EDIÇÃO PDF Segunda-feira, 09-03-2015 Edição às 08h30
Directora Graça Franco Editor Raul Santos
Novo inquilino de Belém deve ter domínio da política externa, diz Cavaco Está a chegar a altura de pagar o IMI e agora é a doer
IPSS vão acolher idosos abandonados em hospitais
Militar português ferido no Mali
Grécia admite eleições antecipadas e rejeita referendo ao euro
Cerâmica Valadares ganha nova vida
Um dos suspeitos Terroristas do da morte de Boko Haram juram opositor de Putin lealdade ao EI confessa
Há mais mulheres a liderar empresas, mas ainda são poucas
Ainda há lugar para o latim nas celebrações da Igreja?
2
Segunda-feira, 09-03-2015
Militar português ferido no Mali Grupo estava num restaurante que foi alvo de um ataque. Cinco pessoas morreram.
Novo inquilino de Belém deve ter domínio da política externa, diz Cavaco Nono Roteiro é divulgado esta segundafeira.
Exterior do "La Terrasse", o restaurante palco do ataque. Foto: Alex Duval Smith/EPA
Um grupo de militares portugueses estava no restaurante da capital do Mali atacado na madrugada de sábado, revelou este domingo fonte das Forças Armadas, adiantando que um dos portugueses sofreu ferimentos ligeiros devido a uma queda. Na madrugada de sábado, um homem armado entrou no restaurante de Bamako disparando contra as pessoas que se encontravam no interior, provocando cinco mortos: um francês, um belga e três malianos. No momento do ataque encontrava-se no bar "um grupo de militares portugueses", referiu em comunicado o porta-voz do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA). Ainda de acordo com a nota do EMGFA, todos os militares portugueses estão "de perfeita saúde, tendo apenas um militar sofrido escoriações ligeiras em resultado de uma queda". A força da ONU no Mali integra actualmente 47 militares portugueses, que se encontram no país desde Janeiro numa missão militar com a duração de quatro meses. O objectivo da missão é apoiar a população em questões relacionadas com o transporte de cargas, com o reabastecimento de víveres e apoio sanitário.
Cavaco Silva desenha o perfil do próximo Presidente da República. No nono Roteiro presidencial, divulgado esta segunda-feira, o Chefe de Estado refere que o senhor ou a senhora que se segue em Belém deve ter alguma experiência no domínio da política externa. O prefácio intitula-se “diplomacia presidencial” onde Cavaco Silva explica ainda a sua participação para explicar a execução do programa de ajustamento financeiro junto das instituições internacionais. Prestes a entrar no último ano do mandato, diz o Chefe de Estado que os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiers relevantes para o país. Outro recado de Cavaco: o seu sucessor tem de ser alguém capaz de dominar as relações bilaterais com os países com quem interage e abordar com conhecimento de causa assuntos políticos, económicos, sociais que correspondam aos interesses do país. O Chefe de Estado puxa ainda dos galões sobre a participação que teve durante o programa de assistência financeira. Houve que mobilizar toda a capacidade diplomática, incluindo a do Presidente da República, para explicar junto de instituições internacionais e líderes políticos a execução do programa, isto com o objectivo de suscitar a confiança dos investidores e conseguir apoios para as posições portuguesas. O Presidente da República conclui que foi isso que fez em dezenas de encontros. O prefácio intitula-se diplomacia presidencial e serve também para fazer um balanço das viagens oficiais de Cavaco no último ano. Destaque para a cimeira da CPLP, em Timor-Leste. Aqui o Presidente da República justifica a posição de Portugal ao não vetar a adesão da Guiné Equatorial. Não o poderia fazer, diz Cavaco, porque poderia no limite pôr em causa a própria
3
Segunda-feira, 09-03-2015
sobrevivência da comunidade. Portugal não podia ficar isolado e um eventual veto seria um golpe na credibilidade internacional de Timor-Leste.
Dívidas de Passos. Cavaco “não se devia ter pronunciado”, diz Marcelo
IPSS vão acolher idosos abandonados em hospitais Acordo está a ser preparado com os Ministérios da Solidariedade e da Saúde.
Comentador acrescenta que Cavaco devia ter convocado eleições antecipadas há vários meses. Agora seria “deitar petróleo sobre a fogueira".
Foto: DR
Foto: Lusa
Marcelo Rebelo de Sousa considera que o Presidente da República não foi feliz nas declarações que fez sobre as dívidas de Pedro Passos Coelho à Segurança Social. No habitual comentário dominical na TVI, o ex-líder do PSD e Conselheiro de Estado afirmou que Cavaco Silva se precipitou ao falar antes de o primeiro-ministro ter ido esclarecer tudo no Parlamento. “Em rigor, [Cavaco] não se devia ter pronunciado sobre este caso nesta fase. Não se devia ter pronunciado ainda antes do primeiro-ministro dar os últimos esclarecimentos no Parlamento, foi prematuro”, disse. O comentador acrescenta que vê com “muita preocupação o esvaziamento do papel presidencial de 2013 até hoje”. Marcelo acrescenta que Cavaco devia ter convocado eleições antecipadas há vários meses e que, por isso, agora não se pode queixar do “cheiro” a ambiente de pré-campanha. Agora, nesta altura, dissolver a Assembleia seria “deitar petróleo sobre a fogueira".
As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) poderão vir a acolher, a partir de Maio, idosos abandonados nos hospitais por não terem para onde ir. A parceria que envolve os ministérios da Saúde e da Solidariedade está já a ser preparada, confirmou o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia. "Há pessoas abandonadas nos hospitais, apesar de terem alta, porque não têm retaguarda familiar, nem meios financeiros e, portanto, nós consideramos que devemos dar a mão a essas pessoas que são as carenciadas entre as carenciadas", salientou Lino Maia. O acordo prevê o financiamento também do Ministério da Saúde numa resposta a três vozes. “São pessoas que, durante um período, ficarão apoiadas pelo Ministério da Saúde. Depois, ocuparão as vagas previstas pela Segurança Social e, depois, certamente, ao fim de algum tempo, serão utentes normas das instituições”, acrescenta. No início do ano, o presidente da CNIS já admitia, em declarações à Renascença, a possibilidade de as instituições acolherem idosos abandonados nos hospitais, desde que fiosse estabelecido um acordo.
4
Segunda-feira, 09-03-2015
Está a chegar a altura de pagar o IMI e agora é a doer Acabou a cláusula de salvaguarda que limitou, nos últimos dois anos, o aumento do imposto a 75 euros.
