3 minute read

Uso residencial domina área construída na região

Mais de 65% da área construída na cidade têm uso residencial. Isso é o que mostra um estudo elaborado pela Coordenadoria de Produção e Análise de Informação (GEOINFO) da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL). Os bairros sob jurisdição da Subprefeitura Lapa acompanham essa tendência, com um número bem maior de lançamentos residenciais do que comerciais.

Advertisement

Uma grande área verde com mais de 16 mil metros quadrados de extensão, a Praça Marechal Carlos Machado Bittencourt, na Água Branca, deverá começar em junho a ser transformada no primeiro Clube Desportivo da Comunidade (CDC) de São Paulo a ser construído seguindo um projeto especialmente voltado para o uso esportivo. Além de um campo de futebol, o novo espaço contará com salão multiuso (que poderá ser usado para a prática de diversas atividades esportivas), vestiário, lanchonete e com um parque infantil.

Com o projeto já aprovado, o secretário adjunto de Esportes e Lazer da Secretaria Municipal de Esportes, Claudinho de Souza, explica que a Subprefeitura Lapa espera apenas a liberação dos recursos pela Secretaria de Finanças para autorizar o início das obras. Quando as obras estiverem concluídas – o que deve acontecer cerca de 250 dias após o início da construção -, o espaço será entregue pela sub à Secretaria de Esportes, que fará a cessão de uso para a constituição do CDC.

“Será um benefício enorme para a população, que ganhará um espaço totalmente estruturado para atender às demandas de esporte e lazer”, afirma o secretário adjunto. “Os demais CDCs da cidade foram construídos sem planejamento, com espaços sendo erguidos uns depois dos outros, como se fossem puxadinhos”, descreve. Segundo ele, não haverá perda da área verde existente no local, já que o projeto prevê a manutenção de uma parte das árvores e o remanejamento, dentro da mesma área, das demais.

“Essa praça, hoje, é um espaço mal frequentado, sendo inclusive ponto de encontro de viciados. A ideia é a prefeitura entregar um espaço requalificado, que poderá ser usado pela população em geral e pelo time do Esporte Clube São Bento do Piqueri, que por conta das obras da alça de acesso da ponte ligando o bairro à Lapa, ficou sem local para treinar”, explica.

Contrário à mudança de uso do local, o Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz – CADES Lapa afirma que o projeto não passou por consulta pública, como determina a lei. O conselho destaca que a praça tem uma grande importância ambiental, por estar em área permeável, e por isso deve ser preservada. E alerta, ainda, “que uma praça pública não deve ser cercada, mas isso vai acontecer no local, já que o projeto prevê a construção de vestiários e banheiros”.

Para chegar a essa conclusão, os técnicos da GEOINFO analisaram dados do IPTU para o ano de 2021. Entre os principais resultados, o estudo sinaliza que a cidade possuía, em 2021, 547,4 milhões de m² de área construída. Deste total, 65,8% apresentavam uso residencial, com destaque para o “Uso Residencial Vertical Médio Padrão”. Somados, tipos de comércio e serviços detinham 22,5% da área construída. Os 11,3% restantes se dividiam entre indústrias, usos especiais, usos coletivos, escolas, armazéns e depósitos e garagens não residenciais. No levantamento é possível identificar, por exemplo, que o “Uso Residencial Vertical Médio Padrão” está presente em todas as regiões da cidade, mas com maior concentração no centro expandido; o “comércio e serviço horizontal” aparece com frequência na porção leste da região central (distritos de Pari e Brás); o “uso industrial” é predominante às margens do Rio Tietê -- em sua porção oeste --, no eixo do rio Tamanduateí e nos distritos de Santo Amaro e Campo Grande, na região sul, e as “garagens não residenciais” são visíveis em distritos da região central e entorno.

A arquiteta e urbanista Lígia Rocha chama a atenção para o fato de que a região da Lapa, Leopoldina, Perdizes e Pompeia, embora acompanhe a tendência de ter grande parte dos imóveis com uso residencial, apresenta diversas áreas de uso misto, nas quais se misturam re- sidências, comércio e serviços. “O Plano Diretor vigente estimula os usos não residenciais no térreo e isso é bastante interessante. As cidades – ou áreas - de uso misto são locais onde circula mais gente na rua durante o dia e à noite, sendo, portanto, mais seguras”, explica. Já a presença dos bairros jardins, como o Alto da Lapa, também tem sua importância, segundo Lígia, pois embora não sejam bairros mistos e sim zonas estritamente residenciais, prestam um grande serviço ambiental para a cidade. “Falando aqui da região, o Parque da Lapa também é outra área bastante interessante. Apesar de ser residencial, não tem a característica de bairro verde como o Alto da Lapa, mas contribui para essa diversidade saudável para o território”. Segundo a arquiteta, a pluralidade de formas de ocupação da cidade é que a torna um espaço mais democrático e melhor para se viver. Por isso, ela ressalta, é importante dinamizar os usos nas áreas em que isso é permitido. “No entorno da Ceagesp, por exemplo, seria interessante ter mais edifícios de comércio e serviços, para que a região ofereça mais oportunidades de empregos e permita que outras classes sociais circulem por ela”, explica.

This article is from: