Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 1999
Quem tem lernea no cultivo sabe dos problemas que ela causa, promovendo mortandade, principalmente, de alevinos e jovens e reduzindo a taxa de crescimento dos peixes. Comercialização de peixes parasitados por lernea é dificultada pelo aspecto desagradável, com o corpo cheio de parasitos e pontos hemorrágicos. Este artigo, portanto, pretende apresentar informações básicas sobre a morfologia, biologia, ecologia e prevenção de lernea, buscando orientar técnicos e piscicultores no seu combate. Apesar das muitas informações disponibilizadas aqui poderem ser úteis no controle de outros Lernaeidae (ex. Perulernea gamitanae Thatcher & Paredes de tambaqui), essas espécies são muito pouco conhecidas sob o ponto de vista biológico e patológico, e aparentemente são mais específicas a um grupo taxonômico de hospedeiros do que as “lerneas verdadeiras”. Essas outras espécies não são tratadas aqui. Lernea é o nome vulgar utilizado no Brasil para espécies do gênero Lernaea. Até recentemente, apenas duas espécies deste gênero haviam sido citadas para a América do Sul. Hoje, todavia, pelo menos duas outras foram introduzidas através da importação de peixes para cultivo e aquário e uma nova espécie, Lernaea davastatrix foi descrita recentemente de carpas cultivadas no Rio Grande do Sul. 32
Lernea: Biologia e Prevenção Walter A. Boeger. Grupo Integrado de Aqüicultura e Depto. de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, wboeger@bio.ufpr.br
xistem evidências de que pelo menos uma das espécies exóticas desse parasito, Lernaea cyprinacea L, 1758, tenha sido introduzida no país há muito tempo, mas sua dispersão dentre cultivos brasileiros aparentemente iniciou‑se entre 1985/86. Em um curtíssimo espaço de tempo L. cyprinacea, disseminou‑se entre cultivos de praticamente todos os estados do país que cultivam carpa. Essa espécie já é encontrada facilmente em corpos de água naturais desses estados, em inúmeras espécies de peixes nativos. Desde sua introdução, piscicultores e técnicos brasileiros têm procurado determinar o tratamento ideal para este parasito sem muito sucesso. Pouca atenção, todavia, tem se dado à prevenção, como prova a velocidade de dispersão deste copépode. Um tratamento “milagroso” não existe, mas, com base no conhecimento existente sobre a biologia e ecologia destes animais parasitos, já é possível definir alguns procedimentos básicos para prevenir sua entrada e disseminação em um cultivo. É possível, também, planejar tratamentos integrados, objetivando sua erradicação. Quem é lernea? Ao contrário do que o nome utilizado em vários países do mundo sugere, um “verme‑âncora” (lernea) não é um verme verdadeiro, mas um crustáceo da Ordem Copepoda. Muitos copépodes são organismos de vidas livres e benéficos à piscicultura por representar uma fonte de alimento para peixes planctívoros. Outros, todavia, são parasitos e muitos são reconhecidamente prejudiciais ao cultivo de peixes. Dentre esses parasitos, os mais conhecidos são certamente as lerneas, devido ao seu tamanho e danos que causam à piscicultura. Outros crustáceos, apesar de menores em tamanho e conseqüentemente pouco visíveis e conhecidos pelo piscicultor, causam problemas semelhantes. Embora o hospedeiro‑tipo da lernea seja a carpa, este copépode é capaz de parasitar, com sucesso, diversas espécies de peixes, nativos ou não, cultivados ou não. No Brasil, a lernea já foi coletada de carpa comum, carpa dourada, carpa capim, tambaqui, pacu, tambacu, molinésia, gupi, matrinxã, lambari, coridoras, pescada branca, curimatá e traíra, entre outros.
