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Jorge Luiz Alves Bezerra
PAIXÃO DA GAMA A Maravilhosa História do Vasco
Série “C” – Volume 1604 – Outubro de 2011
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CAPA Barbosa em 1945 Pai Santana, ídolo vascaíno Edmundo Campeão Brasileiro 1997 Sede Rua Santa Luzia Roberto Dinamite em 1974 Estádio São Januário em dia de festa da torcida Mauro Galvão e a Taça Libertadores 1998 Alexandre D´Avelar Rodrigues (Fundador) Pelé no Vasco Romário com a Copa Mercosul 2000 Arte por Rick Waekmann
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PALAVRA DO PRESIDENTE por Roberto Dinamite Quando recebi os originais do livro “PAIXÃO DA GAMA, A MARAVILHOSA HISTÓRIA DO VASCO”, de Jorge Luiz Alves Bezerra, uma pequena frase no rodapé da página 3, chamou-me a atenção: “Felicidade, teu nome é Vasco”, cunhada pelo meia “Mirim”, que jogou pelo clube nos anos 50. Percebi que aquelas cinco palavras guardam toda a essência do que é ser vascaíno. Mirim sintetizou com a singeleza de um poeta do povo, o que representa torcer pelo Vasco. É um sentimento que vai muito além das quatro linhas. Diz o autor numa espécie de carta ao leitor, que o objetivo da obra é o de informar aos torcedores espalhados pelos quatro cantos do mundo – apesar de algumas pesquisas dizerem que somos a quarta ou quinta força como torcida – sobre fatos históricos, curiosidades e Dinamite e a Copa do Brasil 2011 acontecimentos que ficaram adormecidos em documentos empoeirados que só as gerações mais antigas conhecem. O livro é resultado de uma exaustiva pesquisa que não deixa margem para interpretações equivocadas. Com afirma corajosamente o próprio autor, algumas versões sobre mitos e lendas foram corrigidas, por estarem mal interpretadas e que só “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 5
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serviam para confundir. Diz ainda Jorge Luiz Alves Bezerra, que o livro servirá de fonte de pesquisa para todos os torcedores e até estudiosos do assunto. O primeiro capítulo, como não poderia deixar de ser, trata da fundação do Vasco. Nas páginas que se seguem, acontece um desfile de conquistas e verdades históricas que jamais poderão ser contrariadas ou desmentidas. Como é o caso da luta contra o racismo e o preconceito social, numa época em que ninguém tinha coragem de falar no assunto. O livro trata também da construção do Estádio de São Januário em 1927. Dos títulos no Remo; Futebol Masculino e Feminino; Atletismo; Ginástica olímpica; Futebol de Areia Masculino e Feminino; Handebol; Basquetebol; Saltos Ornamentais; Tênis de Mesa; Futsal; Natação e Arco e Flecha entre outros. Há também registro de que o Vasco foi o único clube carioca a manter em suas dependências uma escola de Instrução Militar, formando mais de 10 mil recrutas para o Exército Brasileiro que integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB) . Diz também que o Vasco foi o único clube de futebol a doar dois aviões para a FEB, na campanha da II Guerra Mundial. Outro fato que surpreende pelo seu ineditismo e que é único na história cultural de nosso país é que o Vasco foi o único clube a abrigar nas dependências de sua sede em São Januário em 1943 e 1945, um desfile oficial de escolas de samba. Esse é ou não é um clube diferente dos outros? Essa é ou não é uma história com a de nenhum outro clube de futebol em todo o mundo? Dá ou não dá orgulho ser vascaíno? Este livro vai ganhar lugar cativo na sua biblioteca porque responde a essas perguntas. Porque ele é muito mais que um documento histórico. Cada uma de suas páginas contém relíquias que irão satisfazer a sede de conhecimento dos mais exigentes leitores. Vale à pena conferir.
