EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco
Sexta-feira, 30-01-2015 Edição às 08h30
Editor Raul Santos
Já terá passado pior fase da gripe "Abdul" arguido. O açoriano que dizia querer ir para a jihad
CARDEAL RAVASI
“O que faltou ao Charlie Hebdo foi o desejo de diálogo” Boko Haram destrói mais de 40 igrejas no Níger
António Costa. PS tem uma "meiamaratona" até às legislativas
Bastonária quer O poder exoneração da ministra da Justiça desradicaliza o político
Certificados de UE reforça sanções aforro. Último dia contra a Rússia com juros acima dos 3%.
LUÍS CABRAL
Estudo sobre carne picada. Governo acusa Deco de ser “alarmista”
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Sexta-feira, 30-01-2015
CARDEAL RAVASI
“O que faltou ao Charlie Hebdo foi o desejo de diálogo” “Ministro da Cultura” do Vaticano falou em exclusivo à Renascença. Por Aura Miguel
O cardeal Gianfranco Ravasi, responsável da Santa Sé para a Cultura, não tem dúvidas de que, hoje, Jesus comunicaria através do tweet, uma vez que saber comunicar é mesmo decisivo. No seu tempo, Cristo soube usar a expressões certas e é isso que deve fazer hoje a Igreja. “Os jovens de hoje, que são nativos digitais, têm ainda uma linguagem com certos aspectos constantes da humanidade, mas o modo de se exprimirem está totalmente alterado. Têm uma outra gramática. E a Igreja, a comunidade dos crentes, deve, naturalmente, interceptá-la”, disse à Renascença, em Lisboa, o responsável da Santa Sé para a Cultura. Gianfranco Ravasi alerta, no entanto, para certos riscos. “A tentação é, talvez, a de reduzir a comunicação apenas a alguns temas que parecem ser de consumo imediato - aquilo a que um grande teólogo protestante e mártir do século passado, Dietrich Bonhöffer, chamava ‘as realidades penúltimas’. Ou seja, as que se referem ao empenho social e a todas as realidades, como os problemas da droga, os problemas sociais, a crise económica, etc", afirma o cardeal italiano. “São elementos importantes, mas a religião autêntica ilumina estes problemas na base das verdades últimas. Por isso digo que é preciso voltar a anunciar o Evangelho, anunciar Cristo e anunciar também, o sentido da vida, da morte, do amor, da dor, do mal, enfim, aqueles temas que são sempre fundamentais”, acrescenta. "Glocalização" Mas, para comunicar bem o que se quer, é preciso não esquecer uma nova realidade que deriva do avanço do Islão, sobretudo no ocidente. “Os estudiosos de sociologia falam agora de ‘glocalização’, em vez de globalização, porque os problemas locais tornam-se igualmente relevantes. As culturas locais impõem-se, algumas vezes de forma fundamentalista, de autodefesa. Pensemos na própria identidade muçulmana tão acentuada: é uma forma de ‘glocalização’. Por isso, para anunciar agora alguns temas fundamentais, é preciso ter em conta as diversas sensibilidades e os diversos contextos em que a cultura se desenvolve”, diz. Exemplo destas tensões e falta de sensibilidade foi o que recentemente aconteceu em Paris. “Não há dúvida que isto representa o grande risco para o qual tende o desvio de uma cultura e de uma religião. O que também faltou ao mundo do Charlie Hebdo foi o desejo de diálogo, ou seja, de respeito por aquele mundo que também podia ter formas discutíveis. Por isso, creio que, para evitar futuras tragédias deste género, é importante combater o fundamentalismo, mas também o sincretismo e a indiferença para quem já não existe nem direitos nem deveres”.
Não menos preocupante é a falta de ideais no Ocidente, ao ponto de tantos jovens aderirem ao fundamentalismo islâmico. “Porque é que eles desejam ir para um horizonte que é absurdo em tantos aspectos? É porque aqui, provavelmente, não encontram nem têm grandes estímulos para viver. Encontram um certo bem-estar e um certo nevoeiro, é esta a atmosfera em que vivemos. Então, às vezes, basta apenas aparecer uma espécie de relâmpago, para estas pessoas se agarrarem. Porque, tudo somado, cada pessoa têm dentro de si o desejo de ter um ideal e o ideal, por fim, pode ficar enlouquecido. Por isso nós devemos voltar a propor grandes valores e ideais e não apenas assegurar uma pura e simples sobrevivência”, apontou o Cardeal Ravasi. A importância dos rostos O diálogo é a única saída, diz a Igreja, mas para isso acontecer, é preciso ter um rosto bem definido, coisa que é difícil no Ocidente. “Para haver diálogo, é preciso haver dois rostos. Nós temos um Islão que avança, que tem um rosto, pode ser até um rosto violento, mas é bem definido. Nós os ocidentais, perdemos os nossos traços distintivos. A doença do nosso tempo é sobretudo a perda da memória, já não termos herança do passado, nem da grande tradição cultural, de arte, filosofia, literatura verifica-se uma quase dissolução. Por isso, o confronto é quase impossível, porque de um lado temos o fundamentalismo e do outro lado, a indiferença”. O cardeal Ravasi, mesmo assim, não desanima e aposta num caminho: “Reconstruir uma gramática própria, um verdadeiro projecto de diálogo, segundo as novas estradas de comunicação”.
"Abdul" arguido. O açoriano que dizia querer ir para a jihad Dizia que não queria combater, mas ir trabalhar para o hospital em Raqqa e ajudar a causa do Estado Islâmico. A PJ interrogou-o e concluiu que "Abdul" não tinha reais intenções de viajar para a Síria. Por Celso Paiva Sol e Filipe d'Avillez
A Polícia Judiciária (PJ) constituiu arguido um homem, com cerca de 50 anos, residente na ilha açoriana da Terceira, que nos últimos meses afirmou simpatia pela causa jihadista e anunciou nas redes sociais que pretendia viajar para a Síria. Das conversas que tiveram com esse homem, os especialistas de contra-terrorismo da PJ concluíram não haver qualquer ligação com o autodenominado Estado Islâmico, nem planos para passar à prática aquilo que ia afirmando na Internet, onde assumia o nome "Abdul". Foi na sequência da monitorização constante que é feita aos circuitos "online" mais utilizados pelas redes terroristas que a PJ decidiu agir neste caso. No início deste mês, na sequência de um inquérito aberto pelo Departamento Central de Investigação e
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Acção Penal (DCIAP), inspectores da Unidade Nacional contra Terrorismo estiveram na Terceira, onde interrogaram o indivíduo. Foi constituído arguido, ficando sujeito a Termo de Identidade e Residência, mas, ao que a Renascença apurou, nunca foi detido, nem levado a qualquer juiz ou tribunal, como chegou a ser noticiado esta quinta-feira pelo "Expresso", quando revelou este caso. Os interrogatórios terão sido suficientes para concluir que, apesar de tudo o que foi escrevendo nas redes sociais, este homem nunca teve contactos com radicais islâmicos, nem tinha reais intenções de viajar para a Síria. Os investigadores acreditam que tem agido num quadro emocionalmente instável. À Renascença, a Procuradoria-Geral da República confirmou "a existência de inquéritos, a correr termos no DCIAP, que têm por objecto a investigação de factos relacionados com o denominado Estado Islâmico". Entre estes inquéritos, que se encontram em segredo de justiça, "há um que investiga actividades desenvolvidas nos Açores". Lajes, antiamericanismo e Palestina "Abdul" é pai de família, adepto de futebol e tem conhecimentos de primeiros socorros. Tudo isto era do conhecimento dos seus amigos e família, mas este açoriano dizia nas redes sociais ter um segredo: convertera-se ao islão e alimentava o sonho de se juntar à jihad na Síria, onde aplicaria os seus conhecimentos de primeiros socorros. Nas redes sociais dizia que a conversão ao islão foi motivada em grande parte por um sentimento antiamericano, consolidado pelo que dizia ser o sofrimento do povo palestiniano e o que entendia ser uma política externa desastrosa e arrogante de Washington, sobretudo no mundo islâmico. A presença americana nos Açores, na base das Lajes, era uma questão particularmente sensível para "Abdul". Converteu-se em segredo – ninguém na família sabia – e praticava a religião em segredo também. Esteve apenas uma vez na Mesquita Central de Lisboa, durante uma visita à capital, mas compensava essa solidão na internet, através de perfis criados com o nome que assumiu, tanto no Twitter como no Facebook. Na sua página de Facebook, dizia querer juntar-se à jihad e postava mensagens de apoio ao autodenominado Estado Islâmico. "Abdul" criou várias amizades "online", incluindo entre os jihadistas portugueses que se encontravam na Síria e falava abertamente com eles. Queria ir para a Síria, nomeadamente para Raqqa, a "capital" do Estado Islâmico, não para combater, mas para trabalhar no hospital e assim contribuir para a causa. A sua viagem, ao que a Renascença sabe, estava supostamente a ser organizada por uma portuguesa com quem mantinha contacto nas redes sociais. No início de Janeiro, "Abdul" terá sido confrontado pelas autoridades e começou a ser contactado por jornalistas que tinham na sua posse dados pessoais que apenas tinha revelado aos "irmãos" que estavam na Síria e à referida portuguesa que estava a tratar das viagens. O seu mundo desabou. Certo de que alguém o tinha traído, desactivou a conta de "Abdul" no Facebook, mas era tarde demais.
Identificado pelas autoridades e por jornalistas, era uma questão de tempo até a história emergir. O controlo dos jihadistas e simpatizantes da jihad foi tema da última edição do programa "Em Nome da Lei" da Renascença. Rui Pereira, ex-ministro da Administração Interna e presidente do Observatório de Segurança e Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), defendeu que o Ministério Público já devia ter instaurado processos-crime contra os portugueses que são membros da jihad.
Já terá passado pior fase da gripe Há um decréscimo do número de mortes durante o período de gripe, mas o número de casos continua elevado.
Foto: DR
O último boletim de vigilância epidemiológica da gripe confirma que começa agora a entrar-se num período de decréscimo de casos e da mortalidade durante o período gripal. Até à quarta semana deste ano foram analisados 512 casos de síndrome gripal. O excesso de mortalidade por todas as causas foi observado apenas na população com 75 ou mais anos, em todas as regiões do país, com excepção do Algarve e das regiões autónomas da Madeira e dos Açores. O Instituto Ricardo Jorge não atribui o fenómeno a nenhuma causa específica, mas admite que possa estar associado ao frio extremo, ao aumento da incidência das infecções respiratórias agudas e ao início da actividade gripal. Também o sistema de informação dos certificados de óbito, disponível no site da Direcção-Geral de Saúde (DGS), dá conta do decréscimo do número global de mortes a partir da terceira semana de Janeiro. O pico mais alto registou-se entre os dias 11 e 17, com cerca de 3.200 mortes, na semana seguinte foram pouco mais de 3.100. Até esta quinta-feira tinham morrido perto de 2.100 pessoas. No dia 23 de Janeiro, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) tinha admitido que a mortalidade devido aos casos de gripe continuava elevada. [notícia actualizada às 7h52]
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Dezenas de utentes do Amadora-Sintra protestam contra falta de condições do hospital Comissão de utentes do concelho de Sintra lembra que hospital foi projectado para dar resposta a 350 mil utentes, quando actualmente serve 650 mil.
