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EDIÇÃO PDF Segunda-feira, 25-05-2015 Edição às 08h30

Directora Graça Franco Editor Raul Santos

No Dia das Crianças Desaparecidas, conselhos para pais e para filhos PP vence em Espanha... mas por pouco

Valas comuns encontradas na Malásia podem ser de migrantes Um em cada três utentes de instituições passou fome pelo menos um dia por semana Latvala ganha em Portugal

Ministro da Defesa autoriza 6.088 promoções nas Forças Armadas

Morreu “uma mente brilhante”

Maria Bethânia enche Coliseu do Porto

Grécia sem dinheiro para próximo pagamento ao FMI


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PP vence em Espanha... mas por pouco As eleições autárquicas e regionais deram força aos novos partidos (Ciudadanos e Podemos), mas menos do que as sondagens chegaram a prever.

No Dia das Crianças Desaparecidas, conselhos para pais e para filhos As crianças devem saber indicar a identificação dos pais, bem como o contacto de um dos progenitores, aconselham as autoridades. Quanto aos pais é importante que conheçam "as amizades dos seus filhos”.

Foto: Juanjo Martin/EPA

Está praticamente fechada a contagem dos votos em Espanha. Apesar de ser um dos piores resultados regionais de sempre, o PP, do primeiro-ministro Mariano Rajoy, conseguiu ser o mais votado a nível nacional. O partido de centro-direita consegue 27,3% dos votos contra os 25,4% do PSOE (partido socialista). Nesta altura, na noite eleitoral espanhola sucedem-se as reacções partidárias sendo que, entre as principais forças, só ainda não falou o líder Rajoy. O socialista Pedro Sanchez disse que ficou claro que a alternativa ao PP é o PSOE e que ficou também claro que os socialistas continuam a ser a principal força de esquerda em Espanha. Já o partido Ciudadanos, de direita, que se transformou na terceira força politica mais votada, diz que este é um resultado histórico, que tem que ser solidificado. E o Podemos, de esquerda, apesar de ficar aquém das expectativas, diz que os novos partidos são uma realidade a ter em conta. Pablo Iglésias classificou o momento como uma “Primavera de mudança que está em marcha e é irreversível”. Agora, o “grande objectivo” é vencer o PP nas próximas legislativas ainda este ano.

As autoridades têm obrigação de iniciar imediatamente as buscas por uma criança desaparecida, logo que recebem a informação. A existência de um período de espera é um dos mitos que persiste e que a GNR espera dissipar com a publicação, em conjunto com a Associação Portuguesa das Crianças Desaparecidas, de “O meu Manual de Segurança”. O livro pode ser descarregado gratuitamente nos sites das duas entidades, podendo assim chegar a todas as escolas nacionais. Os destinatários são todas as crianças até aos 12 anos, mas também os pais e os professores. “As crianças saberem a sua identificação, a identificação dos pais, um contacto, o seu local de residência" são alguns dos conselhos, avança o tenente-coronel Rogério Cupeto, do Departamento de Formação da GNR. "Depois alertá-los para que não dêem informações a qualquer pessoa, que nem todas as pessoas estão de boa-fé ou são boas pessoas”, acrescenta. Mas há mais. “Não aceitar boleia, não aceitar doces ou outro tipo de ofertas. Numa situação em que haja uma atitude suspeita de rapto ou sequestro, gritar por socorro, contactar imediatamente um adulto - se houver um agente de autoridade, melhor ainda”, diz ainda Rogério Cupeto. A apresentação do livro coincide com o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas, que se assinala esta segunda-feira, e tem como objectivo reforçar um conjunto de apelos e informações que podem ser decisivos. Rogério Cupeto desmistifica, por exemplo, a ideia de que as polícias têm que esperar algumas horas até começar a procurar crianças desaparecidas. “As autoridades têm obrigação de iniciar imediatamente as


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buscas para encontrar uma criança desaparecida. Não é preciso esperar 24 nem 48 horas, isso não existe.” Os principais alvos deste manual são as crianças, mas nele também existem muitos conselhos para os adultos. “Uma grande percentagem, a maioria dos desaparecimentos são situações voluntárias, conflitos domésticos em que as crianças saem de casa e vão para paradeiro desconhecido por sua vontade.” “Por isso, aqui há uma grande responsabilidade por parte dos pais, no sentido de conhecerem as amizades dos seus filhos, saberem que tipo de amigos têm e a quem se poderão dirigir numa situação dessas”, sublinha o oficial da GNR.

Lisboa e Porto com máximas de perto de 30 graus Vinte regiões com risco muito alto de exposição à radiação ultravioleta.

céu pouco nublado ou limpo, apresentando períodos de maior nebulosidade nas regiões centro e sul, em especial durante a tarde, com ocorrência de aguaceiros dispersos no Baixo Alentejo e Algarve. Está também previsto vento fraco a moderado do quadrante leste, sendo do quadrante sul na região sul, soprando temporariamente moderado de nordeste nas terras altas e de noroeste no litoral a norte do Cabo Raso durante a tarde e pequena subida de temperatura nas regiões norte e centro. Em Lisboa as temperaturas vão variar entre 18 e 29 graus Celsius, no Porto entre 18 e 27, em Bragança entre 10 e 26, em Viseu entre 11 e 25, na Guarda entre 8 e 23, em Coimbra entre 15 e 28, em Leiria entre 10 e 28, em Castelo Branco entre 15 e 29, em Portalegre entre 17 e 29, em Évora entre 11 e 30, em Beja entre 14 e 30, em Santarém entre 14 e 31 e em Faro entre 17 e 23.

Um em cada três utentes de instituições passou fome pelo menos um dia por semana Dos cerca de 2.000 utentes entrevistados, 26% afirmam ter passado um dia inteiro sem comer, por falta de dinheiro. Em 2012, a percentagem era de 39%.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera aconselha cuidados na exposição ao sol. Foto: DR

Vinte regiões do país apresentam risco muito alto de exposição à radiação ultravioleta (UV) esta segundafeira, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). De acordo com o IPMA, Viana do Castelo, Aveiro, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Funchal, Guarda, Leiria, Lisboa, Penhas Douradas, Porto, Porto Santo, Sagres, Santarém, Setúbal, Sines, Viseu e Vila Real estão com risco muito elevado de exposição à radiação ultravioleta (UV). O IPMA adiantou ainda que as regiões da Horta, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada (Açores), Portalegre e Faro apresentam risco alto de exposição à radiação UV e Santa Cruz das Flores (Açores) está com níveis moderados. Para as regiões com níveis muito altos e altos, o IPMA recomenda o uso de óculos de sol com filtro UV, chapéu, t-shirt, guarda-sol, protector solar e evitar a exposição das crianças ao sol. De acordo com o IPMA, a radiação ultravioleta pode causar graves prejuízos para a saúde se o nível exceder os limites de segurança, sendo que o índice desta radiação apresenta cinco níveis, entre o baixo e o extremo, com onze. O IPMA prevê para esta segunda-feira no continente

Campanha do Banco Alimentar. Foto: DR

Uma em cada três pessoas que recorreram a instituições de solidariedade social no ano passado afirmou ter passado fome pelo menos uma vez por semana devido à falta de dinheiro, revela um estudo realizado em 216 instituições. Segundo a investigação, promovida pelo Banco Alimentar contra a Fome e pela Entreajuda, cerca de 20% dos 1.889 utentes de instituições sociais inquiridos afirmaram ter tido falta de alimentos ou sentido fome “alguns dias por semana” nos seis meses anteriores e 13% referiu que tal aconteceu “pelo menos um dia por semana”. Apesar disso, o estudo assinala que os dados recolhidos em 2014 e 2015 revelam uma melhoria na situação alimentar destes utentes relativamente a 2012


