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EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco

Quarta-feira, 24-06-2015 Edição às 08h30

Editor Carla Caixinha

Empresários alertam: Pagamentos fora de horas atrasam toda a economia NOTÍCIA RENASCENÇA

Oceanário de Lisboa adjudicado à família Soares dos Santos Governo atrasa início do ano lectivo

Conheça o português que vai mandar na TAP

Mais de 100 alunos da Lusófona podem perder o grau académico JOSEPH COUTTS

"Medo dos fundamentalistas" dificulta avanços na lei da blasfémia

EUA espiaram os três últimos presidentes franceses

Camarate. Relatório reafirma tese de atentado e aponta "lacunas" à PJ e PGR

FINANCIAL TIMES

Portugal é o "bom aluno", mas pode ser "o próximo" se a Grécia sair do euro MIGUEL CARDOSO

Corrida pelo título. "FC Porto à frente de Benfica e Sporting"


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NOTÍCIA RENASCENÇA

Oceanário de Lisboa adjudicado à família Soares dos Santos Concessão à sociedade Francisco Manuel dos Santos será por 30 anos. Estado arrecada 24 milhões de euros com adjudicação.

Por Ricardo Conceição

O Oceanário de Lisboa vai passar a ser gerido pela sociedade Francisco Manuel dos Santos. Esta holding da família Soares dos Santos, detentora da maioria do capital do Jerónimo Martins, é conhecida sobretudo pelos supermercados Pingo Doce. Ao que a Renascença sabe, a adjudicação será feita pelo valor de 24 milhões de euros. Segundo fonte ligada ao processo, a escolha entre os cinco candidatos está feita e vai agora para aprovação pelo Conselho de Ministros e pela Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial (Utam). A operação passa pela concessão das actividades de serviço público de exploração e administração do Oceanário à sociedade Oceanário de Lisboa. No fundo, a alienação das acções representativas da totalidade do capital social da Oceanário de Lisboa, S.A., será adjudicada à sociedade da Francisco Manuel dos Santos por 24 milhões de euros. A esse valor acresce ainda 10 milhões de euros pela concessão e uma renda anual de 1 milhão e 300 mil euros, mais 5% das receitas anuais. Terá também de ser criado um fundo para a conservação dos oceanos, que se estima venha a ultrapassar os seis milhões de euros nos primeiros cinco anos. Para esse fundo serão canalizados todos os excedentes de operação do próprio oceanário (após pagamento de custos, rendas ao Estado, cumprimento do serviço da divida e pagamento de impostos). O preço dos bilhetes não consta do contrato, pelo que podem ser alterados pela empresa concessionária, que também fica com a responsabilidade dos trabalhadores. Os animais continuam a ser propriedade do Estado. A holding da família Soares dos Santos é também responsável pela criação da Fundação Francisco Manuel dos Santos, destinada a promover o aprofundamento do conhecimento da realidade

portuguesa, sendo promotora de projectos como a Pordata, uma base de dados sobre vários indicadores da sociedade. O Governo tinha recebido cinco candidaturas à concessão do Oceanário. Além da sociedade da família Soares dos Santos, apresentaram-se a concurso a Mundo Aquático (dona do Zoomarine), os espanhóis da Aspro Parks (que têm o Aqualand Algarve), os franceses da Compagnie des Alpes (donos do Parc Astérix) e os espanhóis da Parques Reunidos. O Oceanário de Lisboa foi transferido da Parque Expo para o Estado por 54,2 milhões de euros no âmbito do plano de extinção da sociedade gestora dos equipamentos da Expo98. No ano passado, o Oceanário gerou quase 1,5 milhões de euros. O Orçamento do Estado para este ano prevê a concessão do oceanário por 40 milhões de euros.

Empresários alertam: Pagamentos fora de horas atrasam toda a economia

Portugal ainda está longe da média europeia no cumprimento dos prazos de pagamento. Foto: DR Por Sandra Afonso

“Compromisso pagamento pontual” é a proposta lançada pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), em parceria com a Confederação Empresarial (CIP), o IAPMEI e a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), ao Estado, aos partidos políticos, a empresas e organizações. Pede-se uma resposta firme e corajosa para prevenir falências, desemprego e concorrência desleal. Este ano, o apelo é dirigido desde logo aos partidos políticos: que incluam nos respectivos programas eleitorais o pagamento a tempo e horas aos fornecedores. Às empresas é sugerido que publiquem quanto tempo demoram em média a pagar. Ao Governo são deixadas algumas ideias, como a valorização de candidaturas a fundos europeus de empresas com contas em dia e a criação de linhas de financiamento através do banco de fomento, para empresas viáveis com problemas de pagamento provocados por dificuldades em cobrar. Os prazos médios de pagamento em Portugal


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continuam longe da média europeia, apesar de terem registado uma redução entre sete e dez dias nos últimos três anos. No ano passado, as entidades públicas demoraram, em média, 129 dias a pagar, o que é mais do dobro dos 58 dias da média europeia. As empresas privadas demoram 83 dias a fazer os pagamentos, praticamente o dobro do que acontece na Europa. Melhor estão as autarquias. Em 2012, quase 2.400 tinham pagamentos em atraso. Dois anos depois, já rondava as 800 (797). O prazo médio de pagamento passou de 119 dias para 65. Ao “Compromisso pagamento pontual” já aderiram mais de 400 empresas e organizações, mas é preciso mais.

Mais de 100 alunos da Lusófona podem perder o grau académico Irregularidades detectadas no curso do antigo ministro Miguel Relvas chamaram a atenção para as equivalências atribuídas. Uma inspecção encontrou um caso onde um aluno conseguiu uma licenciatura na secretaria. A Universidade Lusófona regularizou apenas cinco dos 152 casos de processos académicos com atribuição irregular de equivalências e créditos, seis meses após o Ministério da Educação ter exigido a sua anulação. Em Dezembro do ano passado, o secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, deu à Universidade Lusófona de Lisboa um prazo de 60 dias para regularizar os 152 processos de creditação académica e profissional irregulares detectados pela Inspecção Geral de Educação (IGEC), que analisou 398 processos entre os anos 2006 e 2012. A Lusófona garantiu na terça-feira, num esclarecimento enviado às redacções, que "todas as acções" que a universidade tinha de executar para cumprir o despacho do MEC "estão concluídas". No entanto, dados da IGEC da passada semana apontavam para notificações de alunos ainda por fazer e cassações de diplomas por concretizar. Dos 152 processos apenas 105 resultaram na emissão de diplomas ou certificados e até à passada semana só 26 haviam sido recolhidos pela Lusófona, segundo a IGEC, que ressalva que o prazo para a cassação dos documentos - estipulado pela universidade e não pelo MEC - ainda não chegou ao fim. Dos 105 ex-alunos com diploma atribuído, a Lusófona, até 12 de Junho, não tinha conseguido notificar quatro dos visados por diferentes razões, tais como ausência do país, não comparência na audiência prévia para informar sobre os procedimentos em curso e decisão de frequentar a cadeira com creditações mal atribuídas. O quarto caso é o do ex-ministro Miguel Relvas, cujo

processo de anulação de licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais aguarda decisão judicial, tendo sido este o processo responsável por chamar a atenção para as equivalências atribuídas pela Lusófona. Miguel Relvas foi notificado em Fevereiro para entregar o seu certificado, mas não o fez por considerar que o prazo para a impugnação da sua licenciatura já terminou. O caso arrasta-se nas mãos de uma juíza há um ano e três meses. Licenciatura conseguida na secretaria Entre os processos académicos irregulares, a inspecção-geral da Educação encontrou um caso de uma licenciatura em Engenharia do Ambiente feita apenas por creditações profissionais e equivalências que podem ter por base comprovativos escolares falsificados. Entre os 22 dossiers dos processos que envolvem a atribuição de acreditações, há casos de alunos que tiveram poucas equivalências atribuídas, mas também existem histórias de quem tenha conseguido um diploma quase sem precisar de sair da secretaria da universidade, como Luis L. Com a especialização em Ciências do Ambiente para Regentes Agrícolas concluída na Universidade Lusófona em 2010, com média de 13 valores, Luís L. teve a oportunidade de concluir a licenciatura em Engenharia do Ambiente, através da equivalência à totalidade das cadeiras. Como não tinha o exigido comprovativo de formação como Regente Agrícola com a discriminação das disciplinas e notas, o ex-aluno apresentou apenas o diploma do curso concluído numa escola em Angola em 1974, onde se fica a saber pouco mais do que o seu nome completo, o dos pais e a classificação final de 12 valores. Situações regularizadas Os cinco casos já regularizados pela instituição foram feitos com recurso a essas creditações: em três casos foi considerada a formação realizada em outros estabelecimentos de ensino superior; num outro caso foram atribuídos créditos pela formação realizada no âmbito de cursos não conferentes de grau académico em estabelecimentos de ensino superior, até ao limite de 50% do total dos créditos do ciclo de estudos e um pela experiência profissional devidamente comprovada, até ao limite de um terço do total dos créditos do ciclo de estudos. O último relatório da IGEC remetido à tutela, e ainda em análise pelo gabinete de José Ferreira Gomes, considera que universidade cumpriu o dever de "esclarecer as razões das graves falhas" detectadas e apresentar medidas para "credibilizar os mecanismos de auto-avaliação".


