EDIÇÃO PDF Directora Graça Franco
Terça-feira, 28-04-2015 Edição às 08h30
Editor Raul Santos
Mortos no Nepal podem chegar aos 10 mil Tumultos em Baltimore após morte de jovem negro
Thomas Piketty: "Inexistência de imposto sucessório é uma anomalia em Portugal"
REPORTAGEM MULTIMÉDIA
Quantos migrantes cabem num caiaque? José Eduardo Martins e a coligação para as eleições. "O CDS fez um belo negócio"
1% dos portugueses tem 21% da riqueza do país
Mais 15% dos GNR pensaram em suicídio. Associação exige medidas urgentes
Hepatite C. Medicamentos inovadores estão a curar mais pessoas
CRISTINA SÁ CARVALHO
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Semana da Vida volta-se para a dignidade dos mais fracos
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Terça-feira, 28-04-2015
REPORTAGEM MULTIMÉDIA
Quantos migrantes cabem num caiaque?
Por Catarina Santos
Dentro do caiaque de Georges, há demasiadas histórias de vida e morte no mar. Remou com elas da Tunísia até Bruxelas e está há sete meses no Parlamento Europeu, a lutar por uma nova política europeia de imigração. Veja a reportagem em rr.sapo.pt.
Thomas Piketty: "Inexistência de imposto sucessório é uma anomalia em Portugal" Em entrevista à Renascença, autor do livro "O Capital no Século XXI" alerta para uma elevada concentração de património num pequeno grupo de pessoas. O economista francês identifica uma "ameaça extremamente grave" que paira sobre o contrato social firmado nos países europeus. Por Paulo Ribeiro Pinto e Graça Franco [entrevista]. Conceição Sampaio e Ricardo Fortunato [vídeo]
O autor do livro “O Capital no Século XXI”, o francês Thomas Piketty, não é só um jovem economista polémico. Nos seus 44 anos conseguiu transformar um “calhamaço” de quase mil páginas sobre economia num “best-seller” mundial e num tema de debate dentro e fora das universidades, alertando para os riscos para a democracia de uma distribuição da riqueza demasiado assimétrica. A Renascença entrevistou o economista estrela do momento. Segundo Piketty, as teses optimistas do norte-americano Simon Kuznets, que em finais dos anos 50 defendia o esbater das desigualdades como uma evolução natural do capitalismo maduro, são contrariadas pelos dados recolhidos nos últimos 30
anos. As taxas de retorno do capital sempre superiores às do crescimento da economia irão agravar ainda mais a desigualdade se nada for feito, a nível político, para combater esta perversa evolução natural. Recorrendo a fontes não convencionais da economia como os romances dos séculos XVIII e XIX, Thomas Piketty trouxe de novo o debate sobre a opção mais racional: casar rico ou trabalhar no duro. Desta forma não parece estranho que proponha, como solução, uma forte revisão dos sistemas fiscais no sentido de penalizarem a riqueza acumulada pelos mais ricos. Esteve reunido com o líder do Partido Socialista que propõe o regresso do impostos sucessório. Concorda com esta medida? Sim, julgo que é uma boa ideia criar um imposto sucessório em Portugal. Parece-me mesmo uma anomalia a sua inexistência em Portugal. Não é normal que se você recebe 50 mil euros ou 100 mil euros de rendimentos do trabalho, e sobre eles tem de pagar impostos pesados e ainda Segurança Social, e se depois receber um milhão de euros ou 10 milhões de euros sem trabalhar em herança sem pagar nada, é totalmente anormal para o nosso padrão meritocrático. Devo insistir que em todos ou quase todos os países europeus há imposto sucessório. Por exemplo, na Alemanha de Merkel ou no Reino Unido de Cameron, nos Estados Unidos ou no Japão, países com tradições históricas e políticas muito diferentes. Em França, o Presidente François Hollande tentou impor uma taxa de 75% sobre as grandes fortunas. Disse que a medida era totalmente ineficaz. Porquê? Esse tipo de medidas no caso da política fiscal de François Hollande, honestamente, é um pouco como política de bolso, ou seja, é tomar uma medida simbólica, evitando uma reforma fiscal mais ambiciosa e profunda. O problema dos rendimentos acima de um milhão de euros coloca-se mais nos Estados Unidos do que na Europa. Claro que na Europa também temos rendimentos superiores a um milhão de euros, há grandes salários nas maiores empresas, mas não se registou uma explosão como vimos nos Estados Unidos. Não é uma política adaptada à realidade francesa. Foi divulgado esta segunda-feira um estudo que revela que os 1% mais ricos em Portugal detêm mais de 21% da riqueza. Considera que é um valor muito elevado para o desenvolvimento do país? Julgo que é muito, mas, infelizmente, é representativo do que existe no resto da Europa. Em Portugal não é muito diferente do que se passa na França ou na Espanha. É verdade que o património está muito concentrado. Mas como solucionar a elevada carga fiscal sobre a classe média? O contrato social que temos nos países europeus resulta de uma escolha que fizemos: ter impostos elevados, em alguns casos 40% ou 50% da riqueza anual, para financiar os serviços públicos, os serviços sociais. O contrato social de base é que temos impostos elevados, mas toda a gente paga. Se a classe média tem a impressão que as pessoas mais ricas não pagam, então poderão tornar-se mais egoístas, individualistas e isso é um risco que nos ameaça de forma extremamente grave.
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Terça-feira, 28-04-2015
As negociações com a Grécia entraram num impasse. Acredita que estamos perante um "Grexit" iminente ou haverá alterações na política europeia? Espero que os governos europeus não cometam essa loucura permitindo uma saída da Grécia [do euro]. Neste momento, não sei o que vão fazer. Espero que os governos da França, da Itália e a opinião pública encarem o assunto. Seria uma catástrofe. A saída da Grécia seria o início do fim da Zona Euro porque, na manhã seguinte, os mercados financeiros especulariam sobre o próximo país. E mesmo que tal não aconteça no dia seguinte ou na semana seguinte, tal acabaria por acontecer passado um ano ou cinco anos. Assistiríamos a outras saídas da Zona Euro se começarmos com uma saída da Grécia. Isso é certo.
1% dos portugueses tem 21% da riqueza do país É, segundo o autor, o mais completo estudo sobre a distribuição da riqueza em Portugal.
Por Redacção e Rodrigo Machado (infografia)
Se a riqueza em Portugal representasse 1 euro, 1% da população tinha 21 cêntimos e 99% tinham os restantes 79 cêntimos. Esta é uma das conclusões da tese de mestrado do jornalista da Renascença Paulo Ribeiro Pinto. "Uma pequena parte da população portuguesa detém muita riqueza, muito património. Essa pequena parte – 1% – detém mais de 21% da riqueza líquida das famílias. Não é que isso esteja fora da média da União Europeia, por exemplo, mas a questão é perceber se essa média é a média que nós, enquanto sociedade, gostaríamos que fosse", explica. É, segundo o autor, o mais completo estudo sobre a distribuição da riqueza em Portugal. É feito com base no Inquérito à Situação Financeira das Famílias, feito pelo Banco Central Europeu, com dados de 2009 e 2010. A tese foi apresentada no âmbito do mestrado em Economia e Políticas Públicas do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Paulo Ribeiro Pinto demorou cerca de oito meses a coligir e trabalhar os dados estatísticos. Na tese de mestrado, o jornalista conclui também que, entre os mais ricos em Portugal, muitos são os que têm elevados rendimentos do trabalho, mas há casos em
que a riqueza tem outra explicação. "Há 118 mil pessoas em Portugal que detém uma quantidade de riqueza muito grande, mas rendimentos muito baixos. Ou seja, há pessoas em Portugal que vivem dos rendimentos que não do trabalho. Vivem de rendimentos patrimoniais vários", remata.