Acabou-se a cláusula de salvaguarda. Há aumentos que podem chegar aos 500%
As facturas do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) vão começar a chegar esta semana e os valores para 2015 vão sofrer um aumento médio entre 35% e 40%. Contudo, há casos em que chega aos 500%. A razão prende-se com o fim a cláusula de salvaguarda que limitava os aumentos a 75 euros. Pelas contas da Associação Nacional de Proprietários, 200 mil pessoas beneficiavam da cláusula de salvaguarda, por carência económica. Porque em 2014 centenas de proprietários não conseguiram pagar o IMI, a associação sugeriu aos proprietários que fizessem uma exposição ao Ministério das Finanças e solicitassem que o pagamento do imposto fosse adiado e faseado. O presidente da associação, Frias Marques, diz que em causa estão, sobretudo, os proprietários que vivem nas suas próprias casas e não têm rendimentos. As notificações começam a chegar à caixa do correio nos próximos dias. O pagamento faz-se em Abril. CONVERSAS CRUZADAS
“Reformas? Só no próximo resgate”, diz Daniel Bessa “As mesmas causas produzem as mesmas consequências”, alerta o antigo ministro da Economia, na sequência da “vigilância apertada” de Bruxelas. O economista Álvaro Santos Almeida diz que só “com juízo” não se repetirá 1978, 1983 e 2011. Por José Bastos
“Portugal só vai voltar a dar passos grandes no sentido de reformar quando cair no próximo resgate. Então lá estamos outra vez”, defende o economista Daniel Bessa no programa da Renascença “Conversas Cruzadas”. O relatório da Comissão Europeia que valida a colocação de Portugal “sob vigilância apertada” desenha, no essencial, um quadro muito preocupante resultado de “desequilíbrios macroeconómicos graves e excessivos”. Álvaro Santos Almeida, ex-economista do FMI, não contraria a tese. Sem alterações profundas, um país que em menos de 40 anos teve de recorrer três vezes à ajuda externa (1978, 1983 e 2011) arrisca uma quarta. “O professor Daniel Bessa não disse ‘se’, disse ‘quando’. E eu não vou contestar”, afirma. “As mesmas causas produzem as mesmas consequências. As causas que produziram o primeiro, o segundo e o terceiro resgate, em grande parte, continuam aí. Por isso é que o professor Santos Almeida diz que não utilizei um ‘se’”, prossegue Daniel Bessa. Há data para novo resgate? A meio da semana, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, havia criticado “o facilitismo” e “a repetição dos mesmos erros”, defendendo a “responsabilidade” na gestão das contas públicas. Na sessão de encerramento da conferência de homenagem a António Borges, a ministra afirmou que os níveis de dívida pública e privada são elevados e que “o potencial de mais reformas é ainda grande”. Daniel Bessa critica quem mostrou desconforto com a decisão da Comissão Europeia. “Estou gratíssimo à ministra das Finanças e estou muito grato ao senhor Moscovici que, como comissário dos Assuntos Económicos, alertou para esta questão e disse que temos de ser postos debaixo de vigilância reforçada”, afirma. E explica: “Cá dentro, quem me devia pôr debaixo de vigilância reforçada dá-me a entender que o problema não existe. Está-me a enganar”. Mas há data provável para novo resgate? “Não, não”, enfatiza o antigo professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto Daniel Bessa. E acrescenta: “Se há coisa que me surpreendeu no terceiro resgate é o ter demorado tanto tempo”. “Há dez anos, quantas horas se gastaram no interior daquelas salas de aulas das faculdades a explicar que a situação era insustentável? Era insustentável como se viu. Para meu espanto, o terceiro resgate demorou muito a chegar, portanto, sei eu lá quando vai chegar o quarto. É preciso muito juízo”, remata. Um resgate fora da moeda única? “Estando fora do euro chega na mesma, mas resolve-se de outra maneira. Tem outro tipo de consequências”, antecipa, logo corrigido por Álvaro Santos Almeida: “Não, chega mais rápido”. “A causa imediata da intervenção é a do excesso de endividamento do Estado, mas há uma série de outros problemas na economia portuguesa. Alguns da década passada, outros de há 50 anos que continuam a ser factores negativos no desenvolvimento económico”, refere o economista ex-FMI. “Não é por acaso que na década anterior à chegada das instituições, o crescimento da economia portuguesa foi dos mais baixos do mundo e não chegou sequer,
5
Segunda-feira, 09-03-2015
em média, ao 1% ao ano. Portanto, havia problemas estruturais na economia portuguesa, óbvios nessa altura, que era preciso resolver”, faz notar. Álvaro Almeida: “Comissão diz que há reformas por fazer” “Aquilo que podíamos estar aqui a discutir – e infelizmente, na minha opinião é muito pouco discutido – é, concretamente, saber se as reformas que foram planeadas e, depois, foram feitas – as estruturais – foram as que eram necessárias”, defende Álvaro Santos Almeida. “O que a Comissão Europeia diz é que há muitas reformas necessárias que não foram feitas. De facto, isso é verdade. Nós sabemos disso”, lamenta, acrescentando: “Não foram feitas, porque o Tribunal Constitucional não permitiu; outras porque o Governo não quis. Podíamos estar a discutir uma série de reformas necessárias e se a afirmação da Comissão Europeia é a de que não está tudo bem, parece-me pacífico ser óbvio que não está tudo bem”. Mecanismos como o tratado orçamental e/ou a “vigilância apertada” são eficazes para manter Portugal afastado da bancarrota? O professor de Economia na Universidade do Porto não esconde reservas: “São eficazes, sobretudo, nas questões orçamentais. Já quanto às reformas fora do sector público, da economia como um todo, é muito mais difícil de actuarem”. “Por alguma razão as discussões, por exemplo, com a França e Itália são sempre à volta desse tema. As metas para o défice são, mais ou menos, dentro das regras, mas deixam de fora uma série de reformas estruturais, a precisar de ser feitas, mas a Comissão não tem instrumentos muito fortes para obrigar a que sejam feitas”, explica. Estas reformas, adianta Álvaro Santos Almeida são as “que vêm mexer com o sistema, com interesses instalados e que, portanto, encontram mais resistência”. “Evitar resgate? Só com juízo!” “A literatura económica tem uma série de modelos a demonstrar que a existência de um mecanismo externo pode ser um factor incentivador de alterações. Sem esse mecanismo externo é muito mais difícil fazer reformas”, afirma Álvaro Santos Almeida. Daniel Bessa valida a tese. “Não posso estar mais de acordo que a forma mais eficaz de intervir é alguém que tem um cheque para passar e na hora de o assinar vai perguntar se as coisas foram feitas ou não”. Mas podemos evitar um quarto resgate? “Podemos evitar, mas é preciso querer”, destaca Daniel Bessa. “Quando alguém começa por querer mal a quem me avisa da possibilidade eu fico desconfiado. Quando a Comissão Europeia me vem chamar a atenção para a existência de problemas que correm o risco de voltar a produzir a mesma consequência – as tais causas - eu estou agradecido e não consigo perceber como é que alguém caia em cima do senhor Pierre Moscovici”, confessa o ex-ministro. “Só com juízo, Portugal evita repetir 1978, 1983 e 2011”, sustenta Álvaro Santos Almeida. “De facto, como a Comissão Europeia alerta, há uma série de problemas estruturais a subsistirem na economia portuguesa. São exactamente esses problemas estruturais que estiveram na causa dos três resgates anteriores”, indica.
