EDIÇÃO PDF Quinta-feira, 12-03-2015 Edição às 08h30
Directora Graça Franco Editor Raul Santos
Presidenciais. Maria de Belém remete "decisão pessoal" para depois das legislativas "Está tudo esclarecido" no caso Passos Coelho, diz António Costa Mais de 500 incêndios em Março
PÉTER ERDŐ
"Um dos sinais da decadência do nosso tempo é a obsessão pelo bem-estar" Ministro da Saúde compromete-se a remodelar urgências de hospitais SEF detém alegado terrorista espanhol no aeroporto do Porto
População vs polícia. Dois agentes feridos a tiro em Ferguson
Bruxelas exige devolução de 143 milhões de fundos agrícolas a Portugal
Jean Vanier. Defensor da dignidade dos deficientes vence prémio Templeton
Mais um português pode ter morrido a combater pelo Estado Islâmico
EUA
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Quinta-feira, 12-03-2015
Presidenciais. Maria de Belém remete "decisão pessoal" para depois das legislativas
Por José Pedro Frazão
“Depois das legislativas logo se verá”. É desta forma que Maria de Belém Roseira, ex-presidente do PS, comenta uma possível candidatura presidencial, alimentada por alguns militantes socialistas, com Ana Gomes à cabeça. Em entrevista à Edição da Noite, da Renascença, a antiga ministra da Saúde diz que, “neste momento”, essa é uma matéria que não está nas suas preocupações. "Como militante de um partido político, vou empenhar-me relativamente às legislativas. Depois das legislativas, logo se verá”, afirma. Questionada sobre se isso implica que não exclui uma candidatura presidencial, Maria de Belém alimenta a incerteza e mantém cenários em aberto. " Não excluo, nem incluo”, responde, para, mais à frente, assegurar: “Não tomarei nenhuma decisão pessoal nessa matéria antes das legislativas. As legislativas é que são verdadeiramente importantes”. Tal como António Vitorino ou António Costa, Maria de Belém também desejaria ver Guterres em Belém. A deputada socialista, ex-ministra e amiga de longa data de Guterres mantém que o ex-primeiro-ministro é o melhor candidato ao cargo, mesmo com as notícias que vão tornando esse cenário muito incerto. "Não desisti [de ver António Guterres nessa corrida presidencial], continuo à espera. Continuo a achar que [Guterres] tem um perfil ajustadíssimo ao exercício de funções presidenciais", aponta. Sensibilidade para politica externa A deputada socialista entende que o seu perfil cabe no perfil sugerido por Cavaco Silva para um bom candidato a Belém. "Não é tradicional nem normal e, porventura, não é desejável que um Presidente da República em funções emita opiniões sobre o que deve ser ou quais as características ou competências que deve ter o Presidente da República futuro. As questões da política externa e da defesa são extraordinariamente importantes. Sou auditora de defesa nacional há mais de 30 anos. Se é a minha credencial ? Não [mas] do ponto de vista da política externa e de segurança e de
defesa, como é evidente, tenho uma enorme sensibilidade para essa área”, garante a antiga Presidente do PS. Maria de Belém elabora sobre o perfil de um Presidente da República:"A actuação dos pesidentes tem mais a ver, por muito injusto que isso seja, com a capacidade interna de ser muitas vezes um árbitro, de ser capaz de resolver questões a nível interno [mais] do propriamente a projecção internacional. É evidente que tem que haver pessoas capazes de perceber aquilo que os portugueses estão a sentir. Seja na sua incapacidade de encontrar emprego e emprego satisfatório ou na precariedade das relações laborais”, exemplifica a militante socialista. Ainda assim, a antiga ministra considera “inadequado” que se coloque essa questão,neste momento,na agenda política. Uma das razões chama-se Cavaco Silva: "O actual Presidente da República tem ainda um ano de mandato, embora mais de metade dele sem possibilidade de exercer alguns dos seus poderes mais relevantes. É um esvaziamento de funções que se faz a um Presidente que ainda estará um ano em exercício”, argumenta Maria de Belém, que insiste na sua tese, quando é recordada da antecedência de quase um ano fixada por Jorge Sampaio para apresentar a sua candidatura em 1995. Uma outra justificação liga-se ao próprio tabu agora definido. “É a realização de eleições legislativas este ano. São extraordinariamente importantes".
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Quinta-feira, 12-03-2015
PÉTER ERDŐ
"Um dos sinais da decadência do nosso tempo é a obsessão pelo bem-estar" Presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa diz, em entrevista à Renascença, que a sociedade actual baseiase numa "ilusão": "só interessa o bem-estar momentâneo".
Foto: DR Por Aura Miguel
O futuro da Europa e da Igreja passa pela família. São vários os sinais de preocupação, mas há também realidades positivas que o próximo sínodo da família vai analisar. É o que defende o cardeal húngaro Péter Erdő, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa. "Um dos sinais da decadência do nosso tempo é a obsessão pelo bem-estar. Uma ilusão que distrai do essencial e preocupa a Igreja, uma vez que o culto do bem-estar e do sentir-se bem no momento como objectivo principal da vida significa que não são importantes nem o contexto social e institucional, nem o passado, nem o futuro. Só interessa o bem-estar momentâneo", diz à Renascença o arcebispo de Budapeste, relator-geral do próximo sínodo dos bispos. "Esta é uma ilusão porque a nossa vida está enraizada no contexto da história e da sociedade e naturalmente estamos convencidos que também está enraizada na relação entre Homem e Deus", afirma o cardeal, que esteve em Portugal para participar na homenagem, em Fátima, ao padre Luís Kondor, símbolo da ligação dos católicos da Hungria ao santuário português. "Devemos dar sinais e oferecer algo que dê sentido à vida. Penso que temos de ir ao essencial. É preciso falar de Jesus Cristo", diz o cardeal húngaro. "Se eu estou convencido de todas estas coisas e se as posso dizer a mim próprio – porque eu sou também um homem de hoje – então será compreensível também para os outros. Talvez não o aceitem, mas será compreensível. Por isso, é preciso partir assim, de um radicalismo do essencial", diz. "Há ainda outra coisa", acrescenta. "A centralidade da
pessoa de Jesus Cristo. Jesus Cristo não é uma figura mitológica, não é uma tese filosófica; é uma pessoa verdadeira que é preciso conhecer com paixão para perceber a sua mensagem." Preocupação e "ilhas" de esperança O actual relator geral do sínodo dos bispos sobre a família, que se realizará em Outubro, sublinha alguns fenómenos que considera preocupantes. "Há fenómenos novos relativamente ao que se passava há 40 anos. Sobretudo, o individualismo de que falava o Santo Padre perante o Conselho da Europa em Estrasburgo. Este individualismo significa e implica uma alienação do indivíduo face às instituições sociais. O matrimónio e a família são instituições. O resultado é que a proporção dos casais que vivem casados, qualquer que seja o tipo de casamento, religioso ou civil, está em queda contínua. Preferem coabitar. Este fenómeno parece ser global", reflecte. E prossegue: "Porque é que pessoas fogem das instituições? Porque não querem comprometer-se para toda a vida. Há um culto da mobilidade e da força de trabalho que parece um valor para a economia, mas é uma catástrofe para a pessoa e para a família e que empurra as pessoas para o isolamento." Mas também há sinais positivos relativos à família, aponta. O cardeal considera urgente "reforçar a consciência, através de ilhas de autênticas comunidades humanas". "E este é o outro grande sinal que vemos em quase todas as respostas das conferências episcopais, que chegam de quase todas as paróquias: comunidades compostas por boas famílias, por famílias que se encontram e se ajudam até na transmissão da fé e também ao nível de problemas humanos como o desemprego, a doença, etc., e estas famílias também preparam, por exemplo, casais para o matrimónio, ajudam casais em crise e em muitos países assumem tarefas nas próprias paróquias. São, por isso, um sinal dos tempos. Por isso, a família não é só problema, é também solução." "Na Hungria, a situação demográfica é catastrófica. Cada ano perdemos dezenas de milhares de habitantes e, no entanto, neste país nos últimos 20 anos apareceram nas paróquias, sem organização superior ou dos bispos, imensas comunidades de famílias, porque as pessoas querem, porque o Espírito Santo actua e as coisas florescem. Por isso, há milagres na História. Nós, que vimos como o mundo mudou em 89/90, acreditamos nos milagres". A entrevista ao cardeal Péter Erdő poderá ser ouvida na íntegra na Renascença, depois das 23h00
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Quinta-feira, 12-03-2015
Cavaco nega que tenha definido perfil para o sucessor Chefe de Estado diz ter tido “vontade de rir” ao perceber a reacção dos comentadores ao seu texto.
Cavaco em Alqueidão. Foto Ricardo Graça/Lusa)
O Presidente da República garante que não definiu nenhum perfil do seu sucessor no cargo, mas apenas chamou a atenção para a competência reforçada que hoje existe na política externa. "Eu não defini nenhum perfil, não entendo como é que alguém que tenha lido cuidadosamente tudo aquilo que eu escrevi possa encontrar lá alguma coisa relacionada com algum ato eleitoral", afirmou Cavaco Silva, ao ser questionado sobre as leituras feitas sobre eventuais candidatos à sua sucessão no prefácio do "Roteiros IX", publicação que reúne as suas principais intervenções do último ano. Ao falar em Alqueidão, concelho de Ourém, distrito de Santarém, no final de um dia dedicado à floresta, o Chefe de Estado salientou que na obra se limitou, face à sua experiência em matéria de política externa "e face ao aumento do papel do Presidente na área dos interesses nacionais no campo externo", a chamar "a atenção de todos, em geral, para esta competência reforçada que hoje existe no campo da nossa política externa". "Por isso dá-me um pouco vontade de rir quando alguns imaginam que eu vim defender qualquer perfil", declarou. Adiantando existirem "pessoas que pensam que uma função do Presidente da República é envolver-se nas intrigas político-partidárias, nos comentários de polémicas político-partidárias", o Chefe de Estado admitiu que "isso pode interessar e pode entreter os media e os comentadores mas, do ponto de vista do superior interesse nacional, conta zero". Para Cavaco Silva, é "fundamental hoje o Presidente da República ter uma preparação para defender os interesses nacionais nas matérias mais variadas que se colocam a um país, principalmente num tempo de diplomacia económica, em que o país enfrentou algumas dificuldades em negociações internacionais e o papel acrescido que o Presidente da República tem hoje no campo das missões destacadas pelo
estrangeiro em relação" às Forças Armadas. No prefácio do "Roteiros IX", que reúne as suas principais intervenções do último ano, Cavaco Silva aponta a política externa como uma das principais funções do Chefe de Estado, sublinhando a necessidade de coordenação e concertação com o Governo, porque "a voz de Portugal" deve ser a mesma. "Assistiu-se neste início do século XXI, a um reforço do papel do Presidente no domínio da política externa de tal forma que esta é hoje uma das suas principais funções", refere o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, no documento divulgado na segundafeira. Partindo de excertos do livro "Os Poderes do Presidente da República, especialmente em matéria de defesa e política externa", publicado pelos constitucionalistas Gomes Canotilho e Vital Moreira" em 1991, Cavaco Silva dedica o prefácio do "Roteiros IX" à diplomacia presidencial." "Nos tempos que correm, os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente da República que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os ‘dossiers’ relevantes para o país", sublinha Cavaco Silva.