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(26 e 14% respectivamente), quando tinha sido realizada a última edição deste trabalho, iniciado em 2010. “Verificou-se um aumento significativo dos utentes que referem nunca ter tido fome ou falta de alimentos por falta de dinheiro, diminuindo a percentagem daqueles que sentiram fome ou falta de alimentos alguns dias por semana”, diz o estudo. Ainda assim, 26% dos utentes referiu que tinha passado um dia inteiro sem ingerir quaisquer alimentos por falta de dinheiro, percentagem que em 2012 era de 39%. A percentagem de utentes que recorreu à ajuda das instituições de solidariedade social (51%) mantém-se ao mesmo nível de 2012 e o apoio alimentar, na forma de cabazes ou refeições, foi a principal área em que os inquiridos receberam ajuda (87% dos casos). Os inquiridos no estudo são na sua maioria desempregados (38%) ou reformados (29%), com uma média de idades de 53 anos e, na maioria, casados ou a viver em união de facto (43%). Em 66% dos casos havia uma ou duas pessoas desempregadas no agregado familiar, que eram constituídos em média por três pessoas. Relativamente à situação económica, em 52% dos agregados familiares, o rendimento mensal era igual ou inferior a 400 euros (25% das famílias ganhavam menos 250 euros, 28% entre 251 e 400 euros, 20% entre 401 e 500 euros e 28% mais de 500 euros), dados que se mantêm em relação a 2012. A casa (70%) e a alimentação (64%) eram as duas maiores despesas, de acordo com os inquiridos, seguidas das despesas com a saúde (39%). Cerca de metade dos inquiridos (50%) referiu gastar, por mês, com a casa (incluindo renda ou empréstimo, água, luz, gás, telecomunicações) até 250 euros e cerca de um quarto gastava entre 251 a 400 euros mensais com a casa. Para 53% dos utentes, o rendimento da família nunca era suficiente para viver e 33% referiu que às vezes era suficiente. O inquérito adianta que, apesar do sentido negativo das respostas, os inquiridos têm uma percepção sobre o seu rendimento familiar mais positiva do que em 2012 (60% dizia em 2012 que o rendimento da família nunca era suficiente para viver). Os dados dos estudo permitem perceber uma “ligeira melhoria das condições de vida dos indivíduos ou pelo menos da percepção que estes têm acerca daquelas”. Em 2010, cerca de 72% dos inquiridos dizia sentir-se pobre, dois anos depois tal situação foi apontada por 82% e em 2014 o valor é de 79%. Entre os que se sentem pobres destacam-se sobretudo aqueles que têm menos de 65 anos, com rendimentos baixos e com escolaridade abaixo do ensino secundário. Sobre as causas da situação de pobreza, 47% das respostas atribuem a sua pobreza ao desemprego ou aos baixos rendimentos, enquanto 38% dos inquiridos consideram que são pobres devido a alguma fatalidade (destino, doenças ou acidentes). A maioria dos inquiridos (55%) considerou que a sua vida estava pior do que há cinco anos e, quando perspectiva o futuro, a maioria (42%) considera que a sua vida estará igual e 30% que estará melhor.

“Ministra fez convite aos reformados para que não votem na coligação”, diz associação Maria do Rosário Gama deixa críticas às declarações de Maria Luís Albuquerque.

A presidente da Associação Portuguesa de Reformados e Pensionistas (APRE), Maria do Rosário Gama, afirmou que a ministra das Finanças acaba de fazer um convite para que os reformados não votem na coligação PSD/CDS. Mária do Rosário Gama, dirigente socialista, falava aos jornalistas no final da primeira parte da reunião da Comissão Nacional do PS, durante a qual disse manter as suas divergências face à possibilidade de o programa eleitoral prever uma redução da taxa social única (TSU) para empregadores e trabalhadores em quatro pontos percentuais. Mas a presidente do APRE foi particularmente crítica em relação às afirmações proferidas pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, no sábado, que insistiu na necessidade de uma poupança de 600 milhões de euros nas despesas do sistema de Segurança Social. "A ministra das Finanças acabou de fazer um convite aos reformados e pensionistas para que não votem na coligação PSD/CDS nas próximas eleições legislativas e insistiu numa medida que já foi chumbada pelo Tribunal Constitucional. Mas mais: a ministra das Finanças falou no corte das pensões em pagamento num encontro com jovens [sociais-democratas], procurando desta forma alimentar um conflito entre gerações", acusou. Em relação à parte do programa eleitoral do PS em que se prevê uma redução gradual da TSU, a dirigente socialista reiterou as críticas que já fizera na quartafeira à noite, durante uma reunião da Comissão Política do PS. "Continuo a acreditar que não se deve mexer na TSU, porque é uma taxa contributiva que constitui uma importante receita do sistema de Segurança Social. Concordo com muita coisa do programa eleitoral do PS, designadamente com a ideia de diversificar as


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fontes de receita da Segurança Social. Mas a diversificação deve ser para reforçar o sistema", advertiu a presidente da APRE. Interrogada sobre o seu sentido de voto em relação ao programa eleitoral do PS, Maria do Rosário Gama repetiu que admite o voto contra, mas não nesta reunião da Comissão Nacional, órgão no qual tem lugar por inerência, mas sem direito a voto. "Nesta reunião não voto, mas na Convenção Nacional do PS [a 5 e 6 de Junho] vamos ver", referiu.

Ministro da Defesa autoriza 6.088 promoções nas Forças Armadas A maioria acontece no Exército. Despesa de 6,8 milhões de euros está prevista no Orçamento do Estado para 2015.

aquisição de novos meios e enalteceu a Marinha, sublinhando que "todas ou grande parte das suas missões são missões de serviço público". Falando minutos depois da intervenção do Chefe do Estado-Maior da Armada, que alertou para falta de investimento na Marinha, o ministro da Defesa recordou que estão já dois novos navios patrulha oceânicos a navegar e que os outros dois já encomendados deverão ter a sua construção concluída em 2018. Além disso, acrescentou, o Estado adquiriu à Dinamarca quatro navios de fiscalização costeira "em excelentes condições", que serão agora modernizados e adaptados no Arsenal do Alfeite. "Há décadas que estavam prometidos", sublinhou, considerando que os novos equipamentos são "meios valiosos para o reforço da capacidade de vigilância oceânica, mas também para a busca e salvamento marítimo". Por outro lado, referiu, a sua aquisição terá como consequência directa "um maior dinamismo nas actividades de construção e reparação naval em Portugal [de] que muitos duvidavam".

PCP critica Governo por querer "novos e mais cortes na Segurança Social" Ministro fez um balanço do seu mandato e enalteceu a Marinha. Foto: Manuel de Almeida/Lusa

O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, anunciou este domingo que o despacho que autoriza as promoções nas Forças Armadas para 2015 já foi assinado, com um total de 6.088 militares a serem promovidos. "Esta semana tive oportunidade de assinar o despacho conjunto com a senhora ministra de Estado e das Finanças que autoriza as promoções para 2015", afirmou o ministro da Defesa, numa intervenção na cerimónia militar do Dia da Marinha, que decorreu no Terreiro do Paço, em Lisboa. Recordando que a decisão de descongelar as promoções nas Forças Armadas foi tomada em 2011 pelo actual Governo, Aguiar Branco sublinhou que a decisão se manteve ao longo de todo o mandato, "no escrupuloso cumprimento dos requisitos estabelecidos na lei do Orçamento do Estado". Fonte do gabinete do ministro especificou que foram autorizadas um total de 6.088 promoções: 1.259 na Marinha, 3.304 no Exército e 1.525 na Força Aérea. Segundo a mesma fonte, as promoções vão representar uma despesa de 6,8 milhões de euros, conforme previsto no Orçamento do Estado para 2015. Na sua intervenção, Aguiar Branco fez ainda um balanço do mandato, nomeadamente ao nível de

Em causa aquilo que Jerónimo de Sousa considera ser “um arranjinho com o PS” com a ministra das Finanças.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou o Governo por pretender "novos e mais cortes na Segurança Social", questionando o porquê de querer fazer "um arranjinho com o PS". Ao intervir, em Viseu, no encerramento da 10ª Assembleia da Organização Regional do PCP, Jerónimo de Sousa disse que "o que está aí pelas mãos do Governo são novos e mais cortes na Segurança Social", no valor de 600 milhões de euros. "Porque é que será que a ministra das Finanças avançou com a possibilidade de um arranjinho com o PS para cortar nas reformas durante os próximos anos?