ROBERTO DINAMITE Presidente Club de Regatas Vasco da Gama “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 6
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PREFÁCIO por Mauro Prais A história do Club de Regatas Vasco da Gama proporciona a nós, vascaínos, muitos motivos de nos sentirmos orgulhosos, não só pela sua origem e tradições, como também pelo seu papel único no esporte brasileiro e na própria sociedade. Ao tomarmos conhecimento da história do Vasco, nos sentimos ainda mais vascaínos, pois passamos a entender as razões pelas quais nosso clube é o "estranho no ninho" entre os grandes clubes cariocas e como ele teve que conquistar sua grandeza sob condições adversas e até mesmo hostis, contra tudo e contra todos, até se tornar o gigante que é. Tudo isso sem jamais perder a sua integridade, nem abdicar dos seus princípios e ideais. Então, esse sentimento de "ficar mais vascaíno" é justamente a identificação com essa trajetória de engrandecimento, que é uma verdadeira epopéia, e o justo orgulho decorrente da maneira como esse engrandecimento foi alcançado. Nos primeiros anos da existência do Vasco, os seus torcedores apaixonados limitavam-se aos próprios sócios e seus familiares, além de espectadores das regatas de domingo. Sendo que os sócios eram, via de regra, também atletas a competir pelas cores do clube. Bastou o Vasco começar a jogar futebol e obter seus primeiros triunfos, numa época em que esse esporte se encontrava em meio a uma explosão de popularidade, para que a paixão vascaína se alastrasse com rapidez por toda a cidade do Rio de Janeiro. Outros fatores, como a origem modesta e popular do clube, sua resistência ao racismo que era praticado pela aristocracia do futebol carioca e a campanha popular de angariação de fundos para a construção do maior estádio da América do Sul, contribuíram para que o Vasco se tornasse um clube de massa.
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Quando o noticiário esportivo passou a ganhar mais destaque na mídia, principalmente através das transmissões esportivas de rádio e do surgimento de revistas especializadas, a fama do Gigante da Colina se espalhou por todo o país, fazendo com que a torcida cruzmaltina se tornasse verdadeiramente imensa (e bem feliz). Para ser um vascaíno apaixonado já não era necessário ser carioca, ter posto alguma vez os pés em São Januário ou ter assistido a uma partida do Vasco na arquibancada do Maracanã. E até hoje, a paixão pelo Vasco desconhece fronteiras. Independentemente da distância geográfica, o torcedor cruzmaltino jamais deixa de se sentir próximo do seu clube de coração, pois sente uma paixão que jamais arrefece. Sei disso por experiência própria, pois foi por essa razão que eu, vivendo já há muitos anos nos Estados Unidos, me senti motivado para criar o que seria o primeiro site da internet dedicado ao Vasco, e que se encontra ativo até hoje. Estávamos em meados da última década do século passado e a internet não passava de uma novidade recente, onde não era possível encontrar informações nem sobre o Vasco, nem sobre nenhum outro clube brasileiro. Naquela época, aquele que se interessasse em conhecer melhor a história do futebol brasileiro, em geral, e do Vasco, em particular, não tinha muitas alternativas a não ser os artigos publicados esporadicamente em jornais e revistas brasileiras. Eram relativamente raros os livros com conteúdo histórico sobre esses temas. Felizmente, desde então, o panorama tem mudado para melhor. Na internet, os sites e blogs de futebol com abordagens históricas continuam proliferando. Livros sobre o Vasco tem sido publicados a cada ano e todos eles são bem-vindos. Afinal, quanto mais o Vasco e sua maravilhosa história forem divulgados, melhor. Esse motivos me levaram a aceitar, com muito prazer, o convite feito pelo Jorge Luiz para escrever o prefácio desta sua obra. Há que se ter coragem para abraçar um projeto com esta envergadura, cuja realização consumiu vários anos de pesquisas feitas a partir de fontes impressas e virtuais. Inclusive, ele vem mantendo um blog, também denominado Paixão da Gama, em paralelo à confecção do livro. Certamente, toda essa dedicação, “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 8
