PAJ2014 Visual Design de Materia Arquitetura&Construcao Qual e a Sua Cor

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Qual é a sua

cor? Se bem escolhidas e dosadas, tonalidades marcantes transformam os espaços – e, por tabela, nossa vida neles. Veja como isso aconteceu nos cinco projetos a seguir.

Dá para viver bem em meio a nuances neutras, claro, mas um lugar colorido tem o poder de levantar o astral de quem o habita. “Torna a casa acolhedora porque reproduz, de alguma forma, a natureza”, assegura o professor João Carlos Cesar, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e membro da International Colour Association. Acertar o tom é relativamente simples, desde que se evitem contrastes muito pronunciados. Todos os matizes estão liberados: o segredo é sincronizar aqueles que nos trazem bem-estar à atmosfera desejada. Um casamento que deu certo nestes cinco ambientes, onde o uso de tintas carregadas de personalidade responde à busca por luz, modernidade, calor humano, aconchego e serenidade. 68 Arquitetura & Construção Março 2013

Tempero forte

Louca para apimentar o terraço, a arquiteta Chantal Ficarelli, do Arkitito, encontrou neste vermelhoalaranjado o toque picante que desejava. Há tempo, o matiz estava em seu imaginário. Dois meses atrás, após comprar o apartamento antigo e se lançar numa reforma, finalmente teve coragem de arriscar. “Ao sentar no jardim pela primeira vez depois de pintar as paredes, percebi que havia trazido vida para minha casa”, lembra. Antes de chegar a essa cor, ela testou nuances terracota, mas se rendeu à evidência de que só o jalapeño, da paleta da Sherwin-Williams, tinha o dom de refletir luz para o interior de sua morada. Finalizado com ladrilho hidráulico mostarda, o piso reforça a atmosfera ensolarada, atrevida até.

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Chantal experimentou tons queimados e outros terracota até concluir que só esta tinta acrílica fosca iluminaria o local na dose certa.


Qual é a sua

cor? Se bem escolhidas e dosadas, tonalidades marcantes transformam os espaços – e, por tabela, nossa vida neles. Veja como isso aconteceu nos cinco projetos a seguir.

Dá para viver bem em meio a nuances neutras, claro, mas um lugar colorido tem o poder de levantar o astral de quem o habita. “Torna a casa acolhedora porque reproduz, de alguma forma, a natureza”, assegura o professor João Carlos Cesar, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e membro da International Colour Association. Acertar o tom é relativamente simples, desde que se evitem contrastes muito pronunciados. Todos os matizes estão liberados: o segredo é sincronizar aqueles que nos trazem bem-estar à atmosfera desejada. Um casamento que deu certo nestes cinco ambientes, onde o uso de tintas carregadas de personalidade responde à busca por luz, modernidade, calor humano, aconchego e serenidade. 68 Arquitetura & Construção Março 2013

Tempero forte

Louca para apimentar o terraço, a arquiteta Chantal Ficarelli, do Arkitito, encontrou neste vermelhoalaranjado o toque picante que desejava. Há tempo, o matiz estava em seu imaginário. Dois meses atrás, após comprar o apartamento antigo e se lançar numa reforma, finalmente teve coragem de arriscar. “Ao sentar no jardim pela primeira vez depois de pintar as paredes, percebi que havia trazido vida para minha casa”, lembra. Antes de chegar a essa cor, ela testou nuances terracota, mas se rendeu à evidência de que só o jalapeño, da paleta da Sherwin-Williams, tinha o dom de refletir luz para o interior de sua morada. Finalizado com ladrilho hidráulico mostarda, o piso reforça a atmosfera ensolarada, atrevida até.

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Chantal experimentou tons queimados e outros terracota até concluir que só esta tinta acrílica fosca iluminaria o local na dose certa.


Março 2013 Arquitetura & Construção

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Industrial chique

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Aline queria o cinza mais claro do antigo apartamento, mas foi convencida pelas arquitetas a escurecer o tom para combiná-lo com elementos vivazes.

