Balneário Camboriú 47 anos

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Balneário Camboriú

47 anos


Balneário Camboriú . julho de 2011

Balneário Camboriú 47anos

Nem só de praia e mar....

A idéia dominante é que em Balneário Camboriú tudo gira em torno da construção civil, comércio e turismo, mas não é verdade, existe um razoável volume de indústrias de pequeno porte distribuídas nos bairros da cidade. A maioria está longe dos olhos do público, produz aqui para vender fora, seus proprietários aliaram algumas facilidades oferecidas na região como as vantagens de viver numa cidade pequena, uma praia. Também passam desapercebidas de grande parte de moradores e turistas iniciativas como a escola de cães guia, a única da América Latina reconhecida internacionalmente, e que tem sede em Balneário. E até coisas mais simples, como uma feira de rua, sim, uma feira que tem quase os mesmos 47 anos que o município. Sabia? E x p e d i e n t e O caderno “Balneário Camboriú 47 anos” é uma publicação do jornal Página 3 em comemoração ao aniversário da cidade. Também disponível on line: www.pagina3.com.br. Textos: Waldemar Cezar, Caroline Cezar, Fernanda Schneider. Arte: Fabiane Diniz. Edição: Caroline Cezar. Gerente comercial: Rogério Matheus.


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Balneário tem... indústrias Nos últimos dias a reportagem do Pagina 3 garimpou empresas locais e conversou com seus diretores, a primeira constatação é que para o poder público elas não existem, só na hora de pagar impostos, o município nunca desenvolveu qualquer programa de fortalecimento no setor industrial. O que atrai em Balneário é a vantagem logística, a proximidade do entroncamento rodo-hidro-aeroviário de Itajaí e a abundância de empresas no eixo da BR-101, do Vale e do Alto Vale do Itajaí que podem fornecer os mais diferentes insumos. Entre as dificuldades, a falta de vocação do município para industrialização, pouca disponibilidade de mão de obra especializada, inexistência de uma associação de empresários da indústria e ausência de intercâmbio entre negócios. Também estão afastadas das universidades, não são procuradas pela área educacional para firmar intercâmbios e, por sua vez, também não foram às escolas buscar tecnologia. A valorização dos terrenos, a ampliação dos espaços para residências permite prever que dentro de alguns anos estas empresas irão embora do município, abrindo oportunidade para os vizinhos Itajaí, Itapema e Camboriú receberem esses investimentos. Nas páginas seguintes, o leitor terá uma rápida visão deste universo.

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Fabricando cabos elétricos na praia Waldemar Cezar

Quando o engenheiro Mario José Moritz conta a alguém que fabrica cabos elétricos em Balneário Camboriú a pessoa pergunta se é na beira da praia. Ele é diretor da Contact Sul Condutores Elétricos, instalada num prédio de 1.000 m2 na Rua Biguaçu, onde produz para um nicho desse mercado dominado por empresas gigantescas, a reposição para os comércios de auto-peças. Mario foi chefe de vendas da Zen, em Brusque, que produz para a indústria automobilística, trabalhou no centro do país durante vários anos e quando decidiu ter o próprio negócio investiu em algo onde pudesse capitalizar seu conhecimento do setor. A Contact trabalha com duas matérias primas principais, fios de cobre e PVC granulado, torce os fios, encapa com uma máquina extrusora, corta, embala e distribui para a clientela. A empresa está investindo em uma nova linha, cabeamentos sob medida para a indústria náutica, área que embora responda por apenas 5% do faturamento, é promissora porque traz redução de custos e padrão de qualidade às instalações elétricas das embarcações produzidas cada vez em maior quantidade pela indústria náutica catarinense. A empresa se instalou em Balneário por um motivo simples, encontrou um galpão industrial adequado. Depois de sete anos fabricando aqui, Mario sabe que a especulação imobiliária o fará mudar, mais dia menos dia será necessário instalar a Contact Sul e suas duas dezenas de empregados em outro município.


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Fornos e fogões de luxo, feitos na Rua Biguaçu Possivelmente muitos vizinhos da Rua Biguaçu nunca tenham escutado a palavra “cooktop” até a Built Eletrodomésticos se instalar ali, em 2006, para produzir fogões de embutir, os “cooktops”, fornos, coifas, microondas, secadoras e outros artigos para cozinhas planejadas. A empresa surgiu da experiência do engenheiro Luiz Carlos Stevanatto que, depois de trabalhar com desenvolvimento de produtos numa multinacional, decidiu prestar consultoria e, posteriormente, fabricar eletrodomésticos para um público de maior poder aquisitivo. A importação de alguns produtos para distribuição no mercado interno completa o catálogo de 80 modelos da empresa. A Built, segundo a diretora financeira Thaís Stevanatto, é uma das líderes do setor. Filha do proprietário, Thaís tem experiência, há uma década ela e o irmão eram os representantes de vendas da então pequena empresa do pai. Instalar a fábrica em Balneário foi uma decisão que aliou estratégia e lado pessoal, o prazer de morar na praia. Outra unidade industrial foi instalada na Bahia. Balneário Camboriú tem dificuldades de logística e mão de obra, mas não há intenção de mudar a empresa daqui, pelo menos por enquanto. A Built pretende terminar 2011 com 80 funcionários, 3.000 m2 de área construída e faturamento de R$ 30 milhões. Seus produtos impressionam pela beleza, acabamento e sofisticação e podem ser encontrados nos principais magazines e lojas de cozinhas planejadas de todo o país.


