EDIÇÃO PDF Quarta-feira, 08-07-2015 Edição às 08h30
Directora Graça Franco Editor Carla Caixinha
PORTUGAL EM 2015
Temos a maior população emigrada da Europa e estamos mais precários Europa dá cinco dias à Grécia e tem plano para saída do euro
Sampaio da Nóvoa: "Apoio do PS é muito importante para mim" PAPA NA AMÉRICA DO SUL
"Um pobre que morre não é notícia, mas se as bolsas baixam há um escândalo" BASTONÁRIO DOS ECONOMISTAS
Portugal está melhor, os portugueses (ainda) não Nove PSP com processos disciplinares pelos incidentes na Cova da Moura
Passos declara "guerra sem quartel às desigualdades"
Reportagem da Renascença "A Sul da Sorte" vence Prémio Gazeta Multimédia
Contribuintes têm Oficial. Bryan Ruiz de validar facturas é do Sporting de saúde com IVA a 23%
2
Quarta-feira, 08-07-2015
PORTUGAL EM 2015
Temos a maior população emigrada da Europa e estamos mais precários Estudo "Três Décadas de Portugal Europeu" traça um retrato desde a integração europeia.
Foto: Lusa
O Estado da Nação está em debate esta quarta-feira no Parlamento. Como evoluiu Portugal no último ano? É a pergunta do dia. E bem a propósito, chega o estudo "Três Décadas de Portugal Europeu", promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que faz um balanço da integração europeia desde 1986. Primeiro, os números. Portugal tem a taxa de população emigrada mais alta da União Europeia. Com mais de cinco milhões de pessoas de origem portuguesa espalhadas pelo mundo, Portugal apresenta actualmente a taxa de população emigrada mais elevada dos 28 e é o sexto país em número de emigrantes. Segundo o estudo "Três Décadas de Portugal Europeu", promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que faz um balanço da integração europeia desde 1986, as sucessivas vagas de portugueses que partiram rumo às Américas (Brasil, Venezuela, EUA ou Canadá), à Europa (França, Alemanha, Luxemburgo, depois Suíça, Espanha ou Reino Unido) ou às excolónias (agora Angola ou Moçambique) terão acumulado mais de dois milhões de emigrantes e espalhado pelo mundo e mais de cinco milhões de pessoas de origem portuguesa neste período. O número de novos emigrantes já ultrapassa os 50 mil, ultrapassando desde 2011 a chegada de imigrantes, cujo valor caiu de um máximo de 80 mil em 2002 para menos de 20 mil em 2013. Em 2012, Portugal regista mesmo a segunda taxa de imigração mais reduzida da UE, refere o trabalho, coordenado por Augusto Mateus e que vai ser apresentado esta quarta-feira em Lisboa. A evolução das taxas de emigração e imigração reflecte o impacto da crise financeira em países como Irlanda, Espanha, Grécia e Portugal que estão entre os Estadosmembros em que a taxa de emigração mais subiu e a taxa de imigração mais caiu desde 2008.
Vivem hoje no país mais meio milhão de pessoas do que à data de adesão à CEE, mas após registar um máximo populacional de 10,6 milhões em 2008/2010, a população regrediu uma década encontrando-se agora abaixo dos 10,5 milhões. As projecções europeias para 2013/2080, apontam para um cenário em que Portugal terá menos de dez milhões de habitantes até 2030, menos de nove milhões até 2050 e perderá um quarto da sua relevância na população europeia até 2060, evoluindo em linha com a Grécia. O saldo natural (diferença entre nascimento e mortes) estreitou-se, até passar a ser negativo em 2007, e desde 2011, o saldo migratório (diferença entre imigrantes e emigrantes) acentuou também a tendência negativa. Em 2012/2012, o país já perdia cinco a seis habitantes por cada mil. A população estrangeira, que chegou a multiplicou por mais de cinco vezes desde 1986 e superou um máximo de 450 mil em 2009, recuou mais de 50 mil desde a crise financeira. Na altura em que Portugal aderiu à CEE, a maioria dos estrangeiros era oriunda das ex-colónias, nomeadamente de Cabo Verde, mas hoje um em cada cinco estrangeiros é oriundo dos PALOP (Países de Língua Oficial Portuguesa), outro do Brasil e outro de Leste. No contexto do programa de assistência financeira, Portugal foi o nono Estado-membro na UE28 que mais perdeu população (-1%), atrás da Grécia e da maioria dos países do alargamento que encolhem há mais de duas décadas, como Hungria, Bulgária, Roménia, Letónia, Lituânia ou Estónia. Mais trabalhadores dependentes, mas cada vez mais precários Três décadas depois da adesão de Portugal à CEE, o número de trabalhadores dependentes aumentou, mas a ligação à entidade patronal tornou-se mais precária e, em 2013, um em cada cinco assalariados eram contratados a prazo. "O desenvolvimento do mercado de trabalho tem sido marcado pela crescente relevância do trabalho assalariado, cujo peso no total de emprego aumentou, entre 1986 e 2013, de 69% para 78%", indica o estudo coordenado por Augusto Mateus. Revela-se que o trabalho dependente tem sido impulsionado pela contracção a prazo: Em 2013 mais de 700 mil trabalhadores estavam contratados a prazo, ou seja 21% do total dos assalariados, traduzindo-se num crescimento de 50% face a 1986 e tornando Portugal no terceiro Estado-membro onde os contratos a termo têm maior peso, apenas atrás de Espanha e Polónia. O relatório adianta que a evolução da legislação laboral tem agravado "o diferencial de protecção entre contratos a prazo e contratos permanentes", sublinhando que "os esforços no sentido de reduzir a rigidez das relações laborais têm incidido sobretudo sobre os contratos a prazo, mantendo-se um elevado nível de protecção entre contratados sem termo". Na comparação com outros Estados-membros tornam-se mais evidentes as distorções da legislação laboral portuguesa: os custos financeiros e processuais para despedir um trabalhador com vínculo permanente são dos mais elevados, enquanto o custo associado ao
3
Quarta-feira, 08-07-2015
