EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco
Sexta-feira, 05-06-2015 Edição às 08h30
Editor Raul Santos
Ministra quer cimeira mundial sobre o Mar todos os anos em Lisboa Terá o arranque turbulento do ano lectivo efeitos nos exames que aí vêm? IRS. Taxas serão comunicadas pelos estabelecimentos de saúde
Portugueses a viver mais e melhor. É o objectivo do novo Plano de Saúde Adesão de 80% na greve de enfermeiros. Emigrar é opção antes do fim do curso Ministro promete reduzir prazo de adopção de três para um ano
Portugal tem consumo e tráfico de droga abaixo da média europeia
BENFICA
Vieira sobre Jesus. "Não há insubstituíveis"
De uma mochila vazia se constrói um sonho no Nepal
Conheça o melhor marcador português do planeta a seguir a Cristiano Ronaldo
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Ministra quer cimeira mundial sobre o Mar todos os anos em Lisboa Ministra da Agricultura em entrevista à Renascença.
Foto: Lusa Por José Pedro Frazão
A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, repete com insistência que a reunião ministerial do Mar é um sucesso pela presença de mais de 70 governantes em Lisboa, na iniciativa da chamada Semana Azul. Em entrevista à Renascença, a anfitriã diz que Portugal fez bem o seu "trabalho de casa" e apresenta mesmo sintomas de liderança mundial do tema do mar. Esta sexta-feira, à hora de almoço, saberemos se as conclusões são ou não apenas um documento de retórica em defesa dos Oceanos. O que podemos esperar das conclusões da reunião ministerial sobre o Mar? Há pontos relevantes. O ponto base é, de facto, como é que nós entendemos a economia azul. Há países para os quais a simples ideia de economia azul ainda é estranha. O nosso primeiro trabalho foi encontrar um acordo em relação à própria ideia de desenvolvimento da economia azul, que é uma economia sustentável do Mar. Depois, o que é que isso significa nos vários sectores, quais são os compromissos que os países assumem nos vários domínios, com uma ligação ao problema das alterações climáticas, que afecta muitos países, nomeadamente países-ilhas. A nossa convicção é de que, se Portugal conseguir fazer - que é esse o objectivo - todos os anos, em Lisboa, uma reunião anual de ministros responsáveis pelo Mar, ao mesmo tempo que temos uma feira dedicada à economia do Mar, - com muitas conferências e uma discussão que traga ao nosso país todas as pessoas que se ocupam e preocupam com o Mar - estaremos a dar um contributo enorme, não só para a visibilidade do sector em Portugal e para o incremento da acção na área do Mar, mas também um forte contributo para o mundo. A economia azul deve ser uma área “de regime”? Deve ser uma área para continuar sempre, com
qualquer Governo que possa nas próximas décadas governar em Portugal. Com este, seguramente. Estamos a falar de um compromisso de décadas, não apenas para meia dúzia de anos. Somos pioneiros e líderes a nível mundial na nossa Lei de Bases, Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo, que teve uma aprovação no Parlamento português por dois terços. Não apenas PSD e CDS, mas também Partido Socialista, o que significa que esta é uma área percepcionada como estratégica para o nosso país. E eu creio que temos boas condições para apostar nisso e para acreditar que assim será. Parece ser das poucas áreas que poderá, eventualmente, merecer um consenso mais fácil... Penso que sim. É uma área de forte consenso nacional, político e também da sociedade. Aquilo que a sociedade nos pede é mais rapidez. Queremos ver os frutos deste crescimento mais rápido. Quando aprovámos a estratégia nacional do Mar, o contributo da economia azul para o PIB português estimado por nós era de 2,7%. Um ano e pouco depois, já está em 3%. A economia do Mar está a crescer. Hoje, encontro empresas em Portugal, por exemplo, nos novos usos do Mar, na biotecnologia marinha, nas algas, no uso dos recursos para fazer próteses para cirurgia ou para produtos farmacêuticos ou nutracêuticos para a alimentação humana, que não havia há quatro anos. Hoje, temos estaleiros navais a progredir, a renascer, na reparação naval, na manutenção. E também já na construção, não de enorme escala, mas numa escala muito interessante que não havia há uns anos. O surf explodiu em Portugal, o turismo ligado às questões náuticas - por exemplo, aos cruzeiros - também conheceu um desenvolvimento muito, muito relevante. Tudo isto está a mexer e creio que o que nós precisamos é de atrair mais gente, empreendedores. Precisamos de mais gente que tem o bom conhecimento nas universidades, que o aplique e transfira esse conhecimento para as empresas. Que eles próprios criem empresas. Já estamos a passar do potencial ao real e temos bons exemplos em todas as áreas. Precisamos de multiplicar isto por muitas vezes e para isso precisamos do nosso tecido empresarial. Mas com o aperto do financiamento bancário, onde é que o empreendedor vai buscar recursos, do ponto de vista interno? Tem que recorrer, inevitavelmente, a um empurrão estatal/comunitário... O empreendedor tem fundos comunitários para usar. No nosso programa Mar 2020, vamos ter mais quase 40% dos fundos que tínhamos no PROMAR, o Programa Operacional de Pesca, que vai terminar este ano. Estamos a falar de 400 milhões de euros para serem aproveitados, ainda com a comparticipação nacional, que são 115 milhões de euros, e, depois, a parte privada. Estamos a falar de muito dinheiro para ser aplicado no Mar. A banca começa a olhar para a área do mar. Primeiro, começou a olhar para a agricultura. Hoje, sinto que já estão a olhar para área do mar e vou dar um exemplo: prémios que estão a ser criados para a inovação, para as boas empresas na área da agricultura, neste momento há um ou dois casos que já alargaram à área do mar. A possível exploração de petróleo entra nas contas da economia azul? Não entra nestas contas que estamos aqui a referir e,
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com certeza, se isso vier a acontecer, vai trazer um impulso muito grande, até pelos recursos que depois pode gerar para fazermos investimentos ainda mais significativos nas outras áreas da economia do Mar. Mas não põe em causa os outros investimentos da economia azul nas áreas próximas dessas explorações? A nossa lei de bases diz que os usos a serem desenvolvidos no Mar têm de respeitar o bom estado das águas e do ecossistema marinho e, se não o fizerem, não podem ser prosseguidos. Depois, há regras sobre a compatibilização dos vários usos. Podemos pensar, por exemplo, na descoberta de mineral numa determinada área do nosso fundo marinho que possa implicar uma relocalização de uma aquacultura, por exemplo, que esteja naquela zona. Há regras próprias na lei para permitir que isto possa acontecer em benefício de todos e sem que ninguém fique prejudicado. Nos próximos quatro anos, é preciso um "simplex" na economia azul? Temos estado a fazê-lo, mas é sempre preciso. Temos estado a trabalhar intensamente. A lei de bases permite-nos criar um trabalho em rede entre os vários organismos que têm que dar o seu contributo em matéria de mar e há sempre em qualquer área, naturalmente, o Ambiente tem que se pronunciar ou, em muitas áreas, é natural que a Defesa se tenha de pronunciar. Neste momento, estamos a desenvolver a plataforma informática que, conjugada com a lei, vai permitir que ninguém fique à espera de ninguém. Falou num conjunto de actividades alternativas à tradicional da economia do mar, que é a pesca. Pescar menos é uma inevitabilidade ambiental e é isso que leva também a esta diversificação? Há uns anos a esta parte, pescamos com algumas estabilidade cerca de 200 mil toneladas. Muitas vezes, não conseguimos esgotar as possibilidades de pesca que temos. Todos os anos tenho conseguido negociar em Bruxelas e, em quatro anos, aumentámos as nossas quotas de pesca, naquelas espécies que são decididas em Bruxelas, em cerca de 46%. Nalguns casos, depois, no concreto, não conseguimos esgotar a quota, porque não há peixe suficiente na altura em que os pescadores lá vão ou porque há uma ou outra limitação que assim o impede. Isto quer dizer que nós, enquanto país comprometido com a sustentabilidade da pesca e com as questões ambientais, temos que arranjar alternativas também para a nossa pesca. Dentro da própria pesca, por exemplo, valorização de espécies que tradicionalmente não são tão consideradas. Tivemos o belo exemplo da cavala, que está a fazer um percurso notável, ou, por exemplo, acrescento de valor ao nível da própria indústria de transformação, com novos produtos. Estamos a falar de um sector que já exporta mais de 900 milhões de euros, segundo dados do ano passado. Mas este travão à pesca da sardinha vai manter-se durante quanto tempo ? Durante o tempo que for necessário, avaliado cientificamente, para concluirmos que temos um "stock" recuperado. Neste momento, não há paragem da pesca da sardinha. Os pescadores estão a pescar. Menos, naturalmente. Têm montante admissível, acordado com o próprio sector e com Espanha. Não tem quota em Bruxelas, mas, se não exportarmos bem,
passa a ter. Se houver dúvidas sobre a capacidade de Portugal e Espanha gerirem com cuidado este "stock", coloca-se um problema. As razões estão a ser investigadas. Sabemos que temos muito menos sardinhas do que tínhamos há uns anos. Por isso, foi necessário introduzir restrições à captura da sardinha. Todos nós - Governo, trabalhadores, indústria, pescadores, armadores ou assalariados - temos o mesmo interesse: descobrir a causa, perceber se o "stock" está a recuperar para podermos gradualmente retomar uma actividade aos níveis mais habituais. Também temos uma certeza: se acabarmos com a sardinha, estaremos muitos e muitos anos sem ela. A Califórnia esteve 40 anos sem sardinha. Não queremos que isso aconteça em Portugal. Estamos a fazer a gestão mais cuidadosa que pudemos, de acordo com as informações disponíveis. Não queremos ser mais papistas que o Papa. Se tivermos possibilidade de permitir mais pesca, com certeza que permitiremos. Mas verdade é que essa possibilidade ainda não apareceu de forma significativa. Extensão da Plataforma Continental. A última informação parece indicar que processo comece a ser analisado na ONU no final de 2015, início de 2016... É essa a informação que eu tenho. Sendo certo que, depois da nomeação da subcomissão que analisa o dossier português, ainda estaremos algum tempo à espera. Estes processos têm durado cerca de dois anos até que seja totalmente despachado. Gostaria que fosse fechado na próxima legislatura. Acho que isso é possível. Não lhe posso garantir, porque não está de todo nas nossas mãos. Estamos confortáveis porque sentimos que o trabalho de casa foi muito bem feito. Aguardaremos, como é habitual nestes processos, com muita atenção aquilo que se está a passar noutros dossiers, com a própria constituição da própria Comissão de Limites. Com que recursos poderemos explorar a nova plataforma continental? Com todos aqueles que pudermos convocar. A exploração sustentável da plataforma continental não é tarefa para um só país. Aquilo que nos cabe, enquanto detentores de direitos de soberania sobre esses recursos, é gerir e regular o uso desses recursos, convidando entidades públicas e privadas a poderem fazer esse uso. Vamos concessionar isso? A concessão está prevista na lei de bases, com um máximo de 50 anos. E é um dos caminhos possíveis, porque nós, enquanto país com esta dimensão populacional e este tecido económico, mesmo que o Estado dê um forte impulso - que pode e deve dar -, não será suficiente para aproveitar todos recursos. Interessa-nos um bom trabalho como regulador das regras para uso desses recursos e ficando com boa parte dos proveitos dessa actividade económica que se pode desenvolver em torno dos recursos da plataforma continental.