“Mas entre qualquer coisa como um ano e 20 anos esse resgate irá acontecer. Podemos evitar se tivermos juízo como diz o Daniel Bessa”, conclui.
Cerâmica Valadares ganha nova vida Fechou em 2012, mas antigos funcionários e novos investidores, entre os quais o município de Vila Nova de Gaia, fizeram reerguer a unidade fabril.
Há três anos, foram vários os protestos contra o encerramento da cerâmica. Foto: Lusa
Quase três anos depois do encerramento, a Cerâmica de Valadares reabre esta segunda-feira com 150 trabalhadores, metade dos que foram dispensados em 2012. O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, explica que a marca foi salva da liquidação por antigos funcionários e novos investidores. “A empresa ficará em nome de antigos trabalhadores com um conjunto de créditos que são assumidos também pela banca, a Segurança Social e com um conjunto de envolvimentos financeiros do município”, afirma à Renascença. “Foi graças a este conjunto que foi possível dar uma nova vida à cerâmica e são 150 postos de trabalho que voltam a estar activos, o que significa muito para Vila Nova de Gaia”, adianta. O autarca explica ainda que quase todos os funcionários que agora vão trabalhar na Cerâmica já lá estavam no momento do seu encerramento. Os novos investidores propõem-se injectar 1,2 milhões de euros ao longo dos próximos cinco anos. Esta segunda-feira à tarde, a Cerâmica de Valadares assinala a retoma da laboração numa cerimónia que deverá contar com a presença do secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Agostinho Branquinho.
6
Segunda-feira, 09-03-2015
Há mais mulheres a liderar empresas, mas ainda são poucas Estudo revela que são ainda menos de um terço do total as mulheres na liderança de empresas, mas são elas que conseguem melhores resultados.Este domingo, assinalase o Dia Internacional da Mulher
Rita Nabeiro e a sua equipa. Foto: Adega Mayor Por João Carlos Malta
As mulheres continuam sub-representadas na liderança das empresas, apesar de valerem quase metade da população activa em Portugal. É esta a principal conclusão do estudo “Onde param as mulheres?”, da consultora Informa D&B. O documento, conhecido por ocasião do Dia Internacional da Mulher, revela que a liderança feminina prevalece em 28,2% das empresas nacionais. Ainda assim, nota-se um aumento do número de mulheres a liderar empresas. Em cinco anos, cresceu à média de um ponto percentual por ano. E também está a crescer o número de assentos do sexo feminino nos conselhos de administração das sociedades anónimas. A directora-geral da empresa vitivinícola do império Delta, Rita Nabeiro, faz uma análise históricosociológica desta realidade. A jovem gestora da Adega Mayor diz que apenas a partir das décadas de 1950 e 1960 “as mulheres começaram a estudar mais e a ter presença nas empresas”. “Todas estas mudanças culturais levam o seu tempo”, sublinha. E conclui que “ainda estamos muito longe de termos uma realidade igualitária, mas para lá caminhamos”. Entre outras conclusões relevantes do documento elaborado pela consultora destacam-se a inexistência de mulheres na liderança de empresas cotadas e a diminuição da presença feminina na gestão e liderança à medida que aumenta a dimensão da empresa - nas mil maiores pequenas e médias empresas (PME), só 14,2% têm como presidente uma mulher. Em relação à forma como homens e mulheres montam as equipas de administração, as diferenças são
manifestas. Os homens rodeiam-se de mais homens. As mulheres criam equipas em que a diversidade de género é maior. Quotas não, mérito O tema da paridade entre homens e mulheres na liderança das empresas voltou à agenda com o anúncio por parte da secretária de Estado da Igualdade, Teresa Morais, que o Governo iniciará negociações com as empresas cotadas em bolsa para que estas se comprometam a incluir pelo menos 30% de mulheres nos respectivos conselhos de administração até ao final de 2018. António Costa, líder do PS, seguiu a ideia e reafirmou-a no final da semana que passou. Rita Nabeiro não quer quotas, nem discriminações positivas. “Não sou a favor das quotas, porque tem de haver meritocracia nas empresas. Não dou lugar a alguém por ser homem ou mulher, gordo ou magro. Acho que acima de tudo é o mérito que deve estar em causa”, frisa. A gestora reconhece, contudo, que se deve dar dar mais oportunidades às mulheres e defende que a igualdade começa em casa, local onde os homens têm de assumir mais funções de liderança. A neta do comendador Rui Nabeiro, líder do clã que está à frente do grupo Delta, defende ainda que as mulheres desenvolveram uma falta de confiança que tem a ver com os modelos que são reproduzidos na sociedade. “As mulheres também têm de crer e há uma geração mais nova que se quer valorizar do ponto de vista profissional e que já não tem receio. Estamos habituados a ver homens em lugar de chefia e é legítimo que as mulheres pensem: Será que sou capaz?”, defende. “Esses mitos têm-se vindo a esbater e acho que não há uma liderança melhor por se ser mulher ou homem”, defende. Mulheres até têm melhores resultados Mas há alguns dados o estudo da Informa D&B (que abrange 410 mil empresas e 910 mil funções entre empresas públicas, privadas e do terceiro sector), que dão algumas esperanças para que, no futuro, o cenário de desequilíbrio na liderança se possa inverter. É nas empresas mais novas que se regista uma maior participação de mulheres. Os dados revelam que nos resultados financeiros as mulheres até suplantam os homens. Essa realidade verifica-se no grupo das 500 maiores empresas, em que apenas 6,2% são lideradas por mulheres. Estas gestoras aumentaram a facturação das empresas em mais 6%. Os homens têm resultados piores: as empresas venderam menos 0,3% em relação ao ano anterior. Rita Nabeiro diz que está na altura de arriscar colocar mulheres em lugares que na cultura empresarial vigente sempre foram ocupados por homens. E lança a pergunta: “Porque não dar o lugar a uma mulher?”.