despedimento colectivo é dos mais baixos da Europa. A evolução no mundo laboral caracterizou-se também por uma significativa redução do horário. Em 2013, cada português empregado trabalhava, em média, 39 horas por semana, menos cinco que em 1986, mas nos últimos anos a tendência é de aumento das horas trabalhadas, "induzido pela degradação do mercado de trabalho e pelas alterações legislativas ao nível do sector público". Entre os parceiros europeus, Portugal destaca-se igualmente pela reduzida disparidade de horário laboral entre géneros. Em 2013, os homens trabalhavam em média mais três horas do que as mulheres, menos de metade do diferencial europeu e em contraste com a situação verificada na Holanda, Reino ou Alemanha, em que a diferença é superior a nove horas. O ritmo de crescimento da população empregada foi particularmente intenso até 2002, tendo sido criados 850 mil postos de trabalho. "A estagnação verificada ao longo da década de 2000 e a destruição líquida de 600 mil empregos entre 2008 e 2013 reverteram na totalidade a criação de emprego registada entre 1995 e 2002", acrescenta o documento. Portugal destina uma maior percentagem da riqueza nacional às prestações sociais por motivo de velhice, sobrevivência e desemprego, mas dedica menos 2% do PIB em prestações por motivo de doença e cuidados de saúde, enquanto o peso das prestações associadas à família e às crianças (1,2%) é cerca de metade do referencial europeu (2,2%). Portugal é o quinto Estado-membro onde as contribuições sociais menos pesam no financiamento do sistema de protecção social, mas regista o terceiro maior contributo de outras receitas correntes, sobretudo fundos comunitários.Estamos entre os países com mais filhos únicos O trabalho encomendado pela FMMS revela que entre 1986 e 2013, Portugal passou de um extremo ao outro na generalidade dos rankings de envelhecimento da UE, superando a média comunitária e aproximando-se de países como Alemanha, Itália, Espanha, Grécia ou Bulgária. Em 1986, o país contava com 23% de jovens e 12% de idosos, mas hoje menos de 15% são jovens e os idosos, que viram a sua esperança média de vida aumentar seis anos e meio nos últimos 28 anos, representam já um quinto da população. Em 2013 era o quinto Estado-membro com mais idosos por cada jovem. A despesa com pensões de velhice e sobrevivência acompanhou esta tendência, passando de 40% em 1990 para 55% do total de prestações sociais em 2012, num total de 14% do PIB. Portugal é o terceiro Estado-membro no 'ranking' dos filhos únicos, mas cai para 25.º lugar entre os países com dois filhos e desce para o 27.º entre os que têm agregados familiares com três ou mais filhos. Mesmo assim, Portugal é o oitavo Estado-membro na proporção de agregados com filhos, ficando acima da média europeia. Desde a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE), a dimensão média das famílias portuguesas desceu de 3,3 para 2,6 pessoas, com os efeitos da crise a reflectirem-se também nos comportamentos das estruturas familiares: em 2013, o número de casais com filhos recuou ao nível da crise de 1993 e as famílias
monoparentais caíram, pela primeira vez, desde 2003. "A degradação do mercado de trabalho e as implicações em termos salariais têm sido determinantes nesta evolução", destaca o mesmo documento, salientando que "na última década, Portugal foi o país em que o peso das remunerações líquidas no rendimento disponível das famílias mais caiu". No decorrer da integração europeia, as famílias portuguesas reduziram a sua propensão a poupar e a taxa de poupança reduziu-se de 12,5% em 1995 para 10% em 2013, enquanto o nível de endividamento aumentou de 35% para 118% do rendimento disponível. Entre 1999 e 2009, num período de crescente endividamento europeu em que só a Alemanha foi excepção, o aumento do peso da dívida no rendimento das famílias portuguesas foi superior a 50 pontos percentuais, cerca de duas vezes mais intenso que o padrão europeu. Nível de vida das famílias regrediu 25 anos Após uma tímida aproximação aos parceiros europeus, o nível de vida dos portugueses recuou, em 2013, para valores de 1990, ficando 25% abaixo da média europeia, revela o estudo. No panorama europeu actual, Portugal é incluído num segundo patamar de convergência, composto por países com um nível de vida 20 a 30% abaixo do padrão europeu, incluindo a Eslovénia, República Checa, Eslováquia, Lituânia, Grécia e Estónia, destaca o estudo, indicando que, desde 1999, Portugal apenas se aproximou da média europeia em 2005 e 2009. Entre 2010 e 2013, o PIB 'per capita' português caiu 7% face ao padrão europeu e o nível de vida das famílias regrediu mais de 20 anos, reflectindo a crise económica, a aceleração do processo de globalização, o alargamento da União Europeia a Leste e a aplicação do programa de resgate. Portugal foi o país europeu que registou maior aumento na fiscalidade entre 2010 e 2013, com a carga fiscal a subir mais de 11%. O aumento das receitas do Estado ficou a dever-se sobretudo aos impostos directos, em particular o IRS, que aumentou mais de um terço entre 2010 e 2013, tendo os impostos e contribuições sociais absorvido em 2013, mais de um terço da riqueza criada em Portugal, totalizando cerca de 60 mil milhões de euros. Portugal é também o Estado-membro em que os juros absorvem uma maior proporção da riqueza criada e o décimo que mais gasta em prestações sociais. O peso das despesas públicas no PIB que, em - 2009, cresceu cerca de cinco pontos percentuais, mantem-se desde essa altura em torno dos 50%, com crescente relevância das despesas com protecção social, cujo impacto no orçamento subiu de 30% em 1995 para 40% em 2013. O destaque positivo vai para as exportações, cujo peso no PIB passou de 25% para 41% nos 28 anos de Portugal Europeu, enquanto as importações passaram de 27% para 39%. O ano de 2013 foi o primeiro em que o saldo comercial português foi positivo, salientando-se o contributo das exportações de serviços: se, em 1986, valiam um quarto das exportações nacionais, em 2013 já representavam cerca de um terço. O desenvolvimento da economia portuguesa nas últimas décadas ficou também marcado pela perda de
4
Quarta-feira, 08-07-2015
relevância da indústria. Nos últimos 28 anos, o peso das indústrias transformadoras na economia caiu dez pontos percentuais, e só as indústrias alimentares conseguiam alcançar, em 2013, um volume de vendas superior ao registado em 2007. Também o sector primário, dominado pela agricultura e produção animal, registou "um claro declínio nos últimos 28 anos", tendo o seu contributo para a criação de riqueza nacional diminuído de 8% em 1986, altura em que representavam mais do dobro da média europeia, para 2% em 2013. O turismo, responsável em 2013, por 16% do PIB, 18% do emprego e 13% das exportações, tem vindo a afirmar-se como uma das principais actividades económicas em Portugal. Actualmente, Portugal é o sexto Estadomembro em que o turismo mais pesa no PIB, o quinto em termos de emprego e o quarto em termos de relevância nas exportações.
Europa dá cinco dias à Grécia e tem plano para saída do euro Jean-Claude Juncker admitiu pela primeira vez de modo aberto que há planos de contingência na Comissão Europeia para um cenário em que se concretiza a saída da Grécia da Zona Euro.