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Uma fábrica de conservas no centro da cidade “O consumidor deveria examinar a cor, o tamanho, se ela for pontuda ou redonda, tudo muda o preço, mas ninguém nota, não repara essas diferenças. O preço é um só, se tem preço melhor está baixando a qualidade”, ensina um especialista em azeitonas, Jarbas Aguiar Justi. Ele tem uma fábrica da conservas num local improvável, entre a Terceira e Quarta avenidas, no centro de Balneário Camboriú. A indústria fica num galpão adequado à produção de alimentos, ele mora ao lado. Seu pai transportava azeitonas à granel da Argentina para o Brasil, percebeu que colocar em vidros e vender, como faziam os paulistas, poderia dar dinheiro, lançou a marca Napoli e foi em frente, o empreendimento tem 30 anos. A empresa também envasa e vende champignons, pepinos, alho, cerejas, alcaparras e tomates secos, com marca própria ou para terceiros. Cada produto depende de época, os pepinos, por exemplo, só são produzidos pela lavoura catarinense três meses por ano, nos outros períodos é necessário comprar de fora do estado. A mão de obra na Napoli é feminina, e a atividade não requer muita especialização, o treinamento é feito na própria indústria, as operárias aprendem rápido. O produto mais difícil é o alho fatiado em conserva que tem alguns segredos para ficar bom, mas a empresa domina a técnica. Jarbas gosta mesmo de falar é de azeitonas, ele diz que não existe o produto preto padrão, se as frutas estiverem todas da mesma cor dentro de um vidro, foram coloridas com a adição de produtos químicos. A azeitona preta é a verde depois de madura e como elas não amadurecem todas igualmente, as naturais terão diferença de coloração. A produção da Napoli é toda colocada no mercado regional, através de distribuidores, supermercados e até vendedores de porta em porta.

Waldemar Cezar


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De produto à rede de franquias: persistência é o segredo Inicialmente uma fábrica de “fundo de quintal”, no melhor sentido da expressão, a Arc’angel produz ceras depilatórias à base de mel e própolis de abelhas desde 1983, em Balneário Camboriú. O crescimento foi impressionante, a partir do produto, a empresa criou a Depyl Action, uma rede de franquias que hoje conta com mais de 70 unidades espalhadas em 21 estados do país e até na Venezuela, além de ampliar a linha de cosméticos e ter alguns projetos futuros. A titular, Dona Glaci Souza Van Straten, conta que o ‘feeling’ para as franquias veio em 1996, quando foi ‘socorrer’ um salão de beleza aqui de BC. “Nós distribuíamos a cera por aqui, nos salões, e o produto já tinha um reconhecimento pela qualidade. Aí a cliente foi depilar e reconheceu pelo cheiro que não era a Arc’angel, apesar de estar na embalagem, se recusou a fazer, a moça me ligou para eu ir levar... eu fui, mas aquilo me alertou: ‘que bacana, a cliente reconhecendo e exigindo... mas é hora de ter controle sobre os locais de uso, estender esse padrão de qualidade...’ Daí vieram as franquias”, contou Glaci. As casas especializadas em depilação hoje se aprimoraram, têm alta exigência e sofisticação, focadas em saúde e bem estar. São duas lojas-modelo próprias, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Balneário, por incrível que pareça, ainda não tem uma loja da Depyl Action, mas em breve deverá ter. O segredo, diz Dona Glaci, é a persistência. “Passamos por vários planos econômicos, inflação, um dia ia dormir, no outro dia estava tudo 40% mais caro, mas mantemos o foco e não desistimos. Quando estava difícil podia ter mudado de ramo, mas insistimos e por isso deu certo”, relembra. Outro requisito fundamental é a excelência do produto. “Sempre foi bem feito, e teve aceitação e reconhecimento. Meu pai que dizia, ‘minha filha, pra ser bom você tem que ir buscar na natureza’, e é verdade, nosso diferencial é esse, temos a parceria com 102 apicultores que cuidam até do alimento da abelha, e a cera é suave, sem componentes químicos, de qualidade. Soma isso com transparência, honestidade, persistência, não tem como não dar certo”, comemora Glaci, que atendeu a reportagem em meio à reforma que estava acontecendo na empresa, que antes abrigava a casa da família e agora será toda ocupada para a produção e controle da Arc’angel.

Loja das franquias Depyl; a cera Arc’angel, produto que deu origem à rede de negócios; e as empresárias Danyelle e Glaci Van Straten (à frente) com convidadas na inauguração da loja de BH.