Sequer girinos de anfíbios escapam deste parasito! Apenas as fêmeas de lerneas são parasitas (Fig. 1). Elas apresentam coloração esbranquiçada (jovens) à escura (mais velhas), atingindo cerca de 5‑22 mm de comprimento. A cabeça (c) é bastante reduzida quando comparada ao restante do corpo e é onde se localizam os órgãos do sentido (antena, antênula) e a boca. A porção imediatamente após a cabeça é modificada na forma de uma âncora (a) (daí o nome “verme‑âncora” ou “hook‑worm”, em inglês), utilizada para fixar o parasito no corpo do peixe. A âncora é formada por dois pares de projeções: um par ventro‑lateral e outro dorso-lateral. As projeções dorsolaterais são, em geral, bifurcadas. Todavia, a morfologia das âncoras pode se apresentar bastante variável, conforme o local de fixação sobre o peixe. O restante do corpo é tubular. As pernas (p) estão distribuídas ao longo do tronco e o poro genital ocorre pareado na porção posterior do animal. As fêmeas apresentam, freqüentemente, dois sacos de ovos alongados (s) fixos aos poros genitais. Lerneas podem se fixar em toda a superfície do corpo do peixe, incluindo boca, olhos e narinas (Fig. 2). Elas são, no entanto, mais freqüentemente encontradas nas nadadeiras ou próximos às suas bases. No local onde a âncora penetra o corpo do peixe hospedeiro ocorre hemorragia e inflamação com posterior necrose do tecido circundante. Estas
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ulcerações facilitam o ataque por agentes infecciosos microscópicos, como fungos e bactérias, amplificando a ação patogênica deste parasito indiretamente. Lerneas são hematófagas (se alimentam de sangue) e, portanto, uma das conseqüências deste parasitismo é também o desenvolvimento de anemia intensa. Ciclo Vital O ciclo de vida das espécies de Lernaea segue um padrão comum (Fig. 3). A fêmea adulta é parasita, como já vimos, e o macho é de vida livre.
Os ovos produzidos pela fêmea liberam pequenas formas larvais planctônicas (os náuplios; 0,15 mm de comprimento) que por sua vez se desenvolvem em uma outra forma denominada copepodito (0,2‑1,15 mm de comprimento). Os copepoditos procuram um peixe qualquer (um lambari, por exemplo) onde se alojam nas brânquias e superfície do corpo (preferencialmente nadadeiras) onde permanecem até se tornar sexualmente maduros. Neste momento, abandonam o peixe hospedeiro e, machos e fêmeas, copulam na água. O macho aparentemente morre e a fêmea, fertilizada, procura um peixe hospedeiro (dentre as muitas espécies adequadas), onde se fixa e sofre metamorfose, assumindo a forma alongada, típica da fêmea adulta. A fêmea adulta inicia, então, a produção dos dois sacos de ovos que irão originar novos náuplios, recomeçando o ciclo mais uma vez. Ovos, náuplios, copepoditos,
machos e fêmeas jovens são praticamente invisíveis ao olho nu! A duração do ciclo varia conforme a temperatura da água, podendo variar desde 25 dias (a 20 ºC) a 14 dias (a 35 ºC). Como visto acima, a fêmea de lernea, apesar de parasita quando adulta, passa parte de seu ciclo de vida na coluna d’água (plâncton) ou “escondida” nas brânquias e superfície corporal de diversas espécies de peixes. Disseminação deste parasito ocorre, conseqüentemente, através da água contaminada (náuplios e copepoditos) ou por “peixes transporte” (copepoditos ou fêmea adulta). Tratar ou prevenir? Erradicação total da lernea de um cultivo é extremamente difícil! Tratamentos comprovadamente eficientes no controle de lerneas com produtos inócuos à saúde humana não são eficientes. Diversos autores registram o uso de formalina, sal de cozinha e permanganato de potássio, entre outros, com sucesso apenas relativo. Existem, ainda, tratamentos não publicados ‑ como cloro e folhas de eucalipto e pinus, por exemplo ‑ que precisam ser adequadamente avaliados. Muitos piscicultores têm utilizado compostos organofosforados e outros produtos químicos não destinados para uso na piscicultura que podem trazer conseqüências ainda mais graves ao processo produtivo, meio ambiente e saúde dos seres humanos que forem consumir o peixe ou manipular esses produtos durante tratamento. Assim, enquanto alguns químicos utilizados no tratamento de lernea podem ser potencialmente prejudicais, a grande maioria é eficiente apenas para formas larvais. A relativa ineficiência dos tratamentos contra a forma adulta é relacionada com a estrutura e forma de fixação desses parasitos. Lernea adulta, como dito anteriormente, penetra a pele do peixe e aloja a âncora e a cabeça, que contém a região da boca, dentro da musculatura ou mesmo na cavidade abdominal e dentro de órgãos (Fig. 4). A parte do corpo deste parasito exposta ao m