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BÓSNIA
"Papa Francisco? Boa pessoa!" O negócio é que podia estar melhor Por Catarina Santos
É já no sábado que o Papa chega a Sarajevo, para uma visita com um programa intenso, concentrado num só dia. Num país com uma taxa de desemprego a rondar os 40%, o comércio local procura aproveitar a ocasião para apelar às carteiras dos peregrinos, mas o negócio ainda não está a dar muitos frutos. Veja o vídeo no site da Renascença.
Vítimas de crimes passam a ter direitos e protecções oficiais Novo estatuto protege a confidencialidade das informações prestadas e garante ainda cuidados de saúde que sejam necessárias em função do crime. O Governo aprovou, esta quinta-feira, o estatuto da vítima. A ministra da Justiça justificou a medida dizendo ser necessário autonomizar, no quadro legal, o conceito de vítima. Na apresentação da proposta, Paula Teixeira da Cruz deixou algumas ideias sobre os direitos que a lei garante. “As informações que a vítima dá são informações que ela tem o direito de proteger. Prevê-se ainda o acesso da vítima aos cuidados de saúde, em função do tipo de crime, há lugar ao reembolso das despesas efectuadas, há direito à protecção e deve ser evitado o contacto directo com o arguido”, explicou. “É portanto um estatuto muito garantístico, a vítima deve ser sempre ouvida num gabinete que todos os órgãos de polícia criminal devem ter, de forma reservada”, disse ainda a ministra. Sublinhando que o direito penal e processual penal português tem tido sempre como centro o agressor, Paula Teixeira da Cruz defendeu a necessidade de "recentrar a vítima", que tem andado "arredada do centro do processo penal e do direito penal". Na proposta de lei agora aprovada pelo Governo e que transpõe uma directiva da União Europeia sobre normas relativas aos direitos e ao apoio e à protecção das vítimas de criminalidade, é autonomizado o conceito de vítima, que até agora não existia. A directiva europeia, que existe desde Outubro de 2012, foi criada depois de, em 2001, uma decisão quadro não ter tido o sucesso esperado. Tal como explicou à agência Lusa um assessor técnico da Associação
Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), trata-se de um instrumento legal vinculativo para os Estadosmembros, no qual "a União Europeia preconiza um conjunto bastante alargado de direitos das vítimas de crimes", sendo que todos os países têm de transpor esta directiva até Novembro deste ano, algo que Portugal ainda não fez.
Aumenta número de crianças e jovens com comportamentos de risco Relatório revela que em 2014 cresceram os comportamentos graves anti-sociais, de indisciplina e de bullying. Em contrapartida, diminuiu a exposição de crianças ao consumo de estupefacientes. A Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco revelou existirem cada vez mais menores a ameaçar o seu próprio bem-estar, colocando-se em situações de perigo que justificam acompanhamento. "O número de crianças e jovens que assumem comportamentos que afectam o seu bem-estar aumenta em todos os escalões etários", refere o documento, no contexto dos 73.779 processos motivados por situações de menores em perigo, indica o relatório, apresentado esta quinta-feira, em Ovar. O documento refere também que, em 2014, "aumentam as situações de comportamentos graves anti-sociais, de indisciplina e de bullying". No caso específico da exposição dos menores a violência doméstica e consumo de álcool, essas situações registaram um aumento em 2014. Em contrapartida, diminuiu a exposição de crianças ao consumo de estupefacientes. Um terceiro factor de perigo é a negligência parental e, em 2014, essa "decresce em todos os escalões etários", da mesma forma que "diminuem as situações de falta de supervisão, acompanhamento familiar e descuido ao nível da saúde". Quanto ao Direito à Educação, que é outro dos cinco principais factores de perigo avaliados pela Comissão Nacional de Protecção, o relatório indica que apenas nas idades entre os 11 e os 14 anos se verificou um aumento de situações de risco relacionadas com o absentismo escolar. No geral, aliás, o abandono e insucesso escolar registaram uma redução. Finalmente, no que se refere a maus-tratos físicos, esse factor de perigo "diminuiu em todos os escalões excepto no dos 15 aos 18 anos", sendo que também foram menos os casos de ofensa física em contexto de violência. "Porém, aumentaram as situações de ofensa física e de ofensa física por castigo corporal", lê-se no
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documento. O documento foi apresentado no encontro anual que reúne até ao final de sexta-feira cerca de 850 técnicos da área e que analisa a actividade das mais de 300 comissões existentes no país em 2014.
Ministro promete reduzir prazo de adopção de três para um ano O Governo quer aprovar a agenda para a criança. De uma assentada altera-se a lei de protecção de crianças e jovens em risco e a lei da adopção. O Parlamento debateu esta quinta-feira a nova lei da adopção que o Governo pretende aprovar, a par do novo diploma sobre a protecção de crianças e jovens em risco. No caso da adopção, o objectivo é tornar os processos mais céleres, de forma a que possam ser concluídos num ano, quando agora chegam a levar três. O Governo chama-lhe a agenda para a criança. De uma assentada altera-se a lei de protecção de crianças e jovens em risco e a lei da adopção. O ministro da Segurança Social diz que é preciso agilizar a adopção de crianças, um processo que hoje em dia demora cerca de três anos a concluir. Pedro Mota Soares quer que fique arrumado num ano, acabando com burocracias. “Teremos uma especialização das equipas de preparação, avaliação e selecção dos candidatos e das crianças. Tal permitirá, por exemplo, que o estudo de caracterização da criança não ultrapasse os 30 dias, que a preparação, avaliação e selecção dos candidatos a adoptantes não vá além dos seis meses, que a decisão sobre a proposta de encaminhamento de uma criança para a família adoptante não ultrapasse os 15 dias e, no seu todo, o prazo administrativo máximo de um processo de adopção não ultrapasse os 12 meses.” O Governo prevê um maior acesso das famílias aos processos e quer privilegiar as famílias de acolhimento. A deputada do PCP, Rita Rato, confrontou o ministro com queixas de “incumprimento da Segurança Social no pagamento daquilo que é necessário às famílias de acolhimento”. Idália Serrão, do PS, única bancada da oposição que apresenta projectos sobre os dois temas, lamenta que o Governo apresente o que diz ser a agenda da criança e que ao longo de quatro anos tenha cortado em várias prestações. Para Cecília Honório, do Bloco de Esquerda, o Governo está a excluir os casais do mesmo sexo da possibilidade de adopção. Os diplomas do Governo e os da oposição serão votados esta sexta-feira e todos deverão baixar à especialidade.
Terá o arranque turbulento do ano lectivo efeitos nos exames que aí vêm? Só as notas dos exames vão poder concluir se foi possível recuperar o tempo perdido e se os alunos se apresentam em pé de igualdade às provas do final do ano lectivo. No dia em que terminam as aulas para os alunos do 9º,11º e 12º anos, a Renascença foi avaliar os impactos.
Confap pede planeamento com mais tempo. Foto: DR Por Teresa Almeida
Depois de um início de ano lectivo atribulado, com parte dos alunos do ensino público a iniciar as aulas de várias disciplinas apenas a meio do primeiro período, a confiança de que tudo tenha sido ultrapassado existe, pelo menos, até saírem os resultados dos exames nacionais. O número de aulas foi dado, pelo que a aprendizagem deverá estar garantida, considera o vice presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima. “Em conjunto, professores, directores, pais e alunos, conseguimos minimizar ao máximo esses constrangimentos, ao ponto de conseguir dizer que o número de lições foi igual aos seus colegas que começaram as aulas a tempo e horas e que realizaram as mesmas aprendizagens”, afirma à Renascença. No entanto, esclarece, “isto não foi o ideal e exigiu mais esforço por parte destes alunos. Por isso, admito que só depois de saírem as notas dos exames é que podemos avaliar” as reais consequências. Opinião diferente tem a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), para quem deverá ser difícil aferir os reais efeitos do complicado início de ano lectivo nos alunos. Para que o cenário não se volte a repetir, o presidente da Confap, Jorge Ascensão, pede ao ministro da Educação que o próximo ano lectivo esteja preparado até finais de Julho. “Se houver um bom planeamento, é muito mais fácil evitarmos estas situações e não estarmos em Setembro,
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e até em Outubro, ainda a receber orientações”, defende. Esta sexta-feira, é o último dia de aulas para os alunos do 9,11º e 12º anos. A partir de agora, estes alunos preparam-se para um novo calendário de exames nacionais que começam dia 15 e terminam no dia 25, para a primeira fase.