"Está tudo esclarecido" no caso Passos Coelho, diz António Costa Programa de Governo do PS apresentado no dia 6 de Junho, diz líder socialista.
Por Carlos Calaveiras
O secretário-geral do PS, António Costa, dá como encerrado o caso das dívidas de Pedro Passos Coelho à Segurança Social, a não ser que surjam mais pormenores da situação. "Está tudo esclarecido". Agora, "o caso está bem entregue, nas mãos dos portugueses". O PS não pediu a demissão do primeiro-ministro no Parlamento até porque "não gosta da política de casos". António Costa dá conta de que haveria três vias para a demissão (a consciência de Passos Coelho, a maioria entender que este Governo não tinha condições, ou o Presidente da República actuar).
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Quinta-feira, 12-03-2015
Em entrevista à RTP, António Costa prometeu apresentar o seu programa de Governo a 6 de Junho, reafirmou as promessas (nomeadamente aumentar o salário mínimo e a reposição das pensões) e que se deve ajustar o défice ao ciclo económico ("Quando crescemos menos, cortamos menos, quando crescermos mais, poupamos mais"). "Estamos a fazer o nosso caminho e é o caminho certo", refere. Ainda antes do programa de governo socialista, "no final deste mês apresentaremos o cenário macroeconómico". "Ninguém vai votar no PS sem saber o que o partido propõe". António Costa defende uma política de emprego para aos jovens, mas também para os desempregados de longa duração, a redução da taxa do IVA na restauração para a taxa intermédia [13%] e lançar um programa de reabilitação urbana com renda acessível. À televisão pública, o líder socialista insiste que o país não está melhor e que o Governo PSD/CDS fez recuar "10 anos na riqueza produzida no país, duas décadas no emprego, três décadas no investimento e quatro décadas na emigração". "O país está bastante pior para as famílias, para o investimento e para as empresas. É essencial ruptura com esta política de austeridade". "Não estamos mais equilibrados" e "o pequeno crescimento da Economia [0,9%] não se deve ao Governo mas ao Tribunal Constitucional", acrescenta o dirigente socialista que reconhece que não se expressou de forma correcta no discurso perante os cidadãos chineses, mas "ninguém tem dúvidas que faço oposição a este Governo". Em termos europeus, António Costa considera "inaceitável que tratem a Grécia como se valesse menos". "Este não é problema grego, é um problema europeu", refere. "É inaceitável e muito perigosa esta bipolarização Grécia/Alemanha". É necessário mudar porque "a Europa está a matar-se com esta política". O líder socialista acredita que a Europa vai apoiar as propostas do PS e que uma "mudança politica em Portugal ajudará a mudar xadrez na Europa", que já começou com a mudança da "comissão Barroso para a comissão Juncker". "A atitude do Governo [português] é incompreensível". Já sobre o "caso Sócrates", Costa considera que "o PS reagiu de forma exemplar" e que respeita "a separação de poderes e a garantia da presunção de inocência".
O debate das explicações de Passos em 12 frases (e alguns gritos) A carreira contributiva do primeiro-ministro marcou o debate quinzenal desta quartafeira. "A autoridade do PM não é nem um bocadinho beliscada nesta matéria", disse Passos. A oposição discordou. Por Redacção
"Não aceitarei que se queira fazer manipulação política
relativamente à minha situação contributiva ou fiscal que não corresponda à verdade. Com humildade devemos reconhecer as nossas falhas e com humildade também nos devemos sujeitar a um escrutínio especial". Pedro Passos Coelho, primeiroministro "Demissão, demissão" e "metes nojo ao povo" foram as expressões de protesto lançadas por manifestantes na galeria, interrompendo Passos. O final do debate na ficou marcado por novo protesto nas galerias, mas com palavras imperceptíveis. "O senhor primeiro-ministro fez bem em abordar logo o assunto do seu passado contributivo perante a Segurança Social, mas fez mal em não ter aproveitado a ocasião para pedir desculpa a Portugal, aos portugueses e aos seus eleitores". Ferro Rodrigues (PS) "Há gente aí dos Super Dragões?", perguntou Ferro Rodrigues. Os protestos ruidosos de deputados do PSD irritaram o socialista. "Nunca deixei de o fazer. Não fui daqueles que deixei de declarar o que tinha ao fisco e não deixei de pagar o que devia. Em relação a falhas que possa ter tido no passado, posso garantir que foram regularizadas e que nunca deixei de suportar nos termos da lei as consequências naturais de qualquer atraso". Pedro Passos Coelho "O Governo tem dois pesos e duas medidas" porque "cortou a torto e a direito" no Estado Social. Jerónimo de Sousa (PCP) "Dever não é vergonha, mas dado [que é] o primeiroministro da República o não pagamento das contribuições à Segurança Social transforma-se num problema ético e político". Jerónimo de Sousa "Ao dizer que já cheirava a campanha eleitoral, [o Presidente da República] também actuou mal e só desajudou o primeiro-ministro – logo ele, Cavaco Silva, que foi a pessoa após o 25 de Abril com mais campanhas eleitorais". Ferro Rodrigues "A administração tributária desmentiu essas notícias. Não há nenhuma bolsa VIP", destinada a contribuintes considerados especiais. Pedro Passos Coelho "A autoridade do primeiro-ministro não é nem um bocadinho beliscada nesta matéria. (…) Não obtive nenhum favor do lado do Estado e da Segurança Social". Pedro Passos Coelho "A função de um primeiro-ministro é sempre a de fazer cumprir a lei e ser diligente". Pedro Passos Coelho "Quatro anos depois de pedir tudo a quem tem tão pouco, não pode pedir ao país que compreenda os seus incumprimentos. O discurso moralista que tem feito do `viver acima das possibilidades` é um tiro certeiro do primeiro-ministro em Pedro Passos Coelho". Catarina Martins (Bloco de Esquerda) "É importante que todos os partidos estejam a levantar esta matéria para darmos, em conjunto, uma resposta ao Presidente da República porque ficou aqui demonstrado que não se trata de uma questiúncula partidária pré-eleitoral, mas sim de uma questão política". Heloísa Apolónia ("Os Verdes")
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De Cavaco "ditador" a Sócrates no Guinness. O que Belmiro disse sobre os políticos Enquanto líder da Sonae, nunca foi meigo com a classe política. Leia as frases que Belmiro de Azevedo dedicou a Soares, Sócrates, Cavaco, Marques Mendes, Ferreira Leite, Louçã...
mau gestor" Ramalho Eanes, Presidente da República de 1976 a 1984: "Uma pessoa inconsequente" Manuela Ferreira Leite, quando era líder do PSD: "Teve muitos anos de trabalho, mas no Estado. Nunca dormiu mal por ter a responsabilidade de saber como pagar salários". Cavaco Silva (à Visão, em 2010): "Cavaco é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim, 'com vermelho directo'". A frase gerou polémica e Belmiro esclareceu: "É-o só no sentido que dou à expressão quando frequentemente digo, referindo-me até a mim mesmo, que 'às vezes é preciso ser-se ditador', querendo com isso significar que o titular do poder de decisão tem, a certa altura, de impor o seu critério, não fazendo do 'diálogo' e da procura de consensos um espartilho que o agrilhoa e o imobiliza." Francisco Louçã e o Bloco de Esquerda (em 2010): "[O Bloco tem] uma comunicação retrógrada e um líder com um discurso inteligente - ele diz que é inteligente, até escreve livros - usa a comunicação mais primaria e mente com todos os dentes". Fontes: "O Homem Sonae", Filipe Fernandes (Academia do Livro, 2008); Entrevista à revista Visão, Janeiro de 2010
Por Pedro Rios
No programa televisivo "Contra-Informação", o senhor Sonae era "Belmiro Mete-Medo". A piada honrava uma longa experiência na arte da frontalidade - ou do insulto, disseram alguns. Belmiro de Azevedo, de saída do cargo de presidente do conselho de administração do grupo Sonae, admitiu que tem "muito respeito pelos políticos… Não necessariamente pelos indivíduos que ocupam cargos políticos". Ao longo dos anos, acumulou críticas a ministros, líderes partidários e primeiros-ministros. Eis algumas. José Sócrates: "O primeiro-ministro telefona ou manda telefonar com muita frequência". "Não há exemplo de alguém ter feito tanta coisa tão mal feita em tão pouco tempo. Ele vai para o Guinness". Marcelo Rebelo de Sousa: "É pluri-pluri. Tem dez respostas, todas boas, para a mesma pergunta. Não sofre de pensamento único". Luís Marques Mendes: Dele disse, em 2005, que nem para porteiro da Sonae servia, pelo facto de falar em excesso. Carlos Tavares, ministro da Economia de Durão Barroso, hoje presidente da CMVM: "Deve ter a frustração de nunca ter gerido uma empresa, está por interposta autoridade, que é a autoridade do Estado, a querer gerir as empresas e intervir na sua estratégia. Ele que compre uma empresa!" Maria de Lurdes Pintassilgo, ex-primeira-ministra: "Uma peronista de saias" Mário Soares, que apoiou nas duas candidaturas à Presidência da República: "Reconhecidamente um
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Belmiro interferiu no "Público"? Senhor Sonae ganha 4-1 no campeonato dos directores Na hora da saída do cargo de presidente do conselho de administração da Sonae, a Renascença falou com os cinco directores dos 25 anos do "Público". A fama de não intervir no "seu" jornal é quase unânime – há só uma excepção.
