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Comportamento: Desmistificando a Maternidade
EM BUSCA DA MATERNIDADE
MATERNIDADE
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Verdadeiras heroínas, guerreiras incansáveis e o pilar que sustenta uma família. Esses são papéis que a sociedade comumente atribui às mães. Entretanto, há uma série de aspectos sobre maternidade que não são abordados com frequência, mas influenciam diretamente os rumos deste momento. No mês das mães, a Revista Paineiras traz à tona a discussão sobre as complexidades, os hábitos e pensamentos que podem ser prejudiciais e qual o melhor caminho para ser mãe de uma maneira saudável.
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Por toda a ideia construída socialmente e muitas vezes romantizada sobre o papel de mãe, muitas responsabilidades são atribuídas quase que inconsciente à figura materna. Essa equação coloca a mulher na situação de lidar com problemas que na maioria das vezes não são compartilhados, como sentimento de culpa, excesso de autocobrança, sobrecarga de tarefas e frustrações vindas de comparações com exemplos maternos idealizados.
De acordo com Daniely Melo, psicóloga e mãe do Enzo, de 5 anos, o primeiro passo para lidar com essas dificuldades, em busca de uma maternidade mais estável e saudável em todos os sentidos, é a desconstrução da ideia de perfeição. “Precisamos entender que maternidade perfeita não existe. É necessário que o foco da mãe esteja direcionado em atender da melhor maneira às necessidades básicas e essências de nossos filhos. O que devemos buscar é a maternidade possível”, indica.
LIDANDO COM AS COMPLEXIDADES
Outros fatores que costumam acompanhar as mães na maternidade e também na criação dos filhos são os sentimentos de culpa e solidão. Este, pode ser originado por fatores variados, como uma eventual identificação de falha na educação da criança, sentimento de inferioridade na comparação com mães próximas ou outras referências e, até mesmo, por não sentir o chamado “amor incondicional” pelo filho nos primeiros momentos da relação.
“Costumam dizer que onde nasce uma mãe, nasce uma culpa. Isso se deve ao estigma pré-concebido da mãe na figura de “mulher-maravilha”, uma ideia que considero equivocada sobre o materno. Por mais que não seja tão comum ouvirmos falar sobre o tema, é muito recorrente o caso de mães que simplesmente não conseguem sentir o amor inicial pela criança, o que deveria ser considerado totalmente normal. Estamos falando de um relacionamento que está apenas no início e, como tudo, consiste em uma construção diária”, ressalta a psicóloga.
A solidão também está entre as grandes queixas de mulheres que se tornam mães. A nova rotina com o bebê acaba por não bater mais com a agenda dos amigos e com os encontros de sempre. O estudo Maternidade sem filtro, realizado pela Mindminers, mostra que, apesar de 51% das entrevistadas afirmarem não terem sentido diferença significativa sobre isso, 32% relatam que amigos sem filhos se afastaram durante a gravidez ou após o nascimento do bebê.
Sobre as comparações com outros exemplos maternos, Daniely considera que tudo o que é visto à distância deve ser relativizado e colocado dentro da própria realidade. Segundo ela, todas as pessoas se encontram em condições diferentes e a forma de lidar com os desafios devem estar relacionadas a elas.
“É natural querermos sempre o melhor para nossos filhos, o que muitas vezes nos leva a idealizar alguns cenários. Mas como dizia Freud, só podemos nos comparar com nós mesmos no passado. Para lidar com a cobiça sobre o que é ideal, sem gerar uma autocobrança desproporcional ao que de fato podemos fornecer para a criança, é importante que sejamos conscientes de nossa própria realidade. Há mães que têm condições financeiras melhores ou mesmo uma rede de apoio mais ampla para auxiliar na criação de um filho. O que precisamos é fazer o melhor com o que temos”, explica Daniely.
IMPORTÂNCIA DAS REDES DE APOIO
Além dos desafios emocionais e psicológicos, a maternidade e a criação dos filhos carregam uma série de tarefas que exigem atenção total à criança. Em boa parte dos casos, as mães acabam ficando sobrecarregadas com tantas responsabilidades que vão além das
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primárias (essas, em teoria, devem ser divididas com os pais), como trocar fraldas, dar banho e a amamentação.