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Para a Dahuer, Balneário Camboriú agrega valor ao produto “O nome de Balneário Camboriú dá status ao protetor solar, se perguntar para um garçom em Recife, ele já ouviu falar em Camboriú e muitas vezes não sabe onde é a capital de Santa Catarina”, explica João Vicente Bortolon da Silva, proprietário da Dahuer Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda., uma empresa que transpira boa organização situada na Rua Dom Miguel, na Vila Real. A Dahuer fabrica protetores solares, bronzeadores, loções para aliviar os excessos ao sol e repelente de insetos, mas quem chega à recepção da empresa pode imaginar que está visitando uma clínica de luxo devido à qualidade e bom gosto da decoração. Suas marcas mais conhecidas são Aliviosol e Anasol. O Aliviosol, para queimaduras, sustentou a empresa durante a maior parte dos 25 anos. Quando as pessoas começaram a se preocupar mais com proteção o Anasol assumiu a liderança das vendas. João Vicente era distribuidor dos produtos e comprou a empresa em 2002, mudando seu perfil, expandindo para mercados do Nordeste onde o verão dura 10 meses por ano. A concorrência é contra empresas poderosas, multinacionais, mas de alguma forma a Dahuer conseguiu crescer. Possui 20 empregados, a maioria qualificada, existe dificuldade para contratar pessoal, o que levou o proprietário a construir residências no entorno da fábrica que fazem parte do pacote de atração da mão de obra. A localização é ruim, Balneário está longe dos fornecedores, da tecnologia e dos consumidores, mas a ‘marca’ da cidade agrega valor ao produto, por isso os 1.800 m2 de área construída serão acrescidos com outros 2.200 m2, a obra já começou e desta vez com um cuidado extra, a quota da construção foi elevada porque a enchente de 2008 atingiu severamente a fábrica. O proprietário demonstra orgulho pela baixa rotatividade, um empregado está na empresa desde o dia em que ela foi aberta e a maioria trabalha há anos na Dahuer cujo segredo não é só a formula dos produtos e sim as marcas, a carteira de negócios, o relacionamento com o mercado.

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Produzindo estofamentos para lanchas na Rua Brusque Duas décadas atrás o empresário Rogério Quintino, com apenas 19 anos, era estofador, arrumava poltronas, sofás, fazia os trabalhos típicos da profissão quando um amigo que pintava barcos o encaminhou a um cliente que mudaria sua vida, uma fábrica de lanchas. Surgia a Reno, hoje importante fornecedora de estofados para estaleiros catarinenses. A Reno produz bancos, toldos, capas, encostos e outras peças que serão aplicadas em lanchas de lazer. Seu cliente mais antigo é a Fribrafort, de Itajaí, mas a empresa também atende estaleiros em Biguaçu e Palhoça. A Fribrafort é o maior estaleiro brasileiro em volume produzido. “Tem que ter bom material, boa mão de obra, para ficar um produto final perfeito”, explica Rogério que produz para um mercado exigente, algumas lanchas custam pequenas fortunas. A especulação imobiliária levou o empresário a se desfazer de um terreno no Bairro dos Municípios e a comprar dois em Camboriú, para onde levará a fábrica e os 26 funcionários. “Quando abri aqui era muito barato, a Rua Brusque começava na Marginal e não chegada na metade da quadra, não ia até a Quinta Avenida, lembra Rogério, do período de pioneiro naquela região da cidade. No entanto, ele manterá atividade no bairro, construiu uma bela loja para vender produtos para estofadores. Esse material antes ficava em estoque, agora foi para as vitrines, melhorando o faturamento e fazendo girar a mercadoria.

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Arte Sacro: até o Papa já usou as vestes feitas em BC Há 15 anos em Balneário Camboriú, a Arte Sacro é uma empresa familiar que produz paramentos litúrgicos, todos os tipos de roupas e acessórios ligados à igreja. A empresa começou com o olhar da Dona Madalena, que acreditava que havia espaço no mercado, apesar de ser bastante limitado e pequeno nessa área. “Ela percebeu que havia oportunidade se investíssemos na qualidade dos produtos como algo essencial, assim ela fez algo totalmente diferente do que existia na época”, conta seu filho Thiago Benchaya, que é um dos administradores da empresa. Apesar de trabalhar com toda linha de materiais para igrejas, a empresa tem como foco as vestes sagradas, que são as roupas utilizadas pelos padres, bispos e diáconos. Além da cuidadosa escolha de tecidos e acabamentos, eles ressaltam que a boa aceitação da marca se deve ao conhecimento do desenvolvimento histórico e do valor simbólico das vestes sagradas, aliados ao bom gosto para as combinações e ao atendimento personalizado. “As criações exclusivas são um diferencial importante”, coloca Thiago. Hoje a Arte Sacro, que continua sediada em Balneário, na Marginal Leste, Bairro dos Municípios, atende todo o Brasil. Os principais clientes estão em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Na história da empresa um marco em 2007, quando confeccionou as roupas para a Missa de Canonização de Frei Galvão em São Paulo. “Além de produzirmos a roupa utilizada pelo Papa Bento XVI, tivemos também a honra de estar diante dele e entregarmos um presente em mãos”, relembra Thiago (foto).

