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EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco

Sexta-feira, 10-04-2015 Edição às 08h30

Editor Raul Santos

Caso das obras de Miró pode levar a condenações Confederação de Agricultores defende detenção de incendiários durante o Verão PRESIDENCIAIS 2016

Paulo Morais sobre Passos, Sócrates e a corrupção, sempre a corrupção Passos vê "com surpresa" ameaça de greve dos pilotos da TAP JOÃO CRAVINHO

“A grande batalha do PS agora é realmente preparar-se, combater” Voos entre EUA e Cuba a partir de Julho

Preço da água sobe no litoral e desce no interior

Fala Marçal. Benfica ou Sporting? Afinal, em que ficamos?

LUÍS CABRAL

Capitalismo, regulação e desemprego

Todas (mas mesmo todas) as portas abertas para festejar dez anos de Casa da Música


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Confederação de Agricultores defende detenção de incendiários durante o Verão A proposta visa os incendiários com cadastro e é deixada, na Renascença, pelo presidente da CAP.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defende que os incendiários com cadastro sejam detidos durante a fase crítica de fogos do Verão. O presidente da CAP, João Machado, pede mais acção sobretudo ao nível da legislação sobre o crime de incêndio: “O risco zero em floresta não existe. O grande problema que tem acontecido nos últimos anos é que a maior parte dos incêndios é fogo posto. Temos aí um factor humano fundamental e enquanto não acabarmos com ele teremos sempre grande dificuldade”. “Mesmo florestas absolutamente limpas e tratadas têm ardido nos últimos anos. Temos um problema de crime, problema em que a nossa legislação durante o período mais crítico não prevê que os incendiários com cadastro e com reincidência estejam presos nessa altura e enquanto continuarmos a permitir este tipo de situação, o problema dos incêndios não se vai resolver”, acrescenta Machado. Em declarações à Renascença, o presidente da CAP deixa vários alertas e aponta vários aspectos que têm de ser reflectidos na questão dos incêndios. “Há o factor humano, que tem de ser lidado pelas autoridades. Há o factor do ordenamento do florestal, que tem de ser encarado com uma política florestal a médio e a longo-prazo. E há também a educação da opinião pública”, enumerou. Sobre as condições e garantias dos produtores florestais, o presidente da CAP diz que, em Portugal, estes não estão salvaguardados por seguros florestais contra incêndios. “Há trabalho a fazer nessa matéria. É uma falha que o nosso país tem. A protecção que os produtores florestais têm é muito pequena porque o que podem fazer é criar um novo projecto, candidatá-lo aos Fundos Comunitários Europeus e voltar a plantar”, adiantou.

No início do mês de Abril, com temperaturas mais amenas, o número de incêndios foi superior a 100 e só na passada segunda-feira foram registadas 138 ocorrências, segundo dados oficiais da Protecção Civil, o que representa um primeiro ciclo de incêndios florestais com alguma dimensão.

Caso das obras de Miró pode levar a condenações O pedido é do Ministério Público. São visados o Ministério das Finanças, o secretário de Estado da Cultura, o director-geral do Património Cultural, as sociedades Parvalorem e Parup's, assim como a leiloeira Christie's.

O Ministério Público (MP) pede a condenação de todos os envolvidos no processo da venda das 85 obras de Miró do ex-Banco Português de Negócios (BPN) e a impugnação do arquivamento da classificação da colecção, segundo as acções interpostas. O Ministério das Finanças, o secretário de Estado da Cultura, o director-geral do Património Cultural, as sociedades Parvalorem e Parup's assim como a leiloeira Christie's são visadas numa das acções; a segunda acção pede a impugnação do arquivamento da classificação das obras. As sociedades Parvalorem e Parups, criadas pelo Estado para recuperar os créditos do ex-BPN, divulgaram na quarta-feira um comunicado com o ponto de situação sobre os processos relacionados com este caso, anunciando que os processos interpostos tinham sido dado como extintos pelos tribunais, mas que o MP tinha recorrido "de todas as decisões que lhe foram desfavoráveis". Contactado pela agência Lusa sobre as acções em curso, o gabinete de comunicação da ProcuradoriaGeral da República (PGR) indicou que o MP interpôs quatro providências cautelares e duas acções principais em datas anteriores a 30 de Novembro de 2014. Uma das acções - instaurada a 24 de Abril de 2014 - é de natureza "administrativa comum de condenação à prática e abstenção de comportamentos", e pede a condenação das várias entidades envolvidas,


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nomeadamente o Ministério das Finanças, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, o directorgeral do Património Cultural, Nuno Vassallo e Silva, as sociedades Parvalorem e Parup's, e a leiloeira Christie's. De acordo com o gabinete da PGR, na acção administrativa especial - instaurada a 27 de Novembro de 2014 -, o MP pede a impugnação "dos despachos de arquivamento dos procedimentos de classificação proferidos pelo Director-Geral do Património cultural, sendo contra-interessados Parvalorem e Parup's,SA e a leiloeira Christie's". Ainda relativamente à acção administrativa comum, concretamente, o MP pede "a condenação do Ministério das Finanças e do secretário de Estado da Cultura a, no exercício dos poderes de tutela e superintendência, determinar que não sejam executadas as anunciadas decisões de colocação no mercado externo das obras de Miró enquanto não se encontrar observada a decisão do procedimento de inventariação e classificação". É também pedida "a condenação do Director-Geral do Património Cultural a assegurar e coordenar a instrução dos procedimentos administrativos de inventariação e classificação; a condenação da Parvalorem e Parup's,SA a absterem-se de colocar no mercado externo as obras de arte enquanto não for tomada a decisão no procedimento de inventariação e classificação; a condenação da Christie's a abster-se de colocar no mercado as obras de arte enquanto não se mostrar concluído o procedimento de inventariação e classificação", segundo a acção. Ainda relativamente ao comunicado divulgado pelo conselho de administração das empresas, na quartafeira, a PGR afirma que "nenhum desses processos judiciais se encontra extinto, encontrando-se alguns, referentes a providências cautelares, em fase de recurso". "Assim, nenhuma das decisões judiciais proferidas transitou em julgado, nem existe decisão de fundo sobre as questões jurídicas que se suscitam", acrescenta a mesma fonte. Por seu turno, as empresas lamentam o protelamento do desenlace jurídico sobre o caso Miró, sustentando, no comunicado, que a suspensão do processo "tenha feito incorrer até à presente data", uma perda "de 1,9 milhões de euros em juros sobre os contribuintes, ou seja 5.251,5 euros por dia", valor estimado em função de créditos do ex-BPN não recuperados, pela venda das obras. Dois leilões marcados no ano passado pelas empresas, com a Christie's, com quem assinaram um contrato para venda das obras, acabaram por ser cancelados por decisão da leiloeira, que receou as implicações jurídicas dos processos. Ao longo do ano passado, tanto os partidos da oposição como a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, defenderam publicamente a classificação das obras do artista catalão Joan Miró (1893 -1983), avaliadas entre 35 e 53 milhões de euros, para que não saíssem do país. Também em 2014, mais de 10 mil pessoas assinaram uma petição a favor da manutenção das obras de arte em Portugal. As sociedades de capitais público Parvalorem e Parups foram criadas em 2010 pelo Estado, para gerir os

activos e recuperar os créditos do ex-BPN, nacionalizado em 2008.

Pode andar de Metro, mas não conte com autocarros em Lisboa A greve do Metro de Lisboa foi adiada por uma semana, mas a Carris manteve a paralisação, que começou às 3h00 desta sexta-feira. Carreiras 703 e 751 cumprem os serviços mínimos, em 50% do regime normal.

Utentes sentem bem os efeitos da greve na Carris. Foto: Lusa

Os trabalhadores da Carris, que gere o transporte público de autocarro na Grande Lisboa, cumprem esta sexta-feira uma greve de 24 horas contra a subconcessão da empresa. A paralisação teve início às 3h00, mas os efeitos começaram a sentir-se a partir das 22h00 de quintafeira. O Tribunal Arbitral definiu serviços mínimos, que vão ser assegurados, a 50% do normal, pelas carreiras 703 (Charneca do Lumiar – bairro de Santa Cruz) e 751 (Linda-a-Velha – estação de Campolide). O serviço de transporte exclusivo de pessoas com mobilidade reduzida não é abrangido pela greve. Na base da paralisação está “a privatização acelerada que o Governo quer fazer dos transportes na região de Lisboa e na região do Porto, afastando totalmente as autarquias, que são parte interessadíssima neste problema”, explica o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), que convocou a greve, à qual aderiu também a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans). Durante a manhã, os trabalhadores reúnem-se em plenário, na estação de Santo Amaro, onde se localiza a sede oficial da Carris. A Renascença foi para a rua e verificou que são muito poucos os autocarros e os eléctricos a circular em Lisboa. Segundo a Fectrans, a adesão está a ter uma adesão superior a 80%. Na Graça, zona apenas abrangida pela Carris, os utentes esperam e


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desesperam. Metro pára dia 17 Para esta sexta-feira estava também marcada uma greve no Metropolitano de Lisboa, mas acabou por ser adiada para a próxima sexta-feira, dia 17. Na origem do adiamento esteve, segundo a Fectrans, a falta de segurança, uma vez que o Metro teria de funcionar em serviços mínimos decretados na terçafeira pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social. Mas os protestos não ficam por aqui. No dia 22, os trabalhadores da Carris, do Metro de Lisboa, da Transtejo e da Soflusa (responsáveis pelas ligações fluviais no Tejo) vão realizar uma marcha na capital, “contra a privatização” daquelas quatro empresas de transportes.

Passos vê "com surpresa" ameaça de greve dos pilotos da TAP Sindicato dos pilotos acusa o Governo de manter as negociações num impasse, iniciadas em Dezembro do ano passado.

TAP e a PGA sobre os acordos de empresa estão num "impasse insanável", tendo marcado assembleias de empresa na próxima semana para os pilotos decidirem o que fazer. "Ao longo deste processo, o Governo, a TAP e a PGA procuraram iludir o SPAC e paralisar os pilotos. Este desfecho inesperado, que a direcção [do sindicato] procurou evitar por todos os meios ao seu alcance, será agora objecto de análise e deliberação das assembleias de empresa, a realizar nos próximos dias 15 e 16", diz o documento. "Homens de palavra cumprem acordos" O secretário de Estado dos Transportes disse não acreditar que o Sindicato dos Pilotos ponha em causa o acordo sobre a TAP com o Governo, com matérias que foram logo postas de parte da mesa das negociações. "Estranhamos esta posição e, como disse ontem o ministro da Economia, e muito bem, os homens de palavra cumprem acordos, que resultaram de um processo de diálogo e de franqueza. Por isso, faço daqui um apelo para que esse acordo seja cumprido e não me passa pela cabeça que seja revertido", afirmou esta quinta-feira Sérgio Monteiro, no final do Conselho de Ministros. Em declarações aos jornalistas, o governante lembrou que, "perante um conjunto de preocupações legítimas [em relação à privatização da TAP] que os trabalhadores tinham, o Governo aceitou a criação de um grupo de trabalho para harmonizar as matérias passíveis de acordo, deixando perfeitamente claro as que não eram". Entre elas, estavam as pretensões dos pilotos sobre as diuturnidades e sobre a obtenção de 20% do capital da companhia aérea, aquando da sua privatização. "Podia ter ficado alguma ambiguidade em relação às duas matérias que referiu, nomeadamente o que acontecia às diuturnidades que estavam suspensas e o que acontecia à percentagem de capital que os pilotos reivindicam, mas foram discutidas e clarificadas desde logo", acrescentou. Já sobre a percentagem de capital que o sindicato reclama, com base num acordo de 1999, Sérgio Monteiro reiterou que "é ilegítima" e que o Estado tem um parecer do conselho consultivo da ProcuradoriaGeral da República que o atesta.

