PAJ2016_infografia e gáficos_Saúde

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O impacto da crise hídrica na sua saúde A seca que atinge boa parte do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste do Brasil repercute direta e indiretamente na qualidade de vida das pessoas. De desidratação a surto de dengue, fique por dentro das diversas consequências que a falta de água pode desencadear por andré biernath design ana cossermelli ilustrações andré moscatelli

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Fundo do poço Para garantir a água, foi necessário recorrer às profundezas dos reservatórios

De 12 a 16% da água doce do planeta está concentrada em nosso país

46%

das cidades brasileiras carecem de reformas nos sistemas de água

Para chegar ao volume morto, foram instalados canos e bombas que levam essa água à tubulação principal


O impacto da crise hídrica na sua saúde A seca que atinge boa parte do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste do Brasil repercute direta e indiretamente na qualidade de vida das pessoas. De desidratação a surto de dengue, fique por dentro das diversas consequências que a falta de água pode desencadear por andré biernath design ana cossermelli ilustrações andré moscatelli

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Fundo do poço Para garantir a água, foi necessário recorrer às profundezas dos reservatórios

De 12 a 16% da água doce do planeta está concentrada em nosso país

46%

das cidades brasileiras carecem de reformas nos sistemas de água

Para chegar ao volume morto, foram instalados canos e bombas que levam essa água à tubulação principal


Um copo cheio de poluentes? Volume útil É a água usualmente recolhida para consumo. Cheias, as represas do sistema Cantareira (SP) comportam 982 bilhões de litros, sem contar o volume morto.

187 litros É o total de água que cada brasileiro usa por dia

Volume morto É uma massa que fica abaixo dos canos de captação originais. No sistema Cantareira, ela representa 400 bilhões de litros. A reserva nunca tinha sido utilizada até agora.

METAIS PESADOS

REMÉDIOS

A eventual presença de metais pesados e toxinas no volume morto preocupa os especialistas

TOXINAS DAS ALGAS

33 mil litros

de água vindos do Cantareira eram tratados por segundo em condições normais. Com a crise, o montante caiu para 14 mil — menos da metade

Já vai completar um ano que São Paulo vive uma época de vacas magras: foi em maio de 2014 que o governo começou a explorar a reserva técnica das represas, conhecida por volume morto. De lá pra cá, outros municípios também tiveram que recorrer às poupanças aquáticas de suas regiões. Mas a decisão não foi engolida por todos. “Como essa água nunca foi usada, não se sabe quais contaminantes ela teria”, conta a bióloga Maria Aparecida Marin, da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro. O temor se refere sobretudo à presença de remédios, toxinas das algas e metais pesados. Acredita-se que o fundão do reservatório possua doses mais fartas desses poluentes — que causariam de distúrbios na tireoide a câncer. Com base nesse argumento, o Ministério Público do Estado de São Paulo resolveu abrir um inquérito. “O objetivo é verificar a qualidade da água entregue à população”, diz o promotor de justiça Ricardo Manuel Castro, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente. A Sabesp, empresa paulista de saneamento, afirma que não encontrou alterações perigosas no líquido. “Fazemos um monitoramento constante no tratamento, nas redes de distribuição e nas casas dos clientes”, assegura André Luís Gois, gerente do Departamento de Controle da Qualidade da companhia.

O que fazer Se perceber alguma mudança no gosto, no cheiro ou na cor da água, notifique as autoridades. E não a beba direto da torneira sem antes fervê-la ou colocá-la num filtro.

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Menos banhos

Mãos imundas

Comida contaminada

As chuveiradas são vitais para afastar infecções, irritações na pele e, claro, o cê-cê, aquele cheiro nada agradável. “Isso vale ainda mais num país tropical como o nosso, em que se transpira muito”, observa a médica Leandra Metsavaht, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Porém, os experts têm medo de que, na tentativa de economizar água, o povo deixe de se assear a contento. O segredo é tomar banhos rápidos e eficientes.

