CAPA
eDitorial Fanzineiro Sim!!! Enquanto a grande mídia nos bombardeia com merdas, temos no fanzine uma alternativa a esse jornalismo canalha que encontramos hoje. Ser fanzineiro é ter liberdade ética, mais que qualquer outro jornalista. Escrever sem interesse em grupos corporativos e/ou políticos. Mesmo que demore a ser lançado, devido às dificuldades que enfrentamos, eles são lançados. Com o advento da internet, temos um universo sem fronteiras para expor pensamentos, divulgar os excluídos, e manter um pensamento crítico sobre assuntos que nos são enfiados guela a baixo. Ser fanzineiro é isso aí, manter fidelidade somente ao seu pensamento, passar suas idéias de forma simples e clara. Dar voz ao outro, e respeitar as opiniões, seja ela qual for. Essa é a paixão que nos motiva para produzir cada vez mais, e correr atrás sem receber nada em troca. Alias, a única e principal recompensa é ter o leitor nos respondendo, ajudando e somando cada vez mais. Por isso que encho o peito e digo: Sou Fanzineiro SIM!!!! Equipe Páginas Vazias: Marco Henriques - markopaulo3@hotmail.com Marcelo “Pudim” Marques - pudimsk8@hotmail.com Manu Henriques - ugangabr@hotmail.com Conecte-se com o Páginas Vazias: www.paginasvazias.com.br | paginasvazias@gmail.com.br | www.twitter.com/paginasvazias Colaboradores nessa edição: Glauco Ribeiro, Gláucio Henriques, Fellipe CDC, Murilo (Gagged), Mathias (Desalma), Thiago DJ, Alexandre Tito, Raphael Sapão, Renato BT e Gabriel Henriques Capa: Japa (http://facebook.com/japatattoo) * Colunas assinadas por colaboradores não refletem necessariamente a opinião do Páginas Vazias Zine.
THE RUNAWAYS Direção: Floria Sigismondi - Biografia - 2010
The Runaways conta a história da banda homônima que fez grande sucesso nos anos 70. Dirigido por Floria Sigismondi, o filme trouxe para a tela a realidade maluca vivida por adolescentes que, na época, tinham entre 15 e 16 anos e acabaram se tornado rock starts e tendo o mundo em suas mãos. As principais personagens são as líderes da banda, Joan Jett (Kristen Stewart) e Cherie Currie (Dakota Fanning). Sabe-se que Joan Jett esteve presente durante as filmagens e exigia que as cenas fossem refilmadas caso não ficassem absolutamente perfeitas. Com certeza isso fez toda a diferença, pois a atuação das atrizes ficou excelente. Destaque pra Kristen Stewart (atriz conhecida pelo filme Crepúsculo), que conseguiu muito bem transmitir o espírito Rock’N Roll que Joan Jett sempre apresentou. Recheado de brigas, sexualidade, cocaína e Rock’N Roll, o filme transmite muito bem a trajetória dessas jovens que sonhavam um dia montar uma banda de Rock e quando viram já estavam fazendo sucesso ao redor do mundo. Sendo fã da banda ou não, vale a pena assistir. Por Marco Henriques
Mural Fotográfico Especial Araguari
Foto por Glaucio Henrique Chaves - Gláucio é natural de Goiânia-GO, mas mora em Araguari desde criança. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFU, é um apaixonado pela cidade que sai em busca de lugares bonitos e desconhecidos para fotografar. Veja mais em: efgoyaz.blogspot.com
A banda mineira Krow vem se destacando como um dos principais nomes do estado no cenário Death Metal. Com uma turnê pela Europa na bagagem, um EP e um muito bem falado álbum de estréia, “Before The Ashes”, esses headbangers de Uberlândia - MG agora se preparam para colocar na praça seu segundo trabalho, “Traces Of The Trade”. Repetindo a dose do primeiro disco, o local escolhido para a gravação foi o Studio Rock Lab, em Goiânia. Batemos um papo com Guilherme Miranda, vocalista e guitarrista da banda e ele nos contou como foi o processo, porque optaram por uma gravação analógica e quais os próximos planos da banda. Diretamente do Triângulo Satânico Mineiro, com vocês, Krow! Por Marco Henriques Como foi o processo de gravação? Quantos dias ficaram em estúdio, gravaram os intrumentos em que ordem...?
Vocês optaram por uma gravação analógica. Porque essa escolha e o que acharam do resultado?
O processo de gravação foi bem detalhado, trabalhamos cada instrumento cuidadosamente. Na verdade o que mudou de maneira significativa neste álbum foi a pré-produção, essa sim foi feita de maneira minuciosa. Gravamos as guias nós mesmos e levamos prontas para o estúdio, chegamos lá com o disco pronto. Então focamos nos timbres, ambiência e por aí vai. Primeiro gravamos a bateria, depois guitarras, baixo e por último uma guia de vocal. Num primeiro momento foram 15 dias no estúdio, direto. Depois mais 3 dias pra gravar vocal e fazer a mixagem, totalizando 18 dias em todo o processo. A gente chegou a ficar 15 horas direto mixando, chegou uma hora que olhamos para o relógio e já eram 2:30 da manhã e a gente lá fuçando na mesa (risos).
A gente queria tirar um som mais nosso mesmo, criar um padrão estético da banda. Os últimos 2 anos foram muito intensos, tocamos muito ao vivo, ensaiamos demais, fizemos uma pré-produção extensa, e percebemos que a melhor forma de extrair a essência da banda seria gravando dessa maneira. Sinceramente o resultado foi excelente, sensacional. Ficou tudo muito mais natural e real, entende? Não é tão pasteurizado, e pro nosso estilo de composição saiu tudo na medida certa. Saímos da nossa “zona de conforto” de timbres e tudo mais, foi um grande desafio, e resolvemos encarar isso. A intenção era realmente soar diferente dos nossos trabalhos anteriores, “Before the Ashes” e “Contempt for You”. Mostrar que a banda está em um outro momento, estamos com outra formação e com uma pegada mais madura.
O show de lançamento oficial foi em Uberlândia, ao lado da banda Attero, que também lançou novo cd. Como foi o evento? O show foi excelente! Há muito tempo queríamos fazer algo naquele formato, com todos os amigos, tocando num esquema mais “inferninho”. O clima foi de festa mesmo, exatamente como estava planejado, ou seja, saldo totalmente positivo. Fora que toda vez que a gente toca com o Attero a farra é boa demais. O No Defeat detonou e fez um show extremamente agressivo. Gostaríamos que o Uganga tivesse lá também, aí a parada seria mais insana ainda (risos). Estreamos o primeiro show com essa formação e funcionou, acredito que a banda nunca esteve em uma sintonia tão boa no palco. Vocês contam com a participação do vocalista da banda sueca Watain em uma música, certo? Como rolou esse contato? Na verdade ele é o baixista. O contato rolou, pois a gente tinha tocado com ele no Chile com uma outra banda que ele tem, o Undercroft (na
qual ele é o vocalista). Depois disso, nunca mais perdemos o contato, na Europa o Watain tava em tour e nós também, e direto chegávamos em um local em que eles tinham tocado e deixado saudações pra gente, etc. Ele inclusive ficava andando com a camiseta do Triângulo Satânico Mineiro nos backstages e a galera mandava foto disso no email pra gente. Então um dia eu mandei a guia de um som pra ele, e o cara disse que gravaria uns vocais, eu passei a letra, ele gravou em Estocolmo e fez o upload das waves pra gente. Pegamos isso no estúdio no dia da mixagem e encaixamos na gravação. Foi excelente, é uma grande honra ter um músico desse calibre colaborando com a banda, o Watain hoje é um dos grandes nomes do Black Metal mundial e tudo isso só vem a somar ao trabalho do Krow. Rolou uma mudança de baixista pouco antes da gravação, entrando o Humberto no lugar de Allison. Ele chegou a gravar todas as músicas? Como está essa nova fase? Sim, ele gravou todas as músicas. O Humberto já era um cara muito próximo da banda faz um bom tempo, ele inclusive participou das gravações do “Before the Ashes” e foi decisivo nessa época, ele que descolou estadia pra gente em Goiânia, fez a letra de um som e cantou, ajudou muito na promoção do disco, viajava com a gente, sempre foi muito integrado ao nosso trabalho. O que aconteceu foi que ele era a pessoa certa na hora certa, chegou e fez o que tinha de ser feito, sem ele com certeza o disco não teria saído da maneira como saiu. Aliás essa nova
fase está ótima, todos da banda estão se esforçando muito, conseguimos montar um time e creio que essa é a melhor maneira pra se levar o Krow, os 4 caras trabalham, todos participaram das composições, letras, arte gráfica. Essa formação é a mais forte que já tivemos com certeza. E quais os planos da banda daqui pra frente? Os planos são muitos. Mas o foco imediato é organizar o material audiovisual da banda. Temos muita coisa que nunca divulgamos e estamos com uma proposta para a gravação de um clipe que deve ser feito ainda este ano. O disco chega no final de outubro e temos que cuidar da promoção nacional ainda. Com todas essas coisas encaminhadas cairemos na estrada pra fazer os shows promovendo o “Traces Of The Trade”. É trabalho e mais trabalho pela frente !!!