"O Conde Ferreira é um manicómio, mas é o sítio no mundo onde existe mais amor. Ali existe Deus" O actor Miguel Borges passou três semanas num hospital psiquiátrico para participar num documentário. Sem rede, quase sem limites. Embarcámos numa visita guiada pelos corredores do Conde Ferreira e numa incursão pelas mentes dos que lá vivem. Com cicerone, mas sem guião. Por João Carlos Malta
“Levantei-me, fiz a mochila e fui como se fosse para uma mercearia ou passar o fim-de-semana a casa dos meus pais”. Mas não foi. O actor Miguel Borges passou três semanas num hospital psiquiátrico. Vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas. Ele e 47 pessoas com doenças mentais, todos fechados numa ala do hospital. Como é? Não dá para descrever em poucas palavras, fá-lo-emos em muitas. No entanto, fica uma tentativa. “É escalar uma montanha humana, descer um rio humano. É um desporto radical cerebral e emocional”, sintetiza. Embarquemos então com Miguel nesta viagem pelos enormes claustros do primeiro hospital psiquiátrico construído de raiz para o efeito, o Conde Ferreira, no Porto. E vamos fazer uma tentativa arriscada: entrar na mente dos que agora lá habitam. Antes, uma paragem prévia: vamos ao contexto. Miguel Borges vai para capital do Norte para participar num documentário do amigo Jorge Pelicano, “Pára-me de repente o pensamento”, que chegou recentemente às salas de cinema. Há um segundo objectivo: levar um banho de realidade e escrever uma peça que abordará a temática da doença mental. Isto era o que era para ser; porém, foi muito mais do que isso. Ainda antes de pormos os pés no Conde Ferreira através das palavras de Miguel Borges, abre-se espaço à dúvida. Como é que um actor prepara uma coisa destas? Resposta desarmante: “Não preparei. Preparar é meter umas cuecas na mochila, é meter umas meias, e siga para bingo. Um caderno e uma caneta e mergulhar numa viagem.” Espera lá, não há método nenhum? Há. “O processo foi despreparar-me completamente. Foi o inverso: ‘Como
é que tu te preparas, despreparando-te?’ Tirando qualquer tipo de ideia que tivesses na cabeça sobre aquele universo, sobre aquelas pessoas. Nem sequer pensava no documentário. Não me interessa, estou despreparado, estou disponível, estou a aprender”, conta. Preconceitos à porta, vamos finalmente “entrar” no Conde Ferreira. Algo que para Miguel não precisava de ter como motivo o trabalho. “Não era preciso estar sequer num projecto para passar ali três semanas ou um mês. Aquilo alimenta-te bastante, faz-te crescer”. Brincar com o medo O universo da doença mental é um espaço em que o GPS que usamos “cá fora” se desorienta. É o desconhecido. E tudo o que não conhecemos gera à maioria medo. Apesar do “trabalho de despreparação” que o actor fez, os medos estão lá. É difícil tirá-los das gavetas em que estão arrumados dentro da cabeça. “Nos primeiros dias, chegas e olhas para as caras de alguns gajos e pensas: ‘Ele vai-me matar, vai-me espetar uma faca.’ Só as caras [pausa], as caras… [pausa] Com o tempo, começas a conhecer as pessoas e até lhes dás beijinhos na careca”, pormenoriza. Mas até chegar aos beijinhos, no labirinto psicológico do medo há mais umas armadilhas para desactivar. O sol cai lá fora. “Nas primeiras noites, dividia o quarto com o Chico, meu grande, grande amigo. Confesso que tive receio. Medo é forte de mais”, relembra. Pára, repensa. E reformula. “Posso ter tido medo, ainda assim nunca o alimentei”. Nunca também é demasiado forte. Miguel alinha de novo o pensamento, como que à procura das palavras que melhor definam os sentimentos. “Se tu o alimentares, também fazes uma viagem muito interessante. Decides andar pelos corredores. Metes-te ali em situações, e começas a pensar: ‘Este gajo está aqui, não era suposto´”. O que fazer na escuridão de um hospital psiquiátrico? Miguel avançou. No entanto, havia uma pergunta que o absorvia: “E se te espetarem uma faca?” A resposta racional vinha a seguir: “Não espetam. Já estou preparado para isso.” Ainda assim, o que é que se deve fazer quando é noite e nos cruzamos com alguém? Não há respostas. É “bungee jumping”. Sem fio. “Aproximas-te da pessoa. É de noite e o silêncio… quando ele te cruza o olhar, pensas: ‘Olho ou não olho, o que é que é melhor?’ Nunca sabes, não há padrões. Nunca sabes o que é que vai na cabeça daqueles gajos. Em princípio não acontece nada. Mas, uns meses antes de lá ter chegado, houve um tipo que partiu tudo”. O actor Miguel Borges passou 21 dias no hospital psiquiátrico Conde Ferreira Não aconteceu nada. Miguel está cá para partilhar a experiência, e, contas feitas, assegura que nunca dormiu tão bem. Medos para trás das costas, lugar para as surpresas. Prepare-se para a crueza das palavras. “Aquilo é um lar, é um microcosmo perfeito. Nos primeiros dias tens um impacto enorme, ficas chocado e fascinado com aquelas mentes, com aqueles corpos, com os gajos de manhã em fila a tomar banho. Todos nus, com os corpos todos torcidos, a baba, as cabeças deformadas. É muito rico do ponto de vista de choque
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e de fascínio. É uma montanha russa de emoções”, recorda Miguel, acrescentando que, três ou quatro dias depois, o foco se começa a deslocar para os que estão ao lado. E quem é são eles? Uma pista, vestem-se de branco. Amarrar é amar “Começamos a olhar para quem muda a fralda de cinco em cinco minutos, se for preciso, que dá de comer na boca, que mete o ‘outro’ na cama, que cose a cabeça ao tipo que está a bater com ela na parede, que o senta, que torna a sentá-lo, e que o amarra a uma cadeira se for preciso. Esta é uma cena violentíssima, mas não é… É apenas para ele não bater com a cabeça. E fica dois ou três dias amarrado. Essas pessoas são os enfermeiros, os técnicos e os auxiliares. São brilhantes, são fundamentais, são seres humanos muito especiais”, enfatiza. Contudo, o tal microcosmo perfeito também tem que ver com o conceito de família. E aí são os de lá de dentro que o constroem. Sem laços de sangue, mas com as amarras da vivência. “Há os gajos mais capazes – há uns que são independentes, lavam-se sozinhos e fazem a barba – e há outros que não conseguem sequer comer. Uns ajudam os outros. É meio à bruta porque o corpo deles fica diferente devido à medicação. Tens o gajo a secar outro depois do banho. Dá cá o braço, mete o outro. E veste-o. Tudo com um amor bruto, com um amor eficaz. Agora é vestir, agora é comer. É brutalíssimo”, descreve Miguel, sentindo cada palavra que lhe sai da boca. Vamos fazer uma pausa para Miguel explicar como ficou este hospital, este espaço e esta experiência gravados na memória. “É um bocadinho do mundo que é um manicómio, que é louco, que tem gajos aos gritos e às vezes têm de os agarrar e medicá-los (respira profundamente) … No entanto, é perfeito. É o sítio do mundo onde existe mais amor, mais amor. Ali é onde existe Deus. Se há filhos de Deus, é ali. São os protegidos de Deus. São crianças adultas. Se quiseres falar de algo superior, eles são misteriosos”. As palavras saem em catadupa. É torrencial e parece que Miguel está de novo no Conde Ferreira. Não está, é um exagero. Porém vai lá muitas vezes desde que passou três semanas naquele espaço. Cada passagem pelo Porto é uma passagem pelo Conde Ferreira. Volta para ver os amigos. Às vezes nem precisa. O telemóvel faz esse trabalho. “Noutro dia liga-me o Alberto e dizme: Actor Miguel, fala o actor Alberto”(risos) [Alberto é um dos “actores” de “Pára-me de Repente o Pensamento”]. Caminho de não retorno. Uma nova catedral Vai lá voltar sempre. Porquê? Porquê essa visceralidade toda? “Sais de lá com a sensação de que dás tudo, mas que recebes muito mais do que o que dás. Criei ali relações que são para a vida, tornaram-se vitais e necessárias”, adianta. Miguel sublinha ainda que tudo isto o enriqueceu muito. “Aprendi 47 pessoas!”, exclama. Todas muito diferentes. “Aprendi o tempo, a paciência, a escutar, a relativizar”. E avança mais fundo, pela epiderme, derme, e por aí fora. Sem parar. “A aprendizagem é celular, é do corpo, é física, não é racional. Para mim é difícil partilhar experiências. Não tenho esse hábito de relatar, porque as guardo muito no corpo”. Todavia, para chegar a este ponto foi preciso saltar
algumas barreiras. A maior de todas foi a comunicação, sem dúvida. “É mais difícil comunicar com eles, perdes-te para te poderes encontrar. Tens de voltar ao zero, de nascer de novo, de saber ouvir”. Há ainda os “horse jumps”, saltos de cavalo em tradução literal, que ilustram uma conversa que começa numa história maternal e acabava muito, muito longe do tema de partida. Um deles Como Miguel os vê a eles, já temos uma aproximação. Contudo, como é que ele era visto pelos habitantes do Conde Ferreira? Não temos testemunhos em discurso directo de quem poderia fazer essa heteroavaliação. Vamos, então, à auto-avaliação do actor. “Muitos chegavam ao pé do Jorge (realizador) ou da Rosa (produtora) e diziam: ‘Ele está assim por causa da medicação.’ Muitos deles não perceberam que estava lá como actor, para eles estava em tratamento. Era um deles”, garante. No Conde Ferreira afirma não ter encontrado nem mais nem menos do que cá fora. Apenas a intensidade muda. Por isso, não saiu de lá 21 dias. Rodemos então o botão do ‘intensómetro’ até ao máximo. “Sim, nunca saí. O que é que vinha cá fazer fora? Não se passa nada cá fora. E aquilo é tudo muito verdadeiro, é tudo muito… ver-da-dei-ro”, repete para ver se entendemos mesmo. E prossegue de uma assentada. “Sentes-te muito rico, experiencias a tua humanidade. Tu ris e choras. Mas quando ris, ris, e quando choras, choras. Tudo o que tu fazes… é. Tudo tem uma importância brutal. É importante para perceber que estás vivo. Que tens um coração. O que importa são os outros. O que faz sentido é ajudar. É estar presente, é dar a mão. O toque a que não ligamos… E o toque fala muito”.