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Lá saberá porquê", afirmou. O líder comunista avisou que, se com o PSD e o CDS a perspectiva é "de continuação do rumo da exploração, empobrecimento e declínio", o PS, com o seu relatório "Uma década para Portugal" completado com o programa eleitoral, mostrou "os seus propósitos de prosseguir, no essencial, a mesma política". Na sua opinião, trata-se "um projecto de programa eleitoral com umas propostas de adorno, numa espécie de operação de douramento da pílula, na tentativa de tornar doce a amarga realidade da inexistência de uma verdadeira política alternativa". "Na verdade, tal como o Governo PSD, o PS quer manter o confisco dos salários dos trabalhadores da administração pública no próximo ano, quer manter no essencial a brutal carga fiscal que incide sobre os rendimentos dos trabalhadores", lamentou. Por outro lado, "quer manter em sede de IRC [Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas] os instrumentos para facilitar a fuga aos impostos ao grande capital, continuar a política de privatizações" e "lançar uma nova contra-reforma da Segurança Social, comprometendo a sua sustentabilidade e admitindo o aumento da idade da reforma e o estímulo ao plafonamento", acrescentou. Segundo Jerónimo de Sousa, fica também clara "a sua intenção de facilitar ainda mais os despedimentos em geral" e a "admissão do congelamento dos salários na administração pública e das pensões de reforma até 2019". "Convém registar a diferença, assente no grau e no ritmo: a direita quer cortes e austeridade de forma bruta e crua, o PS quer cortes de austeridade com inteligência", considerou. No entanto, para o secretário-geral do PCP trata-se de "um programa de propostas que, nalguns casos, não passam de palavras vazias, de efeito demagógico", como a frase "o interior como centralidade do mercado ibérico. "Inteligente pode ser, ninguém percebe é o que isto é", frisou, acrescentando que "não é mudando o centro da península no papel, mantendo as políticas de sempre, que as populações do interior verão os seus problemas resolvidos". Jerónimo de Sousa aludiu também à proposta de criação de círculos eleitorais uninominais que "visa criar um sistema eleitoral que sobretudo favoreça e estimule a concentração de votos no PS e no PSD". Na sua opinião, trata-se de "uma solução de engenharia eleitoral que lhes garanta formar governos com menos votos e eternizar o sistema de rotativismo bipolarizador". "Uma solução para recuperar o actual sistema bipartidário, de governação, que começa a abrir brechas, de forma a garantir a continuação da sua hegemonia e alternância de governação, não vá o povo um dia mudar de opinião e também mudar de voto", acrescentou. O líder comunista criticou o secretário-geral do PS, António Costa, por ter dito que "se não tiver maioria absoluta, o Presidente da República poderá vir a prolongar a agonia deste Governo até lá para Abril". "Mais uma jogada inteligente. Ou será chico espertismo? Porque, naturalmente, o que se pretende é assustar muitos eleitores com esta ameaça de uma

possível vitória da direita", alertou.

Programa eleitoral do PS com ajustamentos até dia 29 TSU dos trabalhadores deixa dúvidas a alguns dos conselheiros socialistas.

Foto: Steven Governo/Lusa

Aqueles que dentro do PS não estão totalmente convencidos com o projecto de programa eleitoral de António Costa conseguiram ganhar mais algum tempo para debate. No final da Comissão Nacional socialista ficou a saberse que o documento continuará aberto a ajustes até à próxima sexta-feira, dia 29. Em causa está, sobretudo, a proposta para a TSU dos trabalhadores. "Houve uma clara maioria no apoio a este projecto de programa e também muitas sugestões de como poderia ser melhorado. Ouvimos atentamente e vamos agora analisar, não só em matéria de taxa social única (TSU), como em relação a muitas outras matérias", declarou o coordenador do projecto de programa eleitoral do PS, João Tiago Silveira. No final da reunião da Comissão Nacional do PS, o dirigente socialista e da UGT José Abraão disse estar confiante que serão introduzidos "ajustamentos" em matérias do programa como a redução da TSU para empregadores e trabalhadores, mas, igualmente, no que se refere à legislação laboral e à projectada via conciliatória na cessação de contractos de trabalho. "O secretário-geral do PS [António Costa] é uma pessoa sensível e aberta e admitiu ajustamentos em relação às questões que mais nos preocupam", declarou o dirigente sindical da UGT, advertindo que o combate à precariedade laboral "não pode facilitar os despedimentos". José Abraão defendeu mesmo que matérias como a reforma da Segurança Social e a revisão das leis do trabalho devem ser alvo a prazo de "um amplo acordo de concertação estratégico" ao nível político e "envolvendo os parceiros sociais".


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PDR. Suspensa assembleia geral do partido Cadernos eleitorais vão ser reelaborados e vai ser marcada uma nova data para a eleição do Conselho Nacional.

Polónia muda de presidente Andrzej Duda desaloja Bronislaw Komorowski.

Andrzej Duda é o novo Presidente. Foto: Jacek Turczyk/Epa

Está instalada a confusão no Partido Democrático Republicano (PDR). No dia em que Marinho Pinto foi formalmente eleito presidente do novo partido, a assembleia geral de militantes acabou por ser suspensa. Momentos antes da votação para a eleição do primeiro Conselho Nacional do partido, Marinho Pinto estranhou a presença na sala de um elevado número de pessoas, que supostamente iria votar numa outra lista que não a do presidente. Marinho Pinto teve dúvidas sobre a legalidade da situação, fez um intervalo e anunciou mais tarde que a votação já não se iria realizar, por não estarem reunidas as condições necessárias. O PDR vai agora reelaborar os cadernos eleitorais e marcar uma nova data para a eleição do Conselho Nacional.

A Polónia realizou este domingo eleições presidenciais. Segundo os primeiros resultados, Andrzej Duda, de 43 anos, deve ganhar com 53% dos votos. O actual chefe de Estado polaco, Bronislaw Komorowski, deve alcançar 47% dos votos. Komorowski, de centro direita, já concedeu a derrota. O país vai virar ainda mais à direita. Este pode ser um alerta para o governo do primeiroministro Ewa Kopacz, aliado de Komorowski. As eleições legislativas realizam-se no fim do ano. [notícia corrigida às 00h10]


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Grécia sem dinheiro para próximo pagamento ao FMI

“A facilidade do ‘reverter’ preocupa”, diz Daniel Bessa

Ministro das Finanças Yanis Varoufakis alerta que seria “catastrófico” se a Grécia deixasse o euro e pede um maior esforço às instituições para chegarem a acordo com Atenas.

“António Costa teria vantagem em acentuar compromisso com políticas europeias de rigor ”, sustenta o antigo ministro da Economia. Já Álvaro Santos Almeida analisa o programa eleitoral do PS Vs cenário macroeconómico de Centeno.

