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EDIÇÃO PDF Sexta-feira, 10-07-2015 Edição às 08h30

Directora Graça Franco Editor Carla Caixinha

Ex-ministro Armando Vara ouvido esta sexta-feira em tribunal "Terra, tecto e trabalho são direitos sagrados. Vale a pena lutar por eles" DEFENDE A OCDE

Como reduzir a pobreza? Atribuir crédito fiscal às famílias em vez de subir salário mínimo "Numa hora um alemão trabalha mais 30% do que um português" Há grupos secretos de mães no Facebook. Para "sobreviver" à maternidade

Schäuble "oferece" Mais de 25 milhões Grécia aos Estados para tapar buracos Unidos em troca nas vias de Lisboa de Porto Rico

GNR lança operação "Moto" de sexta a domingo

Negociações de Casillas com Real Madrid complicam-se

Festival RFM SOMNII espera 80 mil pessoas na praia


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Ex-ministro Armando Vara ouvido esta sextafeira em tribunal As únicas notícias que o associavam à "operação Marquês" diziam respeito a uma investigação relacionada com o financiamento do empreendimento imobiliário Vale do Lobo.

Foto: Paulo Novais/ Lusa

O ex-ministro Armando Vara é ouvido esta sexta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, pelo juiz Carlos Alexandre, por suspeitas dos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Foi detido na quinta-feira, na sua casa em Cascais, na sequência de uma operação que envolveu buscas à sua residência, aos seus escritórios e à sede da Caixa Geral de Depósitos, da qual foi administrador. O ex-ministro do Governo socialista de António Guterres foi detido no âmbito da “operação Marquês”, a mesma que levou à detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates em Novembro do ano passado. Vara foi detido numa acção dirigida por um magistrado do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que envolveu várias equipas deste departamento e mobilizou também elementos da Autoridade Tributária e da Polícia de Segurança Pública. Além de ministro e de secretário de Estado, Vara foi também administrador do Millennium BCP. Armando Vara foi condenado em Setembro de 2014 a cinco anos de prisão efectiva no âmbito do processo Face Oculta por tráfico de influências. Esta decisão está em recurso no Tribunal da Relação do Porto. Vale do Lobo na origem da investigação? Vários órgãos de comunicação noticiam que esta detenção está relacionada com o financiamento da compra de um empreendimento imobiliário Vale do Lobo, no Algarve. A investigação parece estar concentrada no financiamento, em 2006, da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento imobiliário. Notícias publicadas na imprensa indicam que o Ministério Público suspeita que Sócrates terá recebido "luvas" no valor de 12 milhões de euros, relacionadas

com o empreendimento Vale do Lobo, Algarve, através de um circuito financeiro que envolveu os empresários Helder Bataglia (ex-administrador da ESCOM), Joaquim Barroca (grupo Lena) e Carlos Santos Silva, este último amigo de longa data do ex-primeiro-ministro. A defesa de Sócrates já desmentiu em absoluto qualquer intervenção de Sócrates no Plano Regional de Ordenamento do Territorio (PROT) Algarve 2 com vista a beneficiar o empreendimento de luxo na costa algarvia. Arguidos da operação No âmbito da “operação Marquês”, Sócrates está detido no Estabelecimento Prisional de Évora desde Novembro do ano passado, indiciado por fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais. José Sócrates é o único arguido que continua detido preventivamente, encontrando-se no estabelecimento prisional de Évora desde Novembro do ano passado. Em prisão domiciliária no âmbito deste processo encontram-se o empresário Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates, e o administrador do grupo Lena Joaquim Barroca. O ex-motorista de Sócrates, João Perna, encontra-se em liberdade provisória mediante apresentações periódicas, depois de ter estado em prisão preventiva. Neste processo, ainda arguidos são o administrador da farmacêutica Octapharma Paulo Lalanda de Castro, a mulher de Carlos Santos Silva, Inês do Rosário, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o presidente da empresa que gere o empreendimento de Vale do Lobo, Diogo Gaspar Ferreira.

"Terra, tecto e trabalho são direitos sagrados. Vale a pena lutar por eles" Num encontro com movimentos populares, o Papa pediu mudanças reais no sistema global para pôr a economia ao serviço dos pobres.

Por Aura Miguel, no Equador, e Filipe d'Avillez

O Papa Francisco disse esta quinta-feira que a terra, a habitação e o trabalho são "direitos sagrados" pelos


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quais vale a pena luar. Foi num,encontro com representantes de movimentos populares, normalmente de ideologia de esquerda e muito comuns na América Latina, que o Papa pediu mudanças reais no sistema global. "A Bíblia lembra-nos que Deus escuta o clamor do seu povo e também eu quero voltar a unir a minha voz à vossa: terra, tecto e trabalho para todos os nossos irmãos e irmãs. Disse-o e repito: são direitos sagrados. Vale a pena, vale a pena lutar por eles. Que o clamor dos excluídos seja escutado na América Latina e em toda a terra", disse Francisco, logo a abrir o discurso mais longo que fez nesta sua viagem à América Latina. "Pergunto-me se somos capazes de reconhecer que estas realidades destrutivas correspondem a um sistema que se tornou global. Reconhecemos nós que este sistema impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza? Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos.... E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco." Francisco pediu aos representantes dos movimentos uma "globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença". "Quando o capital se torna um ídolo" O Papa voltou, neste encontro, a criticar a economia que instrumentaliza o homem: "Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioecónomico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum". Contudo, perante os activistas, Francisco insistiu que não basta mudar estruturas. "Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas, que não seja acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração, acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir. Por isso, gosto tanto da imagem do processo, onde a paixão por semear, por regar serenamente o que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos." Como modelo, o Papa propôs aos presentes Nossa Senhora "uma jovem humilde duma pequena aldeia perdida na periferia dum grande império, uma mãe sem tecto que soube transformar um curral de animais na casa de Jesus com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Maria é sinal de esperança para os povos que sofrem dores de parto até que brote a justiça". Três tarefas De seguida, Francisco falou de três grandes tarefas que cabem aos movimentos populares no sentido de alcançar a mudança. "A primeira tarefa é pôr a economia ao serviço dos povos. Os seres humanos e a natureza não devem estar ao serviço do dinheiro. Digamos não a uma economia

de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe Terra. A economia não deveria ser um mecanismo de acumulação, mas a condigna administração da casa comum." Todos juntos, diz Francisco, devemos trabalhar por uma economia diferente. "Uma economia justa deve criar as condições para que cada pessoa possa gozar duma infância sem privações, desenvolver os seus talentos durante a juventude, trabalhar com plenos direitos durante os anos de actividade e ter acesso a uma digna aposentação na velhice", disse, concluindo: "Vós – e outros povos também – resumis este anseio duma maneira simples e bela: 'viver bem'. Esta economia é não apenas desejável e necessária, mas também possível." O Papa fez ainda questão de ligar o que dizia a um dos fundamentos da doutrina social da Igreja. "O destino universal dos bens não é um adorno retórico da doutrina social da Igreja. É uma realidade anterior à propriedade privada. A propriedade, sobretudo quando afecta os recursos naturais, deve estar sempre em função das necessidades das pessoas." A segunda tarefa, diz Francisco, é a unidade dos povos. Aqui o Papa falou mais especificamente sobre a realidade da América Latina, elogiando o facto de os governos da região terem estado a trabalhar mais em colaboração nos tempos recentes, mas disse ainda que "nenhum poder efectivamente constituído tem direito de privar os países pobres do pleno exercício da sua soberania e, quando o fazem, vemos novas formas de colonialismo que afectam seriamente as possibilidades de paz e justiça". Estas novas formas de colonialismo não se limitam à acção dos governos. "A concentração monopolista dos meios de comunicação social que pretende impor padrões alienantes de consumo e certa uniformidade cultural é outra das formas que adopta o novo colonialismo. É o colonialismo ideológico", sublinhou Francisco. Neste contexto, o Papa aproveitou para realçar o pedido de perdão por parte da Igreja por todos os crimes cometidos em seu nome ao longo da história, em particular contra os povos indígenas da América Latina, onde se encontra para uma visita de dez dias, que para além da Bolívia, onde se encontra, contou também com uma passagem pelo Equador e terminará no Paraguai. Como terceira tarefa, o Papa insistiu na defesa da "Mãe Terra", remetendo para a sua mais recente encíclica sobre a ecologia e dizendo que a covardia em defender o planeta é mesmo "pecado grave". "Continuai com a vossa luta" Terminando, Francisco mostrou-se solidário com os activistas. "Estou convosco. Digamos juntos do fundo do coração: nenhuma família sem tecto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma veneranda velhice. Continuai com a vossa luta e, por favor, cuidai bem da Mãe Terra." Esta foi a segunda vez que Francisco se encontrou com representantes dos chamados movimentos populares, a primeira tinha sido em Roma durante um encontro


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mundial destas organizações em Itália. A Renascença V+ transmite em directo os principais momentos da visita do Papa à América Latina, até domingo. Veja em detalhe o programa das transmissões DEFENDE A OCDE

Como reduzir a pobreza? Atribuir crédito fiscal às famílias em vez de subir salário mínimo A recomendação para apoiar as famílias de baixos rendimentos é feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Diz que o salário mínimo em Portugal é "relativamente alto".