Da esq. para a dir.: Vicente Jorge Silva, Nicolau Santos, Francisco Sarsfield Cabral, José Manuel Fernandes e Bárbara Reis Por João Carlos Malta
Ser um homem poderoso e ter um jornal influente pode gerar o desejo de o usar como arma de arremesso político e lança para conquistar negócios. Belmiro de Azevedo tem fama no meio da comunicação de nunca o ter feito. Nem uma coisa, nem outra. Nos relatos recolhidos pela Renascença através de conversas telefónicas ou depoimentos escritos, esta tese ganha largamente. São três ex-directores (Nicolau Santos, Francisco Sarsfield Cabral e José Manuel Fernandes) e a actual directora (Bárbara Reis) a confirmá-lo. Mas não há unanimidade: o primeiro director do jornal, Vicente Jorge Silva, acusa Belmiro de querer dirigir o jornal por interposta pessoa. "Estava habituado a ser soberano na sua empresa e quis-nos impor coisas que não faziam sentido", diz. Em sentido totalmente oposto, José Manuel Fernandes escreve que jamais quis influenciar a linha editorial ou dava recados. "Nunca, nunca mesmo, deu qualquer recado sobre o sentido de um editorial ou uma escolha para a manchete", sublinha. Pelo meio uma história interessante contada por Nicolau Santos sobre um dos períodos mais conturbados da história do jornal, entre 1996 e 1998, em que houve dois directores – algo de inédito. Belmiro, conta, terá jurado nunca promover José Manuel Fernandes a director. A realidade seria diferente. Vicente Jorge Silva, director entre 1990-1996 Estava habituado a que as pessoas se curvassem
"Foi uma relação que começou bem e acabou mal". Porquê? "Porque me fui embora. Ele quis dirigir o jornal por interposta pessoa. Estava habituado a ser soberano na sua empresa e quis-nos impor coisas que não faziam sentido". Quais? "Havia pessoas que se dirigiam a ele a fazer queixas e ele vinha pedir satisfações. Respondia-lhe sempre que quando perdesse a confiança em mim que me demitisse. Até lá, era director em plenas funções e que, portanto, todas as questões deviam ser dirigidas a mim e não a ele". É a partir daqui que Vicente Jorge Silva estabelece que houve uma mudança na relação que tinha com Belmiro de Azevedo. "Ele estava habituado a que as pessoas se curvassem", atira. Outro episódio marcante foi o da ideia de criar um projecto complementar ao jornal diário e que Belmiro numa primeira fase acarinhou. Era uma revista semanal que deveria funcionar com uma pequena equipa em que estariam alguns jornalistas do Público e que aproveitaria sinergias. Depois de muito andar para frente e para trás, o projecto não avança. Vicente Jorge Silva decide escrever a Belmiro invocando a relação de ambos. "Respondeu-me como se não me conhecesse de lado nenhum", lembra. "Respondi a pedir desculpa por incomodar o homem mais rico do país". Belmiro não se ficou, conta Vicente Jorge Silva. "Escreveu-me novamente numa carta muito repetitiva em que dizia que não era rico porque o dinheiro lhe tivesse caído no regaço." Nicolau Santos, director do Público entre 1996 e 1997 Passou do empresário de Marco de Canavezes ao melhor do país Fui convidado para director do "Público" no final de 1997 e estive no cargo até Novembro de 1998. Durante esse período tive apenas três contactos directos com Belmiro de Azevedo: quando entrei, seis meses depois e quando saí. Durante esse período nunca, mas nunca, Belmiro de Azevedo teve qualquer interferência na linha editorial, nem fez sugestões ou exigências para que tratássemos deste ou daquele assunto. Só me lembro de uma carta que me enviou, com o tradicional «De: BA. Para: N.S.» contestando a reportagem que tínhamos feito sobre o centro comercial Colombo. Mas a notícia já tinha saído há três ou quatro dias. Ou seja, era "o jornal de Belmiro", mas Belmiro não mandava absolutamente nada na linha editorial do jornal. Mais: dentro do jornal, Belmiro era visto como um "sponsor" [patrocinador] do Público, alguém que tinha lá posto dinheiro para fazer o melhor jornal português, mas que não tinha direito a dizer nada sobre o produto. Ao fim de seis meses (convém lembrar que entrei na sequência da demissão do primeiro director e líder carismático, Vicente Jorge Silva) fui à Maia, devido a mais uma crise interna, dizer que o jornal era ingovernável (convém lembrar que não levei ninguém comigo) e que havia um grupo de cinco jornalistas, com destaque para um deles, que se consideravam os legítimos herdeiros do "Público", não aceitando portanto um director vindo de fora. Belmiro disse-me:
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"nem por cima do meu cadáver esse senhor será director do jornal". Nove meses e dois directores depois (eu e Francisco Sarsfield Cabral), o tal senhor ascendeu a director do "Público", cargo que exerceu durante mais de uma década. Em resumo, Belmiro deu ao país um jornal de grande qualidade, que se tornou uma referência na comunicação social portuguesa. Dentro do Grupo Sonae foi o grande defensor do projecto. E voltou a defendê-lo sucessivamente sempre que o "Público" era colocado em causa dentro do Grupo Sonae devido aos sucessivos défices que acumulava. Mas o jornal também fez muito por Belmiro. Antes era o empresário de Marco de Canavezes. Depois passou o ser o dono do Público e o melhor empresário português. Francisco Sarsfield Cabral, director entre 1997-1998 Um empresário excepcional Durante a minha curta passagem pelo cargo de director do jornal "Público", em 1998-1999, tive ocasião de confirmar aquilo que já era então conhecido: Belmiro de Azevedo, proprietário do jornal, não interferia minimamente na linha editorial do "Público". Teria muitas formas de o fazer, directa ou indirectamente. Mas recusava-se escrupulosamente a fazê-lo. O que, aliás, era e é uma prova de inteligência: garantia, assim, a credibilidade do seu jornal. Quando lhe desagradava alguma notícia sobre uma das muitas empresas ou negócios do grupo Sonae, por conter informação errónea ou incompleta, os administradores dessa empresa enviavam uma carta ao jornal, expondo os seus pontos de vista. Ou seja, exactamente o que acontecia com empresas fora do grupo. E Belmiro nunca, que me lembre, publicou no seu jornal qualquer discordância relativamente a um comentário, a uma opinião. Esta atitude é rara. E não só em Portugal. Veja-se, por exemplo, o que faz Rupert Murdoch, o magnata australiano que domina boa parte da comunicação social dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Isto não significa que Belmiro de Azevedo se desinteressasse da vida do "Público". No universo Sonae o jornal era uma gota de água, que ainda por cima não dava lucro (o que levava os gestores do grupo a não gostarem nada de terem de gerir a empresa do "Público"). Belmiro era um gestor rigoroso com negócios de grande valor ou com pequenos negócios. Por isso, era extremamente atento aos aspectos administrativos do jornal. A verdade é que o "Público" existe desde há 25 anos graças a Belmiro de Azevedo. Que nunca se serviu do jornal para os seus negócios. José Manuel Fernandes, director entre 1998-2009 Implacável... com os erros de ortografia Trabalhei com Belmiro de Azevedo, com maior ou menor proximidade, ao longo de quase 20 anos. E em circunstâncias muito diferentes, desde os tempos entusiasmados em que ele tomando contacto com o projecto em construção que era do "Público", aos tempos mais difíceis das diferentes reestruturações por que o jornal passou. Aprendi a vê-lo como alguém directo e muito focado na necessidade de tornar o jornal um produto rentável, capaz de ser duro e exigente, ao mesmo tempo que sempre deu total liberdade editorial a quem nele trabalhava. Criticava com frontalidade quando sentia
que cometíamos erros – era, por exemplo, implacável com os erros de ortografia ou com imprecisões sempre que se tratava de números ou contas – mas nunca, nunca mesmo, deu qualquer recado sobre o sentido de um editorial ou uma escolha para a manchete. Por mais de uma vez percebi que o fazia mesmo quando estava sob pressão, mesmo quando recebia queixas de governantes ou autarcas, funcionando como uma espécie de barreira que protegia a nossa independência e nos entregava toda a responsabilidade pelas nossas escolhas. Suspeito mesmo que às vezes essas pressões vinham de dentro do próprio grupo Sonae, de gestores que sentiam que esta ou aquela notícia estava a dificultar a sua relação com os poderes públicos (e sabemos como esses poderes são capazes de exercer todo o tipo de pressões). Nesses muitos anos de contacto, sobretudo no período em que fui director do jornal – de 1998 a 2009 – nem sempre convergimos e houve alturas de discussões mais vivas. Mas, repito, sempre por razões empresariais, nunca por divergências editoriais. Acho que esta é a maior homenagem que lhe posso prestar nesta altura em que abandona a responsabilidade de "chairman" da Sonae. Bárbara Reis, directora desde 2009 O patrão que não telefona Hoje, a relação do engenheiro Belmiro com o 'Público' é mais distante. Durante muitos anos, esteve ligado de forma directa e na gestão e administração do jornal, e, portanto, a tomar decisões fundamentais sobre a estratégia e os orçamentos. Mas isso já não é verdade há muitos anos. A nossa relação forte, directa e diária é com a Cláudia Azevedo, filha do engenheiro Belmiro. O que é importante sobre o engenheiro Belmiro e é relevante para os directores com quem se relacionou directamente nos primeiros anos do jornal, mas também é verdade para nós porque essa herança e escola passou, é que sempre foi um accionista que respeitou a independência do Público. E isto é uma coisa que nós aqui na redacção sabemos que é verdade. Sobretudo os que estamos há muitos anos, e que crescemos como jornalistas dentro do "Público". Crescemos com esta ideia e sempre ouvimos que o engenheiro Belmiro era um accionista que não telefonava. Era um accionista que não se intrometia, não se envolvia nas notícias. Agora que sou directora constato que é verdade. Não com o engenheiro Belmiro, mas com quem o substituiu – primeiro, o Paulo Azevedo; depois, a Cláudia Azevedo. Os filhos, que são os nossos patrões directos e com quem discutimos a estratégia e os nossos orçamentos. O engenheiro Belmiro sempre respeitou a independência do Público. Um proprietário que não telefona nem antes, nem durante, nem depois das noticias serem publicadas. Teve a sabedoria e inteligência de reconhecer que o valor do "Público" está na sua independência. Há muitos anos que digo que é o nosso grande mecenas e sem a Sonaecom a olhar para o "Público" como um bem comum, através do trabalho que fazemos de jornalismo independente, não existiríamos
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hoje.
Mudanças na Informação da RDP Notícias surgem no dia em que também na televisão pública pode haver novidades. A direcção de informação da rádio pública vai ser exonerada, disse o director, Fausto Coutinho, numa curta mensagem aos jornalistas, a que a Lusa teve acesso. "Acabo de ser informado que o Conselho de Administração pretende exonerar a direcção de informação da rádio", afirma o actual director, numa curta missiva. Este anúncio surge no dia em que também é dada como certa a saída de José Manuel Portugal da direcção de informação da RTP (televisão), de acordo com notícia avançada pelo “Diário Económico”. Contactado pela Lusa, José Manuel Portugal não fez comentários. A RTP tem uma nova administração.
MARIA DE BELÉM ROSEIRA
Paulo Macedo "pode não ter avaliado" impacto da pobreza na saúde Maria de Belém Roseira, acredita que, em parte, Paulo Macedo foi vítima de vários factores na crise das urgências e ataca a titular das Finanças. Em entrevista à Renascença, a antiga ministra da Saúde rejeita urgências sustentadas por empresas de trabalho temporário.
Doze docentes com “horário zero” A lista final foi publicada esta quarta-feira em Diário da República.
A partir desta quinta-feira há mais 12 professores que vão para a requalificação. Da lista provisória do Ministério da Educação, divulgada em Fevereiro, chegou a constar o envio de 15 docentes para a antiga mobilidade, mas afinal são 12 professores com “horário zero” que ficam fora do sistema de ensino. A lista final foi publicada esta quarta-feira em Diário da República e produz efeitos a partir desta quinta-feira.
Maria de Belém Roseira Por José Pedro Frazão
A antiga ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, acredita que, em parte, Paulo Macedo foi vítima de vários factores na crise das urgências e ataca a titular das Finanças. Em entrevista à Renascença, rejeita urgências sustentadas por empresas de trabalho temporário. A pobreza que atinge muitos portugueses ajudou a agravar o caos das urgências. A tese é de Maria de Belém Roseira, para quem a "coincidência com um pico de gripe, sem vacinas tão eficazes, com maior e mais grave incidência" cruzou-se com a grave crise social e económica, quadro que não foi previsto pelo ministro da Saúde. "O ministro da Saúde foi vitima do que foi a dureza dos fenómenos de pobreza e privação severa, que são um escândalo. E pode não ter avaliado o impacto que esses fenómenos trariam à exigência sobre o sector da saúde. Porventura, não foi capaz [de convencer] ou a ministra das Finanças não foi 'convencível' de que a saúde não pode ser tratada como outros elementos da administração pública", defende a militante socialista, em entrevista à Edição da Noite, da Renascença. A deputada do PS considera que seria indispensável preservar a saúde dos cortes orçamentais. " Quando [o Governo] introduz uma ruptura em termos de políticas de recursos humanos, cortando completamente a remuneração e a progressão nas carreiras e em termos de enquadramento dos mais velhos e experimentados face aos mais novos, acaba por introduzir disfunções
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no sistema, que se repercutem na forma de atendimento", argumenta a antiga ministra da Saúde, sublinhando a incapacidade de muitos portugueses para seguir uma medicação e a inexistência de uma rede familiar que acolha os mais velhos, por impacto de uma emigração maciça nos últimos anos. Maria de Belém lamenta a saída de clínicos experientes de muitos hospitais: "Desapareceram os médicos de serviço, aqueles que pela sua maturidade profissional são os que mais segurança dão e menos despesa fazem. Ou se arranja uma forma de reativar essas pessoas ou vai demorar muitos anos a recompor essas equipas". A ex-presidente do PS vai mais longe na avaliação dos impactos desta política de recursos humanos: "Não podemos ter serviços de urgência sustentados por empresas de 'man power'. É isso que está a acontecer. É errado. É uma prática muito recente, a nível dos serviços de saúde. Em saúde, actua-se em equipa. Se aparecem pessoas que estão completamente fora da filosofia institucional e do conhecimento dos seus colegas de trabalho, o atendimento é mais difícil e o risco é acrescido, como é evidente".