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Fatiadoras de frios na margem do Rio Camboriú “Nossa localização é excepcional por causa do porto de Itajaí e de Brusque, Blumenau, Joinville e Jaraguá para o fornecimento de peças”. A frase é de Carlos Castagnotto, gerente comercial da Palladium que fabrica fatiadores profissionais para frios. Encontrar uma fábrica de fatiadores em Balneário é surpresa, saber que ela produz cerca de 5.000 máquinas por ano é mais surpreendente ainda, mas a empresa está há 14 anos na cidade, onde se instalou porque antes de produzir localmente importava por Itajaí. Um componente importante das máquinas ainda chega pelo porto vizinho, a faca, um disco rotativo resistente, revestido com cromo duro, importado da Itália. Outras peças são fornecidas pela indústria regional e algumas produzidas em casa. A Palladium produz para o mercado brasileiro e de exportação. Está entre as maiores do setor no seu segmento de mercado, fatiadores profissionais de tamanho médio. Localizada próxima ao rio Camboriú, no Bairro dos Municípios, a empresa ficou paralisada duas semanas por causa da enchente de 2008 e mudar do local não é uma hipótese remota por causa da valorização imobiliária. “Talvez fosse melhor na época se tivéssemos comprado terreno em Itajaí”, raciocina Carlos explicando que com o mesmo investimento poderia ter adquirido uma área maior e que quase toda a mão de obra, 25 empregados, vem da vizinha cidade. A empresa também produzia cortinas de ar, mas este segmento de produto, enquadrado como eletrodoméstico, foi dominado pela China. No entanto, o propósito de diversificar prossegue, num galpão próximo à fábrica atual a Palladium começa a produzir lâminas de serras-fita para a indústria alimentícia.

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A exigência do mercado levou às portas “Entrei na fabricação de portas por necessidade do mercado, fabricamos 500 a 600 kits por mês e tem empresa no Oeste fabricando 20 mil kits. Por sermos uma empresa pequena oferecemos um atendimento diferenciado e nosso produto tem um acabamento também diferenciado, mesmo em relação às grandes empresas”, revela Gilmar Fabris, proprietário da Nova Porta, empresa que há quase 30 anos está estabelecida na Rua Criciúma, próxima à margem do rio Camboriú. A empresa que se chamava Cia Fabris Industrial começou produzindo porta-retratos e outros pequenos artigos para todo o Brasil; depois fabricou raquetes de frescobol, mais tarde assentos sanitários e espelhos para interruptores de luz. Sempre com madeira. “Todo mês encostava uma carreta de mogno aqui na porta, hoje dá cadeia”, comenta Gilmar a mudança obrigatória da matéria prima de madeira nobre, em risco de extinção e protegida por lei, para o pinho certificado, produzido por reflorestamento e com selo verde internacional. A aquisição de máquinas italianas e espanholas deu impulso à fabricação das portas que não são pintadas e sim revestidas com um material plástico, o que confere um acabamento superior ao produto. As máquinas trouxeram ganhos de produtividade e de engenharia, trabalham com parcelas de milímetro, exatidão que os processos antigos não conseguiam obter. Gilmar também enfrenta dificuldades de mão de obra e entende que hoje é um problema regional, atinge até Camboriú e Itapema. Outros traços em comum com os empresários do “Distrito Industrial da Praia” que se localiza na Vila Real e Bairro dos Municípios são o receio de enchentes e a intenção de mudar de local. A Fabris/Nova Porta é veterana em enchentes, pegou duas grandes e incontáveis pequenas. Na última, em novembro 2008, perdeu muito, foram dois anos para se recuperar financeiramente. A localização o empresário considera excelente, no centro do grande mercado litorâneo, que é o maior de Santa Catarina. “Tem muita gente querendo trazer indústrias para cá, morar aqui, mas Balneário não tem espaço, Camboriú tem e eles estão perdendo oportunidades”, finalizou Gilmar.

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Tótens eletrônicos feitos na cidade, para todo país Especializada em soluções de auto-atendimento desde 1999, a Vídeo Soft começou atuando no ramo das vídeolocadoras, mas hoje já ampliou significativamente sua área de atendimento, e também desenvolvimento. Em alguns casos, até o software oferecido na máquina é feito pela empresa. Com escritório na Rua 700 e fábrica na Rua Barra Velha, no Bairro dos Municípios, a empresa desenvolve esses terminais eletrônicos que são vistos em aeroportos, supermercados, e outros locais. Em Balneário eles estão em sete pontos: no supermercado Speciale, por exemplo, junto à adega de vinhos, um terminal bem completo com cerca de seis mil vinhos cadastrados, suas harmonizações, receitas que podem ser impressas pelo cliente, preços e outras informações, tudo operado de forma simples e intuitiva. O “tótem” tem cerca de 1,60 m de altura e é bem mais fino do que antigamente, graças ao aprimoramento da tecnologia e do design. Também é possível cutomizá-lo com a marca ou campanha desejada. Apesar de serem poucos terminais aqui na cidade, a Vídeo Soft distribui para todo país e tem na sua carteira clientes como Tramontina, Petrobras, Azul Linhas Aéreas Brasileiras, Renault, Blockbuster, Renner, Gerdau, Embraed, Unimed, Carrefour, entre outros, que utilizam os terminais para diversas aplicações, como check in em aeroportos, pesquisa de informações em universidades, agendamento de consultas em hospitais, impressão de documentos em fóruns e prefeituras, RH.

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Aposta nos supermercados Fotos Divulgação

No caso dos supermercados a empresa está ampliando a atuação, antes restrita a adegas, para padarias, açougue e hortifruti, com informações de fácil acesso, promoções e receitas que o cliente pode imprimir sem custo próprio. Para a Perdigão e Camil, a empresa está fazendo um “totem-feijoada” que ensina os clientes a prepararem o prato, passo a passo, e personalizado: para quantas pessoas, simples, tradicional ou especial, acompanhamentos de preferência etc. Serão 80 terminais em todo o país, posicionados estrategicamente ao lado dos ingredientes nas prateleiras do mercado. A empresa, da família Rotilli (Hotel Miramar), espera aumentar em 20% seu faturamento através das linhas para supermercados em 2011. Com mais de quatro mil clientes, em 2010 a Vídeo Soft teve alta de 30%.