Foto: José Sena Goulão/Lusa

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vê "com surpresa" a ameaça de greve do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil. "Eu espero que isso não venha a acontecer, porque o acordo que foi alcançado está a ser respeitado pelo Governo, e normalmente nós gostamos que os acordos que vamos fazendo possam ser respeitados", declarou aos jornalistas, à margem de uma conferência sobre investimento em Portugal, na Fundação Champalimaud, em Lisboa. O chefe do executivo PSD/CDS-PP rejeitou que sejam invocadas condições fora do texto escrito acordado: "Quando se faz um acordo que é reduzido a escrito, não há ambiguidade naquilo que se acorda. Aquilo que se acorda é aquilo que está no texto do acordo. O que está no acordo foi subscrito pelos dois parceiros, o que não está no acordo não foi acordado evidentemente". O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) considerou na quarta-feira que as negociações com a

Guardas prisionais marcam mais uma série de greves As próximas greves estão marcadas para a próxima semana - nos dias 16, 17 e 18 de Abril – mas também já entrou um novo préaviso para os dias 23, 24 e 25 do mesmo mês. Os Guardas Prisionais estão a intensificar o calendário de protestos. As próximas semanas serão marcadas por muitos dias de greve, sempre de 24 horas. O presidente do Sindicato do Corpo da Guarda Prisional, Jorge Alves, lembra que em causa está a não


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regulamentação do novo estatuto profissional dos guardas. “Isto só para quando o Governo mostrar vontade de dizer que quer conversar e que quer discutir os 20 regulamentos que existem no estatuto profissional e que o impedem de o aplicar na totalidade, visto que inscreveu no Orçamento do Estado a verba para as promoções na carreira, a verba para a colocação de pessoal na tabela remuneratória única e agora gostávamos de saber onde está esse dinheiro porque parece que não aparece. Que se entendam e se organizam e digam como querem fazer as coisas para depois nós pararmos o que estamos a fazer”, disse. As próximas greves estão marcadas para a próxima semana - nos dias 16, 17 e 18 de Abril – mas também já entrou um novo pré-aviso para os dias 23, 24 e 25 do mesmo mês. Em breve serão ainda marcadas outras greves para a última semana de Abril e para a primeira semana de Maio, que vai incluir o Dia do Trabalhador. LUÍS CABRAL

Capitalismo, regulação e desemprego Concordo que o sistema de capitalismo desenfreado não serve os interesses do bem comum, não garante nem protege a dignidade humana. A economia de mercado tem de ser regulada para ser humana. No entanto, no caso concreto do mercado de trabalho, não é nada evidente que o problema seja falta de regulação.

A discussão em torno do desemprego, mais uma vez, centra-se nos números: se os 14,1 representam uma variação sazonal ou uma inversão de tendência, etc, etc. No entanto, como vários comentadores têm escrito, o desemprego não é somente uma questão de números: por trás de cada estatística está uma imensidão de casos individuais, casos de pessoas e famílias concretas vivendo dificuldades económicas e psicológicas terríveis. Creio que estamos todos de acordo sobre a tragédia do desemprego. A questão está em saber o que fazer, nomeadamente no que respeita a medidas de caracter

político. Uma ideia de fundo que parece comum a todas as abordagens é que "esta economia de capitalismo desenfreado" está a matar as pessoas e os postos de trabalhos. Concordo que o sistema de capitalismo desenfreado não serve os interesses do bem comum, não garante nem protege a dignidade humana. A economia de mercado tem de ser regulada para ser humana. No entanto, no caso concreto do mercado de trabalho, não é nada evidente que o problema seja falta de regulação. Pelo contrário, a evidência empírica é que o problema é justamente o excesso de regulação. Custo muito assumir a função de "bad cop", mas alguém tem de o fazer. O desemprego é uma tragédia, mas a estratégia de proteger os empregados a todo o custo é um dos factores principais responsáveis pelas elevadas taxas de desemprego.

Preço da água sobe no litoral e desce no interior Governo concluiu a reforma do sector das águas, que passa por "um fortíssimo emagrecimento" do grupo Águas de Portugal. A reestruturação do sector vai harmonizar preços. Nos próximos cinco anos vai ser feita uma harmonização dos preços da água que chega a casa dos portugueses. Quem vive no litoral vai pagar mais pela água, do que os consumidores do interior. O anúncio, que resulta da reestruturação do sector aprovada em Conselho de Ministros, foi feito pelo ministro do Ambiente esta quarta-feira. Em conferência de empresa no final da reunião, o ministro Jorge Moreira da Silva afirmou que a criação de sistemas multimunicipais de abastecimento de água e saneamento do Norte, Centro Litoral e Lisboa e Vale do Tejo irá promover uma "harmonização tarifária" entre o interior e o litoral. "As tarifas vão convergir no prazo de cinco anos até chegarmos à tarifa única entre interior e litoral. A título de exemplo, os cidadãos do interior Norte verão reduzida a sua tarifa mensal em três euros, de imediato, e os do litoral Norte terão um agravamento muito gradual ao longo destes cinco anos de 30 cêntimos anuais", explicou. "Emagrecimento" do grupo O ministro do Ambiente considerou que "os sacrifícios pedidos ao litoral são muito pequenos quando comparados com os benefícios para o interior" e que o "fortíssimo emagrecimento do grupo Águas de Portugal" vai permitir "uma redução anual de 90 milhões de euros", com uma poupança total de 2.700 milhões. Na mesma interveção precisou que na Águas de Portugal S.A. haverá "uma redução de dois terços dos órgãos sociais", passando o número de administradores de 70 para 20 e de directores de 300


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para 150. Esta reforma elimina ainda "uma norma que vigorava há 20 anos" sobre os caudais mínimos, que "obrigava os municípios a contratualizar consumo de água de que não necessitavam". Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, no norte do país são agregados quatro sistemas multimunicipais de abastecimento de água e saneamento e fundem-se quatro entidades gestoras, constituindo-se a sociedade Águas do Norte S.A. Já no centro, a nova Águas do Centro Litoral S.A. resultará da agregação de três sistemas multimunicipais e da fusão de três entidades gestoras e a sociedade Águas de Lisboa e Vale do Tejo S.A. constitui-se com a agregação de oito sistemas multimunicipais e da fusão de oito entidades.

PS rejeita “frenesim presidencial”. Apoios a Belém só depois das legislativas Ferro Rodrigues diz que discutir já presidenciais é fazer um favor ao Governo. Mas, ironiza, "as pessoas têm o direito de cometer erros políticos crassos". Por Susana Madureira Martins

A direcção-nacional do PS não quer nem ouvir falar de eleições presidenciais ou de apoios a candidatos a Belém, pelo menos para já. O líder da bancada socialista, Ferro Rodrigues, insiste que a prioridade são as legislativas. "A reunião do grupo parlamentar não tratou de nenhum assunto relacionado com esse. Aliás, devo dizer que no grupo parlamentar do Partido Socialista não há nenhum frenesim presidencial", afirmou Ferro Rodrigues aos jornalistas no final da reunião da bancada do PS. As declarações do deputado socialista surgem numa altura em que nomes como Manuel Alegre, Francisco Assis ou José Lello já falaram publicamente sobre eventuais apoios. A discussão tem passado, em grande parte, pelas candidaturas de Henrique Neto (já anunciada) e de Sampaio da Nóvoa (que, segundo o "Expresso", será apresentada em breve). "O direito à palavra é sagrado no PS. O direito à palavra, o direito de expressão, a liberdade de opinião e de afirmação, seja de quem for. Agora, na minha opinião, já que também tenho o direito à palavra, é que o PS, enquanto tal, só deve apoiar uma candidatura presidencial depois das eleições legislativas", disse. Ferro Rodrigues considerou que o "fundamental neste momento é mudar este governo que está a desgraçar o pais e ter uma alternativa consistente e forte nas legislativas". "Tudo o que for dispersar as atenções para outros aspectos, por muito importantes que sejam, é um erro político crasso. É evidente que as pessoas têm o direito de cometer erros políticos crassos, todas elas, sejam quem forem", rematou.

JOÃO CRAVINHO

“A grande batalha do PS agora é realmente preparar-se, combater” Ex-governante não se compromete com candidatos presidenciais, mas sempre diz que avanço de Sampaio da Nóvoa obriga “a reflexão”.

O antigo ministro do Equipamento João Cravinho (PS) defende que uma eventual candidatura de Sampaio da Nóvoa a Belém suscita "uma reflexão", apontando para um problema de conciliação entre a mobilização para as legislativas e candidaturas presidenciais. À margem de uma conferência na Fundação Mário Soares, o antigo ministro do socialista António Guterres afirmou que ainda não é o momento de concluir a reflexão em torno de uma candidatura do antigo reitor da Universidade de Lisboa Sampaio da Nóvoa, sublinhando que ainda nem é candidato. "É óbvio que há um problema eventual perante uma candidatura de Sampaio da Nóvoa, como de outra que possa aparecer com peso, de conciliação da salvaguarda de um debate profundo, de uma mobilização do país para as legislativas", afirmou aos jornalistas, que o questionaram sobre se tal candidatura colocaria um problema ao PS. Cravinho argumentou que "a grande batalha do PS agora é realmente preparar-se, combater, difundir, procurar mobilizar para as legislativas" e que, por isso, "existe uma conciliação necessária, mas difícil entre uma candidatura para as presidenciais e todo o processo de mobilização para as legislativas". "É uma questão a examinar, com certeza. Uma candidatura do professor Sampaio da Nóvoa suscita em vários quadrantes, em vários centros de responsabilidade, inclusivamente centros de responsabilidade partidária, uma reflexão", disse, quando instado pelos jornalistas a pronunciar-se sobre a eventual entrada na corrida a Belém do ex-reitor. "Essa reflexão neste momento é natural que já haja muita gente que a vá fazendo, porque estas coisas vãose fazendo com o tempo, mas o tempo de concluir não é este, de maneira nenhuma, porque nem sequer


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há candidatura", acrescentou. Sobre Sampaio da Nóvoa, Cravinho disse conhecer "o cidadão", embora "não com muita profundidade", referindo que tudo quanto viu dele o faz ter-lhe "muita consideração". "Acho que é um cidadão empenhado, convicto, e que é uma pessoa que pensa os nossos problemas, sem dúvida nenhuma. Agora a candidatura, primeiro ele ainda não é candidato, está a considerar, segundo, quando a candidatura dele aparecer é evidente tem que ser equacionada", declarou. João Cravinho disse que "as candidaturas são individuais, mas têm que ser pensadas no contexto da situação política concreta que o país vive". PRESIDENCIAIS 2016

Paulo Morais sobre Passos, Sócrates e a corrupção, sempre a corrupção Já comparou promotores imobiliários a vendedores de droga para dizer que se especializou no combate a traficantes. Paulo Morais vai agora lutar para ser Presidente. Critica muitos, mas também é criticado: dizem que faz da corrupção "o seu mercado, a sua bolsa de valores".

Foto: Lusa Por João Carlos Malta

Paulo Morais é um minhoto de gema. Há 51 anos nasceu em Viana do Castelo. Fez-se homem e professor de Matemática, mas foi a passagem pela vereação do Urbanismo da Câmara do Porto que lhe trouxe os primeiros focos da atenção pública. Mas é já fora da política que o palco mediático escancara as portas para o vice-presidente da Associação Transparência e Integridade. O combate à corrupção ganha um novo militante e um soldado dedicado. O tema torna-se cada vez mais relevante à medida que os escândalos envolvendo figuras importantes (económicas e políticas) se sucedem. E Morais está na linha da frente do comentário a. Ganha popularidade e o desejo de voltar à vida política volta.

