eDitorial
Edição 15
Salve salve! Páginas vazias número 15 chegando, após um ‘pequeno período de férias. continuamos com 40 páginas, tiragem de 2.000 cópias, novas colunas, novos colaboradoes, site bombando... enfim, as coisas estão acontecendo, e tudo graças ao empenho e correria da equipe e de toda a família de colaboradores que faz o pv seguir em frente. obstáculos existem? sempre. dificuldades? várias. nessas horas o que você faz? Eis a situação: dois ratos são jogados em um balde de leite. o primeiro não demonstrou muito esforço, desistiu facilmente e logo se afogou. O segundo, bem, esse se esforçou ao máximo, nadou com todas as suas forças, conseguiu transformar o leite em nata e saiu do balde. o páginas vazias é como o segundo. qual dos dois é você?
por Marco henriques
Equipe Páginas Vazias: Marco Henriques - markopaulo3@hotmail.com Marcelo “Pudim” Marques - pudimsk8@hotmail.com Manu Henriques - ugangabr@hotmail.com Conecte-se com o Páginas Vazias: www.paginasvazias.com.br | paginasvazias@gmail.com.br | www.myspace.com/paginasvaziaszine Colaboradores nessa edição: Ana Cecília (revisão ortográfica), Estéfani Martins, Guilherme Miranda, Eddie, Eliton Tomasi, Ana Paula Rios, Adriano ONIO, Breno Agelotti, Chelo, Gabriel Stonewood, Junão e José Eduardo. Capa: Marco Henriques *Colunas assinadas por colaboradores não refletem, necessariamente, a opinião do Páginas Vazias Zine.
Rock and roll amplificado! É assim que os pernambucanos do AMP se definem. Com pouco mais de dois anos de estrada, a banda, composta por 2 ex-integrantes do Astronautas, já passou pelos principais festivais do país como Goiânia Noise e Abril Pro Rock e, recentemente, lançou seu primeiro álbum, Pharmaco Dinâmica (Monstro Discos). Aqui vocês conferem o que esses roqueiros andam ouvindo ultimamente.
THE BEATLES - White Album SMASHING PUMPKINS - Siamese Dream NIRVANA - In Utero
Djalma (guitarra/voz)
by Sexy EAGLES OF DEATH METAL - Death ility Visib High HELLACOPTERS s For QUEENS OF THE STONE AGE - Song The Death Crika (bateria)
www.myspace.com/amprockrecife
timbres de guitarra rock and roll e bateria HELLACOPTERS - By The Grace of God - “Melhores insana. Foda!” Goiania Noise, som pesado e que faz bem.” BLACK MOUNTAIN - In The Future - “Descobri no 14º r CD do Strung Out na minha opinião, os riffs de STRUNG OUT - Element of Sonic Defiance - “O melho Capivara (guitarra/voz) bateria são fodaços!
Música imprevista
brasileira
Há algumas semanas, em uma das minhas regulares viagens de carro, ouvia para não pegar no sono um clássico do Sepultura, o ‘Roots’, disco fundamental da banda mineira que unia o metal a percussões indígenas e africanas. Enquanto isso, pensava de onde poderia ter nascido essa coragem inovadora de levar o berimbau, Carlinhos Brown e índios Xavantes para o muitas vezes sectário universo do Metal. Numa volta às origens do estilo, ao sagrado Black Sabbath, ou mesmo antes e depois deles, não conseguia ver inspiração para a revolução proposta pelo Sepultura neste disco de 1996. Ao longo da audição do disco, lembrei-me de alguns debates que havia participado sobre a Tropicália e em função deles e de muitas leituras sobre o assunto feitas no ano de 2008, pude entender a extensão da influência desse movimento nascido da união improvável entre ritmos populares brasileiros (samba, maracatu, embolada, etc.); música pop norte-americana e inglesa, em especial os Beatles e seu Sargent Pepper’s; canção de protesto e antropofagia. Nesse momento, fim da década de 1960, a música popular brasileira vivia uma ebulição jamais vista tanto por causa do início do reconhecimento pelos jovens dos ritmos fundadores de nossa tradição musical como do estabelecimento de canal de comunicação mais rápido e dinâmico com o que acontecia fora do Brasil, desta festa de estímulos nascem músicas de absoluta
Coluna de um ouvinte dedicado da música negra. Aquela... que pariu o rock que forjou o metal pesado com que se fez – bem no centro do que é rápido e visceral - o som feito morte, feito pancada, feito demônio, feito lixo, feito tristeza que nos fez e nos faz ficar batendo cabeça pelas quebradas. Por Estéfani Martins
ousadia estética, por que não política, como Batmacumba. ‘Roots’ é filho torto dessa ousadia, que, aliás, revolucionou a música eletrônica, inspirou o Manguebeat, ou seja, ensinou a todos misturar ritmos sem culpa e sem preconceito. O legado especialmente do disco “Tropicália ou Panis et Circensis” é ter feito a cultura brasileira aceitar definitivamente a origem étnica miscigenada que a determinou, mais do que aceitar, usar com dignidade e de forma criativa o fato de termos nascido em um país de paradoxos e amalgamas, os quais justamente são a base de nossa cultura musical desde então. Apesar de recebido à época com certa resistência pelos fãs, o disco ‘Roots’ fundou-se como uma linha divisória na história do Metal e influenciou não poucas bandas posteriormente. Cumpriu, assim, uma função de norte, de orientação para a música feita neste planeta, como, aliás, outros discos antes dele: ‘Canção do amor demais’, Elizeth Cardoso; ‘Coisas’, Moacir Santos; ‘Tábua de esmeralda’, Jorge Ben; ‘Mutantes’, Mutantes; ‘Secos e Molhados’, Secos e Molhados, ‘Da lama ao caos’, Nação Zumbi; entre felizmente tantos outros. Eis os arquitetos da música brasileira, mais... da música mundial. Estéfani Martins, professor de Redação e Atualidades do INEICOC, coordenador da CCCult, produtor cultural, gaitista amador, palestrante nas áreas de cultura e multimeios.