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Governo atrasa início do ano lectivo PCP e Bloco de Esquerda pedem explicações ao ministro da Educação. Pais não compreendem decisão de Nuno Crato.

Foto: DR

O Ministério da Educação propôs aos professores que as aulas do próximo ano lectivo comecem entre 15 e 21 de Setembro, um atraso de uma semana em relação ao que tem sido habitual nos últimos anos. A notícia foi avançada esta terça-feira pelo jornal digital “Observador”, que teve acesso à proposta de calendário escolar para 2015/2016 que o Ministério da Educação entregou ao Conselho de Escolas. Uma fonte do Ministério da Educação já justificou este atraso. “Pretendeu-se um maior equilíbrio na duração dos três períodos lectivos”, disse ao “Observador”. De acordo com a proposta do Governo, o novo ano lectivo deverá arrancar entre 15 e 21 de Setembro. As férias de Natal começam a 17 de Dezembro e terminam a 4 de Janeiro de 2016. O segundo período dura até 18 de Março e as aulas são retomadas a 4 de Abril. O ano lectivo 2015/2016 termina entre 3 e 9 de Junho. Esquerda exige explicações a Crato Os grupos parlamentares do PCP e do Bloco de Esquerda (BE) já reagiram. Querem ouvir o ministro da Educação sobre o início do ano lectivo. O PCP, segundo fonte do grupo parlamentar, vai apresentar um pedido potestativo (que não admite contestação) para ouvir Nuno Crato na comissão de Educação sobre a abertura e as condições do próximo ano lectivo. Já o BE, num requerimento apresentado esta terçafeira, pede a presença urgente do ministro Nuno Crato, para prestar esclarecimentos sobre o que chama de atraso no início do próximo ano lectivo. No requerimento o BE diz que quer ouvir Nuno Crato porque as aulas só começarem a 21 de Setembro e não a 15. "Tendo em consideração o histórico de gestão da actual tutela nesta matéria considera o Bloco de Esquerda necessário que o Ministro preste esclarecimentos em sede parlamentar", diz o requerimento. Pais contra atraso no arranque do ano lectivo

O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) recebe com “muita perplexidade” a proposta do Ministério da Educação de adiar o início do próximo ano lectivo. Jorge Ascensão não consegue “perceber como é que uma medida dessas vai contribuir para a melhoria dos resultados”. “Os nossos filhos chegam a casa e dizem que não há, sequer, uma aula para tirar dúvidas, porque os professores dizem que não têm tempo. Em menos tempo, mantendo os programas, o método e a forma de funcionar, não vemos como é que se possa dar uma resposta melhor para a aprendizagem.” O presidente da Confap alerta também para a questão social: “Não vejo como é que as famílias que não possam pagar a instituições particulares, ATL e outras, as ocupações das férias, como é que vão poder cuidar e apoiar os seus filhos durante três meses”, questiona. Filinto Lima, dirigente da Associação Nacional dos Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), diz que a situação pode ser ultrapassada pelas escolas. “Penso que este período é exagerado e até um pouco tardio. Estou em crer que os directores das escolas, os conselhos pedagógicos, optaram por dar início às aulas no próximo ano lectivo logo nos primeiros dias, 15 ou 16 [de Setembro], e o problema ficará resolvido”, sublinha. Bem mais grave, para este representante dos directores de agrupamentos escolares é o facto de os exames do 4º e 6º anos continuarem a ser feitos em Maio, em pleno ano lectivo, obrigando à interrupção das aulas para os alunos dos outros anos. [notícia actualizada às 23h43]


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Conheça o português que vai mandar na TAP É oficializada esta quarta-feira a privatização da TAP. Humberto Pedrosa é o accionista maioritário do consórcio que fica com 61% da empresa. É apontado por muitos como a figura central do negócio que partilha com o brasileiro David Neeleman.

Foto: Miguel A. Lopes/Lusa Por Ana Carrilho

É assinado esta quarta-feira, no Ministério da Economia, o contrato de compra e venda de 61% da TAP. A companhia aérea portuguesa passa assim para o consórcio Gateway, cujo accionista maioritário é português: Humberto Pedrosa, dono do império Barraqueiro. Humberto Pedrosa é considerado o 15º homem mais rico de Portugal, com uma fortuna pessoal avaliada em mais de 300 milhões de euros. Tem 67 anos e desde os 20 que lidera aquele que se transformou num dos maiores grupos privados de transportes da Península Ibérica, sobretudo rodoviários. Já no século XXI, estreou-se na ferrovia, com a Fertagus e o Metro do Porto, cuja concessão de cinco anos ganha em 2010 e termina agora. O Grupo Barraqueiro, de que é presidente executivo, tem cerca de 5.500 trabalhadores e inclui 34 empresas que, no ano passado, facturaram cerca de 370 milhões de euros. O grupo cresceu nos anos 80 e conseguiu a concessão de algumas carreiras que se tornaram cada vez mais essenciais para garantir o transporte do número crescente de pessoas que se mudava para casas mais baratas nos arredores a norte de Lisboa, mas que todos os dias tinha que trabalhar na capital. E passou a receber também indemnizações compensatórias por esse serviço público. A Rodoviária Nacional (pública) foi dividida e as novas empresas privatizadas. O grupo comprou a maioria e reforçou a presença, sobretudo, na região Centro e Sul do país. A Fertagus, que faz a travessia de comboio na Ponte 25 de Abril, tem sido uma aposta de sucesso. O Metro do Sul do Tejo, nem tanto. E ao fim de cinco anos, a Barraqueiro não se candidatou a renovar a

concessão do Metro do Porto. Concorreu à concessão da Carris, mas escapou-lhe. Agora, Humberto Pedrosa entra na aviação e, em entrevista recente, confrontado com as recentes greves dos pilotos da TAP, respondeu que não está habituado a perturbações, mas que também já pegou em empresas que tinham perturbações e deixaram de ter. No consórcio Gateway, o homem da aviação é o brasileiro David Neeleman. Foi ele e a sua equipa que lideraram as negociações com o Governo português. Mas Neeleman só detém 49,9% do capital. Humberto Pedrosa detém 50,01% do consórcio que se propõe a pagar um valor mínimo de 354 milhões de euros pela detenção da TAP. Trabalhadores ainda acreditam na suspensão da compra Contra a privatização da empresa continuam as comissões de trabalhadores da TAP e da Groundforce, que marcaram um protesto conjunto para esta quartafeira à tarde (14h00). Em declarações à Renascença, o coordenador da comissão de trabalhadores da companhia aérea lembra que a assinatura do contrato de compra e venda não assinala a conclusão do processo. Vítor Baeta ainda acredita ser possível travar um negócio que, no seu entendimento, levanta inúmeras suspeitas. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

Racismo nos EUA “As sociedades não eliminam imediatamente tudo o que aconteceu há dois ou três séculos”, disse Obama.

Por Francisco Sarsfield Cabral

A governadora da Carolina do Sul apelou à retirada da bandeira da Confederação que está colocada no parlamento estadual. O que precisa de uma votação de dois terços nas duas câmaras desse parlamento – não será fácil. A Confederação era o conjunto de estados do Sul dos EUA que em 1861 quiseram separar-se do resto do país (sobretudo para manterem a escravatura), dando origem à mortífera guerra civil, que perderam quatro anos depois. Foi numa igreja da cidade de Charleston, na Carolina do Sul, que um jovem racista branco matou há uma semana nove negros. Ora esse assassino, que está preso, pouco antes fizera-se fotografar junto à tal


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bandeira da Confederação. “As sociedades não eliminam imediatamente tudo o que aconteceu há dois ou três séculos”, disse Obama, reconhecendo a persistência de sentimentos racistas na sociedade americana. O tratamento brutal pela polícia americana de suspeitos negros (em Ferguson, Missouri, ou Baltimore, Maryland, por exemplo) também mostra até que ponto o racismo está vivo nos EUA. A eleição de Obama para Presidente terá, até, exacerbado esse racismo. JOSEPH COUTTS

"Medo dos fundamentalistas" dificulta avanços na lei da blasfémia Em entrevista à Renascença, o presidente da Conferência Episcopal do Paquistão fala do aumento do clima de insegurança que afecta a sua comunidade e manifesta a sua esperança de que a lei contra a blasfémia seja alterada em breve.

