As águas de março lavando o coração
Foram muitos os dias que precisávamos dessa euforia carnavalesca. Primeiro para nos libertar da maldita pandemia da covid que ainda ocupava nossas preocupações. Claro que tínhamos razão. Foi tudo muito dolorido e só um evento como esse serviria para exorcizar esse fantasma. E foi um carnaval gigante em todos os quadrantes.
Pela minha narrativa emocionada você deve pensar que eu estive na frente de toda folia. Errado. Nem um dia estive nessa balburdia, mas acompanhei interessadíssimo nos canais de televisão aonde transmitisse o evento. Porque desde o início percebi que a alma das pessoas estava fazendo um descarrego a cada passo. Era alegria mas, era algo mais. Enfim, o país precisava disso.
E agora retomamos o nosso cotidiano com mais leveza, enfrentando as conhecidas dificuldades de sempre da nossa sociedade com resiliência e capacidade de resolução. Não quero dizer, contudo que a solução dos pepinos se dará, mas estaremos em
melhores condições de administrar as engrisilhas.
O reconhecimento do enorme potencial do nosso povo revelado nas musicas, nas fantasias e nos requebros, acende o sinal da tragédia anunciada que é a crescente mediocrização pela desinformação da nossa gente. A falta de uma educação qualificada, de uma atuação cultural ativa, e um programa alimentar funcional, são armas necessárias para enfrentar esse monstro.
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José Luiz de França penna Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena
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C o MU nid A de
Artesanato é tema de encontro na Vila
No dia 9 de março no Teatro Brincante, acontece o 1º Encontro da Rede CriatiVoz de ArtebilidadeConferência de Artes e Artesanato e Empreendedorismo, com palestras de artesãos e especialistas desta arte brasileira.
O evento é organizado pela Rede de Amigos CriatiVoz e segundo os organizadores, “serão abordados vários assuntos relevantes de empreendedorismo para todos os nichos do artesanato, inovação dos representantes de serviços e matérias-primas, especialistas da área de bem-estar, marketing digital e não menos importante os artesãos relevantes que inspiram e aquecem o universo do Ar-
tesanato”, afirma Álex Z, artista plástico que tem ateliê na Vila Madalena e fundador da CriatiVoz com a parceria das artistas Ivone Nery e Aládia Ruiz.
Álex Z conta que a rede foi formada através de um grupo de WhatsApp “para nos mantermos próximos, já que somos de vários estados. Criamos o CriatiVoz para valorizar e dar voz aos artesãos brasileiros. Formamos uma
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Ivone
Nery
rede de professores e especialistas das artes e do artesanato com a filosofia de inspirar os profissionais de artesanato no momento em que a arte ganha mais valorização nacional e internacional”.
Pesquisa do Sebrae de 2022, revela que são mais de 8,5 milhões de artesãos em atividade no Brasil e movimentam cerca de R$ 100 bilhões por ano. Esses artistas atuam no universo da moda e de acessórios, objetos decorativos, confeccionando uma arte exclusiva, de qualidade e consciente. A pesquisa revelou que eles são em sua maioria da região Nordeste com 37,4%, seguido pelo Sudeste 30,3, Norte 18,2, Centro Oeste 10,1 e Sul 4.
“O encontro será a oportunidade de artistas e artesãos se conhecerem e serem conhecidos pelos colegas. Além do networking, terão mais conhecimento e manter o DNA e a essência de cada um’, lembra Álex Z que cria bolsas sustentáveis.
A escolha pelo teatro Brincante, informa Álex Z, “por ser a Vila Madalena um polo
cultural e criativo. Atuo aqui há mais de vinte anos e me considero um fomentador da cultura de manualidades do bairro. Com o projeto pensado e junto com as artistas Ivone Nery (cria bonecos em EVA) e Aládia Ruiz (professora e especialista em costura criativa com material sintético) colocamos em prática e o Brincante, com sua história de luta e resistência foi a escolha ideal para o encontro.”