O salário mínimo subiu para os 505 euros em Outubro de 2014, um aumento que foi acompanhado pela descida de 0,75 pontos percentuais da taxa social única (TSU) paga pelas empresas para aqueles trabalhadores que já auferiam o salário mínimo. Ainda de acordo com a OCDE, é recomendado a Portugal que invista em políticas activas de emprego, uma vez que as medidas actualmente em vigor têm tido pouco sucesso na dinamização do mercado de trabalho. Apesar de o país ter registado uma descida da taxa de desemprego por sete trimestres consecutivos, os dados mais recentes sugerem "a possibilidade de um abrandamento" na recuperação do mercado de trabalho. "Embora seja muito cedo para dizer, isso [a descida do desemprego e subida do emprego] poderá ser temporário, uma vez que a recuperação económica deverá concretizar-se no final de 2015 e 2016", estima a organização.

Schäuble "oferece" Grécia aos Estados Unidos em troca de Porto Rico Ministro alemão das Finanças afirmou que, "se os Estados Unidos quiserem, levam a Grécia para a união do dólar".

Foto: Luís Forra/Lusa

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) recomenda a Portugal a atribuição de um crédito fiscal para famílias com baixos rendimentos que, considera, mais eficaz na redução da pobreza do que o aumento do salário mínimo. Numa análise elaborada no âmbito das Perspectivas do Emprego 2015, e divulgada esta quinta-feira, a organização defende que esta subida pode levar à perda de empregos. Em alternativa sugere "a criação de créditos fiscais pode ser uma forma mais eficaz para apoiar as famílias de baixos rendimentos". "Um crédito fiscal dirigido às famílias de baixos rendimentos reduziria a dispersão de rendimentos, sem reduzir a procura de trabalho. Ao reforçar os incentivos ao trabalho, é provável que o impacto no emprego seja positivo", afirma a OCDE. Mas esta pode não ser uma medida fácil de aplicar, uma vez que estas famílias já estarão isentas do pagamento de IRS. Assim, sobram os impostos sobre o consumo, mais complicados de devolver. Salário mínimo "relativamente alto" Em 2013, o salário mínimo nacional já era" relativamente alto" quando comparado com o salário médio em Portugal, e numa comparação com a média dos países da OCDE, destaca a organização.

O ministro alemão das Finanças ironizou sobre a crise no euro. Wolfgang Schäuble contou esta quinta-feira que “ofereceu” a Grécia aos Estados Unidos em troca de Porto Rico. “Ofereci ao meu amigo Jack Lew [secretário norteamericano do Tesouro], por estes dias, uma troca: trazíamos Porto Rico para a zona euro e, se os Estados Unidos quiserem, levam a Grécia para a união do dólar", disse Schäuble num evento em Frankfurt. O secretário norte-americano do Tesouro "pensou que era uma piada", sublinhou o ministro alemão das Finanças. As declarações de Schäuble são conhecidas no dia em que a Grécia deverá apresentar aos credores internacionais um pacote de reformas e de medidas de austeridade, com vista a um novo programa de resgate. Porto Rico, à semelhança da Grécia, tem uma dívida pública muito elevada, que o governador da ilha já


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admitiu que não vai conseguir pagar. O ministro alemão das Finanças também admitiu que a dívida grega, para ser sustentável, precisa de ser cortada, como defende o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não à custa dos contribuintes europeus.

Grécia entregou propostas aos credores

[Actualizado às 23h59] JOÃO FERREIRA DO AMARAL

O fim do tabu Mais cedo ou mais tarde, a realidade se imporá na Grécia, seja no próximo fim-desemana seja daqui a seis meses ou um ano. Mais tarde ou mais cedo, acontecerá em Portugal.

Os pormenores ainda não são conhecidos mas, de acordo com relatos citados pela imprensa internacional, Atenas propõe novas medidas de austeridade no valor de 13 mil milhões. O plano de reformas e austeridade da Grécia foi entregue esta quinta-feira à noite ao Eurogrupo, a poucas horas do final do prazo estabelecido. “O presidente do Eurogrupo Dijsselbloem recebeu as novas propostas gregas”, anunciou o porta-voz da instituição na rede social Twitter. As propostas aprovadas esta quinta-feira pelo Governo grego, são “importantes” para a decisão que as instituições internacionais vão tomar nos próximos dias. O pacote de reformas e austeridade é uma das condições para um novo programa de resgate à Grécia. De acordo com relatos citados pela imprensa internacional, Atenas propõe novas medidas de austeridade no valor de 13 mil milhões de euros para os próximos três anos. As propostas que o Governo grego enviou aos seus credores internacionais incluem um aumento das taxas do IVA e mudanças nas pensões de reforma e no regime da Função Pública, avançou a agência AFP citando a página oficial do executivo de Atenas. De acordo com o texto das propostas, a Grécia deseja uma solução "para regularizar" a sua enorme dívida pública, que ascende a 180% do PIB (Produto Interno Bruto), bem como "um pacote de 35 mil milhões de euros" consagrado ao crescimento económico. O terceiro programa de resgate que a Grécia tem que apresentar até ao fim do dia deverá ascender a 50 mil milhões de euros. Para domingo está marcado um conselho europeu extraordinário da UE para aprovar ou não o novo resgate à Grécia. New Greek proposals received by #Eurogroup president @J_Dijsselbloem, important for institutions to consider these in their assessment — Michel Reijns (@MichelReijns) 9 julho 2015

É oficial. A saída da Grécia do euro é uma alternativa possível e as instituições europeias já estão preparadas para essa eventualidade. Tombou finalmente um tabu, com grande pena, ao que parece dos que põem o euro acima dos interesses nacionais. Como não é esse o meu caso, só me posso alegrar que a questão monetária na Europa passe a ser considerada de forma adulta (expressão que passou a estar na moda) e que deixe de estar subordinada às fantasias federalistas. Mas há aqui uma grande lição. É que, quando se sacrifica a economia em nome de uma metafísica, seja europeia, seja outra qualquer, mais cedo ou mais tarde as necessidades da economia acabam inexoravelmente por se impor, eliminam-se os sonhos fantasistas e o país segue em frente. É certo que em muito piores condições, mas a responsabilidade é de quem arrasta o país para uma aventura irresponsável. Mais cedo ou mais tarde, a realidade se imporá na Grécia, seja no próximo fim-de-semana seja daqui a seis meses ou um ano. Mais tarde ou mais cedo, acontecerá em Portugal. Muito me diverte, nas frequentes discussões que tenho sobre uma eventual saída de Portugal do euro, o argumento contrário que me responde que isso seria péssimo porque a nova moeda portuguesa se iria rapidamente desvalorizar. Não compreenderá quem assim argumenta que me está a dar o melhor argumento para a saída do euro? Se a moeda no dia seguinte se desvaloriza fortemente é porque a economia necessita quer ela se desvalorize. E teimar em reprimir essa necessidade não só não resolve nada, como agrava fortemente a situação, tornando inevitável uma saída posterior, em muito piores condições. Como ao que parece, a Grécia poderá estar em vésperas de experimentar.


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FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

Conhecer a realidade A publicação do estudo “Três décadas de Portugal Europeu” é um importante contributo para conhecer melhor a evolução e as perspectivas da economia portuguesa.

"Numa hora um alemão trabalha mais 30% do que um português" Os portugueses trabalham mais 486 horas do que os alemães. Mas isso não chega. Por cada hora trabalhada os alemães produzem mais 30%, diz o presidente da Associação Industrial do Minho.

Duas pessoas sérias e racionais podem divergir em muita coisa. Mesmo em áreas ditas científicas. O “pensamento único” é uma aberração. E, como os jornalistas bem sabem, não é neutra a mera escolha dos factos que se noticiam - implica sempre uma decisão valorativa. Dito isto, é patente que inúmeras discussões em Portugal poderiam ser eliminadas ou restringidas no seu âmbito se houvesse um maior conhecimento da realidade. A publicação do estudo “Três décadas de Portugal Europeu”, encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) ao Prof. Augusto Mateus, é um importante contributo para conhecer melhor a evolução e as perspectivas da economia portuguesa no quadro da UE. Num campo onde as nossas universidades têm falhado, a FFMS prossegue, assim, o seu trabalho de esclarecimento dos portugueses – de que a Pordata é o exemplo mais notável, mas não o único. A. Mateus, que foi ministro da Economia de A. Guterres, confirma aqui o seu vasto conhecimento das realidades económicas de Portugal e da Europa, e a sua capacidade para não ser tolhido por preconceitos ideológicos.

