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EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco

Quarta-feira, 11-03-2015 Edição às 08h30

Editor Raul Santos

O que vai Passos dizer aos deputados sobre Segurança Social e IRS? Vítor Gaspar diz que desconhecia dificuldades do BES Crédito malparado nas famílias e empresas volta a subir em Janeiro

“É preciso que os abortos nos hospitais passem a ser residuais”

É comerciante? Vai pagar menos pelo uso do multibanco

"Não se pode dizer As mulheres e a que os bancários são todos trafulhas" globalização

D. Manuel Clemente aponta soluções para evitar extremismos em centros urbanos

Portugal estreia-se entre países europeus com baixa incidência de tuberculose

ISABEL CAPELOA GIL

FC PORTO

Dragão de regresso aos "quartos" com 23 milhões em caixa


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“É preciso que os abortos nos hospitais passem a ser residuais”

O que vai Passos dizer aos deputados sobre Segurança Social e IRS?

Em entrevista à Renascença, o ministro da Saúde diz que o aborto não pode ser usado como método de planeamento familiar. Paulo Macedo defende ainda a abertura de mais vagas em medicina.

O PM já respondeu (por escrito) aos deputados, mas o assunto deverá marcar o debate quinzenal, na tarde desta quartafeira. Confira aqui as respostas que Passos já deu sobre o tema e quais as perguntas a que ainda não respondeu.

Por Raquel Abecasis

Paulo Macedo diz estar preocupado com dados da Direcção-geral da Saúde que indicam que o aborto está a ser usado como método de planeamento familiar. “Este não deve ser o método de planeamento familiar, aliás é a ausência de planeamento por definição”, diz o ministro da Saúde. O governante diz que “devemos agir de forma a que cada vez mais as interrupções voluntárias da gravidez sejam residuais”, mas acha que a imposição de taxas moderadoras não irá resolver o problema. Em entrevista ao programa Terça à Noite, da Renascença, o ministro diz que é necessário abrir mais vagas para o curso de medicina. “Tem que se entender que parece um paradoxo que temos um dos números clausus mais restritos precisamente na área em que temos pleno emprego”. Paulo Macedo deixa o compromisso de que no final do mandato o projecto do novo hospital de Todos os Santos ficará “delineado e com uma possibilidade de financiamento concreta” e adianta ainda que esta unidade tem agora previstas mais camas do que o projecto inicial e, apesar dos pedidos em sentido contrário, vai mesmo integrar o hospital pediátrico.Melhores urgências, mais camas de cuidados continuados Questionado sobre a ruptura dos serviços de urgência, o ministro compromete-se a remodelar até ao próximo Inverno as urgências dos hospitais: “As urgências de facto têm que ser remodeladas em termos pontuais no caso físico relativamente ao Amadora (Sintra), o Barreiro Montijo, o caso de Portalegre e o caso de Gaia”, diz. Paulo Macedo reconhece que muitas camas de hospital estão neste momento ocupadas indevidamente com a população mais idosa e garante que ainda este ano as camas para cuidados continuados vão duplicar de 150 para 300. Paulo Macedo salienta no entanto que apesar da crise os indicadores de saúde têm melhorado e dá o exemplo dos números da tuberculose, sublinhando que “Portugal, pela primeira vez na sua história vai passar para o número de países europeus com baixa incidência de taxa de tuberculose, ou seja fica abaixo dos 20 casos por cem mil habitantes”.

Foto: Lusa

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, abre, esta quarta-feira, o debate quinzenal, na Assembleia da República. Tema do discurso, no papel: "Questões de relevância política, económica e social". Tema esperado: a carreira contributiva de Pedro Passos Coelho. O não pagamento entre 1999 e 2004 de contribuições à Segurança Social e os atrasos no pagamento de IRS, por parte do primeiro-ministro, deverão marcar o debate, já que vários partidos da oposição manifestaram a intenção de questionar novamente Passos Coelho sobre o tema. A hipótese de o próprio primeiro-ministro aproveitar para prestar mais esclarecimentos também já foi avançada pelo PSD, que defende que Passos deve dar explicações sobre a sua relação com a Segurança Social "no momento certo e onde for entendido", nomeadamente, no debate quinzenal, no Parlamento. O primeiro-ministro já respondeu, por escrito, a perguntas do PSP e do PCP sobre o assunto, mas o caso está longe de estar encerrado para a oposição, que não vai perder a oportunidade de pedir mais esclarecimentos ao primeiro-ministro, desta vez cara a cara. António Costa esteve na terça-feira no Parlamento com a direcção da bancada socialista, sabe a Renascença. O PS é o primeiro partido a intervir no debate. O PCP enviou já por escrito sete novas perguntas ao gabinete do primeiro-ministro. Quer saber, por exemplo, para que empresas trabalhava Passos Coelho nos anos em que não fez descontos para a Segurança Social ou porque pagou agora um valor relativo apenas a uma parte desse período em que trabalhou por conta


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própria e não à totalidade. Leia as respostas às questões do PS (em PDF) Leia as respostas às questões do PCP (em PDF) Leia as sete novas perguntas do PCP (em PDF)

Vítor Gaspar diz que desconhecia dificuldades do BES O ex-ministro das Finanças confirma, nas respostas por escrito que enviou à comissão parlamentar de inquérito ao caso BES, que a exposição do banco ao Grupo era já conhecida. Contudo, em 2012, quando vários bancos receberam ajuda do Estado, não havia qualquer indicação de necessidade de uma intervenção no BES.

FMI afirma que em 2012, quando vários bancos receberam ajuda do Estado, não houve qualquer indicação que apontasse para a necessidade de uma intervenção no BES. Pelo contrário, o banco tinha capacidade para um aumento de capital privado e a interpretação dominante na altura foi que reflectia a saúde da instituição. Enquanto foi ministro, diz que tinha informação agregada sobre a dívida e eventuais problemas de gestão do GES, mas nenhum dado relevante. Quanto à actuação do Banco de Portugal neste processo, Vítor Gaspar diz não ter comentários a fazer.

"Não se pode dizer que os bancários são todos trafulhas" Palavras do presidente da Associação Portuguesa de Bancos, na comissão de inquérito ao caso BES. Para Faria de Oliveira, o colapso do banco foi "deplorável".

Gaspar respondeu à comissão de inquérito por escrito. Foto: EPA

O antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar diz só ter tido conhecimento das dificuldades no Banco Espírito Santo (BES) no final de 2013, depois de ter saído do Governo. Nas respostas que enviou à comissão parlamentar de inquérito ao caso BES, Vítor Gaspar confirma, contudo, que a exposição do banco ao Grupo era já conhecida. “Ouvi falar de dificuldades financeiras idiossincráticas no GES [Grupo Espírito Santo] no final de 2013. Em termos concretos, soube, mais tarde, das implicações da exposição do BES ao GES pela imprensa especializada internacional”, escreve. O antigo ministro de Passos Coelho afirma que, entre Junho de 2011 e Junho de 2013, na sequência da crise, os contactos com operadores do sistema financeiro português são frequentes e a regulação sofreu alterações ao nível europeu, o que exigiu consultas nacionais com a banca. No entanto, sublinha, destes contactos não resultou qualquer preocupação particular nem com o BES nem com o Grupo Espírito Santo. Ricardo Salgado comunicou-lhe pessoalmente que tinha aderido ao perdão fiscal – um anúncio que Vítor Gaspar diz ter ouvido com “atenção e delicadeza”, lembrando de seguida que a administração tributária é autónoma. Respondendo a outra questão, o actual economista do

Foto: Lusa

A comissão de inquérito ao caso BES contou esta terçafeira com a presença de Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), que admitiu possíveis más práticas na comercialização de dívida do Grupo Espírito Santo aos balcões do banco, mas recusou a ideia de que a maioria dos bancários não seja honesta. "Sempre que há práticas comerciais incorrectas, sempre que há vendas enganosas ou aliciamentos indevidos, há culpa dos bancos", afirmou Fernando Faria de Oliveira. Ainda assim, mesmo admitindo que "pode haver excepção", o responsável realçou que "não pode haver um acto de generalização e dizer que os empregados bancários são todos uns trafulhas". E acrescentou: "A culpa é sempre do empregado bancário, mas eu não posso aceitar isso". Faria de Oliveira tinha sido confrontado directamente com a questão do papel comercial de "holdings" do GES subscrito por investidores não qualificados aos balcões do BES, referindo que, mesmo "quando os bancos estão a vender produtos que não são deles, qualquer cliente que sente que foi enganado pode reclamar junto da CMVM [Comissão do Mercado de Valores


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Mobiliários]". Fuga para a frente Faria de Oliveira considerou que Ricardo Salgado, expresidente do BES, fez uma leitura errada da situação do país e optou por uma fuga para a frente para tentar salvar o GES. "Apesar dos comportamentos individuais, eu creio que o que se passou foi uma leitura muito errada que ele fez da situação que prevalecia no nosso país. Creio que o seu sentido de liderança, a forma como exercia o poder e liderança fizeram-no correr para a frente", afirmou Fernando Faria de Oliveira no Parlamento. "O que eu não consigo entender é que nesta fuga para a frente se tenham esquecido questões da maior importância, nomeadamente, da responsabilidade de cumprir as normas da actividade bancária", realçou. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos sublinhou que Salgado "era uma figura muito respeitada em Portugal e no estrangeiro" e que "a sua opinião era respeitada internacionalmente". Na opinião do líder da entidade que representa a banca, "tudo isso contribuiu para tornar mais difícil a percepção de que excedia o poder". E reforçou: "Mais do que uma falha do modelo de sociedade que, no caso do BES, posso eventualmente considerar que devia ser mais profundo, é uma questão do exercício dos cargos. Isso não tem a ver com modelos, tem a ver com comportamentos". Faria de Oliveira disse aos deputados que nunca mais falou com Salgado, desde o colapso do BES. Se o fizesse, "continuaria a tentar perceber como é que isto aconteceu". Idoneidade, ética e honra Durante a sessão desta tarde, Faria de Oliveira disse ainda que foi apanhado de surpresa pela queda do Banco Espírito Santo e que tal cenário era impensável poucos meses antes de ser consumado. "A impensável e deplorável crise do BES teve efeitos imediatos que se traduziram em danos de imagem e de reputação para o sector e para o país", afirmou Faria de Oliveira. O responsável apontou também para o impacto nos mercados financeiros, realçando que "é necessário separar o trigo do joio". Apesar de a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal ao banco não ser a preferida da APB, conforme Faria de Oliveira revelou aos deputados, apontando em alternativa para a utilização da linha pública de recapitalização da banca, o responsável reconheceu que a intervenção do supervisor "permitiu salvaguardar a estabilidade do sistema". Questionado sobre as lições a retirar a partir do exemplo do BES, o responsável considerou que "o caso BES, depois do BPN e do BPP, mostram que as crises económicas profundas podem afectar as instituições, mas é a má gestão" que os fragiliza. E apontou para os valores essenciais para quem lidera instituições financeiras: "Idoneidade, ética e honra".

