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DEPOIS DE PAÍS DO FUTEBOL EMPLACAR COMO “A” MÚSICA DA COPA, MC GUIMÊ SE PREPARA PARA O LANÇAMENTO DE SEU DISCO E PARA O NOVO SONHO: FICAR FAMOSO NO MUNDO TODO. MARIANA MARÇAL  FOTOS BOB WOLFENSON


ELLE HOMEM


DEPOIS DE PAÍS DO FUTEBOL EMPLACAR COMO “A” MÚSICA DA COPA, MC GUIMÊ SE PREPARA PARA O LANÇAMENTO DE SEU DISCO E PARA O NOVO SONHO: FICAR FAMOSO NO MUNDO TODO. MARIANA MARÇAL  FOTOS BOB WOLFENSON


À

s vezes, o mundo da moda elege personagens improváveis como ídolos. É o caso de MC Guimê, que, aos 21 anos e três de carreira, conquistou o Brasil inteiro. Fenômeno na internet, o cantor transforma em hit tudo o que usa ou cita em suas letras. Não por acaso, Alexandre Herchcovitch fez questão de sua presença em seu último desfile no SPFW depois de descobrir que o cantor usava suas roupas. E cá está ele, estampando seu primeiro editorial de moda, acompanhado de uma das maiores tops do mundo, Isabelli Fontana (veja em No Flow). “É uma realização”, conta o MC, que se orgulha em dizer que hoje não precisa se preocupar com o preço das coisas que quer ou com a forma como será tratado. Ainda sem disco gravado, as músicas disponíveis no seu canal do YouTube (youtube.com/mcguimeoriginal) atingiram espantosos 180 milhões de acessos, em crescente constante. Conhecido, a princípio, apenas na sua “quebrada”, em Osasco, na Grande São Paulo, logo o cantor alcançou o público jovem. O funk ostentação foi o começo, esbanjando marcas de roupas, de carros e de bebidas. Mas País do Futebol, canção lançada no final de 2013, que conta com a participação do rapper Emicida e, no clipe, com o amigo Neymar (sim, o jogador de futebol, a quem conheceu por acaso em uma lanchonete de beira de estrada!), é que começou de fato uma nova fase. Com os grandiosos números de visualizações e shows todos os dias da semana (já fez nove apresentações em um dia), acabou sendo capa da revista VEJA em janeiro, o turning point em sua carreira e o começo da abertura para atingir um novo público. A partir de então, foram convites para participar dos principais programas do país, reportagens em veículos estrangeiros e números assombrosos em suas redes sociais. País do Futebol, que abre a novela das 7 da Rede Globo, foi eleita “a” canção não oficial da Copa e ele vem não só colhendo mas também plantando frutos. O MC, que até pouco tempo atrás nunca tinha viajado ao exterior, está gravando seu primeiro álbum entre os Estados Unidos e o Brasil a convite do Beats by Dre, a empresa do rapper norte-americano Dr. Dre. Foi o próprio que o apresentou a Mike Will, produtor de nomes de peso, como Kayne West, Rihanna e Miley Cyrus, e agora de Guimê. Mas esse sucesso, ou a cara de marrento dos clipes, como Plaque de 100, não é a única face de Guimê, e muito menos a principal. Ele vem mudando com a mesma velocidade que atinge o sucesso. O aparelho odontológico, que denunciava a pouca idade, deixou de existir. O número de tatuagens, por outro lado, cresceu, e elas estão espalhadas por todo o corpo e parte do rosto. Mas talvez a maior mudança seja o fato de não mais andar sozinho. Em shows, tem uma equipe de pelo menos 20 pessoas e, no dia a dia, está sempre acompanhado do assessor, do fotógrafo oficial (que registra a vida do rapaz na websérie Nem Maior Nem Melhor, também no canal do artista), do produtor e de um amigo de infância, que faz parte da equipe, além dos seguranças. Eles chegam para o editorial da ELLE com certo atraso – justificável se pensarmos que o dia foi o primeiro de “folga” do MC em mais de um mês. Easy going e encantador, seu único pedido foi colocar sua playlist (disponível em elle.com.br), recheada de rap gringo, para entrar no clima. Como diz um de seus hits, é um merecedor de conquistas. Confira a seguir o bate-papo. Como é, de repente, viver esse sucesso? É um sonho realizado. Nunca imaginei que tomaria essa proporção. Acreditava que meu sucesso seria meus amigos terem minha música no celular deles ou, na quebrada, a galera falar de mim. ELLE 180 www.elle.com.br