Ao "Expresso", no mês passado, disse: "Estou a preparar qualquer coisa. O quê? Não sei." Na mesma entrevista afirma que quer ter "uma intervenção política activa". E esta quinta-feira, nas páginas do "Correio da Manhã", escolheu o veículo: uma candidatura à Presidência da República. Contactado pela Renascença, Paulo Morais diz que não quer falar antes de 18 de Abril, data em que apresenta o seu programa eleitoral. Da direita à esquerda, Morais não deixa de "malhar" em quem entra no seu radar da corrupção, não teme nomear quem critica. Muitas vezes e, como confidenciou ao "Jornal de Notícias" em 2008, isso fálo sentir um "D. Quixote". A versão quixotesca vale-lhe também algumas críticas, como o episódio em que se disponibilizou a enviar à comissão de inquérito a lista dos beneficiários de empréstimos do BES Angola, que alegava ter em seu poder. Mas tudo o que fez chegar aos deputados foi uma lista, com 15 nomes, feita por ele próprio, num papel timbrado com o símbolo da Associação Transparência e Integridade, sem qualquer documento oficial de suporte. A sua cruzada anticorrupção também já lhe valeu bastantes críticas, como a que Azeredo Lopes lhe dedicou num artigo de opinião. Rotulou-o de "campeão nacional de seniores" na maledicência contra políticos. "Todos são corruptos e uma qualquer luz superior indicou-lhe o caminho: vai, Paulo, alumia aquela gente! De alguma forma, a corrupção é o seu mercado, a sua bolsa de valores", escreveu o chefe de Gabinete de Rui Moreira. Este é um resumo do pensamento de Paulo Morais com base em artigos de opinião publicados na Renascença e no "Correio da Manhã", bem como em entrevistas ao "i" e ao programa televisivo "5 para a meia-noite". Política e políticos "Instalou-se na política o vício do consenso, uma prática agora abençoada pelo Presidente da República e que faz lembrar os parlamentos da União Nacional fascista. Onde, como agora, havia muito consenso, mas não havia nenhum senso." 13.05.2013 "O exercício da política está pelas ruas da amargura. Periga a democracia porque este regime constitucional já não funciona. E não porque a Constituição seja má, ou porque seja necessário uma nova. Falta é cumprir a Constituição que temos". 14.03.2015 "Porque será que tantos políticos se dedicam à vida empresarial? E o que irão eles fazer para as empresas? Negócios com o Estado, claro está. Quase sempre. Negócios de milhões. Os lugares dourados em empresas do regime são, aliás, o destino final das carreiras políticas dos mais habilidosos". Passos Coelho [Depois da entrevista do pai de Passos ao jornal "i"] "Já tínhamos visto muitos políticos a fazer campanha com os filhos ao colo. Agora ver um primeiro-ministro ao colo do pai, é de facto inovador. Inovador e mau, pois a ser assim, seria utilizar o pai como instrumento de propaganda. E, neste caso, seria o filho que não respeitava o pai. (…) Em qualquer das hipóteses, o pai, o filho… ou os dois, não estão a respeitar os portugueses". "À pressa e às escondidas, o Governo quer privatizar a


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TAP. Não deve fazê-lo. Até porque, em matéria de privatizações, Passos Coelho leva um triste historial. Cujas principais marcas são falta de sentido estratégico, submissão aos mais obscuros interesses económicos e secretismo". 07.03.2015 "Passos Coelho privatiza tudo: BPN, EDP e REN, Fidelidade, ANA, EGF, e agora também a TAP. Aliena ao desbarato o património público, numa sequência de processos manchados pela promiscuidade entre decisores públicos que vendem e os adquirentes privados". 31.01.2015 Durão e Portas "Durão Barroso, à época primeiro-ministro, é hoje detentor de um cargo internacional e nem se apoquenta pelo facto de a sua honorabilidade ser posta em causa ao estar ligado a tão obscuro processo. Paulo Portas, à altura o ministro da Defesa responsável pela compra, atingido na sua honradez, desacredita, enquanto actual ministro dos estrangeiros, a imagem do nosso país." "Neste caso que já envergonha o Estado português, os actores envolvidos continuam à tona, os submarinos estão submersos e o processo judicial parece estar enterrado."" 01.07.2013 Corrupção "Os promotores imobiliários têm lucros parecidos com os traficantes de droga. No fundo estive naquele mandato [na Câmara do Porto] sempre a combater traficantes. Os traficantes de droga nos bairros sociais e os traficantes de solos." "A corrupção é actividade política principal em Portugal. Despareceu tanto dinheiro que não bastou incompetência houve muita competência a mais na corrupção." "Processo arquivado! A Justiça portuguesa desistiu da acusação de corrupção no negócio dos submarinos. Embora ninguém tenha dúvidas de que houve corrupção. E da grossa." 10.01.2013 "De acordo com os indicadores internacionais, Portugal é um dos países mais corruptos da Europa. Mas é, neste grupo, onde os corruptos gozam de maior impunidade e nunca são presos. E não é porque não haja crimes". 01.11.2014 "Há, claro que há [políticos honestos]. Eles dividem-se em três grupos: os corruptos são uma minoria - serão 10% e 15% - só que é uma minoria que manda na maioria do dinheiro." 08.06.2013 Campanhas eleitorais "Vivemos um momento dramático no plano económico, o desemprego não pára de crescer, a fome e a miséria acentuam-se. Mas, ainda assim, já se derretem milhões nas campanhas eleitorais autárquicas em curso. Os cartazes com as caras dos candidatos dominam a paisagem, milhares de apoiantes são angariados para comezainas à borla". 08.07.2013 Sócrates "Sócrates está preso há mais de quatro meses, o que surpreende muita gente; de facto, a situação é inédita. Mas, face às maldades que vêm sendo feitas pelos políticos ao povo português, o que mais espanta é o facto de apenas Sócrates estar preso, que não haja dezenas de políticos na cadeia." 21.03.2015 Enriquecimento ilícito

"O enriquecimento ilícito de políticos deve ser penalizado? Sem dúvida. Há imensos casos de políticos que, de forma inexplicável, acumulam fortunas obscenas. Têm de se justificar. Quem exerce funções públicas tem mais obrigações do que os restantes cidadãos e deve evidenciar a origem dos seus bens. Se o não fizer, deve ficar sem bens e responder perante a Justiça". 21.02.2015 Autarquias "Os autarcas têm mais onde gastar dinheiro, distribuindo empregos por boys partidários ou repartindo benesses pelos mais diversos grupos de apaniguados. É claro que depois faltam recursos para aquela que deveria ser a primeira das missões municipais, a manutenção e conservação do espaço público." 21.02.2015 Dívida pública "A forma como o governo lida com a dívida pública está a destruir a economia. Ter o pagamento de empréstimos como primeira das prioridades apenas beneficia o sector financeiro. Em Portugal (ou na Grécia!), é certo que a dívida pública deve ser paga. Mas de forma justa e sustentada. O que significa honrar apenas os créditos contraídos com juros decentes e que geraram investimentos socialmente úteis. E com limites anuais bem definidos". 14.02.2015 Empresas e empresários "Beneficiam hoje de rendas nas parceiras públicoprivadas da saúde como acontece com o grupo Mello ou o Espírito Santo. Obtêm concessões em monopólio, como acontece com a Brisa, detentora das autoestradas de Porto a Lisboa. Já no antigo regime, obtinham licenças de favor ao abrigo dum modelo em que só os amigos do regime podiam criar empresas". 30.04.2012 "António Mota é decididamente o empresário do regime. Nos partidos do arco do poder, contrata políticos de todos os quadrantes." Paulo Morais por Paulo Morais "Sinto necessidade de intervir tendo em vista uma alteração deste paradigma. Às vezes sinto-me um pouco como um D. Quixote, mas apesar de tudo um D. Quixote que já derrubou alguns moinhos." 20.07.2008


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Portas volta a elogiar números das exportações portuguesas Governante reafirma que se estão a bater recordes.

O vice-primeiro-ministro Paulo Portas recomenda realismo sobre a evolução das exportações portuguesas. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística as exportações aumentaram 2,1% e as importações diminuíram 3,5% no período de três meses terminado em Fevereiro. Estes são números que dão confiança a Paulo Portas que critica os que no início do ano disseram que tinha acabado o ciclo de crescimento de exportações. “Quando houve um número menos bom em Janeiro alguns apressaram-se em Portugal a dizer: ‘Acabou o crescimento das exportações’. Eu recomendo um maior realismo e sobretudo confiança nas empresas porque nós vamos ter meses menos bons e meses melhores. Janeiro foi menos bom, Fevereiro foi francamente melhor. O que me interessa é a trajectória global e essa é positiva e isso é bom para Portugal e isso significa que somos mais competitivos”, disse. O governante acrescenta que “sobretudo implica reconhecer que as nossas empresas bateram um recorde de exportações em 2013, voltaram a bater um recorde de exportações em 2014 e em 2015 estão acima dos melhores números de sempre”.

Programa português de vistos “gold” é o melhor do mundo O país está à frente da Áustria, Estados Unidos, Suíça, Mónaco e Dubai quanto aos países com melhores condições para atrair estrangeiros com a finalidade de residência.

Foto: RR

O programa de autorização de residência para investimento, conhecido por "vistos gold", implementado em Portugal foi considerado o melhor do mundo. A avaliação é de uma das maiores multinacionais de consultoria em residência e atribuição de cidadania. Na análise dos diferentes programas, Portugal lidera a lista com 82 pontos num total de 100. Segundo o ranking "Global Residence and Citizenship Programs 2015", citado pelo “Diário Económico”, o país está à frente da Áustria, Estados Unidos, Suíça, Mónaco e Dubai. O ranking da Henley&Partners analisa factores como a reputação, a qualidade de vida, o ambiente fiscal, o acesso a vistos e o tempo e os requisitos para a aquisição de cidadania. No início de Março, o vice-primeiro-ministro Paulo Portas afirmou que os vistos “gold” representam mais investimento, casas e postos de trabalho. Desde que o programa arrancou, no final de 2012, atribuiu 2.290 vistos, a quase totalidade por via do investimento em imobiliário.


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Restauração cresce em 2014 depois de cinco anos de perdas Vendas voltam a crescer depois de um período de cinco anos em que perdeu 32% do negócio, segundo estudo. "Fast food" lidera recuperação. Por João Carlos Malta

A restauração portuguesa facturou 3.600 milhões de euros em 2014 e interrompeu um ciclo de perdas que se estendeu entre 2008 e 2013. No ano passado, o sector cresceu 1,1% em relação a 2013, ano em que se tinha verificado uma quebra de 6,3%. Ainda assim, este crescimento não anula o declínio que se começou a verificar desde 2008. Nos cinco anos que se seguiram a restauração perdeu 32% do seu valor "devido ao forte corte da despesa das famílias e das empresas portuguesas e à intensa concorrência em preços existente no sector". Estes dados estão presentes no estudo "Sectores Portugal - Restaurantes" publicado pela consultora Informa D&B. As previsões apontam para que o valor do mercado da restauração continue a aumentar a curto prazo, estimando-se para o final de 2015 que chegue aos 3.700 milhões de euros (2,8% acima do verificado em 2014). Segundo o comunicado da consultora, "o crescimento registado em 2014 põe termo a uma trajectória de cinco anos consecutivos de quebras". "Fast food" cresce quatro vezes mais do que o mercado O segmento de comida rápida apresenta o melhor comportamento. O estudo atribui esse desempenho à "competitividade no preço" e "às mudanças nos hábitos alimentares da população". No ano passado, as vendas deste tipo de estabelecimentos registaram um crescimento de 4,2%, situando-se nos 693 milhões de euros, face aos 665 milhões do exercício anterior. No total, este segmento vale 17,5% do mercado. As vendas das hamburguerias cresceram 5,7%, favorecidas pelo auge das hamburguerias ditas "gourmet". O bom comportamento estende-se aos restaurantes de comida rápida portuguesa e asiática. Oferta fragmentada A oferta do sector apresenta um alto grau de fragmentação, predominando os operadores independentes e de pequena dimensão. Contudo, segundo o estudo, verifica-se uma tendência de concentração empresarial, impulsionada pelo avanço das cadeias principais, tanto de comida rápida como de restauração informal, que aumentaram a sua participação no mercado nos últimos anos. Em 2013 operavam em Portugal 28.294 empresas gestoras de estabelecimentos de restauração, cerca de menos 3.000 do que as existentes em 2008. Estas empresas empregavam 113 mil trabalhadores em 2012, com uma média de quatro empregados por empresa. Os cinco principais operadores do sector por volume

de negócios detinham em 2014 uma quota de mercado conjunta de 9%, enquanto a dos dez principais se situava nos 12%. No mercado de comida rápida, a concentração é superior, detendo as suas cinco principais empresas uma participação de 43%.