Crédito malparado nas famílias e empresas volta a subir em Janeiro Depois de em Novembro o crédito às famílias considerado de cobrança duvidosa ter alcançado 4,34% do total, o valor voltou a subir em Janeiro. Em conjunto o valor em causa para empresas e famílias ronda os 18 mil milhões de euros. O crédito malparado das famílias e empresas voltou a subir em Janeiro, atingindo os 5.364 milhões de euros e os 12.545 milhões, respectivamente, ultrapassando em conjunto 17.900 milhões de euros, divulgou esta terça-feira o Banco de Portugal. Segundo o banco central, em Janeiro, dos 123.212 milhões de euros emprestados às famílias, 5.364 milhões de euros eram considerados créditos de cobrança duvidosa, representando 4,35% do total dos empréstimos concedidos. Este é um novo máximo do crédito malparado, depois de em Novembro ter alcançado 4,34% do total dos empréstimos concedidos. No início do ano passado a percentagem do crédito de cobrança duvidosa perante o total concedido ultrapassou os 4% e desde então tem vindo a alcançar novos máximos praticamente todos os meses. O crédito malparado aumentou também face a Dezembro, quando totalizava 5.344 milhões, o equivalente a 4,32% dos 123.686 emprestados pela banca às famílias portuguesas. O crédito de cobrança duvidosa na habitação, em percentagem do total do crédito concedido para este fim, também subiu de 2,45% em Dezembro para 2,47% em Janeiro, atingindo os 2.512 milhões de euros. Os dados do Banco de Portugal mostram que o malparado também subiu no crédito ao consumo, de 10,71% em Dezembro para 10,72% em Janeiro, representando 1.288 milhões do total de 12.013 milhões concedidos. Também quanto ao crédito a particulares para outros fins, os números do regulador dão conta de que o crédito de cobrança duvidosa aumentou de 15,59% em Dezembro para 15,89% em Janeiro, totalizando 1.564 milhões de euros dos 9.840 milhões concedidos. No caso das empresas, o crédito malparado também aumentou: representava em Janeiro 14,65% do total dos empréstimos concedidos (mais 0,25 pontos percentuais do que em Dezembro), atingindo 12.545 milhões do total de 85.654 milhões de euros emprestados pela banca. Desde Fevereiro que o crédito malparado para as empresas ultrapassou os 10% do total concedido e que todos os meses tem alcançado um novo máximo, ultrapassando em Outubro os 14% do total de créditos concedidos.


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ISABEL CAPELOA GIL

As mulheres e a globalização Basta percorrer os aeroportos europeus ou entrar ao final do dia num avião que parte de uma capital europeia para destinos no continente para perceber que esta diáspora da esperança tem sexo e este não é feminino.

Uma definição sintética de globalização é a de ser um fluxo de ‘objetos em movimento’, sejam coisas, pessoas, eventos, ideias. Estes objetos em movimento são frequentemente do sexo feminino, embora o impacto da globalização sobre as mulheres e a participação que estas têm no fluxo de objetos globais mereça uma análise, além das dicotomias ideológicas da euforia ou das misérias do global. Na semana em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, quando, sobretudo o hemisfério norte, recorda o processo de reconhecimento dos direitos civis das mulheres e se lembra que, apesar do longo caminho trilhado, ainda muito há a fazer, sobretudo no acesso aos cargos de topo na política, na gestão, na academia, há toda uma outra realidade que nos entra diariamente em casa por via da globalização das comunicações. Essa realidade, que se situa sobretudo, mas não exclusivamente, no hemisfério sul, mostra descriminação, violência física e psicológica, mostra afinal uma linha de diferença sexual no fluxo de objetos em movimento da globalização. Se nalgumas sociedades esta distinção ocorre por via da tragédia das desigualdades, da falta de educação e de oportunidades, afinal da ‘diáspora da miséria’ de que nos fala o professor da New York University, Arjun Appadurai, o certo é que mesmo na ‘diáspora da esperança’ dos que abraçam o movimento global como oportunidade científica ou de negócio, a desigualdade é marcante. Basta percorrer os aeroportos europeus ou entrar ao final do dia num avião que parte de uma capital europeia para destinos no continente para perceber que esta diáspora da esperança tem sexo e este não é feminino. No nosso belo jardim português onde na academia apenas se sentam duas Reitoras entre quinze universidades públicas, e onde na última votação conjunta do jornal Expresso e da revista Exame para eleição dos 25 gestores de topo em Portugal, foi apenas selecionada uma mulher, as imensas possibilidades

que nos são socialmente oferecidas, continuam a ser contrariadas por uma invisibilidade estratégica, quiçá não deliberada, e por isso ainda mais perversa. A falta de sensibilidade de género para a paridade na organização de conferências, na constituição de painéis, júris, nas nomeações para cargos políticos e económicos é cultural, mas não se altera por decreto. Para tal é importante que as mulheres profissionais estejam também elas disponíveis para uma afirmação com confiança, abandonando a estratégia da ‘liderança relutante’ e olhando para a sua singularidade feminina não como opressão, como escrevia Simone de Beauvoir, mas como imensa possibilidade. Uma possibilidade de exercício da profissão com base de uma política da articulação, entre a esfera privada e a ação pública, uma articulação entre a razão e o afeto, uma forma outra de agir de que todas as sociedades necessitam para vingar no mar das contradições que nos ameaça.

D. Manuel Clemente aponta soluções para evitar extremismos em centros urbanos A integração social é fundamental para evitar a formação de guetos que são susceptíveis ao tipo de “desvio” que pode conduzir a extremismos, afirma o Patriarca de Lisboa. Por Paula Costa Dias

O Cardeal Patriarca de Lisboa está preocupado com o possível aparecimento de fenómenos extremistas nos centros urbanos. Perante mais de uma centena de empresários cristãos da região de Leiria, D. Manuel Clemente disse que o desemprego e a falta de integração dos jovens de várias etnias e religiões pode levar a estes desvios e, em declarações aos jornalistas, apontou soluções: “Se não se integram numa sociedade e são oriundos de outra sociedade, pode acontecer, como acontece em vários países da Europa e não só, que sejam mais susceptíveis a esse tipo de apelos, que de alguma maneira se associam à falta de integração nas sociedades em que estão.” “A única maneira de combater este tipo de deriva é com integração, cidadania partilhada, soluções de estudo mas também de trabalho. Não há outra maneira, porque se criamos guetos, esses guetos são mais susceptíveis a esse tipo de desvios”, concluiu o Patriarca de Lisboa. Papel que cabe também aos empresários cristãos a quem, neste jantar conferência em que a convite da ACEGE Leiria o Papa falou sobre a vocação do líder empresarial e apontou quatro princípios a ter em conta: A dignidade da pessoa, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade.


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Atenção a um falso pedido no site das Finanças O alerta é lançado pela própria Autoridade Tributária e Aduaneira sobre uma janela que aparece quando os contribuintes acedem ao site. O Fisco está a alertar os contribuintes para um falso pedido de confirmação de dados que está a ser pedido no Portal das Finanças. Trata-se de software malicioso. À entrada da página pessoal, há contribuintes confrontados com uma caixa de texto onde é pedida a introdução de dados pessoais. Não o deve fazer. O alerta consta no site da Autoridade Tributária e Aduaneira, que mostra a janela em causa, sublinhando que a mensagem que nela aparece é falsa. “O objectivo desta mensagem é convencer o destinatário a fornecer dados para autenticação no portal. Em caso algum deverá fornecer essa informação”, sublinha o alerta. FC PORTO

Dragão de regresso aos "quartos" com 23 milhões em caixa

por Jesualdo Ferreira. Um golo de Cristiano Ronaldo, em pleno Dragão, na segunda mão, acabou por ser decisiva. Na primeira mão, em Old Trafford, golos de Cristian Rodríguez e Mariano González tinham dado um esperançoso empate a duas bolas. A juntar ao prestígio europeu do FC Porto, que sai reforçado, os cofres da SAD azul e branca também "engordam". Até esta fase, o "bolo" dos prémios - de jogo e de qualificações - atingia os 19,2 milhões de euros. Somando os 3,9 milhões decorrentes do apuramento para os quartos, são agora 23,1 os milhões em caixa. A par do FC Porto, o Real Madrid também já garantiu o apuramento, depois de eliminar o Schalke 04. O sorteio dos quartos-de-final da Liga dos Campeões está agendado para 20 de Março, uma sexta-feira, na sede da UEFA, em Nyon, na Suíça.

Calor vai abrandar nos próximos dias O céu vai continuar limpo ou com poucas nuvens, mas as temperaturas máximas não vão ser tão altas como nos últimos dias. As noites vão continuar frescas.

Seis anos depois, o FC Porto volta a marcar presença na elite do futebol europeu, entrando no grupo dos oito melhroes. Receita amealhada junto da UEFA acaba de crescer em 3,9 milhões de euros. Foto: DR

O FC Porto está de regresso aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, fase na qual regista a oitava aparição da sua história. Os dragões eliminaram o Basileia, esta terça-feira, e, assim, seis anos depois, voltam a figurar no grupo de elite da "Liga Milionária". A última vez que os azuis e brancos estiveram nos quartos-de-final da Champions aconteceu na temporada de 2008/09. Nesse ano, o Manchester United acabou por eliminar o conjunto então orientado

As temperaturas máximas vão descer três ou quatro graus Celsius em Portugal continental até à próxima segunda-feira. Mas não vai ser sempre a descer. “Está também prevista uma oscilação das temperaturas. Para quinta-feira está prevista uma pequena descida da máxima, depois, na sexta-feira, sobe e volta a descer no sábado”, explica o meteorologista Ricardo Tavares, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), ouvido pela agência Lusa. Quanto à previsão para esta quarta-feira, é de céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se em geral muito nublado nas regiões do litoral oeste até final da manhã. Está também previsto, vento fraco, neblina ou nevoeiro matinal, em especial no litoral das regiões do norte e centro e acentuado arrefecimento nocturno, com possibilidade de formação de geada em alguns locais do interior. As temperaturas vão variar, em Lisboa, entre os oito e os 21 graus; no Porto entre os seis e os 14, em Vila Real e Viseu entre seis e os 22, em Bragança entre quatro e 21, na Guarda entre oito e 18, em Castelo Branco entre


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sete e 23, em Évora entre seis e 24, em Beja entre nove e 25 e em Faro entre os 12 e os 21. “Para quinta-feira, estamos a prever nas regiões do norte e centro céu pouco nublado ou limpo, períodos de chuva fraca no Minho e Douro litoral a partir do final da tarde, vento fraco a moderado, neblina ou nevoeiro matinal e pequena descida da temperatura máxima”, adianta o meteorologista. No sul, está previsto céu pouco nublado, apresentandose em geral muito nublado nas regiões do litoral oeste até final da manhã, neblina ou nevoeiro matinal, pequena descida da temperatura máxima e acentuado arrefecimento nocturno.

