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Panorama da AQÜICULTURA, setembro/outubro, 2000 Uma Publicação Sobre Cultivos Aquáticos
Vol. 10 Nº 61 setembro/outubro 2000
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Muitos produtores de tilápia freqüentemente se deparam com problemas ao terem que escolher entre a tilápia do Nilo e as tilápias vermelhas. A tilápia do Nilo é a mais cultivada ao redor do mundo, mas o interesse nas tilápias vermelhas cresce a cada dia. Tilápias do Nilo tem desovas mais confiáveis e produzem quantidades mais consistentes de alevinos do que a tilápia vermelha. As sobrevivências dos ovos, alevinos e juvenis de tilápia do Nilo são também maiores, assim como são mais tolerantes às baixas temperaturas do que a maioria das variedades de tilápias vermelhas. Entretanto, as tilápias vermelhas têm, freqüentemente, maior valor no mercado e são mais apropriadas para cultivos em salinidades acima de 10 g/l, além de serem mais fáceis de serem despescadas em viveiros de terra e transportadas vivas. Tilápias vermelhas necessitam, porém, de estarem sobre uma seleção contínua para que seja mantida a coloração de modo a ser transmitida para outras gerações. Os produtores devem avaliar as condições ambientais, sistema de cultivo e mercado antes de escolherem uma ou outra. Este artigo está publicado na íntegra nos Anais do 5º ISTA, onde o autor, Len Lovshin da Auburn University, Alabama – EUA, faz uma revisão da literatura sobre o passado genético da tilápia vermelha e compara as principais vantagens e desvantagens de cada um desses peixes. Devido à importância do tema, bastante oportuno neste momento da tilapicultura nacional, publicamos a seguir uma versão enxuta deste trabalho, sugerindo àqueles que desejarem as referências que as consultem nos livros dos Anais do 5º ISTA.
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epois das carpas, as tilápias são os peixes mais despescados nos viveiros de todo o mundo. Nativas da África, Israel e Jordânia, hoje se encontram distribuídas ao redor do mundo onde grande parte das tilápias cultivadas é proveniente de países com clima tropical ou subtropical. São também criadas em climas temperados, mas necessitam de serem mantidas em águas aquecidas para sobreviverem durante os meses frios. Os principais países produtores se encontram na Ásia sendo a China continental, Filipinas e Taiwan os líderes mundiais. O cultivo de tilápias está crescendo em todo o continente americano com o crescimento dos mercados domésticos e da exportação para os EUA. A tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, é a principal espécie de tilápia cultivada no mundo devido ao seu rápido crescimento, maturação sexual mais tardia e hábito alimentar planctívoro. Entretanto, a tilápia vermelha, Oreochromis sp. está com a popularidade em alta entre os criadores devido a sua cor atrativa e ao seu apelo no mercado, além da tolerância de algumas de suas variedades à água salgada. A tilápia vermelha já substituiu a tilápia do Nilo na escolha dos produtores colombianos e jamaicanos, por conta da demanda dos consumidores domésticos. Nas Filipinas, onde também é cultivada, o preço de mercado da tilápia vermelha chega a ser o dobro do preço da tilápia do Nilo. Genética As tilápias vermelhas são mutantes genéticos selecionados a partir de espécies de tilápias do gênero Oreochromis, que se distingue dos demais gêneros por incubarem seus ovos na boca. A exemplo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), tilápia azul (O. aureus), tilápia de Moçambique (O. mossambicus) e tilápia de Zanzibar (O. hornorum), as tilápias vermelhas também 39