Plano macroeconómico. PSD faz 29 perguntas a António Costa Sociais-democratas questionam alguns dos dados de referência que sustentam o documento elaborado por uma equipa de 12 economistas, pedem vários esclarecimentos e desafiam os socialistas a submeter o plano à UTAO e ao Conselho de Finanças Públicas. O secretário-geral do PSD, Marco António Costa, enviou esta segunda-feira uma carta ao líder do PS, António Costa, com 29 perguntas sobre o plano macroeconómico socialista. Os sociais-democratas questionam alguns dos dados de referência que sustentam o documento elaborado por uma equipa de 12 economistas, ao longo de quatro meses. Na missiva, o PSD pede esclarecimentos relativamente a várias medidas previstas no plano macroeconómico “Uma Década para Portugal”. O partido de Pedro Passos Coelho pergunta, por exemplo, “qual é exactamente a proposta de reavaliação do factor de sustentabilidade nas pensões”. O plano socialista propõe a redução para 1,75% já em 2016 da sobretaxa de IRS e o fim da medida de austeridade em 2017. Na carta agora conhecida, os sociais-democratas querem também saber “de quanto é o impacto estimado de perda de receita de uma eliminação da sobretaxa de IRS em 2016 e 2017”. Outra medida emblemática do documento “Uma Década para Portugal” é a redução da taxa social única (TSU) para os trabalhadores com uma redução da pensão futura. O PSD pergunta se “o que está subjacente à análise é um plafonamento das pensões? O objectivo é estimular consumo presente em troca de perda de rendimento futuro?” Os sociais-democratas convidam, também, o PS a “tomar a iniciativa de submeter o cenário macroeconómico” à Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e, eventualmente, ao Conselho de Finanças Públicas. Na carta enviada ao líder socialista, Marco António Costa refere que independentemente das diferenças entre os dois partidos, “quanto às políticas económicas ou quanto à estratégia orçamental”, o documento “Uma Década para Portugal” pode contribuir para " uma discussão em torno de questões concretas e, dessa
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Terça-feira, 28-04-2015
forma, dar a conhecer aos portugueses o projecto político que cada Partido pretende concretizar após as eleições deste ano.” De "austeridade" a "zero". O glossário do PS CRISTINA SÁ CARVALHO
For Your Information Das transformações sociais do século XX certamente a forma como vemos a família é a mudança mais radical e mais impactante da alteração de valores e de mentalidades.
Como dizia Murphy Brown, quanto mais disfuncionais são as relações num grupo mais este se parece com uma boa família. A disfuncionalidade das famílias é difícil de compreender, embora faça parte das suas histórias, pelo menos nalgum momento e de forma mais ou menos mitigada. Apontamos o dedo ao preço da intimidade, ao valor da espontaneidade e da liberdade nas relações, aos desgastes e à fragilidade dos laços. Das transformações sociais do século XX certamente a forma como vemos a família é a mudança mais radical e mais impactante da alteração de valores e de mentalidades. E se parece ter ocorrido muito depressa, com a valorização subjetiva e individualista do amor romântico, que as sociedades modernas aplaudem e degradam, também deveríamos preparar-nos para as consequências que tem na vida pessoal e social. Os apreciadores das fraturas sociais não têm envidado esforços quando se trata de nos convencer que uma família abriga todos e tudo do mesmo modo. Mas as realidades são, volta e meia, mais incómodas e inestéticas do que se esperava. Recentemente, as consequências da austeridade facilitaram e promoveram as violências íntimas, minando, na sua estrutura, as relações. Esta frequência do horror banaliza-o, diminui a nossa capacidade de identificar o mal como um mal e lentifica ou exclui os mecanismos de prevenção ativa. Evidentemente, este não é um problema exclusivamente nosso, pois está espalhado pelo hipermodernista ocidente, mas devemos começar por tratar da nossa casa. Numa sociedade que se pauta pela liberdade sob a lei e que vigia o respeito pelas liberdades individuais, é escandalosamente perigoso que um terço das relações, amorosas e sexuais, entre os adolescentes e os jovens
esteja marcada pela violência. É inaceitável que a violência doméstica destrua continuamente a vida de tantas mulheres e crianças, quando não, que acabe com elas. É inconcebível que os mais pequenos não estejam, em casa, a salvo do estupro ou do espancamento. E, horror dos horrores, que bebés sejam assassinados pelos seus próprios pais supõe um nível de bestialidade humana que deveríamos rejeitar com uma firmeza absoluta. Politicamente, que é a esfera adequada para a civilidade tratar destas coisas, enfrentamos óbvias dificuldades. Por um lado, as esquerdas confiam em ignorar que a disrupção dos comportamentos e a criminalidade também têm como causa a fragilização do respeito pela vida, criando um tabu blindado em torno de “escolhas pessoais” e configurações familiares. Mas a violência chega a casa pela mão dos mais íntimos, dos parentes e, sobretudo, dos “amigos” mais ou menos descomprometidos e ocasionais. E chega alimentada pelo desnorte sexual, a marginalidade, o abuso do álcool e das drogas. Do lado da direita, uma vez esquecida a causa da justiça social, foi cómodo colocar todas as decisões e escolhas orçamentais sob os parâmetros macro-económicos, descomprometendo-se das consequências vitais das opções tomadas. Assim se têm gerido orçamentos que, apesar do bem que representa o cumprimento das obrigações para com os credores, permitiu uma governação sem governo, ao garantir que se evitaria a incomodidade de negociar e tomar decisões que possam defender as pessoas e a sociedade das consequências do descalabro económico e do saque que a ele levou. Desta posição, as consequências mais funestas atingiram directamente o coração das famílias, com o desemprego e a precariedade laboral dos adultos e a redução a mínimos históricos da capacidade operacional da escola. O tempo das eleições já está na rua. É preciso pensar bem naquilo que se nos oferece.
José Eduardo Martins e a coligação para as eleições. "O CDS fez um belo negócio" O antigo governante social-democrata assegura que o líder do PSD tem o partido na mão até às eleições e que ninguém vai atacar a direcção como Passos e Relvas criticaram Ferreira Leite. Vera Jardim diz que o anúncio da coligação está ligado à divulgação do cenário macroeconómico do PS. “O PSD tem um presidente que manda mesmo no PSD, como poucos no passado”. A frase é de José Eduardo Martins, ex-deputado do PSD e um “desalinhado” face à actual liderança do partido.
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Terça-feira, 28-04-2015
Convidado desta semana do programa “Falar Claro” da Renascença, o advogado assegura que Pedro Passos Coelho não vai ter qualquer oposição interna até às eleições. Mesmo que o acordo de coligação com o CDS possa não agradar a todos nas hostes laranja. “Para Portas, não há nenhuma dificuldade. Paulo Portas consegue que o preço da estabilidade [como referência para este acordo] seja a partida dos resultados eleitorais das últimas eleições legislativas. E não aquele fenómeno que em ciência politica se explica que, cada vez que dois partidos estão em coligação e depois vão separados a eleições, as pessoas tendem a escolher o maior para fazer contraponto à proposta que não querem. É o que se passa agora na Inglaterra onde os liberais vão desaparecer. Nesse sentido, o CDS faz um bom negócio”, defende o antigo secretário de Estado dos governos de Durão Barroso e Santana Lopes. PSD responsavelmente calado Quem é que podia causar problemas? As bases do PSD, se entendessem que estavam sub-representadas nesta coligação política, reconhece José Eduardo Martins. “Não acredito que isso vá acontecer. Até agora não se ouviu nada, nem acredito que se vá ouvir”. Afastado de momento da política activa, em rota de colisão com a liderança de Passos Coelho, José Eduardo Martins não resiste a um remoque: “Os militantes do PSD têm, em anos eleitorais, um especial sentido de responsabilidade de guardar a crítica para o dia seguinte”, com uma excepção “muito pontuada por Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas quando Manuela Ferreira Leite era líder do partido”. O ex-deputado garante que “a direcção do PSD tem um partido absolutamente concentrado em preparar esta batalha - que querem apresentar como muito maniqueísta, não acho que seja - das eleições deste ano. As bases do PSD não vão criar problemas. O mau negócio é para o PSD e Pedro Passos Coelho vai conseguir resolver isso. Não me parece que a coligação vá sofrer grandes abalos daqui até às eleições, até porque não há ninguém no PSD e no CDS a fazer aquilo que algumas oposições internas faziam da penúltima vez que houve eleições legislativas.” Coligação é solução coerente O militante do PSD diz que, “em circunstâncias ideais”, o PSD deveria ir sozinho a eleições. Mas desta vez, reconhece, essa hipótese não seria possível, desejável ou coerente. “Quatro anos para executar uma política de médiolongo prazo são, hoje, muito pouco [tempo]. A coligação executou um programa que, ao princípio, não era o seu, mas do qual não divergia ideologicamente. Achava que havia um conjunto de desequilíbrios que se tinham vindo a acumular e que era preciso resolver. Acha que esse programa está a meio, apresenta um programa comum para eliminar a sobrecarga fiscal que esse programa justificou em quatro anos, portanto, faz sentido que se apresentem em conjunto.” José Eduardo Martins diz que a coligação eleitoral é também motivada pelo cálculo de que PSD e CDS “só podem ter uma chance de sucesso eleitoral se o fizerem em conjunto. Quão forte está a coligação? Obviamente mais forte do que estava num passado recente”. Para o socialista José Vera Jardim, o anúncio da
coligação “foi precipitado por razões de agenda política. O que não quer dizer que não fosse anunciado daqui a dez ou 15 dias. Tem a importância que tem”.