O Paura já é uma banda de grande renome no cenário nacional de música pesada e, recentemente, atravessou o Atlântico pra mostrar à Europa o que faz desses paulistas uma das bandas mais promissoras do Hardcore/Metal nacional. O Páginas Vazias bateu um papo com Fábio, vocalista da banda, sobre como foi essa viagem e quais os planos da banda pra 2009. Enjoy! por Marco Paulo Henriques
Recém chegados da primeira tour na Europa, qual a impressão final de todo esse rolê? Missão cumprida? Alguma história bizarra pra contar? Foi memorável. Uma experiência ímpar mesmo. A Europa realmente é foda! Passamos por 11 países, tocando todos os dias, conhecemos muita gente boa, muitas bandas boas, fizemos bons contatos. Enfim, como dizíamos durante a tour, o importante é que “absorvemos a cultura local” (risos). Vamos voltar o mais breve possível. Agora histórias bizarras tem um monte! A mais bizarra, no sentido ruim da palavra, sem dúvida foi em Timisoara, na Romênia, quando tivemos que encerrar o show pela metade porque uns nazistas jogaram gás de pimenta dentro do pico, em virtude de uma treta que tá rolando lá há tempos com os Antifa locais (que organizaram o show). Essa foi uma situação bem ruim. O mais estranho foi ver a cara de mexicano dos nazis e saber depois que eles são ciganos ou descendentes que tem fortes laços com a igreja católica ortodoxa da cidade. Uma merda sem fim. Foi a primeira vez na Europa, mas não a primeira tour estrangeira. Vocês já rodaram pela América do Sul também. Como vocês comparam o cenário de música alternativa nos dois continentes? Lá na Europa tudo é mais estruturado que aqui. Mas o que
mais “estranhamos” foi o respeito com que qualquer banda é tratada lá. Comida, bebida e lugar pra descansar/dormir são obrigatórios. A gente chegava em cada show e os organizadores já tinham tudo pronto à vontade da(s) banda(s). Esse respeito que os europeus tem com qualquer banda, aqui na América do Sul ainda é só para alguns, infelizmente. Como foi a receptividade? Rolou algum tipo de preconceito por serem brasileiros? Em nenhum momento senti preconceito por isso. Pelo contrário, todo mundo quer saber como é, como está, o que se faz no Brasil. Nosso país ainda exerce um certo “fascínio” entre os europeus, principalmente no leste, onde passamos a maior parte do tempo. Andei conversando com o Leandro, que fez o show de Winterthur (Suíça), e ele me disse que as pessoas elogiaram muito a banda, destacando o “baterista insano” Henrique. Alguma lembrança desse dia em específico? Winterthur foi nossa casa por dois dias na tour. E foi justamente quando tinhamos terminado a 1º parte com os franceses do In Other Climes e seria o primeiro show com os italianos do Straight Opposition, no dia seguinte que chegamos ao squat. Ficamos 2 dias lá com o Leandro, esse mano é gente
finíssima. Nos acolheu, nos apresentou o pessoal do squat e organizou o primeiro show da tour com os italianos, lá no próprio squat. Essa experiência na Suíça foi um dos destaques da tour. Dentre as bandas que vocês conheceram, quais vocês indicam aos nossos leitores? De cara posso recomendar as 2 bandas que nos acompanharam na turnê: o In Other Climes, da França, e o Straight Opposition, da Itália. Outras que tocaram com a gente e eu achei boas são o Forgiveness Denied e o Türéshatár, da Hungria, o BloodHunt, da Croácia, o Bu-By, da Lituânia, e os americanos do Die Young (que estavam em tour com os brasileiros do Confronto). E o que você anda ouvindo ultimamente? Eu tenho ouvido muito rap (Kamau, Ill Bill, Control Machete,
Elo da Corrente...) e os últimos do Napalm Death e do Extreme Noise Terror que tão foda pra caralho. Além de Cephalic Carnage, Eu Serei A Hiena, Trap Them, No Turning Back, Straight Opposition, e minhas últimas descobertas (eu não tinha gostado de ambas quando escutei pela primeira vez e agora eu acho cabulosas), Mastodon e Neurosis. Os fanzines e revistas estão migrando cada vez mais para as edições online, abandonando a versão impressa, assim como o MP3 reduziu a produção de CDs. Vocês vêem isso como algo positivo ou negativo? Marcão, eu vejo como uma mudança e, se é bom ou mal, só o tempo vai dizer. O que acho fundamental é que as pessoas envolvidas com zines, impressos ou não, continuem com o trabalho independente do formato. Pra quem curte música o trabalho dos zines é primordial, porque é onde encontro algo que realmente vale a pena ler e debater. As grandes revistas de música estão cada dia mais superficiais. Portanto, como eu disse, sem importar o formato, minha esperança é que as publicações independentes continuem vingando, pois é onde eu sei que vou encontrar informação e, o mais importante, conhecimento de quem realmente sabe o que faz.
E vocês acham que ainda é viável pras bandas independentes prensarem CDs ou a solução é a divulgação digital? Dentro do conceito da resposta anterior, também acho que a midia é incapaz de “matar” a música. Hoje, obviamente, é imensamente mais viável, em termos de custo, lançar sua música na Internet. Mas, particularmente, ainda acho que lançamentos em CD são importantes. Hoje, vejo que a melhor maneira de lidar com isso é usar as duas opções em conjunto, uma completando a outra, e não uma confrontando com a outra. Não vejo esse lance como “ou CD ou Internet”. Acho que com um pouco de criatividade, dá pra usar o CD e a Internet a favor da banda. Temos inúmeros exemplos disso, do novo do Eu Serei A Hiena ao último do Metallica. Ou seja, não é uma questão de tamanho ou alcance
da banda e sim de quanto a banda é criativa pra continuar divulgando seu trabalho. Mudando de assunto. E toda essa esperança em cima do Obama? Você realmente acha que ele pode ser uma “salvação”? Não diria salvação, mas para uma mudança fundamental de comportamento e pontos de vista, eu acho que ele tem um peso sim. O problema é que a engrenagem é desumana e funciona pros mesmos de sempre. O Obama assumiu como uma resposta a muita coisa e ganhou de “presente” a pior crise financeira da história dos EUA. Isso não é coincidência. Ainda acredito que ele possa realmente mudar muita coisa pra melhor, mas não vai ser fácil como muita gente imaginava. E os planos pro futuro? O que podemos esperar do Paura pra 2009? Continuamos nossa correria de sempre. Estamos compondo material novo, fazendo shows, vamos fazer a tour brasileira dos holandeses do No Turning Back em março, a do Reason To Kill e do In Other Climes em abril/maio, estamos marcando uma nova tour na Europa pra 2009 mesmo, tentando contatos pra firmar uma tour pelos Estados Unidos, e tentando voltar ao Chile, Argentina e Equador (e quem sabe esticar até
Colômbia, Venezuela e Peru). Os planos basicamente são esses. Resta saber se tudo acontecerá (risos). Mas continuamos querendo o mesmo de sempre: tocar. Em quanto mais cidades, melhor. Pra finalizar, espaço aberto pra vocês se comunicarem com os leitores do PV. Valeu quem leu a entrevista até aqui. Continuem acompanhando o trabalho do Páginas Vazias e do Paura. Temos orgulho de estar sempre juntos desse pessoal. Valeu mesmo. Um grande abraço a todos, em especial pra banca do PV, do U-Ganga e da Incêndio Discos. Nos vemos em breve na pista. Quem tiver interesse em ler o diário de bordo da tour: http://pauratourreporteuropa.wordpress.com Valeu! Se cuidem e lembrem-se: Ainda somos os homens contra os tanques! Vida Longa!
www.myspace.com/paura3rdworld
por Ana Paula Rios Moda e música sempre caminharam juntas. Um bom exemplo disso foi a primeira edição brasileira da revista Rolling Stone, com Gisele Bündchen na capa. Moda e música sempre estiveram diretamente relacionadas. A trilha sonora de um desfile é responsável por transmitir o clima da coleção. Um bom exemplo disso é a banda belga Vive la Fetê, amada pelos fashionistas e trilha sonora certeira dos desfiles da Chanel. Artista e bandas sempre ditaram tendências que são seguidas pelo público. Uma das referências mais importantes é a Madonna. A existência dela no reino fashion está intimamente ligada aos estilos musicais que ela produz e, assim como a moda, sofre as transformações desses conceitos e momentos. Na moda brasileira temos os integrantes da banda paulista Stop Play Moon, que tem atraído seguidores com sua sonoridade lo-fi. A moda teve influência no surgimento de vários movimentos musicais, como o movimento Punk. O estilo surgiu como um ato de repulsa dos jovens ingleses à indústria de confecções
que não os empregava. Estes passaram a usar roupas sujas e rasgadas em atitude de desprezo. No entanto, esse movimento acabou por criar um novo padrão visual, adotado pela indústria da moda e por outros grupos de classe alta e média que em nada tinham a ver com o desemprego dos ingleses. O estilo Punk passou a ser considerado conceito de bem vestir, independente da ideologia inicialmente ligada ao movimento. Tanto na moda quanto na música a busca de identidade ocorre quando o indivíduo não toma pra si um padrão vigente, mas imprime sua marca pessoal, suas características de gosto e seu conceito de harmonia e de belo. Novas propostas são produzidas no momento em que se exercita a capacidade de filtrar as tendências e transformá-las. É o que chamamos de estilo. Esse não rompe abruptamente com o passado, ao contrário, busca nele referências para legitimar o NOVO.
Ana Paula Rios é artista plástica, professora do curso de Design de Moda da Unitri, designer da marca Ateliê Halo, produtora de moda e cultural, além de integrante do Coletivo de Moda Goma.