meio ambiente é protegida por uma cutícula bastante impermeável aos químicos utilizados em seu tratamento. Alguns inseticidas, todavia, apresentam resultados satisfatórios, mas muitos trabalhos e órgãos de controle destes químicos no exterior não recomendam seu uso para peixes que se destinam ao consumo humano ou animal. Tratamento com estes químicos, portanto, deve ser realizado com extremo cuidado. Experimentos realizados com estes produtos sugerem que tanto larvas como as fêmeas adultas desenvolvem resistência ao seu uso prolongado e/ou freqüente. Estes tratamentos são, em geral, caros e de difícil aplicação em grandes viveiros. Muitos podem apresentar efeitos deletérios ao processo produtivo através, por exemplo, da diminuição drástica da taxa de crescimento dos peixes tratados. Perdas de biomassa de até 25% podem ser diretamente associadas apenas ao efeito do químico utilizado. Qualquer tentativa de tratamento de lernea deve objetivar a sua erradicação. Um trabalho bem planejado deve considerar as características da biologia do parasito e da piscicultura contaminada. Sem estes cuidados, tratamentos se tornam, a curto ou médio prazo, extremamente onerosos ao piscicultor e gradativamente ineficientes! E, talvez um dos alertas mais importantes desse artigo: não existem produtos milagrosos! Muitos desses são vendidos no mercado. Procure conhecer o princípio ativo dos produtos oferecidos no mercado e entender as conseqüências do seu uso para o meio ambiente, processo produtivo e consumidor humano. Considerando o custo e os possíveis prejuízos que tratamento com produtos químicos podem trazer, prevenir a introdução e disseminação de lernea no cultivo é claramente a melhor opção para o produtor. Prevenindo Dependendo da extensão da introdução de lernea em uma determinada região, é importante que qualquer esforço preventivo seja realizado de forma coordenada por todos os piscicultores dessa região. Como visto anteriormente, lernea pode colonizar ambientes naturais e hospedeiros nativos, e desta forma contaminar todas as pisciculturas que utilizam a mesma fonte de água ou que estão localizadas próximas umas das outras (veja maiores detalhes abaixo). As principais formas de disseminação e introdução de lernea em uma propriedade e as possíveis soluções para cada problema são apresentadas a seguir na figura 5. 33
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1- Compra de alevinos, jovens ou reprodutores parasitados Problema: Esta é a forma mais comum de introdução de lernea em um cultivo. Comprar alevinos, jovens ou peixes adultos sem certos cuidados é extremamente arriscado. Eles podem conter fêmeas adultas ou outros estágios do ciclo vital deste parasito! Solução: Existem várias maneiras de evitar a introdução de lernea e de outros agentes patogênicos em uma piscicultura. Abaixo são discutidas algumas delas: Como hoje existem poucas pessoas e laboratórios capacitados na diagnose de enfermidades de peixes, o piscicultor se vê obrigado a realizar, ele mesmo, um exame (descrito a seguir) que pode reduzir significativamente o perigo de introdução de lernea em um cultivo. Exame visual 1: A precaução mais básica é o exame visual dos peixes a serem adquiridos para se certificar que estes não se encontram parasitados. Fêmeas ovígeras deste copépode são de porte relativamente grande, facilmente identificável à vista desarmada ou com auxílio de uma lupa de mão, devido a seu corpo escuro, alongado e sacos de ovos (Fig. 2, 6). Fêmeas jovens são menores e de visualização mais difícil, não apresentam sacos de ovos e o corpo é de coloração esbranquiçada (Fig. 2). No entanto, mesmo que fêmeas adultas não possam ser detectadas sobre os peixes a serem comercializados, formas larvais, impossíveis de se visualizar a olho nu, podem ainda estar presentes na água utilizada no transporte ou escondidas na cavidade branquial ou sobre os