De acordo com estudo realizado pela MindMinners, 72% das mães participantes afirmaram que dividem a criação dos filhos com o pai da criança, enquanto apenas 10% afirmaram serem mães solo. O número cresce significativamente quando consideradas apenas as respostas das mães solteiras: quase um terço delas afirmou que não tem ajuda de ninguém, e outro terço relatou que a avó da criança é quem mais ajuda a mãe nesse desafio, antes mesmo do pai da criança. A chamada rede de apoio pode ser uma aliada preciosa para aliviar a rotina de uma mãe, especialmente aquela que está no começo da maternidade e destina maior parte do tempo aos cuidados básicos da criança.
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“Uma rede de apoio pode ser formada por pessoas que auxiliam na criação dos filhos e que convivem com a família, como o pai, os avós, padrinhos, tios, os vizinhos ou mesmo pessoas próximas que já passaram pela situação e podem ajudar, seja com a experiência ou em tarefas de casa. Seja para a lavar a louça, estender a roupa, preparar
uma refeição ou ainda auxiliando nos cuidados da criança. Isso pode permitir que mãe possa ter momentos de descanso, tomar um banho com calma ou alimentar-se com mais tranquilidade”, enfatiza a psicóloga e mãe.
AUTOCUIDADO E HÁBITOS SAUDÁVEIS
As redes de apoio também são importantes para que a mãe tenha tempo de dedicar algum momento de seu dia para cuidados pessoais e, principalmente, de sua saúde. Com a correria e as urgências da vida de mãe, muitas vezes as mulheres acabam deixando de lado alguns fatores importantes da rotina que influenciam em aspectos físicos e psicológicos de quem está na função de cuidar.
“Como dito anteriormente, cada mãe vive sua realidade e lida com suas condições para criar seus filhos. Então poderia ser completamente injusto da minha parte dizer que a mulher precisa arrumar um tempo para cuidar da beleza, fazendo a unha, tratando dos cabelos ou algo relacionado ao autocuidado. Mas também digo que não é preciso deixar de ser mulher para ser mãe. De acordo com cada realidade, dentro das possibilidades do cenário, a mulher precisa cuidar de si”, afirma Daniely.
Os cuidados próprios são fundamentais para a manutenção da saúde mental e física das mães pois, saudáveis, elas têm as melhores condições e energia para as tarefas primárias. Outro ponto chave para a saúde materna é a aceitação dos próprios limites. “É normal não darmos conta de todas as coisas. Normalizando isso, podemos é evitar hábitos como sentimento de culpa e excesso de cobrança”, completa a psicóloga.
Daniely enfatiza também a importância das mães, já em uma fase mais avançada, possibilitarem aos filhos o desenvolvimento da autonomia, equilibrando o lado protetor com o educador. Isso é benéfico para ela e para o filho. “Essa parte é sempre um desafio, mas um comportamento super protetor pode atrapalhar no desenvolvimento de habilidades socioemocionais da criança e prender a mãe em responsabilidades que, aos poucos, ela naturalmente deve distanciar”, conclui.
A maternidade é algo complexo, que envolve fatores e variáveis com a mesma complexidade. E cada mãe lida com ela de maneira particular, sempre de acordo com as própria realidade e condições. Para quem não é mãe, talvez a principal homenagem nesse Dia das Mães seja a empatia com essa pessoa que encara tantos desafios e adversidades em prol da criação e desenvolvimento de outras.
A todas as mães paineirenses, UM FELIZ DIA DAS MÃES!
EMOÇÕES MUNDIAIS
Não é de hoje que os atletas levam o nome do Paineiras para o mundo e enchem o paineirense de orgulho. No último mês, o clube celebrou a notícia da classificação de nada menos do que 3 atletas para competições mundiais da modalidade. O resultado pode ser considerado como continuidade de um trabalho de altíssimo nível realizado nos últimos anos e tem formado atletas de referência no esporte.
