EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco
Segunda-feira, 02-03-2015 Edição às 08h30
Editor Raul Santos
Há hospitais que não deixam médicos descansar após banco nocturno Família em foco na Semana Nacional da Cáritas
"Se a RTP deixasse de existir, provavelmente, ninguém daria por isso"
Reféns católicos libertados na Síria
Grécia não procura Homenagem a “inimigos político externos” assassinado junta milhares na Rússia
DGS aconselha vacinação contra sarampo em viagens internacionais
Já pode entregar o Imprensa cristã vê IRS em papel riscos na legislação dos incentivos estatais
Doentes mentais fugiram e roubaram uma viatura. Ainda não foram interceptados
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"Se a RTP deixasse de existir, provavelmente, ninguém daria por isso" Henrique Garcia e Joaquim Furtado sintonizam a RTP e dizem o que pensam do serviço público. Por Ricardo Vieira (texto) e Joana Bourgard (vídeo)
Dois veteranos do jornalismo português sentam-se no sofá, tomam o comando nas suas mãos e olham para a RTP. Henrique Garcia e Joaquim Furtado têm visões diferentes para o futuro do serviço público de televisão. Henrique Garcia entrou para a Rádio Televisão Portuguesa em 1979, ainda na era do preto e branco. Muito crítico, o actual jornalista da TVI afirma que “se o serviço público deixasse de existir neste momento, provavelmente, ninguém daria por isso”, porque os telespectadores “estariam servidos com os outros canais que existem”. Numa altura em que a nova administração da RTP, liderada por Gonçalo Reis, conhece os cantos à casa, Henrique Garcia considera que deve ser “tudo repensando”. Garcia defende uma mudança de rumo: uma televisão pública com uma programação “alternativa”, diferenciada dos concorrentes SIC e TVI e fora da “guerra” das audiências. “O mais perto do serviço público que encontro na RTP é a RTP2”, sublinha. Joaquim Furtado foi uma das vozes do 25 de Abril e também tem história na televisão pública. Na sua opinião, não há volta a dar, sendo “inevitável” que a RTP também trabalhe para as audiências. “Se a RTP fizer uma ruptura abrupta e colocar no ar aquilo que é indiscutivelmente serviço público, corre o risco de não servir um espaço suficientemente amplo de população e, com isso, baixar radicalmente as suas audiências. Significaria também dar um argumento a quem acha que o serviço público não é necessário e que não tendo audiências isso seria a prova de que ele não faz falta, porque as pessoas não vêem”, adverte. Teatro na TV e mais reportagem Henrique Garcia “esperaria mais qualidade” na RTP e programas que o “prendessem” ao pequeno écran. Gostava que houvesse mais “grande reportagem feita em português” e noticiários menos longos. Sente também a falta de ver peças de teatro na televisão pública e mais ficção nacional, “sem ser a telenovela”. “Preferiria outro tipo de produtos mais elaborados, mais ricos, portanto, mais caros, portanto mais dificilmente suportáveis por um orçamento que encolhe, encolhe, encolhe”, admite o pivot da TVI 24. E quanto à Liga dos Campeões em futebol que contribuiu para a saída da anterior administração da RTP? “Aí está uma coisa que eu acho que não faz sentido, qual é o serviço público aí”, responde o
jornalista. Joaquim Furtado, autor da série documental “A Guerra”, também não vê todos os programas que achava que deviam existir na estação pública. Quer mais documentários jornalísticos e ficção sobre “temas da história mais ou menos recente portuguesa”. Furtado também quer rir. Gostava que a programação da RTP tivesse mais humor, “qualquer coisa similar” ao noticiário satírico norte-americano “Daily Show” e “menos políticos” a dar opinião. Em relação à concorrência, Joaquim Furtado defende o serviço público. Considera que a “RTP nunca atinge determinados padrões que são mais populistas, com menos qualidade que os privados”, mas isso tem um custo. O custo “incomportável” do serviço público? Para Joaquim Furtado, o problema de a RTP cumprir ou não a missão de serviço público também está ligado ao “financiamento de que o operador dispõe”. O antigo director de informação e programação sublinha que o actual modelo de financiamento, assente nas receitas da publicidade na taxa audiovisual paga pelos portugueses na factura da electricidade, “tem sido considerado insuficiente” pelas várias administrações. E Furtado cita um estudo da BBC, segundo o qual, nos países onde o financiamento da televisão pública é mais forte, há também efeitos positivos para os privados. A qualidade e as receitas aumentam e há mais pluralismo. Já Henrique Garcia argumenta que o custo do actual serviço público de televisão “é tal que torna incomportável a viabilidade da empresa” e pergunta: “Não valeria a pena pegar nesse dinheiro e aplicá-lo na Educação, na Saúde, onde há pessoas a morrer?” Garcia sustenta que o único aspecto que diferencia a RTP da SIC e TVI é a forma de financiamento e mostrase pessimista em relação ao futuro dos meios de comunicação em Portugal. “Talvez isso resulte do excesso de oferta que há, da grande disputa de mercado que os privados já fariam entre si, mas são obrigados a fazer com uma outra entidade semi-pública [a RTP], que não se entende muito bem se é pública ou se é privada. Vive à custa do erário público, à custa de todos os contribuintes, como também vai tirar uma fatia, embora menor, do bolo às televisões comerciais. É essa ambiguidade que é preciso resolver de uma vez por todas”, conclui.
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Família em foco na Semana Nacional da Cáritas No âmbito da Semana da Cáritas, subordinada ao lema “Num só coração, uma só família humana”, decorre o habitual Peditório Nacional, a partir de quinta-feira.
a casa e com a dívida da habitação por pagar ao banco. Para Fonseca, “o banco não contribui com qualquer tipo de risco no capital investido" e assim, "pelo menos, deveria devolver às pessoas uma parte daquilo que lhes deram”. Por tudo isto, chegam milhares de pedidos de ajuda à Cáritas. São pedidos “para pagar as rendas de casa que as pessoas não podem pagar, pagar a electricidade que as pessoas têm em dívida, pagar propinas para jovens que estão a estudar no ensino universitário”, entre outros No âmbito da Semana da Cáritas, vai decorrer o habitual Peditório Nacional, a partir de quinta-feira e até domingo dia 8. Esta angariação de donativos é muito importante, já que há organismos que sem este apoio não teriam outros recursos financeiros, como é o caso de muitas Cáritas Diocesanas. Além do Peditório, o ofertório das missas do próximo fim-de-semana reverte também para as Cáritas Diocesanas. O presidente da Cáritas apela a todos os que puderem que contribuam para ajudar quem pouco ou nada tem.
Foto: DR Por Ana Lisboa
A Semana Nacional da Cáritas começa esta segundafeira, subordinada ao lema “Num só coração, uma só família humana”, uma forma de chamar a atenção para as questões relacionadas com a família e as dificuldades que vivem em tempo de austeridade. A crise financeira e as políticas de austeridade têm afectado e muito as famílias e a Cáritas Portuguesa tem essa noção por força da experiência: através do Fundo Social Solidário, atendeu 54 mil famílias a viverem com muitas dificuldades. Os impactos da crise são significativos. De acordo com o presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, “o maior problema para uma família é a perda da "autonomia financeira, porque é consequência da falta de trabalho". "Temos situações em que o casal foi vítima do desemprego. Depois, atrás disto, vem tudo, vem a dificuldade em assegurar uma alimentação equilibrada. Há pessoas que só têm uma refeição por dia", sublinha Eugénio da Fonseca, em declarações à Renascença, lembrando ainda situações domo dívidas “com a electricidade, com a água, com o gás", que culminam , por vezes, no "corte no acesso a estes bens”. Outro problema que atinge as famílias é o endividamento das casas. Há pessoas “que não conseguem pagar as rendas de casa e, aí, o drama é muito grande, porque os proprietários podem agilizar o processo de tirar as pessoas de casa". Noutros casos, há "o incumprimento das mensalidades, relativamente aos empréstimos bancários, e, associado a isto, junta-se outro drama: não só estão a ser afectadas as pessoas que perderam o trabalho e não podem pagar a mensalidade ao banco, como estão a ser penalizados aqueles que assumiram ser fiadores dessas pessoas”. A Cáritas considera injusto que as pessoas fiquem sem
Doentes mentais fugiram e roubaram uma viatura. Ainda não foram interceptados GNR de Coimbra está em campo. Dois doentes mentais fugiram este domingo do Hospital de Sobral Cid, em Coimbra, e roubaram uma viatura expulsando a condutora do interior, informou uma fonte da GNR à agência Lusa. A fonte do Comando Territorial de Coimbra da GNR disse que o assalto pelo método de `carjacking` ocorreu entre as 17h00 e as 18h00, na localidade de Ceira, arredores da cidade, a "alguns quilómetros" da Unidade Sobral Cid, que integra o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra. "Pediram boleia", que lhes foi recusada, tendo "puxado a senhora para fora da viatura", na qual se puseram em fuga, adiantou. A mulher não sofreu ferimentos, segundo a mesma fonte, tendo a GNR "accionado o dispositivo" tendo em vista a localização dos fugitivos, que às 21h30 ainda não tinham sido interceptados.