Foto:Julien Warnand/EPA

A Grécia não vai conseguir fazer o pagamento da dívida ao Fundo Monetário Internacional esperado no próximo mês porque não tem o dinheiro, afirmou este domingo o ministro do Interior grego. “As quatro prestações para o FMI em Junho são de 1,6 mil milhões de euros. Este dinheiro não será entregue e não está lá para ser entregue”, disse à televisão grega o ministro Nikos Voutsis. Isolada dos mercados da dívida e com a ajuda externa bloqueada, Atenas tem vindo a rapar os cofres do estado para conseguir cumprir as obrigações com os credores e pagar salários e pensões. A Grécia tem dado “enormes passos” no sentido de chegar a acordo com os líderes internacionais para evitar a bancarrota, disse, também no domingo, o ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis. “Agora é a vez de as instituições fazerem o seu papel. Nós já fomos ao encontro delas a três quartos do caminho, elas têm agora de nos encontrar a um quarto do caminho”, disse Varoufakis, em entrevista à BBC. O ministro disse ainda que seria “catastrófico” se a Grécia deixasse o euro, prevendo que se torne o “princípio do fim do projecto da moeda comum”.

CONVERSAS CRUZADAS

Por José Bastos

“Olho com extrema preocupação, para o que se está a passar em Portugal. Veja-se a facilidade com que se está a falar em ‘reverter”, afirma Daniel Bessa no dia em que o projecto de programa eleitoral do PS volta a ser discutido na Comissão Nacional. O líder António Costa admitiu que a reunião do órgão máximo entre congressos possa votar individualmente os pontos mais polémicos: possível descida na TSU e contrato único de trabalho. O programa eleitoral do PS será finalmente sufragado a 6 de Junho numa convenção nacional. Daniel Bessa, antigo ministro, concretiza no programa "Conversas Cruzadas" a sua perplexidade à volta do ‘reverter’. “Reverter o horário da função pública, regressando às 35 horas, reverter a progressividade no IRS e reverter mais não sei quantas coisas”, faz notar. “De resto, isso mereceu-nos a propósito do programa económico do PS – mas também pode valer para alguns pontos do discurso do governo – uma crítica muito violenta, esta semana, de um dos principais analistas económicos britânicos no Daily Telegraph”, recorda. “Em Portugal, isto passou um bocadinho despercebido”, observa Daniel Bessa a propósito da análise de Ambrose Evans Prychard, um nome seguido com atenção no universo financeiro. “O discurso dos socialistas portugueses não é assim tão diferente das propostas do Syriza na Grécia, mesmo não sendo os dois partidos a mesma coisa”, é a tese do colunista do Telegraph. Daniel Bessa recua no tempo.“Dantes falava-se dos “Verdes” como sendo uma melancia, porque eram uma espécie de Partido Comunista, vermelho por dentro e pintado de verde por fora, e o programa do PS também


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foi descrito em Inglaterra por um analista extremamente reputado como uma melancia”, indica. “Porque por fora diz que respeita as orientações do pacto orçamental, diz isso tudo, mas – foi escrito – por dentro é igual ao do Syriza. Isto é muito violento”, qualifica Daniel Bessa. “Penso que o Dr. António Costa tinha, como diz, vantagem em acentuar que o PS está comprometido com estas orientações de políticas europeias, políticas de rigor e que, por dentro, as medidas que lá estão sejam consistentes com este discurso”. “Não basta dizer. O Syriza também diz que está de acordo, mas, depois, não bate certo”, afirma o director geral da Cotec Portugal. Álvaro Santos Almeida: “Há contradições no PS” Já Álvaro Santos Almeida alude às aparentes incompatibilidades do projecto de programa eleitoral do PS por confronto com a apresentação do cenário macroeconómico elaborado por uma equipa de economistas liderada por Mário Centeno. “Talvez por ser uma fase ainda de discussão há aqui uma aparente contradição entre vários aspectos do programa”, afirma o professor da Universidade do Porto. “Por exemplo, o Prof. Manuel Caldeira Cabral esteve aqui neste programa - a explicar-nos que o crescimento adicional viria, em grande parte, do aumento do rendimento disponível. O aumento do rendimento disponível vinha da descida da TSU”, afirma. “Portanto, se agora já não vai haver descida da TSU nada daquilo vai acontecer. Aquele quadro macroeconómico cai completamente. Por outro lado, a taxa de desemprego baixava porque há uma reforma no mercado de trabalho – proposta pelo Prof. Mário Centeno – de unificação que iria aumentar o emprego”, prossegue. “Se não há essa reforma nada vai acontecer no emprego. Ou seja, o quadro macroeconómico foi apresentado com um conjunto de pressupostos que agora estão a ser postos em causa”, refere. “Portanto não é um quadro macroeconómico consistente. Ao mesmo tempo, pelo menos nas declarações públicas mais até que no documento do PS, há, aparentemente, a vontade de reforçar o peso do Estado na saúde e educação o que pressupõe o aumento de despesa nessas áreas”, acrescenta. “Mas o quadro macroeconómico prevê a redução de despesa nessas áreas. Portanto, enquanto essas contradições não forem resolvidas é natural que haja comentários – como o referido pelo Prof. Daniel Bessa - de que as contas não batem certo e que, se calhar, como no caso do Syriza, estamos a apresentar medidas muito bonitas, mas não consistentes com as metas da União Europeia”, observa Álvaro Santos Almeida. “Dizer que ‘queremos cumprir’, mas depois propor medidas que não o permitem é um problema. Espero que seja apenas fruto da fase de discussão em que se está e que venha a ser resolvido no futuro”, indica o economista. Daniel Bessa: “Empresários não devem estar contentes com o PS” O PS pretende também que as grandes obras públicas e principais infraestruturas do Estado passem a ser aprovadas por uma maioria qualificada de dois terços

na Assembleia da República. Esta é uma medida que consta do projecto de programa eleitoral socialista a merecer a concordância de Daniel Bessa. “Aí acho que o Dr. António Costa esteve muito bem. A ideia da maioria qualificada na Assembleia da República parece-me bem. A ideia de um rigor acrescido no acompanhamento das obras também me parece bem”, nota. “Eu conheci um grande empresário português da área das obras públicas que me dizia que o que custava não era ganhar um concurso público. Ganhava-se com o preço mais baixo possível e, depois, ia-se acrescendo, à medida que a obra ia sendo executada ia-se aumentando custos”, assevera. “E tiro o chapéu face à demarcação relativamente à anterior liderança do PS que recusou isso liminarmente. O que menos gostei no programa económico do PS foi a ruptura do compromisso no IRC. O PS esteve de acordo com o governo na baixa do IRC”. “Depois, há umas semanas, já não baixava o IRC, porque ia diminuir a TSU. O IRC é só para os ricos, só para quem ganha dinheiro, e a TSU é para os ricos e para os pobres. Portanto toda a gente que empregava trabalhadores permanentes beneficiava da baixa da TSU”, diz. “Agora nem descida de IRC e também a baixa da TSU ficou híper condicionada sem nenhum tipo de compromisso. Os empresários não devem estar muito contentes com o PS”, afirma o antigo ministro da Economia. Álvaro Santos Almeida: “Nunca se fizeram reformas quando há condições” Em Sintra, Mário Draghi voltou, este sábado, a apelar no sentido de reformas estruturais imediatas nas economias da zona euro. No encontro anual do BCE – a resposta europeia à reunião americana ‘Jackson Hole’ – o presidente do Banco Central insistiu em que as condições económicas favoráveis devem ser aproveitadas para aplicar reformas mais profundas. Álvaro Santos Almeida, economista ex-FMI, enquadra o apelo. “De facto, se queremos realizar reformas que têm aspectos negativos, mas que irão gerar resultados positivos no futuro, a melhor altura para o fazer é quando o resto da economia está bem ao ponto de compensar a componente negativa que possa existir no curto prazo”, afirma. “Em teoria, a altura certa para reformas é quando a economia está a crescer. Neste momento não está ainda a crescer muito, mas já está alguma coisa, estão já reunidas um conjunto de condições favoráveis quer em termos externos quer de política monetária do BCE. São condições que dificilmente se voltarão a reunir no futuro”, antecipa. “Do ponto de vista objectivo de condições económicas para as reformas, o momento actual é o certo, mas não serão feitas. Porquê? Porque ninguém faz reformas quando tudo está bem. Ninguém vai estar disponível para suportar os custos iniciais – que depois geram benefícios – se não sentir a necessidade dessas reformas. Se a economia está bem a necessidade da reforma não é tão sentida e, portanto, ninguém vai estar disponível”. A questão é de vontade política. O que o sr. Draghi está