peixes. Dispensar a água usada no transporte de peixes: Se a água utilizada no transporte dos peixes contiver formas larvais de lernea elas podem se estabelecer nos viveiros de seu cultivo. Não derrame essas água em nenhum dos viveiros ou qualquer outro corpo de água. Dispense esta água sobre o solo; lernea é um organismo aquático e não sobrevive em solo úmido ou seco. Exame visual 2: Outra medida importante, é procurar ulcerações hemorrágicas, geralmente arredondadas, na superfície do corpo dos peixes adquiridos, associadas, freqüentemente, com perda de escamas (Fig. 6). Esses sintomas indicam que fêmeas adultas estiveram presentes sobre o peixe e foram removidas artificialmente ou naturalmente (morte) e existe, portanto, uma boa chance de que formas larvais se encontrem nas brânquias. É melhor descartar (ou devolver ao vendedor) estes peixes. Quarentena: Mesmo sem detectar lernea através dos exames acima, suas larvas podem ainda estar presentes nas brânquias dos peixes, longe da detecção visual (Fig. 6). Conseqüentemente, é recomendável 34
tomar alguns cuidados adicionais. Peixes recém‑adquiridos devem ser colocados em tanques/viveiros isolados dos demais (tanques/ viveiros de quarentena). As águas destes tanques/viveiros não devem passar para outros tanques/viveiros contendo peixes sadios e preferencialmente, não devem sequer ser eliminadas imediatamente para corpos de águas naturais. O ciclo vital de lernea, como visto anteriormente, varia conforme a temperatura da água, mas recomenda‑se que os peixes sejam mantidos em isolamento por pelo menos 25 dias, quando a água estiver com temperatura igual ou maior do que 20 ºC; em águas mais frias (aproximadamente 14 ºC), este período de isolamento pode se estender até a 100 dias! Após este período, os peixes devem ser examinados mais uma vez para avaliar a presença de fêmeas ovígeras (Exame Visual ‑1). Se fêmeas forem localizadas, os demais lotes de peixes terão sido protegidos e eventuais prejuízos serão minimizados. Caso se opte por tratamento, os custos associados serão evidentemente bem menores. 2- Fonte da água do cultivo contaminada Problema: Se a lernea já tiver se estabelecido em seu cultivo, ou em outros cultivos que eliminam sua água no mesmo corpo de água que você utiliza, é possível que a fonte de água para seu cultivo esteja contaminada. Solução: Infelizmente, se isto tiver ocorrido, as soluções são dispendiosas e relativamente complicadas. A melhor opção é buscar uma nova fonte de água, não contaminada. Outra opção, menos complicada, é o uso de filtros de areia e pedra na tomada de água para impedir a entrada de peixes parasitados e formas larvais planctônicas nos viveiros.
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3- Canal de distribuição de água Problema: Não raramente, os canais de alimentação de água de uma piscicultura contém peixes que escaparam dos viveiros e peixes “invasores”. Se por acaso, esses peixes estiverem parasitados por lernea, eles serão um reservatório interminável de parasitos para todos os viveiros que recebem água deste canal. Lerneas adultas, destes peixes, irão produzir formas larvais livre natantes que são dispersas junto com a água. Aliás, os peixes localizados nos canais de distribuição de água servem também como reservatórios de outras parasitoses que, apesar de não serem tão conspícuas quanto a lernea, podem causar prejuízos igualmente significativos à produção. Solução: Procurar manter os canais de distribuição de água com um mínimo possível de peixes, promovendo sua despesca com freqüência. 4- Falta de controle adequado de peixes invasores Problema: Pequenos peixes, cultivados ou não, exóticos ou nativos, podem servir de agentes transmissores de lernea. Uma jovem de carpa ou um pequeno lambari pode nadar livremente de um viveiro para o outro se não existirem mecanismos adequados de controle nas entradas de água. Se estes peixes estiverem parasitados por fêmeas adultas ou formas larvais de lernea, eles irão deixando estes parasitos por onde passam. Solução: Manutenção de telas, filtros e outros mecanismos de controle de peixes invasores em boas condições, na entrada de água de cada viveiro é uma boa medida para evitar este “vai‑e‑vem” de peixes. 