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Há hospitais que não deixam médicos descansar após banco nocturno Descanso compensatório é obrigatório desde 1 de Janeiro, para quem trabalha das 22h00 às 7h00 da manhã do dia seguinte, mas há directores que ignoram a lei e obrigam os médicos a prosseguir o horário de trabalho.
possível”, sublinha. A prova está à vista. Jorge Roque da Cunha dá o bom exemplo dos hospitais de S. João e de S. António, no Porto. A ACSS confirma que já enviou dois ofícios com esclarecimentos para a ARS de Lisboa, a 31 de Janeiro e a 24 de Fevereiro. Garante também que zela pelo cumprimento da legislação e remete eventuais investigações para a Inspecção-geral das Actividades em Saúde. A Renascença tentou ouvir o presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, mas Cunha Ribeiro recusou fazer comentários. Limita-se a dizer que pediu aos hospitais para fazerem o levantamento dos efeitos da aplicação da lei que deveria estar em vigor desde o primeiro dia do ano. O Centro Hospitalar Lisboa Central, que inclui os hospitais de S. José, Santa Marta, Curry Cabral, D. Estefânia e Alfredo da Costa também não respondeu aos nossos pedidos de esclarecimento.
Foto: DR Por Anabela Góis
Há hospitais em Lisboa que não deixam os médicos descansar depois de um banco nocturno. A denúncia é feita pelo secretário-geral do Sindicato independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha. O descanso compensatório é obrigatório desde 1 de Janeiro, para quem trabalha das 22h00 às 7h00 da manhã do dia seguinte, mas há directores que ignoram a lei e obrigam os médicos a prosseguir o horário de trabalho. Perante as dúvidas que a questão levantou, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) já enviou dois ofícios para a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, mas até agora nada mudou. De acordo com o secretário-geral do Sindicato independente dos Médicos (SIM) só há queixas em Lisboa. “O Hospital de Lisboa-Central, nomeadamente o S. José, o departamento jurídico tenta sobrepor-se àquilo que foi uma orientação e uma ordem dada pela ACSS. No Hospital Egas Moniz e nesse grupo hospitalar temos também identificados alguns problemas nessa matéria.” Jorge Roque da Cunha garante que não está em causa uma benesse, mas um direito e uma medida de segurança que pode evitar riscos para os utentes. O secretário-geral do SIM reconhece que a carência de médicos não ajuda à aplicação da lei, mas não é o único problema. “A questão que depois se coloca é na organização dos horários do resto dos dias, mas havendo um planeamento anual é perfeitamente
DGS aconselha vacinação contra sarampo em viagens internacionais "A doença é frequente em África e na Ásia", adianta o comunicado. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) emitiu um comunicado a alertar para o risco de se contrair sarampo em viagens internacionais, dada a ocorrência de surtos da doença em vários países europeus, e aconselha a vacinação. "O sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas, podendo provocar doença grave ou mesmo a morte. É evitável pela vacinação e está, há vários anos, controlado em Portugal porque a grande maioria das pessoas está imune por vacinação ou por ter tido a doença", lê-se no comunicado assinado pelo director-geral da saúde, Francisco George. Todavia, a ocorrência de surtos de sarampo em países da Europa, "especialmente na Alemanha e na Itália" e o facto de "também a Espanha, a França e a Inglaterra, entre outros, terem registado surtos/epidemias de sarampo nos últimos cinco anos, em crianças, adolescentes e adultos (com milhares de casos internados e com mortos)", justifica o estado de alerta, segundo a nota de imprensa. O comunicado sublinha ainda que "a doença é frequente em África e na Ásia", pelo que, "durante viagens internacionais de qualquer duração existe o risco de pessoas não imunizadas contraírem sarampo através do contacto com pessoas infectadas em fase de contágio". A DGS assinala que só estão protegidas contra a doença as pessoas que já a tiveram ou as que, com menos de 18 anos, já receberam "duas doses de vacina contra o sarampo (VASPR2)" ou, com 18 anos ou mais,
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já lhes foi ministrada "uma dose de vacina contra o sarampo (VAS3 ou VASPR)". Assim, em caso de viagem para o estrangeiro, a DGS recomenda que, "preferencialmente quatro a seis semanas" antes da partida, a pessoa se certifique de que está correctamente vacinada, seja através do `Boletim de Vacinas`, seja consultando o centro de saúde da sua área de residência, "para verificação do seu estado vacinal". No comunicado, o director-geral da saúde, Francisco George, aproveita para relembrar que "a vacinação contra o sarampo é gratuita".
Novo regime de arrendamento apoiado para habitação já entrou em vigor A atribuição das casas será feita através de concurso por classificação, por sorteio ou por inscrição. O contrato é celebrado pelo prazo de 10 anos e pode ser renovado automática e sucessivamente a cada dois anos.
Foto: RR
A lei que estabelece um novo regime do arrendamento apoiado entra este domingo em vigor, com as rendas a serem calculadas consoante os rendimentos e o agregado familiar, beneficiando, segundo o Governo, as famílias com mais elementos. O novo regime é aplicável às habitações detidas por entidades da administração directa ou indirecta do Estado, autarquias ou entidades empresariais do sector do público, com rendas calculadas em função dos rendimentos dos agregados familiares dos arrendatários. Segundo a lei, as famílias monoparentais ou que integrem menores, deficientes, idosos e vítimas de violência doméstica podem ser casos preferenciais na atribuição de casas com renda apoiada. A atribuição das casas será feita através de concurso por classificação, por sorteio ou por inscrição. O contrato de arrendamento apoiado é celebrado pelo prazo de 10 anos e pode ser renovado automática e
sucessivamente a cada dois anos. Nos últimos três anos do prazo de contrato, o senhorio poderá opor-se à renovação se o inquilino pagar uma renda igual ou superior à renda máxima prevista e se esta corresponder a uma taxa de esforço igual ou inferior a 15% do rendimento mensal do agregado familiar. O novo regimento motivou várias críticas da oposição, alguns movimentos de cidadãos e moradores de bairros sociais, uma vez que continua a considerar o rendimento mensal bruto, em vez de valores líquidos. O quadro legal obriga a uma adaptação do quadro regulamentar dos municípios e já recebeu críticas por parte destas autarquias, que temem, por exemplo, que fique em causa a autonomia na definição das suas políticas de habitação.
IRS. Pais têm que pedir senha para confirmar facturas dos filhos O processo é fácil. Basta fazer o pedido na internet ou na repartição das Finanças. Por Teresa Almeida
Para um contribuinte saber se a factura de uma consulta médica ou a despesa do colégio do seu filho menor está ou não comunicada às Finanças, através da aplicação e-factura, vai precisar de uma senha de acesso. Basta que a factura esteja em nome e com o número de contribuinte da criança, explica à Renascença Paulo Ralha, do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos. “Pelas regras que existem actualmente, todos os contribuintes têm que ter uma ‘password’ para aceder à base de dados [para validar as facturas]. Neste âmbito, sendo os progenitores os encarregados terão que solicitar a senha de acesso para os descendentes”, refere Paulo Ralha. O processo é fácil. Basta fazer o pedido através da internet e a senha chegará depois a casa dos contribuintes através do correio. Quem optar por fazer o pedido numa repartição das Finanças, recebe “uma senha provisória” para aceder ao e-factura, explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos. Para que não sejam apanhados desprevenidos e em cima da hora, os contribuintes devem pedir uma senha em nome dos seus filhos menores, para que no Portal das Finanças possam verificar todas as facturas que estejam em nome das crianças ou adolescentes, ao longo de 2015.
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Já pode entregar o IRS em papel Nesta primeira fase, a entrega da declaração aplica-se aos rendimentos das categorias A e H. Sindicato alerta que a falta de funcionários e o deficiente sistema informático podem criar graves constrangimentos.
Caso os pais queiram verificar, no e-factura, se uma despesa de saúde ou de educação, que foi feita em nome do seu filho e com o número de contribuinte do menor, está ou não comunicada no portal, precisam de ter uma senha de acesso para o NIF da criança.
Semana começa cinzenta, mas o sol vai aparecer As temperaturas podem chegar aos 24 graus no próximo fim-de-semana.
Foto: Lusa Por Teresa Almeida
A partir desta segunda-feira os contribuintes portugueses podem começar a entregar a sua declaração de IRS relativa a 2014, isto se o fizerem em papel. Nesta primeira fase, a entrega da declaração aplica-se aos rendimentos das categorias A e H. O prazo para a entrega em papel termina a 31 deste mês. Os trabalhadores dos impostos apelam, uma vez mais, aos contribuintes para que não guardem para o fim do mês para o fazer. Os poucos funcionários e o deficiente sistema informático podem criar graves constrangimentos, diz à Renascença Paulo Ralha, do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos. Estamos em completa ruptura a nível de pessoal. O sistema informático tem tido vários problemas nos últimos tempos, é absolutamente normal que o sistema vá abaixo”, sublinha Paulo Ralha. O bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas lembra que o mais importante, agora, é que os contribuintes se preocupem em criar despesa, de forma correcta, para o próximo ano, para que possam ter direito à dedução. Domingos Azevedo lembra que, a partir de agora, cada agregado familiar pode deduzir no IRS até 500 euros com despesas feitas em supermercados ou aquisição de outros bens e dá uma dica: “Quando um membro do casal, no somatório de todas as suas despesas, atingir 715 euros, então deve passar a pedir as facturas em nome do marido ou da mulher ou em nome de outros elementos do agregado familiar, para poder ir até aos 500 euros [de dedução]”. Também a pensar no próximo ano e para que não seja apanhado desprevenido, saiba que vai precisar de pedir uma senha, nas Finanças, para os seus filhos menores.