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a fazer é, conhecendo ele bem estes mecanismos, está a tentar compensar a inércia e tentar criar condições para que, mesmo em condições favoráveis, não haja o abrandamento das reformas. Aliás, é assim que ele inicia o discurso de Sintra: “há o risco...”, prossegue. “Eu diria mais: esse risco é quase certo. No caso de Portugal, por exemplo, nunca na nossa história se fizeram reformas quando tudo estava bem. As reformas sempre se fizeram quando as coisas estavam mal e eram inevitáveis”, antecipa o economista. “Não acredito que as reformas se realizem agora, mas compreendo perfeitamente que alguém na posição do sr. Draghi faça estes alertas”, afirma Álvaro Santos Almeida. Já Daniel Bessa recupera a sua própria metáfora da “bonança perfeita” para elogiar o presidente do Banco Central Europeu. ”Draghi adverte sobretudo para que este tempo de bonanças perfeita para o qual o BCE está a contribuir duplamente até pelo juro não dura sempre”, alerta. “O Governo português foi, há pouco, ao mercado e pagaram-lhe para ir buscar dinheiro. O engenheiro Sócrates não estaria a passar pelos maus tempos que está a passar se isso lhe tivesse sido oferecido”. “Portanto, o BCE criou condições fantásticas: a baixa dos juros e a descida do euro. Depois ainda há o petróleo. Mas se achamos que isto dura para sempre e abrandamos nas reformas como parece que estamos a abrandar por todo lado há um sério risco”, nota. “Em Sintra, o sr. Draghi teve uma intervenção magistral a este respeito e que, do meu ponto de vista, cai por inteiro em cima de nós”, sublinha. “Porque, nos últimos tempos, o que mais tenho visto sobre Portugal é que todas as entidades que se pronunciam numa perspectiva mais técnica e mais independente dos votos aludem a riscos de retrocesso”. “É a UTAO no Parlamento, foi o Conselho das Finanças Públicas, foi o FMI e ainda não vi de lado nenhum, de um ponto de vista técnico, alguém a dizer ‘estejam sossegados, o problema já passou”, indica Daniel Bessa. “Portanto, o sr. Draghi com uma autoridade acrescida – que já não é só técnica – veio dizer ‘meus amigos, esta é altura de aprofundar as reformas, ou isto acaba muito mal”

EM NOME DA LEI

Retroceder na privatização obriga a indemnizar Alves Pardal e Paulo Otero debatem os contornos jurídicos da privatização da TAP. “É sempre possível voltar atrás, nem que seja através de nacionalização”.

Por Marina Pimentel

Quando Bruxelas autoriza ajudas de Estado às companhias aéreas, é para as sujeitar a um plano de restruturação, afirma Paulo Alves Pardal, do Instituto Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa, que diz que é isso tem acontecido a outras transportadoras de bandeira europeias. A alternativa à privatização da TAP, acrescenta, é a sua restruturação. “O direito da União Europeia consagra o princípio da neutralidade do direito de propriedade: nada impede que a TAP continue a ser pública, como nada impede que seja privada, dentro do processo de privatização.” “Não é isso que está em causa. Está em causa o cumprimento de regras rigorosas, de um tratado sobre o funcionamento da União Europeia, nomeadamente sobre os auxílios do Estado, artigo 107, que são extremamente rigorosos quanto à forma de injectar dinheiros públicos numa empresa, qualquer que ela seja. Pode ser pública ou privada”, frisa Alves Pardal, em declarações no programa "Em Nome da Lei", da Renascença. Este especialista em direito europeu defende que Bruxelas não se opõe a que a TAP continue a ser pública, mas é muito difícil que Bruxelas aprove qualquer investimento do Estado, porque considera que viola as normas da concorrência. Já o professor de direito administrativo Paulo Otero considera que é sempre possível voltar a atrás na privatização da TAP, nem que seja recorrendo à nacionalização, mas vai sobrar para o bolso dos portugueses. Paulo Otero comenta desta forma a intenção de António Costa de travar a venda da companhia de bandeira portuguesa caso o PS ganhe as eleições de Outubro. “Mesmo concluído todo o procedimento, tendo feito a alienação neste caso dos 61% com mais os


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5% dos trabalhadores, mas podia ser 100%, o Governo podia perfeitamente, mediante acto legislativo, proceder à nacionalização.” “Desde que o Estado português pagasse uma justa indemnização por essa nacionalização, é perfeitamente possível quer à luz do direito português, quer à luz da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, o ressarcimento da privação da propriedade privada em nome de uma utilidade pública, quer o novo critério político de um novo governo de uma nova maioria”, defende. O caderno de encargos da privatização da TAP prevê que até à liquidação física da compra e venda, a privatização possa ser suspensa ou anulada, invocando o interesse público, sem direito a indemnizar o lesado, mas Paulo Otero diz que a cláusula viola direitos fundamentais constitucionalmente protegidos. Além de uma queixa em Bruxelas, o movimento cívico Peço a Palavra avançou com uma providência cautelar e uma acção popular, contestando a legalidade do caderno de encargos. O professor de direito administrativo diz que o processo judicial pode arrastar-se por vários anos, e, se no fina, os tribunais decidirem pela ilegalidade do processo e a privatização já tiver acontecido, vão ser os portugueses a suportar o peso duma indemnização.

corpos estão dentro de cada vala. O primeiro-ministro da Malásia afirmou, por seu lado, que está profundamente preocupado com a descoberta e garantiu que os responsáveis vão ser encontrados. No início do mês, as autoridades tailandesas também encontraram campos semelhantes no seu lado da fronteira e lançaram uma campanha contra as redes de tráfico humano, impedindo que os imigrantes passassem de países como a Malásia para a Tailândia.

Terroristas terão matado centenas de pessoas em cidade síria Cidade de Palmira está na posse do grupo Estado Islâmico.

Valas comuns encontradas na Malásia podem ser de migrantes É ainda desconhecido o número de corpos. Governo garante apuramento de responsabilidades.

Continua o drama dos refugiados na Ásia. Foto: Royal Thai Navy/EPA

Podem ser de imigrantes ilegais as 139 valas comuns encontradas no domingo em 28 campos de tráfico humano de uma zona remota do norte da Malásia. As valas e os campos foram encontrados pela polícia em aldeias da fronteira com a Tailândia, anunciou o ministro da Administração Interna, Ahmad Zahid Hamidi. Esta segunda-feira, o chefe da polícia malaia anunciou a suspeita de que as valas sejam de vítimas de tráfico ilegal de pessoas e que não se sabe, para já, quantos

O autodenominado Estado Islâmico pode ter matado cerca de 400 civis, a maioria mulheres e crianças, na cidade síria de Palmira. A informação está a ser avançada pela televisão síria que mostra imagens da cidade onde já está hasteada a bandeira do grupo terrorista. Já a agência de notícias do país adianta que a maioria das vítimas são funcionários do Estado sírio, incluindo trabalhadores do hospital local. Centenas de corpos estarão espalhados pela cidade, alguns deles decapitados. Entretanto, outras imagens, estas colocadas por apoiantes dos jihadistas, citadas pela Sky News, mostram combatentes terroristas à procura de militares sírios e a destruição de habitações.


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FRANCISCO SARSFIELD CABRAL

RIBEIRO CRISTÓVÃO

O “Estado Islâmico” avança

Salvé, Campeões!

