Reflexões sobre a presistência da crise. Ontem(15/08), o governo Temer divulgou notícias referentes à retomada do crescimento, salientando aumento do consumo; inflação baixa; redução dos juros; diminuição do desemprego, etc. Ora, animar-se com isso e fechar os olhos para o resto seria insensato. Temer é a semente do insondável, planta um futuro imprevisível. Sua agenda de governo jamais teria sucesso se posta à prova em uma eleição. Concordo com alguns pontos da agenda, mas não posso dizer que seja democrática, pois, não é. Temer conta com ampla antipatia da população; é alvo de denúncias de corrupção, e não consegue cumprir a promessa de abrandar a crise. Pelo contrário, a situação social e econômica segue sem perspectiva de solução (apesar das "alvissareiras" notícias de ontem). Nesse cenário, fortalecem-se Bolsonaro e Lula (recentemente, atores globais e personalidades midiáticas filiaram-se ao PT para demonstrar apoio ao Lula!!!). Vejam bem para quem Temer está estendendo o tapete vermelho da rampa do Planalto... 1o. de janeiro de 2019 já está aí... Com isso, pode-se presumir que não há possibilidades de solução da crise brasileira nem a curto, médio tampouco longo prazo. É assustador. Muito mais preocupante é que a política está esgotada. A solução da crise não será via Congresso Nacional. Os partidos políticos,verdadeiros antros, não oferecem nenhuma alternativa para a sociedade. Não importa a reforma que se faça, os caciques serão sempre os mesmos. Essa "reforma" em andamento é para não mudar nada. Quem tem o poder não quer perdê-lo. O momento é histórico, pois estamos testemunhando o fim do arranjo politico e institucional que a sociedade brasileira construiu a partir da abertura democrática, iniciada com a anistia em 1978, e consolidada com a constituição de 1988. Todo esse edifico políticoinstitucional está desmoronando. A Nova República envelheceu e está encerrando sua trajetória.
Sinal bem claro desse esgotamento é o que ocorre com os dois grandes partidos que nasceram com a redemocratização, o PSDB e o PT. Perderam as condições de galvanizar a sociedade. E o que dizer do PMDB!? Que força política organizará a institucionalidade de nosso futuro nacional? Nessa confusão toda, a sociedade está perdida, e ninguém consegue articular um "projeto" para o Brasil. Nesse ponto, temos de ponderar que todos os “projetos” para o Brasil fracassaram. Então, temos de perguntar com sinceridade se o país precisa mesmo de um “projeto”. Talvez, a resposta seja que o melhor “projeto” seja não ter nenhum “projeto”. É deixar a sociedade livre do Estado para que, como a água, encontre seus caminhos naturais, seus sulcos para escoar, fluir, e irrigar nossa prosperidade. Outro ponto a considerar-se é o lugar do Brasil no mundo. O que os outros querem de nós e o que queremos deles? Para o mundo, somos uma "fazendinha". De nós, esperam que sejamos bons fornecedores de commodities, em especial, de alimentos e de minérios. Do lado de cá, não temos clareza, muito menos consenso, de como deveria ser nossa inserção internacional. Nesse quesito, todos os governo têm, historicamente, falhado. E nosso entrono imediato, nossa Pan-Amazônia? Como amazônida, não posso deixar de me perguntar o quê a região ganha com nossa vinculação ao Brasil. Temos de encontrar um equilíbrio entre o regional e o nacional. Essa crise deveria servir para refletirmos, sem paixões nem preconceitos, sobre isso também. Belisário Arce