AbiT gXaW aV\T! Abib WXfg\ab!

O Brava Beach parabeniza Balneário Camboriú pelos seus 47 anos. Comemore essa data no melhor estilo! No dia 20, aguardamos sua visita em nossos apartamentos decorados.

Foto Balneário Camboriú

47 3360.0101

www. bravabeach .com.br

Realização:

Av. Beira-mar (José Medeiros Vieira), 1.876 – Praia Brava – Itajaí-SC Incorporadora responsável: Brava Beach Empreendimentos Ltda. Av. José Medeiros Vieira, 1.876 – CEP 83306-800 – Praia Brava – Itajaí-SC. Incorporação registrada sob no 13, na matrícula no 10.574, em 10/8/2009, do 1o Ofício de Registro de Imóveis da cidade de Itajaí-SC. Central de atendimento: Av. Beira-mar (Av. José Medeiros Vieira), 1.876 – Praia Brava – Itajaí-SC – Tel.: (47) 3360-0101

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Surfando de acordo com a maré por quase três décadas Fotos Caroline Cezar

Em agosto completam 30 anos desde que um dos primeiros surfistas de Blumenau decidiu vir morar em Balneário Camboriú para abrir uma fábrica de pranchas. Era década de 70, e já tinha bem mais gente surfando do que se imaginava, mas era difícil conseguir equipamento. Em Balneário já existiam pequenas fábricas, a Marbella e a Skip Free, mesmo assim, Beto Stadzisz enxergou no mercado uma possibilidade da empresa dar certo. E deu, fundada oficialmente em 1986, a Calibre continua no mesmo endereço de sempre, Rua Panamá, Bairro das Nações, mas de lá pra cá muita água rolou, mas Beto e a equipe continuaram se equilibrando de acordo com as mudanças da maré. “A nossa praia é ideal para as pranchas artesanais, porque é uma praia escola, a melhor para aprender, ondas boas mas não muito fortes, poucas ressacas, pouco repuxo, e água quente”, justifica a aceitação do produto. Apesar da Calibre crescer bastante e se aperfeiçoar em muitos sentidos, o foco da produção artesanal continua, e Beto não pretende abrir mão. “Se vier alguém aqui e pedir cem pranchas, não faço. Nosso foco é fazer sob medida, personalizar, tratar cada cliente como um”, explica o empresário, que nos finais de semana, “transfere” a fábrica para a praia. “Sábado e domingo é lá, surfando, fazendo os passeios de stand up, acompanhando o cara que veio aqui comprar uma prancha e precisa de uma assistência”, explica Beto, dizendo que o mercado cresceu na proporção da cidade. Ele calcula, por baixo, uns 2500 surfistas na cidade, fora os das cidades vizinhas que todo final de semana vêm para praia.


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...e hoje o carro-chefe é o stand-up A Calibre ainda fabrica pranchinhas, faz reparos, tem oficina e lojinha anexo à fábrica, mas o grande foco da empresa, já há algum tempo, são os pranchões. Primeiro os longboards, e agora o stand up, que é bem maior e utiliza remos. “Hoje sem dúvida é o carro-chefe da empresa”, diz Beto, que conta que ampliou muito o público com isso. “É um outro esporte, o cara compra um stand-up para passear, desestressar, ganhar condicionamento, às vezes para descer ondas também, mas não necessariamente, é bem mais fácil que o surfe”, garante ele, que diz que já vendeu stand-ups para uma criança de 5 anos e para uma senhora de 75.” Outra vantagem é que o esporte não depende de condições ideais para a prática, se não tiver onda dá pra ir pro mar do mesmo jeito. Também pode ser usado em lagos, lagoas, represas, “esses dias vendemos para um pessoal de Rio dos Cedros”, ilustra Beto. Já existem variações e adaptações feitas ou programadas, stand-up para pescar, com motor, com vela e outras idéias, muitas trazidas por clientes e testadas pela equipe na prática, que já tem experiência em fabricar pranchas grandes há bastante tempo. “É gostoso porque dá a adrenalina do surfe mas é mais fácil, dá pra fazer passeios em família, por exemplo, minha esposa rema, minha filha, minha cunhada, às vezes a gente entra lá em Camboriú no rio e vem até o mar remando”. Existem vários eventos programados de stand up, travessias, volta à ilha de Porto Belo e pequenos passeios de fim de semana, e o número de praticantes só vem aumentando. As pranchas da Calibre são totalmente feitas em Balneário, desde o bloco de isopor até a pintura final. Beto, que tem um acervo grande de pranchas antigas, também pensa em fazer um museu na cidade com esse material histórico.


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Balneário Camboriú e seus nomes eternizados Várias praças, avenidas, ruas e escolas de Balneário Camboriú ganharam nomes de pessoas, moradoras da cidade ou de fora, que fizeram história (ou não). Agora, um projeto de lei está para ser votado na Câmara de Vereadores e institui que sejam homenageados apenas moradores daqui. O exemplo mais recente foi o do Hospital Ruth Cardoso. “Queríamos colocar o nome de Olávio Mafra Cardoso, mas como ele ainda estava vivo, não foi possível. Depois, quando ele já tinha morrido, queríamos colocar o nome dele no PA da Barra, mas a pedido da família, cancelamos o projeto”, explicou o vereador Dão Koedderman.

