágica inventada pelo druida Panoramix. O primeiro livro, "Astérix, o gaulês", só saiu em 1961, dando início a uma das mais bem-sucedidas séries de banda desenhada, com mais de 350 milhões de livros vendidos em todo o mundo e traduzidos para mais de uma centena de idiomas, incluindo o português e o mirandês. A parceria entre Uderzo e Goscinny terminou em 1977 com a morte do argumentista, mas o nome de ambos foi sempre mantido na assinatura das histórias. Albert Uderzo, de 87 anos, retirou-se da série em 2011 alegando cansaço.
Conheça as sete maravilhas desaparecidas do Porto Há uma cidade que já não existe, mas que ainda encanta. O projecto Porto Desaparecido fez uma eleição "online" para escolher as “maravilhas” desaparecidas da cidade. Conheça-as todas.
Imagem: DR
O novo álbum de banda desenhada da série protagonizada pelos gauleses Astérix e Obélix chamase "O papiro de César" e sairá a 22 de Outubro em simultâneo em vários países, incluindo Portugal. O título, anunciado esta terça-feira na Feira do Livro Infantil de Bolonha, Itália, é o 36º volume de uma série de sucesso internacional criada por René Goscinny e Albert Uderzo, mas a história e o desenho da nova história são de Jean-Yves Ferri e Didier Conrad, respectivamente. A dupla de autores é a mesma que em 2013 assinou o volume anterior, "Astérix entre os Pictos", o primeiro no qual Uderzo não participou e em que as personagens os irredutíveis gauleses - rumam à Escócia. De acordo com a editora Éditions Albert René, JeanYves Ferri e Didier Conrad "respeitaram todas as tradições de Astérix estabelecidas pelos seus criadores", numa história "complexa e palpitante", que se passa em terra de gauleses, remete para a actualidade, na qual não faltam novas personagens, lutas e, claro, a poção mágica.
5.º lugar: Café A Brasileira. Foto: Câmara do Porto, Arquivo Histórico Municipal
O Palácio de Cristal é a maior "maravilha desaparecida" do Porto, seguida da calçada portuguesa e dos jardins da Avenida dos Aliados. O "pódio" fica completo com a Ponte Pênsil. A página de Facebook Porto Desaparecido, com cerca de 70 mil seguidores, deu a escolher entre 32 candidatos. E o povo, através da internet, e escolheu as Sete Maravilhas Desaparecidas do Porto. 1. Palácio de Cristal (1865-1951) "Inaugurado em 1865 no campo da Torre da Marca, o palácio foi projectado pelo arquitecto inglês Thomas
19
Quarta-feira, 01-04-2015
Dillen Jones, tendo o Crystal Palace londrino por modelo. Media 150 metros de comprimento por 72 metros de largura e era dividido em três naves. Concebido para acolher a grande Exposição Internacional do Porto, ao longo dos seus 86 anos de existência, o palácio acolheu largas centenas de grandes exposições, destacando-se a Exposição Agrícola de 1903 e a Exposição Colonial de 1934. O palácio foi também um importante espaço de cultura, ostentando um órgão de tubos, considerado um dos maiores do mundo, e onde se realizaram importantes concertos do compositor Viana da Mota ou da virtuosa violoncelista Guilhermina Suggia. A pretexto da realização do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins no Porto, o palácio acabou por ser ingloriamente destruído em 1951, tendo-se erguido no seu lugar uma nave de betão armado, a que foi dado o nome de pavilhão dos Desportos (hoje pavilhão Rosa Mota). Dos velhos tempos ficaram os jardins e a designação de ‘palácio de Cristal’ ainda aplicada àquele espaço." 