Bolsas pagas, garante o Ministério da Educação Governo diz que foram realizados os pagamentos das bolsas respeitantes ao mês de Marco e todos os retroactivos. O Ministério da Educação e Ciência garante que já foram pagas todas as bolsas de estudo que eram devidas a cerca de dois mil estudantes. Segundo a edição online do “Público”, no final do ano passado houve atrasos na aprovação das candidaturas às bolsas por causa de um problema informático nos serviços da acção social pelo que as validações dos pedidos só foram feitas em Fevereiro. O Ministério da Educação esclarece agora que esta quinta-feira foram realizados os pagamentos das bolsas respeitantes ao mês de Marco e todos os retroactivos de bolsa que eram devidos. Segundo o “Público”, até ao final de Março, tinham sido aprovadas mais de 56 mil bolsas de estudo para alunos das instituições públicas, ultrapassando já o total de apoios atribuídos em todo o ano lectivo anterior.


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Depois da energia, um leilão para poupar no supermercado

Lesados do BES. Passos Coelho pede “diligência” ao regulador

Iniciativa lançada pela Deco. Quanto mais consumidores se inscreverem, maior o interesse por parte das cadeias e o desconto a alcançar, diz a associação.

O primeiro-ministro mostrou compreensão pelas dificuldades que passam muito dos pequenos investidores.

Foto: Mário Cruz/ Lusa Foto: DR

A Deco vai fazer um leilão para ajudar os consumidores a poupar nas compras do supermercado durante um ano. O objectivo é alcançar um desconto num cabaz com cerca de 35 produtos essenciais, como o leite ou a fruta. Ajudar as famílias portuguesas, "neste momento de crise", a recuperar o poder de compra que tinham há alguns anos é o objectivo da Associação Portuguesa para Defesa do Consumidor. "Com este leilão, a Deco vai convidar os principais operadores a colaborarem para se obter um desconto significativo para os consumidores no acesso a 35 categorias de produtos essenciais. Ou seja, aqueles que são comprados com mais frequência", explica à Renascença Miguel Laje, da Deco. As cadeias de supermercados vão fazer as suas melhores propostas de preços, durante um ano, e os consumidores escolhem. A iniciativa é semelhante à que foi feita pela Deco para a energia. A associação garante que a pessoa terá total liberdade de comprar a marca que entender na cadeia vencedora. Para isso, basta registar-se até 31 de Maio na plataforma "Poupe no Cabaz". O leilão está marcado para dia 2 de Junho. A associação apela à participação de todos: quanto mais consumidores se inscreverem, maior o interesse por parte das cadeias e o desconto a alcançar. Os produtos alimentares representam a terceira maior despesa dos agregados familiares.

O primeiro-ministro defendeu esta quinta-feira que compete aos reguladores tomar decisões sobre as pessoas que se dizem lesadas pelo Banco Espírito Santo (BES) e afirmou esperar que actuem com diligência para clarificar a sua situação. Em resposta aos jornalistas, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, Pedro Passos Coelho considerou que esta "é uma matéria sensível, que compete ser dirimida pelos reguladores, não é pelo Governo", defendendo em seguida que "é preciso distinguir aquilo que pode ter representado consequência de fraude ou de logro" daquilo que, "sendo legal, comporta riscos que as pessoas aceitaram correr na altura". O primeiro-ministro, que falava à margem de uma conferência sobre investimento em Portugal, acrescentou que "é preciso que os próprios reguladores possam, como lhes compete, fazer essa destrinça", concluindo: "Nós sabemos que a situação é complicada para muitos pequenos investidores. E, nessa medida, a diligência com que as entidades reguladoras possam actuar de forma a clarificar a situação é benéfica para toda a gente". Questionado sobre os protestos das pessoas que se dizem lesadas pelo BES, Passos Coelho respondeu: "Não vou fazer comentários sobre isso, porque acho que há uma intenção objectiva - legítima, com certeza - por parte das pessoas que se sentem lesadas em chamar a atenção para esse problema. Mas francamente não me compete a mim agora estar a fazer comentários sobre isso". Remetendo esta matéria para a competência dos reguladores, o chefe do executivo PSD/CDS-PP começou por referir que "o Governo abstém-se de intervir muito nesse debate" precisamente "porque não lhe compete enquanto Governo estar a tomar medidas ou a tomar decisões sobre essas matérias".


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"O que nós podemos dizer é que é preciso distinguir aquilo que pode ter representado consequência ou de fraude ou de logro em que as pessoas tenham sido induzidas daquilo que foram aplicações que as pessoas fizeram, nomeadamente através dos balcões de um banco, em papel comercial, em obrigações de outras entidades, de outras empresas", prosseguiu. "São coisas diferentes, que é preciso que os próprios reguladores possam, como lhes compete, fazer essa destrinça: saber o que é que resulta simplesmente de comportamentos que não são legais daquilo que, sendo legal, comporta riscos que as pessoas aceitaram correr na altura em que fizeram as suas escolhas", reforçou. A 3 de Agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

Júri que vai decidir quem fica com Casa do Douro acusado de parcialidade Associação da Lavoura Duriense admite a possibilidade de estarmos perante um caso de polícia. Por Henrique Cunha

A Associação da Lavoura Duriense acusa de parcialidade o júri que vai decidir quem vai ficar com a Casa do Douro. Em Janeiro foi lançado o concurso que vai seleccionar a associação de direito privado que vai suceder à associação pública Casa do Douro. O resultado do concurso já deveria ter sido divulgado, mas questões burocráticas e processuais impediram até agora o anúncio do vencedor. Em conferência de imprensa, a Associação da Lavoura Duriense acusa o júri e o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque, de estarem a tentar entregar a Casa do Douro à Federação Renovação Douro, com fortes ligações à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). "José Diogo Albuquerque esteve em Bruxelas a representar a CAP, pertence à CAP e vai voltar para lá. O assessor do senhor engenheiro Albuquerque é o engenheiro [Francisco Toscano] Rico. E daí eu dizer que há aqui promiscuidade e parcialidade. Porque é que o júri é constituído no IVV [Instituto do Vinho e da Vinha], em Lisboa? Porque o senhor engenheiro Rico transitou da Secretaria de Estado da Agricultura para o IVV e, pasme-se, leva consigo o processo Casa do Douro", criticou Ferreira. Na conferência de imprensa, Alexandre Ferreira admitiu a possibilidade de estarmos perante um caso

de polícia e acusou o secretário de Estado de estar a promover um concurso à medida dos interesses da CAP. "Nem sequer nós, na Casa do Douro, pensávamos que isto ia a concurso e já havia reuniões da CAP com o senhor secretário de Estado em que a ordem de trabalhos era discussão do problema da Casa do Douro e do futuro da Casa do Douro", disse. "A Casa do Douro anda a ser vendida, ou oferecida, há mais de um ano. Todo este processo de concurso é uma farsa. O processo foi um facto à medida. O processo foi feito para não aparecer ninguém a concurso", criticou.

Governo corta em dois mil milhões encargos com seis concessões O secretário de Estado das Finanças a de "uma redução de rendas sem precedentes". O Governo aprovou esta quinta-feira os novos contratos de seis concessões rodoviárias, que representam uma poupança para o erário público de cerca de dois mil milhões de euros. Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, o secretário de Estado das Finanças, Manuel Rodrigues, explicou que "estes seis contratos reduzem os encargos em cerca de dois mil milhões de euros durante a vida útil dos contratos", que passam de 11.400 milhões de euros para menos de 9.500 milhões de euros. "Estamos a falar de uma redução de rendas excessivas sem precedentes na nossa história", considerou o governante, adiantando que grande parte da poupança resulta da redução da rendibilidade média que "chegava praticamente a 13% para um nível de cerca de 8%". De acordo com o secretário de Estado, os outros processos de renegociação de contratos "estão em fase de conclusão", permitindo alcançar uma poupança total de 7,2 mil milhões de euros durante a vida dos projectos. O secretário de Estado das Infra-estruturas, Sérgio Monteiro, considerou o processo de renegociação levado a cabo pelo actual Governo "um processo único a nível europeu", que inspirou "vários países", realçando que "nenhum conseguiu chegar onde" Portugal chegou. Sérgio Monteiro destacou que a renegociação das cinco concessões da Ascendi - Norte, Grande Lisboa, Costa da Prata, Grande Porto, Beira Litoral e Beira Alta e da concessão do Interior Norte mereceu "o acordo de todas as partes" e envolveu "mais de 60 entidades bancárias, 22 pessoas por parte do Estado e mais de 150 reuniões". O responsável referiu que "parte das poupanças foram já conseguidas nos exercícios orçamentais de 2013 e 2014", porque desde o acordo com as concessionárias


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[antes do acordo com a banca] os encargos passaram a ser os renegociados. Assim, a redução dos encargos com Parcerias Público Privadas (PPP) é "superior a 500 milhões de euros" face ao valor herdado do anterior executivo. "Este processo é particularmente difícil, porque estava em causa contratos com muitos anos e também práticas com muitos anos", referiu. Os processos serão remetidos para o Tribunal de Contas para obtenção de visto prévio. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

Impunidade nas PPP As parcerias realizadas até há pouco tempo baseavam-se em contratos leoninos, que o contribuinte português pagaria mais tarde com língua de palmo. Mas até agora não há culpados.

Suspeito da morte do filho em Linda-aVelha ainda não sabe medidas de coacção O interrogatório irá prosseguir esta sextafeira a partir das 9h00. Ainda não foi esta quinta-feira que o homem suspeito da morte do próprio filho conheceu as medidas de coacção a que ficará sujeito. O interrogatório irá prosseguir esta sexta-feira a partir das 9h00. O homem, com cerca de 30 anos, passou a tarde no Tribunal de Cascais, onde foi ouvido por um juiz de instrução que decidiu, entretanto, pouco depois das 18 horas, suspender o interrogatório. O homem é o pai da criança que morreu em Linda-aVelha e, de acordo com a versão da PSP, terá confessado o crime logo que foi abordado pela polícia à porta de casa. GRAÇA FRANCO

Ilusões que saem caro Por Francisco Sarsfield Cabral

Se as previsões do ministro da Economia se confirmarem, a revisão já concluída de seis contratos de PPP (parcerias público-privadas) e de mais oito ainda neste ano, representará uma poupança para o Estado superior a 7.200 milhões de euros, 4,2% do PIB. É um número apreciável, porventura até inesperadamente bom. Ainda que falte fechar a negociação com cinco concessionárias e existam vários litígios pendentes, o que poderá implicar despesa pública. Muitas das PPP agora em causa foram contratadas sem salvaguardar minimamente os interesses do Estado, para o qual ficavam os riscos, e beneficiando o concessionário privado, com lucros garantidos ou quase. Eram contratos leoninos, que o contribuinte português pagaria mais tarde com língua de palmo. Onde estão os responsáveis por esses contratos leoninos? Como Francisco Ferreira da Silva dizia ontem no “Diário Económico”, as PPP têm custos excessivos mas ninguém é culpado. Nem juridicamente nem politicamente, acrescento eu. É uma inaceitável falta de respeito pelos cidadãos contribuintes.