5- Água que serve um viveiro é usada para alimentar outro viveiro (viveiros com alimentação em série) Problema: É óbvio que formas larvais infestantes de lernea (e de inúmeros outros organismos patogênicos) podem ser carreadas de um viveiro a outro desta forma. Nessa situação, disseminação de enfermidades ocorre rapidamente e os prejuízos são amplificados. Adicionalmente, viveiros que recebem água de outros viveiros acima de um sistema de alimentação em série tendem a apresentar água de pior qualidade, o que também facilita o aparecimento de epidemias. Solução: Cada viveiro deve receber água independentemente dos demais. Na prática, isso e o mesmo que manter todos os viveiros em permanente quarentena durante todo o processo de produção! 6- Gerenciamento inadequado dos estoques Problema: Mistura de peixes de viveiros/tanques diferentes é uma das formas mais comuns de dispersão de parasitos em um cultivo. Solução: A manutenção de estoques isolados é uma forma adequada de evitar grandes perdas quando algum problema ocorre em um dos tanques/viveiros ou viveiros. Sem misturar lotes de peixes, o piscicultor evita que o problema se espalhe por toda, ou pela maior parte do cultivo. Essa é mais uma ação que permite
considerar cada viveiro como uma unidade de quarentena, minimizando eventuais perdas. 7- Mistura de peixes de tamanho diferente Problema: Peixes mais velhos parecem desenvolver resistência à lernea, minimizando a instalação e patogenicidade desse parasito. Todavia, eles podem representar focos de infestação para peixes de menor tamanho! Peixes jovens são mais suscetíveis ao ataque de lernea. Solução: A mesma indicada no item anterior. Manter lotes de peixes separados. Não misturar animais de idades diferentes, com suscetibilidades diferentes ao parasito. 8- Água adubada Problema: Alguns piscicultores utilizam um dos tanques/ viveiros de seu cultivo para promover a adubação intensa da água (com excretas e fezes animais ‑ ex. porcos) para posteriormente distribuir essa água adubada e rica em microorganismos (algas e zooplâncton) para outros viveiros de seu cultivo. Como vimos antes, lernea pode completar seu ciclo, não só no peixe que está sendo cultivado, mas em inúmeras outras espécies de peixes nativos, incluindo barrigudinhos, coridoras e lambaris. Assim, o tanque/viveiro de adubação pode estar contaminado. Levar esta água para outros viveiros representa disseminar as formas infestantes de lernea livres na água ou sobre peixes! Solução: Controlar a presença de lernea nos tanques/viveiros de adubação (exame de peixes e plâncton periódicos) ou, de preferência, evitar esta prática, usando outros métodos mais tradicionais e seguros de adubação.
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9- Contaminação do meio ambiente Problema: Permitir que as águas de viveiro/tanques contaminadas por lernea sejam eliminadas em corpos de água naturais é o mesmo que preparar uma grande dor de cabeça para si mesmo e seus companheiros piscicultores! Lernea, como visto, pode parasitar um grande número de espécies de peixes exóticos e nativos e, certamente, pode completar seu ciclo vital em nossos rios, lagos e reservatórios. Estes corpos de água passam a representar uma fonte de contaminação de cultivos que por ventura os utilizem. O raciocínio de que, dispensando água de um viveiro contendo o parasito em um rio irá prejudicar apenas aqueles à jusante deste rio é errado. Peixes parasitados podem muito bem nadar contra a corrente, levando lernea para a montante do rio, e promovendo a contaminação de todo o corpo de água! É praticamente impossível erradicar lernea de corpos de água naturais! Solução: Se o viveiro/tanque contaminado for pequeno, é preferível remover os peixes e deixar a água descansar por cerca de um mês (em temperaturas superiores a 20 ºC)! Durante este período, espera‑se, as formas larvais fêmeas de lernea terão sido fecundadas e, sem encontrar um hospedeiro para se fixar, irão sucumbir. Trabalho em conjunto com piscicultores de uma região é extremamente importante porque todo o esforço de um piscicultor pode ser prejudicado por outro, menos atento ou informado! Meu cultivo está contaminado? Esse diagnóstico deve ser preferencialmente realizado por profissionais qualificados na área. Este profissional deverá levar em consideração dados obtidos de amostragens do plâncton e peixes de todos viveiros e fontes de água, além das características físicas e químicas dos viveiros. Mas é possível ao piscicultor fazer uma avaliação superficial da situação, especialmente devido ao grande tamanho da lernea. 