Utentes protestam no Amadora-Sintra. Foto: José Carlos Silva/RR
Dezenas de utentes do Hospital Amadora-Sintra protestam esta quinta-feira contra a falta de condições na unidade, que serve uma população de centenas de milhares de habitantes. Paula Borges, da comissão de utentes do concelho de Sintra, exige ao Governo uma "aposta na saúde" nesta zona, uma "melhoria clara nos cuidados primários" e a construção de um novo hospital em Sintra porque, o que foi construído "já não dá para as necessidades". “O hospital foi projectado para dar resposta a 350 mil utentes entre o concelho de Sintra e o concelho da Amadora. Temos, neste momento, cerca de 650 mil utentes e uma série de problemas naquela que é a retaguarda fundamental: os cuidados de saúde primários que funcionam nos centros de saúde”, criticou Paula Borges. Uma das situações mais graves nas urgências no início deste ano viveu-se no Hospital Amadora-Sintra onde, em duas semanas, os médicos assistiram uma média de 600 utentes por dia, mas nos dias piores chegaram a dar entrada na urgência mais de 800 doentes. Há um ano a administração da unidade chegou a apresentar demissão numa altura em que, no pico da gripe, a espera para os doentes menos urgentes chegou às 20 horas.
UMinho cria tecnologia para extrair pedras dos rins num minuto "Após os testes em animais, espera-se avançar para ensaios nos humanos a partir do próximo ano", indica a UMinho, em comunicado. Uma equipa liderada pela Universidade do Minho (UMinho) criou uma tecnologia que permite extrair pedras dos rins em apenas um ou dois minutos, dispensando ainda o uso de radiação. A UMinho explica, em comunicado, que a tecnologia utiliza um campo electromagnético para navegar com segurança uma agulha para punção do rim. "Após os testes em animais, espera-se avançar para ensaios nos humanos a partir do próximo ano", acrescenta. De acordo com Estêvão Lima, professor da Escola de Ciências da Saúde da UMinho, extrair pedras nos rins demora, actualmente, duas horas e "depende muito quer da experiência do cirurgião quer do uso de radioscopia, que pode ter consequências sérias de radiação no doente e no cirurgião". Na prática, pica-se com uma agulha de 20 centímetros na zona lombar do paciente, abrindo caminho aos instrumentos cirúrgicos para a remoção. "Mas a técnica que agora criámos é mais rápida, menos invasiva e permite ver no ecrã do computador a rota que a agulha deve seguir", resume Estêvão Lima, também cientista do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde e director do serviço de Urologia do Hospital de Braga. O novo processo, que demora, em média, um a dois minutos, facilita ainda a tarefa a médicos menos experientes e aumenta a segurança dos procedimentos. O projecto decorre em parceria com o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave e já foi testado em animais. Os investigadores estão a aperfeiçoar o sistema com o fim de obter o certificado para futuros testes em pessoas. Caso estes venham a ser bem sucedidos, espera-se que o primeiro produto seja patenteado e chegue às salas de operações a partir de 2016. A pesquisa venceu o 1.º Prémio no Simpósio da Associação Portuguesa de Urologia, foi eleita para as melhores comunicações do Congresso Europeu de Urologia 2014 e tem sido publicada em revistas científicas internacionais. As pedras nos rins afectam uma em cada 200 pessoas, sobretudo os homens.
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LUÍS CABRAL
O poder desradicaliza o político Realizaram-se as eleições na Grécia com o resultado que todos conhecem. Temos aqui mais um teste interessante da teoria do ajustamento resultante da chegada ao poder.
Há algumas semanas, numa entrevista à Rádio Renascença, Pedro Mexia dizia que "nas democracias há uma coisa fatal para os partidos radicais: chegarem ao poder ou perto do poder. Tem havido algumas reportagens sobre câmaras ganhas em França pela Frente Nacional. Com uma ou duas excepções, os políticos da Frente Nacional não sabem muito bem o que fazer quando chegam ao poder. Têm o 'chip' da contestação tão enraizado que é um bocadinho como chegar à idade adulta: quando a culpa já não é dos outros o que é que se faz? O poder tende a dissolver o radicalismo". Pedro Mexia tem toda a razão. Aliás, estou convencido de que se trata de um fenómeno mais extenso, associado não somente a partidos radicais, mas também a partidos da oposição de uma forma mais geral. Note-se, por exemplo, a evolução do discurso do Partido Socialista: à medida que se aproximam as eleições, é notável a evolução dos líderes da oposição: a posição sobre a disciplina orçamental ou sobre o perdão da dívida é muito diferente do que era há um ou dois anos, quando a distância entre o Largo do Rato e o Largo de S. Bento era maior. Entretanto, realizaram-se as eleições na Grécia com o resultado que todos conhecem. Temos aqui mais um teste interessante da teoria do ajustamento resultante da chegada ao poder. Nos últimos anos, o discurso do Syriza apregoou repetidamente o fim da austeridade, a criação de centenas de milhares de empregos, o não pagamento da dívida e muitas outras medidas que são mais fáceis de enunciar do que executar. Prevejo que o discurso de Tsipras se torne substancialmente menos radical e mais "político" e "situacionista"; e que as transformações económicas e sociais sejam de menor monta do que muitos gregos e muitos europeus esperam e desejam. Oxalá esteja enganado.
Estudo sobre carne picada. Governo acusa Deco de ser “alarmista” "Não compre carne picada previamente picada vendida a granel. Quanto muito escolha uma peça e mande picar na loja", aconselha a Associação de Defesa do Consumidor.
Foto: DR
O secretário de Estado da Economia diz que o estudo da Deco – Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor sobre a qualidade da carne picada vendida nos talhos é "alarmista". Esta quinta-feira esteve reunida a comissão de segurança alimentar que analisou o estudo. No final do encontro, Leonardo Matias, lembrou que a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou o ano passado mais de seis mil inspecções a talhos e o estudo visitou apenas 26. "Não podemos ser alarmistas. A Deco visitou 26 estabelecimentos", apontou. O governante elogia, ainda assim, o trabalho que, de uma forma geral, tem sido feito pela associação. "A Deco é um parceiro importante na defesa do consumidor. Tem feito um trabalho excelente e é importante que se mantenha. Tem é de ser construtivo com o governo e construtivo na sociedade civil", considerou. Apesar das críticas do Governo e da ASAE, a Deco continua a defender que a carne previamente picada vendida nos talhos não tem qualidade. "Não compre carne picada previamente picada vendida a granel. Quanto muito escolha uma peça e mande picar na loja, porque não estão reunidas as condições para ter o produto de qualidade. O ideal é picar em casa, porque não ‘leva’ com os sulfitos", aconselha Nuno Lima Dias, da Deco. A Deco lançou um alerta sobre a qualidade da carne picada vendida nos talhos. Dos 26 que foram visitados, nem um vendia carne picada com qualidade. Todos chumbaram na higiene e conservação e a maioria dos comerciantes adicionava sulfitos, que, segundo a Deco,
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são proibidos por lei no caso da carne picada. [Notícia actualizada às 14h23]
António Costa. PS tem uma "meiamaratona" até às legislativas Líder do PS segue a tese de António José Seguro, expressa no congresso de 2011, em Braga: o caminho até às eleições é uma maratona. Na altura, os “socráticos” responderam que não se ganham maratonas estando parado.
partido onde temos dúvidas”, respondeu aos jornalistas. Questionado sobre porque é que o partido não dispara nas sondagens, Carlos César vê as coisas por outra prisma e prefere destacar que o PS está à frente da actual maioria governamental. À saída da comissão política ouviu-se uma das posições mais definitivas e mais coladas ao Syriza por parte do PS. João Galamba, secretário nacional, foi duro sobre o partido socialista grego: “Os resultados do PASOK falam por si, um partido que ao aliar-se à direita e ao praticar a mesma política da direita, teve os resultados que teve”. A comissão política do PS ficou ainda marcada pela intervenção da eurodeputada Ana Gomes, que defendeu a candidatura de Maria de Belém Roseira à Presidência da República, por ser mulher e por ter sido presidente do PS.
Certificados de aforro. Último dia com juros acima dos 3%. Embora ainda não seja conhecida a remuneração prevista a partir de 1 de Fevereiro, prevê-se que possa cair para cerca de metade, fixando-se pouco acima dos juros oferecidos pelos bancos.
Foto: José Sena Goulão/Lusa Por Susana Madureira Martins
O PS tem pela frente uma "meia-maratona" até às eleições legislativas, afirmou o líder António Costa, na comissão política nacional, realizada na quinta-feira à noite. O candidato a primeiro-ministro respondeu, já no final da reunião, às críticas crescentes de que o partido não apresenta propostas concretas ao país, apontando que há muita incerteza na Europa e que não é possível tomar posições definitivas para já. António Costa recupera, assim, uma ideia avançada por António José Seguro no congresso do PS, de 2011, em Braga, quando disse que o caminho até às eleições era uma maratona. Na altura, Seguro foi criticado pelos “socráticos”, que preferiam um “sprint”, e responderam a Seguro que não se ganham maratonas estando parado. Agora, António Costa aconselha cautelas, por exemplo, sobre as tomadas de posição sobre a Europa. O presidente do PS, Carlos César, defendeu que o último dia de campanha eleitoral é o limite para os portugueses ficarem a conhecer as propostas socialistas. Elas hão-de chegar, diz César. Para já, vai ser criado um gabinete de estudos “para reunir todos os contributos” com vista à construção de um programa de Governo. O antigo líder do governo regional dos Açores reconhece que pairam as dúvidas dos portugueses sobre as propostas do PS. “Penso que me fazem essa pergunta porque havia alguém que nunca tinha dúvidas sobre nada. Nós, felizmente, convivemos num
Foto: DR
Esta sexta-feira é o último dia que os portugueses com algum dinheiro de lado têm garantir juros acima dos 3% nos certificados de aforro. Embora ainda não seja conhecida a remuneração prevista a partir de 1 de Fevereiro, prevê-se que possa cair para cerca de metade, fixando-se pouco acima dos juros oferecidos pelos bancos. Nos últimos dias, tem sido elevada a procura de certificados de aforro, porque as regras vão mudar com a entrada no novo mês e as vantagens serão menores. Na leitura do economista João César das Neves, o Estado volta a desinteressar-se por este produto porque as torneiras do Banco Central Europeu (BCE) estão, de novo, a jorrar dinheiro.
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“Os certificados de aforro já foram declarados defuntos várias vezes, o Estado está sempre com vontade de os matar. Depois, de repente, como percebe que não tem alternativas, porque os mercados internacionais fecharam-se, vai a correr ,outra vez, promover os certificados de aforro e, agora, pelos vistos, como o BCE já está a meter dinheiro, desinteressa-se deles”, afirma o professor da Universidade Católica à Renascença. A quem interessará aplicar poupanças em certificados de aforro? João César das Neves diz que a todas as pessoas “interessadas em pôr o dinheiro num sítio onde não lhes dê dores de cabeça”. “Põe ali, garante aquele valor, nem sequer precisa de ir buscar os juros, porque acumulam automaticamente ao capital, e também têm a certeza que não têm grandes receitas. Eu tenho certificados de aforro”, admite o economista.