Portugal tem consumo e tráfico de droga abaixo da média europeia País apenas está acima da média no que toca a infecções de VIH atribuídos ao consumo de droga injectada, segundo o relatório europeu. Portugal tem baixos índices de consumo e de tráfico de drogas em relação à média da União Europeia (UE), de acordo com o último relatório europeu sobre drogas, divulgado esta quinta-feira em Lisboa. Em todo o documento, de 82 páginas, Portugal tem uma presença discreta, com excepção no número de diagnósticos de VIH atribuídos ao consumo de droga injectada - 7,4 casos por milhão de habitantes -, quando a média europeia é de 2,9 casos. Apenas cinco países estão acima de Portugal. Nos restantes indicadores, os índices estão sempre abaixo da média europeia. No consumo de cocaína, por exemplo, a percentagem de consumidores adultos (15 a 64 anos) está em 1,2, quando a média da UE é de
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4,6%. Já a percentagem dos jovens que dizem ter consumido nos últimos doze meses é, em Portugal, de 0,4 e na Europa de 1,9. Quanto ao consumo de anfetaminas, a prevalência em Portugal é de 0,5%, bastante menos do que a média da UE, 3,5%. Na Dinamarca, a prevalência em adultos, ao longo da vida, é de 6,6% e, no Reino Unido, chega-se aos 11,1%. No ecstasy, a tendência é a mesma: Portugal com uma prevalência (adultos, ao longo da vida) de 1,3%, contra os 3,6% da média europeia. Abaixo de Portugal, apenas estão a Grécia, o Chipre, Malta, Polónia e Roménia. Os índices mais altos pertencem à Irlanda (6,9) e ao Reino Unido (9,3). Quanto à cannabis (não há dados de Portugal quanto aos opiáceos), Portugal tem uma estimativa de prevalência de 9,4% (adultos, ao longo da vida) e a UE chega aos 23,3%. Os romenos são os que menos usaram cannabis (1,6) e os que apresentam maiores consumos são os franceses (40,9), seguidos dos dinamarqueses (35,6) e dos espanhóis (30,4). Segundo o relatório, em termos gerais as estatísticas referem-se a 2013 mas, por vezes, variam consoante o país, sendo sempre os mais actualizados. Nele compara-se ainda o número de mortes devido à droga por milhão de habitantes, tendo Portugal contabilizado 21 casos, o que dá três mortos por milhão, quando a média na UE é de 17,3 por milhão. A Estónia destaca-se com os seus 126,8 mortos por milhão de habitantes. Quanto às apreensões de droga, Portugal está também numa posição intermédia. São 792 apreensões de heroína (o Reino Unido mais de 10 mil, a Espanha 6.502), 1.108 de cocaína (a Espanha mais de 38 mil), 48 de anfetaminas (a Alemanha mais de 12 mil), 80 de `ecstasy` (o Reino Unido, quase quatro mil). Nas apreensões de haxixe (resina de cannabis), o país tem algum destaque, com mais de três mil casos, nada comparado com as 180 mil apreensões em Espanha, as 17 mil do Reino Unido ou as 11 mil da Dinamarca. E Portugal volta a uma modesta posição, de novo, com as apenas 559 apreensões de marijuana, com 18 países a apresentarem números muito mais altos. Com o nome "Relatório Europeu sobre Drogas 2015: Tendências e evoluções", o documento apresentado em Lisboa foi elaborado pela agência da UE de informação sobre droga (EMCDDA), assinalando 20 anos com esta edição. Nele se destaca que o consumo da heroína está a diminuir, que os casos de contágio de sida devido a drogas diminuíram ou estabilizaram, que a cannabis continua a ser a droga mais consumida e que quase todos os dias surgem novas drogas sintéticas, muitas vezes vendidas na internet.
Portugueses a viver mais e melhor. É o objectivo do novo Plano de Saúde Esperança de vida saudável aos 65 anos deverá passar a ser de 12,9 anos nos homens e de 11,7 anos nas mulheres. Documento traça objectivos também para os mais jovens.
Viver mais e com qualidade é o principal objectivo do novo Plano de Saúde. Foto: DR
Portugal quer aumentar em 30% a esperança de vida saudável aos 65 anos em 2020, assumindo como fundamental ter programas que intervenham no grupo etário dos 50 aos 60 anos. A meta faz parte do novo Plano Nacional de Saúde, divulgado esta sexta-feira pela agência Lusa. O aumento da esperança de vida saudável aos 65 anos passaria a ser de 12,9 anos nos homens e de 11,7 anos nas mulheres. Hoje, embora as mulheres tenham maior esperança média de vida, registam valores inferiores no que respeita à esperança de vida saudável – ou seja, vivem mais que os homens, mas com menos qualidade a partir da terceira idade. Dados de 2012 mostram que a esperança de vida saudável aos 65 anos é de 9,9 anos para os homens e de nove anos para as mulheres, “inferior ao melhor valor dos países da União Europeia”, indica o Plano da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Evitar cerca de três mil mortes antes dos 70 Portugal compromete-se a reduzir, até 2020, a taxa de mortalidade antes dos 70 anos a um valor inferior a 20%, o que permitirá evitar cerca de três mil mortes anuais em relação aos números actuais. Em 2014, Portugal tinha uma taxa de mortalidade prematura (antes dos 70) de 22%. Mais de 23 mil pessoas morreram antes do tempo. O objectivo agora é que, daqui a cinco anos, seja de 20%, evitando-se três mil mortes prematuras por ano. De acordo com os responsáveis da DGS, esta meta está alinhada com o compromisso de reduzir em 25% a mortalidade referente a doenças não transmissíveis, como as cardiovasculares, cancro, diabetes e doenças respiratórias crónicas. De acordo com o director executivo do Plano Nacional
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de Saúde, Rui Portugal, está ainda pressuposto um enfoque particular nas doenças crónicas e “uma intervenção sobretudo nas idades médias (a partir dos 40/45 anos)”. Um Plano com vários alvos “O Plano não é um documento, mas um sistema que articula projectos, envolvendo vários departamentos de forma sistemática”, afirma o director-geral da Saúde, Francisco George, frisando que “é independente dos ciclos políticos ou de legislaturas”. Trata-se de “um compromisso que envolve entidades de diferentes departamentos e sectores, como o Estado, autoridades locais, sector social e privado”, destaca ainda. O aumento da esperança média de vida saudável e a diminuição da mortalidade precoce (antes dos 70) são duas das quatro grandes metades definidas no Plano, que contempla ainda objectivos mais dirigidos às gerações mais jovens. Um deles é a redução da prevalência do consumo de tabaco na população com mais de 15 anos e a eliminação ao fumo ambiental. Mas também está previsto o controlo da obesidade na população infantil. Por isso, até Julho de 2016, vai ser criado um sistema de informação regular para monitorizar o consumo de tabaco e a obesidade infantil, projecto que deverá ser implementado pela DGS, o Instituto Nacional de Estatística e o Instituto Nacional de Saúde. Outra das orientações do Plano é a organização de planos locais de saúde, com o envolvimento das autarquias e das administrações regionais de Saúde. A actual revisão e extensão do Plano Nacional de Saúde até 2020 pretende estar alinhada com as orientações da “Estratégia 2020” da Organização Mundial da Saúde para a Europa.
IRS. Taxas serão comunicadas pelos estabelecimentos de saúde Esclarecimento chega depois de a Renascença ter denunciado que os contribuintes não tinham possibilidade de registar o valor das taxas moderadoras no portal das Finanças, como despesa de saúde dedutível no IRS. Por Fátima Casanova
Os valores das taxas moderadoras pagas em 2015 serão comunicados à Autoridade Tributária (AT) pelos estabelecimentos públicos de saúde até ao final do mês de Janeiro do próximo ano, explica o Ministério das Finanças. O esclarecimento chega 24 horas depois de a Renascença ter denunciado que os contribuintes não tinham possibilidade de registar o valor das taxas moderadoras no portal das Finanças, como despesa de saúde dedutível no IRS.
Só a partir do final de Janeiro do próximo ano a informação em causa ficará disponível na página pessoal do sistema e-fatura de cada contribuinte. Esses dados serão depois incluídos pelo Fisco na declaração pré-preenchida de IRS de cada contribuinte, para que sejam considerados para efeitos de dedução à colecta de despesas de saúde. Tal como a Renascença também avançou na quartafeira, ainda falta publicar a portaria que aprova o modelo de comunicação dos valores das taxas moderadoras entre os estabelecimentos públicos de saúde e a Autoridade Tributária.
Adesão de 80% na greve de enfermeiros. Emigrar é opção antes do fim do curso Tiago Miranda está a tirar a licenciatura e, a dois anos de o terminar, já pensa em fazer as malas – uma escolha sem alternativa, diz, face à falta de condições de trabalho ou esperança no futuro em Portugal. A greve dos enfermeiros teve uma adesão de 80% no turno da noite, revela a presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Guadalupe Simões. A sindicalista adianta que os efeitos da paralisação devem sentir-se com mais intensidade durante o dia. “A adesão à greve no turno da noite foi de 80%, registando-se uma variação entre os 65% no Hospital de Faro e 90,6% no Hospital de São José. Agora, vamos iniciar o turno da manhã [8h00], no qual o impacto da greve deve ser mais sentido, uma vez que nos serviços que não funcionam 24 horas os enfermeiros não têm obrigatoriedade de comparecer”, afirma à Renascença. Em causa estão, por exemplo, os serviços nos centros de saúde, nas consultas externas e nas cirurgias de ambulatório. “Nos blocos operatórios, só estarão a funcionar as salas de urgência e alguns exames complementares de diagnóstico”, adianta Guadalupe Simões. Está prevista para a hora de almoço uma nova actualização sobre o nível de adesão. A greve começou às zero horas desta quinta-feira e vai decorrer até às 24h00 de sexta. Estão previstos serviços mínimos. Enfermeiros reclamam valorização da carreira Na origem da greve está a não valorização da carreira de enfermeiro, como justifica o sindicato. A Ordem dos Enfermeiros expressa solidariedade com o protesto e sublinha o elevado o número de enfermeiros recémlicenciados que continuam a sair do país. Segundo o vice-presidente da Ordem, Bruno Noronha, cita os números do Observatório da Emigração: “o número de enfermeiros no Reino Unido subiu 500%.” Bruno Noronha adianta que três quartos dos que se
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formam anualmente nas faculdades portuguesas solicitam emissão da declaração para poderem trabalhar no estrangeiro. Na origem desta decisão estão duas questões fundamentais. “Além de termos poucos para satisfazer as necessidades dos cidadãos, ainda temos uma carreira que em tudo obstaculiza que estes profissionais se consigam desenvolver do ponto de vista técnico e científico.” “Temos aqui duas dimensões com as quais concordamos plenamente, porque têm impacto directo e negativo nos cidadãos. É preciso fazer também esta interpretação mais lata das razões para a convocação de uma greve”, sublinha o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros. Emigração é hipótese antes de terminada a licenciatura A degradação das condições de trabalho assinalada pelos enfermeiros em greve e as dificuldades sentidas, nomeadamente, nos salários e na colocação, levam a que, ainda na faculdade, os aspirantes à profissão penem em emigrar. Tiago Miranda é um desses exemplos. A dois anos de terminar a licenciatura em enfermagem, já pensa em fazer as malas. Começou a aprender inglês e Inglaterra poderá ser o destino. Trata-se de uma escolha sem alternativa, alega o jovem estudante, para quem o país não dá condições de trabalho nem esperança no futuro. “Tenho colegas que chegaram a receber propostas de emprego de 30 horas semanais por 200 euros. Penso que é bocado ridicularizar a profissão”, critica. Dos 110 colegas que terminaram o curso em 2014, apenas seis conseguiram exercer enfermagem em Portugal e 40 são enfermeiros lá fora. “Se aqui em Portugal não der, lá fora serei reconhecido e valorizado”, garante o jovem estudante.
