Brazilian Overview Monthly Report - PT - ABR 2022

Page 1

Edição 26

ABRIL/22

ECONOMIA BRASILEIRA .......................................................................2 DADOS IMPORTANTES ............................................................................3 DADOS MACRO AMÉRICA LATINA ............................................................3 ÍNDICES DE CONFIANÇA ..........................................................................4

INDÚSTRIA DO TURISMO ....................................................................5


PRINCIPAIS FATOS Embora o clima tensão da guerra na Ucrânia tenha arrefecido, suas consequências para a economia global estão chegando no bolso dos consumidores. A escalada nos preços das commodities, sobretudo o petróleo, pressionou os índices de inflação e o Brasil absorveu isso já no IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo, do IBGE) de março. A inflação no mês foi a maior desde 1994, com alta de 1,62% e acumula 11,30% em 12 meses. O grupo que mais puxou o índice foi o de transportes, puxado pelo aumento da gasolina (6,95%) e do óleo diesel (13,65%). E como o país é dependente na malha rodoviária para transporte, o reajuste dado pela Petrobrás de 25% do óleo diesel no meio de março, gerou um efeito cascata na cadeia econômica ao encarecer o frete. Os alimentos, por exemplo, subiram 2,42% neste terceiro mês do ano. Além da questão do custo elevado do transporte, também entra questões climáticas, com excesso de chuvas em algumas regiões do país, e o efeito da subida do trigo e da soja no mercado internacional, novamente em decorrência da guerra. Tanto que o óleo de soja subiu quase 9% no mês e a farinha de trigo 4,03%. Esse tem sido o problema principal do Banco Central, que segue subindo a taxa de juros para combater a alta dos preços. Do ano passado para cá, a taxa básica subiu de 2% para 11,75% ao ano e o efeito para a inflação foi quase nulo. Até porque é sabido que o problema é do choque de oferta e não do excesso de demanda. Mesmo assim a tendência é de novos aumentos da taxa, devendo atingir o alvo entre 13 e 14% até o início do segundo semestre. De qualquer forma, os juros mais elevados têm estimulado a vinda de capital especulativo para o país e, por consequência, ajuda a valorizar a moeda nacional, oscilando atualmente próximo a R$ 4,70 por cada dólar, sendo que no início do ano, o dólar estava cotado pouco acima de R$ 5,50. Contudo, o real mais forte tem conseguido apenas amenizar os efeitos da escalada das commodities no curto prazo, mas que no médio e longo prazo terá um efeito positivo enorme para a economia brasileira. Outra variável que tem ajudado na recomposição de renda das famílias é a do emprego. Somente no primeiro bimestre deste ano, foram criadas quase meio milhão de novas vagas formais, com carteira assinada, segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Esse número mostra uma aceleração no mercado de trabalho que, em 2021, gerou 2,7 milhões de empregos. Com esses números, foi possível reduzir de 15 para 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, contribuindo para proteger a renda da inflação e nas vendas do comércio, mesmo que de forma mais lenta. Em fevereiro, o comércio registrou leve crescimento de 0,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. No bimestre, o saldo ainda é negativo em 0,6%. O desempenho, no entanto, tem sido bem desigual. Enquanto o setor de farmácias bate recordes, com o aumento anual de 9,4%, o segmento de móveis e eletrodomésticos retrai 12,6%. Ao mesmo tempo em que supermercados apresenta desempenho mais tímido, de 2%.