Arquivo Página3

O filho do seu Olávio, Eduardo, diz que a família conversou e chegou à conclusão de que seria melhor não dar o nome do pai ao PA. “Não queríamos que fosse feito política com o nome dele. E aquele PA era ainda um projeto, uma casa alugada, se não desse certo, ia ficar lá jogado, depois poderiam mudar o nome, preferimos não deixar”, esclareceu. Seu Olávio Mafra Cardoso foi o primeiro farmacêutico de Balneário, era conhecido também por clinicar, uma pessoa bastante reconhecida pelos seus méritos na comunidade. Para Álvaro Silva, ex vereador, prefeito e um exímio conhecedor da história de Balneário, se faz muita politicagem com as homenagens prestadas em alguns casos, mas ele reconhece que alguns nomes de ruas, escolas e avenidas fazem jus aos homenageados. “É muito importante que na hora de escolher o nome para qualquer coisa, seja levada em conta a relevância dessa pessoa, porque escolhem alguns por interesses individuais e politiqueiros, que não têm sentido. O padeiro Alvim Bauer, por exemplo, era uma pessoa boa, nada tenho contra ele, mas não há registro de biografia, não teve relevância. Era um padeiro que fabricava e vendia pães. Antes a Avenida Alvim Bauer chamava-se Rua 301, o que tem mais lógica, porque quando é numerado, segue um raciocínio”, opinou Álvaro. A reportagem pediu para ele contar um pouco da história de alguns homenageados na cidade. Confira a seguir.

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Higino Pio na época em que era prefeito. Acima, a praça que leva seu nome, no centro da cidade.


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Avenida Normando Tedesco - Ele foi o idealizador da Barra Sul, muitos anos atrás já sonhava em construir um molhe e um teleférico naquela região.

Arquivo JP3

Praça Higino Pio (na Av. Alvin Bauer, entre Brasil e Atlântica).

Escola Municipal Francisco Tomaz Garcia

“Ele foi o primeiro prefeito eleito, morreu na prisão em Florianópolis, foi vítima de um ato violento e depois de morto descobriram que ele era honesto. Naquela época (ditadura), ia preso antes para depois ouvir a pessoa. A morte dele ainda é mistério, dizem que se enforcou com o fio do arame que puxava a descarga na privada, mas de acordo com a pessoa que teve acesso ao corpo, não havia marca que comprovasse um enforcamento”.

“Ele era descendente de uma família tradicional, uma das fundadoras da cidade. Era também professor de escola estadual. Naquele tempo, os professores eram altamente qualificados, pessoas de famílias tradicionais que se dedicavam a ensinar”. “O Silveira Junior tem mérito. Ele produziu o primeiro material informativo de divulgação da cidade, em 52. Fez a denominação, a nomenclatura das ruas, trabalhou no governo no Pio sem remuneração...”

Escola Estadual Maria da Glória Pereira

Praça Kurt Amann (Av. Atlântica, próxima à Rua 1101)

“Ela era professora de escola estadual, de família tradicional em Camboriú, morreu atropelada, atravessando a BR 101”.

Praça Silveira Junior (No Bairro dos Pioneiros)

“Ele foi um construtor,era o antigo dono do hotel Vila do Mar, hoje os donos são os filhos. Quando reurbanizaram a Atlântica, fizeram um espaço na frente do hotel e deram o nome dele”.


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Praça Bruno Corrêa (na Rodovia Interpraias) “Foi um menino que morreu na Farra do Boi, ali em Itapema. O tio na época era vereador e quis prestar uma homenagem”.

Ginásio Multieventos Sérgio Lorenzato (no Bairro das Nações) “Foi vereador em Balneário Camboriú e homenageado pelos vereadores do seu grupo político”.

Praça Vereador Wilson Achutti (no Bairro dos Municípios) “Foi vereador por quatro vezes”.

Escola Municipal Vereador Santa “Foi vereador, presidente da Câmara e também homenageado pelo grupo que estava no poder (o mesmo partido)”.

Praça Bruno Nitz Existia onde hoje está sendo construído o Teatro Municipal. Bruno foi comerciante e corretor imobiliário. Um projeto de lei do vereador Dão Koedderman sugere o nome de Bruno Nitz para o teatro em construção.

Parque Natural Raimundo Gonçales Malta (Parque Ecológico) Malta foi o criador e primeiro secretário do Meio Ambiente e autor de projetos importantes, como o Parque Ecológico(fotos).

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Outras curiosidades Avenida Brasil Se chamava Avenida Governador Celso Ramos, que na época que Balneário ‘começou’, era o governador do estado. A Avenida Central era Antonio Bittencourt, homenagem prestada porque ele era pai de pessoas que lideravam a política em Camboriú. Chegou-se à conclusão, que aquelas avenidas não deviam ter nomes de pessoas.

Avenida Atlântica Era antes chamada de Beira Rio, ganhou nome de Atlântica, por obviedade.

Terceira Avenida Alguém aí sabe que ela se chama Av. Santos Dumont?

Vila Real As ruas do bairro ganharam nomes dos reis de Portugal. Isso porque é um dos bairros de colonização mais antiga na cidade, considerado até os dias de hoje um ‘bairro familiar’.