1. Através da observação direta do parasito sobre peixes: O piscicultor, ou o técnico, deverá fazer uma amostragem dos peixes de cada viveiro, dos canais de distribuição de água, e das fontes de água para os tanques/viveiros. É bastante interessante utilizar um mapa ou esquema da piscicultura (com viveiros, tanques, fontes e canais de distribuição de água) onde se pode mapear a distribuição do parasito, podendo até, neste processo, identificar reservatórios de lernea para o cultivo. Com base neste mapa ou esquema, o piscicultor pode, levando em consideração as informações oferecidas acima, avaliar e ter uma idéia de como solucionar os problemas encontrados de forma racional e integrados. 2. Através do exame do zooplâncton: Técnicos devidamente treinados podem, utilizando uma rede de plâncton com a abertura de malha de aproximadamente 100‑150 µm, avaliar, sob lupa, a presença das formas larvais de lernea nas amostras. As larvas de lernea mais facilmente identificáveis no plâncton são os diferentes estágios de copepoditos. Nesta fase, tanto o macho como a fêmea de lernea são bastante parecidos (Fig.9). O corpo guarda grande semelhança com copépodes de vida livre, mas é mais achatado dorso‑ventralmente. 36
O intestino é bastante visível, sendo em geral mais escuro do que o restante do corpo. As peças bucais são de morfologia característica. 3. Através de detecção de formas larvais em peixes “hospedeiros intermediários”: Esta mesma aparência tem os copepoditos que habitam as brânquias e superfície corporal dos peixes hospedeiros intermediários. Os técnicos podem remover as brânquias ou raspar a superfície do corpo de peixes “invasores” (traíra, barrigudinho, coridoras, etc) e cultivados, colocando‑as em um recipiente contendo água do meio (Fig. 10). Esse recipiente é, então, agitado, para que os parasitos se desprendam dos filamentos branquiais. O líquido resultante pode ser examinado sob lupa imediatamente, ou formalina pode ser adicionada até se obter uma solução de aproximadamente 5%, que pode ser examinada posteriormente. Certamente, a forma mais fácil de diagnosticar é a primeira, a observação direta. Todavia, o exame do plâncton além de mais seguro, permite, freqüentemente, detectar o problema em um estágio mais inicial e facilitar a execução de medidas preventivas. Sacrificar lotes de peixes parasitados? Esta parece, a princípio, ser uma decisão drástica mas diversos aspectos devem ser considerados nesta decisão, tais como: a dificuldade dos tratamentos disponíveis, a sua toxicidade aos peixes e seres humanos e o seu custo total a médio e longo prazo. Essa prática é aconselhada também no caso da aquisição de peixes infestados por lernea ou quando apenas poucos viveiros ou tanques/viveiros tiverem sido contaminados. O sacrifício de uma pequena parte do plantel de peixes pode, muitas vezes ser mais econômico se existe probabilidade de disseminação do parasito no cultivo. Durante o sacrifício é importante levar em consideração os itens indicados no capítulo anterior, em especial aqueles relacionados com a prevenção quanto à contaminação de águas naturais. Após isto, secar o tanque/viveiro, deixando‑o exposto ao sol por, pelo menos duas semanas, e proceder calagem e adubação como usual. Lernea é um organismo aquático, que depende da presença de um peixe hospedeiro para completar seu ciclo de vida. Removendo a água e o peixe, as formas larvais de lernea são eliminadas. Os peixes sacrificados não devem ser utilizados como alimento de outros peixes, nem jogados n’água, mas podem ser consumidos, sem problemas, por seres humanos. Considerações finais A introdução de espécies de Lernaea em uma piscicultura e relativamente simples de impedir, através de manejo sanitário e medidas profiláticas adequadas. O conhecimento e execução dessas técnicas resultam em maior proteção, não só contra a introdução e disseminação de lernea, mas contra inúmeros outros agentes patogênicos que podem causar perdas econômicas significativas no processo de produção.