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incubam os ovos na boca O primeiro híbrido vermelho de tilápia descrito na literatura foi produzido em Taiwan no final da década de 60, e foi um cruzamento entre uma fêmea de O. mossambicus de coloração vermelho-alaranjada com um macho normal de O. niloticus, e passou a ser chamada de tilápia vermelha taiwanesa. Uma segunda variedade de tilápia vermelha foi desenvolvida na Flórida nos anos 70, através do cruzamento de uma fêmea de O. hornorum de coloração natural com um macho vermelho-dourado de O. mossambicus. A tilápia vermelha da Flórida foi introduzida no Brasil e na Jamaica, de onde foram distribuídas para países da América do Sul e Central com a sua constituição genética original, ou após serem cruzadas com Oreochromis niloticus (tilápia do Nilo) e O. aureus (tilápia azul). A terceira variedade de tilápia vermelha documentada foi produzida em Israel, originária de tilápias do Nilo vermelhas egípcias cruzadas com tilápias azuis selvagens (O. aureus), sendo posteriormente introduzidas na Jamaica e na Colômbia. Outras variedades de tilápia vermelha também foram desenvolvidas, entretanto, informações sobre as suas origens não estão disponíveis. Lamentavelmente, todas as três variedades originais de tilápias vermelhas têm sido cruzadas com outras tilápias vermelhas de origens desconhecidas ou tipos selvagens de Oreochromis sp., de modo que a composição genética da maior parte das tilápias vermelhas é desconhecida. Normalmente, a prole de tilápias vermelhas contém alevinos com coloração selvagem ou escura, e coloração avermelhada ou rosa com manchas pretas irregulares. No entanto, algumas variedades de tilápias vermelhas “puras” (true breedings) quando cruzadas, geram uma prole de 100%, ou próximo disso, de tilápias vermelhas. É bem verdade que, ao falarmos de 100% de coloração vermelha cometemos um erro de nomenclatura, já que a cor vermelha é usada para descrever inúmeras variações de cor, incluindo os fenótipos branco, rosa, bronze, vermelho-alaranjado e vermelho, bem como as combinações dessas cores no mesmo peixe. Uma tilápia vermelha “pura” não terá prole com peixes de coloração escura ou com manchas pretas irregulares misturadas com o vermelho ou rosa. Os reprodutores de tilápias vermelhas devem ser continuamente selecionados para a coloração vermelha, caso contrário, por inúmeras gerações, a prole mostrará sinais de estar revertendo para a coloração inicial. Por outro lado, cuidados devem ser tomados pois a seleção contínua visando a cor vermelha pode também selecionar outras características que não são benéficas para o cultivo dos peixes. Suspeita-se que o continuo cruzamento consangüíneo de tilápias visando a coloração vermelha pode ser a principal causa da baixa sobrevivência dos ovos, larvas e alevinos que caracterizam algumas variedades vermelhas. Assim sendo, a confusa e rápida mudança na composição genética das tilápias vermelhas tem tornado muito difícil o processo de seleção das melhores variedades para cultivo. Tolerância à água salgada Algumas variedades de tilápia vermelha são tolerantes a água salgada. A tilápia de Moçambique (Oreochromis mossambicus) é conhecida por tolerar salinidades oceânicas, bem como as tilápias vermelhas com herança da tilápia de Moçambique também podem ser cultivadas ao redor de 36 g/l de salinidade. As variedades Flórida e Taiwanesa também crescem igual, ou melhor, em água salgada. A variedade Flórida pode se reproduzir em salinidades acima de 36 g/l, entretanto, as taxas de fertilização dos ovos, eclosão e sobrevivência das larvas são mais altas em 12 g/l e caem acentuadamente a partir de 18 g/l. Por sua vez, a tilápia do Nilo não é tão tolerante a água salgada quanto os híbridos de tilápia vermelha com herança genética da tilápia de Moçambique. Apesar de poder se adaptar a salinidades de 25 a 30 g/l, a tilápia do Nilo tem um crescimento comprometido em salinidades acima de 15 g/l. Há registros de que a tilápia do Nilo desova em salinidades acima de 20 g/l, mas a eclosão dos ovos já é reduzida em salinidades acima de 10 g/l, comparado com a água doce ou 5 g/l de salinidade.
