Jundiá cresce bem e encanta piscicultores do Sul do Brasil

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Panorama da AQร ICULTURA, marรงo/abril, 2000

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Jundiá Cinza:

Como um bom bagre cresce bem e encanta piscicultores do Sul À medida que o tempo passa e a ictiofauna brasileira se torna mais bem estudada, é de se esperar que apareçam cada vez mais espécies nativas com excelentes características zootécnicas atraindo a atenção dos piscicultores. Afinal, convivemos com a maior diversidade de peixes do planeta. O jundiá cinza, um bagre nativo da região sul do Brasil, é um desses peixes que vem despertando o interesse de diversos produtores da região, não apenas por suas qualidades zootécnicas, mas também por ser um peixe tradicionalmente muito bem aceito pelos consumidores.

Os Jundiás Em 1976 o jundiá dava sinais de que iria conquistar uma fatia do mercado de peixes cultivados no Rio Grande do Sul. Na ocasião, o principal peixe pesquisado em laboratórios gaúchos era o peixe-rei, de carne muito apreciada mas que se mostrou, muito difícil para ser trabalhado, ao menos para os conhecimentos disponíveis até então. Nesta época, as carpas também não tinham ainda ocupado o espaço que ocupam hoje no estado, até porque os alevinos vinham de fora e eram poucas as pisciculturas que faziam a reprodução de carpas naquela ocasião. 14 14


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Os piscicultores, entretanto , sempre se mostraram interessados em criar espécies nativas da preferência dos consumidores como a traíra, o jundiá e o cascudo. O interesse recaiu principalmente sobre o jundiá, uma vez que havia também nesta época o interesse em utilizá-lo no repovoamento de rios e represas do estado, já que são espécies nativas sem restrições ambientais. Os primeiros trabalhos com os jundiás foram feitos na Barragem de Ernestina, hoje Município de Ernestina, seguidos por algumas universidades que passaram a trabalhar com a propagação. As pesquisas voltaram-se especialmente para os jundiás amarelo e preto, e na época, sabia-se da existência os Rhamdia quellem, R. sapo e o R. hillari, mas o que diferenciava uma espécie da outra não estava claro para os envolvidos. Os esforços valeram e, sem muitas dificuldades, foram logo dominadas as técnicas de reprodução, larvicultura e alevinagem para esses peixes. Na engorda, entretanto, apareceram os primeiros entraves para o cultivo comercial. Logo a partir dos primeiros ensaios, inexplicavelmente, o crescimento dos peixes estagnava quando chegavam ao redor das 250 gramas, afinando o corpo e salientando ainda mais o tamanho da cabeça. Os técnicos acreditavam que este problema seria logo solucionado com o uso de rações de boa qualidade, o que não ocorreu mesmo utilizando-se alimentos balanceados para peixes. Os anos 70 passaram e as diversas tentativas malogradas de engorda dos jundiás acabaram por desestimular as pesquisas, levando os piscicultores gaúchos a se concentrarem ainda mais no cultivo das carpas.

os demais jundiás e, além disso, possuíam nitidamente uma cabeça menor. Foram detalhes suficientes para despertar a atenção desses técnicos, que prontamente os separaram para reprodução. Por serem diferentes, passaram a ser chamados de jundiás cinzas. Os piscicultores, entretanto, Logo de início observaram que as fêmeas possuíam uma quantidade maior de óvulos que as demais espécies de jundiás até então conhecidas e, depois de fecundados, geravam ovos e larvas menores que os demais. Ao comparar os comportamentos, entre os jundiás cinzas e os já conhecidos anteriormente, perceberam que se assemelhavam apenas na fase de larvas, distinguindo-se a partir da fase de alevino. As diferenças decisivas, porém, foram mais nitidamente notadas a partir do estágio juvenil, ocasião em que os amarelos e os pretos paravam de crescer, afinavam o corpo e não aceitavam mais a ração. Para surpresa dos técnicos, os juvenis de jundiás cinza seguiram se desenvolvendo, e de forma surpreendente. Para o zootecnista Gilberto Cielo, um dos pioneiros no trabalho com o jundiá em Ernestina, a escolha do nome “jundiá cinza” foi uma decisão para diferenciá-lo dos demais. Gilberto recomenda, uma revisão dos estudos taxonômicos para a distinção desses peixes, já que em alguns trabalhos existentes são até confundidos como sendo da mesma espécie. Em 18

anos de trabalho na represa de Ernestina, Gilberto Cielo lembra que foi possível conseguir apenas oito exemplares do jundiá cinza, uma espécie muito difícil de ser capturada na natureza. Povoamento Gilberto, hoje um dos proprietários da Água Doce, empresa especializada na produção de alevinos em Não-me-Toque - RS, diz que para povoar um viveiro com jundiás cinza, o ideal é que se utilizem alevinos com tamanhos entre 6 e 8 cm. Devem, de preferência, ser primeiramente colocados em viveiros berçários até alcan-