Ministro da Saúde compromete-se a remodelar urgências de hospitais Questionado sobre a ruptura dos serviços de urgência, o ministro comprometese a remodelar até ao próximo Inverno as urgências. Paulo Macedo reconhece ainda que muitas camas estão ocupadas indevidamente com a população mais idosa e garante que este ano as camas para cuidados continuados vão duplicar.
Vagas para médicos de família, hospital no Seixal e camas do IPO em agenda Ministro da Saúde e presidente da ARS de Lisboa anunciaram novidades, esta quartafeira. Seixal não vai ter hospital e IPO não terá mais camas.
Foto: RR
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, esteve esta quartafeira no Parlamento a responder perante a Comissão Parlamentar da Saúde, onde admitiu a construção de uma nova unidade de saúde no Seixal, mas rejeitou a hipótese de construção de um novo hospital. Macedo falou ainda na falta de camas no IPO, afirmando que "não é uma prioridade", e comentou o recente anúncio do presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), que apresentou novas vagas para médicos de família na região de Setúbal. O presidente da ARS-LVT afirmou esta quarta-feira que vão existir vagas para médicos de família nos concelhos de Setúbal no próximo concurso. "Vamos abrir vagas para médicos de família no próximo concurso, para as zonas mais carenciadas e a Península de Setúbal é uma delas. As vagas vão existir, agora não posso garantir é que vão ser ocupadas", disse à agência Lusa Luís Cunha Ribeiro. Este responsável reuniu com deputados do PSD de Setúbal, que pretendiam a garantia de que iriam existir vagas no próximo concurso para a região, em especial para Almada e Seixal. "Não posso dar essa garantia, porque não é fácil de prever. O que posso garantir é que vão existir vagas, para várias zonas, e que espero que sejam ocupadas", defendeu. Os social-democratas ficaram satisfeitos com a existência de vagas para médicos de família que vai contemplar os concelhos de Almada e Seixal, tendo em conta a necessidade de colmatar os mais de 61 mil frequentadores sem médico de família. "Será dado mais um passo para que a população de Almada e Seixal possa ficar coberta ao nível de médicos de família, mas será vai ser muito difícil resolver este problema nos próximos tempos", afirmou o deputado
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social-democrata Nuno Matias, considerando que esta é uma "situação urgente que que necessita de resposta imediata". Ministro rejeita hospital no Seixal O ministro da Saúde admitiu a construção de uma unidade de saúde no Seixal, afastando na hipótese de um novo hospital naquela zona. Paulo Macedo, que falava na Comissão Parlamentar da Saúde, afirmou que, se fosse construído um novo hospital no Seixal, este nunca iria substituir o de Almada, com todas as especialidades de que este dispõe. A falta de recursos humanos é uma das razões alancada por Paulo Macedo para a não construção de um novo hospital no Seixal, pelo menos nos próximos três anos. No entanto, o ministro admitiu a construção de uma unidade de saúde, "mas não um hospital". Um novo hospital do Seixal tem sido reclamado pelas populações, para quem o Hospital de Almada não apresenta condições de resposta, existindo inclusive uma petição pública com este objectivo. Paulo Macedo não dá prioridade a camas no IPO O ministro da Saúde afirmou ainda que nenhuma das prioridades apresentadas pelos administradores dos institutos portugueses de oncologia passou pela falta de camas. Paulo Macedo respondia a uma questão colocada pela deputada socialista Idália Serrão, na Comissão Parlamentar da Saúde, sobre uma notícia avançada esta quarta-feira pela TSF de que "todas as semanas de 2014 tiveram cirurgias adiadas no IPO do Porto por falta de camas". O presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) e director do serviço de oncologia cirúrgica deste IPO falava numa progressiva falta de capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para operar doentes com cancro, segundo a notícia da TSF. Paulo Macedo disse que falou "pessoalmente" com os responsáveis dos IPO de Lisboa e Porto e que os secretários de Estado tinham falado com a instituição de Coimbra. De acordo com o ministro, as prioridades que foram comunicadas por estes IPO passaram pelo aumento da radioterapia e ao nível dos blocos operatórios. As camas não foram, por nenhuma das instituições, apontadas como prioridade, disse Paulo Macedo. No IPO de Lisboa, o Governo aprovou um investimento de 7,6 milhões de euros para a radioterapia, sete milhões para o bloco operatório e também para o aumento da área de transplante de medula. No IPO do Porto, o investimento passou pela instalação do acelerador linear e no bloco operatório (1,5 milhões de euros) e um milhão de euros nas áreas do software e hardware. Paulo Macedo aproveitou ainda para citar um comunicado do presidente do IPO do Porto, segundo o qual o reagendamento das cirurgias (230 em 2014) se ficou a dever a questões várias, entre as quais as greves que se realizaram no ano passado. "Não digo que não haja falta de camas", disse o ministro. O secretário de Estado e Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, acrescentou com o aumento da atividade cirúrgica no país aumentou um por cento e ambulatória foi a maior de sempre.
"O número de doentes com cancro operados no país foi o maior de sempre e o tempo médio de espera teve uma redução significativa", disse.
Sindicato apela a médicos para aderirem à greve nacional Presidente da Federação dos Médicos descreve um clima de medo, nalgumas instituições de saúde, levando a que alguns profissionais receiem represálias por aderirem às paralisações.
Greve dos médicos, Julho 2014. Foto: Lusa
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) apelou aos clínicos para aderirem à greve da função pública marcada para esta sexta-feira, embora admitam que muitos profissionais receiam represálias. Numa conferência de imprensa em Lisboa, os principais dirigentes da FNAM acusaram o Ministério da Saúde de hipocrisia negocial nas várias pastas, que deveria discutir com os sindicatos. "Temos reuniões sobre os vários assuntos, mas não são verdadeiras reuniões de negociação", afirmou a presidente Maria Merlinde, acusando a tutela de prepotência. A federação aludiu ainda ao que considera serem ilegalidades na avaliação de desempenho dos profissionais e na contratação de médicos, criticando igualmente os processos que têm levado à recondução dos dirigentes na área da saúde. "Apelamos a que os médicos se manifestem aderindo à greve de sexta-feira", disse Maria Merlinde, estimando uma "grande adesão". Contudo, a presidente da FNAM refere um clima de medo nalgumas instituições de saúde, que leva a que alguns profissionais receiem represálias por aderirem às paralisações. A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP) emitiu um pré-aviso de greve nacional para dia 13 de Março, sexta-feira, data para a qual está marcada uma paralisação da Frente Comum e do Sindicato dos Quadros Técnicos. O protesto é justificado com a necessidade "de travar a ofensiva do Governo contra o
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Estado Social" e de "levar o executivo a repor todos os direitos retirados aos trabalhadores nos últimos anos".
Sindicato do INEM entrega carta a pedir demissão do presidente Falam em situações "graves", algumas envolvendo o presidente do instituto, a quem responsabilizam das "várias demissões" que têm ocorrido. Dois elementos do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE) aproveitaram a presença do ministro da Saúde, no Parlamento, para entregar uma carta a solicitar a demissão do presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Os dirigentes marcaram presença na Comissão Parlamentar de Saúde, onde decorreu uma audição do governante, com o objectivo de entregar uma carta, cuja primeira intenção é a demissão do presidente do INEM, que acusam de atitudes persecutórias. À margem desta comissão, e já depois de entregar a carta aos assessores do ministro Paulo Macedo, Pedro Moreira (STAE) disse à comunicação social que o objectivo da iniciativa destes elementos foi, em parte, conseguido, uma vez que conseguiram agendar um encontro com a tutela para a próxima semana. Para Pedro Moreira, existem situações "graves" no INEM, algumas das quais envolvendo o presidente do instituto, a quem responsabilizam das "várias demissões" que têm ocorrido naquele organismo. Confrontado com a confiança no presidente do INEM, manifestada pelo secretário de Estado e adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, Pedro Moreira disse que da mesma tomou conhecimento, não concordando com esta postura. O dirigente do STAE - sindicato que garante representar 80% dos cerca de 900 técnicos do INEM confirmou que é alvo de um processo disciplinar, o mesmo acontecendo com outros elementos da direcção do sindicato. Para Pedro Moreira, estes processos disciplinares configuram uma situação persecutória e revelam "o ambiente" que se vive no INEM.
Pegado desmente Macedo. Taxa de abortos "tem aumentado todos os anos" Em entrevista à Renascença, o ministro da Saúde defende a redução do número de interrupções voluntárias da gravidez e a abertura de mais vagas para o curso de Medicina. Presidente da Federação Portuguesa pela Vida discorda. A presidente da Federação Portuguesa pela Vida discorda do ministro da Saúde quanto à ideia de que se assiste em Portugal a um decréscimo do número de abortos. Isilda Pegado diz que, pelo contrário, a taxa de interrupções da gravidez está a aumentar. "O aborto não está a diminuir, o que está a diminuir em Portugal é o número de mulheres em idade fértil", argumenta. "A taxa tem de ser seguida em função do número de gravidezes e como este número tem diminuído em termos absolutos, também diminui o número de abortos, mas tal facto não quer dizer que a taxa de aborto diminua. Pelo contrário, tem vindo a aumentar 4% a 5% todos os anos", destaca Isilda Pegado, em declarações à Renascença. A activista fala ainda do défice de mecanismos dissuasores da prática do aborto e acusa a legislação portuguesa de ser "associal". "A regulamentação neste momento promove o próprio aborto e, por outro lado, não tem mecanismos activos de apoio às mulheres que estão em dificuldade e que fazem um aborto porque estão em dificuldades. Quando uma pessoa tem uma dor de dentes, vai ao médico e ele tira-lhe a dor, não o dente, em princípio. Só em último caso. Em relação ao aborto o que se está a passar é exactamente o contrário: temos uma prática absolutamente associal e contra a própria mulher", sustenta. O ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi entrevistado pela Renascença na terça-feira, no programa "Terça à Noite", onde defendeu que o aborto não pode ser usado como método de planeamento familiar e que o problema não se resolve com taxas moderadoras. Bastonário volta a alertar para excesso de médicos Na mesma entrevista, Paulo Macedo deixa entender a necessidade de aumentar as vagas para Medicina no ensino superior, o que já mereceu as críticas do bastonário da Ordem dos Médicos. "O senhor ministro sabe que estamos a formar médicos acima das necessidades do país. Se eventualmente houvesse agora alguma alteração no 'numerus clausus' nas faculdades, a repercussão só se faria sentir 12 anos depois, que é o tempo de formação média de um especialista médico", alega José Manuel Silva.