www.krowmetalzone.com
Heavy Metal - A História Completa
LeitURA
Autor: Ian Christe | Editora: ARX
O jornalista sueco Ian Christe escreveu um livro fácil de ser lido e compreendido, mesmo por leigos no universo do Heavy Metal e seus sub-gêneros. Trata-se de um apanhado geral sobre o nascimento e desenvolvimento do estilo de música mais legal do planeta: o Heavy Metal claro! Um trabalho feito de fã pra fã e que em essência não foge do que todos já sabem, o Black Sabbath é o marco zero e ponto final! Com certeza é necessário fazer reverência ao Led Zeppelin, Deep Purple, Stooges, Sir Lord Baltimore, Kinks e até aos Beatles por sementes bem plantadas no rock pesado um pouco antes, mas ninguém emulou o poder e a estética do estilo como os 4 cavaleiros de Birmingham. Numa narrativa agradável o autor aborda de maneira bem ampla e imparcial a evolução (ou em alguns casos regressão) do estilo num livro muito legal, ilustrado com várias fotos e com prefácio de Andreas Kisser do Sepultura, que obviamente tem sua parte no livro (o Sarcófago é outra banda nacional citada). Resumo da ópera: receita literária sem contra-indicações para fãs do estilo. por Manu “Joker”
Quebra Queixo - A Banda Desenhada Editor: Evandro Vieira | Editora: Independente
Direto trombo o Evandro “Esfolando” Vieira, da banda Quebra Queixo, em Brasília, e num desses encontros tive o prazer de ganhar a nova edição do livro “Quebra Queixo - A Banda Desenhada”. Viu que falei “livro” né? A primeira edição era uma revista, mas essa nova é um p*** livro, com capa dura, formato A4. Ficou lindão! E ainda vem com um pôster, e claro, o novo cd da banda. Pra quem não conhece a idéia, trata-se de uma banda de Brasília que tem como vocalista um ilustrador de mão cheia. Daí, eles lançam, junto com cada CD da banda, um livro onde convidam vários ilustradores para transformar as letras das músicas em imagem. Resultado, cada letra é uma história em quadrinho, desenhada por um ilustrador diferente. Foda ou não? Mais infos: bandaquebraqueixo@hotmail.com por Marco Henriques
A Estrada da Noite Autor: Joe Hill | Editora: Sextante
“Vou vender o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto...” Após ler essa frase num site da internet o rockstar cinqüentão Judas Coyne (na minha percepção uma mistura mais casca grossa de Lemmy , Keith Richards e Ted Nugent) entra numa história onde os desdobramentos vão surpreendendo o leitor a cada capítulo. Com sua namorada Gótica e seu casal de cães da raça Pastor Alemão (o robusto e corajoso Angus e a sagaz e protetora Bon) ele enfrenta o espírito de Craddock McDermott, um fantasma disposto a acabar com sua vida e das pessoas a sua volta. Num universo com várias referências ao mundo do Rock (AC/DC, Nine Inch Nails, Kurt Cobain entre outros dão as caras em determinados momentos do texto) o inglês Joe Hill, autor da aclamada compilação de contos “20th Century Ghosts” escreveu um dos livros de suspense mais legais de todos os tempo e digo isso sem delírio nenhum. Claro que trata-se de uma opinião particular, mas é disso que se trata esse texto, então.... Um quadro pintado com cores fortes, muito barulho e um coquetel de sentimentos, “A Estrada Da Noite” é um livro fantástico e gostaria muito de ver isso na tela feito com capricho. Indico e pronto! por Manu “Joker”
Mulheres do Rock - O rock do DF e do Entorno sob o ponto de vista feminino Autor: Alice (Gulag), Ludmila (Estamira), Andréa (ex-Valhala), Bianca (ex-Bulimia) e Zane (Flammea) | Editora: Zine Oficial
Olha eu aqui, resenhando mais um livro de Brasília. Quem me passou um exemplar de “Mulheres do Rock” foi o Fellipe CDC (Terror Revolucionário, Death Slam), em um show de HC. Foi o livro que li mais rápido na minha vida! São 6 “capítulos” dedicados à 6 mulheres que viveram e ajudaram a criar o cenário underground de Rock em Brasília. O mais legal é que há vários perfis diferentes, da mina com ideais feministas, passando pela mais hardcore, até a metaleira extrema que manda um foda-se pros “headbangers de fim de semana”. É muito massa ver que quem está nesse meio underground/alternativo, acaba passando pelas mesmas coisas, idependente da região ou do sexo. Eu mesmo me identifiquei com vários fatos retratados como a primeira banda que fui fã, o primeiro show que vi, as viagens para festivais... Enfim, não é uma obra da literatura, mas é verdadeiro, aconteceu e é contado por quem estava lá. Rock’nRoll! Vale a pena demais ler! por Marco Henriques
euro caos 2010 - tour report - parte 1 Em setembro de 2010 a banda Uganga partiu para sua primeira turnE na Europa e aqui nesse tour report vocEs ficam por dentro de como foi a aventura desses mineiros pelo Velho Mundo. Foram 18 shows, 28 dias, muita musica e muitas historias pra contar. Com voces, Uganga Euro Caos Tour 2010. Por manu “joker” No dia 01 de Setembro de 2010, Eu, Marco, Christian, Ras e Thiago deixamos o Triangulo Mineiro rumo à primeira turnê européia do UGANGA. Foram 18 shows em 28 dias de viagem por dez países diferentes (Alemanha, Suíça, Bélgica, Holanda, República Tcheca, Áustria, França, Espanha, Polônia e Portugal). Já em São Paulo, encontramos nosso empresário, Eliton Tomasi, no aeroporto de Guarulhos. O time agora estava completo e pronto para o embarque. Nosso vôo para Praga na República Tcheca partiu às 19h no horário de Brasília, e faria uma conexão em Amsterdã, na Holanda.
Chegada no De Rots - Antuérpia (Bélgica)
Chegamos em Praga às 13h do dia 02 de Setembro. Na sala de desembarque, nos esperava o Damian Ekman da One Way Tour Booking, empresa polonesa que negociou alguns shows e ficou responsável pelo nosso transporte terrestre durante toda a turnê. O tempo chuvoso nos recepcionou. Dentro da van, tivemos as primeiras (boas) impressões de solo Europeu. Também ficamos eufóricos ao pegar nosso merchandise europeu feito especialmente para a turnê! Nosso primeiro show estava agendado logo para o dia 03 de Setembro no De Rots na cidade de Antuérpia, Bélgica. De Praga até lá seriam 900km! Mal descemos do avião e já tivemos que botar o pé na estrada! Pouco tempo livre e longa distancia a ser percorrida: essa seria a tônica ao longo de toda a turnê. No caminho para a Bélgica, passamos pela Alemanha e depois Holanda. Já era tarde da noite quando, cansados pela longa viagem de avião, decidimos passar a noite num hotel e seguir no dia seguinte pela manhã. O problema foi encontrar um hotel aberto! Depois de diversas tentativas, não nos restou outra alternativa do que passar a noite dentro da van. Estacionamos num posto de gasolina e ali ficamos. Christian e Marco preferiram o banco de um McDonald’s que ficava ao lado. Conseguimos chegar no De Rots com tempo suficiente para conhecer a cidade, as pessoas e preparar tudo com calma para o primeiro show da turnê. Dividimos o palco com as bandas My Name is God e Titan,
Uganga - Antuérpia (Bélgica)
ambas da Bélgica. O clima era amistoso e familiar, já que o Eliton conhecia os músicos e o pessoal da casa desde 2009 quando fez a turnê européia do Hellish War. O backline era excelente, e tivemos a segurança que precisávamos para a estréia em solo europeu. Um bom público compareceu e o show teve a melhor recepção
possível. O nervosismo da estréia agora dava lugar a uma ansiedade para fazer os próximos shows. Passamos a noite no próprio clube, que funciona como um hostel (albergue) completo no piso superior (há ainda uma loja de CDs enorme dentro do próprio recinto). Logo no dia seguinte dividimos o palco com as mesmas bandas no The Frontline, em Ghent, cidade vizinha à Antuérpia. O local era histórico, já haviam tocado lá bandas como Morbid Angel, Deicide, Vader, até mesmo os conterrâneos do Krisiun. Após o show fomos à casa do Nick, vocalista do Titan, para relaxar um pouco. Ele tinha animais de estimação pouco comuns, como alguns lagartos e uma tartaruga marinha. O domingo, dia 05, marcaria nosso primeiro Day-Off. Mas a convite do Samuel, vocalista do My Name Is God, nós fizemos um show adicional num local chamado Music City. Localizado na periferia de Antuérpia – habitado na maioria por muçulmanos – o evento reuniu bandas de estilos bem distintos, na maioria indies e hardcore. O UGANGA foi certamente a banda mais pesada do dia. O amigo Stijn, guitarrista da Titan, apareceu para prestigiar nosso show. Após três excelentes dias na Bélgica, voltamos para a Alemanha para o primeiro Day-Off em Berlim. Com tempo livre, fomos até o Music Lab, estúdio do Harris Johns que mixou nosso álbum Vol 3: Caos Carma Conceito. O estúdio fica numa área bem calma da cidade que já abrigou o segundo aeroporto da história da humanidade. Almoçamos com o Harris num restaurante
Uganga, Eliton Tomasi e Harris Johns - Music Lab Studio - Berlin (Alemanha)
próximo. Foi nosso primeiro contato com a comida tipicamente alemã. Após o almoço, tive a oportunidade de bater um papo com o guitarrista do Assassin, que tinha ligado no estúdio para falar com o Harris. O cara é muito gente boa e até nos convidou para tomar umas cervejas á noite. Infelizmente não pudemos devido aos shows agendados – turnê é assim, trabalho sempre vem antes! Ainda em Berlim, fomos também ao bairro de Kreuzberg onde conhecemos a Coretex Records e vários outros locais interessantes, além de pontos históricos como as ruínas do Muro de Berlim, o Monumento ao Holocausto, portão de Brandemburgo, entre outros. De Berlim seguimos para o Leste Europeu para os primeiros
shows na Polônia – seriam cinco no total! As estradas não eram tão boas quanto as da Europa central, e o clima soturno imperava através de florestas íngremes, corvos e estátuas religiosas. O primeiro show na Polônia foi na cidade de Wegorzyno no dia 08, uma quarta-feira. A cidade era muito pequena, quase deserta. Ninguém andando nas ruas, quase não se ouvia ruído de carros. Fomos até uma pequena praça onde quase tudo estava fechado. Foi então que dois figuraças passaram andando e vieram trocar uma idéia com a gente. Eles não entendiam inglês e nós não entendíamos polonês, até que um deles disse a palavra universal: BEER! Pouco depois eles voltaram com um montão de cervejas polonesas quentes! Sim, não estavam sem gelo, estavam quentes! Mesmo assim a amizade estava feita! Aquele cenário era, no mínimo, insólito: éramos uma banda brasileira de thrashcore que cantava em português e que iria tocar numa quarta-feira em uma cidadezinha polonesa quase deserta chamada Wegorzyno, sendo que as duas únicas pessoas que tínhamos visto na rua até então eram dois poloneses que bebiam cervejas quentes! As chances desse show dar certo eram remotas! Mas eis que o primeiro show na Polonia mostrou-se uma bela surpresa! Tocamos para um bom público no U Brody, vendemos merchandise e fizemos vários amigos, em especial o Adam da banda Teraz, que tocaria conosco no dia seguinte na cidade de Szczecin.
