PRINCIPAIS FATOS
Após um pouco mais de um ano, o Banco Central do Brasil decidiu iniciar um novo ciclo de redução da taxa básica de juros da economia, a SELIC. A reunião do COPOM (Conselho de Política Monetária) do BC, realizada no início de agosto, estabeleceu o novo patamar em 13,25% ao ano, em comparação aos 13,75% anteriores. A expectativa é de mais três encontros ainda neste ano, o que deverá levar a taxa para um nível pouco abaixo dos 12% ao ano. Isso só foi possível graças à confirmação do controle da inflação no país. Em julho, os preços subiram em média 3,99% no acumulado de 12 meses, uma queda significativa em relação aos 10,07% registrados há um ano, de acordo com o IPCA do IBGE. No grupo principal de consumo das famílias, alimentação e bebidas, apesar do acumulado anual positivo, houve deflação nos últimos meses, como os -0,66% em junho e -0,46% em julho.
A redução dos juros certamente contribuirá para um crescimento mais robusto e amplo nas vendas do comércio. O setor registrou um ligeiro aumento de 1,3% no primeiro semestre deste ano, com oscilações mensais, como a queda de 1,1% em maio e o subsequente aumento de 1,3% em junho. Enquanto setores como vestuário e móveis apresentam quedas de -6,3% e -5,6%, respectivamente, as vendas de combustíveis cresceram 9,9% em junho e supermercados 3,1%. Isso demonstra que não há um crescimento sequencial nem homogêneo no varejo, provavelmente devido ao cenário de crédito inibidor. Essa variável, o crédito, é essencial não apenas
para o comércio, mas também para a economia como um todo. Um exemplo destacado é o cartão de crédito, que se tornou uma modalidade relevante para o consumo das famílias. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões, o uso desse método de pagamento atingiu R$ 1,1 trilhão no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 10,1% em comparação com o ano anterior.
O Brasil se destaca na modernização do sistema de pagamento, servindo como exemplo para o mundo. Além do aumento no uso de cartões, o pagamento por aproximação (NFC) ganhou destaque, representando quase 50% das vendas presenciais. Além disso, o PIX, uma transação bancária instantânea, ultrapassou os R$ 1,2 trilhão. Essa operação não gera custos para consumidores nem empresários.
Retomando os números da economia atual, os serviços continuam a avançar significativamente. No primeiro semestre, houve um crescimento de 4,7%, e em junho, a alta anual foi de 4,1%, com praticamente todos os grupos registrando variações positivas.
O setor de turismo segue essa tendência, registrando um faturamento de R$ 112,4 bilhões nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 14,9% em comparação ao ano anterior, conforme indicado pelo levantamento mensal da FecomercioSP. O transporte aéreo tem sido o principal impulsionador desse desempenho, com um aumento de 12,3%.
Além da inflação, um mercado de trabalho mais aquecido tem contribuído para a evolução da economia brasileira, resultando na recuperação
da renda das famílias. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego atingiu 8% no segundo trimestre deste ano, uma queda em relação aos 8,8% do trimestre anterior e aos 9,3% do mesmo período no ano passado. De acordo com o Banco Central, o IBC-br, uma espécie de prévia do PIB, aponta um crescimento de 3,42% no primeiro semestre. Apesar do bom desempenho da economia, alguns fatores limitam um crescimento mais expressivo. Alguns deles estão relacionados às negociações e votações de duas reformas importantes: a tributária e a definição do novo marco fiscal, com a mudança do teto de gastos. Ambos os temas estão na pauta em Brasília e
DADOS IMPORTANTES:
devem ser finalizados ainda este ano. Com essas incertezas, somado ao aumento de juros nos EUA, o câmbio voltou a subir ligeiramente. Depois de oscilar em torno de R$ 4,80 por dólar, agora está se aproximando novamente de R$ 5.