Barra (o bairro mais antigo) No bairro existe a Praça do Pescador, ali todas as ruas eram para ter recebido nomes de peixes. “Quase todos os nomes são de descendentes de Balthazar Pinto Corrêa, fundador da colônia de Nossa Senhora do Bom Sucesso, na Barra. Tem o Manoel Germano Corrêa, mais antigo descendente do Balthazar que a nossa geração conheceu. Ele foi o primeiro pescador artesanal de BC. Ele empresta o nome também ao Museu do Pescador, na Santur”, explicou o historiador Isaque de Borba Correa.


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Temos a única escola de cães-guia da América Latina A única escola de cães guia da América Latina reconhecida pela Federação Internacional fica em Balneário Camboriú. Há quatro anos a escola foi reativada (existia em Florianópolis e parou, por falta de recursos). Em Balneário a coisa não está fácil, entidade sem fins lucrativos e totalmente filantrópica, a Hellen Keller depende de auxílio dos governos e da inicativa privada para se manter. “O custo é alto, e a receita só com doações, não fecha”, diz João Nirto Diel, preocupado com a continuidade da iniciativa. Apesar do diferencial de qualidade, e garantia de trabalho reconhecido internacionalmente, ainda é difícil que o apoio aconteça de forma consistente. João acha que com o tempo, quando as pessoas começarem a ver com mais frequência os cães transitando pela rua, o efeito real da escola na acessibilidade do deficiente visual, a ajuda seja maior. Aqui em Balneário somente Elias Diel, o Figue, tem um cão-guia. Em Itajaí dois deficientes visuais receberam cães da escola e em Navegantes, um. O trabalho é lento, a formação do cão para o trabalho leva em torno de 15 meses. Fabiano Pereira, aqui da cidade, foi fazer o curso no exterior pela escola e é hoje o único treinador em atividade no país, com certificação internacional. Em paralelo, o Instituto Federal Catarinense (Colégio Agrícola, em Camboriú), tenta viabilizar há algum tempo, em meio a toda burocracia que existe, um curso de formação de instrutores na cidade vizinha, para tentar um efeito multiplicador na distribuição dos cães, já que a fila é grande, e a formação é demorada.

Fotos Divulgação


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Falta conscientização Parabéns pelo seu dia, Balneário Camboriú Com enorme orgulho, nós fazemos parte de sua história.

www.guiainforme.com.br | 3363.4336 Ao mesmo tempo que a escola de cães guia Hellen Keller luta para se manter com os parcos apoios que recebe, outro obstáculo acontece no dia a dia, a falta de esclarecimento da comunidade sobre as necessidades durante o treinamento e no próprio trabalho do cão. Enquanto filhote, o animal é socializado por uma família voluntária, que “adota” o cão e tem que levá-lo a todos os lugares possíveis para que ele se acostume a qualquer ambiente, som, distrações, a fim de quando estiver servindo ao cego, não se assuste nem estranhe nada. O direito de estar em supermercados, ônibus, aviões e até hospitais é garantido por lei federal, mas como é uma coisa totalmente nova, muitas pessoas reagem, e alguns com muita falta de educação, quando se deparam com a situação. João Paulo Garcia (foto), que foi socializador, conta que quando estava na rua com o cão, 50% das pessoas aprovavam, vinham perguntar, queriam saber mais, e 50% reagiam contra, brigando e até chamando a polícia para expulsá-los. Esse trabalho de conscientização comunitária é de extrema necessidade e contribui de forma significativa não só com a escola ou com os deficientes, mas para um lugar mais humano e justo para se viver.

Há 21 anos ligando Balneário Camboriú aos negócios mais importantes


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Balneário tem feira sim senhor! E não é de ontem. Não se sabe ao certo a data oficial, alguns feirantes falam em 46 anos de existência, outros em 55, mais tempo que a emancipação da cidade. Mas apesar de existir seguramente há mais de quatro décadas, ainda é pequena a parcela da população que tem a “cultura da feira” em BC. “As pessoas preferem ir ao supermercado, tem muita criança que nunca frequentou uma feira, alguns moram aqui do lado e não sabem, não vêm. É uma pena, porque ainda tentamos manter muito essa coisa do artesanal, da produção caseira, e isso a gente não acha mais em qualquer lugar”, comentou Miriam Abal, que administra o local. A feira conta hoje com 18 associados da região e a intenção é que aos poucos se limite a participação a moradores de Balneário e Camboriú. “Ainda temos os antigos de fora, mas novos só aqui da área mesmo”, diz Miriam. É aquela velha história de não dar valor ao que tem. A culinarista Pat Feldman, autora do blog Crianças na Cozinha, quando veio ministrar um curso na cidade não pensou duas vezes e levou todo mundo para a feira. Antes de ensinar as receitas, chamou a turma para escolher ingredientes frescos e sem conservantes. Adepta da comida saudável, Pat, que se criou em Balneário, mas mora em São Paulo há muitos anos, diz que é difícil achar nos grandes centros o produtor artesanal. “Existe, mas tem que procurar muito, aqui a gente tem e não valoriza”. A “feirinha de Camboriú” como era conhecida popularmente, acontece aos sábados, das 6h30 às 13h e às quartas-feiras, em versão reduzida, na Rua 200 com a Av. Alvin Bauer.