Fim-de-semana com chuva Sete distritos do continente vão estar esta sexta-feira sob aviso laranja, a partir das 21h00, devido à agitação marítima forte.
O manhã de sábado vai ficar marcada pela chuva, mas durante a tarde as previsões apontam para um ligeiro desagravamento do estado do tempo. O sol poderá dar um ar da sua graça, por entre nuvens e aguaceiros. Para domingo, são esperados aguaceiros fracos para o litoral e para toda a região norte de Portugal Continental. Em Évora, Beja e Faro o céu vai estar limpo e o vento vai soprar fraco.
São 11, são portugueses e estão entre os professores mais inovadores do mundo Microsoft elege 11 professores portugueses como sendo dos mais inovadores do mundo com uso da tecnologia nas aulas.
Alunos aprendem com tecnologia no Colégio Monte Flor. Foto: RR
Foto: EPA
O estado do tempo vai estar cinzento e chuvoso durante o fim-de-semana, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Para esta sexta-feira, as previsões apontam para céu muito nublado e períodos de chuva em todo o país. Quanto às temperaturas, Lisboa deverá registar uma mínima de 14 graus e uma máxima de 15; no Porto vão variar entre os 13 e os 15 graus e em Faro entre os 13 e os 18. Sete distritos do continente vão estar esta sexta-feira sob aviso laranja a partir das 21h00 devido à agitação marítima forte, prevendo-se ondas até seis metros, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). De acordo com o IPMA, os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa vão estar sob aviso laranja, o segundo mais grave de uma escala de quatro, devido à previsão de agitação marítima forte, prevendo-se ondas de noroeste com 5 a 6 metros. O aviso laranja vai estar em vigor entre as 21h00 desta sexta-feira e as 20h00 de sábado.
Robôs, códigos de programação, computadores portáteis, mesas e quadros interactivos são parte do material escolar dos alunos do Colégio Monte Flor, em Carnaxide, onde dois docentes foram recentemente distinguidos pela Microsoft como sendo dos mais inovadores do mundo. O programa "Professores Inovadores" elegeu 11 professores portugueses entre 800 em todo o mundo que foram considerados "campeões da integração de tecnologia na sala de aula", segundo Vânia Neto, do departamento da Educação da Microsoft, reconhecendo o esforço dos docentes para fazer a diferença no método de ensino. Rui Lima e Andreia Sequeira, docentes do segundo e quarto ano no Colégio Monte Flor, consideram que o uso da tecnologia em sala de aula não isola os alunos. Pelo contrário, "incentiva-os a comunicar e a colaborar mais. Nunca trabalham individualmente", explica Rui Lima. Os alunos parecem gostar destas aulas diferentes e diversão foi a palavra mais utilizada: "Aqui aprendemos de forma diferente, não fazemos fichas", diz um dos estudantes. A facilidade de aprendizagem é outro dos aspectos apresentados pelos mais novos. Andreia Sequeira diz que o prémio é o
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reconhecimento do trabalho desenvolvido. A professora destaca ainda a importância de influenciar os outros a novas práticas de ensino. "É bom para o colégio e também para as outras escolas perceberem que é possível". Inovação no Gana E inovar nem sempre é sinónimo de tecnologia. É o caso de um professor que Rui Lima conheceu no Gana. Com o pouco material que tinha conseguia ensinar e dar aulas dinâmicas. "Como não tinha espaço para todos os alunos, metiaos na rua, debaixo de uma árvore ou num espaço aberto. Fazia actividades espectaculares com os alunos. Ser inovador é isso mesmo", conta. No ano passado, Rui Lima e os alunos criaram um canal no YouTube com tutoriais a explicar como programar. Dois deles, Gonçalo Calçadas e Matias Fareleira, com sete anos, desenvolverem um jogo sobre o meio ambiente. Venceram a final europeia do "Kodu Conquerors", uma competição de programação, também organizada pela Microsoft. Estas são aulas diferentes, mas Rui e Andreia esperam que no futuro se espalhem por todo o país. Paralelamente à distinção dos professores, a Microsoft também elege as escolas mais inovadoras. O Colégio Monte Flor, em Carnaxide, e o Agrupamento de Escolas de Freixo, em Ponte de Lima, são as representantes portuguesas na lista.
Ainda há 90 docentes com horário zero Resultados do concurso de colocação foram conhecidos esta quinta-feira. São 90 os professores do quadro que correm risco de entrar em processo de requalificação já na próxima segunda-feira. Estes docentes continuam com horário zero, depois de conhecidos esta quinta-feira os resultados do concurso de colocação, um número confirmado à Renascença pelo Ministério da Educação. Agora, aos docentes sem componente lectiva restalhes uma última possibilidade de encontrar uma escola em que possam dar aulas através da mobilidade. Nesta quinta-feira têm estado a ser contactados pelos serviços do Ministério da Educação para que digam quais as escolas para onde preferem deslocar-se, dentro de uma área geográfica limitada. O aviso está no "site" da Direcção-Geral da Administração Escolar.
Sindicato diz que trabalhadores da RTP não se revêem no novo projecto estratégico O novo Conselho de Administração da RTP vão ser ouvidos no Parlamento na próxima quarta-feira. Os trabalhadores da RTP não se revêem no projecto estratégico elaborado pela nova administração, disse à Lusa Paulo Mendes, dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV). Na quarta-feira, o conselho geral independente (CGI) anunciou que "por decisão unânime", tomada na reunião de 26 de Janeiro, o órgão tinha indigitado Gonçalo Reis (presidente), Nuno Artur Silva (vogal) e Cristina Vaz Tomé (vogal com pelouro financeiro) para o conselho de administração, tendo ainda divulgado o Projecto Estratégico elaborado por aqueles três responsáveis. Segundo Paulo Mendes, "os trabalhadores da RTP não se revêem no plano estratégico", sublinhando que este documento "revela pouca preparação". O sindicalista lembrou que o CGI rejeitou por duas vezes o Projecto Estratégico elaborado pela equipa de Alberto da Ponte, que vai renunciar aos cargos após a entrega do relatório e contas de 2014, o que é esperado que aconteça na sexta-feira. Paulo Mendes criticou a "opção por uma programação de serviço público que basicamente vai fazer descer as receitas comerciais", numa altura em que "a RTP está subfinanciada", uma vez que desde 2014 deixou de contar com a indemnização compensatória, ficando apenas dependente da taxa para a contribuição do audiovisual (CAV) e das receitas publicitárias. "Estávamos à espera de um documento que levasse à recuperação da empresa" e, perante este modelo, a RTP "vai rebentar com as finanças", uma vez que as receitas comerciais deixam de ser prioridade. O projecto "manda as receitas comerciais para as urtigas", sublinhou. Apesar de reconhecer que o "tipo de programação [prevista no documento] faz sentido", a mesma não pode ser aplicada enquanto "não for resolvido o subfinanciamento da empresa". "O dinheiro da CAV não dá para pagar o serviço que lhe é pedido", disse. O dirigente sindical lamentou que o Projecto Estratégico coloque o foco "nos custos, nomeadamente através da redução dos trabalhadores", aludindo ao facto de o documento elaborado pela futura administração apontar que os esforços de contenção da RTP deverão concentrar-se na esfera de gastos em fornecimentos e serviços de terceiros e em custos com pessoal associados a funções administrativas de baixo valor acrescentado, tentando salvaguardar os
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montantes a disponibilizar para grelha/produção de conteúdos. Lamentou que a referência aos trabalhadores tenha sido colocada "no plano da despesa com pessoal, ou seja, custos, em vez de ser encarada como um valor". O dirigente sindical recordou que o SINTTAV se reuniu duas vezes com o Conselho Geral Independente (CGI), a quem transmitiu as suas preocupações, lamentando que as mesmas não tenham sido atendidas. Em relação à política de recursos humanos do Projecto, o sindicalista apontou que "não há nada de novo", uma vez que a RTP "está com proibições de qualquer tipo de valorização remuneratória". Paulo Mendes sublinhou ainda que, "supostamente, o CGI deveria aprovar um Conselho de Administração com base num Projecto Estratégico", mas "o que aconteceu é que primeiro nomeou a administração, depois trabalhou com eles o Projecto Estratégico e depois indigitou-os". Trata-se de "uma questão formal que não foi pensada", apontou o sindicalista. "Este [projecto estratégico] é um modelo do CGI e ele é responsabilizado por o que pode acontecer", disse. O sindicalista questionou ainda a existência de um administrador com o pelouro dos conteúdos, apontando que tal não pode acontecer, uma vez que a administração não pode interferir com a parte editorial. O CGI e o novo Conselho de Administração da RTP vão ser ouvidos no Parlamento na próxima quarta-feira.
Bastonária quer exoneração da ministra da Justiça Elina Fraga contesta as alterações que a tutela quer impor à classe através de um estatuto que, diz, contém "gravíssimas falhas".
Elina Fraga RR/arquivo
A Bastonário da Ordem dos Advogados pede a exoneração imediata da ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz. Em conferência de imprensa, Elina Fraga contestou as alterações que a tutela quer impor à classe através de um estatuto que, diz, contém "gravíssimas falhas". Por isso, a bastonária anunciou que vai recorrer ao
primeiro-ministro para que proponha ao Presidente da República a imediata exoneração da ministra. Segundo Elina Fraga, a tutela enviou, a 5 de Janeiro, a proposta de alteração ao estatuto, deu um prazo de 10 dias para a Ordem se pronunciar, mas a Ordem pediu uma prorrogação desta data para que todos a classe fosse ouvida, coisa que foi recusada pelo Ministério da Justiça. Entre as várias mudanças, a proposta do Ministério da Justiça aponta para a extinção de 190 delegações da Ordem dos Advogados.
BPI teve prejuízos de 161,1 milhões de euros em 2014 Os dados foram revelados pelo presidente executivo do banco, que liderou as quedas no PSI-20 esta quinta-feira.
Fernando Ulrich na conferência de imprensa desta quinta-feira. Foto: João Relvas/Lusa
O BPI obteve prejuízos de 161,6 milhões de euros em 2014, quando em igual período do ano passado atingiu lucros de 66,8 milhões de euros, anunciou o banco na apresentação de resultados em Lisboa, esta quintafeira. Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, referiu, em conferência de imprensa, que o resultado líquido consolidado foi negativo em 161,6 milhões de euros, mas com "custos e perdas não recorrentes de 264,3 milhões na actividade doméstica". "Excluindo estes resultados não recorrentes, registarse-ia um lucro líquido consolidado de 102,6 milhões de euros", disse. O BPI aumentou, no entanto, a sua margem financeira para 8,3%, sendo que os recursos totais de clientes cresceram 3,7 mil milhões de euros, com um crescimento homólogo de 11,8%. O rácio de transformação de depósitos em crédito foi de 84%, "claramente acima do pedido" pelas autoridades europeias, segundo Fernando Ulrich. O rácio de capital "core tier one" foi de 11,8%. O BPI liderou as quedas no PSI-20 na sessão de quintafeira da bolsa de Lisboa, ao fechar a perder 5,31% para 82 cêntimos.