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"Daqui a 12 anos já teremos um desemprego médico pelo excesso de formação que temos neste momento, excepto se os médicos continuarem a emigrar, como é bem possível, face à desqualificação e desvalorização do trabalho médico no Serviço Nacional de Saúde que decorreu das medidas tomadas pelo senhor ministro", aproveita para acrescentar. Na opinião do ministro da Saúde, existe carência de clínicos em inúmeras especialidades. Paulo Macedo sublinha também que a saúde é um sector de pleno emprego.
Dois polícias atingidos a tiro em Ferguson Neste noticiário: dois agentes da polícia foram feridos nos Estados Unidos, em frente a uma esquadra de Ferguson; Maria de Belém não afasta hipótese de se candidatar à Presidência da República; Governo quer incentivar regresso de emigrantes; há falta de engenheiros em Portugal; estreia hoje o vencedor do Óscar de melhor documentário, "Citizenfour".
SEF detém alegado terrorista espanhol no aeroporto do Porto Suspeito era procurado pelas autoridades por ter ligações a um grupo terrorista Resistência Galega. Foi detectado quando tentava embarcar num voo para Caracas com outro homem. Por Celso Paiva Sol
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) confirmou a detenção de um alegado terrorista espanhol no aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia. Um outro homem que o acompanhava também foi interceptado. Ao que a Renascença apurou, o homem, de 33 anos, tem 11 anos de prisão para cumprir em Espanha por participação em organização terrorista e colocação de engenhos explosivos. É essa a justificação do mandado europeu de detenção emitido pela justiça espanhola, executado esta quarta-feira pelo SEF. O outro cidadão não era procurado pelas autoridades espanholas, mas também foi detido para investigação. O alegado membro do grupo Resistência Galega tem um pedido de extradição em seu nome e vai ser ouvido no Tribunal da Relação do Porto. No caso do segundo
detido não parece existir um mandado de detenção, que justifique o seu pedido de extradição. Os dois foram detectados quando tentavam embarcar num voo para Caracas, na Venezuela, sendo que o suspeito de terrorismo foi identificado com passaporte venezuelano falsificado. A Resistência Galega é um movimento armado que luta, pelo menos desde 2005, pela independência da Galiza e suspeita-se que possa ter alguns pontos de refúgio no Norte de Portugal. Em Fevereiro, o ministro espanhol da Administração Interna, Jorge Fernández Diaz, disse, em Lisboa, que a Resistência Galega pretendia instalar uma base logística no Norte de Portugal, considerando "imprescindível" a colaboração com Lisboa. Após um encontro com a ministra portuguesa da Administração Interna, Anabela Rodrigues, o ministro espanhol adiantou que a Resistência Galega, "uma organização muito pequena" e "não comparável à ETA", pretende "ter no norte de Portugal algum tipo de base logística". [Notícia actualizada às 18h02]
Maria José Morgado testemunha em queixa contra ministra da Justiça Em causa está o inquérito por denúncia caluniosa intentado por dois ex-funcionários do instituto que gere a plataforma informática Citius. A procuradora Maria José Morgado vai ser testemunha num caso contra a ministra da Justiça. Em causa está o inquérito por denúncia caluniosa intentado por dois ex-funcionários do instituto que gere a plataforma informática Citius. O processo iria correr no Departamento de Investigação e Acção Penal, onde Maria José Morgado é directora, mas, depois de ter sido chamada a testemunhar no caso, a procuradora pediu escusa e impedimento, propondo a redistribuição do processo ao Ministério Público da comarca mais próxima, ou seja, a comarca de Lisboa Norte. Este processo nasceu do afastamento dos dois funcionários na sequência do problema no Citius que deram origem a uma investigação por suspeitas de sabotagem. Os dois ex-funcionários apresentaram agora esta queixa por denúncia caluniosa e apontam o dedo à ministra Paula Teixeira da Cruz.
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Antigo director do Instituto dos Registos e Notariado continua em prisão preventiva António Figueiredo está detido desde 18 de Novembro de 2014. O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) decidiu manter em prisão preventiva o antigo director do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, detido no âmbito do caso dos vistos “gold”, disse à Lusa fonte judicial. A mesma fonte indicou que o juiz relator Rui Gonçalves, da 3ª secção Criminal do Tribunal da Relação, negou provimento ao recurso interposto pela defesa de António Figueiredo, continuando este em prisão preventiva. A Operação Labirinto, que envolveu buscas e 11 detenções, a 18 de Novembro de 2014, está relacionada com a aquisição de vistos `gold` e investiga indícios de corrupção activa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato de uso, abuso de poder e tráfico de influência. Por decidir, no TRL, está ainda o recurso da prisão domiciliária do ex-director do Serviço de Estrangeiros e Fronteira (SEF) Manuel Jarmela Palos. O caso envolve ainda a ex-secretária-geral do Ministério da Justiça Maria Antónia Anes, Jaime Gomes, sócio-gerente da empresa JMF Projects and Business, os funcionários do IRN Paulo Eliseu, Paulo Vieira, José Manuel Gonçalves e Abílio Silva, entre outros.
Defesa de Sócrates diz que é o Supremo que tem competência para analisar caso Advogados do ex-primeiro-ministro deram conferência de imprensa esta quarta-feira.
Os advogados de Sócrates deram conferência de imprensa. Foto: João Relvas/Lusa
O Tribunal Central de Instrução Criminal não tem competência para se ocupar do processo de um exprimeiro-ministro, terá de ser o Supremo Tribunal de Justiça. É este o argumento base do pedido de "habeas corpus" (libertação imediata) que a defesa de José Sócrates decidiu apresentar. Os advogados de José Sócrates convocaram uma conferência de imprensa na qual explicaram que um despacho do Ministério Público datado de 24 de Fevereiro reitera que a investigação incide sobre a altura em que Sócrates chefiava o Governo. A defesa diz ter ficado surpreendida porque estava convicta de que o período sob investigação era anterior. Não sendo, considera que Sócrates só poderia estar detido por ordem do Supremo Tribunal de Justiça. “Fomos surpreendidos com isto. Até agora não tínhamos levantado a questão da incompetência do Tribunal e viemos fazer agora. Porquê? Para julgar factos cometido no exercício de funções por um primeiro-ministro entendemos nós e entende a doutrina que conhecemos que a competência cabe exclusivamente ao Supremo Tribunal de Justiça e também cabe ao Supremo Tribunal de Justiça jurisdicionalizar o inquérito, decretar a prisão preventiva, por exemplo”. O argumento da defesa de Sócrates não convence, contudo, muitos juristas. Já na passada segunda-feira, quando foi inicialmente noticiado o pedido de "habeas corpus", a Renascença ouviu o jurista Magalhães e Silva que defendeu que só se José Sócrates estivesse ainda em funções de primeiro-ministro é que essa tese faria sentido. A defesa de José Sócrates acusa o Ministério Público MP de ter alterado o período temporal da alegada prática dos crimes de que o ex-primeiro-ministro foi
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indiciado, antes de o processo ter sido entregue ao juiz de instrução. O advogado João Araújo, que tem a defesa do exprimeiro-ministro, referiu que o procurador Jorge Rosário Teixeira, do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), "enganou deliberadamente" o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal Carlos Alexandre.
Autoeuropa anuncia mais dois dias de paragem da produção
PAULO MORAIS
Medida preventiva destina-se a assegurar a estabilidade do processo de produção da Volkswagen Autoeuropa, após o incêndio que ocorreu na Dura Automotive Systems.
“Se não quiserem usar a lista, não usem” O vice-presidente da Associação Transparência e Integridade, Paulo Morais, diz que comissão de inquérito ao caso BES tem a obrigação da tentar saber “onde anda o dinheiro" dos empréstimos do BES Angola. O vice-presidente da Associação Transparência e Integridade, Paulo Morais, rejeita críticas de falta de credibilidade e transparência feitas pelos deputados da comissão parlamentar de inquérito ao caso BES, depois de ter enviado para ao parlamento uma lista com nomes de alegados beneficiários dos empréstimos do BES Angola. “Vejo, agora, com alguma perplexidade que os deputados não terão ficado satisfeitos ou com os nomes que lhes indiquei ou com a forma como os indiquei, mas nem chego a perceber exactamente qual é o problema. Se quiserem usar os nomes, muito bem, se não quiserem usar a lista, não usem, mas para a próxima vez não me peçam”, disse Morais à Renascença. Em causa estão os 15 nomes de alegados beneficiários dos empréstimos do BES Angola, que deixaram um buraco nas contas de três mil milhões de euros. A pedido dos deputados, Paulo Morais fez chegar, esta semana, ao parlamento os nomes por si escritos, numa lista acompanhada de cópias de jornais e da gravação de um programa de televisão em que participa. Paulo Morais insiste que “a obrigação da comissão de inquérito é tentar saber onde anda o dinheiro e, mais importante do que isso, recuperar esse capital” e que a origem da lista é “completamente irrelevante”. “As pessoas têm as suas fontes. Os deputados são livres e se acharem que a informação não é credível, não a utilizam. Ponto final”, remata.
A Autoeuropa vai parar a produção, a 16 e 17 de Março, devido ao incêndio que ocorreu na semana passada na Dura Automotive Systems, no Carregado, que é fornecedora da fábrica de automóveis de Palmela. "Para permitir que a cadeia de fornecedores da Volkswagen Autoeuropa continue a responder às alterações do `mix´ de produção, implementadas após o incêndio da Dura Automotive Systems, a empresa decidiu marcar os próximos dias 16 e 17 de Março como dias de não produção", confirmou esta quartafeira, em nota de imprensa. "Esta medida preventiva destina-se a assegurar a estabilidade do processo de produção da Volkswagen Autoeuropa, continuando assim a cumprir as expectativas dos nossos clientes", acrescenta o documento. Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores informou pouco antes que a empresa já tinha confirmado mais dois dias de paragem da produção (“downdays”) pelos motivos referidos, que se seguem a uma paragem realizada na passada segunda-feira. A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa refere, no entanto, que os dois dias de não produção poderão não se aplicar na área de prensas e promete continuar a desenvolver esforços para que a administração da empresa disponibilize toda a informação disponível aos funcionários. A Autoeuropa procedeu a uma alteração do `mix´ de produção diário, produzindo em maior quantidade os modelos Eos e Scirocco, ao contrário do que se verificava antes do incêndio na fábrica Duras Automotive, em que havia mais produção dos veículos maiores, designadamente do Volkswagen Sharan e Seat Alhambra. A fábrica da Dura Automotive produz componentes de vidro e plástico para os monovolumes Volkswagen Sharan e Seat Alhambra, bem como para o Volkswagen Eos, todos produzidos na fábrica de Palmela.