De qualquer forma, olhando a longo prazo, os indicadores são bastante favoráveis. Com a conclusão prevista das reformas até o final do ano, além do cenário de inflação controlada, redução dos juros e um mercado de trabalho aquecido, é evidente que o ambiente para o consumo e investimentos em 2024 será mais propício, impulsionando assim a economia brasileira.
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A indústria brasileira registrou leve retração no primeiro semestre deste ano, de 0,3%. O setor sente os reflexos do cenário de juros elevados.
RESUMO JUNHO/2023
O agro continua com bons números, nova estimativa recorde da safra de grãos, de 308 milhões de toneladas, e aumento de 10% no abate de bovinos, o que tem beneficiado consumidores e a inflação.
ÍNDICES DE CONFIANÇA:
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) apontou 124,5 pontos em julho, leve queda de 0,7% na comparação com o mês anterior. Por outro lado, no contraponto anual, o ICC registra forte crescimento, de 17,9%. A inflação bem mais moderada neste ano, combinado com o mercado de trabalho aquecido, tem propiciado essa reocupação do otimismo do consumidor paulistano. É normal que haja oscilações no curto prazo. Porém, com a redução dos juros, a tendência de médio e longo prazo é o otimismo buscar um patamar mais elevado.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) volta e subir em julho, 1,2% no comparativo mensal e chega aos 105,7 pontos. Em relação a julho de 2022, há uma queda de 11,9%. Os juros elevados prejudicaram as vendas no início desse ano. Contudo, dado o novo ciclo de redução da taxa básica, a SELIC, a tendência é que haja uma aceleração do otimismo para o segundo semestre.
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
VIAGENS E TURISMO
O mercado de Viagens no Brasil está crescendo, e ainda apresenta uma demanda reprimida forte, que está focada em conhecer destinos no seu próprio País e em todo o mundo. Os dados da Associação Brasileira de Operadoras de Turismo (Braztoa) comprovam essa recuperação e com a notícia de que as viagens internacionais voltam a representar mais receita nas operadoras associadas. As viagens internacionais foram o principal produto comercializado por operadoras brasileiras durante o primeiro semestre de 2023. Dados do Boletim Braztoa mostram que os pacotes de viagens para fora do Brasil representam 57,73% de todas as vendas feitas ao longo da primeira metade do ano.
O crescimento do internacional é avaliado pela associação e por seu presidente, Fabiano Camargo, como uma volta a números que eram vistos antes da pandemia. “A compra de internacional voltou e já se aproxima de patamares que víamos antes da pandemia. O fundamental para isso é a disponibilidade aérea, que voltou”, comenta Camargo. Os voos realmente estão voltando e são poucas as companhias ainda com uma oferta menor que antes da pandemia – casos de American Airlines, Delta Air Lines e algumas europeias. No caso das brasileiras, a Latam só não retomou um destino internacional, Israel, e sua parceria com a Delta potencializou a oferta de voos para o Exterior, por exemplo com uma nova ligação de São Paulo para Los Angeles (já iniciada) e com voos a partir do hub latino-americano de Lima, no Peru. A empresa também vai retomar, em outubro, voos para Johanesburgo, na África do Sul, que também ganhará ligações da SAA, empresa sul-africana, que ligará São Paulo a Johanesburgo e Cidade do Cabo (esta última, pela primeira vez com voo direto do Brasil).
Os Estados Unidos continuam sendo o destino internacional número um, como país (700 mil visitantes brasileiros no primeiro semestre de 2023), mas a Europa é campeã de vendas como um bloco. O verão europeu foi o campeão de turistas de todo o mundo, inclusive do Brasil. Portugal e Itália são os preferidos. Nos Estados Unidos, a Flórida, com Orlando no topo, continua sendo o destino mais comprado, como Nova York e a Califórnia retornando aos poucos a patamares pré-pandemia.
Confira abaixo os destinos mais vendidos pelas operadoras associadas à Braztoa:
NACIONAL
1 - Maceió (AL), Porto de Galinhas (PE) e Rio de Janeiro;
2 - Porto Seguro (BA);
3 - São Paulo (SP).