SEU JUVENAL Uberaba - Ouro Preto (MG)
Mais uma vez cá estou pra escrever sobre meus amigos do Seu Juvenal, que conquistaram a primeira promoção “Garagem BANDA VENCEDORA Páginas Vazias” (concorrendo com outras 4 bandas de responsa, diga-se de passagem) e com isso ganham mais um espaço em nossa querida publicação alternativa. Ao invés de reescrever o release dos caras, com outras palavras, vou tecer algumas considerações acerca do som desses malucos de Uberaba (hoje radicados em Ouro Preto, com exceção do baixista Tito que ainda mora aqui em Uberara). O Seu Juvenal veio das cinzas do Donátilas Rosário, uma banda de Punk experimental que existiu aqui na zebulândia em meados dos anos noventa (e que por sua vez teve suas raízes no D.O.T., que já contava com os “irmãos Zaccarias”, Edinho e Renato). Desde a fase “power trio soco na cara” do D.O.T., passando pelo experimentalismo coletivo dos Donátilas, até chegar na banda atual (que inicialmente era um sexteto mas agora se estabilizou em quarteto), esses inquietos
músicos vem aprimorando sua fusão de Punk, Hard Rock anos 70, Heavy Metal, bandas da década de noventa, em especial o Sonic Youth e um bem-vindo tempero da MPB mineira, que passa longe das bandas papocabeça que infestam a cena hoje em dia. Enfim, é Seu Juvenal, e quem conhece sabe do que falo. Se não conhece tá na hora! Ainda como sexteto lançaram, de forma independente, seu primeiro CD oficial “Guitarra De Pau-Sêco” (2004) produzido por Ronaldo Gino (ex- Virna Lisi) e que trouxe boa divulgação ao grupo abrindo as portas para participações em vários festivais. Mas é no novo traballho, “Caixa-Preta” (2008), que a banda realmente mostra toda sua força. Contando hoje com Bruno (Voz), Edinho ‘Zacca’ (Guitarra e vocal), Tito (Baixo) e Renato ‘Zacca’ (Bateria), o Seu Juvenal atravessa sua melhor fase, ao menos até agora, apontando para um futuro ainda mais promissor, que com certeza virá! por Manu Henriques Dá-lhe Nosferatu!
www.myspace.com/seujuvenal
LeitURA
Caras dessa idade já não lêem manuais
Integrante da banda de hard core Jason, jornalisa e proprietário do selo Tamborete, Leonardo Panço também se arrisca como escritor. Seu segundo livro, ‘Caras dessa idade já não lêem manuais’, é um conjunto de crônicas e pensamentos em que o autor relata suas viagens à Europa e seus pensamentos: passando do “normal” aos mais insanos. ‘Caras dessa idade não lêem manuais’ é um livro em que o leitor pode esperar de tudo um pouco. Mais parecido com um diário do que propriamente um livro, aliás, quem disse que diário não pode virar livro? Ao ler conto por conto chegamos à conclusão do título do livro; experiências, amizades, dificuldades e muita diversão nos mostram que para dispensar manuais primeiramente necessitamos de todas essas relações agindo conjuntamente e, consequentemente, você cria suas próprias regras. E é com esse viés que Panço nos mostra a essência do “faça você mesmo”. Escrito em primeira pessoa, a sensação é de que você escuta a voz do próprio autor narrando suas aventuras. É uma leitura fácil, que fica sempre a pergunta: será ficção? Ou essas loucuras existiram mesmo? Para quem curte crônicas e contos, vale a pena conferir. por Marcelo ’Pudim’
BANDA VENCEDORA
MAS NOTICIAS por Eddie (eddie.pv@bol.com.br)
DIGA NÃO ÀS DROGAS Li uma notícia recentemente que me deixou muito preocupado, uma das minhas bandas favoritas, falo do Black Rebel Motorcycle Club, lançou um disco instrumental e eu nunca espero algo bom de um disco instrumental (sim, sou preconceituoso), mas precisava conferir este. The ‘Effects Of 333’ (lançado apenas na internet), como eu previa, é horrível, um dos piores discos da história, um álbum feito de ruídos provavelmente gerados em sintetizadores ou equipamentos estragados, às vezes aparecem sons de guitarra e violão que também podem ser considerados ruídos, não passa disso. O disco incomoda. Espero que isto sirva de lição para muitos, o uso excessivo de drogas pode ser muito perigoso, começa assim, você lança um disco instrumental só com ruídos bizarros e desconexos e acha isso tudo genial (o público cult certamente vai concordar porque ele sempre gosta das coisas mais irritantes e comercialmente inviáveis), em pouco tempo você estará comprando discos de Reggae, falando de um cara que se chama Jah que nem existe, usando “jóias” produzidas artesanalmente por hippies
inconvenientes e freqüentando cachoeiras. Eu nunca entendi esse fascínio por cachoeiras, a água é gelada, tudo faz coçar, tem milhões de pedras pra você pisar e se machucar e insetos asquerosos por toda parte. Capa - ‘Effects Of 333’ Sei que tudo isso é assustador e parece impossível piorar mas quando você menos esperar, estará em uma rave usando óculos de sol e segurando uma garrafa d’água enquanto dança. Pode começar a se preocupar se chegar a este estágio porque ele te levará a locais inóspitos só para ver um cara com um fone de ouvido na cabeça colocar um CD pra tocar. Esse cara com o fone de ouvido na cabeça é conhecido como “DJ”, tudo o que ele faz é levar um cd com uma música eletrônica bem repetitiva, o mesmo, portanto, deixa essa música tocar por umas 3 horas sem interrupções, depois disso ele se retira pra que outro DJ faça o mesmo. O pior disso tudo é que esse tipo de evento costuma durar dias, você é obrigado a dormir em uma barraca, tomar banho de água fria em público e ver todos fazendo exatamente o mesmo. É um pesadelo, mas ainda não é onde tudo termina, você saberá que chegou ao fim da linha quando finalmente for a um show do Teatro Mágico por livre e espontânea vontade. Cuide-se, diga não às drogas.
RIO DE JANEIRO (RJ) Fechando a seção bandas vencedoras da Garagem PV, temos esses malucos do Halé, banda que surgiu em junho de 2002. “A barulheira era feita num barraco de madeira, tocando com os piores equipamentos possíveis trazidos num carrinho de mão por uns 200m de distância. Daquele barraco deveriam aparecer bambas do samba, mas o que saiu e entrou pelos ouvidos alheios mais pareciam fantasmas do Bad Brains e Black Flag. Mas era só o Halé, na sua forma mais sincera que é tocar e se divertir. Músicas com uma rapidez urgente + um vocal esganiçado e debochado + coros! E isso somado à cerveja, poucos acordes e muita diversão.” Em 2004 a banda lançou seu primeiro CD-Demo, ‘Músicas Pra Quem Tem A Mãe Na Zona’, cuja capa foi feita por uma criança de 4 anos (a irmã do guitarrista Herbert) e contém músicas como ‘Cheirando Cola e Ouvindo Maicon Jeguisson’ e ‘Índio Não Caga no Piniquim’. “O tempo passou e as coisas evoluíram (ou não), mas no Halé continuava a mesma coisa:
BANDA VENCEDORA
sem visual cool, sem dedo na cara e se encontrando na casa do Perninha pra tomar cerveja e ouvir Dicró e Bezerra da Silva, duas das grandes influências.” E assim, em 2007, gravaram seu primeiro álbum, ‘Lixo Extraordinário’, via Karasu Killer, do Japão, e as brasileiras Tamborete Entertainment, Antdiscos, Ah Danada, Abunai e União e Resistência. Esse disco firmou o nome da banda no cenário independente mostrando um trabalho mais maduro e cada vez mais longe de rótulos. Hardcore, punk, ska, rock and roll, música de circo e até axé são ingredientes do novo álbum. Hardcore sem querer lhe ensinar nada, sem querer salvar o mundo, hardcore por diversão! “Que a diversão e a informação sejam transmitidas, tão coesas como numa mensagem subliminar...” Conheça o som e divirta-se! por Marco Henriques
Adriano Pais Cinelli (Brasília-DF), mais conhecido no meio urbano como ONIO, é admirado por sua técnica que vêm de uma mistura de spray, com rolos de espuma, tinta a base d’água, liberdade total de criação e elementos abstratos nos desenhos. O artista define seu trabalho como uma representação gráfica do caos urbano, um bombardeio de cores, desenhos indecifráveis e influência direta de música. “Minha arte só se desenvolve espontaneamente e só depois de pronta que analiso o conceito de cada peça. É arte para ser questionada e nem sempre terá significado.”
Confira mais trabalhos do ONIO em: www.flickr.com/oniolands - www.myspace.com/onio1980
Plastic Ono Band A música enquanto experiência profunda Por Eliton Tomasi
“Mãe, você me teve, mas eu nunca tive você. Eu te queria, mas você não me quis... Pai, você me deixou, mas eu nunca deixei você. Eu precisava de você, mas você não precisava de mim... Mamãe não vá, papai volte para casa.” Esses são os primeiros versos de ‘Mother’, faixa de abertura de ‘Plastic Ono Band’, o primeiro disco solo de John Lennon lançado após os Beatles, em 1970. Inquestionável a importância histórica desse álbum. Além de significar o sepultamento do maior fenômeno da música de todos os tempos que foram os Beatles, Plastic Ono Band foi totalmente dedicado a Yoko Ono, que co-produziu o disco junto a John Lennon e o lendário produtor Phil Spector. Musicalmente, os acordes são simples, a instrumentação despojada – Lennon na guitarra, violão e voz; Klaus Voormann no baixo e Ringo Starr na bateria (na turnê do álbum Ringo seria substituído por Allan White, futuro baterista do Yes, e Eric Clapton também participaria).