Macedo quer acabar com aborto como planeamento familiar Neste noticiário: Em entrevista à Renascença, o ministro da Saúde diz que o aborto não pode ser usado como método de planeamento familiar; Vítor Gaspar diz que desconhecia dificuldades do BES enquanto estava no Governo; Bruxelas exige que Portugal devolva 143 milhões em fundos agrícolas; Belmiro de Azevedo formaliza hoje saída do Grupo Sonae; um piloto que participou na tentativa de golpe de Spínola, há 40 anos, conta-nos a sua história.

Artur Santos Silva. Mais do que marcar o capitalismo do Norte, Belmiro marca o país "O engenheiro Belmiro mostrou o melhor que a estrutura empresarial do país pôde fazer nestes últimos 50 anos". Um depoimento de Artur Santos Silva, no dia em que Belmiro diz adeus à administração da Sonae.

Por Artur Santos Silva (a partir de uma conversa com o jornalista João Carlos Malta)

O engenheiro Belmiro de Azevedo é um dos mais notáveis executivos e empresários da minha geração. É um homem que fez uma obra extremamente diversificada, uma obra importantíssima ao nível da indústria e conseguiu nas madeiras colocar Portugal no mapa mundial. Depois, almejou diversificar e construir um dos mais importantes grupos de distribuição do nosso país. Teve também uma afirmação muito forte nas telecomunicações e nas tecnologias de informação onde tem hoje posições muito destacadas. E tenho pena que não tenha conseguido também ficado com uma posição forte na pasta de papel. Foi a única vez em que num processo de privatização, o da Portucel, o accionista de referência privado foi desviado da possibilidade de controlar a empresa. Foi a única vez que não foi dada preferência a quem na altura já tinha 30%. Ele tinha em relação à fileira da floresta, quer a montante, quer a jusante, um conhecimento valioso e uma posição estratégica muito importante que podia ter ajudado o nosso país a ter uma política mais estruturada para este sector. Sempre mostrou ser um cidadão empenhado e interessado, sobretudo muito apaixonado pelas questões da educação. E não só o fez em relação a ele, à sua família, como tem uma obra na área: a Escola de Gestão do Porto. É a primeira vez que um empresário português desafiou a sociedade para fazer uma escola que não só oferecesse mestrados em gestão, mas também cursos para executivos. É uma área muito


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importante para que as nossas empresas possam dispor de quadros adequados. Primeiro, criou um projecto inteiramente privado e depois partilhou com a Universidade do Porto o que é hoje uma das mais importantes escolas de gestão do nosso país e que já participa com uma boa posição nos rankings europeus. Também partilhei com ele a criação de uma nova associação, a Cotec, que já tem dez anos e em que também ele contribuiu de forma muito positiva para uma maior aproximação e interacção empresassistema de ensino superior e de investigação. Estivemos nas duas primeiras direcções, mas entendemos que a liderança tem de rodar. Ele deu uma contribuição muito poderosa para que a associação tenha o prestígio que agora tem. O seu legado é de aposta na valorização dos recursos humanos. Criou um grupo que tem uma tecnoestrutura que é das melhores do país. Estimula ainda a que muitos dos colaboradores se autonomizem e venham a adquirir áreas de negócio da empresa para eles voarem pelos seus meios como ele pode fazer. Independentemente de tudo isto, impressiona-me muito o seu grande equilíbrio afectivo, a grande lealdade com os seus amigos e o sentimento que têm de que tudo começa na solidariedade, na família. Sempre demonstrou uma grande independência em relação ao poder político. Quando actua como cidadão, actua como cidadão. Sempre soube separar os seus interesses das suas convicções. Mais do que marcar o capitalismo do Norte, marca o país. Portugal é muito pequeno e as pessoas são o que são. Não há empresários do Norte e empresários do Sul. O engenheiro Belmiro mostrou o melhor que a estrutura empresarial do país pôde fazer nestes últimos 50 anos. Artur Santos Silva é presidente dos conselhos de administração da Fundação Calouste Gulbenkian e do BPI. Este testemunho foi recolhido através de uma conversa telefónica com o jornalista João Carlos Malta.

GRAÇA FRANCO

O fora da Corte Em 50 anos de carreira empresarial, Belmiro passou da liderança de um negócio médio de raiz industrial, ligado aos conglomerados de madeira, para o governo de um gigante da indústria e dos serviços, com presença efectiva em mais de 67 países.

Em Portugal nunca foi tão evidente a debilidade daquilo a que Ernâni Lopes não se cansava de chamar “a crise da elite dirigente”. Há, todavia, excepções e Belmiro de Azevedo é uma delas. Até na forma exemplar como, desde 2007, preparou a saída dos cargos executivos do grupo que agora se concretiza. Como empresário, criou um Império a que Portugal fica a dever alguns saltos de modernidade numa multiplicidade de valências (da comunicação social à grande distribuição, passando pela industria do lazer e pelas telecomunicações). Não sei se Paulo Azevedo é, como aos olhos do pai Belmiro, o “melhor gestor português,” mas uma coisa é certa: se não for o melhor, está, por direito próprio, e não por herança alheia, entre os melhores. Por isso, a co-presidência do grupo não lhe é dada por favor e a partilha de poder com um outro “quadro–Sonae” não pertencente à família (Ângelo Paupério), seu ex-vicepresidente chegará para lhe lembrar, se necessário, que é por mérito e não por direito sucessório que ocupa o lugar. A originalidade do novo modelo de Governo bicéfalo (testado em raros exemplos como o do Deutsche Bank) não tem sucesso assegurado e vai ser preciso esperar para ver se efectivamente resulta, mas, pelo menos, faz jus à promessa de que no grupo não há lugares cativos para os filhos do patrão. Em 50 anos de carreira empresarial, Belmiro passou da liderança de um negócio médio de raiz industrial, ligado aos conglomerados de madeira, para o governo de um gigante da indústria e dos serviços, com um volume de vendas de quase 5 mil milhões/ano e uma presença efectiva em mais de 67 países, tão díspares como a Rússia, a Turquia a Suíça, a Alemanha ou a Itália. Com cerca de 40 mil empregados, a Sonae não se limita apenas a desempenhar o papel de um dos grandes empregadores nacionais. A cultura Sonae, de que Belmiro se orgulha, é também uma escola de


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formação de liderança de quadros de gestão que contraria frontalmente o que de pior tem feito caminho em Portugal e que, infelizmente, explica boa parte das nossas debilidades económicas. Houvesse mais Belmiros de Azevedo e Portugal seria diferente para muito melhor. Na Sonae, não há lugar para tudo aquilo a que estamos assistir com os colapsos do BES e da PT, e que nos faz sofrer com vergonha alheia: administradores verbos de encher, jovens “boys” cegos pela ambição e pagos a peso de ouro para cumprirem as ordens do patrão sem se questionarem nem o questionarem, “yes men” bemparecidos e bem-falantes de vistas curtíssimas. Verdadeiras Wikipédias da gestão. Na cultura Sonae, pelo contrário, premeia-se o trabalho e o mérito e recomenda-se que haja vida, cultura, mundo, hobbies, desporto, para além do trabalho. Não se confunde vestir a camisola com bajular o chefe. Exige-se capacidade de criticar e de encaixar as críticas de directores/colegas ou subordinados, premeia-se a vontade de arriscar, mas também a capacidade de “resiliência” na busca do sucesso sem esquecer a capacidade de emendar e aprender com os erros cometidos, estimula-se a criatividade e autonomia de pensamento e, evidentemente, o sentido de responsabilidade partilhada. Não é certamente um grupo perfeito, mas os defeitos correntes na maior parte dos negócios são ali, pelo menos, combatidos ou residuais. Quem sai da Sonae (e eu que por lá passei sei que isto é verdade…) sai um trabalhador diferente e para melhor. A formação e a superação individual fazem parte integrante do negócio. Esta cultura que recusa os ganhos de competitividade pelos baixos salários e implica o verdadeiro reconhecimento prático do valor dos trabalhadores (que se assume que devem ser bem pagos, sobretudo na base e no topo, sem falsos igualitarismos que desincentivam a justa ambição) faz jus a uma liderança que se afirma também pela liberdade e independência dos vários poderes (do Governo à oposição). Um dos poucos a que podemos chamar “fora da Corte”. Como proprietário de um jornal de referência (que este mês comemora 25 anos), Belmiro merece também a gratidão dos portugueses e, sobretudo, da totalidade dos jornalistas. Nunca se serviu do jornal diário que ajudou a criar. Suportou estoicamente a independência do seu jornal,mesmo quando os seus interesses legítimos eram alvo de polémica na praça pública, respeitando integralmente a independência editorial dos seus trabalhadores. Ao seu serviço, fui dos que muitas vezes escrevi contra os seus interesses, dandome ao luxo de nem sequer pensar na questão. E isto não é apenas raro, é um bem precioso numa democracia. Belmiro, não se reforma ainda. Com 50 anos de carreira andados e 77 anos já vividos, vai, simplesmente, continuar a exigir que lhe prestem boas contas enquanto accionista e anunciar o seu empenho em novos projectos. Ainda bem.

FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

Um empresário diferente “Self made man”, obteve os seus graus académicos em Portugal e nos Estados Unidos e destacou-se como gestor pela independência em relação aos poderes políticos. Algo raro entre nós.

Por Francisco Sarsfield Cabral

Portugal não é tão rico em bons empresários que a saída de Belmiro de Azevedo de cargos na Sonae possa passar em claro. A sucessão está encontrada: o seu filho Paulo, executivo de topo da Sonae desde 2007, vai partilhar agora com Ângelo Paupério essa responsabilidade. Belmiro é um empresário diferente de muitos outros. Nasceu pobre numa aldeia próxima do Marco de Canavezes: é um “self made man”, mas com graus académicos em Portugal e nos Estados Unidos. A sua principal característica como gestor é a independência em relação aos poderes políticos, algo raro entre nós. Quase diria que Belmiro de Azevedo tem gosto em litigar contra o Estado… Durante a minha breve passagem pela direcção do jornal "Público", de que Belmiro é proprietário, confirmei que ele se abstém escrupulosamente de influenciar o que ali se escreve – e teria muitas maneiras, directas e indirectas, de o fazer. É outra característica pouco comum em empresários da comunicação social, em Portugal e no mundo. Belmiro de Azevedo é, de facto, um empresário diferente.