Estão programadas 18 palestras abordando temas variados como terapia, psicologia, inspiração, valorização do trabalho, cuidado com o bem-estar, entender as parcerias, ferramentas para diferenciar seu trabalho além de depoimentos pessoais onde o artesanato serviu para mudança de vida. O encontro é aberto a profissionais e pessoas que pretendem se tornar artesãos e está limitado a 80 participantes com ingressos a R$ 197, que podem ser comprados em sympla.com.br/ evento/1-encontro-da-rede-criativoz-de-artebilidade - conferencia-de-artes-e-artesanato-e-empreendedorismo/2339110
Para a realização do evento, a Rede CriatiVoz conta com o apoio das Frantec Máquinas, Personal Arte, Clicheria Brasil, Oficina da Costura, Embalagens Nino, apoio institucional do Centro Cultural Vila Madalena e da Secretaria de Cultura do Acre. (GA)
1º Encontro da Rede CriatiVoz de Artebilidade Conferência de Artes e Artesanato e Empreendedorismo
Dia 9 de março, das 9 às 20h
Teatro Brincante
Rua Purpurina, 412, Vila Madalena Instagram.com/amigoscritivoz
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Álex Z em seu atelier na Vila Madalena
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ESPAÇO J.R. CABELEIREIROS, o ESPAÇO do BETO SILVEIRA
O Espaço J.R. Cabelereiros, em 36 anos de trajetória vem deixando um legado por onde passa. Vindo do interior (Garça), chegou em 1991 em São Paulo diretamente na Vila Madalena onde permaneceu por 11 incríveis anos. Saindo da Vila em maio de 2002, partiu para o bairro de Alto de Pinheiros onde fará 22 anos em maio próximo. Um cara que ama ver o sorriso no rosto das pessoas encontrou em sua profissão (que ele chama de hobby remunerado) uma forma de produzir tais sorrisos com sua criatividade, empenho e paciência. Já participou de feiras da Hair Brasil, já se apresentou em eventos de cabelos, produziu e coreografou desfiles, participou de concursos de cabelos, já ganhou concursos, enfim, é um cara que ama o que faz e nasceu para tal.
Espaço J.R. Cabeleireiros
Rua Pio XI 2068-Alto de Pinheiros (WhatsApp) 11 981646402
@espacojrcabeleireiros
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Beto Silveira
CASA E ESCRIT ó RIO
Papelaria e ótimas opções de presentes
Com uma história que superou 22 anos de atividades, a Papelaria do Tio é uma referência na Vila Madalena e região em itens de papelaria e presentes para todas as ocasiões.
“tudo começou”, conta a empresária Angelina morais, “por sugestão do meu tio manoel rodrigues. fundamos a papelaria e desde o início foi além dos produtos típicos de uma papelaria (lápis, canetas, cadernos...). trabalhei no ramo de decoração e inclui opções de presentes.”
Desde o começo, a papelaria do tio tem serviço de fotocópias e de embalagens de papel e caixas para
presentes. “fui pioneira em incluir este serviço e um setor de presentes diferenciado”, diz Angelina.
na papelaria do tio, tem os itens típicos de uma papelaria como canetas, lápis, cadernos, mochilas, papéis especiais e materiais para desenho, assim como tintas, guaches, aquarelas, pinceis. “Agendas moleskine e cícero estão entre os itens bem procurados pelos nossos
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clientes e sempre estamos antenados nas novidades que o setor produz constantemente, nacional ou importado”.
Angelina trabalha com as melhores marcas do mercado e faz um elogio à indústria brasileira. “ n ossa indústria é referência internacional, tem muita criatividade, qualidade e nada deve aos importados”. entre as marcas da loja, a empresária destaca a tilibra, cícero, teca, paper blanc, carand’Ache, lamy, crown, faber castell, uniball e outras.
Apesar da vida conectada aos celulares e outras mídias eletrônicas incorporadas, Angelina garante que o papel “não saiu de moda, pelo contrário. e tanto para os mais experientes como os jovens, todos continuam fiéis ao papel, a caneta ou lápis”.