O show de Szczecin aconteceu no charmoso clube Alter Ego e também foi bem legal, apesar de ter menos público (Szczecin é uma cidade grande, nem se compara com Wegorzyno, onde o publico foi maior). Durante o dia aproveitamos para conhecer a bela cidade e apreciar um pouco da gastronomia local. Entramos num restaurante cuja decoração nos vez voltar à era dos Vikings. Marco, Thiago e Eliton quiseram provar um prato típico Polonês, que foi descrito pela garçonete como “carne, batata e salada”. Até ai, tudo tranqüilo... Quando o prato chegou, eles descobriram que a “carne” era um grande joelho de javali revestido por uma pele flácida e que ainda tinha pêlos! Aquela cena foi muito chocante para o Thiago que se levantou da mesa e foi pra fora do restaurante fumar um cigarro. Eliton e Marco honraram a tradição viking e devoraram o que a gente depois apelidou de “bola de pelos”. Hail!
Uganga ao vivo em Szczecin (Polônia)
Após a primeira perna na Polônia voltamos para Berlim. Fizemos mais um pouco de turismo e seguimos para Frankfurt, onde passaríamos a noite para no outro dia seguir rumo à Suíça. Aliás, Frankfurt foi uma experiência desagradável. Dormimos numa área meio barra pesada, cercada de puteiros e drogados – os caras ficam jogados nas calçadas tomando baques e fumando pedra, não é a toa que a cidade é apelidada de “Junkfurt”. O albergue que escolhemos para dormir não era ruim, mas lá tivemos problemas com um otário nazi que por pouco não apanhou. O cara achou ruim quando entramos no quarto e começamos a arrumar nossas coisas. Ele estava dormindo, mas acordou com o barulho, que não foi tão grande. Começou a nos xingar e ameaçar em Italiano, eu respondi em inglês e logo virou um bate boca dentro do quarto, que ainda tinham outros hospedes. Depois o pessoal do albergue nos pediu desculpas, pois aquele cara já está hospedado lá há bastante tempo e se achava dono do quarto. Tava sempre arrumando confusão. Seguimos viagem no dia seguinte para um dos momentos mais esperado da tour: a Suíça! A Suíça foi foda! Tudo começou pelo caminho, com as paisagens belíssimas dos Alpes. Tocamos na cidade de Worblaufen, distrito de Berna. O pub era chamado Tibis Downstairs e fomos super bem recebidos pelo pessoal que já conhecia o Eliton. Antes do show fomos fazer check-in no hotel que a produção nos reservou e que era de altíssimo nível. No jantar, um típico churrasco suíço/alemão com salsichões
Uganga ao vivo em Worblaufen (Suíça)
weisswurst, kassler e saladas, tudo preparado pelo Marco, um dos proprietários. Grandes canecas de cerveja tornaram o momento ainda mais agradável. Com toda essa estrutura, nós fizemos um dos melhores shows da tour. Casa cheia e uma excelente recepção da platéia. Várias bandas legais com destaque pro Road To Nowhere (Metalcore fodasso). Saímos do palco após alguns bis (coisa que se tornou recorrente nessa tour) com o público gritando o nome da banda e de alma lavada. Ainda conhecemos um português muito gente fina que adora metal brasileiro. Vendemos muito merchandise e recebemos um excelente cachê. Se todos os shows fossem como esse, teríamos feito uma bela grana nessa tour. Viva a Suíça!
Seguimos rumo a República Tcheca passando pela Áustria e Alemanha novamente. O próximo show seria novamente na Polônia, dessa vez na Cracóvia. Dormimos no caminho, na bela Praga, onde também tivemos um tempinho para fazer um turismo. A Cracóvia é uma cidade muito bonita, mas que tivemos pouco tempo para conhecer. Tocamos com uma banda de brutal death metal e com os portugueses do More Than a Thousand. O show foi legal, mesmo estando todos muito cansados, devido a quase 10hs de viagem. Esse dia ficaria marcado negativamente, pois uma pane inesperada em uns dos laptops nos fez perder grande parte dos vídeos e fotos que havíamos tirado até então. Puta anti-clímax, mas a vida seguia... Acordamos e rumamos para Decin, na República Tcheca. Antes, passamos em Auschwitz por algumas horas, algo que estava nos planos desde que saímos do Brasil. Um momento que com certeza não será esquecido nessa viagem, experiência única que só quem esteve lá pode descrever. O show de Decin foi o único na Republica Tcheca. Tocamos num clube chamado Biograph ao lado de uma banda inglesa de punk HC bem legal chamada Last Under The Sun. Chegamos em cima da hora e a casa estava cheia! A recepção foi muito foda. Mais um excelente show de destaque dessa tour. Nesse dia bebemos bastante e dormimos num squat localizado em cima do pub. Coisas estranhas aconteceram naquele squat... Acordamos no outro dia, almoçamos num puta restaurante foda
(mas com preços acessíveis) e seguimos por uma linda estrada passando por pequenas fazendas, bosques e rios. Estávamos voltando para a Polônia. Após sermos parados pelas policias Tcheca e Polonesa, seguimos para Bydgoszcz, já na Polônia. Fizemos um show lá no dia 15 num clube chamado Estrada. Chegamos em cima da hora pro show, mas o local era massa, com um palco grande. Nesse dia dormimos em Torun, cidade do astrônomo e matemático Nicolau Copérnico. Dando um role pela cidade, dava pra flagrar várias estátuas do cara! Durante o passeio encontramos o pessoal de uma banda “amiga” do Damian. Rolou um bate boca em polonês que não entendemos nada, mas a coisa ficou preta e quase os polacos saíram no tapa! Comemos um Kebab (comida turca vendida em toda Europa) e fomos dormir na casa de uma mina amiga do Damian.
Uganga e Last Under The Sun - Decin (República Tcheca)
Balada pós-show na cas do Tuse - Gdansk (Polônia)
Encerramos a perna da tour no Leste Europeu com um show na cidade de Gdansk, já próxima do Mar Báltico. Mais um dia bem legal! Antes do show, jogo da liga polonesa de futebol. O time da cidade ganhou! Cerveja para todo mundo! Tocamos no clube Mechanik (bem legal, por sinal) com uma banda chamada Kontragarda que fazia um Metal mais moderno com uns toques meio Napalm Death. Os caras da banda eram muito legais. Nesse dia ainda conhecemos o Tuse, um grafiteiro local que nos convidou para uma festa em sua casa após nosso show. Depois de algumas vodkas polonesas, seguimos para uma cidade próxima que não lembro o nome – a festa tinha sido boa! Iríamos dormir novamente na casa de contatos do Damian. Chegamos atrasados, já que nossa gasolina tinha acabado (por sorte, próximo a um posto de gasolina). A recepção nesses
lugares sempre foi muito boa e essencial para dias onde não havia hospedagem. Fomos recebidos por um casal muito simpático numa casa bem grande e aconchegante. Camas para todos, banho agradável, tudo para uma boa noite de sono, a última na Polonia! Viva Polska! Pegamos estrada de novo rumo a Berlim. Antes, passamos numa vila chamada Górzna, onde mora a mãe do nosso motorista. Próximo a essa vila visitamos as ruínas de uma ponte férrea que foi bombardeada pelos nazistas na segunda guerra e virou de cabeça pra baixo. Loucura, uma ponte de metal de cabeça pra baixo, no meio de uma mata fechada sobre um rio! Lembranças de uma guerra que ninguém esquece (nem pode). Continua...