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alimentou-se da mesma paixão que me é tão familiar por ter dado também a mim a força para desenvolver o meu site. Considerando que a história do Vasco, por ser tão rica e repleta de acontecimentos notáveis, somente caberia, em sua extensão completa, numa enciclopédia de vários volumes, calculo que tenha sido complicado decidir o que aproveitar e descartar do material pesquisado, para que o produto final não se alongasse além de um certo limite, digamos, de umas quatrocentas páginas. Sendo assim, é inevitável que alguns eventos e personagens sejam mencionados apenas de passagem ou até mesmo omitidos, e cabe aí o total respeito pelos critérios do autor. De qualquer forma, ele foi muito feliz ao decidir organizar sua narrativa cronologicamente, relatando fatos relevantes ocorridos em cada um dos 113 anos da gloriosa existência do nosso Vasco - alguns anos mais gloriosos que outros, mas todos com ocorrências marcantes. Um estilo que agradará tanto ao bom conhecedor que deseja relembrar determinados acontecimentos ou esclarecer alguma dúvida, quanto ao vascaíno entusiasmado que deseja evoluir de uma paixão cega para uma paixão melhor informada, e que dessa maneira possa ser justificada com admiração e orgulho. As campanhas vitoriosas de conquistas obtidas no Brasil e no exterior, os times, os craques e ídolos da torcida, as torcidas organizadas e os torcedores famosos, os presidentes, o patrimônio, a saga da construção do caldeirão de São Januário, a luta contra a discriminação social e racial, tudo isso, e muito mais, consta das páginas que se seguem. Após a leitura sobre tantas glórias alcançadas no futebol, remo e outros esportes, e as conquistas que transcenderam o âmbito esportivo, permanecerá indelével na alma do leitor a compreensão de que a grandeza do Vasco foi conseguida não apenas com muita luta e sacrifício, mas também graças a uma obstinada fidelidade àquilo que os vascaínos pioneiros, orgulhosamente, chamavam de ideais vascaínos. Ideais que diferenciam o Vasco dos seus rivais e, em várias ocasiões, o posicionaram na vanguarda da evolução esportiva e das transformações sociais no Brasil, apontando o caminho certo a ser seguido; contando com nada mais do que sua própria força e “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 9
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bravura para enfrentar e superar os desafios; munido da convicção, expressa no refrão do seu primeiro hino, de que “pra vencer sem discussão basta querer”, sem que nenhum preconceito, discriminação ou perseguição fosse capaz de detê-lo. “Aquele que não se recorda do passado está condenado a repeti-lo”. Acredito que este famoso aforisma, cunhado pelo filósofo George Santayana, deva ser virado pelo avesso para descrever a relação que nós, vascaínos, temos com a história do objeto de nossa paixão, o nosso Vasco. Quanto mais nos
recordarmos do nosso passado, mais desejaremos repeti-lo. Saudações cruzmaltinas,
Mauro Prais Tempe, Arizona, USA, abril de 2011 Mauro Prais é carioca e desde 1985 vive nos Estados Unidos, onde exerce a profissão de engenheiro elétrico. Seu site foi o primeiro sobre o Vasco a ser criado na internet e é o mais antigo sobre futebol brasileiro ainda em atividade, podendo atualmente ser acessado em http://www.netvasco.com.br/mauroprais.
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1904 – INÍCIO DA LUTA CONTRA O PRECONCEITO Nesse ano um decreto do Presidente da República daria direito aos clubes que perderam suas sedes nas demolições promovidas pelo prefeito Pereira Passos, a um terreno para construção de suas novas sedes no Boqueirão e na Rua Santa Luzia. Mas o VASCO DA GAMA não tinha dinheiro suficiente para construir uma sede e ficou em uma loja na Rua Santa Luzia, pagando aluguel de 325 mil réis, e tendo como fiador Francisco Muniz Freire, comerciante português Mesmo com a compra de várias Yoles para sua flotilha, faltava a yole 8, que era o único barco que tinha condições de disputar a regata principal do campeonato, e sem esse barco, o clube não tinha como disputar o título de As primeiras taças remo, já que o regulamento previa que os clubes, para serem campeões, teriam de disputar a regata principal com a Yole 8. Mas o clube consegue nesse ano, seus dois primeiros troféus, em regatas oficiais. Os troféus foram conquistados em duas das mais importantes provas do remo carioca: a Regata Jardim Botânico, e a Regata Sul América.