Foto: EPA
O presidente da Comissão Europeia admite que há um plano detalhado para uma eventual saída da Grécia da zona euro, enquanto o presidente do Conselho Europeu disse que Atenas tem apenas "cinco dias" para evitar um "cenário negro". Em conferência de imprensa, após mais uma cimeira de emergência, em Bruxelas, Jean-Claude Juncker admitiu pela primeira vez de modo aberto que há planos de contingência na Comissão Europeia para um cenário em que se concretiza a saída da Grécia da Zona Euro. "A Comissão está preparada para tudo, temos um cenário de `Grexit` preparado em detalhe", afirmou o líder do executivo comunitário. Também o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apesar de manter a ideia de que o lugar da Grécia é na Zona Euro, admitiu que não se pode excluir o
cenário mais negativo, em que não há acordo entre a Grécia e os credores, o que deixaria o país numa situação muito difícil, com falência do sistema bancário grego. "A situação é realmente crítica e infelizmente não podemos excluir um cenário negro, de não acordo até domingo", afirmou o político polaco. O presidente do Conselho Europeu confirmou que haverá novamente trabalhos ao mais alto nível no domingo, tendo especificado que poderá haver reuniões de dois formatos nesse dia. Se houver um acordo até lá, deverá haver uma cimeira só da zona euro, para dar o apoio político a um terceiro resgate à Grécia. Se não houver acordo, irá marcar uma cimeira com os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia, uma vez que um `Grexit` terá efeito em todo o espaço comunitário e que nesse caso também necessário preparar um plano de ajuda humanitária. Esta quarta-feira, o Governo grego deverá fazer um novo pedido de ajuda financeira ao fundo de resgate da Zona Euro, através do Eurogrupo, e até quinta-feira deverá dar conta das reformas que está disposto a tomar em troca de um novo pacote financeiro. Essas medidas serão avaliadas pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. "Temos cinco dias para chegar a um acordo definitivo. Tenho de dizer alto e bom som que o prazo final é esta semana", sentenciou Donald Tusk. PAPA NA AMÉRICA DO SUL
"Um pobre que morre não é notícia, mas se as bolsas baixam há um escândalo" Num encontro com o mundo académico, na Universidade Católica, em Quito, Francisco improvisou para alertar contra a indiferença e a “cultura do descartável”.
Foto: EPA
O Papa Francisco lamenta que a morte de um pobre de frio e fome não seja notícia, ao contrário de um dia de
5
Quarta-feira, 08-07-2015
perdas nas bolsas. Num encontro com o mundo académico, na Universidade Católica, em Quito, no Equador, o Papa improvisou para alertar contra a indiferença e a “cultura do descartável”. “Vivo em Roma. No Inverno faz frio. Acontece que, muito perto do Vaticano, apareça um velho de manhã morto de frio. Não é notícia em nenhum jornal, em nenhuma crónica. Um pobre que morre de frio e de fome hoje não é notícia, mas se as bolsas das principais capitais do mundo baixam dois ou três pontos há um grande escândalo mundial”, declarou. Perante uma plateia de professores e alunos, Francisco deixou uma pergunta: “Onde está o teu irmão? E peço que cada um faça essa pergunta. Façam-na na universidade, a vós Universidade Católica: onde está o teu irmão?” Na intervenção na universidade de Quito, o Papa disse que “não podemos continuar a desinteressar-nos da nossa realidade, dos nossos irmãos, da nossa mãe terra”. “Não nos é lícito ignorar o que está a acontecer ao nosso redor, como se determinadas situações não existissem ou não tivessem nada a ver com a nossa realidade. Mais: não é humano entrar no jogo da cultura do descartável”, defendeu.
Sampaio da Nóvoa: "Apoio do PS é muito importante para mim" "Não há novo ciclo político em Portugal sem o Partido Socialista", afirma o candidato a Presidente da República em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença.
BASTONÁRIO DOS ECONOMISTAS
Portugal está melhor, os portugueses (ainda) não "Havia muita coisa por resolver há muitos anos e agora resolveu-se" nesta legislatura, diz Rui Leão Martinho. Apesar da austeridade, a "coesão social" foi assegurada.
Por João Carlos Malta
Foto: RR Por Raquel Abecasis
O apoio do Partido Socialista e de António Costa é determinante para a sua candidatura presidencial, assume António Sampaio da Nóvoa, em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença. “É evidente que o apoio de um partido como o PS é um apoio extraordinariamente importante para mim, como o apoio do seu secretário-geral, o Dr. António Costa, com quem tenho tido sempre uma relação de imensa cordialidade e imensa confiança e com quem tenho colaborado”, afirma o antigo reitor da Universidade de Lisboa. Sampaio da Nóvoa recorda várias situações ao longo dos últimos anos em que esteve ao lado do Partido Socialista, nomeadamente nas Novas Fronteiras, no Novo Rumo e no último congresso. “Faço parte de uma determinada maneira de estar e de pensar a política que se identifica com o PS. E, em particular, as conversas e a confiança que me despertam o Dr. António Costa, é para mim extraordinariamente importante”, confessa o candidato a Belém. “Para quem como eu se candidata a Presidente da República para pôr fim a esta devastação económica e social do país, no fundo para abrir um novo ciclo político, não há novo ciclo político em Portugal sem o PS”, sublinha. Nesta entrevista à Renascença, em que se escusou a comentar a eventual candidatura de Maria de Belém Roseira, Sampaio da Nóvoa sublinhou a importância de as candidaturas surgirem o quanto antes e nunca depois das legislativas, “porque isso é transformar as presidenciais numa segunda volta das legislativas”.
6
Quarta-feira, 08-07-2015
JOSÉ MIGUEL SARDICA
Grécia: solidariedade e responsabilidade A solução a desenhar para o caso grego será seguramente política e possivelmente provisória.