No Bate-Bola dessa edição trocamos uma idéia com Poney, vocalista e baixista da banda Violator, de Brasília. Completando 12 anos de estrada, com 2 álbuns full-lenght, alguns splits e várias tours pelo país e exterior, a banda é atualmente um dos principais nomes no cenário de Thrash Metal nacional. Enjoy! Por Marco Henriques Violator: Espaço que eu encontrei, num mundo ditado pelo dinheiro, pra fazer as coisas por paixão e amizade. Brasília: Cidade cemitério, uma cova rasa, mas que me faz sentir em casa. Uma banda nacional: Só uma? DER, Farscape, Discarga, entre tantas outras. Uma banda gringa: Dos anos 2000, Direct Control. Um disco: Minha vida é somar “Beneath The Remains” com “Out Of Step”. Um show: Circle Jerks em São Paulo, Ozzy em Brasília, Iron Maiden em Curitiba e Vingança no Parque da Barragem. Um filme: O Grande Lebowski. Uma frase: Essas coisas podem soar meio bregas, mas gosto muito de “Seu coração é uma arma do tamanho do seu punho. Continue lutando, continue amando”. Televisão: Tô há dois anos morando numa casa sem uma. Alegria! Internet: Maneira legal de transformar as distâncias em possibilidades. Um sonho: Joey Ramone zumbi voltando da tumba pra fazer um show. 2012: Gravar o novo disco do Violator nas Zooropa, continuar fora de compasso com o mundo e aprender a dar um ollie.
www.violatorthrash.com
ETERNAMENTE REDSON O mesmo coração que amou ardentemente a cena Punk sofreu uma parada e resolveu parar de bater no dia 27 de setembro de 2011, uma terça-feira que ficará marcada para todo o sempre na história do underground tupiniquim. O triste fato deixará órfãos por vários lugares do mundo, especialmente em solo brasileiro, onde o inigualável e inconfundível Redson foi um dos principais precursores do movimento Punk, seja com suas músicas, com suas palavras e, primordialmente, por suas atitudes. Não é exagero considerar que toda banda Punk brasileira tenha em seu DNA um pouco – ou muito – da Cólera, que desde 1979 encanta com sua assustadora energia (quem já viu algum show desses caras sabe o que eu estou falando). Edson Lopes Pozzi tinha 49 anos quando sofreu uma parada cardiorespiratória e deixou esse mundo pelo qual tanto lutava, pedindo paz, pedindo consciência e, muito mais que isso, trabalhava para que essa plenitude social se realizasse. Toda a sua história e toda a sua luta, porém, não serão em vão. Todas as sementes que plantou renderam árvores frondosas e frutíferas, das quais todos nós - envolvidos com a música subterrânea – usufruiremos por gerações e gerações. Senhor Redson, sinceramente, muito obrigado por tudo. Fique em paz e saiba que o seu grito, o nosso grito, não será em vão! Observação: Redson Pozzi, além da banda Cólera, também foi produtor cultural, tocou em uma banda cover da The Cult e, há muitos anos, fundou o Ataque Frontal, um selo que lançou alguns dos títulos mais importantes da música Punk Hardcore brasileira.
Por Fellipe CDC (Fanzineiro, produtor e músico. Mais um dos que aprenderam muito com o Redson) - fellipecdc@yahoo.com.br
MAS NOTICIAS por Marcelo “Pudim”
A culpa é de São Pedro Todo ano, quando chega as épocas de chuva é hora de começar o grande campeonato dos Santos. No jogo estão sempre os mesmos participantes: São Paulo, São Pedro e São Sebastião. Nesse curioso jogo de culpas a bomba sempre cai no colo do coitado do São Pedro. São os representantes do povo largando suas responsabilidades para culpar as entidades celestiais. São Pedro é um personagem um tanto quanto interessante. Nos textos bíblicos Pedro é o santo que mais foi tirado pelo seu mestre: andou sobre as águas e caiu, levando todos a risada. Negou Cristo 3 vezes antes do galo cantar, mesmo sabendo que ele iria negar ele negou. E terminou sua vida crucificado de cabeça para baixo. Considerado criador da igreja católica, nem em sua instituição ele não é muito lembrado. Já que a maioria das cartas lidas em missa é do santo conservador Paulo, e numa instituição ultraconservadora não há espaço para vanguardistas. Neste cenário, o verdadeiro merecedor do titulo de Santo é mesmo Pedro, já que toda culpa sempre recai sobre ele. Todo ano, de dezembro a março, vemos em noticiários vários alagamentos, desmoronamentos e pessoas morrendo e perdendo suas casas por conta de má administração e promessas não realizadas. A campeã é São Paulo, qualquer chuva é um desastre. E a desculpa sempre é a mesma: a culpa é de São Pedro, pois choveu alem do esperado. O mais desesperador é que são sempre
as mesmas regiões. Ou seja, as mais pobres da cidade. A marginal Tietê e toda a zona leste transborda mais que a mistura de Mentos com Coca-Cola. Todos conhecemos o sentimento de pureza racial de São Paulo, vide o ódio aos nordestinos e aos pobres que a elite paulista implanta em seus discursos. Nota-se também que esses bairros são habitados em sua maioria por nordestinos que vem ao grande centro econômico em busca de emprego. Como esses nordestinos não votam em São Paulo o descaso é claro e nítido. Coincidência ou não na briga entre São Paulo vs. São Pedro, quem mais sai machucado são os pobres mortais. Já a briga com São Sebastião do Rio de Janeiro, é um pouco diferente, mas, a culpa é sempre do mesmo santo: o pobre coitado do São Pedro. No estado que leva o nome do santo que morreu com uma seqüência de flechadas, o período de chuvas é caracterizado por deslizamentos e enchentes que levam casas e famílias literalmente por água a baixo. Como já temos um culpado, fica fácil para os gananciosos representantes do povo liberar construções em áreas de riscos para arrecadarem mais impostos e nunca repassarem em políticas preventivas. O resultado é o mesmo: sempre é o povo que sofre as conseqüências dessa acirrada luta. Ao final do campeonato a solidariedade do povo para com seus companheiros abafa a responsabilidade dos órgãos governamentais. Seja ele municipal e/ou estadual. E a cada eleição são feitas novas promessas para não acontecer novamente. Mas caso aconteça já temos um culpado: São Pedro.
Quem nos diz o que anda rolando em seu headphone nessa edição são 3 colaboradores de diferentes partes do país. Primeiro temos Mathias, da banda Desalma, Grind Core do Ceará. Na sequência Murilo, guitarrista da banda de HC melódico Gagged, de São Carlos. E pra fechar, Thiago DJ, de São Paulo, já velho conhecido no cenário de música alternativa por sempre embalar as festas com uma discotecagem classe A! Confira aí o que esses malucos andam ouvindo! brasileiro, Criolo - “Nó Na Orelha” - Com certeza o disco do ano, arrebentaram com os tabus do Rap perto chegar pra dá e Romeo Max e Buarque Chico Samba, do Originais junte Fela Kuti, Sabotage, do caldeirão sonoro que é esse disco. mais Beastie Boys - “Hot Sauce Committee Part Two” - Os mestres estão de volta, e além das batidas tempos os desde faziam não que algo rock, um com conta monstruosas do Hip-Hop mundial, esse álbum de Sabotage, além de uma novidade, um Dancehall com participação da cantora Santigold. forma, Agnostic Front - My Life My Way - Os padrinhos do Hardcore nova iorquino voltaram à velha pitadas um disco muito porrada, com tudo que os hardcoreanos gostam, músicas rápidas, quebradas, de crossover e até uma influência de Sepultura na faixa ‘A Mi Manera’! Thiago DJ Vader - “Tô sempre ouvindo Vader, é uma referência e curto todo o material.” Pantera - “Já é um clássico e com certeza todo guitarrista deve ouvir.” Krow - “Pra ser sincero velho, eu ouvi muito Krow essa semana. Tocamos com os caras e foi muito legal.” Mathias (Desalma - Guitarra)
Gagged
Bad Religion - “Porquê tô na ansiedade do show novamente! Foo Fighters - “O disco novo é o melhor do ano.” Hellacopters - “Banda que faz falta pra caralho.” Mute: “Melhor show que vi esse ano.” Murilo (Gagged - Bateria)
LO O
WT F I S I N DI E? música alternativa em geral, bandas, discos e novidades
A partir dessa edição o Páginas Vazias traz um espaço exclusivo ao Indie Rock. E 2011 começou com grandes novidades pra quem gosta dessa vertente do Rock pra lá de multifacetada. Em tempos em que os novos discos de bandas de calibre do meio como Radiohead e The Strokes, são esperados e consumidos com ansiedade pela crítica e público, são duas bandas “novas” que chamam a atenção nessa estréia da coluna. Os americanos do Cage The Elephant lançaram seu segundo e ótimo disco, “Thank You, Happy Birthday”, claramente inspirado no grunge. A banda ganhou certa projeção ao se apresentarem no festival SXSW, em 2007. Depois disso se mudaram pra Londres para gravarem o primeiro disco e por lá ficaram. Assim o álbum apresenta canções de um Indie Rock cru e urgente, mas com momentos sutis e calmos, de forma equilibrada e pretensiosa. Curiosamente (ou não) na semana de lançamento, o álbum entrou em absurdo segundo lugar na “Billboard” e virou o disco mais baixado do iTunes. Não foi à toa! www.myspace.com/cagetheelephant
Já o Yuck lançou seu auto-intitulado debut. O nome da banda é um termo usado para designar coisas nojentas, o que casa muito bem com a sonoridade suja que a banda apresenta, o que faz um público habituado em composições polidas e plastificadas sentirem certo “desconforto”. Não apenas os fissurados em guitarras sujas, riffs ensurdecedores e vocais gritados podem se interessar pelo som deles. A banda prepara sons fáceis para os ainda não iniciados nesse tipo de arte ao mesmo tempo em que nos presenteia com doses nada modestas de distorções e barulhos, que fazem nosso interesse crescer a cada nova audição. Apesar de tantos caminhos a banda se posiciona o tempo todo de maneira firme e sabe exatamente o rumo que está seguindo. Arrisco dizer que esse disco deve figurar fácil nas listas dos melhores de 2011. www.myspace.com/yuckband Assunto é o que não vai faltar para as próximas edições. Vem muito mais por ai! Por Glauco Ribeiro - Arquiteto e urbanista, ex e futuro músico, desbravador de novas bandas e consumidor voraz de música com qualidade. glauco7ribeiro@gmail.com
O Som do Bico da Galinha Por Manu Henriques
Devido a um maior intervalo no lançamento dessa edição (coisas que acontecem no underground) algumas pessoas que venham a ler essa coluna a partir desse capítulo podem ficar um pouco confusas. Aos interessados as edições anteriores podem ser lidas ou baixadas nesse link: www.paginasvaziaszine.blogspot.com Capítulo 34 – Ganga Zumba Uberaba, começo de 1997... O Nuts tinha acabado e o que era um projeto paralelo de Hardcore cantado em português pela primeira vez se tornava prioridade para seus integrantes. Com minha formatura em Arquitetura se aproximando, e consequentemente minha volta para Araguari, resolvi chamar os caras (Leospa, Claudão e Zacca) pra trocarmos uma idéia e ver o que iria rolar dali pra frente com o GZ. Eu estava morando no bairro Olinda próximo a UNIUBE e dividia uma república com meu chapa Raposão “Acid Men”, era uma rotina de vida muito tranqüila mas já começava a sentir uma certa melancolia em abrir mão de uma vivência que já durava 7 anos (como são bons os tempos de faculdade!). No curso eu fazia só uma matéria pra me formar e tinha aula uma vez por semana, nas terças. O resto
do tempo gastava no Jiu-Jitsu com o professor Simão (Casto Jiu Jitsu - GO) onde treinavam vários camaradas como o Léo Punk (Cave / Rock’N’Street), Sanduba (irmão do Marcelo, batera do Granvizir), Malufão (ex-batera do John No Arms) e Formiga (ex-Neurônios, que anos depois seria campeão mundial de JJ). Tatame ou bateria, com intervalos para aulas de Resitência dos Materiais (cara que matéria chata!), e aquilo ao menos em parte iria ficar diferente em poucos dias com minha formatura. Mudanças enfim... I’m going through changeeees!
