ÍNDICE
PRINCIPAIS FATOS
O Brasil segue com a sua desconexão interna entre o presente e o futuro. Na atual conjuntura, a economia continua com boa expansão, de 3,1% em agosto no comparativo anual, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR), do Banco Central, sendo uma espécie de prévia do PIB. Com o baixo percentual de investimentos em relação ao produto interno bruto, de menos de 17%, há um risco iminente dessa demanda aquecida reverter em pressão mais forte para a inflação para 2025.
Está sendo por essa observação que o Conselho de Política Monetária, o COPOM, decidiu por aumentar a taxa básica de juros para 10,75%, podendo subir 1 ponto percentual nas duas reuniões, com estimativa de chegar a 11,75% quando ocorrer a última reunião do ano, na segunda semana de dezembro. O interessante é que o FED, nos Estados Unidos, reduziu a banda da taxa de juros por lá, para 4,75% e 5%, após um período superior a um ano que ficou no intervalo entre 5,25% e 5,50%. As projeções apontam para um encerramento do ano com nova redução para 4,50%, seguindo essa tendência ao longo de 2025.
Na teoria, reduzir juros americanos e, ao mesmo tempo, aumento da SELIC no Brasil, poderia haver uma maior atratividade do real, valorizando a moeda. Contudo, o que se viu foi um movimento contrário, de desvalorização da moeda brasileira, antes oscilando próximo a R$ 5,50 e, agora em meados de agosto, sendo cotada próximo a R$ 5,70. Os conflitos no Oriente Médio contribuem para a valorização da moeda americana, mas não diminui a importância dos desafios domésticos.
O Brasil segue com relevantes riscos para 2025 e o central deles é a questão fiscal, de como o governo equilibrará a suas contas e respeitará o arcabouço
fiscal. A atual projeção é que haja m déficit neste ano de R$ 28 bilhões, ficando no limite máximo da nova regra fiscal do governo. Mesmo com a atividade econômica bastante intensa e com crescimento forte na arrecadação, o governo fechou o mês de agosto, por exemplo, no vermelho em R$ 22,4 bilhões, indicando um quadro de gastos excessivos.
Além desse, neste mês de outubro, foi aprovado o nome de Gabriel Galípolo para suceder a Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central a partir de janeiro. Apesar da independência da Instituição e dele ter acompanhado o voto da maioria do COPOM, com unanimidade para subir os juros na última reunião, há um receio de interferências do governo na política monetária, de pressão para reduzir os juros.
Desta forma, para o futuro próximo há um cenário repleto de dúvidas, nos âmbitos fiscal e monetário, e que inibem investimentos e o aumento da confiança no país. Entretanto, quando se olha o atual momento, muito longe de parecer que pode haver algum tipo de crise. O comércio varejista apontou crescimento de 3,1% em agosto no comparativo anual, com praticamente todos os segmentos com variações positivas. Vale o destaque para o setor automotivo que teve aumento de 8,3% nas vendas no mês e acumulando 12,7% no ano, o que acaba sendo inesperado diante dos juros elevados. Mesmo com uma taxa média de juros de 25,7% ao ano para aquisição de veículos, o crédito contraído pelas famílias cresce mais de 20% em termos reais, em um ano.
O aumento do consumo e tomada de crédito tem sido possível pelo mercado de trabalho forte, com e menor taxa de desemprego da série histórica, para o trimestre terminado em agosto, de 6,6%. Com a inflação se mantendo num patamar entre 4% e 4,5%, tem permitido um ganho real expressivo nos rendimentos do trabalho,
ajudando também na redução da inadimplência no país, de 30,2% para 29%, entre os meses de setembro de 2023 e 2024, segundo aponta pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, a CNC.
O turismo também passa a ser um objetivo de direcionamento desses recursos das famílias e contribui para o crescimento do setor no ano. De acordo com o levantamento da FecomercioSP, o faturamento dos principais serviços de turismo no Brasil foi de R$ 16,6 bilhões em agosto, alta anual de 5,2% e acumula elevação de 2,6% no ano. Como os preços médios de tarifa de hotel, locação de veículos e passagens aéreas ainda estão pressionados, parte desse aumento do faturamento é por conta do maior volume financeiro. No entanto, não diminui a demanda aquecida, tanto pelo lazer, quanto pelo lado corporativo que, segundo a ALAGEV, os gastos das empresas em serviços de turismo tem sido recorde
DADOS IMPORTANTES:
1
Após um período de excesso de oferta de bovinos no início do ano, o cenário começa a se alterar, sobretudo diante da entressafra, pressionando o preço da arroba do boi, com aumento de cerca de 30%, chegando próximo dos R$ 300. A consequência está chegando ao consumidor, com aumento médio no mercado, somente em setembro, de quase 3%.
nos últimos meses.
A indústria registra expansão de 2,2% em agosto e acumula alta de 3% no ano. Os serviços de maneira geral sobem 2,7% em agosto e 1,9% no ano. E o agro segue com previsão de queda na safra de grãos e preços das commodities em baixa, até por conta de uma dinâmica mundial menos forte.
Portanto, é fato que o Brasil está numa fase positiva de sua economia, mas as bases são frágeis. Baixo nível de investimentos, alta taxa de juros e um imposto sobre valor agregado que deve ser de 28%, conforme a reforma tributária em discussão no Congresso. Além desses pontos, tem a baixa produtividade e a escassez de mão-de-obra no país. Desta forma, na teoria, não há condições de manter esse ritmo atual por um tempo muito longo sem que haja correções negativas. Esse é o grande dilema que o país encara atualmente, do presente animador e o futuro de imprevisibilidades.