No momento em que esta crónica é escrita ainda não são claros todos os efeitos que a vitória do “não” no referendo grego do passado domingo irá na Grécia, na Europa, nos mercados e no mundo. Ainda que o ministro “motard” Varoufakis tenha saído, consta que para suavizar as negociações que aí virão, Tsipras e companhia permanecem. A vitória do “sim” tê-los-ia feito cair; a vitória do “não” só lhes dá uma aparência de vida, porque ninguém pode extrair poder negocial de um mandato popular que não quer ceder um milímetro – embora queira os bancos abertos, o país financiado e a austeridade aliviada. A solução a desenhar para o caso grego será seguramente política e possivelmente provisória. Será política, porque o que interessa salvar naquelas margens do Mediterrâneo oriental não é o peso da economia helénica na UE ou na eurozona (uns 2% do PIB europeu), mas a segurança e a impermeabilidade das fronteiras do sudeste europeu às aventuras imperiais da Rússia ou às ajudas asfixiantes de Pequim. Visto de Bruxelas, de Berlim, de Paris ou da sede do FMI, interessa menos saber se a Grécia sai do euro do que saber se potências hostis entram na Europa através da Grécia. A geografia, que não ajuda Portugal, é um trunfo imenso de Atenas – que aliás Tsipras tem sabido jogar bem, com os seus namoros políticos a Putin. Mas será uma solução provisória, porque as filas de pobres e desempregados que se amontoam à porta de bancos descapitalizados ou pelas ruas de um país sem rumo não sobrevivem de “política”, mas com dinheiro. A UE acabará por encontrar uma fórmula de novo resgate, ou ajuda, ou extensão de ajuda, ou perdão de dívida e juros – enfim, um tecnicismo qualquer – para financiar um país cuja absoluta incapacidade de se autorreformar há-de consumir essa ajuda, como consumiu, e de forma improdutiva, outras ajudas antes. E assim poderemos ir de resgate em resgate… até à perdição final. A Europa tem algumas culpas na tragédia grega. A utopia do Euro teve tanta força que levou os eurocratas a colaboraram na contínua falsificação das contas
públicas helénicas, e teve tanta teimosia que ninguém parou para pensar nos riscos de uma moeda comum mal-amanhada, que esconde mais assimetrias do que equilíbrios entre os seus participantes. Mas os gregos também têm culpas, ao elegerem um governo radical e intransigente, quando querem pertencer a uma comunidade continental que vive de negociação e consenso, e ao votarem agora pelo “não” no referendo, uma opção legítima do ponto de vista da democracia interna, mas pouco inteligente para quem tem a corda na garganta. E por falar em democracia, a pesporrência do Syriza, incensada por todo o aprendiz de demagogo, tem ajudado bastante a descredibilizar uma palavra que deveria dizer muito aos descendentes dos que a inventaram, há muitos séculos. A voz do povo é a voz da democracia? Muito bem. Mas não se pode querer a democracia e não querer depois as consequências das nossas (deles) escolhas. E o que sobretudo não se pode admitir é que o primeiro-ministro grego se refira a outros governos europeus tão legitimados pelo voto democrático quanto o dele como “grupos extremistas conservadores”. A Grécia precisa de solidariedade internacional? Sem dúvida. Mas só a ganhará se os que nela mandam souberem exibir uma responsabilidade que tem estado esquecida. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
A outra negociação Em Abril foi obtido um “acordo-quadro” entre as autoridades iranianas e o grupo internacional de negociadores, liderado pelos EUA. Mas faltava acordar alguns pontos essenciais.
O problema da Grécia fez esquecer, na Europa, uma outra negociação crucial: a que visa travar a produção de armas nucleares no Irão. Em Abril foi obtido um “acordo-quadro” entre as autoridades iranianas e o grupo internacional de negociadores, liderado pelos EUA (dele fazem também parte o Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China). Mas faltava acordar alguns pontos essenciais, como o levantamento das sanções ao Irão (que Teerão queria imediato e a outra parte progressivo e reversível, em caso de não cumprimento dos compromissos pelos iranianos). As negociações já levam quase dois anos e parece ter havido progressos recentes. Deveriam ter terminado
7
Quarta-feira, 08-07-2015
ontem, mas vão prolongar-se por mais alguns dias. E um fracasso não está excluído. O acordo é detestado pelo primeiro-ministro de Israel e muitos congressistas republicanos no Congresso de Washington (que terá de o aprovar). A sua concretização poderia, porém, abrir uma nova e mais promissora fase no conflituoso Médio Oriente – desde que, claro, não permita “batotas” por parte do Irão. Um mau acordo seria pior do que não haver acordo.
Reportagem da Renascença "A Sul da Sorte" vence Prémio Gazeta Multimédia
Exéquias de Maria Barroso realizam-se em Lisboa a partir das 11h00 A mulher do antigo Presidente da República morreu na terça-feira, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
Reportagem da jornalista Catarina Santos na Sicília, sobre o drama dos migrantes que tentam chegar à Europa, conquista o prémio do Clube dos Jornalistas. O drama de milhares de migrantes que todos os dias tentam chegar à Europa é o tema central de “A Sul da Sorte”, reportagem da jornalista da Renascença Catarina Santos que venceu o prémio Gazeta Multimédia 2014. "Utilizando diversos registos e meios, Catarina Santos mostra, com rigor e grande sensibilidade, os vários lados de um problema que já ultrapassou as fronteiras de Itália", escreve o júri no comunicado divulgado esta terça-feira. Os prémios Gazeta são o mais prestigiado galardão do jornalismo português. Manuel Carvalho e Manuel Roberto (imprensa), Mário Galego (rádio), Pedro Coelho (televisão), António Cotrim (fotografia) e Vânia Maia (revelação) foram outros vencedores dos Prémios Gazeta 2014. O júri distinguiu com o prémio Gazeta de Mérito o jornalista Fernando Paulouro e atribuiu o prémio da Imprensa Regional ao jornal "Soberania do Povo". O júri do prémio é constituído por Eugénio Alves (Clube dos Jornalistas), Cesário Borga (Clube dos Jornalistas), Elizabete Caramelo (docente universitária), Fernando Cascais (docente universitário e CENJOR), Fernando Correia (jornalista e docente universitário), Jorge Leitão Ramos (crítico de cinema e televisão), José Rebelo (docente universitário) e Paulo Martins (docente universitário e Comissão da Carteira). Veja a reportagem multimédia: A Sul da Sorte
As exéquias da ex-deputada Maria de Jesus Simões Barroso realizam-se durante a manhã, desta quartafeira, com a urna a sair do Colégio Moderno, em direcção à Igreja dos Santos Reis Magos, no Campo Grande, em Lisboa. Na igreja, às 11h00, é celebrada missa de corpo presente pelo padre Feytor Pinto, realizando-se em seguida o funeral para o Cemitério dos Prazeres. Maria Barroso foi actriz, tendo trabalhado nos teatros Nacional D. Maria II, Villaret e São Luiz, dirigiu o Colégio Moderno, fundado pelo sogro, João Soares, e foi a única mulher que fez parte do núcleo fundador do Partido Socialista, em 1973, do qual foi deputada, depois do 25 de Abril de 1974. Maria Barroso, que era casada com o ex-Presidente da República, Mário Soares, dirigia a Fundação ProDignitate. Morreu na terça-feira pelas 5h20, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. Internada devido a uma queda a 26 de Junho, foi-lhe depois diagnosticado um derrame intracraniano e entrou em coma no mesmo dia. NOTA DE ABERTURA
Maria Barroso (19252015) Queria ser lembrada como "uma cidadã modesta, mas amante da liberdade, da solidariedade e do amor". Queria e vai consegui-lo. Por Nota de Abertura
Maria Barroso queria ser lembrada como "uma cidadã
8
Quarta-feira, 08-07-2015
modesta, mas amante da liberdade, da solidariedade e do amor". Queria e vai consegui-lo, pois são esses os traços que emergem claramente de um percurso que hoje é sublinhado a várias vozes, mas sem dissonâncias. Maria Barroso vai ser ainda recordada como uma mulher que se abriu ao dom da fé e que procurou vivêla na simplicidade, sem respeitos humanos, nem complexos. Sem a impor a ninguém, mas sem esconder a sua própria escolha. Socialmente empenhada e participativa, não se lhe conhecem apetências por honrarias, sabendo ocupar o seu lugar com a dignidade extraordinária dos simples. Com luz própria – o que só por si diz imenso e constitui uma lição de carácter.