7
Segunda-feira, 09-03-2015
Enfermeiros nas urgências hospitalares já podem pedir exames O objectivo da nova norma é "reduzir os tempos de espera inúteis". Os enfermeiros que realizam a triagem nos serviços de urgência hospitalar já podem pedir exames. A norma da Direcção-Geral da Saúde visa reduzir tempos de espera inúteis nestas unidades. A norma, a que a agência Lusa teve acesso, refere que os directores do serviço de urgência têm de elaborar um algoritmo para ser seguido no atendimento dos doentes, após o seu atendimento segundo a triagem de Manchester, que é realizado por enfermeiros. O algoritmo em questão - que para já é criado por cada instituição, mas deverá mais tarde ser nacional - é definido para determinadas situações clínicas, como queimaduras, lesões articulares traumáticas, traumatismo crânio encefálico, traumatismo da face, ideação suicida, entre outras. Alexandre Diniz, director do Departamento da Qualidade na Saúde, explicou que o objectivo da norma - de que a Ordem dos Médicos é co-autora - é "reduzir os tempos de espera inúteis". Para tal, foram "desenvolvidos mecanismos que aceleram o percurso do doente até à assistência médica". Segundo Alexandre Diniz, "o grande problema das urgências são os casos amarelos", os quais têm de ser atendidos na hora seguinte. O especialista deu o exemplo do caso de um doente com uma dor torácica que é atendido na triagem por um enfermeiro e necessita de um electrocardiograma. Até agora, só o médico podia passar esse exame, mas, a partir de agora, o enfermeiro pode pedir o exame e, assim, avançar no atendimento, encurtando algum tempo. Segundo um despacho publicado em Fevereiro em “Diário da República”, "em episódios de urgência com apresentação tipificada", "pode ser considerada a solicitação, pelo enfermeiro da triagem, de meios complementares de diagnóstico".
Já cheira a Primavera. Sol vai continuar a brilhar As nuvens vão aparecer em algumas regiões do continente, mas sem baixar as temperaturas máximas. Nos Açores, a chuva levou o IPMA a lançar uma aviso amarelo.
As previsões meteorológicas neste início de semana apontam para céu pouco nublado ou limpo em Portugal continental e vento em geral fraco do quadrante norte, soprando temporariamente moderado durante a tarde. Em alguns locais do litoral centro, vai haver neblina ou nevoeiro matinal. Neste tempo com cheiro a Primavera, a diferença entre as mínimas e as máximas é significativa. Esta segunda-feira, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê uma máxima de 23 graus em Lisboa, 21 no Porto, 24 em Évora e Beja e 19 em Faro. Quando o sol desaparecer, o termómetro deverá registar 10 graus em Lisboa, oito no Porto, sete em Évora, nove em Beja e 10 em Faro. Na terça-feira, poderão juntar-se ao sol algumas nuvens altas, mas as temperaturas não devem sofrer grandes alterações. O tempo deve manter-se assim, pelo menos até quarta-feira, segundo as previsões do IPMA. Açores sob aviso amarelo As ilhas das Flores e do Corvo, no grupo ocidental dos Açores, encontram-se esta segunda-feira sob aviso amarelo, devido à previsão de chuva e de aguaceiros. De acordo com o IPMA, o aviso vai vigorar até às 9h00 e representa a existência de risco para determinadas actividades. A previsão do tempo para o grupo ocidental é hoje de céu geralmente muito nublado, com períodos de chuva, pontualmente forte durante a madrugada e manhã. Para o grupo central e oriental prevêem-se períodos de céu muito nublado, tornando-se encoberto e períodos de chuva, especialmente a partir da tarde.
8
Segunda-feira, 09-03-2015
Magistrados do Ministério Público querem “proximidade social” Congresso da classe ficou marcado pelo polémico pedido de colocação da Polícia Judiciária na dependência do Ministério Público.
RAQUEL ABECASIS
IPSS, o lado bom da crise Quando somos postos à prova, o que sobrevive é o que é bom e sólido. Esta foi a prova de vida que as IPSS nos deram ao longo destes anos.
Por Raquel Abecasis
Por Liliana Monteiro
O sindicato dos magistrados do Ministério Público quer maior proximidade com a população. “A proximidade social deverá ser uma prioridade, a polifuncionalidade exige proximidade social, exige condições práticas que facilidade de acesso ao Ministério Público pelos cidadãos e que facilitem o dinamismo de intervenção dos magistrados. Sem proximidade não há serviço público, não há serviço ao público”, disse o presidente da estrutura sindical, Rui Cardoso, no final do congresso da classe, que reuniu no Algarve. O presidente do Sindicato pediu ainda aos magistrados que não aliviem o combate à corrupção. “Não devemos, não podemos acumular mais amargura e desilusão pela Justiça, nem podemos ficar indiferentes à impunidade, à corrupção e à injustiça que muitos, todos os dias, querem afirmar como regra e fado inelutáveis. A justiça continua a ser um instrumento de emancipação”, acrescentou. O congresso ficou marcado pelo polémico pedido de colocação da Polícia Judiciária na dependência do Ministério Público.
As instituições particulares de solidariedade social (IPSS) foram sempre olhadas em Portugal como um parente “caridoso” do país que, para dar uma ajuda aos “pobrezinhos coitadinhos”, precisava de recorrer aos dinheiros do estado. Eram, portanto, instituições parasitas, que deviam ser substituídas por serviços do Estado profissionais. Esta foi a mistificação que a crise veio matar e enterrar. Na hora de enfrentar as dificuldades, as IPSS mostraram o que valem e hoje é claro para toda a gente aquilo que diz o secretário de Estado da Segurança Social: "Não vivemos no nosso país uma crise social com a dimensão, por exemplo, que outros países tiveram. E isso só foi possível, em boa parte, devido à actuação no terreno desses milhares de instituições do sector social, que serviram de amortecedor à crise." A crise trouxe, portanto, respeito ao trabalho destas instituições, não só por existirem, mas porque as dificuldades provaram que este não é um trabalho para amadores: é um trabalho em que o profissionalismo faz toda a diferença e o que a sociedade sabe fazer bem não é replicável por qualquer instituição do Estado cheia de regras e regulamentos. É sempre assim. Quando somos postos à prova, o que sobrevive é o que é bom e sólido. Esta foi a prova de vida que as IPSS nos deram ao longo destes anos. Mostraram não só que são bons, como que compensa que o Estado lhes entregue os recursos para fazerem bem e com menos custos aquilo que o Estado não sabe fazer. Os cuidados continuados tão necessários numa sociedade envelhecida como a nossa são disso um bom exemplo. Já agora, vale a pena dizer que o terceiro sector se mostrou também um dos sectores mais dinâmicos na nossa economia em crise, mostrando também que tem potencial de crescimento, de gerar riqueza e postos de trabalho e, porque não, de ser um sector com alto potencial de exportação. Basta olhar para países como Espanha e Grécia para perceber como neste capítulo
9
Segunda-feira, 09-03-2015
temos "know how" para dar e vender. Para um sector que era visto como parasita não está mal. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
A convergência EUAIrão O Irão está hoje a ajudar os soldados do novo exército iraquiano a combaterem o “Estado Islâmico”. E Obama tende a ver um amigo no inimigo dos seus inimigos. Mas esta convergência não agrada a muitos.
Por Francisco Sarsfield Cabral
Ninguém sabe se daqui a duas semanas Teerão e Washington chegarão a acordo sobre o programa nuclear iraniano. Acordo detestado pelo primeiroministro israelita e pelo Partido Republicano nos EUA. Também os fundamentalistas islâmicos do Irão não gostam de acordos com o “Grande Satã”. Mas o Presidente do Irão está preocupado com a crise económica do país, que seria atenuada com um eventual levantamento das sanções decorrente de um acordo. E Obama precisa do xiita Irão para vencer o sunita “Estado Islâmico”. O Iraque de Saddam Hussein era dominado por sunitas, embora estes fossem uma minoria. Derrubado Saddam pelos americanos, os xiitas passaram a mandar no país, tratando mal os sunitas. E os EUA cometeram o erro de dissolverem o exército de Saddam. Muitos militares sunitas desse exército juntaram-se ao “Estado Islâmico”. O Irão está hoje a ajudar os soldados do novo exército iraquiano a combaterem o “Estado Islâmico”. E Obama tende a ver um amigo no inimigo dos seus inimigos. Mas a convergência Washington-Teerão poderá ser travada em ambas as capitais. PARCERIA RENASCENÇA/VER
Os embaixadores do diálogo perdido Criada em 2009 com o objectivo de desenvolver um novo modelo para a resolução de conflitos, em
particular entre as comunidades judia e muçulmana (mas não só), a Ariane Rothschild’s Fellowship consiste num programa dedicado a todos os empreendedores sociais que estejam interessados numa abordagem plural, assente numa fusão entre competências de negócio e de empreendedorismo, ciências sociais e a capacidade para o diálogo entre ambientes culturais diversos. Está aberto, também, a candidatos portugueses. “Desenvolver um novo modelo para a resolução de conflitos através do poder do empreendedorismo social” poderia ser a definição “curta” do denominado Ariane Rothschild’s Fellowship (AdR Fellowship), um programa dedicado a indivíduos (em representação ou não de organizações já estabelecidas) que pretendem mudar o mundo, pese embora o “cansaço” da expressão. Fruto da poderosa e centenária família judia, com origem em Hamburgo, na Alemanha, e que estabeleceu uma das mais importantes dinastias bancárias da Europa – subsistindo ainda enquanto Grupo global , diversificado e poderoso – a filantropia sempre fez parte do ADN dos Rothschild, com enfoque em particular na promoção e melhoria das condições sociais e educacionais para comunidades locais desprotegidas. Leia mais no portal VER.
Ataque aéreo faz dezenas de mortos na Síria Entre as vítimas estarão elementos terroristas e funcionários da refinaria atingida. Pelo menos 30 pessoas morreram depois de mais um ataque aéreo da coligação internacional na Síria contra uma zona controlada pelos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico. A informação está a ser avançada pela Reuters, que cita a organização não governamental Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Segundo a mesma fonte, entre as vítimas estão terroristas, mas também funcionários da refinaria atingida perto da cidade de Tel Abyad, junto à fronteira com a Turquia. Há vários meses que uma coligação internacional tenta enfraquecer as defesas dos terroristas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
10
Segunda-feira, 09-03-2015
Terroristas do Boko Haram juram lealdade ao EI Este passo já levou o Governo nigeriano a pedir mais meios para o combate ao terrorismo. O grupo Boko Haram jurou fidelidade aos terroristas do auto-proclamado Estado Islâmico (EI). Numa gravação áudio divulgada este sábado através das redes sociais, os rebeldes nigerianos pedem a todos os muçulmanos que acompanhem o califado. De acordo com a agência Reuters, este passo realça o reforço da coordenação entre os movimentos jihadistas do norte de África e do Médio Oriente. Depois deste passo dos rebeldes, o Governo nigeriano já pediu um reforço de meios para combater o Boko Haram, grupo que tem reivindicado inúmeros atentados na região.
Poderão ser 10 mil os europeus do lado dos terroristas do EI no final do ano Alerta parte do primeiro-ministro francês, Manuel Valls.
retoricamente, Valls. "Existem 1.400 franceses ou residentes em França que já se juntaram à jihad no Iraque e na Síria”, sublinhou o primeiro-ministro francês. Manuel Valls lembra que “perto de 90 cidadãos franceses já morreram de armas na mão", tratando-se de armas "que combatem os nossos valores”.
Feridos três seguranças de presidente do Parlamento de Timor-Leste Não há, para já, grandes pormenores sobre este incidente. Três elementos do corpo de segurança pessoal do presidente do Parlamento Nacional timorense, Vicente da Silva Guterres, foram feridos durante um ataque à esquadra da polícia de Baguia, nos arredores de Baucau, confirmou fonte da polícia. A fonte disse à agência Lusa que o ataque ocorreu cerca das 02h00 locais (17h00 de sábado em Lisboa) no quartel localizado a cerca de 100 metros da casa onde estava a dormir o presidente e a sua família, que estavam na região para um funeral. Um grupo numeroso primeiro cortou a luz na zona e depois atacou o quartel da polícia com granadas tendo ferido três agentes policiais, um deles em estado grave. Não há, para já, mais pormenores sobre este incidente.