Equipe Castro Jiu Jitsu (Uberaba – 1997)
Por outro lado o Leospa também tinha voltado pra Uberlândia e transferido o curso para uma universidade local, ficando a banda dividida entre as 3 cidades (Beraba, Berlândia e a Bela Araguari). Depois de umas boas cervas e sessions típicas começamos a conversar sobre os rumos do GZ e todos se mostraram animados, apesar do Zacca estar muito dividido entre o então renomeado Seu Juvenal e tocar com a gente. Eu percebi isso mas resolvi esperar e ver o que iria dar. Rapidamente acertamos que o quanto antes estaríamos com material pronto para a primeira demo, que se chamaria “Antes Que O Mal Cresça”. Decidimos continuar a ensaiar em Uberaba primeiramente por sermos uma banda originária da cidade e provenientes de uma cena da qual nos orgulhamos muito, mas especialmente pelo fato de naquela época alugarmos uma boa sala de ensaios na cidade, na rua Capitão Manoel Prata (além de 2 integrantes serem naturais de lá) e em Araguari não tinhamos essa opção para ensaios. Ou seja, eu agora iria pegar estrada pra ensaiar, porém Araguari tinha um estúdio legal de gravação chamado G&S, próximo ao bosque John Kennedy e decidimos que a demo seria gravada ali. O engenheiro de som era uma amigo e também músico chamado Dalmar Paratela que estava afim de fazer uma experiência com a banda, algo essencial quando se escolhe um engenheiro de som/produtor. Local e meta definidos nos focamos nas composições e desses ensaios em Uberaba saíram as faixas ‘Sai Fora (Ganga Song)’ e as novas versões de ‘Los Hermanos de La Agua Ardiente’ de autoria do Edinho
(Zacca) que inicialmente era um Hardcore e depois viraria Ska/ Core, além de ‘A Noz e a Mulher’ e ‘Reflexão’, ambas resgatadas dos tempos do Nuts. A banda nesses ensaios soava muito bem, pesada e com uma pegada forte e coesa, mas infelizmente não existe nenhum registro com boa definição dessas sessões, só alguns K7’s toscos. Uma pena que esses dias tenham ficado só na memória pois logo essa formação sofreria uma mudança importante antes de gravar a demo.
Manu e Dalmar Paratella no G&S Estúdio (Araguari – 1997)
Capítulo 35 – Antes Que O Mal Cresça Na véspera de me mudar para Araguari o Zacca veio na minha casa e disse que não poderia mais ficar na banda e se dedicar a
gravação da demo . Disse também que havia decidido ficar só no Seu Juvenal mas que tinha um amigo pra indicar pro seu lugar. Eu confesso que fiquei chateado pois como disse estávamos soando muito bem, eu tinha (e tenho até hoje) uma química musical forte com ele mas entendi e respeitei sua decisão procurando saber mais sobre esse tal amigo. Marcos Garcia, conhecido por Markinho na cena de Uberaba, era o indicado e tocava numa banda chamada Outubro que fazia um Rock mais pop na linha de bandas como Capital Inicial e Legião Urbana. Também tinha muita experiência tocando na noite e o fato de se tratar de um músico com estilo tão diferente do Zacca (que por sua vez era mais próximo do meu e do Leospa) me deixou em dúvida se poderia dar certo, mas achei válido fazer uma tentativa já que ele havia se mostrado interessado em nosso som e era um músico bem capaz. Na semana que me mudei de cidade após 7 anos em repúblicas conheci aquele que viria a ser o novo guitarrista do Ganga Zumba e a primeira impressão foi boa, já que ele chegou usando uma camiseta do Infectious Grooves, banda que sou fanático e que vinha de encontro com a idéia de misturar peso e groove desde os primórdios do Nuts em 93. Mostrei algumas gravações de ensaios com umas 3 faixas já adiantadas e conversamos sobre música, influências e obviamente sobre tocarmos juntos. Fiquei de retornar no outro dia com uma resposta, me reuni com o Claudão (baixo) e Leospa e decidimos que ele era uma boa opção pras cordas mesmo sem o conhecermos bem. Depois de várias mudanças desde o começo 4 anos atrás (ainda como um projeto paralelo) o Ganga
Zumba estava com um line up estabilizado e que iria durar um bom tempo, rendendo 3 demos e várias apresentações. Eu e o Leospa éramos o lado pesado da banda enquanto Claudão e Markinho a parte mais calma e experimental, mas o fato de se tratar de 2 excelentes músicos resultou numa sonoridade interessante, especialmente nos primeiros anos da parceria. Com certeza não éramos mais uma banda só de Hardcore, o som estava mais técnico e variado e logo as faixas da demo estavam finalizadas e prontas para serem registradas. As gravações em Araguari duraram pouco mais de uma semana e o resultado mostrou uma banda soando mais polida, menos pesada (em especial nas guitarras) e com levadas funkeadas predominando por todo material, intercaladas com algumas partes mais agressivas. Mesmo soando diferente de tudo que eu já havia tocado até então essas músicas me agradaram, assim como à toda banda, e aos poucos o GZ ficava menos pesado. A participação como convidado especial do DJ Putz (R.I.P.) colaborou com esse resultado mas a mudança na guitarra a meu ver foi o fator mais importante na definição da cara desse Antes Que O Mal Cresça - 1997
trabalho. O Zacca tinha um timbre mais sujo, distorcido e vinha do Hardcore / Punk. O Marcos tinha uma pegada mais polida e suingada e como o intrumental era composto em jams acabamos adiconando essas características ao nosso som. Junte a isso o fato de todos estarmos ouvindo muito bandas como Sublime e 311 e o resultado foi um trabalho mais calmo, alto astral e que pegou alguns de surpresa. As letras também estavam mais espiritualizadas, escritas por mim e pelo Leospa e ajudaram a fortalecer a identidade do material que tínhamos em mãos. Na verdade ainda eramos uma banda nova se encontrando musicalmente mas o primeiro passo rumo a essa identidade havia sido dado. “Antes Que O Mal Cresça” veio com 6 faixas e é considerada hoje a primeira demo do Uganga, apesar de ainda ter sido lançada sob o nome de Ganga Zumba. O track list era ‘Sai Fora - Ganga Song’, ‘A Noz e a Mulher’ (da época do Nuts), ‘O Sol Lá Em Cima’, ‘Relexão’ (Nuts, numa interpretação bem agressiva), ‘A Nossa Paz’ e outra versão de ‘Reflexão’ (Nuts) com o sub-título ‘De Boa’, praticamente acústica e a meu ver a melhor faixa do material junto com ‘Sai Fora’. A foto da capa mostrava um pitbull após uma rinha, todo detonado, e a contra-capa tinha uma foto do Conan (pitbull do Léo Punk, numa expressão bem feliz) e fazia uma conexão com o título que fora sugerido pelo Leospa baseado em um comentário que uma professora fez sobre uma prova dele na escola. Ela o pegou colando e disse algo como “bem, deixe eu pegar logo essa sua prova antes que o mal cresça...”. Achamos um nome legal, a capa representava essa idéia de um outro ponto de vista
(sobre um ser humano se deixar levar pelo lado negro) e ficou assim. Foram feitas 500 cópias em fita K7 com capinha feita na gráfica e algumas poucas em cd, em especial para mandarmos para selos e revistas. Internet ainda era uma lenda meio obscura e o que rolava em 97 era correio mesmo, por isso mandamos vários pacotes pra todo país, alguns para contatos no exterior e começamos a divulgar o trabalho em especial nos shows. Era tudo muito novo, diferente e eu estava realmente animado com essa fase. Os anos iniciais com essa formação foram bem legais apesar das nossas diferenças (tanto musicalmente como de personalidade) mas em pouco tempo as coisas não ficariam tão fáceis e os pontos de vista distintos começariam a se chocar de maneira cada vez mais forte... Continua...