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Portugal estreia-se entre países europeus com baixa incidência de tuberculose À Renascença, o ministro da Saúde destaca o facto de esta conquista acontecer "depois de um período extremamente difícil" para o país. Portugal vai ficar pela primeira vez abaixo dos 20 novos casos de tuberculose por cada cem mil habitantes, com um total de 1.940 novos casos notificados em 2014, revelou esta terça-feira a Direcção-geral de Saúde. Portugal deixa assim de ser o único país da Europa ocidental com valores de incidência de tuberculose superiores àquele valor. No entanto, em comunicado, a DGS sublinha que os distritos do Porto e de Lisboa continuam a ter incidências superiores à média nacional, pelo que "a luta contra a tuberculose não pode abrandar". Portugal era, até ao momento, o único país da Europa Ocidental com valores de incidência acima da chamada linha vermelha, "pelo que esta conquista assume especial relevo", considera a DGS. À Renascença, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, realça que "Portugal, finalmente, pela primeira vez na sua história, vai passar para o número de países europeus com baixa incidência de taxa de tuberculose". "Ou seja", afirmou Paulo Macedo ao programa Terça à Noite (para ouvir esta terça-feira, depois das 23h00, na Renascença), "fica abaixo dos 20 casos por 100 mil habitantes, o que nunca tinha acontecido anteriormente". "E, sobretudo, acontece depois de um período extremamente difícil", frisa. "Isto mostra que as políticas de saúde pública, a actividade da DGS, dos delegados de saúde, dos profissionais de saúde, dos cuidados primários" tiveram "um efeito positivo", mesmo "nestes anos muito difíceis e extraordinários".

Incentivos do Governo não entusiasmam Ordem dos Médicos Ministério da Saúde quer alargar por mais três anos o regime excepcional de contratação de clínicos aposentados e criou incentivo mensal de 900 euros, que baixa ao fim de seis meses, para os que queiram ir trabalhar para o interior. A Ordem dos Médicos reage sem entusiasmo às medidas lançadas pelo Governo para tentar resolver a falta de médicos em algumas regiões do país, em particular, no interior. “Os incentivos, quando existem nestas matérias, ou são a sério, para as pessoas prescindirem da sua vida normal, ou, então, é muito pouco provável que, com o incentivo que está proposto, se desloquem para as zonas carenciadas deliberadamente”, diz à Renascença Miguel Guimarães, da secção Norte da Ordem dos Médicos. Se o incentivo fosse mais alargado, poderia facilitar, admite o dirigente dos médicos, mas o facto de o valor de 900 euros baixar a partir dos sexto mês, não abona a favor do objectivo de fixar as pessoas nas zonas mais carenciadas, sustenta. Posição similar é assumida por outra parte interessada: um autarca do interior do país. O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, lembra que as unidades locais de saúde (ULS) e os centros hospitalares “têm vindo a contratar profissionais de saúde muito bem remunerados para virem para a nossa região.” Os incentivos agora propostos pelo Governo ficam um pouco aquém, mas “todas as medidas de discriminação positiva são importantes do ponto de vista sistémico”, afirma o autarca. “No longo do prazo, [estas medidas] podem levar à fixação pontual e efectiva, porque [o interior tem] uma capacidade de atractividade em termos de qualidade de vida, de envolvimento e até pelas acessibilidades. O que está a acontecer também é que os municípios estão a organizar-se no sentido de também participarem nesta iniciativa de apoiarem a deslocação de médicos para o interior”, sublinha. António Branco defende ainda uma espécie de moratória que obrigasse “os profissionais, nem que seja em início de carreira”, a fixarem-se no interior. “As medidas têm de ser bastante autoritárias, associadas, naturalmente, aos benefícios monetários”, acrescenta. Em comunicado, o Governo confirma que vai ampliar os incentivos ao exercício da medicina longe dos principais centros urbanos do litoral. Na prática, os clínicos que aceitem trabalhar no interior, durante cinco anos, irão receber um apoio extra de 900 euros nos primeiros seis meses, verba que depois vai diminuindo. O incentivo inclui ainda garantias de transferência


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escolar dos filhos e preferências de colocação para os cônjuges. A grande novidade dos diplomas aprovados na segunda-feira é que o Ministério da Saúde pretende alargar, por mais três anos, o regime excepcional de contratação de clínicos aposentados.

Rui Tavares quer esquerda no poder contra a "perpetuação dos pró-austeridade no Governo" O fundador do partido Livre garante diálogo com PS, BE e PCP para que a esquerda "vá a jogo". No Falar Claro, o ex-eurodeputado debateu soluções alternativas para Portugal e para a Europa com Nuno Morais Sarmento. Por José Pedro Frazão

Rui Tavares garante que a disponibilidade para um projecto de governo alternativo é uma das marcas que distinguem o Livre do Bloco de Esquerda (BE). O antigo eurodeputado, que chegou a ser eleito como independente nas listas bloquistas para Bruxelas, mostra-se disponível para falar com o PS, BE e PCP. "Cada um destes partidos assumirá as suas responsabilidades. Vamos aproximar-nos das eleições e à medida que isso acontece os portugueses vão querer ouvir cada vez mais como é que serão governados nos próximos quatro anos. Uma não ida a jogo, basicamente, garante a perpetuação dos partidos pró-austeridade no Governo", advertiu o historiador no Falar Claro desta segunda-feira. Céptico em relação ao Livre está Nuno Morais Sarmento. O antigo ministro social-democrata receia que "o Livre e algumas das respostas novas que surgem à esquerda venham num quadro tradicional de fazer política". "A insistência neste caminho de desgaste mútuo entre PS e PSD, como assistimos nas últimas semanas, só aumenta o risco de esvaziar o centro político e de aumentar os partidos marginais do sistema", diz. Nesse cenário, "quem beneficiará à esquerda não é o Livre, não é Rui Tavares, é Marinho Pinto". "E eu tenho medo disso." A evocação do nome do eurodeputado eleito pelas listas do MPT e que agora pretende candidatar-se pelo PDR à Assembleia da República merece um comentário crítico de Rui Tavares. "A política mudou. O campo de batalha mudou. Já não é só nacional, é continental, europeu, até global. Parece-me absolutamente imperdoável que, sendo deputado europeu, não se produza nada em termos de trabalho legislativo e parlamentar no Parlamento Europeu que nos permita julgar qual é o

posicionamento político daquele deputado, para lá de achar que o salário é bom ou mau. É preciso justificar esse salário", diz o dirigente do Livre. A título de exemplo, Tavares diz desconhecer a posição de Marinho Pinto sobre "uma coisa tão importante como o Tratado Transatlântico entre a União Europeia e os Estados Unidos". Temas que "vão dominar o nosso futuro nas próximas gerações". Portugal não é a Espanha Nuno Morais Sarmento recomenda ao Governo de Passos Coelho que "deixe de andar tão próximo do Governo espanhol, que faz o que faz porque tem [a pressão do] Podemos. Em Portugal não temos nenhum Podemos, nas mesmas circunstâncias." O comentador social-democrata reconhece que a sua opinião pode parecer "bipolar" por ter origem num militante de um partido tradicional. "Só que o que aqui digo digo-o no meu partido", lembra. "Ou abrem os olhos e percebem que hoje em dia um cidadão europeu deixou de precisar da mediação das instituições para intervir cívica e politicamente ou um dia destes serão varridos por inteiro". A vitória do Syriza na Grécia veio mudar o quadro político na Europa, reconhecem os comentadores, que concordam pelo menos num ponto. "Há que saber aproveitar isto. Agarrar nesta abertura a que a Europa foi forçada para [atender a] realidades, aspectos, dimensões fundamentais da nossa vida colectiva que estavam a ser absolutamente esquecidas. A culpa não é dos técnicos e economistas-chefe de Bruxelas que arranjam programas técnicos como aquele que aplicaram a nós. Caberia aos decisões políticos, que infelizmente andam curtos de dimensão e de ideias, acrescentar isso", critica o antigo ministro do PSD no ponto quase único de entendimento entre os comentadores do Falar Claro desta semana. "O facto de finalmente termos no Conselho Europeu um governo declaradamente antiausteridade deve ser uma oportunidade agarrada por todos os governos do Conselho Europeu", concorda Tavares. Desacordo sobre propostas gregas… A proposta grega de combate à evasão e fraude fiscais com recurso a estudantes, donas de casa e turistas para trabalharem como inspectores à paisana é comentada com desdém por Nuno Morais Sarmento. "Eu não quero ler mais nada do senhor Varoufakis [ministro das Finanças grego]. Isto é indigência. Já tinha lido coisas melhores dele. Desde que chegou a ministro ainda não li nada de jeito, nada ao nível do que ele dizia e fazia antes. Querem que o levem a sério ou se desmanchem a rir ?" Rui Tavares responde com propostas como a indexação do pagamento da dívida ao crescimento económico na Grécia. "Há um leque de soluções concretas que vão das macroeconómicas, como a mudança de mandato do BCE ou a criação de um verdadeiro tesouro europeu, às microeconómicas, que têm a ver com este tipo de apoio mais fino aos países do Sul". Morais Sarmento volta a ironizar no comentário às propostas de Rui Tavares e Varoufakis. "Quando estava a ouvir que isto é uma coisa de soma positiva entre credores e devedores, só me lembrava daquela música dos 'meninos à volta da fogueira'. É uma coisa absolutamente etérea. Se eu pago mais


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dívida quando crescer mais, em países do Sul como Portugal e a Grécia, isto é um convite a que a malta ande ali a jogar no ponto certo para não sofrer de anemia absoluta e não ter que pagar à Europa", diz. O social-democrata assegura que "a Grécia não é candeia nenhuma [que alumie a Europa]. Andou até a fazer jogos como 'meter o dedo no olho' dos portugueses e espanhóis para ver se alivia as dores internas. Foi feio. Foi uma manobra de política interna clássica – mas parola, curta, feia". … acordo sobre impacto do Syriza Os comentadores voltam a concordar no impacto "positivo" da vitória do Syriza no quadro político europeu. Apesar das críticas anteriores, Morais Sarmento diz que " a Grécia – e isto dever-lhes-emos eternamente – 'chocalhou' a Europa da austeridade pura, dura, metálica, germânica. A ponto de as coisas não poderem ser iguais. Nunca mais serão o que eram antes". Rui Tavares remata com uma garantia: "Da parte da Grécia há uma vontade de ficar dento do euro – interpretando correctamente o mandato que a vastíssima maioria dos gregos deu a este governo – e, por outro lado, uma atitude de cooperação". Avanços e recuos? Ameaças de saída do euro ou de referendo? "Há sempre muitas reverberações polémicas quando saímos de situações limite", conclui o fundador do Livre.

Ex-director da PJ exonerado por Governo Sócrates analisa “habeas corpus” Mandato de Santos Cabral acabou em polémica, com o então director a alegar perda de confiança no ministro da Justiça e a sua exoneração por despacho assinado por Sócrates.