Ilustração: Freepik Por Henrique Cunha

A Alemanha é o país da OCDE onde se trabalha menos horas. É o que conclui um relatório divulgado esta quinta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Por ano, os alemães trabalham 1.371 horas. Portugal surge no 12.º lugar entre os que mais trabalham, com uma média de 1.857 horas por ano. A Grécia é o país europeu com maior número de horas de trabalho: 2.042. Por cada dia útil, cada alemão trabalha em média menos de cinco horas e meia, enquanto um português trabalha 7 horas e 20 minutos por dia e um grego oito horas. A que se devem estes números tão díspares? "A palavra mágica é produtividade", diz à Renascença o presidente da Associação Industrial do Minho, António Marques. "Significa que numa hora um alemão trabalha mais 30% do que nós." O presidente da AIMinho dá o exemplo da Continental Mabor, "uma empresa de capital alemão que opera em Famalicão". "É considerada no grupo das unidades mais produtivas, mais eficientes. Estamos a falar de trabalhadores portugueses e de alguns gestores também portugueses. Só que a forma de gerir, a liderança, a disciplina, a organização do trabalho, a organização da actividade, a organização operacional do trabalho vão no sentido de comer todos aqueles tempos mortos, toda aquela desorganização relativa que temos e que nos cava para baixo na produtividade", diz. Alta tecnologia ajuda "Há défices de organização, défices de gestão. Acima de tudo, a nossa economia está estruturada em


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sectores de actividade que têm cadeias de valor que trazem menos acrescento", afirma o ex-líder da CGTP Manuel Carvalho da Silva. O sociólogo do trabalho acrescenta o facto de a Alemanha ter apostado em linhas de alta tecnologia que permitem maior produtividade. "A produtividade não é apenas dependente do número de horas que se trabalha. A produtividade é um rácio simples em que divide não o número de peças que se produz, mas o valor que se obtém com aquilo que se produz pelo número de horas de trabalho", diz Carvalho da Silva. "Os alemães, se trabalham em sectores de alta tecnologia, em linhas que lhes permitem cadeias de valor de maior acrescento, é claro que têm uma produtividade muito maior que a nossa, mesmo trabalhando menos."

Há grupos secretos de mães no Facebook. Para "sobreviver" à maternidade Há quem lhes chame "a maçonaria das mães". Reúnem milhares de mães, que falam de tudo. Pediatra alerta para riscos, mas reconhece: os pais vão para as consultas mais informados.

Foto: SXC Por Cristina Nascimento

Tic-tac-tic-tac… Para muitas mães (e muitos pais) assim que surge a notícia da gravidez, começa uma contagem decrescente para uma realidade desconhecida. Mesmo para quem não é estreante, ter um bebé nos braços pode significar uma extensa lista de dúvidas. No século XXI, o Facebook pode dar uma ajuda: há grupos secretos de mães onde de tudo se fala. "Há quem diga que aquilo é a maçonaria das mães", diz, entre risos, Raquel Filipe, uma das três administradoras do grupo 4Mom's, criado em Abril de 2011, e que conta com quase cinco mil mães. "A questão de o grupo ser secreto é para as pessoas estarem à vontade. É um grupo só de mulheres onde se

fala essencialmente da maternidade, mas não só. Há ali, às vezes, uma partilha um bocadinho íntima", descreve. A entrada é feita por convite de um membro do grupo e, depois de aceite, há uma ou outra regra a cumprir. Mas afinal do que se fala aqui? "De tudo, desde as dúvidas sobre a gravidez, sobre a amamentação, como é que se faz a introdução alimentar a 'quem é que tem casa de férias para arrendar', sugestões de destinos de férias, lojas com coisas para as crianças e para nós", diz Raquel. "Neste grupo não há filtros. Existe essa opção, de podermos aprovar aquilo que é publicado, mas não o fazemos. No entanto, à medida que o tempo foi passando, tivemos de colocar algumas regras. Não aceitamos que sejam feitas vendas de qualquer tipo, por exemplo", explica Raquel Filipe. Dr. Facebook, amigo de todas as horas? Mafalda Cordeiro é uma das cinco mil mulheres que faz parte do grupo. "Já me deram um contacto de um médico dermatologista pediátrico e já consegui, através de uma amiga de uma mãe do grupo, a minha empregada. Ia ficar livre nessa outra mãe durante as manhãs, agora vem para mim e é espectacular", diz esta mãe de Lisboa com dois meninos, um de dois anos, outro com cinco. No Funchal, Patrícia Gomes fala sobre o grupo com indiscritível entusiasmo. "Tem sido muito útil, principalmente com a questão da amamentação que não correu muito bem e foi-me muito útil não estar sozinha nesta questão", diz à Renascença, aproveitando "uma folguinha" dada pela filha de 11 meses. "Eu insistia que queria dar de mamar, e inclusive uma mãe, mandou-me mensagens privadas, que me dava apoio se eu precisasse de mais alguma questão", acrescenta. Patrícia dá outro exemplo que até lhe poupou uma ida precipitada ao médico: "Há dias, apareceu uma alergia na minha filha e eu estava para ir ao médico. Entretanto, alguém fez um 'post' com uma fotografia de uma alergia e eu percebi 'Ah, isto é igual à minha'. No fim de contas, era uma coisa muito fácil de resolver e quando fui ao pediatra ele disse exactamente o que elas repetiam nos comentários." Mas nem todas lêem com bons olhos estas publicações com questões médicas. "Fazer perguntas de medicina e questões sérias no grupo, acho um bocadinho perigoso", diz Mafalda Cordeiro. A Net é boa conselheira? Nos consultórios, os médicos notam na existência destes grupos, fóruns e blogues na internet. "Todos os assuntos que debatemos nas consultas as mães vêem previamente na internet e discutem com outras mães. Desde as coisas mais pequenas até às coisas maiores, todas as mães já vêm com uma opinião semiformada por aquilo que lerem nesses blogues", diz Nuno Carreira. Este pediatra começou a notar neste fenómeno sobretudo nos últimos dois ou três anos. "Há muitos pais que me procuraram para as consultas porque nos blogues ouviram falar de mim, por exemplo", diz. Questionado sobre se já identificou no consultório casos graves de mau aconselhamento nestes meios, Nuno Carreira garante que nunca viu "nada de grave", mas admite que há margem para


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alguns riscos. "Já vi coisas escritas que eu disse em consultas, conselhos que dou habitualmente, como também já vi coisas que podem ser prejudiciais para a saúde das crianças", diz. E cita um exemplo muito divulgado: "Uma coisa tão simples e tão usada como os medicamentos com cânfora que se esfregam nos pés e que se esfrega no peito e que podem – obviamente, em quantidades já consideráveis – causar convulsões. É uma mezinha muito divulgada nestes blogues." Nuno Carreira alerta ainda para preocupações, por vezes desnecessárias, em matéria de diagnóstico de doenças ou comparação de estágios de desenvolvimento. "Nos blogues há quem escreva que o filho aos seis meses já gatinha e aos nove já anda, por exemplo, e, ao ler isso, os outros pais, cujos filhos não fazem isso mas que estão perfeitamente dentro do desenvolvimento, acabam por ficar alarmados. O mesmo se aplica a doenças: sintomas que os pais julgam que são iguais ou parecidos e que na realidade são coisas completamente diferentes e cuja gravidade pode não ser, nem de perto nem de longe, a mesma", explica. "Mesmo que não publiques, vais tirar dúvidas" Mas pesadas as vantagens e desvantagens, aprova ou reprova estes meios de troca de informações? "É uma coisa boa", responde sem hesitação. "Antigamente, os pais tinham muito o apoio das avós, que transmitiam alguma da sabedoria popular, tranquilizando as mães. Esse apoio foi perdido." Voltamos ao Funchal. Patrícia refere-se a este grupo como uma forma de "abrir o leque de informações". "Aqui na Madeira é um meio pequeno, conhecem-se umas às outras e portanto têm medo ou vergonha de abordar algum assunto que se tornam temas tabu. Ali, no 4Mom's não há qualquer tipo de problema – até de cirurgias plásticas se comenta, quem fez, quem não fez... Fala-se de tudo". Informação é coisa que não falta a Leonor Fernandes. Até há alguns meses era jornalista em Lisboa. Quando soube que ia ser mãe, começou a pensar em mudar de vida. E mudou. Foi para o campo, vive em Viana do Alentejo, com o marido e, agora, com a sua bebé de alguns meses. Ainda estava grávida quando uma amiga lhe falou no 4Mom's. "Ela disse-me: 'Mesmo que não uses para perguntar o que quer que seja, acabas por ir vendo o que é que as outras mães vão publicando e tiras ideias e dúvidas". Assim foi. Leonor "não considera o grupo fundamental", mas vê vantagens e já o recomendou a outras amigas, exactamente com o mesmo conselho que recebeu.