Foto: Edgar Sousa/Renascença Por Filipe d'Avillez

Quando o Paquistão foi formado, em 1947, o seu líder Muhamed Jinnah fez um discurso em que prometeu que todos seriam livres de praticar a sua religião, fosse qual fosse, e que a unidade nacional estaria acima da identidade religiosa. Pouco mais de 50 anos mais tarde começaram os ataques às minorias religiosas, incluindo ataques a cristãos e atentados contra igrejas e existe uma lei contra a blasfémia que condena regularmente pessoas inocentes e, nalguns casos, com deficiências mentais. É neste contexto que vive o arcebispo de Karachi, Joseph Coutts. Está em Portugal por estes dias para falar da realidade para os cristãos no Paquistão – uma realidade tão negra que muitos já abandonaram a esperança e procuraram uma vida melhor noutro lado. De vez em quando chegam-nos notícias de ataques a cristãos no Paquistão. Mas como é a vida dos cristãos no dia-a-dia? Há perseguição? Enquanto minoria religiosa no Paquistão, sempre enfrentámos alguma discriminação. Mas o que se está

a passar agora, com ataques a cristãos e bombas nas igrejas, é um fenómeno novo para nós. O primeiro ataque do género, em 2001, pouco depois de os americanos começarem a bombardear o Afeganistão, foi traumático para nós. Dois jovens muçulmanos revoltados entraram numa igreja num domingo de manhã e começaram a disparar, matando 14 cristãos e ferindo muitos outros. Essa foi a primeira vez que os muçulmanos atacaram uma igreja, nunca nos tinha acontecido. Mas desde então tem havido experiências ainda piores. Só este ano duas igrejas foram bombardeadas. Mas isto não vem do Governo, vem de grupos extremistas que têm a sua própria agenda e que também são uma ameaça para o Governo e até para muçulmanos moderados. Este islão extremista é um fenómeno novo no Paquistão? Este tipo de islão cresceu nas passadas décadas. Nunca tivemos isto antes. Há vários factores, mas esta forma de islão jihadista tem as suas raízes na invasão do Afeganistão pela União Soviética, em 1979, que assustou muito o mundo ocidental. O Afeganistão tinha caído para o comunismo e o Paquistão poderia ser a seguir. Era preciso parar os comunistas, porque se o Paquistão caísse, haveria uma abertura para o Golfo, para a fonte do petróleo ocidental. Por isso, os governos dos Estados Unidos, da Arábia Saudita e do Paquistão juntaram-se para travar isso e para lutar encontraram os grupos extremistas. A ideia da jihad foi oficialmente promovida. Os inimigos eram os ateus e os comunistas que tinham invadido o Afeganistão, um país 100% muçulmano. Isso era muito apelativo para os crentes muçulmanos. Trava o ateísmo e ajuda os teus irmãos na fé. Treinaram-se centenas de jovens, com a ajuda dos americanos e dos sauditas, para ir combater no Afeganistão. Hoje, alguns destes grupos estão mais bem armados que a nossa polícia. É um grande desafio. Se um muçulmano o abordasse a pedir para ser baptizado, como lidaria com a situação? Hoje em dia, com muito cuidado, com muita cautela, porque pode ser uma armadilha. É algo que já nos aconteceu, pessoas que nos procuram nesse sentido, para causar problemas. A nossa tarefa, enquanto cristãos, não é de tentar converter pessoas, mas sermos testemunhas da nossa fé, mostrar o que significa para nós sermos cristãos neste meio em particular. Nesse sentido, muito do que somos e fazemos se reflecte nas instituições que temos. A Igreja é muito forte nas áreas da educação e da saúde, por exemplo, servindo cristãos e muçulmanos, sem distinção. Sejamos claros. A questão da conversão é muito sensível para os muçulmanos. Quando se aprovou a lei contra a blasfémia quiserem aprovar outra, que dizia que se um muçulmano abandonasse a sua religião seria executado. Não se tornou lei, mas mostra que o pensamento está presente. Tem-se falado muito da lei contra a blasfémia, que pune com pena perpétua ou de morte a blasfémia contra o Alcorão ou contra Maomé. Tem sido feito alguma coisa para acabar com a lei ou pelo menos para reduzir o seu impacto? Desde que a lei foi introduzida que os cristãos têm


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protestado. É uma questão sensível, mas os muçulmanos estão finalmente a perceber que não se trata apenas de abolir a lei, é também uma questão de mudar a forma como ela está redigida. Precisamos de garantias para evitar abusos, porque é isso que tem acontecido desde o início. Há pessoas que abusam da lei para se vingarem de outras. Agora, cada vez mais, fala-se em introduzir garantias para evitar que isto aconteça. Por exemplo, o Governo aprovou uma lei a dizer que a primeira coisa a fazer nestes casos é um exame psicológico ao acusado, porque tem havido casos de pessoas acusadas que são deficientes mentais. E isso já seria uma vitória? Seria alguma coisa, pelo menos! Porque as coisas estão más, a lei está a ser abusada. Há muitos cristãos presos por causa desta lei, mas não são só cristãos… A lei afecta todos! Há mais muçulmanos na prisão por blasfémia do que cristãos. Nunca ninguém foi executado ao abrigo da lei, mas a mera acusação pode ser um perigo, não é? É verdade. Todas as mortes que houve têm sido extrajudiciais, pessoas linchadas antes de conseguirem provar a sua inocência. E por vezes mesmo depois de absolvidas… Sim, isso também já aconteceu. Há uns anos houve um caso de um rapaz cristão de 13 ou 14 anos, acusado de ter escrito palavrões na parede de uma mesquita. Quando o caso chegou ao Supremo comprovou-se que era praticamente analfabeto, era impossível ter escrito o quer que seja. Foi absolvido, mas os fanáticos continuavam a pedir a sua morte. Houve uma tentativa para o matar, quando estava com dois tios. Um dos tios morreu e ele e o outro ficaram feridos. Receberam asilo na Alemanha. Não é a única, mas um dos casos mais famosos é da Asia Bibi, que foi condenada à morte. Tem havido muita pressão do Ocidente para ela ser libertada. Esta pressão pode ser contraproducente? Pode, porque temos de perceber que não é só o Governo que está em jogo. O Governo é fraco. Este tipo de fanatismo é muito forte, ao ponto de que se for juiz será ameaçado e pensará duas vezes antes de anular uma decisão de um tribunal menor. Há uns anos tivemos uma deputada, uma grande senhora, muçulmana, que disse que ia tentar abolir a lei da blasfémia. Quando os fanáticos souberam começaram a ameaçá-la. Tiveram de a nomear embaixadora para a tirar do país. É assim. O Governo até tem o poder de tomar a decisão, mas também teme a reacção. Porque é que ela continua presa? É uma questão legal ou política? É uma questão política. E é o medo dos fundamentalistas. Acredita que virá a ser libertada? Isso seria especulação, mas os esforços para a libertar continuam e não vão parar. Se a situação não melhorar, ou se piorar, há futuro para os cristãos no Paquistão? Alguns já pensam que não têm futuro no Paquistão. Algumas centenas de cristãos já foram para o Sri Lanka, porque há facilidade em arranjar vistos. Outras centenas para a Tailândia. Pessoalmente, acho que não

devíamos abandonar a esperança. Como é que se pode ajudar os cristãos paquistaneses? Se está a falar de ajuda financeira, através da fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), a convite da qual me encontro em Portugal. Esse dinheiro chega ao terreno? Sem dúvida! No Paquistão a AIS tem sido um grande benfeitor há muitos anos. Em todas as áreas pastorais têm-nos ajudado sempre e continuam a ajudar. As orações ajudam? Ajudam. Fiquei muito emocionado quando fui falar em Guimarães, pela fé das pessoas – uma fé viva – e a sua preocupação. E muito comovente ver as pessoas a dizer-nos que rezam e que vão continuar a rezar e é algo que levarei de volta para o nosso povo.

EUA espiaram os três últimos presidentes franceses Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e Francois Hollande foram escutados pela NSA, revela a WikiLeaks.

Sarkozy terá sido espiado durante todo o seu mandato. Foto: EPA

Os serviços de informação dos Estados Unidos espiaram os três últimos presidentes de França, revela a organização não-governamental WikiLeaks. A Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla inglesa) interceptou comunicações de Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande, durante vários anos. Os actos de espionagem terão começado em 2006, quando Chirac era o homem forte do Eliseu, e duraram até Maio de 2012, quando Sarkozy foi substituído por Hollande, avança a WikiLeaks. A NSA também vigiou ministros do governo de Paris e o embaixador francês nos Estados Unidos. Os documentos secretos e agora revelados pela WikiLeaks contêm os números de telemóvel de vários elementos do Palácio do Eliseu, incluindo o contacto do próprio presidente. Sobre Nicolas Sarkozy, alguns documentos revelam que este se revia em 2008 como "o único homem capaz" de resolver a crise financeira. O antigo chefe da diplomacia de Jacques Chirac, Philippe Douste-Blazy, era descrito como tendo "propensão para fazer declarações inexactas e inoportunas".