Foto: DR Por Celso Paiva Sol

O ex-director nacional da Polícia Judiciária Santos

Cabral vai analisar o “habeas corpus” apresentado pela defesa de José Sócrates. Foi a este juiz conselheiro que foi distribuído o processo que deu entrada esta terçafeira no Supremo Tribunal de Justiça. Santos Cabral já se cruzou com o ex-governante, nomeadamente, em 2006, quando exerceu funções de director da Judiciária. O mandato acabou em polémica, com o responsável a alegar perda de confiança no então ministro da Justiça Alberto Costa, e este a exonerá-lo do cargo, num despacho também assinado pelo ex-primeiro-ministro socialista. A defesa de Sócrates quer que o arguido volte a ser ouvido no processo à ordem do qual está em prisão preventiva. O antigo governante alega que, aquando da reavaliação da medida de coacção, não teve oportunidade de voltar a falar. Já o outro pedido de “habeas corpus”, requerido pelo cidadão Alfredo Lopes Pinto no Supremo, será analisado pelo juiz conselheiro Armindo Monteiro, também da 3ª sessão penal daquele tribunal superior. Contactado pela agência Lusa, o advogado de defesa de José Sócrates, João Araújo, disse que se irá pronunciar publicamente na quarta-feira sobre o pedido de libertação apresentado. Com estes dois pedidos, passa a seis o número de pedidos de libertação imediata do ex-primeiroministro, que se encontra em prisão preventiva desde o dia 25 de Novembro do ano passado. Dos quatro “habeas corpus” já apresentados, apenas dois foram apreciados tendo sido rejeitados. Detido a 25 de Novembro de 2014, Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. O processo tem também como arguidos João Perna (ex-motorista de Sócrates), o empresário Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e o administrador da farmacêutica Octapharma Paulo Lalanda Castro.


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Corrida ao “ouro negro” na costa alentejana em contagem decrescente

Mais um grupo chinês quer construir terminal de contentores no Barreiro

Consórcio, liderado pela italiana Eni e que integra a Galp, arrancará com a perfuração do “deep off shore” (alto mar).

Reina a confiança entre os interessados na construção do novo terminal, mas o presidente da Câmara do Barreiro recorda que ainda nem sequer se sabe se Portugal vai apresentar uma candidatura para o efeito. Por Ana Carrilho

Consórcio arrancará com a perfuração do 'deep off shore' (alto mar)

O consórcio que integra a Galp Energia vai começar a prospecção de petróleo na costa alentejana no final deste ano ou no início de 2016, num investimento superior a 100 milhões de dólares. Em declarações aos jornalistas, o presidente da Galp anunciou esta terça-feira que o consórcio, liderado pela italiana Eni, arrancará com a perfuração do “deep off shore” (alto mar) português "no final deste ano ou no início do próximo", realçando que a probabilidade de sucesso é "inferior a 20%". "Vamos ver se a natureza nos ajuda", lançou Ferreira de Oliveira, à margem do dia do investidor, altura em que a petrolífera revelou os planos estratégicos para os próximos cinco anos. A italiana Eni detém uma participação maioritária de 70% na parceria com a Galp para a prospecção de petróleo na costa alentejana, que representará um investimento acima de 100 milhões de dólares. O gestor realçou que a Galp Energia participa em mais de meia centena de consórcios, mas em todos eles tem uma participação máxima de 20%, adiantando que o caso português "é um bocado ambicioso". Ainda assim, mesmo com ajuda da natureza, Ferreira de Oliveira lembrou que só "em meados da década de 20 seria possível ter produção de petróleo em Portugal".

Há cada vez mais investidores privados estrangeiros interessados na construção do novo terminal de contentores do Barreiro. Na quarta-feira, os responsáveis autárquicos vão receber no concelho o terceiro grupo chinês a manifestar interesse no projecto, o banco ICBC. O anúncio foi feito esta terça pelo presidente da Câmara, Carlos Humberto de Carvalho, depois de uma outra visita de uma delegação da Comissão Europeia ao concelho. O administrador principal das Redes Transeuropeias de Transportes, José Laranjeira Anselmo considera que face às limitações de Lisboa, o Barreiro é uma boa solução para o novo terminal de contentores. “O porto de Lisboa tem obviamente limitações em termos de crescimento, expansão e ligação do porto em si à cidade. O Barreiro representaria uma solução interessante. É uma zona industrializada, tem imenso espaço para crescer e é uma zona onde o investimento que fosse feito em termos de crescimento de espaço para contentores serviria ao mesmo tempo para resolver os problemas ambientais que existem.” “Para além disso, tem óptimas ligações ferro e rodoviárias, coisa que Lisboa não tem. Para nós é uma solução que encararemos de forma muito positiva, se Portugal e os parceiros públicos e privados a apresentarem”, acrescenta. O programa europeu para o desenvolvimento da rede de transportes da Europa tem 38 mil milhões de euros para serem usados, mas apenas para a planificação global e de planeamento. Quanto ao investimento terão que ser as entidades privadas a fazê-lo. O presidente da câmara do Barreiro ficou satisfeito com o que ouviu mas, à cautela, lembra que primeiro é preciso que Portugal entregue a candidatura e que esta seja aprovada. “Estas coisas depois têm actos formais, é preciso que formalmente Portugal apresente uma candidatura.” “Agora, o que posso transmitir, pelo que me é dado observar, é que da parte das entidades consideram que o projecto é credível e que tem possibilidades. Mas ninguém garante que Portugal faça a candidatura e depois de fazer, ela tem de ser avaliada e aprovada. Ainda há muito trabalho para fazer, mesmo ao nível técnico”, afirma.


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O que já seguiu foi a candidatura a fundos comunitários para a realização dos necessários de estudos de impacte ambiental. Se tudo correr bem, o presidente da autarquia barreirense, espera que o Governo possa lançar o concurso público internacional para a concessão do terminal ainda antes do fim do ano. Em causa está um investimento global que pode rondar os 700 milhões de euros.

Trabalhadores do Pingo Doce acusam empresa de “repressão” Sempre que os trabalhadores têm quebras de caixa no final de um dia de trabalho é aberto um processo disciplinar. O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP) voltou a acusar a administração do Pingo Doce de "repressão" e "pressão psicológica" sobre os funcionários, anunciando que vai recorrer judicialmente das "dezenas de processos disciplinares" instaurados. "Nos últimos meses e, mais recentemente, em algumas lojas do Pingo Doce no Porto e Grande Porto, têm vindo a instaurar processos disciplinares aos trabalhadores que têm tido quebras de caixa no final de um dia de trabalho", sustentou a dirigente sindical Natália Pinto. Segundo a responsável sindical, que falava durante uma acção de protesto frente ao supermercado Pingo Doce na rua de Passos Manuel, no Porto, "só nesta loja foram instaurados quatro processos disciplinares nos últimos dias". "Basta que qualquer trabalhador tenha uma pequena quebra de caixa no final do dia para logo lhe ser aplicada uma advertência, muitas vezes sem a instauração do processo disciplinar, não lhe dando hipótese de defesa", sustentou. A agência Lusa tentou, sem sucesso até ao momento, ouvir a este propósito administração do grupo Jerónimo Martins, a que pertence o Pingo Doce. Iniciativas ilegais Considerando que "estas iniciativas por parte da empresa são ilegais", Natália Pinto recorda que o contrato colectivo do sector "diz na cláusula 21.ª que, não havendo pagamento do abono para falhas [como acontece no Pingo Doce], é da inteira responsabilidade da empresa assumir as quebras verificadas na caixa". Nestes sentido, o CESP anunciou que irá dar entrada com uma acção em tribunal "para fazer reverter estes castigos aplicados aos trabalhadores" e "accionar" a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) relativamente a esta situação. O sindicato reclama ainda uma reunião com a administração do Pingo Doce para "exigir que pare com os processos disciplinares". Para o CESP, esta "atitude prepotente por parte de algumas chefias do grupo" resulta do "aumento da pressão existente nas lojas por manifesta falta de

pessoal", já que, nos últimos anos, "não foram renovados muitos contratos de trabalho e não admitiram novos trabalhadores para as lojas". Como resultado da consequente "dificuldade em se gerir os horários de trabalho dos trabalhadores das lojas", diz, tem-se criado um "clima repressivo" que causa grande "pressão psicológica" aos funcionários. Empresa refuta acusações O Pingo Doce refuta "de forma veemente" as acusações do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP). Fonte oficial da empresa garantiu que a empresa se rege "por princípios firmes de respeito pelos direitos dos seus colaboradores, conforme o Código de Conduta em vigor". "Tais princípios aplicam-se em todas as vertentes da relação laboral, nomeadamente no âmbito do exercício do poder disciplinar, em observância da lei aplicável", acrescenta a mesma resposta enviada por escrito à agência Lusa.

No “país real” não tem havido recuperação económica, diz António Saraiva O presidente da Confederação Empresarial de Portugal aponta a dificuldade de acesso ao crédito e o seu custo como a principal dificuldade enfrentada pelas empresas actualmente.

António Saraiva, da CIP, diz que no país real ninguém vislumbra melhorias. Foto: Lusa

A forte queda no financiamento às empresas contraria o discurso de que a economia está a recuperar, considera o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP). António Saraiva comenta desta forma a quebra de 23% na concessão de crédito às empresas, em relação ao mês de Dezembro, de acordo com os dados do Banco de Portugal divulgados esta terça-feira. A descida em termos homólogos é ainda mais acentuada, nos 28%. Para António Saraiva, da CIP, o acesso ao crédito


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continua a ser o principal problema das empresas portuguesas: “Há uma redução brutal de concessão de crédito às empresas e a dificuldade de acesso ao crédito e o custo é de tal maneira alto que leva a que haja um afastamento da procura do crédito, por isso não me surpreende que haja este indicador.” São dados que, para António Saraiva, contrariam o discurso de uma retoma económica. “Provavelmente em termos macros os indicadores disponíveis apontam nesse sentido, mas no país real isso não se verifica.” “Como temos referido, a dificuldade de acesso ao crédito e o custo do crédito continua a ser um dos principais problemas com que se confrontam as empresas”, conclui.

É comerciante? Vai pagar menos pelo uso do multibanco Os comerciantes portugueses são dos que mais taxas pagam pelo uso de cartões de débito e de crédito. Dentro de seis meses isso vai mudar. Foi aprovada esta terça-feira uma lei europeia que uniformiza os valores.

O novo regulamento, aprovado por 621 votos a favor, 26 contra e 29 abstenções, visa impedir a generalização de níveis excessivos destas taxas, aumentar a transparência das mesmas, assegurar condições de concorrência equitativas e promover a criação de um mercado de pagamentos à escala da UE. As taxas cobradas pelas entidades financeiras também variavam mediante a dimensão dos operadores. "Quanto maior era o volume de um retalhista menor era a taxa", recorda Ana Trigo Morais. "Estamos a falar de 1,2, 1,3% e que passam agora para 0,3%", acrescenta. Ou seja, os pequenos comerciantes são dos que mais benefícios tiram desta medida. Segundo os dados da APED que remontam a 2012, e apesar de as taxas terem diminuído nos últimos anos, com a criação de limitações no débito e no crédito as poupanças poderão ir até aos 118 milhões de euros. Se alargarmos a conta ao espaço europeu, a redução de custos pode chegar aos 130 mil milhões de euros. "Só podemos saudar, apesar de ter demorado muito tempo. Finalmente vamos ter um funcionamento mais regular e transparente", elogia esta responsável, para quem, no fim de linha, será o consumidor a lucrar com esta medida.

Vinho alentejano eleito o melhor branco do mundo É produzido com as castas Alvarinho, Sauvignon Blanc e Viognier da Vidigueira, na Zambujeira.