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NOVO ESCUDO DO VASCO DA GAMA O escudo vascaíno passa por uma reformulação sendo modificado no início da década de 1920, passando a figurar nos documentos oficiais do Clube e nas suas sedes sociais, até os dias atuais. O novo escudo, diferente do anterior, é formado por três semicírculos convexos na parte superior, interligados entre si, e outros dois semicírculos convexos nas laterais direita e esquerda ligados entre si somente na parte inferior. Passa a ter fundo preto, com a faixa Novo escudo do Vasco diagonal branca, partindo da parte superior direita e terminando na parte inferior esquerda, a caravela estilizada é desenhada sobre a faixa branca, rompendo a parte negra, e abaixo da caravela, outro desenho representa a água do mar. Na vela principal da caravela, temos a “Cruz de Malta”, no alto à esquerda da caravela as letras “CR” entrelaçadas, significando “Clube de Regatas” e abaixo, no centro da caravela as letras “VG”, com o significado “Vasco da Gama”, também entrelaçadas. Segundo os associados mais antigos, o significado do escudo que passou a ter a faixa diagonal foi dada muitos anos depois por Castro Filho, eleito presidente do clube em 1944. Segundo Castro Filho, a parte negra simboliza os mares desconhecidos e a faixa branca, os mares desbravados pelos navegadores portugueses na época dos descobrimentos. Não foram citados nos documentos históricos do clube o nome do responsável pelo desenho do novo escudo, mas sabe-se que a insígnia passou a figurar nos documentos oficiais do clube e em várias publicações do início dos anos 1920, embora conste no Livro Oficial do Centenário do clube publicado em 1998 que a reformulação tenha sido promovida na década de 1930. “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 12
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O MAIOR GOLEIRO VASCAÍNO Nasce em 27 de março, o maior goleiro vascaíno de todos os tempos, Moacir BARBOSA, em Campinas (SP), e chegou ao VASCO DA GAMA em 1944. Participou do famoso Expresso da Vitória, ao lado de lendas do futebol brasileiro como Ademir
Meneses, Ipojucan, Heleno de Freitas, Friaça, Danilo, entre outros. Foi um dos responsáveis direto pelo primeiro título vascaíno e brasileiro no exterior, no Chile, quando conquistou o título de Campeão
Sulamericano de Clubes Campeões em 1948, pegando
Barbosa em São Januário (1945)
um pênalti cobrado pelo lendário atacante argentino do River Plate, Labruña, na partida final. O goleiro vascaíno ganhou também três títulos cariocas invictos, em 1945/1947/1949, ganhando, também, os campeonatos cariocas de 1950/1952/1956/1958. O goleiro sofreu até os últimos dias de sua vida com a injustiça causada pela perda da Copa do Mundo de 1950, quando defendeu a seleção brasileira na final contra a Seleção do Uruguai, sendo responsabilizado pela derrota brasileira. Mas, todos os vascaínos têm no goleiro BARBOSA com um dos principais ídolos da história do VASCO DA GAMA, e para nós, ter defendido o gol vascaíno por tantos anos, e nos dado tantos títulos, vitórias, glórias e troféus será sempre o que vai importar para a torcida cruzmaltina.