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Incluem também resumos das conversas entre membros do governo francês sobre a crise financeira mundial, a crise da dívida grega e as relações entre François Hollande e o governo alemão. O antigo analista da NSA Edward Snowden já tinha revelado ao mundo que a chanceler alemã tinha sido alvo espionagem por parte dos serviços secretos norteamericanos. O documento mais recente é de 22 de Maio de 2012, apenas alguns dias depois de Hollande tomar posse, e dá conta de reuniões secretas destinadas a discutir a eventual saída da Grécia da Zona Euro. Que dizem os americanos? Os Estados Unidos recusaram confirmar ou negar relatos de que a Agência de Segurança Nacional tenha espiado três presidentes franceses. "Nós não vamos comentar alegações sobre os serviços de informação", referiu, em comunicado, aos jornalistas o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. "De um modo geral, nós não realizamos actividades de vigilância a estrangeiros a menos que haja um propósito específico relacionado com a segurança nacional", sublinha o documento. O Presidente francês, François Hollande, convocou para esta quarta-feira uma reunião de emergência do conselho de defesa. [notícia actualizada às 7h00]

Grécia. O triunfo da "vontade política" sobre os "bloqueios técnicos"? Nuno Morais Sarmento e Fernando Medina analisam na Renascença os factores que apontam para um descongelamento do processo negocial grego. As reuniões desta semana ao mais alto nível significam a reentrada em força da política neste dossier. Por José Pedro Frazão

A política irrompeu pelos gabinetes e mexeu nas folhas de cálculo das autoridades gregas e dos credores europeus. A tese é de Nuno Morais Sarmento que detecta um "forcing político" de ambas as partes nos últimos dias, que redunda nas reuniões de hoje e amanhã no Eurogrupo e Conselho Europeu. "[Esse esforço] visava duas coisas. Por um lado a dramatização permite ao governo grego ganhar espaço junto da opinião pública grega para eventuais condicionalidades para lá daquelas que a população grega estaria disponível para aceitar. Por outro lado, embora não resolva os problemas técnicos - e o diabo está sempre nos detalhes - quando há vontade política é possível resolver algumas questões em que os técnicos param e bloqueiam", argumenta o antigo governante social-democrata. Morais Sarmento reconhece que "o dinheiro não cai do céu. Mas o que está em causa não é apenas o dinheiro".

O advogado ilustra a sua defesa de uma dimensão política, essencial à resolução de questões aparentemente muito complexas do ponto de vista técnico. "Isto passa-se em Bruxelas como numa câmara municipal. Vem a opinião técnica e diz " dois e dois são quatro, os senhores disseram que o resultado era quatro. Se querem que dê cinco, tomem vocês a decisão". É um pouco isto o que os técnicos fazem. Muitas vezes é preciso uma dimensão política porque não temos que estar politicamente limitados aos estudos. Mal seria, senão os governos, das autarquias à Europa, eram apenas equipas técnicas. Há uma dimensão política em que os factores ultrapassam os simples números. Este é um desses casos", complementa Morais Sarmento. Um problema do tamanho do Alabama Fernando Medina diz que há possibilidades de um fracasso mesmo se for encontrado um acordo. Sobretudo se este "acabar por impor níveis de austeridade significativos numa economia que está destruída e que obrigue a pagamentos de serviço da dívida elevados para aquilo que a economia é capaz de gerar e que não tenham uma dimensão de melhoria sistémica a economia grega". O actual presidente da Câmara de Lisboa lembra que " todos os acordos feitos no passado foram irrealistas do ponto de vista da análise da economia grega e do seu desenvolvimento no futuro". Fernando Medina considera que o caso grego diz muito sobre o estado da Europa. "E tem que nos deixar muito pessimistas", diz o socialista ao constatar que " a Europa, que se criou como espaço de paz e desenvolvimento, referencial de modernidade, estabilidade e humanidade para múltiplos povos, está enredada num problema com uma economia que, como dizem os americanos, vale o estado do Alabama". Cenários a considerar Os comentadores do programa "Falar Claro" desta semana alertam para questões em aberto que subsistem no processo negocial grego. "Discordo frontalmente de quem vê de forma leve e desvaloriza os riscos de uma saída da Grécia da zona euro", afirma Fernando Medina, reconhecendo que a Europa esteve a preparar-se para esse cenário. " Como seres humanos tendemos sempre a acreditar que, no fim, tudo tem um final feliz. Mas a História mostra-nos que às vezes os finais são muito infelizes", assinala o autarca. Para Morais Sarmento é importante saber se o Syriza sobrevive a esta crise," não pelo Syriza em si mesmo, mas por ser a primeira expressão de uma solução política de governo que não resulta do xadrez politico tradicional no quadro europeu. Como será depois disto? O Syriza nasce e morre nesta crise? Ou terá espaço? Que impactos terá noutros países? " É uma leitura para fazer mais tarde, admite o socialdemocrata. " Agora é cruzar os dedos e fazer figas para que uma solução seja encontrada. Tudo o resto é mais desastroso".


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FINANCIAL TIMES

Portugal é o "bom aluno", mas pode ser "o próximo" se a Grécia sair do euro Num artigo publicado esta terça-feira, o jornal fala dos receios entre investidores e especialistas perante a incerteza em torno do futuro da Grécia no euro.

em 15 anos. A economia está a crescer há quatro trimestres consecutivos e prevê-se que cresça 1,6% este ano", aponta. Mas também há nuvens que adensam os medos de contágio de uma eventual saída da Grécia do euro: a dívida permanece alta (130% do PIB, lembra o FT), tal como o desemprego e a robustez da banca, factores que levaram o FMI a alertar que a retoma económica permanece "frágil".

PSP quer saber quem "vendeu" a Assembleia da República Depois do Parlamento, cerca de 30 edifícios acordaram esta terça-feira com faixas com a palavra “vendido”, entre os quais o Centro Cultural de Belém, instalações dos CTT, da Segurança Social e da TAP.

Imagem: DR

O "Financial Times" (FT) põe as coisas nestes termos: Portugal é o "bom aluno", a "prova" que o ministro das Finanças alemão pode exibir para demonstrar que os ajustamentos funcionam, mas é, a seguir à Grécia, o "elo mais fraco na zona euro". Por isso, uma saída grega da moeda única teria grande probabilidade de representar uma forte turbulência para um país que se gaba de ter os "cofres cheios". Num artigo publicado esta terça-feira na edição "online" do FT, o jornal fala dos receios entre investidores e especialistas perante a incerteza em torno do futuro da Grécia no euro. O FT falou com vários especialistas e cita a entrevista dada pelo anterior ministro das Finanças à Renascença. "Já vi este filme", disse Teixeira dos Santos. Na passagem citada pelo FT, o ex-ministro diz que a "almofada" financeira amealhada pelo Governo poderia garantir o financiamento público durante alguns meses, mas não impediria o impacto na banca e no sector privado. Teixeira dos Santos disse à Renascença temer que se a Grécia sair do euro os mercados se virem para Portugal. Também para Antonio Roldán, da consultora de risco Eurasia Group, citado pelo FT, "Portugal, depois da Grécia, é o elo mais fraco da zona euro". "O crédito a Portugal é visto como o mais arriscado na Europa a seguir à Grécia", disse ao FT Lyn GrahamTaylor, do Rabobank. "Tem uma grande dívida pública em percentagem do PIB, foi sujeito a um resgate e não tem o poder económico de outros países devedores como a Itália". O FT cita alguns aspectos positivos da evolução das contas públicas portuguesas. "Espera-se que o défice público de 2015 caia abaixo dos 3% pela primeira vez

Por Celso Paiva Sol

A Polícia de Segurança Pública está a investigar o aparecimento de faixas com a palavra “vendido”, que desde segunda-feira têm surgido em vários edifícios públicos. O primeiro caso registou-se na varanda principal da Assembleia da República, mas o protesto já chegou a outros edifícios e a PSP está a recolher informação. Em causa está o crime de “intromissão em local vedado ao público”. É nesse âmbito que as forças de segurança estão a trabalhar desde segunda-feira. A polícia está a elaborar o auto de notícia do incidente no Parlamento, que será depois enviado ao Ministério Público, mais concretamente ao DIAP de Lisboa. Por outro lado, monitoriza as acções já levadas a cabo pelo Movimento AGIR, mas sobretudo das que possam ainda vir a ser desencadeadas. No caso do Parlamento, as autoridades querem saber quem colocou a faixa na varanda principal do edifício, como é que entrou na Assembleia e, ainda, se era uma visita ou trabalhador do Parlamento. A investigação está em curso e conta, entre outras coisas, com a ajuda das imagens que existem. No que diz respeito a outras acções, a PSP não sabe


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exactamente quantas, mas nas redes sociais fala-se em cerca de 30 edifícios que esta terça-feira acordaram com faixas, cartazes ou autocolantes com a palavra “vendido”. O mais visível terá sido o Centro Cultural de Belém (CCB), onde foi colocada uma faixa de tamanho significativo, mas há também noticia da palavra “vendido” em instalações dos CTT, da Segurança Social e da TAP. As fontes policiais contactadas pela Renascença recusam a ideia de que estes casos tenham dado origem ao reforço da vigilância na cidade de Lisboa, mas admitem, ainda assim, que alguns edifícios, sobretudo os dos órgãos de soberania, possam ter agora uma atenção mais apertada.