Durante a pandemia, Angelina lembra que os negócios tiveram uma retração e deram uma recuada e o delivery foi ativado. “As pessoas ficaram em casa trabalhando e nos adaptamos para continuar com as atividades”. Hoje, lembra que a compra presencial voltou ao que era. e a clientela não se restringe à Vila
madalena e região, “temos clientes de toda a cidade e dos bairros que nos cercam como perdizes, pinheiros, Alto da lapa. pela variedade e pelos preços justos.”
“temos opções de presentes para todo o ano. nas datas comemorativas como natal, carnaval, páscoa, Dia das mães e pais, Dia das bruxas/Halloween, ampliamos as ofertas com as peças tradicionais e as novidades que o mercado sempre está criando”. e destaca que seu diferencial “é o nosso atendimento atencioso e o cliente tem todas as orientações que precisa para realizar a compra”.
para o Dia internacional da mulher e a páscoa, a papelaria do tio oferece muitas opções. Desde os tradicionais cartões às velas aromatizadas da lenvie e também presentes diferenciados. para a páscoa, a loja tem opções como a embalagem em formato de ovo, ‘recheada’ com ovos de chocolate da la Sienna e outros mimos a escolha do cliente para presentear alguém querido. (GA)
Papelaria do Tio
Rua Isabel de Castela, 144, Vila Madalena
Telefones 3032-1575 e 99988-8003 (Whats) www.papelariadotio.com.br instagram @papelariadotio
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22 anos de presença na Vila Madalena
Páscoa recheada de opções para presentear
CO m ER E BEBER
Qualidade em pratos japoneses
Em novo endereço na Vila Madalena, buscando expandir suas operações, o restaurante Porque Sim traz uma tradição de mais de 20 anos na culinária japonesa.
À frente da nova unidade está o empreendedor mario K Jr. “utilizo minha experiência em administração e planejamento de empresas e novos negócios. Depois de muitos anos no mercado corporativo, decidi que era a hora de partir para um novo negócio”.
Antes de chegar ao atual endereço no coração da Vila madalena, a cozinha do porque Sim atendia exclusivamente ao delivery em pinheiros (a 800 metros de nosso novo local). “crescemos e precisávamos de um espaço maior. minhas pesquisas re-
velaram que o bairro de pinheiros e arredores têm um público seleto de formadores de opinião e relevantes. Depois de muito procurar, encontramos um novo imóvel e após uma breve reforma, instalamos uma nova cozinha mais bem estruturada. neste novo local reiniciamos, dando continuidade em nossa operação atendendo pelo delivery”.
contudo, mario informa que o público poderá em breve conferir e saborear os pratos do porque Sim no próprio restaurante. “Serão 32 lugares para atender ao público em
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Tonkatsu teishoku
um ambiente familiar, aconchegante e com as mesmas receitas originárias do Japão, proporcionando uma comida de qualidade e preço justo.”
o cardápio japonês tradicional do porque Sim de pinheiros-Vila madalena “é realizado com as mesmas receitas do restaurante da liberdade”, garante mario. para garantir a qualidade dos pratos alguns membros da equipe da cozinha, experientes e conhecedores das matérias-primas e tempero típicos, já trabalharam nos dois restaurantes.
entre os itens mais pedidos pelo delivery, mario destaca: as quatro opções de karê, um dos mais populares pratos da culinária japonesa. Karê é literalmente a tradução do curry e tem um sabor picante, sem exagero. no porque Sim o prato pode ser servido acompanhado de empanados de carne bovina ou su-
ína (Gyukatsu ou tonkatsu) ou camarões (ebifurai) ou frango (Karaague). o karê é um cozido com pedaços de carne bovina e legumes como cebola e cenoura e servido com arroz, salada, fukujinzukê (tipo de conserva) e missoshiru, a deliciosa sopa de pasta de soja com tofu e cebolinha.
outra sugestão é o teishoku. no porque Sim, o cliente pode escolher as diversas opções: carne suína (tonkatsu), peixe (fishfurai), frango empanado (Karaague), refogado de legumes (Yasai), guiozas, dentre outras. Acompanham arroz, salada, tofu, harusame (macarrão de feijão verde), sunomono e missoshiru. Há opções para os vegetarianos.