Foto: DR Por João Carlos Malta

A partir de Setembro deste ano os comerciantes portugueses vão passar a pagar 0,2% do valor da operação para os cartões de débito e 0,3% para os cartões de crédito. Menos do que os 1,2% ou 1,3% que em alguns casos pagavam. A secretária-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) diz que a introdução desta medida vai levar a poupanças anuais de 118 milhões de euros. "Portugal juntamente com a Polónia sempre foi dos países em que as taxas cobradas eram das mais elevadas", lembra Ana Trigo Morais, que recorda que esta é uma batalha antiga da associação que representa juntamente com os restaurantes e hotelaria e que valeu queixas à Autoridade da Concorrência por distorção do mercado. "Isto introduzirá medidas muito importantes para que o mesmo tipo de serviço não custe um valor num sítio e três ou quatro vezes mais noutro país", defende a dirigente associativa.

O Cortes de Cima Branco 2013 foi considerado o melhor vinho branco seco do mundo. A distinção foi alcançada num dos mais importantes concursos mundiais de vinhos – o Vinalies Internationales, em Paris. O branco é produzido com as castas Alvarinho, Sauvignon Blanc e Viognier da Vidigueira, na Zambujeira. As Cortes de Cima são uma propriedade familiar de 400 hectares, situada no Alentejo: 140 hectares estão plantados com vinha, 50 hectares com oliveiras e 90 foram reflorestados com sobreiros, azinheiras, pinheiros e alfarrobeiras. "Nesta região, o solo é argiloso e o subsolo calcário, permitindo uma boa drenagem. Este é um aspecto


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importante para as vinhas. As nossas estão aninhadas na encosta da Serra do Mendro, com 400 metros de altura, que delimita o baixo Alentejo", pode ler-se no site. No geral, Portugal foi o segundo país mais premiado do concurso. Em prova estiveram cerca de 3.500 vinhos, oriundos de 40 países.

Diocese de Bragança-Miranda inaugura centro para preservar património religioso Novo equipamento quer responder às necessidades da região e actuar noutras zonas do país.

formação, uma área administrativa, uma sala para o serviço de inventariação e está integrado na Casa da Criança Mirandesa, em Sendim, Miranda do Douro. O novo equipamento conta com uma equipa de sacerdotes, conservadores-restauradores e historiadores de arte. Também faz parte da equipa um colégio científico, composto por três conservadores restauradores seniores - com formação na área da pintura mural, pintura de cavalete, talha, escultura e madeiras -, uma historiadora de arte e membros do clero. Depois da abertura do centro é intenção da Comissão de Arte Sacra e dos Bens avançar com a recuperação de um edifício para a instalação do arquivo diocesano, uma vez que “há muita documentação dispersa pelas paróquias, alguma descuidada e a deteriorar-se”, revela o Padre António Pires.

Vaticano pede donativos para cristãos perseguidos na Síria e Iraque "Há milhões de deslocados que fogem da Síria e do Iraque, onde o grito das armas não se cala e o caminho do diálogo e da concórdia parece completamente perdido".

Foto: DR Por Olímpia Mairos

O Centro de Conservação e Restauro da diocese de Bragança-Miranda abre portas esta terça-feira. O novo equipamento vai funcionar em Sendim, concelho de Miranda do Douro, e resulta da necessidade de preservar o património religioso e restaurar a arte sacra da diocese nordestina. “Temos um património valioso e vastíssimo que é necessário preservar e, por isso, sentimos a necessidade de reunir técnicos e abrir este espaço a fim de ajudar as comunidades”, diz o padre António Pires, presidente da Comissão de Arte Sacra e dos Bens Culturais da Diocese de Bragança-Miranda. Em termos de preservação, “além da intervenção, há a conservação preventiva” e, nesse sentido, é “necessário sensibilizar, dar formação para que o património não se deteriore e intervir com boas práticas”. O centro, que custou 140 mil euros e contou com financiamento do PRODER, pretende ser também um instrumento educativo e pedagógico junto dos mais novos. “Muitas vezes as classes mais jovens não sabem como se faz uma intervenção no património. Nós vamos ter esse cuidado de educar as novas gerações para o património que existe”, assegura. O Centro de Conservação e Restauro de Arte Sacra inclui oficinas, balneários e vestiários, um espaço para

Foto: Epa Por agência Ecclesia

O Vaticano apelou aos donativos dos católicos em favor das comunidades cristãs perseguidas na Síria e Iraque, que vivem um “momento dramático”. O pedido é apresentado pelo cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais (Santa Sé), na carta aos episcopados de todo o mundo, por ocasião da colecta anual de Sexta-feira Santa (3 de Abril, em 2015). O documento, divulgado esta terça-feira pela sala de imprensa da Santa Sé, é acompanhado por um relatório que descreve a aplicação dos donativos de 2014, em particular a ajuda de emergência (cerca de dpos milhões de euros) destinada à Síria e ao Iraque. “Há milhões de deslocados que fogem da Síria e do Iraque, onde o grito das armas não se cala e o caminho do diálogo e da concórdia parece completamente


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perdido, ao mesmo tempo que parecem prevalecer o ódio insensato de quem mata e o desespero desarmamento de quem perdeu tudo e foi expulso da terra dos seus pais”, alerta o cardeal Sandri. Segundo o responsável da Santa Sé, as comunidades católicas têm de estar atentas a estes acontecimentos, para evitar a “fuga” dos cristãos da Terra Santa. A Igreja Católica promove anualmente uma recolha de donativos para as comunidades que vivem na Terra Santa e para a manutenção dos lugares ligados à vida de Jesus e ao início do Cristianismo. Os católicos da Terra Santa incluem comunidades de rito latino, greco-melquita, copta, maronita, síria, caldeia e arménia.

Quase 100 pessoas fogem de uma prisão do Estado Islâmico Fuga registou-se na cidade al-Bab, a 30 quilómetros da fronteira com a Turquia. Cerca de 95 pessoas conseguiram escapar de uma prisão do autoproclamado Estado Islâmico, no norte da Síria. A notícia é avançada pela agência Reuters que cita fonte do Observatório Sírio para os Direitos Humanos. De acordo com a mesma fonte, entre os fugitivos estão 30 combatentes curdos, civis sírios e membros do Estado Islâmico que se opõem à sua vertente mais extremista. A fuga ocorreu na cidade de al-Bab, a 30 quilómetros da fronteira turca. O Estado Islâmico lançou um alerta e está a pedir aos cidadãos, através de altifalantes, que ajudem a capturar os fugitivos. “Eles instalaram novos postos de controlo e estão a fazer buscas em casas”, revelou Rami Abdulrahman, responsável do observatório.

Encontrada toalhita da Malaysia Airlines. Pode ser do avião desaparecido Um ano depois, o voo MH370 permanece um dos maiores mistérios da aviação civil. Um pano com a marca da Malaysia Airlines foi encontrado junto à costa oeste da Austrália. As autoridades suspeitam que poderá tratar-se de uma toalhita pertencente ao voo MH370, que desapareceu dos radares em Março do ano passado. Ainda dentro da capa de plástico protectora que permite conservar as suas propriedades, o objecto, segundo o jornal britânico "The Telegraph", foi encontrado por um casal que passeava na praia de

Cervantes, na Austrália, em Julho do ano passado. Foi já enviado para análises, mas dificilmente se conseguirá apurar com certeza se pertenceu mesmo ao voo desaparecido. O Boeing 777 da Malaysia Airlines que voava de Kuala Lumpur para Pequim, com 239 pessoas a bordo, desapareceu a 8 de Março, e continua a ser um dos maiores mistérios da aviação civil. Um ano do desaparecimento do MH370. Poucos factos, muitas teorias

Vacina indiana contra rotavírus a menos de um euro Na Índia cerca de 80 mil crianças morrem anualmente devido à diarreia infantil causada pelo rotavírus.

Foto: EPA

O Governo indiano vai começar a vender, este mês, por um dólar (90 cêntimos) a sua própria vacina contra o rotavírus, a causa mais comum de diarreia infantil, que mata anualmente 500 mil crianças com menos de cinco anos. A vacina, a ser comercializada sob o nome de "Rotavac", está a ser distribuída em toda a Índia e será colocada à venda antes do final do mês, segundo um porta-voz da Bharat Biotech, a empresa indiana que desenvolveu o medicamento e responsável pela sua produção, anunciou fonte oficial à agência Efe. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, apresentou oficialmente a vacina durante uma actividade em que sublinhou o avanço que significa para o país ter completado, após 25 anos, o seu ciclo de produção, desde a investigação até ao fabrico, refere um comunicado do Governo. Modi destacou que cerca de 80 mil crianças morrem anualmente na Índia, onde se registam, todos os anos, um milhão de internamentos hospitalares devido à diarreia infantil causada pelo rotavírus, o que se traduz, além disso, num pesado encargo para o Estado. Actualmente, empresas estrangeiras vendem vacinas contra o rotavírus na Índia a um preço de 1.100 rupias (17 dólares ou 16,2 euros) face às 63 rupias (1 dólar ou 0,90 euros) que custará a Rotavac, cujo preço para


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exportação será igual, de acordo com o canal indiano NDTV. A Bharat Biotech tem quatro patentes relacionadas com o fabrico da Rotavac registadas em 20 países. A Índia deixou de conceder patentes a medicamentos em 1970, o que ajudou ao florescimento da indústria farmacêutica, sendo hoje em dia o segundo país produtor de genéricos a seguir à China, maior exportador mundial. Quando aderiu à Organização Mundial do Comércio, em 2005, repôs a normativa da propriedade intelectual e a concessão de patentes, mas incluiu na lei a denominada "cláusula 3d". Este artigo especifica que apenas serão concedidas patentes às inovações médicas e novas formas de substâncias já conhecidas apenas no caso de melhorarem significativamente a sua eficácia. Organizações como a Unicef ou a Médicos Sem Fronteiras dependem de medicamentos da Índia nos países em desenvolvimento. Segundo as duas organizações, 80% dos medicamentos para a Sida utilizados nos países pobres e 90% dos anti-retrovirais com os quais são tratadas as crianças em todo o mundo têm origem no gigante asiático.

Ministro holandês demite-se por mentir ao Parlamento

e que viu os seus bens confiscados pelas autoridades. No entanto, o Ministério Público, na altura dirigido por Fred Teveen, não conseguiu provar que essas verbas eram provenientes da actividade ilícita, pelo que o Estado foi obrigado a ressarcir o suspeito, devolvendolhe o dinheiro. Esse pagamento de 4,7 milhões de euros foi conhecido no ano passado. O caso levou o ministro da Justiça e o secretário de Estado a prestarem esclarecimentos no Parlamento. Nessa altura, como mostraram as provas divulgadas esta segunda-feira, ambos mentiram sobre o valor, que avançaram como tendo sido significativamente inferior (dois milhões de euros), e também esconderam a documentação referente ao processo, dizendo que tinha sido perdida.

Grécia ameaça Alemanha com milhares de imigrantes ilegais É um aviso do ministro da Defesa grego. Bernardo Pires de Lima, comentador de política internacional, acredita que as declarações poderão pôr em causa a estabilidade da coligação em Atenas.