P. 2


A indústria sente mais o esfriamento da economia e amarga queda de 4,3% em fevereiro e acumula no bimestre -5,8%. Já o setor de serviços, aproveitando uma base mais fraca de comparação, registrou alta de 7,4% no segundo mês do ano e acumula 8,4% no primeiro bimestre. Esse desempenho foi influenciado por aqueles setores ligados ao turismo, como serviços de alojamento e alimentação (18,1%) e transporte aéreo (37,5%). No levantamento mensal da FecomercioSP, o turismo brasileiro faturou R$ 13,2 bilhões em fevereiro, alta de 17,8% na comparação anual. No entanto, o atual patamar ainda está 15,7% abaixo do nível pré pandemia, fevereiro de 2020. De maneira geral, a economia brasileira esboça sinais importantes de recuperação e o principal dele é o emprego. No entanto, a inflação tem se tornado o grande desafio do momento e que deve permanecer pelos próximos meses, não somente no Brasil, mas em grande parte dos países. O aumento amplo dos preços corróis os ganhos dos trabalhadores e reduz o poder de compra. Contribuiu negativa para uma recuperação mais lenta a taxa de juros em 12% ao ano, desestimulando investimentos produtivos com geração de renda e emprego. Desta forma, a expectativa continua sendo de um PIB próximo a zero com inflação alta, com melhores previsões somente para 2023. DADOS IMPORTANTES: A boa notícia vem do campo. A estimativa para a safra brasileira de grãos de 2022 é recorde, com 258,9 milhões de toneladas, segundo o levantamento do IBGE. Aumento de preço e quantidade deve ajudar a crescer e renda agrícola e o PIB dos estados produtores.

n

O aumento da taxa básica de juros da economia tem pressionado o crédito ao consumidor. O juro médio aplicado ao consumidor pelo sistema financeiro passou de 39,4% para 46,3% ao ano, em um ano, de acordo com dados do Banco Central.

n

Com dificuldades de consumidor através da renda, as famílias estão buscando mais crédito, por mais que tenha subido o juro. Tanto que, em março, houve recorde no número de famílias endividadas. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a taxa de famílias que possuem algum tipo de dívida atingiu 77,5%.

n

Latin America Macro Data

Argentina

Brazil

Chile

Colombia

Mexico

Peru

Unemployment rate

7,00%

11,20%

7,50%

12,90%

3,70%

8,90%

Basic interest rate

47,00%

11,75%

7,00%

5,00%

6,50%

4,50%

Inflation (LTM - feb*)

55,10%

11,30%

9,40%

8,53%

7,45%

7,75%

*LTM - Last Twelve Months Until Dec Legend: Green, Red and Black The data get better, worse and equal than the previous month.

P. 3


ÍNDICES DE CONFIANÇA: O Índice de Confiança do Consumir registra leve alta de 1% ao passar de 104 para 105,1 pontos entre fevereiro e março. No entanto, em relação a março de 2021, o índice apresenta queda de 6,9%. O desempenho favorável no mês tem a ver com a perspectiva mais positiva após a constatação de que a variante ômicron não permaneceria por mais tempo, tendo o seu pico no final de janeiro e fevereiro. O indicador não avança mais por conta a inflação que tem tirado o sossego das famílias no dia a dia. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) apontou queda de 2% em março e atinge os 114,4 pontos. O resultado se explica pelo ritmo mais fraco das vendas do que o esperado anteriormente. Contudo, em relação ao ano passado, o ICEC sobe 16,2%, mas por comparar com um momento bem mais delicado, quando o país vivia a segunda onda da pandemia do coronavírus e o comércio voltando a ter restrições de atividade e circulação.

Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)

150 140 130 120 110 100 90 80

ICC

fev/22

nov/21

ago/21

mai/21

fev/21

nov/20

ago/20

mai/20

fev/20

nov/19

ago/19

mai/19

fev/19

nov/18

ago/18

mai/18

fev/18

nov/17

ago/17

mai/17

fev/17

nov/16

ago/16

mai/16

60

fev/16

70

ICEC

Nota: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.