Apesar de tudo que possa ser dito sobre esse álbum, musicalmente e historicamente, sua maior virtude, em meu ponto de vista, é a sinceridade com que John Lennon moldou todo esse trabalho. A maioria das músicas foi composta quando John e Yoko faziam terapia primal com o doutor Arthur Janov, psicoterapeuta norte-americano que é o criador desse tipo de terapia que leva o paciente a reencontrar seus momentos de dor vividos durante a infância numa tentativa de curar neuroses psíquicas. John Lennon foi criado por sua tia chamada Mimi, irmã de sua mãe, Julia Lennon, que era divorciada do pai, Alf Lennon. Alf trabalhava na Marinha Mercante, durante a Segunda Guerra Mundial. John Lennon viu o pai pela última vez quando tinha seis anos de idade. Ambos só se reencontraram novamente no começo da beatlemania. Julia Lennon vivia com outro homem (próximo à casa
de John, sem que ele soubesse disso). Mais tarde foi ela própria que introduziu o filho no mundo do rock, quando lhe presenteou com uma guitarra. Julia Lennon morreu em 1958 num acidente logo depois de ter feito uma visita ao filho. John tinha 18 anos. Através desse breve relato sobre sua infância, pode-se ter uma idéia dos diversos traumas e mágoas que John Lennon aprisionou dentro de si por muitos anos – inclusive durante todos os anos de Beatles – até se sentir seguro para sublimálos pela terapia primal e a concepção desse álbum. De fato, a simples audição desse álbum traz a tona todos esses sentimentos de dor, mágoa, medo, isolamento, religião, amor, ódio, vida e morte. É tudo tão escancarado, tão sincero, tão visceral, que é como se o ouvinte se sentisse na pele de John Lennon. Quando ouvi ‘Mother’ pela primeira vez, senti um frio na espinha, apesar de toda bela infância que tive, ao contrário de John Lennon. É como se o músico tivesse mesmo canalizado todos seus sentimentos na música, e o ouvinte, como um receptáculo da vibração sonora, introduzisse e vivenciasse tudo aqui dentro de si. ‘My Mummy’s Dead’ é como um choro da criança que vê sua mãe morta no caixão. ‘Isolation’ é uma fuga ao isolamento, o medo do julgo mundano. ‘Remember’ é uma regressão
profunda nas memórias (nada agradáveis) de uma infância traumática. Já ‘God’, bem, essa é a personificação do desespero: “Deus é um conceito pelo qual medimos nossa dor”, canta John Lennon que ainda diz não acreditar em mantras, em yoga, em reis, em Kennedy, em Hitler, em Elvis, em Jesus, Buda e nos Beatles. Sim, “o sonho acabou”, diz ele. Apesar de fã incondicional dos Beatles, nenhum disco dos Fab Four é tão sincero quanto este. Aliás, ‘Plastic Ono Band’ é o álbum mais verdadeiro que ouvi em toda vida. Um elemento antagônico ao mercado musical tendencioso e superficial que vivemos nos dias de hoje, quando a música só diz o que as pessoas querem ouvir (e assim vender mais discos), e não o que o coração, a alma quer dizer. Lennon tinha sim seu lado ativista, engajado, foi o precursor de um arquétipo que influenciou muitos pós-heróis do rock e da música pop, mas Lennon era antes de tudo um herói de si mesmo, um músico que não tinha medo de dizer o que pensava, e mais, de revelar pra todo mundo os segredos
mais íntimos de seu subconsciente, memórias e fragmentos de um herói que chorava, como todo mundo. ‘Plastic Ono Band’ é a síntese de um disco egoísta, feito pra si mesmo. E este é seu maior predicado na relação
com o ouvinte. Só sendo verdadeiro consigo mesmo para ser verdadeiro com o ouvinte. Só assim a música permite, ao músico e ao ouvinte, uma experiência mais profunda.
Eliton Tomasi é produtor cultural e crítico musical, diretor da SOM DO DARMA Produção e Comunicação em Cultura, que presta serviços de empresariamento, booking e assessoria de imprensa para bandas e músicos independentes, entre eles U-Ganga, Deventer e Lumina.
Klaus, Alan White, Yoko, John, Eric Clapton
Contatos: eliton@somdodarma.com.br www.somdodarma.com.br
www.myspace.com/krowmetal
Vamos começar essa nova coluna com uma das bandas mais tradicionais da cena metálica do Triângulo, o Cirrhosis, que desde 1989 vem fazendo o bom e velho Death Metal old school regado a muita birita. O grupo que teve em suas fileiras nomes como Wagner “Antichrist” (Sarcófago), Juarez “Tibanha” (Scourge / Tributo Ao Sarcófago), Branca de Neve e Riti Santiago (produtor, ex-Câmbio Negro), hoje é composto por: Fernando (bateria), Emerson Lake (baixo), Flávio (vocal), Henrique (guitarra) e Guarato (guitarra). Após 2 demos (89 e 90), um split (91) e um full-lenght de 2002, a banda se prepara para lançar o novo petardo, também pelo selo mineiro Cogumelo, que é casa do Cirrhosis desde o início. As gravações ocorreram em Uberlândia, no estúdio UniMusic, tendo Rafael ‘Paçoca’ como engenheiro de som e será mixado e masterizado em Belo Horizonte, no estúdio Engenho, pelo André (da banda Chakal), com produção do
meu chapa Gerald Incubus (o popular Gegê / ex-Sarcófago). A previsão de lançamento da bolacha, que se chamará ‘Drinks From Hell’, é para o primeiro semestre de 2009 e, segundo o baixista Emerson Lake, a banda está bastante ansiosa para iniciar a divulgação do mesmo. Abaixo segue o track list de “Drinks From Hell”: ‘Lord Of Darkness’, ‘Drinks From Hell’, ‘Hate Dreams’, ‘Invasion Of The Faith’, ‘Restless Soul’, ‘Alcoholic Ritual’, ‘Empty Desires’ e ‘Mirror of Hate’. O novo CD do Cirrhosis vem com tudo pra somar no nosso querido underground mineiro. E logo tem mais lançamentos de bandas como Scourge, Krow, U-Ganga, Angel Butcher, Olorum, Porcas Borboletas, Juanna Barbêra... 2009 promete! por Manu Henriques
www.myspace.com/cirrhosisoldschool
e juntos, já iniciamos o processo de composição do próximo álbum de inéditas do Ação, previsto para 2010. Será o sucessor do ‘Massacre Humano’, lançado em 2006. Posso adiantar que o material está ficando surpreendente e inovador! 20 anos de intensidade! É essa a frase que define o Ação Direta, banda paulista que dispensa comentários. O Páginas Vazias bateu um papo com Gepeto, vocalista da banda, e ficamos sabendo um pouco mais dos planos da banda pra 2009. Punk Rock? Hardcore? Grind? Metal? Crust? Danem-se os rótulos. Estamos falando do Ação Direta!