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Tolerância a baixas temperaturas As tilápias do Nilo e de Moçambique podem suportar uma temperatura mínima da água de 10–11ºC por vários dias, enquanto a tilápia azul (O. aureus) pode suportar até 8ºC também por diversos dias. No entanto, a variedade Flórida original da tilápia vermelha não é tolerante ao frio. O crescimento dessa variedade vermelha em água com 18 e 36 g/l de salinidade, foi muito menor a 22ºC do que a 27 e 32ºC e a incidência de doenças foi maior quando a temperatura da água caiu abaixo de 16 oC. Pesquisas mostraram que a tolerância ao frio dos híbridos de tilápias vermelhas não foi significativamente diferente da tolerância de seus ancestrais. A temperatura na qual morreram 50% das O. aureus puras e 50% da prole de O. aureus com tilápia vermelha, foi de 7,3ºC. Por outro lado, a temperatura em que morreram 50% das tilápias nilóticas puras e híbridos vermelhos de O. niloticus foi de 8.2 e 8.916ºC, respectivamente. Performance de Crescimento Tilápias vermelhas são engordadas para o mercado utilizando-se uma variedade de técnicas de cultivo similares às utilizadas no cultivo de linhagens puras de outras espécies de tilápias. São cultivadas em águas
doces ou salgadas, em gaiolas, tanques de concreto ou terra, utilizando-se sistemas intensivos e semi-intesivos. Partindo de alevinos revertidos pesando 10 gramas, pesquisadores compararam a performance do crescimento de alevinos híbridos provenientes do cruzamento de tilápia vermelha da Flórida x O. niloticus, com alevinos de O. niloticus tipo selvagens, estocados em viveiros de terra fertilizados numa densidade de 2/m2. Os pesos médios finais das tilápias vermelhas e das tilápias do Nilo não foram significativamente diferentes, entretanto, a produtividade total e a sobrevivência das tilápias vermelhas foram significativamente menores. A sobrevivência média das tilápias do Nilo foi de 91%, ao passo que as da tilápias vermelhas foram de 51%. A baixa produtividade da tilápia vermelha (772 kg/ha) comparada com a da tilápia do Nilo (1.353 kg /ha) foi associada à sua baixa sobrevivência e não a um crescimento lento e, esta baixa sobrevivência das tilápias vermelhas foi associada a um aumento da predação por pássaros nos viveiros. Em outro experimento foi colocado no mesmo viveiro de terra, o mesmo número de alevinos de 10 gramas de tilápia do Nilo, e de alevinos provenientes do cruzamento de tilápia vermelha da Flórida x tilápia do Nilo, numa densidade de 2 tilápias por m2. Os viveiros foram fertilizados com estrume
de galinhas e os peixes alimentados com ração peletizada. As despescas, após 148 dias, mostraram 1133 kg/ha de tilápia do Nilo e 456 kg/ha de tilápia vermelha. Os pesos médios foram 252 e 253 gramas, respectivamente. Novamente, a baixa sobrevivência das tilápias vermelhas, 37% comparada com 83% de sobrevivência das tilápias do Nilo, foi a causa das baixas produtividades das tilápias vermelhas. Mesmo sendo estocadas juntas no mesmo viveiro, a predação por pássaros foi o maior responsável pela baixa sobrevivência das tilápias vermelhas. Outra pesquisa comparou o crescimento da tilápia vermelha das Filipinas (O. mossambicus x O. niloticus), tilápia vermelha de Singapura (O. mossambicus) e uma tilápia proveniente do cruzamento de O. niloticus selvagem com um híbrido de O. aureus, em tanques de 500 m2, forrados com plástico e estocados com 30 tilápias por m2. As três variedades de tilápias foram estocadas juntas nos mesmos viveiros, que foram abastecidos com água salobra e receberam aeração e troca de água de 1 a 10% ao dia. Os viveiros foram despescados após 160 dias e as taxas de crescimento específico para a vermelha Filipina, Nilo x híbrido de azul e vermelha da Singapura foram 3.22, 2.53 e 1.43% ao dia. A tilápia vermelha das Filipinas cresceu de 10 a 240 gramas, enquanto O. niloticus x O. aureus cresceu