"Viva a Grécia". Vencedora do Prémio Camões elogia "nação heróica" Escritora portuguesa Hélia Correia disse, na cerimónia de entrega do maior galardão literário de língua portuguesa, que sem a Grécia "não teríamos nada".
que estes gregos, nossos contemporâneos, estão a ter." O Prémio Camões foi atribuído a Hélia Correia, por unanimidade, no passado mês de Junho, em reconhecimento da sua "vertente universal, pela forma como explora a natureza humana nos seus vários aspectos, pela atenção que dá ao mundo real", como sublinhou na altura à agência Lusa a presidente do júri, a investigadora Rita Marnoto. Para o júri, Hélia Correia, seja no romance, no conto ou na poesia, explora a natureza humana "a partir das suas raízes na antiguidade clássica, projectando-a nos nossos dias, através de cruzamentos que se estendem a várias vias da literatura contemporânea". Com a publicação de "A Terceira Miséria", obra distinguida em 2014 com o prémio Correntes d`Escritas, Hélia Correia quis homenagear a Grécia, destacando "a voz de um país que está a sofrer uma opressão impensável", como afirmou, na altura, durante o festival literário da Póvoa de Varzim. Quando recebeu este prémio, Hélia Correia recordou os ensinamentos universais da Antiguidade e a sua importância para a actualidade: "Ver tudo o que existia na Grécia clássica, em que tudo era feito pelo homem, para o homem e à medida do homem". O Prémio Camões foi instituído por Portugal e pelo Brasil como forma de reconhecer autores "cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento da literatura de língua portuguesa em todo o mundo", de acordo com a organização. O primeiro distinguido, em 1989, foi o escritor português Miguel Torga. O júri da 27.ª edição do Prémio Camões contou com Rita Marnoto, professora na Universidade de Coimbra, Pedro Mexia, crítico literário e escritor, Inocência Mata, professora nas universidades de Lisboa e de Macau, e pelos escritores Affonso Romano de Sant`Anna, António Carlos Secchin e Mia Couto.
Contribuintes têm de validar facturas de saúde com IVA a 23% "Viva a Grécia", disse Hélia Correia. Foto: António Cotrim/Lusa
Hélia Correia dedicou à Grécia o Prémio Camões 2015 durante a cerimónia de entrega do maior galardão literário de língua portuguesa, que decorreu esta terçafeira, no Palácio Foz, em Lisboa. "Quero dedicar este prémio à Grécia, sem a qual não teríamos nada. Viva a Grécia", disse a escritora portuguesa, a fechar a sua intervenção. Depois do discurso, Hélia Correia disse aos jornalistas "a Grécia de hoje está a revelar-se um país tão heróico como uma Grécia antiga". "Pensava nas duas nações em termos muito separados, porque muitos séculos, culturas, civilizações, separam a minha Grécia clássica da Grécia de hoje mas, de repente, eles estão lá, porque só o orgulho grego, o sentido da dignidade humana, da nobreza da democracia é que pode conseguir o género de reacção
As mudanças publicadas na segunda-feira em Diário da República têm efeitos retroactivos, mas é preciso ir ao portal das Finanças validar cada factura individualmente. As facturas de saúde com IVA a 23% emitidas desde o início do ano podem ser descontadas no IRS, mas para isso é necessário que sejam validadas pelo próprio contribuinte. As alterações ao IRS, aprovadas em Maio e publicadas em Diário da República na segunda-feira, têm, por isso, efeitos retroactivos. A alteração significa que a partir de agora deixa de ser preciso pedir facturas separadas na farmácia para produtos com IVA a 6 e 23%. As facturas com IVA a 23% vão ficar pendentes no Portal das Finanças, na conta de cada contribuinte.
9
Quarta-feira, 08-07-2015
Caso tenha receita médica, e só nestas situações, o utente deverá validar cada factura individualmente e assim beneficiar do respectivo reembolso na declaração do IRS respeitante ao ano em que a factura foi emitida.
Nove PSP com processos disciplinares pelos incidentes na Cova da Moura Três deles ficam suspensos preventivamente por 90 dias. A decisão surge na sequência da investigação aos incidentes de 5 de Fevereiro na Cova da Moura e Alfragide.
Cova da Moura, dizia ainda que alguns amigos e familiares se deslocaram à esquadra de Alfragide para pedir explicações à PSP e não para invadir a esquadra, acabando alguns deles por ser brutalmente agredidos (ao ponto de os cinco detidos terem que ir primeiro ao hospital). Com versões tão diferentes, a ministra da Administração Interna mandou investigar, e agora, na sequência dos factos apurados pela IGAI, Anabela Rodrigues ordenou que a investigação continue. Para cinco polícias, o caso fica arquivado, mas para outros nove foram instaurados processos disciplinares. Três deles ficam desde já suspensos preventivamente por um período de 90 dias, informa o Ministério da Administração Interna. A IGAI fica incumbida de identificar outros elementos policiais que possam ter estado envolvidos.
Do poncho ao báculo. O Papa está em casa na América Latina Esta terça-feira uma das leituras da missa foi feita na língua quíchua e os paramentos do Papa foram uma homenagem aos ponchos tradicionais dos indígenas.