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PCP, BE e PS querem ouvir Cavaco na comissão de inquérito ao BES Em causa conversas com Ricardo Salgado. Também é pedida a audição de Paulo Portas. Os partidos de esquerda juntam-se a pedir explicações de Cavaco Silva sobre as reuniões que manteve com Ricardo Salgado. O ex-presidente do BES enviou à comissão parlamentar de inquérito uma carta a dar conta de dois encontros que manteve no ano passado com o Presidente da República e também com o ministro Paulo Portas. PCP, Bloco de Esquerda e PS querem saber ao certo o que foi discutido. O deputado socialista Pedro Nuno Santos diz que é preciso esclarecer o que Cavaco Silva e o Governo sabiam sobre o BES, meses antes da derrocada do grupo. “Toda a gente tem o direito de saber o que o senhor Presidente da República sabia, o que o Dr Paulo Portas sabia, o que é que a ministra das Finanças sabia, o que é que Carlos Moedas sabia, o que é que todos estes responsáveis políticos sabiam sobre a situação do BES na altura do aumento de capital. Nós temos o direito de saber porque até Julho o que nós fomos ouvindo foi de que havia um problema no GES mas não no BES”, disse o socialista. Os partidos da maioria são mais cautelosos. PSD e CDS aguardam ainda conhecer os fundamentos para ouvir Cavaco Silva e Paulo Portas. O deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim lembra que até hoje nenhum partido recusou propostas de audição. “O requerimento ainda não foi apresentado, quando for veremos quais são os seus fundamentos. Nesta comissão de inquérito ainda não houve um único requerimento, quer para documentação quer para audições, que tenha sido chumbado e, portanto, espero que esse espírito de consenso continue”, referiu. A ser aprovada a audição de Cavaco Silva, o Chefe de Estado vai responder por escrito. O antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado reuniu-se duas vezes em 2014 com o Presidente da República tendo alertado Cavaco Silva sobre os "riscos sistémicos" envolvendo o GES e o BES, diz o exbanqueiro em carta endereçada à comissão parlamentar de inquérito e a que a Renascença teve acesso. Os mesmos partidos querem também ouvir Paulo Portas, o actual vice-primeiro-ministro. Contactado pela Renascença, o gabinete do vice-primeiro-ministro diz que Paulo Portas sempre esteve disponível para ir à comissão de inquérito parlamentar ao BES e que irá responder às questões dos deputados quando essa audição for agendada. [actualizado às 21h35]
PS quer voltar a ouvir Portas sobre os vistos “gold” Deputado Rui Paulo Figueiredo apelou à maioria que viabilize a audição e a Paulo Portas "que não se esconda atrás da maioria".
Foto: Lusa
O PS pediu a presença de Paulo Portas na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas para se pronunciar sobre o relatório acerca dos vistos `gold`, elaborado pela Inspecção-geral da Administração Interna. "Concluído que está o relatório, elaborado pela Inspecção Geral da Administração Interna, julgamos ser relevante que o vice-primeiro-ministro venha à Comissão de Economia e Obras Públicas pronunciarse sobre as suas conclusões e recomendações, uma vez que esta matéria esteve sob a sua tutela e foi o seu principal impulsionador", lê-se no requerimento subscrito pelo deputado socialista Rui Paulo Figueiredo. Em declarações aos jornalistas, no parlamento, o deputado apelou à maioria PSD/CDS que viabilize a audição e a Paulo Portas "que não se esconda atrás da maioria" e responda no parlamento como "grande impulsionador político de todo este processo". Rui Paulo Figueiredo argumentou que "a auditoria feita pela Inspecção-geral da Administração Interna é absolutamente desastrosa para aquilo que foi a implementação deste programa", afirmando que "abundam expressões no relatório muito críticas sobre todo o funcionamento do processo dos vistos `gold` e também muito críticas para o grupo de acompanhamento técnico e político". "O vice primeiro-ministro deve vir explicar aquilo que correu mal, porque é que não funcionou esse acompanhamento político, qual é o caminho para o futuro, se há vistos que foram mal concedidos e se há requerentes que foram prejudicados", declarou. No relatório elaborado a pedido da ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, na sequência da investigação relacionada com a atribuição dos vistos `gold`, a IGAI propôs uma alteração ao quadro legislativo, a criação de um conselho consultivo, a elaboração de um Manual de Procedimentos e um plano nacional de formação para inspectores e funcionários que intervêm no processo.
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A "Operação Labirinto", uma investigação relacionada com a atribuição destes vistos, levou à detenção de 11 pessoas suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influências e peculato, entre os quais o ex-director do SEF.
Ana Gomes insiste: há matéria para investigar no caso dos submarinos Eurodeputada diz que, mais tarde ou mais cedo, os portugueses conhecerão os contornos da história. E deixa críticas a Portas.
Submarino "Tridente". Foto: Lusa
A eurodeputada Ana Gomes insiste na necessidade de apurar responsabilidades políticas e criminais no processo de compra dos submarinos e garante que basta investigar melhor aquilo que o Ministério Público quer arquivar. Numa conferência de imprensa, em que explicou por que razão pediu esta semana a abertura de instrução deste inquérito para tentar evitar o arquivamento, Ana Gomes não poupou acusações, sobretudo ao então ministro da Defesa, Paulo Portas, actual vice-primeiroministro. A eurodeputada do PS diz que, mais tarde ou mais cedo, os portugueses conhecerão os contornos da história dos submarinos. "O que está no processo e que eu consultei é infinitamente mais concreto e preocupante do que tudo o que foi dito na comissão de inquérito e, portanto, do meu ponto de vista, as responsabilidades políticas vão ter de se tirar, mais tarde ou mais cedo, qualquer que seja a actuação da justiça", disse. "Ou vem cá para fora pela via do julgamento ou vem cá para fora quando deixar de estar em segredo de justiça porque se houver também uma decisão de indeferimento ao meu requerimento da abertura de instrução então quer dizer que acaba o segredo de justiça e virá tudo cá para fora e os senhores vão ter muita matéria com que se entreter durante anos, garanto-vos”, disse. As mãos invisíveis
Ana Gomes contesta o argumento da prescrição de alguns factos, bem como a ideia de que foi impossível investigar determinados factos. Por isso, pede que o caso não seja arquivado e que chegue a julgamento. "Eu diria que há aqui uma mão invisível, há várias mãos. Umas querem ir ao fundo da questão e há outras que não querem e querem arranjar todo e quaisquer pretextos para encerrar o assunto, arquivar o assunto. Factos muitíssimos importantes, elementos muitíssimos importantes, que estão no processo e a que eu tive acesso que saltam à vista. É por isso que eu peço ao juiz que tome a iniciativa, que obrigue a que se prossiga à investigação", diz. A Procuradoria-Geral da República confirmou o arquivamento do caso dos submarinos, um processo com oito anos. A informação foi avançada pela revista "Visão" no dia 17 de Dezembro, na qual se explica que o Ministério Público decidiu não levar a julgamento nem deduzir acusações contra os arguidos.
PSD e PS negoceiam mudança na lei da cobertura jornalística de eleições Objectivo é tentar encontrar um entendimento antes das legislativas deste ano. Por Susana Madureira Martins
O PSD e o PS estão em negociações para alterar a lei que rege a cobertura jornalística das eleições e referendos nacionais. os dois maiores partidos procuram estabelecer um acordo antes das legislativas deste ano. Membros das direcções parlamentares de ambas as bancadas têm reunido nas últimas semanas e tudo indica que possa haver um entendimento que permita acabar com o impasse, por exemplo, em torno dos debates televisivos durante as campanhas eleitorais. As conversações ainda estão no início e, nos próximos dias, deverão incluir também o CDS. Ainda não há propostas em concreto, mas, segundo fontes parlamentares, há uma disponibilidade de ambas as partes para resolver o impasse. Na comissão parlamentar de ética e comunicação, continua em análise um projecto conjunto da maioria PSD/CDS. Prevê que na pré-campanha eleitoral os órgãos de comunicação devem garantir, no tratamento jornalístico, na realização de entrevistas e nos debates a participação em igualdade de circunstâncias das forças políticas com representação parlamentar. Já no período de campanha eleitoral, o diploma prevê que vigore o princípio da igualdade de oportunidades e de tratamento das diversas candidaturas.
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Arquivados processos contra oficiais que não evitaram invasão das escadarias do Parlamento Os dois PSP eram suspeitos de não terem usado todas as reservas policiais ao seu dispor, para impedir a invasão das escadarias nos protestos de Novembro de 2013.
segurança do edifício da Assembleia da República, minimizando riscos maiores. Conhecedor deste resultado desde o Verão, o antigo ministro Miguel Macedo nada fez, mas a sua sucessora no ministério despachou o assunto logo no primeiro mês de trabalho, mandando arquivar os processos. Em Novembro de 2013, o então ministro reagiu a este caso, demitindo o director nacional da PSP Paulo Gomes, alegadamente por este ter defendido os oficiais que estiveram de serviço naquele dia. Na IGAI continua em curso a investigação aos vários manifestantes identificados durante a invasão das escadarias do Parlamento, na sua grande maioria elementos de forças de segurança.
Funcionários públicos têm manifestação marcada para esta sexta-feira Iniciativa pela reposição das 35 horas semanais de trabalho e contra a lei da requalificação em curso. Protesto começa às 14h30.
Foto: Lusa Por Celso Paiva Sol
Foram arquivados os processos disciplinares instaurados aos oficiais da PSP que não conseguiram evitar a invasão das escadarias do Parlamento, durante a manifestação de polícias em Novembro de 2013, apurou a Renascença. A ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, assinou, no passado dia 26 de Dezembro, o despacho que ordena o arquivamento dos processos disciplinares, de que foram alvo os dois oficiais, responsáveis pelo dispositivo que acompanhou a manifestação de polícias. Um intendente, na altura chefe da área operacional do Comando Metropolitano de Lisboa, e um subintendente, naquele dia comandante do efectivo destacado, começaram por ser suspeitos de não terem usado todas as reservas policiais que tinham para impedir a invasão das escadarias. Dúvidas sobre falta de zelo, que levaram a própria Inspecção Geral da Administração Interna (IGAI) a propor, a dada altura, que o caso fosse tratado em sede de processo disciplinar. No final dos trabalhos, a conclusão foi no entanto outra. A IGAI diz não ter provas suficientes que sustentem qualquer infracção disciplinar ou comportamento negligente, concluindo que não era possível, tanto do ponto de vista táctico como operacional, agir de outro modo. Ponderada a situação de conflito que teve que ser resolvida numa fracção de segundo a IGAI diz que a acção daqueles oficiais acabou por salvaguardar a
Vários serviços da função pública que podem ficar a funcionar a "meio gás", esta sexta-feira, por força da minifestação convocada pela CGTP para Lisboa. A manifestação foi convocada em nome da reposição das 35 horas semanais de trabalho e contra a lei da requalificação em curso. A concentração começa no Príncipe Real, às 14h30, seguindo até ao Tribunal Constitucional - onde serão entregues 20 mil postais – e daía até São Bento, onde termina. São vários os funcionários que apresentaram pré-aviso de greve para se juntarem à manifestação desta sextafeira. Entretanto, a CGTP marcou uma jornada nacional de luta para 7 de Março com manifestações previstas para todas as capitais de distrito. Um protesto em defesa dos serviços públicos e pela reposição dos direitos sociais e laborais dos portugueses. A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública anunciou já uma greve nacional para 13 de Março contra os cortes salariais.