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de 20 a 190 gramas. A taxa de crescimento da tilápia vermelha de Singapura foi lenta e seus estudos foram abandonados. Processamento e Mercado A maior vantagem da tilápia vermelha sobre a tilápia do Nilo é a melhor aceitabilidade por parte dos consumidores, que associam a coloração vermelha aos diversos peixes marinhos com coloração similar e alto preço de mercado. Dessa forma, os consumidores freqüentemente pagam mais pelo quilo da tilápia vermelha. Inteiras ou limpas (evisceradas e sem escama) as tilápias vermelhas e do Nilo são vendidas no mercado dos EUA e, segundo o maior importador de tilápias cultivadas, já se pode notar uma preferência por parte dos comerciantes varejistas pela tilápia vermelha, inteira ou limpa. A indústria do cultivo da tilápia da Jamaica e na Colômbia já opera quase que exclusivamente com a tilápia vermelha, apesar dos esforços iniciais terem sido com a tilápia do Nilo. Foi a preferência dos consumidores pela tilápia vermelha, inteira ou eviscerada, e sua disposição em pagar um preço maior, que eliminou a tilápia do Nilo da maioria dos viveiros jamaicanos e colombianos. A tilápia vermelha possui também outra vantagem, pelo fato de ter o mesentério claro ou branco, cobrindo a cavidade peritonial, ao passo que na tilápia do Nilo, esse mesentério é preto. Mesentérios pretos sempre foram obstáculos para a comercialização de peixes inteiros eviscerados, apesar de serem facilmente removíveis com uma escova ou jato forte de água, envolvendo aí apenas custos extras. O mercado para filés frescos e con-
gelados está crescendo nos EUA. Uma vez que a pele é removida, a tilápia vermelha deixa de ter diferenças de mercado sobre a tilápia do Nilo. Alguns produtores de tilápia afirmam que a carne da tilápia vermelha é tão branca quanto a carne da tilápia do Nilo e pratos com carnes brancas tem a preferência dos consumidores norte americanos. O sabor de lama (off-flavor) também pode ser um problema na carne da tilápia. Muitos produtores acham que tilápias vermelhas têm menos problemas como o off-flavor do que a tilápia do Nilo, mas ambas têm a mesma habilidade de absorver off-flavor da água que estão sendo cultivadas. O offflavor prevalece mais em tilápias cultivadas em água doce do que nas cultivadas em água salgada. Variedades de tilápias vermelhas com descendência de O. mossambicus são mais tolerantes à água salgada que tilápias do Nilo e são as preferidas para o cultivo nessas águas. Assim, tilápias vermelhas têm sido consideradas como sendo menos susceptíveis a problemas com o off-flavor que a tilápia do Nilo, mas isso só é verdade porque a maior parte das tilápias vermelhas têm sido cultivadas em águas salgadas, ao contrário das tilápias do Nilo. Predação e canibalismo Consumidores de muitas localidades ao redor do mundo demonstram uma clara preferência pela tilápia de coloração vermelha em detrimento da escura tilápia do Nilo. Infelizmente, na maioria das situações de cultivo a tilápia vermelha não tem uma performance tão boa quanto a tilápia do Nilo, especialmente em cultivos de água doce. As tilápias vermelhas provenientes de ancestrais O. mossambicus (tilápia de