VIVA BARBOSA, na memória de seus torcedores você jamais será esquecido. “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 13
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1923 – CAMPEÃO NA ESTRÉIA No primeiro confronto contra os “rubro-negros”, o VASCO DA GAMA ganha por 3 a 1, no estádio da Rua Paysandu, em 29 de abril, com dois gols de Ceci e outro de Negrito. Era o prenúncio de um ano inesquecível para os vascaínos. Logo em seguida vitórias sobre o América e o Fluminense, ambas as partidas por 1 a 0, com os dois gols marcados por Arlindo. Nos jogos seguintes vitória vascaína por 3 a 2, de Bangu, São Cristóvão, e Botafogo, ou seja, todos os grandes clubes da época sofreram com um time de negros e operários que acabara de chegar da segunda divisão. Esse feito, jamais foi igualado em todo o futebol mundial, até os dias de hoje. Um pequeno clube, formado por jogadores humildes, sem estrutura, e vindo das divisões inferiores, é subestimado pelos grandes e acaba por ser campeão, enfrentando todos em pé de igualdade, sem temer nada e dando o valor devido aos seus jogadores, isso é o VASCO DA GAMA. Segundo algumas publicações, o time vascaíno era formado pelo Motorista de Caminhão, Bolão; o pintor de paredes, Ceci; o estivador, Nicolino, e o Chofer de táxi, Nelson, que eram negros, além de vários jogadores brancos considerados analfabetos. Mas o inegável é que o clube de negros, operários e pobres realizou uma façanha digna dos maiores clubes esportivos do mundo. O VASCO DA GAMA conseguiu o inacreditável, numa época em que os preconceitos sociais e racistas eram abertos e incentivados pelos quatros cantos do Rio de Janeiro. Mas quando o time vascaíno, cheio de negros e mulatos, foi inscrito na federação, os chamados times “Grandes” não viram neles qualquer ameaça. Esse foi o erro da elite naquele tempo, subestimando o clube da colônia portuguesa, com seus jogadores de “Cor”, acabaram por sofrer sua maior derrota.
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Os campeões cariocas de 1923
Mas o certo é que o treinador manteve a base do time campeão da série B, e com isso seguiu vencendo seus adversários. O time que superou o maior dos seus desafios foi: Nélson, Leitão e
Mingote (Cláudio); Nicolino, Bolão e Arthur; Paschoal, Torterolli, Arlindo, Ceci e Negrito. No primeiro ano de primeira divisão, o título de CAMPEÃO CARIOCA, incomoda os chamados grandes, e os torcedores do Rio de Janeiro começam a chamar o time vascaíno de “CAMISAS PRETAS” ou de “CAMISAS NEGRAS”, em alusão ao seu primeiro uniforme composto por camisas escuras.
TODOS CONTRA O VASCO Os temidos Camisas Negras estavam derrotando todos os grandes da capital federal e para tentar impedir o clube de chegar ao título, todos os clubes começaram a se unir. O campeonato estava no returno e o time vascaíno estava invicto até então, a próxima rodada teria o confronto com os “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 15
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“rubro-negros”, no Estádio das Laranjeiras, do Fluminense, em 08 de julho. A partida estava em 3 a 2 para os rivais quando o ponta vascaíno Paschoal marca o gol de empate, mas o juiz Carlito Rocha anula o gol vascaíno. Após a anulação do gol cruzmaltino a torcida vascaína foi provocada pelos adversários, que se uniram para torcer contra o VASCO DA GAMA, e houve uma briga generalizada, com os torcedores “rubro-negros” ameaçando os vascaínos com pás de remo. Para se vingar dos rivais da gávea, os torcedores do time vascaíno sujaram a sede “rubro-negra” com gordura de peixe. O juiz da partida, Carlito Rocha, algum tempo depois, foi eleito presidente do Botafogo. No jogo do título, o VASCO DA GAMA, começava sua fama de “TIME DA VIRADA”. A decisão foi contra o São Cristóvão, e o clube da colina histórica tomou logo dois gols no primeiro tempo de João e Epaminondas, no segundo tempo o VASCO DA GAMA vira um jogo que todos já pensavam estar decidido. Cecy diminui para 2 a 1, logo depois Negrito faz dois gols e vira para 3 a 2, o jogo foi no Estádio de General Severiano, em 12 de agosto, e teve como árbitro Artur Moraes de Castro. O VASCO DA GAMA jogou com Nélson,
Leitão, e Miguel, Nicolino, Claudionor, e Artur, Paschoal, Torterolli, e Arlindo, Cecy e Negrito.
