PRINCIPAIS FATOS
As principais discussões da economia brasileira hoje giram em torno dos impactos do patamar elevado da SELIC, taxa básica de juros, sobre a dinâmica da economia e a dúvida de quando se dará o início do seu ciclo de queda. Hoje em 13,75% ao ano, os juros têm sido um freio de mão para o crescimento do país. Por outro lado, o Conselho de Política Monetária, o COPOM, do Banco Central, tem dado como justificativa para não baixar os juros o núcleo da inflação ainda elevado.
O dado mais recente do índice oficial de preços, o IPCA, veio mais baixo do que se esperava, o que é uma ótima notícia. A inflação de março, segundo o IBGE, foi de 0,71% e acumula 4,65% em 12 meses, arrefecendo dos 5,60% do acumulado até o mês anterior. Por uma questão de efeito estatístico, até o meio do ano o índice se aproximará dos 4%, porém, retornará ao nível de 6% ao longo do segundo semestre.
As pressões sobre os preços estão sendo mais pontuais neste momento. Por exemplo, em março, o vilão foi o grupo de transportes, que subiu 2,11%, por conta da volta do imposto federal sobre os combustíveis. Em abril, deve influenciar o reajuste dos medicamentos. Ou seja, um avanço mais expressivo de um grupo em um mês específico e não mais de forma estrutural e sequencial como se via no ano passado.
Outro ponto que ajudará a conter a inflação é a valorização do real. Em meados de abril a cotação voltou a ficar abaixo dos R$ 5 por dólar. Ao mesmo tempo, há uma tendência de recuo nos preços das commodities no mercado internacional, diante do esfriamento da economia global. Assim, preços mais baixos e câmbio favorável para importação
tendem equilibrar melhor os preços internamente. No tema da valorização do real, são dois aspectos importantes que devem ser observados. O primeiro de que a inflação americana está desacelerando, o que traz uma visão em relação à taxa de juros de não haver necessidade de novas elevações. Desta forma, com um cenário relativamente mais otimista, os investidores saem da cautela e voltam a buscar rentabilidade em mercados emergentes como o Brasil. Além desse, o arcabouço fiscal, que é a estrutura de receita e despesas que o governo federal está articulando no Congresso, tem sofrido algumas modificações no sentido de haver uma restrição maior sobre a expansão dos gastos públicos, o que anima novamente os investidores. Ainda não se menciona nesse projeto o corte de gastos, pois o foco está na expectativa de aumentar a arrecadação. Esse quadro de inflação mais baixa e real se valorizando traz esperanças de que o Banco Central tenha condições de começar o ciclo de expansão monetária, ou seja, queda de juros, na reunião no meio do ano. Mesmo que seja uma queda pequena, o que vai importar mais é a tendência de longo prazo. E o crédito mais barato será um essencial acelerador de crescimento nas vendas do comércio. Em janeiro, por exemplo, o varejo nacional restrito (não incluindo veículos e materiais de construção) subiu 2,6% comparando com igual período de 2022. Praticamente todos os segmentos analisados pelo IBGE tiveram aumento anual. Resultado positivo, mas poderia estar num ritmo mais alto.
Além do gasto residual do 13º salário, recebido no final do ano passado, o que tem ajudado nas vendas do comércio é o mercado de trabalho aquecido. Embora a taxa de desemprego esteja em 8,6%, há inúmeras vagas a serem preenchidas em todos os
setores da economia e nos mais diversos graus de formação. Muitas pessoas, até por conta da pandemia, deixaram de lado o interesse no emprego com carteira assinada e passaram a trabalhar por conta própria, seja formal, com abertura de emprego, seja informal. De qualquer forma, com mais pessoas ocupadas e, ao mesmo tempo, uma inflação mais moderada, permite o crescimento da massa de rendimentos, que seria a renda disponível dos trabalhadores. Em um ano, houve crescimento real de 11,4% e, em termos monetários, um incremento de 28,2 bilhões de reais. Recursos importantes que estão, de certa forma, mantendo a trajetória positiva da economia, pesar dos juros elevados. O comércio tem vindo
com resultados favoráveis, mas o segmento de serviços é o grande destaque do momento. Em janeiro, a alta anual foi de 6,1%, com colaboração de 17,1% dos meios de hospedagem e de 11,2% de alimentação. Ou seja, de serviços prestados às famílias, leia-se Turismo. De acordo com cálculos da FecomercioSP, o Turismo nacional cresceu quase 20% neste primeiro mês do ano, com um faturamento de R$ 20 bilhões. Portanto, o grande impeditivo para um arranque mais agressivo da economia é o juro alto, funcionando como uma espécie de freio de mão puxado. À medida em que as sinalizações sobre redução da SELIC vão ficando mais claras, a economia reage de forma antecipada e é o que se espera ao longo do próximos meses.
DADOS IMPORTANTES:
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A safra de grãos prevista para este ano está em 300 milhões de toneladas, segundo o IBGE, um aumento de 13,9% em relação a 2022, o que deve ajudar a conter os preços internos dada a maior oferta.