P. 4


A HORA DAS VIAGENS INTERNACIONAIS E DOS EVENTOS No mercado doméstico, há algumas explicações para o aumento da tarifa aérea, que anda assustando viajantes brasileiros: demanda de lazer aquecida, demanda corporativa voltando aos poucos, mas de forma consistente, custos altos das aéreas, especialmente combustível e câmbio, o retorno dos eventos e o fim das restrições, como uso de máscara. Tudo conspira a favor de uma demanda super aquecida no doméstico e a oferta das empresas aéreas brasileiras já ultrapassa 100% do pré-pandemia. No internacional, o câmbio atrapalha, apesar de o real ter tido uma reação frente ao dólar nas últimas semanas, os custos são altos (mas o combustível mais barato que para os voos domésticos), as restrições estão caindo (e o brasileiro pensa duas vezes antes de ter de viajar e sair gastando tempo e dinheiro com testes de covid), mas há um fator determinante para que as tarifas continuem altas e muitos brasileiros estejam adiando suas férias mais para frente: a oferta de voos ainda não retornou. Nas empresas nacionais Latam e Gol, os destinos internacionais já estão de volta à malha, mas apenas com 50% da frequência pré-pandemia. Ou seja, os assentos estão limitados. Como temos visto os voos cheios, mesmos com os preços nas alturas, a tendência é de que, com a entrada de mais voos, as tarifas caiam um pouco e o volume de viajantes aumente consideravelmente. TOP VISITANTE O internacional deve voltar a 100% do pré-pandemia no próximo ano (2023), mas o Brasil já mostra resultados promissores: somos Top 4 no envio de turistas para os Estados Unidos (dados de fevereiro), Top 3 em visitantes nos parques da Walt Disney World e Universal Orlando e visitantes frequentes no Caribe e Europa. As fronteiras dos Estados Unidos só reabriram em novembro passado, portanto, essa acomodação é natural e a grande temporada será a de julho, para a qual já há muitas reservas, inclusive de grupos para a Flórida. O brasileiro voltou a planejar viagens e a queda das restrições, como o fim da exigência de teste de covid para entrar de volta no país, só estimulam essa volta do planejamento. Se no ano passado, Caribe e Europa dominaram as vendas de operadores, segundo anuário da Braztoa, a associação do setor, este ano Estados Unidos deve brigar pela ponta. Mas isso depende do retorno dos voos. AÉREAS NACIONAIS Em maio, a Gol retomas suas ligações de Brasília para Miami e Orlando, quatro vezes por semana, o que comprova a tese de que esse retorno está sendo feito com menos frequências. A Latam já voltou a todos os destinos internacionais que operava antes da pandemia (menos Israel e África do Sul), mas com 50% dos assentos em relação ao período anterior.

P. 5


E a Azul está bem conservadora, com voos para Orlando (quatro vezes por semana) e Fort Lauderdale (cinco vezes por semana) a partir de Campinas. As empresas nacionais aproveitam os acordos com as americanas para aumentar sua capilaridade e acesso aos Estados Unidos: Gol e American ampliaram seu acordo de codeshare; Delta e Latam aguardam apenas aprovação da FAA americana para iniciarem uma joint-venture; e Azul e United Airlines mantém acordos em vários voos. VISTOS PARA OS EUA Se o câmbio ainda é desfavorável para viagens (especialmente para a classe média alta, que viaja em família) e ainda há restrições para viagens (como a necessidade de teste de covid para entrar em alguns países), o brasileiro enfrenta mais um entrave: muitos estão com visto vencido para os Estados Unidos ou nunca tiraram visto americano. Os consulados americanos no Brasil estão funcionando a toda carga para atender essa demanda reprimida, que inclui milhões de brasileiros cujos vistos de 10 anos venceram durante a pandemia. O Consulado de São Paulo é um exemplo desse esforço, com 2 mil vistos sendo expedidos por dia, e um sistema dinâmico que vai abrindo novas vagas de entrevista durante a semana. Mas mesmo assim, há espera de meses para uma vaga para tirar o visto. A situação de retomada é complexa, demorada, mas está acontecendo. Este ano temos eleições presidenciais no Brasil, Copa do Mundo de Futebol da Fifa em um período diferente (novembro e dezembro) e ainda muitas incertezas e dificuldades econômicas. Viajar para o Exterior ainda está com foco nas classes mais altas e na necessidade. O corporativo voltou a viajar para o Exterior timidamente depois de março. Faltam os eventos e incentivos retornarem. O importante é estar no Brasil, perto do mercado e com informações em tempo real. E, se possível, preços e benefícios mais atraentes. Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br.

P. 6


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.