Dizem os "analistas" que Portugal será o próximo país a conseguir esta benesse, com os credores teoricamente dispostos a "pagar" para nos emprestarem dinheiro em prazos até seis meses. São finalmente boas notícias? Não. São péssimas.

Por Graça Franco

A Espanha conseguiu endividar-se esta semana a taxas negativas, ainda que em prazos muito curtos. Dizem os "analistas" que Portugal será o próximo país a conseguir esta benesse, com os credores teoricamente dispostos a "pagar" para nos emprestarem dinheiro em prazos até seis meses. São finalmente boas notícias? Não. São péssimas. Em economia pior do que as desilusões são as ilusões. As primeiras pagam-se caro porque destroem a


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confiança, mas as últimas pagam-se caríssimas porque nos impedem de corrigir os erros enquanto ainda vamos a tempo. Faz algum sentido emprestar a juros negativos? Não. Mas se estivermos a falar da Alemanha e fizermos um esforço para compreender alguns absurdos do chamado funcionamento dos mercados poderemos até entender que isso possa excepcionalmente acontecer. A economia alemã é suficientemente sólida para poder funcionar como uma espécie de refúgio seguro, em períodos de excesso de liquidez, em que as alternativas de aplicação escasseiam. Sobretudo os grandes fundos continuam a precisar de aplicar excedentes e diversificar aplicações. Além disso, embora as taxas sejam formalmente negativas, os títulos podem ser sempre negociados com mais-valias no curtíssimo prazo, antes mesmo de chegado data da amortização ou seja em rigor os investidores só teoricamente "pagam" para emprestar. E em países como Espanha, como já aconteceu esta semana, fará ainda algum sentido? Nenhum, porque a economia está a braços com desequilíbrios estruturais graves e o risco associado à respectiva divida, ainda é muito grande. E em Portugal? Aqui faz ainda menos sentido. Um país com 130% do PIB de dívida e défice acima de 4%, com rating de "lixo", não pode obviamente equiparar-se em termos de juros a países como a Alemanha ou os Estados Unidos. Então porque é que os mercados estão dispostos a darnos essa "benesse" imerecida? Simplesmente porque estão já em plena bolha especulativa. Ou seja, porque se estão a movimentar pela lógica especulativa do muitíssimo curto prazo, caracterizada por "investimentos" que deixam de estar sujeitos a uma lógica racional de avaliação de risco. Esta bolha só nos parece um bocadinho menos grave do que a espiral de juros anterior, que nos colocou em poucas semanas à beira da bancarrota, porque desta vez os juros afundam em vez de subir. E é forçoso que a onda se inverta? É. Só não se sabe exactamente quando. O estrondo só não será grande se os reguladores (com destaque para o Banco Central Europeu, grandes bancos centrais e Reserva Federal) tiverem capacidade para ir agindo, desde já, de forma "preventiva" permitindo que a retoma dos juros se faça de forma controlada e gradual até estabilizar a níveis desejavelmente baixos mas razoáveis. Ou seja, a bolha não tem que estoirar com estrondo, sobretudo se os conselhos do FMI no seu relatório de quarta-feira quanto à necessidade de "supervisão acrescida" sobre os grandes fundos de investimento a operar nos mercados globais forem devidamente tidos em conta. Vale a pena atentar no recado do Fundo, como também vale a pena reler o seu texto em matéria de doutrina sobre como utilizar a política orçamental para atenuar os custos da recessão económica. Para países como os da zona euro, em que não há possibilidade de usar uma política monetária própria, o recurso à política orçamental torna-se ainda mais decisiva e o Fundo é claro ao reafirmar ser importante deixar funcionar os chamados estabilizadores automáticos (receita fiscal e gastos associados às prestações sociais

designadamente prestações de desemprego) como forma de atenuar os custos da recessão. Há alguma ironia em ver a assinatura de Vítor Gaspar por baixo desta recomendação, quando Portugal foi um bom exemplo de bloqueio político à acção destes estabilizadores. Não só a queda da receita fiscal acabou travada por efeito do brutal aumento de impostos como níveis de desemprego recorde coexistiram com enormes "poupanças" resultantes de cortes nas prestações sociais correspondentes. Valha a verdade que a carta de demissão do ministro mostrava já em Julho de 2013 que estava consciente da necessidade de se entrar " numa nova fase do ajustamento", que já aí designava como "fase do investimento". Pena que ninguém lhe tenha dado ouvidos e se tenha deixado o investimento cair a pique ainda mais (mais de 30% em pouco mais de dois anos) de forma a limitar hoje o nosso produto potencial, isto é, a nossa capacidade de retomar o crescimento.

Problemas na família Le Pen Marine garante que se irá opor a uma candidatura do Jean-Marie nas próximas presidenciais. Na origem do conflito entre filha e pai estão propostas anti-semitas que este fez e que a Marine classificou como "provocações". A líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, está em guerra aberta com o seu pai, e Jean-Marie Le Pen. O pai, fundador da Frente Nacional e presidente honorário do partido, acusa a filha - a líder do movimento de extrema direita, que lhe sucedeu - de estar em vias de dinamitar a sua própria formação. A troca de palavras azedas começou há quatro dias, quando algumas propostas anti-semitas de Jean-Marie foram classificadas por Marine como "provocações" do seu pai e "suicídio político". A filha garante que se irá opor a uma candidatura do pai nas próximas presidenciais e o fundador do partido reagiu na mesma moeda, afirmando que Marine está "a dar um tiro no pé.

Grécia devolve 450 milhões de euros ao FMI Prazo terminado, conta paga. Atenas volta a ter que devolver dinheiro ao FMI em Maio: 746 milhões de euros. A Grécia já pagou ao Fundo Monetário Internacional (FMI) os 450 milhões de euros, que tinha de entregar até esta quinta-feira. A notícia é avançada por fonte oficial do Ministério das Finanças grego à agência


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Bloomberg. Estava previsto o pagamento de 450 milhões de euros ao FMI. A próxima tranche é de 746 milhões de euros e terá de ser paga até 12 de Maio. Atenas tem estado em negociações com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Mecanismo Europeu de Estabilidade e garante ter verbas nos cofres públicos para pagar as despesas de Abril, que incluíam este reembolso. A nova lista com reformas fiscais, administrativas e de políticas do Governo de Atenas visa levar o Estado a aceder a financiamento no curto prazo que permita fazer face às obrigações imediatas, assim como criar as condições para que o BCE autorize novamente que os bancos gregos usem dívida grega como garantia no acesso a financiamento. O executivo grego prevê que este novo pacote vá permitir aumentar receitas em 6,1 mil milhões de euros, contra os cerca de três mil milhões de euros previstos no documento anterior, mas também inclui despesas adicionais de 1,1 mil milhões. É ainda estimado terminar o ano com um excedente orçamental primário (sem juros da dívida) que pode atingir 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB), acima da meta de 3% inscrita no programa de resgate.

Tiroteio no tribunal em Milão faz quatro mortos Ministro da Administração Interna italiano revela que o suspeito já foi detido. Um homem disparou dentro do Palácio da Justiça em Milão, Itália, matando três pessoas. Há registo de uma quarta vítima mortal, mas, ao que refere a imprensa intaliana, trata-se de um indíviduo que sofreu um ataque cardíaco. Segundo a agência de notícias italiana ANSA, entre as vítimas baleadas estão um juiz e um advogado. Há ainda a indicação de um ferido grave, de acordo com a agência Reuters. No twitter, o ministro da Administração Interna italiano, Angelino Alfano, diz que o suspeito já foi detido. O homem ainda conseguiu pôr-se em fuga, mas foi detido já nos subúrbios da cidade. A imprensa italiana identifica o atirador como Claudio Giardiello, que estava no local para responder num processo onde era acusado de falência fraudulenta. "De repente ouvimos três ou quatro tiros", disse um advogado à agência France Presse. "Tentámos perceber o que estava a acontecer. De repente havia imensos agentes da polícia que nos disseram para não abandonarmos a sala, fecharam-nos lá", acrescentou Marcello Ilia. "Passados alguns minutos, saímos. Disseram-nos que alguém, de fato e gravata, estava armado dentro do edifício", acrescentou. [notícia actualizada às 14h39]

Amnistia denuncia execuções sumárias de soldados na Ucrânia "As torturas e a morte de soldados capturados, entregues ou feridos são crimes de guerra", lembra a organização, que pede investigação rápida e imparcial às denúncias.

Foto: Andrei Leble/EPA

A Amnistia Internacional (AI) denuncia alegadas execuções sumárias de soldados ucranianos por parte de grupos pró-russos no leste do país, pedindo uma acção "urgente" para responder à crise humana. "A nova evidência destas mortes sumárias confirma o que suspeitávamos há algum tempo. A questão agora é: ‘O que é que os líderes separatistas farão a esse respeito’", disse o subdirector da AI para a Europa e Ásia Central, Denis Krivosheev. Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, há provas de que quatro soldados morreram após serem capturados. "As torturas e a morte de soldados capturados, entregues ou feridos são crimes de guerra. Estas denúncias devem ser imediatamente investigadas, a fundo e de forma imparcial, e os seus responsáveis alvo de julgamentos justos por parte das autoridades reconhecidas", sublinhou. A AI afirma existirem imagens que mostram o soldado ucraniano Ihor Branovytsky, que defendia o aeroporto de Donetsk, na altura em que foi capturado e interrogado, retido até à sua morte, a qual foi provocada, segundo testemunhas, por um disparo de um comandante separatista. A organização também diz ter visualizado vídeos que mostram os corpos de pelo menos outros três militares das forças armadas ucranianas que, aparentemente, foram executados. "As execuções sumárias são pura e simplesmente crimes de guerra. Os líderes da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, devem enviar aos seus membros a clara mensagem de que os que lutam a seu lado e em seu nome devem respeitar as leis da guerra", frisou Krivosheev. Desde Fevereiro último está em vigor um cessar-fogo


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no leste da Ucrânia. A AI apresentou estas denúncias num comunicado, depois de um comandante separatistas ter dito ao jornal ucraniano Kyiv Post, na passada segunda-feira, que matou 15 soldados das Forças Armadas ucranianos.

Voos entre EUA e Cuba a partir de Julho Ligação entre Orlando e Havana começa a 8 de Julho. Custo por passageiro: 400 euros. Os voos directos entre Orlando, nos Estados Unidos, e Havana, em Cuba, vão começar a 8 de Julho. O anúncio desta iniciativa surgiu no dia em que o gabinete de Turismo de Orlando confirma um recorde de 62 milhões de visitas à região em 2014. A cidade mantém o primeiro lugar no ranking dos destinos turísticos dos Estados Unidos. “Os visitantes de Orlando vêm à terra da aventura quando chegam à Disney World. Para eles, visitarem um país misterioso onde nunca estiveram também pode ser uma aventura”, disse Bill Hauf, presidente da empresa que vai avançar com os voos charter. Os voos vão demorar cerca de 90 minutos, num Boeing 737-300, todas as quartas-feiras. Os bilhetes devem rondar os 400 euros. Outras companhias aéreas estão a estudar a possibilidade de abrir linhas entre os dois países depois dos avanços diplomáticos patrocinados por Barack Obama.