Moçambique) desenvolvem-se melhor do que a tilápia do Nilo em salinidades acima de 10 g/l porque são mais tolerantes. São três as principais razões para uma baixa sobrevivência dos ovos e alevinos das tilápias vermelhas: a grande predação sobre as larvas e alevinos por serem facilmente vistos pelos predadores; o crescente canibalismo dos alevinos coloridos por seus “irmãos” de cor natural e, a baixa viabilidade genética de alguns fenótipos coloridos. Alevinos esbranquiçados ou rosados parecem ser mais susceptíveis a baixa viabilidade genética. A baixa viabilidade dos ovos e alevinos está associada aos sucessivos cruzamentos consangüíneos dos estoques para melhorar a coloração e eliminar alevinos escuros ou vermelhos com manchas pretas no corpo. Produtores podem selecionar os peixes mais coloridos e por várias gerações fazer cruzamentos consangüíneos com as tilápias melhorando a prole vermelha. Entretanto, o cruzamento consangüíneo constante também parece selecionar variedades com características de baixa viabilidade de ovos e alevinos. Na tentativa de melhorar a viabilidade de seus alevinos, produtores de tilápias vermelhas em Honduras tiveram que cruzar fêmeas de tilápia do Nilo com machos híbridos vermelhos. Esse cruzamento produz prole 50% vermelha e 50% escura, levando os produtores a selecionarem manualmente os descendentes vermelhos e a descartarem os escuros. Os produtores se dispuseram a eliminar 50% dos alevinos produzidos e aceitar os custos associados a essa prática, porque os alevinos vermelhos crescem até juvenis mais fortalecidos, têm maior sobrevivência durante a engorda e engordam mais rápido do que seus ascendentes
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vermelhos. Produtores de tilápias vermelhas necessitam ter um número de reprodutores de 2 a 3 vezes maior que os produtores de tilápia do Nilo para produzir um número equivalente de alevinos. Os custos para produzir tilápias vermelhas são geralmente mais altos do que para a tilápia do Nilo, devido às altas taxas de mortalidade dos ovos e alevinos. A viabilidade dos ovos e alevinos pode ser melhorada somente através da produção e engorda de híbridos F1 de pais vermelhos com conhecida herança e performance de cultivo. Juvenis e adultos de tilápias vermelhas são altamente susceptíveis a predação por pássaros. É típico da tilápia vermelha nadar abaixo da superfície onde podem ser facilmente vista pelos pássaros. O cultivo de vermelhas em grandes viveiros pode não ser possível sem uma cobertura dos viveiros com redes protetoras, ou com o abate a tiro dos pássaros, muitos deles protegidos por lei. Viveiros pequenos, raceways e gaiolas usadas para cultivos intensivos de tilápias vermelhas são facilmente cobertos com redes e a predação por pássaros pode ser eliminada. A mortalidade de vermelhas e nilóticas durante a engorda, de juvenis ao tamanho de mercado, tende a ser igual se o problema da predação por pássaros for eliminado. Algumas tilápias vermelhas, especialmente aquelas variedades com ancestrais de O. mossambicus ou O. hornorum, não são tão tolerantes a baixas temperaturas como a tilápia do Nilo. O híbrido original de tilápia vermelha da Flórida (O. mossambicus x O. hornorum) e o híbrido taiwanês de tilápia vermelha (O. mossambicus x O. niloticus) não crescem bem nem podem ser bem manuseados em águas com temperaturas abaixo de 22ºC. Adicionando genes de O. aureus às tilápias vermelhas sensíveis a baixas temperaturas, aumenta-se a tolerância ao frio dos descendentes. A tolerância ao frio de tilápias vermelhas com pelo menos 50% do genótipo proveniente de tilápia azul (O. aureus) é melhor do que a maioria das tilápias do Nilo. A engorda da tilápia vermelha parece ser igual ou melhor que a da tilápia nilótica em muitos casos, na água doce ou salgada. A única exceção é a engorda dos híbridos de tilápia vermelha com alta percentagem de genes de O. mossambicus e/ou O. hornorum em águas doce. A tilápia de Moçambique (O. mossambicus) é conhecida por crescer