Na sala de estar da publicitária Aline Moda, o azul das portas de madeira transborda das paredes tingidas de grafite e dá um sentido de calmaria à vida na frenética São Paulo. Apesar de marcante, o tom entra na mesma vibração elegante e pacífica do cinza. “Buscávamos uma atmosfera que tivesse um apelo industrial, remetesse a elementos urbanos como o concreto”, conta a moradora. Ao encontro do desejo de Aline e do marido, fotógrafo, a dupla de arquitetas Maristela Faccioli e Anne Caroline Ryckeboer selecionou a base sóbria, capaz de emoldurar a nuance azulada sem brigar com ela. “Investimos numa combinação de cores contemporânea, que evidencia uma estética mais cosmopolita e acolhe os moradores, de perfil moderno”, assinala Anne. “Não conseguiríamos esse resultado com cores quentes.” 71


doce vida

Chega de fendis e beges apagados na cartela de Gustavo Calazans. A hora é de brincar. Numa superfície que já exibiu um roxo-escuríssimo, este rosa envelhecido deu novo sabor ao apartamento do arquiteto. “Eu tinha outras peças desse tom na sala, agora parece que ele simplesmente pulou para a parede”, diz divertindo-se. Quando ganhou a lata de tinta do fabricante, o profissional confessa que titubeou. Temia deixar o espaço com jeito de casa da boneca Barbie. Preconceito logo vencido, pois sempre se sentiu atraído pela cor, por seu astral de fantasia e sua doçura, que remete a balas e outras gostosuras. Para ele, o desafio e a graça de usá-la está em provar (para si mesmo até) que a tonalidade sempre foi injustiçada e, ao contrário da opinião vigente, pode funcionar muito bem. “Além de aconchego, produz relaxamento”, assegura. 72

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Depois de tentar tons verdes e alguns nudes, Gustavo decidiu-se pelo rosa – para ele, um caminho discreto, porém luminoso. Conforme a variação de sol, a cor muda de intensidade.


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BUSCA DA natureza

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O arquiteto fez testes de cor levando em conta até amostras da marcenaria. Só após ter harmonizado toda a paleta (que inclui ainda os tecidos dos estofados), escolheu o verde.

Jovem, moderno e despojado. Juntos, os três adjetivos resumem a índole do projeto de reforma assinado pelo DT Estúdio no apartamento do advogado Paulo Prado. “Escolhemos o verde para equilibrar as outras cores fortes do lugar”, explica o arquiteto Luis Felipe Bernardini. “Por ser mais calmo, ele ameniza a força do amarelo, presente na cozinha, assim a paleta não fica cansativa.” Do ponto de vista do morador, a parede esverdeada traz outras vantagens. Ao remeter à natureza, propõe uma pausa relaxante no seu dia a dia agitado. “Costumo voltar acelerado da rua, mas basta me sentar e fitar a parede por alguns instantes para aquietar a mente”, conta o advogado. “Me lembra dos parques de Piracicaba, cidade onde nasci.” E também promove amplitude. “Trouxe uma agradável sensação de profundidade à sala.” 75


boa mesa

A reforma do apartamento já estava nos arremates finais quando a designer de interiores Roseli Camperlingo e o marido, empresário da área de gastronomia, atinaram para um detalhe que poderia arrefecer o prazer de estar numa casa nova – a ausência de cor. “Começamos a achar tudo sem graça”, lembra Roseli. Para dar cabo do problema, convocaram a designer de interiores Neza Cesar, famosa pelos matizes vibrantes de seus trabalhos. “Reinventei o visual do lugar”, conta a profissional. Antes de decidir a pintura da cozinha, imaginou os moradores, de origem italiana, cozinhando o menu de pastas, peixes e frutos do mar, que costuma despertar o apetite ali. Com essa cena em mente, chegou ao amarelo forte. “É tom de calor humano, de família reunida”, interpreta Neza. 76

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Para aguçar apetites e trazer uma pitada de alegria à cozinha, ponto de encontro familiar e dos amigos, Neza Cesar não titubeou: esta tinta acrílica de tom amarelo intenso foi sua primeira opção.


Reportagem: Deborah Apsan, Renata Rise (visual) e Denise Gustavsen (texto) Design: Renata Rise Fotos: Eduardo Pozella Tecido do fundo Cinerama, tintas Anil Tintas

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