TAP. Prazo para entrega de propostas termina às 17h00 desta sexta-feira Ministro da Economia recusa comentar eventuais acções na Justiça. Venda da empresa justificada com necessidade de manter confiança dos investidores.
David Neelman e German Efromovich são os interessados na empresa. Foto: Mário Cruz/Lusa
Até às cinco da tarde desta sexta-feira. É este o prazo para a entrega das propostas finais para a privatização da TAP. Na corrida estão os empresários David Neelman e German Efromovich. David Neeleman é patrão da companhia aérea brasileira Azul e junta-se nesta proposta a Humberto Pedrosa, do grupo Barraqueiro. Germán Efromovich é dono da operadora aérea Avianca e do grupo Synergy. O ministro da Economia promete novidades sobre o processo já na próxima semana e garante estar tudo a correr como previsto. Pires de Lima recusa, por outro lado, comentar eventuais acções na Justiça com potenciais efeitos negativos para a privatização. A privatização da transportadora aérea tem sido objecto de providências cautelares interpostas por grupos de cidadãos, como o movimento “Não TAP os olhos” e a associação “Peço a Palavra”. No início da semana, o Supremo Tribunal Administrativo aceitou a providência cautelar contra o facto de não haver concurso público para a contratação de duas entidades independentes para a avaliação económico-financeira da transportadora. O Governo respondeu com interesse público. Em conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, na quinta-feira, o ministro da Presidência afirmou que a resolução fundamentada à providência cautelar sobre a privatização da TAP foi entregue ao Supremo Tribunal Administrativo, desvalorizando os argumentos da associação “Peço a Palavra”. “Não vale a pena perder tempo com argumentos mais ou menos imaginativos de quem pretende travar a privatização da TAP”, afirmou Luís Marques Guedes, escusando-se adiantar de que maneira o Governo rebateu a fundamentação da providência cautelar. Esta sexta-feira, o jornal “Público” adianta que a
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resposta do Governo se baseia, em grande parte, no risco de confiança dos investidores.
Banco de Portugal aconselhado a ser mais vigilante É preciso aprender com o caso BES e alterar regras e formas de as aplicar, aconselha comissão criada pelo próprio supervisor. Por Eunice Lourenço
O Banco de Portugal deve ser mais vigilante e aplicar as regras de supervisão de forma mais apertada. É o que recomenda, em geral, uma comissão criada pelo próprio supervisor para avaliar as suas decisões no caso que abalou a banca e o país no Verão passado. A comissão faz 19 recomendações ao banco central, entre as quais ser mais vigilante quanto às concessões de crédito a administradores e membros dos órgãos sociais das próprias instituições financeiras. Outra recomendação é que seja proposto ao Governo a proibição de venda por parte de bancos de títulos de capital e de divida de empresas não financeiras que pertençam ao mesmo grupo. Também é proposto que passe a ser obrigatória a rotação de auditores externos dos grupos financeiros. Ou seja, um banco deve mudar de auditor de oito em oito ou de nove em nove anos e esse auditor deve ter uma certificação prévia dada pelo Banco de Portugal. A comissão também defende que o Banco de Portugal não deve “tolerar, em nenhum caso, a falta de esclarecimento” sobre beneficiários de participações superiores a dois por cento do capital ou dos direitos de voto das entidades supervisionadas. O supervisor deve também “monitorizar continuadamente as exposições intragrupo”.
Quem vai treinar o Benfica? Neste noticiário: Luís Filipe Vieira garante que não tem pré-acordo com nenhum treinador, mas imprensa já avança possibilidade de Marco Silva na Luz; taxas moderadoras podem ser deduzidas no IRS; Papa visita Sarajevo amanhã, mas vendas no comércio não correm como esperado; a água radioactiva que curava todos os males. Por Edição de Marília Freitas
PS critica maioria por ter apresentado “conferência de imprensa” em vez de programa O programa socialista ainda será sujeito a aprovação na convenção do partido, mas há compromisso de redução da TSU dos trabalhadores.
Ferro Rodrigues. Foto: Pedro Nunes/Lusa
Apresentadas que estão as linhas gerais do programa eleitoral da coligação PSD-CDS, os socialistas, cuja proposta de programa carece ainda de aprovação final, criticam a maioria por não ter entrado em mais detalhes. No final da reunião do grupo parlamentar, o líder socialista Ferro Rodrigues deu conta da posição do partido, que não aceita uma revisão da Constituição para a criação de um tecto máximo para a dívida pública, nem admite que possa vir a mexer na sua proposta de redução da Taxa Social Única dos trabalhadores. A redução da TSU dos trabalhadores é mesmo um compromisso fundamental do PS. Com o argumento de que serve para melhorar o poder de compra e aumentar a procura interna, apesar de há uma semana a direcção nacional ter admitido alterações à proposta elas não surgiram e, segundo o líder parlamentar Ferro Rodrigues, nem devem surgir. “Ainda não foi aprovado o programa, vamos ver na convenção as intervenções que haverá e a maneira que essa questão vai ser debatida e votada, mas penso que neste momento há umas posições de consenso muito amplo.” O programa eleitoral do PS foi divulgado à meia-noite, horas depois de a coligação PSD-CDS ter apresentado o seu próprio programa eleitoral, Ferro Rodrigues espera da maioria propostas mais concretas: “Agora esperamos que haja um programa concreto, com as medidas concretas, tal como o PS apresentou, um programa de Estado do ponto de vista económico, social, e que não fiquemos com esta coisa em que para cumprir calendário e para tentarem ridiculamente
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antecipar-se à convenção do PS fizeram uma conferência de imprensa”. Face às intenções de uma revisão constitucional por parte da maioria para estabelecer um tecto da dívida pública, o líder parlamentar socialista avisa que não faz sentido: “Se houvesse um tecto para a dívida pública na Constituição, como é que este governo tinha governado? Este Governo aumentou a dívida pública de forma brutal! Não sei se é uma espécie de autocrítica que estão a fazer, mas não tem sentido nenhum”. Para se fazer uma revisão constitucional é necessária uma maioria de dois terços dos deputados em efectividade de funções.
Cortar na TSU? Passos Coelho diz que só com mais impostos Primeiro-ministro reage ao facto de o PS prever que a sua medida para a redução gradual e temporária das contribuições dos trabalhadores seja, se necessário, compensada por transferências do Orçamento do Estado para a Segurança Social. O Primeiro-ministro considera que a proposta do PS sobre a descida da Taxa Social Única (TSU) é impraticável. Passos Coelho garante que com uma eventual descida das contribuições dos trabalhadores, das duas uma: Ou falta o dinheiro para pagar aos pensionistas ou se aumentam os impostos. “Isso ocasiona um problema já hoje, não é meramente um problema para os futuros pensionistas, é para os actuais, porque as suas pensões são pagas com as contribuições dos actuais trabalhadores”, explicou à margem do encontro com uma delegação de atletas, que vão participar nos primeiros jogos europeus que vão decorrer em Baku, no Azerbaijão. Confrontado com as afirmações do PS de que compensará esse imposto com o Orçamento do Estado, Passos Coelho desvaloriza a solução. “O Orçamento são os impostos dos portugueses, não é outra coisa senão isso. E das duas uma, ou se redistribui a despesa que temos, e nesse caso é preciso cortar em algum lugar para compensar essa falta na Segurança Social, ou então isso é feito à custa dos impostos, ou de défice e impostos futuros, ou de impostos agora.” Falando na residência oficial, em Lisboa, o chefe de executivo reagia ao facto de o PS prever que a sua medida para a redução gradual e temporária das contribuições dos trabalhadores seja, se necessário, compensada por transferências do Orçamento do Estado para a Segurança Social, visando salvaguardar a sustentabilidade do sistema. "Essa medida representa bem um modelo de desenvolvimento económico que não se ajusta às
circunstâncias que nós vivemos. O país não comporta esse tipo de experiência e esse estímulo à procura que é feito artificialmente ou à conta de impostos futuros ou de impostos presentes ou simplesmente de uma dúvida sobre os nossos financiadores e sobre os próprios portugueses sobre a recuperação que seremos capazes de sustentar", defendeu Passos Coelho. Na versão final do programa eleitoral do PS, que foi divulgada na quarta-feira à noite (ao abrigo das normas estatutárias da Convenção Nacional deste partido), é também condicionada a projectada descida da taxa social única (TSU) das empresas, em quatro pontos percentuais, à avaliação anual das novas fontes de contribuição para o sistema da Segurança Social. RAQUEL ABECASIS
“Que se lixem as eleições”, uma estratégia vencedora Na política, como no futebol, quando se entra no campo pouco interessa o espectáculo, interessa só ganhar.