Braga da Cruz defende eleição indirecta do Presidente da República

existe no mundo, é a capacidade de os países atraírem iniciativa e investimento produtivo, porque mais investimento produtivo significa menor carga fiscal per capita, uma garantia social a longo prazo e vai criar empregos a curto prazo”, defende João Salgueiro.

"Livre como um passarinho". Ribeiro e Castro deixa grupo parlamentar do CDS Sistema partidário está "profundamente doente", afirma deputado centrista.

Ex-reitor da Universidade Católica também recomenda condicionamento dos poderes presidenciais. O ex-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) Manuel Braga da Cruz defende o fim da eleição do Presidente da República por sufrágio universal. O sociólogo falava esta terça-feira no Fórum Económico do Estoril, organizado pela UCP, num debate sobre “Como relançar Portugal - que obstáculos e desafios se colocam?” Braga da Cruz propõe “a eleição indirecta do Presidente da República”, por considerar que a eleição por sufrágio directo e universal do chefe de Estado já não se justifica. O catedrático também recomenda condicionamento dos poderes presidenciais, por exemplo, em matéria de dissolução da Assembleia da República, “à existência de maioria ou de soluções maioritárias no Parlamento”. O ex-reitor aconselha a uma reforma do sistema eleitoral que aproxime eleitores dos eleitos. Defende alterações ao financiamento dos partidos e uma reforma do sistema governativo. Braga da Cruz alerta ainda para os problemas crónicos de governabilidade, muito devido a um sistema que permite governos minoritários. João Salgueiro foi outro interveniente neste debate. O ex-ministro considera que o desemprego e a quebra de regalias sociais são consequências de décadas a fazer uma política errada, por isso, está na hora de fazer diferente. Para o antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos, não é com mais despesa pública nem “afirmando legalmente os direitos que se consegue resolver o problema duradouramente”. “O único modelo que se pode imaginar, fazendo ‘benchmarking’ [busca das melhores práticas] do que

Foto: RR

O deputado democrata-cristão Ribeiro e Castro vai abandonar o seu grupo parlamentar nesta legislatura sem se recandidatar, ficando "livre como um passarinho" de um sistema partidário que considera estar "profundamente doente". "Vou, naturalmente, interromper a minha actividade política e continuarei a acção cívica, a minha actividade profissional. Também se cumpre esta semana aquela que era a minha última obrigação moral nesta legislatura - com o encerramento dos trabalhos da comissão de inquérito sobre a tragédia de Camarate -, uma missão para com o partido e a memória de Amaro da Costa. Concluído isto, sinto-me livre como um passarinho para procurar outros caminhos na minha vida", disse à agência Lusa, no parlamento. O deputado em São Bento nas I, II, VIII, XI e, agora, XII legislaturas, também secretário de Estado e adjunto de ministros dos governos da Aliança Democrática e de Cavaco Silva, sublinhou as divergências para com a liderança dos centristas. "Creio que o sistema partidário está profundamente doente. Acho que o CDS devia ser um sinal de diferença para melhor. Infelizmente, é para pior. Tem um fraquíssimo funcionamento interno, não há participação, vivemos em plena ‘consumadócracia’. Quem andou em campanhas, ouviu várias vezes `vai trabalhar, palhaço!`. Eu ouvi. Não é coisa que me incomode. Mas já me incomoda sentir que sou um palhaço, isso já me incomoda", afirmou, lamentando não conseguir representar o seu eleitorado conforme acha melhor.


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"Creio que o sistema partidário está profundamente doente. Acho que o CDS devia ser um sinal de diferença para melhor. Infelizmente, é para pior. Tem um fraquíssimo funcionamento interno, não há participação, vivemos em plena ‘consumadócracia’. Quem andou em campanhas, ouviu várias vezes `vai trabalhar, palhaço!`. Eu ouvi. Não é coisa que me incomode. Mas já me incomoda sentir que sou um palhaço, isso já me incomoda", afirmou, lamentando não conseguir representar o seu eleitorado conforme acha melhor. O antigo eurodeputado avançou mesmo o título de um seu futuro artigo - "o dia em que o CDS morreu" -, referindo-se à forma como foi anunciada a comissão política nacional da coligação "Portugal à Frente" (PSD/CDS-PP), da qual "ninguém sabe como foram nomeados ou eleitos os seus membros". Para Ribeiro e Castro, "a democracia é cada vez mais de teatrinho e despida de substância". "Estou desapontado com o meu próprio campo político, que devia ter produzido respostas há mais tempo, quer em termos da coligação, mas também nas presidenciais. Os suspeitos do costume, que há muitos anos diziam estar a preparar-se, nenhum se apresentou. Há uma série de bailes, arremedos tácticos, esperas, calculismos. É um sinal de esgotamento do sistema", criticou. Esclarecendo que a corrida ao Palácio de Belém está fora do seu horizonte porque não é "um suspeito do costume", o parlamentar centrista observou que foi a falência do sistema institucional que "levou a que aparecessem candidatos de fora da caixa", citando os casos de Henrique Neto ou Sampaio da Nóvoa. "Apareceu como de fora da caixa e agora a caixa quer apanhá-lo ou ele próprio quer entrar", ironizou ainda sobre o ex-reitor da Universidade de Lisboa.

Camarate. Relatório reafirma tese de atentado e aponta "lacunas" à PJ e PGR Há 35 anos, o então primeiro-ministro e o seu ministro da Defesa, Sá Carneiro e Amaro da Costa, morreram, tal como a tripulação e restante comitiva, a bordo de um Cessna. O relatório final da X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate reafirma a tese de atentado e aponta "lacunas" à actuação da Polícia Judiciária e da Procuradoria-Geral da República. "A queda do avião em Camarate, na noite de 4 de Dezembro, deveu-se a um atentado", lê-se nas conclusões finais do texto, cujo deputado relator foi o social-democrata Pedro do Ó Ramos. O inquérito voltou a debruçar-se sobre a noite dos acontecimentos do final de 1980, em plena campanha presidencial, na qual a Aliança Democrática (PPD/PSD, CDS e PPM) apoiava Soares Carneiro, derrotado posteriormente por Ramalho Eanes.

Há 35 anos, o então primeiro-ministro e o seu ministro da Defesa, respectivamente Sá Carneiro (PPD) e Amaro da Costa (CDS), morreram, tal como a tripulação e restante comitiva, a bordo de um Cessna 421 A, despenhado pouco depois de levantar voo de Lisboa, rumo ao Porto, para um comício. O relatório realça também que "foi evidenciado, com elevado grau de confiança, que José Moreira e Elisabete Silva foram assassinados no início de Janeiro de 1983". O dono do avião utilizado na campanha presidencial de 1980, José Moreira, e sua companheira foram encontrados mortos no seu apartamento, em Carnaxide, em 5 de Janeiro de 1983, dias antes de aquele engenheiro ir testemunhar, também em comissão parlamentar de inquérito, sobre a queda do bimotor norte-americano, depois de ter afirmado possuir informações relevantes sobre o assunto. "A actuação da PJ na investigação à morte de José Moreira e Elisabete Silva foi deficiente e apresentou lacunas inequívocas, sendo difícil crer que se tenha devido, apenas, a eventuais descuidos", refere o documento. Ainda segundo o texto, "a actuação da PGR, designadamente no inquérito disciplinar de 1992 à actuação da PJ e do Instituto de Medicina Legal, no caso da morte de José Moreira e Elisabete Silva, foi, também ela deficitária, com gritantes e evidentes lacunas, sendo igualmente difícil crer que se tenha devido, apenas, a eventuais descuidos". Porém, a comissão de inquérito conclui que "não foi possível estabelecer um nexo de causalidade entre a sua morte (José Moreira) e o atentado que vitimou, entre outros, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa". O dinheiro do Fundo do Ultramar Relativamente ao Fundo de Defesa Militar do Ultramar, cujas supostas irregularidades estariam a ser investigadas na altura por Amaro da Costa, o documento reconhece que o mesmo "permaneceu activo, sob a forma de um fundo privativo até 1993, tendo sido utilizados cerca de 481 milhões de escudos neste período sem qualquer escrutínio". "O saldo inicial do fundo privativo, em 1981, e calculado aos dias de hoje, equivaleria a cerca de 30 milhões de euros. O saldo final, em 1993, corresponderia a cerca de 25 mil euros", lê-se. O relatório confirma ainda "o transbordo de armas para o Irão em 1980 e a exportação de armas para o mesmo país, pelo menos, em 1980 e 1981, mesmo após o corte de relações comerciais e com a inexistência de autorização de exportação de armamento por parte do Ministro da Defesa". A comissão parlamentar de inquérito recomenda ainda à Assembleia da República "a digitalização de todo o espólio documental relativo ao atentado e posterior colocação de todo o acervo no sítio oficial do Parlamento". O documento, previsto ser votado esta terça-feira na especialidade e na sexta-feira em sessão plenária, poderá ainda incorporar algumas sugestões de alteração, já expressas pelos grupos parlamentares de CDS-PP, PCP e também pelos representantes dos familiares das vítimas.