Terça-feira há greve parcial no Metro de Lisboa Portas das estações só deverão abrir pelas 10h00.
O Metropolitano de Lisboa só deverá funcionar a partir das 10h00 na terça-feira, devido a uma greve parcial decretada pelos sindicatos representativos dos trabalhadores. O Metropolitano de Lisboa revela, em comunicado, que, "por motivo de greve parcial convocada pelas organizações sindicais representativas dos trabalhadores" da empresa, o serviço de transporte estará suspenso na terça-feira "entre as 6h30 [hora habitual de abertura] e as 9h30", prevendo-se que "a circulação esteja normalizada a partir das 10h00". Devido à greve, a Carris reforçará com um número suplementar de autocarros as carreiras que coincidem com os eixos servidos pelo Metro, designadamente as carreiras 726 (Sapadores-Pontinha), 736 (Cais do SodréOdivelas), 744 (Marquês de Pombal-Moscavide) e 746 (Marquês de Pombal-Estação da Damaia), acrescentou o Metropolitano. Na sexta-feira, o tribunal arbitral do Conselho Económico e Social (CES) decretou serviços mínimos apenas relativamente aos serviços necessários à segurança e à manutenção para a greve parcial de terça-feira, o que não abrange a circulação de composições. Os trabalhadores contestam a subconcessão do Metro, actualmente em concurso público até 14 de Maio, decidida pelo Governo. Para o descontentamento dos trabalhadores contribui também a existência de "problemas concretos de trabalho da maior parte das categorias profissionais e a redução cada vez mais acentuada do número de trabalhadores" e a defesa do Metropolitano "enquanto empresa pública", de acordo com a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans). A greve de terça-feira é a quarta greve parcial no Metro desde o início do ano. Foram já realizadas greves semelhantes a 24 de Fevereiro e a 16 e 18 de Março.
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Terça-feira, 28-04-2015
Os trabalhadores do Metro tinham marcado uma paralisação de 24 horas para 10 de Abril, que adiaram primeiramente para o dia 17 deste mês e que acabaram por suspender depois de o tribunal arbitral ter decretado a obrigatoriedade de realização de serviços mínimos. De acordo com Anabela Carvalheira, da Fectrans, os serviços mínimos põe em causa a segurança na circulação do Metro. Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa e os da rodoviária Carris agendaram greves de 24 horas contra a subconcessão das empresas para 12 e 14 de Maio, respectivamente. Quando suspenderam a greve de dia 17 de Abril, os sindicatos representativos dos trabalhadores do Metro alertaram, em comunicado, que seria "a última vez" que adiariam o protesto "em defesa da segurança".
Passos espera que greve não impeça privatização da TAP "Governo não vai interferir nesse processo" e o recurso à requisição civil está "fora de hipótese", garante o primeiro-ministro.
Foto: José Sena Goulão/Lusa
O primeiro-ministro espera que a greve na TAP não impeça a privatização da empresa e considera que os pilotos devem pensar nas suas acções, reiterando que o Governo não vai intervir no processo. Em declarações aos jornalistas, no Museu da Electricidade, em Lisboa, Pedro Passos Coelho disse esperar que a greve dos pilotos da TAP não tenha "o resultado mais indesejado de todos, que era o de nem se conseguir fazer a privatização da TAP nem se poder defender o emprego na TAP e a sua função tão importante para a economia nacional". Passos Coelho, que falava durante uma iniciativa da Fundação EDP, reiterou que "o Governo não vai interferir nesse processo" e que o recurso à requisição civil está "fora de hipótese". "Não vamos andar a fazer requisições civis de cada vez que alguém quiser fazer uma greve, não é para isso que existe a requisição civil. Os pilotos devem pensar nisso. Não é o Governo, são os pilotos é que devem pensar nisso. E eu espero que pensem maduramente nisso", declarou o primeiro-ministro.
O Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social (CES) decretou, esta segunda-feira, a realização de serviços mínimos durante o período de greve dos pilotos da TAP. Serão asseguradas ligações de ida e volta para a Madeira e Açores, bem como para vários destinos internacionais, entre eles Angola, Moçambique, Brasil, França, Reino Unido, Luxemburgo, Bélgica e Suíça. Os pilotos da TAP marcaram uma greve, entre 1 e 10 de Maio, por considerarem que o Governo não está a cumprir o acordo assinado em Dezembro de 2014, nem um outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação no capital da empresa no âmbito da privatização.
Inspectores do Trabalho em greve. Dizem não ter meios para trabalhar Só este ano, já morreram 30 pessoas em acidentes de trabalho. Esta terça-feira, assinala-se o Dia da Prevenção e Segurança no Trabalho.
É na construção civil que há mais acidentes de trabalho fatais. Foto:DR Por André Rodrigues
Os inspectores da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) estão em greve nesta terça-feira em que se assinala o Dia da Prevenção e Segurança no Trabalho. Na origem do protesto estão os meios disponíveis: são considerados escassos e, por isso, impeditivos da realização de acções inspectivas no terreno. Os inspectores da ACT em funções no terreno são 300, quando, na opinião da classe, deveriam ser 500. Dos 300, apenas 200 fazem trabalho de inspecção, isto é, menos de metade dos que são apontados como necessários nos quadros da estrutura. Os números são apresentados à Renascença por José Abraão, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), para justificar a denúncia da falta de meios humanos na inspecção do trabalho. “O mapa do pessoal prevê cerca de cinco centenas.
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Terça-feira, 28-04-2015
Portanto, era expectável que, pelo menos, com esses pudéssemos contar. O existente são cerca de 300 só que há uma parte dos trabalhadores da carreira de inspecção que estão afectos a um conjunto de outras funções. E mesmo os que ficam, que são menos de metade, têm de fazer o trabalho dos técnicos, acumulando com funções de telefonistas e retaguarda aos serviços”, explica. José Abraão dá outro exemplo que, segundo diz, comprova a falta de meios materiais: “Há viaturas que, com o tempo de vida que têm, não podem circular em certas zonas de Lisboa, por exemplo. E isso reduz aquilo que deveria ser um serviço muito eficiente para evitar esta catástrofe traduzida em tantas mortes por acidentes de trabalho em Portugal”. Só este ano, morreram mais de 30 pessoas em acidentes de trabalho, de acordo com os inspectores. A maioria ocorreu no sector da construção civil. “No ano passado, houve cerca de 130 mortes. Este ano, ainda estamos em Abril, e já temos mais de 30 a lamentar. Este problema é transversal aos sectores público e privado e todo este ambiente de penalização para trabalhadores e empresas justifica que se olhe para a ACT com outros olhos para que ela possa desempenhar o seu papel que é, essencialmente, pedagógico”, defende o sindicalista. É por tudo isto que os inspectores estão esta terça-feira em greve.
Mais 15% dos GNR pensaram em suicídio. Associação exige medidas urgentes "Não existe qualquer sensibilização para a questão da prevenção do suicídio" e esta é "uma população de risco", adverte a APG/GNR.
Foto: Lusa
Mais de 15% dos militares da GNR admitem ter pensado em suicidar-se por causa da profissão, indica um estudo. A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) exige medidas urgentes de prevenção.