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E quando se fala de referência, não há como não citar Stephanie Balduccini e suas conquistas. Após representar o Brasil na Olimpíada de Tóquio no último ano, a atleta da natação continua sua trajetória de feitos históricos. No Troféu Brasil 2022, disputado no Parque Maria Lenk, no Rio de Janeiro, ela venceu nos 100m e 200m livre, obtendo o melhor índice técnico da competição pela sua performance de 200m livre e com três recordes brasileiros de categoria batidos.
A performance garantiu sua classificação para duas provas individuais e dois revezamentos naquele que será seu primeiro mundial: o Campeonato Mundial de Natação de Budapeste, na Hungria, de 18 de junho a 3 de julho. Lá, ela se consolidará como a primeira nadadora paineirense a participar de um campeonato mundial adulto.
“Estou muito feliz. Todo começo de ano fico preocupada em não conseguir manter a sequência de bons resultados, mas pude começar a temporada com chave de ouro. E me classifiquei em uma prova que nem tinha tanta expectativa. Mas foi emocionante da forma como aconteceu. Tão emocionante que nosso treinador Wlad até se machucou na hora da comemoração”, conta Stephanie.
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É um início de temporada que impressiona, porém não surpreende. Além dos jogos de Tóquio, no ano anterior, ela conquistou 12 medalhas e foi escolhida a melhor atleta do Sul-americano de natação. Já no Panamericano da modalidade, ganhou 7 medalhas de ouro e bateu o recorde Panamericano, garantindo vaga nos 50 e nos 100 metros Livre para o Panamericano adulto em 2023.
Um pouco antes, em 2020, ela havia se tornado a primeira nadadora brasileira a ser campeã nacional em provas nos quatro estilos na mesma competição e escolhida como vencedora do Troféu Best Swimming 2020, sendo eleita a melhor nadadora juvenil da década.
NAS ÁGUAS ABERTAS E GELADAS
Quem também fará sua estreia em mundiais será Bruce Hanson. Nome frequente nos pódios das principais competições de maratonas de águas abertas do circuito nacional, o atleta também estará em Budapeste representando o Brasil e o Paineiras no campeonato que reúne os principais atletas da modalidade. No entanto, o momento, segundo o próprio atleta, é de trabalhar com a “cabeça no lugar” e planejar a melhor preparação possível.
“Para falar a verdade ainda não caiu a ficha sobre essa classificação. Será o meu primeiro mundial e isso é muito especial. Vamos buscar a melhor preparação possível e acredito que, para esta competição, os treinos serão mais intensos”, sinaliza Bruce. Além disso, o mundial na Hungria representará um desafio novo na carreira do nadador. “Será uma competição em águas geladas, então terei que usar o traje de borracha, que utilizei apenas uma vez, então será um desafio de planejamento e adaptação”, comenta.
Assim como Stephanie, Hanson teve um 2021 recheado de grandes conquistas. Na 1ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Maratonas Aquática da temporada. O atleta se tornou o primeiro nadador do clube a conquistar o título de Campeão Brasileiro Absoluto na prova de 5 km. Também na categoria principal, foi campeão brasileiro na prova de 10km. Por fim, na 4ª etapa, Bruce conquistou o título na prova de 5 km.
ADEUS EM LIMA
Além de contar com dois atletas na disputa do mundial absoluto de natação, o Paineiras será representado no Mundial Júnior da modalidade, que acontece em Lima, no Peru. E quem vai levar as cores brasileiras e paineirenses para a cidade é outro destaque da natação do clube: Lucas Tudoras. O aleta chega com grandes expectativas para a competição.
“Vamos fazer a melhor preparação possível para buscar as finais e as medalhas. Vou estudar bastante minhas provas e trabalhar no que posso melhorar nesse período. Temos um revezamento forte no 4 x 200m, o que também nos traz boas perspectivas. Agora é treinar e fazer a melhor competição possível”, cometa Tudoras.
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A competição será especial para o atleta, pois será a última dele pelo Paineiras antes de embarcar para os Estados Unidos rumo à Universidade de Princeton, onde estudará nos próximos anos.