Meses depois, Passos Coelho volta ao mesmo lema: Programa? Propostas? Não, eu dou garantias! Os portugueses conhecem-me e sabem que não me desvio do rumo e foi assim que consegui tirar Portugal da bancarrota. Esta é a estratégia. É pouco dirão alguns, é um vazio, dirão outros. Mas na política, como no futebol, quando se entra no campo pouco interessa o espectáculo, interessa só ganhar. Passos Coelho, mais do que Portas, sabe que este é o seu principal trunfo eleitoral. Os portugueses gostam de um homem que não muda de rumo, de um homem que não se deixa afectar pelas críticas e sobretudo de um homem que foi capaz de pôr o seu parceiro no bolso, apesar de Portas ser considerado o grande génio da política portuguesa e Passos Coelho o líder com pouca sabedoria política. Cavaco não é um político, lembram-se? E no entanto com este discurso foi dez anos primeiro-ministro e outros dez Presidente da República, eleito por uma larga maioria de portugueses. Passos Coelho aposta na mesma receita. Começou por ser o antiSócrates e passou a antipolítico. O que a coligação veio ontem dizer ao país é que não
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contem com promessas. As garantias são um truque à Portas, mas Passos Coelho fala só de resultados: a troika já la vai, o desemprego está a baixar, as notícias mais recentes falam do consumo interno a aumentar. Veremos se a estratégia resulta mais uma vez. Mas não será por acaso que ainda esta semana António Pinto Leite – um dos homens da Nova Esperança que levaram Cavaco à liderança do PSD – colocou Passos Coelho no pódio dos melhores primeiros-ministros que Portugal já teve. Ele lá sabe do que fala. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
Atenção ao consumo Em cinco meses, a venda de automóveis ligeiros de passageiros subiu 33%, em comparação com igual período do ano passado. Os economistas dizem ser normal o regresso a níveis de consumo que a crise afundou, mas… gato escaldado de água fria tem medo.
PS. Esta coluna não se publica durante a próxima semana. FESTIVAIS DE MÚSICA
O Porto está "esgotado" para três dias de Primavera Sound, um "sofá gigante para melómanos" O festival de música independente volta a levar 10 mil turistas à cidade do Porto, segundo as estimativas da organização. Dentro tem a recém-inaugurada “Pensão Primavera” e quer transformar o Parque da Cidade num “sofá gigante para melómanos”. Arranca esta quinta-feira, com Patti Smith, a cantautora do punk rock que foi convidada pelo Papa Francisco para actuar no Vaticano. Por Maria João Cunha e Marília Freitas
Por Francisco Sarsfield Cabral
O crédito bancário ao consumo voltou em Portugal a níveis do início de 2011, ainda antes do programa de ajustamento e da “troika”. Em boa parte tratou-se de financiar a compra de carros. Entre Janeiro e Maio deste ano, comparando com igual período de 2014, a venda de automóveis ligeiros de passageiros subiu 33%. Entretanto, apesar da subida do IVA na hotelaria e na restauração para 23%, o sector não definhou. Pelo contrário, houve um significativo aumento líquido de empresas neste sector, como assinala o “Diário Económico”. Muitas unidades fecharam, mas muitas mais abriram. Pelos vistos, o negócio é compensador, talvez por causa da subida do turismo estrangeiro (que é uma forma de exportação).Também a construção está a recuperar, com destaque para o crescimento de 30% na reabilitação urbana. Positivo. Economistas ouvidos pelo “Jornal de Negócios” dizem ser normal o regresso a níveis de consumo que a crise afundou. Mas há que ter cuidado: as importações estão a crescer; se o consumo aumentar muito, volta o desequilíbrio externo e o endividamento. Gato escaldado de água fria tem medo…
Foi no último concerto de Natal, no Vaticano. Patti Smith, poetisa, cantora da cena punk norte-americana dos anos 70, entoou, com orquestra, “Because the Night”, no auditório que tradicionalmente acolhe o Concerto de Natal do Vaticano. Não se sabe que o Papa Francisco tenha estado na audiência, mas o convite oficial a Patti Smith partiu do próprio e gerou polémica, por causa do “posicionamento” religioso da cantora. Mas ela desvalorizou. Afinal, já em 2013 ali mesmo tinha tinha cantado “O Holy Night” - ela, que se diz fã do Papa, com quem já se cruzou pessoalmente. (Saiba mais sobre a cantora e a polémica aqui) Depois do Vaticano e de uma série de concertos que evocam os 40 anos do álbum de estreia, “Horses”, a “madrinha do punk” apresenta-se em dose dupla no Primavera Sound, no Porto. O primeiro concerto é já esta quinta-feira, ao início da noite, 20h – um espectáculo de “spoken word”, acústico. O segundo é às 19h de sábado, para cantar todo o álbum ícone da sua carreira. A cantora, de 68 anos, é um dos destaques da 4ª edição do festival, que leva também ao Parque da Cidade do Porto bandas que não são estranhas mesmo aos ouvidos menos “indie”: os nova-iorquinos Interpol (sexta, 22h20), Antony and the Johnsons (sábado, 00h15), Damien Rice ou Ride (21h e 23h30, respectivamente, no sábado). Mas há mais. São 49 bandas, quatro palcos (um deles parece mesmo saído de um conto – veja o vídeo), mais de 550 artistas. (Programação com horas detalhadas disponível aqui). E todos estes artistas, com as suas “entourages”, ajudam a dar corpo à horda de
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estrangeiros que se apodera dos espaços da cidade do Porto, por estes dias. A organização garante que os hotéis estão esgotados. À Renascença, a Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APOHRT) confirma: “A cidade está cheia”. O presidente, Rodrigo Pinto Barros, diz que o “festival está a criar um bom nome”, que “é uma aposta ganhadora” para o turismo e que, dos hotéis cinco estrelas aos mais económicos hostels, “se ainda não estão cheios, estão praticamente cheios”. O fenómeno estende-se às zonas limítrofes, como as cidades de Matosinhos e de Vila Nova de Gaia. Bem-vindos à "Pensão Primavera", nos bastidores do festival Em matéria de alojamentos, há uma pensão muito particular com lotação esgotada há três semanas. Não daria para acomodar turistas, mas é uma das novidades do festival, este ano, à 4ª edição. A “Pensão Primavera” nasceu nos bastidores do Primavera Sound. É aí que o coordenador de produção e logística, Lino Machado, nos conta que se trabalha para que este festival seja “um sofá gigante para melómanos”. Tanto mais que, diz o director do festival, José Barreiro, estamos no espaço mais bonito da Europa para fazer um festival. (Veja a reportagem vídeo no topo da página) O Primavera Sound é o primeiro grande da chamada época dos "festivais de Verão", que vai de Junho a Setembro. Segundo as contas da recém-criada Associação Portuguesa de Festivais de Música, em Portugal há 150 festivais de música a decorrer num ano, boa parte deles de pequena ou média dimensão.
Banco de jardim carrega telemóveis Penafiel vai inaugurar peça de mobiliário urbano tecnológica no Dia do Ambiente. Banco também está preparado para iluminar a área circundante durante a noite. O Dia Mundial do Ambiente vai ser assinalado esta sexta-feira, em Penafiel, com a inauguração de um banco de jardim preparado para carregar telemóveis, alimentado a energia solar, que a autarquia diz ser inovador em Portugal. Antonino Sousa, presidente da Câmara de Penafiel, avançou esta quinta-feira à Lusa que a peça de mobiliário urbano, com capacidade para oito a nove pessoas, situada no Parque das Lages, também está preparada para iluminar, à noite, a área circundante. O efeito luminoso será obtido através de lâmpadas de tecnologia "led" alimentadas por energia solar acumulada ao longo do dia. Segundo o autarca, o banco é auto-sustentável sob ponto de vista energético graças aos painéis fotovoltaicos que servem de cobertura e, simultaneamente, abrigo do sol. Os utilizadores podem recorrer, gratuitamente, às tomadas de corrente eléctrica para carregarem telemóveis, “tablets” e computadores, entre outros dispositivos electrónicos. O equipamento, assinalou o presidente, foi projectado
para que os munícipes possam desfrutar dos espaços públicos, sem terem de abdicar da ligação às novas tecnologias e redes de informação. "A utilização do banco de jardim, com o conceito inovador da produção de energia no próprio local, apresenta-se como uma ideia útil, moderna e inovadora, que permite abrir novos horizontes na reestruturação dos espaços públicos modernos", acentuou. Antonino Sousa recordou, por outro lado, que a peça de mobiliário encontra-se numa zona de lazer próxima de duas grandes escolas da cidade, o que proporcionará aos mais jovens a utilização das novas tecnologias, ao mesmo tempo que usufruem dos equipamentos de lazer ao ar livre. Numa fase posterior, a peça de mobiliário urbano poderá ser enriquecida com a possibilidade de funcionar como ponto gratuito de difusão de sinal de Internet para as áreas mais próximas. O equipamento foi desenvolvido por uma empresa de Penafiel especializada em energias renováveis, em parceria com o Município. Também houve, por outro lado, segundo o autarca, a preocupação de a peça incorporar "design", com recurso à forma de coração inspirada no logotipo "Sentir Penafiel". O autarca admitiu à Lusa que outras zonas da cidade ou do concelho poderão, no futuro, receber equipamentos similares e que o conceito deverá ser replicado por outras câmaras municipais.
“Seja Visto”. Evite atropelamentos, use material reflector Prevenção Rodoviária Portuguesa aconselha, sobretudo crianças e maiores de 65 anos a tornarem-se bem visíveis em estradas mal iluminadas.
Foto: Joana Bourgard/RR
Para reduzir o número de atropelamentos em períodos de menor visibilidade, a Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) sugere o uso de material reflector a crianças e maiores de 65 anos, sobretudo fora dos centros urbanos. É a principal mensagem do projecto "Seja Visto" que
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vai ser apresentado esta quinta-feira. Em declarações à Renascença, o presidente da PRP, José Miguel Trigoso, lembra que durante a noite é quando acontecem os atropelamentos com consequências mais graves. “Quase 40% daqueles que ficam gravemente feridos resultam de acidentes verificados durante a noite. A única solução para que os peões sejam efectivamente vistos é usarem quando circulam à noite algum material que tenha característica retro-reflectoras”, descreve. O conselho é particularmente dirigido a crianças e maiores de 65 anos, uma vez que “são as maiores vítimas de atropelamento”. Em 2013, 97 pessoas morreram atropeladas em Portugal, de acordo com dados da Pordata.