2. Calçada portuguesa e jardins dos Aliados (1882-2005) "À semelhança do que, anos antes, tinha sido feito no Rossio, em Lisboa, em 1882, a placa central da então praça de D. Pedro, hoje da Liberdade, foi calcetada com pequenas pedras de calcário e basalto, justapostas em faixas de cor alternadas – a conhecida ‘calçada portuguesa’. Em 1915, aquando da abertura da avenida dos Aliados, a escolha recaiu sobre o mesmo tipo de pavimento para os passeios e placas centrais, aqui complementado com canteiros ajardinados. Em 2005, no âmbito de um projecto de arranjo urbanístico da chamada ‘sala de visitas da cidade’, este pavimento foi substituído por granito, conforme projecto dos arquitectos Siza Vieira e Souto Moura. Hoje, uma extensão considerável de calçada portuguesa subsiste ainda na rua de Sampaio Bruno e em poucos mais arruamentos da Baixa portuense." 3. Ponte Pênsil (1842-1887) "Oficialmente denominava-se ponte D. Maria II, mas era mais conhecida como ponte Pênsil. Começou a ser construída em 1841, sendo precipitadamente aberta ao público a 17 de Fevereiro de 1843, sem qualquer solenidade, na sequência de grandes cheias do Douro que obrigaram a desmontar com urgência a antiga ponte das Barcas. (…) Com pilares de cantaria de 18 metros de altura, o tabuleiro da ponte tinha 170 metros de comprimento e seis de largura, sendo suportada por oito cabos constituídos por fios de ferro. A ponte Pênsil veio assegurar uma melhoria significativa das comunicações entre as duas margens, substituindo a periclitante ponte das Barcas. Manteve-se em funcionamento durante 45 anos, até ser substituída pela ponte Luís I, construída ao seu lado. Actualmente restam apenas os pilares e as ruínas da casa da guarda, na margem direita, classificados como Imóveis de Interesse Público desde 1982." 4. Porta de Vandoma (séc. III(?) - 1855) "Foi a principal porta da muralha primitiva da cidade, durante séculos encimada pela imagem de Nossa Senhora de Vandoma, padroeira da cidade. Segundo a lenda, D. Nónego, prelado francês de Vendôme, veio combater os mouros na sitiada cidade do Porto. Saindo vitorioso, o prelado terá colocado uma imagem da Virgem na porta principal da muralha que, por isso, se passou a chamar porta de Vandoma.
Independentemente da verdadeira origem da estátua, o facto é que a Virgem de Vandoma na porta da muralha passou a assumir-se como o símbolo heráldico da cidade do Porto desde a Idade Média até aos nossos dias. A porta de Vandoma ficava na actual calçada de Vandoma e foi demolida em 1855. A imagem foi recolhida na Sé do Porto, com altar próprio." 5. Café A Brasileira (1903-2010) "Foi fundado pelo 'brasileiro' Adriano Teles como pequena loja de venda de café, servindo gratuitamente a todos os clientes uma chávena do líquido aromático, assim como um pequeno jornal que ele próprio elaborava. Adriano Teles soube tirar o melhor partido das técnicas publicitárias, espalhando por todo o país o seu slogan "O melhor café é o da Brasileira". O sucesso ditou a ampliação do estabelecimento em 1916, pela aquisição dos prédios contíguos, entre as ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim. Na década seguinte, após profundas obras de remodelação, "A Brasileira" reabriu com uma decoração luxuosa, tornando-se no local de passagem obrigatória da elite portuense, acolhendo artistas, boémios, escritores, jornalistas e políticos que ali se reuniam para tomar café e para discutir os temas do momento. A partir da década de 1940, foi local de encontro de opositores ao Estado Novo. Virgínia Moura e Carlos Cal Brandão foram seus clientes assíduos." 6. Estádio das Antas (1952-2004) "Construído para substituir o campo da Constituição, o ‘estádio do Futebol Clube do Porto’, na designação oficial, ocupava 63.220 m2, tendo inicialmente capacidade para 44 mil espectadores, distribuídos por três bancadas – duas superiores e uma lateral. O lado leste do campo não tinha bancada, sendo chamado porta da Maratona. O estádio foi inaugurado em 1952, numa pomposa cerimónia que contou com a presença do então Presidente da República, Craveiro Lopes. (…) Com a inauguração do estádio do Dragão em Novembro de 2003, o velho estádio das Antas acabou por ser demolido em Março e Abril de 2004. Nos 52 anos de existência, no estádio das Antas, o FC Porto sofreu 80 derrotas, empatou 119 vezes e venceu 803 jogos." 