Ganga Zumba na visão do baterista Manu “Joker” Henriques é arquiteto, gestor ambiental, toca nas bandas Uganga e Angel Butcher e é fascinado pela vida e suas possibilidades. Contato: ugangabr@gmail.com
Compartilhando informações e dicas para músicos. COMECE A GRAVAR Essa é uma dica para quem quer gravar suas composições em casa ou registrar os ensaios da banda, e não quer investir muito. A Fast Track Pro da M-Audio tem conexão USB, vem com um driver fácil de instalar e é compatível com quase todos os programas de edição de áudio. Com ela você vai conseguir gravar sons de guitarra, baixo, microfone (inclusive condensados, pois ela tem phantom power), entre outros instrumentos, ou até mesmo captar o áudio de uma mesa. E como ela tem 2 entradas você consegue gravar 2 canais simultaneamente, por exemplo
Por Raphael “Sapão”
voz e violão. É lógico que a Fast Track Pro não é indicada para gravações profissionais, porém o resultado dela surpreende. O custo dela hoje na web gira em torno de 500 reais. Com uma placa dessa e um notebook em mãos, você tem uma estação móvel de gravação. É plugar e gravar!
DIEZEL
Quem conferiu Metallica e Slipknot no Rock N Rio, mesmo que pela TV, notou o peso das guitarras dos caras. Algo em comum é que ambas as bandas tem usado o VH4 da Diezel. No caso do
James Hetfield, ainda somado com o Mesa Boogie Triaxis. Não há como o som não ficar pesado! Alguns demonstrativos do VH4: http://youtu.be/yDmor0M39Fs http://youtu.be/LjZn49263sU
5 CORDAS NO BAIXO DE 4 Me perguntaram sobre o uso de jogo de 5 cordas em um baixo de 4. Não tem problema. É indicado para quem busca um som mais robusto, pois você dispensa a corda G (sol) e “ganha” a B (si) como quarta corda, ficando assim: 4-B 3-E 2-A 1-D. É uma opção também para quem busca afinação mais baixa e/ ou não encontra um encordoamento mais grosso que o usual 0.40. Porém, como vai ter mudança na tensão por causa dessa “dança” nas cordas, não deixe de levar o instrumento ao luthier para fazer a regulagem.
BESTPRACTICE Pintou uma dúvida sobre um software para auxiliar a “tirar” músicas. O BestPractice é leve, em português, fácil de usar e com ele você consegue diminuir ou aumentar a velocidade de uma música, alterar o tom, selecionar uma região como loop (um solo por exemplo) e ainda tem uma função de “remover” o
vocal (pra usar como playback). É um software que atende muito bem, vale a pena testar! Para baixar: http://www.baixaki.com.br/ download/bestpractice.htm ou http://www.superdownloads.com. br/download/147/bestpractice/ Alguns links para baixar material (songbooks, métodos, softwares, etc) www.rafael6strings.blogspot.com www.nukebass.blogspot.com Dúvidas ou pitacos: gambiarrasemprefunciona@gmail.com Abraço a todos e até a próxima!
cOLUnA
Aê Roger, beleza? Em primeiro lugar quero agradecer sua disponibilidade em conceder essa entrevista que estréia a coluna do blog Rock Uberaba no Páginas Vazias. Roger, quando foi e qual banda ou artista o fez se tornar fã de Heavy Metal e Rock? Opa, eu que agradeço por lembrar de mim. Então, isso já fazem 20 anos e a banda que me fez curtir tudo isso foi o Black Sabbath, Ozzy é tudo pra mim. Desde que ano você começou a produzir shows de bandas independentes com a Dubom Eventos? Cara, já fazem uns 12 anos
rockuberaba.blogspot.com Os leitores do Páginas Vazias nessa edição ganham mais uma coluna que nada mais é do que a extensão do blog Rock Uberaba. E nela estarei apresentando o Rock feito na terra do Zebu. Pra começar fiz uma entrevista com o Roger (Dubom Eventos, Escola de Música de Uberaba e headbanger das antigas) . Espero que curtam e até a próxima. por Alexandre Tito
Você foi o responsável da vinda de várias bandas de outras cidades e também sempre apoiou as bandas locais. Nos conte sobre alguns dos shows que ficaram marcados na sua memória? E qual foi o evento que você obteve maior bilheteria durante esses anos de Dubom? Teve vários shows que me marcaram, um deles foi o tributo ao Sarcófago. Morcegóvia com as bandas Salário Minímo e Raveland e claro,
um que não fiz mas tava lá que foi em Sacramento com Seu Juvenal. E o show que mais lotou foi o Rock Girls 2, com 550 pessoas Roger, sendo você um grande conhecedor de música, nunca sentiu vontade de ser músico e montar uma banda? Sim, demais mas nunca tive o dom. Por isso escolhi fazer eventos pras bandas que curto tocarem. Agora to dando um de DJ (risos). Recentemente você organizou a Semana Cultural do Rock em Uberaba com a parceria do SESI MINAS. Conte-nos um pouco sobre essa sua ideia e qual o objetivo da mesma. A ideia era fazer o povo ter mais contato com o Rock, saber sua verdadeira identidade através de fotos, vídeos, tudo bem documentado mostrando o lado positivo desse grande estilo que nunca vai morrer. O que você pode falar sobre o público presente na Semana Cultural do Rock. Superou suas expectativas? Não, foram poucas pessoas, não sei, acho que foi falta de divulgação.
Muitas pessoas na cidade criticavam suas festas de Metal na Sírio Libânes, que na minha opinião eram muito boas e até hoje sinto falta. O que o fez desistir, depois de muitos anos, a investir em shows de Heavy Metal em Uberaba? O público tava dando um sumida dos eventos e outra, a galera às vezes não sabe cuidar do que é seu. Fazem coisas que prejudicam a realização de outros eventos. Por isso não faço mais festivais, só festas menores em que tenho menos dor de cabeça e lucro melhor. Hoje em dia você acha que a música pra nova geração está se tornando uma coisa descartável? Claro, demais e a mídia é a culpada por tudo com esse monte de lixo musical. Como o tal do Rock colorido música pra eles hoje em dia é produto descartável. Como surgiu a idéia de montar a Escola de Música de Uberaba? Fale um pouco sobre as atividades da mesma. A idéia veio de meu irmão Guilherme Diou Diou que um belo dia me falou que tava montando uma escola de musica. Eu falei, que bom, espero
que de tudo certo. Ele falou, vai dar sim e você e meu sócio (risos). Aí começamos com um projeto de montar uma mega escola de música com uma super estrutura física. Temos os melhores professores numa localidade privilegiada, bem no coração de nossa cidade. Nossos cursos são vários: guitarra, baixo, cavaquinho, violão, viola, percussão, bateria, teclado, piano, canto, teoria musical, produção musical e discotecagem. Cita aí pra gente meia dúzia de discos de bandas que fazem parte da sua formação musical. Black Sabbath – “Sabbath Bloody Sabbath” Iron Maiden – “Killers” Pink Floyd – “Dark Side Of The Moon” Sepultura – “Arise” Metallica – “Black Album” Titãs – “Cabeça Dinossauro” Pra finalizar deixe um recado pra todos nós que estamos sempre esperando as bandas pesadas subirem nos palcos da cidade novamente. Ainda podemos contar com a Dubom Eventos pra esse tipo de eventos, ou realmente as portas se fecharam? Por enquanto ainda não está nos planos, mas quem sabe um dia isso possa voltar a fazer parte do cronograma da Dubom Eventos, depende muito da conscientização da publico Rock’n Roll. Alexandre Tito é dentista, baixista das bandas Seu Juvenal e Angel Butcher e responsável pelo blog “Rock Independente de Uberaba”: rockuberaba.blogspot.com
RESENHAS
SENHASRESENHASRESEN
RESENHASRESENHASRESENHAsresenh Nessa edição a seção Resenhas, além dos tradicionais reviews de álbuns nacionais e internacionais que recebemos em nossa redação e/ou que temos ouvido ultimamente, vocês conferem também 2 páginas dedicadas à grupos europeus que tocaram ou tiverem algum contato com a banda Uganga, durante sua primeira tour na Europa. Muita coisa boa, de diferentes estilos. Vale a pena ler e procurar conhecer o som desses artistas. Conexão Brasil X Europa via Páginas Vazias. O EREMITA --- Palavras Em Movimento --- Seguindo na minha e movimentando as palavras é que chego aqui pra falar sobre o novo trabalho do meu camarada Eremita. Ao som da escaleta o CD começa com a sinceridade do compositor em retratar seus pensamentos no dia a dia, aliados a elementos da umbanda, e só isso já seria o suficiente pra falar da originalidade do trabalho. O disco foi gravado e mixado na casa do Eremita e na casa do Quasenada (família 3DFato), conexão apelidada de “Beats, Rimas & Derivados”. O disco conta com as participações de Puff “Capitão Caverna”, parceiro de longa data nas rimas (3DFato) e também do Manu (percussão) e Raphael (escaleta), ambos da banda Uganga. Ao desenrolar das músicas, percebemos muitos elementos do Reggae de raiz, Soul e Funk Music. A necessidade do compositor em divulgar o conhecimento da realidade se torna evidente, e deixa a audição das faixas ainda mais interessante. A música ‘Marijuana’ é um dos pontos altos do cd, um chiado de vinil, uma introdução de flauta alucinante e um groove pra não deixar ninguém parado. Fechando com ‘Salve a Malandragem’, na minha opinião um dos melhores desfechos que ouvi ultimamente na música, a escaleta retorna como no início. O Eremita nos contempla com um trabalho de primeira. www.myspace.com/oeremita por Alexandre Tito PASTEL DE MIOLOS --- Da Escravidão Ao Salário Mínimo --- “Pra que serve uma banda Punk? Se você acredita em “hypes” e em músicas feitas pras prateleiras de um supermercado, a resposta é simples: não serve pra nada!” Assim começa o release dessa banda de Lauro de Freitas - Bahia, que já tem mais de 15 anos de estrada. Não há melhor forma de definir o som dos caras do que simplesmente falar que é Punk Rock, no estilo mais fiel do estilo. Letras políticas, instrumental direto e forte influência de bandas como Cólera, Replicantes e Inocentes. Mas não pense que eles ficam presos apenas ao Punk. Essa é a base principal na sonoridade do PDM, mas há espaço também para outras influências como o Ska, Rock’n Roll e Metal. Atualmente eles estão reunindo bandas para um cd tributo ao Pastel de Miolos e entre as confirmadas estão nomes como Jason, Zefirina Bomba, Leptospirose, Uganga, entre outros. Com certeza vem (mais) coisa boa por aí! www.myspace.com/pasteldemiolos por Marco Henriques