Os Jundiás Cinzas Anos depois, já em 1992, técnicos que trabalhavam na Barragem de Ernestina, coletaram no Rio Jacuí alguns poucos exemplares de um jundiá diferente dos já conhecidos jundiás amarelos e pretos. Seu porte era parecido, mas sua cor acinzentada em nada se assemelhava com 15


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Recomendações Importantes para Criação do Jundiá Cinza . Adquirir alevinos selecionados e padronizados para o cultivo. Tamanhos diferenciados podem levar ao canibalismo, domínio de ambientes e a redução da produtividade. . A terminação deve ser realizada em viveiros com 2.000 a 4.000 m2 com densidades que podem variar de 0,5 a 2 peixes por m2, dependendo do nível de experiência do criador, disponibilidade de rações de boa qualidade e fluxo de água. Áreas superiores dificultam o manejo e podem aumentar a conversão. . Devem ser criados em viveiros berçários até que atinjam o tamanho de 12 centímetros. . O sistema de criação deve ser o monocultivo. Experiências em policultivo não foram bem sucedidas. . A alimentação oferecida aos alevinos deve ser ração peletizada com 42% de proteína bruta, 3 vezes ao dia ou em comedouros automáticos. Na fase intermediária de crescimento, deve-se passar da ração peletizada para a ração extrusada com 36% de proteína bruta.

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çarem os 12 seis meses de engorda, é de 500 gramas. Para a venda aos pesquepagues, Fábio Niedermeier diz que a preferência recai sobre os peixes com peso em torno de 600 a 800 gramas, conquistados entre os 8 e 10 meses de cultivo. Ao ser comparado com a tilápia e o catfish (o bagre-do-canal norte americano), o jundiá leva vantagens em sua fase inicial, pois tem um crescimento bem maior que ambos nos primeiros meses de cultivo. Fabio colocou em viveiros distintos de sua propriedade, na mesma data (fevereiro), lotes de jundiá e catfish, com densidade de 10.000 e 7.500 alevinos por hectare, respectivamente. Após seis meses, depois de terem atravessado os meses mais frios do inverno, os pesos dos peixes, que receberam o mesmo alimento, chamaram a atenção do produtor. Os jundiás cinzas pesavam em média 350 gramas e os catfish, apesar da densidade menor, pesaram em média 180 gramas. Através desta e de outras experiências, Fábio constatou que esses dois peixes comportam-se de forma oposta na engorda. Os jundiás seguem crescendo bem até 8001000 gramas quando então seu ritmo de

cm, quando podem ir com muita segurança para os viveiros de terminação. Com este tamanho já não correm o risco de desenvolverem ictius, doença comum nos peixes de couro com até 8 cm, bastando para isso uma queda repentina da temperatura. Segundo Cielo, deve-se evitar apenas criar este peixe junto com outras espécies. As experiências com o policultivo utilizando o jundiá cinza não foram bem sucedidas, sendo recomendável que a terminação seja feita em monocultivo, em viveiros de 2.000 a 4.000 m2, com densidades que podem variar de 0,5 a 2 peixes por m2, dependendo aí do nível de experiência do produtor e da disponibilidade de ração de boa qualidade. As experiências realizadas por Cielo mostram que a terminação em viveiros maiores está correlacionada com o aumento da conversão alimentar. Crescimento Segundo dois produtores gaúchos de jundiá cinza, Jorge Scortegagna de Passo Fundo e Fábio Niedermeier de Três Passos, o peso médio em um lote de jundiás, após