INTERNACIONAL
1 - Orlando (EUA) e Lisboa (Portugal);
2 - Buenos Aires (Argentina) e Paris (França);
3 - Dubai (EAU) e Santiago (Chile).
EMERGENTES
O boletim ainda apresentou uma lista de destinos emergentes, que são aqueles que, embora não figurem entre os mais vendidos, alcançaram picos de vendas e surpreendem na consistência da procura.
NACIONAL (EMERGENTES)
1 - Balneário Camboriú (SC);
2 - Campos do Jordão (SP);
3 - Manaus (AM);
4 - Mata de São João (BA);
5 - São Miguel dos Milagres (AL);
6 - Trancoso (BA)
INTERNACIONAL (EMERGENTES)
1 - Bangkok (Tailândia);
2 - Cartagena (Colômbia);
3 - Cusco (Peru);
4 - Mendoza (Argentina);
5 - Porto (Portugal).
Vale destacar que em todas os rankings anteriores Cancun, no México, estava presente e que a nova exigência de visto causou a ausência na lista atual.
PULSO DO TURISMO
A pesquisa Pulso do Turismo 2023, realizada com mais de 300 agentes de viagens de todo o Brasil pelo TRVL LAB, uma iniciativa PANROTAS
e Mapie, revelou ainda vendas em alta para os seguintes nichos de viagens:
Turismo de sol e praias (78,14%);
Cruzeiros (42,29%);
Turismo histórico e cultural (41,22%);
Parques aquáticos e temáticos (29,39%);
Turismo gastronômico (25,45%);
Ecoturismo e Turismo de Natureza (18,28%);
Turismo Religioso (15,05%);
Outros (11,83%);
Turismo de saúde e bem estar (10,75%);
Turismo de esporte e aventura (9,32%);
Retiros (1,08%).
A pesquisa do TRVL LAB também traz os destinos que os agentes de viagens brasileiros gostariam de vender mais:
Europa (17,95%)
Ásia (15,38%)
Estados Unidos (9,52%)
Orlando (4,76%)
Maldivas (4,40%)
Exóticos (4,40%)
Internacional (4,03%)
Brasil (4,03%)
África (4,03%)
Caribe (3,66%)
Confira a pesquisa completa, em português, em trvl.com.br.
DESAFIOS DO MERCADO
Em agosto, mais um escândalo envolvendo empresas de venda on-line de viagens explodiu no Brasil, com a OTA 123Milhas cancelando suas viagens com datas flexíveis entre setembro e dezembro deste ano (mesmo com os clientes já tendo pagado essas viagens). O Ministério da Justiça já está investigando a empresa, que ofereceu vouchers de viagens como compensação. O modelo é criticado por players diversos no mercado, pois é praticamente uma loteria de viagem. Essas OTAs vendem viagens futuras, cujas passagens aéreas, muitas vezes, sequer estão nos sistemas das empresas aéreas. Portanto, não se sabe o preço real da viagem lá na frente. É o segundo escândalo de OTAs este ano no Brasil, depois da crise da Hurb, e coloca em xeque também a venda de milhas de programas de fidelidade, que é a base da 123Milhas. O CEO da Latam Airlines Brasil, Jerome Cadier, uma vez mais criticou duramente o modelo, em entrevista à PANROTAS.
“Lamento, pois com o tempo, os programas de fidelidade acabam ficando menos atrativos, com menos benefícios, pois a regra (de não se poder vender as milhas acumuladas) é burlada. Para esclarecer, por fim, que são dois desafios diferentes do nosso mercado: uma coisa está totalmente errada (vender milhas), e outra é uma loteria que, apesar de legal, tem de ser evitada (vendas flexíveis sem datas da viagem)”, disse Cadier à PANROTAS, que já chamou a venda de milhas como “câncer da aviação”.
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br