ATTERO --- Contraste --- Após um período longe dos palcos e sem lançar material físico a banda Attero, de Uberlândia - MG nos presenteia com o seu segundo CD, “Contraste”. E que álbum! Paulada sonora do começo ao fim. Com uma gravação impecável e um belo encarte a banda destila seu Thrash Core insano em 14 sons (10 inéditas e 4 do EP “Ruínas”) que te fazem querer sair pela casa batendo cabeça e quebrando tudo que vê pela frente. A começar pela faixa ‘Meio Quilo’ que abre o cd já naquele estilo “tapa na cara”. Daí pra frente é porrada atrás de porrada. Vale destacar também as participações: Guilherme (Krow), Gergório (Deceivers), Poney (Violator) e Túlio (D.F.C.). E ainda rola um “brinde”, uma faixa escondida mais que especial: uma versão de ‘Angel Of Death’ so Slayer, mas em português. Foda! Se você gosta de Hardcore, Thrash Metal, Grind, Crossover e qualquer outro estilo musical rápido, taí uma bela dica. http://www.myspace.com/attero por Marco Henriques SCOURGE --- On The Sin, Death, Lust And Hate --- Finalmente! Depois de muita luta, mudanças de formação, polêmicas e principalmente perseverança inabalável do líder Juarez (ex-Cirrhosis) eis que o debut do Scourge chega a nossas mãos. De cara posso dizer que valeu a espera já que temos aqui um opus digno da mais pura tradição extrema mineira. As referências a bandas como Sarcófago e Sextrash (no caso da segunda principalmente na temática das letras) estão ali, mas vemos também elementos das bandas americanas da virada dos anos 80 pros 90, em especial Morbid Angel. A produção correta de Rodrigo Nepomuceno e do meu chapa Gerald Incubus (ex-Sarcófago) fez a banda soar limpa mas sem perder a aura old school. Gosta de Death Metal tradicional com solos espertos de guitarra, vocais cavernosos e levadas clássicas do estilo? Então aqui vai uma boa pedida, que vem embalada por uma arte gráfica esperta a cargo de Fernando Lima (Drowned) num disco que tem até uma homenagem a clássica banda do Triângulo Mineiro, Nosferatu, com a regravação de ‘Return Of The Dead’ (R.I.P. por Manu “Joker” Duarte!). Ouça do começo ao fim. E alto! www.myspace.com/scourgedeath ANIL --- Livre Sem Destino --- Gravado de forma totalmente independente, no próprio estúdio da banda, o álbum “Livre Sem Destino” é o segundo full-leght da banda Anil, de Araguari - MG. Formada por André (voz/gaita), Maurício (guitarra/voz), Pablo (bateria) e Jefferson (baixo) a banda aposta em um Rock’n Roll com fortes influências de Blues. Ao ouvir esse CD não é difícil encontrar influências de nomes como AC/DC, Led Zeppelin, MC5 e Grand Funk Railroad, mas deixando claro que a banda tem uma sonoridade bem própria, não sendo uma cópia desses artistas citados. Destaque pra faixa ‘Pára-Raio’, que abre o cd e já tem video-clipe rolando no Youtube. Rock’n Roll mineiro de alta qualidade! http://www.myspace.com/bandaanil por Marco Henriques
ESENHASRESENHASRESEnh
hasRESENHASRESENHASRESENHASRES
SENHASRESENHASRESEN
RESENHASRESENHASRESENHAsresenh GENOCÍDIO --- The Clan --- O Genocídio dispensa apresentações, sem dúvida uma das bandas mais criativas e tradicionais da cena extrema nacional e um nome respeitado mundialmente. Sempre primando pela coragem e por colocar sua liberdade artística antes de tudo a banda chega ao auge (ao menos até aqui) com esse petardo produzido por Marco Nunes com co-produção de Gilberto Bressan e da própria banda. O profissionalismo na qualidade de gravação e arte gráfica (feita pelo baixista Perna) é coroado com um repertório perfeito que transita entre faixas mais rápidas (‘The Clan’ e ‘Fire Rain’ por exemplo) e outras mais lentas, nesse caso com destaque absoluto para a gótica ‘Settimia’ que tem participação de Roger Lombardi da banda Goatlove e um clip muito legal rolando na net. Apesar do material todo ser muito bom não posso deixar de citar aqui a versão de ‘Enter The Eternal Fire’ do fenomenal Bathory que ficou maravilhosa! Vinte anos atrás conheci a banda em Uberaba (no festival Endless Curse, onde tocaram junto com o Angel Butcher) e desde então me tornei um grande admirador do “Genoca”. Que venham mais e mais anos de sucesso pois os caras merecem. Foda! www.genocidio.com.br por Manu “Joker” MUKEKA DI RATO --- Atletas de Fristo --- A banda capixaba Mukeka Di Rato acaba de lançar seu novo álbum, “Atletas de Fristo”, sucessor do bem falado “Carne”. O que esperar de um disco do Mukeka? Músicas rápidas, letras crtíticas com um toque de humor, baixo distorcido, vocal gritado e todo aquele gás que consagrou a banda como um dos principais nomes no cenário independente. A temática desse disco é a violência e os problemas gerados pelo uso das drogas, principalmente pelo crack. Daí o nome “Atletas de Fristo”, um trocadilho com “Atletas de Cristo” mas que não tem nada a ver com religião. Fristo é o nome dado a um cigarro de maconha com crack. Destaque pras faixas ‘Atletas de Fristo’ (que abre o álbum no melhor estilo Mukeka) e ‘Face Oculta do Inimigo’ (com uma pegana bem punk). http://www.mukekadirato.com.br/ por Marco Henriques LYCANTHROPY --- Beware --- Direto de Ituiutaba MG, apresento para vocês essa porrada Trash Metal. É assim que pode se definir a banda Lycanthropy. Esse trabalho, de altíssima qualidade, foi produzido por Ricardo Confessori que também comandou as baquetas em todas as faixas. A banda se diferencia de outras no estilo justamente por suas letras. A capa já diz tudo. Uma mistura de filosofia, existencialismo, etc...Tive a oportunidade de assistir dois shows dos caras, e vi que a banda tem presença. Uma pena que o batera não acompanha a banda nos shows, já que estamos falando de Confessori, ótimo batera. MG surpreende cada vez mais nesse estilo de som. Para quem é fã de Thrash, não deixe de escutar essa banda. por Marcelo “Pudim”
STATIK MAJIK --- Stoned On Music --- Na linha de frente do Stoner nacional os cariocas do Statik Majik mostram uma evolução absurda no novo trabalho. O primeiro cd, apesar de interessante, tinha ao meu ver idéias ainda mal definidas e um vocalista (o segundo) que particularmente não me agradava. A mudança de line–up com o baixista Thiago assumindo também os vocais foi essencial para esse resultado e ouvindo petardos como a faixa de abertura ‘Shadows Of Hope’ (uma mistura de Stoner / Doom com Metallica fase ‘Black Album’) ou ‘Peccata Mundi 2’ (com canja do primeiro vocalista Flaveus) isso fica 100% claro. Os caras gravaram e lançaram o trampo na raça contando com ajuda de camaradas como o mestre Carlos “Vândalo” Lopes (ex-Dorsal Atlântica, Mustang) e o resultado é um puta disco de Rock pesado. Gosta de St. Vitus, Candlemass e Cathedral? Então conheça o representante do estilo no Brasil, abra por Manu “Joker” uma cerva e keep stoned, ok Carlinhos? www.myspace.com/statikmajikbrazil MORE TOOLS --- More Tools --- Não é de hoje que o Moretools vem provando sua competência fazendo um Death Metal com vários toques de Thrash e Hardcore e finalmente chegam ao primeiro trabalho. São 12 faixas onde ecos da cena americana (Flórida em especial) deixam claro a fonte principal onde os integrantes beberam pra criar sua própria visão do estilo mais extremo do metal mundial. Pesado, com personalidade e embalado numa produção excelente feita no Orbis Estudio (Taguatinga-DF) esse disco é um prato cheio para os amantes da podreira técnica. Com vários shows em festivais de destaque o Moretools mostra os dentes deixando a impressão que isso é só o começo. Riffs debulhantes, cozinha pesada como um mamute, um excelente vocalista e muita por Manu “Joker” atitude, esse é o More Tools! Conheça mais acessando: www.myspace.com/moretools ANGEL BUTCHER --- 25 Years Bleeding Ears --- Angel Butcher atualmente conta com seu fundador e líder, Manu (Uganga) bateria e vocal, Mau (Krofader) guitarra e vocal e Tito (Seu Juvenal) baixo. Aumentei o meu som logo com a primeira ‘Total Violence’, regravação da “Live Demo”, primeiro trabalho do A.B. de 1987 e que aqui ganha uma versão rica em peso e energia! ‘Butcher’s Day’ continua a empolgação do crossover “ministrado” com maestria. Destaque para os vocais mais rasgados de Mau e os guturais de Manu, riffs potentes e bateria certeira. O disco segue com a empolgante ‘Evil Gladiator’, impossível não bater cabeça. Na sequência ‘A Crazy Old Fart’ curta e divertida, e a 1ª parte do EP fecha com a pesada ‘Song For The Moon’. A seguir vem o material extra e já começa com a ótima jam na música ‘Control’ e da demo “The Angels Are Back” na ítegra. Então o ouvinte é presenteado com a excelente ‘Programmed Doubts’ da demo homônima de 1989. Destaque também pra versão de ‘Final Breath’ da demo “A Insect In Society” de 1988, ‘Fuck The System’ da demo “Pigs In The Power” de 1988 e a rara ‘Total Violence’ da “Live Demo” de 1987. HC com Thrash Metal, uma pitada de Punk com Black Metal, muita energia e uma batalha por Renato BT de um quarto de século em nome do Crossover brazuca. Ouça no volume máximo!!!
