13/07/2018 ANF - Agência de Notícias das Favelas

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Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo Por: Karen Melo - 13 de julho de 2018

Reprodução/Instagram Luisa Dorr.

Um dos grandes nomes na luta pelos direitos das mulheres, a paquistanesa e ativista Malala Yousafzai que completou 21 anos nessa quinta-feira (12) e está no Brasil. Malala ficou conhecida mundialmente após ser baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola em outubro de 2012, quando tinha 15 anos. Seu crime foi se manifestar contra a proibição dos estudos para as mulheres em seu país. A jovem nasceu e cresceu em Mingora, a maior cidade do Vale Swat, região bastante conservadora do Paquistão. Em 2008, o líder talibã, que dominava o local, exigiu que as escolas interrompessem as aulas dadas para as meninas por um mês. Na ocasião, um jornalista da BBC perguntou ao pai de Malala, que era dono da escola onde ela estudava, se alguns jovens estariam dispostos a falar sobre o assunto. Foi quando a menina criou o blog “Diário de uma Estudante Paquistanesa” para escrever sobre seu amor pelos estudos e as dificuldades vividas no Paquistão. O blog era escrito sob um pseudônimo, mas em poucos meses a identidade de Malala foi revelada e ela passou a conceder entrevistas para TVs e jornais. O ataque à ativista veio logo depois que os talibãs haviam perdido o controle do Vale Swat e a justificativa foi que ela era uma ameaça contra o Islã. A menina precisou passar por uma Translate »


cirurgia e foi transferida para o Reino Unido, onde recebeu tratamento e se recuperou. Em 2014, por conta do seu engajamento para garantir o direito à educação das mulheres, Malala se tornou a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, aos 17 anos. Atualmente, ela vive com sua família na Inglaterra, mas tem ainda o desejo de voltar ao seu país para entrar na política. Essa semana a Malala está no Brasil e na sua agenda ela passara pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A ativista disse que um dos seus objetivos no Brasil é “achar meios para que as 1,5 milhão de meninas (fora da escola) tenham acesso à educação”. A ativista quer promover a educação entre as comunidades menos favorecidas do Brasil. “Trabalhando junto com os defensores da educação e podendo dar a todas as pessoas, que vem das camadas menos privilegiadas, a esperança de que todos em volta se sintam seguras em receber educação de alta qualidade”, disse. Malala afirmou ainda que vai anunciar, em breve, um projeto do Fundo Malala para que a educação seja abordada pelas campanhas eleitorais. Participou também do debate sobre o assunto, a ativista Tábata Amaral, de 24 anos, nascida na periferia de São Paulo, que representou o Brasil em competições internacionais de ciências e estuda astrofísica em Harvard. Tábata questionou sobre a possibilidade da união entre os ativistas internacionais. Em resposta, Malala disse acreditar na solução nascida entre os líderes comunitários. “Temos que ir às comunidades de base e trabalhar com os ativistas locais, que entendem os problemas e sabem a melhor maneira de resolvê-los”, disse. Outra participante foi a escritora mineira Conceição Evaristo, doutora em literatura comparada e vencedora do Prêmio Jabuti na categoria contos pela obra Olhos d’Água (2014). Conceição destacou o poder da leitura e da escrita incentivados por Malala, já que a adolescente partilhou a sua história e luta em seu livro. “As pessoas que não têm acesso à leitura, não têm uma cidadania incompleta. Que a sua presença fortifique essa ideia e o compromisso que o estado brasileiro precisa ter com a alfabetização”, disse a escritora. “A escrita amplia o seu papel, porque, enquanto leitor, você pode abarcar o mundo através da leitura. Mas quando você escreve, tem esse poder de intervenção no mundo”, acrescentou. Em resposta ao tema, Malala lembrou da história da própria mãe, que parou de estudar aos seis anos. “Como filha, estou lendo para a minha mãe, é uma experiência maravilhosa”, disse. Segundo a paquistanesa, a sua mãe está estudando novamente, e este é seu grande estímulo para continuar na buscar pela educação das mulheres. ( Fonte: Agência Brasil )


Malala também está interagindo com os seguidores nas redes sociais e ao perguntarem sobre alguma mulher brasileira em que ela se inspirava a própriadisse que esteve com integrantes da rede feminista “Nami“, com quem pintou um retrato de Marielle. “Como ativista, sei que ela inspirou muitas mulheres e garotas brasileiras e sei que elas levarão seu legado adiante”, escreveu a paquistanesa. Para que possamos entender mais sobre Malala, deixarei o link do youtube : 1)Malala -Este documentário, dirigido pelo norte-americano Davis Guggenheim, mostra o cotidiano de Malala ao lado de sua família. Também é possível ver de perto as viagens da ativista para conseguir apoio e recursos para ampliar o alcance de seus objetivos. O diretor conviveu 18 meses com Malala, seus pais e irmãos. Além de ficar na casa da família, em Birmingham, na Inglaterra, Guggenheim acompanhou a passagem dela por países como Nigéria, Quênia, Emirados Árabes Unidos e Jordânia para conversar com jovens e autoridades. O documentário está disponível na Netflix. Veja abaixo o trailer legendado: É uma história inspiradora de uma menina que lutou pelos seus sonhos e os sonhos de outras meninas. Fico a imaginar quantas meninas ainda são impedidas de ter seus direitos, não podemos desacreditar, precisamos unir forças, nos motivar em exemplos como esses para seguir e persistir em nossos sonhos. Tudo que a Malala viveu está registrado em seu livro que ela narra toda essa trajetória e se chama, Eu Sou Malala. A História da Garota que Defendeu o Direito à Educação e Foi Baleada Pelo Talibã. Forte né? Que sejamos impactados por essa fortaleza chamada MALALA.

Karen Melo http://www.anf.org.br

Karen Melo, moradora do Complexo de Favelas do Alemão, Jornalista por formação, Graduanda em Mídias Digitais e atualmente Editora do jornal A voz da Favela e Agência de Notícias das Favelas.


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