Saída foi motivada pelo pagamento de milhões de euros a um barão da droga, feito a título de indemnização.

Imigrantes ilegais na Grécia, usados como arma política pelo ministro da Defesa. Foto: EPA

Foto: EPA

O ministro da Justiça da Holanda, Ivo Opstelten, demitiu-se na segunda-feira à noite depois de se descobrir que mentiu no Parlamento para explicar um pagamento de milhões de euros a um barão da droga, feito a título de indemnização. “Assumo toda a responsabilidade e acabo de apresentar a minha demissão ao rei”, declarou o ministro durante uma conferência de imprensa. Também saiu o secretário de Estado Fred Teeven, que esteve envolvido no caso, que remonta a 2001 mas só foi conhecido no ano passado. O caso está relacionado com uma investigação da Justiça holandesa a Cees Helman, um barão da droga,

O ministro da Defesa da Grécia ameaça a Alemanha com o envio para aquele país de milhares de imigrantes ilegais, até aqui sem condições para entrarem na Europa. Em declarações citadas pela imprensa grega, Panos Kammenos admite dar documentos legais aos milhares de imigrantes que estão actualmente retidos em centros de acolhimento ou detenção, caso alguns parceiros europeus continuem a dificultar uma solução para a crise grega. Panos Kammenos, ministro indicado pelo partido Gregos Independentes, que faz coligação com o Syriza, aponta como principal alvo a Alemanha. À Renascença, o comentador de política internacional Bernardo Pires de Lima desvaloriza a ameaça propriamente dita, que considera irracional, mas vê nestas declarações mais um factor de desgaste para a


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coligação que sustenta o Governo da Grécia. "É uma forma de pressionar as negociações absolutamente inaceitável, fazendo crer que há uma hecatombe humanitária em curso e com isso tentar pressionar para obter bons resultados para o Governo", refere o comentador. Mas esta é uma atitude à qual o Syriza vai ter de reagir, considera ainda Pires de Lima: "Penso que mais cedo ou mais tarde os membros do Syriza, nomeadamente o primeiro-ministro, vai ser obrigado a demarcar-se destas declarações e veremos se isto não abre uma ferida irreparável numa coligação que, desde a primeira hora, é absolutamente contra-natura. Podemos estar a aqui a cavar mais um fosso entre dois partidos inconciliáveis e, desse ponto de vista, a própria maioria que sustenta este Governo pode estar a prazo." O especialista acredita que, "mais cedo ou mais tarde", haverá "eleições antecipadas na Grécia". "Este factor de instabilidade pode ser mais uma acha para essa fogueira", conclui.

Comércio com a Argélia tem “elevado potencial de crescimento”, diz Passos Coelho Lisboa e Argel acordaram “continuar a trabalhar em conjunto para facilitar o ambiente de negócios para as empresas dos dois países”, segundo a declaração final da cimeira.

Passos Coelho, Bouteflika, Rui Machete e Abdelmalek Sellal, em Argel. Foto: EPA

O primeiro-ministro português destacou esta terçafeira a “evolução muito positiva” das trocas comerciais entre Portugal e a Argélia e considerou que têm ainda “um elevado potencial de crescimento”. Pedro Passos Coelho foi recebido pelo presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, na sua residência oficial, em Argel, depois da IV Cimeira Portugal-Argélia, que se realizou no Palácio do Governo, com a participação dos primeiros-ministros dos dois países. À saída do encontro com Abdelaziz Bouteflika, antes de

regressar a Lisboa, o chefe do executivo PSD/CDS-PP fez uma declaração aos jornalistas, congratulando-se com “os bons resultados desta cimeira”, com “o espírito de cooperação muito intenso entre os dois governos" e com "a evolução muito positiva da relação comercial”. O primeiro-ministro português disse ter abordado na reunião com o presidente da Argélia temas de política externa como a segurança e a paz no Mediterrâneo, a situação da União Europeia, a relação com a Rússia e a instabilidade na Ucrânia, e, no plano bilateral, as perspectivas de investimento nos sectores da energia, turismo, agricultura e tecnologias da informação. Na residência oficial do presidente da Argélia, Passos Coelho não quis responder a perguntas. Antes, esteve numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo argelino, Abdelmalek Sellal, durante a qual este falou em árabe, sem tradução para a comunicação social portuguesa, que acabou por ter direito a apenas uma pergunta. Nessa conferência de imprensa, o chefe do executivo PSD/CDS-PP afirmou que “Portugal e a Argélia têm ao longo dos últimos anos intensificado as suas relações bilaterais, com uma melhoria bastante visível sobretudo ao nível das trocas comerciais”. Os governos de Portugal e da Argélia “acordaram continuar a trabalhar em conjunto para facilitar o ambiente de negócios para as empresas dos dois países e assim facilitar as trocas comerciais e de investimentos que têm, não há dúvida, um elevado potencial de crescimento, com benefícios mútuos”, acrescentou. Passos Coelho, que optou por falar em português, com tradução para francês, referiu que “a Argélia tem sido, sobretudo nos últimos anos, um dos quinze principais parceiros comerciais de Portugal, um dos cinco parceiros fora do espaço económico europeu e o segundo mercado africano a seguir a Angola, com quem Portugal tem relações muito especiais”. O primeiro-ministro português assinalou que “nos últimos cinco anos, as exportações portuguesas praticamente duplicaram, e o número de empresas portuguesas exportadoras para a Argélia atingiu as 359, tendo também muitas empresas portuguesas actividade no mercado argelino”. “Há neste caso uma predominância de empresas que atuam na área das obras públicas, da construção civil, mas temos assistido também a uma diversificação que é saudável, e que queremos incentivar, por exemplo, nos sectores do retalho, da indústria alimentar e agroalimentar e nos sectores tecnológicos”, prosseguiu. O Governo português esteve representado na IV Cimeira Portugal-Argélia pelo primeiro-ministro e pelos ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, da Economia, António Pires de Lima, e do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva. Esta é a primeira visita que Pedro Passos Coelho faz a um país do Magrebe desde que é primeiro-ministro. As três anteriores cimeiras luso-argelinas realizaram-se no tempo dos governos socialistas chefiados por José Sócrates, em 2007, 2008 e 2010.


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Lajes. Decisão norteamericana foi “má e hostil” Estados Unidos vão retirar das Lajes 500 militares e civis, deixando nos Açores um contingente de 165 pessoas. O presidente do Governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, critica a decisão. O presidente do Governo Regional dos Açores insiste que Portugal foi mal tratado no processo de redução da presença norte-americana na base das Lajes. Vasco Cordeiro pede uma resposta firme e determinada, pois está em causa a dignidade no relacionamento entre os dois países. "O que está em causa não é apenas o impacto social e económico. Está em causa a dignidade do relacionamento entre os dois Estados", afirmou durante uma audição na Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, sobre a redução de efectivos dos americanos nas Lajes. O líder regional chega mesmo a falar em bofetada diplomática a Portugal. "A administração norte-americana não esteve à altura do relacionamento entre dois Estados", frisou o chefe do governo açoriano, criticando a forma como foi tomada e comunicada, a Portugal, esta decisão, que qualificou como "má e hostil". Vasco Cordeiro afirmou que não coloca em causa a legitimidade dos Estados Unidos "de fazerem o que bem entendem com as suas Forças Armadas", mas salientou que, "quando isso mexe com um país aliado", este tipo de decisão não pode ser tomada desta forma. EUA retiram 500 militares e civis Os Estados Unidos vão retirar das Lajes 500 militares e civis, deixando nos Açores um contingente de 165 pessoas. Segundo diversos meios de comunicação, os norte-americanos informaram que vão deixar de usar dois terços dos edifícios que actualmente utilizam. O presidente da Câmara da Praia da Vitória dando voz ao que tem sido dito por diversas autoridades regionais, tem referido que a cedência de edifícios construídos pelos americanos a Portugal pode ser uma espécie de presente envenenado. Os sistemas de abastecimento de água, de electricidade e de esgotos, por exemplo, são todos americanos e a sua utilização ou rentabilização comercial exige trabalhos de adaptação e reconversão com "custos brutais", nas palavras de Roberto Monteiro. Nas suas reivindicações, os Açores integram por isso neste capítulo da pegada ambiental a reconversão, por parte dos EUA, dos edifícios que Portugal quiser manter e a demolição dos restantes, assim como a subsequente limpeza dos terrenos e sua recuperação ambiental. Caso as autoridades portuguesas (nacionais, regionais ou locais) queiram manter, por exemplo, apartamentos para fins comerciais, para além da reconversão, as casas terão de ser legalizadas. Isto porque os 600 apartamentos foram construídos sem loteamentos ou

qualquer matriz predial.

Vistos “gold” são mais procurados por chineses, russos e brasileiros Desde a sua criação, os vistos registaram 1,3 mil milhões de euros de investimento, com a aquisição de bens imóveis a ultrapassar os 1,2 mil milhões de euros.

Foto: Lusa

Os cidadãos chineses lideram os investimentos em imobiliário em Portugal, ao abrigo do programa dos vistos “gold”, que no mês passado registou 103 autorizações de residência. Na lista deste programa, 1.777 chineses tinham comprado uma casa pelo mínimo de 500 mil euros desde 2012, sendo seguidos por 74 investidores brasileiros e 70 russos, lê-se no comunicado da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). Dos 2.203 vistos atribuídos desde 2012, 2.088 devem-se à aquisição de casas, 113 à transferência de capitais e três por criação de pelo menos 10 postos de trabalho. Citado no comunicado, o presidente da associação, Luís Lima, reconheceu o impacto da investigação judicial à atribuição das autorizações de residência, mas notou que a questão não teve "dimensões dramáticas". "É natural que tenha havido uma retracção, na medida em que o impacto mediático deste escândalo foi brutal, mas sem as dimensões dramáticas de que se falou", afirmou o responsável, reportando-se à "Operação Labirinto", que desmantelou uma rede de corrupção, na qual, alegadamente, participaram representantes de organismos do Estado. Luís Lima previu que o investimento brasileiro tenha um "crescimento acentuado". Desde a sua criação, os vistos registaram 1,3 mil milhões de euros de investimento, com a aquisição de bens imóveis a ultrapassar os 1,2 mil milhões de euros. A Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) tinha já hoje informado que a compra de imobiliário atingiu em Fevereiro 55 milhões


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de euros, traduzindo um "regresso à tendência de crescimento" registada até Novembro de 2014. O programa de atribuição de vistos prevê a emissão de autorizações de residência para estrangeiros, oriundos de fora do espaço Schengen, com investimentos em Portugal por um período mínimo de cinco anos. A Assembleia da República deverá aprovar, por proposta do Governo, o alargamento do programa a investimentos à reabilitação urbana, actividades de investigação ou apoio à produção artística e cultural e a majoração dos projectos realizados em territórios de baixa densidade.