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Pescador português desaparecido em Inglaterra Naufrágio ocorreu esta quarta-feira ao largo de Dover. Um pescador português, natural da Póvoa de Varzim, está entre os desaparecidos de um barco pesqueiro belga que naufragou na quarta-feira em Inglaterra, ao largo da cidade de Dover. A confirmação foi dada pelo presidente da Câmara Municipal poveira, Aires Pereira, que manifestou solidariedade com a família, garantindo o apoio da autarquia no que a mesma precisar. "É sempre uma situação muito desagradável para a comunidade piscatória poveira, mas é o preço que temos por sermos uma comunidade piscatória", referiu o autarca. "Esta é sempre uma actividade de risco. Esperemos que a situação corra da melhor forma e que dentro de mais umas horas se consiga ter alguma certeza". Desde quarta-feira à noite que não se sabe onde está arrastão que tinha a bordo quatro tripulantes, um português, dois holandeses e um belga. A embarcação, de 40 metros de comprimento, está registada na Bélgica e dedicava-se à pesca do linguado. Embarcações de socorro, de autoridades inglesas e francesas estão no mar a tentar encontrar a embarcação, mas para já apenas apareceu uma balsa vazia e destroços do barco.
Consumo de fruta. Crianças portuguesas saem bem no retrato europeu Estudo identificou diferenças significativas no consumo de fruta em função do estatuto socioeconómico dos pais.
Foto: DR
As crianças portuguesas comem, em média, mais fruta por dia do que as de seis outros países europeus, mas as pertencentes a famílias de um nível socioeconómico mais baixo comem menos. As conclusões são as primeiras a surgir do estudo do projecto europeu EPHE, financiado pela Comissão Europeia e apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). "As crianças portuguesas foram as que apresentaram consumos mais elevados de fruta, comparativamente às restantes crianças europeias que integram este projecto. Em média, as crianças portuguesas, consomem fruta diariamente, pelo menos uma vez por dia. No entanto, verificaram-se diferenças significativas no consumo de fruta em função do estatuto socioeconómico dos pais", pode ler-se no comunicado do projecto EPHE, que abrange Bélgica, Bulgária, França, Grécia, Holanda, Portugal e Roménia. O estudo tem como "principal objectivo avaliar o impacto de intervenções de promoção de hábitos alimentares saudáveis e de actividade física na redução das desigualdades sociais na saúde, em crianças em idade escolar dos seis aos nove anos". Foi coordenado em Portugal pela Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto (FCNAUP) com a Direcção-Geral de Saúde e desenvolvido na Maia. Ainda que o resultado do consumo seja de "destacar pela positiva", como disse à Lusa a investigadora da FCNAUP Maria João Gregório, isto significa que uma criança que pertença a um nível socioeconómico mais baixo come menos fruta do que uma criança de famílias de um nível socioeconómico superior. Maria João Gregório acrescenta que se verificou ainda que "as crianças portuguesas, que pertencem a
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famílias com nível socioeconómico mais baixo, têm uma frequência de consumo de refrigerantes e de sumos de fruta maior do que as de famílias de nível socioeconómico mais elevado". O projecto decorre na Maia, no âmbito da iniciativa "Maia Menu Saudável" e englobou 240 crianças e respectivas famílias. Através de questionários, em três anos consecutivos, o objectivo é compreender se o desenvolvimento do projecto foi bem-sucedido na alteração de consumos, para reduzir as desigualdades sociais na saúde. "O que nós sabemos é que as estratégias de promoção da saúde têm mais impacto nos indivíduos que têm um nível socioeconómico mais elevado", realçou Maria João Gregório. O comunicado acerca do projecto refere ainda que, "no que diz respeito ao consumo de hortícolas, independentemente do estatuto socioeconómico da família, as crianças incluídas neste estudo apresentam uma frequência de consumo de hortícolas de, em média, duas a quatro vezes por semana", embora "quase 30% das famílias com nível educacional mais baixo referiram que as crianças consomem salada menos do que uma vez por semana". Sobre a definição de "estatuto socioeconómico", o estudo explica que este foi definido "pelo nível educacional de ambos os pais, pela situação profissional e pela posição face ao rendimento", tendo sido "o nível educacional da mãe seleccionado como a variável socioeconómica que melhor previa o estatuto socioeconómico parental em toda a amostra".
Bruxelas foi na política externa. O governo grego protestou contra a posição dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, que levantaram a possibilidade de novas sanções à Rússia, face ao que se passa no Leste da Ucrânia. Os deputados do Syriza no Parlamento Europeu já haviam tomado posições favoráveis à Rússia e contrárias à Ucrânia. Agora no governo, o Syriza continua pró-russo e pró-Putin (tal como Marine Le Pen…). Estamos conversados quanto ao ideal democrático desta amálgama de partidos de extremaesquerda. Em 2013 o manifesto do Syriza defendia a saída da Grécia do euro e da NATO, bem como o fecho da base naval americana em Creta. Depois recuou, para ganhar votos. Mas com as actuais posições parece, afinal, querer mesmo sair da NATO e do euro. RAQUEL ABECASIS
Não é a economia, estúpido! Antes de tomar decisões drásticas e irreflectidas, os líderes europeus deviam estudar um pouco de história, olhar para os antecedentes da Grécia e para a sua posição geoestratégica. É só um conselho.
FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
Grécia: sair da NATO e do euro? Agora no governo, o Syriza continua prórusso e pró-Putin (tal como Marine Le Pen…). Estamos conversados quanto ao ideal democrático desta amálgama de partidos de extrema-esquerda. Por Raquel Abecasis
Antes de quaisquer negociações com a troika, com a qual falta fechar o programa de ajustamento, o novo governo grego tomou medidas que aumentam a despesa pública e travam as privatizações. Apresentar factos consumados não é um sinal de disponibilidade de Atenas para dialogar com a UE. Mas o primeiro embate do governo de Tsipras com
As primeiras horas de exercício do novo poder na Grécia já demonstraram que Tsipras não está para brincadeiras, quer cumprir as promessas feitas em campanha, numa atitude de provocação ao poder instalado na União Europeia – leia-se Alemanha -, deixando também no ar a ideia de que se as coisas correrem mal a Grécia tem outras alianças ao seu dispor. É evidente que as coisas assim colocadas (ainda por cima, com declarações incendiárias como a do novo ministro das Finanças, que disse, em entrevista a um jornal francês: “faça o que fizer, diga o que disser, no fim a Alemanha paga na mesma”) não facilitam uma posição diplomática, nem auguram negociações fáceis. Mas em tempo de guerra não se limpam armas e os tempos são de “guerra”. A ideia de que a UE está preparada para uma saída da Grécia peca por falta de
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bom senso. Basta olhar para os acontecimentos dos últimos dias para o perceber. O critério económico não é o único, nem provavelmente o mais importante. Não é por acaso que nos últimos dias recrudesceu a atitude bélica da Rússia na Ucrânia, ao mesmo tempo que a Grécia vai avisando que não concorda com o aumento de sanções a Moscovo. Dir-se-á que a Rússia não está em posição de valer à Grécia, mas parece-me que na hora da verdade esse será o menor dos problemas de Putin e Tsipras, até porque no globo há outros candidatos a juntar forças. Antes de tomar decisões drásticas e irreflectidas, os líderes europeus deviam estudar um pouco de história, olhar para os antecedentes da Grécia e para a sua posição geoestratégica. É só um conselho.
UE reforça sanções contra a Rússia Grécia ameaça vetar, mas junta-se à posição comum da UE.
Foto Mário Cruz/Lusa Por Vasco Gandra, a Renascença em Bruxelas
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) decidiram reforçar por um período de seis meses as sanções diplomáticas que vigoram desde Março de 2014 contra pessoas ou entidades russas ou separatistas pró-russos que ameacem a soberania ou integridade da Ucrânia. Essa lista deverá ser alargada na próxima reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, no dia 9 de Fevereiro. Os chefes da diplomacia da UE mantém assim a pressão sobre Moscovo por causa da escalada de violência no leste de Ucrânia que provocou dezenas de mortos no último fim-de-semana. As sanções serão levantadas se a situação no terreno melhorar. “As sanções são um instrumento e, portanto, poderão cessar logo que haja um sinal inequívoco no terreno de que os separatistas e a Rússia estão dispostos aceitar um cessar-fogo e a aplicação das regras do acordo de Minsk. Neste momento, tem sido exatamente ao contrário, tem havido um agravamento da situação”, explicou o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete. A UE considera que não é possível uma solução militar para o conflito entre as autoridades ucranianas e os separatistas pro russos do leste do país. Por outro lado,
os "28" admitem que, se a situação no terreno não melhorar, então deverão ser encaradas novas medidas. O novo Governo da Grécia, liderado por Alexis Tsipras, do Syriza, ameaçou vetar novas sanções contra a Rússia, mas na reunião desta quinta-feira, em Bruxelas, o ministro grego dos Negócios Estrangeiros acabou por votar favoravelmente. Este dossier voltará a ser analisado pelos chefes de Estado e de Governo na próxima cimeira europeia, de 12 e 13 de Março, em Bruxelas. [notícia actualizada às 8h23]
Homem armado invade televisão pública holandesa O indivíduo foi detido rapidamente. Um homem armado invadiu esta quinta-feira as instalações da televisão pública holandesa, NOS, e exigiu tempo de antena antes de ser detido pela polícia, de acordo com o site do canal. A polícia reagiu rapidamente ao ataque, cercou o edifício e fez buscas às instalações até que oito agentes prenderam o transgressor que fez um porteiro refém. Não houve feridos. Em conferência de imprensa, as autoridades confirmam que o autor do ataque foi um homem de 19 anos, que vive em Pijnacker, mas não adiantam mais pormenores sobre o indivíduo ou sobre quais as suas motivações. O indivíduo terá garantido à polícia que não tinha ligações terroristas mas que pertencia a uma "cooperativa de hackers". A televisão NOS chegou a adiantar que o homem tinha uma carta em que, para além das reivindicações, dizia que havia bombas e até material radioactivo no edifício. No entanto, a polícia afastou essa possibilidade depois de buscas apertadas aos cinco andares do edifício. As autoridades confirmaram ainda que vai ser aberta uma investigação ao incidente. As emissões dos canais 1 e 2 da NOS foram interrompidas durante o ataque, altura em que o Telejornal estava a ser transmitido. O edifício do Canal 1, em Hilversum, onde o homem entrou com uma pistola, foi evacuado. A emissão do canal 2 foi retomada em Amsterdão e a do canal 1 a partir de Haia, depois de mais de uma hora de interrupção. A televisão retomou a normalidade pouco antes das 22 horas (hora portuguesa) dos estúdios de Hilversum.[Notícia actualizada às 22h10]
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Explosão em maternidade no México faz dois mortos Equipas no local resgataram vários bebés dos escombros. Grande parte do edifício ruiu.
de Cuajimalpa, México, y por sus familiares que el Señor les conceda paz y fortaleza — Papa Francisco (@Pontifex_es) January 29, 2015A empresa Gas Expréss Nieto tem antecedentes de acidentes graves relacionados com falhas durante o abastecimento. Em Julho uma situação parecida com a desta quinta-feira provocou a morte de duas pessoas, incluindo de uma criança de sete anos, e fez 150 desalojados. Outro incidente em Abril de 2012 deixou dois bombeiros feridos. [Notícia actualizada às 19h10]
Avião suspeito despenha-se na Venezuela Aparelho estava a ser seguido pelas autoridades. Foi encontrada droga.