7. Estação de Recolha da Boavista (1874-1999) "A chamada 'remise' dos elétricos foi uma das principais infra-estruturas de apoio ao sistema de transportes públicos do Porto. Foi edificada em 1874, para servir de sede e oficina da Companhia Carris de Ferro do Porto. O edifício original foi vítima de um grande incêndio em 1928, o que levou à construção de uma nova 'remise' com vinte portas. Este segundo edifício acabou por ser demolido em 1999 para dar lugar à Casa da Música." Textos: Porto Desaparecido
20
Quarta-feira, 01-04-2015
Calor pascal começa agora. Beja chega aos 31 graus Atenção ao sol. Quase todas as regiões do país apresentam risco muito alto de exposição à radiação ultravioleta. A maior parte do território português vai, esta quartafeira, ter temperaturas máximas acima dos 25 graus. Lisboa e Évora devem chegar aos 29 e Beja aos 31. A previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera no continente indica céu pouco nublado ou limpo, vento em geral fraco e possibilidade de ocorrência de neblina ou nevoeiro matinal na região do litoral centro. As temperaturas vão oscilar, em Lisboa, entre os 12 e os 29 graus, no Porto entre os 9 e os 24, em Vila Real entre os 8 e os 22, em Viseu entre 10 e 22, em Bragança entre 5 e 21, na Guarda entre 7 e19, em Castelo Branco entre 14 e 27, em Portalegre entre 13 e 26, em Évora entre 9 e 29, em Beja entre 11 e 31, em Coimbra entre 9 e 26 e em Faro entre 18 e 27. As temperaturas devem manter-se semelhantes até ao final da semana. Quanto às ilhas, na Madeira o sol vai andar acompanhado de algumas nuvens e as temperaturas variar entre os 15 e os 21 graus no Funchal. No arquipélago dos Açores, as máximas não ultrapassam os 18 graus e há aguaceiros previstos na Ilha Terceira. Ultravioletas perigosos Quase todas as regiões do país apresentam esta quartafeira um risco muito alto de exposição à radiação ultravioleta. Aveiro, Beja, Bragança, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Lisboa, Penhas Douradas, Porto, Portalegre, Sagres, Santarém, Setúbal, Sines, Viana do Castelo, Viseu, Vila Real e Santa Cruz das Flores são as regiões em causa. A excepção, segundo o IPMA, vai para o Porto Santo (Madeira), Angra do Heroísmo (grupo central dos Açores) e Ponta Delgada (grupo Oriental do mesmo arquipelago) que estão com risco moderado. O IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, t-shirt que cubra peito e ombros, pelo menos, guarda-sol e protector solar. Deve ainda evitarse a exposição das crianças ao sol, sobretudo nas horas de maior calor. A radiação ultravioleta pode causar graves prejuízos para a saúde se o nível exceder os limites de segurança. Risco de incêndio em quatro concelhos Quatro concelhos dos distritos de Santarém e de Castelo Branco apresentam esta quarta-feira risco muito elevado de incêndio: Mação, Sardoal, Vila de Rei e Oleiros. Vários concelhos dos mesmos distritos e ainda dos de Portalegre, Coimbra, Guarda, Viseu e Vila Real estão em risco elevado. O risco de incêndio determinado pelo IPMA engloba cinco níveis, variando entre reduzido e máximo. Em Março, a Autoridade Nacional de Protecção Civil
registou cerca de dois mil incêndios, tendo sido no fim-de-semana de 14 e 15 que ocorreu o maior número de fogos florestais. SELECÇÃO NACIONAL
Reprovados na primeira chamada, mas com direito à fase de recurso Portugal 0-2 Cabo Verde. Histórico triunfo dos "tubarões azuis" sobre a Selecção Nacional, numa noite solidária. Jovens claudicaram, mas o futuro pertence-lhes. Hugo Almeida, Éder ou Vieirinha terão de fazer "exame de consciência".