A indústria, de acordo com o IBGE, registrou leve crescimento em janeiro de 0,3%. Contudo, o resultado foi desigual entre os grupos de atividades. Enquanto as indústrias extrativas subiram 2%, as indústrias de transformação ficaram praticamente estável, com variação de -0,1%.
O número de famílias com contas em atraso tem recuado gradativamente no Brasil. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), em março, a taxa de famílias inadimplentes atingiu 29,4%, pouco abaixo dos 29,8% do mês anterior.
ÍNDICES DE CONFIANÇA:
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) registrou leve queda de 1,1% em março na comparação com fevereiro. Apesar desse resultado, o patamar ainda é de otimismo, com 127,4 pontos. É natural que haja oscilações pontuais na confiança do consumidor. O que vale analisar, além do aumento anual de 21,2%, é a trajetória de alta ao longo dos últimos meses, resultado de uma inflação mais baixa e o mercado de trabalho aquecido.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) aponta 109,7 pontos em março, queda mensal de 2,3% e patamar 4,1% abaixo do nível de março de 2022. Embora a confiança do consumidor esteja em ascensão, parte do ganho da renda do trabalho está sendo destinada para o pagamento de contas em atraso. Ou seja, ainda há um trabalho de equilibrar a inadimplência para depois expandir o consumo na economia. Além disso, a taxa de juros elevada é um grande complicador para os empresários do comércio.
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
VIAGENS E TURISMO
Chegamos ao quarto mês do ano e a maioria das empresas, como operadoras, companhias aéreas e hotéis, já bateu recordes de vendas em viagens no Brasil, em relação ao pré-pandemia.
Em alguns casos, especialmente no internacional, o número de passageiros ainda é menor, mas o tíquete médio compensa, em muito, as vendas.
Os altos preços da hotelaria e da passagem aérea para o Exterior são gargalos nas viagens internacionais, assim como a demora para se conseguir um visto para os Estados Unidos e as instabilidades sociais e políticas vistas em destinos na Europa e América do Sul.
NOVOS VOOS
A malha aérea internacional ainda está com menos voos que em 2019, e a recuperação é esperada até o final do ano.
A Latam e a Azul são as companhias brasileiras que anunciaram mais voos novos. A primeira para Los Angeles, Joanesburgo e mais frequências para Argentina, Lima e Santiago; a Azul com nova ligação para a França e mais voos para Orlando, a partir de aeroportos fora de São Paulo, como Belo Horizonte. A companhia também voará do Brasil para Curaçao. A United Airlines retomou seu voo de São Paulo para Washington, recuperando a malha pré-pandemia no Brasil.
A American Airlines mantém-se como maior operadora para os Estados Unidos, e surpreendeu o mercado ao demitir 80% de sua força comercial no Brasil. A medida chegou
com a implantação do NDC como foco de distribuição, o que tem sido feito por várias empresas aéreas, mas com críticas por parte das agências de viagens. As maiores reclamações são em relação a serviços fora do NDC, falta de período de transição e dúvidas que ainda não foram tiradas. As tarifas fora do NDC já estão mais caras, o que também tem sido alvo de reclamação, pois nem todos estão prontos para vender e comprar via NDC.
As empresas aéreas irão priorizar o NDC para suas melhores tarifas, ficando os canais tradicionais, como os GDSs, com preços maiores ou taxas de emissão.
O tema poderá impactar na venda via agências de viagens e na relação com as companhias aéreas.
O CASO HURB
A OTA Hurb (antigamente conhecida como Hotel Hurbano) foi destaque nas manchetes em abril por não ter pagado aos hotéis reservados por seus clientes. Muitos hotéis barraram, por conta disso, clientes da Hurb. A empresa assumiu o erro e a dívida, e disse estar resolvendo com cada hotel individualmente. Os problemas teriam sido causados pela diminuição do pagamento de recebíveis pelo banco de que era cliente.
O caso pegou fogo nas redes sociais e evidenciou os desafios dos modelos de venda on-line com promoções para viagens futuras sem data marcada.
Por outro lado, uma boa notícia para o mercado foi a elevação do rating da CVC Corp pela S&P de D para brBB+.
10 redes sociais mais usadas no BRASIL (2023)
1. WhatsApp (169 milhões)
2. YouTube (142 milhões)
3. Instagram (113 milhões)
4. Facebook (109 milhões)
5. TikTok (82 milhões)
6. LinkedIn (63 milhões)
7. Messenger (62 milhões)
8. Kwai (48 milhões)
9. Pinterest (28 milhões)
10. Twitter (24 milhões)
MUNDO
1. Facebook (2,96 bilhões)
2 .YouTube (2,51 bilhões)
3. WhatsApp (2 bilhões)
4. Instagram (2 bilhões)
5. WeChat (1,31 bilhão)
6 .TikTok (1,05 bilhão)
7. FB Messenger (931 milhões)
8. LinkedIn (900 milhões)
9. Douyin (715 milhões)
10. Telegram (700 milhões)
Média do brasileiro nas redes sociais: 3h46min por dia
5 milhões de PMEs já têm conta no WhatsApp Business
Fonte: We Are Social e Meltwater
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br