E aí Gepeto, como anda o Ação Direta atualmente? Somos o tipo de banda que está sempre trabalhando, sempre produzindo, sempre em atividade superando dificuldades e crescendo no cenário. Iniciamos 2009 com muito pique e as coisas estão indo bem. Nosso baterista, Marcão, agora é também membro oficial do Dead Fish e já está em tour com os caras divulgando o novo CD deles, ‘Contra Todos’. Ele também está com uma banda junto com o Derrick, do Sepultura, chamada Musica Diablo. Devido a agenda agitada dele, este ano estamos contando também com a participação mais que especial do grande batera Kiko D’ Castro, da veretana banda Necromancia, que estará na estrada fazendo alguns shows com a Ação. Mas o Marcão não saiu da banda
Vocês também estão preparando o lançamento de um best off da banda, certo? Sim, recentemente fechamos com um selo do Peru, Barricada Records, o lançamento de um best off da banda que trará 25 músicas e um livreto com 16 páginas ilustradas com material de arquivo da banda. Estamos selecionando as músicas e o material gráfico que farão parte deste lançamento, que está previsto para o segundo semestre de 2009. O CD será lançado, também, no Equador e Venezuela, podendo ser encontrado em outros países sulamericanos. Também temos material inédito da época da gravação do ‘Massacre’, que vai ser editado pelo selo mineiro 53HC em breve, num 4 Way Split ao lado do Força Macabra, DFC e Sociedade Armada. E vocês também estão trabalhando no primeiro DVD da banda. Qual a previsão de lançamento desse trabalho? Ainda não gravamos o show oficial, mas já cortamos as imagens de arquivos da banda e são muitas imagens raras
e ricas das tours pelo Brasil e pela Europa, e das cenas de época. Estamos trabalhando sem prazo ou pressões nesse projeto e de forma totalmente independente. A temporada 2009 promete! O último álbum, ‘Massacre Humano’, comemorou os 18 anos da banda. Como foi a tour de divulgação desse trabalho? Trabalhamos pesado durante os 3 últimos anos na promoção e divulgação. Fizemos diversos shows pelo Brasil divulgando o álbum que foi muito bem recebido pela crítica e pelo público, tanto do lado Hardcore/Punk/Crust, como do lado metal e isso para nós é motivo de muito orgulho. E qual o segredo pra se manterem firmes por tanto tempo? Nascemos e crescemos dentro de cenas undergrounds e somos loucos e comprometidos com a música pesada! A banda é bem coletiva e temos uma forte amizade. Creio que isso, com certeza, é crucial para nossa longetividade. Acima de tudo, amamos o que fazemos! Vocês falam muito em suas letras sobre religião e os conflitos entre o Homem e a fé, em tempos em que padres são contra o uso de camisinha e a favor de excomungar uma criança que cometeu aborto, após ser estuprada. O que vocês acham da religião em geral?
Estamos vivendo o séc. XXI! Acabamos de sofrer o primeiro grande choque pós globalização com a “Nova Crise Mundial”. Estamos vivendo na era digital e da rapidez nas informações e da tecnologia. Mas estamos estagnados num passado arcaico e que não condiz e não se enquadra com essa nova realidade. Mudaram-se os valores do ser humano e todo o abandono social nos coloca agora no meio de uma nova geração violenta e inescrupulosa, pessoas sem amor pelo próximo, indiferentes e egoístas, tanto os miseráveis quanto os “bem sucedidos”. Não temos leis nem religiões que condizem com essa realidade e isso contribui para esse sentimento de impunidade, abandono, descaso e indiferença. Estamos caminhando para o caos!
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O DESCOMPASSO DA FE
Sempre ouvimos falar para não se discutir religião, política e futebol. E isso sempre considerei, não se discute uma escolha. Porém, as atitudes de uma instituição, essas sim devem ser discutidas e debatidas. Estamos vendo, cada vez mais, o retrocesso das atitudes da Igreja Católica. Num mundo onde a velocidade da informação não pode ser calculada, temos uma carência em busca de fiéis. Fazendo um breve histórico do catolicismo, temos a invasão da América pelos europeus que, carregando consigo a Cruz e a Espada, resultou na dizimação de milhares de índios e o massacre de sua cultura, pelo fato da imposição de uma nova religião através da força. Passando-se os anos temos outro fato marcante. O Papa Pio XII, durante o holocausto, parecia que estava jogando com vidas humanas. Ele e sua instituição católica se recusaram a reconhecer o holocausto nazista, negociando com os dois lados, mas sempre negando as vidas daqueles que estavam sendo perdidas neste jogo vatídico. Mais recentemente a Igreja Católica, com João Paulo II, teve um pequeno avanço. Mesmo com pensamentos conservadores, o Papa agia de forma humanitária e conseguiu uma nova cruzada para atrair fiéis, só que desta vez sem o uso da força. Bem, até pensei que a história estava mudando mas a Igreja novamente mostrou quem realmente é. Ao mirar pra frente, em busca de novos fiéis, a Igreja mais uma vez conseguiu atirar nos próprios pés. Em 2008 e 2009
vemos as insanidades ditas por essa instituição. Uma delas foi a do arcebispo de Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho. Ele não só excomungou uma menina de nove anos, que sofreu estupro do padastro e ficou grávida de gêmeos, como também, sua mãe e os médicos que fizeram o aborto. Como a menina só tinha nove anos e sofria violência deste os 6 anos, seu organismo não aguentaria a gravidez. O bispo malucão disse que, aos olhos da Igreja, o aborto foi um crime e que a lei dos homens não está acima das leis de Deus. Mas ele não excomungou o padrasto, alegando que o aborto seria mais grave que o próprio estupro. Talvez pelo fato da Igreja sempre estar envolvida em acusações comprovadas de pedofilia, através de seus padres mais psicopatas que o próprio Michael Jackson. E como se tudo isso não bastasse, na última visita do Papa Bento XVI à Africa, em pleno país onde a AIDS é um dos principais agravantes da mortalidade e pobreza, esse doido me solta a seguinte frase: “O uso de preservativos pode agravar o problema da Aids.” É, realmente a Igreja não conseguiu compreender que atitudes incabíveis como essas são retrógradas e que ninguém mais cai nessa. Em nome da fé, a Igreja quer mais uma vez antecipar o grande Apocalipse que tanto prega. Realmente o Vaticano surtou! por Marcelo “Pudim”
No Bate-Bola dessa edição vocês ficam conhecendo um pouco do Space Bossa, um projeto ‘one man band’ do carioca Wild Robson. Música Popular Alienígena.
Space Bossa: Minha vida. Foi criado desde a minha gestação. Ser uma ‘one man band’: Ser completo. Sexo, drogas e rock’n roll: Sou careta, acreditem (risos). Shows: Performance lúdica e surpresas o tempo todo pois existem alienígenas que moram dentro da minha guitarra. Influências: Músicas boas com influências alienígenas que moram dentro da minha guitarra. Quem já foi a um show do Space Bossa pode provar.
www.myspace.com/3mundos Contato: 11 9182-9269
Modo de composição: Eterea e sensorial, também espiritual (com muito sentimento e verdade). Filme: ‘Monstro Legume do Espaço’, do Cineasta Catarinense Petter Baiestorf. Hobbie: Compor e produzir beats como se estivesse jogando video game. Quando era mais novo andava de skate. Um sonho: A paz na Terra. Um sonho já realizado: Ter criado a Space Bossa. Odeia: Política, injustiças, ganância, entre outras coisas. Música brasileira: É a melhor música do mundo, por outro lado o que toca nas FMs é um fiasco, tudo culpa do jabá. Brasil: Devia valorizar mais os artistas locais. A OMB é uma piada. Mundo: Aquecimento Global.