ENTREVISTA

"Portugueses estão a comprar carros mais pequenos e mais baratos" O sector automóvel português cresceu mais de 35% (o maior aumento na UE) no primeiro semestre. O secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal fala do que mudou no mercado do pós-troika.

Foto: DR Por João Carlos Malta

Um crescimento de mais de 35% nos primeiros seis meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, e um resultado absoluto de unidades vendidas que supera os anos completos de 2012 e 2013. Olhando apenas para estes dados, diríamos que o sector automóvel meteu a sexta a fundo e deixou a crise para trás. A conclusão é parcialmente verdadeira, mas em entrevista à Renascença, o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Barata Pedro, dá-nos o contexto destes números. O sector partiu da maior crise de sempre e por isso se explica parte significativa do crescimento percentual. Mas será que isso se reflecte proporcionalmente em volume de negócios? Não. Os portugueses estão a comprar carros de forma diferente. Portugal foi o país que mais cresceu na venda de carros dentro da UE no primeiro semestre deste ano, com mais 35,2% do que no período homólogo. Países como a Finlândia ou a Áustria, com muito mais poder de compra, até registaram evoluções negativas neste período. O que é que justifica esta liderança de um país que acaba de sair de um programa de resgate? Temos de recuar à recessão de 2012 a que assistimos na União Europeia e que teve especial incidência nos países que estavam sobre assistência externa. Portugal registou das maiores quebras percentuais em toda a UE. O nosso mercado caiu mais de 40%, o que não se verificou nos outros países a que se refere. Estamos a assistir a uma recuperação desde o segundo semestre de 2013. É normal que Portugal, a Irlanda e não muito atrás a Grécia apareçam com percentagens superiores


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a países como Áustria e a Finlândia cujos mercados não foram tão afectados. Há um dado, referente a 2014, que me parece importante: o número de carros comprados por mil habitantes. A média na UE foi de 25 automóveis, e em Portugal foram 14. A Áustria vendeu 34 e a Alemanha 38. São países com que não nos comparamos, mas ajuda a explicar o fenómeno. A própria Irlanda vendeu 21. Isto relativiza os números. Estamos muito longe de outros mercados europeus. Portanto, uma coisa é a variação percentual e outra é o volume do mercado. Que consequências resultaram desta crise para o parque automóvel? Um envelhecimento grande. A idade média passou para 12,4 anos, o que é muito acima do que era expectável. Com a crise de 2012, o automóvel, o imobiliário e a construção foram os sectores que mais sentiram o impacto dessa crise – talvez por sermos um sector barómetro da economia. E se o mercado caiu 40%, nos particulares temos informações de que caiu 60%. No entanto, os dados de Junho mostram que os portugueses já compraram mais carros em seis meses deste ano do que em todo o ano de 2012 e de 2013. Podemos, mesmo com as ressalvas que fez, falar de um sector que está já recuperado? O sector automóvel avalia a situação da economia do país. Com a recuperação de alguns indicadores económicos, como o índice de confiança das famílias e das empresas, isso leva a um aumento da confiança que se repercute no que é a procura no mercado automóvel. Os dados da atribuição de crédito ao consumo mostram que o sector automóvel é dos que mais cresce. Depois de a banca ter fechado a torneira à compra de carros, voltou a abri-la. Essa mudança está a ser decisiva para esta recuperação? Os carros são tradicionalmente o segundo investimento das famílias a seguir à habitação. Portanto, a banca tem de ter uma atenção especial a este sector. Isso nota-se nas vendas? A banca faz as análises de risco e de mercado e nestes últimos dois anos voltou a olhar para este sector como importante na actividade económica. O peso das "rent-a-car" nas vendas, decorrente da actividade turística, é também normalmente apresentado como uma das justificações para as vendas nos últimos tempos. Este mercado já vale mais do que a venda a particulares? Isso ajuda a explicar a evolução dos últimos seis meses. A actividade turística, e ainda bem, tem vindo a conhecer um crescimento notável. A actividade de "rent-a-car" é fundamental para esse sector. Dos indicadores que temos, 27% das vendas foram a "renta-car". Isso é bastante expressivo. Durante esta legislatura, a ACAP tem tido alguns confrontos com o Governo, nomeadamente naquilo que são as políticas de abate de automóveis. Sente que o recuperar de vendas de automóveis, e o que significa em termos de aumento de importações, não é analisado por quem governa como contrário ao modelo económico que o país deve seguir e que passa pelo aumento das exportações e a diminuição das

importações? Mas nós estamos a aumentar as exportações de veículos montados em Portugal. Quando falamos do automóvel, temos de perceber que é um sector que tem indústria ao contrário de outros países. Ou seja, há fábricas de automóveis e de componentes para carros. Segundo o INE, a taxa de cobertura da balança comercial do sector é superior à taxa da economia nacional como um todo. Mas existe a leitura de que um aumento das vendas de carros é um aumento das importações... Sim, todas as leituras são positivas. Mas não sentimos isso, porque em todos os contactos em comissões na Assembleia da República as nossas posições são ouvidas por todos. E todos compreendem a importância do sector para a economia portuguesa. O crescimento do automóvel tem levado a um crescimento das receitas fiscais. Se virmos a cobrança de impostos, nos impostos indirectos, o ISV (Imposto sobre Veículos) cresce 30% da receita. E o Governo, se quer manter o défice numa determinada barreira, precisa de receitas fiscais. Tem alguma previsão sobre o crescimento que o sector vai ter em termos de emprego, número de empresas e volume de negócios? Não temos números concretos. Mas temos a sensação de que o sector perdeu muito emprego, encerraram muitas empresas. Em 2012, estimámos que se tenham perdido mais de 20 mil postos de trabalho. Está a haver uma recuperação de emprego sobretudo ao nível das forças de vendas. E isso vai manter-se em 2015, mais do que a criação de emprego. O aumento do volume de negócios acompanha o crescimento percentual das vendas? Não é proporcional. No mercado automóvel, tendo em conta a situação do país e a fiscalidade que temos, mas também a oferta dos construtores, percebemos que cada vez se compram automóveis com menores emissões e menor cilindrada.Portugal é dos países com taxas de emissões de CO2 mais baixa da Europa (108g/km). No mercado alemão são 130g/km. E são carros mais pequenos e mais baratos. O volume de negócios não corresponde ao crescimento do mercado. Os portugueses estão a comprar carros mais baratos e mais pequenos? Mais pequenos e mais baratos e com menores emissões.


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Passos Coelho: "Muitas vezes sentime muito próximo do abismo" O primeiro-ministro não escondeu que muitas das dificuldades foram criadas pelo Tribunal Constitucional.

Foto: Manuel de Almeida/Lusa

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, confessa que nos últimos quatro anos de governação se sentiu, muitas vezes, “à beira do abismo”. Passos Coelho, que falava no Congresso Nacional dos Economistas, em Lisboa, disse que muitas circunstâncias tornavam quase impossível a tarefa que tinha pela frente. “Nos quatro anos que levo como primeiro-ministro, muitas vezes senti-me muito próximo do abismo, que é como quem diz, de não conseguir alcançar os resultados que eram indispensáveis a Portugal. Foram muitas as circunstâncias, ao longo destes quatro anos, que tornaram quase impossível o nosso exercício”, declarou. O primeiro-ministro não escondeu que muitas das dificuldades foram criadas pelo Tribunal Constitucional. “A cada três meses tivemos de fechar exercícios com a troika que eram desfeitos pelos acórdãos do Tribunal Constitucional nos meses subsequentes. É um exercício democrático que acrescentou enorme complexidade a todo o processo que realizámos e a verdade é que era importante, cada vez que o problema ocorria, ter rapidamente uma solução para ele. Não ter uma solução para ele era ter um caminho identificado com a dificuldade de a Grécia fechar qualquer exercício de avaliação”, disse Passos Coelho. Na sua intervenção, no Congresso Nacional dos Economistas, o primeiro-ministro garantiu ainda que apesar das dificuldades, o seu Governo nunca cedeu à tentação de renegociar o programa de ajustamento, como fez a Grécia.

Mais de 25 milhões para tapar buracos nas vias de Lisboa Avança já este ano um plano de pavimentação de vias, para melhorar a segurança, mobilidade e conforto. "É uma evidência o estado de degradação", reconhece o autarca Fernando Medina.