Foto: DR
O tempo para o início da semana prevê-se nublado, com chuva fraca e temperaturas mínimas, a descer, mas para o fim-de-semana, a tendência é para que as máximas subam e que o céu fique limpo. De acordo com o meteorologista Bruno Café, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), contactado pela agência Lusa, as previsões para hoje e para terça-feira são muito semelhantes, com o céu "muito nublado nas regiões a norte e litoral centro", sendo que a sul "melhoram a partir da tarde". Na segunda e terça-feira podem ser esperados, de acordo com o meteorologista, "períodos de chuva fraca, ou chuviscos, no norte e no centro, em especial no litoral", com persistência no Minho e Douro Litoral, "onde a chuva poderá ser moderada". Já para quarta e quinta-feira, a nebulosidade tende a diminuir, com a temperatura mínima a descer, mas voltando a subir na próxima sexta-feira, o mesmo acontecendo com as máximas. Se a tendência se mantiver, o meteorologista Bruno Café avança com a previsão de que o próximo fim-desemana será de Sol e com temperaturas que podem rondar os 23/24 graus de máxima. Para esta segunda-feira, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê céu geralmente muito nublado, diminuindo de nebulosidade na região sul e interior das regiões norte e centro, a partir do final da manhã. Prevêem-se igualmente períodos de chuva fraca ou chuvisco nas regiões norte e centro, em especial no litoral e até ao final da manhã, persistindo e sendo por vezes moderada no Minho e Douro litoral.
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V+ INFORMAÇÃO
Médicos sem descanso nos hospitais Neste noticiário: sindicato independente denuncia que há médicos em Lisboa que não têm descanso depois de um banco nocturno; até 31 de Março já se pode entregar a declaração de IRS em papel, para as categorias A e H; pais têm de pedir senha das Finanças para os filhos; oposição quer esclarecimentos de Passos Coelho sobre as suas dívidas à Segurança Social; Estado Islâmico libertou 19 reféns cristãos; dois pesos da televisão falam do que esperam da RTP. Por Catarina Santos
Marcelo. “Para pagar, não tem que ser notificado, sabe que tem de pagar” Sobre o caso da dívida de Passos Coelho, o comentador questiona, ainda: a que título a Segurança Social recebeu uma dívida prescrita?
Foto: Lusa
Marcelo Rebelo de Sousa diz que não percebe como Pedro Passos Coelho não pagou os impostos devidos à Segurança Social. “Passos Coelho, tal como qualquer trabalhador independente que não é simultaneamente, como trabalhador dependente, funcionário público, tinha de se registar e fazer os seus descontos para a Segurança Social”, sublinhou o antigo líder do PSD, no seu habitual comentário dominical na TVI.
“Não é preciso nenhuma notificação. Para pagar, não tem que ser notificado. Sabe que tem de pagar”, acrescenta. Passos Coelho esteve entre 1999 e 2004 sem pagar à Segurança Social. A dívida entretanto prescreveu, mas o actual primeiro-ministro pagou-a depois de confrontado pelo jornal “Público”. Marcelo Rebelo de Sousa ainda deixou a questão: "Como é que se paga voluntariamente uma dívida prescrita? Se prescreveu, não há dívida". “Como é que alguém recebe uma dívida prescrita? Com que título jurídico é que a Segurança Social recebe?”, reforçou o antigo líder do PSD.
Jornadas do PSD centradas na recuperação económica e emprego Encontro dos deputados sociais-democratas, desta vez, não vai contar com os parceiros de coligação do CDS. Por Paula Caeiro Varela
“Acreditar em Portugal” é o lema das jornadas parlamentares do PSD, que arrancam esta segundafeira, na Alfândega do Porto, desta vez sem o CDS, o parceiro de coligação. Empresários do turismo, do calçado, têxtil ou cortiça, áreas que têm dado novo alento à economia e contribuído para a criação de emprego, mesmo em tempos de crise, são testemunhos que o PSD quer ouvir nestas jornadas a Norte. “Aproveitar várias experiências e vários testemunhos de agentes económicos que, no terreno, têm concretizado este trajecto de recuperação. Faremos também uma projecção dos principais objectivos que mantemos vivos para os próximos tempos, para termos uma economia ainda mais competitiva, para poder garantir oportunidades de emprego, que é a nossa principal preocupação”, afirma o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro. Um dos convidados destas jornadas sociaisdemocratas é o ex-secretário-geral da UGT e exdirigente do PS João Proença, actual assessor da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). “Nós temos privilegiado muito a concertação social, a capacidade de atrair para este plano de recuperação os agentes económicos, os empreendedores, os empregadores e também as estruturas representativas dos trabalhadores e a experiência que o engenheiro João Proença tem a esse nível é relevante e creio que será uma participação que vai enriquecer os nossos trabalhos”, afirma Luís Montenegro.
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“Nós temos privilegiado muito a concertação social, a capacidade de atrair para este plano de recuperação os agentes económicos, os empreendedores, os empregadores e também as estruturas representativas dos trabalhadores e a experiência que o engenheiro João Proença tem a esse nível é relevante e creio que será uma participação que vai enriquecer os nossos trabalhos”, afirma Luís Montenegro. As jornadas parlamentares do PSD, desta vez, não contam com o parceiro de coligação. O CDS marcou para esta segunda-feira, em Lisboa, uma reunião da comissão política.
Conselheiro do CDS quer discutir coligação para as legislativas Esta segunda-feira há reunião da comissão política do partido. O conselheiro nacional do CDS-PP Martim Borges de Freitas defende que a comissão política de segundafeira deve analisar a possibilidade de se realizar um congresso extraordinário para discutir a política de coligação para as legislativas. Em Fevereiro, Martim Borges de Freitas, juntamente com os ex-dirigentes do CDS-PP Luís Lagos e Fernando Gião, enviaram ao presidente do Conselho Nacional do partido, Telmo Correia, uma carta a pedir a realização de um congresso extraordinário para que o partido se possa pronunciar "sobre a política de alianças que o CDS-PP deve adoptar para as próximas eleições legislativas". "Como amanhã [segunda-feira] existe comissão política do partido, é oportuno relembrar a carta, uma vez que não obtivemos resposta formal", disse à agência Lusa o ex-vice presidente da direcção de José Ribeiro e Castro, adiantando que "é uma tentativa de pressão sobre essa matéria". Martim Borges de Freitas considerou que "não basta um Conselho Nacional decidir se o partido deve ou não ir para uma coligação e definir as políticas de coligação do CDS-PP", defendendo que essa discussão dever ser feita "em congresso de uma forma aberta e sem condicionantes". "Se o CDS quiser retomar e reaver a sua autonomia política estratégica face ao PSD deve fazer um congresso extraordinário", sustentou, relembrando que o último congresso do partido não tomou qualquer decisão quanto às políticas de coligação. Martim Borges de Freitas sublinhou também as últimas sondagens, que dão "uma estabilidade política, após as eleições legislativas, à esquerda e não à direita". "O CDS e o PSD ganham sem maioria absoluta. Não havendo maioria absoluta é preciso saber qual o papel do CDS e como vai responder à não estabilidade política à direita", afirmou. Martim Borges de Freitas mostrou-se ainda favorável a "uma não coligação", devendo o CDS apresentar-se às
eleições legislativas sozinho. A Comissão Política Nacional do CDS-PP reúne-se na segunda-feira para discutir as "perspectivas económicas para 2015" e fazer o ponto da situação da estratégia de comunicação e do gabinete de estudos, que saíram do último Conselho Nacional. A ordem de trabalhos da reunião inclui também a programação do último semestre de comemorações dos 40 anos do CDS e a análise da situação política. A reunião acontece numa altura em que a celebração de uma coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS-PP não está ainda definida, mas depois de Paulo Portas e o presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, terem estado juntos na abertura das "jornadas do investimento", uma iniciativa que uniu os dois partidos.