Luta pelos direitos civis ainda não terminou, diz Obama Declarações durante discurso em Selma, localidade histórica dos Estados Unidos. Manuel Valls, chefe do governo francês. Foto Etienne Laurent/EPA
O número de europeus ao serviço dos grupos jihadistas na Síria e no Iraque poderá chegar a 10 mil, no final do ano. A estimativa foi avançada pelo primeiro-ministro francês, que fala numa ameaça elevada na Europa e em particular em França. Numa entrevista a três órgãos de informação franceses, publicada este domingo, Manuel Valls sublinha, o perigo desta vaga de europeus que se juntam aos terroristas do Estado Islâmico (EI). “Existem três mil europeus na Síria e no Iraque e, se tomarmos em conta as projecções, poderão ser cinco mil no mês que vem e 10 mil no final do ano. Têm noção da ameaça que isso representa?”, questionou,
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirma que a luta pelos direitos civis ainda não
11
Segunda-feira, 09-03-2015
terminou. O líder norte-americano participou este sábado numa manifestação na cidade de Selma, no Alabama, que assinalou os 50 anos do chamado "Domingo Sangrento" quando a polícia reprimiu uma marcha encabeçada por Martin Luther King. “Agora, em 2015, 50 anos depois de Selma, há leis no país que dificultam o direito de voto. E há mais leis destas a serem propostas actualmente”, referiu. Foi um acontecimento considerado crucial para a aprovação em 1965 da legislação que alargou o direito de voto a toda a população.
Um dos suspeitos da morte de opositor de Putin confessa Estão detidas cinco pessoas e já todas foram ouvidas por um juiz. Um dos detidos suspeito do homicídio do opositor russo Boris Nemtsov confessou estar implicado no atentado. De acordo com um magistrado, cinco homens foram detidos nas últimas horas e já presentes a um juiz. Pelo menos um dos suspeitos é polícia. A agência russa de notícias, RIA Novosti, escreve que um deles confessou o envolvimento na morte de Nemtsov, um opositor de Putin. Não há, no entanto, para já, mais pormenores sobre as declarações do suspeito. Boris Nemtsov foi atingido por quatro tiros pelas costas quando passeava, no passado dia 27 de Fevereiro, perto do Kremlin.
Grécia admite eleições antecipadas e rejeita referendo ao euro Ministro grego das Finanças desmente jornal italiano.
O Governo grego admite convocar eleições caso a Europa não aceite as propostas para a extensão do prazo do financiamento. O esclarecimento dado este domingo por Atenas, depois de o jornal “Corriere de la Sera” ter divulgado uma entrevista do ministro grego das Finanças em que este apontava para a possibilidade de realização de um referendo sobre a permanência do país no euro. Yanis Varoufakis já desmentiu a interpretação feita pelo jornal italiano. Entretanto, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, não acredita que os parceiros europeus adiantem, este mês, dinheiro à Grécia para solucionar os seus problemas de liquidez. "Só damos dinheiro quando os gregos mostrarem que deram passos", afirmou Dijsselbloem.
Homenagem em Fátima a “devoto a Nossa Senhora” Foi inaugurada uma estátua do padre Kondor.
foto RR/Aura Miguel
O Presidente da República da Hungria e o Arcebispo de Budapeste estiveram este sábado em Fátima para uma sessão de homenagem ao padre Luis Kondor, missionário húngaro, que viveu em Portugal e dedicou toda a sua vida à divulgação da Mensagem de Fátima no mundo. A homenagem coincidiu com os 50 anos da construção da via sacra e da capela do Calvário húngaro e também com a inauguração de uma estátua do padre Kondor. Entrevistado pela Renascença, o arcebispo de Budapeste, Cardeal Peter Erdo, recorda o papel deste sacerdote. “É um grande húngaro que se tornou também português pela sua vida passada aqui em Fátima. Ele era completamente devoto a Nossa Senhora e ao Santuário e fez muito pela difusão do culto da Virgem de Fátima por todo o mundo. A sua atitude, por um lado, muito realista, por outro lado, quase místico, ajudou muito a aprofundar a devoção mariana, por exemplo, em países como a Hungria e outros”, disse o Cardeal. Já o Presidente da Hungria referiu que “ao longo de
12
Segunda-feira, 09-03-2015
toda a sua vida, o padre Kondor seguiu e transmitiu aos seus próximos o princípio da bondade. Fez o bem através do seu trabalho relacionado com as aparições de Fátima. Devemos também ao padre Kondor o facto das mensagens de paz, transmitidas pelos três pastorinhos, terem chegado a todas as partes do mundo, tornando-se Fátima um centro de peregrinação cada vez mais procurado. Fez o bem através do seu trabalho dedicado aos peregrinos: ano após ano, milhares e milhares de pessoas, que falam línguas diferentes mas procuram as mesmas verdades eternas, encontram a fonte do seu fortalecimento espiritual em Fátima”.
Papa sublinha importância das mulheres na vida
Há 50 anos a missa deixava de ser celebrada em latim. "Deixava o povo de fora" Paulo VI foi o primeiro Papa em muitos séculos a celebrar a eucaristia na língua local. No sábado, Francisco assinala a primeira missa em italiano. O padre Vasco Pinto de Magalhães diz que a Igreja ganhou com a mudança.
Francisco aproveitou o Dia Internacional da Mulher para saudar todas as “que, todos os dias, procuram construir uma sociedade mais humana e acolhedora”.
O latim "podia dar um certo ar de coisa sagrada, mas é um falso sagrado". Foto: DR Por Raul Santos
As mulheres trazem a vida e permitem-nos ver o mundo com coração mais criativo e mais terno”. Foto: EPA/Guiseppe Lami
“Um mundo onde as mulheres são marginalizadas é um mundo estéril”, disse o Papa Francisco este domingo, Dia Internacional da Mulher, “uma ocasião para reafirmar a importância das mulheres e da sua presença na vida”. Depois da oração do Angelus, e perante milhares de pessoas na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa saudou “todas as mulheres que, todos os dias, procuram construir uma sociedade mais humana e acolhedora”. “E um obrigado fraterno àquelas que, de mil modos, testemunham o Evangelho e trabalham na Igreja”, acrescentou. Francisco defendeu ainda que as mulheres, "não só trazem a vida, como nos transmitem a capacidade de ver o mundo com olhos diferentes, com coração mais criativo, paciente e mais terno”.