Foto: Joana Bourgard/RR Por João Cunha

O presidente da Câmara de Lisboa apresentou esta quinta-feira o plano de intervenções nas vias da cidade: São mais 25 milhões de euros, em dois anos, para tapar buracos. O autarca Fernando Medina, que promete fazer um balanço da obra de três em três meses, revelou que este ano vão arrancar intervenções prioritárias em algumas das principais vias da cidade. “Isto é reconhecido por todos. É uma evidência o estado de degradação acentuado que muitas das nossas artérias apresentam hoje”, reconhece o autarca. Por isso, chegou a altura de avançar com um plano de pavimentação de vias, para melhorar a segurança, mobilidade e conforto. Um programa ambicioso, como Fernando Medina definiu. “Nos próximos dois anos contamos ter intervenções em cerca de 100 quilómetros de arruamentos, num investimento total que superará os 25 milhões de euros”. Já este ano, há intervenções prioritárias que arrancam em algumas das principais vias da cidade: em todo o eixo da Avenida das Forças Armadas, da Av. Dos Estados Unidos da América, da Av. Gago Coutinho, do Campo Grande e Entrecampos. Em 2016, outra obra se irá destacar - uma intervenção de fundo na Segunda Circular. Para além desta via, haverá também obras, entre outros sítios, na Avenida 24 de Julho, Calçada da Estrela e Rua de São Bento.


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Há escolas públicas e privadas a ser investigadas por suspeita de inflacionar notas Em quatro escolas foram instaurados processos de inquérito para uma investigação mais aprofundada de indícios de responsabilidade disciplinar. O secretário de Estado de Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, não revela o nome das quatro escolas que estão a ser investigadas, mas garante que há estabelecimentos de ensino públicos e privados. Em declarações aos jornalistas, em Lisboa, esta quintafeira, o governante disse que a Inspecção-geral de Educação e Ciência fez “averiguações em 10 estabelecimentos de ensino, que apresentavam notoriamente um maior desalinhamento entre as classificações internas e as classificações de exame”. “Com base nisso produziu recomendações, que foram já no passado mês de Junho verificadas se estavam a ser acolhidas. Na generalidade, estavam a ser acolhidas. A Inspecção-geral de Educação e Ciência achou também que deveria averiguar melhor quatro das situações, é isso que decorre nesta altura e por decorrer não terei nenhum pormenor para vos poder dar”, acrescentou o secretário de Estado. O secretário de Estado do Ensino recusa que a iniciativa deste processo esteja relacionada o alerta feito pelo Conselho Nacional de Educação, afirmando que o trabalho é agora possível graças ao cruzamento de dados. A Renascença sabe que foram feitas recomendações de correcção nos procedimentos de avaliação dos alunos, que estão já a ser cumpridas. A quatro delas foram instaurados processos de inquérito para uma investigação mais aprofundada de indícios de responsabilidade disciplinar. Para evitar casos idênticos no futuro, o Ministério da Educação promete novas intervenções para seguir o cumprimento das recomendações e preparar o próximo ano lectivo.

Média dos resultados a Matemática cai para negativa Em 2014, a média foi positiva. Português, pelo segundo ano consecutivo, consegue uma média nacional positiva. Por Fátima Casanova com Lusa

Os alunos do 9.º ano registaram este ano uma média a Matemática de 48%, voltando a resultados negativos depois de, em 2014, terem conseguido uma positiva tangencial de 53%, adiantam os resultados das provas finais divulgados esta quinta-feira pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC). De acordo com os dados disponibilizados, mais de 30 mil dos cerca de 95 mil que foram a exame chumbaram na prova. A Português, a outra disciplina a que os alunos do 3.º ciclo do ensino básico prestam provas finais, a média este ano foi de 58%, ligeiramente melhor que os 56% registados em 2014. A taxa de reprovação a Português foi de 10%. "O Ministério da Educação e Ciência salienta que estes resultados mostram ainda a existência de uma percentagem elevada de alunos com dificuldades significativas nestas disciplinas estruturantes, o que vem confirmar a necessidade de as escolas identificarem cada vez mais cedo essas dificuldades nos primeiros anos do ensino básico, aplicando as medidas de apoio definidas e implementadas pelas escolas desde 2012", refere o Ministério em comunicado. Os alunos do 9º ano em risco de reprovar têm nova oportunidade de mostrar o que sabem na segunda fase de provas. Para daqui a uma semana está marcada a de Português e a de Matemática está marcada para 20 de Julho. PAPA

Papa fala em "genocídio" dentro de uma "3ª guerra mundial em parcelas" Nesta intervenção na Bolívia, Francisco pediu perdão pelos pecados da Igreja cometidos contra os povos indígenas. Papa fala em "genocídio" dentro de uma "3ª guerra mundial em parcelas" O Papa pediu o fim do “genocídio” dos cristãos no Médio Oriente. No segundo encontro mundial dos


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movimentos populares, em Santa Cruz, Bolívia, Francisco referiu-se a uma “terceira guerra mundial”, que está a ser travada em parcelas. “A Igreja, os seus filhos e filhas, fazem parte da identidade dos povos na América Latina. [É uma] identidade que alguns poderes, tanto aqui como noutros países, se empenham por apagar, talvez porque a nossa fé é revolucionária, porque a nossa fé desafia a tirania do ídolo dinheiro." "Hoje vemos, com horror, como no Médio Oriente e noutros lugares do mundo se persegue, tortura, assassina a muitos irmãos nossos pela sua fé em Jesus. Isto também devemos denunciá-lo: Dentro desta terceira guerra mundial em parcelas que vivemos, há uma espécie de genocídio em curso que deve cessar”, afirmou. Na mesma altura, Francisco pediu perdão pelos pecados da Igreja cometidos contra os povos indígenas. “Peço humildemente perdão, não só para as ofensas da própria Igreja, mas também para os crimes contra os povos nativos durante a chamada conquista da América”. Francisco vai encerrar esta sexta-feira a segunda etapa da sua visita à América Latina, na Bolívia, passando pelo Centro de Reeducação de Palmasola, antes de rumar ao Paraguai, a última etapa da sua viagem à América Latina. No total, vai percorrer 24.730 quilómetros (equivalente a mais de meia volta ao mundo) em sete voos.

Papa não sabia que Morales ia oferecer foice e martelo O padre Lombardi diz que a Igreja procura sempre evitar a instrumentalização política dos símbolos religiosos e que “este é evidentemente um símbolo problemático”.

Porque, para nós, o mais importante é que não haja nenhuma confusão nem utilização ideológica da fé, um risco de confusão entre o religioso e o ideológico. E este, evidentemente, é um símbolo problemático”, disse o sacerdote. Morales justificou na altura o gesto com o facto de aquele crucifixo ser uma réplica de uma cruz usada pelo padre Luis Espinal, um missionário espanhol que foi morto no Chile por paramilitares em 1980. Segundo o padre Lombardi, Espinal não usava o símbolo como defesa do comunismo mas sim como sinal de diálogo. Existe ainda alguma confusão sobre a reacção do Papa quando viu o crucifixo. Francisco diz algo a Morales e vários órgãos de comunicação estão a dizer que as palavras foram “isso não está certo”. Contudo, como confirmou esta tarde o padre Lombardo, o som não é claro e é até mais provável que o Papa esteja a dizer “não o sabia”, em relação à história de Espinal. Sobre essa questão, porém, o padre Lombardi não soube esclarecer. A Renascença V+ transmite em directo os principais momentos da visita do Papa à América Latina, até domingo. Veja em detalhe o programa das transmissões

Papa. A compaixão como antídoto para o "zapping espiritual" “Não somos testemunhas de uma ideologia, uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus”, disse Francisco aos padres e religiosos da Bolívia.

Por Aura Miguel, na Bolívia

O Papa Francisco foi apanhado de surpresa pelos gestos de Evo Morales, quando chegou à Bolívia na quarta-feira. Naquela ocasião e na tradicional troca de presentes entre os dois, Morales começou por colocar à volta do pescoço do Papa duas condecorações, apesar de os papas fazerem questão de nunca aceitarem condecorações nas suas visitas a outros países. Mas a grande surpresa estava reservada para depois, quando o Presidente boliviano entregou a Francisco um crucifixo que é simultaneamente uma foice e martelo, símbolo comunista. “Não estou aqui para interpretar as intenções do Presidente Evo Morales. O que tenho de falar é da atitude do Papa”, afirmou esta tarde o padre Federico Lombardi, director da sala de imprensa da Santa Sé, aos jornalistas. “O Papa não o sabia, eu não o sabia e muito outros bispos não o sabiam. Nestas coisas, há sempre um problema de interpretação e utilização correctas.