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O Som do Bico da Galinha Uma visão totalmente pessoal da cena rock no Triângulo Mineiro (1980 - 2008) - Parte 8
Por Manu Henriques
Capítulo 23 – MTV Brasil A MTV Brasil morreu! Pelo menos aquela MTV de programas como Gás Total, Fúria Metal, Lado B, Yo!, Ultra-Som entre outros. No início dos anos noventa porém a coisa era diferente e mesmo com todo caráter comercial que sempre envolveu a emissora (algo natural), ela foi extremamente importante para toda a cena independente nacional dando voz à vários grupos que a muito ralavam no underground, divulgando a cena embrionária de festivais alternativos como Junta Tribo (de Campinas, que teve no seu cast nomes então emergentes como Raimundos, Planet Hemp, Resist Control, Killing Chainsaw, Garage Fuzz...) e BHRIF (de Belo Horizonte que, além de vários representantes do Rock verde amarelo como Dorsal Atlântica, teve os gringos do Fugazi, Anathema e Swamp Terrorists). Era uma programação mais “musical”, inteligente e muito longe da banalidade dos programinhas de auditório que infestam a emissora hoje em dia. Lembremos que estamos falando dos primeiros anos da década de noventa e a MTV Brasil estava
engatinhando... Ainda era uma emissora que não tocava só jabá e modinha (a mais recente é o Emo), a maioria dos Vj´s sacavam de som e podíamos conferir clips de bandas como Brutal Truth, Kyuss, Scatterbrain, Yo-Ho Dellic, Biohazard, Red Hot Chilli Peppers, Pantera (então despontando com tudo no metal), Ozzy, Stone Temple Pilots, Jane’s Addiction, Carcass, Rollins Band, Body Count, Tool, o novato O Rappa, as bandas de Recife e (é claro) todo o “hype Grunge” que a própria MTV ajudou a transformar em modismo nacional, um pouco antes. Até o Sarcófago deu as caras com o clip de ‘Scretches From The Silence’ do ‘The Laws Of Scourge’ e rolou uma entrevista com a banda. A diferença é que naquela época quem estava em evidência mesmo nas rádios rock e nos top-lists do estilo eram nomes como Alice In Chains, Nirvana, Red Hot, Sepultura, etc... Já hoje... Bem, vocês sabem o lixo que rola na MTV e nas rádios hoje em dia... A vinda da emissora pro Brasil no início dos anos 90 foi importante pro nosso Rock em geral, principalmente em cidades do interior, na disseminação do underground (nacional
ou não) indo além do eixo Rio - São Paulo. Até então música na TV, com raras exceções (como por exemplo o já clássico Super Special da Bandeirantes e o Programa Livre do Serginho Groisman), era só baba. Eu morava em Uberaba e não tinha TV à cabo, mas um camarada de Araguari (o Claudão – ex-Osambulância - R.I.P.), gravava umas fitas VHS com coisas da programação e me mandava. No meio desse material tive mais contato com uma geração de bandas que não seguia um estilo específico, e sem querer o Nuts absorveria muito dessa visão (que, diga-se de passagem, nos acompanha até hoje no U-Ganga). Fazer seu som sem se preocupar em enquadrar-se “premeditadamente” num determinado estilo. Resumindo, encontre sua música e vá em frente! Caso ela seja rotulável, bom, senão, bom também... Se por um lado no início dos anos noventa vários medalhões pisaram na bola, a nova safra veio repleta de bandas que passavam a margem das definições que na maioria das vezes são os próprios algozes do estilo, e o que é pior, criadas por
terceiros (vide o Grunge). A pergunta que fica é uma só: O ciclo da emissora acabou ou ela ainda encontrará forças para se renovar aliando o lado comercial com a representatividade que tinha na década passada? A segunda opção com certeza seria a ideal... Um pouco antes eu citei o ‘Programa Livre’ do Serginho Groisman e me lembrei que nessa época o Ratos De Porão foi tocar por lá (divulgando o Anarkophobia, se não me engano) e quando o apresentador perguntou pro Gordo qual o nome de banda mais louco que ele já havia ouvido ele disse: “A cara, Angel Butcher...O açougueiro que morreu e foi pro céu”. E caiu na risada... Cara, foi muito louco isso. Depois da primeira vez que topei o Gordo (em 87 num show do Ratos) e na sequência em 1990, quando o Sarcófago tocou com o DxRxIx e teve toda a treta, ele solta essa referência do nada... Pena que não tinha uma fita vhs na boca do videocassete naquela hora. Na verdade eu morava numa república fudida e não tinha vídeo cassete, só uma TV com bom-bril na antena. Capítulo 24 – Mudanças, sons novos e uma furada monstro De volta a vida dura de banda de garagem. Depois que tocamos em Patrocínio pela primeira vez com o nome NUTS (no final de 94) a idéia de continuar com o grupo voltou de vez
na minha cabeça, porém de forma totalmente diferente. O Leospa (vocal), que já tinha uma participação inconstante no Tríade/Nuts (desculpem a confusão, mas num determinado momento essas duas bandas foram uma só), tinha transferido a faculdade para Uberlândia e se mostrava desanimado em continuar tocando, o Branco tava indo pra SP estudar guitarra e como o Walley queria tocar um som diferente do que eu pretendia (algo menos pesado) pulei fora do Tríade e resolvi me focar totalmente no NUTS. Nessa época conheci o Paulo Moratelli que era um típico rocker e namorava uma colega minha do curso de arquitetura. Era um grande fã das bandas dos anos 70 como Frank Zappa, Purple, Sabbath, dono de uma coleção de vinis gigantesca (a maioria Metal, Classic e Hard Rock) e estava interessado em montar uma banda onde seria o vocalista, tendo já um guitarrista amigo seu engatilhado para o projeto. Quando ele me fez o convite para tocarmos juntos resolvi chamá-lo pro NUTS que já
era realidade. Expliquei qual a nossa proposta e mesmo não sendo exatamente a linha que ele pretendia ficamos bastante animados em trabalhar juntos. Logo na primeira jam ele trouxe consigo o Pacheco (ex-Viking) guitarrista de Jaboticabal que estava cursando direito na UNIUBE e era da escola do Thrash Metal. O interessante é que na época do Angel Butcher, uns 7 anos antes quando ainda morava em Araguari, eu havia trocado correspondências com o Viking e tempos depois estava conhecendo um dos caras pessoalmente e fazendo música juntos em Uberaba. Pro baixo resolvi chamar o Cezinha que já tinha tocado na primeira fase do Ganga Zumba e assim estava consolidada a terceira encarnação do NUTS. Começamos a ensaiar numa fábrica de botinas que era do pai do César e logo estávamos com algumas músicas prontas, sendo que as primeiras foram ‘Race’, ‘About The End’ e ‘Modern Life Idiot Life’. Nessa época (como mostram os títulos) cantávamos em inglês e o som era basicamente metal com uma veia groovezada cada vez mais na cara, influência clara de Faith No More e afins. De posse de um repertório de 40 minutos que tinha além dos sons próprios alguns covers como Rage Against The Machine, Ramones, White Zombie, Prong e Black Sabbath, marcamos nosso primeira apresentação após a volta tocando ao lado da banda TAO de Ribeirão Preto, que faz um Hard Rock de responsa e está na ativa até hoje. A estréia do novo line-up foi bem legal, com vários amigos presentes e eu percebia que estávamos realmente evoluindo e criando uma identidade. Na
seqüência fomos convidados para tocar num evento que seria realizado no estádio do Uberaba E.C. onde além do NUTS tocariam Víper, Bikini Cavadão, Ultraje A Rigor e Capital Inicial. A divulgação estava sendo grande e pra gente era uma puta chance de mostrar nosso trampo a mais pessoas tocando ao lado de medalhões do rock nacional. Fizemos chamada pra tv, saiu em todos jornais da cidade, havia cartazes espalhados em toda região, enfim, tudo indicava que seria um grande dia. Indicava... Uma semana antes do evento já começaram rumores que a parada estava meio empacada, a equipe de som tinha sido trocada, o Ultraje tinha pulado fora e o organizador estava cada vez mais difícil ser encontrado. Um dia antes do show fomos na casa do mesmo pra saber se estava tudo ok já que na mídia a divulgação continuava forte. A figura nos recebeu no pós-janta sem camisa e de bermuda, mastigando o restolho da bóia que teimava em ficar preso aos dentes e com uma barriga que parecia uma melancia petrificada coberta por borracha de bexiga. Tivemos uma confirmação entusiasmada do “suposto produtor” que tudo correria bem e que apenas “alguns imprevistos de última hora” tinham acontecido, o que nos tranqüilizou bastante já que estávamos apostando muito nessa chance. O problema é que apostamos numa furada total e no mesmo dia à noite (sexta feira, um dia antes da data marcada) fomos avisados por uma pessoa que nem sei