Inédito. Cabo Verde venceu Portugal pela primeira vez Por José Pedro Pinto
"À vontade" não quer necessariamente dizer "à vontadinha". Invertendo o posto do diminutivo, a realidade é que "fraquinho" também não quer dizer "fraco". Houve poucos motivos para levar Fernando Santos, um homem de sorriso fácil, a esboçar uma reacção positiva no banco de suplentes. E logo na noite em que o engenheiro pôde voltar a sentir, por momentos, o cheiro da relva. E logo na noite em que Portugal se associou, de forma solidária, ao apoio às vítimas da erupção vulcânica que durou 77 dias na Ilha do Fogo. A aposta num misto de estreantes e de jogadores da segunda linha das habituais convocatórias da Selecção Nacional não correu bem. É indesmentível que o jogo infeliz da equipa das quinas deveu-se à falta de entrosamento dos mais jovens e à pressão de corresponder às expectativas e, ainda, pela crónica desilusão que alguns nomes mais experientes continuam a teimar em não querer curar. Aos debutantes Anthony Lopes, André Pinto, Paulo Oliveira, Bernardo Silva (o mais jovem internacional "AA" a ser lançado por Fernando Santos), colocados de início, e, ainda, a Danilo Pereira, André André e Ukra, Fernando Santos juntou Hugo Almeida ou Vieirinha. E a fórmula não resultou. Para além da ausência de harmonia, um outro dado gritante: continua a não haver uma solução clara para o
21
Quarta-feira, 01-04-2015
posto de ponta de lança. Hugo Almeida registou mais uma noite confrangedora e Éder, colocado em campo na segunda metade, conseguiu deixar Portugal reduzido a nove unidades. Sim, porque André Pinto foi expulso logo na noite de estreia, após uma hora em campo. Rui Águas, do outro lado, aproveitou o desacerto, a falta de entrosamento e a desconcentração evidente da Selecção Nacional. Cabo Verde apresentou-se na Amoreira com um 12º jogador - milhares de adeptos nas bancadas do Estádio António Coimbra da Mota - e com uma motivação enorme. Tanto que os golos de Odair Fortes e Gegé, na recta final da primeira metade, foram o corolário da eficácia dos "tubarões azuis". Dois remates à baliza resultaram em dois golos e em eficácia plena, que acabaram por concluir a primeira vitória de sempre dos caboverdianos sobre Portugal. O seleccionador tem motivos para se debruçar sobre a aposta em alguns nomes, no futuro. Não há que riscar os menos rotinados mas sim exigir a quem lá anda há mais tempo que dê mais. Muito mais. SUB-21
Derrota não abala confiança de Rui Jorge Seleccionador nacional de Sub-21 analisa derrota frente à República Checa, no último teste antes do arranque do Euro 2015 da categoria.
Rui Jorge não esconde que a derrota no encontro de carácter particular frente à República Checa (1-0) o desagradou. Contudo, o seleccionador nacional de Sub-21 acredita que Portugal está preparado para o Europeu da categoria, em Junho. "O resultado interessa sempre. Não vencemos há três jogos, mas quando foi preciso ganhar, na fase de apuramento, conseguimos fazê-lo sempre. Isso deixou toda a gente muito satisfeita. Não vou dizer que estes desfechos me passam ao lado, porque é exactamente o contrário. Foi o último teste e posso garantir que estamos todos muito motivados para a fase final que se avizinha", comentou Rui Jorge, em conferência de imprensa.
REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Danilo dos milhões e um tal Cuenca que se entusiasma
Danilo surge em grande destaque nas primeiras páginas de O Jogo e A Bola, anunciada que está a venda do jogador ao Real Madrid. Os títulos são quase iguais. "Danilo no Real por 31,5 milhões", em O Jogo, e "Danilo vendido por 31,5 milhões", em A Bola. O assunto também está na primeira página do Record, mas o diário da Cofina dá maior destaque a outro tema, com o título: "Benfica entusiasma Cuenca". Sobre o Sporting, O Jogo avança: "Cinco anos para Marçal". Os leões terão pressa em consumar o negócio, diz o jornal nortenho. No Record, diz-se que "Bayer quer levar Cédric e em A Bola lê-se: "Labyad e Rubio aceitaram baixar salários".
22
Quarta-feira, 01-04-2015
RIBEIRO CRISTÓVÃO
Experiência inócua Cabo Verde venceu Portugal sem necessitar dos favores da crítica, que apenas tem de render-se à maior qualidade daquela formação africana, como de resto o fizeram também os jogadores portugueses.
Fernando Gomes dá troco a Pinto da Costa Presidente do FC Porto tem protagonizado frente de ataque dura às decisões e posições do líder da Federação. Fernando Gomes reage às declarações de Pinto da Costa.
Por Ribeiro Cristóvão
Juntar uma dúzia e meia de jogadores, na sua maioria jovens que nunca actuaram juntos, e pretender, a partir daí, construir uma equipa de sucesso é, nos tempos que correm, uma utopia inultrapassável. Ficou provado no jogo de ontem, em que uma selecção portuguesa, ou o arremedo dela, claudicou frente a uma outra bem organizada, com uma estrutura já definida e formada por jogadores que se conhecem bem e têm um percurso comum caracterizado por bons resultados e a formação de uma imagem de nível muito aceitável. Num jogo em que o rótulo de amigável estava antes de qualquer resultado e em que predominava o carácter altruísta colocado em evidência muito antes da sua realização, Cabo Verde venceu Portugal sem necessitar dos favores da crítica, que apenas tem de render-se à maior qualidade daquela formação africana, como de resto o fizeram também os jogadores portugueses. Cabo Verde tem vindo a registar progressos notáveis no seu futebol a nível de selecção. O percurso em diversas participações em torneios internacionais, especialmente na Taça das Nações Africanas, fala por si e deixa à vista marcas impressivas muito fortes quanto àquilo que poderá fazer no futuro. Ao contrário, esta selecção portuguesa não deixou as mesmas garantias. É verdade que há ali alguns jogadores susceptíveis de atingirem, a curto prazo, uma enorme margem de progressão. Mas esses contam-se pelos dedos de uma só mão. Daí, e pelo que ficou à vista, serem legítimas as preocupações sobre o que será possível fazer quando desaparecerem Cristiano Ronaldo e a sua geração. Não obstante tudo isto, não culpemos Fernando Santos pelo que aconteceu. Antes, deixemos-lhe um aceno de confiança para o trabalho que vai desenvolver, e que poderá tornar possível uma renovação que, nas actuais circunstâncias, se antevê muito difícil.
Fernando Gomes reage, em entrevista à revista "Visão", às recentes críticas de que tem sido alvo da parte de Pinto da Costa. O presidente do FC Porto, opositor declarado do líder da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e que chegou a ter Fernando Gomes ao seu lado, na Direcção dos azuis e brancos, acusou Gomes de dar prioridade a "projectos pessoais", desejando que o presidente federativo aproveite a recente nomeação para o Comité Executivo da UEFA para abandonar o organismo que dirige os destinos do futebol português. "Que vá para lá por paixão ao futebol", exclamou Pinto da Costa, em entrevista à revista "Dragões", tecendo ainda reparos ao facto de Fernando Gomes não ter consultado os clubes nacionais antes de declarar o apoio total à candidatura de Luís Figo à presidência da FIFA. "À Direcção da FPF cabe tomar as decisões. Quem discordar pode, nos termos dos estatutos, juntar o número de delegados necessários para, em assembleia-geral, contestar ou até reverter essas decisões", respondeu o presidente da FPF, sem se alongar em mais considerações sobre a tensa e crispada relação que mantém com Pinto da Costa.