O Papa Francisco volta, no sábado, ao mesmo local onde Paulo VI se deslocou, há 50 anos, para celebrar a primeira missa em italiano. Há meio século, fazia-se história na igreja da paróquia romana de Todos os Santos: pela primeira vez em muitos séculos, um Papa celebrava a eucaristia em vernáculo (língua própria de cada país ou comunidade). O uso do vernáculo em substituição do latim foi uma das determinações do Concílio Vaticano II, aquela que foi sentida como "a grande mudança", na opinião do padre Vasco Pinto de Magalhães. Em entrevista à Renascença, o responsável da congregação dos Jesuítas na Diocese do Porto defende que a Igreja ganhou muito com isso porque "a fé vem do ouvido". Vasco Pinto de Magalhães lembra ainda que "o latim não é origem" e que os primitivos da Igreja falavam o seu vernáculo. "Não fazia sentido Jesus estar a falar uma língua que os seus contemporâneos não entendessem", afirma. O uso do vernáculo na missa, em substituição do latim, foi, pelo menos para o católico comum e para a generalidade das pessoas, a principal mudança originada pelo Concílio Vaticano II? Sim, no imediato, sim. Foi aquela que toda a gente sentiu como a grande mudança. A liturgia é mais vasta do que a missa, mas poder entender-se, poder comunicar, tem efeitos imediatos e é universal. Embora o concílio tenha tratado de muitas outras coisas, a verdade é que o documento sobre a liturgia foi o
13
Segunda-feira, 09-03-2015
primeiro a sair dos trabalhos. Uma das linhas de actuação do concílio era regressar as fontes, recuperar os inícios da Igreja, e isso originou a determinação de se proceder a traduções que pudessem vir ser aprovadas. Em 1964, já havia textos aprovados pelo concílio nesse sentido. A questão não foi pacífica entre os estudiosos do assunto, mas, independentemente disso, entre os fiéis e as pessoas comuns também houve quem estranhasse, quem reagisse negativamente? Sim. Há sempre sensibilidades... As pessoas estavam habituadas ao latim, que podia dar um certo ar de coisa sagrada, mas é um falso sagrado, porque não se entende. Não é mística, é misticismo. O latim tinha, a meu ver, duas vantagens e um grande defeito. Uma das vantagens era a da unidade e transversalidade, sobretudo no Ocidente. Como foi do Ocidente que partiram as missões, onde quer que estivéssemos entendíamos ou, pelo menos, percebíamos onde é que estávamos. A segunda vantagem decorre de o latim ser uma língua muito rigorosa e, assim, mantinha-se coesão naquilo que se pretendia transmitir. Mas o grande senão é, a meu ver, não se entender. "Liturgia" é uma palavra grega que significa "acção do povo". A missa em latim é a acção dos padres e dos ministros. O povo está ali a "ouvir missa", a maior parte das vezes sem entender. Nem sequer as leituras eram lidas em vernáculo, só a homilia. Teologicamente, a tradução vem no sentido da inculturação, no sentido da encarnação. Não fazia sentido Jesus estar a falar uma língua que os seus contemporâneos não entendessem. A Igreja ganhou com a mudança? Completamente! Claro que tem que se ter sempre cuidado com as traduções, mas poder comunicar é central. O cristianismo é isto, é comunicação da fé. A fé vem do ouvido. Como se pode alimentar a fé se ela for uma coisa distante e misticista? E convém lembrar algo de que, por vezes, as pessoas também se esqueceram: o latim só entra na Igreja tardiamente. Os primitivos não falavam o latim. A própria Bíblia só é traduzida para latim no século IV, com São Jerónimo. Até aos séculos IV/V, não há traduções em latim e o latim só começa a ganhar corpo na Idade Média, com a reforma gregoriana, fixando-se com [o Concílio de] Trento. Às vezes, há uma absolutização do tipo 'o latim é que é a origem'. Não, o latim não é a origem, é uma riqueza muito grande, que permitiu uma comunicação culta dentro da Igreja, mas deixava o povo de fora.
Ainda há lugar para o latim nas celebrações da Igreja? Meio século depois de Paulo VI ter presidido à primeira missa em italiano, ainda há quem reze em latim. Por "remeter para a sacralidade".
Foto: WikimediaCommons Por Filipe d'Avillez
O Papa Francisco assinala este sábado os 50 anos da primeira missa em italiano, celebrada por Paulo VI. Das muitas mudanças introduzidas na Igreja pelo Concílio Vaticano II, a celebração de missas em vernáculo (a língua de cada país ou comunidade) foi uma das que mais se fez sentir na vida dos fiéis comuns. O latim deixou de ter o exclusivo das celebrações litúrgicas na Igreja Romana, algo que o liturgista padre Luís Manuel Pereira da Silva considera não tanto uma evolução como um regresso à prática original do cristianismo. "Quando o povo de Deus falava hebraico, rezava em hebraico e escreveu parte da Bíblia em hebraico. No tempo de Jesus, a língua maioritária do Império Romano era o grego, tanto que a Igreja nascente celebrou em grego até ao Papa Dâmaso, que morreu no século IV", diz. "Quando o latim começou a ser a língua maioritária, a Igreja também começou a rezar em latim. O que se sucedeu é que a liturgia continua a ser celebrada em latim, uma língua que o povo cada vez mais não percebia, sobretudo a partir do século IX, quando começam a surgir as línguas nacionais. O que depois se sentiu, e cada vez mais se acentuou, foi um desfasamento entre a língua oficial da liturgia e a língua em que o povo reza, canta e louva o senhor", conclui. De facto, os textos do Concílio promovem o uso das línguas nacionais, mas não prescrevem o latim, que continua a ser a língua oficial da Igreja Católica Romana. Latim tornou-se "inexistente" O texto "Sacrosanctum Concilium" diz mesmo que "deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos" e
14
Segunda-feira, 09-03-2015
pede aos bispos que se tomem providências "para que os fiéis possam rezar ou cantar" em latim partes da missa. "O latim sempre teve lugar na Igreja, e continua a ter. Na 'Sacrosanctum Concilium' é reforçado o valor do latim, como sendo o vulgar. Infelizmente deixou de ser o vulgar para ser inexistente na Igreja. Por isso, qualquer fiel comum não pode ter acesso ao latim na liturgia, o que não é previsto no concílio", lamenta o padre Manuel Vaz Patto, da diocese de Coimbra. Este sacerdote, de 26 anos, faz parte de uma nova geração de católicos que revela um interesse em recuperar algumas tradições da Igreja que caíram em desuso, incluindo a utilização do latim. Desde o pontificado do Papa Bento XVI, que liberalizou a missa segundo o rito antigo, em latim, estas celebrações têmse multiplicado em vários países e por norma são fiéis e padres novos que manifestam interesse em participar e celebrar nelas. Manuel Vaz Patto reconhece que o latim não é uma língua sagrada, mas acredita que pode beneficiar a solenidade da oração. "O latim tem um valor muito importante, em primeiro lugar porque remete para a sacralidade, para que a liturgia seja uma coisa diferente das coisas comuns, como acção sagrada que é e pela presença de Deus. A liturgia é a acção de Deus, em primeiro lugar, que desce à terra e, pela presença de Jesus, pode trazer-nos as graças de Deus e levar as nossas súplicas até Deus. Por isso a liturgia é sagrada e o latim ajuda-nos a lembrar isso." Latim é bandeira Para alguns sectores mais conservadores da Igreja Católica, os usos do latim e da liturgia antiga tornaramse bandeiras, usadas para contestar as próprias reformas do Concílio Vaticano II. É por isso que muitos estarão atentos à homilia de Francisco este sábado à tarde: vai o Papa abordar de alguma forma estes temas? Mas a questão não tem de ser polarizada, nem polémica, considera o padre de Coimbra: "O vernáculo tem muito lugar na Igreja, é importante que as pessoas compreendam a palavra de Deus, para que se possam alimentar dela. As pessoas devem tentar compreender e foi esse o esforço do concílio, para que as pessoas compreendessem, mas sem tirar o carácter essencial da liturgia." "Portanto, a liturgia no vernáculo faz também sentido, mas deve ser mantido também o uso do latim", conclui. Este é um dos temas do programa Princípio e Fim de domingo. Para ouvir às 23h30, na Renascença
Resultados, marcadores e classificação Jornada 24 prossegue esta segunda-feira.