“Vai ser meio que uma despedida, um encerramento de minha trajetória na natação do Paineiras. Claro que voltarei aqui outras vezes, mas é um marco de uma mudança grande, o fechamento de um ciclo e o início de outro. São duas realizações de sonhos que sempre tive. A saudade vai bater forte, mas, como tudo na vida, sempre tem o lado ruim e o lado bom. Mas estou muito feliz”, afirma Tudoras.
Lucas vem em grande sequência de resultados conseguidos na temporada passada. Ele foi finalista do Troféu José Finkel de natação, além de campeão dos 200m costas e 200m borboleta no Campeonato Paulista de Inverno e Campeonato Brasileiro de Inverno. Lembrando que, em 2020, Tudoras recebeu o prêmio de mellhor atleta infantil masculino da década.
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RECONHECIMENTO, GRATIDÃO E DESPEDIDA
E no final do último mês, o clube realizou um jantar para homenagear os atletas que brilharam no Troféu Brasil e obtiveram classificação para as competições mundiais que serão disputadas nesse ano. Além dos atletas e da comissão técnica da modalidade, a ocasião reuniu diretores de diversas áreas e os membros que fazem parte da diretoria executiva. A homenagem também contemplou a despedida de um personagem decisivo e marcante da natação paineirense.
Chegou ao fim a segunda passagem de Wladmilson Veiga, o Wlad, responsável técnico pela natação do Paineiras nos últimos anos. Esse trabalho teve início no final dos anos 90, quando o treinador iniciou sua trajetória no Paineiras. Após passagem por outras instituições, ele retornou ao Paineiras em 2017 para dar novo impulso à natação do clube. O treinador agora parte para o Canadá, onde iniciará uma nova etapa de sua vida ao lado de sua família.
Reconhecido e premiado mundialmente na função de treinador de natação de alta performance, Wlad sempre enfatizou que encontrou no Paineiras um lugar especial. No evento, ele recebeu uma placa que homenageou todo trabalho realizado e os resultados alcançados ao longo de sua trajetória no clube.
Mas, como ele mesmo gosta de dizer, a natação é muito mais do que medalhas e recordes. Segundo Wlad, há uma série de valores dentro da modalidade que contribuem para o crescimento e o desenvolvimento do atleta também como pessoa. Os três atletas homenageados seguem essa filosofia
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e, ao falarem do treinador, demonstram toda a gratidão pela relação construída no ciclo.
“Foram quatro anos trabalhando com ele e o momento da despedida foi bem difícil. Mas são fases da vida que temos que seguir em frente. É difícil ver ele ir embora, mas é uma mudança que ele planeja já faz um tempo. A questão é que ver ele feliz também me faz feliz”, enfatiza Stephanie.
Já o início de relação de Bruce com o Wlad aconteceu antes do Paineiras. “Se sou atleta do clube é tudo por causa dele. Sempre tivemos uma boa sintonia e aqui tudo deu muito certo. Sou muito grato por tudo o que ele fez por mim. E falo isso não só pelo lado profissional da natação, mas ele sempre foi um paizão para mim e para todos que trabalharam com ele”, revela. Tudoras também considera Wlad como grande influência e faz questão de reconhecer a importância do treinador em sua vida. “Ele literalmente mudou a minha vida, como atleta e como pessoa. O que trabalhamos nos treinamentos sempre me ajudou muito nas reações durantes as provas e posso dizer com toda a certeza que evoluí muito como atleta trabalhando com o Wlad. Sou muito grato por tudo o que aprendi com ele e por tudo o que ele fez nos últimos anos. Para mim e para o clube”, conclui Tudoras.
O Troféu Brasil foi a última competição oficial de Wlad pelo Paineiras e marcou uma passagem de bastão. O trabalho de alto nível da natação do clube terá sequência com o treinador José Ricardo Monteiro. No clube desde 2017, ele comandou as equipes infantil e juvenil e será responsável por comandar um dos programas que mais valores revela no país.
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