Grande parte do edifício ruiu após a explosão. Foto: Jorge Nunez/ EPA
Um camião de gás explodiu junto ao Hospital Materno Infantil de Cajimalpa, na Cidade do México, esta quinta-feira. A explosão destruiu grande parte do edifício e matou duas pessoas. O número de vítimas mortais foi revisto em baixa de sete para duas pessoas, pelo presidente da Câmara, Miguel Angel Mancera. A explosão também fez 37 feridos, dos quais 22 são crianças. As equipas resgataram vários bebés dos escombros. Fausto Lugo Garcia, chefe do serviço de urgências, diz ser "muito provável" que existam mais pessoas encurraladas entre os escombros. Cerca de 40% do hospital ficou destruído devido à explosão, referiu Mancera. O momento da explosão filmado por Maximino Aviña Hurtado e publicado no YouTube Muitas áreas da Cidade do México não têm fornecimento de gás e dependem de entregas regulares feitas por camiões-cisterna. A explosão junto à maternidade terá sido causada por uma fuga na mangueira de abastecimento. O motorista do camião já foi detido e a empresa proprietária do pesado vai prestar declarações ainda esta quinta-feira. Imagens das televisões locais mostram várias vítimas com as caras ensanguentadas a serem levadas para ambulâncias. No local estão a Protecção Civil mexicana, a Polícia Federal e a Cruz Vermelha com 23 das suas ambulâncias e mais de 40 elementos. Nas operações participam ainda equipas especializadas em resgate com cães para ajudar a encontrar os desaparecidos. O Presidente do México, Enrique Peña Nieto, expressou a sua "tristeza e solidariedade aos feridos e aos familiares de quem perdeu a vida" no acidente. O Papa Francisco apelou à oração pelas vítimas: Recemos por las víctimas de la explosión en el hospital
Um avião civil suspeito, que já estava a ser seguido pelas autoridades, despenhou-se nas águas de Aruba, na Venezuela. O Ministério venezuelano da Justiça confirma que junto aos destroços do aparelho, ainda não identificado, foram encontrados corpos e pacotes com droga. Não há, para já, mais informações. [em actualização]
Desaparecimento do voo MH370 declarado um "acidente" O Boeing 777 desapareceu no dia 8 de Março de 2014, com 239 pessoas a bordo, quando se deslocava de Kuala Lumpur até Pequim.
Foto: Ahmad Yusni/ EPA
O desaparecimento do voo MH370 foi declarado um
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"acidente". A conclusão foi divulgada esta quarta-feira pelo Governo malaio. "Declaramos oficialmente o voo MH370 da Malaysia Airlines um acidente e presumimos que todos os 239 passageiros e tripulantes a bordo perderam as suas vidas", anunciou, em comunicado, Azharuddin Abdul Rahman, director do Departamento de Aviação Civil (DAC). O Boeing 777 desapareceu no dia 8 de Março de 2014, com 239 pessoas a bordo, quando se deslocava de Kuala Lumpur até Pequim. Esta declaração oficial abre caminho para o pagamento de compensações aos familiares das vítimas por parte da companhia aérea, o que deve acontecer imediatamente, acrescentou Azharuddin. A maioria dos passageiros a bordo era natural da China. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, espera que a Malásia "honre as suas promessas e investigue a fundo o incidente, chegando a acordo e fazendo as pazes com as famílias, mas especialmente continuando a fazer todos os esforços para encontrar o avião desaparecido e os seus passageiros". As buscas pelo aparelho vão continuar no Oceano Índico, onde os investigadores calculam que o avião se terá despenhado, depois de um desvio de milhares de milhas da sua rota inicial. Quatro meses depois do acidente no Índico, outro voo da Malaysia Airlines – o voo MH17 –, entre Amsterdão e Kuala Lumpur, foi abatido quando sobrevoava a Ucrânia em Julho. Todas as 298 pessoas a bordo morreram.
Epidemia de ébola pode estar em fase de resolução Pela primeira vez, desde Junho de 2014, foram contabilizadas menos de uma centena de infecções no espaço de uma semana.
O mundo está a caminhar para a resolução da epidemia de ébola, de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgados esta quinta-feira. O número de novos casos foi de 99 na última semana. Pela primeira vez, desde Junho de 2014, foram contabilizadas menos de uma centena de infecções. “A resposta à epidemia de ébola avançou agora para
uma segunda fase, em que o foco passa para o abrandamento da transmissão para acabar com a epidemia”, refere a OMS. O surto começou em Dezembro de 2013, mas só foi detectado em Março do ano seguinte na África Ocidental. Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri foram os países mais atingidos. A epidemia provocou pelo menos 8.795 mortes, num total de 13.675 casos confirmados laboratorialmente.
Direitos humanos são “bússola” e não “luxo” da acção política Relatório da Human Rights Watch conclui que "os governos estão a cometer um grave erro quando ignoram os direitos humanos para reagir aos sérios desafios à segurança".
Foto: EPA
A defesa e a protecção dos direitos humanos não devem ser consideradas "um luxo" em tempos de crise, mas uma "bússola fundamental da acção política". A mensagem é deixada no relatório anual da organização Human Rights Watch (HRW). No documento, divulgado esta quinta-feira ,no Líbano, a HRW analisa as práticas em mais de 90 países e aponta "um caminho" num contexto de "crise e caos". Com o título "Os direitos não são um mal em tempos difíceis", o 25º relatório anual da organização conclui que "os governos estão a cometer um grave erro quando ignoram os direitos humanos para reagir aos sérios desafios à segurança". No documento, de 656 páginas, a organização dá vários exemplos, começando pela ascensão do grupo fundamentalista autodenominado Estado Islâmico, "um dos desafios globais que desencadeou uma subordinação dos direitos humanos". Porém, recorda a Human Rights Watch, o Estado Islâmico "não surgiu do nada", estando associado a vários factores internacionais, nomeadamente a "políticas abusivas dos governos iraquiano e sírio" e "um vazio na segurança iraquiana criado pela invasão dos Estados Unidos".
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Outro dos exemplos mencionados diz respeito à Nigéria, onde o grupo fundamentalista Boko Haram tem sequestrado civis e atacado mercados, mesquitas e escolas. Mas também nos Estados Unidos se tem verificado uma "tendência para ignorar os direitos humanos quando existem desafios à segurança", realça a organização. "Em demasiados países, incluindo Quénia, Egipto e China, os governos e as forças de seguranças têm respondido a ameaças terroristas reais ou pressentidas com políticas abusivas, que, em último caso, incitam às crises", indica ainda o relatório. "As violações de direitos humanos desempenharam um papel fundamental na gestação ou no agravamento de muitas das crises de hoje", sustenta o director executivo da organização, Kenneth Roth, citado no comunicado emitido a propósito do lançamento do relatório. "Proteger os direitos humanos e assegurar a responsabilidade democrática são as chaves para resolver essas crises", contra-argumenta.
Unicef alerta para uma nova geração de crises humanitárias Organização estima que vai precisar de 2,7 mil milhões de euros para ajudar 62 milhões de crianças. A Unicef precisa de 2,7 mil milhões de euros para poder ajudar 62 milhões de crianças. A organização das Nações Unidas para a infância lançou um apelo onde reconhece que este valor é o maior de sempre, representando um salto de mil milhões de dólares nas necessidades de financiamento. “Desde catástrofes naturais mortíferas até aos conflitos brutais e epidemias galopantes, as crianças do mundo estão perante uma nova geração de crises humanitárias,” afirmou Afshan Khan, directora dos programas de emergência da Unicef. “Quer cheguem às manchetes quer aconteçam longe dos olhares, as emergências provocadas por fracturas sociais, alterações climáticas e doenças estão a atormentar as crianças de maneiras nunca antes vistas”, lê-se no comunicado. A nota enviada à imprensa recorda que mais de uma em cada dez crianças no mundo – ou seja 230 milhões – vivem actualmente em países e zonas afectadas por conflitos armados. A Unicef explica onde pretende gastar o dinheiro. “A maior fatia do apelo destina-se à Síria e respectiva subregião. A organização está a pedir 903 milhões de dólares para a resposta regional a fim de proteger as crianças em risco e prestar assistência crucial, nomeadamente através da imunização, água potável e saneamento, e educação”, referem. [notícia corrigida às 6h52 - Unicef precisa de 2,7 e não 3 mil milhões de euros]
Ataques no Egipto reivindicados pelo Estado Islâmico Atentados fizeram pelo menos 27 mortos e dezenas de feridos.
Foto: EPA/Khaled Elfiqi
O braço do Estado Islâmico no Sinai e no Suez reivindicou os quatro ataques que fizeram, pelo menos, 27 mortos e dezenas de feridos no Egipto. Através da conta do Twitter, o grupo terrorista reclama os atentados desta quinta-feira contra dois postos de controlo, uma base militar, um jornal e um hotel. O Egipto tem sido alvo de várias ofensivas rebeldes na província do Sinai, alegadamente levada a cabo por grupos jihadistas. O mais activo, Ansar Bayt al-Maqdis, jurou lealdade ao Estado Islâmico. O ataque mais grave foi contra uma base militar, um hotel e um jornal. Só aqui morreram 25 pessoas. Nos outros locais morreram um militar e um polícia. [Actualizado às 23h04]
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Sexta-feira, 30-01-2015
Boko Haram destrói mais de 40 igrejas no Níger "Boko Haram quer o massacre total de todos os cristãos do Níger", diz fundação dependente da Santa Sé.
humanitária pode agravar-se. Catarina Martins lembra que a situação sempre foi complicada para os cristãos do Níger, mas os ataques não têm como alvo apenas as igrejas. "Neste ataque do início da semana também incendiaram bares, restaurantes, postos de gasolina, orfanatos e tentaram incendiar um hospital que está a cargo das irmãs de Madre Teresa", refere. A Igreja do Níger pede "apenas orações" porque "não sabem muito bem o que vai acontecer" nos próximos tempos. "É preciso ver até que ponto é que se pode ajudar a construir estas igrejas destruídas. A Conferência Episcopal [do Níger] também marcou para ontem, 28 de Janeiro, uma dia de oração pelos irmãos do Níger".
Depois dos duches, a "Barbearia do Papa" para os sem-abrigo Foto: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
Decisão do Papa tem como objectivo "dar dignidade aos que mais precisam".