Prisão preventiva para suspeitos de vender nacionalidade portuguesa a milhares de estrangeiros Três suspeitos estão fortemente indiciados pela prática de crimes de associação criminosa para auxílio à imigração ilegal, entre outras práticas. O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa (TIC) determinou a prisão preventiva de três arguidos indiciados pelos crimes de associação criminosa para o auxílio à imigração ilegal. A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) avança na sua página na internet que os três arguidos estão ainda indiciados pelos crimes de imigração ilegal e associação criminosa para a prática de outros crimes. De acordo com a mesma fonte, os arguidos faziam parte de uma associação internacional organizada que visava obter "elevados proventos com tramitação ilícita de pedidos de atribuição de nacionalidade portuguesa por parte de cidadãos de origem indiana, residentes na Índia ou no Reino Unido". Os suspeitos possuíam a base operacional em Portugal, no Reino Unido, na Índia, na Guiné-Bissau, no Senegal ou em S. Tomé e Príncipe. A actividade dos suspeitos é anterior a 2013. Angariavam pessoas em situação ilegal na Índia ou no Reino Unido e que estavam dispostos a pagar avultadas quantias em dinheiro para adquirirem a nacionalidade portuguesa. Com essa finalidade criminosa, os arguidos criaram um sistema de falsificação de documentos oficiais indianos ou de passaportes forjados na Guiné-Bissau que eram entregues em Portugal a fim de obterem, em
seguida, a nacionalidade portuguesa. Na terça-feira, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou ter desmantelado uma rede que adquiria, de forma fraudulenta, documentos com nacionalidade portuguesa. Na nota em que explicava a operação "Livro Mágico", o SEF referia ter efectuado 17 buscas e apreendido documentos relativos a processos de nacionalidade, assim como grande quantidade de ouro no montante de 40 mil euros e 15 mil euros em numerário.
De uma mochila vazia se constrói um sonho no Nepal Pedro e Lourenço foram apanhados pelo sismo de Abril e ficaram para ajudar. Lançaram uma campanha que já chegou a 50 mil nepaleses. Por Ricardo Conceição
Um mês depois do sismo que abalou o Nepal e fez mais de oito mil mortos, dois portugueses construíram a primeira casa que irá alojar a população da vila de Chapagaun, com fundos adquiridos pela missão "Obrigado Portugal, Nós Também Somos Nepal". Mas sonho de Pedro Queirós e Lourenço Macedo Santos não fica por aqui, regressam a Katmandu no dia 25 de Junho e querem "fazer escolas, construir vilas e ajudar o Nepal a ter um futuro melhor". Os dois amigos foram surpreendidos pelo terramoto de 25 de Abril, no Nepal, que lhes mudou a vida para sempre. Continuaram no país e lançaram no último mês uma campanha de ajuda humanitária que já chegou a 50 mil pessoas. Começaram com praticamente nada e hoje estão a construir a primeira casa num país devastado. Esta quinta-feira voltaram a Lisboa, mas já se preparam para voltar. Em entrevista à Renascença, contam como, a partir de uma mochila vazia, alimentaram o desejo de uma vida melhor para milhares de nepaleses. “Não conseguimos estar muito tempo parados. Decidimos esvaziar as nossas mochilas e, com o dinheiro que tínhamos, ir ajudar. E foi o que fizemos”, afirma Lourenço Macedo Santos. Pedro Queiróz pôs o NIB no Facebook e aí começou uma onda imparável: “Em 36 dias, aquilo que nós já atingimos são milhares de quilómetros feitos a ajudar pessoas, 50 mil pessoas ajudadas, mais de 70 toneladas de mantimentos. Estamos a falar de 27 mil euros gastos, tudo financiado pela missão ‘Obrigado, Portugal’. Entre 90% a 95% de todos os fundos que nós temos foram transferidos por Portugal e temos também voluntários que viajaram de Portugal para nos ajudar.” Nesta altura, já se constroem casa. O Pedro e o Lourenço aterraram em Lisboa com certeza de que têm de voltar ao Nepal continuar a obra que começaram.
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Sexta-feira, 05-06-2015
Grécia adia pagamento da dívida ao FMI
Sandes de fiambre vale 11 dias de prisão a soldado israelita
Governo de Atenas ganha tempo. Vai juntar quatro pagamentos numa única tranche, que vence no final do mês.
As regras alimentares judaicas proíbem o consumo de carne de porco. As Forças Armadas acabaram por anular a condenação do militar: “Há espaço para todos”, esclarece um oficial.
A Grécia vai juntar quatro pagamentos da dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI) numa única prestação, anunciou esta quinta-feira aquela instituição. Na sexta-feira vencia já uma das quatro fatias do empréstimo que Atenas tem de pagar ao FMI. A primeira tranche tem um valor de 305 milhões de euros. O Governo de Atenas ganha algum tempo, mas tem de realizar os quatro pagamentos no dia 30 de Junho, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. O Fundo explica que, ao abrigo de uma decisão tomada na década de 70, os membros da instituição podem agregar vários pagamentos numa prestação em caso de dificuldades. As reuniões da Grécia com os credores internacionais prosseguem. Esta quinta-feira, houve aproximações, mas o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, diz que as diferenças continua a ser muito grandes.
Há espaço para todos nas forças armadas israelitas, até para sandes de fiambre. Foto: DR
Um soldado israelita foi condenado a 11 dias de prisão quando os seus superiores descobriram que tinha levado para o quartel uma sanduíche de fiambre. O militar, cujo nome não foi divulgado, tinha chegado há pouco tempo dos Estados Unidos e terá sido a sua avó quem lhe preparou o farnel. As regras alimentares judaicas proíbem o consumo de carne de porco, entre outras coisas, e as Forças Armadas aderem oficialmente a essas leis, apesar de nem todos os soldados serem judeus e de nem todos os judeus serem praticantes. Não há informações sobre a religião do soldado em questão. Este caso é um reflexo de uma divisão social que existe em Israel. O país é oficialmente judaico e os sectores mais conservadores querem que as leis civis reflictam mais claramente as religiosas, enquanto outra parte da sociedade preferia que o estado fosse mais secular. A carne de porco vende-se livremente no país. O caso acabou por se tornar público e causou alguma polémica. O exército mudou a sentença, anulando a pena de prisão e confinando o militar à sua base. Contudo, mesmo essa sanção acabou por ser revogada e a condenação anulada. Em resposta à crise gerada, um general afirmou no Facebook que tudo não tinha passado de um malentendido: “Enganámo-nos. As Forças Armadas vão continuar a respeitar as regras alimentares judaicas, por um lado, mas por outro, não vamos andar a analisar o conteúdo das sanduíches dos nossos soldados. Existem tensões na sociedade israelita e há diferentes posições e opiniões. Há lugar para todos nas Forças de Defesa israelitas”.
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Sexta-feira, 05-06-2015
Boko Haram raptou 1.500 crianças nos Camarões O alerta da ONU refere ainda que muitos menores, entre os 8 e os 12 anos, foram usadas como escudos humanos.
euros) que pediu para os Camarões este ano. A responsável advertiu que sem mais ajuda os Camarões arriscam "tornar-se uma ameaça real para a estabilidade de toda a região". BENFICA
Vieira sobre Jesus. "Não há insubstituíveis" Presidente dos bicampeões nacionais nega pré-acordo com qualquer treinador para a sucessão de Jesus. Sem se referir directamente ao nome do técnico que está a caminho do Sporting, Luís Filipe Vieira questiona "carácter" e "gratidão" de "JJ".
Foto: DR
O grupo radical islâmico nigeriano Boko Haram raptou mais de mil crianças nos Camarões e usou algumas como escudos humanos, disse a coordenadora humanitária da ONU para a zona. "O sistema que utilizam é desumano", disse Najat Rochdi numa entrevista à agência France Presse, em Genebra. Os Camarões fazem fronteira com o nordeste da Nigéria onde a violenta revolta do Boko Haram causou mais de 15.000 mortos desde 2009. Em Julho do ano passado, os jihadistas começaram a realizar incursões ao país vizinho para arranjar comida, passando rapidamente os ataques a incluir a queima de aldeias e a morte de pessoas e, no final do ano, o rapto de crianças, disse Rochdi. "A informação que tenho é que cerca de 1.500" foram raptadas desde aquela altura, indicou, adiantando que as crianças são utilizadas sobretudo como criados para ajudar a carregar tendas e ir buscar água. No auge dos ataques no norte dos Camarões em Fevereiro, o Boko Haram levou crianças para a linha da frente, segundo a responsável da ONU. "Pelo que sei, as crianças foram usadas como escudos humanos tinham entre oito e 12 anos", disse. Milhares de refugiados A ofensiva regional contra o Boko Haram, que juntou forças da Nigéria, Níger, Chade e Camarões, conseguiu fazer parar os ataques durante algum tempo, mas Rochdi disse que os jihadistas já voltaram a realizar incursões. "Nos Camarões não sentimos nada que tenha terminado", declarou. Assinalou que o país já faz um grande esforço para dar resposta às centenas de milhares de refugiados da Nigéria e da República Centro Africana, além dos 100.000 camaroneses deslocados desde que começaram os ataques do Boko Haram. Najat Rochdi indicou que existem no país 200.000 crianças desnutridas e alertou que a ONU recebeu apenas 31% dos 264 milhões de dólares (234 milhões de
Foto: EPA
Luís Filipe Vieira garante que não tem ainda qualquer pré-acordo com Rui Vitória para a substituição de Jorge Jesus no comando técnico do Benfica, sustentando, a propósito do treinador que está a caminho do Sporting, que "não há insubstituíveis" no clube que dirige. Antes do habitual jantar anual com os deputados benfiquistas da Assembleia da República, no Estádio da Luz, o presidente encarnado revelou estar "desiludido" mas não "surpreendido" com a forma como "JJ" abandonou o Benfica e prometeu, a propósito de "gratidão", que o processo de contratação do sucessor de Jesus será ponderado e com um critério específico: "carácter". "Uma das maiores virtudes que aprecio nas pessoas é a gratidão. Isso define muito o carácter das pessoas. Vamos procurar, com tempo e sem pressa, um treinador com carácter e comprometido com o Benfica. Não tenho pré-acordo com ninguém. Sei o que quero para o Benfica: um treinador ganhador, que não tenha medo de apostar nos nossos miúdos, que possa construir um projecto integrado. O Benfica somos nós. Não há insubstituíveis nesta casa, mesmo que alguns pensem que o são", afirmou, durante o discurso dirigido aos deputados, com uma postura positiva um sorriso no rosto. "Não se preocupem com os que partem, alegrem-se com os que chegam pois é com eles que vamos continuar a ganhar", salientou, em jeito de repto para a
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massa associativa. Jorge Jesus, cujo contrato com o Benfica termina no final de Junho, vai assinar por três épocas pelo Sporting, protagonizando uma das mais mediáticas e controversas transferências. SPORTING
Marco Silva despedido "por justa causa" SAD do Sporting e treinador não chegam a acordo para a rescisão contratual. Marco Silva é despedido de forma unilateral por parte dos leões, após reunião com Bruno de Carvalho, em Alvalade.