Nunca a situação no Médio Oriente esteve tão complicada como agora – e, desta vez, não é culpa de Israel.

Nos últimos dias o chamado Estado Islâmico (EI) conquistou duas cidades importantes: Ramadi, no Iraque, e Palmira, na Síria. Caiu por terra a ideia de que o EI estava a perder força. Os “jihadistas” controlam mais de metade da Síria e perto de metade do Iraque, onde estão a menos de 200 quilómetros de Bagdad. Significa isto que os ataques aéreos liderados pelos americanos (incluindo com “drones”) não chegam para derrotar, nem sequer para conter, o EI. São precisas mais tropas no terreno. Estão lá, além de forças militares iraquianas pouco treinadas e com dificuldades em actuar em zonas sunitas (Washington criticou o seu fraco empenhamento), milícias xiitas. Mas estas não têm boa relação com outras forças que combatem o EI, a começar pelos militares dos EUA. Entretanto, a Arábia Saudita e outras monarquias sunitas do Golfo receiam a acrescida importância do xiita Irão na luta contra o EI e o possível acordo de Teerão com os EUA e outros países sobre o nuclear iraniano. Nunca a situação no Médio Oriente esteve tão complicada como agora – e, desta vez, não é culpa de Israel.

O Tondela tem agora pela frente um conjunto enorme de desafios que a sua pequena cidade não deixará certamente de ajudar a resolver.

Estavam reservadas para o fim-de-semana grandes emoções na despedida dos dois campeonatos do nosso futebol profissional. Sabendo-se que o Benfica garantira já a conquista do bi-campeonato, havia essa dúvida sobre a dupla que haveria de assegurar o acesso à divisão principal, num domingo muito escaldante, com cinco estádios a viverem momentos de rara intensidade. Coube ao Tondela e ao União da Madeira a felicidade de dar esse salto qualitativo que projectou ambas as equipas para maiores ambições mas igualmente responsabilidades acrescidas. Para os madeirenses, trata-se de um regresso. Pela mão de Vitor Oliveira, um treinador fadado para um cometimento que repete pela sétima vez, sempre em clubes diferentes, o União quebra assim uma ausência de treze anos e volta a juntar-se ao Marítimo e Nacional na afirmação da força do futebol madeirense. Porém, a novidade maior chama-se Clube Desportivo de Tondela. Nascido há 82 anos, só em 2006 foi capaz de chegar aos campeonatos nacionais construindo, a partir daí, um percurso que lhe permitiu chegar agora ao “clube dos ricos”. Ajudando a fazer regressar o futebol maior ao interior do país e ao distrito de Viseu, o Tondela tem agora pela frente um conjunto enorme de desafios que a sua pequena cidade não deixará certamente de ajudar a resolver. Ao Benfica estava destinada, por estes dias, a aclamação mais sonante, com origem nos sessenta mil adeptos que encheram o estádio da Luz e se propagou por todo o país e pelas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Uma festa bonita que ajudou a esbater a imagem deixada uma semana antes em Guimarães e no Marquês, e deu do emblema da águia uma muito mais ajustada e justa dimensão. No pós-festa começará o tempo de preparar o futuro, sabendo-se que muitas mudanças se perfilam no horizonte, dada a reconhecida necessidade de ajustar o futebol português às suas reais possibilidades.


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Morreu “uma mente brilhante” John Nash tornou-se conhecido pelo trabalho sobre a teoria dos jogos e ganhou o Nobel de Economia em 1994. O matemático norte-americano John Nash, prémio Nobel, que inspirou o filme “Uma mente brilhante”, morreu num acidente de viação em Nova Jérsia. A informação está a ser avançada pela televisão "ABC News" que cita a polícia local e também confirma a morte da esposa Alicia. O casal, de 86 e 82 anos respectivamente, seguia num taxi que se despistou ainda por razões por apurar. Os dois foram cuspidos para fora da viatura e não resistiram aos ferimentos. O matemático tornou-se conhecido pelo trabalho sobre a teoria dos jogos e ganhou o Nobel de Economia em 1994. O actor Russell Crowe, que no cinema foi o actor principal do filme inspirado em Nash, já homenageou o casal através da sua conta no Twitter. "Uma parceria maravilhosa. Mentes brilhantes, corações belos", escreveu.

à agência Lusa que o homem e a mulher, com 25 anos, vendedores ambulantes, residentes em Castelo Branco, foram detidos no final da tarde de sábado, durante a realização de uma acção de fiscalização rodoviária. "Transportavam quatro armas (dois revólveres e duas pistolas) e 20 munições na carrinha onde viajavam, dissimuladas no interior de fraldas descartáveis", disse a fonte da GNR, indicando que o casal seguia acompanhado por dois bebés. Os detidos, que eram provenientes da zona do litoral e tinham Castelo Branco como destino, vão ser na segunda-feira presentes ao tribunal de Celorico da Beira para primeiro interrogatório e aplicação de eventuais medidas de coacção.

Latvala ganha em Portugal O pódio da prova portuguesa foi monopolizado pelos pilotos da Volkswagen. Ogier lidera o campeonato.

Stunned...my heart goes out to John & Alicia & family. An amazing partnership. Beautiful minds, beautiful hearts. https://t.co/XF4V9MBwU4 — Russell Crowe (@russellcrowe) May 24, 2015 O filme conquistou o Oscar de Melhor Filme em 2002.

Detido casal com armas escondidas em fraldas Caso ocorreu este domingo em Celorico da Beira.

Foto: DR

A GNR anunciou a detenção de um casal, em Celorico da Beira, por crimes de tráfico e armas ilegais, que estava na posse de quatro armas de fogo escondidas em fraldas. Fonte do Comando Territorial da GNR da Guarda disse

O finlandês Jari-Matti Latvala venceu o Rali de Portugal pela primeira vez, alcançando também o primeiro triunfo da temporada na quinta prova do Campeonato do Mundo. Líder desde sexta-feira, Latvala conservou o comando nas três derradeiras especiais, na região do Minho, perante a ameaça do francês Sébastien Ogier, e terminou o rali em 3:30.35,3 horas, com 8,2 segundos de vantagem sobre o bicampeão do mundo, enquanto o norueguês Andreas Mikkelsen foi o terceiro, a 28,6 segundos. O pódio da prova portuguesa foi monopolizado pelos pilotos da Volkswagen. Vencedor das três primeiras provas - Monte Carlo, Suécia e México - Ogier consolidou a liderança do Mundial, com 105 pontos, e Mikkelsen ascendeu a segundo com 63, trocando de posição com o norueguês Mads Ostberg (Citroen), enquanto Latvala, com a 13ª vitória da sua carreira, subiu ao sexto lugar, com 46 pontos.


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Goleada na festa da Luz Benfica 4-1 Marítimo. Para a festa ser completa na Luz faltou o terceiro golo de Jonas. Destaque ainda para a lesão de Salvio. Recorde os melhores momentos.

carimbaram mais esta conquista. Com este triunfo, a equipa da águia ultrapassou o FC Porto na lista de vencedores da Taça de Portugal, passando a somar 15. O jogo ficou marcado por agressões entre jogadores no final da primeira parte. Tiago Losna, do Sporting, e Pedro Henriques, do Benfica, foram expulsos e não voltaram para o segundo tempo.

FC Porto campeão no andebol após dois prolongamentos É o sétimo título consecutivo dos dragões, desta vez contra os leões.

O Benfica venceu o Marítimo por 4-1, com mais uma goleada na Luz, e festeja o bicampeonato em casa. Destaque para os dois golos de Jonas, que assim ficou a um de Jackson na lista dos melhores marcadores. A festa dos encarnados ficou marcada pela lesão de Salvio e pelo desânimo de Paulo Lopes. Recorde todos os momentos aqui.