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Líder mundial no fabrico de máquinas procura profissionais "de excelência" Responsáveis queixam-se de dificuldades em encontrar no mercado engenheiros, serralheiros, fresadores, torneiros ou pintores. "Como não podemos competir pelo preço, competimos pela qualidade e pela alta tecnologia". Os responsáveis de uma empresa de Famalicão líder mundial no fabrico de máquinas de curvar tubos e perfis queixam-se de dificuldades em encontrar no mercado profissionais "de excelência" para os seus quadros, desde engenheiros a serralheiros ou fresadores. "Estamos à procura de novos engenheiros, do muito bom para o excepcional, mas temos tido muita dificuldade em encontrá-los", afirmou Manuel Barros, da administração da AMOB. A empresa tem-se visto obrigada a "acabar de formar", nas suas instalações, os recém-licenciados que vai "colher" nas universidades. O empresário aludiu a iguais dificuldades em encontrar "bons" serralheiros, fresadores, torneiros ou pintores, atribuindo as culpas, nomeadamente, à extinção das escolas industriais. "Queremos um bom torneiro mas não existe. Tivemos uma placa durante meses na rua para admitir um pintor e não apareceu nenhum", referiu à agência Lusa. Fundada em 1960, a AMOB transforma o aço que ali chega em máquinas industriais de última geração para curvatura de aço de tubos e perfis, sendo todos os componentes, incluindo robótica e "software", desenvolvidos e produzidos pela empresa. Máquinas à medida do cliente O resultado são máquinas únicas cujo preço pode ascender a três milhão de euros e que já estão espalhadas por 80 países dos cinco continentes. Estão ao serviço das indústrias naval, militar, química, petrolífera, aeronáutica e automóvel, entre muitas outras. Entre elas está a MAH 1000, a maior máquina de arquear hidráulica do mundo, com 175 toneladas de peso, que foi vendida a uma empresa espanhola com capitais chineses e destinada à indústria de extracção de minério. Em 2010, e para "dar vazão" à procura, a AMOB iniciou um investimento de cerca de 30 milhões de euros, que permitiu modernizar e aumentar a área de produção em 15 mil metros quadrados. O resultado foi um aumento de facturação de sete milhões de euros, em 2010, para 15,5 milhões, em 2014, tendo também o número de trabalhadores subido de 70 para 130. Em 2014, a Índia foi o mercado mais relevante da empresa.
"Como não podemos competir pelo preço, competimos pela qualidade e pela alta tecnologia", disse ainda Manuel Barros, sublinhando que a vantagem da AMOB é a produção de "máquinas à medida" do cliente.
Mais de 70 nomeações para Portugal nos “óscares do turismo” No ano passado Portugal teve 62 nomeações, recebeu 16 prémios europeus e três mundiais.
Foto RR/Ana Carrilho
Portugal conseguiu 71 nomeações para os “óscares do turismo” de 2015 para a área da Europa, os World Travel Awards. A TAP está nomeada para melhor companhia aérea europeia e ainda melhor companhia nas classes Business e Económica. A Portela (Lisboa) concorre na categoria de melhor aeroporto europeu e o porto de Lisboa, para o melhor Porto de Cruzeiros. A Douro Azul foi nomeada na categoria de Melhor Companhia de Cruzeiros Fluviais da Europa. Quanto a Destinos, Lisboa concorre em três categorias: City Breaks (Escapadinhas), Destino Europeu de Cruzeiros e melhor Destino Europeu 2015. A Madeira está nomeada para melhor destino de Ilhas e o Algarve, no Destino de Praia. O Turismo de Portugal - que já ganhou o prémio em 2008 e o ano passado – concorre mais uma vez à categoria de organismo oficial de turismo europeu. O maior número de nomeações surge ao nível da hotelaria e há várias unidades, algumas delas já distinguidas em anos anteriores, que concorrem em várias categorias. É o caso do Conrad Algarve, Vila Vita Parc e Monte Santo, todas do Algarve e que concorrem a melhor hotel e melhor resort europeu. Mas entre os nomeados também há outras unidades algarvias, da Madeira, Lisboa e uma dos Açores. As votações para a Europa decorrem até 26 de Julho, abertas a profissionais do sector e ao público. Os mais votados vão concorrer com os vencedores das outras regiões e na gala final, que terá lugar em Dezembro em Marrocos, serão divulgados os melhores do mundo.
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O ano passado Portugal teve 62 nomeações, recebeu 16 prémios europeus e três mundiais, para os Parques de Sintra, Restaurante Vila Joya e o Resort Conrad Algarve.
Bruxelas exige devolução de 143 milhões de fundos agrícolas a Portugal
FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
Estranhas declarações Parece que o Governo grego quer mesmo sair do euro.
A factura terá de ser paga pelo Orçamento do Estado. A Comissão Europeia detectou falhas no sistema de controlo de pagamentos e identificou áreas agrícolas que estavam a receber ajudas de forma irregular. Portugal tem de devolver mais de 143 milhões de euros. Os dados são relativos aos anos de 2009, 2010 e 2011. Tudo começou quando Jaime Silva era ministro da Agricultura do Governo de Jose Sócrates, segundo a notícia do “Público”. Numa auditoria a 400 explorações, o organismo financeiro que transfere os fundos da Política Agrícola Comum (PAC) para os agricultores portugueses, detectou um desvio de 3,6% nas áreas elegíveis. Após dez meses de negociações em sede de uma instância de conciliação, “a Comissão Europeia recusa acolher as pretensões portuguesas e agora só uma decisão do Comité de Fundos Agrícolas - ou, numa instância final, do Tribunal de Justiça - poderá salvar o país desta pesada pena”. O relatório da comissão, que está já nas mãos do Governo há cerca de dois meses, aponta para que o prejuízo seja reparado, mas sem a penalização dos agricultores. A factura terá de ser paga pelo Orçamento do Estado, através do Ministério das Finanças, o que significa que em última análise vão ser todos os contribuintes a ajudar à devolução do dinheiro a Bruxelas. As irregularidades detectadas na concessão das ajudas agrícolas não são um exclusivo de Portugal.
Por Francisco Sarsfield Cabral
Parece que, finalmente, começaram em Bruxelas e Atenas as negociações entre os gregos e… a “troika”. Esta agora chama-se “instituições” – mas são os funcionários do costume da Comissão Europeia, do BCE e do FMI. Já não era sem tempo, até porque a economia e as finanças gregas se degradam a ritmo acelerado. Curiosamente, os gregos não avançam com propostas originais. Exceptuando, porventura, o projecto bizarro de colocar toda a gente, incluindo turistas estrangeiros, a vigiar os contribuintes gregos, para que eles não fujam aos impostos (têm fugido em escala brutal). Estranha é, também, a atitude provocatória da Grécia. Na véspera da última reunião do Eurogrupo, o ministro grego das Finanças ameaçou com um referendo numa entrevista a um jornal alemão. E o ministro da Defesa (de extrema-direita) ameaçou a Alemanha de ir dar documentos a imigrantes ilegais a viver na Grécia, incluindo suspeitos de terrorismo, mandando-os depois para Berlim. Declarações destas minam a confiança na boa-fé da Grécia. E elas são tantas que parece que o governo de Atenas quer mesmo sair do euro.
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Alemanha rejeita pedido grego por reparações de guerra Governo de Alexis Tsipras tem reivindicado o pagamento de 162 mil milhões de euros a Berlim.
Sismo na Colômbia só causou elevados danos materiais Durou cerca de 15 segundos e levou à evacuação de alguns edifícios. O abalo ocorreu no norte de Santander, mas foi sentido em várias cidades. Não provocou vítimas o sismo de 6,2 na escala de Richter que, na terça-feira à noite, sacudiu a Colômbia. Os danos foram materiais e elevados: 200 casas e vários edifícios e infraestruturas, incluindo hospitais, igrejas e centros comerciais, foram afectados. A zona mais atingida foi a província de Santander, em especial a cidade de Bucaramanga, a capital regional.
Foto: EPA
A Alemanha rejeitou, esta quarta-feira, a hipótese de pagar aos gregos a verba exigida no âmbito das reparações da II Grande Guerra Mundial, depois de o primeiro-ministro Alexis Tsipras ter acusado Berlim de usar truques legais para evitar pagar. “Estamos firmemente convictos de que as questões relacionadas com a reparação e compensação foram legalmente e politicamente resolvidas”, disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel. “Devemos concentrar-nos em questões actuais e ter esperança que venha a ser um bom futuro”, acrescentou. Um porta-voz do Ministério das Finanças afirmou que não havia nenhuma razão para manter conversações com o governo grego sobre reparações de guerra e que as exigências eram uma distracção face aos graves problemas financeiros que os gregos enfrentam. O governo de Alexis Tsipras tem reivindicado o pagamento de 162 mil milhões de euros a Berlim, mas o ministro da Economia alemão já lembrou que um tratado assinado há 25 anos pôs cobro a estas exigências por parte dos países ocupados. A questão ganhou peso desde que a Grécia foi obrigada pelos parceiros europeus a endurecer as reformas promovidas pelos planos de austeridade. Como parte de um apelo mais vasto à Europa por solidariedade, o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, sugeriu a existência de um paralelo entre a forma como o nazismo nasceu na Alemanha, depois da humilhação que resultou da bancarrota que o país enfrentou na década de 1930, e o crescimento dos neonazis da Aurora Dourada na Grécia. A Alemanha nega que tenha de pagar qualquer outra indemnização à Grécia depois de em 1960 ter pago 115 milhões de marcos. Esta foi uma das 12 compensações de guerra assinada com nações ocidentais. Mas Atenas sempre considerou que aquela verba seria apenas o pagamento inicial – o resto seria discutido depois da reunificação alemã.
Chuvas desalojam mais de 59 mil pessoas em Moçambique Províncias de Nampula e Cabo Delgado, norte do país, são as mais afectadas.
Foto: António Silva/ Lusa
Mais de 59 mil pessoas ficaram sem casa nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, norte de Moçambique, na sequência da destruição de 10.713 habitações pelas chuvas. Segundo o porta-voz do Conselho de Ministros moçambicano, Mouzinho Saíde, no total, foram desabrigadas 59.586 pessoas, das quais 53.565 em nove distritos de Nampula e 6.021 em seis distritos de Cabo Delgado. "O Conselho Técnico de Gestão de Calamidades enviou equipas e disponibilizou transporte aéreo para a monitoria e dez barcos para transporte de carga e passageiros", afirmou Saíde. O porta-voz do Ministério da Saúde afirmou que a maioria das bacias hidrográficas do país tem mostrado nos últimos dias tendência a reduzir, mas de uma
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forma irregular. O país é ciclicamente atingido por cheias, devido à localização a monte da maioria das bacias hidrográficas da África Austral. As enxurradas, que tem provocado mortes e perdas materiais, também dão lugar a surtos de cólera, devido ao saneamento deficiente. Sobre a epidemia de cólera, que afecta algumas das provinciais mais assoladas pelas cheias, Mouzinho Saíde afirmou que a província de Tete, centro de Moçambique, regista o maior número de óbitos, com 22 mortes, de um total de 3.062 casos, seguida da província de Niassa, 14 óbitos, de 868 casos, e Nampula, com oito óbitos, de um total de 1.232 casos, e Zambézia com três óbitos, de um total de 289 casos.
Despenhou-se helicóptero militar norte-americano Tripulantes estão dados como desaparecidos.