2
De acordo com dados do CAGED, do Ministério do Trabalho, entre janeiro e agosto deste ano houve um saldo positivo de 1,7 milhão de empregos no país, sendo que o principal influenciador foi o setor de Serviços com pouco mais de 900 mil. Esses números são importantes para analisar a injeção do 13º salário neste final de ano, recursos importantes para as vendas de Black Friday e Natal.
3
A agência de classificação de risco Moddy’s mudou – positivamente – a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, ficando a um patamar de voltar a obter o grau de investimento. Apesar da boa notícia, o processo de retomada do GI será ainda longo e os grandes fundos de investimentos demandam que pelo menos o país tenha o grau de investimento concedido por duas agências de risco.
ÍNDICES DE CONFIANÇA:
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) registra queda de 3,2% em setembro na comparação com agosto, voltando aos 123,2 pontos, menor nível desde maio do ano passado (122,2 pontos). Embora as atuais condições dos consumidores estejam positivas, com recorde de emprego e baixa inflação, há um ceticismo em relação ao país no longo prazo, com visões cada vez menos otimistas, podendo afetar o emprego e o bolso.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) registrou leve avanço de 0,6% ao passar de 108,5 pontos em agosto para os 109,1 pontos de setembro. No entanto, no contraponto anual há uma suave retração de 1%. Da mesma forma que os consumidores, embora os números de vendas no comércio estejam muito favoráveis, há uma cautela em relação ao que pode acontecer com a economia do país em 2025, sobretudo com a volta do aumento de juros e possível aumento de preços.
de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
VIAGENS E TURISMO
u A nova edição do estudo da Phocuswright Latin America Travel Market Report – 20232027, aponta que, apesar da volatilidade política da América Latina, há boas razões para apostar no setor de Viagens e Turismo na região, já que o PIB da região cresceu 2,2% em 2023, liderado pelos 3,2% do México. O desemprego caiu para 6,5%, menor valor em dez anos, e a hotelaria tem centenas de novos hotéis sendo construídos ou já anunciados no Brasil, México e Colômbia.
u O mercado de Viagens e Turismo na América Latina cresceu pelo terceiro ano consecutivo, com as vendas aumentando 29% sobre 2022, e alcançando US$ 70,1 bilhões no ano passado.
u O México é o maior mercado da América Latina, respondendo por 45% das vendas de viagens. O Brasil tem 31% de share na região e vem em segundo lugar. Juntos, os
dois países respondem por mais de 75% do mercado latino-americano.
u As vendas por meio dos canais off-line representaram mais da metade do total, mas a previsão da Phocuswright é de que este share caia para 46% em 2027. As OTAs chegariam a 27%, mesmo share previsto para a venda direta dos fornecedores. De qualquer forma a venda indireta (canais tradicionais mais OTAs) continuará dominando o panorama, com 73% do total de vendas de viagens.
u As maiores vendas por segmento vêm da hotelaria e não do aéreo, como muitos pensam. A hotelaria responde por 47% das vendas na América Latina, chegando a US$ 32,7 bilhões.
u As companhias aéreas vêm em segundo lugar, com 34% do total, ou US$ 28,1 bilhões. No Brasil, o setor aéreo é maior que o hoteleiro, com 21 milhões de passageiros
internacionais em 2023 e 51% das vendas. As grandes distâncias que precisam ser cobertas no País justificam a liderança.
u O Brasil teve o maior crescimento entre todos os mercados latino-americanos: aumento de 37% e total de US$ 21,8 bilhões em vendas de viagens em 2023. u Para 2024, o Brasil deve crescer 7% e chegar a US$ 23,4 bilhões. A receita on-line representa 49% de todas as vendas no Brasil. u O setor aéreo na região deve encolher 3%, apesar dos bons resultados da maioria das empresas. Além da crise de desvalorização das moedas do México e Argentina, algumas empresas sucumbiram à crise econômica e estão em recuperação, como a brasileira Gol.
u O estudo completo da Phocuswright traz em detalhes como é a distribuição em cada segmento (Aviação, Hotelaria, Locadoras e Operadoras) e uma análise de cada um deles nos países, incluindo o Brasil.
u Saiba mais em www.phocuswright.com. A empresa é representada no Brasil pela Mapie, que pode ser contatada pelo e-mail da sócia Carolina Sass de Haro: carolina@mapie.com.br.
MAIS NOTÍCIAS DO BRASIL
u O verão brasileiro (inverno no Hemisfério Norte) é forte para os voos sazonais que atendem os turistas em férias. American Airlines e Delta Air Lines colocam voos do Rio para os Estados Unidos, e a Lufthansa vai começar uma ligação de São Paulo com Munique.
u Também o Turismo comemora a reabertura do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, boa notícia tanto para o receptivo, especialmente na Serra Gaúcha, quanto para as viagens corporativas e também as internacionais. Os voos de Porto Alegre para o Exterior voltam em 16 de dezembro (Copa Airlines) e em janeiro (Latam e Aerolíneas Argentinas). A Tap vai retornar em abril de 2025 o voo Porto Alegre-Lisboa.
u É grande a expectativa para inauguração do Terminal BTG Pactual, no Aeroporto de Guarulhos. Será um terminal focado no viajante de luxo, com serviços exclusivos e atendimento de no máximo 100 passageiros por dia. Mais uma prova também de que o segmento de viagens de luxo continua crescendo e atraindo muitos investimentos. O investimento foi de R$ 80 milhões e a promessa é de um atendimento sem filas e com acesso à porta da aeronave por vias expressas.
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br