Benfica vence Taça e faz dobradinha no hóquei Jogo ficou marcado por agressões entre jogadores no final do primeiro tempo.

Nicolia fez dois golos

O Benfica conquistou a Taça de Portugal de hóquei em patins, depois de vencer o Sporting por 3-0, em Vila Franca de Xira. Os encarnados ganham o troféu pelo segundo ano consecutivo e fazem a dobradinha, após a conquista do campeonato. O argentino Nicolia (por duas vezes) e o português João Rodrigues marcaram os golos do Benfica que

O FC Porto assegurou o seu sétimo título nacional consecutivo de andebol ao vencer o Sporting por 3432, após dois prolongamentos, no quinto jogo da final, no Dragão Caixa. A formação 'azul e branca' chegou ao intervalo a vencer por 15-12, mas o Sporting recuperou e igualou a 25 no final do tempo regulamentar, forçando um primeiro prolongamento, que nada resolveu (30-30). No 'ranking' dos campeões, o FC Porto soma agora 20 títulos, mais três que o Sporting.


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Poder fragmenta-se em Espanha Neste noticiário: O PP ficou à frente nas eleições municipais e autonómicas em Espanha e o PSOE segue logo atrás, mas ambos perderam muito terreno para os novos patidos; sismo de 5,3 graus no Japão; 139 valas comuns encontradas no norte da Malásia podem ser de imigrantes ilegais; maioria dos cidadãos europeus a viver no Reino Unido não poderão votar num referendo à permanência do país na União Europeia; festa rija para o Tondela e o União da Madeira.

Cristãos de língua árabe vão receber livros sobre Nossa Senhora de Fátima Basta um donativo de vinte cêntimos para que um cristão no Médio Oriente tenha acesso à mensagem de Fátima em árabe.

Livro sobre Mensagem de Fátima em árabe. Foto: DR Por Ângela Roque

Pequenos livros em árabe sobre a mensagem de Fátima, as aparições e os pastorinhos, vão ser distribuídos aos cristãos católicos da Terra Santa e do Líbano, com apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. A iniciativa é do movimento “Maria, ao Encontro da Humanidade Peregrina”, que já pensa em alargar o projecto a outras zonas, como a China e a Coreia do Norte. Os primeiros 12 mil exemplares em árabe começam a ser entregues em Junho, mas há mais oito mil destinados só aos cristãos sírios que estão em campos de refugiados. Odete Maria de Oliveira, uma das impulsionadoras do

novo movimento mariano, explica que a ideia foi ganhando forma nos últimos anos, depois de várias visitas à Terra Santa: “Encontrámos em Ramallah uma imagem de Nossa Senhora de Fátima oferecida pelos portugueses, e depois junto a Belém, no Campo dos Pastores, Bet Sahur, estivemos numa igreja de um convento, que é paróquia, e que está votada a Nossa Senhora de Fátima. E isso impressionou-nos muito. Portanto, a ideia de levar a mensagem de Nossa Senhora de Fátima a estas zonas, onde já havia a sua devoção, nasce efectivamente aí”. A responsabilidade da tradução para árabe foi do padre Peter Madros que Odete Maria conheceu em Jerusalém: “É um dos conselheiros do Patriarca Latino, ele domina 16 línguas, é dos grandes especialistas bíblicos do Médio Oriente e já esteve em Portugal. É um apaixonado pela mensagem de Fátima”, sublinha. Para entregar os livros conseguiram o apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Um “apoio essencial”, diz, porque “o transporte e entrega dos devocionários nestas zonas pode ser de execução particularmente difícil”. Foi, por isso, com muita satisfação que recebeu a garantia de que já no próximo mês a AIS “vai proceder à colocação de 12 mil exemplares em língua árabe, em Israel e no Líbano. Dos pequeninos devocionários e das dezenas, porque esses livrinhos vão sempre acompanhados daquelas dezenas-anel que há em Fátima”. De pequena dimensão (7.5 cm por 10.5 cm), os devocionários contêm orações relativas à mensagem de Fátima e várias imagens: A de Nossa Senhora, a do Imaculado Coração, e as dos Papas João Paulo II e Francisco. E incluem uma colaboração especial, a do ex-Procurador-Geral da República Souto Moura. “Naturalmente muitas pessoas pensam que ele é apenas um jurista porque foi procurador-geral e hoje é Conselheiro no Supremo. Mas é um grande artista, um grande desenhador, e fez a ilustração da aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos”, revela Odete Maria de Oliveira. Basta 20 cêntimos… A primeira encomenda foi de 40 mil livros, metade em árabe, metade em português, e foi esse número elevado permitiu baixar o preço de custo: “Cada pequeno devocionário ficou por 10 cêntimos, as dezenas nem chega bem a oito cêntimos, e o invólucro em polietileno anda à volta de um cêntimo. Ou seja, a pessoa sabe que ao fazer um donativo, por cada 20 cêntimos está a dar a possibilidade que um destes pequenos livros com a dezena que o acompanha seja entregue a um cristão, gratuitamente”. O investimento inicial foi assegurado por um grupo de 40 católicos devotos de Nossa Senhora, e que foram juntando vontades e saberes. Odete Maria sublinha a colaboração de Antonio Guilhermino Pires, no apoio gráfico, de Pedro Vieira e de António Dias. O movimento “Maria, ao Encontro da Humanidade Peregrina” já sonha em levar desta forma a mensagem de Fátima a mais locais do mundo, como a China, a Coreia do Norte, o Paquistão e a Índia. Os livros em português seguirão para os PALOP, Goa e Brasil. A partir de Junho quem quiser contribuir com donativos poderá fazê-lo através de uma conta já


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aberta pela paróquia de Santa Maria de Belém, em Lisboa, que disponibilizará todas as indicações no seu site. A entrevista a Odete Maria de Oliveira foi um dos destaques do “Princípio e Fim” deste Domingo, 24 de Maio.

Papa Francisco: “o mundo precisa de coragem, esperança e fé”

“Que Deus converta o coração dos soldados do Estado Islâmico” O arcebispo de Mossul teve de fugir de Qaraqosh apenas com o seu passaporte e diz que se não for possível voltar, os cristãos terão de procurar um “canto do mundo” para viver, “talvez na Europa”.

Francisco presidiu à missa de Pentecostes, em Roma, onde alertou para mais um drama de refugiados: as milhares de pessoas que fogem do Bangladesh e de Myanmar e que tentam atravessar o Golfo de Bengala. O Papa Francisco diz que o mundo precisa de coragem, esperança e fé, à semelhança do que fizeram os discípulos de Cristo. As palavras do Papa foram deixadas na homilia da missa de Pentecostes, a que Francisco presidiu este domingo em Roma. “O mundo necessita da coragem, da esperança, da fé e da perseverança dos discípulos de Cristo. O mundo precisa dos frutos do Espírito Santo: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio”, exortou o Papa. “O dom do Espírito Santo foi concedido em abundância à Igreja e a cada um de nós, para podermos viver com fé genuína e caridade operosa, para podermos espalhar as sementes da reconciliação e da paz”, continuou. “Fortalecidos pelo Espírito e seus múltiplos dons, tornamo-nos capazes de lutar, sem abdicações, contra o pecado e a corrupção e dedicar-nos, com paciente perseverança, às obras da justiça e da paz”, afirmou o Papa Francisco, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O Papa Francisco alertou ainda este domingo para mais um drama de refugiados: as milhares de pessoas que fogem do Bangladesh e de Myanmar e que tentam atravessar o Golfo de Bengala, no Oceano Índico. Na oração, depois da missa de Pentecostes, em Roma, o Papa expressou a sua preocupação e o apelo à comunidade internacional. “Continuo a seguir com viva preocupação os acontecimentos relativos aos numerosos refugiados no Golfo de Bengala e no Mar de Andamane. Exprimo apreço pelos esforços realizados por aqueles países que já deram a sua disponibilidade para acolher estas pessoas, que enfrentam graves sofrimentos e perigos”, disse o Papa. “Encorajo a comunidade internacional a garantir-lhes a assistência humanitária”, apelou. Malásia e Indonésia já anunciaram disponibilidade para acolher refugiados do Bangladesh e Myanmar. No caso deste último, os refugiados pertencem sobretudo a uma minoria que é perseguida pelo regime da antiga Birmânia.