Papa Francisco na Bolívia. Foto: Martin Alipaz/EPA Por Aura Miguel, na Bolívia

O Papa Francisco pronunciou-se, esta quinta-feira, contra aquilo a que chamou uma espiritualidade "zapping", que resulta de "um coração que se habituou a passar sem se deixar tocar; uma existência que, andando por aqui e por ali, não consegue radicar-se na vida do seu povo". Francisco dirigia-se aos seminaristas, padres e religiosos da Bolívia, neste seu segundo dia no país, parte de uma viagem de dez dias que está a fazer à América Latina e que inclui passagens pelo Equador e a


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Bolívia, terminando no Paraguai. A reflexão do Papa seguiu-se à leitura da passagem do Evangelho que fala do cego Bartimeu. Nesse trecho, o mendigo clama várias vezes para Jesus o ajudar, mas a multidão que o segue ou o ignora ou o manda calar, até que Cristo manda chamar Bartimeu e lhe pergunta o que pode fazer por ele, curando-o de seguida. Francisco destacou as diferenças entre estas três atitudes, a começar pelas vítimas do "zapping espiritual", que passam e ignoram as necessidades dos mais pobres. "Neste passar, temos o eco da indiferença, do passar ao lado dos problemas, procurando que estes não nos toquem. Não os ouvimos, não os reconhecemos. É a tentação de ver como coisa natural a dor, a tentação de habituar-se à injustiça. Dizemos cá para nós: é normal, sempre foi assim." "É o eco que aparece num coração blindado, fechado, que perdeu a capacidade de admiração e, portanto, a possibilidade de mudança", explica. O Papa não aceita sequer a justificação de que alguns dos que passaram por Bartimeu não ligaram porque estavam demasiado absortos em Jesus e no que ele dizia. "Isto é o maior desafio da espiritualidade cristã. Como nos lembra o evangelista João, 'aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê'. Dividir esta unidade é uma das grandes tentações que nos acompanharão ao longo de todo o caminho." "Temos de estar cientes disto. Tal como escutamos o nosso Pai, assim escutamos o Povo fiel de Deus", disse o Papa aos sacerdotes e religiosos. Piores, contudo, do que os que não ouvem são aqueles que mandam calar Bartimeu. "Pensam que a vida de Jesus é apenas para aqueles que consideram aptos. A seus olhos parece lícito que encontrem espaço apenas os 'autorizados', uma 'casta de pessoas diferentes' que pouco a pouco se separa, diferenciando-se do seu povo. Fizeram da identidade uma questão de superioridade", lamenta Francisco. "Ouvem, mas não escutam; vêem, mas não fixam o olhar. A necessidade de se diferenciar bloqueou-lhes o coração. A necessidade de dizer 'Eu não sou como ele, como eles' afastou-os não só do grito do seu povo e do seu pranto, mas também e particularmente dos motivos de alegria. Rir com aqueles que riem, chorar com os que choram: está aqui parte do mistério do coração sacerdotal." Atitude antagónica foi a que Jesus demonstrou ao chamar Bartimeu para perguntar o que pode fazer por ele. "Limita-se a fazer uma pergunta, a identificá-lo pretendendo ser parte da vida daquele homem, querendo assumir a sua própria sorte. Deste modo restitui-lhe gradualmente a dignidade que tinha perdido, faz a sua inclusão", refere Francisco. Nesta atitude o Papa identifica a compaixão que é o contrário do "zapping espiritual" a que tinha aludido anteriormente. "A compaixão não é 'zapping', não é silenciar a dor; pelo contrário, é a lógica própria do amor. É a lógica que não está centrada no medo, mas na liberdade que nasce de amar e coloca o bem do outro acima de todas as coisas. É a lógica que nasce de não ter medo de se aproximar da dor do nosso povo. Embora muitas vezes se reduza a estar ao seu lado e fazer desse momento uma oportunidade de oração." Todos os sacerdotes, seminaristas, bispos e religiosos

deviam recordar-se disto, insiste Francisco. "Não somos testemunhas de uma ideologia, uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus. Somos testemunhas da sua intervenção na vida das nossas comunidades. Esta é a pedagogia do Mestre; esta é a pedagogia de Deus com o seu Povo. Passar da indiferença do 'zapping' a 'coragem, levanta-te que o Mestre chama-te'". A Renascença V+ transmite em directo os principais momentos da visita do Papa à América Latina, até domingo. Veja em detalhe o programa das transmissões

Querer ser padre "não é impossível, nem complicado" Ordem de Santo Agostinho vai ter mais um sacerdote: Tiago Alberto vai ser ordenado este sábado. É o segundo padre agostinho português desde que as ordens religiosas foram expulsas no século XIX.

Tiago Alberto na sua ordenação diaconal. Foto: Luís Moreira/Patriarcado de Lisboa Por Ângela Roque

Tiago Alberto, 29 anos, está há sete na Ordem de Santo Agostinho. Natural de Tomar, foi ainda em criança para Lisboa. Nunca pensou ser padre diocesano e foi o exemplo dos frades da paróquia onde cresceu, em Santa Iria de Azóia, que acabou por influenciar a sua opção vocacional. "Eu sempre bebi da hospitalidade agostiniana. Descobri neles essa espiritualidade de viver a vida cristã em comunidade, partilhar as coisas, procurar Deus a partir da comunidade", afirma. Tiago entrou na Ordem de Santo Agostinho em 2008 e fez o noviciado e os estudos em filosofia e teologia em Espanha. Em Portugal "não há casas de formação", justifica. "[Esse tempo] Serve para discernir se realmente queremos ordenar-nos mais tarde, ou simplesmente ficar como frades, ter só os votos solenes perpétuos. Claro que um frade não pode celebrar uma eucaristia, não pode administrar os sacramentos. No entanto, a vida comunitária é igual."


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Decidiu ser sacerdote, precisamente no Ano da Vida Consagrada. Tiago diz que tal tem um significado especial: acaba por "dar mais beleza e sentido" à sua opção de vida. Admite que ser o segundo padre agostinho português desde a expulsão das ordens religiosas, em 1834, também lhe aumenta a responsabilidade: "A minha e a da Ordem. Afinal, nós queremos mais agostinhos, não é?". É preciso mostrar que optar pela vida consagrada "não é um caminho impossível, nem complicado", sublinha. "Quero que as pessoas vejam que não são coisas impossíveis. É muito mais simples e normal do que se possa às vezes imaginar. E agora também me toca a mim, também é responsabilidade minha conseguir levar às outras pessoas esse mesmo amor, essa maneira de viver que encontrei nos agostinhos." "Espero conseguir despertar noutros jovens o interesse de procurarem a Deus e de encontrarem a Deus nas coisas simples, nas pessoas que têm à sua volta. É um grande desafio, tanto para os jovens como também para nós, padres e futuros padres, da Ordem de Santo Agostinho e da Igreja em geral." A Ordem de Santo Agostinho foi restabelecida há 42 anos, mas nas duas comunidades que há em Portugal – em S. Domingos de Rana (Cascais) e Santa Iria de Azóia (Loures) – vivem apenas sete padres que desenvolvem a sua missão pastoral no âmbito paroquial. Seis deles são espanhóis. O primeiro padre português foi ordenado há cinco anos e neste momento há mais dois jovens portugueses em formação. Tiago vai ser ordenado sacerdote este sábado, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Portela da Azóia. A cerimónia será presidida pelo bispo auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás.

GNR lança operação "Moto" de sexta a domingo Fiscalização vai ser intensificada em todo o país. Cerca de 2.000 militares vão estar na estrada. A GNR vai intensificar, de sexta-feira a domingo, em todo o país, a fiscalização junto dos condutores de motociclos, estando mobilizados para a operação cerca de 2.000 militares, informação a corporação. O patrulhamento vai estar direccionado para as estradas com maior intensidade de tráfego de motociclos, ciclomotores, triciclos e quadriciclos, e onde exista um risco acrescido de acidente, adianta a Guarda Nacional Republicana, em comunicado. Para a operação "Moto" vão estar mobilizados cerca de 2.000 militares de todos os comandos territoriais e da Unidade Nacional de Trânsito, que têm como objectivo "proporcionar aos utentes das vias uma maior segurança e de sensibilizar os motociclistas para uma condução responsável", refere a GNR. Segundo a corporação, o envolvimento de motociclos

em acidentes de viação resultam, na maior parte dos casos, em vítimas mortais ou em feridos graves, e a maior parte das vítimas ocorre em cenário de despiste com colisões associadas. Para reduzir a sinistralidade rodoviária associada à condução destes veículos, a GNR aconselha os motociclistas a evitarem manobras perigosas, a não consumirem álcool durante a condução, a verificarem o estado dos pneus e a conduzirem dentro dos limites de velocidade definidos por lei, sobretudo dentro das localidades, assim como a usarem capacete, roupa e equipamento de protecção.