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despesca na propriedade de Jorge Scortegagna em Passo Fundo, foi muito fácil constatar que o jundiá cinza é um peixe muito tranqüilo, o que ajuda até na preservação das redes de despesca. Seu ferrão, ao contrário de muitos bagres, é macio e não fere quem o manuseia. Quando são cercados nos viveiros, se concentram pacificamente conforme o cerco da rede e se deixam colher sem que se debatam excessivamente. É possível despescar grande parte dos jundiás cinzas sem precisar esvaziar demais os viveiros. Ração O jundiá cinza, desde alevino, aceita muito bem a ração e por isso mesmo é um peixe que pode ser facilmente criado em tanques-rede, sendo recomendado aí o uso inicial de alevinos ao redor de 15 cm. Mesmo durante o inverno, o jundiá cinza alimenta-se bem e ganha peso, ao contrário do catfish, que praticamente deixa de se alimentar quando a temperatura cai abaixo de 16 oC. Despesca de Jundiás cinzas na fazenda de Jorge ScorteAs experiências dos produgagna. Foto menor: da esquerda para a direita - Scortetores na região norte do Rio Grande gagna, Gilberto Cielo e Fabio Niedermeier do Sul mostram que a conversão do jundiá é de 1,8:1. Em um ano, os crescimento tende a diminuir bastante. Já machos alcançam 800 gramas enquanto as o catfish tem um comportamento inverso, fêmeas estão em torno de 1,1 kg e, a partir pois somente a partir de 600–800 gramas desse momento a conversão alimentar dispara no seu crescimento. Para Fábio, passa a ser comprometida. As fêmeas são essa diferença faz com que o jundiá possa em média 20% maiores que os machos. ser comercializado mais precocemente, Uma das possíveis razões para isto está no sendo portanto, um peixe que pode vir a fato dos machos já iniciarem a produção de interessar bastante a indústria de benefi- sêmen a partir das 120 gramas e desde cedo ciamento e filetagem . despenderem parte das suas energias para O jundiá cresce bem numa faixa as atividades reprodutivas, ao contrário das muito larga de temperatura, desde águas fêmeas, que ficam maduras somente após frias de inverno com 8 oC até verões com o primeiro ano de vida. águas a 30 oC, sem que tenha apresentado Os produtores atualmente alimenproblemas. É preciso, no entanto, atenção tam os alevinos de 12 cm com ração peletidurante o inverno com doenças como ictio, zada devido ao tamanho do pelete, somente que podem surgir por conta de manejos com passando para a ração extrusada quando os rede nesta época fria do ano. A exemplo jundiás cinza alcançam um porte suficiente de outros peixes tropicais, no inverno não para abocanhá-la. Gilberto Cielo conta que é recomendável usar redes, a não ser que houve muita dificuldade até que se conseja para comercialização total do viveiro, seguissem acertar com uma ração para o alerta Gilberto Cielo. jundiá. Quando a princípio foi experimenUma excelente característica tada a mesma ração usada para o catfish, zootécnica do jundiá está relacionada à sua observou-se no jundiá um excesso de gor docilidade quando é manejado. Em uma dura na cavidade abdominal, comprome17


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Exemplar de Jundiá cinza ladeado por dois Jundiás albinos

timento do fígado e ulcerações na pele. Depois de experimentadas algumas das rações existentes no mercado, concluiu-se que a farinha de vísceras não é boa para o jundiá, devendo ser utilizada a farinha de peixe como proteína bruta na ração, além do que, na sua composição, o teor de vitamina C não pode ser inferior a 250 mg por quilo. Há uma reivindicação dos produtores para que haja uma melhoria na composição das rações para o jundiá, pois com as disponíveis, o peixe continua apresentando um pouco de gordura. Os produtores brigam também por um melhor preço das rações, que também inconstantes no mercado. Os gaúchos reclamam de que algumas vezes deixam de conquistar bons resultados nas suas criações de jundiás simplesmente porque não encontram rações de peixe no mercado, decorrência segundo eles, de uma visão pequena por parte das fábricas de ração, que precisam se interar mais claramente do mercado e investir mais em equipamentos. Acrescentam ainda que algumas fábricas possuem máquinas com capacidade de produção para suprir apenas os períodos normais de cultivo, mas que não dão vazão à demanda das épocas de pico (janeiro, fevereiro e março). Mercado Gilberto Cielo acredita que um bom termômetro para medir a preferência atual dos produtores gaúchos é a venda de alevinos. Ele observa que a procura pela 18

carpa capim e pela húngara se equivalem, seguida pela cabeça grande e, por fim, da prateada. Depois das carpas, o peixe mais comercializado nesse mercado já é o jundiá cinza, cuja produção atual somente da sua empresa gira em torno de um milhão de alevinos, com a safra começando em setembro/outubro e indo até abril quando é interrompida com a chegada do inverno. A piscicultura gaúcha se caracteriza por pequenas propriedades com viveiros ou açudes de pequeno porte, onde se estima que a maior parte da produção seja para o consumo familiar. A venda de peixes produzidos no estado tem sido direcionada principalmente para os pesque-pagues e, eventualmente, para as bancas de pescado durante o atípico período de consumo na Semana Santa; mesmo porque parece não existir ainda uma estratégia implantada para que a venda de peixes seja regular ao longo de todo o ano. Até um ou dois anos atrás, somente os pesque-pagues de São Paulo estavam na mira dos produtores gaúchos. Atualmente, a produção tem se voltado para os pesqueiros do próprio estado, já que muitos produtores tiveram prejuízos com cheques sem fundo. Os produtores concordam que não existe nenhum estímulo, tampouco uma oferta constante que motive o consumidor a ter mais pescados em sua mesa ao longo de todo o ano. Na verdade, grande parte dos gaúchos, tradicionais comedores de carne vermelha, comem