O arcebispo Petros Mouche, dos siro-católicos de Mossul. Foto: DR

Monsenhor Petros Mouche, o arcebispo siro-católico de Mossul, diz que está disposto a perdoar os militantes do Estado Islâmico que o obrigaram a fugir da sua terra, e reza a Deus para converta os seus corações. Em declarações reproduzidas pelo jornal italiano “Avvenire”, o arcebispo lamentou a tragédia que se tem abatido sobre os cristãos do Iraque e da Síria mas diz que não sente ódio. “Não os odeio. Peço a Deus que converta os seus corações, os corações dos militantes do Estado Islâmico”. Mas a conversão dos seus inimigos não é o único objectivo das orações deste líder religioso. “Rezo também para que os cristãos iraquianos consigam perdoar, possam reencontrar a paz, mas também para que possam voltar a rezar e a viver nas suas terras”. Antes do começo da guerra no Iraque, em 2003, havia mais de cinco mil cristãos em Mossul, membros de uma comunidade que existe desde a aurora do cristianismo. Em 2014 já eram apenas três mil, tendo muitos emigrado por causa da guerra, mas neste momento, com a cidade ocupada pelo Estado Islâmico, não há um único. Os cristãos que foram obrigados a fugir de Mossul, Qaraqosh e dezenas de vilas e aldeias da região da planície de Nínive, encontraram refúgio no Curdistão iraquiano e vivem agora em campos de refugiados. Alguns, sobretudo os mais novos, pegaram em armas para tentar retomar as suas terras, algo que o arcebispo não critica. “A fé não nos impede de nos defendermos. Atacar não, mas defendermo-nos sim. Se voltarmos, os rapazes agora treinados pelos curdos podem defender as nossas aldeias”, explica Petros Mouche, que em Fevereiro do ano passado visitou um destes campos de


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treino e abençoou os jovens cristãos que lá estavam. A esperança de um eventual regresso ainda não morreu, mas os recentes avanços do Estado Islâmico veio refrear os sonhos de libertar Mossul ainda este verão. O arcebispo é muito claro quanto ao futuro, usando o exemplo de Qaraqosh, a sua terra natal e a maior cidade cristã do Iraque até ao dia em que foi ocupada, levando monsenhor Mouche a fugir apenas munido do seu passaporte. “Sem uma Qaraqosh cristã, o Iraque não tem qualquer valor para mim ou para os meus fiéis. Aí, poderemos procurar um canto do mundo para poder viver livremente a nossa fé e recuperar a nossa dignidade, talvez na Europa”, conclui.

Museu Judaico do Porto abre as portas à história da comunidade Colecção de Barros Basto exposta com lista das 900 vítimas da inquisição no Porto Aberto de domingo a sexta, das 9h30 às 17h30 e recomendada marcação de visita.

O Museu Judaico do Porto abriu portas esta semana para dar a conhecer a história da comunidade desde a época medieval até aos dias de hoje e onde é possível saber o nome dos 842 portuenses vitimados pela Inquisição. É no primeiro andar da sinagoga Kadoorie Mekor Haim, a maior da Península Ibérica, que está instalado o museu judaico da Comunidade Israelita do Porto (CIP), fundada em 1923 pelo capitão Barros Basto e por judeus provenientes da Europa Central que residiam na cidade. As memórias do capitão estão presentes numa das três salas do museu onde se expõe a sua espada e a sua kipá, ou solidéu (chapéu usado pelos judeus como lembrança da soberania divina), e onde se lembra a sua "Obra do Resgate" de criptojudeus, aqueles que praticavam sua fé e seus costumes em segredo, por receio de perseguições religiosas. Com a ideia de que existiriam milhares de judeus em Portugal, Barros Basto, ou Ben-Rosh, lançou-se uma campanha para resgatar outros judeus marranos como

ele, descendentes de judeus portugueses e espanhóis que foram obrigados a converterem-se ao cristianismo pela imposição da Inquisição. Nos anos que seguiram à inauguração, o percurso de Barros Basto "não foi fácil, mas foi entusiasmante" até pelo trabalho "de um valor extraordinário" que desenvolveu "numa época complicada e difícil" e pelo qual "sofreu as consequências de uma perseguição religiosa", relatou Isabel Lopes, vice-presidente da comunidade. A história remonta a 1937 quando o Conselho Superior de Disciplina do Exército decidiu pela "separação do serviço" do capitão Arthur Carlos Barros Basto, reabilitado em 2012, por considerar então que não possuía "capacidade moral para prestígio da sua função e decoro da sua farda". No museu, e além das obras do capitão, "pode-se ver a biblioteca, alguns objectos religiosos, muitos documentos relacionados com os trabalhos de Barros Basto e todo um edifício que é emblemático". Exposta lista das 900 vítimas da inquisição no Porto Está também exposta "uma lista de quase 900 nomes de pessoas que foram vítimas da inquisição [no século XIV] e que pode ser vista numa placa onde eles estão transcritos" e que foi possível recolher na Torre do Tombo, assinala a responsável. A placa, representativa de uma listagem de nomes que poderá estar na entrada atrás de um painel de azulejos, mostra "a história do judaísmo no Porto e portanto é muito importante para não deixar esquecer e mostrar que houve este tipo de acontecimentos na cidade", acrescentou. Numa das salas expositivas foi recriada "antiga Yeshivá, uma escola judaica que existiu na nossa sinagoga durante seis anos e onde nós decidimos mostrar um pouco da cultura, rituais e objectos judaicos" como a menorá (candelabro de sete braços símbolo do judaísmo), a chanukiá (candelabro de nove braços usado no feriado do Chanuká ou Festa das Luzes), mezuzá (pergaminho com mandamento da Torá), talit (xaile usado durante as preces) e tefilin (caixinhas com pergaminhos da Torá), contou Hugo Vaz, do departamento do turismo da comunidade. Apesar de já estar em funcionamento, a inauguração oficial do museu está marcada para 28 de Junho e a cerimónia será presidida pelo presidente da Comunidade Israelita do Porto, Dale Jeffries, e pelo rabino da sinagoga, Daniel Litvak. O museu está aberto de domingo a sexta-feira, das 9h30 às 17h30 e é recomendada a marcação de visita, até porque quase todos os dias há escolas a visitar a sinagoga que em 2014 recebeu cerca de 10 mil pessoas.


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Maria Bethânia enche Coliseu do Porto Aos 68 anos, a cantora brasileira encantou e foi aplaudida de pé na celebração dos 50 anos de carreira.

A voz e o dom de Maria Bethânia encheram o Coliseu do Porto durante cerca de duas horas de concerto, no domingo à noite. Acompanhada por sete músicos e descalça em palco, como sempre, foi aplaudida de pé várias vezes e acompanhada a espaços pelo público. “Abraçar e Agradecer” celebrou os 50 anos de Carreira da artista que deixou essas mesmas palavras: “Agradecer aos senhores que aplaudem e acolhem esse milagre. Agradecer ter o que agradecer, louvar e abraçar”. Os temas mais emblemáticos ficaram para os três encores e quem assistiu ao concerto saiu de alma cheia, como confessaram vários fãs a dizer à Renascença que “nem parece que ela tem 70 anos”. Na verdade não tem, mas quase. Aos 68 anos, a cantora brasileira que encantou o Coliseu do Porto, celebrou 50 anos de carreira.

Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.

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