O que fazem dois presidenciáveis aos microfones da rádio? Reúnem-se todas as sextas-feiras no estúdio da Renascença. Falam da Europa, de política, de Portugal e até de heavy metal. E com humor e ironia à mistura. Há um ano que António Vitorino e Pedro Santana Lopes lançam ideias e "soundbites" no "Fora da Caixa". Recordamos os melhores momentos. COMISSÃO CRITICA PORTUGAL
“Falta um parágrafo ao relatório”, ironiza Silva Peneda Presidente do CES sublinha as contradições na avaliação de Bruxelas à política “que a própria Comissão Europeia apoiou e incentivou”. Carvalho da Silva compara a comissão a clínico perplexo com saúde de paciente depois de cumprida, fielmente, a receita prescritra Por José Bastos
Na semana em que a Comissão Europeia colocou Portugal sob monitorização específica por desequilíbrios económicos excessivos, Bruxelas também acusou Lisboa de “não ter sido capaz de lidar com o aumento da pobreza”. Esquizofrenia da Comissão escassos dias depois do ‘exemplo’ dado por Wolfgang Schauble? Até onde poderá ir a atitude bipolar da Europa face a Portugal? Silva Peneda não poupa o relatório sobre desequilíbrios macroeconómicos em quase todas as alíneas, mas, em
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particular, na que afirma: “o sistema de protecção social não foi capaz de lidar com o aumento repentino do desemprego e com o consequente aumento da pobreza”. “A este relatório fica a faltar um parágrafo final. O parágrafo que devia sublinhar o seguinte: ‘a Comissão Europeia regista que estes resultados são consequência de políticas que a própria Comissão Europeia apoiou e incentivou’, afirma o presidente do CES. “Aí sim, o relatório já fazia algum sentido. Agora, elaborar um documento em que se explana todo um conjunto de resultados negativos quando a mesma Comissão Europeia foi responsável – em larga medida – pelas políticas que estiveram na base desse acordo, de facto, não faz nenhum sentido”, indica. Não faz sentido e não facilita a compreensão dos cidadãos sobre a forma como funcionam as instituições europeias”, anota Silva Peneda no Conversas Cruzadas. Carvalho da Silva: “O médico está surpreendido....” Manuel Carvalho da Silva, na mesma linha de análise, recorre a uma metáfora da prática clínica. “Eu escrevi que a Comissão Europeia se comporta como um médico – que, após ter receitado doses sucessivas de medicamentos para que o paciente emagreça e de ter garantido que todas as doses eram sucessivamente tomadas lhe faz um exame”. “Então, ao observar o paciente o médico proclama, candidamente, ‘olhe, eu estou muito preocupado com a sua magreza’. Isto é inadmissível. Não se pode continuar neste caminho” sentencia o sociólogo. Mas como reflectir sobre as contradições do elogio do ministro alemão das finanças à aplicação do programa de ajustamento e um documento em que Bruxelas critica não terem sido aplicadas “medidas-chave para garantir uma cobertura adequada de assistência social? “Acho que o sr. Shauble não deve ter um conhecimento muito detalhado da forma como o programa foi executado em Portugal” afirma Silva Peneda. “Lembro-me é da arrogância e da teimosia de alguns funcionários da Troika e, em particular, do cabecilha do FMI, o sr.(Poul M.)Thomsen, que tinha uma obsessão e um dogmatismo absolutos. Tinha de ser assim como dizia, ele tinha a certeza absoluta, ele tinha os livros todos e nada do que se passava à volta era tido em consideração” refere o presidente do Conselho Económico e Social. “Tive ocasião de ter tido com o sr. Thomsen uma longa discussão sobre estas matérias. De facto, talvez o governo português não estivesse em grande posição para alterar a situação. Mas, reafirmo-o com extrema convicção: o projecto da Troika foi executado com incompetência. Até a nível técnico detectei várias fragilidades por parte da estrutura que foi responsável pela sua execução” reitera o antigo ministro que em Maio se prepara para assumir o cargo de adjunto de Jean Claude Juncker. A mesma Comissão Europeia, à época liderada por Durão Barroso, que inscreveu no Memorando a redução do prazo e valor do subsídio de desemprego, vem agora expressar preocupação com a menor cobertura desta protecção social. O governo português criticou a “posição de hipocrisia institucional, mas Manuel Carvalho da Silva não isenta Passos Coelho de responsabilidades.
“O primeiro-ministro aproveita a contradição, a hipocrisia, a irracionalidade do que está expresso no relatório da Comissão Europeia para tentar passar por entre os pingos da chuva”, afirma. “Mas ele é co-responsável nas políticas do ponto de vista geral e, de certa forma, o primeiro responsável pela sua aplicação e, portanto, pelo desastre que é explicitado no relatório da Comissão Europeia”, denuncia. Silva Peneda: “A solução está no que Juncker está fazer!” Silva Peneda defende uma saída para evitar estes processos esquizofrénicos, contraditórios, no limite, exercícios políticos de hipocrisia. “É preciso colocar mais política no centro do processo de tomada das decisões das instituições europeias”, receita o antigo deputado europeu. “É isso o que acho que o Jean Claude (Juncker) está a fazer. Vide questões da declaração sobre a dignidade e outras que tais. Isto tem a ver com questões políticas. Mas não é fácil alterar este estado de coisas. Lembramse de quando um funcionário da Comissão Europeia condenou Portugal por aumentar o salário mínimo? Agora, quanto à Grécia, já não se ouviu nada de semelhante” “Temos, de facto, aqui um problema de coordenação nas instituições europeias”, conclui. Já Manuel Carvalho da Silva retoma a afirmação de Jean Claude Juncker. “A dignidade dos portugueses foi ferida em muitos aspectos. E é ferida quando, por exemplo, o primeiro-ministro, ‘à la Robin dos Bosques’ repete que os sacrifícios, pela primeira vez de sempre, são feitos pelos que mais têm em vez dos que menos têm” critica o ex-líder da CGTP. “Agora este pronunciamento da Comissão Europeia vem dizer que os sacrifícios afectaram desproporcionalmente os mais pobres”, denuncia. “E o relatório vem colocar o dedo na ferida em relação às famílias e às crianças que mais são afectadas pela pobreza e pela exclusão social. Fomos feridos em todas estas expressões” defende Carvalho da Silva. “Temos oficialmente hoje 390 mil desempregados que não recebem subsídio. Temos dezenas de milhares dos chamados ‘desencorajados’ que também não recebem coisa nenhuma. Basta fazer as contas”, sugere. “Não podemos sair desta situação sem criação de emprego, sem actividades de criação de riqueza neste país. Fazendo as contas são precisos milhares de milhões de euros para repor um direito fundamental que é as pessoas terem direito a um mínimo de protecção” afirma o professor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. “Esta economia mata" José da Silva Peneda avalia negativamente os resultados da aplicação do Memorando na classe média, motor de desenvolvimento social. “Onde o programa de ajustamento mais atingiu a dignidade dos portugueses foi na desestruturação da sociedade com a machadada que foi dada na classe média”, acusa. “Não conheço nenhum país que possa almejar ter crescimento económico e ser desenvolvido sem ter uma classe média forte. Esse foi o aspecto mais
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negativo do ajustamento”, é o julgamento de Silva Peneda. “Mas eu digo mais: Jean Claude (Juncker) foi mais brando que o próprio Papa na sua mensagem. Tive a ocasião de participar recentemente em Braga numa jornada de reflexão promovida pelo senhor Arcebispo Dom Jorge Ortiga e aí reflecti sobre as palavras do Papa. “Vou citar: ‘o medo e o desespero apoderaram-se do coração de inúmeras pessoas mesmo nos chamados países ricos em que é preciso lutar para viver e muitas vezes viver com pouca dignidade’, prossegue Silva Peneda. “O Papa acrescentou – e isto tem muito a ver com Portugal – sendo aqui Francisco muito directo: ‘esta economia mata, o poderoso engole o mais fraco, os excluídos, não só são explorados, são resíduos, são sobras”.
Homenagem a político assassinado junta milhares na Rússia Boris Nemtsov era um dos principais opositores do Presidente Putin. Milhares de russos começaram a juntar-se ao início da tarde em Moscovo para participar numa marcha de homenagem a Boris Nemtsov, assassinado na sextafeira com quatro tiros pelas costas. Nemtsov era o principal opositor do Presidente Vladimir Putin e foi também vice-primeiro-ministro russo no tempo de Yeltsin. A polícia admite 21 mil manifestantes, mas os organizadores falam em 50 mil participantes. A Reuters não confirma tantos, mas viu cartazes onde podia lerse "Morreu pelo futuro da Rússia". "Não tenho medo" é outra das mensagens exibidas pelos manifestantes que na sua maioria empunham bandeiras russas com faixas negras e fotos do político assassinado perto do Kremlin quando passeava com a mulher. Em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia, pelo menos 2.500 pessoas concentraram-se também para homenagear a memória do opositor de Putin. A morte de Boris Nemtsov, de 55 anos, foi condenada pela comunidade internacional. O Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu fazer todos os esforços para encontrar e punir os assassinos do seu maior opositor político. As últimas palavras públicas de Nemtsov foram de condenação ao envolvimento russo com soldados na guerra da Ucrânia.
Reféns católicos libertados na Síria Negociações continuam porque nem todos foram libertados. Pelo menos 19 reféns católicos terão sido libertados na Síria. A informação está a ser avançada pela Assyria TV, que acrescenta que foram 17 homens e duas mulheres. No entanto, estarão ainda detidas, pelo menos, duas mulheres. As negociações para a libertação de outros reféns continuam em Daash. FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
Netanyahu contra Obama Para além dos benefícios eleitorais que Netanyahu pode retirar do seu discurso no Congresso, ele visa acima de tudo atacar e evitar um possível entendimento dos EUA com o Irão sobre o seu dispositivo nuclear.
O primeiro-ministro de Israel vai aos Estados e falará no Congresso a convite do Partido Republicano. Esta visita, que irrita o Presidente Obama (Netanyahu não será recebido na Casa Branca) e o Partido Democrático, ocorre em plena campanha eleitoral em Israel, onde haverá eleições no próximo dia 17. Para além dos benefícios eleitorais que Netanyahu pode retirar do seu discurso no Congresso, ele visa acima de tudo atacar e evitar um possível entendimento dos EUA com o Irão sobre o seu dispositivo nuclear. O primeiro-ministro israelita julga que um eventual acordo com os iranianos abrirá a porta ao fabrico de bombas nucleares pelo Irão. A administração Obama, pelo contrário, não descarta a possibilidade de um entendimento com Teerão até ao fim deste mês, acordo que afastaria esse fabrico. Seja como for, não é saudável ter-se transformado esta questão delicada e perigosa em tema de disputa partidária nos EUA. Os republicanos opõem-se a tudo o que tenha a marca de Obama. E têm maioria nas duas
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câmaras do Congresso. PS: Nos próximos dois dias não se publica esta coluna, por motivo de uma operação às cataratas do autor. A idade não perdoa...