Por Ângela Roque
Pelo menos dez pessoas morreram e 45 igrejas foram destruídas e saqueadas nos mais recentes ataques que os radicais islâmicos do Boko Haram lançaram esta semana no Níger. A denúncia parte de uma irmã no local, cujo nome não é divulgado por razões de segurança, que contactou a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), organização dependente da Santa Sé. "A irmã enviou um email para a AIS na Alemanha, para o nosso Secretariado Internacional, para dar a conhecer o que a Igreja no Níger está a passar neste momento", explica à Renascença Catarina Martins, da AIS em Portugal. Por altura do Natal, os radicais já tinham ameaçado queimar todas as igrejas do Níger e atacar os cristãos, mas a violência agravou-se no início desta semana, em resultado de uma série de manifestações contra a publicação de caricaturas de Maomé na comunicação social ocidental. "A irmã escreve que o Boko Haram quer o massacre total de todos os cristãos do Níger, que não haja sequer um único cristão no Níger", acrescenta Catarina Martins. "Quem está ligado à Igreja, padres, irmãs, todos tiveram de fugir. Sabemos que estão todos refugiados. Esta irmã contou que nunca mais pode ir à missa. Neste momento, no Níger, os cristãos não podem expressar a sua fé, não podem sequer ir à igreja para rezar para estar. E há uma mensagem dos bispos a pedir que não haja qualquer serviço na igreja para evitar que haja estes ataques", conta. Uma das igrejas incendiadas foi a de Santa Teresa, que tinha aberto ao culto apenas em Outubro passado e cuja construção contou com o apoio da AIS. Futuro incerto A Fundação AIS vai continuar atenta, até porque com a presença no Níger de muitos refugiados de países vizinhos, como do Mali e da Nigéria, a situação
Foto: EPA Por Aura Miguel
A partir de 16 de Fevereiro, os sem-abrigo que vivem nos arredores do Vaticano vão poder frequentar a "Barbearia do Papa". A iniciativa surge depois dos duches, sacos-cama e espaços para lavar a roupa lançados pelo Papa. Vários voluntários já ofereceram tesouras, lâminas de barbear, espelhos, cadeiras e tudo o que é preciso para um embelezar barba e cabelo, noticia o jornal "La Stampa". A decisão do Papa tem como objectivo "dar dignidade aos que mais precisam" e tratar do "bem comum da cidade" de Roma. Os barbeiros voluntários já se inscreveram para ajudar. Alguns são estudantes dos últimos anos da escola de barbeiros e cabeleireiros de Roma. A recente iniciativa para os pobres da cidade é promovida por uma organização de caridade do Papa, liderada pelo arcebispo Konrad Krajewski, cujas ordens foram para não ficar atrás de uma mesa tinha, mas para se tornar a sua extensão nas ruas. Em Novembro do ano passado, o Papa Francisco mandou instalar três duches no interior das casas de banho, que existem por baixo das colunas da basílica
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de S. Pedro, para que os sem-abrigo da região do Vaticano possam lavar-se e trocar de roupa. PEDRO GIL
“Igreja precisa de mais mulheres na comunicação” Director do Gabinete de Imprensa da Opus Dei deixa pistas sobre como se pode melhorar a comunicação da Igreja em Portugal e fala da urgência de ter pessoas com formação específica a trabalhar nesta área.
Foto: Lusa Por Filipe d'Avillez
O director do gabinete de imprensa da Opus Dei considera que a Igreja devia formar mais mulheres para melhorar a sua comunicação. Pedro Gil refere que a Igreja portuguesa tem mostrado optimismo em relação à comunicação e as redes sociais, e que “a realidade vai-se aproximando desse optimismo, mas ainda não chegou lá.” Em entrevista, o responsável pela comunicação exterior do movimento católico deixa ainda algumas pistas sobre como melhorar a relação das instituições católicas com os média e o público em geral. É mais difícil comunicar a Igreja do que outra instituição? Comunicar a Igreja é mais desafiante, porque importa não apenas comunicar coisas superficiais, mas, no fundo, a verdade sobre o homem. Isto não se faz com teorias, faz-se sobretudo mostrando histórias e isso tem uma dificuldade própria. Contudo, creio que não há comunicação amadora que funcione. Se a comunicação for profissional penso que mesmo os desafios mais difíceis se conseguem ultrapassar. Estamos a falar de temas por vezes complexos, questões ligadas à vida, à bioética e filosofia. A mensagem que a Igreja tem a transmitir é compatível com uma era de comunicação que depende muito do “sound bite”? Há muitos níveis de comunicação. Há uma comunicação breve, rápida e intuitiva. Há uma comunicação mais trabalhada, mais calma, e depois há
o momento máximo da comunicação, que é a comunicação interpessoal. Julgo que qualquer cristão tem de estar disponível para saber actuar nos três âmbitos, respeitando as regras próprias de cada. Há um conjunto de dicas que se podem dar ao comunicador cristão no mundo de hoje. A mensagem tem de ser positiva e não negativa; relevante para quem ouve, mais do que para quem fala e clara, que não seja preciso uma segunda explicação. Quando ao comunicador, tem de ser credível – as suas acções têm de confirmar as suas palavras. Tem de ser compreensivo com os outros, sem os julgar, e tem de ser amável – a sua presença tem se ser tal que as pessoas desejam estar com ele. O modo de comunicar é bom que seja profissional, dirigido a todos e não apenas aos cristãos, porque aquilo que o cristão tem para transmitir, a fé, é para todos e gradual, isto é, a comunicação tem de ser feita com a paciência que o agricultor tem ou pelo menos com aquela paciência de quem caminha com os outros. A dica para tudo é o grande segredo do cristão, que é a caridade. Num mundo que é duro e frio, vale o ás de trunfo que o Papa Francisco tem apontado, que é a bondade e a ternura. A Igreja tem uma camada de liderança, os bispos, que não são necessariamente escolhidos pelo seu carisma, mas que são as pessoas a quem se pede sempre comentários e posições para os média. A Igreja devia preocupar-se em formar e ter pessoas para trabalhar a comunicação, que sejam especialistas em comunicação e que preencham esses requisitos todos, para fazer as vezes dos bispos? É uma necessidade absoluta preparar pessoas para saber estar nos vários meios de comunicação. Cada meio de comunicação tem as suas regras próprias. As regras não fomos nós que inventámos, é a própria realidade que é assim. Quem, portanto, se predispõe a ir falar a um meio de comunicação e não está disponível para aceitar essas regras, talvez seja bom repensar a sua presença e fazer-se substituir por outro. Gostaria de chamar atenção para uma ideia do Papa Francisco na mensagem deste ano para as comunicações sociais, onde diz que a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Eu falo disto porque foi uma orientação prática que me foi dada antes de ir participar num debate na televisão, que sabia que ia ser um ambiente hostil. Um profissional com décadas de experiência, disse-me: “quando estiver no debate fale como se estivesse a falar para a sua própria mãe”. Achei curioso que ele sugerisse que eu adoptasse as boas práticas que existem dentro da família. O paradigma da comunicação entre pessoas que confiam umas nas outras, é um paradigma inspirador para quem vai ter de ter presença num espaço público. Em Portugal, o porta-voz da Conferência Episcopal nos últimos anos tem sido um padre. Há caminho a fazer para a Igreja portuguesa valorizar pessoas formadas nesta área? Penso que há um caminho percorrido, e há muito caminho por percorrer. Quando a Igreja se quer manifestar próxima das pessoas, de ir ter com as periferias, com quem está longe, está a pedir uma disponibilidade própria das mães.
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Estou propositadamente a falar sobre o paradigma da mãe como comunicadora, porque também isso pode ajudar a perceber como uma figura feminina como porta-voz de instituições da Igreja é um caminho acertado. Claro que não é exclusivo... Mas é um caminho bastante acertado. A Conferência Episcopal Americana tem uma portavoz... E em algumas das dioceses também é assim. Sei que algumas dioceses em França e na Inglaterra também já fazem assim e penso que o Papa Francisco, quando valoriza a presença das mulheres em funções que não exigem como requisito o sacramento da ordem, está a abrir um espaço que, em primeiro lugar, abrange toda a área da comunicação. Ouvimos muito os bispos a falar da importância das redes sociais, mas bispos portugueses nas redes sociais são muito poucos. Portugal é um mau exemplo no aproveitamento das redes por parte da Igreja? Há redes sociais com exigências diversas. Cada uma tem necessidades próprias. Há uma característica comum, é que todas elas exigem um grande investimento de gestão de tempo para manter uma identidade firme, segura e paciente ao longo do tempo. Quem na Igreja tem funções de chefia nas dioceses não terá tempo para gerir isso. No mundo das empresas já existe a figura do gestor das redes sociais, a pessoa que, para uma organização, faz a função de gerir essas presenças. Não tem nada de estranho, não estamos a falar de uma fantasia ou de um disfarce. As contas de Facebook de alguns dos eclesiásticos do mundo não são geridas por eles, mas por outras pessoas, como é óbvio. Quem gere uma instituição muito grande não tem tempo para tudo. Também não é o Papa quem gere a sua conta do Twitter. Aqui em Portugal há poucos passos dados, há muitos passos para dar. Mas o mundo das redes sociais está em maturação e não sabemos bem que caminhos vai tomar. Penso que a disposição da Igreja portuguesa é optimista, a realidade vai-se aproximando desse optimismo, mas ainda não chegou lá.
Novas demissões na direcção do Teatro Nacional de São Carlos Alterações foram aprovadas, esta quintafeira, em Conselho de Ministros. Depois da saída de Paolo Pinamonti da direcção artística do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, agora é confirmada a demissão da actual direcção da OPART - organismo que gere aquela sala de ópera de Lisboa. Numa nota enviada esta quinta-feira, a secretaria de Estado da Cultura confirma a exoneração de José António Falcão e de João Consolado do conselho de administração da OPART.
No mesmo comunicado, o gabinete de Jorge Barreto Xavier confirma a nomeação de José de Monterroso Teixeira como presidente do conselho de administração e a de Sandra Simões como vogal. As alterações aprovadas em Conselho de Ministros contemplam ainda a manutenção de Adriano Jordão como vogal da OPART. José de Monterroso Teixeira é doutorado em História pela Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões e desempenhou, entre outros, os cargos de director do Museu Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança; do Paço Ducal de Vila Viçosa; do Museu de Évora (1988-1992) e do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém (1992-1997). Já Sandra Maria Albuquerque e Castro Simões é licenciada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de vogal do Conselho de Administração do Teatro Nacional D.Maria II, com a responsabilidade da área financeira.
Arquitectos portugueses na corrida ao Edifício do Ano Na lista de 70 finalistas, há nove projectos de arquitectos portugueses desenhados para o país ou para o estrangeiro.