De acordo com um estudo realizado por duas médicas psiquiátricas do Centro Hospitalar de Leiria, avançado na edição desta segunda-feira do jornal i, 6,7% dos guardas confessaram já ter tentado pôr termo à vida e 35% procuraram ajuda psicológica. Um total de 13% já tiveram diagnóstico de patologia psiquiátrica e a maioria conhece pelo menos um colega que já tentou o suicídio. Mais de 81% dos militares da GNR afirmam ter sentido "desalento e desânimo" devido ao excesso de trabalho e à relação com as chefias. Para o estudo, intitulado "Prevenção do Suicídio", responderam 1.100 militares da GNR, sob anonimato, entre 3 de Fevereiro e 15 de Março. Prevenir antes que o pior aconteça A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) defende a criação, com urgência, de um plano de prevenção do suicídio na GNR que seja eficaz e contemple formação e consciencialização das chefias. "A APG/GNR sublinha a importância de uma maior sensibilização para a problemática do suicídio e para as situações de risco, devendo, com urgência, ser implementado um plano de prevenção eficaz, que nunca o poderá ser verdadeiramente se não existir formação e consciencialização das chefias para esta questão", refere a associação mais representativa da GNR, em comunicado. A Associação dos Profissionais da Guarda refere que colaborou no estudo, uma vez que, na corporação, "não existe qualquer sensibilização para a questão da prevenção do suicídio" e esta é "uma população de risco". "Os números não poderiam ser mais esclarecedores e ilustram a inevitável realidade de numa instituição que tem descurado este problema e não tem agido de forma eficaz, ao contrário do que sucede nos outros países da Europa, em que há a preocupação de prevenir, estudar, mapear casos de risco e tentar intervir atempadamente, antes que o pior aconteça", adianta a APG. Segundo esta associação, o facto de a GNR "ser extraordinariamente fechada, hierarquizada e militarista", faz com que muitos tentem "escamotear o que sentem com receio de falharem profissionalmente, com as consequentes represálias disciplinares e de algum tipo de segregação". A APG considera também que estes resultados merecem "uma intervenção urgente", tendo em conta que 69% dos militares afirma sentir que "o trabalho os afecta psicologicamente, apontando a carga horária e a relação com as chefias como principais motivos". A Associação dos Profissionais da Guarda refere ainda que o Ministério da Administração Interna deve agir com celeridade, recordando que a esmagadora maioria dos suicídios ocorreu no local de trabalho, com a arma de serviço. Nos últimos 14 anos, 60 militares da Guarda Nacional Republicana puseram termo à vida.
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Fim da produção de modelo na Autoeuropa faz 100 despedimentos e ameaça mais 100 A Webasto, unidade alemã que produzia quase em exclusivo para a Autoeuropa, anunciou um despedimento colectivo devido à descontinuação do Volkswagen Eos no parque de Palmela. Outras 13 empresas podem ser afectadas.
Foto: DR Por João Carlos Malta
O modelo Eos da Volkswagen vai deixar de ser produzido na Autoeuropa, em Julho, e isso está já a ter consequências no Parque Industrial de Palmela. A mais imediata é o encerramento da fábrica da Webasto e o despedimento dos 100 trabalhadores. Mas não deverão ser os únicos a ficar sem emprego. Segundo a Comissão de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa, há mais uma centena de trabalhadores em risco. Na passada sexta-feira, a administração da Webasto anunciou aos trabalhadores a intenção de avançar com um despedimento colectivo. "Os trabalhadores têm falado com a administração no sentido de encontrarem soluções que vão passar por acordos mútuos", avança à Renascença o coordenador da Comissão de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa, Daniel Bernardino. O responsável diz ainda que o fim da unidade industrial é irrevogável e que acontecerá no curto prazo. A Webasto dependia quase em exclusividade de um único modelo da Autoeuropa, o Eos. Abalo no ecossistema O fim da produção deste modelo afecta mais empresas e trabalhadores no ecossistema industrial de Palmela. Segundo Daniel Bernardino, serão mais 100 empregos a ficar em risco em 13 empresas que também forneciam o modelo Eos. Há alguma solução para estes trabalhadores? O
representante dos trabalhadores fala de uma espécie de bolsa de emprego. "São sempre prioritários para as empresas que precisam de empregar. A Faurecia [empresa do Parque Industrial da Autoeuropa], por exemplo, cresceu a partir de 2013 e absorveu trabalhadores do Parque Industrial, nomeadamente da Webasto, cuja produção foi diminuindo", refere Daniel Bernardino. O problema, diz, é que o momento não é de recrutamento, pelo que vai ser mais difícil resolver a questão. "Isto facilmente se resolveria se a VW Autoeuropa já tivesse o seu novo modelo anunciado, o que não é o caso. O próximo ano será mais difícil, porque descontinuando um carro e não havendo outro modelo a entrar de novo começamos a ter preocupações", remata.
Sindicato diz que não há revista a visitantes na cadeia de Castelo Branco Vários reclusos ficaram intoxicados com substância psicadélica. Direcção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais garante à Renascença que todo o sistema prisional "tem prosseguido uma política de controlo e combate à entrada de estupefacientes". O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Jorge Alves, admite a existência de falhas de segurança no estabelecimento prisional de Castelo Branco, onde se verificou a intoxicação de vários reclusos com uma substância psicadélica. Em declarações à Renascença, o presidente do SNCGP diz que os seus colegas em Castelo Branco "não estão autorizados a revistar" os visitantes, que passam, somente, pelo pórtico detector de metais. "A entrada [de materiais ilícitos] parece que não é tão difícil como isso em Castelo Branco, dadas as condições que os meus colegas tem para desempenhar a fiscalização adequada e o controle de pessoas e bens na entrada do estabelecimento", diz Jorge Alves. Para o dirigente sindical, "o que falta é regulamentação", de modo a que os guardas prisionais possam trabalhar "todos igual, do mesmo modo", sem que "um director que possa interferir na segurança, ditando ele próprio as suas regras". Questionado sobre se as sucessivas greves dos guardas prisionais não diminuem a segurança nas cadeias, Jorge Alves garante que, pelo contrário, a segurança "aperta" nesses momentos porque não é autorizada a entrada de sacos. Sob investigação Em resposta à Renascença, a Direcção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais reafirma que a ocorrência está a ser averiguada e que a investigação
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criminal está a cargo da Polícia Judiciária de Coimbra e do Ministério Público. A direcção sublinha ainda que o sistema prisional nacional tem prosseguido uma política de controle e combate à entrada de estupefacientes. "O Estabelecimento Prisional de Castelo Branco, como os demais estabelecimentos prisionais, tem prosseguido uma política de controlo e combate à entrada de estupefacientes que permitiu que, em 2013 e 2014 e no conjunto do sistema prisional, se tivesse verificado um aumento do volume de apreensões de 35% no haxixe e de 47% na cocaína, tendo diminuído em 63% a heroína aprendida. Para estes resultados contribuíram certamente o trabalho desenvolvido pelas equipas cinotécnicas, tanto na prevenção dissuasora da entrada de estupefacientes nos Estabelecimentos Prisionais, como na sua detecção", lê-se na nota enviada à Renascença. A Direcção-geral esclarece também que os reclusos que sofreram a intoxicação continuam a ser tratados no Hospital de Castelo Branco e que eram regularmente acompanhados pelos serviços clínicos e de psicologia da Cadeia de Castelo Branco. O hospital vai fazer novo ponto de situação clínica às 16h00. [notícia actualizada às 13h04]
Cancro colo-rectal mata onze pessoas por dia em Portugal Investigador português recebeu uma bolsa da Associação Norte-Americana para a Investigação do Cancro para descobrir uma resposta imunitária à doença. Por André Rodrigues
Todos os dias morrem onze portugueses com cancro do colo-rectal, doença que afecta cada vez a população jovem, com idades abaixo dos 50 anos. Os números são preocupantes e o estilo de vida actual não aponta para um abrandamento da tendência. É, neste momento, a segunda causa de morte por doença oncológica. “Se tiver um familiar de primeiro grau que seja afectado por cancro colo-rectal, o risco de desenvolver a doença é duas vezes superior. Mas é, sem dúvida, uma doença também associada ao estilo de vida e a componente genética não explica tudo”, começa por explicar Noel de Miranda, 32 anos, que investiga uma futura resposta imunitária, para que o organismo seja capaz de identificar e eliminar os tumores malignos. “O problema é que, normalmente, estas pessoas não são incluídas em rastreios de detecção precoce e quando chegam ao médico a doença já está muitas vezes num estádio mais avançado”, avisa. O trabalho de Noel de Miranda foi reconhecido pela Associação Norte-Americana para a Investigação do Cancro, que decidiu premiar o investigador com uma bolsa de 100 mil dólares – cerca de 93 mil euros – divididos por dois anos.