ESENHASRESENHASRESEnh
hasRESENHASRESENHASRESENHASRES
RESENHAS ESPECIAL EUROPA __________________________
SENHASRESENHASRESEN
RESENHASRESENHASRESENHAsresenh MACBETH --- Gotteskrieger --- A fantástica banda alemã com mais de 20 anos de estrada não deixa pedra sobre pedra com esse petardo lançado em 2009. Cantando em sua língua pátria o Macbeth faz uma explosiva mistura de Thrash com Heavy tradicional temperado com alguns elementos do Black Metal original (em especial alguns riffs, como na poderosa ‘Das Boot’). Pude vê-los ao vivo no ano passado no Razorblade Festival (Alemanha) e digo que no palco o poderio é ainda maior, algo totalmente esperado tendo em vista os anos de estrada, dedicação e amor pelo estilo escolhido. Mesmo sem entender nada de Alemão dá pra ver (olhando o encarte e visitando o site do selo www. massacre-records.com) que as letras tratam de fatos relacionados a história do país, não só no que diz respeito a Segunda Guerra Mundial. Marcando presença em grandes festivais como o Wacken o Macbeth precisa ser descoberto pelo resto do mundo pois competência para isso não falta. Destaque absoluto para a já citada ‘Das Boot’, um petardo maravilhoso e para as não menos excelentes ‘Unter Dem Beil’ (grande trampo de batera) e a thrasheira da faixa título. Ultra indicado! por Manu “Joker” MORE THAN A THOUSAND --- Vol. 4 Make Friends And Enemies --- Conheci essa banda portuguesa ao ver um clipe deles no site da revista Horns Up!, achei bem legal mas não conheci o restante do material. Meses depois estava eu em turnê pela Europa com a banda Uganga e acabamos tocando no mesmo show que eles, em Cracóvia (Polônia). Mundo pequeno! O som dos caras é um Rock Pesado, com fortes infuências de Post Hardcore e Screamo. Algo como uma mistura de A Day To Remember e Parkway Drive. O show é bem mais pilhado do que o álbum, mas o cd também é legal, apesar de as músicas soarem meio parecidas. Se você gosta das bandas que citei acima, vale a pena conhecer o som dos caras. www.myspace.com/morethanathousand por Marco Henriques PRIMAL AGE --- The Gearwheels Of Time --- O Primal Age é um grupo francês que aposta na fusão de Metal e Hardcore. Eu e o Manu dormimos na casa do vocalista do Didier, vocal da banda, durante nossa passagem pela França, na tour do Uganga. Então fomos apresentados à todo o material do Primal Age. Além desse cd ele deixou com a gente uma reprensagem do primeiro álbum da banda e ficou muito visível a evolução do Primal Age, de “The Light To Purufy” (2007) para o material mais atual. Mais maduro, mais bem executado, saindo da mesmice do Metal Core. Se você gosta de Confronto e bandas de estilo parecido, com certeza vai curtir o Primal Age. http://www.myspace.com/primalage por Marco Henriques
RATO RARO --- Acidethc --- Fazendo uma fusão insana de Crust, Grindcore e Death Metal old school os espanhóis malucos do Rato Raro (de Palência) apresentam suas credenciais nesse cd e o resultado é aprovado com louvor. Com uma produção simples mas eficaz (o disco foi gravado na sala de ensaio dos caras) “Acidethc” é um prato cheio para quem gosta de bandas como Cripple Bastards, Napalm Death antigo e Agathocles.Direto e reto do primeiro ao derradeiro acorde, tosco, raivoso e repleto de letras ácidas e bem humoradas (como pede o estilo) esse disco é garantia de diversão do começo ao fim. Agradeço ao meu amigo Toño, vocal da banda, por ter me presenteado com esse cd a fico aqui ao som da auto explicativa faixa ‘Grindcore Motorhead Explotado’ me lembrando da quebradeira que aprontamos juntos em Palência, Uganga, os irmãos do Infested Blood (Recife) e Balfor (Ucrânia) no aniversário do Toño. Saludos manos, y adelante Rato Raro! www.myspace.com/ratoraro por Manu “Joker”
ROAD TO NOWHERE --- It’s Your Fight --- Em meio a mesmice que estava imperando no Metal Core, é sempre bom conhecer bandas que conseguem se destacar dentro desse estilo. É o caso da banda Road To Nowhere, da Suíça. Tocamos juntos na Europa e o show dos caras é matador! O vocalista tem uma presença de palco foda, variando entre vocais rasgados e guturais (as vezes até lembrando o vocalista do Lamb Of God), o guitarrista manda muito bem nos riffs, o batera também mostra muita técnica. Enfim, uma banda madura, que sabe o que está fazendo e, principalmente, consegue se destacar em um mar de bandas parecidas que apostam nesse estilo. Totalmente indicado pra fãs de Born From Pain e Heaven Shall Burn. Destaque pra faixa de abertura, ‘All Shall Die’, que tem umas bases quebradas, meio Meshuggah, bem loucas. Gosta de breakdowns, peso e por Marco Henriques HCNY? Conheça essa banda! http://www.myspace.com/roadtonowherebern MACHINERGY --- Rhythmotion --- Conhecemos essa banda na passagem do Uganga por Portugal. Eles tocaram em 3 shows com a gente, nas cidaes de Benavente, Torres Novas e Porto. O som dos caras tem como pilar principal o Thrash Metal mais old school. Mas a coisa não pára por aí. É visível também a influência de outros estilos como o Industrial, o Punk e até o Death Metal. Entre as bandas que eles citam como influências estão nomes como Sepultura, Sodom, Kreator, Slayer, Metallica, Anthrax, Obituary e Rammsteim. bem variado né? E é exatamante isso que faz do som dessa banda algo bem interessante. Uma notícia não muito boa foi que recentemente o baixista João resolveu deixar a banda, restando o vocalista e guitarrista Ruy e o baterista Helder à procura de um terceiro integrante para reformular o power-trio. No site da banda é possível ouvir todas as as por Marco Henriques músicas desse álbum. Então acesse e confira. www.machinergy.com/
ESENHASRESENHASRESEnh
hasRESENHASRESENHASRESENHASRES
Mariangela “Mary” Demurtas é uma cantora italiana, vocalista da banda norueguesa de Gothic Metal Tristania. Entre suas influências musicais ela cita Janis Joplin, Diamanda Galas, Lisa DalBello, Lauryn Hill, Skin, Chris Cornell e Jeff Buckley. Já tendo cantado, desde criança, em competições musicais em seu país-natal e, a partir da adolescência, em bandas de Metal italianas como Reel Fiction e Alight, seu reconhecimento em nível mundial deu-se há pouco tempo, mais especificamente em 19 de Outubro de 2007, quando, após enviar uma demo para ser avaliada, foi anunciada divas do Rock oficialmente como a nova vocalista da banda Tristania, substituindo Vibeke Stene. http://www.tristania.com/