"The Building on the Water", de Álvaro Siza e Carlos Castanheira
Nove projectos de arquitectos portugueses, entre eles Álvaro Siza e Pedro Campos Costa, foram incluídos na lista de 70 finalistas ao prémio internacional Building of The Year 2015, promovido pela plataforma "online" Archdaily, dedicada à arquitectura. Nesta sexta edição do prémio, atribuído pelo público que visita a plataforma, estavam disponíveis para votação - que terminou na quarta-feira - cerca de 3.000 projectos de todo o mundo. Fundada em 2008, a Archdaily é uma plataforma "online" de informação e divulgação da arquitectura que contabiliza 350 mil visitas diárias e atribui anualmente este prémio a projectos que se estacam pela inovação espacial, social, material e técnica. São escolhidos cinco projectos finalistas por cada
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uma das 14 categorias, que abrangem desde desporto, cultura, hotel, casas, remodelação, escritórios e espaços comerciais. Na lista de 70 finalistas há nove projectos de arquitectos portugueses desenhados para o país ou para o estrangeiro. Entre os finalistas estão, na categoria Casas, a Sambade House do atelier português Spaceworkers, na categoria Moradias surge a DM2 Housing do ateliê OODA, e na categoria de Hospitalidade está o White Wolf Hotel, do atelier AND RÉ, a Casa no Tempo dos arquitectos Aires Mateus e de João e Andreia Rodrigues, e o Ozadi Hotel, de Pedro Campos Costa. Também em Portugal são finalistas os projectos JA House, de Filipe Pina e Maria Inês Costa na categoria de Remodelação, e o Centro de Artes Nadir Afonso/Louise Braverman. Há ainda projectos de portugueses no estrangeiro, nomeadamente, na categoria de Escritórios, "The Building on the Water", de Álvaro Siza e Carlos Castanheira, desenhado para a China, e na categoria de Arquitectura Cultural, o Fogo Natural Park Venue, em Cabo Verde, do atelier português OTO. Os vencedores do prémio Building of the Year 2015 vão ser escolhidos "online" até 5 de Fevereiro. REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Todas as cores
"Hulk quer a desforra", lê-se na manchete de O Jogo. O brasileiro falou ao jornal nortenho sobre o recorde de golos de Jackson Martinez e afirma: "Quem sabe não volto daqui a dois anos para ultrapassá-lo". Em A Bola, a apresentação do refrorço do Benfica, Jonathan: "Sou um jogador explosivo". A mesma declaração está na primeira página do Record, mas o maior espaço é dedicado ao Sporting: "Bruno Uvini negociado". Trata-se de uim defesa central brasileiro, que joga no Nápoles. Ainda no Record, as eleições na FIFA: "Levar Blatter para a 2ª. volta seria a vitória de Figo". Em A Bola, destaque também para Gonçalo Paciência. "Tal pai, tal filho" é o título.
Futebol "non stop" De todos os jogos a disputar, três, pelo menos, reclamam especial atenção. Porto e Benfica jogam com a vantagem de receber nos seus estádios os adversários que lhes cabe defrontar, Paços de Ferreira e Boavista, respectivamente, enquanto ao Sporting se coloca uma tarefa mais delicada.
Estamos a atingir o período do ano em que a actividade do futebol regista maior intensidade. O campeonato acaba de fazer uma sensacional incursão na segunda página do seu calendário, as competições europeias, já só com dois sobreviventes, regressam daqui a pouco, a Taça da Liga começa agora a despertar verdadeiro interesse. Em relação a esta última, estão lançados praticamente todos os dados. Ou seja, nas meias-finais, a disputar dentro de duas semanas, o quadro está quase completo. Como se esperava, Benfica, Porto e Marítimo já marcaram lugar, restando apenas saber qual será a outra equipa a ser chamada ao próximo apuramento. Setúbal e Belenenses perfilam-se como principais candidatos, mas o Sporting espreita ainda uma oportunidade de poder vir a defrontar o Benfica, pese embora as suas possibilidades serem relativamente menores, porque não depende apenas de si próprio. Os leões ficaram, de resto, a dever a si próprios este adiamento, após um jogo em que estiveram muito tempo por cima e, além disso, com a vantagem de terem apenas dez adversários pela frente. A isto opôs-se o mérito do Vitória de Setúbal que tenta, a todo o transe, reocupar o lugar de que já desfrutou na Taça da Liga. E como o futebol não pára, o campeonato volta ao seu trilho normal. De todos os jogos a disputar, três, pelo menos, reclamam especial atenção. Porto e Benfica jogam com a vantagem de receber nos seus estádios os adversários que lhes cabe defrontar, Paços de Ferreira e Boavista, respectivamente, enquanto ao Sporting se coloca uma tarefa mais delicada. Jogar em Arouca, contra uma equipa aguerrida e a necessitar de pontos para alcançar a salvação, não parece uma dificuldade intransponível, mas requere cuidados e uma enorme aplicação. Veremos que números vão sair desta tômbola que vai começar a rodar já na próxima noite.
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ABEL FERREIRA
"Bruno de Carvalho aprendeu que o quero, posso e mando não funciona no futebol" Abel Ferreira foi demitido da equipa B do Sporting, esta época, após duas sessões de trabalho na Academia. Treinador considera que serviu de exemplo para que o presidente não cometesse o mesmo erro com Marco Silva. Abel Ferreira foi demitido do comando técnico do Sporting B, no início da temporada, de forma surpreendente, não só porque a equipa tinha atingido os objectivos na época anterior, mas principalmente pelo "timing". Abel já tinha orientado dois treinos, quando foi informado da decisão da direcção leonina. O treinador recusou abrir polémica sobre o tema, contornou a curiosidade de jornalistas e adeptos, mas agora, em Bola Branca, apresenta uma justificação para a saída do Sporting, estabelecendo um paralelismo com o que se passou, recentemente, com Marco Silva. "O que aconteceu comigo, a uma escala mais reduzida, foi o que ia acontecendo com o Marco Silva. O presidente aprendeu que o eu posso, eu mando e eu quero não funciona no futebol", sublinha Abel, acrescentando que Bruno de Carvalho não cometeu o mesmo erro com o actual treinador da equipa principal. "Uma das coisas que este presidente aprendeu com o que aconteceu foi não cometer o mesmo erro duas vezes. Tomou uma decisão fantástica ao manter o Marco Silva. O presidente do Sporting, sendo inteligente, percebeu que o 'eu' ganha muito poucas vezes no futebol. Ele é um ganhador e aprendeu que só o 'nós' faz sentido", reforça o técnico, que esteve mais de oito anos no Sporting, primeiro como jogador, depois como treinador. Conversa com Bruno de Carvalho Abel admite que poderá ter funcionado como exemplo, recordando que foi uma escolha da direcção anterior. Realça, no entanto, que disse "tudo o que tinha a dizer na cara do presidente". Optando, uma vez mais, por reservar para si mesmo o máximo de informação sobre o que aconteceu, o treinador revela que questionou Bruno de Carvalho sobre as razões que motivavam o seu despedimento e não obteve resposta satisfatória. Nesse sentido, disse ao presidente, "cara na cara, que gostava de ter sido demitido como deve ser demitido um treinador, isto é, quando não atinge os objectivos". "Não foi o caso, porque superámos a classificação do ano anterior e metemos jogadores na equipa A a contribuir de forma directa [para o desempenho da equipa]", acrescenta.
Por fim, Abel recorda que foi o primeiro treinador a dar um título a Bruno de Carvalho, com a conquista da Taça de Honra da AF Lisboa, em Julho de 2013. O treinador, de 36 anos, optou por cumprir um ano sabático, após o despedimento do Sporting, clube com o qual tinha mais dois anos de contrato. Sportinguista assumido, Abel Ferreira declara que "foi uma honra e um prazer servir o Sporting durante quase dez anos". Jogador da equipa leonina durante cinco épocas e meia, viu a sua carreira abreviada, após uma lesão grave num joelho, sofrida aos 32 anos. Assinou contrato como treinador, foi campeão de juniores e orientou a equipa B em 2013/14, fechando a época no 6º lugar da Segunda Liga. BENFICA
Estes já não escapam. Jonathan e Elbio confirmados Encontravam-se em Lisboa desde sábado, mas só nas últimas horas houve "luz verde" entre Benfica e Peñarol para a oficialização das transferências.
Foto: slbenfica.pt
O Benfica confirmou, esta quinta-feira, a contratação de Jonathan Rodríguez e Elbio Álvarez ao Peñarol. Os dois jogadores uruguaios já se encontravam em Lisboa desde o passado sábado, mas as dificultadas negociações entre os dois clubes pelo avançado Jonathan Rodríguez atrasaram a oficialização do acordo. A SAD dos campeões nacionais paga dois milhões de euros por 40% do passe de Jonathan, que é emprestado às águias por dois anos e meio. Caso pretenda exercer o direito de opção sobre os restantes 60% dos direitos do jovem dianteiro, os encarnados terão de desembolsar mais quatro milhões. Elbio Álvarez, por seu turno, é já contratado a título definitivo pelo Benfica.
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Sexta-feira, 30-01-2015
Ameaças a árbitros. Benquerença pede acção "antes que aconteça algo de trágico" Juiz de Leiria entregou insígnias da FIFA esta quinta-feira, por limite de idade. Conheça o alerta de Olegário Benquerença.
Olegário Benquerença despediu-se da carreira de árbitro internacional, esta quinta-feira, com um alerta dramático ao Governo e a várias autoridades do futebol, no que concerne à segurança das equipas de arbitragem. Na sequência das ameaças feitas ao juiz João Capela, na véspera do jogo entre o Marítimo e o FC Porto, no passado fim de semana, num restaurante do Funchal, o juiz de Leiria exorta as "entidades legisladoras sejam mais severas a punir os infractores, antes que aconteça algo de trágico na arbitragem". "Apesar de todos os apelos e esforços, continuamos a assistir a ataques cobardes e a campanhas intimidatórias. Este não é um problema do clube A ou B. A história tem demonstrado que os comportamentos se têm generalizado, sem que as entidades punam severamente os pirómanos do nosso futebol. Urge tomar medidas ainda mais severas e dissuasoras nestes comportamentos, sob pena de virmos a assistir num futuro próximo a alguma tragédia irreparável", atirou, sem reservas ou censura.
ELEIÇÕES FIFA
Isto ainda não acabou. Ginola volta atrás e já não desiste Primeiro, o anúncio da devolução de donativos, em tom claro de despedida da corrida pelas eleições da FIFA. Agora, via "Twitter", o reverso da medalha. Antigo internacional francês não deita toalha ao chão.
David Ginola está a protagonizar uma interessante recta final da data limite para a entrega de candidaturas à presidência da FIFA. Depois de ter dado claramente a entender que se retirava da corrida pela cadeira que tem sido ocupada por Sepp Blatter, o antigo internacional francês terá ponderado melhor sobre o quadro de opções e anunciou que não desistiu. "Não desisti, ainda estou na corrida para reformular o futebol. Não vou desistir... as candidaturas definitivas poderão não ser conhecidas antes 8 de Fevereiro", postou Ginola, na conta pessoal da rede social "Twitter". Ao final da tarde, o site oficial da (suposta) candidatura de David Ginola apresentou um comunicado assinado pelo próprio gaulês, no qual se podia ler, em tom de despedida, que todos os donativos iriam ser devolvidos. Refira-se, até para alerta do próprio Ginola, que a entrega de candidaturas ao acto eleitoral de 29 de Maio expira às 23h00 desta quinta-feira. Hora de Portugal Continental.
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