“A principal forma de evitar um monte de doenças é limpar dedos e unhas com regularidade”, orienta o infectologista Alberto Chebabo, da Sociedade Brasileira de Infectologia. Quando uma mão suja é levada até a boca ou aos olhos, coloca para dentro do corpo micro-organismos causadores de enfermidades como gripe e diarreia. E a falta d’água pode relativizar o cuidado que temos com esse hábito básico de higiene.

De acordo com o Ministério da Saúde, 45% das intoxicações alimentares no país ocorrem por descuidos na higienização da comida em casa. Por exemplo: micróbios como a salmonela costumam habitar a casca de verduras. Se não forem removidos — mesmo sob a alegação de que precisamos maneirar no uso da água —, vão provocar uma série de distúrbios. “E a limpeza também retira terra e poeira”, acrescenta Chebabo.

Em cenários extremos, aposte nos lenços umedecidos para higienizar as axilas e as regiões íntimas.

O álcool em gel é uma boa alternativa, caso a água rareie nos próximos meses.

Mergulhe os vegetais numa bacia com 1 litro de água e 1 colher de água sanitária por 15 minutos.

PERIGO NA FEIRA

Brasil 12

Rússia 6

França 7

Austrália 8

Só 5% das pessoas

CAMPEÕES MUNDIAIS Somos o país com mais banhos por semana

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lavam as mãos direito. O certo é esfregá-las por 15 segundos — com a torneira fechada

Atenção extra com os vegetais que possuem mais agrotóxicos*

80%

56%

54%

50%

pimentão

pepino

uva

morango

* PORCENTAGEM DE AMOSTRAS CONTAMINADAS


Surtos de dengue

“Independentemente da crise hídrica, é primordial ingerir cerca de 2 litros de água por dia”, aponta o toxicologista Ernani Pinto, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Do contrário, sintomas como fraqueza, pele seca e cansaço dão as caras. Em quadros mais severos, a desidratação culmina em confusão mental e desmaios.

O país teve 40 mil casos da doença nos primeiros meses de 2015. No mesmo período de 2014, foram 26 mil sujeitos infectados. “O aumento está diretamente relacionado ao fato de as pessoas estarem armazenando água em baldes e bacias destampados, focos de procriação do mosquito que transmite o vírus”, interpreta o toxicologista Anthony Wong, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Se ficar desidratado, aposte no soro oral, disponível em farmácias e postos de saúde.

Deixe os reservatórios fechados e preste atenção em garrafas, pneus e vasos de planta.

24 indivíduos são internados todos os dias em São Paulo por desidratação

142 milhões

de brasileiros vão ter pouca (ou nenhuma) água à disposição em 2015

Mais problemas Dois pontos inusitados que a seca também afetaria

SEDENTARISMO Sim, todo mundo precisa de uma ducha a fim de tirar o suor da pele após as atividades físicas. Agora, a escassez de água não é desculpa para fugir da academia. Basta ser objetivo no banho.

CRISES ALÉRGICAS NO CARRO A falta de água fez as pessoas pararem de lavar seus automóveis. E, claro, ninguém está mandando limpar a lataria dos veículos. Por outro lado, tirar a poeira do estofado evita complicações respiratórias. Um aspirador de pó dá conta do recado.

212% DENGUE

mais potes e baldes foram flagrados desprotegidos em São Paulo

Continue economizando! As chuvas de março até ajudaram um pouco a subir os níveis das represas, mas a situação não é confortável. Atitudes como tomar banhos rápidos e reaproveitar a água da máquina de lavar devem ser realizadas sempre.

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FONTES: COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO (SABESP); COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (CETESB); ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU); EUROMONITOR INTERNATIONAL; UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MICHIGAN; AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA; FOLHA DE S.PAULO; SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO; SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO; MINISTÉRIO DA SAÚDE; AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS; MARIA INÊS DOLCI, COORDENADORA INSTITUCIONAL DA PROTESTE

Secura corporal


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