Quer ser vegetariano? Leia este manual da Direcção-Geral da Saúde No site www.nutrimento.pt pode encontrar esclarecimentos, benefícios e riscos de um estilo alimentar que em Portugal já terá cerca de 30 mil seguidores. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) lançou um manual dedicado à alimentação vegetariana, com esclarecimentos, informações nutricionais, benefícios e riscos de um estilo alimentar cada vez mais procurado. No site www.nutrimento.pt pode encontrar esclarecimentos, benefícios e riscos de um estilo alimentar que em Portugal já terá cerca de 30 mil seguidores. "Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável" é um manual que tem como objectivo promover a informação disponível nas instituições de saúde sobre os benefícios de consumir produtos de origem vegetal e simultaneamente contribuir para um maior conhecimento dos profissionais de saúde e da população em geral, evitando erros que possam colocar a saúde em risco. "Sentimos por parte dos profissionais de saúde, nomeadamente na área da nutrição, um aumento de pedidos de informação sobre alimentação vegetariana e particularmente a estrita", disse à Lusa Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS e um dos autores do manual. Os estudos internacionais apontam para um número crescente de vegetarianos a cada ano - influenciados em grande parte pelo aumento das preocupações com a protecção do ambiente e dos animais - sobretudo entre a população mais esclarecida e estudantes universitários. Por outro lado, há cada vez mais informação online sobre vegetarianismo, muita dela sem qualidade ou a tentar vender produtos comerciais, o que origina má informação, acrescenta o responsável. O manual contém uma breve história sobre os


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conceitos associados à alimentação vegetariana, os benefícios, os riscos, os principais alimentos e as suas classificações, poendo dividir-se em ovolactovegetariana (exclui carne e peixe, mas inclui ovos e lacticínios) ou vegetariana estrita ou vegana (que exclui todos os alimentos de origem animal). Hoje em dia há cada vez mais livros, receitas e revistas, bem como menus alternativos nos restaurantes com opções vegetarianas, mas a DGS nunca tinha publicado orientações sobre a alimentação vegetariana, quando uma das conclusões do relatório 2015 sobre a saúde dos portugueses é que os motivos que mais influenciam a perda de anos de vida com qualidade saudável é a alimentação não saudável, principalmente pobre em fruta e hortícolas. Neste sentido, Pedro Graça alerta para a necessidade de incorporar vegetais e hortícolas na alimentação, devido às suas funções protectoras das células. "Estudos científicos demonstram que quando aumenta deste consumo há maior protecção da célula face a doenças como a oncológica e a cardiovascular", disse, especificando que quando ultrapassa os 400 gramas por dia, se estima que tenha efeito protector. O responsável sublinha ainda que para se seguir esta dieta não é necessário adoptar um padrão alimentar distinto, mas apenas "valorizar o que há", uma vez que a tradição alimentar portuguesa é muito rica em vegetais. Mas um padrão alimentar vegetariano mal acompanhado comporta riscos, que este manual visa precisamente suprir, como a carência das vitaminas B12 e D, dos minerais ferro, cálcio, zinco, proteína de qualidade e ácidos gordos essenciais. Em particular, as grávidas e as crianças são os grupos de risco que mais preocupam os profissionais, uma vez que em cassos extremos pode levar à morte e em casso ligeiros á anemia e défice de crescimento. "A questão proteica é a que nos preocupa mais. Na ovolactovegetariana essa carência está acautelada. Aliás, quem quer começar uma dieta vegetariana deve começar inicialmente pela ovolactovegetariana, particularmente as crianças", frisou o nutricionista.

Festival RFM SOMNII espera 80 mil pessoas na praia Cartaz conta com 15 DJ, que serão responsáveis por nove horas de música diária, entre as 15h00 e as 24h00.

Foto: Diogo Pereira

A organização da quarta edição do festival de música electrónica RFM SOMNII espera a presença de 80 mil espectadores, no sábado e no domingo, na praia da Figueira da Foz, onde foi instalado o maior recinto de sempre. Para além do recinto, que cresceu 100 metros para norte e cobre agora cerca de 28 mil metros quadrados (o equivalente a quatro relvados de futebol de 11) entre o palco, instalado na praia do Relógio e o molhe norte do porto da Figueira da Foz, o RFM SOMNNI também aumentou a superfície dos ecrãs de vídeo e o número de efeitos de pirotecnia disponíveis nas actuações dos principais DJ. "O palco é o mesmo do ano passado [20 metros de largura, 12 de altura e 12 de profundidade], mas uma das novidades é o ecrã de vídeo que é maior, tem umas ‘pernas’ e sai ao exterior, para as laterais do palco", disse à agência Lusa Miguel Portela, director técnico do RFM SOMNII. O cartaz conta com 15 DJ, que serão responsáveis por nove horas de música diária, entre as 15h00 e as 24h00. No sábado, actuam Nicky Romero, Dannic, The Chainsmockers, Kura, Moti, Julian Calor, Difee e António Mendes. No domingo, o cartaz integra Martin Solveig, Robin Schulz, Michael Calfan, Dubvision, Mackj, Djay Rich e André Henriques. A organização do festival anunciou, entretanto, a realização de uma regata durante os dois dias do festival (intitulada RFM Sailing Race 2015) no mar em frente ao recinto. A regata, de acordo com fonte da empresa Genius y Meios, do grupo Renascença, "procura divulgar as características únicas da Figueira da Foz, para a realização de provas náuticas, e da vela, em particular", e constitui uma "oportunidade única de aliar a música ao desporto, ao mar e ao sol e de oferecer um outro espectáculo" aos milhares de pessoas que estarão na cidade, durante o fim-de-semana. As provas estão agendadas para as 14h30, em dois


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campos de regata distintos - um destinado à vela de cruzeiro, outro destinado às classes de vela ligeira. A RFM Sailing Race 2015 acolherá ainda a 4ª etapa do Circuito Mondego da classe Optimist. RIBEIRO CRISTÓVÃO

Reviravolta inesperada Casillas é um guarda-redes com um currículo incomparável, e o seu ingresso nos dragões não deixaria de representar uma enorme mais-valia.

Quando já estrelejavam foguetes festejando a chegada de Iker Kasillas ao futebol português, eis que um grão de areia entra na engrenagem e coloca a máquina em rotação muito reduzida. A surpresa aconteceu poucos minutos antes de o FC Porto apresentar, com estrondo, frente ao seu público fiel, os novos equipamentos que os seus jogadores vão utilizar na temporada prestes a começar. Sobre a vinda do consagrado guarda-redes espanhol haviam sido cantadas loas em todos os tons, e todas com inteira justificação. Casillas é um guarda-redes com um currículo incomparável, e o seu ingresso nos dragões não deixaria de representar uma enorme mais-valia não apenas para o clube nortenho mas para o futebol português no seu todo. O campeonato português, até aqui com escassa projecção internacional, atingiria com Casillas uma dimensão diferente, a começar pelo país vizinho, onde a esperada transferência já havia causado uma espectacular revolução, a nível da comunicação social. A questão está presa por alguns milhões de euros e pela intransigência dos dirigentes do Real Madrid que, de repente, impediram a viagem do internacional espanhol até à capital do norte de Portugal. Casillas está, inclusive, convocado para exames médicos e dois treinos no seu clube de sempre nesta sexta-feira. Oxalá seja possível, nas próximas horas, fazer retornar as negociações ao ponto em que se encontravam quando tudo fazia prever que o FC Porto estava prestes a formalizar a sua mais importante aquisição de todos os tempos.

Negociações de Casillas com Real Madrid complicamse O jornal Marca está a avançar que as negociações entre Iker Casillas e o Real Madrid, com vista à rescisão do contrato do jogador, estão em ponto de ruptura, por causa dos valores exigidos pelo jogador.

Uma viragem de última hora está a dificultar a desvinculação de Casillas do Real. Foot: DR

As negociações entre Iker Casillas e o Real Madrid com vista à transferência do jogador para o FC Porto terão sofrido uma viragem radical nas últimas horas, de acordo com uma notícia avançada na noite desta quinta-feira pelo jornal Marca. O acordo inicial quanto à rescisão do contrato do jogador está a ponto "de ir pelos ares", de acordo com o título espanhol. A Marca aponta como causa questões relacionadas com os valores exigidos pelo guarda-redes que quer receber os dois anos de contrato em falta em bruto e não líquido, como pretenderá o clube. O jornal garante, por isso, que hoje não será um dia propício para encerrar o processo. Esta sexta-feira há exames médicos e o primeiro treino da pré-época em Madrid, uma oportunidade apontada como ideal para Iker se despedir dos companheiros. Com estes novos dados, aguardam-se desenvolvimentos para perceber se a relação entre o jogador e o clube estão definitivamente afectadas.


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Maicon não troca o FC Porto "por nada" O central brasileiro foi um dos que desfilou na passerelle montada esta quinta-feira no Passeio dos Clérigos. No final, Maicon, que foi neste defeso apontado ao Fenerbahce, jurou fidelidade ao clube e à cidade.

NUNO ANDRÉ COELHO

"Ewerton vai fazer falta ao Sporting" O antigo colega do defesa-central leonino considera que o brasileiro vai fazer falta na equipa de Jorge Jesus. No entanto, Nuno André Coelho acredita que Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo vão conseguir colmatar a ausência de Ewerton devido a lesão.