Caso motivou manifestação em frente ao Parlamento. Foto: Lusa Por Celso Paiva Sol
A ministra da Administração Interna ordenou a instauração de processos disciplinares a nove agentes da PSP da esquadra de Alfragide. Três deles ficam desde já suspensos preventivamente por 90 dias. A decisão surge na sequência da investigação que a Inspecção-Geral da Administração Interna realizou aos incidentes de 5 de Fevereiro na Cova da Moura e Alfragide. Logo nesse dia ficou claro que existiam duas versões dos factos: uma da PSP, outra dos moradores da Cova da Moura. Segundo a versão da PSP, os incidentes começaram com a detenção de um jovem de 24 anos que tinha apedrejado uma viatura de patrulha da PSP, ferindo um polícia. Quando o detido já estava a ser ouvido na esquadra de Alfragide, cerca de dez amigos e familiares tentaram invadir a esquadra para o libertar. Essa versão da PSP acrescenta que cinco pessoas desse grupo acabaram também detidas. No relato dos moradores, o jovem foi detido sem nada ter feito, os agentes perseguiram vários jovens à bastonada pelo bairro e, entre os vários tiros com balas de borracha disparados, um deles atingiu uma mulher de 35 anos que estava numa varanda. Essa segunda versão, defendida publicamente sobretudo pela associação Moinho da Juventude, da
O Papa Francisco no Equador, envergando paramentos alusivos aos ponchos tradicionais. Foto: Twitter Por Aura Miguel, no Equador
A viagem do Papa Francisco ao Equador, com que dá início a uma visita de dez dias à América Latina, que inclui ainda uma passagem pela Bolívia e pelo Paraguai, já foi marcado por uma série de curiosidades. Na missa de segunda-feira, em Guyaquil, por exemplo, Francisco apareceu com um báculo de madeira, diferente do habitual, isto depois de na sua viagem à Bósnia o báculo prateado se ter apresentado aparentemente preso com fita adesiva. O báculo é usado pelos bispos para simbolizar o cajado dos pastores. O director da sala de imprensa da Santa Sé, o padre Federico Lombardi, explicou esta terça-feira aos jornalistas que acompanham a visita que nessa visita a Sarajevo o báculo caiu e partiu-se. Na altura,
10
Quarta-feira, 08-07-2015
encontrou-se essa solução, mas para esta viagem à América Latina Francisco tinha optado por trazer um novo. E que báculo é esse? A sua história diz muito sobre as prioridades e preferências do Papa. Este báculo é esculpido em madeira de oliveira por artesãos cristãos palestinianos e é uma cópia de outro, que lhe foi oferecido por reclusos italianos, mas que posteriormente se perdeu ou foi danificado. Segundo o padre Lombardi, é natural que Francisco passe a adoptar este báculo como o que usa nas suas viagens fora de Itália. Já esta terça-feira Francisco compareceu na missa em Quito, capital do Equador, com um paramento fora do comum. Aos jornalistas foi explicado que o paramento tinha a forma e um padrão típico dos ponchos dos indígenas do Equador, o que se tornou ainda mais evidente quando um indígena foi ler a segunda leitura vestido de forma tradicional e na língua quíchua. O Papa argentino tem sido recebido muito bem em todos os locais por onde tem passado, sempre com banhos de multidão, e mostrando-se claramente à vontade e "em casa", no "seu" continente. Alguns equatorianos, contudo, estão a aproveitar a presença de um grande contingente de jornalistas para se manifestarem contra o Governo do Presidente Rafael Correa.
sociedade civil. As palavras de Francisco foram várias vezes interrompidas por aplausos. Foram palavras de apelo à unidade na diversidade, à estima recíproca e ao diálogo – elementos indispensáveis para construir pontes e crescer na gratuidade e solidariedade. A defesa da família, como célula-base da sociedade e referência fundamental para a harmonia da nação, foi outro tema sublinhado pelo Papa como a defesa da criação e salvaguarda dos bens da terra, a começar pelos abundantes recursos naturais das terras do Equador que devem ser usados a pensar nas gerações futuras. O drama da emigração, das bolsas de pobreza, do desemprego (sobretudo juvenil) não ficaram de fora das preocupações de Francisco que soube encorajar o povo equatoriano, não só com palavras de esperança, mas sobretudo com a sua permanente atenção e disponibilidade para todos sem excepção, desde os mais poderosos aos simples fiéis que esperaram horas só para o ver e receber a bênção. A título de exemplo, à porta da Nunciatura, milhares de pessoas estiveram todas as noites para o ver e todas as noites Francisco saiu à rua para umas breves palavras. Nesta terça-feira, como sempre, rezou uma Ave-maria, deu-lhes a bênção e despediu-se dizendo “boa noite e sonhem com os anjinhos”.
Viagem ao Equador. Papa não quer que ninguém fique de fora
A visita à América Latina prossegue esta quarta-feira. Próximo destino: Bolívia.
No final da primeira parte deste périplo pela América Latina, Francisco deixou palavras de apelo à unidade na diversidade, à estima recíproca e ao diálogo.
RIBEIRO CRISTÓVÃO
Fortemente ao ataque O ataque ao mercado desencadeado pelos dirigentes dos dragões tem produzido resultados notáveis, o que leva a crer que vamos ter, de novo, um Porto capaz de se bater com a concorrência mais directa e de lhe ganhar, inclusive, alguma dianteira.
Fiel no Equador espera o Papa. Foto: Robert Puglla/EPA Por Aura Miguel, no Equador
Que ninguém fique de fora, que não haja excluídos da sociedade e que todos se estimem e saibam dialogar. Pode ser este o fio condutor do que o Papa veio dizer ao Equador, que teve o seu ponto alto na cidade de Quito, sobretudo na missa que juntou um milhão e meio de pessoas e no encontro com representantes da
Após dois anos consecutivos sem ganhar qualquer título, o Futebol Clube do Porto voltou ao trabalho deixando à vista uma forte determinação que ajude a regressar às grandes conquistas e atingir os patamares a que habituou a sua exigente massa associativa.
11
Quarta-feira, 08-07-2015
O ataque ao mercado desencadeado pelos dirigentes dos dragões tem produzido resultados notáveis, o que leva a crer que vamos ter, de novo, um Porto capaz de se bater com a concorrência mais directa e de lhe ganhar, inclusive, alguma dianteira. É verdade que há também que ter em conta algumas saídas que representam baixas importantes para determinados sectores da equipa. No entanto, a compensação para essas “fugas” tem vindo a ser feita de forma criteriosa, pelo que se pode concluir que há na Invicta, outra vez, um forte candidato a ganhar todas as competições internas, e capaz de registar bons desempenhos nas provas internacionais. Estando praticamente assegurada a contratação de Maxi Pereira, o FC Porto fez ontem detonar a bomba mais surpreendente com a provável entrada de Iker Casillas no reino do dragão. Sabendo-se que os lugares de guarda-redes e de defesa-direito representavam duas das mais fortes lacunas da equipa, a entrada daqueles dois importantes reforços vem contribuir decisivamente para a consolidação de um conjunto que promete excelentes desempenhos. Apesar de tudo isto e do que mais certamente ainda se verá até final de Agosto, os adeptos portistas deixam no entanto perceber alguma desconfiança em relação a um treinador que na época passada teve condições para ganhar tudo e acabou, como se sabe, na estaca zero. É essa frustração que Lopetegui terá de rapidamente fazer esquecer, sob pena de ele próprio ser forçado a regressar a casa mais cedo do que nesta altura perspectiva.
Sporting na próxima temporada. O clube de Alvalade anunciou, na noite desta terça-feira, a contratação do jogador para as próximas três épocas. O internacional da Costa Rica, que deu nas vistas no Mundial do Brasil ao serviço da sua selecção, era apontado aos leões há várias semanas. O jogador fica blindado por uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros, não sendo adiantado pelo Sporting o valor pago ao Fulham pela transferência. Bryan Ruiz é avançado, tem 29 anos e, além do Fulham, já representou o Alajuelense, o Gent, o Twente e o PSV Eindhoven. N aúltima época marcou cinco golos ao serviço do clube inglês que disputa o Championship. CÉSAR SANCHÉZ
Iker Casillas quer fazer "prova de vida" no FC Porto O antigo guarda-redes César Sanchéz foi colega de balneário do reforço portista e acredita que o craque espanhol vai provar que ainda é "um guarda-redes de nível mundial".