Noel de Miranda garante à Renascença que não é muito dinheiro: “O meu salário está sempre dependente de projectos como estes. Os 50 mil euros, fora impostos e contribuições sociais, não chega para pagar um ano de salário”. Mas “é um prémio com um prestígio enorme e não é muito comum um investigador europeu ser reconhecido por uma associação norte-americana. Por isso, o meu objectivo é que este prémio me ajude a trazer mais projectos e dinheiro para suportar a minha investigação”, sublinha. A bolsa vai servir para o português descobrir uma resposta imunitária, de modo a que as células tumorais sejam identificadas e eliminadas pelo próprio organismo. Noel de Miranda vive há sete anos na Holanda desde que concluiu a licenciatura em Biologia Aplicada pela Universidade do Minho. “Para mim, sempre foi um objectivo regressar a Portugal. E cada ano que passa parece um objectivo cada vez mais distante. O problema é a falta de estratégia que muda a cada governo, o que não nos dá muita confiança para desenvolver investigação em Portugal”, lamenta. Para já, Noel de Miranda quer prosseguir o trabalho que lhe valeu o prémio da Associação Norte-Americana para a Investigação do Cancro, uma contribuição preciosa para a carreira deste cientista, que espera agora captar novos investimentos para o estudo do cancro colo-rectal.
Hepatite C. Medicamentos inovadores estão a curar mais pessoas Existem 13 mil doentes registados no Serviço Nacional de Saúde. Comparticipação total dos medicamentos inovadores está a permitir reduzir as listas de espera. Tratar o maior número de doentes no menor tempo possível passou a ser regra quando se fala de hepatite C. O Governo autorizou a comparticipação total dos medicamentos inovadores da farmacêutica Gilead e a lista de doentes inscritos começou a aumentar. “Todas as semanas nos aparecem pessoas que não estão no sistema, que tinham desistido porque não havia nada a fazer; outros que vão fazer análises e que descobrem. O sistema vai sendo alimentado por novas entradas”, revela à Renascença o hepatologista Rui Tato Marinho, do Hospital de Santa Maria. O centro hospitalar de Lisboa de que Santa Maria faz parte é o que mais doentes trata no país, tendo sido necessário abrir uma nova consulta para responder aos pedidos. E os novos medicamentos fazem toda a diferença: “Por exemplo, no outro dia consegui começar tratamento em 15 pessoas. Antigamente, era impossível. Dava para uma ou duas”, sublinha o especialista.
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E os novos medicamentos fazem toda a diferença: “Por exemplo, no outro dia consegui começar tratamento em 15 pessoas. Antigamente, era impossível. Dava para uma ou duas”, sublinha o especialista. Rui Tato Marinho chegou a ter 300 doentes em lista de espera. Agora, depois de pouco mais de dois meses, tem menos um terço. O esforço traduz-se em doentes completamente curados. “Ao fim de um mês, 90% estão negativos ou quase”, afirma. No Serviço Nacional de Saúde há registo de 13 mil doentes com hepatite C, um número muito aquém do real, que poderá ser 10 vezes superior.
Mais de 30 pessoas morreram a trabalhar em 2015 Neste noticiário: mais de 30 mortes em acidentes de trabalho desde o início do ano em Portugal; metro de Lisboa parado até às 10h00; Governo recusa negociar com os pilotos da TAP; violência nas ruas de Baltimore, nos Estados Unidos; no Nepal, o primeiro-ministro admite que o terramoto possa ter matado 10 mil pessoas; Thomas Piketty, o economista polémico, em entrevista à Renascença. Por Teresa Abecasis
Portugal participa no reforço da presença da NATO no leste da Europa Secretário-geral esclareceu que a NATO não vai ter nenhuma intervenção específica de controlo dos imigrantes ilegais no Mediterrâneo.
Foto: Antonio Cotrim/EPA
A NATO vai reforçar a presença no leste da Europa e Portugal tem um papel importante. A garantia foi dada esta segunda-feira pelo secretário-geral da Organização do Atlântico Norte, que está de passagem por Lisboa. No final de um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, Jens Stoltenberg agradeceu a participação portuguesa com quatro caças F-16 e lembrou que é preciso responder ao comportamento mais agressivo da Rússia. "Nós vimos aumentar a vontade da Rússia de usar a força na Ucrânia, e desde que vimos também o aumento da actividade militar da Rússia na zona, mais exercícios, entendemos que temos direito de aumentar a nossa presença e Portugal tem sido uma parte nisso", diz. O secretário-geral da NATO falou numa breve conferência de imprensa e esclareceu que a NATO não vai ter nenhuma intervenção específica de controlo dos imigrantes ilegais no Mediterrâneo.
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Tumultos em Baltimore após morte de jovem negro Governador do estado norte-americano de Maryland declarou o estado de emergência e chamou a Guarda Nacional.
Mortos no Nepal podem chegar aos 10 mil É o primeiro-ministro nepalês quem o admite. ONU estima que pelo menos oito milhões de pessoas tenham sido afectadas pelo terramoto de sábado e cerca de um milhão tenha dificuldade a aceder a alimentos.
Foto: Michael Reynolds/EPA
O funeral de Freddie Gray, um jovem negro que morreu depois de ter sido detido pela polícia, foi esta segundafeira seguido de confrontos entre manifestantes e as forças de segurança de Baltimore, nos Estados Unidos. O governador do estado do Maryland, Larry Hogan, declarou o estado de emergência e destacou a Guarda Nacional para tentar conter os tumultos. Pelo menos sete agentes sofreram ferimentos nos incidentes desta segunda-feira com grupos de jovens, que arremessaram pedras, incendiaram viaturas da polícia e saquearam lojas. Os confrontos aconteceram a poucas centenas de metros do local onde decorreu o funeral de Freddie Gray e espalharam-se a outros pontos da cidade, depois de gangues locais terem prometido vingança. Freddie Gray, de 25 anos, morreu no dia 19 de Abril, com lesões na coluna vertebral, uma semana após ter sido detido. Os tumultos de Baltimore, que começaram no domingo, são os mais graves desde as manifestações do ano passado em Ferguson, no Missouri, na sequência da morte de um outro jovem negro. A equipa de basebol dos Baltimore Orioles anunciou o adiamento do jogo previsto para esta segunda-feira à noite, depois de uma reunião com a polícia da cidade. [notícia actualizada às 00h18 de terça-feira]
O número oficial de mortos está nos 4.400, mas Governo admite serem 10 mil. Foto: EPA
O número de vítimas mortais no Nepal, na sequência do terramoto do último fim-de-semana, pode ascender a 10 mil. O cenário é admitido pelo primeiro-ministro nepalês que, citado esta terça-feira de manhã pela agência Reuters, apela à ajuda internacional. Sushil Koirala pede que sejam fornecidas tendas e medicamentos. Há muita gente na rua e as condições sanitárias estão a degradar-se. “O Governo está a fazer tudo o que pode para resgatar e ajudar as pessoas neste cenário de guerra. É um grande desafio para o Nepal, que está a viver uma hora muito difícil”, afirmou. A estatística oficial aponta para mais de 4.400 mortos confirmados e mais de oito mil feridos. As Nações Unidas estimam que pelo menos oito milhões de pessoas tenham sido afectadas e cerca de um milhão esteja com dificuldades no acesso a alimentos. Quanto a portugueses, os 14 que se encontravam no Nepal estão bem, garante a secretaria de Estado das Comunidades. A Renascença falou com um deles. Pedro Queirós relata o momento do terramoto assim: “O chão fugiu-nos debaixo dos pés”.
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FRANCISCO SARSFIELD CABRAL
O Podemos em queda Continua a ser um partido de protesto e com protestos não se governa. Além disso, começaram a surgir casos de corrupção e lutas internas, tal como nos partidos tradicionais.
Grécia passa Varoufakis para segundo plano O mediático ministro das Finanças passa a ficar mais à margem das negociações com as instituições internacionais, depois de ter sido alvo de fortes críticas por não ter conseguido qualquer vantagem para a Grécia num recente encontro do Eurogrupo.