23
Quarta-feira, 01-04-2015
JUSTIÇA
PARTICULAR FIFA
Sporting de Braga recorre de condenação em tribunal
Carlos Queiroz despede-se do Irão com derrota
Em causa está o encerramento do Bingo do emblema minhoto, em Agosto de 2008, com 17 funcionários a serem despedidos. Braga condenado ao pagamento de 1,2 milhões de euros em indemnizações.
António Salvador, presidente do Sporting de Braga
O Sporting de Braga anunciou, esta terça-feira, em comunicado, que vai recorrer da condenação de que foi alvo da parte do Tribunal do Trabalho de Braga, relativamente a um processo movido contra o clube por ex-funcionários. Os minhotos foram condenados ao pagamento de uma indemnização de cerca de 1,2 milhões de euros a 10 ex-empregados do clube, que haviam sido despedidos em Agosto de 2008 e terão de reintegrar esses mesmos empregados nos seus quadros. "Entende o Sporting de Braga que a decisão profundamente injusta e merece censura do ponto de vista jurídico, razão pela qual, em devido tempo, será interposto o respectivo recurso da mesma", pode ler-se num comunicado divulgado no site oficial do clube. Os 10 funcionários em causa foram despedidos a 31 de Agosto de 2008, na sequência do encerramento da sala de bingo do Sporting de Braga. O clube, presidido por António Salvador, procedeu ao despedimento colectivo de 17 trabalhadores, sendo que sete chegaram a acordo para a saída. "Nenhum destes trabalhadores, contrariamente aos seus colegas, aceitou as propostas que na altura de encerramento do Bingo foram apresentadas pelo clube", argumenta ainda o Sporting de Braga.
Derrota dos asiáticos com a Suécia, em jogo de carácter particular.
A Suécia venceu o Irão (3-1), esta terça-feira, num encontro de carácter particular que assinalou a despedida de Carlos Queiroz do comando técnico da selecção asiática. Haghighi, guardião do Penafiel, esteve na baliza iraniana, vendo Zlatan Ibrahimovic abrir o activo, aos 11'. Berg, aos 21', ampliou a vantagem, com os iranianos a responderem por intermédio de Nekounam (g.p., 24'). Toivonen, já em cima dos 90', definiu o resultado final.
"Jackpot" de 73 milhões para um único apostador Prémio grande sai a apostador estrangeiro. Há nove terceiros prémios - de 47 mil euros -, dois deles para apostadores de Portugal. Confira a chave do concurso 26/2015.
Foto: DR
A combinação vencedora do concurso 26/2015 do
Quarta-feira, 01-04-2015
Euromilhões, sorteada esta terça-feira, é composta pelos números 8 - 20 - 24 - 28 - 49 e pelas estrelas 8 e 9. Em jogo, no primeiro prémio deste sorteio, estava um "jackpot" superior a 73 milhões de euros que vai para a conta bancária de um único apostador que registou o boletim no estrangeirro. De acordo com o departamento de jogos da Santa Casa da Misericórdia, o segundo prémio também vai para um único apostador fora de Portugal, que receberá cerca de 1,2 milhões de euros. Com o terceiro prémio foram apurados nove apostadores, dois dos quais em Portugal, cabendo a cada um cerca de 47 mil euros. Notícia actualizada às 7h00, com os resultados do concurso
Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.
24