Francisco critica salários de 600 euros por 11 horas de trabalho Papa questionou sobre o que se pode fazer “neste mundo que funciona assim” e deu como exemplo as filas de pessoas à procura de emprego.
elevado. Nalguns países da Europa é de 40, 50% e destrói a sua esperança”, comentou. Francisco não esqueceu também as mulheres que “têm necessidade e vontade de entrar no mundo do trabalho” e os adultos que ficam “prematuramente sem emprego”. “'Tu o que és?’ Sou engenheiro. ‘Ah, que bom, que bom. Quantos anos tens?’49. ‘Não serve, vai-te embora'”, exemplificou o Papa, ao reproduzir uma conversa que “acontece todos os dias”. Aos elementos da Confederação das Cooperativas Italianas, pediu ainda que tenham atenção para as empresas que “estão em dificuldades”, aquelas que “convêm deixar morrer aos velhos patrões” mas podem ser recuperadas com as iniciativas designadas 'Workers buy out'.
Imprensa cristã vê riscos na legislação dos incentivos estatais Diploma que o Governo está a ultimar transfere para as comissões de coordenação regional a competência da atribuição dos incentivos. Por Paula Costa Dias
Por Ecclesia
O Papa Francisco criticou no Vaticano a oferta de salários de 600 euros por 11 horas de trabalho, a que muitos se sujeitam como consequência do desemprego e da fome. “Hoje há uma regra, não digo normal, habitual, mas que se vê muitas vezes: 'Tu procuras trabalho? Vem, vem para esta empresa'. 11 horas, 10 horas de trabalho por 600 euros. 'Gostas? Não? Podes ir para casa?'”, disse Francisco a cerca de sete mil membros da Confederação das Cooperativas Italianas. Na audiência, que decorreu na Sala Paulo VI, o Papa questionou sobre o que se pode fazer “neste mundo que funciona assim” e deu como exemplo as filas de pessoas à procura de emprego. “Se tu não gostas, outro há de querer. É a fome, a fome que faz aceitar aquilo que te dão, o trabalho irregular”, alertou. Outro exemplo de Francisco foi em relação ao trabalho doméstico e questionou se todos os homens e mulheres que trabalham como “domésticos têm a protecção social para a reforma”. Na sua intervenção apresentou cinco “incentivos concretos” para que as cooperativas continuem a ser o motor que “gera e desenvolve a parte mais fraca das comunidades locais e da sociedade civil”. Neste contexto, pediu prioridade na criação de novas empresas cooperativas e no desenvolvimento das existentes criem novas oportunidades de emprego. "O pensamento vai em primeiro lugar para os jovens porque o desemprego juvenil é dramaticamente
A Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIIC) receia que a nova legislação dos incentivos do Estado ao sector venha comprometer a liberdade de imprensa. Segundo o presidente da direcção, o padre Elísio Assunção, o diploma que o Governo está a ultimar transfere para as comissões de coordenação regional a competência da atribuição dos incentivos, o que pode representar riscos. Para o sacerdote, “ a proximidade é sempre boa, mas, às vezes, acontece que há forças de oposição, não simpatia, essas coisas que acontecem localmente e que podem vir a prejudicar alguns órgãos de comunicação que não são simpáticos, que não são da mesma cor, que não perfilham as mesmas ideias e por adiante”. Por isso, afirma, tem “receio que haja uma limitação à liberdade de imprensa”. Conjugando apoios que vêm do Orçamento de Estado e de fundos europeus, o novo diploma vai obrigar os responsáveis pelos jornais a uma reorganização. Por isso, o presidente da AIIC lamenta a ausência da maior parte dos sócios na assembleia. Em declarações aos jornalistas no final da assembleia geral da AIIC, em Fátima, Elísio Assunção, eleito esta sexta-feira, fez o apelo ao espírito de união dos associados para que se reorganizem no sentido de virem a beneficiar dos apoios. “Acima de tudo está esta dificuldade de compreendermos o valor do espírito associativo e acho que, em nós, de inspiração cristã, isso é pecaminoso, porque a igreja é comunhão, é família, é caminharmos juntos, remarmos juntos e cada um fica no seu
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cantinho”. “Eu acho que isso é um pecado moderno”, rematou. A associação está já a promover uma campanha de sensibilização junto dos sócios e prevê rever as parcerias com os CTT, a agência Lusa e outras associações no sentido de dar mais apoio a estas publicações. Fundador homenageado O padre António Salvador dos Santos, responsável pelo jornal de Évora “A Defesa”, foi homenageado nesta assembleia-geral. Elemento da equipa que elaborou os estatutos da futura associação de imprensa de inspiração católica, o padre António Salvador dos Santos tem estado, desde então, na direcção da associação, saindo agora (da direcção para o Conselho fiscal) por razões de saúde. Agraciado com uma placa pelo seu empenho de décadas, o sacerdote admitiu ter sido uma “surpresa” que o comoveu, porque a imprensa é o seu sonho desde criança. Começou “quando era escuteiro, tinha os meus 12 ou 13 anos, e comecei a trabalhar no jornal que eu próprio fundei, que se chamava A voz da Patrulha”. “Tenho muito amor à imprensa, acredito muito nesta causa e não me importo de morrer com este sentimento de que vale a pena trabalhar na imprensa”. Para António Salvador dos Santos, o grande desafio actual para quem trabalha neste meio é não “ esquecer que os outros meios são complementares à imprensa”. O sacerdote salienta que “não devemos excluir a internet, como a internet não deve excluir a imprensa, e isso é o grande trabalho que temos de fazer: mentalizarmo-nos que o nosso trabalho, mesmo que seja menos solicitado ou tenha menos procura, é o desafio que nos deve levar a criar amor ao que fazemos, a aperfeiçoar e a tornar os jornais mais legíveis”. Como? “Através de artigos mais pequenos e melhor paginação, para que as gerações mais novas possam olhar para aquilo e não rejeitar logo à partida”. Nesta assembleia geral da AIIC foi também prestada uma homenagem a Vítor Serra, responsável pelo jornal “Reconquista” e membro dos órgãos sociais da AIIC, recentemente falecido. Depois destas eleições, os órgãos sociais da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã passam a ser os seguintes: cónego João Aguiar, padre Manuel Fernandes e Pedro Conceição (Assembleia-geral); padre Elísio Assunção, Paulo Rocha, Fernando Silva, Maria da Conceição Vieira e Paulo Ribeiro (Direcção); Cónego Fernando Monteiro, Cónego António Salvador dos Santos e Luís Ferraz (Conselho Fiscal).
Diocese do Porto mostra "Viagens com Alma no Douro" Exposição de seis projectos de vídeo e fotografia vai estar patente ao público no Palácio das Artes da Fundação da Juventude, até 15 de Março. A exposição colectiva "Viagens com Alma no Douro" é inaugurada esta sexta-feira no Palácio das Artes da Fundação da Juventude, no Porto. A mostra é promovida pela diocese do Porto. A exposição vai apresentar, até 15 de Março, os seis projectos vencedores (três de fotografia e três de vídeo) de um concurso que recebeu cerca de 40 candidaturas. São caracterizados por um "perfil documental e com foco na selecção de elementos patrimoniais que se situam no território de intervenção do projecto", de Baião a Santa Maria da Feira. O padre Manuel José Amorim, da diocese do Porto, disse à agência Lusa que esta exposição deriva do projecto de inventariação patrimonial que está a decorrer há anos, para o qual "o aspecto imaterial também conta", tendo, por isso, sido lançado "este pequeno projecto de divulgação vídeo e fotografia, não propriamente as fotografias dos bens materiais, mas uma certa interpretação". As propostas vencedoras são da responsabilidade de, na fotografia, Catarina Gonçalves e Limamil ("Cianotipia em pano-cru"), de Paulo Cunha Martins ("Do Lugar, para a Matéria, Sobre a Memória"), de Sérgio Rolando e Marlene Pinto ("Oragos Privados"), e, no vídeo, de André Vieira e Priscilla Fontoura ("Para quem tocam os sinos?"), de Leonel Meneses e Sara Pereira ("Talha Douro"), e de Mariana Marques ("Santos do Douro"). "Veremos, nesta exposição, registos fiéis, bem como releituras e efabulações, enquadráveis numa abordagem documental. O desafio global que resulta dos trabalhos expostos e desenvolvidos nos últimos meses em várias freguesias da região duriense que faz parte da diocese do Porto foi o de interferir, contribuir, complementar e aprofundar o conhecimento sobre o território abrangido pelo projecto, acrescentando diversidade de visão e de expressão ao seu património religioso", acrescenta a diocese do Porto, em comunicado.
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PARCERIA RENASCENÇA/VER
GRAÇA FRANCO
Ciência cognitiva ajuda a solucionar problemas sociais complexos
Não falta dinheiro, sobra amadorismo O que aconteceu aos quase dois mil milhões de contribuições e impostos cobrados a mais só no último ano? Alguém tem a amabilidade de nos explicar?
Foto: VER
Parece ficção científica, mas está a ser crescentemente utilizada em várias empresas, de diversos sectores, tendo como base o princípio de que os computadores e outros dispositivos conseguirão aprender, raciocinar e interagir com os humanos de uma forma mais natural e personalizada. Um artigo adaptado da revista de inovação social de Stanford levanta o véu sobre a aplicação da ciência cognitiva aos desafios sociais O artigo introduz uma ainda nova, mas promissora temática, que está já a ser aproveitada por um número crescente de empresas, no geral, e que, em particular, muito ajudará os empreendedores sociais. Estamos a falar da denominada computação cognitiva que, de acordo com a IBM - um dos gigantes empresariais que está a liderar esta nova tecnologia cognitiva - pode ser definida como “os sistemas de computação que aprendem e interagem naturalmente com as pessoas para alargar o que os seres humanos ou as máquinas poderiam fazer sozinhos, ajudando os especialistas humanos a tomar melhores decisões, transpondo a complexidade dos grandes volumes de dados”. Leia mais no portal VER.