Foto: Balazs Meszaros
A queda de um helicóptero militar, durante um exercício de instrução nocturna na quarta-feira, no estado da Florida, causou 11 desaparecidos, sete 'marines' e quatro tripulantes, que fonte militar presumiu estarem mortos. Um helicóptero UH-60 Black Hawk foi dado como desaparecido na terça-feira, cerca das 08h00 (00h30 hora de Portugal de quarta-feira), nas proximidades da base aérea de Eglin. A zona esteve sob forte nevoeiro, mas não estava determinado se isso contribuiu para o acidente. O porta-voz da base, Andy Bourland, disse que as equipas de busca e socorro localizaram detritos do aparelho cerca das 02h00 e que uma investigação estava em curso. "Os pensamentos e as orações de todos aqui, na Casa Branca, estão com as famílias dos que morreram neste acidente que terá ocorrido aparentemente durante a noite", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. O Presidente Barack Obama já exprimiu as suas condolências em telefonemas para os comandantes militares envolvidos. Um segundo Black Hawk regressou à base em segurança.
Os aparelhos do Batalhão de Helicópteros de Assalto 1244th, em Hammond, no estado da Louisiana, estavam a participar no que os militares designaram por uma missão de rotina de treino com o Regimento de Operações Especiais de Marines, de Camp Lejeune, no Estado da Carolina do Norte. O major-general Glenn Curtis disse: "No momento em que estamos a falar, está a decorrer uma operação de busca e salvamento para procurar o aparelho e os militares que estavam a bordo. É tudo o que sei neste momento". EUA
População vs polícia. Dois agentes feridos a tiro em Ferguson Trata-se da mesma cidade onde, em Agosto, um polícia matou um jovem negro com seis tiros. Desde aí que os incidentes não cessam.
Polícias tentavam disperar uma manifestação quando foram atingidos. Foto: Tannen Maury/EPA Por João Cunha
Dois polícias foram feridos a tiro na noite de quartafeira, na cidade norte-americana de Ferguson, no estado do Missouri. O incidente ocorreu quando os agentes estavam a dispersar os cerca de 70 manifestantes que se concentraram em frente à sede da polícia da cidade. Os disparos foram efectuados a partir de uma zona próxima do local e atingiram os polícias na cara e no ombro. “Tinha acabado de carregar o meu telefone no carro e estava a regressar ao local da manifestação. Quando estava a poucos metros dos manifestantes, ouvi quatro ou cinco disparos”, descreve Markus Loehrer, em declarações à cadeia de televisão CNN. A testemunha garante que não foram os manifestantes a disparar. “Conheço a zona e, pelo que percebi, os disparos foram efectuados a partir de uma zona distante dos manifestantes. Levei pelo menos 30 segundos a perceber que um agente da polícia tinha sido atingido e foi quando todos começaram a fugir”, acrescenta. O incidente da última noite surge depois de, na quartafeira, o chefe da polícia da cidade se ter demitido. No momento do anúncio, James Knowles,
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autarca de Ferguson, manifestou o desejo de “ter um departamento de polícia exemplar, com alto grau de profissionalismo e justiça”. Desde Agosto que se têm registado incidentes entre a população daquela cidade norte-americana e a polícia. Tudo começou quando um jovem negro de 18 anos foi abatido a tiro por um agente. A situação agravou-se desde que o Departamento de Justiça avançou, na passada semana, com um relatório que deu conta de racismo generalizado nas forças policiais e no tribunal municipal de Ferguson.
Mais um português pode ter morrido a combater pelo Estado Islâmico
Papa elogia exemplo de Bento XVI e de idosos que se dedicam à oração “A oração dos idosos e dos avós é um grande dom para a Igreja, e uma grande injecção de sabedoria para toda a sociedade humana, demasiado ocupada, presa e distraída”, afirmou Francisco.
Abu Jawayria Portughali terá morrido num ataque suicida em Kobani. É descrito por um jornalista belga como um comandante do grupo terrorista. Por Filipe d'Avillez
Poderá ter morrido mais um português a combater ao serviço do autoproclamado Estado Islâmico, na Síria. Numa mensagem publicada nas redes sociais por um declarado simpatizante do grupo terrorista, refere-se a morte de um homem conhecido como Abu Jawayria Portughali, supostamente num atentado suicida, em Kobani, junto à fronteira com a Turquia. A informação aparece confirmada mais ao menos na mesma altura pelo jornalista belga, ao serviço da cadeia kuwaitiana Al-Rai, Elijah Magnier, que dá conta da morte, mas não indica a causa, nem o local onde terá ocorrido. Segundo escreveu Magnier no Twitter, Portughali teria sido um dos cerca de 180 jihadistas libertados pela Turquia em Setembro de 2014 para garantir o resgate de meia-centena de funcionários do consulado turco em Mossul. #IS senior commander Portuguese Abu Juwairiya alPortughali (#Portugal) was announced killed. He was released by #Turkey w/ #Mosul exchange — Elijah J. Magnier (@EjmAlrai) March 11, 2015Contactadas pela Renascença, as autoridades portuguesas dizem que ainda estão a tentar confirmar a veracidade da notícia e a verdadeira identidade do alegado jihadista. O termo "Portughali" significa português em árabe. É comum os jihadistas adoptaram como apelido a referência geográfica aos seus países de origem. Normalmente, porém, os combatentes e simpatizantes portugueses utilizam o termo "al-Andalusi", ou uma variante, utilizando portanto o nome dado à Península Ibérica durante a ocupação árabe. A confirmar-se a notícia, este será o quarto caso de um jihadista português ou luso-descendente a morrer ao serviço do Estado Islâmico.
O Papa Francisco junto do Papa emérito Bento XVI, em Fevereiro. Foto: EPA/Claudio Peri Por Ângela Roque
O Papa desafiou esta quarta-feira os católicos a promoverem o verdadeiro encontro entre gerações. Numa catequese que dedicou, de novo, aos mais velhos, Francisco valorizou o testemunho de vida espiritual dos idosos e elogiou o exemplo do Papa Emérito, Bento XVI, que se dedicou à oração. “A oração dos idosos e dos avós é um grande dom para a Igreja, é uma riqueza! E uma grande injecção de sabedoria para toda a sociedade humana, em particular para a que está demasiado ocupada, presa e distraída. Olhemos para Bento XVI, que decidiu passar na oração e na escuta de Deus a última etapa da sua vida. Isto é bonito!” O Papa lembrou que a velhice é um período da vida “diferente dos outros”, a que as sociedades “não estão preparadas, espiritual e moralmente, para lhe dar o seu pleno valor”. Considerando que a experiência de vida dos mais velhos é sempre fonte de ensinamento para os mais novos, terminou com um apelo ao encontro de gerações: “Como gostaria de uma Igreja que desafia a cultura do descartável com a alegria transbordante de um novo abraço entre os jovens e os idosos. É isto o que peço hoje ao Senhor, este abraço”, afirmou o Papa, ao som de forte aplauso.
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Jean Vanier. Defensor da dignidade dos deficientes vence prémio Templeton “São pessoas de coração. Não têm uma agenda escondida de busca de poder ou de sucesso”, afirmou sobre os portadores de deficiência.
elas se abrem ao amor e até a Deus. São mudadas a um nível muito profundo. São transformadas e tornam-se mais humanas”. O prémio Templeton é atribuído pela fundação John Templeton e tem por objectivo distinguir pessoas que tenham feito “contribuições excepcionais” para a afirmação da dimensão espiritual da vida. O prémio tem o valor de cerca de 1,8 milhões de euros. Vanier já afirmou que vai doar a totalidade do dinheiro às instituições com as quais trabalha, para poderem expandir o seu trabalho.
Ovelha Choné vem à festa dos 15 anos da Monstra Festival de cinema de animação homenageia este ano a produção da América Latina e conta com várias novidades. Para aproveitar até dia 22 de Março.
Jean Vanier com uma residente da comunidade A Arca. Foto: L'Arche Por Filipe d’Avillez
Jean Vanier, fundador das comunidades A Arca e do movimento Fé e Luz, que dedicou a sua vida à promoção da dignidade das pessoas com deficiência mental, venceu esta quarta-feira o prémio Templeton, um das mais importantes distinções internacionais na área da religião. Nascido na Suíça, em 1928, Vanier começou o seu apostolado em 1964 quando convidou dois portadores de deficiência para viver com ele. Essa semente viria a transformar-se no movimento L’Arche, ou A Arca, onde deficientes e pessoas sem deficiência vivem em comunidade. Actualmente existem, em todo o mundo, 147 comunidades da Arca. Vanier também esteve na génese da fundação do movimento Fé e Luz, um grupo de apoio para deficientes e famílias que procura estimular e trabalhar a vertente espiritual dos deficientes. O movimento está presente em 82 países, incluindo Portugal. Questionado sobre a sua devoção às pessoas deficientes mentais, descreveu-as da seguinte maneira: “Essencialmente são pessoas do coração. Quando conhecem outras pessoas não têm uma agenda escondida de busca de poder ou de sucesso. O seu grito, o seu grito fundamental, é um apelo à relação, um encontro de corações. É este encontro que os desperta, que os abre à vida e que os chama a amar em grande simplicidade, liberdade e abertura”. Falando numa conferência de imprensa, em Londres, Vanier prosseguiu: “Quando as pessoas que vivem numa cultura de ganho e de sucesso individual os conhecem de facto, e entram em relação com eles, acontece uma coisa incrível e maravilhosa. Também
Começa esta quinta-feira o festival de cinema de animação “Monstra”. Em destaque, o cinema da América Latina, mas uma das grandes expectativas desta edição vem de Inglaterra: a estreia em filme de uma das mais hilariantes séries de animação. A Ovelha Choné e o seu rebanho saltam para o grande ecrã numa aventura que as leva pela cidade com a missão de salvar o agricultor, forçado a abandonar a quinta devido às tropelias dos seus animais de quatro patas. A longa metragem é realizada por Mark Burton e Richard Starzacke. Mas há outras novidades previstas para a edição deste ano da Monstra. “Trouxemos o festival para o meio da rua, tanto em sessões ao ar livre, [através do] festival mais pequeno do mundo no cinema mais pequeno do mundo”, adianta à Renascença o director do evento, Fernando Galrito. “Vamos pôr as pessoas que passarem em frente a este cinema, que vai estar no Camões e no jardim do Príncipe Real [Lisboa], a verem estes filmes e a votá-los, para dar aquilo que chamamos o prémio mais pequenino do mundo”, acrescenta. O festival vai decorrer até 22 de Março, em Lisboa e em Almada. Pode consultar a programação aqui.
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LIGA DOS CAMPEÕES
LIGA DOS CAMPEÕES
Mourinho aceita. "PSG foi a melhor equipa"
Nossa, que violência. Bayern aplica "chapa sete" ao Shakhtar
"O adversário foi mais forte do que nós e lidou bem com a pressão do jogo", afirmou o treinador, após a eliminação do Chelsea da Liga dos Campeões.
Bayern Munique 7-0 Shakhtar. Equipa de Donetsk atropelada na Baviera. Expulsão madrugadora de Kucher abriu auto-estrada para goleada expressiva dos homens de Pep Guardiola.
José Mourinho mostrou-se resignado, esta quartafeira, na sequência do afastamento do Chelsea da Liga dos Campeões. O empate (2-2) frente ao PSG, na segunda mão dos oitavos-de-final, após uma partida electrizante e com casos controversos de arbitragem, acabou por demonstrar, na opinião do treinador português, a superioridade dos gauleses. "Aceito que eles foram a melhor equipa. Amanhã irei discutir por que razão foram melhores. Quero ver o jogo com calma e perceber o que sentiram os meus jogadores no relvado. Depois tirarei conclusões da nossa prestação. O adversário foi mais forte do que nós e lidou bem com a pressão do jogo", afirmou Mourinho, em declarações à Sky Sports, na "flash interview" do desafio de Stamford Bridge.