Resultados Rio Ave - Nacional (segunda, 18h00) Sporting - Penafiel (segunda, 20h00) Boavista 3-1 V. Guimarães [Marek Cech, Uchebo, José Manuel; Alex] Estoril 1-1 Gil Vicente [Sebá; Yazalde] Arouca 1-3 Benfica [Iuri Medeiros; Jonas, Lima (2)] Maritimo 2-1 Pacos de Ferreira [Xavier, Weeks; Seri] Moreirense 0-2 Academica [Rui Pedro (2)] V. Setubal 1-1 Belenenses [João Schmidt; Pelé] Sp. Braga 0-1 FC Porto [Tello] Classificação 1- Benfica 62 pontos 2- FC Porto 58 3- Sporting 47 (- 1 jogo) 4- Sp. Braga 46 5- V. Guimarães 40 6- Belenenses 35 7- Paços Ferreira 33 8- Nacional 31 (-1 jogo) 9- Marítimo 30 10- Rio Ave 29 (-1 jogo) 11- Moreirense 28 12- Estoril 26 13- Boavista 25 14- Académica 22 15- Arouca 20 16- V. Setúbal 20 17- Gil Vicente 19 18- Penafiel 16 (-1 jogo) [actualizado às 21h14]
15
Segunda-feira, 09-03-2015
REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Benfica em força
O técnico dos leões espera frente ao Penafiel “uma resposta certa" e o regresso "às vitórias no campeonato, porque só assim vamos estar no caminho que queremos”. Não querendo responder a Jorge Jesus, que disse que a luta pelo título é a dois, entre Benfica e FC Porto, Marco Silva também desvalorizou o facto de o Penafiel ser o lanterna vermelha do campeonato: "Eles não estão numa posição cómoda, mas não é isso que faz parte do nosso trabalho. Não esperamos facilitismo e sabemos que temos de ser humildes e não olhar para a classificação”. O Sporting-Penafiel joga-se na segunda-feira a partir das 20h00. Tem relato na Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt. RIBEIRO CRISTÓVÃO
O Benfica faz manchete nos três diários desportivos, depois da vitória em Arouca, por 3-1. Em O Jogo, lê-se "Águia resiste ao Norte", enquanto A Bola escreve: "Onda vermelha embala Benfica". O Record destaca os marcadores dos três golos, Lima e Jonas, com o título "Que dupla!". "Disse ao árbitro que não prestava". A declaração é de Rui Vitória, no final do Boavista-Vitória de Guimarães, e está nas primeiras páginas de Record e O Jogo. A Bola insiste na saída de Danilo do FC Porto, com o título "Real dá 35 milhões" e o Record lança o SportingPenafiel de logo à noite, avançando: "Nani e Slimani titulares". Sobre o Sporting, O Jogo titula: "Queixa na FIFA por Rinaudo". O Sporting reclama dinheiro do Catânia.
Aumenta o ruído Sobretudo fora das quatro linhas tem aumentado o ruído à volta do actual campeonato que vai entrar nas últimas dez jornadas. Não é uma situação anormal, antes pelo contrário.
Marco Silva espera regresso às vitórias O Sporting–Penafiel joga-se na segundafeira, a partir das 20h00. Tem relato na Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt.
O treinador do Sporting não considera que o jogo contra o Penafiel seja decisivo, mas assume que quer regressar aos triunfos e, se possível, às boas exibições. “Momentos chave são todos os jogos e não vejo isso dessa forma. Amanhã, será apenas mais um momento importante”, disse Marco Silva.
Por Ribeiro Cristóvão
Todos os anos, mais ou menos por esta altura, costuma intensificar-se a discussão à volta do trabalho das equipas arbitragem, sendo porém dos três grandes que emanam as queixas mais incisivas, denunciando teorias da conspiração que poucas vezes fazem sentido. Nos últimos dias, enquanto todas as equipas preparavam os jogos que lhes cabiam na ronda do fimde-semana, chegavam disso ecos com argumentos já muitas vezes revisitados, e com origem, sobretudo, nos dois candidatos à conquista do título. Depositando alguma atenção no que foi dito e publicado, constata-se com toda a facilidade, que é fácil encontrar contradições em discursos de agora e de um passado não muito distante. O trabalho dos árbitros é sempre e inevitavelmente o mote, com críticas nem sempre muito bem fundamentadas. Imagine-se, até a imprensa espanhola, que não liga patavina ao futebol português, acaba de ser fio condutor de lamentos e reparos que apenas fazem parte de um jogo de palavras que já toda a gente conhece de cor.
Segunda-feira, 09-03-2015
É verdade que aos juízes de campo cabe uma boa parte da culpa, bem como a quem os designa em especial para os jogos mais importantes, sendo possível encontrar alguns lapsos na exposição feita pelo Presidente do Conselho de Arbitragem, sem contraditório, o principal dos quais assenta em critérios seguidos ao longo de meses, apesar da defesa feita pelo próprio em relação àqueles que têm sido seguidos. A discussão que está sobre a mesa visa unicamente tentar influenciar o que falta cumprir do calendário. Porém, mais importante do que isso é que cada um tente preparar-se o melhor possível para assim ultrapassar com sucessos os obstáculos que tem pela frente. Nos últimos jogos, Porto e Benfica não cederam terreno, vencendo ambos em campos alheios e sem que haja motivos para contestar os triunfos alcançados. A possibilidade de mudar o rumo das coisas ficou agora adiada por mais uma semana, na qual o Benfica tem um problema mais delicado para resolver. A expectativa transferiu-se assim para o próximo sábado. Até lá, preparemo-nos para continuar a assistir aos jogos florais que por esta altura voltam a enfeitar o futebol português.
Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.
16