Não há dinheiro. A explicação repetida à exaustão (desde os tempos de Vítor Gaspar na sua pausada, irritante e irónica voz professoral) vai fazendo o seu caminho e serve para consolidar a nossa preguiça mental. Se alguém diz que não há dinheiro, a vaca sagrada financista impõe-se como verdade universal. Dispensa-nos de fazer sequer uma segunda pergunta: O que aconteceu aos quase dois mil milhões de contribuições e impostos cobrados a mais só no último ano? Alguém tem a amabilidade de nos explicar? O estado de degradação da escola de música do conservatório de Lisboa é exemplar. Um edifício não chega àquele estado de degradação em quatro anos de austeridade. O desleixo que nos envergonha enquanto país vem obrigatoriamente muito de trás. Há décadas de abandono por detrás do estado caótico a que a escola chegou. Enquanto a Parque Escolar forrava a mármore e decorava com lustres de Siza Vieira outras escolas públicas de Lisboa, já se forravam os tectos a plástico e se convivia com baldes e alguidares como se fossem objectos de decoração na mítica escola de música da capital. Muito antes de Crato chegar à 5 de Outubro, outros certamente terão dito que já “não havia dinheiro” para consertar janelas, reparar vigas e tapar as fendas. Mas o facto de não se terem feito obras nos tempos de vacas gordas não desculpa nem apaga a responsabilidade pela incúria dos últimos quatro anos. Bem patente no alargamento dos buracos do chão, a ponto de se ver o andar de baixo, nos pátios interditados por motivos de segurança e na degradação generalizada que levou a inspecção camarária a mandar encerrar nos últimos dias, com carácter de emergência, dez salas de aula literalmente em perigo de derrocada. Vale a pena espreitar o facebook de alunos e professores para confirmar o caos. Com os alunos de coletes reflectores e capacetes na cabeça a tocar em protesto em plena rua, o Ministério da Educação fez o costume: disse que a direcção já
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estava autorizada “ a pedir os orçamentos”. Depois das reuniões de emergência com a tutela os responsáveis da escola também já apresentaram um plano B: com jeito os 200 alunos irão encaixar-se, transitoriamente, entre a sala de professores e a biblioteca, o auditório e a sala de espectáculos e continuar a estudar, e a fazer audições e exames sem que lhes caia algum tijolo na cabeça. Estudam ali talvez alguns daqueles que (sem dinheiro para estudar no estrangeiro…) irão nos próximos anos, contra tudo e contra todos, dar nome a Portugal (novas Joanas Carneiros ou Maria Joões Pires… estão certamente entre aqueles que ontem abraçaram o velho conservatório do Bairro Alto). Chegados ao sucesso haveremos de os encher de comendas e tratar nas palminhas. Mas não é possível apagar o desrespeito de que foi alvo a sua formação. A história não se reescreve. Na semana em que se debate o combate ao insucesso escolar a desatenção dispensada a um dos instrumentos mais preciosos para favorecer o sucesso e prevenir o abandono fica escandalosamente à vista. O ensino da música e das artes é, em si mesmo, uma escola de esforço, disciplina, capacidade de atenção e concentração, facilitadora de muitas outras aprendizagens desde as línguas estrangeiras até às matemáticas. A Finlândia é apenas um bom exemplo dessa aposta. Mas em Portugal o debate sobre sucesso e insucesso continua reduzido à ambição máxima de por os portugueses a saber “escrever e contar” e à pobre dicotomia: devemos fazer mais ou menos exames e chumbar mais ou menos alunos? Com os mesmos rigoristas que aos sete anos já querem reprovar as criancinhas forçados a aceitar discutir depois, perante a realidade dos politécnicos às moscas, se a forma de os encher deve passar por permitir a entrada aos jovens com negativa nas disciplinas nucleares dos cursos que pretendem tirar, desde que tenham passado por um triz nos exames do 12º ano. O absurdo não pode ser maior. Nada disto se justifica por falta de dinheiro. A explicação está antes no excesso de amadorismo, na ausência de visão de conjunto, e na falta de estratégia transversal a médio e longo prazo. Tal como não é porque não podemos gastar num pavilhão seis a oito milhões de euros que Portugal não estará na exposição universal de Milão em 2015. Seis milhões é muito dinheiro. Pois é. É muita escola que assim não fica por arranjar. Não. São falsas e tolas as comparações demagógicas . Poucas acções de promoção do nosso agro-alimentar nos custariam tão barato. A nossa prioridade não era apostar nas exportações e na diplomacia económica? Então como desperdiçar a oportunidade de estar presente na montra mundial com um sector que cresceu quase 8%, só no último ano, e cujo valor de produtos exportados ronda os seis mil milhões de euros. Alguém acredita que junto dos mais directamente interessados não era possível encontrar o equivalente a pouco mais de uma milésima do volume de negócios para os promover externamente? É caso para perguntar: alguém pensou nisso, alguém procurou mecenas? Desculpa de mau pagador. Como diz o povo. A verdade
é que o convite aterrou primeiro no Ministério dos Negócios Estrangeiros e quando finalmente chegou ao Ministério da Agricultura (porque o tema desde ano é alimentar o planeta…) já não se ia a tempo para encontrar sequer um espaço condigno no próprio recinto da exposição. Países como a Bielorrússia ou Moçambique tinham chegado primeiro. Sem espaço para construir o pavilhão o gasto no dito tornou–o, de facto, razoavelmente inútil. Mas a isto não se chama “ boa gestão” mas desperdício de oportunidades. Não é falta de dinheiro, é excesso de amadorismo, trapalhice e, sobretudo, falta de visão de longo prazo. Saber o que queremos e para onde vamos. Coisas que só dependem de nós e, infelizmente, não se compram no mercado nem nenhum programa da troika nos consegue garantir. Azar nosso. JOSÉ LUÍS RAMOS PINHEIRO
Acredita no que disse? Se António Costa acredita no que disse, deve reafirmar e enquadrar o seu pensamento com clareza e coragem, sem prejuízo de outras críticas que possa e deva fazer ao Governo. Se não acredita no que disse sobre a evolução favorável de Portugal nos últimos quatro anos, então deveria explicar por que razão afirmou aquilo que realmente não pensa.
Por José Luís Ramos Pinheiro
Social e economicamente Portugal está longe do que todos gostaríamos. Mas face à situação de prébancarrota de 2011, a situação melhorou. Há quatro anos atrás o descalabro financeiro tornou a austeridade inevitável. Num país que quase não encontrava financiamento para pagar salários do Estado não seria à custa do (inexistente) dinheiro público que a recuperação se processaria. De resto, tenho a certeza de que nenhum governo – o anterior, o actual ou o próximo - lançaria o país na austeridade por uma deliberada intenção de promover a pobreza e a degradação das condições de vida das pessoas. Aliás, para além de Portugal, também a Irlanda e mesmo a Grécia apresentam sinais evidentes de melhoria. Ainda assim, com o acordo agora obtido
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junto dos seus parceiros europeus, também o Syriza veio reconhecer, na prática, que a austeridade vai continuar: não por gosto, mas por necessidade. Mas se houve algum progresso, tal não invalida uma forte preocupação com a pobreza e o desemprego, de resto ainda mais graves na Grécia do que entre nós. E para atender aos mais pobres (tenham a nacionalidade que tiverem) são necessários outros desígnios, outras políticas e outros apoios. Uma leitura responsável da realidade deveria permitir (a palavra obrigar, talvez seja a mais correcta) que os dirigentes políticos - estando no governo ou pertencendo à oposição - reconhecessem, mesmo em ano de eleições, o que melhorou e aquilo que ainda vai muito mal. Aliás, a recente polémica sobre as declarações de António Costa deriva do facto de em geral não estarmos habituados a ver um dirigente da oposição adoptar um discurso razoável sobre o estado do país. A simplificação do discurso político que só permite dizer muito bem ou muito mal, deixa na sombra outras avaliações, porventura verdadeiras, sobre a realidade. Discutir política, como se um jogo de futebol se tratasse, descredibiliza a política, debilita os políticos e menoriza-nos a todos. Por isso, ao ouvir António Costa elogiar a evolução de Portugal, dizendo que o país está agora bastante diferente do que há quatro anos atrás, fiquei satisfeito. A prevalência de Portugal sobre interesses meramente partidários é um aspecto que me sensibiliza. Mais à direita ou mais à esquerda, gosto de ver responsáveis políticos porem o país à frente de desígnios pessoais ou partidários. Mas depois das críticas que recebeu no interior do PS veio a justificação de António Costa; e aqui retrocedi no entusiasmo. Por aquilo que ouvi, o secretário-geral do PS como que camuflou as suas verdadeiras opiniões sobre o estado do país, invocando o facto de estar a falar perante investidores estrangeiros. Ora, sabendo-se que os empresários chineses que nos visitam e investem demonstram grande sabedoria nas operações realizadas, devo presumir que são bem informados; e não hão-de ignorar as opiniões habituais do candidato do PS a primeiro-ministro. Concluirão agora que foram privilegiados conhecendo, em primeira mão, o verdadeiro diagnóstico que o candidato a primeiro-ministro habitualmente esconde ao país? Ou que se tratou apenas de uma pequena manobra de marketing para consumo externo? É verdade que ainda há dias, numa apressada jogada de marketing barato, ouvimos Jean-Claude Juncker afirmar que a troika pecou contra a dignidade de irlandeses, portugueses e gregos; como se o mesmo Juncker não tivesse sido, à altura, presidente do Eurogrupo. Mas estes truques de salão não ajudam a credibilizar políticos nem políticas. Se António Costa acredita no que disse perante investidores chineses, deve reafirmar e enquadrar o seu pensamento com clareza e coragem perante o país, sem prejuízo de outras críticas que possa e deva fazer ao Governo. Se António Costa não acredita no que disse sobre a evolução favorável de Portugal nos últimos quatro anos, então deveria explicar por que razão afirmou aquilo que realmente não pensa.