Oficial. Bryan Ruiz é do Sporting O clube português anunciou, esta terçafeira, que chegou a acordo com o Fulham para a contratação de Bryan Ruiz para as próximas três temporadas. O jogador fica com uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros.
Bryan Ruiz vai vestir a camisola do Sporting nas próximas três temporadas. Foto: DR
O costa-riquenho Bryan Ruiz vai mesmo alinhar pelo
Iker Casillas está de saída de Madrid onde representa o Real há 25 anos. Foto: DR
César Sanchéz foi, durante cinco temporadas, o suplente de Iker Casillas no Real Madrid e partilhou com o reforço portista alguns dos melhores anos nos merengues. Em declarações a Bola Branca, o antigo jogador, agora com 43 anos e já retirado do futebol, diz que o internacional espanhol chega ao Dragão com "muita motivação" e pronto para demonstrar que "continua a ser um grande guarda-redes a nível mundial". Entre as ambições de Iker está, seguramente, o desejo de "conseguir títulos em Portugal e a nível europeu", acrescenta César Sanchéz. "Estou convencido que vai acrescentar experiência, boas exibições, até pela qualidade que tem como guarda-redes e tudo aquilo que já demonstrou em Espanha", diz. Lopetegui teve certamente peso na escolha de Iker pelo FC Porto. "Onde quer que vá, Iker contará sempre com a ajuda de Julen Lopetegui, porque, aqui em Espanha, conhecemo-nos todos do mundo do futebol.
12
Quarta-feira, 08-07-2015
Esse conhecimento foi certamente colocado em cima da mesa e Iker de certeza que o levou em conta ". César Sanchéz refuta a ideia de que deixar o Real Madrid e vir para Portugal, seja um revés na carreira de Casillas. "No futebol não há nem passos atrás, nem passos à frente. No futebol, as coisas, à partida, parecem de uma forma e depois valorizamo-las de outra maneira. Agora, o Iker seguramente que pensou nelas e naquilo que precisa neste momento da sua vida e da sua carreira. É certo que sai da maior equipa do mundo e da história e pode parecer que está a dar um passo atrás, mas não. Por vezes, as circunstâncias levam-nos a tomar decisões em determinados momentos que só o tempo poderá dizer se foram correctas ou não", sublinha o exguarda-redes. O momento é de "respeitar e manifestar compreensão por uma decisão que é sempre difícil, de deixar aquela que foi a nossa casa durante muitos anos", pelo que espera que o capitão do Real Madrid e da selecção espanhola "vá para melhor e que tenha toda a sorte do mundo". Iker Casillas fixou como objectivo "demonstrar que é capaz de continuar ao melhor nível noutras ligas e noutras equipas". "São decisões muito pessoais e, como profissional que sempre foi, podemos entender que a questão de ir respirar outros ares, de ter novos objectivos é sempre interessante e pode ser positivo, mas só a própria pessoa e, neste caso, Iker sabe porque pensou assim e porque decidiu dessa forma", concluiu César Sanchéz. PAULO MADEIRA
"Luisão terá um papel fundamental neste Benfica sem Jorge Jesus"
Pereira e Rui Vitória terá em Luisão um aliado precioso. "Luisão terá, mais uma vez, um papel fundamental neste Benfica sem Jorge Jesus. Muitas pessoas colocarão pontos de interrogação em relação a este Benfica, mas eu acho a máquina está montada e a estrutura está montada para que o Benfica continue sem Jesus", começou por adiantar o ex-benfiquista, em entrevista a Bola Branca. Paulo Madeira, que foi capitão do Benfica, apoia a subida de Jardel ao lote dos capitães. Para o antigo internacional esta decisão "é um sinal de confiança" no brasileiro e um prémio "pela grande época que Jardel fez a época passada". "Jardel não tem muitos anos de Benfica, mas durante algum tempo foi um suplente de luxo e nunca deixou ficar mal Jorge Jesus", explica o antigo jogador das águias. As contratações de Jorge Jesus pelo Sporting e da provável chegada de Iker Casillas ao FC Porto "não assustam", mas "as pessoas começam a achar algo estranho nas verbas de que se fala" para a aquisição do técnico português e do guarda-redes espanhol. Paulo Madeira conclui que perante estas decisões serão os clubes "os responsáveis se as cosias não correrem bem, ou terão os louros se correrem bem".
Eleições na Liga até ao final de Julho A Assembleia Geral Extraordinária da Liga aprovou, esta terça-feira, a alteração dos seus estatutos, os quais vão determinar uma nova estrutura directiva no órgão. As eleições têm de ser marcadas até ao final de Julho. Luís Duque pondera a sua recandidatura.
Paulo Madeira, antigo capitão encarnado, afirma que o brasileiro será o maior aliado de Rui Vitória e concorda com a promoção de Jardel ao lote dos capitães.
A Liga de Clubes vai a votos até ao final do mês de Julho. Foto: DR
Jardel e Luisão também juntos no lote dos capitães. Foto: DR
A nova temporada do Benfica está a começar de forma tranquila, após as saídas de Jorge Jesus e de Maxi
Até ao final do mês de Julho, a Liga de Clubes vai a eleições. A decisão saiu da Assembleia Geral Extraordinária que teve lugar, esta terça-feira, em Santa Maria da Feira. As eleições são consequência da alteração de estatutos aprovada também na reunião dos clubes desta terçafeira. A Liga vai passar a ter uma nova estrutura de gestão com uma direcção no lugar da actual Comissão Executiva. Além de um presidente, a direcção da Liga terá oito representantes dos clubes,
13
Quarta-feira, 08-07-2015
um representante da Federação Portuguesa de Futebol e dois a quatro directores executivos. O órgão vai passar a ter também um Conselho Jurisdicional. O actual presidente Luís Duque, que recebeu um voto de confiança por unanimidade no Conselho de Presidentes que antecedeu a Assembleia, vai agora ponderar se se recandidata ao cargo. "Tenho de ponderar várias coisas, porque agora estamos a falar de um mandato com condições para trabalhar", disse Luís Duque em declarações registadas pela Renascença. O responsável, no cargo há cerca de um ano, diz que está em causa uma situação "muito diferente". "Uma coisa é uma missão de emergência, em que a Liga estava, que também só foi possível enfrentar porque houve empenho de todos os clubes. Beneficiamos de alguma paz social dentro da própria Liga que foi fundamental para fazer as reformas que tivemos de fazer. Vamos avaliar se avançamos ou não", rematou Luís Duque. A data das eleições terá agora de ser comunicada pelo presidente da Mesa da Assembleia, José Mendes. Nesta Assembleia Geral Extraordinária foram ainda aprovadas as contas relativas aos exercícios de 2012 a 2014 - um prejuízo de 1,2 milhões de euros em 2013 e de 2,5 milhões em 2014. Para o actual exercício não estão previstos prejuízos.
próxima temporada.