o lamen ou ramen, prato muito consumido por quem gosta da culinária japonesa também está no cardápio do porque Sim, em quatro sugestões. “A massa vem com shoyu e tonkotsu importados do Japão”, acrescenta mario. o cardápio do restaurante tem Yakisobas e Domburis por exemplo. É uma viagem ao Japão sem sair da Vila madalena.
o porque Sim atende diariamente no delivery através do ifood das 11 às 16 h e das 17h30 às 22h30. o atendimento no salão será das 12 às 15 h e das 18 às 22 h. repetindo o sucesso de 20 anos do porque Sim da liberdade. (GA)
Porque Sim Pinheiros-Vila Madalena
Rua Wisard, 88, Vila Madalena
Telefone 99455-4933 (Whats)
@restauranteporquesim_pinheiros
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RESTAuRAnTE
Karaaguedon
In memorian de José Eduardo de Souza
Cafezinhos na madruga
por Pedro Costa
A ausência de bares noturnos na Vila madalena, em São paulo era terrível. Digo no final da década de 70, começo de 80. ou íamos para o Sujinho da mourato ou no bartolo da fradique. então para variar saíamos da Vila quando as portas destes bares abaixavam e na certeza de que o riviera na consolação estaria aberto. A via sacra começava. De lá, eu e meu amigo Zé eduardo, descíamos pela consolação, filávamos umas pipocas do Valdemar, eterno pipoqueiro do cine belas Artes. logo à direita o boteco mais sujo do mundo, o primeiro 24 h de Sampa, o querido Day After, onde se tomava o delicioso caldinho de mocotó, era comum encontrar por lá o cartunista Glauco e o primeiro ex-futuro hippie cosmos, com seu um metro e meio de altura e um e quarenta de barba, erguendo a sua bengala anunciando o apocalipse.
era preciso atravessar a consolação para ver o seu Antonio, dono do Sujinho-mor. o gostoso e alegre bar das putas. encher o seu Antonio era tão bom porque ele respondia a todas as provocações que fazíamos: - toninho Salazarista, mais uma cerveja! o caixa, de onde ficava era ao lado da vitrine de salgados sem o tampo de vidro de cima. As salsichas ferviam levemente no molho de tomate e era comum caírem às moedas menores sobre as salsichas ao molho, que atravessavam entre os dedos do seu Antonio, devido à artrite que o maltratava além dos “insultos afetivos” que ouvia. A cada troco, mais mer-
gulhos de moedas parecia mais a fonte dos desejos da itália do que salsichas ao molho. este era o Sujinho, depois vendeu o lugar e virou bisteca De ouro, perdeu o encanto.
era necessário seguir, a madrugada nos convidava. Do mesmo lado, descendo a avenida estava à pizzaria Zi tereza. não era preciso entrar. o cacá ceará, o generoso pizzaiolo, fazia malabarismos com os discos de massa, a vitrine era no limite da calçada. Ao lado o corredor de entrada com uma pequena boqueta no vidro, de onde o nosso amigo nos lançava umas azeitonas. tomávamos a saideira no redondo, em frente à igreja da consolação.
chegava a hora do retorno. Agora tudo fechado. Saltávamos do ônibus em frente ao boteco Day After. A última. Dali só faltava ir dormir o pouco que ainda restava da noite. Antes do café: o Zé eduardo descobrira a mamata. o café lá era fresquinho e tinha a toda hora, segui o Zé. Que bar seria aquele? e além do mais de graça, no Vasco? o Zé entrou. eu parei com a boca aberta. - Venha, disse: - faça cara de triste, um não com a cabeça, e tente chorar.
era no velório da Dr. Arnaldo. não acreditei. começou a fazer parte do roteiro, escolher o andar onde o velório era mais recente fazer o sinal da cruz e tomar o cafezinho quente, depois era só descer a cardeal Arcoverde, entrar na belmiro braga, estávamos de volta a Vila, à vida.
CRÔnICA 30 pedrocosta.pira@uol.com.br