EUNICE LOURENÇO
A quem serve o Bloco Central? A hipótese de Bloco Central serve ao primeiro-ministro e prejudica o PS, mas Passos não pode dar demasiado nas vistas que quer casar com o parceiro de coligação e anda a piscar o olho ao partido do lado esquerdo. A hipótese de um novo governo do Bloco Central (PSDPS) é um dos assuntos que vai inevitavelmente marcar a campanha eleitoral para as eleições legislativas, que já começou e a entrevista do primeiro-ministro ao semanário “Expresso” é bem prova disso. Passos Coelho não pode recusar a hipótese de um governo de coligação com o PS, até porque as sondagens apontam para a incapacidade de qualquer partido ter maioria absoluta, e admitir um Bloco Central é um discurso que serve os interesses do primeiroministro e prejudica o PS. António Costa, para potenciar o voto de protesto contra o actual governo, tem de marcar bem a diferença para com esta maioria, enquanto que Passos Coelho pode admitir uma aproximação ao PS para dar uma imagem de moderação e de estar disposto a fazer tudo para garantir a estabilidade. E, nesta semana marcada pela publicitação das declarações de António Costa a dizer que o país está “muito diferente” do que estava em 2011, tanto a reacção inteligente de Passos Coelho a essas afirmações como este discurso de abertura ao Bloco Central obrigam o líder do PS a dizer mais uma vez que não quer nada com os actuais governantes. Mas Passos Coelho, que mostra nesta entrevista uma firme vontade de continuar a governar e não quer deixar dúvidas sobre isso, também tem de ter cuidado com o discurso do Bloco Central porque tem um parceiro de coligação que receia ser traído. O primeiroministro toma praticamente como certa a coligação pré-eleitoral com o CDS – que, aliás, como mostra a sondagem publicada pelo “Expresso”, lhe permitirá disputar uma vitória eleitoral ao PS – e não pode dar demasiado nas vistas que quer casar com o parceiro de coligação, mas anda a piscar o olho ao partido do lado esquerdo. E três num casamento, como se sabe, é uma multidão.
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RIBEIRO CRISTÓVÃO
REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Campeonato a dois
Tello, pois claro
Um Sporting menor, como tantas vezes sem poder de fogo, e com algumas pouco habituais falhas defensivas, permitiu ao conjunto orientado por Lopetegui realizar uma das suas melhores exibições dos tempos mais recentes, e chegar a números indiscutíveis.
O jogo de ontem, no estádio do Dragão, apresentava-se com foros de decisivo e verdadeiramente influente em relação às onze jornadas que ficavam por disputar. E assim foi, de facto. Ou seja, o trio da dianteira desfezse, pelo que a luta do título ficou, a partir de agora, circunscrita apenas ao Benfica e ao Futebol Clube do Porto. Havia justificadas expectativas relativamente ao penúltimo clássico do calendário, mesmo tendo em conta a desvantagem com que os leões avançavam para a luta com os dragões. Vindos de um desgastante confronto com os alemães do Wolfsburgo, que deixou marcas na equipa de Marco Silva, sabia-se que os lisboetas não partiam para o norte do país em circunstâncias iguais. E o jogo acabou por deixar a nu essas diferenças. Um Sporting menor, como tantas vezes sem poder de fogo, e com algumas pouco habituais falhas defensivas, permitiu ao conjunto orientado por Lopetegui realizar uma das suas melhores exibições dos tempos mais recentes, e chegar a números indiscutíveis. Com o Sporting afastado da corrida do título, a sua luta fica agora virada para a necessidade de assegurar o terceiro lugar, e com ele o acesso à próxima edição da Liga dos Campeões. Um escasso ponto de avanço sobre o Sporting de Braga recomenda todas as cautelas, porque há ainda um longo e difícil caminho a percorrer. Deixou de haver dúvidas: Benfica e Porto ficaram agora isolados na corrida para o título e ambos com algumas dificuldades para ultrapassar. Apenas virados para esta competição, os benfiquistas dispõem de alguma vantagem, enquanto os dragões dividem as suas atenções também pela Champions. Tudo somado, e eis que o cenário se apresenta bem preenchido por enorme expectativa. Para contrariar a rotina.
Cristian Tello é o homem em destaque nas primeiras páginas dos diários desportivos, depois dos três golos marcados ao Sporting. "Tello brutal", lê-se no Record. "Tello arrasa leão", escreve A Bola. "esmagador", titula O Jogo. O diário A Bola sublinha que "Há 37 anos que nenhum portista fazia 'hat trick' contra o Sporting", enquanto O Jogo destaca: "Jackson encantou com duas assistências, uma de calcanhar". Sobre o Benfica, O Jogo escreve: "Pizzi já bate Enzo aos pontos", enquanto os diários de Lisboa destacam Jonas. O Record avança que "renovação é hipótese" e A Bola diz que o brasileiro "pode voltar à selecção".
Lopetegui. “Superámos o Sporting em tudo” FC Porto venceu 3-0. O treinador do FC Porto, Julen Lopetegui, considera que os dragões superaram “em tudo o Sporting e tivemos muitas oportunidades” na partida que terminou 3-0 no Dragão. Na flash interview da Sporttv, Lopetegui considerou que “foi uma boa exibição, ante rival exigente. Precisávamos de fazer um grande jogo e estou satisfeito com o rendimento, esforço, solidariedade, personalidade e carácter da equipa”. “São três pontos importantes", admitiu, sem no entanto querer fazer contas à luta pelo título: "Não é dia para fazer matemática, parabéns aos jogadores pelo grande jogo. Matemática é mais tarde". O FC Porto venceu o Sporting por 3-0 com três golos de Tello e mantém quatro pontos de atraso sobre o Benfica e, agora, oito de avanço sobre os leões.
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Segunda-feira, 02-03-2015
“Tivemos um dia mau”, diz Marco Silva Leões foram derrotados por 3-0 e complicaram as contas do título. O treinador do Sporting, Marco Silva, reconheceu que apesar da sua equipa ter entrado “bem no jogo” foi “justa” a vitória do FC Porto (3-0). “Fomos Sporting até aí", mas depois surgiu o golo e tudo mudou: "O primeiro golo abanou muito a equipa, que demorou a encontrar-se até ao intervalo”. Na segunda parte a situação ainda piorou para os leões: “Entrámos muito mal na segunda parte. Nunca conseguimos controlar o jogo nem ter bola, muitas perdas de bola na nossa primeira fase de construção”. Marco Silva lembra que “grande parte das oportunidades do FC Porto, e alguns golos também, nasceram de bolas que perdemos”. "Claramente, hoje não foi o nosso dia, tivemos um dia mau. Temos de continuar a trabalhar para melhorar”, considerou o técnico de Alvalade. Sobre as contas no campeonato, agora mais complicadas, Marco Silva não atira a toalha ao chão: "Respeitando todos os adversários, o Sporting tem de olhar sempre para a frente e não para trás. Faltam muitos jogos e temos é de ganhar os nossos. Esse é que é o nosso caminho". O FC Porto venceu o Sporting por 3-0 com três golos de Tello. Os leões estão agora a oito pontos dos dragões e a 12 das águias. FUTEBOL
FC Porto 3-0 Sporting [Tello (3)] Académica 1-1 Arouca [Marinho; David Simão] Penafiel 1-2 Moreirense [Guedes; Diogo Cunha e Alex] Nacional 3-0 V. Setúbal [Luís Aurélio, Marco Matias e Lucas João] V. Guimarães 1-0 Marítimo [Josué] Gil Vicente 1-1 Boavista [Berger; Brito] Benfica 6-0 Estoril [Luisão, Salvio, Pizzi, Jonas (2) e Lima] Rio Ave 0-2 Sp. Braga [José Luís e Salvador Agra] Belenenses - P. Ferreira (segunda-feira) Classificação Jornada 23 1- Benfica 59 2- FC Porto 55 3- Sporting 47 4- Sp. Braga 46 5- V. Guimarães 40 6- Belenenses 34 (-1 jogo) 7- Nacional 31 8- P. Ferreira 30 (- 1 jogo) 9- Rio Ave 29 10- Moreirense 28 11- Marítimo 27 12- Estoril 25 13- Boavista 22 14- Arouca 20 15- Académica 19 16- V. Setúbal 19 17- Gil Vicente 18 18- Penafiel 16
Resultados, classificação e marcadores
[actualizado às 21h45]
Jornada 23 em andamento. Falta uma partida na segunda-feira.
Mourinho conquista 21º título enquanto treinador principal.