A SAD do Sporting anunciou, esta quinta-feira, o despedimento de Marco Silva "por justa causa", num comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O treinador, que tinha ainda contrato válido com os leões por mais três temporadas, vê o vínculo ser cessado de forma unilateral, depois de não ter chegado a acordo para a rescisão com Bruno de Carvalho, líder verde e branco. "Nos termos e para efeitos do cumprimento da obrigação de informação que decorre do disposto no artigo 248º, nº1 al. a) do Código dos Valores Mobiliários, o Conselho de Administração da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD, vem comunicar que, não tendo sido possível chegar a acordo, o Treinador Marco Silva foi hoje informado do seu processo de despedimento por justa causa. Nesse sentido, foram dadas indicações expressas para de imediato serem levados a cabo os necessários procedimentos", pode ler-se na referida nota. A decisão foi anunciada e divulgada após uma reunião mantida na tarde de hoje em Alvalade, entre Bruno de Carvalho e Marco Silva. Contratado a 21 de Maio de 2014, para render Leonardo Jardim, o treinador lisboeta de 37 anos abandona o Sporting ao cabo de pouco mais de um ano no comando técnico de uma equipa que guiou à conquista da Taça de Portugal e ao terceiro lugar no campeonato.
ANTÓNIO MARQUES
"Sérgio Conceição não tem condições para continuar" Opinião do presidente da assembleia-geral da SAD do Sporting de Braga. "O caldo está completamente entornado", comenta António Marques, relativamente à acesa altercação entre o treinador e o presidente do emblema minhoto.
O presidente da assembleia-geral da SAD do Sporting de Braga defende que Sérgio Conceição não tem condições para se manter no comando técnico da equipa, depois do grave episódio de indisciplina que protagonizou com António Salvador. "O caldo está completamente entornado", começa por dizer António Marques, quando confrontado por Bola Branca sobre a acesa altercação entre o treinador e o presidente do emblema minhoto. Desta forma, a conclusão é simples: "Sérgio Conceição não tem condições para continuar". "A partir do momento em que toda a gente sabe que houve mau tratamento... Para quem está atento não espanta, porque já houve incidentes com os associados durante a época. Sabemos que ele tem aqueles nervos à flor da pele mas não podia ter reagido com o presidente como reagiu. Numa empresa normal, um segundo depois, o presidente só tinha que convidar o treinar a passar pelo departamento de pessoal, fazer as suas contas e ir embora. E é isso que vai ter de acontecer", sustenta. Confessando-se um apreciador das qualidades técnicas e humanas de Sérgio Conceição, o líder da assembleia-geral da SAD arsenalista adopta uma perspectiva realista e fria para analisar o comportamento do treinador. "Eu sou dos que gostava de Sérgio Conceição. Parte do sucesso desta época está ligada ao treinador. Gostei muito do Sérgio Conceição enquanto jogador e da raça que tinha e que mantém como treinador. Mas a atitude, o comportamento e a forma como reage perante o líder do clube, não lhe permite ficar. Não pode continuar a trabalhar, independentemente do muito valor que ele tem", completa.
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Sexta-feira, 05-06-2015
REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Cromos repetidos
"Jesus todo poderoso". A criatividade das redacções de A Bola e Record coincide. Os dois jornais de Lisboa, que continua agitada por causa de treinador bicampeão, fazem primeiras páginas gémeas. Sobre o caso do momento, o diário O Jogo escreve "Jesus pára tudo". Na edição Norte, o destaque vai para uma contratação do FC Porto: "André André assinou". Ainda em O Jogo, lê-se "Evangelista apressa curso". Trata-se de Armando Evangelista, apontado como próximo treinador do Vitória de Guimarães. RIBEIRO CRISTÓVÃO
Interrogações Jorge Jesus teve toda a legitimidade para optar por um novo projecto, mas o modo como o fez é questionável do ponto de vista ético. Já Marco Silva, merecia uma boa conduta daqueles que o contrataram por quatro anos. Veremos se as férias apagam os incêndios agora ateados.
dominante. A informação e contra-informação correram célere em várias direcções lançando surpresa e perplexidade. Primeiro, a notícia da contratação de Jorge Jesus caiu como uma bomba, largando inúmeros estilhaços, que fizeram estragos de toda a ordem. Depois, a humilhação a que os dirigentes do Sporting tentaram submeter o seu treinador Marco Silva, demitindo-o de funções sob a alegação de uma ridícula justa causa que tudo aponta será muito difícil comprovar. Um esquema que visa somente poupar alguns milhões. Jorge Jesus teve toda a legitimidade para optar por um novo projecto, vinculando-se ao Sporting por via de um contrato de três anos. Nada a opor. O ex-treinador do Benfica terminara a sua ligação ao clube encarnado, não havendo por isso motivos para recriminar a sua decisão de rumar a Alvalade. O modo como a executou, assinando contrato quando um colega seu ainda permanecia no cargo, é que se tornou reprovável do ponto de vista ético. No que respeita a Marco Silva foram ultrapassados alguns limites daquilo que deveria ter sido uma boa conduta daqueles que o contrataram por quatro anos, mas dele se quiseram desembaraçar apressadamente. Senhor de uma boa conduta, que toda a comunicação foi destacando ao longo do ano, parece reunir à sua volta um bom quinhão de apoios que são visíveis nas vastas redes sociais, onde os adeptos do emblema do leão têm marcado posição destacada. Agora vai seguir-se o tempo de férias. Veremos se o suficiente para apagar alguns incêndios que foram ateados por estes dias, e se deseja sejam extintos até ao começo da nova temporada.
Brahimi pede desculpa aos adeptos do FC Porto Ainda as réplicas das declarações sobre a possível saída do Dragão. "Tenho um profundo respeito pelo clube e pelos seus adeptos", escreveu Brahimi, na rede social Facebook.
Por Ribeiro Cristóvão
Os adeptos do Sporting Clube de Portugal mal tiveram tempo para festejar a sua mais recente conquista, a Taça de Portugal, que representou a primeira vitória da sua equipa de futebol depois de um jejum prolongado de sete anos que trazia num enorme estado de angústia toda a família leonina. Pouco depois, a festa deu lugar ao debate sobre a mudança de treinador e este passou a ser o tema
Yacine Brahimi pediu desculpa aos adeptos do FC Porto, na sequência das suas declarações sobre a
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eventual saída do FC Porto e sobre o interesse do Bayern Munique. "Eu não queria faltar ao respeito a ninguém e não era a minha intenção denegrir a imagem do Futebol Clube do Porto, uma casa que tanto me acarinhou desde o primeiro dia. Tenho um profundo respeito pelo clube e pelos seus adeptos. Os meus comentários foram deformados e enviados fora do seu contexto. No entanto, gostaria que vocês soubessem que o meu coração está totalmente com o FC Porto", postou o internacional argelino, através da conta pessoal da rede social Facebook. O jogador de 25 anos foi contratado esta época pelo FC Porto, aos espanhóis do Granada.
Conheça o melhor marcador português do planeta a seguir a Cristiano Ronaldo Tozé Marreco foi o melhor marcador do Tondela, no ano histórico da subida do clube à I Liga. Avançado considera que aposta dos clubes portugueses em jogadores estrangeiros condicionou a sua afirmação. Os números não mentem. Considerando todos os campeonatos profissionais de futebol do planeta, Tozé Marreco, que marcou 25 golos esta temporada, é o melhor marcador português, a seguir a Cristiano Ronaldo. O avançado do Tondela, de 27 anos, tem vasta experiência na II Liga e já andou por quatro países, mas soma apenas 150 minutos no principal escalão do futebol nacional, dividos por 9 jogos, entre Beira-Mar e Olhanense. "Passei duas vezes pela I Liga, mas sem a utilização devida e assim é impossível fazer o meu trabalho. Com o tempo de jogo aceitável, acredito que posso fazer mais alguma coisa", explica o jogador, em entrevista a Bola Branca. Uma das justificações apresentadas por Tozé Marreco é o facto dos clubes portugueses não apostarem em jogadores Made in Portugal. "Muitos jogadores portugueses têm que provar muito mais [do que os estrangeiros] para ter uma oportunidade ao mais alto nível em Portugal", diz o jogador, que há uns anos afirmou que se se chamasse Marrekovic teria outras possibilidades. "Com essa afirmação não me estava a referir a nenhum clube, mas ao panorama geral que acontece em Portugal: a aposta excessiva em jogadores de nacionalidade estrangeira, quando temos aqui tanta qualidade", defende o avançado que aos 20 anos emigrou para a Holanda, para representar o Zwolle. Futuro passa por Tondela Tozé Marreco foi o melhor marcador português dos campeonatos profissionais, abriram-se portas, mas vai continuar no Tondela, clube que ajudou a subir, pela primeira vez na história, ao marcar 23 golos. "Fizemos história incrível em Tondela. Conseguimos
pôr o Tondela na I Liga. Fomos justamente campeões. Fomos verdadeiros heróis. Quando não dava para jogar bem, jogámos mal, mas fizemos pontos", observa. Tozé Marreco foi batida na última jornada por Erivelto na classificação dos goleadores da II Liga. O brasileiro do Covilhã também marcou 23 golos, mas venceu o troféu porque realizou menos jogos. Tozé não esconde que gostaria de ter vencido essa luta, mas sublinha que "nunca foi uma prioridade". Tozé Marreco, de 27 anos, terminou a formação na Académica, mas nunca chegou a representar o clube a nível profissional. Passou por Pampilhosa, Zwolle (Holanda), Alavés (Espanha), Lokomotiv Mezdra (Bulgária), Servette (Suíça), Desportivo das Aves, União da Madeira, Naval, Beira-Mar, Olhanense e Tondela.
TÉNIS
Serena marca encontro com Safarova na final de Roland Garros Tenista norte-americana, líder da hierarquia mundial, bateu a suíça Timea Bacsinszky, nas meias-finais.
Serena Williams apurou-se, esta quinta-feira, para a final do quadro de "singles" femininos de Roland Garros, na qual irá defrontar a checa Lucie Safarova. Nas meias-finais, a norte-americana, líder do "ranking" WTA, bateu a suíça Timea Bacsinszky (24ª) em três "sets", com os parciais de 4-6, 6-3 e 6-0. A partida durou 1h54m. A final do segundo torneio do "Grand Slam" desta temporada está agendada para sábado.
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