Fotos Caroline Cezar


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“...acordar cedo e botar um paletó bonito para o trabalho...” Seu Ben, 74, foi um dos primeiros feirantes. Morador dos Macacos, em Camboriú, vai só aos sábados, bem cedo (quando a reportagem chegou, por volta das 10h30, já tinha ido embora). O filho, Marcos Moreira, 40, diz que só está ali ainda por consideração ao pai. “Ah se ele não vem fica maluco, fez isso a vida inteira. Gosta tanto, acorda, põe um paletó bem bonito... e ele mesmo que cuida das coisinhas lá, planta, colhe, tem o maior orgulho”, conta Marcos, que tem outro trabalho e dispensaria “acordar no frio pra vir montar barraca na rua”. A balança ainda é a mesma e não deixa mentir sobre o tempo de feira da família. Guiomar Vieira Inthurn, do Sabor Caseiro, faz feira há 10 anos e vem aprimorando o trabalho desde então. No início ia de bicicleta, hoje está finalizando sua cozinha industrial graças ao trabalho que a deixou conhecida. “Quer ver quando a gente traz alguma coisinha pra degustação, o pessoal adora, rodeia a barraca, é um sucesso”, diz a cozinheira de mão cheia, que conta que o segredo do tempero é o amor pela profissão. “Eu gosto muito do que eu faço, gosto muito de fogão, tinha que ficar bom”, garante, experiente. Ela vende pratos congelados e prontos para servir na Rua Chapecó, 340.

Em sentido horário: a balança antiga do Seu Ben, o filho Marcos atendendo a clientela fiel e Guiomar, do Sabor Caseiro: “o segredo é gostar do que faz’.


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Feira sem pastel não é feira Feira sem pastel não é feira, e aqui não podia ser diferente. Paulinho foi criado no ambiente de feira, trabalhou em São Paulo e quando veio para Balneário começou a fazer aqui também. Ele atende durante a semana na Pastelaria do Paulinho, na Alvin Bauer, mas todo sábado faz ponto na feira, com os três tipos clássicos de pastel: carne, frango e queijo.

Tudo natural “Por que antigamente as pessoas duravam mais? Hoje as pessoas se estressam demais, precisa tomar umas coisas para tirar isso fora”. Você compra um chazinho e ganha um conselho. Tem também as tinturas, as pomadas, e outras soluções naturais para batidas,

Paulinho capricha no pastel, os três sabores clássicos.

infecção e dor de garganta. Quem sabe um preparo de argila para uma pele melhor? Quase tudo tem remédio e não precisa ir na farmácia nem gastar muito dinheiro. A Dona Loiva, que trabalhou no horto municipal na época do Raimundo Malta, entende muito de preparos naturais, chás e ervas. “Dos quatro, cinco cursos que deram fiz todos”, conta. Simpática e atenciosa, Dona Loiva faz até entrega em casa, de triciclo, quando não podem ir à feira nos dias que ela está lá (3363 1291). Mas vale mesmo é a visita na barraca, quase artística, com suas ervas e especiarias devidamente embaladas e um chazinho quente para esquentar o papo. “E depois da cantada você vai ganhar uma camomilazinha de brinde” responde ela, em agrado ao cliente que pediu um desconto.

“E depois da cantada você vai ganhar uma camomilazinha de brinde”.

Dona Loiva conhece os remédios da natureza e é excelente marqueteira.


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Ambiente intimista e o artesanal em alta: diferenciais “Enquanto Alzira conversava com a reportagem um cliente que estava com um pouco de pressa saiu andando. Ela com um olho cá outro lá não deixou passar: - Quer alguma coisa? - Ah, só queria experimentar um pedaço desse queijo. - Pega aí, nada a ver, pode pegar, esse tá mais molinho, mas cada um tem um gosto né? E esse amendoim aqui, esse tá bom, mais torrado. E assim segue, atenta, dando provinha, e comentando com propriedade sobre seus produtos a todos que aparecem ali, sem distinção. Produzida para o trabalho, bem vaidosa de batom vermelho, Alzira já está há tempo na feira, gosta do que faz e acha que ai melhorar bastante quando “mudarem para atrás do shopping”. Depois da reurbanização que a prefeitura está fazendo na Praça da Bíblia, onde construirão barracas fixas de madeira, os feirantes deverão passar a atender lá. Vai descaracterizar um pouco o ponto, mas todos comemoram o fato de não ter que chegar tão cedo para a montagem das barracas, tarefa que fica mais exigente no inverno. O ambiente da feira é “intimista”, as pessoas passam a se conhecer, conversam umas com as outras e vivem bem essa coisa de comunidade, que com o tempo vai se perdendo numa cidade que tem uma rotatividade grande de moradores. Os feirantes, com uma ou outra exceção, são atenciosos e conhecem bem os produtos, além de ótimos marqueteiros: tem provinha, brinde, desconto, agrado. A feira tem excelente diversidade, de legumes e frutas a massas, queijos, sucos, geléias, carnes, temperos, chás, comidas, entre outros produtos.

Alzira e a amiga que a ajuda há anos, simpatia e vaidade, os charmes da feirante.

Brincadeira e descontração dos feirantes na hora da foto; produtos fresquinhos da terra; o fotógrafo Xady Schroeder sempre que pode passa lá.


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BC tem... história

Homenagem do jornal Página3 a todos os personagens de Balneário Camboriú.

Marciano e Ícaro Cavalheiro, moradores da Ilha das Cabras, Balneário, década de 60


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