1926 – SURGE O GIGANTE DA COLINA Com o dinheiro arrecadado na campanha com os torcedores, foi comprado o terreno e tinha sobrado recursos para o início da construção do estádio. Em 6 de Junho foi lançada a pedra fundamental, pelo prefeito do Rio de Janeiro Alaor Prata, e para a construção foi contratada a Construtora Cristiani & Nielsen, a mesma que ergueu o Jockey Clube do Rio de Janeiro, e que viria a construir o Estádio Mário Filho, o Maracanã. “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 16
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No futebol o clube seguia jogando contra tudo e contra todos, se mantendo na Liga e fazendo boas campanhas. A campanha vascaína nesse ano foi quase impecável, perdendo somente três partidas e deixando escapar o bicampeonato carioca. No começo da temporada o clube conquista seu primeiro Torneio Início, na partida final em 28 de março, o VASCO DA GAMA vence o rival da Gávea, e impõe o primeiro de muitos vices campeonatos dos rubro-negros, com o placar de 1 a 0. A destacar a maior goleada vascaína até o momento foi contra o Brasil (RJ), em 21 de abril, em General Severiano, com o placar de 9 a 3. Foi um ano com muitos amistosos contra times grandes, no primeiro contra o América (RJ), em 7 de março, em General Severiano, vitória de 3 a 0. Logo a seguir em 14 de março, contra o Corinthians (SP), sendo a primeira partida entre as duas equipes, na Rua Paysandu, com vitória por 2 a 1. O Botafogo, sofreu com duas partidas incríveis, com placar elástico, no primeiro, em 21 de março, na Rua Campos Sales, com o VASCO DA GAMA vencendo por 5 a 2, e depois em 11 de abril, em General Severiano, com nova vitória cruzmaltina por 5 a 3.
1927 – A CONSTRUÇÃO DE SÃO JANUÁRIO Em 3 de abril, Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, o Cardeal Leme, abençoa as instalações do Estádio Vasco da Gama. Após dez meses e 15 dias do lançamento da pedra fundamental em 6 de junho de 1926, o VASCO DA GAMA inaugura seu estádio. O ESTÁDIO VASCO DA GAMA foi entregue aos seus orgulhosos torcedores e naquele ano passou a ser o maior estádio de futebol das Américas. Mas o estádio do VASCO DA GAMA passaria a ser conhecido, inclusive, até os dias de hoje como ESTÁDIO SÃO JANUÁRIO. São Januário é o nome da rua que “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 17
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dá acesso ao estádio, e ao longo dos anos passou a ser citado sempre que havia jogo, com os torcedores passando a utilizar o nome da rua quando falavam do estádio vascaíno. Esse era o costume da época, nos próximos anos veremos que os estádios eram conhecidos pelo nome da rua, como exemplo citamos o estádio da Rua Campos Sales, da Rua Bariri, ou o da Rua Paisandu.