quem é até hoje que a parada tinha ido pro saco (risos). Que bosta! O pior de tudo foi que vários ônibus vieram da região e davam de cara com os portões do estádio fechados e uma faixa avisando do cancelamento. Eu mesmo fui acordado por uns camaradas de Araguari que tinham vindo pro evento e bateram na minha casa depois de lerem a tal faixa. Quem tem ou já teve banda e passou por uma situação como essa (já passei por umas 4 ou 5) sabe o quão frustrante é. O pior de tudo é que o pilantra nem processado foi, tudo acabou em pizza e a de “toscana” ficou pras bandas. V.T.N.C.!!! Capítulo 25 – Big Party Eu sempre tive uma relação de amor e ódio com a palavra “cena”. É algo que consegue ilustrar bem uma determinada situação musical de um determinado local, porém a maneira como a mesma é empregada às vezes soa no mínimo oportunista. Vez ou outra em todo o planeta esse termo vira sinônimo de panelinha, geralmente formada por uma galera que se acha genial em detrimento dos outros artistas que cometeram o “grave erro de pensar diferente de suas idéias geniais” (com certeza nosso Triângulo não foge a regra). Por essas e outras, desde o começo mantive dois pés atrás em relação a esse lance
de cena, rótulos, movimentos etc... Em todo caso, nessa época em específico, assim como no começo dos anos 80, tive uma sensação maior de unidade entre os diferentes em nossa região. Os espaços eram poucos, várias bandas apareciam e outras mais antigas (como o Krofader, Cirrhosis e NUTS) estavam firmes na ativa, mas espaços para que isso pudesse ser mostrado eram muito poucos, apesar da demanda estar aumentando. Em Uberaba vez ou outra tinha algo num bar mais afastado do centro que, após a terceira ou quarta noite com bandas, era fechado pela polícia. Um que no pouco tempo de existência teve coisas interessantes foi o “The Bar”, próximo da Mogiana, onde várias bandas locais se apresentaram. Apesar de não ter tocado por lá com o NUTS fiz uma jam com o D.O.T. (que era formado por um ex-Scoria e pelos irmãos Zacarias, hoje no Seu Juvenal) cantando ‘Deus é Neguinha’, um clássico do nosso Punk uberabense (aí Edinho, o Seu Juvenal podia fazer uma
nova versão desse som hein mano?). Devido a essa carência de locais pra tocar mais uma vez resolvemos unir 3 bandas e peitar o essencial “do it yourself” para podermos realizar nossa meta de fazer um show profissional com os grupos mais ativos da cidade: D.O.T., NUTS e Troll. Três bandas com estilos diferentes que estavam investindo em material próprio, lançando demos (na verdade a nossa estava pra sair) e tocando com mais freqüência pela região. Foi o eterno corre atrás de um local adequado (o escolhido foi uma casa de shows chamada Templum que hoje virou depósito de grãos), patrocínio para o som, mídia e claro todas as bandas se dispuseram a tocar na faixa e rachar a bilheteria caso sobrasse algo. Sobrou. Mesmo com todas essas limitações conseguimos lotar o local e pra mim assim como para vários camaradas que lá estavam esse foi um momento marcante do rock em Uberaba. A noite começou com o Punk insano do D.O.T. mostrando para alguns dos curiosos presentes o que era uma típica roda de pogo, que pipocou logo no primeiro som e permaneceu até o final do set. Além dos irmãos Zacarias (Edinho e Renato) a banda contava com o André Leite (ex-Scoria) no baixo e vocal e lançava nessa época sua primeira e única demo, que rodou bastante entre a molecada local (tenho a minha até hoje). Sem nenhuma comparação entre ambas eu diria que assim como o NUTS é parte das raízes do U-Ganga o D.O.T. foi parte do que viria a ser o Seu Juvenal anos depois, um laboratório pro futuro em ambos os casos. Na seqüência era nossa vez e o pique foi mantido pela
platéia que, apesar da veia mais Metal de nossas músicas, permanecia agitando todo o tempo. 30 minutos de mosh, suor, pogo e cerveja que ficarão pra sempre na memória! Novamente tinha sido legal e saímos do palco satisfeitos com os resultados dessa nova formação que ainda era novidade, inclusive pra nós mesmos. Encerrando a festa veio o Troll que fechou a noite com muito Hard Rock anos 80, onde além de vários covers de bandas como Kiss e The Cult mostraram parte do material que viria a ser seu disco de estréia lançado anos depois*. O resultado dessa noite foi muito positivo para todos, houve um intercâmbio maior entre as diferentes tribos locais que, se já eram pequenas unidas, separadas eram nada (e continuo pensando assim). A partir dessa época ocorreu um fato que até hoje perdura em menor proporção na cidade, que é vermos moicanos, bangers, rappers, alternativos e “normais” convivendo bem, juntos nos mais variados eventos. Isso tudo apesar das naturais, saudáveis e necessárias
diferenças que sempre vão nortear cada um de nós. E tenho dito. * Um detalhe interessante sobre o Troll é que após o disco dos caras ser lançado (já em formato CD) o mesmo teve que ser retirado das prateleiras devido a um processo que seria movido pela Lego, fabricante do brinquedo Velotrol, caso isso não fosse feito. Por mais estúpido que isso possa parecer é verdade. Manu Henriques é arquiteto, gestor ambiental e integrante das bandas U-Ganga e Angel Butcher... Sem piadinhas dessa vez. ugangabr@hotmail.com
No Prato da Casa dessa edição temos os uberlandenses do KROW falando um pouco mais sobre a banda e sobre o novo álbum desses metaleiros que vem fazendo muito barulho por onde passam. Pesado, é alto e é sincero! INGREDIENTES Guilherme Miranda (vocal/guitarra), Mark Sanchez (guitarra), Sapão (baixo) e Jhöka Ribeiro (bateria). MODO DE PREPARO A banda teve seu início efetivo no final do ano de 2006 e início de 2007, com o lançamento do EP ‘Contempt For You’, onde obtiveram excelentes críticas e shows por várias cidades do Brasil, tendo a oportunidade de tocar em diversos festivais com bandas de renome nacional e internacional, como Krisiun e Possessed. MOLHO Os petardos mesclam influências de bandas como Sepultura, Vader, Behemoth, Sarcófago, Possessed, Slayer,
Kreator, Madball, entre outros diversos nomes do som pesado.
TEMPERO Fazer um som agressivo, rápido e direto, características que fazem o Death Metal da banda flertar em muitos
momentos com o Thrash, com letras que criticam e exploram diversos dogmas sociais.
SOBREMESA O primeiro álbum da banda foi gravado no Rock Lab Estúdio, em Goiânia - GO, e se encontra em processo de
mixagem. Já a masterização está sendo negociada com o West West Side Music e ficará a cargo de Alan Duches (Mastodon / Kataklysm). A previsão é que o CD, intitulado ‘Before The Ashes’, seja lançado no segundo semestre de 2009.
www.myspace.com/krowmetal krow@krowmetalzone.com
RESENHASRESENHASRESENHAsresen BANG BANG BABIES --- Love And Bullets (2008) --- Bang Bang Babies é mais uma promessa de bandas de Goiânia Rock City, já tocou em vários festivais importantes do país e recentemente lançou seu primeiro trabalho. Neste álbum, a banda mostra um rock de muito boa qualidade, com letras em inglês e pegadas firmes, sem muitas firulas. ‘Loves and Bullet’, mantém-se na linha do rock garage e o Proto-Punk. O disco foi lançado pelo selo Monstro Discos e, com certeza, ainda vai dar muito do que falar! Destaque para as músicas: ‘Love And Bullets’, ‘My Pins In Your Voodoo Doll’, ‘Borracho’ e ‘What The Hell?’ por Marcelo Pudim (marcelopudim@gmail.com) MUKEKA DI RATO --- Carne (2007) --- Lançado pela Deck Disc, ‘Carne’ (quinto disco da banda) marca a volta de Sandro, da formação original ao vocal. O Mukeka Di Rato mostra o profissionalismo e amadurecimento dos quase 15 anos de carreira, são 14 faixas muito bem produzidas e com letras fortes como as de ‘Pasqualin na Terra do Xupa-Kabra’ (1997) e o peso de ‘Acabar Com Você’ (2001). Mesmo a Deck Disc sendo a gravadora de bandas como Pitty, Strike, Grupo Revelação, etc., o Mukeka continua na velha linha tosca e direta. ‘Cachaça’ é o nome da música de trabalho desse disco e o clipe pode ser conferido no Youtube. Então, como eles mesmo dizem, “palito de dente no canto da boca, chinelo de dedo e mukeka no talo”! por Chelo (feladaputa@hotmail.com) AT THE GATES --- Slaughter of The Soul (1995) --- Sabe o In Flames, Soilwork e toda a cena de Gothemburgo (Suécia)? Então, sem essa banda e, mais precisamente, sem esse disco, talvez nunca conheceríamos ou daríamos a devida atenção à essas bandas. Essa maravilha aqui é um clássico, definidor de parâmetros no chamado “Death Metal melódico”. Eu não concordo muito com esses rótulos, mas serve de referência pras bandas. Considero esse disco perfeito de cabo a rabo: produção, timbragem, mixagem, composições, riffs, os vocais, bateria, até os detalhes como samplers e pequenas introduções. Tudo em seu devido lugar. Um thrash alucinado (quase Death, mas sem blast beats), riffs cortantes e melódicos, vocais variados e ultra agressivos, letras inteligentes, solos que te fazem cantar junto a melodia. Mas cuidado, apesar do uso de “melodia” duas vezes, isso aqui passa longe de ser derivativo e chato. Um disco seminal, lançado em 95, que sobreviveu e vai continuar vivo no teste do tempo. E também foi o último disco dos caras (infelizmente), porque eu ainda fico sonhando com o que viria depois. por Breno Angelotti (brenoangelotti@gmail.com)