ONU teme massacre em campo de refugiados Campo de Yarmouk está a ser alvo de ataques por parte dos terroristas do Estado Islâmico. Exército sírio quer recuperá-lo. O secretário-geral da ONU apela para que se evite um "massacre" no campo de Yarmouk, em Damasco, após os palestinianos terem anunciado uma operação conjunta com o exército sírio para desalojar os terroristas do autoproclamado Estado Islâmico (EI). "Chegou o momento de conduzir uma acção concreta para salvar vidas", declarou Ban Ki-moon aos jornalistas em Nova Iorque, enquanto dezenas de milhares de civis estão encurralados pelos combates que decorrem neste campo de refugiados, controlado desde o início de Abril pelos jihadistas do EI. Yarmouk "começa a assemelhar-se a um campo da morte", disse, ao evocar o "último ciclo do inferno". "Não podemos ficar inactivos e permitir que decorra um massacre. O que se passa é inaceitável", assinalou,

antes de sublinhar que os habitantes do campo "incluindo 3.500 crianças, estão transformados em escudos humanos". "Agora ouvimos falar de um assalto massivo contra o campo e os civis que aí se encontram, seria um novo crime de guerra ainda mais escandaloso", disse, considerando que se trata de "um teste decisivo para a comunidade internacional". Desde o final de 2012 que este campo, um grande bairro do sul de Damasco, é palco de combates entre as forças do regime de Bashar al-Assad e rebeldes sírios, e são apoiados por grupos palestinianos rivais. No entanto, após o assalto do EI, a maioria das facções palestinianas optou por combater o movimento jihadista, enquanto a força aérea de Damasco tem vindo a bombardear as suas posições.

Há menos voluntários para missões humanitárias devido à "barbaridade" dos terroristas "O que está a coarctar a nossa intervenção são exactamente os conflitos ditos atípicos com entidades completamente fora do controlo", diz Fernando Nobre, defendendo "novas estratégias" para ultrapassar o problema. O presidente da Assistência Médica Internacional (AMI) admite que "os actos de barbaridade" praticados por grupos armados como o autodenominado Estado Islâmico estão a condicionar os voluntários que desejam trabalhar em missões humanitárias. Fernando Nobre falava à agência Lusa a propósito do anúncio, quarta-feira, da Organização Mundial da Saúde (OMS) da criação de um novo organismo que irá integrar equipas médicas devidamente qualificadas em todo o mundo prontas para intervir em caso de emergências graves, tais como epidemias, terramotos e tsunamis. O responsável da AMI considera que "só há uma maneira de intervir para que as agências humanitárias possam fazer o seu trabalho de forma eficaz, coerente e com equidade junto das populações: é que seja imposto um ciclo de segurança", o que pressupõe a "adopção de novas estratégias" para permitir que as mesmas operem em zonas de conflito. "Hoje, para uma agência humanitária como a AMI entrar pela Síria adentro para tentar actuar em território sob controlo do (grupo) Estado Islâmico é ser puramente suicidário, já não é ser temerário", afirmou o médico, assinalando que actualmente "a questão da segurança dos agentes humanitários está no primeiro


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nível das prioridades para todas as instituições". Há entidades fora de controlo "O que tolhe completamente a nossa intervenção não são as epidemias e a questão dos desastres ligados às alterações climáticas que vai acontecendo cada vez mais frequentemente e com maior violência. O que está a coarctar a nossa intervenção são exactamente os conflitos ditos atípicos com entidades completamente fora do controlo", situações que, de resto, "só podem ser ultrapassadas com o controlo destes grupos", acrescentou. De acordo com o presidente da AMI, "os movimentos humanitários estão totalmente impedidos de intervir porque, ao interceder em países como o Quénia, Somália, no Mali, onde os próprios grupos humanitários são alvos preferenciais, já não é ser temerário, é ser puramente louco". "Essas instituições são vistas como parte integrante de um mundo que esses movimentos de pura barbaridade e sem o mínimo respeito pela vida humana, não aceitam", por isso, "é suicidário tentar actuar lá, porque vão ser imediatamente mortos a tiro ou degolados", diz. "É preciso que nestas situações a comunidade internacional, sob mandato das Nações Unidas, tenha coragem, vontade, determinação e ousadia para pôr termo a estas situações, para que não aconteça o mesmo que se passou há 20 anos no Ruanda", onde houve um genocídio, em 1994, alerta. Somos parte de uma sociedade que odeiam Questionado se a actuação de grupos armados de cariz religioso, e não só, como o Estado Islâmico, no Médio Oriente, bem como o Boko Haram e al-Shabab em África, está a retrair os voluntários para as agências humanitárias, Fernando Nobre responde: "absolutamente, sim". "Está a retrair. Ninguém avança para uma intervenção se sabe que tem 100% de hipóteses de ser degolado, só sendo mesmo louco." De acordo com o assistente humanitário, actualmente há zonas em que as intervenções directas das agências são "complementadas vedadas", por isso, a sua intervenção deve ser feita clandestinamente, por intermédio de instituições locais, como, de resto, já aconteceu no passado. "Eu sou daqueles que na minha vida humanitária já entrou clandestinamente para desenvolver missões humanitárias - no Chade, em 1981, em Beirute (1982), no fim da guerra do Irão-Iraque (1981), mas nós não éramos procurados para sermos assassinados. Hoje, somos alvo preferenciais para sermos capturados e executados, e ai há que ter a máxima prudência, evidentemente", conclui Fernando Nobre.

"O Homem continua a ser capaz de programar sistematicamente a aniquilação do irmão" Nos 100 anos do genocídio arménio, Francisco pede "gestos concretos de reconciliação e paz entre as nações que ainda não conseguiram um consenso razoável sobre a leitura de tão tristes acontecimentos".

Foto: Domínio público Por Aura Miguel

Há um século, mais de um milhão de arménios cristãos foram massacrados pelo governo turco. Nas vésperas de celebrar uma missa no Vaticano para assinalar o centenário do genocídio arménio, o Papa Francisco apela a gestos concretos de reconciliação entre a Arménia e a Turquia. Esta quinta-feira, numa audiência a uma delegação armeno-católica, pediu "gestos concretos de reconciliação e paz entre as nações que ainda não conseguiram um consenso razoável sobre a leitura de tão tristes acontecimentos". A brutalidade dos massacres, levados a cabo durante o império otomano, a utilização de marchas forçadas com deportações e a eliminação sistemática dos arménios pelo governo turco de então assume contornos de genocídio. Mas o uso da palavra "genocídio" é negado pelo governo turco que, apesar da existência de provas documentais da época, rejeita ter havido uma estratégia de massacre. "O Homem continua a ser capaz de programar sistematicamente a aniquilação do irmão", lamentou o Papa. Acrescentou que o martírio e a perseguição uniram os cristãos arménios "num ecumenismo de sangue". Francisco foi convidado pelo Presidente da República da Arménia para visitar o país.


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Padre Duarte da Cunha escreve “Só o Amor gera Vida” Obra surge no mesmo ano em que se realiza o Sínodo da Família, agendado para Outubro. “Só o amor gera vida” é o título de um livro do padre Duarte da Cunha, que vai ser lançado publicamente esta quinta-feira por D. Nuno Brás, bispo auxiliar de Lisboa. A obra aborda o tema do amor humano e da família, no actual contexto social. “O Sínodo da Família vem aí o que me levou a perceber que, de facto, há aqui uma noção cristã do amor que é fundamental voltar a falar-se nela e aprofundar”, disse o autor, em declarações à Renascença. Na obra, o padre Duarte da Cunha recorda também as intervenções públicas do Papa João Paulo II sobre o tema. “Percebe-se na sua maneira de falar do amor, na teologia do corpo, que há, por um lado, uma noção de pessoa humana. Ele [João Paulo II] achava que era fundamental, para se perceber bem o que é o amor, perceber bem o que é pessoa humana. Mas depois explicava que, para falar da pessoa humana, precisamos de falar de Deus e da revelação em Jesus Cristo”, acrescentou. O lançamento do livro está agendado para esta quintafeira, às 21h00, no Colégio de São Tomás, em Lisboa.

“Carlos do Carmo: Um homem no mundo” nas salas de cinema Realizador Ivan Dias fala de "um filme de afectos, de amizades, um filme de amor". O documentário "Carlos do Carmo: Um homem no mundo", realizado por Ivan Dias, que passa em revista 50 anos de carreia do criador de "Canoas do Tejo", estreia-se esta quinta-feira nas salas de cinema. O documentário estreia-se em quatro salas: Lisboa, no centro comercial Amoreiras, no Porto, no centro comercial Dolce Vita, em Coimbra, também num Dolce Vita, e em Almada, no Almada Fórum. "O Ivan quis oferecer-me este filme. Há ano e meio ele disse-me: 'Vou fazer o filme da sua vida'. Andou atrás de mim, foi a Toronto, a Madrid, ao Brasil, e foi filmando, filmando e fazendo uma retrospectiva, e fez este documentário que é muito cheio de afectividade o que ele tem sobretudo é afectividade", disse à agência Lusa o fadista em Dezembro último, e lembrou que o realizador "andou a bater de porta em porta", para conseguir os necessários apoios financeiros. Ivan Dias reforçou a ideia de Carlos Carmo e afirmou

que este "é um filme de afectos, de amizades, um filme de amor". "Neste filme, e só para os amigos, Carlos do Carmo revela-se, o que me permitiu, como realizador, poder mostrar este mundo que ele não pôde mostrar ao grande público, e só mostrava aos amigos", disse. Entre as descobertas deste filme, há uma gravação de "Carlos do Carmo aos 11 anos a cantar, com uma voz de cana rachada, baiões de Luiz Gonzaga, mas já com toda a 'artistice', e depois percebemos como esse rapaz vai estudar para a Suíça, volta para Portugal, o pai morre, ele fica com a gestão da casa de fados [o Faia] nas mãos - casa que tinha a grande Lucília do Carmo à frente -, e é uma sucessão de coisas que lhe aconteceram, que, de certeza, ele não teria pensado, nem os pais tinham pensado para a vida dele. Ele é levado quase pelo ADN para cantar o fado", contou o cineasta. Embaixador da candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, Carlos do Carmo realçou à Lusa a importância deste tipo de documentários, que não foi possível fazer no passado. "É indispensável, para a memória do futuro, para as pessoas saberem quem nós éramos, ao que andávamos, como era o nosso feitio, e depois têm os discos para ouvir", rematou. A estreia do documentário esteve prevista para o dia de Natal do ano passado, mas foi adiada por "questões levantadas pela Sociedade Portuguesa de Autores sobre direitos autorais", disse na ocasião à Lusa o representante da distribuidora cinematográfica NOS, Saul Rafael.