O FC Porto derrotou o Sporting no clássico da jornada. Falta uma partida para terminar a jornada. Resultados, Jornada 23
Chelsea vence Taça da Liga
Mourinho exultou com a conquista de mais um troféu. Foto: EPA
O Chelsea, orientado pelo treinador português José Mourinho, conquistou pela quinta vez a Taça da Liga
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Segunda-feira, 02-03-2015
inglesa, ao vencer o Tottenham por 2-0, na final disputada no Estádio de Wembley, em Londres. O central John Terry, aos 45 minutos, com a ajuda de um desvio num defesa dos 'spurs', e um golo na própria baliza de Kyle Walker, aos 56, após um remate de Diego Costa, selaram o triunfo dos 'blues', que repetiram os títulos de 1965, 1998, 2005 e 2007. Quase dois anos e meio após a última conquista, José Mourinho somou o 21º título da sua carreira de técnico principal e o sétimo pelo Chelsea.
Morreu Amadeu Ferreira, um dos maiores investigadores da língua mirandesa Traduziu para a língua mirandesa obras como “Os Quatro Evangelhos”, “Os Lusíadas”, “Mensagem” e até dois volumes de “Astérix”. Morreu este domingo, em Lisboa, Amadeu Ferreira, considerado um dos maiores escritores e instigadores do mirandês, a segunda língua oficial em Portugal, disse à Lusa fonte familiar. Em nota enviada à Lusa, a família explicou que o também poeta e jurista, de 64 anos, padecia de um cancro no cérebro há mais de ano e meio, informou que não haverá cerimónia fúnebre e que o corpo será cremado. Amadeu Ferreira nasceu a 29 de Julho de 1950 em Sendim, Miranda do Douro. Era presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesas (ALCM), presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes, vice-presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, membro do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Bragança e, desde 2004, comendador da Ordem do Mérito da República Portuguesa. O estudioso é o autor e tradutor de uma vasta obra em português e em mirandês, onde assinava com os pseudónimos Fracisco Niebro, Marcus Miranda e Fonso Roixo. Amadeu Ferreira deixa obras científicas e literárias, em poesia e em prosa. Entre muitas outras, publicou, na área do Direito, “Homicídio Privilegiado” e “Direito dos Valores Mobiliários”; em poesia, “Cebadeiros”, “Ars Vivendi / Ars Moriendi” e “Norteando”; em prosa, “La bouba de la Tenerie / Tempo de Fogo”, “Cuntas de Tiu Jouquin”, “Lhéngua Mirandesa - Manifesto an Forma de Hino” e “Ditos Dezideiros / Provérbios Mirandeses”. Traduziu para a língua mirandesa obras como “Os Quatro Evangelhos”, “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, “Mensagem”, de Fernando Pessoa, dois volumes de “Astérix”, e obras de Horácio, Vergílio e Catulo, entre muitos outros. Foi, além disso, colaborador, sobretudo em mirandês, de diversos meios de comunicação social, nomeadamente do
Jornal Nordeste, do Mensageiro de Bragança, do Diário de Trás-os-Montes, do Público e da rádio MirandumFM e publicou mais de três mil de textos, quase exclusivamente literários, em blogues como Fuontes de l Aire, Cumo Quien Bai de Camino e Froles Mirandesas. A sua biografia e o seu mais recente livro, “Belheç / Velhice”, têm lançamento marcado para quinta-feira, na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Neste último trabalho, o escritor utilizou o seu pseudónimo mais comum Fracisco Niebro.
De que falam o escritor Mário Cláudio e o poeta Fernando Echevarría? Na Póvoa de Varzim, onde decorre o festival literário Correntes d'Escritas, o autor Mário Cláudio e o poeta Fernando Echevarría, vencedor do Prémio deste ano das Correntes estiveram à conversa no programa “Ensaio Geral” da Renascença.
Foto: José Miguel Reis Por Maria João Costa
Conhecem-se e admiram mutuamente o trabalho um do outro. Mário Cláudio, escritor que na Póvoa de Varzim está a lançar o livro “O Fotógrafo e a Rapariga”, e o poeta português de origem espanhola Fernando Echevarría sentaram-se frente-a-frente para falar de livros, da arte da escrita, mas também de Deus e dos terroristas do autodenominado Estado Islâmico. No programa “Ensaio Geral”, realizado no novo CineTeatro Garrett da Póvoa de Varzim no âmbito de mais uma edição do festival Correntes d'Escritas, Fernando Echevarría, que ganhou este ano o Prémio Literário Casino da Póvoa, começou por falar da exigência da poesia. Para o autor de “Categorias e outras Paisagens” ler poesia “exige uma maior concentração e um maior silêncio” e por conseguinte “em geral os leitores de poesia são melhores leitores”.
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Segunda-feira, 02-03-2015
E é na expectativa que os leitores gostem do seu novo livro que Mário Cláudio falou sobre “O Fotógrafo e a Rapariga”. O livro que encerra uma triologia aborda a relação entre o escritor Lewis Carroll e Alice, uma rapariga que o inspirou a escrever “Alice no País das Maravilhas”. No “Ensaio Geral”, o autor explicou que o livro “aborda uma relação extremamente complexa” e que “levanta o fantasma da pedofilia” que no seu entender “é um tema inquietante e preocupante que obriga a uma reflexão racionalizada e não a uma resposta emocional”. Falando sobre o seu laboratório de escrita, o poeta Fernando Echevarría – que já venceu entre outros o Prémio Padre Manuel Antunes atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura – ironizou dizendo que “antigamente resolvia-se isso com as Musas, mas hoje as Musas dão menos jeito”. Echevarría distinguiu o trabalho de escrita de um poeta do trabalho de um ficcionista. “No trabalho do poeta predomina uma intuição forte”. Já Mário Cláudio, autor galardoado em 2004 com o Prémio Pessoa, explicou que o seu laboratório de escrita “obriga a uma rotina”, embora haja também “intuição no início”. Estudioso de Teologia como gosta de dizer que é, Fernando Echevarría falou da sua relação da beleza do divino e a arte da poesia e de São João da Cruz que tinha uma visão muito fina do que era escrever. Já Mário Cláudio que afirma ser um “católico de formação” abordou a sua relação com Deus. O autor diz que “é cada vez mais profunda e inquieta, mas também mais tranquila”. A terminar o programa em que participou também Guilherme d'Oliveira Martins – o presidente do Centro Nacional de Cultura que fez a conferência de abertura das Correntes d'Escritas dedicada ao tema “Quem tem medo da cultura” -, os dois entrevistados falaram ainda da questão da destruição de património por parte de militantes do autoproclamado Estado Islâmico, num museu do Iraque. Fernando Ecehvarría quis sublinhar a diferença entre cultura e civilização que não pode admitir a “barbárie”. E disse não perceber bem “essa gente”. Por seu lado, Mário Cláudio afirmou que não concebe a cultura sem liberdade e deu exemplos de outros atentados contra bens culturais para concluir que aquilo que não muda “é a estupidez humana”. O programa “Ensaio Geral”, emitido a partir da Póvoa de Varzim, teve assistência técnica de Fernando Fernandes.
Grécia não procura “inimigos externos” Governo helénico responde assim a Portugal, mas especialmente a Espanha.
O Executivo grego garante que não está à procura de "inimigos externos", respondendo desta forma ao presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, que contestou as críticas a Espanha e Portugal feitas pelo primeiro-ministro helénico. "O novo Governo grego não classifica os países e os cidadãos da Europa como amigáveis ou hostis. Por isso, não procura inimigos externos, mas sim soluções para toda a Europa através da cooperação e o diálogo entre os povos e os governos. Portanto, qualquer má interpretação não ajuda ao diálogo", disseram fontes do executivo helénico à agência de notícias espanhola EFE. Esta foi a via encontrada por Atenas para responder às declarações de Rajoy que, num comício de précampanha do Partido Popular em Sevilha, reagiu a uma crítica prévia de Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego, que acusou Espanha e Portugal de tentarem levar a Grécia ao "abismo" para "evitar um risco político interno". Rajoy realçou: "Procurar um inimigo fora é um truque que temos visto muitas vezes ao longo da história, mas não resolve os problemas, só os agrava, e a única forma de resolver os problemas é ser sério, dizer a verdade, e não prometer o que sabes que não podes cumprir porque não depende de ti". As referidas fontes governamentais gregas salientaram que Tsipras, no seu discurso, apenas quis explicar com detalhe ao povo grego a "negociação dura de um Eurogrupo decisivo que acabou em acordo". Já Rajoy tinha dito que o Governo espanhol não é responsável pela "frustração que gerou a esquerda radical grega, que prometeu aos gregos aquilo que sabiam que não podiam cumprir, como ficou demonstrado". Em Portugal também houve uma reacção às declarações de Tsipras, com uma fonte do gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a indicar à Lusa que o Governo português manifestou a sua perplexidade perante "acusações infundadas" do primeiro-ministro grego através de canais diplomáticos, mas não escreveu qualquer carta de protesto.
Segunda-feira, 02-03-2015
Segundo a mesma fonte, Pedro Passos Coelho, não falou nem com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, nem com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, nem lhes endereçou qualquer missiva de protesto sobre as acusações de Alexis Tsipras de que Portugal e Espanha teriam tentado bloquear um acordo no Eurogrupo. O gabinete do primeiro-ministro confirmou, contudo, a existência de "contactos através de canais diplomáticos" para sublinhar a perplexidade do Governo português perante acusações de Alexis Tsipras que classifica de infundadas.
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