Maicon garante que não troca o FC Porto por outra equipa. Foto: DR

No rescaldo do desfile de apresentação dos novos equipamentos do FC Porto, Maicon revelou que está para ficar no FC Porto, ele que neste defeso chegou a ser apontado ao Fenerbahce da Turquia. Em declarações ao Porto Canal, o central, que já leva sete épocas no FC Porto, garantiu que está bem "no melhor clube de Portugal" e acrescentou que "não trocaria essa equipa por nada". Nem o clube, nem a cidade cuja "calma" aprecia. Às centenas de adeptos que acorreram à Baixa para assistir ao desfile, Maicon agradeceu. À equipa cabe retribuir dentro do campo: "Vamos dar tudo por eles", assegurou o atleta, que espera "que a próxima época corra melhor" do que a última.

Ewerton vai parar entre dois a três meses devido a uma operação ao tornozelo. Foto: DR

Ewerton vai parar três meses e Nuno André Coelho entende que "o jogador vai fazer falta na equipa de Jorge Jesus". Em Bola Branca, o antigo jogador leonino, que jogou com o brasileiro no Sporting de Braga, confessa que considera Ewerton "o melhor central que o Sporting tem no plantel". Ewerton foi sujeito a uma astroscopia ao tornozelo esquerdo, devido a uma ruptura total do ligamento lateral interno. O jogador vai falhar o início da época, com Supertaça, Liga e pré-eliminatória da Champions incluídas. Nesta entrevista à Renascença, Nuno André Coelho não se mostra, no entanto, preocupado com a ausência do defesa brasileiro, porque acredita que "Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo vão dar conta do recado, tal como aconteceu na época passada". Recorda, contudo, que "este ano há um novo treinador, e será ele quem vai decidir se o Sporting precisa de ir ao mercado" para reforçar a zona central da defesa verde-e-branca. Quanto à recuperação de Ewerton, Nuno André Coelho garante que o defesa brasileiro "é um grande profissional e que irá regressar na máxima força".


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Sexta-feira, 10-07-2015

RUI RANGEL

DELFIM

"Há clubes em Portugal que estão a entrar em loucuras financeiras"

"Se Jesus continuasse, Benfica seria principal candidato"

Rui Rangel, ex-candidato à presidência do Benfica, analisa em Bola Branca o mercado e as apostas elevadas ao nível financeiro de FC Porto e Sporting.

Delfim foi treinado por Jorge Jesus no Moreirense e considera que é uma "aposta arrojada" de Bruno de Carvalho.

A mudança de Jorge Jesus da Luz para Alvalade continua a dar que falar. Foto: DR

Rui Rangel considera, em entrevista a Bola Branca, que "há clubes que estão a cometer loucuras financeiras com contratações sonantes". O conhecido adepto benfiquista entende que essa opção é fruto da "intranquilidade de alguns clubes, devido à calma que o Benfica está a apresentar na abordagem ao mercado". O ex-candidato à presidência do Benfica deixa a mensagem de que é "preciso que os clubes cumpram o fair-play financeiro da UEFA e que honrem os compromissos financeiros de curto prazo", que nalgumas circunstâncias "não são compatíveis com a aquisição de jogadores por verbas financeiras astronómicas". No lançamento do campeonato, o ex-dirigente fala da luta pelo título, entendendo que "há três candidatos ao campeonato português", logo "os presidentes e os treinadores de Benfica, FC Porto e Sporting vão estar sobre pressão dos adeptos". Quanto ao Benfica, Rui Rangel elogia a inversão na forma como o clube aborda a época e a construção do plantel, com uma evidente aposta na formação. "Não faz sentido ter uma academia, onde só se aproveitem os jogadores para vender, não retirando qualquer proveito desportivo dos mesmos", argumenta.

Delfim acredita que Benfica, FC Porto e Sporting partem em igualdade de circunstâncias para a nova temporada. Campeão pelos leões em 2000, o antigo médio reconhece, em entrevista a Bola Branca, que caso "Jesus continuasse na Luz, o Benfica seria o grande candidato". Mas actuais circunstâncias não conferem vantagem a qualquer um dos candidatos. "Se Jesus continuasse no Benfica, o Benfica seria candidato ao título. Falta perceber a filosofia de treino de Rui Vitória, se as capacidades de Jesus se vão enquadrar no Sporting e falta perceber o que está por fazer por Lopetegui no Porto. Neste cenário, as três equipas partem em igualdade de circunstâncias", defende Delfim. O impacto de Jorge Jesus no Sporting Com uma carreira marcada por uma grave lesão sofrida ao serviço do Marselha, Delfim regressou à competição em 2005 para representar o Moreirense, por empréstimo do clube francês. Vítor Oliveira era o treinador do minhotos e devolveu-o à competição, mas foi com Jorge Jesus que entrou para as últimas jornadas que voltou a ser titular. O antigo médico ficou com boa impressão do novo treinador do Sporting e classifica a sua contratação como uma "aposta arrojada". "É um treinador com capacidade, métodos de treino e filosofia de jogo com que os jogadores se identificam. Tem um futebol super dinâmico, ofensivo, tacticamente quase perfeito. Espero que o Sporting saia ganhador", deseja. Na sua posição no meio-campo, o seu sucessor é William Carvalho. "Uma mais-valia que será explorada ao máximo. Jorge Jesus tirará dividendos das suas qualidades, partindo do pressuposto que continua no Sporting", avalia. Gestão de Bruno de Carvalho


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Na sua passagem de três temporadas pelo Sporting, Delfim passou pelas gestões de José Roquette e Dias da Cunha. Godinho Lopes foi seu vice-presidente, Luís Duque e Carlos Freitas também foram seus dirigentes. Nomes visados na auditoria feita às contas do Sporting. O antigo internacional português não está por dentro do assunto e expressa apenas o desejo de que o Sporting não seja prejudicado. "São pessoas que estiveram ligadas a mim profissionalmente, às quais muito devo", reconhece. Em relação à gestão de Bruno de Carvalho, Delfim sublinha o "abanão" provocado na gestão do Sporting, esperando que o clube "saia vencedor". Delfim, de 38 anos, foi campeão no Sporting, em 2000. Esteve três anos em Alvalade, depois de ter representado Boavista e Desportivo das Aves. Representou, ainda, Marselha, Moreirense, Naval e Young Boys. Terminou no Trofense, com 32 anos, na I Liga.

Marco Silva quer títulos e bom futebol no Olympiakos O ex-treinador do Sporting foi apresentado esta quinta-feira na Grécia. "Vencer" é o grande objectivo do técnico, mas não de qualquer forma. Marco Silva quer um "futebol positivo" para oferecer aos adeptos do seu novo clube.

nossos adeptos satisfeitos com o futebol que a equipa pratica", declarou Marco Silva. O trabalho vai assim ser orientado para "um futebol positivo, um futebol ofensivo" na linha do que considera ser "o espírito" do campeão grego. Numa longa conversa com os jornalistas, com a necessidade de tradução pelo meio, Marco Silva ainda teve a oportunidade de frisar que está feliz pela sua primeira aventura no estrangeiro: "Qualquer treinador quer que a carreira atinja patamares internacionais. É um desafio diferente e nada melhor que um clube como o Olympiakos, que me dá todas as condições para lutar por títulos e é isso que pretendo". Na altura de se comparar com dois treinadores portugueses que o antecederam na equipa grega Leonardo Jardim e Vítor Pereira -, Marco Silva confessa que mantém contactos assíduos com o antigo treinador do FC Porto, campeão e vencedor da Taça na Grécia na última época, mas fez questão de se diferenciar: "Cada um faz o seu trajecto e cada um tem as suas ideias", comentou.

Armando Vara apanhado na malha da Operação Marquês Neste noticiário: Armando Vara ouvido esta sexta-feira em tribunal; Grécia apresenta proposta de cortes de 13 mil milhões aos credores europeus; Papa pela ao fim do genocídio de cristãos no Médio Oriente; Casillas mais longe do FC Porto; álbuns e singles passam a sair à sexta-feira em todo o mundo. Por Edição de Marília Freitas

O treinador foi apresentado esta quinta-feira na Grécia. Foto: Olympiakos.org

Na primeira conferência de imprensa na qualidade de treinador do Olympiakos, Marco Silva confessou "orgulho" e um "prazer tremendo" pela oportunidade de treinar "o maior clube da Grécia e um grande clube da Europa". À administração do seu novo clube, agradeceu a aposta e "a paciência que tiveram para que tudo se resolvesse a bem", numa alusão ao arrastado processo de rescisão de contrato com o Sporting. Marco Silva assume que está na Grécia para "vencer", mas faz questão de sublinhar que não lhe interessam só títulos. "Vencer faz parte do lema do que é o clube, isso está vincado nos títulos que o Olympiakos já conquistou, mas não basta vencer de qualquer forma. É possível vencer jogando um bom futebol, deixando os

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