Por Francisco Sarsfield Cabral
Em Espanha surgiu no ano passado um partido contra a austeridade, o Podemos (lembrando o slogan de Obama “yes, we can”). Este partido, vindo da extremaesquerda, cedo adoptou posições mais moderadas. Os seus dirigentes passaram a desvalorizar a divisão direita/esquerda, dando primazia ao que chamavam a luta do povo contra a “casta” (isto é, os poderes instalados). O Podemos teve um sucesso inicial fulgurante, chegando as sondagens a considerá-lo a força política em Espanha com maiores intenções de voto. Mas a subida do Podemos cessou há meses; desde então tem vindo a cair nas sondagens. A mais recente, ontem divulgada, coloca-o em quarto lugar, com 18%. Um número igual ao obtido por um outro partido novo, o Ciudadanos (Cidadãos), que em Janeiro tinha apenas 5% de apoio. Este último partido é de centro e apresenta um projecto político realista e moderado. Pelo contrário, o Podemos continua a ser um partido de protesto. Ora com protestos não se governa. Além de que no Podemos começaram a surgir casos de corrupção e lutas internas, tal como nos partidos tradicionais.
Yanis Varoufakis passa para as margens dos processos de negociação. Foto: EPA
A Grécia está a tentar proteger o ministro das Finanças Yanis Varoufakis das críticas internas e externas. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, decidiu remodelar a equipa responsável por negociar com as instituições internacionais (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu). E Varoufakis, diz a Reuters, fica mais à margem do processo, mesmo que Tsipras tenha defendido publicamente o ministro, dizendo que continuará a supervisionar as negociações. Na nova equipa negocial grega ganha destaque o viceministro dos Negócios Estrangeiros, Euclid Tsakalotos. O objectivo, segundo a Reuters, é retirar o ministro das Finanças dos holofotes dos média. Varoufakis está a ser fortemente criticado, interna e externamente, sobretudo depois de ter saído de mãos vazias de um encontro da Zona Euro em Riga, na sexta-feira. A Grécia está cada vez mais perto da bancarrota e sem luz verde para receber ajuda financeira internacional.
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Populista, xenófobo e de extrema-direita? O britânico UKIP diz "não, não e não" Defendem um referendo para a saída do Reino Unido da UE, criticam Bruxelas e defendem o reenvio dos migrantes para África. São rotulados de populistas, xenófobos e de extrema-direita, mas afirmam-se "profundamente democráticos". Entrevista ao líder do UKIP no Parlamento Europeu, Roger Helmer. Por Vasco Gandra, em Bruxelas
O UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) mantém a exigência de realização de um referendo sobre a permanência do país na União Europeia. É a primeira prioridade do partido que concorre às eleições de 7 de Maio. Se tiver peso no parlamento que vai sair das eleições de Maio, o partido eurocéptico vai exigir a realização da consulta no curto prazo, garante, em entrevista à Renascença, o líder do UKIP no Parlamento Europeu, Roger Helmer. Helmer contesta ainda a adopção de políticas favoráveis à imigração. Sobre a crise no Mediterrâneo diz: "Deveríamos fazer como os australianos: recolher essas pessoas dos barcos, do mar, e reenviá-los para o sítio de onde vieram." Muitos portugueses e europeus ouviram falar do UKIP, mas talvez não saibam bem porque é que o partido quer o Reino Unido fora da União Europeia. Por isso, antes de tudo, quero perguntar-lhe: porque é que o UKIP não acredita no projecto europeu? Há duas grandes questões. Primeiro, a económica. Há economistas muito sérios no Reino Unido que calcularam o custo de pertencermos à UE em cerca de 10% a 11% do PIB. Há um peso morto que representa um enorme custo económico para qualquer país. Estaríamos muito melhor fora. Não só ao nível da nossa contribuição para o orçamento europeu. Também em relação ao custo da regulação (legislação comunitária), que é muito superior ao custo da nossa contribuição para o orçamento da UE, que custa dezenas de milhares de milhões de libras por ano. Há ainda outro factor. Por exemplo, a política energética. A política energética europeia é um desastre. Está a levar a maior parte da actividade económica do sector para fora da Europa, levando consigo empregos e investimento. Foi o antigo comissário europeu da indústria que disse que estamos a cometer um massacre industrial na Europa. E, depois, temos o euro. Felizmente, o Reino Unido não está no euro. Isto está a criar todos os problemas que pessoas como eu diziam, há 15, 16, 17 anos, que iam acontecer. E aconteceram. A questão económica é muito importante, mas a outra questão é a democracia e o prestar contas em
democracia. É claro que temos o Parlamento Europeu, mas ninguém imagina que é um verdadeiro parlamento que reflecte as opiniões dos cidadãos comuns através da Europa. Acreditamos apaixonadamente na democracia. Acreditamos que podemos ter uma Europa democrática. Mas só se for uma Europa de Estados-nação democráticos que cooperam e estabelecem relações comerciais entre eles. Não acreditamos que a democracia se constrói inventando estas instituições supranacionais que todos sabemos que não prestam contas e que também não têm em conta a opinião dos cidadãos. É por isso que é tão importante para o UKIP a realização de um referendo sobre a saída do Reino Unido? Penso que, em termos práticos, é impossível sair sem se fazer um referendo. Sabemos que a UE odeia referendos. Porque cada vez que obtém uma resposta errada, volta para as pessoas e diz: "Desculpem, mas estão errados. Têm que votar outra vez até termos a resposta certa que nós queremos". Vimos isso na Dinamarca, na Irlanda. Vimos isto com a Constituição Europeia. Com a Constituição não disseram "votem outra vez", decidiram mudar o nome e chamaram-lhe Tratado de Lisboa. Assim, já não precisamos de um referendo, não é? Ou seja, o que quero dizer é que os cidadãos rejeitam mais integração europeia, mas esta é-lhes imposta. Como é que se pode negociar uma saída do Reino Unido da União? Como negociamos uma saída? Há duas maneiras. A maneira simples, defendida por alguns dos meus colegas: votar uma lei no parlamento britânico, em Westminster, e revogar o Acto da Comunidade Europeia, de 1972. Mas concordo que seria uma ruptura. Uma forma menos radical é invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que prevê um mecanismo de saída de um Estado-membro e que também prevê uma negociação comercial favorável entre a UE e a parte que sai. Há um mecanismo, mas sabemos que este mecanismo foi inserido no Tratado de Lisboa apenas para sossegar os eurocépticos, dizendo-lhes "vocês deviam apreciar o tratado porque vos dá uma oportunidade de sair". Nunca ninguém, referindo-se ao tratado, pensaria que um país utilizaria o artigo 50 para sair. Mas está no tratado, assinámos o tratado e podemos invocar esse artigo. O UKIP é apresentado na imprensa europeia como um partido populista, por vezes até de extrema-direita, por causa do seu discurso sobre imigração, das posições contra o casamento homossexual. Concorda? Como define o UKIP? Nunca com esta expressão de "extrema-direita". Se "extrema-direita" significa alguma coisa, significa partidos associados a movimentos nazis que são profundamente antidemocráticos. Nós, em contrapartida, somos profundamente democráticos. Disse "populista". "Populista" é uma palavra divertida, não é? Eu diria democrático. Diria que reflectimos os valores de sentido comum das pessoas normais. No caso da imigração, esqueça as acusações. Não queremos parar a imigração. O que queremos é uma política sensata, ordenada, baseada em números e nas qualificações, tal como fazem outros países no mundo. Costuma-se mencionar a Austrália, mas muitos países têm uma política de imigração ordenada, não têm as portas abertas. O que quero sublinhar é que a política levada a cabo,
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hoje, enquanto membros da UE, é fundamentalmente discriminatória. Discriminamos a favor dos designados europeus. Discriminamos contra o resto do mundo, incluindo a Commonwealth, que integra muitas minorias étnicas. Portanto, aceitaríamos europeus longínquos e sem qualificações, ao mesmo tempo que nos inclinamos a recusar gente muito qualificada da Índia ou de outro sítio. A tragédia do Mediterrâneo tem estado no centro da discussão europeia. Não lhe parece que precisamos de uma acção europeia comum para gerir este tipo de situações? Não concordo que um grupo particular de 28 países tenha qualquer responsabilidade especial ou diferente da de outro país. É um facto de que se trata de um problema no Mediterrâneo e pesa mais sobre os países da região. Certamente que apoiamos uma acção humanitária para salvar os que são arrastados. Qualquer pessoa decente apoia isso. O que não aceitamos é que seja dado o direito automático de ficar na Europa a todos os refugiados ou imigrantes retirados do Mediterrâneo. Esse é o problema: salvamos muita gente, levamo-la para a Itália e outros países europeus, mas não há nenhuma perspectiva realista de irem para outro lado. Acho que deveríamos fazer como os australianos: recolher essas pessoas dos barcos, do mar, e reenviá-los para o sítio de onde vieram. A partir do momento em que entramos nessa política e dizemos que devemos ter compaixão destas pessoas e deixá-las entrar na Europa, estamos a enviar um sinal a milhões de pessoas através de África e no Médio Oriente, estamos a dizer-lhes: "O que devem fazer é pagar a um traficante, atravessar de barco o Mediterrâneo e têm um lugar garantido na Europa". Em vez de milhares, teríamos milhões de imigrantes. Pode revelar menos compaixão, mas deixá-los na Europa só vai exacerbar o problema. Vamos centrar-nos na campanha eleitoral no Reino Unido. Quais são as prioridades do UKIP se for governo? A primeira coisa em que vamos insistir, se tivermos uma posição de influência no próximo parlamento, é que só apoiaremos um partido no governo se obtivermos o firme compromisso de realização de um referendo, no curto prazo. Por outras palavras, não aceitaremos uma promessa de referendo dentro de cinco, dez ou mesmo dois anos. Queremos um referendo nos próximos meses e queremos que seja um referendo justo, que seja uma campanha equilibrada. E há outra coisa muito importante para nós: é que isto é um referendo sobre o futuro do nosso país e, por isso, pensamos que só os cidadãos britânicos devem poder votar. Sei que noutras eleições os cidadãos europeus podem votar. Mas, tratando-se de um voto sobre o futuro do Reino Unido, é absolutamente fundamental que sejam apenas os cidadãos do Reino Unido a votar.