mais lentamente e maturar mais cedo do que a tilápia do Nilo. As baixas produtividades de viveiros com tilápias vermelhas não são devido ao crescimento lento, mas a baixa sobrevivência causada por predação por pássaros. A adição de genes de tilápia do Nilo a híbridos vermelhos parece melhorar o potencial de crescimento, especialmente em água doce. Outra vantagem das tilápias vermelhas que só é comentada, mas ainda não testada, é a sua natureza dócil, o que melhora a captura com redes e reduz os ferimentos durante o transporte e quando cultivadas em tanques-rede. Tilápias do Nilo são nervosas por natureza e difíceis para capturar com redes em viveiros de terra porque entram em pânico e saltam ou passam por debaixo da rede. Esta habilidade de escapar no momento da captura é um sério problema quando são cultivadas em viveiros grandes. As tilápias vermelhas, por outro lado, são mais passivas durante a despesca e não têm o hábito de pular sobre a rede ou passar por debaixo dela, além de serem mais conhecidas por serem mais resistentes ao transporte para longas distâncias. As tilápias do Nilo machucam umas às outras quando entram e quando saem das caixas de transporte, ou quando são capturadas para amostragem. Peixes machucados têm uma grande incidência de mortalidade depois do manejo. Consumo Muitos consumidores preferem e estão dispostos a pagar preços mais altos por tilápias vermelhas, do que pagam por tilápias do Nilo. O produto final vendido deve ter a pele para que se aproveite das vantagens da cor vermelha para atrair os consumidores. Produtos sem pele, como filés, não têm vantagens de mercado sobre o mesmo produto proveniente de tilápia do Nilo. Poucos
...Produtores de tilápias vermelhas necessitam ter um número de reprodutores de 2 a 3 vezes maior que os produtores de tilápia do Nilo para produzir um número equivalente de alevinos...
problemas serão encontrados na engorda da tilápia do Nilo e os custos de engorda do quilo desta tilápia é geralmente menor que o quilo da tilápia vermelha. O mesmo pode não ser verdade se o cultivo for feito utilizando-se de algumas variedades de tilápias vermelhas cultivadas em água salgada. A escolha entre a tilápia vermelha ou a tilápia do Nilo para cultivo depende principalmente do mercado e da salinidade da água. As tilápias vermelhas são preferidas quando os consumidores se dispõem a pagar mais ou se a água tem salinidade acima de 10 g/l. A tilápia do Nilo é preferida onde os consumidores mostram não ter preferências e não estão dispostos a pagar mais por um peixe vermelho ou, se o produto final é sem pele ou ainda se o cultivo vai ser realizado em água de baixa salinidade ou doce. A seleção de tilápias vermelhas para cultivo ainda esbarra nos múltiplos híbridos existentes ao redor do mundo. Raramente se conhece a origem genética desses híbridos ou a sua performance reprodutiva e de engorda. Poucos laboratórios têm a capacidade de identificar com precisão o histórico genético dos híbridos de tilápias através de eletroforese ou análise de DNA. Muitos produtores não entendem que uma baixa viabilidade dos ovos e alevinos é um problema comum com as tilápias vermelhas. Associam a baixa sobrevivência à má qualidade da água, doenças e problemas nutricionais, quando a causa real é a consangüinidade e uma pobre herança genética. Assim, produtores têm que depender dos comunicados verbais e da literatura para encontrar uma boa tilápia vermelha. A tilápia do Nilo é a espécie escolhida na maioria dos cultivos em água doce. Se uma tilápia vermelha é escolhida apenas em função da preferência dos consumidores, os preços de venda devem ser mais altos para cobrir custos mais altos de produção. Os produtores devem avaliar criteriosamente as vantagens e desvantagens das tilápias vermelhas e do Nilo considerando o mercado e as condições de cultivo antes de se decidir.
...A escolha entre a tilápia vermelha ou a tilápia do Nilo para cultivo depende principalmente do mercado e da salinidade da água. As tilápias vermelhas são preferidas quando os consumidores se dispõem a pagar mais ou se a água tem salinidade acima de 10g/l...
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