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Ministro da Saúde nega ter defendido aumento de impostos para financiar SNS "Não foi proferida qualquer frase que permita semelhante conclusão", garante o ministério de Paulo Macedo.

Foto: António Cotrim/Lusa

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, nega ter defendido um aumento de impostos para compensar um aumento de custos no sector. Em comunicado, Paulo Macedo nega a leitura feita das suas declarações numa conferência esta terça-feira por alguns meios de comunicação social, entre os quais a Lusa, cujo texto a Renascença reproduziu. "Em momento algum [Paulo Macedo] defendeu um aumento de impostos para compensar um aumento de custos na saúde. Não foi proferida qualquer frase que permita semelhante conclusão", garante nota do ministério. "O ministro explicou que os custos com a saúde, como é reconhecido consensualmente, vão aumentar no futuro próximo e que é preciso pensar em como fazer-lhes frente. Esse debate não é feito entre nós e é preciso fazê-lo." "Sendo adquirido que esses custos terão de ser suportados pela sociedade, como é consensual no nosso país, de forma solidária, então têm de ser encontradas formas, como ganhos de eficiência, redução de preços e de margens, redistribuição orçamental, a par de novas receitas", acrescenta a nota. Segundo o texto enviado às redacções, "o ministro deu o exemplo do imposto que foi criado – e que já está em cobrança – sobre a indústria farmacêutica que não adere ao acordo do ministério com a Apifarma. Este imposto tem a virtude de provar que a receita do Estado pode subir sem o sacrifício dos contribuintes."

Fornecimento da vacina BCG normalizado até Agosto Dificuldades de abastecimento estão ligadas a problemas com a produção em laboratório da Dinamarca, o único que fabrica a vacina para a Europa. O fornecimento da vacina BCG contra a tuberculose só ficará regularizado em finais de Julho ou princípio de Agosto, avança a subdirectora-geral da Saúde. Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas afirmou que a última informação disponível indica que só voltará a haver fornecimento naquele período. As dificuldades de fornecimento, que se arrastam desde Março, estão ligadas a problemas com a produção no único laboratório que fabrica a vacina para a Europa, um laboratório público na Dinamarca. Quando a situação for regularizada, Graça Freitas indica que as crianças não vacinadas à nascença começarão a ser chamadas para receberem as vacinas nos centros de saúde, que deverão gerir os seus “stocks”. A Direcção-Geral de Saúde (DGS) tem insistido que o problema de fornecimento da BCG "não constitui risco para a saúde pública".


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Padre Lino Maia recebe prémio Fé e Liberdade como desafio para fazer mais e melhor

Temas polémicos dominam apresentação de documento de trabalho do sínodo

Presidente da CNIS destaca o papel que as instituições de solidariedade estão a ter nestes tempos de crise e lembra os milhares de voluntários envolvidos.

Na conferência de imprensa do sínodo da família, marcado para Outubro, a homossexualidade, casamento e acesso aos sacramentos para pessoas em uniões irregulares voltou a dominar as atenções. Por Aura Miguel

Foto: Lusa

O padre Lino Maia recebeu esta terça-feira o Prémio Fé e Liberdade. Para o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Nacional (CNIS), o galardão representa um desafio para fazer mais e melhor. No Fórum Económico do Estoril, organizado pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), o padre Lino Maia destacou o papel que as instituições de solidariedade estão a ter nestes tempos de crise e lembrou os milhares de voluntários envolvidos. “Quando se fala de respostas sociais, fala-se de uma comunidade que não desmobiliza, que se organiza e envolve-se e, particularmente nos momentos mais difíceis como o desta persistente crise, se comporta de uma forma resiliente e expansionista e em contraciclo, se comparada com os outros sectores tradicionais da sociedade portuguesa e com outras sociedades irmãs”, sublinha o presidente da CNIS. Em tempo de crise, o padre Lino Maia diz que é preciso “voltar a confiar nas pessoas”, porque “quando a economia e a finança perdem contacto com o rosto do outro, tornam-se lugares não humanos”. “As pessoas fiéis são sempre importantes para o bem comum e para a beleza da terra, e indispensáveis para sair de uma crise, porque sabem fazer uma abertura no tecto da nossa casa comum e mostrar um céu mais alto para recomeçar”, disse o padre Lino Maia. O Prémio Fé e Liberdade homenageia personalidades que dão testemunho na sociedade portuguesa e em diferentes áreas de intervenção, de fé e liberdade.

O documento de trabalho do próximo sínodo dos bispos sobre a família foi divulgado esta terça-feira e tem como tema: “A Vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Elaborado a partir de contributos das dioceses do mundo inteiro, o documento de trabalho retoma as preocupações do sínodo anterior. Na própria conferência de imprensa de apresentação ficou patente que as questões que ocuparam o sínodo da família do ano passado são os mesmos que darão que falar em Outubro. O documento, com 32 páginas e 147 pontos, resumido esta terça-feira pelos três principais responsáveis do sínodo, afunilou – como aconteceu no sínodo anterior – à volta das questões mais polémicas: homossexuais, contracepção e acesso à eucaristia por parte dos divorciados que voltaram a casar. “Há muitas proibições disciplinares que têm fundamento, mas há que rever um pouco alguns casos concretos, para ver se alguns desses muros podem ser abatidos para os transformar em pontes. Eu creio que na próxima assembleia será considerado tudo isso”, diz o cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do sínodo, que deseja uma eventual abertura. No mesmo sentido se exprime o secretário especial deste sínodo, o arcebispo Bruno Forte: “Esta integração chega ao ponto de dizer que pessoas em situação irregular ou difícil podem ser admitidos à comunhão eucarística? Esta é uma pergunta a que o Sínodo quer dar resposta. Por isso, não existe um ‘não’ preconceituoso, mas uma reflexão em curso, porque temos de ouvir os bispos de todo o mundo e apresentar ao Papa o resultado das suas avaliações e decisões.” Opinião diferente, e sem apontar reformas, manifesta o cardeal Peter Erdo, relator geral do sínodo: “A questão central destes sínodos é sobre o que é o Cristianismo, cujo ensinamento é bastaste reconhecido. E vemos, justamente nesta tradição disciplinar, que o ensinamento de Jesus sobre o adultério é um ensinamento muito exigente e até mesmo escandaloso na sua época.” A assembleia geral do sínodo dos bispos realiza-se de 4 a 25 de Outubro, no Vaticano. Portugal será representado pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente e o bispo de


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Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias.

Morreu a sucessora da Madre Teresa de Calcutá Irmã Nirmala Joshi liderou as Missionárias da Caridade entre 1997, depois da morte da Madre Teresa, até 2009.

Foto: Piyal Adhikary/EPA

Morreu a irmã Nirmala Joshi, de 81 anos, sucessora da Madre Teresa como superiora das Missionárias da Caridade. Segundo informações da Rádio Vaticano, a irmã padecia de doenças cardíacas, apresentando nos últimos dias um quadro de insuficiência renal. Na passada semana, os médicos sugeriram que ela fosse internada para realizar diálise. A religiosa, no entanto, preferiu permanecer em casa com as suas companheiras. Assumiu a liderança da ordem em 1997 expandindo-a para vários países, entre eles Afeganistão, Israel ou Tailândia. Actualmente, a congregação das Missionários da Caridade está presente em 134 países. Vários políticos indianos já reagiram: “A vida da irmã Nimala foi dedicada aos mais pobres e desfavorecidos. Triste pelo seu desaparecimento”, escreveu num tweet o primeiro-ministro Narendra Modi. Reservada e amante da vida contemplativa, irmã Nirmala guiou as Missionárias da Caridade até 2009, quando foi sucedida por irmã Mary Prema Pierick, actual superiora da congregação.