PARCERIA RENASCENÇA/VER
Custo humano da crise atravessa gerações
Foto: VER Por Gabriela Costa
“Uma Europa que assiste, defende e tutela o Homem” é o que se espera de uma Europa recuperada da crise. Para a Cáritas Europa, e como defendeu o Papa Francisco num discurso ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Novembro de 2014, “chegou a hora de construir a Europa que gira não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana, dos valores inalienáveis”. Mas, seis anos após o seu início, a crise económica ainda deixa marcas profundas, não só nas economias da União Europeia, mas também na qualidade de vida das suas populações, conclui o Crisis Monitoring Report 2015 da Cáritas Europa, apresentado, em Lisboa, na presença do secretário-geral da organização a nível europeu, Jorge Nuño Mayer, do presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, e de representantes de vários partidos políticos portugueses. Aos ainda enormes níveis de dívida pública e aos fracos níveis de crescimento económico, em muitos países europeus, corresponde uma realidade na qual milhões de pessoas continuam desempregadas e milhões de outras vivem em situação de pobreza e exclusão social, revela esta terceira edição do Relatório de Acompanhamento da Crise, que avalia o aumento da pobreza e das desigualdades nos sete países mais fustigados pela conjuntura económica dos últimos anos e pela “resposta da austeridade”: Chipre, Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Roménia e Portugal. Portugal destaca-se pela negativa face aos restantes países analisados, no que respeita aos impactos sociais da crise: somos o país que registou o maior aumento da taxa de risco de pobreza e exclusão social, no último ano (mais 2.1 pp), seguido pela Grécia (1.1 pp). E somos aquele que apresenta a segunda maior dívida pública em comparação com o PIB (128%), desta vez a seguir à Grécia (174,9%). Leia mais no portal VER.
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Jihadistas matam cinco jornalistas na Líbia Repórteres de uma estação de televisão estavam desaparecidos há oito meses. Cinco jornalistas de uma televisão líbia foram assassinados por elementos do autoproclamado Estado Islâmico (EI), disse esta segunda-feira uma fonte do exército. Os repórteres desapareceram em Agosto do ano passado, quando viajavam entre as cidades de Tobruk e Benghazi. Os corpos dos jornalistas foram agora encontrados nas imediações da cidade de Bayda, no Leste da Líbia. “Cinco corpos foram encontrados hoje com as gargantas cortadas, nas florestas da Montanha Verde”, disse à agência Reuters o comandante do exército líbio, Faraj al-Barassi. Os jornalistas, quatro líbios e um egípcio, trabalhavam para a Barqa TV, uma estação de televisão que defende o federalismo no leste da Líbia. Segundo a Federação Internacional dos Jornalistas, os repórteres foram raptados num posto de controlo dos jihadistas do Estado Islâmico e foram assassinados “recentemente”. Os radicais do EI, que controlam partes da Síria e do Iraque, têm aproveitado a instabilidade política para também ganhar força na Líbia. Recentemente, os jihadistas executaram 51 cristãos na Líbia e reivindicaram vários ataques contra um hotel em Tripoli, embaixadas e campos petrolíferos.
Como "presente" para Romero, gangues de El Salvador deixam de matar polícias e pobres Óscar Romero, que vai ser beatificado, era visto como um defensor dos pobres e oprimidos e foi assassinado enquanto celebrava missa. Num país de seis milhões de pessoas existem cerca de 65 mil membros de gangues.
Membros de gangues numa prisão em El Salvador. Foto: DR Por Filipe d'Avillez
Os gangues de El Salvador prometem deixar de matar polícias, militares, políticos, juízes e pobres durante o processo de beatificação do arcebispo Óscar Romero. Num comunicado conjunto, já confirmado como autêntico por Paolo Lüers, representante do governo na mediação com os grupos criminosos, os vários gangues dizem que este é um "presente" que gostariam de oferecer ao arcebispo. Óscar Romero era visto como um defensor dos pobres e oprimidos e foi assassinado enquanto celebrava missa, em 1980. O seu processo de beatificação foi aberto há vários anos, mas havia dúvidas sobre se o homicídio tinha tido motivações políticas ou religiosas. O Papa Francisco terá posto fim a esse debate, decidindo pessoalmente avançar com o processo e beatificar o arcebispo. A beatificação está marcada para 23 de Maio de 2015. "Este é o presente que queremos oferecer ao arcebispo Romero. O nosso arrependimento e pedido de perdão para a sociedade por todos os danos causados", diz o comunicado dos gangues. Segundo Lüers, este gesto traduz-se em medidas concretas, como a renúncia ao "direito à autodefesa" que os gangues reivindicavam e a promessa de não matar polícias, soldados, juízes, políticos e pessoas com rendimentos baixos, "os mais afectados pela violência". Segundo dados avançados pelo "Crux", site
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especializado em assuntos religiosos, existem cerca de 65 mil membros de gangues criminosos no El Salvador, cuja população é de apenas seis milhões. A violência levada a cabo por estes grupos conduziu a uma taxa de mortalidade que, em algumas partes do país, excede a de zonas de guerra. Só no mês de Março, quando chegou ao fim uma trégua entre dois dos maiores gangues, morreram, em média, 16 pessoas por dia.
Semana da Vida volta-se para a dignidade dos mais fracos
HÓQUEI EM PATINS
Heróis de Igualada recebidos em apoteose Equipa do Sporting trouxe Taça CERS para Portugal. Três centenas de adeptos aguardaram o grupo comandado por Nuno Lopes no aeroporto. Veja as imagens.
Os “nascituros, crianças, doentes, pobres e idosos” são objecto de particular atenção nesta edição da Semana da Vida, promovida pelo Departamento Nacional da Pastoral Familiar. Por Ana Lisboa
A Igreja Católica vai promover, mais uma vez, a Semana da Vida “procurando suscitar o reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos e condições, com uma atenção muito especial à gravidade do aborto e da eutanásia”, anuncia o Departamento Nacional da Pastoral Familiar. A Semana da Vida terá lugar entre 10 e 17 de Maio e tem como lema “Vida com dignidade – opção pelos mais fracos”. Em comunicado divulgado esta segunda-feira, o organismo propõe um guião que, em cada dia, dedica atenção aos “nascituros, crianças, doentes, pobres e idosos”. Recordando a exortação apostólica “A Alegria do Evangelho” do Papa Francisco, o Departamento Nacional da Pastoral Familiar reafirma que a “defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano” e não é “opção progressista pretender resolver os problemas, eliminando uma vida humana”. A Conferência Episcopal Portuguesa celebra a Semana da Vida desde 1994, na sequência de um apelo do Papa João Paulo II, feito na encíclica “O Evangelho da Vida”.