Bruno Álvares. Sucesso aos 28 anos e a 11 mil quilómetros de Lisboa Treinador que passou pelas camadas jovens do Benfica e do Sporting rumou a Oriente, em 2013, para ajudar o Benfica de Macau a entrar no mapa do futebol asiático.
CHELSEA FC
Mourinho até 2019 por 12 milhões/ano O jornal "London Evening Standard" avança que o treinador português chegou a acordo com o Chelsea para prolongar o seu contrato por mais duas épocas, com o mesmo salário anual: 12 milhões de euros.
José Mourinho estendeu o seu contrato com o Chelsea até 2019. Foto: DR
José Mourinho acordou com o Chelsea estender o seu contrato até 2019, duas épocas além do estipulado em 2013, quando Mourinho regressou à capital inglesa e assinou por quatro épocas. De acordo com o jornal "London Evening Standard", que avançou com a informação, o treinador português, que se sagrou campeão pelos londrinos na última temporada, vai manter o seu ordenado de 12 milhões de euros por época. O acordo deve ser tornado oficial antes do arranque da
Bruno Álvares, treinador de 28 anos, tem tido sucesso em Macau. Foto: DR Por José Pedro Pinto
A 11 mil quilómetros de Lisboa, um jovem treinador português encontrou o sucesso quase imediato, na primeira experiência como técnico principal de uma equipa sénior de futebol. Bruno Álvares, de 28 anos, natural da capital portuguesa, acaba de ser bicampeão nacional ao serviço do Benfica de Macau, uma das filiais do Sport Lisboa e Benfica. Em 2013, trocou os iniciados do Benfica pelo estrangeiro. "Na altura, senti que face às oportunidades de trabalho que tinha em Portugal e o que queria para a minha carreira, era importante sair da minha zona de conforto e encontrar um contexto de trabalho novo. Estou muito feliz com esta aposta. É diferente treinar um plantel com uma mistura de culturas tão grande e num contexto de trabalho diferente do que tinha em Portugal", recorda, em entrevista a Bola Branca. O plantel do Benfica de Macau é composto, em partes iguais, por oito jogadores macaenses, naturais de Macau, oito portugueses, três brasileiros e um guineense. Na Liga de Elite macaense de 2015, o título foi conquistado de forma pulverizante face à concorrência, com 41 golos marcados e apenas quatro sofridos. A época de sonho permitiu aos benfiquistas daquela região administrativa chinesa, que durante séculos foi tutelada por Portugal, o apuramento inédito para as provas continentais asiáticas. Desafio continental No torneio de acesso à Taça da Confederação Asiática (AFC Cup) - equivalente à Liga
14
Quarta-feira, 08-07-2015
Europa, na realidade da UEFA -, o Benfica de Macau terá pela frente o FC Alga, do Quirguistão e o Sheikh Jamal Dhanmondi, do Bangladesh. "As expectativas são as melhores. Já iniciei a fase de estudo dos adversários. Acredito que podemos fazer uma preparação muito boa e uma boa fase de qualificação", projecta. A realidade, porém, é que o ciclo à frente do Benfica de Macau prepara-se para ter um fim, a curto-prazo. Bruno Álvares, que passou pelas camadas de formação de Benfica e Sporting, onde comandou algumas das "pérolas" do futuro do futebol português, aspira a voos mais altos. E já tem convites de Portugal e do estrangeiro. "Felizmente, tenho recebidos convites de Portugal e de outros países. O que sinto é que a evolução que tivemos enquanto clube não acompanha a evolução do futebol de Macau. Quero trabalhar com melhores condições de trabalho. Nesta fase, quero terminar este ciclo e abraçar um outro projecto", remata.
Passos declara "guerra sem quartel às desigualdades" Primeiro-ministro, em registo de précampanha, faz balanço positivo de quatro anos de Governo e considera que os "desequilíbrios herdados" foram corrigidos.
responsabilidade", referiu o primeiro-ministro. Depois de fazer um balanço positivo da actuação do Governo PSD/CDS-PP, Passos Coelho considerou que continua a haver em Portugal "muitas desigualdades de rendimento que se baseiam em desigualdades de educação e de cultura". "Apesar do que gastamos na educação e na cultura, ainda há muitas pessoas que vivem grande parte da sua vida marcadas pelo facto de terem nascido em ambientes mais vulneráveis, com menos oportunidades de acompanhamento da parte dos pais, de investimento na sua própria vida futura. Era suposto que o dinheiro dos nossos impostos pudesse pela redistribuição do orçamento garantir que a mobilidade social seria muito maior do que na verdade é em Portugal", acrescentou. "Temos de ser, portanto, muito mais eficientes do que fomos até hoje - todos, não é apenas este Governo, é todos até hoje. Precisamos de declarar uma guerra sem quartel às desigualdades de natureza económica e social", afirmou Passos Coelho, numa declaração saudada com palmas pelos deputados do PSD e do CDS. "Nós podemos crescer e ser profundamente desiguais. Ora, não é isso que queremos. Nós queremos esbater essas desigualdades, ou pelo menos aquelas que resultam das desigualdades à partida - já que cada um é livre de escolher a vida que quer fazer, e o Estado não tem de se meter nisso", prosseguiu o presidente do PSD. Segundo Passos Coelho, "o Estado não tem de estar a orientar a vida das pessoas, a dizer se cada um escolhe bem ou escolhe mal, cada um escolhe como quer", mas não se pode "é deixar as pessoas sem escolha porque partiram simplesmente de desigualdade social e económica gritante face a outros". "É isso que compete, portanto, a um Estado moderno. Esses problemas, os velhos problemas, que se têm mantido apesar de todas as grandes dificuldades por que passámos, e são esses que têm de ser resolvidos", concluiu.
Passos Coelho nas jornadas do PSD e CDS. Foto: Lusa
O Governo corrigiu “desequilíbrios herdados”, mas falta agora travar uma "guerra sem quartel às desigualdades de natureza económica e social", disse esta terça-feira o primeiro-ministro. Pedro Passos Coelho, que falava no encerramento das jornadas parlamentares do PSD e do CDS-PP, em Alcochete, fez um balanço de quatro anos de governação. "De todos os países que enfrentaram situações de profundo desequilíbrio, Portugal era seguramente o que tinha condições mais adversas e mais negativas à sua frente", argumentou. Essas condições eram a "elevada dívida pública, elevada dívida privada, uma economia protegida, o hábito de exigir tudo ao Estado e uma cultura democrática ainda incipiente, que não privilegiava a
Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.