Todas (mas mesmo todas) as portas abertas para festejar dez anos de Casa da Música Quatro dias, entre esta quinta-feira e domingo, para celebrar uma década de vida. Há ensaios abertos ao público e visitas guiadas gratuitas, além da programação especial "quase 'non-stop'". Por Cristina Branco (texto) e Marília Freitas (vídeo)

A Casa da Música abre, a partir desta quinta-feira, as portas aos visitantes para assinalar o seu décimo aniversário. São mesmo todas as portas, incluindo as das salas onde decorrem ensaios para concertos, e a entrada é gratuita. O aniversário assinala-se na quarta-feira da próxima semana, 15 de Abril, mas a celebração é antecipada entre esta quinta-feira e domingo, com o mote "Venham +10". Para a festa, foram definidos quatro dias de programas especiais. "Há um pouco de tudo para ver o que é feito na Casa da Música", diz à Renascença o director da


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Fundação Casa da Música, Paulo Sarmento e Cunha. "Vamos ter a Orquestra Sinfónica, com um magnífico concerto, na sexta-feira à noite, vamos ter a participação do Coro e da Orquestra Barroca, vamos ter a Banda Sinfónica Portuguesa e a Orquestra Jazz a actuar no domingo", enumera. "É um quase 'non stop'", sublinha Sarmento e Cunha. Numa década, a Casa da Música cresceu, mas foi também obrigada a cortar nos concertos. A programação de hoje não é a mesma, reconhece o director-geral, sublinhando, contudo, que é feito um esforço para que o público não note o efeito dos cortes de 30% no orçamento: "Claro que a Casa da Música de há dez anos não é a de hoje, devido à alteração de contexto. Houve ajustamentos na programação, mas fizemo-lo de forma a prejudicar ao mínimo a percepção [dos cortes] pelo público".

Carros e carrinhos todos antigos para ver e comprar Exposição aberta na FIL até domingo.

Projecto da Porto Capital Europeia da Cultura 2001, o edifício da Casa da Música, desenhado pelo arquitecto holandês Rem Koolhaas, abriu portas em 2005.

Projecto SALTA em exposição no Porto A vida de 17 sem-abrigo contada numa exposição para ver na estação do metro dos Aliados. O projecto SALTA junta 17 sem-abrigo da cidade do Porto que participaram numa iniciativa que levou a uma exposição diferente. A mostra pode ser vista a partir desta sexta-feira, na estação dos Aliados, no Porto. A exposição conta, através de sapatos velhos, histórias de vida, após quatro meses em que aprenderem a reintegrar-se. O projecto SALTA aposta nisso: tirá-los da rua e dar-lhes valor e visibilidade.

Por José Carlos Silva

Abre esta sexta-feira, na FIL no Parque das Nações em Lisboa, o Salão Internacional de Automóveis e Motociclos Clássicos. É a oportunidade para, até domingo, ver e eventualmente comprar exemplares motorizados que sobreviveram ao passar dos tempos. Há carros e motos para todos os gostos e preços. Se não tiver dinheiro para comprar um grande, pode sempre optar por um carrinho de brincar.

18 cidades, 18 encontros com escritores Um festival literário vai percorrer o país, incluindo Açores e Madeira a partir de 25 de Abril.

Valter Hugo Mãe. Foto: DR Por Maria João Costa

"O fim de uma viagem é apenas o começo de outra". A frase é do Nobel José Saramago e serve de mote para o projecto "Viagem Literária" apresentada pela Porto Editora. A partir de 25 de Abril, 18 cidades, 16 delas


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capitais de distrito, serão palco do encontro entre escritores. A iniciativa, que pretende "estimular e consolidar hábitos de leitura", tem a sua primeira edição a 25 de Abril, juntando no Teatro Municipal de Bragança o escritor chileno Luis Sepúlveda e o português Valter Hugo Mãe. Segue-se Vila Real, a 22 de Maio, com os escritores Laurentino Gomes e Richard Zimler. De fora desta rota literária ficam as duas maiores cidades do país, Lisboa e Porto. As sessões de 90 minutos que se realizarão a cada mês, até 2016, vão levar esta "Viagem Literária" até Ponta Delgada, nos Açores e Funchal, na Madeira. "Durante vários anos assistimos ao incremento da edificação de equipamentos culturais no nosso território e temos magníficas infra-estruturas em todo o país. Magníficos auditórios e bibliotecas. Portanto, a parte de infra-estruturas está garantida", diz Rui Couceiro, responsável de comunicação da Porto Editora. Neste "festival literário por capítulos", como lhe chama Rui Couceiro, vai também ser feito um trabalho de promoção junto das escolas e mobilização de alunos. As conversas entre escritores, que serão moderadas pelo jornalista João Paulo Sacadura, irão contar com nomes como Francisco José Viegas, José Eduardo Agualusa, José Rentes de Carvalho, a espanhola Rosa Montero ou Gonçalo M. Tavares - tudo nomes incluídos no catálogo da Porto Editora. Com uma imagem desenhada pela ilustradora portuguesa Ana Aragão, o projecto "Viagem Literária" vai terminar em Viana do Castelo 18 meses depois de arrancar.

Prémio Fernando Távora para André Tavares Vencedor foi encontrado por unanimidade. A proposta vencedora chama-se “Ruínas, ou do Livro de Arquitectura”. O arquitecto André Tavares é o vencedor da 10ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta "Ruínas, ou do Livro de Arquitectura", considerada de "profunda originalidade" pelo júri do galardão, foi anunciado, em Matosinhos. O anúncio do vencedor foi feito durante uma sessão que decorreu no salão nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, uma das entidades patrocinadoras do galardão, em conjunto com a Casa da Arquitectura (ACA), e organizado pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN). Para a concretização da proposta Ruínas, ou do Livro de Arquitectura, que obteve a unanimidade do júri, André Tavares irá receber uma bolsa de viagem no valor de seis mil euros. Para o júri, a proposta vencedora distingue-se "por uma profunda originalidade: percurso por edifícios e edições originais de livros em Roma, Vicenza, Paris e Londres, a fim de, através da história do livro de

arquitectura, sintetizar a cultura arquitectónica europeia". O roteiro da viagem de André Tavares, que decorrerá entre 7 de Julho e 4 de Agosto, passará pelas narrativas dos livros e construções arquitectónicas daquelas cidades europeias. "Num momento em que as tecnologias digitais ameaçam a compreensão das qualidades físicas dos objectos, o livro é um reduto da arquitectura que exige a compreensão da sua natureza física, da textura das suas páginas, da natureza do seu peso", considerou ainda o júri. No final da viagem, que percorrerá edifícios e edições originais de livros em Roma, Vicenza, Paris e Londres, "será possível, através da história do livro de arquitectura, pensar uma síntese da cultura arquitectónica europeia". André Tavares nasceu no Porto, em 1976, e frequentou a Faculdade de Arquitectura da Universidade da mesma cidade, onde se licenciou em 2000 e doutorou em 2009. Tem actividade esporádica como arquitecto e publica com regularidade artigos de crítica, teoria e história da arquitectura, sendo autor, entre outros, das obras "Arquitectura Anti-tuberculose, trocas e tráficos na construção terapêutica" (Faup-publicações, 2005), "Os fantasmas de Serralves" (Dafne, 2007), e "Duas Obras de Januário Godinho em Ovar" (Dafne, 2012). É coordenador editorial da Dafne Editora, onde dirige as colecções "Equações de Arquitectura", "Opúsculos" (2007-2011) e "Fora de Série", e comissário geral - com Diogo Seixas Lopes - da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2016. Presidido pelo escritor Valter Hugo Mãe, o júri da 10ª edição do Prémio Fernando Távora foi ainda constituído pelos arquitectos José Manuel Botelho, João Luís Carrilho da Graça (nomeado pela Casa da Arquitectura), Pedro da Rocha Vinagreiro (em representação da Ordem dos Arquitectos da Secção Regional do Norte) e Luísa Távora, em representação da família do arquitecto Fernando Távora. A conferência do vencedor e o anúncio público da constituição do júri e abertura da 11ª edição do Prémio decorrerá a 5 de Outubro de 2015, Dia Mundial da Arquitectura. Nas edições anteriores, foram premiados os arquitectos Susana Ventura, Nelson Mota, Sílvia Benedito, Maria Moita, Cristina Salvador, Armando Rabaça, Marta Pedro, Paulo Moreira, Sidh Mendiratta e Susana Ventura. O Prémio Fernando Távora é anual e consiste na atribuição de uma bolsa de viagem, no valor de seis mil euros, e de âmbito nacional, destinado a todos os membros efectivos da Ordem dos Arquitectos. Foi instituído em homenagem àquele arquitecto portuense, nascido em 1923 e falecido em 2005, que se tornou uma figura referência da arquitectura portuguesa pela sua atividade enquanto arquiteto e pedagogo.


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Minas de Argozelo ganham Centro Interpretativo É uma homenagem aos antigos mineiros e visa preservar a história da vila e atrair gente ao concelho de Vimioso. Por Olímpia Mairos

A história das minas de volfrâmio de Argozelo está agora acessível a quem se deslocar àquela vila do concelho de Vimioso e visitar o Centro Interpretativo. Está instalado na cortinha do Calvário, junto a uma das entradas da vila de Argozelo e custou 265 mil euros, comparticipado a 80% por fundos comunitários. O Centro Interpretativo das Minas reúne fotografias e peças antigas utilizadas pelos mineiros num espaço amplo que está aberto à população e a todos os visitantes. Com este equipamento pretende-se “preservar e prolongar a memória viva da importância das minas de volfrâmio para o concelho e para a região”, refere o presidente da Câmara de Vimioso, Jorge Fidalgo. É também “um espaço para homenagear os mineiros e os habitantes da localidade, bem como para trazer mais dinamismo à vila”, realça o autarca, salientando que o espaço, que contempla um auditório “há muito reivindicado pelos argozelenses”, está aberto a iniciativas de índole cultural. Para atrair turistas à localidade, o presidente da autarquia pretende agora requalificar a zona das antigas minas para tornar o espaço visitável. “Estamos já a trabalhar em termos de projecto e vamos ver a que medida do próximo quadro comunitário o podemos candidatar”, avança Jorge Fidalgo. As minas de Argozelo tiveram o seu primeiro alvará em 1898. Ali se extraiu estanho e volfrâmio até 1986, altura em que foi encerrada a exploração mineira. Memórias partilhadas Em Argozelo as minas estão bem presentes na memória da população e principalmente dos exmineiros. José Martins tem 62 anos. Trabalhou 27 anos nas Minas. Recorda com nostalgia os tempos em que na localidade se extraía volfrâmio e as minas davam emprego a muita gente. “Quando fecharam tinham 184 pessoas a trabalhar”, recorda o ex-mineiro que laborava nas oficinas. Apesar de se tratar de um trabalho “muito duro”, guarda boas recordações, porque, diz, “tínhamos boa gente ao pé de nós. Éramos todos unidos”. O ex-mineiro considera, por isso, que o centro interpretativo “é importante para as pessoas verem o que eram as minas, para dar a conhecer a história da localidade, e até pode trazer turistas à terra”. Albino Carvalho, 61 anos, mineiro durante 17, refere que naquela altura “havia muita gente no povo e muito movimento nos cafés enquanto agora a gente fugiu toda”, lamenta, fazendo votos para que o centro interpretativo transmita a “memória aos mais novos” e “traga alguma gente à Vila”.

Quadros Miró podem dar condenações Neste noticiário: Ministério Público pede a condenação de todos os envolvidos na venda dos quadros Miró; hoje há greve da Carris de 24 horas; agricultores querem incendiários com cadastro detidos no Verão; crianças portuguesas são das que passam mais horas na escola; as fotografias de Sebastião Salgado na Cordoaria Nacional. Por Teresa Abecasis

RIBEIRO CRISTÓVÃO

Aviso amarelo Mesmo estando o Atlético Clube de Portugal numa posição delicada na tabela, com despromoção à vista, a história agora conhecida de tentativa de aliciamento de jogadores é surreal para os tempos que correm.