Fachada principal de São Januário em 1927
PRIMEIRO INTERNACIONAL NO BRASIL O
TÍTULO
time vascaíno participa do primeiro torneio entre clubes disputado no Brasil, o Torneio Internacional Dr. Luiz Aranha, que foi realizado no Rio de Janeiro, com todos os jogos disputados no dia 14 de janeiro de 1940, com duração de 20 minutos, em caso de empate, prorrogação de 10 minutos, persistindo o empate a decisão seria em cobranças de tiro internacional
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livre da marca do pênalti, sendo que na final o critério de desempate seria pelo maior número de escanteios. O torneio teve as participações do Fluminense, Botafogo, e o time da gávea, todos da cidade do Rio de Janeiro. Foram convidados, também, os times argentinos do San Lorenzo e do Independiente. Na primeira partida da competição Botafogo e San Lorenzo empatam no tempo normal e na prorrogação, como nenhuma equipe cedeu escanteio à outra, a classificação foi decidida no sorteio com o clube argentino vencendo o clube alvinegro. Logo depois o VASCO DA GAMA derrotava o Independiente por 1 a 0, com gol de Fantoni. O San Lorenzo fez a partida semifinal contra o clube da Gávea e venceu a partida por 1 escanteio a 0, já que houve empate entre as equipes. Na decisão o placar não saiu do 0 a 0 e o VASCO DA GAMA derrotou o San Lorenzo pelo mesmo critério que tinha classificado o time argentino às finais, o número de escanteios. As disputas para desempate por pênaltis ou tiro livre da marca do pênalti ainda não tinham sido introduzidos no esporte e o critério mais utilizado à época era o de número de escanteios, com o clube da Cruz de Malta conquistando o torneio pelo placar 1 a 0 (escanteio) já no segundo tempo da prorrogação. O elenco vascaíno era composto por: Nascimento
(Chiquinho), Jahu (Osvaldo Saldanha) e Florindo; Figliola, Zarzur e Dacunto (Argemiro); Lindo (Manuel Rocha), Alfredo I (Alfredo II), Villadoniga (Bahia), González (Durval) e Orlando (Luna). Sob o comando de Harry Welfare. Poucos sabem, mas essa conquista foi o primeiro título de um clube brasileiro, em um torneio internacional disputado no Brasil.
OS AVIÕES VASCAÍNOS A data da doação deve estar em algum documento, mas a história da doação de aviões a Força Aérea Brasileira – FAB pode ser encontrada nos livros já publicados com a história do clube. “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 19
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Era início dos anos 1940, o clube tinha um sentimento social muito forte, apesar de naquela época os princípios de responsabilidade social não ser difundidos, o VASCO DA GAMA já era um clube diferente dos demais. Trouxe esse preceito de igualdade e confraternização entre os diversos seguimentos da sociedade desde sua criação, e após sofrer várias perseguições promovidas pelos que se consideravam acima de qualquer outra classe social. A elite carioca era muito forte e impunham suas vontades sem muita resistência, e o clube que sempre foi contra essa prática era o Clube do Almirante. Nessa época os vascaínos provaram mais uma vez que eram diferentes dos demais, e em plena andamento da Segunda Guerra Mundial, e, primeiramente, doou à Marinha, um telescópio. Depois dessa e outra ações do clube e dos vascaínos, o presidente Cyro Aranha resolve criar a Comissão Pró-Avião, para conseguir recursos para adquirir e doar um avião para a Força Aérea Brasileira – FAB. O tesoureiro da comissão, Arthur da Fonseca Soares, propõe que o clube faça a encomenda do avião, antes mesmo de obter o dinheiro para quitar a compra, e o presidente da Comissão tentou impedir a encomenda do avião já que ainda não disponham de dinheiro. Era preciso começar a campanha e ver se era possível conseguir todo o dinheiro para pagar a compra. Então, uma frase dita pelo tesoureiro foi decisiva para que a encomenda fosse realizada mesmo antes do início da campanha: “No Vasco, basta plantar a semente”, disse Artur da Fonseca Soares.
PELÉ NO VASCO O maior jogador da história do futebol mundial, o atleta do século, Pelé, surgiu com a sagrada camisa do VASCO DA GAMA no Torneio Internacional do Morumbi, competição disputada entre Rio de Janeiro e São Paulo, e que era formado por jogadores do time do Santos e do VASCO DA GAMA. “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 20
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Pelé com a sagrada camisa cruzmaltina
Em 19 de junho de 1957, o selecionado disputou uma partida contra o Belenenses (Portugal), por 6 a 1, com Pelé marcando três gols. A próxima partida foi contra o Dínamo de Zagreb (Iugoslávia), em 22 de junho, com o jogo terminando empatado em 1 a 1, com o gol marcado por Pelé. Logo depois, em 26 de junho, Pelé entra em campo novamente com a sagrada camisa cruzmaltina, dessa vez contra o rubro-negro da Gávea, e a partida também terminou em 1 a 1, com o gol marcado pelo jovem atacante Pelé, para o delírio da torcida vascaína, Pelé fez um gol com a sagrada camisa do VASCO DA GAMA no maior rival.
Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, jogou pelo Clube do Almirante em três partidas, fazendo 5 gols e praticamente confirmando sua presença na Seleção Brasileira apesar de ter apenas 16 anos de idade. Numa das partidas de Pelé no torneio, o futuro Rei do Futebol marcou dois gols no rival rubro-negro, suas “Felicidade teu nome é Vasco” Mirim – Meia – Anos 1950 21
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jogadas e gols foram essenciais para que o jovem jogador pudesse firmar seu nome e no ano seguinte disputar sua primeira copa do mundo, vencendo com a camisa da seleção seu primeiro título mundial. Sobre sua experiência no VASCO DA GAMA, Pelé declarou: “O Vasco foi o time que me abriu as portas para o mundo”.
NASCE UM ÍDOLO ANIMAL Era o dia 02 de abril de 1971, e nascia na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, o garoto que se tornaria em um dos maiores ídolos do VASCO DA GAMA em todos os tempos.
Edmundo Alves de Souza ou simplesmente Edmundo nasceu vascaíno, e chegou ao clube, vindo do Botafogo, depois de aprontar das suas. Desde o inicio da carreira era tido como um jogador problemático, difícil. O VASCO DA GAMA aposta na jovem promessa, e o garoto chega aos profissionais do clube Edmundo em 2000 no mesmo ano em que Carlos Germano assume o gol vascaíno e o eterno ídolo Roberto Dinamite se despede dos gramados em 1992. Atacante de dribles rápidos, e arrancadas mortais, se destaca no time cruzmaltino no Campeonato Carioca e no Campeonato Brasileiro de 1992 e desperta os dirigentes do Palmeiras que o levam para o Parque Antártica. Depois de sua passagem pelo Palmeiras, onde foi Bicampeão Brasileiro de 1993/1994, e ganhou o apelido de “Animal”, dado pelo Narrador esportivo Osmar Santos, foi para o rival da
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Gávea, e junto com Romário e a eterna promessa rubro-negra, Sávio, editaram o “Ataque dos Sonhos” e arrebentaram com o “Centenário” do “urubú”, deixando os rivais com o “Sem ter nada” em 1995. Enquanto esteve fora do VASCO DA GAMA o craque Edmundo deixou de marcar vários pênaltis contra seu clube do coração, sendo a mais famosa delas quando estava no time do Cruzeiro e praticamente recuou a bola para as mãos do Goleiro Hélton, em 2001, ato esse que acabou lhe custando o emprego. Mas Edmundo teria de retornar ao clube em 1996, quando o então treinador Antonio Lopes estava montando um time que ficaria na história do Campeonato Brasileiro. O time vascaíno montado no ano de 1996 chega em 1997 desacreditado, mas aquele jogador polêmico iria ter um ano incrível e levaria o time cruzmaltino ao seu tricampeonato brasileiro. Em estado de graça e fazendo um gol atrás do outro, Edmundo, com garra, dribles e muitas polêmicas. Durante a competição, chamou o árbitro Dacildo Mourão, do Ceará, de “Paraíba” e uma campanha contra o jogador e em conseqüência contra o clube, tentou desestabilizar o time, que vinha em ascensão. Mas o jogador foi proibido pelo dirigente Eurico Miranda de dar entrevistas e fez com que ele se preocupasse somente com sua atuação em campo. Edmundo fez gol de todo jeito naquele ano, até de mão, contra o Atlético (PR), e quebrou um recorde que durava vinte anos e pertencia ao Atacante Reinaldo do Atlético Mineiro, fazendo 29 gols. Mais o melhor foi que o gol do recorde foi na partida contra o time da Gávea, em pleno Maracanã, pelas semifinais do Campeonato Brasileiro, com a torcida vascaína em êxtase com os três gols de Edmundo eliminando o rival.
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