Caso nada de anormal surja no quadro clínico, Danilo deverá receber alta nas próximas horas. REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA

Regresso à elite da Europa põe FC Porto nas manchetes

FC PORTO

Danilo sofreu contusão cerebral. Situação é estável Transportado ao Hospital de São João, o defesa brasileiro realizou exames que permitiram despistar qualquer lesão grave.

Danilo imobilizado numa maca

Danilo sofreu uma contusão cerebral, com perda temporária de conhecimento, esta terça-feira, na sequência do violento e arrepiante choque com Fabiano Freitas, durante a primeira parte do FC PortoBasileia, para a Liga dos Campeões. O defesa foi transportado de ambulância para o Hospital de São João, no Porto, onde realizou exames de diagnóstico, sendo que recuperou rapidamente a memória perdida no momento do impacto e nos minutos que se seguiram. Os responsáveis azuis e brancos frisam que o estado clínico do lateral-direito brasileiro é estável e que a mazela contraída pelo atleta não é grave. Aos 18' de jogo, o defesa brasileiro protagonizou um violento choque com Fabiano Freitas. O guarda-redes atingiu o lateral-direito em cheio com o cotovelo, na cabeça. Danilo caiu no relvado aparentemente já inconsciente. Após vários minutos de apreensão e de dúvida, o "canarinho" foi imobilizado, numa maca e colocado numa ambulância, tendo sido transportado já consciente para a referida unidade hospitalar. O internacional brasileiro vai continuar internado, sob vigilância médica, por mera precaução, sendo que irá realizar testes complementares à sua condição física.

"Super Dragão", escreve o Record. Em A Bola, lê-se: "Fantástico Dragão". Título de O Jogo: "Classe" Os jornais desportivos destacam, desde modo, a vitória - e consequente apuramento para os quartos-de-final da Champions - do FC Porto sobre o Basileia, não deixando muito espaço a outros assuntos. Ainda assim, Ewerton tem referência na primeira página de dois diários. "Lugar é dele", avança o Record, em manchete, na sua edição Sul, enquanto O Jogo escreve: "Onze exames para Ewerton". Sobre o Benfica, A Bola diz que "Argentina poupa Gaitán para Jesus", enquanto Record e O Jogo destacam a eficácia defensiva da equipa de Jorge Jesus.


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RIBEIRO CRISTÓVÃO

Porto vintage No último jogo, os comandados de Julen Lopetegui transformaram os quatro golos marcados em momentos históricos e deixaram sérios avisos a todos quantos caminham consigo na busca dos títulos que estão por atribuir.

PAULO ALVES

"William Carvalho vai fazer falta ao Sporting" Médio leonino falha o jogo com o Marítimo devido a castigo. Na opinião de Paulo Alves, a ausência de William Carvalho pode ter influência no jogo dos Barreiros, face à subida de forma que o "trinco" tem evidenciado nesta fase da época.

Por Ribeiro Cristóvão

Ao mesmo tempo que em Madrid se vivia uma noite de pesadelo, com o Real muito próximo de ser afastado da Champions por um adversário menor, o que só não aconteceu por milagre, no estádio do Dragão festejavase uma vitória inquestionável e uma exibição de luxo que colocou o Porto nos quartos-de-final da liga milionária da UEFA. Separados por uma pequena distância, dois contrastes que dão que pensar. Enquanto aqui ao lado se assiste ao desmoronamento de um conjunto galáctico, que corre agora o risco de fechar a temporada sem averbar qualquer vitória, no caso português, ao contrário, estamos perante uma equipa que se confirma poderosa a cada jogo que vai cumprindo em todos os calendários. Na noite do Dragão, os comandados de Julen Lopetegui não exibiram apenas futebol de alta qualidade, sobretudo na segunda parte, mas foram ainda ao ponto de obter quatro golos, todos eles merecedores de nota altíssima, transformando-os em momentos que ficam para a história de uma competição que passou a ser, mais do que até aqui, um dos grandes objectivos a atingir pelos portistas até ao fim da temporada. O jogo quase perfeito dos dragões, frente ao Basileia, deixou avisos diversos e muito sérios a todos quantos caminham consigo na busca dos títulos que estão por atribuir. Mas é sobretudo a nível nacional que saem reforçadas as maiores reticências. Será por isso interessante a luta que vão travar até ao fim do nosso campeonato Benfica e FC Porto. É verdade que as águias têm voado mais alto, o que lhes proporciona um confortável avanço, mas o mais pequeno descuido pode tornar-se fatal. O jogo com o Sporting de Braga, no próximo, no estádio da Luz, é já o próximo grande teste para o grupo sob o comando de Jorge Jesus. Veremos se o consegue ultrapassar com nota positiva.

O melhor lado de William Carvalho está de volta. O médio leonino é o jogador em melhor forma na equipa de Marco Silva e, na noite de segunda-feira, frente ao Penafiel, o "trinco" abriu o marcador, minutos antes de ter sido chamado pelo treinador a desempenhar as funções de defesa-central, após a expulsão de Tobias Figueiredo. Na segunda parte, de novo no meio-campo, William Carvalho voltou a ser o pêndulo do Sporting, nas acções atacantes e defensivas da equipa de Marco Silva, mas acabou por ver um proibitivo amarelo, que o afasta da difícil deslocação ao Funchal, para um jogo com o Marítimo, na próxima jornada. Perante este cenário, e devido ao momento do médio, Paulo Alves considera que "William Carvalho vai fazer falta" nos Barreiros. "O melhor rendimento do Sporting, está directamente relacionado com a subida de forma de William", refere o antigo ponta de lança de Sporting e Marítimo, em entrevista a Bola Branca. Paulo Alves aponta Rosell como substituto de William, que "pode fazer bem o lugar", mas reconhece que "não é a mesma coisa" e que a ausência do internacional português "pode ter influência na prestação do jogo leonino". Sobre o encontro entre o Marítimo e o Sporting, Paulo Alves considera que a equipa de Marco Silva "é favorita", mas avisa a equipa de Alvalade das dificuldades que vai enfrentar, recordando que "o Marítimo mudou de comando técnico recentemente", o que poderá ser "mais um factor a contribuir para a incerteza no resultado".


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LUÍS FILIPE

"Chega de sacudir água do capote e de atribuir vitórias do Benfica aos árbitros" Antigo lateral direito de Benfica e Sporting Braga avisa que os encarnados terão de vencer se quiserem ser campeões. Luís Filipe considera a equipa de Jorge Jesus a mais regular do campeonato.

da Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt e em bolabranca.rr.sapo.pt. PRIMEIRA LIGA

William, Tobias e mais 12 afastados da jornada 25 Uma vez mais, multas pesadas para os "grandes" e outros clubes, após a ronda 24 da Primeira Liga. Confira o mapa de castigos.

Expulsão de Tobias Figueiredo frente ao Penafiel Foto: Lusa

Luís Filipe, ex-jogador de Benfica e Sporting de Braga, vaticina uma partida complicada na Luz para a equipa de Jorge Jesus. O duelo com os arsenalistas, de acordo com o ex-futebolista, pode ser determinante para os actuais campeões nacionais. Além disso, as constantes críticas às arbitragens relacionadas com a equipa benfiquista não são mais do que "um sacudir de água do capote" por parte dos adversários. Em entrevista a Bola Branca, Luís Filipe explica que a forma como a equipa de Jesus "joga e impõe o seu futebol, obriga os adversários a pararem os jogadores do Benfica em falta". Assim sendo, "já chega de atirar responsabilidades" para as actuações dos árbitros, ao mesmo tempo que se "sacode a água do capote" tendo em conta os objectivos a que se propuseram alcançar. Luís Filipe espera, no sábado, um jogo bem disputado na Luz, num duelo que tem um historial favorável aos bracarenses, esta temporada. O antigo lateral direito representou ambos os emblemas e afirma que, se os encarnados "quiserem ser campeões, têm que vencer este jogo". A partida não vai "definir o campeonato, mas é muito importante", sublinha. "A pressão neste momento é de Benfica e FC Porto, porque se um perder e outro ganhar a distância pode ser mais ou encurtar", recorda. Para Luís Filipe, "o Benfica tem sido o mais regular e os campeões fazem-se de regularidade", pelo que conclui que até agora a equipa de Jorge Jesus "merece ser campeã". O Benfica-Sporting de Braga arranca às 17h00 de sábado, no Estádio da Luz, com arbitragem do portuense Artur Soares Dias. Jogo com relato na antena

O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) divulgou, esta terça-feira, o mapa de castigos referente à jornada 24 da Primeira Liga. Anderson Talisca, do Benfica, vai desfalcar os campeões nacionais na recepção ao Sporting de Braga, enquanto William Carvalho e Tobias Figueiredo cumprirão uma partida de castigo na partida com o Marítimo, na próxima ronda. De resto, são 14 os jogadores suspensos por um desafio. A saber: Miguel Lourenço (Vitória de Setúbal), Ebinho (Marítimo), Pedro Ribeiro e Dani Coelho (Penafiel), William Carvalho e Tobias Figueiredo (Sporting), João Aurélio (Nacional), Nelsinho e Hugo Basto (Arouca), Anderson Talisca (Benfica), Nii Plange, Bernard e Sami (Vitória de Guimarães) e Rúben Ribeiro (Gil Vicente). Por "comportamento incorrecto do público", o CD da FPF voltou a emitir multas pesadas aos clubes, com destaque para os "grandes". Mas não só. Belenenses (2891 euros), Benfica (5738 euros), FC Porto (5166 euros), Sporting de Braga (4018 euros) e Estoril (1148 euros) são os emblemas visados, esta semana.


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LIGA DOS CAMPEÕES

A receita de Mourinho. "Há que ter calma" Técnico português do Chelsea projecta segunda mão dos "oitavos" da Champions, frente ao PSG.

Saiba se ficou mais rico… Não houve primeiro prémio do Euromilhões pelo que se estima um jackpot de 26 milhões para sexta-feira.

Estão em jogo 26 milhões de euros para o sorteio de sexta-feira. Foto: DR

José Mourinho proferiu um discurso de calma e confiança para os jogadores do Chelsea, que amanhã decidem a passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões diante do PSG. Depois do empate a uma bola, em Paris, na primeira mão dos oitavos-de-final, a eliminatória está do lado dos "blues". "A experiência vai ajudar-nos a dormir bem esta noite, sentimo-nos confortáveis para jogar. É algo que fazemos muitas vezes. É apenas mais um jogo, apesar de ser a eliminar. Há que ter calma", afirmou o técnico português, esta terça-feira, em conferência de imprensa. O Chelsea-PSG arranca às 19h45 de quarta-feira.

Ninguém venceu o primeiro prémio do sorteio do Euromilhões esta terça-feira. A previsão é, por isso, de um primeiro prémio no valor de 26 milhões de euros para a próxima sexta-feira. O sorteio ditou os números 2, 6, 23, 30 e 31 e as estrelas 2 e 10. Ao todo cinco pessoas venceram o segundo prémio, mas em Portugal só houve premiados para o quarto prémio. O apostador em causa ganha perto de 4,500 euros.

Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.


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