pescados somente na Semana Santa e, na maioria das vezes, são carpas que raramente encontram-se depuradas. Os danos ao mercado decorrentes da distribuição de peixes sem que sejam previamente depurados são dificílimos de serem reparados, pois afastam os peixes do prato dos consumidores. Jorge Scortegagna, que além de piscicultor é proprietário de dois supermercados em Passo Fundo, diz que o jundiá é normalmente comercializado com 500 gramas, mas acrescenta que a partir de 300 gramas já é possível conquistar algumas vendas, já que é um peixe muito bem aceito em todos os tamanhos, sendo vendável mesmo os de pequeno porte. Em seus supermercados, os jundiás têm seu preço cotado em até três vezes mais que a carpa húngara. Na banca, enquanto a carpa húngara é negociada a R$ 1,50 ou R$ 1,80 o jundiá é vendido a R$ 4,50. Um ótimo preço já que, segundo o piscicultor, proporciona uma boa margem de lucro. Dados comparativos entre o Jundiá Cinza e o Catfish . Experiências mostraram crescimento maior do jundiá cinza em relação ao catfish, durante o inverno. O jundiá alimenta-se bem e ganha peso mesmo nas épocas frias, ao contrário do catfish, que praticamente deixa de se alimentar quando a temperatura cai abaixo de 16 oC . Após seis meses recebendo o mesmo alimento e depois de terem atravessado os meses frios do inverno, os jundiás pesavam em média 350 gramas e os catfish, apesar da densidade menor, pesaram em média 180 gramas. . O jundiá mostrou conversão de 1,8:1 para peso ao redor de 800 gramas e de 2,0:1 para peso médio ao redor de 1 kg. . O catfish americano é um peixe agressivo enquanto o jundiá é dócil. A convivência entre eles pode provocar ferimentos nos jundiás na época de reprodução ou na disputa por alimentos e espaços. . Ao ser comparado com a tilápia e o catfish, o jundiá leva vantagens em sua fase inicial, pois tem um crescimento bem maior que ambos nos primeiros meses de cultivo, o que o recomenda para a indústria de fileagem. . Experimentada a mesma ração usada para o catfish, observou-se no jundiá um excesso de gordura na cavidade abdominal, comprometimento do fígado e ulcerações na pele.


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Entusiasmado, Jorge conta que o jundiá é sempre o primeiro a sair quando colocado na banca ao lado de outros peixes. Relata também que toda a quantidade que estiver disponível em seus supermercados é rapidamente consumida. Os bagres A preferência dos piscicultores pelos bagres não é novidade. É cada vez maior a participação desses animais no rol dos peixes considerados de excelente desempenho zootécnico. Em muitos países, os bagres vêm sendo explorados comercialmente com resultados extremamente satisfatórios, sendo o cultivo do bagre-do-canal nos EUA o mais conhecido deles. São também conhecidos entre os piscicultores os Clarias (gariepinus e batrachus) e o Silurus glanis, bagres expressivamente produzidos na Ásia, África e na Europa, a ponto de estarem sempre presentes com seus preços publicados nas principais cotações do mercado internacional de pescados. A presença do

Clarias gariepinus, ou bagre africano, no Brasil ainda permanece discreta. O seu excelente desempenho zootécnico não resistiu aos alarmes e comentários infelizes, divulgados através de um telejornal de cadeia nacional. A indústria de abate e processamento, o caminho natural para o destino dos bagres africanos acabou por não acontecer, obrigando esses peixes a nadarem nos viveiros dos pesque-pague. Decididamente, o Clarias não é exatamente o que podemos chamar de um “peixe bonito” ou “agradável” para quem precisa segurá-lo numa pescaria amadora na beirada de um viveiro. O futuro deste peixe ainda é uma incógnita e a única certeza é o seu potencial de cultivo. Também no Brasil, já é possível acompanhar o crescimento da indústria dos bagres surubins e pintados, que já abastece a cadeia de supermercados Carrefour em São Paulo, numa operação avalizada pela seriedade das partes envolvidas e que tende tão somente a crescer e se solidificar. Curiosamente na piscicultura brasileira evita-se de todas as formas dizer que se cria bagres. As denominações, catfish,

Filés de Jundiás cinza, que representam um pouco mais de 50% do peso total do peixe.

pintado, clarias e jundiá são bem mais utilizadas em detrimento do palavra bagre, mais empregada quando se quer dizer que alguém é teimoso e tem a cabeça dura.

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