Por Ribeiro Cristóvão

Com os campeonatos profissionais de futebol a caminharem para o fim e com muitas classificações por definir, começam a surgir casos, alguns dos quais nem sequer constituem novidade. Tal não dispensa, porém, que os responsáveis se coloquem em alerta máximo face a ecos que já nos chegam com apreciável intensidade. Notícias de ontem ressuscitavam um velho fantasma, que por altura do lavar dos cestos aparece sem grande surpresa no cenário do futebol português. Por isso, poucos terão ficado espantados com a novidade chegada da capital do Algarve, onde um indivíduo, que se terá apresentado como tendo ligação ao Atlético Clube de Portugal, tentou aliciar quatro jogadores do Farense, para que estes facilitem a vida aos lisboetas permitindo-lhes assim ganhar o do próximo sábado, a contar para a jornada 38 da segunda Liga. O caso foi de imediato levado ao conhecimento da


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Polícia Judiciária e do presidente da Liga de Clubes para que fossem iniciadas diligências tendentes a apurar toda a verdade, o mais depressa possível. Mesmo sabendo-se que o popular clube de Alcântara se encontra em posição muito delicada na tabela, com a despromoção à vista, a nove jornadas do fim do campeonato, a história parece conter algo de surreal para os tempos que correm em que tudo é muito mais escrutinado do que há algum tempo atrás. Apesar disso, e juntando a este episódio algumas queixas também já trazidas a público pelos dirigentes do Desportivo de Chaves, é bom que os responsáveis passem a estar muito mais vigilantes nesta ponta final da temporada. Se é verdade que “o medo guarda a vinha” vale bem a pena “colocar trancas na porta”. Para evitar que a casa seja arrombada.

Taça da Liga a 28 ou 30 de Maio. O que está em causa? Benfica e Marítimo querem decisão da prova na véspera da final da Taça de Portugal. Liga de Clubes está de acordo, mas a Federação não.

REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA

Milhões, milhões, milhões. E uma "guerra" por Carrillo

"75 milhões por GaItán e Salvio", lê-se na manchete do diário Record, que adianta: "Vieira já definiu preço para vender no final da época". No diário O Jogo, edição Sul, uma revelação sobre o Sporting: "Investidor secreto é o Novo Banco". Na edição Norte, O Jogo analisa a prestação de Danilo, no FC Porto, e conclui: "Danilo na pista de Branco". O jornal sublinha que o actual lateral direito está a dois golos da marca do antigo lateral esquerdo. "Só João Pinto (20 golos) parece fora do alcance, mas a média do brasileiro é melhor", escreve ainda O Jogo. Em A Bola, o anúncio de um combate Sporting-FC Porto: "FC Porto cobiça Carrillo". De acordo com o jornal do Bairro Alto. a renovação do jogador com o Sporting está "num impasse". De volta ao Record, referência para uma entrevista ao seleccionador nacional. "Objectivo é ganhar o Europeu", diz Fernando Santos.

A Liga de Clubes anunciou, a 3 de Abril, a marcação da final da Taça da Liga para 28 de Maio. No entanto, a data definitiva do encontro entre Benfica e Marítimo não está ainda totalmente fechada. Na tarde de quarta-feira, o presidente dos insulares, Carlos Pereira, anunciou que os dois emblemas não pretendem jogar na quarta-feira apresentada pelo organizador da prova, apresentando a alternativa de 30 de Maio (sábado, véspera da final da Taça de Portugal) e que a própria Liga de Clubes teria concordado com essa mesma solução. Até aqui, tudo bem. O "problema" é que a Federação Portuguesa de Futebol tem a última palavra relativamente ao assunto e não estará de acordo com a alteração da data da final da Taça da Liga. Esta quinta-feira, o esclarecimento generalizado partiu da voz de João Martins, secretário-geral da Liga de Clubes. "Todos os interesses envolvidos na marcação desse jogo têm de ser respeitados. Não basta acordo entre os dois clubes", explicou, à margem de um seminário sobre fundos de investimento, que se realizou em Madrid, indo mais além. "A Liga de Clubes tem de respeitar as outras competições", ressalvou, numa "coordenação obrigatória a fazer com a Federação Portuguesa de Futebol". Uma coisa é certa: a 28, a 30 de Maio ou noutra data, a final da Taça da Liga terá lugar no Estádio Municipal de Coimbra.


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Fala Marçal. Benfica ou Sporting? Afinal, em que ficamos? Em exclusivo a Bola Branca, lateral-esquerdo do Nacional da Madeira quebra o silêncio e aborda o seu futuro.

BAYERN MUNIQUE

Vaga sem fim. Benatia também não defronta FC Porto Defesa-central pára nas próximas quatro semanas. São seis os atletas entregues ao departamento clínico do adversário dos dragões nos quartos-de-final da Liga dos Campeões.

Marçal frente ao Sporting, na meia-final da Taça de Portugal. Foto: Miguel A. Lopes/Lusa Por Rui Viegas

Marçal não confirma, nem desmente, que já esteja comprometido com o Benfica. Numa entrevista exclusiva a Bola Branca, esta quinta-feira, horas após o afastamento em Alvalade da final da Taça de Portugal, o lateral-esquerdo do Nacional da Madeira começa por fazer o ponto de situação em relação a um processo que tem dado que falar, garantindo, desde logo, que não tem nada assinado com qualquer clube. "Tenho contrato com o Nacional até final da época. Nada tenho assinado, nem com o Benfica, nem com o Sporting. A minha vontade é sair para um clube melhor, mas o futuro ainda está por decidir. O meu empresário não me passou nada, tenho falado com ele e não sei de nada. Não tenho nada assinado com nenhum clube", assegura Marçal, que começou por ser associado ao Sporting e, depois, ao Benfica. Nestas declarações a Bola Branca, o ainda jogador do Nacional garante também que "não tem preferência por nenhum clube". "Seria indiferente. O clube que apostar em mim, que fizer alguma força para ter o Marçal, é o que eu vou preferir", refere o defesa brasileiro, que se mostra tranquilo em relação à tomada de decisão, face do tempo que ainda falta para que arranque a temporada de 2015/16. "Espero que o meu futuro esteja resolvido até começar a nova época, ainda há 40 dias até começar o novo campeonato. O meu futuro é incerto", reafirma Marçal. O latera-esquerdo, de 26 anos, cumpre a quarta temporada no Nacional e termina contrato no final da época. O brasileiro, formado no Grémio de Porto Alegre, chegou a Portugal em 2010/11 para representar o Torreense.

E vão seis. Pep Guardiola e o departamento médico do Bayern Munique não têm tido mãos a medir e, esta quinta-feira, receberam a notícia de que mais um jogador irá falhar os próximos compromissos da equipa, entre os quais o duplo confronto com o FC Porto, para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. Benatia é mais uma baixa no Bayern. O defesa central contraiu uma lesão muscular no jogo com o Bayer Leverkusen, na noite de quarta-feira, para a Taça da Alemanha e juntou-se ao lote de jogadores de "baixa", onde permanecem Arjen Robben, Javi Martínez, Alaba, Bastian Schweinsteiger e Franck Ribéry. De todos, o avançado francês é o que tem a recuperação em fase mais adiantada. O Bayern anunciou que Ribéry já fez corrida e até alguns "sprints" no treino desta quinta-feira. Desta forma, a possibilidade de o gaulês integrar as opções de Pep Guardiola para o jogo da próxima quarta-feira, no Dragão, não estará totalmente descartada. O FC Porto recebe o Bayern, para a primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, a 15 de Abril. A segunda mão está marcada para 21 de Abril, em Munique. Os dois jogos terão relato na antena da Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt e em bolabranca.rr.sapo.pt.


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FRANÇA

NUNO ESPÍRITO SANTO

Ibrahimovic suspenso por quatro jogos

Revoltado. "Há alguém que não quer que o Valência atinja os objectivos"

Em causa estão as controversas declarações que o avançado sueco do PSG proferiu após a derrota frente ao Bordéus, a contar para a Ligue 1.

O Comité de Disciplina da Liga Francesa suspendeu Zlatan Ibrahimovic por quatro jogos, na sequência das controversas declarações que o avançado sueco do PSG proferiu após a partida frente ao Bordéus, a contar para a Ligue 1. O jogo em causa, revestido de polémica, realizou-se a 15 de Março e terminou com vitória dos "girondinos" (3-2), levando o carismático jogador a criticar de forma dura a equipa de arbitragem e a "convidar" os parisienses, inclusivamente, a abandonar o país. "Em 15 anos de futebol, nunca vi um árbitro tão mau. Este país não merece o Paris SG", afirmou. O pesado castigo levará "Ibra" a falhar os desafios frente a Nice, Lille, Metz e Nantes. O nórdico estará disponível, contudo, para a final da Taça de França, frente ao Auxerre (29 de Maio).

Críticas duras do treinador português do Valência após empate polémico no País Basco.

Nuno Espírito Santo ficou revoltado com a arbitragem do encontro entre Atlético de Bilbau e Valência, que terminou com um empate (1-1), esta quinta-feira, chegando mesmo a insinuar que existe uma tendência em prejuízo da sua equipa. A equipa "che" esteve a vencer por 1-0 - golo de De Paul - até aos 90', altura em que Aduriz fixou a igualdade, apontando um golo em fora-de-jogo. Antes, aos 84', Otamendi havia deixado a equipa orientada pelo treinador português reduzida a 10 unidades, na sequência de uma expulsão por entrada dura sobre Gurpegui. "O golo do Atlético de Bilbau é marcado em fora-dejogo, claramente. É lamentável. Há alguém que não quer que o Valencia atinja os objetivos. Temos feito um bom trabalho e merecíamos mais. É demasiada injustiça para quem trabalha tanto. Os jogadores estão indignados porque foram claramente prejudicados por uma decisão errada do árbitro. Era demasiado evidente. Expulsão de Otamendi? Otamendi toca primeiro na bola. Ficámos com um jogador a menos, jogador essa que era uma peça fundamental da equipa", analisou Nuno Espírito Santo, em conferência de imprensa.


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Jogador de futebol? Os miúdos querem é ser

ser criativo, ser pai, ter tempo para a família e para a sua vida pessoal. É por isso que me parece que não há tantas mulheres que sejam reconhecidas como 'chefs'."

Com concursos e programas especializados, a televisão pôs a culinária no primeiro plano. O tema é debatido esta sexta-feira, no Estoril. Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.

Ilustração: Freepik Por Ana Carrilho

É uma observação empírica: nunca tanto jovem quis meter-se entre tachos e panelas e fazer da cozinha a sua profissão para a vida. A culpa é também de concursos televisivos como "MasterChef" e "Chefs’ Academy". O presidente da APTECE – Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia José Borralho costuma fazer a comparação: "há 20 ou 25 anos, quando comecei a trabalhar, todos os miúdos queriam ser jogadores de futebol; hoje, a maioria quer ser 'chef'". Não há grande canal internacional que não tenha um concurso de cozinha. Há até canais que dedicam toda a sua emissão à cozinha, nos quais estrelas da culinária ou outros que começam a brilhar revelam as suas dicas de confecção e decoração. Portugal não é excepção à regra e há até quem já tenha mudado de vida depois de participar nessas competições e concluir que tem mais do que um "jeitinho" para a cozinha. O impacto dos concursos de televisão de cozinha é um dos temas que vai ser discutido esta quinta-feira no Congresso Mundial de Turismo de Culinária, que decorre no Centro de Congressos do Estoril. O 'chef' Henrique Sá Pessoa, a vencedora do primeiro Master Chef Portugal, Lígia Santos, e a lusodescendente Christina Batista, participante no MasterChef australiano, têm a palavra. Vida de chefe Para Borralho, os concursos deram maior destaque à gastronomia, ao mesmo tempo que exploram os valores do território e os produtos da terra, assim como a preservação das culturas. Mas nem tudo é estrelato nestas lides, avisa o presidente da APTECE. "Ser 'chef' é acordar bem cedo, organizar e ir às compras, planear as refeições e organizar a cozinha, deitar-se bem tarde, depois de todos os clientes saírem e de a casa estar arrumada para recomeçar tudo de novo no dia seguinte. E ainda,


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