RESENHASRESENHASRESENHAsresen SEPULTURA --- A-Lex (2009) --- ‘A-Lex’ é inspirado no livro de Antony Burgues, ‘Laranja Mecânica’ (que teve o filme lançado por Kubrick tempos depois) e marca, também, a entrada de Jean Turrer Dolabella, ex-batera da extinta banda Diesel (atualmente Udora), de Belo Horizonte. O álbum é um pouco estranho e tem algumas músicas temáticas, sendo três músicas com o nome do personagem principal da história de Burgues, e ainda há uma adaptação de Ludwig Van que talvez não agrade muita gente, mas tem tudo a ver com o ambiente do drugue mais expirocado de todos os tempos. Para quem também acha que o Sepultura ‘morreu’ com a saída de Max Cavalera, ‘A-Lex’ é o disco pós-morte menos ruim da banda. Destaque para as mais rápidas como ‘Enough Said’ e ‘Paradox’ e também as músicas ‘Filthy Rot’ e ‘The Experiment’, que tentam resgatar algo do álbum ‘Roots’. Mas, nada de mais. Gabriel Stonewood (meufuscaoroxo@hotmail.com) ZANDER --- Em Construção (2008) --- Banda encabeçada por dois nomes fortes do cenário independente, Gabriel Zander (ex-Noção de Nada, ex-Deluxe Trio) e Phillipe (ex-Reffer, Dead Fish) e que já está dando o que falar com o seu primeiro EP. Destaque pra faixa ‘Pólvora’, um rock/post hardcore meio indie com uma pegada muito foda e que já tem clip rolando na net. A banda possui 3 guitarras, mas isso em nenhuma hora se torna excessivo, souberam usá-las muito bem. Há também um lado mais experimental na banda, como na faixa ‘Depois da Enchente’. Eu, particularmente, prefiro o lado mais pilhado. E não há como não lembrar de Noção de Nada ao ouvir o Zander, principalmente pelas levadas de guitarra. Se você gosta do último álbum do Noção vai adorar o Zander. Enfim, é rock! De qualidade. por Marco Henriques (markopaulo3@hotmail.com) VANDÖD --- As (2009) --- Vandöd é uma banda oriunda de Malmo, na Suécia, e teve seu full lenght lançado no Brasil via Parabelum Records, o mais novo selo mineiro especializado em música extrema e 100% dedicado ao underground. ‘As’ é o nome do disco que vem bem na pegada das bandas da Escandinávia, um Black Metal mórbido, carregado, denso e com vocais que flertam muito com o Doom, o que torna a sonoridade do grupo interessante e “sinistra”. No decorrer do álbum percebe-se variações que demonstram influências dos últimos trabalhos do Satyricon e uma pitada de Mayhem, com aquelas guitarras bem rasgadas e arrastadas. Ou seja, uma excelente pedida para os fãs do estilo, confira! por Guilherme Miranda (guilherme_krow@gmail.com)
nhasRESENHASRESENHASRESENHAS EXCAMBAU --- Então Se Explica! (2009) --- A banda de São Paulo Excambau nos mostra em 2009 muito força e atitude em seu novo CD ‘Então Se Explica!’. O álbum traz letras fortes, tratando de problemas cotidianos e inerentes à natureza humana. O álbum é bem gravado, bem produzido, com riffis pesados e vocais com quebradas rap core. ‘Tapa Na Cara’ e ‘Força’ são faixas que o nome já diz tudo. Para quem não conhece a banda, eles não ficam só na música. Os integrantes fazem parte do blog Ação Caixa Preta, que realiza intervenções pela cidade de São Paulo. Atitude + Música. Vale a pena conferir! Marcelo “Pudim” (marcelopudim@gmail.com) MONAURAL --- Expurgo (2008) --- Quando esse CD chegou pra mim já me animei pela capa, uma ilustração muito foda que já dava uma idéia do conteúdo do pacote. Coloquei o ‘Expurgo’ pra rolar e e o que ouvi foi um rock com fortes influências de Punk, que lembram muito o Nirvana das antigas. Rock barulhento pra ser ouvido alto! Muitas bandas desse “estilo” não variam muito em suas composições, tornando os discos, muitas vezes, chatos de ouvir. Mas o Monaural conseguiu variar bastante, prevalecendo o rockão barulhento, mas dando espaço pra mostrar outras influências da banda como na faixa acústica ‘Sangrar’ e, também, pra um lado mais experimental com a faixa ‘Minha Vez’. Se você sente falta de mais bandas no estilo “rock alcóolatra inconsequente”, taí uma boa pedida. “Pouco de calma. De nada! Eu prefiro responder.” por Marco Henriques (markopaulo3@hotmail.com) 3 AMPERES --- 3 Amperes (2007) --- Eu nunca tinha ouvido falar do 3 Amperes (banda de Presidente Olegário - MG), até o Rômulo, editor do fanzine ‘Arrepio’, de Patos de Minas, me mandar o primeiro trampo deles para resenhar e, realmente, valeu a dica. O 3 Amperes, basicamente, é uma banda de Punk Rock, algo que fica claro nos títulos de músicas como ‘Juventude Insana’, ‘Horário Político’, mas alguns resquícios de Metal e Hardcore podem ser ouvidos em sua sonoridade (em especial nos bem timbrados riffs de guitarra), o que torna o pacote ainda mais interessante. Em alguns momentos eles até me lembraram um pouco o Nirvana. Uma boa estréia (apesar de um pequeno vacilo de português no encarte) que, com certeza, serve como por Manu Henriques (ugangabr@hotmail.com) um cartão de visita pra essa nova e promissora banda mineira.
RELEASE RELEASE RELEASE
Foi em agosto de 2001, na Zona Sul de São Paulo, que 4 garotos que estudavam e andavam juntos começaram uma longa subida, que acabou recebendo o nome de Autônomos, uma banda com influências como NoFX, Dead Fish, Propagandhi, Overlife Inc. entre muitas outras, fazendo um hardcore rápido, direto e verdadeiro! Em 2004 lançaram seu primeiro EP, ‘Gestos Que Nos Farão Mudar’, com 7 músicas que, desde já, indicavam que a banda tinha uma proposta muito séria, proporcionando shows em diversas casas da capital, como Hangar 110 e o extinto Black Jack, passando pela grande ABC e algumas cidades do interior e litoral, totalizando mais de 60 shows entre 2004 e 2005. Em 2006 a subida continuou com a gravação de outras duas músicas, ‘Valores’ e ‘O Jogo’, que foram disponibilizadas apenas virtualmente. Em 2007 a subida tornou-se mais lenta, com a banda compondo músicas para um futuro disco e em 2008 começaram a produção desse primeiro álbum. O 1º semestre foi dedicado a pré-produção das músicas
e no 2º semestre foram para o Virtual Estúdio dar início ao trabalho. Sob o comando de Paulo Oliveira (Pepechevs) nas gravações, mixagem e masterização a banda, enfim, grava seu 1º full-album, ‘Alpinismo’, disco que conta com 10 músicas inéditas, além de uma regravação de “Gestos” e uma nova versão para ‘Mendigo’, além da ilustre participação de Gonta (Overlife Inc.) nos vocais em ‘Uma Peça’. A arte do CD, que logo de cara deixa claro a idéia do disco, ficou por conta de Juliana Cabalin. O disco sai em abril de 2009 e a banda já tem datas marcadas para voltar aos palcos e continuar sua subida, com a intenção de tocar em todos os lugares possíveis e mostrar suas músicas e idéias para quem tiver ou não interesse!
www.myspace.com/autonomos
SP | Zona Sul
Gravações multi-pistas em ProTools LE 7.4 DIGI 003 | Acústica Projetada | Bateria: RMV | Amplificador de Guitarra: Laney | Amplificador de Baixo: Hartke | Microfones: MXL, Shure, Sennheiser e Samson | Gravação, Mixagem e Masterização: R$ 150,00 por música, sem limite de horas | Contatos: www.myspace.com/estudiovirtual | ivancore17@hotmail.com | (11) 91742761 - Ivan | (11) 84081811 - Pépe