O começo foi difícil? Viver de música não é fácil, ainda mais

do funk, que é criticado. Por isso, quando deu certo, foi mágico. O que você acha do funk ostentação? Procuro não rotular minha música. A ostentação surgiu porque o funk era desacreditado e mesmo assim os MCs conseguiram ganhar dinheiro. Não é para mostrar que um é melhor que o outro, mas deixar claro que a gente pode andar bem arrumado, ter um carro e sempre fazendo o certo. Foi o grito de liberdade. O que você comprou com seu primeiro cachê? Os óculos Juliet (um modelo da Oakley muito citado pelos MCs). Paguei 700 reais porque eu comprei de um amigo. Na loja, era mais que o dobro. Para meu pai, foi um absurdo. Ele não tinha condição de me dar. Eu via os outros usando, por que eu não poderia ter? O que mais é diferente dessa época? Muita coisa. Não é porque eu sou funkeiro que eu não posso andar arrumado e ir a uma festa chic. Hoje eu vou aos lugares e sou bem tratado. Você tem personal stylist? Não. Sou sempre zoado porque demoro muito tempo para me arrumar. Tem tempo de comprar roupa? Não. Quando preciso, peço para alguém da equipe comprar para mim. Tenho que me preocupar com isso porque sou cobrado a não usar roupa repetida e a usar as marcas que eu cito nas músicas. Por quem você é cobrado? Por todo mundo! Hoje, infelizmente, eu não posso andar em um trem porque a galera vai falar que o MC Guimê faliu. (risos) Você começou a se apresentar com banda (antes era Guimê e o DJ). Por que a mudança? Senti muita diferença

em ter uma banda no palco. É um clima diferente. O público reage de outra forma. E é mais animado! País do Futebol é uma música que, mesmo sendo um funk, tem outra melodia. Até a letra deixa de lado o estilo ostentação. Sempre quis fazer algo que tivesse uma

identificação com a minha história. Tudo foi natural, desde a melodia até chamar o Emicida para participar. São caminhos que se parecem: o meu, o dele e o do Neymar. Além disso, quero que minhas composições comecem a ter mais essa levada, esse flow. O novo disco vai ter mais essa cara? Vai continuar nesse caminho. Trabalhando com o Mike Will, um ídolo, eu consigo ver em que sentido eu preciso lapidar mais o meu som. Estou somando a identidade do meu funk com o suingue norte-americano. Como aconteceu a parceria? Nós (a empresa MC Guimê e a Máximo, produtora do artista) somos os embaixadores da Beats by Dre no Brasil e foi ela que quis levar nosso trabalho para fora. Foi o próprio Dr. Dre que me apresentou ao Mike Will. Também conheci o Kendrick Lamar (Guimê não diz, mas provavelmente o rapper fará parte de seu disco, além de ter confirmada a participação de Claudia Leitte). Gravar com eles é difícil? Você fala inglês? O máximo é “what’s your name?”. (risos) A relação evoluiu ao longo dos dias. Quero aprender e tentei, pelo menos, saber como agradecer. Pensa gravar em inglês? Penso. Primeiro vou me focar no lançamento aqui, onde tudo está dando certo. Mas penso em fazer como os rappers espanhóis, que mesclam as línguas, dar um salve para a galera! Depois, pensar em compor não só em inglês mas também em francês, espanhol... Tem planos de uma turnê para fora? Sim. O novo disco sai no fim de outubro. Depois quero lançar lá fora. Qual seu maior sonho?Antes era dar uma casa própria aos meus pais. E eu já consegui realizar isso. Agora tenho um maior: quero levar meu trabalho para o mundo todo.

COLETE, R$ 690 E BERMUDA, R$ 590, AMBOS ELLUS. BANDANA, LAB, R$ 35. COLARES E RELÓGIO, ACERVO PESSOAL DO CANTOR. CUECA, CALVIN KLEIN, R$ 59. TÊNIS, PRADA, R$ 2 530. PRODUÇÃO DE MODA FERNANDA TURETT E BELEZA VIRGINIA BARBOSA (CAPA MGMT)/PRODUÇÃO EXECUTIVA TARSILA RISO/ TRATAMENTO DE IMAGEM THIAGO AUGE.

ELLE HOMEM


NÃO É PORQUE EU SOU FUNKEIRO QUE NÃO POSSO ANDAR ARRUMADO E IR A UMA FESTA CHIC. HOJE VOU AOS LUGARES E SOU BEM TRATADO.


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