Cerca de 300 adeptos receberam hoquistas do Sporting na Portela
Perto de três centenas de adeptos do Sporting receberam a equipa de hóquei em patins do clube de Alvalade em clima de apoteose, esta segunda-feira, no aeroporto da Portela, em Lisboa. Os leões conquistaram, ontem, a Taça CERS, na cidade catalã de Igualada, ao bater os espanhóis do Réus, no desempate por grandes penalidades, regressando hoje à capital portuguesa e sendo recebidos com cânticos efusivos: "Campeões, campeões, nós somos campeões". Banhados por uma multidão em festa, os jogadores comandados por Nuno Lopes exibiram o troféu que os verde e brancos não conquistavam há 24 anos. O técnico dos novos detentores da prestigiada competição europeia considera que a "grande conquista" do clube deve-se à dimensão "enorme" dos atletas que comanda, salientando que a equipa merece entrar para a história do clube. "Pelo esforço que fizemos, merecemos isto. Os jogadores foram enormes, o apoio foi enorme e estamos todos de parabéns. Foi uma grande conquista do Sporting. Uma Taça CERS não é para qualquer equipa e reforça a grandiosidade do nosso clube. Quando se realizou o sorteio disse que queria que fosse fora [a fase final da competição] porque sabia que chegaríamos ao aeroporto com esta recepção. Foi um feito heróico e merecemos ficar na história do clube", afirmou. Ricardo Figueira, capitão de equipa dos lisboetas, sublinhou a necessidade de ajudar a "reanimar o espírito de vitória do clube": "É para isto que sofremos e trabalhamos diariamente, para chegar a dias como este e trazer os sportinguistas à rua". Já Bruno de Carvalho, que liderou a comitiva hoquista do Sporting, destacou igualmente o mérito dos jogadores. "É muito merecido, mas sobretudo para
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eles", disse o presidente leonino. PRIMEIRA LIGA
"Avioncito" garante escala final rumo aos "playoff" da Champions Moreirense 1-4 Sporting. Quarta vitória consecutiva coloca verde e brancos a um ponto de garantir o terceiro lugar do campeonato. Noite de eficácia plena dos leões e com Fredy Montero a registar um "bis".
Fredy Montero, com um "bis", põe leões às portas da Champions Por José Pedro Pinto
O Sporting garantiu praticamente a qualificação para os "playoff" da Liga dos Campeões, esta segunda-feira, ao bater com robustez o Moreirense (1-4), sem arte mas com engenho e eficácia, no encerramento da jornada 30 da Primeira Liga. Completada uma série de quatro vitórias consecutivas, os leões ficaram, esta noite, a um ponto de assegurar o terceiro lugar final no campeonato, encurtando a desvantagem pontual para o FC Porto para uns seis pontos que dificilmente serão anulados. Diante de um Moreirense que desce para o 11º lugar, a equipa de Marco Silva voltou a assinar uma exibição que, a espaços, acabou por ser confrangedora. Fredy Montero, com um "bis", regressou às noites de glória pessoal e foi decisivo para o triunfo verde e branco no Minho. Golos a abrir, golos a fechar e os assistentes de Vasco SantosBola bombeada para as costas da defesa do Sporting, Jefferson batido por plena incompetência e João Pedro a disparar ao lado da baliza de Rui Patrício, em boa posição. Nem um minuto estava cravado no cronómetro. O Sporting entrava desconcentrado, o Moreirense afoito e à imagem da inteligência do seu treinador, aproveitando o principal "calcanhar de Aquiles" do processo defensivo leonino. Mas quem esperaria um leão amedrontado e desconcentrado, logo de seguida, apostou de forma errada. Na resposta, Carlos Mané introduziu a bola na
baliza de Marafona, em fora de jogo e o lance foi oficializado pelo erro do assistente de Vasco Santos. Com eficácia, mas igualmente ilegalidade, aos 2', o jogo começava com muitos motivos de interesse. O "fosso" de ideias que se seguiu, de parte a parte, é que era escusado. Seguiu-se mais de meia-hora de marasmo ofensivo de um Sporting sem ideias. Marco Silva não conseguiu explicar bem de que forma o 4x4x2 deveria ser erguido - para além Carlos Mané, Montero, Tanaka e André Martins foram igualmente surpresas num onze "remendado" - e o controlo do jogo pertenceu, quase sempre, aos cónegos. Uma coisa, porém, é ter o controlo. Outra, distinta, é a eficácia. Aos 34', Montero finalizou com um pontapé de bicicleta e, dois minutos volvidos, Tanaka a corresponder da melhor forma a uma jogada iniciada por Nani. Logo de imediato, João Pedro ainda introduziu a bola na baliza de Rui Patrício, mas a bandeirola do assistente levantou-se, assinalando fora de jogo a Lucas Souza, de forma errónea. Mesmo assim, o resultado seria mesmo 1-3 no final da primeira metade: aos 44', Leandro Souza relançou os minhotos na disputa do jogo. Montero em plano de evidênciaE o Moreirense voltou a entrar melhor, na etapa complementar do desafio. A lição leonina, contudo, vinha assimilada de forma mais assertiva e o controlo sportinguista acabou por acentuar a tónica da segunda metade. Rui Patrício foi apenas chamado a intervir em duas rápidas saídas dos postes, enquanto Marafona foi convocado a aplicar-se com mais regularidade. Nani e Montero deram ao português motivos para preocupações e suor. Aos 85', Fredy Montero concluiu uma noite de classe pura, regressando às noites de glória com um cabeceamento fulminante para a baliza cónega. A goleada estava consumada. RIBEIRO CRISTÓVÃO
Regresso às vitórias Depois de um longo período de hibernação, a secção de hóquei em patins do Sporting voltou ao activo. E os primeiros resultados começam a ficar à vista.
Por Ribeiro Cristóvão
O Sporting está a festejar, com toda a justiça, a vitória da sua equipa de hóquei em patins na Taça Cers. É, no
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fundo, o regresso a memórias que o clube de Alvalade conserva e evocam conquistas notáveis, alcançadas por equipas de grande gabarito, que muito contribuem para uma história de sucesso que faz do Sporting o clube mais ecléctico de Portugal. Os mais antigos recordam com facilidade e alegria as grandes equipas de hóquei em patins, das quais fizeram parte nomes como Livramento, Rendeiro, Chana, Sobrinho, Ramalhete e tantos outros, e que, no seu tempo, espalharam classe por muitos recintos, tanto cá como lá fora. A nível nacional, os leões conquistaram por sete vezes o campeonato nacional, na Taça de Portugal inscreveram o seu nome em quatro anos, ganharam uma Supertaça, juntando a isto títulos internacionais como a Liga Europa, Taça das Taças e Taça Cers, esta última trazida para Lisboa há exactamente 31 anos. Depois de um longo período de hibernação, a secção de hóquei em patins do Sporting voltou ao activo por via de uma decisão feliz da actual Direcção liderada por Bruno de Carvalho. E os primeiros resultados começam a ficar à vista. A conquista da Taça Cers torna-se também o mais recente e melhor contributo para levar por diante a construção do novo pavilhão que é, por estes dias, uma das maiores aspirações da numerosa família leonina. REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA
Lopetegui vira obsessão
O treinador do clube segundo classificado da Liga está em grande destaque nas primeiras páginas de dois dos desportivos diários. A Bola anuncia: "O que o basco realmente disse a Jesus". O diário lisboeta avança: "O meu nome é Lopetegui, não tens piada nenhuma". Já o nortenho O Jogo ouve Hulk. "Lopetegui estará mais preparado", diz o brasileiro, desde S. Petersburgo. No Record, também há espaço para Lopetegui "Seguro no Dragão" - junto a outra informação sobre o FC Porto: "Helton ganha baliza e deve renovar". O destaque principal do diário da Cofina vai, contudo, para o Sporting, com o título "Montero arrasa". A referência é para o jogo dos leões em Moreira de Cónegos. Sobre o Benfica, O Jogo revela já uma marcação para a festa do título: "Vieira quer festejar em Guimarães".
PAÇOS DE FERREIRA
Paulo Fonseca coloca dúvidas sobre a sua continuidade em Paços O treinador dos castores tem mais um ano de contrato.
Paulo Fonseca não dá como certa a sua continuidade no comando técnico do Paços de Ferreira. O ex-treinador do FC Porto considera que está a fazer uma boa época com os "castores", mas o futuro é incerto. "Vamos ver, tenho mais um ano de contrato. É certo que vim para o Paços de Ferreira em condições especiais, e existe sempre a possibilidade de sair, mas estou plenamente focado nestas últimas jornadas", afirmou esta segunda-feira. Paulo Fonseca considera que nesta altura está "mais bem preparado para orientar um clube grande".
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