O Bayern Munique goleou o Shakhtar Donetsk por uns incríveis 7-0, esta quarta-feira, apurando-se com naturalidade para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. Depois do nulo registado na primeira mão, em solo ucraniano, os campeões germânicos esmagaram a equipa de Mircea Lucescu, que até entrou em campo praticamente a dar tiros nos pés. Kucher foi expulso logo aos 3', com vermelho directo, provocando grande penalidade sobre Gotze e deixando o Shakhtar reduzido a 10 unidades. A partir daí, a auto-estrada dos bávaros nem precisou de abrandamentos na passagem pela "via verde". Foi sempre a abrir: golos de Muller (grande penalidade convertida aos 4'), Boateng (34'), Ribéry (49'), Muller (52'), Badstuber (63'), Levandowski (75') e Gotze (87').
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REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Loucura benfiquista
"Já não há lugares no inferno", titula o diário A Bola, lançando já o Benfica-Sporting de Braga de sábado. Na mesma linha, o Record escreve: "Loucura na Luz". No diário O Jogo, o destaque é dado a uma declaração do portista Tello: "Espero ficar muito tempo". Na edição Sul, avança-se, em manchete: "Adrien é para vender". Ainda O Jogo, uma novidade para a próxima época: "Marçal troca com Benito". É um negócio entre o Benfica e o Nacional. Sobre o Sporting, o Record avança: "Futebol vai ter mais dinheiro". Há um novo investidor em Alvalade. Por sua vez, A Bola escreve: "Facebook nunca mais". Trata-se de uma promessa feita por Bruno de Carvalho à equipa. RIBEIRO CRISTÓVÃO
Maré baixa Os ventos não correm de feição para alguns treinadores portugueses a trabalhar no estrangeiro: pelo menos dois deles, José Mourinho e Vítor Pereira estiveram particularmente em foco nesta quarta-feira e, em nenhum dos casos, por boas razões.
dos Campeões. O Paris-Saint Germain mereceu o prémio da sua ousadia, manifestada durante quase todo o jogo, na capital inglesa. Ao invés, fisicamente destroçada, a equipa de Mourinho não revelou capacidade para chegar mais longe. E, pelo que ficou à vista, talvez tenha sido melhor este desfecho, pois os adversários que se seguiriam também acabariam por ser impiedosos em desafios futuros. Agora é tempo de o Chelsea se concentrar apenas no campeonato da Inglaterra, cuja classificação comanda com algum conforto, não lhe sendo no entanto permitidos descuidos como aqueles que marcaram esta sua última jornada europeia. Vítor Pereira é outro treinador em maré baixa. Depois de ter, há algumas semanas, na Grécia, protagonizado cenas que bem poderia ter evitado, ontem voltou a estar em foco, pela negativa, ao provocar a ira dos adeptos do AEK, de Atenas, no termo de um jogo da taça que o seu clube, o Olympiakos, vencia com um golo obtido nos minutos finais. Ao festejar esse golo solitário, o ex-treinador do FC Porto, tê-lo-á através de gestos provocatórios que, segundo a imprensa, deram azo a que houvesse nova invasão de campo. Ou nos engamos muito, ou o treinador Vitor Pereia escolheu o país errado para tentar a sua primeira experiência no estrangeiro. BENFICA
O elogio de Gaitán. "Jesus dá-nos liberdade para jogarmos à nossa imagem" Entrevista do médio argentino do Benfica à "Radio Marca". Extremo-esquerdo comenta interesse de vários clubes europeus na sua contratação e confessa-se "feliz" na Luz.
Por Ribeiro Cristóvão
O treinador do Chelsea, que regressara de Paris com um precioso empate sacado à forte equipa do PSG, viu os seus comandados serem incapazes de resistir à pressão imposta em Standford Bridge por um grupo bem organizado e, mesmo jogando com uma unidade a mais durante noventa minutos, e darem por terminada a sua presença na edição deste ano da Liga
Para Nico Gaitán, os jogadores do Benfica jogam "de olhos fechados" sob o comando de Jorge Jesus,
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atribuindo ao técnico a maior dose de importância pelo trilho do sucesso que os encarnados têm vindo a registar, sobretudo nas duas últimas épocas. O extremo internacional argentino dos campeões nacionais portugueses explicou o seu ponto de vista, em entrevista à "Radio Marca". "Cada jogador que entra em campo sabe o que tem a fazer. Treinamos muito, durante a semana, para que durante os desafios as coisas não sejam tão difíceis. Ele [Jorge Jesus] dá-nos liberdade para jogarmos à nossa imagem, não nos priva de jogar futebol", salientou "El Zurdo", recordando que todo esse trabalho tem apenas um propósito. "O Benfica é um grande clube e, como todos os grandes clubes, tem a obrigação de conquistar títulos. Estamos a trabalhar para chegar ao final da época e ganhar troféus, mas sabemos que ainda nos faltam alguns jogos que temos de vencer para continuar na frente. Esperamos terminar bem a época", prosseguiu. Confrontado, de novo, com a possibilidade de mudar de ares, perante o assédio de clubes como Atlético de Madrid, Manchester United, Valência, PSG ou Mónaco, Gaitán não assumiu a sua vontade, dizendo apenas que "o momento de mudar de clube não depende só dos jogadores". Contudo, o virtuoso médio-ofensivo canhoto não esconde que fica lisonjeado com o interesse dos principais "tubarões" da Europa. "É muito bom saber que há clubes importantes que podem querer os meus serviços, mas estou muito contente no Benfica. Se algum dia chegar alguma proposta para mim, seguramente que o meu empresário me irá comunicar isso para saber qual a minha intenção. Aí, irei decidir o meu futuro, mas o meu presente é o Benfica e estou muito feliz", rematou. Nico Gaitán tem contrato com o Benfica válido até ao Verão de 2018, estando "blindado" com uma cláusula de rescisão de 35 milhões de euros.
PRIMEIRA LIGA
Liga analisa queixas sobre segurança na bancada amovível de Arouca Em causa estão as queixas de adeptos encarnados quanto à estabilidade da estrutura. Liga Portugal está a analisar a situação, mas salienta que o Arouca-Benfica só se iniciou depois de garantidas todas as condições de segurança.
O Arouca-Benfica teve lotação esgotada. Foto: Octávio Passos/Lusa
A Liga Portugal está a analisar os incidentes que marcaram o Arouca-Benfica, do passado domingo, devido à alegada falta de condições de segurança na bancada amovível colocada no topo Sul do Estádio Municipal de Arouca e na qual marcaram presença algumas centenas de adeptos encarnados. Na sequência de queixas de adeptos das águias quanto à estabilidade da estrutura erguida de forma extraordinária para o encontro em questão, o organismo que tutela as competições profissionais do futebol nacional "vem informar que se encontra a analisar a situação", embora saliente que o desafio "só se realizou após terem sido garantidas, pelas entidades competentes, todas as condições de segurança para a realização do mesmo". "Nos dias que antecederam o referido jogo, foram feitas diversas inspecções pela Câmara Municipal de Arouca, pela Liga Portugal e pela GNR que atestaram as condições de segurança da infraestrutura amovível instalada no Estádio Municipal de Arouca", remata um comunicado enviado pela Liga Portugal às redacções.
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DANILO
"Espero voltar a treinar o mais rapidamente possível" Defesa respira de alívio, após "susto" vivido durante o FC Porto-Basileia. De regresso a casa, após noite passada no hospital, Danilo mostra-se ansioso por voltar ao activo e confessa não se lembrar do momento do choque com Fabiano Freitas.
Foi com um semblante aberto e aliviado que Danilo enfrentou as câmaras do PortoCanal para confessar o quão intenso foi o "susto" vivido durante a primeira parte do FC Porto-Basileia e para demonstrar vontade de regressar aos treinos dos azuis e brancos. "O mais rapidamente possível". "Estou muito bem e espero o mais rapidamente possível voltar a treinar para ajudar o FC Porto dentro de campo", afirmou o defesa internacional brasileiro, que protagonizou uma arrepiante lesão na partida da Liga dos Campeões. Aos 18' de jogo, o defesa brasileiro protagonizou um violento choque com Fabiano Freitas. O guarda-redes atingiu o lateral-direito em cheio com o cotovelo, na cabeça. Danilo caiu no relvado, aparentemente já inconsciente. Após vários minutos de apreensão e de dúvida, o "canarinho" foi imobilizado, numa maca e colocado numa ambulância, tendo sido transportado já consciente para a referida unidade hospitalar, na qual lhe foi diagnosticada uma contusão cerebral, mas sem qualquer risco de vida associado. "Não via a hora de sair do hospital. Foi um grande susto não só para mim mas para toda a gente que estava no estádio. Agora é descansar e recuperar. Recebi algumas mensagens. Fico muito feliz por saber que todo o mundo se preocupou. O mais importante é que a equipa não se deixou abalar e venceu muito bem a partida", salientou, revelando que não tem qualquer memória do lance que motivou a mazela. De resto, Danilo aproveitou para enviar uma mensagem de agradecimento ao universo portista: "O meu agradecimento pela força e pelas vibrações positivas a todos os portistas. Podem contar comigo.
Em breve, estarei em campo para dar o máximo pelo FC Porto, como sempre". GRÉCIA
Vítor Pereira. Outra vez. AEKOlympiakos suspenso Partida da segunda mão dos quartos-de-final da Taça da Grécia interrompido aos 88', após festejos exuberantes do treinador português.
O encontro entre AEK e Olympiakos, um "derby" de Atenas, foi suspenso, esta quarta-feira, devido à invasão de campo de adeptos da equipa da casa. A partida contava para a segunda mão dos quartos-definal da Taça da Grécia, depois do nulo registado na primeira parte da eliminatória. E Vítor Pereira voltou a estar no epicentro de mais uma confusão no futebol helénico. Aos 88', Franco Jara, exjogador do Benfica colocou o Olympiakos na frente do marcador e a um pequeno passo da passagem às meias-finais. Na altura dos festejos, junto da linha lateral, o técnico português juntou-se aos seus jogadores e celebrou de forma exuberante e efusiva, acabando mesmo por se virar para a zona onde se encontravam os adeptos do AEK, com os braços erguidos. Ora, os "efervescentes" apoiantes dos auri-negros de Atenas não gostaram e tentaram invadir o terreno para se travarem de razões com jogadores e técnico do Olympiakos. A polícia e a segurança conseguiram conter a investida, mas o espectáculo estava definitivamente estragado e sem condições reunidas para que prosseguisse. Conclusão: jogo suspenso e por encerrar.
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Mais de 500 incêndios em Março No fim-de-semana foram mais de 100 fogos diários.
Só desde dia 1 de Março já foram contabilizados 578 incêndios. A esmagadora maioria deles lavraram nos últimos cinco dias, precisamente aqueles em que a temperatura esteve mais alta. A título de exemplo, só no fim-de-semana houve 212 incêndios com mais de 100 incêndios no sábado e no domingo. Fonte da Protecção Civil diz à Renascença que a maior parte destas ocorrências são pequenos incêndios, provocados por queimadas de excedentes agrícolas ou renovação de pastagens. Segundo a mesma fonte, é no Norte do país que se têm sido registados mais casos.
Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.
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