Metro deve chegar à Reboleira até ao final do ano A linha azul passará a ter uma extensão de 13,7 quilómetros, com 18 estações entre a Reboleira e Santa Apolónia. O Metropolitano de Lisboa adjudicou as obras do prolongamento da linha azul à Reboleira, na Amadora,

e prevê concluir a ligação à linha ferroviária de Sintra até ao final do ano. "Estão a ser desenvolvidos todos os esforços para que seja possível realizar a abertura à exploração até ao final deste ano", confirmou à agência Lusa a assessoria de imprensa do metro, esclarecendo que a empreitada no troço Amadora Este/Reboleira foi adjudicada por 8,795 milhões de euros. A presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares (PS), congratulou-se com o arranque da obra, que considerou "determinante para a mobilidade na zona norte da Área Metropolitana [de Lisboa] e para os concelhos da Amadora e de Sintra". Na primeira fase foram investidos cerca de 45 milhões de euros no túnel com 579,2 metros, desde Amadora Este, e na estação e zona terminal da Reboleira, mas os trabalhos foram suspensos devido a problemas de financiamento. A transportadora salienta que o prolongamento se insere "na estratégia de reforço da intermodalidade com a ferrovia e assegurará a ligação da Linha Azul com a linha de comboios de Sintra". O estudo de viabilidade económica do empreendimento prevê que, com o rebatimento da linha ferroviária de Sintra, "a procura gerada pela futura estação da Reboleira seja de cerca de quatro milhões de passageiros/ano". A linha azul do metropolitano passará a ter uma extensão de 13,7 quilómetros, com 18 estações entre a Reboleira e Santa Apolónia (Lisboa). A autarca da Amadora revelou que a câmara vai aprovar em Julho o concurso para intervir na Avenida D. Carlos I, "com um investimento de 600 mil euros, para a requalificação entre o [Bingo do] Estrela da Amadora e a estação da Damaia". Carla tavares explicou que a intervenção na D. Carlos I "vai aumentar o estacionamento, reforçar a iluminação pública, criar zonas de estadia e fazer a ligação da pista de caminhada da Reboleira" ao centro da cidade. A ligação do metro aos comboios será coberta e, junto ao interface, serão criados dez terminais para autocarros, e mais quatro nas proximidades.


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Lince ibérico sai da lista de espécies "em perigo crítico" de extinção União Internacional para a Conservação da Natureza refere que o trabalho ainda não está terminado e que os esforços de conservação devem prosseguir.

ibéricos oriundos de centros de reprodução em cativeiro no Vale do Guadiana, em Portugal; no Vale de Matache, na província espanhola da Extremadura; nas regiões de Guadalemellato e Guarrizas, Andaluzia; e nos Montes de Toledo e na Serra Morena Oriental, em Castela-Mancha. Nestas novas zonas, foram libertados, desde 2014, 43 exemplares, que estão a formar novas populações e a contribuir para a conservação da espécie. O programa Life+Iberlince considera essencial promover um plano nacional que trave os atropelamentos de linces ibéricos, a principal causa de morte destes animais.

Ninguém acertou no Euromilhões Primeiro prémio aumenta para 25 milhões de euros.

Foto: Luis Forra/Lusa

O lince ibérico foi retirado da “lista vermelha” das espécies que estão "em perigo crítico" de extinção, elaborada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla inglesa). Depois de 13 anos de "grandes esforços de conservação" e uma avaliação das 77.340 espécies que integram esta "lista vermelha", o lince ibérico foi colocado na categoria de espécies "em perigo" de extinção, um nível menos grave, anunciou esta terçafeira o programa Life+Iberlince. A evolução das populações deste felino, explica o Life+Iberlince, foi estudada por dois cientistas que concluíram que, após seis décadas de declínio, foi registado um crescimento regular entre 2002 e 2012. Durante este período, a população de linces ibéricos atingiu os 156 indivíduos maduros, o que implicou passar de 27 para 97 fêmeas reprodutoras. A área de presença desta espécie também registou um crescimento considerável. Os responsáveis da IUCN, organização com sede em Gland, na Suíça, destacaram esta "fantástica notícia" para o lince ibérico, afirmando que se trata de "uma excelente prova de que as acções de conservação funcionam realmente". A organização internacional referiu, no entanto, que o trabalho ainda não está terminado e que os esforços de conservação devem prosseguir, de forma a assegurar a expansão futura e o crescimento populacional da espécie. Com o novo programa Life+Iberlince, que começou em 2011 e termina em 2016, foi iniciada a recuperação da distribuição histórica do lince ibérico em Espanha e Portugal. Um total de 19 instituições estão envolvidas neste projecto de recuperação. O programa foi iniciado com a reintrodução de exemplares selvagens e de linces

Ninguém acertou na chave completa do Euromilhões desta terça-feira. O próximo sorteio vai contar com um "jackpot" de 25 milhões de euros, informa o departamento de jogos da Santa Casa da Misericórdia. O segundo prémio vai ser distribuído por oito apostadores que registaram o boletim no estrangeiro e que vão arrecadar, cada um, cerca de 118 mil euros. Com o terceiro prémio, também foram apurados oito apostadores, nenhum dos quais em Portugal, que vão receber cada um cerca de 39 mil euros. O quarto prémio vai ser distribuído por 32 apostadores, oito dos quais em Portugal, que vão receber, cada um, 4.949,58 euros. A combinação vencedora do concurso 50/2015 do Euromilhões, sorteada esta terça-feira, é composta pelos números 4-16-22-38-49 e pelas estrelas 6 e 9.


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RIBEIRO CRISTÓVÃO

MIGUEL CARDOSO

Logo veremos

Corrida pelo título. "FC Porto à frente de Benfica e Sporting"

A selecção da Suécia não tem famosos, mas tem jogadores com experiência. A manutenção de Portugal no Campeonato da Europa não está, por isso, garantida. Os escolhidos de Rui Jorge têm de manter a maior concentração.

Por Ribeiro Cristóvão

É nesta quarta-feira que vai ficar decidida a sorte da selecção portuguesa de sub-21 anos no Campeonato da Europa que decorre na República Checa. No confronto com os suecos, que formam uma equipa de qualidade e partem para o desafio de logo à noite com ambições semelhantes às nossas, a tarefa não é fácil, recomendando-se por isso todas as cautelas. Não tendo jogadores famosos, a selecção sueca tem no entanto uma larga experiência. Mais de uma dezena dos seus atletas actuam no estrangeiro, onde têm adquirido uma capacidade competitiva que não seria possível alcançar representando somente clubes nórdicos. Além disso, a selecção portuguesa está devidamente estudada, não apenas através dos conhecimentos recolhidos durante o último ano mas, sobretudo, durante os jogos já disputados neste mês na República Checa. Ontem, duas representações ficaram pelo caminho: curiosamente, a selecção anfitriã está fora da corrida, o mesmo acontecendo aos sérvios que apenas lograram conquistar um ponto, sendo por isso remetidos para o último lugar do Grupo A. Dinamarca e Alemanha já garantiram o acesso às meias-finais, estando agora por saber o que acontecerá no Grupo B, liderado por Portugal. Hoje, Portugal, com 4 pontos, defronta a Suécia, que tem três pontos, enquanto Inglaterra, três pontos, e Itália, apenas um ponto, discutem a outra presença na fase seguinte. Um dia importante em que os escolhidos de Rui Jorge têm necessidade de manter a maior concentração para assim alcançarem um resultado que lhes permita continuar no Campeonato da Europa.

Entrevista Bola Branca. Miguel Cardoso admite que Jorge Jesus confere dinâmicas positivas ao Sporting e elogia a escolha de Rui Vitória pelo Benfica. Contudo, o treinador defende que a continuidade de Lopetegui no Dragão pode ser uma vantagem na corrida pelo título. Na Ucrânia, onde coordena a formação do Shakhtar Donetsk, Miguel Cardoso acompanha o campeonato português e, numa breve passagem por Portugal, visitou os estúdios da Renascença em Vila Nova de Gaia, abordando alguns temas da actualidade, a começar pelas movimentações do quadro de treinadores. "O Benfica com Jorge Jesus conseguiu uma estabilidade muito grande que permitiu ganhar. O FC Porto teve um ano de mudança. É a equipa que vai apresentar mais estabilidade para a nova época e pode ser decisiva no campeonato", antevê, em entrevista a Bola Branca.As dinâmicas positivas de Jorge Jesus Sobre o ingresso de Jorge Jesus no Sporting, Miguel Cardoso considera que a mesma é benéfica para o clube leonino. "Quando se agitam este tipo de questões no futebol, geralmente produzem dinâmicas positivas. Jorge Jesus é um fenómeno claro de crescimento, apesar do trabalho de alta qualidade de Marco Silva. É um treinador impactante na estrutura e vai trazer coisas ao Sporting. Vamos ver como vai ser a construção dos plantéis. Não chega ter um treinador bom", sublinha. Miguel Cardoso já trabalhou no Sporting como adjunto de Domingos Paciência e conhece bem a casa onde o ex-treinador do Benfica vai morar a partir da nova época. "Jorge Jesus terá uma realidade diferente. O Benfica é um clube ao mais alto nível na sua equipa principal e na formação e tem uma dinâmica de trabalho que no Sporting pode demorar algum tempo", adverte. Olhando para todos estes factores, Miguel Cardoso já tirou conclusões sobre a nova temporada. "Pela sua estabilidade, o FC Porto, se não mexer muito na estrutura, pode estar à frente de Benfica e Sporting na luta pelo título", afirma.Rui Vitória, o agregador Quanto à sucessão no Benfica, Miguel Cardoso elogia a aposta em Rui Vitória. "Trabalha para uma ideia clara de jogo. É um treinador agregador e dá uma dinâmica muito forte. As vitórias no futebol estão muitas vezes relacionadas com os níveis de coesão. O Rui Vitória é capaz de o fazer", sustenta. Domingos Paciência e Bernard Miguel Cardoso foi adjunto de Domingos Paciência entre 2007 e 2013. Depois do último projecto em conjunto, Domingos teve épocas incompletas no Kayserispor e no Vitória de Setúbal. Na próxima temporada vai treinar o APOEL do Chipre. "Domingos


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vai encontrar um caminho de estabilidade no APOEL e ganhar títulos", prevê. Sobre o médio-ofensivo brasileiro Bernard, jogador que há um ano esteve muito perto do FC Porto, acabando por ingressar no Shakhtar, Miguel Cardoso não acredita que o jogador possa voltar a entrar na órbita do Dragão. "É difícil ingressar no FC Porto. O Shakhtar tem jogadores de altíssimo nível para a posição. Por essa razão, Bernard não jogou com a frequência que gostaria. Também é um processo de adaptação. Acredito que nesta época vai aparecer em grande nível", refere. FC PORTO

"Para mim, é oficial". Empresário anuncia Jackson no Atlético de Madrid

Na tarde de segunda-feira, Bola Branca havia revelado a existência de um acordo entre todas as partes envolvidas no processo, tendo em vista o ingresso do até agora capitão dos azuis e brancos no emblema espanhol. NUNO ANDRÉ COELHO

"Sabia que o Ewerton ia conquistar os sportinguistas" Sporting anunciou, esta terça-feira, que exerceu a opção de compra de Ewerton. "NAC" jogou ao lado do brasileiro, no Sporting de Braga.

Luiz Henrique Pompeo revela pormenores do negócio entre o FC Porto e os "colchoneros". Agente do colombiano confirma notícia avançada por Bola Branca, na segunda-feira.

Nuno André Coelho, de 29 anos, conhece bem as qualidades de Ewerton [Foto: DR]

Jackson Martínez vê consumada a transferência para Madrid [Foto: DR]

O empresário de Jackson Martínez dá, esta terça-feira, a transferência do avançado colombiano do FC Porto para o Atlético de Madrid como um acto consumado, confirmando a notícia avançada ontem por Bola Branca. Luiz Henrique Pompeo revela todos os pormenores do negócio firmado entre os dragões e os "colchoneros", encerrando de vez a discussão sobre o futuro do "Cha cha cha". "Agradeço ao AC Milan e especialmente ao senhor Galliani [administrador-executivo do clube italiano], que tentou de tudo para que o jogador assinasse pelo AC Milan. No entanto, o Jackson preferiu dizer 'sim' ao Atlético Madrid, por causa do projecto que lhe foi apresentado. Para mim, já é oficial, tendo o jogador já assinado um contrato de quatro anos, ao passo que o Atlético pagou os 35 milhões fixados na cláusula de rescisão", assegurou o agente, citado pelo site italiano "Calciomercato".

"Surpresa" e "Ewerton" são palavras que não cabem numa mesma frase de Nuno André Coelho. O defesacentral que passou em Alvalade na época 2010/11 foi colega de equipa de Ewerton no Sporting de Braga. Em entrevista a Bola Branca, "NAC" elogia as capacidades e qualidades do central brasileiro, não estranhando o facto de ter conquistado os adeptos leoninos. "Pelo que eu vi e conheço do Ewerton, ele é um excelente jogador. Pode ter chegado ao Sporting em má forma, mas depois recuperou e fez uma excelente dupla com o Paulo Oliveira. O Sporting está bem servido de centrais e já sabia que o Ewerton, com a qualidade que tem, ia conquistar os sportinguistas", sustenta. O Sporting exerceu a opção de compra de Ewerton junto dos russos do Anzhi, que em Janeiro cederam o "canarinho" aos leões, a título de empréstimo. Ewerton assinou até ao Verão de 2019, ficando protegido por uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros. Nuno André Coelho não descarta regresso a Portugal Na última época, Nuno André Coelho jogou nos turcos do Balikesirspor, clube que não honrou os compromissos financeiros que tinha assumido com o defesa português. Na nova época, o defesa de 29 anos irá jogar noutro clube, não descartando a possibilidade de regressar ao futebol português. "Estou a tratar da minha vida porque o clube onde estive na Turquia não me pagava. Existe a


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possibilidade de voltar ao campeonato português embora preferisse continuar no estrangeiro. Tenho tido contactos de clubes portugueses e estrangeiros mas primeiro tenho de me desvincular do Balikesirspor", conclui.

Benfica leva Eusébio Cup para o México Bicampeões nacionais aproveitam inauguração do novo estádio do Monterrey para disputar a oitava edição da prova que honra o "Pantera Negra".

TÉNIS

Custou, mas foi. João Sousa nos "oitavos" em Nottingham Vimaranense, melhor tenista português da actualidade, bate adversário australiano e marca encontro com o favorito Gilles Simon, na ronda de acesso aos quartos-de-final.

João Sousa qualifica-se para os oitavos-de-final de torneio em Nottingham [Foto: DR]

Eusébio Cup vai para a oitava edição [Foto: DR]

O Benfica vai aproveitar a presença na partida de inauguração do novo estádio do Monterrey para realizar, diante dos mexicanos, a oitava edição da Eusébio Cup. O clube da Luz divulgou a informação, esta terça-feira, através de nota enviada às redacções. "Pela primeira vez, a Eusébio Cup será disputada fora do Estádio da Luz. A oitava edição da prova será realizada no México, no Estádio BBVA Bancomer, casa do Club de Fútbol Monterrey, no próximo dia 2 de Agosto. (...) O troféu correspondente à oitava edição da Eusébio Cup será assim entregue ao vencedor do jogo CF Monterrey X SL Benfica", pode ler-se na referida mensagem, na qual se recorda, ainda, que foi ao serviço do Monterrey que o "Pantera Negra", falecido em Janeiro de 2014, registou a sua única experiência no futebol daquele país da América do Norte. "Trata-se do clube onde Eusébio da Silva Ferreira espalhou a sua magia nos anos 70, ao representar os Rayados, nome pelo qual é conhecido este grande emblema mexicano", recordam os encarnados. Os bicampeões nacionais aceitaram o convite para o primeiro jogo do novo recinto do Monterrey, que terá a denominação de "Rayados BBVA Bancomer", aproveitando a ocasião para a realização da Eusébio Cup.

João Sousa apurou-se, esta terça-feira, para os oitavosde-final do ATP Nottingham, em Inglaterra, derrotando o australiano Sam Groth. O melhor tenista português da actualidade (45º no "ranking" ATP) e 14º "cabeça-de-série" da prova enfrentou uma mini-maratona de 2h15m para levar de vencida o 68º posicionado na hierarquia mundial. Groth começou por impor-se na decisão do primeiro "set", triunfando no "tie break" (7-6, 7-5). O vimaranense respondeu no segundo parcial, de forma contundente (6-3) e, no derradeiro "set", inverteu o triunfo do australiano, batendo Groth em novo "tie break" (7-6, 7-3). Na eliminatória de acesso aos quartos-de-final, João Sousa terá pela frente o francês Gilles Simon, 13º na tabela mundial e segundo "cabeça-de-série" do ATP Nottingham.


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JOGOS EUROPEUS DE BAKU

Ana Rente e Beatriz Martins. Entre o bronze e a falta de apoios À chegada a Portugal, Ana Rente e Beatriz Martins deram nota da satisfação com a conquista do bronze no trampolim sincronizado e recordaram as dificuldades que enfrentam na carreira desportiva.

Anra Rente e Beatriz Martins conquistaram a oitava medalha portuguesa em Baku. Foto: Lusa

Ana Rente e Beatriz Gomes aterraram esta terça-feira, em Lisboa, de bronze ao peito, depois de terem conquistado o terceiro lugar em trampolim sincronizado, domingo, nos Jogos Europeus de Baku. À reportagem de Bola Branca, Ana Rente falou do orgulho sentido pela conquista desta medalha e logo na primeira edição da prova. "É uma sensação fantástica, um orgulho poder representar o nosso país e ainda trazer uma medalha. É o culminar da preparação para os Jogos Olímpicos, que são o nosso grande objectivo. Somos uma dupla recente, trabalhamos há apenas três meses e não sabíamos com o que podíamos contar, mas as coisas foram correndo pelo melhor, alcançámos as finais e aí tudo é possível". Beatriz Martins, por seu lado, aproveitou a ocasião para se queixar da falta de condições para treino e competição. "Em Portugal, as condições são muito diferentes de outros países. Dou como exemplo a dupla russa que nos venceu: elas só treinam, não estudam. Nós temos de conciliar porque, quando terminarmos a carreira de ginastas, muito dificilmente poderemos continuar apenas nos trampolins. Sentimos muitas dificuldades no que diz respeito a material de treino. O nosso clube [Lisboa Ginásio Clube] tenta dar-nos algumas condições e suportar as despesas para continuarmos ao mais alto nível, mas não é o suficiente", concluiu.

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